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1 PROGRAMA DE MELHORAMENTO DE GADO DE CORTE MANUAL TÉCNICO

Manual Técnico Geneplus

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Page 1: Manual Técnico Geneplus

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PROGRAMA DE MELHORAMENTO DE GADO DE CORTE

MANUAL TÉCNICO

Page 2: Manual Técnico Geneplus

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1. APRESENTAÇÃO

Este manual foi preparado, pela equipe técnica do Geneplus, com o

objetivo de apresentar a tecnologia em si, conceituar as características

normalmente recomendadas nos programas definidos para os usuários e

indicar os procedimentos mínimos a serem adotados na tomada dos dados

nas fazendas.

Encontram-se também conceituado os procedimentos disponibilizados

pela tecnologia como suporte aos usuários na seleção dos animais baseado

nos resultados.

2. TECNOLOGIA GENEPLUS: OBJETIVOS, UTILIZAÇÃO E IMPLANTAÇÃO

Conceitualmente, a tecnologia Geneplus é um programa de

melhoramento genético cuja estrutura de funcionamento envolve a Embrapa

Gado de Corte, a Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária e Ambiental –

FUNPAPAM e o Produtor.

Dentro do conceito adotado pela Embrapa esta tecnologia se

caracteriza como sendo uma prestação de serviços cujo objetivo é o

atendimento personalizado, ou seja, oferecer assessoria aos produtores na

utilização dos recursos genéticos presente no seu rebanho, considerando as

suas metas. Sendo uma prestação de serviços, tal tecnologia é

disponibilizada mediante a formalização de um contrato entre as partes

interessadas: a FUNDAPAM, entidade responsável pela administração do

produto/serviço tecnológico, e o Produtor. Tal contrato pode ser estabelecido

de forma individualizada, na forma de grupos de produtores, de associação

de raças ou, ainda, por intermédio de profissionais credenciados pelo

programa que, em geral, agregam a tecnologia aos seus serviços de

assessoria técnica.

A implantação do Geneplus sugere a definição dos objetivos e critérios

a serem adotados no programa, o conhecimento da estrutura disponível para

a sua condução, a coleta de dados e, por fim, a utilização das informações

geradas no processo de seleção e/ou no estabelecimento dos planos de

acasalamentos.

Page 3: Manual Técnico Geneplus

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2.1 Objetivos e Critérios

A filosofia adotada pela tecnologia Geneplus se baseia no

conhecimento dos recursos genéticos disponíveis no rebanho, ou seja, na

raça, raças ou nos programas de cruzamentos adotados pelo produtor e nos

seus objetivos. Cabe ao corpo técnico do Geneplus a formalização do

programa diante de cada uma das várias situações, levando-se em conta o

conhecimento entre as partes.

Assim sendo, a definição do programa de melhoramento tem a

característica de ser única, ou seja, a tecnologia Geneplus se adequa ao

caso particular de cada criador.

Esta é a fase em que se definem as características a serem

quantificadas ou qualificadas, a participação de cada uma delas no processo

final de decisão e o momento em que tais características serão mensuradas.

Uma flexibilidade da tecnologia Geneplus diz-se da possibilidade de

escolha de características específicas a serem consideradas para o alcance

das metas finais. Isto significa dizer que algumas características são,

obrigatórias e outras podem ser opcionais, proporcionando-se a oportunidade

de atendimento de cada caso, em particular.

Uma vez definidas as características, sejam de desempenho produtivo

ou reprodutivo, pode-se definir qual a participação em importância de cada

uma delas na composição do que se denomina de índices empíricos os quais

são construídos ponderando-se as predições das diferenças esperadas nas

progênies pelo seu grau de importância relativa.

2.2 Estrutura do Programa

No processo de implementação de um programa de melhoramento

genético há necessidade de um completo compromisso do criador. O

produtor deve ter habilidade suficiente para alcançar o comprometimento de

todos os indivíduos, quer seja de natureza técnica ou operacional, na

condução do projeto. Desde a coleta dos dados até a decisão final de

seleção dos animais e a orientação dos acasalamentos, o produtor deverá ter

participação ativa.

