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MARIO CESAR TRUNCI DE MARCO
NÃO PERMITA QUE
ROUBEM SEUS
SONHOS Os desafios de viver em uma
sociedade que tem dificudade em
aceitar o diferente
EDITORA BIOGRAFIA
São Paulo - Verão de 2018
2
DEDICATÓRIA
A Zambi - Deus em dialeto africano - que proporcionou que eu
nascesse em uma família que entendeu minhas dificuldades e
não mediu esforços para que eu despertasse o que de melhor
existe dentro de mim.
3
AGRADECIMENTO
A minha mãe Carmen Lydia e meu pai Celso de Marco por
acreditarem em mim.
A minha avó Juracy por sempre falar que eu era capaz.
Aos meus filhos, Clara e Miguel, que são a razão da minha vida.
4
Que este livro seja um legado de superação e
que as pessoas possam entender que é possível
vencer as dificuldades e que assim o mundo se
torne um lugar melhor!
5
Todos os dias, alguém diz que eu não sou
capaz.
6
Viver em uma sociedade que não sabe
como lidar com o diferente é um desafio.
Sei bem disso. Nasci com dislexia, um
distúrbio que afeta 15% da população
mundial e, durante um bom tempo, lutei
para ser como os outros.
7
Uma jornada solitária e cruel.
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PROLÓGO
“[...] Quando a professora, principalmente de língua
portuguesa, entrava na sala avisando que era para lermos em
voz alta a redação que havíamos redigido no dia anterior, meu
CORAÇÃO ACELERAVA. A palavra LER era como uma senha que
colocava todos os meus sentidos em alerta. E quando isso
acontecia, a SENSAÇÃO era de que todo SANGUE do meu corpo
estava sendo BOMBARDEADO para o cérebro, provocando
formigamento seguido da SENSAÇÃO de ESTUPOR. Era como se
minha alma saísse do corpo por alguns segundos, para habitar
em outra DIMENSÃO, um mundo paralelo, branco e sem som
que me acolhia sempre que eu sentia MEDO”.
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NASCI COM UM DEFEITO
Se fôssemos máquinas, eu não passaria pelo controle de
qualidade e se passasse, não escaparia do recall e é bem
provável que, após avaliação, fosse descartado. O fato de não
sermos máquinas nos livra das sucatas, não do descarte social.
É louco pensar que boa parte de nós regride socialmente, na
mesma proporção que assistimos deslumbrados o avanço
científico e tecnológico. Quanta coisa mudou nas últimas
décadas do ponto de vista material! A verdade é que
observamos o progresso e sobra pouco tempo para olhar para
nós mesmos.
Às vezes me pergunto: - de que adianta tantos avanços
materiais, se não aprendemos a enxergar o outro com os olhos
do coração e continuamos teimando em insistir em um padrão
social que não respeita, por exemplo, a miscigenação?
Viver em uma sociedade que não sabe como lidar com o
diferente é um desafio. Sei bem disso. Nasci com dislexia, um
distúrbio que afeta 15% da população mundial.
A dislexia se caracteriza pela dificuldade que a pessoa
tem para ler e, quase sempre, vem acompanhada da disgrafia,
– alteração da escrita normalmente ligada a problema
perceptivo-motor –, a disortografia, – que envolve a
formulação e codificação da escrita – e da discalculia, –
dificuldade para lidar com números. Um defeito seguido de
vários outros defeitinhos.
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Nasci com tantos DIS, que não há outra palavra que não
DISTANTE para descrever o quanto a dislexia me afastou do
mundo dos supostamente normais.
Brinco dizendo que minha relação com a espiritualidade
começou cedo, nas aulas de língua portuguesa, quando me
apegava a todos os santos sempre que era obrigado a ler. Eu
não queria ser diferente das outras crianças. Mas como explicar
que as palavras dançavam aos meus olhos, sem parecer louco
ou coisa do tipo?
– Cara, ele é muito burro! – diziam uns.
– É retardado! – cochichavam outros.
Para os educadores eu era no mínimo preguiçoso.
Para me safar dos comentários, sempre sentava em
lugares estratégicos. Se as cadeiras estivessem dispostas em
meia lua, sentava no meio. As leituras geralmente começavam
da direita para a esquerda ou da esquerda para direita. Assim,
eu teria tempo para tentar encaixar as peças do quebra-cabeça
que teimavam em mudar de lugar e, para isso, recorria à
algumas estratégias, entre elas fazer promessas aos santos e
criar intervenções com o objetivo de prolongar o tempo de
leitura. A esperança era que o sinal do intervalo tocasse ou a
aula terminasse antes de eu ter que ler.
– O que significa isso?
– O que significa aquilo?
As estratégias nem sempre davam certo e meu coração
parecia saltar pela boca, quando o ponteiro do meu termostato
interno oscilava de um lado para o outro, velozmente, em sinal
de perigo eminente.
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– Mario, continue a leitura, por favor! – Pedia a
professora.
Um zumbido apenas e a sensação de estar fora do corpo
por alguns segundos... Em seguida, com os dedos indicadores
pressionando as têmporas, eu tentava reorganizar as palavras
que teimavam em continuar bailando sob meus olhos.
A leitura para o disléxico é como um jogo de decifrar
códigos, mas com um nível a mais de dificuldade: as palavras
mudam de posição o tempo todo.
COMO SER DIFERENTE NUMA SOCIEDADE QUE SÓ
VALORIZA OS IGUAIS?
Meu nome é Mario Cesar Trunci de Marco. Mario sem
acento e Cesar também sem acento e com S, em vez de Z.
