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JUNHO/2011 ANO 16 Nº 65
Marcopolo lança o Low Driver 1600 e o DD 1800
Geração 7
Viação Cometa dá lições de excelência em manutenção
Montadoras já estão prontas para atender o Proconve P7
Empresas aperfeiçoam suas práticas ambientais
Bem-vindo a bordo do lançamento duplamente surpreendente: Paradiso 1800 DD e Paradiso 1600 LD. Os novos modelos de ônibus rodoviários complementam a família da Geração 7, que já contava com o Paradiso 1200, Paradiso 1050, Viaggio 1050 e Viaggio 900. Os novos veículos estabelecem novos padrões de segurança e conforto para o mercado brasileiro e internacional.
www.marcopolo.com.br
A P R O X I M A N D O P E S S O A S
Paradiso 1600 LD
A Irizar comemora 120 anos
empenhada em
vigoroso processo de
expansão internacional.
umárioS
Faz 100 anos que a Scania
produziu o Nordmark, o primeiro
ônibus sueco, em 1911.
A preocupação com o treinamento do pessoal e com a
cuidadosa manutenção dos ônibus responde por boa parte da
famosa qualidade dos serviços da Viação Cometa.
3254
A Marcopolo lança os ônibus 1800 DD e 1600 LSE e completa sua linha Geração 7.12
No Brasil, montadoras e encarroçadoras já oferecem
em seus veículos os mais avançados dispositivos e
equipamentos voltados à segurança das operações.
A Mercedes-Benz apresenta a tecnologia que usará nos
seus veículos pesados a partir de 1º de janeiro de 2012 para
atender à nova legislação sobre emissões.
A Michelin
apresenta o pneu
X Multiway
para ônibus e
caminhões, e
lança um sistema
de reserva prévia
da primeira
recapagem.
44
18
38
22
As operadoras
brasileiras de
transporte
rodoviário de
passageiros
preocupam-se
cada vez mais
em garantir a
sustentabilidade
de todas as
suas operações.
LEIA MAIS:
Cartas............................................ 6
Carta do Presidente ...................... 7
Bagageiro ..................................... 8
Eleita a nova Diretoria ................ 10
Clésio Andrade homenageado .. 26
Meio ambiente ........................... 28
Ônibus a etanol .......................... 50
Opinião ....................................... 58
6 REVISTA ABRATI, JUNHO 2011
A Revista ABRATI é uma publicação da
Associação Brasileira das Empresas de
Transporte Terrestre de Passageiros
Editor Responsável
Ciro Marcos Rosa
Produção, edição e editoração eletrônica
Plá Comunicação – Brasília
Editor Executivo
Nélio Lima – MTb 7903
Impressão
Gráfica e Editora Athalaia – Brasília
Foto da capa
Divulgação
Esta revista pode ser acessada via
internet: http://www.abrati.org.br
Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre
de Passageiros
PresidenteRenan Chieppe
Vice-PresidenteLuiz Wagner Chieppe
Diretor Administrativo-FinanceiroPaulo Alencar Porto Lima
DiretoresCarlos Alberto de O. Medeiros,
Cláudio Nelson C. Rodrigues de Abreu,
Francisco Tude de Melo Neto, Jacob
Barata Filho, Leônidas Elias Júnior,
Letícia Sampaio Kitagawa, Mário Luft,
Paulo Humberto Naves Gonçalves,
Pedro Antonio Teixeira, Sandoval
Caramori,Telmo Joaquim Nunes e
Washington Peixoto Coura.
SuperintendenteJosé Luiz Santolin
Assessoria TécnicaAtaíde de Almeida
Assessoria de Comunicação SocialCiro Marcos Rosa
SAUS Quadra 1 - Bloco J - Edifício CNT
Torre A – 8º andar - Entrada 10/20
CEP: 70.070–944
Brasília - Distrito Federal
Telefone: (061) 3322-2004
Fax: (061) 3322-2058/3322-2022
E-mail: [email protected] Internet: http://www.abrati.org.br
PLANALTO 1Gostaria de parabenizar toda a
equipe da Revista ABRATI pela maravi-
lhosa matéria sobre os G7 da empresa
gaúcha Planalto. Gostei bastante,
também, da matéria sobre a Induscar/
Caio, empresa cujo foco atual é o mer-
cado urbano.
João Henrique Zöehler Lemos
www.buspf.blogspot.com
PLANALTO 2Há muito pouco tempo nós, pas-
sageiros, não podíamos imaginar que
as viagens de ônibus iam ficar ainda
mais agradáveis. Há duas semanas
embarquei na rodoviária de Porto
Alegre num ônibus com wireless da
Planalto. Antes, conheci a sala VIP da
empresa. Infelizmente eu não estava
com o meu laptop, mas vi passageiros
tendo acesso à internet sem nenhuma
dificuldade.
Ivo Borges Aranha
URUGUAIANA - RS
ENDEREÇO 1Gostaria de parabenizá-los pelas
excelentes matérias sobre ônibus.
Gostaria de ver matérias referentes às
empresas Unesul e Eucatur, empresas
das quais sou admirador. Gostaria de
me corresponder com busólogos.
Júlio Roberto Cardoso Gonçalves
Rua Florianópolis, 152
Bairro Mato Alto
CEP 94195-240 – GRAVATAÍ – RS
ENDEREÇO 2Escrevo para agradecer por ter
recebido mais uma Revista ABRATI.
Aproveito para pedir que publiquem
meu nome e endereço para efeito de
correspondência com busólogos.
Cristóvão Santos da Rocha
Av. Getúlio Vargas, 165 – Centro
CEP 57100-000 – RIO LARGO - AL
RODOMOÇASMuito boa a ideia da Util de tra-
zer de volta, pelo menos em alguns
horários ou roteiros, as simpáticas
rodomoças. Acho que elas criam um
clima bem mais agradável e menos
monótono durante as viagens mais
longas, além de elevarem o padrão
dos serviços. Boa também a iniciativa
de oferecer aos passageiros algumas
informações sobre os lugares ao longo
da rota.
Plínio José da Conceição
SETE LAGOAS – MG
COMILGostaria de parabenizá-los pela
excelente revista que é a ABRATI,
cumprindo seu papel no meio de
comunicação do transporte rodoviário
de passageiros. Aproveito para enviar
meus cumprimentos à Comil Carroce-
rias para Ônibus pelas suas 35.000
carrocerias.
Elias Mazzola
BENTO GONÇALVES – RS
QUALIDADEComo passageiro que viaja de ôni-
bus pelo menos duas vezes por ano,
acompanho com muita atenção os
esforços das empresas interestaduais
para continuar elevando o padrão de
qualidade dos serviços. Dá para perce-
ber a preocupação com o treinamento
dos funcionários. Em muitos casos, é
visível o orgulho do pessoal em atender
bem e, no caso dos motoristas, em
dirigir ônibus tão modernos como os
atuais. Se eu pudesse sugerir alguma
coisa para melhorar ainda mais os
serviços, eu diria que a qualidade da
comunicação com os passageiros na
hora do embarque e dentro do ônibus
ainda pode ser melhorada.
Cristiano Valter dos Anjos
GOIÂNIA - GO
artasC
A questão dos limites legais de pesoUma das coisas que ainda causam surpresa – e problemas – às empresas de ônibus
que operam linhas internacionais, interestaduais e intermunicipais é a questão dos
atuais limites legais de peso por eixo, conjunto de eixos e peso total. Eles não foram
modificados desde a época em que o comprimento máximo para ônibus (e caminhões)
não articulados era 12m. Há algum tempo, a dimensão já é 14m – ou seja, 6t no eixo
dianteiro, 10t no eixo traseiro, 13,5t nos eixos traseiros duplos, sendo um de quatro
e outro de dois pneus, e 16t e 19,5t no total para os veículos de dois e de três eixos,
respectivamente; os double deckers de quatro eixos têm como limites de peso 12t na
dianteira, 13,5t na traseira e 25,5t no total.
Ao longo dos anos, as carroçarias de ônibus brasileiras – cujo padrão é de Primeiro
Mundo – vêm incorporando uma série de melhorias que se traduzem em maior conforto
para os passageiros, sendo o ar-condicionado apenas um dos exemplos. Os chassis de
ônibus (e de caminhões) nacionais agregam o que existe de mais moderno em tecnologia
e, a partir de 1º de janeiro de 2012, estarão dotados de motores da geração Euro 5 ou
Proconve 7, aptos a atender o nível de emissões exigido a partir daquela data.
Só que tudo isso pesa e não é pouco: para que se tenha uma noção, estima-se que
somente o novo motor, o catalizador, filtros e o tanque para o Arla-32 (Agente Redutor
Líquido de NOx Automotivo) aumentem em até 300kg o peso dos veículos. Outros tantos
quilos serão acrescentados com a obrigatoriedade de se reforçar as carroçarias visando
maior segurança no caso de capotamento (roll over), conforme preconizado na Resolução
Contran nº 316, de 08/05/2009. E por aí vai.
Obviamente, ninguém pode ser contra maior comodidade e segurança para os
passageiros, nem contra motores que poluem menos. Exceto o conforto – exigência
do mercado – os demais itens foram impostos – corretamente, diga-se – pelo próprio
Governo. Daí a surpresa mencionada acima de o mesmo Governo, pelo que consta, ter
sido refratário até, agora, à revisão dos limites legais de peso – os quais foram fixados
por ele mesmo por meio da Resolução Contran nº 210, de 13/11/2006.
A surpresa aumenta quando se verifica que ônibus (e caminhões) da Argentina,
Paraguai e Uruguai, que juntos com o nosso País formam o Mercosul, antes mesmo de
se falar em motores Euro 5 e normas para reforçar a segurança das carroçarias, estão
liberados para rodar no Brasil com limites de peso superiores aos fixados para os veículos
nacionais. É exatamente isto o que estabelece o Decreto nº 7.282, de 01/09/2010:
por exemplo, eixos traseiros simples com quatro pneus têm como limite 10,5t (em vez
das 10t) e duplos com quatro mais dois pneus têm como limite 14t (em vez das 13,5t).
Concluindo, registra-se aqui a expectativa da ABRATI de que o Governo reexamine a
questão e aumente o limite legal dos pesos para que seja possível atender às normas
baixadas por ele que obrigam motores com novas tecnologias para se adequar aos níveis
de emissão e reforço das carroçarias para aumentar a segurança. A ABRATI espera que os
órgãos governamentais revejam essa posição, não fazendo distinção dentro do território
nacional em prejuízo das empresas brasileiras.
Júlio
Fer
nand
es
Renan Chieppe, Presidente da ABRATI.
Registra-se aqui a expectativa da ABRATI de que o
Governo reexamine a sua posição e aumente o limite legal dos pesos para que seja
possível atender às normas baixadas
por ele que obrigam motores com novas tecnologias para se adequar aos níveis
de emissão e reforço das carroçarias para aumentar a
segurança.
arta do PresidenteC
REVISTA ABRATI, JUNHO 2011 7
8 REVISTA ABRATI, JUNHO 2011
B A G A G E I R O
SEMINÁRIO
ATENDIMENTO
MARCA
PETROBRAS GARANTE ABASTECIMENTO DE DIESEL S50 A PARTIR DE JANEIRO DE 2012
MERCEDES-BENZ ELEITA EMPRESA DO ANOPELO PRÊMIO CONSUMIDOR MODERNO
CAIO INDUSCAR DIVULGA NOMES DOSGANHADORES DO CONCURSO DE FOTOS
A Caio Induscar promoveu
um concurso entre
admiradores de ônibus da
marca. Os concorrentes
enviaram fotos de ônibus
Caio, antigas ou novas,
para serem selecionadas
por colaboradores
do Departamento de
Comunicação e Marketing
e Design da empresa,
segundo critérios de
relevância histórica,
A Petrobras está investindo
US$ 73,6 bilhões para
assegurar o abastecimento
do mercado interno com
o diesel S50 a partir de
2012. Foi o que informou
o consultor de negócios da
empresa, Sérgio Fontes,
em apresentação feita
no seminário “Diesel e
Emissões em Debate”,
promovido no dia 30 de
maio, em São Paulo, pela
Associação Nacional dos
Fabricantes de Veículos
Automotores, Anfavea.
Segundo ele, já existem
11 polos de venda do S50
espalhados pelo Brasil.
Fontes estimou que 87%
da demanda pelo produto
no próximo ano serão
plenamente abastecidos.
