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MAPEAMENTO GEOMORFOLÓGICO E ANÁLISE FISIOGRÁFICA DA PAISAGEM DA BACIA DO RIO IVAÍ-PR
Fernando R. Santos – Universidade Estadual de Maringá/PR (UEM). [email protected] Edison Fortes - UEM. [email protected] Daiany Manieri - UEM. [email protected]
RESUMO
A Bacia do Rio Ivaí é uma das maiores do Estado do Paraná. Engloba, em seu território, algumas das regiões agroindustriais mais importantes do país, entre outras funções espaciais importantes. É território de mais de 100 cidades paranaenses, entre elas Maringá, Campo Mourão ou Apucarana. Este trabalho pretende apresentar uma compartimentação do relevo da região baseado em critérios morfográficos. A Bacia do Rio Ivaí foi dividida em Alto, Médio e Baixo Curso seguindo parâmetros geomorfológicos variados, como densidade de drenagem, padrão de distribuição dos rios ou distância entre canais. Deste modo, foi subdividida em unidades geomórficas menores associadas a diferenças na rugosidade da superfície. Sendo um rio de planalto, o Rio Ivaí apresenta uma grande variedade de formas resultantes de processos pretéritos e atuais, principalmente marcado pela sucessão de climas secos no Mesozóico e Terciário para climas tropicais no Quaternário. Apresenta um relevo acidentado no Alto Curso, decorrente das litologias sedimentares paleozóicas e diques de diabásio no mesozóico. Contém muitas formas associadas a relevos testemunhos, relacionados aos processos de recuo paralelo de encostas que construíram a Serra Geral. O médio curso é domínio de regiões planas associadas à bacia sedimentar do Paraná, resultando em solos profundos, podendo ser desde eutróficos até álicos, originários da decomposição das rochas basálticas. A região do baixo curso é marcada pela presença de afluentes controlados por falhas e cujo padrão de drenagem é subdendrítico. Estas falhas estão associadas à ocorrência de rochas areníticas friáveis da Formação Caiuá que favorecem o desenvolvimento de um relevo suave, com declividades inferiores a 5%. Palavras-Chave: Mapeamento Geomorfológico, Rio Ivaí, Geologia do Paraná
ABSTRACT
Ivai river’s basin is one of the biggest in the Paraná State. Contains some of the most important industrial agrary regions in the country, and also lots of important spatial functions. It is about one hundred cities’s territory, between then are Maringá, Campo Mourão or Apucarana. This work will show a relief compartimentation based in morfographic criteria. The Ivaí river’s basin were divided into Low, Medium and High Course following geomorphologic criteria, like drainage density, river distribution pattern, or distance between rivers. Following that criteria, the basin was subdivided in minor geomorphic unities, associated with surface’s different textures. Because it is a highland river, the Ivai River contains a large variety of relief types being a result of past and actual processes, marked by the sucession of dry climate types in the Mesozoic or Tertiary periods to tropical climate types in the Quaternary. The relief in the high course is severe, following the Paleozoic sedimentary rocks and Mesozoic diabase dikes. The basin has a lot of residual relief types, related to slope retreat processes that built Geral Mountainrange. The Medium course is dominated by plan regions associated to the center of the Paraná sedimentary basin, making deep soil types, fertile or infertile, result of the decomposition of basaltic rocks. The low course has lots of tributaries controlled by faults and the drainage pattern is sub-dentritic. Those faults are related to the happening of Caiuá Formation’s Sandstones, which result in a plan relief type, with inclination lower than 5%. Keywords: Geomorphologic Mapping, Ivaí River, Paraná Geology.
INTRODUÇÃO
O presente estudo foi realizado de forma espacializar as formas do relevo do
terreno, sistematizando-os como compartimentos.
A espacialização das formas constitui a base do mapeamento geomorfológico, e
com ele se inicia o estudo ambiental e de planejamento. A partir do relevo, são avaliadas as
potencialidades da paisagem, bem como suas fragilidades. Este conhecimento do espaço
leva a uma reflexão de como ocupar o espaço, e das compartimentações do relevo podem
mesmo evoluir subdivisões políticas e econômicas.
