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POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO CENTRO DE APERFEIÇOAMENTO E ESTUDOS SUPERIORES CAES “CEL PM NELSON FREIRE TERRA” CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS - II/09Cap PM Cláudio Cesar de OliveiraMAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: FERRAMENTA PARA GESTÃO AMBIENTAL DE MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS PELA POLÍCIA AMBIENTALSão Paulo 2009Cap PM Cláudio Cesar de OliveiraMAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: FERRAMENTA PARA GESTÃO AMBIENTAL DE MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS PELA POLÍCIA AMBIENTALMonografia apresent
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POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO
CENTRO DE APERFEIÇOAMENTO E ESTUDOS SUPERIORES
CAES “CEL PM NELSON FREIRE TERRA”
CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS - II/09
Cap PM Cláudio Cesar de Oliveira
MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: FERRAMENTA PARA GESTÃO
AMBIENTAL DE MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS PELA POLÍCIA AMBIENTAL
São Paulo
2009
Cap PM Cláudio Cesar de Oliveira
MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: FERRAMENTA PARA GESTÃO
AMBIENTAL DE MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS PELA POLÍCIA AMBIENTAL
Monografia apresentada no Centro de Aperfeiçoamento e Estudos Superiores, como parte dos requisitos para a aprovação no Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais.
Cel PM Leonardo Torres Ribeiro – Orientador
São Paulo
2009
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO
CENTRO DE APERFEIÇOAMENTO E ESTUDOS SUPERIORES
CAES “CEL PM NELSON FREIRE TERRA”
CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS - II/09
Cap PM Cláudio Cesar de Oliveira
MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: FERRAMENTA PARA GESTÃO
AMBIENTAL DE MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS PELA POLÍCIA AMBIENTAL
Monografia apresentada ao Centro
de Aperfeiçoamento e Estudos Superiores,
como parte dos requisitos para a aprovação
no Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais.
( ) Recomendamos disponibilizar para pesquisa
( ) Não recomendamos disponibilizar para pesquisa
( ) Recomendamos a publicação
( ) Não recomendamos a publicação
São Paulo, _______ de _____________________ de 2009.
Cel PM Antônio Cesar Cardoso
Cel PM Leonardo Torres Ribeiro
Josefina de Léo Ballanotti
Este trabalho é dedicado:
A minha querida esposa, Angélica, a minha filha Lorena e meu enteado
Nícolas, por minha ausência durante a confecção deste trabalho.
A meu pai, Cb PM José dos Santos de Oliveira (in memorian), com quem
aprendi a amar a gloriosa Polícia Militar do Estado de São Paulo.
A minha mãe Perciliana, e meus irmãos, Clever e Cassius, pelo apoio e
incentivo em mais esta etapa profissional.
Ao professores e instrutores do CAES, pelos conhecimentos transmitidos ao
longo do curso.
Agradecimentos
A Deus, por mais esta oportunidade de evolução.
Ao Cel PM Leonardo Torres Ribeiro, pelas sábias e oportunas orientações nos
momentos de dúvida.
Ao Maj PM Rogério de Oliveira Xavier, pelo incentivo e colaboração na elaboração
desta obra.
A meu irmão, 1º Ten PM Cassius José de Oliveira, pelo apoio, informações,
sugestões e materiais disponibilizados durante a elaboração deste trabalho.
Aos Oficiais, Praças, Temporários e Funcionários Civis do Policiamento Ambiental
do Estado de São Paulo, pelo apoio na elaboração desta obra.
Ao Comando do CAES, Instrutores, Professores e demais integrantes dessa digna
casa de ensino, pelo apoio e pelos conhecimentos que foram transmitidos.
“Nem tudo o que se enfrenta pode ser modificado, mas nada
pode ser modificado até que seja enfrentado.”
Albert Einstein.
Resumo
Este trabalho discute a gestão ambiental de microbacias hidrográficas e a viabilidade de sua implantação pelas unidades do Policiamento Ambiental no Estado de São Paulo, utilizando como ferramenta o mapeamento georreferenciado. O mapeamento consiste no levantamento de dados ambientais da microbacia e produção de mapas georreferenciados, com auxílio de GPS e softwares específicos, visando diagnosticar de forma global os problemas ambientais para, a partir daí, estabelecer ações conjuntas no sentido de fazer cessar e recuperar os danos causados ao meio ambiente. A metodologia adotada no trabalho é baseada no método hipotético dedutivo, em nível descritivo e exploratório, com enfoque quantitativo e qualitativo e uso de dados primários e secundários, a partir de pesquisas bibliográficas, em sítios da Internet e de campo. O assunto é abordado em seis capítulos, os quais abrangem aspectos conceituais do mapeamento georreferenciado, gestão ambiental, microbacias e políticas públicas ambientais, bem como a Polícia Ambiental e a preservação do meio ambiente, com enfoque histórico, estrutural e de competência e também a descrição do modelo de gestão ambiental de microbacias. O trabalho também teve como base o modelo de gestão ambiental realizado na Microbacia do Córrego Marinheirinho, em Votuporanga-SP, pela 2ª Companhia do 4º BPAmb, cujos resultados são altamente positivos. A gestão, além de ter efetivamente dado início à recuperação dos danos ambientais naquela microbacia, está servindo para propor e orientar as políticas públicas ambientais do município, mobilizando as forças sociais nele presentes. A adoção do modelo possibilitou uma eficiente gestão ambiental da área de atuação, principalmente nas atividades de proteção à flora, economizando recursos humanos e materiais, facilitando o diagnóstico e o monitoramento da área, evitando o retrabalho e estimulando condutas proativas. Além disso, não requer grandes investimentos, pois parte da tecnologia e do conhecimento já estão disponíveis hoje no Policiamento Ambiental, sendo necessário adquirir alguns equipamentos e readequar a forma de empregar a fiscalização, porém sem alterar a área de atuação da OPM. Por fim, a pesquisa realizada através de questionários dirigidos aos Comandantes de Pelotão do Policiamento Ambiental em todo o Estado de São Paulo e entrevistas realizadas com autoridades afetas ao tema, permitiu confirmar as hipóteses levantadas e concluir ser viável e necessária a implementação do modelo proposto. Palavras-chave: Polícia Militar. Gestão Ambiental. Microbacias. Mapeamento Georreferenciado. Políticas Públicas Ambientais.
Abstract
This paper discusses the environmental management of hydrographic microbasins and the viability of its implementation by the Environmental Police Unities in State of Sao Paulo, using the georeferenced mapping as a tool. Mapping is a process that consists in carrying out a survey about environmental data of microbasins in order to product georeferenced maps, using GPS and specific softwares, aiming a global environmental problems diagnosis, then establish joint actions in order to stop the damages and reconstruct the environment. This work is based on the hypothetical deductive method, in a descriptive and exploratory level, with a quantitative and qualitative focus, using primary and secondary data from literature searches, on websites and also field research. The subject is covered in six chapters, which comprehend conceptual aspects of georeferenced mapping, environmental management, microbasins and environmental public policies, as well as Environmental Police and environmental preservation, focusing on historical, structural and legal competence aspects and also the description of microbasins environmental management model. The work was still based on the environmental management conducted by 2nd Company of 4th BPAmb in Marinheirinho Stream Microbasin in Votuporanga-SP, whose results are highly positive. The management has actually taken steps to reconstruct the environmental damage in the microbasin and also is serving to propose and guide the environmental public policies of that municipality, mobilizing social forces present in it. The adoption of this model allowed an efficient environmental management of the area, especially in activities to protect the flora, saving human and material resources, facilitating the diagnosis and monitoring the area, avoiding rework and encouraging proactive behavior. Moreover, it does not require large investments because the technology and knowledge is already available in today's Environmental Police, so it is necessary to acquire only some equipment and readjust how to employ the surveillance, but without changing the current area of operation. Finally, the survey through questionnaires addressed to Platoons Commanders of Environmental Police throughout the State of Sao Paulo and the interviews with authorities related to the issue has confirmed the hypotheses wich allowed us to conclude that is feasible and necessary to implement the proposed model. Keywords: Military Police. Environmental Management. Microbasins. Georeferenced Mapping. Environmental Public Policies.
Lista de Figuras
Figura 1 Mapa da área de atuação dos Batalhões de Polícia Ambiental. .................28
Figura 2 Organograma do 1º BPAmb........................................................................29
Figura 3 Organograma do 2º BPAmb........................................................................29
Figura 4 Organograma do 3º BPAmb........................................................................30
Figura 5 Organograma do 4º BPAmb........................................................................30
Figura 6 Policiais transferem dados ambientais durante coleta em campo...............49
Figura 7 Mapa da Microbacia Hidrográfica do Rio Preto (Escala: 1:10.000).............51
Figura 8 Microbacia do Córrego Marinheirinho, Votuporanga-SP. ............................54
Figura 9 Relatório fotográfico da Microbacia do Córrego Marinheirinho. ..................58
Figura 10 Relatório fotográfico da Microbacia do Córrego Marinheirinho. ................59
Figura 11 Mapa com a divisão por quadrantes e as APP. ........................................61
Figura 12 Mapa hídrico. ............................................................................................61
Figura 13 Mapa de intervenções em APP por cultivo e pastoreio .............................62
Figura 14 Mapa geral, destacando a vegetação remanescente................................62
Figura 15 Resultados obtidos com as ações implementadas....................................63
Lista de Gráficos
Gráfico 1 Estudo de solo das propriedades do 1º quadrante (erosão)......................64
Gráfico 2 Disponibilidade de aparelhos GPS nos Pelotões.......................................67
Gráfico 3 Possibilidade de operar com 1 GPS por patrulha ......................................67
Gráfico 4 Georreferenciamento de infrações ambientais pelas OPM........................68
Gráfico 5 OPM que realizam mapeamento georreferenciado. ..................................68
Gráfico 6 OPM com policiais militares capacitados para realizar mapeamento.........69
Gráfico 7 Efetivo capacitado em relação ao efetivo existente nas OPM. ..................69
Gráfico 8 Critérios utilizados pelos Cmt de Pel para a fiscalização de suas áreas. ..70
Gráfico 9 Cobertura, em termos ideais, da área de atuação pelas OPM. .................71
Gráfico 10 Cmt de Pel que acreditam na melhoria da gestão com a adoção de
tecnologias. ...............................................................................................................71
Gráfico 11 Cmt de Pel que têm conhecimento das possibilidades de incremento da
gestão, mediante o mapeamento digital com auxílio de GPS....................................72
Lista de Tabelas
Tabela 1 Recursos humanos e materiais do Policiamento Ambiental.......................31
Tabela 2 Indicadores ambientais da Microbacia do Rio Preto...................................50
Tabela 3 Recursos solicitados ao CBHTG ................................................................55
Tabela 4 Indicadores ambientais da Microbacia do Córrego Marinheirinho..............59
Tabela 5 Equipamentos e custos (valores médios)...................................................76
Lista de Abreviaturas e Siglas
AIA Auto de Infração Ambiental
APP Área de Preservação Permanente
BO/PAMB Boletins de Ocorrência/Polícia Ambiental
BPAmb Batalhão de Polícia Ambiental
Cap Capitão
CATI Coordenadoria de Assistência Técnica Integral
CBHTG Comitê de Bacia Hidrográfica Turvo/Grande
CBRN Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais
Cel Coronel
Cia Companhia
Cmt de Pel Comandantes de Pelotão
Cmt G Comandante-Geral da Polícia Militar do Estado de São Paulo
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
CPAmb Comando de Policiamento Ambiental
CPP Cartões de Prioridade de Patrulhamento
CTESB Companhia Ambiental do Estado de São Paulo
DAEE Departamento de Água e Energia Elétrica
EAP Estágio de Atualização Profissional
EDA Escritório de Defesa Agropecuária
FEHIDRO Fundo Estadual de Recursos Hídricos
GAEMA Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente
GBH Gerenciamento de Bacia Hidrográfica
GESPOL Sistema de Gestão da Polícia Militar do Estado de São Paulo
GPS Global Positioning System
GRPAe Grupamento de Radiopatrulha Aérea
Ha Hectare
IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis
INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
MBH Microbacia Hidrográfica
MLS Maior Leito Sasonal
NORSOP Normas para o Sistema Operacional de Policiamento
ONG Organizações Não Governamentais
OPM Organizações Policiais Militares
PCT Programa Complementar de Treinamento
PEMBH Programa Estadual de Microbacias Hidrográficas
PM Policiais Militares
PPA Plano Plurianual
PPI Plano de Policiamento Inteligente
PSA Pagamento por Serviços Ambientais
QPO Quadro Particular de Organização
RSM Relatórios de Serviço Motorizado
SAA Sistema de Administração Ambiental
SAD South America Datum
SAEV Superintendência de Água, Esgotos e Meio Ambiente de Votuporanga
SIG Sistemas de Informação Geográfica
SIGMA Sistema de Informações Gerenciais da Mata Atlântica
SIOPM Sistema de Informações da Polícia Militar
SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente
SMA Secretaria Estadual de Meio Ambiente
SSP Secretaria de Estado dos Negócios da Segurança Pública
TAC Termo de Ajustamento de Conduta
TC Termos Circunstanciado
UNESP Universidade Estadual Paulista
UTM Universal Transversa de Mercator
Vtr Viatura
Sumário
Introdução................................................................................................................15
1 Mapeamento Georreferenciado e Gestão Ambiental de Microbacias
Hidrográficas ..............................................................................................20
1.1 Conceitos......................................................................................................20
1.1.1 Gestão ambiental..........................................................................................20
1.1.2 Geoprocessamento e mapeamento georreferenciado..................................21
1.1.3 Bacias e microbacias hidrográficas ..............................................................22
1.1.4 Políticas públicas ambientais........................................................................23
1.2 Geoprocessamento: aplicações ...................................................................23
2 Polícia Ambiental e a Preservação do Meio Ambiente............................26
2.1 Breve histórico..............................................................................................26
2.2 Estrutura .......................................................................................................28
2.3 Formas e critérios para emprego operacional ..............................................31
2.4 Competência ................................................................................................34
2.5 Geoprocessamento e mapeamento no Policiamento Ambiental do Estado de
São Paulo .....................................................................................................37
3 Gestão Ambiental de Microbacias no Policiamento de Segurança
Ambiental ....................................................................................................40
3.1 Por que a microbacia....................................................................................40
3.2 Diagnóstico, mapeamento e criação de banco de dados .............................42
3.3 Estabelecimento de ações com base na análise do diagnóstico da área.....44
3.4 Envolvimento das forças sociais...................................................................44
3.5 Monitoramento do processo .........................................................................46
3.6 Mapeamento georreferenciado da Microbacia do Rio Preto.........................46
4 A Gestão Ambiental da Microbacia do Córrego Marinheirinho..............52
4.1 Descrição......................................................................................................52
4.2 Estrutura .......................................................................................................56
4.3 Resultados....................................................................................................57
5 Metodologia Adotada na Pesquisa ...........................................................66
5.1 Análise e interpretação dos dados da pesquisa ...........................................66
6 Proposta da Monografia.............................................................................75
6.1 A adoção do modelo por todas as unidades do Policiamento Ambiental do
Estado de São Paulo: infraestrutura .............................................................75
6.1.1 Equipamentos e custo estimativo .................................................................75
6.1.2 Efetivo...........................................................................................................77
6.1.3 Programa Complementar de Treinamento (PCT).........................................79
Conclusão................................................................................................................82
Referências..............................................................................................................85
Apêndice A – Questionário de pesquisa encaminhado aos Comandantes de
Pelotão do Policiamento Ambiental do Estado de São Paulo ................89
Apêndice B – Entrevista com o Sr. Ciro Koiti Matsukuma, Chefe da Seção de
Manejo e Inventário Florestal do Instituto Florestal do Estado de São
Paulo............................................................................................................94
Apêndice C – Entrevista com o Dr. Marcus Vinicius Seabra, Promotor de
Justiça do Meio Ambiente da Comarca de Votuporanga-SP..................96
15
Introdução
Verifica-se na administração pública contemporânea a tendência em buscar
uma gestão alinhada às melhores práticas administrativas, que possibilitem ao
Estado atingir seus objetivos de maneira mais efetiva e eficaz, fazendo frente a
novos desafios. Estes objetivos somente serão alcançados por meio de ações
inovadoras de gestão e pela utilização de novas ferramentas e modelos gerenciais.
Em contrapartida a esta tendência e, apesar do pioneirismo e da importância
das unidades do Policiamento Ambiental da Polícia Militar do Estado de São Paulo,
ao longo de mais de meio século protegendo o meio ambiente, a Organização
carece da utilização de um modelo de gestão ambiental, baseado no mapeamento
georreferenciado, que contemple a área global de uma microbacia hidrográfica
específica, visando assim um somatório de atividades destinadas ao levantamento
de dados precisos.
Tal levantamento servirá de subsídio tanto para o planejamento da
fiscalização quanto para o apoio de futuras decisões ambientais acerca da gestão
sobre a área em questão, bem como para estudos e projetos dos Comitês de Bacia
Hidrográfica e para os demais órgãos e gestores do meio ambiente, em especial a
Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo (SMA), Secretaria de
Saneamento e Energia, Secretaria de Agricultura e Abastecimento, Ministério
Público, Organizações Não Governamentais (ONG), proprietários rurais, dentre
outros.
Verifica-se a necessidade de sistematizar o trabalho e realizar um
levantamento global da área de atuação, decorrendo desta necessidade a proposta
de gestão por microbacias, para então estabelecer ações e propor medidas
conjuntas para sanar as irregularidades ambientais encontradas, o que sob o prisma
do meio ambiente é muito mais interessante do que tão somente levar a efeito ações
16
pontuais e de forma isolada, como por exemplo, limitar-se ao simples atendimento
de denúncias.
Desde a sua origem, em 1949, a então Polícia Florestal e de Mananciais,
hoje Polícia Ambiental, desenvolve atividades de proteção ao meio ambiente
empregando patrulhas basicamente em três áreas: caça (proteção à fauna), pesca
(proteção à fauna ictiológica) e ambiental, englobando neste último segmento uma
grande variedade de atividades de tutela a diversos bens ambientais, dentre eles a
proteção à flora, coibindo o desmatamento, as intervenções em áreas de
preservação permanente, em unidades de conservação, mineração, dentre outras
que objetivam salvaguardar o meio ambiente.
É principalmente para este último segmento de atuação, mais
especificamente as intervenções que afetam a flora, que se destina o modelo de
gestão ora proposto neste trabalho.
Dada à grande extensão territorial do Estado de São Paulo e pelo fato de
estar dividido em quatro áreas de atuação, ficando cada uma delas sob a
responsabilidade de um Batalhão Ambiental, por conseqüência, estas áreas também
se constituem em grande espaço territorial a ser fiscalizado pelos Batalhões, o que
dificulta o controle e monitoramento de toda a sua extensão, tornando-se
imprescindível o emprego de modernas tecnologias que permitam uma eficiente
gestão ambiental.
O problema em estudo se concentra na gestão do meio ambiente, a ser
realizada pelo Policiamento Ambiental nas microbacias hidrográficas do Estado de
São Paulo, mediante a adoção do mapeamento georreferenciado, de forma a torná-
lo uma efetiva ferramenta na promoção de uma eficiente gestão ambiental.
Em razão da grande extensão territorial das áreas a serem fiscalizadas pelas
unidades do Policiamento Ambiental, esta missão exige grande planejamento e
controle, sendo indispensável a utilização de tecnologias que otimizem tal atividade.