Sempre que alguém vai escrever meu nome pela primeira vez,
questiona:
– Sem acento? Como assim?
– Cesar com S e sem acento? É isso?
– Certíssimo!
Além dos detalhes da grafia do nome próprio composto,
tenho sobrenomes incomuns e características físicas que não
me deixam passar despercebido, como um metro e oitenta
centímetros de altura e o corte de cabelo, ao estilo Padawan,
de Star Wars, sem a famosa trancinha. O fato de ser diferente
das pessoas já não me incomoda mais. A dislexia talvez tenha
me tornando mais forte a ponto de ver vantagem, até mesmo
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quando me observam pelo canto dos olhos. Quando isso
acontece, se tenho tempo, puxo conversa. Gosto de conhecer
novas pessoas e também que elas me conheçam. Já não sou o
adolescente amedrontado que se esconde para ser aceito.
Sou o primogênito de três irmãos. O filho desejado e
festejado pelos meus pais, um casal apaixonado que colocou o
amor acima do preconceito social que separa as pessoas em
grupos dos mais e dos menos afortunados.
Minha mãe é herdeira de um tradicional colégio
paulistano, meu pai advogado. Aos olhos dos meus avós
maternos, um relacionamento desigual. Teria papai, após o
casamento, condições de oferecer à mamãe o mesmo padrão
de vida que ela estava acostumada a ter? Mamãe, que já era
uma mulher empoderada muito antes de o termo se
popularizar, não teve dúvidas ao escolher começar uma nova
história ao lado de papai. A decisão incluía morar em um
apartamento simples, tão compacto quanto o orçamento
doméstico. Faltava espaço, sobrava amor. Cresci cercado de
afeto.
Meus pais são protagonistas de uma linda história de
amor, superação e sucesso. Eles trabalharam firmes todos os
dias e nada nos faltou.
Lá em casa era assim: enquanto mamãe, pedagoga e
psicopedagoga, cuidava para que tivéssemos acesso à uma boa
educação, papai se responsabilizava pela nossa cidadania,
zelando para que fôssemos boas pessoas. Sou apaixonado
pelos meus pais e grato pela maneira como me conduziram na
vida. Oxalá os abençoe por isso!
Meus primeiros anos de existência não foram muito
bons em relação à saúde. Em alguns momentos a vida parecia
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se esvair do meu corpo e muitas foram as vezes que meus pais
imploraram a Oxalá por um milagre. Concedido. Estou vivo e
viver é uma extraordinária aventura.
Além dos problemas de saúde, tive na infância algumas
dificuldades, entre elas, aprender a andar de bicicleta e a jogar
futebol. Sempre que as crianças se reuniam em torno de uma
bola de futebol, eu me afastava e buscava distraidamente,
outra forma de ocupar meu tempo. No início meu pai
estranhou meu comportamento. -Como pode um menino não
gostar de futebol?- deve ter pensando. Depois ele entendeu e
passou a me acompanhar e a valorizar minhas descobertas.
Mamãe, que sempre trabalhou na área da educação,
percebeu logo cedo que minha distração poderia estar
associada a algum distúrbio neurológico, o que se confirmou na
fase da alfabetização, quando fui diagnosticado como disléxico
e o que era – e é – para boa parte das famílias um problema, a
minha encarou com naturalidade e, a partir da confirmação do
diagnóstico, o desafio foi fazer com que eu respondesse de
maneira positiva ao planejamento educacional, que visou
estimular meu potencial intelectual e cognitivo sem que me
sentisse pressionado ou achasse enfadonho. A rotina de estudo
ocupava boa parte do meu dia. Na parte da manhã,
frequentava o Colégio Paulicéia, famoso por ser uma escola
inclusiva e, à tarde, recebia reforço de uma equipe
interdisciplinar.
Apesar da assistência familiar e profissional, durante
muito tempo lutei para que a dislexia não me roubasse de mim
mesmo.
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SOMOS MAIORES QUE OS NOSSOS MEDOS
Durante todo o ensino fundamental, contei com a
proteção da minha família e com a cumplicidade dos
educadores do Colégio Pauliceia, que faziam o possível para
que me sentisse seguro. Ao concluir o fundamental II, precisei
mudar de escola porque o Colégio Pauliceia não tinha o ensino
médio. Inicialmente meus pais encontraram uma escola com
proposta inclusiva, só que não o era na prática. Foram tempos
difíceis aqueles. Permaneci pouco tempo na escola e diante da
insistência de ir para uma escola comum, eles acabaram por
ceder, apesar de o mundo não ser um lugar seguro, devem ter
pensado. Eles tinham razão.
Penso que tudo que vivi nessa fase da minha vida tenha
sido preponderante para que minha avó e minha mãe
enfrentassem um novo desafio e abrissem o ensino médio no
Colégio Pauliceia. Sinto-me orgulhoso, pois muitos jovens,
incluindo eu, poderiam e podem concluir a educação básica
numa escola inclusiva de verdade.
Entre 14 e 16 anos, o bullying sofrido na infância passou
a ser irrelevante diante das novas brincadeiras das quais eu era
personagem principal. Nos trabalhos escolares e nas
brincadeiras no intervalo, eu era sempre o último a ser
escolhido. A dislexia minava todas as minhas qualidades e eu,
na ânsia de ser aceito, me esforçava cada vez mais para
acompanhar o ritmo dos professores e dos alunos.
– Abram o livro na página 36, parágrafo 5, linha 3.
– Ei, eu tenho um defeito, minha mente tem um delay. –
gostaria de dizer.
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“Para que me expor ainda mais?”, eu pensava em
seguida e a única alternativa era tentar encontrar no meu livro
encantado todas aquelas informações, disfarçando ao máximo
para meus colegas não perceberem que eu estava perdido.