Os compartimentos são definidos com base em pelo menos dois fatores: A escala
de trabalho e a forma do relevo em questão. Os fatos geomorfológicos têm como conceito
a "forma", trazido por Casseti, 2007. A "forma" do relevo seria o modo como a
morfoestrutura se manifesta no espaço, de modo a expressar a dinâmica da morfogênese no
terreno. Deste modo, a geomorfologia interessa à geografia, ao passo que ajuda a
classificar o funcionamento da paisagem e de como sua evolução afetou ou vai afetar a
apropriação deste meio.
Este estudo objetiva sistematizar o relevo na região da bacia hidrográfica do Rio
Ivaí, assim como complementar os estudos técnicos que foram realizados na área.
Os estudos técnicos realizados na região do vale do Ivaí foram desenvolvidos com
os trabalhos de Biazin (2005), sobre as características do Ivaí em sua confluência com o
Rio Paraná; Terezan (2005) sobre o leito maior do rio Ivaí em sua planície e Destefani
(2005) sobre o regime hidrológico do canal principal. Concomitantemente, o estudo de
Baldo (2006) versa sobre a dinâmica atmosférica na área, principalmente em relação à
pluviosidade.
MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Localização e caracterização da área de estudo
A Bacia do Rio Ivaí está localizada no Estado do Paraná, Sul do Brasil, ocupando
uma área de 35.845 km2 entre as latitudes 23°10'14" e 25°36'11 "S e longitudes 53°43'27"
e 50º4545,43'W (Figura 1).
Figura 1 - Localização da Bacia Hidrográfica do Ivai no Estado do Paraná. Adaptado de Guiraud,
2004.
O canal principal nasce da confluência dos rios dos Patos e São João, e seu
quilômetro zero está localizado a 45 km ao norte do município de Teresa Cristina. O curso
principal se estende por aproximadamente 685 km até sua confluência com o Rio Paraná.
A área total é de 35.845km2, correspondente a 26% do território paranaense. Constitui-se
dessa forma como a segunda maior bacia hidrográfica do estado.
A vazão média do rio Ivaí, registrada pela Estação do Novo Porto Taquara
(próximo à confluência com o rio Paraná) é de 660,82 m3/s. A vazão mínima e a máxima
foram de 201,6 m3/s e 4968 m3/s respectivamente (Biazin, 2005).
No seu curso de SE para NW, o rio Ivaí drena uma série de unidades de paisagens
no Estado do Paraná, vinculados aos terrenos da Bacia Sedimentar do Paraná. O mergulho
para oeste, das camadas da bacia sedimentar permitiu o desenvolvimento de relevos de
"Cuestas" associadas a Serra Geral, localmente denominada de Serra da Boa Esperança.
As características favoráveis à agricultura da região fazem que ela seja uma das
principais fornecedoras de matérias-primas às indústrias, entre os produtos oferecidos estão
a cana, a soja, o algodão e o milho. Deste modo, a agroindústria regional emerge como
uma das principais do país, com empresas como a COCAMAR (Cooperativa dos
Cafeicultores de Maringá).
O material trazido pelo rio fornece matéria-prima às olarias, gerando uma grande
demanda também por madeira para queima e fabricação de tijolos, telhas e cerâmicas. Isso
causa uma série de impactos nos rios locais, como o assoreamento dos canais e retirada da
cobertura vegetal original, que hoje se encontra reduzida a pequenas manchas (Biazin,
2005).
A bacia do Rio Ivaí compreende 105 municípios paranaenses, onde destacam-se
Maringá, Sarandi, Campo Mourão, Umuarama e Paranavaí. A região do vale do Ivaí
compreendia 1.990.000 habitantes em 2000, correspondentes a 21 % da população do total
do Paraná. Destas pessoas, 78% vivem na cidade (Baldo, 2006). Estas características fazem
da região do vale do Ivaí uma das mais importantes do Paraná, com fácil acesso e
recortado por algumas das principais rodovias, como a BR-376 ligando Nova Londrina à
Ponta Grossa e a BR-369, de Apucarana à Londrina.