Com a adoção do mapeamento georreferenciado como ferramenta de
gestão, é possível produzir mapas digitais e fazer um diagnóstico ambiental das
áreas, visualizando espacialmente os problemas e realizar o seu monitoramento,
estabelecendo ações adequadas de fiscalização e recuperação ambiental. Isso não
só reduz custos como também possibilita maior efetividade e proatividade nas ações
do Policiamento Ambiental.
17
A hipótese levantada é se as unidades do Policiamento Ambiental têm
condições de implementar a gestão ambiental, em todo o Estado de São Paulo,
utilizando o geomapeamento referenciado de microbacias hidrográficas, com foco na
infraestrutura necessária, prevendo equipamentos e custos, efetivo, programa
complementar de treinamento, bem como a aplicabilidade da técnica com base na
experiência prática desenvolvida na 1ª e 2ª Companhias do 4º Batalhão de Polícia
Ambiental, durante o mapeamento georreferenciado das Microbacias Hidrográficas
do Rio Preto e do Córrego Marinheirinho, respectivamente.
A delimitação cronológica do estudo abrange desde o início das atividades
de fiscalização e proteção dos recursos naturais no Estado até os dias atuais,
restringindo-se às unidades do Policiamento Ambiental do Estado de São Paulo.
O objetivo deste trabalho é analisar a viabilidade de se implantar um modelo
de gestão ambiental por microbacias hidrográficas, baseado em tecnologias de
geoprocessamento, utilizando o mapeamento georreferenciado, levado a efeito pelo
Policiamento Ambiental, bem como proporcionar elementos que permitam
compreender a necessidade de adoção dessa importante ferramenta de gestão
ambiental, a qual poderá ser disponibilizada a outras instituições que atuam na
defesa do meio ambiente, não só em âmbito estadual como também nacional.
A justificativa para a adoção, pelo Policiamento Ambiental do Estado de São
Paulo, de um modelo de gestão baseado no mapeamento georreferenciado,
mediante a utilização de aparelhos GPS1 e aplicativos informatizados, destinados à
coleta de dados para a confecção de mapas para orientar as ações, reside na
possibilidade de não só diagnosticar a situação ambiental das microbacias que estão
inseridas nas áreas das Organizações Policiais Militares (OPM), como também
otimizar a fiscalização, prevenindo as infrações e responsabilizando os infratores
pelas ações danosas contra o meio ambiente.
A experiência comprova que a atividade de policiamento ambiental não pode
prescindir de um controle e monitoramento global da área de atuação, mediante o
emprego de tecnologias, o que seria conseguido pelo modelo de gestão ora
proposto.
Além disso, o tema em questão é de grande importância para o Governo
Paulista, Secretaria do Meio Ambiente e Policiamento Ambiental e, caso as
_____________ 1 GPS: Global Positioning System, que significa em português Sistema de Posicionamento Global.
18
hipóteses sejam confirmadas, será possível melhorar não só a qualidade gerencial
das atividades afetas às unidades do Policiamento Ambiental, como também de
outros órgãos que atuam na área ambiental, haja vista o ineditismo do banco de
dados que resultará do mapeamento, além do que o presente modelo poderá ser
disponibilizado para outros órgãos ambientais e OPM semelhantes em outros
Estados da Federação.
O Planejamento Estratégico da Polícia Militar do Estado de São Paulo para o
quadriênio 2008 – 2011, em consonância com o Plano Plurianual (PPA) do Governo
Estadual, em suas diretrizes finais prevê:
6.3 Proteção Ambiental O Governo do Estado de São Paulo em seu Programa de Governo demonstra expressiva preocupação com o Meio Ambiente. O Governo lançou os Projetos Ambientais Estratégicos tendo como diretrizes as mudanças climáticas e os reflexos do aquecimento global; o desenvolvimento sustentável; e a gestão eficiente, com resultados e transparência. Os projetos anunciados são: Cenário Ambiental 2020, Cobrança do Uso da Água, Desmatamento Zero, Ecoturismo, Esgoto Tratado, Etanol Verde, Fauna Silvestre, Gestão de Unidades de Conservação, Investidor Ambiental, Licenciamento Unificado, Litoral Norte, Lixo Mínimo, Mananciais (Guarapiranga, Billings e Cantareira), Mata Ciliar, Município Verde, Mutirões Ambientais, Pesquisa Ambiental, Reforma Administrativa, Respira São Paulo, São Paulo Amigo da Amazônia e Serra do Mar. Os pontos fundamentais na execução dos projetos estratégicos são a participação ativa das organizações não governamentais; o envolvimento dos municípios, e a atuação da Polícia Militar Ambiental, para punir os infratores. A Polícia Ambiental integrada às políticas governamentais desenvolverá plano específico de fiscalização junto aos projetos ambientais estratégicos, envidando esforços para sua concretização, representando a responsabilidade ambiental da Polícia Militar do Estado de São Paulo [...] 2
Assim, o presente trabalho de gestão aqui proposto está perfeitamente
alinhado ao Planejamento Estratégico da Polícia Militar do Estado de São Paulo,
para o quadriênio 2008 – 2011 e ao Plano Plurianual (PPA) do Governo Estadual,
bem como aos objetivos governamentais com relação aos 21 Projetos Ambientais
Estratégicos da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, mais
especificamente quanto ao Projeto Mata Ciliar, que visa a promover a recuperação
da mata ciliar em todo o Estado e aumentar a cobertura vegetal dos atuais 13,9 %,
segundo Kronka et al (2005), para 20 % de todo o território estadual, bem como
estabelecer parcerias com a Secretaria da Agricultura e Abastecimento, de
Saneamento e Energia, sindicatos rurais, cooperativas e municípios.
_____________ 2 Informação disponível em: http://www.intranet.polmil.sp.gov.br/>. Acesso em: 07 maio 2009.
19
Isto demonstra uma grande preocupação com o meio ambiente e integração
do Policiamento Ambiental da Polícia Militar do Estado de São Paulo às políticas
governamentais, visando a garantir os direitos humanos e o desenvolvimento
sustentável, através de uma gestão eficiente, com resultados e transparência,
exercitando a filosofia de Polícia Comunitária e buscando a participação de toda a
comunidade no processo, primando sempre pela prestação de serviços com
qualidade.
Com certeza o trabalho irá possibilitar um gerenciamento ainda mais eficaz
da atividade de fiscalização ambiental e do Patrulhamento Rural, direcionando maior
esforço para áreas críticas e evitando o retrabalho, o que proporcionará economia
de meios e consequente redução de despesas, que é a tônica da gestão
governamental. Possibilitará também a captação de recursos do Fundo Estadual de
Recursos Hídricos (FEHIDRO) e outros provenientes de transações penais e de
Termos de Ajustamento de Conduta (TAC), firmados com o Ministério Público.
Quanto à metodologia empregada, esta se baseou em pesquisas
bibliográficas, em sítios da INTERNET, aplicação de questionários e entrevistas com
autoridades afetas ao tema.
A estrutura deste trabalho é composta por seis capítulos. O primeiro trata
dos conceitos de gestão ambiental, mapeamento e geoprocessamento, bacias e
microbacias hidrográficas e políticas públicas. O segundo aborda a estrutura da
Polícia Ambiental e sua atuação na preservação do meio ambiente. O terceiro
explica a gestão ambiental de microbacias no policiamento de segurança ambiental.
O quarto descreve o processo de gestão ambiental da Microbacia do Córrego
Marinheirinho. O quinto trata da metodologia e discussão da pesquisa e o sexto
finaliza com a proposta de adoção do modelo de gestão pelas unidades do
Policiamento Ambiental, apresentando a infraestrutura necessária e a conclusão do
trabalho.
20
1 Mapeamento Georreferenciado e Gestão Ambiental de Microbacias
Hidrográficas
1.1 Conceitos
1.1.1 Gestão ambiental
A gestão ambiental tem sido bastante estimulada por profissionais que
atuam em empresas que exercem atividades potencialmente poluidoras, como
instrumento administrativo, de gerenciamento.
Lanna (1995) conceitua a gestão ambiental como um processo em que
diferentes agentes sociais, mediante ações articuladas, interagem num determinado
espaço, com o objetivo de garantir a adequação dos meios de exploração dos
recursos ambientais (naturais, econômicos e sócio-culturais) às especificidades do
meio ambiente, com base em princípios e diretrizes acordados/definidos
previamente.3
Para Naves et al (2000), gestão ambiental pode ser conceituada como
sendo uma ferramenta de administração, de gerenciamento, que considera os
processos administrativos (planejamento, organização, direção e coordenação e
controle), com enfoque sistêmico, no qual “cada sistema é composto de outros
sistemas menores ou subsistemas que, embora possuam alguma autonomia, são
parte integrante e interdependente do sistema maior”, a ser ministrada nas questões
ambientais.
Os autores ainda afirmam que:
A base para se iniciar um processo de gestão ambiental está nos princípios da administração e implica na compreensão e aplicação do processo
_____________ 3 Informação disponível em: <http://www.tecnologiasambientais>. Acesso em: 18 maio 2009.
21
administrativo, na adoção do enfoque sistêmico diante de qualquer decisão a ser tomada, aliados a sensibilidade para compreender a importância e complexidade do meio ambiente. (NAVES et al, 2000, p. 129).
1.1.2 Geoprocessamento e mapeamento georreferenciado
O conceito de mapeamento georreferenciado pode ser obtido a partir dos
conceitos de geoprocessamento e de sistema de geoprocessamento, os quais o
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) assim estabelece:
Conjunto de tecnologias voltadas à coleta e tratamento de informações espaciais para um objetivo específico. As atividades envolvendo o geoprocessamento são executadas por sistemas específicos mais comumente chamados de Sistemas de Informação Geográfica (SIG). Sistema de geoprocessamento é o destinado ao processamento de dados referenciados geograficamente (ou georreferenciados), desde a sua coleta até a geração de saídas na forma de mapas convencionais, relatórios, arquivos digitais, etc.; devendo prever recursos para sua estocagem, gerenciamento, manipulação e análise (grifo nosso).4
Portanto, depreende-se que mapeamento georreferenciado é a construção
de mapas (em sentido amplo: mapas, cartas e plantas), mediante o uso de
programas de computador, a partir do processamento de dados referenciados
geograficamente ou georreferenciados, coletados através de GPS, os quais
permitem a inclusão digital direta dos referidos dados na base de um Sistema de
Informações Geográficas (SIG).
O mapeamento georreferenciado depende dos sistemas de
geoprocessamento na medida em que os mapas são produzidos a partir do
processamento informatizado dos dados georreferenciados, coletados e tratados de
forma a atender objetivos específicos. Nesta linha de raciocínio pode-se dizer que o
mapeamento é um produto do geoprocessamento, obtido através de um SIG.
A construção de um SIG é fundamental para o armazenamento, análise e
manipulação de dados geograficamente referenciados, sendo indispensável para a
implementação da gestão ambiental de microbacias hidrográficas no modelo
proposto e que será feita com base no diagnóstico dos mapas gerados, como
adiante será demonstrado.
_____________ 4 Informação disponível em: <http://www.dpi.inpe.br/spring/portugues/tutorial/introducao_geo.html>. Acesso em: 12 maio 2009.
22
Assim, importante se faz apresentar o conceito de SIG aplicado à finalidade
deste trabalho que, nas palavras de Câmara et al (1996, p.22), é “um conjunto de
ferramentas e algoritmos para manipulação de dados geográficos, tal como a
produção de mapas.” 5
1.1.3 Bacias e microbacias hidrográficas
Vários são os autores que conceituaram as bacias hidrográficas e suas
subdivisões ao longo do tempo, sob diversos pontos de vista, quer seja fisiológico ou
ecológico. Dentre eles citamos:
Bacia hidrográfica pode ser entendida como um conjunto de terras drenadas por um rio principal e seus afluentes. A noção de bacia hidrográfica inclui naturalmente a existência de cabeceiras ou nascentes, divisores de água, cursos d’água principais, afluentes, subafluentes, etc. Em todas as bacias hidrográficas deve existir uma hierarquização da rede hídrica e a água se escoa normalmente dos pontos mais altos para os mais baixos. O conceito de bacia hidrográfica deve incluir também noção de dinamismo, por causa das modificações que ocorrem nas linhas divisórias de água sob o efeito dos agentes erosivos, alargando ou diminuindo a área da bacia (VIVATERRA, 2004 apud DILL, 2007, p.15). 6
Segundo Machado (2002) “a bacia hidrográfica pode ser definida como
unidade física, caracterizada como uma área de terra drenada por um determinado
curso d’água e limitada, perifericamente, pelo chamado divisor de águas.” 7
Quanto à microbacia, podemos citar:
Dentre as diversas conceituações a que melhor expressa o momento atual dos Programas de Microbacias em curso no Brasil é a citada por Tito Ryff em 1995, que assim a define: “Unidade natural de planejamento agrícola e ambiental, adequada à implantação de novos padrões de desenvolvimento rural, que representa uma etapa no processo de aproximações sucessivas rumo ao ideal de um desenvolvimento rural sustentável”.8
Sem dúvida, a gestão ambiental é uma importante ferramenta de
administração que, orientada pela política ambiental, deve constituir-se em um
instrumento para o controle, proteção e conservação do meio ambiente, visando
_____________ 5 Informação disponível em: <http://www.dpi.inpe.br/geopro/livros/anatomia.pdf>. Acesso em: 12 maio 2009. 6 Informação Disponível em: <http://cascavel.cpd.ufsm.br/tede/tde_busca/arquivo.php? codArquivo = 1085>. Acesso em: 07 maio 2009. 7 Informação disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11143/tde-10072002-161200/>. Acesso em: 11 maio 2009. 8 Informação disponível em: < http://planetaorganico.com.br/entrev-microbacia.htm> Acesso em: 18 maio 2009.
23
promover de forma sistêmica, global e integrada o desenvolvimento sustentável,
tomando-se por base uma unidade básica – a microbacia hidrográfica.
1.1.4 Políticas públicas ambientais
Antes de apresentar o conceito de políticas públicas ambientais é importante
conceituar Política Pública que, nas palavras de Bucci (2006, p. 39), é:
[...] o programa de ação governamental que resulta de um processo ou conjunto de processos judicialmente regulados – processo eleitoral, processo de planejamento, processo de governo, processo orçamentário, processo legislativo, processo administrativo, processo judicial - visando coordenar os meios à disposição do Estado e as atividades privadas, para a realização de objetivos socialmente relevantes e politicamente determinados.
Na visão da autora, o ideal é que a política pública vise à realização de
objetivos definidos, expressando as prioridades, os meios e o tempo para atingir os
resultados a que se destina.
Já nas palavras de D’Isep (2009), no conceito de políticas públicas estão
presentes a indeterminação e a imprecisão, conforme elucidou Maria Paula Dallari
Bucci, destacando a dificuldade de sintetizar a realidade multiforme das políticas
públicas, que, “além do fato de agregar dados econômicos, históricos e sociais que
se pretendem realizar nos programas, deve interagir com as ciências econômicas e
com a teoria da administração” (D’ISEP, 2009, p. 162).
Finalmente, ainda de acordo com D’Isep, as políticas públicas ambientais
são aquelas voltadas à tutela do meio ambiente, objeto de direito provido de
princípios e instrumentos próprios, levadas a efeito pelo Estado, que é o sujeito de
tais políticas e “do qual se extraem de suas funções e organização, os elementos
conceituais necessários para permear a atuação pública na gestão ambiental”
(D’ISEP, 2009, p. 162).
11..22 GGeeoopprroocceessssaammeennttoo:: aapplliiccaaççõõeess
Conforme a tecnologia se desenvolve, principalmente a tecnologia da
informação e comunicação, os custos de equipamentos e programas se reduzem,
24
fazendo com que se tornem cada vez mais populares e acessíveis a um maior
número de usuários. É o que vem ocorrendo com o geoprocessamento, presente
nas rotinas de empresas públicas e privadas com diversas finalidades, seja para
otimizar a gestão, reduzir custos ou maximizar lucros.
Segundo Vaz (2007), são várias as possibilidades de aplicação do
geoprocessamento, sendo as principais:
� Ordenamento e gestão do território (este é o uso mais difundido): na verdade, é uma aplicação básica, porque permite a constituição de uma base cartográfica geoprocessada que servirá às demais aplicações setoriais. Trata-se de construir uma base de dados informatizada que reproduza a configuração do território do município, identificando logradouros, lotes e glebas, edificações, redes de infra-estrutura, propriedades rurais, estradas e acidentes geográficos. A base assim constituída é útil para as atividades de planejamento urbano e ordenação do uso do solo, inclusive para processos de revisão da legislação. � Otimização de arrecadação: a atualização da base cartográfica do município para a implantação da base geoprocessada fornece um volume significativo de informações para a revisão da planta genérica de valores. O recomendável é que as duas ações sejam realizadas de forma articulada. Com isso, inclusive, consegue-se gerar um aumento de receita capaz de compensar os investimentos na base geoprocessada e gerar recursos adicionais para o município. Logicamente, será necessário proceder à atualização periódica dessas informações, mas a existência de um bom ponto de partida facilita as ações posteriores. � Localização de equipamentos e serviços públicos: a partir de uma base cartográfica que inclua informações sócio-econômicas e sobre equipamentos públicos é possível identificar áreas com maior nível de carência e os melhores locais para instalação de equipamentos e serviços públicos. Estas decisões podem ser tomadas com base em critérios de necessidade e de acessibilidade aos locais. � Identificação de público-alvo de políticas públicas: à medida que se possua uma base de dados que incorpore dados sócio-econômicos, é possível utilizá-la para desenhar políticas públicas. Dispondo-se, por exemplo, de informações sobre crianças residentes no município e a incidência de doenças, é possível desenhar ações de saúde específicas para micro-regiões da cidade. Ou, cruzando-se os dados sobre renda das famílias e desempenho escolar, pode-se identificar o público-alvo para programas de renda mínima ou bolsa-escola. Ou, ainda, identificando-se as áreas da cidade com maior concentração de idosos pode-se definir áreas prioritárias para programas de atendimento domiciliar à saúde ou áreas com carências especiais de saúde que possam ser atendidas por programas de médico de família. � Gestão ambiental: o geoprocessamento é útil para monitorar áreas com maior necessidade de proteção ambiental, acompanhar a evolução da poluição da água e do ar, níveis de erosão do solo, disposição irregular de resíduos e para o gerenciamento dos serviços de limpeza pública (acompanhando por área da cidade o volume de resíduos coletado e para análise de roteiros de coleta). � Gerenciamento do sistema de transportes: a base cartográfica é indispensável para a gestão do sistema de transportes do município. Sua informatização através de recursos de geoprocessamento pode ampliar a qualidade e a velocidade das decisões tomadas. É possível, por exemplo, realizar estudos de demanda do transporte coletivo ou de carregamento de vias, identificar pontos críticos de acidentes e vias com mais necessidade de manutenção.
25
� Comunicação com os cidadãos: ao se constituir uma base de dados mais elaborada, podem-se incorporar a ela informações que permitam identificar necessidades e oportunidades de contato com os cidadãos. Pode-se, por exemplo, identificar com precisão as áreas afetadas por determinada decisão do governo e planejar ações de comunicação específicas para aquele público. Outro uso possível é registrar as solicitações dos cidadãos e analisá-las sobre a base cartográfica, permitindo uma melhor gestão das relações do governo com os cidadãos. Esta mesma aplicação pode funcionar como instrumento de controle social do governo, permitindo que entidades da sociedade civil, a ouvidoria pública municipal ou mesmo cidadãos individualmente possam ter livre acesso às informações sobre que regiões da cidade estão sendo mais beneficiadas pelas ações do governo municipal. � Gestão da frota municipal: com recursos de geoprocessamento é possível obter informações sobre os tipos de usos da frota municipal, conhecendo os trajetos mais comuns e sua intensidade. Estas informações possibilitarão a definição de roteiros otimizados para a frota municipal, gerando economia de tempo, combustível e uso de veículos. (grifo nosso). 9
De forma geral, qualquer setor que necessite de informações que possam
ser associadas a algum ponto ou local específico no território pode se valer de
ferramentas de geoprocessamento.
