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POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO CENTRO DE APERFEIÇOAMENTO E ESTUDOS SUPERIORES CAES “CEL PM NELSON FREIRE TERRA” CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS - II/09 Cap PM Cláudio Cesar de Oliveira MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: FERRAMENTA PARA GESTÃO AMBIENTAL DE MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS PELA POLÍCIA AMBIENTAL São Paulo 2009

MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

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POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO CENTRO DE APERFEIÇOAMENTO E ESTUDOS SUPERIORES CAES “CEL PM NELSON FREIRE TERRA” CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS - II/09Cap PM Cláudio Cesar de OliveiraMAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: FERRAMENTA PARA GESTÃO AMBIENTAL DE MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS PELA POLÍCIA AMBIENTALSão Paulo 2009Cap PM Cláudio Cesar de OliveiraMAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: FERRAMENTA PARA GESTÃO AMBIENTAL DE MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS PELA POLÍCIA AMBIENTALMonografia apresent

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Page 1: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO

CENTRO DE APERFEIÇOAMENTO E ESTUDOS SUPERIORES

CAES “CEL PM NELSON FREIRE TERRA”

CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS - II/09

Cap PM Cláudio Cesar de Oliveira

MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: FERRAMENTA PARA GESTÃO

AMBIENTAL DE MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS PELA POLÍCIA AMBIENTAL

São Paulo

2009

Page 2: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

Cap PM Cláudio Cesar de Oliveira

MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: FERRAMENTA PARA GESTÃO

AMBIENTAL DE MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS PELA POLÍCIA AMBIENTAL

Monografia apresentada no Centro de Aperfeiçoamento e Estudos Superiores, como parte dos requisitos para a aprovação no Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais.

Cel PM Leonardo Torres Ribeiro – Orientador

São Paulo

2009

Page 3: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO

CENTRO DE APERFEIÇOAMENTO E ESTUDOS SUPERIORES

CAES “CEL PM NELSON FREIRE TERRA”

CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS - II/09

Cap PM Cláudio Cesar de Oliveira

MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: FERRAMENTA PARA GESTÃO

AMBIENTAL DE MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS PELA POLÍCIA AMBIENTAL

Monografia apresentada ao Centro

de Aperfeiçoamento e Estudos Superiores,

como parte dos requisitos para a aprovação

no Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais.

( ) Recomendamos disponibilizar para pesquisa

( ) Não recomendamos disponibilizar para pesquisa

( ) Recomendamos a publicação

( ) Não recomendamos a publicação

São Paulo, _______ de _____________________ de 2009.

Cel PM Antônio Cesar Cardoso

Cel PM Leonardo Torres Ribeiro

Josefina de Léo Ballanotti

Page 4: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

Este trabalho é dedicado:

A minha querida esposa, Angélica, a minha filha Lorena e meu enteado

Nícolas, por minha ausência durante a confecção deste trabalho.

A meu pai, Cb PM José dos Santos de Oliveira (in memorian), com quem

aprendi a amar a gloriosa Polícia Militar do Estado de São Paulo.

A minha mãe Perciliana, e meus irmãos, Clever e Cassius, pelo apoio e

incentivo em mais esta etapa profissional.

Ao professores e instrutores do CAES, pelos conhecimentos transmitidos ao

longo do curso.

Page 5: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

Agradecimentos

A Deus, por mais esta oportunidade de evolução.

Ao Cel PM Leonardo Torres Ribeiro, pelas sábias e oportunas orientações nos

momentos de dúvida.

Ao Maj PM Rogério de Oliveira Xavier, pelo incentivo e colaboração na elaboração

desta obra.

A meu irmão, 1º Ten PM Cassius José de Oliveira, pelo apoio, informações,

sugestões e materiais disponibilizados durante a elaboração deste trabalho.

Aos Oficiais, Praças, Temporários e Funcionários Civis do Policiamento Ambiental

do Estado de São Paulo, pelo apoio na elaboração desta obra.

Ao Comando do CAES, Instrutores, Professores e demais integrantes dessa digna

casa de ensino, pelo apoio e pelos conhecimentos que foram transmitidos.

Page 6: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

“Nem tudo o que se enfrenta pode ser modificado, mas nada

pode ser modificado até que seja enfrentado.”

Albert Einstein.

Page 7: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

Resumo

Este trabalho discute a gestão ambiental de microbacias hidrográficas e a viabilidade de sua implantação pelas unidades do Policiamento Ambiental no Estado de São Paulo, utilizando como ferramenta o mapeamento georreferenciado. O mapeamento consiste no levantamento de dados ambientais da microbacia e produção de mapas georreferenciados, com auxílio de GPS e softwares específicos, visando diagnosticar de forma global os problemas ambientais para, a partir daí, estabelecer ações conjuntas no sentido de fazer cessar e recuperar os danos causados ao meio ambiente. A metodologia adotada no trabalho é baseada no método hipotético dedutivo, em nível descritivo e exploratório, com enfoque quantitativo e qualitativo e uso de dados primários e secundários, a partir de pesquisas bibliográficas, em sítios da Internet e de campo. O assunto é abordado em seis capítulos, os quais abrangem aspectos conceituais do mapeamento georreferenciado, gestão ambiental, microbacias e políticas públicas ambientais, bem como a Polícia Ambiental e a preservação do meio ambiente, com enfoque histórico, estrutural e de competência e também a descrição do modelo de gestão ambiental de microbacias. O trabalho também teve como base o modelo de gestão ambiental realizado na Microbacia do Córrego Marinheirinho, em Votuporanga-SP, pela 2ª Companhia do 4º BPAmb, cujos resultados são altamente positivos. A gestão, além de ter efetivamente dado início à recuperação dos danos ambientais naquela microbacia, está servindo para propor e orientar as políticas públicas ambientais do município, mobilizando as forças sociais nele presentes. A adoção do modelo possibilitou uma eficiente gestão ambiental da área de atuação, principalmente nas atividades de proteção à flora, economizando recursos humanos e materiais, facilitando o diagnóstico e o monitoramento da área, evitando o retrabalho e estimulando condutas proativas. Além disso, não requer grandes investimentos, pois parte da tecnologia e do conhecimento já estão disponíveis hoje no Policiamento Ambiental, sendo necessário adquirir alguns equipamentos e readequar a forma de empregar a fiscalização, porém sem alterar a área de atuação da OPM. Por fim, a pesquisa realizada através de questionários dirigidos aos Comandantes de Pelotão do Policiamento Ambiental em todo o Estado de São Paulo e entrevistas realizadas com autoridades afetas ao tema, permitiu confirmar as hipóteses levantadas e concluir ser viável e necessária a implementação do modelo proposto. Palavras-chave: Polícia Militar. Gestão Ambiental. Microbacias. Mapeamento Georreferenciado. Políticas Públicas Ambientais.

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Abstract

This paper discusses the environmental management of hydrographic microbasins and the viability of its implementation by the Environmental Police Unities in State of Sao Paulo, using the georeferenced mapping as a tool. Mapping is a process that consists in carrying out a survey about environmental data of microbasins in order to product georeferenced maps, using GPS and specific softwares, aiming a global environmental problems diagnosis, then establish joint actions in order to stop the damages and reconstruct the environment. This work is based on the hypothetical deductive method, in a descriptive and exploratory level, with a quantitative and qualitative focus, using primary and secondary data from literature searches, on websites and also field research. The subject is covered in six chapters, which comprehend conceptual aspects of georeferenced mapping, environmental management, microbasins and environmental public policies, as well as Environmental Police and environmental preservation, focusing on historical, structural and legal competence aspects and also the description of microbasins environmental management model. The work was still based on the environmental management conducted by 2nd Company of 4th BPAmb in Marinheirinho Stream Microbasin in Votuporanga-SP, whose results are highly positive. The management has actually taken steps to reconstruct the environmental damage in the microbasin and also is serving to propose and guide the environmental public policies of that municipality, mobilizing social forces present in it. The adoption of this model allowed an efficient environmental management of the area, especially in activities to protect the flora, saving human and material resources, facilitating the diagnosis and monitoring the area, avoiding rework and encouraging proactive behavior. Moreover, it does not require large investments because the technology and knowledge is already available in today's Environmental Police, so it is necessary to acquire only some equipment and readjust how to employ the surveillance, but without changing the current area of operation. Finally, the survey through questionnaires addressed to Platoons Commanders of Environmental Police throughout the State of Sao Paulo and the interviews with authorities related to the issue has confirmed the hypotheses wich allowed us to conclude that is feasible and necessary to implement the proposed model. Keywords: Military Police. Environmental Management. Microbasins. Georeferenced Mapping. Environmental Public Policies.

Page 9: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

Lista de Figuras

Figura 1 Mapa da área de atuação dos Batalhões de Polícia Ambiental. .................28

Figura 2 Organograma do 1º BPAmb........................................................................29

Figura 3 Organograma do 2º BPAmb........................................................................29

Figura 4 Organograma do 3º BPAmb........................................................................30

Figura 5 Organograma do 4º BPAmb........................................................................30

Figura 6 Policiais transferem dados ambientais durante coleta em campo...............49

Figura 7 Mapa da Microbacia Hidrográfica do Rio Preto (Escala: 1:10.000).............51

Figura 8 Microbacia do Córrego Marinheirinho, Votuporanga-SP. ............................54

Figura 9 Relatório fotográfico da Microbacia do Córrego Marinheirinho. ..................58

Figura 10 Relatório fotográfico da Microbacia do Córrego Marinheirinho. ................59

Figura 11 Mapa com a divisão por quadrantes e as APP. ........................................61

Figura 12 Mapa hídrico. ............................................................................................61

Figura 13 Mapa de intervenções em APP por cultivo e pastoreio .............................62

Figura 14 Mapa geral, destacando a vegetação remanescente................................62

Figura 15 Resultados obtidos com as ações implementadas....................................63

Page 10: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

Lista de Gráficos

Gráfico 1 Estudo de solo das propriedades do 1º quadrante (erosão)......................64

Gráfico 2 Disponibilidade de aparelhos GPS nos Pelotões.......................................67

Gráfico 3 Possibilidade de operar com 1 GPS por patrulha ......................................67

Gráfico 4 Georreferenciamento de infrações ambientais pelas OPM........................68

Gráfico 5 OPM que realizam mapeamento georreferenciado. ..................................68

Gráfico 6 OPM com policiais militares capacitados para realizar mapeamento.........69

Gráfico 7 Efetivo capacitado em relação ao efetivo existente nas OPM. ..................69

Gráfico 8 Critérios utilizados pelos Cmt de Pel para a fiscalização de suas áreas. ..70

Gráfico 9 Cobertura, em termos ideais, da área de atuação pelas OPM. .................71

Gráfico 10 Cmt de Pel que acreditam na melhoria da gestão com a adoção de

tecnologias. ...............................................................................................................71

Gráfico 11 Cmt de Pel que têm conhecimento das possibilidades de incremento da

gestão, mediante o mapeamento digital com auxílio de GPS....................................72

Page 11: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

Lista de Tabelas

Tabela 1 Recursos humanos e materiais do Policiamento Ambiental.......................31

Tabela 2 Indicadores ambientais da Microbacia do Rio Preto...................................50

Tabela 3 Recursos solicitados ao CBHTG ................................................................55

Tabela 4 Indicadores ambientais da Microbacia do Córrego Marinheirinho..............59

Tabela 5 Equipamentos e custos (valores médios)...................................................76

Page 12: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

Lista de Abreviaturas e Siglas

AIA Auto de Infração Ambiental

APP Área de Preservação Permanente

BO/PAMB Boletins de Ocorrência/Polícia Ambiental

BPAmb Batalhão de Polícia Ambiental

Cap Capitão

CATI Coordenadoria de Assistência Técnica Integral

CBHTG Comitê de Bacia Hidrográfica Turvo/Grande

CBRN Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais

Cel Coronel

Cia Companhia

Cmt de Pel Comandantes de Pelotão

Cmt G Comandante-Geral da Polícia Militar do Estado de São Paulo

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

CPAmb Comando de Policiamento Ambiental

CPP Cartões de Prioridade de Patrulhamento

CTESB Companhia Ambiental do Estado de São Paulo

DAEE Departamento de Água e Energia Elétrica

EAP Estágio de Atualização Profissional

EDA Escritório de Defesa Agropecuária

FEHIDRO Fundo Estadual de Recursos Hídricos

GAEMA Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente

GBH Gerenciamento de Bacia Hidrográfica

GESPOL Sistema de Gestão da Polícia Militar do Estado de São Paulo

GPS Global Positioning System

GRPAe Grupamento de Radiopatrulha Aérea

Page 13: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

Ha Hectare

IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis

INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

MBH Microbacia Hidrográfica

MLS Maior Leito Sasonal

NORSOP Normas para o Sistema Operacional de Policiamento

ONG Organizações Não Governamentais

OPM Organizações Policiais Militares

PCT Programa Complementar de Treinamento

PEMBH Programa Estadual de Microbacias Hidrográficas

PM Policiais Militares

PPA Plano Plurianual

PPI Plano de Policiamento Inteligente

PSA Pagamento por Serviços Ambientais

QPO Quadro Particular de Organização

RSM Relatórios de Serviço Motorizado

SAA Sistema de Administração Ambiental

SAD South America Datum

SAEV Superintendência de Água, Esgotos e Meio Ambiente de Votuporanga

SIG Sistemas de Informação Geográfica

SIGMA Sistema de Informações Gerenciais da Mata Atlântica

SIOPM Sistema de Informações da Polícia Militar

SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente

SMA Secretaria Estadual de Meio Ambiente

SSP Secretaria de Estado dos Negócios da Segurança Pública

TAC Termo de Ajustamento de Conduta

TC Termos Circunstanciado

UNESP Universidade Estadual Paulista

UTM Universal Transversa de Mercator

Vtr Viatura

Page 14: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

Sumário

Introdução................................................................................................................15

1 Mapeamento Georreferenciado e Gestão Ambiental de Microbacias

Hidrográficas ..............................................................................................20

1.1 Conceitos......................................................................................................20

1.1.1 Gestão ambiental..........................................................................................20

1.1.2 Geoprocessamento e mapeamento georreferenciado..................................21

1.1.3 Bacias e microbacias hidrográficas ..............................................................22

1.1.4 Políticas públicas ambientais........................................................................23

1.2 Geoprocessamento: aplicações ...................................................................23

2 Polícia Ambiental e a Preservação do Meio Ambiente............................26

2.1 Breve histórico..............................................................................................26

2.2 Estrutura .......................................................................................................28

2.3 Formas e critérios para emprego operacional ..............................................31

2.4 Competência ................................................................................................34

2.5 Geoprocessamento e mapeamento no Policiamento Ambiental do Estado de

São Paulo .....................................................................................................37

3 Gestão Ambiental de Microbacias no Policiamento de Segurança

Ambiental ....................................................................................................40

3.1 Por que a microbacia....................................................................................40

3.2 Diagnóstico, mapeamento e criação de banco de dados .............................42

3.3 Estabelecimento de ações com base na análise do diagnóstico da área.....44

3.4 Envolvimento das forças sociais...................................................................44

3.5 Monitoramento do processo .........................................................................46

3.6 Mapeamento georreferenciado da Microbacia do Rio Preto.........................46

4 A Gestão Ambiental da Microbacia do Córrego Marinheirinho..............52

4.1 Descrição......................................................................................................52

Page 15: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

4.2 Estrutura .......................................................................................................56

4.3 Resultados....................................................................................................57

5 Metodologia Adotada na Pesquisa ...........................................................66

5.1 Análise e interpretação dos dados da pesquisa ...........................................66

6 Proposta da Monografia.............................................................................75

6.1 A adoção do modelo por todas as unidades do Policiamento Ambiental do

Estado de São Paulo: infraestrutura .............................................................75

6.1.1 Equipamentos e custo estimativo .................................................................75

6.1.2 Efetivo...........................................................................................................77

6.1.3 Programa Complementar de Treinamento (PCT).........................................79

Conclusão................................................................................................................82

Referências..............................................................................................................85

Apêndice A – Questionário de pesquisa encaminhado aos Comandantes de

Pelotão do Policiamento Ambiental do Estado de São Paulo ................89

Apêndice B – Entrevista com o Sr. Ciro Koiti Matsukuma, Chefe da Seção de

Manejo e Inventário Florestal do Instituto Florestal do Estado de São

Paulo............................................................................................................94

Apêndice C – Entrevista com o Dr. Marcus Vinicius Seabra, Promotor de

Justiça do Meio Ambiente da Comarca de Votuporanga-SP..................96

Page 16: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

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Introdução

Verifica-se na administração pública contemporânea a tendência em buscar

uma gestão alinhada às melhores práticas administrativas, que possibilitem ao

Estado atingir seus objetivos de maneira mais efetiva e eficaz, fazendo frente a

novos desafios. Estes objetivos somente serão alcançados por meio de ações

inovadoras de gestão e pela utilização de novas ferramentas e modelos gerenciais.

Em contrapartida a esta tendência e, apesar do pioneirismo e da importância

das unidades do Policiamento Ambiental da Polícia Militar do Estado de São Paulo,

ao longo de mais de meio século protegendo o meio ambiente, a Organização

carece da utilização de um modelo de gestão ambiental, baseado no mapeamento

georreferenciado, que contemple a área global de uma microbacia hidrográfica

específica, visando assim um somatório de atividades destinadas ao levantamento

de dados precisos.

Tal levantamento servirá de subsídio tanto para o planejamento da

fiscalização quanto para o apoio de futuras decisões ambientais acerca da gestão

sobre a área em questão, bem como para estudos e projetos dos Comitês de Bacia

Hidrográfica e para os demais órgãos e gestores do meio ambiente, em especial a

Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo (SMA), Secretaria de

Saneamento e Energia, Secretaria de Agricultura e Abastecimento, Ministério

Público, Organizações Não Governamentais (ONG), proprietários rurais, dentre

outros.

Verifica-se a necessidade de sistematizar o trabalho e realizar um

levantamento global da área de atuação, decorrendo desta necessidade a proposta

de gestão por microbacias, para então estabelecer ações e propor medidas

conjuntas para sanar as irregularidades ambientais encontradas, o que sob o prisma

do meio ambiente é muito mais interessante do que tão somente levar a efeito ações

Page 17: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

16

pontuais e de forma isolada, como por exemplo, limitar-se ao simples atendimento

de denúncias.

Desde a sua origem, em 1949, a então Polícia Florestal e de Mananciais,

hoje Polícia Ambiental, desenvolve atividades de proteção ao meio ambiente

empregando patrulhas basicamente em três áreas: caça (proteção à fauna), pesca

(proteção à fauna ictiológica) e ambiental, englobando neste último segmento uma

grande variedade de atividades de tutela a diversos bens ambientais, dentre eles a

proteção à flora, coibindo o desmatamento, as intervenções em áreas de

preservação permanente, em unidades de conservação, mineração, dentre outras

que objetivam salvaguardar o meio ambiente.

É principalmente para este último segmento de atuação, mais

especificamente as intervenções que afetam a flora, que se destina o modelo de

gestão ora proposto neste trabalho.

Dada à grande extensão territorial do Estado de São Paulo e pelo fato de

estar dividido em quatro áreas de atuação, ficando cada uma delas sob a

responsabilidade de um Batalhão Ambiental, por conseqüência, estas áreas também

se constituem em grande espaço territorial a ser fiscalizado pelos Batalhões, o que

dificulta o controle e monitoramento de toda a sua extensão, tornando-se

imprescindível o emprego de modernas tecnologias que permitam uma eficiente

gestão ambiental.