Page 4: Manual Técnico Geneplus

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É interessante notar que o papel fundamental do corpo técnico em

programas de melhoramento genético é o de disponibilizar os meios, de

modo que as informações necessárias para que o criador possa tomar

decisões estejam disponíveis de forma eficiente e rápida.

Os programas de melhoramento genético estabelecidos em nível de

rebanhos, individualmente, são de fundamental importância numa visão mais

abrangente, ou seja, entre vários rebanhos ou uma raça. Para que tais

programas sejam funcionais e eficientes é necessário que sejam

devidamente estruturados do ponto de vista de avaliação genética. Este fato

implica na necessidade de se ter escrituração e coleta de dados devidamente

planejados.

As mensurações preconizadas podem ser tanto quantitativas, por

exemplo, pesos em idades biológicas desejáveis ou, qualitativas, que

resultam de escores atribuídos individualmente aos animais conforme se

apresentam, por exemplo, a conformação frigorífica da progênie ou a

condição corporal da matriz ao parto ou à desmama.

É interessante observar que quanto maior o volume de dados, e estes

caracterizados como de boa qualidade, maior será a probabilidade de se

identificar indivíduos candidatos a pais das futuras gerações. A qualidade dos

dados está essencialmente associada à identificação correta e precisa dos

animais do programa, à existência dos instrumentos (balança, régua, fita

métrica, etc.) para mensurações e, no caso de características subjetivas, à

coerência dos especialistas em classificar os indivíduos em uma determinada

classe para a característica foco.

3. DEFINIÇÕES DO PROGRAMA Para facilitar as análises a serem realizadas com os dados coletados

através do programa, torna-se necessário que os animais tenham

identificados seus grupos de manejo, sendo estes os conjuntos de animais

que se encontram em um determinado retiro/pasto/piquete, sendo manejados

de forma uniforme, em dado período.

Os dados coletados ao nível de fazenda são transferidos,

independentemente da opção da entrada, para o banco de dados do

Page 5: Manual Técnico Geneplus

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GENEPLUS. Esta fase é de grande importância para o programa, uma vez

que as análises genéticas e a decisão de eleição ou rejeição de um

determinado animal, esta estreitamente relacionada com a qualidade destes

dados.

Além da importância da qualidade dos dados, é também desejável que

estes tenham sido tomados corretamente, assim como são necessárias

corretas informações relativas à genealogia do animal, permitindo seguras

avaliações de cada animal assim como de seus parentes.

O programa de melhoramento genético - GENEPLUS está totalmente

estruturado em grupos de manejo, o que possibilita a constituição dos

chamados grupos contemporâneos. Se por outro lado não tivermos uma

correta e rigorosa constituição dos grupos de manejo, as diferenças

encontradas entre os grupos contemporâneos poderão estar refletindo

diferenças de origem ambiente.

É comum, entretanto indesejável, alguns criadores fazerem o controle

de apenas parte do rebanho. Este fato não reflete a realidade do

desempenho dos animais, pois geralmente estes criadores dão preferência

ao controle dos melhores animais. O propósito das avaliações por

conseqüência não será alcançado com plenitude e o principal prejudicado é o

próprio criador.

Portanto para que as comparações sejam justas e as avaliações

tenham maior exatidão, é necessária uma formação criteriosa dos grupos de

manejo. Através de uma codificação de todas as diferenças de manejo

existentes entre grupos de animais, é o momento do criador diferenciar as

oportunidades que tiveram os produtos para expressão de seus potenciais

genéticos.

Cada animal pesado, obrigatoriamente, precisa ter um código de

manejo e/ou alimentação, indicativo de sua condição de criação.

Sempre que ocorrer significativa variação na qualidade e

disponibilidade alimentar nas pastagens (mangueiros, piquetes), mesmo que

estes tenham o mesmo tipo de pasto, os animais devem ser separados em

grupos de manejo distintos.