_____________ 9 Informação disponível em: <http://www2.fpa.org.br/ portal/ modules/news/article.php?storyid=2609>. Acesso em: 19 maio 2009.
26
2 Polícia Ambiental e a Preservação do Meio Ambiente
2.1 Breve histórico
De acordo com Nomura (2005), a história da Polícia Ambiental nos remete
ao ano de 1934, com a entrada em vigor do Código Florestal, aprovado pelo Decreto
nº 23.793, de 23 de janeiro de 1934, o qual previa que os Governos dos Estados e
dos Municípios organizariam os serviços de fiscalização e guarda das florestas dos
seus territórios.
No Estado de São Paulo, com a edição do Decreto Estadual nº 13.213, em
08 de fevereiro de 1943 e, posteriormente, com o Decreto-lei nº 13.487, de 28 de
julho de 1943, a responsabilidade pelos serviços de fiscalização e guarda das
florestas passou da Procuradoria do Patrimônio Imobiliário e Cadastro do Estado
para o órgão denominado Serviço Florestal do Estado, vinculado à Secretaria de
Estado da Agricultura, Indústria e Comércio.
O mesmo Decreto-lei ainda organizou a Polícia Florestal do Estado,
incumbindo-a dos serviços de fiscalização e guarda das florestas existentes no
território do Estado, das reservas florestais, oficiais, bem como de cumprir e fazer
cumprir as determinações de autoridade competente no tocante à defesa das matas,
ao reflorestamento e à caça e pesca. Interessante que a referida norma previu que
um Delegado, designado pelo Secretário de Segurança Pública, dirigisse o
policiamento florestal, cujo efetivo previsto seria de 520 homens.
Em 19 de outubro de 1945, com o Decreto-lei nº 15.143, o Serviço Florestal
é reorganizado pelo Governo do Estado e o cargo de Diretor do Serviço Florestal é
criado, porém, as atribuições dos órgãos que o compunham seriam previstas em
Regimento, o que só foi aprovado em 14 de dezembro de 1949, através do Decreto
nº 19.008-A.
27
Esta data marca a criação da Polícia Florestal e de Mananciais, hoje
chamada de Polícia Ambiental. Foi por meio deste Decreto que a então Força
Pública do Estado de São Paulo passou a integrar o Sistema de Proteção dos
Recursos Naturais do Estado, que assim previu:
Além do corpo efetivo de guardas-florestais a que se refere o artigo 17 do Decreto-lei nº 13.487, de 28 de julho de 1943, a Polícia Florestal contará com um contingente de oficiais e praças da Força Pública do Estado, ao qual incumbirá o exercício das funções policiais previstas no art. 1º deste Regulamento, particularmente as constantes na letra ‘g’ [...]. (NOMURA, 2005, p. 65).
O Comandante Geral da Força Pública designou então para comandar a
Polícia Florestal, ainda em organização, o 2º Tenente Odilon Spínola Neto. O efetivo
disponível era composto por 5 segundos-sargentos, 4 cabos e 18 soldados,
totalizando apenas 28 homens.
Em 1953 e 1955 o efetivo foi aumentado, sendo criados vários
destacamentos, chegando a um total de 218 homens. Com o passar dos anos, o
efetivo continuou a crescer, acompanhando a criação de novas unidades.
Em 1975 e 1976 são criados, respectivamente, o 1º e 2º Batalhões de
Polícia Florestal e de Mananciais, com sede em São Paulo e Birigui.
O Comando de Policiamento Florestal e de Mananciais, com sede na
Capital, e o 3º Batalhão de Polícia Florestal e de Mananciais, com sede inicialmente
em Santos e depois no Guarujá, somente foram criados em 23 de setembro de
1987. Um detalhe importante foi a criação do Comando, uma unidade à qual
passaram a se subordinar todos os Batalhões de Polícia Florestal e de Mananciais
do Estado.
Dois anos depois, foi criado o 4º Batalhão de Polícia Florestal e de
Mananciais, com sede em São José do Rio Preto, passando o Estado a contar então
com um Comando e quatro Batalhões, estrutura vigente até os dias de hoje.
Com o passar dos anos, as atividades desenvolvidas pelas unidades de
Policiamento Florestal e de Mananciais ganharam amplitude, deixando de se limitar
à proteção dos recursos naturais de fauna e flora, passando a salvaguardar os
recursos naturais do Estado, prevenindo e reprimindo as infrações cometidas contra
o meio ambiente como um todo.
Por fim, o Decreto Estadual nº 46.263, de 09 de novembro de 2001, deu
nova denominação aos Batalhões de Polícia Florestal e de Mananciais, que
passaram a se chamar Batalhões de Polícia Ambiental. Embora o Decreto não tenha
28
trazido alterações estruturais, consolidou a mudança no comportamento da
organização que, como já mencionado, passou a proteger o meio ambiente de forma
ampla.
Em 14 de dezembro de 2009, o Policiamento Ambiental do Estado de São
Paulo, maior instituição de proteção do meio ambiente da América Latina, completa
60 anos de atividades de segurança pública e ambiental no Estado.
2.2 Estrutura
A estrutura do Policiamento Ambiental do Estado de São Paulo, conforme foi
vista no histórico de criação das suas diversas unidades, é formada pelo Comando
de Policiamento Ambiental (CPAmb), sediado na Capital, ao qual se subordinam 4
Batalhões de Polícia Ambiental (BPAmb), cujas áreas de atuação podem ser vistas
na figura abaixo.
Fonte: Comando de Policiamento Ambiental10 Figura 1 Mapa da área de atuação dos Batalhões de Polícia Ambiental.
_____________ 10 Informação disponível em:<http://intranet.polmil.sp.gov.br/organizacao/ unidades/cpamb/ intranet/ index.asp?pg=mpatua>. Acesso em: 19 maio 2009.
29
O 1º Batalhão de Polícia Ambiental, sediado na Capital, possui 5
Companhias e 17 Pelotões, distribuídos nos municípios de São Paulo (04 Pelotões),
Barueri, São Bernardo do Campo, Itapecerica da Serra, Sorocaba, Botucatu,
Itapetininga, Campinas, Atibaia, Jundiaí, Araras, São João da Boa Vista, Rio Claro e
Mogi das Cruzes.
Figura 2 Organograma do 1º BPAmb.
O 2º Batalhão de Polícia Ambiental, sediado em Birigui, possui 04
Companhias e 09 Pelotões, localizados nos municípios de Araçatuba, Castilho,
Bauru, Barra Bonita, Presidente Prudente, Dracena, Teodoro Sampaio, Marília e
Assis.
Figura 3 Organograma do 2º BPAmb.
O 3º Batalhão de Polícia Ambiental está sediado na cidade do Guarujá. A
unidade possui 04 Companhias e 16 Pelotões, que estão localizados nos municípios
de Guarujá (02 Pelotões), Itanhaém, Peruíbe, Registro, Jacupiranga, Iguape,
Cananéia, Apiaí, Caraguatatuba (02 Pelotões), Ubatuba, São Sebastião, Taubaté,
Cruzeiro e São José dos Campos.
1º BPAmb
São Paulo
1ª Cia P Amb
São Paulo
2ª Cia P Amb
São Paulo
3ª Cia P Amb
Sorocaba
4ª Cia P Amb
Campinas
02 Pelotões 03 Pelotões
03 Pelotões
06 Pelotões
5ª Cia P Amb
São Paulo
02 Pelotões
2º BPAmb
Birigui
1ª Cia P Amb
Birigui
2ª Cia P Amb
Bauru
3ª Cia P Amb
Pres. Prudente
4ª Cia P Amb
Marília
02 Pelotões 02 Pelotões
03 Pelotões
02 Pelotões
30
Figura 4 Organograma do 3º BPAmb.
O 4º Batalhão de Polícia Ambiental está sediado em São José do Rio Preto
e sua estrutura é composta de 04 Companhias e 08 Pelotões, localizados nos
municípios de São José do Rio Preto, Catanduva, Fernandópolis, Jales, Franca,
Barretos, Ribeirão Preto e Araraquara.
Figura 5 Organograma do 4º BPAmb.
O efetivo de policiais militares para desempenhar as atividades de
Policiamento Ambiental no Estado está previsto nos Quadros Particulares de
Organização (QPO), definidos através da Portaria do Cmt G PM3-004/01/09, de 08
de abril de 2009, assinada pelo Comandante-Geral da Polícia Militar do Estado de
São Paulo.
Por meio da Resolução Conjunta SSP/SMA Nº 03, de 11 de agosto de 1997,
foi estabelecida a cooperação mútua entre a Secretaria da Segurança Pública (SSP)
e a Secretaria do Meio Ambiente, com a finalidade de coibir as infrações contra o
meio ambiente no Estado de São Paulo.
Para este mister, a SSP disponibiliza recursos humanos, armamento e
munição à SMA, que se encarrega de prover os demais recursos orçamentários
destinados a suprir as necessidades do Comando de Policiamento Ambiental e de
suas OPM subordinadas.
Atualmente os recursos humanos e materiais do Policiamento Ambiental,
distribuídos no Comando de Policiamento Ambiental e nas suas unidades
4º BPAmb
São José Rio Preto
1ª Cia P Amb
São José Rio Preto
2ª Cia P Amb
Fernandópolis
3ª Cia P Amb
Franca
4ª Cia P Amb
Ribeirão Preto
02 Pelotões 02 Pelotões
02 Pelotões
02 Pelotões
3º BPAmb
Guarujá
1ª Cia P Amb
Guarujá
2ª Cia P Amb
Registro
3ª Cia P Amb
Caraguatatuba
4ª Cia P Amb
Taubaté
04 Pelotões 05 Pelotões
04 Pelotões
03 Pelotões
31
subordinadas, espalhadas por todo o Estado de São Paulo, estão dispostos
conforme mostra a Tabela abaixo.
Tabela 1 Recursos humanos e materiais do Policiamento Ambiental
Efetivo Vtr 4 rodas Vtr 2 rodas Embarcações Motores de
popa Carretas para embarcações
Unidade
Fixado
Existente SSP SMA SSP SMA SSP SMA SSP SMA SSP SMA
CPAmb 74 82 8 11 1 2
1º BPAmb 740 701 96 110 10 37 7 41 6 30 38
2º BPAmb 446 400 58 45 7 10 37 23 24 1 33
3º BPAmb 679 628 50 122 20 4 49 3 50 32
4º BPAmb 460 435 64 48 12 9 29 12 24 28
Total 2.399 2.407 276 336 11 78 30 156 44 128 1 131 Fonte: Portaria do Cmt G nº PM3-004/01/09, de 08 de abril de 2009 e dados da Seção Administrativa de Subfrota e de Pessoal - CPAmb.
2.3 Formas e critérios para emprego operacional
O Comando de Policiamento Ambiental e suas unidades subordinadas, que
integram o rol das chamadas unidades especializadas, são Órgãos Especiais de
Execução da Polícia Militar do Estado de São Paulo. As formas e critérios para o seu
emprego operacional obedecem ao disposto na Diretriz Nº PM3-008/02/06, de 01 de
agosto de 2006, que estabelece as Normas para o Sistema Operacional de
Policiamento (NORSOP).
A finalidade da citada Diretriz é a de “normalizar as atividades dos Órgãos
de Execução (Territoriais) e, supletivamente, dos Especiais de Execução da Polícia
Militar do Estado de São Paulo”. É uma norma geral ampla, doutrinária e balizadora
que estabelece conceitos básicos que disciplinam o funcionamento e operação das
unidades territoriais e das especializadas, inserindo-as num sistema operacional
único.
Este sistema tem como filosofia básica:
32
� Polícia Comunitária: uma filosofia e estratégia organizacional que
deve permear todos os níveis e ser absorvida por todos os integrantes da
instituição, fazendo com que ela se aproxime da comunidade, obtendo
dela apoio na preservação da ordem pública. As ações da Polícia
Ambiental pautam-se nesta filosofia para a preservação não só da ordem
pública como também da ordem ambiental11. Neste contexto é de suma
importância a participação das forças sociais.
� Compromisso de atuação profissional: na execução de suas
atividades os policiais militares devem agir estritamente de acordo com os
parâmetros legais, garantindo e respeitando os direitos e a dignidade da
pessoa humana.
� Ênfase à ação preventiva: é inegável que a presença do policiamento
por si só tem um cunho preventivo, mas outras ações são realizadas pela
Polícia Ambiental com esse fim, como por exemplo, uma extensa gama de
atividades de educação ambiental em todo o Estado, através de diversos
programas educacionais e campanhas, palestras e no próprio dia-a-dia,
durante o serviço operacional.
� Busca da gestão pela qualidade: a busca da excelência na prestação
de serviços é uma constante no Policiamento Ambiental. Suas unidades,
alinhadas ao Planejamento Estratégico do Comando da Corporação, têm
participado e obtido certificação tanto no Prêmio Paulista como no Prêmio
Polícia Militar da Qualidade, adotando o Modelo de Excelência da Gestão,
visando o aprimoramento de suas práticas.
Portanto, segundo as NORSOP, as unidades do Policiamento Ambiental
devem realizar o Policiamento Ostensivo Ambiental, que é “o policiamento ostensivo
executado para a preservação da ordem pública em ações relacionadas com a
salvaguarda dos recursos naturais do Estado e pela prevenção e repressão das
infrações cometidas contra o meio ambiente.”
Esta atividade é realizada mediante o emprego de patrulhas ambientais, que
são frações elementares de efetivo responsáveis pela execução das ações de
policiamento ostensivo ambiental e também de patrulhamento rural, num
_____________ 11 “Ordem Ambiental é o estado de equilíbrio entre os seres vivos e seu meio, que salvaguarde a vida em todas as formas e sua qualidade, a salubridade, a segurança, bem como a dignidade da vida humana”. (MELE, 2004, p. 20).
33
determinado espaço físico. As patrulhas podem atuar isoladamente ou em conjunto
com outras patrulhas, como por exemplo, em operações.
Segundo Mele (2006) em seu Manual de Fiscalização dos Recursos
Naturais, são seis as modalidades de patrulha ambiental, a saber: unitária, básica,
reforçada, extraordinária, embarcada e aérea.
Para estabelecer critérios de emprego operacional não só para o
Policiamento Ambiental como para a Polícia Militar em geral, um elemento essencial
é a informação. O sistema depende de informações administrativas e principalmente
das de natureza policial. Sem um adequado planejamento não é possível empregar
as forças no momento e no lugar onde são necessárias. Assim o sistema policial
carece de um constante monitoramento dos fenômenos criminais, preferencialmente
com o emprego de tecnologias informatizadas para subsidiar o planejamento das
ações de polícia ostensiva, visando principalmente a prevenção.
Nesse sentido, além de alguns sistemas inteligentes disponibilizados pela
Polícia Militar, as unidades do Policiamento Ambiental contam com o Sistema de
Administração Ambiental (SAA), um sistema de banco de dados administrativos e
operacionais para gerenciamento da atividade de Policiamento Ambiental e que
necessita de interligação com o Sistema de Informações da PMESP.
De acordo com a NORSOP, a “atividade operacional depende da
distribuição dos meios no território, de maneira a propiciar o mais alto grau de
eficiência e eficácia possível na execução dos Programas de Policiamento12 e
prestação de serviços à população.” Para atingir esse objetivo são necessários dois
mecanismos de controle: o Plano de Policiamento Inteligente (PPI)13 e os Cartões de
Prioridade de Patrulhamento (CPP).
Porém, o PPI e, por conseguinte o CPP, ainda não foram implantados no
âmbito do Policiamento Ambiental, carecendo tal segmento especializado de
policiamento de mecanismos de controle que garantam a eficiência e eficácia de
seus serviços. Daí a importância em se adotar um modelo de gestão ambiental que
_____________ 12 São subdivisões dos tipos de policiamento ostensivo voltados para determinados objetivos, constituídos por conjuntos de diretrizes e projetos de implantação duradoura, ajustáveis ao longo do tempo, que traduzem a estratégia operacional da Instituição, melhora os padrões de execução e facilita o planejamento orçamentário para sua manutenção (NORSOP, 2006, p. 10). 13 Plano semanal feito com base nas informações fornecidas pelos sistemas inteligentes e outras fontes peculiares da área, composto pelos CPP e pelas operações a serem desenvolvidas, visando obter a melhor distribuição das patrulhas no território e proporcionar maior eficácia e eficiência dos programas de policiamento. (NORSOP, 2006, p. 20).
34
propicie este controle do espaço territorial sob a responsabilidade das unidades de
Policiamento Ambiental, ou seja, a gestão ambiental mediante o mapeamento
georreferenciado das microbacias hidrográficas.
Apesar desta característica, o Policiamento Ambiental segue o Sistema de
Gestão da Polícia Militar do Estado de São Paulo (GESPOL), pautando suas ações,
como já citado anteriormente, nos princípios de Polícia Comunitária e Gestão pela
Qualidade, bem como na defesa dos Direitos Humanos das presentes e futuras
gerações, de acordo com os preceitos de Diniz e Mello (2008)14.
2.4 Competência
Uma das ordens constitucionais para o Poder Público e para a coletividade é
a de preservar e defender o meio ambiente, contudo, não obstante o particular estar
arrolado como ator direto responsável por essa tarefa, impôs-se ao Estado a
incumbência efetiva de protegê-lo. A Constituição Federal adotou o princípio da
indisponibilidade do interesse público na proteção do meio ambiente, pois em seu
art. 225, § 1o e incisos, indicou ao Poder Público as formas pelas quais se aterá para
assegurar a todos o direito de usufruir de um meio ambiente ecologicamente
equilibrado, conforme abaixo:
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;
_____________ 14 Informação disponível em <http://organização/unidades/6empm>. Acesso em 07 maio 2009.
35
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.
No discurso de Gomes (1999), o princípio da indisponibilidade do interesse
público na proteção do meio ambiente “decorre da atribuição de uma qualidade
pública de uso comum do povo para o bem ambiental”. Pode-se dizer de forma
diferente que a indisponibilidade é extraída da natureza pública. Conclui o autor
ainda que “[...] o princípio da indisponibilidade nada mais é que corolário lógico da
supremacia do interesse público”.15
O Poder Público, através de sua administração direta, por conseguinte,
deverá munir-se de mecanismos que propiciem a efetiva observação das obrigações
elencadas na Lei Maior, sob pena de perecer um bem juridicamente tutelado. Nota-
se que apesar de a coletividade e o Poder Público terem o compromisso de
defenderem o meio ambiente, a Constituição elencou apenas as pertinentes ações
deste último, o que denota o caráter indissociável entre Proteção Ambiental versus
Poder Público.
Ao afirmar, por exemplo, que o Poder Público protegerá a fauna e a flora, a
Constituição acabou por exigir que se criem maneiras e formas de impedir que estes
bens sucumbam.