O problema em estudo se concentra na gestão do meio ambiente, a ser

realizada pelo Policiamento Ambiental nas microbacias hidrográficas do Estado de

São Paulo, mediante a adoção do mapeamento georreferenciado, de forma a torná-

lo uma efetiva ferramenta na promoção de uma eficiente gestão ambiental.

Em razão da grande extensão territorial das áreas a serem fiscalizadas pelas

unidades do Policiamento Ambiental, esta missão exige grande planejamento e

controle, sendo indispensável a utilização de tecnologias que otimizem tal atividade.

Com a adoção do mapeamento georreferenciado como ferramenta de

gestão, é possível produzir mapas digitais e fazer um diagnóstico ambiental das

áreas, visualizando espacialmente os problemas e realizar o seu monitoramento,

estabelecendo ações adequadas de fiscalização e recuperação ambiental. Isso não

só reduz custos como também possibilita maior efetividade e proatividade nas ações

do Policiamento Ambiental.

Page 18: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

17

A hipótese levantada é se as unidades do Policiamento Ambiental têm

condições de implementar a gestão ambiental, em todo o Estado de São Paulo,

utilizando o geomapeamento referenciado de microbacias hidrográficas, com foco na

infraestrutura necessária, prevendo equipamentos e custos, efetivo, programa

complementar de treinamento, bem como a aplicabilidade da técnica com base na

experiência prática desenvolvida na 1ª e 2ª Companhias do 4º Batalhão de Polícia

Ambiental, durante o mapeamento georreferenciado das Microbacias Hidrográficas

do Rio Preto e do Córrego Marinheirinho, respectivamente.

A delimitação cronológica do estudo abrange desde o início das atividades

de fiscalização e proteção dos recursos naturais no Estado até os dias atuais,

restringindo-se às unidades do Policiamento Ambiental do Estado de São Paulo.

O objetivo deste trabalho é analisar a viabilidade de se implantar um modelo

de gestão ambiental por microbacias hidrográficas, baseado em tecnologias de

geoprocessamento, utilizando o mapeamento georreferenciado, levado a efeito pelo

Policiamento Ambiental, bem como proporcionar elementos que permitam

compreender a necessidade de adoção dessa importante ferramenta de gestão

ambiental, a qual poderá ser disponibilizada a outras instituições que atuam na

defesa do meio ambiente, não só em âmbito estadual como também nacional.

A justificativa para a adoção, pelo Policiamento Ambiental do Estado de São

Paulo, de um modelo de gestão baseado no mapeamento georreferenciado,

mediante a utilização de aparelhos GPS1 e aplicativos informatizados, destinados à

coleta de dados para a confecção de mapas para orientar as ações, reside na

possibilidade de não só diagnosticar a situação ambiental das microbacias que estão

inseridas nas áreas das Organizações Policiais Militares (OPM), como também

otimizar a fiscalização, prevenindo as infrações e responsabilizando os infratores

pelas ações danosas contra o meio ambiente.

A experiência comprova que a atividade de policiamento ambiental não pode

prescindir de um controle e monitoramento global da área de atuação, mediante o

emprego de tecnologias, o que seria conseguido pelo modelo de gestão ora

proposto.

Além disso, o tema em questão é de grande importância para o Governo

Paulista, Secretaria do Meio Ambiente e Policiamento Ambiental e, caso as

_____________ 1 GPS: Global Positioning System, que significa em português Sistema de Posicionamento Global.

Page 19: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

18

hipóteses sejam confirmadas, será possível melhorar não só a qualidade gerencial

das atividades afetas às unidades do Policiamento Ambiental, como também de

outros órgãos que atuam na área ambiental, haja vista o ineditismo do banco de

dados que resultará do mapeamento, além do que o presente modelo poderá ser

disponibilizado para outros órgãos ambientais e OPM semelhantes em outros

Estados da Federação.

O Planejamento Estratégico da Polícia Militar do Estado de São Paulo para o

quadriênio 2008 – 2011, em consonância com o Plano Plurianual (PPA) do Governo

Estadual, em suas diretrizes finais prevê:

6.3 Proteção Ambiental O Governo do Estado de São Paulo em seu Programa de Governo demonstra expressiva preocupação com o Meio Ambiente. O Governo lançou os Projetos Ambientais Estratégicos tendo como diretrizes as mudanças climáticas e os reflexos do aquecimento global; o desenvolvimento sustentável; e a gestão eficiente, com resultados e transparência. Os projetos anunciados são: Cenário Ambiental 2020, Cobrança do Uso da Água, Desmatamento Zero, Ecoturismo, Esgoto Tratado, Etanol Verde, Fauna Silvestre, Gestão de Unidades de Conservação, Investidor Ambiental, Licenciamento Unificado, Litoral Norte, Lixo Mínimo, Mananciais (Guarapiranga, Billings e Cantareira), Mata Ciliar, Município Verde, Mutirões Ambientais, Pesquisa Ambiental, Reforma Administrativa, Respira São Paulo, São Paulo Amigo da Amazônia e Serra do Mar. Os pontos fundamentais na execução dos projetos estratégicos são a participação ativa das organizações não governamentais; o envolvimento dos municípios, e a atuação da Polícia Militar Ambiental, para punir os infratores. A Polícia Ambiental integrada às políticas governamentais desenvolverá plano específico de fiscalização junto aos projetos ambientais estratégicos, envidando esforços para sua concretização, representando a responsabilidade ambiental da Polícia Militar do Estado de São Paulo [...] 2

Assim, o presente trabalho de gestão aqui proposto está perfeitamente

alinhado ao Planejamento Estratégico da Polícia Militar do Estado de São Paulo,

para o quadriênio 2008 – 2011 e ao Plano Plurianual (PPA) do Governo Estadual,

bem como aos objetivos governamentais com relação aos 21 Projetos Ambientais

Estratégicos da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, mais

especificamente quanto ao Projeto Mata Ciliar, que visa a promover a recuperação

da mata ciliar em todo o Estado e aumentar a cobertura vegetal dos atuais 13,9 %,

segundo Kronka et al (2005), para 20 % de todo o território estadual, bem como

estabelecer parcerias com a Secretaria da Agricultura e Abastecimento, de

Saneamento e Energia, sindicatos rurais, cooperativas e municípios.

_____________ 2 Informação disponível em: http://www.intranet.polmil.sp.gov.br/>. Acesso em: 07 maio 2009.

Page 20: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

19

Isto demonstra uma grande preocupação com o meio ambiente e integração

do Policiamento Ambiental da Polícia Militar do Estado de São Paulo às políticas

governamentais, visando a garantir os direitos humanos e o desenvolvimento

sustentável, através de uma gestão eficiente, com resultados e transparência,

exercitando a filosofia de Polícia Comunitária e buscando a participação de toda a

comunidade no processo, primando sempre pela prestação de serviços com

qualidade.

Com certeza o trabalho irá possibilitar um gerenciamento ainda mais eficaz

da atividade de fiscalização ambiental e do Patrulhamento Rural, direcionando maior

esforço para áreas críticas e evitando o retrabalho, o que proporcionará economia

de meios e consequente redução de despesas, que é a tônica da gestão

governamental. Possibilitará também a captação de recursos do Fundo Estadual de

Recursos Hídricos (FEHIDRO) e outros provenientes de transações penais e de

Termos de Ajustamento de Conduta (TAC), firmados com o Ministério Público.

Quanto à metodologia empregada, esta se baseou em pesquisas

bibliográficas, em sítios da INTERNET, aplicação de questionários e entrevistas com

autoridades afetas ao tema.

A estrutura deste trabalho é composta por seis capítulos. O primeiro trata

dos conceitos de gestão ambiental, mapeamento e geoprocessamento, bacias e

microbacias hidrográficas e políticas públicas. O segundo aborda a estrutura da

Polícia Ambiental e sua atuação na preservação do meio ambiente. O terceiro

explica a gestão ambiental de microbacias no policiamento de segurança ambiental.

O quarto descreve o processo de gestão ambiental da Microbacia do Córrego

Marinheirinho. O quinto trata da metodologia e discussão da pesquisa e o sexto

finaliza com a proposta de adoção do modelo de gestão pelas unidades do

Policiamento Ambiental, apresentando a infraestrutura necessária e a conclusão do

trabalho.

Page 21: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

20

1 Mapeamento Georreferenciado e Gestão Ambiental de Microbacias

Hidrográficas

1.1 Conceitos

1.1.1 Gestão ambiental

A gestão ambiental tem sido bastante estimulada por profissionais que

atuam em empresas que exercem atividades potencialmente poluidoras, como

instrumento administrativo, de gerenciamento.

Lanna (1995) conceitua a gestão ambiental como um processo em que

diferentes agentes sociais, mediante ações articuladas, interagem num determinado

espaço, com o objetivo de garantir a adequação dos meios de exploração dos

recursos ambientais (naturais, econômicos e sócio-culturais) às especificidades do

meio ambiente, com base em princípios e diretrizes acordados/definidos

previamente.3

Para Naves et al (2000), gestão ambiental pode ser conceituada como

sendo uma ferramenta de administração, de gerenciamento, que considera os

processos administrativos (planejamento, organização, direção e coordenação e

controle), com enfoque sistêmico, no qual “cada sistema é composto de outros

sistemas menores ou subsistemas que, embora possuam alguma autonomia, são

parte integrante e interdependente do sistema maior”, a ser ministrada nas questões

ambientais.

Os autores ainda afirmam que:

A base para se iniciar um processo de gestão ambiental está nos princípios da administração e implica na compreensão e aplicação do processo

_____________ 3 Informação disponível em: <http://www.tecnologiasambientais>. Acesso em: 18 maio 2009.

Page 22: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

21

administrativo, na adoção do enfoque sistêmico diante de qualquer decisão a ser tomada, aliados a sensibilidade para compreender a importância e complexidade do meio ambiente. (NAVES et al, 2000, p. 129).

1.1.2 Geoprocessamento e mapeamento georreferenciado

O conceito de mapeamento georreferenciado pode ser obtido a partir dos

conceitos de geoprocessamento e de sistema de geoprocessamento, os quais o

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) assim estabelece:

Conjunto de tecnologias voltadas à coleta e tratamento de informações espaciais para um objetivo específico. As atividades envolvendo o geoprocessamento são executadas por sistemas específicos mais comumente chamados de Sistemas de Informação Geográfica (SIG). Sistema de geoprocessamento é o destinado ao processamento de dados referenciados geograficamente (ou georreferenciados), desde a sua coleta até a geração de saídas na forma de mapas convencionais, relatórios, arquivos digitais, etc.; devendo prever recursos para sua estocagem, gerenciamento, manipulação e análise (grifo nosso).4

Portanto, depreende-se que mapeamento georreferenciado é a construção

de mapas (em sentido amplo: mapas, cartas e plantas), mediante o uso de

programas de computador, a partir do processamento de dados referenciados

geograficamente ou georreferenciados, coletados através de GPS, os quais

permitem a inclusão digital direta dos referidos dados na base de um Sistema de

Informações Geográficas (SIG).

O mapeamento georreferenciado depende dos sistemas de

geoprocessamento na medida em que os mapas são produzidos a partir do

processamento informatizado dos dados georreferenciados, coletados e tratados de

forma a atender objetivos específicos. Nesta linha de raciocínio pode-se dizer que o

mapeamento é um produto do geoprocessamento, obtido através de um SIG.

A construção de um SIG é fundamental para o armazenamento, análise e

manipulação de dados geograficamente referenciados, sendo indispensável para a

implementação da gestão ambiental de microbacias hidrográficas no modelo

proposto e que será feita com base no diagnóstico dos mapas gerados, como

adiante será demonstrado.

_____________ 4 Informação disponível em: <http://www.dpi.inpe.br/spring/portugues/tutorial/introducao_geo.html>. Acesso em: 12 maio 2009.

Page 23: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

22

Assim, importante se faz apresentar o conceito de SIG aplicado à finalidade

deste trabalho que, nas palavras de Câmara et al (1996, p.22), é “um conjunto de

ferramentas e algoritmos para manipulação de dados geográficos, tal como a

produção de mapas.” 5

1.1.3 Bacias e microbacias hidrográficas

Vários são os autores que conceituaram as bacias hidrográficas e suas

subdivisões ao longo do tempo, sob diversos pontos de vista, quer seja fisiológico ou

ecológico. Dentre eles citamos:

Bacia hidrográfica pode ser entendida como um conjunto de terras drenadas por um rio principal e seus afluentes. A noção de bacia hidrográfica inclui naturalmente a existência de cabeceiras ou nascentes, divisores de água, cursos d’água principais, afluentes, subafluentes, etc. Em todas as bacias hidrográficas deve existir uma hierarquização da rede hídrica e a água se escoa normalmente dos pontos mais altos para os mais baixos. O conceito de bacia hidrográfica deve incluir também noção de dinamismo, por causa das modificações que ocorrem nas linhas divisórias de água sob o efeito dos agentes erosivos, alargando ou diminuindo a área da bacia (VIVATERRA, 2004 apud DILL, 2007, p.15). 6

Segundo Machado (2002) “a bacia hidrográfica pode ser definida como

unidade física, caracterizada como uma área de terra drenada por um determinado

curso d’água e limitada, perifericamente, pelo chamado divisor de águas.” 7

Quanto à microbacia, podemos citar:

Dentre as diversas conceituações a que melhor expressa o momento atual dos Programas de Microbacias em curso no Brasil é a citada por Tito Ryff em 1995, que assim a define: “Unidade natural de planejamento agrícola e ambiental, adequada à implantação de novos padrões de desenvolvimento rural, que representa uma etapa no processo de aproximações sucessivas rumo ao ideal de um desenvolvimento rural sustentável”.8

Sem dúvida, a gestão ambiental é uma importante ferramenta de

administração que, orientada pela política ambiental, deve constituir-se em um

instrumento para o controle, proteção e conservação do meio ambiente, visando

_____________ 5 Informação disponível em: <http://www.dpi.inpe.br/geopro/livros/anatomia.pdf>. Acesso em: 12 maio 2009. 6 Informação Disponível em: <http://cascavel.cpd.ufsm.br/tede/tde_busca/arquivo.php? codArquivo = 1085>. Acesso em: 07 maio 2009. 7 Informação disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11143/tde-10072002-161200/>. Acesso em: 11 maio 2009. 8 Informação disponível em: < http://planetaorganico.com.br/entrev-microbacia.htm> Acesso em: 18 maio 2009.

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23

promover de forma sistêmica, global e integrada o desenvolvimento sustentável,

tomando-se por base uma unidade básica – a microbacia hidrográfica.

1.1.4 Políticas públicas ambientais

Antes de apresentar o conceito de políticas públicas ambientais é importante

conceituar Política Pública que, nas palavras de Bucci (2006, p. 39), é:

[...] o programa de ação governamental que resulta de um processo ou conjunto de processos judicialmente regulados – processo eleitoral, processo de planejamento, processo de governo, processo orçamentário, processo legislativo, processo administrativo, processo judicial - visando coordenar os meios à disposição do Estado e as atividades privadas, para a realização de objetivos socialmente relevantes e politicamente determinados.

Na visão da autora, o ideal é que a política pública vise à realização de

objetivos definidos, expressando as prioridades, os meios e o tempo para atingir os

resultados a que se destina.

Já nas palavras de D’Isep (2009), no conceito de políticas públicas estão

presentes a indeterminação e a imprecisão, conforme elucidou Maria Paula Dallari

Bucci, destacando a dificuldade de sintetizar a realidade multiforme das políticas

públicas, que, “além do fato de agregar dados econômicos, históricos e sociais que

se pretendem realizar nos programas, deve interagir com as ciências econômicas e

com a teoria da administração” (D’ISEP, 2009, p. 162).

Finalmente, ainda de acordo com D’Isep, as políticas públicas ambientais

são aquelas voltadas à tutela do meio ambiente, objeto de direito provido de

princípios e instrumentos próprios, levadas a efeito pelo Estado, que é o sujeito de

tais políticas e “do qual se extraem de suas funções e organização, os elementos

conceituais necessários para permear a atuação pública na gestão ambiental”

(D’ISEP, 2009, p. 162).

11..22 GGeeoopprroocceessssaammeennttoo:: aapplliiccaaççõõeess

Conforme a tecnologia se desenvolve, principalmente a tecnologia da

informação e comunicação, os custos de equipamentos e programas se reduzem,

Page 25: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

24

fazendo com que se tornem cada vez mais populares e acessíveis a um maior

número de usuários. É o que vem ocorrendo com o geoprocessamento, presente

nas rotinas de empresas públicas e privadas com diversas finalidades, seja para

otimizar a gestão, reduzir custos ou maximizar lucros.

Segundo Vaz (2007), são várias as possibilidades de aplicação do

geoprocessamento, sendo as principais:

� Ordenamento e gestão do território (este é o uso mais difundido): na verdade, é uma aplicação básica, porque permite a constituição de uma base cartográfica geoprocessada que servirá às demais aplicações setoriais. Trata-se de construir uma base de dados informatizada que reproduza a configuração do território do município, identificando logradouros, lotes e glebas, edificações, redes de infra-estrutura, propriedades rurais, estradas e acidentes geográficos. A base assim constituída é útil para as atividades de planejamento urbano e ordenação do uso do solo, inclusive para processos de revisão da legislação. � Otimização de arrecadação: a atualização da base cartográfica do município para a implantação da base geoprocessada fornece um volume significativo de informações para a revisão da planta genérica de valores. O recomendável é que as duas ações sejam realizadas de forma articulada. Com isso, inclusive, consegue-se gerar um aumento de receita capaz de compensar os investimentos na base geoprocessada e gerar recursos adicionais para o município. Logicamente, será necessário proceder à atualização periódica dessas informações, mas a existência de um bom ponto de partida facilita as ações posteriores. � Localização de equipamentos e serviços públicos: a partir de uma base cartográfica que inclua informações sócio-econômicas e sobre equipamentos públicos é possível identificar áreas com maior nível de carência e os melhores locais para instalação de equipamentos e serviços públicos. Estas decisões podem ser tomadas com base em critérios de necessidade e de acessibilidade aos locais. � Identificação de público-alvo de políticas públicas: à medida que se possua uma base de dados que incorpore dados sócio-econômicos, é possível utilizá-la para desenhar políticas públicas. Dispondo-se, por exemplo, de informações sobre crianças residentes no município e a incidência de doenças, é possível desenhar ações de saúde específicas para micro-regiões da cidade. Ou, cruzando-se os dados sobre renda das famílias e desempenho escolar, pode-se identificar o público-alvo para programas de renda mínima ou bolsa-escola. Ou, ainda, identificando-se as áreas da cidade com maior concentração de idosos pode-se definir áreas prioritárias para programas de atendimento domiciliar à saúde ou áreas com carências especiais de saúde que possam ser atendidas por programas de médico de família. � Gestão ambiental: o geoprocessamento é útil para monitorar áreas com maior necessidade de proteção ambiental, acompanhar a evolução da poluição da água e do ar, níveis de erosão do solo, disposição irregular de resíduos e para o gerenciamento dos serviços de limpeza pública (acompanhando por área da cidade o volume de resíduos coletado e para análise de roteiros de coleta). � Gerenciamento do sistema de transportes: a base cartográfica é indispensável para a gestão do sistema de transportes do município. Sua informatização através de recursos de geoprocessamento pode ampliar a qualidade e a velocidade das decisões tomadas. É possível, por exemplo, realizar estudos de demanda do transporte coletivo ou de carregamento de vias, identificar pontos críticos de acidentes e vias com mais necessidade de manutenção.