Toda mudança intermediária de código ou grupo de manejo que

ocorrer antes da coleta de dados – desmama e pós-desmama – deve ser

Page 6: Manual Técnico Geneplus

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anotada e relatada. Recomenda-se bastante cautela com estas mudanças

intermediárias de regime, as quais, se não adequadamente codificadas,

podem ter um grande efeito sobre as predições de valor genético dos

reprodutores.

4. CARACTERÍSTICAS DE DESEMPENHO DE IMPORTÂNCIA ECONÔMICA

4.1 No nascimento

. Peso ao nascer

O peso ao nascer apresenta correlação genética de magnitude média

com os pesos às demais idades. Esta característica deve ser acompanhada

com especial atenção no sentido de evitar um aumento significativo do

mesmo, o que refletiria como primeira conseqüência a ocorrência de partos

distócicos.

Recomenda-se caso haja ocorrência frequente de partos distócicos,

que evite a utilização de reprodutores promotores da elevação do peso ao

nascer.

Fica evidente, portanto, que o peso ao nascimento é uma

característica indicativa da facilidade de parto.

O programa GENEPLUS não pressupõe a obrigatoriedade de tomada

do peso ao nascer, uma vez que seleção para aumentar este peso não é

oportuna. Alternativamente, pode se adotar como informação subjetiva o

tamanho ao nascer do produto O tamanho (p: pequeno; m: médio; g: grande)

deve ser anotado por ocasião da cura do umbigo e tatuagem. Aos

respectivos tamanhos serão relacionados pesos médios da população de

acordo com o sexo.

Do ponto de vista de utilização da avaliação genética a esta idade,

recomenda-se a preferência por reprodutores cujas predições das diferenças

esperadas nas progênies (DEPs) sejam baixas, podendo até mesmo ser

negativas.

. Outras características avaliadas ao parto

A condição do parto (normal, morto antes de 48 horas, aborto, vazia)

e assistência ao parto (não, sim, cirúrgico) devem ser anotadas para

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direcionar possíveis práticas de manejo e corrigir as distorções que possam

ocorrer na relação peso da mãe, seu tamanho e seu estado de carne.

4.2 Na fase materna: 90 a 120dias . Peso da cria

Esta característica expressa o potencial que um animal pode

transmitir, especificamente em relação aos efeitos dos genes que irão

influenciar a produção de leite das filhas do reprodutor. Avalia-se, portanto a

habilidade maternal dos indivíduos.

4.3 Na fase de desmama

. Peso da matriz

É importante para cálculo da eficiência reprodutiva, não só da vaca

como de todo o rebanho.

. Peso da cria

O desenvolvimento do bezerro está diretamente associado à

habilidade materna, que pode ser estimada através de várias características,

desde a viabilidade do embrião até a produção de leite, embora muito pouco

progresso seja esperado por meio da seleção destas características dada a

magnitude da herdabilidade das mesmas.

São de interesse vacas que desmamem bezerros mais pesados,

desde que a sua condição corporal não seja indesejável a ponto de prejudicar

a próxima gestação. Assim sendo, ao nível de produtor pode-se ter uma

estimativa do índice de produtividade da fêmea, expresso em quilogramas de

bezerros desmamados por ano de vida produtiva, que na verdade estaria

considerando a habilidade materna e a eficiência reprodutiva da fêmea.

. Perímetro escrotal

O perímetro escrotal é uma medida fácil mensuração e está

estreitamente relacionada à fertilidade, além de apresentar uma

herdabilidade de média a alta magnitude.

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Além disso, a correlação genética entre o perímetro escrotal e a

idade ao primeiro parto das fêmeas, nos possibilitará selecionar fêmeas mais

precocemente.

Outro fator importante relacionado ao perímetro escrotal é sua

relação com precocidade reprodutiva.

O perímetro escrotal deve ser medido a desmama e ao sobreano.

Para a obtenção da medida deve-se tracionar levemente os testículos com as

mãos, posicionando-os de maneira simétrica de modo a ajustar a fita métrica

graduada em torno da porção mais larga dos testículos sem, no entanto,

pressionar os órgãos (Figura 1).