Outro participante do
seminário, Achille Liambos
Jr., diretor da divisão de
Arla 32 da Yara Brasil,
que produz o aditivo Arla
Pela qualidade dos
serviços prestados por sua
Central de Atendimento ao
Cliente, a Mercedes-Benz
foi escolhida Empresa do
Ano, pelo voto popular, no
12º Prêmio Consumidor
Moderno de Excelência
de Serviços ao Cliente.
A montadora venceu nas
categorias “Caminhões”
(pela segunda vez) e
32, afirmou que não
haverá problema quanto à
disponibilidade do produto
em todo o Brasil. O Arla
32, assim como o diesel
S50, são considerados
fundamentais para que
os veículos pesados
produzidos a partir de 1º de
janeiro de 2012 possam
atender às exigências da
norma Proconve P7. A
ABRATI foi representada no
seminário pelo seu diretor
Cláudio Nélson Abreu, da
Viação Santa Cruz. Ele
explicou aos participantes
que as operadoras de
ônibus rodoviários poderão
adiar suas compras de
veículos Euro 5/Proconve
P7 até que não restem
mais dúvidas em relação
à disponibilidade de diesel
S50 e Arla 32, bem como
em relação ao preço com
que esses novos produtos
chegarão ao mercado.
Operadoras de linhas rodoviárias poderão adiar compras de ônibus.
Vista parcial da Central de Atendimento ao Cliente da Mercedes-Benz.
“Automóveis de Luxo” (pela
décima vez). Considerado
a principal iniciativa
de reconhecimento do
atendimento ao consumidor
no Brasil, o prêmio
destaca as empresas que
privilegiam a excelência no
relacionamento com clientes
e que mantêm elevados
indicadores de satisfação,
retenção e lealdade.
originalidade e beleza.
Houve três ganhadores:
Shalon Ferreira de Melo,
de São Paulo-SP, Fabiano
Afonso Zimmer, de Porto
Alegre-RS e Gustavo César
de Ávila e Silva, de Ipatinga-
MG. Como prêmio, eles
ganharam uma viagem
a Botucatu-SP, onde
visitaram as instalações da
fábrica da Caio Induscar e
receberam brindes.
REVISTA ABRATI, JUNHO 2006REVISTA ABRATI, JUNHO 2011 9
MEIO AMBIENTE
CARROÇARIA
TRANSBORDO
AGENDA
MONTADORAS MOSTRAM QUE JÁ PODEM ATENDER EXIGÊNCIAS DO PROCONVE P7
ÔNIBUS COMIL ENTRE PARNAMIRIM E NATAL
IRIZAR ENTREGA DEZ ÔNIBUS CENTURYPARA OPERAÇÃO EM AEROPORTOS
VOLVO PROMOVE EM BRASÍLIA NOVOFÓRUM SOBRE SEGURANÇA NO TRÂNSITO
A Comil forneceu oito
carros do modelo Piá
e dois do modelo Midi
à Associação dos
Transportes Opcionais de
Médio Porte de Parnamirim,
Rio Grande do Norte. Os
A Volvo e a OHL Brasil
realizam no dia 15 de
junho, no Centro de
Convenções de Brasília,
o Fórum Volvo-OHL de
Segurança no Trânsito. O
objetivo é oferecer uma
agenda para que o Brasil
possa aproveitar a Década
Mundial de Ações de
Segurança no Trânsito,
além de um plano de
A Irizar, de Botucatu,
entregou à Pássaro
Marron dez unidades
do seu modelo Century
especialmente configurado
para Airport Service. A
carroçaria está montada
QUALIDADE
MASCARELLO RECEBE CERTIFICAÇÃO
A encarroçadora Mascarello acaba de receber a certificação
ISO 9001:2008, válida até junho de 2014, por implantar e
manter um Sistema de Gestão de Qualidade para projeto,
desenvolvimento e montagem de carroçarias de ônibus
urbanos, rodoviários e micros.
O veículo a etanol da Scania: a
experiência começou na Suécia.
O Hibribus, da Volvo: duas fontes
de energia em uma operação.
Testado pela Viação Santa Brigida, o diesel de cana-de-açúcar aprovou.
Os ônibus Century, fotografados na frente da fábrica, em Botucatu.
sobre chassis Mercedes-
Benz O 500 RS. O ônibus
tem 42 poltronas supersoft,
duas mesas de jogos, ar-
condicionado climatIzado,
vidros colados, DVD, dois
monitores e banheiro.
segurança nacional para os
próximos anos. O programa
inclui duas palestras
principais que vão ser
dadas pelo especialista
australiano Eric Howard
e pelo diretor-geral de
trânsito da Espanha,
Pere Navarro Olivella. As
inscrições são gratuitas e
feitas no site
www.volvo.com.br/pvst
As montadoras Scania,
Mercedes-Benz e Volvo
aproveitaram a realização
do C 40 Large Cities
Climate Summit, em São
Paulo, no início de junho,
para demonstrar algumas
alternativas para atender
as exigências sobre
emissões contidas na
norma Proconve P7 (Euro
5), que passa a vigorar em
1º de janeiro do próximo
ano. Cada uma das três
transportou participantes
do Summit em ônibus com
baixa emissão de gases
poluentes. A Scania usou
e divulgou o seu ônibus
a etanol. A Mercedes-
Benz apresentou ônibus
urbanos que utilizam diesel
de cana-de-açúcar como
combustível. Já a Volvo,
mostrou o Hibribus, um
ônibus híbrido que alterna,
durante a operação, o uso
de motores elétricos e de
um motor a diesel.
carros vão atender as
linhas intermunicipais da
região metropolitana de
Natal. A Associação tem
programação para renovar
toda a sua frota, que
atualmente é de 28 ônibus.
BRATIA
Associadas escolhem a nova DiretoriaO presidente Renan Chieppe foi reconduzido. O mandato da nova Diretoria e do
Conselho Fiscal se estenderá até 22 de junho de 2014. Expressivo número de representantes
das associadas participou da eleição, realizada na sede da ABRATI, em Brasília.
Na manhã do dia 24 de maio, as associadas da
ABRATI realizaram assembleia com a finalidade
de proceder à eleição da Diretoria e do Conselho Fiscal
da entidade para o triênio de 23 de junho de 2011 a
22 de junho de 2014. Renan Chieppe, da Viação Águia
Branca e atual presidente, foi reeleito por aclamação.
Luiz Wagner Chieppe, da Viação Salutaris e Turismo,
foi eleito vice-presidente. Também por aclamação fo-
ram reconduzidos vários diretores, e escolhidos novos
nomes. Veja no quadro abaixo a relação completa dos
representantes das associadas que estarão à frente da
ABRATI a partir de agora.
Nome Empresa Cargo
Renan Chieppe Viação Águia Branca S/A Presidente
Luiz Wagner Chieppe Viação Salutaris e Turismo S/A Vice-Presidente
Paulo Alencar Porto Lima Expresso Guanabara S/A Diretor Adm/Financeiro
Carlos Alberto Oliveira Medeiros Taguatur - Taguatinga Transp. Tur. Ltda Diretor
Cláudio Nelson Calhau R. Abreu Viação Santa Cruz S/A Diretor
Francisco Tude de Melo Neto Empresa Auto Viação Progresso S/A Diretor
Jacob Barata Filho Real Expresso Ltda Diretor
Leônidas Elias Júnior Viação Araguarina Ltda Diretor
Letícia Sampaio Kitagawa Viação Sampaio Ltda Diretora
Mário Luft Viação Garcia Ltda Diretor
Paulo Humberto Naves Gonçalves Empresa de Transportes Andorinha Ltda Diretor
Pedro Antonio Teixeira Planalto Transportes Ltda Diretor
Sandoval Caramori Reunidas S/A – Transportes Coletivos Diretor
Telmo Joaquim Nunes Auto Viação 1001 Ltda Diretor
Washington Peixoto Coura Empresa Gontijo de Transportes Ltda Diretor
Gentil Zanovello Affonso Expresso Itamarati S/A Conselho Fiscal - Titular
Joel Fernandes Rodrigues Viação Cidade do Aço S/A Conselho Fiscal - Titular
Roger Mansur Teixeira Pluma Conforto e Turismo S/A Conselho Fiscal - Titular
Luiz Antonio Pretti Viação Pretti Conselho Fiscal - Suplente
Pedro Nemésio de Faria Viação Motta Ltda Conselho Fiscal - Suplente
Rinaldo Pires de Miranda Viação Riodoce Ltda Conselho Fiscal – Suplente
O presidente Renan Chieppe agradeceu a confiança das associadas.
Júlio
Fer
nand
es
10 REVISTA ABRATI, JUNHO 2011
ançamentoL
Geração 7 da Marcopolo agora está completaMenos de dois anos depois do lançamento oficial da Geração 7 de suas carroçarias para ônibus, a
Marcopolo completou a linha apresentando os novos Paradiso Double Decker 1800 e Low Driver 1600.
Os mercados brasileiro e sul-
-americano ressentiam-se da falta
de um DD e de um Low Driver com
design mais coerente com os novos
ônibus da Geração 7, que, como se
sabe, desde o seu lançamento, em
meados de 2009, atraíram boa parte
da preferência das operadoras de
transporte rodoviário de passageiros. A
expectativa foi finalmente satisfeita no
dia 24 de março, quando, na unidade
Ana Rech da Marcopolo, em Caxias
do Sul, os principais executivos da
encarroçadora apresentaram os dois
novos modelos.
Ambos são bastante impactantes,
pelo seu desenho futurista, no qual
se sobressaem as linhas arrojadas , o
para-brisa panorâmico — maior e mais
curvo —, além do novo conjunto ópti-
co. Também foram projetados novos
espelhos retrovisores. Para favorecer
as operadoras que utilizam o Paradiso
Low Driver, os projetistas da Marco-
polo decidiram equiparar sua altura à
do Paradiso DD 1800: 4,10 metros.
Disso resultou o maior bagageiro da
categoria em todo o mundo, com 1,60
metro de altura e 15 metros cúbicos
de capacidade de carga.
Foto
s: D
ivul
gaçã
o
12 REVISTA ABRATI, JUNHO 2011
MERCADOS
Segundo Paulo Corso, Diretor de
Vendas da Marcopolo, o Paradiso DD
1800 tem sido mais vendido no mer-
cado externo do que no Brasil, e essa
tendência deve ser mantida em relação
ao novo modelo da Geração 7. Corso
prevê uma evolução de aproximada-
mente 10% nas exportações desse
ônibus em 2011, inclusive por conta
da possível tendência das operadoras
de utilizar ônibus de grande tamanho.
Argentina, Chile, Peru, Paraguai, Bolívia
e África do Sul são os principais países
compradores.
Em relação ao mercado interno, o
executivo da Marcopolo projeta a venda
de pelo menos 150 unidades do DD
1800, já considerando que possíveis
compras haviam sido congeladas por
clientes que, desde o lançamento da
Geração 7, em 2009, aguardavam a
chegada do novo ônibus.
SEGURANÇA
Talvez pelo fato de que o novo
design fala por si, os executivos da
Marcopolo preferiram enfatizar outras
novidades dos dois novos ônibus,
principalmente no que se refere a
conforto, ergonomia e segurança. Sob
este último aspecto, por exemplo, a
adoção de LEDs nas luzes de direção
e de posição (farol diurno) foi aponta-
da como um avanço que aumentou a
eficiência luminosa e a durabilidade.
Obviamente, a maior vida útil reduz a
necessidade de substituição ou ma-
nutenção. Ainda no que diz respeito à
segurança, os corrimãos instalados no
acesso ao salão de passageiros foram
posicionados de forma mais acessível
e ganharam iluminação em LEDs, com
sensores de presença que acendem
e apagam as luzes automaticamente.
O modelo LD 1600 conta, ainda, com
uma meia parede com pega-mão.
PRIORIDADE AO LED
No que se refere ao conforto, os
dois veículos ganharam novas portas,
mais largas, e escadas com novo
desenho dos degraus, tornando mais
confortável e segura a operação de
entrada e saída. A geladeira e a cafe-
teira estão colocadas junto à escada,
bem ao alcance dos passageiros. A
iluminação do salão de passageiros é
toda em LEDs e as luzes são indiretas,
o que torna o ambiente mais agradável
para os passageiros. Os LEDs estão
presentes também nas luzes de leitura
dos porta-focos e têm acionamento por
toque. No porta-focos estão ainda as
saídas individuais para o ar-condicio-
nado, um plug para fone de ouvidos e
o controle de volume do som. Moni-
tores em LED de 15 polegadas estão
posicionados no teto ao longo de todo
o salão, com visibilidade de qualquer
poltrona. Além deles, há um monitor,
também em LED, de 23 polegadas,
instalado na posição frontal.