Page 26: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

25

� Comunicação com os cidadãos: ao se constituir uma base de dados mais elaborada, podem-se incorporar a ela informações que permitam identificar necessidades e oportunidades de contato com os cidadãos. Pode-se, por exemplo, identificar com precisão as áreas afetadas por determinada decisão do governo e planejar ações de comunicação específicas para aquele público. Outro uso possível é registrar as solicitações dos cidadãos e analisá-las sobre a base cartográfica, permitindo uma melhor gestão das relações do governo com os cidadãos. Esta mesma aplicação pode funcionar como instrumento de controle social do governo, permitindo que entidades da sociedade civil, a ouvidoria pública municipal ou mesmo cidadãos individualmente possam ter livre acesso às informações sobre que regiões da cidade estão sendo mais beneficiadas pelas ações do governo municipal. � Gestão da frota municipal: com recursos de geoprocessamento é possível obter informações sobre os tipos de usos da frota municipal, conhecendo os trajetos mais comuns e sua intensidade. Estas informações possibilitarão a definição de roteiros otimizados para a frota municipal, gerando economia de tempo, combustível e uso de veículos. (grifo nosso). 9

De forma geral, qualquer setor que necessite de informações que possam

ser associadas a algum ponto ou local específico no território pode se valer de

ferramentas de geoprocessamento.

_____________ 9 Informação disponível em: <http://www2.fpa.org.br/ portal/ modules/news/article.php?storyid=2609>. Acesso em: 19 maio 2009.

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26

2 Polícia Ambiental e a Preservação do Meio Ambiente

2.1 Breve histórico

De acordo com Nomura (2005), a história da Polícia Ambiental nos remete

ao ano de 1934, com a entrada em vigor do Código Florestal, aprovado pelo Decreto

nº 23.793, de 23 de janeiro de 1934, o qual previa que os Governos dos Estados e

dos Municípios organizariam os serviços de fiscalização e guarda das florestas dos

seus territórios.

No Estado de São Paulo, com a edição do Decreto Estadual nº 13.213, em

08 de fevereiro de 1943 e, posteriormente, com o Decreto-lei nº 13.487, de 28 de

julho de 1943, a responsabilidade pelos serviços de fiscalização e guarda das

florestas passou da Procuradoria do Patrimônio Imobiliário e Cadastro do Estado

para o órgão denominado Serviço Florestal do Estado, vinculado à Secretaria de

Estado da Agricultura, Indústria e Comércio.

O mesmo Decreto-lei ainda organizou a Polícia Florestal do Estado,

incumbindo-a dos serviços de fiscalização e guarda das florestas existentes no

território do Estado, das reservas florestais, oficiais, bem como de cumprir e fazer

cumprir as determinações de autoridade competente no tocante à defesa das matas,

ao reflorestamento e à caça e pesca. Interessante que a referida norma previu que

um Delegado, designado pelo Secretário de Segurança Pública, dirigisse o

policiamento florestal, cujo efetivo previsto seria de 520 homens.

Em 19 de outubro de 1945, com o Decreto-lei nº 15.143, o Serviço Florestal

é reorganizado pelo Governo do Estado e o cargo de Diretor do Serviço Florestal é

criado, porém, as atribuições dos órgãos que o compunham seriam previstas em

Regimento, o que só foi aprovado em 14 de dezembro de 1949, através do Decreto

nº 19.008-A.

Page 28: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

27

Esta data marca a criação da Polícia Florestal e de Mananciais, hoje

chamada de Polícia Ambiental. Foi por meio deste Decreto que a então Força

Pública do Estado de São Paulo passou a integrar o Sistema de Proteção dos

Recursos Naturais do Estado, que assim previu:

Além do corpo efetivo de guardas-florestais a que se refere o artigo 17 do Decreto-lei nº 13.487, de 28 de julho de 1943, a Polícia Florestal contará com um contingente de oficiais e praças da Força Pública do Estado, ao qual incumbirá o exercício das funções policiais previstas no art. 1º deste Regulamento, particularmente as constantes na letra ‘g’ [...]. (NOMURA, 2005, p. 65).

O Comandante Geral da Força Pública designou então para comandar a

Polícia Florestal, ainda em organização, o 2º Tenente Odilon Spínola Neto. O efetivo

disponível era composto por 5 segundos-sargentos, 4 cabos e 18 soldados,

totalizando apenas 28 homens.

Em 1953 e 1955 o efetivo foi aumentado, sendo criados vários

destacamentos, chegando a um total de 218 homens. Com o passar dos anos, o

efetivo continuou a crescer, acompanhando a criação de novas unidades.

Em 1975 e 1976 são criados, respectivamente, o 1º e 2º Batalhões de

Polícia Florestal e de Mananciais, com sede em São Paulo e Birigui.

O Comando de Policiamento Florestal e de Mananciais, com sede na

Capital, e o 3º Batalhão de Polícia Florestal e de Mananciais, com sede inicialmente

em Santos e depois no Guarujá, somente foram criados em 23 de setembro de

1987. Um detalhe importante foi a criação do Comando, uma unidade à qual

passaram a se subordinar todos os Batalhões de Polícia Florestal e de Mananciais

do Estado.

Dois anos depois, foi criado o 4º Batalhão de Polícia Florestal e de

Mananciais, com sede em São José do Rio Preto, passando o Estado a contar então

com um Comando e quatro Batalhões, estrutura vigente até os dias de hoje.

Com o passar dos anos, as atividades desenvolvidas pelas unidades de

Policiamento Florestal e de Mananciais ganharam amplitude, deixando de se limitar

à proteção dos recursos naturais de fauna e flora, passando a salvaguardar os

recursos naturais do Estado, prevenindo e reprimindo as infrações cometidas contra

o meio ambiente como um todo.

Por fim, o Decreto Estadual nº 46.263, de 09 de novembro de 2001, deu

nova denominação aos Batalhões de Polícia Florestal e de Mananciais, que

passaram a se chamar Batalhões de Polícia Ambiental. Embora o Decreto não tenha

Page 29: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

28

trazido alterações estruturais, consolidou a mudança no comportamento da

organização que, como já mencionado, passou a proteger o meio ambiente de forma

ampla.

Em 14 de dezembro de 2009, o Policiamento Ambiental do Estado de São

Paulo, maior instituição de proteção do meio ambiente da América Latina, completa

60 anos de atividades de segurança pública e ambiental no Estado.

2.2 Estrutura

A estrutura do Policiamento Ambiental do Estado de São Paulo, conforme foi

vista no histórico de criação das suas diversas unidades, é formada pelo Comando

de Policiamento Ambiental (CPAmb), sediado na Capital, ao qual se subordinam 4

Batalhões de Polícia Ambiental (BPAmb), cujas áreas de atuação podem ser vistas

na figura abaixo.

Fonte: Comando de Policiamento Ambiental10 Figura 1 Mapa da área de atuação dos Batalhões de Polícia Ambiental.

_____________ 10 Informação disponível em:<http://intranet.polmil.sp.gov.br/organizacao/ unidades/cpamb/ intranet/ index.asp?pg=mpatua>. Acesso em: 19 maio 2009.

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29

O 1º Batalhão de Polícia Ambiental, sediado na Capital, possui 5

Companhias e 17 Pelotões, distribuídos nos municípios de São Paulo (04 Pelotões),

Barueri, São Bernardo do Campo, Itapecerica da Serra, Sorocaba, Botucatu,

Itapetininga, Campinas, Atibaia, Jundiaí, Araras, São João da Boa Vista, Rio Claro e

Mogi das Cruzes.

Figura 2 Organograma do 1º BPAmb.

O 2º Batalhão de Polícia Ambiental, sediado em Birigui, possui 04

Companhias e 09 Pelotões, localizados nos municípios de Araçatuba, Castilho,

Bauru, Barra Bonita, Presidente Prudente, Dracena, Teodoro Sampaio, Marília e

Assis.

Figura 3 Organograma do 2º BPAmb.

O 3º Batalhão de Polícia Ambiental está sediado na cidade do Guarujá. A

unidade possui 04 Companhias e 16 Pelotões, que estão localizados nos municípios

de Guarujá (02 Pelotões), Itanhaém, Peruíbe, Registro, Jacupiranga, Iguape,

Cananéia, Apiaí, Caraguatatuba (02 Pelotões), Ubatuba, São Sebastião, Taubaté,

Cruzeiro e São José dos Campos.

1º BPAmb

São Paulo

1ª Cia P Amb

São Paulo

2ª Cia P Amb

São Paulo

3ª Cia P Amb

Sorocaba

4ª Cia P Amb

Campinas

02 Pelotões 03 Pelotões

03 Pelotões

06 Pelotões

5ª Cia P Amb

São Paulo

02 Pelotões

2º BPAmb

Birigui

1ª Cia P Amb

Birigui

2ª Cia P Amb

Bauru

3ª Cia P Amb

Pres. Prudente

4ª Cia P Amb

Marília

02 Pelotões 02 Pelotões

03 Pelotões

02 Pelotões

Page 31: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

30

Figura 4 Organograma do 3º BPAmb.

O 4º Batalhão de Polícia Ambiental está sediado em São José do Rio Preto

e sua estrutura é composta de 04 Companhias e 08 Pelotões, localizados nos

municípios de São José do Rio Preto, Catanduva, Fernandópolis, Jales, Franca,

Barretos, Ribeirão Preto e Araraquara.

Figura 5 Organograma do 4º BPAmb.

O efetivo de policiais militares para desempenhar as atividades de

Policiamento Ambiental no Estado está previsto nos Quadros Particulares de

Organização (QPO), definidos através da Portaria do Cmt G PM3-004/01/09, de 08

de abril de 2009, assinada pelo Comandante-Geral da Polícia Militar do Estado de

São Paulo.

Por meio da Resolução Conjunta SSP/SMA Nº 03, de 11 de agosto de 1997,

foi estabelecida a cooperação mútua entre a Secretaria da Segurança Pública (SSP)

e a Secretaria do Meio Ambiente, com a finalidade de coibir as infrações contra o

meio ambiente no Estado de São Paulo.

Para este mister, a SSP disponibiliza recursos humanos, armamento e

munição à SMA, que se encarrega de prover os demais recursos orçamentários

destinados a suprir as necessidades do Comando de Policiamento Ambiental e de

suas OPM subordinadas.

Atualmente os recursos humanos e materiais do Policiamento Ambiental,

distribuídos no Comando de Policiamento Ambiental e nas suas unidades

4º BPAmb

São José Rio Preto

1ª Cia P Amb

São José Rio Preto

2ª Cia P Amb

Fernandópolis

3ª Cia P Amb

Franca

4ª Cia P Amb

Ribeirão Preto

02 Pelotões 02 Pelotões

02 Pelotões

02 Pelotões

3º BPAmb

Guarujá

1ª Cia P Amb

Guarujá

2ª Cia P Amb

Registro

3ª Cia P Amb

Caraguatatuba

4ª Cia P Amb

Taubaté

04 Pelotões 05 Pelotões

04 Pelotões

03 Pelotões

Page 32: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

31

subordinadas, espalhadas por todo o Estado de São Paulo, estão dispostos

conforme mostra a Tabela abaixo.

Tabela 1 Recursos humanos e materiais do Policiamento Ambiental

Efetivo Vtr 4 rodas Vtr 2 rodas Embarcações Motores de

popa Carretas para embarcações

Unidade

Fixado

Existente SSP SMA SSP SMA SSP SMA SSP SMA SSP SMA

CPAmb 74 82 8 11 1 2

1º BPAmb 740 701 96 110 10 37 7 41 6 30 38

2º BPAmb 446 400 58 45 7 10 37 23 24 1 33

3º BPAmb 679 628 50 122 20 4 49 3 50 32

4º BPAmb 460 435 64 48 12 9 29 12 24 28

Total 2.399 2.407 276 336 11 78 30 156 44 128 1 131 Fonte: Portaria do Cmt G nº PM3-004/01/09, de 08 de abril de 2009 e dados da Seção Administrativa de Subfrota e de Pessoal - CPAmb.

2.3 Formas e critérios para emprego operacional

O Comando de Policiamento Ambiental e suas unidades subordinadas, que

integram o rol das chamadas unidades especializadas, são Órgãos Especiais de

Execução da Polícia Militar do Estado de São Paulo. As formas e critérios para o seu

emprego operacional obedecem ao disposto na Diretriz Nº PM3-008/02/06, de 01 de

agosto de 2006, que estabelece as Normas para o Sistema Operacional de

Policiamento (NORSOP).

A finalidade da citada Diretriz é a de “normalizar as atividades dos Órgãos

de Execução (Territoriais) e, supletivamente, dos Especiais de Execução da Polícia

Militar do Estado de São Paulo”. É uma norma geral ampla, doutrinária e balizadora

que estabelece conceitos básicos que disciplinam o funcionamento e operação das

unidades territoriais e das especializadas, inserindo-as num sistema operacional

único.

Este sistema tem como filosofia básica:

Page 33: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

32

� Polícia Comunitária: uma filosofia e estratégia organizacional que

deve permear todos os níveis e ser absorvida por todos os integrantes da

instituição, fazendo com que ela se aproxime da comunidade, obtendo

dela apoio na preservação da ordem pública. As ações da Polícia

Ambiental pautam-se nesta filosofia para a preservação não só da ordem

pública como também da ordem ambiental11. Neste contexto é de suma

importância a participação das forças sociais.

� Compromisso de atuação profissional: na execução de suas

atividades os policiais militares devem agir estritamente de acordo com os

parâmetros legais, garantindo e respeitando os direitos e a dignidade da

pessoa humana.

� Ênfase à ação preventiva: é inegável que a presença do policiamento

por si só tem um cunho preventivo, mas outras ações são realizadas pela

Polícia Ambiental com esse fim, como por exemplo, uma extensa gama de

atividades de educação ambiental em todo o Estado, através de diversos

programas educacionais e campanhas, palestras e no próprio dia-a-dia,

durante o serviço operacional.

� Busca da gestão pela qualidade: a busca da excelência na prestação

de serviços é uma constante no Policiamento Ambiental. Suas unidades,

alinhadas ao Planejamento Estratégico do Comando da Corporação, têm

participado e obtido certificação tanto no Prêmio Paulista como no Prêmio

Polícia Militar da Qualidade, adotando o Modelo de Excelência da Gestão,

visando o aprimoramento de suas práticas.

Portanto, segundo as NORSOP, as unidades do Policiamento Ambiental

devem realizar o Policiamento Ostensivo Ambiental, que é “o policiamento ostensivo

executado para a preservação da ordem pública em ações relacionadas com a

salvaguarda dos recursos naturais do Estado e pela prevenção e repressão das

infrações cometidas contra o meio ambiente.”

Esta atividade é realizada mediante o emprego de patrulhas ambientais, que

são frações elementares de efetivo responsáveis pela execução das ações de

policiamento ostensivo ambiental e também de patrulhamento rural, num

_____________ 11 “Ordem Ambiental é o estado de equilíbrio entre os seres vivos e seu meio, que salvaguarde a vida em todas as formas e sua qualidade, a salubridade, a segurança, bem como a dignidade da vida humana”. (MELE, 2004, p. 20).

Page 34: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

33

determinado espaço físico. As patrulhas podem atuar isoladamente ou em conjunto

com outras patrulhas, como por exemplo, em operações.

Segundo Mele (2006) em seu Manual de Fiscalização dos Recursos

Naturais, são seis as modalidades de patrulha ambiental, a saber: unitária, básica,

reforçada, extraordinária, embarcada e aérea.

Para estabelecer critérios de emprego operacional não só para o

Policiamento Ambiental como para a Polícia Militar em geral, um elemento essencial

é a informação. O sistema depende de informações administrativas e principalmente

das de natureza policial. Sem um adequado planejamento não é possível empregar

as forças no momento e no lugar onde são necessárias. Assim o sistema policial

carece de um constante monitoramento dos fenômenos criminais, preferencialmente

com o emprego de tecnologias informatizadas para subsidiar o planejamento das

ações de polícia ostensiva, visando principalmente a prevenção.

Nesse sentido, além de alguns sistemas inteligentes disponibilizados pela

Polícia Militar, as unidades do Policiamento Ambiental contam com o Sistema de

Administração Ambiental (SAA), um sistema de banco de dados administrativos e

operacionais para gerenciamento da atividade de Policiamento Ambiental e que

necessita de interligação com o Sistema de Informações da PMESP.

De acordo com a NORSOP, a “atividade operacional depende da

distribuição dos meios no território, de maneira a propiciar o mais alto grau de

eficiência e eficácia possível na execução dos Programas de Policiamento12 e

prestação de serviços à população.” Para atingir esse objetivo são necessários dois

mecanismos de controle: o Plano de Policiamento Inteligente (PPI)13 e os Cartões de

Prioridade de Patrulhamento (CPP).

Porém, o PPI e, por conseguinte o CPP, ainda não foram implantados no

âmbito do Policiamento Ambiental, carecendo tal segmento especializado de

policiamento de mecanismos de controle que garantam a eficiência e eficácia de

seus serviços. Daí a importância em se adotar um modelo de gestão ambiental que

_____________ 12 São subdivisões dos tipos de policiamento ostensivo voltados para determinados objetivos, constituídos por conjuntos de diretrizes e projetos de implantação duradoura, ajustáveis ao longo do tempo, que traduzem a estratégia operacional da Instituição, melhora os padrões de execução e facilita o planejamento orçamentário para sua manutenção (NORSOP, 2006, p. 10). 13 Plano semanal feito com base nas informações fornecidas pelos sistemas inteligentes e outras fontes peculiares da área, composto pelos CPP e pelas operações a serem desenvolvidas, visando obter a melhor distribuição das patrulhas no território e proporcionar maior eficácia e eficiência dos programas de policiamento. (NORSOP, 2006, p. 20).

Page 35: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

34

propicie este controle do espaço territorial sob a responsabilidade das unidades de

Policiamento Ambiental, ou seja, a gestão ambiental mediante o mapeamento

georreferenciado das microbacias hidrográficas.

Apesar desta característica, o Policiamento Ambiental segue o Sistema de

Gestão da Polícia Militar do Estado de São Paulo (GESPOL), pautando suas ações,

como já citado anteriormente, nos princípios de Polícia Comunitária e Gestão pela

Qualidade, bem como na defesa dos Direitos Humanos das presentes e futuras

gerações, de acordo com os preceitos de Diniz e Mello (2008)14.

2.4 Competência

Uma das ordens constitucionais para o Poder Público e para a coletividade é

a de preservar e defender o meio ambiente, contudo, não obstante o particular estar

arrolado como ator direto responsável por essa tarefa, impôs-se ao Estado a

incumbência efetiva de protegê-lo. A Constituição Federal adotou o princípio da

indisponibilidade do interesse público na proteção do meio ambiente, pois em seu

art. 225, § 1o e incisos, indicou ao Poder Público as formas pelas quais se aterá para

assegurar a todos o direito de usufruir de um meio ambiente ecologicamente

equilibrado, conforme abaixo:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;

_____________ 14 Informação disponível em <http://organização/unidades/6empm>. Acesso em 07 maio 2009.

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35

VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.

No discurso de Gomes (1999), o princípio da indisponibilidade do interesse

público na proteção do meio ambiente “decorre da atribuição de uma qualidade

pública de uso comum do povo para o bem ambiental”. Pode-se dizer de forma

diferente que a indisponibilidade é extraída da natureza pública. Conclui o autor

ainda que “[...] o princípio da indisponibilidade nada mais é que corolário lógico da

supremacia do interesse público”.15

O Poder Público, através de sua administração direta, por conseguinte,

deverá munir-se de mecanismos que propiciem a efetiva observação das obrigações

elencadas na Lei Maior, sob pena de perecer um bem juridicamente tutelado. Nota-

se que apesar de a coletividade e o Poder Público terem o compromisso de

defenderem o meio ambiente, a Constituição elencou apenas as pertinentes ações

deste último, o que denota o caráter indissociável entre Proteção Ambiental versus

Poder Público.

