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CRÍTICAS À IDEOLOGIA DA TERCEIRIZAÇÃO Marília Portela Barbosa * RESUMO O artigo discute o instituto da terceirização, analisando sua aplicabilidade na sociedade brasileira a partir do sistema capitalista que lhe deu origem. Após uma análise do conceito de terceirização e um breve apanhado histórico das formas de produção do sistema capitalista – para que se possa contextualizar o surgimento da terceirização – são feitas críticas à legislação e à jurisprudência brasileiras que tratam do instituto. Por fim, passa-se à análise da inserção da terceirização no processo de “flexibilização” do Direito do Trabalho e do conflito entre princípios que a aplicação da terceirização pode provocar. Palavras-chave: trabalho, terceirização, flexibilização, precarização, ideologia. SUMÁRIO 1. Introdução 2. Conceito 3. Histórico das formas de produção do sistema capitalista 3.1. Taylorismo e fordismo * Estudante de Graduação da Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia.

Marília Portela Barbosa - Artigo Críticas à Ideologia Da Terceirização

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Marília Portela Barbosa - Artigo Críticas à Ideologia Da Terceirização

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TERCEIRIZAO

CRTICAS IDEOLOGIA DA TERCEIRIZAOMarlia Portela Barbosa*RESUMOO artigo discute o instituto da terceirizao, analisando sua aplicabilidade na sociedade brasileira a partir do sistema capitalista que lhe deu origem. Aps uma anlise do conceito de terceirizao e um breve apanhado histrico das formas de produo do sistema capitalista para que se possa contextualizar o surgimento da terceirizao so feitas crticas legislao e jurisprudncia brasileiras que tratam do instituto. Por fim, passa-se anlise da insero da terceirizao no processo de flexibilizao do Direito do Trabalho e do conflito entre princpios que a aplicao da terceirizao pode provocar.Palavras-chave: trabalho, terceirizao, flexibilizao, precarizao, ideologia.SUMRIO1. Introduo

2. Conceito

3. Histrico das formas de produo do sistema capitalista3.1. Taylorismo e fordismo

3.2. Toyotismo

4. Legislao e jurisprudncia no Brasil

4.1. Histrico da legislao brasileira4.2. A jurisprudncia do Tribunal Superior do Trabalho

3.2.1. Crticas Smula n 331 do TST

5. A terceirizao como forma de flexibilizao do Direito do Trabalho6. O conflito entre o princpio da livre iniciativa e os princpios da valorizao e da no-mercantilizao do trabalho7. Concluso1. INTRODUOA terceirizao, instituto largamente utilizado no Brasil por empresas privadas e rgos da Administrao Pblica, vista muitas vezes como fenmeno essencial adaptao do pas ao mercado mundial, pelo que se legitima sua aceitao pelo ordenamento jurdico ptrio atravs do princpio da livre iniciativa. Este artigo tem por finalidade revelar a ideologia que d sustentao terceirizao, procedendo-se a uma anlise do instituto a partir do sistema capitalista que lhe deu origem.Para tanto, a famosa frase de Bertolt Brecht servir de norte ao longo do artigo: sempre pergunte a cada idia: a quem voc serve?.

2. CONCEITOSegundo Ciro Pereira da Silva, a terceirizao deve ser entendida como:(...) a transferncia de atividades para fornecedores especializados, detentores de tecnologia prpria e moderna, que tenham esta atividade terceirizada como atividade-fim, liberando a tomadora para concentrar seus esforos gerenciais em seu negcio principal, preservando e evoluindo em qualidade e produtividade, reduzindo custos e gerando competitividade.

Percebe-se, a partir dessa definio, que a terceirizao instituto da Administrao de Empresas, cujos reflexos so sentidos pelo Direito de forma muito intensa, por ser esse instituto uma das formas de concretizao da denominada flexibilizao do Direito do Trabalho. Como preceitua Fernando Basto Ferraz, a expresso terceirizao surgiu atravs da rea de administrao de empresas, objetivando dar nfase descentralizao empresarial de atividades para outrem, um terceiro empresa.

Maurcio Godinho Delgado, definindo de forma muito clara a terceirizao sob a tica do Direito do Trabalho, preceitua:

Para o Direito do Trabalho, terceirizao o fenmeno pelo qual se dissocia a relao econmica de trabalho da relao justrabalhista que lhe seria correspondente. Por tal fenmeno insere-se o trabalhador no processo produtivo do tomador de servios sem que se estendam a este os laos justrabalhistas, que se preservam fixados com uma entidade interveniente. A terceirizao provoca uma relao trilateral em face da contratao de fora de trabalho no mercado capitalista: o obreiro, prestador de servios, que realiza suas atividades materiais e intelectuais junto empresa tomadora de servios; a empresa terceirizante, que contrata este obreiro, firmando com ele os vnculos jurdicos trabalhistas pertinentes; a empresa tomadora de servios, que recebe a prestao de labor, mas no assume a posio clssica de empregadora desse trabalhador envolvido.