Sem sucesso. Eu ainda estava tentando entender a pergunta,
enquanto o restante da classe começava a acompanhar a
leitura. Nessas ocasiões, meu rosto queimava, os risinhos
sussurrados eram por minha causa. Mais uma vez eu estava
sendo um péssimo aluno. A sensação de que, por mais que me
esforçasse, nunca seria capaz de mudar aquela situação, me
matava aos poucos. Até que um dia, fechei o punho.
Era hora do intervalo. Estava com o lanche na mão
quando um colega o pegou, jogou no chão e pisou em cima. Foi
a primeira vez que reagi. Naquele e nos dias seguintes, não se
falou em outra coisa na escola.
– Quero ver alguém aqui zoar com ele novamente! –
diziam uns.
– Eu nunca imaginei que ele pudesse reagir com tanta
violência! – diziam outros.
O problema da passividade imposta é o mesmo de um
copo cheio, quando alguém, ignorando sua capacidade, insiste
em continuar pondo líquido. Vai transbordar.
Ter reagido foi libertador e assustador ao mesmo
tempo. Naquele dia aprendi duas importantes lições: a primeira
foi que agredir não é uma boa maneira de manifestar
descontentamento, e a segunda foi que eu poderia usar a
popularidade para falar abertamente sobre o meu defeito, a
dislexia. E não é que deu certo!
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Assumir que eu era disléxico foi importante para que as
pessoas percebessem que eu tinha outras habilidades, como
por exemplo, boa oralidade, espírito de liderança e bom
desempenho esportivo.
NÃO ABRA MÃO DA SUA IDENTIDADE – TRANSFORME DEFEITO
EM QUALIDADE
O medo de ser diferente faz com que a gente, na ânsia
de se proteger, construa muros em torno de nós mesmos.
– Se eu não me mostrar, não vão me enxergar. –
pensava.
A solidão sufoca. Sem janelas ou portas, vai chegar um
momento em que o enclausuramento se tornará asfixiante e a
única maneira de voltar a respirar, será derrubando as paredes.
Não há a menor chance de você ser alguém fugindo de você
mesmo! Sua essência esta intrinsicamente ligada ao seu
sucesso! Quem é você?
A maioria dos que nascem com defeitos como eu, têm
dificuldade em saber quem são. Durante a caminhada, é fácil se
perder, já reencontrar-se, é sempre um processo difícil e
doloroso, afinal como viver em uma sociedade que exclui os
que nascem fora do padrão? Anular-se é sempre a primeira
alternativa.
– Quem quer ser amigo de um menino que não sabe ler
e escrever? – eu pensava.
Durante um bom tempo, o medo me impediu de expor
meus sentimentos, limitando meu ciclo de amizade e
excluindo-me de grupos de bate-papo.
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SOBRE O MEDO – CONHECENDO O INIMIGO
O medo impõe barreiras. Durante alguns anos, meus
esforços foram direcionados para ações que camuflassem a
dificuldade que eu tinha para ler e escrever. E eu era tão bom
em tantas outras coisas...
Quando a gente tem medo, tende a valorizar tanto o
problema que, por mais irrelevante que ele seja, acaba
ganhando proporções gigantescas. A gente esquece que tem
outras potencialidades e tudo passa a girar em torno daquela
única inabilidade.
O medo nos limita, rouba nossos sonhos, enfraquece
nossas crenças, minando nossas esperanças. Todos os dias
alguém tenta nos amedrontar, colocando-nos em situação de
vulnerabilidade. Uma pessoa intimidada tem mais
probabilidade de ser manipulada. E quer situação pior que a
falsificação da realidade?
Durante o tempo em que permiti que a dislexia me
roubasse de mim mesmo, aonde quer que fosse, estava sempre
de sobreaviso para não correr o risco de ser descoberto, agindo
como se tivesse uma doença contagiosa e precisasse preservar
as pessoas de mim, evitando que tocassem em minhas feridas.
Na época, eu não sabia que o perigo era me esconder de mim
mesmo.
SUPERAÇÃO – FOCANDO NO SIGNIFICADO DA PALAVRA
Aceitar quem somos, entender nossas deficiências,
valorizar nossas QUALIDADES e INVESTIR em nossas
POTENCIALIDADES. Esses são os desafios de quem faz parte do
grupo dos diferentes, dos que não fazem parte do padrão pré-
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estabelecido pela sociedade. E isso é fantástico. Sugiro que
você recorte a frase a seguir e cole no espelho da sua casa.
O que supostamente nos diferencia é a nossa melhor
e mais importante ferramenta de crescimento
humano e profissional.
Pense sobre isso! A diferença que temos pode - e deve -
ser usada a nosso favor Graças a ela temos uma serie de
ferramentas que podem nos auxiliar e direitos que nos
resguardam. Invista nas ferramentas para se capacitar e
procure conhecer seus direitos para se proteger. Nenhuma
incapacidade pode ser maior que nossos sonhos. Para escrever
esse livro, por exemplo, contei com a colaboração de uma
profissional ghost whiter, que me ajudou a organizar as
palavras no papel. Até pouco tempo, eu não sabia da existência
desse tipo de profissional e me surpreendi ao saber que
grandes escritores contam com a ajuda deles. Na minha
jornada uma coisa é muito clara para mim: não somos
autossuficientes. Nem os nascidos, supostamente sem defeitos
o são. Então, se você tem um sonho, saiba que ele está acima
da sua dificuldade e se não estiver, peça ajuda. Permita-se ser
surpreendido.