Figura 1. Procedimento de medida do perímetro escrotal

Utiliza-se para medição do perímetro escrotal; fita métrica ou trena

metálica. Caso a fazenda não possui técnico com experiência na tomada

dessa medida, recomenda-se que a mesma seja realizada por duas pessoas

de forma que a média das duas medições seja a medida do perímetro

escrotal. Além da medição propriamente dita, deve se avaliar

morfologicamente o órgão neste momento.

Do ponto de vista de seleção deve se dado preferência na escolha de

animais cujas DEPs sejam elevadas, já que altas DEPs indicam animais mais

precoces.

. Escore de condição corporal das vacas

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A condição corporal do gado bovino é função da interação dos fatores

genéticos com os de ambiente. Frequentemente, criadores, técnicos e

pesquisadores têm necessidade de uma avaliação segura desta

característica, como suporte a programas de seleção e de manejo,

especialmente nas regiões tropicais e subtropicais, onde a oferta de

alimentos é variável, em função das alternâncias dos períodos seco e

chuvoso.

A condição corporal, representada pela musculatura e gordura, pode

ser avaliada visualmente e expressa em um índice.

Após análise da cobertura muscular e de gordura, e pela observação

de alguns pontos anatômicos, tais como processo transverso da coluna

vertebral (vértebras lombares, na altura do vazio), ossatura da bacia e

costelas, forma da musculatura correspondente às regiões da anca e coxão

(côncava, plana ou convexa), cobertura muscular na região dorso-lombar,

cobertura da paleta, cupim, pescoço, maçã do peito e inserção da cauda

(Figura 2), as vacas deverão ser divididas em três categorias básicas:

MAGRA, MÉDIA e GORDA, cada uma das quais subdivididas em dois níveis,

inferior (-) e superior (+).

Figura 2 - Principais pontos anatômicos a serem observados por ocasião da avaliação da condição corporal

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Desta forma tem-se 6 (seis) notas, 1 a 6, da combinação das três categorias em cada um dos dois níveis que são apresentados a seguir: Escore 1: condição magra, inferior - animal emaciado, apresentando

processo transverso proeminente, costelas e espinhas dorsais acentuadas

(Figura 3).

Figura 3 – Representação de um animal com escore 1, condição magra, inferior

Escore 2: condição magra, superior - animal com espinhas dorsais agudas

ao tato; íleos, ísquios, inserção da cauda e costelas proeminentes, além de

apresentar o processo transverso ainda visível (Figura 4).

Figura 4 – Representação de um animal com escore 2, condição magra, superior Escore 3: condição média, inferior - animal apresentando costelas, íleos e

ísquios ainda visíveis; musculatura côncava nas ancas, mas com o processo

transverso ligeiramente coberto (Figura 5).

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Figura 5 – Representação de um animal com escore 3, condição média, inferior Escore 4: condição média, superior - animal com suave cobertura muscular;

espinhas dorsais visíveis com dificuldade, mas sentidas facilmente, ao tato;

costelas quase que completamente cobertas (Figura 6).

Figura 6 – Representação de um animal com escore 4, condição média, superior Escore 5: condição gorda, inferior - animal com boa cobertura de músculos

em início de deposição de gordura na inserção da cauda (Figura 7).

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Figura 7 – Representação de um animal com escore 5, condição gorda, inferior

Escore 6: condição gorda, superior - animal com acúmulo de gordura na

inserção da cauda e maçã do peito; espinhas dorsais, costelas, íleos e

ísquios estão completamente cobertos (Figura 8).

Figura 8 – Representação de um animal com escore 6, condição gorda, superior

A avaliação deve ser feita ser realizada à desmama, preferencialmente

no período da manhã, após jejum de água e alimento. Embora possa ser

aplicado a várias categorias, o escore é mais preciso para animais adultos.