Rodrigo de Lacerda Carelli atenta para o fato de que o termo terceirizao nasceu no Brasil, termo esse que demonstra a real inteno do empresariado brasileiro no repasse a terceiro (no sentido de outro) da posio de empregador e conseqentemente da responsabilidade pelos encargos decorrentes da relao empregatcia. Mundialmente, so utilizadas outras palavras para expressar o mesmo fenmeno, no tendo nenhum pas se utilizado do termo terceirizao.

A terceirizao, portanto, possui natureza jurdica de contrato comercial entre empresas.

3. HISTRICO DAS FORMAS DE PRODUO DO SISTEMA CAPITALISTAPara uma anlise histrica do instituto da terceirizao, preciso expor um breve apanhado do caminhar do sistema capitalista no que diz respeito s formas de produo utilizadas na relao entre capital e trabalho. Faz-se necessrio, portanto, remontar primeira metade do sculo XX, poca em que o taylorismo e o fordismo eram os modelos de produo utilizados pelo sistema capitalista, chegando-se, posteriormente, superao desses modelos pelo toyotismo.3.1. Taylorismo e fordismo

O engenheiro estadunidense Frederick Winslow Taylor (1856-1915), na busca por uma indstria onde houvesse mxima produtividade em intervalo temporal mnimo, criou a teoria da Administrao Cientfica, tambm chamada de taylorismo, que via a indstria como um sistema fechado, mecnico e previsvel. O trabalhador era tratado como mero executor das ordens da chefia, e sua fora de trabalho era utilizada para a realizao de tarefas especializadas, tudo isso como resultado da decomposio do processo de produo em vrias partes.Em momento posterior, o empresrio estadunidense Henry Ford, utilizando-se dos princpios de padronizao e simplificao do taylorismo, incrementou esta forma de produo, atravs do aperfeioamento da linha de montagem, da mecanizao e elevada especializao do trabalho. O modelo da surgido, entitulado fordismo, incorporou a hierarquizao do sistema produtivo, de modo a intensificar os laos de subordinao do trabalhador ao empregador. Aqui ficam bastante delimitados os conceitos de empregado e empregador, j que esse modelo verticalizado evidencia a subordinao, caracterstica fundamental da relao empregatcia.A produo, ento, organizava-se, a partir das idias de Henry Ford e Friederich Taylor, em uma grande unidade fabril que concentrava todas as atividades necessrias confeco do produto final. Os trabalhadores eram organizados em torno da linha de produo, todos detendo o mesmo estatuto, organizados, porm, em forma piramidal de hierarquia. Assim, a empresa no somente concentrava todas as atividades sob sua responsabilidade, como organizava seus trabalhadores sob sua dependncia e comando direto, por meio de sua estrutura hierarquizada.

3.2. Toyotismo

Aps a Segunda Guerra Mundial surge no Japo, como forma de superao da crise do taylorismo/fordismo, um novo modo de organizao da produo capitalista, entitulado toyotismo, que imediatamente foi incorporado pelo Ocidente. Esse modelo era caracterizado pela especializao flexvel, capaz de atender s mltiplas demandas de um mercado segmentado, onde a rgida automao fordista se mostrava ineficaz. Passou-se a se exigir do trabalhador uma multifuncionalidade, podendo atuar com certa autonomia e poder de iniciativa na forma de realizao do trabalho. Desse modo, a empresa hierarquizada passa a ser organizada de forma horizontal, e as atividades so centralizadas no objetivo precpuo da empresa, ou seja, sua atividade-fim, reunindo sua volta prestadoras de servio que se ocupam das atividades-meio.Ademais, com a horizontalizao -do sistema produtivo, as definies de empregado e empregador se tornaram menos ntidas. A subordinao se mostrava bastante clara no modelo verticalizado de Ford e Taylor, uma vez que sobre as atividades especializadas dos trabalhadores era exercido forte controle hierrquico do patro. J no toyotismo, em que o trabalhador multifuncionalizado ganha certa autonomia para adequar o produto demanda, h uma aparente perda de subordinao, e, portanto, perda dos laos de uma relao empregatcia, flexibilizando a aplicao da legislao trabalhista.

O fenmeno da terceirizao surge nesse contexto de organizao horizontal do trabalho, tornando-se meio eficaz para a concretizao das idias trazidas pelo toyotismo e incorporando-se s metas do Consenso de Washington, as quais incluam a flexibilizao da legislao trabalhista, esta ltima tida, ideologicamentente, como entrave ao crescimento econmico e livre iniciativa privada.Neste sentido, assevera Graa Druck: possvel afirmar que a resposta crise do fordismo no s no resolveu a crise como a aprofundou. Os processos de reestruturao produtiva e os novos padres de gesto do trabalho e do Estado desenvolveram-se sustentados centralmente na flexibilizao do trabalho.