Ao afirmar, por exemplo, que o Poder Público protegerá a fauna e a flora, a

Constituição acabou por exigir que se criem maneiras e formas de impedir que estes

bens sucumbam.

Na verdade, antes mesmo da promulgação da Constituição Federal de 1988,

o Poder Público já dispunha de um sistema de proteção ao meio ambiente, cuja

base legal consubstanciava-se na Lei 6.938/81, que dispõe acerca da Política

Nacional do Meio Ambiente. Esta lei faz nascer o Sistema Nacional do Meio

Ambiente (SISNAMA), que se constitui de órgãos e entidades da União, dos

Estados, do Distrito Federal, dos Territórios, dos Municípios e das fundações que o

Poder Público instituir. Os órgãos estaduais que têm por fim, dentre outros, a

fiscalização de atividades degradadoras, foram denominados de seccionais.

Neste contexto, insere-se a Polícia Militar do Estado de São Paulo, órgão,

afora outros, responsável não só pela preservação da ordem pública como também

pela proteção ambiental, cuja competência e o poder de polícia para esse mister,

nas palavras de Mele (2004), desde 1969 já era garantido pelo Decreto-Lei nº

_____________ 15 Informação disponível em: < http: //www.buscalegis.ufsc.br /revistas/ index.php /buscalegis /article /view/ 26585/26148 >. Acesso em: 07 maio 09.

Page 37: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

36

667/69, regulamentado pelo Decreto nº 88.777/83, “que previu às polícias militares a

execução com exclusividade do policiamento ostensivo e como uma das

modalidades de Policiamento o Florestal e de Mananciais”. (grifo do autor).

O citado dispositivo legal assim previa:

Artigo 2º - Compete à Polícia Militar: I – Executar com exclusividade, ressalvadas as missões peculiares das Forças Armadas, o policiamento ostensivo fardado, planejado pelas autoridades policiais competentes, conceituadas na legislação federal pertinente, a fim de assegurar o cumprimento da lei, a manutenção da ordem pública e o exercício dos poderes constituídos; Artigo 3º - Entende-se por policiamento ostensivo a ação policial em cujo emprego o homem ou a fração de tropa engajadas sejam identificados de imediato quer pela farda quer pelo equipamento, quer pelo armamento ou viatura. Parágrafo único – O policiamento ostensivo será executado no território estadual nas seguintes atividades de segurança: 1 - ... 2 - ... 3 - ... 10 – florestal e de mananciais; [...]. (MELE, 2004, p.27).

Mas se ante a Constituição Federal, para correlacionar a Polícia Militar do

Estado de São Paulo à defesa do meio ambiente foi necessário o amparo jurídico-

doutrinário, o mesmo não acontece com relação à Constituição Paulista, porque esta

atribuiu competência à Polícia Militar e de forma específica ao Policiamento Florestal

e de Mananciais, em seu artigo 195, que dispõe:

Artigo 195 - As condutas e atividades lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, com aplicação de multas diárias e progressivas no caso de continuidade da infração ou reincidência, incluídas a redução do nível de atividade e a interdição, independentemente da obrigação dos infratores de reparação aos danos causados. Parágrafo único - O sistema de proteção e desenvolvimento do meio ambiente será integrado pela Polícia Militar, mediante suas unidades de policiamento florestal e de mananciais, incumbidas da prevenção e repressão das infrações cometidas contra o meio ambiente, sem prejuízo dos corpos de fiscalização dos demais órgãos especializados. (grifo nosso).

Aqui, a determinação à Polícia Militar do Estado de São Paulo para proteger

o meio ambiente é expressa, emanada implicitamente da Carta Maior. O texto

constitucional bandeirante é límpido em impor à Polícia Militar, através da hoje

Polícia Ambiental, a obrigação de fazer valer o meio ambiente ecologicamente

equilibrado. Se da Constituição Federal o dever supra evidenciava-se ao amparo da

interpretação, da Estadual ele aflora da menção literal, expressamente.

Por derradeiro, a Polícia Militar do Estado de São Paulo, através das

unidades de Policiamento Ambiental, consolida-se como órgão seccional do

SISNAMA, instituído pela Lei Federal 6.938/81, com o sacramento das Constituições

Page 38: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

37

Federal e Estadual e, portanto, com plena competência para exercer o poder de

polícia de segurança pública e de segurança ambiental.

2.5 Geoprocessamento e mapeamento no Policiamento Ambiental do Estado de

São Paulo

De acordo com pesquisa realizada no âmbito do Policiamento Ambiental, por

meio de correio eletrônico, sendo cada unidade subordinada consultada a respeito

de atividades envolvendo geoprocessamento e mapeamento, a fim de comprovar as

ações nesta área, foram verificadas diversas iniciativas de cunho local.

No 1º BPAmb, em meados de 2006, por iniciativa do oficial da Seção de

Operações, teve início um trabalho com imagens de satélite, que consistia em

georreferenciar as ocorrências atendidas pelas patrulhas com GPS e sobrepor os

dados de infrações contra a flora nas imagens, tentando diagnosticar a incidência

das infrações e suas proporções. No entanto, tais dados não chegaram a ser

disponibilizados aos Comandantes de Pelotão, de forma a subsidiar a fiscalização e,

por problemas desconhecidos, o trabalho não prosseguiu.

Atualmente, na 1ª Cia do 1º BPAmb, as ocorrências atendidas continuam

sendo georreferenciadas com GPS, a fim de melhor identificar os locais fiscalizados

e, nas infrações contra a flora em que há a necessidade de um trabalho mais

elaborado para identificar a extensão da degradação e sua dinâmica, utiliza-se o

apoio da equipes técnicas da Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais

(CBRN), combinando os dados com imagens do sistema Google Earth e Maps,

disponíveis na internet.

No 2º BPAmb, mais precisamente na 1ª Cia, os Boletins de

Ocorrência/Polícia Ambiental (BO/PAmb), Termos Circunstanciados (TC) e

Relatórios de Serviço Motorizado (RSM) estão constituídos de forma a permitirem a

inserção de informações (coordenadas geográficas) de localização, coletadas com

aparelhos GPS.

Tais dados são lançados no Sistema de Administração Ambiental (SAA) e

são compatibilizados com as informações qualitativas e quantitativas do Programa

Spring (software livre de georreferenciamento, desenvolvido pelo INPE).

Page 39: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

38

Com a implementação do Spring como ferramenta de gestão destinada ao

planejamento operacional, houve a necessidade de ser produzido um Banco de

Imagens de Satélite, Mapas Digitais e Fotos Aéreas, sendo as imagens de satélite

obtidas junto ao INPE, em abril de 2009.

As imagens são relativas a seis cenas que cobrem a área geográfica de

atuação da Companhia e foram geradas semestralmente a partir de 2004, uma vez

que administrativamente o prazo para a adoção de eventuais providências

administrativas é de cinco anos.

Elas estão sendo utilizadas para a verificação de áreas degradas, mediante

a sobreposição de imagens, identificação e detalhamento de locais de risco e/ou

incidência criminosa (integração de informações do SAA), instrumento de prova,

dentre outras aplicações.

No 3º BPAmb, por ocasião do Projeto de Preservação de Mata Atlântica, foi

iniciado um sistema de monitoramento denominado inicialmente de SIGMA (Sistema

de Informações Gerenciais da Mata Atlântica ) com o desenvolvimento de fotografias

aéreas de toda a área do Batalhão e o desenvolvimento de camadas (layers) para

cada demanda: rios, morros, nascentes, pontes, etc. Infelizmente, por falta de

recursos, o programa não chegou ao seu objetivo final, que era dotar o Policiamento

Ambiental e a Fundação Florestal de uma ferramenta efetiva e permanente.

Com o projeto foram adquiridos equipamentos como GPS e impressora

Plotter para impressão de grandes mapas. O Batalhão possui aerofotos de toda a

área do litoral e, mediante uma parceria com a Universidade Estadual Paulista

(UNESP), tais imagens estão sendo atualizadas. Todos os pontos fiscalizados pelas

patrulhas ambientais são georreferenciados e lançados nos Boletins de Ocorrência.

No 4º BPAmb, a 1ª e 2ª Companhias trabalham com o mapeamento

georreferenciado de microbacias, utilizando-o para gerir a sua área de atuação.

Na 3ª Companhia existe um projeto em fase final de elaboração, mais

precisamente na área do 1º Pelotão, em Franca. Esse Projeto teve início em 2006 e

sua finalidade é a produção de mapas temáticos de Áreas de Preservação

Permanente (APP), de redes de drenagem, de uso de solo e de vegetação,

permitindo a análise dos recursos naturais por meio de comparação histórica e

espacial de imagens ou fotografias aéreas, antigas e atuais. Neste trabalho são

utilizados um escâner de grande formato, fotos aéreas, computadores desktop,

notebooks, GPS e softwares Mapsource e Autocad.

Page 40: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

39

Além dessas ações, desde 2005, em conjunto com o Ministério Público de

Franca, está em desenvolvimento um trabalho de mapeamento dos locais de

infração e georreferenciamento das APP do Rio Canoas.

No caso da 4ª Companhia, desde 2007, são elaborados roteiros e croqui de

áreas degradadas, através da transferência de dados coletados com GPS e

descarregados no software Geoffice GPS. Isto permite a manipulação destes dados,

correções necessárias e comparações, sobrepondo mapas, imagens aéreas ou de

satélite.

A ferramenta é útil, pois carece de pouco tempo de treinamento e de

elaboração dos trabalhos, o que facilita a sua operação, sem tomar mais tempo do

que o necessário para a própria elaboração dos registros diários. O software está

implantado em toda a Companhia, devidamente licenciado e a baixo custo.

O treinamento do pessoal acontece anualmente, junto à UNESP de

Jaboticabal e também de forma contínua pela empresa fabricante do programa,

gerando troca de tecnologia face às necessidades criadas e sentidas pelos policiais.

As principais dificuldades são a aquisição de novos softwares e hardware que

comportem a tecnologia.

O próximo passo será a criação do banco de dados, que ainda está em fase

de estudo para formação e formatação, mudando a visão meramente espacial para

quantitativa, qualitativa e analítica.

Como pode ser verificado, várias são as iniciativas no âmbito do

Policiamento Ambiental, o que facilitará a adoção do modelo de gestão proposto,

aproveitando não só os equipamentos como principalmente o conhecimento obtido

na realização das citadas iniciativas.

Page 41: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

40

3 Gestão Ambiental de Microbacias no Policiamento de Segurança

Ambiental

3.1 Por que a microbacia

A adoção da microbacia hidrográfica (MBH) como unidade básica de gestão,

segundo Ryff (1995), abrange vários aspectos relevantes quanto à metodologia,

dentre os quais o autor destaca:

O primeiro diz respeito ao planejamento, sendo as microbacias reconhecidas como unidades de planejamento, intervenção e monitoramento, onde se conseguem reduzir as variáveis ambientais, sociais e econômicas, permitindo um trabalho mais factível e eficiente. Não estamos falando aqui de uma minimização de foco que leve a uma política estrábica, mas sim de um equilíbrio entre o gigantismo de uma bacia hidrográfica e a dimensão individualizada e reduzida de uma propriedade rural. Do ponto de vista físico é uma unidade geográfica delimitada por uma rede de drenagem (córregos) que deságua em um rio principal. Se ficarmos adstritos somente ao aspecto geográfico, a microbacia não se diferencia da definição de bacia hidrográfica, podendo até ser classificada como uma pequena bacia. A questão é que a microbacia está associada à realização de programas de desenvolvimento sustentável, tendo como beneficiários diretos comunidades rurais. Esta unidade geográfica consubstanciou tais programas, inicialmente idealizados por técnicos da extensão rural pública do Paraná, nos idos de 1978. Um dos fatores motivadores foi a dificuldade de se planejar a intervenção em bacias hidrográficas, com toda a sua complexidade e infinitas variáveis sócio-econômicas e ambientais. Assim, os programas de microbacias nasceram se contrapondo ao gigantismo da bacia, já naquela época preocupados em solucionar a crescente degradação das terras e a conservação. (grifo nosso).16 [...] são de várias ordens as vantagens que as MBH oferecem, tais como: "[...] a possibilidade de proceder ao planejamento e à administração adequados e integrados dos recursos naturais de solos e águas"; "[...] a existência de condições geográficas e sociais favoráveis à organização comunitária". A "[...] escala dos problemas de natureza ambiental [...] supera a dimensão do estabelecimento individual, tornando necessária a ação coletiva e articulada em torno de objetivos precisos"; "[...] finalmente, a atuação do poder público ganha sinergia quando é exercida de forma

_____________ 16 Informação disponível em: <http://planetaorganico.com.br/entrev-microbacia.htm> Acesso em: 18 maio 2009.

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41

concentrada e articulada, e a microbacia oferece o cenário ambiental apropriado.” (RYFF, 1995 apud FLEISCHFRESSER, 1999, p. 64) 17

De acordo com o citado acima, a microbacia hidrográfica (MBH) foi definida

no Estado de São Paulo como unidade de planejamento e intervenção, pelo Decreto

nº 27.329, de 03 de setembro de 1987, que instituiu o Programa Estadual de

Microbacias Hidrográficas (PEMBH). Este Decreto delegou a supervisão a uma

comissão composta por representantes das Secretarias da Agricultura, de Obras, de

Economia e Planejamento, do Meio Ambiente e do Interior e de um membro do

Ministério da Agricultura, demonstrando preocupação em garantir uma gestão

integrada, como deve ser.

Lanna (1995), dentre os instrumentos de uso mais comum para uma gestão

ambiental adequada, aborda o Gerenciamento de Bacia Hidrográfica (GBH),

definindo-o como sendo o “instrumento que orienta o poder público e a sociedade,

no longo prazo, na utilização e monitoramento dos recursos ambientais”. Visando

promover o desenvolvimento sustentável, o manejo de uma microbacia deve ser

feito considerando-se a bacia hidrográfica como um todo. O autor ainda afirma:

O manejo de microbacias hidrográficas visa promover a proteção de água, solo e outros recursos ambientais, essenciais à sustentabilidade da atividade econômica, ao controle da degradação ambiental local e à jusante da microbacia e à eqüidade social. Desenvolveu-se historicamente a partir de medidas reativas a situações de degradação ambiental, verificadas em bacias hidrográficas intensamente explotadas pela agricultura. As técnicas e métodos já desenvolvidos pelos programas de manejo têm sido importantes na estratégia (reativa) de recuperação ambiental e (proativa) de desenvolvimento de qualquer bacia hidrográfica. Sua característica principal é a participação dinâmica e efetiva da comunidade nas decisões voltadas ao estabelecimento do programa de manejo e à sua implementação. A atuação espacialmente mais localizada permite tratar, com um grau de aprofundamento e especificidade bastante razoável, problemas econômicos, sociais e ecológicos comuns a uma determinada comunidade [...] (LANNA, 1995, p. 52, grifo nosso). 18

Veja-se, por exemplo, que de pouca valia seria a ação pontual de uma

fiscalização em um manancial com a intenção de obstar a captação irregular de suas

águas, se no mesmo curso d’água existissem outros tantos pontos com bombas de

sucção. Salutar que o policiamento fosse destinado primeiramente a diagnosticar o

manancial, por que não a microbacia e, após, dentre as ferramentas de coerção que

_____________ 17 Informação disponível em: <http://www.ipardes.gov.br/webisis.docs/tese_vanessa _fleischfresser. pdf >. Acesso em: 18 maio 2009. 18 Informação disponível em: <http://www.tecnologiasambientais>. Acesso em: 18 maio 2009.

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42

estivessem a sua mercê, escolhesse a que melhor se ajustasse à situação

encontrada, para, somente então, agir.

Desta forma, para uma gestão ambiental eficiente, parte-se do pressuposto

de que o planejamento e a implantação das práticas conservacionistas devem levar

em consideração o contexto da microbacia como um todo e não as propriedades

isoladas, daí a importância da adoção desta unidade de gestão.

Lanna (1995) deixa claro que a gestão aplicada a um espaço mais

localizado, permite tratar de forma mais específica os problemas comuns àquela

comunidade, sejam eles sociais, econômicos ou ecológicos.

3.2 Diagnóstico, mapeamento e criação de banco de dados

Visto que a Microbacia Hidrográfica é a unidade básica de gestão adotada

para o modelo de gestão proposto neste trabalho, conforme exposto acima, o

primeiro passo para se iniciar o trabalho de gestão é proceder ao diagnóstico da

microbacia escolhida, que vai ser conseguido através do mapeamento

georreferenciado e que culminará na criação do banco de dados.

O diagnóstico nada mais é do que a identificação da vulnerabilidade da

microbacia em relação à vegetação, solos, qualidade da água, declividade, áreas de

preservação permanente, presença de ecossistemas críticos ou unidades de

conservação, pressão decorrente de expansão urbana e níveis de pressão antrópica

sobre a base de recursos naturais.

Para a escolha da microbacia a ser inicialmente mapeada devem ser

levados em consideração fatores prioritários, como sua importância para o

abastecimento de água da população urbana e rural, utilização de APP por culturas,

ocupação por imóveis urbanos, grande incidência de erosão e outros julgados

relevantes.

O trabalho tem início com as patrulhas ambientais indo a campo e

percorrendo toda a extensão da microbacia, visitando cada propriedade a fim de

coletar os dados necessários para fornecer um diagnóstico ambiental global, como

por exemplo, o total de nascentes que formam o manancial, a extensão das APP, a

situação dessas áreas, verificação de atividades antrópicas, como a presença de

Page 44: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

43

culturas, ocupação por imóveis, gado, situação da vegetação, canalização de

nascentes, captações, etc., sempre sob os aspectos quantitativos e qualitativos.

Para este levantamento são utilizados alguns equipamentos fundamentais

como GPS, câmeras fotográficas digitais, computadores portáteis tipo notebook e

trenas. Feitas as medições e o levantamento fotográfico, os dados coletados pelos

GPS e pelas câmeras são transferidos para os computadores, ficando armazenados

até a chegada no laboratório (Base da Polícia Ambiental), onde alimentam o banco

de dados e são processados para a geração dos mapas.

Os mapas são produzidos a partir dos dados georreferenciados coletados,

utilizando-se programas de computador, como o Autocad19, e posteriormente

impressos em impressoras plotter, destinadas a imprimir desenhos em grandes

dimensões, com alta precisão e qualidade. Neles serão contempladas todas as

informações de interesse ambiental coletadas, as quais serão analisadas para o

perfeito diagnóstico da microbacia.

Feito então o diagnóstico com base nos mapas produzidos durante o

mapeamento georreferenciado, é o momento de se estabelecer quais serão as

ações que deverão ser levadas a efeito para sanar as irregularidades encontradas,

visando cessá-las de imediato e proceder à recuperação ambiental dos danos

causados.

Quanto à criação de banco de dados, o ideal é que seja criado e mantido um

banco de dados único em nível de Batalhão e outro em nível de Comando de

Policiamento Ambiental, congregando todas as informações regionais dos bancos de

dados dos Batalhões e que subsidiarão a gestão integrada em nível regional e

estadual. Esta gestão poderá ser também integrada com outras instituições ou

órgãos componentes do SISNAMA, em nível federal ou estadual, a critério do

CPAmb.

_____________ 19 AutoCAD é um software do tipo CAD (Computer Aided Design, que significa desenho auxiliado por computador).

