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Maquinas 128

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Abril de 2013

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Rodando por aí

Qualidade na semeadura do amendoim

Eventos - SPMec

Ficha Técnica - SP3500 da New Holland

Empresas - LS Mtron

Test Drive - MF 32 SR

Características das semeadoras

Colhedoras de cana

Ficha Técnica - MF 7100

Mecânico lubrificador

Pulverizadores autopropelidos

Ficha Técnica - Série 9R da John Deere

Distribuição de fertilizantes

Coluna Mundo Máquinas

Test Drive - MF 32 SR 20Conheça a MF 32 SR, a colheitadeira híbrida da Massey Ferguson que possui dois rotores eunidade de trilha convencional

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Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados po-dem solicitá-las à redação pelo e-mail: [email protected]

Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.

NOSSOS TELEFONES: (53)

• EditorGilvan Quevedo

• RedaçãoCharles Echer

• RevisãoAline Partzsch de Almeida

• Design Gráfico e DiagramaçãoCristiano Ceia

Grupo Cultivar de Publicações Ltda.www.revistacultivar.com.br

DireçãoNewton Peter

[email protected]

CNPJ : 02783227/0001-86Insc. Est. 093/0309480

Colhedoras de canaComo garantir um corte perfeito da

cana-de-açúcar, diminuindo o número de paradas e os danos nas soqueiras

Pulverizadores autopropelidosAproximadamente 40 modelos são comer-cializados no Brasil, que podem atender pequenas, médias e grandes propriedades

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• REDAÇÃO3028.2060

Assinatura anual (11 edições*): R$ 173,90(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Números atrasados: R$ 17,00Assinatura Internacional:

US$ 130,00€ 110,00

Cultivar Máquinas • Edição Nº 128 • Ano XII - Abril 2013 • ISSN - 1676-0158

• ComercialSedeli FeijóJosé Luis AlvesRithiéli de Lima Barcelos

• Coordenação CirculaçãoSimone Lopes

• AssinaturasNatália RodriguesFrancine MartinsClarissa Cardoso

• ExpediçãoEdson Krause

• Impressão: Kunde Indústrias Gráficas Ltda.

Destaques

Nossa capa

Índice

28

Matéria de capa

Cap

a: C

harl

es E

cher

CCCultivar

• GERAL3028.2000

• ASSINATURAS3028.2070• MARKETING3028.2065

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rodANdo por AÍ

Eduardo Souza

Lavoura-Pecuária-FlorestaA Fazenda Santa Brígida realizou a 7ª edição do Dia de Campo iLPF (integração Lavoura-Pecuária-Floresta), promovido pela John Deere em parceria com a Embrapa, e levou os números de produção desse tipo de plantio rotativo aos cerca de 400 participantes do evento, incluídos diversos secretários estaduais de Agricultura do País. Segundo Paulo Herrmann, presidente da John Deere Brasil e da Rede de Fomento em iLPF, a eficiência do sistema iLPF já está comprovada e o grande desafio, agora, é acelerar o processo de difusão dessa tecnologia.

LS TractorLS Tractor inaugurou sua primeira concessionária no dia 27 de março em Montenegro (RS). Essa é a primeira loja da LS Mtron fora da Coreia do Sul. O diretor geral, Luiz Saldanha, afirma que a decisão por abrir esta loja veio para oferecer ao mercado uma alternativa em termos de tratores. “São produtos que trazem uma série de benefícios já de fábrica, o que já é um grande diferencial”, ressalta Saldanha.

Executores em Aviação AgrícolaUniversidade Federal de Pelotas (UFPel) realiza Curso de Executores em Aviação Agrícola (CEAA), de 3 a 8 de junho, direcionado a alunos formados em cursos Técnico em Agropecuária ou Técnico Agrícola. O curso será ministrado nas dependências do Centro de Engenharias da UFPel, em Pelotas. Mais informações podem ser obtidas pelo email [email protected]

80 mil tratoresHá mais de 50 anos no mercado, a Agrale comemora a marca de 80 mil tratores produzidos. “Superar 80 mil tratores é uma importante conquista, cuja história está ligada à evolução da agricultura brasileira, sobretudo com foco nos pequenos e médios agricultores”, destaca o executivo Hugo Zattera, diretor-presidente da Agrale. A unidade de número 80 mil é um trator Agrale BX 6180, o de maior potência da fabricante, com 168cv.

ParceriaEm 2013 a ZF será parceira no fornecimento de Eixos Dianteiros Tra-cionados para novos produtores de tratores: a sul-coreana LS Mtron, as empresas brasileiras Bramon, Montana e a Stara, líder na produção de implementos agrícolas. Também, no mesmo ano, o novo eixo para trator TSA será fornecido para as duas maiores montadoras de tratores do País: o cliente John Deere, líder mundial na produção de tratores, e para o Grupo AGCO.

PromoçãoNo mês de março, a Valtra premiou o produtor Renato Rosa com o trator A750 em parceria com a Shell na promoção “Peças Genuínas Valtra – Peça que dá Trator”. O produtor sorteado participou da promoção na concessionária Pianna, de Linhares, Espírito Santo. Para concorrer ao prêmio era necessário adquirir dois baldes de qualquer lubrificante da marca Shell ou comprar R$ 400,00 em peças genuínas Valtra.

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SEMEAdorAS

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Ponto de equilíbrio

A cultura do amendoim é considerada uma das mais importantes espécies leguminosas, sendo recomendada

em programas de rotação de culturas, por ser de ciclo curto (120 - 140 dias após a semeadura) e totalmente mecanizada. Seu cultivo geralmente é feito em rotação com a cana-de-açúcar no estado de São Paulo, principalmente na região de Jaboticabal, aonde, ultimamente, vem supe-rando recordes de produtividade.

Não há no Brasil um consentimento entre os produtores de qual densidade de semeadura de amendoim utilizar, entretanto, a maior parte semeia uma grande quantidade de sementes, chegando-se a 25 sementes/m, os quais re-latam que o motivo de tão alta densidade de semeadura seria para compensar falhas no estande final de plantas devido a fatores ex-ternos como precipitação de chuvas e também qualidade fisiológica das sementes. A população de plantas é um dos fatores que mais afetam a produtividade, por exercer influência direta nos componentes da produção, assim, o arranjo espacial de plantas também deve influenciar significativamente o comportamento dessas variáveis, uma vez que é fator determinante da densidade populacional.

Além da densidade de semeadura, o tamanho da semente é fator extremamente importante para que se obtenha sucesso na implantação da cultura do amendoim. Em várias espécies, a classificação de lotes de se-mentes por tamanho pode afetar o vigor inicial das plantas e os componentes agronômicos de

A qualidade da semeadura e a densidade de plantio interferem na produtividade da cultura de amendoim, muito utilizada no estado

de São Paulo, principalmente em rotação com cana-de-açúcarprodução, sendo que um aspecto relacionado à produtividade que sempre é afetado pela classi-ficação das sementes é a precisão da semeadura mecânica.

Diante do exposto e em vista da escassez de pesquisas do tema, uma equipe de pesqui-sadores da Unesp de Jaboticabal realizou um trabalho com o objetivo de avaliar parâmetros da qualidade da semeadura mecanizada de amendoim em função de densidades de seme-adura e tamanho de sementes.

O EXPERIMENTOA área experimental em que se realizou o

trabalho pertence ao Laboratório de Máquinas e Mecanização Agrícola (Lamma), do Departa-mento de Engenharia Rural, Unesp/Jaboticabal (SP), altitude média de 560m, declividade mé-dia de 4%. O solo é classificado como latossolo vermelho eutroférrico típico, horizonte a mode-rado, textura argilosa e relevo suave ondulado. A semeadura do amendoim (Arachis hypogaea) foi realizada em solo sob preparo convencional, com subsolagem a 40cm de profundidade, gradagem pesada e duas gradagens leves, ambas com grades de discos. A cultivar de amendoim utilizada

nos experimentos foi a IAC Runner 886.O esquema utilizado foi o fatorial 2x3

conduzido sob delineamento experimental de blocos casualizados, com seis tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos foram constituídos pela combinação de dois tamanhos de semente (peneiras 21mm e 23mm), e três densidades de plantas (dez, 14 e 18 sementes/metro), perfazendo um total de 24 parcelas.

A semeadora-adubadora de precisão utili-zada foi a Marchesan COP Suprema 7/4, com disco vertical pneumático para distribuição de sementes, discos duplos desencontrados para abertura do sulco de deposição do adubo 02-20-20 (350kg/ha), discos duplos para sementes e rodas aterradoras-compactadoras duplas em “V”, discos dosadores de sementes de 48 furos de 55mm, operando com quatro fileiras de semeadura, com espaçamento de 90cm, profundidade de deposição da semente de 4cm e profundidade de deposição do adubo de 12cm. Para tracionar a semeadora-adubadora, utilizou-se de trator Valtra BM125i 4x2 com tração dianteira auxiliar (TDA), potência má-xima no motor de 91,9kW (125cv) a 2.300rpm, operado no momento da semeadura na marcha 3aL a 1.900rpm, com a tração dianteira auxiliar

acionada, operando à velocidade média de 5,7km/h.

Foram avaliadas as variáveis número médio de dias para emergência de

plântulas, população de plantas, por-centagem de germinação, massa verde e seca da parte aérea, produtividade e

Charles Echer

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massa de 100 grãos.Realizou-se a análise de variância (Anova),

aplicando-se o teste F de Snedecor, com nível de significância de 5%, para verificar a existência ou não de diferenças significativas entre as médias das variáveis analisadas. Quando pro-cedente, aplicou-se o teste de médias de Tukey a 5% de probabilidade.

RESULTADOSObserva-se através da Tabela 1 que houve

diferenças para as variáveis analisadas, sendo que para NDE a semente menor (peneira 21), e as maiores densidades de semeadura (14 e 18 sementes/m) apresentaram maior número de dias para emergência.

Com relação ao tamanho da semente, a menor possui quantidade de reservas inferior e células cotiledonares menores (menor vigor) e, por isso, a germinação e a emergência ocorrem mais lentamente. A maior velocidade de emer-gência proveniente das sementes vigorosas (de maior tamanho) pode proporcionar ao dossel das plantas vantagens no aproveitamento de água, luz e nutrientes. Plântulas provenientes de sementes de alto vigor emergem mais rapi-damente, iniciam o processo fotossintético mais cedo, favorecendo o crescimento da parte aérea e do sistema radicular, assim, espera-se que sejam mais produtivas. Nas maiores populações pode ter ocorrido competição intraespecífica entre as plântulas, já que o espaçamento nestes tratamentos é menor, atrasando a emergência das plântulas de amendoim.

Nota-se que para a variável estande inicial de plantas, quanto maior a densidade de se-meadura maior o estande, porém, observa-se que mesmo possuindo diferenças, a densidade de semeadura de 14 sementes/m apresentou a quantidade de plantas por hectare mais próxima da densidade de semeadura de 18 sementes m-1

em comparação à de dez sementes/m. O estande de plantas foi superior para a

semente de 23mm para todas as densidades de semeadura, provavelmente devido à maior quantidade de reserva que possui, refletindo na germinação, a qual também apresentou valores maiores. Observa-se que a densidade de 18 sementes/m, mesmo possuindo estande inicial maior, apresentou porcentagem de germinação inferior. Este fato pode ter ocorrido devido ao menor espaçamento entre sementes, que con-tribui para concorrência de água e nutrientes do solo, chamada competição intraespecífica. Também podem ter acontecido maiores danos mecânicos nas sementes causados pelo me-canismo dosador de sementes da semeadora, já que a densidade maior exige mais rapidez do funcionamento do mecanismo dosador no

momento da semeadura, favorecendo o atrito entre as sementes e comprometendo sua qua-lidade fisiológica. Tanto massa verde quanto massa seca não diferiram para os tratamentos avaliados (Tabela 2).

Como esta cultivar de amendoim possui crescimento indeterminado, nas maiores den-sidades de semeadura ocorre competição por luz entre as plantas, então a mesma reduz o desenvolvimento da parte aérea em certo ponto de crescimento. Já para as menores densidades de semeadura, as plantas possuem maior es-paço para o desenvolvimento da parte aérea, e como são de porte rasteiro, existe a capacidade de se alastrar e produzir maior quantidade de material vegetal. Para a variável produtividade, o tratamento com a semente de 23mm obteve maior valor. Observa-se que a densidade de

Cristiano Zerbato

Área experimental do Laboratório de Máquinas e Mecanização Agrícola, do Departamento de Engenharia Rural, Unesp Jaboticabal, onde foi realizado o experimento

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Fotos Cristiano Zerbato

A cultivar de amendoim utilizada nos experimentos foi a IAC Runner 886, bastante utilizada no estado de São Paulo

Tabela 1 - Análise de variância para número de dias para emergência, estande e germinação de plântulas de amendoim na semeadura mecanizada

Estande (plantas ha-1)

124.262 a112.309 b

86.111 c127.603 b141.143 a

27,83*213,62*0,568 ns

4,69

Germinação (%)

80,73 a72,66 b

77,50 a82,03 a70,57 b

27,59*18,83*0,915ns

4,90Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. CV: coeficiente de variação (%). *: significativo a P<0,05. ns: não significativo.

NDE

13,23 b13,41a

13,15 b13,34 ab13,43 a

6,676*7,439*0,143ns

1,26

TratamentosSementes (S)

23mm21mm

Populações (P)10 sem/m14 sem/m18 sem/mTeste de F

SP

SxPCV (%)

Tabela 2 - Análise de variância para massa verde e seca da parte aérea, produtividade e massa de 100 grãos na semeadura mecanizada de amendoim

MS (kg ha-1)

10.412,299.206,52

11.287,228.878,359.262,64

0,655 ns1,007 ns1,137 ns

37,19

Produtividade (kg ha-1)

2.852,95 a2.007,80 b

2.109,87 b2.537,01 ab2.644,25 a

33,15 *4,946 *0,927 ns

14,79Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. CV: coeficiente de variação (%). *: significativo a P<0,05. ns: não significativo.

MV (kg ha-1)

27.894,3825.304,45

28.295,0225.206,1226297, 11

0,791ns0,386ns1,619ns26,81

TratamentosSementes (S)

23mm21mm

Populações (P)10 sem/m14 sem/m18 sem/mTeste de F

SP

SxPCV (%)

Massa 100 grãos (g)

48,1550,41

49,0448,4850,32

0,691 ns0,159 ns0,398 ns

13,56

semeadura de dez sementes/m acarretou menor produtividade, e as densidades de semeadura de 14 e 18 sementes/m não diferiram entre si, apresentando maiores valores. Este fato pode ter ocorrido devido à menor densidade de semea-dura possuir população de plantas insuficiente para atingir altas produtividades. Já na densi-dade de 18 sementes/m a população de plantas é acrescida, podendo, portanto, ter ocorrido competição por espaço, água e nutrientes do solo. Sendo assim, na densidade de semeadura de 14 sementes/m, com população de plantas intermediária, houve efeito compensatório de produção por planta, alcançando no montante final de produtividade igualdade com a densi-dade de semeadura de 18 sementes/m.

O tratamento com densidade de semeadura de 14 sementes/m apresentou alta porcentagem de germinação a campo, o que acarretou no melhor desenvolvimento da cultura a campo. Isto indica que não é recomendado semear alta quantidade de sementes por metro, já que uma

O conjunto utilizado era formado por trator Valtra BM125i de 125cv, 4x2 com tração dianteira auxiliar, e Marchesan COP Suprema 7/4

densidade menor atingiu os objetivos esperados para a maioria das variáveis de qualidade da semeadura, conseguindo assim menores gastos com sementes para a implantação da cultura.

Com relação à massa de 100 grãos, não houve diferença entre os tratamentos. O pos-sível motivo é que o tamanho e o peso de grãos produzidos pelas plantas de amendoim são uma característica genética da cultivar, portanto não importa o espaçamento entre plantas nem o tamanho da semente utilizada na implantação da cultura, porque geralmente as características dos grãos produzidos serão parecidos.

Estes resultados evidenciam que a busca de novas alternativas de cultivo, com a utilização de novos arranjos espaciais, se faz necessária, uma vez que pode não ser economicamente viável para o produtor de amendoim semear convencionalmente com altas densidades de semeadura, já que com menores densidades alcançam-se desempenhos semelhantes, obtendo-se menores gastos com sementes.

