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MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN<;:A COM TRANSTORNO DESAFIADOR OPOSITIVO - UM ESTUDO DE CASO Monografia apresentada para Obtenc30 do titulo de Especialistano Curso de P6s-Gradua~o em Psicopedagogia da Universidade Tuiuti do Parana. Orientadora: Ursula Marianne Simons. V CURITIBA ( 2004

MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

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Page 1: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

MARISOL ANGELOTTI AKSENEN

A CRIANltA COM TRANSTORNO DESAFIADOR OPOSITIVO - UM ESTUDO DE

CASO

Monografia apresentada para Obtenc30 do titulode Especialistano Curso de P6s-Gradua~o emPsicopedagogia da Universidade Tuiuti do ParanaOrientadora Ursula Marianne Simons

V CURITIBA(

2004

SUMARIO

RESUMO bull iii

1 INTRODU~AO bullbull 01

2 REFERENCIAL TEORICO bullbullbullbullbullbullbullbullbull 03

21 TRANSTORNO DESAFIADOR OPOSITIVO 03

211 Definiyao 03

212 Diagn6stico Diferencial

213 Influencias Familiares

22 A RELAcAO INDISCIPLINA X LlMITES - UM OBSTAcULO PARA

05

06

A APRENDIZAGEM 00

221 0 Papel da Familia 12

222 0 Papel da Escola 21

30 CASO DE UMA CRIANCA COM TRANSTORNO DESAFIADOR

OPOSITIVO bullbullbullbullbullbullbullbullbull 28

31 HIST6RICO DO CASO 28

32 EVOLU~Ao DO CASO

33 ANALISE DO CASO

30

33

4 ORIENTA~OES AOS PAIS bull 36

5 CONCLUSAO bull 48

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS bullbullbullbull 49

RESUMO

o transtorno desafiador opositivo tern tido grande prevalemcia entre criancas emidade pre-escolar e caracteriza-se pelo comportamento opositivo freqOente eintenso Este trabalho objetiva levantar quais as aspectos influenciam nocomportamento de uma crianya com transtorno desafiador opositivo A metodologiautilizada loi a pesquisa bibliogrfica exploratoria sabre a terna e estudo de caso deurna crian9a de 5 (cinco) anos com a diagnostico do relendo transtorno A lalta delimites esta intimamente relacionada a indisciplina das crianyas no contexte escolarPais e professores tern tido pouco preparo para lidar com 0 problema da indisciplinaou desobediemcia das crianyas A influEmcia dos familiares mais especificamentedos pais e notona no caso do transtorno desafiador opositivo Os principaisaspectos levantados na Iiteratura sao psicopatologia dos pais atitudes ineficazesdos pais e ruptura conjugal Oesta forma 0 tratamento deve envolver 0 treinamentoe onentavao dos pais no rnanejo de atitudes rnais adequadas e a trabalho com acrianca no sentido desta reap render a respeitar limites

iii

1 INTRODU~Ao

Crianyas em idade pre-escolar geralmente apresentam comportamentos

opositivQs mas existe urn limiar que define quando estas condutas deixam de ser

consideradas normais para a idade e passam a ser patol6gicas 0 transtorna

desafiador opositivo se caracteriza por condutas opositivas intensas e recorrentes

que nao cessam com 0 crescimento da crianrta

Varios aspectos podem influenciar no desenvolvimento do transtoma

desafiador opositivo As interaroes familiares estao intrinsecamente relacionadas ao

aparecimento do transtorno Questoes como a falta de limites e comportamentos

ineficazes dos pais entre Qutros influenciam na conduta da crian~ gerando

indisciplina e ate problemas de aprendizagem que se manifestam no contexte

escolar 0 tema indisciplina tern permeado a vida escolar E a principal queixa de

professores pais e todos aqueles que trabalham com crian9as

Objetiva-se levantar quais as principais aspectos que influenciam no

desenvolvirnento do transtorno desafiador opositivo e apresentar urn estudo de caso

referente a uma crianya de 5 (cinco) anos idade que apresenta 0 quadro Os

sintomas do transtorno desafiador opositivo constituem urn padrao de conduta

Pretende-se a) definir 0 transtomo desafiador opositivo b) pesquisar a relayao da

falta de limites com a indisciplina no contexte escolar c) levantar informayoes sobre

o relacionamento da crianca analisada com seus farniliares e com seus colegas de

escola d) orientar as pais no modo de agir com a crianya que apresente este tipo de

transtorno

A problematica gira em torno de descobrir quais atitudes dos pais podem

reforyar a desenvolvimento do transtomo desafiador opositivo 0 que levou a

2

pesquisa bibliografica exploratoria sobre os temas concernentes a pesquisa e ao

manejo terapeutico em relaC8oao transtorno desafiador opositivo em geral e em

especial ao caso apresentado

Tern side cada vez mais frequentes as queixas envolvendo comportamentos

opositivos das criancasOs pais nao sabem como lidar com 0 problema tao pouco

as professores estao preparados para enfrenta-Io Visa-se contribuir para 0

esclarecimento sabre 0 transtorno desafiador opositivo e orientar pais e professores

que se defrontarem com crianyas que apresentem tal diagnostico

3

2 REFERENCIAL TE6RICO

21 TRANSTORNO DESAFIADOR OPOSITIVO

211 Defini980

A defini9ao do reterido transtorno e a seguinte 0 transtorno desafiador

opositivo e urn padrao recorrente de comportamento negativista desafiador

desobediente e hostil para com figuras de autoridade (HANISH et ai 1999 p63)

A frequemcia e intensidade de comportamentos opositivos na crianltapode

justificar 0 diagn6slico de translorno desafiador opositivo Este Iranslorno tem sido

comum no inicio da infancia com condutas opositivas mais evidentes per volta dcs

seis anos de idade A identificayao e a tratamento precoces do transtomo desafiador

opositivo e recomendavel pois a inlensifica980 das condutas hostis podem evoluir

para comportamentos anti-sociais mais graves e desenvolvimento do transtorno de

conduta (HANISH et ai 1999)

HOLMES (199) descreve 0 Iranslorno desafiante oposicional como sendo

semelhante aos transtornos de conduta porem menes serios Os individuos com 0

transtorno desafiante oposicional sao caracteristicamente negativistas desafiadores

argumentativos e hostis Eles diferem das pessoas com outros transtornos de

conduta no sentido em que ao inves de atuar contra os outros eles sao ativamente

resistentes aos outros As criancas com transtorno desafiador oposicional tendem a

se descontrolar discutir com adultos recusar-se a fazer 0 que Ihes e dito e

intencionalmente fazer coisas para incomodar os outros

4

ALMEIDA et 81 (1996) destaca entre os disturbios psiquiatricos descritos no

DSM-IV eixo 1 que costumam ser diagnosticados pel a primeira vez na infancia ou

adolescencia 0 disturbio com provoca9lio e oposi9lio que deve ser diferenciado do

disturbio de conduta e de disturbios reativos a situa90es de estresse e de

comportamentos anti-sociais decorrentes de quadros pSicoticos como a mania

Segundo HANISH et 81 (1999) uma crianya para atender aos criterios

diagnosticos do transtorno desafiador opositivD deve apresentar no minima quatro

dos seguintes itens nurn periodo de aproximadamente seis meses

Crises de raiva

Discussao com as pais e outros adultos

Desobedimcia a regras e solicita90es dos adultos

Fazer coisas que aborrecem outras pessoas propositadamente

Acusar outras pessoas

Incomodar-se facilmente com as outros

Ficar com raiva e ressentimento

Ser vingativa ou maldosa

Quando pelo menos quatro das condutas acima estiverem freqOentemente

presentes em crian~asquando estes comportamentos nao sao tipicos da sua idade

e desenvolvimento e com prejuizo do funcianamento social escalar au acupacional

e diagnosticado 0 transtorno desafiador opositivo

5

212 Diagnostico Diferencial

Ressalta-se que 0 diagnostico de transtorno desafiador opositivo naD deve ser

dado se forem preenchidos os criterios de transtorno de conduta ou quando os

comportamentos opositivos ocorrerem somente durante urn transtorno de humor au

psicotico (HANISH et ai 1999)

Em rela9ao a diferencia9ao entre 0 transtomo desafiador opositivo e 0

transtorno de conduta HANISH et al (1999 p64) ressalta

C ) urn fator que diferencia 0 transtoma desafiador opositivo e 0 transtomo deconduta e 0 fata de que esle ultimo envolve a nao-considera~o e 0 desrespeito pelodireito dos Quiros () As crian~s com transtomo de conduta norrnalmente ternpouca au nenhuma preocupa980 em rela9secto ao impacto de sua conduta sabre asQutros ( ) Traduzindo em termos cognitivos as criancas com transloma de condutaparecem pensar pouco sabre as conseqOmcias de suas atitudes e apresentammenor habilidade de raciocinio moral enquanto as criancas com transtomodesafiador opositivo apresentam pouca habilidade de resolucao de problemas etentam utilizar a oposicao como fonna de coercaode condutas em especial de outraspessoas significativas (per exemple os pais)

Outra diferenciacao importante e entre 0 transtorno desafiador opositivo e 0

desafio e a oposi9ilo normal da idade 0 que acontece em crian9as normal mente no

periodo pre-escolar No caso do desenvolvimento normal da crianca os

comportamentos opositivos tern seu pico no inicio da inffmcia e diminuem com 0

tempo aqueles que caracterizam 0 transtorno desafiador opositivo continuam e

pioram com a idade (HANISH el ai 1999)

o disturbio de conduta ocorre em 3 a 7 das criancas e adolescentes com

predominancia na adolescencia e no sexo masculino Os sintomas costumam

aparecer entre 0 inicio da infancia e puberdade e costumam persistir ate a idade

adulta As principais conseqOencias na idade adulta envolvem abuso de drogas

6

discordia conjugal dificuldade em arrumar emprego prisao e morte prematura

violenta (ALMEIDA et ai 1996)

Os sintomas do transtorno de conduta giram em torna de um padrao

persistente de maus comportamentos no qual 0 individuo infringe regras e viola 0

direito dos outros e geralmente ultrapassam a idade infantil mantendo 0

comportamento disruptivo e criminoso mais tarde na vida (HOLMES 1997)

o disturbio de conduta se caracteriza par urn comportamento anti-social

persistente As crian9as tendem a mentir roubar faltar as aulas sem motivD se

envolver em hrigas constantemente fugir de casa agredir fisicamente os Qutros ser

cruel com pessoas e animais destruir propriedades alheias de forma deliberada

apresentar baixo rendimento escolar problemas de relacionamento com as colegas

e em casas mais intensas assaltar a mao armada cometer estupros e homicidias

(ALMEIDA et ai 1996)

213 Influencias Familiares

o papel da familia particularmente os pais pode influenciar 0

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo KRUESI e TOLAN citados por

HANISH et al (1999) identificam tres caracteristicas dos pais que tendem a

aumentar a probabilidade do aparecimento do transtorno desafiador opositivo e que

devem ser levadas em conta na formulaao do tratamento Sao elas pSicopatologia

dos pais praticas ineficazes dos pais e ruptura do casal

Como pSicopatologia dos pais encontramos principalmente 0 transtorno anti-

social de personalidade aiEimde outras formas como 0 uso de drogas e depressao

e varcfwes importantes como a maternidade na adolesceuromcia Na casa do transtarno

t~roj ~Slbullbullbullbullbullh

8MIl

anti-social nos palS e passivel a necessldade de Intervencao pOlS podem Interfenr

7

nas tentativas de modificar as praticas de manejo da conduta da crianl utilizadas

pelos pais (HANISH et ai 1999)

Algumas praticas ineficazes dos pais como as interacoes familiares

coercitivas tambem favorecem 0 desenvolvimento do transtorno desafiador

opositivo pois tendem a estar associadas a condutas opositivas desafiadoras e

hostis Segundo HANISH et al (1999 p65) diversos padr6es especificos de

interac6es familia res diferenciam as crian~s opositivas das nao-opositivas Par

exemplo as pais de criancas que naD obedecem tendem a refonar a conduta

opositiva e a ignorar DU punir as condutas sociais positivas ( ) Descobriu-se

tambem que eles sao mais criticos do que as pais de crianC8s que obedecem

Desta forma pais que impoem regras restritivas e fazem afirma90es amea9adoras

hostis e humilhantes favorecem as condutas opositivas dos filhos Em alguns

casas a conduta opositiva pede ser devida a disciplina inconsistente resultante do

medo e ansiedade dos pais em rela9ao ao fato de imporem limites ou san90es ()

muitos desses pais abusam de seus filhos ou os negligenciam (HANISH et ai

1999 p66) 0 comportamento opositivo das crian9as entao podem ter relacaocom

as interacoes familiares criticas conflituadas inconsistentes punitivas au

coercitivas

Os problemas conjugais tambem influenciam no aparecimenta do transtorno

desafiador opositivo e portanto devem ser considerados no plano de tratamento

() a evidmcia indica que as brigas conjugais apontam para a conduta disruptiva e

de nao-obediencia nas criancas Essa relacaoparece ser mais forte quando as pais

expressam hostilidade abertamente do que quando eles expressam uma

8

insatisfaao geral e e mais pronunciada em meninos do que em meninas (HANISH

et aI 1999 p66)

HOLMES (1997) considera de risco os fatores que aumentam a probabilidade

de uma crian9a desenvolver disturbios emocionais ou comportamentais Os fatares

de risco podem incluir caracteristicas biol6gicas (perinatais) geneticas lamiliares

(pais com disturbios psiquiatricos criminalidade paterna disc6rdia conjugal grave

estresse familiar cranico) caracteristicas sociais (nivel s6cio-economico baixo)

Porem HOLMES (1997) destaca que mesmo sob condi90es adversas como

estresse e privacaoha crianyas capazes de S8 desenvolverem satisfatoriamente em

nivel emocional e social

No tratamento deve-s8 avaliar case a caso e muitas vezes avaliar 0

fundamento cognitiv~ da conduta dos pais para ptanejar urn tratamento familiar

adequado Pelo lato de as cren98s dos pais desempenharem um papel importante

no seu comportamento bern como no de seus ftlhos e importante entender em que

medida essas crencasestao envolvidas na determina980 da pSicopatologia dos pais

da paternidade coercitiva e inconsistente e da discordia conjugal e como esses

latores podem aletar a crian98 (HANISH et aI 1999 p66) Ou seja 0 tratamento

do transtorno desafiador opositivo deve envolver 0 treinamento dos pais nas

habilidades de manejo adequado e a modificaao de suas cren9as no que tange ao

manejo da conduta No treinamento dos pais deve-se focar 0 aumento da conduta

positiva e diminuiyao da negativa na crian~ ensinando-se aos pais principios do

aprendizado social e habilidades de manejo da conduta e de resolu980 de

problemas

9

22 A RELACAO INDISCIPLINA x LlMITES - UM OBSTAcULO PARA A

APRENDIZAGEM

A questao da disciplina envolve varias faces de um problema E necessario

desenvolver uma visao sistemica e analisar par todos as o3n9u105 aluno escola

familia sociedade A motiva9ao e um fator fundamental para que 0 aluno seja bem

sucedido no sistema escolar permanecendo no mesmo e realizando as tarefas

necessarias para 0 seu conhecimento e aprendizagem Considera-se que 0 sucesso

dos filhos no sistema educacional decorre entre Qutras eoisas da motivacaoque as

familias conseguiram despertar neles em relacaoa instituicao

o problema indisciplina pode ser entendido como conseqOeuromciade um leque

de situa90es vividas em familia pais inseguros quanto a colocar ou nao Iimites

relacionamentos tensos entre pais excesso de zelo para reparar a culpa por ter que

deixar a criancaprivada do cantata com as pais que trabalham fora criancas que

passam a maior parte do tempo em frente da TV ou na rua com Qutras criancas

sofrendo tode tipo de influencias prejudiciais a sua educacao pais autoritarios ou

muito liberais falta de dialogo e bom exemplo no seio familiar desconhecimento da

importancia dos relacionamentos dos primeiros anos de vida como base da

formaC8oda personalidade par parte dos pais Sao estas criancascom hist6rias de

vida as mais variadas possiveis que chegam a uma escola e encontram ali narmas

rigidas ou ausencia de narmas Professores com uma serie de limitac6es na sua

forma9aO humana e academica que passam a desempenhar 0 papel de educador

em sala de aula

A familia e a escola devem atuar em parceria objetivando a aprendizagem e

o sucesso escofar do auno Elas sao 0 aicerce e modelo para que as criancas

10

aprendam naD somente conteudos mas tambem a viver em sociedade com suas

normas et portanto e necessaria que tenham objetivos comuns em relacao a

val ores disciplina e convivio social Este suporte e proporcionado nao somente pelo

ambiente adequado mas no equilibrio e tranqOilidade do lar e da escola Assim

sendo 0 aluno nao S8 sente abandonado inseguro mas sim recebendo

orientacoes estimulos e principal mente exemplos de responsabilidade e respeito

Para WINNICOTT (1971) a saude do pais depende de unidades familiares sadias

com pais que sejam individuos emocionalmente maduros

Nao hit uma causa (mica para a indisciplina mas sim uma conjuncao de

fatares que interagem uns sabre 0$ Qutros que imobilizam 0 desenvolvimento do

sujeito e do sistema familiar nurn determinado momento afetando 0 aspecto

comportamental e a aprendizagem do aluno

o individuo ao ingressar na escola ja teve experiencias relacionadas a

diversas situac6es e ira reagir a esse novo ambiente Ha alunos com dificuldades de

adaptayao e rendimento insatisfatorio nos estudos por estarem comprometidos par

ansiedades e tensOes psiquicas

E imprescindivel que a familia e a escola deixem de ficar se cui pando

mutua mente e passem a refletir sobre sua funyao vital no desenvolvimento de

individuos adaptados ao ambiente realizados e capazes de utilizar suas

potencialidades de forma construtiva para a sociedade e consequentemente para

o fortalecimento da familia e da escola como instituicoes estruturadas e em

permanente evolucao

Ressalta-se urn aspecto muito importante relacionado a agressividade e mais

especificamente a indisciplina E a questao dos limites Pais e professores precisam

11

ter em mente a importancia de trabalhar essa questao com filhos e alunos e

diferenciar a demarc8C8ode limites de autoritarismo ou abuso do poder

Sermos adequados e saber encontrar a distancia certa entre nos e a Qutro E

naD ocupar um espaco exc8ssivamente pequeno para naD nos sentirmos acuados e

ameacados evitando tomar-nos agressivos () Todo ser vivo necessita de um

espatominima para viver sem 0 qual torna-S8 agressivo e luta pela sobrevivencia

ou perece (MIRANDA 2001)

OLIVEIRA et al (1999 p151) destaca a importancia dos limites

A disciplina e 0 todo que engloba a organiza~o que mantE~m a ordem entre aseoisas e as pes50as 0 limite e a fator que determina 0 campo e a espalto daatualfao Portanto 05 limites sao urn dos principais fundamentos da disciplina 0limite e que determina onde os meus direitos terminam e onde iniciam os dos outros() E necessario que 0 limite comece a ser estabelecido desde a forma~o dapersonalidade da crianca ou seja desde 0 nascimento () Ensinar a crianya aobedecer limites e treina-Ia para a vida

E preciso que os adultos aprendam a nao invadir 0 esparo da crianca nao

permitindo tamhem que as crianyas invadam 0 espayo dos outros E necessaria

quebrar este cicio vicioso que faz com que a indisciplina continue a ser 0 centro das

atenc6es na escola e na familia Dar limites e nao impor Iimites este e 0 grande

desafio para pais e educadores

Para que a criancaaceite os Iimites impastos e necessario que os pais au a

pessaa responsavel acredite no que esta dizendo e 0 faca com firmeza e explique

para que a crianra acredite e para que absorva a ideia de que ela nao esta proibida

de tudo mas que nem tudo 0 que desejamos podemos fazer mas ela pode fazer

quase tudo (ZAGURY 2001)

Quando se da Iimites esta se fazendo urn ato de amor oj crian~a e ao futuro adulto

ensina-se a ele a viver em sociedade a respeitar e ser respeitado esta se poupando

12

a crianca de cair no mundo das drogas e da violencia cnde 0 limite e muitas vezes a

marte

221 0 Papel da Familia

Os pais tem um papel fundamental na motivayao do aluno e sua participa9ao

e imprescindivel para que 0 aluno aprenda Desta forma a familia faz parte do tripe

que sustenta uma aprendizagem com sucesso Quando a familia esta tranqOila e a

rotina de casa esta equilibrada 0 aluno apresenta maiores oportunidades para urn

bom aprendizado

A familia e suporte fundamental para 0 bom desempenho escolar Pode-se

dizer que a clima familiar influencia no desempenho escolar e pade trazer prejuizos

ao rendimento escolar quando naD harmonioso

Se a familia naD da a crianca a base emocional firme 0 que tazer

E importante ensinar a crianca a identificar as sentimentos e lidar melhor com

eles

DAVIDOFF (1983) descreve como se da 0 desenvolvimento do ser humane

desde a concepcao e a importancia dos relacionamentos dos primeiros meses de

vida e da primeira infancia na forma9ao da personalidade e da socializayao futura do

individuo Para ela a base de urn relacionamento sadie entre mae e filho esia na

intensidade de afeto que a mae dispensa a crianca na amamentaC8o enos

cuidados na satisfa9ao de suas necessidades fisiol6gicas A qualidade das

intera90es sociais da crian9a estrutura a personalidade do individuo de algumas

formas importantes Falando de frustra90es conflitos e outras tensoes a autora

chama a aten9ao dos adultos que convivem com a crianca e 0 adolescente para sua

(~ )(~~l J 13

lt~C~responsabilidade em apoiar orientar e acompanha-Ios para que possam superar as

situaryoes conflitivas evitando assim 0 desenvolvimento de uma personalidade

agressiva e desajustada

DAVIDOFF (1983) vai mais alem ao dizer que pais maduros e seguros

envolvem os filhos em tomadas de decisao e assuntos da familia Apresentam

razoes para a que solicitam e proporcionam experiemcias graduais apropriadas para

a afirmayao da independencia Ainda assim retem a responsabilidade final Os filhos

dos pais maduros tendem a ser autoconfiantes independentes possuem boa auto-

estima e born relacionamento com suas familias Os pais autontanos preferem

taticas primitivas duras quando surgem conflitos insistem em obediemcia Sao

coercitivQs e favorecem a desenvolvimento de transtornos como 0 desafiador

opositivo No outro extrema os pais laissez faire que afrouxam totalmente as

limites sao totalmente igualitarios Todos os membros da familia estao

essencialmente Ilvres para fazerem deg que quiserern Raramente estes pais tomam

decis6es ou aceitam responsabilidades Os adolescentes filhos de pais autoritarios

e do tipo laissez faire tendem especialmente a ter problemas de ajustamento

o individuo age com relary8o a certas pessoas como seus pais se

comportaram para com ele Caso as imagos paternas que sao preservadas em

nossos sentimentos e em nossas mentes inconscientes forem predominantemente

rigidas nao poderemos estar em paz com n6s mesmos Odiamos em n6s as figuras

rigidas e intolerantes que tambem formam parte de nosso mundo interno e que sao

em grande parte a resultado de nossa agressividade para com as nossos pais

o homem e urn ser social ele precisa viver com as outros homens para

desenvolver suas necessidades basicas como 0 trabalho a criatividade a arnor par

14

issa ele S8 juntou em comunidade As comunidades sao uma reuniao de pessoas

que tern interesses comuns au seja interesses iguais

Familia e 0 nucleo de pessoas aparentadas que tern la90s de sangue e que

se apoiam no sentido de manter 0 nucleo permanentemente em comunhao

Hit uma serie de expectativas sociais em relacao it familia e preciso que

socialize as criancastomando-as capazes de viver junto aos Qutros seres humanos

A institui9ao familia tern passado ao longo da historia da humanidade por crises

muito serias As formas de familias sao extrema mente variaveis E mais variaveis do

que dentro de nossa proprio pais sao as formas de familia de Qutros paises do

mundo

A familia ah~m de reproduzir novos seres humanos tenta produzir neles as

seus habitos costumes e valores atraves de gerayoes

A familia sempre foi a celula-mater de uma sociedade ou refUgio das

atribuiyoes do mundo Tambem a religiao impoe normas as familias que em torno

del a se reunem Grande parte do comportamento de uma familia no sentido moral econtrolado pela religiao em que ela acredita Em troca a religiao e sustentada pela

familia fazendo com que as crencas e preiticas mora is subsistam por seculos e

levando as pessoas a uma aceitacao de punicoes impostas

o prestigio social dos individuos na familia tradicional de seu

comportarnento diante de sua fe de seu comportamento em rela9ao a familia e de

sua origem e influenciado pelos costumes que traz atraves de geralt6es Durante

anos a familia conduziu-se como uma barreira diante de inovac6es e de formas

novas de ligalt8o homem-mulher-filhos Os vinculos familiares representam uma

seguran9a afetiva e material muito importante para 0 desenvolvimento do individuo

A historia da humanidade assim como os estudos antropologicos sobre os

15

pavos e culturas distantes de n6s (no espacoe no tempo) esclarecem-nos sabre a

que e familia como existiu e existe hoje Mostra-nos como fcram e sao hoje ainda

variadas as formas sob as quais as familias evoluem se modificam assim como

sao diversas as concepcoesdo significado social dos la-os estabelecidos entre as

individuos de uma sociedade dada

Apesar dessas variacoes a forma mais conhecida e valorizada de nassos

dias a familia composta de pai mae e filhos chamada familia nuclear normal

Este e 0 modele que desde criancaS8 ve em livres escolares nos filmes na

televisao mesma que no seia familiar S8 verifique urn esquema diverso

A natureza das rela90es dentro de uma familia vai se modificando atraves do

tempo 0 aspecto mais problematico da evolU9aO da familia est sem d0vida

alguma ligado ao questionamento da posi9ao das crian9as como propriedade dos

pais e a posiryao economica das mulheres dentro da familia Inclui-se ai 0

questionamento da distribui9iio dos papis ditos especificamente masculinos e

feminin~s e esse e urn problema chave para 0 surgimento de uma nova estrutura

social

Nao se poder mudar a institui9ao familiar sem que toda a sociedade mude

tambem Pode-se afirmar ainda que qualquer modificayao na organiza~aofamiliar

implicara tambem numa modifica9ao dos rigidos papeis de esposa mae ou

prostituta os 0nicos atribuidos as mulheres Quanto as crianyas ha algum tempo ja

o Estado intervem entre pais e filhos e desde a pouco os pais sao passiveis de

denuncias pelos vizinhos caso punam fisicamente seus filhos

Atraves da escola do controle sobre os meios de comunica~aode medicos e

psic6lagas a pader dominante de cada sociedade mais au menos sutilmente imp6e

normas educacionais sendo dificil aos familiares contraria-Ias De uma maneira

16

geral cabe ainda aos pais grande parcela de poder de decisao sobre seus filhos

menores Parcela essa cada vez mais contestada A esse pader equivalem por

parte dos filhos direitos legais em relagao aos seus pais em particular no sistema

capitalista Direitos a assistencia educayao manutenyao e participacao em seus

bens e proventos

A familia como toda instituigao social apresenta aspectos positiv~s enquanto

nucleo afetivo de apoio e solidariedade Mas apresenta ao lade destes aspectos

negativ~s como a imposicao normativa atraves de leis uscs e costumes que

impllearn formas e finalidades rigidas Torna-se muitas vezes elementa de coayiio

social geradora de conflitos e ambigOidades

A agressividade inata tende a sef ativada pelas circunstancias externas

desfavoraveis e inversamente e mitigada pelo arner e compreensao que a crianca

recebe 0 seu desenvolvimento e suas reac6es com 0 adulto devem ser

considerados como resultantes da interacao e influencias externas e internas

Um sistema familiar disfuncional nM permite ao aluno a maturidade

necessaria para conseguir urn born desempenho academico

A problematica emocional ligada a situayao conflitiva absorve a

disponibilidade perceptiva e reacional do individuo a estimula~ao externa

dificultando a sua integragao ao ambiente e perturbagao nao 56 a sua capacidade de

aten98o de concentra~ao de raciocinio mas sobretudo a de relacionamento Assim

sendo as dificuldades de assimilayao na aprendizagem escolar podem estar ligadas

a fixagoes emocionais (NOVAES 1970 p 145)

Geralmente criangas com problemas emocionais adotam atitudes agressivas

de inibiyao constri9ao regressao isolamento hostilidade oposigao indiferenya

17

indisciplina exibicionismo dissimula~aosensibilidade e au emotividade excessivas

sendo freqOentesos problemas de mentira de furto e de natureza sexual

Na instituiyao familiar seja ela qual for e a ligayao emocional entre as

pessoas que as torna mats felizes e saudaveis

As perturbaltoes no ambiente familiar interferem no comportamento do

individuo Existe urn processo duple entre 0 lar e a escola as tensoes que sao

geradas num ambiente se manifestam como perturbaltoes no comportamento do

outro (WINNICOn 1971 p 223)

Resgatar a papel da familia e seus vaiores levan3i 0 aluno a sentir-se

amparado A autoridade paterna e materna participativa se faz necessaria na

criayao e educaltao na orientayao e aquisiltao de bons habitos influentes na

projeltaosocial das pessoas Nao necessariamente isto se refere a presenltafisica

de ambos os pais mas da existencia das funlt6esenquanto autoridade

A emoltaopermeia todos os aspectos da vida diaria do ser e tambem interfere

na aprendizagem fazendo-se necessaria urn conhecimento dos aspectos

emocionais para assim pader assistir 0 aluno em seu trabalho escolar A

estabilidade no ambiente familiar proporciona ao individuo seguranya e

independencia A participaltao da familia no cotidiano escolar e de suma

importancia para a aprendizagem

Os jovens nao podem se sentir abandonados eles precisam de exemplos e

sobretudo de afeto para a construltaode uma vida melhor

SOUZA (1995 p 58) considera que a inibiltaointelectual estaria na base da

dificuldade de aprendizagem Existem fatores da vida psiquica da crianlta que

podem atrapalhar 0 born desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaltao

18

com a aquisirao de conhecimentos e com a familia na medida em que as atitudes

parentais influenciam sobremaneira a rela~aoda crianca com 0 conhecimento

Ressalta-se que entre as variDS fatores que influenciam 0 aspecto emotional

da crian9a tem-se alcoolismo familia numerosa sem condicoes minimas estruturais

brigas freqOentes em casa abandono trabalho infantil etc A convivmcia com um

au mais destes fatores acarreta na impossibilidade do aluno concentrar-se nas

aulas visto que a sua aten9ao se volta para a tentativa de resolu9lo dos problemas

familia res que ele julga insoluveis na maioria das vezes Existe urn certa

conformismo misturado a angustia quando 0 aluno consegue expor 0 problema que

o aflige

Deve-se compreender que a familia esta envolvida em diversos problemas

oriundos das pressoes s6cio-econ6micas das dificuldades de habita9ao

alimenta9ao e trabalho sem tranqOilidade para assimilar e analisar os estimulos

externos integrando-os a sua dina mica familiar

A influencia do ambiente familiar e decisiva para 0 ajustamento emotional e

muitas vezes 0 grupo familiar nao oferece condi90es de estabilidade e de

seguranya emocional para 0 desenvolvimento normal de seus filhos

Grande incidencia de conflitos emocionais que se exteriorizam par ansiedade

sentimentos de inferioridade de inseguran98 depressao medo negativismo e

incapacidade de estabelecer rela90es afetivas geralmente coincidem com 0 grande

numera de familias desintegradas desunidas de pais ausentes incompreensivos

imaturos neur6ticos dominadores desajustados que nao podem dar compreensao

amor e apoio aos filhos

ZAGURY (2000) relata 0 resultado das duvidas e incertezas de muitos pais

Para ela os pais devem compreender que mais importante que satisfazer os desejos

19

da CrianC8 e ensinar principios eticos como honestidade solidariedade e respeito

mutua Principios estes que sao fundamentais para 0 born relacionamento social na

adolescencia e vida adulta

Limites sao regras ou normas de condula que devem ser passadas para as

criancas desde tenra idade Eles mostram as crianyas 0 que podem e 0 que naD

podem 0 que devem e 0 que nao devem fazer Ensinam tambem como respeitar 0

proximo facilitando a socializayao Os limites devem fazer parte da educaao pois

vivemos em sociedade e para a boa manutencao desta se faz necessaria a

existencia e 0 respeito as regras (COUlINHO FILHO 2003)

Em seu livro Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sobre a tirania

dos filhos ZAGURY (2000) discute os principais problemas que envolvem a

educayao dos filhos na sociedade moderna quando toda uma geraao de pais foi

influenciada par urna visao excessivamente psicologizante As ambigOidades as

diferenyas entre as regras estabelecidas pelos te6ricos sao debatidas e criticada a

tirania de alguns especialistas que contribuiram para a disseminayao de um dos

maiores males da educaao - 0 chamado psicologismo A autora alerta para a

necessidade de as pais serem criticos nas orientayoes e conhecimentos adquiridos

sobre a educaao dos filhos e chama a atenao sobre os limites e a necessidade de

autoridade por parte dos pais a importancia de se construir uma relayao baseada na

autenticidade e na democracia tanto para as crianyas quanta para seus pais

Para liSA (1996) a disciplina tern inicio antes mesmo do nascimento atraves

do modo como os pais se comportam no relacionamento mutuo Os primeiros dias

de vida e as interac6es com os pais ou pessoas que as substituem sao de

fundamental importancia no desenvolvimento bern ajustado Pois e nessa interayao

que a mae transmite 0 modo de ser da familia e isso e essencial para ajudar 0 filho

20

a formar 0 seu ser psicol6gico pois a crianca traz ao nascer apenas 0 seu ser

biol6gico

0 pai deve ter muita saude pSicol6gica para participar do gesto de

alimentat8o que tern urn significado tremendo no ge5to afetivo A crianca nao

precisa s6 de leite 0 leite alimenta 0 corpo 0 afeto e 0 alimento da alma Crian

sem afeto entra em depressao(lIBA 1996)

Deve-S8 ressaltar que 0 limite e diferente de repressao 0 primeiro S8 instala

atraves das puniyoes ja a repressao atraves da culpa A puniy80 age sabre a ato e

a culpa sabre a pessoa Durante 0 desenvolvimento da clianca 0 limite e saudtlVel

quando este refere-s8 apenas aos atos naD desrnerecendo au desvalorizando a

pessoa A crian nao deve se sentir culpada pelos seus atos mas responsavel par

estes (COUlINHO FILHO 2003)

llBA (1996) diz que os pais que exageram na preocupayao com a choro e a

comida estao contribuindo para ter urn indisciplinado dentro de casa estao

desrespeitando a desenvolvimento biol6gico da crian A mae que trabalha fora

sente-se culpada par deixar a filho sozinho na creche au na escola e depois a

superprotege para reparar a culpa acabando par criar urn folgado dentro de casa

o modo como lidar com a liberdade e Dutro fatar influenciador no comportamento da

crianya e do adolescente Impar limites sem submissao e autoritarismo e outro

desafio para os pais que precisam respeitar a espayo de individualidade sem se

submeterem aos seus caprichos

o tema indisciplina oj amplo e muito se tern ainda a pesquisar estudar e

orientar no sentido de ajudar as pais a encontrarem urn caminho mais segura na

educay80 e formayao da personalidade dos filhos que tern inicio nas primeiras

relayoes entre mae e filho

21

222 0 Papel da Escola

Se a condi9ao basica e necessaria para a aprendizagem e a integridade

moral e 0 estabelecimento da interalYBo professor versus aluno cnde fatares afetivos

e cognitivos exercem influencias decisivas na busca de realizac68s e de desejos

confirmando-Ihes determinadas caracteristicas inteny68s e significados e na escola

que ocorrem boa parte dos problemas com as quais 0 aluno S8 esbarra lentidao de

raciocinio falta de atenyao desintereSS8 indisciplina entre Qutros encontram as

suas origens na estrutura biol6gica sobretudo quando exposta ao meio ambiente

(POLITY 1998)

Em ambientes cnde estes fatares naD sao considerados relevantes que

alunos com dificuldades de aprendizagem ou com problemas de indisciplina acabam

sendo rotulados sofrendo puniyoes devido ao seu fracasso escolar Estes

apresentam lalta de interesse desmotiva980 para estudar pregui9a e distra9ao

Com isto os pais e professores nao entendem estas dificuldades e 0 aluno em seu

permanente estado de tensao nao consegue prestar aten~o e participar das aulas

nao obtendo os resultados esperados (MORAIS 1997)

Outro fator importante e a problematica emocional que deve ser considerada

como decisiva na adaptacao e rendimento escolar podendo trazer serias

conseqOemcias ao desenvolvimento e progresso emocional da crianca A escola

deve oferecer condic5es e estabilidade emocional e atraves do diagn6stico precoce

dos encaminhamentos adequados da pr09rama9aO adequada das atividades

escolares e da preparacao do professor atender a esses casos prontamente

poupando assim a crianra e a sociedade do agravamento dessas situac6es

(NOVAES 1970)

22

Neste interim surge a psicopedagogia como auxiliar no cicio aluno - familia -

escola quando se instala uma dificuldade de aprendizagem 0 psicopedagogo deve

ter urn olhar para 0 contexte global onde est inserida a criana com dificuldade de

aprendizagem as relac6es familia res e escolares

As crian~s que se evadem da escola em geral sao as mais rejeitadas

Estas criancas precisam ser estimuladas ao relacionamento a responder

adequadamente aos sentimentos do outro e a controlar tensao e ansiedade

compreendendo qual e 0 comportamento aceitavel em determinada situacao

E preciso aprender a lidar com a ira e a tristeza a respeitar as diferencas de

modo a encarar as eaisas dificeis aprender a perguntar a negociar a ser mais

assertivo Eo importante somar aos conteudos de hoje as liDes sobre sentimentos e

relacionamentos 0 primeiro passe e aprender a nomear a emoCao compreende-Ia

a partir de suas express6es faciais corpora is E essencial que 0 professor amplie

sua ViS80 sobre as quest6es emocionais desenvolvendo autodisciplina vida

virtuosa capacidade de motivar-se de enfrentar press6es e resolver conflitos

Por tudo isso a escola tem 0 compromisso moral e etico de se preocupar com

o desenvolvimento dos alunos reinventando as aulas e proporcionando a sintonia

do conteudo a capacidade de aprender Considera-se muito importante que a familia

e a escola estabelecarn urn vinculo para tentar mUdanyas em relaC80 it falta de

atenC80 e indisciplina no sentido de ajudar 0 aluno a evitar maiores dificuldades

crises e stress

ANNA FREUD (1971 p162) considera que as normas escolares prestam

pouca ou nenhuma atenC80 as diferencas individuais

o aluno deve sentir-se desafiado e envolvido no processo a todo instante A

capacidade de empatia entre professor e aluno e 0 segredo do sucesso no

23

relacionamento entre ambos A auto-estima e urn ponto tambem fundamental para

um comportamento bem integrado

Num sistema educacional problematico como 0 do Brasil unido ascaracteristicas pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita5es

do professor e toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sal a

de aula interferem na aprendizagem como urn todo Pais e professores devem estar

atentos para educar desde os primeiros dias de vida para a disciplina que nao

5ubmete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemple e 0 dialogo

E preciso que a escala como urn todD e principal mente seu corpo docente

ampliem a consciencia a respeito da responsabilidade que tern em relacao ao futuro

dos seus alunos e alem disso que possam perceber a importancia do bern estar

psicol6gico como uma situacao fundamental para a aprendizagem satisfat6ria A

escola pode e deve propiciar ao aluno seguranca emocional para que ele possa

vivenciar vinculos saudaveis com seus professores e colegas

Espera-se que Utenham uma visao positiva da vida e sentido de humor que

sejam capazes de apreciar 0 valor de uma boa risada para eliminar pequenos

ressentimentos e aborrecimentos que prejudicam 0 crescimento do aluno (MOULY

1979 p 134)

E urgente a necessidade de uma nova escola desenhada para a mente e 0

cora~ao que ensina autocontrole empatia a arte de ouvir de resolver conflilos de

cooperar

A indisciplina pode ser definida como

Indisciplina e a recusa de $ubmeter-se as regras de aprendizagem educativa e a seu sistemade transmissao institucional Relacionada com 0 contexto familiar e escolar a indisciplina eum dos sintomas dos disturbios da inf~ncia e da adolescencia Quee preciso situar no campomutti~imensional da~ i~teracOesentre processos de aprendizagem e finalidades da educayaorelayao educadorlsuJeltolgrupos de alunosJclasse sistema de avaliacao e risco de fracasso

24

Ultrapassando 0 simples registro dos disturbios de carater a indisciplina tern a ver comfatores psicossociais que dao sentido a essa forma de insubmissflo (DORON et ai 1998)

Para VASCONCELLOS (1995) as manifesta90es de indisciplina na escola e

na sal a de aula sao urn problema a ser analisado na sua totalidade levando-se em

conta a familia as mudan~asocorridas na escola a professor a sociedade a crise

dos sentidos e dos limites considerando-se que 0 que se entende por disciplina e

como construi-Ia nurn processo de interarao entre 0 adolescente e a

professorescola

A educaC8o no seu verdadeiro sentido naD se faz sem autoridade pais 0

educando precisa do referencial do educador a fim de ter base para a constru9ao do

seu eu Muitas vezes 0 professor nao consegue disciplina porque nao tem

autoridade diante dos alunos Normalmente 0 professor fica esperando que 0 aluno

traga urn reconhecimento natural para com sua pessoa historicamente esse tempo

passou 0 tratamento de respeito tem que ser conquistado pelo professor

(VASCONCELLOS 1995)

A questao fica complicada quando temas como profissionais da educayao

elementos totalmente alheios e nao educados para a realidade atual Alem da falta

de dominio dos conteudos a serem ensinados falta-Ihes a capacidade de perceber

essas transforma90es hist6ricas que vern ocorrendo no relacionamento educando x

educador Falta-Ihes conhecimento do desenvolvimento humane e psicol6gico de

seus alunos E por fim suas pnticas pedag6gicas sao pobres de metodos que

propiciem a intera9aOe a construyao do conhecimento no respeito mutuo falta-Ihes

autoridade e capacidade de administrar a indisciplina gerada pelos fatores citados

Esses professores podem se deparar com criancas com transtorno desafiador

25

opositivo e muitos deles carecem de orientaCiies de como lidar com este tipo de

conduta

A disciplina escolar e urn conjunto de regras que devem ser obedecidas para

o exito do aprendizado escolar Portanto ela e uma qualidade de relacionamento

humano entre 0 corpo docente e 0$ alunos em uma sala de aula e

consequentemente na escola respeitando as caracteristicas de cada urn dos

envolvidos (TIBA 1996)

Para que haja disciplina em sala de aula isto e alunos motivados satisfeitos

com a aula e necessaria que 0 professor seja urn grande conhecedor do que

ensina da realidade que 0 cerca e tenha a capacidade de envolver 0 aluno na sua

sala usanda uma metodologia e uma didatica que nao deem margem a apatia ao

cans890 a monotonia para ambas as partes 0 aluno deve sentir-se desafiado e

envolvido no processo a todo instante A capacidade de empatia entre professor e

aluno e 0 segredo do sucesso no relacionamento entre ambos

Para TIBA (1996) a indisciplina na escola e vista como conseqOencia do

sistema educacional brasileiro que afeta diretamente as rela90es dos individuos em

sal a de aula e na escola Urn sistema total mente falido unido as caracteristicas

pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita~oes do professor e

toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sala de aula A auto-

estima e citada pelo autor como fundamental para um comportamento bem

integrado Ele aponta tambem inumeras sugestiies para os pais e professores no

sentido de como educar desde os prirneiros dias de vida para a disciplina que nao

submete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemplo e 0 dialogo

Por outro lado encontra-se a escola tentando cumprir a sua funCao (orientar

na constru~ao do conhecimento) e freqDentemente quando 0 professor se depara

26

com um alune que esta precisando de ajuda no aspecto emocional encontra-se

despreparado para lidar com a questao reagindo com intolerancia Consideram

muitas vezes mais tacil fazer julgamentos como 0 alune naD tern jeito bulle da

familia tal todos as irmaos desta familia ja fcram meus alunos e sao todos i9uais

Eventualmente recusam-se a participar de cursos de atualiza9ao e aperfei90amento

e preferem adetar a postura de que sabem que 0 alunD naD tern jeito mesma e nada

S8 tern a fazer a que favorece 0 rebaixamentoda auto-estima do alune e 0

agravamento do problema gerando disc6rdias e aborrecimentos na escola

Urn Dutro aspecto a ser considerado e que tudo sa tornaria mais facil para a

crianca se ao ingressar na escola ela pudesse encontrar um ambiente acolhedor

com regras bern definidas professores conhecedores dessa realidade com

formacaopsicol6gica para propiciar momentos de tomada de consciencia do porque

daquele comportamento fazendo acontecer a catarse e redirecionando as modos de

agir de tais crian~s e adolescentes Porem a realidade das escolas e bem outra 0

proprio ambiente e a mentalidade favorece que ela a crianca a adolescente

coloquem toda a agressao reprimida suas neuroses seu 6dio seus sentimentos

de culpa sua revolta contra a autoridade e a patrimonio escolar Muitas vezes 0

atuno encontra professores que nao se libertaram dos traumas e problemas dos

quais eles mesmos foram vitimas na primeira infancia alern de desconhecerem e

nao saberem lidar com a crianca e 0 adolescente problematico pelo desprepara

pedag6gico e a falta de metodos adequados e atrativos para prender a aten9ao e 0

interesse de seus alunos Sua pratica pedag6gica e pobre de recursos e estrategias

que desafiem e motivern tais alunos a se auto valorizarem elevando a auto-estima

Urn dos pontes mais comuns entre as indisciplinados e a sentimento de

menos valia aem da fata de conffan9a nos contatos e na produtividade Percebe-se

27

assim que para reverter essa questao naD basta trabalhar com a aluno E

necessario urn trabalho junto aos professores e familias criando estrategias que

modifiquem 0 ambiente e urn relacionamento mais verdadeiro mais equilibrado

deve ser estabelecido em todos as sentidos - trabalhando-se em equipe

28

3 0 CASO DE UMA CRIANCA COM TRANSTORNO DESAFIADOR OPOSITIVO

Foram utilizadas entrevistas com a mae professores e irmaos Encontros com

a crian-a em sess6es com durayao de 50 minutos cnde utilizou-se de metod as

como desenhos brincadeiras jogos regrados massa de modelar

31 HIST6RIGO DO GASO

F e urna rnenina de cinco anos cayula tendo um irmao de 21 anos e urna

irma de 17 anas de idade

o pai faleceu com 49 anas ha apraximadamente 01 ana e a mae atualmente

com 49 anas teve F com 43 anas

o pai fai marta par paliciais em frente a sua casa Estava bebada e saiu a rua

armada e um carro da palicia apareceu e 0 viu sentado na calcadalogo depois

vieram muitas viaturas e a mae pediu que levassem 0 marido para passar a noite na

cadeia mas que naD fizessem nenhum mal a ele Neste momento 0 pai de F

comeyou a atirar e aS policiais (segundo a mae 18 policiais aproximadamente)

invadiram a casa e comeyaram a atirar A familia fa para os fundos da casa e a mae

passou F par cima do muro para a casa da vizinha Quando a familia voltou para

frente da casa as paliciais disseram que a pai de F estava ferida na perna e

levaram-na para a hospital mas segundo a relata da mae ele ja estava marta e

havia na verdade levado urn tiro na cabeca F nao viu a cena mas escutou tudo

Ganforme relata da mae a partir da data do acarrida F naa abedece faz de

canta que naa escuta e quando quer alga came9a a tremer A mae diz que a filha

29

ficou assim desde a marte do pai pais este a bajulava muito fazia tudo 0 que ela

desejava

F sempre foi mimada pelo pai este nunca repreendia a filha por algo de

errado que ela fizesse Para 0 pai F nunca estava errada inclusive quando ela e a

irma mais velha brigavam 0 pai sempre ia em defesa da mais nova e para protege-

la amea98va bater na mais velha

A queixa principal da mae e que F comeya a tremer quando quer algo de que

gosta muito nao obedece a regras e Iimites impostos pelos responsaveis

Nas observayiies comportamentais notou-se que F testa os limites dos

adultos para conseguir 0 que deseja e as pesso8s que a cercam para se livrarem

das birras acabavam por fazer 0 que ela queria Mas essas mesmas pessoas

comeyaram a perceber que a falta de regras e limites jil ultrapassava 0 limite do

suportaveJ

Segundo HANISH et al (1999) 0 transtorno desafiador opositivo aparece

antes dos 10 anos Normalmente torna-se aparente na idade pre-escolar que e 0

caso desta crianga

Na escola F naD interagia com as colegas na hara de fazer brincadeiras em

grupo nac conseguia se relacionar com as colegas quando a professora pedia para

fazer alguma atividade F fazia do jeito que queria e nao como a professora

solicitava

Para que houvesse progresso no tratamento foi fundamental que a mae e as

demais pessoas que rodeiam a crian~a modificassem sua forma de agir e para que

isso ocorresse foi preciso fazer urn remanejo de conduta dessas pessoas Fez-se

pois necessaria orientacao e treinamento para auxilia-Ios nesta mudanlta

30

32 EVOLUCAO DO CASO

As intervenyoes utilizadas neste casc com a mae fcram em forma de

orientayao na freqOencade pelo menDS uma vez par meso Mais recentemente este

trabalho com a mae vern sendo feito a cada quinze dias

Em conversa com a mae esta mencionou que naD queria fazer como seus

pais naD que eles fassem ruins disse ela mas eles nao conversavam e naD tinham

tempo de dar aten9ao e de ensinar os deveres da escola Tudo 0 que ela aprendeu

na escola foi par esforyo proprio e naD queria que isso acontecesse com sua filha

entaD ela au as irmaos mais velhos sentam com F e a ensinam

Mais tarde foi feita uma entrevista com a professora e esta mostrou todas as

li90es de F e disse que aquelas atividades nao haviam side feitas pela crian9a e sim

por seu irmao e que a professora ja havia mandado bilhetes pedindo que nao

fizessem mais as atividades da escola par F A mae foi orientada a dar mais

incentivo a F em lugar de fazer os deveres por ela pois F nilo tinha problemas de

aprendizagem mas par falta de incentivo poderia vir a ter

Com F foram utilizadas brincadeiras como pintura com aquarela desenhos

massa de modelar hist6ria infantis Atraves destes me-todosforam utilizados refor~o

e a punicao quando necessarios

o refor9Q foi atraves de elogios sorriso e aten9ao quando F realizava urn

comportamento desejavel A punitao consistiu em retirar uma atividade que ela

gostava muito como desenhar OU tambem ignorar a sua atitude mantendo a calma

No terceiro encontro F mencionou 0 pai dizendo que ele comprava doces

para ela mas nao quis continuar falando sobre ele alegando que 0 irmao mais velho

nao gostava Mais tarde em outras sess6es tornou-se claro ser isto fantasia sua

31

Nos primeiros encontros corn F ela demonstrou S8r cordata entretanto a

partir do quarto encontro F mostrou comportamentos de manipula9ao ou seja

querer controlar a situacao e que tude salsse da forma que queria para que todos

as seus desejos fossem realizados atitude comum em casa ou na escola

A quinta sessao foi para verificar a interacao de F com a mae F mostrou-se

intransigente naD obedeceu a nenhuma das ordens da mae na hora de guardar as

brinquedos gritou com a mae e esta demonstrou claramente nao conseguir dar

limites a sua filha A mae conseguiu dizer neste momento que se F estivesse em

casa iria apanhar com uma varinha mas ista naD adiantou pais F ficou irredutivel

Ao final da sessao quando tudo estava no seu devido lugar F ja estava agindo como

se nada tivesse ocorrido a mae mencionou que F era muito nervoS8

A partir da sexta sessao loram leitos contratos com F os quais ela aceitou

com lacilidade

Apos 0 contrato feito na sessao anterior na setima sessao foi trabalhado a

limite atraves de acordos leitos com F como pedir para que ela escolhesse

somente tres tipos de brinquedos da caixa que s6 iria embora quando a horario da

sessao terminasse e que as Iimites seriam colocados pela terapeuta Com estas

regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela queria

A partir da oitava sessao loi levantada a hip6tese do problema de F ser

transtorno desafiador opositivo pais ela demonstrou as comportamentos de querer

dominar e mostrar que poderia mandar mas com muita paciencia foram impastos

limites atraves do silencio mostrando que nem tudo poderia ser como ela queria e

assim acabou aceitando

A nona sessao loi destinada a orientar a mae em como agir com a filha e loi

proposto para que a mae assistisse a proxima sessao atras do espelho

32

Como foi sugerido para a mae na sessao passada ela ficou ats do espelho

para ver como a filha interagia e poder verificar qual seria a melhor forma de lidar

com ela

A decima segunda sessao foi destinada a mae para verificar como estava 0

comportamento de F fora da terapia Ela comentou que 0 comportamento da filha

melhorara muito que as tremores 56 ocorriam esporadicamente Foi orientado amae que quando Dcarressem as tremores ela deveria fazer de conta que naD havia

percebido nada

Foram feitas diversas sess6es seguidas mais precisamente da decima

terceira il decima setima com F destinadas a trabalhar regras e limites Este

trabalho foi realizado atraves de acordos com F como por exemplo pedir que ela

escolhesse apenas tres brinquedos da caixa au escolhesse entre desenhar e ouvir

historias au ainda entre conversar e brincar tambem poderia escolher entre brincar

de casinha e desenhar

A decima oitava sessao foi urna sessao diferente pOis foi destinada aprofessora de F para verificar como F estava S8 comportando e se relacionando

com colegas em sala de aula enos interval os A professora levantou a hip6tese de F

ter problemas de aprendizagem pois as atividades escolares dela nao eram

compativeis com a de seus colegas de classe Mas foi constatado atraves das

atividades que eram enviadas para serem feitas em casa que 0 que faUava para F

era estimulo pOisseu irmao fazia suas atividades por ela

Foram feitas duas sessoes seguidas (decima nona e vigesimal para

comprovar se havia problemas de aprendizagem com F Sessoes estas de recorte e

colagem e de hist6ria (Cinderela) Com estas atividades pode se constatar que F

33

tern plena capacidade de realizar tarefas sDzinha talvez com uma pequena

orienta9ao quando solicitado por ela

A vigesima primeira foi mais uma sessao dedicada a orient89ao a mae

quando esta mencionou que Festa cada vez melhor seus tremores quando quer

chamar a aten9ao estao diminuindo a cada dia

No vigesimo segundo encontro com F a interven9ao utilizada foi 0 desenho

Eta desenhou margaridas e mencionou que se fosse uma planta queria ser uma

margarida e S8 fosse urn objeto queria ser uma estrela Ja na sessao seguinte que

foi a vigesima terceira a intervencao utilizada foi brincar de casinha cnde F mostrou

a sua intera9ao familiar dizendo que trabalhava em um hotel (como na realidade sua

mae trabalha) 0 marido trabalhava em hotel e seu pai estava muito doente (na

realidade ja e falecido) e tinha muitas dores no corpo

Ate 0 momento foram feitas as vinte e tres sess6es aqui descritas nas quais

a crianya demonstrou significativas mudantas no comportamento

33 ANALISE DO CASO

Inicialmente F nae obedecia fazia de conta que naD escutava e quando

queria algo come9ava a tremer nao obedecendo a regras e limites impostos pelos

respons8veis A mae dizia que a filha ficou assim desde a morte do pai pais este a

bajulava muito fazia tudo 0 que ela desejava

Notou-se que F testava os limites dos adultos para conseguir 0 que desejava

e as pessoas que a cercavam para se livrarem das birras acabavam par fazer 0

que ela queria

34

Na escola nao conseguia se relacionar com os colegas quando a professora

pedia para fazer alguma atividade F lazia do jeito que queria

A mae de F fazia as atividades par ela dizendo que ~nao queria tazer como

seus pais naD que eles fassem ruins mas eles naD conversavam e naD tinham

tempo de dar atenC80 e de ensinar as deveres da escola

Durante 0 tratamento F inicialmente demonstrou ser cordata posteriormente

mostrou comportamentos de manipulayM querendo controlar a situayao e

procurando forcar que todos as seus desejos fassem realizados Na presenva da

mae nao obedeceu a nenhuma das ordens dela gritou e ficou clara a dificuldade da

mae em dar limites a filha F mostrava-se muito irritada

Foram feitos contratos com F e passou-se a trabalhar atraves de acordos as

limites Com estas regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela

queria

No tratamento foi fundamental que a mae e as demais pessoas que rodeiam a

crianya modificassem sua forma de agir Foi orienlado a mae que quando

ocorressem as tremores ela devena fazer de conta que nao havia percebido nada

Em sessao com a professora de F constatou-se que a hipotese de

problemas de aprendizagem se apresentava mais em lace da lalta de estimulo para

que esta realizasse suas pr6pnas atividades ao inves de que outras pessoas as

fizessem por ela Foram leitas sessees com a finalidade de comprovar se F tinha

problemas de aprendizagem e verificou-se que esla linha plena capacidade de

realizar as tarefas sozinha Em relayao a interayao familiar F dramatrizou em uma

atividade que sua mae trabalhava em um hotel 0 que correspondia a realidade e 0

marido trabalhava em hotel que seu pai estava muito doenle e tinha muitas dores

35

no corpo quando na realidade seu pai ja era falecido Mostrava com isso a falta que

a funy80 paterna Ihe fazia

A mae de F I numa sessao dedicada a sua orientay8o mencionou que F

estava cada vez melhor e que seus tremores para chamar a atenC80 estavam

diminuindo a cada dia

36

4 ORIENTA~OES AOS PAIS

ZAGURY (2001 p59) na complexa tarefa de dar limites sem ser autocratico

ou seja de como disciplinar sem bater OU sem ser coercitivQ com a crianya sugere

algumas estrategias

bull Premiar ou recompensar a born comportamento - sempre que a crianca

tiver atitudes corretas devemos ressaltar este tatoo E bern comum que as

pais muito ocupados com tarefas cotidianas esqueltam de elogiar

somente lembrando de ralhar quando os ftlhos fazem algo errado Desta

forma as criancas entendem que naD vale a pena fazer tudo certinhon

pois nao recebem aprova9ao A melhor forma de alcan9ar um objetivo

educativo e elogiar incentivar e ressaltar tudo a que a crianca fizer de

positivo

bull Diferenciar premiar de dar coisas materiais - apesar do consumismo

vigente as crianvas ainda valorizam mais urn carinho urn elogio sincero

reconhecimento do esforco do que presentes dinheiro e viagens

Eventualmente pode-se presentear materialmente mas e importante nao

comprarmos as crianras pois desta forma elas aprendem a agir de modo

calculista Se dermos nosso carinho e aprovayao seu ego se fortalecera

sua auto-estima se elevara e gradualmente a crianya sentira prazer em

agir de forma adequada

bull Fazer com que a crianya assuma as conseqOemcias dos seus atos - com

carinha e naturalidade devemos conversar e agir apontando seus erras e

fazendo com que reftitam sobre as atitudes incorretas antieticas ou

egocentricas tomando 0 cuidado de deixar claro que 0 que desaprovamos

37

sao as atitudes incorretas e naD suas caracteristicas pessoais 5e mesma

ap6s a explica~o a crianca reincidir na atitude incorreta entao e 0

momento de faze-Ia compreender que e responsavel pelos seus atos e

tambem pelas suas conseqGencias Deve-se ressaltar as consequemcias

do ato born carinho aprova~o estimulo etc Como do ato incorreto

desaprova9ilo nao reforyamento deixar de fazer algo que gostam etc

Deve-se ter em mente que as elogios premiacoes bern como as puni90es

devem ser proporcionais ao fato Ou seja e necessario que se tenha born sensa e

equilibrio para que as acoes sejam autenticas e valorizadas pel as criancas

COUTINHO FILHO (2003) tambem sugere algumas possibilidades para

colocar parametros de limites para a crianca

bull Nao coloque limites conforme seus desejos pessoais

bull Demonstre que voce e as demais adultos tambem tern limites a respeitar

bull Diga qual puni9ilo a ser dada para cada limite ultrapassado e nao deixe de

executa-Ia

bull De puniyoes brandas para atitudes brandas e puniyoes pesadas para

atitudes pesadas

bull Deixe claro que a puniyao Eo pelo ate e nao pela pessoa

bull Justifique os motivos do limite Nao faca isso porque nao quero ou nao

gosto nao Eo justificativa

bull Repita quantas vezes for necesstuio

bull Use sua autoridade sem provocar submissao e mal estar

bull Use da afetividade para impor limites

38

ZAGURY (2001) destaca pontos importantes para nao perder a autoridade

perante os filhos

bull Cumpra 0 que disse (seja premia ou conseqOemcia) ou seja ameacou

execute prometeu faya

bull Seja coerente 0 que nao pode nao pode nunca (salvo raras excessoes)

nao mude de atitude como quem mud a de roupa (au de acordo com 0 seu

humor)

bull Faya com que seus filhos gradualmente assumam responsabilidades

Deixe que eles participem das decisoes sabre premios ou conseqOeuromcias

- isto ajuda a amadurecer e compromete a crianca e as jovens que

aderem mais ao que ajudam a construir (mesma que sejam sans6es para

eles proprios)

bull Cuidado com 0 que diz e com 0 modo como diz - critique 0 ato nunca a

pessoa ou a personalidade de seus filhos Trate somente do assunto que

S8 esta analisando no momento naD desenterre coisas do passado sem

necessidade Nao fique com pena da crianya se ela chorar ficar triste

nao talar com voce E melhor ela ficar triste hoje mas aprender a respeitar

o pr6ximo a 5i propria e a palavra empenhada do que sofrer futuramente

nos seus relacionamentos interpessoais

Segundo TIBA(2002) os filhos nao vem com manual pois eles mesmos sao 0

manual au seja cada criancaencerra uma individualidade e a cada dia os pais irao

aprendendo com cada filho E importante neste aprendizado os pais privilegiarem 0

desenvolvimento relacional atraves de um procedimento basico que deve ser

aplicado a cada fllho Para TBA (2002) ese procedimento e valido para qualquer

39

relacionamento entre pessoas de qualquer idade mas que e relevante na formaC8o

da auto-estima da criancadesde 0 seu nascimento Para 0 atendimento integral a

uma crian9 sao cinco os passos parar ouvir olhar pensar e agir (TIBA 2002

p127)

TIBA (2002) descreve os cinco passos da seguinte forma

1 Parar - parar 0 que estiver fazendo ou pensando e dar atenyao total acriancaCasa naD possa parar naquele exato momento vale colaear uma

das maos no ombro da crian9 enquanto diz que logo vai atende-Ia A

crianya deve ficar esperando ali juntinho de voce Pode ser que ela queira

sair para voltar logo depois Se a iniciativa de sair for da crianca a

responsabilidade de voltar sera dela Mas deve evitar ao maximo dizer

para a crianca ocupar-se com Dutra caisa enquanto voce termina 0 que

esta fazendo Nem sempre ela volta outra vez pelo mesmo motivo E

tambem fundamental deixar de lado ideias preconcebidas sobre 0 que a

crianca vai fatar Se voce pensa ~Iavern aquela chata me encher Dutra

vez seu cerebro ja esta preenchido em parte com esse pensamento e

voce perde a chance de atende-Ia integralmente

2 Ouvir - e a parte racional Os pais devem olhar no funda dos ahos da

crianca como se a Duvissem com as ahos A criany8 precisa aprender a

se expressar Nao se deve tentar adivinhar 0 que ela quer Quando pede

alguma coisa esta desenvolvendo sua capacidade de pensar de formular

uma pergunta e de se expressar para que outras pessoas possam

compreende-Ia

3 Olhar - e a parte instintiva Num piscar de olhos uma pessoa consegue

ver tantas coisas que levaria muito tempo explica-Ias em palavras Tudo 0

40

que se percebe visualmente tambem tem que ser considerado para

compreender a crian9a

4 Pensar - lados os elementos percebidos tanto visualmente quanto

verbal mente mais 0 sentido educativo que se que ira imprimir na forma9ao

da criana devem fazer parte da resposta a ser dada Sentido educativo e

o objetivo a ser atendido com a educaao que esta sendo dada (Quer que

o filho seja egoista Coloque-o sempre em primeiro lugar em detrimento

dos outros e diga sim a todos os seus desejos Quer que ele seja feliz

Ajude-o a desenvolver a satisfailo pelo que e e pelo que consegue fazer

a tolerimcia a compreensao dos Qutrosa vontade de ajudar a quem pede

e a etica do bem)

5 Agir - essa aao ou resposta deve ser bem clara e objetiva Melhor ainda

se voce puder se assegurar de que a crianca real mente saciou sua

vontade

E importante ressaltar que os cinco passos devem ser utilizados em todas as

situayaes desde 0 tombo da crian98 pequena ate quando a crian98 crescer Ao se

utilizar este procedimento basico as atitudes dos pais tendem a ser coerentes Par

exemplo se uma crianca calr naD e necessaria as pais sairem desesperados em

todas Situ8COeS mas avaiar se 0 tombo foi grave QU se foi urn tombinho que naD

precisa de maiores cuidados Tambem as pais naD devem sair dizendo que chao

feio que passa a falsa ideia que 0 chao e culpado pelo seu tombo a criana tem

que aprender que ela deve ter cuidado Se ela se choca uma ou duas vezes numa

mesa ela aprende a ter cuidado por sua pr6pria experiencia TIBA (2002 p133)

41

destaca que a afobayao e a reacao exagerada dos pais geram inseguran9a na

crianca

Outre fato bastante comum e as pais deixarem as ftlhos ganharem jogos par

exemplo tentando agrada-Ios mesmo que os deseduquem As crian9as tern uma

sabedoria natural Brincam e competem de acordo com as conhecimentos e as

capacita90es de que disp6ern E mais facil para 0 pai brincar como se fosse crian98

e deixar 0 filho ganhar sempre Esse comportamento contudo da a crianca uma

visao irreal do que e jogar Ganha-se algumas vezes perde-se outras (TIBA 2002

p136) Ou seja e mais educativ~ para a criana descobrir que podemos ser bons

em algumas caisas mas nao em tudo Passa-se uma experiencia da realidade para

a crianC8

TIBA (2002) tambem cita 0 caso de colocar a crian9a no colo enquanto se

dirige urn carro A crianC8 tern a falsa sensacao de que comanda 0 veiculo mas issa

nao passa de urn poder irreal Ao dirigir urn carrinho de brinquedo ela poderia de fato

se sentir poderosa IS50 sem falar que quando 0 filho crescer ao 15 anos par

exempla vai querer sair com 0 carro do pai mesmo sem poder Mas quando era

criancaeu podia

o caso classico da criancaquerer dormir com os pais tambem e abordado por

TIBA (2002) segundo 0 autor 0 ideal e que desde bebe a crian9a deve aprender a

dorrnir no seu lugar mesmo que ache mais gostoso aninhar-se entre os pais Ir cada

urn para sua cama da 0 sentido de que cada urn tem seu territorio ai tambem

estamos delimitando limites onde sao respeitados 0 so no e 0 espacode cada urn

Crian~asmaiores que ja andam devem ter um lugar (ou quarto) proprio para dormirMesmo que ocasionalmente adorme~am na cama dos pais e importante que sejamlevadas a sua cama para que acordem la Nao devem adquirir 0 habito de dormir nacama dos pais Tenha paciencia e fale claro em born tom olhando seriamente nofundo dos olhinhos dela ~Cada coisa no seu lugar cada pessoa na sua cama~

42

Quando a crian(f3 percebe que 0 limite e coisa sena e vai ser cumprido procura seajustar(lIBA 2002p115)

OLIVEIRA (1999 p120) enumera as diversos problemas que causam a fato

dos filhos permanecem no quarto dos pais na hora de dormir considerando-as de

difieil recupera~aoposterior

1 Faita de valorizayilo da privacidade tanto do casal como da crianya

2 Mantem a relacao simbi6tica au seja a li98980 existente entre mae e

bebe prejudicando 0 desenvolvimento emocional da crian93

3 A crianya tende a formar relayao de dependencia da protey80 e da

preseny8 dos pais ate mesma durante 0 sono

4 Quando chegar a fase em que a crianca elege entre 0 pai e a mae 0 seu

preferido tenta afastar 0 autro esticando-se e virando-se na cama de

modo a deixar a preterido desconfortavel a ponto deste mudar de lugar

sair da cama e ate mesma do quarto

E importante ressaltar que sempre as regras devem ser claras e naD sujeitas

a mudancas pois a organizacao interna dos filhos fica muito prejudicada se dormir

au nao na cama dos pais se transforma numa possibilidade que depende apenas do

humor dos pais ou de quanto 0 filho se recusa a dormir sozinho (chorando

acordando diversas vezes etc) A crian9a com autonomia de sono e mais

independente e feliz (TIBA 2002 p116)

Enfatiza-se que na maiaria dos casas as pais permitem que as criancas

fiquem ate mais tarde no quarto deles nao e par uma exigemcia ou necessidade da

crianya mas par alguma deficiencia desequilibrio au imaturidade dos proprios pais

(OLIVEIRA 1999 p122)

43

Em relaiio ao choro da crian9l ressalta-se que ha dois tipos de choro 0 que

expressa dor e 0 que busca pader

Se 0 filho descobrir que pade usar a chom como fonte de poder as pais estaoperdidos Nunca mais saberao dizer se ele chara par dar au poder Urn chore depoder Necessita dos olhos e dos ouvidos de quem se quer dominar Ingenua acrianya que usa 0 choro como pader para imediatamente apes conseguir 0 que querOai a importancia de as pais ficarem atentos para nao ser manipulados (TIBA 2002p158)

o choro que apela para 0 lade coitadinho inspira ternura Eo urn tipo de

manipula9ao que busca 0 dominio pela chantagem aletiva Eo dilicil neutralizar 0 uso

do choro como arma

Segundo liSA (2002 p159) Urn pouco de dor nao matara a crian9a assim

como urn poueD de pader nao matara as pais ( ) Se traumas infantis matassem a

humanidade estaria extinta Nao ha filho que nao tenha side contrariado A imensa

maioria deles tern condi90es de agOentar contrariedades 0 autor destaca que pais

que sao soHcitos ao extrema nao trayam um born e segura trajeto para seguir 0

resultado e que a crianya fica insegura pais perde a confianca neles ela pressente

que as pais nao tern firmeza nas suas decisoes e sao manipulaveis

Deve-se tomar cuidado com as exageros urn erro cometido pelos pais

desde que nao seja baseado na violencia em surras socas e pontapes naa traz

problema nenhum Atos como esses descarregam a raiva mas nao tern forlta

educativa pois violmcia s6 gera violencia (liSA 2002 p159)

Em rela9aOaos pais lazerem as tarelas pelos filhos ou ainda pior comprar os

resultados ressalta-se que este tipo de atitude nao ajuda a crianlta cria

dependencia e compromete 0 desenvolvimento escolar Alem disso as pais acabam

privando os filhos do gosto de uma conquista dando uma mensagem subliminar de

que eles sao incapazes Os pais nao devem privar os filhos do gosto de uma

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

REFERENCIASBIBLIOGRAFICAS

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VEJA Especial para bebes Sao Paulo Ed Abril 2000

ZAGURY T Educar sem culpa a genese da etica 15 ed Rio de Janeiro Record2000

__ Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sabre a tirania dosfilhos 15 ed Rio de Janeiro Record 2000

Limites sem trauma - construindo cidadaos 25 ed Rio de JaneiroRecord2001

WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

Page 2: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

SUMARIO

RESUMO bull iii

1 INTRODU~AO bullbull 01

2 REFERENCIAL TEORICO bullbullbullbullbullbullbullbullbull 03

21 TRANSTORNO DESAFIADOR OPOSITIVO 03

211 Definiyao 03

212 Diagn6stico Diferencial

213 Influencias Familiares

22 A RELAcAO INDISCIPLINA X LlMITES - UM OBSTAcULO PARA

05

06

A APRENDIZAGEM 00

221 0 Papel da Familia 12

222 0 Papel da Escola 21

30 CASO DE UMA CRIANCA COM TRANSTORNO DESAFIADOR

OPOSITIVO bullbullbullbullbullbullbullbullbull 28

31 HIST6RICO DO CASO 28

32 EVOLU~Ao DO CASO

33 ANALISE DO CASO

30

33

4 ORIENTA~OES AOS PAIS bull 36

5 CONCLUSAO bull 48

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS bullbullbullbull 49

RESUMO

o transtorno desafiador opositivo tern tido grande prevalemcia entre criancas emidade pre-escolar e caracteriza-se pelo comportamento opositivo freqOente eintenso Este trabalho objetiva levantar quais as aspectos influenciam nocomportamento de uma crianya com transtorno desafiador opositivo A metodologiautilizada loi a pesquisa bibliogrfica exploratoria sabre a terna e estudo de caso deurna crian9a de 5 (cinco) anos com a diagnostico do relendo transtorno A lalta delimites esta intimamente relacionada a indisciplina das crianyas no contexte escolarPais e professores tern tido pouco preparo para lidar com 0 problema da indisciplinaou desobediemcia das crianyas A influEmcia dos familiares mais especificamentedos pais e notona no caso do transtorno desafiador opositivo Os principaisaspectos levantados na Iiteratura sao psicopatologia dos pais atitudes ineficazesdos pais e ruptura conjugal Oesta forma 0 tratamento deve envolver 0 treinamentoe onentavao dos pais no rnanejo de atitudes rnais adequadas e a trabalho com acrianca no sentido desta reap render a respeitar limites

iii

1 INTRODU~Ao

Crianyas em idade pre-escolar geralmente apresentam comportamentos

opositivQs mas existe urn limiar que define quando estas condutas deixam de ser

consideradas normais para a idade e passam a ser patol6gicas 0 transtorna

desafiador opositivo se caracteriza por condutas opositivas intensas e recorrentes

que nao cessam com 0 crescimento da crianrta

Varios aspectos podem influenciar no desenvolvimento do transtoma

desafiador opositivo As interaroes familiares estao intrinsecamente relacionadas ao

aparecimento do transtorno Questoes como a falta de limites e comportamentos

ineficazes dos pais entre Qutros influenciam na conduta da crian~ gerando

indisciplina e ate problemas de aprendizagem que se manifestam no contexte

escolar 0 tema indisciplina tern permeado a vida escolar E a principal queixa de

professores pais e todos aqueles que trabalham com crian9as

Objetiva-se levantar quais as principais aspectos que influenciam no

desenvolvirnento do transtorno desafiador opositivo e apresentar urn estudo de caso

referente a uma crianya de 5 (cinco) anos idade que apresenta 0 quadro Os

sintomas do transtorno desafiador opositivo constituem urn padrao de conduta

Pretende-se a) definir 0 transtomo desafiador opositivo b) pesquisar a relayao da

falta de limites com a indisciplina no contexte escolar c) levantar informayoes sobre

o relacionamento da crianca analisada com seus farniliares e com seus colegas de

escola d) orientar as pais no modo de agir com a crianya que apresente este tipo de

transtorno

A problematica gira em torno de descobrir quais atitudes dos pais podem

reforyar a desenvolvimento do transtomo desafiador opositivo 0 que levou a

2

pesquisa bibliografica exploratoria sobre os temas concernentes a pesquisa e ao

manejo terapeutico em relaC8oao transtorno desafiador opositivo em geral e em

especial ao caso apresentado

Tern side cada vez mais frequentes as queixas envolvendo comportamentos

opositivos das criancasOs pais nao sabem como lidar com 0 problema tao pouco

as professores estao preparados para enfrenta-Io Visa-se contribuir para 0

esclarecimento sabre 0 transtorno desafiador opositivo e orientar pais e professores

que se defrontarem com crianyas que apresentem tal diagnostico

3

2 REFERENCIAL TE6RICO

21 TRANSTORNO DESAFIADOR OPOSITIVO

211 Defini980

A defini9ao do reterido transtorno e a seguinte 0 transtorno desafiador

opositivo e urn padrao recorrente de comportamento negativista desafiador

desobediente e hostil para com figuras de autoridade (HANISH et ai 1999 p63)

A frequemcia e intensidade de comportamentos opositivos na crianltapode

justificar 0 diagn6slico de translorno desafiador opositivo Este Iranslorno tem sido

comum no inicio da infancia com condutas opositivas mais evidentes per volta dcs

seis anos de idade A identificayao e a tratamento precoces do transtomo desafiador

opositivo e recomendavel pois a inlensifica980 das condutas hostis podem evoluir

para comportamentos anti-sociais mais graves e desenvolvimento do transtorno de

conduta (HANISH et ai 1999)

HOLMES (199) descreve 0 Iranslorno desafiante oposicional como sendo

semelhante aos transtornos de conduta porem menes serios Os individuos com 0

transtorno desafiante oposicional sao caracteristicamente negativistas desafiadores

argumentativos e hostis Eles diferem das pessoas com outros transtornos de

conduta no sentido em que ao inves de atuar contra os outros eles sao ativamente

resistentes aos outros As criancas com transtorno desafiador oposicional tendem a

se descontrolar discutir com adultos recusar-se a fazer 0 que Ihes e dito e

intencionalmente fazer coisas para incomodar os outros

4

ALMEIDA et 81 (1996) destaca entre os disturbios psiquiatricos descritos no

DSM-IV eixo 1 que costumam ser diagnosticados pel a primeira vez na infancia ou

adolescencia 0 disturbio com provoca9lio e oposi9lio que deve ser diferenciado do

disturbio de conduta e de disturbios reativos a situa90es de estresse e de

comportamentos anti-sociais decorrentes de quadros pSicoticos como a mania

Segundo HANISH et 81 (1999) uma crianya para atender aos criterios

diagnosticos do transtorno desafiador opositivD deve apresentar no minima quatro

dos seguintes itens nurn periodo de aproximadamente seis meses

Crises de raiva

Discussao com as pais e outros adultos

Desobedimcia a regras e solicita90es dos adultos

Fazer coisas que aborrecem outras pessoas propositadamente

Acusar outras pessoas

Incomodar-se facilmente com as outros

Ficar com raiva e ressentimento

Ser vingativa ou maldosa

Quando pelo menos quatro das condutas acima estiverem freqOentemente

presentes em crian~asquando estes comportamentos nao sao tipicos da sua idade

e desenvolvimento e com prejuizo do funcianamento social escalar au acupacional

e diagnosticado 0 transtorno desafiador opositivo

5

212 Diagnostico Diferencial

Ressalta-se que 0 diagnostico de transtorno desafiador opositivo naD deve ser

dado se forem preenchidos os criterios de transtorno de conduta ou quando os

comportamentos opositivos ocorrerem somente durante urn transtorno de humor au

psicotico (HANISH et ai 1999)

Em rela9ao a diferencia9ao entre 0 transtomo desafiador opositivo e 0

transtorno de conduta HANISH et al (1999 p64) ressalta

C ) urn fator que diferencia 0 transtoma desafiador opositivo e 0 transtomo deconduta e 0 fata de que esle ultimo envolve a nao-considera~o e 0 desrespeito pelodireito dos Quiros () As crian~s com transtomo de conduta norrnalmente ternpouca au nenhuma preocupa980 em rela9secto ao impacto de sua conduta sabre asQutros ( ) Traduzindo em termos cognitivos as criancas com transloma de condutaparecem pensar pouco sabre as conseqOmcias de suas atitudes e apresentammenor habilidade de raciocinio moral enquanto as criancas com transtomodesafiador opositivo apresentam pouca habilidade de resolucao de problemas etentam utilizar a oposicao como fonna de coercaode condutas em especial de outraspessoas significativas (per exemple os pais)

Outra diferenciacao importante e entre 0 transtorno desafiador opositivo e 0

desafio e a oposi9ilo normal da idade 0 que acontece em crian9as normal mente no

periodo pre-escolar No caso do desenvolvimento normal da crianca os

comportamentos opositivos tern seu pico no inicio da inffmcia e diminuem com 0

tempo aqueles que caracterizam 0 transtorno desafiador opositivo continuam e

pioram com a idade (HANISH el ai 1999)

o disturbio de conduta ocorre em 3 a 7 das criancas e adolescentes com

predominancia na adolescencia e no sexo masculino Os sintomas costumam

aparecer entre 0 inicio da infancia e puberdade e costumam persistir ate a idade

adulta As principais conseqOencias na idade adulta envolvem abuso de drogas

6

discordia conjugal dificuldade em arrumar emprego prisao e morte prematura

violenta (ALMEIDA et ai 1996)

Os sintomas do transtorno de conduta giram em torna de um padrao

persistente de maus comportamentos no qual 0 individuo infringe regras e viola 0

direito dos outros e geralmente ultrapassam a idade infantil mantendo 0

comportamento disruptivo e criminoso mais tarde na vida (HOLMES 1997)

o disturbio de conduta se caracteriza par urn comportamento anti-social

persistente As crian9as tendem a mentir roubar faltar as aulas sem motivD se

envolver em hrigas constantemente fugir de casa agredir fisicamente os Qutros ser

cruel com pessoas e animais destruir propriedades alheias de forma deliberada

apresentar baixo rendimento escolar problemas de relacionamento com as colegas

e em casas mais intensas assaltar a mao armada cometer estupros e homicidias

(ALMEIDA et ai 1996)

213 Influencias Familiares

o papel da familia particularmente os pais pode influenciar 0

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo KRUESI e TOLAN citados por

HANISH et al (1999) identificam tres caracteristicas dos pais que tendem a

aumentar a probabilidade do aparecimento do transtorno desafiador opositivo e que

devem ser levadas em conta na formulaao do tratamento Sao elas pSicopatologia

dos pais praticas ineficazes dos pais e ruptura do casal

Como pSicopatologia dos pais encontramos principalmente 0 transtorno anti-

social de personalidade aiEimde outras formas como 0 uso de drogas e depressao

e varcfwes importantes como a maternidade na adolesceuromcia Na casa do transtarno

t~roj ~Slbullbullbullbullbullh

8MIl

anti-social nos palS e passivel a necessldade de Intervencao pOlS podem Interfenr

7

nas tentativas de modificar as praticas de manejo da conduta da crianl utilizadas

pelos pais (HANISH et ai 1999)

Algumas praticas ineficazes dos pais como as interacoes familiares

coercitivas tambem favorecem 0 desenvolvimento do transtorno desafiador

opositivo pois tendem a estar associadas a condutas opositivas desafiadoras e

hostis Segundo HANISH et al (1999 p65) diversos padr6es especificos de

interac6es familia res diferenciam as crian~s opositivas das nao-opositivas Par

exemplo as pais de criancas que naD obedecem tendem a refonar a conduta

opositiva e a ignorar DU punir as condutas sociais positivas ( ) Descobriu-se

tambem que eles sao mais criticos do que as pais de crianC8s que obedecem

Desta forma pais que impoem regras restritivas e fazem afirma90es amea9adoras

hostis e humilhantes favorecem as condutas opositivas dos filhos Em alguns

casas a conduta opositiva pede ser devida a disciplina inconsistente resultante do

medo e ansiedade dos pais em rela9ao ao fato de imporem limites ou san90es ()

muitos desses pais abusam de seus filhos ou os negligenciam (HANISH et ai

1999 p66) 0 comportamento opositivo das crian9as entao podem ter relacaocom

as interacoes familiares criticas conflituadas inconsistentes punitivas au

coercitivas

Os problemas conjugais tambem influenciam no aparecimenta do transtorno

desafiador opositivo e portanto devem ser considerados no plano de tratamento

() a evidmcia indica que as brigas conjugais apontam para a conduta disruptiva e

de nao-obediencia nas criancas Essa relacaoparece ser mais forte quando as pais

expressam hostilidade abertamente do que quando eles expressam uma

8

insatisfaao geral e e mais pronunciada em meninos do que em meninas (HANISH

et aI 1999 p66)

HOLMES (1997) considera de risco os fatores que aumentam a probabilidade

de uma crian9a desenvolver disturbios emocionais ou comportamentais Os fatares

de risco podem incluir caracteristicas biol6gicas (perinatais) geneticas lamiliares

(pais com disturbios psiquiatricos criminalidade paterna disc6rdia conjugal grave

estresse familiar cranico) caracteristicas sociais (nivel s6cio-economico baixo)

Porem HOLMES (1997) destaca que mesmo sob condi90es adversas como

estresse e privacaoha crianyas capazes de S8 desenvolverem satisfatoriamente em

nivel emocional e social

No tratamento deve-s8 avaliar case a caso e muitas vezes avaliar 0

fundamento cognitiv~ da conduta dos pais para ptanejar urn tratamento familiar

adequado Pelo lato de as cren98s dos pais desempenharem um papel importante

no seu comportamento bern como no de seus ftlhos e importante entender em que

medida essas crencasestao envolvidas na determina980 da pSicopatologia dos pais

da paternidade coercitiva e inconsistente e da discordia conjugal e como esses

latores podem aletar a crian98 (HANISH et aI 1999 p66) Ou seja 0 tratamento

do transtorno desafiador opositivo deve envolver 0 treinamento dos pais nas

habilidades de manejo adequado e a modificaao de suas cren9as no que tange ao

manejo da conduta No treinamento dos pais deve-se focar 0 aumento da conduta

positiva e diminuiyao da negativa na crian~ ensinando-se aos pais principios do

aprendizado social e habilidades de manejo da conduta e de resolu980 de

problemas

9

22 A RELACAO INDISCIPLINA x LlMITES - UM OBSTAcULO PARA A

APRENDIZAGEM

A questao da disciplina envolve varias faces de um problema E necessario

desenvolver uma visao sistemica e analisar par todos as o3n9u105 aluno escola

familia sociedade A motiva9ao e um fator fundamental para que 0 aluno seja bem

sucedido no sistema escolar permanecendo no mesmo e realizando as tarefas

necessarias para 0 seu conhecimento e aprendizagem Considera-se que 0 sucesso

dos filhos no sistema educacional decorre entre Qutras eoisas da motivacaoque as

familias conseguiram despertar neles em relacaoa instituicao

o problema indisciplina pode ser entendido como conseqOeuromciade um leque

de situa90es vividas em familia pais inseguros quanto a colocar ou nao Iimites

relacionamentos tensos entre pais excesso de zelo para reparar a culpa por ter que

deixar a criancaprivada do cantata com as pais que trabalham fora criancas que

passam a maior parte do tempo em frente da TV ou na rua com Qutras criancas

sofrendo tode tipo de influencias prejudiciais a sua educacao pais autoritarios ou

muito liberais falta de dialogo e bom exemplo no seio familiar desconhecimento da

importancia dos relacionamentos dos primeiros anos de vida como base da

formaC8oda personalidade par parte dos pais Sao estas criancascom hist6rias de

vida as mais variadas possiveis que chegam a uma escola e encontram ali narmas

rigidas ou ausencia de narmas Professores com uma serie de limitac6es na sua

forma9aO humana e academica que passam a desempenhar 0 papel de educador

em sala de aula

A familia e a escola devem atuar em parceria objetivando a aprendizagem e

o sucesso escofar do auno Elas sao 0 aicerce e modelo para que as criancas

10

aprendam naD somente conteudos mas tambem a viver em sociedade com suas

normas et portanto e necessaria que tenham objetivos comuns em relacao a

val ores disciplina e convivio social Este suporte e proporcionado nao somente pelo

ambiente adequado mas no equilibrio e tranqOilidade do lar e da escola Assim

sendo 0 aluno nao S8 sente abandonado inseguro mas sim recebendo

orientacoes estimulos e principal mente exemplos de responsabilidade e respeito

Para WINNICOTT (1971) a saude do pais depende de unidades familiares sadias

com pais que sejam individuos emocionalmente maduros

Nao hit uma causa (mica para a indisciplina mas sim uma conjuncao de

fatares que interagem uns sabre 0$ Qutros que imobilizam 0 desenvolvimento do

sujeito e do sistema familiar nurn determinado momento afetando 0 aspecto

comportamental e a aprendizagem do aluno

o individuo ao ingressar na escola ja teve experiencias relacionadas a

diversas situac6es e ira reagir a esse novo ambiente Ha alunos com dificuldades de

adaptayao e rendimento insatisfatorio nos estudos por estarem comprometidos par

ansiedades e tensOes psiquicas

E imprescindivel que a familia e a escola deixem de ficar se cui pando

mutua mente e passem a refletir sobre sua funyao vital no desenvolvimento de

individuos adaptados ao ambiente realizados e capazes de utilizar suas

potencialidades de forma construtiva para a sociedade e consequentemente para

o fortalecimento da familia e da escola como instituicoes estruturadas e em

permanente evolucao

Ressalta-se urn aspecto muito importante relacionado a agressividade e mais

especificamente a indisciplina E a questao dos limites Pais e professores precisam

11

ter em mente a importancia de trabalhar essa questao com filhos e alunos e

diferenciar a demarc8C8ode limites de autoritarismo ou abuso do poder

Sermos adequados e saber encontrar a distancia certa entre nos e a Qutro E

naD ocupar um espaco exc8ssivamente pequeno para naD nos sentirmos acuados e

ameacados evitando tomar-nos agressivos () Todo ser vivo necessita de um

espatominima para viver sem 0 qual torna-S8 agressivo e luta pela sobrevivencia

ou perece (MIRANDA 2001)

OLIVEIRA et al (1999 p151) destaca a importancia dos limites

A disciplina e 0 todo que engloba a organiza~o que mantE~m a ordem entre aseoisas e as pes50as 0 limite e a fator que determina 0 campo e a espalto daatualfao Portanto 05 limites sao urn dos principais fundamentos da disciplina 0limite e que determina onde os meus direitos terminam e onde iniciam os dos outros() E necessario que 0 limite comece a ser estabelecido desde a forma~o dapersonalidade da crianca ou seja desde 0 nascimento () Ensinar a crianya aobedecer limites e treina-Ia para a vida

E preciso que os adultos aprendam a nao invadir 0 esparo da crianca nao

permitindo tamhem que as crianyas invadam 0 espayo dos outros E necessaria

quebrar este cicio vicioso que faz com que a indisciplina continue a ser 0 centro das

atenc6es na escola e na familia Dar limites e nao impor Iimites este e 0 grande

desafio para pais e educadores

Para que a criancaaceite os Iimites impastos e necessario que os pais au a

pessaa responsavel acredite no que esta dizendo e 0 faca com firmeza e explique

para que a crianra acredite e para que absorva a ideia de que ela nao esta proibida

de tudo mas que nem tudo 0 que desejamos podemos fazer mas ela pode fazer

quase tudo (ZAGURY 2001)

Quando se da Iimites esta se fazendo urn ato de amor oj crian~a e ao futuro adulto

ensina-se a ele a viver em sociedade a respeitar e ser respeitado esta se poupando

12

a crianca de cair no mundo das drogas e da violencia cnde 0 limite e muitas vezes a

marte

221 0 Papel da Familia

Os pais tem um papel fundamental na motivayao do aluno e sua participa9ao

e imprescindivel para que 0 aluno aprenda Desta forma a familia faz parte do tripe

que sustenta uma aprendizagem com sucesso Quando a familia esta tranqOila e a

rotina de casa esta equilibrada 0 aluno apresenta maiores oportunidades para urn

bom aprendizado

A familia e suporte fundamental para 0 bom desempenho escolar Pode-se

dizer que a clima familiar influencia no desempenho escolar e pade trazer prejuizos

ao rendimento escolar quando naD harmonioso

Se a familia naD da a crianca a base emocional firme 0 que tazer

E importante ensinar a crianca a identificar as sentimentos e lidar melhor com

eles

DAVIDOFF (1983) descreve como se da 0 desenvolvimento do ser humane

desde a concepcao e a importancia dos relacionamentos dos primeiros meses de

vida e da primeira infancia na forma9ao da personalidade e da socializayao futura do

individuo Para ela a base de urn relacionamento sadie entre mae e filho esia na

intensidade de afeto que a mae dispensa a crianca na amamentaC8o enos

cuidados na satisfa9ao de suas necessidades fisiol6gicas A qualidade das

intera90es sociais da crian9a estrutura a personalidade do individuo de algumas

formas importantes Falando de frustra90es conflitos e outras tensoes a autora

chama a aten9ao dos adultos que convivem com a crianca e 0 adolescente para sua

(~ )(~~l J 13

lt~C~responsabilidade em apoiar orientar e acompanha-Ios para que possam superar as

situaryoes conflitivas evitando assim 0 desenvolvimento de uma personalidade

agressiva e desajustada

DAVIDOFF (1983) vai mais alem ao dizer que pais maduros e seguros

envolvem os filhos em tomadas de decisao e assuntos da familia Apresentam

razoes para a que solicitam e proporcionam experiemcias graduais apropriadas para

a afirmayao da independencia Ainda assim retem a responsabilidade final Os filhos

dos pais maduros tendem a ser autoconfiantes independentes possuem boa auto-

estima e born relacionamento com suas familias Os pais autontanos preferem

taticas primitivas duras quando surgem conflitos insistem em obediemcia Sao

coercitivQs e favorecem a desenvolvimento de transtornos como 0 desafiador

opositivo No outro extrema os pais laissez faire que afrouxam totalmente as

limites sao totalmente igualitarios Todos os membros da familia estao

essencialmente Ilvres para fazerem deg que quiserern Raramente estes pais tomam

decis6es ou aceitam responsabilidades Os adolescentes filhos de pais autoritarios

e do tipo laissez faire tendem especialmente a ter problemas de ajustamento

o individuo age com relary8o a certas pessoas como seus pais se

comportaram para com ele Caso as imagos paternas que sao preservadas em

nossos sentimentos e em nossas mentes inconscientes forem predominantemente

rigidas nao poderemos estar em paz com n6s mesmos Odiamos em n6s as figuras

rigidas e intolerantes que tambem formam parte de nosso mundo interno e que sao

em grande parte a resultado de nossa agressividade para com as nossos pais

o homem e urn ser social ele precisa viver com as outros homens para

desenvolver suas necessidades basicas como 0 trabalho a criatividade a arnor par

14

issa ele S8 juntou em comunidade As comunidades sao uma reuniao de pessoas

que tern interesses comuns au seja interesses iguais

Familia e 0 nucleo de pessoas aparentadas que tern la90s de sangue e que

se apoiam no sentido de manter 0 nucleo permanentemente em comunhao

Hit uma serie de expectativas sociais em relacao it familia e preciso que

socialize as criancastomando-as capazes de viver junto aos Qutros seres humanos

A institui9ao familia tern passado ao longo da historia da humanidade por crises

muito serias As formas de familias sao extrema mente variaveis E mais variaveis do

que dentro de nossa proprio pais sao as formas de familia de Qutros paises do

mundo

A familia ah~m de reproduzir novos seres humanos tenta produzir neles as

seus habitos costumes e valores atraves de gerayoes

A familia sempre foi a celula-mater de uma sociedade ou refUgio das

atribuiyoes do mundo Tambem a religiao impoe normas as familias que em torno

del a se reunem Grande parte do comportamento de uma familia no sentido moral econtrolado pela religiao em que ela acredita Em troca a religiao e sustentada pela

familia fazendo com que as crencas e preiticas mora is subsistam por seculos e

levando as pessoas a uma aceitacao de punicoes impostas

o prestigio social dos individuos na familia tradicional de seu

comportarnento diante de sua fe de seu comportamento em rela9ao a familia e de

sua origem e influenciado pelos costumes que traz atraves de geralt6es Durante

anos a familia conduziu-se como uma barreira diante de inovac6es e de formas

novas de ligalt8o homem-mulher-filhos Os vinculos familiares representam uma

seguran9a afetiva e material muito importante para 0 desenvolvimento do individuo

A historia da humanidade assim como os estudos antropologicos sobre os

15

pavos e culturas distantes de n6s (no espacoe no tempo) esclarecem-nos sabre a

que e familia como existiu e existe hoje Mostra-nos como fcram e sao hoje ainda

variadas as formas sob as quais as familias evoluem se modificam assim como

sao diversas as concepcoesdo significado social dos la-os estabelecidos entre as

individuos de uma sociedade dada

Apesar dessas variacoes a forma mais conhecida e valorizada de nassos

dias a familia composta de pai mae e filhos chamada familia nuclear normal

Este e 0 modele que desde criancaS8 ve em livres escolares nos filmes na

televisao mesma que no seia familiar S8 verifique urn esquema diverso

A natureza das rela90es dentro de uma familia vai se modificando atraves do

tempo 0 aspecto mais problematico da evolU9aO da familia est sem d0vida

alguma ligado ao questionamento da posi9ao das crian9as como propriedade dos

pais e a posiryao economica das mulheres dentro da familia Inclui-se ai 0

questionamento da distribui9iio dos papis ditos especificamente masculinos e

feminin~s e esse e urn problema chave para 0 surgimento de uma nova estrutura

social

Nao se poder mudar a institui9ao familiar sem que toda a sociedade mude

tambem Pode-se afirmar ainda que qualquer modificayao na organiza~aofamiliar

implicara tambem numa modifica9ao dos rigidos papeis de esposa mae ou

prostituta os 0nicos atribuidos as mulheres Quanto as crianyas ha algum tempo ja

o Estado intervem entre pais e filhos e desde a pouco os pais sao passiveis de

denuncias pelos vizinhos caso punam fisicamente seus filhos

Atraves da escola do controle sobre os meios de comunica~aode medicos e

psic6lagas a pader dominante de cada sociedade mais au menos sutilmente imp6e

normas educacionais sendo dificil aos familiares contraria-Ias De uma maneira

16

geral cabe ainda aos pais grande parcela de poder de decisao sobre seus filhos

menores Parcela essa cada vez mais contestada A esse pader equivalem por

parte dos filhos direitos legais em relagao aos seus pais em particular no sistema

capitalista Direitos a assistencia educayao manutenyao e participacao em seus

bens e proventos

A familia como toda instituigao social apresenta aspectos positiv~s enquanto

nucleo afetivo de apoio e solidariedade Mas apresenta ao lade destes aspectos

negativ~s como a imposicao normativa atraves de leis uscs e costumes que

impllearn formas e finalidades rigidas Torna-se muitas vezes elementa de coayiio

social geradora de conflitos e ambigOidades

A agressividade inata tende a sef ativada pelas circunstancias externas

desfavoraveis e inversamente e mitigada pelo arner e compreensao que a crianca

recebe 0 seu desenvolvimento e suas reac6es com 0 adulto devem ser

considerados como resultantes da interacao e influencias externas e internas

Um sistema familiar disfuncional nM permite ao aluno a maturidade

necessaria para conseguir urn born desempenho academico

A problematica emocional ligada a situayao conflitiva absorve a

disponibilidade perceptiva e reacional do individuo a estimula~ao externa

dificultando a sua integragao ao ambiente e perturbagao nao 56 a sua capacidade de

aten98o de concentra~ao de raciocinio mas sobretudo a de relacionamento Assim

sendo as dificuldades de assimilayao na aprendizagem escolar podem estar ligadas

a fixagoes emocionais (NOVAES 1970 p 145)

Geralmente criangas com problemas emocionais adotam atitudes agressivas

de inibiyao constri9ao regressao isolamento hostilidade oposigao indiferenya

17

indisciplina exibicionismo dissimula~aosensibilidade e au emotividade excessivas

sendo freqOentesos problemas de mentira de furto e de natureza sexual

Na instituiyao familiar seja ela qual for e a ligayao emocional entre as

pessoas que as torna mats felizes e saudaveis

As perturbaltoes no ambiente familiar interferem no comportamento do

individuo Existe urn processo duple entre 0 lar e a escola as tensoes que sao

geradas num ambiente se manifestam como perturbaltoes no comportamento do

outro (WINNICOn 1971 p 223)

Resgatar a papel da familia e seus vaiores levan3i 0 aluno a sentir-se

amparado A autoridade paterna e materna participativa se faz necessaria na

criayao e educaltao na orientayao e aquisiltao de bons habitos influentes na

projeltaosocial das pessoas Nao necessariamente isto se refere a presenltafisica

de ambos os pais mas da existencia das funlt6esenquanto autoridade

A emoltaopermeia todos os aspectos da vida diaria do ser e tambem interfere

na aprendizagem fazendo-se necessaria urn conhecimento dos aspectos

emocionais para assim pader assistir 0 aluno em seu trabalho escolar A

estabilidade no ambiente familiar proporciona ao individuo seguranya e

independencia A participaltao da familia no cotidiano escolar e de suma

importancia para a aprendizagem

Os jovens nao podem se sentir abandonados eles precisam de exemplos e

sobretudo de afeto para a construltaode uma vida melhor

SOUZA (1995 p 58) considera que a inibiltaointelectual estaria na base da

dificuldade de aprendizagem Existem fatores da vida psiquica da crianlta que

podem atrapalhar 0 born desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaltao

18

com a aquisirao de conhecimentos e com a familia na medida em que as atitudes

parentais influenciam sobremaneira a rela~aoda crianca com 0 conhecimento

Ressalta-se que entre as variDS fatores que influenciam 0 aspecto emotional

da crian9a tem-se alcoolismo familia numerosa sem condicoes minimas estruturais

brigas freqOentes em casa abandono trabalho infantil etc A convivmcia com um

au mais destes fatores acarreta na impossibilidade do aluno concentrar-se nas

aulas visto que a sua aten9ao se volta para a tentativa de resolu9lo dos problemas

familia res que ele julga insoluveis na maioria das vezes Existe urn certa

conformismo misturado a angustia quando 0 aluno consegue expor 0 problema que

o aflige

Deve-se compreender que a familia esta envolvida em diversos problemas

oriundos das pressoes s6cio-econ6micas das dificuldades de habita9ao

alimenta9ao e trabalho sem tranqOilidade para assimilar e analisar os estimulos

externos integrando-os a sua dina mica familiar

A influencia do ambiente familiar e decisiva para 0 ajustamento emotional e

muitas vezes 0 grupo familiar nao oferece condi90es de estabilidade e de

seguranya emocional para 0 desenvolvimento normal de seus filhos

Grande incidencia de conflitos emocionais que se exteriorizam par ansiedade

sentimentos de inferioridade de inseguran98 depressao medo negativismo e

incapacidade de estabelecer rela90es afetivas geralmente coincidem com 0 grande

numera de familias desintegradas desunidas de pais ausentes incompreensivos

imaturos neur6ticos dominadores desajustados que nao podem dar compreensao

amor e apoio aos filhos

ZAGURY (2000) relata 0 resultado das duvidas e incertezas de muitos pais

Para ela os pais devem compreender que mais importante que satisfazer os desejos

19

da CrianC8 e ensinar principios eticos como honestidade solidariedade e respeito

mutua Principios estes que sao fundamentais para 0 born relacionamento social na

adolescencia e vida adulta

Limites sao regras ou normas de condula que devem ser passadas para as

criancas desde tenra idade Eles mostram as crianyas 0 que podem e 0 que naD

podem 0 que devem e 0 que nao devem fazer Ensinam tambem como respeitar 0

proximo facilitando a socializayao Os limites devem fazer parte da educaao pois

vivemos em sociedade e para a boa manutencao desta se faz necessaria a

existencia e 0 respeito as regras (COUlINHO FILHO 2003)

Em seu livro Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sobre a tirania

dos filhos ZAGURY (2000) discute os principais problemas que envolvem a

educayao dos filhos na sociedade moderna quando toda uma geraao de pais foi

influenciada par urna visao excessivamente psicologizante As ambigOidades as

diferenyas entre as regras estabelecidas pelos te6ricos sao debatidas e criticada a

tirania de alguns especialistas que contribuiram para a disseminayao de um dos

maiores males da educaao - 0 chamado psicologismo A autora alerta para a

necessidade de as pais serem criticos nas orientayoes e conhecimentos adquiridos

sobre a educaao dos filhos e chama a atenao sobre os limites e a necessidade de

autoridade por parte dos pais a importancia de se construir uma relayao baseada na

autenticidade e na democracia tanto para as crianyas quanta para seus pais

Para liSA (1996) a disciplina tern inicio antes mesmo do nascimento atraves

do modo como os pais se comportam no relacionamento mutuo Os primeiros dias

de vida e as interac6es com os pais ou pessoas que as substituem sao de

fundamental importancia no desenvolvimento bern ajustado Pois e nessa interayao

que a mae transmite 0 modo de ser da familia e isso e essencial para ajudar 0 filho

20

a formar 0 seu ser psicol6gico pois a crianca traz ao nascer apenas 0 seu ser

biol6gico

0 pai deve ter muita saude pSicol6gica para participar do gesto de

alimentat8o que tern urn significado tremendo no ge5to afetivo A crianca nao

precisa s6 de leite 0 leite alimenta 0 corpo 0 afeto e 0 alimento da alma Crian

sem afeto entra em depressao(lIBA 1996)

Deve-S8 ressaltar que 0 limite e diferente de repressao 0 primeiro S8 instala

atraves das puniyoes ja a repressao atraves da culpa A puniy80 age sabre a ato e

a culpa sabre a pessoa Durante 0 desenvolvimento da clianca 0 limite e saudtlVel

quando este refere-s8 apenas aos atos naD desrnerecendo au desvalorizando a

pessoa A crian nao deve se sentir culpada pelos seus atos mas responsavel par

estes (COUlINHO FILHO 2003)

llBA (1996) diz que os pais que exageram na preocupayao com a choro e a

comida estao contribuindo para ter urn indisciplinado dentro de casa estao

desrespeitando a desenvolvimento biol6gico da crian A mae que trabalha fora

sente-se culpada par deixar a filho sozinho na creche au na escola e depois a

superprotege para reparar a culpa acabando par criar urn folgado dentro de casa

o modo como lidar com a liberdade e Dutro fatar influenciador no comportamento da

crianya e do adolescente Impar limites sem submissao e autoritarismo e outro

desafio para os pais que precisam respeitar a espayo de individualidade sem se

submeterem aos seus caprichos

o tema indisciplina oj amplo e muito se tern ainda a pesquisar estudar e

orientar no sentido de ajudar as pais a encontrarem urn caminho mais segura na

educay80 e formayao da personalidade dos filhos que tern inicio nas primeiras

relayoes entre mae e filho

21

222 0 Papel da Escola

Se a condi9ao basica e necessaria para a aprendizagem e a integridade

moral e 0 estabelecimento da interalYBo professor versus aluno cnde fatares afetivos

e cognitivos exercem influencias decisivas na busca de realizac68s e de desejos

confirmando-Ihes determinadas caracteristicas inteny68s e significados e na escola

que ocorrem boa parte dos problemas com as quais 0 aluno S8 esbarra lentidao de

raciocinio falta de atenyao desintereSS8 indisciplina entre Qutros encontram as

suas origens na estrutura biol6gica sobretudo quando exposta ao meio ambiente

(POLITY 1998)

Em ambientes cnde estes fatares naD sao considerados relevantes que

alunos com dificuldades de aprendizagem ou com problemas de indisciplina acabam

sendo rotulados sofrendo puniyoes devido ao seu fracasso escolar Estes

apresentam lalta de interesse desmotiva980 para estudar pregui9a e distra9ao

Com isto os pais e professores nao entendem estas dificuldades e 0 aluno em seu

permanente estado de tensao nao consegue prestar aten~o e participar das aulas

nao obtendo os resultados esperados (MORAIS 1997)

Outro fator importante e a problematica emocional que deve ser considerada

como decisiva na adaptacao e rendimento escolar podendo trazer serias

conseqOemcias ao desenvolvimento e progresso emocional da crianca A escola

deve oferecer condic5es e estabilidade emocional e atraves do diagn6stico precoce

dos encaminhamentos adequados da pr09rama9aO adequada das atividades

escolares e da preparacao do professor atender a esses casos prontamente

poupando assim a crianra e a sociedade do agravamento dessas situac6es

(NOVAES 1970)

22

Neste interim surge a psicopedagogia como auxiliar no cicio aluno - familia -

escola quando se instala uma dificuldade de aprendizagem 0 psicopedagogo deve

ter urn olhar para 0 contexte global onde est inserida a criana com dificuldade de

aprendizagem as relac6es familia res e escolares

As crian~s que se evadem da escola em geral sao as mais rejeitadas

Estas criancas precisam ser estimuladas ao relacionamento a responder

adequadamente aos sentimentos do outro e a controlar tensao e ansiedade

compreendendo qual e 0 comportamento aceitavel em determinada situacao

E preciso aprender a lidar com a ira e a tristeza a respeitar as diferencas de

modo a encarar as eaisas dificeis aprender a perguntar a negociar a ser mais

assertivo Eo importante somar aos conteudos de hoje as liDes sobre sentimentos e

relacionamentos 0 primeiro passe e aprender a nomear a emoCao compreende-Ia

a partir de suas express6es faciais corpora is E essencial que 0 professor amplie

sua ViS80 sobre as quest6es emocionais desenvolvendo autodisciplina vida

virtuosa capacidade de motivar-se de enfrentar press6es e resolver conflitos

Por tudo isso a escola tem 0 compromisso moral e etico de se preocupar com

o desenvolvimento dos alunos reinventando as aulas e proporcionando a sintonia

do conteudo a capacidade de aprender Considera-se muito importante que a familia

e a escola estabelecarn urn vinculo para tentar mUdanyas em relaC80 it falta de

atenC80 e indisciplina no sentido de ajudar 0 aluno a evitar maiores dificuldades

crises e stress

ANNA FREUD (1971 p162) considera que as normas escolares prestam

pouca ou nenhuma atenC80 as diferencas individuais

o aluno deve sentir-se desafiado e envolvido no processo a todo instante A

capacidade de empatia entre professor e aluno e 0 segredo do sucesso no

23

relacionamento entre ambos A auto-estima e urn ponto tambem fundamental para

um comportamento bem integrado

Num sistema educacional problematico como 0 do Brasil unido ascaracteristicas pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita5es

do professor e toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sal a

de aula interferem na aprendizagem como urn todo Pais e professores devem estar

atentos para educar desde os primeiros dias de vida para a disciplina que nao

5ubmete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemple e 0 dialogo

E preciso que a escala como urn todD e principal mente seu corpo docente

ampliem a consciencia a respeito da responsabilidade que tern em relacao ao futuro

dos seus alunos e alem disso que possam perceber a importancia do bern estar

psicol6gico como uma situacao fundamental para a aprendizagem satisfat6ria A

escola pode e deve propiciar ao aluno seguranca emocional para que ele possa

vivenciar vinculos saudaveis com seus professores e colegas

Espera-se que Utenham uma visao positiva da vida e sentido de humor que

sejam capazes de apreciar 0 valor de uma boa risada para eliminar pequenos

ressentimentos e aborrecimentos que prejudicam 0 crescimento do aluno (MOULY

1979 p 134)

E urgente a necessidade de uma nova escola desenhada para a mente e 0

cora~ao que ensina autocontrole empatia a arte de ouvir de resolver conflilos de

cooperar

A indisciplina pode ser definida como

Indisciplina e a recusa de $ubmeter-se as regras de aprendizagem educativa e a seu sistemade transmissao institucional Relacionada com 0 contexto familiar e escolar a indisciplina eum dos sintomas dos disturbios da inf~ncia e da adolescencia Quee preciso situar no campomutti~imensional da~ i~teracOesentre processos de aprendizagem e finalidades da educayaorelayao educadorlsuJeltolgrupos de alunosJclasse sistema de avaliacao e risco de fracasso

24

Ultrapassando 0 simples registro dos disturbios de carater a indisciplina tern a ver comfatores psicossociais que dao sentido a essa forma de insubmissflo (DORON et ai 1998)

Para VASCONCELLOS (1995) as manifesta90es de indisciplina na escola e

na sal a de aula sao urn problema a ser analisado na sua totalidade levando-se em

conta a familia as mudan~asocorridas na escola a professor a sociedade a crise

dos sentidos e dos limites considerando-se que 0 que se entende por disciplina e

como construi-Ia nurn processo de interarao entre 0 adolescente e a

professorescola

A educaC8o no seu verdadeiro sentido naD se faz sem autoridade pais 0

educando precisa do referencial do educador a fim de ter base para a constru9ao do

seu eu Muitas vezes 0 professor nao consegue disciplina porque nao tem

autoridade diante dos alunos Normalmente 0 professor fica esperando que 0 aluno

traga urn reconhecimento natural para com sua pessoa historicamente esse tempo

passou 0 tratamento de respeito tem que ser conquistado pelo professor

(VASCONCELLOS 1995)

A questao fica complicada quando temas como profissionais da educayao

elementos totalmente alheios e nao educados para a realidade atual Alem da falta

de dominio dos conteudos a serem ensinados falta-Ihes a capacidade de perceber

essas transforma90es hist6ricas que vern ocorrendo no relacionamento educando x

educador Falta-Ihes conhecimento do desenvolvimento humane e psicol6gico de

seus alunos E por fim suas pnticas pedag6gicas sao pobres de metodos que

propiciem a intera9aOe a construyao do conhecimento no respeito mutuo falta-Ihes

autoridade e capacidade de administrar a indisciplina gerada pelos fatores citados

Esses professores podem se deparar com criancas com transtorno desafiador

25

opositivo e muitos deles carecem de orientaCiies de como lidar com este tipo de

conduta

A disciplina escolar e urn conjunto de regras que devem ser obedecidas para

o exito do aprendizado escolar Portanto ela e uma qualidade de relacionamento

humano entre 0 corpo docente e 0$ alunos em uma sala de aula e

consequentemente na escola respeitando as caracteristicas de cada urn dos

envolvidos (TIBA 1996)

Para que haja disciplina em sala de aula isto e alunos motivados satisfeitos

com a aula e necessaria que 0 professor seja urn grande conhecedor do que

ensina da realidade que 0 cerca e tenha a capacidade de envolver 0 aluno na sua

sala usanda uma metodologia e uma didatica que nao deem margem a apatia ao

cans890 a monotonia para ambas as partes 0 aluno deve sentir-se desafiado e

envolvido no processo a todo instante A capacidade de empatia entre professor e

aluno e 0 segredo do sucesso no relacionamento entre ambos

Para TIBA (1996) a indisciplina na escola e vista como conseqOencia do

sistema educacional brasileiro que afeta diretamente as rela90es dos individuos em

sal a de aula e na escola Urn sistema total mente falido unido as caracteristicas

pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita~oes do professor e

toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sala de aula A auto-

estima e citada pelo autor como fundamental para um comportamento bem

integrado Ele aponta tambem inumeras sugestiies para os pais e professores no

sentido de como educar desde os prirneiros dias de vida para a disciplina que nao

submete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemplo e 0 dialogo

Por outro lado encontra-se a escola tentando cumprir a sua funCao (orientar

na constru~ao do conhecimento) e freqDentemente quando 0 professor se depara

26

com um alune que esta precisando de ajuda no aspecto emocional encontra-se

despreparado para lidar com a questao reagindo com intolerancia Consideram

muitas vezes mais tacil fazer julgamentos como 0 alune naD tern jeito bulle da

familia tal todos as irmaos desta familia ja fcram meus alunos e sao todos i9uais

Eventualmente recusam-se a participar de cursos de atualiza9ao e aperfei90amento

e preferem adetar a postura de que sabem que 0 alunD naD tern jeito mesma e nada

S8 tern a fazer a que favorece 0 rebaixamentoda auto-estima do alune e 0

agravamento do problema gerando disc6rdias e aborrecimentos na escola

Urn Dutro aspecto a ser considerado e que tudo sa tornaria mais facil para a

crianca se ao ingressar na escola ela pudesse encontrar um ambiente acolhedor

com regras bern definidas professores conhecedores dessa realidade com

formacaopsicol6gica para propiciar momentos de tomada de consciencia do porque

daquele comportamento fazendo acontecer a catarse e redirecionando as modos de

agir de tais crian~s e adolescentes Porem a realidade das escolas e bem outra 0

proprio ambiente e a mentalidade favorece que ela a crianca a adolescente

coloquem toda a agressao reprimida suas neuroses seu 6dio seus sentimentos

de culpa sua revolta contra a autoridade e a patrimonio escolar Muitas vezes 0

atuno encontra professores que nao se libertaram dos traumas e problemas dos

quais eles mesmos foram vitimas na primeira infancia alern de desconhecerem e

nao saberem lidar com a crianca e 0 adolescente problematico pelo desprepara

pedag6gico e a falta de metodos adequados e atrativos para prender a aten9ao e 0

interesse de seus alunos Sua pratica pedag6gica e pobre de recursos e estrategias

que desafiem e motivern tais alunos a se auto valorizarem elevando a auto-estima

Urn dos pontes mais comuns entre as indisciplinados e a sentimento de

menos valia aem da fata de conffan9a nos contatos e na produtividade Percebe-se

27

assim que para reverter essa questao naD basta trabalhar com a aluno E

necessario urn trabalho junto aos professores e familias criando estrategias que

modifiquem 0 ambiente e urn relacionamento mais verdadeiro mais equilibrado

deve ser estabelecido em todos as sentidos - trabalhando-se em equipe

28

3 0 CASO DE UMA CRIANCA COM TRANSTORNO DESAFIADOR OPOSITIVO

Foram utilizadas entrevistas com a mae professores e irmaos Encontros com

a crian-a em sess6es com durayao de 50 minutos cnde utilizou-se de metod as

como desenhos brincadeiras jogos regrados massa de modelar

31 HIST6RIGO DO GASO

F e urna rnenina de cinco anos cayula tendo um irmao de 21 anos e urna

irma de 17 anas de idade

o pai faleceu com 49 anas ha apraximadamente 01 ana e a mae atualmente

com 49 anas teve F com 43 anas

o pai fai marta par paliciais em frente a sua casa Estava bebada e saiu a rua

armada e um carro da palicia apareceu e 0 viu sentado na calcadalogo depois

vieram muitas viaturas e a mae pediu que levassem 0 marido para passar a noite na

cadeia mas que naD fizessem nenhum mal a ele Neste momento 0 pai de F

comeyou a atirar e aS policiais (segundo a mae 18 policiais aproximadamente)

invadiram a casa e comeyaram a atirar A familia fa para os fundos da casa e a mae

passou F par cima do muro para a casa da vizinha Quando a familia voltou para

frente da casa as paliciais disseram que a pai de F estava ferida na perna e

levaram-na para a hospital mas segundo a relata da mae ele ja estava marta e

havia na verdade levado urn tiro na cabeca F nao viu a cena mas escutou tudo

Ganforme relata da mae a partir da data do acarrida F naa abedece faz de

canta que naa escuta e quando quer alga came9a a tremer A mae diz que a filha

29

ficou assim desde a marte do pai pais este a bajulava muito fazia tudo 0 que ela

desejava

F sempre foi mimada pelo pai este nunca repreendia a filha por algo de

errado que ela fizesse Para 0 pai F nunca estava errada inclusive quando ela e a

irma mais velha brigavam 0 pai sempre ia em defesa da mais nova e para protege-

la amea98va bater na mais velha

A queixa principal da mae e que F comeya a tremer quando quer algo de que

gosta muito nao obedece a regras e Iimites impostos pelos responsaveis

Nas observayiies comportamentais notou-se que F testa os limites dos

adultos para conseguir 0 que deseja e as pesso8s que a cercam para se livrarem

das birras acabavam por fazer 0 que ela queria Mas essas mesmas pessoas

comeyaram a perceber que a falta de regras e limites jil ultrapassava 0 limite do

suportaveJ

Segundo HANISH et al (1999) 0 transtorno desafiador opositivo aparece

antes dos 10 anos Normalmente torna-se aparente na idade pre-escolar que e 0

caso desta crianga

Na escola F naD interagia com as colegas na hara de fazer brincadeiras em

grupo nac conseguia se relacionar com as colegas quando a professora pedia para

fazer alguma atividade F fazia do jeito que queria e nao como a professora

solicitava

Para que houvesse progresso no tratamento foi fundamental que a mae e as

demais pessoas que rodeiam a crian~a modificassem sua forma de agir e para que

isso ocorresse foi preciso fazer urn remanejo de conduta dessas pessoas Fez-se

pois necessaria orientacao e treinamento para auxilia-Ios nesta mudanlta

30

32 EVOLUCAO DO CASO

As intervenyoes utilizadas neste casc com a mae fcram em forma de

orientayao na freqOencade pelo menDS uma vez par meso Mais recentemente este

trabalho com a mae vern sendo feito a cada quinze dias

Em conversa com a mae esta mencionou que naD queria fazer como seus

pais naD que eles fassem ruins disse ela mas eles nao conversavam e naD tinham

tempo de dar aten9ao e de ensinar os deveres da escola Tudo 0 que ela aprendeu

na escola foi par esforyo proprio e naD queria que isso acontecesse com sua filha

entaD ela au as irmaos mais velhos sentam com F e a ensinam

Mais tarde foi feita uma entrevista com a professora e esta mostrou todas as

li90es de F e disse que aquelas atividades nao haviam side feitas pela crian9a e sim

por seu irmao e que a professora ja havia mandado bilhetes pedindo que nao

fizessem mais as atividades da escola par F A mae foi orientada a dar mais

incentivo a F em lugar de fazer os deveres por ela pois F nilo tinha problemas de

aprendizagem mas par falta de incentivo poderia vir a ter

Com F foram utilizadas brincadeiras como pintura com aquarela desenhos

massa de modelar hist6ria infantis Atraves destes me-todosforam utilizados refor~o

e a punicao quando necessarios

o refor9Q foi atraves de elogios sorriso e aten9ao quando F realizava urn

comportamento desejavel A punitao consistiu em retirar uma atividade que ela

gostava muito como desenhar OU tambem ignorar a sua atitude mantendo a calma

No terceiro encontro F mencionou 0 pai dizendo que ele comprava doces

para ela mas nao quis continuar falando sobre ele alegando que 0 irmao mais velho

nao gostava Mais tarde em outras sess6es tornou-se claro ser isto fantasia sua

31

Nos primeiros encontros corn F ela demonstrou S8r cordata entretanto a

partir do quarto encontro F mostrou comportamentos de manipula9ao ou seja

querer controlar a situacao e que tude salsse da forma que queria para que todos

as seus desejos fossem realizados atitude comum em casa ou na escola

A quinta sessao foi para verificar a interacao de F com a mae F mostrou-se

intransigente naD obedeceu a nenhuma das ordens da mae na hora de guardar as

brinquedos gritou com a mae e esta demonstrou claramente nao conseguir dar

limites a sua filha A mae conseguiu dizer neste momento que se F estivesse em

casa iria apanhar com uma varinha mas ista naD adiantou pais F ficou irredutivel

Ao final da sessao quando tudo estava no seu devido lugar F ja estava agindo como

se nada tivesse ocorrido a mae mencionou que F era muito nervoS8

A partir da sexta sessao loram leitos contratos com F os quais ela aceitou

com lacilidade

Apos 0 contrato feito na sessao anterior na setima sessao foi trabalhado a

limite atraves de acordos leitos com F como pedir para que ela escolhesse

somente tres tipos de brinquedos da caixa que s6 iria embora quando a horario da

sessao terminasse e que as Iimites seriam colocados pela terapeuta Com estas

regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela queria

A partir da oitava sessao loi levantada a hip6tese do problema de F ser

transtorno desafiador opositivo pais ela demonstrou as comportamentos de querer

dominar e mostrar que poderia mandar mas com muita paciencia foram impastos

limites atraves do silencio mostrando que nem tudo poderia ser como ela queria e

assim acabou aceitando

A nona sessao loi destinada a orientar a mae em como agir com a filha e loi

proposto para que a mae assistisse a proxima sessao atras do espelho

32

Como foi sugerido para a mae na sessao passada ela ficou ats do espelho

para ver como a filha interagia e poder verificar qual seria a melhor forma de lidar

com ela

A decima segunda sessao foi destinada a mae para verificar como estava 0

comportamento de F fora da terapia Ela comentou que 0 comportamento da filha

melhorara muito que as tremores 56 ocorriam esporadicamente Foi orientado amae que quando Dcarressem as tremores ela deveria fazer de conta que naD havia

percebido nada

Foram feitas diversas sess6es seguidas mais precisamente da decima

terceira il decima setima com F destinadas a trabalhar regras e limites Este

trabalho foi realizado atraves de acordos com F como por exemplo pedir que ela

escolhesse apenas tres brinquedos da caixa au escolhesse entre desenhar e ouvir

historias au ainda entre conversar e brincar tambem poderia escolher entre brincar

de casinha e desenhar

A decima oitava sessao foi urna sessao diferente pOis foi destinada aprofessora de F para verificar como F estava S8 comportando e se relacionando

com colegas em sala de aula enos interval os A professora levantou a hip6tese de F

ter problemas de aprendizagem pois as atividades escolares dela nao eram

compativeis com a de seus colegas de classe Mas foi constatado atraves das

atividades que eram enviadas para serem feitas em casa que 0 que faUava para F

era estimulo pOisseu irmao fazia suas atividades por ela

Foram feitas duas sessoes seguidas (decima nona e vigesimal para

comprovar se havia problemas de aprendizagem com F Sessoes estas de recorte e

colagem e de hist6ria (Cinderela) Com estas atividades pode se constatar que F

33

tern plena capacidade de realizar tarefas sDzinha talvez com uma pequena

orienta9ao quando solicitado por ela

A vigesima primeira foi mais uma sessao dedicada a orient89ao a mae

quando esta mencionou que Festa cada vez melhor seus tremores quando quer

chamar a aten9ao estao diminuindo a cada dia

No vigesimo segundo encontro com F a interven9ao utilizada foi 0 desenho

Eta desenhou margaridas e mencionou que se fosse uma planta queria ser uma

margarida e S8 fosse urn objeto queria ser uma estrela Ja na sessao seguinte que

foi a vigesima terceira a intervencao utilizada foi brincar de casinha cnde F mostrou

a sua intera9ao familiar dizendo que trabalhava em um hotel (como na realidade sua

mae trabalha) 0 marido trabalhava em hotel e seu pai estava muito doente (na

realidade ja e falecido) e tinha muitas dores no corpo

Ate 0 momento foram feitas as vinte e tres sess6es aqui descritas nas quais

a crianya demonstrou significativas mudantas no comportamento

33 ANALISE DO CASO

Inicialmente F nae obedecia fazia de conta que naD escutava e quando

queria algo come9ava a tremer nao obedecendo a regras e limites impostos pelos

respons8veis A mae dizia que a filha ficou assim desde a morte do pai pais este a

bajulava muito fazia tudo 0 que ela desejava

Notou-se que F testava os limites dos adultos para conseguir 0 que desejava

e as pessoas que a cercavam para se livrarem das birras acabavam par fazer 0

que ela queria

34

Na escola nao conseguia se relacionar com os colegas quando a professora

pedia para fazer alguma atividade F lazia do jeito que queria

A mae de F fazia as atividades par ela dizendo que ~nao queria tazer como

seus pais naD que eles fassem ruins mas eles naD conversavam e naD tinham

tempo de dar atenC80 e de ensinar as deveres da escola

Durante 0 tratamento F inicialmente demonstrou ser cordata posteriormente

mostrou comportamentos de manipulayM querendo controlar a situayao e

procurando forcar que todos as seus desejos fassem realizados Na presenva da

mae nao obedeceu a nenhuma das ordens dela gritou e ficou clara a dificuldade da

mae em dar limites a filha F mostrava-se muito irritada

Foram feitos contratos com F e passou-se a trabalhar atraves de acordos as

limites Com estas regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela

queria

No tratamento foi fundamental que a mae e as demais pessoas que rodeiam a

crianya modificassem sua forma de agir Foi orienlado a mae que quando

ocorressem as tremores ela devena fazer de conta que nao havia percebido nada

Em sessao com a professora de F constatou-se que a hipotese de

problemas de aprendizagem se apresentava mais em lace da lalta de estimulo para

que esta realizasse suas pr6pnas atividades ao inves de que outras pessoas as

fizessem por ela Foram leitas sessees com a finalidade de comprovar se F tinha

problemas de aprendizagem e verificou-se que esla linha plena capacidade de

realizar as tarefas sozinha Em relayao a interayao familiar F dramatrizou em uma

atividade que sua mae trabalhava em um hotel 0 que correspondia a realidade e 0

marido trabalhava em hotel que seu pai estava muito doenle e tinha muitas dores

35

no corpo quando na realidade seu pai ja era falecido Mostrava com isso a falta que

a funy80 paterna Ihe fazia

A mae de F I numa sessao dedicada a sua orientay8o mencionou que F

estava cada vez melhor e que seus tremores para chamar a atenC80 estavam

diminuindo a cada dia

36

4 ORIENTA~OES AOS PAIS

ZAGURY (2001 p59) na complexa tarefa de dar limites sem ser autocratico

ou seja de como disciplinar sem bater OU sem ser coercitivQ com a crianya sugere

algumas estrategias

bull Premiar ou recompensar a born comportamento - sempre que a crianca

tiver atitudes corretas devemos ressaltar este tatoo E bern comum que as

pais muito ocupados com tarefas cotidianas esqueltam de elogiar

somente lembrando de ralhar quando os ftlhos fazem algo errado Desta

forma as criancas entendem que naD vale a pena fazer tudo certinhon

pois nao recebem aprova9ao A melhor forma de alcan9ar um objetivo

educativo e elogiar incentivar e ressaltar tudo a que a crianca fizer de

positivo

bull Diferenciar premiar de dar coisas materiais - apesar do consumismo

vigente as crianvas ainda valorizam mais urn carinho urn elogio sincero

reconhecimento do esforco do que presentes dinheiro e viagens

Eventualmente pode-se presentear materialmente mas e importante nao

comprarmos as crianras pois desta forma elas aprendem a agir de modo

calculista Se dermos nosso carinho e aprovayao seu ego se fortalecera

sua auto-estima se elevara e gradualmente a crianya sentira prazer em

agir de forma adequada

bull Fazer com que a crianya assuma as conseqOemcias dos seus atos - com

carinha e naturalidade devemos conversar e agir apontando seus erras e

fazendo com que reftitam sobre as atitudes incorretas antieticas ou

egocentricas tomando 0 cuidado de deixar claro que 0 que desaprovamos

37

sao as atitudes incorretas e naD suas caracteristicas pessoais 5e mesma

ap6s a explica~o a crianca reincidir na atitude incorreta entao e 0

momento de faze-Ia compreender que e responsavel pelos seus atos e

tambem pelas suas conseqGencias Deve-se ressaltar as consequemcias

do ato born carinho aprova~o estimulo etc Como do ato incorreto

desaprova9ilo nao reforyamento deixar de fazer algo que gostam etc

Deve-se ter em mente que as elogios premiacoes bern como as puni90es

devem ser proporcionais ao fato Ou seja e necessario que se tenha born sensa e

equilibrio para que as acoes sejam autenticas e valorizadas pel as criancas

COUTINHO FILHO (2003) tambem sugere algumas possibilidades para

colocar parametros de limites para a crianca

bull Nao coloque limites conforme seus desejos pessoais

bull Demonstre que voce e as demais adultos tambem tern limites a respeitar

bull Diga qual puni9ilo a ser dada para cada limite ultrapassado e nao deixe de

executa-Ia

bull De puniyoes brandas para atitudes brandas e puniyoes pesadas para

atitudes pesadas

bull Deixe claro que a puniyao Eo pelo ate e nao pela pessoa

bull Justifique os motivos do limite Nao faca isso porque nao quero ou nao

gosto nao Eo justificativa

bull Repita quantas vezes for necesstuio

bull Use sua autoridade sem provocar submissao e mal estar

bull Use da afetividade para impor limites

38

ZAGURY (2001) destaca pontos importantes para nao perder a autoridade

perante os filhos

bull Cumpra 0 que disse (seja premia ou conseqOemcia) ou seja ameacou

execute prometeu faya

bull Seja coerente 0 que nao pode nao pode nunca (salvo raras excessoes)

nao mude de atitude como quem mud a de roupa (au de acordo com 0 seu

humor)

bull Faya com que seus filhos gradualmente assumam responsabilidades

Deixe que eles participem das decisoes sabre premios ou conseqOeuromcias

- isto ajuda a amadurecer e compromete a crianca e as jovens que

aderem mais ao que ajudam a construir (mesma que sejam sans6es para

eles proprios)

bull Cuidado com 0 que diz e com 0 modo como diz - critique 0 ato nunca a

pessoa ou a personalidade de seus filhos Trate somente do assunto que

S8 esta analisando no momento naD desenterre coisas do passado sem

necessidade Nao fique com pena da crianya se ela chorar ficar triste

nao talar com voce E melhor ela ficar triste hoje mas aprender a respeitar

o pr6ximo a 5i propria e a palavra empenhada do que sofrer futuramente

nos seus relacionamentos interpessoais

Segundo TIBA(2002) os filhos nao vem com manual pois eles mesmos sao 0

manual au seja cada criancaencerra uma individualidade e a cada dia os pais irao

aprendendo com cada filho E importante neste aprendizado os pais privilegiarem 0

desenvolvimento relacional atraves de um procedimento basico que deve ser

aplicado a cada fllho Para TBA (2002) ese procedimento e valido para qualquer

39

relacionamento entre pessoas de qualquer idade mas que e relevante na formaC8o

da auto-estima da criancadesde 0 seu nascimento Para 0 atendimento integral a

uma crian9 sao cinco os passos parar ouvir olhar pensar e agir (TIBA 2002

p127)

