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Mariane Cardoso

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M A R I A N E C A R D O S Oz a l u z e j o s . t u m b l r . c o m

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Nosso amor disparado aos quatro ventos não passa de uma piada mal interpretada.

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“M a r i a n e C a r d o s o

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Mariane Cardoso:Recito a proeza

do sentimento, da alma escancara-da. Bebes a mim. Estamos do lado dos irracionais e

é isso,inteiramente, o

que me prende a ti. Um só ponto,

um nó atado. Intransitivo.

““

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MMeio dia sem você. Mil maneiras de me trazer de volta, me recompôr, me acalmar, mas não tenho vontade e nem coragem para afastar sua presença. Talvez eu precisasse, desde sempre, saber quais das suas confissões eram realmente verdadeiras. Talvez eu devesse me manter a alguns quilômetros de distância dessa sua forma esculpida e teatral de enfeitar o amor. Talvez eu tivesse que me resgatar do seu cárcere, liber-

tar nosso abraço, refazer meus passos em outra direção. Porque eu sei que sabor eu tenho para você. Eu sei que, quando você me olha profundamente, encontra as folhas secas parecidas com as que caem em seu quintal. Não posso esconder a destruição das minhas ousadias. Faz tempo que eu não me imponho. Faz tempo que estou ao seu dispor porque não tenho forças para lutar contra a sua beleza. Mas agora, sem saber se isso é você ou só a ima-gem que tenta me passar, eu tenho vontade de dizer qual mensagem subliminar estaria escondida em seu sorriso, qual carta você seria em meu baralho, qual cor acompa-

nharia a sua refeição. Tenho vontade de falar que estou dando adeus, que quanto mais você se enaltece, mais eu preciso ir embora. E se, para você, eu tenho gosto de outono falido, para mim, você tem gosto de des-pedida. É certo que vou conseguir passar outras horas do relógio sem você. Vou conseguir. Espero minha solidão como quem espera o sertão virar mar. Queria ser ausente de você. Sozinha ao lado de qualquer outra pessoa que não seja tão maior e tão mais esperto que eu.

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S

Seja intocável. Seja durável. Seja amável. Tire de mim esse erro, esse ferro, esse enterro. Tire de mim os sapatos e as luvas, beije minhas mãos, ande comigo. Talvez você force, talvez você escorregue, talvez você vire

fotografia. Mas com certeza você sorrirá. Seja corpo. Seja alma. Seja anticorpo e seja palma. Me faça ter calma. Tire de mim esse inchaço, esse passo, esse bagaço. Tire de mim a fita que prende o cabelo e o cinto que prende o ves-tido, cheire os meus fios, dance com meus panos. Talvez você pise, talvez você engasgue, talvez você ame. Mas com certeza permanecerá intocável em sua imensidão do ser que pulsa dentro do meu peito.

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N

Não me ouça. Não preste atenção em minhas expressões confusas. Tal-vez a obscuridade seja a melhor saída, seja o último suspiro de uma alma antes valente. Não quero que interprete meu toque nervoso, meu olhar fugidio. O que a noite tem reservado para mim, afinal? Não descu-bro; as noites passam sem mudanças. Aconselho porque sei que ficaria dolorido, penoso, entender o meu estado. Abandonei o curso de maqui-lagem, as aulas de bordado. A arte cutuca minha ferida. Não pinto mais

as unhas com aquele esmalte cor de café amargo. Na ver-dade, não pinto de cor alguma. Minha vaidade escapuliu. Todos os cartazes na entrada de teatros e cinemas gritam cenas românticas, gritam minha falta de sossego. Todos os bares abrigam aquele samba de corações experientes. Tenho andando nessa imensa sinfonia de pardais agonia-dos, barulhentos, que não calam a boca, e cantam para dentro. Tenho desenvolvido raízes para meu corpo sem porte, meus ombros caídos, meu peito que tenta cicatri-

zar. Tenho considerado o velho ponto de vista de que, um dia, passa. Só assim sigo. Não me olhe, não me sinta mais. Quem sabe assim eu deixe de sentir esses pesos na garganta.