Na verdade, antes mesmo da promulgação da Constituição Federal de 1988,
o Poder Público já dispunha de um sistema de proteção ao meio ambiente, cuja
base legal consubstanciava-se na Lei 6.938/81, que dispõe acerca da Política
Nacional do Meio Ambiente. Esta lei faz nascer o Sistema Nacional do Meio
Ambiente (SISNAMA), que se constitui de órgãos e entidades da União, dos
Estados, do Distrito Federal, dos Territórios, dos Municípios e das fundações que o
Poder Público instituir. Os órgãos estaduais que têm por fim, dentre outros, a
fiscalização de atividades degradadoras, foram denominados de seccionais.
Neste contexto, insere-se a Polícia Militar do Estado de São Paulo, órgão,
afora outros, responsável não só pela preservação da ordem pública como também
pela proteção ambiental, cuja competência e o poder de polícia para esse mister,
nas palavras de Mele (2004), desde 1969 já era garantido pelo Decreto-Lei nº
_____________ 15 Informação disponível em: < http: //www.buscalegis.ufsc.br /revistas/ index.php /buscalegis /article /view/ 26585/26148 >. Acesso em: 07 maio 09.
36
667/69, regulamentado pelo Decreto nº 88.777/83, “que previu às polícias militares a
execução com exclusividade do policiamento ostensivo e como uma das
modalidades de Policiamento o Florestal e de Mananciais”. (grifo do autor).
O citado dispositivo legal assim previa:
Artigo 2º - Compete à Polícia Militar: I – Executar com exclusividade, ressalvadas as missões peculiares das Forças Armadas, o policiamento ostensivo fardado, planejado pelas autoridades policiais competentes, conceituadas na legislação federal pertinente, a fim de assegurar o cumprimento da lei, a manutenção da ordem pública e o exercício dos poderes constituídos; Artigo 3º - Entende-se por policiamento ostensivo a ação policial em cujo emprego o homem ou a fração de tropa engajadas sejam identificados de imediato quer pela farda quer pelo equipamento, quer pelo armamento ou viatura. Parágrafo único – O policiamento ostensivo será executado no território estadual nas seguintes atividades de segurança: 1 - ... 2 - ... 3 - ... 10 – florestal e de mananciais; [...]. (MELE, 2004, p.27).
Mas se ante a Constituição Federal, para correlacionar a Polícia Militar do
Estado de São Paulo à defesa do meio ambiente foi necessário o amparo jurídico-
doutrinário, o mesmo não acontece com relação à Constituição Paulista, porque esta
atribuiu competência à Polícia Militar e de forma específica ao Policiamento Florestal
e de Mananciais, em seu artigo 195, que dispõe:
Artigo 195 - As condutas e atividades lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, com aplicação de multas diárias e progressivas no caso de continuidade da infração ou reincidência, incluídas a redução do nível de atividade e a interdição, independentemente da obrigação dos infratores de reparação aos danos causados. Parágrafo único - O sistema de proteção e desenvolvimento do meio ambiente será integrado pela Polícia Militar, mediante suas unidades de policiamento florestal e de mananciais, incumbidas da prevenção e repressão das infrações cometidas contra o meio ambiente, sem prejuízo dos corpos de fiscalização dos demais órgãos especializados. (grifo nosso).
Aqui, a determinação à Polícia Militar do Estado de São Paulo para proteger
o meio ambiente é expressa, emanada implicitamente da Carta Maior. O texto
constitucional bandeirante é límpido em impor à Polícia Militar, através da hoje
Polícia Ambiental, a obrigação de fazer valer o meio ambiente ecologicamente
equilibrado. Se da Constituição Federal o dever supra evidenciava-se ao amparo da
interpretação, da Estadual ele aflora da menção literal, expressamente.
Por derradeiro, a Polícia Militar do Estado de São Paulo, através das
unidades de Policiamento Ambiental, consolida-se como órgão seccional do
SISNAMA, instituído pela Lei Federal 6.938/81, com o sacramento das Constituições
37
Federal e Estadual e, portanto, com plena competência para exercer o poder de
polícia de segurança pública e de segurança ambiental.
2.5 Geoprocessamento e mapeamento no Policiamento Ambiental do Estado de
São Paulo
De acordo com pesquisa realizada no âmbito do Policiamento Ambiental, por
meio de correio eletrônico, sendo cada unidade subordinada consultada a respeito
de atividades envolvendo geoprocessamento e mapeamento, a fim de comprovar as
ações nesta área, foram verificadas diversas iniciativas de cunho local.
No 1º BPAmb, em meados de 2006, por iniciativa do oficial da Seção de
Operações, teve início um trabalho com imagens de satélite, que consistia em
georreferenciar as ocorrências atendidas pelas patrulhas com GPS e sobrepor os
dados de infrações contra a flora nas imagens, tentando diagnosticar a incidência
das infrações e suas proporções. No entanto, tais dados não chegaram a ser
disponibilizados aos Comandantes de Pelotão, de forma a subsidiar a fiscalização e,
por problemas desconhecidos, o trabalho não prosseguiu.
Atualmente, na 1ª Cia do 1º BPAmb, as ocorrências atendidas continuam
sendo georreferenciadas com GPS, a fim de melhor identificar os locais fiscalizados
e, nas infrações contra a flora em que há a necessidade de um trabalho mais
elaborado para identificar a extensão da degradação e sua dinâmica, utiliza-se o
apoio da equipes técnicas da Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais
(CBRN), combinando os dados com imagens do sistema Google Earth e Maps,
disponíveis na internet.
No 2º BPAmb, mais precisamente na 1ª Cia, os Boletins de
Ocorrência/Polícia Ambiental (BO/PAmb), Termos Circunstanciados (TC) e
Relatórios de Serviço Motorizado (RSM) estão constituídos de forma a permitirem a
inserção de informações (coordenadas geográficas) de localização, coletadas com
aparelhos GPS.
Tais dados são lançados no Sistema de Administração Ambiental (SAA) e
são compatibilizados com as informações qualitativas e quantitativas do Programa
Spring (software livre de georreferenciamento, desenvolvido pelo INPE).
38
Com a implementação do Spring como ferramenta de gestão destinada ao
planejamento operacional, houve a necessidade de ser produzido um Banco de
Imagens de Satélite, Mapas Digitais e Fotos Aéreas, sendo as imagens de satélite
obtidas junto ao INPE, em abril de 2009.
As imagens são relativas a seis cenas que cobrem a área geográfica de
atuação da Companhia e foram geradas semestralmente a partir de 2004, uma vez
que administrativamente o prazo para a adoção de eventuais providências
administrativas é de cinco anos.
Elas estão sendo utilizadas para a verificação de áreas degradas, mediante
a sobreposição de imagens, identificação e detalhamento de locais de risco e/ou
incidência criminosa (integração de informações do SAA), instrumento de prova,
dentre outras aplicações.
No 3º BPAmb, por ocasião do Projeto de Preservação de Mata Atlântica, foi
iniciado um sistema de monitoramento denominado inicialmente de SIGMA (Sistema
de Informações Gerenciais da Mata Atlântica ) com o desenvolvimento de fotografias
aéreas de toda a área do Batalhão e o desenvolvimento de camadas (layers) para
cada demanda: rios, morros, nascentes, pontes, etc. Infelizmente, por falta de
recursos, o programa não chegou ao seu objetivo final, que era dotar o Policiamento
Ambiental e a Fundação Florestal de uma ferramenta efetiva e permanente.
Com o projeto foram adquiridos equipamentos como GPS e impressora
Plotter para impressão de grandes mapas. O Batalhão possui aerofotos de toda a
área do litoral e, mediante uma parceria com a Universidade Estadual Paulista
(UNESP), tais imagens estão sendo atualizadas. Todos os pontos fiscalizados pelas
patrulhas ambientais são georreferenciados e lançados nos Boletins de Ocorrência.
No 4º BPAmb, a 1ª e 2ª Companhias trabalham com o mapeamento
georreferenciado de microbacias, utilizando-o para gerir a sua área de atuação.
Na 3ª Companhia existe um projeto em fase final de elaboração, mais
precisamente na área do 1º Pelotão, em Franca. Esse Projeto teve início em 2006 e
sua finalidade é a produção de mapas temáticos de Áreas de Preservação
Permanente (APP), de redes de drenagem, de uso de solo e de vegetação,
permitindo a análise dos recursos naturais por meio de comparação histórica e
espacial de imagens ou fotografias aéreas, antigas e atuais. Neste trabalho são
utilizados um escâner de grande formato, fotos aéreas, computadores desktop,
notebooks, GPS e softwares Mapsource e Autocad.
39
Além dessas ações, desde 2005, em conjunto com o Ministério Público de
Franca, está em desenvolvimento um trabalho de mapeamento dos locais de
infração e georreferenciamento das APP do Rio Canoas.
No caso da 4ª Companhia, desde 2007, são elaborados roteiros e croqui de
áreas degradadas, através da transferência de dados coletados com GPS e
descarregados no software Geoffice GPS. Isto permite a manipulação destes dados,
correções necessárias e comparações, sobrepondo mapas, imagens aéreas ou de
satélite.
A ferramenta é útil, pois carece de pouco tempo de treinamento e de
elaboração dos trabalhos, o que facilita a sua operação, sem tomar mais tempo do
que o necessário para a própria elaboração dos registros diários. O software está
implantado em toda a Companhia, devidamente licenciado e a baixo custo.
O treinamento do pessoal acontece anualmente, junto à UNESP de
Jaboticabal e também de forma contínua pela empresa fabricante do programa,
gerando troca de tecnologia face às necessidades criadas e sentidas pelos policiais.
As principais dificuldades são a aquisição de novos softwares e hardware que
comportem a tecnologia.
O próximo passo será a criação do banco de dados, que ainda está em fase
de estudo para formação e formatação, mudando a visão meramente espacial para
quantitativa, qualitativa e analítica.
Como pode ser verificado, várias são as iniciativas no âmbito do
Policiamento Ambiental, o que facilitará a adoção do modelo de gestão proposto,
aproveitando não só os equipamentos como principalmente o conhecimento obtido
na realização das citadas iniciativas.
40
3 Gestão Ambiental de Microbacias no Policiamento de Segurança
Ambiental
3.1 Por que a microbacia
A adoção da microbacia hidrográfica (MBH) como unidade básica de gestão,
segundo Ryff (1995), abrange vários aspectos relevantes quanto à metodologia,
dentre os quais o autor destaca:
O primeiro diz respeito ao planejamento, sendo as microbacias reconhecidas como unidades de planejamento, intervenção e monitoramento, onde se conseguem reduzir as variáveis ambientais, sociais e econômicas, permitindo um trabalho mais factível e eficiente. Não estamos falando aqui de uma minimização de foco que leve a uma política estrábica, mas sim de um equilíbrio entre o gigantismo de uma bacia hidrográfica e a dimensão individualizada e reduzida de uma propriedade rural. Do ponto de vista físico é uma unidade geográfica delimitada por uma rede de drenagem (córregos) que deságua em um rio principal. Se ficarmos adstritos somente ao aspecto geográfico, a microbacia não se diferencia da definição de bacia hidrográfica, podendo até ser classificada como uma pequena bacia. A questão é que a microbacia está associada à realização de programas de desenvolvimento sustentável, tendo como beneficiários diretos comunidades rurais. Esta unidade geográfica consubstanciou tais programas, inicialmente idealizados por técnicos da extensão rural pública do Paraná, nos idos de 1978. Um dos fatores motivadores foi a dificuldade de se planejar a intervenção em bacias hidrográficas, com toda a sua complexidade e infinitas variáveis sócio-econômicas e ambientais. Assim, os programas de microbacias nasceram se contrapondo ao gigantismo da bacia, já naquela época preocupados em solucionar a crescente degradação das terras e a conservação. (grifo nosso).16 [...] são de várias ordens as vantagens que as MBH oferecem, tais como: "[...] a possibilidade de proceder ao planejamento e à administração adequados e integrados dos recursos naturais de solos e águas"; "[...] a existência de condições geográficas e sociais favoráveis à organização comunitária". A "[...] escala dos problemas de natureza ambiental [...] supera a dimensão do estabelecimento individual, tornando necessária a ação coletiva e articulada em torno de objetivos precisos"; "[...] finalmente, a atuação do poder público ganha sinergia quando é exercida de forma
_____________ 16 Informação disponível em: <http://planetaorganico.com.br/entrev-microbacia.htm> Acesso em: 18 maio 2009.
41
concentrada e articulada, e a microbacia oferece o cenário ambiental apropriado.” (RYFF, 1995 apud FLEISCHFRESSER, 1999, p. 64) 17
De acordo com o citado acima, a microbacia hidrográfica (MBH) foi definida
no Estado de São Paulo como unidade de planejamento e intervenção, pelo Decreto
nº 27.329, de 03 de setembro de 1987, que instituiu o Programa Estadual de
Microbacias Hidrográficas (PEMBH). Este Decreto delegou a supervisão a uma
comissão composta por representantes das Secretarias da Agricultura, de Obras, de
Economia e Planejamento, do Meio Ambiente e do Interior e de um membro do
Ministério da Agricultura, demonstrando preocupação em garantir uma gestão
integrada, como deve ser.
Lanna (1995), dentre os instrumentos de uso mais comum para uma gestão
ambiental adequada, aborda o Gerenciamento de Bacia Hidrográfica (GBH),
definindo-o como sendo o “instrumento que orienta o poder público e a sociedade,
no longo prazo, na utilização e monitoramento dos recursos ambientais”. Visando
promover o desenvolvimento sustentável, o manejo de uma microbacia deve ser
feito considerando-se a bacia hidrográfica como um todo. O autor ainda afirma:
O manejo de microbacias hidrográficas visa promover a proteção de água, solo e outros recursos ambientais, essenciais à sustentabilidade da atividade econômica, ao controle da degradação ambiental local e à jusante da microbacia e à eqüidade social. Desenvolveu-se historicamente a partir de medidas reativas a situações de degradação ambiental, verificadas em bacias hidrográficas intensamente explotadas pela agricultura. As técnicas e métodos já desenvolvidos pelos programas de manejo têm sido importantes na estratégia (reativa) de recuperação ambiental e (proativa) de desenvolvimento de qualquer bacia hidrográfica. Sua característica principal é a participação dinâmica e efetiva da comunidade nas decisões voltadas ao estabelecimento do programa de manejo e à sua implementação. A atuação espacialmente mais localizada permite tratar, com um grau de aprofundamento e especificidade bastante razoável, problemas econômicos, sociais e ecológicos comuns a uma determinada comunidade [...] (LANNA, 1995, p. 52, grifo nosso). 18
Veja-se, por exemplo, que de pouca valia seria a ação pontual de uma
fiscalização em um manancial com a intenção de obstar a captação irregular de suas
águas, se no mesmo curso d’água existissem outros tantos pontos com bombas de
sucção. Salutar que o policiamento fosse destinado primeiramente a diagnosticar o
manancial, por que não a microbacia e, após, dentre as ferramentas de coerção que
_____________ 17 Informação disponível em: <http://www.ipardes.gov.br/webisis.docs/tese_vanessa _fleischfresser. pdf >. Acesso em: 18 maio 2009. 18 Informação disponível em: <http://www.tecnologiasambientais>. Acesso em: 18 maio 2009.
42
estivessem a sua mercê, escolhesse a que melhor se ajustasse à situação
encontrada, para, somente então, agir.
Desta forma, para uma gestão ambiental eficiente, parte-se do pressuposto
de que o planejamento e a implantação das práticas conservacionistas devem levar
em consideração o contexto da microbacia como um todo e não as propriedades
isoladas, daí a importância da adoção desta unidade de gestão.
Lanna (1995) deixa claro que a gestão aplicada a um espaço mais
localizado, permite tratar de forma mais específica os problemas comuns àquela
comunidade, sejam eles sociais, econômicos ou ecológicos.
3.2 Diagnóstico, mapeamento e criação de banco de dados
Visto que a Microbacia Hidrográfica é a unidade básica de gestão adotada
para o modelo de gestão proposto neste trabalho, conforme exposto acima, o
primeiro passo para se iniciar o trabalho de gestão é proceder ao diagnóstico da
microbacia escolhida, que vai ser conseguido através do mapeamento
georreferenciado e que culminará na criação do banco de dados.
O diagnóstico nada mais é do que a identificação da vulnerabilidade da
microbacia em relação à vegetação, solos, qualidade da água, declividade, áreas de
preservação permanente, presença de ecossistemas críticos ou unidades de
conservação, pressão decorrente de expansão urbana e níveis de pressão antrópica
sobre a base de recursos naturais.
Para a escolha da microbacia a ser inicialmente mapeada devem ser
levados em consideração fatores prioritários, como sua importância para o
abastecimento de água da população urbana e rural, utilização de APP por culturas,
ocupação por imóveis urbanos, grande incidência de erosão e outros julgados
relevantes.
O trabalho tem início com as patrulhas ambientais indo a campo e
percorrendo toda a extensão da microbacia, visitando cada propriedade a fim de
coletar os dados necessários para fornecer um diagnóstico ambiental global, como
por exemplo, o total de nascentes que formam o manancial, a extensão das APP, a
situação dessas áreas, verificação de atividades antrópicas, como a presença de
43
culturas, ocupação por imóveis, gado, situação da vegetação, canalização de
nascentes, captações, etc., sempre sob os aspectos quantitativos e qualitativos.
Para este levantamento são utilizados alguns equipamentos fundamentais
como GPS, câmeras fotográficas digitais, computadores portáteis tipo notebook e
trenas. Feitas as medições e o levantamento fotográfico, os dados coletados pelos
GPS e pelas câmeras são transferidos para os computadores, ficando armazenados
até a chegada no laboratório (Base da Polícia Ambiental), onde alimentam o banco
de dados e são processados para a geração dos mapas.
Os mapas são produzidos a partir dos dados georreferenciados coletados,
utilizando-se programas de computador, como o Autocad19, e posteriormente
impressos em impressoras plotter, destinadas a imprimir desenhos em grandes
dimensões, com alta precisão e qualidade. Neles serão contempladas todas as
informações de interesse ambiental coletadas, as quais serão analisadas para o
perfeito diagnóstico da microbacia.
Feito então o diagnóstico com base nos mapas produzidos durante o
mapeamento georreferenciado, é o momento de se estabelecer quais serão as
ações que deverão ser levadas a efeito para sanar as irregularidades encontradas,
visando cessá-las de imediato e proceder à recuperação ambiental dos danos
causados.
Quanto à criação de banco de dados, o ideal é que seja criado e mantido um
banco de dados único em nível de Batalhão e outro em nível de Comando de
Policiamento Ambiental, congregando todas as informações regionais dos bancos de
dados dos Batalhões e que subsidiarão a gestão integrada em nível regional e
estadual. Esta gestão poderá ser também integrada com outras instituições ou
órgãos componentes do SISNAMA, em nível federal ou estadual, a critério do
CPAmb.
_____________ 19 AutoCAD é um software do tipo CAD (Computer Aided Design, que significa desenho auxiliado por computador).
44
3.3 Estabelecimento de ações com base na análise do diagnóstico da área
O diagnóstico da microbacia é fundamental para a tomada de decisões
acerca do que deve ser feito. Por exemplo, se forem diagnosticadas ações
antrópicas, como o uso da APP para pastagem de bovinos, o gado deve ser
imediatamente retirado e a área devidamente cercada, pois tal ação impede a
regeneração da vegetação que ali deve existir e que serve de proteção ao curso
d’água. Se as APP não possuem cobertura vegetal, o reflorestamento dessas áreas
será imprescindível. Se a erosão está comprometendo o solo é natural que este
problema também deva ser corrigido.