TIBA (2002) descreve os cinco passos da seguinte forma

1 Parar - parar 0 que estiver fazendo ou pensando e dar atenyao total acriancaCasa naD possa parar naquele exato momento vale colaear uma

das maos no ombro da crian9 enquanto diz que logo vai atende-Ia A

crianya deve ficar esperando ali juntinho de voce Pode ser que ela queira

sair para voltar logo depois Se a iniciativa de sair for da crianca a

responsabilidade de voltar sera dela Mas deve evitar ao maximo dizer

para a crianca ocupar-se com Dutra caisa enquanto voce termina 0 que

esta fazendo Nem sempre ela volta outra vez pelo mesmo motivo E

tambem fundamental deixar de lado ideias preconcebidas sobre 0 que a

crianca vai fatar Se voce pensa ~Iavern aquela chata me encher Dutra

vez seu cerebro ja esta preenchido em parte com esse pensamento e

voce perde a chance de atende-Ia integralmente

2 Ouvir - e a parte racional Os pais devem olhar no funda dos ahos da

crianca como se a Duvissem com as ahos A criany8 precisa aprender a

se expressar Nao se deve tentar adivinhar 0 que ela quer Quando pede

alguma coisa esta desenvolvendo sua capacidade de pensar de formular

uma pergunta e de se expressar para que outras pessoas possam

compreende-Ia

3 Olhar - e a parte instintiva Num piscar de olhos uma pessoa consegue

ver tantas coisas que levaria muito tempo explica-Ias em palavras Tudo 0

40

que se percebe visualmente tambem tem que ser considerado para

compreender a crian9a

4 Pensar - lados os elementos percebidos tanto visualmente quanto

verbal mente mais 0 sentido educativo que se que ira imprimir na forma9ao

da criana devem fazer parte da resposta a ser dada Sentido educativo e

o objetivo a ser atendido com a educaao que esta sendo dada (Quer que

o filho seja egoista Coloque-o sempre em primeiro lugar em detrimento

dos outros e diga sim a todos os seus desejos Quer que ele seja feliz

Ajude-o a desenvolver a satisfailo pelo que e e pelo que consegue fazer

a tolerimcia a compreensao dos Qutrosa vontade de ajudar a quem pede

e a etica do bem)

5 Agir - essa aao ou resposta deve ser bem clara e objetiva Melhor ainda

se voce puder se assegurar de que a crianca real mente saciou sua

vontade

E importante ressaltar que os cinco passos devem ser utilizados em todas as

situayaes desde 0 tombo da crian98 pequena ate quando a crian98 crescer Ao se

utilizar este procedimento basico as atitudes dos pais tendem a ser coerentes Par

exemplo se uma crianca calr naD e necessaria as pais sairem desesperados em

todas Situ8COeS mas avaiar se 0 tombo foi grave QU se foi urn tombinho que naD

precisa de maiores cuidados Tambem as pais naD devem sair dizendo que chao

feio que passa a falsa ideia que 0 chao e culpado pelo seu tombo a criana tem

que aprender que ela deve ter cuidado Se ela se choca uma ou duas vezes numa

mesa ela aprende a ter cuidado por sua pr6pria experiencia TIBA (2002 p133)

41

destaca que a afobayao e a reacao exagerada dos pais geram inseguran9a na

crianca

Outre fato bastante comum e as pais deixarem as ftlhos ganharem jogos par

exemplo tentando agrada-Ios mesmo que os deseduquem As crian9as tern uma

sabedoria natural Brincam e competem de acordo com as conhecimentos e as

capacita90es de que disp6ern E mais facil para 0 pai brincar como se fosse crian98

e deixar 0 filho ganhar sempre Esse comportamento contudo da a crianca uma

visao irreal do que e jogar Ganha-se algumas vezes perde-se outras (TIBA 2002

p136) Ou seja e mais educativ~ para a criana descobrir que podemos ser bons

em algumas caisas mas nao em tudo Passa-se uma experiencia da realidade para

a crianC8

TIBA (2002) tambem cita 0 caso de colocar a crian9a no colo enquanto se

dirige urn carro A crianC8 tern a falsa sensacao de que comanda 0 veiculo mas issa

nao passa de urn poder irreal Ao dirigir urn carrinho de brinquedo ela poderia de fato

se sentir poderosa IS50 sem falar que quando 0 filho crescer ao 15 anos par

exempla vai querer sair com 0 carro do pai mesmo sem poder Mas quando era

criancaeu podia

o caso classico da criancaquerer dormir com os pais tambem e abordado por

TIBA (2002) segundo 0 autor 0 ideal e que desde bebe a crian9a deve aprender a

dorrnir no seu lugar mesmo que ache mais gostoso aninhar-se entre os pais Ir cada

urn para sua cama da 0 sentido de que cada urn tem seu territorio ai tambem

estamos delimitando limites onde sao respeitados 0 so no e 0 espacode cada urn

Crian~asmaiores que ja andam devem ter um lugar (ou quarto) proprio para dormirMesmo que ocasionalmente adorme~am na cama dos pais e importante que sejamlevadas a sua cama para que acordem la Nao devem adquirir 0 habito de dormir nacama dos pais Tenha paciencia e fale claro em born tom olhando seriamente nofundo dos olhinhos dela ~Cada coisa no seu lugar cada pessoa na sua cama~

42

Quando a crian(f3 percebe que 0 limite e coisa sena e vai ser cumprido procura seajustar(lIBA 2002p115)

OLIVEIRA (1999 p120) enumera as diversos problemas que causam a fato

dos filhos permanecem no quarto dos pais na hora de dormir considerando-as de

difieil recupera~aoposterior

1 Faita de valorizayilo da privacidade tanto do casal como da crianya

2 Mantem a relacao simbi6tica au seja a li98980 existente entre mae e

bebe prejudicando 0 desenvolvimento emocional da crian93

3 A crianya tende a formar relayao de dependencia da protey80 e da

preseny8 dos pais ate mesma durante 0 sono

4 Quando chegar a fase em que a crianca elege entre 0 pai e a mae 0 seu

preferido tenta afastar 0 autro esticando-se e virando-se na cama de

modo a deixar a preterido desconfortavel a ponto deste mudar de lugar

sair da cama e ate mesma do quarto

E importante ressaltar que sempre as regras devem ser claras e naD sujeitas

a mudancas pois a organizacao interna dos filhos fica muito prejudicada se dormir

au nao na cama dos pais se transforma numa possibilidade que depende apenas do

humor dos pais ou de quanto 0 filho se recusa a dormir sozinho (chorando

acordando diversas vezes etc) A crian9a com autonomia de sono e mais

independente e feliz (TIBA 2002 p116)

Enfatiza-se que na maiaria dos casas as pais permitem que as criancas

fiquem ate mais tarde no quarto deles nao e par uma exigemcia ou necessidade da

crianya mas par alguma deficiencia desequilibrio au imaturidade dos proprios pais

(OLIVEIRA 1999 p122)

43

Em relaiio ao choro da crian9l ressalta-se que ha dois tipos de choro 0 que

expressa dor e 0 que busca pader

Se 0 filho descobrir que pade usar a chom como fonte de poder as pais estaoperdidos Nunca mais saberao dizer se ele chara par dar au poder Urn chore depoder Necessita dos olhos e dos ouvidos de quem se quer dominar Ingenua acrianya que usa 0 choro como pader para imediatamente apes conseguir 0 que querOai a importancia de as pais ficarem atentos para nao ser manipulados (TIBA 2002p158)

o choro que apela para 0 lade coitadinho inspira ternura Eo urn tipo de

manipula9ao que busca 0 dominio pela chantagem aletiva Eo dilicil neutralizar 0 uso

do choro como arma

Segundo liSA (2002 p159) Urn pouco de dor nao matara a crian9a assim

como urn poueD de pader nao matara as pais ( ) Se traumas infantis matassem a

humanidade estaria extinta Nao ha filho que nao tenha side contrariado A imensa

maioria deles tern condi90es de agOentar contrariedades 0 autor destaca que pais

que sao soHcitos ao extrema nao trayam um born e segura trajeto para seguir 0

resultado e que a crianya fica insegura pais perde a confianca neles ela pressente

que as pais nao tern firmeza nas suas decisoes e sao manipulaveis

Deve-se tomar cuidado com as exageros urn erro cometido pelos pais

desde que nao seja baseado na violencia em surras socas e pontapes naa traz

problema nenhum Atos como esses descarregam a raiva mas nao tern forlta

educativa pois violmcia s6 gera violencia (liSA 2002 p159)

Em rela9aOaos pais lazerem as tarelas pelos filhos ou ainda pior comprar os

resultados ressalta-se que este tipo de atitude nao ajuda a crianlta cria

dependencia e compromete 0 desenvolvimento escolar Alem disso as pais acabam

privando os filhos do gosto de uma conquista dando uma mensagem subliminar de

que eles sao incapazes Os pais nao devem privar os filhos do gosto de uma

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

REFERENCIASBIBLIOGRAFICAS

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50

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ZAGURY T Educar sem culpa a genese da etica 15 ed Rio de Janeiro Record2000

__ Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sabre a tirania dosfilhos 15 ed Rio de Janeiro Record 2000

Limites sem trauma - construindo cidadaos 25 ed Rio de JaneiroRecord2001

WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

Page 3: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

RESUMO

o transtorno desafiador opositivo tern tido grande prevalemcia entre criancas emidade pre-escolar e caracteriza-se pelo comportamento opositivo freqOente eintenso Este trabalho objetiva levantar quais as aspectos influenciam nocomportamento de uma crianya com transtorno desafiador opositivo A metodologiautilizada loi a pesquisa bibliogrfica exploratoria sabre a terna e estudo de caso deurna crian9a de 5 (cinco) anos com a diagnostico do relendo transtorno A lalta delimites esta intimamente relacionada a indisciplina das crianyas no contexte escolarPais e professores tern tido pouco preparo para lidar com 0 problema da indisciplinaou desobediemcia das crianyas A influEmcia dos familiares mais especificamentedos pais e notona no caso do transtorno desafiador opositivo Os principaisaspectos levantados na Iiteratura sao psicopatologia dos pais atitudes ineficazesdos pais e ruptura conjugal Oesta forma 0 tratamento deve envolver 0 treinamentoe onentavao dos pais no rnanejo de atitudes rnais adequadas e a trabalho com acrianca no sentido desta reap render a respeitar limites

iii

1 INTRODU~Ao

Crianyas em idade pre-escolar geralmente apresentam comportamentos

opositivQs mas existe urn limiar que define quando estas condutas deixam de ser

consideradas normais para a idade e passam a ser patol6gicas 0 transtorna

desafiador opositivo se caracteriza por condutas opositivas intensas e recorrentes

que nao cessam com 0 crescimento da crianrta

Varios aspectos podem influenciar no desenvolvimento do transtoma

desafiador opositivo As interaroes familiares estao intrinsecamente relacionadas ao

aparecimento do transtorno Questoes como a falta de limites e comportamentos

ineficazes dos pais entre Qutros influenciam na conduta da crian~ gerando

indisciplina e ate problemas de aprendizagem que se manifestam no contexte

escolar 0 tema indisciplina tern permeado a vida escolar E a principal queixa de

professores pais e todos aqueles que trabalham com crian9as

Objetiva-se levantar quais as principais aspectos que influenciam no

desenvolvirnento do transtorno desafiador opositivo e apresentar urn estudo de caso

referente a uma crianya de 5 (cinco) anos idade que apresenta 0 quadro Os

sintomas do transtorno desafiador opositivo constituem urn padrao de conduta

Pretende-se a) definir 0 transtomo desafiador opositivo b) pesquisar a relayao da

falta de limites com a indisciplina no contexte escolar c) levantar informayoes sobre

o relacionamento da crianca analisada com seus farniliares e com seus colegas de

escola d) orientar as pais no modo de agir com a crianya que apresente este tipo de

transtorno

A problematica gira em torno de descobrir quais atitudes dos pais podem

reforyar a desenvolvimento do transtomo desafiador opositivo 0 que levou a

2

pesquisa bibliografica exploratoria sobre os temas concernentes a pesquisa e ao

manejo terapeutico em relaC8oao transtorno desafiador opositivo em geral e em

especial ao caso apresentado

Tern side cada vez mais frequentes as queixas envolvendo comportamentos

opositivos das criancasOs pais nao sabem como lidar com 0 problema tao pouco

as professores estao preparados para enfrenta-Io Visa-se contribuir para 0

esclarecimento sabre 0 transtorno desafiador opositivo e orientar pais e professores

que se defrontarem com crianyas que apresentem tal diagnostico

3

2 REFERENCIAL TE6RICO

21 TRANSTORNO DESAFIADOR OPOSITIVO

211 Defini980

A defini9ao do reterido transtorno e a seguinte 0 transtorno desafiador

opositivo e urn padrao recorrente de comportamento negativista desafiador

desobediente e hostil para com figuras de autoridade (HANISH et ai 1999 p63)

A frequemcia e intensidade de comportamentos opositivos na crianltapode

justificar 0 diagn6slico de translorno desafiador opositivo Este Iranslorno tem sido

comum no inicio da infancia com condutas opositivas mais evidentes per volta dcs

seis anos de idade A identificayao e a tratamento precoces do transtomo desafiador

opositivo e recomendavel pois a inlensifica980 das condutas hostis podem evoluir

para comportamentos anti-sociais mais graves e desenvolvimento do transtorno de

conduta (HANISH et ai 1999)

HOLMES (199) descreve 0 Iranslorno desafiante oposicional como sendo

semelhante aos transtornos de conduta porem menes serios Os individuos com 0

transtorno desafiante oposicional sao caracteristicamente negativistas desafiadores

argumentativos e hostis Eles diferem das pessoas com outros transtornos de

conduta no sentido em que ao inves de atuar contra os outros eles sao ativamente

resistentes aos outros As criancas com transtorno desafiador oposicional tendem a

se descontrolar discutir com adultos recusar-se a fazer 0 que Ihes e dito e

intencionalmente fazer coisas para incomodar os outros

4

ALMEIDA et 81 (1996) destaca entre os disturbios psiquiatricos descritos no

DSM-IV eixo 1 que costumam ser diagnosticados pel a primeira vez na infancia ou

adolescencia 0 disturbio com provoca9lio e oposi9lio que deve ser diferenciado do

disturbio de conduta e de disturbios reativos a situa90es de estresse e de

comportamentos anti-sociais decorrentes de quadros pSicoticos como a mania

Segundo HANISH et 81 (1999) uma crianya para atender aos criterios

diagnosticos do transtorno desafiador opositivD deve apresentar no minima quatro

dos seguintes itens nurn periodo de aproximadamente seis meses

Crises de raiva

Discussao com as pais e outros adultos

Desobedimcia a regras e solicita90es dos adultos

Fazer coisas que aborrecem outras pessoas propositadamente

Acusar outras pessoas

Incomodar-se facilmente com as outros

Ficar com raiva e ressentimento

Ser vingativa ou maldosa

Quando pelo menos quatro das condutas acima estiverem freqOentemente

presentes em crian~asquando estes comportamentos nao sao tipicos da sua idade

e desenvolvimento e com prejuizo do funcianamento social escalar au acupacional

e diagnosticado 0 transtorno desafiador opositivo

5

212 Diagnostico Diferencial

Ressalta-se que 0 diagnostico de transtorno desafiador opositivo naD deve ser

dado se forem preenchidos os criterios de transtorno de conduta ou quando os

comportamentos opositivos ocorrerem somente durante urn transtorno de humor au

psicotico (HANISH et ai 1999)

Em rela9ao a diferencia9ao entre 0 transtomo desafiador opositivo e 0

transtorno de conduta HANISH et al (1999 p64) ressalta

C ) urn fator que diferencia 0 transtoma desafiador opositivo e 0 transtomo deconduta e 0 fata de que esle ultimo envolve a nao-considera~o e 0 desrespeito pelodireito dos Quiros () As crian~s com transtomo de conduta norrnalmente ternpouca au nenhuma preocupa980 em rela9secto ao impacto de sua conduta sabre asQutros ( ) Traduzindo em termos cognitivos as criancas com transloma de condutaparecem pensar pouco sabre as conseqOmcias de suas atitudes e apresentammenor habilidade de raciocinio moral enquanto as criancas com transtomodesafiador opositivo apresentam pouca habilidade de resolucao de problemas etentam utilizar a oposicao como fonna de coercaode condutas em especial de outraspessoas significativas (per exemple os pais)

Outra diferenciacao importante e entre 0 transtorno desafiador opositivo e 0

desafio e a oposi9ilo normal da idade 0 que acontece em crian9as normal mente no

periodo pre-escolar No caso do desenvolvimento normal da crianca os

comportamentos opositivos tern seu pico no inicio da inffmcia e diminuem com 0

tempo aqueles que caracterizam 0 transtorno desafiador opositivo continuam e

pioram com a idade (HANISH el ai 1999)

o disturbio de conduta ocorre em 3 a 7 das criancas e adolescentes com

predominancia na adolescencia e no sexo masculino Os sintomas costumam

aparecer entre 0 inicio da infancia e puberdade e costumam persistir ate a idade

adulta As principais conseqOencias na idade adulta envolvem abuso de drogas

6

discordia conjugal dificuldade em arrumar emprego prisao e morte prematura

violenta (ALMEIDA et ai 1996)

Os sintomas do transtorno de conduta giram em torna de um padrao

persistente de maus comportamentos no qual 0 individuo infringe regras e viola 0

direito dos outros e geralmente ultrapassam a idade infantil mantendo 0

comportamento disruptivo e criminoso mais tarde na vida (HOLMES 1997)

o disturbio de conduta se caracteriza par urn comportamento anti-social

persistente As crian9as tendem a mentir roubar faltar as aulas sem motivD se

envolver em hrigas constantemente fugir de casa agredir fisicamente os Qutros ser

cruel com pessoas e animais destruir propriedades alheias de forma deliberada

apresentar baixo rendimento escolar problemas de relacionamento com as colegas

e em casas mais intensas assaltar a mao armada cometer estupros e homicidias

(ALMEIDA et ai 1996)

213 Influencias Familiares

o papel da familia particularmente os pais pode influenciar 0

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo KRUESI e TOLAN citados por

HANISH et al (1999) identificam tres caracteristicas dos pais que tendem a

aumentar a probabilidade do aparecimento do transtorno desafiador opositivo e que

devem ser levadas em conta na formulaao do tratamento Sao elas pSicopatologia

dos pais praticas ineficazes dos pais e ruptura do casal

Como pSicopatologia dos pais encontramos principalmente 0 transtorno anti-

social de personalidade aiEimde outras formas como 0 uso de drogas e depressao

e varcfwes importantes como a maternidade na adolesceuromcia Na casa do transtarno

t~roj ~Slbullbullbullbullbullh

8MIl

anti-social nos palS e passivel a necessldade de Intervencao pOlS podem Interfenr

7

nas tentativas de modificar as praticas de manejo da conduta da crianl utilizadas

pelos pais (HANISH et ai 1999)

Algumas praticas ineficazes dos pais como as interacoes familiares

coercitivas tambem favorecem 0 desenvolvimento do transtorno desafiador

opositivo pois tendem a estar associadas a condutas opositivas desafiadoras e

hostis Segundo HANISH et al (1999 p65) diversos padr6es especificos de

interac6es familia res diferenciam as crian~s opositivas das nao-opositivas Par

exemplo as pais de criancas que naD obedecem tendem a refonar a conduta

opositiva e a ignorar DU punir as condutas sociais positivas ( ) Descobriu-se

tambem que eles sao mais criticos do que as pais de crianC8s que obedecem

Desta forma pais que impoem regras restritivas e fazem afirma90es amea9adoras

hostis e humilhantes favorecem as condutas opositivas dos filhos Em alguns

casas a conduta opositiva pede ser devida a disciplina inconsistente resultante do

medo e ansiedade dos pais em rela9ao ao fato de imporem limites ou san90es ()

muitos desses pais abusam de seus filhos ou os negligenciam (HANISH et ai

1999 p66) 0 comportamento opositivo das crian9as entao podem ter relacaocom

as interacoes familiares criticas conflituadas inconsistentes punitivas au

coercitivas

Os problemas conjugais tambem influenciam no aparecimenta do transtorno

desafiador opositivo e portanto devem ser considerados no plano de tratamento

() a evidmcia indica que as brigas conjugais apontam para a conduta disruptiva e

de nao-obediencia nas criancas Essa relacaoparece ser mais forte quando as pais

expressam hostilidade abertamente do que quando eles expressam uma

8

insatisfaao geral e e mais pronunciada em meninos do que em meninas (HANISH

et aI 1999 p66)

HOLMES (1997) considera de risco os fatores que aumentam a probabilidade

de uma crian9a desenvolver disturbios emocionais ou comportamentais Os fatares

de risco podem incluir caracteristicas biol6gicas (perinatais) geneticas lamiliares

(pais com disturbios psiquiatricos criminalidade paterna disc6rdia conjugal grave

estresse familiar cranico) caracteristicas sociais (nivel s6cio-economico baixo)

Porem HOLMES (1997) destaca que mesmo sob condi90es adversas como

estresse e privacaoha crianyas capazes de S8 desenvolverem satisfatoriamente em

nivel emocional e social

No tratamento deve-s8 avaliar case a caso e muitas vezes avaliar 0

fundamento cognitiv~ da conduta dos pais para ptanejar urn tratamento familiar

adequado Pelo lato de as cren98s dos pais desempenharem um papel importante

no seu comportamento bern como no de seus ftlhos e importante entender em que

medida essas crencasestao envolvidas na determina980 da pSicopatologia dos pais

da paternidade coercitiva e inconsistente e da discordia conjugal e como esses

latores podem aletar a crian98 (HANISH et aI 1999 p66) Ou seja 0 tratamento

do transtorno desafiador opositivo deve envolver 0 treinamento dos pais nas

habilidades de manejo adequado e a modificaao de suas cren9as no que tange ao

manejo da conduta No treinamento dos pais deve-se focar 0 aumento da conduta

positiva e diminuiyao da negativa na crian~ ensinando-se aos pais principios do

aprendizado social e habilidades de manejo da conduta e de resolu980 de

problemas

9

22 A RELACAO INDISCIPLINA x LlMITES - UM OBSTAcULO PARA A

APRENDIZAGEM

A questao da disciplina envolve varias faces de um problema E necessario

desenvolver uma visao sistemica e analisar par todos as o3n9u105 aluno escola

familia sociedade A motiva9ao e um fator fundamental para que 0 aluno seja bem

sucedido no sistema escolar permanecendo no mesmo e realizando as tarefas

necessarias para 0 seu conhecimento e aprendizagem Considera-se que 0 sucesso

dos filhos no sistema educacional decorre entre Qutras eoisas da motivacaoque as

familias conseguiram despertar neles em relacaoa instituicao

o problema indisciplina pode ser entendido como conseqOeuromciade um leque

de situa90es vividas em familia pais inseguros quanto a colocar ou nao Iimites

relacionamentos tensos entre pais excesso de zelo para reparar a culpa por ter que

deixar a criancaprivada do cantata com as pais que trabalham fora criancas que

passam a maior parte do tempo em frente da TV ou na rua com Qutras criancas

sofrendo tode tipo de influencias prejudiciais a sua educacao pais autoritarios ou

muito liberais falta de dialogo e bom exemplo no seio familiar desconhecimento da

importancia dos relacionamentos dos primeiros anos de vida como base da

formaC8oda personalidade par parte dos pais Sao estas criancascom hist6rias de

vida as mais variadas possiveis que chegam a uma escola e encontram ali narmas

rigidas ou ausencia de narmas Professores com uma serie de limitac6es na sua

forma9aO humana e academica que passam a desempenhar 0 papel de educador

em sala de aula

A familia e a escola devem atuar em parceria objetivando a aprendizagem e

o sucesso escofar do auno Elas sao 0 aicerce e modelo para que as criancas

10

aprendam naD somente conteudos mas tambem a viver em sociedade com suas

normas et portanto e necessaria que tenham objetivos comuns em relacao a

val ores disciplina e convivio social Este suporte e proporcionado nao somente pelo

ambiente adequado mas no equilibrio e tranqOilidade do lar e da escola Assim

sendo 0 aluno nao S8 sente abandonado inseguro mas sim recebendo

orientacoes estimulos e principal mente exemplos de responsabilidade e respeito

Para WINNICOTT (1971) a saude do pais depende de unidades familiares sadias

com pais que sejam individuos emocionalmente maduros

Nao hit uma causa (mica para a indisciplina mas sim uma conjuncao de

fatares que interagem uns sabre 0$ Qutros que imobilizam 0 desenvolvimento do

sujeito e do sistema familiar nurn determinado momento afetando 0 aspecto

comportamental e a aprendizagem do aluno

o individuo ao ingressar na escola ja teve experiencias relacionadas a

diversas situac6es e ira reagir a esse novo ambiente Ha alunos com dificuldades de

adaptayao e rendimento insatisfatorio nos estudos por estarem comprometidos par

ansiedades e tensOes psiquicas

E imprescindivel que a familia e a escola deixem de ficar se cui pando

mutua mente e passem a refletir sobre sua funyao vital no desenvolvimento de

individuos adaptados ao ambiente realizados e capazes de utilizar suas

potencialidades de forma construtiva para a sociedade e consequentemente para

o fortalecimento da familia e da escola como instituicoes estruturadas e em

permanente evolucao

Ressalta-se urn aspecto muito importante relacionado a agressividade e mais

especificamente a indisciplina E a questao dos limites Pais e professores precisam

11

ter em mente a importancia de trabalhar essa questao com filhos e alunos e

diferenciar a demarc8C8ode limites de autoritarismo ou abuso do poder

Sermos adequados e saber encontrar a distancia certa entre nos e a Qutro E

naD ocupar um espaco exc8ssivamente pequeno para naD nos sentirmos acuados e

ameacados evitando tomar-nos agressivos () Todo ser vivo necessita de um

espatominima para viver sem 0 qual torna-S8 agressivo e luta pela sobrevivencia

ou perece (MIRANDA 2001)

OLIVEIRA et al (1999 p151) destaca a importancia dos limites

A disciplina e 0 todo que engloba a organiza~o que mantE~m a ordem entre aseoisas e as pes50as 0 limite e a fator que determina 0 campo e a espalto daatualfao Portanto 05 limites sao urn dos principais fundamentos da disciplina 0limite e que determina onde os meus direitos terminam e onde iniciam os dos outros() E necessario que 0 limite comece a ser estabelecido desde a forma~o dapersonalidade da crianca ou seja desde 0 nascimento () Ensinar a crianya aobedecer limites e treina-Ia para a vida

E preciso que os adultos aprendam a nao invadir 0 esparo da crianca nao

permitindo tamhem que as crianyas invadam 0 espayo dos outros E necessaria

quebrar este cicio vicioso que faz com que a indisciplina continue a ser 0 centro das

atenc6es na escola e na familia Dar limites e nao impor Iimites este e 0 grande

desafio para pais e educadores

Para que a criancaaceite os Iimites impastos e necessario que os pais au a

pessaa responsavel acredite no que esta dizendo e 0 faca com firmeza e explique

para que a crianra acredite e para que absorva a ideia de que ela nao esta proibida

de tudo mas que nem tudo 0 que desejamos podemos fazer mas ela pode fazer

quase tudo (ZAGURY 2001)

Quando se da Iimites esta se fazendo urn ato de amor oj crian~a e ao futuro adulto

ensina-se a ele a viver em sociedade a respeitar e ser respeitado esta se poupando

12

a crianca de cair no mundo das drogas e da violencia cnde 0 limite e muitas vezes a

marte

221 0 Papel da Familia

Os pais tem um papel fundamental na motivayao do aluno e sua participa9ao

e imprescindivel para que 0 aluno aprenda Desta forma a familia faz parte do tripe

que sustenta uma aprendizagem com sucesso Quando a familia esta tranqOila e a

rotina de casa esta equilibrada 0 aluno apresenta maiores oportunidades para urn

bom aprendizado

A familia e suporte fundamental para 0 bom desempenho escolar Pode-se

dizer que a clima familiar influencia no desempenho escolar e pade trazer prejuizos

ao rendimento escolar quando naD harmonioso

Se a familia naD da a crianca a base emocional firme 0 que tazer

E importante ensinar a crianca a identificar as sentimentos e lidar melhor com

eles

DAVIDOFF (1983) descreve como se da 0 desenvolvimento do ser humane

desde a concepcao e a importancia dos relacionamentos dos primeiros meses de

vida e da primeira infancia na forma9ao da personalidade e da socializayao futura do

individuo Para ela a base de urn relacionamento sadie entre mae e filho esia na

intensidade de afeto que a mae dispensa a crianca na amamentaC8o enos

cuidados na satisfa9ao de suas necessidades fisiol6gicas A qualidade das

intera90es sociais da crian9a estrutura a personalidade do individuo de algumas

formas importantes Falando de frustra90es conflitos e outras tensoes a autora

chama a aten9ao dos adultos que convivem com a crianca e 0 adolescente para sua

(~ )(~~l J 13

lt~C~responsabilidade em apoiar orientar e acompanha-Ios para que possam superar as

situaryoes conflitivas evitando assim 0 desenvolvimento de uma personalidade

agressiva e desajustada

DAVIDOFF (1983) vai mais alem ao dizer que pais maduros e seguros

envolvem os filhos em tomadas de decisao e assuntos da familia Apresentam

razoes para a que solicitam e proporcionam experiemcias graduais apropriadas para

a afirmayao da independencia Ainda assim retem a responsabilidade final Os filhos

dos pais maduros tendem a ser autoconfiantes independentes possuem boa auto-

estima e born relacionamento com suas familias Os pais autontanos preferem

taticas primitivas duras quando surgem conflitos insistem em obediemcia Sao

coercitivQs e favorecem a desenvolvimento de transtornos como 0 desafiador

opositivo No outro extrema os pais laissez faire que afrouxam totalmente as

limites sao totalmente igualitarios Todos os membros da familia estao

essencialmente Ilvres para fazerem deg que quiserern Raramente estes pais tomam

decis6es ou aceitam responsabilidades Os adolescentes filhos de pais autoritarios

e do tipo laissez faire tendem especialmente a ter problemas de ajustamento

o individuo age com relary8o a certas pessoas como seus pais se

comportaram para com ele Caso as imagos paternas que sao preservadas em

nossos sentimentos e em nossas mentes inconscientes forem predominantemente

rigidas nao poderemos estar em paz com n6s mesmos Odiamos em n6s as figuras

rigidas e intolerantes que tambem formam parte de nosso mundo interno e que sao

em grande parte a resultado de nossa agressividade para com as nossos pais

o homem e urn ser social ele precisa viver com as outros homens para

desenvolver suas necessidades basicas como 0 trabalho a criatividade a arnor par

14

issa ele S8 juntou em comunidade As comunidades sao uma reuniao de pessoas

que tern interesses comuns au seja interesses iguais

Familia e 0 nucleo de pessoas aparentadas que tern la90s de sangue e que

se apoiam no sentido de manter 0 nucleo permanentemente em comunhao

Hit uma serie de expectativas sociais em relacao it familia e preciso que

socialize as criancastomando-as capazes de viver junto aos Qutros seres humanos

A institui9ao familia tern passado ao longo da historia da humanidade por crises

muito serias As formas de familias sao extrema mente variaveis E mais variaveis do

que dentro de nossa proprio pais sao as formas de familia de Qutros paises do

mundo

A familia ah~m de reproduzir novos seres humanos tenta produzir neles as

seus habitos costumes e valores atraves de gerayoes

A familia sempre foi a celula-mater de uma sociedade ou refUgio das

atribuiyoes do mundo Tambem a religiao impoe normas as familias que em torno

del a se reunem Grande parte do comportamento de uma familia no sentido moral econtrolado pela religiao em que ela acredita Em troca a religiao e sustentada pela

familia fazendo com que as crencas e preiticas mora is subsistam por seculos e

levando as pessoas a uma aceitacao de punicoes impostas

o prestigio social dos individuos na familia tradicional de seu

comportarnento diante de sua fe de seu comportamento em rela9ao a familia e de

sua origem e influenciado pelos costumes que traz atraves de geralt6es Durante

anos a familia conduziu-se como uma barreira diante de inovac6es e de formas

novas de ligalt8o homem-mulher-filhos Os vinculos familiares representam uma

seguran9a afetiva e material muito importante para 0 desenvolvimento do individuo

A historia da humanidade assim como os estudos antropologicos sobre os

15

pavos e culturas distantes de n6s (no espacoe no tempo) esclarecem-nos sabre a

que e familia como existiu e existe hoje Mostra-nos como fcram e sao hoje ainda

variadas as formas sob as quais as familias evoluem se modificam assim como

sao diversas as concepcoesdo significado social dos la-os estabelecidos entre as

individuos de uma sociedade dada

Apesar dessas variacoes a forma mais conhecida e valorizada de nassos

dias a familia composta de pai mae e filhos chamada familia nuclear normal

Este e 0 modele que desde criancaS8 ve em livres escolares nos filmes na

televisao mesma que no seia familiar S8 verifique urn esquema diverso

A natureza das rela90es dentro de uma familia vai se modificando atraves do

tempo 0 aspecto mais problematico da evolU9aO da familia est sem d0vida

alguma ligado ao questionamento da posi9ao das crian9as como propriedade dos

pais e a posiryao economica das mulheres dentro da familia Inclui-se ai 0

questionamento da distribui9iio dos papis ditos especificamente masculinos e

feminin~s e esse e urn problema chave para 0 surgimento de uma nova estrutura

social

Nao se poder mudar a institui9ao familiar sem que toda a sociedade mude

tambem Pode-se afirmar ainda que qualquer modificayao na organiza~aofamiliar

implicara tambem numa modifica9ao dos rigidos papeis de esposa mae ou

prostituta os 0nicos atribuidos as mulheres Quanto as crianyas ha algum tempo ja

o Estado intervem entre pais e filhos e desde a pouco os pais sao passiveis de

denuncias pelos vizinhos caso punam fisicamente seus filhos

Atraves da escola do controle sobre os meios de comunica~aode medicos e

psic6lagas a pader dominante de cada sociedade mais au menos sutilmente imp6e

normas educacionais sendo dificil aos familiares contraria-Ias De uma maneira

16

geral cabe ainda aos pais grande parcela de poder de decisao sobre seus filhos

menores Parcela essa cada vez mais contestada A esse pader equivalem por

parte dos filhos direitos legais em relagao aos seus pais em particular no sistema

capitalista Direitos a assistencia educayao manutenyao e participacao em seus

bens e proventos

A familia como toda instituigao social apresenta aspectos positiv~s enquanto

nucleo afetivo de apoio e solidariedade Mas apresenta ao lade destes aspectos

negativ~s como a imposicao normativa atraves de leis uscs e costumes que

impllearn formas e finalidades rigidas Torna-se muitas vezes elementa de coayiio

social geradora de conflitos e ambigOidades

A agressividade inata tende a sef ativada pelas circunstancias externas

desfavoraveis e inversamente e mitigada pelo arner e compreensao que a crianca

recebe 0 seu desenvolvimento e suas reac6es com 0 adulto devem ser

considerados como resultantes da interacao e influencias externas e internas

Um sistema familiar disfuncional nM permite ao aluno a maturidade

necessaria para conseguir urn born desempenho academico

A problematica emocional ligada a situayao conflitiva absorve a

disponibilidade perceptiva e reacional do individuo a estimula~ao externa

dificultando a sua integragao ao ambiente e perturbagao nao 56 a sua capacidade de

aten98o de concentra~ao de raciocinio mas sobretudo a de relacionamento Assim

sendo as dificuldades de assimilayao na aprendizagem escolar podem estar ligadas

a fixagoes emocionais (NOVAES 1970 p 145)

Geralmente criangas com problemas emocionais adotam atitudes agressivas

de inibiyao constri9ao regressao isolamento hostilidade oposigao indiferenya

17

indisciplina exibicionismo dissimula~aosensibilidade e au emotividade excessivas

sendo freqOentesos problemas de mentira de furto e de natureza sexual

Na instituiyao familiar seja ela qual for e a ligayao emocional entre as

pessoas que as torna mats felizes e saudaveis

As perturbaltoes no ambiente familiar interferem no comportamento do

individuo Existe urn processo duple entre 0 lar e a escola as tensoes que sao

geradas num ambiente se manifestam como perturbaltoes no comportamento do

outro (WINNICOn 1971 p 223)

Resgatar a papel da familia e seus vaiores levan3i 0 aluno a sentir-se

amparado A autoridade paterna e materna participativa se faz necessaria na

criayao e educaltao na orientayao e aquisiltao de bons habitos influentes na

projeltaosocial das pessoas Nao necessariamente isto se refere a presenltafisica

de ambos os pais mas da existencia das funlt6esenquanto autoridade

A emoltaopermeia todos os aspectos da vida diaria do ser e tambem interfere

na aprendizagem fazendo-se necessaria urn conhecimento dos aspectos

emocionais para assim pader assistir 0 aluno em seu trabalho escolar A

estabilidade no ambiente familiar proporciona ao individuo seguranya e

independencia A participaltao da familia no cotidiano escolar e de suma

importancia para a aprendizagem

Os jovens nao podem se sentir abandonados eles precisam de exemplos e

sobretudo de afeto para a construltaode uma vida melhor

SOUZA (1995 p 58) considera que a inibiltaointelectual estaria na base da

dificuldade de aprendizagem Existem fatores da vida psiquica da crianlta que

podem atrapalhar 0 born desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaltao

18

com a aquisirao de conhecimentos e com a familia na medida em que as atitudes

parentais influenciam sobremaneira a rela~aoda crianca com 0 conhecimento

Ressalta-se que entre as variDS fatores que influenciam 0 aspecto emotional

da crian9a tem-se alcoolismo familia numerosa sem condicoes minimas estruturais

brigas freqOentes em casa abandono trabalho infantil etc A convivmcia com um

au mais destes fatores acarreta na impossibilidade do aluno concentrar-se nas

aulas visto que a sua aten9ao se volta para a tentativa de resolu9lo dos problemas

familia res que ele julga insoluveis na maioria das vezes Existe urn certa

conformismo misturado a angustia quando 0 aluno consegue expor 0 problema que

o aflige

Deve-se compreender que a familia esta envolvida em diversos problemas

oriundos das pressoes s6cio-econ6micas das dificuldades de habita9ao

alimenta9ao e trabalho sem tranqOilidade para assimilar e analisar os estimulos

externos integrando-os a sua dina mica familiar

A influencia do ambiente familiar e decisiva para 0 ajustamento emotional e

muitas vezes 0 grupo familiar nao oferece condi90es de estabilidade e de

seguranya emocional para 0 desenvolvimento normal de seus filhos

Grande incidencia de conflitos emocionais que se exteriorizam par ansiedade

sentimentos de inferioridade de inseguran98 depressao medo negativismo e

incapacidade de estabelecer rela90es afetivas geralmente coincidem com 0 grande

numera de familias desintegradas desunidas de pais ausentes incompreensivos

imaturos neur6ticos dominadores desajustados que nao podem dar compreensao

amor e apoio aos filhos

ZAGURY (2000) relata 0 resultado das duvidas e incertezas de muitos pais

Para ela os pais devem compreender que mais importante que satisfazer os desejos

19

da CrianC8 e ensinar principios eticos como honestidade solidariedade e respeito

mutua Principios estes que sao fundamentais para 0 born relacionamento social na

adolescencia e vida adulta

Limites sao regras ou normas de condula que devem ser passadas para as

criancas desde tenra idade Eles mostram as crianyas 0 que podem e 0 que naD

podem 0 que devem e 0 que nao devem fazer Ensinam tambem como respeitar 0

proximo facilitando a socializayao Os limites devem fazer parte da educaao pois

vivemos em sociedade e para a boa manutencao desta se faz necessaria a

existencia e 0 respeito as regras (COUlINHO FILHO 2003)

Em seu livro Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sobre a tirania

dos filhos ZAGURY (2000) discute os principais problemas que envolvem a

educayao dos filhos na sociedade moderna quando toda uma geraao de pais foi

influenciada par urna visao excessivamente psicologizante As ambigOidades as

diferenyas entre as regras estabelecidas pelos te6ricos sao debatidas e criticada a

tirania de alguns especialistas que contribuiram para a disseminayao de um dos

maiores males da educaao - 0 chamado psicologismo A autora alerta para a

necessidade de as pais serem criticos nas orientayoes e conhecimentos adquiridos

sobre a educaao dos filhos e chama a atenao sobre os limites e a necessidade de

autoridade por parte dos pais a importancia de se construir uma relayao baseada na

autenticidade e na democracia tanto para as crianyas quanta para seus pais

Para liSA (1996) a disciplina tern inicio antes mesmo do nascimento atraves

do modo como os pais se comportam no relacionamento mutuo Os primeiros dias

de vida e as interac6es com os pais ou pessoas que as substituem sao de

fundamental importancia no desenvolvimento bern ajustado Pois e nessa interayao

que a mae transmite 0 modo de ser da familia e isso e essencial para ajudar 0 filho

20

a formar 0 seu ser psicol6gico pois a crianca traz ao nascer apenas 0 seu ser

biol6gico

0 pai deve ter muita saude pSicol6gica para participar do gesto de

alimentat8o que tern urn significado tremendo no ge5to afetivo A crianca nao

precisa s6 de leite 0 leite alimenta 0 corpo 0 afeto e 0 alimento da alma Crian

sem afeto entra em depressao(lIBA 1996)

Deve-S8 ressaltar que 0 limite e diferente de repressao 0 primeiro S8 instala

atraves das puniyoes ja a repressao atraves da culpa A puniy80 age sabre a ato e

a culpa sabre a pessoa Durante 0 desenvolvimento da clianca 0 limite e saudtlVel

quando este refere-s8 apenas aos atos naD desrnerecendo au desvalorizando a

pessoa A crian nao deve se sentir culpada pelos seus atos mas responsavel par

estes (COUlINHO FILHO 2003)

llBA (1996) diz que os pais que exageram na preocupayao com a choro e a

comida estao contribuindo para ter urn indisciplinado dentro de casa estao

desrespeitando a desenvolvimento biol6gico da crian A mae que trabalha fora

sente-se culpada par deixar a filho sozinho na creche au na escola e depois a

superprotege para reparar a culpa acabando par criar urn folgado dentro de casa

o modo como lidar com a liberdade e Dutro fatar influenciador no comportamento da

crianya e do adolescente Impar limites sem submissao e autoritarismo e outro

desafio para os pais que precisam respeitar a espayo de individualidade sem se

submeterem aos seus caprichos

o tema indisciplina oj amplo e muito se tern ainda a pesquisar estudar e

orientar no sentido de ajudar as pais a encontrarem urn caminho mais segura na

educay80 e formayao da personalidade dos filhos que tern inicio nas primeiras

relayoes entre mae e filho

21

222 0 Papel da Escola

Se a condi9ao basica e necessaria para a aprendizagem e a integridade

moral e 0 estabelecimento da interalYBo professor versus aluno cnde fatares afetivos

e cognitivos exercem influencias decisivas na busca de realizac68s e de desejos

confirmando-Ihes determinadas caracteristicas inteny68s e significados e na escola

que ocorrem boa parte dos problemas com as quais 0 aluno S8 esbarra lentidao de

raciocinio falta de atenyao desintereSS8 indisciplina entre Qutros encontram as

suas origens na estrutura biol6gica sobretudo quando exposta ao meio ambiente

(POLITY 1998)

Em ambientes cnde estes fatares naD sao considerados relevantes que

alunos com dificuldades de aprendizagem ou com problemas de indisciplina acabam

sendo rotulados sofrendo puniyoes devido ao seu fracasso escolar Estes

apresentam lalta de interesse desmotiva980 para estudar pregui9a e distra9ao

Com isto os pais e professores nao entendem estas dificuldades e 0 aluno em seu

permanente estado de tensao nao consegue prestar aten~o e participar das aulas

nao obtendo os resultados esperados (MORAIS 1997)

Outro fator importante e a problematica emocional que deve ser considerada

como decisiva na adaptacao e rendimento escolar podendo trazer serias

conseqOemcias ao desenvolvimento e progresso emocional da crianca A escola

deve oferecer condic5es e estabilidade emocional e atraves do diagn6stico precoce

dos encaminhamentos adequados da pr09rama9aO adequada das atividades

escolares e da preparacao do professor atender a esses casos prontamente

poupando assim a crianra e a sociedade do agravamento dessas situac6es

(NOVAES 1970)

22

Neste interim surge a psicopedagogia como auxiliar no cicio aluno - familia -

escola quando se instala uma dificuldade de aprendizagem 0 psicopedagogo deve

ter urn olhar para 0 contexte global onde est inserida a criana com dificuldade de

aprendizagem as relac6es familia res e escolares

As crian~s que se evadem da escola em geral sao as mais rejeitadas

Estas criancas precisam ser estimuladas ao relacionamento a responder

adequadamente aos sentimentos do outro e a controlar tensao e ansiedade

compreendendo qual e 0 comportamento aceitavel em determinada situacao

E preciso aprender a lidar com a ira e a tristeza a respeitar as diferencas de

modo a encarar as eaisas dificeis aprender a perguntar a negociar a ser mais

assertivo Eo importante somar aos conteudos de hoje as liDes sobre sentimentos e

relacionamentos 0 primeiro passe e aprender a nomear a emoCao compreende-Ia

a partir de suas express6es faciais corpora is E essencial que 0 professor amplie

sua ViS80 sobre as quest6es emocionais desenvolvendo autodisciplina vida

virtuosa capacidade de motivar-se de enfrentar press6es e resolver conflitos

Por tudo isso a escola tem 0 compromisso moral e etico de se preocupar com

o desenvolvimento dos alunos reinventando as aulas e proporcionando a sintonia

do conteudo a capacidade de aprender Considera-se muito importante que a familia

e a escola estabelecarn urn vinculo para tentar mUdanyas em relaC80 it falta de

atenC80 e indisciplina no sentido de ajudar 0 aluno a evitar maiores dificuldades

crises e stress

ANNA FREUD (1971 p162) considera que as normas escolares prestam

pouca ou nenhuma atenC80 as diferencas individuais

o aluno deve sentir-se desafiado e envolvido no processo a todo instante A

capacidade de empatia entre professor e aluno e 0 segredo do sucesso no

23

relacionamento entre ambos A auto-estima e urn ponto tambem fundamental para

um comportamento bem integrado

Num sistema educacional problematico como 0 do Brasil unido ascaracteristicas pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita5es

do professor e toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sal a

de aula interferem na aprendizagem como urn todo Pais e professores devem estar

atentos para educar desde os primeiros dias de vida para a disciplina que nao

5ubmete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemple e 0 dialogo

E preciso que a escala como urn todD e principal mente seu corpo docente

ampliem a consciencia a respeito da responsabilidade que tern em relacao ao futuro

dos seus alunos e alem disso que possam perceber a importancia do bern estar

psicol6gico como uma situacao fundamental para a aprendizagem satisfat6ria A

escola pode e deve propiciar ao aluno seguranca emocional para que ele possa

vivenciar vinculos saudaveis com seus professores e colegas

Espera-se que Utenham uma visao positiva da vida e sentido de humor que

sejam capazes de apreciar 0 valor de uma boa risada para eliminar pequenos

ressentimentos e aborrecimentos que prejudicam 0 crescimento do aluno (MOULY

1979 p 134)

E urgente a necessidade de uma nova escola desenhada para a mente e 0

cora~ao que ensina autocontrole empatia a arte de ouvir de resolver conflilos de

cooperar

A indisciplina pode ser definida como

Indisciplina e a recusa de $ubmeter-se as regras de aprendizagem educativa e a seu sistemade transmissao institucional Relacionada com 0 contexto familiar e escolar a indisciplina eum dos sintomas dos disturbios da inf~ncia e da adolescencia Quee preciso situar no campomutti~imensional da~ i~teracOesentre processos de aprendizagem e finalidades da educayaorelayao educadorlsuJeltolgrupos de alunosJclasse sistema de avaliacao e risco de fracasso

24

Ultrapassando 0 simples registro dos disturbios de carater a indisciplina tern a ver comfatores psicossociais que dao sentido a essa forma de insubmissflo (DORON et ai 1998)

Para VASCONCELLOS (1995) as manifesta90es de indisciplina na escola e

na sal a de aula sao urn problema a ser analisado na sua totalidade levando-se em

conta a familia as mudan~asocorridas na escola a professor a sociedade a crise

dos sentidos e dos limites considerando-se que 0 que se entende por disciplina e

como construi-Ia nurn processo de interarao entre 0 adolescente e a

professorescola

A educaC8o no seu verdadeiro sentido naD se faz sem autoridade pais 0

educando precisa do referencial do educador a fim de ter base para a constru9ao do

seu eu Muitas vezes 0 professor nao consegue disciplina porque nao tem

autoridade diante dos alunos Normalmente 0 professor fica esperando que 0 aluno

traga urn reconhecimento natural para com sua pessoa historicamente esse tempo

passou 0 tratamento de respeito tem que ser conquistado pelo professor

(VASCONCELLOS 1995)

A questao fica complicada quando temas como profissionais da educayao

elementos totalmente alheios e nao educados para a realidade atual Alem da falta

de dominio dos conteudos a serem ensinados falta-Ihes a capacidade de perceber

essas transforma90es hist6ricas que vern ocorrendo no relacionamento educando x

educador Falta-Ihes conhecimento do desenvolvimento humane e psicol6gico de

seus alunos E por fim suas pnticas pedag6gicas sao pobres de metodos que

propiciem a intera9aOe a construyao do conhecimento no respeito mutuo falta-Ihes

autoridade e capacidade de administrar a indisciplina gerada pelos fatores citados

Esses professores podem se deparar com criancas com transtorno desafiador

25

opositivo e muitos deles carecem de orientaCiies de como lidar com este tipo de

conduta

A disciplina escolar e urn conjunto de regras que devem ser obedecidas para

o exito do aprendizado escolar Portanto ela e uma qualidade de relacionamento

humano entre 0 corpo docente e 0$ alunos em uma sala de aula e

consequentemente na escola respeitando as caracteristicas de cada urn dos

envolvidos (TIBA 1996)

Para que haja disciplina em sala de aula isto e alunos motivados satisfeitos

com a aula e necessaria que 0 professor seja urn grande conhecedor do que

ensina da realidade que 0 cerca e tenha a capacidade de envolver 0 aluno na sua

sala usanda uma metodologia e uma didatica que nao deem margem a apatia ao

cans890 a monotonia para ambas as partes 0 aluno deve sentir-se desafiado e

envolvido no processo a todo instante A capacidade de empatia entre professor e

aluno e 0 segredo do sucesso no relacionamento entre ambos

Para TIBA (1996) a indisciplina na escola e vista como conseqOencia do

sistema educacional brasileiro que afeta diretamente as rela90es dos individuos em

sal a de aula e na escola Urn sistema total mente falido unido as caracteristicas

pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita~oes do professor e

toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sala de aula A auto-

estima e citada pelo autor como fundamental para um comportamento bem

integrado Ele aponta tambem inumeras sugestiies para os pais e professores no

sentido de como educar desde os prirneiros dias de vida para a disciplina que nao

submete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemplo e 0 dialogo

Por outro lado encontra-se a escola tentando cumprir a sua funCao (orientar

na constru~ao do conhecimento) e freqDentemente quando 0 professor se depara

26

com um alune que esta precisando de ajuda no aspecto emocional encontra-se

despreparado para lidar com a questao reagindo com intolerancia Consideram

muitas vezes mais tacil fazer julgamentos como 0 alune naD tern jeito bulle da

familia tal todos as irmaos desta familia ja fcram meus alunos e sao todos i9uais

Eventualmente recusam-se a participar de cursos de atualiza9ao e aperfei90amento

e preferem adetar a postura de que sabem que 0 alunD naD tern jeito mesma e nada

S8 tern a fazer a que favorece 0 rebaixamentoda auto-estima do alune e 0

agravamento do problema gerando disc6rdias e aborrecimentos na escola

Urn Dutro aspecto a ser considerado e que tudo sa tornaria mais facil para a

crianca se ao ingressar na escola ela pudesse encontrar um ambiente acolhedor

com regras bern definidas professores conhecedores dessa realidade com

formacaopsicol6gica para propiciar momentos de tomada de consciencia do porque

daquele comportamento fazendo acontecer a catarse e redirecionando as modos de

agir de tais crian~s e adolescentes Porem a realidade das escolas e bem outra 0

proprio ambiente e a mentalidade favorece que ela a crianca a adolescente

coloquem toda a agressao reprimida suas neuroses seu 6dio seus sentimentos

de culpa sua revolta contra a autoridade e a patrimonio escolar Muitas vezes 0

atuno encontra professores que nao se libertaram dos traumas e problemas dos

quais eles mesmos foram vitimas na primeira infancia alern de desconhecerem e

nao saberem lidar com a crianca e 0 adolescente problematico pelo desprepara

pedag6gico e a falta de metodos adequados e atrativos para prender a aten9ao e 0

interesse de seus alunos Sua pratica pedag6gica e pobre de recursos e estrategias

que desafiem e motivern tais alunos a se auto valorizarem elevando a auto-estima

Urn dos pontes mais comuns entre as indisciplinados e a sentimento de

menos valia aem da fata de conffan9a nos contatos e na produtividade Percebe-se

27

assim que para reverter essa questao naD basta trabalhar com a aluno E

necessario urn trabalho junto aos professores e familias criando estrategias que

modifiquem 0 ambiente e urn relacionamento mais verdadeiro mais equilibrado

deve ser estabelecido em todos as sentidos - trabalhando-se em equipe

28

3 0 CASO DE UMA CRIANCA COM TRANSTORNO DESAFIADOR OPOSITIVO

Foram utilizadas entrevistas com a mae professores e irmaos Encontros com

a crian-a em sess6es com durayao de 50 minutos cnde utilizou-se de metod as

como desenhos brincadeiras jogos regrados massa de modelar

31 HIST6RIGO DO GASO

F e urna rnenina de cinco anos cayula tendo um irmao de 21 anos e urna

irma de 17 anas de idade

o pai faleceu com 49 anas ha apraximadamente 01 ana e a mae atualmente

com 49 anas teve F com 43 anas

o pai fai marta par paliciais em frente a sua casa Estava bebada e saiu a rua

armada e um carro da palicia apareceu e 0 viu sentado na calcadalogo depois

vieram muitas viaturas e a mae pediu que levassem 0 marido para passar a noite na

cadeia mas que naD fizessem nenhum mal a ele Neste momento 0 pai de F

comeyou a atirar e aS policiais (segundo a mae 18 policiais aproximadamente)

invadiram a casa e comeyaram a atirar A familia fa para os fundos da casa e a mae

passou F par cima do muro para a casa da vizinha Quando a familia voltou para

frente da casa as paliciais disseram que a pai de F estava ferida na perna e

levaram-na para a hospital mas segundo a relata da mae ele ja estava marta e

havia na verdade levado urn tiro na cabeca F nao viu a cena mas escutou tudo

Ganforme relata da mae a partir da data do acarrida F naa abedece faz de

canta que naa escuta e quando quer alga came9a a tremer A mae diz que a filha

29

ficou assim desde a marte do pai pais este a bajulava muito fazia tudo 0 que ela

desejava

F sempre foi mimada pelo pai este nunca repreendia a filha por algo de

errado que ela fizesse Para 0 pai F nunca estava errada inclusive quando ela e a

irma mais velha brigavam 0 pai sempre ia em defesa da mais nova e para protege-

la amea98va bater na mais velha

A queixa principal da mae e que F comeya a tremer quando quer algo de que

gosta muito nao obedece a regras e Iimites impostos pelos responsaveis

Nas observayiies comportamentais notou-se que F testa os limites dos

adultos para conseguir 0 que deseja e as pesso8s que a cercam para se livrarem

das birras acabavam por fazer 0 que ela queria Mas essas mesmas pessoas

comeyaram a perceber que a falta de regras e limites jil ultrapassava 0 limite do

suportaveJ

Segundo HANISH et al (1999) 0 transtorno desafiador opositivo aparece

antes dos 10 anos Normalmente torna-se aparente na idade pre-escolar que e 0

caso desta crianga

Na escola F naD interagia com as colegas na hara de fazer brincadeiras em

grupo nac conseguia se relacionar com as colegas quando a professora pedia para

fazer alguma atividade F fazia do jeito que queria e nao como a professora

solicitava

Para que houvesse progresso no tratamento foi fundamental que a mae e as

demais pessoas que rodeiam a crian~a modificassem sua forma de agir e para que

isso ocorresse foi preciso fazer urn remanejo de conduta dessas pessoas Fez-se

pois necessaria orientacao e treinamento para auxilia-Ios nesta mudanlta

30

32 EVOLUCAO DO CASO

As intervenyoes utilizadas neste casc com a mae fcram em forma de

orientayao na freqOencade pelo menDS uma vez par meso Mais recentemente este

trabalho com a mae vern sendo feito a cada quinze dias

Em conversa com a mae esta mencionou que naD queria fazer como seus

pais naD que eles fassem ruins disse ela mas eles nao conversavam e naD tinham

tempo de dar aten9ao e de ensinar os deveres da escola Tudo 0 que ela aprendeu

na escola foi par esforyo proprio e naD queria que isso acontecesse com sua filha

entaD ela au as irmaos mais velhos sentam com F e a ensinam

Mais tarde foi feita uma entrevista com a professora e esta mostrou todas as

li90es de F e disse que aquelas atividades nao haviam side feitas pela crian9a e sim

por seu irmao e que a professora ja havia mandado bilhetes pedindo que nao

fizessem mais as atividades da escola par F A mae foi orientada a dar mais

incentivo a F em lugar de fazer os deveres por ela pois F nilo tinha problemas de

aprendizagem mas par falta de incentivo poderia vir a ter

Com F foram utilizadas brincadeiras como pintura com aquarela desenhos

massa de modelar hist6ria infantis Atraves destes me-todosforam utilizados refor~o

e a punicao quando necessarios

o refor9Q foi atraves de elogios sorriso e aten9ao quando F realizava urn

comportamento desejavel A punitao consistiu em retirar uma atividade que ela

gostava muito como desenhar OU tambem ignorar a sua atitude mantendo a calma

No terceiro encontro F mencionou 0 pai dizendo que ele comprava doces

para ela mas nao quis continuar falando sobre ele alegando que 0 irmao mais velho

nao gostava Mais tarde em outras sess6es tornou-se claro ser isto fantasia sua

31

Nos primeiros encontros corn F ela demonstrou S8r cordata entretanto a

partir do quarto encontro F mostrou comportamentos de manipula9ao ou seja

querer controlar a situacao e que tude salsse da forma que queria para que todos

as seus desejos fossem realizados atitude comum em casa ou na escola

A quinta sessao foi para verificar a interacao de F com a mae F mostrou-se

intransigente naD obedeceu a nenhuma das ordens da mae na hora de guardar as

brinquedos gritou com a mae e esta demonstrou claramente nao conseguir dar

limites a sua filha A mae conseguiu dizer neste momento que se F estivesse em

casa iria apanhar com uma varinha mas ista naD adiantou pais F ficou irredutivel

Ao final da sessao quando tudo estava no seu devido lugar F ja estava agindo como

se nada tivesse ocorrido a mae mencionou que F era muito nervoS8

A partir da sexta sessao loram leitos contratos com F os quais ela aceitou

com lacilidade

Apos 0 contrato feito na sessao anterior na setima sessao foi trabalhado a

limite atraves de acordos leitos com F como pedir para que ela escolhesse

somente tres tipos de brinquedos da caixa que s6 iria embora quando a horario da

sessao terminasse e que as Iimites seriam colocados pela terapeuta Com estas

regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela queria

A partir da oitava sessao loi levantada a hip6tese do problema de F ser

transtorno desafiador opositivo pais ela demonstrou as comportamentos de querer

dominar e mostrar que poderia mandar mas com muita paciencia foram impastos

limites atraves do silencio mostrando que nem tudo poderia ser como ela queria e

assim acabou aceitando

A nona sessao loi destinada a orientar a mae em como agir com a filha e loi

proposto para que a mae assistisse a proxima sessao atras do espelho

32

Como foi sugerido para a mae na sessao passada ela ficou ats do espelho

para ver como a filha interagia e poder verificar qual seria a melhor forma de lidar

com ela

A decima segunda sessao foi destinada a mae para verificar como estava 0

comportamento de F fora da terapia Ela comentou que 0 comportamento da filha

melhorara muito que as tremores 56 ocorriam esporadicamente Foi orientado amae que quando Dcarressem as tremores ela deveria fazer de conta que naD havia

percebido nada

Foram feitas diversas sess6es seguidas mais precisamente da decima

terceira il decima setima com F destinadas a trabalhar regras e limites Este

trabalho foi realizado atraves de acordos com F como por exemplo pedir que ela

escolhesse apenas tres brinquedos da caixa au escolhesse entre desenhar e ouvir

historias au ainda entre conversar e brincar tambem poderia escolher entre brincar

de casinha e desenhar

A decima oitava sessao foi urna sessao diferente pOis foi destinada aprofessora de F para verificar como F estava S8 comportando e se relacionando

com colegas em sala de aula enos interval os A professora levantou a hip6tese de F

ter problemas de aprendizagem pois as atividades escolares dela nao eram

compativeis com a de seus colegas de classe Mas foi constatado atraves das

atividades que eram enviadas para serem feitas em casa que 0 que faUava para F

era estimulo pOisseu irmao fazia suas atividades por ela

Foram feitas duas sessoes seguidas (decima nona e vigesimal para

comprovar se havia problemas de aprendizagem com F Sessoes estas de recorte e

colagem e de hist6ria (Cinderela) Com estas atividades pode se constatar que F

33

tern plena capacidade de realizar tarefas sDzinha talvez com uma pequena

orienta9ao quando solicitado por ela

A vigesima primeira foi mais uma sessao dedicada a orient89ao a mae

quando esta mencionou que Festa cada vez melhor seus tremores quando quer

chamar a aten9ao estao diminuindo a cada dia

No vigesimo segundo encontro com F a interven9ao utilizada foi 0 desenho

Eta desenhou margaridas e mencionou que se fosse uma planta queria ser uma

margarida e S8 fosse urn objeto queria ser uma estrela Ja na sessao seguinte que

foi a vigesima terceira a intervencao utilizada foi brincar de casinha cnde F mostrou

a sua intera9ao familiar dizendo que trabalhava em um hotel (como na realidade sua

mae trabalha) 0 marido trabalhava em hotel e seu pai estava muito doente (na

realidade ja e falecido) e tinha muitas dores no corpo

Ate 0 momento foram feitas as vinte e tres sess6es aqui descritas nas quais

a crianya demonstrou significativas mudantas no comportamento

33 ANALISE DO CASO

Inicialmente F nae obedecia fazia de conta que naD escutava e quando

queria algo come9ava a tremer nao obedecendo a regras e limites impostos pelos

respons8veis A mae dizia que a filha ficou assim desde a morte do pai pais este a

bajulava muito fazia tudo 0 que ela desejava

Notou-se que F testava os limites dos adultos para conseguir 0 que desejava

e as pessoas que a cercavam para se livrarem das birras acabavam par fazer 0

que ela queria

34

Na escola nao conseguia se relacionar com os colegas quando a professora

pedia para fazer alguma atividade F lazia do jeito que queria

A mae de F fazia as atividades par ela dizendo que ~nao queria tazer como

seus pais naD que eles fassem ruins mas eles naD conversavam e naD tinham

tempo de dar atenC80 e de ensinar as deveres da escola

Durante 0 tratamento F inicialmente demonstrou ser cordata posteriormente

mostrou comportamentos de manipulayM querendo controlar a situayao e

procurando forcar que todos as seus desejos fassem realizados Na presenva da

mae nao obedeceu a nenhuma das ordens dela gritou e ficou clara a dificuldade da

mae em dar limites a filha F mostrava-se muito irritada

Foram feitos contratos com F e passou-se a trabalhar atraves de acordos as

limites Com estas regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela

queria

No tratamento foi fundamental que a mae e as demais pessoas que rodeiam a

crianya modificassem sua forma de agir Foi orienlado a mae que quando

ocorressem as tremores ela devena fazer de conta que nao havia percebido nada

Em sessao com a professora de F constatou-se que a hipotese de

problemas de aprendizagem se apresentava mais em lace da lalta de estimulo para

que esta realizasse suas pr6pnas atividades ao inves de que outras pessoas as

fizessem por ela Foram leitas sessees com a finalidade de comprovar se F tinha

problemas de aprendizagem e verificou-se que esla linha plena capacidade de

realizar as tarefas sozinha Em relayao a interayao familiar F dramatrizou em uma

atividade que sua mae trabalhava em um hotel 0 que correspondia a realidade e 0

marido trabalhava em hotel que seu pai estava muito doenle e tinha muitas dores

35

no corpo quando na realidade seu pai ja era falecido Mostrava com isso a falta que

a funy80 paterna Ihe fazia

A mae de F I numa sessao dedicada a sua orientay8o mencionou que F

estava cada vez melhor e que seus tremores para chamar a atenC80 estavam

diminuindo a cada dia

36

4 ORIENTA~OES AOS PAIS

ZAGURY (2001 p59) na complexa tarefa de dar limites sem ser autocratico

ou seja de como disciplinar sem bater OU sem ser coercitivQ com a crianya sugere

algumas estrategias

bull Premiar ou recompensar a born comportamento - sempre que a crianca

tiver atitudes corretas devemos ressaltar este tatoo E bern comum que as

pais muito ocupados com tarefas cotidianas esqueltam de elogiar

somente lembrando de ralhar quando os ftlhos fazem algo errado Desta

forma as criancas entendem que naD vale a pena fazer tudo certinhon

pois nao recebem aprova9ao A melhor forma de alcan9ar um objetivo

educativo e elogiar incentivar e ressaltar tudo a que a crianca fizer de

positivo

bull Diferenciar premiar de dar coisas materiais - apesar do consumismo

vigente as crianvas ainda valorizam mais urn carinho urn elogio sincero

reconhecimento do esforco do que presentes dinheiro e viagens

Eventualmente pode-se presentear materialmente mas e importante nao

comprarmos as crianras pois desta forma elas aprendem a agir de modo

calculista Se dermos nosso carinho e aprovayao seu ego se fortalecera

sua auto-estima se elevara e gradualmente a crianya sentira prazer em

agir de forma adequada

bull Fazer com que a crianya assuma as conseqOemcias dos seus atos - com

carinha e naturalidade devemos conversar e agir apontando seus erras e

fazendo com que reftitam sobre as atitudes incorretas antieticas ou

egocentricas tomando 0 cuidado de deixar claro que 0 que desaprovamos

37

sao as atitudes incorretas e naD suas caracteristicas pessoais 5e mesma

ap6s a explica~o a crianca reincidir na atitude incorreta entao e 0

momento de faze-Ia compreender que e responsavel pelos seus atos e

tambem pelas suas conseqGencias Deve-se ressaltar as consequemcias

do ato born carinho aprova~o estimulo etc Como do ato incorreto

desaprova9ilo nao reforyamento deixar de fazer algo que gostam etc

Deve-se ter em mente que as elogios premiacoes bern como as puni90es

devem ser proporcionais ao fato Ou seja e necessario que se tenha born sensa e

equilibrio para que as acoes sejam autenticas e valorizadas pel as criancas

COUTINHO FILHO (2003) tambem sugere algumas possibilidades para

colocar parametros de limites para a crianca

bull Nao coloque limites conforme seus desejos pessoais

bull Demonstre que voce e as demais adultos tambem tern limites a respeitar

bull Diga qual puni9ilo a ser dada para cada limite ultrapassado e nao deixe de

executa-Ia

bull De puniyoes brandas para atitudes brandas e puniyoes pesadas para

atitudes pesadas

bull Deixe claro que a puniyao Eo pelo ate e nao pela pessoa

bull Justifique os motivos do limite Nao faca isso porque nao quero ou nao

gosto nao Eo justificativa

bull Repita quantas vezes for necesstuio

bull Use sua autoridade sem provocar submissao e mal estar

bull Use da afetividade para impor limites

38

ZAGURY (2001) destaca pontos importantes para nao perder a autoridade

perante os filhos

bull Cumpra 0 que disse (seja premia ou conseqOemcia) ou seja ameacou

execute prometeu faya

bull Seja coerente 0 que nao pode nao pode nunca (salvo raras excessoes)

nao mude de atitude como quem mud a de roupa (au de acordo com 0 seu

humor)

bull Faya com que seus filhos gradualmente assumam responsabilidades

Deixe que eles participem das decisoes sabre premios ou conseqOeuromcias

- isto ajuda a amadurecer e compromete a crianca e as jovens que

aderem mais ao que ajudam a construir (mesma que sejam sans6es para

eles proprios)

bull Cuidado com 0 que diz e com 0 modo como diz - critique 0 ato nunca a

pessoa ou a personalidade de seus filhos Trate somente do assunto que

S8 esta analisando no momento naD desenterre coisas do passado sem

necessidade Nao fique com pena da crianya se ela chorar ficar triste

nao talar com voce E melhor ela ficar triste hoje mas aprender a respeitar

o pr6ximo a 5i propria e a palavra empenhada do que sofrer futuramente

nos seus relacionamentos interpessoais

Segundo TIBA(2002) os filhos nao vem com manual pois eles mesmos sao 0

manual au seja cada criancaencerra uma individualidade e a cada dia os pais irao

aprendendo com cada filho E importante neste aprendizado os pais privilegiarem 0

desenvolvimento relacional atraves de um procedimento basico que deve ser

aplicado a cada fllho Para TBA (2002) ese procedimento e valido para qualquer

39

relacionamento entre pessoas de qualquer idade mas que e relevante na formaC8o

da auto-estima da criancadesde 0 seu nascimento Para 0 atendimento integral a

uma crian9 sao cinco os passos parar ouvir olhar pensar e agir (TIBA 2002

p127)

TIBA (2002) descreve os cinco passos da seguinte forma

1 Parar - parar 0 que estiver fazendo ou pensando e dar atenyao total acriancaCasa naD possa parar naquele exato momento vale colaear uma

das maos no ombro da crian9 enquanto diz que logo vai atende-Ia A

crianya deve ficar esperando ali juntinho de voce Pode ser que ela queira

sair para voltar logo depois Se a iniciativa de sair for da crianca a

responsabilidade de voltar sera dela Mas deve evitar ao maximo dizer

para a crianca ocupar-se com Dutra caisa enquanto voce termina 0 que

esta fazendo Nem sempre ela volta outra vez pelo mesmo motivo E

tambem fundamental deixar de lado ideias preconcebidas sobre 0 que a

crianca vai fatar Se voce pensa ~Iavern aquela chata me encher Dutra

vez seu cerebro ja esta preenchido em parte com esse pensamento e

voce perde a chance de atende-Ia integralmente

2 Ouvir - e a parte racional Os pais devem olhar no funda dos ahos da

crianca como se a Duvissem com as ahos A criany8 precisa aprender a

se expressar Nao se deve tentar adivinhar 0 que ela quer Quando pede

alguma coisa esta desenvolvendo sua capacidade de pensar de formular

uma pergunta e de se expressar para que outras pessoas possam

compreende-Ia

3 Olhar - e a parte instintiva Num piscar de olhos uma pessoa consegue

ver tantas coisas que levaria muito tempo explica-Ias em palavras Tudo 0

40

que se percebe visualmente tambem tem que ser considerado para

compreender a crian9a

4 Pensar - lados os elementos percebidos tanto visualmente quanto

verbal mente mais 0 sentido educativo que se que ira imprimir na forma9ao

da criana devem fazer parte da resposta a ser dada Sentido educativo e

o objetivo a ser atendido com a educaao que esta sendo dada (Quer que

o filho seja egoista Coloque-o sempre em primeiro lugar em detrimento

dos outros e diga sim a todos os seus desejos Quer que ele seja feliz

Ajude-o a desenvolver a satisfailo pelo que e e pelo que consegue fazer

a tolerimcia a compreensao dos Qutrosa vontade de ajudar a quem pede

e a etica do bem)

5 Agir - essa aao ou resposta deve ser bem clara e objetiva Melhor ainda

se voce puder se assegurar de que a crianca real mente saciou sua

vontade

E importante ressaltar que os cinco passos devem ser utilizados em todas as

situayaes desde 0 tombo da crian98 pequena ate quando a crian98 crescer Ao se

utilizar este procedimento basico as atitudes dos pais tendem a ser coerentes Par

exemplo se uma crianca calr naD e necessaria as pais sairem desesperados em

todas Situ8COeS mas avaiar se 0 tombo foi grave QU se foi urn tombinho que naD

precisa de maiores cuidados Tambem as pais naD devem sair dizendo que chao

feio que passa a falsa ideia que 0 chao e culpado pelo seu tombo a criana tem

que aprender que ela deve ter cuidado Se ela se choca uma ou duas vezes numa

mesa ela aprende a ter cuidado por sua pr6pria experiencia TIBA (2002 p133)

41

destaca que a afobayao e a reacao exagerada dos pais geram inseguran9a na

crianca

Outre fato bastante comum e as pais deixarem as ftlhos ganharem jogos par

exemplo tentando agrada-Ios mesmo que os deseduquem As crian9as tern uma

sabedoria natural Brincam e competem de acordo com as conhecimentos e as

capacita90es de que disp6ern E mais facil para 0 pai brincar como se fosse crian98

e deixar 0 filho ganhar sempre Esse comportamento contudo da a crianca uma

visao irreal do que e jogar Ganha-se algumas vezes perde-se outras (TIBA 2002

p136) Ou seja e mais educativ~ para a criana descobrir que podemos ser bons

em algumas caisas mas nao em tudo Passa-se uma experiencia da realidade para

a crianC8

TIBA (2002) tambem cita 0 caso de colocar a crian9a no colo enquanto se

dirige urn carro A crianC8 tern a falsa sensacao de que comanda 0 veiculo mas issa

nao passa de urn poder irreal Ao dirigir urn carrinho de brinquedo ela poderia de fato

se sentir poderosa IS50 sem falar que quando 0 filho crescer ao 15 anos par

exempla vai querer sair com 0 carro do pai mesmo sem poder Mas quando era

criancaeu podia

o caso classico da criancaquerer dormir com os pais tambem e abordado por

TIBA (2002) segundo 0 autor 0 ideal e que desde bebe a crian9a deve aprender a

dorrnir no seu lugar mesmo que ache mais gostoso aninhar-se entre os pais Ir cada

urn para sua cama da 0 sentido de que cada urn tem seu territorio ai tambem

estamos delimitando limites onde sao respeitados 0 so no e 0 espacode cada urn

Crian~asmaiores que ja andam devem ter um lugar (ou quarto) proprio para dormirMesmo que ocasionalmente adorme~am na cama dos pais e importante que sejamlevadas a sua cama para que acordem la Nao devem adquirir 0 habito de dormir nacama dos pais Tenha paciencia e fale claro em born tom olhando seriamente nofundo dos olhinhos dela ~Cada coisa no seu lugar cada pessoa na sua cama~

42

Quando a crian(f3 percebe que 0 limite e coisa sena e vai ser cumprido procura seajustar(lIBA 2002p115)

OLIVEIRA (1999 p120) enumera as diversos problemas que causam a fato

dos filhos permanecem no quarto dos pais na hora de dormir considerando-as de

difieil recupera~aoposterior

1 Faita de valorizayilo da privacidade tanto do casal como da crianya

2 Mantem a relacao simbi6tica au seja a li98980 existente entre mae e

bebe prejudicando 0 desenvolvimento emocional da crian93

3 A crianya tende a formar relayao de dependencia da protey80 e da

preseny8 dos pais ate mesma durante 0 sono

4 Quando chegar a fase em que a crianca elege entre 0 pai e a mae 0 seu

preferido tenta afastar 0 autro esticando-se e virando-se na cama de

modo a deixar a preterido desconfortavel a ponto deste mudar de lugar

sair da cama e ate mesma do quarto

E importante ressaltar que sempre as regras devem ser claras e naD sujeitas

a mudancas pois a organizacao interna dos filhos fica muito prejudicada se dormir

au nao na cama dos pais se transforma numa possibilidade que depende apenas do

humor dos pais ou de quanto 0 filho se recusa a dormir sozinho (chorando

acordando diversas vezes etc) A crian9a com autonomia de sono e mais

independente e feliz (TIBA 2002 p116)

Enfatiza-se que na maiaria dos casas as pais permitem que as criancas

fiquem ate mais tarde no quarto deles nao e par uma exigemcia ou necessidade da

crianya mas par alguma deficiencia desequilibrio au imaturidade dos proprios pais

(OLIVEIRA 1999 p122)

43

Em relaiio ao choro da crian9l ressalta-se que ha dois tipos de choro 0 que

expressa dor e 0 que busca pader

Se 0 filho descobrir que pade usar a chom como fonte de poder as pais estaoperdidos Nunca mais saberao dizer se ele chara par dar au poder Urn chore depoder Necessita dos olhos e dos ouvidos de quem se quer dominar Ingenua acrianya que usa 0 choro como pader para imediatamente apes conseguir 0 que querOai a importancia de as pais ficarem atentos para nao ser manipulados (TIBA 2002p158)

o choro que apela para 0 lade coitadinho inspira ternura Eo urn tipo de

manipula9ao que busca 0 dominio pela chantagem aletiva Eo dilicil neutralizar 0 uso

do choro como arma

Segundo liSA (2002 p159) Urn pouco de dor nao matara a crian9a assim

como urn poueD de pader nao matara as pais ( ) Se traumas infantis matassem a

humanidade estaria extinta Nao ha filho que nao tenha side contrariado A imensa

maioria deles tern condi90es de agOentar contrariedades 0 autor destaca que pais

que sao soHcitos ao extrema nao trayam um born e segura trajeto para seguir 0

resultado e que a crianya fica insegura pais perde a confianca neles ela pressente

que as pais nao tern firmeza nas suas decisoes e sao manipulaveis

Deve-se tomar cuidado com as exageros urn erro cometido pelos pais

desde que nao seja baseado na violencia em surras socas e pontapes naa traz

problema nenhum Atos como esses descarregam a raiva mas nao tern forlta

educativa pois violmcia s6 gera violencia (liSA 2002 p159)

Em rela9aOaos pais lazerem as tarelas pelos filhos ou ainda pior comprar os

resultados ressalta-se que este tipo de atitude nao ajuda a crianlta cria

dependencia e compromete 0 desenvolvimento escolar Alem disso as pais acabam

privando os filhos do gosto de uma conquista dando uma mensagem subliminar de

que eles sao incapazes Os pais nao devem privar os filhos do gosto de uma

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

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VEJA Especial para bebes Sao Paulo Ed Abril 2000

ZAGURY T Educar sem culpa a genese da etica 15 ed Rio de Janeiro Record2000

__ Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sabre a tirania dosfilhos 15 ed Rio de Janeiro Record 2000

Limites sem trauma - construindo cidadaos 25 ed Rio de JaneiroRecord2001

WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

Page 4: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

1 INTRODU~Ao

Crianyas em idade pre-escolar geralmente apresentam comportamentos

opositivQs mas existe urn limiar que define quando estas condutas deixam de ser

consideradas normais para a idade e passam a ser patol6gicas 0 transtorna

desafiador opositivo se caracteriza por condutas opositivas intensas e recorrentes

que nao cessam com 0 crescimento da crianrta

Varios aspectos podem influenciar no desenvolvimento do transtoma

desafiador opositivo As interaroes familiares estao intrinsecamente relacionadas ao

aparecimento do transtorno Questoes como a falta de limites e comportamentos

ineficazes dos pais entre Qutros influenciam na conduta da crian~ gerando

indisciplina e ate problemas de aprendizagem que se manifestam no contexte

escolar 0 tema indisciplina tern permeado a vida escolar E a principal queixa de

professores pais e todos aqueles que trabalham com crian9as

Objetiva-se levantar quais as principais aspectos que influenciam no

desenvolvirnento do transtorno desafiador opositivo e apresentar urn estudo de caso

referente a uma crianya de 5 (cinco) anos idade que apresenta 0 quadro Os

sintomas do transtorno desafiador opositivo constituem urn padrao de conduta

Pretende-se a) definir 0 transtomo desafiador opositivo b) pesquisar a relayao da

falta de limites com a indisciplina no contexte escolar c) levantar informayoes sobre

o relacionamento da crianca analisada com seus farniliares e com seus colegas de

escola d) orientar as pais no modo de agir com a crianya que apresente este tipo de

transtorno

A problematica gira em torno de descobrir quais atitudes dos pais podem

reforyar a desenvolvimento do transtomo desafiador opositivo 0 que levou a

2

pesquisa bibliografica exploratoria sobre os temas concernentes a pesquisa e ao

manejo terapeutico em relaC8oao transtorno desafiador opositivo em geral e em

especial ao caso apresentado

Tern side cada vez mais frequentes as queixas envolvendo comportamentos

opositivos das criancasOs pais nao sabem como lidar com 0 problema tao pouco

as professores estao preparados para enfrenta-Io Visa-se contribuir para 0

esclarecimento sabre 0 transtorno desafiador opositivo e orientar pais e professores

que se defrontarem com crianyas que apresentem tal diagnostico

3

2 REFERENCIAL TE6RICO

21 TRANSTORNO DESAFIADOR OPOSITIVO

211 Defini980

A defini9ao do reterido transtorno e a seguinte 0 transtorno desafiador

opositivo e urn padrao recorrente de comportamento negativista desafiador

desobediente e hostil para com figuras de autoridade (HANISH et ai 1999 p63)

A frequemcia e intensidade de comportamentos opositivos na crianltapode

justificar 0 diagn6slico de translorno desafiador opositivo Este Iranslorno tem sido

comum no inicio da infancia com condutas opositivas mais evidentes per volta dcs

seis anos de idade A identificayao e a tratamento precoces do transtomo desafiador

opositivo e recomendavel pois a inlensifica980 das condutas hostis podem evoluir

para comportamentos anti-sociais mais graves e desenvolvimento do transtorno de

conduta (HANISH et ai 1999)

HOLMES (199) descreve 0 Iranslorno desafiante oposicional como sendo

semelhante aos transtornos de conduta porem menes serios Os individuos com 0

transtorno desafiante oposicional sao caracteristicamente negativistas desafiadores

argumentativos e hostis Eles diferem das pessoas com outros transtornos de

conduta no sentido em que ao inves de atuar contra os outros eles sao ativamente

resistentes aos outros As criancas com transtorno desafiador oposicional tendem a

se descontrolar discutir com adultos recusar-se a fazer 0 que Ihes e dito e

intencionalmente fazer coisas para incomodar os outros

4

ALMEIDA et 81 (1996) destaca entre os disturbios psiquiatricos descritos no

DSM-IV eixo 1 que costumam ser diagnosticados pel a primeira vez na infancia ou

adolescencia 0 disturbio com provoca9lio e oposi9lio que deve ser diferenciado do

disturbio de conduta e de disturbios reativos a situa90es de estresse e de

comportamentos anti-sociais decorrentes de quadros pSicoticos como a mania

Segundo HANISH et 81 (1999) uma crianya para atender aos criterios

diagnosticos do transtorno desafiador opositivD deve apresentar no minima quatro

dos seguintes itens nurn periodo de aproximadamente seis meses

Crises de raiva

Discussao com as pais e outros adultos

Desobedimcia a regras e solicita90es dos adultos

Fazer coisas que aborrecem outras pessoas propositadamente

Acusar outras pessoas

Incomodar-se facilmente com as outros

Ficar com raiva e ressentimento

Ser vingativa ou maldosa

Quando pelo menos quatro das condutas acima estiverem freqOentemente

presentes em crian~asquando estes comportamentos nao sao tipicos da sua idade

e desenvolvimento e com prejuizo do funcianamento social escalar au acupacional

e diagnosticado 0 transtorno desafiador opositivo

5

212 Diagnostico Diferencial

Ressalta-se que 0 diagnostico de transtorno desafiador opositivo naD deve ser

dado se forem preenchidos os criterios de transtorno de conduta ou quando os

comportamentos opositivos ocorrerem somente durante urn transtorno de humor au

psicotico (HANISH et ai 1999)

Em rela9ao a diferencia9ao entre 0 transtomo desafiador opositivo e 0

transtorno de conduta HANISH et al (1999 p64) ressalta

C ) urn fator que diferencia 0 transtoma desafiador opositivo e 0 transtomo deconduta e 0 fata de que esle ultimo envolve a nao-considera~o e 0 desrespeito pelodireito dos Quiros () As crian~s com transtomo de conduta norrnalmente ternpouca au nenhuma preocupa980 em rela9secto ao impacto de sua conduta sabre asQutros ( ) Traduzindo em termos cognitivos as criancas com transloma de condutaparecem pensar pouco sabre as conseqOmcias de suas atitudes e apresentammenor habilidade de raciocinio moral enquanto as criancas com transtomodesafiador opositivo apresentam pouca habilidade de resolucao de problemas etentam utilizar a oposicao como fonna de coercaode condutas em especial de outraspessoas significativas (per exemple os pais)

Outra diferenciacao importante e entre 0 transtorno desafiador opositivo e 0

desafio e a oposi9ilo normal da idade 0 que acontece em crian9as normal mente no

periodo pre-escolar No caso do desenvolvimento normal da crianca os

comportamentos opositivos tern seu pico no inicio da inffmcia e diminuem com 0

tempo aqueles que caracterizam 0 transtorno desafiador opositivo continuam e

pioram com a idade (HANISH el ai 1999)

o disturbio de conduta ocorre em 3 a 7 das criancas e adolescentes com

predominancia na adolescencia e no sexo masculino Os sintomas costumam

aparecer entre 0 inicio da infancia e puberdade e costumam persistir ate a idade

adulta As principais conseqOencias na idade adulta envolvem abuso de drogas

6

discordia conjugal dificuldade em arrumar emprego prisao e morte prematura

violenta (ALMEIDA et ai 1996)

Os sintomas do transtorno de conduta giram em torna de um padrao

persistente de maus comportamentos no qual 0 individuo infringe regras e viola 0

direito dos outros e geralmente ultrapassam a idade infantil mantendo 0

comportamento disruptivo e criminoso mais tarde na vida (HOLMES 1997)

o disturbio de conduta se caracteriza par urn comportamento anti-social

persistente As crian9as tendem a mentir roubar faltar as aulas sem motivD se

envolver em hrigas constantemente fugir de casa agredir fisicamente os Qutros ser

cruel com pessoas e animais destruir propriedades alheias de forma deliberada

apresentar baixo rendimento escolar problemas de relacionamento com as colegas

e em casas mais intensas assaltar a mao armada cometer estupros e homicidias

(ALMEIDA et ai 1996)

213 Influencias Familiares

o papel da familia particularmente os pais pode influenciar 0

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo KRUESI e TOLAN citados por

HANISH et al (1999) identificam tres caracteristicas dos pais que tendem a

aumentar a probabilidade do aparecimento do transtorno desafiador opositivo e que

devem ser levadas em conta na formulaao do tratamento Sao elas pSicopatologia

dos pais praticas ineficazes dos pais e ruptura do casal

Como pSicopatologia dos pais encontramos principalmente 0 transtorno anti-

social de personalidade aiEimde outras formas como 0 uso de drogas e depressao

e varcfwes importantes como a maternidade na adolesceuromcia Na casa do transtarno

t~roj ~Slbullbullbullbullbullh

8MIl

anti-social nos palS e passivel a necessldade de Intervencao pOlS podem Interfenr

7

nas tentativas de modificar as praticas de manejo da conduta da crianl utilizadas

pelos pais (HANISH et ai 1999)

Algumas praticas ineficazes dos pais como as interacoes familiares

coercitivas tambem favorecem 0 desenvolvimento do transtorno desafiador

opositivo pois tendem a estar associadas a condutas opositivas desafiadoras e

hostis Segundo HANISH et al (1999 p65) diversos padr6es especificos de

interac6es familia res diferenciam as crian~s opositivas das nao-opositivas Par

exemplo as pais de criancas que naD obedecem tendem a refonar a conduta

opositiva e a ignorar DU punir as condutas sociais positivas ( ) Descobriu-se

tambem que eles sao mais criticos do que as pais de crianC8s que obedecem

Desta forma pais que impoem regras restritivas e fazem afirma90es amea9adoras

hostis e humilhantes favorecem as condutas opositivas dos filhos Em alguns

casas a conduta opositiva pede ser devida a disciplina inconsistente resultante do

medo e ansiedade dos pais em rela9ao ao fato de imporem limites ou san90es ()

muitos desses pais abusam de seus filhos ou os negligenciam (HANISH et ai

1999 p66) 0 comportamento opositivo das crian9as entao podem ter relacaocom

as interacoes familiares criticas conflituadas inconsistentes punitivas au

coercitivas

Os problemas conjugais tambem influenciam no aparecimenta do transtorno

desafiador opositivo e portanto devem ser considerados no plano de tratamento

() a evidmcia indica que as brigas conjugais apontam para a conduta disruptiva e

de nao-obediencia nas criancas Essa relacaoparece ser mais forte quando as pais

expressam hostilidade abertamente do que quando eles expressam uma

8

insatisfaao geral e e mais pronunciada em meninos do que em meninas (HANISH

et aI 1999 p66)

HOLMES (1997) considera de risco os fatores que aumentam a probabilidade

de uma crian9a desenvolver disturbios emocionais ou comportamentais Os fatares

de risco podem incluir caracteristicas biol6gicas (perinatais) geneticas lamiliares

(pais com disturbios psiquiatricos criminalidade paterna disc6rdia conjugal grave

estresse familiar cranico) caracteristicas sociais (nivel s6cio-economico baixo)

Porem HOLMES (1997) destaca que mesmo sob condi90es adversas como

estresse e privacaoha crianyas capazes de S8 desenvolverem satisfatoriamente em

nivel emocional e social

No tratamento deve-s8 avaliar case a caso e muitas vezes avaliar 0

fundamento cognitiv~ da conduta dos pais para ptanejar urn tratamento familiar

adequado Pelo lato de as cren98s dos pais desempenharem um papel importante

no seu comportamento bern como no de seus ftlhos e importante entender em que

medida essas crencasestao envolvidas na determina980 da pSicopatologia dos pais

da paternidade coercitiva e inconsistente e da discordia conjugal e como esses

latores podem aletar a crian98 (HANISH et aI 1999 p66) Ou seja 0 tratamento

do transtorno desafiador opositivo deve envolver 0 treinamento dos pais nas

habilidades de manejo adequado e a modificaao de suas cren9as no que tange ao

manejo da conduta No treinamento dos pais deve-se focar 0 aumento da conduta

positiva e diminuiyao da negativa na crian~ ensinando-se aos pais principios do

aprendizado social e habilidades de manejo da conduta e de resolu980 de

problemas

9

22 A RELACAO INDISCIPLINA x LlMITES - UM OBSTAcULO PARA A

APRENDIZAGEM

A questao da disciplina envolve varias faces de um problema E necessario

desenvolver uma visao sistemica e analisar par todos as o3n9u105 aluno escola

familia sociedade A motiva9ao e um fator fundamental para que 0 aluno seja bem

sucedido no sistema escolar permanecendo no mesmo e realizando as tarefas

necessarias para 0 seu conhecimento e aprendizagem Considera-se que 0 sucesso

dos filhos no sistema educacional decorre entre Qutras eoisas da motivacaoque as

familias conseguiram despertar neles em relacaoa instituicao

o problema indisciplina pode ser entendido como conseqOeuromciade um leque

de situa90es vividas em familia pais inseguros quanto a colocar ou nao Iimites

relacionamentos tensos entre pais excesso de zelo para reparar a culpa por ter que

deixar a criancaprivada do cantata com as pais que trabalham fora criancas que

passam a maior parte do tempo em frente da TV ou na rua com Qutras criancas

sofrendo tode tipo de influencias prejudiciais a sua educacao pais autoritarios ou

muito liberais falta de dialogo e bom exemplo no seio familiar desconhecimento da

importancia dos relacionamentos dos primeiros anos de vida como base da

formaC8oda personalidade par parte dos pais Sao estas criancascom hist6rias de

vida as mais variadas possiveis que chegam a uma escola e encontram ali narmas

rigidas ou ausencia de narmas Professores com uma serie de limitac6es na sua

forma9aO humana e academica que passam a desempenhar 0 papel de educador

em sala de aula

A familia e a escola devem atuar em parceria objetivando a aprendizagem e

o sucesso escofar do auno Elas sao 0 aicerce e modelo para que as criancas

10

aprendam naD somente conteudos mas tambem a viver em sociedade com suas

normas et portanto e necessaria que tenham objetivos comuns em relacao a

val ores disciplina e convivio social Este suporte e proporcionado nao somente pelo

ambiente adequado mas no equilibrio e tranqOilidade do lar e da escola Assim

sendo 0 aluno nao S8 sente abandonado inseguro mas sim recebendo

orientacoes estimulos e principal mente exemplos de responsabilidade e respeito

Para WINNICOTT (1971) a saude do pais depende de unidades familiares sadias

com pais que sejam individuos emocionalmente maduros

Nao hit uma causa (mica para a indisciplina mas sim uma conjuncao de

fatares que interagem uns sabre 0$ Qutros que imobilizam 0 desenvolvimento do

sujeito e do sistema familiar nurn determinado momento afetando 0 aspecto

comportamental e a aprendizagem do aluno

o individuo ao ingressar na escola ja teve experiencias relacionadas a

diversas situac6es e ira reagir a esse novo ambiente Ha alunos com dificuldades de

adaptayao e rendimento insatisfatorio nos estudos por estarem comprometidos par

ansiedades e tensOes psiquicas

E imprescindivel que a familia e a escola deixem de ficar se cui pando

mutua mente e passem a refletir sobre sua funyao vital no desenvolvimento de

individuos adaptados ao ambiente realizados e capazes de utilizar suas

potencialidades de forma construtiva para a sociedade e consequentemente para

o fortalecimento da familia e da escola como instituicoes estruturadas e em

permanente evolucao

Ressalta-se urn aspecto muito importante relacionado a agressividade e mais

especificamente a indisciplina E a questao dos limites Pais e professores precisam

11

ter em mente a importancia de trabalhar essa questao com filhos e alunos e

diferenciar a demarc8C8ode limites de autoritarismo ou abuso do poder

Sermos adequados e saber encontrar a distancia certa entre nos e a Qutro E

naD ocupar um espaco exc8ssivamente pequeno para naD nos sentirmos acuados e

ameacados evitando tomar-nos agressivos () Todo ser vivo necessita de um

espatominima para viver sem 0 qual torna-S8 agressivo e luta pela sobrevivencia

ou perece (MIRANDA 2001)

OLIVEIRA et al (1999 p151) destaca a importancia dos limites

A disciplina e 0 todo que engloba a organiza~o que mantE~m a ordem entre aseoisas e as pes50as 0 limite e a fator que determina 0 campo e a espalto daatualfao Portanto 05 limites sao urn dos principais fundamentos da disciplina 0limite e que determina onde os meus direitos terminam e onde iniciam os dos outros() E necessario que 0 limite comece a ser estabelecido desde a forma~o dapersonalidade da crianca ou seja desde 0 nascimento () Ensinar a crianya aobedecer limites e treina-Ia para a vida

E preciso que os adultos aprendam a nao invadir 0 esparo da crianca nao

permitindo tamhem que as crianyas invadam 0 espayo dos outros E necessaria

quebrar este cicio vicioso que faz com que a indisciplina continue a ser 0 centro das

atenc6es na escola e na familia Dar limites e nao impor Iimites este e 0 grande

desafio para pais e educadores

Para que a criancaaceite os Iimites impastos e necessario que os pais au a

pessaa responsavel acredite no que esta dizendo e 0 faca com firmeza e explique

para que a crianra acredite e para que absorva a ideia de que ela nao esta proibida

de tudo mas que nem tudo 0 que desejamos podemos fazer mas ela pode fazer

quase tudo (ZAGURY 2001)

Quando se da Iimites esta se fazendo urn ato de amor oj crian~a e ao futuro adulto

ensina-se a ele a viver em sociedade a respeitar e ser respeitado esta se poupando

12

a crianca de cair no mundo das drogas e da violencia cnde 0 limite e muitas vezes a

marte

221 0 Papel da Familia

Os pais tem um papel fundamental na motivayao do aluno e sua participa9ao

e imprescindivel para que 0 aluno aprenda Desta forma a familia faz parte do tripe

que sustenta uma aprendizagem com sucesso Quando a familia esta tranqOila e a

rotina de casa esta equilibrada 0 aluno apresenta maiores oportunidades para urn

bom aprendizado

A familia e suporte fundamental para 0 bom desempenho escolar Pode-se

dizer que a clima familiar influencia no desempenho escolar e pade trazer prejuizos

ao rendimento escolar quando naD harmonioso

Se a familia naD da a crianca a base emocional firme 0 que tazer

E importante ensinar a crianca a identificar as sentimentos e lidar melhor com

eles

DAVIDOFF (1983) descreve como se da 0 desenvolvimento do ser humane

desde a concepcao e a importancia dos relacionamentos dos primeiros meses de

vida e da primeira infancia na forma9ao da personalidade e da socializayao futura do

individuo Para ela a base de urn relacionamento sadie entre mae e filho esia na

intensidade de afeto que a mae dispensa a crianca na amamentaC8o enos

cuidados na satisfa9ao de suas necessidades fisiol6gicas A qualidade das

intera90es sociais da crian9a estrutura a personalidade do individuo de algumas

formas importantes Falando de frustra90es conflitos e outras tensoes a autora

chama a aten9ao dos adultos que convivem com a crianca e 0 adolescente para sua

(~ )(~~l J 13

lt~C~responsabilidade em apoiar orientar e acompanha-Ios para que possam superar as

situaryoes conflitivas evitando assim 0 desenvolvimento de uma personalidade

agressiva e desajustada

DAVIDOFF (1983) vai mais alem ao dizer que pais maduros e seguros

envolvem os filhos em tomadas de decisao e assuntos da familia Apresentam

razoes para a que solicitam e proporcionam experiemcias graduais apropriadas para

a afirmayao da independencia Ainda assim retem a responsabilidade final Os filhos

dos pais maduros tendem a ser autoconfiantes independentes possuem boa auto-

estima e born relacionamento com suas familias Os pais autontanos preferem

taticas primitivas duras quando surgem conflitos insistem em obediemcia Sao

coercitivQs e favorecem a desenvolvimento de transtornos como 0 desafiador

opositivo No outro extrema os pais laissez faire que afrouxam totalmente as

limites sao totalmente igualitarios Todos os membros da familia estao

essencialmente Ilvres para fazerem deg que quiserern Raramente estes pais tomam

decis6es ou aceitam responsabilidades Os adolescentes filhos de pais autoritarios

e do tipo laissez faire tendem especialmente a ter problemas de ajustamento

o individuo age com relary8o a certas pessoas como seus pais se

comportaram para com ele Caso as imagos paternas que sao preservadas em

nossos sentimentos e em nossas mentes inconscientes forem predominantemente

rigidas nao poderemos estar em paz com n6s mesmos Odiamos em n6s as figuras

rigidas e intolerantes que tambem formam parte de nosso mundo interno e que sao

em grande parte a resultado de nossa agressividade para com as nossos pais

o homem e urn ser social ele precisa viver com as outros homens para

desenvolver suas necessidades basicas como 0 trabalho a criatividade a arnor par

14

issa ele S8 juntou em comunidade As comunidades sao uma reuniao de pessoas

que tern interesses comuns au seja interesses iguais

Familia e 0 nucleo de pessoas aparentadas que tern la90s de sangue e que

se apoiam no sentido de manter 0 nucleo permanentemente em comunhao

Hit uma serie de expectativas sociais em relacao it familia e preciso que

socialize as criancastomando-as capazes de viver junto aos Qutros seres humanos

A institui9ao familia tern passado ao longo da historia da humanidade por crises

muito serias As formas de familias sao extrema mente variaveis E mais variaveis do

que dentro de nossa proprio pais sao as formas de familia de Qutros paises do

mundo

A familia ah~m de reproduzir novos seres humanos tenta produzir neles as

seus habitos costumes e valores atraves de gerayoes

A familia sempre foi a celula-mater de uma sociedade ou refUgio das

atribuiyoes do mundo Tambem a religiao impoe normas as familias que em torno

del a se reunem Grande parte do comportamento de uma familia no sentido moral econtrolado pela religiao em que ela acredita Em troca a religiao e sustentada pela

familia fazendo com que as crencas e preiticas mora is subsistam por seculos e

levando as pessoas a uma aceitacao de punicoes impostas

o prestigio social dos individuos na familia tradicional de seu

comportarnento diante de sua fe de seu comportamento em rela9ao a familia e de

sua origem e influenciado pelos costumes que traz atraves de geralt6es Durante

anos a familia conduziu-se como uma barreira diante de inovac6es e de formas

novas de ligalt8o homem-mulher-filhos Os vinculos familiares representam uma

seguran9a afetiva e material muito importante para 0 desenvolvimento do individuo

A historia da humanidade assim como os estudos antropologicos sobre os

15

pavos e culturas distantes de n6s (no espacoe no tempo) esclarecem-nos sabre a

que e familia como existiu e existe hoje Mostra-nos como fcram e sao hoje ainda

variadas as formas sob as quais as familias evoluem se modificam assim como

sao diversas as concepcoesdo significado social dos la-os estabelecidos entre as

individuos de uma sociedade dada

Apesar dessas variacoes a forma mais conhecida e valorizada de nassos

dias a familia composta de pai mae e filhos chamada familia nuclear normal

Este e 0 modele que desde criancaS8 ve em livres escolares nos filmes na

televisao mesma que no seia familiar S8 verifique urn esquema diverso

A natureza das rela90es dentro de uma familia vai se modificando atraves do

tempo 0 aspecto mais problematico da evolU9aO da familia est sem d0vida

alguma ligado ao questionamento da posi9ao das crian9as como propriedade dos

pais e a posiryao economica das mulheres dentro da familia Inclui-se ai 0

questionamento da distribui9iio dos papis ditos especificamente masculinos e

feminin~s e esse e urn problema chave para 0 surgimento de uma nova estrutura

social

Nao se poder mudar a institui9ao familiar sem que toda a sociedade mude

tambem Pode-se afirmar ainda que qualquer modificayao na organiza~aofamiliar

implicara tambem numa modifica9ao dos rigidos papeis de esposa mae ou

prostituta os 0nicos atribuidos as mulheres Quanto as crianyas ha algum tempo ja

o Estado intervem entre pais e filhos e desde a pouco os pais sao passiveis de

denuncias pelos vizinhos caso punam fisicamente seus filhos

Atraves da escola do controle sobre os meios de comunica~aode medicos e

psic6lagas a pader dominante de cada sociedade mais au menos sutilmente imp6e

normas educacionais sendo dificil aos familiares contraria-Ias De uma maneira

16

geral cabe ainda aos pais grande parcela de poder de decisao sobre seus filhos

menores Parcela essa cada vez mais contestada A esse pader equivalem por

parte dos filhos direitos legais em relagao aos seus pais em particular no sistema

capitalista Direitos a assistencia educayao manutenyao e participacao em seus

bens e proventos

A familia como toda instituigao social apresenta aspectos positiv~s enquanto

nucleo afetivo de apoio e solidariedade Mas apresenta ao lade destes aspectos

negativ~s como a imposicao normativa atraves de leis uscs e costumes que

impllearn formas e finalidades rigidas Torna-se muitas vezes elementa de coayiio

social geradora de conflitos e ambigOidades

A agressividade inata tende a sef ativada pelas circunstancias externas

desfavoraveis e inversamente e mitigada pelo arner e compreensao que a crianca

recebe 0 seu desenvolvimento e suas reac6es com 0 adulto devem ser

considerados como resultantes da interacao e influencias externas e internas

Um sistema familiar disfuncional nM permite ao aluno a maturidade

necessaria para conseguir urn born desempenho academico

A problematica emocional ligada a situayao conflitiva absorve a

disponibilidade perceptiva e reacional do individuo a estimula~ao externa

dificultando a sua integragao ao ambiente e perturbagao nao 56 a sua capacidade de

aten98o de concentra~ao de raciocinio mas sobretudo a de relacionamento Assim

sendo as dificuldades de assimilayao na aprendizagem escolar podem estar ligadas

a fixagoes emocionais (NOVAES 1970 p 145)

Geralmente criangas com problemas emocionais adotam atitudes agressivas

de inibiyao constri9ao regressao isolamento hostilidade oposigao indiferenya

17

indisciplina exibicionismo dissimula~aosensibilidade e au emotividade excessivas

sendo freqOentesos problemas de mentira de furto e de natureza sexual

Na instituiyao familiar seja ela qual for e a ligayao emocional entre as

pessoas que as torna mats felizes e saudaveis

As perturbaltoes no ambiente familiar interferem no comportamento do

individuo Existe urn processo duple entre 0 lar e a escola as tensoes que sao

geradas num ambiente se manifestam como perturbaltoes no comportamento do

outro (WINNICOn 1971 p 223)

Resgatar a papel da familia e seus vaiores levan3i 0 aluno a sentir-se

amparado A autoridade paterna e materna participativa se faz necessaria na

criayao e educaltao na orientayao e aquisiltao de bons habitos influentes na

projeltaosocial das pessoas Nao necessariamente isto se refere a presenltafisica

de ambos os pais mas da existencia das funlt6esenquanto autoridade

A emoltaopermeia todos os aspectos da vida diaria do ser e tambem interfere

na aprendizagem fazendo-se necessaria urn conhecimento dos aspectos

emocionais para assim pader assistir 0 aluno em seu trabalho escolar A

estabilidade no ambiente familiar proporciona ao individuo seguranya e

independencia A participaltao da familia no cotidiano escolar e de suma

importancia para a aprendizagem

Os jovens nao podem se sentir abandonados eles precisam de exemplos e

sobretudo de afeto para a construltaode uma vida melhor

SOUZA (1995 p 58) considera que a inibiltaointelectual estaria na base da

dificuldade de aprendizagem Existem fatores da vida psiquica da crianlta que

podem atrapalhar 0 born desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaltao

18

com a aquisirao de conhecimentos e com a familia na medida em que as atitudes

parentais influenciam sobremaneira a rela~aoda crianca com 0 conhecimento

Ressalta-se que entre as variDS fatores que influenciam 0 aspecto emotional

da crian9a tem-se alcoolismo familia numerosa sem condicoes minimas estruturais

brigas freqOentes em casa abandono trabalho infantil etc A convivmcia com um

au mais destes fatores acarreta na impossibilidade do aluno concentrar-se nas

aulas visto que a sua aten9ao se volta para a tentativa de resolu9lo dos problemas

familia res que ele julga insoluveis na maioria das vezes Existe urn certa

conformismo misturado a angustia quando 0 aluno consegue expor 0 problema que

o aflige

Deve-se compreender que a familia esta envolvida em diversos problemas

oriundos das pressoes s6cio-econ6micas das dificuldades de habita9ao

alimenta9ao e trabalho sem tranqOilidade para assimilar e analisar os estimulos

externos integrando-os a sua dina mica familiar

A influencia do ambiente familiar e decisiva para 0 ajustamento emotional e

muitas vezes 0 grupo familiar nao oferece condi90es de estabilidade e de

seguranya emocional para 0 desenvolvimento normal de seus filhos

Grande incidencia de conflitos emocionais que se exteriorizam par ansiedade

sentimentos de inferioridade de inseguran98 depressao medo negativismo e

incapacidade de estabelecer rela90es afetivas geralmente coincidem com 0 grande

numera de familias desintegradas desunidas de pais ausentes incompreensivos

imaturos neur6ticos dominadores desajustados que nao podem dar compreensao

amor e apoio aos filhos

ZAGURY (2000) relata 0 resultado das duvidas e incertezas de muitos pais

Para ela os pais devem compreender que mais importante que satisfazer os desejos

19

da CrianC8 e ensinar principios eticos como honestidade solidariedade e respeito

mutua Principios estes que sao fundamentais para 0 born relacionamento social na

adolescencia e vida adulta

Limites sao regras ou normas de condula que devem ser passadas para as

criancas desde tenra idade Eles mostram as crianyas 0 que podem e 0 que naD

podem 0 que devem e 0 que nao devem fazer Ensinam tambem como respeitar 0

proximo facilitando a socializayao Os limites devem fazer parte da educaao pois

vivemos em sociedade e para a boa manutencao desta se faz necessaria a

existencia e 0 respeito as regras (COUlINHO FILHO 2003)

Em seu livro Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sobre a tirania

dos filhos ZAGURY (2000) discute os principais problemas que envolvem a

educayao dos filhos na sociedade moderna quando toda uma geraao de pais foi

influenciada par urna visao excessivamente psicologizante As ambigOidades as

diferenyas entre as regras estabelecidas pelos te6ricos sao debatidas e criticada a

tirania de alguns especialistas que contribuiram para a disseminayao de um dos

maiores males da educaao - 0 chamado psicologismo A autora alerta para a

necessidade de as pais serem criticos nas orientayoes e conhecimentos adquiridos

sobre a educaao dos filhos e chama a atenao sobre os limites e a necessidade de

autoridade por parte dos pais a importancia de se construir uma relayao baseada na

autenticidade e na democracia tanto para as crianyas quanta para seus pais

Para liSA (1996) a disciplina tern inicio antes mesmo do nascimento atraves

do modo como os pais se comportam no relacionamento mutuo Os primeiros dias

de vida e as interac6es com os pais ou pessoas que as substituem sao de

fundamental importancia no desenvolvimento bern ajustado Pois e nessa interayao

que a mae transmite 0 modo de ser da familia e isso e essencial para ajudar 0 filho

20

a formar 0 seu ser psicol6gico pois a crianca traz ao nascer apenas 0 seu ser

biol6gico

0 pai deve ter muita saude pSicol6gica para participar do gesto de

alimentat8o que tern urn significado tremendo no ge5to afetivo A crianca nao

precisa s6 de leite 0 leite alimenta 0 corpo 0 afeto e 0 alimento da alma Crian

sem afeto entra em depressao(lIBA 1996)

Deve-S8 ressaltar que 0 limite e diferente de repressao 0 primeiro S8 instala

atraves das puniyoes ja a repressao atraves da culpa A puniy80 age sabre a ato e

a culpa sabre a pessoa Durante 0 desenvolvimento da clianca 0 limite e saudtlVel

quando este refere-s8 apenas aos atos naD desrnerecendo au desvalorizando a

pessoa A crian nao deve se sentir culpada pelos seus atos mas responsavel par

estes (COUlINHO FILHO 2003)

llBA (1996) diz que os pais que exageram na preocupayao com a choro e a

comida estao contribuindo para ter urn indisciplinado dentro de casa estao

desrespeitando a desenvolvimento biol6gico da crian A mae que trabalha fora

sente-se culpada par deixar a filho sozinho na creche au na escola e depois a

superprotege para reparar a culpa acabando par criar urn folgado dentro de casa

o modo como lidar com a liberdade e Dutro fatar influenciador no comportamento da

crianya e do adolescente Impar limites sem submissao e autoritarismo e outro

desafio para os pais que precisam respeitar a espayo de individualidade sem se

submeterem aos seus caprichos

o tema indisciplina oj amplo e muito se tern ainda a pesquisar estudar e

orientar no sentido de ajudar as pais a encontrarem urn caminho mais segura na

educay80 e formayao da personalidade dos filhos que tern inicio nas primeiras

relayoes entre mae e filho

21

222 0 Papel da Escola

Se a condi9ao basica e necessaria para a aprendizagem e a integridade

moral e 0 estabelecimento da interalYBo professor versus aluno cnde fatares afetivos

e cognitivos exercem influencias decisivas na busca de realizac68s e de desejos

confirmando-Ihes determinadas caracteristicas inteny68s e significados e na escola

que ocorrem boa parte dos problemas com as quais 0 aluno S8 esbarra lentidao de

raciocinio falta de atenyao desintereSS8 indisciplina entre Qutros encontram as

suas origens na estrutura biol6gica sobretudo quando exposta ao meio ambiente

(POLITY 1998)

Em ambientes cnde estes fatares naD sao considerados relevantes que

alunos com dificuldades de aprendizagem ou com problemas de indisciplina acabam

sendo rotulados sofrendo puniyoes devido ao seu fracasso escolar Estes

apresentam lalta de interesse desmotiva980 para estudar pregui9a e distra9ao

Com isto os pais e professores nao entendem estas dificuldades e 0 aluno em seu

permanente estado de tensao nao consegue prestar aten~o e participar das aulas

nao obtendo os resultados esperados (MORAIS 1997)

Outro fator importante e a problematica emocional que deve ser considerada

como decisiva na adaptacao e rendimento escolar podendo trazer serias

conseqOemcias ao desenvolvimento e progresso emocional da crianca A escola

deve oferecer condic5es e estabilidade emocional e atraves do diagn6stico precoce

dos encaminhamentos adequados da pr09rama9aO adequada das atividades

escolares e da preparacao do professor atender a esses casos prontamente

poupando assim a crianra e a sociedade do agravamento dessas situac6es

(NOVAES 1970)

22

Neste interim surge a psicopedagogia como auxiliar no cicio aluno - familia -

escola quando se instala uma dificuldade de aprendizagem 0 psicopedagogo deve

ter urn olhar para 0 contexte global onde est inserida a criana com dificuldade de

aprendizagem as relac6es familia res e escolares

As crian~s que se evadem da escola em geral sao as mais rejeitadas

Estas criancas precisam ser estimuladas ao relacionamento a responder

adequadamente aos sentimentos do outro e a controlar tensao e ansiedade

compreendendo qual e 0 comportamento aceitavel em determinada situacao

E preciso aprender a lidar com a ira e a tristeza a respeitar as diferencas de

modo a encarar as eaisas dificeis aprender a perguntar a negociar a ser mais

assertivo Eo importante somar aos conteudos de hoje as liDes sobre sentimentos e

relacionamentos 0 primeiro passe e aprender a nomear a emoCao compreende-Ia

a partir de suas express6es faciais corpora is E essencial que 0 professor amplie

sua ViS80 sobre as quest6es emocionais desenvolvendo autodisciplina vida

virtuosa capacidade de motivar-se de enfrentar press6es e resolver conflitos

Por tudo isso a escola tem 0 compromisso moral e etico de se preocupar com

o desenvolvimento dos alunos reinventando as aulas e proporcionando a sintonia

do conteudo a capacidade de aprender Considera-se muito importante que a familia

e a escola estabelecarn urn vinculo para tentar mUdanyas em relaC80 it falta de

atenC80 e indisciplina no sentido de ajudar 0 aluno a evitar maiores dificuldades

crises e stress

ANNA FREUD (1971 p162) considera que as normas escolares prestam

pouca ou nenhuma atenC80 as diferencas individuais

o aluno deve sentir-se desafiado e envolvido no processo a todo instante A

capacidade de empatia entre professor e aluno e 0 segredo do sucesso no

23

relacionamento entre ambos A auto-estima e urn ponto tambem fundamental para

um comportamento bem integrado

Num sistema educacional problematico como 0 do Brasil unido ascaracteristicas pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita5es

do professor e toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sal a

de aula interferem na aprendizagem como urn todo Pais e professores devem estar

atentos para educar desde os primeiros dias de vida para a disciplina que nao

5ubmete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemple e 0 dialogo

E preciso que a escala como urn todD e principal mente seu corpo docente

ampliem a consciencia a respeito da responsabilidade que tern em relacao ao futuro

dos seus alunos e alem disso que possam perceber a importancia do bern estar

psicol6gico como uma situacao fundamental para a aprendizagem satisfat6ria A

escola pode e deve propiciar ao aluno seguranca emocional para que ele possa

vivenciar vinculos saudaveis com seus professores e colegas

Espera-se que Utenham uma visao positiva da vida e sentido de humor que

sejam capazes de apreciar 0 valor de uma boa risada para eliminar pequenos

ressentimentos e aborrecimentos que prejudicam 0 crescimento do aluno (MOULY

1979 p 134)