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OOlá, menina em preto e branco que se parece tanto comigo. Todos os dias, antes de dormir, você faz uma oração e chama Deus de amigo, e diz que confia nEle mais do que em você mesma, e pede pra tudo dar certo, não é? Você sonha um sossego tão profundo enquanto o tempo é frio e acorda querendo permanecer na cama, porque ali sente-se real-mente no conforto de um abraço. De vez em quando, você esquece de colocar o relógio de pulso, porque gostaria que o tempo fosse esquecido

também, que o passado nunca voltasse e o futuro nunca preocupasse. Tantas vezes sua mente vaga perdeu-se em meio à leitura, por querer pensar em alguém que tem uma importância muito grande em sua vida e que a fere. Você se encanta fácil demais, menina. Isso deixa-lhe mal e mes-mo assim sua personalidade continua com a ingenuidade costumeira. Eu sei como é. Você fica olhando pela janela e sorri para o vento que bate na folha da árvore e que não consegue arrancá-la. Você acha tão bonita essa resistên-cia, essa vontade de ficar, essa lealdade das plantas. E

gosta muito de sorrir, acha que ninguém precisa lidar com qualquer que seja a sua dor, afinal ela é sua, só sua, e mesmo com tanta solidão ela não vai embora, imagine se arranjasse companhia. Você tenta encontrar qualidades no pior dos seres, não quer dizer pra si mesma que as coi-sas são tão péssimas quanto parecem. As coisas são leves, concorda? Você não deseja um mundo cor de rosa, pois quer um mundo bem mais colorido. Por isso fica assim, feito fita cassete antiga, doando todas as suas cores. Você tem certeza que é Deus quem sempre mexe as tintas, isso explica a sua boa vontade. E, no final das contas, eu até lhe gosto. Você tem uma fonte de esperanças enorme, menina. Que Deus lhe dê planos bons.

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E

Ei, você tem medo da minha coragem, você teme minha ousadia, você reza para que eu pare de arriscar. Mas, ei, você também tem medo da própria loucura, teme o durante, não gosta de rezar. Amor, venha aqui, beije meus lábios e me dê a mão. Não é difícil isso de se entregar. Não é difícil isso de doar o coração. Eu quero você assim caído, assim tremen-do, assim ferido, assim dengoso, assim apagado. Eu aceito você bem machucado, bem encubado, bem amedrontado, bem intimidado. Fique

assim encolhidinho mas me deixe encostar os lábios em seu ombro, me deixe limpar as cicatrizes pulsantes que o tempo lhe trouxe. Ei, você não está destinado à agonia. O Amor olha em sua direção com caridade e isso é bom, isso é bom. Dou meu peito pra você chorar, dou meu colo pra você dormir, dou minha voz pra você calar. Mas não fique assim escondido. Tem muita paz lá fora e muita luz aqui dentro, e vice-versa. Mas não fique assim vendado. Acei-te o que a vida lhe entrega, meu bem. Aceite essa coisa

bonita que entorpece os racionais. Ei, eu queria encantar você. Queria ser capaz de mostrar que a mágica está rondando seu corpo. Por favor, o Amor tá batendo. Deixe-o entrar.

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L

Levanta, já chega de descansar, já chega de dormir. Teu corpo também pode ficar dormente, tua alma também pode ficar carente. Vem cá, me segue sem que eu precise chamar teu nome, sem que eu precise empur-rar tuas costas. Nunca houve prisão, nunca. Esquece-te dessas dores que te inundam, põe de lado essas agonias e dúvidas que te derrubam todas as noites. Não olha pra lua, não olha pra estrela alguma, porque tá tudo dentro de ti. Dá tchau pra esse céu, acena pro horizonte, bata no peito, estamos aqui, mas um dia iremos embora. Fugiremos para nos-

sas casas, porque onde peregrinamos agora não há paz. Voltaremos para a saída, porque onde chegamos não en-contramos sossego. Abra a janela, emana tua própria luz e atrai as borboletas. Abre teus olhos e enxerga o mun-do bonito, que eu só te quero bem, só te quero além, só te quero em abraço, só te quero em sorriso. Só te quero criança, só te quero dança, só te quero esperança. Só te quero.