Outra inovação introduzida nos
veículos é o teto solar panorâmico no
salão de passageiros.
Os dois modelos receberam novo
sanitário, cujo interior foi redesenha-
Paulo Belini, presidente do Conselho da
Marcopolo, esteve presente ao lançamento.
Paulo Corso, diretor de Vendas, prevê
tendência de uso de ônibus maiores.
O bagageiro do novo 1600 LD tem a maior capacidade volumétrica entre todos os rodoviários.
O designer José Carlos Bohrer coordenou o
desenvolvimento dos novos Geração 7.
REVISTA ABRATI, JUNHO 2011 13
do, ganhando cores e iluminação
diferenciadas, e nova entrada de ar-
-condicionado. O exaustor foi reprojeta-
do para fazer o menor ruído possível e
aumentar sua eficiência na renovação
do ar natural. A torneira e a descarga
passaram a ter acionamento sensível
ao toque e a pia foi reposicionada no
sentido longitudinal.
Nos dois modelos, o uso de vi-
dro e de plástico de engenharia nas
portas e nas paredes de separação
permitiu aumentar a área livre para os
passageiros. No caso do Paradiso DD
1800, a iluminação também é em LED
com luzes indiretas no piso inferior. A
renovação de ar natural é eficiente e
ançamentoL
o corredor central foi revestido de ma-
deira, para melhor isolamento térmico
e acústico. O ar-condicionado passou
a contar com novos dutos integrados
ao teto e chicote elétrico separado. A
porta de acesso ao piso inferior abre
para o lado de fora, o que facilita a
locomoção dos passageiros sem in-
terferir nas poltronas.
AERODINÂMICA
A exemplo dos demais modelos da
Geração 7, os dois novos ônibus foram
desenvolvidos com a ajuda de testes
em túnel de vento. Os carros também
foram exaustivamente experimentados
na pista de testes da encarroçadora,
Iluminação suave e monitor de 23” em LED.
A nova cabine ficou ainda mais ergonômica.
Mais conforto para o motorista e o auxiliar.
Foi criado um acesso interno ao bagageiro.
Escada com novo desenho: mais segurança. O banheiro: redesenhado e reposicionado.
Altura é a mesma nos dois modelosO Paradiso DD 1800 está disponível nas versões 6x2 e 8x2, com 13,20
metros de comprimento e 14 metros de comprimento, respectivamente.
A largura é de 2,60 metrtos e a altura, de 4,10 metros. O preço básico
é de R$ 950.000,00.
Quanto ao Paradiso LD 1600, tem as versões 4x2 e 6x2, ambas com 14
metros de comprimento, 2,60 metros de largura e a mesma altura do
DD: 4,10 metros. A anterior versão do LD tinha altura um pouco menor.
Seu preço básico é de R$ 850.000,00.
Foto
s: D
ivul
gaçã
o
14 REVISTA ABRATI, JUNHO 2011
em Caxias do Sul. José Carlos Bohrer,
designer da Marcopolo e coordenador
da equipe que trabalhou no desenvol-
vimento da Geração 7, informa que
foram alcançados índices ainda mais
expressivos que os da Geração 6 no
que se refere ao peso dos veículos e
à aerodinâmica, com reflexo direto no
consumo de diesel. O coeficiente de
resistência aerodinâmica (CX) passou
a ser de apenas 0,42, sabendo-se
que é de 0,32 em um automóvel bem
desenhado, enquanto um caminhão
com defletor apresenta um CX de 0,74.
André Luis de Oliveira, consultor de
mercado da Marcopolo, lembra que,
em consequência desse novo avanço,
a redução do consumo de diesel pode
chegar a 8% na comparação com o
desempenho da geração anterior.
MOTORISTA E AUXILIAR
No caso do motorista e do auxiliar,
a preocupação foi com o conforto, a er-
gonomia e a facilidade de condução do
veículo. Nos dois modelos, a cabine foi
totalmente redesenhada, recebendo
nova porta, novo painel frontal, novo
piso e novas poltronas. As linhas do
acabamento interior da cabine têm
texturas mais “amigáveis” e os co-
mandos ficam projetados, de modo a
ser alcançados com maior facilidade
pelo motorista.
O novo painel tem satélites laterais
retráteis e incorpora todos os instru-
mentos, entre eles display da câmera
de ré, câmeras internas e sistema
multiplex de funções conjugadas de
André Luis de Oliveira: destaque para a economia de combustível nos dois novos modelos.
O novo DD 1800 vai ajudar a Marcopolo a incrementrar em pelo menos 10% suas exportações, especialmente para a América do Sul.
todos os equipamentos do ônibus. Os
postos do motorista e do auxiliar foram
reprojetados para facilitar o acesso e
melhorar a visibilidade externa.
O painel teve reposicionadas as
saídas de ar e o sistema de ventilação
ganhou em eficiência. O motorista
e o auxiliar contam com iluminação
individual com acionamento sensível
ao toque. Existem porta-objetos atrás
da poltrona e a poltrona do condutor
auxiliar está colocada mais para trás.
REVISTA ABRATI, JUNHO 2011 15
ançamentoL
Michelin lança o pneu X MultiwayCom melhor performance (primeira vida 20% maior), o novo pneu X Multiway para ônibus e caminhões
é fabricado com um novo composto de borracha e é dez milímetros mais largo. A Michelin também está
lançando um novo sistema em que o comprador pode economizar também na hora da recapagem.
Como parte das comemorações
dos 30 anos de sua instalação no
Brasil, a Michelin lançou em maio uma
nova geração de pneus para ônibus
e caminhões, designada X Multiway.
Simultaneamente, apresentou a ino-
vação com a qual pretende mudar os
hábitos de compra dos usuários de
sua marca. Denominada Vida Total,
a proposta pretende levar o usuário
a pensar mais à frente no momento
da compra do pneu: ao invés de
contentar-se apenas com a chamada
“primeira vida” e só mais tarde pensar
na recapagem, decidir desde o início a
quem vai ser confiada essa tarefa. É
o que o fabricante chama de “compra
integrada de produtos e serviços da
Michelin”.
Inicialmente, está sendo apresen-
tada uma única versão do novo pneu
— a 295/8 R22.5 X Multiway XZE —,
que pode ser utilizada em todas as
posições, embora voltada principal-
mente aos eixos direcionais dos vários
tipos de veículo, como ônibus, cavalo-
-mecânico, semi-reboque e caminhão
operando em estradas asfaltadas.
A Michelin destaca uma série de
avanços no seu novo produto, a come-
çar pela durabilidade. Testes compara-
tivos realizados por empresas de trans-
porte de cargas e de transporte de
passageiros (como as interestaduais
1001, Pluma e Graciosa), apontaram
que o Multiway pode alcançar uma
primeira vida 20% mais longa que a
do seu antecessor, o Michelin XZE2+.
A melhor performance é atribuída ao
novo composto de borracha e à nova
arquitetura, que inclui um dispositivo
de proteção mais eficiente no fundo da
escultura e um novo composto interno
de borracha colocado abaixo das lonas
do topo do pneu. O resultado é o me-
nor aquecimento durante o uso e uma
proteção mais eficiente da carcaça
contra agressões. Assegurar a maior
durabilidade possível da carcaça foi
uma das preocupações que nortearam
o desenvolvimento do novo pneu, de
modo a viabilizar maior número de
recapagens.
O X Multiway é dez milímetros
mais largo que o pneu anterior, o que
significa maior área de contato com o
solo e, portanto, mais segurança. Os
sulcos também são mais largos, além
de sinuosos, em benefício da aderên-
cia, da menor retenção de pedras e da
maior durabilidade.
Os executivos da Michelin assegu-
ram que o novo produto mantém ex-
celente uniformidade, proporcionando
redução das vibrações, do barulho e do
desgaste irregular. Por fim, lembram
que o novo composto utiliza menos
derivados de petróleo.
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18 REVISTA ABRATI, JUNHO 2011
VIDA TOTAL
Com o conceito de vida total, in-
troduzido a partir de agora, a Michelin
pretende convencer o usuário a não
somente comprar o pneu novo mas
a “programar”, já no ato da compra,
suas futuras recapagens. Pesquisas
mostram que os frotistas brasileiros
consideram que a carcaça do pneu,
quando bem preservada, constitui um
bem de valor, já que possibilita maior
número de recapagens. A Michelin
aposta na tecnologia MDT (Michelin
Durable Technologies) para oferecer
aos usuários de seus pneus uma car-
caça mais robusta, segura, resistente
e durável. A essa oferta, ela agrega
o argumento de que não há ninguém
melhor que o fabricante para se encar-
regar das recapagens, reduzindo os
custos operacionais do transportador e
assegurando o máximo aproveitamen-
to da vida útil do produto.
Para incentivar o usuário a expe-
rimentar os benefícios da chamada
compra integrada de produtos e ser-
viços, o fabricante lançou, por tempo
limitado, a Oferta Vida Total, válida
para a compra de um pneu Michelin X
Multiway. No momento da aquisição,
o usuário pode optar pelo pagamento
de um adicional de R$ 30,00 e, em
retribuição, receber um bônus de até
R$ 70,00. O valor do bônus será aba-
tido no custo de uma futura recapagem
Recamic ou Refill (marcas próprias do
fabricante), que poderá ser feita mais
tarde naquele pneu que ele acabou
de adquirir ou a qualquer tempo em
qualquer outro pneu Michelin de sua
propriedade.
Ao utilizar a Oferta Vida Total, o
comprador recebe para a primeira vida
do pneu adquirido a garantia de um ano
contra danos acidentais.
A Michelin acredita que o lança-
mento do novo pneu X Multiway em
articulação com o programa Vida Total
poderá dar início a uma transforma-
ção do mercado brasileiro de pneus
para caminhões e ônibus, introduzin-
do ou consolidando a cultura de o
usuário confiar ao próprio fabricante
a responsabilidade pelas futuras
recapagens.
REVISTA ABRATI, JUNHO 2011 19
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ecnologiaT
Os novos recursos voltados à segurançaNão é só na redução das emissões de poluentes por veículos automotores que o Brasil
vai se igualar aos países europeus a partir de janeiro de 2012. Em termos de novas
tecnologias voltadas à segurança ativa e passiva nos ônibus e caminhões, já estão
disponíveis no País, oferecidos pelas montadoras, exatamente os mesmos dispositivos,
conceitos e equipamentos utilizados na Europa.
Div
ulga
ção
22 REVISTA ABRATI, JUNHO 2011
Os avanços mais revolucionários
alcançados pela indústria auto-
mobilística mundial com o objetivo
de tornar ônibus e caminhões cada
vez mais seguros para condutores e
passageiros podem ser encontrados
no mercado brasileiro.
É possível, por exemplo, equipar
ônibus e caminhões com o chamado
freio de aclive (denominado em inglês
de Hill Start Aid ou Hill Hold), sistema
que, nas subidas, facilita o arranque do
veículo se ele está parado, ou a troca
de marchas, se ele está em movimento,
impedindo que se desloque para trás e
corra o risco de bater de traseira.
Situações de emergência causadas
por um eventual cochilo ou distração
do motorista podem ser contornadas
com a instalação de uma câmera es-
pecial que monitora permanentemente
a posição do ônibus ou caminhão em
relação às faixas que delimitam a pista
do lado esquerdo e do lado direito.
Nesse caso, qualquer tendência de
saída da pista para o acostamento,
ou de invasão da faixa contrária, é
rapidamente detectada pelo sistema
(que a Volvo chama de Lane Keeping
System), sendo prontamente emitidos
sinais luminosos e sonoros de alerta
num primeiro momento e programadas
outras ações, inclusive de frenagem do
veículo, caso o motorista não retome
de imediato a direção correta.
Um sistema parecido, mas basea-
do em radar, monitora a posição do ôni-
bus em relação ao veículo que trafega
na frente, ou a obstáculos parados ou
em movimento na pista, entrando em
ação nos casos de aproximação perigo-
sa. A redução da distância é detectada
e o dispositivo primeiro emite sinais
de advertência, depois atua levemente
no sistema de frenagem e, por fim, se
necessário, aciona os freios para fazer
o veículo parar e evitar a colisão.