E urgente a necessidade de uma nova escola desenhada para a mente e 0

cora~ao que ensina autocontrole empatia a arte de ouvir de resolver conflilos de

cooperar

A indisciplina pode ser definida como

Indisciplina e a recusa de $ubmeter-se as regras de aprendizagem educativa e a seu sistemade transmissao institucional Relacionada com 0 contexto familiar e escolar a indisciplina eum dos sintomas dos disturbios da inf~ncia e da adolescencia Quee preciso situar no campomutti~imensional da~ i~teracOesentre processos de aprendizagem e finalidades da educayaorelayao educadorlsuJeltolgrupos de alunosJclasse sistema de avaliacao e risco de fracasso

24

Ultrapassando 0 simples registro dos disturbios de carater a indisciplina tern a ver comfatores psicossociais que dao sentido a essa forma de insubmissflo (DORON et ai 1998)

Para VASCONCELLOS (1995) as manifesta90es de indisciplina na escola e

na sal a de aula sao urn problema a ser analisado na sua totalidade levando-se em

conta a familia as mudan~asocorridas na escola a professor a sociedade a crise

dos sentidos e dos limites considerando-se que 0 que se entende por disciplina e

como construi-Ia nurn processo de interarao entre 0 adolescente e a

professorescola

A educaC8o no seu verdadeiro sentido naD se faz sem autoridade pais 0

educando precisa do referencial do educador a fim de ter base para a constru9ao do

seu eu Muitas vezes 0 professor nao consegue disciplina porque nao tem

autoridade diante dos alunos Normalmente 0 professor fica esperando que 0 aluno

traga urn reconhecimento natural para com sua pessoa historicamente esse tempo

passou 0 tratamento de respeito tem que ser conquistado pelo professor

(VASCONCELLOS 1995)

A questao fica complicada quando temas como profissionais da educayao

elementos totalmente alheios e nao educados para a realidade atual Alem da falta

de dominio dos conteudos a serem ensinados falta-Ihes a capacidade de perceber

essas transforma90es hist6ricas que vern ocorrendo no relacionamento educando x

educador Falta-Ihes conhecimento do desenvolvimento humane e psicol6gico de

seus alunos E por fim suas pnticas pedag6gicas sao pobres de metodos que

propiciem a intera9aOe a construyao do conhecimento no respeito mutuo falta-Ihes

autoridade e capacidade de administrar a indisciplina gerada pelos fatores citados

Esses professores podem se deparar com criancas com transtorno desafiador

25

opositivo e muitos deles carecem de orientaCiies de como lidar com este tipo de

conduta

A disciplina escolar e urn conjunto de regras que devem ser obedecidas para

o exito do aprendizado escolar Portanto ela e uma qualidade de relacionamento

humano entre 0 corpo docente e 0$ alunos em uma sala de aula e

consequentemente na escola respeitando as caracteristicas de cada urn dos

envolvidos (TIBA 1996)

Para que haja disciplina em sala de aula isto e alunos motivados satisfeitos

com a aula e necessaria que 0 professor seja urn grande conhecedor do que

ensina da realidade que 0 cerca e tenha a capacidade de envolver 0 aluno na sua

sala usanda uma metodologia e uma didatica que nao deem margem a apatia ao

cans890 a monotonia para ambas as partes 0 aluno deve sentir-se desafiado e

envolvido no processo a todo instante A capacidade de empatia entre professor e

aluno e 0 segredo do sucesso no relacionamento entre ambos

Para TIBA (1996) a indisciplina na escola e vista como conseqOencia do

sistema educacional brasileiro que afeta diretamente as rela90es dos individuos em

sal a de aula e na escola Urn sistema total mente falido unido as caracteristicas

pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita~oes do professor e

toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sala de aula A auto-

estima e citada pelo autor como fundamental para um comportamento bem

integrado Ele aponta tambem inumeras sugestiies para os pais e professores no

sentido de como educar desde os prirneiros dias de vida para a disciplina que nao

submete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemplo e 0 dialogo

Por outro lado encontra-se a escola tentando cumprir a sua funCao (orientar

na constru~ao do conhecimento) e freqDentemente quando 0 professor se depara

26

com um alune que esta precisando de ajuda no aspecto emocional encontra-se

despreparado para lidar com a questao reagindo com intolerancia Consideram

muitas vezes mais tacil fazer julgamentos como 0 alune naD tern jeito bulle da

familia tal todos as irmaos desta familia ja fcram meus alunos e sao todos i9uais

Eventualmente recusam-se a participar de cursos de atualiza9ao e aperfei90amento

e preferem adetar a postura de que sabem que 0 alunD naD tern jeito mesma e nada

S8 tern a fazer a que favorece 0 rebaixamentoda auto-estima do alune e 0

agravamento do problema gerando disc6rdias e aborrecimentos na escola

Urn Dutro aspecto a ser considerado e que tudo sa tornaria mais facil para a

crianca se ao ingressar na escola ela pudesse encontrar um ambiente acolhedor

com regras bern definidas professores conhecedores dessa realidade com

formacaopsicol6gica para propiciar momentos de tomada de consciencia do porque

daquele comportamento fazendo acontecer a catarse e redirecionando as modos de

agir de tais crian~s e adolescentes Porem a realidade das escolas e bem outra 0

proprio ambiente e a mentalidade favorece que ela a crianca a adolescente

coloquem toda a agressao reprimida suas neuroses seu 6dio seus sentimentos

de culpa sua revolta contra a autoridade e a patrimonio escolar Muitas vezes 0

atuno encontra professores que nao se libertaram dos traumas e problemas dos

quais eles mesmos foram vitimas na primeira infancia alern de desconhecerem e

nao saberem lidar com a crianca e 0 adolescente problematico pelo desprepara

pedag6gico e a falta de metodos adequados e atrativos para prender a aten9ao e 0

interesse de seus alunos Sua pratica pedag6gica e pobre de recursos e estrategias

que desafiem e motivern tais alunos a se auto valorizarem elevando a auto-estima

Urn dos pontes mais comuns entre as indisciplinados e a sentimento de

menos valia aem da fata de conffan9a nos contatos e na produtividade Percebe-se

27

assim que para reverter essa questao naD basta trabalhar com a aluno E

necessario urn trabalho junto aos professores e familias criando estrategias que

modifiquem 0 ambiente e urn relacionamento mais verdadeiro mais equilibrado

deve ser estabelecido em todos as sentidos - trabalhando-se em equipe

28

3 0 CASO DE UMA CRIANCA COM TRANSTORNO DESAFIADOR OPOSITIVO

Foram utilizadas entrevistas com a mae professores e irmaos Encontros com

a crian-a em sess6es com durayao de 50 minutos cnde utilizou-se de metod as

como desenhos brincadeiras jogos regrados massa de modelar

31 HIST6RIGO DO GASO

F e urna rnenina de cinco anos cayula tendo um irmao de 21 anos e urna

irma de 17 anas de idade

o pai faleceu com 49 anas ha apraximadamente 01 ana e a mae atualmente

com 49 anas teve F com 43 anas

o pai fai marta par paliciais em frente a sua casa Estava bebada e saiu a rua

armada e um carro da palicia apareceu e 0 viu sentado na calcadalogo depois

vieram muitas viaturas e a mae pediu que levassem 0 marido para passar a noite na

cadeia mas que naD fizessem nenhum mal a ele Neste momento 0 pai de F

comeyou a atirar e aS policiais (segundo a mae 18 policiais aproximadamente)

invadiram a casa e comeyaram a atirar A familia fa para os fundos da casa e a mae

passou F par cima do muro para a casa da vizinha Quando a familia voltou para

frente da casa as paliciais disseram que a pai de F estava ferida na perna e

levaram-na para a hospital mas segundo a relata da mae ele ja estava marta e

havia na verdade levado urn tiro na cabeca F nao viu a cena mas escutou tudo

Ganforme relata da mae a partir da data do acarrida F naa abedece faz de

canta que naa escuta e quando quer alga came9a a tremer A mae diz que a filha

29

ficou assim desde a marte do pai pais este a bajulava muito fazia tudo 0 que ela

desejava

F sempre foi mimada pelo pai este nunca repreendia a filha por algo de

errado que ela fizesse Para 0 pai F nunca estava errada inclusive quando ela e a

irma mais velha brigavam 0 pai sempre ia em defesa da mais nova e para protege-

la amea98va bater na mais velha

A queixa principal da mae e que F comeya a tremer quando quer algo de que

gosta muito nao obedece a regras e Iimites impostos pelos responsaveis

Nas observayiies comportamentais notou-se que F testa os limites dos

adultos para conseguir 0 que deseja e as pesso8s que a cercam para se livrarem

das birras acabavam por fazer 0 que ela queria Mas essas mesmas pessoas

comeyaram a perceber que a falta de regras e limites jil ultrapassava 0 limite do

suportaveJ

Segundo HANISH et al (1999) 0 transtorno desafiador opositivo aparece

antes dos 10 anos Normalmente torna-se aparente na idade pre-escolar que e 0

caso desta crianga

Na escola F naD interagia com as colegas na hara de fazer brincadeiras em

grupo nac conseguia se relacionar com as colegas quando a professora pedia para

fazer alguma atividade F fazia do jeito que queria e nao como a professora

solicitava

Para que houvesse progresso no tratamento foi fundamental que a mae e as

demais pessoas que rodeiam a crian~a modificassem sua forma de agir e para que

isso ocorresse foi preciso fazer urn remanejo de conduta dessas pessoas Fez-se

pois necessaria orientacao e treinamento para auxilia-Ios nesta mudanlta

30

32 EVOLUCAO DO CASO

As intervenyoes utilizadas neste casc com a mae fcram em forma de

orientayao na freqOencade pelo menDS uma vez par meso Mais recentemente este

trabalho com a mae vern sendo feito a cada quinze dias

Em conversa com a mae esta mencionou que naD queria fazer como seus

pais naD que eles fassem ruins disse ela mas eles nao conversavam e naD tinham

tempo de dar aten9ao e de ensinar os deveres da escola Tudo 0 que ela aprendeu

na escola foi par esforyo proprio e naD queria que isso acontecesse com sua filha

entaD ela au as irmaos mais velhos sentam com F e a ensinam

Mais tarde foi feita uma entrevista com a professora e esta mostrou todas as

li90es de F e disse que aquelas atividades nao haviam side feitas pela crian9a e sim

por seu irmao e que a professora ja havia mandado bilhetes pedindo que nao

fizessem mais as atividades da escola par F A mae foi orientada a dar mais

incentivo a F em lugar de fazer os deveres por ela pois F nilo tinha problemas de

aprendizagem mas par falta de incentivo poderia vir a ter

Com F foram utilizadas brincadeiras como pintura com aquarela desenhos

massa de modelar hist6ria infantis Atraves destes me-todosforam utilizados refor~o

e a punicao quando necessarios

o refor9Q foi atraves de elogios sorriso e aten9ao quando F realizava urn

comportamento desejavel A punitao consistiu em retirar uma atividade que ela

gostava muito como desenhar OU tambem ignorar a sua atitude mantendo a calma

No terceiro encontro F mencionou 0 pai dizendo que ele comprava doces

para ela mas nao quis continuar falando sobre ele alegando que 0 irmao mais velho

nao gostava Mais tarde em outras sess6es tornou-se claro ser isto fantasia sua

31

Nos primeiros encontros corn F ela demonstrou S8r cordata entretanto a

partir do quarto encontro F mostrou comportamentos de manipula9ao ou seja

querer controlar a situacao e que tude salsse da forma que queria para que todos

as seus desejos fossem realizados atitude comum em casa ou na escola

A quinta sessao foi para verificar a interacao de F com a mae F mostrou-se

intransigente naD obedeceu a nenhuma das ordens da mae na hora de guardar as

brinquedos gritou com a mae e esta demonstrou claramente nao conseguir dar

limites a sua filha A mae conseguiu dizer neste momento que se F estivesse em

casa iria apanhar com uma varinha mas ista naD adiantou pais F ficou irredutivel

Ao final da sessao quando tudo estava no seu devido lugar F ja estava agindo como

se nada tivesse ocorrido a mae mencionou que F era muito nervoS8

A partir da sexta sessao loram leitos contratos com F os quais ela aceitou

com lacilidade

Apos 0 contrato feito na sessao anterior na setima sessao foi trabalhado a

limite atraves de acordos leitos com F como pedir para que ela escolhesse

somente tres tipos de brinquedos da caixa que s6 iria embora quando a horario da

sessao terminasse e que as Iimites seriam colocados pela terapeuta Com estas

regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela queria

A partir da oitava sessao loi levantada a hip6tese do problema de F ser

transtorno desafiador opositivo pais ela demonstrou as comportamentos de querer

dominar e mostrar que poderia mandar mas com muita paciencia foram impastos

limites atraves do silencio mostrando que nem tudo poderia ser como ela queria e

assim acabou aceitando

A nona sessao loi destinada a orientar a mae em como agir com a filha e loi

proposto para que a mae assistisse a proxima sessao atras do espelho

32

Como foi sugerido para a mae na sessao passada ela ficou ats do espelho

para ver como a filha interagia e poder verificar qual seria a melhor forma de lidar

com ela

A decima segunda sessao foi destinada a mae para verificar como estava 0

comportamento de F fora da terapia Ela comentou que 0 comportamento da filha

melhorara muito que as tremores 56 ocorriam esporadicamente Foi orientado amae que quando Dcarressem as tremores ela deveria fazer de conta que naD havia

percebido nada

Foram feitas diversas sess6es seguidas mais precisamente da decima

terceira il decima setima com F destinadas a trabalhar regras e limites Este

trabalho foi realizado atraves de acordos com F como por exemplo pedir que ela

escolhesse apenas tres brinquedos da caixa au escolhesse entre desenhar e ouvir

historias au ainda entre conversar e brincar tambem poderia escolher entre brincar

de casinha e desenhar

A decima oitava sessao foi urna sessao diferente pOis foi destinada aprofessora de F para verificar como F estava S8 comportando e se relacionando

com colegas em sala de aula enos interval os A professora levantou a hip6tese de F

ter problemas de aprendizagem pois as atividades escolares dela nao eram

compativeis com a de seus colegas de classe Mas foi constatado atraves das

atividades que eram enviadas para serem feitas em casa que 0 que faUava para F

era estimulo pOisseu irmao fazia suas atividades por ela

Foram feitas duas sessoes seguidas (decima nona e vigesimal para

comprovar se havia problemas de aprendizagem com F Sessoes estas de recorte e

colagem e de hist6ria (Cinderela) Com estas atividades pode se constatar que F

33

tern plena capacidade de realizar tarefas sDzinha talvez com uma pequena

orienta9ao quando solicitado por ela

A vigesima primeira foi mais uma sessao dedicada a orient89ao a mae

quando esta mencionou que Festa cada vez melhor seus tremores quando quer

chamar a aten9ao estao diminuindo a cada dia

No vigesimo segundo encontro com F a interven9ao utilizada foi 0 desenho

Eta desenhou margaridas e mencionou que se fosse uma planta queria ser uma

margarida e S8 fosse urn objeto queria ser uma estrela Ja na sessao seguinte que

foi a vigesima terceira a intervencao utilizada foi brincar de casinha cnde F mostrou

a sua intera9ao familiar dizendo que trabalhava em um hotel (como na realidade sua

mae trabalha) 0 marido trabalhava em hotel e seu pai estava muito doente (na

realidade ja e falecido) e tinha muitas dores no corpo

Ate 0 momento foram feitas as vinte e tres sess6es aqui descritas nas quais

a crianya demonstrou significativas mudantas no comportamento

33 ANALISE DO CASO

Inicialmente F nae obedecia fazia de conta que naD escutava e quando

queria algo come9ava a tremer nao obedecendo a regras e limites impostos pelos

respons8veis A mae dizia que a filha ficou assim desde a morte do pai pais este a

bajulava muito fazia tudo 0 que ela desejava

Notou-se que F testava os limites dos adultos para conseguir 0 que desejava

e as pessoas que a cercavam para se livrarem das birras acabavam par fazer 0

que ela queria

34

Na escola nao conseguia se relacionar com os colegas quando a professora

pedia para fazer alguma atividade F lazia do jeito que queria

A mae de F fazia as atividades par ela dizendo que ~nao queria tazer como

seus pais naD que eles fassem ruins mas eles naD conversavam e naD tinham

tempo de dar atenC80 e de ensinar as deveres da escola

Durante 0 tratamento F inicialmente demonstrou ser cordata posteriormente

mostrou comportamentos de manipulayM querendo controlar a situayao e

procurando forcar que todos as seus desejos fassem realizados Na presenva da

mae nao obedeceu a nenhuma das ordens dela gritou e ficou clara a dificuldade da

mae em dar limites a filha F mostrava-se muito irritada

Foram feitos contratos com F e passou-se a trabalhar atraves de acordos as

limites Com estas regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela

queria

No tratamento foi fundamental que a mae e as demais pessoas que rodeiam a

crianya modificassem sua forma de agir Foi orienlado a mae que quando

ocorressem as tremores ela devena fazer de conta que nao havia percebido nada

Em sessao com a professora de F constatou-se que a hipotese de

problemas de aprendizagem se apresentava mais em lace da lalta de estimulo para

que esta realizasse suas pr6pnas atividades ao inves de que outras pessoas as

fizessem por ela Foram leitas sessees com a finalidade de comprovar se F tinha

problemas de aprendizagem e verificou-se que esla linha plena capacidade de

realizar as tarefas sozinha Em relayao a interayao familiar F dramatrizou em uma

atividade que sua mae trabalhava em um hotel 0 que correspondia a realidade e 0

marido trabalhava em hotel que seu pai estava muito doenle e tinha muitas dores

35

no corpo quando na realidade seu pai ja era falecido Mostrava com isso a falta que

a funy80 paterna Ihe fazia

A mae de F I numa sessao dedicada a sua orientay8o mencionou que F

estava cada vez melhor e que seus tremores para chamar a atenC80 estavam

diminuindo a cada dia

36

4 ORIENTA~OES AOS PAIS

ZAGURY (2001 p59) na complexa tarefa de dar limites sem ser autocratico

ou seja de como disciplinar sem bater OU sem ser coercitivQ com a crianya sugere

algumas estrategias

bull Premiar ou recompensar a born comportamento - sempre que a crianca

tiver atitudes corretas devemos ressaltar este tatoo E bern comum que as

pais muito ocupados com tarefas cotidianas esqueltam de elogiar

somente lembrando de ralhar quando os ftlhos fazem algo errado Desta

forma as criancas entendem que naD vale a pena fazer tudo certinhon

pois nao recebem aprova9ao A melhor forma de alcan9ar um objetivo

educativo e elogiar incentivar e ressaltar tudo a que a crianca fizer de

positivo

bull Diferenciar premiar de dar coisas materiais - apesar do consumismo

vigente as crianvas ainda valorizam mais urn carinho urn elogio sincero

reconhecimento do esforco do que presentes dinheiro e viagens

Eventualmente pode-se presentear materialmente mas e importante nao

comprarmos as crianras pois desta forma elas aprendem a agir de modo

calculista Se dermos nosso carinho e aprovayao seu ego se fortalecera

sua auto-estima se elevara e gradualmente a crianya sentira prazer em

agir de forma adequada

bull Fazer com que a crianya assuma as conseqOemcias dos seus atos - com

carinha e naturalidade devemos conversar e agir apontando seus erras e

fazendo com que reftitam sobre as atitudes incorretas antieticas ou

egocentricas tomando 0 cuidado de deixar claro que 0 que desaprovamos

37

sao as atitudes incorretas e naD suas caracteristicas pessoais 5e mesma

ap6s a explica~o a crianca reincidir na atitude incorreta entao e 0

momento de faze-Ia compreender que e responsavel pelos seus atos e

tambem pelas suas conseqGencias Deve-se ressaltar as consequemcias

do ato born carinho aprova~o estimulo etc Como do ato incorreto

desaprova9ilo nao reforyamento deixar de fazer algo que gostam etc

Deve-se ter em mente que as elogios premiacoes bern como as puni90es

devem ser proporcionais ao fato Ou seja e necessario que se tenha born sensa e

equilibrio para que as acoes sejam autenticas e valorizadas pel as criancas

COUTINHO FILHO (2003) tambem sugere algumas possibilidades para

colocar parametros de limites para a crianca

bull Nao coloque limites conforme seus desejos pessoais

bull Demonstre que voce e as demais adultos tambem tern limites a respeitar

bull Diga qual puni9ilo a ser dada para cada limite ultrapassado e nao deixe de

executa-Ia

bull De puniyoes brandas para atitudes brandas e puniyoes pesadas para

atitudes pesadas

bull Deixe claro que a puniyao Eo pelo ate e nao pela pessoa

bull Justifique os motivos do limite Nao faca isso porque nao quero ou nao

gosto nao Eo justificativa

bull Repita quantas vezes for necesstuio

bull Use sua autoridade sem provocar submissao e mal estar

bull Use da afetividade para impor limites

38

ZAGURY (2001) destaca pontos importantes para nao perder a autoridade

perante os filhos

bull Cumpra 0 que disse (seja premia ou conseqOemcia) ou seja ameacou

execute prometeu faya

bull Seja coerente 0 que nao pode nao pode nunca (salvo raras excessoes)

nao mude de atitude como quem mud a de roupa (au de acordo com 0 seu

humor)

bull Faya com que seus filhos gradualmente assumam responsabilidades

Deixe que eles participem das decisoes sabre premios ou conseqOeuromcias

- isto ajuda a amadurecer e compromete a crianca e as jovens que

aderem mais ao que ajudam a construir (mesma que sejam sans6es para

eles proprios)

bull Cuidado com 0 que diz e com 0 modo como diz - critique 0 ato nunca a

pessoa ou a personalidade de seus filhos Trate somente do assunto que

S8 esta analisando no momento naD desenterre coisas do passado sem

necessidade Nao fique com pena da crianya se ela chorar ficar triste

nao talar com voce E melhor ela ficar triste hoje mas aprender a respeitar

o pr6ximo a 5i propria e a palavra empenhada do que sofrer futuramente

nos seus relacionamentos interpessoais

Segundo TIBA(2002) os filhos nao vem com manual pois eles mesmos sao 0

manual au seja cada criancaencerra uma individualidade e a cada dia os pais irao

aprendendo com cada filho E importante neste aprendizado os pais privilegiarem 0

desenvolvimento relacional atraves de um procedimento basico que deve ser

aplicado a cada fllho Para TBA (2002) ese procedimento e valido para qualquer

39

relacionamento entre pessoas de qualquer idade mas que e relevante na formaC8o

da auto-estima da criancadesde 0 seu nascimento Para 0 atendimento integral a

uma crian9 sao cinco os passos parar ouvir olhar pensar e agir (TIBA 2002

p127)

TIBA (2002) descreve os cinco passos da seguinte forma

1 Parar - parar 0 que estiver fazendo ou pensando e dar atenyao total acriancaCasa naD possa parar naquele exato momento vale colaear uma

das maos no ombro da crian9 enquanto diz que logo vai atende-Ia A

crianya deve ficar esperando ali juntinho de voce Pode ser que ela queira

sair para voltar logo depois Se a iniciativa de sair for da crianca a

responsabilidade de voltar sera dela Mas deve evitar ao maximo dizer

para a crianca ocupar-se com Dutra caisa enquanto voce termina 0 que

esta fazendo Nem sempre ela volta outra vez pelo mesmo motivo E

tambem fundamental deixar de lado ideias preconcebidas sobre 0 que a

crianca vai fatar Se voce pensa ~Iavern aquela chata me encher Dutra

vez seu cerebro ja esta preenchido em parte com esse pensamento e

voce perde a chance de atende-Ia integralmente

2 Ouvir - e a parte racional Os pais devem olhar no funda dos ahos da

crianca como se a Duvissem com as ahos A criany8 precisa aprender a

se expressar Nao se deve tentar adivinhar 0 que ela quer Quando pede

alguma coisa esta desenvolvendo sua capacidade de pensar de formular

uma pergunta e de se expressar para que outras pessoas possam

compreende-Ia

3 Olhar - e a parte instintiva Num piscar de olhos uma pessoa consegue

ver tantas coisas que levaria muito tempo explica-Ias em palavras Tudo 0

40

que se percebe visualmente tambem tem que ser considerado para

compreender a crian9a

4 Pensar - lados os elementos percebidos tanto visualmente quanto

verbal mente mais 0 sentido educativo que se que ira imprimir na forma9ao

da criana devem fazer parte da resposta a ser dada Sentido educativo e

o objetivo a ser atendido com a educaao que esta sendo dada (Quer que

o filho seja egoista Coloque-o sempre em primeiro lugar em detrimento

dos outros e diga sim a todos os seus desejos Quer que ele seja feliz

Ajude-o a desenvolver a satisfailo pelo que e e pelo que consegue fazer

a tolerimcia a compreensao dos Qutrosa vontade de ajudar a quem pede

e a etica do bem)

5 Agir - essa aao ou resposta deve ser bem clara e objetiva Melhor ainda

se voce puder se assegurar de que a crianca real mente saciou sua

vontade

E importante ressaltar que os cinco passos devem ser utilizados em todas as

situayaes desde 0 tombo da crian98 pequena ate quando a crian98 crescer Ao se

utilizar este procedimento basico as atitudes dos pais tendem a ser coerentes Par

exemplo se uma crianca calr naD e necessaria as pais sairem desesperados em

todas Situ8COeS mas avaiar se 0 tombo foi grave QU se foi urn tombinho que naD

precisa de maiores cuidados Tambem as pais naD devem sair dizendo que chao

feio que passa a falsa ideia que 0 chao e culpado pelo seu tombo a criana tem

que aprender que ela deve ter cuidado Se ela se choca uma ou duas vezes numa

mesa ela aprende a ter cuidado por sua pr6pria experiencia TIBA (2002 p133)

41

destaca que a afobayao e a reacao exagerada dos pais geram inseguran9a na

crianca

Outre fato bastante comum e as pais deixarem as ftlhos ganharem jogos par

exemplo tentando agrada-Ios mesmo que os deseduquem As crian9as tern uma

sabedoria natural Brincam e competem de acordo com as conhecimentos e as

capacita90es de que disp6ern E mais facil para 0 pai brincar como se fosse crian98

e deixar 0 filho ganhar sempre Esse comportamento contudo da a crianca uma

visao irreal do que e jogar Ganha-se algumas vezes perde-se outras (TIBA 2002

p136) Ou seja e mais educativ~ para a criana descobrir que podemos ser bons

em algumas caisas mas nao em tudo Passa-se uma experiencia da realidade para

a crianC8

TIBA (2002) tambem cita 0 caso de colocar a crian9a no colo enquanto se

dirige urn carro A crianC8 tern a falsa sensacao de que comanda 0 veiculo mas issa

nao passa de urn poder irreal Ao dirigir urn carrinho de brinquedo ela poderia de fato

se sentir poderosa IS50 sem falar que quando 0 filho crescer ao 15 anos par

exempla vai querer sair com 0 carro do pai mesmo sem poder Mas quando era

criancaeu podia

o caso classico da criancaquerer dormir com os pais tambem e abordado por

TIBA (2002) segundo 0 autor 0 ideal e que desde bebe a crian9a deve aprender a

dorrnir no seu lugar mesmo que ache mais gostoso aninhar-se entre os pais Ir cada

urn para sua cama da 0 sentido de que cada urn tem seu territorio ai tambem

estamos delimitando limites onde sao respeitados 0 so no e 0 espacode cada urn

Crian~asmaiores que ja andam devem ter um lugar (ou quarto) proprio para dormirMesmo que ocasionalmente adorme~am na cama dos pais e importante que sejamlevadas a sua cama para que acordem la Nao devem adquirir 0 habito de dormir nacama dos pais Tenha paciencia e fale claro em born tom olhando seriamente nofundo dos olhinhos dela ~Cada coisa no seu lugar cada pessoa na sua cama~

42

Quando a crian(f3 percebe que 0 limite e coisa sena e vai ser cumprido procura seajustar(lIBA 2002p115)

OLIVEIRA (1999 p120) enumera as diversos problemas que causam a fato

dos filhos permanecem no quarto dos pais na hora de dormir considerando-as de

difieil recupera~aoposterior

1 Faita de valorizayilo da privacidade tanto do casal como da crianya

2 Mantem a relacao simbi6tica au seja a li98980 existente entre mae e

bebe prejudicando 0 desenvolvimento emocional da crian93

3 A crianya tende a formar relayao de dependencia da protey80 e da

preseny8 dos pais ate mesma durante 0 sono

4 Quando chegar a fase em que a crianca elege entre 0 pai e a mae 0 seu

preferido tenta afastar 0 autro esticando-se e virando-se na cama de

modo a deixar a preterido desconfortavel a ponto deste mudar de lugar

sair da cama e ate mesma do quarto

E importante ressaltar que sempre as regras devem ser claras e naD sujeitas

a mudancas pois a organizacao interna dos filhos fica muito prejudicada se dormir

au nao na cama dos pais se transforma numa possibilidade que depende apenas do

humor dos pais ou de quanto 0 filho se recusa a dormir sozinho (chorando

acordando diversas vezes etc) A crian9a com autonomia de sono e mais

independente e feliz (TIBA 2002 p116)

Enfatiza-se que na maiaria dos casas as pais permitem que as criancas

fiquem ate mais tarde no quarto deles nao e par uma exigemcia ou necessidade da

crianya mas par alguma deficiencia desequilibrio au imaturidade dos proprios pais

(OLIVEIRA 1999 p122)

43

Em relaiio ao choro da crian9l ressalta-se que ha dois tipos de choro 0 que

expressa dor e 0 que busca pader

Se 0 filho descobrir que pade usar a chom como fonte de poder as pais estaoperdidos Nunca mais saberao dizer se ele chara par dar au poder Urn chore depoder Necessita dos olhos e dos ouvidos de quem se quer dominar Ingenua acrianya que usa 0 choro como pader para imediatamente apes conseguir 0 que querOai a importancia de as pais ficarem atentos para nao ser manipulados (TIBA 2002p158)

o choro que apela para 0 lade coitadinho inspira ternura Eo urn tipo de

manipula9ao que busca 0 dominio pela chantagem aletiva Eo dilicil neutralizar 0 uso

do choro como arma

Segundo liSA (2002 p159) Urn pouco de dor nao matara a crian9a assim

como urn poueD de pader nao matara as pais ( ) Se traumas infantis matassem a

humanidade estaria extinta Nao ha filho que nao tenha side contrariado A imensa

maioria deles tern condi90es de agOentar contrariedades 0 autor destaca que pais

que sao soHcitos ao extrema nao trayam um born e segura trajeto para seguir 0

resultado e que a crianya fica insegura pais perde a confianca neles ela pressente

que as pais nao tern firmeza nas suas decisoes e sao manipulaveis

Deve-se tomar cuidado com as exageros urn erro cometido pelos pais

desde que nao seja baseado na violencia em surras socas e pontapes naa traz

problema nenhum Atos como esses descarregam a raiva mas nao tern forlta

educativa pois violmcia s6 gera violencia (liSA 2002 p159)

Em rela9aOaos pais lazerem as tarelas pelos filhos ou ainda pior comprar os

resultados ressalta-se que este tipo de atitude nao ajuda a crianlta cria

dependencia e compromete 0 desenvolvimento escolar Alem disso as pais acabam

privando os filhos do gosto de uma conquista dando uma mensagem subliminar de

que eles sao incapazes Os pais nao devem privar os filhos do gosto de uma

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

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50

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ZAGURY T Educar sem culpa a genese da etica 15 ed Rio de Janeiro Record2000

__ Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sabre a tirania dosfilhos 15 ed Rio de Janeiro Record 2000

Limites sem trauma - construindo cidadaos 25 ed Rio de JaneiroRecord2001

WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

Page 5: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

2

pesquisa bibliografica exploratoria sobre os temas concernentes a pesquisa e ao

manejo terapeutico em relaC8oao transtorno desafiador opositivo em geral e em

especial ao caso apresentado

Tern side cada vez mais frequentes as queixas envolvendo comportamentos

opositivos das criancasOs pais nao sabem como lidar com 0 problema tao pouco

as professores estao preparados para enfrenta-Io Visa-se contribuir para 0

esclarecimento sabre 0 transtorno desafiador opositivo e orientar pais e professores

que se defrontarem com crianyas que apresentem tal diagnostico

3

2 REFERENCIAL TE6RICO

21 TRANSTORNO DESAFIADOR OPOSITIVO

211 Defini980

A defini9ao do reterido transtorno e a seguinte 0 transtorno desafiador

opositivo e urn padrao recorrente de comportamento negativista desafiador

desobediente e hostil para com figuras de autoridade (HANISH et ai 1999 p63)

A frequemcia e intensidade de comportamentos opositivos na crianltapode

justificar 0 diagn6slico de translorno desafiador opositivo Este Iranslorno tem sido

comum no inicio da infancia com condutas opositivas mais evidentes per volta dcs

seis anos de idade A identificayao e a tratamento precoces do transtomo desafiador

opositivo e recomendavel pois a inlensifica980 das condutas hostis podem evoluir

para comportamentos anti-sociais mais graves e desenvolvimento do transtorno de

conduta (HANISH et ai 1999)

HOLMES (199) descreve 0 Iranslorno desafiante oposicional como sendo

semelhante aos transtornos de conduta porem menes serios Os individuos com 0

transtorno desafiante oposicional sao caracteristicamente negativistas desafiadores

argumentativos e hostis Eles diferem das pessoas com outros transtornos de

conduta no sentido em que ao inves de atuar contra os outros eles sao ativamente

resistentes aos outros As criancas com transtorno desafiador oposicional tendem a

se descontrolar discutir com adultos recusar-se a fazer 0 que Ihes e dito e

intencionalmente fazer coisas para incomodar os outros

4

ALMEIDA et 81 (1996) destaca entre os disturbios psiquiatricos descritos no

DSM-IV eixo 1 que costumam ser diagnosticados pel a primeira vez na infancia ou

adolescencia 0 disturbio com provoca9lio e oposi9lio que deve ser diferenciado do

disturbio de conduta e de disturbios reativos a situa90es de estresse e de

comportamentos anti-sociais decorrentes de quadros pSicoticos como a mania

Segundo HANISH et 81 (1999) uma crianya para atender aos criterios

diagnosticos do transtorno desafiador opositivD deve apresentar no minima quatro

dos seguintes itens nurn periodo de aproximadamente seis meses

Crises de raiva

Discussao com as pais e outros adultos

Desobedimcia a regras e solicita90es dos adultos

Fazer coisas que aborrecem outras pessoas propositadamente

Acusar outras pessoas

Incomodar-se facilmente com as outros

Ficar com raiva e ressentimento

Ser vingativa ou maldosa

Quando pelo menos quatro das condutas acima estiverem freqOentemente

presentes em crian~asquando estes comportamentos nao sao tipicos da sua idade

e desenvolvimento e com prejuizo do funcianamento social escalar au acupacional

e diagnosticado 0 transtorno desafiador opositivo

5

212 Diagnostico Diferencial

Ressalta-se que 0 diagnostico de transtorno desafiador opositivo naD deve ser

dado se forem preenchidos os criterios de transtorno de conduta ou quando os

comportamentos opositivos ocorrerem somente durante urn transtorno de humor au

psicotico (HANISH et ai 1999)

Em rela9ao a diferencia9ao entre 0 transtomo desafiador opositivo e 0

transtorno de conduta HANISH et al (1999 p64) ressalta

C ) urn fator que diferencia 0 transtoma desafiador opositivo e 0 transtomo deconduta e 0 fata de que esle ultimo envolve a nao-considera~o e 0 desrespeito pelodireito dos Quiros () As crian~s com transtomo de conduta norrnalmente ternpouca au nenhuma preocupa980 em rela9secto ao impacto de sua conduta sabre asQutros ( ) Traduzindo em termos cognitivos as criancas com transloma de condutaparecem pensar pouco sabre as conseqOmcias de suas atitudes e apresentammenor habilidade de raciocinio moral enquanto as criancas com transtomodesafiador opositivo apresentam pouca habilidade de resolucao de problemas etentam utilizar a oposicao como fonna de coercaode condutas em especial de outraspessoas significativas (per exemple os pais)

Outra diferenciacao importante e entre 0 transtorno desafiador opositivo e 0

desafio e a oposi9ilo normal da idade 0 que acontece em crian9as normal mente no

periodo pre-escolar No caso do desenvolvimento normal da crianca os

comportamentos opositivos tern seu pico no inicio da inffmcia e diminuem com 0

tempo aqueles que caracterizam 0 transtorno desafiador opositivo continuam e

pioram com a idade (HANISH el ai 1999)

o disturbio de conduta ocorre em 3 a 7 das criancas e adolescentes com

predominancia na adolescencia e no sexo masculino Os sintomas costumam

aparecer entre 0 inicio da infancia e puberdade e costumam persistir ate a idade

adulta As principais conseqOencias na idade adulta envolvem abuso de drogas

6

discordia conjugal dificuldade em arrumar emprego prisao e morte prematura

violenta (ALMEIDA et ai 1996)

Os sintomas do transtorno de conduta giram em torna de um padrao

persistente de maus comportamentos no qual 0 individuo infringe regras e viola 0

direito dos outros e geralmente ultrapassam a idade infantil mantendo 0

comportamento disruptivo e criminoso mais tarde na vida (HOLMES 1997)

o disturbio de conduta se caracteriza par urn comportamento anti-social

persistente As crian9as tendem a mentir roubar faltar as aulas sem motivD se

envolver em hrigas constantemente fugir de casa agredir fisicamente os Qutros ser

cruel com pessoas e animais destruir propriedades alheias de forma deliberada

apresentar baixo rendimento escolar problemas de relacionamento com as colegas

e em casas mais intensas assaltar a mao armada cometer estupros e homicidias

(ALMEIDA et ai 1996)

213 Influencias Familiares

o papel da familia particularmente os pais pode influenciar 0

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo KRUESI e TOLAN citados por

HANISH et al (1999) identificam tres caracteristicas dos pais que tendem a

aumentar a probabilidade do aparecimento do transtorno desafiador opositivo e que

devem ser levadas em conta na formulaao do tratamento Sao elas pSicopatologia

dos pais praticas ineficazes dos pais e ruptura do casal

Como pSicopatologia dos pais encontramos principalmente 0 transtorno anti-

social de personalidade aiEimde outras formas como 0 uso de drogas e depressao

e varcfwes importantes como a maternidade na adolesceuromcia Na casa do transtarno

t~roj ~Slbullbullbullbullbullh

8MIl

anti-social nos palS e passivel a necessldade de Intervencao pOlS podem Interfenr

7

nas tentativas de modificar as praticas de manejo da conduta da crianl utilizadas

pelos pais (HANISH et ai 1999)

Algumas praticas ineficazes dos pais como as interacoes familiares

coercitivas tambem favorecem 0 desenvolvimento do transtorno desafiador

opositivo pois tendem a estar associadas a condutas opositivas desafiadoras e

hostis Segundo HANISH et al (1999 p65) diversos padr6es especificos de

interac6es familia res diferenciam as crian~s opositivas das nao-opositivas Par

exemplo as pais de criancas que naD obedecem tendem a refonar a conduta

opositiva e a ignorar DU punir as condutas sociais positivas ( ) Descobriu-se

tambem que eles sao mais criticos do que as pais de crianC8s que obedecem

Desta forma pais que impoem regras restritivas e fazem afirma90es amea9adoras

hostis e humilhantes favorecem as condutas opositivas dos filhos Em alguns

casas a conduta opositiva pede ser devida a disciplina inconsistente resultante do

medo e ansiedade dos pais em rela9ao ao fato de imporem limites ou san90es ()

muitos desses pais abusam de seus filhos ou os negligenciam (HANISH et ai

1999 p66) 0 comportamento opositivo das crian9as entao podem ter relacaocom

as interacoes familiares criticas conflituadas inconsistentes punitivas au

coercitivas

Os problemas conjugais tambem influenciam no aparecimenta do transtorno

desafiador opositivo e portanto devem ser considerados no plano de tratamento

() a evidmcia indica que as brigas conjugais apontam para a conduta disruptiva e

de nao-obediencia nas criancas Essa relacaoparece ser mais forte quando as pais

expressam hostilidade abertamente do que quando eles expressam uma

8

insatisfaao geral e e mais pronunciada em meninos do que em meninas (HANISH

et aI 1999 p66)

HOLMES (1997) considera de risco os fatores que aumentam a probabilidade

de uma crian9a desenvolver disturbios emocionais ou comportamentais Os fatares

de risco podem incluir caracteristicas biol6gicas (perinatais) geneticas lamiliares

(pais com disturbios psiquiatricos criminalidade paterna disc6rdia conjugal grave

estresse familiar cranico) caracteristicas sociais (nivel s6cio-economico baixo)

Porem HOLMES (1997) destaca que mesmo sob condi90es adversas como

estresse e privacaoha crianyas capazes de S8 desenvolverem satisfatoriamente em

nivel emocional e social

No tratamento deve-s8 avaliar case a caso e muitas vezes avaliar 0

fundamento cognitiv~ da conduta dos pais para ptanejar urn tratamento familiar

adequado Pelo lato de as cren98s dos pais desempenharem um papel importante

no seu comportamento bern como no de seus ftlhos e importante entender em que

medida essas crencasestao envolvidas na determina980 da pSicopatologia dos pais

da paternidade coercitiva e inconsistente e da discordia conjugal e como esses

latores podem aletar a crian98 (HANISH et aI 1999 p66) Ou seja 0 tratamento

do transtorno desafiador opositivo deve envolver 0 treinamento dos pais nas

habilidades de manejo adequado e a modificaao de suas cren9as no que tange ao

manejo da conduta No treinamento dos pais deve-se focar 0 aumento da conduta

positiva e diminuiyao da negativa na crian~ ensinando-se aos pais principios do

aprendizado social e habilidades de manejo da conduta e de resolu980 de

problemas

9

22 A RELACAO INDISCIPLINA x LlMITES - UM OBSTAcULO PARA A

APRENDIZAGEM

A questao da disciplina envolve varias faces de um problema E necessario

desenvolver uma visao sistemica e analisar par todos as o3n9u105 aluno escola

familia sociedade A motiva9ao e um fator fundamental para que 0 aluno seja bem

sucedido no sistema escolar permanecendo no mesmo e realizando as tarefas

necessarias para 0 seu conhecimento e aprendizagem Considera-se que 0 sucesso

dos filhos no sistema educacional decorre entre Qutras eoisas da motivacaoque as

familias conseguiram despertar neles em relacaoa instituicao

o problema indisciplina pode ser entendido como conseqOeuromciade um leque

de situa90es vividas em familia pais inseguros quanto a colocar ou nao Iimites

relacionamentos tensos entre pais excesso de zelo para reparar a culpa por ter que

deixar a criancaprivada do cantata com as pais que trabalham fora criancas que

passam a maior parte do tempo em frente da TV ou na rua com Qutras criancas

sofrendo tode tipo de influencias prejudiciais a sua educacao pais autoritarios ou

muito liberais falta de dialogo e bom exemplo no seio familiar desconhecimento da

importancia dos relacionamentos dos primeiros anos de vida como base da

formaC8oda personalidade par parte dos pais Sao estas criancascom hist6rias de

vida as mais variadas possiveis que chegam a uma escola e encontram ali narmas

rigidas ou ausencia de narmas Professores com uma serie de limitac6es na sua

forma9aO humana e academica que passam a desempenhar 0 papel de educador

em sala de aula

A familia e a escola devem atuar em parceria objetivando a aprendizagem e

o sucesso escofar do auno Elas sao 0 aicerce e modelo para que as criancas

10

aprendam naD somente conteudos mas tambem a viver em sociedade com suas

normas et portanto e necessaria que tenham objetivos comuns em relacao a

val ores disciplina e convivio social Este suporte e proporcionado nao somente pelo

ambiente adequado mas no equilibrio e tranqOilidade do lar e da escola Assim

sendo 0 aluno nao S8 sente abandonado inseguro mas sim recebendo

orientacoes estimulos e principal mente exemplos de responsabilidade e respeito

Para WINNICOTT (1971) a saude do pais depende de unidades familiares sadias

com pais que sejam individuos emocionalmente maduros

Nao hit uma causa (mica para a indisciplina mas sim uma conjuncao de

fatares que interagem uns sabre 0$ Qutros que imobilizam 0 desenvolvimento do

sujeito e do sistema familiar nurn determinado momento afetando 0 aspecto

comportamental e a aprendizagem do aluno

o individuo ao ingressar na escola ja teve experiencias relacionadas a

diversas situac6es e ira reagir a esse novo ambiente Ha alunos com dificuldades de

adaptayao e rendimento insatisfatorio nos estudos por estarem comprometidos par

ansiedades e tensOes psiquicas

E imprescindivel que a familia e a escola deixem de ficar se cui pando

mutua mente e passem a refletir sobre sua funyao vital no desenvolvimento de

individuos adaptados ao ambiente realizados e capazes de utilizar suas

potencialidades de forma construtiva para a sociedade e consequentemente para

o fortalecimento da familia e da escola como instituicoes estruturadas e em

permanente evolucao

Ressalta-se urn aspecto muito importante relacionado a agressividade e mais

especificamente a indisciplina E a questao dos limites Pais e professores precisam

11

ter em mente a importancia de trabalhar essa questao com filhos e alunos e

diferenciar a demarc8C8ode limites de autoritarismo ou abuso do poder

Sermos adequados e saber encontrar a distancia certa entre nos e a Qutro E

naD ocupar um espaco exc8ssivamente pequeno para naD nos sentirmos acuados e

ameacados evitando tomar-nos agressivos () Todo ser vivo necessita de um

espatominima para viver sem 0 qual torna-S8 agressivo e luta pela sobrevivencia

ou perece (MIRANDA 2001)

OLIVEIRA et al (1999 p151) destaca a importancia dos limites

A disciplina e 0 todo que engloba a organiza~o que mantE~m a ordem entre aseoisas e as pes50as 0 limite e a fator que determina 0 campo e a espalto daatualfao Portanto 05 limites sao urn dos principais fundamentos da disciplina 0limite e que determina onde os meus direitos terminam e onde iniciam os dos outros() E necessario que 0 limite comece a ser estabelecido desde a forma~o dapersonalidade da crianca ou seja desde 0 nascimento () Ensinar a crianya aobedecer limites e treina-Ia para a vida

E preciso que os adultos aprendam a nao invadir 0 esparo da crianca nao

permitindo tamhem que as crianyas invadam 0 espayo dos outros E necessaria

quebrar este cicio vicioso que faz com que a indisciplina continue a ser 0 centro das

atenc6es na escola e na familia Dar limites e nao impor Iimites este e 0 grande

desafio para pais e educadores

Para que a criancaaceite os Iimites impastos e necessario que os pais au a

pessaa responsavel acredite no que esta dizendo e 0 faca com firmeza e explique

para que a crianra acredite e para que absorva a ideia de que ela nao esta proibida

de tudo mas que nem tudo 0 que desejamos podemos fazer mas ela pode fazer

quase tudo (ZAGURY 2001)

Quando se da Iimites esta se fazendo urn ato de amor oj crian~a e ao futuro adulto

ensina-se a ele a viver em sociedade a respeitar e ser respeitado esta se poupando

12

a crianca de cair no mundo das drogas e da violencia cnde 0 limite e muitas vezes a

marte

221 0 Papel da Familia

Os pais tem um papel fundamental na motivayao do aluno e sua participa9ao

e imprescindivel para que 0 aluno aprenda Desta forma a familia faz parte do tripe

que sustenta uma aprendizagem com sucesso Quando a familia esta tranqOila e a

rotina de casa esta equilibrada 0 aluno apresenta maiores oportunidades para urn

bom aprendizado

A familia e suporte fundamental para 0 bom desempenho escolar Pode-se

dizer que a clima familiar influencia no desempenho escolar e pade trazer prejuizos

ao rendimento escolar quando naD harmonioso

Se a familia naD da a crianca a base emocional firme 0 que tazer

E importante ensinar a crianca a identificar as sentimentos e lidar melhor com

eles

DAVIDOFF (1983) descreve como se da 0 desenvolvimento do ser humane

desde a concepcao e a importancia dos relacionamentos dos primeiros meses de

vida e da primeira infancia na forma9ao da personalidade e da socializayao futura do

individuo Para ela a base de urn relacionamento sadie entre mae e filho esia na

intensidade de afeto que a mae dispensa a crianca na amamentaC8o enos

cuidados na satisfa9ao de suas necessidades fisiol6gicas A qualidade das

intera90es sociais da crian9a estrutura a personalidade do individuo de algumas

formas importantes Falando de frustra90es conflitos e outras tensoes a autora

chama a aten9ao dos adultos que convivem com a crianca e 0 adolescente para sua

(~ )(~~l J 13

lt~C~responsabilidade em apoiar orientar e acompanha-Ios para que possam superar as

situaryoes conflitivas evitando assim 0 desenvolvimento de uma personalidade

agressiva e desajustada

DAVIDOFF (1983) vai mais alem ao dizer que pais maduros e seguros

envolvem os filhos em tomadas de decisao e assuntos da familia Apresentam

razoes para a que solicitam e proporcionam experiemcias graduais apropriadas para

a afirmayao da independencia Ainda assim retem a responsabilidade final Os filhos

dos pais maduros tendem a ser autoconfiantes independentes possuem boa auto-

estima e born relacionamento com suas familias Os pais autontanos preferem

taticas primitivas duras quando surgem conflitos insistem em obediemcia Sao

coercitivQs e favorecem a desenvolvimento de transtornos como 0 desafiador

opositivo No outro extrema os pais laissez faire que afrouxam totalmente as

limites sao totalmente igualitarios Todos os membros da familia estao

essencialmente Ilvres para fazerem deg que quiserern Raramente estes pais tomam

decis6es ou aceitam responsabilidades Os adolescentes filhos de pais autoritarios

e do tipo laissez faire tendem especialmente a ter problemas de ajustamento

o individuo age com relary8o a certas pessoas como seus pais se

comportaram para com ele Caso as imagos paternas que sao preservadas em

nossos sentimentos e em nossas mentes inconscientes forem predominantemente

rigidas nao poderemos estar em paz com n6s mesmos Odiamos em n6s as figuras

rigidas e intolerantes que tambem formam parte de nosso mundo interno e que sao

em grande parte a resultado de nossa agressividade para com as nossos pais

o homem e urn ser social ele precisa viver com as outros homens para

desenvolver suas necessidades basicas como 0 trabalho a criatividade a arnor par

14

issa ele S8 juntou em comunidade As comunidades sao uma reuniao de pessoas

que tern interesses comuns au seja interesses iguais

Familia e 0 nucleo de pessoas aparentadas que tern la90s de sangue e que

se apoiam no sentido de manter 0 nucleo permanentemente em comunhao

Hit uma serie de expectativas sociais em relacao it familia e preciso que

socialize as criancastomando-as capazes de viver junto aos Qutros seres humanos

A institui9ao familia tern passado ao longo da historia da humanidade por crises

muito serias As formas de familias sao extrema mente variaveis E mais variaveis do

que dentro de nossa proprio pais sao as formas de familia de Qutros paises do

mundo

A familia ah~m de reproduzir novos seres humanos tenta produzir neles as

seus habitos costumes e valores atraves de gerayoes

A familia sempre foi a celula-mater de uma sociedade ou refUgio das

atribuiyoes do mundo Tambem a religiao impoe normas as familias que em torno

del a se reunem Grande parte do comportamento de uma familia no sentido moral econtrolado pela religiao em que ela acredita Em troca a religiao e sustentada pela

familia fazendo com que as crencas e preiticas mora is subsistam por seculos e

levando as pessoas a uma aceitacao de punicoes impostas

o prestigio social dos individuos na familia tradicional de seu

comportarnento diante de sua fe de seu comportamento em rela9ao a familia e de

sua origem e influenciado pelos costumes que traz atraves de geralt6es Durante

anos a familia conduziu-se como uma barreira diante de inovac6es e de formas

novas de ligalt8o homem-mulher-filhos Os vinculos familiares representam uma

seguran9a afetiva e material muito importante para 0 desenvolvimento do individuo

A historia da humanidade assim como os estudos antropologicos sobre os

15

pavos e culturas distantes de n6s (no espacoe no tempo) esclarecem-nos sabre a

que e familia como existiu e existe hoje Mostra-nos como fcram e sao hoje ainda

variadas as formas sob as quais as familias evoluem se modificam assim como

sao diversas as concepcoesdo significado social dos la-os estabelecidos entre as

individuos de uma sociedade dada

Apesar dessas variacoes a forma mais conhecida e valorizada de nassos

dias a familia composta de pai mae e filhos chamada familia nuclear normal

Este e 0 modele que desde criancaS8 ve em livres escolares nos filmes na

televisao mesma que no seia familiar S8 verifique urn esquema diverso

A natureza das rela90es dentro de uma familia vai se modificando atraves do

tempo 0 aspecto mais problematico da evolU9aO da familia est sem d0vida

alguma ligado ao questionamento da posi9ao das crian9as como propriedade dos

pais e a posiryao economica das mulheres dentro da familia Inclui-se ai 0

questionamento da distribui9iio dos papis ditos especificamente masculinos e

feminin~s e esse e urn problema chave para 0 surgimento de uma nova estrutura

social

Nao se poder mudar a institui9ao familiar sem que toda a sociedade mude

tambem Pode-se afirmar ainda que qualquer modificayao na organiza~aofamiliar

implicara tambem numa modifica9ao dos rigidos papeis de esposa mae ou

prostituta os 0nicos atribuidos as mulheres Quanto as crianyas ha algum tempo ja

o Estado intervem entre pais e filhos e desde a pouco os pais sao passiveis de

denuncias pelos vizinhos caso punam fisicamente seus filhos

Atraves da escola do controle sobre os meios de comunica~aode medicos e

psic6lagas a pader dominante de cada sociedade mais au menos sutilmente imp6e

normas educacionais sendo dificil aos familiares contraria-Ias De uma maneira

16

geral cabe ainda aos pais grande parcela de poder de decisao sobre seus filhos

menores Parcela essa cada vez mais contestada A esse pader equivalem por

parte dos filhos direitos legais em relagao aos seus pais em particular no sistema

capitalista Direitos a assistencia educayao manutenyao e participacao em seus

bens e proventos

A familia como toda instituigao social apresenta aspectos positiv~s enquanto

nucleo afetivo de apoio e solidariedade Mas apresenta ao lade destes aspectos

negativ~s como a imposicao normativa atraves de leis uscs e costumes que

impllearn formas e finalidades rigidas Torna-se muitas vezes elementa de coayiio

social geradora de conflitos e ambigOidades

A agressividade inata tende a sef ativada pelas circunstancias externas

desfavoraveis e inversamente e mitigada pelo arner e compreensao que a crianca

recebe 0 seu desenvolvimento e suas reac6es com 0 adulto devem ser

considerados como resultantes da interacao e influencias externas e internas

Um sistema familiar disfuncional nM permite ao aluno a maturidade

necessaria para conseguir urn born desempenho academico

A problematica emocional ligada a situayao conflitiva absorve a

disponibilidade perceptiva e reacional do individuo a estimula~ao externa

dificultando a sua integragao ao ambiente e perturbagao nao 56 a sua capacidade de

aten98o de concentra~ao de raciocinio mas sobretudo a de relacionamento Assim

sendo as dificuldades de assimilayao na aprendizagem escolar podem estar ligadas

a fixagoes emocionais (NOVAES 1970 p 145)

Geralmente criangas com problemas emocionais adotam atitudes agressivas

de inibiyao constri9ao regressao isolamento hostilidade oposigao indiferenya

17

indisciplina exibicionismo dissimula~aosensibilidade e au emotividade excessivas

sendo freqOentesos problemas de mentira de furto e de natureza sexual

Na instituiyao familiar seja ela qual for e a ligayao emocional entre as

pessoas que as torna mats felizes e saudaveis

As perturbaltoes no ambiente familiar interferem no comportamento do

individuo Existe urn processo duple entre 0 lar e a escola as tensoes que sao

geradas num ambiente se manifestam como perturbaltoes no comportamento do

outro (WINNICOn 1971 p 223)

Resgatar a papel da familia e seus vaiores levan3i 0 aluno a sentir-se

amparado A autoridade paterna e materna participativa se faz necessaria na

criayao e educaltao na orientayao e aquisiltao de bons habitos influentes na

projeltaosocial das pessoas Nao necessariamente isto se refere a presenltafisica

de ambos os pais mas da existencia das funlt6esenquanto autoridade

A emoltaopermeia todos os aspectos da vida diaria do ser e tambem interfere

na aprendizagem fazendo-se necessaria urn conhecimento dos aspectos

emocionais para assim pader assistir 0 aluno em seu trabalho escolar A

estabilidade no ambiente familiar proporciona ao individuo seguranya e

independencia A participaltao da familia no cotidiano escolar e de suma

importancia para a aprendizagem

Os jovens nao podem se sentir abandonados eles precisam de exemplos e

sobretudo de afeto para a construltaode uma vida melhor

SOUZA (1995 p 58) considera que a inibiltaointelectual estaria na base da

dificuldade de aprendizagem Existem fatores da vida psiquica da crianlta que

podem atrapalhar 0 born desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaltao

18

com a aquisirao de conhecimentos e com a familia na medida em que as atitudes

parentais influenciam sobremaneira a rela~aoda crianca com 0 conhecimento

Ressalta-se que entre as variDS fatores que influenciam 0 aspecto emotional

da crian9a tem-se alcoolismo familia numerosa sem condicoes minimas estruturais

brigas freqOentes em casa abandono trabalho infantil etc A convivmcia com um

au mais destes fatores acarreta na impossibilidade do aluno concentrar-se nas

aulas visto que a sua aten9ao se volta para a tentativa de resolu9lo dos problemas

familia res que ele julga insoluveis na maioria das vezes Existe urn certa

conformismo misturado a angustia quando 0 aluno consegue expor 0 problema que

o aflige

Deve-se compreender que a familia esta envolvida em diversos problemas

oriundos das pressoes s6cio-econ6micas das dificuldades de habita9ao

alimenta9ao e trabalho sem tranqOilidade para assimilar e analisar os estimulos

externos integrando-os a sua dina mica familiar

A influencia do ambiente familiar e decisiva para 0 ajustamento emotional e

muitas vezes 0 grupo familiar nao oferece condi90es de estabilidade e de

seguranya emocional para 0 desenvolvimento normal de seus filhos

Grande incidencia de conflitos emocionais que se exteriorizam par ansiedade

sentimentos de inferioridade de inseguran98 depressao medo negativismo e

incapacidade de estabelecer rela90es afetivas geralmente coincidem com 0 grande

numera de familias desintegradas desunidas de pais ausentes incompreensivos

imaturos neur6ticos dominadores desajustados que nao podem dar compreensao

amor e apoio aos filhos

ZAGURY (2000) relata 0 resultado das duvidas e incertezas de muitos pais

Para ela os pais devem compreender que mais importante que satisfazer os desejos

19

da CrianC8 e ensinar principios eticos como honestidade solidariedade e respeito

mutua Principios estes que sao fundamentais para 0 born relacionamento social na

adolescencia e vida adulta

Limites sao regras ou normas de condula que devem ser passadas para as

criancas desde tenra idade Eles mostram as crianyas 0 que podem e 0 que naD

podem 0 que devem e 0 que nao devem fazer Ensinam tambem como respeitar 0

proximo facilitando a socializayao Os limites devem fazer parte da educaao pois

vivemos em sociedade e para a boa manutencao desta se faz necessaria a

existencia e 0 respeito as regras (COUlINHO FILHO 2003)

Em seu livro Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sobre a tirania

dos filhos ZAGURY (2000) discute os principais problemas que envolvem a

educayao dos filhos na sociedade moderna quando toda uma geraao de pais foi

influenciada par urna visao excessivamente psicologizante As ambigOidades as

diferenyas entre as regras estabelecidas pelos te6ricos sao debatidas e criticada a

tirania de alguns especialistas que contribuiram para a disseminayao de um dos

maiores males da educaao - 0 chamado psicologismo A autora alerta para a

necessidade de as pais serem criticos nas orientayoes e conhecimentos adquiridos

sobre a educaao dos filhos e chama a atenao sobre os limites e a necessidade de

autoridade por parte dos pais a importancia de se construir uma relayao baseada na

autenticidade e na democracia tanto para as crianyas quanta para seus pais

Para liSA (1996) a disciplina tern inicio antes mesmo do nascimento atraves

do modo como os pais se comportam no relacionamento mutuo Os primeiros dias

de vida e as interac6es com os pais ou pessoas que as substituem sao de

fundamental importancia no desenvolvimento bern ajustado Pois e nessa interayao

que a mae transmite 0 modo de ser da familia e isso e essencial para ajudar 0 filho

20

a formar 0 seu ser psicol6gico pois a crianca traz ao nascer apenas 0 seu ser

biol6gico

0 pai deve ter muita saude pSicol6gica para participar do gesto de

alimentat8o que tern urn significado tremendo no ge5to afetivo A crianca nao

precisa s6 de leite 0 leite alimenta 0 corpo 0 afeto e 0 alimento da alma Crian

sem afeto entra em depressao(lIBA 1996)

Deve-S8 ressaltar que 0 limite e diferente de repressao 0 primeiro S8 instala

atraves das puniyoes ja a repressao atraves da culpa A puniy80 age sabre a ato e

a culpa sabre a pessoa Durante 0 desenvolvimento da clianca 0 limite e saudtlVel

quando este refere-s8 apenas aos atos naD desrnerecendo au desvalorizando a

pessoa A crian nao deve se sentir culpada pelos seus atos mas responsavel par

estes (COUlINHO FILHO 2003)

llBA (1996) diz que os pais que exageram na preocupayao com a choro e a

comida estao contribuindo para ter urn indisciplinado dentro de casa estao

desrespeitando a desenvolvimento biol6gico da crian A mae que trabalha fora

sente-se culpada par deixar a filho sozinho na creche au na escola e depois a

superprotege para reparar a culpa acabando par criar urn folgado dentro de casa

o modo como lidar com a liberdade e Dutro fatar influenciador no comportamento da

crianya e do adolescente Impar limites sem submissao e autoritarismo e outro

desafio para os pais que precisam respeitar a espayo de individualidade sem se

submeterem aos seus caprichos

o tema indisciplina oj amplo e muito se tern ainda a pesquisar estudar e

orientar no sentido de ajudar as pais a encontrarem urn caminho mais segura na

educay80 e formayao da personalidade dos filhos que tern inicio nas primeiras

relayoes entre mae e filho

21

222 0 Papel da Escola

Se a condi9ao basica e necessaria para a aprendizagem e a integridade

moral e 0 estabelecimento da interalYBo professor versus aluno cnde fatares afetivos

e cognitivos exercem influencias decisivas na busca de realizac68s e de desejos

confirmando-Ihes determinadas caracteristicas inteny68s e significados e na escola

que ocorrem boa parte dos problemas com as quais 0 aluno S8 esbarra lentidao de

raciocinio falta de atenyao desintereSS8 indisciplina entre Qutros encontram as

suas origens na estrutura biol6gica sobretudo quando exposta ao meio ambiente

(POLITY 1998)

Em ambientes cnde estes fatares naD sao considerados relevantes que

alunos com dificuldades de aprendizagem ou com problemas de indisciplina acabam

sendo rotulados sofrendo puniyoes devido ao seu fracasso escolar Estes

apresentam lalta de interesse desmotiva980 para estudar pregui9a e distra9ao

Com isto os pais e professores nao entendem estas dificuldades e 0 aluno em seu

permanente estado de tensao nao consegue prestar aten~o e participar das aulas

nao obtendo os resultados esperados (MORAIS 1997)

Outro fator importante e a problematica emocional que deve ser considerada

como decisiva na adaptacao e rendimento escolar podendo trazer serias

conseqOemcias ao desenvolvimento e progresso emocional da crianca A escola

deve oferecer condic5es e estabilidade emocional e atraves do diagn6stico precoce

dos encaminhamentos adequados da pr09rama9aO adequada das atividades

escolares e da preparacao do professor atender a esses casos prontamente

poupando assim a crianra e a sociedade do agravamento dessas situac6es

(NOVAES 1970)

22

Neste interim surge a psicopedagogia como auxiliar no cicio aluno - familia -

escola quando se instala uma dificuldade de aprendizagem 0 psicopedagogo deve

ter urn olhar para 0 contexte global onde est inserida a criana com dificuldade de

aprendizagem as relac6es familia res e escolares

As crian~s que se evadem da escola em geral sao as mais rejeitadas

Estas criancas precisam ser estimuladas ao relacionamento a responder

adequadamente aos sentimentos do outro e a controlar tensao e ansiedade

compreendendo qual e 0 comportamento aceitavel em determinada situacao

E preciso aprender a lidar com a ira e a tristeza a respeitar as diferencas de

modo a encarar as eaisas dificeis aprender a perguntar a negociar a ser mais

assertivo Eo importante somar aos conteudos de hoje as liDes sobre sentimentos e

relacionamentos 0 primeiro passe e aprender a nomear a emoCao compreende-Ia

a partir de suas express6es faciais corpora is E essencial que 0 professor amplie

sua ViS80 sobre as quest6es emocionais desenvolvendo autodisciplina vida

virtuosa capacidade de motivar-se de enfrentar press6es e resolver conflitos

Por tudo isso a escola tem 0 compromisso moral e etico de se preocupar com

o desenvolvimento dos alunos reinventando as aulas e proporcionando a sintonia

do conteudo a capacidade de aprender Considera-se muito importante que a familia

e a escola estabelecarn urn vinculo para tentar mUdanyas em relaC80 it falta de

atenC80 e indisciplina no sentido de ajudar 0 aluno a evitar maiores dificuldades

crises e stress

ANNA FREUD (1971 p162) considera que as normas escolares prestam

pouca ou nenhuma atenC80 as diferencas individuais

o aluno deve sentir-se desafiado e envolvido no processo a todo instante A

capacidade de empatia entre professor e aluno e 0 segredo do sucesso no

23

relacionamento entre ambos A auto-estima e urn ponto tambem fundamental para

um comportamento bem integrado

Num sistema educacional problematico como 0 do Brasil unido ascaracteristicas pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita5es

do professor e toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sal a

de aula interferem na aprendizagem como urn todo Pais e professores devem estar

atentos para educar desde os primeiros dias de vida para a disciplina que nao

5ubmete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemple e 0 dialogo

E preciso que a escala como urn todD e principal mente seu corpo docente

ampliem a consciencia a respeito da responsabilidade que tern em relacao ao futuro

dos seus alunos e alem disso que possam perceber a importancia do bern estar

psicol6gico como uma situacao fundamental para a aprendizagem satisfat6ria A

escola pode e deve propiciar ao aluno seguranca emocional para que ele possa

vivenciar vinculos saudaveis com seus professores e colegas

Espera-se que Utenham uma visao positiva da vida e sentido de humor que

sejam capazes de apreciar 0 valor de uma boa risada para eliminar pequenos

ressentimentos e aborrecimentos que prejudicam 0 crescimento do aluno (MOULY

1979 p 134)

E urgente a necessidade de uma nova escola desenhada para a mente e 0

cora~ao que ensina autocontrole empatia a arte de ouvir de resolver conflilos de

cooperar

A indisciplina pode ser definida como

Indisciplina e a recusa de $ubmeter-se as regras de aprendizagem educativa e a seu sistemade transmissao institucional Relacionada com 0 contexto familiar e escolar a indisciplina eum dos sintomas dos disturbios da inf~ncia e da adolescencia Quee preciso situar no campomutti~imensional da~ i~teracOesentre processos de aprendizagem e finalidades da educayaorelayao educadorlsuJeltolgrupos de alunosJclasse sistema de avaliacao e risco de fracasso

24

Ultrapassando 0 simples registro dos disturbios de carater a indisciplina tern a ver comfatores psicossociais que dao sentido a essa forma de insubmissflo (DORON et ai 1998)

Para VASCONCELLOS (1995) as manifesta90es de indisciplina na escola e

na sal a de aula sao urn problema a ser analisado na sua totalidade levando-se em

conta a familia as mudan~asocorridas na escola a professor a sociedade a crise

dos sentidos e dos limites considerando-se que 0 que se entende por disciplina e

como construi-Ia nurn processo de interarao entre 0 adolescente e a

professorescola

A educaC8o no seu verdadeiro sentido naD se faz sem autoridade pais 0

educando precisa do referencial do educador a fim de ter base para a constru9ao do

seu eu Muitas vezes 0 professor nao consegue disciplina porque nao tem

autoridade diante dos alunos Normalmente 0 professor fica esperando que 0 aluno

traga urn reconhecimento natural para com sua pessoa historicamente esse tempo

passou 0 tratamento de respeito tem que ser conquistado pelo professor

(VASCONCELLOS 1995)

A questao fica complicada quando temas como profissionais da educayao

elementos totalmente alheios e nao educados para a realidade atual Alem da falta

de dominio dos conteudos a serem ensinados falta-Ihes a capacidade de perceber

essas transforma90es hist6ricas que vern ocorrendo no relacionamento educando x

educador Falta-Ihes conhecimento do desenvolvimento humane e psicol6gico de

seus alunos E por fim suas pnticas pedag6gicas sao pobres de metodos que

propiciem a intera9aOe a construyao do conhecimento no respeito mutuo falta-Ihes

autoridade e capacidade de administrar a indisciplina gerada pelos fatores citados

Esses professores podem se deparar com criancas com transtorno desafiador

25

opositivo e muitos deles carecem de orientaCiies de como lidar com este tipo de

conduta

A disciplina escolar e urn conjunto de regras que devem ser obedecidas para

o exito do aprendizado escolar Portanto ela e uma qualidade de relacionamento

humano entre 0 corpo docente e 0$ alunos em uma sala de aula e

consequentemente na escola respeitando as caracteristicas de cada urn dos

envolvidos (TIBA 1996)

Para que haja disciplina em sala de aula isto e alunos motivados satisfeitos

com a aula e necessaria que 0 professor seja urn grande conhecedor do que

ensina da realidade que 0 cerca e tenha a capacidade de envolver 0 aluno na sua

sala usanda uma metodologia e uma didatica que nao deem margem a apatia ao

cans890 a monotonia para ambas as partes 0 aluno deve sentir-se desafiado e

envolvido no processo a todo instante A capacidade de empatia entre professor e

aluno e 0 segredo do sucesso no relacionamento entre ambos

Para TIBA (1996) a indisciplina na escola e vista como conseqOencia do

sistema educacional brasileiro que afeta diretamente as rela90es dos individuos em

sal a de aula e na escola Urn sistema total mente falido unido as caracteristicas

pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita~oes do professor e

toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sala de aula A auto-

estima e citada pelo autor como fundamental para um comportamento bem

integrado Ele aponta tambem inumeras sugestiies para os pais e professores no

sentido de como educar desde os prirneiros dias de vida para a disciplina que nao

submete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemplo e 0 dialogo

Por outro lado encontra-se a escola tentando cumprir a sua funCao (orientar

na constru~ao do conhecimento) e freqDentemente quando 0 professor se depara

26

com um alune que esta precisando de ajuda no aspecto emocional encontra-se

despreparado para lidar com a questao reagindo com intolerancia Consideram

muitas vezes mais tacil fazer julgamentos como 0 alune naD tern jeito bulle da

familia tal todos as irmaos desta familia ja fcram meus alunos e sao todos i9uais

Eventualmente recusam-se a participar de cursos de atualiza9ao e aperfei90amento

e preferem adetar a postura de que sabem que 0 alunD naD tern jeito mesma e nada

S8 tern a fazer a que favorece 0 rebaixamentoda auto-estima do alune e 0

agravamento do problema gerando disc6rdias e aborrecimentos na escola

Urn Dutro aspecto a ser considerado e que tudo sa tornaria mais facil para a

crianca se ao ingressar na escola ela pudesse encontrar um ambiente acolhedor

com regras bern definidas professores conhecedores dessa realidade com

formacaopsicol6gica para propiciar momentos de tomada de consciencia do porque

daquele comportamento fazendo acontecer a catarse e redirecionando as modos de

agir de tais crian~s e adolescentes Porem a realidade das escolas e bem outra 0

proprio ambiente e a mentalidade favorece que ela a crianca a adolescente

coloquem toda a agressao reprimida suas neuroses seu 6dio seus sentimentos

de culpa sua revolta contra a autoridade e a patrimonio escolar Muitas vezes 0

atuno encontra professores que nao se libertaram dos traumas e problemas dos

quais eles mesmos foram vitimas na primeira infancia alern de desconhecerem e

nao saberem lidar com a crianca e 0 adolescente problematico pelo desprepara

pedag6gico e a falta de metodos adequados e atrativos para prender a aten9ao e 0

interesse de seus alunos Sua pratica pedag6gica e pobre de recursos e estrategias

que desafiem e motivern tais alunos a se auto valorizarem elevando a auto-estima

Urn dos pontes mais comuns entre as indisciplinados e a sentimento de

menos valia aem da fata de conffan9a nos contatos e na produtividade Percebe-se

27

assim que para reverter essa questao naD basta trabalhar com a aluno E

necessario urn trabalho junto aos professores e familias criando estrategias que

modifiquem 0 ambiente e urn relacionamento mais verdadeiro mais equilibrado

deve ser estabelecido em todos as sentidos - trabalhando-se em equipe

28

3 0 CASO DE UMA CRIANCA COM TRANSTORNO DESAFIADOR OPOSITIVO

Foram utilizadas entrevistas com a mae professores e irmaos Encontros com

a crian-a em sess6es com durayao de 50 minutos cnde utilizou-se de metod as

como desenhos brincadeiras jogos regrados massa de modelar

31 HIST6RIGO DO GASO

F e urna rnenina de cinco anos cayula tendo um irmao de 21 anos e urna

irma de 17 anas de idade

o pai faleceu com 49 anas ha apraximadamente 01 ana e a mae atualmente

com 49 anas teve F com 43 anas

o pai fai marta par paliciais em frente a sua casa Estava bebada e saiu a rua

armada e um carro da palicia apareceu e 0 viu sentado na calcadalogo depois

vieram muitas viaturas e a mae pediu que levassem 0 marido para passar a noite na

cadeia mas que naD fizessem nenhum mal a ele Neste momento 0 pai de F

comeyou a atirar e aS policiais (segundo a mae 18 policiais aproximadamente)

invadiram a casa e comeyaram a atirar A familia fa para os fundos da casa e a mae

passou F par cima do muro para a casa da vizinha Quando a familia voltou para

frente da casa as paliciais disseram que a pai de F estava ferida na perna e

levaram-na para a hospital mas segundo a relata da mae ele ja estava marta e

havia na verdade levado urn tiro na cabeca F nao viu a cena mas escutou tudo

Ganforme relata da mae a partir da data do acarrida F naa abedece faz de

canta que naa escuta e quando quer alga came9a a tremer A mae diz que a filha

29

ficou assim desde a marte do pai pais este a bajulava muito fazia tudo 0 que ela

desejava

F sempre foi mimada pelo pai este nunca repreendia a filha por algo de

errado que ela fizesse Para 0 pai F nunca estava errada inclusive quando ela e a

irma mais velha brigavam 0 pai sempre ia em defesa da mais nova e para protege-

la amea98va bater na mais velha

A queixa principal da mae e que F comeya a tremer quando quer algo de que

gosta muito nao obedece a regras e Iimites impostos pelos responsaveis

Nas observayiies comportamentais notou-se que F testa os limites dos

adultos para conseguir 0 que deseja e as pesso8s que a cercam para se livrarem

das birras acabavam por fazer 0 que ela queria Mas essas mesmas pessoas

comeyaram a perceber que a falta de regras e limites jil ultrapassava 0 limite do

suportaveJ

Segundo HANISH et al (1999) 0 transtorno desafiador opositivo aparece

antes dos 10 anos Normalmente torna-se aparente na idade pre-escolar que e 0

caso desta crianga

Na escola F naD interagia com as colegas na hara de fazer brincadeiras em

grupo nac conseguia se relacionar com as colegas quando a professora pedia para

fazer alguma atividade F fazia do jeito que queria e nao como a professora

solicitava

Para que houvesse progresso no tratamento foi fundamental que a mae e as

demais pessoas que rodeiam a crian~a modificassem sua forma de agir e para que

isso ocorresse foi preciso fazer urn remanejo de conduta dessas pessoas Fez-se

pois necessaria orientacao e treinamento para auxilia-Ios nesta mudanlta

30

32 EVOLUCAO DO CASO

As intervenyoes utilizadas neste casc com a mae fcram em forma de

orientayao na freqOencade pelo menDS uma vez par meso Mais recentemente este

trabalho com a mae vern sendo feito a cada quinze dias

Em conversa com a mae esta mencionou que naD queria fazer como seus

pais naD que eles fassem ruins disse ela mas eles nao conversavam e naD tinham

tempo de dar aten9ao e de ensinar os deveres da escola Tudo 0 que ela aprendeu

na escola foi par esforyo proprio e naD queria que isso acontecesse com sua filha

entaD ela au as irmaos mais velhos sentam com F e a ensinam

Mais tarde foi feita uma entrevista com a professora e esta mostrou todas as

li90es de F e disse que aquelas atividades nao haviam side feitas pela crian9a e sim

por seu irmao e que a professora ja havia mandado bilhetes pedindo que nao

fizessem mais as atividades da escola par F A mae foi orientada a dar mais

incentivo a F em lugar de fazer os deveres por ela pois F nilo tinha problemas de

aprendizagem mas par falta de incentivo poderia vir a ter

Com F foram utilizadas brincadeiras como pintura com aquarela desenhos

massa de modelar hist6ria infantis Atraves destes me-todosforam utilizados refor~o

e a punicao quando necessarios

o refor9Q foi atraves de elogios sorriso e aten9ao quando F realizava urn

comportamento desejavel A punitao consistiu em retirar uma atividade que ela

gostava muito como desenhar OU tambem ignorar a sua atitude mantendo a calma

No terceiro encontro F mencionou 0 pai dizendo que ele comprava doces

para ela mas nao quis continuar falando sobre ele alegando que 0 irmao mais velho

nao gostava Mais tarde em outras sess6es tornou-se claro ser isto fantasia sua

31

Nos primeiros encontros corn F ela demonstrou S8r cordata entretanto a

partir do quarto encontro F mostrou comportamentos de manipula9ao ou seja

querer controlar a situacao e que tude salsse da forma que queria para que todos

as seus desejos fossem realizados atitude comum em casa ou na escola

A quinta sessao foi para verificar a interacao de F com a mae F mostrou-se

intransigente naD obedeceu a nenhuma das ordens da mae na hora de guardar as

brinquedos gritou com a mae e esta demonstrou claramente nao conseguir dar

limites a sua filha A mae conseguiu dizer neste momento que se F estivesse em

casa iria apanhar com uma varinha mas ista naD adiantou pais F ficou irredutivel

Ao final da sessao quando tudo estava no seu devido lugar F ja estava agindo como

se nada tivesse ocorrido a mae mencionou que F era muito nervoS8

A partir da sexta sessao loram leitos contratos com F os quais ela aceitou

com lacilidade

Apos 0 contrato feito na sessao anterior na setima sessao foi trabalhado a

limite atraves de acordos leitos com F como pedir para que ela escolhesse

somente tres tipos de brinquedos da caixa que s6 iria embora quando a horario da

sessao terminasse e que as Iimites seriam colocados pela terapeuta Com estas

regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela queria

A partir da oitava sessao loi levantada a hip6tese do problema de F ser

transtorno desafiador opositivo pais ela demonstrou as comportamentos de querer

dominar e mostrar que poderia mandar mas com muita paciencia foram impastos

limites atraves do silencio mostrando que nem tudo poderia ser como ela queria e

assim acabou aceitando

A nona sessao loi destinada a orientar a mae em como agir com a filha e loi

proposto para que a mae assistisse a proxima sessao atras do espelho

32

Como foi sugerido para a mae na sessao passada ela ficou ats do espelho

para ver como a filha interagia e poder verificar qual seria a melhor forma de lidar

com ela

A decima segunda sessao foi destinada a mae para verificar como estava 0

comportamento de F fora da terapia Ela comentou que 0 comportamento da filha

melhorara muito que as tremores 56 ocorriam esporadicamente Foi orientado amae que quando Dcarressem as tremores ela deveria fazer de conta que naD havia

percebido nada

Foram feitas diversas sess6es seguidas mais precisamente da decima

terceira il decima setima com F destinadas a trabalhar regras e limites Este

trabalho foi realizado atraves de acordos com F como por exemplo pedir que ela

escolhesse apenas tres brinquedos da caixa au escolhesse entre desenhar e ouvir

historias au ainda entre conversar e brincar tambem poderia escolher entre brincar

de casinha e desenhar

A decima oitava sessao foi urna sessao diferente pOis foi destinada aprofessora de F para verificar como F estava S8 comportando e se relacionando

com colegas em sala de aula enos interval os A professora levantou a hip6tese de F

ter problemas de aprendizagem pois as atividades escolares dela nao eram

compativeis com a de seus colegas de classe Mas foi constatado atraves das

atividades que eram enviadas para serem feitas em casa que 0 que faUava para F

era estimulo pOisseu irmao fazia suas atividades por ela

Foram feitas duas sessoes seguidas (decima nona e vigesimal para

comprovar se havia problemas de aprendizagem com F Sessoes estas de recorte e

colagem e de hist6ria (Cinderela) Com estas atividades pode se constatar que F

33

tern plena capacidade de realizar tarefas sDzinha talvez com uma pequena

orienta9ao quando solicitado por ela

A vigesima primeira foi mais uma sessao dedicada a orient89ao a mae

quando esta mencionou que Festa cada vez melhor seus tremores quando quer

chamar a aten9ao estao diminuindo a cada dia

No vigesimo segundo encontro com F a interven9ao utilizada foi 0 desenho

Eta desenhou margaridas e mencionou que se fosse uma planta queria ser uma

margarida e S8 fosse urn objeto queria ser uma estrela Ja na sessao seguinte que

foi a vigesima terceira a intervencao utilizada foi brincar de casinha cnde F mostrou

a sua intera9ao familiar dizendo que trabalhava em um hotel (como na realidade sua

mae trabalha) 0 marido trabalhava em hotel e seu pai estava muito doente (na

realidade ja e falecido) e tinha muitas dores no corpo

Ate 0 momento foram feitas as vinte e tres sess6es aqui descritas nas quais

a crianya demonstrou significativas mudantas no comportamento

33 ANALISE DO CASO

Inicialmente F nae obedecia fazia de conta que naD escutava e quando

queria algo come9ava a tremer nao obedecendo a regras e limites impostos pelos

respons8veis A mae dizia que a filha ficou assim desde a morte do pai pais este a

bajulava muito fazia tudo 0 que ela desejava

Notou-se que F testava os limites dos adultos para conseguir 0 que desejava

e as pessoas que a cercavam para se livrarem das birras acabavam par fazer 0

que ela queria

34

Na escola nao conseguia se relacionar com os colegas quando a professora

pedia para fazer alguma atividade F lazia do jeito que queria

A mae de F fazia as atividades par ela dizendo que ~nao queria tazer como

seus pais naD que eles fassem ruins mas eles naD conversavam e naD tinham

tempo de dar atenC80 e de ensinar as deveres da escola

Durante 0 tratamento F inicialmente demonstrou ser cordata posteriormente

mostrou comportamentos de manipulayM querendo controlar a situayao e

procurando forcar que todos as seus desejos fassem realizados Na presenva da

mae nao obedeceu a nenhuma das ordens dela gritou e ficou clara a dificuldade da

mae em dar limites a filha F mostrava-se muito irritada

Foram feitos contratos com F e passou-se a trabalhar atraves de acordos as

limites Com estas regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela

queria

No tratamento foi fundamental que a mae e as demais pessoas que rodeiam a

crianya modificassem sua forma de agir Foi orienlado a mae que quando

ocorressem as tremores ela devena fazer de conta que nao havia percebido nada

Em sessao com a professora de F constatou-se que a hipotese de

problemas de aprendizagem se apresentava mais em lace da lalta de estimulo para

que esta realizasse suas pr6pnas atividades ao inves de que outras pessoas as

fizessem por ela Foram leitas sessees com a finalidade de comprovar se F tinha

problemas de aprendizagem e verificou-se que esla linha plena capacidade de

realizar as tarefas sozinha Em relayao a interayao familiar F dramatrizou em uma

atividade que sua mae trabalhava em um hotel 0 que correspondia a realidade e 0

marido trabalhava em hotel que seu pai estava muito doenle e tinha muitas dores

35

no corpo quando na realidade seu pai ja era falecido Mostrava com isso a falta que

a funy80 paterna Ihe fazia

A mae de F I numa sessao dedicada a sua orientay8o mencionou que F

estava cada vez melhor e que seus tremores para chamar a atenC80 estavam

diminuindo a cada dia

36

4 ORIENTA~OES AOS PAIS

ZAGURY (2001 p59) na complexa tarefa de dar limites sem ser autocratico

ou seja de como disciplinar sem bater OU sem ser coercitivQ com a crianya sugere

algumas estrategias

bull Premiar ou recompensar a born comportamento - sempre que a crianca

tiver atitudes corretas devemos ressaltar este tatoo E bern comum que as

pais muito ocupados com tarefas cotidianas esqueltam de elogiar

somente lembrando de ralhar quando os ftlhos fazem algo errado Desta

forma as criancas entendem que naD vale a pena fazer tudo certinhon

pois nao recebem aprova9ao A melhor forma de alcan9ar um objetivo

educativo e elogiar incentivar e ressaltar tudo a que a crianca fizer de

positivo

bull Diferenciar premiar de dar coisas materiais - apesar do consumismo

vigente as crianvas ainda valorizam mais urn carinho urn elogio sincero

reconhecimento do esforco do que presentes dinheiro e viagens

Eventualmente pode-se presentear materialmente mas e importante nao

comprarmos as crianras pois desta forma elas aprendem a agir de modo

calculista Se dermos nosso carinho e aprovayao seu ego se fortalecera

sua auto-estima se elevara e gradualmente a crianya sentira prazer em

agir de forma adequada

bull Fazer com que a crianya assuma as conseqOemcias dos seus atos - com

carinha e naturalidade devemos conversar e agir apontando seus erras e

fazendo com que reftitam sobre as atitudes incorretas antieticas ou

egocentricas tomando 0 cuidado de deixar claro que 0 que desaprovamos

37

sao as atitudes incorretas e naD suas caracteristicas pessoais 5e mesma

ap6s a explica~o a crianca reincidir na atitude incorreta entao e 0

momento de faze-Ia compreender que e responsavel pelos seus atos e

tambem pelas suas conseqGencias Deve-se ressaltar as consequemcias

do ato born carinho aprova~o estimulo etc Como do ato incorreto

desaprova9ilo nao reforyamento deixar de fazer algo que gostam etc

Deve-se ter em mente que as elogios premiacoes bern como as puni90es

devem ser proporcionais ao fato Ou seja e necessario que se tenha born sensa e

equilibrio para que as acoes sejam autenticas e valorizadas pel as criancas

COUTINHO FILHO (2003) tambem sugere algumas possibilidades para

colocar parametros de limites para a crianca

bull Nao coloque limites conforme seus desejos pessoais

bull Demonstre que voce e as demais adultos tambem tern limites a respeitar

bull Diga qual puni9ilo a ser dada para cada limite ultrapassado e nao deixe de

executa-Ia

bull De puniyoes brandas para atitudes brandas e puniyoes pesadas para

atitudes pesadas

bull Deixe claro que a puniyao Eo pelo ate e nao pela pessoa

bull Justifique os motivos do limite Nao faca isso porque nao quero ou nao

gosto nao Eo justificativa

bull Repita quantas vezes for necesstuio

bull Use sua autoridade sem provocar submissao e mal estar

bull Use da afetividade para impor limites

38

ZAGURY (2001) destaca pontos importantes para nao perder a autoridade

perante os filhos

bull Cumpra 0 que disse (seja premia ou conseqOemcia) ou seja ameacou

execute prometeu faya

bull Seja coerente 0 que nao pode nao pode nunca (salvo raras excessoes)

nao mude de atitude como quem mud a de roupa (au de acordo com 0 seu

humor)

bull Faya com que seus filhos gradualmente assumam responsabilidades

Deixe que eles participem das decisoes sabre premios ou conseqOeuromcias

- isto ajuda a amadurecer e compromete a crianca e as jovens que

aderem mais ao que ajudam a construir (mesma que sejam sans6es para

eles proprios)

bull Cuidado com 0 que diz e com 0 modo como diz - critique 0 ato nunca a

pessoa ou a personalidade de seus filhos Trate somente do assunto que

S8 esta analisando no momento naD desenterre coisas do passado sem

necessidade Nao fique com pena da crianya se ela chorar ficar triste

nao talar com voce E melhor ela ficar triste hoje mas aprender a respeitar

o pr6ximo a 5i propria e a palavra empenhada do que sofrer futuramente

nos seus relacionamentos interpessoais

Segundo TIBA(2002) os filhos nao vem com manual pois eles mesmos sao 0

manual au seja cada criancaencerra uma individualidade e a cada dia os pais irao

aprendendo com cada filho E importante neste aprendizado os pais privilegiarem 0

desenvolvimento relacional atraves de um procedimento basico que deve ser

aplicado a cada fllho Para TBA (2002) ese procedimento e valido para qualquer

39

relacionamento entre pessoas de qualquer idade mas que e relevante na formaC8o

da auto-estima da criancadesde 0 seu nascimento Para 0 atendimento integral a

uma crian9 sao cinco os passos parar ouvir olhar pensar e agir (TIBA 2002

p127)

TIBA (2002) descreve os cinco passos da seguinte forma

1 Parar - parar 0 que estiver fazendo ou pensando e dar atenyao total acriancaCasa naD possa parar naquele exato momento vale colaear uma

das maos no ombro da crian9 enquanto diz que logo vai atende-Ia A

crianya deve ficar esperando ali juntinho de voce Pode ser que ela queira

sair para voltar logo depois Se a iniciativa de sair for da crianca a

responsabilidade de voltar sera dela Mas deve evitar ao maximo dizer

para a crianca ocupar-se com Dutra caisa enquanto voce termina 0 que

esta fazendo Nem sempre ela volta outra vez pelo mesmo motivo E

tambem fundamental deixar de lado ideias preconcebidas sobre 0 que a

crianca vai fatar Se voce pensa ~Iavern aquela chata me encher Dutra

vez seu cerebro ja esta preenchido em parte com esse pensamento e

voce perde a chance de atende-Ia integralmente

2 Ouvir - e a parte racional Os pais devem olhar no funda dos ahos da

crianca como se a Duvissem com as ahos A criany8 precisa aprender a

se expressar Nao se deve tentar adivinhar 0 que ela quer Quando pede

alguma coisa esta desenvolvendo sua capacidade de pensar de formular

uma pergunta e de se expressar para que outras pessoas possam

compreende-Ia

3 Olhar - e a parte instintiva Num piscar de olhos uma pessoa consegue

ver tantas coisas que levaria muito tempo explica-Ias em palavras Tudo 0

40

que se percebe visualmente tambem tem que ser considerado para

compreender a crian9a

4 Pensar - lados os elementos percebidos tanto visualmente quanto

verbal mente mais 0 sentido educativo que se que ira imprimir na forma9ao

da criana devem fazer parte da resposta a ser dada Sentido educativo e

o objetivo a ser atendido com a educaao que esta sendo dada (Quer que

o filho seja egoista Coloque-o sempre em primeiro lugar em detrimento

dos outros e diga sim a todos os seus desejos Quer que ele seja feliz

Ajude-o a desenvolver a satisfailo pelo que e e pelo que consegue fazer

a tolerimcia a compreensao dos Qutrosa vontade de ajudar a quem pede

e a etica do bem)

5 Agir - essa aao ou resposta deve ser bem clara e objetiva Melhor ainda

se voce puder se assegurar de que a crianca real mente saciou sua

vontade

E importante ressaltar que os cinco passos devem ser utilizados em todas as

situayaes desde 0 tombo da crian98 pequena ate quando a crian98 crescer Ao se

utilizar este procedimento basico as atitudes dos pais tendem a ser coerentes Par

exemplo se uma crianca calr naD e necessaria as pais sairem desesperados em

todas Situ8COeS mas avaiar se 0 tombo foi grave QU se foi urn tombinho que naD

precisa de maiores cuidados Tambem as pais naD devem sair dizendo que chao

feio que passa a falsa ideia que 0 chao e culpado pelo seu tombo a criana tem

que aprender que ela deve ter cuidado Se ela se choca uma ou duas vezes numa

mesa ela aprende a ter cuidado por sua pr6pria experiencia TIBA (2002 p133)

41

destaca que a afobayao e a reacao exagerada dos pais geram inseguran9a na

crianca

Outre fato bastante comum e as pais deixarem as ftlhos ganharem jogos par

exemplo tentando agrada-Ios mesmo que os deseduquem As crian9as tern uma

sabedoria natural Brincam e competem de acordo com as conhecimentos e as

capacita90es de que disp6ern E mais facil para 0 pai brincar como se fosse crian98

e deixar 0 filho ganhar sempre Esse comportamento contudo da a crianca uma

visao irreal do que e jogar Ganha-se algumas vezes perde-se outras (TIBA 2002

p136) Ou seja e mais educativ~ para a criana descobrir que podemos ser bons

em algumas caisas mas nao em tudo Passa-se uma experiencia da realidade para

a crianC8

TIBA (2002) tambem cita 0 caso de colocar a crian9a no colo enquanto se

dirige urn carro A crianC8 tern a falsa sensacao de que comanda 0 veiculo mas issa

nao passa de urn poder irreal Ao dirigir urn carrinho de brinquedo ela poderia de fato

se sentir poderosa IS50 sem falar que quando 0 filho crescer ao 15 anos par

exempla vai querer sair com 0 carro do pai mesmo sem poder Mas quando era

criancaeu podia

o caso classico da criancaquerer dormir com os pais tambem e abordado por

TIBA (2002) segundo 0 autor 0 ideal e que desde bebe a crian9a deve aprender a

dorrnir no seu lugar mesmo que ache mais gostoso aninhar-se entre os pais Ir cada

urn para sua cama da 0 sentido de que cada urn tem seu territorio ai tambem

estamos delimitando limites onde sao respeitados 0 so no e 0 espacode cada urn

Crian~asmaiores que ja andam devem ter um lugar (ou quarto) proprio para dormirMesmo que ocasionalmente adorme~am na cama dos pais e importante que sejamlevadas a sua cama para que acordem la Nao devem adquirir 0 habito de dormir nacama dos pais Tenha paciencia e fale claro em born tom olhando seriamente nofundo dos olhinhos dela ~Cada coisa no seu lugar cada pessoa na sua cama~

42

Quando a crian(f3 percebe que 0 limite e coisa sena e vai ser cumprido procura seajustar(lIBA 2002p115)

OLIVEIRA (1999 p120) enumera as diversos problemas que causam a fato

dos filhos permanecem no quarto dos pais na hora de dormir considerando-as de

difieil recupera~aoposterior

1 Faita de valorizayilo da privacidade tanto do casal como da crianya

2 Mantem a relacao simbi6tica au seja a li98980 existente entre mae e

bebe prejudicando 0 desenvolvimento emocional da crian93

3 A crianya tende a formar relayao de dependencia da protey80 e da

preseny8 dos pais ate mesma durante 0 sono

4 Quando chegar a fase em que a crianca elege entre 0 pai e a mae 0 seu

preferido tenta afastar 0 autro esticando-se e virando-se na cama de

modo a deixar a preterido desconfortavel a ponto deste mudar de lugar

sair da cama e ate mesma do quarto

E importante ressaltar que sempre as regras devem ser claras e naD sujeitas

a mudancas pois a organizacao interna dos filhos fica muito prejudicada se dormir

au nao na cama dos pais se transforma numa possibilidade que depende apenas do

humor dos pais ou de quanto 0 filho se recusa a dormir sozinho (chorando

acordando diversas vezes etc) A crian9a com autonomia de sono e mais

independente e feliz (TIBA 2002 p116)

Enfatiza-se que na maiaria dos casas as pais permitem que as criancas

fiquem ate mais tarde no quarto deles nao e par uma exigemcia ou necessidade da

crianya mas par alguma deficiencia desequilibrio au imaturidade dos proprios pais

(OLIVEIRA 1999 p122)

43

Em relaiio ao choro da crian9l ressalta-se que ha dois tipos de choro 0 que

expressa dor e 0 que busca pader

Se 0 filho descobrir que pade usar a chom como fonte de poder as pais estaoperdidos Nunca mais saberao dizer se ele chara par dar au poder Urn chore depoder Necessita dos olhos e dos ouvidos de quem se quer dominar Ingenua acrianya que usa 0 choro como pader para imediatamente apes conseguir 0 que querOai a importancia de as pais ficarem atentos para nao ser manipulados (TIBA 2002p158)

o choro que apela para 0 lade coitadinho inspira ternura Eo urn tipo de

manipula9ao que busca 0 dominio pela chantagem aletiva Eo dilicil neutralizar 0 uso

do choro como arma

Segundo liSA (2002 p159) Urn pouco de dor nao matara a crian9a assim

como urn poueD de pader nao matara as pais ( ) Se traumas infantis matassem a

humanidade estaria extinta Nao ha filho que nao tenha side contrariado A imensa

maioria deles tern condi90es de agOentar contrariedades 0 autor destaca que pais

que sao soHcitos ao extrema nao trayam um born e segura trajeto para seguir 0

resultado e que a crianya fica insegura pais perde a confianca neles ela pressente

que as pais nao tern firmeza nas suas decisoes e sao manipulaveis

Deve-se tomar cuidado com as exageros urn erro cometido pelos pais

desde que nao seja baseado na violencia em surras socas e pontapes naa traz

problema nenhum Atos como esses descarregam a raiva mas nao tern forlta

educativa pois violmcia s6 gera violencia (liSA 2002 p159)

Em rela9aOaos pais lazerem as tarelas pelos filhos ou ainda pior comprar os

resultados ressalta-se que este tipo de atitude nao ajuda a crianlta cria

dependencia e compromete 0 desenvolvimento escolar Alem disso as pais acabam

privando os filhos do gosto de uma conquista dando uma mensagem subliminar de

que eles sao incapazes Os pais nao devem privar os filhos do gosto de uma

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

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Limites sem trauma - construindo cidadaos 25 ed Rio de JaneiroRecord2001

WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

Page 6: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

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2 REFERENCIAL TE6RICO

21 TRANSTORNO DESAFIADOR OPOSITIVO

211 Defini980

A defini9ao do reterido transtorno e a seguinte 0 transtorno desafiador

opositivo e urn padrao recorrente de comportamento negativista desafiador

desobediente e hostil para com figuras de autoridade (HANISH et ai 1999 p63)

A frequemcia e intensidade de comportamentos opositivos na crianltapode

justificar 0 diagn6slico de translorno desafiador opositivo Este Iranslorno tem sido

comum no inicio da infancia com condutas opositivas mais evidentes per volta dcs

seis anos de idade A identificayao e a tratamento precoces do transtomo desafiador

opositivo e recomendavel pois a inlensifica980 das condutas hostis podem evoluir

para comportamentos anti-sociais mais graves e desenvolvimento do transtorno de

conduta (HANISH et ai 1999)

HOLMES (199) descreve 0 Iranslorno desafiante oposicional como sendo

semelhante aos transtornos de conduta porem menes serios Os individuos com 0

transtorno desafiante oposicional sao caracteristicamente negativistas desafiadores

argumentativos e hostis Eles diferem das pessoas com outros transtornos de

conduta no sentido em que ao inves de atuar contra os outros eles sao ativamente

resistentes aos outros As criancas com transtorno desafiador oposicional tendem a

se descontrolar discutir com adultos recusar-se a fazer 0 que Ihes e dito e

intencionalmente fazer coisas para incomodar os outros

4

ALMEIDA et 81 (1996) destaca entre os disturbios psiquiatricos descritos no

DSM-IV eixo 1 que costumam ser diagnosticados pel a primeira vez na infancia ou

adolescencia 0 disturbio com provoca9lio e oposi9lio que deve ser diferenciado do

disturbio de conduta e de disturbios reativos a situa90es de estresse e de

comportamentos anti-sociais decorrentes de quadros pSicoticos como a mania

Segundo HANISH et 81 (1999) uma crianya para atender aos criterios

diagnosticos do transtorno desafiador opositivD deve apresentar no minima quatro

dos seguintes itens nurn periodo de aproximadamente seis meses

Crises de raiva

Discussao com as pais e outros adultos

Desobedimcia a regras e solicita90es dos adultos

Fazer coisas que aborrecem outras pessoas propositadamente

Acusar outras pessoas

Incomodar-se facilmente com as outros

Ficar com raiva e ressentimento

Ser vingativa ou maldosa

Quando pelo menos quatro das condutas acima estiverem freqOentemente

presentes em crian~asquando estes comportamentos nao sao tipicos da sua idade

e desenvolvimento e com prejuizo do funcianamento social escalar au acupacional

e diagnosticado 0 transtorno desafiador opositivo

5

212 Diagnostico Diferencial

Ressalta-se que 0 diagnostico de transtorno desafiador opositivo naD deve ser

dado se forem preenchidos os criterios de transtorno de conduta ou quando os

comportamentos opositivos ocorrerem somente durante urn transtorno de humor au

psicotico (HANISH et ai 1999)

Em rela9ao a diferencia9ao entre 0 transtomo desafiador opositivo e 0

transtorno de conduta HANISH et al (1999 p64) ressalta

C ) urn fator que diferencia 0 transtoma desafiador opositivo e 0 transtomo deconduta e 0 fata de que esle ultimo envolve a nao-considera~o e 0 desrespeito pelodireito dos Quiros () As crian~s com transtomo de conduta norrnalmente ternpouca au nenhuma preocupa980 em rela9secto ao impacto de sua conduta sabre asQutros ( ) Traduzindo em termos cognitivos as criancas com transloma de condutaparecem pensar pouco sabre as conseqOmcias de suas atitudes e apresentammenor habilidade de raciocinio moral enquanto as criancas com transtomodesafiador opositivo apresentam pouca habilidade de resolucao de problemas etentam utilizar a oposicao como fonna de coercaode condutas em especial de outraspessoas significativas (per exemple os pais)

Outra diferenciacao importante e entre 0 transtorno desafiador opositivo e 0

desafio e a oposi9ilo normal da idade 0 que acontece em crian9as normal mente no

periodo pre-escolar No caso do desenvolvimento normal da crianca os

comportamentos opositivos tern seu pico no inicio da inffmcia e diminuem com 0

tempo aqueles que caracterizam 0 transtorno desafiador opositivo continuam e

pioram com a idade (HANISH el ai 1999)

o disturbio de conduta ocorre em 3 a 7 das criancas e adolescentes com

predominancia na adolescencia e no sexo masculino Os sintomas costumam

aparecer entre 0 inicio da infancia e puberdade e costumam persistir ate a idade

adulta As principais conseqOencias na idade adulta envolvem abuso de drogas

6

discordia conjugal dificuldade em arrumar emprego prisao e morte prematura

violenta (ALMEIDA et ai 1996)

Os sintomas do transtorno de conduta giram em torna de um padrao

persistente de maus comportamentos no qual 0 individuo infringe regras e viola 0

direito dos outros e geralmente ultrapassam a idade infantil mantendo 0

comportamento disruptivo e criminoso mais tarde na vida (HOLMES 1997)

o disturbio de conduta se caracteriza par urn comportamento anti-social

persistente As crian9as tendem a mentir roubar faltar as aulas sem motivD se

envolver em hrigas constantemente fugir de casa agredir fisicamente os Qutros ser

cruel com pessoas e animais destruir propriedades alheias de forma deliberada

apresentar baixo rendimento escolar problemas de relacionamento com as colegas

e em casas mais intensas assaltar a mao armada cometer estupros e homicidias

(ALMEIDA et ai 1996)

213 Influencias Familiares

o papel da familia particularmente os pais pode influenciar 0

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo KRUESI e TOLAN citados por

HANISH et al (1999) identificam tres caracteristicas dos pais que tendem a

aumentar a probabilidade do aparecimento do transtorno desafiador opositivo e que

devem ser levadas em conta na formulaao do tratamento Sao elas pSicopatologia

dos pais praticas ineficazes dos pais e ruptura do casal

Como pSicopatologia dos pais encontramos principalmente 0 transtorno anti-

social de personalidade aiEimde outras formas como 0 uso de drogas e depressao

e varcfwes importantes como a maternidade na adolesceuromcia Na casa do transtarno

t~roj ~Slbullbullbullbullbullh

8MIl

anti-social nos palS e passivel a necessldade de Intervencao pOlS podem Interfenr

7

nas tentativas de modificar as praticas de manejo da conduta da crianl utilizadas

pelos pais (HANISH et ai 1999)

Algumas praticas ineficazes dos pais como as interacoes familiares

coercitivas tambem favorecem 0 desenvolvimento do transtorno desafiador

opositivo pois tendem a estar associadas a condutas opositivas desafiadoras e

hostis Segundo HANISH et al (1999 p65) diversos padr6es especificos de

interac6es familia res diferenciam as crian~s opositivas das nao-opositivas Par

exemplo as pais de criancas que naD obedecem tendem a refonar a conduta

opositiva e a ignorar DU punir as condutas sociais positivas ( ) Descobriu-se

tambem que eles sao mais criticos do que as pais de crianC8s que obedecem

Desta forma pais que impoem regras restritivas e fazem afirma90es amea9adoras

hostis e humilhantes favorecem as condutas opositivas dos filhos Em alguns

casas a conduta opositiva pede ser devida a disciplina inconsistente resultante do

medo e ansiedade dos pais em rela9ao ao fato de imporem limites ou san90es ()

muitos desses pais abusam de seus filhos ou os negligenciam (HANISH et ai

1999 p66) 0 comportamento opositivo das crian9as entao podem ter relacaocom

as interacoes familiares criticas conflituadas inconsistentes punitivas au

coercitivas

Os problemas conjugais tambem influenciam no aparecimenta do transtorno

desafiador opositivo e portanto devem ser considerados no plano de tratamento

() a evidmcia indica que as brigas conjugais apontam para a conduta disruptiva e

de nao-obediencia nas criancas Essa relacaoparece ser mais forte quando as pais

expressam hostilidade abertamente do que quando eles expressam uma

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insatisfaao geral e e mais pronunciada em meninos do que em meninas (HANISH

et aI 1999 p66)

HOLMES (1997) considera de risco os fatores que aumentam a probabilidade

de uma crian9a desenvolver disturbios emocionais ou comportamentais Os fatares

de risco podem incluir caracteristicas biol6gicas (perinatais) geneticas lamiliares

(pais com disturbios psiquiatricos criminalidade paterna disc6rdia conjugal grave

estresse familiar cranico) caracteristicas sociais (nivel s6cio-economico baixo)

Porem HOLMES (1997) destaca que mesmo sob condi90es adversas como

estresse e privacaoha crianyas capazes de S8 desenvolverem satisfatoriamente em

nivel emocional e social

No tratamento deve-s8 avaliar case a caso e muitas vezes avaliar 0

fundamento cognitiv~ da conduta dos pais para ptanejar urn tratamento familiar

adequado Pelo lato de as cren98s dos pais desempenharem um papel importante

no seu comportamento bern como no de seus ftlhos e importante entender em que

medida essas crencasestao envolvidas na determina980 da pSicopatologia dos pais

da paternidade coercitiva e inconsistente e da discordia conjugal e como esses

latores podem aletar a crian98 (HANISH et aI 1999 p66) Ou seja 0 tratamento

do transtorno desafiador opositivo deve envolver 0 treinamento dos pais nas

habilidades de manejo adequado e a modificaao de suas cren9as no que tange ao

manejo da conduta No treinamento dos pais deve-se focar 0 aumento da conduta

positiva e diminuiyao da negativa na crian~ ensinando-se aos pais principios do

aprendizado social e habilidades de manejo da conduta e de resolu980 de

problemas

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22 A RELACAO INDISCIPLINA x LlMITES - UM OBSTAcULO PARA A

APRENDIZAGEM

A questao da disciplina envolve varias faces de um problema E necessario

desenvolver uma visao sistemica e analisar par todos as o3n9u105 aluno escola

familia sociedade A motiva9ao e um fator fundamental para que 0 aluno seja bem

sucedido no sistema escolar permanecendo no mesmo e realizando as tarefas

necessarias para 0 seu conhecimento e aprendizagem Considera-se que 0 sucesso

dos filhos no sistema educacional decorre entre Qutras eoisas da motivacaoque as

familias conseguiram despertar neles em relacaoa instituicao

o problema indisciplina pode ser entendido como conseqOeuromciade um leque

de situa90es vividas em familia pais inseguros quanto a colocar ou nao Iimites

relacionamentos tensos entre pais excesso de zelo para reparar a culpa por ter que

deixar a criancaprivada do cantata com as pais que trabalham fora criancas que

passam a maior parte do tempo em frente da TV ou na rua com Qutras criancas

sofrendo tode tipo de influencias prejudiciais a sua educacao pais autoritarios ou

muito liberais falta de dialogo e bom exemplo no seio familiar desconhecimento da

importancia dos relacionamentos dos primeiros anos de vida como base da

formaC8oda personalidade par parte dos pais Sao estas criancascom hist6rias de

vida as mais variadas possiveis que chegam a uma escola e encontram ali narmas

rigidas ou ausencia de narmas Professores com uma serie de limitac6es na sua

forma9aO humana e academica que passam a desempenhar 0 papel de educador

em sala de aula

A familia e a escola devem atuar em parceria objetivando a aprendizagem e

o sucesso escofar do auno Elas sao 0 aicerce e modelo para que as criancas

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aprendam naD somente conteudos mas tambem a viver em sociedade com suas

normas et portanto e necessaria que tenham objetivos comuns em relacao a

val ores disciplina e convivio social Este suporte e proporcionado nao somente pelo

ambiente adequado mas no equilibrio e tranqOilidade do lar e da escola Assim

sendo 0 aluno nao S8 sente abandonado inseguro mas sim recebendo

orientacoes estimulos e principal mente exemplos de responsabilidade e respeito

Para WINNICOTT (1971) a saude do pais depende de unidades familiares sadias

com pais que sejam individuos emocionalmente maduros

Nao hit uma causa (mica para a indisciplina mas sim uma conjuncao de

fatares que interagem uns sabre 0$ Qutros que imobilizam 0 desenvolvimento do

sujeito e do sistema familiar nurn determinado momento afetando 0 aspecto

comportamental e a aprendizagem do aluno

o individuo ao ingressar na escola ja teve experiencias relacionadas a

diversas situac6es e ira reagir a esse novo ambiente Ha alunos com dificuldades de

adaptayao e rendimento insatisfatorio nos estudos por estarem comprometidos par

ansiedades e tensOes psiquicas

E imprescindivel que a familia e a escola deixem de ficar se cui pando

mutua mente e passem a refletir sobre sua funyao vital no desenvolvimento de

individuos adaptados ao ambiente realizados e capazes de utilizar suas

potencialidades de forma construtiva para a sociedade e consequentemente para

o fortalecimento da familia e da escola como instituicoes estruturadas e em

permanente evolucao

Ressalta-se urn aspecto muito importante relacionado a agressividade e mais

especificamente a indisciplina E a questao dos limites Pais e professores precisam

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ter em mente a importancia de trabalhar essa questao com filhos e alunos e

diferenciar a demarc8C8ode limites de autoritarismo ou abuso do poder

Sermos adequados e saber encontrar a distancia certa entre nos e a Qutro E

naD ocupar um espaco exc8ssivamente pequeno para naD nos sentirmos acuados e

ameacados evitando tomar-nos agressivos () Todo ser vivo necessita de um

espatominima para viver sem 0 qual torna-S8 agressivo e luta pela sobrevivencia

ou perece (MIRANDA 2001)

OLIVEIRA et al (1999 p151) destaca a importancia dos limites

A disciplina e 0 todo que engloba a organiza~o que mantE~m a ordem entre aseoisas e as pes50as 0 limite e a fator que determina 0 campo e a espalto daatualfao Portanto 05 limites sao urn dos principais fundamentos da disciplina 0limite e que determina onde os meus direitos terminam e onde iniciam os dos outros() E necessario que 0 limite comece a ser estabelecido desde a forma~o dapersonalidade da crianca ou seja desde 0 nascimento () Ensinar a crianya aobedecer limites e treina-Ia para a vida

E preciso que os adultos aprendam a nao invadir 0 esparo da crianca nao

permitindo tamhem que as crianyas invadam 0 espayo dos outros E necessaria

quebrar este cicio vicioso que faz com que a indisciplina continue a ser 0 centro das

atenc6es na escola e na familia Dar limites e nao impor Iimites este e 0 grande

desafio para pais e educadores

Para que a criancaaceite os Iimites impastos e necessario que os pais au a

pessaa responsavel acredite no que esta dizendo e 0 faca com firmeza e explique

para que a crianra acredite e para que absorva a ideia de que ela nao esta proibida

de tudo mas que nem tudo 0 que desejamos podemos fazer mas ela pode fazer

quase tudo (ZAGURY 2001)

Quando se da Iimites esta se fazendo urn ato de amor oj crian~a e ao futuro adulto

ensina-se a ele a viver em sociedade a respeitar e ser respeitado esta se poupando

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a crianca de cair no mundo das drogas e da violencia cnde 0 limite e muitas vezes a

marte

221 0 Papel da Familia

Os pais tem um papel fundamental na motivayao do aluno e sua participa9ao

e imprescindivel para que 0 aluno aprenda Desta forma a familia faz parte do tripe

que sustenta uma aprendizagem com sucesso Quando a familia esta tranqOila e a

rotina de casa esta equilibrada 0 aluno apresenta maiores oportunidades para urn

bom aprendizado

A familia e suporte fundamental para 0 bom desempenho escolar Pode-se

dizer que a clima familiar influencia no desempenho escolar e pade trazer prejuizos

ao rendimento escolar quando naD harmonioso

Se a familia naD da a crianca a base emocional firme 0 que tazer

E importante ensinar a crianca a identificar as sentimentos e lidar melhor com

eles

DAVIDOFF (1983) descreve como se da 0 desenvolvimento do ser humane

desde a concepcao e a importancia dos relacionamentos dos primeiros meses de

vida e da primeira infancia na forma9ao da personalidade e da socializayao futura do

individuo Para ela a base de urn relacionamento sadie entre mae e filho esia na

intensidade de afeto que a mae dispensa a crianca na amamentaC8o enos

cuidados na satisfa9ao de suas necessidades fisiol6gicas A qualidade das

intera90es sociais da crian9a estrutura a personalidade do individuo de algumas

formas importantes Falando de frustra90es conflitos e outras tensoes a autora

chama a aten9ao dos adultos que convivem com a crianca e 0 adolescente para sua

(~ )(~~l J 13

lt~C~responsabilidade em apoiar orientar e acompanha-Ios para que possam superar as

situaryoes conflitivas evitando assim 0 desenvolvimento de uma personalidade

agressiva e desajustada

DAVIDOFF (1983) vai mais alem ao dizer que pais maduros e seguros

envolvem os filhos em tomadas de decisao e assuntos da familia Apresentam

razoes para a que solicitam e proporcionam experiemcias graduais apropriadas para

a afirmayao da independencia Ainda assim retem a responsabilidade final Os filhos

dos pais maduros tendem a ser autoconfiantes independentes possuem boa auto-

estima e born relacionamento com suas familias Os pais autontanos preferem

taticas primitivas duras quando surgem conflitos insistem em obediemcia Sao

coercitivQs e favorecem a desenvolvimento de transtornos como 0 desafiador

opositivo No outro extrema os pais laissez faire que afrouxam totalmente as

limites sao totalmente igualitarios Todos os membros da familia estao

essencialmente Ilvres para fazerem deg que quiserern Raramente estes pais tomam

decis6es ou aceitam responsabilidades Os adolescentes filhos de pais autoritarios

e do tipo laissez faire tendem especialmente a ter problemas de ajustamento

o individuo age com relary8o a certas pessoas como seus pais se

comportaram para com ele Caso as imagos paternas que sao preservadas em

nossos sentimentos e em nossas mentes inconscientes forem predominantemente

rigidas nao poderemos estar em paz com n6s mesmos Odiamos em n6s as figuras

rigidas e intolerantes que tambem formam parte de nosso mundo interno e que sao

em grande parte a resultado de nossa agressividade para com as nossos pais

o homem e urn ser social ele precisa viver com as outros homens para

desenvolver suas necessidades basicas como 0 trabalho a criatividade a arnor par

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issa ele S8 juntou em comunidade As comunidades sao uma reuniao de pessoas

que tern interesses comuns au seja interesses iguais

Familia e 0 nucleo de pessoas aparentadas que tern la90s de sangue e que

se apoiam no sentido de manter 0 nucleo permanentemente em comunhao

Hit uma serie de expectativas sociais em relacao it familia e preciso que

socialize as criancastomando-as capazes de viver junto aos Qutros seres humanos

A institui9ao familia tern passado ao longo da historia da humanidade por crises

muito serias As formas de familias sao extrema mente variaveis E mais variaveis do

que dentro de nossa proprio pais sao as formas de familia de Qutros paises do

mundo

A familia ah~m de reproduzir novos seres humanos tenta produzir neles as

seus habitos costumes e valores atraves de gerayoes

A familia sempre foi a celula-mater de uma sociedade ou refUgio das

atribuiyoes do mundo Tambem a religiao impoe normas as familias que em torno

del a se reunem Grande parte do comportamento de uma familia no sentido moral econtrolado pela religiao em que ela acredita Em troca a religiao e sustentada pela

familia fazendo com que as crencas e preiticas mora is subsistam por seculos e

levando as pessoas a uma aceitacao de punicoes impostas

o prestigio social dos individuos na familia tradicional de seu

comportarnento diante de sua fe de seu comportamento em rela9ao a familia e de

sua origem e influenciado pelos costumes que traz atraves de geralt6es Durante

anos a familia conduziu-se como uma barreira diante de inovac6es e de formas

novas de ligalt8o homem-mulher-filhos Os vinculos familiares representam uma

seguran9a afetiva e material muito importante para 0 desenvolvimento do individuo

A historia da humanidade assim como os estudos antropologicos sobre os

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pavos e culturas distantes de n6s (no espacoe no tempo) esclarecem-nos sabre a

que e familia como existiu e existe hoje Mostra-nos como fcram e sao hoje ainda

variadas as formas sob as quais as familias evoluem se modificam assim como

sao diversas as concepcoesdo significado social dos la-os estabelecidos entre as

individuos de uma sociedade dada

Apesar dessas variacoes a forma mais conhecida e valorizada de nassos

dias a familia composta de pai mae e filhos chamada familia nuclear normal

Este e 0 modele que desde criancaS8 ve em livres escolares nos filmes na

televisao mesma que no seia familiar S8 verifique urn esquema diverso

A natureza das rela90es dentro de uma familia vai se modificando atraves do

tempo 0 aspecto mais problematico da evolU9aO da familia est sem d0vida

alguma ligado ao questionamento da posi9ao das crian9as como propriedade dos

pais e a posiryao economica das mulheres dentro da familia Inclui-se ai 0

questionamento da distribui9iio dos papis ditos especificamente masculinos e

feminin~s e esse e urn problema chave para 0 surgimento de uma nova estrutura

social

Nao se poder mudar a institui9ao familiar sem que toda a sociedade mude

tambem Pode-se afirmar ainda que qualquer modificayao na organiza~aofamiliar

implicara tambem numa modifica9ao dos rigidos papeis de esposa mae ou

prostituta os 0nicos atribuidos as mulheres Quanto as crianyas ha algum tempo ja

o Estado intervem entre pais e filhos e desde a pouco os pais sao passiveis de

denuncias pelos vizinhos caso punam fisicamente seus filhos

Atraves da escola do controle sobre os meios de comunica~aode medicos e

psic6lagas a pader dominante de cada sociedade mais au menos sutilmente imp6e

normas educacionais sendo dificil aos familiares contraria-Ias De uma maneira

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geral cabe ainda aos pais grande parcela de poder de decisao sobre seus filhos

menores Parcela essa cada vez mais contestada A esse pader equivalem por

parte dos filhos direitos legais em relagao aos seus pais em particular no sistema

capitalista Direitos a assistencia educayao manutenyao e participacao em seus

bens e proventos

A familia como toda instituigao social apresenta aspectos positiv~s enquanto

nucleo afetivo de apoio e solidariedade Mas apresenta ao lade destes aspectos

negativ~s como a imposicao normativa atraves de leis uscs e costumes que

impllearn formas e finalidades rigidas Torna-se muitas vezes elementa de coayiio

social geradora de conflitos e ambigOidades

A agressividade inata tende a sef ativada pelas circunstancias externas

desfavoraveis e inversamente e mitigada pelo arner e compreensao que a crianca

recebe 0 seu desenvolvimento e suas reac6es com 0 adulto devem ser

considerados como resultantes da interacao e influencias externas e internas

Um sistema familiar disfuncional nM permite ao aluno a maturidade

necessaria para conseguir urn born desempenho academico

A problematica emocional ligada a situayao conflitiva absorve a

disponibilidade perceptiva e reacional do individuo a estimula~ao externa

dificultando a sua integragao ao ambiente e perturbagao nao 56 a sua capacidade de

aten98o de concentra~ao de raciocinio mas sobretudo a de relacionamento Assim

sendo as dificuldades de assimilayao na aprendizagem escolar podem estar ligadas

a fixagoes emocionais (NOVAES 1970 p 145)

Geralmente criangas com problemas emocionais adotam atitudes agressivas

de inibiyao constri9ao regressao isolamento hostilidade oposigao indiferenya

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indisciplina exibicionismo dissimula~aosensibilidade e au emotividade excessivas

sendo freqOentesos problemas de mentira de furto e de natureza sexual

Na instituiyao familiar seja ela qual for e a ligayao emocional entre as

pessoas que as torna mats felizes e saudaveis

As perturbaltoes no ambiente familiar interferem no comportamento do

individuo Existe urn processo duple entre 0 lar e a escola as tensoes que sao

geradas num ambiente se manifestam como perturbaltoes no comportamento do

outro (WINNICOn 1971 p 223)

Resgatar a papel da familia e seus vaiores levan3i 0 aluno a sentir-se

amparado A autoridade paterna e materna participativa se faz necessaria na

criayao e educaltao na orientayao e aquisiltao de bons habitos influentes na

projeltaosocial das pessoas Nao necessariamente isto se refere a presenltafisica

de ambos os pais mas da existencia das funlt6esenquanto autoridade

A emoltaopermeia todos os aspectos da vida diaria do ser e tambem interfere

na aprendizagem fazendo-se necessaria urn conhecimento dos aspectos

emocionais para assim pader assistir 0 aluno em seu trabalho escolar A

estabilidade no ambiente familiar proporciona ao individuo seguranya e

independencia A participaltao da familia no cotidiano escolar e de suma

importancia para a aprendizagem

Os jovens nao podem se sentir abandonados eles precisam de exemplos e

sobretudo de afeto para a construltaode uma vida melhor

SOUZA (1995 p 58) considera que a inibiltaointelectual estaria na base da

dificuldade de aprendizagem Existem fatores da vida psiquica da crianlta que

podem atrapalhar 0 born desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaltao

18

com a aquisirao de conhecimentos e com a familia na medida em que as atitudes

parentais influenciam sobremaneira a rela~aoda crianca com 0 conhecimento

Ressalta-se que entre as variDS fatores que influenciam 0 aspecto emotional

da crian9a tem-se alcoolismo familia numerosa sem condicoes minimas estruturais

brigas freqOentes em casa abandono trabalho infantil etc A convivmcia com um

au mais destes fatores acarreta na impossibilidade do aluno concentrar-se nas

aulas visto que a sua aten9ao se volta para a tentativa de resolu9lo dos problemas

familia res que ele julga insoluveis na maioria das vezes Existe urn certa

conformismo misturado a angustia quando 0 aluno consegue expor 0 problema que

o aflige

Deve-se compreender que a familia esta envolvida em diversos problemas

oriundos das pressoes s6cio-econ6micas das dificuldades de habita9ao

alimenta9ao e trabalho sem tranqOilidade para assimilar e analisar os estimulos

externos integrando-os a sua dina mica familiar

A influencia do ambiente familiar e decisiva para 0 ajustamento emotional e

muitas vezes 0 grupo familiar nao oferece condi90es de estabilidade e de

seguranya emocional para 0 desenvolvimento normal de seus filhos

Grande incidencia de conflitos emocionais que se exteriorizam par ansiedade

sentimentos de inferioridade de inseguran98 depressao medo negativismo e

incapacidade de estabelecer rela90es afetivas geralmente coincidem com 0 grande

numera de familias desintegradas desunidas de pais ausentes incompreensivos

imaturos neur6ticos dominadores desajustados que nao podem dar compreensao

amor e apoio aos filhos

ZAGURY (2000) relata 0 resultado das duvidas e incertezas de muitos pais

Para ela os pais devem compreender que mais importante que satisfazer os desejos

19

da CrianC8 e ensinar principios eticos como honestidade solidariedade e respeito

mutua Principios estes que sao fundamentais para 0 born relacionamento social na

adolescencia e vida adulta

Limites sao regras ou normas de condula que devem ser passadas para as

criancas desde tenra idade Eles mostram as crianyas 0 que podem e 0 que naD

podem 0 que devem e 0 que nao devem fazer Ensinam tambem como respeitar 0

proximo facilitando a socializayao Os limites devem fazer parte da educaao pois

vivemos em sociedade e para a boa manutencao desta se faz necessaria a

existencia e 0 respeito as regras (COUlINHO FILHO 2003)

Em seu livro Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sobre a tirania

dos filhos ZAGURY (2000) discute os principais problemas que envolvem a

educayao dos filhos na sociedade moderna quando toda uma geraao de pais foi

influenciada par urna visao excessivamente psicologizante As ambigOidades as

diferenyas entre as regras estabelecidas pelos te6ricos sao debatidas e criticada a

tirania de alguns especialistas que contribuiram para a disseminayao de um dos

maiores males da educaao - 0 chamado psicologismo A autora alerta para a

necessidade de as pais serem criticos nas orientayoes e conhecimentos adquiridos

sobre a educaao dos filhos e chama a atenao sobre os limites e a necessidade de

autoridade por parte dos pais a importancia de se construir uma relayao baseada na

autenticidade e na democracia tanto para as crianyas quanta para seus pais

Para liSA (1996) a disciplina tern inicio antes mesmo do nascimento atraves

do modo como os pais se comportam no relacionamento mutuo Os primeiros dias

de vida e as interac6es com os pais ou pessoas que as substituem sao de

fundamental importancia no desenvolvimento bern ajustado Pois e nessa interayao

que a mae transmite 0 modo de ser da familia e isso e essencial para ajudar 0 filho

20

a formar 0 seu ser psicol6gico pois a crianca traz ao nascer apenas 0 seu ser

biol6gico

0 pai deve ter muita saude pSicol6gica para participar do gesto de

alimentat8o que tern urn significado tremendo no ge5to afetivo A crianca nao

precisa s6 de leite 0 leite alimenta 0 corpo 0 afeto e 0 alimento da alma Crian

sem afeto entra em depressao(lIBA 1996)

Deve-S8 ressaltar que 0 limite e diferente de repressao 0 primeiro S8 instala

atraves das puniyoes ja a repressao atraves da culpa A puniy80 age sabre a ato e

a culpa sabre a pessoa Durante 0 desenvolvimento da clianca 0 limite e saudtlVel

quando este refere-s8 apenas aos atos naD desrnerecendo au desvalorizando a

pessoa A crian nao deve se sentir culpada pelos seus atos mas responsavel par

estes (COUlINHO FILHO 2003)

llBA (1996) diz que os pais que exageram na preocupayao com a choro e a

comida estao contribuindo para ter urn indisciplinado dentro de casa estao

desrespeitando a desenvolvimento biol6gico da crian A mae que trabalha fora

sente-se culpada par deixar a filho sozinho na creche au na escola e depois a

superprotege para reparar a culpa acabando par criar urn folgado dentro de casa

o modo como lidar com a liberdade e Dutro fatar influenciador no comportamento da

crianya e do adolescente Impar limites sem submissao e autoritarismo e outro

desafio para os pais que precisam respeitar a espayo de individualidade sem se

submeterem aos seus caprichos

o tema indisciplina oj amplo e muito se tern ainda a pesquisar estudar e

orientar no sentido de ajudar as pais a encontrarem urn caminho mais segura na

educay80 e formayao da personalidade dos filhos que tern inicio nas primeiras

relayoes entre mae e filho

21

222 0 Papel da Escola

Se a condi9ao basica e necessaria para a aprendizagem e a integridade

moral e 0 estabelecimento da interalYBo professor versus aluno cnde fatares afetivos

e cognitivos exercem influencias decisivas na busca de realizac68s e de desejos

confirmando-Ihes determinadas caracteristicas inteny68s e significados e na escola

que ocorrem boa parte dos problemas com as quais 0 aluno S8 esbarra lentidao de

raciocinio falta de atenyao desintereSS8 indisciplina entre Qutros encontram as

suas origens na estrutura biol6gica sobretudo quando exposta ao meio ambiente

(POLITY 1998)

Em ambientes cnde estes fatares naD sao considerados relevantes que

alunos com dificuldades de aprendizagem ou com problemas de indisciplina acabam

sendo rotulados sofrendo puniyoes devido ao seu fracasso escolar Estes

apresentam lalta de interesse desmotiva980 para estudar pregui9a e distra9ao

Com isto os pais e professores nao entendem estas dificuldades e 0 aluno em seu

permanente estado de tensao nao consegue prestar aten~o e participar das aulas

nao obtendo os resultados esperados (MORAIS 1997)

Outro fator importante e a problematica emocional que deve ser considerada

como decisiva na adaptacao e rendimento escolar podendo trazer serias

conseqOemcias ao desenvolvimento e progresso emocional da crianca A escola

deve oferecer condic5es e estabilidade emocional e atraves do diagn6stico precoce

dos encaminhamentos adequados da pr09rama9aO adequada das atividades

escolares e da preparacao do professor atender a esses casos prontamente

poupando assim a crianra e a sociedade do agravamento dessas situac6es

(NOVAES 1970)

22

Neste interim surge a psicopedagogia como auxiliar no cicio aluno - familia -

escola quando se instala uma dificuldade de aprendizagem 0 psicopedagogo deve

ter urn olhar para 0 contexte global onde est inserida a criana com dificuldade de

aprendizagem as relac6es familia res e escolares

As crian~s que se evadem da escola em geral sao as mais rejeitadas

Estas criancas precisam ser estimuladas ao relacionamento a responder

adequadamente aos sentimentos do outro e a controlar tensao e ansiedade

compreendendo qual e 0 comportamento aceitavel em determinada situacao

E preciso aprender a lidar com a ira e a tristeza a respeitar as diferencas de

modo a encarar as eaisas dificeis aprender a perguntar a negociar a ser mais

assertivo Eo importante somar aos conteudos de hoje as liDes sobre sentimentos e

relacionamentos 0 primeiro passe e aprender a nomear a emoCao compreende-Ia

a partir de suas express6es faciais corpora is E essencial que 0 professor amplie

sua ViS80 sobre as quest6es emocionais desenvolvendo autodisciplina vida

virtuosa capacidade de motivar-se de enfrentar press6es e resolver conflitos

Por tudo isso a escola tem 0 compromisso moral e etico de se preocupar com

o desenvolvimento dos alunos reinventando as aulas e proporcionando a sintonia

do conteudo a capacidade de aprender Considera-se muito importante que a familia

e a escola estabelecarn urn vinculo para tentar mUdanyas em relaC80 it falta de

atenC80 e indisciplina no sentido de ajudar 0 aluno a evitar maiores dificuldades

crises e stress

ANNA FREUD (1971 p162) considera que as normas escolares prestam

pouca ou nenhuma atenC80 as diferencas individuais

o aluno deve sentir-se desafiado e envolvido no processo a todo instante A

capacidade de empatia entre professor e aluno e 0 segredo do sucesso no

23

relacionamento entre ambos A auto-estima e urn ponto tambem fundamental para

um comportamento bem integrado

Num sistema educacional problematico como 0 do Brasil unido ascaracteristicas pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita5es

do professor e toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sal a

de aula interferem na aprendizagem como urn todo Pais e professores devem estar

atentos para educar desde os primeiros dias de vida para a disciplina que nao

5ubmete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemple e 0 dialogo

E preciso que a escala como urn todD e principal mente seu corpo docente

ampliem a consciencia a respeito da responsabilidade que tern em relacao ao futuro

dos seus alunos e alem disso que possam perceber a importancia do bern estar

psicol6gico como uma situacao fundamental para a aprendizagem satisfat6ria A

escola pode e deve propiciar ao aluno seguranca emocional para que ele possa

vivenciar vinculos saudaveis com seus professores e colegas

Espera-se que Utenham uma visao positiva da vida e sentido de humor que

sejam capazes de apreciar 0 valor de uma boa risada para eliminar pequenos

ressentimentos e aborrecimentos que prejudicam 0 crescimento do aluno (MOULY

1979 p 134)

E urgente a necessidade de uma nova escola desenhada para a mente e 0

cora~ao que ensina autocontrole empatia a arte de ouvir de resolver conflilos de

cooperar

A indisciplina pode ser definida como

Indisciplina e a recusa de $ubmeter-se as regras de aprendizagem educativa e a seu sistemade transmissao institucional Relacionada com 0 contexto familiar e escolar a indisciplina eum dos sintomas dos disturbios da inf~ncia e da adolescencia Quee preciso situar no campomutti~imensional da~ i~teracOesentre processos de aprendizagem e finalidades da educayaorelayao educadorlsuJeltolgrupos de alunosJclasse sistema de avaliacao e risco de fracasso

24

Ultrapassando 0 simples registro dos disturbios de carater a indisciplina tern a ver comfatores psicossociais que dao sentido a essa forma de insubmissflo (DORON et ai 1998)

Para VASCONCELLOS (1995) as manifesta90es de indisciplina na escola e

na sal a de aula sao urn problema a ser analisado na sua totalidade levando-se em

conta a familia as mudan~asocorridas na escola a professor a sociedade a crise

dos sentidos e dos limites considerando-se que 0 que se entende por disciplina e

como construi-Ia nurn processo de interarao entre 0 adolescente e a

professorescola

A educaC8o no seu verdadeiro sentido naD se faz sem autoridade pais 0

educando precisa do referencial do educador a fim de ter base para a constru9ao do

seu eu Muitas vezes 0 professor nao consegue disciplina porque nao tem

autoridade diante dos alunos Normalmente 0 professor fica esperando que 0 aluno

traga urn reconhecimento natural para com sua pessoa historicamente esse tempo

passou 0 tratamento de respeito tem que ser conquistado pelo professor

(VASCONCELLOS 1995)

A questao fica complicada quando temas como profissionais da educayao

elementos totalmente alheios e nao educados para a realidade atual Alem da falta

de dominio dos conteudos a serem ensinados falta-Ihes a capacidade de perceber

essas transforma90es hist6ricas que vern ocorrendo no relacionamento educando x

educador Falta-Ihes conhecimento do desenvolvimento humane e psicol6gico de

seus alunos E por fim suas pnticas pedag6gicas sao pobres de metodos que

propiciem a intera9aOe a construyao do conhecimento no respeito mutuo falta-Ihes

autoridade e capacidade de administrar a indisciplina gerada pelos fatores citados

Esses professores podem se deparar com criancas com transtorno desafiador

25

opositivo e muitos deles carecem de orientaCiies de como lidar com este tipo de

conduta

A disciplina escolar e urn conjunto de regras que devem ser obedecidas para

o exito do aprendizado escolar Portanto ela e uma qualidade de relacionamento

humano entre 0 corpo docente e 0$ alunos em uma sala de aula e

consequentemente na escola respeitando as caracteristicas de cada urn dos

envolvidos (TIBA 1996)

Para que haja disciplina em sala de aula isto e alunos motivados satisfeitos

com a aula e necessaria que 0 professor seja urn grande conhecedor do que

ensina da realidade que 0 cerca e tenha a capacidade de envolver 0 aluno na sua

sala usanda uma metodologia e uma didatica que nao deem margem a apatia ao

cans890 a monotonia para ambas as partes 0 aluno deve sentir-se desafiado e

envolvido no processo a todo instante A capacidade de empatia entre professor e

aluno e 0 segredo do sucesso no relacionamento entre ambos

Para TIBA (1996) a indisciplina na escola e vista como conseqOencia do

sistema educacional brasileiro que afeta diretamente as rela90es dos individuos em

sal a de aula e na escola Urn sistema total mente falido unido as caracteristicas

pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita~oes do professor e

toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sala de aula A auto-

estima e citada pelo autor como fundamental para um comportamento bem

integrado Ele aponta tambem inumeras sugestiies para os pais e professores no

sentido de como educar desde os prirneiros dias de vida para a disciplina que nao

submete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemplo e 0 dialogo

Por outro lado encontra-se a escola tentando cumprir a sua funCao (orientar

na constru~ao do conhecimento) e freqDentemente quando 0 professor se depara

26

com um alune que esta precisando de ajuda no aspecto emocional encontra-se

despreparado para lidar com a questao reagindo com intolerancia Consideram

muitas vezes mais tacil fazer julgamentos como 0 alune naD tern jeito bulle da

familia tal todos as irmaos desta familia ja fcram meus alunos e sao todos i9uais

Eventualmente recusam-se a participar de cursos de atualiza9ao e aperfei90amento

e preferem adetar a postura de que sabem que 0 alunD naD tern jeito mesma e nada

S8 tern a fazer a que favorece 0 rebaixamentoda auto-estima do alune e 0

agravamento do problema gerando disc6rdias e aborrecimentos na escola

Urn Dutro aspecto a ser considerado e que tudo sa tornaria mais facil para a

crianca se ao ingressar na escola ela pudesse encontrar um ambiente acolhedor

com regras bern definidas professores conhecedores dessa realidade com

formacaopsicol6gica para propiciar momentos de tomada de consciencia do porque

daquele comportamento fazendo acontecer a catarse e redirecionando as modos de

agir de tais crian~s e adolescentes Porem a realidade das escolas e bem outra 0

proprio ambiente e a mentalidade favorece que ela a crianca a adolescente

coloquem toda a agressao reprimida suas neuroses seu 6dio seus sentimentos

de culpa sua revolta contra a autoridade e a patrimonio escolar Muitas vezes 0

atuno encontra professores que nao se libertaram dos traumas e problemas dos

quais eles mesmos foram vitimas na primeira infancia alern de desconhecerem e

nao saberem lidar com a crianca e 0 adolescente problematico pelo desprepara

pedag6gico e a falta de metodos adequados e atrativos para prender a aten9ao e 0

interesse de seus alunos Sua pratica pedag6gica e pobre de recursos e estrategias

que desafiem e motivern tais alunos a se auto valorizarem elevando a auto-estima

Urn dos pontes mais comuns entre as indisciplinados e a sentimento de

menos valia aem da fata de conffan9a nos contatos e na produtividade Percebe-se

27

assim que para reverter essa questao naD basta trabalhar com a aluno E

necessario urn trabalho junto aos professores e familias criando estrategias que

modifiquem 0 ambiente e urn relacionamento mais verdadeiro mais equilibrado

deve ser estabelecido em todos as sentidos - trabalhando-se em equipe

28

3 0 CASO DE UMA CRIANCA COM TRANSTORNO DESAFIADOR OPOSITIVO

Foram utilizadas entrevistas com a mae professores e irmaos Encontros com

a crian-a em sess6es com durayao de 50 minutos cnde utilizou-se de metod as

como desenhos brincadeiras jogos regrados massa de modelar

31 HIST6RIGO DO GASO

F e urna rnenina de cinco anos cayula tendo um irmao de 21 anos e urna

irma de 17 anas de idade

o pai faleceu com 49 anas ha apraximadamente 01 ana e a mae atualmente

com 49 anas teve F com 43 anas

o pai fai marta par paliciais em frente a sua casa Estava bebada e saiu a rua

armada e um carro da palicia apareceu e 0 viu sentado na calcadalogo depois

vieram muitas viaturas e a mae pediu que levassem 0 marido para passar a noite na

cadeia mas que naD fizessem nenhum mal a ele Neste momento 0 pai de F

comeyou a atirar e aS policiais (segundo a mae 18 policiais aproximadamente)

invadiram a casa e comeyaram a atirar A familia fa para os fundos da casa e a mae

passou F par cima do muro para a casa da vizinha Quando a familia voltou para

frente da casa as paliciais disseram que a pai de F estava ferida na perna e

levaram-na para a hospital mas segundo a relata da mae ele ja estava marta e

havia na verdade levado urn tiro na cabeca F nao viu a cena mas escutou tudo

Ganforme relata da mae a partir da data do acarrida F naa abedece faz de

canta que naa escuta e quando quer alga came9a a tremer A mae diz que a filha

29

ficou assim desde a marte do pai pais este a bajulava muito fazia tudo 0 que ela

desejava

F sempre foi mimada pelo pai este nunca repreendia a filha por algo de

errado que ela fizesse Para 0 pai F nunca estava errada inclusive quando ela e a

irma mais velha brigavam 0 pai sempre ia em defesa da mais nova e para protege-

la amea98va bater na mais velha

A queixa principal da mae e que F comeya a tremer quando quer algo de que

gosta muito nao obedece a regras e Iimites impostos pelos responsaveis

Nas observayiies comportamentais notou-se que F testa os limites dos

adultos para conseguir 0 que deseja e as pesso8s que a cercam para se livrarem

das birras acabavam por fazer 0 que ela queria Mas essas mesmas pessoas

comeyaram a perceber que a falta de regras e limites jil ultrapassava 0 limite do

suportaveJ

Segundo HANISH et al (1999) 0 transtorno desafiador opositivo aparece

antes dos 10 anos Normalmente torna-se aparente na idade pre-escolar que e 0

caso desta crianga

Na escola F naD interagia com as colegas na hara de fazer brincadeiras em

grupo nac conseguia se relacionar com as colegas quando a professora pedia para

fazer alguma atividade F fazia do jeito que queria e nao como a professora

solicitava

Para que houvesse progresso no tratamento foi fundamental que a mae e as

demais pessoas que rodeiam a crian~a modificassem sua forma de agir e para que

isso ocorresse foi preciso fazer urn remanejo de conduta dessas pessoas Fez-se

pois necessaria orientacao e treinamento para auxilia-Ios nesta mudanlta

30

32 EVOLUCAO DO CASO

As intervenyoes utilizadas neste casc com a mae fcram em forma de

orientayao na freqOencade pelo menDS uma vez par meso Mais recentemente este

trabalho com a mae vern sendo feito a cada quinze dias

Em conversa com a mae esta mencionou que naD queria fazer como seus

pais naD que eles fassem ruins disse ela mas eles nao conversavam e naD tinham

tempo de dar aten9ao e de ensinar os deveres da escola Tudo 0 que ela aprendeu

na escola foi par esforyo proprio e naD queria que isso acontecesse com sua filha

entaD ela au as irmaos mais velhos sentam com F e a ensinam

Mais tarde foi feita uma entrevista com a professora e esta mostrou todas as

li90es de F e disse que aquelas atividades nao haviam side feitas pela crian9a e sim

por seu irmao e que a professora ja havia mandado bilhetes pedindo que nao

fizessem mais as atividades da escola par F A mae foi orientada a dar mais

incentivo a F em lugar de fazer os deveres por ela pois F nilo tinha problemas de

aprendizagem mas par falta de incentivo poderia vir a ter

Com F foram utilizadas brincadeiras como pintura com aquarela desenhos

massa de modelar hist6ria infantis Atraves destes me-todosforam utilizados refor~o

e a punicao quando necessarios

o refor9Q foi atraves de elogios sorriso e aten9ao quando F realizava urn

comportamento desejavel A punitao consistiu em retirar uma atividade que ela

gostava muito como desenhar OU tambem ignorar a sua atitude mantendo a calma

No terceiro encontro F mencionou 0 pai dizendo que ele comprava doces

para ela mas nao quis continuar falando sobre ele alegando que 0 irmao mais velho

nao gostava Mais tarde em outras sess6es tornou-se claro ser isto fantasia sua

31

Nos primeiros encontros corn F ela demonstrou S8r cordata entretanto a

partir do quarto encontro F mostrou comportamentos de manipula9ao ou seja

querer controlar a situacao e que tude salsse da forma que queria para que todos

as seus desejos fossem realizados atitude comum em casa ou na escola

A quinta sessao foi para verificar a interacao de F com a mae F mostrou-se

intransigente naD obedeceu a nenhuma das ordens da mae na hora de guardar as

brinquedos gritou com a mae e esta demonstrou claramente nao conseguir dar

limites a sua filha A mae conseguiu dizer neste momento que se F estivesse em

casa iria apanhar com uma varinha mas ista naD adiantou pais F ficou irredutivel

Ao final da sessao quando tudo estava no seu devido lugar F ja estava agindo como

se nada tivesse ocorrido a mae mencionou que F era muito nervoS8

A partir da sexta sessao loram leitos contratos com F os quais ela aceitou

com lacilidade

Apos 0 contrato feito na sessao anterior na setima sessao foi trabalhado a

limite atraves de acordos leitos com F como pedir para que ela escolhesse

somente tres tipos de brinquedos da caixa que s6 iria embora quando a horario da

sessao terminasse e que as Iimites seriam colocados pela terapeuta Com estas

regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela queria

A partir da oitava sessao loi levantada a hip6tese do problema de F ser

transtorno desafiador opositivo pais ela demonstrou as comportamentos de querer

dominar e mostrar que poderia mandar mas com muita paciencia foram impastos

limites atraves do silencio mostrando que nem tudo poderia ser como ela queria e

assim acabou aceitando

A nona sessao loi destinada a orientar a mae em como agir com a filha e loi

proposto para que a mae assistisse a proxima sessao atras do espelho

32

Como foi sugerido para a mae na sessao passada ela ficou ats do espelho

para ver como a filha interagia e poder verificar qual seria a melhor forma de lidar

com ela

A decima segunda sessao foi destinada a mae para verificar como estava 0

comportamento de F fora da terapia Ela comentou que 0 comportamento da filha

melhorara muito que as tremores 56 ocorriam esporadicamente Foi orientado amae que quando Dcarressem as tremores ela deveria fazer de conta que naD havia

percebido nada

Foram feitas diversas sess6es seguidas mais precisamente da decima

terceira il decima setima com F destinadas a trabalhar regras e limites Este

trabalho foi realizado atraves de acordos com F como por exemplo pedir que ela

escolhesse apenas tres brinquedos da caixa au escolhesse entre desenhar e ouvir

historias au ainda entre conversar e brincar tambem poderia escolher entre brincar

de casinha e desenhar

A decima oitava sessao foi urna sessao diferente pOis foi destinada aprofessora de F para verificar como F estava S8 comportando e se relacionando

com colegas em sala de aula enos interval os A professora levantou a hip6tese de F

ter problemas de aprendizagem pois as atividades escolares dela nao eram

compativeis com a de seus colegas de classe Mas foi constatado atraves das

atividades que eram enviadas para serem feitas em casa que 0 que faUava para F

era estimulo pOisseu irmao fazia suas atividades por ela

Foram feitas duas sessoes seguidas (decima nona e vigesimal para

comprovar se havia problemas de aprendizagem com F Sessoes estas de recorte e

colagem e de hist6ria (Cinderela) Com estas atividades pode se constatar que F

33

tern plena capacidade de realizar tarefas sDzinha talvez com uma pequena

orienta9ao quando solicitado por ela

A vigesima primeira foi mais uma sessao dedicada a orient89ao a mae

quando esta mencionou que Festa cada vez melhor seus tremores quando quer

chamar a aten9ao estao diminuindo a cada dia

No vigesimo segundo encontro com F a interven9ao utilizada foi 0 desenho

Eta desenhou margaridas e mencionou que se fosse uma planta queria ser uma

margarida e S8 fosse urn objeto queria ser uma estrela Ja na sessao seguinte que

foi a vigesima terceira a intervencao utilizada foi brincar de casinha cnde F mostrou

a sua intera9ao familiar dizendo que trabalhava em um hotel (como na realidade sua

mae trabalha) 0 marido trabalhava em hotel e seu pai estava muito doente (na

realidade ja e falecido) e tinha muitas dores no corpo

Ate 0 momento foram feitas as vinte e tres sess6es aqui descritas nas quais

a crianya demonstrou significativas mudantas no comportamento

33 ANALISE DO CASO

Inicialmente F nae obedecia fazia de conta que naD escutava e quando

queria algo come9ava a tremer nao obedecendo a regras e limites impostos pelos

respons8veis A mae dizia que a filha ficou assim desde a morte do pai pais este a

bajulava muito fazia tudo 0 que ela desejava

Notou-se que F testava os limites dos adultos para conseguir 0 que desejava

e as pessoas que a cercavam para se livrarem das birras acabavam par fazer 0

que ela queria

34

Na escola nao conseguia se relacionar com os colegas quando a professora

pedia para fazer alguma atividade F lazia do jeito que queria

A mae de F fazia as atividades par ela dizendo que ~nao queria tazer como

seus pais naD que eles fassem ruins mas eles naD conversavam e naD tinham

tempo de dar atenC80 e de ensinar as deveres da escola

Durante 0 tratamento F inicialmente demonstrou ser cordata posteriormente

mostrou comportamentos de manipulayM querendo controlar a situayao e

procurando forcar que todos as seus desejos fassem realizados Na presenva da

mae nao obedeceu a nenhuma das ordens dela gritou e ficou clara a dificuldade da

mae em dar limites a filha F mostrava-se muito irritada

Foram feitos contratos com F e passou-se a trabalhar atraves de acordos as

limites Com estas regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela

queria

No tratamento foi fundamental que a mae e as demais pessoas que rodeiam a

crianya modificassem sua forma de agir Foi orienlado a mae que quando

ocorressem as tremores ela devena fazer de conta que nao havia percebido nada

Em sessao com a professora de F constatou-se que a hipotese de

problemas de aprendizagem se apresentava mais em lace da lalta de estimulo para

que esta realizasse suas pr6pnas atividades ao inves de que outras pessoas as

fizessem por ela Foram leitas sessees com a finalidade de comprovar se F tinha

problemas de aprendizagem e verificou-se que esla linha plena capacidade de

realizar as tarefas sozinha Em relayao a interayao familiar F dramatrizou em uma

atividade que sua mae trabalhava em um hotel 0 que correspondia a realidade e 0

marido trabalhava em hotel que seu pai estava muito doenle e tinha muitas dores

35

no corpo quando na realidade seu pai ja era falecido Mostrava com isso a falta que

a funy80 paterna Ihe fazia

A mae de F I numa sessao dedicada a sua orientay8o mencionou que F

estava cada vez melhor e que seus tremores para chamar a atenC80 estavam

diminuindo a cada dia

36

4 ORIENTA~OES AOS PAIS

ZAGURY (2001 p59) na complexa tarefa de dar limites sem ser autocratico

ou seja de como disciplinar sem bater OU sem ser coercitivQ com a crianya sugere

algumas estrategias

bull Premiar ou recompensar a born comportamento - sempre que a crianca

tiver atitudes corretas devemos ressaltar este tatoo E bern comum que as

pais muito ocupados com tarefas cotidianas esqueltam de elogiar

somente lembrando de ralhar quando os ftlhos fazem algo errado Desta

forma as criancas entendem que naD vale a pena fazer tudo certinhon

pois nao recebem aprova9ao A melhor forma de alcan9ar um objetivo

educativo e elogiar incentivar e ressaltar tudo a que a crianca fizer de

positivo

bull Diferenciar premiar de dar coisas materiais - apesar do consumismo

vigente as crianvas ainda valorizam mais urn carinho urn elogio sincero

reconhecimento do esforco do que presentes dinheiro e viagens

Eventualmente pode-se presentear materialmente mas e importante nao

comprarmos as crianras pois desta forma elas aprendem a agir de modo

calculista Se dermos nosso carinho e aprovayao seu ego se fortalecera

sua auto-estima se elevara e gradualmente a crianya sentira prazer em

agir de forma adequada

bull Fazer com que a crianya assuma as conseqOemcias dos seus atos - com

carinha e naturalidade devemos conversar e agir apontando seus erras e

fazendo com que reftitam sobre as atitudes incorretas antieticas ou

egocentricas tomando 0 cuidado de deixar claro que 0 que desaprovamos

37

sao as atitudes incorretas e naD suas caracteristicas pessoais 5e mesma

ap6s a explica~o a crianca reincidir na atitude incorreta entao e 0

momento de faze-Ia compreender que e responsavel pelos seus atos e

tambem pelas suas conseqGencias Deve-se ressaltar as consequemcias

do ato born carinho aprova~o estimulo etc Como do ato incorreto

desaprova9ilo nao reforyamento deixar de fazer algo que gostam etc

Deve-se ter em mente que as elogios premiacoes bern como as puni90es

devem ser proporcionais ao fato Ou seja e necessario que se tenha born sensa e

equilibrio para que as acoes sejam autenticas e valorizadas pel as criancas

COUTINHO FILHO (2003) tambem sugere algumas possibilidades para

colocar parametros de limites para a crianca

bull Nao coloque limites conforme seus desejos pessoais

bull Demonstre que voce e as demais adultos tambem tern limites a respeitar

bull Diga qual puni9ilo a ser dada para cada limite ultrapassado e nao deixe de

executa-Ia

bull De puniyoes brandas para atitudes brandas e puniyoes pesadas para

atitudes pesadas

bull Deixe claro que a puniyao Eo pelo ate e nao pela pessoa

bull Justifique os motivos do limite Nao faca isso porque nao quero ou nao

gosto nao Eo justificativa

bull Repita quantas vezes for necesstuio

bull Use sua autoridade sem provocar submissao e mal estar

bull Use da afetividade para impor limites

38

ZAGURY (2001) destaca pontos importantes para nao perder a autoridade

perante os filhos

bull Cumpra 0 que disse (seja premia ou conseqOemcia) ou seja ameacou

execute prometeu faya

bull Seja coerente 0 que nao pode nao pode nunca (salvo raras excessoes)

nao mude de atitude como quem mud a de roupa (au de acordo com 0 seu

humor)

bull Faya com que seus filhos gradualmente assumam responsabilidades

Deixe que eles participem das decisoes sabre premios ou conseqOeuromcias

- isto ajuda a amadurecer e compromete a crianca e as jovens que

aderem mais ao que ajudam a construir (mesma que sejam sans6es para

eles proprios)

bull Cuidado com 0 que diz e com 0 modo como diz - critique 0 ato nunca a

pessoa ou a personalidade de seus filhos Trate somente do assunto que

S8 esta analisando no momento naD desenterre coisas do passado sem

necessidade Nao fique com pena da crianya se ela chorar ficar triste

nao talar com voce E melhor ela ficar triste hoje mas aprender a respeitar

o pr6ximo a 5i propria e a palavra empenhada do que sofrer futuramente

nos seus relacionamentos interpessoais

Segundo TIBA(2002) os filhos nao vem com manual pois eles mesmos sao 0

manual au seja cada criancaencerra uma individualidade e a cada dia os pais irao

aprendendo com cada filho E importante neste aprendizado os pais privilegiarem 0

desenvolvimento relacional atraves de um procedimento basico que deve ser

aplicado a cada fllho Para TBA (2002) ese procedimento e valido para qualquer

39

relacionamento entre pessoas de qualquer idade mas que e relevante na formaC8o

da auto-estima da criancadesde 0 seu nascimento Para 0 atendimento integral a

uma crian9 sao cinco os passos parar ouvir olhar pensar e agir (TIBA 2002

p127)

TIBA (2002) descreve os cinco passos da seguinte forma

1 Parar - parar 0 que estiver fazendo ou pensando e dar atenyao total acriancaCasa naD possa parar naquele exato momento vale colaear uma

das maos no ombro da crian9 enquanto diz que logo vai atende-Ia A

crianya deve ficar esperando ali juntinho de voce Pode ser que ela queira

sair para voltar logo depois Se a iniciativa de sair for da crianca a

responsabilidade de voltar sera dela Mas deve evitar ao maximo dizer

para a crianca ocupar-se com Dutra caisa enquanto voce termina 0 que

esta fazendo Nem sempre ela volta outra vez pelo mesmo motivo E

tambem fundamental deixar de lado ideias preconcebidas sobre 0 que a

crianca vai fatar Se voce pensa ~Iavern aquela chata me encher Dutra

vez seu cerebro ja esta preenchido em parte com esse pensamento e

voce perde a chance de atende-Ia integralmente

2 Ouvir - e a parte racional Os pais devem olhar no funda dos ahos da

crianca como se a Duvissem com as ahos A criany8 precisa aprender a

se expressar Nao se deve tentar adivinhar 0 que ela quer Quando pede

alguma coisa esta desenvolvendo sua capacidade de pensar de formular

uma pergunta e de se expressar para que outras pessoas possam

compreende-Ia

3 Olhar - e a parte instintiva Num piscar de olhos uma pessoa consegue

ver tantas coisas que levaria muito tempo explica-Ias em palavras Tudo 0

40

que se percebe visualmente tambem tem que ser considerado para

compreender a crian9a

4 Pensar - lados os elementos percebidos tanto visualmente quanto

verbal mente mais 0 sentido educativo que se que ira imprimir na forma9ao

da criana devem fazer parte da resposta a ser dada Sentido educativo e

o objetivo a ser atendido com a educaao que esta sendo dada (Quer que

o filho seja egoista Coloque-o sempre em primeiro lugar em detrimento

dos outros e diga sim a todos os seus desejos Quer que ele seja feliz

Ajude-o a desenvolver a satisfailo pelo que e e pelo que consegue fazer

a tolerimcia a compreensao dos Qutrosa vontade de ajudar a quem pede

e a etica do bem)

5 Agir - essa aao ou resposta deve ser bem clara e objetiva Melhor ainda

se voce puder se assegurar de que a crianca real mente saciou sua

vontade

E importante ressaltar que os cinco passos devem ser utilizados em todas as

situayaes desde 0 tombo da crian98 pequena ate quando a crian98 crescer Ao se

utilizar este procedimento basico as atitudes dos pais tendem a ser coerentes Par

exemplo se uma crianca calr naD e necessaria as pais sairem desesperados em

todas Situ8COeS mas avaiar se 0 tombo foi grave QU se foi urn tombinho que naD

precisa de maiores cuidados Tambem as pais naD devem sair dizendo que chao

feio que passa a falsa ideia que 0 chao e culpado pelo seu tombo a criana tem

que aprender que ela deve ter cuidado Se ela se choca uma ou duas vezes numa

mesa ela aprende a ter cuidado por sua pr6pria experiencia TIBA (2002 p133)

41

destaca que a afobayao e a reacao exagerada dos pais geram inseguran9a na

crianca

Outre fato bastante comum e as pais deixarem as ftlhos ganharem jogos par

exemplo tentando agrada-Ios mesmo que os deseduquem As crian9as tern uma

sabedoria natural Brincam e competem de acordo com as conhecimentos e as

capacita90es de que disp6ern E mais facil para 0 pai brincar como se fosse crian98

e deixar 0 filho ganhar sempre Esse comportamento contudo da a crianca uma

visao irreal do que e jogar Ganha-se algumas vezes perde-se outras (TIBA 2002

p136) Ou seja e mais educativ~ para a criana descobrir que podemos ser bons

em algumas caisas mas nao em tudo Passa-se uma experiencia da realidade para

a crianC8

TIBA (2002) tambem cita 0 caso de colocar a crian9a no colo enquanto se

dirige urn carro A crianC8 tern a falsa sensacao de que comanda 0 veiculo mas issa

nao passa de urn poder irreal Ao dirigir urn carrinho de brinquedo ela poderia de fato

se sentir poderosa IS50 sem falar que quando 0 filho crescer ao 15 anos par

exempla vai querer sair com 0 carro do pai mesmo sem poder Mas quando era

criancaeu podia

o caso classico da criancaquerer dormir com os pais tambem e abordado por

TIBA (2002) segundo 0 autor 0 ideal e que desde bebe a crian9a deve aprender a

dorrnir no seu lugar mesmo que ache mais gostoso aninhar-se entre os pais Ir cada

urn para sua cama da 0 sentido de que cada urn tem seu territorio ai tambem

estamos delimitando limites onde sao respeitados 0 so no e 0 espacode cada urn

Crian~asmaiores que ja andam devem ter um lugar (ou quarto) proprio para dormirMesmo que ocasionalmente adorme~am na cama dos pais e importante que sejamlevadas a sua cama para que acordem la Nao devem adquirir 0 habito de dormir nacama dos pais Tenha paciencia e fale claro em born tom olhando seriamente nofundo dos olhinhos dela ~Cada coisa no seu lugar cada pessoa na sua cama~

42

Quando a crian(f3 percebe que 0 limite e coisa sena e vai ser cumprido procura seajustar(lIBA 2002p115)

OLIVEIRA (1999 p120) enumera as diversos problemas que causam a fato

dos filhos permanecem no quarto dos pais na hora de dormir considerando-as de

difieil recupera~aoposterior

1 Faita de valorizayilo da privacidade tanto do casal como da crianya

2 Mantem a relacao simbi6tica au seja a li98980 existente entre mae e

bebe prejudicando 0 desenvolvimento emocional da crian93

3 A crianya tende a formar relayao de dependencia da protey80 e da

preseny8 dos pais ate mesma durante 0 sono

4 Quando chegar a fase em que a crianca elege entre 0 pai e a mae 0 seu

preferido tenta afastar 0 autro esticando-se e virando-se na cama de

modo a deixar a preterido desconfortavel a ponto deste mudar de lugar

sair da cama e ate mesma do quarto

E importante ressaltar que sempre as regras devem ser claras e naD sujeitas

a mudancas pois a organizacao interna dos filhos fica muito prejudicada se dormir

au nao na cama dos pais se transforma numa possibilidade que depende apenas do

humor dos pais ou de quanto 0 filho se recusa a dormir sozinho (chorando

acordando diversas vezes etc) A crian9a com autonomia de sono e mais

independente e feliz (TIBA 2002 p116)

Enfatiza-se que na maiaria dos casas as pais permitem que as criancas

fiquem ate mais tarde no quarto deles nao e par uma exigemcia ou necessidade da

crianya mas par alguma deficiencia desequilibrio au imaturidade dos proprios pais

(OLIVEIRA 1999 p122)

43

Em relaiio ao choro da crian9l ressalta-se que ha dois tipos de choro 0 que

expressa dor e 0 que busca pader

Se 0 filho descobrir que pade usar a chom como fonte de poder as pais estaoperdidos Nunca mais saberao dizer se ele chara par dar au poder Urn chore depoder Necessita dos olhos e dos ouvidos de quem se quer dominar Ingenua acrianya que usa 0 choro como pader para imediatamente apes conseguir 0 que querOai a importancia de as pais ficarem atentos para nao ser manipulados (TIBA 2002p158)

o choro que apela para 0 lade coitadinho inspira ternura Eo urn tipo de

manipula9ao que busca 0 dominio pela chantagem aletiva Eo dilicil neutralizar 0 uso

do choro como arma

Segundo liSA (2002 p159) Urn pouco de dor nao matara a crian9a assim

como urn poueD de pader nao matara as pais ( ) Se traumas infantis matassem a

humanidade estaria extinta Nao ha filho que nao tenha side contrariado A imensa

maioria deles tern condi90es de agOentar contrariedades 0 autor destaca que pais

que sao soHcitos ao extrema nao trayam um born e segura trajeto para seguir 0

resultado e que a crianya fica insegura pais perde a confianca neles ela pressente

que as pais nao tern firmeza nas suas decisoes e sao manipulaveis

Deve-se tomar cuidado com as exageros urn erro cometido pelos pais

desde que nao seja baseado na violencia em surras socas e pontapes naa traz

problema nenhum Atos como esses descarregam a raiva mas nao tern forlta

educativa pois violmcia s6 gera violencia (liSA 2002 p159)

Em rela9aOaos pais lazerem as tarelas pelos filhos ou ainda pior comprar os

resultados ressalta-se que este tipo de atitude nao ajuda a crianlta cria

dependencia e compromete 0 desenvolvimento escolar Alem disso as pais acabam

privando os filhos do gosto de uma conquista dando uma mensagem subliminar de

que eles sao incapazes Os pais nao devem privar os filhos do gosto de uma

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

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50

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ZAGURY T Educar sem culpa a genese da etica 15 ed Rio de Janeiro Record2000

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Limites sem trauma - construindo cidadaos 25 ed Rio de JaneiroRecord2001

WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

Page 7: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

4

ALMEIDA et 81 (1996) destaca entre os disturbios psiquiatricos descritos no

DSM-IV eixo 1 que costumam ser diagnosticados pel a primeira vez na infancia ou

adolescencia 0 disturbio com provoca9lio e oposi9lio que deve ser diferenciado do

disturbio de conduta e de disturbios reativos a situa90es de estresse e de

comportamentos anti-sociais decorrentes de quadros pSicoticos como a mania

Segundo HANISH et 81 (1999) uma crianya para atender aos criterios

diagnosticos do transtorno desafiador opositivD deve apresentar no minima quatro

dos seguintes itens nurn periodo de aproximadamente seis meses

Crises de raiva

Discussao com as pais e outros adultos

Desobedimcia a regras e solicita90es dos adultos

Fazer coisas que aborrecem outras pessoas propositadamente

Acusar outras pessoas

Incomodar-se facilmente com as outros

Ficar com raiva e ressentimento

Ser vingativa ou maldosa

Quando pelo menos quatro das condutas acima estiverem freqOentemente

presentes em crian~asquando estes comportamentos nao sao tipicos da sua idade

e desenvolvimento e com prejuizo do funcianamento social escalar au acupacional

e diagnosticado 0 transtorno desafiador opositivo

5

212 Diagnostico Diferencial

Ressalta-se que 0 diagnostico de transtorno desafiador opositivo naD deve ser

dado se forem preenchidos os criterios de transtorno de conduta ou quando os

comportamentos opositivos ocorrerem somente durante urn transtorno de humor au

psicotico (HANISH et ai 1999)

Em rela9ao a diferencia9ao entre 0 transtomo desafiador opositivo e 0

transtorno de conduta HANISH et al (1999 p64) ressalta

C ) urn fator que diferencia 0 transtoma desafiador opositivo e 0 transtomo deconduta e 0 fata de que esle ultimo envolve a nao-considera~o e 0 desrespeito pelodireito dos Quiros () As crian~s com transtomo de conduta norrnalmente ternpouca au nenhuma preocupa980 em rela9secto ao impacto de sua conduta sabre asQutros ( ) Traduzindo em termos cognitivos as criancas com transloma de condutaparecem pensar pouco sabre as conseqOmcias de suas atitudes e apresentammenor habilidade de raciocinio moral enquanto as criancas com transtomodesafiador opositivo apresentam pouca habilidade de resolucao de problemas etentam utilizar a oposicao como fonna de coercaode condutas em especial de outraspessoas significativas (per exemple os pais)

Outra diferenciacao importante e entre 0 transtorno desafiador opositivo e 0

desafio e a oposi9ilo normal da idade 0 que acontece em crian9as normal mente no

periodo pre-escolar No caso do desenvolvimento normal da crianca os

comportamentos opositivos tern seu pico no inicio da inffmcia e diminuem com 0

tempo aqueles que caracterizam 0 transtorno desafiador opositivo continuam e

pioram com a idade (HANISH el ai 1999)

o disturbio de conduta ocorre em 3 a 7 das criancas e adolescentes com

predominancia na adolescencia e no sexo masculino Os sintomas costumam

aparecer entre 0 inicio da infancia e puberdade e costumam persistir ate a idade

adulta As principais conseqOencias na idade adulta envolvem abuso de drogas

6

discordia conjugal dificuldade em arrumar emprego prisao e morte prematura

violenta (ALMEIDA et ai 1996)

Os sintomas do transtorno de conduta giram em torna de um padrao

persistente de maus comportamentos no qual 0 individuo infringe regras e viola 0

direito dos outros e geralmente ultrapassam a idade infantil mantendo 0

comportamento disruptivo e criminoso mais tarde na vida (HOLMES 1997)

o disturbio de conduta se caracteriza par urn comportamento anti-social

persistente As crian9as tendem a mentir roubar faltar as aulas sem motivD se

envolver em hrigas constantemente fugir de casa agredir fisicamente os Qutros ser

cruel com pessoas e animais destruir propriedades alheias de forma deliberada

apresentar baixo rendimento escolar problemas de relacionamento com as colegas

e em casas mais intensas assaltar a mao armada cometer estupros e homicidias

(ALMEIDA et ai 1996)

213 Influencias Familiares

o papel da familia particularmente os pais pode influenciar 0

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo KRUESI e TOLAN citados por

HANISH et al (1999) identificam tres caracteristicas dos pais que tendem a

aumentar a probabilidade do aparecimento do transtorno desafiador opositivo e que

devem ser levadas em conta na formulaao do tratamento Sao elas pSicopatologia

dos pais praticas ineficazes dos pais e ruptura do casal

Como pSicopatologia dos pais encontramos principalmente 0 transtorno anti-

social de personalidade aiEimde outras formas como 0 uso de drogas e depressao

e varcfwes importantes como a maternidade na adolesceuromcia Na casa do transtarno

t~roj ~Slbullbullbullbullbullh

8MIl

anti-social nos palS e passivel a necessldade de Intervencao pOlS podem Interfenr

7

nas tentativas de modificar as praticas de manejo da conduta da crianl utilizadas

pelos pais (HANISH et ai 1999)

Algumas praticas ineficazes dos pais como as interacoes familiares

coercitivas tambem favorecem 0 desenvolvimento do transtorno desafiador

opositivo pois tendem a estar associadas a condutas opositivas desafiadoras e

hostis Segundo HANISH et al (1999 p65) diversos padr6es especificos de

interac6es familia res diferenciam as crian~s opositivas das nao-opositivas Par

exemplo as pais de criancas que naD obedecem tendem a refonar a conduta

opositiva e a ignorar DU punir as condutas sociais positivas ( ) Descobriu-se

tambem que eles sao mais criticos do que as pais de crianC8s que obedecem

Desta forma pais que impoem regras restritivas e fazem afirma90es amea9adoras

hostis e humilhantes favorecem as condutas opositivas dos filhos Em alguns

casas a conduta opositiva pede ser devida a disciplina inconsistente resultante do

medo e ansiedade dos pais em rela9ao ao fato de imporem limites ou san90es ()

muitos desses pais abusam de seus filhos ou os negligenciam (HANISH et ai

1999 p66) 0 comportamento opositivo das crian9as entao podem ter relacaocom

as interacoes familiares criticas conflituadas inconsistentes punitivas au

coercitivas

Os problemas conjugais tambem influenciam no aparecimenta do transtorno

desafiador opositivo e portanto devem ser considerados no plano de tratamento

() a evidmcia indica que as brigas conjugais apontam para a conduta disruptiva e

de nao-obediencia nas criancas Essa relacaoparece ser mais forte quando as pais

expressam hostilidade abertamente do que quando eles expressam uma

8

insatisfaao geral e e mais pronunciada em meninos do que em meninas (HANISH

et aI 1999 p66)

HOLMES (1997) considera de risco os fatores que aumentam a probabilidade

de uma crian9a desenvolver disturbios emocionais ou comportamentais Os fatares

de risco podem incluir caracteristicas biol6gicas (perinatais) geneticas lamiliares

(pais com disturbios psiquiatricos criminalidade paterna disc6rdia conjugal grave

estresse familiar cranico) caracteristicas sociais (nivel s6cio-economico baixo)

Porem HOLMES (1997) destaca que mesmo sob condi90es adversas como

estresse e privacaoha crianyas capazes de S8 desenvolverem satisfatoriamente em

nivel emocional e social

No tratamento deve-s8 avaliar case a caso e muitas vezes avaliar 0

fundamento cognitiv~ da conduta dos pais para ptanejar urn tratamento familiar

adequado Pelo lato de as cren98s dos pais desempenharem um papel importante

no seu comportamento bern como no de seus ftlhos e importante entender em que

medida essas crencasestao envolvidas na determina980 da pSicopatologia dos pais

da paternidade coercitiva e inconsistente e da discordia conjugal e como esses

latores podem aletar a crian98 (HANISH et aI 1999 p66) Ou seja 0 tratamento

do transtorno desafiador opositivo deve envolver 0 treinamento dos pais nas

habilidades de manejo adequado e a modificaao de suas cren9as no que tange ao

manejo da conduta No treinamento dos pais deve-se focar 0 aumento da conduta

positiva e diminuiyao da negativa na crian~ ensinando-se aos pais principios do

aprendizado social e habilidades de manejo da conduta e de resolu980 de

problemas

9

22 A RELACAO INDISCIPLINA x LlMITES - UM OBSTAcULO PARA A

APRENDIZAGEM

A questao da disciplina envolve varias faces de um problema E necessario

desenvolver uma visao sistemica e analisar par todos as o3n9u105 aluno escola

familia sociedade A motiva9ao e um fator fundamental para que 0 aluno seja bem

sucedido no sistema escolar permanecendo no mesmo e realizando as tarefas

necessarias para 0 seu conhecimento e aprendizagem Considera-se que 0 sucesso

dos filhos no sistema educacional decorre entre Qutras eoisas da motivacaoque as

familias conseguiram despertar neles em relacaoa instituicao

o problema indisciplina pode ser entendido como conseqOeuromciade um leque

de situa90es vividas em familia pais inseguros quanto a colocar ou nao Iimites

relacionamentos tensos entre pais excesso de zelo para reparar a culpa por ter que

deixar a criancaprivada do cantata com as pais que trabalham fora criancas que

passam a maior parte do tempo em frente da TV ou na rua com Qutras criancas

sofrendo tode tipo de influencias prejudiciais a sua educacao pais autoritarios ou

muito liberais falta de dialogo e bom exemplo no seio familiar desconhecimento da

importancia dos relacionamentos dos primeiros anos de vida como base da

formaC8oda personalidade par parte dos pais Sao estas criancascom hist6rias de

vida as mais variadas possiveis que chegam a uma escola e encontram ali narmas

rigidas ou ausencia de narmas Professores com uma serie de limitac6es na sua

forma9aO humana e academica que passam a desempenhar 0 papel de educador

em sala de aula

A familia e a escola devem atuar em parceria objetivando a aprendizagem e

o sucesso escofar do auno Elas sao 0 aicerce e modelo para que as criancas

10

aprendam naD somente conteudos mas tambem a viver em sociedade com suas

normas et portanto e necessaria que tenham objetivos comuns em relacao a

val ores disciplina e convivio social Este suporte e proporcionado nao somente pelo

ambiente adequado mas no equilibrio e tranqOilidade do lar e da escola Assim

sendo 0 aluno nao S8 sente abandonado inseguro mas sim recebendo

orientacoes estimulos e principal mente exemplos de responsabilidade e respeito

Para WINNICOTT (1971) a saude do pais depende de unidades familiares sadias

com pais que sejam individuos emocionalmente maduros

Nao hit uma causa (mica para a indisciplina mas sim uma conjuncao de

fatares que interagem uns sabre 0$ Qutros que imobilizam 0 desenvolvimento do

sujeito e do sistema familiar nurn determinado momento afetando 0 aspecto

comportamental e a aprendizagem do aluno

o individuo ao ingressar na escola ja teve experiencias relacionadas a

diversas situac6es e ira reagir a esse novo ambiente Ha alunos com dificuldades de

adaptayao e rendimento insatisfatorio nos estudos por estarem comprometidos par

ansiedades e tensOes psiquicas

E imprescindivel que a familia e a escola deixem de ficar se cui pando

mutua mente e passem a refletir sobre sua funyao vital no desenvolvimento de

individuos adaptados ao ambiente realizados e capazes de utilizar suas

potencialidades de forma construtiva para a sociedade e consequentemente para

o fortalecimento da familia e da escola como instituicoes estruturadas e em

permanente evolucao

Ressalta-se urn aspecto muito importante relacionado a agressividade e mais

especificamente a indisciplina E a questao dos limites Pais e professores precisam

11

ter em mente a importancia de trabalhar essa questao com filhos e alunos e

diferenciar a demarc8C8ode limites de autoritarismo ou abuso do poder

Sermos adequados e saber encontrar a distancia certa entre nos e a Qutro E

naD ocupar um espaco exc8ssivamente pequeno para naD nos sentirmos acuados e

ameacados evitando tomar-nos agressivos () Todo ser vivo necessita de um

espatominima para viver sem 0 qual torna-S8 agressivo e luta pela sobrevivencia

ou perece (MIRANDA 2001)

OLIVEIRA et al (1999 p151) destaca a importancia dos limites

A disciplina e 0 todo que engloba a organiza~o que mantE~m a ordem entre aseoisas e as pes50as 0 limite e a fator que determina 0 campo e a espalto daatualfao Portanto 05 limites sao urn dos principais fundamentos da disciplina 0limite e que determina onde os meus direitos terminam e onde iniciam os dos outros() E necessario que 0 limite comece a ser estabelecido desde a forma~o dapersonalidade da crianca ou seja desde 0 nascimento () Ensinar a crianya aobedecer limites e treina-Ia para a vida

E preciso que os adultos aprendam a nao invadir 0 esparo da crianca nao

permitindo tamhem que as crianyas invadam 0 espayo dos outros E necessaria

quebrar este cicio vicioso que faz com que a indisciplina continue a ser 0 centro das

atenc6es na escola e na familia Dar limites e nao impor Iimites este e 0 grande

desafio para pais e educadores

Para que a criancaaceite os Iimites impastos e necessario que os pais au a

pessaa responsavel acredite no que esta dizendo e 0 faca com firmeza e explique

para que a crianra acredite e para que absorva a ideia de que ela nao esta proibida

de tudo mas que nem tudo 0 que desejamos podemos fazer mas ela pode fazer

quase tudo (ZAGURY 2001)

Quando se da Iimites esta se fazendo urn ato de amor oj crian~a e ao futuro adulto

ensina-se a ele a viver em sociedade a respeitar e ser respeitado esta se poupando

12

a crianca de cair no mundo das drogas e da violencia cnde 0 limite e muitas vezes a

marte

221 0 Papel da Familia

Os pais tem um papel fundamental na motivayao do aluno e sua participa9ao

e imprescindivel para que 0 aluno aprenda Desta forma a familia faz parte do tripe

que sustenta uma aprendizagem com sucesso Quando a familia esta tranqOila e a

rotina de casa esta equilibrada 0 aluno apresenta maiores oportunidades para urn

bom aprendizado

A familia e suporte fundamental para 0 bom desempenho escolar Pode-se

dizer que a clima familiar influencia no desempenho escolar e pade trazer prejuizos

ao rendimento escolar quando naD harmonioso

Se a familia naD da a crianca a base emocional firme 0 que tazer

E importante ensinar a crianca a identificar as sentimentos e lidar melhor com

eles

DAVIDOFF (1983) descreve como se da 0 desenvolvimento do ser humane

desde a concepcao e a importancia dos relacionamentos dos primeiros meses de

vida e da primeira infancia na forma9ao da personalidade e da socializayao futura do

individuo Para ela a base de urn relacionamento sadie entre mae e filho esia na

intensidade de afeto que a mae dispensa a crianca na amamentaC8o enos

cuidados na satisfa9ao de suas necessidades fisiol6gicas A qualidade das

intera90es sociais da crian9a estrutura a personalidade do individuo de algumas

formas importantes Falando de frustra90es conflitos e outras tensoes a autora

chama a aten9ao dos adultos que convivem com a crianca e 0 adolescente para sua

(~ )(~~l J 13

lt~C~responsabilidade em apoiar orientar e acompanha-Ios para que possam superar as

situaryoes conflitivas evitando assim 0 desenvolvimento de uma personalidade

agressiva e desajustada

DAVIDOFF (1983) vai mais alem ao dizer que pais maduros e seguros

envolvem os filhos em tomadas de decisao e assuntos da familia Apresentam

razoes para a que solicitam e proporcionam experiemcias graduais apropriadas para

a afirmayao da independencia Ainda assim retem a responsabilidade final Os filhos

dos pais maduros tendem a ser autoconfiantes independentes possuem boa auto-

estima e born relacionamento com suas familias Os pais autontanos preferem

taticas primitivas duras quando surgem conflitos insistem em obediemcia Sao

coercitivQs e favorecem a desenvolvimento de transtornos como 0 desafiador

opositivo No outro extrema os pais laissez faire que afrouxam totalmente as

limites sao totalmente igualitarios Todos os membros da familia estao

essencialmente Ilvres para fazerem deg que quiserern Raramente estes pais tomam

decis6es ou aceitam responsabilidades Os adolescentes filhos de pais autoritarios

e do tipo laissez faire tendem especialmente a ter problemas de ajustamento

o individuo age com relary8o a certas pessoas como seus pais se

comportaram para com ele Caso as imagos paternas que sao preservadas em

nossos sentimentos e em nossas mentes inconscientes forem predominantemente

rigidas nao poderemos estar em paz com n6s mesmos Odiamos em n6s as figuras

rigidas e intolerantes que tambem formam parte de nosso mundo interno e que sao

em grande parte a resultado de nossa agressividade para com as nossos pais

o homem e urn ser social ele precisa viver com as outros homens para

desenvolver suas necessidades basicas como 0 trabalho a criatividade a arnor par

14

issa ele S8 juntou em comunidade As comunidades sao uma reuniao de pessoas

que tern interesses comuns au seja interesses iguais

Familia e 0 nucleo de pessoas aparentadas que tern la90s de sangue e que

se apoiam no sentido de manter 0 nucleo permanentemente em comunhao

Hit uma serie de expectativas sociais em relacao it familia e preciso que

socialize as criancastomando-as capazes de viver junto aos Qutros seres humanos

A institui9ao familia tern passado ao longo da historia da humanidade por crises

muito serias As formas de familias sao extrema mente variaveis E mais variaveis do

que dentro de nossa proprio pais sao as formas de familia de Qutros paises do

mundo

A familia ah~m de reproduzir novos seres humanos tenta produzir neles as

seus habitos costumes e valores atraves de gerayoes

A familia sempre foi a celula-mater de uma sociedade ou refUgio das

atribuiyoes do mundo Tambem a religiao impoe normas as familias que em torno

del a se reunem Grande parte do comportamento de uma familia no sentido moral econtrolado pela religiao em que ela acredita Em troca a religiao e sustentada pela

familia fazendo com que as crencas e preiticas mora is subsistam por seculos e

levando as pessoas a uma aceitacao de punicoes impostas

o prestigio social dos individuos na familia tradicional de seu

comportarnento diante de sua fe de seu comportamento em rela9ao a familia e de

sua origem e influenciado pelos costumes que traz atraves de geralt6es Durante

anos a familia conduziu-se como uma barreira diante de inovac6es e de formas

novas de ligalt8o homem-mulher-filhos Os vinculos familiares representam uma

seguran9a afetiva e material muito importante para 0 desenvolvimento do individuo

A historia da humanidade assim como os estudos antropologicos sobre os

15

pavos e culturas distantes de n6s (no espacoe no tempo) esclarecem-nos sabre a

que e familia como existiu e existe hoje Mostra-nos como fcram e sao hoje ainda

variadas as formas sob as quais as familias evoluem se modificam assim como

sao diversas as concepcoesdo significado social dos la-os estabelecidos entre as

individuos de uma sociedade dada

Apesar dessas variacoes a forma mais conhecida e valorizada de nassos

dias a familia composta de pai mae e filhos chamada familia nuclear normal

Este e 0 modele que desde criancaS8 ve em livres escolares nos filmes na

televisao mesma que no seia familiar S8 verifique urn esquema diverso

A natureza das rela90es dentro de uma familia vai se modificando atraves do

tempo 0 aspecto mais problematico da evolU9aO da familia est sem d0vida

alguma ligado ao questionamento da posi9ao das crian9as como propriedade dos

pais e a posiryao economica das mulheres dentro da familia Inclui-se ai 0

questionamento da distribui9iio dos papis ditos especificamente masculinos e

feminin~s e esse e urn problema chave para 0 surgimento de uma nova estrutura

social

Nao se poder mudar a institui9ao familiar sem que toda a sociedade mude

tambem Pode-se afirmar ainda que qualquer modificayao na organiza~aofamiliar

implicara tambem numa modifica9ao dos rigidos papeis de esposa mae ou

prostituta os 0nicos atribuidos as mulheres Quanto as crianyas ha algum tempo ja

o Estado intervem entre pais e filhos e desde a pouco os pais sao passiveis de

denuncias pelos vizinhos caso punam fisicamente seus filhos

Atraves da escola do controle sobre os meios de comunica~aode medicos e

psic6lagas a pader dominante de cada sociedade mais au menos sutilmente imp6e

normas educacionais sendo dificil aos familiares contraria-Ias De uma maneira

16

geral cabe ainda aos pais grande parcela de poder de decisao sobre seus filhos

menores Parcela essa cada vez mais contestada A esse pader equivalem por

parte dos filhos direitos legais em relagao aos seus pais em particular no sistema

capitalista Direitos a assistencia educayao manutenyao e participacao em seus

bens e proventos

A familia como toda instituigao social apresenta aspectos positiv~s enquanto

nucleo afetivo de apoio e solidariedade Mas apresenta ao lade destes aspectos

negativ~s como a imposicao normativa atraves de leis uscs e costumes que

impllearn formas e finalidades rigidas Torna-se muitas vezes elementa de coayiio

social geradora de conflitos e ambigOidades

A agressividade inata tende a sef ativada pelas circunstancias externas

desfavoraveis e inversamente e mitigada pelo arner e compreensao que a crianca

recebe 0 seu desenvolvimento e suas reac6es com 0 adulto devem ser

considerados como resultantes da interacao e influencias externas e internas

Um sistema familiar disfuncional nM permite ao aluno a maturidade

necessaria para conseguir urn born desempenho academico

A problematica emocional ligada a situayao conflitiva absorve a

disponibilidade perceptiva e reacional do individuo a estimula~ao externa

dificultando a sua integragao ao ambiente e perturbagao nao 56 a sua capacidade de

aten98o de concentra~ao de raciocinio mas sobretudo a de relacionamento Assim

sendo as dificuldades de assimilayao na aprendizagem escolar podem estar ligadas

a fixagoes emocionais (NOVAES 1970 p 145)

Geralmente criangas com problemas emocionais adotam atitudes agressivas

de inibiyao constri9ao regressao isolamento hostilidade oposigao indiferenya

17

indisciplina exibicionismo dissimula~aosensibilidade e au emotividade excessivas

sendo freqOentesos problemas de mentira de furto e de natureza sexual

Na instituiyao familiar seja ela qual for e a ligayao emocional entre as

pessoas que as torna mats felizes e saudaveis

As perturbaltoes no ambiente familiar interferem no comportamento do

individuo Existe urn processo duple entre 0 lar e a escola as tensoes que sao

geradas num ambiente se manifestam como perturbaltoes no comportamento do

outro (WINNICOn 1971 p 223)

Resgatar a papel da familia e seus vaiores levan3i 0 aluno a sentir-se

amparado A autoridade paterna e materna participativa se faz necessaria na

criayao e educaltao na orientayao e aquisiltao de bons habitos influentes na

projeltaosocial das pessoas Nao necessariamente isto se refere a presenltafisica

de ambos os pais mas da existencia das funlt6esenquanto autoridade

A emoltaopermeia todos os aspectos da vida diaria do ser e tambem interfere

na aprendizagem fazendo-se necessaria urn conhecimento dos aspectos

emocionais para assim pader assistir 0 aluno em seu trabalho escolar A

estabilidade no ambiente familiar proporciona ao individuo seguranya e

independencia A participaltao da familia no cotidiano escolar e de suma

importancia para a aprendizagem

Os jovens nao podem se sentir abandonados eles precisam de exemplos e

sobretudo de afeto para a construltaode uma vida melhor

SOUZA (1995 p 58) considera que a inibiltaointelectual estaria na base da

dificuldade de aprendizagem Existem fatores da vida psiquica da crianlta que

podem atrapalhar 0 born desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaltao

18

com a aquisirao de conhecimentos e com a familia na medida em que as atitudes

parentais influenciam sobremaneira a rela~aoda crianca com 0 conhecimento

Ressalta-se que entre as variDS fatores que influenciam 0 aspecto emotional

da crian9a tem-se alcoolismo familia numerosa sem condicoes minimas estruturais

brigas freqOentes em casa abandono trabalho infantil etc A convivmcia com um

au mais destes fatores acarreta na impossibilidade do aluno concentrar-se nas

aulas visto que a sua aten9ao se volta para a tentativa de resolu9lo dos problemas

familia res que ele julga insoluveis na maioria das vezes Existe urn certa

conformismo misturado a angustia quando 0 aluno consegue expor 0 problema que

o aflige

Deve-se compreender que a familia esta envolvida em diversos problemas

oriundos das pressoes s6cio-econ6micas das dificuldades de habita9ao

alimenta9ao e trabalho sem tranqOilidade para assimilar e analisar os estimulos

externos integrando-os a sua dina mica familiar

A influencia do ambiente familiar e decisiva para 0 ajustamento emotional e

muitas vezes 0 grupo familiar nao oferece condi90es de estabilidade e de

seguranya emocional para 0 desenvolvimento normal de seus filhos

Grande incidencia de conflitos emocionais que se exteriorizam par ansiedade

sentimentos de inferioridade de inseguran98 depressao medo negativismo e

incapacidade de estabelecer rela90es afetivas geralmente coincidem com 0 grande

numera de familias desintegradas desunidas de pais ausentes incompreensivos

imaturos neur6ticos dominadores desajustados que nao podem dar compreensao

amor e apoio aos filhos

ZAGURY (2000) relata 0 resultado das duvidas e incertezas de muitos pais

Para ela os pais devem compreender que mais importante que satisfazer os desejos

19

da CrianC8 e ensinar principios eticos como honestidade solidariedade e respeito

mutua Principios estes que sao fundamentais para 0 born relacionamento social na

adolescencia e vida adulta

Limites sao regras ou normas de condula que devem ser passadas para as

criancas desde tenra idade Eles mostram as crianyas 0 que podem e 0 que naD

podem 0 que devem e 0 que nao devem fazer Ensinam tambem como respeitar 0

proximo facilitando a socializayao Os limites devem fazer parte da educaao pois

vivemos em sociedade e para a boa manutencao desta se faz necessaria a

existencia e 0 respeito as regras (COUlINHO FILHO 2003)

Em seu livro Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sobre a tirania

dos filhos ZAGURY (2000) discute os principais problemas que envolvem a

educayao dos filhos na sociedade moderna quando toda uma geraao de pais foi

influenciada par urna visao excessivamente psicologizante As ambigOidades as

diferenyas entre as regras estabelecidas pelos te6ricos sao debatidas e criticada a

tirania de alguns especialistas que contribuiram para a disseminayao de um dos

maiores males da educaao - 0 chamado psicologismo A autora alerta para a

necessidade de as pais serem criticos nas orientayoes e conhecimentos adquiridos

sobre a educaao dos filhos e chama a atenao sobre os limites e a necessidade de

autoridade por parte dos pais a importancia de se construir uma relayao baseada na

autenticidade e na democracia tanto para as crianyas quanta para seus pais

Para liSA (1996) a disciplina tern inicio antes mesmo do nascimento atraves

do modo como os pais se comportam no relacionamento mutuo Os primeiros dias

de vida e as interac6es com os pais ou pessoas que as substituem sao de

fundamental importancia no desenvolvimento bern ajustado Pois e nessa interayao

que a mae transmite 0 modo de ser da familia e isso e essencial para ajudar 0 filho

20

a formar 0 seu ser psicol6gico pois a crianca traz ao nascer apenas 0 seu ser

biol6gico

0 pai deve ter muita saude pSicol6gica para participar do gesto de

alimentat8o que tern urn significado tremendo no ge5to afetivo A crianca nao

precisa s6 de leite 0 leite alimenta 0 corpo 0 afeto e 0 alimento da alma Crian

sem afeto entra em depressao(lIBA 1996)

Deve-S8 ressaltar que 0 limite e diferente de repressao 0 primeiro S8 instala

atraves das puniyoes ja a repressao atraves da culpa A puniy80 age sabre a ato e

a culpa sabre a pessoa Durante 0 desenvolvimento da clianca 0 limite e saudtlVel

quando este refere-s8 apenas aos atos naD desrnerecendo au desvalorizando a

pessoa A crian nao deve se sentir culpada pelos seus atos mas responsavel par

estes (COUlINHO FILHO 2003)

llBA (1996) diz que os pais que exageram na preocupayao com a choro e a

comida estao contribuindo para ter urn indisciplinado dentro de casa estao

desrespeitando a desenvolvimento biol6gico da crian A mae que trabalha fora

sente-se culpada par deixar a filho sozinho na creche au na escola e depois a

superprotege para reparar a culpa acabando par criar urn folgado dentro de casa

o modo como lidar com a liberdade e Dutro fatar influenciador no comportamento da

crianya e do adolescente Impar limites sem submissao e autoritarismo e outro

desafio para os pais que precisam respeitar a espayo de individualidade sem se

submeterem aos seus caprichos

o tema indisciplina oj amplo e muito se tern ainda a pesquisar estudar e

orientar no sentido de ajudar as pais a encontrarem urn caminho mais segura na

educay80 e formayao da personalidade dos filhos que tern inicio nas primeiras

relayoes entre mae e filho

21

222 0 Papel da Escola

Se a condi9ao basica e necessaria para a aprendizagem e a integridade

moral e 0 estabelecimento da interalYBo professor versus aluno cnde fatares afetivos

e cognitivos exercem influencias decisivas na busca de realizac68s e de desejos

confirmando-Ihes determinadas caracteristicas inteny68s e significados e na escola

que ocorrem boa parte dos problemas com as quais 0 aluno S8 esbarra lentidao de

raciocinio falta de atenyao desintereSS8 indisciplina entre Qutros encontram as

suas origens na estrutura biol6gica sobretudo quando exposta ao meio ambiente

(POLITY 1998)

Em ambientes cnde estes fatares naD sao considerados relevantes que

alunos com dificuldades de aprendizagem ou com problemas de indisciplina acabam

sendo rotulados sofrendo puniyoes devido ao seu fracasso escolar Estes

apresentam lalta de interesse desmotiva980 para estudar pregui9a e distra9ao

Com isto os pais e professores nao entendem estas dificuldades e 0 aluno em seu

permanente estado de tensao nao consegue prestar aten~o e participar das aulas

nao obtendo os resultados esperados (MORAIS 1997)

Outro fator importante e a problematica emocional que deve ser considerada

como decisiva na adaptacao e rendimento escolar podendo trazer serias

conseqOemcias ao desenvolvimento e progresso emocional da crianca A escola

deve oferecer condic5es e estabilidade emocional e atraves do diagn6stico precoce

dos encaminhamentos adequados da pr09rama9aO adequada das atividades

escolares e da preparacao do professor atender a esses casos prontamente

poupando assim a crianra e a sociedade do agravamento dessas situac6es

(NOVAES 1970)

22

Neste interim surge a psicopedagogia como auxiliar no cicio aluno - familia -

escola quando se instala uma dificuldade de aprendizagem 0 psicopedagogo deve

ter urn olhar para 0 contexte global onde est inserida a criana com dificuldade de

aprendizagem as relac6es familia res e escolares

As crian~s que se evadem da escola em geral sao as mais rejeitadas

Estas criancas precisam ser estimuladas ao relacionamento a responder

adequadamente aos sentimentos do outro e a controlar tensao e ansiedade

compreendendo qual e 0 comportamento aceitavel em determinada situacao

E preciso aprender a lidar com a ira e a tristeza a respeitar as diferencas de

modo a encarar as eaisas dificeis aprender a perguntar a negociar a ser mais

assertivo Eo importante somar aos conteudos de hoje as liDes sobre sentimentos e

relacionamentos 0 primeiro passe e aprender a nomear a emoCao compreende-Ia

a partir de suas express6es faciais corpora is E essencial que 0 professor amplie

sua ViS80 sobre as quest6es emocionais desenvolvendo autodisciplina vida

virtuosa capacidade de motivar-se de enfrentar press6es e resolver conflitos

Por tudo isso a escola tem 0 compromisso moral e etico de se preocupar com

o desenvolvimento dos alunos reinventando as aulas e proporcionando a sintonia

do conteudo a capacidade de aprender Considera-se muito importante que a familia

e a escola estabelecarn urn vinculo para tentar mUdanyas em relaC80 it falta de

atenC80 e indisciplina no sentido de ajudar 0 aluno a evitar maiores dificuldades

crises e stress

ANNA FREUD (1971 p162) considera que as normas escolares prestam

pouca ou nenhuma atenC80 as diferencas individuais

o aluno deve sentir-se desafiado e envolvido no processo a todo instante A

capacidade de empatia entre professor e aluno e 0 segredo do sucesso no

23

relacionamento entre ambos A auto-estima e urn ponto tambem fundamental para

um comportamento bem integrado

Num sistema educacional problematico como 0 do Brasil unido ascaracteristicas pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita5es

do professor e toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sal a

de aula interferem na aprendizagem como urn todo Pais e professores devem estar

atentos para educar desde os primeiros dias de vida para a disciplina que nao

5ubmete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemple e 0 dialogo

E preciso que a escala como urn todD e principal mente seu corpo docente

ampliem a consciencia a respeito da responsabilidade que tern em relacao ao futuro

dos seus alunos e alem disso que possam perceber a importancia do bern estar

psicol6gico como uma situacao fundamental para a aprendizagem satisfat6ria A

escola pode e deve propiciar ao aluno seguranca emocional para que ele possa

vivenciar vinculos saudaveis com seus professores e colegas

Espera-se que Utenham uma visao positiva da vida e sentido de humor que

sejam capazes de apreciar 0 valor de uma boa risada para eliminar pequenos

ressentimentos e aborrecimentos que prejudicam 0 crescimento do aluno (MOULY

1979 p 134)

E urgente a necessidade de uma nova escola desenhada para a mente e 0

cora~ao que ensina autocontrole empatia a arte de ouvir de resolver conflilos de

cooperar

A indisciplina pode ser definida como

Indisciplina e a recusa de $ubmeter-se as regras de aprendizagem educativa e a seu sistemade transmissao institucional Relacionada com 0 contexto familiar e escolar a indisciplina eum dos sintomas dos disturbios da inf~ncia e da adolescencia Quee preciso situar no campomutti~imensional da~ i~teracOesentre processos de aprendizagem e finalidades da educayaorelayao educadorlsuJeltolgrupos de alunosJclasse sistema de avaliacao e risco de fracasso

24

Ultrapassando 0 simples registro dos disturbios de carater a indisciplina tern a ver comfatores psicossociais que dao sentido a essa forma de insubmissflo (DORON et ai 1998)

Para VASCONCELLOS (1995) as manifesta90es de indisciplina na escola e

na sal a de aula sao urn problema a ser analisado na sua totalidade levando-se em

conta a familia as mudan~asocorridas na escola a professor a sociedade a crise

dos sentidos e dos limites considerando-se que 0 que se entende por disciplina e

como construi-Ia nurn processo de interarao entre 0 adolescente e a

professorescola

A educaC8o no seu verdadeiro sentido naD se faz sem autoridade pais 0

educando precisa do referencial do educador a fim de ter base para a constru9ao do

seu eu Muitas vezes 0 professor nao consegue disciplina porque nao tem

autoridade diante dos alunos Normalmente 0 professor fica esperando que 0 aluno

traga urn reconhecimento natural para com sua pessoa historicamente esse tempo

passou 0 tratamento de respeito tem que ser conquistado pelo professor

(VASCONCELLOS 1995)

A questao fica complicada quando temas como profissionais da educayao

elementos totalmente alheios e nao educados para a realidade atual Alem da falta

de dominio dos conteudos a serem ensinados falta-Ihes a capacidade de perceber

essas transforma90es hist6ricas que vern ocorrendo no relacionamento educando x

educador Falta-Ihes conhecimento do desenvolvimento humane e psicol6gico de

seus alunos E por fim suas pnticas pedag6gicas sao pobres de metodos que

propiciem a intera9aOe a construyao do conhecimento no respeito mutuo falta-Ihes

autoridade e capacidade de administrar a indisciplina gerada pelos fatores citados

Esses professores podem se deparar com criancas com transtorno desafiador

25

opositivo e muitos deles carecem de orientaCiies de como lidar com este tipo de

conduta

A disciplina escolar e urn conjunto de regras que devem ser obedecidas para

o exito do aprendizado escolar Portanto ela e uma qualidade de relacionamento

humano entre 0 corpo docente e 0$ alunos em uma sala de aula e

consequentemente na escola respeitando as caracteristicas de cada urn dos

envolvidos (TIBA 1996)

Para que haja disciplina em sala de aula isto e alunos motivados satisfeitos

com a aula e necessaria que 0 professor seja urn grande conhecedor do que

ensina da realidade que 0 cerca e tenha a capacidade de envolver 0 aluno na sua

sala usanda uma metodologia e uma didatica que nao deem margem a apatia ao

cans890 a monotonia para ambas as partes 0 aluno deve sentir-se desafiado e

envolvido no processo a todo instante A capacidade de empatia entre professor e

aluno e 0 segredo do sucesso no relacionamento entre ambos

Para TIBA (1996) a indisciplina na escola e vista como conseqOencia do

sistema educacional brasileiro que afeta diretamente as rela90es dos individuos em

sal a de aula e na escola Urn sistema total mente falido unido as caracteristicas

pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita~oes do professor e

toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sala de aula A auto-

estima e citada pelo autor como fundamental para um comportamento bem

integrado Ele aponta tambem inumeras sugestiies para os pais e professores no

sentido de como educar desde os prirneiros dias de vida para a disciplina que nao

submete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemplo e 0 dialogo

Por outro lado encontra-se a escola tentando cumprir a sua funCao (orientar

na constru~ao do conhecimento) e freqDentemente quando 0 professor se depara

26

com um alune que esta precisando de ajuda no aspecto emocional encontra-se

despreparado para lidar com a questao reagindo com intolerancia Consideram

muitas vezes mais tacil fazer julgamentos como 0 alune naD tern jeito bulle da

familia tal todos as irmaos desta familia ja fcram meus alunos e sao todos i9uais

Eventualmente recusam-se a participar de cursos de atualiza9ao e aperfei90amento

e preferem adetar a postura de que sabem que 0 alunD naD tern jeito mesma e nada

S8 tern a fazer a que favorece 0 rebaixamentoda auto-estima do alune e 0

agravamento do problema gerando disc6rdias e aborrecimentos na escola

Urn Dutro aspecto a ser considerado e que tudo sa tornaria mais facil para a

crianca se ao ingressar na escola ela pudesse encontrar um ambiente acolhedor

com regras bern definidas professores conhecedores dessa realidade com

formacaopsicol6gica para propiciar momentos de tomada de consciencia do porque

daquele comportamento fazendo acontecer a catarse e redirecionando as modos de

agir de tais crian~s e adolescentes Porem a realidade das escolas e bem outra 0

proprio ambiente e a mentalidade favorece que ela a crianca a adolescente

coloquem toda a agressao reprimida suas neuroses seu 6dio seus sentimentos

de culpa sua revolta contra a autoridade e a patrimonio escolar Muitas vezes 0

atuno encontra professores que nao se libertaram dos traumas e problemas dos

quais eles mesmos foram vitimas na primeira infancia alern de desconhecerem e

nao saberem lidar com a crianca e 0 adolescente problematico pelo desprepara

pedag6gico e a falta de metodos adequados e atrativos para prender a aten9ao e 0

interesse de seus alunos Sua pratica pedag6gica e pobre de recursos e estrategias

que desafiem e motivern tais alunos a se auto valorizarem elevando a auto-estima

Urn dos pontes mais comuns entre as indisciplinados e a sentimento de

menos valia aem da fata de conffan9a nos contatos e na produtividade Percebe-se

27

assim que para reverter essa questao naD basta trabalhar com a aluno E

necessario urn trabalho junto aos professores e familias criando estrategias que

modifiquem 0 ambiente e urn relacionamento mais verdadeiro mais equilibrado

deve ser estabelecido em todos as sentidos - trabalhando-se em equipe

28

3 0 CASO DE UMA CRIANCA COM TRANSTORNO DESAFIADOR OPOSITIVO

Foram utilizadas entrevistas com a mae professores e irmaos Encontros com

a crian-a em sess6es com durayao de 50 minutos cnde utilizou-se de metod as

como desenhos brincadeiras jogos regrados massa de modelar

31 HIST6RIGO DO GASO

F e urna rnenina de cinco anos cayula tendo um irmao de 21 anos e urna

irma de 17 anas de idade

o pai faleceu com 49 anas ha apraximadamente 01 ana e a mae atualmente

com 49 anas teve F com 43 anas

o pai fai marta par paliciais em frente a sua casa Estava bebada e saiu a rua

armada e um carro da palicia apareceu e 0 viu sentado na calcadalogo depois

vieram muitas viaturas e a mae pediu que levassem 0 marido para passar a noite na

cadeia mas que naD fizessem nenhum mal a ele Neste momento 0 pai de F

comeyou a atirar e aS policiais (segundo a mae 18 policiais aproximadamente)

invadiram a casa e comeyaram a atirar A familia fa para os fundos da casa e a mae

passou F par cima do muro para a casa da vizinha Quando a familia voltou para

frente da casa as paliciais disseram que a pai de F estava ferida na perna e

levaram-na para a hospital mas segundo a relata da mae ele ja estava marta e

havia na verdade levado urn tiro na cabeca F nao viu a cena mas escutou tudo

Ganforme relata da mae a partir da data do acarrida F naa abedece faz de

canta que naa escuta e quando quer alga came9a a tremer A mae diz que a filha

29

ficou assim desde a marte do pai pais este a bajulava muito fazia tudo 0 que ela

desejava

F sempre foi mimada pelo pai este nunca repreendia a filha por algo de

errado que ela fizesse Para 0 pai F nunca estava errada inclusive quando ela e a

irma mais velha brigavam 0 pai sempre ia em defesa da mais nova e para protege-

la amea98va bater na mais velha

A queixa principal da mae e que F comeya a tremer quando quer algo de que

gosta muito nao obedece a regras e Iimites impostos pelos responsaveis

Nas observayiies comportamentais notou-se que F testa os limites dos

adultos para conseguir 0 que deseja e as pesso8s que a cercam para se livrarem

das birras acabavam por fazer 0 que ela queria Mas essas mesmas pessoas

comeyaram a perceber que a falta de regras e limites jil ultrapassava 0 limite do

suportaveJ

Segundo HANISH et al (1999) 0 transtorno desafiador opositivo aparece

antes dos 10 anos Normalmente torna-se aparente na idade pre-escolar que e 0

caso desta crianga

Na escola F naD interagia com as colegas na hara de fazer brincadeiras em

grupo nac conseguia se relacionar com as colegas quando a professora pedia para

fazer alguma atividade F fazia do jeito que queria e nao como a professora

solicitava

Para que houvesse progresso no tratamento foi fundamental que a mae e as

demais pessoas que rodeiam a crian~a modificassem sua forma de agir e para que

isso ocorresse foi preciso fazer urn remanejo de conduta dessas pessoas Fez-se

pois necessaria orientacao e treinamento para auxilia-Ios nesta mudanlta

30

32 EVOLUCAO DO CASO

As intervenyoes utilizadas neste casc com a mae fcram em forma de

orientayao na freqOencade pelo menDS uma vez par meso Mais recentemente este

trabalho com a mae vern sendo feito a cada quinze dias

Em conversa com a mae esta mencionou que naD queria fazer como seus

pais naD que eles fassem ruins disse ela mas eles nao conversavam e naD tinham

tempo de dar aten9ao e de ensinar os deveres da escola Tudo 0 que ela aprendeu

na escola foi par esforyo proprio e naD queria que isso acontecesse com sua filha

entaD ela au as irmaos mais velhos sentam com F e a ensinam

Mais tarde foi feita uma entrevista com a professora e esta mostrou todas as

li90es de F e disse que aquelas atividades nao haviam side feitas pela crian9a e sim

por seu irmao e que a professora ja havia mandado bilhetes pedindo que nao

fizessem mais as atividades da escola par F A mae foi orientada a dar mais

incentivo a F em lugar de fazer os deveres por ela pois F nilo tinha problemas de

aprendizagem mas par falta de incentivo poderia vir a ter

Com F foram utilizadas brincadeiras como pintura com aquarela desenhos

massa de modelar hist6ria infantis Atraves destes me-todosforam utilizados refor~o

e a punicao quando necessarios

o refor9Q foi atraves de elogios sorriso e aten9ao quando F realizava urn

comportamento desejavel A punitao consistiu em retirar uma atividade que ela

gostava muito como desenhar OU tambem ignorar a sua atitude mantendo a calma

No terceiro encontro F mencionou 0 pai dizendo que ele comprava doces

para ela mas nao quis continuar falando sobre ele alegando que 0 irmao mais velho

nao gostava Mais tarde em outras sess6es tornou-se claro ser isto fantasia sua

31

Nos primeiros encontros corn F ela demonstrou S8r cordata entretanto a

partir do quarto encontro F mostrou comportamentos de manipula9ao ou seja

querer controlar a situacao e que tude salsse da forma que queria para que todos

as seus desejos fossem realizados atitude comum em casa ou na escola

A quinta sessao foi para verificar a interacao de F com a mae F mostrou-se

intransigente naD obedeceu a nenhuma das ordens da mae na hora de guardar as

brinquedos gritou com a mae e esta demonstrou claramente nao conseguir dar

limites a sua filha A mae conseguiu dizer neste momento que se F estivesse em

casa iria apanhar com uma varinha mas ista naD adiantou pais F ficou irredutivel

Ao final da sessao quando tudo estava no seu devido lugar F ja estava agindo como

se nada tivesse ocorrido a mae mencionou que F era muito nervoS8

A partir da sexta sessao loram leitos contratos com F os quais ela aceitou

com lacilidade

Apos 0 contrato feito na sessao anterior na setima sessao foi trabalhado a

limite atraves de acordos leitos com F como pedir para que ela escolhesse

somente tres tipos de brinquedos da caixa que s6 iria embora quando a horario da

sessao terminasse e que as Iimites seriam colocados pela terapeuta Com estas

regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela queria

A partir da oitava sessao loi levantada a hip6tese do problema de F ser

transtorno desafiador opositivo pais ela demonstrou as comportamentos de querer

dominar e mostrar que poderia mandar mas com muita paciencia foram impastos

limites atraves do silencio mostrando que nem tudo poderia ser como ela queria e

assim acabou aceitando

A nona sessao loi destinada a orientar a mae em como agir com a filha e loi

proposto para que a mae assistisse a proxima sessao atras do espelho

32

Como foi sugerido para a mae na sessao passada ela ficou ats do espelho

para ver como a filha interagia e poder verificar qual seria a melhor forma de lidar

com ela

A decima segunda sessao foi destinada a mae para verificar como estava 0

comportamento de F fora da terapia Ela comentou que 0 comportamento da filha

melhorara muito que as tremores 56 ocorriam esporadicamente Foi orientado amae que quando Dcarressem as tremores ela deveria fazer de conta que naD havia

percebido nada

Foram feitas diversas sess6es seguidas mais precisamente da decima

terceira il decima setima com F destinadas a trabalhar regras e limites Este

trabalho foi realizado atraves de acordos com F como por exemplo pedir que ela

escolhesse apenas tres brinquedos da caixa au escolhesse entre desenhar e ouvir

historias au ainda entre conversar e brincar tambem poderia escolher entre brincar

de casinha e desenhar

A decima oitava sessao foi urna sessao diferente pOis foi destinada aprofessora de F para verificar como F estava S8 comportando e se relacionando

com colegas em sala de aula enos interval os A professora levantou a hip6tese de F

ter problemas de aprendizagem pois as atividades escolares dela nao eram

compativeis com a de seus colegas de classe Mas foi constatado atraves das

atividades que eram enviadas para serem feitas em casa que 0 que faUava para F

era estimulo pOisseu irmao fazia suas atividades por ela

Foram feitas duas sessoes seguidas (decima nona e vigesimal para

comprovar se havia problemas de aprendizagem com F Sessoes estas de recorte e

colagem e de hist6ria (Cinderela) Com estas atividades pode se constatar que F

33

tern plena capacidade de realizar tarefas sDzinha talvez com uma pequena

orienta9ao quando solicitado por ela

A vigesima primeira foi mais uma sessao dedicada a orient89ao a mae

quando esta mencionou que Festa cada vez melhor seus tremores quando quer

chamar a aten9ao estao diminuindo a cada dia

No vigesimo segundo encontro com F a interven9ao utilizada foi 0 desenho

Eta desenhou margaridas e mencionou que se fosse uma planta queria ser uma

margarida e S8 fosse urn objeto queria ser uma estrela Ja na sessao seguinte que

foi a vigesima terceira a intervencao utilizada foi brincar de casinha cnde F mostrou

a sua intera9ao familiar dizendo que trabalhava em um hotel (como na realidade sua

mae trabalha) 0 marido trabalhava em hotel e seu pai estava muito doente (na

realidade ja e falecido) e tinha muitas dores no corpo

Ate 0 momento foram feitas as vinte e tres sess6es aqui descritas nas quais

a crianya demonstrou significativas mudantas no comportamento

33 ANALISE DO CASO

Inicialmente F nae obedecia fazia de conta que naD escutava e quando

queria algo come9ava a tremer nao obedecendo a regras e limites impostos pelos

respons8veis A mae dizia que a filha ficou assim desde a morte do pai pais este a

bajulava muito fazia tudo 0 que ela desejava

Notou-se que F testava os limites dos adultos para conseguir 0 que desejava

e as pessoas que a cercavam para se livrarem das birras acabavam par fazer 0

que ela queria

34

Na escola nao conseguia se relacionar com os colegas quando a professora

pedia para fazer alguma atividade F lazia do jeito que queria

A mae de F fazia as atividades par ela dizendo que ~nao queria tazer como

seus pais naD que eles fassem ruins mas eles naD conversavam e naD tinham

tempo de dar atenC80 e de ensinar as deveres da escola

Durante 0 tratamento F inicialmente demonstrou ser cordata posteriormente

mostrou comportamentos de manipulayM querendo controlar a situayao e

procurando forcar que todos as seus desejos fassem realizados Na presenva da

mae nao obedeceu a nenhuma das ordens dela gritou e ficou clara a dificuldade da

mae em dar limites a filha F mostrava-se muito irritada

Foram feitos contratos com F e passou-se a trabalhar atraves de acordos as

limites Com estas regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela

queria

No tratamento foi fundamental que a mae e as demais pessoas que rodeiam a

crianya modificassem sua forma de agir Foi orienlado a mae que quando

ocorressem as tremores ela devena fazer de conta que nao havia percebido nada

Em sessao com a professora de F constatou-se que a hipotese de

problemas de aprendizagem se apresentava mais em lace da lalta de estimulo para

que esta realizasse suas pr6pnas atividades ao inves de que outras pessoas as

fizessem por ela Foram leitas sessees com a finalidade de comprovar se F tinha

problemas de aprendizagem e verificou-se que esla linha plena capacidade de

realizar as tarefas sozinha Em relayao a interayao familiar F dramatrizou em uma

atividade que sua mae trabalhava em um hotel 0 que correspondia a realidade e 0

marido trabalhava em hotel que seu pai estava muito doenle e tinha muitas dores

35

no corpo quando na realidade seu pai ja era falecido Mostrava com isso a falta que

a funy80 paterna Ihe fazia

A mae de F I numa sessao dedicada a sua orientay8o mencionou que F

estava cada vez melhor e que seus tremores para chamar a atenC80 estavam

diminuindo a cada dia

36

4 ORIENTA~OES AOS PAIS

ZAGURY (2001 p59) na complexa tarefa de dar limites sem ser autocratico

ou seja de como disciplinar sem bater OU sem ser coercitivQ com a crianya sugere

algumas estrategias

bull Premiar ou recompensar a born comportamento - sempre que a crianca

tiver atitudes corretas devemos ressaltar este tatoo E bern comum que as

pais muito ocupados com tarefas cotidianas esqueltam de elogiar

somente lembrando de ralhar quando os ftlhos fazem algo errado Desta

forma as criancas entendem que naD vale a pena fazer tudo certinhon

pois nao recebem aprova9ao A melhor forma de alcan9ar um objetivo

educativo e elogiar incentivar e ressaltar tudo a que a crianca fizer de

positivo

bull Diferenciar premiar de dar coisas materiais - apesar do consumismo

vigente as crianvas ainda valorizam mais urn carinho urn elogio sincero

reconhecimento do esforco do que presentes dinheiro e viagens

Eventualmente pode-se presentear materialmente mas e importante nao

comprarmos as crianras pois desta forma elas aprendem a agir de modo

calculista Se dermos nosso carinho e aprovayao seu ego se fortalecera

sua auto-estima se elevara e gradualmente a crianya sentira prazer em

agir de forma adequada

bull Fazer com que a crianya assuma as conseqOemcias dos seus atos - com

carinha e naturalidade devemos conversar e agir apontando seus erras e

fazendo com que reftitam sobre as atitudes incorretas antieticas ou

egocentricas tomando 0 cuidado de deixar claro que 0 que desaprovamos

37

sao as atitudes incorretas e naD suas caracteristicas pessoais 5e mesma

ap6s a explica~o a crianca reincidir na atitude incorreta entao e 0

momento de faze-Ia compreender que e responsavel pelos seus atos e

tambem pelas suas conseqGencias Deve-se ressaltar as consequemcias

do ato born carinho aprova~o estimulo etc Como do ato incorreto

desaprova9ilo nao reforyamento deixar de fazer algo que gostam etc

Deve-se ter em mente que as elogios premiacoes bern como as puni90es

devem ser proporcionais ao fato Ou seja e necessario que se tenha born sensa e

equilibrio para que as acoes sejam autenticas e valorizadas pel as criancas

COUTINHO FILHO (2003) tambem sugere algumas possibilidades para

colocar parametros de limites para a crianca

bull Nao coloque limites conforme seus desejos pessoais

bull Demonstre que voce e as demais adultos tambem tern limites a respeitar

bull Diga qual puni9ilo a ser dada para cada limite ultrapassado e nao deixe de

executa-Ia

bull De puniyoes brandas para atitudes brandas e puniyoes pesadas para

atitudes pesadas

bull Deixe claro que a puniyao Eo pelo ate e nao pela pessoa

bull Justifique os motivos do limite Nao faca isso porque nao quero ou nao

gosto nao Eo justificativa

bull Repita quantas vezes for necesstuio

bull Use sua autoridade sem provocar submissao e mal estar

bull Use da afetividade para impor limites

38

ZAGURY (2001) destaca pontos importantes para nao perder a autoridade

perante os filhos

bull Cumpra 0 que disse (seja premia ou conseqOemcia) ou seja ameacou

execute prometeu faya

bull Seja coerente 0 que nao pode nao pode nunca (salvo raras excessoes)

nao mude de atitude como quem mud a de roupa (au de acordo com 0 seu

humor)

bull Faya com que seus filhos gradualmente assumam responsabilidades

Deixe que eles participem das decisoes sabre premios ou conseqOeuromcias

- isto ajuda a amadurecer e compromete a crianca e as jovens que

aderem mais ao que ajudam a construir (mesma que sejam sans6es para

eles proprios)

bull Cuidado com 0 que diz e com 0 modo como diz - critique 0 ato nunca a

pessoa ou a personalidade de seus filhos Trate somente do assunto que

S8 esta analisando no momento naD desenterre coisas do passado sem

necessidade Nao fique com pena da crianya se ela chorar ficar triste

nao talar com voce E melhor ela ficar triste hoje mas aprender a respeitar

o pr6ximo a 5i propria e a palavra empenhada do que sofrer futuramente

nos seus relacionamentos interpessoais

Segundo TIBA(2002) os filhos nao vem com manual pois eles mesmos sao 0

manual au seja cada criancaencerra uma individualidade e a cada dia os pais irao

aprendendo com cada filho E importante neste aprendizado os pais privilegiarem 0

desenvolvimento relacional atraves de um procedimento basico que deve ser

aplicado a cada fllho Para TBA (2002) ese procedimento e valido para qualquer

39

relacionamento entre pessoas de qualquer idade mas que e relevante na formaC8o

da auto-estima da criancadesde 0 seu nascimento Para 0 atendimento integral a

uma crian9 sao cinco os passos parar ouvir olhar pensar e agir (TIBA 2002

p127)

TIBA (2002) descreve os cinco passos da seguinte forma

1 Parar - parar 0 que estiver fazendo ou pensando e dar atenyao total acriancaCasa naD possa parar naquele exato momento vale colaear uma

das maos no ombro da crian9 enquanto diz que logo vai atende-Ia A

crianya deve ficar esperando ali juntinho de voce Pode ser que ela queira

sair para voltar logo depois Se a iniciativa de sair for da crianca a

responsabilidade de voltar sera dela Mas deve evitar ao maximo dizer

para a crianca ocupar-se com Dutra caisa enquanto voce termina 0 que

esta fazendo Nem sempre ela volta outra vez pelo mesmo motivo E

tambem fundamental deixar de lado ideias preconcebidas sobre 0 que a

crianca vai fatar Se voce pensa ~Iavern aquela chata me encher Dutra

vez seu cerebro ja esta preenchido em parte com esse pensamento e

voce perde a chance de atende-Ia integralmente

2 Ouvir - e a parte racional Os pais devem olhar no funda dos ahos da

crianca como se a Duvissem com as ahos A criany8 precisa aprender a

se expressar Nao se deve tentar adivinhar 0 que ela quer Quando pede

alguma coisa esta desenvolvendo sua capacidade de pensar de formular

uma pergunta e de se expressar para que outras pessoas possam

compreende-Ia

3 Olhar - e a parte instintiva Num piscar de olhos uma pessoa consegue

ver tantas coisas que levaria muito tempo explica-Ias em palavras Tudo 0

40

que se percebe visualmente tambem tem que ser considerado para

compreender a crian9a

4 Pensar - lados os elementos percebidos tanto visualmente quanto

verbal mente mais 0 sentido educativo que se que ira imprimir na forma9ao

da criana devem fazer parte da resposta a ser dada Sentido educativo e

o objetivo a ser atendido com a educaao que esta sendo dada (Quer que

o filho seja egoista Coloque-o sempre em primeiro lugar em detrimento

dos outros e diga sim a todos os seus desejos Quer que ele seja feliz

Ajude-o a desenvolver a satisfailo pelo que e e pelo que consegue fazer

a tolerimcia a compreensao dos Qutrosa vontade de ajudar a quem pede

e a etica do bem)

5 Agir - essa aao ou resposta deve ser bem clara e objetiva Melhor ainda

se voce puder se assegurar de que a crianca real mente saciou sua

vontade

E importante ressaltar que os cinco passos devem ser utilizados em todas as

situayaes desde 0 tombo da crian98 pequena ate quando a crian98 crescer Ao se

utilizar este procedimento basico as atitudes dos pais tendem a ser coerentes Par

exemplo se uma crianca calr naD e necessaria as pais sairem desesperados em

todas Situ8COeS mas avaiar se 0 tombo foi grave QU se foi urn tombinho que naD

precisa de maiores cuidados Tambem as pais naD devem sair dizendo que chao

feio que passa a falsa ideia que 0 chao e culpado pelo seu tombo a criana tem

que aprender que ela deve ter cuidado Se ela se choca uma ou duas vezes numa

mesa ela aprende a ter cuidado por sua pr6pria experiencia TIBA (2002 p133)

41

destaca que a afobayao e a reacao exagerada dos pais geram inseguran9a na

crianca

Outre fato bastante comum e as pais deixarem as ftlhos ganharem jogos par

exemplo tentando agrada-Ios mesmo que os deseduquem As crian9as tern uma

sabedoria natural Brincam e competem de acordo com as conhecimentos e as

capacita90es de que disp6ern E mais facil para 0 pai brincar como se fosse crian98

e deixar 0 filho ganhar sempre Esse comportamento contudo da a crianca uma

visao irreal do que e jogar Ganha-se algumas vezes perde-se outras (TIBA 2002

p136) Ou seja e mais educativ~ para a criana descobrir que podemos ser bons

em algumas caisas mas nao em tudo Passa-se uma experiencia da realidade para

a crianC8

TIBA (2002) tambem cita 0 caso de colocar a crian9a no colo enquanto se

dirige urn carro A crianC8 tern a falsa sensacao de que comanda 0 veiculo mas issa

nao passa de urn poder irreal Ao dirigir urn carrinho de brinquedo ela poderia de fato

se sentir poderosa IS50 sem falar que quando 0 filho crescer ao 15 anos par

exempla vai querer sair com 0 carro do pai mesmo sem poder Mas quando era

criancaeu podia

o caso classico da criancaquerer dormir com os pais tambem e abordado por

TIBA (2002) segundo 0 autor 0 ideal e que desde bebe a crian9a deve aprender a

dorrnir no seu lugar mesmo que ache mais gostoso aninhar-se entre os pais Ir cada

urn para sua cama da 0 sentido de que cada urn tem seu territorio ai tambem

estamos delimitando limites onde sao respeitados 0 so no e 0 espacode cada urn

Crian~asmaiores que ja andam devem ter um lugar (ou quarto) proprio para dormirMesmo que ocasionalmente adorme~am na cama dos pais e importante que sejamlevadas a sua cama para que acordem la Nao devem adquirir 0 habito de dormir nacama dos pais Tenha paciencia e fale claro em born tom olhando seriamente nofundo dos olhinhos dela ~Cada coisa no seu lugar cada pessoa na sua cama~

42

Quando a crian(f3 percebe que 0 limite e coisa sena e vai ser cumprido procura seajustar(lIBA 2002p115)

OLIVEIRA (1999 p120) enumera as diversos problemas que causam a fato

dos filhos permanecem no quarto dos pais na hora de dormir considerando-as de

difieil recupera~aoposterior

1 Faita de valorizayilo da privacidade tanto do casal como da crianya

2 Mantem a relacao simbi6tica au seja a li98980 existente entre mae e

bebe prejudicando 0 desenvolvimento emocional da crian93

3 A crianya tende a formar relayao de dependencia da protey80 e da

preseny8 dos pais ate mesma durante 0 sono

4 Quando chegar a fase em que a crianca elege entre 0 pai e a mae 0 seu

preferido tenta afastar 0 autro esticando-se e virando-se na cama de

modo a deixar a preterido desconfortavel a ponto deste mudar de lugar

sair da cama e ate mesma do quarto

E importante ressaltar que sempre as regras devem ser claras e naD sujeitas

a mudancas pois a organizacao interna dos filhos fica muito prejudicada se dormir

au nao na cama dos pais se transforma numa possibilidade que depende apenas do

humor dos pais ou de quanto 0 filho se recusa a dormir sozinho (chorando

acordando diversas vezes etc) A crian9a com autonomia de sono e mais

independente e feliz (TIBA 2002 p116)

Enfatiza-se que na maiaria dos casas as pais permitem que as criancas

fiquem ate mais tarde no quarto deles nao e par uma exigemcia ou necessidade da

crianya mas par alguma deficiencia desequilibrio au imaturidade dos proprios pais

(OLIVEIRA 1999 p122)

43

Em relaiio ao choro da crian9l ressalta-se que ha dois tipos de choro 0 que

expressa dor e 0 que busca pader

Se 0 filho descobrir que pade usar a chom como fonte de poder as pais estaoperdidos Nunca mais saberao dizer se ele chara par dar au poder Urn chore depoder Necessita dos olhos e dos ouvidos de quem se quer dominar Ingenua acrianya que usa 0 choro como pader para imediatamente apes conseguir 0 que querOai a importancia de as pais ficarem atentos para nao ser manipulados (TIBA 2002p158)

o choro que apela para 0 lade coitadinho inspira ternura Eo urn tipo de

manipula9ao que busca 0 dominio pela chantagem aletiva Eo dilicil neutralizar 0 uso

do choro como arma

Segundo liSA (2002 p159) Urn pouco de dor nao matara a crian9a assim

como urn poueD de pader nao matara as pais ( ) Se traumas infantis matassem a

humanidade estaria extinta Nao ha filho que nao tenha side contrariado A imensa

maioria deles tern condi90es de agOentar contrariedades 0 autor destaca que pais

que sao soHcitos ao extrema nao trayam um born e segura trajeto para seguir 0

resultado e que a crianya fica insegura pais perde a confianca neles ela pressente

que as pais nao tern firmeza nas suas decisoes e sao manipulaveis

Deve-se tomar cuidado com as exageros urn erro cometido pelos pais

desde que nao seja baseado na violencia em surras socas e pontapes naa traz

problema nenhum Atos como esses descarregam a raiva mas nao tern forlta

educativa pois violmcia s6 gera violencia (liSA 2002 p159)

Em rela9aOaos pais lazerem as tarelas pelos filhos ou ainda pior comprar os

resultados ressalta-se que este tipo de atitude nao ajuda a crianlta cria

dependencia e compromete 0 desenvolvimento escolar Alem disso as pais acabam

privando os filhos do gosto de uma conquista dando uma mensagem subliminar de

que eles sao incapazes Os pais nao devem privar os filhos do gosto de uma

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

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WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

Page 8: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

5

212 Diagnostico Diferencial

Ressalta-se que 0 diagnostico de transtorno desafiador opositivo naD deve ser

dado se forem preenchidos os criterios de transtorno de conduta ou quando os

comportamentos opositivos ocorrerem somente durante urn transtorno de humor au

psicotico (HANISH et ai 1999)

Em rela9ao a diferencia9ao entre 0 transtomo desafiador opositivo e 0

transtorno de conduta HANISH et al (1999 p64) ressalta

C ) urn fator que diferencia 0 transtoma desafiador opositivo e 0 transtomo deconduta e 0 fata de que esle ultimo envolve a nao-considera~o e 0 desrespeito pelodireito dos Quiros () As crian~s com transtomo de conduta norrnalmente ternpouca au nenhuma preocupa980 em rela9secto ao impacto de sua conduta sabre asQutros ( ) Traduzindo em termos cognitivos as criancas com transloma de condutaparecem pensar pouco sabre as conseqOmcias de suas atitudes e apresentammenor habilidade de raciocinio moral enquanto as criancas com transtomodesafiador opositivo apresentam pouca habilidade de resolucao de problemas etentam utilizar a oposicao como fonna de coercaode condutas em especial de outraspessoas significativas (per exemple os pais)

Outra diferenciacao importante e entre 0 transtorno desafiador opositivo e 0

desafio e a oposi9ilo normal da idade 0 que acontece em crian9as normal mente no

periodo pre-escolar No caso do desenvolvimento normal da crianca os

comportamentos opositivos tern seu pico no inicio da inffmcia e diminuem com 0

tempo aqueles que caracterizam 0 transtorno desafiador opositivo continuam e

pioram com a idade (HANISH el ai 1999)

o disturbio de conduta ocorre em 3 a 7 das criancas e adolescentes com

predominancia na adolescencia e no sexo masculino Os sintomas costumam

aparecer entre 0 inicio da infancia e puberdade e costumam persistir ate a idade

adulta As principais conseqOencias na idade adulta envolvem abuso de drogas

6

discordia conjugal dificuldade em arrumar emprego prisao e morte prematura

violenta (ALMEIDA et ai 1996)

Os sintomas do transtorno de conduta giram em torna de um padrao

persistente de maus comportamentos no qual 0 individuo infringe regras e viola 0

direito dos outros e geralmente ultrapassam a idade infantil mantendo 0

comportamento disruptivo e criminoso mais tarde na vida (HOLMES 1997)

o disturbio de conduta se caracteriza par urn comportamento anti-social

persistente As crian9as tendem a mentir roubar faltar as aulas sem motivD se

envolver em hrigas constantemente fugir de casa agredir fisicamente os Qutros ser

cruel com pessoas e animais destruir propriedades alheias de forma deliberada

apresentar baixo rendimento escolar problemas de relacionamento com as colegas

e em casas mais intensas assaltar a mao armada cometer estupros e homicidias

(ALMEIDA et ai 1996)

213 Influencias Familiares

o papel da familia particularmente os pais pode influenciar 0

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo KRUESI e TOLAN citados por

HANISH et al (1999) identificam tres caracteristicas dos pais que tendem a

aumentar a probabilidade do aparecimento do transtorno desafiador opositivo e que

devem ser levadas em conta na formulaao do tratamento Sao elas pSicopatologia

dos pais praticas ineficazes dos pais e ruptura do casal

Como pSicopatologia dos pais encontramos principalmente 0 transtorno anti-

social de personalidade aiEimde outras formas como 0 uso de drogas e depressao

e varcfwes importantes como a maternidade na adolesceuromcia Na casa do transtarno

t~roj ~Slbullbullbullbullbullh

8MIl

anti-social nos palS e passivel a necessldade de Intervencao pOlS podem Interfenr

7

nas tentativas de modificar as praticas de manejo da conduta da crianl utilizadas

pelos pais (HANISH et ai 1999)

Algumas praticas ineficazes dos pais como as interacoes familiares

coercitivas tambem favorecem 0 desenvolvimento do transtorno desafiador

opositivo pois tendem a estar associadas a condutas opositivas desafiadoras e

hostis Segundo HANISH et al (1999 p65) diversos padr6es especificos de

interac6es familia res diferenciam as crian~s opositivas das nao-opositivas Par

exemplo as pais de criancas que naD obedecem tendem a refonar a conduta

opositiva e a ignorar DU punir as condutas sociais positivas ( ) Descobriu-se

tambem que eles sao mais criticos do que as pais de crianC8s que obedecem

Desta forma pais que impoem regras restritivas e fazem afirma90es amea9adoras

hostis e humilhantes favorecem as condutas opositivas dos filhos Em alguns

casas a conduta opositiva pede ser devida a disciplina inconsistente resultante do

medo e ansiedade dos pais em rela9ao ao fato de imporem limites ou san90es ()

muitos desses pais abusam de seus filhos ou os negligenciam (HANISH et ai

1999 p66) 0 comportamento opositivo das crian9as entao podem ter relacaocom

as interacoes familiares criticas conflituadas inconsistentes punitivas au

coercitivas

Os problemas conjugais tambem influenciam no aparecimenta do transtorno

desafiador opositivo e portanto devem ser considerados no plano de tratamento

() a evidmcia indica que as brigas conjugais apontam para a conduta disruptiva e

de nao-obediencia nas criancas Essa relacaoparece ser mais forte quando as pais

expressam hostilidade abertamente do que quando eles expressam uma

8

insatisfaao geral e e mais pronunciada em meninos do que em meninas (HANISH

et aI 1999 p66)

HOLMES (1997) considera de risco os fatores que aumentam a probabilidade

de uma crian9a desenvolver disturbios emocionais ou comportamentais Os fatares

de risco podem incluir caracteristicas biol6gicas (perinatais) geneticas lamiliares

(pais com disturbios psiquiatricos criminalidade paterna disc6rdia conjugal grave

estresse familiar cranico) caracteristicas sociais (nivel s6cio-economico baixo)

Porem HOLMES (1997) destaca que mesmo sob condi90es adversas como

estresse e privacaoha crianyas capazes de S8 desenvolverem satisfatoriamente em

nivel emocional e social

No tratamento deve-s8 avaliar case a caso e muitas vezes avaliar 0

fundamento cognitiv~ da conduta dos pais para ptanejar urn tratamento familiar

adequado Pelo lato de as cren98s dos pais desempenharem um papel importante

no seu comportamento bern como no de seus ftlhos e importante entender em que

medida essas crencasestao envolvidas na determina980 da pSicopatologia dos pais

da paternidade coercitiva e inconsistente e da discordia conjugal e como esses

latores podem aletar a crian98 (HANISH et aI 1999 p66) Ou seja 0 tratamento

do transtorno desafiador opositivo deve envolver 0 treinamento dos pais nas

habilidades de manejo adequado e a modificaao de suas cren9as no que tange ao

manejo da conduta No treinamento dos pais deve-se focar 0 aumento da conduta

positiva e diminuiyao da negativa na crian~ ensinando-se aos pais principios do

aprendizado social e habilidades de manejo da conduta e de resolu980 de

problemas

9

22 A RELACAO INDISCIPLINA x LlMITES - UM OBSTAcULO PARA A

APRENDIZAGEM

A questao da disciplina envolve varias faces de um problema E necessario

desenvolver uma visao sistemica e analisar par todos as o3n9u105 aluno escola

familia sociedade A motiva9ao e um fator fundamental para que 0 aluno seja bem

sucedido no sistema escolar permanecendo no mesmo e realizando as tarefas

necessarias para 0 seu conhecimento e aprendizagem Considera-se que 0 sucesso

dos filhos no sistema educacional decorre entre Qutras eoisas da motivacaoque as

familias conseguiram despertar neles em relacaoa instituicao

o problema indisciplina pode ser entendido como conseqOeuromciade um leque

de situa90es vividas em familia pais inseguros quanto a colocar ou nao Iimites

relacionamentos tensos entre pais excesso de zelo para reparar a culpa por ter que

deixar a criancaprivada do cantata com as pais que trabalham fora criancas que

passam a maior parte do tempo em frente da TV ou na rua com Qutras criancas

sofrendo tode tipo de influencias prejudiciais a sua educacao pais autoritarios ou

muito liberais falta de dialogo e bom exemplo no seio familiar desconhecimento da

importancia dos relacionamentos dos primeiros anos de vida como base da

formaC8oda personalidade par parte dos pais Sao estas criancascom hist6rias de

vida as mais variadas possiveis que chegam a uma escola e encontram ali narmas

rigidas ou ausencia de narmas Professores com uma serie de limitac6es na sua

forma9aO humana e academica que passam a desempenhar 0 papel de educador

em sala de aula

A familia e a escola devem atuar em parceria objetivando a aprendizagem e

o sucesso escofar do auno Elas sao 0 aicerce e modelo para que as criancas

10

aprendam naD somente conteudos mas tambem a viver em sociedade com suas

normas et portanto e necessaria que tenham objetivos comuns em relacao a

val ores disciplina e convivio social Este suporte e proporcionado nao somente pelo

ambiente adequado mas no equilibrio e tranqOilidade do lar e da escola Assim

sendo 0 aluno nao S8 sente abandonado inseguro mas sim recebendo

orientacoes estimulos e principal mente exemplos de responsabilidade e respeito

Para WINNICOTT (1971) a saude do pais depende de unidades familiares sadias

com pais que sejam individuos emocionalmente maduros

Nao hit uma causa (mica para a indisciplina mas sim uma conjuncao de

fatares que interagem uns sabre 0$ Qutros que imobilizam 0 desenvolvimento do

sujeito e do sistema familiar nurn determinado momento afetando 0 aspecto

comportamental e a aprendizagem do aluno

o individuo ao ingressar na escola ja teve experiencias relacionadas a

diversas situac6es e ira reagir a esse novo ambiente Ha alunos com dificuldades de

adaptayao e rendimento insatisfatorio nos estudos por estarem comprometidos par

ansiedades e tensOes psiquicas

E imprescindivel que a familia e a escola deixem de ficar se cui pando

mutua mente e passem a refletir sobre sua funyao vital no desenvolvimento de

individuos adaptados ao ambiente realizados e capazes de utilizar suas

potencialidades de forma construtiva para a sociedade e consequentemente para

o fortalecimento da familia e da escola como instituicoes estruturadas e em

permanente evolucao

Ressalta-se urn aspecto muito importante relacionado a agressividade e mais

especificamente a indisciplina E a questao dos limites Pais e professores precisam

11

ter em mente a importancia de trabalhar essa questao com filhos e alunos e

diferenciar a demarc8C8ode limites de autoritarismo ou abuso do poder

Sermos adequados e saber encontrar a distancia certa entre nos e a Qutro E

naD ocupar um espaco exc8ssivamente pequeno para naD nos sentirmos acuados e

ameacados evitando tomar-nos agressivos () Todo ser vivo necessita de um

espatominima para viver sem 0 qual torna-S8 agressivo e luta pela sobrevivencia

ou perece (MIRANDA 2001)

OLIVEIRA et al (1999 p151) destaca a importancia dos limites

A disciplina e 0 todo que engloba a organiza~o que mantE~m a ordem entre aseoisas e as pes50as 0 limite e a fator que determina 0 campo e a espalto daatualfao Portanto 05 limites sao urn dos principais fundamentos da disciplina 0limite e que determina onde os meus direitos terminam e onde iniciam os dos outros() E necessario que 0 limite comece a ser estabelecido desde a forma~o dapersonalidade da crianca ou seja desde 0 nascimento () Ensinar a crianya aobedecer limites e treina-Ia para a vida

E preciso que os adultos aprendam a nao invadir 0 esparo da crianca nao

permitindo tamhem que as crianyas invadam 0 espayo dos outros E necessaria

quebrar este cicio vicioso que faz com que a indisciplina continue a ser 0 centro das

atenc6es na escola e na familia Dar limites e nao impor Iimites este e 0 grande

desafio para pais e educadores

Para que a criancaaceite os Iimites impastos e necessario que os pais au a

pessaa responsavel acredite no que esta dizendo e 0 faca com firmeza e explique

para que a crianra acredite e para que absorva a ideia de que ela nao esta proibida

de tudo mas que nem tudo 0 que desejamos podemos fazer mas ela pode fazer

quase tudo (ZAGURY 2001)

Quando se da Iimites esta se fazendo urn ato de amor oj crian~a e ao futuro adulto

ensina-se a ele a viver em sociedade a respeitar e ser respeitado esta se poupando

12

a crianca de cair no mundo das drogas e da violencia cnde 0 limite e muitas vezes a

marte

221 0 Papel da Familia

Os pais tem um papel fundamental na motivayao do aluno e sua participa9ao

e imprescindivel para que 0 aluno aprenda Desta forma a familia faz parte do tripe

que sustenta uma aprendizagem com sucesso Quando a familia esta tranqOila e a

rotina de casa esta equilibrada 0 aluno apresenta maiores oportunidades para urn

bom aprendizado

A familia e suporte fundamental para 0 bom desempenho escolar Pode-se

dizer que a clima familiar influencia no desempenho escolar e pade trazer prejuizos

ao rendimento escolar quando naD harmonioso

Se a familia naD da a crianca a base emocional firme 0 que tazer

E importante ensinar a crianca a identificar as sentimentos e lidar melhor com

eles

DAVIDOFF (1983) descreve como se da 0 desenvolvimento do ser humane

desde a concepcao e a importancia dos relacionamentos dos primeiros meses de

vida e da primeira infancia na forma9ao da personalidade e da socializayao futura do

individuo Para ela a base de urn relacionamento sadie entre mae e filho esia na

intensidade de afeto que a mae dispensa a crianca na amamentaC8o enos

cuidados na satisfa9ao de suas necessidades fisiol6gicas A qualidade das

intera90es sociais da crian9a estrutura a personalidade do individuo de algumas

formas importantes Falando de frustra90es conflitos e outras tensoes a autora

chama a aten9ao dos adultos que convivem com a crianca e 0 adolescente para sua

(~ )(~~l J 13

lt~C~responsabilidade em apoiar orientar e acompanha-Ios para que possam superar as

situaryoes conflitivas evitando assim 0 desenvolvimento de uma personalidade

agressiva e desajustada

DAVIDOFF (1983) vai mais alem ao dizer que pais maduros e seguros

envolvem os filhos em tomadas de decisao e assuntos da familia Apresentam

razoes para a que solicitam e proporcionam experiemcias graduais apropriadas para

a afirmayao da independencia Ainda assim retem a responsabilidade final Os filhos

dos pais maduros tendem a ser autoconfiantes independentes possuem boa auto-

estima e born relacionamento com suas familias Os pais autontanos preferem

taticas primitivas duras quando surgem conflitos insistem em obediemcia Sao

coercitivQs e favorecem a desenvolvimento de transtornos como 0 desafiador

opositivo No outro extrema os pais laissez faire que afrouxam totalmente as

limites sao totalmente igualitarios Todos os membros da familia estao

essencialmente Ilvres para fazerem deg que quiserern Raramente estes pais tomam

decis6es ou aceitam responsabilidades Os adolescentes filhos de pais autoritarios

e do tipo laissez faire tendem especialmente a ter problemas de ajustamento

o individuo age com relary8o a certas pessoas como seus pais se

comportaram para com ele Caso as imagos paternas que sao preservadas em

nossos sentimentos e em nossas mentes inconscientes forem predominantemente

rigidas nao poderemos estar em paz com n6s mesmos Odiamos em n6s as figuras

rigidas e intolerantes que tambem formam parte de nosso mundo interno e que sao

em grande parte a resultado de nossa agressividade para com as nossos pais

o homem e urn ser social ele precisa viver com as outros homens para

desenvolver suas necessidades basicas como 0 trabalho a criatividade a arnor par

14

issa ele S8 juntou em comunidade As comunidades sao uma reuniao de pessoas

que tern interesses comuns au seja interesses iguais

Familia e 0 nucleo de pessoas aparentadas que tern la90s de sangue e que

se apoiam no sentido de manter 0 nucleo permanentemente em comunhao

Hit uma serie de expectativas sociais em relacao it familia e preciso que

socialize as criancastomando-as capazes de viver junto aos Qutros seres humanos

A institui9ao familia tern passado ao longo da historia da humanidade por crises

muito serias As formas de familias sao extrema mente variaveis E mais variaveis do

que dentro de nossa proprio pais sao as formas de familia de Qutros paises do

mundo

A familia ah~m de reproduzir novos seres humanos tenta produzir neles as

seus habitos costumes e valores atraves de gerayoes

A familia sempre foi a celula-mater de uma sociedade ou refUgio das

atribuiyoes do mundo Tambem a religiao impoe normas as familias que em torno

del a se reunem Grande parte do comportamento de uma familia no sentido moral econtrolado pela religiao em que ela acredita Em troca a religiao e sustentada pela

familia fazendo com que as crencas e preiticas mora is subsistam por seculos e

levando as pessoas a uma aceitacao de punicoes impostas

o prestigio social dos individuos na familia tradicional de seu

comportarnento diante de sua fe de seu comportamento em rela9ao a familia e de

sua origem e influenciado pelos costumes que traz atraves de geralt6es Durante

anos a familia conduziu-se como uma barreira diante de inovac6es e de formas

novas de ligalt8o homem-mulher-filhos Os vinculos familiares representam uma

seguran9a afetiva e material muito importante para 0 desenvolvimento do individuo