Desta forma, todas as informações levantadas no mapeamento
georreferenciado da microbacia devem ser contempladas para o estabelecimento de
ações a serem levadas a efeito, quer seja pela Polícia Ambiental, quer seja pelas
forças sociais presentes na região e que tenham responsabilidade, como órgãos
públicos federais, estaduais e municipais, ONG, proprietários rurais e também a
comunidade local.
Ainda que a microbacia hidrográfica seja a menor célula e que melhor se
destina a uma eficiente gestão ambiental, as ações de recuperação deverão ser
implementadas por etapas, dividindo-se a microbacia em quadrantes para facilitar o
controle, dada a sua dimensão.
3.4 Envolvimento das forças sociais
Estabelecidas as ações que serão realizadas para a recuperação da
microbacia, torna-se fundamental para o sucesso da gestão a participação de todas
as forças sociais presentes na área em questão.
Como visto acima, as forças sociais presentes na área de uma microbacia
são compostas por um grande número de órgãos. Podemos citar, além do
Policiamento Ambiental, o Poder Judiciário, o Ministério Público, a Companhia
Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), a CBRN, a Coordenadoria de
Assistência Técnica Integral (CATI), o Escritório de Defesa Agropecuária (EDA), o
Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), as
45
prefeituras municipais e suas secretarias de meio ambiente, as autarquias
municipais, as universidades, ONG, proprietários rurais, sindicatos, clubes de serviço
e também as associações de bairros da comunidade.
Todas as forças devem ser mobilizadas e chamadas à participação nas
ações a serem realizadas, pois não só têm parcela de responsabilidade no processo,
como também são os principais interessados nos bens ambientais da área em
questão.
O envolvimento de tais forças deve ser conseguido mediante a realização de
reuniões, nas quais serão explicadas todas as peculiaridades encontradas desde o
diagnóstico da microbacia até as ações que deverão ser levadas a efeito, buscando
despertar os participantes para a importância que cada um terá no processo. Tudo
deve ser formalizado em ofícios e atas.
Por fim, todos os proprietários rurais da microbacia devem ser envolvidos no
processo e devidamente orientados sobre as ações que serão realizadas e sua
justificativa, visando não só a sua mobilização como também a conscientização para
o problema.
O que se busca não é deixar de lado o ordenamento jurídico ambiental, mas
sim o estabelecimento de ações conjuntas e imediatas, as quais resultarão
efetivamente na recuperação da área com mais celeridade e sem desgaste, tanto
para aqueles que estão no pólo ativo como principalmente no passivo.
Sem dúvida alguma é muito mais interessante fazer cessar a infração
ambiental e iniciar, de imediato, a recuperação do meio ambiente sem aplicar sequer
uma multa, evitando a confecção de um Auto de Infração Ambiental (AIA) ou Termo
Circunstanciado (TC), tudo isso ainda com a colaboração e parceria das forças
sociais, principalmente com o prévio aval do Ministério Público, através da
Promotoria do Meio Ambiente. Além do que a ação é global e não pontual, dando
igual tratamento a todos os envolvidos que estejam nas mesmas condições.
Deve ficar claro que este modelo de gestão prioriza a prevenção e, ainda
que esta seja a prioridade, nos casos em que isso não seja possível, serão lavrados
os autos competentes e adotadas todas as medidas que a lei determina.
46
3.5 Monitoramento do processo
Assim que as ações começarem a ser levadas a efeito pelas forças sociais,
tudo o que for feito deverá ser monitorado, principalmente quanto à recuperação da
área, visando garantir que os objetivos propostos e conjuntamente firmados pelos
participantes sejam plenamente alcançados e a gestão bem sucedida.
O Policiamento Ambiental deverá manter as patrulhas ambientais na área da
microbacia, periodicamente, com o objetivo de fiscalizar o que está sendo feito.
Obviamente outros órgãos também devem fazer o mesmo, cada qual na sua esfera
de atribuição, como a CBRN, o EDA, dentre outros.
Tal fiscalização também poderá ser feita pelo ar, lançando-se mão do
radiopatrulhamento aéreo com o apoio do Grupamento de Radiopatrulha Aérea
(GRPAe) da Polícia Militar, o que otimiza a ação e economiza tempo e meios.
Nesta fase, os mapas georreferenciados da área serão fundamentais para
subsidiar o processo de monitoramento, fornecendo dados que permitem, além da
visualização global da microbacia, acessar os seus pontos mais remotos com grande
facilidade.
3.6 Mapeamento georreferenciado da Microbacia do Rio Preto
As primeiras iniciativas de emprego de geoprocessamento para
mapeamento ambiental de microbacias, utilizando informações georreferenciadas,
começaram a ser feitas em 2003, na 1ª Companhia do 4º Batalhão de Polícia
Ambiental.
Tal atividade visava dar suporte ao planejamento da fiscalização e tinha
como objetivo principal evitar o emprego do policiamento ambiental casuística ou
episodicamente, isto é, aquele que se dá com a simples dispersão dos policiais em
uma área pré-estabelecida como se fossem peças num tabuleiro de xadrez. A partir
daí o diagnóstico dos indicadores ambientais colhidos pelos próprios policiais
passou a ser utilizado como critério para emprego mais eficaz do esforço de
fiscalização.
47
A busca de técnicas de fiscalização que consideram as ferramentas da
gestão ambiental deve ser constante, haja vista que as agressões impostas aos
recursos naturais são manifestas, estão espalhadas por toda a parte e se tomadas
de forma individual não refletirão a problemática, pois serão discutidas apenas e tão
somente como hostilidades ao meio ambiente, camuflando-se a questão ambiental.
Entretanto, no caso da Microbacia do Rio Preto, não foram objeto de análise
as providências que deveriam ser levadas a efeito após o diagnóstico, ou seja, não
se indicou qual o instrumento (Boletim de Ocorrência, Auto de Infração Ambiental,
Termo Circunstanciado, Termo de Ajustamento de Conduta) mais eficaz para o
saneamento do problema instalado, pois vários poderiam ser os fatores que
incidiriam para a tomada de decisão.
Aliás, os meios a serem utilizados para o estanque de uma mesma
problemática ambiental, porém postadas em áreas física, política ou socialmente
distintas dificilmente são os mesmos, vez que as peculiaridades regionais devem ser
guardadas. Por óbvio que o mesmo problema ambiental verificado nas microbacias
hidrográficas das regiões de Ribeirão Preto e do Vale do Ribeira não poderia sofrer
o mesmo tratamento por parte do policiamento de segurança ambiental.
O diagnóstico da microbacia foi feito sob o ponto de vista da vegetação
remanescente e intervenção antrópica, pois muitas eram as reclamações da
comunidade acerca do assoreamento da represa municipal de São José do Rio
Preto, importante manancial de abastecimento da cidade, formada pelas águas do
Rio Preto. Igualmente as opiniões concernentes às causas desse estresse
ambiental: uns diziam ser as obras de ampliação de uma rodovia que transpõe
aquele manancial, outros a devastação da vegetação palustre compositora de sua
mata ciliar. Havia ainda aqueles que afirmavam ser a causa do assoreamento a
ausência de efetiva proteção das nascentes do rio mencionado.
Obviamente, todos esses estresses eram causas passíveis de haverem
ocasionado o assoreamento, porém, uns mais que os outros, devendo ser
considerado, inclusive, o tempo que cada um se impunha ao manancial. Ou melhor,
se a exposição das nascentes perdurou mais que a pontual ampliação da rodovia,
possivelmente aquele estresse tenha sido mais incisivo que este no conseqüente
assoreamento, e assim sucessivamente.
Diante da celeuma de opiniões, com o objetivo de remediar a questão
ambiental que se instalara na represa, a Prefeitura Municipal de São José do Rio
48
Preto procedeu ao desassoreamento do corpo d’água, contudo, o Policiamento
Ambiental tentou buscar a origem da problemática, para, somente após, planejar
ações que pudessem mitigar ou sanear as causas do assoreamento.
Para o mapeamento georreferenciado e diagnóstico da Microbacia
Hidrográfica do Rio Preto, mais especificamente no município de Cedral, foram
empregados aparelhos GPS e softwares específicos para a coleta e processamento
dos dados.
Foram utilizados GPS marca GARMIN, modelos Garmin 12 e Etrex, sendo
os dados descarregados nos softwares Mapsource e, posteriormente, para a
confecção da planta planimétrica, no Autocad, segundo o processo de projeções
para representação gráfica, em UTM (South America 69), em Km, sistema SAD 69
(Meridiano Central 51o), em escala de 1:10.000 e margem de erro de 5 m, em média.
O trabalho pautou-se em demonstrar indicadores ambientais pertinentes a
áreas de preservação permanente e fragmentos florestais, ou seja, revelou as
intervenções antrópicas e a situação da vegetação remanescente, sob o aspecto
quantitativo e qualitativo, da microbacia hidrográfica.
Não foram objeto do diagnóstico as condições do solo das propriedades nem
sua caracterização, o seu grau de degradação, os processos erosivos, a ausência
de terraceamento e nem a qualidade da água.
Tampouco o trabalho absorveu-se em comparar indicadores ambientais
atuais com os do passado, pois pura e simplesmente ateve-se em angariá-los, a fim
de que fossem analisados sob a ótica da Gestão Ambiental.
Classificou-se a vegetação considerando o estatuído no Decreto Federal
750/93, ajustado pela Resolução Conjunta SMA/IBAMA 01, de 17 de fevereiro de
1994, e as áreas de preservação permanente consoante o disposto no Código
Florestal, complementado pelas Resoluções do Conselho Nacional do Meio
Ambiente (CONAMA) 302 e 303, de 20 de março de 2002.
Para a geração dos indicadores ambientais, os policiais percorreram toda a
extensão dos cursos d’água e dos maciços florestais, constatando sempre as
intervenções humanas nessas áreas.
Os dados advindos dos GPS eram transferidos a um computador portátil
(Notebook) instalado no veículo policial, no próprio local onde foram coletados,
conforme a figura 6.
49
Fonte: 4º BPAmb – 1ª Cia P Amb. Figura 6 Policiais transferem dados ambientais durante coleta em campo.
As propriedades foram numeradas na ordem em que se davam as
diligências, sendo anotados em BO/PAmb todos os dados pessoais de cada
proprietário e de suas glebas.
A partir dos indicadores ambientais obtidos, foi possível diagnosticar a
Microbacia Hidrográfica do Rio Preto, mais especificamente as nascentes
formadoras do referido curso d’água, verificando-se que ela é composta, quase na
totalidade, por propriedades rurais pequenas, que têm como atividade produtiva a
pecuária extensiva, ou seja, os animais são soltos nos pastos, limitados apenas por
cercas existentes entre as propriedades rurais.
Constatou-se que nos 2.400 hectares mapeados não existe reserva legal20
averbada e os poucos maciços florestais remanescentes estão nos estágios inicial e
médio de regeneração (Resolução IBAMA/SMA 01/94), considerados fragmentos
florestais.
_____________ 20 “Área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas.” (Lei 4.771,1965).
50
Os dados podem ser observados na Tabela 2.
Tabela 2 Indicadores ambientais da Microbacia do Rio Preto Indicadores Área (ha) Percentual
Área total mapeada 2.400 100 %
Cobertura vegetal 124,2 5,1 %
Área de preservação permanente (APP) 128 5,3 %
Vegetação ciliar (* do total de APP) 19,5 * 15,23 %
Solo hidromórfico (MLS21) 71,8 * 56 %
Pecuária em APP 108,57 * 84,82 %
Fonte: 4º BPAmb - 1ª Cia PAmb.
Analisando os indicadores obtidos, testifica-se que a única intervenção
antrópica é a pecuária, motivadora da degradação, principalmente das áreas de
preservação permanente.
Prova maior desta constatação são os números então elencados: 84,82% da
área que tem o condão de proteger os mananciais está servindo de pastagem para o
gado, restando apenas 15,23% da APP com fragmentos em estágio inicial de
regeneração, pelo menos.
Os animais transpõem as áreas de preservação permanente e o interior dos
maciços florestais, dificultando a regeneração da vegetação existente, muitas vezes
impedindo-a, pois pisoteia e alimenta-se dos vegetais que brotam nesses lugares.
Assim, o solo que permeia as APP fica exposto a processos erosivos e os maciços
florestais sem a vegetação de sub-bosque, que é responsável pelo seu
rejuvenescimento.
Orientado pelo diagnóstico, o Policiamento Ambiental passou então a ser
empregado de maneira inteligente, não mais de forma aleatória, disperso
casualmente.
Isso foi primordial para que os policiais fiscalizassem com um objetivo
bastante claro, evidenciado e previamente discutido, ou seja, devidamente
identificada a problemática ambiental, aquela que exige uma ação mais urgente,
passou-se ao saneamento com o intuito de dissipá-la por completo, não obstante
serem as reparações pontuais em cada propriedade que remediariam a questão
como um todo.
_____________ 21 MLS: Maior Leito Sazonal é o nível mais alto alcançado por ocasião das cheias sazonais do curso d’água, constituído por nascentes, com predominância de solos hidromorfos e vegetação palustre, inaproveitáveis para a agropecuária.
51
A figura 7 mostra o mapa resultante do trabalho de mapeamento
georreferenciado da Microbacia Hidrográfica do Rio Preto.
Fonte: 4º BPAmb – 1ª Cia P Amb. Figura 7 Mapa da Microbacia Hidrográfica do Rio Preto (Escala: 1:10.000).
52
4 A Gestão Ambiental da Microbacia do Córrego Marinheirinho
4.1 Descrição
A Polícia Ambiental, cumprindo com sua missão constitucional e agindo na
esfera de sua competência, vem realizando, desde janeiro de 2008, a gestão
ambiental da Microbacia Hidrográfica do Córrego Marinheirinho, no município de
Votuporanga.
O trabalho foi uma iniciativa do 1º Pelotão da 2ª Companhia do 4º BPAmb
que, com base em outros trabalhos similares ocorridos na área do 4º Batalhão, bem
como em razão do grau de vulnerabilidade da microbacia em questão, decidiu
proceder ao diagnóstico global da área, mediante o mapeamento georreferenciado
da microbacia. A execução está a cargo da Base Operacional de Votuporanga,
pertencente ao referido Pelotão.
As patrulhas ambientais percorrem toda a extensão da microbacia, visitando
as propriedades rurais, coletando dados ambientais que são georreferenciados por
meio de GPS, os quais permitem a confecção de mapas para o diagnóstico
ambiental da área.
Cada propriedade visitada tem seu proprietário qualificado em BO/PAmb,
constando também todos os dados ambientais e cadastrais relevantes, como as
coordenadas geográficas da propriedade, nome, tamanho, atividades econômicas
desenvolvidas, total de APP e qual o tipo de intervenção, tudo devidamente
mensurado. Estes dados são transferidos posteriormente para planilhas e unificados
com os demais dados das outras propriedades.
Tal levantamento veio ao encontro do plano de metas do Batalhão, que
previu a montagem de um banco de dados digital, com base nas plantas
53
georreferenciadas produzidas em razão de infrações que englobem ainda os fatos
de Boletins de Ocorrência, Termos Circunstanciados e Autos de Infração Ambiental.
A escolha da microbacia foi motivada também pela sua importância para o
abastecimento de água do município, que era totalmente proveniente das águas
superficiais da represa da SAEV – Superintendência de Água, Esgotos e Meio
Ambiente de Votuporanga, autarquia municipal responsável pela gestão do referido
abastecimento, do qual depende diretamente uma população de 77.622 habitantes22.
Segundo dados da autarquia, o abastecimento, até 1983, era totalmente
proveniente da represa, quando foi perfurado o primeiro poço artesiano na cidade
para este fim. Em 2003, houve a necessidade de perfurar um novo poço. Atualmente
o abastecimento com as águas da represa não passa de 40%, em razão do
assoreamento do manancial.
O projeto de mapeamento georreferenciado está sendo realizado ao longo
do Córrego Marinheirinho e no entorno deste manancial, a fim de identificar os
afloramentos naturais de águas que constituem as nascentes, os afluentes
formadores do manancial, a quantidade e qualidade da vegetação nativa e seus
estágios de regeneração, pontos críticos, ações antrópicas irregulares, delimitação
das propriedades rurais e outros dados cadastrais e ambientais relevantes da
microbacia ao longo de aproximadamente 20 km de extensão, compreendendo uma
área mapeada de 2.009,04 hectares, na área de atribuição do Comitê de Bacia
Hidrográfica Turvo/Grande (CBHTG).
O trabalho foi transformado em projeto apresentado ao CBHTG, pois está
em conformidade com os objetivos daquele Comitê no item temático “Proteção,
Conservação e Recuperação dos Recursos Hídricos”, com a finalidade de gerar um
estudo sistematizado sobre a Microbacia do Córrego Marinheirinho, que contempla o
reservatório de abastecimento público do município de Votuporanga.
A figura 8 mostra a extensão da microbacia que está sendo trabalhada.
_____________ 22 Informação disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/xtras/pesqmun.php?nomemun= votuporanga>. Acesso em: 05 jun. 2009.
54
Fonte: Google Maps.23 Figura 8 Microbacia do Córrego Marinheirinho, Votuporanga-SP.
O estudo tem como objetivo a identificação dos problemas ambientais
existentes, que servirá para orientar as ações necessárias e futuras propostas de
recuperação da microbacia, mas não ficou restrito apenas aos recursos hídricos,
contemplando o meio ambiente como um todo. Destaca-se ainda a previsão de
liberação de recursos pelo Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FEHIDRO) da
ordem de R$ 58.850,00, a fim de custear os equipamentos necessários para o
mapeamento georreferenciado, conforme a Tabela 3.
_____________ 23 Informação disponível em:<http://maps.google.com.br/maps?f=q&source= s_q&hl= ptBR&q =&vps =1&jsv=160f&sll=4.179186,0.449219&sspn=79.435058,157.5&ie=UTF8&geocode=FQlpyP4dSGQF_Q&split=0>Acesso em: 19 maio 2009.
Foz (Represa SAEV)
Cabeceira
55
Tabela 3 Recursos solicitados ao CBHTG ITEM QUANTIDADE VALOR
UNITÁRIO VALOR TOTAL
Automóvel tipo mini-van, bicombustível, 4 portas, cor branca, capacidade p/ 500 kg de carga útil e bagageiro de 460 litros, sistema de bloqueio de roda para aumento de tração em terrenos acidentados e sistema de suspensão reforçada.
01 R$ 49.000,00 R$ 49.000,00
Grafismo da viatura (colocação de adesivos e letreiros do projeto, alusivo ao convênio CBH-TG).
01 R$ 2.000,00 R$ 2.000,00
Computador CPU Core 2 Duo 2.0 GHz, 4 Gb de RAM, HD 250 Gb, monitor LCD 19”, drive de CD/DVD, mouse e teclado.
01 R$ 1.800,00 R$ 1.800,00
Computador Notebook Core 2 Duo 2.0 GHz, 4 Gb de RAM, HD 250 Gb, monitor 14", drive CD/DVD, mouse e bateria.
01 R$ 2.000,00 R$ 2.000,00
Impressora jato de tinta HP Deskjet 3745. 02 R$ 200,00 R$ 400,00
Câmera fotográfica digital com Cartão de 1 Gb, 8 Megapixels, zoom óptico e bateria.
02 R$ 600,00 R$ 1.200,00
Inversor de tensão elétrica (12v - 110v) 80W. 01 R$ 150,00 R$ 150,00
Case p/ transporte de equipamentos no veículo (notebook, impressora, câmera e GPS).