Page 45: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

44

3.3 Estabelecimento de ações com base na análise do diagnóstico da área

O diagnóstico da microbacia é fundamental para a tomada de decisões

acerca do que deve ser feito. Por exemplo, se forem diagnosticadas ações

antrópicas, como o uso da APP para pastagem de bovinos, o gado deve ser

imediatamente retirado e a área devidamente cercada, pois tal ação impede a

regeneração da vegetação que ali deve existir e que serve de proteção ao curso

d’água. Se as APP não possuem cobertura vegetal, o reflorestamento dessas áreas

será imprescindível. Se a erosão está comprometendo o solo é natural que este

problema também deva ser corrigido.

Desta forma, todas as informações levantadas no mapeamento

georreferenciado da microbacia devem ser contempladas para o estabelecimento de

ações a serem levadas a efeito, quer seja pela Polícia Ambiental, quer seja pelas

forças sociais presentes na região e que tenham responsabilidade, como órgãos

públicos federais, estaduais e municipais, ONG, proprietários rurais e também a

comunidade local.

Ainda que a microbacia hidrográfica seja a menor célula e que melhor se

destina a uma eficiente gestão ambiental, as ações de recuperação deverão ser

implementadas por etapas, dividindo-se a microbacia em quadrantes para facilitar o

controle, dada a sua dimensão.

3.4 Envolvimento das forças sociais

Estabelecidas as ações que serão realizadas para a recuperação da

microbacia, torna-se fundamental para o sucesso da gestão a participação de todas

as forças sociais presentes na área em questão.

Como visto acima, as forças sociais presentes na área de uma microbacia

são compostas por um grande número de órgãos. Podemos citar, além do

Policiamento Ambiental, o Poder Judiciário, o Ministério Público, a Companhia

Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), a CBRN, a Coordenadoria de

Assistência Técnica Integral (CATI), o Escritório de Defesa Agropecuária (EDA), o

Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), as

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45

prefeituras municipais e suas secretarias de meio ambiente, as autarquias

municipais, as universidades, ONG, proprietários rurais, sindicatos, clubes de serviço

e também as associações de bairros da comunidade.

Todas as forças devem ser mobilizadas e chamadas à participação nas

ações a serem realizadas, pois não só têm parcela de responsabilidade no processo,

como também são os principais interessados nos bens ambientais da área em

questão.

O envolvimento de tais forças deve ser conseguido mediante a realização de

reuniões, nas quais serão explicadas todas as peculiaridades encontradas desde o

diagnóstico da microbacia até as ações que deverão ser levadas a efeito, buscando

despertar os participantes para a importância que cada um terá no processo. Tudo

deve ser formalizado em ofícios e atas.

Por fim, todos os proprietários rurais da microbacia devem ser envolvidos no

processo e devidamente orientados sobre as ações que serão realizadas e sua

justificativa, visando não só a sua mobilização como também a conscientização para

o problema.

O que se busca não é deixar de lado o ordenamento jurídico ambiental, mas

sim o estabelecimento de ações conjuntas e imediatas, as quais resultarão

efetivamente na recuperação da área com mais celeridade e sem desgaste, tanto

para aqueles que estão no pólo ativo como principalmente no passivo.

Sem dúvida alguma é muito mais interessante fazer cessar a infração

ambiental e iniciar, de imediato, a recuperação do meio ambiente sem aplicar sequer

uma multa, evitando a confecção de um Auto de Infração Ambiental (AIA) ou Termo

Circunstanciado (TC), tudo isso ainda com a colaboração e parceria das forças

sociais, principalmente com o prévio aval do Ministério Público, através da

Promotoria do Meio Ambiente. Além do que a ação é global e não pontual, dando

igual tratamento a todos os envolvidos que estejam nas mesmas condições.

Deve ficar claro que este modelo de gestão prioriza a prevenção e, ainda

que esta seja a prioridade, nos casos em que isso não seja possível, serão lavrados

os autos competentes e adotadas todas as medidas que a lei determina.

Page 47: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

46

3.5 Monitoramento do processo

Assim que as ações começarem a ser levadas a efeito pelas forças sociais,

tudo o que for feito deverá ser monitorado, principalmente quanto à recuperação da

área, visando garantir que os objetivos propostos e conjuntamente firmados pelos

participantes sejam plenamente alcançados e a gestão bem sucedida.

O Policiamento Ambiental deverá manter as patrulhas ambientais na área da

microbacia, periodicamente, com o objetivo de fiscalizar o que está sendo feito.

Obviamente outros órgãos também devem fazer o mesmo, cada qual na sua esfera

de atribuição, como a CBRN, o EDA, dentre outros.

Tal fiscalização também poderá ser feita pelo ar, lançando-se mão do

radiopatrulhamento aéreo com o apoio do Grupamento de Radiopatrulha Aérea

(GRPAe) da Polícia Militar, o que otimiza a ação e economiza tempo e meios.

Nesta fase, os mapas georreferenciados da área serão fundamentais para

subsidiar o processo de monitoramento, fornecendo dados que permitem, além da

visualização global da microbacia, acessar os seus pontos mais remotos com grande

facilidade.

3.6 Mapeamento georreferenciado da Microbacia do Rio Preto

As primeiras iniciativas de emprego de geoprocessamento para

mapeamento ambiental de microbacias, utilizando informações georreferenciadas,

começaram a ser feitas em 2003, na 1ª Companhia do 4º Batalhão de Polícia

Ambiental.

Tal atividade visava dar suporte ao planejamento da fiscalização e tinha

como objetivo principal evitar o emprego do policiamento ambiental casuística ou

episodicamente, isto é, aquele que se dá com a simples dispersão dos policiais em

uma área pré-estabelecida como se fossem peças num tabuleiro de xadrez. A partir

daí o diagnóstico dos indicadores ambientais colhidos pelos próprios policiais

passou a ser utilizado como critério para emprego mais eficaz do esforço de

fiscalização.

Page 48: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

47

A busca de técnicas de fiscalização que consideram as ferramentas da

gestão ambiental deve ser constante, haja vista que as agressões impostas aos

recursos naturais são manifestas, estão espalhadas por toda a parte e se tomadas

de forma individual não refletirão a problemática, pois serão discutidas apenas e tão

somente como hostilidades ao meio ambiente, camuflando-se a questão ambiental.

Entretanto, no caso da Microbacia do Rio Preto, não foram objeto de análise

as providências que deveriam ser levadas a efeito após o diagnóstico, ou seja, não

se indicou qual o instrumento (Boletim de Ocorrência, Auto de Infração Ambiental,

Termo Circunstanciado, Termo de Ajustamento de Conduta) mais eficaz para o

saneamento do problema instalado, pois vários poderiam ser os fatores que

incidiriam para a tomada de decisão.

Aliás, os meios a serem utilizados para o estanque de uma mesma

problemática ambiental, porém postadas em áreas física, política ou socialmente

distintas dificilmente são os mesmos, vez que as peculiaridades regionais devem ser

guardadas. Por óbvio que o mesmo problema ambiental verificado nas microbacias

hidrográficas das regiões de Ribeirão Preto e do Vale do Ribeira não poderia sofrer

o mesmo tratamento por parte do policiamento de segurança ambiental.

O diagnóstico da microbacia foi feito sob o ponto de vista da vegetação

remanescente e intervenção antrópica, pois muitas eram as reclamações da

comunidade acerca do assoreamento da represa municipal de São José do Rio

Preto, importante manancial de abastecimento da cidade, formada pelas águas do

Rio Preto. Igualmente as opiniões concernentes às causas desse estresse

ambiental: uns diziam ser as obras de ampliação de uma rodovia que transpõe

aquele manancial, outros a devastação da vegetação palustre compositora de sua

mata ciliar. Havia ainda aqueles que afirmavam ser a causa do assoreamento a

ausência de efetiva proteção das nascentes do rio mencionado.

Obviamente, todos esses estresses eram causas passíveis de haverem

ocasionado o assoreamento, porém, uns mais que os outros, devendo ser

considerado, inclusive, o tempo que cada um se impunha ao manancial. Ou melhor,

se a exposição das nascentes perdurou mais que a pontual ampliação da rodovia,

possivelmente aquele estresse tenha sido mais incisivo que este no conseqüente

assoreamento, e assim sucessivamente.

Diante da celeuma de opiniões, com o objetivo de remediar a questão

ambiental que se instalara na represa, a Prefeitura Municipal de São José do Rio

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48

Preto procedeu ao desassoreamento do corpo d’água, contudo, o Policiamento

Ambiental tentou buscar a origem da problemática, para, somente após, planejar

ações que pudessem mitigar ou sanear as causas do assoreamento.

Para o mapeamento georreferenciado e diagnóstico da Microbacia

Hidrográfica do Rio Preto, mais especificamente no município de Cedral, foram

empregados aparelhos GPS e softwares específicos para a coleta e processamento

dos dados.

Foram utilizados GPS marca GARMIN, modelos Garmin 12 e Etrex, sendo

os dados descarregados nos softwares Mapsource e, posteriormente, para a

confecção da planta planimétrica, no Autocad, segundo o processo de projeções

para representação gráfica, em UTM (South America 69), em Km, sistema SAD 69

(Meridiano Central 51o), em escala de 1:10.000 e margem de erro de 5 m, em média.

O trabalho pautou-se em demonstrar indicadores ambientais pertinentes a

áreas de preservação permanente e fragmentos florestais, ou seja, revelou as

intervenções antrópicas e a situação da vegetação remanescente, sob o aspecto

quantitativo e qualitativo, da microbacia hidrográfica.

Não foram objeto do diagnóstico as condições do solo das propriedades nem

sua caracterização, o seu grau de degradação, os processos erosivos, a ausência

de terraceamento e nem a qualidade da água.

Tampouco o trabalho absorveu-se em comparar indicadores ambientais

atuais com os do passado, pois pura e simplesmente ateve-se em angariá-los, a fim

de que fossem analisados sob a ótica da Gestão Ambiental.

Classificou-se a vegetação considerando o estatuído no Decreto Federal

750/93, ajustado pela Resolução Conjunta SMA/IBAMA 01, de 17 de fevereiro de

1994, e as áreas de preservação permanente consoante o disposto no Código

Florestal, complementado pelas Resoluções do Conselho Nacional do Meio

Ambiente (CONAMA) 302 e 303, de 20 de março de 2002.

Para a geração dos indicadores ambientais, os policiais percorreram toda a

extensão dos cursos d’água e dos maciços florestais, constatando sempre as

intervenções humanas nessas áreas.

Os dados advindos dos GPS eram transferidos a um computador portátil

(Notebook) instalado no veículo policial, no próprio local onde foram coletados,

conforme a figura 6.

Page 50: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

49

Fonte: 4º BPAmb – 1ª Cia P Amb. Figura 6 Policiais transferem dados ambientais durante coleta em campo.

As propriedades foram numeradas na ordem em que se davam as

diligências, sendo anotados em BO/PAmb todos os dados pessoais de cada

proprietário e de suas glebas.

A partir dos indicadores ambientais obtidos, foi possível diagnosticar a

Microbacia Hidrográfica do Rio Preto, mais especificamente as nascentes

formadoras do referido curso d’água, verificando-se que ela é composta, quase na

totalidade, por propriedades rurais pequenas, que têm como atividade produtiva a

pecuária extensiva, ou seja, os animais são soltos nos pastos, limitados apenas por

cercas existentes entre as propriedades rurais.

Constatou-se que nos 2.400 hectares mapeados não existe reserva legal20

averbada e os poucos maciços florestais remanescentes estão nos estágios inicial e

médio de regeneração (Resolução IBAMA/SMA 01/94), considerados fragmentos

florestais.

_____________ 20 “Área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas.” (Lei 4.771,1965).

Page 51: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

50

Os dados podem ser observados na Tabela 2.

Tabela 2 Indicadores ambientais da Microbacia do Rio Preto Indicadores Área (ha) Percentual

Área total mapeada 2.400 100 %

Cobertura vegetal 124,2 5,1 %

Área de preservação permanente (APP) 128 5,3 %

Vegetação ciliar (* do total de APP) 19,5 * 15,23 %

Solo hidromórfico (MLS21) 71,8 * 56 %

Pecuária em APP 108,57 * 84,82 %

Fonte: 4º BPAmb - 1ª Cia PAmb.

Analisando os indicadores obtidos, testifica-se que a única intervenção

antrópica é a pecuária, motivadora da degradação, principalmente das áreas de

preservação permanente.

Prova maior desta constatação são os números então elencados: 84,82% da

área que tem o condão de proteger os mananciais está servindo de pastagem para o

gado, restando apenas 15,23% da APP com fragmentos em estágio inicial de

regeneração, pelo menos.

Os animais transpõem as áreas de preservação permanente e o interior dos

maciços florestais, dificultando a regeneração da vegetação existente, muitas vezes

impedindo-a, pois pisoteia e alimenta-se dos vegetais que brotam nesses lugares.

Assim, o solo que permeia as APP fica exposto a processos erosivos e os maciços

florestais sem a vegetação de sub-bosque, que é responsável pelo seu

rejuvenescimento.

Orientado pelo diagnóstico, o Policiamento Ambiental passou então a ser

empregado de maneira inteligente, não mais de forma aleatória, disperso

casualmente.

Isso foi primordial para que os policiais fiscalizassem com um objetivo

bastante claro, evidenciado e previamente discutido, ou seja, devidamente

identificada a problemática ambiental, aquela que exige uma ação mais urgente,

passou-se ao saneamento com o intuito de dissipá-la por completo, não obstante

serem as reparações pontuais em cada propriedade que remediariam a questão

como um todo.

_____________ 21 MLS: Maior Leito Sazonal é o nível mais alto alcançado por ocasião das cheias sazonais do curso d’água, constituído por nascentes, com predominância de solos hidromorfos e vegetação palustre, inaproveitáveis para a agropecuária.

Page 52: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

51

A figura 7 mostra o mapa resultante do trabalho de mapeamento

georreferenciado da Microbacia Hidrográfica do Rio Preto.

Fonte: 4º BPAmb – 1ª Cia P Amb. Figura 7 Mapa da Microbacia Hidrográfica do Rio Preto (Escala: 1:10.000).

Page 53: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

52

4 A Gestão Ambiental da Microbacia do Córrego Marinheirinho

4.1 Descrição

A Polícia Ambiental, cumprindo com sua missão constitucional e agindo na

esfera de sua competência, vem realizando, desde janeiro de 2008, a gestão

ambiental da Microbacia Hidrográfica do Córrego Marinheirinho, no município de

Votuporanga.

O trabalho foi uma iniciativa do 1º Pelotão da 2ª Companhia do 4º BPAmb

que, com base em outros trabalhos similares ocorridos na área do 4º Batalhão, bem

como em razão do grau de vulnerabilidade da microbacia em questão, decidiu

proceder ao diagnóstico global da área, mediante o mapeamento georreferenciado

da microbacia. A execução está a cargo da Base Operacional de Votuporanga,

pertencente ao referido Pelotão.

As patrulhas ambientais percorrem toda a extensão da microbacia, visitando

as propriedades rurais, coletando dados ambientais que são georreferenciados por

meio de GPS, os quais permitem a confecção de mapas para o diagnóstico

ambiental da área.

Cada propriedade visitada tem seu proprietário qualificado em BO/PAmb,

constando também todos os dados ambientais e cadastrais relevantes, como as

coordenadas geográficas da propriedade, nome, tamanho, atividades econômicas

desenvolvidas, total de APP e qual o tipo de intervenção, tudo devidamente

mensurado. Estes dados são transferidos posteriormente para planilhas e unificados

com os demais dados das outras propriedades.

Tal levantamento veio ao encontro do plano de metas do Batalhão, que

previu a montagem de um banco de dados digital, com base nas plantas

Page 54: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

53

georreferenciadas produzidas em razão de infrações que englobem ainda os fatos

de Boletins de Ocorrência, Termos Circunstanciados e Autos de Infração Ambiental.

A escolha da microbacia foi motivada também pela sua importância para o

abastecimento de água do município, que era totalmente proveniente das águas

superficiais da represa da SAEV – Superintendência de Água, Esgotos e Meio

Ambiente de Votuporanga, autarquia municipal responsável pela gestão do referido

abastecimento, do qual depende diretamente uma população de 77.622 habitantes22.

Segundo dados da autarquia, o abastecimento, até 1983, era totalmente

proveniente da represa, quando foi perfurado o primeiro poço artesiano na cidade

para este fim. Em 2003, houve a necessidade de perfurar um novo poço. Atualmente

o abastecimento com as águas da represa não passa de 40%, em razão do

assoreamento do manancial.

O projeto de mapeamento georreferenciado está sendo realizado ao longo

do Córrego Marinheirinho e no entorno deste manancial, a fim de identificar os

afloramentos naturais de águas que constituem as nascentes, os afluentes

formadores do manancial, a quantidade e qualidade da vegetação nativa e seus

estágios de regeneração, pontos críticos, ações antrópicas irregulares, delimitação

das propriedades rurais e outros dados cadastrais e ambientais relevantes da

microbacia ao longo de aproximadamente 20 km de extensão, compreendendo uma

área mapeada de 2.009,04 hectares, na área de atribuição do Comitê de Bacia

Hidrográfica Turvo/Grande (CBHTG).

O trabalho foi transformado em projeto apresentado ao CBHTG, pois está

em conformidade com os objetivos daquele Comitê no item temático “Proteção,

Conservação e Recuperação dos Recursos Hídricos”, com a finalidade de gerar um

estudo sistematizado sobre a Microbacia do Córrego Marinheirinho, que contempla o

reservatório de abastecimento público do município de Votuporanga.

A figura 8 mostra a extensão da microbacia que está sendo trabalhada.

_____________ 22 Informação disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/xtras/pesqmun.php?nomemun= votuporanga>. Acesso em: 05 jun. 2009.

Page 55: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

54

Fonte: Google Maps.23 Figura 8 Microbacia do Córrego Marinheirinho, Votuporanga-SP.

O estudo tem como objetivo a identificação dos problemas ambientais

existentes, que servirá para orientar as ações necessárias e futuras propostas de

recuperação da microbacia, mas não ficou restrito apenas aos recursos hídricos,

contemplando o meio ambiente como um todo. Destaca-se ainda a previsão de

liberação de recursos pelo Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FEHIDRO) da

ordem de R$ 58.850,00, a fim de custear os equipamentos necessários para o

mapeamento georreferenciado, conforme a Tabela 3.

_____________ 23 Informação disponível em:<http://maps.google.com.br/maps?f=q&source= s_q&hl= ptBR&q =&vps =1&jsv=160f&sll=4.179186,0.449219&sspn=79.435058,157.5&ie=UTF8&geocode=FQlpyP4dSGQF_Q&split=0>Acesso em: 19 maio 2009.

Foz (Represa SAEV)

Cabeceira

Page 56: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

55

Tabela 3 Recursos solicitados ao CBHTG ITEM QUANTIDADE VALOR

UNITÁRIO VALOR TOTAL

Automóvel tipo mini-van, bicombustível, 4 portas, cor branca, capacidade p/ 500 kg de carga útil e bagageiro de 460 litros, sistema de bloqueio de roda para aumento de tração em terrenos acidentados e sistema de suspensão reforçada.

01 R$ 49.000,00 R$ 49.000,00

Grafismo da viatura (colocação de adesivos e letreiros do projeto, alusivo ao convênio CBH-TG).

01 R$ 2.000,00 R$ 2.000,00

Computador CPU Core 2 Duo 2.0 GHz, 4 Gb de RAM, HD 250 Gb, monitor LCD 19”, drive de CD/DVD, mouse e teclado.

01 R$ 1.800,00 R$ 1.800,00

Computador Notebook Core 2 Duo 2.0 GHz, 4 Gb de RAM, HD 250 Gb, monitor 14", drive CD/DVD, mouse e bateria.