4. LEGISLAO E JURISPRUDNCIA NO BRASIL4.1 Histrico da legislao brasileira

No bojo deste processo de flexibilizao da legislao trabalhista, o Brasil incorporou a terceirizao ao seu modo de produo, vinculado que estava poltica neoliberal de reduo de custos relativos mo-de-obra com a finalidade de aumento dos lucros.

De acordo com Srgio Pinto Martins, No Brasil a noo da terceirizao foi trazida por multinacionais na dcada de cinqenta, pelo interesse que tinham em se preocupar apenas com a essncia do seu negcio. Em verdade, o interesse na reduo dos custos com a mo-de-obra e a conseqente precarizao das relaes de trabalho chega no Brasil acobertado pela idia de necessidade de dedicao atividade-fim da empresa.O Direito brasileiro no se ocupou da terceirizao em lei especfica, e essa ausncia de legislao demonstra o grau de liberdade que possui o empregador de utilizar esse instituto como e quando bem entender.

Os decretos-leis 1.212 e 1.216 de 1966 foram os primeiros a tratar da intermediao de mo-de-obra por empresa interposta, permitindo que os bancos se utilizassem de empresas particulares prestadoras de servio de segurana. O decreto-lei 200 de 1967 autorizou a contratao de servios pela administrao pblica federal para repassar certas atividades iniciativa privada. O decreto 62.756 de 1969 regulamentou a atuao das agncias de colocao, assim entendidas como tda sociedade, instituio, escritrio ou outra qualquer organizao que sirva de intermedirio para procurar um emprgo para um trabalhador ou um trabalhador para um empregador (art. 1, pargrafo nico, a).A Lei 6.019 de 1974, ainda hoje em vigor, dispondo sobre o trabalho temporrio nas empresas urbanas, acabou por regulamentar um tipo de terceirizao cujo objetivo especfico: atender a necessidade transitria de substituio de seu pessoal regular e permanente ou a acrscimo extraordinrio de servios (art. 2). Para Srgio Pinto Martins,

O objetivo da lei era regular o trabalho temporrio e no fazer concorrncia com o trabalho permanente principalmente porque certos trabalhadores no tinham interesse ou no podiam trabalhar permanentemente, como o estudante; o jovem em idade de prestao de servio militar; as donas de casa, que no tinham tempo integral para se dedicarem ao trabalho, mas apenas a uma parte dele, em funo de seus encargos domsticos; os aposentados, que no queriam ter emprego permanente, e at mesmo para aqueles que no se decidiram a qual profisso iriam se dedicar.

Apesar da notoriedade do referido jurista, no concordo com seu posicionamento. Para se analisar a finalidade de uma lei, necessrio contextualiz-la. A Lei 6.019 no foi editada objetivando a incluso de pessoas no mercado de trabalho, mas como resultado do processo de flexibilizao da legislao trabalhista, por regulamentar hiptese em que no haveria subordinao entre o real empregador e o trabalhador temporrio.A Lei 7.102 de 1983, dentro daquele mesmo processo de flexibilizao das leis trabalhistas, dispe sobre segurana para estabelecimentos financeiros e estabelece normas para constituio e funcionamento das empresas particulares que exploram servios de vigilncia e de transporte de valores. Com isso, permite-se a terceirizao de servios de segurana em bancos oficiais ou privados, caixas econmicas, sociedades de crdito, associaes de poupana e cooperativas singulares de crdito.Por ltimo, foi editada a Lei 8.949 de 1994, que acrescentou o pargrafo nico ao art. 442 da Consolidao das Leis do Trabalho, para declarar a inexistncia de vnculo empregatcio entre as cooperativas e seus associados.

4.2. A jurisprudncia do Tribunal Superior do TrabalhoPrimeiramente, para tentar pacificar a jurisprudncia quanto ao instituto da terceirizao, que j comeava a se disseminar pelo territrio brasileiro, foi editada a Smula n 239 do TST, com a seguinte redao:

239 - Bancrio. Empregado de empresa de processamento de dados. bancrio o empregado de empresa de processamento de dados que presta servio a banco integrante do mesmo grupo econmico, exceto quando a empresa de processamento de dados presta servios a banco e a empresas no bancrias do mesmo grupo econmico ou a terceiros.O referido enunciado pretendeu coibir fraudes cometidas por estabelecimentos bancrios, que passaram a criar empresas de processamento de dados com a nica finalidade de registrar os empregados da rea, para que o vnculo de emprego no fosse firmado entre o empregado e o banco real empregador , mas entre o empregado e a empresa interposta. Assim, os benefcios decorrentes da condio de bancrio no incidiam nessas relaes, e os empregados das empresas interpostas trabalhavam oito horas por dia, sem que aparentemente houvesse qualquer burla legislao trabalhista. Felizmente o TST, atento a essa prtica, pacificou sua doutrina no sentido da presuno de fraude quanto s empresas de processamento de dados prestadoras de servio a bancos.A Smula n 256, posteriormente revisada e incorporada pela Smula n 331, preceitua:

256 - Contrato de prestao de servios.Salvo os casos de trabalho temporrio e de servio de vigilncia, previstos nas Leis ns 6.019, de 03.01.1974, e 7.102, de 20.06.1983, ilegal a contratao de trabalhadores por empresa interposta, formando-se o vnculo empregatcio diretamente com o tomador dos servios.O citado enunciado, considerando ilcita qualquer intermediao de mo-de-obra no prevista pela lei, pretendeu acabar com as empresas prestadoras de servios a outras empresas que no estivessem enquadradas nas hipteses de trabalho temporrio ou servio de vigilncia. Essa smula foi editada pelo TST como medida de proteo aos trabalhadores, em face da rapidez com que a terceirizao passou a ser utilizada por diversas empresas brasileiras, ocasionando a crescente precarizao das relaes trabalhistas.A Smula n 257 veio para esclarecer a hiptese de terceirizao prevista na Lei 7.102/83, estabelecendo que:

257 - Vigilante

O vigilante, contratado diretamente por banco ou por intermdio de empresas especializadas, no bancrio. 4.2.1. Crticas Smula n 331 do TST

Por fim, dando nova viso jurdica terceirizao, foi editada a polmica Smula n 331, que, revendo a Smula n 256, preceitua:

Contrato de prestao de servios. LegalidadeI - A contratao de trabalhadores por empresa interposta ilegal, formando-se o vnculo diretamente com o tomador dos servios, salvo no caso de trabalho temporrio (Lei n 6.019, de 03.01.1974). II - A contratao irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, no gera vnculo de emprego com os rgos da administrao pblica direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da CF/1988). III - No forma vnculo de emprego com o tomador a contratao de servios de vigilncia (Lei n 7.102, de 20.06.1983) e de conservao e limpeza, bem como a de servios especializados ligados atividade-meio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinao direta. IV - O inadimplemento das obrigaes trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiria do tomador dos servios, quanto quelas obrigaes, inclusive quanto aos rgos da administrao direta, das autarquias, das fundaes pblicas, das empresas pblicas e das sociedades de economia mista, desde que hajam participado da relao processual e constem tambm do ttulo executivo judicial (art. 71 da Lei n 8.666, de 21.06.1993). Conservou-se o texto da Smula n 256 quase em sua totalidade, para considerar ilcita a contratao de trabalhadores por empresa interposta. No entanto, o campo das hipteses de terceirizao lcita aumentou significativamente, j que o TST passou a presumir a licitude da terceirizao no s nos casos previstos em lei (trabalho temporrio e servios de vigilncia), mas tambm com relao a servios de conservao e vigilncia e quando a empresa interposta presta servios especializados ligados atividade-meio da tomadora.

Rodrigo de Lacerda Carelli, estranhando a incluso dos servios de conservao e limpeza como presunes de legalidade da terceirizao sem que haja qualquer lei amparando-as, afirma, quanto razo da insero desses servios no inciso III da Smula n 331, que:(...) a razo a mesma pela qual o empregado domstico no detm os mesmos direitos que o trabalhador celetista, e pela qual somente recentemente foram estendidos ao trabalhador rural os mesmos direitos do urbano. Trata-se, ao meu ver, de resqucio da escravido, j que so as mesmas atividades realizadas pelos escravos no sculo XIX. As atividades do empregado domstico e daquele do servio de limpeza so justamente as mesmas, com a diferena do local de trabalho e qualidade de empregador. (...) Por isso, servios tidos como menores e menos gratificantes, realizados pelos negros escravos em outras pocas, recebem discriminao dos rgos julgadores e legisladores, podendo, na sua viso, serem tratados como de segunda categoria, no merecendo receber o mesmo tratamento que o empregado de escritrio, que realizaria trabalho intelectual. Alm do mais, como verificamos em qualquer repartio pblica ou empresa, o que realmente acontece a mera insero de pessoal para realizar aquelas atividades, sendo tratados como empregados, havendo subordinao ao tomador, e pessoalidade na realizao do trabalho, cumprindo, inclusive tarefas determinadas pela empresa, nos horrios que essa determina.

Acrescenta o ilustre doutrinador que essa discriminao inconstitucional, por ferir o art. 7, XXXII da CF/1988, que estabelece a proibio de distino entre trabalho manual, tcnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos .Quanto segunda parte do inciso III do enunciado em anlise, o TST, atento ao contexto do surgimento da terceirizao o toyotismo e a necessidade da empresa se dedicar apenas sua atividade-fim fixou como parmetro de definio da licitude ou ilicitude do instituto um conceito fluido, relativo e indeterminado: atividade-meio.Maurcio Godinho Delgado d a definio de atividades-fim:

Atividades-fim podem ser conceituadas como as funes e tarefas empresariais e laborais que se ajustam ao ncleo da dinmica empresarial do tomador dos servios, compondo a essncia dessa dinmica e contribuindo inclusive para a definio de seu posicionamento e classificao no contexto empresarial e econmico. So, portanto, atividades nucleares e definitrias da essncia da dinmica empresarial do tomador dos servios.