A historia da humanidade assim como os estudos antropologicos sobre os

15

pavos e culturas distantes de n6s (no espacoe no tempo) esclarecem-nos sabre a

que e familia como existiu e existe hoje Mostra-nos como fcram e sao hoje ainda

variadas as formas sob as quais as familias evoluem se modificam assim como

sao diversas as concepcoesdo significado social dos la-os estabelecidos entre as

individuos de uma sociedade dada

Apesar dessas variacoes a forma mais conhecida e valorizada de nassos

dias a familia composta de pai mae e filhos chamada familia nuclear normal

Este e 0 modele que desde criancaS8 ve em livres escolares nos filmes na

televisao mesma que no seia familiar S8 verifique urn esquema diverso

A natureza das rela90es dentro de uma familia vai se modificando atraves do

tempo 0 aspecto mais problematico da evolU9aO da familia est sem d0vida

alguma ligado ao questionamento da posi9ao das crian9as como propriedade dos

pais e a posiryao economica das mulheres dentro da familia Inclui-se ai 0

questionamento da distribui9iio dos papis ditos especificamente masculinos e

feminin~s e esse e urn problema chave para 0 surgimento de uma nova estrutura

social

Nao se poder mudar a institui9ao familiar sem que toda a sociedade mude

tambem Pode-se afirmar ainda que qualquer modificayao na organiza~aofamiliar

implicara tambem numa modifica9ao dos rigidos papeis de esposa mae ou

prostituta os 0nicos atribuidos as mulheres Quanto as crianyas ha algum tempo ja

o Estado intervem entre pais e filhos e desde a pouco os pais sao passiveis de

denuncias pelos vizinhos caso punam fisicamente seus filhos

Atraves da escola do controle sobre os meios de comunica~aode medicos e

psic6lagas a pader dominante de cada sociedade mais au menos sutilmente imp6e

normas educacionais sendo dificil aos familiares contraria-Ias De uma maneira

16

geral cabe ainda aos pais grande parcela de poder de decisao sobre seus filhos

menores Parcela essa cada vez mais contestada A esse pader equivalem por

parte dos filhos direitos legais em relagao aos seus pais em particular no sistema

capitalista Direitos a assistencia educayao manutenyao e participacao em seus

bens e proventos

A familia como toda instituigao social apresenta aspectos positiv~s enquanto

nucleo afetivo de apoio e solidariedade Mas apresenta ao lade destes aspectos

negativ~s como a imposicao normativa atraves de leis uscs e costumes que

impllearn formas e finalidades rigidas Torna-se muitas vezes elementa de coayiio

social geradora de conflitos e ambigOidades

A agressividade inata tende a sef ativada pelas circunstancias externas

desfavoraveis e inversamente e mitigada pelo arner e compreensao que a crianca

recebe 0 seu desenvolvimento e suas reac6es com 0 adulto devem ser

considerados como resultantes da interacao e influencias externas e internas

Um sistema familiar disfuncional nM permite ao aluno a maturidade

necessaria para conseguir urn born desempenho academico

A problematica emocional ligada a situayao conflitiva absorve a

disponibilidade perceptiva e reacional do individuo a estimula~ao externa

dificultando a sua integragao ao ambiente e perturbagao nao 56 a sua capacidade de

aten98o de concentra~ao de raciocinio mas sobretudo a de relacionamento Assim

sendo as dificuldades de assimilayao na aprendizagem escolar podem estar ligadas

a fixagoes emocionais (NOVAES 1970 p 145)

Geralmente criangas com problemas emocionais adotam atitudes agressivas

de inibiyao constri9ao regressao isolamento hostilidade oposigao indiferenya

17

indisciplina exibicionismo dissimula~aosensibilidade e au emotividade excessivas

sendo freqOentesos problemas de mentira de furto e de natureza sexual

Na instituiyao familiar seja ela qual for e a ligayao emocional entre as

pessoas que as torna mats felizes e saudaveis

As perturbaltoes no ambiente familiar interferem no comportamento do

individuo Existe urn processo duple entre 0 lar e a escola as tensoes que sao

geradas num ambiente se manifestam como perturbaltoes no comportamento do

outro (WINNICOn 1971 p 223)

Resgatar a papel da familia e seus vaiores levan3i 0 aluno a sentir-se

amparado A autoridade paterna e materna participativa se faz necessaria na

criayao e educaltao na orientayao e aquisiltao de bons habitos influentes na

projeltaosocial das pessoas Nao necessariamente isto se refere a presenltafisica

de ambos os pais mas da existencia das funlt6esenquanto autoridade

A emoltaopermeia todos os aspectos da vida diaria do ser e tambem interfere

na aprendizagem fazendo-se necessaria urn conhecimento dos aspectos

emocionais para assim pader assistir 0 aluno em seu trabalho escolar A

estabilidade no ambiente familiar proporciona ao individuo seguranya e

independencia A participaltao da familia no cotidiano escolar e de suma

importancia para a aprendizagem

Os jovens nao podem se sentir abandonados eles precisam de exemplos e

sobretudo de afeto para a construltaode uma vida melhor

SOUZA (1995 p 58) considera que a inibiltaointelectual estaria na base da

dificuldade de aprendizagem Existem fatores da vida psiquica da crianlta que

podem atrapalhar 0 born desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaltao

18

com a aquisirao de conhecimentos e com a familia na medida em que as atitudes

parentais influenciam sobremaneira a rela~aoda crianca com 0 conhecimento

Ressalta-se que entre as variDS fatores que influenciam 0 aspecto emotional

da crian9a tem-se alcoolismo familia numerosa sem condicoes minimas estruturais

brigas freqOentes em casa abandono trabalho infantil etc A convivmcia com um

au mais destes fatores acarreta na impossibilidade do aluno concentrar-se nas

aulas visto que a sua aten9ao se volta para a tentativa de resolu9lo dos problemas

familia res que ele julga insoluveis na maioria das vezes Existe urn certa

conformismo misturado a angustia quando 0 aluno consegue expor 0 problema que

o aflige

Deve-se compreender que a familia esta envolvida em diversos problemas

oriundos das pressoes s6cio-econ6micas das dificuldades de habita9ao

alimenta9ao e trabalho sem tranqOilidade para assimilar e analisar os estimulos

externos integrando-os a sua dina mica familiar

A influencia do ambiente familiar e decisiva para 0 ajustamento emotional e

muitas vezes 0 grupo familiar nao oferece condi90es de estabilidade e de

seguranya emocional para 0 desenvolvimento normal de seus filhos

Grande incidencia de conflitos emocionais que se exteriorizam par ansiedade

sentimentos de inferioridade de inseguran98 depressao medo negativismo e

incapacidade de estabelecer rela90es afetivas geralmente coincidem com 0 grande

numera de familias desintegradas desunidas de pais ausentes incompreensivos

imaturos neur6ticos dominadores desajustados que nao podem dar compreensao

amor e apoio aos filhos

ZAGURY (2000) relata 0 resultado das duvidas e incertezas de muitos pais

Para ela os pais devem compreender que mais importante que satisfazer os desejos

19

da CrianC8 e ensinar principios eticos como honestidade solidariedade e respeito

mutua Principios estes que sao fundamentais para 0 born relacionamento social na

adolescencia e vida adulta

Limites sao regras ou normas de condula que devem ser passadas para as

criancas desde tenra idade Eles mostram as crianyas 0 que podem e 0 que naD

podem 0 que devem e 0 que nao devem fazer Ensinam tambem como respeitar 0

proximo facilitando a socializayao Os limites devem fazer parte da educaao pois

vivemos em sociedade e para a boa manutencao desta se faz necessaria a

existencia e 0 respeito as regras (COUlINHO FILHO 2003)

Em seu livro Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sobre a tirania

dos filhos ZAGURY (2000) discute os principais problemas que envolvem a

educayao dos filhos na sociedade moderna quando toda uma geraao de pais foi

influenciada par urna visao excessivamente psicologizante As ambigOidades as

diferenyas entre as regras estabelecidas pelos te6ricos sao debatidas e criticada a

tirania de alguns especialistas que contribuiram para a disseminayao de um dos

maiores males da educaao - 0 chamado psicologismo A autora alerta para a

necessidade de as pais serem criticos nas orientayoes e conhecimentos adquiridos

sobre a educaao dos filhos e chama a atenao sobre os limites e a necessidade de

autoridade por parte dos pais a importancia de se construir uma relayao baseada na

autenticidade e na democracia tanto para as crianyas quanta para seus pais

Para liSA (1996) a disciplina tern inicio antes mesmo do nascimento atraves

do modo como os pais se comportam no relacionamento mutuo Os primeiros dias

de vida e as interac6es com os pais ou pessoas que as substituem sao de

fundamental importancia no desenvolvimento bern ajustado Pois e nessa interayao

que a mae transmite 0 modo de ser da familia e isso e essencial para ajudar 0 filho

20

a formar 0 seu ser psicol6gico pois a crianca traz ao nascer apenas 0 seu ser

biol6gico

0 pai deve ter muita saude pSicol6gica para participar do gesto de

alimentat8o que tern urn significado tremendo no ge5to afetivo A crianca nao

precisa s6 de leite 0 leite alimenta 0 corpo 0 afeto e 0 alimento da alma Crian

sem afeto entra em depressao(lIBA 1996)

Deve-S8 ressaltar que 0 limite e diferente de repressao 0 primeiro S8 instala

atraves das puniyoes ja a repressao atraves da culpa A puniy80 age sabre a ato e

a culpa sabre a pessoa Durante 0 desenvolvimento da clianca 0 limite e saudtlVel

quando este refere-s8 apenas aos atos naD desrnerecendo au desvalorizando a

pessoa A crian nao deve se sentir culpada pelos seus atos mas responsavel par

estes (COUlINHO FILHO 2003)

llBA (1996) diz que os pais que exageram na preocupayao com a choro e a

comida estao contribuindo para ter urn indisciplinado dentro de casa estao

desrespeitando a desenvolvimento biol6gico da crian A mae que trabalha fora

sente-se culpada par deixar a filho sozinho na creche au na escola e depois a

superprotege para reparar a culpa acabando par criar urn folgado dentro de casa

o modo como lidar com a liberdade e Dutro fatar influenciador no comportamento da

crianya e do adolescente Impar limites sem submissao e autoritarismo e outro

desafio para os pais que precisam respeitar a espayo de individualidade sem se

submeterem aos seus caprichos

o tema indisciplina oj amplo e muito se tern ainda a pesquisar estudar e

orientar no sentido de ajudar as pais a encontrarem urn caminho mais segura na

educay80 e formayao da personalidade dos filhos que tern inicio nas primeiras

relayoes entre mae e filho

21

222 0 Papel da Escola

Se a condi9ao basica e necessaria para a aprendizagem e a integridade

moral e 0 estabelecimento da interalYBo professor versus aluno cnde fatares afetivos

e cognitivos exercem influencias decisivas na busca de realizac68s e de desejos

confirmando-Ihes determinadas caracteristicas inteny68s e significados e na escola

que ocorrem boa parte dos problemas com as quais 0 aluno S8 esbarra lentidao de

raciocinio falta de atenyao desintereSS8 indisciplina entre Qutros encontram as

suas origens na estrutura biol6gica sobretudo quando exposta ao meio ambiente

(POLITY 1998)

Em ambientes cnde estes fatares naD sao considerados relevantes que

alunos com dificuldades de aprendizagem ou com problemas de indisciplina acabam

sendo rotulados sofrendo puniyoes devido ao seu fracasso escolar Estes

apresentam lalta de interesse desmotiva980 para estudar pregui9a e distra9ao

Com isto os pais e professores nao entendem estas dificuldades e 0 aluno em seu

permanente estado de tensao nao consegue prestar aten~o e participar das aulas

nao obtendo os resultados esperados (MORAIS 1997)

Outro fator importante e a problematica emocional que deve ser considerada

como decisiva na adaptacao e rendimento escolar podendo trazer serias

conseqOemcias ao desenvolvimento e progresso emocional da crianca A escola

deve oferecer condic5es e estabilidade emocional e atraves do diagn6stico precoce

dos encaminhamentos adequados da pr09rama9aO adequada das atividades

escolares e da preparacao do professor atender a esses casos prontamente

poupando assim a crianra e a sociedade do agravamento dessas situac6es

(NOVAES 1970)

22

Neste interim surge a psicopedagogia como auxiliar no cicio aluno - familia -

escola quando se instala uma dificuldade de aprendizagem 0 psicopedagogo deve

ter urn olhar para 0 contexte global onde est inserida a criana com dificuldade de

aprendizagem as relac6es familia res e escolares

As crian~s que se evadem da escola em geral sao as mais rejeitadas

Estas criancas precisam ser estimuladas ao relacionamento a responder

adequadamente aos sentimentos do outro e a controlar tensao e ansiedade

compreendendo qual e 0 comportamento aceitavel em determinada situacao

E preciso aprender a lidar com a ira e a tristeza a respeitar as diferencas de

modo a encarar as eaisas dificeis aprender a perguntar a negociar a ser mais

assertivo Eo importante somar aos conteudos de hoje as liDes sobre sentimentos e

relacionamentos 0 primeiro passe e aprender a nomear a emoCao compreende-Ia

a partir de suas express6es faciais corpora is E essencial que 0 professor amplie

sua ViS80 sobre as quest6es emocionais desenvolvendo autodisciplina vida

virtuosa capacidade de motivar-se de enfrentar press6es e resolver conflitos

Por tudo isso a escola tem 0 compromisso moral e etico de se preocupar com

o desenvolvimento dos alunos reinventando as aulas e proporcionando a sintonia

do conteudo a capacidade de aprender Considera-se muito importante que a familia

e a escola estabelecarn urn vinculo para tentar mUdanyas em relaC80 it falta de

atenC80 e indisciplina no sentido de ajudar 0 aluno a evitar maiores dificuldades

crises e stress

ANNA FREUD (1971 p162) considera que as normas escolares prestam

pouca ou nenhuma atenC80 as diferencas individuais

o aluno deve sentir-se desafiado e envolvido no processo a todo instante A

capacidade de empatia entre professor e aluno e 0 segredo do sucesso no

23

relacionamento entre ambos A auto-estima e urn ponto tambem fundamental para

um comportamento bem integrado

Num sistema educacional problematico como 0 do Brasil unido ascaracteristicas pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita5es

do professor e toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sal a

de aula interferem na aprendizagem como urn todo Pais e professores devem estar

atentos para educar desde os primeiros dias de vida para a disciplina que nao

5ubmete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemple e 0 dialogo

E preciso que a escala como urn todD e principal mente seu corpo docente

ampliem a consciencia a respeito da responsabilidade que tern em relacao ao futuro

dos seus alunos e alem disso que possam perceber a importancia do bern estar

psicol6gico como uma situacao fundamental para a aprendizagem satisfat6ria A

escola pode e deve propiciar ao aluno seguranca emocional para que ele possa

vivenciar vinculos saudaveis com seus professores e colegas

Espera-se que Utenham uma visao positiva da vida e sentido de humor que

sejam capazes de apreciar 0 valor de uma boa risada para eliminar pequenos

ressentimentos e aborrecimentos que prejudicam 0 crescimento do aluno (MOULY

1979 p 134)

E urgente a necessidade de uma nova escola desenhada para a mente e 0

cora~ao que ensina autocontrole empatia a arte de ouvir de resolver conflilos de

cooperar

A indisciplina pode ser definida como

Indisciplina e a recusa de $ubmeter-se as regras de aprendizagem educativa e a seu sistemade transmissao institucional Relacionada com 0 contexto familiar e escolar a indisciplina eum dos sintomas dos disturbios da inf~ncia e da adolescencia Quee preciso situar no campomutti~imensional da~ i~teracOesentre processos de aprendizagem e finalidades da educayaorelayao educadorlsuJeltolgrupos de alunosJclasse sistema de avaliacao e risco de fracasso

24

Ultrapassando 0 simples registro dos disturbios de carater a indisciplina tern a ver comfatores psicossociais que dao sentido a essa forma de insubmissflo (DORON et ai 1998)

Para VASCONCELLOS (1995) as manifesta90es de indisciplina na escola e

na sal a de aula sao urn problema a ser analisado na sua totalidade levando-se em

conta a familia as mudan~asocorridas na escola a professor a sociedade a crise

dos sentidos e dos limites considerando-se que 0 que se entende por disciplina e

como construi-Ia nurn processo de interarao entre 0 adolescente e a

professorescola

A educaC8o no seu verdadeiro sentido naD se faz sem autoridade pais 0

educando precisa do referencial do educador a fim de ter base para a constru9ao do

seu eu Muitas vezes 0 professor nao consegue disciplina porque nao tem

autoridade diante dos alunos Normalmente 0 professor fica esperando que 0 aluno

traga urn reconhecimento natural para com sua pessoa historicamente esse tempo

passou 0 tratamento de respeito tem que ser conquistado pelo professor

(VASCONCELLOS 1995)

A questao fica complicada quando temas como profissionais da educayao

elementos totalmente alheios e nao educados para a realidade atual Alem da falta

de dominio dos conteudos a serem ensinados falta-Ihes a capacidade de perceber

essas transforma90es hist6ricas que vern ocorrendo no relacionamento educando x

educador Falta-Ihes conhecimento do desenvolvimento humane e psicol6gico de

seus alunos E por fim suas pnticas pedag6gicas sao pobres de metodos que

propiciem a intera9aOe a construyao do conhecimento no respeito mutuo falta-Ihes

autoridade e capacidade de administrar a indisciplina gerada pelos fatores citados

Esses professores podem se deparar com criancas com transtorno desafiador

25

opositivo e muitos deles carecem de orientaCiies de como lidar com este tipo de

conduta

A disciplina escolar e urn conjunto de regras que devem ser obedecidas para

o exito do aprendizado escolar Portanto ela e uma qualidade de relacionamento

humano entre 0 corpo docente e 0$ alunos em uma sala de aula e

consequentemente na escola respeitando as caracteristicas de cada urn dos

envolvidos (TIBA 1996)

Para que haja disciplina em sala de aula isto e alunos motivados satisfeitos

com a aula e necessaria que 0 professor seja urn grande conhecedor do que

ensina da realidade que 0 cerca e tenha a capacidade de envolver 0 aluno na sua

sala usanda uma metodologia e uma didatica que nao deem margem a apatia ao

cans890 a monotonia para ambas as partes 0 aluno deve sentir-se desafiado e

envolvido no processo a todo instante A capacidade de empatia entre professor e

aluno e 0 segredo do sucesso no relacionamento entre ambos

Para TIBA (1996) a indisciplina na escola e vista como conseqOencia do

sistema educacional brasileiro que afeta diretamente as rela90es dos individuos em

sal a de aula e na escola Urn sistema total mente falido unido as caracteristicas

pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita~oes do professor e

toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sala de aula A auto-

estima e citada pelo autor como fundamental para um comportamento bem

integrado Ele aponta tambem inumeras sugestiies para os pais e professores no

sentido de como educar desde os prirneiros dias de vida para a disciplina que nao

submete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemplo e 0 dialogo

Por outro lado encontra-se a escola tentando cumprir a sua funCao (orientar

na constru~ao do conhecimento) e freqDentemente quando 0 professor se depara

26

com um alune que esta precisando de ajuda no aspecto emocional encontra-se

despreparado para lidar com a questao reagindo com intolerancia Consideram

muitas vezes mais tacil fazer julgamentos como 0 alune naD tern jeito bulle da

familia tal todos as irmaos desta familia ja fcram meus alunos e sao todos i9uais

Eventualmente recusam-se a participar de cursos de atualiza9ao e aperfei90amento

e preferem adetar a postura de que sabem que 0 alunD naD tern jeito mesma e nada

S8 tern a fazer a que favorece 0 rebaixamentoda auto-estima do alune e 0

agravamento do problema gerando disc6rdias e aborrecimentos na escola

Urn Dutro aspecto a ser considerado e que tudo sa tornaria mais facil para a

crianca se ao ingressar na escola ela pudesse encontrar um ambiente acolhedor

com regras bern definidas professores conhecedores dessa realidade com

formacaopsicol6gica para propiciar momentos de tomada de consciencia do porque

daquele comportamento fazendo acontecer a catarse e redirecionando as modos de

agir de tais crian~s e adolescentes Porem a realidade das escolas e bem outra 0

proprio ambiente e a mentalidade favorece que ela a crianca a adolescente

coloquem toda a agressao reprimida suas neuroses seu 6dio seus sentimentos

de culpa sua revolta contra a autoridade e a patrimonio escolar Muitas vezes 0

atuno encontra professores que nao se libertaram dos traumas e problemas dos

quais eles mesmos foram vitimas na primeira infancia alern de desconhecerem e

nao saberem lidar com a crianca e 0 adolescente problematico pelo desprepara

pedag6gico e a falta de metodos adequados e atrativos para prender a aten9ao e 0

interesse de seus alunos Sua pratica pedag6gica e pobre de recursos e estrategias

que desafiem e motivern tais alunos a se auto valorizarem elevando a auto-estima

Urn dos pontes mais comuns entre as indisciplinados e a sentimento de

menos valia aem da fata de conffan9a nos contatos e na produtividade Percebe-se

27

assim que para reverter essa questao naD basta trabalhar com a aluno E

necessario urn trabalho junto aos professores e familias criando estrategias que

modifiquem 0 ambiente e urn relacionamento mais verdadeiro mais equilibrado

deve ser estabelecido em todos as sentidos - trabalhando-se em equipe

28

3 0 CASO DE UMA CRIANCA COM TRANSTORNO DESAFIADOR OPOSITIVO

Foram utilizadas entrevistas com a mae professores e irmaos Encontros com

a crian-a em sess6es com durayao de 50 minutos cnde utilizou-se de metod as

como desenhos brincadeiras jogos regrados massa de modelar

31 HIST6RIGO DO GASO

F e urna rnenina de cinco anos cayula tendo um irmao de 21 anos e urna

irma de 17 anas de idade

o pai faleceu com 49 anas ha apraximadamente 01 ana e a mae atualmente

com 49 anas teve F com 43 anas

o pai fai marta par paliciais em frente a sua casa Estava bebada e saiu a rua

armada e um carro da palicia apareceu e 0 viu sentado na calcadalogo depois

vieram muitas viaturas e a mae pediu que levassem 0 marido para passar a noite na

cadeia mas que naD fizessem nenhum mal a ele Neste momento 0 pai de F

comeyou a atirar e aS policiais (segundo a mae 18 policiais aproximadamente)

invadiram a casa e comeyaram a atirar A familia fa para os fundos da casa e a mae

passou F par cima do muro para a casa da vizinha Quando a familia voltou para

frente da casa as paliciais disseram que a pai de F estava ferida na perna e

levaram-na para a hospital mas segundo a relata da mae ele ja estava marta e

havia na verdade levado urn tiro na cabeca F nao viu a cena mas escutou tudo

Ganforme relata da mae a partir da data do acarrida F naa abedece faz de

canta que naa escuta e quando quer alga came9a a tremer A mae diz que a filha

29

ficou assim desde a marte do pai pais este a bajulava muito fazia tudo 0 que ela

desejava

F sempre foi mimada pelo pai este nunca repreendia a filha por algo de

errado que ela fizesse Para 0 pai F nunca estava errada inclusive quando ela e a

irma mais velha brigavam 0 pai sempre ia em defesa da mais nova e para protege-

la amea98va bater na mais velha

A queixa principal da mae e que F comeya a tremer quando quer algo de que

gosta muito nao obedece a regras e Iimites impostos pelos responsaveis

Nas observayiies comportamentais notou-se que F testa os limites dos

adultos para conseguir 0 que deseja e as pesso8s que a cercam para se livrarem

das birras acabavam por fazer 0 que ela queria Mas essas mesmas pessoas

comeyaram a perceber que a falta de regras e limites jil ultrapassava 0 limite do

suportaveJ

Segundo HANISH et al (1999) 0 transtorno desafiador opositivo aparece

antes dos 10 anos Normalmente torna-se aparente na idade pre-escolar que e 0

caso desta crianga

Na escola F naD interagia com as colegas na hara de fazer brincadeiras em

grupo nac conseguia se relacionar com as colegas quando a professora pedia para

fazer alguma atividade F fazia do jeito que queria e nao como a professora

solicitava

Para que houvesse progresso no tratamento foi fundamental que a mae e as

demais pessoas que rodeiam a crian~a modificassem sua forma de agir e para que

isso ocorresse foi preciso fazer urn remanejo de conduta dessas pessoas Fez-se

pois necessaria orientacao e treinamento para auxilia-Ios nesta mudanlta

30

32 EVOLUCAO DO CASO

As intervenyoes utilizadas neste casc com a mae fcram em forma de

orientayao na freqOencade pelo menDS uma vez par meso Mais recentemente este

trabalho com a mae vern sendo feito a cada quinze dias

Em conversa com a mae esta mencionou que naD queria fazer como seus

pais naD que eles fassem ruins disse ela mas eles nao conversavam e naD tinham

tempo de dar aten9ao e de ensinar os deveres da escola Tudo 0 que ela aprendeu

na escola foi par esforyo proprio e naD queria que isso acontecesse com sua filha

entaD ela au as irmaos mais velhos sentam com F e a ensinam

Mais tarde foi feita uma entrevista com a professora e esta mostrou todas as

li90es de F e disse que aquelas atividades nao haviam side feitas pela crian9a e sim

por seu irmao e que a professora ja havia mandado bilhetes pedindo que nao

fizessem mais as atividades da escola par F A mae foi orientada a dar mais

incentivo a F em lugar de fazer os deveres por ela pois F nilo tinha problemas de

aprendizagem mas par falta de incentivo poderia vir a ter

Com F foram utilizadas brincadeiras como pintura com aquarela desenhos

massa de modelar hist6ria infantis Atraves destes me-todosforam utilizados refor~o

e a punicao quando necessarios

o refor9Q foi atraves de elogios sorriso e aten9ao quando F realizava urn

comportamento desejavel A punitao consistiu em retirar uma atividade que ela

gostava muito como desenhar OU tambem ignorar a sua atitude mantendo a calma

No terceiro encontro F mencionou 0 pai dizendo que ele comprava doces

para ela mas nao quis continuar falando sobre ele alegando que 0 irmao mais velho

nao gostava Mais tarde em outras sess6es tornou-se claro ser isto fantasia sua

31

Nos primeiros encontros corn F ela demonstrou S8r cordata entretanto a

partir do quarto encontro F mostrou comportamentos de manipula9ao ou seja

querer controlar a situacao e que tude salsse da forma que queria para que todos

as seus desejos fossem realizados atitude comum em casa ou na escola

A quinta sessao foi para verificar a interacao de F com a mae F mostrou-se

intransigente naD obedeceu a nenhuma das ordens da mae na hora de guardar as

brinquedos gritou com a mae e esta demonstrou claramente nao conseguir dar

limites a sua filha A mae conseguiu dizer neste momento que se F estivesse em

casa iria apanhar com uma varinha mas ista naD adiantou pais F ficou irredutivel

Ao final da sessao quando tudo estava no seu devido lugar F ja estava agindo como

se nada tivesse ocorrido a mae mencionou que F era muito nervoS8

A partir da sexta sessao loram leitos contratos com F os quais ela aceitou

com lacilidade

Apos 0 contrato feito na sessao anterior na setima sessao foi trabalhado a

limite atraves de acordos leitos com F como pedir para que ela escolhesse

somente tres tipos de brinquedos da caixa que s6 iria embora quando a horario da

sessao terminasse e que as Iimites seriam colocados pela terapeuta Com estas

regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela queria

A partir da oitava sessao loi levantada a hip6tese do problema de F ser

transtorno desafiador opositivo pais ela demonstrou as comportamentos de querer

dominar e mostrar que poderia mandar mas com muita paciencia foram impastos

limites atraves do silencio mostrando que nem tudo poderia ser como ela queria e

assim acabou aceitando

A nona sessao loi destinada a orientar a mae em como agir com a filha e loi

proposto para que a mae assistisse a proxima sessao atras do espelho

32

Como foi sugerido para a mae na sessao passada ela ficou ats do espelho

para ver como a filha interagia e poder verificar qual seria a melhor forma de lidar

com ela

A decima segunda sessao foi destinada a mae para verificar como estava 0

comportamento de F fora da terapia Ela comentou que 0 comportamento da filha

melhorara muito que as tremores 56 ocorriam esporadicamente Foi orientado amae que quando Dcarressem as tremores ela deveria fazer de conta que naD havia

percebido nada

Foram feitas diversas sess6es seguidas mais precisamente da decima

terceira il decima setima com F destinadas a trabalhar regras e limites Este

trabalho foi realizado atraves de acordos com F como por exemplo pedir que ela

escolhesse apenas tres brinquedos da caixa au escolhesse entre desenhar e ouvir

historias au ainda entre conversar e brincar tambem poderia escolher entre brincar

de casinha e desenhar

A decima oitava sessao foi urna sessao diferente pOis foi destinada aprofessora de F para verificar como F estava S8 comportando e se relacionando

com colegas em sala de aula enos interval os A professora levantou a hip6tese de F

ter problemas de aprendizagem pois as atividades escolares dela nao eram

compativeis com a de seus colegas de classe Mas foi constatado atraves das

atividades que eram enviadas para serem feitas em casa que 0 que faUava para F

era estimulo pOisseu irmao fazia suas atividades por ela

Foram feitas duas sessoes seguidas (decima nona e vigesimal para

comprovar se havia problemas de aprendizagem com F Sessoes estas de recorte e

colagem e de hist6ria (Cinderela) Com estas atividades pode se constatar que F

33

tern plena capacidade de realizar tarefas sDzinha talvez com uma pequena

orienta9ao quando solicitado por ela

A vigesima primeira foi mais uma sessao dedicada a orient89ao a mae

quando esta mencionou que Festa cada vez melhor seus tremores quando quer

chamar a aten9ao estao diminuindo a cada dia

No vigesimo segundo encontro com F a interven9ao utilizada foi 0 desenho

Eta desenhou margaridas e mencionou que se fosse uma planta queria ser uma

margarida e S8 fosse urn objeto queria ser uma estrela Ja na sessao seguinte que

foi a vigesima terceira a intervencao utilizada foi brincar de casinha cnde F mostrou

a sua intera9ao familiar dizendo que trabalhava em um hotel (como na realidade sua

mae trabalha) 0 marido trabalhava em hotel e seu pai estava muito doente (na

realidade ja e falecido) e tinha muitas dores no corpo

Ate 0 momento foram feitas as vinte e tres sess6es aqui descritas nas quais

a crianya demonstrou significativas mudantas no comportamento

33 ANALISE DO CASO

Inicialmente F nae obedecia fazia de conta que naD escutava e quando

queria algo come9ava a tremer nao obedecendo a regras e limites impostos pelos

respons8veis A mae dizia que a filha ficou assim desde a morte do pai pais este a

bajulava muito fazia tudo 0 que ela desejava

Notou-se que F testava os limites dos adultos para conseguir 0 que desejava

e as pessoas que a cercavam para se livrarem das birras acabavam par fazer 0

que ela queria

34

Na escola nao conseguia se relacionar com os colegas quando a professora

pedia para fazer alguma atividade F lazia do jeito que queria

A mae de F fazia as atividades par ela dizendo que ~nao queria tazer como

seus pais naD que eles fassem ruins mas eles naD conversavam e naD tinham

tempo de dar atenC80 e de ensinar as deveres da escola

Durante 0 tratamento F inicialmente demonstrou ser cordata posteriormente

mostrou comportamentos de manipulayM querendo controlar a situayao e

procurando forcar que todos as seus desejos fassem realizados Na presenva da

mae nao obedeceu a nenhuma das ordens dela gritou e ficou clara a dificuldade da

mae em dar limites a filha F mostrava-se muito irritada

Foram feitos contratos com F e passou-se a trabalhar atraves de acordos as

limites Com estas regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela

queria

No tratamento foi fundamental que a mae e as demais pessoas que rodeiam a

crianya modificassem sua forma de agir Foi orienlado a mae que quando

ocorressem as tremores ela devena fazer de conta que nao havia percebido nada

Em sessao com a professora de F constatou-se que a hipotese de

problemas de aprendizagem se apresentava mais em lace da lalta de estimulo para

que esta realizasse suas pr6pnas atividades ao inves de que outras pessoas as

fizessem por ela Foram leitas sessees com a finalidade de comprovar se F tinha

problemas de aprendizagem e verificou-se que esla linha plena capacidade de

realizar as tarefas sozinha Em relayao a interayao familiar F dramatrizou em uma

atividade que sua mae trabalhava em um hotel 0 que correspondia a realidade e 0

marido trabalhava em hotel que seu pai estava muito doenle e tinha muitas dores

35

no corpo quando na realidade seu pai ja era falecido Mostrava com isso a falta que

a funy80 paterna Ihe fazia

A mae de F I numa sessao dedicada a sua orientay8o mencionou que F

estava cada vez melhor e que seus tremores para chamar a atenC80 estavam

diminuindo a cada dia

36

4 ORIENTA~OES AOS PAIS

ZAGURY (2001 p59) na complexa tarefa de dar limites sem ser autocratico

ou seja de como disciplinar sem bater OU sem ser coercitivQ com a crianya sugere

algumas estrategias

bull Premiar ou recompensar a born comportamento - sempre que a crianca

tiver atitudes corretas devemos ressaltar este tatoo E bern comum que as

pais muito ocupados com tarefas cotidianas esqueltam de elogiar

somente lembrando de ralhar quando os ftlhos fazem algo errado Desta

forma as criancas entendem que naD vale a pena fazer tudo certinhon

pois nao recebem aprova9ao A melhor forma de alcan9ar um objetivo

educativo e elogiar incentivar e ressaltar tudo a que a crianca fizer de

positivo

bull Diferenciar premiar de dar coisas materiais - apesar do consumismo

vigente as crianvas ainda valorizam mais urn carinho urn elogio sincero

reconhecimento do esforco do que presentes dinheiro e viagens

Eventualmente pode-se presentear materialmente mas e importante nao

comprarmos as crianras pois desta forma elas aprendem a agir de modo

calculista Se dermos nosso carinho e aprovayao seu ego se fortalecera

sua auto-estima se elevara e gradualmente a crianya sentira prazer em

agir de forma adequada

bull Fazer com que a crianya assuma as conseqOemcias dos seus atos - com

carinha e naturalidade devemos conversar e agir apontando seus erras e

fazendo com que reftitam sobre as atitudes incorretas antieticas ou

egocentricas tomando 0 cuidado de deixar claro que 0 que desaprovamos

37

sao as atitudes incorretas e naD suas caracteristicas pessoais 5e mesma

ap6s a explica~o a crianca reincidir na atitude incorreta entao e 0

momento de faze-Ia compreender que e responsavel pelos seus atos e

tambem pelas suas conseqGencias Deve-se ressaltar as consequemcias

do ato born carinho aprova~o estimulo etc Como do ato incorreto

desaprova9ilo nao reforyamento deixar de fazer algo que gostam etc

Deve-se ter em mente que as elogios premiacoes bern como as puni90es

devem ser proporcionais ao fato Ou seja e necessario que se tenha born sensa e

equilibrio para que as acoes sejam autenticas e valorizadas pel as criancas

COUTINHO FILHO (2003) tambem sugere algumas possibilidades para

colocar parametros de limites para a crianca

bull Nao coloque limites conforme seus desejos pessoais

bull Demonstre que voce e as demais adultos tambem tern limites a respeitar

bull Diga qual puni9ilo a ser dada para cada limite ultrapassado e nao deixe de

executa-Ia

bull De puniyoes brandas para atitudes brandas e puniyoes pesadas para

atitudes pesadas

bull Deixe claro que a puniyao Eo pelo ate e nao pela pessoa

bull Justifique os motivos do limite Nao faca isso porque nao quero ou nao

gosto nao Eo justificativa

bull Repita quantas vezes for necesstuio

bull Use sua autoridade sem provocar submissao e mal estar

bull Use da afetividade para impor limites

38

ZAGURY (2001) destaca pontos importantes para nao perder a autoridade

perante os filhos

bull Cumpra 0 que disse (seja premia ou conseqOemcia) ou seja ameacou

execute prometeu faya

bull Seja coerente 0 que nao pode nao pode nunca (salvo raras excessoes)

nao mude de atitude como quem mud a de roupa (au de acordo com 0 seu

humor)

bull Faya com que seus filhos gradualmente assumam responsabilidades

Deixe que eles participem das decisoes sabre premios ou conseqOeuromcias

- isto ajuda a amadurecer e compromete a crianca e as jovens que

aderem mais ao que ajudam a construir (mesma que sejam sans6es para

eles proprios)

bull Cuidado com 0 que diz e com 0 modo como diz - critique 0 ato nunca a

pessoa ou a personalidade de seus filhos Trate somente do assunto que

S8 esta analisando no momento naD desenterre coisas do passado sem

necessidade Nao fique com pena da crianya se ela chorar ficar triste

nao talar com voce E melhor ela ficar triste hoje mas aprender a respeitar

o pr6ximo a 5i propria e a palavra empenhada do que sofrer futuramente

nos seus relacionamentos interpessoais

Segundo TIBA(2002) os filhos nao vem com manual pois eles mesmos sao 0

manual au seja cada criancaencerra uma individualidade e a cada dia os pais irao

aprendendo com cada filho E importante neste aprendizado os pais privilegiarem 0

desenvolvimento relacional atraves de um procedimento basico que deve ser

aplicado a cada fllho Para TBA (2002) ese procedimento e valido para qualquer

39

relacionamento entre pessoas de qualquer idade mas que e relevante na formaC8o

da auto-estima da criancadesde 0 seu nascimento Para 0 atendimento integral a

uma crian9 sao cinco os passos parar ouvir olhar pensar e agir (TIBA 2002

p127)

TIBA (2002) descreve os cinco passos da seguinte forma

1 Parar - parar 0 que estiver fazendo ou pensando e dar atenyao total acriancaCasa naD possa parar naquele exato momento vale colaear uma

das maos no ombro da crian9 enquanto diz que logo vai atende-Ia A

crianya deve ficar esperando ali juntinho de voce Pode ser que ela queira

sair para voltar logo depois Se a iniciativa de sair for da crianca a

responsabilidade de voltar sera dela Mas deve evitar ao maximo dizer

para a crianca ocupar-se com Dutra caisa enquanto voce termina 0 que

esta fazendo Nem sempre ela volta outra vez pelo mesmo motivo E

tambem fundamental deixar de lado ideias preconcebidas sobre 0 que a

crianca vai fatar Se voce pensa ~Iavern aquela chata me encher Dutra

vez seu cerebro ja esta preenchido em parte com esse pensamento e

voce perde a chance de atende-Ia integralmente

2 Ouvir - e a parte racional Os pais devem olhar no funda dos ahos da

crianca como se a Duvissem com as ahos A criany8 precisa aprender a

se expressar Nao se deve tentar adivinhar 0 que ela quer Quando pede

alguma coisa esta desenvolvendo sua capacidade de pensar de formular

uma pergunta e de se expressar para que outras pessoas possam

compreende-Ia

3 Olhar - e a parte instintiva Num piscar de olhos uma pessoa consegue

ver tantas coisas que levaria muito tempo explica-Ias em palavras Tudo 0

40

que se percebe visualmente tambem tem que ser considerado para

compreender a crian9a

4 Pensar - lados os elementos percebidos tanto visualmente quanto

verbal mente mais 0 sentido educativo que se que ira imprimir na forma9ao

da criana devem fazer parte da resposta a ser dada Sentido educativo e

o objetivo a ser atendido com a educaao que esta sendo dada (Quer que

o filho seja egoista Coloque-o sempre em primeiro lugar em detrimento

dos outros e diga sim a todos os seus desejos Quer que ele seja feliz

Ajude-o a desenvolver a satisfailo pelo que e e pelo que consegue fazer

a tolerimcia a compreensao dos Qutrosa vontade de ajudar a quem pede

e a etica do bem)

5 Agir - essa aao ou resposta deve ser bem clara e objetiva Melhor ainda

se voce puder se assegurar de que a crianca real mente saciou sua

vontade

E importante ressaltar que os cinco passos devem ser utilizados em todas as

situayaes desde 0 tombo da crian98 pequena ate quando a crian98 crescer Ao se

utilizar este procedimento basico as atitudes dos pais tendem a ser coerentes Par

exemplo se uma crianca calr naD e necessaria as pais sairem desesperados em

todas Situ8COeS mas avaiar se 0 tombo foi grave QU se foi urn tombinho que naD

precisa de maiores cuidados Tambem as pais naD devem sair dizendo que chao

feio que passa a falsa ideia que 0 chao e culpado pelo seu tombo a criana tem

que aprender que ela deve ter cuidado Se ela se choca uma ou duas vezes numa

mesa ela aprende a ter cuidado por sua pr6pria experiencia TIBA (2002 p133)

41

destaca que a afobayao e a reacao exagerada dos pais geram inseguran9a na

crianca

Outre fato bastante comum e as pais deixarem as ftlhos ganharem jogos par

exemplo tentando agrada-Ios mesmo que os deseduquem As crian9as tern uma

sabedoria natural Brincam e competem de acordo com as conhecimentos e as

capacita90es de que disp6ern E mais facil para 0 pai brincar como se fosse crian98

e deixar 0 filho ganhar sempre Esse comportamento contudo da a crianca uma

visao irreal do que e jogar Ganha-se algumas vezes perde-se outras (TIBA 2002

p136) Ou seja e mais educativ~ para a criana descobrir que podemos ser bons

em algumas caisas mas nao em tudo Passa-se uma experiencia da realidade para

a crianC8

TIBA (2002) tambem cita 0 caso de colocar a crian9a no colo enquanto se

dirige urn carro A crianC8 tern a falsa sensacao de que comanda 0 veiculo mas issa

nao passa de urn poder irreal Ao dirigir urn carrinho de brinquedo ela poderia de fato

se sentir poderosa IS50 sem falar que quando 0 filho crescer ao 15 anos par

exempla vai querer sair com 0 carro do pai mesmo sem poder Mas quando era

criancaeu podia

o caso classico da criancaquerer dormir com os pais tambem e abordado por

TIBA (2002) segundo 0 autor 0 ideal e que desde bebe a crian9a deve aprender a

dorrnir no seu lugar mesmo que ache mais gostoso aninhar-se entre os pais Ir cada

urn para sua cama da 0 sentido de que cada urn tem seu territorio ai tambem

estamos delimitando limites onde sao respeitados 0 so no e 0 espacode cada urn

Crian~asmaiores que ja andam devem ter um lugar (ou quarto) proprio para dormirMesmo que ocasionalmente adorme~am na cama dos pais e importante que sejamlevadas a sua cama para que acordem la Nao devem adquirir 0 habito de dormir nacama dos pais Tenha paciencia e fale claro em born tom olhando seriamente nofundo dos olhinhos dela ~Cada coisa no seu lugar cada pessoa na sua cama~

42

Quando a crian(f3 percebe que 0 limite e coisa sena e vai ser cumprido procura seajustar(lIBA 2002p115)

OLIVEIRA (1999 p120) enumera as diversos problemas que causam a fato

dos filhos permanecem no quarto dos pais na hora de dormir considerando-as de

difieil recupera~aoposterior

1 Faita de valorizayilo da privacidade tanto do casal como da crianya

2 Mantem a relacao simbi6tica au seja a li98980 existente entre mae e

bebe prejudicando 0 desenvolvimento emocional da crian93

3 A crianya tende a formar relayao de dependencia da protey80 e da

preseny8 dos pais ate mesma durante 0 sono

4 Quando chegar a fase em que a crianca elege entre 0 pai e a mae 0 seu

preferido tenta afastar 0 autro esticando-se e virando-se na cama de

modo a deixar a preterido desconfortavel a ponto deste mudar de lugar

sair da cama e ate mesma do quarto

E importante ressaltar que sempre as regras devem ser claras e naD sujeitas

a mudancas pois a organizacao interna dos filhos fica muito prejudicada se dormir

au nao na cama dos pais se transforma numa possibilidade que depende apenas do

humor dos pais ou de quanto 0 filho se recusa a dormir sozinho (chorando

acordando diversas vezes etc) A crian9a com autonomia de sono e mais

independente e feliz (TIBA 2002 p116)

Enfatiza-se que na maiaria dos casas as pais permitem que as criancas

fiquem ate mais tarde no quarto deles nao e par uma exigemcia ou necessidade da

crianya mas par alguma deficiencia desequilibrio au imaturidade dos proprios pais

(OLIVEIRA 1999 p122)

43

Em relaiio ao choro da crian9l ressalta-se que ha dois tipos de choro 0 que

expressa dor e 0 que busca pader

Se 0 filho descobrir que pade usar a chom como fonte de poder as pais estaoperdidos Nunca mais saberao dizer se ele chara par dar au poder Urn chore depoder Necessita dos olhos e dos ouvidos de quem se quer dominar Ingenua acrianya que usa 0 choro como pader para imediatamente apes conseguir 0 que querOai a importancia de as pais ficarem atentos para nao ser manipulados (TIBA 2002p158)

o choro que apela para 0 lade coitadinho inspira ternura Eo urn tipo de

manipula9ao que busca 0 dominio pela chantagem aletiva Eo dilicil neutralizar 0 uso

do choro como arma

Segundo liSA (2002 p159) Urn pouco de dor nao matara a crian9a assim

como urn poueD de pader nao matara as pais ( ) Se traumas infantis matassem a

humanidade estaria extinta Nao ha filho que nao tenha side contrariado A imensa

maioria deles tern condi90es de agOentar contrariedades 0 autor destaca que pais

que sao soHcitos ao extrema nao trayam um born e segura trajeto para seguir 0

resultado e que a crianya fica insegura pais perde a confianca neles ela pressente

que as pais nao tern firmeza nas suas decisoes e sao manipulaveis

Deve-se tomar cuidado com as exageros urn erro cometido pelos pais

desde que nao seja baseado na violencia em surras socas e pontapes naa traz

problema nenhum Atos como esses descarregam a raiva mas nao tern forlta

educativa pois violmcia s6 gera violencia (liSA 2002 p159)

Em rela9aOaos pais lazerem as tarelas pelos filhos ou ainda pior comprar os

resultados ressalta-se que este tipo de atitude nao ajuda a crianlta cria

dependencia e compromete 0 desenvolvimento escolar Alem disso as pais acabam

privando os filhos do gosto de uma conquista dando uma mensagem subliminar de

que eles sao incapazes Os pais nao devem privar os filhos do gosto de uma

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

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ZAGURY T Educar sem culpa a genese da etica 15 ed Rio de Janeiro Record2000

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Limites sem trauma - construindo cidadaos 25 ed Rio de JaneiroRecord2001

WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

Page 9: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

6

discordia conjugal dificuldade em arrumar emprego prisao e morte prematura

violenta (ALMEIDA et ai 1996)

Os sintomas do transtorno de conduta giram em torna de um padrao

persistente de maus comportamentos no qual 0 individuo infringe regras e viola 0

direito dos outros e geralmente ultrapassam a idade infantil mantendo 0

comportamento disruptivo e criminoso mais tarde na vida (HOLMES 1997)

o disturbio de conduta se caracteriza par urn comportamento anti-social

persistente As crian9as tendem a mentir roubar faltar as aulas sem motivD se

envolver em hrigas constantemente fugir de casa agredir fisicamente os Qutros ser

cruel com pessoas e animais destruir propriedades alheias de forma deliberada

apresentar baixo rendimento escolar problemas de relacionamento com as colegas

e em casas mais intensas assaltar a mao armada cometer estupros e homicidias

(ALMEIDA et ai 1996)

213 Influencias Familiares

o papel da familia particularmente os pais pode influenciar 0

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo KRUESI e TOLAN citados por

HANISH et al (1999) identificam tres caracteristicas dos pais que tendem a

aumentar a probabilidade do aparecimento do transtorno desafiador opositivo e que

devem ser levadas em conta na formulaao do tratamento Sao elas pSicopatologia

dos pais praticas ineficazes dos pais e ruptura do casal

Como pSicopatologia dos pais encontramos principalmente 0 transtorno anti-

social de personalidade aiEimde outras formas como 0 uso de drogas e depressao

e varcfwes importantes como a maternidade na adolesceuromcia Na casa do transtarno

t~roj ~Slbullbullbullbullbullh

8MIl

anti-social nos palS e passivel a necessldade de Intervencao pOlS podem Interfenr

7

nas tentativas de modificar as praticas de manejo da conduta da crianl utilizadas

pelos pais (HANISH et ai 1999)

Algumas praticas ineficazes dos pais como as interacoes familiares

coercitivas tambem favorecem 0 desenvolvimento do transtorno desafiador

opositivo pois tendem a estar associadas a condutas opositivas desafiadoras e

hostis Segundo HANISH et al (1999 p65) diversos padr6es especificos de

interac6es familia res diferenciam as crian~s opositivas das nao-opositivas Par

exemplo as pais de criancas que naD obedecem tendem a refonar a conduta

opositiva e a ignorar DU punir as condutas sociais positivas ( ) Descobriu-se

tambem que eles sao mais criticos do que as pais de crianC8s que obedecem

Desta forma pais que impoem regras restritivas e fazem afirma90es amea9adoras

hostis e humilhantes favorecem as condutas opositivas dos filhos Em alguns

casas a conduta opositiva pede ser devida a disciplina inconsistente resultante do

medo e ansiedade dos pais em rela9ao ao fato de imporem limites ou san90es ()

muitos desses pais abusam de seus filhos ou os negligenciam (HANISH et ai

1999 p66) 0 comportamento opositivo das crian9as entao podem ter relacaocom

as interacoes familiares criticas conflituadas inconsistentes punitivas au

coercitivas

Os problemas conjugais tambem influenciam no aparecimenta do transtorno

desafiador opositivo e portanto devem ser considerados no plano de tratamento

() a evidmcia indica que as brigas conjugais apontam para a conduta disruptiva e

de nao-obediencia nas criancas Essa relacaoparece ser mais forte quando as pais

expressam hostilidade abertamente do que quando eles expressam uma

8

insatisfaao geral e e mais pronunciada em meninos do que em meninas (HANISH

et aI 1999 p66)

HOLMES (1997) considera de risco os fatores que aumentam a probabilidade

de uma crian9a desenvolver disturbios emocionais ou comportamentais Os fatares

de risco podem incluir caracteristicas biol6gicas (perinatais) geneticas lamiliares

(pais com disturbios psiquiatricos criminalidade paterna disc6rdia conjugal grave

estresse familiar cranico) caracteristicas sociais (nivel s6cio-economico baixo)

Porem HOLMES (1997) destaca que mesmo sob condi90es adversas como

estresse e privacaoha crianyas capazes de S8 desenvolverem satisfatoriamente em

nivel emocional e social

No tratamento deve-s8 avaliar case a caso e muitas vezes avaliar 0

fundamento cognitiv~ da conduta dos pais para ptanejar urn tratamento familiar

adequado Pelo lato de as cren98s dos pais desempenharem um papel importante

no seu comportamento bern como no de seus ftlhos e importante entender em que

medida essas crencasestao envolvidas na determina980 da pSicopatologia dos pais

da paternidade coercitiva e inconsistente e da discordia conjugal e como esses

latores podem aletar a crian98 (HANISH et aI 1999 p66) Ou seja 0 tratamento

do transtorno desafiador opositivo deve envolver 0 treinamento dos pais nas

habilidades de manejo adequado e a modificaao de suas cren9as no que tange ao

manejo da conduta No treinamento dos pais deve-se focar 0 aumento da conduta

positiva e diminuiyao da negativa na crian~ ensinando-se aos pais principios do

aprendizado social e habilidades de manejo da conduta e de resolu980 de

problemas

9

22 A RELACAO INDISCIPLINA x LlMITES - UM OBSTAcULO PARA A

APRENDIZAGEM

A questao da disciplina envolve varias faces de um problema E necessario

desenvolver uma visao sistemica e analisar par todos as o3n9u105 aluno escola

familia sociedade A motiva9ao e um fator fundamental para que 0 aluno seja bem

sucedido no sistema escolar permanecendo no mesmo e realizando as tarefas

necessarias para 0 seu conhecimento e aprendizagem Considera-se que 0 sucesso

dos filhos no sistema educacional decorre entre Qutras eoisas da motivacaoque as

familias conseguiram despertar neles em relacaoa instituicao

o problema indisciplina pode ser entendido como conseqOeuromciade um leque

de situa90es vividas em familia pais inseguros quanto a colocar ou nao Iimites

relacionamentos tensos entre pais excesso de zelo para reparar a culpa por ter que

deixar a criancaprivada do cantata com as pais que trabalham fora criancas que

passam a maior parte do tempo em frente da TV ou na rua com Qutras criancas

sofrendo tode tipo de influencias prejudiciais a sua educacao pais autoritarios ou

muito liberais falta de dialogo e bom exemplo no seio familiar desconhecimento da

importancia dos relacionamentos dos primeiros anos de vida como base da

formaC8oda personalidade par parte dos pais Sao estas criancascom hist6rias de

vida as mais variadas possiveis que chegam a uma escola e encontram ali narmas

rigidas ou ausencia de narmas Professores com uma serie de limitac6es na sua

forma9aO humana e academica que passam a desempenhar 0 papel de educador

em sala de aula

A familia e a escola devem atuar em parceria objetivando a aprendizagem e

o sucesso escofar do auno Elas sao 0 aicerce e modelo para que as criancas

10

aprendam naD somente conteudos mas tambem a viver em sociedade com suas

normas et portanto e necessaria que tenham objetivos comuns em relacao a

val ores disciplina e convivio social Este suporte e proporcionado nao somente pelo

ambiente adequado mas no equilibrio e tranqOilidade do lar e da escola Assim

sendo 0 aluno nao S8 sente abandonado inseguro mas sim recebendo

orientacoes estimulos e principal mente exemplos de responsabilidade e respeito

Para WINNICOTT (1971) a saude do pais depende de unidades familiares sadias

com pais que sejam individuos emocionalmente maduros

Nao hit uma causa (mica para a indisciplina mas sim uma conjuncao de

fatares que interagem uns sabre 0$ Qutros que imobilizam 0 desenvolvimento do

sujeito e do sistema familiar nurn determinado momento afetando 0 aspecto

comportamental e a aprendizagem do aluno

o individuo ao ingressar na escola ja teve experiencias relacionadas a

diversas situac6es e ira reagir a esse novo ambiente Ha alunos com dificuldades de

adaptayao e rendimento insatisfatorio nos estudos por estarem comprometidos par

ansiedades e tensOes psiquicas

E imprescindivel que a familia e a escola deixem de ficar se cui pando

mutua mente e passem a refletir sobre sua funyao vital no desenvolvimento de

individuos adaptados ao ambiente realizados e capazes de utilizar suas

potencialidades de forma construtiva para a sociedade e consequentemente para

o fortalecimento da familia e da escola como instituicoes estruturadas e em

permanente evolucao

Ressalta-se urn aspecto muito importante relacionado a agressividade e mais

especificamente a indisciplina E a questao dos limites Pais e professores precisam

11

ter em mente a importancia de trabalhar essa questao com filhos e alunos e

diferenciar a demarc8C8ode limites de autoritarismo ou abuso do poder

Sermos adequados e saber encontrar a distancia certa entre nos e a Qutro E

naD ocupar um espaco exc8ssivamente pequeno para naD nos sentirmos acuados e

ameacados evitando tomar-nos agressivos () Todo ser vivo necessita de um

espatominima para viver sem 0 qual torna-S8 agressivo e luta pela sobrevivencia

ou perece (MIRANDA 2001)

OLIVEIRA et al (1999 p151) destaca a importancia dos limites

A disciplina e 0 todo que engloba a organiza~o que mantE~m a ordem entre aseoisas e as pes50as 0 limite e a fator que determina 0 campo e a espalto daatualfao Portanto 05 limites sao urn dos principais fundamentos da disciplina 0limite e que determina onde os meus direitos terminam e onde iniciam os dos outros() E necessario que 0 limite comece a ser estabelecido desde a forma~o dapersonalidade da crianca ou seja desde 0 nascimento () Ensinar a crianya aobedecer limites e treina-Ia para a vida

E preciso que os adultos aprendam a nao invadir 0 esparo da crianca nao

permitindo tamhem que as crianyas invadam 0 espayo dos outros E necessaria

quebrar este cicio vicioso que faz com que a indisciplina continue a ser 0 centro das

atenc6es na escola e na familia Dar limites e nao impor Iimites este e 0 grande

desafio para pais e educadores

Para que a criancaaceite os Iimites impastos e necessario que os pais au a

pessaa responsavel acredite no que esta dizendo e 0 faca com firmeza e explique

para que a crianra acredite e para que absorva a ideia de que ela nao esta proibida

de tudo mas que nem tudo 0 que desejamos podemos fazer mas ela pode fazer

quase tudo (ZAGURY 2001)

Quando se da Iimites esta se fazendo urn ato de amor oj crian~a e ao futuro adulto

ensina-se a ele a viver em sociedade a respeitar e ser respeitado esta se poupando

12

a crianca de cair no mundo das drogas e da violencia cnde 0 limite e muitas vezes a

marte

221 0 Papel da Familia

Os pais tem um papel fundamental na motivayao do aluno e sua participa9ao

e imprescindivel para que 0 aluno aprenda Desta forma a familia faz parte do tripe

que sustenta uma aprendizagem com sucesso Quando a familia esta tranqOila e a

rotina de casa esta equilibrada 0 aluno apresenta maiores oportunidades para urn

bom aprendizado

A familia e suporte fundamental para 0 bom desempenho escolar Pode-se

dizer que a clima familiar influencia no desempenho escolar e pade trazer prejuizos

ao rendimento escolar quando naD harmonioso

Se a familia naD da a crianca a base emocional firme 0 que tazer

E importante ensinar a crianca a identificar as sentimentos e lidar melhor com

eles

DAVIDOFF (1983) descreve como se da 0 desenvolvimento do ser humane

desde a concepcao e a importancia dos relacionamentos dos primeiros meses de

vida e da primeira infancia na forma9ao da personalidade e da socializayao futura do

individuo Para ela a base de urn relacionamento sadie entre mae e filho esia na

intensidade de afeto que a mae dispensa a crianca na amamentaC8o enos

cuidados na satisfa9ao de suas necessidades fisiol6gicas A qualidade das

intera90es sociais da crian9a estrutura a personalidade do individuo de algumas

formas importantes Falando de frustra90es conflitos e outras tensoes a autora

chama a aten9ao dos adultos que convivem com a crianca e 0 adolescente para sua

(~ )(~~l J 13

lt~C~responsabilidade em apoiar orientar e acompanha-Ios para que possam superar as

situaryoes conflitivas evitando assim 0 desenvolvimento de uma personalidade

agressiva e desajustada

DAVIDOFF (1983) vai mais alem ao dizer que pais maduros e seguros

envolvem os filhos em tomadas de decisao e assuntos da familia Apresentam

razoes para a que solicitam e proporcionam experiemcias graduais apropriadas para

a afirmayao da independencia Ainda assim retem a responsabilidade final Os filhos

dos pais maduros tendem a ser autoconfiantes independentes possuem boa auto-

estima e born relacionamento com suas familias Os pais autontanos preferem

taticas primitivas duras quando surgem conflitos insistem em obediemcia Sao

coercitivQs e favorecem a desenvolvimento de transtornos como 0 desafiador

opositivo No outro extrema os pais laissez faire que afrouxam totalmente as

limites sao totalmente igualitarios Todos os membros da familia estao

essencialmente Ilvres para fazerem deg que quiserern Raramente estes pais tomam

decis6es ou aceitam responsabilidades Os adolescentes filhos de pais autoritarios

e do tipo laissez faire tendem especialmente a ter problemas de ajustamento

o individuo age com relary8o a certas pessoas como seus pais se

comportaram para com ele Caso as imagos paternas que sao preservadas em

nossos sentimentos e em nossas mentes inconscientes forem predominantemente

rigidas nao poderemos estar em paz com n6s mesmos Odiamos em n6s as figuras

rigidas e intolerantes que tambem formam parte de nosso mundo interno e que sao

em grande parte a resultado de nossa agressividade para com as nossos pais

o homem e urn ser social ele precisa viver com as outros homens para

desenvolver suas necessidades basicas como 0 trabalho a criatividade a arnor par

14

issa ele S8 juntou em comunidade As comunidades sao uma reuniao de pessoas

que tern interesses comuns au seja interesses iguais

Familia e 0 nucleo de pessoas aparentadas que tern la90s de sangue e que

se apoiam no sentido de manter 0 nucleo permanentemente em comunhao

Hit uma serie de expectativas sociais em relacao it familia e preciso que

socialize as criancastomando-as capazes de viver junto aos Qutros seres humanos

A institui9ao familia tern passado ao longo da historia da humanidade por crises

muito serias As formas de familias sao extrema mente variaveis E mais variaveis do

que dentro de nossa proprio pais sao as formas de familia de Qutros paises do

mundo

A familia ah~m de reproduzir novos seres humanos tenta produzir neles as

seus habitos costumes e valores atraves de gerayoes

A familia sempre foi a celula-mater de uma sociedade ou refUgio das

atribuiyoes do mundo Tambem a religiao impoe normas as familias que em torno

del a se reunem Grande parte do comportamento de uma familia no sentido moral econtrolado pela religiao em que ela acredita Em troca a religiao e sustentada pela

familia fazendo com que as crencas e preiticas mora is subsistam por seculos e

levando as pessoas a uma aceitacao de punicoes impostas

o prestigio social dos individuos na familia tradicional de seu

comportarnento diante de sua fe de seu comportamento em rela9ao a familia e de

sua origem e influenciado pelos costumes que traz atraves de geralt6es Durante

anos a familia conduziu-se como uma barreira diante de inovac6es e de formas

novas de ligalt8o homem-mulher-filhos Os vinculos familiares representam uma

seguran9a afetiva e material muito importante para 0 desenvolvimento do individuo

A historia da humanidade assim como os estudos antropologicos sobre os

15

pavos e culturas distantes de n6s (no espacoe no tempo) esclarecem-nos sabre a

que e familia como existiu e existe hoje Mostra-nos como fcram e sao hoje ainda

variadas as formas sob as quais as familias evoluem se modificam assim como

sao diversas as concepcoesdo significado social dos la-os estabelecidos entre as

individuos de uma sociedade dada

Apesar dessas variacoes a forma mais conhecida e valorizada de nassos

dias a familia composta de pai mae e filhos chamada familia nuclear normal

Este e 0 modele que desde criancaS8 ve em livres escolares nos filmes na

televisao mesma que no seia familiar S8 verifique urn esquema diverso

A natureza das rela90es dentro de uma familia vai se modificando atraves do

tempo 0 aspecto mais problematico da evolU9aO da familia est sem d0vida

alguma ligado ao questionamento da posi9ao das crian9as como propriedade dos

pais e a posiryao economica das mulheres dentro da familia Inclui-se ai 0

questionamento da distribui9iio dos papis ditos especificamente masculinos e

feminin~s e esse e urn problema chave para 0 surgimento de uma nova estrutura

social

Nao se poder mudar a institui9ao familiar sem que toda a sociedade mude

tambem Pode-se afirmar ainda que qualquer modificayao na organiza~aofamiliar

implicara tambem numa modifica9ao dos rigidos papeis de esposa mae ou

prostituta os 0nicos atribuidos as mulheres Quanto as crianyas ha algum tempo ja

o Estado intervem entre pais e filhos e desde a pouco os pais sao passiveis de

denuncias pelos vizinhos caso punam fisicamente seus filhos

Atraves da escola do controle sobre os meios de comunica~aode medicos e

psic6lagas a pader dominante de cada sociedade mais au menos sutilmente imp6e

normas educacionais sendo dificil aos familiares contraria-Ias De uma maneira

16

geral cabe ainda aos pais grande parcela de poder de decisao sobre seus filhos

menores Parcela essa cada vez mais contestada A esse pader equivalem por

parte dos filhos direitos legais em relagao aos seus pais em particular no sistema

capitalista Direitos a assistencia educayao manutenyao e participacao em seus

bens e proventos

A familia como toda instituigao social apresenta aspectos positiv~s enquanto

nucleo afetivo de apoio e solidariedade Mas apresenta ao lade destes aspectos

negativ~s como a imposicao normativa atraves de leis uscs e costumes que

impllearn formas e finalidades rigidas Torna-se muitas vezes elementa de coayiio

social geradora de conflitos e ambigOidades

A agressividade inata tende a sef ativada pelas circunstancias externas

desfavoraveis e inversamente e mitigada pelo arner e compreensao que a crianca

recebe 0 seu desenvolvimento e suas reac6es com 0 adulto devem ser

considerados como resultantes da interacao e influencias externas e internas

Um sistema familiar disfuncional nM permite ao aluno a maturidade

necessaria para conseguir urn born desempenho academico

A problematica emocional ligada a situayao conflitiva absorve a

disponibilidade perceptiva e reacional do individuo a estimula~ao externa

dificultando a sua integragao ao ambiente e perturbagao nao 56 a sua capacidade de

aten98o de concentra~ao de raciocinio mas sobretudo a de relacionamento Assim

sendo as dificuldades de assimilayao na aprendizagem escolar podem estar ligadas

a fixagoes emocionais (NOVAES 1970 p 145)

Geralmente criangas com problemas emocionais adotam atitudes agressivas

de inibiyao constri9ao regressao isolamento hostilidade oposigao indiferenya

17

indisciplina exibicionismo dissimula~aosensibilidade e au emotividade excessivas

sendo freqOentesos problemas de mentira de furto e de natureza sexual

Na instituiyao familiar seja ela qual for e a ligayao emocional entre as

pessoas que as torna mats felizes e saudaveis

As perturbaltoes no ambiente familiar interferem no comportamento do

individuo Existe urn processo duple entre 0 lar e a escola as tensoes que sao

geradas num ambiente se manifestam como perturbaltoes no comportamento do

outro (WINNICOn 1971 p 223)

Resgatar a papel da familia e seus vaiores levan3i 0 aluno a sentir-se

amparado A autoridade paterna e materna participativa se faz necessaria na

criayao e educaltao na orientayao e aquisiltao de bons habitos influentes na

projeltaosocial das pessoas Nao necessariamente isto se refere a presenltafisica

de ambos os pais mas da existencia das funlt6esenquanto autoridade

A emoltaopermeia todos os aspectos da vida diaria do ser e tambem interfere

na aprendizagem fazendo-se necessaria urn conhecimento dos aspectos

emocionais para assim pader assistir 0 aluno em seu trabalho escolar A

estabilidade no ambiente familiar proporciona ao individuo seguranya e

independencia A participaltao da familia no cotidiano escolar e de suma

importancia para a aprendizagem

Os jovens nao podem se sentir abandonados eles precisam de exemplos e

sobretudo de afeto para a construltaode uma vida melhor

SOUZA (1995 p 58) considera que a inibiltaointelectual estaria na base da

dificuldade de aprendizagem Existem fatores da vida psiquica da crianlta que

podem atrapalhar 0 born desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaltao

18

com a aquisirao de conhecimentos e com a familia na medida em que as atitudes

parentais influenciam sobremaneira a rela~aoda crianca com 0 conhecimento

Ressalta-se que entre as variDS fatores que influenciam 0 aspecto emotional

da crian9a tem-se alcoolismo familia numerosa sem condicoes minimas estruturais

brigas freqOentes em casa abandono trabalho infantil etc A convivmcia com um

au mais destes fatores acarreta na impossibilidade do aluno concentrar-se nas

aulas visto que a sua aten9ao se volta para a tentativa de resolu9lo dos problemas

familia res que ele julga insoluveis na maioria das vezes Existe urn certa

conformismo misturado a angustia quando 0 aluno consegue expor 0 problema que

o aflige

Deve-se compreender que a familia esta envolvida em diversos problemas

oriundos das pressoes s6cio-econ6micas das dificuldades de habita9ao

alimenta9ao e trabalho sem tranqOilidade para assimilar e analisar os estimulos

externos integrando-os a sua dina mica familiar

A influencia do ambiente familiar e decisiva para 0 ajustamento emotional e

muitas vezes 0 grupo familiar nao oferece condi90es de estabilidade e de

seguranya emocional para 0 desenvolvimento normal de seus filhos

Grande incidencia de conflitos emocionais que se exteriorizam par ansiedade

sentimentos de inferioridade de inseguran98 depressao medo negativismo e

incapacidade de estabelecer rela90es afetivas geralmente coincidem com 0 grande

numera de familias desintegradas desunidas de pais ausentes incompreensivos

imaturos neur6ticos dominadores desajustados que nao podem dar compreensao

amor e apoio aos filhos

ZAGURY (2000) relata 0 resultado das duvidas e incertezas de muitos pais

Para ela os pais devem compreender que mais importante que satisfazer os desejos

19

da CrianC8 e ensinar principios eticos como honestidade solidariedade e respeito

mutua Principios estes que sao fundamentais para 0 born relacionamento social na

adolescencia e vida adulta

Limites sao regras ou normas de condula que devem ser passadas para as

criancas desde tenra idade Eles mostram as crianyas 0 que podem e 0 que naD

podem 0 que devem e 0 que nao devem fazer Ensinam tambem como respeitar 0

proximo facilitando a socializayao Os limites devem fazer parte da educaao pois

vivemos em sociedade e para a boa manutencao desta se faz necessaria a

existencia e 0 respeito as regras (COUlINHO FILHO 2003)

Em seu livro Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sobre a tirania

dos filhos ZAGURY (2000) discute os principais problemas que envolvem a

educayao dos filhos na sociedade moderna quando toda uma geraao de pais foi

influenciada par urna visao excessivamente psicologizante As ambigOidades as

diferenyas entre as regras estabelecidas pelos te6ricos sao debatidas e criticada a

tirania de alguns especialistas que contribuiram para a disseminayao de um dos

maiores males da educaao - 0 chamado psicologismo A autora alerta para a

necessidade de as pais serem criticos nas orientayoes e conhecimentos adquiridos

sobre a educaao dos filhos e chama a atenao sobre os limites e a necessidade de

autoridade por parte dos pais a importancia de se construir uma relayao baseada na

autenticidade e na democracia tanto para as crianyas quanta para seus pais

Para liSA (1996) a disciplina tern inicio antes mesmo do nascimento atraves

do modo como os pais se comportam no relacionamento mutuo Os primeiros dias

de vida e as interac6es com os pais ou pessoas que as substituem sao de

fundamental importancia no desenvolvimento bern ajustado Pois e nessa interayao

que a mae transmite 0 modo de ser da familia e isso e essencial para ajudar 0 filho

20

a formar 0 seu ser psicol6gico pois a crianca traz ao nascer apenas 0 seu ser

biol6gico

0 pai deve ter muita saude pSicol6gica para participar do gesto de

alimentat8o que tern urn significado tremendo no ge5to afetivo A crianca nao

precisa s6 de leite 0 leite alimenta 0 corpo 0 afeto e 0 alimento da alma Crian

sem afeto entra em depressao(lIBA 1996)

Deve-S8 ressaltar que 0 limite e diferente de repressao 0 primeiro S8 instala

atraves das puniyoes ja a repressao atraves da culpa A puniy80 age sabre a ato e

a culpa sabre a pessoa Durante 0 desenvolvimento da clianca 0 limite e saudtlVel

quando este refere-s8 apenas aos atos naD desrnerecendo au desvalorizando a

pessoa A crian nao deve se sentir culpada pelos seus atos mas responsavel par

estes (COUlINHO FILHO 2003)

llBA (1996) diz que os pais que exageram na preocupayao com a choro e a

comida estao contribuindo para ter urn indisciplinado dentro de casa estao

desrespeitando a desenvolvimento biol6gico da crian A mae que trabalha fora

sente-se culpada par deixar a filho sozinho na creche au na escola e depois a

superprotege para reparar a culpa acabando par criar urn folgado dentro de casa

o modo como lidar com a liberdade e Dutro fatar influenciador no comportamento da

crianya e do adolescente Impar limites sem submissao e autoritarismo e outro

desafio para os pais que precisam respeitar a espayo de individualidade sem se

submeterem aos seus caprichos

o tema indisciplina oj amplo e muito se tern ainda a pesquisar estudar e

orientar no sentido de ajudar as pais a encontrarem urn caminho mais segura na

educay80 e formayao da personalidade dos filhos que tern inicio nas primeiras

relayoes entre mae e filho

21

222 0 Papel da Escola

Se a condi9ao basica e necessaria para a aprendizagem e a integridade

moral e 0 estabelecimento da interalYBo professor versus aluno cnde fatares afetivos

e cognitivos exercem influencias decisivas na busca de realizac68s e de desejos

confirmando-Ihes determinadas caracteristicas inteny68s e significados e na escola

que ocorrem boa parte dos problemas com as quais 0 aluno S8 esbarra lentidao de

raciocinio falta de atenyao desintereSS8 indisciplina entre Qutros encontram as

suas origens na estrutura biol6gica sobretudo quando exposta ao meio ambiente

(POLITY 1998)

Em ambientes cnde estes fatares naD sao considerados relevantes que

alunos com dificuldades de aprendizagem ou com problemas de indisciplina acabam

sendo rotulados sofrendo puniyoes devido ao seu fracasso escolar Estes

apresentam lalta de interesse desmotiva980 para estudar pregui9a e distra9ao

Com isto os pais e professores nao entendem estas dificuldades e 0 aluno em seu

permanente estado de tensao nao consegue prestar aten~o e participar das aulas

nao obtendo os resultados esperados (MORAIS 1997)

Outro fator importante e a problematica emocional que deve ser considerada

como decisiva na adaptacao e rendimento escolar podendo trazer serias

conseqOemcias ao desenvolvimento e progresso emocional da crianca A escola

deve oferecer condic5es e estabilidade emocional e atraves do diagn6stico precoce

dos encaminhamentos adequados da pr09rama9aO adequada das atividades

escolares e da preparacao do professor atender a esses casos prontamente

poupando assim a crianra e a sociedade do agravamento dessas situac6es

(NOVAES 1970)

22

Neste interim surge a psicopedagogia como auxiliar no cicio aluno - familia -

escola quando se instala uma dificuldade de aprendizagem 0 psicopedagogo deve

ter urn olhar para 0 contexte global onde est inserida a criana com dificuldade de

aprendizagem as relac6es familia res e escolares

As crian~s que se evadem da escola em geral sao as mais rejeitadas

Estas criancas precisam ser estimuladas ao relacionamento a responder

adequadamente aos sentimentos do outro e a controlar tensao e ansiedade

compreendendo qual e 0 comportamento aceitavel em determinada situacao

E preciso aprender a lidar com a ira e a tristeza a respeitar as diferencas de

modo a encarar as eaisas dificeis aprender a perguntar a negociar a ser mais

assertivo Eo importante somar aos conteudos de hoje as liDes sobre sentimentos e

relacionamentos 0 primeiro passe e aprender a nomear a emoCao compreende-Ia

a partir de suas express6es faciais corpora is E essencial que 0 professor amplie

sua ViS80 sobre as quest6es emocionais desenvolvendo autodisciplina vida

virtuosa capacidade de motivar-se de enfrentar press6es e resolver conflitos

Por tudo isso a escola tem 0 compromisso moral e etico de se preocupar com

o desenvolvimento dos alunos reinventando as aulas e proporcionando a sintonia

do conteudo a capacidade de aprender Considera-se muito importante que a familia

e a escola estabelecarn urn vinculo para tentar mUdanyas em relaC80 it falta de

atenC80 e indisciplina no sentido de ajudar 0 aluno a evitar maiores dificuldades

crises e stress

ANNA FREUD (1971 p162) considera que as normas escolares prestam

pouca ou nenhuma atenC80 as diferencas individuais

o aluno deve sentir-se desafiado e envolvido no processo a todo instante A

capacidade de empatia entre professor e aluno e 0 segredo do sucesso no

23

relacionamento entre ambos A auto-estima e urn ponto tambem fundamental para

um comportamento bem integrado

Num sistema educacional problematico como 0 do Brasil unido ascaracteristicas pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita5es

do professor e toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sal a

de aula interferem na aprendizagem como urn todo Pais e professores devem estar

atentos para educar desde os primeiros dias de vida para a disciplina que nao

5ubmete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemple e 0 dialogo

E preciso que a escala como urn todD e principal mente seu corpo docente

ampliem a consciencia a respeito da responsabilidade que tern em relacao ao futuro

dos seus alunos e alem disso que possam perceber a importancia do bern estar

psicol6gico como uma situacao fundamental para a aprendizagem satisfat6ria A

escola pode e deve propiciar ao aluno seguranca emocional para que ele possa

vivenciar vinculos saudaveis com seus professores e colegas

Espera-se que Utenham uma visao positiva da vida e sentido de humor que

sejam capazes de apreciar 0 valor de uma boa risada para eliminar pequenos

ressentimentos e aborrecimentos que prejudicam 0 crescimento do aluno (MOULY

1979 p 134)

E urgente a necessidade de uma nova escola desenhada para a mente e 0

cora~ao que ensina autocontrole empatia a arte de ouvir de resolver conflilos de

cooperar

A indisciplina pode ser definida como

Indisciplina e a recusa de $ubmeter-se as regras de aprendizagem educativa e a seu sistemade transmissao institucional Relacionada com 0 contexto familiar e escolar a indisciplina eum dos sintomas dos disturbios da inf~ncia e da adolescencia Quee preciso situar no campomutti~imensional da~ i~teracOesentre processos de aprendizagem e finalidades da educayaorelayao educadorlsuJeltolgrupos de alunosJclasse sistema de avaliacao e risco de fracasso

24

Ultrapassando 0 simples registro dos disturbios de carater a indisciplina tern a ver comfatores psicossociais que dao sentido a essa forma de insubmissflo (DORON et ai 1998)

Para VASCONCELLOS (1995) as manifesta90es de indisciplina na escola e

na sal a de aula sao urn problema a ser analisado na sua totalidade levando-se em

conta a familia as mudan~asocorridas na escola a professor a sociedade a crise

dos sentidos e dos limites considerando-se que 0 que se entende por disciplina e

como construi-Ia nurn processo de interarao entre 0 adolescente e a

professorescola

A educaC8o no seu verdadeiro sentido naD se faz sem autoridade pais 0

educando precisa do referencial do educador a fim de ter base para a constru9ao do

seu eu Muitas vezes 0 professor nao consegue disciplina porque nao tem

autoridade diante dos alunos Normalmente 0 professor fica esperando que 0 aluno

traga urn reconhecimento natural para com sua pessoa historicamente esse tempo

passou 0 tratamento de respeito tem que ser conquistado pelo professor

(VASCONCELLOS 1995)

A questao fica complicada quando temas como profissionais da educayao

elementos totalmente alheios e nao educados para a realidade atual Alem da falta

de dominio dos conteudos a serem ensinados falta-Ihes a capacidade de perceber

essas transforma90es hist6ricas que vern ocorrendo no relacionamento educando x

educador Falta-Ihes conhecimento do desenvolvimento humane e psicol6gico de

seus alunos E por fim suas pnticas pedag6gicas sao pobres de metodos que

propiciem a intera9aOe a construyao do conhecimento no respeito mutuo falta-Ihes

autoridade e capacidade de administrar a indisciplina gerada pelos fatores citados

Esses professores podem se deparar com criancas com transtorno desafiador

25

opositivo e muitos deles carecem de orientaCiies de como lidar com este tipo de

conduta

A disciplina escolar e urn conjunto de regras que devem ser obedecidas para

o exito do aprendizado escolar Portanto ela e uma qualidade de relacionamento

humano entre 0 corpo docente e 0$ alunos em uma sala de aula e

consequentemente na escola respeitando as caracteristicas de cada urn dos

envolvidos (TIBA 1996)

Para que haja disciplina em sala de aula isto e alunos motivados satisfeitos

com a aula e necessaria que 0 professor seja urn grande conhecedor do que

ensina da realidade que 0 cerca e tenha a capacidade de envolver 0 aluno na sua

sala usanda uma metodologia e uma didatica que nao deem margem a apatia ao

cans890 a monotonia para ambas as partes 0 aluno deve sentir-se desafiado e

envolvido no processo a todo instante A capacidade de empatia entre professor e

aluno e 0 segredo do sucesso no relacionamento entre ambos

Para TIBA (1996) a indisciplina na escola e vista como conseqOencia do

sistema educacional brasileiro que afeta diretamente as rela90es dos individuos em

sal a de aula e na escola Urn sistema total mente falido unido as caracteristicas

pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita~oes do professor e

toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sala de aula A auto-

estima e citada pelo autor como fundamental para um comportamento bem

integrado Ele aponta tambem inumeras sugestiies para os pais e professores no

sentido de como educar desde os prirneiros dias de vida para a disciplina que nao

submete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemplo e 0 dialogo

Por outro lado encontra-se a escola tentando cumprir a sua funCao (orientar

na constru~ao do conhecimento) e freqDentemente quando 0 professor se depara

26

com um alune que esta precisando de ajuda no aspecto emocional encontra-se

despreparado para lidar com a questao reagindo com intolerancia Consideram

muitas vezes mais tacil fazer julgamentos como 0 alune naD tern jeito bulle da

familia tal todos as irmaos desta familia ja fcram meus alunos e sao todos i9uais

Eventualmente recusam-se a participar de cursos de atualiza9ao e aperfei90amento

e preferem adetar a postura de que sabem que 0 alunD naD tern jeito mesma e nada

S8 tern a fazer a que favorece 0 rebaixamentoda auto-estima do alune e 0

agravamento do problema gerando disc6rdias e aborrecimentos na escola

Urn Dutro aspecto a ser considerado e que tudo sa tornaria mais facil para a

crianca se ao ingressar na escola ela pudesse encontrar um ambiente acolhedor

com regras bern definidas professores conhecedores dessa realidade com

formacaopsicol6gica para propiciar momentos de tomada de consciencia do porque

daquele comportamento fazendo acontecer a catarse e redirecionando as modos de

agir de tais crian~s e adolescentes Porem a realidade das escolas e bem outra 0

proprio ambiente e a mentalidade favorece que ela a crianca a adolescente

coloquem toda a agressao reprimida suas neuroses seu 6dio seus sentimentos

de culpa sua revolta contra a autoridade e a patrimonio escolar Muitas vezes 0

atuno encontra professores que nao se libertaram dos traumas e problemas dos

quais eles mesmos foram vitimas na primeira infancia alern de desconhecerem e

nao saberem lidar com a crianca e 0 adolescente problematico pelo desprepara

pedag6gico e a falta de metodos adequados e atrativos para prender a aten9ao e 0

interesse de seus alunos Sua pratica pedag6gica e pobre de recursos e estrategias

que desafiem e motivern tais alunos a se auto valorizarem elevando a auto-estima

Urn dos pontes mais comuns entre as indisciplinados e a sentimento de

menos valia aem da fata de conffan9a nos contatos e na produtividade Percebe-se

27

assim que para reverter essa questao naD basta trabalhar com a aluno E

necessario urn trabalho junto aos professores e familias criando estrategias que

modifiquem 0 ambiente e urn relacionamento mais verdadeiro mais equilibrado

deve ser estabelecido em todos as sentidos - trabalhando-se em equipe

28

3 0 CASO DE UMA CRIANCA COM TRANSTORNO DESAFIADOR OPOSITIVO

Foram utilizadas entrevistas com a mae professores e irmaos Encontros com

a crian-a em sess6es com durayao de 50 minutos cnde utilizou-se de metod as

como desenhos brincadeiras jogos regrados massa de modelar

31 HIST6RIGO DO GASO

F e urna rnenina de cinco anos cayula tendo um irmao de 21 anos e urna

irma de 17 anas de idade

o pai faleceu com 49 anas ha apraximadamente 01 ana e a mae atualmente

com 49 anas teve F com 43 anas

o pai fai marta par paliciais em frente a sua casa Estava bebada e saiu a rua

armada e um carro da palicia apareceu e 0 viu sentado na calcadalogo depois

vieram muitas viaturas e a mae pediu que levassem 0 marido para passar a noite na

cadeia mas que naD fizessem nenhum mal a ele Neste momento 0 pai de F

comeyou a atirar e aS policiais (segundo a mae 18 policiais aproximadamente)

invadiram a casa e comeyaram a atirar A familia fa para os fundos da casa e a mae

passou F par cima do muro para a casa da vizinha Quando a familia voltou para

frente da casa as paliciais disseram que a pai de F estava ferida na perna e

levaram-na para a hospital mas segundo a relata da mae ele ja estava marta e

havia na verdade levado urn tiro na cabeca F nao viu a cena mas escutou tudo

Ganforme relata da mae a partir da data do acarrida F naa abedece faz de

canta que naa escuta e quando quer alga came9a a tremer A mae diz que a filha

29

ficou assim desde a marte do pai pais este a bajulava muito fazia tudo 0 que ela

desejava

F sempre foi mimada pelo pai este nunca repreendia a filha por algo de

errado que ela fizesse Para 0 pai F nunca estava errada inclusive quando ela e a

irma mais velha brigavam 0 pai sempre ia em defesa da mais nova e para protege-

la amea98va bater na mais velha

A queixa principal da mae e que F comeya a tremer quando quer algo de que

gosta muito nao obedece a regras e Iimites impostos pelos responsaveis

Nas observayiies comportamentais notou-se que F testa os limites dos

adultos para conseguir 0 que deseja e as pesso8s que a cercam para se livrarem

das birras acabavam por fazer 0 que ela queria Mas essas mesmas pessoas

comeyaram a perceber que a falta de regras e limites jil ultrapassava 0 limite do

suportaveJ

Segundo HANISH et al (1999) 0 transtorno desafiador opositivo aparece

antes dos 10 anos Normalmente torna-se aparente na idade pre-escolar que e 0

caso desta crianga

Na escola F naD interagia com as colegas na hara de fazer brincadeiras em

grupo nac conseguia se relacionar com as colegas quando a professora pedia para

fazer alguma atividade F fazia do jeito que queria e nao como a professora

solicitava

Para que houvesse progresso no tratamento foi fundamental que a mae e as

demais pessoas que rodeiam a crian~a modificassem sua forma de agir e para que

isso ocorresse foi preciso fazer urn remanejo de conduta dessas pessoas Fez-se

pois necessaria orientacao e treinamento para auxilia-Ios nesta mudanlta

30

32 EVOLUCAO DO CASO

As intervenyoes utilizadas neste casc com a mae fcram em forma de

orientayao na freqOencade pelo menDS uma vez par meso Mais recentemente este

trabalho com a mae vern sendo feito a cada quinze dias

Em conversa com a mae esta mencionou que naD queria fazer como seus

pais naD que eles fassem ruins disse ela mas eles nao conversavam e naD tinham

tempo de dar aten9ao e de ensinar os deveres da escola Tudo 0 que ela aprendeu

na escola foi par esforyo proprio e naD queria que isso acontecesse com sua filha

entaD ela au as irmaos mais velhos sentam com F e a ensinam

Mais tarde foi feita uma entrevista com a professora e esta mostrou todas as

li90es de F e disse que aquelas atividades nao haviam side feitas pela crian9a e sim

por seu irmao e que a professora ja havia mandado bilhetes pedindo que nao

fizessem mais as atividades da escola par F A mae foi orientada a dar mais

incentivo a F em lugar de fazer os deveres por ela pois F nilo tinha problemas de

aprendizagem mas par falta de incentivo poderia vir a ter

Com F foram utilizadas brincadeiras como pintura com aquarela desenhos

massa de modelar hist6ria infantis Atraves destes me-todosforam utilizados refor~o

e a punicao quando necessarios

o refor9Q foi atraves de elogios sorriso e aten9ao quando F realizava urn

comportamento desejavel A punitao consistiu em retirar uma atividade que ela

gostava muito como desenhar OU tambem ignorar a sua atitude mantendo a calma

No terceiro encontro F mencionou 0 pai dizendo que ele comprava doces

para ela mas nao quis continuar falando sobre ele alegando que 0 irmao mais velho

nao gostava Mais tarde em outras sess6es tornou-se claro ser isto fantasia sua

31

Nos primeiros encontros corn F ela demonstrou S8r cordata entretanto a

partir do quarto encontro F mostrou comportamentos de manipula9ao ou seja

querer controlar a situacao e que tude salsse da forma que queria para que todos

as seus desejos fossem realizados atitude comum em casa ou na escola

A quinta sessao foi para verificar a interacao de F com a mae F mostrou-se

intransigente naD obedeceu a nenhuma das ordens da mae na hora de guardar as

brinquedos gritou com a mae e esta demonstrou claramente nao conseguir dar

limites a sua filha A mae conseguiu dizer neste momento que se F estivesse em

casa iria apanhar com uma varinha mas ista naD adiantou pais F ficou irredutivel

Ao final da sessao quando tudo estava no seu devido lugar F ja estava agindo como

se nada tivesse ocorrido a mae mencionou que F era muito nervoS8

A partir da sexta sessao loram leitos contratos com F os quais ela aceitou

com lacilidade

Apos 0 contrato feito na sessao anterior na setima sessao foi trabalhado a

limite atraves de acordos leitos com F como pedir para que ela escolhesse

somente tres tipos de brinquedos da caixa que s6 iria embora quando a horario da

sessao terminasse e que as Iimites seriam colocados pela terapeuta Com estas

regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela queria

A partir da oitava sessao loi levantada a hip6tese do problema de F ser

transtorno desafiador opositivo pais ela demonstrou as comportamentos de querer

dominar e mostrar que poderia mandar mas com muita paciencia foram impastos

limites atraves do silencio mostrando que nem tudo poderia ser como ela queria e

assim acabou aceitando

A nona sessao loi destinada a orientar a mae em como agir com a filha e loi

proposto para que a mae assistisse a proxima sessao atras do espelho

32

Como foi sugerido para a mae na sessao passada ela ficou ats do espelho

para ver como a filha interagia e poder verificar qual seria a melhor forma de lidar

com ela

A decima segunda sessao foi destinada a mae para verificar como estava 0

comportamento de F fora da terapia Ela comentou que 0 comportamento da filha

melhorara muito que as tremores 56 ocorriam esporadicamente Foi orientado amae que quando Dcarressem as tremores ela deveria fazer de conta que naD havia

percebido nada

Foram feitas diversas sess6es seguidas mais precisamente da decima

terceira il decima setima com F destinadas a trabalhar regras e limites Este

trabalho foi realizado atraves de acordos com F como por exemplo pedir que ela

escolhesse apenas tres brinquedos da caixa au escolhesse entre desenhar e ouvir

historias au ainda entre conversar e brincar tambem poderia escolher entre brincar

de casinha e desenhar

A decima oitava sessao foi urna sessao diferente pOis foi destinada aprofessora de F para verificar como F estava S8 comportando e se relacionando

com colegas em sala de aula enos interval os A professora levantou a hip6tese de F

ter problemas de aprendizagem pois as atividades escolares dela nao eram

compativeis com a de seus colegas de classe Mas foi constatado atraves das

atividades que eram enviadas para serem feitas em casa que 0 que faUava para F

era estimulo pOisseu irmao fazia suas atividades por ela

Foram feitas duas sessoes seguidas (decima nona e vigesimal para

comprovar se havia problemas de aprendizagem com F Sessoes estas de recorte e

colagem e de hist6ria (Cinderela) Com estas atividades pode se constatar que F

33

tern plena capacidade de realizar tarefas sDzinha talvez com uma pequena

orienta9ao quando solicitado por ela

A vigesima primeira foi mais uma sessao dedicada a orient89ao a mae

quando esta mencionou que Festa cada vez melhor seus tremores quando quer

chamar a aten9ao estao diminuindo a cada dia

No vigesimo segundo encontro com F a interven9ao utilizada foi 0 desenho

Eta desenhou margaridas e mencionou que se fosse uma planta queria ser uma

margarida e S8 fosse urn objeto queria ser uma estrela Ja na sessao seguinte que

foi a vigesima terceira a intervencao utilizada foi brincar de casinha cnde F mostrou

a sua intera9ao familiar dizendo que trabalhava em um hotel (como na realidade sua

mae trabalha) 0 marido trabalhava em hotel e seu pai estava muito doente (na

realidade ja e falecido) e tinha muitas dores no corpo

Ate 0 momento foram feitas as vinte e tres sess6es aqui descritas nas quais

a crianya demonstrou significativas mudantas no comportamento

33 ANALISE DO CASO

Inicialmente F nae obedecia fazia de conta que naD escutava e quando

queria algo come9ava a tremer nao obedecendo a regras e limites impostos pelos

respons8veis A mae dizia que a filha ficou assim desde a morte do pai pais este a

bajulava muito fazia tudo 0 que ela desejava

Notou-se que F testava os limites dos adultos para conseguir 0 que desejava

e as pessoas que a cercavam para se livrarem das birras acabavam par fazer 0

que ela queria

34

Na escola nao conseguia se relacionar com os colegas quando a professora

pedia para fazer alguma atividade F lazia do jeito que queria

A mae de F fazia as atividades par ela dizendo que ~nao queria tazer como

seus pais naD que eles fassem ruins mas eles naD conversavam e naD tinham

tempo de dar atenC80 e de ensinar as deveres da escola

Durante 0 tratamento F inicialmente demonstrou ser cordata posteriormente

mostrou comportamentos de manipulayM querendo controlar a situayao e

procurando forcar que todos as seus desejos fassem realizados Na presenva da

mae nao obedeceu a nenhuma das ordens dela gritou e ficou clara a dificuldade da

mae em dar limites a filha F mostrava-se muito irritada

Foram feitos contratos com F e passou-se a trabalhar atraves de acordos as

limites Com estas regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela

queria

No tratamento foi fundamental que a mae e as demais pessoas que rodeiam a

crianya modificassem sua forma de agir Foi orienlado a mae que quando

ocorressem as tremores ela devena fazer de conta que nao havia percebido nada

Em sessao com a professora de F constatou-se que a hipotese de

problemas de aprendizagem se apresentava mais em lace da lalta de estimulo para

que esta realizasse suas pr6pnas atividades ao inves de que outras pessoas as

fizessem por ela Foram leitas sessees com a finalidade de comprovar se F tinha

problemas de aprendizagem e verificou-se que esla linha plena capacidade de

realizar as tarefas sozinha Em relayao a interayao familiar F dramatrizou em uma

atividade que sua mae trabalhava em um hotel 0 que correspondia a realidade e 0

marido trabalhava em hotel que seu pai estava muito doenle e tinha muitas dores

35

no corpo quando na realidade seu pai ja era falecido Mostrava com isso a falta que

a funy80 paterna Ihe fazia

A mae de F I numa sessao dedicada a sua orientay8o mencionou que F

estava cada vez melhor e que seus tremores para chamar a atenC80 estavam

diminuindo a cada dia

36

4 ORIENTA~OES AOS PAIS

ZAGURY (2001 p59) na complexa tarefa de dar limites sem ser autocratico

ou seja de como disciplinar sem bater OU sem ser coercitivQ com a crianya sugere

algumas estrategias

bull Premiar ou recompensar a born comportamento - sempre que a crianca

tiver atitudes corretas devemos ressaltar este tatoo E bern comum que as

pais muito ocupados com tarefas cotidianas esqueltam de elogiar

somente lembrando de ralhar quando os ftlhos fazem algo errado Desta

forma as criancas entendem que naD vale a pena fazer tudo certinhon

pois nao recebem aprova9ao A melhor forma de alcan9ar um objetivo

educativo e elogiar incentivar e ressaltar tudo a que a crianca fizer de

positivo

bull Diferenciar premiar de dar coisas materiais - apesar do consumismo

vigente as crianvas ainda valorizam mais urn carinho urn elogio sincero

reconhecimento do esforco do que presentes dinheiro e viagens

Eventualmente pode-se presentear materialmente mas e importante nao

comprarmos as crianras pois desta forma elas aprendem a agir de modo

calculista Se dermos nosso carinho e aprovayao seu ego se fortalecera

sua auto-estima se elevara e gradualmente a crianya sentira prazer em

agir de forma adequada

bull Fazer com que a crianya assuma as conseqOemcias dos seus atos - com

carinha e naturalidade devemos conversar e agir apontando seus erras e

fazendo com que reftitam sobre as atitudes incorretas antieticas ou

egocentricas tomando 0 cuidado de deixar claro que 0 que desaprovamos

37

sao as atitudes incorretas e naD suas caracteristicas pessoais 5e mesma

ap6s a explica~o a crianca reincidir na atitude incorreta entao e 0

momento de faze-Ia compreender que e responsavel pelos seus atos e

tambem pelas suas conseqGencias Deve-se ressaltar as consequemcias

do ato born carinho aprova~o estimulo etc Como do ato incorreto

desaprova9ilo nao reforyamento deixar de fazer algo que gostam etc

Deve-se ter em mente que as elogios premiacoes bern como as puni90es

devem ser proporcionais ao fato Ou seja e necessario que se tenha born sensa e

equilibrio para que as acoes sejam autenticas e valorizadas pel as criancas

COUTINHO FILHO (2003) tambem sugere algumas possibilidades para

colocar parametros de limites para a crianca

bull Nao coloque limites conforme seus desejos pessoais

bull Demonstre que voce e as demais adultos tambem tern limites a respeitar

bull Diga qual puni9ilo a ser dada para cada limite ultrapassado e nao deixe de

executa-Ia

bull De puniyoes brandas para atitudes brandas e puniyoes pesadas para

atitudes pesadas

bull Deixe claro que a puniyao Eo pelo ate e nao pela pessoa

bull Justifique os motivos do limite Nao faca isso porque nao quero ou nao

gosto nao Eo justificativa

bull Repita quantas vezes for necesstuio

bull Use sua autoridade sem provocar submissao e mal estar

bull Use da afetividade para impor limites

38

ZAGURY (2001) destaca pontos importantes para nao perder a autoridade

perante os filhos

bull Cumpra 0 que disse (seja premia ou conseqOemcia) ou seja ameacou

execute prometeu faya

bull Seja coerente 0 que nao pode nao pode nunca (salvo raras excessoes)

nao mude de atitude como quem mud a de roupa (au de acordo com 0 seu

humor)

bull Faya com que seus filhos gradualmente assumam responsabilidades

Deixe que eles participem das decisoes sabre premios ou conseqOeuromcias

- isto ajuda a amadurecer e compromete a crianca e as jovens que

aderem mais ao que ajudam a construir (mesma que sejam sans6es para

eles proprios)

bull Cuidado com 0 que diz e com 0 modo como diz - critique 0 ato nunca a

pessoa ou a personalidade de seus filhos Trate somente do assunto que

S8 esta analisando no momento naD desenterre coisas do passado sem

necessidade Nao fique com pena da crianya se ela chorar ficar triste

nao talar com voce E melhor ela ficar triste hoje mas aprender a respeitar

o pr6ximo a 5i propria e a palavra empenhada do que sofrer futuramente

nos seus relacionamentos interpessoais

Segundo TIBA(2002) os filhos nao vem com manual pois eles mesmos sao 0

manual au seja cada criancaencerra uma individualidade e a cada dia os pais irao

aprendendo com cada filho E importante neste aprendizado os pais privilegiarem 0

desenvolvimento relacional atraves de um procedimento basico que deve ser

aplicado a cada fllho Para TBA (2002) ese procedimento e valido para qualquer

39

relacionamento entre pessoas de qualquer idade mas que e relevante na formaC8o

da auto-estima da criancadesde 0 seu nascimento Para 0 atendimento integral a

uma crian9 sao cinco os passos parar ouvir olhar pensar e agir (TIBA 2002

p127)

TIBA (2002) descreve os cinco passos da seguinte forma

1 Parar - parar 0 que estiver fazendo ou pensando e dar atenyao total acriancaCasa naD possa parar naquele exato momento vale colaear uma

das maos no ombro da crian9 enquanto diz que logo vai atende-Ia A

crianya deve ficar esperando ali juntinho de voce Pode ser que ela queira

sair para voltar logo depois Se a iniciativa de sair for da crianca a

responsabilidade de voltar sera dela Mas deve evitar ao maximo dizer

para a crianca ocupar-se com Dutra caisa enquanto voce termina 0 que

esta fazendo Nem sempre ela volta outra vez pelo mesmo motivo E

tambem fundamental deixar de lado ideias preconcebidas sobre 0 que a

crianca vai fatar Se voce pensa ~Iavern aquela chata me encher Dutra

vez seu cerebro ja esta preenchido em parte com esse pensamento e

voce perde a chance de atende-Ia integralmente

2 Ouvir - e a parte racional Os pais devem olhar no funda dos ahos da

crianca como se a Duvissem com as ahos A criany8 precisa aprender a

se expressar Nao se deve tentar adivinhar 0 que ela quer Quando pede

alguma coisa esta desenvolvendo sua capacidade de pensar de formular

uma pergunta e de se expressar para que outras pessoas possam

compreende-Ia

3 Olhar - e a parte instintiva Num piscar de olhos uma pessoa consegue

ver tantas coisas que levaria muito tempo explica-Ias em palavras Tudo 0

40

que se percebe visualmente tambem tem que ser considerado para

compreender a crian9a

4 Pensar - lados os elementos percebidos tanto visualmente quanto

verbal mente mais 0 sentido educativo que se que ira imprimir na forma9ao

da criana devem fazer parte da resposta a ser dada Sentido educativo e

o objetivo a ser atendido com a educaao que esta sendo dada (Quer que

o filho seja egoista Coloque-o sempre em primeiro lugar em detrimento

dos outros e diga sim a todos os seus desejos Quer que ele seja feliz

Ajude-o a desenvolver a satisfailo pelo que e e pelo que consegue fazer

a tolerimcia a compreensao dos Qutrosa vontade de ajudar a quem pede

e a etica do bem)

5 Agir - essa aao ou resposta deve ser bem clara e objetiva Melhor ainda

se voce puder se assegurar de que a crianca real mente saciou sua

vontade

E importante ressaltar que os cinco passos devem ser utilizados em todas as

situayaes desde 0 tombo da crian98 pequena ate quando a crian98 crescer Ao se

utilizar este procedimento basico as atitudes dos pais tendem a ser coerentes Par

exemplo se uma crianca calr naD e necessaria as pais sairem desesperados em

todas Situ8COeS mas avaiar se 0 tombo foi grave QU se foi urn tombinho que naD

precisa de maiores cuidados Tambem as pais naD devem sair dizendo que chao

feio que passa a falsa ideia que 0 chao e culpado pelo seu tombo a criana tem

que aprender que ela deve ter cuidado Se ela se choca uma ou duas vezes numa

mesa ela aprende a ter cuidado por sua pr6pria experiencia TIBA (2002 p133)

41

destaca que a afobayao e a reacao exagerada dos pais geram inseguran9a na

crianca

Outre fato bastante comum e as pais deixarem as ftlhos ganharem jogos par

exemplo tentando agrada-Ios mesmo que os deseduquem As crian9as tern uma

sabedoria natural Brincam e competem de acordo com as conhecimentos e as

capacita90es de que disp6ern E mais facil para 0 pai brincar como se fosse crian98

e deixar 0 filho ganhar sempre Esse comportamento contudo da a crianca uma

visao irreal do que e jogar Ganha-se algumas vezes perde-se outras (TIBA 2002

p136) Ou seja e mais educativ~ para a criana descobrir que podemos ser bons

em algumas caisas mas nao em tudo Passa-se uma experiencia da realidade para

a crianC8

TIBA (2002) tambem cita 0 caso de colocar a crian9a no colo enquanto se

dirige urn carro A crianC8 tern a falsa sensacao de que comanda 0 veiculo mas issa

nao passa de urn poder irreal Ao dirigir urn carrinho de brinquedo ela poderia de fato

se sentir poderosa IS50 sem falar que quando 0 filho crescer ao 15 anos par

exempla vai querer sair com 0 carro do pai mesmo sem poder Mas quando era

criancaeu podia

o caso classico da criancaquerer dormir com os pais tambem e abordado por

TIBA (2002) segundo 0 autor 0 ideal e que desde bebe a crian9a deve aprender a

dorrnir no seu lugar mesmo que ache mais gostoso aninhar-se entre os pais Ir cada

urn para sua cama da 0 sentido de que cada urn tem seu territorio ai tambem

estamos delimitando limites onde sao respeitados 0 so no e 0 espacode cada urn

Crian~asmaiores que ja andam devem ter um lugar (ou quarto) proprio para dormirMesmo que ocasionalmente adorme~am na cama dos pais e importante que sejamlevadas a sua cama para que acordem la Nao devem adquirir 0 habito de dormir nacama dos pais Tenha paciencia e fale claro em born tom olhando seriamente nofundo dos olhinhos dela ~Cada coisa no seu lugar cada pessoa na sua cama~

42

Quando a crian(f3 percebe que 0 limite e coisa sena e vai ser cumprido procura seajustar(lIBA 2002p115)

OLIVEIRA (1999 p120) enumera as diversos problemas que causam a fato

dos filhos permanecem no quarto dos pais na hora de dormir considerando-as de

difieil recupera~aoposterior

1 Faita de valorizayilo da privacidade tanto do casal como da crianya

2 Mantem a relacao simbi6tica au seja a li98980 existente entre mae e

bebe prejudicando 0 desenvolvimento emocional da crian93

3 A crianya tende a formar relayao de dependencia da protey80 e da

preseny8 dos pais ate mesma durante 0 sono

4 Quando chegar a fase em que a crianca elege entre 0 pai e a mae 0 seu

preferido tenta afastar 0 autro esticando-se e virando-se na cama de

modo a deixar a preterido desconfortavel a ponto deste mudar de lugar

sair da cama e ate mesma do quarto

E importante ressaltar que sempre as regras devem ser claras e naD sujeitas

a mudancas pois a organizacao interna dos filhos fica muito prejudicada se dormir

au nao na cama dos pais se transforma numa possibilidade que depende apenas do

humor dos pais ou de quanto 0 filho se recusa a dormir sozinho (chorando

acordando diversas vezes etc) A crian9a com autonomia de sono e mais

independente e feliz (TIBA 2002 p116)

Enfatiza-se que na maiaria dos casas as pais permitem que as criancas

fiquem ate mais tarde no quarto deles nao e par uma exigemcia ou necessidade da

crianya mas par alguma deficiencia desequilibrio au imaturidade dos proprios pais

(OLIVEIRA 1999 p122)

43

Em relaiio ao choro da crian9l ressalta-se que ha dois tipos de choro 0 que

expressa dor e 0 que busca pader

Se 0 filho descobrir que pade usar a chom como fonte de poder as pais estaoperdidos Nunca mais saberao dizer se ele chara par dar au poder Urn chore depoder Necessita dos olhos e dos ouvidos de quem se quer dominar Ingenua acrianya que usa 0 choro como pader para imediatamente apes conseguir 0 que querOai a importancia de as pais ficarem atentos para nao ser manipulados (TIBA 2002p158)

o choro que apela para 0 lade coitadinho inspira ternura Eo urn tipo de

manipula9ao que busca 0 dominio pela chantagem aletiva Eo dilicil neutralizar 0 uso

do choro como arma

Segundo liSA (2002 p159) Urn pouco de dor nao matara a crian9a assim

como urn poueD de pader nao matara as pais ( ) Se traumas infantis matassem a

humanidade estaria extinta Nao ha filho que nao tenha side contrariado A imensa

maioria deles tern condi90es de agOentar contrariedades 0 autor destaca que pais

que sao soHcitos ao extrema nao trayam um born e segura trajeto para seguir 0

resultado e que a crianya fica insegura pais perde a confianca neles ela pressente

que as pais nao tern firmeza nas suas decisoes e sao manipulaveis

Deve-se tomar cuidado com as exageros urn erro cometido pelos pais

desde que nao seja baseado na violencia em surras socas e pontapes naa traz

problema nenhum Atos como esses descarregam a raiva mas nao tern forlta

educativa pois violmcia s6 gera violencia (liSA 2002 p159)

Em rela9aOaos pais lazerem as tarelas pelos filhos ou ainda pior comprar os

resultados ressalta-se que este tipo de atitude nao ajuda a crianlta cria

dependencia e compromete 0 desenvolvimento escolar Alem disso as pais acabam

privando os filhos do gosto de uma conquista dando uma mensagem subliminar de

que eles sao incapazes Os pais nao devem privar os filhos do gosto de uma

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

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WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

Page 10: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

t~roj ~Slbullbullbullbullbullh

8MIl

anti-social nos palS e passivel a necessldade de Intervencao pOlS podem Interfenr

7

nas tentativas de modificar as praticas de manejo da conduta da crianl utilizadas

pelos pais (HANISH et ai 1999)

Algumas praticas ineficazes dos pais como as interacoes familiares

coercitivas tambem favorecem 0 desenvolvimento do transtorno desafiador

opositivo pois tendem a estar associadas a condutas opositivas desafiadoras e

hostis Segundo HANISH et al (1999 p65) diversos padr6es especificos de

interac6es familia res diferenciam as crian~s opositivas das nao-opositivas Par

exemplo as pais de criancas que naD obedecem tendem a refonar a conduta

opositiva e a ignorar DU punir as condutas sociais positivas ( ) Descobriu-se

tambem que eles sao mais criticos do que as pais de crianC8s que obedecem

Desta forma pais que impoem regras restritivas e fazem afirma90es amea9adoras

hostis e humilhantes favorecem as condutas opositivas dos filhos Em alguns

casas a conduta opositiva pede ser devida a disciplina inconsistente resultante do

medo e ansiedade dos pais em rela9ao ao fato de imporem limites ou san90es ()

muitos desses pais abusam de seus filhos ou os negligenciam (HANISH et ai

1999 p66) 0 comportamento opositivo das crian9as entao podem ter relacaocom

as interacoes familiares criticas conflituadas inconsistentes punitivas au

coercitivas

Os problemas conjugais tambem influenciam no aparecimenta do transtorno

desafiador opositivo e portanto devem ser considerados no plano de tratamento

() a evidmcia indica que as brigas conjugais apontam para a conduta disruptiva e

de nao-obediencia nas criancas Essa relacaoparece ser mais forte quando as pais

expressam hostilidade abertamente do que quando eles expressam uma

8

insatisfaao geral e e mais pronunciada em meninos do que em meninas (HANISH

et aI 1999 p66)

HOLMES (1997) considera de risco os fatores que aumentam a probabilidade

de uma crian9a desenvolver disturbios emocionais ou comportamentais Os fatares

de risco podem incluir caracteristicas biol6gicas (perinatais) geneticas lamiliares

(pais com disturbios psiquiatricos criminalidade paterna disc6rdia conjugal grave

estresse familiar cranico) caracteristicas sociais (nivel s6cio-economico baixo)

Porem HOLMES (1997) destaca que mesmo sob condi90es adversas como

estresse e privacaoha crianyas capazes de S8 desenvolverem satisfatoriamente em

nivel emocional e social

No tratamento deve-s8 avaliar case a caso e muitas vezes avaliar 0

fundamento cognitiv~ da conduta dos pais para ptanejar urn tratamento familiar

adequado Pelo lato de as cren98s dos pais desempenharem um papel importante

no seu comportamento bern como no de seus ftlhos e importante entender em que

medida essas crencasestao envolvidas na determina980 da pSicopatologia dos pais

da paternidade coercitiva e inconsistente e da discordia conjugal e como esses

latores podem aletar a crian98 (HANISH et aI 1999 p66) Ou seja 0 tratamento

do transtorno desafiador opositivo deve envolver 0 treinamento dos pais nas

habilidades de manejo adequado e a modificaao de suas cren9as no que tange ao

manejo da conduta No treinamento dos pais deve-se focar 0 aumento da conduta

positiva e diminuiyao da negativa na crian~ ensinando-se aos pais principios do

aprendizado social e habilidades de manejo da conduta e de resolu980 de

problemas

9

22 A RELACAO INDISCIPLINA x LlMITES - UM OBSTAcULO PARA A

APRENDIZAGEM

A questao da disciplina envolve varias faces de um problema E necessario

desenvolver uma visao sistemica e analisar par todos as o3n9u105 aluno escola

familia sociedade A motiva9ao e um fator fundamental para que 0 aluno seja bem

sucedido no sistema escolar permanecendo no mesmo e realizando as tarefas

necessarias para 0 seu conhecimento e aprendizagem Considera-se que 0 sucesso

dos filhos no sistema educacional decorre entre Qutras eoisas da motivacaoque as

familias conseguiram despertar neles em relacaoa instituicao

o problema indisciplina pode ser entendido como conseqOeuromciade um leque

de situa90es vividas em familia pais inseguros quanto a colocar ou nao Iimites

relacionamentos tensos entre pais excesso de zelo para reparar a culpa por ter que

deixar a criancaprivada do cantata com as pais que trabalham fora criancas que

passam a maior parte do tempo em frente da TV ou na rua com Qutras criancas

sofrendo tode tipo de influencias prejudiciais a sua educacao pais autoritarios ou

muito liberais falta de dialogo e bom exemplo no seio familiar desconhecimento da

importancia dos relacionamentos dos primeiros anos de vida como base da

formaC8oda personalidade par parte dos pais Sao estas criancascom hist6rias de

vida as mais variadas possiveis que chegam a uma escola e encontram ali narmas

rigidas ou ausencia de narmas Professores com uma serie de limitac6es na sua

forma9aO humana e academica que passam a desempenhar 0 papel de educador

em sala de aula

A familia e a escola devem atuar em parceria objetivando a aprendizagem e

o sucesso escofar do auno Elas sao 0 aicerce e modelo para que as criancas

10

aprendam naD somente conteudos mas tambem a viver em sociedade com suas

normas et portanto e necessaria que tenham objetivos comuns em relacao a

val ores disciplina e convivio social Este suporte e proporcionado nao somente pelo

ambiente adequado mas no equilibrio e tranqOilidade do lar e da escola Assim

sendo 0 aluno nao S8 sente abandonado inseguro mas sim recebendo

orientacoes estimulos e principal mente exemplos de responsabilidade e respeito

Para WINNICOTT (1971) a saude do pais depende de unidades familiares sadias

com pais que sejam individuos emocionalmente maduros

Nao hit uma causa (mica para a indisciplina mas sim uma conjuncao de

fatares que interagem uns sabre 0$ Qutros que imobilizam 0 desenvolvimento do

sujeito e do sistema familiar nurn determinado momento afetando 0 aspecto

comportamental e a aprendizagem do aluno

o individuo ao ingressar na escola ja teve experiencias relacionadas a

diversas situac6es e ira reagir a esse novo ambiente Ha alunos com dificuldades de

adaptayao e rendimento insatisfatorio nos estudos por estarem comprometidos par

ansiedades e tensOes psiquicas

E imprescindivel que a familia e a escola deixem de ficar se cui pando

mutua mente e passem a refletir sobre sua funyao vital no desenvolvimento de

individuos adaptados ao ambiente realizados e capazes de utilizar suas

potencialidades de forma construtiva para a sociedade e consequentemente para

o fortalecimento da familia e da escola como instituicoes estruturadas e em

permanente evolucao

Ressalta-se urn aspecto muito importante relacionado a agressividade e mais

especificamente a indisciplina E a questao dos limites Pais e professores precisam

11

ter em mente a importancia de trabalhar essa questao com filhos e alunos e

diferenciar a demarc8C8ode limites de autoritarismo ou abuso do poder

Sermos adequados e saber encontrar a distancia certa entre nos e a Qutro E

naD ocupar um espaco exc8ssivamente pequeno para naD nos sentirmos acuados e

ameacados evitando tomar-nos agressivos () Todo ser vivo necessita de um

espatominima para viver sem 0 qual torna-S8 agressivo e luta pela sobrevivencia

ou perece (MIRANDA 2001)

OLIVEIRA et al (1999 p151) destaca a importancia dos limites

A disciplina e 0 todo que engloba a organiza~o que mantE~m a ordem entre aseoisas e as pes50as 0 limite e a fator que determina 0 campo e a espalto daatualfao Portanto 05 limites sao urn dos principais fundamentos da disciplina 0limite e que determina onde os meus direitos terminam e onde iniciam os dos outros() E necessario que 0 limite comece a ser estabelecido desde a forma~o dapersonalidade da crianca ou seja desde 0 nascimento () Ensinar a crianya aobedecer limites e treina-Ia para a vida

E preciso que os adultos aprendam a nao invadir 0 esparo da crianca nao

permitindo tamhem que as crianyas invadam 0 espayo dos outros E necessaria

quebrar este cicio vicioso que faz com que a indisciplina continue a ser 0 centro das

atenc6es na escola e na familia Dar limites e nao impor Iimites este e 0 grande

desafio para pais e educadores

Para que a criancaaceite os Iimites impastos e necessario que os pais au a

pessaa responsavel acredite no que esta dizendo e 0 faca com firmeza e explique

para que a crianra acredite e para que absorva a ideia de que ela nao esta proibida

de tudo mas que nem tudo 0 que desejamos podemos fazer mas ela pode fazer

quase tudo (ZAGURY 2001)

Quando se da Iimites esta se fazendo urn ato de amor oj crian~a e ao futuro adulto

ensina-se a ele a viver em sociedade a respeitar e ser respeitado esta se poupando

12

a crianca de cair no mundo das drogas e da violencia cnde 0 limite e muitas vezes a

marte

221 0 Papel da Familia

Os pais tem um papel fundamental na motivayao do aluno e sua participa9ao

e imprescindivel para que 0 aluno aprenda Desta forma a familia faz parte do tripe

que sustenta uma aprendizagem com sucesso Quando a familia esta tranqOila e a

rotina de casa esta equilibrada 0 aluno apresenta maiores oportunidades para urn

bom aprendizado

A familia e suporte fundamental para 0 bom desempenho escolar Pode-se

dizer que a clima familiar influencia no desempenho escolar e pade trazer prejuizos

ao rendimento escolar quando naD harmonioso

Se a familia naD da a crianca a base emocional firme 0 que tazer

E importante ensinar a crianca a identificar as sentimentos e lidar melhor com

eles

DAVIDOFF (1983) descreve como se da 0 desenvolvimento do ser humane

desde a concepcao e a importancia dos relacionamentos dos primeiros meses de

vida e da primeira infancia na forma9ao da personalidade e da socializayao futura do

individuo Para ela a base de urn relacionamento sadie entre mae e filho esia na

intensidade de afeto que a mae dispensa a crianca na amamentaC8o enos

cuidados na satisfa9ao de suas necessidades fisiol6gicas A qualidade das

intera90es sociais da crian9a estrutura a personalidade do individuo de algumas

formas importantes Falando de frustra90es conflitos e outras tensoes a autora

chama a aten9ao dos adultos que convivem com a crianca e 0 adolescente para sua

(~ )(~~l J 13

lt~C~responsabilidade em apoiar orientar e acompanha-Ios para que possam superar as

situaryoes conflitivas evitando assim 0 desenvolvimento de uma personalidade

agressiva e desajustada

DAVIDOFF (1983) vai mais alem ao dizer que pais maduros e seguros

envolvem os filhos em tomadas de decisao e assuntos da familia Apresentam

razoes para a que solicitam e proporcionam experiemcias graduais apropriadas para

a afirmayao da independencia Ainda assim retem a responsabilidade final Os filhos

dos pais maduros tendem a ser autoconfiantes independentes possuem boa auto-

estima e born relacionamento com suas familias Os pais autontanos preferem

taticas primitivas duras quando surgem conflitos insistem em obediemcia Sao

coercitivQs e favorecem a desenvolvimento de transtornos como 0 desafiador

opositivo No outro extrema os pais laissez faire que afrouxam totalmente as

limites sao totalmente igualitarios Todos os membros da familia estao

essencialmente Ilvres para fazerem deg que quiserern Raramente estes pais tomam

decis6es ou aceitam responsabilidades Os adolescentes filhos de pais autoritarios

e do tipo laissez faire tendem especialmente a ter problemas de ajustamento

o individuo age com relary8o a certas pessoas como seus pais se

comportaram para com ele Caso as imagos paternas que sao preservadas em

nossos sentimentos e em nossas mentes inconscientes forem predominantemente

rigidas nao poderemos estar em paz com n6s mesmos Odiamos em n6s as figuras

rigidas e intolerantes que tambem formam parte de nosso mundo interno e que sao

em grande parte a resultado de nossa agressividade para com as nossos pais

o homem e urn ser social ele precisa viver com as outros homens para

desenvolver suas necessidades basicas como 0 trabalho a criatividade a arnor par

14

issa ele S8 juntou em comunidade As comunidades sao uma reuniao de pessoas

que tern interesses comuns au seja interesses iguais

Familia e 0 nucleo de pessoas aparentadas que tern la90s de sangue e que

se apoiam no sentido de manter 0 nucleo permanentemente em comunhao

Hit uma serie de expectativas sociais em relacao it familia e preciso que

socialize as criancastomando-as capazes de viver junto aos Qutros seres humanos

A institui9ao familia tern passado ao longo da historia da humanidade por crises

muito serias As formas de familias sao extrema mente variaveis E mais variaveis do

que dentro de nossa proprio pais sao as formas de familia de Qutros paises do

mundo

A familia ah~m de reproduzir novos seres humanos tenta produzir neles as

seus habitos costumes e valores atraves de gerayoes

A familia sempre foi a celula-mater de uma sociedade ou refUgio das

atribuiyoes do mundo Tambem a religiao impoe normas as familias que em torno

del a se reunem Grande parte do comportamento de uma familia no sentido moral econtrolado pela religiao em que ela acredita Em troca a religiao e sustentada pela

familia fazendo com que as crencas e preiticas mora is subsistam por seculos e

levando as pessoas a uma aceitacao de punicoes impostas

o prestigio social dos individuos na familia tradicional de seu

comportarnento diante de sua fe de seu comportamento em rela9ao a familia e de

sua origem e influenciado pelos costumes que traz atraves de geralt6es Durante

anos a familia conduziu-se como uma barreira diante de inovac6es e de formas

novas de ligalt8o homem-mulher-filhos Os vinculos familiares representam uma

seguran9a afetiva e material muito importante para 0 desenvolvimento do individuo

A historia da humanidade assim como os estudos antropologicos sobre os

15

pavos e culturas distantes de n6s (no espacoe no tempo) esclarecem-nos sabre a

que e familia como existiu e existe hoje Mostra-nos como fcram e sao hoje ainda

variadas as formas sob as quais as familias evoluem se modificam assim como

sao diversas as concepcoesdo significado social dos la-os estabelecidos entre as

individuos de uma sociedade dada

Apesar dessas variacoes a forma mais conhecida e valorizada de nassos

dias a familia composta de pai mae e filhos chamada familia nuclear normal

Este e 0 modele que desde criancaS8 ve em livres escolares nos filmes na

televisao mesma que no seia familiar S8 verifique urn esquema diverso

A natureza das rela90es dentro de uma familia vai se modificando atraves do

tempo 0 aspecto mais problematico da evolU9aO da familia est sem d0vida

alguma ligado ao questionamento da posi9ao das crian9as como propriedade dos

pais e a posiryao economica das mulheres dentro da familia Inclui-se ai 0

questionamento da distribui9iio dos papis ditos especificamente masculinos e

feminin~s e esse e urn problema chave para 0 surgimento de uma nova estrutura

social

Nao se poder mudar a institui9ao familiar sem que toda a sociedade mude

tambem Pode-se afirmar ainda que qualquer modificayao na organiza~aofamiliar

implicara tambem numa modifica9ao dos rigidos papeis de esposa mae ou

prostituta os 0nicos atribuidos as mulheres Quanto as crianyas ha algum tempo ja

o Estado intervem entre pais e filhos e desde a pouco os pais sao passiveis de

denuncias pelos vizinhos caso punam fisicamente seus filhos

Atraves da escola do controle sobre os meios de comunica~aode medicos e

psic6lagas a pader dominante de cada sociedade mais au menos sutilmente imp6e

normas educacionais sendo dificil aos familiares contraria-Ias De uma maneira

16

geral cabe ainda aos pais grande parcela de poder de decisao sobre seus filhos

menores Parcela essa cada vez mais contestada A esse pader equivalem por

parte dos filhos direitos legais em relagao aos seus pais em particular no sistema

capitalista Direitos a assistencia educayao manutenyao e participacao em seus

bens e proventos

A familia como toda instituigao social apresenta aspectos positiv~s enquanto

nucleo afetivo de apoio e solidariedade Mas apresenta ao lade destes aspectos

negativ~s como a imposicao normativa atraves de leis uscs e costumes que

impllearn formas e finalidades rigidas Torna-se muitas vezes elementa de coayiio

social geradora de conflitos e ambigOidades

A agressividade inata tende a sef ativada pelas circunstancias externas

desfavoraveis e inversamente e mitigada pelo arner e compreensao que a crianca

recebe 0 seu desenvolvimento e suas reac6es com 0 adulto devem ser

considerados como resultantes da interacao e influencias externas e internas

Um sistema familiar disfuncional nM permite ao aluno a maturidade

necessaria para conseguir urn born desempenho academico

A problematica emocional ligada a situayao conflitiva absorve a

disponibilidade perceptiva e reacional do individuo a estimula~ao externa

dificultando a sua integragao ao ambiente e perturbagao nao 56 a sua capacidade de

aten98o de concentra~ao de raciocinio mas sobretudo a de relacionamento Assim

sendo as dificuldades de assimilayao na aprendizagem escolar podem estar ligadas

a fixagoes emocionais (NOVAES 1970 p 145)