Nas páginas seguintes, escreverei sobre como me
libertei do medo. Narrarei também fatos relacionados à minha
vida pessoal que foram importantes para a construção do ser
humano que sou hoje. Esse não é um livro para falar sobre a
dislexia. É um livro para compartilhar com todos as estratégias
que usei para transformar um defeito em uma ferramenta de
superação e transformação. Espero, com ele, ajudar pessoas a
derrubarem seus muros e se libertarem dos rótulos e
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paradigmas que os impendem de serem fortes, bem-sucedidos
e realizados, tanto na vida pessoal quanto profissional.
PRIMEIRO PASSO
ACEITE-SE – A ACEITAÇÃO FAZ COM QUE VOCÊ TENHA
RESPEITO POR SI MESMO
Ninguém pode dar o que não tem. Penso que Oxalá me
abençoou, permitindo que nascesse em uma família de
educadores que não mediram esforços para que eu recebesse a
atenção e o acompanhamento necessários, a fim de que a
dislexia não roubasse meu futuro. Hoje, ao revisitar o passado,
percebo que não havia ironia no fato de eu, disléxico, nascer
em uma família de educadores. Percebo que Oxalá me colocou
no lugar certo. Talvez o desejo Dele seja mostrar que todos
nascemos com POTENCIALIDADE – uma característica - e com
um PROPÓSITO – um desígnio, substantivos que estão acima
das diferenças que nos separam. Já vi pessoas supostamente
diferentes, fazerem coisas excepcionais. Hoje, percebo que sou
uma delas. Não pense que estou sendo narcisista ou coisa do
tipo. Amo o que faço e, mais ainda, o reflexo que minhas ações
geram nas pessoas e isso me faz sentir muito orgulho de mim
mesmo.
Meu propósito de vida, por exemplo, está
intrinsicamente ligado ao meu defeito. Trabalho em prol de
pessoas com deficiências físicas e intelectuais, muitos vivendo
em situação de vulnerabilidade social e sei exatamente como
elas se sentem. Olha que benção recebi ao nascer! Eu não
preciso me colocar no lugar delas para sentir o que sentem,
porque também nasci diferente. E a diferença, quando
avaliada sob o ponto de vista do otimista, e te aconselho a ser
um deles, faz de nós seres humanos melhores.
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Na minha família, sempre foi comum termos empatia
pelo outro, então, na escola, eu sempre estava ao lado de
pessoas que potencialmente poderiam ser excluídas como eu
fui. A gente meio que se protegia, principalmente nos
intervalos.
TURMA DE RETARDADOS,
TURMA DE BURROS
TURMA DOS ESQUISITOS
Claro que não era legal ser rotulado de tantos adjetivos
negativos.
Quando agredi o garoto na escola, percebi que a única
maneira de conseguir que me ouvissem era sendo o mais forte.
Fiz dietas malucas, ganhei músculos. A partir daquele dia,
ninguém mais ousava mexer comigo. Mas o respeito que eu
havia conquistado nos intervalos não impedia os risinhos
sarcásticos dentro da sala de aula. Até que um dia, uma
professora substituta apareceu. Pedi para falar com ela:
– Professora, gostaria de pedir antecipadamente
desculpas pela minha letra e por possíveis erros gramaticais nos
trabalhos. É que sou disléxico...
Ela me olhou da maneira mais generosa do mundo e disse:
– Que gracinha! Você sabia que pode pedir para fazer
prova oral em vez de escrita...blá, blá, blá....
Transportei-me. Na minha mente eu estava diante de
uma paisagem de magnifica beleza, limpa, como em uma tela
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de alta resolução. Sei disso porque um véu branco e translúcido
que cobria meus olhos caiu meio que em câmara lenta.
E tinha direitos. Eu sabia que tinha direitos, mas até
então me faltava coragem de os requerer. Eu almejava tanto
ser como os demais, que esqueci completamente dos direitos
assegurados aos diferentes como eu.
Nunca mais fiz prova escrita. Nos trabalhos escritos,
escolhia os grupos em que a maioria tinha dificuldade ou não
gostava de apresentar os trabalhos. Foi assim que me formei
em duas faculdades. Claro que houve questionamento por
parte de educadores desinformados.
– Você tem mesmo dislexia ou está fingido?
Não os culpo, apesar de ter entrando em confronto com
alguns deles. Uma, inclusive, foi afastada do curso por minha
causa.
– Este é um curso de pedagogia e eu não admito erros
gramaticais... um erro e tiro 0,50 de ponto, dois erros...– disse a
professora no primeiro dia de aula.
– Professora, – levantei o braço para que ela me
localizasse rapidamente – assim não vou ter a mínima chance
de passar na sua matéria...
A conversa não foi das mais amigáveis. A professora de
currículo invejável, não tinha nenhuma noção sobre dislexia.
Meu histórico no curso foi fundamental para que uma nova
profissional assumisse a disciplina.
O diferente deve ter atitude e posicionamento. Claro
que eu não gostei de ter exposto aquela educadora para a
classe, mas ela não me deu outra saída. Era a falta de
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conhecimento e informação dela, contra meus direitos e meu
futuro. Alguém precisava ganhar, ninguém saiu perdendo. Ela,
tenho certeza, foi atrás de informações sobre o tema e eu
ganhei a chance de introduzir a dislexia na grande curricular do
curso. É grande o número de adolescentes com dislexia que
desistem da escola por medo de confessar que as palavras
dançam sempre que tentam ler um livro, que existem delays
entre as perguntas feitas, a assimilação de cada palavra e as
respostas. E isso vale para números também.