A contrario sensu, as atividades-meio so atividades perifricas essncia da dinmica empresarial do tomador dos servios.

Percebe-se que o conceito de atividade-meio relativo, sendo determinado a partir de cada empresa e em comparao s atividades nucleares desta. No final das contas, a aferio dessa tal ilicitude s poder ser feita no caso concreto, pelo magistrado, posto que no h como se definir um rol de atividades-meio quando essa definio depende do que se considera atividade nuclear da tomadora dos servios. Muitos doutrinadores do exemplos de atividades-meio, como limpeza, alimentao, transporte, conservao; no entanto, todas essas funes podem ser atividades-fim em determinada empresa, e, portanto, a terceirizao que as tenha como objeto, nesse caso, ser reputada ilcita. Alm disso, como a atividade-fim da empresa pode ser modificada, uma terceirizao inicialmente lcita pode vir a se tornar ilcita, posto que a atividade antes considerada meio pode ser, posteriormente, considerada fim.No entanto, importante salientar que a distino entre atividade-fim e atividade-meio s beneficia o tomador. O empregador, de acordo com o art. 2 da CLT, deve se responsabilizar pelos riscos da atividade econmica, compreendidas a todas as atividades inseridas no processo de produo da empresa, posto que sua suposta atividade-fim no poderia ser executada sem as atividades-meio que lhe do base. Desresponsabilizar o tomador, legalmente responsvel por todo o processo produtivo, repassando parte dessa responsabilidade para a empresa prestadora, violar o art. 2 da CLT, e, com isso, desestabilizar as relaes jurdicas entre capital e trabalho.

Graa Druck e ngela Borges atentam: Transferir custos trabalhistas e responsabilidades de gesto passa a ser um grande objetivo das empresas mais modernas e mais bem situadas nos vrios setores de atividade, no que so seguidas pelas demais empresas. Nesse mesmo sentido, assevera Carelli que os riscos do negcio so repassados do tomador de servios para outros: em pequena parte para o intermediador e em grande parte para o prprio trabalhador.

No inciso II do Enunciado em anlise esclarecido que a terceirizao ilcita feita pelos rgos da Administrao Pblica direta, indireta ou fundacional no permite o reconhecimento do vnculo de emprego diretamente com os referidos rgos, visto que isso seria burla norma constitucional que exige concurso pblico para a investidura em cargo ou emprego pblico, prevista no art. 37, II da CF/1988. Porm, no momento em que h contrato de prestao de servios entre empresa privada e administrao pblica com o simples fim de intermediar mo-de-obra, j h a burla exigncia de concurso pblico, posto que o trabalhador terceirizado labora como se servidor pblico fosse, sem, no entanto, haver se submetido a prova de concurso pblico. Portanto, para fins de pagamento de verbas rescisrias decorrentes do contrato de trabalho, defendo o reconhecimento do vnculo de emprego diretamente com a Administrao Pblica, pois o trabalhador no pode ficar desamparado, sem a indenizao da qual faz jus, dependendo de patrimnio da empresa interposta, este por muitas vezes inexistente, arcando com os prejuzos advindos da fraude cometida pelos rgos do Poder Pblico. O que no se pode admitir a manuteno do trabalhador no quadro pessoal da Administrao Pblica, sem ter ele se submetido a concurso pblico.Por fim, o inciso IV da Smula n 331 do TST estabelece a responsabilidade subsidiria da empresa tomadora pelo inadimplemento das obrigaes trabalhistas. A responsabilidade subsidiria gera complicaes para o trabalhador na fase de execuo do processo. preciso primeiramente excutir os bens da prestadora de servios cujo patrimnio, como foi visto, muitas vezes inexistente, posto que criada com o nico objetivo de intermediar mo-de-obra para depois se buscar o patrimnio da tomadora, geralmente empresa de maior porte e com patrimnio vultoso.Quando no for possvel o reconhecimento do vnculo empregatcio com a empresa tomadora, medida que considero em conformidade com a necessidade de garantia dos direitos trabalhistas, defendo a responsabilidade solidria das empresas, como aplicao analgica do art. 455 da CLT, que preceitua:

Art. 455 - Nos contratos de subempreitada responder o subempreiteiro pelas obrigaes derivadas do contrato de trabalho que celebrar, cabendo, todavia, aos empregados, o direito de reclamao contra o empreiteiro principal pelo inadimplemento daquelas obrigaes por parte do primeiro.

Pargrafo nico - Ao empreiteiro principal fica ressalvada, nos termos da lei civil, ao regressiva contra o subempreiteiro e a reteno de importncias a este devidas, para a garantia das obrigaes previstas neste artigo.