Geralmente criangas com problemas emocionais adotam atitudes agressivas

de inibiyao constri9ao regressao isolamento hostilidade oposigao indiferenya

17

indisciplina exibicionismo dissimula~aosensibilidade e au emotividade excessivas

sendo freqOentesos problemas de mentira de furto e de natureza sexual

Na instituiyao familiar seja ela qual for e a ligayao emocional entre as

pessoas que as torna mats felizes e saudaveis

As perturbaltoes no ambiente familiar interferem no comportamento do

individuo Existe urn processo duple entre 0 lar e a escola as tensoes que sao

geradas num ambiente se manifestam como perturbaltoes no comportamento do

outro (WINNICOn 1971 p 223)

Resgatar a papel da familia e seus vaiores levan3i 0 aluno a sentir-se

amparado A autoridade paterna e materna participativa se faz necessaria na

criayao e educaltao na orientayao e aquisiltao de bons habitos influentes na

projeltaosocial das pessoas Nao necessariamente isto se refere a presenltafisica

de ambos os pais mas da existencia das funlt6esenquanto autoridade

A emoltaopermeia todos os aspectos da vida diaria do ser e tambem interfere

na aprendizagem fazendo-se necessaria urn conhecimento dos aspectos

emocionais para assim pader assistir 0 aluno em seu trabalho escolar A

estabilidade no ambiente familiar proporciona ao individuo seguranya e

independencia A participaltao da familia no cotidiano escolar e de suma

importancia para a aprendizagem

Os jovens nao podem se sentir abandonados eles precisam de exemplos e

sobretudo de afeto para a construltaode uma vida melhor

SOUZA (1995 p 58) considera que a inibiltaointelectual estaria na base da

dificuldade de aprendizagem Existem fatores da vida psiquica da crianlta que

podem atrapalhar 0 born desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaltao

18

com a aquisirao de conhecimentos e com a familia na medida em que as atitudes

parentais influenciam sobremaneira a rela~aoda crianca com 0 conhecimento

Ressalta-se que entre as variDS fatores que influenciam 0 aspecto emotional

da crian9a tem-se alcoolismo familia numerosa sem condicoes minimas estruturais

brigas freqOentes em casa abandono trabalho infantil etc A convivmcia com um

au mais destes fatores acarreta na impossibilidade do aluno concentrar-se nas

aulas visto que a sua aten9ao se volta para a tentativa de resolu9lo dos problemas

familia res que ele julga insoluveis na maioria das vezes Existe urn certa

conformismo misturado a angustia quando 0 aluno consegue expor 0 problema que

o aflige

Deve-se compreender que a familia esta envolvida em diversos problemas

oriundos das pressoes s6cio-econ6micas das dificuldades de habita9ao

alimenta9ao e trabalho sem tranqOilidade para assimilar e analisar os estimulos

externos integrando-os a sua dina mica familiar

A influencia do ambiente familiar e decisiva para 0 ajustamento emotional e

muitas vezes 0 grupo familiar nao oferece condi90es de estabilidade e de

seguranya emocional para 0 desenvolvimento normal de seus filhos

Grande incidencia de conflitos emocionais que se exteriorizam par ansiedade

sentimentos de inferioridade de inseguran98 depressao medo negativismo e

incapacidade de estabelecer rela90es afetivas geralmente coincidem com 0 grande

numera de familias desintegradas desunidas de pais ausentes incompreensivos

imaturos neur6ticos dominadores desajustados que nao podem dar compreensao

amor e apoio aos filhos

ZAGURY (2000) relata 0 resultado das duvidas e incertezas de muitos pais

Para ela os pais devem compreender que mais importante que satisfazer os desejos

19

da CrianC8 e ensinar principios eticos como honestidade solidariedade e respeito

mutua Principios estes que sao fundamentais para 0 born relacionamento social na

adolescencia e vida adulta

Limites sao regras ou normas de condula que devem ser passadas para as

criancas desde tenra idade Eles mostram as crianyas 0 que podem e 0 que naD

podem 0 que devem e 0 que nao devem fazer Ensinam tambem como respeitar 0

proximo facilitando a socializayao Os limites devem fazer parte da educaao pois

vivemos em sociedade e para a boa manutencao desta se faz necessaria a

existencia e 0 respeito as regras (COUlINHO FILHO 2003)

Em seu livro Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sobre a tirania

dos filhos ZAGURY (2000) discute os principais problemas que envolvem a

educayao dos filhos na sociedade moderna quando toda uma geraao de pais foi

influenciada par urna visao excessivamente psicologizante As ambigOidades as

diferenyas entre as regras estabelecidas pelos te6ricos sao debatidas e criticada a

tirania de alguns especialistas que contribuiram para a disseminayao de um dos

maiores males da educaao - 0 chamado psicologismo A autora alerta para a

necessidade de as pais serem criticos nas orientayoes e conhecimentos adquiridos

sobre a educaao dos filhos e chama a atenao sobre os limites e a necessidade de

autoridade por parte dos pais a importancia de se construir uma relayao baseada na

autenticidade e na democracia tanto para as crianyas quanta para seus pais

Para liSA (1996) a disciplina tern inicio antes mesmo do nascimento atraves

do modo como os pais se comportam no relacionamento mutuo Os primeiros dias

de vida e as interac6es com os pais ou pessoas que as substituem sao de

fundamental importancia no desenvolvimento bern ajustado Pois e nessa interayao

que a mae transmite 0 modo de ser da familia e isso e essencial para ajudar 0 filho

20

a formar 0 seu ser psicol6gico pois a crianca traz ao nascer apenas 0 seu ser

biol6gico

0 pai deve ter muita saude pSicol6gica para participar do gesto de

alimentat8o que tern urn significado tremendo no ge5to afetivo A crianca nao

precisa s6 de leite 0 leite alimenta 0 corpo 0 afeto e 0 alimento da alma Crian

sem afeto entra em depressao(lIBA 1996)

Deve-S8 ressaltar que 0 limite e diferente de repressao 0 primeiro S8 instala

atraves das puniyoes ja a repressao atraves da culpa A puniy80 age sabre a ato e

a culpa sabre a pessoa Durante 0 desenvolvimento da clianca 0 limite e saudtlVel

quando este refere-s8 apenas aos atos naD desrnerecendo au desvalorizando a

pessoa A crian nao deve se sentir culpada pelos seus atos mas responsavel par

estes (COUlINHO FILHO 2003)

llBA (1996) diz que os pais que exageram na preocupayao com a choro e a

comida estao contribuindo para ter urn indisciplinado dentro de casa estao

desrespeitando a desenvolvimento biol6gico da crian A mae que trabalha fora

sente-se culpada par deixar a filho sozinho na creche au na escola e depois a

superprotege para reparar a culpa acabando par criar urn folgado dentro de casa

o modo como lidar com a liberdade e Dutro fatar influenciador no comportamento da

crianya e do adolescente Impar limites sem submissao e autoritarismo e outro

desafio para os pais que precisam respeitar a espayo de individualidade sem se

submeterem aos seus caprichos

o tema indisciplina oj amplo e muito se tern ainda a pesquisar estudar e

orientar no sentido de ajudar as pais a encontrarem urn caminho mais segura na

educay80 e formayao da personalidade dos filhos que tern inicio nas primeiras

relayoes entre mae e filho

21

222 0 Papel da Escola

Se a condi9ao basica e necessaria para a aprendizagem e a integridade

moral e 0 estabelecimento da interalYBo professor versus aluno cnde fatares afetivos

e cognitivos exercem influencias decisivas na busca de realizac68s e de desejos

confirmando-Ihes determinadas caracteristicas inteny68s e significados e na escola

que ocorrem boa parte dos problemas com as quais 0 aluno S8 esbarra lentidao de

raciocinio falta de atenyao desintereSS8 indisciplina entre Qutros encontram as

suas origens na estrutura biol6gica sobretudo quando exposta ao meio ambiente

(POLITY 1998)

Em ambientes cnde estes fatares naD sao considerados relevantes que

alunos com dificuldades de aprendizagem ou com problemas de indisciplina acabam

sendo rotulados sofrendo puniyoes devido ao seu fracasso escolar Estes

apresentam lalta de interesse desmotiva980 para estudar pregui9a e distra9ao

Com isto os pais e professores nao entendem estas dificuldades e 0 aluno em seu

permanente estado de tensao nao consegue prestar aten~o e participar das aulas

nao obtendo os resultados esperados (MORAIS 1997)

Outro fator importante e a problematica emocional que deve ser considerada

como decisiva na adaptacao e rendimento escolar podendo trazer serias

conseqOemcias ao desenvolvimento e progresso emocional da crianca A escola

deve oferecer condic5es e estabilidade emocional e atraves do diagn6stico precoce

dos encaminhamentos adequados da pr09rama9aO adequada das atividades

escolares e da preparacao do professor atender a esses casos prontamente

poupando assim a crianra e a sociedade do agravamento dessas situac6es

(NOVAES 1970)

22

Neste interim surge a psicopedagogia como auxiliar no cicio aluno - familia -

escola quando se instala uma dificuldade de aprendizagem 0 psicopedagogo deve

ter urn olhar para 0 contexte global onde est inserida a criana com dificuldade de

aprendizagem as relac6es familia res e escolares

As crian~s que se evadem da escola em geral sao as mais rejeitadas

Estas criancas precisam ser estimuladas ao relacionamento a responder

adequadamente aos sentimentos do outro e a controlar tensao e ansiedade

compreendendo qual e 0 comportamento aceitavel em determinada situacao

E preciso aprender a lidar com a ira e a tristeza a respeitar as diferencas de

modo a encarar as eaisas dificeis aprender a perguntar a negociar a ser mais

assertivo Eo importante somar aos conteudos de hoje as liDes sobre sentimentos e

relacionamentos 0 primeiro passe e aprender a nomear a emoCao compreende-Ia

a partir de suas express6es faciais corpora is E essencial que 0 professor amplie

sua ViS80 sobre as quest6es emocionais desenvolvendo autodisciplina vida

virtuosa capacidade de motivar-se de enfrentar press6es e resolver conflitos

Por tudo isso a escola tem 0 compromisso moral e etico de se preocupar com

o desenvolvimento dos alunos reinventando as aulas e proporcionando a sintonia

do conteudo a capacidade de aprender Considera-se muito importante que a familia

e a escola estabelecarn urn vinculo para tentar mUdanyas em relaC80 it falta de

atenC80 e indisciplina no sentido de ajudar 0 aluno a evitar maiores dificuldades

crises e stress

ANNA FREUD (1971 p162) considera que as normas escolares prestam

pouca ou nenhuma atenC80 as diferencas individuais

o aluno deve sentir-se desafiado e envolvido no processo a todo instante A

capacidade de empatia entre professor e aluno e 0 segredo do sucesso no

23

relacionamento entre ambos A auto-estima e urn ponto tambem fundamental para

um comportamento bem integrado

Num sistema educacional problematico como 0 do Brasil unido ascaracteristicas pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita5es

do professor e toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sal a

de aula interferem na aprendizagem como urn todo Pais e professores devem estar

atentos para educar desde os primeiros dias de vida para a disciplina que nao

5ubmete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemple e 0 dialogo

E preciso que a escala como urn todD e principal mente seu corpo docente

ampliem a consciencia a respeito da responsabilidade que tern em relacao ao futuro

dos seus alunos e alem disso que possam perceber a importancia do bern estar

psicol6gico como uma situacao fundamental para a aprendizagem satisfat6ria A

escola pode e deve propiciar ao aluno seguranca emocional para que ele possa

vivenciar vinculos saudaveis com seus professores e colegas

Espera-se que Utenham uma visao positiva da vida e sentido de humor que

sejam capazes de apreciar 0 valor de uma boa risada para eliminar pequenos

ressentimentos e aborrecimentos que prejudicam 0 crescimento do aluno (MOULY

1979 p 134)

E urgente a necessidade de uma nova escola desenhada para a mente e 0

cora~ao que ensina autocontrole empatia a arte de ouvir de resolver conflilos de

cooperar

A indisciplina pode ser definida como

Indisciplina e a recusa de $ubmeter-se as regras de aprendizagem educativa e a seu sistemade transmissao institucional Relacionada com 0 contexto familiar e escolar a indisciplina eum dos sintomas dos disturbios da inf~ncia e da adolescencia Quee preciso situar no campomutti~imensional da~ i~teracOesentre processos de aprendizagem e finalidades da educayaorelayao educadorlsuJeltolgrupos de alunosJclasse sistema de avaliacao e risco de fracasso

24

Ultrapassando 0 simples registro dos disturbios de carater a indisciplina tern a ver comfatores psicossociais que dao sentido a essa forma de insubmissflo (DORON et ai 1998)

Para VASCONCELLOS (1995) as manifesta90es de indisciplina na escola e

na sal a de aula sao urn problema a ser analisado na sua totalidade levando-se em

conta a familia as mudan~asocorridas na escola a professor a sociedade a crise

dos sentidos e dos limites considerando-se que 0 que se entende por disciplina e

como construi-Ia nurn processo de interarao entre 0 adolescente e a

professorescola

A educaC8o no seu verdadeiro sentido naD se faz sem autoridade pais 0

educando precisa do referencial do educador a fim de ter base para a constru9ao do

seu eu Muitas vezes 0 professor nao consegue disciplina porque nao tem

autoridade diante dos alunos Normalmente 0 professor fica esperando que 0 aluno

traga urn reconhecimento natural para com sua pessoa historicamente esse tempo

passou 0 tratamento de respeito tem que ser conquistado pelo professor

(VASCONCELLOS 1995)

A questao fica complicada quando temas como profissionais da educayao

elementos totalmente alheios e nao educados para a realidade atual Alem da falta

de dominio dos conteudos a serem ensinados falta-Ihes a capacidade de perceber

essas transforma90es hist6ricas que vern ocorrendo no relacionamento educando x

educador Falta-Ihes conhecimento do desenvolvimento humane e psicol6gico de

seus alunos E por fim suas pnticas pedag6gicas sao pobres de metodos que

propiciem a intera9aOe a construyao do conhecimento no respeito mutuo falta-Ihes

autoridade e capacidade de administrar a indisciplina gerada pelos fatores citados

Esses professores podem se deparar com criancas com transtorno desafiador

25

opositivo e muitos deles carecem de orientaCiies de como lidar com este tipo de

conduta

A disciplina escolar e urn conjunto de regras que devem ser obedecidas para

o exito do aprendizado escolar Portanto ela e uma qualidade de relacionamento

humano entre 0 corpo docente e 0$ alunos em uma sala de aula e

consequentemente na escola respeitando as caracteristicas de cada urn dos

envolvidos (TIBA 1996)

Para que haja disciplina em sala de aula isto e alunos motivados satisfeitos

com a aula e necessaria que 0 professor seja urn grande conhecedor do que

ensina da realidade que 0 cerca e tenha a capacidade de envolver 0 aluno na sua

sala usanda uma metodologia e uma didatica que nao deem margem a apatia ao

cans890 a monotonia para ambas as partes 0 aluno deve sentir-se desafiado e

envolvido no processo a todo instante A capacidade de empatia entre professor e

aluno e 0 segredo do sucesso no relacionamento entre ambos

Para TIBA (1996) a indisciplina na escola e vista como conseqOencia do

sistema educacional brasileiro que afeta diretamente as rela90es dos individuos em

sal a de aula e na escola Urn sistema total mente falido unido as caracteristicas

pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita~oes do professor e

toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sala de aula A auto-

estima e citada pelo autor como fundamental para um comportamento bem

integrado Ele aponta tambem inumeras sugestiies para os pais e professores no

sentido de como educar desde os prirneiros dias de vida para a disciplina que nao

submete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemplo e 0 dialogo

Por outro lado encontra-se a escola tentando cumprir a sua funCao (orientar

na constru~ao do conhecimento) e freqDentemente quando 0 professor se depara

26

com um alune que esta precisando de ajuda no aspecto emocional encontra-se

despreparado para lidar com a questao reagindo com intolerancia Consideram

muitas vezes mais tacil fazer julgamentos como 0 alune naD tern jeito bulle da

familia tal todos as irmaos desta familia ja fcram meus alunos e sao todos i9uais

Eventualmente recusam-se a participar de cursos de atualiza9ao e aperfei90amento

e preferem adetar a postura de que sabem que 0 alunD naD tern jeito mesma e nada

S8 tern a fazer a que favorece 0 rebaixamentoda auto-estima do alune e 0

agravamento do problema gerando disc6rdias e aborrecimentos na escola

Urn Dutro aspecto a ser considerado e que tudo sa tornaria mais facil para a

crianca se ao ingressar na escola ela pudesse encontrar um ambiente acolhedor

com regras bern definidas professores conhecedores dessa realidade com

formacaopsicol6gica para propiciar momentos de tomada de consciencia do porque

daquele comportamento fazendo acontecer a catarse e redirecionando as modos de

agir de tais crian~s e adolescentes Porem a realidade das escolas e bem outra 0

proprio ambiente e a mentalidade favorece que ela a crianca a adolescente

coloquem toda a agressao reprimida suas neuroses seu 6dio seus sentimentos

de culpa sua revolta contra a autoridade e a patrimonio escolar Muitas vezes 0

atuno encontra professores que nao se libertaram dos traumas e problemas dos

quais eles mesmos foram vitimas na primeira infancia alern de desconhecerem e

nao saberem lidar com a crianca e 0 adolescente problematico pelo desprepara

pedag6gico e a falta de metodos adequados e atrativos para prender a aten9ao e 0

interesse de seus alunos Sua pratica pedag6gica e pobre de recursos e estrategias

que desafiem e motivern tais alunos a se auto valorizarem elevando a auto-estima

Urn dos pontes mais comuns entre as indisciplinados e a sentimento de

menos valia aem da fata de conffan9a nos contatos e na produtividade Percebe-se

27

assim que para reverter essa questao naD basta trabalhar com a aluno E

necessario urn trabalho junto aos professores e familias criando estrategias que

modifiquem 0 ambiente e urn relacionamento mais verdadeiro mais equilibrado

deve ser estabelecido em todos as sentidos - trabalhando-se em equipe

28

3 0 CASO DE UMA CRIANCA COM TRANSTORNO DESAFIADOR OPOSITIVO

Foram utilizadas entrevistas com a mae professores e irmaos Encontros com

a crian-a em sess6es com durayao de 50 minutos cnde utilizou-se de metod as

como desenhos brincadeiras jogos regrados massa de modelar

31 HIST6RIGO DO GASO

F e urna rnenina de cinco anos cayula tendo um irmao de 21 anos e urna

irma de 17 anas de idade

o pai faleceu com 49 anas ha apraximadamente 01 ana e a mae atualmente

com 49 anas teve F com 43 anas

o pai fai marta par paliciais em frente a sua casa Estava bebada e saiu a rua

armada e um carro da palicia apareceu e 0 viu sentado na calcadalogo depois

vieram muitas viaturas e a mae pediu que levassem 0 marido para passar a noite na

cadeia mas que naD fizessem nenhum mal a ele Neste momento 0 pai de F

comeyou a atirar e aS policiais (segundo a mae 18 policiais aproximadamente)

invadiram a casa e comeyaram a atirar A familia fa para os fundos da casa e a mae

passou F par cima do muro para a casa da vizinha Quando a familia voltou para

frente da casa as paliciais disseram que a pai de F estava ferida na perna e

levaram-na para a hospital mas segundo a relata da mae ele ja estava marta e

havia na verdade levado urn tiro na cabeca F nao viu a cena mas escutou tudo

Ganforme relata da mae a partir da data do acarrida F naa abedece faz de

canta que naa escuta e quando quer alga came9a a tremer A mae diz que a filha

29

ficou assim desde a marte do pai pais este a bajulava muito fazia tudo 0 que ela

desejava

F sempre foi mimada pelo pai este nunca repreendia a filha por algo de

errado que ela fizesse Para 0 pai F nunca estava errada inclusive quando ela e a

irma mais velha brigavam 0 pai sempre ia em defesa da mais nova e para protege-

la amea98va bater na mais velha

A queixa principal da mae e que F comeya a tremer quando quer algo de que

gosta muito nao obedece a regras e Iimites impostos pelos responsaveis

Nas observayiies comportamentais notou-se que F testa os limites dos

adultos para conseguir 0 que deseja e as pesso8s que a cercam para se livrarem

das birras acabavam por fazer 0 que ela queria Mas essas mesmas pessoas

comeyaram a perceber que a falta de regras e limites jil ultrapassava 0 limite do

suportaveJ

Segundo HANISH et al (1999) 0 transtorno desafiador opositivo aparece

antes dos 10 anos Normalmente torna-se aparente na idade pre-escolar que e 0

caso desta crianga

Na escola F naD interagia com as colegas na hara de fazer brincadeiras em

grupo nac conseguia se relacionar com as colegas quando a professora pedia para

fazer alguma atividade F fazia do jeito que queria e nao como a professora

solicitava

Para que houvesse progresso no tratamento foi fundamental que a mae e as

demais pessoas que rodeiam a crian~a modificassem sua forma de agir e para que

isso ocorresse foi preciso fazer urn remanejo de conduta dessas pessoas Fez-se

pois necessaria orientacao e treinamento para auxilia-Ios nesta mudanlta

30

32 EVOLUCAO DO CASO

As intervenyoes utilizadas neste casc com a mae fcram em forma de

orientayao na freqOencade pelo menDS uma vez par meso Mais recentemente este

trabalho com a mae vern sendo feito a cada quinze dias

Em conversa com a mae esta mencionou que naD queria fazer como seus

pais naD que eles fassem ruins disse ela mas eles nao conversavam e naD tinham

tempo de dar aten9ao e de ensinar os deveres da escola Tudo 0 que ela aprendeu

na escola foi par esforyo proprio e naD queria que isso acontecesse com sua filha

entaD ela au as irmaos mais velhos sentam com F e a ensinam

Mais tarde foi feita uma entrevista com a professora e esta mostrou todas as

li90es de F e disse que aquelas atividades nao haviam side feitas pela crian9a e sim

por seu irmao e que a professora ja havia mandado bilhetes pedindo que nao

fizessem mais as atividades da escola par F A mae foi orientada a dar mais

incentivo a F em lugar de fazer os deveres por ela pois F nilo tinha problemas de

aprendizagem mas par falta de incentivo poderia vir a ter

Com F foram utilizadas brincadeiras como pintura com aquarela desenhos

massa de modelar hist6ria infantis Atraves destes me-todosforam utilizados refor~o

e a punicao quando necessarios

o refor9Q foi atraves de elogios sorriso e aten9ao quando F realizava urn

comportamento desejavel A punitao consistiu em retirar uma atividade que ela

gostava muito como desenhar OU tambem ignorar a sua atitude mantendo a calma

No terceiro encontro F mencionou 0 pai dizendo que ele comprava doces

para ela mas nao quis continuar falando sobre ele alegando que 0 irmao mais velho

nao gostava Mais tarde em outras sess6es tornou-se claro ser isto fantasia sua

31

Nos primeiros encontros corn F ela demonstrou S8r cordata entretanto a

partir do quarto encontro F mostrou comportamentos de manipula9ao ou seja

querer controlar a situacao e que tude salsse da forma que queria para que todos

as seus desejos fossem realizados atitude comum em casa ou na escola

A quinta sessao foi para verificar a interacao de F com a mae F mostrou-se

intransigente naD obedeceu a nenhuma das ordens da mae na hora de guardar as

brinquedos gritou com a mae e esta demonstrou claramente nao conseguir dar

limites a sua filha A mae conseguiu dizer neste momento que se F estivesse em

casa iria apanhar com uma varinha mas ista naD adiantou pais F ficou irredutivel

Ao final da sessao quando tudo estava no seu devido lugar F ja estava agindo como

se nada tivesse ocorrido a mae mencionou que F era muito nervoS8

A partir da sexta sessao loram leitos contratos com F os quais ela aceitou

com lacilidade

Apos 0 contrato feito na sessao anterior na setima sessao foi trabalhado a

limite atraves de acordos leitos com F como pedir para que ela escolhesse

somente tres tipos de brinquedos da caixa que s6 iria embora quando a horario da

sessao terminasse e que as Iimites seriam colocados pela terapeuta Com estas

regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela queria

A partir da oitava sessao loi levantada a hip6tese do problema de F ser

transtorno desafiador opositivo pais ela demonstrou as comportamentos de querer

dominar e mostrar que poderia mandar mas com muita paciencia foram impastos

limites atraves do silencio mostrando que nem tudo poderia ser como ela queria e

assim acabou aceitando

A nona sessao loi destinada a orientar a mae em como agir com a filha e loi

proposto para que a mae assistisse a proxima sessao atras do espelho

32

Como foi sugerido para a mae na sessao passada ela ficou ats do espelho

para ver como a filha interagia e poder verificar qual seria a melhor forma de lidar

com ela

A decima segunda sessao foi destinada a mae para verificar como estava 0

comportamento de F fora da terapia Ela comentou que 0 comportamento da filha

melhorara muito que as tremores 56 ocorriam esporadicamente Foi orientado amae que quando Dcarressem as tremores ela deveria fazer de conta que naD havia

percebido nada

Foram feitas diversas sess6es seguidas mais precisamente da decima

terceira il decima setima com F destinadas a trabalhar regras e limites Este

trabalho foi realizado atraves de acordos com F como por exemplo pedir que ela

escolhesse apenas tres brinquedos da caixa au escolhesse entre desenhar e ouvir

historias au ainda entre conversar e brincar tambem poderia escolher entre brincar

de casinha e desenhar

A decima oitava sessao foi urna sessao diferente pOis foi destinada aprofessora de F para verificar como F estava S8 comportando e se relacionando

com colegas em sala de aula enos interval os A professora levantou a hip6tese de F

ter problemas de aprendizagem pois as atividades escolares dela nao eram

compativeis com a de seus colegas de classe Mas foi constatado atraves das

atividades que eram enviadas para serem feitas em casa que 0 que faUava para F

era estimulo pOisseu irmao fazia suas atividades por ela

Foram feitas duas sessoes seguidas (decima nona e vigesimal para

comprovar se havia problemas de aprendizagem com F Sessoes estas de recorte e

colagem e de hist6ria (Cinderela) Com estas atividades pode se constatar que F

33

tern plena capacidade de realizar tarefas sDzinha talvez com uma pequena

orienta9ao quando solicitado por ela

A vigesima primeira foi mais uma sessao dedicada a orient89ao a mae

quando esta mencionou que Festa cada vez melhor seus tremores quando quer

chamar a aten9ao estao diminuindo a cada dia

No vigesimo segundo encontro com F a interven9ao utilizada foi 0 desenho

Eta desenhou margaridas e mencionou que se fosse uma planta queria ser uma

margarida e S8 fosse urn objeto queria ser uma estrela Ja na sessao seguinte que

foi a vigesima terceira a intervencao utilizada foi brincar de casinha cnde F mostrou

a sua intera9ao familiar dizendo que trabalhava em um hotel (como na realidade sua

mae trabalha) 0 marido trabalhava em hotel e seu pai estava muito doente (na

realidade ja e falecido) e tinha muitas dores no corpo

Ate 0 momento foram feitas as vinte e tres sess6es aqui descritas nas quais

a crianya demonstrou significativas mudantas no comportamento

33 ANALISE DO CASO

Inicialmente F nae obedecia fazia de conta que naD escutava e quando

queria algo come9ava a tremer nao obedecendo a regras e limites impostos pelos

respons8veis A mae dizia que a filha ficou assim desde a morte do pai pais este a

bajulava muito fazia tudo 0 que ela desejava

Notou-se que F testava os limites dos adultos para conseguir 0 que desejava

e as pessoas que a cercavam para se livrarem das birras acabavam par fazer 0

que ela queria

34

Na escola nao conseguia se relacionar com os colegas quando a professora

pedia para fazer alguma atividade F lazia do jeito que queria

A mae de F fazia as atividades par ela dizendo que ~nao queria tazer como

seus pais naD que eles fassem ruins mas eles naD conversavam e naD tinham

tempo de dar atenC80 e de ensinar as deveres da escola

Durante 0 tratamento F inicialmente demonstrou ser cordata posteriormente

mostrou comportamentos de manipulayM querendo controlar a situayao e

procurando forcar que todos as seus desejos fassem realizados Na presenva da

mae nao obedeceu a nenhuma das ordens dela gritou e ficou clara a dificuldade da

mae em dar limites a filha F mostrava-se muito irritada

Foram feitos contratos com F e passou-se a trabalhar atraves de acordos as

limites Com estas regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela

queria

No tratamento foi fundamental que a mae e as demais pessoas que rodeiam a

crianya modificassem sua forma de agir Foi orienlado a mae que quando

ocorressem as tremores ela devena fazer de conta que nao havia percebido nada

Em sessao com a professora de F constatou-se que a hipotese de

problemas de aprendizagem se apresentava mais em lace da lalta de estimulo para

que esta realizasse suas pr6pnas atividades ao inves de que outras pessoas as

fizessem por ela Foram leitas sessees com a finalidade de comprovar se F tinha

problemas de aprendizagem e verificou-se que esla linha plena capacidade de

realizar as tarefas sozinha Em relayao a interayao familiar F dramatrizou em uma

atividade que sua mae trabalhava em um hotel 0 que correspondia a realidade e 0

marido trabalhava em hotel que seu pai estava muito doenle e tinha muitas dores

35

no corpo quando na realidade seu pai ja era falecido Mostrava com isso a falta que

a funy80 paterna Ihe fazia

A mae de F I numa sessao dedicada a sua orientay8o mencionou que F

estava cada vez melhor e que seus tremores para chamar a atenC80 estavam

diminuindo a cada dia

36

4 ORIENTA~OES AOS PAIS

ZAGURY (2001 p59) na complexa tarefa de dar limites sem ser autocratico

ou seja de como disciplinar sem bater OU sem ser coercitivQ com a crianya sugere

algumas estrategias

bull Premiar ou recompensar a born comportamento - sempre que a crianca

tiver atitudes corretas devemos ressaltar este tatoo E bern comum que as

pais muito ocupados com tarefas cotidianas esqueltam de elogiar

somente lembrando de ralhar quando os ftlhos fazem algo errado Desta

forma as criancas entendem que naD vale a pena fazer tudo certinhon

pois nao recebem aprova9ao A melhor forma de alcan9ar um objetivo

educativo e elogiar incentivar e ressaltar tudo a que a crianca fizer de

positivo

bull Diferenciar premiar de dar coisas materiais - apesar do consumismo

vigente as crianvas ainda valorizam mais urn carinho urn elogio sincero

reconhecimento do esforco do que presentes dinheiro e viagens

Eventualmente pode-se presentear materialmente mas e importante nao

comprarmos as crianras pois desta forma elas aprendem a agir de modo

calculista Se dermos nosso carinho e aprovayao seu ego se fortalecera

sua auto-estima se elevara e gradualmente a crianya sentira prazer em

agir de forma adequada

bull Fazer com que a crianya assuma as conseqOemcias dos seus atos - com

carinha e naturalidade devemos conversar e agir apontando seus erras e

fazendo com que reftitam sobre as atitudes incorretas antieticas ou

egocentricas tomando 0 cuidado de deixar claro que 0 que desaprovamos

37

sao as atitudes incorretas e naD suas caracteristicas pessoais 5e mesma

ap6s a explica~o a crianca reincidir na atitude incorreta entao e 0

momento de faze-Ia compreender que e responsavel pelos seus atos e

tambem pelas suas conseqGencias Deve-se ressaltar as consequemcias

do ato born carinho aprova~o estimulo etc Como do ato incorreto

desaprova9ilo nao reforyamento deixar de fazer algo que gostam etc

Deve-se ter em mente que as elogios premiacoes bern como as puni90es

devem ser proporcionais ao fato Ou seja e necessario que se tenha born sensa e

equilibrio para que as acoes sejam autenticas e valorizadas pel as criancas

COUTINHO FILHO (2003) tambem sugere algumas possibilidades para

colocar parametros de limites para a crianca

bull Nao coloque limites conforme seus desejos pessoais

bull Demonstre que voce e as demais adultos tambem tern limites a respeitar

bull Diga qual puni9ilo a ser dada para cada limite ultrapassado e nao deixe de

executa-Ia

bull De puniyoes brandas para atitudes brandas e puniyoes pesadas para

atitudes pesadas

bull Deixe claro que a puniyao Eo pelo ate e nao pela pessoa

bull Justifique os motivos do limite Nao faca isso porque nao quero ou nao

gosto nao Eo justificativa

bull Repita quantas vezes for necesstuio

bull Use sua autoridade sem provocar submissao e mal estar

bull Use da afetividade para impor limites

38

ZAGURY (2001) destaca pontos importantes para nao perder a autoridade

perante os filhos

bull Cumpra 0 que disse (seja premia ou conseqOemcia) ou seja ameacou

execute prometeu faya

bull Seja coerente 0 que nao pode nao pode nunca (salvo raras excessoes)

nao mude de atitude como quem mud a de roupa (au de acordo com 0 seu

humor)

bull Faya com que seus filhos gradualmente assumam responsabilidades

Deixe que eles participem das decisoes sabre premios ou conseqOeuromcias

- isto ajuda a amadurecer e compromete a crianca e as jovens que

aderem mais ao que ajudam a construir (mesma que sejam sans6es para

eles proprios)

bull Cuidado com 0 que diz e com 0 modo como diz - critique 0 ato nunca a

pessoa ou a personalidade de seus filhos Trate somente do assunto que

S8 esta analisando no momento naD desenterre coisas do passado sem

necessidade Nao fique com pena da crianya se ela chorar ficar triste

nao talar com voce E melhor ela ficar triste hoje mas aprender a respeitar

o pr6ximo a 5i propria e a palavra empenhada do que sofrer futuramente

nos seus relacionamentos interpessoais

Segundo TIBA(2002) os filhos nao vem com manual pois eles mesmos sao 0

manual au seja cada criancaencerra uma individualidade e a cada dia os pais irao

aprendendo com cada filho E importante neste aprendizado os pais privilegiarem 0

desenvolvimento relacional atraves de um procedimento basico que deve ser

aplicado a cada fllho Para TBA (2002) ese procedimento e valido para qualquer

39

relacionamento entre pessoas de qualquer idade mas que e relevante na formaC8o

da auto-estima da criancadesde 0 seu nascimento Para 0 atendimento integral a

uma crian9 sao cinco os passos parar ouvir olhar pensar e agir (TIBA 2002

p127)

TIBA (2002) descreve os cinco passos da seguinte forma

1 Parar - parar 0 que estiver fazendo ou pensando e dar atenyao total acriancaCasa naD possa parar naquele exato momento vale colaear uma

das maos no ombro da crian9 enquanto diz que logo vai atende-Ia A

crianya deve ficar esperando ali juntinho de voce Pode ser que ela queira

sair para voltar logo depois Se a iniciativa de sair for da crianca a

responsabilidade de voltar sera dela Mas deve evitar ao maximo dizer

para a crianca ocupar-se com Dutra caisa enquanto voce termina 0 que

esta fazendo Nem sempre ela volta outra vez pelo mesmo motivo E

tambem fundamental deixar de lado ideias preconcebidas sobre 0 que a

crianca vai fatar Se voce pensa ~Iavern aquela chata me encher Dutra

vez seu cerebro ja esta preenchido em parte com esse pensamento e

voce perde a chance de atende-Ia integralmente

2 Ouvir - e a parte racional Os pais devem olhar no funda dos ahos da

crianca como se a Duvissem com as ahos A criany8 precisa aprender a

se expressar Nao se deve tentar adivinhar 0 que ela quer Quando pede

alguma coisa esta desenvolvendo sua capacidade de pensar de formular

uma pergunta e de se expressar para que outras pessoas possam

compreende-Ia

3 Olhar - e a parte instintiva Num piscar de olhos uma pessoa consegue

ver tantas coisas que levaria muito tempo explica-Ias em palavras Tudo 0

40

que se percebe visualmente tambem tem que ser considerado para

compreender a crian9a

4 Pensar - lados os elementos percebidos tanto visualmente quanto

verbal mente mais 0 sentido educativo que se que ira imprimir na forma9ao

da criana devem fazer parte da resposta a ser dada Sentido educativo e

o objetivo a ser atendido com a educaao que esta sendo dada (Quer que

o filho seja egoista Coloque-o sempre em primeiro lugar em detrimento

dos outros e diga sim a todos os seus desejos Quer que ele seja feliz

Ajude-o a desenvolver a satisfailo pelo que e e pelo que consegue fazer

a tolerimcia a compreensao dos Qutrosa vontade de ajudar a quem pede

e a etica do bem)

5 Agir - essa aao ou resposta deve ser bem clara e objetiva Melhor ainda

se voce puder se assegurar de que a crianca real mente saciou sua

vontade

E importante ressaltar que os cinco passos devem ser utilizados em todas as

situayaes desde 0 tombo da crian98 pequena ate quando a crian98 crescer Ao se

utilizar este procedimento basico as atitudes dos pais tendem a ser coerentes Par

exemplo se uma crianca calr naD e necessaria as pais sairem desesperados em

todas Situ8COeS mas avaiar se 0 tombo foi grave QU se foi urn tombinho que naD

precisa de maiores cuidados Tambem as pais naD devem sair dizendo que chao

feio que passa a falsa ideia que 0 chao e culpado pelo seu tombo a criana tem

que aprender que ela deve ter cuidado Se ela se choca uma ou duas vezes numa

mesa ela aprende a ter cuidado por sua pr6pria experiencia TIBA (2002 p133)

41

destaca que a afobayao e a reacao exagerada dos pais geram inseguran9a na

crianca

Outre fato bastante comum e as pais deixarem as ftlhos ganharem jogos par

exemplo tentando agrada-Ios mesmo que os deseduquem As crian9as tern uma

sabedoria natural Brincam e competem de acordo com as conhecimentos e as

capacita90es de que disp6ern E mais facil para 0 pai brincar como se fosse crian98

e deixar 0 filho ganhar sempre Esse comportamento contudo da a crianca uma

visao irreal do que e jogar Ganha-se algumas vezes perde-se outras (TIBA 2002

p136) Ou seja e mais educativ~ para a criana descobrir que podemos ser bons

em algumas caisas mas nao em tudo Passa-se uma experiencia da realidade para

a crianC8

TIBA (2002) tambem cita 0 caso de colocar a crian9a no colo enquanto se

dirige urn carro A crianC8 tern a falsa sensacao de que comanda 0 veiculo mas issa

nao passa de urn poder irreal Ao dirigir urn carrinho de brinquedo ela poderia de fato

se sentir poderosa IS50 sem falar que quando 0 filho crescer ao 15 anos par

exempla vai querer sair com 0 carro do pai mesmo sem poder Mas quando era

criancaeu podia

o caso classico da criancaquerer dormir com os pais tambem e abordado por

TIBA (2002) segundo 0 autor 0 ideal e que desde bebe a crian9a deve aprender a

dorrnir no seu lugar mesmo que ache mais gostoso aninhar-se entre os pais Ir cada

urn para sua cama da 0 sentido de que cada urn tem seu territorio ai tambem

estamos delimitando limites onde sao respeitados 0 so no e 0 espacode cada urn

Crian~asmaiores que ja andam devem ter um lugar (ou quarto) proprio para dormirMesmo que ocasionalmente adorme~am na cama dos pais e importante que sejamlevadas a sua cama para que acordem la Nao devem adquirir 0 habito de dormir nacama dos pais Tenha paciencia e fale claro em born tom olhando seriamente nofundo dos olhinhos dela ~Cada coisa no seu lugar cada pessoa na sua cama~

42

Quando a crian(f3 percebe que 0 limite e coisa sena e vai ser cumprido procura seajustar(lIBA 2002p115)

OLIVEIRA (1999 p120) enumera as diversos problemas que causam a fato

dos filhos permanecem no quarto dos pais na hora de dormir considerando-as de

difieil recupera~aoposterior

1 Faita de valorizayilo da privacidade tanto do casal como da crianya

2 Mantem a relacao simbi6tica au seja a li98980 existente entre mae e

bebe prejudicando 0 desenvolvimento emocional da crian93

3 A crianya tende a formar relayao de dependencia da protey80 e da

preseny8 dos pais ate mesma durante 0 sono

4 Quando chegar a fase em que a crianca elege entre 0 pai e a mae 0 seu

preferido tenta afastar 0 autro esticando-se e virando-se na cama de

modo a deixar a preterido desconfortavel a ponto deste mudar de lugar

sair da cama e ate mesma do quarto

E importante ressaltar que sempre as regras devem ser claras e naD sujeitas

a mudancas pois a organizacao interna dos filhos fica muito prejudicada se dormir

au nao na cama dos pais se transforma numa possibilidade que depende apenas do

humor dos pais ou de quanto 0 filho se recusa a dormir sozinho (chorando

acordando diversas vezes etc) A crian9a com autonomia de sono e mais

independente e feliz (TIBA 2002 p116)

Enfatiza-se que na maiaria dos casas as pais permitem que as criancas

fiquem ate mais tarde no quarto deles nao e par uma exigemcia ou necessidade da

crianya mas par alguma deficiencia desequilibrio au imaturidade dos proprios pais

(OLIVEIRA 1999 p122)

43

Em relaiio ao choro da crian9l ressalta-se que ha dois tipos de choro 0 que

expressa dor e 0 que busca pader

Se 0 filho descobrir que pade usar a chom como fonte de poder as pais estaoperdidos Nunca mais saberao dizer se ele chara par dar au poder Urn chore depoder Necessita dos olhos e dos ouvidos de quem se quer dominar Ingenua acrianya que usa 0 choro como pader para imediatamente apes conseguir 0 que querOai a importancia de as pais ficarem atentos para nao ser manipulados (TIBA 2002p158)

o choro que apela para 0 lade coitadinho inspira ternura Eo urn tipo de

manipula9ao que busca 0 dominio pela chantagem aletiva Eo dilicil neutralizar 0 uso

do choro como arma

Segundo liSA (2002 p159) Urn pouco de dor nao matara a crian9a assim

como urn poueD de pader nao matara as pais ( ) Se traumas infantis matassem a

humanidade estaria extinta Nao ha filho que nao tenha side contrariado A imensa

maioria deles tern condi90es de agOentar contrariedades 0 autor destaca que pais

que sao soHcitos ao extrema nao trayam um born e segura trajeto para seguir 0

resultado e que a crianya fica insegura pais perde a confianca neles ela pressente

que as pais nao tern firmeza nas suas decisoes e sao manipulaveis

Deve-se tomar cuidado com as exageros urn erro cometido pelos pais

desde que nao seja baseado na violencia em surras socas e pontapes naa traz

problema nenhum Atos como esses descarregam a raiva mas nao tern forlta

educativa pois violmcia s6 gera violencia (liSA 2002 p159)

Em rela9aOaos pais lazerem as tarelas pelos filhos ou ainda pior comprar os

resultados ressalta-se que este tipo de atitude nao ajuda a crianlta cria

dependencia e compromete 0 desenvolvimento escolar Alem disso as pais acabam

privando os filhos do gosto de uma conquista dando uma mensagem subliminar de

que eles sao incapazes Os pais nao devem privar os filhos do gosto de uma

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

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HOLMES (1997) considera de risco os fatores que aumentam a probabilidade

de uma crian9a desenvolver disturbios emocionais ou comportamentais Os fatares

de risco podem incluir caracteristicas biol6gicas (perinatais) geneticas lamiliares

(pais com disturbios psiquiatricos criminalidade paterna disc6rdia conjugal grave

estresse familiar cranico) caracteristicas sociais (nivel s6cio-economico baixo)

Porem HOLMES (1997) destaca que mesmo sob condi90es adversas como

estresse e privacaoha crianyas capazes de S8 desenvolverem satisfatoriamente em

nivel emocional e social

No tratamento deve-s8 avaliar case a caso e muitas vezes avaliar 0

fundamento cognitiv~ da conduta dos pais para ptanejar urn tratamento familiar

adequado Pelo lato de as cren98s dos pais desempenharem um papel importante

no seu comportamento bern como no de seus ftlhos e importante entender em que

medida essas crencasestao envolvidas na determina980 da pSicopatologia dos pais

da paternidade coercitiva e inconsistente e da discordia conjugal e como esses

latores podem aletar a crian98 (HANISH et aI 1999 p66) Ou seja 0 tratamento

do transtorno desafiador opositivo deve envolver 0 treinamento dos pais nas

habilidades de manejo adequado e a modificaao de suas cren9as no que tange ao

manejo da conduta No treinamento dos pais deve-se focar 0 aumento da conduta

positiva e diminuiyao da negativa na crian~ ensinando-se aos pais principios do

aprendizado social e habilidades de manejo da conduta e de resolu980 de

problemas

9

22 A RELACAO INDISCIPLINA x LlMITES - UM OBSTAcULO PARA A

APRENDIZAGEM

A questao da disciplina envolve varias faces de um problema E necessario

desenvolver uma visao sistemica e analisar par todos as o3n9u105 aluno escola

familia sociedade A motiva9ao e um fator fundamental para que 0 aluno seja bem

sucedido no sistema escolar permanecendo no mesmo e realizando as tarefas

necessarias para 0 seu conhecimento e aprendizagem Considera-se que 0 sucesso

dos filhos no sistema educacional decorre entre Qutras eoisas da motivacaoque as

familias conseguiram despertar neles em relacaoa instituicao

o problema indisciplina pode ser entendido como conseqOeuromciade um leque

de situa90es vividas em familia pais inseguros quanto a colocar ou nao Iimites

relacionamentos tensos entre pais excesso de zelo para reparar a culpa por ter que

deixar a criancaprivada do cantata com as pais que trabalham fora criancas que

passam a maior parte do tempo em frente da TV ou na rua com Qutras criancas

sofrendo tode tipo de influencias prejudiciais a sua educacao pais autoritarios ou

muito liberais falta de dialogo e bom exemplo no seio familiar desconhecimento da

importancia dos relacionamentos dos primeiros anos de vida como base da

formaC8oda personalidade par parte dos pais Sao estas criancascom hist6rias de

vida as mais variadas possiveis que chegam a uma escola e encontram ali narmas

rigidas ou ausencia de narmas Professores com uma serie de limitac6es na sua

forma9aO humana e academica que passam a desempenhar 0 papel de educador

em sala de aula

A familia e a escola devem atuar em parceria objetivando a aprendizagem e

o sucesso escofar do auno Elas sao 0 aicerce e modelo para que as criancas

10

aprendam naD somente conteudos mas tambem a viver em sociedade com suas

normas et portanto e necessaria que tenham objetivos comuns em relacao a

val ores disciplina e convivio social Este suporte e proporcionado nao somente pelo

ambiente adequado mas no equilibrio e tranqOilidade do lar e da escola Assim

sendo 0 aluno nao S8 sente abandonado inseguro mas sim recebendo

orientacoes estimulos e principal mente exemplos de responsabilidade e respeito

Para WINNICOTT (1971) a saude do pais depende de unidades familiares sadias

com pais que sejam individuos emocionalmente maduros

Nao hit uma causa (mica para a indisciplina mas sim uma conjuncao de

fatares que interagem uns sabre 0$ Qutros que imobilizam 0 desenvolvimento do

sujeito e do sistema familiar nurn determinado momento afetando 0 aspecto

comportamental e a aprendizagem do aluno

o individuo ao ingressar na escola ja teve experiencias relacionadas a

diversas situac6es e ira reagir a esse novo ambiente Ha alunos com dificuldades de

adaptayao e rendimento insatisfatorio nos estudos por estarem comprometidos par

ansiedades e tensOes psiquicas

E imprescindivel que a familia e a escola deixem de ficar se cui pando

mutua mente e passem a refletir sobre sua funyao vital no desenvolvimento de

individuos adaptados ao ambiente realizados e capazes de utilizar suas

potencialidades de forma construtiva para a sociedade e consequentemente para

o fortalecimento da familia e da escola como instituicoes estruturadas e em

permanente evolucao

Ressalta-se urn aspecto muito importante relacionado a agressividade e mais

especificamente a indisciplina E a questao dos limites Pais e professores precisam

11

ter em mente a importancia de trabalhar essa questao com filhos e alunos e

diferenciar a demarc8C8ode limites de autoritarismo ou abuso do poder

Sermos adequados e saber encontrar a distancia certa entre nos e a Qutro E

naD ocupar um espaco exc8ssivamente pequeno para naD nos sentirmos acuados e

ameacados evitando tomar-nos agressivos () Todo ser vivo necessita de um

espatominima para viver sem 0 qual torna-S8 agressivo e luta pela sobrevivencia

ou perece (MIRANDA 2001)

OLIVEIRA et al (1999 p151) destaca a importancia dos limites

A disciplina e 0 todo que engloba a organiza~o que mantE~m a ordem entre aseoisas e as pes50as 0 limite e a fator que determina 0 campo e a espalto daatualfao Portanto 05 limites sao urn dos principais fundamentos da disciplina 0limite e que determina onde os meus direitos terminam e onde iniciam os dos outros() E necessario que 0 limite comece a ser estabelecido desde a forma~o dapersonalidade da crianca ou seja desde 0 nascimento () Ensinar a crianya aobedecer limites e treina-Ia para a vida

E preciso que os adultos aprendam a nao invadir 0 esparo da crianca nao

permitindo tamhem que as crianyas invadam 0 espayo dos outros E necessaria

quebrar este cicio vicioso que faz com que a indisciplina continue a ser 0 centro das

atenc6es na escola e na familia Dar limites e nao impor Iimites este e 0 grande

desafio para pais e educadores

Para que a criancaaceite os Iimites impastos e necessario que os pais au a

pessaa responsavel acredite no que esta dizendo e 0 faca com firmeza e explique

para que a crianra acredite e para que absorva a ideia de que ela nao esta proibida

de tudo mas que nem tudo 0 que desejamos podemos fazer mas ela pode fazer

quase tudo (ZAGURY 2001)

Quando se da Iimites esta se fazendo urn ato de amor oj crian~a e ao futuro adulto

ensina-se a ele a viver em sociedade a respeitar e ser respeitado esta se poupando

12

a crianca de cair no mundo das drogas e da violencia cnde 0 limite e muitas vezes a

marte

221 0 Papel da Familia

Os pais tem um papel fundamental na motivayao do aluno e sua participa9ao

e imprescindivel para que 0 aluno aprenda Desta forma a familia faz parte do tripe

que sustenta uma aprendizagem com sucesso Quando a familia esta tranqOila e a

rotina de casa esta equilibrada 0 aluno apresenta maiores oportunidades para urn

bom aprendizado

A familia e suporte fundamental para 0 bom desempenho escolar Pode-se

dizer que a clima familiar influencia no desempenho escolar e pade trazer prejuizos

ao rendimento escolar quando naD harmonioso

Se a familia naD da a crianca a base emocional firme 0 que tazer

E importante ensinar a crianca a identificar as sentimentos e lidar melhor com

eles

DAVIDOFF (1983) descreve como se da 0 desenvolvimento do ser humane

desde a concepcao e a importancia dos relacionamentos dos primeiros meses de

vida e da primeira infancia na forma9ao da personalidade e da socializayao futura do

individuo Para ela a base de urn relacionamento sadie entre mae e filho esia na

intensidade de afeto que a mae dispensa a crianca na amamentaC8o enos

cuidados na satisfa9ao de suas necessidades fisiol6gicas A qualidade das

intera90es sociais da crian9a estrutura a personalidade do individuo de algumas

formas importantes Falando de frustra90es conflitos e outras tensoes a autora

chama a aten9ao dos adultos que convivem com a crianca e 0 adolescente para sua

(~ )(~~l J 13

lt~C~responsabilidade em apoiar orientar e acompanha-Ios para que possam superar as

situaryoes conflitivas evitando assim 0 desenvolvimento de uma personalidade

agressiva e desajustada

DAVIDOFF (1983) vai mais alem ao dizer que pais maduros e seguros

envolvem os filhos em tomadas de decisao e assuntos da familia Apresentam

razoes para a que solicitam e proporcionam experiemcias graduais apropriadas para

a afirmayao da independencia Ainda assim retem a responsabilidade final Os filhos

dos pais maduros tendem a ser autoconfiantes independentes possuem boa auto-

estima e born relacionamento com suas familias Os pais autontanos preferem

taticas primitivas duras quando surgem conflitos insistem em obediemcia Sao

coercitivQs e favorecem a desenvolvimento de transtornos como 0 desafiador

opositivo No outro extrema os pais laissez faire que afrouxam totalmente as

limites sao totalmente igualitarios Todos os membros da familia estao

essencialmente Ilvres para fazerem deg que quiserern Raramente estes pais tomam

decis6es ou aceitam responsabilidades Os adolescentes filhos de pais autoritarios

e do tipo laissez faire tendem especialmente a ter problemas de ajustamento

o individuo age com relary8o a certas pessoas como seus pais se

comportaram para com ele Caso as imagos paternas que sao preservadas em

nossos sentimentos e em nossas mentes inconscientes forem predominantemente

rigidas nao poderemos estar em paz com n6s mesmos Odiamos em n6s as figuras

rigidas e intolerantes que tambem formam parte de nosso mundo interno e que sao

em grande parte a resultado de nossa agressividade para com as nossos pais

o homem e urn ser social ele precisa viver com as outros homens para

desenvolver suas necessidades basicas como 0 trabalho a criatividade a arnor par

14

issa ele S8 juntou em comunidade As comunidades sao uma reuniao de pessoas

que tern interesses comuns au seja interesses iguais

Familia e 0 nucleo de pessoas aparentadas que tern la90s de sangue e que

se apoiam no sentido de manter 0 nucleo permanentemente em comunhao

Hit uma serie de expectativas sociais em relacao it familia e preciso que

socialize as criancastomando-as capazes de viver junto aos Qutros seres humanos

A institui9ao familia tern passado ao longo da historia da humanidade por crises

muito serias As formas de familias sao extrema mente variaveis E mais variaveis do

que dentro de nossa proprio pais sao as formas de familia de Qutros paises do

mundo

A familia ah~m de reproduzir novos seres humanos tenta produzir neles as

seus habitos costumes e valores atraves de gerayoes

A familia sempre foi a celula-mater de uma sociedade ou refUgio das

atribuiyoes do mundo Tambem a religiao impoe normas as familias que em torno

del a se reunem Grande parte do comportamento de uma familia no sentido moral econtrolado pela religiao em que ela acredita Em troca a religiao e sustentada pela

familia fazendo com que as crencas e preiticas mora is subsistam por seculos e

levando as pessoas a uma aceitacao de punicoes impostas

o prestigio social dos individuos na familia tradicional de seu

comportarnento diante de sua fe de seu comportamento em rela9ao a familia e de

sua origem e influenciado pelos costumes que traz atraves de geralt6es Durante

anos a familia conduziu-se como uma barreira diante de inovac6es e de formas

novas de ligalt8o homem-mulher-filhos Os vinculos familiares representam uma

seguran9a afetiva e material muito importante para 0 desenvolvimento do individuo

A historia da humanidade assim como os estudos antropologicos sobre os

15

pavos e culturas distantes de n6s (no espacoe no tempo) esclarecem-nos sabre a

que e familia como existiu e existe hoje Mostra-nos como fcram e sao hoje ainda

variadas as formas sob as quais as familias evoluem se modificam assim como

sao diversas as concepcoesdo significado social dos la-os estabelecidos entre as

individuos de uma sociedade dada

Apesar dessas variacoes a forma mais conhecida e valorizada de nassos

dias a familia composta de pai mae e filhos chamada familia nuclear normal

Este e 0 modele que desde criancaS8 ve em livres escolares nos filmes na

televisao mesma que no seia familiar S8 verifique urn esquema diverso

A natureza das rela90es dentro de uma familia vai se modificando atraves do

tempo 0 aspecto mais problematico da evolU9aO da familia est sem d0vida

alguma ligado ao questionamento da posi9ao das crian9as como propriedade dos

pais e a posiryao economica das mulheres dentro da familia Inclui-se ai 0

questionamento da distribui9iio dos papis ditos especificamente masculinos e

feminin~s e esse e urn problema chave para 0 surgimento de uma nova estrutura

social

Nao se poder mudar a institui9ao familiar sem que toda a sociedade mude

tambem Pode-se afirmar ainda que qualquer modificayao na organiza~aofamiliar

implicara tambem numa modifica9ao dos rigidos papeis de esposa mae ou

prostituta os 0nicos atribuidos as mulheres Quanto as crianyas ha algum tempo ja

o Estado intervem entre pais e filhos e desde a pouco os pais sao passiveis de

denuncias pelos vizinhos caso punam fisicamente seus filhos

Atraves da escola do controle sobre os meios de comunica~aode medicos e

psic6lagas a pader dominante de cada sociedade mais au menos sutilmente imp6e

normas educacionais sendo dificil aos familiares contraria-Ias De uma maneira

16

geral cabe ainda aos pais grande parcela de poder de decisao sobre seus filhos

menores Parcela essa cada vez mais contestada A esse pader equivalem por

parte dos filhos direitos legais em relagao aos seus pais em particular no sistema

capitalista Direitos a assistencia educayao manutenyao e participacao em seus

bens e proventos

A familia como toda instituigao social apresenta aspectos positiv~s enquanto

nucleo afetivo de apoio e solidariedade Mas apresenta ao lade destes aspectos

negativ~s como a imposicao normativa atraves de leis uscs e costumes que

impllearn formas e finalidades rigidas Torna-se muitas vezes elementa de coayiio

social geradora de conflitos e ambigOidades

A agressividade inata tende a sef ativada pelas circunstancias externas

desfavoraveis e inversamente e mitigada pelo arner e compreensao que a crianca

recebe 0 seu desenvolvimento e suas reac6es com 0 adulto devem ser

considerados como resultantes da interacao e influencias externas e internas

Um sistema familiar disfuncional nM permite ao aluno a maturidade

necessaria para conseguir urn born desempenho academico

A problematica emocional ligada a situayao conflitiva absorve a

disponibilidade perceptiva e reacional do individuo a estimula~ao externa

dificultando a sua integragao ao ambiente e perturbagao nao 56 a sua capacidade de

aten98o de concentra~ao de raciocinio mas sobretudo a de relacionamento Assim

sendo as dificuldades de assimilayao na aprendizagem escolar podem estar ligadas

a fixagoes emocionais (NOVAES 1970 p 145)

Geralmente criangas com problemas emocionais adotam atitudes agressivas

de inibiyao constri9ao regressao isolamento hostilidade oposigao indiferenya

17

indisciplina exibicionismo dissimula~aosensibilidade e au emotividade excessivas

sendo freqOentesos problemas de mentira de furto e de natureza sexual

Na instituiyao familiar seja ela qual for e a ligayao emocional entre as

pessoas que as torna mats felizes e saudaveis

As perturbaltoes no ambiente familiar interferem no comportamento do

individuo Existe urn processo duple entre 0 lar e a escola as tensoes que sao

geradas num ambiente se manifestam como perturbaltoes no comportamento do

outro (WINNICOn 1971 p 223)

Resgatar a papel da familia e seus vaiores levan3i 0 aluno a sentir-se

amparado A autoridade paterna e materna participativa se faz necessaria na

criayao e educaltao na orientayao e aquisiltao de bons habitos influentes na

projeltaosocial das pessoas Nao necessariamente isto se refere a presenltafisica

de ambos os pais mas da existencia das funlt6esenquanto autoridade

A emoltaopermeia todos os aspectos da vida diaria do ser e tambem interfere

na aprendizagem fazendo-se necessaria urn conhecimento dos aspectos

emocionais para assim pader assistir 0 aluno em seu trabalho escolar A

estabilidade no ambiente familiar proporciona ao individuo seguranya e

independencia A participaltao da familia no cotidiano escolar e de suma

importancia para a aprendizagem

Os jovens nao podem se sentir abandonados eles precisam de exemplos e

sobretudo de afeto para a construltaode uma vida melhor

SOUZA (1995 p 58) considera que a inibiltaointelectual estaria na base da

dificuldade de aprendizagem Existem fatores da vida psiquica da crianlta que

podem atrapalhar 0 born desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaltao

18

com a aquisirao de conhecimentos e com a familia na medida em que as atitudes

parentais influenciam sobremaneira a rela~aoda crianca com 0 conhecimento

Ressalta-se que entre as variDS fatores que influenciam 0 aspecto emotional

da crian9a tem-se alcoolismo familia numerosa sem condicoes minimas estruturais

brigas freqOentes em casa abandono trabalho infantil etc A convivmcia com um

au mais destes fatores acarreta na impossibilidade do aluno concentrar-se nas

aulas visto que a sua aten9ao se volta para a tentativa de resolu9lo dos problemas

familia res que ele julga insoluveis na maioria das vezes Existe urn certa

conformismo misturado a angustia quando 0 aluno consegue expor 0 problema que

o aflige

Deve-se compreender que a familia esta envolvida em diversos problemas

oriundos das pressoes s6cio-econ6micas das dificuldades de habita9ao

alimenta9ao e trabalho sem tranqOilidade para assimilar e analisar os estimulos

externos integrando-os a sua dina mica familiar

A influencia do ambiente familiar e decisiva para 0 ajustamento emotional e

muitas vezes 0 grupo familiar nao oferece condi90es de estabilidade e de

seguranya emocional para 0 desenvolvimento normal de seus filhos

Grande incidencia de conflitos emocionais que se exteriorizam par ansiedade

sentimentos de inferioridade de inseguran98 depressao medo negativismo e

incapacidade de estabelecer rela90es afetivas geralmente coincidem com 0 grande

numera de familias desintegradas desunidas de pais ausentes incompreensivos

imaturos neur6ticos dominadores desajustados que nao podem dar compreensao

amor e apoio aos filhos

ZAGURY (2000) relata 0 resultado das duvidas e incertezas de muitos pais

Para ela os pais devem compreender que mais importante que satisfazer os desejos

19

da CrianC8 e ensinar principios eticos como honestidade solidariedade e respeito

mutua Principios estes que sao fundamentais para 0 born relacionamento social na

adolescencia e vida adulta

Limites sao regras ou normas de condula que devem ser passadas para as

criancas desde tenra idade Eles mostram as crianyas 0 que podem e 0 que naD

podem 0 que devem e 0 que nao devem fazer Ensinam tambem como respeitar 0

proximo facilitando a socializayao Os limites devem fazer parte da educaao pois

vivemos em sociedade e para a boa manutencao desta se faz necessaria a

existencia e 0 respeito as regras (COUlINHO FILHO 2003)

Em seu livro Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sobre a tirania

dos filhos ZAGURY (2000) discute os principais problemas que envolvem a

educayao dos filhos na sociedade moderna quando toda uma geraao de pais foi

influenciada par urna visao excessivamente psicologizante As ambigOidades as

diferenyas entre as regras estabelecidas pelos te6ricos sao debatidas e criticada a

tirania de alguns especialistas que contribuiram para a disseminayao de um dos

maiores males da educaao - 0 chamado psicologismo A autora alerta para a

necessidade de as pais serem criticos nas orientayoes e conhecimentos adquiridos

sobre a educaao dos filhos e chama a atenao sobre os limites e a necessidade de

autoridade por parte dos pais a importancia de se construir uma relayao baseada na

autenticidade e na democracia tanto para as crianyas quanta para seus pais

Para liSA (1996) a disciplina tern inicio antes mesmo do nascimento atraves

do modo como os pais se comportam no relacionamento mutuo Os primeiros dias

de vida e as interac6es com os pais ou pessoas que as substituem sao de

fundamental importancia no desenvolvimento bern ajustado Pois e nessa interayao

que a mae transmite 0 modo de ser da familia e isso e essencial para ajudar 0 filho

20

a formar 0 seu ser psicol6gico pois a crianca traz ao nascer apenas 0 seu ser

biol6gico

0 pai deve ter muita saude pSicol6gica para participar do gesto de

alimentat8o que tern urn significado tremendo no ge5to afetivo A crianca nao

precisa s6 de leite 0 leite alimenta 0 corpo 0 afeto e 0 alimento da alma Crian

sem afeto entra em depressao(lIBA 1996)

Deve-S8 ressaltar que 0 limite e diferente de repressao 0 primeiro S8 instala

atraves das puniyoes ja a repressao atraves da culpa A puniy80 age sabre a ato e

a culpa sabre a pessoa Durante 0 desenvolvimento da clianca 0 limite e saudtlVel

quando este refere-s8 apenas aos atos naD desrnerecendo au desvalorizando a

pessoa A crian nao deve se sentir culpada pelos seus atos mas responsavel par

estes (COUlINHO FILHO 2003)

llBA (1996) diz que os pais que exageram na preocupayao com a choro e a

comida estao contribuindo para ter urn indisciplinado dentro de casa estao

desrespeitando a desenvolvimento biol6gico da crian A mae que trabalha fora

sente-se culpada par deixar a filho sozinho na creche au na escola e depois a

superprotege para reparar a culpa acabando par criar urn folgado dentro de casa

o modo como lidar com a liberdade e Dutro fatar influenciador no comportamento da

crianya e do adolescente Impar limites sem submissao e autoritarismo e outro

desafio para os pais que precisam respeitar a espayo de individualidade sem se

submeterem aos seus caprichos

o tema indisciplina oj amplo e muito se tern ainda a pesquisar estudar e

orientar no sentido de ajudar as pais a encontrarem urn caminho mais segura na

educay80 e formayao da personalidade dos filhos que tern inicio nas primeiras

relayoes entre mae e filho

21

222 0 Papel da Escola

Se a condi9ao basica e necessaria para a aprendizagem e a integridade

moral e 0 estabelecimento da interalYBo professor versus aluno cnde fatares afetivos

e cognitivos exercem influencias decisivas na busca de realizac68s e de desejos

confirmando-Ihes determinadas caracteristicas inteny68s e significados e na escola

que ocorrem boa parte dos problemas com as quais 0 aluno S8 esbarra lentidao de

raciocinio falta de atenyao desintereSS8 indisciplina entre Qutros encontram as

suas origens na estrutura biol6gica sobretudo quando exposta ao meio ambiente

(POLITY 1998)

Em ambientes cnde estes fatares naD sao considerados relevantes que

alunos com dificuldades de aprendizagem ou com problemas de indisciplina acabam

sendo rotulados sofrendo puniyoes devido ao seu fracasso escolar Estes

apresentam lalta de interesse desmotiva980 para estudar pregui9a e distra9ao

Com isto os pais e professores nao entendem estas dificuldades e 0 aluno em seu

permanente estado de tensao nao consegue prestar aten~o e participar das aulas

nao obtendo os resultados esperados (MORAIS 1997)

Outro fator importante e a problematica emocional que deve ser considerada

como decisiva na adaptacao e rendimento escolar podendo trazer serias

conseqOemcias ao desenvolvimento e progresso emocional da crianca A escola

deve oferecer condic5es e estabilidade emocional e atraves do diagn6stico precoce

dos encaminhamentos adequados da pr09rama9aO adequada das atividades

escolares e da preparacao do professor atender a esses casos prontamente

poupando assim a crianra e a sociedade do agravamento dessas situac6es

(NOVAES 1970)

22

Neste interim surge a psicopedagogia como auxiliar no cicio aluno - familia -

escola quando se instala uma dificuldade de aprendizagem 0 psicopedagogo deve

ter urn olhar para 0 contexte global onde est inserida a criana com dificuldade de

aprendizagem as relac6es familia res e escolares

As crian~s que se evadem da escola em geral sao as mais rejeitadas

Estas criancas precisam ser estimuladas ao relacionamento a responder

adequadamente aos sentimentos do outro e a controlar tensao e ansiedade

compreendendo qual e 0 comportamento aceitavel em determinada situacao

E preciso aprender a lidar com a ira e a tristeza a respeitar as diferencas de

modo a encarar as eaisas dificeis aprender a perguntar a negociar a ser mais

assertivo Eo importante somar aos conteudos de hoje as liDes sobre sentimentos e

relacionamentos 0 primeiro passe e aprender a nomear a emoCao compreende-Ia

a partir de suas express6es faciais corpora is E essencial que 0 professor amplie

sua ViS80 sobre as quest6es emocionais desenvolvendo autodisciplina vida

virtuosa capacidade de motivar-se de enfrentar press6es e resolver conflitos

Por tudo isso a escola tem 0 compromisso moral e etico de se preocupar com

o desenvolvimento dos alunos reinventando as aulas e proporcionando a sintonia

do conteudo a capacidade de aprender Considera-se muito importante que a familia

e a escola estabelecarn urn vinculo para tentar mUdanyas em relaC80 it falta de

atenC80 e indisciplina no sentido de ajudar 0 aluno a evitar maiores dificuldades

crises e stress

ANNA FREUD (1971 p162) considera que as normas escolares prestam

pouca ou nenhuma atenC80 as diferencas individuais

o aluno deve sentir-se desafiado e envolvido no processo a todo instante A

capacidade de empatia entre professor e aluno e 0 segredo do sucesso no

23

relacionamento entre ambos A auto-estima e urn ponto tambem fundamental para

um comportamento bem integrado

Num sistema educacional problematico como 0 do Brasil unido ascaracteristicas pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita5es

do professor e toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sal a

de aula interferem na aprendizagem como urn todo Pais e professores devem estar

atentos para educar desde os primeiros dias de vida para a disciplina que nao

5ubmete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemple e 0 dialogo

E preciso que a escala como urn todD e principal mente seu corpo docente

ampliem a consciencia a respeito da responsabilidade que tern em relacao ao futuro

dos seus alunos e alem disso que possam perceber a importancia do bern estar

psicol6gico como uma situacao fundamental para a aprendizagem satisfat6ria A

escola pode e deve propiciar ao aluno seguranca emocional para que ele possa

vivenciar vinculos saudaveis com seus professores e colegas

Espera-se que Utenham uma visao positiva da vida e sentido de humor que

sejam capazes de apreciar 0 valor de uma boa risada para eliminar pequenos

ressentimentos e aborrecimentos que prejudicam 0 crescimento do aluno (MOULY

1979 p 134)

E urgente a necessidade de uma nova escola desenhada para a mente e 0

cora~ao que ensina autocontrole empatia a arte de ouvir de resolver conflilos de

cooperar

A indisciplina pode ser definida como

Indisciplina e a recusa de $ubmeter-se as regras de aprendizagem educativa e a seu sistemade transmissao institucional Relacionada com 0 contexto familiar e escolar a indisciplina eum dos sintomas dos disturbios da inf~ncia e da adolescencia Quee preciso situar no campomutti~imensional da~ i~teracOesentre processos de aprendizagem e finalidades da educayaorelayao educadorlsuJeltolgrupos de alunosJclasse sistema de avaliacao e risco de fracasso

24

Ultrapassando 0 simples registro dos disturbios de carater a indisciplina tern a ver comfatores psicossociais que dao sentido a essa forma de insubmissflo (DORON et ai 1998)

Para VASCONCELLOS (1995) as manifesta90es de indisciplina na escola e

na sal a de aula sao urn problema a ser analisado na sua totalidade levando-se em

conta a familia as mudan~asocorridas na escola a professor a sociedade a crise

dos sentidos e dos limites considerando-se que 0 que se entende por disciplina e

como construi-Ia nurn processo de interarao entre 0 adolescente e a

professorescola

A educaC8o no seu verdadeiro sentido naD se faz sem autoridade pais 0

educando precisa do referencial do educador a fim de ter base para a constru9ao do

seu eu Muitas vezes 0 professor nao consegue disciplina porque nao tem

autoridade diante dos alunos Normalmente 0 professor fica esperando que 0 aluno

traga urn reconhecimento natural para com sua pessoa historicamente esse tempo

passou 0 tratamento de respeito tem que ser conquistado pelo professor

(VASCONCELLOS 1995)

A questao fica complicada quando temas como profissionais da educayao

elementos totalmente alheios e nao educados para a realidade atual Alem da falta

de dominio dos conteudos a serem ensinados falta-Ihes a capacidade de perceber

essas transforma90es hist6ricas que vern ocorrendo no relacionamento educando x

educador Falta-Ihes conhecimento do desenvolvimento humane e psicol6gico de

seus alunos E por fim suas pnticas pedag6gicas sao pobres de metodos que

propiciem a intera9aOe a construyao do conhecimento no respeito mutuo falta-Ihes

autoridade e capacidade de administrar a indisciplina gerada pelos fatores citados

Esses professores podem se deparar com criancas com transtorno desafiador

25

opositivo e muitos deles carecem de orientaCiies de como lidar com este tipo de

conduta

A disciplina escolar e urn conjunto de regras que devem ser obedecidas para

o exito do aprendizado escolar Portanto ela e uma qualidade de relacionamento

humano entre 0 corpo docente e 0$ alunos em uma sala de aula e

consequentemente na escola respeitando as caracteristicas de cada urn dos

envolvidos (TIBA 1996)

Para que haja disciplina em sala de aula isto e alunos motivados satisfeitos

com a aula e necessaria que 0 professor seja urn grande conhecedor do que

ensina da realidade que 0 cerca e tenha a capacidade de envolver 0 aluno na sua

sala usanda uma metodologia e uma didatica que nao deem margem a apatia ao

cans890 a monotonia para ambas as partes 0 aluno deve sentir-se desafiado e

envolvido no processo a todo instante A capacidade de empatia entre professor e

aluno e 0 segredo do sucesso no relacionamento entre ambos

Para TIBA (1996) a indisciplina na escola e vista como conseqOencia do

sistema educacional brasileiro que afeta diretamente as rela90es dos individuos em

sal a de aula e na escola Urn sistema total mente falido unido as caracteristicas

pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita~oes do professor e

toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sala de aula A auto-

estima e citada pelo autor como fundamental para um comportamento bem

integrado Ele aponta tambem inumeras sugestiies para os pais e professores no

sentido de como educar desde os prirneiros dias de vida para a disciplina que nao

submete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemplo e 0 dialogo

Por outro lado encontra-se a escola tentando cumprir a sua funCao (orientar

na constru~ao do conhecimento) e freqDentemente quando 0 professor se depara

26

com um alune que esta precisando de ajuda no aspecto emocional encontra-se

despreparado para lidar com a questao reagindo com intolerancia Consideram

muitas vezes mais tacil fazer julgamentos como 0 alune naD tern jeito bulle da

familia tal todos as irmaos desta familia ja fcram meus alunos e sao todos i9uais

Eventualmente recusam-se a participar de cursos de atualiza9ao e aperfei90amento

e preferem adetar a postura de que sabem que 0 alunD naD tern jeito mesma e nada

S8 tern a fazer a que favorece 0 rebaixamentoda auto-estima do alune e 0

agravamento do problema gerando disc6rdias e aborrecimentos na escola

Urn Dutro aspecto a ser considerado e que tudo sa tornaria mais facil para a

crianca se ao ingressar na escola ela pudesse encontrar um ambiente acolhedor

com regras bern definidas professores conhecedores dessa realidade com

formacaopsicol6gica para propiciar momentos de tomada de consciencia do porque

daquele comportamento fazendo acontecer a catarse e redirecionando as modos de

agir de tais crian~s e adolescentes Porem a realidade das escolas e bem outra 0

proprio ambiente e a mentalidade favorece que ela a crianca a adolescente

coloquem toda a agressao reprimida suas neuroses seu 6dio seus sentimentos

de culpa sua revolta contra a autoridade e a patrimonio escolar Muitas vezes 0

atuno encontra professores que nao se libertaram dos traumas e problemas dos

quais eles mesmos foram vitimas na primeira infancia alern de desconhecerem e

nao saberem lidar com a crianca e 0 adolescente problematico pelo desprepara

pedag6gico e a falta de metodos adequados e atrativos para prender a aten9ao e 0

interesse de seus alunos Sua pratica pedag6gica e pobre de recursos e estrategias

que desafiem e motivern tais alunos a se auto valorizarem elevando a auto-estima

Urn dos pontes mais comuns entre as indisciplinados e a sentimento de

menos valia aem da fata de conffan9a nos contatos e na produtividade Percebe-se

27

assim que para reverter essa questao naD basta trabalhar com a aluno E

necessario urn trabalho junto aos professores e familias criando estrategias que

modifiquem 0 ambiente e urn relacionamento mais verdadeiro mais equilibrado

deve ser estabelecido em todos as sentidos - trabalhando-se em equipe

28

3 0 CASO DE UMA CRIANCA COM TRANSTORNO DESAFIADOR OPOSITIVO

Foram utilizadas entrevistas com a mae professores e irmaos Encontros com

a crian-a em sess6es com durayao de 50 minutos cnde utilizou-se de metod as

como desenhos brincadeiras jogos regrados massa de modelar

31 HIST6RIGO DO GASO

F e urna rnenina de cinco anos cayula tendo um irmao de 21 anos e urna

irma de 17 anas de idade

o pai faleceu com 49 anas ha apraximadamente 01 ana e a mae atualmente

com 49 anas teve F com 43 anas

o pai fai marta par paliciais em frente a sua casa Estava bebada e saiu a rua

armada e um carro da palicia apareceu e 0 viu sentado na calcadalogo depois

vieram muitas viaturas e a mae pediu que levassem 0 marido para passar a noite na

cadeia mas que naD fizessem nenhum mal a ele Neste momento 0 pai de F

comeyou a atirar e aS policiais (segundo a mae 18 policiais aproximadamente)

invadiram a casa e comeyaram a atirar A familia fa para os fundos da casa e a mae

passou F par cima do muro para a casa da vizinha Quando a familia voltou para

frente da casa as paliciais disseram que a pai de F estava ferida na perna e

levaram-na para a hospital mas segundo a relata da mae ele ja estava marta e

havia na verdade levado urn tiro na cabeca F nao viu a cena mas escutou tudo

Ganforme relata da mae a partir da data do acarrida F naa abedece faz de

canta que naa escuta e quando quer alga came9a a tremer A mae diz que a filha

29

ficou assim desde a marte do pai pais este a bajulava muito fazia tudo 0 que ela

desejava

F sempre foi mimada pelo pai este nunca repreendia a filha por algo de

errado que ela fizesse Para 0 pai F nunca estava errada inclusive quando ela e a

irma mais velha brigavam 0 pai sempre ia em defesa da mais nova e para protege-

la amea98va bater na mais velha

A queixa principal da mae e que F comeya a tremer quando quer algo de que

gosta muito nao obedece a regras e Iimites impostos pelos responsaveis

Nas observayiies comportamentais notou-se que F testa os limites dos

adultos para conseguir 0 que deseja e as pesso8s que a cercam para se livrarem

das birras acabavam por fazer 0 que ela queria Mas essas mesmas pessoas

comeyaram a perceber que a falta de regras e limites jil ultrapassava 0 limite do

suportaveJ

Segundo HANISH et al (1999) 0 transtorno desafiador opositivo aparece

antes dos 10 anos Normalmente torna-se aparente na idade pre-escolar que e 0

caso desta crianga

Na escola F naD interagia com as colegas na hara de fazer brincadeiras em

grupo nac conseguia se relacionar com as colegas quando a professora pedia para

fazer alguma atividade F fazia do jeito que queria e nao como a professora

solicitava

Para que houvesse progresso no tratamento foi fundamental que a mae e as

demais pessoas que rodeiam a crian~a modificassem sua forma de agir e para que

isso ocorresse foi preciso fazer urn remanejo de conduta dessas pessoas Fez-se

pois necessaria orientacao e treinamento para auxilia-Ios nesta mudanlta

30

32 EVOLUCAO DO CASO

As intervenyoes utilizadas neste casc com a mae fcram em forma de

orientayao na freqOencade pelo menDS uma vez par meso Mais recentemente este

trabalho com a mae vern sendo feito a cada quinze dias

Em conversa com a mae esta mencionou que naD queria fazer como seus

pais naD que eles fassem ruins disse ela mas eles nao conversavam e naD tinham

tempo de dar aten9ao e de ensinar os deveres da escola Tudo 0 que ela aprendeu

na escola foi par esforyo proprio e naD queria que isso acontecesse com sua filha

entaD ela au as irmaos mais velhos sentam com F e a ensinam

Mais tarde foi feita uma entrevista com a professora e esta mostrou todas as

li90es de F e disse que aquelas atividades nao haviam side feitas pela crian9a e sim

por seu irmao e que a professora ja havia mandado bilhetes pedindo que nao

fizessem mais as atividades da escola par F A mae foi orientada a dar mais

incentivo a F em lugar de fazer os deveres por ela pois F nilo tinha problemas de

aprendizagem mas par falta de incentivo poderia vir a ter

Com F foram utilizadas brincadeiras como pintura com aquarela desenhos

massa de modelar hist6ria infantis Atraves destes me-todosforam utilizados refor~o

e a punicao quando necessarios

o refor9Q foi atraves de elogios sorriso e aten9ao quando F realizava urn

comportamento desejavel A punitao consistiu em retirar uma atividade que ela

gostava muito como desenhar OU tambem ignorar a sua atitude mantendo a calma

No terceiro encontro F mencionou 0 pai dizendo que ele comprava doces

para ela mas nao quis continuar falando sobre ele alegando que 0 irmao mais velho

nao gostava Mais tarde em outras sess6es tornou-se claro ser isto fantasia sua

31

Nos primeiros encontros corn F ela demonstrou S8r cordata entretanto a

partir do quarto encontro F mostrou comportamentos de manipula9ao ou seja

querer controlar a situacao e que tude salsse da forma que queria para que todos

as seus desejos fossem realizados atitude comum em casa ou na escola

A quinta sessao foi para verificar a interacao de F com a mae F mostrou-se

intransigente naD obedeceu a nenhuma das ordens da mae na hora de guardar as

brinquedos gritou com a mae e esta demonstrou claramente nao conseguir dar

limites a sua filha A mae conseguiu dizer neste momento que se F estivesse em

casa iria apanhar com uma varinha mas ista naD adiantou pais F ficou irredutivel

Ao final da sessao quando tudo estava no seu devido lugar F ja estava agindo como

se nada tivesse ocorrido a mae mencionou que F era muito nervoS8

A partir da sexta sessao loram leitos contratos com F os quais ela aceitou

com lacilidade

Apos 0 contrato feito na sessao anterior na setima sessao foi trabalhado a

limite atraves de acordos leitos com F como pedir para que ela escolhesse

somente tres tipos de brinquedos da caixa que s6 iria embora quando a horario da

sessao terminasse e que as Iimites seriam colocados pela terapeuta Com estas

regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela queria

A partir da oitava sessao loi levantada a hip6tese do problema de F ser

transtorno desafiador opositivo pais ela demonstrou as comportamentos de querer

dominar e mostrar que poderia mandar mas com muita paciencia foram impastos

limites atraves do silencio mostrando que nem tudo poderia ser como ela queria e

assim acabou aceitando

A nona sessao loi destinada a orientar a mae em como agir com a filha e loi

proposto para que a mae assistisse a proxima sessao atras do espelho

32

Como foi sugerido para a mae na sessao passada ela ficou ats do espelho

para ver como a filha interagia e poder verificar qual seria a melhor forma de lidar

com ela

A decima segunda sessao foi destinada a mae para verificar como estava 0

comportamento de F fora da terapia Ela comentou que 0 comportamento da filha

melhorara muito que as tremores 56 ocorriam esporadicamente Foi orientado amae que quando Dcarressem as tremores ela deveria fazer de conta que naD havia

percebido nada

Foram feitas diversas sess6es seguidas mais precisamente da decima

terceira il decima setima com F destinadas a trabalhar regras e limites Este

trabalho foi realizado atraves de acordos com F como por exemplo pedir que ela

escolhesse apenas tres brinquedos da caixa au escolhesse entre desenhar e ouvir

historias au ainda entre conversar e brincar tambem poderia escolher entre brincar

de casinha e desenhar

A decima oitava sessao foi urna sessao diferente pOis foi destinada aprofessora de F para verificar como F estava S8 comportando e se relacionando

com colegas em sala de aula enos interval os A professora levantou a hip6tese de F

ter problemas de aprendizagem pois as atividades escolares dela nao eram

compativeis com a de seus colegas de classe Mas foi constatado atraves das

atividades que eram enviadas para serem feitas em casa que 0 que faUava para F

era estimulo pOisseu irmao fazia suas atividades por ela

Foram feitas duas sessoes seguidas (decima nona e vigesimal para

comprovar se havia problemas de aprendizagem com F Sessoes estas de recorte e

colagem e de hist6ria (Cinderela) Com estas atividades pode se constatar que F

33

tern plena capacidade de realizar tarefas sDzinha talvez com uma pequena

orienta9ao quando solicitado por ela

A vigesima primeira foi mais uma sessao dedicada a orient89ao a mae

quando esta mencionou que Festa cada vez melhor seus tremores quando quer

chamar a aten9ao estao diminuindo a cada dia

No vigesimo segundo encontro com F a interven9ao utilizada foi 0 desenho

Eta desenhou margaridas e mencionou que se fosse uma planta queria ser uma

margarida e S8 fosse urn objeto queria ser uma estrela Ja na sessao seguinte que

foi a vigesima terceira a intervencao utilizada foi brincar de casinha cnde F mostrou

a sua intera9ao familiar dizendo que trabalhava em um hotel (como na realidade sua

mae trabalha) 0 marido trabalhava em hotel e seu pai estava muito doente (na

realidade ja e falecido) e tinha muitas dores no corpo

Ate 0 momento foram feitas as vinte e tres sess6es aqui descritas nas quais

a crianya demonstrou significativas mudantas no comportamento

33 ANALISE DO CASO

Inicialmente F nae obedecia fazia de conta que naD escutava e quando

queria algo come9ava a tremer nao obedecendo a regras e limites impostos pelos

respons8veis A mae dizia que a filha ficou assim desde a morte do pai pais este a

bajulava muito fazia tudo 0 que ela desejava

Notou-se que F testava os limites dos adultos para conseguir 0 que desejava

e as pessoas que a cercavam para se livrarem das birras acabavam par fazer 0

que ela queria

34

Na escola nao conseguia se relacionar com os colegas quando a professora

pedia para fazer alguma atividade F lazia do jeito que queria

A mae de F fazia as atividades par ela dizendo que ~nao queria tazer como

seus pais naD que eles fassem ruins mas eles naD conversavam e naD tinham

tempo de dar atenC80 e de ensinar as deveres da escola

Durante 0 tratamento F inicialmente demonstrou ser cordata posteriormente

mostrou comportamentos de manipulayM querendo controlar a situayao e

procurando forcar que todos as seus desejos fassem realizados Na presenva da

mae nao obedeceu a nenhuma das ordens dela gritou e ficou clara a dificuldade da

mae em dar limites a filha F mostrava-se muito irritada

Foram feitos contratos com F e passou-se a trabalhar atraves de acordos as

limites Com estas regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela

queria

No tratamento foi fundamental que a mae e as demais pessoas que rodeiam a

crianya modificassem sua forma de agir Foi orienlado a mae que quando

ocorressem as tremores ela devena fazer de conta que nao havia percebido nada

Em sessao com a professora de F constatou-se que a hipotese de

problemas de aprendizagem se apresentava mais em lace da lalta de estimulo para

que esta realizasse suas pr6pnas atividades ao inves de que outras pessoas as

fizessem por ela Foram leitas sessees com a finalidade de comprovar se F tinha

problemas de aprendizagem e verificou-se que esla linha plena capacidade de

realizar as tarefas sozinha Em relayao a interayao familiar F dramatrizou em uma

atividade que sua mae trabalhava em um hotel 0 que correspondia a realidade e 0

marido trabalhava em hotel que seu pai estava muito doenle e tinha muitas dores

35

no corpo quando na realidade seu pai ja era falecido Mostrava com isso a falta que

a funy80 paterna Ihe fazia

A mae de F I numa sessao dedicada a sua orientay8o mencionou que F

estava cada vez melhor e que seus tremores para chamar a atenC80 estavam

diminuindo a cada dia

36

4 ORIENTA~OES AOS PAIS

ZAGURY (2001 p59) na complexa tarefa de dar limites sem ser autocratico

ou seja de como disciplinar sem bater OU sem ser coercitivQ com a crianya sugere

algumas estrategias

bull Premiar ou recompensar a born comportamento - sempre que a crianca

tiver atitudes corretas devemos ressaltar este tatoo E bern comum que as

pais muito ocupados com tarefas cotidianas esqueltam de elogiar

somente lembrando de ralhar quando os ftlhos fazem algo errado Desta

forma as criancas entendem que naD vale a pena fazer tudo certinhon

pois nao recebem aprova9ao A melhor forma de alcan9ar um objetivo

educativo e elogiar incentivar e ressaltar tudo a que a crianca fizer de

positivo

bull Diferenciar premiar de dar coisas materiais - apesar do consumismo

vigente as crianvas ainda valorizam mais urn carinho urn elogio sincero

reconhecimento do esforco do que presentes dinheiro e viagens

Eventualmente pode-se presentear materialmente mas e importante nao

comprarmos as crianras pois desta forma elas aprendem a agir de modo

calculista Se dermos nosso carinho e aprovayao seu ego se fortalecera

sua auto-estima se elevara e gradualmente a crianya sentira prazer em

agir de forma adequada

bull Fazer com que a crianya assuma as conseqOemcias dos seus atos - com

carinha e naturalidade devemos conversar e agir apontando seus erras e

fazendo com que reftitam sobre as atitudes incorretas antieticas ou

egocentricas tomando 0 cuidado de deixar claro que 0 que desaprovamos

37

sao as atitudes incorretas e naD suas caracteristicas pessoais 5e mesma

ap6s a explica~o a crianca reincidir na atitude incorreta entao e 0

momento de faze-Ia compreender que e responsavel pelos seus atos e

tambem pelas suas conseqGencias Deve-se ressaltar as consequemcias

do ato born carinho aprova~o estimulo etc Como do ato incorreto

desaprova9ilo nao reforyamento deixar de fazer algo que gostam etc

Deve-se ter em mente que as elogios premiacoes bern como as puni90es

devem ser proporcionais ao fato Ou seja e necessario que se tenha born sensa e

equilibrio para que as acoes sejam autenticas e valorizadas pel as criancas

COUTINHO FILHO (2003) tambem sugere algumas possibilidades para

colocar parametros de limites para a crianca

bull Nao coloque limites conforme seus desejos pessoais

bull Demonstre que voce e as demais adultos tambem tern limites a respeitar

bull Diga qual puni9ilo a ser dada para cada limite ultrapassado e nao deixe de

executa-Ia

bull De puniyoes brandas para atitudes brandas e puniyoes pesadas para

atitudes pesadas

bull Deixe claro que a puniyao Eo pelo ate e nao pela pessoa

bull Justifique os motivos do limite Nao faca isso porque nao quero ou nao

gosto nao Eo justificativa

bull Repita quantas vezes for necesstuio

bull Use sua autoridade sem provocar submissao e mal estar

bull Use da afetividade para impor limites

38

ZAGURY (2001) destaca pontos importantes para nao perder a autoridade

perante os filhos

bull Cumpra 0 que disse (seja premia ou conseqOemcia) ou seja ameacou

execute prometeu faya

bull Seja coerente 0 que nao pode nao pode nunca (salvo raras excessoes)

nao mude de atitude como quem mud a de roupa (au de acordo com 0 seu

humor)

bull Faya com que seus filhos gradualmente assumam responsabilidades

Deixe que eles participem das decisoes sabre premios ou conseqOeuromcias

- isto ajuda a amadurecer e compromete a crianca e as jovens que

aderem mais ao que ajudam a construir (mesma que sejam sans6es para

eles proprios)

bull Cuidado com 0 que diz e com 0 modo como diz - critique 0 ato nunca a

pessoa ou a personalidade de seus filhos Trate somente do assunto que

S8 esta analisando no momento naD desenterre coisas do passado sem

necessidade Nao fique com pena da crianya se ela chorar ficar triste

nao talar com voce E melhor ela ficar triste hoje mas aprender a respeitar

o pr6ximo a 5i propria e a palavra empenhada do que sofrer futuramente

nos seus relacionamentos interpessoais

Segundo TIBA(2002) os filhos nao vem com manual pois eles mesmos sao 0

manual au seja cada criancaencerra uma individualidade e a cada dia os pais irao

aprendendo com cada filho E importante neste aprendizado os pais privilegiarem 0

desenvolvimento relacional atraves de um procedimento basico que deve ser

aplicado a cada fllho Para TBA (2002) ese procedimento e valido para qualquer

39

relacionamento entre pessoas de qualquer idade mas que e relevante na formaC8o

da auto-estima da criancadesde 0 seu nascimento Para 0 atendimento integral a

uma crian9 sao cinco os passos parar ouvir olhar pensar e agir (TIBA 2002

p127)

TIBA (2002) descreve os cinco passos da seguinte forma

1 Parar - parar 0 que estiver fazendo ou pensando e dar atenyao total acriancaCasa naD possa parar naquele exato momento vale colaear uma

das maos no ombro da crian9 enquanto diz que logo vai atende-Ia A

crianya deve ficar esperando ali juntinho de voce Pode ser que ela queira

sair para voltar logo depois Se a iniciativa de sair for da crianca a

responsabilidade de voltar sera dela Mas deve evitar ao maximo dizer

para a crianca ocupar-se com Dutra caisa enquanto voce termina 0 que

esta fazendo Nem sempre ela volta outra vez pelo mesmo motivo E

tambem fundamental deixar de lado ideias preconcebidas sobre 0 que a

crianca vai fatar Se voce pensa ~Iavern aquela chata me encher Dutra

vez seu cerebro ja esta preenchido em parte com esse pensamento e

voce perde a chance de atende-Ia integralmente

2 Ouvir - e a parte racional Os pais devem olhar no funda dos ahos da

crianca como se a Duvissem com as ahos A criany8 precisa aprender a

se expressar Nao se deve tentar adivinhar 0 que ela quer Quando pede

alguma coisa esta desenvolvendo sua capacidade de pensar de formular

uma pergunta e de se expressar para que outras pessoas possam

compreende-Ia

3 Olhar - e a parte instintiva Num piscar de olhos uma pessoa consegue

ver tantas coisas que levaria muito tempo explica-Ias em palavras Tudo 0

40

que se percebe visualmente tambem tem que ser considerado para

compreender a crian9a

4 Pensar - lados os elementos percebidos tanto visualmente quanto

verbal mente mais 0 sentido educativo que se que ira imprimir na forma9ao

da criana devem fazer parte da resposta a ser dada Sentido educativo e

o objetivo a ser atendido com a educaao que esta sendo dada (Quer que

o filho seja egoista Coloque-o sempre em primeiro lugar em detrimento

dos outros e diga sim a todos os seus desejos Quer que ele seja feliz

Ajude-o a desenvolver a satisfailo pelo que e e pelo que consegue fazer

a tolerimcia a compreensao dos Qutrosa vontade de ajudar a quem pede

e a etica do bem)

5 Agir - essa aao ou resposta deve ser bem clara e objetiva Melhor ainda

se voce puder se assegurar de que a crianca real mente saciou sua

vontade

E importante ressaltar que os cinco passos devem ser utilizados em todas as

situayaes desde 0 tombo da crian98 pequena ate quando a crian98 crescer Ao se

utilizar este procedimento basico as atitudes dos pais tendem a ser coerentes Par

exemplo se uma crianca calr naD e necessaria as pais sairem desesperados em

todas Situ8COeS mas avaiar se 0 tombo foi grave QU se foi urn tombinho que naD

precisa de maiores cuidados Tambem as pais naD devem sair dizendo que chao

feio que passa a falsa ideia que 0 chao e culpado pelo seu tombo a criana tem

que aprender que ela deve ter cuidado Se ela se choca uma ou duas vezes numa

mesa ela aprende a ter cuidado por sua pr6pria experiencia TIBA (2002 p133)

41

destaca que a afobayao e a reacao exagerada dos pais geram inseguran9a na

crianca

Outre fato bastante comum e as pais deixarem as ftlhos ganharem jogos par

exemplo tentando agrada-Ios mesmo que os deseduquem As crian9as tern uma

sabedoria natural Brincam e competem de acordo com as conhecimentos e as

capacita90es de que disp6ern E mais facil para 0 pai brincar como se fosse crian98

e deixar 0 filho ganhar sempre Esse comportamento contudo da a crianca uma

visao irreal do que e jogar Ganha-se algumas vezes perde-se outras (TIBA 2002

p136) Ou seja e mais educativ~ para a criana descobrir que podemos ser bons

em algumas caisas mas nao em tudo Passa-se uma experiencia da realidade para

a crianC8

TIBA (2002) tambem cita 0 caso de colocar a crian9a no colo enquanto se

dirige urn carro A crianC8 tern a falsa sensacao de que comanda 0 veiculo mas issa

nao passa de urn poder irreal Ao dirigir urn carrinho de brinquedo ela poderia de fato

se sentir poderosa IS50 sem falar que quando 0 filho crescer ao 15 anos par

exempla vai querer sair com 0 carro do pai mesmo sem poder Mas quando era

criancaeu podia

o caso classico da criancaquerer dormir com os pais tambem e abordado por

TIBA (2002) segundo 0 autor 0 ideal e que desde bebe a crian9a deve aprender a

dorrnir no seu lugar mesmo que ache mais gostoso aninhar-se entre os pais Ir cada

urn para sua cama da 0 sentido de que cada urn tem seu territorio ai tambem

estamos delimitando limites onde sao respeitados 0 so no e 0 espacode cada urn

Crian~asmaiores que ja andam devem ter um lugar (ou quarto) proprio para dormirMesmo que ocasionalmente adorme~am na cama dos pais e importante que sejamlevadas a sua cama para que acordem la Nao devem adquirir 0 habito de dormir nacama dos pais Tenha paciencia e fale claro em born tom olhando seriamente nofundo dos olhinhos dela ~Cada coisa no seu lugar cada pessoa na sua cama~

42

Quando a crian(f3 percebe que 0 limite e coisa sena e vai ser cumprido procura seajustar(lIBA 2002p115)

OLIVEIRA (1999 p120) enumera as diversos problemas que causam a fato

dos filhos permanecem no quarto dos pais na hora de dormir considerando-as de

difieil recupera~aoposterior

1 Faita de valorizayilo da privacidade tanto do casal como da crianya

2 Mantem a relacao simbi6tica au seja a li98980 existente entre mae e

bebe prejudicando 0 desenvolvimento emocional da crian93

3 A crianya tende a formar relayao de dependencia da protey80 e da

preseny8 dos pais ate mesma durante 0 sono

4 Quando chegar a fase em que a crianca elege entre 0 pai e a mae 0 seu

preferido tenta afastar 0 autro esticando-se e virando-se na cama de

modo a deixar a preterido desconfortavel a ponto deste mudar de lugar

sair da cama e ate mesma do quarto

E importante ressaltar que sempre as regras devem ser claras e naD sujeitas

a mudancas pois a organizacao interna dos filhos fica muito prejudicada se dormir

au nao na cama dos pais se transforma numa possibilidade que depende apenas do

humor dos pais ou de quanto 0 filho se recusa a dormir sozinho (chorando

acordando diversas vezes etc) A crian9a com autonomia de sono e mais

independente e feliz (TIBA 2002 p116)

Enfatiza-se que na maiaria dos casas as pais permitem que as criancas

fiquem ate mais tarde no quarto deles nao e par uma exigemcia ou necessidade da

crianya mas par alguma deficiencia desequilibrio au imaturidade dos proprios pais

(OLIVEIRA 1999 p122)

43

Em relaiio ao choro da crian9l ressalta-se que ha dois tipos de choro 0 que

expressa dor e 0 que busca pader

Se 0 filho descobrir que pade usar a chom como fonte de poder as pais estaoperdidos Nunca mais saberao dizer se ele chara par dar au poder Urn chore depoder Necessita dos olhos e dos ouvidos de quem se quer dominar Ingenua acrianya que usa 0 choro como pader para imediatamente apes conseguir 0 que querOai a importancia de as pais ficarem atentos para nao ser manipulados (TIBA 2002p158)

o choro que apela para 0 lade coitadinho inspira ternura Eo urn tipo de

manipula9ao que busca 0 dominio pela chantagem aletiva Eo dilicil neutralizar 0 uso

do choro como arma

Segundo liSA (2002 p159) Urn pouco de dor nao matara a crian9a assim

como urn poueD de pader nao matara as pais ( ) Se traumas infantis matassem a

humanidade estaria extinta Nao ha filho que nao tenha side contrariado A imensa

maioria deles tern condi90es de agOentar contrariedades 0 autor destaca que pais

que sao soHcitos ao extrema nao trayam um born e segura trajeto para seguir 0

resultado e que a crianya fica insegura pais perde a confianca neles ela pressente

que as pais nao tern firmeza nas suas decisoes e sao manipulaveis

Deve-se tomar cuidado com as exageros urn erro cometido pelos pais

desde que nao seja baseado na violencia em surras socas e pontapes naa traz

problema nenhum Atos como esses descarregam a raiva mas nao tern forlta

educativa pois violmcia s6 gera violencia (liSA 2002 p159)

Em rela9aOaos pais lazerem as tarelas pelos filhos ou ainda pior comprar os

resultados ressalta-se que este tipo de atitude nao ajuda a crianlta cria

dependencia e compromete 0 desenvolvimento escolar Alem disso as pais acabam

privando os filhos do gosto de uma conquista dando uma mensagem subliminar de

que eles sao incapazes Os pais nao devem privar os filhos do gosto de uma

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

REFERENCIASBIBLIOGRAFICAS

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ZAGURY T Educar sem culpa a genese da etica 15 ed Rio de Janeiro Record2000

__ Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sabre a tirania dosfilhos 15 ed Rio de Janeiro Record 2000

Limites sem trauma - construindo cidadaos 25 ed Rio de JaneiroRecord2001

WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

Page 12: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

9

22 A RELACAO INDISCIPLINA x LlMITES - UM OBSTAcULO PARA A

APRENDIZAGEM

A questao da disciplina envolve varias faces de um problema E necessario

desenvolver uma visao sistemica e analisar par todos as o3n9u105 aluno escola

familia sociedade A motiva9ao e um fator fundamental para que 0 aluno seja bem

sucedido no sistema escolar permanecendo no mesmo e realizando as tarefas

necessarias para 0 seu conhecimento e aprendizagem Considera-se que 0 sucesso

dos filhos no sistema educacional decorre entre Qutras eoisas da motivacaoque as

familias conseguiram despertar neles em relacaoa instituicao

o problema indisciplina pode ser entendido como conseqOeuromciade um leque

de situa90es vividas em familia pais inseguros quanto a colocar ou nao Iimites

relacionamentos tensos entre pais excesso de zelo para reparar a culpa por ter que

deixar a criancaprivada do cantata com as pais que trabalham fora criancas que

passam a maior parte do tempo em frente da TV ou na rua com Qutras criancas

sofrendo tode tipo de influencias prejudiciais a sua educacao pais autoritarios ou

muito liberais falta de dialogo e bom exemplo no seio familiar desconhecimento da

importancia dos relacionamentos dos primeiros anos de vida como base da

formaC8oda personalidade par parte dos pais Sao estas criancascom hist6rias de

vida as mais variadas possiveis que chegam a uma escola e encontram ali narmas

rigidas ou ausencia de narmas Professores com uma serie de limitac6es na sua

forma9aO humana e academica que passam a desempenhar 0 papel de educador

em sala de aula

A familia e a escola devem atuar em parceria objetivando a aprendizagem e

o sucesso escofar do auno Elas sao 0 aicerce e modelo para que as criancas

10

aprendam naD somente conteudos mas tambem a viver em sociedade com suas

normas et portanto e necessaria que tenham objetivos comuns em relacao a

val ores disciplina e convivio social Este suporte e proporcionado nao somente pelo

ambiente adequado mas no equilibrio e tranqOilidade do lar e da escola Assim

sendo 0 aluno nao S8 sente abandonado inseguro mas sim recebendo

orientacoes estimulos e principal mente exemplos de responsabilidade e respeito

Para WINNICOTT (1971) a saude do pais depende de unidades familiares sadias

com pais que sejam individuos emocionalmente maduros

Nao hit uma causa (mica para a indisciplina mas sim uma conjuncao de

fatares que interagem uns sabre 0$ Qutros que imobilizam 0 desenvolvimento do

sujeito e do sistema familiar nurn determinado momento afetando 0 aspecto

comportamental e a aprendizagem do aluno

o individuo ao ingressar na escola ja teve experiencias relacionadas a

diversas situac6es e ira reagir a esse novo ambiente Ha alunos com dificuldades de

adaptayao e rendimento insatisfatorio nos estudos por estarem comprometidos par

ansiedades e tensOes psiquicas

E imprescindivel que a familia e a escola deixem de ficar se cui pando

mutua mente e passem a refletir sobre sua funyao vital no desenvolvimento de

individuos adaptados ao ambiente realizados e capazes de utilizar suas

potencialidades de forma construtiva para a sociedade e consequentemente para

o fortalecimento da familia e da escola como instituicoes estruturadas e em

permanente evolucao

Ressalta-se urn aspecto muito importante relacionado a agressividade e mais

especificamente a indisciplina E a questao dos limites Pais e professores precisam

11

ter em mente a importancia de trabalhar essa questao com filhos e alunos e

diferenciar a demarc8C8ode limites de autoritarismo ou abuso do poder

Sermos adequados e saber encontrar a distancia certa entre nos e a Qutro E

naD ocupar um espaco exc8ssivamente pequeno para naD nos sentirmos acuados e

ameacados evitando tomar-nos agressivos () Todo ser vivo necessita de um

espatominima para viver sem 0 qual torna-S8 agressivo e luta pela sobrevivencia

ou perece (MIRANDA 2001)

OLIVEIRA et al (1999 p151) destaca a importancia dos limites

A disciplina e 0 todo que engloba a organiza~o que mantE~m a ordem entre aseoisas e as pes50as 0 limite e a fator que determina 0 campo e a espalto daatualfao Portanto 05 limites sao urn dos principais fundamentos da disciplina 0limite e que determina onde os meus direitos terminam e onde iniciam os dos outros() E necessario que 0 limite comece a ser estabelecido desde a forma~o dapersonalidade da crianca ou seja desde 0 nascimento () Ensinar a crianya aobedecer limites e treina-Ia para a vida

E preciso que os adultos aprendam a nao invadir 0 esparo da crianca nao

permitindo tamhem que as crianyas invadam 0 espayo dos outros E necessaria

quebrar este cicio vicioso que faz com que a indisciplina continue a ser 0 centro das

atenc6es na escola e na familia Dar limites e nao impor Iimites este e 0 grande

desafio para pais e educadores

Para que a criancaaceite os Iimites impastos e necessario que os pais au a

pessaa responsavel acredite no que esta dizendo e 0 faca com firmeza e explique

para que a crianra acredite e para que absorva a ideia de que ela nao esta proibida

de tudo mas que nem tudo 0 que desejamos podemos fazer mas ela pode fazer

quase tudo (ZAGURY 2001)

Quando se da Iimites esta se fazendo urn ato de amor oj crian~a e ao futuro adulto

ensina-se a ele a viver em sociedade a respeitar e ser respeitado esta se poupando

12

a crianca de cair no mundo das drogas e da violencia cnde 0 limite e muitas vezes a

marte

221 0 Papel da Familia

Os pais tem um papel fundamental na motivayao do aluno e sua participa9ao

e imprescindivel para que 0 aluno aprenda Desta forma a familia faz parte do tripe

que sustenta uma aprendizagem com sucesso Quando a familia esta tranqOila e a

rotina de casa esta equilibrada 0 aluno apresenta maiores oportunidades para urn

bom aprendizado

A familia e suporte fundamental para 0 bom desempenho escolar Pode-se

dizer que a clima familiar influencia no desempenho escolar e pade trazer prejuizos

ao rendimento escolar quando naD harmonioso

Se a familia naD da a crianca a base emocional firme 0 que tazer

E importante ensinar a crianca a identificar as sentimentos e lidar melhor com

eles

DAVIDOFF (1983) descreve como se da 0 desenvolvimento do ser humane

desde a concepcao e a importancia dos relacionamentos dos primeiros meses de

vida e da primeira infancia na forma9ao da personalidade e da socializayao futura do

individuo Para ela a base de urn relacionamento sadie entre mae e filho esia na

intensidade de afeto que a mae dispensa a crianca na amamentaC8o enos

cuidados na satisfa9ao de suas necessidades fisiol6gicas A qualidade das

intera90es sociais da crian9a estrutura a personalidade do individuo de algumas

formas importantes Falando de frustra90es conflitos e outras tensoes a autora

chama a aten9ao dos adultos que convivem com a crianca e 0 adolescente para sua

(~ )(~~l J 13

lt~C~responsabilidade em apoiar orientar e acompanha-Ios para que possam superar as

situaryoes conflitivas evitando assim 0 desenvolvimento de uma personalidade

agressiva e desajustada

DAVIDOFF (1983) vai mais alem ao dizer que pais maduros e seguros

envolvem os filhos em tomadas de decisao e assuntos da familia Apresentam

razoes para a que solicitam e proporcionam experiemcias graduais apropriadas para

a afirmayao da independencia Ainda assim retem a responsabilidade final Os filhos

dos pais maduros tendem a ser autoconfiantes independentes possuem boa auto-

estima e born relacionamento com suas familias Os pais autontanos preferem

taticas primitivas duras quando surgem conflitos insistem em obediemcia Sao

coercitivQs e favorecem a desenvolvimento de transtornos como 0 desafiador

opositivo No outro extrema os pais laissez faire que afrouxam totalmente as

limites sao totalmente igualitarios Todos os membros da familia estao

essencialmente Ilvres para fazerem deg que quiserern Raramente estes pais tomam

decis6es ou aceitam responsabilidades Os adolescentes filhos de pais autoritarios

e do tipo laissez faire tendem especialmente a ter problemas de ajustamento

o individuo age com relary8o a certas pessoas como seus pais se

comportaram para com ele Caso as imagos paternas que sao preservadas em

nossos sentimentos e em nossas mentes inconscientes forem predominantemente

rigidas nao poderemos estar em paz com n6s mesmos Odiamos em n6s as figuras

rigidas e intolerantes que tambem formam parte de nosso mundo interno e que sao

em grande parte a resultado de nossa agressividade para com as nossos pais

o homem e urn ser social ele precisa viver com as outros homens para

desenvolver suas necessidades basicas como 0 trabalho a criatividade a arnor par

14

issa ele S8 juntou em comunidade As comunidades sao uma reuniao de pessoas

que tern interesses comuns au seja interesses iguais

Familia e 0 nucleo de pessoas aparentadas que tern la90s de sangue e que

se apoiam no sentido de manter 0 nucleo permanentemente em comunhao

Hit uma serie de expectativas sociais em relacao it familia e preciso que

socialize as criancastomando-as capazes de viver junto aos Qutros seres humanos

A institui9ao familia tern passado ao longo da historia da humanidade por crises

muito serias As formas de familias sao extrema mente variaveis E mais variaveis do

que dentro de nossa proprio pais sao as formas de familia de Qutros paises do

mundo

A familia ah~m de reproduzir novos seres humanos tenta produzir neles as

seus habitos costumes e valores atraves de gerayoes

A familia sempre foi a celula-mater de uma sociedade ou refUgio das

atribuiyoes do mundo Tambem a religiao impoe normas as familias que em torno

del a se reunem Grande parte do comportamento de uma familia no sentido moral econtrolado pela religiao em que ela acredita Em troca a religiao e sustentada pela

familia fazendo com que as crencas e preiticas mora is subsistam por seculos e

levando as pessoas a uma aceitacao de punicoes impostas

o prestigio social dos individuos na familia tradicional de seu

comportarnento diante de sua fe de seu comportamento em rela9ao a familia e de

sua origem e influenciado pelos costumes que traz atraves de geralt6es Durante

anos a familia conduziu-se como uma barreira diante de inovac6es e de formas

novas de ligalt8o homem-mulher-filhos Os vinculos familiares representam uma

seguran9a afetiva e material muito importante para 0 desenvolvimento do individuo

A historia da humanidade assim como os estudos antropologicos sobre os

15

pavos e culturas distantes de n6s (no espacoe no tempo) esclarecem-nos sabre a

que e familia como existiu e existe hoje Mostra-nos como fcram e sao hoje ainda

variadas as formas sob as quais as familias evoluem se modificam assim como

sao diversas as concepcoesdo significado social dos la-os estabelecidos entre as

individuos de uma sociedade dada

Apesar dessas variacoes a forma mais conhecida e valorizada de nassos

dias a familia composta de pai mae e filhos chamada familia nuclear normal

Este e 0 modele que desde criancaS8 ve em livres escolares nos filmes na

televisao mesma que no seia familiar S8 verifique urn esquema diverso

A natureza das rela90es dentro de uma familia vai se modificando atraves do

tempo 0 aspecto mais problematico da evolU9aO da familia est sem d0vida

alguma ligado ao questionamento da posi9ao das crian9as como propriedade dos

pais e a posiryao economica das mulheres dentro da familia Inclui-se ai 0

questionamento da distribui9iio dos papis ditos especificamente masculinos e

feminin~s e esse e urn problema chave para 0 surgimento de uma nova estrutura

social

Nao se poder mudar a institui9ao familiar sem que toda a sociedade mude

tambem Pode-se afirmar ainda que qualquer modificayao na organiza~aofamiliar

implicara tambem numa modifica9ao dos rigidos papeis de esposa mae ou

prostituta os 0nicos atribuidos as mulheres Quanto as crianyas ha algum tempo ja

o Estado intervem entre pais e filhos e desde a pouco os pais sao passiveis de

denuncias pelos vizinhos caso punam fisicamente seus filhos

Atraves da escola do controle sobre os meios de comunica~aode medicos e

psic6lagas a pader dominante de cada sociedade mais au menos sutilmente imp6e

normas educacionais sendo dificil aos familiares contraria-Ias De uma maneira

16

geral cabe ainda aos pais grande parcela de poder de decisao sobre seus filhos

menores Parcela essa cada vez mais contestada A esse pader equivalem por

parte dos filhos direitos legais em relagao aos seus pais em particular no sistema

capitalista Direitos a assistencia educayao manutenyao e participacao em seus

bens e proventos

A familia como toda instituigao social apresenta aspectos positiv~s enquanto

nucleo afetivo de apoio e solidariedade Mas apresenta ao lade destes aspectos

negativ~s como a imposicao normativa atraves de leis uscs e costumes que

impllearn formas e finalidades rigidas Torna-se muitas vezes elementa de coayiio

social geradora de conflitos e ambigOidades

A agressividade inata tende a sef ativada pelas circunstancias externas

desfavoraveis e inversamente e mitigada pelo arner e compreensao que a crianca

recebe 0 seu desenvolvimento e suas reac6es com 0 adulto devem ser

considerados como resultantes da interacao e influencias externas e internas

Um sistema familiar disfuncional nM permite ao aluno a maturidade

necessaria para conseguir urn born desempenho academico

A problematica emocional ligada a situayao conflitiva absorve a

disponibilidade perceptiva e reacional do individuo a estimula~ao externa

dificultando a sua integragao ao ambiente e perturbagao nao 56 a sua capacidade de

aten98o de concentra~ao de raciocinio mas sobretudo a de relacionamento Assim

sendo as dificuldades de assimilayao na aprendizagem escolar podem estar ligadas

a fixagoes emocionais (NOVAES 1970 p 145)

Geralmente criangas com problemas emocionais adotam atitudes agressivas

de inibiyao constri9ao regressao isolamento hostilidade oposigao indiferenya

17

indisciplina exibicionismo dissimula~aosensibilidade e au emotividade excessivas

sendo freqOentesos problemas de mentira de furto e de natureza sexual

Na instituiyao familiar seja ela qual for e a ligayao emocional entre as

pessoas que as torna mats felizes e saudaveis

As perturbaltoes no ambiente familiar interferem no comportamento do

individuo Existe urn processo duple entre 0 lar e a escola as tensoes que sao

geradas num ambiente se manifestam como perturbaltoes no comportamento do

outro (WINNICOn 1971 p 223)

Resgatar a papel da familia e seus vaiores levan3i 0 aluno a sentir-se

amparado A autoridade paterna e materna participativa se faz necessaria na

criayao e educaltao na orientayao e aquisiltao de bons habitos influentes na

projeltaosocial das pessoas Nao necessariamente isto se refere a presenltafisica

de ambos os pais mas da existencia das funlt6esenquanto autoridade

A emoltaopermeia todos os aspectos da vida diaria do ser e tambem interfere

na aprendizagem fazendo-se necessaria urn conhecimento dos aspectos

emocionais para assim pader assistir 0 aluno em seu trabalho escolar A

estabilidade no ambiente familiar proporciona ao individuo seguranya e

independencia A participaltao da familia no cotidiano escolar e de suma

importancia para a aprendizagem

Os jovens nao podem se sentir abandonados eles precisam de exemplos e

sobretudo de afeto para a construltaode uma vida melhor

SOUZA (1995 p 58) considera que a inibiltaointelectual estaria na base da

dificuldade de aprendizagem Existem fatores da vida psiquica da crianlta que

podem atrapalhar 0 born desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaltao

18

com a aquisirao de conhecimentos e com a familia na medida em que as atitudes

parentais influenciam sobremaneira a rela~aoda crianca com 0 conhecimento

Ressalta-se que entre as variDS fatores que influenciam 0 aspecto emotional

da crian9a tem-se alcoolismo familia numerosa sem condicoes minimas estruturais

brigas freqOentes em casa abandono trabalho infantil etc A convivmcia com um

au mais destes fatores acarreta na impossibilidade do aluno concentrar-se nas

aulas visto que a sua aten9ao se volta para a tentativa de resolu9lo dos problemas

familia res que ele julga insoluveis na maioria das vezes Existe urn certa

conformismo misturado a angustia quando 0 aluno consegue expor 0 problema que

o aflige

Deve-se compreender que a familia esta envolvida em diversos problemas

oriundos das pressoes s6cio-econ6micas das dificuldades de habita9ao

alimenta9ao e trabalho sem tranqOilidade para assimilar e analisar os estimulos

externos integrando-os a sua dina mica familiar

A influencia do ambiente familiar e decisiva para 0 ajustamento emotional e

muitas vezes 0 grupo familiar nao oferece condi90es de estabilidade e de

seguranya emocional para 0 desenvolvimento normal de seus filhos

Grande incidencia de conflitos emocionais que se exteriorizam par ansiedade

sentimentos de inferioridade de inseguran98 depressao medo negativismo e

incapacidade de estabelecer rela90es afetivas geralmente coincidem com 0 grande

numera de familias desintegradas desunidas de pais ausentes incompreensivos

imaturos neur6ticos dominadores desajustados que nao podem dar compreensao

amor e apoio aos filhos

ZAGURY (2000) relata 0 resultado das duvidas e incertezas de muitos pais

Para ela os pais devem compreender que mais importante que satisfazer os desejos

19

da CrianC8 e ensinar principios eticos como honestidade solidariedade e respeito

mutua Principios estes que sao fundamentais para 0 born relacionamento social na

adolescencia e vida adulta

Limites sao regras ou normas de condula que devem ser passadas para as

criancas desde tenra idade Eles mostram as crianyas 0 que podem e 0 que naD

podem 0 que devem e 0 que nao devem fazer Ensinam tambem como respeitar 0

proximo facilitando a socializayao Os limites devem fazer parte da educaao pois

vivemos em sociedade e para a boa manutencao desta se faz necessaria a

existencia e 0 respeito as regras (COUlINHO FILHO 2003)

Em seu livro Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sobre a tirania

dos filhos ZAGURY (2000) discute os principais problemas que envolvem a

educayao dos filhos na sociedade moderna quando toda uma geraao de pais foi

influenciada par urna visao excessivamente psicologizante As ambigOidades as

diferenyas entre as regras estabelecidas pelos te6ricos sao debatidas e criticada a

tirania de alguns especialistas que contribuiram para a disseminayao de um dos

maiores males da educaao - 0 chamado psicologismo A autora alerta para a

necessidade de as pais serem criticos nas orientayoes e conhecimentos adquiridos

sobre a educaao dos filhos e chama a atenao sobre os limites e a necessidade de

autoridade por parte dos pais a importancia de se construir uma relayao baseada na

autenticidade e na democracia tanto para as crianyas quanta para seus pais

Para liSA (1996) a disciplina tern inicio antes mesmo do nascimento atraves

do modo como os pais se comportam no relacionamento mutuo Os primeiros dias

de vida e as interac6es com os pais ou pessoas que as substituem sao de

fundamental importancia no desenvolvimento bern ajustado Pois e nessa interayao

que a mae transmite 0 modo de ser da familia e isso e essencial para ajudar 0 filho

20

a formar 0 seu ser psicol6gico pois a crianca traz ao nascer apenas 0 seu ser

biol6gico

0 pai deve ter muita saude pSicol6gica para participar do gesto de

alimentat8o que tern urn significado tremendo no ge5to afetivo A crianca nao

precisa s6 de leite 0 leite alimenta 0 corpo 0 afeto e 0 alimento da alma Crian

sem afeto entra em depressao(lIBA 1996)

Deve-S8 ressaltar que 0 limite e diferente de repressao 0 primeiro S8 instala

atraves das puniyoes ja a repressao atraves da culpa A puniy80 age sabre a ato e

a culpa sabre a pessoa Durante 0 desenvolvimento da clianca 0 limite e saudtlVel

quando este refere-s8 apenas aos atos naD desrnerecendo au desvalorizando a

pessoa A crian nao deve se sentir culpada pelos seus atos mas responsavel par

estes (COUlINHO FILHO 2003)

llBA (1996) diz que os pais que exageram na preocupayao com a choro e a

comida estao contribuindo para ter urn indisciplinado dentro de casa estao

desrespeitando a desenvolvimento biol6gico da crian A mae que trabalha fora

sente-se culpada par deixar a filho sozinho na creche au na escola e depois a

superprotege para reparar a culpa acabando par criar urn folgado dentro de casa

o modo como lidar com a liberdade e Dutro fatar influenciador no comportamento da

crianya e do adolescente Impar limites sem submissao e autoritarismo e outro

desafio para os pais que precisam respeitar a espayo de individualidade sem se

submeterem aos seus caprichos

o tema indisciplina oj amplo e muito se tern ainda a pesquisar estudar e

orientar no sentido de ajudar as pais a encontrarem urn caminho mais segura na

educay80 e formayao da personalidade dos filhos que tern inicio nas primeiras

relayoes entre mae e filho

21

222 0 Papel da Escola

Se a condi9ao basica e necessaria para a aprendizagem e a integridade

moral e 0 estabelecimento da interalYBo professor versus aluno cnde fatares afetivos

e cognitivos exercem influencias decisivas na busca de realizac68s e de desejos

confirmando-Ihes determinadas caracteristicas inteny68s e significados e na escola

que ocorrem boa parte dos problemas com as quais 0 aluno S8 esbarra lentidao de

raciocinio falta de atenyao desintereSS8 indisciplina entre Qutros encontram as

suas origens na estrutura biol6gica sobretudo quando exposta ao meio ambiente

(POLITY 1998)

Em ambientes cnde estes fatares naD sao considerados relevantes que

alunos com dificuldades de aprendizagem ou com problemas de indisciplina acabam

sendo rotulados sofrendo puniyoes devido ao seu fracasso escolar Estes

apresentam lalta de interesse desmotiva980 para estudar pregui9a e distra9ao

Com isto os pais e professores nao entendem estas dificuldades e 0 aluno em seu

permanente estado de tensao nao consegue prestar aten~o e participar das aulas

nao obtendo os resultados esperados (MORAIS 1997)

Outro fator importante e a problematica emocional que deve ser considerada

como decisiva na adaptacao e rendimento escolar podendo trazer serias

conseqOemcias ao desenvolvimento e progresso emocional da crianca A escola

deve oferecer condic5es e estabilidade emocional e atraves do diagn6stico precoce

dos encaminhamentos adequados da pr09rama9aO adequada das atividades

escolares e da preparacao do professor atender a esses casos prontamente

poupando assim a crianra e a sociedade do agravamento dessas situac6es

(NOVAES 1970)