Cristiano Zerbato,Carlos Eduardo Angeli Furlani,Vicente Filho Alves Silva,Rafael Scabello Bertonha eFábio Alexandre Cavichioli,Lamma – Unesp Jaboticabal (SP)

Disco dosador de sementes de amendoim utilizado no experimento

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EvENtoS

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Tecnologia em canaTerceiro Simpósio Paulista de Mecanização em Cana-de-Açúcar (SPMec 2013) abordou

os principais desafios da mecanização em cana-de-açúcar na região de São Paulo

O III SPMec, realizado nos dias 13 e 14 de março de 2013, contou com um público de aproxima-

damente 200 participantes entre profis-sionais, produtores, professores, técnicos e alunos de graduação e pós-graduação. A área de exposição contou com dez estandes cobertos onde as empresas participantes apresentaram seus produtos. Na parte ex-terna a exposição de máquinas contou com tratores de diversas marcas e potências e também com máquinas agrícolas utilizadas para enleiramento e enfardamento de palha e veículos utilitários.

A palestra de abertura intitulada “Sus-tentabilidade no Agronegócio da Cana-de-açúcar” foi proferida pelo pesquisador Mar-cos Guimarães de Andrade Landell, diretor do Centro Cana do Instituto Agronômico de Campinas, que enfatizou a produção de

etanol celulósico, apresentando as novas tecnologias que estão sendo pesquisadas, destacando que a mais avançada delas é a que utiliza a rota enzimática.

A palestra sobre motores do ciclo diesel movidos a etanol foi proferida pelo en-genheiro de produto da Scania do Brasil, Emilio Paulo Fontanello, que destacou que os motores do ciclo diesel apresentam ren-dimento térmico melhor que os motores do ciclo Otto e que possuem curva de torque plana, o que representa maior facilidade para a operação de veículos pesados. Ele destacou também a utilização do etanol em motores de ciclo diesel. O combustível utilizado é uma mistura de 95% etanol + 5% aditivo, sendo o preparo de fácil execução e a mis-tura é homogênea. Uma grande vantagem da utilização de um combustível renovável e não poluente está diretamente ligada à

preservação do meio ambiente.Os desafios do plantio do mecanizado

de cana-de-açúcar com uso de piloto au-tomático, foi o tema da palestra proferida pelo professor Fábio Henrique Rojo Baio, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, que abordou os investimentos e retornos da tecnologia. O palestrante Du-mas Vicenti Casagrandi descreveu sobre as operações de aleiramento de palhiço, cultivo e adubação de cana-soca e nivelamento de sulcos de plantio e a utilização do Programa de gestão PCEAC (Planejar, Capacitar, Exe-cutar, Avaliar e Controlar). De acordo com o palestrante, o aleiramento tem por finali-dade produzir biomassa (energia mecânica, bioelétrica e etanol celulósico), melhorar o nivelamento da superfície do solo e acelerar e/ou melhorar a brotação da cultura. Já o cultivo apresenta o conceito de recuperar

Cerimônia de abertura do III Simpósio Paulista de Mecanização em Cana-de-Açúcar, realizado no Centro de Convenções da Unesp de Jaboticabal

A terceira edição do evento contou também com área de exposição de máquinas agrícolas e empresas parceiras

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Fotos Divulgação

as propriedades físicas naturais e melhorar as características biológicas e as reações do solo. A adubação deve repor e complementar o estoque de nutrientes do solo e atingir altas produções econômicas.

O engenheiro Paulo de Tarso Neves, da British Petroleum Brasil, palestrou no se-gundo dia do evento sobre manutenção pri-mária da frota agrícola em cana-de-açúcar, enfatizando os tipos de manutenção (pre-ventiva, corretiva e preditiva) e destacando também a manutenção autônoma, na qual aparece a figura do operador-mantenedor, que participa efetivamente da manutenção da máquina.

No mesmo dia, o engenheiro agrônomo Luiz Carlos Dalben, da Agrícola Rio Claro, que colhe 92% da área com colhedoras, discorreu sobre o recolhimento de palhiço em cana-de-açúcar e seu aproveitamento energético, apontando como vantagens do recolhimento as melhores condições para cultivo; maior homogeneidade na aplicação de vinhaça; melhoria das condições para controle de pragas, além do aumento da temperatura do solo em regiões frias.

“As tendências da Agricultura de Preci-são em cana-de-açúcar” foi elucidada pelo palestrante Victor Campanelli, da Agro-Pas-toril Paschoal Campanelli S/A. Ele ressaltou

que a mudança do ambiente de produção ocasiona uma série de novas medidas, tais como a eliminação dos terraços, correção de depressões e cuidados com água. Fazendo um comparativo de plantio convencional com terraço e piloto automático sem terraço para um mesmo tamanho de área, foram plantados 5,9% de linhas a mais quando do uso do piloto automático.

Para o gerente nacional de Vendas e Su-porte ao cliente da Auteq, Rodrigo Gomes S. Villela, quando se pensa em uso de softwares para gestão de frota, a questão principal é quanto custa para controlar e monitorar. De acordo com Villela, a resposta a princípio soa como dúbia, podendo ser caro ou não. Custa caro quando não há retorno no investimento

feito. E custa barato quando investimento proporciona retorno, tornando-se benefício. A gestão de frota consiste na automatização do processo de geração de informação e tomada de decisão e, dessa forma, com o gerenciamento, pode-se diminuir em até 30% os gastos mensais.

O III SPMec atingiu seus objetivos, pro-movendo o debate sobre o aprimoramento das operações mecanizadas na cultura da cana-de-açúcar, configurando-se numa oportunidade para a efetiva troca de expe-riências entre seus participantes.

SAlAS dE INovAção tECNológICA

Durante o evento ocorreram as Salas de Inovação Tecnológica, onde as em-

presas puderam apresentar aos participantes suas novidades para o setor sucroalcooleiro. A ZF do Brasil apresentou a validação de eixos dianteiros para tratores, discorrendo sobre as características de eixos dianteiros quanto a segurança, funções primárias e secundárias, bem como outras funções, tais como nível de ruído, rastreabilidade do produto e mon-tagem dos componentes internos.

Outro tema abordado pela ZF do Brasil foi a utilização da eletrificação de máquinas agrí-colas, ou seja, a utilização da energia elétrica gerada no trator para, por exemplo, acionar a tomada de potência. Também destacou o uso desta tecnologia em colhedoras, que possuem uma infinidade de acionamentos mecânicos e hidráulicos que poderiam ser substituídos por acionamentos elétricos.

A empresa Agricorte abordou a avaliação da qualidade de corte basal em facas de corte de base revestida com carbeto de tungstênio, técnica que proporciona maior durabilidade, redução da face cortante (autoafiação do

corte) e redução de danos nas soqueiras.O sistema de telemetria AGCommand

foi apresentado pela empresa Stéfani-Massey Ferguson. Este sistema proporciona a locali-zação das máquinas praticamente em tempo real, indicando o status atual da máquina, o histórico de funcionamento, possibilitando a comparação de desempenho e eficiência de até cinco máquinas.

O tema aproveitamento da palha de cana-de-açúcar através do enfardamento foi apresentado pela Interagro/New Holland, que recomendou o recolhimento de 40% a 60% da palha remanescente no solo após a colheita mecanizada. A empresa Veermer apresentou suas soluções agrícolas para levar a palha do campo à caldeira, com máquinas para o aleiramento e o enfardamento.

A Colorado/John Deere abordou o uso do piloto automático AMS, sistema que apresenta um módulo de compensação do terreno (inclinação lateral, curvas e inclinação longitudinal), que tem respostas mais rápidas e mais precisas às mudanças de relevo.

Carlos Eduardo Angeli Furlani eRouverson Pereira da Silva,III SPMec

Pesquisadores Carlos Furlani e Rouverson da Silva coordenaram o III SPMec

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fIChA téCNICA

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SP3500O autopropelido da New Holland pode ser configurado

com barras de até 30 metros e tanque 3.500 litros de calda

A New Holland disponibiliza no Brasil o pulverizador autopropeli-do SP3500. Ele possui suspensão

ativa de série para proporcionar melhor desempenho nas arrancadas e em aclives, conforto nas atividades diárias e melhor uniformidade nas aplicações.

Este modelo possui bomba de pulveriza-ção centrífuga feita em aço inox para garantir vazão, além de resistência a corrosão, o que prolonga a vida útil do equipamento.

CHASSI E SUSPENSÃOO chassi do SP3500 foi projetado para

enfrentar as condições mais adversas em campo e sua estrutura tubular garante leveza e resistência. Essa combinação de estrutura tubular e suspensão ativa permite ao SP3500 atingir velocidades maiores com um desloca-mento suave e ter um excelente desempenho em subidas, mesmo com carga máxima.

O tanque de combustível e a cabine estão localizados sobre o eixo dianteiro; o tanque de produto está no centro da máquina e o motor fica sobre o eixo traseiro. Esta distribuição confere ao pulverizador SP3500 melhor dis-tribuição de peso, proporcionando equilíbrio nas manobras e contribuindo para a estabi-lidade da barra de pulverização. A distância entre eixos é de 3,56m, o sistema de abertura hidráulica de bitola varia de 305cm a 399cm e o raio de giro é de 6,90m.

A suspensão ativa de série que atua nas rodas dianteiras da máquina é composta por dois cilindros hidráulicos, que substituem os amortecedores, e por duas molas helicoidais. Ela foi projetada para absorver impactos ver-ticais e horizontais, evitando que eles sejam transferidos para o chassi, barras e cabine.

Por responder de forma diferente a cada situação encontrada no campo, a suspensão ativa do pulverizador SP3500 é considerada uma suspensão “inteligente”. Essa configura-ção confere à máquina uma melhor resposta na arrancada e grande desempenho nos terre-nos mais íngremes, além de garantir uma excelente absorção dos impactos no chassi e maior durabilidade dos componentes.

BARRAS DE PULVERIZAÇÃOO pulverizador SP3500 possui barras de

pulverização de 27,3m na versão standard, mas pode ser configurado também com barras de 30 metros. Suas seções externas dobram-se para cima com funcionamento independente em ambos os lados e possui estrutura treliçada, dividida em sete seções.

O porta-bicos de cinco saídas garante maior versatilidade, pois permite ao opera-dor variar as opções de aplicação, sem ter de substituir os bicos de pulverização.

Em um pulverizador, as barras sofrem grandes esforços na aceleração, nas frenagens e nas curvas. Essa tendência de movimentar-se no sentido oposto ao deslocamento pode causar avarias em sua estrutura, além de comprometer a qualidade da aplicação. Para minimizar o efeito “chicote”, o pulverizador SP3500 possui sensores magnéticos de cen-tralização automática que atuam no sentido do deslocamento do pulverizador.

Esse sistema diminui o impacto no con-

O quadro central é reforçado e quando se movimenta suportes flexíveis de mangueira protegem as linhas de alimentação

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junto após um movimento brusco, reposicio-nando as barras de modo que fiquem sempre alinhadas em um ângulo de 90º em relação ao sentido de deslocamento. Dessa maneira, o sistema de centralização automática evita que o conjunto seja excessivamente rígido e o torna menos sujeito a quebras.

O quadro central de ação deslizante é re-forçado. Quando o quadro central da barra se movimenta, suportes flexíveis de mangueira protegem as linhas de alimentação.

MOTOR E TRANSMISSÃOO pulverizador SP3500 possui motor

Cummins seis cilindros, 5,9 litros Turbo In-

tercooler que gera 202cv a 2.500rpm e possui tanque de combustível de 454 litros.

A transmissão do SP3500 é hidrostática e cruzada. Duas bombas em tandem acio-nam quatro motores hidráulicos, um em cada roda. Essa configuração assegura uma transmissão de potência ao solo mais eficien-te, com operações mais suaves e sem causar maior aquecimento no sistema.

Em terrenos irregulares, o operador acio-na o assistente de tração, um dispositivo que cria dois circuitos hidráulicos independentes para otimizar o rendimento em situações adversas.

SISTEMA DE PULVERIZAÇÃOO tanque de produto do SP3500 tem

3.500 litros de capacidade. Seus dois tan-ques de água limpa totalizam 385 litros, são intercomunicáveis e situam-se em cada lado da cabine, distribuindo melhor o peso do conjunto. A bomba de pulverização, confeccionada em inox de alta resistência, é centrífuga e proporciona vazão com 472L/min. A válvula de controle de vazão é do tipo esférica, mais precisa e confiável.

A localização do indutor químico e o qua-dro de abastecimento permitem ao operador realizar a preparação da calda e o enchimento

Para facilitar a manutenção, os componentes que precisam de inspeções periódicas foram instalados próximos um do outro

Suspensão ativa, composta por dois cilindros hidráulicos e por duas molas helicoidais

Para possibilitar maior equilíbrio, o SP3500 tem a cabine na frente,o tanque de calda no centro e o motor na traseira da máquina

Fotos New Holland

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A Axial-Flow 8120 foi um dos destaques da Case IH, com motorização de potência nominal de 426cv e máxima 487cv

do tanque de produto de maneira rápida e segura. As válvulas e os engates estão bem sinalizados e com informações simples e objetivas.

CABINEO pulverizador SP3500 tem uma cabi-

ne espaçosa e confortável, projetada para proporcionar conforto em longas horas de trabalho. O silêncio no interior é um de seus diferenciais, já que o motor está localizado na parte traseira da máquina.

Além de ser equipada com filtro de ar com carvão ativado para reter as impurezas, a cabine possui vedação apropriada para o tipo de aplicação que será submetida. Possui assento pneumático ajustável, pai-

nel ergonômico e comandos simplificados para facilitar as operações. Através de um manche, o operador controla a altura das barras, desliga a pulverização e comanda o deslocamento da máquina.

Um controlador de pulverização permite que o operador monitore as informações e faça seu trabalho da maneira mais simples, rápida e precisa. Através de um único ponto, ele ajusta todas as operações relacionadas à pulverização. Essa funcionalidade propor-ciona mais eficiência, melhor desempenho, mais economia e produtividade.

PLM, AGRICULTURA DE PRECISÃOA barra de luz é uma ferramenta ex-

cepcional para aumentar a precisão e a

qualidade na pulverização. Ela pode ser facilmente instalada e serve para informar ao operador, através de luzes indicativas, quando o pulverizador se desvia do eixo do percurso, evitando falhas ou sobreposições durante as aplicações.

O SP3500 pode receber piloto automá-tico elétrico (EZ-Steer) ou hidráulico e o FM750 permite diversas opções de orienta-ção: reta, curva, pivô central e cabeceira.

Estima-se que 30% das despesas em uma safra sejam relacionadas aos defensivos agrícolas. Com os recursos da barra de luz FM-750, a economia que o produtor faz é enorme. Não há falhas na pulverização nem sobreposição de aplicação de defensivos em áreas já pulverizadas.

A cabine possui assento pneumático ajustável, painel ergonômico, comandos simplificados e manche para controlar a altura das barras, acionamento da pulverização e deslocamento da máquina

.M

Fotos New Holland

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EMprESAS

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Pedra fundamentalCom previsão de comercializar o primeiro trator nacionalizado em agosto de 2013, a LS Mtron lança a pedra fundamental da sua fábrica, já em estado avançado de construção

Realizada no final de fevereiro, a solenidade de colocação da pedra fundamental da fábrica de tratores

da LS Mtron foi apenas um ato formal. Na verdade, a fábrica que está sendo erguida na cidade de Guruva, Santa Catarina, já se en-contra em estágio avançado de construção e pretende entregar o primeiro trator montado já no mês de agosto deste ano, ou seja, daqui a aproximadamente quatro meses.