Quanto mais pessoas souberem sobre a dislexia, mais
crianças irão com prazer para a escola e adolescentes chegarão
à faculdade. O conhecimento LIBERTA!
Formei-me em duas faculdades, Educação Física e
Pedagogia, fazendo prova oral. Não tenho certeza, mas talvez
eu seja o único pedagogo com dislexia do planeta, afinal, o
comum, infelizmente, é a criança não gostar da escola e desistir
dos estudos na primeira oportunidade que tiver. No meu caso,
o apoio familiar foi fundamental. Meus pais simplesmente não
queriam abrir mão de mim. A educação é o alicerce do
desenvolvimento humano e intelectual. Não é à toa que
afirmamos que o conhecimento liberta. Liberta os educadores
da ignorância, os alunos do medo e a sociedade do
preconceito.
Você deve estar pensando: – Pensar assim é fácil._ Você
tem razão, é fácil agora. No passado foi difícil pra caramba e
entre o difícil e o fácil, houve a libertação. E não existe
liberdade sem um preço.
O fato de eu ser herdeiro de uma família com tradição
na área educacional, de nada valeria se eu houvesse sucumbido
à dislexia. Sinto-me na obrigação de falar, principalmente para
23
as pessoas que se sentem diferentes: não desista de você, não
abra mão do futuro para o qual foi predestinado. Não se
esconda, não use sua deficiência como escudo, use como uma
arma. Quando você souber quem é, não terá dificuldade em
reconhecer o caminho que deseja seguir. Qual é o seu
problema? Qual é o seu defeito? Você sabe quais são os seus
direitos? Que tal pensar sobre isso agora. Na página seguinte
descreva qual é o seu defeito, em seguida relacione os seus
direitos, depois enumere quais direitos já tem garantidos e
quais precisa requerer. Se precisar de ajuda, tem meu contato
nas páginas finais desse livro.
24
MEUS DEFEITOS, MEUS DIREITOS
Fale sobre seus defeitos e como eles o impedem de frequentar
lugares, trabalhar e estudar.
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________
Quais são os seus direitos?
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________
Dos direitos relacionados acima, quais você já tem garantidos e
quais precisa conquistar?
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
_________________________________
OBS: Se você não sabe quais são os seus direitos, procure
orientação de um profissional.
25
APRENDENDO A SER ROTEIRISTA E ATOR NA PRÓPRIA HISTÓRIA
Agora que você já sabe que tem seus direitos, é
importante que saiba que também tem deveres e um deles é se
auto avaliar.
Como você se vê e como o mundo te enxerga?
Se não estiver satisfeito com o modo como as pessoas
te olham, avalie-se. Olhe-se no espelho. Aponte os pontos
fortes e os pontos francos que possui, em seguida faça uma
sinopse de como gostaria que as pessoas lhe vissem e, por
último, faça uma avaliação pessoal. Seja sincero: você está
usando o fato de ser diferente para ser o coitadinho, o
personagem incompreendido pelo resto do mundo, ou para ser
o protagonista? Perceba que os super-heróis, os mutantes mais
poderosos do planeta são diferentes, nasceram com defeitos.
Alguns passaram pela fase do patinho feio e só depois de
superar o bulling é que viraram super. Fora do universo Marvel,
a coisa é bem diferente, mas me anima a possibilidade de ser
um super da vida real. Gosto de pensar que pertenço a Liga da
Justiça!
Parte da sociedade não gosta de quem tem defeito. São
conhecidos como preconceituosos, são os vilões às vezes ricos
de dinheiro, sempre pobres de espírito. Usam seus poderes
para oprimir e não medem esforços para provar, o tempo todo,
o quanto são superiores. Gosto da versão que mostra que esses
vilões tiveram algum problema de aceitação em um
determinado momento da vida e, por raiva, frustração ou
necessidade de proteção acabaram como Darth Vader,
escolhendo o lado escuro da força. Atualmente temos vários
exemplos de Darth Vader no Brasil, principalmente no cenário
político. São pessoas que tinham tudo para fazer a diferença e
26
acabaram corrompendo-se. Sucumbiram ao lado escuro da
força. São homens sem honra. Talvez não tenham bem
definidos os seus valores. Nossos valores dizem muito sobre o
nosso caráter. Pensando nisso, vou propor um desafio. Na
página seguinte, relacione seus valores éticos e seus defeitos
morais. Se tiver dificuldade peça ajuda. Em seguida, enumere
as dificuldades de ser ético, levando em conta o grau de
dificuldade de cada um. Depois, circule quais defeitos morais
estão em conflito com seus valores. Nesse processo é bem
provável que precise de ajuda, então, selecione pessoas de seu
convívio familiar, social ou profissional e instituições que
podem ajudar você nesse momento.
27
EXÉRCICIO
COMO SABER DE QUE LADO DA “FORÇA” VOCÊ ESTÁ
Quais são os valores morais e éticos que regem sua vida?
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________
Partindo da premissa de que “somos réus e juízes de nós
mesmos”, responda sinceramente: Quais são seus defeitos
morais e éticos?
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________
No caso de conflito entre seus valores e seus defeitos, quem
pode te ajudar a encontrar o equilíbrio?
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________
28
NINGUÉM É PERFEITO
Todos nós temos defeitos. Tem aqueles que nascem
com defeitos físicos, que nascem com problemas intelectuais,
os que nascem com algum tipo de déficit... Entre todos os
defeitos, o pior é o defeito de caráter. E se você não nasceu
com esse defeito, parabéns, você é um sortudo. O problema,
venho batendo nesse ponto o tempo todo, não é ser ou não
defeituoso e isso vale para os pais que têm filhos especiais, o
problema é a maneira como você se vende para as pessoas. Se
você não está satisfeito com a maneira como elas o veem,
mude.