Na programação de estação de monta devem ser eleitas, preferencialmente,

matrizes com escores 3, 4 e 5, valorizando-se, na seleção, aquelas que além

de desmamarem bons produtos se mantêm em boas condições ou

apresentem facilidade de recuperação após o parto e a desmama.

. Conformação Frigorífica

Conferidas todas as características relacionadas à fertilidade, é

preciso verificar a conformação frigorífica. A conformação frigorífica é

constituída, basicamente, por três componentes principais: estrutura,

musculatura e precocidade de acabamento.

A estrutura é a indicação da caixa do animal cujas dimensões a serem

observadas são: comprimento, profundidade e arqueamento de costelas.

Naturalmente, interessa a harmonia deste conjunto mas, normalmente,

animais compridos, profundos e bem arqueados são os biótipos mais

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desejáveis. Uma observação importante e que não pode passar

despercebida é aquela referente à altura de membros. Muitas vezes, animais

altos ou chamados longilíneos impressionam o observador desavisado, caso

do “moderno novilho de corte” que outrora foi importante. Com um pouco de

atenção percebe-se que a profundidade do costado é menor do que a

distância da linha de ventre ao solo. Neste caso, os animais apresentam um

excessivo vazio external; passa muita luz por debaixo, diz-se, comumente.

Animais deste tipo apresentam baixo rendimento de carcaça e são tardios.

Terão um elevado peso ao abate, mas levarão mais tempo para acumular

gordura e deixar a carcaça pronta. Devem ser preteridos na seleção.

A musculosidade refere-se à quantidade e forma da massa muscular

que cobre a estrutura do animal, estando diretamente relacionada ao

rendimento e à qualidade da carcaça. Os melhores pontos da anatomia a

serem analisados são aqueles onde, abaixo do couro do animal, predomina o

tecido muscular, tais como: braço, espádua ou paleta, soldra, coxa e entre-

pernas. Geralmente, existe uma forte correlação entre a musculatura

observada em algum ou alguns destes pontos anatômicos com a musculatura

de toda a carcaça. Visto por detrás, o ideal é que o coxão seja tão convexo

que oculte o costado do animal.

Considerando toda a fase de crescimento, do nascer à idade adulta,

observa-se uma seqüência de prioridades: em primeiro lugar, o esqueleto,

em seguida a musculatura e, finalmente, a gordura. Desta forma, a

precocidade de acabamento pode ser avaliada pela cobertura de gordura

sobre a carcaça, como um todo. Na fase adulta, o crescimento esquelético e

muscular, praticamente fica estacionado quando se inicia a fase de

acabamento, ou seja, de deposição de gordura na carcaça. Os pontos ideais

para observação da precocidade de acabamento são exatamente aqueles

onde, sob o couro do animal, não se observam outras estruturas a não ser

esqueleto e gordura, ou, simplesmente, gordura. Desta forma, o fio do lombo,

da cernelha até a inserção da cauda, barbela, passando pela maçã do peito e

parte ventral do animal, e intervalo entre as costelas, são os principais pontos

anatômicos a serem observados. A inserção da cauda, especialmente pela

facilidade de avaliação, é um excelente indicador. Quando o animal engrossa

a inserção da cauda, apresentando dobras de gordura, é sinal de que está

Page 14: Manual Técnico Geneplus

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pronto. E quanto mais cedo isto ocorrer, mais precoce é o animal. Dobras em

excesso e maneios localizados é indicação de gordura excessiva.

A avaliação comparativa dos animais e feita dentro dos mesmos

grupos contemporâneos, ou seja, de idade semelhante, sob mesmo manejo

alimentar e sanitário, e do mesmo sexo é simples e segura. Estrutura,

musculosidade e precocidade devem ser avaliadas em conjunto, como

conformação frigorífica. Para facilidade operacional, se o número de animais

a ser avaliado é grande, os animais podem ser classificados em: fundo, meio

e cabeceira, cada uma destas categorias apresentando os seus limites

inferior e superior, numa escala total de seis pontos. Machos com escore 1 e

2, e fêmeas com escore 1 serão descartadas.