A coreana LS Tractor pertence ao grupo LS Mtron, 13º maior grupo empresarial do país asiático, com faturamento de 30 bilhões de dólares anuais e que tem por origem a gigante de eletroeletrônico LG. Com má-quinas já sendo comercializadas no Brasil, a LS Tractor tem pressa para colocar na vitrine seus modelos nacionalizados e entrar na dis-puta por uma fatia do mercado brasileiro que consome tratores com potência entre 25cv e 100cv. Com investimento de 30 milhões de dólares e geração inicial de 100 empregos diretos e mil indiretos, a perspectiva é de fabricar cinco mil tratores anuais divididos

em sete diferentes modelos.Na solenidade, além do ministro do

Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, e do governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, marcaram presença o presidente mundial da LS Mtron, Jae Seol Shim, o vice-presidente mundial da LS Mtron, Kwang Won Lee, o presidente da LS Mtron no Brasil, James Yoo. Para Yoo, o projeto da empresa é atuar nos mercados de São Paulo, Santa Catarina, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, inicialmente. “Pretendemos concen-trar esforços em uma faixa de potência de até 100cv porque ela representa cerca de 70% do volume de venda de tratores no Brasil”, assinala.

O vice-presidente mundial da LS Mtron, Kwang Won Lee, garantiu que a empresa en-tra no País oferecendo o que há de melhor em tecnologia para tratores, com todos os itens já saindo de fábrica. “Vamos surpreender o produtor brasileiro com os nossos produtos” destaca.

A escolha pela cidade de Garuva passou

também pela proximidade com o moderno Porto de Itapoá, que fica a 27 quilômetros da fábrica. De acordo com James Yoo, o porto possui capacidade instalada para movimentar cerca de 300 mil contêineres/ano e sua proxi-midade com o mercado no qual a LS Mtron pretende atuar também contou no processo decisório da localização da fábrica.

CONCESSIONÁRIAFruto da união de investidores, a primei-

ra concessionária LS Tractor no Brasil foi inaugurada em Montenegro (RS) no final de março. Segundo o diretor geral, Luiz Salda-nha, a concessionária vai atuar em cerca de 90 municípios da Região dos Vales, o que inclui o Taquari, Jacuí e Caí. “É uma parte do Estado que possui muitas propriedades familiares, de produção de frutas, aves, suínos, flores, milho e soja, onde os produtos LS Tractor são especialistas”, garante. A segunda loja deverá ser inaugurada no segundo semestre na cidade de Santa Cruz do Sul, também no Rio Grande do Sul.

A empresa pretende fabricar sete diferentes modelosno Brasil, totalizando cinco mil tratores anuais

O vice-presidente mundial da LS Mtron, Kwang Won Lee, garantiu durante o lançamento da pedra fundamental que “o Brasil se surpreenderá com a qualidade dos produtos”

Foto

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CApA

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MF 32 SRTestamos pela primeira vez a colhedora híbrida MF 32

SR, composta por duplo rotor no sistema de separação e sistema de trilha convencional com cilindro e côncavo, voltado para colheita de cereais em pequenas e médias

propriedadesO mercado-alvo deste produto é princi-

palmente a região Sul do país, de São Paulo para baixo, mas também abrange o Centro-Oeste, com um mercado promissor na região de Formosa, Tocantins, onde depois da colheita do arroz entra a soja de abril a setembro, irrigada por capilaridade.

É uma máquina do tipo Multicrop, definida pela sua potência de motor e capa-cidade do depósito de grãos como classe IV. Atualmente, na linha de colhedoras Massey Ferguson, o modelo MF 32 SR é uma das menores máquinas para colheita de grãos, como milho, soja e cereais de inverno, sendo apenas maior do que a MF 5650.

Para adaptá-la à colheita de arroz, substitui-se o cilindro e o côncavo de barras por cilindro e côncavo de dentes, além de trocar as grelhas do côncavo e do rotor e

Para este número da Revista Cul-tivar Máquinas apresentamos o teste da colhedora MF 32 SR, com

plataforma 8250 DynaFlex, que realizamos na Agropecuária São Cristóvão, propriedade do senhor Luiz Lang, em Selbach, no Rio Grande do Sul.

Esta máquina foi lançada na Expointer 2012 e o mecanismo que a caracteriza tem origem no projeto da MF 5650 SR, com duplo rotor. Tudo começou com uma ação entre a Indústria Agro-Pertences Ltda, de Cachoeira do Sul, e o Departamento de Marketing de produto da AGCO. A versão SR da MF 32 iniciou em arroz e agora se apresenta para a colheita de outros grãos. É uma máquina híbrida, com trilha pelo sistema convencional e separação e limpeza pelo sistema axial.

de substituir a plataforma flexível por uma rígida.

UNIDADE DE CORTE E ALIMENTAÇÃOA máquina testada estava equipada com

uma plataforma de corte flexível Dynaflex 8250, com largura de 20 pés. Este modelo, especial para soja, também permite colher trigo e outros grãos, é de construção nacional e pode ser encontra-do com larguras de 16, 18, 20 e 23 pés. Para a colheita de arroz a MF 32 SR utiliza pla-taformas rígidas de 18 ou 20 pés e para colher milho, as pla-taformas variam de acordo com o espaçamento entre linhas, podendo chegar até 11 linhas com 45cm de espaçamento.

A plataforma Dynaflex 8250 apre-senta um exclusivo sistema de aciona-mento da navalha de corte por meio de cardã, o que proporciona uma

O tanque graneleiro tem capacidade para 5,5 mil litros, com sensor de alerta e leva aproximadamente 90 segundos para descarregar completamente

Detalhe da entrada de ar do sistemade arrefecimento do motor

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transmissão de torque constante e até quatro vezes superior ao acionamento por correias, resultando em aumento da sua capacidade de corte das plantas e permitindo maior velocidade de colheita.

Durante o teste a máquina foi operada a 8km/h e a navalha com 550 ciclos/min produziu um corte perfeito das plantas, comprovando a habilidade do conjunto de corte.

A qualidade do corte das plantas tam-bém é fruto da navalha modelo Schumacher, em que a montagem das lâminas de corte é alternada, de modo que uma apresenta a face “biselada” para cima e outra para baixo. Aliado a isso, a navalha Schumacher se desloca apoiada em mancais montados em rolamentos blindados, ao invés de ser apoiada sobre placas de atrito. Essas par-ticularidades proporcionam redução nas vibrações do conjunto de corte e da pressão da navalha sobre os dedos duplos, além de um deslizamento mais silencioso com menor desgaste dos dedos e das lâminas. Estas qua-lidades da navalha também contribuem para minimizar perdas de grãos por vibrações.

A altura de corte e as inclinações laterais da plataforma são corrigidas automatica-mente, permitindo que a plataforma acom-panhe as irregularidades do terreno, tanto no sentido transversal quanto longitudinal. O ângulo de inclinação lateral da plataforma

é de até 8º.A sustentação do conjunto de corte é

dada por um exclusivo conjunto de molas apoiado sobre deslizadores de plástico an-tiaderente, o que permite copiar desníveis do solo de até 150mm. O ângulo de ataque da navalha pode ser ajustado no quadro de acoplamento em aproximadamente três graus e meio. Ainda, o operador pode optar dentre três níveis de resposta do sistema automático de controle da altura de corte, o que permite adaptar o corte da máquina às condições do terreno e à velocidade de operação.

O molinete, com diâmetro de 1.078mm, possui acionamento hidráulico e apresen-ta ajuste automático da sua rotação (0 a 80rpm) à velocidade de deslocamento da máquina. Os ajustes da posição horizontal e vertical são através de cilindros hidráulicos comandados a partir da cabine do operador. Os dedos são de material flexível (plástico), o que reduz a sua agressividade às plantas e minimiza perdas de grãos, sendo a sua angulação dada por alavanca posicionada na extremidade esquerda do molinete.

O sem-fim de alimentação para soja e outros grãos apresenta diâmetro de 660mm, altura das espiras de 125mm e passo da hélice de 660mm, possui limitador de torque por catraca e sua velocidade padrão é de 133rpm (podendo ser de 125rpm ou de 154rpm). A altura e o avanço podem ser ajustados manualmente e, ao longo de toda a sua extensão, encontram-se dedos retráteis que aceleram o fluxo da palha, além de uma chapa “raspadora” (facão) que previne o enrolamento de material no tubo do sem-fim.

No canal alimentador da MF 32 SR a esteira é composta por três

correntes e travessas bipar-tidas e desencontradas.

O rolo frontal é flutu-ante, o que contribui para uma alimentação

constante, com auto-

Fotos Charles Echer

A MF 32 SR possui motor AGCOPOWER 620 DS de 200cv, projetado para trabalhar com diesel ou biodiesel B100

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Fotos Charles Echer

ajuste em função do volume de material, minimizando o consumo de combustível e as perdas e danos aos grãos. No caso de obstrução (embuchamento), o sentido de giro da esteira do canal alimentador pode ser revertido com o auxílio de um motor elétrico, agilizando o retorno à colheita.

As plataformas recomendadas para este modelo são: para soja: 23 pés, para arroz 20 pés. Neste teste o trabalho foi realizado com uma plataforma de 20 pés, menor que o recomendado devido a uma escolha do com-prador, pois as estradas por onde transita a colhedora são de largura limitada.

UNIDADES DE TRILHA, SEPARAÇÃO E LIMPEZAA nova colhedora MF 32 SR possui um

sistema de trilha convencional composto por cilindro e côncavo e sistema de separação constituído por dois rotores dispostos longi-tudinalmente logo após o batedor traseiro.

A trilha é realizada logo na entrada do produto na máquina pelo cilindro e pelo côncavo. Na ocasião do teste, a colhedora estava configurada com cilindro e côncavo de barras, indicados para soja, milho e ce-reais de inverno de fácil debulha. No caso da máquina fornecida na versão arrozeira, são disponibilizados cilindro e côncavo de dentes, para uma debulha mais agressiva.

O cilindro de trilha possui diâmetro de

600mm e largura de 1.270mm que, combi-nado com uma área de 0,80m² do côncavo, garante uma trilha perfeita de todo o ma-terial colhido, possibilitando o trabalho em baixas rotações, o que assegura uma melhor qualidade dos grãos e permite a colheita de sementes com menores danos. Ainda como parte dos mecanismos de trilha, o cilindro batedor está localizado logo após o cônca-vo que também tem a função de iniciar a separação, promovendo descompressão da palha.

Seguindo adiante, o material colhido passa para a área de separação, que é cons-tituída pelos dois rotores longitudinais. Estes são sustentados sobre um chassi no interior da máquina e apoiados na sua parte dianteira por rolamentos cônicos. Os rotores são acionados por uma caixa de engrenagens localizada na parte traseira, a rotação de trabalho é fixa em 510rpm com os rotores trabalhando em sentidos opostos. O comprimento total é de 3.700mm, o que fornece uma área de 3,15m², com a função única de separar os grãos da palha. A retrilha é feita unicamente sobre o batedor traseiro, onde o material que retorna é encaminhado para este e não entra novamente na unidade principal de trilha, assim não sobrecarre-gando cilindro e côncavo e aumentando a capacidade de trilha. Os grãos recuperados no sistema de separação são distribuídos

adequadamente nas peneiras, pois logo abaixo dos rotores encontram-se chapas direcionadoras, que dividem os grãos para cada seção das peneiras, evitando sobrecar-gas em alguns pontos.

O sistema de limpeza da MF 32 SR é composto por peneiras com o sistema de dupla cascata aerada, onde os grãos recebem dois fluxos de ar na saída do bandejão antes de passar para a peneira superior. Assim, os grãos chegam às peneiras com menos impurezas para serem retiradas, resultando numa menor quantidade de material para as mesmas. As peneiras possuem divisores al-tos, evitando que ocorra a passagem de grãos de uma seção para outra, principalmente quando se trabalha em terrenos inclinados. A velocidade do ventilador é variável, ajusta-se de acordo com o tipo de grão que se está colhendo. Esta pode ser regulada de dentro

Detalhe dos dois rotores que compõem o sistema de separação de grãos

Visão geral da parte interna onde estão instalados os sistemas de separação e limpeza de grãos

Durante o teste foram realizadas coletas para determinação das perdas na plataformae nos sistemas de trilha da máquina, que ficaram dentro dos padrões de qualidade

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da cabine da máquina, através do monitor localizado na direita do operador.

Existe ainda na MF 32 SR um sistema de monitoramento de perdas, composto por sensores localizados no interior da máquina. Ao final de cada rotor há um sensor que registra perdas provenientes do sistema de separação e na saída das peneiras existe outro sensor no formato de tubo que detecta perdas referentes a este mecanismo. Os pulsos são transmitidos a uma central que informa o operador através do monitor na cabine.

MOTOR, TRANSMISSÃO E RODADOEsta máquina está equipada com um

motor AGCOPOWER 620 DS de 200cv. Este motor está certificado pelo fabricante para utilizar diesel ou biodiesel B100. A transmissão é do tipo hidrostática (hydro), com três marchas e inversor. Os redutores finais, posicionados na saída da transmissão, são do tipo epicíclico.

Os rodados que estavam na máquina eram das medidas 28.1-26 R1 Pirelli dian-

teiro, e 16.0/70-20 Goodyear traseiro. Este modelo pode ser fornecido com rodado du-plo ou simples, com ou sem tração traseira hidráulica, ou ainda com esteiras. Também há possibilidade de montar-se um rodado dianteiro duplo, com dois pneus 18.4 – 34 em cada lado dianteiro da máquina e o rodado 12.4 - 24 no eixo traseiro.

MANEJO DE GRÃOS E RESÍDUOSO projeto desta máquina previu a loca-

lização do depósito graneleiro da MF 32 SR atrás do eixo dianteiro da máquina, o que contribui decisivamente para aumentar a estabilidade em operação sobre terreno declivoso.

O tanque graneleiro da MF 32 SR tem uma capacidade de 5,5 mil litros, que du-rante o presente teste, com soja, foi descar-regado em um tempo médio de 90 segundos. Tempo que minimiza consideravelmente perda pela parada da máquina, para a ope-ração de descarga do grão, ademais, o tubo de descarga permite a operação conjunta da colheita e descarga, otimizando este proces-

so, o que pode incrementar a eficiência da colhedora no campo.

A colhedora tem um sensor de alerta localizado no tanque graneleiro, que se ativa e dá aviso no posto de comando do operador quando o tanque encontra-se cheio, sendo necessário fazer a descarga, para evitar per-das involuntárias de grãos.

O picador e o espalhador de palhas da colhedora MF 32 SR são acionados simul-taneamente com o sistema de trilha e não tem nenhum comando adicional. Suas facas e contrafacas são distribuídas de forma a garantir que o nível de palha picada seja satisfatório e também tenha uma distri-buição uniforme dos resíduos da colheita mesmo em culturas com palhas resistentes ou úmidas.

A posição e a distribuição das aletas proporcionam uma distribuição uniforme da palha no solo, cobrindo toda a extensão de corte da plataforma, fato que foi com-provado neste teste, pois este fator facilitará posteriormente a atividade de plantio direto sobre o campo colhido. O espalhador de palhas é duplo para distribuir totalmente

Detalhe da montagem das lâminas que se deslocam em mancais montados em rolamentos blindados

Altura de corte baixa é um dosdestaques desta plataforma

Detalhe dos deslizadores de plástico antiaderente, responsáveis pela flutuação da plataforma

Dois sensores instalados no final do sistema de separação monitoram as perdas que ocorrem neste setor

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o material proveniente dos rotores. Se o usuário não desejar utilizar o sistema dis-tribuidor de resíduos, tem a opção de poder desativá-lo.

CABINE E ERGONOMIAO acesso ao posto do condutor é

feito por meio de cinco degraus de uma escada, que levam a uma pequena plata-forma na lateral esquerda da máquina. A cabine é colocada em posição central, avançada e com uma perfeita climatiza-ção por condicionador de ar. O interior da cabine chama atenção pelo excelente acabamento e pela presença de dois as-sentos, o principal com toda a gama de regulagens e um auxiliar, à esquerda do operador, para o acompanhante da ope-ração. Os controles da máquina se fazem predominantemente com a mão direita, utilizando uma alavanca multifunção que integra os controles utilizados na operação.

A visibilidade do operador, sentado

CONCLUSÃOAssim, pode-se considerar que a colhe-

dora MF 32 SR vai preencher um espaço criado no mercado brasileiro. É uma opção para aquele agricultor que está condicionado pelas características da sua área à compra de um produto intermediário entre uma máquina de Classe IV, com sistema con-vencional, e uma da classe V, com sistema full axial.