NOVO PATAMAR
Tais maravilhas tecnológicas ele-
vam a um novo patamar os cuidados
com a segurança ativa e passiva, sem-
pre desejáveis mas, evidentemente,
oferecidos a um custo inicial maior
na hora da compra. Por isso, segundo
as próprias montadoras, às vezes os
empresários do setor de transporte
de passageiros não se sentem moti-
vados a introduzi-las em suas frotas.
No entanto, algumas inovações têm
sido especificadas de modo crescente
pelos frotistas.
Os freios ABS, por exemplo. Algum
tempo depois de lançados, tornaram-
-se praticamente obrigatórios para
grande parte das empresas. Em
seguida, ganharam importantes aper-
feiçoamentos que resultaram nos
sistemas de freios ABS + ASR, ou no
EBS. Atualmente, os empresários são
os primeiros a lembrar-se desse item
quando programam suas aquisições
de novos veículos, pois efetivamente
tornam os ônibus e caminhões mais
seguros. Do mesmo modo, por causa
da grande procura, equipamentos
como o retarder e o câmbio totalmente
automatizado, sem pedal de embrea-
gem, tornaram-se itens de série em
alguns modelos.
Até mesmo os ônibus de dois
eixos,de início utilizados quase exclu-
sivamente por operadoras de turismo,
continuam ganhando espaço, por
causa de sua elevada capacidade de
carga e por serem considerados mais
seguros e confortáveis. Finalmente,
itens como o freio-motor especial, que
recebe diferentes designações de acor-
do com a montadora, são requisitados
pelos frotistas por proporcionarem
maior potência de frenagem, mais
segurança, grande vida útil dos com-
ponentes dos freios, menor número
de troca de marchas e também de
REVISTA ABRATI, JUNHO 2011 23
ecnologiaT
combustível, já que seu uso resulta
na obtenção de maiores velocidades
médias.
O sucesso desses equipamentos,
em parte oferecidos de série e em
parte oferecidos como opcionais,
tem levado os frotistas a se interes-
sarem ainda por outros dispositivos,
geralmente mais simples como, por
exemplo, coluna de direção regulável,
ar-condicionado na cabine, rodas de
alumínio, piloto automático, sensores
de desgaste das pastilhas de freio,
limitador de velocidade, alarme do freio
de estacionamento, detetor de fumaça
dentro da cabine, luzes internas que
não ofuscam a visão do condutor, alar-
me e imobilizador de partida, sensor de
chuva e iluminação com acionamento
automático dos faróis e dos limpa-
dores de parabrisa, suspensão a ar
com controle de altura, e sistemas
que possibilitam a elevação e rebaixa-
mento do ônibus, ou o ajoelhamento
da suspensão. Equipamentos como
cinto de segurança integrado ao banco
do ônibus e evitando a derrapagem ou
um possível tombamento. Esse equi-
pamento de segurança passiva tem
salvado muitas vidas e é de importân-
cia fundamental para contornar certas
situações de emergência.
Já o sistema anti-intrusão frontal é
a solução de engenharia que impede a
ocorrência de um acidente, geralmente
fatal, nos casos de colisão frontal: a
projeção do automóvel sob a parte infe-
rior do caminhão. O sistema é baseado
numa viga de aço ligada às longarinas
do quadro, formando um todo de resis-
tência programada que absorve a maior
parte do esforço da colisão.
Apesar de ter custo relativamente
menor, um outro dispositivo, denomi-
nado alcolock, tem sido encarado com
certa indiferença. Até agora, somente a
Volvo fez referência a ele. “A segurança
é um dos valores fundamentais da Vol-
vo e está presente em todos os aspec-
tos envolvidos no processo, desde o
planejamento e o desenvolvimento dos
produtos até a utilização dos veículos”,
justifica Bernardo Fedalto, gerente de
João Dionelo, da Scania.
Pranchas móveis e cabos de aço ajudam os técnicos a definir qual a inclinação adequada
para os sensores promoverem o esvaziamento dos bolsões de ar da suspensão.
do motorista e airbag também figuram
nessa extensa lista.
SOFISTICAÇÃO
Bem mais sofisticados, e ainda
enfrentando a resistência dos compra-
dores devido aos custos (embora des-
pertando a admiração deles) também
estão disponíveis inovações como o
dispositivo antitombamento do ôni-
bus, e o sistema anti-intrusão frontal.
João Dionelo, gerente de negócios na
área de Vendas de Ônibus da Scania,
explica que os ônibus com carroçarias
altas têm o centro de gravidade tam-
bém alto e, por isso, apresentam certa
propensão a tombar nas curvas mal
feitas. Portanto, exigem grande perícia
e atenção do motorista. Para contornar
o problema e aumentar os níveis de
segurança, foi desenvolvido um sensor
que “lê” o ângulo de inclinação do veí-
culo nas curvas e, em caso de neces-
sidade, esvazia automaticamente os
bolsões da suspensão, abaixando no
mesmo instante o centro de gravidade
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24 REVISTA ABRATI, JUNHO 2011
caminhões da linha “F” da montadora.
O alcolock é um bafômetro instala-
do na cabine do veículo, que só pode
ser removido na oficina e que deve
ser soprado pelo motorista quando
a ignição tiver de ser acionada. Se
o condutor estiver alcoolizado, ainda
que em níveis mínimos, um dispositivo
eletrônico travará a ignição.
QUESTÃO DE TEMPO
Enfim, são tantas as inovações que
algum tempo passará antes que elas
estejam difundidas mais amplamente
e em pleno funcionamento nos ônibus
e caminhões brasileiros. João Dionelo,
da Scania, estima que sua populariza-
ção demandará algo em torno de cinco
anos. Enquanto isso, sempre que há
transações em perspectiva, a rede de
concessionárias da montadora trata
de lembrar aos clientes que essas tec-
nologias já estão disponíveis, mesmo
consciente de que o ponto de partida
das negociações são os veículos espe-
cificados pelos próprios compradores.
Dionelo prevê que em pouco tempo
equipamentos como freios ABS e air-
bag serão de série nos caminhões, ao
mesmo tempo em que os empresários
estarão cada vez mais conscientizados
acerca da sua importância, motivados
inclusive por demandas dos próprios
passageiros.
Por sua vez, Curt Axthelm, gerente
de Marketing de Produto Ônibus da
Mercedes-Benz do Brasil, acredita que
a escolha do veículo menos ou mais
atualizado do ponto de vista tecnoló-
gico é facilitada ao empresário pelas
montadoras, que colocam numerosos
dispositivos como opcionais. No caso
da Mercedes-Benz, ele entende que
são dispositivos de fato voltados à efe-
tiva redução dos custos operacionais,
apesar de inicialmente serem vistos
como onerosos. Axthelm cita como
exemplos o freio a disco e o retarder.
Com o freio a disco, a operação de
troca é feita em tempo muito menor e
o carro fica parado por menos tempo.
“Isso é economia”, lembra o executivo.
No caso do retarder, a economia é nas
pastilhas, nas lonas de freio e até nos
pneus. “Quando se tem menor deman-
da dos freios, cai a temperatura dos
pneus e isso significa menor desgaste.
Isso também é economia.”
Seu colega Eustáquio Siroli, ge-
rente de Marketing de Produto Cami-
nhões da Mercedes-Benz, assinala
que já se pode perceber a existência
de empresários brasileiros interessa-
dos em investir nessas tecnologias.
Ele divide os compradores de cami-
nhões em três grupos principais: “Os
que preferem os veículos tradicionais,
os que adquirem os novos lançamen-
tos sem incluir as grandes inovações
e os que dependem de novas tecno-
logias. Este último é o principal res-
ponsável pelo aumento da demanda
de produtos com tecnologias voltadas
à segurança.”
A eficiência dos sensores e do sistema antitombamento avaliada em pista de teste.
Bernardo Fedalto, da Volvo.
Curt Axthelm, da Mercedes-Benz.
REVISTA ABRATI, JUNHO 2011 25
Homenagem a Clésio AndradeMais de 300 pessoas se reuniram em Brasília na noite do dia 25 de maio, em um jantar de
homenagem ao senador por sua história no setor transportador e por sua trajetória política.
Oevento foi organizado por lideran-
ças do setor de transporte, gran-
des transportadores e trabalhadores.
O senador, que preside a CNT desde
1994, foi recebido com festa. “Ele co-
meçou como trocador de ônibus e hoje
é um dos principais empreendedores
de sua terra. Sua atuação na CNT é
marcada pela modernização e inser-
ção dos transportadores nos grandes
debates nacionais”, destacou o vice-
-presidente da Confederação Nacional
do Transporte, Newton Gibson.
Clésio Andrade relembrou sua his-
tória na CNT e afirmou que a criação
do Serviço Social do Transporte e do
Serviço Nacional do Transporte foi um
divisor de águas não só na sua carrei-
ra, mas na história da Confederação.
“Entrei na presidência apoiado pela
gestão anterior com o intuito de criar o
Sest Senat. Precisamos, agora, voltar
nossos esforços para investimentos
na infraestrutura do país. Sempre
tivemos em mente a importância do
profissional, e investir nisso é impor-
tante para o Brasil.”
“Como mineiro, tenho orgulho
da atuação de Clésio Andrade como
vice-governador do Estado entre 2003
e 2006. Esse grande homem nunca
mediu esforços para trabalhar pelo
povo mineiro e agora, junto à base de
apoio da presidente Dilma, vai lutar pelo
desenvolvimento do país”, elogiou o di-
retor da CNTTT, José Célio de Alvarenga.
O Superintendente da ABRATI, José
Luiz Santolin, foi homenageado pela
Confederação Nacional do Transporte
no dia 28 de abril. Recebeu a comenda
de Grande Oficial da Ordem do Mérito
do Transporte Brasileiro, por sua ex-
tensa atuação no setor de transporte
de passageiros. Santolin foi também
presidente da Seção de Transporte
Aéreo da CNT e dirigiu sindicatos e
associações do setor. José Gulin, da
empresa Princesa dos Campos, foi
homenageado com medalha e mérito,
na mesma ocasião.
O senador Clésio Andrade entre Luiz Wagner Chieppe (Viação Salutaris) e Renan Chieppe
(Viação Águia Branca), respectivamente Vice-Presidente e Presidente da ABRATI.
Mérito do Transporte para Santolin
Otávio Cunha,
Presidente da NTU,
e José Luiz Santolin,
Superintendente
da ABRATI.
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26 REVISTA ABRATI, JUNHO 2011
eio ambienteM
A atuação ambiental da Mercedes-Benz
Como faz desde fins da década de 1980, em junho a Mercedes-Benz do Brasil comemorou a Semana do
Meio Ambiente. Desta vez, montou em sua fábrica de São Bernardo do Campo uma exposição composta
de células temáticas onde seus técnicos e executivos, auxiliados por modernos recursos audiovisuais,
resumiram de maneira didática tudo o que a montadora tem feito, no mundo todo, em termos de
atitudes, processos e produtos, para cumprir objetivos ambientais e de responsabilidade social.
Na criativa exposição, voltada a
clientes, concessionários e outros
parceiros, e montada no Espaço Mer-
cedes, foram apresentados numerosos
produtos e ações amigáveis ao meio
ambiente, com destaque para as tec-
nologias BlueTec 5 para caminhões e
ônibus. Um caminhão pesado Actros e
um chassi para ônibus urbano, ambos
com essa tecnologia, estavam expos-
tos no local. No caso dos automóveis,
foi mostrada a tecnologia BlueEffi-
ciency. Por sua vez, os técnicos e exe-
cutivos da empresa trataram do atual
estágio de desenvolvimento e do uso
de biocombustíveis alternativos, como
diesel de cana-de-açúcar e biodiesel.
Outro aspecto importante da atuação
da Mercedes-Benz — a sua relação,
do ponto de vista ambiental, com for-
necedores, concessionários e com a
sociedade, — também foi ressaltada,
bem como o seu compromisso com a
Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Um dos objetivos da companhia foi
demonstrar que está preparada para
atender às demandas por tecnologias
cada vez mais responsáveis em relação
ao meio ambiente, seja para uso ime-
diato, como para o futuro. “Com esta
exposição, evidenciamos a competên-
cia, experiência e capacidade da nossa
empresa para a geração de soluções
que contribuem com a melhoria da qua-
lidade de vida e que são sustentáveis,
assegurando benefícios também para
Foto
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o
28 REVISTA ABRATI, JUNHO 2011
as próximas gerações”, afirmou no dia
6 de junho Jürgen Ziegler, presidente
da Mercedes-Benz do Brasil. Ele lem-
brou que o evento estava totalmente
alinhado à iniciativa global do Grupo
Daimler “Shaping Future Transporta-
tion” (Construindo o Transporte do
Futuro), especialmente no que se
refere a tecnologias CleanDrive, que
resultam em veículos “mais verdes”.