Este trabalho vem preencher uma lacuna na sistematização do espaço físico da
bacia hidrográfica do Rio Ivaí, propondo uma classificação do relevo da área baseado em
características geográficas.
MATERIAIS E MÉTODOS
A metodologia deste trabalho é proposta por Ross (1990), sobre uma classificação
das formas baseada em tamanho da região. Assim, o referido autor destaca as formas
seriam classificadas em táxons que corresponderiam ao tamanho da unidade classificada.
Assim, o autor destaca:
1º Táxon: Grandes unidades tectônicas, como escudos, dobramentos e
bacias sedimentares.
2º Táxon: Unidades morfoesculturais definidas pelo tempo e clima, tal como
depressões, planaltos e planícies.
3º Táxon: Unidades de modelados diferenciadas pelas semelhanças
topográficas e rugosidade de terreno.
4º Táxon: Agrupamento de formas semelhantes, que podem ser de
acumulação (terraços ou planícies fluviais e marinhas) ou degradação
(morros ou cristas).
5º Táxon: Tipos de vertentes ou das seções de vertentes.
6° Táxon: Ações dos processos erosivos atuais, como voçorocas e ravinas.
No caso da bacia do Rio Ivaí, o primeiro táxon corresponde à Bacia Sedimentar do
Paraná. O segundo táxon seria as unidades do baixo, médio e alto curso (Figura 2).
Cada subunidade foi dividida em compartimentos menores, correspondendo ao
terceiro táxon. As diferenças entre as unidades morfofisiográficas referem-se à rugosidade
da topografia, diferença de altitude e declividade, bem como a ocorrência de diques de
diabásio ou falhas. Deste modo, este estudo foi realizado levando em consideração as
unidades do segundo táxon, chamadas de unidades hidrogeomorfológicas, e as unidades do
terceiro táxon, chamadas de unidades geomórficas.
O mapeamento das unidades se deu pelas imagens SRTM reprocessadas pela
EMBRAPA (Miranda, 2007), na escala de 1:250 000. As imagens foram inseridas no
software SPRING (Câmara, 1996)
que serviu para a vetorização dos
compartimentos.
Concomitantemente, a
topografia foi utilizada para
calcular modelos numéricos de
terreno e elaborar as cartas de
declividade e hipsometria,
utilizadas como dados
complementares para definir as
unidades de relevo. Estes dados
foram extraídos das cartas
topográficas SF-22-Y-A, SF-22-Y-
C, SF-22-Y-D, SG-22-V-B, SG-22-
V-D, SG-22-X-A e SG-22-X-C;
feitas pelo IBGE e digitalizadas
pela MINEROPAR (Figura 3).
Todos os produtos estavam
originalmente na escala de
1:250000.
Na etapa seguinte foram
Figura 2 - Compartimentação do Relevo na Bacia do Rio
Ivaí segundo as unidades morfohidrográficas. Organização:
Santos, F.
compiladas cartas já existentes contendo informações de solo, vegetação, clima,
pluviosidade e etc. Estes produtos foram adaptados à área da bacia do Rio Ivaí e
vetorizados, de modo a acrescentar um panorama geoambiental ao estudo.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
O Estado do Paraná apresenta duas unidades geotectônicas principais: O
Embasamento Cristalino e a Bacia Sedimentar do Paraná. A primeira é formada por rochas
ígneas e metamórficas do pré-cambriano e constituem a base litoestrutural do relevo do
Primeiro Planalto e da Serra do Mar. A Bacia Sedimentar do Paraná corresponde a uma
ampla depressão de origem tectônica, preenchida por rochas do Fanerozóico que
representam o embasamento do Segundo e Terceiro Planalto.
5.1 Embasamento cristalino
O embasamento da Bacia Sedimentar do Paraná está relacionado às rochas ígneas e
metamórficas do escudo formado no ciclo brasiliano. Essas rochas pré-cambrianas afioram
em várias áreas da América do sul, denotando uma continuidade por baixo da bacia
sedimentar (Brito, 1979).