22

Neste interim surge a psicopedagogia como auxiliar no cicio aluno - familia -

escola quando se instala uma dificuldade de aprendizagem 0 psicopedagogo deve

ter urn olhar para 0 contexte global onde est inserida a criana com dificuldade de

aprendizagem as relac6es familia res e escolares

As crian~s que se evadem da escola em geral sao as mais rejeitadas

Estas criancas precisam ser estimuladas ao relacionamento a responder

adequadamente aos sentimentos do outro e a controlar tensao e ansiedade

compreendendo qual e 0 comportamento aceitavel em determinada situacao

E preciso aprender a lidar com a ira e a tristeza a respeitar as diferencas de

modo a encarar as eaisas dificeis aprender a perguntar a negociar a ser mais

assertivo Eo importante somar aos conteudos de hoje as liDes sobre sentimentos e

relacionamentos 0 primeiro passe e aprender a nomear a emoCao compreende-Ia

a partir de suas express6es faciais corpora is E essencial que 0 professor amplie

sua ViS80 sobre as quest6es emocionais desenvolvendo autodisciplina vida

virtuosa capacidade de motivar-se de enfrentar press6es e resolver conflitos

Por tudo isso a escola tem 0 compromisso moral e etico de se preocupar com

o desenvolvimento dos alunos reinventando as aulas e proporcionando a sintonia

do conteudo a capacidade de aprender Considera-se muito importante que a familia

e a escola estabelecarn urn vinculo para tentar mUdanyas em relaC80 it falta de

atenC80 e indisciplina no sentido de ajudar 0 aluno a evitar maiores dificuldades

crises e stress

ANNA FREUD (1971 p162) considera que as normas escolares prestam

pouca ou nenhuma atenC80 as diferencas individuais

o aluno deve sentir-se desafiado e envolvido no processo a todo instante A

capacidade de empatia entre professor e aluno e 0 segredo do sucesso no

23

relacionamento entre ambos A auto-estima e urn ponto tambem fundamental para

um comportamento bem integrado

Num sistema educacional problematico como 0 do Brasil unido ascaracteristicas pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita5es

do professor e toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sal a

de aula interferem na aprendizagem como urn todo Pais e professores devem estar

atentos para educar desde os primeiros dias de vida para a disciplina que nao

5ubmete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemple e 0 dialogo

E preciso que a escala como urn todD e principal mente seu corpo docente

ampliem a consciencia a respeito da responsabilidade que tern em relacao ao futuro

dos seus alunos e alem disso que possam perceber a importancia do bern estar

psicol6gico como uma situacao fundamental para a aprendizagem satisfat6ria A

escola pode e deve propiciar ao aluno seguranca emocional para que ele possa

vivenciar vinculos saudaveis com seus professores e colegas

Espera-se que Utenham uma visao positiva da vida e sentido de humor que

sejam capazes de apreciar 0 valor de uma boa risada para eliminar pequenos

ressentimentos e aborrecimentos que prejudicam 0 crescimento do aluno (MOULY

1979 p 134)

E urgente a necessidade de uma nova escola desenhada para a mente e 0

cora~ao que ensina autocontrole empatia a arte de ouvir de resolver conflilos de

cooperar

A indisciplina pode ser definida como

Indisciplina e a recusa de $ubmeter-se as regras de aprendizagem educativa e a seu sistemade transmissao institucional Relacionada com 0 contexto familiar e escolar a indisciplina eum dos sintomas dos disturbios da inf~ncia e da adolescencia Quee preciso situar no campomutti~imensional da~ i~teracOesentre processos de aprendizagem e finalidades da educayaorelayao educadorlsuJeltolgrupos de alunosJclasse sistema de avaliacao e risco de fracasso

24

Ultrapassando 0 simples registro dos disturbios de carater a indisciplina tern a ver comfatores psicossociais que dao sentido a essa forma de insubmissflo (DORON et ai 1998)

Para VASCONCELLOS (1995) as manifesta90es de indisciplina na escola e

na sal a de aula sao urn problema a ser analisado na sua totalidade levando-se em

conta a familia as mudan~asocorridas na escola a professor a sociedade a crise

dos sentidos e dos limites considerando-se que 0 que se entende por disciplina e

como construi-Ia nurn processo de interarao entre 0 adolescente e a

professorescola

A educaC8o no seu verdadeiro sentido naD se faz sem autoridade pais 0

educando precisa do referencial do educador a fim de ter base para a constru9ao do

seu eu Muitas vezes 0 professor nao consegue disciplina porque nao tem

autoridade diante dos alunos Normalmente 0 professor fica esperando que 0 aluno

traga urn reconhecimento natural para com sua pessoa historicamente esse tempo

passou 0 tratamento de respeito tem que ser conquistado pelo professor

(VASCONCELLOS 1995)

A questao fica complicada quando temas como profissionais da educayao

elementos totalmente alheios e nao educados para a realidade atual Alem da falta

de dominio dos conteudos a serem ensinados falta-Ihes a capacidade de perceber

essas transforma90es hist6ricas que vern ocorrendo no relacionamento educando x

educador Falta-Ihes conhecimento do desenvolvimento humane e psicol6gico de

seus alunos E por fim suas pnticas pedag6gicas sao pobres de metodos que

propiciem a intera9aOe a construyao do conhecimento no respeito mutuo falta-Ihes

autoridade e capacidade de administrar a indisciplina gerada pelos fatores citados

Esses professores podem se deparar com criancas com transtorno desafiador

25

opositivo e muitos deles carecem de orientaCiies de como lidar com este tipo de

conduta

A disciplina escolar e urn conjunto de regras que devem ser obedecidas para

o exito do aprendizado escolar Portanto ela e uma qualidade de relacionamento

humano entre 0 corpo docente e 0$ alunos em uma sala de aula e

consequentemente na escola respeitando as caracteristicas de cada urn dos

envolvidos (TIBA 1996)

Para que haja disciplina em sala de aula isto e alunos motivados satisfeitos

com a aula e necessaria que 0 professor seja urn grande conhecedor do que

ensina da realidade que 0 cerca e tenha a capacidade de envolver 0 aluno na sua

sala usanda uma metodologia e uma didatica que nao deem margem a apatia ao

cans890 a monotonia para ambas as partes 0 aluno deve sentir-se desafiado e

envolvido no processo a todo instante A capacidade de empatia entre professor e

aluno e 0 segredo do sucesso no relacionamento entre ambos

Para TIBA (1996) a indisciplina na escola e vista como conseqOencia do

sistema educacional brasileiro que afeta diretamente as rela90es dos individuos em

sal a de aula e na escola Urn sistema total mente falido unido as caracteristicas

pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita~oes do professor e

toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sala de aula A auto-

estima e citada pelo autor como fundamental para um comportamento bem

integrado Ele aponta tambem inumeras sugestiies para os pais e professores no

sentido de como educar desde os prirneiros dias de vida para a disciplina que nao

submete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemplo e 0 dialogo

Por outro lado encontra-se a escola tentando cumprir a sua funCao (orientar

na constru~ao do conhecimento) e freqDentemente quando 0 professor se depara

26

com um alune que esta precisando de ajuda no aspecto emocional encontra-se

despreparado para lidar com a questao reagindo com intolerancia Consideram

muitas vezes mais tacil fazer julgamentos como 0 alune naD tern jeito bulle da

familia tal todos as irmaos desta familia ja fcram meus alunos e sao todos i9uais

Eventualmente recusam-se a participar de cursos de atualiza9ao e aperfei90amento

e preferem adetar a postura de que sabem que 0 alunD naD tern jeito mesma e nada

S8 tern a fazer a que favorece 0 rebaixamentoda auto-estima do alune e 0

agravamento do problema gerando disc6rdias e aborrecimentos na escola

Urn Dutro aspecto a ser considerado e que tudo sa tornaria mais facil para a

crianca se ao ingressar na escola ela pudesse encontrar um ambiente acolhedor

com regras bern definidas professores conhecedores dessa realidade com

formacaopsicol6gica para propiciar momentos de tomada de consciencia do porque

daquele comportamento fazendo acontecer a catarse e redirecionando as modos de

agir de tais crian~s e adolescentes Porem a realidade das escolas e bem outra 0

proprio ambiente e a mentalidade favorece que ela a crianca a adolescente

coloquem toda a agressao reprimida suas neuroses seu 6dio seus sentimentos

de culpa sua revolta contra a autoridade e a patrimonio escolar Muitas vezes 0

atuno encontra professores que nao se libertaram dos traumas e problemas dos

quais eles mesmos foram vitimas na primeira infancia alern de desconhecerem e

nao saberem lidar com a crianca e 0 adolescente problematico pelo desprepara

pedag6gico e a falta de metodos adequados e atrativos para prender a aten9ao e 0

interesse de seus alunos Sua pratica pedag6gica e pobre de recursos e estrategias

que desafiem e motivern tais alunos a se auto valorizarem elevando a auto-estima

Urn dos pontes mais comuns entre as indisciplinados e a sentimento de

menos valia aem da fata de conffan9a nos contatos e na produtividade Percebe-se

27

assim que para reverter essa questao naD basta trabalhar com a aluno E

necessario urn trabalho junto aos professores e familias criando estrategias que

modifiquem 0 ambiente e urn relacionamento mais verdadeiro mais equilibrado

deve ser estabelecido em todos as sentidos - trabalhando-se em equipe

28

3 0 CASO DE UMA CRIANCA COM TRANSTORNO DESAFIADOR OPOSITIVO

Foram utilizadas entrevistas com a mae professores e irmaos Encontros com

a crian-a em sess6es com durayao de 50 minutos cnde utilizou-se de metod as

como desenhos brincadeiras jogos regrados massa de modelar

31 HIST6RIGO DO GASO

F e urna rnenina de cinco anos cayula tendo um irmao de 21 anos e urna

irma de 17 anas de idade

o pai faleceu com 49 anas ha apraximadamente 01 ana e a mae atualmente

com 49 anas teve F com 43 anas

o pai fai marta par paliciais em frente a sua casa Estava bebada e saiu a rua

armada e um carro da palicia apareceu e 0 viu sentado na calcadalogo depois

vieram muitas viaturas e a mae pediu que levassem 0 marido para passar a noite na

cadeia mas que naD fizessem nenhum mal a ele Neste momento 0 pai de F

comeyou a atirar e aS policiais (segundo a mae 18 policiais aproximadamente)

invadiram a casa e comeyaram a atirar A familia fa para os fundos da casa e a mae

passou F par cima do muro para a casa da vizinha Quando a familia voltou para

frente da casa as paliciais disseram que a pai de F estava ferida na perna e

levaram-na para a hospital mas segundo a relata da mae ele ja estava marta e

havia na verdade levado urn tiro na cabeca F nao viu a cena mas escutou tudo

Ganforme relata da mae a partir da data do acarrida F naa abedece faz de

canta que naa escuta e quando quer alga came9a a tremer A mae diz que a filha

29

ficou assim desde a marte do pai pais este a bajulava muito fazia tudo 0 que ela

desejava

F sempre foi mimada pelo pai este nunca repreendia a filha por algo de

errado que ela fizesse Para 0 pai F nunca estava errada inclusive quando ela e a

irma mais velha brigavam 0 pai sempre ia em defesa da mais nova e para protege-

la amea98va bater na mais velha

A queixa principal da mae e que F comeya a tremer quando quer algo de que

gosta muito nao obedece a regras e Iimites impostos pelos responsaveis

Nas observayiies comportamentais notou-se que F testa os limites dos

adultos para conseguir 0 que deseja e as pesso8s que a cercam para se livrarem

das birras acabavam por fazer 0 que ela queria Mas essas mesmas pessoas

comeyaram a perceber que a falta de regras e limites jil ultrapassava 0 limite do

suportaveJ

Segundo HANISH et al (1999) 0 transtorno desafiador opositivo aparece

antes dos 10 anos Normalmente torna-se aparente na idade pre-escolar que e 0

caso desta crianga

Na escola F naD interagia com as colegas na hara de fazer brincadeiras em

grupo nac conseguia se relacionar com as colegas quando a professora pedia para

fazer alguma atividade F fazia do jeito que queria e nao como a professora

solicitava

Para que houvesse progresso no tratamento foi fundamental que a mae e as

demais pessoas que rodeiam a crian~a modificassem sua forma de agir e para que

isso ocorresse foi preciso fazer urn remanejo de conduta dessas pessoas Fez-se

pois necessaria orientacao e treinamento para auxilia-Ios nesta mudanlta

30

32 EVOLUCAO DO CASO

As intervenyoes utilizadas neste casc com a mae fcram em forma de

orientayao na freqOencade pelo menDS uma vez par meso Mais recentemente este

trabalho com a mae vern sendo feito a cada quinze dias

Em conversa com a mae esta mencionou que naD queria fazer como seus

pais naD que eles fassem ruins disse ela mas eles nao conversavam e naD tinham

tempo de dar aten9ao e de ensinar os deveres da escola Tudo 0 que ela aprendeu

na escola foi par esforyo proprio e naD queria que isso acontecesse com sua filha

entaD ela au as irmaos mais velhos sentam com F e a ensinam

Mais tarde foi feita uma entrevista com a professora e esta mostrou todas as

li90es de F e disse que aquelas atividades nao haviam side feitas pela crian9a e sim

por seu irmao e que a professora ja havia mandado bilhetes pedindo que nao

fizessem mais as atividades da escola par F A mae foi orientada a dar mais

incentivo a F em lugar de fazer os deveres por ela pois F nilo tinha problemas de

aprendizagem mas par falta de incentivo poderia vir a ter

Com F foram utilizadas brincadeiras como pintura com aquarela desenhos

massa de modelar hist6ria infantis Atraves destes me-todosforam utilizados refor~o

e a punicao quando necessarios

o refor9Q foi atraves de elogios sorriso e aten9ao quando F realizava urn

comportamento desejavel A punitao consistiu em retirar uma atividade que ela

gostava muito como desenhar OU tambem ignorar a sua atitude mantendo a calma

No terceiro encontro F mencionou 0 pai dizendo que ele comprava doces

para ela mas nao quis continuar falando sobre ele alegando que 0 irmao mais velho

nao gostava Mais tarde em outras sess6es tornou-se claro ser isto fantasia sua

31

Nos primeiros encontros corn F ela demonstrou S8r cordata entretanto a

partir do quarto encontro F mostrou comportamentos de manipula9ao ou seja

querer controlar a situacao e que tude salsse da forma que queria para que todos

as seus desejos fossem realizados atitude comum em casa ou na escola

A quinta sessao foi para verificar a interacao de F com a mae F mostrou-se

intransigente naD obedeceu a nenhuma das ordens da mae na hora de guardar as

brinquedos gritou com a mae e esta demonstrou claramente nao conseguir dar

limites a sua filha A mae conseguiu dizer neste momento que se F estivesse em

casa iria apanhar com uma varinha mas ista naD adiantou pais F ficou irredutivel

Ao final da sessao quando tudo estava no seu devido lugar F ja estava agindo como

se nada tivesse ocorrido a mae mencionou que F era muito nervoS8

A partir da sexta sessao loram leitos contratos com F os quais ela aceitou

com lacilidade

Apos 0 contrato feito na sessao anterior na setima sessao foi trabalhado a

limite atraves de acordos leitos com F como pedir para que ela escolhesse

somente tres tipos de brinquedos da caixa que s6 iria embora quando a horario da

sessao terminasse e que as Iimites seriam colocados pela terapeuta Com estas

regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela queria

A partir da oitava sessao loi levantada a hip6tese do problema de F ser

transtorno desafiador opositivo pais ela demonstrou as comportamentos de querer

dominar e mostrar que poderia mandar mas com muita paciencia foram impastos

limites atraves do silencio mostrando que nem tudo poderia ser como ela queria e

assim acabou aceitando

A nona sessao loi destinada a orientar a mae em como agir com a filha e loi

proposto para que a mae assistisse a proxima sessao atras do espelho

32

Como foi sugerido para a mae na sessao passada ela ficou ats do espelho

para ver como a filha interagia e poder verificar qual seria a melhor forma de lidar

com ela

A decima segunda sessao foi destinada a mae para verificar como estava 0

comportamento de F fora da terapia Ela comentou que 0 comportamento da filha

melhorara muito que as tremores 56 ocorriam esporadicamente Foi orientado amae que quando Dcarressem as tremores ela deveria fazer de conta que naD havia

percebido nada

Foram feitas diversas sess6es seguidas mais precisamente da decima

terceira il decima setima com F destinadas a trabalhar regras e limites Este

trabalho foi realizado atraves de acordos com F como por exemplo pedir que ela

escolhesse apenas tres brinquedos da caixa au escolhesse entre desenhar e ouvir

historias au ainda entre conversar e brincar tambem poderia escolher entre brincar

de casinha e desenhar

A decima oitava sessao foi urna sessao diferente pOis foi destinada aprofessora de F para verificar como F estava S8 comportando e se relacionando

com colegas em sala de aula enos interval os A professora levantou a hip6tese de F

ter problemas de aprendizagem pois as atividades escolares dela nao eram

compativeis com a de seus colegas de classe Mas foi constatado atraves das

atividades que eram enviadas para serem feitas em casa que 0 que faUava para F

era estimulo pOisseu irmao fazia suas atividades por ela

Foram feitas duas sessoes seguidas (decima nona e vigesimal para

comprovar se havia problemas de aprendizagem com F Sessoes estas de recorte e

colagem e de hist6ria (Cinderela) Com estas atividades pode se constatar que F

33

tern plena capacidade de realizar tarefas sDzinha talvez com uma pequena

orienta9ao quando solicitado por ela

A vigesima primeira foi mais uma sessao dedicada a orient89ao a mae

quando esta mencionou que Festa cada vez melhor seus tremores quando quer

chamar a aten9ao estao diminuindo a cada dia

No vigesimo segundo encontro com F a interven9ao utilizada foi 0 desenho

Eta desenhou margaridas e mencionou que se fosse uma planta queria ser uma

margarida e S8 fosse urn objeto queria ser uma estrela Ja na sessao seguinte que

foi a vigesima terceira a intervencao utilizada foi brincar de casinha cnde F mostrou

a sua intera9ao familiar dizendo que trabalhava em um hotel (como na realidade sua

mae trabalha) 0 marido trabalhava em hotel e seu pai estava muito doente (na

realidade ja e falecido) e tinha muitas dores no corpo

Ate 0 momento foram feitas as vinte e tres sess6es aqui descritas nas quais

a crianya demonstrou significativas mudantas no comportamento

33 ANALISE DO CASO

Inicialmente F nae obedecia fazia de conta que naD escutava e quando

queria algo come9ava a tremer nao obedecendo a regras e limites impostos pelos

respons8veis A mae dizia que a filha ficou assim desde a morte do pai pais este a

bajulava muito fazia tudo 0 que ela desejava

Notou-se que F testava os limites dos adultos para conseguir 0 que desejava

e as pessoas que a cercavam para se livrarem das birras acabavam par fazer 0

que ela queria

34

Na escola nao conseguia se relacionar com os colegas quando a professora

pedia para fazer alguma atividade F lazia do jeito que queria

A mae de F fazia as atividades par ela dizendo que ~nao queria tazer como

seus pais naD que eles fassem ruins mas eles naD conversavam e naD tinham

tempo de dar atenC80 e de ensinar as deveres da escola

Durante 0 tratamento F inicialmente demonstrou ser cordata posteriormente

mostrou comportamentos de manipulayM querendo controlar a situayao e

procurando forcar que todos as seus desejos fassem realizados Na presenva da

mae nao obedeceu a nenhuma das ordens dela gritou e ficou clara a dificuldade da

mae em dar limites a filha F mostrava-se muito irritada

Foram feitos contratos com F e passou-se a trabalhar atraves de acordos as

limites Com estas regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela

queria

No tratamento foi fundamental que a mae e as demais pessoas que rodeiam a

crianya modificassem sua forma de agir Foi orienlado a mae que quando

ocorressem as tremores ela devena fazer de conta que nao havia percebido nada

Em sessao com a professora de F constatou-se que a hipotese de

problemas de aprendizagem se apresentava mais em lace da lalta de estimulo para

que esta realizasse suas pr6pnas atividades ao inves de que outras pessoas as

fizessem por ela Foram leitas sessees com a finalidade de comprovar se F tinha

problemas de aprendizagem e verificou-se que esla linha plena capacidade de

realizar as tarefas sozinha Em relayao a interayao familiar F dramatrizou em uma

atividade que sua mae trabalhava em um hotel 0 que correspondia a realidade e 0

marido trabalhava em hotel que seu pai estava muito doenle e tinha muitas dores

35

no corpo quando na realidade seu pai ja era falecido Mostrava com isso a falta que

a funy80 paterna Ihe fazia

A mae de F I numa sessao dedicada a sua orientay8o mencionou que F

estava cada vez melhor e que seus tremores para chamar a atenC80 estavam

diminuindo a cada dia

36

4 ORIENTA~OES AOS PAIS

ZAGURY (2001 p59) na complexa tarefa de dar limites sem ser autocratico

ou seja de como disciplinar sem bater OU sem ser coercitivQ com a crianya sugere

algumas estrategias

bull Premiar ou recompensar a born comportamento - sempre que a crianca

tiver atitudes corretas devemos ressaltar este tatoo E bern comum que as

pais muito ocupados com tarefas cotidianas esqueltam de elogiar

somente lembrando de ralhar quando os ftlhos fazem algo errado Desta

forma as criancas entendem que naD vale a pena fazer tudo certinhon

pois nao recebem aprova9ao A melhor forma de alcan9ar um objetivo

educativo e elogiar incentivar e ressaltar tudo a que a crianca fizer de

positivo

bull Diferenciar premiar de dar coisas materiais - apesar do consumismo

vigente as crianvas ainda valorizam mais urn carinho urn elogio sincero

reconhecimento do esforco do que presentes dinheiro e viagens

Eventualmente pode-se presentear materialmente mas e importante nao

comprarmos as crianras pois desta forma elas aprendem a agir de modo

calculista Se dermos nosso carinho e aprovayao seu ego se fortalecera

sua auto-estima se elevara e gradualmente a crianya sentira prazer em

agir de forma adequada

bull Fazer com que a crianya assuma as conseqOemcias dos seus atos - com

carinha e naturalidade devemos conversar e agir apontando seus erras e

fazendo com que reftitam sobre as atitudes incorretas antieticas ou

egocentricas tomando 0 cuidado de deixar claro que 0 que desaprovamos

37

sao as atitudes incorretas e naD suas caracteristicas pessoais 5e mesma

ap6s a explica~o a crianca reincidir na atitude incorreta entao e 0

momento de faze-Ia compreender que e responsavel pelos seus atos e

tambem pelas suas conseqGencias Deve-se ressaltar as consequemcias

do ato born carinho aprova~o estimulo etc Como do ato incorreto

desaprova9ilo nao reforyamento deixar de fazer algo que gostam etc

Deve-se ter em mente que as elogios premiacoes bern como as puni90es

devem ser proporcionais ao fato Ou seja e necessario que se tenha born sensa e

equilibrio para que as acoes sejam autenticas e valorizadas pel as criancas

COUTINHO FILHO (2003) tambem sugere algumas possibilidades para

colocar parametros de limites para a crianca

bull Nao coloque limites conforme seus desejos pessoais

bull Demonstre que voce e as demais adultos tambem tern limites a respeitar

bull Diga qual puni9ilo a ser dada para cada limite ultrapassado e nao deixe de

executa-Ia

bull De puniyoes brandas para atitudes brandas e puniyoes pesadas para

atitudes pesadas

bull Deixe claro que a puniyao Eo pelo ate e nao pela pessoa

bull Justifique os motivos do limite Nao faca isso porque nao quero ou nao

gosto nao Eo justificativa

bull Repita quantas vezes for necesstuio

bull Use sua autoridade sem provocar submissao e mal estar

bull Use da afetividade para impor limites

38

ZAGURY (2001) destaca pontos importantes para nao perder a autoridade

perante os filhos

bull Cumpra 0 que disse (seja premia ou conseqOemcia) ou seja ameacou

execute prometeu faya

bull Seja coerente 0 que nao pode nao pode nunca (salvo raras excessoes)

nao mude de atitude como quem mud a de roupa (au de acordo com 0 seu

humor)

bull Faya com que seus filhos gradualmente assumam responsabilidades

Deixe que eles participem das decisoes sabre premios ou conseqOeuromcias

- isto ajuda a amadurecer e compromete a crianca e as jovens que

aderem mais ao que ajudam a construir (mesma que sejam sans6es para

eles proprios)

bull Cuidado com 0 que diz e com 0 modo como diz - critique 0 ato nunca a

pessoa ou a personalidade de seus filhos Trate somente do assunto que

S8 esta analisando no momento naD desenterre coisas do passado sem

necessidade Nao fique com pena da crianya se ela chorar ficar triste

nao talar com voce E melhor ela ficar triste hoje mas aprender a respeitar

o pr6ximo a 5i propria e a palavra empenhada do que sofrer futuramente

nos seus relacionamentos interpessoais

Segundo TIBA(2002) os filhos nao vem com manual pois eles mesmos sao 0

manual au seja cada criancaencerra uma individualidade e a cada dia os pais irao

aprendendo com cada filho E importante neste aprendizado os pais privilegiarem 0

desenvolvimento relacional atraves de um procedimento basico que deve ser

aplicado a cada fllho Para TBA (2002) ese procedimento e valido para qualquer

39

relacionamento entre pessoas de qualquer idade mas que e relevante na formaC8o

da auto-estima da criancadesde 0 seu nascimento Para 0 atendimento integral a

uma crian9 sao cinco os passos parar ouvir olhar pensar e agir (TIBA 2002

p127)

TIBA (2002) descreve os cinco passos da seguinte forma

1 Parar - parar 0 que estiver fazendo ou pensando e dar atenyao total acriancaCasa naD possa parar naquele exato momento vale colaear uma

das maos no ombro da crian9 enquanto diz que logo vai atende-Ia A

crianya deve ficar esperando ali juntinho de voce Pode ser que ela queira

sair para voltar logo depois Se a iniciativa de sair for da crianca a

responsabilidade de voltar sera dela Mas deve evitar ao maximo dizer

para a crianca ocupar-se com Dutra caisa enquanto voce termina 0 que

esta fazendo Nem sempre ela volta outra vez pelo mesmo motivo E

tambem fundamental deixar de lado ideias preconcebidas sobre 0 que a

crianca vai fatar Se voce pensa ~Iavern aquela chata me encher Dutra

vez seu cerebro ja esta preenchido em parte com esse pensamento e

voce perde a chance de atende-Ia integralmente

2 Ouvir - e a parte racional Os pais devem olhar no funda dos ahos da

crianca como se a Duvissem com as ahos A criany8 precisa aprender a

se expressar Nao se deve tentar adivinhar 0 que ela quer Quando pede

alguma coisa esta desenvolvendo sua capacidade de pensar de formular

uma pergunta e de se expressar para que outras pessoas possam

compreende-Ia

3 Olhar - e a parte instintiva Num piscar de olhos uma pessoa consegue

ver tantas coisas que levaria muito tempo explica-Ias em palavras Tudo 0

40

que se percebe visualmente tambem tem que ser considerado para

compreender a crian9a

4 Pensar - lados os elementos percebidos tanto visualmente quanto

verbal mente mais 0 sentido educativo que se que ira imprimir na forma9ao

da criana devem fazer parte da resposta a ser dada Sentido educativo e

o objetivo a ser atendido com a educaao que esta sendo dada (Quer que

o filho seja egoista Coloque-o sempre em primeiro lugar em detrimento

dos outros e diga sim a todos os seus desejos Quer que ele seja feliz

Ajude-o a desenvolver a satisfailo pelo que e e pelo que consegue fazer

a tolerimcia a compreensao dos Qutrosa vontade de ajudar a quem pede

e a etica do bem)

5 Agir - essa aao ou resposta deve ser bem clara e objetiva Melhor ainda

se voce puder se assegurar de que a crianca real mente saciou sua

vontade

E importante ressaltar que os cinco passos devem ser utilizados em todas as

situayaes desde 0 tombo da crian98 pequena ate quando a crian98 crescer Ao se

utilizar este procedimento basico as atitudes dos pais tendem a ser coerentes Par

exemplo se uma crianca calr naD e necessaria as pais sairem desesperados em

todas Situ8COeS mas avaiar se 0 tombo foi grave QU se foi urn tombinho que naD

precisa de maiores cuidados Tambem as pais naD devem sair dizendo que chao

feio que passa a falsa ideia que 0 chao e culpado pelo seu tombo a criana tem

que aprender que ela deve ter cuidado Se ela se choca uma ou duas vezes numa

mesa ela aprende a ter cuidado por sua pr6pria experiencia TIBA (2002 p133)

41

destaca que a afobayao e a reacao exagerada dos pais geram inseguran9a na

crianca

Outre fato bastante comum e as pais deixarem as ftlhos ganharem jogos par

exemplo tentando agrada-Ios mesmo que os deseduquem As crian9as tern uma

sabedoria natural Brincam e competem de acordo com as conhecimentos e as

capacita90es de que disp6ern E mais facil para 0 pai brincar como se fosse crian98

e deixar 0 filho ganhar sempre Esse comportamento contudo da a crianca uma

visao irreal do que e jogar Ganha-se algumas vezes perde-se outras (TIBA 2002

p136) Ou seja e mais educativ~ para a criana descobrir que podemos ser bons

em algumas caisas mas nao em tudo Passa-se uma experiencia da realidade para

a crianC8

TIBA (2002) tambem cita 0 caso de colocar a crian9a no colo enquanto se

dirige urn carro A crianC8 tern a falsa sensacao de que comanda 0 veiculo mas issa

nao passa de urn poder irreal Ao dirigir urn carrinho de brinquedo ela poderia de fato

se sentir poderosa IS50 sem falar que quando 0 filho crescer ao 15 anos par

exempla vai querer sair com 0 carro do pai mesmo sem poder Mas quando era

criancaeu podia

o caso classico da criancaquerer dormir com os pais tambem e abordado por

TIBA (2002) segundo 0 autor 0 ideal e que desde bebe a crian9a deve aprender a

dorrnir no seu lugar mesmo que ache mais gostoso aninhar-se entre os pais Ir cada

urn para sua cama da 0 sentido de que cada urn tem seu territorio ai tambem

estamos delimitando limites onde sao respeitados 0 so no e 0 espacode cada urn

Crian~asmaiores que ja andam devem ter um lugar (ou quarto) proprio para dormirMesmo que ocasionalmente adorme~am na cama dos pais e importante que sejamlevadas a sua cama para que acordem la Nao devem adquirir 0 habito de dormir nacama dos pais Tenha paciencia e fale claro em born tom olhando seriamente nofundo dos olhinhos dela ~Cada coisa no seu lugar cada pessoa na sua cama~

42

Quando a crian(f3 percebe que 0 limite e coisa sena e vai ser cumprido procura seajustar(lIBA 2002p115)

OLIVEIRA (1999 p120) enumera as diversos problemas que causam a fato

dos filhos permanecem no quarto dos pais na hora de dormir considerando-as de

difieil recupera~aoposterior

1 Faita de valorizayilo da privacidade tanto do casal como da crianya

2 Mantem a relacao simbi6tica au seja a li98980 existente entre mae e

bebe prejudicando 0 desenvolvimento emocional da crian93

3 A crianya tende a formar relayao de dependencia da protey80 e da

preseny8 dos pais ate mesma durante 0 sono

4 Quando chegar a fase em que a crianca elege entre 0 pai e a mae 0 seu

preferido tenta afastar 0 autro esticando-se e virando-se na cama de

modo a deixar a preterido desconfortavel a ponto deste mudar de lugar

sair da cama e ate mesma do quarto

E importante ressaltar que sempre as regras devem ser claras e naD sujeitas

a mudancas pois a organizacao interna dos filhos fica muito prejudicada se dormir

au nao na cama dos pais se transforma numa possibilidade que depende apenas do

humor dos pais ou de quanto 0 filho se recusa a dormir sozinho (chorando

acordando diversas vezes etc) A crian9a com autonomia de sono e mais

independente e feliz (TIBA 2002 p116)

Enfatiza-se que na maiaria dos casas as pais permitem que as criancas

fiquem ate mais tarde no quarto deles nao e par uma exigemcia ou necessidade da

crianya mas par alguma deficiencia desequilibrio au imaturidade dos proprios pais

(OLIVEIRA 1999 p122)

43

Em relaiio ao choro da crian9l ressalta-se que ha dois tipos de choro 0 que

expressa dor e 0 que busca pader

Se 0 filho descobrir que pade usar a chom como fonte de poder as pais estaoperdidos Nunca mais saberao dizer se ele chara par dar au poder Urn chore depoder Necessita dos olhos e dos ouvidos de quem se quer dominar Ingenua acrianya que usa 0 choro como pader para imediatamente apes conseguir 0 que querOai a importancia de as pais ficarem atentos para nao ser manipulados (TIBA 2002p158)

o choro que apela para 0 lade coitadinho inspira ternura Eo urn tipo de

manipula9ao que busca 0 dominio pela chantagem aletiva Eo dilicil neutralizar 0 uso

do choro como arma

Segundo liSA (2002 p159) Urn pouco de dor nao matara a crian9a assim

como urn poueD de pader nao matara as pais ( ) Se traumas infantis matassem a

humanidade estaria extinta Nao ha filho que nao tenha side contrariado A imensa

maioria deles tern condi90es de agOentar contrariedades 0 autor destaca que pais

que sao soHcitos ao extrema nao trayam um born e segura trajeto para seguir 0

resultado e que a crianya fica insegura pais perde a confianca neles ela pressente

que as pais nao tern firmeza nas suas decisoes e sao manipulaveis

Deve-se tomar cuidado com as exageros urn erro cometido pelos pais

desde que nao seja baseado na violencia em surras socas e pontapes naa traz

problema nenhum Atos como esses descarregam a raiva mas nao tern forlta

educativa pois violmcia s6 gera violencia (liSA 2002 p159)

Em rela9aOaos pais lazerem as tarelas pelos filhos ou ainda pior comprar os

resultados ressalta-se que este tipo de atitude nao ajuda a crianlta cria

dependencia e compromete 0 desenvolvimento escolar Alem disso as pais acabam

privando os filhos do gosto de uma conquista dando uma mensagem subliminar de

que eles sao incapazes Os pais nao devem privar os filhos do gosto de uma

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

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WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

Page 13: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

10

aprendam naD somente conteudos mas tambem a viver em sociedade com suas

normas et portanto e necessaria que tenham objetivos comuns em relacao a

val ores disciplina e convivio social Este suporte e proporcionado nao somente pelo

ambiente adequado mas no equilibrio e tranqOilidade do lar e da escola Assim

sendo 0 aluno nao S8 sente abandonado inseguro mas sim recebendo

orientacoes estimulos e principal mente exemplos de responsabilidade e respeito

Para WINNICOTT (1971) a saude do pais depende de unidades familiares sadias

com pais que sejam individuos emocionalmente maduros

Nao hit uma causa (mica para a indisciplina mas sim uma conjuncao de

fatares que interagem uns sabre 0$ Qutros que imobilizam 0 desenvolvimento do

sujeito e do sistema familiar nurn determinado momento afetando 0 aspecto

comportamental e a aprendizagem do aluno

o individuo ao ingressar na escola ja teve experiencias relacionadas a

diversas situac6es e ira reagir a esse novo ambiente Ha alunos com dificuldades de

adaptayao e rendimento insatisfatorio nos estudos por estarem comprometidos par

ansiedades e tensOes psiquicas

E imprescindivel que a familia e a escola deixem de ficar se cui pando

mutua mente e passem a refletir sobre sua funyao vital no desenvolvimento de

individuos adaptados ao ambiente realizados e capazes de utilizar suas

potencialidades de forma construtiva para a sociedade e consequentemente para

o fortalecimento da familia e da escola como instituicoes estruturadas e em

permanente evolucao

Ressalta-se urn aspecto muito importante relacionado a agressividade e mais

especificamente a indisciplina E a questao dos limites Pais e professores precisam

11

ter em mente a importancia de trabalhar essa questao com filhos e alunos e

diferenciar a demarc8C8ode limites de autoritarismo ou abuso do poder

Sermos adequados e saber encontrar a distancia certa entre nos e a Qutro E

naD ocupar um espaco exc8ssivamente pequeno para naD nos sentirmos acuados e

ameacados evitando tomar-nos agressivos () Todo ser vivo necessita de um

espatominima para viver sem 0 qual torna-S8 agressivo e luta pela sobrevivencia

ou perece (MIRANDA 2001)

OLIVEIRA et al (1999 p151) destaca a importancia dos limites

A disciplina e 0 todo que engloba a organiza~o que mantE~m a ordem entre aseoisas e as pes50as 0 limite e a fator que determina 0 campo e a espalto daatualfao Portanto 05 limites sao urn dos principais fundamentos da disciplina 0limite e que determina onde os meus direitos terminam e onde iniciam os dos outros() E necessario que 0 limite comece a ser estabelecido desde a forma~o dapersonalidade da crianca ou seja desde 0 nascimento () Ensinar a crianya aobedecer limites e treina-Ia para a vida

E preciso que os adultos aprendam a nao invadir 0 esparo da crianca nao

permitindo tamhem que as crianyas invadam 0 espayo dos outros E necessaria

quebrar este cicio vicioso que faz com que a indisciplina continue a ser 0 centro das

atenc6es na escola e na familia Dar limites e nao impor Iimites este e 0 grande

desafio para pais e educadores

Para que a criancaaceite os Iimites impastos e necessario que os pais au a

pessaa responsavel acredite no que esta dizendo e 0 faca com firmeza e explique

para que a crianra acredite e para que absorva a ideia de que ela nao esta proibida

de tudo mas que nem tudo 0 que desejamos podemos fazer mas ela pode fazer

quase tudo (ZAGURY 2001)

Quando se da Iimites esta se fazendo urn ato de amor oj crian~a e ao futuro adulto

ensina-se a ele a viver em sociedade a respeitar e ser respeitado esta se poupando

12

a crianca de cair no mundo das drogas e da violencia cnde 0 limite e muitas vezes a

marte

221 0 Papel da Familia

Os pais tem um papel fundamental na motivayao do aluno e sua participa9ao

e imprescindivel para que 0 aluno aprenda Desta forma a familia faz parte do tripe

que sustenta uma aprendizagem com sucesso Quando a familia esta tranqOila e a

rotina de casa esta equilibrada 0 aluno apresenta maiores oportunidades para urn

bom aprendizado

A familia e suporte fundamental para 0 bom desempenho escolar Pode-se

dizer que a clima familiar influencia no desempenho escolar e pade trazer prejuizos

ao rendimento escolar quando naD harmonioso

Se a familia naD da a crianca a base emocional firme 0 que tazer

E importante ensinar a crianca a identificar as sentimentos e lidar melhor com

eles

DAVIDOFF (1983) descreve como se da 0 desenvolvimento do ser humane

desde a concepcao e a importancia dos relacionamentos dos primeiros meses de

vida e da primeira infancia na forma9ao da personalidade e da socializayao futura do

individuo Para ela a base de urn relacionamento sadie entre mae e filho esia na

intensidade de afeto que a mae dispensa a crianca na amamentaC8o enos

cuidados na satisfa9ao de suas necessidades fisiol6gicas A qualidade das

intera90es sociais da crian9a estrutura a personalidade do individuo de algumas

formas importantes Falando de frustra90es conflitos e outras tensoes a autora

chama a aten9ao dos adultos que convivem com a crianca e 0 adolescente para sua

(~ )(~~l J 13

lt~C~responsabilidade em apoiar orientar e acompanha-Ios para que possam superar as

situaryoes conflitivas evitando assim 0 desenvolvimento de uma personalidade

agressiva e desajustada

DAVIDOFF (1983) vai mais alem ao dizer que pais maduros e seguros

envolvem os filhos em tomadas de decisao e assuntos da familia Apresentam

razoes para a que solicitam e proporcionam experiemcias graduais apropriadas para

a afirmayao da independencia Ainda assim retem a responsabilidade final Os filhos

dos pais maduros tendem a ser autoconfiantes independentes possuem boa auto-

estima e born relacionamento com suas familias Os pais autontanos preferem

taticas primitivas duras quando surgem conflitos insistem em obediemcia Sao

coercitivQs e favorecem a desenvolvimento de transtornos como 0 desafiador

opositivo No outro extrema os pais laissez faire que afrouxam totalmente as

limites sao totalmente igualitarios Todos os membros da familia estao

essencialmente Ilvres para fazerem deg que quiserern Raramente estes pais tomam

decis6es ou aceitam responsabilidades Os adolescentes filhos de pais autoritarios

e do tipo laissez faire tendem especialmente a ter problemas de ajustamento

o individuo age com relary8o a certas pessoas como seus pais se

comportaram para com ele Caso as imagos paternas que sao preservadas em

nossos sentimentos e em nossas mentes inconscientes forem predominantemente

rigidas nao poderemos estar em paz com n6s mesmos Odiamos em n6s as figuras

rigidas e intolerantes que tambem formam parte de nosso mundo interno e que sao

em grande parte a resultado de nossa agressividade para com as nossos pais

o homem e urn ser social ele precisa viver com as outros homens para

desenvolver suas necessidades basicas como 0 trabalho a criatividade a arnor par

14

issa ele S8 juntou em comunidade As comunidades sao uma reuniao de pessoas

que tern interesses comuns au seja interesses iguais

Familia e 0 nucleo de pessoas aparentadas que tern la90s de sangue e que

se apoiam no sentido de manter 0 nucleo permanentemente em comunhao

Hit uma serie de expectativas sociais em relacao it familia e preciso que

socialize as criancastomando-as capazes de viver junto aos Qutros seres humanos

A institui9ao familia tern passado ao longo da historia da humanidade por crises

muito serias As formas de familias sao extrema mente variaveis E mais variaveis do

que dentro de nossa proprio pais sao as formas de familia de Qutros paises do

mundo

A familia ah~m de reproduzir novos seres humanos tenta produzir neles as

seus habitos costumes e valores atraves de gerayoes

A familia sempre foi a celula-mater de uma sociedade ou refUgio das

atribuiyoes do mundo Tambem a religiao impoe normas as familias que em torno

del a se reunem Grande parte do comportamento de uma familia no sentido moral econtrolado pela religiao em que ela acredita Em troca a religiao e sustentada pela

familia fazendo com que as crencas e preiticas mora is subsistam por seculos e

levando as pessoas a uma aceitacao de punicoes impostas

o prestigio social dos individuos na familia tradicional de seu

comportarnento diante de sua fe de seu comportamento em rela9ao a familia e de

sua origem e influenciado pelos costumes que traz atraves de geralt6es Durante

anos a familia conduziu-se como uma barreira diante de inovac6es e de formas

novas de ligalt8o homem-mulher-filhos Os vinculos familiares representam uma

seguran9a afetiva e material muito importante para 0 desenvolvimento do individuo

A historia da humanidade assim como os estudos antropologicos sobre os

15

pavos e culturas distantes de n6s (no espacoe no tempo) esclarecem-nos sabre a

que e familia como existiu e existe hoje Mostra-nos como fcram e sao hoje ainda

variadas as formas sob as quais as familias evoluem se modificam assim como

sao diversas as concepcoesdo significado social dos la-os estabelecidos entre as

individuos de uma sociedade dada

Apesar dessas variacoes a forma mais conhecida e valorizada de nassos

dias a familia composta de pai mae e filhos chamada familia nuclear normal

Este e 0 modele que desde criancaS8 ve em livres escolares nos filmes na

televisao mesma que no seia familiar S8 verifique urn esquema diverso

A natureza das rela90es dentro de uma familia vai se modificando atraves do

tempo 0 aspecto mais problematico da evolU9aO da familia est sem d0vida

alguma ligado ao questionamento da posi9ao das crian9as como propriedade dos

pais e a posiryao economica das mulheres dentro da familia Inclui-se ai 0

questionamento da distribui9iio dos papis ditos especificamente masculinos e

feminin~s e esse e urn problema chave para 0 surgimento de uma nova estrutura

social

Nao se poder mudar a institui9ao familiar sem que toda a sociedade mude

tambem Pode-se afirmar ainda que qualquer modificayao na organiza~aofamiliar

implicara tambem numa modifica9ao dos rigidos papeis de esposa mae ou

prostituta os 0nicos atribuidos as mulheres Quanto as crianyas ha algum tempo ja

o Estado intervem entre pais e filhos e desde a pouco os pais sao passiveis de

denuncias pelos vizinhos caso punam fisicamente seus filhos

Atraves da escola do controle sobre os meios de comunica~aode medicos e

psic6lagas a pader dominante de cada sociedade mais au menos sutilmente imp6e

normas educacionais sendo dificil aos familiares contraria-Ias De uma maneira

16

geral cabe ainda aos pais grande parcela de poder de decisao sobre seus filhos

menores Parcela essa cada vez mais contestada A esse pader equivalem por

parte dos filhos direitos legais em relagao aos seus pais em particular no sistema

capitalista Direitos a assistencia educayao manutenyao e participacao em seus

bens e proventos

A familia como toda instituigao social apresenta aspectos positiv~s enquanto

nucleo afetivo de apoio e solidariedade Mas apresenta ao lade destes aspectos

negativ~s como a imposicao normativa atraves de leis uscs e costumes que

impllearn formas e finalidades rigidas Torna-se muitas vezes elementa de coayiio

social geradora de conflitos e ambigOidades

A agressividade inata tende a sef ativada pelas circunstancias externas

desfavoraveis e inversamente e mitigada pelo arner e compreensao que a crianca

recebe 0 seu desenvolvimento e suas reac6es com 0 adulto devem ser

considerados como resultantes da interacao e influencias externas e internas

Um sistema familiar disfuncional nM permite ao aluno a maturidade

necessaria para conseguir urn born desempenho academico

A problematica emocional ligada a situayao conflitiva absorve a

disponibilidade perceptiva e reacional do individuo a estimula~ao externa

dificultando a sua integragao ao ambiente e perturbagao nao 56 a sua capacidade de

aten98o de concentra~ao de raciocinio mas sobretudo a de relacionamento Assim

sendo as dificuldades de assimilayao na aprendizagem escolar podem estar ligadas

a fixagoes emocionais (NOVAES 1970 p 145)

Geralmente criangas com problemas emocionais adotam atitudes agressivas

de inibiyao constri9ao regressao isolamento hostilidade oposigao indiferenya

17

indisciplina exibicionismo dissimula~aosensibilidade e au emotividade excessivas

sendo freqOentesos problemas de mentira de furto e de natureza sexual

Na instituiyao familiar seja ela qual for e a ligayao emocional entre as

pessoas que as torna mats felizes e saudaveis

As perturbaltoes no ambiente familiar interferem no comportamento do

individuo Existe urn processo duple entre 0 lar e a escola as tensoes que sao

geradas num ambiente se manifestam como perturbaltoes no comportamento do

outro (WINNICOn 1971 p 223)

Resgatar a papel da familia e seus vaiores levan3i 0 aluno a sentir-se

amparado A autoridade paterna e materna participativa se faz necessaria na

criayao e educaltao na orientayao e aquisiltao de bons habitos influentes na

projeltaosocial das pessoas Nao necessariamente isto se refere a presenltafisica

de ambos os pais mas da existencia das funlt6esenquanto autoridade

A emoltaopermeia todos os aspectos da vida diaria do ser e tambem interfere

na aprendizagem fazendo-se necessaria urn conhecimento dos aspectos

emocionais para assim pader assistir 0 aluno em seu trabalho escolar A

estabilidade no ambiente familiar proporciona ao individuo seguranya e

independencia A participaltao da familia no cotidiano escolar e de suma

importancia para a aprendizagem

Os jovens nao podem se sentir abandonados eles precisam de exemplos e

sobretudo de afeto para a construltaode uma vida melhor

SOUZA (1995 p 58) considera que a inibiltaointelectual estaria na base da

dificuldade de aprendizagem Existem fatores da vida psiquica da crianlta que

podem atrapalhar 0 born desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaltao

18

com a aquisirao de conhecimentos e com a familia na medida em que as atitudes

parentais influenciam sobremaneira a rela~aoda crianca com 0 conhecimento

Ressalta-se que entre as variDS fatores que influenciam 0 aspecto emotional

da crian9a tem-se alcoolismo familia numerosa sem condicoes minimas estruturais

brigas freqOentes em casa abandono trabalho infantil etc A convivmcia com um

au mais destes fatores acarreta na impossibilidade do aluno concentrar-se nas

aulas visto que a sua aten9ao se volta para a tentativa de resolu9lo dos problemas

familia res que ele julga insoluveis na maioria das vezes Existe urn certa

conformismo misturado a angustia quando 0 aluno consegue expor 0 problema que

o aflige

Deve-se compreender que a familia esta envolvida em diversos problemas

oriundos das pressoes s6cio-econ6micas das dificuldades de habita9ao

alimenta9ao e trabalho sem tranqOilidade para assimilar e analisar os estimulos

externos integrando-os a sua dina mica familiar

A influencia do ambiente familiar e decisiva para 0 ajustamento emotional e

muitas vezes 0 grupo familiar nao oferece condi90es de estabilidade e de

seguranya emocional para 0 desenvolvimento normal de seus filhos

Grande incidencia de conflitos emocionais que se exteriorizam par ansiedade

sentimentos de inferioridade de inseguran98 depressao medo negativismo e

incapacidade de estabelecer rela90es afetivas geralmente coincidem com 0 grande

numera de familias desintegradas desunidas de pais ausentes incompreensivos

imaturos neur6ticos dominadores desajustados que nao podem dar compreensao

amor e apoio aos filhos

ZAGURY (2000) relata 0 resultado das duvidas e incertezas de muitos pais

Para ela os pais devem compreender que mais importante que satisfazer os desejos

19

da CrianC8 e ensinar principios eticos como honestidade solidariedade e respeito

mutua Principios estes que sao fundamentais para 0 born relacionamento social na

adolescencia e vida adulta

Limites sao regras ou normas de condula que devem ser passadas para as

criancas desde tenra idade Eles mostram as crianyas 0 que podem e 0 que naD

podem 0 que devem e 0 que nao devem fazer Ensinam tambem como respeitar 0

proximo facilitando a socializayao Os limites devem fazer parte da educaao pois

vivemos em sociedade e para a boa manutencao desta se faz necessaria a

existencia e 0 respeito as regras (COUlINHO FILHO 2003)

Em seu livro Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sobre a tirania

dos filhos ZAGURY (2000) discute os principais problemas que envolvem a

educayao dos filhos na sociedade moderna quando toda uma geraao de pais foi

influenciada par urna visao excessivamente psicologizante As ambigOidades as

diferenyas entre as regras estabelecidas pelos te6ricos sao debatidas e criticada a

tirania de alguns especialistas que contribuiram para a disseminayao de um dos

maiores males da educaao - 0 chamado psicologismo A autora alerta para a

necessidade de as pais serem criticos nas orientayoes e conhecimentos adquiridos

sobre a educaao dos filhos e chama a atenao sobre os limites e a necessidade de

autoridade por parte dos pais a importancia de se construir uma relayao baseada na

autenticidade e na democracia tanto para as crianyas quanta para seus pais

Para liSA (1996) a disciplina tern inicio antes mesmo do nascimento atraves

do modo como os pais se comportam no relacionamento mutuo Os primeiros dias

de vida e as interac6es com os pais ou pessoas que as substituem sao de

fundamental importancia no desenvolvimento bern ajustado Pois e nessa interayao

que a mae transmite 0 modo de ser da familia e isso e essencial para ajudar 0 filho

20

a formar 0 seu ser psicol6gico pois a crianca traz ao nascer apenas 0 seu ser

biol6gico

0 pai deve ter muita saude pSicol6gica para participar do gesto de

alimentat8o que tern urn significado tremendo no ge5to afetivo A crianca nao

precisa s6 de leite 0 leite alimenta 0 corpo 0 afeto e 0 alimento da alma Crian

sem afeto entra em depressao(lIBA 1996)

Deve-S8 ressaltar que 0 limite e diferente de repressao 0 primeiro S8 instala

atraves das puniyoes ja a repressao atraves da culpa A puniy80 age sabre a ato e

a culpa sabre a pessoa Durante 0 desenvolvimento da clianca 0 limite e saudtlVel

quando este refere-s8 apenas aos atos naD desrnerecendo au desvalorizando a

pessoa A crian nao deve se sentir culpada pelos seus atos mas responsavel par

estes (COUlINHO FILHO 2003)

llBA (1996) diz que os pais que exageram na preocupayao com a choro e a

comida estao contribuindo para ter urn indisciplinado dentro de casa estao

desrespeitando a desenvolvimento biol6gico da crian A mae que trabalha fora

sente-se culpada par deixar a filho sozinho na creche au na escola e depois a

superprotege para reparar a culpa acabando par criar urn folgado dentro de casa

o modo como lidar com a liberdade e Dutro fatar influenciador no comportamento da

crianya e do adolescente Impar limites sem submissao e autoritarismo e outro

desafio para os pais que precisam respeitar a espayo de individualidade sem se

submeterem aos seus caprichos

o tema indisciplina oj amplo e muito se tern ainda a pesquisar estudar e

orientar no sentido de ajudar as pais a encontrarem urn caminho mais segura na

educay80 e formayao da personalidade dos filhos que tern inicio nas primeiras

relayoes entre mae e filho

21

222 0 Papel da Escola

Se a condi9ao basica e necessaria para a aprendizagem e a integridade

moral e 0 estabelecimento da interalYBo professor versus aluno cnde fatares afetivos

e cognitivos exercem influencias decisivas na busca de realizac68s e de desejos

confirmando-Ihes determinadas caracteristicas inteny68s e significados e na escola

que ocorrem boa parte dos problemas com as quais 0 aluno S8 esbarra lentidao de

raciocinio falta de atenyao desintereSS8 indisciplina entre Qutros encontram as

suas origens na estrutura biol6gica sobretudo quando exposta ao meio ambiente

(POLITY 1998)

Em ambientes cnde estes fatares naD sao considerados relevantes que

alunos com dificuldades de aprendizagem ou com problemas de indisciplina acabam

sendo rotulados sofrendo puniyoes devido ao seu fracasso escolar Estes

apresentam lalta de interesse desmotiva980 para estudar pregui9a e distra9ao

Com isto os pais e professores nao entendem estas dificuldades e 0 aluno em seu

permanente estado de tensao nao consegue prestar aten~o e participar das aulas

nao obtendo os resultados esperados (MORAIS 1997)

Outro fator importante e a problematica emocional que deve ser considerada

como decisiva na adaptacao e rendimento escolar podendo trazer serias

conseqOemcias ao desenvolvimento e progresso emocional da crianca A escola

deve oferecer condic5es e estabilidade emocional e atraves do diagn6stico precoce

dos encaminhamentos adequados da pr09rama9aO adequada das atividades

escolares e da preparacao do professor atender a esses casos prontamente

poupando assim a crianra e a sociedade do agravamento dessas situac6es

(NOVAES 1970)

22

Neste interim surge a psicopedagogia como auxiliar no cicio aluno - familia -

escola quando se instala uma dificuldade de aprendizagem 0 psicopedagogo deve

ter urn olhar para 0 contexte global onde est inserida a criana com dificuldade de

aprendizagem as relac6es familia res e escolares

As crian~s que se evadem da escola em geral sao as mais rejeitadas

Estas criancas precisam ser estimuladas ao relacionamento a responder

adequadamente aos sentimentos do outro e a controlar tensao e ansiedade

compreendendo qual e 0 comportamento aceitavel em determinada situacao

E preciso aprender a lidar com a ira e a tristeza a respeitar as diferencas de

modo a encarar as eaisas dificeis aprender a perguntar a negociar a ser mais

assertivo Eo importante somar aos conteudos de hoje as liDes sobre sentimentos e

relacionamentos 0 primeiro passe e aprender a nomear a emoCao compreende-Ia

a partir de suas express6es faciais corpora is E essencial que 0 professor amplie

sua ViS80 sobre as quest6es emocionais desenvolvendo autodisciplina vida

virtuosa capacidade de motivar-se de enfrentar press6es e resolver conflitos

Por tudo isso a escola tem 0 compromisso moral e etico de se preocupar com

o desenvolvimento dos alunos reinventando as aulas e proporcionando a sintonia

do conteudo a capacidade de aprender Considera-se muito importante que a familia

e a escola estabelecarn urn vinculo para tentar mUdanyas em relaC80 it falta de

atenC80 e indisciplina no sentido de ajudar 0 aluno a evitar maiores dificuldades

crises e stress

ANNA FREUD (1971 p162) considera que as normas escolares prestam

pouca ou nenhuma atenC80 as diferencas individuais

o aluno deve sentir-se desafiado e envolvido no processo a todo instante A

capacidade de empatia entre professor e aluno e 0 segredo do sucesso no

23

relacionamento entre ambos A auto-estima e urn ponto tambem fundamental para

um comportamento bem integrado

Num sistema educacional problematico como 0 do Brasil unido ascaracteristicas pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita5es

do professor e toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sal a

de aula interferem na aprendizagem como urn todo Pais e professores devem estar

atentos para educar desde os primeiros dias de vida para a disciplina que nao

5ubmete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemple e 0 dialogo

E preciso que a escala como urn todD e principal mente seu corpo docente

ampliem a consciencia a respeito da responsabilidade que tern em relacao ao futuro

dos seus alunos e alem disso que possam perceber a importancia do bern estar

psicol6gico como uma situacao fundamental para a aprendizagem satisfat6ria A

escola pode e deve propiciar ao aluno seguranca emocional para que ele possa

vivenciar vinculos saudaveis com seus professores e colegas

Espera-se que Utenham uma visao positiva da vida e sentido de humor que

sejam capazes de apreciar 0 valor de uma boa risada para eliminar pequenos

ressentimentos e aborrecimentos que prejudicam 0 crescimento do aluno (MOULY

1979 p 134)

E urgente a necessidade de uma nova escola desenhada para a mente e 0

cora~ao que ensina autocontrole empatia a arte de ouvir de resolver conflilos de

cooperar

A indisciplina pode ser definida como

Indisciplina e a recusa de $ubmeter-se as regras de aprendizagem educativa e a seu sistemade transmissao institucional Relacionada com 0 contexto familiar e escolar a indisciplina eum dos sintomas dos disturbios da inf~ncia e da adolescencia Quee preciso situar no campomutti~imensional da~ i~teracOesentre processos de aprendizagem e finalidades da educayaorelayao educadorlsuJeltolgrupos de alunosJclasse sistema de avaliacao e risco de fracasso

24

Ultrapassando 0 simples registro dos disturbios de carater a indisciplina tern a ver comfatores psicossociais que dao sentido a essa forma de insubmissflo (DORON et ai 1998)

Para VASCONCELLOS (1995) as manifesta90es de indisciplina na escola e

na sal a de aula sao urn problema a ser analisado na sua totalidade levando-se em

conta a familia as mudan~asocorridas na escola a professor a sociedade a crise

dos sentidos e dos limites considerando-se que 0 que se entende por disciplina e

como construi-Ia nurn processo de interarao entre 0 adolescente e a

professorescola

A educaC8o no seu verdadeiro sentido naD se faz sem autoridade pais 0

educando precisa do referencial do educador a fim de ter base para a constru9ao do

seu eu Muitas vezes 0 professor nao consegue disciplina porque nao tem

autoridade diante dos alunos Normalmente 0 professor fica esperando que 0 aluno

traga urn reconhecimento natural para com sua pessoa historicamente esse tempo

passou 0 tratamento de respeito tem que ser conquistado pelo professor

(VASCONCELLOS 1995)

A questao fica complicada quando temas como profissionais da educayao

elementos totalmente alheios e nao educados para a realidade atual Alem da falta

de dominio dos conteudos a serem ensinados falta-Ihes a capacidade de perceber

essas transforma90es hist6ricas que vern ocorrendo no relacionamento educando x

educador Falta-Ihes conhecimento do desenvolvimento humane e psicol6gico de

seus alunos E por fim suas pnticas pedag6gicas sao pobres de metodos que

propiciem a intera9aOe a construyao do conhecimento no respeito mutuo falta-Ihes

autoridade e capacidade de administrar a indisciplina gerada pelos fatores citados

Esses professores podem se deparar com criancas com transtorno desafiador

25

opositivo e muitos deles carecem de orientaCiies de como lidar com este tipo de

conduta

A disciplina escolar e urn conjunto de regras que devem ser obedecidas para

o exito do aprendizado escolar Portanto ela e uma qualidade de relacionamento

humano entre 0 corpo docente e 0$ alunos em uma sala de aula e

consequentemente na escola respeitando as caracteristicas de cada urn dos

envolvidos (TIBA 1996)

Para que haja disciplina em sala de aula isto e alunos motivados satisfeitos

com a aula e necessaria que 0 professor seja urn grande conhecedor do que

ensina da realidade que 0 cerca e tenha a capacidade de envolver 0 aluno na sua

sala usanda uma metodologia e uma didatica que nao deem margem a apatia ao

cans890 a monotonia para ambas as partes 0 aluno deve sentir-se desafiado e

envolvido no processo a todo instante A capacidade de empatia entre professor e

aluno e 0 segredo do sucesso no relacionamento entre ambos

Para TIBA (1996) a indisciplina na escola e vista como conseqOencia do

sistema educacional brasileiro que afeta diretamente as rela90es dos individuos em

sal a de aula e na escola Urn sistema total mente falido unido as caracteristicas

pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita~oes do professor e

toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sala de aula A auto-

estima e citada pelo autor como fundamental para um comportamento bem

integrado Ele aponta tambem inumeras sugestiies para os pais e professores no

sentido de como educar desde os prirneiros dias de vida para a disciplina que nao

submete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemplo e 0 dialogo

Por outro lado encontra-se a escola tentando cumprir a sua funCao (orientar

na constru~ao do conhecimento) e freqDentemente quando 0 professor se depara

26

com um alune que esta precisando de ajuda no aspecto emocional encontra-se

despreparado para lidar com a questao reagindo com intolerancia Consideram

muitas vezes mais tacil fazer julgamentos como 0 alune naD tern jeito bulle da

familia tal todos as irmaos desta familia ja fcram meus alunos e sao todos i9uais

Eventualmente recusam-se a participar de cursos de atualiza9ao e aperfei90amento

e preferem adetar a postura de que sabem que 0 alunD naD tern jeito mesma e nada

S8 tern a fazer a que favorece 0 rebaixamentoda auto-estima do alune e 0

agravamento do problema gerando disc6rdias e aborrecimentos na escola

Urn Dutro aspecto a ser considerado e que tudo sa tornaria mais facil para a

crianca se ao ingressar na escola ela pudesse encontrar um ambiente acolhedor

com regras bern definidas professores conhecedores dessa realidade com

formacaopsicol6gica para propiciar momentos de tomada de consciencia do porque

daquele comportamento fazendo acontecer a catarse e redirecionando as modos de

agir de tais crian~s e adolescentes Porem a realidade das escolas e bem outra 0

proprio ambiente e a mentalidade favorece que ela a crianca a adolescente

coloquem toda a agressao reprimida suas neuroses seu 6dio seus sentimentos

de culpa sua revolta contra a autoridade e a patrimonio escolar Muitas vezes 0

atuno encontra professores que nao se libertaram dos traumas e problemas dos

quais eles mesmos foram vitimas na primeira infancia alern de desconhecerem e

nao saberem lidar com a crianca e 0 adolescente problematico pelo desprepara

pedag6gico e a falta de metodos adequados e atrativos para prender a aten9ao e 0

interesse de seus alunos Sua pratica pedag6gica e pobre de recursos e estrategias

que desafiem e motivern tais alunos a se auto valorizarem elevando a auto-estima

Urn dos pontes mais comuns entre as indisciplinados e a sentimento de

menos valia aem da fata de conffan9a nos contatos e na produtividade Percebe-se

27

assim que para reverter essa questao naD basta trabalhar com a aluno E

necessario urn trabalho junto aos professores e familias criando estrategias que

modifiquem 0 ambiente e urn relacionamento mais verdadeiro mais equilibrado

deve ser estabelecido em todos as sentidos - trabalhando-se em equipe

28

3 0 CASO DE UMA CRIANCA COM TRANSTORNO DESAFIADOR OPOSITIVO

Foram utilizadas entrevistas com a mae professores e irmaos Encontros com

a crian-a em sess6es com durayao de 50 minutos cnde utilizou-se de metod as

como desenhos brincadeiras jogos regrados massa de modelar

31 HIST6RIGO DO GASO

F e urna rnenina de cinco anos cayula tendo um irmao de 21 anos e urna

irma de 17 anas de idade

o pai faleceu com 49 anas ha apraximadamente 01 ana e a mae atualmente

com 49 anas teve F com 43 anas

o pai fai marta par paliciais em frente a sua casa Estava bebada e saiu a rua

armada e um carro da palicia apareceu e 0 viu sentado na calcadalogo depois

vieram muitas viaturas e a mae pediu que levassem 0 marido para passar a noite na

cadeia mas que naD fizessem nenhum mal a ele Neste momento 0 pai de F

comeyou a atirar e aS policiais (segundo a mae 18 policiais aproximadamente)

invadiram a casa e comeyaram a atirar A familia fa para os fundos da casa e a mae

passou F par cima do muro para a casa da vizinha Quando a familia voltou para

frente da casa as paliciais disseram que a pai de F estava ferida na perna e

levaram-na para a hospital mas segundo a relata da mae ele ja estava marta e

havia na verdade levado urn tiro na cabeca F nao viu a cena mas escutou tudo

Ganforme relata da mae a partir da data do acarrida F naa abedece faz de

canta que naa escuta e quando quer alga came9a a tremer A mae diz que a filha

29

ficou assim desde a marte do pai pais este a bajulava muito fazia tudo 0 que ela

desejava

F sempre foi mimada pelo pai este nunca repreendia a filha por algo de

errado que ela fizesse Para 0 pai F nunca estava errada inclusive quando ela e a

irma mais velha brigavam 0 pai sempre ia em defesa da mais nova e para protege-

la amea98va bater na mais velha

A queixa principal da mae e que F comeya a tremer quando quer algo de que

gosta muito nao obedece a regras e Iimites impostos pelos responsaveis

Nas observayiies comportamentais notou-se que F testa os limites dos

adultos para conseguir 0 que deseja e as pesso8s que a cercam para se livrarem

das birras acabavam por fazer 0 que ela queria Mas essas mesmas pessoas

comeyaram a perceber que a falta de regras e limites jil ultrapassava 0 limite do

suportaveJ

Segundo HANISH et al (1999) 0 transtorno desafiador opositivo aparece

antes dos 10 anos Normalmente torna-se aparente na idade pre-escolar que e 0

caso desta crianga

Na escola F naD interagia com as colegas na hara de fazer brincadeiras em

grupo nac conseguia se relacionar com as colegas quando a professora pedia para

fazer alguma atividade F fazia do jeito que queria e nao como a professora

solicitava

Para que houvesse progresso no tratamento foi fundamental que a mae e as

demais pessoas que rodeiam a crian~a modificassem sua forma de agir e para que

isso ocorresse foi preciso fazer urn remanejo de conduta dessas pessoas Fez-se

pois necessaria orientacao e treinamento para auxilia-Ios nesta mudanlta

30

32 EVOLUCAO DO CASO

As intervenyoes utilizadas neste casc com a mae fcram em forma de

orientayao na freqOencade pelo menDS uma vez par meso Mais recentemente este

trabalho com a mae vern sendo feito a cada quinze dias

Em conversa com a mae esta mencionou que naD queria fazer como seus

pais naD que eles fassem ruins disse ela mas eles nao conversavam e naD tinham

tempo de dar aten9ao e de ensinar os deveres da escola Tudo 0 que ela aprendeu

na escola foi par esforyo proprio e naD queria que isso acontecesse com sua filha

entaD ela au as irmaos mais velhos sentam com F e a ensinam

Mais tarde foi feita uma entrevista com a professora e esta mostrou todas as

li90es de F e disse que aquelas atividades nao haviam side feitas pela crian9a e sim

por seu irmao e que a professora ja havia mandado bilhetes pedindo que nao

fizessem mais as atividades da escola par F A mae foi orientada a dar mais

incentivo a F em lugar de fazer os deveres por ela pois F nilo tinha problemas de

aprendizagem mas par falta de incentivo poderia vir a ter

Com F foram utilizadas brincadeiras como pintura com aquarela desenhos

massa de modelar hist6ria infantis Atraves destes me-todosforam utilizados refor~o

e a punicao quando necessarios

o refor9Q foi atraves de elogios sorriso e aten9ao quando F realizava urn

comportamento desejavel A punitao consistiu em retirar uma atividade que ela

gostava muito como desenhar OU tambem ignorar a sua atitude mantendo a calma

No terceiro encontro F mencionou 0 pai dizendo que ele comprava doces

para ela mas nao quis continuar falando sobre ele alegando que 0 irmao mais velho

nao gostava Mais tarde em outras sess6es tornou-se claro ser isto fantasia sua

31

Nos primeiros encontros corn F ela demonstrou S8r cordata entretanto a

partir do quarto encontro F mostrou comportamentos de manipula9ao ou seja

querer controlar a situacao e que tude salsse da forma que queria para que todos

as seus desejos fossem realizados atitude comum em casa ou na escola

A quinta sessao foi para verificar a interacao de F com a mae F mostrou-se

intransigente naD obedeceu a nenhuma das ordens da mae na hora de guardar as

brinquedos gritou com a mae e esta demonstrou claramente nao conseguir dar

limites a sua filha A mae conseguiu dizer neste momento que se F estivesse em

casa iria apanhar com uma varinha mas ista naD adiantou pais F ficou irredutivel

Ao final da sessao quando tudo estava no seu devido lugar F ja estava agindo como

se nada tivesse ocorrido a mae mencionou que F era muito nervoS8

A partir da sexta sessao loram leitos contratos com F os quais ela aceitou

com lacilidade

Apos 0 contrato feito na sessao anterior na setima sessao foi trabalhado a

limite atraves de acordos leitos com F como pedir para que ela escolhesse

somente tres tipos de brinquedos da caixa que s6 iria embora quando a horario da

sessao terminasse e que as Iimites seriam colocados pela terapeuta Com estas

regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela queria

A partir da oitava sessao loi levantada a hip6tese do problema de F ser

transtorno desafiador opositivo pais ela demonstrou as comportamentos de querer

dominar e mostrar que poderia mandar mas com muita paciencia foram impastos

limites atraves do silencio mostrando que nem tudo poderia ser como ela queria e

assim acabou aceitando

A nona sessao loi destinada a orientar a mae em como agir com a filha e loi

proposto para que a mae assistisse a proxima sessao atras do espelho

32

Como foi sugerido para a mae na sessao passada ela ficou ats do espelho

para ver como a filha interagia e poder verificar qual seria a melhor forma de lidar

com ela

A decima segunda sessao foi destinada a mae para verificar como estava 0

comportamento de F fora da terapia Ela comentou que 0 comportamento da filha

melhorara muito que as tremores 56 ocorriam esporadicamente Foi orientado amae que quando Dcarressem as tremores ela deveria fazer de conta que naD havia

percebido nada

Foram feitas diversas sess6es seguidas mais precisamente da decima

terceira il decima setima com F destinadas a trabalhar regras e limites Este

trabalho foi realizado atraves de acordos com F como por exemplo pedir que ela

escolhesse apenas tres brinquedos da caixa au escolhesse entre desenhar e ouvir

historias au ainda entre conversar e brincar tambem poderia escolher entre brincar

de casinha e desenhar

A decima oitava sessao foi urna sessao diferente pOis foi destinada aprofessora de F para verificar como F estava S8 comportando e se relacionando

com colegas em sala de aula enos interval os A professora levantou a hip6tese de F

ter problemas de aprendizagem pois as atividades escolares dela nao eram

compativeis com a de seus colegas de classe Mas foi constatado atraves das

atividades que eram enviadas para serem feitas em casa que 0 que faUava para F

era estimulo pOisseu irmao fazia suas atividades por ela

Foram feitas duas sessoes seguidas (decima nona e vigesimal para

comprovar se havia problemas de aprendizagem com F Sessoes estas de recorte e

colagem e de hist6ria (Cinderela) Com estas atividades pode se constatar que F

33

tern plena capacidade de realizar tarefas sDzinha talvez com uma pequena

orienta9ao quando solicitado por ela

A vigesima primeira foi mais uma sessao dedicada a orient89ao a mae

quando esta mencionou que Festa cada vez melhor seus tremores quando quer

chamar a aten9ao estao diminuindo a cada dia

No vigesimo segundo encontro com F a interven9ao utilizada foi 0 desenho

Eta desenhou margaridas e mencionou que se fosse uma planta queria ser uma

margarida e S8 fosse urn objeto queria ser uma estrela Ja na sessao seguinte que

foi a vigesima terceira a intervencao utilizada foi brincar de casinha cnde F mostrou

a sua intera9ao familiar dizendo que trabalhava em um hotel (como na realidade sua

mae trabalha) 0 marido trabalhava em hotel e seu pai estava muito doente (na

realidade ja e falecido) e tinha muitas dores no corpo

Ate 0 momento foram feitas as vinte e tres sess6es aqui descritas nas quais

a crianya demonstrou significativas mudantas no comportamento

33 ANALISE DO CASO

Inicialmente F nae obedecia fazia de conta que naD escutava e quando

queria algo come9ava a tremer nao obedecendo a regras e limites impostos pelos

respons8veis A mae dizia que a filha ficou assim desde a morte do pai pais este a

bajulava muito fazia tudo 0 que ela desejava

Notou-se que F testava os limites dos adultos para conseguir 0 que desejava

e as pessoas que a cercavam para se livrarem das birras acabavam par fazer 0

que ela queria

34

Na escola nao conseguia se relacionar com os colegas quando a professora

pedia para fazer alguma atividade F lazia do jeito que queria

A mae de F fazia as atividades par ela dizendo que ~nao queria tazer como

seus pais naD que eles fassem ruins mas eles naD conversavam e naD tinham

tempo de dar atenC80 e de ensinar as deveres da escola

Durante 0 tratamento F inicialmente demonstrou ser cordata posteriormente

mostrou comportamentos de manipulayM querendo controlar a situayao e

procurando forcar que todos as seus desejos fassem realizados Na presenva da

mae nao obedeceu a nenhuma das ordens dela gritou e ficou clara a dificuldade da

mae em dar limites a filha F mostrava-se muito irritada

Foram feitos contratos com F e passou-se a trabalhar atraves de acordos as

limites Com estas regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela

queria

No tratamento foi fundamental que a mae e as demais pessoas que rodeiam a

crianya modificassem sua forma de agir Foi orienlado a mae que quando

ocorressem as tremores ela devena fazer de conta que nao havia percebido nada

Em sessao com a professora de F constatou-se que a hipotese de

problemas de aprendizagem se apresentava mais em lace da lalta de estimulo para

que esta realizasse suas pr6pnas atividades ao inves de que outras pessoas as

fizessem por ela Foram leitas sessees com a finalidade de comprovar se F tinha

problemas de aprendizagem e verificou-se que esla linha plena capacidade de

realizar as tarefas sozinha Em relayao a interayao familiar F dramatrizou em uma

atividade que sua mae trabalhava em um hotel 0 que correspondia a realidade e 0

marido trabalhava em hotel que seu pai estava muito doenle e tinha muitas dores

35

no corpo quando na realidade seu pai ja era falecido Mostrava com isso a falta que

a funy80 paterna Ihe fazia

A mae de F I numa sessao dedicada a sua orientay8o mencionou que F

estava cada vez melhor e que seus tremores para chamar a atenC80 estavam

diminuindo a cada dia

36

4 ORIENTA~OES AOS PAIS

ZAGURY (2001 p59) na complexa tarefa de dar limites sem ser autocratico

ou seja de como disciplinar sem bater OU sem ser coercitivQ com a crianya sugere

algumas estrategias

bull Premiar ou recompensar a born comportamento - sempre que a crianca

tiver atitudes corretas devemos ressaltar este tatoo E bern comum que as

pais muito ocupados com tarefas cotidianas esqueltam de elogiar

somente lembrando de ralhar quando os ftlhos fazem algo errado Desta

forma as criancas entendem que naD vale a pena fazer tudo certinhon

pois nao recebem aprova9ao A melhor forma de alcan9ar um objetivo

educativo e elogiar incentivar e ressaltar tudo a que a crianca fizer de

positivo

bull Diferenciar premiar de dar coisas materiais - apesar do consumismo

vigente as crianvas ainda valorizam mais urn carinho urn elogio sincero

reconhecimento do esforco do que presentes dinheiro e viagens

Eventualmente pode-se presentear materialmente mas e importante nao

comprarmos as crianras pois desta forma elas aprendem a agir de modo

calculista Se dermos nosso carinho e aprovayao seu ego se fortalecera

sua auto-estima se elevara e gradualmente a crianya sentira prazer em

agir de forma adequada

bull Fazer com que a crianya assuma as conseqOemcias dos seus atos - com

carinha e naturalidade devemos conversar e agir apontando seus erras e

fazendo com que reftitam sobre as atitudes incorretas antieticas ou

egocentricas tomando 0 cuidado de deixar claro que 0 que desaprovamos

37

sao as atitudes incorretas e naD suas caracteristicas pessoais 5e mesma

ap6s a explica~o a crianca reincidir na atitude incorreta entao e 0

momento de faze-Ia compreender que e responsavel pelos seus atos e

tambem pelas suas conseqGencias Deve-se ressaltar as consequemcias

do ato born carinho aprova~o estimulo etc Como do ato incorreto

desaprova9ilo nao reforyamento deixar de fazer algo que gostam etc

Deve-se ter em mente que as elogios premiacoes bern como as puni90es

devem ser proporcionais ao fato Ou seja e necessario que se tenha born sensa e

equilibrio para que as acoes sejam autenticas e valorizadas pel as criancas

COUTINHO FILHO (2003) tambem sugere algumas possibilidades para

colocar parametros de limites para a crianca

bull Nao coloque limites conforme seus desejos pessoais

bull Demonstre que voce e as demais adultos tambem tern limites a respeitar

bull Diga qual puni9ilo a ser dada para cada limite ultrapassado e nao deixe de

executa-Ia

bull De puniyoes brandas para atitudes brandas e puniyoes pesadas para

atitudes pesadas

bull Deixe claro que a puniyao Eo pelo ate e nao pela pessoa

bull Justifique os motivos do limite Nao faca isso porque nao quero ou nao

gosto nao Eo justificativa

bull Repita quantas vezes for necesstuio

bull Use sua autoridade sem provocar submissao e mal estar

bull Use da afetividade para impor limites

38

ZAGURY (2001) destaca pontos importantes para nao perder a autoridade

perante os filhos

bull Cumpra 0 que disse (seja premia ou conseqOemcia) ou seja ameacou

execute prometeu faya

bull Seja coerente 0 que nao pode nao pode nunca (salvo raras excessoes)

nao mude de atitude como quem mud a de roupa (au de acordo com 0 seu

humor)

bull Faya com que seus filhos gradualmente assumam responsabilidades

Deixe que eles participem das decisoes sabre premios ou conseqOeuromcias

- isto ajuda a amadurecer e compromete a crianca e as jovens que

aderem mais ao que ajudam a construir (mesma que sejam sans6es para

eles proprios)

bull Cuidado com 0 que diz e com 0 modo como diz - critique 0 ato nunca a

pessoa ou a personalidade de seus filhos Trate somente do assunto que

S8 esta analisando no momento naD desenterre coisas do passado sem

necessidade Nao fique com pena da crianya se ela chorar ficar triste

nao talar com voce E melhor ela ficar triste hoje mas aprender a respeitar

o pr6ximo a 5i propria e a palavra empenhada do que sofrer futuramente

nos seus relacionamentos interpessoais

Segundo TIBA(2002) os filhos nao vem com manual pois eles mesmos sao 0

manual au seja cada criancaencerra uma individualidade e a cada dia os pais irao

aprendendo com cada filho E importante neste aprendizado os pais privilegiarem 0

desenvolvimento relacional atraves de um procedimento basico que deve ser

aplicado a cada fllho Para TBA (2002) ese procedimento e valido para qualquer

39

relacionamento entre pessoas de qualquer idade mas que e relevante na formaC8o

da auto-estima da criancadesde 0 seu nascimento Para 0 atendimento integral a

uma crian9 sao cinco os passos parar ouvir olhar pensar e agir (TIBA 2002

p127)

TIBA (2002) descreve os cinco passos da seguinte forma

1 Parar - parar 0 que estiver fazendo ou pensando e dar atenyao total acriancaCasa naD possa parar naquele exato momento vale colaear uma

das maos no ombro da crian9 enquanto diz que logo vai atende-Ia A

crianya deve ficar esperando ali juntinho de voce Pode ser que ela queira

sair para voltar logo depois Se a iniciativa de sair for da crianca a

responsabilidade de voltar sera dela Mas deve evitar ao maximo dizer

para a crianca ocupar-se com Dutra caisa enquanto voce termina 0 que

esta fazendo Nem sempre ela volta outra vez pelo mesmo motivo E

tambem fundamental deixar de lado ideias preconcebidas sobre 0 que a

crianca vai fatar Se voce pensa ~Iavern aquela chata me encher Dutra

vez seu cerebro ja esta preenchido em parte com esse pensamento e

voce perde a chance de atende-Ia integralmente

2 Ouvir - e a parte racional Os pais devem olhar no funda dos ahos da

crianca como se a Duvissem com as ahos A criany8 precisa aprender a

se expressar Nao se deve tentar adivinhar 0 que ela quer Quando pede

alguma coisa esta desenvolvendo sua capacidade de pensar de formular

uma pergunta e de se expressar para que outras pessoas possam

compreende-Ia

3 Olhar - e a parte instintiva Num piscar de olhos uma pessoa consegue

ver tantas coisas que levaria muito tempo explica-Ias em palavras Tudo 0

40

que se percebe visualmente tambem tem que ser considerado para

compreender a crian9a

4 Pensar - lados os elementos percebidos tanto visualmente quanto

verbal mente mais 0 sentido educativo que se que ira imprimir na forma9ao

da criana devem fazer parte da resposta a ser dada Sentido educativo e

o objetivo a ser atendido com a educaao que esta sendo dada (Quer que

o filho seja egoista Coloque-o sempre em primeiro lugar em detrimento

dos outros e diga sim a todos os seus desejos Quer que ele seja feliz

Ajude-o a desenvolver a satisfailo pelo que e e pelo que consegue fazer

a tolerimcia a compreensao dos Qutrosa vontade de ajudar a quem pede

e a etica do bem)

5 Agir - essa aao ou resposta deve ser bem clara e objetiva Melhor ainda

se voce puder se assegurar de que a crianca real mente saciou sua

vontade

E importante ressaltar que os cinco passos devem ser utilizados em todas as

situayaes desde 0 tombo da crian98 pequena ate quando a crian98 crescer Ao se

utilizar este procedimento basico as atitudes dos pais tendem a ser coerentes Par

exemplo se uma crianca calr naD e necessaria as pais sairem desesperados em

todas Situ8COeS mas avaiar se 0 tombo foi grave QU se foi urn tombinho que naD

precisa de maiores cuidados Tambem as pais naD devem sair dizendo que chao

feio que passa a falsa ideia que 0 chao e culpado pelo seu tombo a criana tem

que aprender que ela deve ter cuidado Se ela se choca uma ou duas vezes numa

mesa ela aprende a ter cuidado por sua pr6pria experiencia TIBA (2002 p133)

41

destaca que a afobayao e a reacao exagerada dos pais geram inseguran9a na

crianca

Outre fato bastante comum e as pais deixarem as ftlhos ganharem jogos par

exemplo tentando agrada-Ios mesmo que os deseduquem As crian9as tern uma

sabedoria natural Brincam e competem de acordo com as conhecimentos e as

capacita90es de que disp6ern E mais facil para 0 pai brincar como se fosse crian98

e deixar 0 filho ganhar sempre Esse comportamento contudo da a crianca uma

visao irreal do que e jogar Ganha-se algumas vezes perde-se outras (TIBA 2002

p136) Ou seja e mais educativ~ para a criana descobrir que podemos ser bons

em algumas caisas mas nao em tudo Passa-se uma experiencia da realidade para

a crianC8

TIBA (2002) tambem cita 0 caso de colocar a crian9a no colo enquanto se

dirige urn carro A crianC8 tern a falsa sensacao de que comanda 0 veiculo mas issa

nao passa de urn poder irreal Ao dirigir urn carrinho de brinquedo ela poderia de fato

se sentir poderosa IS50 sem falar que quando 0 filho crescer ao 15 anos par

exempla vai querer sair com 0 carro do pai mesmo sem poder Mas quando era

criancaeu podia

o caso classico da criancaquerer dormir com os pais tambem e abordado por

TIBA (2002) segundo 0 autor 0 ideal e que desde bebe a crian9a deve aprender a

dorrnir no seu lugar mesmo que ache mais gostoso aninhar-se entre os pais Ir cada

urn para sua cama da 0 sentido de que cada urn tem seu territorio ai tambem

estamos delimitando limites onde sao respeitados 0 so no e 0 espacode cada urn

Crian~asmaiores que ja andam devem ter um lugar (ou quarto) proprio para dormirMesmo que ocasionalmente adorme~am na cama dos pais e importante que sejamlevadas a sua cama para que acordem la Nao devem adquirir 0 habito de dormir nacama dos pais Tenha paciencia e fale claro em born tom olhando seriamente nofundo dos olhinhos dela ~Cada coisa no seu lugar cada pessoa na sua cama~

42

Quando a crian(f3 percebe que 0 limite e coisa sena e vai ser cumprido procura seajustar(lIBA 2002p115)

OLIVEIRA (1999 p120) enumera as diversos problemas que causam a fato

dos filhos permanecem no quarto dos pais na hora de dormir considerando-as de

difieil recupera~aoposterior

1 Faita de valorizayilo da privacidade tanto do casal como da crianya

2 Mantem a relacao simbi6tica au seja a li98980 existente entre mae e

bebe prejudicando 0 desenvolvimento emocional da crian93

3 A crianya tende a formar relayao de dependencia da protey80 e da

preseny8 dos pais ate mesma durante 0 sono

4 Quando chegar a fase em que a crianca elege entre 0 pai e a mae 0 seu

preferido tenta afastar 0 autro esticando-se e virando-se na cama de

modo a deixar a preterido desconfortavel a ponto deste mudar de lugar

sair da cama e ate mesma do quarto

E importante ressaltar que sempre as regras devem ser claras e naD sujeitas

a mudancas pois a organizacao interna dos filhos fica muito prejudicada se dormir

au nao na cama dos pais se transforma numa possibilidade que depende apenas do

humor dos pais ou de quanto 0 filho se recusa a dormir sozinho (chorando

acordando diversas vezes etc) A crian9a com autonomia de sono e mais

independente e feliz (TIBA 2002 p116)

Enfatiza-se que na maiaria dos casas as pais permitem que as criancas

fiquem ate mais tarde no quarto deles nao e par uma exigemcia ou necessidade da

crianya mas par alguma deficiencia desequilibrio au imaturidade dos proprios pais

(OLIVEIRA 1999 p122)

43

Em relaiio ao choro da crian9l ressalta-se que ha dois tipos de choro 0 que

expressa dor e 0 que busca pader

Se 0 filho descobrir que pade usar a chom como fonte de poder as pais estaoperdidos Nunca mais saberao dizer se ele chara par dar au poder Urn chore depoder Necessita dos olhos e dos ouvidos de quem se quer dominar Ingenua acrianya que usa 0 choro como pader para imediatamente apes conseguir 0 que querOai a importancia de as pais ficarem atentos para nao ser manipulados (TIBA 2002p158)

o choro que apela para 0 lade coitadinho inspira ternura Eo urn tipo de

manipula9ao que busca 0 dominio pela chantagem aletiva Eo dilicil neutralizar 0 uso

do choro como arma

Segundo liSA (2002 p159) Urn pouco de dor nao matara a crian9a assim

como urn poueD de pader nao matara as pais ( ) Se traumas infantis matassem a

humanidade estaria extinta Nao ha filho que nao tenha side contrariado A imensa

maioria deles tern condi90es de agOentar contrariedades 0 autor destaca que pais

que sao soHcitos ao extrema nao trayam um born e segura trajeto para seguir 0

resultado e que a crianya fica insegura pais perde a confianca neles ela pressente

que as pais nao tern firmeza nas suas decisoes e sao manipulaveis

Deve-se tomar cuidado com as exageros urn erro cometido pelos pais

desde que nao seja baseado na violencia em surras socas e pontapes naa traz

problema nenhum Atos como esses descarregam a raiva mas nao tern forlta

educativa pois violmcia s6 gera violencia (liSA 2002 p159)

Em rela9aOaos pais lazerem as tarelas pelos filhos ou ainda pior comprar os

resultados ressalta-se que este tipo de atitude nao ajuda a crianlta cria

dependencia e compromete 0 desenvolvimento escolar Alem disso as pais acabam

privando os filhos do gosto de uma conquista dando uma mensagem subliminar de

que eles sao incapazes Os pais nao devem privar os filhos do gosto de uma

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

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WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

Page 14: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

11

ter em mente a importancia de trabalhar essa questao com filhos e alunos e

diferenciar a demarc8C8ode limites de autoritarismo ou abuso do poder

Sermos adequados e saber encontrar a distancia certa entre nos e a Qutro E

naD ocupar um espaco exc8ssivamente pequeno para naD nos sentirmos acuados e

ameacados evitando tomar-nos agressivos () Todo ser vivo necessita de um

espatominima para viver sem 0 qual torna-S8 agressivo e luta pela sobrevivencia

ou perece (MIRANDA 2001)

OLIVEIRA et al (1999 p151) destaca a importancia dos limites

A disciplina e 0 todo que engloba a organiza~o que mantE~m a ordem entre aseoisas e as pes50as 0 limite e a fator que determina 0 campo e a espalto daatualfao Portanto 05 limites sao urn dos principais fundamentos da disciplina 0limite e que determina onde os meus direitos terminam e onde iniciam os dos outros() E necessario que 0 limite comece a ser estabelecido desde a forma~o dapersonalidade da crianca ou seja desde 0 nascimento () Ensinar a crianya aobedecer limites e treina-Ia para a vida

E preciso que os adultos aprendam a nao invadir 0 esparo da crianca nao

permitindo tamhem que as crianyas invadam 0 espayo dos outros E necessaria

quebrar este cicio vicioso que faz com que a indisciplina continue a ser 0 centro das

atenc6es na escola e na familia Dar limites e nao impor Iimites este e 0 grande

desafio para pais e educadores

Para que a criancaaceite os Iimites impastos e necessario que os pais au a

pessaa responsavel acredite no que esta dizendo e 0 faca com firmeza e explique

para que a crianra acredite e para que absorva a ideia de que ela nao esta proibida

de tudo mas que nem tudo 0 que desejamos podemos fazer mas ela pode fazer

quase tudo (ZAGURY 2001)

Quando se da Iimites esta se fazendo urn ato de amor oj crian~a e ao futuro adulto

ensina-se a ele a viver em sociedade a respeitar e ser respeitado esta se poupando

12

a crianca de cair no mundo das drogas e da violencia cnde 0 limite e muitas vezes a

marte

221 0 Papel da Familia

Os pais tem um papel fundamental na motivayao do aluno e sua participa9ao

e imprescindivel para que 0 aluno aprenda Desta forma a familia faz parte do tripe

que sustenta uma aprendizagem com sucesso Quando a familia esta tranqOila e a

rotina de casa esta equilibrada 0 aluno apresenta maiores oportunidades para urn

bom aprendizado

A familia e suporte fundamental para 0 bom desempenho escolar Pode-se

dizer que a clima familiar influencia no desempenho escolar e pade trazer prejuizos

ao rendimento escolar quando naD harmonioso

Se a familia naD da a crianca a base emocional firme 0 que tazer

E importante ensinar a crianca a identificar as sentimentos e lidar melhor com

eles

DAVIDOFF (1983) descreve como se da 0 desenvolvimento do ser humane

desde a concepcao e a importancia dos relacionamentos dos primeiros meses de

vida e da primeira infancia na forma9ao da personalidade e da socializayao futura do

individuo Para ela a base de urn relacionamento sadie entre mae e filho esia na

intensidade de afeto que a mae dispensa a crianca na amamentaC8o enos

cuidados na satisfa9ao de suas necessidades fisiol6gicas A qualidade das

intera90es sociais da crian9a estrutura a personalidade do individuo de algumas

formas importantes Falando de frustra90es conflitos e outras tensoes a autora

chama a aten9ao dos adultos que convivem com a crianca e 0 adolescente para sua

(~ )(~~l J 13

lt~C~responsabilidade em apoiar orientar e acompanha-Ios para que possam superar as

situaryoes conflitivas evitando assim 0 desenvolvimento de uma personalidade

agressiva e desajustada

DAVIDOFF (1983) vai mais alem ao dizer que pais maduros e seguros

envolvem os filhos em tomadas de decisao e assuntos da familia Apresentam

razoes para a que solicitam e proporcionam experiemcias graduais apropriadas para

a afirmayao da independencia Ainda assim retem a responsabilidade final Os filhos

dos pais maduros tendem a ser autoconfiantes independentes possuem boa auto-

estima e born relacionamento com suas familias Os pais autontanos preferem

taticas primitivas duras quando surgem conflitos insistem em obediemcia Sao

coercitivQs e favorecem a desenvolvimento de transtornos como 0 desafiador

opositivo No outro extrema os pais laissez faire que afrouxam totalmente as

limites sao totalmente igualitarios Todos os membros da familia estao

essencialmente Ilvres para fazerem deg que quiserern Raramente estes pais tomam

decis6es ou aceitam responsabilidades Os adolescentes filhos de pais autoritarios

e do tipo laissez faire tendem especialmente a ter problemas de ajustamento

o individuo age com relary8o a certas pessoas como seus pais se

comportaram para com ele Caso as imagos paternas que sao preservadas em

nossos sentimentos e em nossas mentes inconscientes forem predominantemente

rigidas nao poderemos estar em paz com n6s mesmos Odiamos em n6s as figuras

rigidas e intolerantes que tambem formam parte de nosso mundo interno e que sao

em grande parte a resultado de nossa agressividade para com as nossos pais

o homem e urn ser social ele precisa viver com as outros homens para

desenvolver suas necessidades basicas como 0 trabalho a criatividade a arnor par

14

issa ele S8 juntou em comunidade As comunidades sao uma reuniao de pessoas

que tern interesses comuns au seja interesses iguais

Familia e 0 nucleo de pessoas aparentadas que tern la90s de sangue e que

se apoiam no sentido de manter 0 nucleo permanentemente em comunhao

Hit uma serie de expectativas sociais em relacao it familia e preciso que

socialize as criancastomando-as capazes de viver junto aos Qutros seres humanos

A institui9ao familia tern passado ao longo da historia da humanidade por crises

muito serias As formas de familias sao extrema mente variaveis E mais variaveis do

que dentro de nossa proprio pais sao as formas de familia de Qutros paises do

mundo

A familia ah~m de reproduzir novos seres humanos tenta produzir neles as

seus habitos costumes e valores atraves de gerayoes

A familia sempre foi a celula-mater de uma sociedade ou refUgio das

atribuiyoes do mundo Tambem a religiao impoe normas as familias que em torno

del a se reunem Grande parte do comportamento de uma familia no sentido moral econtrolado pela religiao em que ela acredita Em troca a religiao e sustentada pela

familia fazendo com que as crencas e preiticas mora is subsistam por seculos e

levando as pessoas a uma aceitacao de punicoes impostas

o prestigio social dos individuos na familia tradicional de seu

comportarnento diante de sua fe de seu comportamento em rela9ao a familia e de

sua origem e influenciado pelos costumes que traz atraves de geralt6es Durante

anos a familia conduziu-se como uma barreira diante de inovac6es e de formas

novas de ligalt8o homem-mulher-filhos Os vinculos familiares representam uma

seguran9a afetiva e material muito importante para 0 desenvolvimento do individuo

A historia da humanidade assim como os estudos antropologicos sobre os

15

pavos e culturas distantes de n6s (no espacoe no tempo) esclarecem-nos sabre a

que e familia como existiu e existe hoje Mostra-nos como fcram e sao hoje ainda

variadas as formas sob as quais as familias evoluem se modificam assim como

sao diversas as concepcoesdo significado social dos la-os estabelecidos entre as

individuos de uma sociedade dada

Apesar dessas variacoes a forma mais conhecida e valorizada de nassos

dias a familia composta de pai mae e filhos chamada familia nuclear normal

Este e 0 modele que desde criancaS8 ve em livres escolares nos filmes na

televisao mesma que no seia familiar S8 verifique urn esquema diverso

A natureza das rela90es dentro de uma familia vai se modificando atraves do

tempo 0 aspecto mais problematico da evolU9aO da familia est sem d0vida

alguma ligado ao questionamento da posi9ao das crian9as como propriedade dos

pais e a posiryao economica das mulheres dentro da familia Inclui-se ai 0

questionamento da distribui9iio dos papis ditos especificamente masculinos e

feminin~s e esse e urn problema chave para 0 surgimento de uma nova estrutura

social

Nao se poder mudar a institui9ao familiar sem que toda a sociedade mude

tambem Pode-se afirmar ainda que qualquer modificayao na organiza~aofamiliar

implicara tambem numa modifica9ao dos rigidos papeis de esposa mae ou

prostituta os 0nicos atribuidos as mulheres Quanto as crianyas ha algum tempo ja

o Estado intervem entre pais e filhos e desde a pouco os pais sao passiveis de

denuncias pelos vizinhos caso punam fisicamente seus filhos

Atraves da escola do controle sobre os meios de comunica~aode medicos e

psic6lagas a pader dominante de cada sociedade mais au menos sutilmente imp6e

normas educacionais sendo dificil aos familiares contraria-Ias De uma maneira

16

geral cabe ainda aos pais grande parcela de poder de decisao sobre seus filhos

menores Parcela essa cada vez mais contestada A esse pader equivalem por

parte dos filhos direitos legais em relagao aos seus pais em particular no sistema

capitalista Direitos a assistencia educayao manutenyao e participacao em seus

bens e proventos

A familia como toda instituigao social apresenta aspectos positiv~s enquanto

nucleo afetivo de apoio e solidariedade Mas apresenta ao lade destes aspectos

negativ~s como a imposicao normativa atraves de leis uscs e costumes que

impllearn formas e finalidades rigidas Torna-se muitas vezes elementa de coayiio

social geradora de conflitos e ambigOidades

A agressividade inata tende a sef ativada pelas circunstancias externas

desfavoraveis e inversamente e mitigada pelo arner e compreensao que a crianca

recebe 0 seu desenvolvimento e suas reac6es com 0 adulto devem ser

considerados como resultantes da interacao e influencias externas e internas

Um sistema familiar disfuncional nM permite ao aluno a maturidade

necessaria para conseguir urn born desempenho academico

A problematica emocional ligada a situayao conflitiva absorve a

disponibilidade perceptiva e reacional do individuo a estimula~ao externa

dificultando a sua integragao ao ambiente e perturbagao nao 56 a sua capacidade de

aten98o de concentra~ao de raciocinio mas sobretudo a de relacionamento Assim

sendo as dificuldades de assimilayao na aprendizagem escolar podem estar ligadas

a fixagoes emocionais (NOVAES 1970 p 145)

Geralmente criangas com problemas emocionais adotam atitudes agressivas

de inibiyao constri9ao regressao isolamento hostilidade oposigao indiferenya

17

indisciplina exibicionismo dissimula~aosensibilidade e au emotividade excessivas

sendo freqOentesos problemas de mentira de furto e de natureza sexual

Na instituiyao familiar seja ela qual for e a ligayao emocional entre as

pessoas que as torna mats felizes e saudaveis

As perturbaltoes no ambiente familiar interferem no comportamento do

individuo Existe urn processo duple entre 0 lar e a escola as tensoes que sao

geradas num ambiente se manifestam como perturbaltoes no comportamento do

outro (WINNICOn 1971 p 223)

Resgatar a papel da familia e seus vaiores levan3i 0 aluno a sentir-se

amparado A autoridade paterna e materna participativa se faz necessaria na

criayao e educaltao na orientayao e aquisiltao de bons habitos influentes na

projeltaosocial das pessoas Nao necessariamente isto se refere a presenltafisica

de ambos os pais mas da existencia das funlt6esenquanto autoridade

A emoltaopermeia todos os aspectos da vida diaria do ser e tambem interfere

na aprendizagem fazendo-se necessaria urn conhecimento dos aspectos

emocionais para assim pader assistir 0 aluno em seu trabalho escolar A

estabilidade no ambiente familiar proporciona ao individuo seguranya e

independencia A participaltao da familia no cotidiano escolar e de suma

importancia para a aprendizagem

Os jovens nao podem se sentir abandonados eles precisam de exemplos e

sobretudo de afeto para a construltaode uma vida melhor

SOUZA (1995 p 58) considera que a inibiltaointelectual estaria na base da

dificuldade de aprendizagem Existem fatores da vida psiquica da crianlta que

podem atrapalhar 0 born desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaltao

18

com a aquisirao de conhecimentos e com a familia na medida em que as atitudes

parentais influenciam sobremaneira a rela~aoda crianca com 0 conhecimento

Ressalta-se que entre as variDS fatores que influenciam 0 aspecto emotional

da crian9a tem-se alcoolismo familia numerosa sem condicoes minimas estruturais

brigas freqOentes em casa abandono trabalho infantil etc A convivmcia com um

au mais destes fatores acarreta na impossibilidade do aluno concentrar-se nas

aulas visto que a sua aten9ao se volta para a tentativa de resolu9lo dos problemas

familia res que ele julga insoluveis na maioria das vezes Existe urn certa

conformismo misturado a angustia quando 0 aluno consegue expor 0 problema que

o aflige

Deve-se compreender que a familia esta envolvida em diversos problemas

oriundos das pressoes s6cio-econ6micas das dificuldades de habita9ao

alimenta9ao e trabalho sem tranqOilidade para assimilar e analisar os estimulos

externos integrando-os a sua dina mica familiar

A influencia do ambiente familiar e decisiva para 0 ajustamento emotional e

muitas vezes 0 grupo familiar nao oferece condi90es de estabilidade e de

seguranya emocional para 0 desenvolvimento normal de seus filhos

Grande incidencia de conflitos emocionais que se exteriorizam par ansiedade

sentimentos de inferioridade de inseguran98 depressao medo negativismo e

incapacidade de estabelecer rela90es afetivas geralmente coincidem com 0 grande

numera de familias desintegradas desunidas de pais ausentes incompreensivos

imaturos neur6ticos dominadores desajustados que nao podem dar compreensao

amor e apoio aos filhos

ZAGURY (2000) relata 0 resultado das duvidas e incertezas de muitos pais

Para ela os pais devem compreender que mais importante que satisfazer os desejos

19

da CrianC8 e ensinar principios eticos como honestidade solidariedade e respeito

mutua Principios estes que sao fundamentais para 0 born relacionamento social na

adolescencia e vida adulta

Limites sao regras ou normas de condula que devem ser passadas para as

criancas desde tenra idade Eles mostram as crianyas 0 que podem e 0 que naD

podem 0 que devem e 0 que nao devem fazer Ensinam tambem como respeitar 0

proximo facilitando a socializayao Os limites devem fazer parte da educaao pois

vivemos em sociedade e para a boa manutencao desta se faz necessaria a

existencia e 0 respeito as regras (COUlINHO FILHO 2003)

Em seu livro Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sobre a tirania

dos filhos ZAGURY (2000) discute os principais problemas que envolvem a

educayao dos filhos na sociedade moderna quando toda uma geraao de pais foi

influenciada par urna visao excessivamente psicologizante As ambigOidades as

diferenyas entre as regras estabelecidas pelos te6ricos sao debatidas e criticada a

tirania de alguns especialistas que contribuiram para a disseminayao de um dos

maiores males da educaao - 0 chamado psicologismo A autora alerta para a

necessidade de as pais serem criticos nas orientayoes e conhecimentos adquiridos

sobre a educaao dos filhos e chama a atenao sobre os limites e a necessidade de

autoridade por parte dos pais a importancia de se construir uma relayao baseada na

autenticidade e na democracia tanto para as crianyas quanta para seus pais

Para liSA (1996) a disciplina tern inicio antes mesmo do nascimento atraves

do modo como os pais se comportam no relacionamento mutuo Os primeiros dias

de vida e as interac6es com os pais ou pessoas que as substituem sao de

fundamental importancia no desenvolvimento bern ajustado Pois e nessa interayao

que a mae transmite 0 modo de ser da familia e isso e essencial para ajudar 0 filho

20

a formar 0 seu ser psicol6gico pois a crianca traz ao nascer apenas 0 seu ser

biol6gico

0 pai deve ter muita saude pSicol6gica para participar do gesto de

alimentat8o que tern urn significado tremendo no ge5to afetivo A crianca nao

precisa s6 de leite 0 leite alimenta 0 corpo 0 afeto e 0 alimento da alma Crian

sem afeto entra em depressao(lIBA 1996)

Deve-S8 ressaltar que 0 limite e diferente de repressao 0 primeiro S8 instala

atraves das puniyoes ja a repressao atraves da culpa A puniy80 age sabre a ato e

a culpa sabre a pessoa Durante 0 desenvolvimento da clianca 0 limite e saudtlVel

quando este refere-s8 apenas aos atos naD desrnerecendo au desvalorizando a

pessoa A crian nao deve se sentir culpada pelos seus atos mas responsavel par

estes (COUlINHO FILHO 2003)

llBA (1996) diz que os pais que exageram na preocupayao com a choro e a

comida estao contribuindo para ter urn indisciplinado dentro de casa estao

desrespeitando a desenvolvimento biol6gico da crian A mae que trabalha fora

sente-se culpada par deixar a filho sozinho na creche au na escola e depois a

superprotege para reparar a culpa acabando par criar urn folgado dentro de casa

o modo como lidar com a liberdade e Dutro fatar influenciador no comportamento da

crianya e do adolescente Impar limites sem submissao e autoritarismo e outro

desafio para os pais que precisam respeitar a espayo de individualidade sem se

submeterem aos seus caprichos

o tema indisciplina oj amplo e muito se tern ainda a pesquisar estudar e

orientar no sentido de ajudar as pais a encontrarem urn caminho mais segura na

educay80 e formayao da personalidade dos filhos que tern inicio nas primeiras

relayoes entre mae e filho

21

222 0 Papel da Escola

Se a condi9ao basica e necessaria para a aprendizagem e a integridade

moral e 0 estabelecimento da interalYBo professor versus aluno cnde fatares afetivos

e cognitivos exercem influencias decisivas na busca de realizac68s e de desejos

confirmando-Ihes determinadas caracteristicas inteny68s e significados e na escola

que ocorrem boa parte dos problemas com as quais 0 aluno S8 esbarra lentidao de

raciocinio falta de atenyao desintereSS8 indisciplina entre Qutros encontram as

suas origens na estrutura biol6gica sobretudo quando exposta ao meio ambiente

(POLITY 1998)

Em ambientes cnde estes fatares naD sao considerados relevantes que

alunos com dificuldades de aprendizagem ou com problemas de indisciplina acabam

sendo rotulados sofrendo puniyoes devido ao seu fracasso escolar Estes

apresentam lalta de interesse desmotiva980 para estudar pregui9a e distra9ao

Com isto os pais e professores nao entendem estas dificuldades e 0 aluno em seu

permanente estado de tensao nao consegue prestar aten~o e participar das aulas

nao obtendo os resultados esperados (MORAIS 1997)

Outro fator importante e a problematica emocional que deve ser considerada

como decisiva na adaptacao e rendimento escolar podendo trazer serias

conseqOemcias ao desenvolvimento e progresso emocional da crianca A escola

deve oferecer condic5es e estabilidade emocional e atraves do diagn6stico precoce

dos encaminhamentos adequados da pr09rama9aO adequada das atividades

escolares e da preparacao do professor atender a esses casos prontamente

poupando assim a crianra e a sociedade do agravamento dessas situac6es

(NOVAES 1970)

22

Neste interim surge a psicopedagogia como auxiliar no cicio aluno - familia -

escola quando se instala uma dificuldade de aprendizagem 0 psicopedagogo deve

ter urn olhar para 0 contexte global onde est inserida a criana com dificuldade de

aprendizagem as relac6es familia res e escolares

As crian~s que se evadem da escola em geral sao as mais rejeitadas

Estas criancas precisam ser estimuladas ao relacionamento a responder

adequadamente aos sentimentos do outro e a controlar tensao e ansiedade

compreendendo qual e 0 comportamento aceitavel em determinada situacao

E preciso aprender a lidar com a ira e a tristeza a respeitar as diferencas de

modo a encarar as eaisas dificeis aprender a perguntar a negociar a ser mais

assertivo Eo importante somar aos conteudos de hoje as liDes sobre sentimentos e

relacionamentos 0 primeiro passe e aprender a nomear a emoCao compreende-Ia

a partir de suas express6es faciais corpora is E essencial que 0 professor amplie

sua ViS80 sobre as quest6es emocionais desenvolvendo autodisciplina vida

virtuosa capacidade de motivar-se de enfrentar press6es e resolver conflitos

Por tudo isso a escola tem 0 compromisso moral e etico de se preocupar com

o desenvolvimento dos alunos reinventando as aulas e proporcionando a sintonia

do conteudo a capacidade de aprender Considera-se muito importante que a familia

e a escola estabelecarn urn vinculo para tentar mUdanyas em relaC80 it falta de

atenC80 e indisciplina no sentido de ajudar 0 aluno a evitar maiores dificuldades

crises e stress

ANNA FREUD (1971 p162) considera que as normas escolares prestam

pouca ou nenhuma atenC80 as diferencas individuais

o aluno deve sentir-se desafiado e envolvido no processo a todo instante A

capacidade de empatia entre professor e aluno e 0 segredo do sucesso no

23

relacionamento entre ambos A auto-estima e urn ponto tambem fundamental para

um comportamento bem integrado

Num sistema educacional problematico como 0 do Brasil unido ascaracteristicas pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita5es

do professor e toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sal a

de aula interferem na aprendizagem como urn todo Pais e professores devem estar

atentos para educar desde os primeiros dias de vida para a disciplina que nao

5ubmete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemple e 0 dialogo

E preciso que a escala como urn todD e principal mente seu corpo docente

ampliem a consciencia a respeito da responsabilidade que tern em relacao ao futuro

dos seus alunos e alem disso que possam perceber a importancia do bern estar

psicol6gico como uma situacao fundamental para a aprendizagem satisfat6ria A

escola pode e deve propiciar ao aluno seguranca emocional para que ele possa

vivenciar vinculos saudaveis com seus professores e colegas

Espera-se que Utenham uma visao positiva da vida e sentido de humor que

sejam capazes de apreciar 0 valor de uma boa risada para eliminar pequenos

ressentimentos e aborrecimentos que prejudicam 0 crescimento do aluno (MOULY

1979 p 134)

E urgente a necessidade de uma nova escola desenhada para a mente e 0

cora~ao que ensina autocontrole empatia a arte de ouvir de resolver conflilos de

cooperar

A indisciplina pode ser definida como

Indisciplina e a recusa de $ubmeter-se as regras de aprendizagem educativa e a seu sistemade transmissao institucional Relacionada com 0 contexto familiar e escolar a indisciplina eum dos sintomas dos disturbios da inf~ncia e da adolescencia Quee preciso situar no campomutti~imensional da~ i~teracOesentre processos de aprendizagem e finalidades da educayaorelayao educadorlsuJeltolgrupos de alunosJclasse sistema de avaliacao e risco de fracasso

24

Ultrapassando 0 simples registro dos disturbios de carater a indisciplina tern a ver comfatores psicossociais que dao sentido a essa forma de insubmissflo (DORON et ai 1998)

Para VASCONCELLOS (1995) as manifesta90es de indisciplina na escola e

na sal a de aula sao urn problema a ser analisado na sua totalidade levando-se em

conta a familia as mudan~asocorridas na escola a professor a sociedade a crise

dos sentidos e dos limites considerando-se que 0 que se entende por disciplina e

como construi-Ia nurn processo de interarao entre 0 adolescente e a

professorescola

A educaC8o no seu verdadeiro sentido naD se faz sem autoridade pais 0

educando precisa do referencial do educador a fim de ter base para a constru9ao do

seu eu Muitas vezes 0 professor nao consegue disciplina porque nao tem

autoridade diante dos alunos Normalmente 0 professor fica esperando que 0 aluno

traga urn reconhecimento natural para com sua pessoa historicamente esse tempo

passou 0 tratamento de respeito tem que ser conquistado pelo professor

(VASCONCELLOS 1995)

A questao fica complicada quando temas como profissionais da educayao

elementos totalmente alheios e nao educados para a realidade atual Alem da falta

de dominio dos conteudos a serem ensinados falta-Ihes a capacidade de perceber

essas transforma90es hist6ricas que vern ocorrendo no relacionamento educando x

educador Falta-Ihes conhecimento do desenvolvimento humane e psicol6gico de

seus alunos E por fim suas pnticas pedag6gicas sao pobres de metodos que

propiciem a intera9aOe a construyao do conhecimento no respeito mutuo falta-Ihes

autoridade e capacidade de administrar a indisciplina gerada pelos fatores citados

Esses professores podem se deparar com criancas com transtorno desafiador

25

opositivo e muitos deles carecem de orientaCiies de como lidar com este tipo de

conduta

A disciplina escolar e urn conjunto de regras que devem ser obedecidas para

o exito do aprendizado escolar Portanto ela e uma qualidade de relacionamento

humano entre 0 corpo docente e 0$ alunos em uma sala de aula e

consequentemente na escola respeitando as caracteristicas de cada urn dos

envolvidos (TIBA 1996)

Para que haja disciplina em sala de aula isto e alunos motivados satisfeitos

com a aula e necessaria que 0 professor seja urn grande conhecedor do que

ensina da realidade que 0 cerca e tenha a capacidade de envolver 0 aluno na sua

sala usanda uma metodologia e uma didatica que nao deem margem a apatia ao

cans890 a monotonia para ambas as partes 0 aluno deve sentir-se desafiado e

envolvido no processo a todo instante A capacidade de empatia entre professor e

aluno e 0 segredo do sucesso no relacionamento entre ambos

Para TIBA (1996) a indisciplina na escola e vista como conseqOencia do

sistema educacional brasileiro que afeta diretamente as rela90es dos individuos em

sal a de aula e na escola Urn sistema total mente falido unido as caracteristicas

pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita~oes do professor e

toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sala de aula A auto-

estima e citada pelo autor como fundamental para um comportamento bem

integrado Ele aponta tambem inumeras sugestiies para os pais e professores no

sentido de como educar desde os prirneiros dias de vida para a disciplina que nao

submete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemplo e 0 dialogo

Por outro lado encontra-se a escola tentando cumprir a sua funCao (orientar

na constru~ao do conhecimento) e freqDentemente quando 0 professor se depara

26

com um alune que esta precisando de ajuda no aspecto emocional encontra-se

despreparado para lidar com a questao reagindo com intolerancia Consideram

muitas vezes mais tacil fazer julgamentos como 0 alune naD tern jeito bulle da

familia tal todos as irmaos desta familia ja fcram meus alunos e sao todos i9uais