Durante a exposição foram apre-
sentados os resultados obtidos com
o uso do diesel de cana em ônibus
adaptados pela Mercedes-Benz e
utilizados em condições operacionais
de rotina, na cidade de São Paulo. Foi
utilizada uma mistura de 10% diesel
de cana e 90% de diesel comercial
com teor de enxofre S50. Houve uma
redução de 9% nas emissões de ma-
terial particulado, sem aumento das
emissões de NOx.
Na exposição, havia um caminhão
conceito Accelo BlueTec EEV, que
atende aos padrões da rigorosa norma
europeia EEV – Enhanced Environ-
mentally Friendly Vehicles (veículos
excepcionalmente compatíveis com o
meio ambiente).
Em relação ao biodiesel, a mon-
tadora divulgou que, no programa
de testes em andamento, ônibus
abastecidos com esse biocombustível
já rodaram mais de 2,2 milhões de
quilômetros em testes operacionais
conduzidos ou monitorados pela
Mercedes-Benz do Brasil.
Outro aspecto colocado em evi-
dência pela empresa, relacionado aos
benefícios econômicos proporcionados
aos clientes, e que contribuem para
a preservação ambiental, foi a linha
Renov de peças remanufaturadas,
que incluem motores, câmbios, em-
breagens, motores de partida e outros
componentes.
Ônibus urbano operando em São Paulo: o combustível é diesel de cana-de-açúcar.
Caminhão pesado Actros equipado com sistema BlueTec 5, que utiliza o aditivo Arla 32.
Material descartado durante o processo produtivo é doado à comunidade da Vila Pauliceia.
REVISTA ABRATI, JUNHO 2011 29
O ônibus da Scania faz 100 anos Desde 1911, quando produziu o seu primeiro ônibus, a Scania vem pautando sua história por valores
como pioneirismo, tradição, qualidade, inovação tecnológica e permanente orientação ao cliente.
No dia 25 de maio, a diretoria da
Scania reuniu em sua fábrica em
São Bernardo do Campo-SP um grupo
de empresários de transporte de pas-
sageiros para, juntos, comemorarem
os 100 anos da fabricação do primeiro
ônibus Scania, na Suécia. Os empre-
sários, em sua maioria associados da
ABRATI, foram recepecionados pelo
diretor-geral da Scania, Roberto Leonci-
ni, e pelo diretor de vendas de ônibus,
Wilson Pereira. Durante o almoço, Sven
Antonsson, presidente da Scania na
América Latina, destacou em pronun-
ciamento a atuação da empresa na
área e mostrou a evolução do produto
nesse primeiro século.
Wilson Pereira, em breve fala,
ressaltou a importância dos parceiros
presentes à comemoração — empre-
sários do transporte, fabricantes de
carroçarias de ônibus e ar-condiciona-
do — para o sucesso da marca sueca
em nosso País.
Na oportunidade, a montadora
prestou significativa homenagem à em-
presa Gontijo, maior frotista Scania do
mundo, que estava representada pelo
diretor Washington Coura, também
diretor da ABRATI, e ao empresário Ar-
thur Mascioli, ex-controlador da Viação
Cometa, que durante muitos anos usou
somente os veículos Scania.
Em reconhecimento à importância dos operadores brasileiros de transporte rodoviário de passageiros, a Scania dividiu com eles a satisfação
de comemorar em sua fábrica de São Bernardo do Campo os 100 anos decorridos desde a produção do seu primeiro ônibus, na Suécia.
omemoraçãoCFo
tos:
Div
ulga
ção
32 REVISTA ABRATI, JUNHO 2011
O Presidente da Scania para a
América Latina, Sven Antonsson, fez
um resumo da evolução do ônibus
Scania em 100 anos.
Axier Etxezarreta, Diretor-Geral da Irizar no Brasil, João Paulo da Cunha
Ranalli, gerente de Relações com o Mercado da Irizar no Brasil, Joel
Fernandes, da Viação Cidade do Aço, e Wilson Pereira, diretor de
Vendas de Ônibus da Scania no Brasil.
Entre os homenageados, Roberto
Leoncini, Diretor-Geral da Scania,
recebeu uma placa entregue por
Edson Tomielo, Presidente da
encarroçadora Neobus.
Roberto Leoncini, Diretor-Geral da Scania,
Wilson Pereira, diretor de Vendas de
Ônibus, Washington Coura, diretor da
Gontijo e da ABRATI (homenageado), Sven
Antonsson, Presidente da Scania para a
América Latina, e o empresário Arthur
Mascioli, também homenageado.
Washington Coura, da Gontijo, Cláudio Nelson Abreu,
da Viação Santa Cruz, Francisco Tude, da Empresa Auto
Viação Progresso, e Sandoval Caramori, da Reunidas
S/A Transportes Coletivos.
Murilo Barrios, Cláudio Nelson Abreu, da Viação Santa Cruz, o
empresário Arthur Mascioli, René Lefreve e Christopher Podgorski,
Vice-Presidente para Vendas & Marketing da Scania na América Latina.
Heinz Kumm Júnior, da Auto Viação 1001,
Anuar Helayel, da Viação Cometa, Paulo
Gilberto Corso, diretor de Vendas da
Marcopolo, Wilson Pereira, diretor de Vendas
de Ônibus da Scania, e Carlos Otávio de Souza
Antunes, do Conselho de Administração do
Grupo JCA.
Dairto Corradi, da Comil, Marco De
Lucca e Takaaki Saito, ambos
da Denso.
REVISTA ABRATI, JUNHO 2011 33
omemoraçãoC
O primeiro ônibus sueco e seus desafios
O primeiro ônibus produzido na Suécia foi inicialmente descrito como um grande automóvel.
Transportava até 15 passageiros e operou em uma região remota do país, coberta por florestas e
servida por caminhos de terra quase intransitáveis. Mas deu conta do recado.
Um século atrás, no início de 1911,
duas companhias suecas, ambas
do ramo da produção de veículos auto-
motores, receberam uma encomenda
inédita, feita pela empresa Nordma-
rkens Automobil Trafik Aktiebolag,
estabelecida no distante distrito de
Nordmark, da província de Värmland,
junto à fronteira com a Noruega. Trata-
va-se de fabricar um veículo especial,
com capacidade para transportar até
15 pessoas, dotado de portas, janelas,
cobertura e assentos para todos os
passageiros. Ou seja, um ônibus — o
primeiro da Suécia.
As duas companhias eram a Scania
e a Vagnfabriken (Vabis). A primeira se
encarregaria de produzir um chassi de
caminhão com capacidade para supor-
tar a lotação pretendida; a Vagnfabri-
ken (ou Vabis) instalaria a carroçaria e
o motor, cuja potência deveria ser de
34 hp.
O aspecto talvez mais intrigante
daquele desafio era o fato de a Nord-
mark estar localizada em uma região
remota, quase totalmente coberta de
florestas, e onde os caminhos, todos
de terra, eram quase intransitáveis.
Fora justamente ali que em novembro
1911 – O Nordmark
A recém-consolidada Scania-Vabis entrega o primeiro ônibus motorizado construído na
Suécia. Tinha chassi acionado por corrente construído pela Scania, e motor e carroçaria
da Vabis. O Nordmark definiu um novo padrão para os transportes públicos.
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34 REVISTA ABRATI, JUNHO 2011
de 1910 seis homens haviam se
reunido em uma sociedade e criado
a empresa Nordmarkens, com o ob-
jetivo de promover “a melhoria das
comunicações no distrito de Nordmark
e de facilitar as comunicações com as
ferrovias e as outras artérias maiores
de tráfego”. Mais precisamente, a
intenção dos empreendedores era
estabelecer uma rota de transporte
de passageiros entre as localidades
de Amot e Arjäng.
A Scania e a Vabis não foram as
únicas companhias consultadas. Pelo
menos outras seis apresentaram pro-
postas, mas o fato é que, ao preço
de 12.936 coroas suecas, as duas
primeiras levaram o pedido, com
especificações que previam inicial-
mente o emprego de um motor de 30
hp. Um pouco mais tarde, a potência
foi aumentada para 34 hp, sendo o
preço reajustado para 14.500 coroas
suecas. No ato da assinatura do pe-
dido, a Scania e a Vabis já haviam se
associado, passando a constituir uma
única empresa, a Scania-Vabis.
As exigências dos compradores
eram minuciosas. As rodas teriam 76
centímetros de diâmetro e seriam de
ferro revestido com borracha maciça.
O veículo teria dois faróis dianteiros,
uma unidade de gás, duas lampari-
nas a óleo, uma lanterna traseira e...
Viajar no primeiro ônibus fabricado na Suécia era um
acontecimento digno de registro. Como no caso destes elegantes
passageiros, fotografados pouco antes de o Nordmark partir
da cidade de Arjäng rumo a Arnot.
1928 – O 54
O ônibus 54 apresentava interior atrativo e funcional: um banco
inteiriço, longitudinal, do lado esquerdo, e assentos duplos do lado
direito. Outro destaque era a grande quantidade de janelas.
1932 – O Bulldog
Num ano em que as vendas de ônibus ultrapassaram as de caminhões, a Scania-Vabis lançou
o Bulldog, em movimento pioneiro rumo à maior eficiência decorrente do design funcional.
odômetro! Acionado por corrente,
do tipo das usadas nas bicicletas,
disporia ainda de duas correntes
especiais para neve, aplicáveis às
rodas traseiras.
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REVISTA ABRATI, JUNHO 2011 35
O ônibus, ainda descrito como um
grande automóvel, foi entregue aos
compradores no dia 17 de outubro de
1911. O teste de rodagem foi feito
entre as cidades de Södertälje, onde
ficava a fábrica da Vabis, e a capital,
Estocolmo; e o veículo obteve uma
velocidade de 20 quilômetros por hora
— em uma estrada ruim, conforme
anotaram os viajantes.
A primeira viagem entre Amot e
Arjäng foi feita no dia 30 de novembro.
O veículo, de cor clara e com quatro
grandes janelas de cada lado, atraiu
a curiosidade de muita gente na área
urbana e a animosidade dos fazendei-
ros, na área rural. Eles reclamaram
principalmente do barulho do motor,
que espantava os cavalos e causava
desconforto.
Além desse problema, a empresa
enfrentou outros como, por exemplo,
o bloqueio ocasional de alguns cami-
nhos por terceiros, ou, principalmen-
te, as rachaduras na borracha das
rodas, causadas pela elevação das
temperaturas no verão. Apesar das
muitas reclamações, o veículo ainda
operou nos dois anos seguintes, até
que, em 1914, teve de ser retirado
da linha normal por decisão das auto-
ridades locais.
Daí por diante foi usado apenas
em transporte eventual de passageiros
(sob esse aspecto, foi também o pri-
meiro ônibus de fretamento e turismo
da Suécia) e, mais tarde, despojado
da carroçaria, trabalhou no transporte
de toras e madeira para uma fábrica de
vidro da região de Glava. Nos primeiros
anos da década de 1920, foi levado
para um ponto do lago Stora Gla, cujas
águas estavam congeladas, e aban-
donado. No verão seguinte, quando
o gelo derreteu, o primeiro ônibus da
Suécia afundou nas águas do lago e
nunca mais se teve notícias dele.
1953 – O Scania-Vabis Metropol
Ônibus suburbano desenvolvido em colaboração com a norte-americana Mack Manufacturing
Corporation e lançado nesse ano no mercado sueco. Com motor de 8 cilindros na parte
traseira, foi o primeiro ônibus sueco integralmente construído com carroçaria monocoque.
1957 – No Brasil
A Scania começa a fabricar motores e assume as importações de ônibus e caminhões da
Vemag. Em 1959, o B75 se torna o primeiro modelo de ônibus a ser comercializado pela
empresa. Tinha motor dianteiro é foi usado tanto para turismo quanto para transporte
urbano. Era de fácil encarroçamento.