No estado do Paraná, essas rochas mais antigas afloram na porção leste do estado.
Esta região é composta principalmente por quartzitos, migmatitos e mármores dolomíticos
(Thomaz, 1984). Esta área também protagonizou a formação da Serra do Mar, uma escarpa
de falha hoje bastante erodida. Durante a formação do embasamento da Bacia Sedimentar
do Paraná, uma calha deposicional formou uma série de alinhamentos de falhas de direção
geral SW-NE. Estas zonas de fraqueza têm sua formação relacionada com o ciclo
brasiliano (Zalán, 1990).
Os constantes abalos nas bordas das placas tectônicas refletiram na área
cratonizada, exercendo pressão sobre as rochas. As zonas de fraqueza são responsáveis
pelo alívio de pressão destes movimentos. Deste modo, os tectonismos impuseram
deformações ao embasamento, formando algumas das inflexões locais no terreno, como o
Arco de Ponta Grossa, e tiveram relação íntima com o episódio de derrame basáltico no
mesozóico.
Durante as eras posteriores, essas falhas formaram inúmeras flexões no arcabouço
que acabou por influenciar o modo com as rochas se organizaram e formaram o relevo
(Fulfaro, 1982).
5.2 A Bacia do Paraná
A Bacia Sedimentar do Paraná é uma depressão de origem tectônica, formada de
rochas sedimentares representativas de ambientes sedimentares diversos do Fanerozóico.
Está localizada no centro-sul da América do sul e abrange uma área de mais de um milhão
e meio de quilômetros quadrados. Estas rochas apresentam distribuição que abrange os
territórios do Paraguai, Argentina e Uruguai, além dos estados brasileiros de Mato Grosso,
Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e
Paraná.A seqüência estratigráfica da bacia segue um padrão de aproximadamente cinco
grandes deposições interrompidas por discordâncias temporais. As rochas mais antigas são
datadas do Período Devoniano, na Era Paleozóica, e a seqüência termina com arenitos do
Grupo Bauru da Era Mesozóica. A seqüência das formações e seu período de deposição
são apresentados na coluna geológica da figura 3.
O processo de deposição da Bacia Sedimentar do Paraná se iniciou no Período
Devoniano, num ambiente marinho com influências glaciais. Deste período resultaram as
formações Fumas e Ponta Grossa, as mais antigas da bacia formando a base da seqüência
sedimentar. (Thomaz, 1984). Posteriormente, a progressiva regressão marinha depositou os
arenitos e folhelhos do Membro Tibagi. Depois de uma descontinuidade, sedimentos
continentais depositam a Formação Campo do Tenente, ainda em ambiente glacial.
No Período Permiano, há indícios de deposições em ambientes continentais em um
clima mais úmido, resultando na Formação Mafra. Estas rochas foram depositadas em
ambientes fluviais e frios. Após este período, o mar transgrediu sobre a área, deixando
submersa por milhões de anos. Os sedimentos depositados nesse período resultaram nas
formações Rio do Sul, Rio Bonito e Palermo.
A regressão deste mar aconteceu no Período Carbonífero (final do Paleozóico) e
permitiu a deposição dos sedimentos representativos das formações Irati, Serra Alta,
Teresina e Rio do Rastro. A superficie descoberta resultante da regressão marinha estava
sob controle de um paléoclima árido, que reinou durante todo o Mesozóico. Este clima
explica a grande descontinuidade que se segue na Bacia do Paraná. Deste modo, as rochas
que cobrem a Formação Teresina foram depositadas somente na época lurássica Superior.
Alguns rios trouxeram sedimentos finos que se consolidaram formando as rochas da
Formação Pirambóia. A seca subseqüente formou um deserto. Foi este material que deu
origem à Formação Botucatu (Oliveira, 1978).
Durante a Era Mesozóica, o supercontinente de Pangea sofreu uma separação que
formou as massas continentais atuais. Antes dessa separação, houve uma grande atividade
vulcânica que derramou uma grande quantidade de lava basáltica. As rochas que
resultaram deste derrame são chamadas de Formação Serra Geral (Figura 4).