Tal avaliação é subjetiva e por esta razão deverá ser realizada por um

mínimo de 3(três) indivíduos de tal forma que a média das três notas será a

medida da característica.

Figura 9 - Representação de pontos anatômicos na avaliação da conformação frigorífica

. Avaliação sexual

Em relação à avaliação dos produtos quanto a caracterização sexual,

o que se pretende é encontrar correlações fenotípicas entre tipos

morfológicos e capacidade produtiva, escolher os tipos adequados aos

objetivos do programa de seleção e, finalmente, estabelecer índices visuais

Page 15: Manual Técnico Geneplus

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que estejam diretamente relacionados com a produção do animal. Nesta

avaliação busca-se masculinidade nos machos e feminilidade nas fêmeas.

Essas características deverão ser tanto mais acentuadas quanto maior a

idade dos animais avaliados. Deve-se olhar para bainha, umbigo, prepúcio e

testículos nos machos, e nas fêmeas deve-se avaliar umbigo, vulva, úbere e

tetas.

Para os animais que apresentarem características sexuais desejáveis

será dado o conceito 1 (um), ou seja, apto. O conceito 0 (zero) será dado

para aqueles não aptos.

. Avaliação racial

Subjetivamente, deve quantificar a caracterização do animal em

função dos padrões raciais da raça que pertence. Basicamente devem ser

avaliadas a parte da cabeça, considerando também a questão tipo de

conformação muscular, pelagem e pele.

É preciso ter cuidado com os conceitos de beleza para não se dar

valor excessivo para essas características, e diminuir em demasia as opções

pelos animais a serem utilizados em um rebanho, que deve visar

principalmente a produção.

Para os animais com características raciais desclassificantes será

dado o conceito 0 (zero) e para os que estejam dentro do padrão racial 1

(um), sendo que a avaliação pode ser realizada tanto na desmama como ao

sobreano.

. Avaliação de aprumos

Bons aprumos significam que o animal pode andar pelas pastagens 15

a 20 anos, sem ressentir e também são cruciais para o macho efetuar bem a

monta e para a fêmea suportá-lo.

Deve-se avaliar, de forma subjetiva, os aprumos do ponto de vista de

sua funcionalidade observando-se as proporções, direções e articulações dos

membros anteriores e posteriores.

No caso do Zebu o aprumo dianteiro é determinado por uma

perpendicular que se estende pelo centro de gravidade do cupim e passa

Page 16: Manual Técnico Geneplus

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pelo membro alcançando o solo logo atrás do casco (Figuras 10 e 13). O

aprumo traseiro é indicado por uma perpendicular que passa pela inserção

da cauda e depois pelo centro dos membros, atingindo o solo atrás do casco

(Figuras 10, 11 e 12).

Figura 10 – Aprumos dianteiro e traseiro em animais Zebu

Fonte: A geometria do Zebu – 1985

Figura 11 – Representação perpendicular do aprumo em relação ao talão

Fonte: A geometria do Zebu – 1985.

Figura 12 - Representação do aprumo traseiro visto por trás

Fonte: Exterior e Julgamento de Bovinos (1989).

Page 17: Manual Técnico Geneplus

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Figura 13 - Representação correta dos aprumos dianteiros vistos de frente

Fonte: Exterior e Julgamento de Bovinos (1989).

Os aprumos podem ser classificados em normais e anormais

O andamento e o rendimento de carne podem ser prejudicados por um

aprumo posterior muito avançado (Figura 14). O aprumo atrasado leva a um

maior esforço do animal no andamento o que produz o aparecimento de

diversas anomalias e à distorção do esqueleto.

Figura 14 - Aprumos traseiro normal e defeituoso Fonte: Exterior e Julgamento de Bovinos (1989)

Page 18: Manual Técnico Geneplus

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A seguir são apresentados aprumos classificados com defeitos.