01 R$ 2.000,00 R$ 2.000,00

Impressora jato de tinta HP Deskjet 3745. 02 R$ 200,00 R$ 400,00

Câmera fotográfica digital com Cartão de 1 Gb, 8 Megapixels, zoom óptico e bateria.

02 R$ 600,00 R$ 1.200,00

Inversor de tensão elétrica (12v - 110v) 80W. 01 R$ 150,00 R$ 150,00

Case p/ transporte de equipamentos no veículo (notebook, impressora, câmera e GPS).

01 R$ 800,00 R$ 800,00

GPS - Garmin Etrex Vista HCx, com cartão 128mb, cabo de transferência de dados e cabo energia p/ uso em veículos.

02 R$ 750,00 R$ 1.500,00

TOTAL R$ 58.850,00

Fonte: 4º BPAmb - 2ª Cia PAmb - 1º Pelotão.

Os dados precisos servirão de subsídio tanto para o desenvolvimento do

planejamento da atividade de fiscalização do Policiamento Ambiental, como para

apoiar futuras decisões ambientais acerca da gestão sobre a microbacia, estudos e

projetos do Comitê de Bacia Hidrográfica, bem como para os demais atores e

gestores do meio ambiente da região, em especial:

� Comitês de Bacia Hidrográfica;

� Secretaria do Meio Ambiente;

� Secretaria de Recursos Hídricos;

� Secretaria de Agricultura e Abastecimento;

� Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI);

� Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais (CBRN);

� Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis

(IBAMA);

� Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB);

Page 57: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

56

� Departamento de Água e Energia Elétrica (DAEE);

� Ministério Público;

� Universidades;

� Prefeituras locais; e

� Proprietários rurais, entre outros.

A inexistência de um trabalho desta natureza na área objeto de estudo até

então dificultava as ações de gestão integrada entre os órgãos responsáveis pela

conservação e recuperação do meio ambiente.

Assim, ao término dos trabalhos, será possível a apresentação detalhada

das condições ambientais desta importante microbacia, fomentando principalmente a

recomposição das matas ciliares, as quais estão, pela visão pragmática da atividade

de Policiamento Ambiental, sendo “estranguladas” entre o plantio agrícola, a

pecuária e a ocupação urbana do solo, que vem promovendo a má conservação

deste, acentuando o processo erosivo potencializado pela diminuta ou inexistente

vegetação nativa ciliar, num processo vicioso de difícil parada.

Ainda que exija rápida intervenção coordenada, as ações somente poderão

ser iniciadas após o real conhecimento da situação do manancial formador da

microbacia e de seu entorno.

Oportuno ressaltar que todas as informações terão base digital, de tal sorte

que permitam uma rápida e fluente captação dos indicadores ambientais, bem como

a sua inclusão em banco de dados centralizado, podendo o acesso ser

disponibilizado aos demais entes interessados nesse inédito levantamento, mediante

prévia deliberação.

4.2 Estrutura

Para a implementação da gestão na Microbacia Hidrográfica do Córrego

Marinheirinho e realização do mapeamento georreferenciado foi disponibilizada a

seguinte estrutura de recursos humanos e materiais:

� 04 policiais militares;

� 01 viatura 04 rodas;

� 03 aparelhos GPS Etrex Garmin Vista HCX ;

Page 58: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

57

� 02 câmeras fotográficas digitais;

� 01 computador portátil (notebook);

� 01 computador desktop; e

� 01 impressora plotter.

Desde o início das atividades de levantamento dos indicadores, os policiais

militares trabalharam um total de 2.160 horas, divididos em duas patrulhas com 02

integrantes cada, em regime de escala de 12 X 36 horas, ou seja, um dia sim e o

outro não.

Os turnos de serviço iniciavam-se sempre às 07h00 e terminavam às 19h00,

de forma ininterrupta em todos os dias da semana, inclusive aos sábados, domingos

e feriados.

Foram percorridos em média 20 km por dia, totalizando 3.600 km rodados

durante todo o trabalho de mapeamento.

Os equipamentos utilizados, com exceção da impressora plotter, de

propriedade da SAEV, são todos da Base Operacional de Votuporanga,

comprovando já haver uma estrutura para realizar o trabalho ora proposto,

necessitando apenas de alguns equipamentos para complementá-la.

4.3 Resultados

Como já abordado no Capítulo 3, após o diagnóstico da microbacia e o

estabelecimento de quais ações são necessárias para sanar as eventuais

irregularidades encontradas, busca-se o envolvimento das forças sociais, que será

fundamental para o alcance de resultados positivos.

Antes de dar início à abordagem dos resultados do processo de gestão da

Microbacia do Córrego Marinheirinho, é importante destacar alguns aspectos

daquela microbacia.

Segundo a SAEV, a captação de água para abastecimento varia de 450 a

600 m3/hora e funciona, em média, 21 horas por dia.

O volume de água da represa era de 714.136 m3, mas em decorrência do

assoreamento o potencial de armazenamento caiu para 479.286 m3. A lâmina

Page 59: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

58

d’água que era inicialmente de 12 metros de profundidade, hoje não ultrapassa os 3

metros.

De acordo com a autarquia, o maior responsável pelo assoreamento foi o

processo de urbanização ocorrido nos bairros Cosme e Damião, localizados na

cabeceira do manancial.

Os diversos problemas identificados no mapeamento estão destacados no

relatório fotográfico, conforme as figuras 9 e 10.

Vicinais que cortam o manancial com vários pontos de assoreamento.

Pontos de declividade e ausência de vegetação ciliar adequada.

Fonte: 4º BPAmb - 2ª Cia PAmb - 1º Pelotão. Figura 9 Relatório fotográfico da Microbacia do Córrego Marinheirinho.

Page 60: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

59

Área urbana próxima do córrego e uso indevido da APP.

Represa de abastecimento: ausência de vegetação ciliar e pontos de APP com pastagem.

Fonte: 4º BPAmb - 2ª Cia PAmb - 1º Pelotão. Figura 10 Relatório fotográfico da Microbacia do Córrego Marinheirinho.

Antes do início do mapeamento da microbacia não se tinha ao certo o

conhecimento de importantes informações ambientais, como o número de nascentes

que formavam o Córrego Marinheirinho e, após o levantamento, foi possível verificar

que ao invés de 17 existem na verdade 37 nascentes. Os indicadores foram

mapeados de janeiro a junho de 2008 e estão dispostos na tabela abaixo.

Tabela 4 Indicadores ambientais da Microbacia do Córrego Marinheirinho Indicadores Área (ha) Percentual

Área total mapeada 3.240 100 %

Propriedades rurais 85 (2.009,04 ha) 62,01 %

Propriedades advertidas 11 (6,70 ha) 12% (0,21 %)

Propriedades sem irregularidades 01 1,17 %

Total de nascentes 37 (29,05 ha) (0,9 %)

Total de cobertura vegetal nativa na área mapeada 91,20 2,81 %

Área de preservação permanente (APP) 162,30 5,00 %

Vegetação ciliar – estágio inicial (* do total de APP) 9,41 * 5,79 %

Vegetação ciliar – estágio médio (* do total de APP) 24,75 * 15,24 %

Solo hidromórfico (MLS) 51,84 * 31,94 %

Agricultura em APP 6,70 * 4,12 %

Pecuária em APP 128,14 * 78,95 %

Fonte: 4º BPAmb - 2ª Cia PAmb – 1º Pelotão.

Page 61: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

60

Analisando os indicadores, verifica-se que as principais ações antrópicas

são a pecuária e a agricultura em APP, pois juntas comprometem 83,07 % de toda a

APP existente na área mapeada.

Uma vez identificadas e mapeadas todas as irregularidades durante o

diagnóstico, foram iniciadas as ações para cessá-las, bem como promover a

recuperação dos danos ambientais, com a participação das forças sociais,

cumprindo-se o estabelecido de comum acordo em várias reuniões coordenadas

pela Polícia Ambiental, sendo tudo registrado em atas, em fotografias e também pela

imprensa local.

Para a retirada das culturas da APP, como laranja, milho e cana, tendo em

vista que haveria movimentação de terra na APP, lavrou-se o termo de advertência,

de acordo com o artigo 6º da Resolução SMA 37, de dezembro de 2005, que assim

prevê:

ARTIGO 6º - A penalidade de advertência será imposta ao infrator não reincidente, por termo próprio, sem prejuízo das demais penalidades previstas no Capítulo III, desta Resolução, devendo a autoridade definir e indicar no próprio termo, qual procedimento o infrator deverá adotar para o saneamento da irregularidade ou reparação do dano praticado, estabelecendo-se, para tanto, prazo de 30 (trinta) dias.24

A advertência foi aplicada somente aos proprietários que estavam fazendo

uso indevido da APP para agricultura, porém, todos cumpriram o prazo de 30 dias

para a retirada das culturas daquelas áreas.

A retirada do gado das APP, bem como o seu devido isolamento com

cercas, está ocorrendo em razão de compromisso firmado pelos proprietários nas

reuniões com as forças sociais, em decorrência do processo de gestão.

A área, como já citado anteriormente, foi dividida em quatro partes

(quadrantes) para facilitar a gestão, sendo as ações iniciadas pelo primeiro

quadrante. Depois de feito todo o trabalho de mapeamento, as informações

ambientais foram concentradas em camadas (layers) para facilitar a sua visualização

e conseqüente diagnóstico ambiental, pois permitem a separação (filtragem) por tipo

de recurso natural ou intervenção (hidrografia, vegetação, infrações, etc.), conforme

mostram as figuras a seguir.

_____________ 24 Informação disponível em: < http: // www.cetesb.sp. gov .br/ licenciamentoo/ legislacao/ estadual/ resolucoes / 2005_Res_SMA_37. pdf>. Acesso em: 30 jun. 2009.

Page 62: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

61

Fonte: 4º BPAmb - 2ª Cia PAmb – 1º Pelotão. Figura 11 Mapa com a divisão por quadrantes e as APP.

Fonte: 4º BPAmb - 2ª Cia PAmb – 1º Pelotão. Figura 12 Mapa hídrico.

Page 63: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

62

Fonte: 4º BPAmb - 2ª Cia PAmb – 1º Pelotão. Figura 13 Mapa de intervenções em APP por cultivo e pastoreio

Fonte: 4º BPAmb - 2ª Cia PAmb – 1º Pelotão. Figura 14 Mapa geral, destacando a vegetação remanescente.

Foi constatado o uso de APP para pastoreio de gado em 84 propriedades.

Os proprietários se comprometeram a retirar o gado e isolar as APP, permitindo que

Page 64: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

63

a prefeitura municipal, através da SAEV, fizesse o reflorestamento das APP nas

suas propriedades.

A figura abaixo traz alguns exemplos de como estavam algumas

propriedades e como ficaram após as medidas já adotadas.

Antes: cultivo de laranja em APP. Depois: retirado o cultivo de laranja da APP.

Antes: presença de gado bovino na APP. Depois: o gado foi retirado e a APP cercada.

Antes: ausência de vegetação nativa em APP.

Depois: reflorestamento da APP, mediante plantio de árvores nativas da região.

Fonte: 4º BPAmb - 2ª Cia PAmb – 1º Pelotão. Figura 15 Resultados obtidos com as ações implementadas.

Page 65: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

64

Como já citado anteriormente, a gestão ambiental realizada na Microbacia

do Córrego Marinheirinho não se resume apenas aos recursos hídricos, com a

recuperação do referido córrego.

Este importante recurso ambiental foi também contemplado no trabalho,

mediante um estudo que analisou a qualidade da água do manancial, feito pela

SAEV e que posteriormente foi remetido pela Polícia Ambiental à CETESB para

interpretação e avaliação dos resultados, sendo estes juntados ao trabalho de

gestão.

Nas reuniões com as forças sociais foram firmados compromissos por

representantes da CATI, através do EDA, para levantamento da situação do solo na

microbacia e realização de eventuais correções, bem como por parte da Secretaria

Municipal de Agricultura, que disponibilizou equipamentos da patrulha agrícola

também nesse sentido.

O gráfico abaixo mostra o estudo de solo feito nas propriedades do primeiro

quadrante.

Fonte: Escritório de Defesa Agropecuária (EDA) de Votuporanga. Gráfico 1 Estudo de solo das propriedades do 1º quadrante (erosão).

5

41

21

8

0 0 2 1 2

0

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

1

Sem erosão

Laminar Ligeira

Laminar Moderada

Laminar Severa

Laminar Muito Severa

Laminar Extr. Severa

Sulco Superficial

Sulco Raso

Sulco Profundo

Sulco Muito Profundo

LEGENDA

Propriedades Entorno: 13

Propriedades Microbacia: 36

Total Propriedades: 49

Page 66: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

65

O representante da CBRN comprometeu-se a levantar os passivos

ambientais da prefeitura, direcionando-os para as ações de recuperação ambiental

da microbacia, traduzidos nas ações de reflorestamento das APP já citadas.

O Ministério Público Estadual, na pessoa do seu representante, o Promotor

de Justiça do Meio Ambiente Dr. Marcus Vinícius Seabra, atestou a legalidade das

ações e firmou o seu apoio às atividades de recuperação da microbacia. Esta

circunstância teve também o aval do Poder Judiciário, na pessoa da Drª. Carolina

Marchioni Bueno, Juíza de Direito do JECRIM da Comarca de Votuporanga.

Page 67: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

66

5 Metodologia Adotada na Pesquisa

A pesquisa foi realizada a partir do estudo exploratório de uma amostra não-

probabilística intencional, ou seja, o universo foi previamente selecionado, sendo

constituído pelos Comandantes de Pelotão do Policiamento Ambiental de todo o

Estado de São Paulo, haja vista ser a fração gerencial do serviço operacional,

portanto está diretamente ligada ao planejamento e execução da atividade-fim de

proteção e salvaguarda do meio ambiente.

Para tanto, de julho a agosto de 2009, foi elaborado um questionário

(Apêndice A) com 10 questões e enviado por correio eletrônico aos 50 Comandantes

de Pelotão do Policiamento Ambiental, esclarecendo os objetivos da pesquisa,

sendo obtidas 37 respostas, correspondendo a 74% do total de questionários

enviados.

Foi utilizado o método hipotético-dedutivo, o qual permitiu verificar a partir da

amostra selecionada a manifestação do universo. Também foram realizadas, no

mesmo período, entrevistas com o Sr. Ciro Koiti Matsukuma, do Instituto Florestal do

Estado de São Paulo (Apêndice B) e com o Dr. Marcus Vinicius Seabra, Promotor de

Justiça do Meio Ambiente da Comarca de Votuporanga-SP (Apêndice C).

5.1 Análise e interpretação dos dados da pesquisa

A pesquisa feita junto aos Comandantes de Pelotão, através dos

questionários, teve como objetivos principais, dentre outros, verificar se as unidades

do Policiamento Ambiental possuem estrutura mínima de logística, de recursos

humanos e de conhecimentos para realizar o mapeamento georreferenciado de

microbacias, bem como quais os critérios utilizados pelos comandantes para

direcionar ou empregar rotineiramente o esforço de fiscalização a sua disposição.

Page 68: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

67

Por meio dos gráficos, segue a análise e interpretação dos dados da

pesquisa elaborada.

Disponibilidade de GPS

37

0

sim não

Gráfico 2 Disponibilidade de aparelhos GPS nos Pelotões.

Os 37 Comandantes de Pelotão pesquisados foram categóricos em afirmar

que suas OPM dispõem de aparelhos GPS de navegação, o que contribui para a

redução de custos de implantação do modelo de gestão proposto.

Oferta de GPS X Patrulha

23

14

sim não

Gráfico 3 Possibilidade de operar com 1 GPS por patrulha.

Dos 37 Comandantes de Pelotão pesquisados, 23 afirmaram ter condições

de disponibilizar 1 aparelho GPS por patrulha e 14 disseram que não, fato que indica

a necessidade de aquisição de tal equipamento.

Page 69: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

68

Georreferenciamento com GPS

34

3

sim não

Gráfico 4 Georreferenciamento de infrações ambientais pelas OPM.

Praticamente todas as OPM identificam com coordenadas geográficas as

infrações ambientais constatadas, o que é um grande passo para a realização do

mapeamento georreferenciado da área.

OPM que realizam Mapeamento

16

21

sim não

Gráfico 5 OPM que realizam mapeamento georreferenciado.

Das 37 OPM participantes da pesquisa, 16 (43%) já realizam algum trabalho

de mapeamento, como a produção de mapas, croquis ou plantas planimétricas,

utilizando dados georreferenciados e softwares específicos para auxiliar na atividade

de proteção ambiental.

Page 70: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

69

OPM com PM capacitados

26

11

sim não

Gráfico 6 OPM com policiais militares capacitados para realizar mapeamento.

A pesquisa revelou que a grande maioria das OPM (26) possui no seu

efetivo policiais militares capacitados a operar GPS e/ou softwares de

geoprocessamento em nível de mapeamento, o que corresponde a 70% do total das

OPM pesquisadas.

Efetivo X PM Capacitados

126(11%)

1127

Efetivo existente PM Capacitados

Gráfico 7 Efetivo capacitado em relação ao efetivo existente nas OPM.

O número de policiais militares capacitados para produzir mapas

georreferenciados nas 26 OPM é de 126 policiais militares (PM), o que corresponde

a 11% do total de efetivo existente nas 37 OPM pesquisadas. Isto demonstra a

necessidade de capacitação do efetivo para a realização da atividade proposta,

embora já seja um bom começo.

Page 71: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

70

Emprego da Fiscalização: Critérios

34

3213

2

8

16

Denúncias Áreas Críticas CPP

Aleatoriamente Mapeamento Outros

Gráfico 8 Critérios utilizados pelos Cmt de Pel para a fiscalização de suas áreas.

Este item da pesquisa visou verificar quais os critérios adotados pelos

Comandantes de Pelotão, como gestores operacionais, no planejamento da

fiscalização da área sob sua responsabilidade. Poderia ser apontada mais de uma

alternativa para cada Pelotão.

A pesquisa demonstrou que a fiscalização está, em grande parte, voltada ao

atendimento de denúncias (91%) e concentrada em áreas críticas (86%),

demonstrando uma conduta mais repressiva do que preventiva quanto aos delitos

ambientais.

Outro fator preocupante é que 5% dos entrevistados realizam a fiscalização

de forma aleatória, ou seja, sem qualquer critério preestabelecido.

Foi possível verificar também que 35% confeccionam Cartões de Prioridade

de Patrulhamento (CPP), 21% realizam o mapeamento georreferenciado da área e

43% utilizam outros critérios, como refiscalização de áreas autuadas, cumprimento

de cotas do Ministério Público, cumprimento de termos de compromisso de

recuperação ambiental, fiscalização de licenças ambientais expedidas, fiscalização

em unidades de conservação, operações e cumprimento de metas específicas.

Page 72: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

71

Cobertura da área de atuação

14

23

sim não

Gráfico 9 Cobertura, em termos ideais, da área de atuação pelas OPM.

A pesquisa constatou que dos 37 entrevistados, 23 acreditam que não

realizam a cobertura de toda a sua área de atuação, nem têm condições de

monitorar as eventuais irregularidades ou até infrações ambientais que nela

ocorrem, o que denota a iminente necessidade de mudança na forma de

gerenciamento da atividade de proteção ambiental atualmente desenvolvida.

O gráfico 10 demonstra que o total dos entrevistados acredita que a adoção

de tecnologias potencialize a gestão, mediante o diagnóstico global da área de

atuação.

Adoção de Tecnologias - Melhoria da Gestão

37

0

sim não

Gráfico 10 Comandantes de Pelotão que acreditam na melhoria da gestão com a adoção de tecnologias.