No sistema convencional espera-se que em torno de 90% da trilha seja realizada no sistema formado entre o cilindro e o côncavo, enquanto que no sistema hí-brido, a trilha não se concentra somente numa área. Estima-se que ocorra em apro-ximadamente 60% no cilindro e côncavo e 40% no duplo rotor, o que faz com que se diminua a pressão de trilha na região do côncavo, reduzindo a quebra e con-sequente inutilização dos grãos para se-mente. Esta é uma grande vantagem, que também se consegue nos sistemas axiais.

no assento principal, proporciona a vi-sualização plena da plataforma de corte e alimentação. Durante o teste não utili-zamos a iluminação, mas verificamos que existem os convencionais faróis de trabalho e transporte.

Durante o teste, na companhia do pro-dutor, ele nos relatava suas experiências com máquinas do passado e elogiava as atuais, que dão conforto ao operador e permitem que ainda não se pense em deixar o campo ou mesmo se aposentar.

Também verificamos que são muito úteis o módulo de gerenciamento eletrôni-co e o terminal de monitoramento modelo C1000, que auxilia o monitoramento e controle das funções do motor, trans-missão, sistema hidráulico, informando o regime de rotação dos eixos e rotores. Também é possível ver os dados instan-tâneos de perda de grãos, assim como armazenar as informações da máquina durante a operação.

Sensor que mede a velocidade do molinete da plataforma de corte

Os principais comandos, incluindo movimentação da máquina, estão localizados na direita do operador

A cabine é ampla, permitindo visão total da plata-forma de colheita e do sistema de recolhimento

Caixa de engrenagens responsáveis pela movi-mentação dos rotores à rotação fixa de 510rpm

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Fotos Charles Echer

Como vantagem em relação às axiais, é que neste tipo de máquina híbrida, como é a MF 32 SR, há relativamente uma maior área de separação que na convencional, porém, que exige menos esforço, para movimentação, que as máquinas de fluxo axial. Desta forma é possível utilizar-se um motor menor, com o custo de colheita sendo menor, pois inclusive o consumo de combustível é mais baixo.

Em relação ao custo de aquisição deste modelo, poderá ser entre 15% a 20% maior

O teste foi realizado na Agropecuária São Cristóvão, no município de Selbach, interior do Rio Grande do Sul, e contou com o apoio da equipe técnica da Massey Ferguson

que os do tipo convencional, porém em com-paração a estes, a capacidade de produção é estimada em mais de 30%, principalmente pela possibilidade de aumento da velocidade de deslocamento.

Ainda estamos na primeira safra que a máquina está trabalhando na colheita da soja e por certo este projeto que já mere-ceu três anos de avaliação em soja e milho poderá convencer muitos agricultores a optar por este sistema intermediário entre o convencional e o axial.

Vimos que a máquina é bem desen-volvida no que se refere às normas regu-lamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego atendendo plenamente a NR31 e a NR 12. .M

Para este modelo de colhedora são indicadas plataformas de 23 pés para colheita de soja e de 20 pés para colheita de arroz

loCAl do tESt drIvE

Já fazia algum tempo que esperávamos realizar um teste em uma situação tão

interessante como a que encontramos na Agropecuária São Cristóvão, em Selbach, no Rio Grande do Sul. Com o auxílio de Valter Grando, promotor técnico da Massey, conhe-cemos o cliente Massey Ferguson, Luiz Lang, que produz soja, milho, trigo, cevada e também trabalha com pecuária leiteira, onde ordenha em torno de 50 a 60 vacas por dia (mil litros de leite por dia). Suas áreas estão localizadas em Linha Cristal, ainda no município de Selbach, mas quase na divisa com Tapera. Dos quase 100 hectares de soja, 40 hectares são em sociedade com o cunhado, Paulo Müller.

As lavouras são cultivadas no sistema de plantio direto com rotação de culturas, onde se trabalha um ano de milho, seguido por dois

anos de soja no verão, e no inverno um ano trigo e em outro, cevada.

O interessante na história é que o Luiz Lang também é prestador de serviços, princi-palmente de colheita, pois possui mais duas máquinas, uma MF 5650 e outra MF 32. Além dos serviços de colheita, também faz plantio e pulverização. A mão de obra é da família, composta pelo cunhado, um irmão e um so-brinho. Prestando serviços com as máquinas MF, colhe em torno de 1,2 mil hectares por ano, chegando a trabalhar até quinhentas horas por ano com a máquina.

O teste ocorreu em uma de suas áreas próprias, semeada com a cultivar Urano, onde se obtém uma produtividade média de 4.200kg/ha (70 sacas de 60kg), com teor de umidade de 13%.

José Fernando Schlosser,Fabrício Azevedo Rodrigues eJavier Solis Estrada, Nema – UFSMWalter Boller,UPF

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Semeadora certaAntes de comprar a semeadora, é necessário saber quais são as características necessárias para aproveitá-la da melhor maneira possível, tirando o máximo

de rendimento com um investimento adequado

SEMEAdorAS

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O processo de semeadura é uma das operações mais importantes envolvidas no sistema de produ-

ção agrícola, sendo a sua execução com qua-lidade um fator primordial para o sucesso da produção. Contudo, devido à agricultura ser um setor altamente influenciado por ca-racterísticas externas, como o clima, deve-se aliar a qualidade com eficiência operacional, pois o período de semeadura muitas vezes é reduzido. Em função disso, deve-se buscar maximizar esta eficiência, já que este está envolvido de forma direta no custo final de produção, em uma agricultura cada vez mais competitiva e com retorno muitas vezes incerto. Assim, as semeadoras-adubadoras passaram a assumir um papel fundamental no sistema de produção agrícola, uma vez que estes implementos são responsáveis a promover a abertura dos sulcos, dosagem e distribuição das sementes e adubo no solo bem como o fechamento dos sulcos. Desta forma, torna-se necessária uma correta seleção dessas máquinas, uma vez que as suas características dimensionais e as suas relações influenciam de forma direta na eficiência. O agricultor tem dificuldade para escolher um modelo adequado, em função das suas necessidades e das características específicas de sua propriedade, principal-mente pela heterogeneidade entre os catá-logos e, em alguns casos, pela falta de infor-mações claras e objetivas. Do mesmo modo, associado à grande diversidade de máquinas disponibilizadas, torna essa seleção ainda mais complexa. Em vista disso, este trabalho

teve o objetivo de analisar as características dimensionais das semeadoras-adubadoras de fluxo contínuo de fabricação nacional.

Realizou-se um levantamento das características dimensionais, ponderais e potência de acionamento das semeadoras-adubadoras de fluxo contínuo de fabricação nacional, através de pesquisa na internet e busca direta com os fabricantes, obtendo um total de 13 marcas que englobaram 128 modelos. Confeccionou-se um banco de informações organizadas em uma planilha eletrônica no qual avaliaram-se as variáveis separadamente, sendo elas: número de li-nhas, capacidade do depósito de sementes e fertilizantes (kg), peso total (kg), largura de trabalho e total (mm), espaçamento máximo e mínimo (mm), potência requerida por unidade de semeadura em quilowatt por

linha de semeadura (kW/linha), potência requerida total em quilowatt (kW). Além disso, determinou-se a relação peso/potên-cia em quilogramas por quilowatt (kg/kW) e a relação peso/linha em quilogramas por linha de semeadura (kg/linha), classificando esses valores nas faixas inferiores a dez, dez a 20, 20 a 30 e maiores que 30 linhas de semeadura.

Os resultados obtidos das características dimensionais, ponderais e potência requeri-da estão apresentados na Tabela 1.

Os resultados indicam uma variação no número de linhas de sete a 33, a capacidade do depósito de sementes de 115kg a 1.171kg, a capacidade de fertilizante de 192kg a 2.167kg e o peso total de 960kg a 10.550kg. Já para a largura de trabalho, ocorreu uma variação de 1.200mm a 5.440mm, da mesma

Valt

ra

PARÂMETROSNúmero de linhas

Capacidade do depósito de sementes (kg)Capacidade do depósito de fertilizante (kg)

Peso total (kg)Largura de trabalho (mm)

Largura total (mm)Espaçamento máximo (mm)Espaçamento mínimo (mm)

Potência requerida por unidade de semeadura (kW/linha de semeadura)Potência requerida total (kW)

Relação peso/potência requerida (kg/kW)Relação peso/linha (kg/linha de semeadura)

MÍNIMO7

115,0192,0960,0

1.200,02.060,0125,0125,02,640,523,773,9

Tabela 1 - Características dimensionais, ponderais e potência requerida das semeadoras-adubadoras de fluxo contínuo

MÁXIMO 33

1.171,02.167,010.550,05.440,07.310,01.025,0220,06,1

152,9115,0431,4

MÉDIA20,7625,2

1.090,95.361,33.490,04.740,0365,3170,13,877,968,6260,9

Antes de comprar a semeadora, é necessário saber quais são as características necessárias para aproveitá-la da melhor maneira possível, tirando o máximo

de rendimento com um investimento adequado

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classes, apresentando uma média geral de 260,9kg/linha. Apesar de, no estrato de dez a 20 linhas, o valor máximo da relação peso/linha permaneceu em 431,4kg/linha.

Existe uma grande variação das carac-terísticas dimensionais das semeadoras-adubadoras de fluxo contínuo que estão disponíveis no mercado brasileiro. Portanto, se faz necessário uma avaliação mais crite-riosa por parte do agricultor no momento da aquisição, pois as particularidades de cada uma deverão suprir as necessidades que a semeadora irá desempenhar.

Ravel Feron Dagios,Tiago Rodrigo Francetto eAirton dos Santos Alonço,Laserg/UFSMMauro Fernando Ferreira,Faem/UFPelUlisses Giacomini Frantz,Nema/UFSM

forma a largura total teve uma diferença de 2.060mm a 7.310mm. Além disso, o espa-çamento entre linhas máximo teve valores entre 125mm e 1.025mm e o espaçamento mínimo de 125mm e 220mm. Outrossim, a potência requerida por unidade de se-meadura variou de 2,6 a 6,1kW/linha de semeadura e a potência requerida total de 40,5kW a 152,9kW. Para a relação peso/po-tência requerida verificou-se uma diferença de 23,7 a 115kg/kW e para relação peso/linha de 73,9 a 431,4kg/linha de semeadura. A Figura 1 ilustra a relação peso/potência requerida de acordo com a classificação adotada (kg/kW).

Observa-se que com o aumento do nú-mero de linhas de semeadura a tendência é que se alcance uma maior relação peso/potência requerida, em virtude do aumento de seu peso e, como consequência, uma maior potência requerida. Para semeadoras com número de linhas inferior a dez o

valor médio permaneceu em 45,8kg/kW, enquanto que as de dez a 20 linhas o mes-mo manteve-se em 64,5kg/kW. Da mesma forma, que para semeadoras equipadas com 20 a 30 linhas a média permaneceu em 73,4kg/kW e mais de 30 linhas o valor ficou em 73,2kg/kW. Ressalta-se, ainda, que o valor da média geral permaneceu em 68,6kg/kW. Conforme Silva (2003), trabalhando com semeadoras-adubadoras de precisão, alcançou um valor médio de 26,5kg/kW. Dessa forma, demonstra-se que as semeadoras de fluxo contínuo requerem uma maior potência por unidade de massa, em comparação à última. Observa-se, ainda, que o valor máximo da relação entre o peso por potência requerida das semeadoras que possuem mais de 30 linhas decresce em comparação com a tendência geral. A Figura 2 indica a relação peso/linha de semeadura (kg/linha). Nesta, nota-se que os valores médios não apresentam diferença entre as

Figura 1 - Relação peso/potência requerida Figura 2 - Relação peso/linha

.M

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ColhEdorAS

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Comparativo mostra a diferença na qualidade do corte basal de cana-de-açúcar efetuado por dois modelos de facas com e sem revestimento

Na colheita mecanizada de cana-de-açúcar, o corte de base ainda é um problema, sendo realizado

por meio do princípio do corte inercial por impacto, proporcionado por um cortador de discos duplos rotativos, ligados aos rotores da máquina, com múltiplas lâminas que devem realizar o corte o mais perfeito possível.

O corte de base, quando realizado com qualidade poderá assegurar o melhor aprovei-tamento da lavoura como os menores índices de perdas e de contaminações da matéria-prima quanto garantir as condições agronômicas propícias para haver a rebrota do canavial sem a diminuição da produtividade nas safras futuras. Diversos estudos têm apontado o mecanismo de corte basal como responsável por uma boa quantidade das perdas na colheita mecanizada da cana-de-açúcar, além de proporcionar a incorporação de impurezas minerais devido ao contato das lâminas com o solo. Associado a isso, o desgaste das facas de corte e dos demais componentes também tem influência nos ín-dices de danos e abalos causados às soqueiras, podendo as facas de corte basal ser um dos fatores principais destes problemas.

No mercado existem atualmente diversos tipos de facas para a realização do corte basal e o uso dessas facas pode influenciar os índices de danos e abalos causados às soqueiras. Diante disso a equipe do Laboratório de Máquinas e Mecanização Agrícola (Lamma) desenvolveu um estudo para avaliar a qualidade do corte basal na colheita mecanizada de cana-de-açúcar crua, efetuado por dois modelos de facas, sendo uma delas revestida com carbeto de tungstênio

com ângulo 13º e a outra lisa sem revestimento com ângulo de 10º.

O experimento foi realizado em áreas produtivas de uma usina de cana-de-açúcar, localizada no município de Pradópolis (SP), com declividade média de 3% e solo de textura argilosa, com média de aproximadamente 57% do teor de argila. A cana-de-açúcar da variedade RB86-7515 foi plantada com espaçamento de 1,5m nas entre linhas. A colheita da cana-de-açúcar foi realizada por uma colhedora Case-IH modelo A7700, fabricada em 2007, equipada com motor Cummins, cuja potência nominal é de 246kW (330cv). A colhedora é equipada com rodados de esteiras com bitola de 1,88m e trabalhou com velocidade média de desloca-mento de 5km/h, com copiador do perfil do solo desligado no momento da colheita.

Todas as facas do mecanismo de corte basal eram constituídas de aço-cromo (SAE 5160). As faces inferiores cortantes das facas

apresentavam ângulos de 10º e 13º. As facas revestidas com a liga metálica de carbeto de tungstênio utilizadas apresentavam ângulos de 13º e espessura de 6mm, com granulometria do revestimento de 0,15mm a 0,30mm e espessura de 0,5mm a 1mm. O revestimento é depositado na parte inferior do perfil de corte. As facas lisas com ângulos de 10° não apresentavam revestimento, e também possuíam espessura de 6mm.

A caracterização do porte do canavial foi determinada, realizando cinco amostragens ao acaso, utilizando-se a metodologia descrita por Ripoli (1996). A caracterização do teor de água no solo foi realizada na profundidade de 0m a 0,10m, utilizando-se quatro amostras coletadas ao acaso na área de avaliação, utilizando-se a metodologia da Embrapa (1997).

Os dados foram coletados entre julho e agosto de 2011, utilizando-se os dois modelos de facas para o corte basal durante o prazo de 60

Corte eficiente

Detalhes de uma faca nova, sem revestimento (esquerda), e faca com desgaste em uma das faces. Os estudos mostraram que a vida útil de facas sem revestimento é de 60 horas de uso

Page 29: Maquinas 128

horas de trabalho, tempo este correspondente à vida útil das quatro faces das facas sem reves-timento, sendo invertidas suas faces cortantes

a cada 15 horas de uso. Neste mesmo período a faca revestida de 13° de inclinação trabalhou com uma única face, sem a necessidade de inversão.

A escolha do momento de inversão das facas foi definida de acordo com critérios da usina, que considerou somente o desgaste do fio de corte das facas. Para estimar a qualidade do corte de base foram avaliados os índices de danos e de abalos às soqueiras.