Conheço muita gente que se surpreendeu ao descobrir
como as pessoas as enxergavam e na jornada do
autoconhecimento perceberam que haviam se boicotado em
várias ocasiões. Por medo ou por omissão, permitiram que seus
defeitos aparecessem mais que suas habilidades. Elas perderam
chances importantes de crescimento profissional. Quem vai
querer apostar em alguém que se apresenta como frágil e
inseguro em todas as situações de confronto? Na página
seguinte, proponho um novo desafio.
29
EXÉRCICIO
COMO FAZER COM QUE MINHAS HABILIDADES APAREÇAM
MAIS QUE MEUS DEFEITOS
Relacione suas habilidades.
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________
Relacione seus principais defeitos.
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________
Como você acha que pode reforçar suas habilidades?
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________
Em caso de precisar de ajuda, quais amigos, profissionais e/ou
instituições deve pedir apoio?
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________
30
PERTENCIMENTO
SE VOCÊ SABE QUEM É, SABERÁ PARA ONDE IR
Na maioria das vezes, combatemos inimigos externos
sem saber que o maior vilão está dentro de nós mesmos. Passei
anos lutando contra mim mesmo. Nasci com defeito e nada
poderia, ou pode, mudar isso. Então, diante do impossível, a
saída, muitas vezes, foi encontrar alternativas que
despertassem minhas potencialidades. Quando a gente
enfrenta os desafios, o improvável acontece.
Quando aceitamos quem somos, fica mais fácil
identificar e investir em nossas potencialidades e ter
assegurado nossos direitos. Se eu não assumisse a dislexia,
como poderia requerer o direito de fazer prova oral nas duas
faculdades em que me formei? Quando assumimos quem
somos, nossos pontos francos perdem força e sem muletas,
não nos resta alternativa que não seja encontrar o equilíbrio.
O autoconhecimento é fundamental nesse processo.
Ninguém será capaz de amar o outro se não se amar primeiro.
E se amar significa se conhecer, confrontar-se, aceitar-se. E
esse pode ser o processo de resiliência que te levará à jornada
extraordinária do autoconhecimento. Quando você tiver
orgulho de quem é. Quando entender que possui habilidades
que estão acima dos seus defeitos, será capaz de fazer coisas
excepcionais.
APRENDENDO A SER DO TAMANHO DOS SEUS SONHOS
Conforme relatei anteriormente, não joguei futebol
durante a infância e continuei não jogando durante parte da
adolescência. Estava tão ocupado em provar que podia ler e
31
escrever como meus colegas, que quase abri mão de alguns
sonhos.
Como não conseguia entender todas aquelas regras e
me adaptar às marcações, preferia procurar insetos no em
torno dos campos das peladas. Tive a sorte de ter amigos que
são excepcionais no esporte, de um deles sou fã de carteirinha
até hoje. Somos amigos de infância e Frederico sempre foi um
jogador acima da média e de tanto admirá-lo, quis ser como
ele. Eu tinha entre 15 e 16 anos.
– Cara, me ensina a jogar? Se eu aprender 5% do que
você sabe, me dou por contente.
– Você será tão bom quanto eu! – ele disse sorrindo.
Bom, um ano depois, em 1999, eu estava na Europa
jogando futebol numa copa estudantil. Foi uma experiência
incrível. O Frederico é um cara de um coração incrível, sempre
que a gente dividia times para jogar, claro que todo mundo
queria ele no time, mas Frederico, com seu enorme coração,
dizia: – Eu jogo em qualquer time, desde que seja com o Mario.
Minha carreira de jogador de futebol durou pouco.
Fracassei. Eu continuava tendo dificuldades com as marcações
e decorar as jogadas era bem complexo – lembra que falei do
delay? - um contrassenso, porque amava o gramado, a vibração
dos vestiários e da torcida. Terminado o campeonato, voltei
para o Brasil. Na época, o Colégio Paulicéia já participava de
campeonatos de basquete e fui trabalhar como auxiliar técnico.
Um dia, conversando com o técnico, decidimos completar
nosso time convidando atletas de destaques de clubes e
colégios com tradição esportiva, para compor nossa equipe. A
condição para esse aluno/atleta vir para o Colégio Paulicéia, foi
assumir o compromisso de estimular todos os alunos,
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promovendo, assim, a inclusão pelo esporte. Deu tão certo, que
ganhamos nosso primeiro campeonato em 2001.
O esporte está intrinsecamente ligado à filosofia do
Colégio Pauliceia, conhecido por ser uma escola inclusiva e
havia, às quintas-feiras, aulas para atletas especiais. Sempre
que o professor precisava se ausentar, pedia para que o
substituísse. Que coisa incrível! Aquelas crianças e jovens com
todas as dificuldades advindas das deficiências que tinham,
eram fantásticos. Fácil amá-los, difícil não ter empatia por cada
um e, foi substituindo o professor, que descobri meu propósito
de vida: nasci para dar voz, resguardar e defender pessoas com
deficiência, mobilidade reduzida, defeitos, sejam quais forem, e
vulneráveis socialmente.
Para treiná-los precisei me treinar primeiro. Era preciso
estar à altura do profissional que eles precisavam que eu fosse
e, quando assumi o posto de técnico, chamei um dos meus
melhores atletas e pedi para que ele me ajudasse a desenhar
um campo com atletas posicionados, como uma espécie de
mapa do tesouro das principais jogadas.