Page 19: Manual Técnico Geneplus

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Fonte: Exterior e Julgamento de Bovinos, 1989

Para os animais com aprumos desclassificantes (acampado de diante

ou estacado, sobre si de diante ou debruçado, ajoelhado, transcurvo, aberto

de frente, fechado de frente, joelhos cambaios, sobre si de trás ou

acurvilhado, acampado de trás, fechado de trás, jarretes cambaios e jarretes

arqueados) será dado um escore 0 (zero) e para os que apresentem aprumos

corretos ou toleráveis 1 (um), sendo que a avaliação pode ser realizada à

desmama e ao sobreano.

. Altura na garupa A altura do animal dá suporte para definição da estatura média dos

animais do programa. Esta característica apresenta correlação alta com a

estrutura óssea, ou seja, com a capacidade de suporte da musculatura. Ao

realizar a medida da altura na garupa, é importante que a mesma seja

realizada em uma superfície nivelada. O ponto indicado de medida da altura

na garupa pode ser observado na Figura 15.

Figura 15 - Ilustração da medida da altura na garupa

Altura

na

Garupa

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4.4 Na fase de sobreano: 396 a 550 dias . Peso da cria

A Tecnologia GENEPLUS propõe pelo menos mais uma mensuração

após a fase de desmama dos produtos.

Do ponto de vista de avaliação, o peso ao sobreano apresenta uma

boa variabilidade genética aditiva, e é bem correlacionado com outros pesos.

Além disto, esta medida tem muito pouca influência do efeito materno, sendo

por estas razões também indicado como critério de seleção.

Os pesos após a fase de desmama são os melhores indicadores de

aumento de peso na exploração de gado de corte, naturalmente que a opção

por um ou outro vai depender do objetivo da exploração em particular.

Se o objetivo da propriedade é descartar os produtos o quanto antes,

então deverá decidir em considerar o peso ao ano como o seu critério de

seleção, se, entretanto, o produtor pode manter os animais a uma idade mais

tardia, então deve adotar o peso ao sobreano.

Outras características, tais como: altura na garupa, perímetro

escrotal, conformação frigorífica, entre outras, são normalmente

recomendadas nos programas à essa idade. Os procedimentos de coleta dos

dados são como descritos na desmama.

5. CARACTERÍSTICAS REPRODUTIVAS DE IMPORTÂNCIA ECONÔMICA

. Idade à puberdade

Esta característica tem sido considerada como a idade na qual a

fêmea ovula pela primeira vez com manifestação de estro. A detecção do

primeiro cio fértil é de difícil avaliação já que envolve repetidas palpações

retais, ultrassonografias ou dosagens de progesterona circulante.

Objetiva-se, ao quantificar esta característica, a precocidade sexual do

rebanho. Deve ser anotada como idade à puberdade aquela em que ocorreu

o primeiro cio, desde que o intervalo consecutivo com o seguinte tenha sido

de um período de 18 a 22 dias.

Recomenda-se que as novilhas sejam colocadas com touro entre 14 e

15 meses de idade, independente do peso das mesmas.

Page 21: Manual Técnico Geneplus

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Na seleção de animais são desejáveis DEPs negativas por indicar

que as filhas de determinado touro serão utilizadas na reprodução mais

precocemente do que a média do rebanho.

. Idade à primeira cria

A pecuária de corte requer que as novilhas entrem em reprodução ao

redor de 14 meses de idade, devendo aplicar-se maior intensidade de

seleção às características relacionadas à precocidade sexual. A idade à

primeira cria é um dos componentes da eficiência produtiva da matriz e,

como a idade à puberdade, quantifica a precocidade reprodutiva da fêmea.

DEPs negativas são desejáveis por indicar precocidade.

. Período de gestação

Conceitualmente é o número de dias decorridos desde a fertilização

até o parto. Ainda que haja pequena variação entre raças, interessa do ponto

de vista de produtividade, aquelas fêmeas cuja gestação tenha ocorrido no

menor espaço de tempo.

Animais com DEPs negativas (expressando dias a menos de duração

da gestação) devem ser utilizados.