O último item da pesquisa demonstrou que a grande maioria dos

entrevistados conhece as possibilidades de incremento da gestão ambiental, a partir

do mapeamento digital com auxílio de aparelhos GPS, conforme dados constantes

do gráfico 11.

Page 73: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

72

Este é um fator positivo para a implementação do modelo proposto, no que

tange à aceitação pelos responsáveis em gerir o processo.

Conhecimento das possibilidades de incremento da gestão

30

7

sim não

Gráfico 11 Comandantes de Pelotão que têm conhecimento das possibilidades de incremento da gestão, mediante o mapeamento digital com auxílio de GPS.

Em entrevista com o Sr. Ciro Koiti Matsukuma25, do Instituo Florestal do

Estado de São Paulo, realizada em 12 de agosto de 2009, quando perguntado se a

gestão ambiental, mediante o mapeamento georreferenciado de microbacias

hidrográficas, fornecendo subsídios para implementação de políticas públicas

ambientais, principalmente municipais, é uma ferramenta viável para a recomposição

da vegetação natural e demais recursos ambientais do Estado de São Paulo,

respondeu que sim, pois a gestão ambiental deve englobar várias ações e unir as

forças presentes no município no sentido de preservar e promover a recuperação

ambiental.

Ao ser questionado sobre os prós e contras do mapeamento

georreferenciado em relação ao sensoriamento remoto, ou levantamentos e

monitoramento por satélites para fins ambientais, respondeu que o mapeamento é

mais vantajoso, pois permite maior detalhamento e contempla não só a vegetação,

mas outros indicadores, como solo, água, etc.

Acrescentou o entrevistado que o sensoriamento é bom e se for realizado

com o satélite CBERS (China-Brazil Earth Resources) é gratuito, porém não atende

a todos, haja vista a escala oferecida (1:30.000). O melhor seria através de

fotografias aéreas, porém o custo é alto e o trabalho é mais lento e demanda

_____________ 25 Mestre em Agronomia, Pesquisador Científico e Chefe da Seção de Manejo e Inventário Florestal do Instituto Florestal do Estado de São Paulo. Autor do Inventário Florestal da Vegetação Natural do Estado de São Paulo (2005), juntamente com Kronka et al.

Page 74: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

73

procedimentos burocráticos, como a necessidade de submeter previamente o plano

de vôo à Aeronáutica.

Ao ser perguntado sobre alternativas para conter a expansão urbana em

áreas de relevante valor ambiental (legalmente protegidas), respondeu que o poder

público deveria implementar uma política de retirada dessas pessoas que se

instalam nesses locais, pois um fato muito comum, a exemplo do que está ocorrendo

na região por onde passará o Rodoanel em São Paulo e que está sendo mapeada

pelo Instituto Florestal, é que as pessoas ficam sabendo com antecedência dessa

informação e já se instalam nas proximidades da área a fim de tirar algum proveito

disso. Portanto, o governo deveria restringir tal acesso ou declarar a área como uma

unidade de conservação, visando conter tais ocupações.

Em entrevista com o Dr. Marcus Vinicius Seabra26, Promotor de Justiça do

Meio Ambiente da Comarca de Votuporanga, realizada em 28 de agosto de 2009,

quando perguntado qual a visão do Ministério Público quanto à gestão ambiental de

microbacias, em curso em Votuporanga, respondeu ser excelente, pois vem ao

encontro da linha adotada pelo Ministério Público, que instituiu recentemente o

Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (GAEMA), descentralizado

em núcleos pelo Estado de São Paulo e com metas definidas, objetivando uma

atuação integrada em defesa do meio ambiente.

Acrescentou ainda que, do ponto de vista qualitativo, a gestão foi um salto

na forma da Polícia Ambiental atuar, pois a ação passou a ser global e não mais

pontual. Foi uma inovação na forma de empregar os recursos humanos e

tecnológicos, além de melhorar a infraestrutura da Polícia Ambiental, mediante

obtenção de alguns equipamentos através de transações penais.

Ao ser perguntado se com a adoção deste modelo de gestão acredita que a

recuperação ambiental possa ser mais rápida, em relação ao procedimento

tradicional, respondeu que sim, haja vista que a responsabilização penal acabaria

sobrecarregando ainda mais o Poder Judiciário, o que no caso da Microbacia do

Marinheirinho implicaria 84 novos Termos Circunstanciados, além de os processos

não serem todos julgados pelo mesmo juiz, o que poderia levar a resultados

diferentes para pessoas que estivessem na mesma condição processual. Pela forma

adotada, além de não sobrecarregar o Judiciário, o objetivo maior foi atingido, que é

_____________ 26 Atua como Promotor de Justiça do Meio Ambiente há mais de 10 anos.

Page 75: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

74

o de cessar o dano e recuperar o meio ambiente. Ressaltou que se algum

proprietário rural da microbacia reluta em cumprir as medidas acordadas, então não

resta alternativa senão autuá-lo na forma da lei.

Quando perguntado se acredita que o modelo de gestão adotado é uma

ferramenta viável para a recuperação da vegetação natural e demais recursos

ambientais, podendo ser estendido para outras regiões do Estado de São Paulo, que

sim, porém em cada região deve ser verificada a sua peculiaridade.

Perguntado se este tipo de gestão fornece subsídios para a implementação

de políticas públicas ambientais, principalmente municipais, respondeu que sim,

citando algumas ações motivadas pela gestão, como a busca do município pela

certificação no projeto Município Verde, do governo paulista e ainda a organização

dos produtores rurais da microbacia em associação criada por eles recentemente.

Esclareceu também que os proprietários reivindicaram o pagamento por

serviços ambientais, o chamado PSA, que é uma realidade no município mineiro de

Extrema, desde 2007, porém sem previsão legal em Votuporanga e ainda assim tal

fato não prejudicou os resultados da gestão, que são altamente positivos.

Ao ser perguntado quais seriam as medidas para conter a expansão urbana

ou para solucionar a questão das ocupações nas áreas de mananciais, respondeu

que o ideal é uma ação preventiva do poder público no sentido de não deixar que

estas áreas sejam ocupadas, através de leis, de fiscalização, atuando antes que o

problema se instale, porque depois fica mais difícil retirar as pessoas desses locais e

o problema passa a ter também implicações sociais.

É importante citar também a II Jornada de Polícia Comparada, realizada em

Manaus – AM e simultaneamente em mais seis capitais brasileiras, no período de 13

a 20 de agosto de 2009, pois foi uma excelente oportunidade para conhecer a forma

de atuação do Batalhão de Polícia Ambiental da Polícia Militar do Estado do

Amazonas e discutir as peculiaridades que envolvem a fiscalização ambiental

naquele Estado.

Na oportunidade, foi verificado que ainda não utilizam o geoprocessamento

na gestão ambiental.

Page 76: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

75

6 Proposta da Monografia

6.1 A adoção do modelo por todas as unidades do Policiamento Ambiental do

Estado de São Paulo: infraestrutura

6.1.1 Equipamentos e custo estimativo

A adoção, por todas as unidades do Policiamento Ambiental do Estado de

São Paulo, do modelo de gestão proposto, não implicará em uma grande

infraestrutura, haja vista as características do próprio modelo, o qual prima pela

praticidade e efetividade, associadas a tecnologias que não demandam em grandes

investimentos, como já fora demonstrado nos capítulos anteriores deste trabalho.

Somado a este aspecto, o Policiamento Ambiental já dispõe de efetivo,

viaturas e alguns equipamentos necessários para a atividade proposta, como

aparelhos GPS, computadores e mobiliário, o que representa uma grande vantagem

para a sua implantação, não só porque diminui o custo de aquisição, como também

pelo conhecimento existente em operar tais equipamentos, conforme revelou a

pesquisa.

O modelo proposto utilizará um Sistema de Informações Geográficas voltado

mais para a produção de mapas e plantas planimétricas (duas dimensões), as quais

são plenamente suficientes para o diagnóstico e monitoramento da microbacia e,

portanto, atendem aos objetivos desta proposta, a um baixo custo e alto benefício

para o meio ambiente.

O banco de dados que resultará do mapeamento georreferenciado e

integrará o SIG deverá ser único em cada Batalhão e cada um destes, por sua vez,

integrará o banco de dados central no Comando de Policiamento Ambiental, como já

mencionado no Capítulo 3.

Page 77: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

76

Tal sistemática tem por objetivo a padronização e a integração das

informações, bem como a segurança do sistema, pois deve ser estabelecida uma

hierarquia de acessos e níveis de permissão dentre os usuários. Para tanto, propõe-

se que a sua administração fique a cargo das Agências de Área (nível de Batalhão)

e Agência Regional (nível de CPAmb).

Não se propõe aqui um modelo de gestão baseado em sensoriamento

remoto, pois isto demandaria um investimento muito maior e contínuo, havendo a

necessidade de aquisição de imagens de satélites ou fotografias aéreas, o que

encareceria o processo, podendo até inviabilizá-lo.

Cabe ressaltar, entretanto, que não se descarta a utilização de imagens de

satélite na gestão proposta; pelo contrário, elas são complementos e elementos

facilitadores do mapeamento, mas não imprescindíveis. As imagens de satélites

podem ser disponibilizadas sem custo por outras instituições, como prefeituras, por

exemplo, além das que estão disponíveis gratuitamente no Google Earth ou no

INPE, através da Internet.

A tabela abaixo apresenta os equipamentos ideais e necessários para a

realização do mapeamento georreferenciado, bem como os custos estimativos para

a sua aquisição para atendimento das unidades do Policiamento Ambiental em todo

o Estado de São Paulo que, atualmente, conta com 17 Companhias e 50 Pelotões,

totalizando 67 Organizações Policiais Militares (OPM). Os valores foram obtidos em

pesquisa de sítios especializados na Internet, em junho de 2009.

Já estão consideradas as viaturas e mobiliário disponíveis nas OPM e,

portanto, não estão no rol de equipamentos e materiais abaixo especificados.

Tabela 5 Equipamentos e custos (valores médios).

Page 78: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

77

Item

Quant./OPM

Quant Valor Unitário Total Computador CPU Core 2 Duo 3.0 GHz, 4 Gb de RAM, HD 250 Gb, monitor LCD 19”, placa de video, drive de CD/DVD, mouse e teclado (desktop).

01 por Pel

49 R$ 2.400,00 R$ 117.600,00 Computador Notebook Core 2 Duo 2.0 GHz, 4 Gb de RAM, HD 250 Gb, monitor 14", drive CD/DVD, mouse e bateria.

01 por Pel

49 R$ 2.000,00 R$ 98.000,00 HD externo de 500 Gb, USB 2,0, 7200 rpm.

01 por Pel

49 R$ 450,00 R$ 22.050,00

Impressora Plotter

01 por Cia

17 R$ 20.500,00 R$ 348.500,00 GPS - Garmin Etrex Vista HCx, com cartão 128mb, cabo de transferência de dados e cabo energia p/ uso em veículos.

02 por Pel

98 R$ 750,00 R$ 73.500,00 Câmera fotográfica digital com Cartão de 1 Gb, 8 Mp, zoom óptico e bateria.

01 por Pel

49 R$ 600,00 R$ 29.400,00 Inversor de tensão elétrica (12 v - 110 v) 80W.

01 por Pel

49 R$ 150,00 R$ 7.350,00 Case p/ transporte de equipamentos no veículo (notebook, câmera e GPS).

01 por Pel

49 R$ 300,00 R$ 14.700,00

Software Geoffice GPS (com licença)

02 por Pel

98 R$ 150,00 R$ 14.700,00

Total R$ 725.800,00

6.1.2 Efetivo

Em termos ideais, o efetivo a ser empregado no trabalho de mapeamento

georreferenciado deve ser de pelo menos 06 policiais militares, preferencialmente

cabos e soldados.

Este número é ideal porque o regime de escala de serviço operacional no

Policiamento Ambiental é o de 12 X 36 horas, ou seja, em regra, cada patrulha

trabalha um dia sim e outro não. Desta forma o efetivo seria distribuído em duas

equipes de 03 policiais militares cada, uma nos dias pares e outra nos dias ímpares,

em todos os dias da semana.

Para auxiliar os Comandantes de Companhia e de Pelotão na gestão é ideal

que as patrulhas fiquem sob a coordenação de um sargento, que poderá cumprir

escala de expediente de segunda a sexta-feira.

Page 79: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

78

Não se propõe aqui qualquer aumento no efetivo fixado das OPM, mas

apenas uma adequação no modo de gerir e realizar a fiscalização ambiental e,

portanto, que seja utilizado na gestão ambiental por microbacias hidrográficas o

mesmo efetivo que cada OPM dispõe hoje para executar a fiscalização de sua área

de atuação.

A mudança será no modo de se proceder a esta fiscalização, pois ao realizá-

la por microbacia, haverá um critério para alocar os recursos humanos e materiais,

baseado no diagnóstico ambiental global e não mais casuisticamente ou limitado ao

atendimento de denúncias.

Há que se considerar que a patrulha composta por 03 policiais militares

permite mais agilidade na coleta de dados em campo do que com um efetivo menor,

além do fato de que com 02 ou 03 integrantes um sempre terá que fazer a função de

motorista.

Outro fator importante são os afastamentos do efetivo por motivo de férias,

licenças-prêmio, tratamento de saúde e outros. Numa equipe com 03 integrantes há

a possibilidade de manter o serviço com 02 policiais militares, não havendo prejuízo

para a atividade.

Preferencialmente o efetivo deve possuir aptidão para trabalhar com

tecnologias, em especial com informática e GPS, além de possuir experiência na

atividade de Policiamento Ambiental, haja vista a necessidade de identificação das

infrações ambientais e de outros aspectos que envolvem o meio ambiente, como por

exemplo, a caracterização dos estágios de vegetação. Deve-se buscar o

desenvolvimento de um banco de talentos.

Mesmo assim, como em qualquer outra atividade humana, a instrução é de

fundamental importância para o sucesso da atividade proposta e, para tanto, o

efetivo deverá ser devidamente submetido a um Programa Complementar de

Treinamento, o qual será abordado a seguir.

Page 80: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

79

6.1.3 Programa Complementar de Treinamento (PCT)

Toda empresa ou instituição que pretenda alcançar a excelência da

qualidade na manufatura de um produto ou na prestação de serviços deve investir,

sobretudo, no treinamento dos seus recursos humanos.

No caso desta proposta, para que se atinjam os objetivos pretendidos, deve

ser aplicado um programa complementar de treinamento com a finalidade de

capacitar o efetivo a utilizar tecnologias de geoprocessamento em estudo sobre o

meio ambiente, a partir de informações coletadas por meio de aparelhos GPS e, em

sistemas computacionais apropriados, trabalhar as informações colhidas, produzindo

mapas georreferenciados. Este programa complementará a formação curricular do

policial militar ambiental adquirida desde os cursos de formação e de especialização

nesta área.

Para o desenvolvimento e aplicação do programa, o Policiamento Ambiental

poderá lançar mão de instrutores do seu próprio quadro de policiais militares e que

possuam conhecimento do assunto, o que reduz custos e torna mais viável a sua

aplicação.

Vários policiais militares, dentre oficiais e praças, já realizaram cursos de

geoprocessamento em parceria com o INPE e com a UNESP, possuindo

competência para atuar como multiplicadores no treinamento.

Para garantir os conhecimentos necessários foi proposto um programa de

treinamento de 40 horas-aula, com o seguinte conteúdo programático:

� Histórico da Cartografia

� A Ciência da Cartografia

� Conceitos Básicos:

� Cartas Topográficas

� Mapas

� Imagens de Satélite

� Fotos de Satélite

� Rosa dos Ventos

� Norte:

� Magnético

� Geográfico ou Verdadeiro

Page 81: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

80

� Quadrícula

� “Pé de galinha”

� Rumo e Azimute

� Escala

� Representações da Terra:

� Geóide

� Elipsóide

� Projeções Cartográficas:

� Mercator

� Coordenadas Geográficas

� Sistema de Coordenadas Geográficas

� Sistema UTM – Universal Transversa de Mercator

� Datum

� Carta do Brasil ao Milionésimo

� Cartografia Temática (Solo, Nutrientes, Vegetação etc.)

� Unidades de Medida:

� Histórico das Medidas

� Medidas de Superfície (Áreas em m², ha, alqueire)

� Convenções Cartográficas:

� Generalidades

� Legendas Cartográficas

� Elementos Hidrográficos Interiores

� Terrenos Inundáveis

� Vegetação

� Histórico do Sistema GPS

� Vantagens do Sistema GPS

� Geoinformação:

� Sistema de Geoprocessamento

� SIG ou GIS

� Representação Vetorial:

� Duas Dimensões - Planimetria

� Três Dimensões – Altimetria

� O Receptor GPS – Apresentação:

� Configuração do Receptor GPS

Page 82: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

81

� Plotagem de Pontos

� Coleta de Dados de Interesse

� Rotas

� Trajetos

� O software Geoffice GPS:

� Conhecendo o Software

� Configurando o Programa

� Importando Dados do Receptor GPS

� Trabalhando os Dados no Geoffice GPS

� Elaborando o Levantamento Planimétrico

� Imprimindo o Levantamento.

A metodologia do programa de treinamento consistirá de aulas teóricas e

práticas. As aulas teóricas deverão ser ministradas em laboratório de informática e

as práticas serão desenvolvidas em campo, com o emprego de aparelhos GPS e

também em laboratório para treinamento com o software Geoffice GPS.

Para garantir continuidade e constante atualização dos conhecimentos

adquiridos pelos policiais militares, poderá ser incluído o conteúdo resumido do PCT

no Estágio de Atualização Profissional (EAP), ministrado anualmente nas unidades

do Policiamento Ambiental ou ainda programar um EAP exclusivo para este fim,

caso se entenda necessário.

Page 83: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

82

Conclusão

Ao longo dos seus 60 anos de existência, o Policiamento Ambiental da

Polícia Militar do Estado de São Paulo tornou-se a maior instituição de proteção

ambiental da América Latina.

Durante todo este tempo, várias foram as iniciativas no sentido de melhorar

a gestão de suas atividades operacionais. Em especial, as que utilizam tecnologias

de geoprocessamento foram abordadas no Capítulo 2.

Muitas não prosperaram, outras ainda continuam em razão da motivação e

esforço pessoal de alguns comandantes, porém, são de cunho local e não suprem

as necessidades de planejamento da atividade de proteção ambiental, pois ficou

demonstrado que, na maioria das OPM, a fiscalização se limita ao simples

atendimento de denúncias, está voltada para áreas críticas e em outras é feita de

forma aleatória.

Este trabalho visou apresentar uma solução para resolver esta questão,

propondo um modelo de gestão para todo o Policiamento Ambiental, utilizando como

ferramenta o mapeamento georreferenciado de microbacias hidrográficas.

Foram descritas todas as etapas da gestão, baseando-se no estudo de caso

em andamento na Microbacia do Córrego Marinheirinho, município de Votuporanga,

realizado pela 2ª Companhia do 4º BPAmb, prevendo-se o efetivo, os recursos

materiais e o adequado treinamento. O trabalho teve total apoio do Ministério

Público e do Poder Judiciário, sendo fundamental para o seu sucesso.

Os resultados desta gestão estão demonstrados no Capítulo 4 e são

altamente positivos. A gestão, além de ter efetivamente iniciado a recuperação dos

danos ambientais naquela microbacia, está servindo para propor e orientar as

políticas públicas ambientais do município, mobilizando as forças sociais nele

presentes.

Page 84: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

83

O mapeamento permitiu o controle da área e o seu monitoramento, gerando

um banco de dados que serve de referencial comparativo para todas as ações

adotadas a partir de sua criação.