Os dutos vulcânicos do derrame foram as zonas de fraqueza da Bacia do Paraná,
que foram preenchidas com material ígneo (Nardy, 2002) .Após o término dos derrames
basálticos, a região passou a
receber uma grande
quantidade de sedimentos
eólicos, formando as rochas da
Formação Caiuá. Estas rochas
encerram a estratigrafia da
Bacia do Paraná. Ainda há
sedimentos de origem fluvial,
mas por serem recentes ainda
não formaram rochas.
Normalmente estão presentes
na confluência dos grandes
rios paranaenses, inclusive o
Ivaí.
Figura 3 - Coluna Geológica da bacia do Paraná num perfil
hipotético SSW-NNW. A cronoestratigrafia é acompanhada de
uma estimativa do nível do mar na época e os eventos tectônicos
mais importantes que influenciaram na sedimentação da
seqüência. Fonte: Zalán, 199
4
A bacia do Rio Ivaí no contexto do relevo paranaense
As características litoestruturais, paleoclimáticas e tectônicas tiveram importante
papel na estruturação do relevo do Estado do Paraná. Maack (1969) foi o primeiro autor a
perceber tais relações e a propor uma compartimentação do território paranaense, baseada
em dados em dados morfoestruturais. Assim, o referido autor propôs um primeiro nível de
classificação, no qual destacou de leste para oeste: a Zona Litorânea, a Serra do Mar, o
Primeiro, Segundo e Terceiro Planaltos.
Maack (op cit.) ainda subdividiu a Zona Litorânea em: orla marinha e orla da serra;
o Primeiro Planalto em: planalto de Curitiba, região montanhosa de Açungui e planalto de
Maracanã; o Segundo Planalto em: região ondulada do Paleozóico e região das mesetas do
Mesozóico; o Terceiro Planalto em: blocos planálticos de Cambará e São Jerônimo da
Serra; bloco do planalto de Apucarana; bloco do planalto de Campo Mourão, bloco do
planalto de Guarapuava e declive do planalto de Palmas.
A Zona Litorânea corresponde a área formada principalmente por depósitos
arenosos e argilosos inconsolidados depositados por ocasião de flutuações do nível relativo
do mar do Quatemário. Forma uma superficie relativamente estreita e plana, limitada a
oeste pelos contrafortes da Serra do Mar.
A Serra do Mar limita a Zona Litorânea a leste e o Primeiro Planalto a oeste.
Corresponde a uma extensa borda planáltica soerguida que se estende desde o Estado do
Espírito Santo até o norte do Estado de Santa Catarina. Sua evolução foi condicionada
pelos intensos processos tectônicos e erosivos que se manifestaram desde o Mesozóico,
com a formação de uma série de blocos falhados e erodidos voltados para leste (Almeida e
Carneiro, 1968).
O Primeiro Planalto forma uma ampla superficie aplanada do Terciário, cuja
paleosuperficie tangencia o topo da Serra de São Luiz do Purunã. O limite desse planalto
ocorre com a Serra do Mar a oeste e com a Serrinha a leste, que constitui um típico relevo
de Cuesta. O relevo característico desse compartimento são colinas suaves onduladas
modeladas sobre rochas ígneas e metamórficas do Escudo Atlântico. A intensa atividade
tectônica do Terciário possibilitou o desenvolvimento de depressões alongadas de direção
NE-SW, que foram preenchidas por sedimentos arenoargilosos em ambiente semi-árido.
O Segundo Planalto corresponde a uma superfície que se prolonga desde o norte do
Estado de São Paulo até o sul do Estado de Santa Catarina. Ross (1996) denominou essa
superfície de Depressão Periférica da Borda Leste da Bacia do Paraná e o IBGE (1977) de
Patamares da Bacia do Paraná. O limite se dá com o reverso da Serra de São Luiz do
Purunã a oeste e o degrau em Front de Cuesta da Serra Geral. O relevo predominante são
colinas convexas modeladas sobre as rochas paleozóicas da Bacia Sedimentar do Paraná.