01 R$ 800,00 R$ 800,00
GPS - Garmin Etrex Vista HCx, com cartão 128mb, cabo de transferência de dados e cabo energia p/ uso em veículos.
02 R$ 750,00 R$ 1.500,00
TOTAL R$ 58.850,00
Fonte: 4º BPAmb - 2ª Cia PAmb - 1º Pelotão.
Os dados precisos servirão de subsídio tanto para o desenvolvimento do
planejamento da atividade de fiscalização do Policiamento Ambiental, como para
apoiar futuras decisões ambientais acerca da gestão sobre a microbacia, estudos e
projetos do Comitê de Bacia Hidrográfica, bem como para os demais atores e
gestores do meio ambiente da região, em especial:
� Comitês de Bacia Hidrográfica;
� Secretaria do Meio Ambiente;
� Secretaria de Recursos Hídricos;
� Secretaria de Agricultura e Abastecimento;
� Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI);
� Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais (CBRN);
� Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis
(IBAMA);
� Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB);
56
� Departamento de Água e Energia Elétrica (DAEE);
� Ministério Público;
� Universidades;
� Prefeituras locais; e
� Proprietários rurais, entre outros.
A inexistência de um trabalho desta natureza na área objeto de estudo até
então dificultava as ações de gestão integrada entre os órgãos responsáveis pela
conservação e recuperação do meio ambiente.
Assim, ao término dos trabalhos, será possível a apresentação detalhada
das condições ambientais desta importante microbacia, fomentando principalmente a
recomposição das matas ciliares, as quais estão, pela visão pragmática da atividade
de Policiamento Ambiental, sendo “estranguladas” entre o plantio agrícola, a
pecuária e a ocupação urbana do solo, que vem promovendo a má conservação
deste, acentuando o processo erosivo potencializado pela diminuta ou inexistente
vegetação nativa ciliar, num processo vicioso de difícil parada.
Ainda que exija rápida intervenção coordenada, as ações somente poderão
ser iniciadas após o real conhecimento da situação do manancial formador da
microbacia e de seu entorno.
Oportuno ressaltar que todas as informações terão base digital, de tal sorte
que permitam uma rápida e fluente captação dos indicadores ambientais, bem como
a sua inclusão em banco de dados centralizado, podendo o acesso ser
disponibilizado aos demais entes interessados nesse inédito levantamento, mediante
prévia deliberação.
4.2 Estrutura
Para a implementação da gestão na Microbacia Hidrográfica do Córrego
Marinheirinho e realização do mapeamento georreferenciado foi disponibilizada a
seguinte estrutura de recursos humanos e materiais:
� 04 policiais militares;
� 01 viatura 04 rodas;
� 03 aparelhos GPS Etrex Garmin Vista HCX ;
57
� 02 câmeras fotográficas digitais;
� 01 computador portátil (notebook);
� 01 computador desktop; e
� 01 impressora plotter.
Desde o início das atividades de levantamento dos indicadores, os policiais
militares trabalharam um total de 2.160 horas, divididos em duas patrulhas com 02
integrantes cada, em regime de escala de 12 X 36 horas, ou seja, um dia sim e o
outro não.
Os turnos de serviço iniciavam-se sempre às 07h00 e terminavam às 19h00,
de forma ininterrupta em todos os dias da semana, inclusive aos sábados, domingos
e feriados.
Foram percorridos em média 20 km por dia, totalizando 3.600 km rodados
durante todo o trabalho de mapeamento.
Os equipamentos utilizados, com exceção da impressora plotter, de
propriedade da SAEV, são todos da Base Operacional de Votuporanga,
comprovando já haver uma estrutura para realizar o trabalho ora proposto,
necessitando apenas de alguns equipamentos para complementá-la.
4.3 Resultados
Como já abordado no Capítulo 3, após o diagnóstico da microbacia e o
estabelecimento de quais ações são necessárias para sanar as eventuais
irregularidades encontradas, busca-se o envolvimento das forças sociais, que será
fundamental para o alcance de resultados positivos.
Antes de dar início à abordagem dos resultados do processo de gestão da
Microbacia do Córrego Marinheirinho, é importante destacar alguns aspectos
daquela microbacia.
Segundo a SAEV, a captação de água para abastecimento varia de 450 a
600 m3/hora e funciona, em média, 21 horas por dia.
O volume de água da represa era de 714.136 m3, mas em decorrência do
assoreamento o potencial de armazenamento caiu para 479.286 m3. A lâmina
58
d’água que era inicialmente de 12 metros de profundidade, hoje não ultrapassa os 3
metros.
De acordo com a autarquia, o maior responsável pelo assoreamento foi o
processo de urbanização ocorrido nos bairros Cosme e Damião, localizados na
cabeceira do manancial.
Os diversos problemas identificados no mapeamento estão destacados no
relatório fotográfico, conforme as figuras 9 e 10.
Vicinais que cortam o manancial com vários pontos de assoreamento.
Pontos de declividade e ausência de vegetação ciliar adequada.
Fonte: 4º BPAmb - 2ª Cia PAmb - 1º Pelotão. Figura 9 Relatório fotográfico da Microbacia do Córrego Marinheirinho.
59
Área urbana próxima do córrego e uso indevido da APP.
Represa de abastecimento: ausência de vegetação ciliar e pontos de APP com pastagem.
Fonte: 4º BPAmb - 2ª Cia PAmb - 1º Pelotão. Figura 10 Relatório fotográfico da Microbacia do Córrego Marinheirinho.
Antes do início do mapeamento da microbacia não se tinha ao certo o
conhecimento de importantes informações ambientais, como o número de nascentes
que formavam o Córrego Marinheirinho e, após o levantamento, foi possível verificar
que ao invés de 17 existem na verdade 37 nascentes. Os indicadores foram
mapeados de janeiro a junho de 2008 e estão dispostos na tabela abaixo.
Tabela 4 Indicadores ambientais da Microbacia do Córrego Marinheirinho Indicadores Área (ha) Percentual
Área total mapeada 3.240 100 %
Propriedades rurais 85 (2.009,04 ha) 62,01 %
Propriedades advertidas 11 (6,70 ha) 12% (0,21 %)
Propriedades sem irregularidades 01 1,17 %
Total de nascentes 37 (29,05 ha) (0,9 %)
Total de cobertura vegetal nativa na área mapeada 91,20 2,81 %
Área de preservação permanente (APP) 162,30 5,00 %
Vegetação ciliar – estágio inicial (* do total de APP) 9,41 * 5,79 %
Vegetação ciliar – estágio médio (* do total de APP) 24,75 * 15,24 %
Solo hidromórfico (MLS) 51,84 * 31,94 %
Agricultura em APP 6,70 * 4,12 %
Pecuária em APP 128,14 * 78,95 %
Fonte: 4º BPAmb - 2ª Cia PAmb – 1º Pelotão.
60
Analisando os indicadores, verifica-se que as principais ações antrópicas
são a pecuária e a agricultura em APP, pois juntas comprometem 83,07 % de toda a
APP existente na área mapeada.
Uma vez identificadas e mapeadas todas as irregularidades durante o
diagnóstico, foram iniciadas as ações para cessá-las, bem como promover a
recuperação dos danos ambientais, com a participação das forças sociais,
cumprindo-se o estabelecido de comum acordo em várias reuniões coordenadas
pela Polícia Ambiental, sendo tudo registrado em atas, em fotografias e também pela
imprensa local.
Para a retirada das culturas da APP, como laranja, milho e cana, tendo em
vista que haveria movimentação de terra na APP, lavrou-se o termo de advertência,
de acordo com o artigo 6º da Resolução SMA 37, de dezembro de 2005, que assim
prevê:
ARTIGO 6º - A penalidade de advertência será imposta ao infrator não reincidente, por termo próprio, sem prejuízo das demais penalidades previstas no Capítulo III, desta Resolução, devendo a autoridade definir e indicar no próprio termo, qual procedimento o infrator deverá adotar para o saneamento da irregularidade ou reparação do dano praticado, estabelecendo-se, para tanto, prazo de 30 (trinta) dias.24
A advertência foi aplicada somente aos proprietários que estavam fazendo
uso indevido da APP para agricultura, porém, todos cumpriram o prazo de 30 dias
para a retirada das culturas daquelas áreas.
A retirada do gado das APP, bem como o seu devido isolamento com
cercas, está ocorrendo em razão de compromisso firmado pelos proprietários nas
reuniões com as forças sociais, em decorrência do processo de gestão.
A área, como já citado anteriormente, foi dividida em quatro partes
(quadrantes) para facilitar a gestão, sendo as ações iniciadas pelo primeiro
quadrante. Depois de feito todo o trabalho de mapeamento, as informações
ambientais foram concentradas em camadas (layers) para facilitar a sua visualização
e conseqüente diagnóstico ambiental, pois permitem a separação (filtragem) por tipo
de recurso natural ou intervenção (hidrografia, vegetação, infrações, etc.), conforme
mostram as figuras a seguir.
_____________ 24 Informação disponível em: < http: // www.cetesb.sp. gov .br/ licenciamentoo/ legislacao/ estadual/ resolucoes / 2005_Res_SMA_37. pdf>. Acesso em: 30 jun. 2009.
61
Fonte: 4º BPAmb - 2ª Cia PAmb – 1º Pelotão. Figura 11 Mapa com a divisão por quadrantes e as APP.
Fonte: 4º BPAmb - 2ª Cia PAmb – 1º Pelotão. Figura 12 Mapa hídrico.
62
Fonte: 4º BPAmb - 2ª Cia PAmb – 1º Pelotão. Figura 13 Mapa de intervenções em APP por cultivo e pastoreio
Fonte: 4º BPAmb - 2ª Cia PAmb – 1º Pelotão. Figura 14 Mapa geral, destacando a vegetação remanescente.
Foi constatado o uso de APP para pastoreio de gado em 84 propriedades.
Os proprietários se comprometeram a retirar o gado e isolar as APP, permitindo que
63
a prefeitura municipal, através da SAEV, fizesse o reflorestamento das APP nas
suas propriedades.
A figura abaixo traz alguns exemplos de como estavam algumas
propriedades e como ficaram após as medidas já adotadas.
Antes: cultivo de laranja em APP. Depois: retirado o cultivo de laranja da APP.
Antes: presença de gado bovino na APP. Depois: o gado foi retirado e a APP cercada.
Antes: ausência de vegetação nativa em APP.
Depois: reflorestamento da APP, mediante plantio de árvores nativas da região.
Fonte: 4º BPAmb - 2ª Cia PAmb – 1º Pelotão. Figura 15 Resultados obtidos com as ações implementadas.
64
Como já citado anteriormente, a gestão ambiental realizada na Microbacia
do Córrego Marinheirinho não se resume apenas aos recursos hídricos, com a
recuperação do referido córrego.
Este importante recurso ambiental foi também contemplado no trabalho,
mediante um estudo que analisou a qualidade da água do manancial, feito pela
SAEV e que posteriormente foi remetido pela Polícia Ambiental à CETESB para
interpretação e avaliação dos resultados, sendo estes juntados ao trabalho de
gestão.
Nas reuniões com as forças sociais foram firmados compromissos por
representantes da CATI, através do EDA, para levantamento da situação do solo na
microbacia e realização de eventuais correções, bem como por parte da Secretaria
Municipal de Agricultura, que disponibilizou equipamentos da patrulha agrícola
também nesse sentido.
O gráfico abaixo mostra o estudo de solo feito nas propriedades do primeiro
quadrante.
Fonte: Escritório de Defesa Agropecuária (EDA) de Votuporanga. Gráfico 1 Estudo de solo das propriedades do 1º quadrante (erosão).
5
41
21
8
0 0 2 1 2
0
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
1
Sem erosão
Laminar Ligeira
Laminar Moderada
Laminar Severa
Laminar Muito Severa
Laminar Extr. Severa
Sulco Superficial
Sulco Raso
Sulco Profundo
Sulco Muito Profundo
LEGENDA
Propriedades Entorno: 13
Propriedades Microbacia: 36
Total Propriedades: 49
65
O representante da CBRN comprometeu-se a levantar os passivos
ambientais da prefeitura, direcionando-os para as ações de recuperação ambiental
da microbacia, traduzidos nas ações de reflorestamento das APP já citadas.
O Ministério Público Estadual, na pessoa do seu representante, o Promotor
de Justiça do Meio Ambiente Dr. Marcus Vinícius Seabra, atestou a legalidade das
ações e firmou o seu apoio às atividades de recuperação da microbacia. Esta
circunstância teve também o aval do Poder Judiciário, na pessoa da Drª. Carolina
Marchioni Bueno, Juíza de Direito do JECRIM da Comarca de Votuporanga.
66
5 Metodologia Adotada na Pesquisa
A pesquisa foi realizada a partir do estudo exploratório de uma amostra não-
probabilística intencional, ou seja, o universo foi previamente selecionado, sendo
constituído pelos Comandantes de Pelotão do Policiamento Ambiental de todo o
Estado de São Paulo, haja vista ser a fração gerencial do serviço operacional,
portanto está diretamente ligada ao planejamento e execução da atividade-fim de
proteção e salvaguarda do meio ambiente.
Para tanto, de julho a agosto de 2009, foi elaborado um questionário
(Apêndice A) com 10 questões e enviado por correio eletrônico aos 50 Comandantes
de Pelotão do Policiamento Ambiental, esclarecendo os objetivos da pesquisa,
sendo obtidas 37 respostas, correspondendo a 74% do total de questionários
enviados.
Foi utilizado o método hipotético-dedutivo, o qual permitiu verificar a partir da
amostra selecionada a manifestação do universo. Também foram realizadas, no
mesmo período, entrevistas com o Sr. Ciro Koiti Matsukuma, do Instituto Florestal do
Estado de São Paulo (Apêndice B) e com o Dr. Marcus Vinicius Seabra, Promotor de
Justiça do Meio Ambiente da Comarca de Votuporanga-SP (Apêndice C).
5.1 Análise e interpretação dos dados da pesquisa
A pesquisa feita junto aos Comandantes de Pelotão, através dos
questionários, teve como objetivos principais, dentre outros, verificar se as unidades
do Policiamento Ambiental possuem estrutura mínima de logística, de recursos
humanos e de conhecimentos para realizar o mapeamento georreferenciado de
microbacias, bem como quais os critérios utilizados pelos comandantes para
direcionar ou empregar rotineiramente o esforço de fiscalização a sua disposição.
67
Por meio dos gráficos, segue a análise e interpretação dos dados da
pesquisa elaborada.
Disponibilidade de GPS
37
0
sim não
Gráfico 2 Disponibilidade de aparelhos GPS nos Pelotões.
Os 37 Comandantes de Pelotão pesquisados foram categóricos em afirmar
que suas OPM dispõem de aparelhos GPS de navegação, o que contribui para a
redução de custos de implantação do modelo de gestão proposto.
Oferta de GPS X Patrulha
23
14
sim não
Gráfico 3 Possibilidade de operar com 1 GPS por patrulha.
Dos 37 Comandantes de Pelotão pesquisados, 23 afirmaram ter condições
de disponibilizar 1 aparelho GPS por patrulha e 14 disseram que não, fato que indica
a necessidade de aquisição de tal equipamento.
68
Georreferenciamento com GPS
34
3
sim não
Gráfico 4 Georreferenciamento de infrações ambientais pelas OPM.
Praticamente todas as OPM identificam com coordenadas geográficas as
infrações ambientais constatadas, o que é um grande passo para a realização do
mapeamento georreferenciado da área.
OPM que realizam Mapeamento
16
21
sim não
Gráfico 5 OPM que realizam mapeamento georreferenciado.
Das 37 OPM participantes da pesquisa, 16 (43%) já realizam algum trabalho
de mapeamento, como a produção de mapas, croquis ou plantas planimétricas,
utilizando dados georreferenciados e softwares específicos para auxiliar na atividade
de proteção ambiental.
69
OPM com PM capacitados
26
11
sim não
Gráfico 6 OPM com policiais militares capacitados para realizar mapeamento.
A pesquisa revelou que a grande maioria das OPM (26) possui no seu
efetivo policiais militares capacitados a operar GPS e/ou softwares de
geoprocessamento em nível de mapeamento, o que corresponde a 70% do total das
OPM pesquisadas.
Efetivo X PM Capacitados
126(11%)
1127
Efetivo existente PM Capacitados
Gráfico 7 Efetivo capacitado em relação ao efetivo existente nas OPM.
O número de policiais militares capacitados para produzir mapas
georreferenciados nas 26 OPM é de 126 policiais militares (PM), o que corresponde
a 11% do total de efetivo existente nas 37 OPM pesquisadas. Isto demonstra a
necessidade de capacitação do efetivo para a realização da atividade proposta,
embora já seja um bom começo.
70
Emprego da Fiscalização: Critérios
34
3213
2
8
16
Denúncias Áreas Críticas CPP
Aleatoriamente Mapeamento Outros
Gráfico 8 Critérios utilizados pelos Cmt de Pel para a fiscalização de suas áreas.
Este item da pesquisa visou verificar quais os critérios adotados pelos
Comandantes de Pelotão, como gestores operacionais, no planejamento da
fiscalização da área sob sua responsabilidade. Poderia ser apontada mais de uma
alternativa para cada Pelotão.
A pesquisa demonstrou que a fiscalização está, em grande parte, voltada ao
atendimento de denúncias (91%) e concentrada em áreas críticas (86%),
demonstrando uma conduta mais repressiva do que preventiva quanto aos delitos
ambientais.
Outro fator preocupante é que 5% dos entrevistados realizam a fiscalização
de forma aleatória, ou seja, sem qualquer critério preestabelecido.
Foi possível verificar também que 35% confeccionam Cartões de Prioridade
de Patrulhamento (CPP), 21% realizam o mapeamento georreferenciado da área e
43% utilizam outros critérios, como refiscalização de áreas autuadas, cumprimento
de cotas do Ministério Público, cumprimento de termos de compromisso de
recuperação ambiental, fiscalização de licenças ambientais expedidas, fiscalização
em unidades de conservação, operações e cumprimento de metas específicas.
71
Cobertura da área de atuação
14
23
sim não
Gráfico 9 Cobertura, em termos ideais, da área de atuação pelas OPM.
A pesquisa constatou que dos 37 entrevistados, 23 acreditam que não
realizam a cobertura de toda a sua área de atuação, nem têm condições de
monitorar as eventuais irregularidades ou até infrações ambientais que nela
ocorrem, o que denota a iminente necessidade de mudança na forma de
gerenciamento da atividade de proteção ambiental atualmente desenvolvida.
O gráfico 10 demonstra que o total dos entrevistados acredita que a adoção
de tecnologias potencialize a gestão, mediante o diagnóstico global da área de
atuação.
Adoção de Tecnologias - Melhoria da Gestão
37
0
sim não
Gráfico 10 Comandantes de Pelotão que acreditam na melhoria da gestão com a adoção de tecnologias.
O último item da pesquisa demonstrou que a grande maioria dos
entrevistados conhece as possibilidades de incremento da gestão ambiental, a partir
do mapeamento digital com auxílio de aparelhos GPS, conforme dados constantes
do gráfico 11.
72
Este é um fator positivo para a implementação do modelo proposto, no que
tange à aceitação pelos responsáveis em gerir o processo.
Conhecimento das possibilidades de incremento da gestão
30
7
sim não
Gráfico 11 Comandantes de Pelotão que têm conhecimento das possibilidades de incremento da gestão, mediante o mapeamento digital com auxílio de GPS.