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F

Fui alguém que brincou de ser criança. Essa luz de dentro do lampião e esse espectro angelical que emana das paredes, eu não vejo mais. Penso que será só mais um dia, ao acordar. Só mais um. E é nessa so-brevida que a alma transborda, tal qual o poeta dos desejos irrealizados, da morte eterna amiga e companheira. Todas essas músicas em língua estrangeira penetram na memória, quanto menos entendo, mais tolero. Digo a esses móveis, a essas pessoas e a esse ar que minhas lembran-

ças são doloridas, que ninguém esquece. Ah… ninguém esquece. Não adianta tempo, novo amor, viagem de avião. Não me movo sem atrito, não escrevo sem queimadas, não canto sem dor de garganta. Esse passado mal aca-bado e esse futuro imprevisto me matam. Serei mais uma contorcionista de situações? Serei personagem de conto? Estrela cadente? Fui mesmo criança? Agora mais do que nunca, quem sabe ensinar a ser forte? Só mais um dia,

menina, só mais um dia.

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O

O vinho derramou. A camiseta branca sujou de lama. O pé cortou. A tinta acabou. Amor, não deu. Tanto que juramos, tanto que nos apoiamos em nós mesmos, mas não deu. Sinto saudade dessa sua voz mansa e do seu carinho permanente, e você diz que sente falta do meu sorriso diá-rio e da minha teimosia. Nós não tomamos os remédios na hora certa e

foi por isso que tudo desandou, amor. Desisti de comprar cortinas novas, desisti desses tecidos estampados e de toda a alegria que eu poderia encontrar no mundo mate-rial. Preocupei-me com o que seria de nós. Mas não foi. Minhas coisas ficaram velhas e o sofá ainda está cober-to com aquele pano neutro, pois esperei a mudança; ela, maléfica, não veio de fora, mas sim de dentro. Estou toda desconfigurada, amor, e não me pergunte o que será. Se não sei quem sou, como poderei saber de nós?

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Derrama este café quente que me queima os lábios toda vez que ten-to beber. Liberta essa fumaça resultante do meu coração carbonizado. Suja essa vasilha de doce de leite, me faz lembrar que a Via Láctea

também pode caber ali. Tira esse meu calçado aperta-do, espinhento, desproporcional, doloroso. Desfaz minha trança. Refaz esperança. Aperta meus dedos de um jeito que fique, mesmo soltando. Não deixa o céu anoitecer. Entra sem pedir, abre a geladeira, olha debaixo da cama e, principalmente, desforre-a. Pega um pouquinho desse meu cotidiano e troca por um olhar caloroso. Vem, preen-cha essa lacuna na qual somente tu encaixas.

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Como num diário íntimo, te faço e refaço, te traço e te bordo, e pinto, e contorno, e coloco todos os traços dos artistas de cinema, e coloco um sorriso nessas linhas que são tuas, e que só sabem descrever-te. Eu te

trago nos momentos que bem quero, porque a poesia é livre, e vem em minha porta mesmo que tu não queiras, mesmo que tente fazê-la prisioneira dos teus encantos. Eu te canto no banho e te lanço nos meu mais profundos la-ços de consideração. Escrever, meu bem, é recuperar-te. Escrever é, ao mesmo tempo, torná-lo escravo livre: es-cravo, por sempre estar fixo neste papel rabiscado; livre, porque poesia sabe como é que se voa.

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Como a chuva. Era assim que eu imaginava você chegando. Era as-sim que eu tinha vontade que você fosse, às vezes. Que invadisse meu quarto no momento em que eu estivesse mais distraída, entrasse pela janela sem pedir licença, molhasse os móveis, encharcasse o piso. Ape-sar dessa água que cai me lembrar várias coisas tristes, tenho certeza que você seria uma chuva alegre, do tipo que molha quando a gente tem vontade de tomar banho de mangueira no quintal, pra refrescar o calor. Eu abriria todas as outras janelas da casa, da rua, do mundo, pra você entrar aqui, no coração. Quer dizer, você já mora aqui, fantasiosamen-

te. Quando falo que é pra você entrar, é pra você vir com seus próprios passos, ou com suas próprias gotas, como queira. Me inundar com seu amor, como seria bom. Deixe que o vento te leve, amor. Deixe que o vento te traga pro meu lar. Eu abro os braços pra essas chuva, porque ela é quase você. E as gotas quando se misturam com as lá-grimas, se tornam parte de mim. Então, você é parte de mim também… viu? Minha janela está aberta. Pra você, por você.