São comuns feições residuais como planaltos e morros testemunhos, que evidenciam
longas fases erosivas, marcadas por recuo paralelo de encosta em clima semi-árido. A
grande quantidade de diques de diabásio, que atravessa o Segundo Planalto no sentido NW
-SE, apresenta no local uma quantidade significativa de morros tabuliformes, longos e
interrompidos por vales estreitos e profundos.
O Terceiro Planalto corresponde ao maior compartimento de relevo do Estado do
Paraná. Seus limites ocorrem entre o reverso de Cuesta da Serra Geral a oeste e a calha do
rio Paraná a leste, na divisa com o Mato Grosso do Sul. As litologias características desse
compartimento são os basaltos da Formação Serra Geral e os arenitos da Formação Caiuá,
e que serviram de substrato para o relevo suave ondulado, com amplas vertentes convexas
e espessos mantos de alteração.
A bacia do rio Ivaí desenvolveu-se nesse contexto litoestrutural, constituindo-se
assim em uma bacia escavada por um rio antecedente ao processo de basculamento da
bacia. Corresponde a segunda maior bacia hidrográfica totalmente localizada em território
paranaense. A bacia tem sua área montante localizada no Segundo Planalto, quando o rio
Ivaí atravessa os alinhamentos de Cuesta em vales epigênicos da Serra Geral até alcançar o
Terceiro Planalto, quando conclui com o rio Paraná.
Mapeamento geomorfológico
A disposição alongada da bacia do Ivaí, de direção NW -SE, possibilita que os seus
rios constituintes drenem extensas faixas de rochas paleozóicas e mesozóicas da Bacia
Sedimentar do Paraná. Os aspectos litoestruturais da bacia, representados pela disposição e
inclinação das camadas da bacia sedimentar, bem como os diferentes graus de resistência
das rochas, possibilitam a diferenciação de três compartimentos geomórficos, definidos
como sistemas hidrogeomorfológicos, que são o Alto, Médio e Baixo Curso. Tal
diferenciação foi possível pela combinação dos elementos supramencionados com as
características hidrográficas (Figura 5).
A partir dos sistemas hidrogeomorfológicos foram identificadas unidades
geomórficas, representados por sub-compartimentos de relevo, definidos por padrões de
textura em imagens de radar (SRTM). Estas unidades estão associadas evolução
morfoclimática, que promoveu a intensificação da erosão diferencial sobre substrato
sedimentar e ígneo. Optou-se pela utilização de terminologia geográfica para definir a
unidades geomórficas (Tabela I).
Segue abaixo a descrição e análise dos sistemas hidrogeomorfológicos e das
unidades geomórficas correspondentes.
6.2 Sistema Hidrogeomorfológico do Alto Curso
Abrange uma área de aproximadamente 10.000km2, correspondentes as zonas das
cabeceiras de drenagem do rio Ivaí e dos afluentes do alto curso. Neste compartimento o
5
rio Ivaí apresenta um curso de cerca de 220 km de extensão, e drena unidades
estratigráficas paleozóicas, representada pelo Grupo Passa Dois. Apenas localmente,
ocorrem unidades mesozóicas das Formações Serra Geral, Botucatu e Pirambóia, todas
pertencentes ao Grupo São Bento (Bittencourt, 1982).
As rochas arenosas e argilosas dessas unidades, associadas à densa rede de
drenagem de caráter conseqüente, permite o desenvolvimento de um relevo bastante
movimentado, cujas altitudes de até 1200m estão associadas ao limite do Segundo e
Terceiro Planalto Paranaense (Maack, 1968).
Essa unidade geomorfológica apresenta corno traço mais conspícuo a diversidade
de formas de relevo, associadas principalmente aos escarpamentos erosivos e estruturais da
Cuesta da Serra Geral, e que recebe localmente a designação de Serra da Esperança
Durante seu percurso o rio Ivaí atravessa em degraus formando inúmeros saltos e
corredeiras, adquirindo um padrão muito irregular, com quedas abruptas e curvas com forte
ângulo (Kuerten, 2005). São comuns nessa área escarpas formando "fronts" voltados para
leste e norte, com cornijas sustentadas por arenitos da Formação Botucatu e basaltos da
Formação Serra Geral.