Em entrevista com o Sr. Ciro Koiti Matsukuma25, do Instituo Florestal do
Estado de São Paulo, realizada em 12 de agosto de 2009, quando perguntado se a
gestão ambiental, mediante o mapeamento georreferenciado de microbacias
hidrográficas, fornecendo subsídios para implementação de políticas públicas
ambientais, principalmente municipais, é uma ferramenta viável para a recomposição
da vegetação natural e demais recursos ambientais do Estado de São Paulo,
respondeu que sim, pois a gestão ambiental deve englobar várias ações e unir as
forças presentes no município no sentido de preservar e promover a recuperação
ambiental.
Ao ser questionado sobre os prós e contras do mapeamento
georreferenciado em relação ao sensoriamento remoto, ou levantamentos e
monitoramento por satélites para fins ambientais, respondeu que o mapeamento é
mais vantajoso, pois permite maior detalhamento e contempla não só a vegetação,
mas outros indicadores, como solo, água, etc.
Acrescentou o entrevistado que o sensoriamento é bom e se for realizado
com o satélite CBERS (China-Brazil Earth Resources) é gratuito, porém não atende
a todos, haja vista a escala oferecida (1:30.000). O melhor seria através de
fotografias aéreas, porém o custo é alto e o trabalho é mais lento e demanda
_____________ 25 Mestre em Agronomia, Pesquisador Científico e Chefe da Seção de Manejo e Inventário Florestal do Instituto Florestal do Estado de São Paulo. Autor do Inventário Florestal da Vegetação Natural do Estado de São Paulo (2005), juntamente com Kronka et al.
73
procedimentos burocráticos, como a necessidade de submeter previamente o plano
de vôo à Aeronáutica.
Ao ser perguntado sobre alternativas para conter a expansão urbana em
áreas de relevante valor ambiental (legalmente protegidas), respondeu que o poder
público deveria implementar uma política de retirada dessas pessoas que se
instalam nesses locais, pois um fato muito comum, a exemplo do que está ocorrendo
na região por onde passará o Rodoanel em São Paulo e que está sendo mapeada
pelo Instituto Florestal, é que as pessoas ficam sabendo com antecedência dessa
informação e já se instalam nas proximidades da área a fim de tirar algum proveito
disso. Portanto, o governo deveria restringir tal acesso ou declarar a área como uma
unidade de conservação, visando conter tais ocupações.
Em entrevista com o Dr. Marcus Vinicius Seabra26, Promotor de Justiça do
Meio Ambiente da Comarca de Votuporanga, realizada em 28 de agosto de 2009,
quando perguntado qual a visão do Ministério Público quanto à gestão ambiental de
microbacias, em curso em Votuporanga, respondeu ser excelente, pois vem ao
encontro da linha adotada pelo Ministério Público, que instituiu recentemente o
Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (GAEMA), descentralizado
em núcleos pelo Estado de São Paulo e com metas definidas, objetivando uma
atuação integrada em defesa do meio ambiente.
Acrescentou ainda que, do ponto de vista qualitativo, a gestão foi um salto
na forma da Polícia Ambiental atuar, pois a ação passou a ser global e não mais
pontual. Foi uma inovação na forma de empregar os recursos humanos e
tecnológicos, além de melhorar a infraestrutura da Polícia Ambiental, mediante
obtenção de alguns equipamentos através de transações penais.
Ao ser perguntado se com a adoção deste modelo de gestão acredita que a
recuperação ambiental possa ser mais rápida, em relação ao procedimento
tradicional, respondeu que sim, haja vista que a responsabilização penal acabaria
sobrecarregando ainda mais o Poder Judiciário, o que no caso da Microbacia do
Marinheirinho implicaria 84 novos Termos Circunstanciados, além de os processos
não serem todos julgados pelo mesmo juiz, o que poderia levar a resultados
diferentes para pessoas que estivessem na mesma condição processual. Pela forma
adotada, além de não sobrecarregar o Judiciário, o objetivo maior foi atingido, que é
_____________ 26 Atua como Promotor de Justiça do Meio Ambiente há mais de 10 anos.
74
o de cessar o dano e recuperar o meio ambiente. Ressaltou que se algum
proprietário rural da microbacia reluta em cumprir as medidas acordadas, então não
resta alternativa senão autuá-lo na forma da lei.
Quando perguntado se acredita que o modelo de gestão adotado é uma
ferramenta viável para a recuperação da vegetação natural e demais recursos
ambientais, podendo ser estendido para outras regiões do Estado de São Paulo, que
sim, porém em cada região deve ser verificada a sua peculiaridade.
Perguntado se este tipo de gestão fornece subsídios para a implementação
de políticas públicas ambientais, principalmente municipais, respondeu que sim,
citando algumas ações motivadas pela gestão, como a busca do município pela
certificação no projeto Município Verde, do governo paulista e ainda a organização
dos produtores rurais da microbacia em associação criada por eles recentemente.
Esclareceu também que os proprietários reivindicaram o pagamento por
serviços ambientais, o chamado PSA, que é uma realidade no município mineiro de
Extrema, desde 2007, porém sem previsão legal em Votuporanga e ainda assim tal
fato não prejudicou os resultados da gestão, que são altamente positivos.
Ao ser perguntado quais seriam as medidas para conter a expansão urbana
ou para solucionar a questão das ocupações nas áreas de mananciais, respondeu
que o ideal é uma ação preventiva do poder público no sentido de não deixar que
estas áreas sejam ocupadas, através de leis, de fiscalização, atuando antes que o
problema se instale, porque depois fica mais difícil retirar as pessoas desses locais e
o problema passa a ter também implicações sociais.
É importante citar também a II Jornada de Polícia Comparada, realizada em
Manaus – AM e simultaneamente em mais seis capitais brasileiras, no período de 13
a 20 de agosto de 2009, pois foi uma excelente oportunidade para conhecer a forma
de atuação do Batalhão de Polícia Ambiental da Polícia Militar do Estado do
Amazonas e discutir as peculiaridades que envolvem a fiscalização ambiental
naquele Estado.
Na oportunidade, foi verificado que ainda não utilizam o geoprocessamento
na gestão ambiental.
75
6 Proposta da Monografia
6.1 A adoção do modelo por todas as unidades do Policiamento Ambiental do
Estado de São Paulo: infraestrutura
6.1.1 Equipamentos e custo estimativo
A adoção, por todas as unidades do Policiamento Ambiental do Estado de
São Paulo, do modelo de gestão proposto, não implicará em uma grande
infraestrutura, haja vista as características do próprio modelo, o qual prima pela
praticidade e efetividade, associadas a tecnologias que não demandam em grandes
investimentos, como já fora demonstrado nos capítulos anteriores deste trabalho.
Somado a este aspecto, o Policiamento Ambiental já dispõe de efetivo,
viaturas e alguns equipamentos necessários para a atividade proposta, como
aparelhos GPS, computadores e mobiliário, o que representa uma grande vantagem
para a sua implantação, não só porque diminui o custo de aquisição, como também
pelo conhecimento existente em operar tais equipamentos, conforme revelou a
pesquisa.
O modelo proposto utilizará um Sistema de Informações Geográficas voltado
mais para a produção de mapas e plantas planimétricas (duas dimensões), as quais
são plenamente suficientes para o diagnóstico e monitoramento da microbacia e,
portanto, atendem aos objetivos desta proposta, a um baixo custo e alto benefício
para o meio ambiente.
O banco de dados que resultará do mapeamento georreferenciado e
integrará o SIG deverá ser único em cada Batalhão e cada um destes, por sua vez,
integrará o banco de dados central no Comando de Policiamento Ambiental, como já
mencionado no Capítulo 3.
76
Tal sistemática tem por objetivo a padronização e a integração das
informações, bem como a segurança do sistema, pois deve ser estabelecida uma
hierarquia de acessos e níveis de permissão dentre os usuários. Para tanto, propõe-
se que a sua administração fique a cargo das Agências de Área (nível de Batalhão)
e Agência Regional (nível de CPAmb).
Não se propõe aqui um modelo de gestão baseado em sensoriamento
remoto, pois isto demandaria um investimento muito maior e contínuo, havendo a
necessidade de aquisição de imagens de satélites ou fotografias aéreas, o que
encareceria o processo, podendo até inviabilizá-lo.
Cabe ressaltar, entretanto, que não se descarta a utilização de imagens de
satélite na gestão proposta; pelo contrário, elas são complementos e elementos
facilitadores do mapeamento, mas não imprescindíveis. As imagens de satélites
podem ser disponibilizadas sem custo por outras instituições, como prefeituras, por
exemplo, além das que estão disponíveis gratuitamente no Google Earth ou no
INPE, através da Internet.
A tabela abaixo apresenta os equipamentos ideais e necessários para a
realização do mapeamento georreferenciado, bem como os custos estimativos para
a sua aquisição para atendimento das unidades do Policiamento Ambiental em todo
o Estado de São Paulo que, atualmente, conta com 17 Companhias e 50 Pelotões,
totalizando 67 Organizações Policiais Militares (OPM). Os valores foram obtidos em
pesquisa de sítios especializados na Internet, em junho de 2009.
Já estão consideradas as viaturas e mobiliário disponíveis nas OPM e,
portanto, não estão no rol de equipamentos e materiais abaixo especificados.
Tabela 5 Equipamentos e custos (valores médios).
77
Item
Quant./OPM
Quant Valor Unitário Total Computador CPU Core 2 Duo 3.0 GHz, 4 Gb de RAM, HD 250 Gb, monitor LCD 19”, placa de video, drive de CD/DVD, mouse e teclado (desktop).
01 por Pel
49 R$ 2.400,00 R$ 117.600,00 Computador Notebook Core 2 Duo 2.0 GHz, 4 Gb de RAM, HD 250 Gb, monitor 14", drive CD/DVD, mouse e bateria.
01 por Pel
49 R$ 2.000,00 R$ 98.000,00 HD externo de 500 Gb, USB 2,0, 7200 rpm.
01 por Pel
49 R$ 450,00 R$ 22.050,00
Impressora Plotter
01 por Cia
17 R$ 20.500,00 R$ 348.500,00 GPS - Garmin Etrex Vista HCx, com cartão 128mb, cabo de transferência de dados e cabo energia p/ uso em veículos.
02 por Pel
98 R$ 750,00 R$ 73.500,00 Câmera fotográfica digital com Cartão de 1 Gb, 8 Mp, zoom óptico e bateria.
01 por Pel
49 R$ 600,00 R$ 29.400,00 Inversor de tensão elétrica (12 v - 110 v) 80W.
01 por Pel
49 R$ 150,00 R$ 7.350,00 Case p/ transporte de equipamentos no veículo (notebook, câmera e GPS).
01 por Pel
49 R$ 300,00 R$ 14.700,00
Software Geoffice GPS (com licença)
02 por Pel
98 R$ 150,00 R$ 14.700,00
Total R$ 725.800,00
6.1.2 Efetivo
Em termos ideais, o efetivo a ser empregado no trabalho de mapeamento
georreferenciado deve ser de pelo menos 06 policiais militares, preferencialmente
cabos e soldados.
Este número é ideal porque o regime de escala de serviço operacional no
Policiamento Ambiental é o de 12 X 36 horas, ou seja, em regra, cada patrulha
trabalha um dia sim e outro não. Desta forma o efetivo seria distribuído em duas
equipes de 03 policiais militares cada, uma nos dias pares e outra nos dias ímpares,
em todos os dias da semana.
Para auxiliar os Comandantes de Companhia e de Pelotão na gestão é ideal
que as patrulhas fiquem sob a coordenação de um sargento, que poderá cumprir
escala de expediente de segunda a sexta-feira.
78
Não se propõe aqui qualquer aumento no efetivo fixado das OPM, mas
apenas uma adequação no modo de gerir e realizar a fiscalização ambiental e,
portanto, que seja utilizado na gestão ambiental por microbacias hidrográficas o
mesmo efetivo que cada OPM dispõe hoje para executar a fiscalização de sua área
de atuação.
A mudança será no modo de se proceder a esta fiscalização, pois ao realizá-
la por microbacia, haverá um critério para alocar os recursos humanos e materiais,
baseado no diagnóstico ambiental global e não mais casuisticamente ou limitado ao
atendimento de denúncias.
Há que se considerar que a patrulha composta por 03 policiais militares
permite mais agilidade na coleta de dados em campo do que com um efetivo menor,
além do fato de que com 02 ou 03 integrantes um sempre terá que fazer a função de
motorista.
Outro fator importante são os afastamentos do efetivo por motivo de férias,
licenças-prêmio, tratamento de saúde e outros. Numa equipe com 03 integrantes há
a possibilidade de manter o serviço com 02 policiais militares, não havendo prejuízo
para a atividade.
Preferencialmente o efetivo deve possuir aptidão para trabalhar com
tecnologias, em especial com informática e GPS, além de possuir experiência na
atividade de Policiamento Ambiental, haja vista a necessidade de identificação das
infrações ambientais e de outros aspectos que envolvem o meio ambiente, como por
exemplo, a caracterização dos estágios de vegetação. Deve-se buscar o
desenvolvimento de um banco de talentos.
Mesmo assim, como em qualquer outra atividade humana, a instrução é de
fundamental importância para o sucesso da atividade proposta e, para tanto, o
efetivo deverá ser devidamente submetido a um Programa Complementar de
Treinamento, o qual será abordado a seguir.
79
6.1.3 Programa Complementar de Treinamento (PCT)
Toda empresa ou instituição que pretenda alcançar a excelência da
qualidade na manufatura de um produto ou na prestação de serviços deve investir,
sobretudo, no treinamento dos seus recursos humanos.
No caso desta proposta, para que se atinjam os objetivos pretendidos, deve
ser aplicado um programa complementar de treinamento com a finalidade de
capacitar o efetivo a utilizar tecnologias de geoprocessamento em estudo sobre o
meio ambiente, a partir de informações coletadas por meio de aparelhos GPS e, em
sistemas computacionais apropriados, trabalhar as informações colhidas, produzindo
mapas georreferenciados. Este programa complementará a formação curricular do
policial militar ambiental adquirida desde os cursos de formação e de especialização
nesta área.
Para o desenvolvimento e aplicação do programa, o Policiamento Ambiental
poderá lançar mão de instrutores do seu próprio quadro de policiais militares e que
possuam conhecimento do assunto, o que reduz custos e torna mais viável a sua
aplicação.
Vários policiais militares, dentre oficiais e praças, já realizaram cursos de
geoprocessamento em parceria com o INPE e com a UNESP, possuindo
competência para atuar como multiplicadores no treinamento.
Para garantir os conhecimentos necessários foi proposto um programa de
treinamento de 40 horas-aula, com o seguinte conteúdo programático:
� Histórico da Cartografia
� A Ciência da Cartografia
� Conceitos Básicos:
� Cartas Topográficas
� Mapas
� Imagens de Satélite
� Fotos de Satélite
� Rosa dos Ventos
� Norte:
� Magnético
� Geográfico ou Verdadeiro
80
� Quadrícula
� “Pé de galinha”
� Rumo e Azimute
� Escala
� Representações da Terra:
� Geóide
� Elipsóide
� Projeções Cartográficas:
� Mercator
� Coordenadas Geográficas
� Sistema de Coordenadas Geográficas
� Sistema UTM – Universal Transversa de Mercator
� Datum
� Carta do Brasil ao Milionésimo
� Cartografia Temática (Solo, Nutrientes, Vegetação etc.)
� Unidades de Medida:
� Histórico das Medidas
� Medidas de Superfície (Áreas em m², ha, alqueire)
� Convenções Cartográficas:
� Generalidades
� Legendas Cartográficas
� Elementos Hidrográficos Interiores
� Terrenos Inundáveis
� Vegetação
� Histórico do Sistema GPS
� Vantagens do Sistema GPS
� Geoinformação:
� Sistema de Geoprocessamento
� SIG ou GIS
� Representação Vetorial:
� Duas Dimensões - Planimetria
� Três Dimensões – Altimetria
� O Receptor GPS – Apresentação:
� Configuração do Receptor GPS
81
� Plotagem de Pontos
� Coleta de Dados de Interesse
� Rotas
� Trajetos
� O software Geoffice GPS:
� Conhecendo o Software
� Configurando o Programa
� Importando Dados do Receptor GPS
� Trabalhando os Dados no Geoffice GPS
� Elaborando o Levantamento Planimétrico
� Imprimindo o Levantamento.
A metodologia do programa de treinamento consistirá de aulas teóricas e
práticas. As aulas teóricas deverão ser ministradas em laboratório de informática e
as práticas serão desenvolvidas em campo, com o emprego de aparelhos GPS e
também em laboratório para treinamento com o software Geoffice GPS.
Para garantir continuidade e constante atualização dos conhecimentos
adquiridos pelos policiais militares, poderá ser incluído o conteúdo resumido do PCT
no Estágio de Atualização Profissional (EAP), ministrado anualmente nas unidades
do Policiamento Ambiental ou ainda programar um EAP exclusivo para este fim,
caso se entenda necessário.
82
Conclusão
Ao longo dos seus 60 anos de existência, o Policiamento Ambiental da
Polícia Militar do Estado de São Paulo tornou-se a maior instituição de proteção
ambiental da América Latina.
Durante todo este tempo, várias foram as iniciativas no sentido de melhorar
a gestão de suas atividades operacionais. Em especial, as que utilizam tecnologias
de geoprocessamento foram abordadas no Capítulo 2.
Muitas não prosperaram, outras ainda continuam em razão da motivação e
esforço pessoal de alguns comandantes, porém, são de cunho local e não suprem
as necessidades de planejamento da atividade de proteção ambiental, pois ficou
demonstrado que, na maioria das OPM, a fiscalização se limita ao simples
atendimento de denúncias, está voltada para áreas críticas e em outras é feita de
forma aleatória.
Este trabalho visou apresentar uma solução para resolver esta questão,
propondo um modelo de gestão para todo o Policiamento Ambiental, utilizando como
ferramenta o mapeamento georreferenciado de microbacias hidrográficas.
Foram descritas todas as etapas da gestão, baseando-se no estudo de caso
em andamento na Microbacia do Córrego Marinheirinho, município de Votuporanga,
realizado pela 2ª Companhia do 4º BPAmb, prevendo-se o efetivo, os recursos
materiais e o adequado treinamento. O trabalho teve total apoio do Ministério
Público e do Poder Judiciário, sendo fundamental para o seu sucesso.
Os resultados desta gestão estão demonstrados no Capítulo 4 e são
altamente positivos. A gestão, além de ter efetivamente iniciado a recuperação dos
danos ambientais naquela microbacia, está servindo para propor e orientar as
políticas públicas ambientais do município, mobilizando as forças sociais nele
presentes.
83
O mapeamento permitiu o controle da área e o seu monitoramento, gerando
um banco de dados que serve de referencial comparativo para todas as ações
adotadas a partir de sua criação.
O trabalho tornou-se referência na região e o município está se valendo
dessas ações para certificar-se no projeto estratégico Município Verde, do Governo
do Estado de São Paulo, através de indicadores ambientais fornecidos pela Polícia
Ambiental obtidos no diagnóstico da microbacia.
As hipóteses levantadas foram confirmadas na pesquisa, verificando-se que
os Pelotões utilizam técnicas de georreferenciamento com aparelhos GPS e alguns
até fazem o mapeamento das infrações ambientais, além de já possuírem uma
estrutura mínima para iniciar de imediato a gestão, como efetivo, equipamentos e
alguns policiais militares capacitados.