O índice de danos às soqueiras foi definido a partir da classificação dos danos causados aos colmos após a colheita mecanizada de cana-de-açúcar. Após a identificação e a contagem de cada tipo de dano existente, calculou-se o índice de danos em cada soqueira, atribuindo-se pesos para cada classificação (Toledo, 2012),

calculando-se conforme a equação 1:O índice de abalo às soqueiras foi avaliado

por meio da aplicação de força manual, veri-ficando a mobilização direta das soqueiras no solo, classificando-se o abalo como forte, médio e fraco, de acordo com a mobilidade da soqueira provocada pela força aplicada. Quanto maior a mobilização, maior é o abalo das soqueiras. Após a identificação e a contagem de cada tipo de abalo existente, foi proposto o cálculo do índice de abalo sem cada soqueira, atribuindo-se pesos para cada classificação, calculando-se conforme a equação 2 (Toledo, 2012):

Pela proposta apresentada por Toledo et al (2012), os índices de danos e abalos às soqueiras representam em um único valor a classificação atribuída às soqueiras com colmos sem danos, danos periféricos e fragmentados, bem como abalos fraco, médio e forte, respectivamente. Quanto mais próximo de 1,00, maior é o nível de dano e/ou abalo ocasionado às soqueiras, pois demonstra que houve maior quantidade de colmos classificados como fragmentados e/ou com abalo forte em relação às outras cate-gorias. Inversamente, quanto mais próximo de -1,00, os colmos sofreram menos danos e/ou abalo fraco, sendo totalmente sem danos ou com abalo fraco quando os índices forem iguais a este valor.

Sem danos (SD)

Danos periféricos (DP)

Danos Fragmentados (FR)

Classificação dos danos causados aos colmos após a colheita mecanizada de cana-de-açúcar

Fotos Murilo Aparecido Voltarelli

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RESULTADOS E DISCUSSÕESAo longo do experimento o teor de água do

solo manteve-se ao redor de 14,2% e o porte do canavial foi classificado como ereto.

O índice de danos às soqueiras (Figura 1), apesar da elevada variabilidade apresentada, foi menor para a faca revestida com carbeto de tungstênio, de inclinação de 13°, em relação à média da faca sem revestimento com inclinação de 10°. Tal fato pode ser associado ao autoafia-mento do fio de corte das facas revestidas, que quando se encontram mais novas, no início da operação, são mais espessas, havendo maior concentração de pontos com índices de danos próximos 0,5, representando uma condição de existência de maior quantidade de danos peri-féricos. Com o passar do tempo de utilização as facas apresentam o desgaste do revestimento de carbeto de tungstênio, o que leva a um processo de autoafiação, proporcionando valores de ín-dices de danos menores, mais próximos a -1,0 (condição de existência de maior quantidade de soqueiras sem danos), situação esta que pode proporcionar menores falhas na rebrota do canavial. Ao final da vida útil de cada face utilizada, com o desgaste do revestimento e da superfície de aço, a faca começa a proporcionar um incremento nos danos.

Por outro lado, quando se observa o com-portamento da faca sem revestimento com inclinação de 10°, é notável que a mesma apre-senta um comportamento inicial semelhante ao da faca revestida, mas, com o passar do tempo, associado à ação do desgaste ocasionado pelo impacto com a cana-de-açúcar e com o solo, existe um aumento da espessura, o que acarreta no aumento na espessura do fio de corte, que leva ao aumento do índice de danos, colocando-as na classificação de danos periféricos. Isso pode ocasionar maiores falhas na rebrota do canavial em relação à faca revestida. Outra importante observação que pode ser constatada a partir dos resultados obtidos é o fato de que para as facas sem revestimento foram utilizadas todas as faces cortantes no prazo de 60 horas, com inversões das faces cortantes ocorrendo aproximadamente a cada 15 horas, ou seja. Por outro lado, neste mesmo período de 60 horas, as facas revestidas trabalharam com apenas uma face cortante, fato este que coloca esta faca com durabilidade quatro vezes maior em relação à faca sem revestimento.

Ao analisarmos o índice de abalos às soquei-ras (Figura 2) verifica-se que o mesmo também sofre reflexos da ação de melhor qualidade do corte basal proporcionada pela faca revestida

com carbeto de tungstênio, pois com o decor-rer do tempo de uso destas facas houve maior concentração de valores próximos ao índice de abalo de -1,00, o que representa menor abalo das soqueiras (abalo fraco), proporcionando melhores condições para o desenvolvimento posterior do canavial.

Já para a faca sem revestimento, pelo fato de não possuir a liga metálica de carbeto de tun-gstênio e, consequentemente, o autoafiamento do fio de corte ao longo do tempo de uso das facas, houve tendência de aumento dos valores do índice de abalo com o decorrer do tempo de utilização das facas. Podemos observar também que após os momentos de inversão das faces cortantes o abalo das soqueiras é momentane-amente reduzido em função do afiamento das faces quando ainda não desgastadas. Ao final das 60 horas de uso, as facas não revestidas

TratamentosFR 13o

FSR 10o

Média- 0,30 b- 0,05 a

Desvio padrão0,340,45

Amplitude1,431,77

Figura 1 - Índice de danos às soqueiras de cana-de-açúcar ao longo do tempo efetuados por facas com e sem revestimento. A ausência de letras entre as médias dos tratamentos indica a não significância a (p<0,05) pelo teste de Tukey.

TratamentosFR 13o

FSR 10o

Média-0,52 b-0,17 a

Desvio padrão0,310,42

Amplitude1,161,83

Figura 2 - Índice de danos às soqueiras de cana-de-açúcar ao longo do tempo efetuados por facas com e sem revestimento. A ausência de letras entre as médias dos tratamentos indica a não significância a (p<0,05) pelo teste de Tukey

Facas novas com revestimento (esquerda) e as mesmas facas após um período em operação, com pequeno desgaste em uma das faces

EQUAção 1 – CÁlCUlo do ÍNdICE dE dANo NA SoQUEIrA

iD = PSD . nSD + PDP . nDP + PFR . nFR (1)N

Em que,

PSD: é o peso atribuído aos colmos sem danos (-1); nSD: é o número de colmos sem danos; PDP: é o peso atribuído aos colmos com danos periféricos (-0,33); nDP: é o número de colmos com danos periféricos; PFR: é o peso atribuído aos colmos com danos fragmentados (1); nFR: é o número de colmos com danos frag-mentados; N: é o número total de colmos na soqueira.

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apresentaram índice de abalo próximo a 0,33, valor este superior ao registrado para as facas revestidas (-0,60). Estes resultados indicam que após 60 horas de uso, a faca sem revestimento chegou ao final de sua vida útil e proporcionou forte abalo das soqueiras, enquanto que as facas revestidas, no mesmo período, desgastaram apenas uma face cortante e proporcionaram abalo fraco às soqueiras.

Sob o ponto de vista de qualidade da ope-ração de colheita, a melhor qualidade do corte basal obtida pela faca revestida, refletida pelo menor índice de abalos às soqueiras, pode ser conjuntamente associada aos fatores relacio-nados à máquina e à mão de obra utilizada na operação. Esses fatores se relacionam, pois à medida que a máquina é operada de maneira correta, ou seja, com o operador possuindo o

controle da velocidade de deslocamento, da altura de corte, estando atento ao desgaste do fio de corte das facas ou até mesmo as suas eventuais quebras, dentre outros fatores, pode-se obter maior sucesso da operação de colheita. Com isso, possivelmente esta operação não acarretará em níveis elevados de eventuais falhas na brotação e consequentemente não ocorrerá a diminuição da produtividade do canavial nos sucessivos cortes.

Há que se considerar ainda que a maior durabilidade das facas revestidas, associada à melhor qualidade da operação no que se refere aos índices de abalo e de danos, pode otimizar os processos de colheita e aumentar de forma significativa a produtividade, geran-do benefícios durante a colheita e também ao produto final. Outro fato a ser considerado é

Murilo Aparecido Voltarelli,Rouverson Pereira da Silva,Marcelo Tufaile Cassia eCarlos Eduardo Angeli Furlani,Lamma/ FCAV/Unesp – Jaboticabal

Detalhe de uma soqueira sem danos (esquerda), cortada com facas novas, e soqueira danificada (direita) cortada com facas sem fio

EQUAção 2 – CÁlCUlo dE ÍNdICE dE ABAlo dA SoQUEIrA

iA = Pff . nff + Pam . nam + Paf . naf (1)N

Em que,

Pff: peso atribuído aos colmos com abalo forte (1); nff: quantidade de colmos com abalo forte; Pam: peso atribuído aos colmos com abalo médio (-0,33); nam: quantidade de colmos com abalo médio; paf : peso atribuído aos colmos com abalo fraco (-1); naf : quantidade de colmos com abalo fraco, e N: número total de colmos na soqueira.

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Fotos Murilo Aparecido Voltarelli

que a maior durabilidade das facas revestidas ocasiona menor perda de tempo nas trocas de facas e, consequentemente, menor quantidade de cana não colhida devido ao tempo parado para realização das trocas e/ou viradas.

Page 32: Maquinas 128

fIChA téCNICA

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MF 7100Novo sistema hidráulico que

equipará a série de tratores MF 7100 da Massey Ferguson vai

garantir maior desempenho aliado à simplicidade de operação

A já conhecida linha de tratores Massey Ferguson 7100 (MF 7140, MF 7150, MF 7170 e MF 7180)

a partir de agora passa a ser equipada com um novo sistema hidráulico, que facilita a operação e proporciona incrementos de eficiência e qualidade, tanto em trabalhos que utilizem o sistema de levante hidráulico quanto em operações utilizando as válvulas de controle remoto.

Trata-se de um sistema mais moderno e eficiente, que confere aos tratores da série MF 7100 maior desempenho e eficácia na execução de suas tarefas diárias. Na prática, mudam a forma de operação, a quantidade de parâmetros, que podem ser configurados quando em operação com o sistema de levan-te hidráulico em três pontos, e a multiplici-dade de funções, que podem ser assumidas por cada uma das válvulas do controle remoto do trator.

SISTEMA DE LEVANTE HIDRÁULICOEste novo sistema de levante hidráulico

passa a utilizar sensores de posição e con-trole de tração, além de uma válvula eletro-hidráulica que, juntos, são responsáveis pela realização de atividades de transporte e trabalho de forma precisa e segura, inte-

ragindo com a carga imposta ao sistema. O terminal de operação torna fácil o manuseio e a seleção de funções, com teclas de entrada e saída e um botão de rolagem para selecionar a configuração a ser acessada. A visualização desta série de configurações se torna bastante facilitada, a partir da tela de LCD que equipa o terminal.

Na operação de levante nos três pontos do sistema hidráulico, tem-se a possibilidade de controlar a velocidade de subida e descida de forma independente, de acordo com a de-manda de cada tarefa e peso do implemento. Em uma operação com um implemento de preparo do solo, por exemplo, pode-se re-quisitar que o mesmo tenha sua velocidade de subida otimizada, com a finalidade de

ampliar o rendimento operacional por meio da redução do tempo gasto em manobras de cabeceira. Isto possibilita ao operador configurar o sistema da maneira que sempre lhe proporcione a melhor eficiência atrelada a uma maior segurança durante a utilização do implemento. Por falar em rendimento ope-racional, o novo sistema de levante hidráulico está qualificado a desempenhar suas funções com uma velocidade de resposta ainda maior na comparação com o sistema hidráulico que anteriormente equipava os tratores da série MF 7100. Ao final de uma determinada jornada de trabalho esse benefício torna o novo sistema uma ferramenta importante, principalmente quando se tem curtas janelas de trabalho, como em atividades de preparo do solo em determinadas condições (clima, característica de solo, disponibilidade de

CARACTERÍSTICASCategoriaControle

Capacidade de Levante na Rótula (kgf)Tipo

Controle RemotoNúmero de VCRs

Vazão total da bomba (L)

MF 7140II

Eletrônico4700

Independente de Centro Fechado

388

CARACTERÍSTICAS GERAIS DO SISTEMA

MF 7150III

Eletrônico4700/5500*

Independente de Centro Fechado

4140

MF 7170III

Eletrônico4700/5500*

Independente de Centro Fechado

4140

MF 7180III

Eletrônico4700/5500*

Independente de Centro Fechado

4140

Page 33: Maquinas 128

Abril 2013 • www.revistacultivar.com.br 33

máquinas etc). Outra configuração possível de ser realizada diz respeito à determinação da intensidade de extensão do cilindro, o que garante a total precisão e segurança na operação com os mais variados tipos de implementos.

Para atividades de acoplamento de imple-mentos o operador também pode manusear o sistema externamente, por meio de teclas de controle, de subida e descida, posicionadas no para-lamas traseiro do trator. De forma intencional e sempre pensando na integri-dade e segurança de quem opera o sistema, a velocidade de resposta destes controles passa a ser ligeiramente menor na comparação com a operação direto do terminal no interior da cabine, o que possibilita realizar tal tarefa de forma precisa e segura.

Um sistema exclusivo de memorização de atividades possibilita armazenar até quatro diferentes configurações de implementos, otimizando a seleção da melhor forma de trabalho para diferentes situações de forma simples e rápida. Desta maneira, o operador pode configurar o sistema para estar habilitado a operar nas principais formas de utilização co-mumente empregadas em suas operações diá-rias. Uma vez salva, a configuração permanece no sistema até que seja alterada ou substituída por outra configuração de implemento que seja mais conveniente ao operador.

SISTEMA DE CONTROLE REMOTOEste novo sistema de controle remoto

passou a desempenhar múltiplas funções por cada válvula do controle remoto. Agora, nas válvulas do controle remoto tem-se a possibilidade de selecionar até três funções em cada um dos corpos. Basta selecionar a função desejada girando o manípulo que se encontra na parte superior do corpo de válvulas, onde a gravura correspondente demonstra qual a forma de funcionamento está sendo acionada. Para assumir a função

desejada, basta posicionar a gravura corres-pondente à função no centro da válvula. Essa possibilidade de selecionar a função que se deseja torna o sistema, além de pre-ciso, extremamente versátil, visto que uma mesma válvula pode atuar como válvula de retorno por mola (movimento cessa no mo-mento em que o operador deixa de acionar a alavanca), válvula de fluxo contínuo ou motor hidráulico (acionamento de turbinas de vácuo em plantadeiras) e/ou válvula com retorno automático - Kick Out (movimento cessa automaticamente quando o cilindro chega em final de curso). Já a função flu-tuação está presente em todas as válvulas, exceto na válvula de número 2. Esta última não apresenta a possibilidade de operar em múltiplas funções, atuando exclusivamente na configuração de retorno por mola, visto que se trata de uma válvula de alta vazão. Desta forma, o movimento nesta válvula é interrompido instantaneamente a cada vez que o operador deixa de acionar a alavanca e é indicada, por exemplo, para operação com

carregadores frontais e transbordos. A válvula de alta vazão apresenta taxas de

vazão superiores em comparação ao antigo sistema, valendo a mesma condição para as válvulas do controle remoto, as quais também contam com maiores valores de vazão, de 88L/min para o modelo MF 7140 e 140L/min para os demais modelos da Série MF 7100. O aumento do rendimento operacional é o prin-cipal ganho atrelado a esta melhoria, visto que a resposta aos comandos passa a ser ainda mais rápida. Isto possibilita maior agilidade durante o uso do sistema, desde atividades de plantio, onde se requer extrema agilidade em manobras, por exemplo, visando um melhor aproveitamento das janelas de trabalho até o uso em equipamentos que necessitam alta demanda de vazão, como transbordos cana-vieiros. Desta maneira, a Massey Ferguson alia toda a tradição da série MF 7100 à ino-vação de um sistema hidráulico moderno, que atenda as principais demandas de produtores que buscam tecnologia e qualidade em um mesmo produto.

Central de operação do sistema de levante dos três pontos, com tela de LCD de fácil visualização e prática de manusear

Válvulas de Controle Remoto, com manípulo de seleção da operação desejada nas válvulas 1, 3 e 4, sendo a válvula 2 voltada exclusivamente à alta demanda de vazão (operação com “big-bags” e transbordos)

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Fotos Massey Ferguson

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MANUtENção

Tarefa de profissional

É fato aceito e consumado que a lubri-ficação eficiente de equipamentos móveis é determinante na extensão

da sua vida útil. Apesar disto, ainda não se dá a devida atenção à peça-chave no processo da lubrificação, ou seja, o elemento humano. Os mecânicos lubrificadores ainda são profissionais bastante negligenciados na grande maioria das empresas rurais e industriais.

Neste artigo tentarei mostrar a realidade vivida por estes profissionais, suas deficiências e, principalmente, o que se pode fazer para aprimorar a qualidade técnica dos mecânicos lubrificadores.