Os diques de diabásio, da Formação Serra Geral, são feições comuns na parte norte
dessa unidade geomorfológica. São facilmente identificáveis por imagem de radar. Os
diques formam relevos alongados de direção NW -SE. Outras feições comuns são os
morros testemunhos e os relevos residuais, que evidenciam o recuo da escarpa no T
erciário (Ab'Saber,1969).
O relevo na referida bacia hidrográfica começa numa área de depressão periférica
construída numa área de desnudação influenciada pelo Arco de Ponta Grossa. A
paleosuperficie construída com o derrame deixou vários tipos de rocha com densidades
diferentes, criando relevos residuais que se desgastaram menos que o resto da depressão. A
serra dos porongos, a leste de Ivaiporã constitui um exemplo de relevo residual, formada
por arenitos mesozóicos na base e rochas ígneas no topo.
O canal principal do Rio Ivaí, por conseguinte, atravessa terraços escalonados e
vales de fundo chato, com uma grande divagação dos canais de forma meandrante. A
região dos vales do rio é composta de muitos paleocanais preenchidos com sedimentos
locais. No Segundo Planalto ainda há o controle estrutural de uma série de afluentes do Rio
Ivaí, aos quais se destacam o Rio Alonso. A confluência desses dois rios vai resultar num
vale epigênico que corta escarpa de erosão da Serra Geral. Este acidente limita a região do
Alto Curso.
6.3 Sistema Hidrogeomorfológico do Médio Curso
Corresponde ao compartimento de relevo com maior extensão dentro da bacia, com
cerca de 16.200k:m2, sendo drenado pelo rio Ivaí num trecho de aproximadamente 380
k:m. Nessa parte da bacia o rio passa a correr de forma aproximadamente paralela ao
mergulho das rochas, com poucos afluentes.
A unidade litoestratigráfica predominante é representada pela Formação Serra
Geral, constituída pelas litologias tipo basalto e diabásio, todas do mesozóico. A maior
impermeabilidade dos terrenos, quando comparada com a das outras unidades
geomorfológicas, permite o desenvolvimento de uma rede de drenagem mais densa, que
facilita a distinção entre os compartimentos mapeados.
O padrão de drenagem é o dendrítico e o subdendrítico. Contudo, a rede de
drenagem assume um padrão semi-radial na parte sudeste, com o semi-círculo voltado para
norte, o que constitui uma anomalia nos rios, cujas causas ainda não estão esclarecidas.
A horizontal idade dos derrames basálticos promove o desenvolvimento de relevos
colinosos, com predomínio de vertentes convexas e retilíneas, formando cobertura
superficial espessa onde se desenvolvem solos argilosos e férteis como o Latossolo
Vermelho Eutroférrico e o Nitossolo Vermelho Eutroférrico. Enxames de diques de
diabásio atravessam a área na parte nordeste, tomando a cobertura pedológica mais rasa,
com freqüentes afloramentos rochosos.
Este sistema, juntamente com o do baixo curso, constitui em reverso de Cuesta,
cujo front, encontra-se na Serra Geral e limita o sistema do baixo e alto curso. O terreno
constitui-se de uma superfície suavemente inclinada, que mergulha para oeste.
Esse compartimento do relevo apresenta as simetria na sua parte norte, comparado
com a parte sul. A primeira possui distância, do canal do rio Ivaí até o divisor de águas, de
cerca de 30 a 50 km, e na parte sul cerca de 40 a 80 km.
6.4 Sistema Hidrogeomorfológico do Baixo Curso
No limite entre os municípios de Mirador e Guaporema, o rio Ivaí passa a correr
sobre os arenitos mesozóicos da Formação Caiuá, caracterizando o início do Sistema
Hidrogeomorfológico do Baixo Curso. Esse setor constitui-se nos relevos mais baixos da
bacia hidrográfica, com altitudes que variam de 400 a 230m, este último próximo ao rio
Paraná. No limite oeste desse sistema está representado pela calha do rio Paraná, no qual o
rio Ivaí é tributário. Apresenta cerca de 8845 km2 de área, sendo que o rio Ivaí percorre
essa unidade de relevo numa distância de 180km.