Quanto à capacitação de toda a força de trabalho, verificou-se haver a
necessidade de aplicar o programa complementar de treinamento proposto, haja
vista que apenas 11% do efetivo pesquisado possuem os conhecimentos
necessários para a execução dos trabalhos.
O modelo em estudo mostrou-se eficiente, facilitando a gestão ambiental da
área de atuação, principalmente nas atividades de proteção à flora, pois permitiu o
seu diagnóstico e atuação global, bem como o monitoramento, evitando o retrabalho
e estimulando condutas proativas.
Além disso, não requer grandes investimentos, pois, como já citado, parte da
tecnologia e do conhecimento estão disponíveis hoje no Policiamento Ambiental,
sendo necessário adquirir alguns equipamentos e readequar a forma de empregar a
fiscalização, porém sem alterar a área de atuação da OPM.
Ainda possibilitou a obtenção de recursos materiais custeados pelo
FEHIDRO (Vtr, Computadores, GPS, etc.), mediante projetos apresentados aos
Comitês de Bacia Hidrográfica, além dos provenientes de Termos de Ajustamento de
Conduta (TAC) e transações penais, bem como garante a acurácia dos dados,
dando respaldo no caso de eventuais questionamentos e recursos por parte de
infratores ambientais, além de servir de instrumento de prova, o que aumenta a
credibilidade da Instituição.
É oportuno sugerir que as unidades do Policiamento Ambiental sejam
interligadas ao Sistema de Informações da Polícia Militar (SIOPM), principalmente
quanto aos bancos de dados georreferenciados.
84
Neste sentido, o estudo de Sardilli (2009) vem ao encontro da proposta
deste trabalho, contemplando o CPAmb, juntamente os demais Grandes Comandos
da Corporação, com a instalação de um Setor de Geoprocessamento, conforme
citou o autor:
A instalação dos Setores de Geoprocessamento nos Grandes Comandos da Polícia Militar permitirá a realização desses estudos locais voltados à compreensão da realidade social e criminal de cada uma das regiões do Estado, tendo-se ainda, a centralização do fluxo desses dados a um banco de dados corporativo, o que proporcionará a coleta permanente e geocodificada de informações necessárias ao assessoramento do Comando da Corporação. Os Setores de Geoprocessamento instalados nos Grandes Comandos permitirão a difusão do uso das geotecnologias já disponíveis, voltadas ao estudo dos problemas de segurança pública, aos policiais militares das diversas regiões do Estado de São Paulo, fazendo com que haja o necessário avanço tecnológico na maneira de se combater o crime, possibilitando-se assim, a melhoria na qualidade de vida de todos os cidadãos. (SARDILLI, 2009, p. 138)
Portanto, conclui-se que é perfeitamente viável a adoção da gestão
ambiental de microbacias hidrográficas pelas unidades de Policiamento Ambiental
em todo o Estado de São Paulo, utilizando como ferramenta o mapeamento
georreferenciado, propondo-se então a sua implantação imediata.
Assim, espera-se alcançar o tão sonhado desenvolvimento sustentável,
aliando preservação ambiental com desenvolvimento sócio-econômico, além de
nortear políticas públicas com sustentabilidade social, que incentivem a permanência
ou a volta do homem ao campo, melhorando a qualidade de vida das presentes e
futuras gerações.
85
Referências
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87
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SÃO PAULO (Estado). Resolução Conjunta SMA/IBAMA Nº 1, de 17 fev. 1994. Dispõe sobre a definição da vegetação primária e secundária e seus estágios. Disponível em: http: //www.cetesb.sp.gov.br/ licenciamentoo/ legislacao/ estadual/ resolucoes/1994_Res_Conj_SMA_IBAMA_1.pdf. Acesso em: 31 maio 2009.
SÃO PAULO (Estado). Resolução Conjunta SSP/SMA Nº 3, de 11 ago. 1997. Estabelece cooperação mútua visando coibir infrações contra o meio ambiente no Estado de SãoPaulo. Disponível em: http: //www.cetesb.sp.gov.br/ licenciamentoo/ legislacao/estadual/resolucoes/1994_Res_Conj_SMA_IBAMA_1.pdf. Acesso em: 31 maio 2009.
SÃO PAULO (Estado). Secretaria do Meio Ambiente. Resolução SMA Nº 37, de 09 dez. 2005. Dispõe sobre o controle e fiscalização ambientais no âmbito do Estado. Disponível em: http: //www.cetesb.sp.gov.br/ licenciamentoo/ legislacao/ estadual/ resolucoes/2005_Res_SMA_37.pdf. Acesso em: 31 maio 2009.
88
SARDILLI, Alberto Malfi. A Implantação de Setor de Geoprocessamento nos Grandes Comandos da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Monografia do Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais - Centro de Aperfeiçoamento e Estudos Superiores, Polícia Militar do Estado de São Paulo, 2009.
VAZ, José Carlos. Geoprocessamento. Disponível em: http://www2.fpa.org.br/ portal/ modules/news/article.php?storyid=2609. Acesso em: 19 maio 2009.
89
Apêndice A – Questionário de pesquisa encaminhado aos Comandantes de
Pelotão do Policiamento Ambiental do Estado de São Paulo
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO
CENTRO DE APERFEIÇOAMENTO E ESTUDOS SUPERIORES
“CEL NELSON FREIRE TERRA”
CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS – II/09
QUESTIONÁRIO AOS COMANDANTES DE PELOTÃO DO POLICIAMENTO
AMBIENTAL
TEMA MONOGRÁFICO: “MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: FERRAMENTA
PARA GESTÃO AMBIENTAL DE MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS PELA POLÍCIA
AMBIENTAL”.
AUTOR: Cap PM Cláudio Cesar de Oliveira/4º Batalhão de Polícia Ambiental
Prezados Comandantes de Pelotão,
Venho solicitar a Vossa Senhoria, com a finalidade de fundamentar pesquisa para
minha proposta Monográfica do CAO, o inestimável apoio no sentido de fornecer
valiosas informações dessa OPM a respeito do tema de minha pesquisa –
“MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: FERRAMENTA PARA GESTÃO
AMBIENTAL DE MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS PELA POLÍCIA
AMBIENTAL”, por meio do questionário abaixo.
Certo da compreensão e incentivo para o presente estudo, apresento abaixo
algumas questões de interesse deste autor, agradecendo desde já.
Sobre o tema:
O foco central da Monografia é a utilização de uma importante ferramenta para se
realizar a gestão ambiental de microbacias hidrográficas: o mapeamento
georreferenciado.
90
O mapeamento consiste no levantamento de dados ambientais da microbacia e
produção de mapas georreferenciados, com auxílio de GPS e softwares específicos,
visando diagnosticar de forma global os seus problemas ambientais para, a partir
daí, estabelecer ações conjuntas no sentido de fazer cessar e recuperar os danos
causados ao meio ambiente.
A prática tem demonstrado, no 4º BPAmb, que a adoção do presente modelo traz
grandes vantagens para o meio ambiente e para o Policiamento Ambiental, como:
� Não requer grandes investimentos, pois parte da tecnologia e do
conhecimento já estão disponíveis hoje no Policiamento Ambiental, sendo
necessário adquirir alguns equipamentos e readequar a forma de empregar a
fiscalização, porém sem alterar a área de atuação da OPM;
� Facilita a gestão ambiental da área de atuação, principalmente nas atividades
de proteção à flora, economizando recursos humanos e materiais, pois
permite o diagnóstico global e o monitoramento, evitando o retrabalho e
estimulando condutas proativas;
� Promove o envolvimento das forças sociais, compostas pelo Ministério
Público, Poder Judiciário, órgãos ambientais, prefeituras, comunidade e
outros, os quais se comprometem com as ações na esfera de sua
competência;
� Possibilita a obtenção de recursos materiais custeados pelo FEHIDRO (Vtr,
Computadores, GPS, etc.), mediante projetos apresentados aos Comitês de
Bacia, além dos provenientes de TAC e transações penais;
� Permite o emprego da fiscalização com critérios e não de forma casuística ou
aleatória, pois se baseia no diagnóstico prévio.
� Garante a acurácia dos dados e consequente respaldo em eventuais
questionamentos e recursos por parte de infratores ambientais, servindo de
instrumento de prova e aumentando a credibilidade da Instituição.
Após responder o questionário abaixo, salve-o e envie o arquivo anexo ao seguinte
e-mail: [email protected], com cópia para:
Não é necessária a identificação, bastando apenas indicar a OPM. Caso haja
alguma dúvida a respeito deste questionário, favor utilizar também os endereços
eletrônicos acima que as questões serão dirimidas o mais breve possível.
91
Termo de Compromisso do Pesquisador
O pesquisador, abaixo assinado, se compromete a:
• Respeitar e cumprir a Teoria Principialista que visa salvaguardar a autonomia, beneficência, não maleficência, justiça, privacidade e confidencialidade (Res. 196/96 CONEP/CNS/MS);
• Não violar as normas do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido;
• Comunicar ao sujeito da pesquisa todas as informações necessárias para um adequado “consentimento livre e esclarecido” e solicitar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, apenas, quando o sujeito da pesquisa tenha conhecimento adequado dos fatos e das conseqüências de sua participação, e tenha tido oportunidade para considerar livremente se quer participar da pesquisa ou não;
• Obter de cada sujeito de pesquisa um documento assinado ou com impressão datiloscópica como evidência do consentimento livre e esclarecido;
• Renovar o consentimento livre e esclarecido de cada sujeito se houver alterações nas condições ou procedimentos da pesquisa, informado procedimento ao CEP;
• Manter absoluto e total sigilo e confidencialidade em relação à identificação do sujeito da pesquisa e dados constantes em prontuários ou banco de dados.
• Respeitar o princípio constitucional da dignidade da pessoa humana e derivados;
• Não prejudicar o meio ambiente em sua totalidade (fauna e a flora);
• Cumprir na integralidade todas as resoluções do Conselho Nacional de Saúde CNS/MS, bem como todos os diplomas legais referentes ao tema da ética em pesquisa, dos quais declaramos ter pleno conhecimento.
• Desta forma, eu pesquisador abaixo subscrito, me comprometemo, em caráter irrevogável e irretratável, por prazo indeterminado, a cumprir toda legislação vigente, bem como as disposições deste Termo de Compromisso.
CLÁUDIO CESAR DE OLIVEIRA
Cap PM Oficial Aluno do CAO-II/09
OPM: ____º Pel - _____ª Cia - _____º BPAmb
1. A OPM dispõe de aparelhos GPS de navegação?
( ) SIM ( ) NÃO
2. Esse Cmt consegue oferecer um aparelho GPS por patrulha?
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( ) SIM ( ) NÃO
3. A OPM identifica com coordenadas geográficas as infrações ambientais
constatadas?
( ) SIM ( ) NÃO
4. A OPM realiza algum trabalho de mapeamento (produção de mapas, croquis
ou plantas planimétricas), utilizando dados georreferenciados e softwares
específicos para auxiliar na atividade de proteção ambiental?
( ) SIM ( ) NÃO
5. A OPM possui no seu efetivo policiais militares com capacitação para operar
GPS e/ou softwares de geoprocessamento, em nível de mapeamento?
( ) SIM ( ) NÃO
6. Quantos PM do Pelotão possuem capacitação para produzir mapas
georreferenciados (plantas planimétricas ou croqui) a partir de dados coletados
com GPS, utilizando softwares de geoprocessamento?
R. Número de PM com capacitação:________. Efetivo existente no
Pel:___________.
7. Como gestor operacional de um Pelotão Ambiental, quais os critério utilizados
por V. S.ª para direcionar ou empregar o esforço de fiscalização ambiental a sua
disposição rotineiramente, de forma a fiscalizar toda a área de atuação da OPM?
(poderá ser assinalada mais de uma opção)
( ) Atendimento de denúncias;
( ) Áreas com maior incidência de ocorrências (críticas);
( ) Confecção de Cartões de Prioridade de Patrulhamento (CPP);
( ) Aleatoriamente, pois não existem critérios predeterminados;
( ) Através do mapeamento georreferenciado da área de atuação;
93
( ) outros. Especificar:___________________________________.
8. Na qualidade de Comandante de Pelotão, Vossa Senhoria acredita estar
realizando, de maneira ideal, a “cobertura” de toda a sua área de atuação, bem
como o monitoramento das eventuais irregularidades (ou até infrações)
ambientais que nela estão ocorrendo, considerando as técnicas empregadas e
os meios humanos e materiais disponíveis em termos ideais na OPM?
(desconsiderar problemas pontuais, como Vtr e PM eventualmente baixados)
( ) SIM ( ) NÃO
9. Como Comandante de Pelotão responsável pela salvaguarda do meio
ambiente, Vossa Senhoria acredita que a adoção de tecnologias potencialize a
gestão mediante o diagnóstico global da área de atuação, o qual servirá de
parâmetro para o estabelecimento de ações de proteção ambiental?
( ) SIM ( ) NÃO
10. Vossa Senhoria conhece as possibilidades de incremento da gestão
ambiental, a partir do mapeamento digital de uma microrregião, feita com auxílio
de aparelhos GPS?
( ) SIM ( ) NÃO
94
Apêndice B – Entrevista com o Sr. Ciro Koiti Matsukuma, Chefe da Seção de
Manejo e Inventário Florestal do Instituto Florestal do Estado de São Paulo
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO
CENTRO DE APERFEIÇOAMENTO E ESTUDOS SUPERIORES
“CEL NELSON FREIRE TERRA”
CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS – II/09
TEMA MONOGRÁFICO: “MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: FERRAMENTA
PARA GESTÃO AMBIENTAL DE MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS PELA POLÍCIA
AMBIENTAL”.
AUTOR: Cap PM Cláudio Cesar de Oliveira/4º Batalhão de Polícia Ambiental
Data: 12 de agosto de 2009.
Pergunta nº 1:
O Sr. Acredita que a gestão ambiental, mediante o mapeamento
georreferenciado de microbacias hidrográficas, fornecendo subsídios para
implementação de políticas públicas ambientais, principalmente municipais, é uma
ferramenta viável para a recomposição da vegetação natural e demais recursos
ambientais do Estado de São Paulo?
Resposta:
Sim, sem dúvida a gestão ambiental deve englobar várias ações e unir as
forças presentes no município no sentido de preservar e promover a recuperação
ambiental.
Pergunta nº 2:
Na sua opinião, quais os prós e contras do mapeamento georreferenciado
em relação ao sensoriamento remoto ou levantamento/monitoramento por satélites
para fins ambientais?
Resposta:
Com certeza o mapeamento é mais vantajoso, pois permite maior
detalhamento e contempla não só a vegetação, mas outros indicadores, como solo,
água, etc., acrescentando que o sensoriamento é bom e se for realizado com o
satélite CBERS (China-Brazil Earth Resources) é gratuito, porém não atende a
95
todos, haja vista a escala oferecida (1:30.000). O melhor seria através de fotografias
aéreas, porém o custo é alto e o trabalho é mais lento e demanda procedimentos
burocráticos, como a necessidade de submeter previamente o plano de vôo à
Aeronáutica.
Pergunta nº 3:
Quais as alternativas, na sua opinião, são as mais indicadas para conter a expansão
urbana em áreas de relevante valor ambiental (legalmente protegidas)?
Resposta:
Na minha opinião o poder público deveria implementar a política de retirada dessas
pessoas que se instalam nesses locais, pois um fato muito comum, a exemplo do
que está ocorrendo na região por onde passará o Rodoanel, é que as pessoas ficam
sabendo com antecedência dessa informação e já se instalam nas proximidades da
área a fim de tirar algum proveito disso. Portanto, o governo deveria restringir tal
acesso ou declarar a área como uma unidade de conservação, visando a conter tais
ocupações.
96
Apêndice C – Entrevista com o Dr. Marcus Vinicius Seabra, Promotor de
Justiça do Meio Ambiente da Comarca de Votuporanga-SP
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO
CENTRO DE APERFEIÇOAMENTO E ESTUDOS SUPERIORES
“CEL NELSON FREIRE TERRA”
CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS – II/09
TEMA MONOGRÁFICO: “MAPEAMENTO GEORREFERENCIADO: FERRAMENTA
PARA GESTÃO AMBIENTAL DE MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS PELA POLÍCIA
AMBIENTAL”.
AUTOR: Cap PM Cláudio Cesar de Oliveira/4º Batalhão de Polícia Ambiental
Data: 28 de agosto de 2009.
Pergunta nº 1:
Qual a visão do Ministério Público quanto à gestão ambiental de microbacias, em
curso em Votuporanga?
Resposta:
É excelente, pois vem ao encontro da linha que vem sendo adotada pelo Ministério
Público, que instituiu recentemente o Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio
Ambiente (GAEMA), descentralizado em núcleos pelo Estado de São Paulo e com
metas definidas, objetivando uma atuação integrada em defesa do meio ambiente.
Do ponto de vista qualitativo, a gestão foi um salto na forma de atuar. A ação passou
a ser global e não mais pontual. Foi uma inovação na forma de empregar os
recursos humanos e tecnológicos, além de melhorar a infraestrutura da Polícia
Ambiental, mediante obtenção de alguns equipamentos através de transações
penais.
Pergunta nº 2:
Com a adoção deste modelo de gestão Vossa Excelência acredita que a
recuperação ambiental possa ser mais rápida, em relação ao procedimento
tradicional?
Resposta:
Sem dúvidas. A responsabilização penal acabaria sobrecarregando ainda mais o
Poder Judiciário, o que no caso da Microbacia do Marinheirinho implicaria em 85
97
Termos Circunstanciados, além do que os processos não seriam julgados pelo
mesmo juiz, o que poderia levar a resultados diferentes para pessoas que
estivessem na mesma condição processual. Pela forma adotada, além de não
sobrecarregar o Judiciário, o objetivo maior foi atingido, que é o de cessar o dano e
recuperar o meio ambiente. Vale lembrar que se algum proprietário reluta em
cumprir as medidas acordadas não resta alternativa senão autuá-lo na forma da lei.
Pergunta nº 3:
O Sr. acredita que o modelo adotado aqui é uma ferramenta viável para a
recuperação da vegetação natural e demais recursos ambientais, podendo ser
estendido para outras regiões do Estado de São Paulo?
Resposta:
Sim, sem dúvida, porém em cada região deve ser verificada a sua peculiaridade.
Pergunta nº 4:
Este tipo de gestão, na opinião de Vossa Excelência, fornece subsídios para a
implementação de políticas públicas ambientais, principalmente municipais?
Resposta:
Sim. Podemos citar algumas ações motivadas pela gestão aqui realizada, como a
participação do município no sentido de buscar a certificação no projeto Município
Verde, do governo paulista e também a própria organização dos produtores rurais da
microbacia em recente associação por eles criada.
Uma grande reivindicação desses produtores é a busca de pagamento por serviços
ambientais, o chamado PSA, que é uma realidade pioneira no município mineiro de
Extrema, desde 2007, porém, aqui ainda não há lei que o regulamente e mesmo
assim este fato não prejudicou os resultados da gestão.
Pergunta nº 5:
Na opinião de Vossa Excelência, quais seriam as medidas para conter a expansão
urbana ou para solucionar a questão das ocupações nas áreas de mananciais?
Resposta:
O ideal é uma ação preventiva do poder público no sentido de não deixar que estas
áreas sejam ocupadas, através de leis, de fiscalização, atuando antes que o
problema se instale, porque depois fica mais difícil retirar as pessoas desses locais e
o problema passa a ter também implicações sociais.