MECÂNICO LUBRIFICADOR É regra geral no plano de cargos e salários

das empresas que os mecânicos lubrificadores não tenham o mesmo nível salarial e de pro-moções funcionais que os demais mecânicos de manutenção. Geralmente, os níveis salariais desses profissionais são menores e as oportuni-dades de promoção bastante restritas. Isto faz com que os mecânicos lubrificadores procurem oportunidades em outros setores da manuten-ção ou outras empresas com vistas a obterem melhores salários e valorização. Não se consegue desta forma a formação de mecânicos lubrifica-dores qualificados em vista da alta rotatividade

de profissionais nesta função. A designação da função como sendo “mecânico lubrificador” ao invés de lubrificador pode parecer de menor importância, mas para o profissional que atua na área é a diferença entre ser um “meloso”, termo muitas vezes utilizado para designar este profissional, e ser um componente necessário e valorizado do corpo de manutenção como são os demais mecânicos de manutenção.

É muito comum, quando efetuo visitas técnicas em empresas, ser abordado por mecâ-nicos lubrificadores pedindo-me informá-los sobre vagas de mecânico de manutenção em outras empresas ou que faça gestão junto a seus superiores para serem “reclassificados” como mecânicos de manutenção por não verem valorização e perspectiva profissional na função em que atuam.

Algumas empresas sequer têm mecânicos lubrificadores em seu quadro de profissionais. Sob pretexto de otimização da mão de obra incumbem os mecânicos de manutenção das tarefas de lubrificação. Os resultados desta prática anacrônica logo são sentidos, visto que os serviços de lubrificação acabam por ser negligenciados pelos mecânicos de manutenção por não darem a devida importância a eles ou porque têm outras atribuições mais prementes e acabam por postergá-los. Os resultados são má-quinas paradas por deficiência de lubrificação.

TREINAMENTO E FORMAÇÃOÉ prática regular que os mecânicos lubri-

ficadores exerçam sua profissão por anos a fio sem ter qualquer tipo de treinamento. Como consequência disso, muitas de suas práticas de trabalho são defasadas tecnicamente quando

dezembro 2011 / Janeiro 2012 • www.revistacultivar.com.br14 Abril 2013 • www.revistacultivar.com.br34

A lubrificação é uma operação importante para evitar desgaste prematuro de peças e manter o funcionamento adequado das máquinas agrícolas. Mas, para ter uma

tarefa bem realizada, é necessário ter profissionais com treinamento adequado e focados

Treinamento é fundamental para garantir que a operação de lubrificação seja eficiente

A lubrificação é uma operação importante para evitar desgaste prematuro de peças e manter o funcionamento adequado das máquinas agrícolas. Mas, para ter uma

tarefa bem realizada, é necessário ter profissionais com treinamento adequado e focados

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Page 35: Maquinas 128

profissionais, serviria para agregar valor à função e, consequentemente, provocar uma melhoria salarial como forma de se evitar o êxodo para atividades que lhes deem mais reconhecimento profissional e melhores ganhos salariais.

A questão de se ter mecânicos lubrificadores ou apenas lubrificadores é, antes de qualquer coisa, cultural. Necessita-se romper com a tradição errônea que mecânicos lubrificadores são profissionais que não necessitam de muita qualificação, tendo em vista que o serviço tam-bém não exige muita especialização. Estatísticas mostram que 80% das falhas em mancais de rolamento são, de alguma forma, relacionadas à deficiência em lubrificação e que 38% de todos os mancais de rolamento falham prematura-mente. Com base nestes dados não podemos achar que não necessitamos de profissionais habilitados para exercer a atividade de mecânico lubrificador. O custo mais elevado, no entanto, não é o de peças e sim o do maquinário parado fora do período estimado para as manutenções programadas.

E pensando nisto, deveríamos romper pa-radigmas há longo tempo enraizados em nossa cultura da manutenção e passar a olhar com mais atenção para os profissionais como estes que são valiosos para as empresas.

não involuntariamente prejudiciais ao bom desempenho do equipamento. As empresas investem constantemente em treinamento de seus mecânicos de manutenção, mas nada investem na formação dos mecânicos lubrifica-dores e isto se deve, como já mencionei, ao fato de não se considerar os mecânicos lubrificadores como mecânicos de manutenção.

Apesar de bastante desconhecida há uma norma técnica da ABNT que normatiza a função de mecânico lubrificador. Trata-se da ABNT NBR 15520 “Qualificação e certificação de mecânico lubrificador – Requisitos”. Nesta norma, para que o mecânico lubrificador seja certificado, exige-se, além de conhecimentos básicos de português, matemática e física, que o mecânico lubrificador tenha conhecimentos de lubrificação, hidráulica, pneumática, elementos de máquinas, desenho técnico, metrologia e outros temas relacionados à mecânica industrial e automotiva. Também é definido nesta norma o tempo mínimo de escolaridade e experiência que o profissional deve ter para se qualificar como mecânico lubrificador e como obter e manter a certificação.

Em minhas atividades como consultor técnico em lubrificação da Petrobras já ministrei incontáveis treinamentos em lubrificação nos 25 anos que exerço a função. É extremamente gratificante ver a emoção que muitos mecânicos lubrificadores sentem ao receber o certificado de conclusão do treinamento. Para muitos este certificado é o seu primeiro quando não o único que receberam em sua vida profissional de muitos anos.

SELECIONAR PROFISSIONAIS ADEQUADOSO mesmo rigor técnico utilizado na con-

tratação de mecânicos de manutenção deveria ser utilizado na contratação dos mecânicos lubrificadores. É bastante comum selecionar com critério os mecânicos de manutenção e contratar mecânicos lubrificadores com baixo nível de escolaridade e sem qualquer experiên-cia sob o pretexto que, para esta função, não são necessárias mais qualificações.

Fato é que as poucas exigências na contra-tação de mecânicos lubrificadores revelam a

importância diminuta que é dada a esta função por muitas empresas e a total falta de critérios para a contratação desses profissionais.

AGENTES DE MANUTENÇÃOPREDITIVA E PRÓ-ATIVAA capacidade técnica dos mecânicos lubri-

ficadores é, muitas vezes, subestimada. Visto serem erroneamente considerados profissionais que se prestam, apenas, a efetuar trocas de carga de óleo e relubrificar pinos graxeiros. Por que não utilizamos os mecânicos lubrificadores como profissionais de manutenção preditiva ou pró-ativa? Obviamente que não estamos esperando que exerçam atividades extrema-mente qualificadas que exigiriam treinamento e qualificação muito acima de suas formações.

Porém, é fato que muitos mecânicos lubrifi-cadores não dispõem, sequer, de um termôme-tro a distância (infravermelho) para monitorar a temperatura do óleo lubrificante em mancais planos e de rolamento, em caixas de engrena-gens ou sistemas hidráulicos. Termômetros a distância (infravermelho) são equipamentos muito baratos que deveriam fazer parte da caixa de ferramentas de todo mecânico lubrificador. Outra maneira de otimizar a atuação dos me-cânicos lubrificadores, por exemplo, seria por disponibilizar-lhes um medidor de vibrações para monitorar o nível global de vibrações (ve-locidade RMS e aceleração do envelope). Estes aparelhos são de custo relativamente baixo e os resultados das medições são lidos diretamente em um visor sendo extremamente simples de se interpretar e extremamente úteis em se detectar falhas precoces de equipamentos, além do que, um medidor de vibrações pode ser utilizado por vários mecânicos lubrificadores.

Podemos dizer, sem medo de errar, que há uma série de formas de melhor se aproveitar a capacidade técnica dos mecânicos lubrificado-res. Esta otimização da função, além de servir para o aprimoramento da qualidade da mão de obra e da elevação da autoestima desses

Abril 2013 • www.revistacultivar.com.br 35

.M

Medidor de vibrações para monitorar o nível global de vibrações no local de trabalho

Marcos Thadeu G. Lobo,Petrobras Distribudora S.A

Termômetros a distância, com infravermelho, são equipamentos necessários para lubrificadores

Marcos Lobo fala sobre a importância do mecânico lubrificador na manutenção de frotas

Lubrificação ineficiente significa diminuição da vida útil dos equipamentos

Mar

cos

Lobo

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pUlvErIzAdorES

Abril 2013 • www.revistacultivar.com.br38

Os pulverizadores autoprope-lidos são equipamentos de aplicação de defensivos que

recentemente tomaram conta do mercado brasileiro de máquinas de grande porte para a pulverização. Atualmente, no Bra-sil, há oferta de várias marcas fabricantes de pulverizadores autopropelidos.

Pela quantidade de modelos de pulve-rizadores produzidos ou comercializados no país, há uma grande variedade de itens que podem ser escolhidos de acordo com a necessidade de cada agricultor, com o tipo de cultura que se deseja tratar e também com a região do país onde está inserido.

Configurações como o comprimento das barras de pulverização e capacidade do reservatório de calda são itens que variam entre os modelos oferecidos. Também o nível de tecnologia em maior ou menor adoção por empresa fabricante diferencia os modelos existentes e neces-sita ser levado em conta na ocasião da escolha para aquisição.

Empresas até então pro-dutoras apenas de tra-

Gigantes da pulverizaçãoAs opções de pulverizadores autopropelidos são cada vez

mais fartas no mercado brasileiro, que podem atender produtores que utilizam pouca tecnologia até os que

preferem máquinas completamente computadorizadastores e colhedoras estão ingressando no ramo da pulverização, devido a fatores como a fidelidade de seus clientes à marca e possibilidade de expansão, por ser uma área ainda com bastante espaço para crescimento e desenvolvimento tecnológico.

O PULVERIZADOR AUTOPROPELIDOEm geral, os pulverizadores autopro-

pelidos são constituídos por um chassi, uma barra de aplicação, um sistema de propulsão, um sistema de aplicação e um posto de comando. O sistema de propul-são geralmente é formado por um motor, que aciona uma transmissão.

Esta é encarregada de levar a rotação até as rodas, em geral com tração integral (4x4). Naqueles modelos de maior desen-volvimento tecnológico, a transmissão é do tipo hidrostático, semelhante à que se utiliza em colhedoras de grãos, ape-sar de existirem modelos com sistemas mecânicos.

A estrutura geral, também chamada de chassi, é formada por longarinas

longitudinais, com travessas de reforço, onde se inserem por

meio de uma suspensão os

eixos dianteiros e traseiros. Pela alta velo-cidade de deslocamento que desenvolvem estes equipamentos, o sistema de suspen-são deve ser bem desenvolvido, muito semelhante a um veículo de transporte e, inclusive, até melhor. Embora existam equipamentos fabricados no nosso país que utilizam molas helicoidais e amorte-cedores, os sistemas baseados em câmaras de ar são os que melhor se comportam em condições extremas.

Como este equipamento é um veículo que se deslocará a velocidades superiores aos 15km/h haverá que se dispor de um bom sistema que neutralize as oscilações decorrentes do tráfego sobre um terreno rugoso e muitas vezes irregular.

Os pulverizadores autopropelidos em oferta no Brasil têm peso que varia entre 7.000kg, os mais leves, e 10.500kg, os mais pesados. Em geral, o aumento do peso se faz acompanhar do aumento da largura da barra de aplicação e propor-ciona maior capacidade de trabalho, pelo incremento da autonomia.

SISTEMA DE APLICAÇÃO DE PRODUTOSDiferentemente dos primeiros pul-

verizadores autopropelidos lançados no

O mercado de pulverizadores autopropelidoscresce a cada ano no Brasil

John Deere

Valtra

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mercado brasileiro, atualmente estas máquinas contam com uma altíssima tecnologia embarcada no que diz respeito ao sistema de aplicação.

Algumas destas características, como: alta velocidade operacional (entre 15km/h e 30km/h, podendo alcançar velocidades próximas dos 40km/h, em situações ex-tremamente favoráveis), extensa faixa de aplicação (15 a 30 metros de compri-mento de barra) e o grande volume do reservatório de calda (entre 2.000 e 3.500 litros) fazem com que os pulverizadores autopropelidos se tornem um dos grandes

aliados para obter elevado desempenho na aplicação de defensivos.

Os reservatórios de calda, de água limpa, do tanque de combustível e o in-corporador de defensivos são geralmente fabricados com material polietileno, devido à grande resistência e durabili-dade. Os reservatórios de água limpa, que variam entre 100 e 300 litros, são responsáveis pela realização da tríplice lavagem de embalagens vazias, limpeza do circuito de pulverização e higienização do operador.

Alguns reservatórios de calda são do-

tados de um dispositivo para quebra das “ondas”, e a grande maioria destes possui sistema de agitação da calda, ambos com a finalidade de manter a estabilidade e homogeneidade do produto.

A barra de pulverização pode ser ins-talada na parte traseira, na parte diantei-ra (ou, em caso particular, no centro do pulverizador), ambas as posições propor-cionam excelente estabilidade da mesma. Geralmente é fabricada em alumínio ou outro material que lhe confira leveza e flexibilidade. Possuem total acionamento hidráulico com algum tipo de sistema

Charles Echer

Há uma grande variedade de itens que podem ser escolhidos de acordo com a necessidade de cada agricultor

Nível de tecnologia em maior ou menor adoção por empresafabricante diferencia os modelos existentes no mercado

Montana

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Os controladores e letrônicos de pul-ver ização l i gam ou desligam as seções de pulverização automa-ticamente de acordo com o deslocamento do pulverizador, evi-tando desperdícios de produtos na ocorrência de sobrepasses.

A pulverização ge-ralmente é controlada por bombas centrífu-gas ou de pistão com membrana, com alta capacidade de vazão (litros/minuto), pro-porcionando um gran-de fluxo de água com baixa pressão do siste-ma, podendo aplicar, em alguns casos, entre 35 e 800 litros/ha.

O interior da cabi-ne pode ser equipado, de forma opcional, com monitores de operação que contêm todas as informações necessá-rias ao controle do pul-verizador (velocidade, rotação do motor) e da pulverização (área trabalhada, taxa de aplicação, controlador automático de seções, pressão do manômetro, nível de calda do reser-vatório, piloto automá-tico, entre outras).

VANTAGENSEm casos como na

adoção de alta tecno-logia, os pulverizado-

a qualidade da aplicação, amplitude de vazão por hectare e a independência na escolha dos momentos mais adequados à pulverização, principalmente referindo-se às condições climáticas e aos horários das aplicações.

Esses equipamentos, em sua grande maioria, são dotados de modernas ferra-mentas de agricultura de precisão, como o piloto automático e os controladores do processo de pulverização, auxiliados pelo sistema GNSS (Global Navigation Satellite Systems). Essas ferramentas são muito im-portantes na condução das máquinas nas lavouras, principalmente nas pulverizações, que são operações de alto custo e de risco ambiental.

Os sinais gerados por satélite chegam até a máquina conduzindo-a pela área, reduzindo assim as sobreposições ou falhas em passadas sucessivas, contribuindo então na redução dos custos e desperdícios de produtos químicos e combustíveis.

REALIDADEAnteriormente os pulverizadores au-

topropelidos só eram utilizados em áreas grandes (acima de mil hectares), mas hoje já se nota uma adoção em áreas menores, ao redor de 500 hectares. Devido aos aumentos nos custos de produção das culturas, em que a busca pela produtividade torna-se cada vez mais importante, e também uma maior oferta de pulverizadores autopropelidos no mercado interno, muitos agricultores estão deixando de lado formas convencionais de pulverização, como os pulverizadores trato-rizados, e migrando para esse sistema.

A redução no preço dessas máquinas, pelo fato de que a maioria dos pulverizadores disponíveis aos agricultores brasileiros está sendo fabricada no País, também motiva os agricultores a investir em máquinas desse tipo.