As litologias predominantes são os arenitos friáveis da Formação Caiuá. Sobreposto
a esses arenitos ocorre espesso manto de alteração que Popp & Bigarella (1975) atribuíram
gênese coluvial e deram-lhe "status" de unidade litoestratigráfica, denominando-o de
Formação Paranavaí. Essa interpretação não é corroborada por Gasparetto (1999) e
Gasparetto et al. (2001) que atribuem processos de alteração supérgenos para essas
coberturas superficiais.
A característica friável desses arenitos, aliadas ao clima úmido e a proximidade
com o nível de base regional (rio Paraná), permite o desenvolvimento de um relevo com
marcada monotonia, representada por colinas baixas, de topos arredondados e vertentes
convexas e retilíneas. Essa unidade apresenta baixa declividade e apenas localmente
ocorrem corredeiras, sendo que nos últimos 50 km o curso principal apresenta condições
favoráveis à navegação
O rio Ivaí, nesse setor, apresenta um direcionamento E-W, influenciado por
mudanças litoestruturais, associadas às formações areníticas e basálticas, bem como
lineamentos regionais.
Segundo Santos et al (2005), no curso inferior do rio Ivaí, os alinhamentos
tectônicos de direções NW e NE controlam o traçado meândrico do rio Ivaí. Estes
alinhamentos são reconhecidos nas direções de fratura dos afloramentos do arenito Caiuá
dentro do canal do rio.
Essa unidade de relevo é caracterizada pela presença de planícies de inundação, que
se desenvolvem simetricamente em relação ao canal e, lateralmente ao canal, ocorrem
diques marginais contínuos, com até 5m acima do nível da planície, que são destacados
pela vegetação. Estas formações vegetais foram bastante degradadas pela utilização
agropastoril (Barros, 2005).
A planície fluvial do rio foi estudada por Santos et al (2005) que identificou os
seguintes compartimentos: Planície do rio Ivaí, Planície Paraná-Ivaí, Terraço Paraná,
Terraço Ivaí, Leque Aluvial e Canal Fluvial.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os dados levantados para o estudo foram adquiridos de sensores remotos,
principalmente o reprocessamento feito por Miranda (2007) dos dados SRTM. Levando em
consideração as diferenças de textura da imagem, foram definidos os compartimentos
hidrogeomorfológicos de forma preliminar.
Assim que foram levantados os dados ambientais como solos, geologia, clima ou
hidrografia; os compartimentos puderam ser ajustados segundo fatores geoambientais
definindo o Alto, Médio e Baixo Curso.
As unidades geomórficas foram definidas segundo a rugosidade do terreno e sua
relação com os processos que aconteceram na sua formação. Foram definidas 7 unidades
geomórficas no Alto Curso, 7 no Médio Curso e 5 no Baixo Curso.
Percebeu-se com os estudos que as unidades do Alto Curso tendem a desenvolver
um relevo mais acidentado, relacionado à depressão periférica da Serra Geral. É comum a
ocorrência de relevos residuais devido à erosão ocorrida no período mesozóico. Os rios
normalmente são controlados por uma série de diques de diabásio com uma direção
sobretudo de NW-SE.
O Médio Curso é o compartimento mais ricamente drenado, resultado dos solos
argilosos com pouca capacidade de absorção. Corresponde ao domínio das rochas da
Formação Serra Geral. O relevo tem características tabulares, sendo comum a formação de
mesetas associadas às fases dos derrames basálticos.
Finalmente, o Baixo Curso é uma região de drenagem subdendrítica e sob o
domínio das rochas da Formação Caiuá. Contém rios extensos, mas normalmente de
segunda ou terceira ordem. Essa unidade contém a planície fluvial do rio Ivaí. O uso mais
comum para essa região é de pastagens, devido à perda da exuberância da Floresta Pluvial
Tropical.
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