Foram meses de muito aprendizado e de uma
importante descoberta: eu finalmente pertencia a um grupo e
por ele seria capaz de qualquer coisa, mesmo que qualquer
coisa significasse sair no tapa com quem ousasse mexer com
eles.
O esporte vai além da competição, tem o desafio, o
poder de unir pessoas, ensina como lidar com as perdas, a tirar
lição do fracasso e a saborear, com moderação, a vitória, que é
temporária. O fato de não sermos sempre vencedores é
importante também fora dos gramados. Um dia você ganha no
outro perde. Faz parte!
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Trabalhei com atletas de todos os níveis. Atletas
perfeitos e atletas com defeitos. Aprendi muito com todos eles.
O PODER ESTÁ NA SUPERAÇÃO
Duas situações me fizeram refletir sobre o verdadeiro
significado da palavra superação. Em um deles, após uma
partida, o pai de um garoto com um potencial incrível dentro
das quadras, me abordou questionando o número de pontos
que o filho havia feito na partida. Ele não admitia que o filho
não tivesse alcançado determinada pontuação e exigia que eu
reavaliasse o resultado. Em um determinado momento,
precisei alterar o timbre de voz para que aquele pai entendesse
que seu filho “perfeito” não perdia os méritos que tinha como
atleta por ter feito menos ou mais pontos naquele jogo que,
com certeza, não seria o último, nem o mais importante de sua
vida.
Em outra ocasião, levei um time formado por jovens
com deficiência para um campeonato que aconteceria num
final de semana, em um município do estado de São Paulo. Os
pais pareciam mais ansiosos que os filhos, afinal, estávamos
acostumados a zelar por eles. Para nós, educadores, o desafio
era fazer que todos tivessem mobilidade e independência. Não
foi um final de semana tranquilo para os atletas que, longe de
suas famílias, tiveram que lidar com suas limitações.
Naquele final de semana, um dos nossos melhores
atletas convulsionou. Foi triste assisti-lo se contrair de modo
doloroso. A crise convulsiva acabou comprometendo o
desempenho dele e tivemos que desligá-lo do time. Ao retornar
para casa, o atleta disse para o pai que aquele havia sido o
melhor final de semana de sua vida. Ele não havia competido,
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não tinha ganho medalhas, sequer teve oportunidade de
competir. Ele estava feliz pelo simples fato de ter sido escalado.
Outro pai, ao saber que o filho havia ido ao banheiro
sozinho, chorou. A felicidade era tanta que não coube dentro
dele. Para aqueles pais e filhos, não importava os pontos
ganhos ou perdidos. Aquele havia sido o campeonato da
superação e nenhum troféu seria mais importante do que saber
que todos haviam superado seus próprios limites.
Você quer superar seus limites? Se estiver disposto de verdade terá que se expor, aprender a lidar com suas deficiências.
Vou propor um novo desafio e, para isso, vamos usar o método brainstorming, técnica de discussão em grupo que se vale da contribuição espontânea de ideias por parte de todos os participantes, no intuito de resolver algum problema ou dar à luz uma brilhante ideia. Na página a seguir, relacione suas limitações. Não tenha medo de ser sincero. Depois, abaixo de cada uma delas, diga como gostaria de superá-las, em seguida, escolha uma das limitações e reserve um dia na sua agenda para superá-la. Você irá se surpreender com o resultado.
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EXERCÍCIO DA SUPERAÇÃO
Relacione suas limitações.
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Como você gostaria de superá-las?
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Qual limitação você quer superar primeiro e como gostaria que
isso acontecesse?
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Agende sua superação.
Data:____________Hora:___________________________
Local: ___________________________________________
Se precisar de ajuda, quem deve convidar para torcer por você?
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SAINDO DAS SOMBRAS PARA SER LUZ
Quem é você no livro da vida? Que tipo de história você
esta escrevendo? Qual é a sua marca? Qual é o seu legado?
Só você pode escrever a sua história. Quem está ao seu
lado até pode, se for preciso ou generoso, acrescentar um
parágrafo, sugerir um ponto final para uma sentença que teima
em se prolongar, substituir palavras. Mas quando o assunto é a
nossa vida, é só isso que as pessoas devem fazer. Ninguém
deve assumir o controle da vida do outro. Cada um é roteirista
e protagonista da própria história, independente de ser ou não
supostamente diferente. Uso o adjetivo falso, suposto,
propositalmente por achar que ser diferente pode ser uma
qualidade e agregar valor à sua história, assim como agregou à
minha.
A vida é resultado das escolhas que fazemos. É verdade
que, em alguns momentos, iremos nos deparar com uma
bifurcação na estrada e, nessas horas, mesmo com delay você
vai ter que decidir se seguirá pela esquerda ou pela direita.
Você sabe para onde está indo? Na dúvida, o motorista
precavido vai recorrer ao mapa dos arredores, observar as
condições da estrada, a periculosidade do trecho, o tempo que
dispõe, a meteorologia. O motorista desavisado fará uma
escolha aleatória e se não chegar ao destino culpará o GPS, o
clima, a informante da estrada. A maneira como você se porta
nas situações difíceis revela muito sobre você. A vida não é
como naqueles joguinhos de certo ou errado, que podemos
repetir quantas vezes quisermos para atingir a pontuação ideal.
A vida real é como um programa de televisão ao vivo, errou,
pede desculpas e continua seguindo a pauta. O perigo de errar
novamente vai existir. A vida permite erros. É sábio aquele que
erra, reconhece o erro e pede desculpas. Quem faz isso com
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honestidade, com o passar do tempo, errará mesmo e terá
feito mais amigos.
Errar menos significa se colocar no lugar do outro com
mais frequência. Saber quais são as coisas que podemos e quais
não podemos mudar é importante, tanto do ponto de vista
pessoal, quanto social e político.