1948 – Primeira remessa para o Brasil
Firmando um contrato de fornecimento de ônibus com a empresa brasileira Vemag, a Scania
dá um passo fundamental para ingressar no mercado brasileiro.Fo
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36 REVISTA ABRATI, JUNHO 2011
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A atuação das empresas pela sustentabilidade
Além dos vultosos investimentos em ônibus novos e em equipamentos de crescente conteúdo
tecnológico, as empresas de transporte rodoviário de passageiros continuam dedicando cada vez
mais esforços e recursos para assegurar e ampliar a sustentabilidade das suas operações.
Aos olhos dos passageiros, algu-
mas das práticas adotadas pelas
empresas na direção da sustentabili-
dade podem não ser percebidas. Mas
quem vive o dia a dia de uma garagem
sabe que elas trazem importantes
benefícios tanto para as operadoras
quanto para os usuários dos serviços.
A lista de tais práticas é extensa:
reaproveitamento e reutilização da
água da lavagem dos veículos; controle
das emissões de gases de efeito estu-
fa; manutenção dos aparelhos de ar-
-condicionado para evitar a emissão de
gases tóxicos; instalação de cabines
de pintura e de caixas separadoras de
óleos e água; manutenção preventiva
e corretiva dos ônibus; impermeabiliza-
ção do piso das oficinas. No caso das
empresas baseadas no Rio de Janeiro,
além de todos esses cuidados, elas
participam de um amplo programa de
controle de emissões desenvolvido
pela Fetranspor — Federação das
Empresas de Transportes —, em
parceria com o governo do Estado.
Levantamento junto às empresas do
Rio de Janeiro filiadas à ABRATI mostra
o comprometimento delas com a ope-
ração ambientalmente correta.
Faz parte do conforto do passageiro ter a certeza de que está utilizando um veículo devidamente revisado e higienizado.
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38 REVISTA ABRATI, JUNHO 2011
Com frota de 1.100 ônibus, a Auto Viação
1001 mantém escrupulosamente as diretrizes
estabelecidas com o objetivo de obter a certifi-
cação ISO 14000. De acordo com o gerente de
Manutenção da empresa, Fabrício Longo, nos
últimos anos foi investido aproximadamente 1,8
milhão de reais em adequações e melhorias
ambientais nas garagens da operadora. Uma das
ações importantes é o aproveitamento da água
da chuva, assim como o reuso da água prove-
niente da lavagem dos veículos. “Hoje, todas as
garagens da empresa fazem o aproveitamento
da água da chuva, e seis dispõem de estações
de tratamento para reuso da água da lavagem
dos ônibus. Com a implantação das estações,
diminuímos o desperdício em cerca de 90%.
Considerando que uma lavagem de ônibus con-
some, em média, 300 litros de água, todo mês
conseguimos reaproveitar entre 4 e 5 milhões de
litros” – afirma Longo.
AUTO VIAÇÃO 1001
VIAÇÃO SAMPAIO
O trabalho bem feito nas oficinas é um aliado importante da sustentabilidade.
A 1001 mantém um sistema de reutilização da água da lavagem dos ônibus.
O treinamento dos motoristas inclui noções básicas de
mecânica e do funcionamento do motor.
A Viação Sampaio, cuja linha mais longa é a Rio de Janeiro-Jacareí,
com 364 quilômetros, adota os procedimentos inerentes a toda ope-
radora de transporte, mas considera como suas principais iniciativas
ambientais o controle de emissão de poluentes, a reciclagem e reuti-
lização da água, e o correto descarte de materiais sólidos, como, por
exemplo, pneus, baterias e lubrificantes. A empresa ressalta, ainda,
uma preocupação permanente, que é controlar a procedência do
combustível utilizado na frota. Nesse
sentido, mantém contrato com uma
distribuidora. Letícia Sampaio Kita-
gawa, diretora da Sampaio, também
lembra que, para o contínuo aperfei-
çoamento da gestão operacional,
a empresa dá grande importância
aos relatórios de viagens. “Insta-
lamos nos veículos controles que
nos fornecem relatórios por viagem.
Eles são compilados em relatórios
mensais de desempenho e práticas
do condutor ao volante”.
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Letícia Kitagawa, da Sampaio:
diesel de procedência garantida.
REVISTA ABRATI, JUNHO 2011 39
CIDADE DO AÇO
Dentre as medidas implementadas pela Viação Cidade
do Aço, o diretor executivo Joel Fernandes dá ênfase ao uso
de biodiesel nos ônibus, por ser um combustível que polui
menos em comparação com o diesel comum. Ele enumera
ainda a coleta seletiva de lixo e o descarte adequado dos
resíduos de manutenção, como lâmpadas, areia contaminada
e pneus. Assim como as demais operadoras, a empresa in-
vestiu em um sistema de reaproveitamento de água. “Em nos-
sas garagens de apoio, reaproveitamos a água proveniente
da lavagem dos carros e coletamos a da chuva. Com isso,
alcançamos uma economia considerável em nossa conta
de água e poupamos um recurso natural.” Futuramente, o
sistema deverá ser implantado nas demais garagens.
O controle das emissões dos ônibus da empresa, feito
em parceria com a Fetranspor e o governo do Estado, é
visto por Joel Fernandes como
iniciativa relevante em favor da
preservação do meio ambiente,
além de evidenciar o engaja-
mento do setor de transporte
rodoviário de passageiros com
uma causa importante. “Vemos
como uma iniciativa muito boa.
Toda a nossa frota passa pelo
controle e, atualmente, temos
alcançado um índice de 98%
de aprovação.”
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VIAÇAO PROGRESSO
O principal compromisso da Viação Progresso é conci-
liar os interesses da companhia com as necessidades do
mercado, da sociedade e do meio ambiente. Ela opera com
60 veículos em suas linhas interestaduais, sendo a mais
longa a Barra Mansa-Manhuaçu, de aproximadamente 500
quilômetros. Seus esforços pela sustentabilidade passam
pela cuidadosa manutenção preventiva dos veículos, que é
controlada por sistema integrado de ERP, em que são de-
finidas as providências ou serviços para cada componente
sujeito a desgaste.
Outra prática importante é a separação dos resíduos por
meio de caixas separadoras de água e óleo, o que auxilia
no processo de reciclagem e reuso da água, na captação da
água usada durante a lavagem de peças e na separação da
borra oleosa proveniente da troca dos lubrificantes.
A preocupação em manter uma frota ambientalmente
correta e amigável faz com que a operadora já esteja atenta
às mudanças que estão por vir com a fase P7 do Programa
de Controle de Emissões Veiculares (Proconve). O diretor
executivo da empresa, André Soares, lembra que a aquisição
de veículos com a nova tecnologia provavelmente implicará
algumas mudanças. “Uma grande preocupação é com o
abastecimento de ureia, principalmente devido ao fato de
termos seis garagens com pontos de abastecimento. De
qualquer forma, somos a favor de ações que contribuam
com a preservação do meio ambiente”.
A perfeita regulagem dos motores é fundamental no controle das
emissões de gases poluentes.
Utilizar frotas sempre novas é parte da política de sustentabilidade.
Joel Fernandes Rodrigues,
da Viação Cidade do Aço.
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40 REVISTA ABRATI, JUNHO 2011
A correta manutenção do equipamento de ar-condicionado
é uma forma de ajudar na preservação do meio ambiente.
Marilene Ramos no lançamento do
Programa Selo Verde.
Guilherme Wilson, da Fetranspor.
Além da atenção dada aos pneus e aos componentes do motor,
o fato de a maioria das linhas das empresas de transporte rodoviário
de passageiros serem de média e longa distâncias exige que também
o equipamento de ar-condicionado sempre passe por criteriosa ma-
nutenção. A Viação Teresópolis é uma das empresas que investem
nessa área, cuidando para que os gases que asseguram o bom
funcionamento dos aparelhos não sejam liberados na atmosfera.
Maria Helena Domingues, gerente de Desenvolvimento Humano e
Organizacional da Teresópolis, explica: “Os gases que estão no sis-
tema de ar-condicionado são retirados com equipamento específico,
o que possibilita que sejam reutilizados em outros veículos e evita
sua dispersão no meio ambiente. Além disso, os cilindros com gases
contaminados são coletados por uma empresa especializada”.
VIAÇÃO TERESÓPOLIS
O Rio de Janeiro é o único estado
a manter um programa de contro-
le, monitoramento e mitigação de
emissões de poluentes por ônibus,
implementado em parceria com a
Fetranspor. O gerente de Operações
da Mobilidade Urbana da Fetranspor,
Guilherme Wilson, explica que o con-
vênio, denominado Programa Selo
Verde, consiste no monitoramento
dos níveis de emissão de poluentes
locais (em especial material particu-
No Rio, o sucesso do Programa Selo Verdelado) da frota de todo o Estado, com
parâmetros de análise mais rígidos
que os da legislação ambiental
nacional e metas claras anuais de
redução de gases de efeito estufa.
Contempla, ainda, ações ligadas à
compensação ambiental, mediante
reflorestamento e controle de emis-
são de ruído.
A Fetranspor, por intermédio de
seus sindicatos associados, realiza
todos os serviços de medição dos ní-
veis de emissão de gases em todas
as empresas, responsabilizando-se
pela geração de relatórios semes-
trais. O apoio técnico é dado às
empresas associadas sem repasse
de custos.
A Fetranspor dispõe de um Cen-
tro de Serviços Ambientais voltado à
prestação de serviços especializados
a todas as empresas de transporte
do Estado, nas áreas de gestão
ambiental, controle de emissões,
ecoeficiência, gerenciamento de
resíduos, responsabilidade e educa-
ção ambiental, atendimento legal e
consultoria especializada.
Desde o início do programa (de
1997 a 2010), foram economizados
535,8 milhões de litros de diesel (60
milhões de litros por ano). No perío-
do, deixaram de ser emitidas 1,4
milhão de toneladas de CO2 e 32 mil
toneladas de material particulado.
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REVISTA ABRATI, JUNHO 2011 41
Também a Util adota diversas pro-
vidências voltadas à sustentabilidade
no que diz respeito aos equipamentos
de ar-condicionado, conforme explica
o gerente de Manutenção Cléber de
Assis. “Aqui na empresa, fazemos a
limpeza dos filtros; a cada seis meses,
realizamos a aplicação de bactericida e
fazemos aeração. Além disso, a cada
dois anos, é feita a lavagem geral do
equipamento, do evaporador e do con-
densador. O importante é o passageiro
ter a certeza de que está utilizando
UTIL
um veículo devidamente higienizado.”
Assis acrescenta que em todos os
aparelhos de ar-condicionado é usado
o gás E134, considerado ecológico e
que não agride ao meio ambiente.
Para garantir o consumo eficaz de
diesel, a empresa mantém um progra-
ma de valorização dos motoristas. Os
que atingem as metas pré-estabele-
cidas são devidamente reconhecidos
e contemplados. “Nenhum motorista
assume a direção dos veículos da
empresa sem antes ter passado por
um treinamento que prevê, além da
direção econômica, conceitos de
direção defensiva. Hoje, temos cerca
de 350 motoristas, todos treinados e
reciclados.”
Outras medidas de proteção ao
meio ambiente têm sido postas em
prática na Util. Uma delas foi dotar a
garagem de uma cabine de pintura,
para evitar a liberação de gases no
meio ambiente. É equipada com filtro
para absorção do material utilizado.
Na área de manutenção dos veículos,
o piso foi impermeabilizado, com o ob-
jetivo principal de evitar contaminação
acidental do solo com lubrificantes.
A cabine de pintura evita a liberação de gases e material particulado no meio ambiente.
Cléber de Assis: no ar-
condicionado, só gás E134.
Piso impermeabilizado, um modo de evitar a contaminação acidental do solo.Treinamento sobre condução econômica.
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42 REVISTA ABRATI, JUNHO 2011
missõesE
A Mercedes-Benz pronta para o Proconve P7Com a produção de veículos pré-série dotados da tecnologia BlueTec 5, a Mercedes-Benz se declara
pronta para colocar no mercado ônibus e caminhões com motores que emitem muito menos gás
carbônico e material particulado (óxidos de nitrogênio), como exige a norma Proconve P 7, que passa
a vigorar no Brasil em 1º de janeiro de 2012.
Pela primeira vez desde que o Brasil
começou a implementar o Progra-
ma de Controle da Poluição do Ar por
Veículos Automotores — Proconve
— os veículos automotores pesados
produzidos no País deverão trocar de
tecnologia de um dia para o outro. E
não é força de expressão: até o dia
31 de dezembro de 2011 os veículos
estarão sendo fabricados com uma
tecnologia e, já no dia 1º de janeiro de
2012, deverão sair das linhas de pro-
dução com outra, bem diferente, muito
mais avançada e menos poluidora,
capaz de atender às novas exigências
de emissão de gases e material parti-
culado, bastante mais rigorosas.