Se a prpria CLT estabelece responsabilidade solidria do empreiteiro principal pelas obrigaes derivadas do contrato de trabalho celebrado entre trabalhador e subempreiteiro, e se a subempreitada hiptese clara de terceirizao, sem qualquer peculiaridade em relao s demais hipteses, imperativa a aplicao analgica do referido dispositivo celetista ao instituto da terceirizao como um todo.Alm disso, a responsabilidade solidria concretiza com muito mais eficcia o princpio da proteo ao trabalhador, visto que dada a este a escolha de exigir suas verbas rescisrias, essenciais manuteno do seu direito vida, da prestadora ou da tomadora. Considerando ademais a obscuridade gerada pela terceirizao quanto ao verdadeiro empregador o que ocasiona problemas para os trabalhadores quando precisam ajuizar ao na Justia do Trabalho , a responsabilidade solidria seria uma possvel soluo a esses problemas, visto que o trabalhador poderia ajuizar em face de qualquer das empresas, sem correr o risco de sua ao ser julgada improcedente.Para Jorge Luiz Souto Maior,

(...) o Enunciado foi fixado apenas sob a tica do empreendimento empresarial. A perspectiva do trabalhador no foi levada em considerao. (...) no sendo os trabalhadores mais empregados da empresa tomadora e sim de outra empresa, a prestadora dos servios, a fixao de salrios e o respeito a normas coletivas saem do mbito de obrigaes da empresa tomadora, transferindo-os prestadora, que no se encaixando no padro do direito coletivo sequer possuam normas coletivas.

5. A TERCEIRIZAO COMO FORMA DE FLEXIBILIZAO DO DIREITO DO TRABALHOSrgio Pinto Martins, tratando a flexibilizao do Direito do Trabalho como teoria que surge por volta de 1973 para adaptar a legislao trabalhista ao dinamismo da sociedade, conceitua-a:A flexibilizao do Direito do Trabalho vem a ser um conjunto de regras que tem por objetivo instituir mecanismos tendentes a compatibilizar as mudanas de ordem econmica, tecnolgica ou social existentes na relao entre o capital e o trabalho.

Em sentido semelhante, Fernando Basto Ferraz cita Jlio Assumpo Malhadas, que procura conceituar flexibilizao a partir de seu sentido comum:

nesse sentido que Jlio Assumpo Malhadas esclarece: flexibilidade elasticidade, facilidade de manuseio, adaptabilidade, e flexibilizao dar flexibilidade a.... Nesse passo, a flexibilidade de direitos h de ser a adaptabilidade das normas, a sua facilidade do manuseio, e flexibilizao de direitos, tornar adaptveis e de fcil manuseio as normas, ou fazer as normas apropriadas e facilmente manejveis.

Posteriormente, o mesmo doutrinador d o seu conceito para flexibilizao: adequao das normas trabalhistas s exigncias econmicas do mundo globalizado, que culmina com a precarizao da relao formal de emprego, chegando concluso inevitvel de que o processo de flexibilizao trata-se de forma velada de precarizao do trabalho, atravs da supresso das garantias conquistadas pela luta histrica dos trabalhadores.

Os conceitos atribudos flexibilizao por Srgio Pinto Martins e Jlio Assumpo Malhadas, semelhantes a tantos outros que li em livros sobre flexibilizao do Direito do Trabalho, revelam a ideologia dominante e a tentativa desta de suavizar o referido conceito, criando eufemismos. Em verdade, a flexibilizao vem no bojo da antiga relao entre o Direito e a classe dominante: aquele servindo aos interesses desta, como instrumento de legitimao da explorao da classe trabalhadora. S para citar alguns exemplos dessa subservincia relacionados ao tema deste artigo: foi o Poder Legislativo quem editou a lei do trabalho temporrio e foi o Poder Judicirio quem decidiu reiteradamente pela licitude da terceirizao relacionada atividade-meio, e nenhuma dessas medidas foi tomada em benefcio do trabalhador. O Direito, portanto, atua na sociedade como um dos elementos da ideologia burguesa.Seguindo os ensinamentos sempre atuais de Marx e Engels,As idias dominantes, so, pois, nada mais que a expresso ideal das relaes materiais dominantes, so essas as relaes materiais dominantes compreendidas sob a forma de idias; so, portanto, a manifestao das relaes que transformam uma classe em classe dominante; so dessa forma as idias de sua dominao. (...) cada nova classe que ocupa o lugar da que dominava anteriormente v-se obrigada, para atingir seus fins, a apresentar seus interesses como sendo o interesse comum de todos os membros da sociedade.

A terceirizao surge como uma das formas de flexibilizao do Direito do Trabalho, traduzida como parte de um processo inevitvel de adaptao ao mercado mundial, no qual o Brasil precisa se inserir para tornar-se competitivo e atraente ao capital externo. O prprio conceito de terceirizao, relacionado com a necessidade da empresa de se dedicar sua atividade-fim para ter mais qualidade e produtividade, faz parte da ideologia da classe dominante, a qual pretende tornar universais as idias que fundamentam essa dominao. preciso ter bem claro que todas essas idias servem ao propsito de legitimar a explorao do homem pelo homem.

por isso que h uma grande diferena entre desregulamentao e flexibilizao do Direito do Trabalho. A primeira implica numa ausncia de normas estatais que regulamentem a relao entre capital e trabalho, trazendo o princpio da autonomia das partes para a relao de emprego. A segunda se revela na atuao direta do Estado para a manuteno do sistema capitalista, atravs de leis, medidas provisrias, decises judiciais e outros atos polticos que legitimem a preponderncia do capital em detrimento do trabalho.Apesar de alguns doutrinadores defenderem a desregulamentao do Direito do Trabalho, o processo em curso na atualidade o da flexibilizao, muito mais interessante burguesia, a qual tem ao seu lado talvez o principal instrumento de coero da sociedade: o Direito.