OFERTA NO MERCADOBRASILEIROAtualmente são ofertados aos agri-

cultores brasileiros diversos modelos de

MarcaMassey Ferguson

ValtraCaseJacto

Jan

John Deere

Metalfor

Montana

New HollandPLA

Servspray

Stara

Pulverjet

ModeloMF 9030

BS 3020 HPatriot 350

Uniport 2000 PlusUniport 2500 Star

Uniport 3000 Plus VortexUniport 3000 Plus Canavieira

Uniport 3030Impactus 2750Power Jet G5

JD 4630JD 4730

Futura 2200Multiple 2500 ABMultiple 3000 ABMultiple 3200 AB

Hidro 4X4Boxer 2021 MBoxer 2021 H

Parruda 2627 MParruda 2027 HParruda 3027 H

Parruda 3027 H-CanavieiraSP 3500M 2500 SM 3000 SH 3000 TH 3500 F

Gafanhoto 4X2Gafanhoto

Gladiador 3000Gladiador 2300Gladiador 2700

Imperador CA 3100Imperador 3100

PulverJet PKPulverJet VLPulverJet HD

Tabela 1 – Marcas e modelos de pulverizadores autopropelidos disponíveis no mercado brasileiro

Potência (cv)200200200128139237237243130130165245120152152152173135135135135185135202132177220220180180185135185215215135180200

Reservatório de calda (litros)3000300035002000250030003000300027502500227030282200250030003200

2500 ou 300020002000

2000 ou 2600200030003000350025003000300035003000

3000 ou 4000300023002700310031002100

2100 ou 28002100 ou 2800

Posicionamento das barras na parte dianteira, traseira ou central é um dos itens que diferencia os modelos

Os modelos existentes no mercado brasileiro foram projetados para atender médias e grandes propriedades rurais

autonivelante. Algumas podem ser equi-padas com corpos de bicos múltiplos e com sistema de cortina de ar.

res autopropelidos podem até mesmo ser comparados com a aviação agrícola, mas levando algumas vantagens, como

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Atualmente, aproximadamente 40 modelos de pulverizadores autopropelidos são comercializados no Brasil

Nos modelos de maior desenvolvimento tecnológico, a transmissão é do tipo hidrostático, semelhante à que se utiliza em colhedoras de grãos

vANtAgENS doS pUlvErIzAdorES AUtopropElIdoS

• Elevada capacidade operacional• Capacidade de pulverizar grandes

áreas de lavoura em uma única jornada de trabalho

• Rendimentos em condições ideais, velocidades limites e as opções de barra com maior dimensão, de aproximadamente 80 hectares em uma única hora de trabalho

Marcelo Silveira de Farias,José Fernando Schlosser,Fabrício Azevedo Rodrigues eUlisses Giacomini Frantz,Nema - UFSM

.M

pulverizadores autopropelidos (Tabela 1), visando atender as mais variadas lavouras e culturas agrícolas. Estas máquinas fo-ram desenvolvidas para operar em médias e grandes propriedades rurais, devido ao seu elevado rendimento operacional, proporcionando satisfatória relação cus-to/benefício.

O Brasil possui extensa área territo-rial agricultada, com lavouras de diversos tipos de relevo e tamanhos. Em função disso, os critérios de seleção de um de-terminado pulverizador autopropelido serão, principalmente, a dimensão da barra de pulverização, o consumo e a potência desenvolvida pelo motor, o tipo de transmissão, a resistência do chassi e o volume do reservatório de calda.

Em segundo plano o agricultor veri-fica outras especificações relacionadas à tecnologia e ao conforto e segurança do operador. Neste último ponto, é impres-cindível analisar a estabilidade da máqui-na, visto que o centro de gravidade destes pulverizadores é elevado e em condições

de alta velocidade pode ser um diferen-cial, além, é claro, de sua utilização em terrenos declivosos.

Em resumo, estas máquinas atendem perfeitamente as principais commodities agrícolas, devido a uma característica observada e necessária nesses equipa-mentos, que é o “vão livre”, ou seja, a distância do equipamento ao solo, em que na maioria dos pulverizadores é superior a 1,40 metro, possibilitando realizar apli-cações durante todo o ciclo das culturas, sem provocar danos.

Além disso, estes equipamentos con-tam com a possibilidade de realizar o ajuste de bitola, que pode ser modificada com o pulverizador parado, de forma mecânica ou em movimento, com auxílio de comando hidráulico. Esta função é muito importante para culturas semipe-renes, como a cana-de-açúcar, pois evita que a máquina se desloque em cima da soqueira.

Os pulverizadores autopropelidos devem ser analisados conforme as espe-

cificações anteriormente descritas, isso, para que se possa ter uma utilização adequada do mesmo, além de selecionar o mais específico para cada condição em particular.

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fIChA téCNICA

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Série 9RA maior série da John Deere, formada por quatro modelos com motorizações que vão de 410cv a 560cv, tem tratores com desempenho e tecnologia avançados para trabalhar

em grandes propriedades rurais

Com os tratores da Série 9R, a John Deere está trazendo para o Brasil máquinas com capacidades

bastante superiores em relação aos que co-mercializa. São tratores que foram concebidos para realizar muito mais trabalho, com menos recursos. Esta série é formada por tratores com chassi articulado, motor de 13,5L e transmissão PowerShift com Efficiency Ma-nager, características que transformam este gigante numa máquina bastante desejada por empresários rurais que necessitam de de alto rendimento e disponibilidade no campo. Esta série possui quatro modelos: 9410R, 9460R, 9510R e 9560R, com potências nominais de 401cv, 460cv, 510cv e 560cv, respectivamente.

MOTOR JOHN DEERE PSX 13,5LA Série 9R utiliza motores agrícolas

John Deere PSX 13,5L que proporcionam uma reserva de torque de 38% e reserva de potência de 10%. Estes mo-tores utilizam um sistema de injeção eletrônica de

combustível, com monitoramento da carga e velocidade do motor, que permite ajuste da taxa de injeção de combustível, indivi-dualmente, em cada cilindro. Isto permite controle total de injeção, garantindo emis-sões reduzidas, economia de combustível e performance otimizada do motor.

A Série 9R utiliza um sistema de controle de eficiência – Efficiency Manager - que visa otimizar o consumo de combustível para a tarefa que está sendo realizada. Com este sistema ativado o operador não precisa se preocupar em ajustar a rotação (rpm) ou ajustar a marcha correta pois o trator faz isso automaticamente, basta ajustar a ve-locidade de trabalho. O sistema funciona com comunicação constante entre motor e transmissão.

Estes tratores também estão equipados com FieldCruise, que permite controle da velocidade máxima do motor em tarefas cuja necessidade de potência seja inferior à

potência máxima do motor. Este sistema é especialmente útil em operações com cargas leves, tais como transporte, aplicações de fertilizante e semeaduras leves quando a manutenção de uma velocidade constante é vital para as taxas de aplicação.

TRANSMISSÃOA Série 9R de tratores utiliza uma

transmissão PowerShift, com 18 velocidades à frente e seis à ré. A grande novidade é o sistema Efficiency Manager, que governa as condições de funcionamento do motor e da transmissão, fazendo a troca automática de marchas e o ajuste da rotação do motor, de modo a manter a velocidade de trabalho desejada, com a melhor relação marcha/rotação, para obter a melhor economia de combustível possível.

Esta transmissão alia conforto e eficiente transmissão de potência, com trocas mais suaves, fáceis e práticas, sem solavancos e sem interromper transferência de potência às rodas.

Esta transmissão exige menos do opera-dor, que não precisa mais se preocupar em buscar a melhor marcha para o trabalho e ajustar a aceleração para obter a melhor re-lação de consumo/rendimento, pois o trator faz isso automaticamente, conforme a carga no motor, a posição do acelerador e os ajustes feitos pelo operador no sistema.

CABINE COMMANDVIEW IA cabine dos tratores 9R é proporcional

ao tamanho dos tratores e possui assento

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ComfortCommand, descansa-braço com controles integrados, CommandCenter, com tela sensível ao toque para monitorar e ajustar os parâmetros operacionais do trator; ar-condicionado com controles no descansa-braço; luzes do teto à direita e à esquerda e luz de mapa (ajustável) à direita; monitor da coluna de canto para visualização de funções e desempenho do trator.

A posição elevada da cabine facilita a visualização de implementos grandes. Ainda, o assento permite giro à direita e

à esquerda para facilitar a visualização dos implementos sem perder contato com o CommandARM, que integra todos os controles do trator, incluindo o monitor CommandCenter GreenStar 3 touchscreen. Ainda integra uma série de teclas para aces-so rápido aos menus do CommandCenter.

O Assento ComfortCommand possui suspensão a ar com pressão ajustável (regu-lagem de sensibilidade), além de opções de travamento ou liberação do giro do assento para melhor visualização do implemento, que permite que o assento seja rodado 25º para a direita ou 15º para a esquerda. O interruptor de presença do operador impede algumas operações caso o operador não esteja em sua posição.

SISTEMA DE GERENCIAMENTO AGRÍCOLA (AMS)Os tratores da Série 9R são comerciali-

zados de série com piloto automático Au-toTrac™ com sinal SF2, monitor GS3 2630 (touchscreen de 10,4”)e receptor SF 3000.

No centro de sistema de gerenciamento agrícola está um receptor de sinal e o sistema GreenStar, da John Deere, com o receptor StarFire 3000, utiliza sinais de satélite GPS e Glonass combinados, para dispor de melhor disponibilidade dos satélites e conseguir a melhor precisão possível. Como tem acesso a mais satélites, o receptor StarFire 3000 man-tém o melhor nível de precisão do AutoTrac em zonas abrigadas, como, por exemplo, por baixo de uma linha de árvores.

Possui ainda compensação de terreno in-tegrada, que ajusta automaticamente os erros

Detalhe das válvulas de comando remoto (VCR)

Por causa das dimensões da Série 9R, os itens que requerem manutenções periódicas foram posicionados de forma que o operador possa acessá-los sem grandes esforços

Fotos John Deere

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de sinal provocados por terrenos inclinados, realizando compensação horizontal, vertical e longitudinal.

PILOTO AUTOMÁTICOEsta série vem com piloto automático

AutoTrac para evitar sobreposições que, quando em excesso, causam maior consumo de combustível, maior número de passadas e diminuem o rendimento potencial da operação.

O operador define a primeira passagem no monitor GreenStar e o sistema desenha uma linha paralela à primeira passagem em cada um dos lados do percurso original. Depois, pressionando o botão para ativar o AutoTrac no CommandARM, o AutoTrac conduz automaticamente o veículo ao longo dessas linhas paralelas. O operador fica res-ponsável por manobrar o veículo ao final de cada passagem e por contornar obstáculos.

Para retomar o controle do veículo, basta o operador virar o volante.

O iTEC Pro é um sistema de controle total do equipamento, composto por um módulo opcional que coordena as funções do veículo e do implemento nas manobras de cabeceira. Com esta solução, é possível programar as funções a serem realizadas na manobra de cabeceira.

DIFERENCIAL, EIXOS, ESTRUTURA E CHASSISA Série 9R utiliza eixos dianteiros e tra-

seiros de 120mm de diâmetro, e 3.048mm de largura total, capazes de suportar grandes esforços. Na prática, estes eixos permitem maior capacidade de lastro máximo e maior durabilidade em trabalhos pesados. A fixação de ambos os eixos ao chassi é reforçada, tam-bém visando maior durabilidade do trator.

As reduções finais dos modelos 9510R e 9560R são duplas para suportar o maior

torque produzido pelos motores de 510cv e 560cv, bem como a maior carga (lastro) permitida para estes modelos.

O bloqueio do diferencial é comandado eletro-hidraulicamente e atua sobre os dois eixos, melhorando a performance em terrenos de baixa tração e reduzindo o escorregamento em terrenos inclinados. Todos os tratores da Série 9R são construídos sobre um chassi maciço de três módulos integrados, que oferecem flexibilidade e robustez.

SISTEMA HIDRÁULICOO sistema hidráulico é de centro fecha-

do, com compensação de pressão e fluxo, fornece óleo à direção, aos freios, ao levante de três pontos, às válvulas de comando re-moto (VCR) e Power Beyond. Este sistema proporciona menor carga no motor e em consequêcia, menor consumo de combus-tível. Ainda, permite melhor eficiência no sistema de resfriamento do óleo, redução de vazamentos internos e menor tensão nas mangueiras e nos selos.

Para compatibilizar o trator para as aplicações brasileiras, estes tratores utilizam duas bombas hidráulicas, caracterizando um sistema de alto fluxo, proporcionando uma vazão máxima de 295L/min e pressão máxima do sistema de 20 mil kPa (2.900 psi), sendo a taxa máxima de fluxo nas VCRs de 140L/min. Todos os modelos são equipados com 5VCRs, mais Power Beyond.

A Série 9R utiliza um sistema de direção ativa, que permite uma direção precisa e ma-cia do trator e do implemento. A articulação permite 42º de ângulo de giro, fornecendo ex-celente manobrabilidade ao equipamento.

Os freios, que são acionados hidrauli-camente, autoajustáveis e autoequalizáveis, com discos em banho de óleo, dispensam ajustes periódicos e têm longa vida útil. Pis-tões retraem automaticamente após cada ope-ração de frenagem, de modo a reduzir fricção

A cabine é ampla e possui assento Comfort Command, suspensão com regulagem de sensibilidade, além opção de giro do assento em 25º à direita ou 15º para a esquerda

O descansa-braço possui controles integrados, Command Center, com tela sensível ao toque para monitorar e ajustar os parâmetros operacionais do trator

A Série 9R utiliza uma transmissão PowerShift, com 18 velocidades à frente e 6 à ré, com sistema Efficiency Manager

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Fotos John Deere

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A Série 9R foi projetada para trabalhar em todos os turnos do dia, por isso possui iluminação 360º com faróis de xenon

A Série 9R é composta por quatro modelos,com motorização que vai de 410cv a 560cv

para melhor economia de combustível.

SISTEMA ELÉTRICO E LUZESEsta série utiliza uma rede CAN no sis-

tema elétrico, o que possibilita um controle acurado das funções e um nível elevado de informações sobre o funcionamento do sistema do trator. A tecnologia SmartCircuit possibilita o autodiagnóstico do operador se existir algum problema elétrico.

Os tratores oferecidos no Brasil contam com um pacote Premium de luzes de traba-lho, que incluem luzes de elevada intensidade de descarga (HID - High intensity discharge), mais conhecidas como faróis xenon. Com luzes dispostas em 360º ao redor do trator e faróis de alta intensidade, este sistema fornece iluminação potente para trabalhos noturnos.

As luzes são programáveis através do Command Center, podendo-se ligar ou desligar cada lâmpada individualmente e programar dois modos de iluminação para acionamento rápido através dos botões 1 e 2 no Command ARM. Todos os tratores da Série 9R têm certificação Isobus.

RADAR DE VELOCIDADE REALA Série 9R possui uma unidade de radar

de sinal duplo instalada de série, que assegura precisão e elimina interferências que podem tornar imprecisas as unidades de sinal úni-co. O suporte de montagem pesado e com isoladores de borracha reduz vibrações que poderiam afetar o sinal.

O radar de sinal duplo tem uma taxa de atualização muito rápida. Quando o trator para, acelera ou muda de velocidade, a velo-cidade em relação ao solo indicada no monitor do trator será muito próxima à real em relação ao solo. Isto é importante para os implementos que utilizam velocidade do trator para contro-lar a operação, tais como plantadoras e semea-doras de precisão, unidades de distribuição de fertilizantes e pulverizadores.

9560R

560cv (412kW)616cv (453kW)

2.528Nm

800/70R38 R1W

4.762mm3.681mm

Especificações TécnicasPotência

Potência Nominal* a 2.100rpmPotência Máxima* a 1.900rpm

Reserva de TorqueReserva de Potência a 1.900rpm

Torque Máximo a 1.600rpmFaixa de Potência Constante (rpm)

TransmissãoTipo/Velocidades Frente-Ré

EixosDimensões

Reduções FinaisRodados

Rodados duplos dianteiros e traseirosBarra de Tração

Tipo/Máxima Carga VerticalDimensões e Pesos

Capacidade do Tanque de CombustívelDistância entre eixos

Comprimento com pesos frontaisLargura total (com rodados standard)

Altura (em transporte)Área envidraçada da Cabine

Volume da CabinePeso Máximo lastrado

Planetárias internas com redução dupla

Categoria 5 com Suporte HD /5.440kg

27,216kg

Planetárias internas

Categoria 4 com Suporte HD/2.470kg

24,721kg

9510R

510cv (375kW)561cv (413kW)

2.354Nm

710/70R42 R1W

4.386mm3.681mm

38%10%

1.500 – 2.100rpm

Full PowerShift com Efficiency Manager™/18 velocidades à frente e 6 à ré

120mm de diâmetro x 3.048mm de largura total

1.325 litros3.500mm7.154mm

6,5m2

3,6m3

9410R

410cv (302kW)451cv (332kW)

1.892Nm

710/70R38 R1W

4.386mm3.636mm

9460R

460cv (338kW)506cv (372kW)

2.123Nm

710/70R42 R1W

4.386mm3.681mm

BARRA DE TRAÇÃO, TDP E LEVANTE HIDRÁULICOOs modelos 9410R e 9460R contam com

barra de tração Categoria 4, enquanto os modelos 9510R e 9560R usam Categoria 5, ambos com suporte Heavy Duty.