Entre outros requisitos, a nova
norma exige a redução de 80% nas
emissões de material particulado (MP)
e de 60% nas emissões de óxidos de
O caminhão Axor 2831, de pré-série, apresentado pela Mercedes-Benz e dotado da tecnolgia BlueTec 5, que atende ao Proconve P 7.
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44 REVISTA ABRATI, JUNHO 2011
nitrogênio (NOx) em relação à atual
legislação.
Como bem definiu Mário Lafite,
diretor de Comunicação Corporativa
da Mercedes-Benz do Brasil, simples-
mente haverá um corte no tempo: não
mais prevalecerá o sistema gradativo
de introdução de normas que era ado-
tado até aqui; ao contrário, será dado
um único salto para a nova tecnologia.
Esse é o significado da entrada em
vigor da norma brasileira Proconve P 7.
A Mercedes-Benz do Brasil asse-
gura que está pronta para dar esse
salto. Para provar isso, já produziu
dois veículos de pré-série com os
requisitos tecnológicos que atendem
à nova norma: um caminhão pesado
Axor 2831 e um chassi OF 1722 para
ônibus urbano. Os veículos foram
mostrados à imprensa no dia 6 de abril
e sua fabricação no Brasil teve como
ponto de partida a tecnologia BlueTec
5, lançada na Europa seis anos atrás
pela Mercedes-Benz.
50.000 HORAS DE TESTES
Mas não se trata de uma simples
transposição da tecnologia desenvol-
vida durante dez anos pela montadora
alemã na Europa. Aqui, o trabalho de
desenvolvimento dos motores com
BlueTec 5 foi iniciado há três anos e
envolveu cerca de 400 engenheiros
e técnicos do Centro de Desenvolvi-
mento Tecnológico da Mercedes-Benz
em São Bernardo do Campo. Eles
trabalharam no desenvolvimento de
motores brasileiros, construídos para
operar nas condições brasileiras e de
outros países sul-americanos onde o
combustível é inferior ao europeu e a
infraestrutura exige veículos mais ro-
bustos. Os testes, feitos também em
bancos de provas, totalizaram mais de
50.000 horas.
Veículos equipados com os novos
motores foram exaustivamente testa-
dos nas mais diversas condições de
tráfego em cidades e em rodovias,
tanto ao nível do mar como em alti-
tudes que variaram de 2.400 a mais
de 4.000 metros. Mais de 8 milhões
de quilômetros foram rodados com
caminhões e ônibus dos mais varia-
dos tipos, em situações extremas de
operação.
“Com base em nossa experiência,
conhecimento e também nos diversos
testes realizados, a tecnologia BlueTec
5 mostrou ser a melhor solução técni-
ca para caminhões e ônibus visando o
atendimento do Proconve P 7”, afirma
Gilberto Leal, gerente de Desenvolvi-
mento de Motores da Mercedes-Benz
do Brasil. “Alcançamos excelentes
resultados na preparação da tecno-
logia de acordo com as condições
específicas de transporte do Brasil e
da América Latina”.
REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA
Leal considera o sistema “uma
revolução tecnológica” e informa que
a resposta da Mercedes-Benz ao Pro-
conve P 7 e ao Euro5 está baseada em
cinco pilares: eficiência, confiabilidade,
Outro veículo de pré-série apresentado foi o chassi para ônibus urbano OF 1722, também com a tecnologia BlueTec 5.
Mário Lafite: Proconve P 7 sem transição.
REVISTA ABRATI, JUNHO 2011 45
economia, desempenho e amigabili-
dade em relação ao meio ambiente”.
Entusiasmado, acrescenta: “No que
diz respeito às emissões de gases e
à produção de material particulado,
estaremos chegando perto de zero”.
O entusiasmo do especialista se
ampara em dois importantes avanços:
a queima bem mais eficiente do com-
bustível na câmara dos novos motores
e a sensível redução do volume das
emissões de óxidos de nitrogênio
(NOx). A redução é obtida com o au-
xílio de um aditivo denominado Arla
32 (agente redutor líquido de NOx
automotivo), que é injetado no esca-
pamento do veículo. O Arla 32 torna
possível efetuar o pós-tratamento dos
gases de escape por redução catalí-
tica seletiva. Trocando em miúdos, o
aditivo — constituído de 32% de ureia
mais água desmineralizada — tem a
propriedade de converter o NOx que
sai do motor em nitrogênio puro e em
vapor de água, inofensivos à natureza.
Superado esse desafio, a combus-
tão do motor pode ser grandemente
otimizada, de modo a fazer com
que as emissões de gás carbônico
(material particulado e fumaça) se
enquadrem perfeitamente nas normas
Proconve P 7.
De acordo com os testes realiza-
dos pela Mercedes-Benz e relatados
por Gilberto Leal, foram registradas as
seguintes reduções nas emissões com
o uso da tecnologia BlueTec 5: monóxi-
do de carbono, 29%: hidrocarbonetos
totais, 23%: óxido de nitrogênio, 60%
e material particulado, 80%.
DESEMPENHO E ECONOMIA
Basicamente, o sistema BlueTec
5 é composto de um pequeno tanque
destinado a armazenar o Arla 32, uma
bomba para injetar o aditivo no esca-
pamento, um catalisador específico e
uma central de processamento (CPU)
que monitora e comanda a operação
de dosagem do aditivo injetado.
O Arla 32 estará à venda em ga-
lões nos postos de abastecimento e
na rede de concessionários Merce-
des-Benz. Com o tempo, o produto
também deverá estar disponível em
bombas específicas, como ocorre na
Europa e nos Estados Unidos.
Ainda não foram divulgadas estima-
tivas ou projeções para o preço do Arla
32 no Brasil. Sabe-se que na Europa
o preço do aditivo varia entre 32% e
52% do preço do diesel. Em relação
ao consumo, Gilberto Leal prevê que
será necessário um abastecimento de
Arla 32 a cada três, quatro ou cinco
abastecimentos de diesel.
A Mercedes-Benz estima que os
ônibus e caminhões dotados desse
equipamento custarão entre 8% e
15% mais. No entanto, sustenta que
o maior preço de partida tende a ser
compensado pela economia de com-
bustível proporcionada pelo sistema e
pelo maior espaço entre as revisões e
operações de manutenção, liberando
os veículos por mais tempo para as
operações de transporte. Em síntese,
segundo a montadora, os novos veícu-
los terão melhor desempenho e apre-
sentarão maior economia operacional.
Curt Axtelm, da área de marke-
ting da montadora, menciona outra
vantagem oferecida pela tecnologia
BlueTec: a sua total adequação ao
diesel de petróleo, como também ao
diesel de cana e ao biodiesel. E lembra
que há tempos a Mercedes-Benz vem
testando com sucesso esses biocom-
bustíveis alternativos.
Gilberto Leal e o BlueTec 5: perto de zero em emissões de gases e de material particulado.
O sistema injeta o aditivo no escapamento.
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46 REVISTA ABRATI, JUNHO 2011
Da esquerda para a direita, diesel S10, biodiesel, diesel de cana, diesel S50: todos são eficientes com o aditivo Arla 32 (em primeiro plano).
Tanques do aditivo terão vários tamanhos. O tamanho do catalisador também varia.
Sobre o novo sistema, o gerente de
Desenvolvimento de Motores, Gilberto
Leal, alerta que em nenhuma hipótese
o BlueTec 5 pode ser adaptado aos
veículos produzidos de 2010 para trás.
É uma concepção nova e não compatí-
vel com os equipamentos disponíveis
atualmente. Outro alerta é que, para
funcionar de forma perfeita e proporcio-
nar todas as vantagens para as quais
foi criado, o BlueTec 5 exige o uso de
diesel com o teor de enxofre S 50 ou
S10. O veículo não vai parar caso seja
abastecido com diesel menos puro (por
exemplo, S 500), mas perderá cerca
de 40% de sua potência, com risco de
o sistema entrar em colapso depois
de algum tempo. Dada a precisão dos
componentes dos motores, a tecnolo-
gia exige, igualmente, a manutenção
adequada do veículo. O uso de peças
genuínas e a correta manutenção se-
rão fundamentais para a obtenção do
menor índice de emissões, a redução
do consumo e a maior durabilidade do
equipamento.
Um aviso: sistema não comporta adaptaçõesApesar da dúvida frequentemen-
te manifestada pelos frotistas, a
Mercedes-Benz se diz confiante em
que a Petrobras, que produz o diesel,
conseguirá cumprir o compromisso
de entregar o produto S50 e S10 na
maioria dos postos de abastecimento
do Brasil a partir de 1º de janeiro de
2011. Para os empresários e autôno-
mos eventualmente indecisos em face
do advento da nova tecnologia, Mário
Lafite tem uma sugestão:
“Não se preocupem em mudar
suas decisões de compra de cami-
nhões e ônibus nos próximos meses
em função do lançamento do novo sis-
tema. O lançamento do novo sistema
não deve levá-los a antecipar ou adiar
suas compras de novos veículos, pois
a Mercedes-Benz tanto continuará for-
necendo seus produtos com o sistema
tradicional como irá disponibilizar os
produtos com o novo sistema a partir
de 1º de janeiro de 2012.”
REVISTA ABRATI, JUNHO 2011 47
ombustívelC
Ônibus a etanol já rodam em São PauloOs novos ônibus entregues pela Scania à Viação Metropolitana são capazes de reduzir em até 90%
a emissão de gás carbônico (ou dióxido de carbono). Estão rodando desde o dia 27 de maio.
AScania Brasil entregou à Viação
Metropolitana, no dia 26 de maio,
as primeiras unidades dos ônibus
urbanos movidos a etanol destinados
a rodar na cidade de São Paulo. Ainda
neste primeiro semestre será com-
pletada a entrega do primeiro lote de
50 unidades do modelo K 270 4x2. A
montadora deverá garantir a manuten-
ção preventiva dos veículos até 120
mil quilômetros rodados, por unidade.
“Com a entrega das primeiras
unidades, a Scania e a Prefeitura da
cidade de São Paulo passam a ofere-
cer uma alternativa real de transporte
mais sustentável, o que significa um
futuro mais saudável da população. O
etanol é a melhor solução dentre os
combustíveis renováveis, por apresen-
tar a melhor relação custo X eficiência
em níveis de emissões e disponibili-
dade”, afirma Wilson Pereira, gerente
executivo de Vendas de Ônibus da
Scania Brasil.
Os ônibus sustentáveis K 270 4x2
contam com motor de 9 litros, 270 hp
de potência, e vão ser abastecidos
com etanol adicionado de 5% de aditivo
promovedor de ignição. O combustí-
vel é capaz de reduzir em até 90% a
emissão de CO2, ou gás carbônico, ou
ainda óxido de carbono. Os motores
Scania movidos a etanol já atendem às
exigências da legislação brasileira de
emissão de gases poluentes e o Pro-
conve P7, que entrará em vigor no País
em 1º de janeiro de 2012. Atendem
também a norma Euro 5, obrigatória
na União Europeia.
Os ônibus que estão sendo forneci-
dos à Metropolitana foram adaptados
a partir de um estudo da USP.
50 REVISTA ABRATI, JUNHO 2011
Em São Paulo, 50 ônibus iguais a este estarão rodando no fim do primeiro semestre.
O início da operação dos ônibus
movidos a etanol na cidade de São
Paulo foi destacado por executivos
da Scania durante os trabalhos do
Ethanol Summit 2011, nos dias 6 e 7
de junho, na capital paulista. Em sua
terceira edição, o Ethanol Summit cen-
trou os debates no futuro da energia
renovável no planeta, e os executivos
da Scania apresentaram aos partici-
pantes a tecnologia desenvolvida pela
montadora a partir da década de 1980,
especialmente na Suécia, para atender
a demanda por um transporte urbano
sustentável.
Eles apontaram o etanol como o
combustível de maior potencial para
redução das emissões de CO2. No
caso do etanol proveniente da cana-
de-açúcar, a redução das emissões de
gás carbônico chegam a 90%, havendo
ainda redução de material particulado,
óxidos de nitrogênio (NOx) e hidrocar-
bonetos.