O trabalho tornou-se referência na região e o município está se valendo

dessas ações para certificar-se no projeto estratégico Município Verde, do Governo

do Estado de São Paulo, através de indicadores ambientais fornecidos pela Polícia

Ambiental obtidos no diagnóstico da microbacia.

As hipóteses levantadas foram confirmadas na pesquisa, verificando-se que

os Pelotões utilizam técnicas de georreferenciamento com aparelhos GPS e alguns

até fazem o mapeamento das infrações ambientais, além de já possuírem uma

estrutura mínima para iniciar de imediato a gestão, como efetivo, equipamentos e

alguns policiais militares capacitados.

Quanto à capacitação de toda a força de trabalho, verificou-se haver a

necessidade de aplicar o programa complementar de treinamento proposto, haja

vista que apenas 11% do efetivo pesquisado possuem os conhecimentos

necessários para a execução dos trabalhos.

O modelo em estudo mostrou-se eficiente, facilitando a gestão ambiental da

área de atuação, principalmente nas atividades de proteção à flora, pois permitiu o

seu diagnóstico e atuação global, bem como o monitoramento, evitando o retrabalho

e estimulando condutas proativas.

Além disso, não requer grandes investimentos, pois, como já citado, parte da

tecnologia e do conhecimento estão disponíveis hoje no Policiamento Ambiental,

sendo necessário adquirir alguns equipamentos e readequar a forma de empregar a

fiscalização, porém sem alterar a área de atuação da OPM.

Ainda possibilitou a obtenção de recursos materiais custeados pelo

FEHIDRO (Vtr, Computadores, GPS, etc.), mediante projetos apresentados aos

Comitês de Bacia Hidrográfica, além dos provenientes de Termos de Ajustamento de

Conduta (TAC) e transações penais, bem como garante a acurácia dos dados,

dando respaldo no caso de eventuais questionamentos e recursos por parte de

infratores ambientais, além de servir de instrumento de prova, o que aumenta a

credibilidade da Instituição.

É oportuno sugerir que as unidades do Policiamento Ambiental sejam

interligadas ao Sistema de Informações da Polícia Militar (SIOPM), principalmente

quanto aos bancos de dados georreferenciados.

Page 85: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

84

Neste sentido, o estudo de Sardilli (2009) vem ao encontro da proposta

deste trabalho, contemplando o CPAmb, juntamente os demais Grandes Comandos

da Corporação, com a instalação de um Setor de Geoprocessamento, conforme

citou o autor:

A instalação dos Setores de Geoprocessamento nos Grandes Comandos da Polícia Militar permitirá a realização desses estudos locais voltados à compreensão da realidade social e criminal de cada uma das regiões do Estado, tendo-se ainda, a centralização do fluxo desses dados a um banco de dados corporativo, o que proporcionará a coleta permanente e geocodificada de informações necessárias ao assessoramento do Comando da Corporação. Os Setores de Geoprocessamento instalados nos Grandes Comandos permitirão a difusão do uso das geotecnologias já disponíveis, voltadas ao estudo dos problemas de segurança pública, aos policiais militares das diversas regiões do Estado de São Paulo, fazendo com que haja o necessário avanço tecnológico na maneira de se combater o crime, possibilitando-se assim, a melhoria na qualidade de vida de todos os cidadãos. (SARDILLI, 2009, p. 138)

Portanto, conclui-se que é perfeitamente viável a adoção da gestão

ambiental de microbacias hidrográficas pelas unidades de Policiamento Ambiental

em todo o Estado de São Paulo, utilizando como ferramenta o mapeamento

georreferenciado, propondo-se então a sua implantação imediata.

Assim, espera-se alcançar o tão sonhado desenvolvimento sustentável,

aliando preservação ambiental com desenvolvimento sócio-econômico, além de

nortear políticas públicas com sustentabilidade social, que incentivem a permanência

ou a volta do homem ao campo, melhorando a qualidade de vida das presentes e

futuras gerações.

Page 86: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

85

Referências

BRASIL. Constituição Federal (1988). In: Coletânea de Legislação de Direito Ambiental. Odete Medauar (Org.). 2. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: RT, 2003.

BRASIL. Decreto Federal Nº 750, de 10 fev. 1993. Dispõe sobre o corte, a exploração e a supressão de vegetação primária ou nos estágios avançado e médio de regeneração da Mata Atlântica, e dá outras providências. Disponível em: http://www.cetesb.sp.gov.br/licenciamentoo/legislacao/federal/decretos/1993_Dec_Fed_750.pdf . Acesso em: 31 maio 2009.

BRASIL. Lei n º 4.771, de 15 de setembro de 1965. Institui o novo Código Florestal. In: Coletânea de Legislação de Direito Ambiental. Odete Medauar (Org.). 2. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: RT, 2003.

BRASIL. Lei n º 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente. In: Coletânea de Legislação de Direito Ambiental. Odete Medauar (Org.). 2. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: RT, 2003.

BRASIL. Resolução CONAMA Nº 302, de 20 de março de 2002. Dispõe sobre os parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente de reservatórios artificiais e o regime de uso do entorno. In: Coletânea de Legislação de Direito Ambiental. Odete Medauar (Org.). 2. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: RT, 2003.

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Page 89: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

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Page 90: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

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Apêndice A – Questionário de pesquisa encaminhado aos Comandantes de

Pelotão do Policiamento Ambiental do Estado de São Paulo

POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO

CENTRO DE APERFEIÇOAMENTO E ESTUDOS SUPERIORES

“CEL NELSON FREIRE TERRA”

CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS – II/09

QUESTIONÁRIO AOS COMANDANTES DE PELOTÃO DO POLICIAMENTO

AMBIENTAL

TEMA MONOGRÁFICO: “MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: FERRAMENTA

PARA GESTÃO AMBIENTAL DE MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS PELA POLÍCIA

AMBIENTAL”.

AUTOR: Cap PM Cláudio Cesar de Oliveira/4º Batalhão de Polícia Ambiental

Prezados Comandantes de Pelotão,

Venho solicitar a Vossa Senhoria, com a finalidade de fundamentar pesquisa para

minha proposta Monográfica do CAO, o inestimável apoio no sentido de fornecer

valiosas informações dessa OPM a respeito do tema de minha pesquisa –

“MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: FERRAMENTA PARA GESTÃO

AMBIENTAL DE MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS PELA POLÍCIA

AMBIENTAL”, por meio do questionário abaixo.

Certo da compreensão e incentivo para o presente estudo, apresento abaixo

algumas questões de interesse deste autor, agradecendo desde já.

Sobre o tema:

O foco central da Monografia é a utilização de uma importante ferramenta para se

realizar a gestão ambiental de microbacias hidrográficas: o mapeamento

georreferenciado.

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90

O mapeamento consiste no levantamento de dados ambientais da microbacia e

produção de mapas georreferenciados, com auxílio de GPS e softwares específicos,

visando diagnosticar de forma global os seus problemas ambientais para, a partir

daí, estabelecer ações conjuntas no sentido de fazer cessar e recuperar os danos

causados ao meio ambiente.

A prática tem demonstrado, no 4º BPAmb, que a adoção do presente modelo traz

grandes vantagens para o meio ambiente e para o Policiamento Ambiental, como:

� Não requer grandes investimentos, pois parte da tecnologia e do

conhecimento já estão disponíveis hoje no Policiamento Ambiental, sendo

necessário adquirir alguns equipamentos e readequar a forma de empregar a

fiscalização, porém sem alterar a área de atuação da OPM;

� Facilita a gestão ambiental da área de atuação, principalmente nas atividades

de proteção à flora, economizando recursos humanos e materiais, pois

permite o diagnóstico global e o monitoramento, evitando o retrabalho e

estimulando condutas proativas;

� Promove o envolvimento das forças sociais, compostas pelo Ministério

Público, Poder Judiciário, órgãos ambientais, prefeituras, comunidade e

outros, os quais se comprometem com as ações na esfera de sua

competência;

� Possibilita a obtenção de recursos materiais custeados pelo FEHIDRO (Vtr,

Computadores, GPS, etc.), mediante projetos apresentados aos Comitês de

Bacia, além dos provenientes de TAC e transações penais;

� Permite o emprego da fiscalização com critérios e não de forma casuística ou

aleatória, pois se baseia no diagnóstico prévio.

� Garante a acurácia dos dados e consequente respaldo em eventuais

questionamentos e recursos por parte de infratores ambientais, servindo de

instrumento de prova e aumentando a credibilidade da Instituição.

Após responder o questionário abaixo, salve-o e envie o arquivo anexo ao seguinte

e-mail: [email protected], com cópia para:

[email protected]

Não é necessária a identificação, bastando apenas indicar a OPM. Caso haja

alguma dúvida a respeito deste questionário, favor utilizar também os endereços

eletrônicos acima que as questões serão dirimidas o mais breve possível.

Page 92: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

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Termo de Compromisso do Pesquisador

O pesquisador, abaixo assinado, se compromete a:

• Respeitar e cumprir a Teoria Principialista que visa salvaguardar a autonomia, beneficência, não maleficência, justiça, privacidade e confidencialidade (Res. 196/96 CONEP/CNS/MS);

• Não violar as normas do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido;

• Comunicar ao sujeito da pesquisa todas as informações necessárias para um adequado “consentimento livre e esclarecido” e solicitar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, apenas, quando o sujeito da pesquisa tenha conhecimento adequado dos fatos e das conseqüências de sua participação, e tenha tido oportunidade para considerar livremente se quer participar da pesquisa ou não;

• Obter de cada sujeito de pesquisa um documento assinado ou com impressão datiloscópica como evidência do consentimento livre e esclarecido;

• Renovar o consentimento livre e esclarecido de cada sujeito se houver alterações nas condições ou procedimentos da pesquisa, informado procedimento ao CEP;

• Manter absoluto e total sigilo e confidencialidade em relação à identificação do sujeito da pesquisa e dados constantes em prontuários ou banco de dados.

• Respeitar o princípio constitucional da dignidade da pessoa humana e derivados;

• Não prejudicar o meio ambiente em sua totalidade (fauna e a flora);

• Cumprir na integralidade todas as resoluções do Conselho Nacional de Saúde CNS/MS, bem como todos os diplomas legais referentes ao tema da ética em pesquisa, dos quais declaramos ter pleno conhecimento.

• Desta forma, eu pesquisador abaixo subscrito, me comprometemo, em caráter irrevogável e irretratável, por prazo indeterminado, a cumprir toda legislação vigente, bem como as disposições deste Termo de Compromisso.

CLÁUDIO CESAR DE OLIVEIRA

Cap PM Oficial Aluno do CAO-II/09

OPM: ____º Pel - _____ª Cia - _____º BPAmb

1. A OPM dispõe de aparelhos GPS de navegação?

( ) SIM ( ) NÃO

2. Esse Cmt consegue oferecer um aparelho GPS por patrulha?

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92

( ) SIM ( ) NÃO

3. A OPM identifica com coordenadas geográficas as infrações ambientais

constatadas?

( ) SIM ( ) NÃO

4. A OPM realiza algum trabalho de mapeamento (produção de mapas, croquis

ou plantas planimétricas), utilizando dados georreferenciados e softwares

específicos para auxiliar na atividade de proteção ambiental?

( ) SIM ( ) NÃO

5. A OPM possui no seu efetivo policiais militares com capacitação para operar

GPS e/ou softwares de geoprocessamento, em nível de mapeamento?

( ) SIM ( ) NÃO

6. Quantos PM do Pelotão possuem capacitação para produzir mapas

georreferenciados (plantas planimétricas ou croqui) a partir de dados coletados

com GPS, utilizando softwares de geoprocessamento?

R. Número de PM com capacitação:________. Efetivo existente no

Pel:___________.

7. Como gestor operacional de um Pelotão Ambiental, quais os critério utilizados

por V. S.ª para direcionar ou empregar o esforço de fiscalização ambiental a sua

disposição rotineiramente, de forma a fiscalizar toda a área de atuação da OPM?

(poderá ser assinalada mais de uma opção)

( ) Atendimento de denúncias;

( ) Áreas com maior incidência de ocorrências (críticas);

( ) Confecção de Cartões de Prioridade de Patrulhamento (CPP);

( ) Aleatoriamente, pois não existem critérios predeterminados;

( ) Através do mapeamento georreferenciado da área de atuação;

Page 94: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

93

( ) outros. Especificar:___________________________________.

8. Na qualidade de Comandante de Pelotão, Vossa Senhoria acredita estar

realizando, de maneira ideal, a “cobertura” de toda a sua área de atuação, bem

como o monitoramento das eventuais irregularidades (ou até infrações)

ambientais que nela estão ocorrendo, considerando as técnicas empregadas e

os meios humanos e materiais disponíveis em termos ideais na OPM?

(desconsiderar problemas pontuais, como Vtr e PM eventualmente baixados)

( ) SIM ( ) NÃO

9. Como Comandante de Pelotão responsável pela salvaguarda do meio

ambiente, Vossa Senhoria acredita que a adoção de tecnologias potencialize a

gestão mediante o diagnóstico global da área de atuação, o qual servirá de

parâmetro para o estabelecimento de ações de proteção ambiental?

( ) SIM ( ) NÃO

10. Vossa Senhoria conhece as possibilidades de incremento da gestão

ambiental, a partir do mapeamento digital de uma microrregião, feita com auxílio

de aparelhos GPS?

( ) SIM ( ) NÃO

Page 95: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

94

Apêndice B – Entrevista com o Sr. Ciro Koiti Matsukuma, Chefe da Seção de

Manejo e Inventário Florestal do Instituto Florestal do Estado de São Paulo

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“CEL NELSON FREIRE TERRA”

CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS – II/09

TEMA MONOGRÁFICO: “MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: FERRAMENTA

PARA GESTÃO AMBIENTAL DE MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS PELA POLÍCIA

AMBIENTAL”.

AUTOR: Cap PM Cláudio Cesar de Oliveira/4º Batalhão de Polícia Ambiental

Data: 12 de agosto de 2009.

Pergunta nº 1:

O Sr. Acredita que a gestão ambiental, mediante o mapeamento

georreferenciado de microbacias hidrográficas, fornecendo subsídios para

implementação de políticas públicas ambientais, principalmente municipais, é uma

ferramenta viável para a recomposição da vegetação natural e demais recursos

ambientais do Estado de São Paulo?

Resposta:

Sim, sem dúvida a gestão ambiental deve englobar várias ações e unir as

forças presentes no município no sentido de preservar e promover a recuperação

ambiental.

Pergunta nº 2:

Na sua opinião, quais os prós e contras do mapeamento georreferenciado

em relação ao sensoriamento remoto ou levantamento/monitoramento por satélites

para fins ambientais?

Resposta:

Com certeza o mapeamento é mais vantajoso, pois permite maior

detalhamento e contempla não só a vegetação, mas outros indicadores, como solo,

água, etc., acrescentando que o sensoriamento é bom e se for realizado com o

satélite CBERS (China-Brazil Earth Resources) é gratuito, porém não atende a

Page 96: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

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todos, haja vista a escala oferecida (1:30.000). O melhor seria através de fotografias

aéreas, porém o custo é alto e o trabalho é mais lento e demanda procedimentos

burocráticos, como a necessidade de submeter previamente o plano de vôo à

Aeronáutica.

Pergunta nº 3:

Quais as alternativas, na sua opinião, são as mais indicadas para conter a expansão

urbana em áreas de relevante valor ambiental (legalmente protegidas)?

Resposta:

Na minha opinião o poder público deveria implementar a política de retirada dessas

pessoas que se instalam nesses locais, pois um fato muito comum, a exemplo do

que está ocorrendo na região por onde passará o Rodoanel, é que as pessoas ficam

sabendo com antecedência dessa informação e já se instalam nas proximidades da

área a fim de tirar algum proveito disso. Portanto, o governo deveria restringir tal

acesso ou declarar a área como uma unidade de conservação, visando a conter tais

ocupações.

Page 97: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

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Apêndice C – Entrevista com o Dr. Marcus Vinicius Seabra, Promotor de

Justiça do Meio Ambiente da Comarca de Votuporanga-SP

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TEMA MONOGRÁFICO: “MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: FERRAMENTA

PARA GESTÃO AMBIENTAL DE MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS PELA POLÍCIA

AMBIENTAL”.

AUTOR: Cap PM Cláudio Cesar de Oliveira/4º Batalhão de Polícia Ambiental

Data: 28 de agosto de 2009.

Pergunta nº 1:

Qual a visão do Ministério Público quanto à gestão ambiental de microbacias, em

curso em Votuporanga?

Resposta:

É excelente, pois vem ao encontro da linha que vem sendo adotada pelo Ministério

Público, que instituiu recentemente o Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio

Ambiente (GAEMA), descentralizado em núcleos pelo Estado de São Paulo e com

metas definidas, objetivando uma atuação integrada em defesa do meio ambiente.

Do ponto de vista qualitativo, a gestão foi um salto na forma de atuar. A ação passou

a ser global e não mais pontual. Foi uma inovação na forma de empregar os

recursos humanos e tecnológicos, além de melhorar a infraestrutura da Polícia

Ambiental, mediante obtenção de alguns equipamentos através de transações

penais.

Pergunta nº 2:

Com a adoção deste modelo de gestão Vossa Excelência acredita que a

recuperação ambiental possa ser mais rápida, em relação ao procedimento

tradicional?

Resposta:

Sem dúvidas. A responsabilização penal acabaria sobrecarregando ainda mais o

Poder Judiciário, o que no caso da Microbacia do Marinheirinho implicaria em 85

Page 98: MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: Ferramenta para Gestão Ambiental de Microbacias Hidrográficas pela Polícia Ambiental

97

Termos Circunstanciados, além do que os processos não seriam julgados pelo

mesmo juiz, o que poderia levar a resultados diferentes para pessoas que

estivessem na mesma condição processual. Pela forma adotada, além de não

sobrecarregar o Judiciário, o objetivo maior foi atingido, que é o de cessar o dano e

recuperar o meio ambiente. Vale lembrar que se algum proprietário reluta em

cumprir as medidas acordadas não resta alternativa senão autuá-lo na forma da lei.

Pergunta nº 3:

O Sr. acredita que o modelo adotado aqui é uma ferramenta viável para a

recuperação da vegetação natural e demais recursos ambientais, podendo ser

estendido para outras regiões do Estado de São Paulo?

Resposta:

Sim, sem dúvida, porém em cada região deve ser verificada a sua peculiaridade.

Pergunta nº 4:

Este tipo de gestão, na opinião de Vossa Excelência, fornece subsídios para a

implementação de políticas públicas ambientais, principalmente municipais?

Resposta:

Sim. Podemos citar algumas ações motivadas pela gestão aqui realizada, como a

participação do município no sentido de buscar a certificação no projeto Município

Verde, do governo paulista e também a própria organização dos produtores rurais da

microbacia em recente associação por eles criada.

Uma grande reivindicação desses produtores é a busca de pagamento por serviços

ambientais, o chamado PSA, que é uma realidade pioneira no município mineiro de

Extrema, desde 2007, porém, aqui ainda não há lei que o regulamente e mesmo

assim este fato não prejudicou os resultados da gestão.

Pergunta nº 5:

Na opinião de Vossa Excelência, quais seriam as medidas para conter a expansão

urbana ou para solucionar a questão das ocupações nas áreas de mananciais?

Resposta:

O ideal é uma ação preventiva do poder público no sentido de não deixar que estas

áreas sejam ocupadas, através de leis, de fiscalização, atuando antes que o

problema se instale, porque depois fica mais difícil retirar as pessoas desses locais e

o problema passa a ter também implicações sociais.