Annie Thbaud-Mony e Graa Druck adotam a seguinte concepo de flexibilizao:

(...) processo que tem condicionantes macroeconmicos e sociais derivados de uma nova fase de mundializao do sistema capitalista, hegemonizado pela esfera financeira, cuja fluidez e volatilidade tpicas dos mercados financeiros contaminam no s a economia, mas a sociedade em seu conjunto, e, desta forma, generaliza a flexibilizao para todos os espaos, especialmente no campo do trabalho.

E complementam:

Neste contexto, as formas precrias de insero passam a ser predominantes nas principais regies metropolitanas do pas legais ou ilegais e so utilizadas como recurso para garantir a flexibilizao: contratos temporrios e subcontratao de servios de terceiros (nas suas mais diversas formas) so parte do crescente fenmeno da informalizao do trabalho. A liberdade do patronato em demitir e/ou usar as formas de contrato precrias encontra sustentao, por um lado, no mbito estrito do mercado e suas leis que impem a (todos) capitalistas essas estratgias de competitividade; e, por outro, no respaldo do Estado, atravs dos governos que vm aplicando as polticas de cunho neoliberal, ao tempo que reformam a legislao trabalhista para desregulamentar e liberalizar ainda mais o uso da fora de trabalho.

Os resultados da flexibilizao do Direito do Trabalho so a segmentao dos trabalhadores, a individualizao, a fragilizao dos coletivos, a informalizao do trabalho, a fragilizao e crise dos sindicatos e, a mais importante delas, a idia de perda de direitos de todo tipo e da degradao das condies de sade e de trabalho. Tudo isso expressa o processo de precarizao em que o trabalho est inserido, revelando ser essa a implicao mais forte da flexibilizao.

A terceirizao, como forma de flexibilizao, imensamente responsvel por essa precarizao das relaes trabalhistas, na medida em que gera a ruptura do sistema trabalhista, por dar relao de trabalho um carter de simples locao de mo-de-obra; causa segregao e excluso social, por causar um estado de discriminao no ambiente de trabalho; cria relaes de trabalho instveis, propensas fraude; dentre outras prticas extremamente prejudiciais aos trabalhadores e sociedade como um todo. Resta saber a quem deve servir o Direito: ao povo, na luta por igualdade material; ou elite empresria, na busca incessante pelo lucro. H que se ter em mente que o propsito primordial do direito do trabalho no este [modernizao dos meios de produo] e sim o de preservar a dignidade humana, qualquer que seja o modelo produtivo da moda.

6. O CONFLITO ENTRE O PRINCPIO DA LIVRE INICIATIVA E OS PRINCPIOS DA VALORIZAO E DA NO-MERCANTILIZAO DO TRABALHOA maioria dos defensores da terceirizao invoca o princpio da livre iniciativa, previsto no art. 170 da CF/1988, para fundamentar a liberdade que possui o empregador de se utilizar de qualquer forma de organizao da produo para gerir sua atividade empresarial. Desse modo, a terceirizao, enquanto tendncia de modernizao das relaes empresariais, estaria totalmente legitimada pelo referido princpio, por ser uma opo do empresrio visando melhoria do desempenho da sua empresa.No entanto, o mesmo dispositivo constitucional que prev a livre iniciativa garante o princpio da valorizao do trabalho humano, que, definitivamente, no se coaduna com a ruptura do sistema trabalhista, a precarizao do trabalho e a excluso social geradas pela terceirizao.

Ademais, a Declarao de Filadlfia de 1944 da Organizao Internacional do Trabalho estabeleceu, como primeiro princpio de proteo do trabalho humano, que o trabalho no uma mercadoria. Dessa forma, consagrou-se o princpio da no-mercantilizao do trabalho e estabeleceu-se a razo de existir do Direito do Trabalho: a busca pela retirada do carter de mercadoria do trabalho humano.Porm, a herana da escravido, poca em que os trabalhadores eram produtos a servio de quem os comprou, e a poltica neoliberal, que v o trabalho humano como um contrato de compra e venda, e no como uma relao jurdica entre pessoas, impedem que o princpio da no-mercantilizao do trabalho seja concretizado, exercendo o Direito do Trabalho um papel fundamental na busca pela sua efetivao.

Desse modo, pode-se concluir que h um ntido conflito entre princpios no que tange, por um lado, aceitao da terceirizao na sociedade como decorrncia da liberdade do empregador em gerir seus negcios ou, por outro, no aceitao desse instituto, por ser da prpria lgica da terceirizao a idia de precarizao das relaes de trabalho .