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Porque o que a gente criou ficou perdido nos espaços em branco de pa-rágrafos esquecidos. Ainda se recorda das cartas, dos discursos pron-

tos e anunciados? Frases tão fixas, a gente tão móvel. Só porque esqueceu-se, não significa que deixou de ser. Todas as palavras juradas voando pelos altos ares, mas ainda existindo e é isso o que importa. Não tem como o amor fugir porque ele não tem casa, o único lar dele é meu coração, seu coração. Quem tem coragem de jogar o amor na rua? Eu não. É o mesmo que deixar crucifixo no lixo.

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TTudo sai nos rodapés, no número simbólico da página. Incrível como não conhecer uma justificativa pode fazer a conversa render. Falando pouco e interpretando tons, é assim que tenho feito. Infelizmente, também é assim que você tem convivido comigo, por uma escolha não tão minha, mas a qual foi impossível controlar. Eu te faço sofrer, não é? Você diz que não, que quer me ver feliz, e eu não quero contaminar um anjo com minha tristeza. O sofrimento vai embora no dia ensolarado, tomando um

sorvete de flocos com cobertura de caramelo. Tudo fica milagrosamente lindo como a alma das crianças. Mas a melancolia é doença incurável, bebê. Quem vê um sorvete assim tão amarelado e tão gelado lembra logo da morte. Eu gosto de sorrir também, mas você me conhece. Quan-tas vezes eu já disse que gosto das coisas espontâneas? Por isso não forço a alegria. E você sempre foi símbolo de olho brilhante para mim. Evito falar porque não quero que pense que é indireta, eu estou evitando ser ainda menor,

mas como é que ainda tem força pra insistir em mim? Você fala que minha enfermidade se chama medo, pavor de jogar o passado para o alto, porém eu faço de tudo… tudo, tudinho… pra que eu seja outra vez aquele seu amor que ria de qualquer coisa. Não sou mais. Quero. Mas querer não é poder. Eu te quero muito e não posso. Tristeza já é cotidia-na, ninguém merece a mais.

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EEsses pés imundos insistem em caminhar por trechos desconhecidos. Continuo sem te conhecer. Continuo presa no tempo, na espera humana, nos erros das novelas das oito, ouvindo Leoni e atualizando os velhos CD’s. Conto por contar, você fica na beira. Eu vou chutando as latas. Vamos combinan-do o refrão, trocando datas. Mentimos as histórias porque achamos mais interessante assim. Somos dublês escondi-dos. Nosso encontro só acontece por acaso.

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É sempre essa música antiga que nos une tanto. É sempre esse violão esquisito que faz a gente se falar. As letras esquecidas nos baús. Eu sei que você me sente desde o dia em que dediquei minhas falas ao amor. Nunca foi simples só querer. O conforto de ficar do lado e não tocar, a promessa calada de uma vida só nossa, em que você canta aquela que é instrumental. Esquisito seria se a casa estivesse muda de madrugada, porque sua presença fica martelando na minha cabeça, como se meu

encanto já não bastasse. Estranho seria… se eu não me apaixonasse por você, já dizia Nando Reis. Nesse chão em que ninguém sabe pisar direito, aposto que você sa-beria voar. E nesses livros todos que contam histórias ba-tidas, você rebate e desmente os rumores do sentimento contido. E nesse filme longo, você não presta atenção, sempre entende o final antes do meio, sempre vai pela contramão mudando a regra, e tudo dá uma canção boni-ta. Tudo reflete seu coração. Tudo mostra a gente no meio

da cidade; O amor mostrando que o exagero é lindo. Tudo toca a alma.

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PPorque você sempre ficou em segredo, você só é presente quando quer, você sai e volta sem se mexer, some e retorna diante de mim. É aquela carta que o vento leva e a gente fica pra sempre sem ler por completo. O filme de suspense cheio de expectativas que pifa antes de terminar. Aquele velho “depois eu te conto”, e quando já é depois, “eu esqueci”. Você sempre perde o horário mesmo, porque eu adianto o despertador. E quem diria… inconfessáveis, não é? As-sim, e em paz. Um pouco.

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É E M V O C Ê S Q U E M E A C H O !

m e a c h e i . t u m b l r . c o m n a o d i g i t e . t u m b l r . c o m

P R O J E T O :