A Scania e o transporte urbano sustentável
“Temos um vasto leque de tecno-
logias, métodos, soluções e práticas
disponíveis para redução de emissões
de carbono que não prejudicam a capa-
cidade de transporte. São ferramentas
que resultam em benefício para o meio
ambiente e para a economia”, afirmou
Christopher Podgorski, vice-presidente
para Vendas e Marketing da Scania na
América Latina. Por sua vez, o diretor
geral da Unidade de Negócios da Sca-
nia para o Brasil, Roberto Leoncini,
destacou: “No Brasil, vamos contribuir
para o cumprimento das metas de
política ambiental e para construir, até
2018, uma frota de ônibus composta
por veículos movidos com combustível
renovável.”
Em Estocolmo, Suécia, a frota de ônibus urbanos movidos a etanol ultrapassa 600 unidades, todas produzidas pela Scania.
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rotaF
Lições de excelência em manutençãoLocais limpos, arejados, modernos e dotados de pessoal altamente qualificado. Assim podem ser
descritas as garagens das empresas brasileiras de transporte rodoviário de passageiros, que investem
cada vez mais na formação e aperfeiçoamento das suas equipes de manutenção e na modernização
dos processos empregados, sempre tendo como objetivo assegurar a qualidade dos serviços.
Um bom exemplo do elevado pa-
drão alcançado pelas operadoras
rodoviárias de passageiros ocorre na
Viação Cometa, cujas garagens e de-
partamento de manutenção atendem
com eficiência a demanda de toda
a sua frota de quase 1.000 ônibus
Mercedes-Benz, Scania e Volvo.
Tudo funciona com extrema pre-
cisão. Quando entra na garagem, o
veículo já segue para abastecimento
e limpeza externa. O motorista se
apresenta ao departamento de tráfe-
go, passa informações e observações
sobre o carro e, se houver necessidade
de algum reparo ou correção, preenche
uma ordem de serviço. Na OS cons-
tam 26 itens do veículo, sendo 17
referentes ao chassi e 9 à carroçaria,
relacionando praticamente todos os
sistemas do carro, do radiador ao
extintor de incêndio.
Como explica Eduardo Curi, ge-
rente de Manutenção da Cometa, a
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verificação de todos esses itens pode
garantir o nível de desempenho que a
empresa sempre busca. “É a excelên-
cia. Uma boa manutenção dá garantia
e confiabilidade tanto aos motoristas
quanto aos passageiros que utilizam
os nossos ônibus diariamente.”
Ele acrescenta que organização, in-
vestimento e capacitação técnica são
essenciais, principalmente para uma
empresa que roda cerca de 9 milhões
de quilômetros por mês. “A demanda
de trabalho é grande e também exige
ferramental adequado. Tudo isso ga-
rante um ótimo trabalho. É a regra e
não um diferencial.”
ROTINA E PREVENÇÃO
A Viação Cometa mantém equipes
de manutenção em todas as suas 18
garagens. Em cinco delas são realiza-
das operações preventivas, enquanto
nas demais processam-se as interven-
ções para correção de defeitos. Mais
de 350 mecânicos trabalham em três
turnos para manter os quase 1.000
ônibus, que realizam cerca de 1.300
viagens por dia.
Um dos aspectos mais importantes
da manutenção é o rigoroso método de
prevenção com base na quilometragem
acumulada. A cada 5.000 quilômetros
rodados, a equipe de manutenção faz
um check list (veja tabela na página
57). Aos 15 mil quilômetros ocorre a
primeira manutenção preventiva, com
a troca de filtros e lubrificação de com-
ponentes. “A partir disso, as manuten-
ções são cumulativas até os 60.000,
quando os programas de manutenção
de cada fabricante começam a se di-
ferenciar, assim como os processos”,
explica Eduardo Curi. Ele observa que
“motor diesel não é tudo igual e que
cada um tem sua característica, assim
como os chassis.”
MEIO AMBIENTE
O meio ambiente é uma preocupa-
ção constante. No que se refere aos
aos óleos, por exemplo, são utilizadas
as mais modernas técnicas de análise
e diagnóstico. A Viação Cometa tam-
bém mantém parceria com o Projeto
Economizar no desenvolvimento de
um programa que busca a redução no
consumo de diesel.
Todas as garagens vêm passando
por adequações para que os setores
de abastecimento, recebimento e ar-
mazenagem de derivados de petróleo
sejam mantidos sempre em confor-
midade com as normas ambientais
vigentes.
As baterias descarregadas utiliza-
das nos veículos são retiradas da ga-
ragem pelos próprios fabricantes. Para
o descarte de óleo lubrificante, filtros e
lonas, a Viação Cometa contrata uma
empresa especializada no serviço.
Na Cometa, com a prioridade dada à manutenção preventiva, o índice de atendimentos de socorro é de apenas 0,3%.
REVISTA ABRATI, JUNHO 2011 55
rotaF
MODERNIZAÇÃO
A agilidade nos processos dentro
das garagens é garantida pelo controle
do estoque de peças e pelo fluxo de
serviços totalmente informatizado. A
correta identificação e especificação
das peças no cadastro facilita o tra-
balho do almoxarifado para atender a
solicitação da manutenção.
Com os níveis de consumo da gara-
gem já registrados com relação a cada
item, o sistema interno faz o pedido
automático de peças junto ao setor
de compras, na medida da utilização,
o que evita desperdícios e compras
desnecessárias.
São realizadas mais de 2.000
manutenções preventivas por mês. É
assim que a empresa garante a con-
fiabilidade dos ônibus utilizados no
transporte de seus clientes.
O monitoramento e controle dos
serviços feitos na área de manutenção
é informatizado e o sistema se comuni-
ca com todos os setores da empresa,
permitindo a rastreabilidade do serviço
executado e, consequentemente, sua
avaliação.
Um setor específico executa os
serviços em motor, caixa de marchas,
diferencial, unidades e bicos injetores,
e tacógrafo. Trabalham nele profis-
sionais especializados que utilizam
ferramentas especiais para fazer os
reparos necessários, em conformidade
com os procedimentos recomendados
pelos fabricantes.
O setor de auditoria da qualidade
é responsável pelo acompanhamento
do trabalho de todas as garagens e da
utilização dos procedimentos de manu-
tenção. Além de avaliar as condições
dos veículos mediante checagem deta-
lhada, avalia a situação das garagens
mediante a verificação de itens como
higiene, limpeza e organização.
QUALIFICAÇÃO
A Viação Cometa conta com um
centro de treinamento técnico dotado
dos melhores e mais modernos equipa-
mentos e monitores. No centro, todos
os funcionários, dos mecânicos aos
motoristas, recebem cursos para se
atualizarem em relação a novos pro-
cessos e novas tecnologias. Com com-
ponentes, ferramentas e capacidade
para comportar até 20 funcionários por
turma, o centro abriga cursos técnicos
próprios e aulas ou cursos oferecidos
pelos fornecedores.
Os permanentes investimentos
na qualificação da equipe continuam
rendendo excelentes resultados à
empresa, conforme atesta Eduardo
Curi. “Nosso índice de eficácia da
manutenção chega a 99,7%, indicando
um atendimento de socorro de apenas
0,3% sobre as 39.000 viagens realiza-
das todo mês.”
Os cursos e treinamentos são dados por fornecedores ou pelos monitores e técnicos da própria Viação Cometa.
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Itens verificados no chassi e na carroçaria do ônibus após cada 5.000 quilômetros rodados
CHASSI
Vazamentos (água, lubrificante, diesel, ar)
Nível de óleo lubrificante e líquido de arrefecimento
Estado e tensão das correias e polias
Fixação e pontos de atrito nos flexíveis e tubos de água, diesel e ar
Nível de óleo da direção e do ventilador hidráulico
Estado do radiador e intercooler (fixação e obstrução das aletas)
Funcionamento do motor
Engate das marchas
Vazamentos (caixa de mudança e diferencial)
Fixação do cardan e estado das cruzetas
Altura da embreagem e vazamento do fluido
Espessura das lonas e/ou pastilhas de freio e posição do eixo “S”
Aplicação de freio e possíveis vazamentos
Folga das barras, terminais, coluna e caixa angular de direção
Condições do estabilizador, haste de reação, amortecedores, mola pneumática e terminal da válvula de nível
Presença de água nos reservatórios de ar
Exame visual e calibragem de pneus, reaperto das rodas e verificação do desgaste da banda
CARROÇARIA
Manômetros e luzes de advertência no painel do motorista
Faróis, luzes do salão, sinalização, itinerário e buzina
Estado do banheiro e funcionamento dos seus componentes
Possíveis avarias na carroçaria e funcionamento das tampas de bagageiro
Cortinas, fixação do porta pacotes e luzes de leitura
Validade e nível dos extintores de incêndio
Funcionamento do ar-condicionado
Estado e reclinação das poltronas
Exame do limpador de para-brisa
REVISTA ABRATI, JUNHO 2011 57
piniãoO
A modernidade do ônibus brasileiro
Div
ulga
ção
Valter Gomes Pinto
Diretor e Conselheiro de Administração
da Marcopolo S/A
Há mais de 50 anos atuando na
área de produção de ônibus, tive
a oportunidade de percorrer dezenas de
países, dos mais avançados aos em de-
senvolvimento, e pude, cada vez mais,
constatar que a indústria brasileira é
uma das mais avançadas do mundo.
Além de termos uma indústria das
mais modernas, com várias fábricas
dedicando-se à produção de carroça-rias, ainda contamos com modernos
fabricantes de chassis que entregam
aos compradores produtos altamente
sofisticados que, muitas vezes, acaba-
ram de ser lançados em suas matrizes
na Europa.
Nada disso seria importante se
também não tivéssemos, no Brasil,
centenas de empresas de transporte
rodoviário de passageiros com a exper-
tise necessária para prestar esse tipo
de serviço da melhor maneira possível.
Quem convive, como eu, com es-
sas empresas pioneiras, sabe como
é a luta desses empresários, verda-
deiros desbravadores, que montaram
suas companhias do nada, começan-
do, muitas vezes, como motoristas,
cobradores e mecânicos do seu único
veículo, e que legaram aos seus su-
cessores as grandes e consolidadas
empresas de hoje.
Nas minhas visitas a outros paí-
ses, vários deles bem mais adiantados
que o Brasil, pude constatar que nossa
indústria de produção de ônibus e nos-
sas empresas de transporte rodoviário
de passageiros estão entre as mais
evoluídas. Por isso mesmo, estão em
condições de oferecer significativas
contribuições a outros povos.
Por ser um país de dimensões
continentais, o Brasil exigiu malaba-
rismos nunca dantes vistos daqueles
primeiros empreendedores que, mais
de 70 anos atrás, se aventuraram no
setor de transporte rodoviário de pas-
sageiros. Muitas vezes, o pequeno
empresário tinha até que construir a
estrada por onde passaria, na base
da enxada e da picareta. Eram tem-
pos heróicos.
Dias atrás, participei de memorável
evento na Scania, quando essa tradi-
cional companhia sueca comemorou
os 100 anos do primeiro ônibus que
construiu. A convite do meu particular
amigo Wilson Pereira, diretor de ven-
das de ônibus da montadora, pude
confraternizar com diletos amigos em-
presários, e que são clientes habituais
da Scania.
Ali, tive oportunidade de rever, num
filme curto que mostrava a evolução
do ônibus no mundo, e no Brasil em
particular, o quanto avançamos. Sem
nenhuma dúvida, o que se produz no
Brasil, hoje, nada fica a dever aos
veículos produzidos na Europa e nos
Estados Unidos.
Isso não acontece por acaso. Ao
contrário, é em grande parte o resulta-
do mais visível do esforço continuado
daqueles pioneiros que, década após
década, vieram construindo um dos
melhores e mais eficientes sistemas
de transporte rodoviário de passagei-
ros do mundo. Esse sistema, somado
à preferência incontestável dos brasi-
leiros pelo ônibus, é que possibilitou
a formação de um mercado amplo
e forte, capaz de atrair para cá os
grandes fabricantes mundiais de con-
juntos mecânicos, cujos produtos e
tecnologias se somam à competência
de nossas encarroçadoras para produ-
zir um ônibus moderno e com grande
reconhecimento internacional.
Nas minhas visitas a outros países, vários
deles bem mais adiantados que o Brasil,
pude constatar que nossa indústria de produção de
ônibus e nossas empresas de transporte
rodoviário de passageiros estão entre
as mais evoluídas.
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