Não podemos evitar erros. Isso é fato. Mas podemos
diminuir a quantidade de vezes que erramos, principalmente
quando eles são do tipo que magoam pessoas que amamos e
que nos amam. A falta de habilidade para lidar com situações
que distorcem quem somos, é como o termostato de uma
empresa de energia, que vai explodir em caso de aquecimento
anormal. Ele começa oscilando no verde, depois vai para o
amarelo e quando está no vermelho raramente se consegue
evitar a explosão.
Nas ações sociais que realizo, encontro muitas pessoas
que foram atingidas pelo termostato da vida. Elas estão
machucadas e furiosas. Não conseguiram controlar as emoções
e acabaram por perder a dignidade. E, pasmem, entre eles,
estão pessoas com e sem defeitos de nascença do tipo que
podemos apontar. Quando questionadas sobre como chegaram
até o fundo do poço, a maioria apresenta pequenos fragmentos
borrados e amarelados. Perderam-se de si mesmas. Não
permita que isso aconteça com você. Aproveito o tema para
propor dois exercícios. A proposta do primeiro é que descreva
como verdadeiramente você é, e do segundo é avaliar os
códigos que você utiliza para transmitir com veracidade
informações sobre você e isso inclui falar sobre seus defeitos,
habilidades e valores éticos e morais.
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Sabendo quem você é, o risco de se perder de si mesmo
durante a jornada que te levará a realização dos teus sonhos, é
bem menor.
EXÉRCIO DO AUTOCONHECIMENTO
Quem é você? Responda com sinceridade. Não é um exercício
de autoimagem, mas, se precisar, use um espelho para se ver
enquanto se descreve.
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A maneira como as pessoas nos veem é importante. Queremos
dizer o contrário quando afirmamos que não nos importamos.
No exercício seguinte, responda verdadeiramente as perguntas
e ao final, coloque-se no lugar das pessoas que convivem com
você. Se sentir-se confortável, parabéns, caso contrário, reveja
a maneira como lida com o mundo a sua volta.
EXERCÍCIO
COMO EU SOU E COMO AS PESSOAS ME ENXERGAM
Agora que você sabe quem é, que tipo de imagem quer
transmitir para as pessoas?
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As pessoas estão fazendo a leitura correta da imagem que você
quer transmitir? Não se limite ao sim ou não. Justifique sua
resposta.
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Caso a imagem que elas têm de você esteja dissociada da
pessoa que você realmente é, o que faz para reverter a
situação?
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Eu não sei qual foi a sua resposta. Se quiser dividi-la
comigo, tem um e-mail de contato ao final do texto. Mas
adianto que parte da culpa é sua. É bem provável que você
esteja tão focado em mostrar quem é de verdade, que ignore
os códigos dos seus interlocutores. Um lembrete: os códigos
estão relacionados às suas crenças e aos seus valores. Um
exemplo: se você é vegetariano ou protetor dos animais, não
fica bem enviar currículo pedindo emprego em um açougue.
Vender carne animal está dentro do propósito dos donos do
comércio de carne vermelha e, por mais que se esforce, é
provável que não os convença a mudar de ramo.
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ACREDITE EM VOCÊ, SEMPRE!
Não tenha medo de ser quem você é. Nascer com
defeito nem sempre é uma punição. Acredite, eu tenho
propriedade para fazer essa afirmação. A maneira como você
lida com o defeito com que nasceu é a chave que abrirá todas
as portas, de todos os lugares que você sonhar em entrar.
Finalizo esse livro com uma afirmação que é como um mantra
para mim:
O MUNDO É NOSSO.
VAMOS BUSCÁ-LO.
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SOBRE O AUTOR
Mario Cesar Trunci de Marco é brasileiro, tem 38 anos, é
casado e pai de 2 filhos. É bacharel em Educação Física e
Pedagogia pela Universidade Paulista de São Paulo e se define
como um paulistano apaixonado por gente, um empresário
incansável com perfil empreendedor e um homem com um
coração gigante, que descobriu, logo cedo, que seu maior
propósito de vida, era trabalhar com inclusão social.
Adepto do conceito de liderança inspiradora, tem-se destacado
à frente de grandes equipes como líder habilidoso no
gerenciamento e desenvolvimento de planejamentos
estratégicos, que visam parcerias intersetoriais entre
organizações do Terceiro Setor e dos setores privado e público,
além da implementação de ações de marketing por meio de
mídia integrada com o objetivo de posicionar as organizações
do 3º Setor.
A jornada que o levou a se tornar um dos mais promissores
gestores educacionais de sua geração, foi pautada na ética e no
respeito às diferenças e as minorias, postura que faz dele um
gestor à frente do seu tempo.
NÃO PERMITA QUE ROUBEM SEUS SONHOS - Os desafios de viver
em uma sociedade que tem dificuldade em aceitar o diferente, é o
seu primeiro livro.
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CONTATO DIRETO COM O AUTOR
E-mail: [email protected]
WhastApp: (11) 99647-9186
Facebook/mariocesar.trunci
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Ele nasceu com dislexia, um distúrbio que afeta 15% da
população mundial e na ânsia de ser aceito no grupo dos
supostamente normais quase se perdeu de si mesmo.
Não Permita que Roubem seus Sonhos fala de superação, amor
próprio e autoconhecimento, nele o autor revela como fez para
que a dislexia não roubasse seus sonhos e seu futuro. Um livro
que deve ser lido por pais, educadores e por todas as pessoas
que se sentem excluídas pela sociedade por terem nascido com
“defeitos”.