. Período de serviço

É de interesse matriz cujo período de serviço seja o mais estreito

possível, razão pela qual é uma das variáveis constituintes da eficiência

produtiva da fêmea.

. Dias para parir

É definida como o número de dias decorridos entre o inicio da estação

de monta e o parto da matriz, portanto, favorecendo aquelas fêmeas de maior

eficiência reprodutiva especialmente no caso de adoção da técnica de

estação de monta.

Devem ser priorizadas DEPs negativas por indicar que as filhas de

determinado touro serão precoces em relação à média do rebanho.

Page 22: Manual Técnico Geneplus

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6. PROCEDIMENTOS DE PESAGEM

Os animais devem ser pesados individualmente, podendo-se trabalhar,

em média, 200 a 300 animais por dia normal de serviço. Os pesos coletados

são expressos em Kg. O criador deverá submeter seus animais à um jejum

total, de pelo menos 12-14 horas antes do início das pesagens. Recomenda-

se pesar pela manhã os animais separados no dia anterior; e pesar à tarde

os animais separados pela manhã. Deve-se evitar líquidos, por ser o mais

importante componente de erro. As condições de pesagem devem ser as

mesmas para todos os animais de um grupo a ser comparado.

Outras recomendações gerais sobre as pesagens são:

(a) o indivíduo que identifica os animais deve ser sempre o mesmo,

devendo a informação ser repassada diretamente, sem intermediários;

(b) o indivíduo que pesa os animais deve ser sempre o mesmo.

Com relação à tomada de dados é importante ainda salientar:

(c) jamais “estimar” os pesos informados;

(d) pesar a totalidade da produção, especialmente na desmama,

realizando o descarte somente após esta prática;

(e) ao não informar os dados de animais descartados, pode-se dizer

que o criador está melhorando o pior, castigando os animais de melhor

desempenho e produzindo um viés na tendência genética.

7. AVALIAÇÃO GENÉTICA - DEP e ACURÁCIA

Os resultados das avaliações genéticas de um programa de

melhoramento genético, como o Geneplus, são fornecidos sob a forma de

Diferenças Esperadas na Progênie associada à sua respectiva acurácia.

“A DEP é uma medida da diferença entre a performance média da

progênie de um dado touro e a performance média da progênie de um grupo

de touros referência quando acasalados com fêmeas semelhantes.”

Além de se estar utilizando o melhor e imparcial preditor para os

indivíduos em processo de seleção, as diferenças esperadas nas progênies,

torna-se importante quantificar a precisão desses preditores.

Matematicamente, esta precisão é denominada de acurácia, que por

Page 23: Manual Técnico Geneplus

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definição, é a correlação entre o valor genético predito e o valor verdadeiro

de um indivíduo.

A acurácia permite, pois uma decisão mais segura no processo de

escolha dos animais e é influenciada pela variabilidade da característica, pelo

número de informações dentro de um mesmo grupo de parente e o indivíduo

e a fonte de informação disponível.

8. UTILIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES – RESULTADOS

8.1 Avaliações genéticas como suporte para decisões de seleção

Os resultados das avaliações genéticas, expressos em DEPs,

permitirá a escolha dos animais que serão utilizados na reprodução e com

que intensidade. Na prática consiste na escolha dos animais jovens de

reposição e, na escolha dos animais mais velhos a serem descartados.

8.2 Avaliações genéticas como suporte para decisões de acasalamento

Definir o touro que será utilizado com cada uma das vacas, é o que,

tradicionalmente, se chama de acasalamento.

A contribuição do acasalamento será obtida por meio de estratégias

que permitam um maior ganho nas gerações seguintes, como (1) o controle

da consangüinidade dos produtos, (2) o controle dos defeitos ou pontos

fracos dos produtos e (3) o aumento da variabilidade genética dos produtos.

8.3 Avaliações genéticas como suporte na definição de índices Utilização de índices empíricos, através de pesos relativos, nos quais

as DEPs são padronizadas, multiplicadas pelo peso relativo e somadas para

expressar o desempenho individual dos animais.

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