No caso da terceirizao, o princpio da livre iniciativa deve ceder lugar aos princpios da valorizao do trabalho humano e da no-mercantilizao do trabalho, posto que a manuteno da terceirizao na sociedade brasileira suprime os ltimos do ordenamento jurdico ptrio.

7. CONCLUSODiante do exposto, pode-se concluir que o fundamento da terceirizao a ideologia da classe dominante, que, pretendendo se utilizar do instituto para aprimorar sua busca incessante pelo lucro, o traduz como fenmeno inevitvel dentro do processo de crescimento econmico a que o Brasil precisa estar inserido.

No entanto, essas idias disseminadas pela classe burguesa, que, em ltima anlise, so os prprios fundamentos do neoliberalismo, no expressam as idias de todo o povo, no so universais, no so premissas e no so inquestionveis. Pelo contrrio, so idias que servem burguesia, e que por isso mesmo devem ser questionadas em sua essncia, para que se possa superar o sistema capitalista vigente.Se verdade que o Direito deve se adequar sociedade, no baseado nisso que ele deve servir ao neoliberalismo, esquecendo-se que o povo o maior prejudicado pelo fenmeno da terceirizao.

Somente com a superao do capitalismo poder se pensar numa sociedade onde o trabalho seja valorizado em todos os seus prismas e manifestaes, sem ter que se submeter s exigncias do capital para se manter vivo.

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SILVA, Ciro Pereira da apud CARELLI, Rodrigo de Lacerda. Formas atpicas de trabalho. So Paulo: LTr, 2004, p. 44.

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ibidem, p. 58-59.

DRUCK, Graa. Flexibilizao e precarizao: formas contemporneas de dominao do trabalho introduo. Caderno CRH, n. 37, jul./dez. 2002, p. 12.

MARTINS, Sergio Pinto, op. cit., p. 15-16.

THBAUD-MONY, Annie; DRUCK, Graa. Terceirizao: a eroso dos direitos dos trabalhadores na Frana e no Brasil. In: DRUCK, Graa; FRANCO, Tnia (org.). A perda da razo social do trabalho: terceirizao e precarizao. So Paulo: Boitempo, 2007, pg. 43.

MARTINS, Sergio Pinto, op. cit., p. 17.

CARELLI, Rodrigo de Lacerda. Terceirizao e intermediao de mo-de-obra: ruptura do sistema trabalhista, precarizao do trabalho e excluso social. Rio de Janeiro: Renovar, 2003, p. 114.

ibidem, p. 115.

DELGADO, Maurcio Godinho, op. cit., p. 440.

ibidem, p. 441.

Jos Boaventura, falando sobre a falta de garantia do terceirizado quanto s suas verbas trabalhistas, expe o caso das empresas prestadoras de servios de segurana, que no tm estrutura, no tm nada: alugam casa, alugam carro, alugam telefone, alugam computador, alugam tudo, menos as armas, porque a polcia tem o controle disso, etc. Mas para cinco mil trabalhadores, para dois mil trabalhadores, cinqenta, oitenta, cem ou duzentas armas, o preo delas no paga. BOAVENTURA, Jos. Experincias com a terceirizao. In: DRUCK, Graa; FRANCO, Tnia (org.). A perda da razo social do trabalho: terceirizao e precarizao. So Paulo: Boitempo, 2007, p. 201.

MAIOR, Jorge Luiz Souto. Enunciado 331, do TST: ame-o, ou deixe-o! Revista trabalhista, v. 4, out./nov./dez. 2002, p. 544.

MARTINS, Sergio Pinto, op. cit., p. 36.

FERRAZ, Fernando Basto, op. cit., p. 15.

ibidem, p. 18.

MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A ideologia alem. Coleo A Obra-Prima de Cada Autor. So Paulo: Martin Claret, 2007, p. 78-80.

Grifei os termos inevitvel e precisa porque discordo de suas utilizaes, uma vez que, como vimos na doutrina de Marx e Engels, trata-se, na verdade, de um dos recursos da ideologia burguesa: a suposta inexorabilidade de uma realidade injusta, tambm conhecida como farinha pouca, meu piro primeiro. A idia de que o Brasil precisa se inserir nessa lgica neoliberal plenamente questionvel.

THBAUD-MONY, Annie; DRUCK, Graa, op. cit., p. 29.

ibidem, p. 29-30.

ibidem, p. 30.

Para estudo mais aprofundado sobre essas conseqncias: CARELLI, Rodrigo de Lacerda. Terceirizao e intermediao de mo-de-obra: ruptura do sistema trabalhista, precarizao do trabalho e excluso social. Rio de Janeiro: Renovar, 2003, p. 147-216.

MAIOR, Jorge Luiz Souto, op. cit., p. 548.

MARTINS, Sergio Pinto, op. cit., p. 41.

MAIOR, Jorge Luiz Souto, op. cit., p. 548.