Ambas as barras de tração podem oscilar lateralmente, permitindo melhor alinha-mento do implemento em uso e amenizando pequenos desvios e curvas abruptas feitas pelo trator.

Um sistema de arranque de segurança e o aviso da TDP ativada ajudam a prevenir acidentes com o uso da TDP. Todos tratores 9R, ano/modelo 2013, serão disponibilizados com TDP de 1.000rpm.

O monitor GS3 2630 tem tela touchscreen de 10,4”

.M

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SEMEAdorAS

Dose certa Você sabe o que é pulso do dosador de fertilizante no plantio e quanto se perde em semeadoras com distribuidor convencional de fertilizantes?

O Brasil é um dos maiores produtores agrícolas do mundo, isso tudo se deve às condições favoráveis de

clima, solo e as tecnologias que vêm sendo empregadas para uma melhor produtividade. A semeadura é muito importante para a deter-minação da produtividade de uma cultura, pois nessa operação é necessário se obter um estande adequando de plantas e uma correta reposição dos nutrientes (N, P e K), caso contrário não haveria condições para que a cultura se desen-volva adequadamente.

Nas operações de plantio, são utilizadas as semeadoras-adubadoras, que em sua grande maioria saem de fábrica com mecanismos dosadores de fertilizante do tipo rosca sem-fim (Figura 1a), além de mecanismos condutores, sulcadores e compactadores.

Pesquisas demonstraram que o coeficiente de variação da vazão linear de alguns desses tipos de dosadores chega até 50%, ou seja, se o produtor estiver com sua semeadora regulada para distribuir 300kg por hectare ela pode variar de 150kg até 450kg por hectare, o que pode causar uma diferença significativa na fertilidade de uma lavoura.

O advento da agricultura de precisão demandou um mecanismo de distribuição de fertilizante mais uniforme e então surgiu um novo modelo de dosador do tipo rosca sem-fim com sistema de transbordo desenvolvido pela Agromac, o dosador Fertisystem (Figura 1b), que

se mostrou como uma boa alternativa para uso neste tipo de aplicação.

As semeadoras dotadas de dosadores de fertilizante do tipo rosca sem-fim por sistema de gravidade possuem um problema chamado Pulso, ou seja, a cada tantos metros de deslo-camento da máquina o dosador para de largar fertilizante (interrompendo o fluxo) e começa novamente, e isso é cíclico, se regularmos a má-quina para uma dosagem de 200kg por hectare com uma velocidade de deslocamento ao redor de 2km/h (extremamente baixa), esse tipo de dosador, a cada 4,2 metros, para de largar fertili-zante e recomeça a 0,73m após, isso representa que num trajeto de 100 metros, deixou 14,89m lineares sem um grão de fertilizante, ou seja, se simularmos a implantação da cultura da soja, 14 plantas por metro, serão aproximadamente 208 plantas contando somente com a fertilidade natural do solo, ou 15% da área não foi adubada na linha de plantio. Verifica-se também que com

aumento da velocidade, tende a piorar, haja vista que começamos a ter ainda variáveis como trepidação, velocidade do dosador e outras.

A partir disso e da preocupação dos técnicos e produtores com essa variável estão sendo realizados estudos avaliativos se realmente o dosador do tipo transbordo distribui o fertili-zante mais uniformemente do que o modelo convencional.

DISTRIBUIÇÃO DE FERTILIZANTEA pesquisa foi realizada a campo, testan-

do e avaliando o dosador de fertilizante do tipo rosca sem-fim por sistema de gravidade (convencional) e o do sistema por transbordo (Fertisystem), os quais estavam instalados na mesma semeadora.

Na dosagem de 250kg/ha podemos observar na Figura 2 que o dosador convencional (DC) a cada três metros a dosagem cai bruscamente, a valores próximos a zero. Outro fator importante

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Charles Echer

Dose certa

Figura 1 - Dosadores comparados: dosador de fertilizante rosca sem fim convencional (A) e dosador de fertilizante Fertisystem (B)

Dav

id P

eres

da

Rosa

A B

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Figura 3 - Distribuição longitudinal de fertilizante entre dosador convencional (vermelho) e Fertisystem (azul) na dosagem de 440kg/ha

Figura 2 - Distribuição longitudinal de fertilizante entre dosador convencional (vermelho) e Fertisystem (azul) na dosagem de 250kg/ha

de ser visualizado é que a distribuição em que saímos de valores de 0,3g chegando a 3,7g, ou seja, ao longo do trajeto de teste as variações chegam a 79% da dose regulada. Analisando o dosador Fertisystem não é perceptível pulso e falhas de fertilizante, percebe-se que sempre há fertilizante no trajeto, sendo que as variações entre mínimo e máximo são bem menores do que o dosador convencional (DC), chegando até 47%.

Aumentando a dose em 57%, simulando doses empregadas na cultura do milho, em

440kg/ha, a distribuição do fertilizante (Figura 3) apresenta um aumento expressivo no nú-mero de pulsos do dosador convencional, isso está diretamente ligado à velocidade da rosca (sem-fim) do mesmo, que em maiores doses é mais alta e ao completar o ciclo. A quantidade de fertilizante diminui bruscamente e ao come-çar novamente a distribuir o fertilizante, libera quantidades elevadas. Nessa dosagem houve picos onde o dosador convencional chegou a distribuir seis gramas num ponto, que seria proporcional a 1.461kg/há, levando em conta

a área de captação do pote coletor do teste a campo, sendo que outras vezes chegava a dis-tribuir somente 0,5 grama, ou seja, 123,4kg/ha. Já o Fertisystem apresentou deposição máxima de 597kg/ha e a mínima cerca de 300kg/ha, o que é um desempenho muito superior ao convencional. Assim sendo, verifica-se que nas dosagens elevadas há grande variação entre os dosadores convencional e Fertisystem de mais de 240% na dosagem máxima e de menos 42% na dosagem mínima.

Se compararmos o pulso e a falha, ou seja,

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para 600kg/ha, a produção não irá dobrar para 18 toneladas por hectare, mas sim chegará no máximo em 11 toneladas, ou seja, a eficiência que era de 1kg de fertilizante para 30kg de grãos caiu para 1kg de fertilizante para 18,33kg de grãos. Por esse motivo devemos nos preo-cupar em manter a dosagem do fertilizante, distribuído de forma constante na linha de semeadura na implantação da cultura para obter o máximo possível de rendimento por unidade de área, pois o custo com a adubação da lavoura é de mais de 35% dos insumos utilizados.

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a distância que há fertilizante e a que não tem (Figura 4), aplicando 196kg/ha, o fertilizante foi dosado ao longo de 4,3 metros e o dosador parou de largar fertilizante durante 0,7 metro (16,3%), quando a dose foi aumentada para 250kg/ha, a distância no solo com fertilizante reduziu para 3,78 metros e a falha aumentou para 0,9 metro (23,8%). Quando a dose passou para 380kg/ha, como esperado, a deposição foi para 2,8 metros e durante 0,7 metro (25%) não houve deposição de fertilizante, ou seja, quanto maior a dosagem, maior fica a área sem deposição de fertilizante.

Com estas variações foi possível verificar en-tão que em dosagens mais baixas de fertilizante, o dosador do tipo rosca sem–fim convencional (por sistema de gravidade), por estar em uma velocidade menor, percorre uma distância maior antes de completar o seu ciclo, tendo assim uma deposição mais constante de fertilizante durante a linha em comparação com dosagens maiores de fertilizante, que por conta de a rosca sem-fim estar a uma velocidade maior, ela completa um giro mais rápido e percorre uma distância menor, depositando fertilizante e causando assim uma desuniformidade de de-posição ao longo da linha. Nesse teste a campo, não foi quantificada ausência de fertilizante ao longo do percurso no dosador Fertisystem (sistema de transbordo).

O que repercute tais falhas nas dosagens? Isso é algo que refletirá diretamente na produ-ção da lavoura, se analisarmos esses dados da Figura 4 e expandirmos para quantificação de

área sem deposição de fertilizante (Quadro 1), regulando o implemento para dosar 196kg/ha, resultará em 16,3% da área sem suprimento algum de fertilizante, e aumentando a dosa-gem para 250kg/ha a área chega a 22,8%. Isso implica que as plantas estarão retirando os nu-trientes somente da reserva do solo e podendo deixar de expressar todo o potencial produtivo, diminuindo a produtividade da lavoura e consequentemente a lucratividade do produ-tor. Extrapolando para áreas manejadas pela agricultura de precisão, a qual visa à redução da heterogeneidade do solo, isto pode ocasionar mesmo com a correção que a fertilidade conti-nue com tamanha variabilidade.

Na prática, essas variações podem não ser perceptíveis ao visualizarmos uma lavoura, mas todas as culturas apresentam a máxima eficiência da adubação com a alta resposta que um quilo de fertilizante irá ter, por exemplo, ao aumentarmos a dose em 10kg/ha de ferti-lizante poderá apresentar um acréscimo de 400kg de grãos em um hectare. Contudo, a resposta da cultura varia de acordo com seu potencial produtivo. No caso de uma cultura que tem máxima eficiência produtiva quando aplicamos 300kg/ha de fertilizante, respon-dendo com uma produção de nove toneladas por hectare, tudo o que for dosado acima desse valor de 300kg de fertilizante não terá a mesma resposta. Ou seja, se dobrarmos a dose

.M

Fankhauser

Figura 4 – Quantificação a campo da deposição de fertilizante (pulso) e da falha em três doses geralmente empregadas na cultura da soja

Geralmente, as semeadoras saem de fábrica dotadas de dosadores de rosca sem-fim, que tem variações na distribuição acima de 50%

Visão superior de dosador convencional(esquerda) e Fertisystem (direita)

Quadro 1 – Ciclo do fertilizante, falha e quantidade de área sem deposição do fertilizante nas doses de 196, 250 e 380kg/ha

Falha (%)16,317,122,8

Área sem deposição de fertilizante (%)

16,4119,2522,95

* ciclo é o pulso mais a falha

Ciclo do fertilizante (m)*

5,04,73,5

Dose de

fertilizante196kg/ha250kg/ha380kg/ha

Dosador rosca sem-fim Convencional

David Peres da Rosa,Lucas Pagnussat,Jeferson Antônio Alflem eFelipe Pesine,IFRS Sertão

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Que país queremos ser?

Nós, brasileiros, vivemos muitos anos com um câmbio depreciado, o que fez com que nossas ineficiências e mazelas

ficassem encobertas. Esse tempo acabou. Hoje somos um país caro e temos que buscar competitividade e eficiência rapidamente. Competitividade para os nossos produtos frente à concorrência internacional significa melhorar radicalmente a produtividade da força de trabalho e do capital investido.

O Brasil precisa produzir, gerar excedente, investir, exportar e criar empregos. Nada disso acon-tece sem uma indústria dinâmica. Ter um parque industrial dinâmico significa ganhos incalculáveis para a economia; em longo prazo, é a mais confi-ável fonte de crescimento que um país pode ter. A indústria pode ser o principal motor de progresso tecnológico.

Para garantir a competitividade industrial brasi-leira, é necessário aprimorar as bases para a produ-tividade da indústria em toda a cadeia e privilegiar os investimentos em educação, formação de mão de obra técnica, pesquisa, ciência, inovação, qualidade dos fabricantes e fornecedores locais.

A indústria de máquinas agrícolas brasileira, por exemplo, tem cerca de 50 anos e se faz repre-sentar no Brasil com fábricas das principais marcas mundiais, produzindo equipamentos com a mesma tecnologia (gestão, produção e inovação) da Europa, EUA e Japão.

O Brasil é o único país do hemisfério sul que tem uma indústria desenvolvida e consolidada neste seg-mento. Os produtos são (ou eram) exportados para o mundo inteiro e alguns “clusters” têm o desenvolvi-mento mundial exclusivo por aqui, dependendo do fabricante, como, por exemplo: tratores de esteira, motoniveladoras e colhedoras de cana.

Ainda assim, a indústria de máquinas agrícolas no Brasil começa a temer uma mudança de patamar na oferta brasileira de tratores e colheitadeiras com a chegada de novas marcas asiáticas – já existem importações isoladas de lotes de tratores chineses e indianos de baixa potência, algumas empresas co-meçam a montar CKDs de tratores e uma empresa coreana irá investir em Santa Catarina.

Falemos da China, que já exporta para o Brasil

máquinas de construção, automóveis e, recente-mente, caminhões. O país é um grande produtor mundial de grãos (principalmente de milho), mas também é um grande importador de proteínas devido à sua colossal necessidade de alimentos. Lá, a agricultura é uma questão de segurança nacional, de segurança alimentar.

A agricultura na China ainda é realizada em minifúndios, por agricultores familiares com pou-quíssima tecnificação. Dessa forma, os fabricantes chineses inicialmente não desenvolveram máquinas que se aproximassem das que são produzidas no Brasil, que tem o nível tecnológico de ponta. Mas não podemos nos esquecer de que tecnologia é uma mercadoria que se compra, basta ter capital e empre-endedores - coisas que a China tem de sobra.

Todos esses pontos, somados à competitividade de manufatura, fazem com que a China apresente um alto potencial de exportação de qualquer má-quina agrícola em um futuro próximo. Claro que os produtos não trarão novidades e terão, com certeza, qualidade inferior aos que oferecemos aqui; mas é claro também que serão mais competitivos - mais baratos.

Uma vez que os principais mercados mundiais não têm demonstrado dinamismo nos últimos anos (especialmente após crise de 2008), cresce sistemati-camente a presença de produtos importados no Bra-sil, aumento que também ocorreu, ainda que mais timidamente, com os equipamentos agrícolas.

Isso faz com que voltemos a falar da competiti-vidade das máquinas agrícolas brasileiras. O nosso célebre custo Brasil, com sua carga tributária em cascata, logística deficitária, mão de obra e custos de matérias-primas acima da média dos nossos concorrentes, acaba com a competitividade dos nossos produtos.

Se não fizermos nada para melhorar a nossa competitividade, corremos o risco de aprofundar a substituição da oferta de máquinas brasileiras pelas importadas, inclusive com as próprias empresas que operam no Brasil decidindo pela fabricação em outros países.

O Brasil necessita enquadrar a indústria de máquinas agrícolas dentro do novo regime auto-

motivo (como são os caminhões e ônibus), sob pena de uma mi-gração sistemática da produção para outros polos, englobando este setor na dimensão estruturante do Inovar-Auto.

O que eu quero é que o Brasil possa, em dez anos, continuar a ter uma indústria de máquinas importante como é hoje, a exem-plo do que vemos em eventos como a Agrishow, que há 20 anos coloca à disposição do agricultor e do pecuarista brasileiro todas as tecnologias e lançamentos desen-volvidos para o setor.

Mas a realidade é que, se nada for feito, em 2023 seremos simplesmente um grande cliente de fábricas chinesas, coreanas e americanas – das novas e das tradicionais marcas. Essa é uma questão da nossa sociedade – qual o país que queremos ser?

Milton Rego é engenheiro mecânico e

economista, especialista em gestão. Atua na área de máquinas agrícolas e

de construção desde 1988. Atualmente, é diretor de

Comunicações e Relações Ex-ternas da Case New Holland;

vice-presidente da Câmara Setorial de Máquinas Rodovi-

árias da Abimaq e diretor da Anfavea e Sinfavea. Milton

é responsável pelo blog do Milton Rego, que aborda os mercados de máquinas agrícolas e de construção:www.blogdomiltonrego.com.br

O Brasil precisa produzir, gerar excedente, investir, exportar e criar empregos. Nada disso acontece sem uma indústria dinâmica

MUNdo MÁQUINAS

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