Eventualmente recusam-se a participar de cursos de atualiza9ao e aperfei90amento

e preferem adetar a postura de que sabem que 0 alunD naD tern jeito mesma e nada

S8 tern a fazer a que favorece 0 rebaixamentoda auto-estima do alune e 0

agravamento do problema gerando disc6rdias e aborrecimentos na escola

Urn Dutro aspecto a ser considerado e que tudo sa tornaria mais facil para a

crianca se ao ingressar na escola ela pudesse encontrar um ambiente acolhedor

com regras bern definidas professores conhecedores dessa realidade com

formacaopsicol6gica para propiciar momentos de tomada de consciencia do porque

daquele comportamento fazendo acontecer a catarse e redirecionando as modos de

agir de tais crian~s e adolescentes Porem a realidade das escolas e bem outra 0

proprio ambiente e a mentalidade favorece que ela a crianca a adolescente

coloquem toda a agressao reprimida suas neuroses seu 6dio seus sentimentos

de culpa sua revolta contra a autoridade e a patrimonio escolar Muitas vezes 0

atuno encontra professores que nao se libertaram dos traumas e problemas dos

quais eles mesmos foram vitimas na primeira infancia alern de desconhecerem e

nao saberem lidar com a crianca e 0 adolescente problematico pelo desprepara

pedag6gico e a falta de metodos adequados e atrativos para prender a aten9ao e 0

interesse de seus alunos Sua pratica pedag6gica e pobre de recursos e estrategias

que desafiem e motivern tais alunos a se auto valorizarem elevando a auto-estima

Urn dos pontes mais comuns entre as indisciplinados e a sentimento de

menos valia aem da fata de conffan9a nos contatos e na produtividade Percebe-se

27

assim que para reverter essa questao naD basta trabalhar com a aluno E

necessario urn trabalho junto aos professores e familias criando estrategias que

modifiquem 0 ambiente e urn relacionamento mais verdadeiro mais equilibrado

deve ser estabelecido em todos as sentidos - trabalhando-se em equipe

28

3 0 CASO DE UMA CRIANCA COM TRANSTORNO DESAFIADOR OPOSITIVO

Foram utilizadas entrevistas com a mae professores e irmaos Encontros com

a crian-a em sess6es com durayao de 50 minutos cnde utilizou-se de metod as

como desenhos brincadeiras jogos regrados massa de modelar

31 HIST6RIGO DO GASO

F e urna rnenina de cinco anos cayula tendo um irmao de 21 anos e urna

irma de 17 anas de idade

o pai faleceu com 49 anas ha apraximadamente 01 ana e a mae atualmente

com 49 anas teve F com 43 anas

o pai fai marta par paliciais em frente a sua casa Estava bebada e saiu a rua

armada e um carro da palicia apareceu e 0 viu sentado na calcadalogo depois

vieram muitas viaturas e a mae pediu que levassem 0 marido para passar a noite na

cadeia mas que naD fizessem nenhum mal a ele Neste momento 0 pai de F

comeyou a atirar e aS policiais (segundo a mae 18 policiais aproximadamente)

invadiram a casa e comeyaram a atirar A familia fa para os fundos da casa e a mae

passou F par cima do muro para a casa da vizinha Quando a familia voltou para

frente da casa as paliciais disseram que a pai de F estava ferida na perna e

levaram-na para a hospital mas segundo a relata da mae ele ja estava marta e

havia na verdade levado urn tiro na cabeca F nao viu a cena mas escutou tudo

Ganforme relata da mae a partir da data do acarrida F naa abedece faz de

canta que naa escuta e quando quer alga came9a a tremer A mae diz que a filha

29

ficou assim desde a marte do pai pais este a bajulava muito fazia tudo 0 que ela

desejava

F sempre foi mimada pelo pai este nunca repreendia a filha por algo de

errado que ela fizesse Para 0 pai F nunca estava errada inclusive quando ela e a

irma mais velha brigavam 0 pai sempre ia em defesa da mais nova e para protege-

la amea98va bater na mais velha

A queixa principal da mae e que F comeya a tremer quando quer algo de que

gosta muito nao obedece a regras e Iimites impostos pelos responsaveis

Nas observayiies comportamentais notou-se que F testa os limites dos

adultos para conseguir 0 que deseja e as pesso8s que a cercam para se livrarem

das birras acabavam por fazer 0 que ela queria Mas essas mesmas pessoas

comeyaram a perceber que a falta de regras e limites jil ultrapassava 0 limite do

suportaveJ

Segundo HANISH et al (1999) 0 transtorno desafiador opositivo aparece

antes dos 10 anos Normalmente torna-se aparente na idade pre-escolar que e 0

caso desta crianga

Na escola F naD interagia com as colegas na hara de fazer brincadeiras em

grupo nac conseguia se relacionar com as colegas quando a professora pedia para

fazer alguma atividade F fazia do jeito que queria e nao como a professora

solicitava

Para que houvesse progresso no tratamento foi fundamental que a mae e as

demais pessoas que rodeiam a crian~a modificassem sua forma de agir e para que

isso ocorresse foi preciso fazer urn remanejo de conduta dessas pessoas Fez-se

pois necessaria orientacao e treinamento para auxilia-Ios nesta mudanlta

30

32 EVOLUCAO DO CASO

As intervenyoes utilizadas neste casc com a mae fcram em forma de

orientayao na freqOencade pelo menDS uma vez par meso Mais recentemente este

trabalho com a mae vern sendo feito a cada quinze dias

Em conversa com a mae esta mencionou que naD queria fazer como seus

pais naD que eles fassem ruins disse ela mas eles nao conversavam e naD tinham

tempo de dar aten9ao e de ensinar os deveres da escola Tudo 0 que ela aprendeu

na escola foi par esforyo proprio e naD queria que isso acontecesse com sua filha

entaD ela au as irmaos mais velhos sentam com F e a ensinam

Mais tarde foi feita uma entrevista com a professora e esta mostrou todas as

li90es de F e disse que aquelas atividades nao haviam side feitas pela crian9a e sim

por seu irmao e que a professora ja havia mandado bilhetes pedindo que nao

fizessem mais as atividades da escola par F A mae foi orientada a dar mais

incentivo a F em lugar de fazer os deveres por ela pois F nilo tinha problemas de

aprendizagem mas par falta de incentivo poderia vir a ter

Com F foram utilizadas brincadeiras como pintura com aquarela desenhos

massa de modelar hist6ria infantis Atraves destes me-todosforam utilizados refor~o

e a punicao quando necessarios

o refor9Q foi atraves de elogios sorriso e aten9ao quando F realizava urn

comportamento desejavel A punitao consistiu em retirar uma atividade que ela

gostava muito como desenhar OU tambem ignorar a sua atitude mantendo a calma

No terceiro encontro F mencionou 0 pai dizendo que ele comprava doces

para ela mas nao quis continuar falando sobre ele alegando que 0 irmao mais velho

nao gostava Mais tarde em outras sess6es tornou-se claro ser isto fantasia sua

31

Nos primeiros encontros corn F ela demonstrou S8r cordata entretanto a

partir do quarto encontro F mostrou comportamentos de manipula9ao ou seja

querer controlar a situacao e que tude salsse da forma que queria para que todos

as seus desejos fossem realizados atitude comum em casa ou na escola

A quinta sessao foi para verificar a interacao de F com a mae F mostrou-se

intransigente naD obedeceu a nenhuma das ordens da mae na hora de guardar as

brinquedos gritou com a mae e esta demonstrou claramente nao conseguir dar

limites a sua filha A mae conseguiu dizer neste momento que se F estivesse em

casa iria apanhar com uma varinha mas ista naD adiantou pais F ficou irredutivel

Ao final da sessao quando tudo estava no seu devido lugar F ja estava agindo como

se nada tivesse ocorrido a mae mencionou que F era muito nervoS8

A partir da sexta sessao loram leitos contratos com F os quais ela aceitou

com lacilidade

Apos 0 contrato feito na sessao anterior na setima sessao foi trabalhado a

limite atraves de acordos leitos com F como pedir para que ela escolhesse

somente tres tipos de brinquedos da caixa que s6 iria embora quando a horario da

sessao terminasse e que as Iimites seriam colocados pela terapeuta Com estas

regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela queria

A partir da oitava sessao loi levantada a hip6tese do problema de F ser

transtorno desafiador opositivo pais ela demonstrou as comportamentos de querer

dominar e mostrar que poderia mandar mas com muita paciencia foram impastos

limites atraves do silencio mostrando que nem tudo poderia ser como ela queria e

assim acabou aceitando

A nona sessao loi destinada a orientar a mae em como agir com a filha e loi

proposto para que a mae assistisse a proxima sessao atras do espelho

32

Como foi sugerido para a mae na sessao passada ela ficou ats do espelho

para ver como a filha interagia e poder verificar qual seria a melhor forma de lidar

com ela

A decima segunda sessao foi destinada a mae para verificar como estava 0

comportamento de F fora da terapia Ela comentou que 0 comportamento da filha

melhorara muito que as tremores 56 ocorriam esporadicamente Foi orientado amae que quando Dcarressem as tremores ela deveria fazer de conta que naD havia

percebido nada

Foram feitas diversas sess6es seguidas mais precisamente da decima

terceira il decima setima com F destinadas a trabalhar regras e limites Este

trabalho foi realizado atraves de acordos com F como por exemplo pedir que ela

escolhesse apenas tres brinquedos da caixa au escolhesse entre desenhar e ouvir

historias au ainda entre conversar e brincar tambem poderia escolher entre brincar

de casinha e desenhar

A decima oitava sessao foi urna sessao diferente pOis foi destinada aprofessora de F para verificar como F estava S8 comportando e se relacionando

com colegas em sala de aula enos interval os A professora levantou a hip6tese de F

ter problemas de aprendizagem pois as atividades escolares dela nao eram

compativeis com a de seus colegas de classe Mas foi constatado atraves das

atividades que eram enviadas para serem feitas em casa que 0 que faUava para F

era estimulo pOisseu irmao fazia suas atividades por ela

Foram feitas duas sessoes seguidas (decima nona e vigesimal para

comprovar se havia problemas de aprendizagem com F Sessoes estas de recorte e

colagem e de hist6ria (Cinderela) Com estas atividades pode se constatar que F

33

tern plena capacidade de realizar tarefas sDzinha talvez com uma pequena

orienta9ao quando solicitado por ela

A vigesima primeira foi mais uma sessao dedicada a orient89ao a mae

quando esta mencionou que Festa cada vez melhor seus tremores quando quer

chamar a aten9ao estao diminuindo a cada dia

No vigesimo segundo encontro com F a interven9ao utilizada foi 0 desenho

Eta desenhou margaridas e mencionou que se fosse uma planta queria ser uma

margarida e S8 fosse urn objeto queria ser uma estrela Ja na sessao seguinte que

foi a vigesima terceira a intervencao utilizada foi brincar de casinha cnde F mostrou

a sua intera9ao familiar dizendo que trabalhava em um hotel (como na realidade sua

mae trabalha) 0 marido trabalhava em hotel e seu pai estava muito doente (na

realidade ja e falecido) e tinha muitas dores no corpo

Ate 0 momento foram feitas as vinte e tres sess6es aqui descritas nas quais

a crianya demonstrou significativas mudantas no comportamento

33 ANALISE DO CASO

Inicialmente F nae obedecia fazia de conta que naD escutava e quando

queria algo come9ava a tremer nao obedecendo a regras e limites impostos pelos

respons8veis A mae dizia que a filha ficou assim desde a morte do pai pais este a

bajulava muito fazia tudo 0 que ela desejava

Notou-se que F testava os limites dos adultos para conseguir 0 que desejava

e as pessoas que a cercavam para se livrarem das birras acabavam par fazer 0

que ela queria

34

Na escola nao conseguia se relacionar com os colegas quando a professora

pedia para fazer alguma atividade F lazia do jeito que queria

A mae de F fazia as atividades par ela dizendo que ~nao queria tazer como

seus pais naD que eles fassem ruins mas eles naD conversavam e naD tinham

tempo de dar atenC80 e de ensinar as deveres da escola

Durante 0 tratamento F inicialmente demonstrou ser cordata posteriormente

mostrou comportamentos de manipulayM querendo controlar a situayao e

procurando forcar que todos as seus desejos fassem realizados Na presenva da

mae nao obedeceu a nenhuma das ordens dela gritou e ficou clara a dificuldade da

mae em dar limites a filha F mostrava-se muito irritada

Foram feitos contratos com F e passou-se a trabalhar atraves de acordos as

limites Com estas regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela

queria

No tratamento foi fundamental que a mae e as demais pessoas que rodeiam a

crianya modificassem sua forma de agir Foi orienlado a mae que quando

ocorressem as tremores ela devena fazer de conta que nao havia percebido nada

Em sessao com a professora de F constatou-se que a hipotese de

problemas de aprendizagem se apresentava mais em lace da lalta de estimulo para

que esta realizasse suas pr6pnas atividades ao inves de que outras pessoas as

fizessem por ela Foram leitas sessees com a finalidade de comprovar se F tinha

problemas de aprendizagem e verificou-se que esla linha plena capacidade de

realizar as tarefas sozinha Em relayao a interayao familiar F dramatrizou em uma

atividade que sua mae trabalhava em um hotel 0 que correspondia a realidade e 0

marido trabalhava em hotel que seu pai estava muito doenle e tinha muitas dores

35

no corpo quando na realidade seu pai ja era falecido Mostrava com isso a falta que

a funy80 paterna Ihe fazia

A mae de F I numa sessao dedicada a sua orientay8o mencionou que F

estava cada vez melhor e que seus tremores para chamar a atenC80 estavam

diminuindo a cada dia

36

4 ORIENTA~OES AOS PAIS

ZAGURY (2001 p59) na complexa tarefa de dar limites sem ser autocratico

ou seja de como disciplinar sem bater OU sem ser coercitivQ com a crianya sugere

algumas estrategias

bull Premiar ou recompensar a born comportamento - sempre que a crianca

tiver atitudes corretas devemos ressaltar este tatoo E bern comum que as

pais muito ocupados com tarefas cotidianas esqueltam de elogiar

somente lembrando de ralhar quando os ftlhos fazem algo errado Desta

forma as criancas entendem que naD vale a pena fazer tudo certinhon

pois nao recebem aprova9ao A melhor forma de alcan9ar um objetivo

educativo e elogiar incentivar e ressaltar tudo a que a crianca fizer de

positivo

bull Diferenciar premiar de dar coisas materiais - apesar do consumismo

vigente as crianvas ainda valorizam mais urn carinho urn elogio sincero

reconhecimento do esforco do que presentes dinheiro e viagens

Eventualmente pode-se presentear materialmente mas e importante nao

comprarmos as crianras pois desta forma elas aprendem a agir de modo

calculista Se dermos nosso carinho e aprovayao seu ego se fortalecera

sua auto-estima se elevara e gradualmente a crianya sentira prazer em

agir de forma adequada

bull Fazer com que a crianya assuma as conseqOemcias dos seus atos - com

carinha e naturalidade devemos conversar e agir apontando seus erras e

fazendo com que reftitam sobre as atitudes incorretas antieticas ou

egocentricas tomando 0 cuidado de deixar claro que 0 que desaprovamos

37

sao as atitudes incorretas e naD suas caracteristicas pessoais 5e mesma

ap6s a explica~o a crianca reincidir na atitude incorreta entao e 0

momento de faze-Ia compreender que e responsavel pelos seus atos e

tambem pelas suas conseqGencias Deve-se ressaltar as consequemcias

do ato born carinho aprova~o estimulo etc Como do ato incorreto

desaprova9ilo nao reforyamento deixar de fazer algo que gostam etc

Deve-se ter em mente que as elogios premiacoes bern como as puni90es

devem ser proporcionais ao fato Ou seja e necessario que se tenha born sensa e

equilibrio para que as acoes sejam autenticas e valorizadas pel as criancas

COUTINHO FILHO (2003) tambem sugere algumas possibilidades para

colocar parametros de limites para a crianca

bull Nao coloque limites conforme seus desejos pessoais

bull Demonstre que voce e as demais adultos tambem tern limites a respeitar

bull Diga qual puni9ilo a ser dada para cada limite ultrapassado e nao deixe de

executa-Ia

bull De puniyoes brandas para atitudes brandas e puniyoes pesadas para

atitudes pesadas

bull Deixe claro que a puniyao Eo pelo ate e nao pela pessoa

bull Justifique os motivos do limite Nao faca isso porque nao quero ou nao

gosto nao Eo justificativa

bull Repita quantas vezes for necesstuio

bull Use sua autoridade sem provocar submissao e mal estar

bull Use da afetividade para impor limites

38

ZAGURY (2001) destaca pontos importantes para nao perder a autoridade

perante os filhos

bull Cumpra 0 que disse (seja premia ou conseqOemcia) ou seja ameacou

execute prometeu faya

bull Seja coerente 0 que nao pode nao pode nunca (salvo raras excessoes)

nao mude de atitude como quem mud a de roupa (au de acordo com 0 seu

humor)

bull Faya com que seus filhos gradualmente assumam responsabilidades

Deixe que eles participem das decisoes sabre premios ou conseqOeuromcias

- isto ajuda a amadurecer e compromete a crianca e as jovens que

aderem mais ao que ajudam a construir (mesma que sejam sans6es para

eles proprios)

bull Cuidado com 0 que diz e com 0 modo como diz - critique 0 ato nunca a

pessoa ou a personalidade de seus filhos Trate somente do assunto que

S8 esta analisando no momento naD desenterre coisas do passado sem

necessidade Nao fique com pena da crianya se ela chorar ficar triste

nao talar com voce E melhor ela ficar triste hoje mas aprender a respeitar

o pr6ximo a 5i propria e a palavra empenhada do que sofrer futuramente

nos seus relacionamentos interpessoais

Segundo TIBA(2002) os filhos nao vem com manual pois eles mesmos sao 0

manual au seja cada criancaencerra uma individualidade e a cada dia os pais irao

aprendendo com cada filho E importante neste aprendizado os pais privilegiarem 0

desenvolvimento relacional atraves de um procedimento basico que deve ser

aplicado a cada fllho Para TBA (2002) ese procedimento e valido para qualquer

39

relacionamento entre pessoas de qualquer idade mas que e relevante na formaC8o

da auto-estima da criancadesde 0 seu nascimento Para 0 atendimento integral a

uma crian9 sao cinco os passos parar ouvir olhar pensar e agir (TIBA 2002

p127)

TIBA (2002) descreve os cinco passos da seguinte forma

1 Parar - parar 0 que estiver fazendo ou pensando e dar atenyao total acriancaCasa naD possa parar naquele exato momento vale colaear uma

das maos no ombro da crian9 enquanto diz que logo vai atende-Ia A

crianya deve ficar esperando ali juntinho de voce Pode ser que ela queira

sair para voltar logo depois Se a iniciativa de sair for da crianca a

responsabilidade de voltar sera dela Mas deve evitar ao maximo dizer

para a crianca ocupar-se com Dutra caisa enquanto voce termina 0 que

esta fazendo Nem sempre ela volta outra vez pelo mesmo motivo E

tambem fundamental deixar de lado ideias preconcebidas sobre 0 que a

crianca vai fatar Se voce pensa ~Iavern aquela chata me encher Dutra

vez seu cerebro ja esta preenchido em parte com esse pensamento e

voce perde a chance de atende-Ia integralmente

2 Ouvir - e a parte racional Os pais devem olhar no funda dos ahos da

crianca como se a Duvissem com as ahos A criany8 precisa aprender a

se expressar Nao se deve tentar adivinhar 0 que ela quer Quando pede

alguma coisa esta desenvolvendo sua capacidade de pensar de formular

uma pergunta e de se expressar para que outras pessoas possam

compreende-Ia

3 Olhar - e a parte instintiva Num piscar de olhos uma pessoa consegue

ver tantas coisas que levaria muito tempo explica-Ias em palavras Tudo 0

40

que se percebe visualmente tambem tem que ser considerado para

compreender a crian9a

4 Pensar - lados os elementos percebidos tanto visualmente quanto

verbal mente mais 0 sentido educativo que se que ira imprimir na forma9ao

da criana devem fazer parte da resposta a ser dada Sentido educativo e

o objetivo a ser atendido com a educaao que esta sendo dada (Quer que

o filho seja egoista Coloque-o sempre em primeiro lugar em detrimento

dos outros e diga sim a todos os seus desejos Quer que ele seja feliz

Ajude-o a desenvolver a satisfailo pelo que e e pelo que consegue fazer

a tolerimcia a compreensao dos Qutrosa vontade de ajudar a quem pede

e a etica do bem)

5 Agir - essa aao ou resposta deve ser bem clara e objetiva Melhor ainda

se voce puder se assegurar de que a crianca real mente saciou sua

vontade

E importante ressaltar que os cinco passos devem ser utilizados em todas as

situayaes desde 0 tombo da crian98 pequena ate quando a crian98 crescer Ao se

utilizar este procedimento basico as atitudes dos pais tendem a ser coerentes Par

exemplo se uma crianca calr naD e necessaria as pais sairem desesperados em

todas Situ8COeS mas avaiar se 0 tombo foi grave QU se foi urn tombinho que naD

precisa de maiores cuidados Tambem as pais naD devem sair dizendo que chao

feio que passa a falsa ideia que 0 chao e culpado pelo seu tombo a criana tem

que aprender que ela deve ter cuidado Se ela se choca uma ou duas vezes numa

mesa ela aprende a ter cuidado por sua pr6pria experiencia TIBA (2002 p133)

41

destaca que a afobayao e a reacao exagerada dos pais geram inseguran9a na

crianca

Outre fato bastante comum e as pais deixarem as ftlhos ganharem jogos par

exemplo tentando agrada-Ios mesmo que os deseduquem As crian9as tern uma

sabedoria natural Brincam e competem de acordo com as conhecimentos e as

capacita90es de que disp6ern E mais facil para 0 pai brincar como se fosse crian98

e deixar 0 filho ganhar sempre Esse comportamento contudo da a crianca uma

visao irreal do que e jogar Ganha-se algumas vezes perde-se outras (TIBA 2002

p136) Ou seja e mais educativ~ para a criana descobrir que podemos ser bons

em algumas caisas mas nao em tudo Passa-se uma experiencia da realidade para

a crianC8

TIBA (2002) tambem cita 0 caso de colocar a crian9a no colo enquanto se

dirige urn carro A crianC8 tern a falsa sensacao de que comanda 0 veiculo mas issa

nao passa de urn poder irreal Ao dirigir urn carrinho de brinquedo ela poderia de fato

se sentir poderosa IS50 sem falar que quando 0 filho crescer ao 15 anos par

exempla vai querer sair com 0 carro do pai mesmo sem poder Mas quando era

criancaeu podia

o caso classico da criancaquerer dormir com os pais tambem e abordado por

TIBA (2002) segundo 0 autor 0 ideal e que desde bebe a crian9a deve aprender a

dorrnir no seu lugar mesmo que ache mais gostoso aninhar-se entre os pais Ir cada

urn para sua cama da 0 sentido de que cada urn tem seu territorio ai tambem

estamos delimitando limites onde sao respeitados 0 so no e 0 espacode cada urn

Crian~asmaiores que ja andam devem ter um lugar (ou quarto) proprio para dormirMesmo que ocasionalmente adorme~am na cama dos pais e importante que sejamlevadas a sua cama para que acordem la Nao devem adquirir 0 habito de dormir nacama dos pais Tenha paciencia e fale claro em born tom olhando seriamente nofundo dos olhinhos dela ~Cada coisa no seu lugar cada pessoa na sua cama~

42

Quando a crian(f3 percebe que 0 limite e coisa sena e vai ser cumprido procura seajustar(lIBA 2002p115)

OLIVEIRA (1999 p120) enumera as diversos problemas que causam a fato

dos filhos permanecem no quarto dos pais na hora de dormir considerando-as de

difieil recupera~aoposterior

1 Faita de valorizayilo da privacidade tanto do casal como da crianya

2 Mantem a relacao simbi6tica au seja a li98980 existente entre mae e

bebe prejudicando 0 desenvolvimento emocional da crian93

3 A crianya tende a formar relayao de dependencia da protey80 e da

preseny8 dos pais ate mesma durante 0 sono

4 Quando chegar a fase em que a crianca elege entre 0 pai e a mae 0 seu

preferido tenta afastar 0 autro esticando-se e virando-se na cama de

modo a deixar a preterido desconfortavel a ponto deste mudar de lugar

sair da cama e ate mesma do quarto

E importante ressaltar que sempre as regras devem ser claras e naD sujeitas

a mudancas pois a organizacao interna dos filhos fica muito prejudicada se dormir

au nao na cama dos pais se transforma numa possibilidade que depende apenas do

humor dos pais ou de quanto 0 filho se recusa a dormir sozinho (chorando

acordando diversas vezes etc) A crian9a com autonomia de sono e mais

independente e feliz (TIBA 2002 p116)

Enfatiza-se que na maiaria dos casas as pais permitem que as criancas

fiquem ate mais tarde no quarto deles nao e par uma exigemcia ou necessidade da

crianya mas par alguma deficiencia desequilibrio au imaturidade dos proprios pais

(OLIVEIRA 1999 p122)

43

Em relaiio ao choro da crian9l ressalta-se que ha dois tipos de choro 0 que

expressa dor e 0 que busca pader

Se 0 filho descobrir que pade usar a chom como fonte de poder as pais estaoperdidos Nunca mais saberao dizer se ele chara par dar au poder Urn chore depoder Necessita dos olhos e dos ouvidos de quem se quer dominar Ingenua acrianya que usa 0 choro como pader para imediatamente apes conseguir 0 que querOai a importancia de as pais ficarem atentos para nao ser manipulados (TIBA 2002p158)

o choro que apela para 0 lade coitadinho inspira ternura Eo urn tipo de

manipula9ao que busca 0 dominio pela chantagem aletiva Eo dilicil neutralizar 0 uso

do choro como arma

Segundo liSA (2002 p159) Urn pouco de dor nao matara a crian9a assim

como urn poueD de pader nao matara as pais ( ) Se traumas infantis matassem a

humanidade estaria extinta Nao ha filho que nao tenha side contrariado A imensa

maioria deles tern condi90es de agOentar contrariedades 0 autor destaca que pais

que sao soHcitos ao extrema nao trayam um born e segura trajeto para seguir 0

resultado e que a crianya fica insegura pais perde a confianca neles ela pressente

que as pais nao tern firmeza nas suas decisoes e sao manipulaveis

Deve-se tomar cuidado com as exageros urn erro cometido pelos pais

desde que nao seja baseado na violencia em surras socas e pontapes naa traz

problema nenhum Atos como esses descarregam a raiva mas nao tern forlta

educativa pois violmcia s6 gera violencia (liSA 2002 p159)

Em rela9aOaos pais lazerem as tarelas pelos filhos ou ainda pior comprar os

resultados ressalta-se que este tipo de atitude nao ajuda a crianlta cria

dependencia e compromete 0 desenvolvimento escolar Alem disso as pais acabam

privando os filhos do gosto de uma conquista dando uma mensagem subliminar de

que eles sao incapazes Os pais nao devem privar os filhos do gosto de uma

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

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WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

Page 15: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

12

a crianca de cair no mundo das drogas e da violencia cnde 0 limite e muitas vezes a

marte

221 0 Papel da Familia

Os pais tem um papel fundamental na motivayao do aluno e sua participa9ao

e imprescindivel para que 0 aluno aprenda Desta forma a familia faz parte do tripe

que sustenta uma aprendizagem com sucesso Quando a familia esta tranqOila e a

rotina de casa esta equilibrada 0 aluno apresenta maiores oportunidades para urn

bom aprendizado

A familia e suporte fundamental para 0 bom desempenho escolar Pode-se

dizer que a clima familiar influencia no desempenho escolar e pade trazer prejuizos

ao rendimento escolar quando naD harmonioso

Se a familia naD da a crianca a base emocional firme 0 que tazer

E importante ensinar a crianca a identificar as sentimentos e lidar melhor com

eles

DAVIDOFF (1983) descreve como se da 0 desenvolvimento do ser humane

desde a concepcao e a importancia dos relacionamentos dos primeiros meses de

vida e da primeira infancia na forma9ao da personalidade e da socializayao futura do

individuo Para ela a base de urn relacionamento sadie entre mae e filho esia na

intensidade de afeto que a mae dispensa a crianca na amamentaC8o enos

cuidados na satisfa9ao de suas necessidades fisiol6gicas A qualidade das

intera90es sociais da crian9a estrutura a personalidade do individuo de algumas

formas importantes Falando de frustra90es conflitos e outras tensoes a autora

chama a aten9ao dos adultos que convivem com a crianca e 0 adolescente para sua

(~ )(~~l J 13

lt~C~responsabilidade em apoiar orientar e acompanha-Ios para que possam superar as

situaryoes conflitivas evitando assim 0 desenvolvimento de uma personalidade

agressiva e desajustada

DAVIDOFF (1983) vai mais alem ao dizer que pais maduros e seguros

envolvem os filhos em tomadas de decisao e assuntos da familia Apresentam

razoes para a que solicitam e proporcionam experiemcias graduais apropriadas para

a afirmayao da independencia Ainda assim retem a responsabilidade final Os filhos

dos pais maduros tendem a ser autoconfiantes independentes possuem boa auto-

estima e born relacionamento com suas familias Os pais autontanos preferem

taticas primitivas duras quando surgem conflitos insistem em obediemcia Sao

coercitivQs e favorecem a desenvolvimento de transtornos como 0 desafiador

opositivo No outro extrema os pais laissez faire que afrouxam totalmente as

limites sao totalmente igualitarios Todos os membros da familia estao

essencialmente Ilvres para fazerem deg que quiserern Raramente estes pais tomam

decis6es ou aceitam responsabilidades Os adolescentes filhos de pais autoritarios

e do tipo laissez faire tendem especialmente a ter problemas de ajustamento

o individuo age com relary8o a certas pessoas como seus pais se

comportaram para com ele Caso as imagos paternas que sao preservadas em

nossos sentimentos e em nossas mentes inconscientes forem predominantemente

rigidas nao poderemos estar em paz com n6s mesmos Odiamos em n6s as figuras

rigidas e intolerantes que tambem formam parte de nosso mundo interno e que sao

em grande parte a resultado de nossa agressividade para com as nossos pais

o homem e urn ser social ele precisa viver com as outros homens para

desenvolver suas necessidades basicas como 0 trabalho a criatividade a arnor par

14

issa ele S8 juntou em comunidade As comunidades sao uma reuniao de pessoas

que tern interesses comuns au seja interesses iguais

Familia e 0 nucleo de pessoas aparentadas que tern la90s de sangue e que

se apoiam no sentido de manter 0 nucleo permanentemente em comunhao

Hit uma serie de expectativas sociais em relacao it familia e preciso que

socialize as criancastomando-as capazes de viver junto aos Qutros seres humanos

A institui9ao familia tern passado ao longo da historia da humanidade por crises

muito serias As formas de familias sao extrema mente variaveis E mais variaveis do

que dentro de nossa proprio pais sao as formas de familia de Qutros paises do

mundo

A familia ah~m de reproduzir novos seres humanos tenta produzir neles as

seus habitos costumes e valores atraves de gerayoes

A familia sempre foi a celula-mater de uma sociedade ou refUgio das

atribuiyoes do mundo Tambem a religiao impoe normas as familias que em torno

del a se reunem Grande parte do comportamento de uma familia no sentido moral econtrolado pela religiao em que ela acredita Em troca a religiao e sustentada pela

familia fazendo com que as crencas e preiticas mora is subsistam por seculos e

levando as pessoas a uma aceitacao de punicoes impostas

o prestigio social dos individuos na familia tradicional de seu

comportarnento diante de sua fe de seu comportamento em rela9ao a familia e de

sua origem e influenciado pelos costumes que traz atraves de geralt6es Durante

anos a familia conduziu-se como uma barreira diante de inovac6es e de formas

novas de ligalt8o homem-mulher-filhos Os vinculos familiares representam uma

seguran9a afetiva e material muito importante para 0 desenvolvimento do individuo

A historia da humanidade assim como os estudos antropologicos sobre os

15

pavos e culturas distantes de n6s (no espacoe no tempo) esclarecem-nos sabre a

que e familia como existiu e existe hoje Mostra-nos como fcram e sao hoje ainda

variadas as formas sob as quais as familias evoluem se modificam assim como

sao diversas as concepcoesdo significado social dos la-os estabelecidos entre as

individuos de uma sociedade dada

Apesar dessas variacoes a forma mais conhecida e valorizada de nassos

dias a familia composta de pai mae e filhos chamada familia nuclear normal

Este e 0 modele que desde criancaS8 ve em livres escolares nos filmes na

televisao mesma que no seia familiar S8 verifique urn esquema diverso

A natureza das rela90es dentro de uma familia vai se modificando atraves do

tempo 0 aspecto mais problematico da evolU9aO da familia est sem d0vida

alguma ligado ao questionamento da posi9ao das crian9as como propriedade dos

pais e a posiryao economica das mulheres dentro da familia Inclui-se ai 0

questionamento da distribui9iio dos papis ditos especificamente masculinos e

feminin~s e esse e urn problema chave para 0 surgimento de uma nova estrutura

social

Nao se poder mudar a institui9ao familiar sem que toda a sociedade mude

tambem Pode-se afirmar ainda que qualquer modificayao na organiza~aofamiliar

implicara tambem numa modifica9ao dos rigidos papeis de esposa mae ou

prostituta os 0nicos atribuidos as mulheres Quanto as crianyas ha algum tempo ja

o Estado intervem entre pais e filhos e desde a pouco os pais sao passiveis de

denuncias pelos vizinhos caso punam fisicamente seus filhos

Atraves da escola do controle sobre os meios de comunica~aode medicos e

psic6lagas a pader dominante de cada sociedade mais au menos sutilmente imp6e

normas educacionais sendo dificil aos familiares contraria-Ias De uma maneira

16

geral cabe ainda aos pais grande parcela de poder de decisao sobre seus filhos

menores Parcela essa cada vez mais contestada A esse pader equivalem por

parte dos filhos direitos legais em relagao aos seus pais em particular no sistema

capitalista Direitos a assistencia educayao manutenyao e participacao em seus

bens e proventos

A familia como toda instituigao social apresenta aspectos positiv~s enquanto

nucleo afetivo de apoio e solidariedade Mas apresenta ao lade destes aspectos

negativ~s como a imposicao normativa atraves de leis uscs e costumes que

impllearn formas e finalidades rigidas Torna-se muitas vezes elementa de coayiio

social geradora de conflitos e ambigOidades

A agressividade inata tende a sef ativada pelas circunstancias externas

desfavoraveis e inversamente e mitigada pelo arner e compreensao que a crianca

recebe 0 seu desenvolvimento e suas reac6es com 0 adulto devem ser

considerados como resultantes da interacao e influencias externas e internas

Um sistema familiar disfuncional nM permite ao aluno a maturidade

necessaria para conseguir urn born desempenho academico

A problematica emocional ligada a situayao conflitiva absorve a

disponibilidade perceptiva e reacional do individuo a estimula~ao externa

dificultando a sua integragao ao ambiente e perturbagao nao 56 a sua capacidade de

aten98o de concentra~ao de raciocinio mas sobretudo a de relacionamento Assim

sendo as dificuldades de assimilayao na aprendizagem escolar podem estar ligadas

a fixagoes emocionais (NOVAES 1970 p 145)

Geralmente criangas com problemas emocionais adotam atitudes agressivas

de inibiyao constri9ao regressao isolamento hostilidade oposigao indiferenya

17

indisciplina exibicionismo dissimula~aosensibilidade e au emotividade excessivas

sendo freqOentesos problemas de mentira de furto e de natureza sexual

Na instituiyao familiar seja ela qual for e a ligayao emocional entre as

pessoas que as torna mats felizes e saudaveis

As perturbaltoes no ambiente familiar interferem no comportamento do

individuo Existe urn processo duple entre 0 lar e a escola as tensoes que sao

geradas num ambiente se manifestam como perturbaltoes no comportamento do

outro (WINNICOn 1971 p 223)

Resgatar a papel da familia e seus vaiores levan3i 0 aluno a sentir-se

amparado A autoridade paterna e materna participativa se faz necessaria na

criayao e educaltao na orientayao e aquisiltao de bons habitos influentes na

projeltaosocial das pessoas Nao necessariamente isto se refere a presenltafisica

de ambos os pais mas da existencia das funlt6esenquanto autoridade

A emoltaopermeia todos os aspectos da vida diaria do ser e tambem interfere

na aprendizagem fazendo-se necessaria urn conhecimento dos aspectos

emocionais para assim pader assistir 0 aluno em seu trabalho escolar A

estabilidade no ambiente familiar proporciona ao individuo seguranya e

independencia A participaltao da familia no cotidiano escolar e de suma

importancia para a aprendizagem

Os jovens nao podem se sentir abandonados eles precisam de exemplos e

sobretudo de afeto para a construltaode uma vida melhor

SOUZA (1995 p 58) considera que a inibiltaointelectual estaria na base da

dificuldade de aprendizagem Existem fatores da vida psiquica da crianlta que

podem atrapalhar 0 born desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaltao

18

com a aquisirao de conhecimentos e com a familia na medida em que as atitudes

parentais influenciam sobremaneira a rela~aoda crianca com 0 conhecimento

Ressalta-se que entre as variDS fatores que influenciam 0 aspecto emotional

da crian9a tem-se alcoolismo familia numerosa sem condicoes minimas estruturais

brigas freqOentes em casa abandono trabalho infantil etc A convivmcia com um

au mais destes fatores acarreta na impossibilidade do aluno concentrar-se nas

aulas visto que a sua aten9ao se volta para a tentativa de resolu9lo dos problemas

familia res que ele julga insoluveis na maioria das vezes Existe urn certa

conformismo misturado a angustia quando 0 aluno consegue expor 0 problema que

o aflige

Deve-se compreender que a familia esta envolvida em diversos problemas

oriundos das pressoes s6cio-econ6micas das dificuldades de habita9ao

alimenta9ao e trabalho sem tranqOilidade para assimilar e analisar os estimulos

externos integrando-os a sua dina mica familiar

A influencia do ambiente familiar e decisiva para 0 ajustamento emotional e

muitas vezes 0 grupo familiar nao oferece condi90es de estabilidade e de

seguranya emocional para 0 desenvolvimento normal de seus filhos

Grande incidencia de conflitos emocionais que se exteriorizam par ansiedade

sentimentos de inferioridade de inseguran98 depressao medo negativismo e

incapacidade de estabelecer rela90es afetivas geralmente coincidem com 0 grande

numera de familias desintegradas desunidas de pais ausentes incompreensivos

imaturos neur6ticos dominadores desajustados que nao podem dar compreensao

amor e apoio aos filhos

ZAGURY (2000) relata 0 resultado das duvidas e incertezas de muitos pais

Para ela os pais devem compreender que mais importante que satisfazer os desejos

19

da CrianC8 e ensinar principios eticos como honestidade solidariedade e respeito

mutua Principios estes que sao fundamentais para 0 born relacionamento social na

adolescencia e vida adulta

Limites sao regras ou normas de condula que devem ser passadas para as

criancas desde tenra idade Eles mostram as crianyas 0 que podem e 0 que naD

podem 0 que devem e 0 que nao devem fazer Ensinam tambem como respeitar 0

proximo facilitando a socializayao Os limites devem fazer parte da educaao pois

vivemos em sociedade e para a boa manutencao desta se faz necessaria a

existencia e 0 respeito as regras (COUlINHO FILHO 2003)

Em seu livro Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sobre a tirania

dos filhos ZAGURY (2000) discute os principais problemas que envolvem a

educayao dos filhos na sociedade moderna quando toda uma geraao de pais foi

influenciada par urna visao excessivamente psicologizante As ambigOidades as

diferenyas entre as regras estabelecidas pelos te6ricos sao debatidas e criticada a

tirania de alguns especialistas que contribuiram para a disseminayao de um dos

maiores males da educaao - 0 chamado psicologismo A autora alerta para a

necessidade de as pais serem criticos nas orientayoes e conhecimentos adquiridos

sobre a educaao dos filhos e chama a atenao sobre os limites e a necessidade de

autoridade por parte dos pais a importancia de se construir uma relayao baseada na

autenticidade e na democracia tanto para as crianyas quanta para seus pais

Para liSA (1996) a disciplina tern inicio antes mesmo do nascimento atraves

do modo como os pais se comportam no relacionamento mutuo Os primeiros dias

de vida e as interac6es com os pais ou pessoas que as substituem sao de

fundamental importancia no desenvolvimento bern ajustado Pois e nessa interayao

que a mae transmite 0 modo de ser da familia e isso e essencial para ajudar 0 filho

20

a formar 0 seu ser psicol6gico pois a crianca traz ao nascer apenas 0 seu ser

biol6gico

0 pai deve ter muita saude pSicol6gica para participar do gesto de

alimentat8o que tern urn significado tremendo no ge5to afetivo A crianca nao

precisa s6 de leite 0 leite alimenta 0 corpo 0 afeto e 0 alimento da alma Crian

sem afeto entra em depressao(lIBA 1996)

Deve-S8 ressaltar que 0 limite e diferente de repressao 0 primeiro S8 instala

atraves das puniyoes ja a repressao atraves da culpa A puniy80 age sabre a ato e

a culpa sabre a pessoa Durante 0 desenvolvimento da clianca 0 limite e saudtlVel

quando este refere-s8 apenas aos atos naD desrnerecendo au desvalorizando a

pessoa A crian nao deve se sentir culpada pelos seus atos mas responsavel par

estes (COUlINHO FILHO 2003)

llBA (1996) diz que os pais que exageram na preocupayao com a choro e a

comida estao contribuindo para ter urn indisciplinado dentro de casa estao

desrespeitando a desenvolvimento biol6gico da crian A mae que trabalha fora

sente-se culpada par deixar a filho sozinho na creche au na escola e depois a

superprotege para reparar a culpa acabando par criar urn folgado dentro de casa

o modo como lidar com a liberdade e Dutro fatar influenciador no comportamento da

crianya e do adolescente Impar limites sem submissao e autoritarismo e outro

desafio para os pais que precisam respeitar a espayo de individualidade sem se

submeterem aos seus caprichos

o tema indisciplina oj amplo e muito se tern ainda a pesquisar estudar e

orientar no sentido de ajudar as pais a encontrarem urn caminho mais segura na

educay80 e formayao da personalidade dos filhos que tern inicio nas primeiras

relayoes entre mae e filho

21

222 0 Papel da Escola

Se a condi9ao basica e necessaria para a aprendizagem e a integridade

moral e 0 estabelecimento da interalYBo professor versus aluno cnde fatares afetivos

e cognitivos exercem influencias decisivas na busca de realizac68s e de desejos

confirmando-Ihes determinadas caracteristicas inteny68s e significados e na escola

que ocorrem boa parte dos problemas com as quais 0 aluno S8 esbarra lentidao de

raciocinio falta de atenyao desintereSS8 indisciplina entre Qutros encontram as

suas origens na estrutura biol6gica sobretudo quando exposta ao meio ambiente

(POLITY 1998)

Em ambientes cnde estes fatares naD sao considerados relevantes que

alunos com dificuldades de aprendizagem ou com problemas de indisciplina acabam

sendo rotulados sofrendo puniyoes devido ao seu fracasso escolar Estes

apresentam lalta de interesse desmotiva980 para estudar pregui9a e distra9ao

Com isto os pais e professores nao entendem estas dificuldades e 0 aluno em seu

permanente estado de tensao nao consegue prestar aten~o e participar das aulas

nao obtendo os resultados esperados (MORAIS 1997)

Outro fator importante e a problematica emocional que deve ser considerada

como decisiva na adaptacao e rendimento escolar podendo trazer serias

conseqOemcias ao desenvolvimento e progresso emocional da crianca A escola

deve oferecer condic5es e estabilidade emocional e atraves do diagn6stico precoce

dos encaminhamentos adequados da pr09rama9aO adequada das atividades

escolares e da preparacao do professor atender a esses casos prontamente

poupando assim a crianra e a sociedade do agravamento dessas situac6es

(NOVAES 1970)

22

Neste interim surge a psicopedagogia como auxiliar no cicio aluno - familia -

escola quando se instala uma dificuldade de aprendizagem 0 psicopedagogo deve

ter urn olhar para 0 contexte global onde est inserida a criana com dificuldade de

aprendizagem as relac6es familia res e escolares

As crian~s que se evadem da escola em geral sao as mais rejeitadas

Estas criancas precisam ser estimuladas ao relacionamento a responder

adequadamente aos sentimentos do outro e a controlar tensao e ansiedade

compreendendo qual e 0 comportamento aceitavel em determinada situacao

E preciso aprender a lidar com a ira e a tristeza a respeitar as diferencas de

modo a encarar as eaisas dificeis aprender a perguntar a negociar a ser mais

assertivo Eo importante somar aos conteudos de hoje as liDes sobre sentimentos e

relacionamentos 0 primeiro passe e aprender a nomear a emoCao compreende-Ia

a partir de suas express6es faciais corpora is E essencial que 0 professor amplie

sua ViS80 sobre as quest6es emocionais desenvolvendo autodisciplina vida

virtuosa capacidade de motivar-se de enfrentar press6es e resolver conflitos

Por tudo isso a escola tem 0 compromisso moral e etico de se preocupar com

o desenvolvimento dos alunos reinventando as aulas e proporcionando a sintonia

do conteudo a capacidade de aprender Considera-se muito importante que a familia

e a escola estabelecarn urn vinculo para tentar mUdanyas em relaC80 it falta de

atenC80 e indisciplina no sentido de ajudar 0 aluno a evitar maiores dificuldades

crises e stress

ANNA FREUD (1971 p162) considera que as normas escolares prestam

pouca ou nenhuma atenC80 as diferencas individuais

o aluno deve sentir-se desafiado e envolvido no processo a todo instante A

capacidade de empatia entre professor e aluno e 0 segredo do sucesso no

23

relacionamento entre ambos A auto-estima e urn ponto tambem fundamental para

um comportamento bem integrado

Num sistema educacional problematico como 0 do Brasil unido ascaracteristicas pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita5es

do professor e toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sal a

de aula interferem na aprendizagem como urn todo Pais e professores devem estar

atentos para educar desde os primeiros dias de vida para a disciplina que nao

5ubmete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemple e 0 dialogo

E preciso que a escala como urn todD e principal mente seu corpo docente

ampliem a consciencia a respeito da responsabilidade que tern em relacao ao futuro

dos seus alunos e alem disso que possam perceber a importancia do bern estar

psicol6gico como uma situacao fundamental para a aprendizagem satisfat6ria A

escola pode e deve propiciar ao aluno seguranca emocional para que ele possa

vivenciar vinculos saudaveis com seus professores e colegas

Espera-se que Utenham uma visao positiva da vida e sentido de humor que

sejam capazes de apreciar 0 valor de uma boa risada para eliminar pequenos

ressentimentos e aborrecimentos que prejudicam 0 crescimento do aluno (MOULY

1979 p 134)

E urgente a necessidade de uma nova escola desenhada para a mente e 0

cora~ao que ensina autocontrole empatia a arte de ouvir de resolver conflilos de

cooperar

A indisciplina pode ser definida como

Indisciplina e a recusa de $ubmeter-se as regras de aprendizagem educativa e a seu sistemade transmissao institucional Relacionada com 0 contexto familiar e escolar a indisciplina eum dos sintomas dos disturbios da inf~ncia e da adolescencia Quee preciso situar no campomutti~imensional da~ i~teracOesentre processos de aprendizagem e finalidades da educayaorelayao educadorlsuJeltolgrupos de alunosJclasse sistema de avaliacao e risco de fracasso

24

Ultrapassando 0 simples registro dos disturbios de carater a indisciplina tern a ver comfatores psicossociais que dao sentido a essa forma de insubmissflo (DORON et ai 1998)

Para VASCONCELLOS (1995) as manifesta90es de indisciplina na escola e

na sal a de aula sao urn problema a ser analisado na sua totalidade levando-se em

conta a familia as mudan~asocorridas na escola a professor a sociedade a crise

dos sentidos e dos limites considerando-se que 0 que se entende por disciplina e

como construi-Ia nurn processo de interarao entre 0 adolescente e a

professorescola

A educaC8o no seu verdadeiro sentido naD se faz sem autoridade pais 0

educando precisa do referencial do educador a fim de ter base para a constru9ao do

seu eu Muitas vezes 0 professor nao consegue disciplina porque nao tem

autoridade diante dos alunos Normalmente 0 professor fica esperando que 0 aluno

traga urn reconhecimento natural para com sua pessoa historicamente esse tempo

passou 0 tratamento de respeito tem que ser conquistado pelo professor

(VASCONCELLOS 1995)

A questao fica complicada quando temas como profissionais da educayao

elementos totalmente alheios e nao educados para a realidade atual Alem da falta

de dominio dos conteudos a serem ensinados falta-Ihes a capacidade de perceber

essas transforma90es hist6ricas que vern ocorrendo no relacionamento educando x

educador Falta-Ihes conhecimento do desenvolvimento humane e psicol6gico de

seus alunos E por fim suas pnticas pedag6gicas sao pobres de metodos que

propiciem a intera9aOe a construyao do conhecimento no respeito mutuo falta-Ihes

autoridade e capacidade de administrar a indisciplina gerada pelos fatores citados

Esses professores podem se deparar com criancas com transtorno desafiador

25

opositivo e muitos deles carecem de orientaCiies de como lidar com este tipo de

conduta

A disciplina escolar e urn conjunto de regras que devem ser obedecidas para

o exito do aprendizado escolar Portanto ela e uma qualidade de relacionamento

humano entre 0 corpo docente e 0$ alunos em uma sala de aula e

consequentemente na escola respeitando as caracteristicas de cada urn dos

envolvidos (TIBA 1996)

Para que haja disciplina em sala de aula isto e alunos motivados satisfeitos

com a aula e necessaria que 0 professor seja urn grande conhecedor do que

ensina da realidade que 0 cerca e tenha a capacidade de envolver 0 aluno na sua

sala usanda uma metodologia e uma didatica que nao deem margem a apatia ao

cans890 a monotonia para ambas as partes 0 aluno deve sentir-se desafiado e

envolvido no processo a todo instante A capacidade de empatia entre professor e

aluno e 0 segredo do sucesso no relacionamento entre ambos

Para TIBA (1996) a indisciplina na escola e vista como conseqOencia do

sistema educacional brasileiro que afeta diretamente as rela90es dos individuos em

sal a de aula e na escola Urn sistema total mente falido unido as caracteristicas

pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita~oes do professor e

toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sala de aula A auto-

estima e citada pelo autor como fundamental para um comportamento bem

integrado Ele aponta tambem inumeras sugestiies para os pais e professores no

sentido de como educar desde os prirneiros dias de vida para a disciplina que nao

submete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemplo e 0 dialogo

Por outro lado encontra-se a escola tentando cumprir a sua funCao (orientar

na constru~ao do conhecimento) e freqDentemente quando 0 professor se depara

26

com um alune que esta precisando de ajuda no aspecto emocional encontra-se

despreparado para lidar com a questao reagindo com intolerancia Consideram

muitas vezes mais tacil fazer julgamentos como 0 alune naD tern jeito bulle da

familia tal todos as irmaos desta familia ja fcram meus alunos e sao todos i9uais

Eventualmente recusam-se a participar de cursos de atualiza9ao e aperfei90amento

e preferem adetar a postura de que sabem que 0 alunD naD tern jeito mesma e nada

S8 tern a fazer a que favorece 0 rebaixamentoda auto-estima do alune e 0

agravamento do problema gerando disc6rdias e aborrecimentos na escola

Urn Dutro aspecto a ser considerado e que tudo sa tornaria mais facil para a

crianca se ao ingressar na escola ela pudesse encontrar um ambiente acolhedor

com regras bern definidas professores conhecedores dessa realidade com

formacaopsicol6gica para propiciar momentos de tomada de consciencia do porque

daquele comportamento fazendo acontecer a catarse e redirecionando as modos de

agir de tais crian~s e adolescentes Porem a realidade das escolas e bem outra 0

proprio ambiente e a mentalidade favorece que ela a crianca a adolescente

coloquem toda a agressao reprimida suas neuroses seu 6dio seus sentimentos

de culpa sua revolta contra a autoridade e a patrimonio escolar Muitas vezes 0

atuno encontra professores que nao se libertaram dos traumas e problemas dos

quais eles mesmos foram vitimas na primeira infancia alern de desconhecerem e

nao saberem lidar com a crianca e 0 adolescente problematico pelo desprepara

pedag6gico e a falta de metodos adequados e atrativos para prender a aten9ao e 0

interesse de seus alunos Sua pratica pedag6gica e pobre de recursos e estrategias

que desafiem e motivern tais alunos a se auto valorizarem elevando a auto-estima

Urn dos pontes mais comuns entre as indisciplinados e a sentimento de

menos valia aem da fata de conffan9a nos contatos e na produtividade Percebe-se

27

assim que para reverter essa questao naD basta trabalhar com a aluno E

necessario urn trabalho junto aos professores e familias criando estrategias que

modifiquem 0 ambiente e urn relacionamento mais verdadeiro mais equilibrado

deve ser estabelecido em todos as sentidos - trabalhando-se em equipe

28

3 0 CASO DE UMA CRIANCA COM TRANSTORNO DESAFIADOR OPOSITIVO

Foram utilizadas entrevistas com a mae professores e irmaos Encontros com

a crian-a em sess6es com durayao de 50 minutos cnde utilizou-se de metod as

como desenhos brincadeiras jogos regrados massa de modelar

31 HIST6RIGO DO GASO

F e urna rnenina de cinco anos cayula tendo um irmao de 21 anos e urna

irma de 17 anas de idade

o pai faleceu com 49 anas ha apraximadamente 01 ana e a mae atualmente

com 49 anas teve F com 43 anas

o pai fai marta par paliciais em frente a sua casa Estava bebada e saiu a rua

armada e um carro da palicia apareceu e 0 viu sentado na calcadalogo depois

vieram muitas viaturas e a mae pediu que levassem 0 marido para passar a noite na

cadeia mas que naD fizessem nenhum mal a ele Neste momento 0 pai de F

comeyou a atirar e aS policiais (segundo a mae 18 policiais aproximadamente)

invadiram a casa e comeyaram a atirar A familia fa para os fundos da casa e a mae

passou F par cima do muro para a casa da vizinha Quando a familia voltou para

frente da casa as paliciais disseram que a pai de F estava ferida na perna e

levaram-na para a hospital mas segundo a relata da mae ele ja estava marta e

havia na verdade levado urn tiro na cabeca F nao viu a cena mas escutou tudo

Ganforme relata da mae a partir da data do acarrida F naa abedece faz de

canta que naa escuta e quando quer alga came9a a tremer A mae diz que a filha

29

ficou assim desde a marte do pai pais este a bajulava muito fazia tudo 0 que ela

desejava

F sempre foi mimada pelo pai este nunca repreendia a filha por algo de

errado que ela fizesse Para 0 pai F nunca estava errada inclusive quando ela e a

irma mais velha brigavam 0 pai sempre ia em defesa da mais nova e para protege-

la amea98va bater na mais velha

A queixa principal da mae e que F comeya a tremer quando quer algo de que

gosta muito nao obedece a regras e Iimites impostos pelos responsaveis

Nas observayiies comportamentais notou-se que F testa os limites dos

adultos para conseguir 0 que deseja e as pesso8s que a cercam para se livrarem

das birras acabavam por fazer 0 que ela queria Mas essas mesmas pessoas

comeyaram a perceber que a falta de regras e limites jil ultrapassava 0 limite do

suportaveJ

Segundo HANISH et al (1999) 0 transtorno desafiador opositivo aparece

antes dos 10 anos Normalmente torna-se aparente na idade pre-escolar que e 0

caso desta crianga

Na escola F naD interagia com as colegas na hara de fazer brincadeiras em

grupo nac conseguia se relacionar com as colegas quando a professora pedia para

fazer alguma atividade F fazia do jeito que queria e nao como a professora

solicitava

Para que houvesse progresso no tratamento foi fundamental que a mae e as

demais pessoas que rodeiam a crian~a modificassem sua forma de agir e para que

isso ocorresse foi preciso fazer urn remanejo de conduta dessas pessoas Fez-se

pois necessaria orientacao e treinamento para auxilia-Ios nesta mudanlta

30

32 EVOLUCAO DO CASO

As intervenyoes utilizadas neste casc com a mae fcram em forma de

orientayao na freqOencade pelo menDS uma vez par meso Mais recentemente este

trabalho com a mae vern sendo feito a cada quinze dias

Em conversa com a mae esta mencionou que naD queria fazer como seus

pais naD que eles fassem ruins disse ela mas eles nao conversavam e naD tinham

tempo de dar aten9ao e de ensinar os deveres da escola Tudo 0 que ela aprendeu

na escola foi par esforyo proprio e naD queria que isso acontecesse com sua filha

entaD ela au as irmaos mais velhos sentam com F e a ensinam

Mais tarde foi feita uma entrevista com a professora e esta mostrou todas as

li90es de F e disse que aquelas atividades nao haviam side feitas pela crian9a e sim

por seu irmao e que a professora ja havia mandado bilhetes pedindo que nao

fizessem mais as atividades da escola par F A mae foi orientada a dar mais

incentivo a F em lugar de fazer os deveres por ela pois F nilo tinha problemas de

aprendizagem mas par falta de incentivo poderia vir a ter

Com F foram utilizadas brincadeiras como pintura com aquarela desenhos

massa de modelar hist6ria infantis Atraves destes me-todosforam utilizados refor~o

e a punicao quando necessarios

o refor9Q foi atraves de elogios sorriso e aten9ao quando F realizava urn

comportamento desejavel A punitao consistiu em retirar uma atividade que ela

gostava muito como desenhar OU tambem ignorar a sua atitude mantendo a calma

No terceiro encontro F mencionou 0 pai dizendo que ele comprava doces

para ela mas nao quis continuar falando sobre ele alegando que 0 irmao mais velho

nao gostava Mais tarde em outras sess6es tornou-se claro ser isto fantasia sua

31

Nos primeiros encontros corn F ela demonstrou S8r cordata entretanto a

partir do quarto encontro F mostrou comportamentos de manipula9ao ou seja

querer controlar a situacao e que tude salsse da forma que queria para que todos

as seus desejos fossem realizados atitude comum em casa ou na escola

A quinta sessao foi para verificar a interacao de F com a mae F mostrou-se

intransigente naD obedeceu a nenhuma das ordens da mae na hora de guardar as

brinquedos gritou com a mae e esta demonstrou claramente nao conseguir dar

limites a sua filha A mae conseguiu dizer neste momento que se F estivesse em

casa iria apanhar com uma varinha mas ista naD adiantou pais F ficou irredutivel

Ao final da sessao quando tudo estava no seu devido lugar F ja estava agindo como

se nada tivesse ocorrido a mae mencionou que F era muito nervoS8

A partir da sexta sessao loram leitos contratos com F os quais ela aceitou

com lacilidade

Apos 0 contrato feito na sessao anterior na setima sessao foi trabalhado a

limite atraves de acordos leitos com F como pedir para que ela escolhesse

somente tres tipos de brinquedos da caixa que s6 iria embora quando a horario da

sessao terminasse e que as Iimites seriam colocados pela terapeuta Com estas

regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela queria

A partir da oitava sessao loi levantada a hip6tese do problema de F ser

transtorno desafiador opositivo pais ela demonstrou as comportamentos de querer

dominar e mostrar que poderia mandar mas com muita paciencia foram impastos

limites atraves do silencio mostrando que nem tudo poderia ser como ela queria e

assim acabou aceitando

A nona sessao loi destinada a orientar a mae em como agir com a filha e loi

proposto para que a mae assistisse a proxima sessao atras do espelho

32

Como foi sugerido para a mae na sessao passada ela ficou ats do espelho

para ver como a filha interagia e poder verificar qual seria a melhor forma de lidar

com ela

A decima segunda sessao foi destinada a mae para verificar como estava 0

comportamento de F fora da terapia Ela comentou que 0 comportamento da filha

melhorara muito que as tremores 56 ocorriam esporadicamente Foi orientado amae que quando Dcarressem as tremores ela deveria fazer de conta que naD havia

percebido nada

Foram feitas diversas sess6es seguidas mais precisamente da decima

terceira il decima setima com F destinadas a trabalhar regras e limites Este

trabalho foi realizado atraves de acordos com F como por exemplo pedir que ela

escolhesse apenas tres brinquedos da caixa au escolhesse entre desenhar e ouvir

historias au ainda entre conversar e brincar tambem poderia escolher entre brincar

de casinha e desenhar

A decima oitava sessao foi urna sessao diferente pOis foi destinada aprofessora de F para verificar como F estava S8 comportando e se relacionando

com colegas em sala de aula enos interval os A professora levantou a hip6tese de F

ter problemas de aprendizagem pois as atividades escolares dela nao eram

compativeis com a de seus colegas de classe Mas foi constatado atraves das

atividades que eram enviadas para serem feitas em casa que 0 que faUava para F

era estimulo pOisseu irmao fazia suas atividades por ela

Foram feitas duas sessoes seguidas (decima nona e vigesimal para

comprovar se havia problemas de aprendizagem com F Sessoes estas de recorte e

colagem e de hist6ria (Cinderela) Com estas atividades pode se constatar que F

33

tern plena capacidade de realizar tarefas sDzinha talvez com uma pequena

orienta9ao quando solicitado por ela

A vigesima primeira foi mais uma sessao dedicada a orient89ao a mae

quando esta mencionou que Festa cada vez melhor seus tremores quando quer

chamar a aten9ao estao diminuindo a cada dia

No vigesimo segundo encontro com F a interven9ao utilizada foi 0 desenho

Eta desenhou margaridas e mencionou que se fosse uma planta queria ser uma

margarida e S8 fosse urn objeto queria ser uma estrela Ja na sessao seguinte que

foi a vigesima terceira a intervencao utilizada foi brincar de casinha cnde F mostrou

a sua intera9ao familiar dizendo que trabalhava em um hotel (como na realidade sua

mae trabalha) 0 marido trabalhava em hotel e seu pai estava muito doente (na

realidade ja e falecido) e tinha muitas dores no corpo

Ate 0 momento foram feitas as vinte e tres sess6es aqui descritas nas quais

a crianya demonstrou significativas mudantas no comportamento

33 ANALISE DO CASO

Inicialmente F nae obedecia fazia de conta que naD escutava e quando

queria algo come9ava a tremer nao obedecendo a regras e limites impostos pelos

respons8veis A mae dizia que a filha ficou assim desde a morte do pai pais este a

bajulava muito fazia tudo 0 que ela desejava

Notou-se que F testava os limites dos adultos para conseguir 0 que desejava

e as pessoas que a cercavam para se livrarem das birras acabavam par fazer 0

que ela queria

34

Na escola nao conseguia se relacionar com os colegas quando a professora

pedia para fazer alguma atividade F lazia do jeito que queria

A mae de F fazia as atividades par ela dizendo que ~nao queria tazer como

seus pais naD que eles fassem ruins mas eles naD conversavam e naD tinham

tempo de dar atenC80 e de ensinar as deveres da escola

Durante 0 tratamento F inicialmente demonstrou ser cordata posteriormente

mostrou comportamentos de manipulayM querendo controlar a situayao e

procurando forcar que todos as seus desejos fassem realizados Na presenva da

mae nao obedeceu a nenhuma das ordens dela gritou e ficou clara a dificuldade da

mae em dar limites a filha F mostrava-se muito irritada

Foram feitos contratos com F e passou-se a trabalhar atraves de acordos as

limites Com estas regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela

queria

No tratamento foi fundamental que a mae e as demais pessoas que rodeiam a

crianya modificassem sua forma de agir Foi orienlado a mae que quando

ocorressem as tremores ela devena fazer de conta que nao havia percebido nada

Em sessao com a professora de F constatou-se que a hipotese de

problemas de aprendizagem se apresentava mais em lace da lalta de estimulo para

que esta realizasse suas pr6pnas atividades ao inves de que outras pessoas as

fizessem por ela Foram leitas sessees com a finalidade de comprovar se F tinha

problemas de aprendizagem e verificou-se que esla linha plena capacidade de

realizar as tarefas sozinha Em relayao a interayao familiar F dramatrizou em uma

atividade que sua mae trabalhava em um hotel 0 que correspondia a realidade e 0

marido trabalhava em hotel que seu pai estava muito doenle e tinha muitas dores

35

no corpo quando na realidade seu pai ja era falecido Mostrava com isso a falta que

a funy80 paterna Ihe fazia

A mae de F I numa sessao dedicada a sua orientay8o mencionou que F

estava cada vez melhor e que seus tremores para chamar a atenC80 estavam

diminuindo a cada dia

36

4 ORIENTA~OES AOS PAIS

ZAGURY (2001 p59) na complexa tarefa de dar limites sem ser autocratico

ou seja de como disciplinar sem bater OU sem ser coercitivQ com a crianya sugere

algumas estrategias

bull Premiar ou recompensar a born comportamento - sempre que a crianca

tiver atitudes corretas devemos ressaltar este tatoo E bern comum que as

pais muito ocupados com tarefas cotidianas esqueltam de elogiar

somente lembrando de ralhar quando os ftlhos fazem algo errado Desta

forma as criancas entendem que naD vale a pena fazer tudo certinhon

pois nao recebem aprova9ao A melhor forma de alcan9ar um objetivo

educativo e elogiar incentivar e ressaltar tudo a que a crianca fizer de

positivo

bull Diferenciar premiar de dar coisas materiais - apesar do consumismo

vigente as crianvas ainda valorizam mais urn carinho urn elogio sincero

reconhecimento do esforco do que presentes dinheiro e viagens

Eventualmente pode-se presentear materialmente mas e importante nao

comprarmos as crianras pois desta forma elas aprendem a agir de modo

calculista Se dermos nosso carinho e aprovayao seu ego se fortalecera

sua auto-estima se elevara e gradualmente a crianya sentira prazer em

agir de forma adequada

bull Fazer com que a crianya assuma as conseqOemcias dos seus atos - com

carinha e naturalidade devemos conversar e agir apontando seus erras e

fazendo com que reftitam sobre as atitudes incorretas antieticas ou

egocentricas tomando 0 cuidado de deixar claro que 0 que desaprovamos

37

sao as atitudes incorretas e naD suas caracteristicas pessoais 5e mesma

ap6s a explica~o a crianca reincidir na atitude incorreta entao e 0

momento de faze-Ia compreender que e responsavel pelos seus atos e

tambem pelas suas conseqGencias Deve-se ressaltar as consequemcias

do ato born carinho aprova~o estimulo etc Como do ato incorreto

desaprova9ilo nao reforyamento deixar de fazer algo que gostam etc

Deve-se ter em mente que as elogios premiacoes bern como as puni90es

devem ser proporcionais ao fato Ou seja e necessario que se tenha born sensa e

equilibrio para que as acoes sejam autenticas e valorizadas pel as criancas

COUTINHO FILHO (2003) tambem sugere algumas possibilidades para

colocar parametros de limites para a crianca

bull Nao coloque limites conforme seus desejos pessoais

bull Demonstre que voce e as demais adultos tambem tern limites a respeitar

bull Diga qual puni9ilo a ser dada para cada limite ultrapassado e nao deixe de

executa-Ia

bull De puniyoes brandas para atitudes brandas e puniyoes pesadas para

atitudes pesadas

bull Deixe claro que a puniyao Eo pelo ate e nao pela pessoa

bull Justifique os motivos do limite Nao faca isso porque nao quero ou nao

gosto nao Eo justificativa

bull Repita quantas vezes for necesstuio

bull Use sua autoridade sem provocar submissao e mal estar

bull Use da afetividade para impor limites

38

ZAGURY (2001) destaca pontos importantes para nao perder a autoridade

perante os filhos

bull Cumpra 0 que disse (seja premia ou conseqOemcia) ou seja ameacou

execute prometeu faya

bull Seja coerente 0 que nao pode nao pode nunca (salvo raras excessoes)

nao mude de atitude como quem mud a de roupa (au de acordo com 0 seu

humor)

bull Faya com que seus filhos gradualmente assumam responsabilidades

Deixe que eles participem das decisoes sabre premios ou conseqOeuromcias

- isto ajuda a amadurecer e compromete a crianca e as jovens que

aderem mais ao que ajudam a construir (mesma que sejam sans6es para

eles proprios)

bull Cuidado com 0 que diz e com 0 modo como diz - critique 0 ato nunca a

pessoa ou a personalidade de seus filhos Trate somente do assunto que

S8 esta analisando no momento naD desenterre coisas do passado sem

necessidade Nao fique com pena da crianya se ela chorar ficar triste

nao talar com voce E melhor ela ficar triste hoje mas aprender a respeitar

o pr6ximo a 5i propria e a palavra empenhada do que sofrer futuramente

nos seus relacionamentos interpessoais

Segundo TIBA(2002) os filhos nao vem com manual pois eles mesmos sao 0

manual au seja cada criancaencerra uma individualidade e a cada dia os pais irao

aprendendo com cada filho E importante neste aprendizado os pais privilegiarem 0

desenvolvimento relacional atraves de um procedimento basico que deve ser

aplicado a cada fllho Para TBA (2002) ese procedimento e valido para qualquer

39

relacionamento entre pessoas de qualquer idade mas que e relevante na formaC8o

da auto-estima da criancadesde 0 seu nascimento Para 0 atendimento integral a

uma crian9 sao cinco os passos parar ouvir olhar pensar e agir (TIBA 2002

p127)

TIBA (2002) descreve os cinco passos da seguinte forma

1 Parar - parar 0 que estiver fazendo ou pensando e dar atenyao total acriancaCasa naD possa parar naquele exato momento vale colaear uma

das maos no ombro da crian9 enquanto diz que logo vai atende-Ia A

crianya deve ficar esperando ali juntinho de voce Pode ser que ela queira

sair para voltar logo depois Se a iniciativa de sair for da crianca a

responsabilidade de voltar sera dela Mas deve evitar ao maximo dizer

para a crianca ocupar-se com Dutra caisa enquanto voce termina 0 que

esta fazendo Nem sempre ela volta outra vez pelo mesmo motivo E

tambem fundamental deixar de lado ideias preconcebidas sobre 0 que a

crianca vai fatar Se voce pensa ~Iavern aquela chata me encher Dutra

vez seu cerebro ja esta preenchido em parte com esse pensamento e

voce perde a chance de atende-Ia integralmente

2 Ouvir - e a parte racional Os pais devem olhar no funda dos ahos da

crianca como se a Duvissem com as ahos A criany8 precisa aprender a

se expressar Nao se deve tentar adivinhar 0 que ela quer Quando pede

alguma coisa esta desenvolvendo sua capacidade de pensar de formular

uma pergunta e de se expressar para que outras pessoas possam

compreende-Ia

3 Olhar - e a parte instintiva Num piscar de olhos uma pessoa consegue

ver tantas coisas que levaria muito tempo explica-Ias em palavras Tudo 0

40

que se percebe visualmente tambem tem que ser considerado para

compreender a crian9a

4 Pensar - lados os elementos percebidos tanto visualmente quanto

verbal mente mais 0 sentido educativo que se que ira imprimir na forma9ao

da criana devem fazer parte da resposta a ser dada Sentido educativo e

o objetivo a ser atendido com a educaao que esta sendo dada (Quer que

o filho seja egoista Coloque-o sempre em primeiro lugar em detrimento

dos outros e diga sim a todos os seus desejos Quer que ele seja feliz

Ajude-o a desenvolver a satisfailo pelo que e e pelo que consegue fazer

a tolerimcia a compreensao dos Qutrosa vontade de ajudar a quem pede

e a etica do bem)

5 Agir - essa aao ou resposta deve ser bem clara e objetiva Melhor ainda

se voce puder se assegurar de que a crianca real mente saciou sua

vontade

E importante ressaltar que os cinco passos devem ser utilizados em todas as

situayaes desde 0 tombo da crian98 pequena ate quando a crian98 crescer Ao se

utilizar este procedimento basico as atitudes dos pais tendem a ser coerentes Par

exemplo se uma crianca calr naD e necessaria as pais sairem desesperados em

todas Situ8COeS mas avaiar se 0 tombo foi grave QU se foi urn tombinho que naD

precisa de maiores cuidados Tambem as pais naD devem sair dizendo que chao

feio que passa a falsa ideia que 0 chao e culpado pelo seu tombo a criana tem

que aprender que ela deve ter cuidado Se ela se choca uma ou duas vezes numa

mesa ela aprende a ter cuidado por sua pr6pria experiencia TIBA (2002 p133)

41

destaca que a afobayao e a reacao exagerada dos pais geram inseguran9a na

crianca

Outre fato bastante comum e as pais deixarem as ftlhos ganharem jogos par

exemplo tentando agrada-Ios mesmo que os deseduquem As crian9as tern uma

sabedoria natural Brincam e competem de acordo com as conhecimentos e as

capacita90es de que disp6ern E mais facil para 0 pai brincar como se fosse crian98

e deixar 0 filho ganhar sempre Esse comportamento contudo da a crianca uma

visao irreal do que e jogar Ganha-se algumas vezes perde-se outras (TIBA 2002

p136) Ou seja e mais educativ~ para a criana descobrir que podemos ser bons

em algumas caisas mas nao em tudo Passa-se uma experiencia da realidade para

a crianC8

TIBA (2002) tambem cita 0 caso de colocar a crian9a no colo enquanto se

dirige urn carro A crianC8 tern a falsa sensacao de que comanda 0 veiculo mas issa

nao passa de urn poder irreal Ao dirigir urn carrinho de brinquedo ela poderia de fato

se sentir poderosa IS50 sem falar que quando 0 filho crescer ao 15 anos par

exempla vai querer sair com 0 carro do pai mesmo sem poder Mas quando era

criancaeu podia

o caso classico da criancaquerer dormir com os pais tambem e abordado por

TIBA (2002) segundo 0 autor 0 ideal e que desde bebe a crian9a deve aprender a

dorrnir no seu lugar mesmo que ache mais gostoso aninhar-se entre os pais Ir cada

urn para sua cama da 0 sentido de que cada urn tem seu territorio ai tambem

estamos delimitando limites onde sao respeitados 0 so no e 0 espacode cada urn

Crian~asmaiores que ja andam devem ter um lugar (ou quarto) proprio para dormirMesmo que ocasionalmente adorme~am na cama dos pais e importante que sejamlevadas a sua cama para que acordem la Nao devem adquirir 0 habito de dormir nacama dos pais Tenha paciencia e fale claro em born tom olhando seriamente nofundo dos olhinhos dela ~Cada coisa no seu lugar cada pessoa na sua cama~

42

Quando a crian(f3 percebe que 0 limite e coisa sena e vai ser cumprido procura seajustar(lIBA 2002p115)

OLIVEIRA (1999 p120) enumera as diversos problemas que causam a fato

dos filhos permanecem no quarto dos pais na hora de dormir considerando-as de

difieil recupera~aoposterior

1 Faita de valorizayilo da privacidade tanto do casal como da crianya

2 Mantem a relacao simbi6tica au seja a li98980 existente entre mae e

bebe prejudicando 0 desenvolvimento emocional da crian93

3 A crianya tende a formar relayao de dependencia da protey80 e da

preseny8 dos pais ate mesma durante 0 sono

4 Quando chegar a fase em que a crianca elege entre 0 pai e a mae 0 seu

preferido tenta afastar 0 autro esticando-se e virando-se na cama de

modo a deixar a preterido desconfortavel a ponto deste mudar de lugar

sair da cama e ate mesma do quarto

E importante ressaltar que sempre as regras devem ser claras e naD sujeitas

a mudancas pois a organizacao interna dos filhos fica muito prejudicada se dormir

au nao na cama dos pais se transforma numa possibilidade que depende apenas do

humor dos pais ou de quanto 0 filho se recusa a dormir sozinho (chorando

acordando diversas vezes etc) A crian9a com autonomia de sono e mais

independente e feliz (TIBA 2002 p116)

Enfatiza-se que na maiaria dos casas as pais permitem que as criancas

fiquem ate mais tarde no quarto deles nao e par uma exigemcia ou necessidade da

crianya mas par alguma deficiencia desequilibrio au imaturidade dos proprios pais

(OLIVEIRA 1999 p122)

43

Em relaiio ao choro da crian9l ressalta-se que ha dois tipos de choro 0 que

expressa dor e 0 que busca pader

Se 0 filho descobrir que pade usar a chom como fonte de poder as pais estaoperdidos Nunca mais saberao dizer se ele chara par dar au poder Urn chore depoder Necessita dos olhos e dos ouvidos de quem se quer dominar Ingenua acrianya que usa 0 choro como pader para imediatamente apes conseguir 0 que querOai a importancia de as pais ficarem atentos para nao ser manipulados (TIBA 2002p158)

o choro que apela para 0 lade coitadinho inspira ternura Eo urn tipo de

manipula9ao que busca 0 dominio pela chantagem aletiva Eo dilicil neutralizar 0 uso

do choro como arma

Segundo liSA (2002 p159) Urn pouco de dor nao matara a crian9a assim

como urn poueD de pader nao matara as pais ( ) Se traumas infantis matassem a

humanidade estaria extinta Nao ha filho que nao tenha side contrariado A imensa

maioria deles tern condi90es de agOentar contrariedades 0 autor destaca que pais

que sao soHcitos ao extrema nao trayam um born e segura trajeto para seguir 0

resultado e que a crianya fica insegura pais perde a confianca neles ela pressente

que as pais nao tern firmeza nas suas decisoes e sao manipulaveis

Deve-se tomar cuidado com as exageros urn erro cometido pelos pais

desde que nao seja baseado na violencia em surras socas e pontapes naa traz

problema nenhum Atos como esses descarregam a raiva mas nao tern forlta

educativa pois violmcia s6 gera violencia (liSA 2002 p159)

Em rela9aOaos pais lazerem as tarelas pelos filhos ou ainda pior comprar os

resultados ressalta-se que este tipo de atitude nao ajuda a crianlta cria

dependencia e compromete 0 desenvolvimento escolar Alem disso as pais acabam

privando os filhos do gosto de uma conquista dando uma mensagem subliminar de

que eles sao incapazes Os pais nao devem privar os filhos do gosto de uma

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

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WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

Page 16: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

(~ )(~~l J 13

lt~C~responsabilidade em apoiar orientar e acompanha-Ios para que possam superar as

situaryoes conflitivas evitando assim 0 desenvolvimento de uma personalidade

agressiva e desajustada

DAVIDOFF (1983) vai mais alem ao dizer que pais maduros e seguros

envolvem os filhos em tomadas de decisao e assuntos da familia Apresentam

razoes para a que solicitam e proporcionam experiemcias graduais apropriadas para

a afirmayao da independencia Ainda assim retem a responsabilidade final Os filhos

dos pais maduros tendem a ser autoconfiantes independentes possuem boa auto-

estima e born relacionamento com suas familias Os pais autontanos preferem

taticas primitivas duras quando surgem conflitos insistem em obediemcia Sao

coercitivQs e favorecem a desenvolvimento de transtornos como 0 desafiador

opositivo No outro extrema os pais laissez faire que afrouxam totalmente as

limites sao totalmente igualitarios Todos os membros da familia estao

essencialmente Ilvres para fazerem deg que quiserern Raramente estes pais tomam

decis6es ou aceitam responsabilidades Os adolescentes filhos de pais autoritarios

e do tipo laissez faire tendem especialmente a ter problemas de ajustamento

o individuo age com relary8o a certas pessoas como seus pais se

comportaram para com ele Caso as imagos paternas que sao preservadas em

nossos sentimentos e em nossas mentes inconscientes forem predominantemente

rigidas nao poderemos estar em paz com n6s mesmos Odiamos em n6s as figuras

rigidas e intolerantes que tambem formam parte de nosso mundo interno e que sao

em grande parte a resultado de nossa agressividade para com as nossos pais

o homem e urn ser social ele precisa viver com as outros homens para

desenvolver suas necessidades basicas como 0 trabalho a criatividade a arnor par

14

issa ele S8 juntou em comunidade As comunidades sao uma reuniao de pessoas

que tern interesses comuns au seja interesses iguais

Familia e 0 nucleo de pessoas aparentadas que tern la90s de sangue e que

se apoiam no sentido de manter 0 nucleo permanentemente em comunhao

Hit uma serie de expectativas sociais em relacao it familia e preciso que

socialize as criancastomando-as capazes de viver junto aos Qutros seres humanos

A institui9ao familia tern passado ao longo da historia da humanidade por crises

muito serias As formas de familias sao extrema mente variaveis E mais variaveis do

que dentro de nossa proprio pais sao as formas de familia de Qutros paises do

mundo

A familia ah~m de reproduzir novos seres humanos tenta produzir neles as

seus habitos costumes e valores atraves de gerayoes

A familia sempre foi a celula-mater de uma sociedade ou refUgio das

atribuiyoes do mundo Tambem a religiao impoe normas as familias que em torno

del a se reunem Grande parte do comportamento de uma familia no sentido moral econtrolado pela religiao em que ela acredita Em troca a religiao e sustentada pela

familia fazendo com que as crencas e preiticas mora is subsistam por seculos e

levando as pessoas a uma aceitacao de punicoes impostas

o prestigio social dos individuos na familia tradicional de seu

comportarnento diante de sua fe de seu comportamento em rela9ao a familia e de

sua origem e influenciado pelos costumes que traz atraves de geralt6es Durante

anos a familia conduziu-se como uma barreira diante de inovac6es e de formas

novas de ligalt8o homem-mulher-filhos Os vinculos familiares representam uma

seguran9a afetiva e material muito importante para 0 desenvolvimento do individuo

A historia da humanidade assim como os estudos antropologicos sobre os

15

pavos e culturas distantes de n6s (no espacoe no tempo) esclarecem-nos sabre a

que e familia como existiu e existe hoje Mostra-nos como fcram e sao hoje ainda

variadas as formas sob as quais as familias evoluem se modificam assim como

sao diversas as concepcoesdo significado social dos la-os estabelecidos entre as

individuos de uma sociedade dada

Apesar dessas variacoes a forma mais conhecida e valorizada de nassos

dias a familia composta de pai mae e filhos chamada familia nuclear normal

Este e 0 modele que desde criancaS8 ve em livres escolares nos filmes na

televisao mesma que no seia familiar S8 verifique urn esquema diverso

A natureza das rela90es dentro de uma familia vai se modificando atraves do

tempo 0 aspecto mais problematico da evolU9aO da familia est sem d0vida

alguma ligado ao questionamento da posi9ao das crian9as como propriedade dos

pais e a posiryao economica das mulheres dentro da familia Inclui-se ai 0

questionamento da distribui9iio dos papis ditos especificamente masculinos e

feminin~s e esse e urn problema chave para 0 surgimento de uma nova estrutura

social

Nao se poder mudar a institui9ao familiar sem que toda a sociedade mude

tambem Pode-se afirmar ainda que qualquer modificayao na organiza~aofamiliar

implicara tambem numa modifica9ao dos rigidos papeis de esposa mae ou

prostituta os 0nicos atribuidos as mulheres Quanto as crianyas ha algum tempo ja

o Estado intervem entre pais e filhos e desde a pouco os pais sao passiveis de

denuncias pelos vizinhos caso punam fisicamente seus filhos

Atraves da escola do controle sobre os meios de comunica~aode medicos e

psic6lagas a pader dominante de cada sociedade mais au menos sutilmente imp6e

normas educacionais sendo dificil aos familiares contraria-Ias De uma maneira

16

geral cabe ainda aos pais grande parcela de poder de decisao sobre seus filhos

menores Parcela essa cada vez mais contestada A esse pader equivalem por

parte dos filhos direitos legais em relagao aos seus pais em particular no sistema

capitalista Direitos a assistencia educayao manutenyao e participacao em seus

bens e proventos

A familia como toda instituigao social apresenta aspectos positiv~s enquanto

nucleo afetivo de apoio e solidariedade Mas apresenta ao lade destes aspectos

negativ~s como a imposicao normativa atraves de leis uscs e costumes que

impllearn formas e finalidades rigidas Torna-se muitas vezes elementa de coayiio

social geradora de conflitos e ambigOidades

A agressividade inata tende a sef ativada pelas circunstancias externas

desfavoraveis e inversamente e mitigada pelo arner e compreensao que a crianca

recebe 0 seu desenvolvimento e suas reac6es com 0 adulto devem ser

considerados como resultantes da interacao e influencias externas e internas

Um sistema familiar disfuncional nM permite ao aluno a maturidade

necessaria para conseguir urn born desempenho academico

A problematica emocional ligada a situayao conflitiva absorve a

disponibilidade perceptiva e reacional do individuo a estimula~ao externa

dificultando a sua integragao ao ambiente e perturbagao nao 56 a sua capacidade de

aten98o de concentra~ao de raciocinio mas sobretudo a de relacionamento Assim

sendo as dificuldades de assimilayao na aprendizagem escolar podem estar ligadas

a fixagoes emocionais (NOVAES 1970 p 145)

Geralmente criangas com problemas emocionais adotam atitudes agressivas

de inibiyao constri9ao regressao isolamento hostilidade oposigao indiferenya

17

indisciplina exibicionismo dissimula~aosensibilidade e au emotividade excessivas

sendo freqOentesos problemas de mentira de furto e de natureza sexual

Na instituiyao familiar seja ela qual for e a ligayao emocional entre as

pessoas que as torna mats felizes e saudaveis

As perturbaltoes no ambiente familiar interferem no comportamento do

individuo Existe urn processo duple entre 0 lar e a escola as tensoes que sao

geradas num ambiente se manifestam como perturbaltoes no comportamento do

outro (WINNICOn 1971 p 223)

Resgatar a papel da familia e seus vaiores levan3i 0 aluno a sentir-se

amparado A autoridade paterna e materna participativa se faz necessaria na

criayao e educaltao na orientayao e aquisiltao de bons habitos influentes na

projeltaosocial das pessoas Nao necessariamente isto se refere a presenltafisica

de ambos os pais mas da existencia das funlt6esenquanto autoridade

A emoltaopermeia todos os aspectos da vida diaria do ser e tambem interfere

na aprendizagem fazendo-se necessaria urn conhecimento dos aspectos

emocionais para assim pader assistir 0 aluno em seu trabalho escolar A

estabilidade no ambiente familiar proporciona ao individuo seguranya e

independencia A participaltao da familia no cotidiano escolar e de suma

importancia para a aprendizagem

Os jovens nao podem se sentir abandonados eles precisam de exemplos e

sobretudo de afeto para a construltaode uma vida melhor

SOUZA (1995 p 58) considera que a inibiltaointelectual estaria na base da

dificuldade de aprendizagem Existem fatores da vida psiquica da crianlta que

podem atrapalhar 0 born desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaltao

18

com a aquisirao de conhecimentos e com a familia na medida em que as atitudes

parentais influenciam sobremaneira a rela~aoda crianca com 0 conhecimento

Ressalta-se que entre as variDS fatores que influenciam 0 aspecto emotional

da crian9a tem-se alcoolismo familia numerosa sem condicoes minimas estruturais

brigas freqOentes em casa abandono trabalho infantil etc A convivmcia com um

au mais destes fatores acarreta na impossibilidade do aluno concentrar-se nas

aulas visto que a sua aten9ao se volta para a tentativa de resolu9lo dos problemas

familia res que ele julga insoluveis na maioria das vezes Existe urn certa

conformismo misturado a angustia quando 0 aluno consegue expor 0 problema que

o aflige

Deve-se compreender que a familia esta envolvida em diversos problemas

oriundos das pressoes s6cio-econ6micas das dificuldades de habita9ao

alimenta9ao e trabalho sem tranqOilidade para assimilar e analisar os estimulos

externos integrando-os a sua dina mica familiar

A influencia do ambiente familiar e decisiva para 0 ajustamento emotional e

muitas vezes 0 grupo familiar nao oferece condi90es de estabilidade e de

seguranya emocional para 0 desenvolvimento normal de seus filhos

Grande incidencia de conflitos emocionais que se exteriorizam par ansiedade

sentimentos de inferioridade de inseguran98 depressao medo negativismo e

incapacidade de estabelecer rela90es afetivas geralmente coincidem com 0 grande

numera de familias desintegradas desunidas de pais ausentes incompreensivos

imaturos neur6ticos dominadores desajustados que nao podem dar compreensao

amor e apoio aos filhos

ZAGURY (2000) relata 0 resultado das duvidas e incertezas de muitos pais

Para ela os pais devem compreender que mais importante que satisfazer os desejos

19

da CrianC8 e ensinar principios eticos como honestidade solidariedade e respeito

mutua Principios estes que sao fundamentais para 0 born relacionamento social na

adolescencia e vida adulta

Limites sao regras ou normas de condula que devem ser passadas para as

criancas desde tenra idade Eles mostram as crianyas 0 que podem e 0 que naD

podem 0 que devem e 0 que nao devem fazer Ensinam tambem como respeitar 0

proximo facilitando a socializayao Os limites devem fazer parte da educaao pois

vivemos em sociedade e para a boa manutencao desta se faz necessaria a

existencia e 0 respeito as regras (COUlINHO FILHO 2003)

Em seu livro Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sobre a tirania

dos filhos ZAGURY (2000) discute os principais problemas que envolvem a

educayao dos filhos na sociedade moderna quando toda uma geraao de pais foi

influenciada par urna visao excessivamente psicologizante As ambigOidades as

diferenyas entre as regras estabelecidas pelos te6ricos sao debatidas e criticada a

tirania de alguns especialistas que contribuiram para a disseminayao de um dos

maiores males da educaao - 0 chamado psicologismo A autora alerta para a

necessidade de as pais serem criticos nas orientayoes e conhecimentos adquiridos

sobre a educaao dos filhos e chama a atenao sobre os limites e a necessidade de

autoridade por parte dos pais a importancia de se construir uma relayao baseada na

autenticidade e na democracia tanto para as crianyas quanta para seus pais

Para liSA (1996) a disciplina tern inicio antes mesmo do nascimento atraves

do modo como os pais se comportam no relacionamento mutuo Os primeiros dias

de vida e as interac6es com os pais ou pessoas que as substituem sao de

fundamental importancia no desenvolvimento bern ajustado Pois e nessa interayao

que a mae transmite 0 modo de ser da familia e isso e essencial para ajudar 0 filho

20

a formar 0 seu ser psicol6gico pois a crianca traz ao nascer apenas 0 seu ser

biol6gico

0 pai deve ter muita saude pSicol6gica para participar do gesto de

alimentat8o que tern urn significado tremendo no ge5to afetivo A crianca nao

precisa s6 de leite 0 leite alimenta 0 corpo 0 afeto e 0 alimento da alma Crian

sem afeto entra em depressao(lIBA 1996)

Deve-S8 ressaltar que 0 limite e diferente de repressao 0 primeiro S8 instala

atraves das puniyoes ja a repressao atraves da culpa A puniy80 age sabre a ato e

a culpa sabre a pessoa Durante 0 desenvolvimento da clianca 0 limite e saudtlVel

quando este refere-s8 apenas aos atos naD desrnerecendo au desvalorizando a

pessoa A crian nao deve se sentir culpada pelos seus atos mas responsavel par

estes (COUlINHO FILHO 2003)

llBA (1996) diz que os pais que exageram na preocupayao com a choro e a

comida estao contribuindo para ter urn indisciplinado dentro de casa estao

desrespeitando a desenvolvimento biol6gico da crian A mae que trabalha fora

sente-se culpada par deixar a filho sozinho na creche au na escola e depois a

superprotege para reparar a culpa acabando par criar urn folgado dentro de casa

o modo como lidar com a liberdade e Dutro fatar influenciador no comportamento da

crianya e do adolescente Impar limites sem submissao e autoritarismo e outro

desafio para os pais que precisam respeitar a espayo de individualidade sem se

submeterem aos seus caprichos

o tema indisciplina oj amplo e muito se tern ainda a pesquisar estudar e

orientar no sentido de ajudar as pais a encontrarem urn caminho mais segura na

educay80 e formayao da personalidade dos filhos que tern inicio nas primeiras

relayoes entre mae e filho

21

222 0 Papel da Escola

Se a condi9ao basica e necessaria para a aprendizagem e a integridade

moral e 0 estabelecimento da interalYBo professor versus aluno cnde fatares afetivos

e cognitivos exercem influencias decisivas na busca de realizac68s e de desejos

confirmando-Ihes determinadas caracteristicas inteny68s e significados e na escola

que ocorrem boa parte dos problemas com as quais 0 aluno S8 esbarra lentidao de

raciocinio falta de atenyao desintereSS8 indisciplina entre Qutros encontram as

suas origens na estrutura biol6gica sobretudo quando exposta ao meio ambiente

(POLITY 1998)

Em ambientes cnde estes fatares naD sao considerados relevantes que

alunos com dificuldades de aprendizagem ou com problemas de indisciplina acabam

sendo rotulados sofrendo puniyoes devido ao seu fracasso escolar Estes

apresentam lalta de interesse desmotiva980 para estudar pregui9a e distra9ao

Com isto os pais e professores nao entendem estas dificuldades e 0 aluno em seu

permanente estado de tensao nao consegue prestar aten~o e participar das aulas

nao obtendo os resultados esperados (MORAIS 1997)

Outro fator importante e a problematica emocional que deve ser considerada

como decisiva na adaptacao e rendimento escolar podendo trazer serias

conseqOemcias ao desenvolvimento e progresso emocional da crianca A escola

deve oferecer condic5es e estabilidade emocional e atraves do diagn6stico precoce

dos encaminhamentos adequados da pr09rama9aO adequada das atividades

escolares e da preparacao do professor atender a esses casos prontamente

poupando assim a crianra e a sociedade do agravamento dessas situac6es

(NOVAES 1970)

22

Neste interim surge a psicopedagogia como auxiliar no cicio aluno - familia -

escola quando se instala uma dificuldade de aprendizagem 0 psicopedagogo deve

ter urn olhar para 0 contexte global onde est inserida a criana com dificuldade de

aprendizagem as relac6es familia res e escolares

As crian~s que se evadem da escola em geral sao as mais rejeitadas

Estas criancas precisam ser estimuladas ao relacionamento a responder

adequadamente aos sentimentos do outro e a controlar tensao e ansiedade

compreendendo qual e 0 comportamento aceitavel em determinada situacao

E preciso aprender a lidar com a ira e a tristeza a respeitar as diferencas de

modo a encarar as eaisas dificeis aprender a perguntar a negociar a ser mais

assertivo Eo importante somar aos conteudos de hoje as liDes sobre sentimentos e

relacionamentos 0 primeiro passe e aprender a nomear a emoCao compreende-Ia

a partir de suas express6es faciais corpora is E essencial que 0 professor amplie

sua ViS80 sobre as quest6es emocionais desenvolvendo autodisciplina vida

virtuosa capacidade de motivar-se de enfrentar press6es e resolver conflitos

Por tudo isso a escola tem 0 compromisso moral e etico de se preocupar com

o desenvolvimento dos alunos reinventando as aulas e proporcionando a sintonia

do conteudo a capacidade de aprender Considera-se muito importante que a familia

e a escola estabelecarn urn vinculo para tentar mUdanyas em relaC80 it falta de

atenC80 e indisciplina no sentido de ajudar 0 aluno a evitar maiores dificuldades

crises e stress

ANNA FREUD (1971 p162) considera que as normas escolares prestam

pouca ou nenhuma atenC80 as diferencas individuais

o aluno deve sentir-se desafiado e envolvido no processo a todo instante A

capacidade de empatia entre professor e aluno e 0 segredo do sucesso no

23

relacionamento entre ambos A auto-estima e urn ponto tambem fundamental para

um comportamento bem integrado

Num sistema educacional problematico como 0 do Brasil unido ascaracteristicas pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita5es

do professor e toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sal a

de aula interferem na aprendizagem como urn todo Pais e professores devem estar

atentos para educar desde os primeiros dias de vida para a disciplina que nao

5ubmete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemple e 0 dialogo

E preciso que a escala como urn todD e principal mente seu corpo docente

ampliem a consciencia a respeito da responsabilidade que tern em relacao ao futuro

dos seus alunos e alem disso que possam perceber a importancia do bern estar

psicol6gico como uma situacao fundamental para a aprendizagem satisfat6ria A

escola pode e deve propiciar ao aluno seguranca emocional para que ele possa

vivenciar vinculos saudaveis com seus professores e colegas

Espera-se que Utenham uma visao positiva da vida e sentido de humor que

sejam capazes de apreciar 0 valor de uma boa risada para eliminar pequenos

ressentimentos e aborrecimentos que prejudicam 0 crescimento do aluno (MOULY

1979 p 134)

E urgente a necessidade de uma nova escola desenhada para a mente e 0

cora~ao que ensina autocontrole empatia a arte de ouvir de resolver conflilos de

cooperar

A indisciplina pode ser definida como

Indisciplina e a recusa de $ubmeter-se as regras de aprendizagem educativa e a seu sistemade transmissao institucional Relacionada com 0 contexto familiar e escolar a indisciplina eum dos sintomas dos disturbios da inf~ncia e da adolescencia Quee preciso situar no campomutti~imensional da~ i~teracOesentre processos de aprendizagem e finalidades da educayaorelayao educadorlsuJeltolgrupos de alunosJclasse sistema de avaliacao e risco de fracasso

24

Ultrapassando 0 simples registro dos disturbios de carater a indisciplina tern a ver comfatores psicossociais que dao sentido a essa forma de insubmissflo (DORON et ai 1998)

Para VASCONCELLOS (1995) as manifesta90es de indisciplina na escola e

na sal a de aula sao urn problema a ser analisado na sua totalidade levando-se em

conta a familia as mudan~asocorridas na escola a professor a sociedade a crise

dos sentidos e dos limites considerando-se que 0 que se entende por disciplina e

como construi-Ia nurn processo de interarao entre 0 adolescente e a

professorescola

A educaC8o no seu verdadeiro sentido naD se faz sem autoridade pais 0

educando precisa do referencial do educador a fim de ter base para a constru9ao do

seu eu Muitas vezes 0 professor nao consegue disciplina porque nao tem

autoridade diante dos alunos Normalmente 0 professor fica esperando que 0 aluno

traga urn reconhecimento natural para com sua pessoa historicamente esse tempo

passou 0 tratamento de respeito tem que ser conquistado pelo professor

(VASCONCELLOS 1995)

A questao fica complicada quando temas como profissionais da educayao

elementos totalmente alheios e nao educados para a realidade atual Alem da falta

de dominio dos conteudos a serem ensinados falta-Ihes a capacidade de perceber

essas transforma90es hist6ricas que vern ocorrendo no relacionamento educando x

educador Falta-Ihes conhecimento do desenvolvimento humane e psicol6gico de

seus alunos E por fim suas pnticas pedag6gicas sao pobres de metodos que

propiciem a intera9aOe a construyao do conhecimento no respeito mutuo falta-Ihes

autoridade e capacidade de administrar a indisciplina gerada pelos fatores citados

Esses professores podem se deparar com criancas com transtorno desafiador

25

opositivo e muitos deles carecem de orientaCiies de como lidar com este tipo de

conduta

A disciplina escolar e urn conjunto de regras que devem ser obedecidas para

o exito do aprendizado escolar Portanto ela e uma qualidade de relacionamento

humano entre 0 corpo docente e 0$ alunos em uma sala de aula e

consequentemente na escola respeitando as caracteristicas de cada urn dos

envolvidos (TIBA 1996)

Para que haja disciplina em sala de aula isto e alunos motivados satisfeitos

com a aula e necessaria que 0 professor seja urn grande conhecedor do que

ensina da realidade que 0 cerca e tenha a capacidade de envolver 0 aluno na sua

sala usanda uma metodologia e uma didatica que nao deem margem a apatia ao

cans890 a monotonia para ambas as partes 0 aluno deve sentir-se desafiado e

envolvido no processo a todo instante A capacidade de empatia entre professor e

aluno e 0 segredo do sucesso no relacionamento entre ambos

Para TIBA (1996) a indisciplina na escola e vista como conseqOencia do

sistema educacional brasileiro que afeta diretamente as rela90es dos individuos em

sal a de aula e na escola Urn sistema total mente falido unido as caracteristicas

pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita~oes do professor e

toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sala de aula A auto-

estima e citada pelo autor como fundamental para um comportamento bem

integrado Ele aponta tambem inumeras sugestiies para os pais e professores no

sentido de como educar desde os prirneiros dias de vida para a disciplina que nao

submete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemplo e 0 dialogo

Por outro lado encontra-se a escola tentando cumprir a sua funCao (orientar

na constru~ao do conhecimento) e freqDentemente quando 0 professor se depara

26

com um alune que esta precisando de ajuda no aspecto emocional encontra-se

despreparado para lidar com a questao reagindo com intolerancia Consideram

muitas vezes mais tacil fazer julgamentos como 0 alune naD tern jeito bulle da

familia tal todos as irmaos desta familia ja fcram meus alunos e sao todos i9uais

Eventualmente recusam-se a participar de cursos de atualiza9ao e aperfei90amento

e preferem adetar a postura de que sabem que 0 alunD naD tern jeito mesma e nada

S8 tern a fazer a que favorece 0 rebaixamentoda auto-estima do alune e 0

agravamento do problema gerando disc6rdias e aborrecimentos na escola

Urn Dutro aspecto a ser considerado e que tudo sa tornaria mais facil para a

crianca se ao ingressar na escola ela pudesse encontrar um ambiente acolhedor

com regras bern definidas professores conhecedores dessa realidade com

formacaopsicol6gica para propiciar momentos de tomada de consciencia do porque

daquele comportamento fazendo acontecer a catarse e redirecionando as modos de

agir de tais crian~s e adolescentes Porem a realidade das escolas e bem outra 0

proprio ambiente e a mentalidade favorece que ela a crianca a adolescente

coloquem toda a agressao reprimida suas neuroses seu 6dio seus sentimentos

de culpa sua revolta contra a autoridade e a patrimonio escolar Muitas vezes 0

atuno encontra professores que nao se libertaram dos traumas e problemas dos

quais eles mesmos foram vitimas na primeira infancia alern de desconhecerem e

nao saberem lidar com a crianca e 0 adolescente problematico pelo desprepara

pedag6gico e a falta de metodos adequados e atrativos para prender a aten9ao e 0

interesse de seus alunos Sua pratica pedag6gica e pobre de recursos e estrategias

que desafiem e motivern tais alunos a se auto valorizarem elevando a auto-estima

Urn dos pontes mais comuns entre as indisciplinados e a sentimento de

menos valia aem da fata de conffan9a nos contatos e na produtividade Percebe-se

27

assim que para reverter essa questao naD basta trabalhar com a aluno E

necessario urn trabalho junto aos professores e familias criando estrategias que

modifiquem 0 ambiente e urn relacionamento mais verdadeiro mais equilibrado

deve ser estabelecido em todos as sentidos - trabalhando-se em equipe

28

3 0 CASO DE UMA CRIANCA COM TRANSTORNO DESAFIADOR OPOSITIVO

Foram utilizadas entrevistas com a mae professores e irmaos Encontros com

a crian-a em sess6es com durayao de 50 minutos cnde utilizou-se de metod as

como desenhos brincadeiras jogos regrados massa de modelar

31 HIST6RIGO DO GASO

F e urna rnenina de cinco anos cayula tendo um irmao de 21 anos e urna

irma de 17 anas de idade

o pai faleceu com 49 anas ha apraximadamente 01 ana e a mae atualmente

com 49 anas teve F com 43 anas

o pai fai marta par paliciais em frente a sua casa Estava bebada e saiu a rua

armada e um carro da palicia apareceu e 0 viu sentado na calcadalogo depois

vieram muitas viaturas e a mae pediu que levassem 0 marido para passar a noite na

cadeia mas que naD fizessem nenhum mal a ele Neste momento 0 pai de F

comeyou a atirar e aS policiais (segundo a mae 18 policiais aproximadamente)

invadiram a casa e comeyaram a atirar A familia fa para os fundos da casa e a mae

passou F par cima do muro para a casa da vizinha Quando a familia voltou para

frente da casa as paliciais disseram que a pai de F estava ferida na perna e

levaram-na para a hospital mas segundo a relata da mae ele ja estava marta e

havia na verdade levado urn tiro na cabeca F nao viu a cena mas escutou tudo

Ganforme relata da mae a partir da data do acarrida F naa abedece faz de

canta que naa escuta e quando quer alga came9a a tremer A mae diz que a filha

29

ficou assim desde a marte do pai pais este a bajulava muito fazia tudo 0 que ela

desejava

F sempre foi mimada pelo pai este nunca repreendia a filha por algo de

errado que ela fizesse Para 0 pai F nunca estava errada inclusive quando ela e a

irma mais velha brigavam 0 pai sempre ia em defesa da mais nova e para protege-

la amea98va bater na mais velha

A queixa principal da mae e que F comeya a tremer quando quer algo de que

gosta muito nao obedece a regras e Iimites impostos pelos responsaveis

Nas observayiies comportamentais notou-se que F testa os limites dos

adultos para conseguir 0 que deseja e as pesso8s que a cercam para se livrarem

das birras acabavam por fazer 0 que ela queria Mas essas mesmas pessoas

comeyaram a perceber que a falta de regras e limites jil ultrapassava 0 limite do

suportaveJ

Segundo HANISH et al (1999) 0 transtorno desafiador opositivo aparece

antes dos 10 anos Normalmente torna-se aparente na idade pre-escolar que e 0

caso desta crianga

Na escola F naD interagia com as colegas na hara de fazer brincadeiras em

grupo nac conseguia se relacionar com as colegas quando a professora pedia para

fazer alguma atividade F fazia do jeito que queria e nao como a professora

solicitava

Para que houvesse progresso no tratamento foi fundamental que a mae e as

demais pessoas que rodeiam a crian~a modificassem sua forma de agir e para que

isso ocorresse foi preciso fazer urn remanejo de conduta dessas pessoas Fez-se

pois necessaria orientacao e treinamento para auxilia-Ios nesta mudanlta

30

32 EVOLUCAO DO CASO

As intervenyoes utilizadas neste casc com a mae fcram em forma de

orientayao na freqOencade pelo menDS uma vez par meso Mais recentemente este

trabalho com a mae vern sendo feito a cada quinze dias

Em conversa com a mae esta mencionou que naD queria fazer como seus

pais naD que eles fassem ruins disse ela mas eles nao conversavam e naD tinham

tempo de dar aten9ao e de ensinar os deveres da escola Tudo 0 que ela aprendeu

na escola foi par esforyo proprio e naD queria que isso acontecesse com sua filha

entaD ela au as irmaos mais velhos sentam com F e a ensinam

Mais tarde foi feita uma entrevista com a professora e esta mostrou todas as

li90es de F e disse que aquelas atividades nao haviam side feitas pela crian9a e sim

por seu irmao e que a professora ja havia mandado bilhetes pedindo que nao

fizessem mais as atividades da escola par F A mae foi orientada a dar mais

incentivo a F em lugar de fazer os deveres por ela pois F nilo tinha problemas de

aprendizagem mas par falta de incentivo poderia vir a ter

Com F foram utilizadas brincadeiras como pintura com aquarela desenhos

massa de modelar hist6ria infantis Atraves destes me-todosforam utilizados refor~o

e a punicao quando necessarios

o refor9Q foi atraves de elogios sorriso e aten9ao quando F realizava urn

comportamento desejavel A punitao consistiu em retirar uma atividade que ela

gostava muito como desenhar OU tambem ignorar a sua atitude mantendo a calma

No terceiro encontro F mencionou 0 pai dizendo que ele comprava doces

para ela mas nao quis continuar falando sobre ele alegando que 0 irmao mais velho

nao gostava Mais tarde em outras sess6es tornou-se claro ser isto fantasia sua

31

Nos primeiros encontros corn F ela demonstrou S8r cordata entretanto a

partir do quarto encontro F mostrou comportamentos de manipula9ao ou seja

querer controlar a situacao e que tude salsse da forma que queria para que todos

as seus desejos fossem realizados atitude comum em casa ou na escola

A quinta sessao foi para verificar a interacao de F com a mae F mostrou-se

intransigente naD obedeceu a nenhuma das ordens da mae na hora de guardar as

brinquedos gritou com a mae e esta demonstrou claramente nao conseguir dar

limites a sua filha A mae conseguiu dizer neste momento que se F estivesse em

casa iria apanhar com uma varinha mas ista naD adiantou pais F ficou irredutivel

Ao final da sessao quando tudo estava no seu devido lugar F ja estava agindo como

se nada tivesse ocorrido a mae mencionou que F era muito nervoS8

A partir da sexta sessao loram leitos contratos com F os quais ela aceitou

com lacilidade

Apos 0 contrato feito na sessao anterior na setima sessao foi trabalhado a

limite atraves de acordos leitos com F como pedir para que ela escolhesse

somente tres tipos de brinquedos da caixa que s6 iria embora quando a horario da

sessao terminasse e que as Iimites seriam colocados pela terapeuta Com estas

regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela queria

A partir da oitava sessao loi levantada a hip6tese do problema de F ser

transtorno desafiador opositivo pais ela demonstrou as comportamentos de querer

dominar e mostrar que poderia mandar mas com muita paciencia foram impastos

limites atraves do silencio mostrando que nem tudo poderia ser como ela queria e

assim acabou aceitando

A nona sessao loi destinada a orientar a mae em como agir com a filha e loi

proposto para que a mae assistisse a proxima sessao atras do espelho

32

Como foi sugerido para a mae na sessao passada ela ficou ats do espelho

para ver como a filha interagia e poder verificar qual seria a melhor forma de lidar

com ela

A decima segunda sessao foi destinada a mae para verificar como estava 0

comportamento de F fora da terapia Ela comentou que 0 comportamento da filha

melhorara muito que as tremores 56 ocorriam esporadicamente Foi orientado amae que quando Dcarressem as tremores ela deveria fazer de conta que naD havia

percebido nada

Foram feitas diversas sess6es seguidas mais precisamente da decima

terceira il decima setima com F destinadas a trabalhar regras e limites Este

trabalho foi realizado atraves de acordos com F como por exemplo pedir que ela

escolhesse apenas tres brinquedos da caixa au escolhesse entre desenhar e ouvir

historias au ainda entre conversar e brincar tambem poderia escolher entre brincar

de casinha e desenhar

A decima oitava sessao foi urna sessao diferente pOis foi destinada aprofessora de F para verificar como F estava S8 comportando e se relacionando

com colegas em sala de aula enos interval os A professora levantou a hip6tese de F

ter problemas de aprendizagem pois as atividades escolares dela nao eram

compativeis com a de seus colegas de classe Mas foi constatado atraves das

atividades que eram enviadas para serem feitas em casa que 0 que faUava para F

era estimulo pOisseu irmao fazia suas atividades por ela

Foram feitas duas sessoes seguidas (decima nona e vigesimal para

comprovar se havia problemas de aprendizagem com F Sessoes estas de recorte e

colagem e de hist6ria (Cinderela) Com estas atividades pode se constatar que F

33

tern plena capacidade de realizar tarefas sDzinha talvez com uma pequena

orienta9ao quando solicitado por ela

A vigesima primeira foi mais uma sessao dedicada a orient89ao a mae

quando esta mencionou que Festa cada vez melhor seus tremores quando quer

chamar a aten9ao estao diminuindo a cada dia

No vigesimo segundo encontro com F a interven9ao utilizada foi 0 desenho

Eta desenhou margaridas e mencionou que se fosse uma planta queria ser uma

margarida e S8 fosse urn objeto queria ser uma estrela Ja na sessao seguinte que

foi a vigesima terceira a intervencao utilizada foi brincar de casinha cnde F mostrou

a sua intera9ao familiar dizendo que trabalhava em um hotel (como na realidade sua

mae trabalha) 0 marido trabalhava em hotel e seu pai estava muito doente (na

realidade ja e falecido) e tinha muitas dores no corpo

Ate 0 momento foram feitas as vinte e tres sess6es aqui descritas nas quais

a crianya demonstrou significativas mudantas no comportamento

33 ANALISE DO CASO

Inicialmente F nae obedecia fazia de conta que naD escutava e quando

queria algo come9ava a tremer nao obedecendo a regras e limites impostos pelos

respons8veis A mae dizia que a filha ficou assim desde a morte do pai pais este a

bajulava muito fazia tudo 0 que ela desejava

Notou-se que F testava os limites dos adultos para conseguir 0 que desejava

e as pessoas que a cercavam para se livrarem das birras acabavam par fazer 0

que ela queria

34

Na escola nao conseguia se relacionar com os colegas quando a professora

pedia para fazer alguma atividade F lazia do jeito que queria

A mae de F fazia as atividades par ela dizendo que ~nao queria tazer como

seus pais naD que eles fassem ruins mas eles naD conversavam e naD tinham

tempo de dar atenC80 e de ensinar as deveres da escola

Durante 0 tratamento F inicialmente demonstrou ser cordata posteriormente

mostrou comportamentos de manipulayM querendo controlar a situayao e

procurando forcar que todos as seus desejos fassem realizados Na presenva da

mae nao obedeceu a nenhuma das ordens dela gritou e ficou clara a dificuldade da

mae em dar limites a filha F mostrava-se muito irritada

Foram feitos contratos com F e passou-se a trabalhar atraves de acordos as

limites Com estas regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela

queria

No tratamento foi fundamental que a mae e as demais pessoas que rodeiam a

crianya modificassem sua forma de agir Foi orienlado a mae que quando

ocorressem as tremores ela devena fazer de conta que nao havia percebido nada

Em sessao com a professora de F constatou-se que a hipotese de

problemas de aprendizagem se apresentava mais em lace da lalta de estimulo para

que esta realizasse suas pr6pnas atividades ao inves de que outras pessoas as

fizessem por ela Foram leitas sessees com a finalidade de comprovar se F tinha

problemas de aprendizagem e verificou-se que esla linha plena capacidade de

realizar as tarefas sozinha Em relayao a interayao familiar F dramatrizou em uma

atividade que sua mae trabalhava em um hotel 0 que correspondia a realidade e 0

marido trabalhava em hotel que seu pai estava muito doenle e tinha muitas dores

35

no corpo quando na realidade seu pai ja era falecido Mostrava com isso a falta que

a funy80 paterna Ihe fazia

A mae de F I numa sessao dedicada a sua orientay8o mencionou que F

estava cada vez melhor e que seus tremores para chamar a atenC80 estavam

diminuindo a cada dia

36

4 ORIENTA~OES AOS PAIS

ZAGURY (2001 p59) na complexa tarefa de dar limites sem ser autocratico

ou seja de como disciplinar sem bater OU sem ser coercitivQ com a crianya sugere

algumas estrategias

bull Premiar ou recompensar a born comportamento - sempre que a crianca

tiver atitudes corretas devemos ressaltar este tatoo E bern comum que as

pais muito ocupados com tarefas cotidianas esqueltam de elogiar

somente lembrando de ralhar quando os ftlhos fazem algo errado Desta

forma as criancas entendem que naD vale a pena fazer tudo certinhon

pois nao recebem aprova9ao A melhor forma de alcan9ar um objetivo

educativo e elogiar incentivar e ressaltar tudo a que a crianca fizer de

positivo

bull Diferenciar premiar de dar coisas materiais - apesar do consumismo

vigente as crianvas ainda valorizam mais urn carinho urn elogio sincero

reconhecimento do esforco do que presentes dinheiro e viagens

Eventualmente pode-se presentear materialmente mas e importante nao

comprarmos as crianras pois desta forma elas aprendem a agir de modo

calculista Se dermos nosso carinho e aprovayao seu ego se fortalecera

sua auto-estima se elevara e gradualmente a crianya sentira prazer em

agir de forma adequada

bull Fazer com que a crianya assuma as conseqOemcias dos seus atos - com

carinha e naturalidade devemos conversar e agir apontando seus erras e

fazendo com que reftitam sobre as atitudes incorretas antieticas ou

egocentricas tomando 0 cuidado de deixar claro que 0 que desaprovamos

37

sao as atitudes incorretas e naD suas caracteristicas pessoais 5e mesma

ap6s a explica~o a crianca reincidir na atitude incorreta entao e 0

momento de faze-Ia compreender que e responsavel pelos seus atos e

tambem pelas suas conseqGencias Deve-se ressaltar as consequemcias

do ato born carinho aprova~o estimulo etc Como do ato incorreto

desaprova9ilo nao reforyamento deixar de fazer algo que gostam etc

Deve-se ter em mente que as elogios premiacoes bern como as puni90es

devem ser proporcionais ao fato Ou seja e necessario que se tenha born sensa e

equilibrio para que as acoes sejam autenticas e valorizadas pel as criancas

COUTINHO FILHO (2003) tambem sugere algumas possibilidades para

colocar parametros de limites para a crianca

bull Nao coloque limites conforme seus desejos pessoais

bull Demonstre que voce e as demais adultos tambem tern limites a respeitar

bull Diga qual puni9ilo a ser dada para cada limite ultrapassado e nao deixe de

executa-Ia

bull De puniyoes brandas para atitudes brandas e puniyoes pesadas para

atitudes pesadas

bull Deixe claro que a puniyao Eo pelo ate e nao pela pessoa

bull Justifique os motivos do limite Nao faca isso porque nao quero ou nao

gosto nao Eo justificativa

bull Repita quantas vezes for necesstuio

bull Use sua autoridade sem provocar submissao e mal estar

bull Use da afetividade para impor limites

38

ZAGURY (2001) destaca pontos importantes para nao perder a autoridade

perante os filhos

bull Cumpra 0 que disse (seja premia ou conseqOemcia) ou seja ameacou

execute prometeu faya

bull Seja coerente 0 que nao pode nao pode nunca (salvo raras excessoes)

nao mude de atitude como quem mud a de roupa (au de acordo com 0 seu

humor)

bull Faya com que seus filhos gradualmente assumam responsabilidades

Deixe que eles participem das decisoes sabre premios ou conseqOeuromcias

- isto ajuda a amadurecer e compromete a crianca e as jovens que

aderem mais ao que ajudam a construir (mesma que sejam sans6es para

eles proprios)

bull Cuidado com 0 que diz e com 0 modo como diz - critique 0 ato nunca a

pessoa ou a personalidade de seus filhos Trate somente do assunto que

S8 esta analisando no momento naD desenterre coisas do passado sem

necessidade Nao fique com pena da crianya se ela chorar ficar triste

nao talar com voce E melhor ela ficar triste hoje mas aprender a respeitar

o pr6ximo a 5i propria e a palavra empenhada do que sofrer futuramente

nos seus relacionamentos interpessoais

Segundo TIBA(2002) os filhos nao vem com manual pois eles mesmos sao 0

manual au seja cada criancaencerra uma individualidade e a cada dia os pais irao

aprendendo com cada filho E importante neste aprendizado os pais privilegiarem 0

desenvolvimento relacional atraves de um procedimento basico que deve ser

aplicado a cada fllho Para TBA (2002) ese procedimento e valido para qualquer

39

relacionamento entre pessoas de qualquer idade mas que e relevante na formaC8o

da auto-estima da criancadesde 0 seu nascimento Para 0 atendimento integral a

uma crian9 sao cinco os passos parar ouvir olhar pensar e agir (TIBA 2002

p127)

TIBA (2002) descreve os cinco passos da seguinte forma

1 Parar - parar 0 que estiver fazendo ou pensando e dar atenyao total acriancaCasa naD possa parar naquele exato momento vale colaear uma

das maos no ombro da crian9 enquanto diz que logo vai atende-Ia A

crianya deve ficar esperando ali juntinho de voce Pode ser que ela queira

sair para voltar logo depois Se a iniciativa de sair for da crianca a

responsabilidade de voltar sera dela Mas deve evitar ao maximo dizer

para a crianca ocupar-se com Dutra caisa enquanto voce termina 0 que

esta fazendo Nem sempre ela volta outra vez pelo mesmo motivo E

tambem fundamental deixar de lado ideias preconcebidas sobre 0 que a

crianca vai fatar Se voce pensa ~Iavern aquela chata me encher Dutra

vez seu cerebro ja esta preenchido em parte com esse pensamento e

voce perde a chance de atende-Ia integralmente

2 Ouvir - e a parte racional Os pais devem olhar no funda dos ahos da

crianca como se a Duvissem com as ahos A criany8 precisa aprender a

se expressar Nao se deve tentar adivinhar 0 que ela quer Quando pede

alguma coisa esta desenvolvendo sua capacidade de pensar de formular

uma pergunta e de se expressar para que outras pessoas possam

compreende-Ia

3 Olhar - e a parte instintiva Num piscar de olhos uma pessoa consegue

ver tantas coisas que levaria muito tempo explica-Ias em palavras Tudo 0

40

que se percebe visualmente tambem tem que ser considerado para

compreender a crian9a

4 Pensar - lados os elementos percebidos tanto visualmente quanto

verbal mente mais 0 sentido educativo que se que ira imprimir na forma9ao

da criana devem fazer parte da resposta a ser dada Sentido educativo e

o objetivo a ser atendido com a educaao que esta sendo dada (Quer que

o filho seja egoista Coloque-o sempre em primeiro lugar em detrimento

dos outros e diga sim a todos os seus desejos Quer que ele seja feliz

Ajude-o a desenvolver a satisfailo pelo que e e pelo que consegue fazer

a tolerimcia a compreensao dos Qutrosa vontade de ajudar a quem pede

e a etica do bem)

5 Agir - essa aao ou resposta deve ser bem clara e objetiva Melhor ainda

se voce puder se assegurar de que a crianca real mente saciou sua

vontade

E importante ressaltar que os cinco passos devem ser utilizados em todas as

situayaes desde 0 tombo da crian98 pequena ate quando a crian98 crescer Ao se

utilizar este procedimento basico as atitudes dos pais tendem a ser coerentes Par

exemplo se uma crianca calr naD e necessaria as pais sairem desesperados em

todas Situ8COeS mas avaiar se 0 tombo foi grave QU se foi urn tombinho que naD

precisa de maiores cuidados Tambem as pais naD devem sair dizendo que chao

feio que passa a falsa ideia que 0 chao e culpado pelo seu tombo a criana tem

que aprender que ela deve ter cuidado Se ela se choca uma ou duas vezes numa

mesa ela aprende a ter cuidado por sua pr6pria experiencia TIBA (2002 p133)

41

destaca que a afobayao e a reacao exagerada dos pais geram inseguran9a na

crianca

Outre fato bastante comum e as pais deixarem as ftlhos ganharem jogos par

exemplo tentando agrada-Ios mesmo que os deseduquem As crian9as tern uma

sabedoria natural Brincam e competem de acordo com as conhecimentos e as

capacita90es de que disp6ern E mais facil para 0 pai brincar como se fosse crian98

e deixar 0 filho ganhar sempre Esse comportamento contudo da a crianca uma

visao irreal do que e jogar Ganha-se algumas vezes perde-se outras (TIBA 2002

p136) Ou seja e mais educativ~ para a criana descobrir que podemos ser bons

em algumas caisas mas nao em tudo Passa-se uma experiencia da realidade para

a crianC8

TIBA (2002) tambem cita 0 caso de colocar a crian9a no colo enquanto se

dirige urn carro A crianC8 tern a falsa sensacao de que comanda 0 veiculo mas issa

nao passa de urn poder irreal Ao dirigir urn carrinho de brinquedo ela poderia de fato

se sentir poderosa IS50 sem falar que quando 0 filho crescer ao 15 anos par

exempla vai querer sair com 0 carro do pai mesmo sem poder Mas quando era

criancaeu podia

o caso classico da criancaquerer dormir com os pais tambem e abordado por

TIBA (2002) segundo 0 autor 0 ideal e que desde bebe a crian9a deve aprender a

dorrnir no seu lugar mesmo que ache mais gostoso aninhar-se entre os pais Ir cada

urn para sua cama da 0 sentido de que cada urn tem seu territorio ai tambem

estamos delimitando limites onde sao respeitados 0 so no e 0 espacode cada urn

Crian~asmaiores que ja andam devem ter um lugar (ou quarto) proprio para dormirMesmo que ocasionalmente adorme~am na cama dos pais e importante que sejamlevadas a sua cama para que acordem la Nao devem adquirir 0 habito de dormir nacama dos pais Tenha paciencia e fale claro em born tom olhando seriamente nofundo dos olhinhos dela ~Cada coisa no seu lugar cada pessoa na sua cama~

42

Quando a crian(f3 percebe que 0 limite e coisa sena e vai ser cumprido procura seajustar(lIBA 2002p115)

OLIVEIRA (1999 p120) enumera as diversos problemas que causam a fato

dos filhos permanecem no quarto dos pais na hora de dormir considerando-as de

difieil recupera~aoposterior

1 Faita de valorizayilo da privacidade tanto do casal como da crianya

2 Mantem a relacao simbi6tica au seja a li98980 existente entre mae e

bebe prejudicando 0 desenvolvimento emocional da crian93

3 A crianya tende a formar relayao de dependencia da protey80 e da

preseny8 dos pais ate mesma durante 0 sono

4 Quando chegar a fase em que a crianca elege entre 0 pai e a mae 0 seu

preferido tenta afastar 0 autro esticando-se e virando-se na cama de

modo a deixar a preterido desconfortavel a ponto deste mudar de lugar

sair da cama e ate mesma do quarto

E importante ressaltar que sempre as regras devem ser claras e naD sujeitas

a mudancas pois a organizacao interna dos filhos fica muito prejudicada se dormir

au nao na cama dos pais se transforma numa possibilidade que depende apenas do

humor dos pais ou de quanto 0 filho se recusa a dormir sozinho (chorando

acordando diversas vezes etc) A crian9a com autonomia de sono e mais

independente e feliz (TIBA 2002 p116)

Enfatiza-se que na maiaria dos casas as pais permitem que as criancas

fiquem ate mais tarde no quarto deles nao e par uma exigemcia ou necessidade da

crianya mas par alguma deficiencia desequilibrio au imaturidade dos proprios pais

(OLIVEIRA 1999 p122)

43

Em relaiio ao choro da crian9l ressalta-se que ha dois tipos de choro 0 que

expressa dor e 0 que busca pader

Se 0 filho descobrir que pade usar a chom como fonte de poder as pais estaoperdidos Nunca mais saberao dizer se ele chara par dar au poder Urn chore depoder Necessita dos olhos e dos ouvidos de quem se quer dominar Ingenua acrianya que usa 0 choro como pader para imediatamente apes conseguir 0 que querOai a importancia de as pais ficarem atentos para nao ser manipulados (TIBA 2002p158)

o choro que apela para 0 lade coitadinho inspira ternura Eo urn tipo de

manipula9ao que busca 0 dominio pela chantagem aletiva Eo dilicil neutralizar 0 uso

do choro como arma

Segundo liSA (2002 p159) Urn pouco de dor nao matara a crian9a assim

como urn poueD de pader nao matara as pais ( ) Se traumas infantis matassem a

humanidade estaria extinta Nao ha filho que nao tenha side contrariado A imensa

maioria deles tern condi90es de agOentar contrariedades 0 autor destaca que pais

que sao soHcitos ao extrema nao trayam um born e segura trajeto para seguir 0

resultado e que a crianya fica insegura pais perde a confianca neles ela pressente

que as pais nao tern firmeza nas suas decisoes e sao manipulaveis

Deve-se tomar cuidado com as exageros urn erro cometido pelos pais

desde que nao seja baseado na violencia em surras socas e pontapes naa traz

problema nenhum Atos como esses descarregam a raiva mas nao tern forlta

educativa pois violmcia s6 gera violencia (liSA 2002 p159)

Em rela9aOaos pais lazerem as tarelas pelos filhos ou ainda pior comprar os

resultados ressalta-se que este tipo de atitude nao ajuda a crianlta cria

dependencia e compromete 0 desenvolvimento escolar Alem disso as pais acabam

privando os filhos do gosto de uma conquista dando uma mensagem subliminar de

que eles sao incapazes Os pais nao devem privar os filhos do gosto de uma

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

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WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

Page 17: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

14

issa ele S8 juntou em comunidade As comunidades sao uma reuniao de pessoas

que tern interesses comuns au seja interesses iguais

Familia e 0 nucleo de pessoas aparentadas que tern la90s de sangue e que

se apoiam no sentido de manter 0 nucleo permanentemente em comunhao

Hit uma serie de expectativas sociais em relacao it familia e preciso que

socialize as criancastomando-as capazes de viver junto aos Qutros seres humanos

A institui9ao familia tern passado ao longo da historia da humanidade por crises

muito serias As formas de familias sao extrema mente variaveis E mais variaveis do

que dentro de nossa proprio pais sao as formas de familia de Qutros paises do

mundo

A familia ah~m de reproduzir novos seres humanos tenta produzir neles as

seus habitos costumes e valores atraves de gerayoes

A familia sempre foi a celula-mater de uma sociedade ou refUgio das

atribuiyoes do mundo Tambem a religiao impoe normas as familias que em torno

del a se reunem Grande parte do comportamento de uma familia no sentido moral econtrolado pela religiao em que ela acredita Em troca a religiao e sustentada pela

familia fazendo com que as crencas e preiticas mora is subsistam por seculos e

levando as pessoas a uma aceitacao de punicoes impostas

o prestigio social dos individuos na familia tradicional de seu

comportarnento diante de sua fe de seu comportamento em rela9ao a familia e de

sua origem e influenciado pelos costumes que traz atraves de geralt6es Durante

anos a familia conduziu-se como uma barreira diante de inovac6es e de formas

novas de ligalt8o homem-mulher-filhos Os vinculos familiares representam uma

seguran9a afetiva e material muito importante para 0 desenvolvimento do individuo

A historia da humanidade assim como os estudos antropologicos sobre os

15

pavos e culturas distantes de n6s (no espacoe no tempo) esclarecem-nos sabre a

que e familia como existiu e existe hoje Mostra-nos como fcram e sao hoje ainda

variadas as formas sob as quais as familias evoluem se modificam assim como

sao diversas as concepcoesdo significado social dos la-os estabelecidos entre as

individuos de uma sociedade dada

Apesar dessas variacoes a forma mais conhecida e valorizada de nassos

dias a familia composta de pai mae e filhos chamada familia nuclear normal

Este e 0 modele que desde criancaS8 ve em livres escolares nos filmes na

televisao mesma que no seia familiar S8 verifique urn esquema diverso

A natureza das rela90es dentro de uma familia vai se modificando atraves do

tempo 0 aspecto mais problematico da evolU9aO da familia est sem d0vida

alguma ligado ao questionamento da posi9ao das crian9as como propriedade dos

pais e a posiryao economica das mulheres dentro da familia Inclui-se ai 0

questionamento da distribui9iio dos papis ditos especificamente masculinos e

feminin~s e esse e urn problema chave para 0 surgimento de uma nova estrutura

social

Nao se poder mudar a institui9ao familiar sem que toda a sociedade mude

tambem Pode-se afirmar ainda que qualquer modificayao na organiza~aofamiliar

implicara tambem numa modifica9ao dos rigidos papeis de esposa mae ou

prostituta os 0nicos atribuidos as mulheres Quanto as crianyas ha algum tempo ja

o Estado intervem entre pais e filhos e desde a pouco os pais sao passiveis de

denuncias pelos vizinhos caso punam fisicamente seus filhos

Atraves da escola do controle sobre os meios de comunica~aode medicos e

psic6lagas a pader dominante de cada sociedade mais au menos sutilmente imp6e

normas educacionais sendo dificil aos familiares contraria-Ias De uma maneira

16

geral cabe ainda aos pais grande parcela de poder de decisao sobre seus filhos

menores Parcela essa cada vez mais contestada A esse pader equivalem por

parte dos filhos direitos legais em relagao aos seus pais em particular no sistema

capitalista Direitos a assistencia educayao manutenyao e participacao em seus

bens e proventos

A familia como toda instituigao social apresenta aspectos positiv~s enquanto

nucleo afetivo de apoio e solidariedade Mas apresenta ao lade destes aspectos

negativ~s como a imposicao normativa atraves de leis uscs e costumes que

impllearn formas e finalidades rigidas Torna-se muitas vezes elementa de coayiio

social geradora de conflitos e ambigOidades

A agressividade inata tende a sef ativada pelas circunstancias externas

desfavoraveis e inversamente e mitigada pelo arner e compreensao que a crianca

recebe 0 seu desenvolvimento e suas reac6es com 0 adulto devem ser

considerados como resultantes da interacao e influencias externas e internas

Um sistema familiar disfuncional nM permite ao aluno a maturidade

necessaria para conseguir urn born desempenho academico

A problematica emocional ligada a situayao conflitiva absorve a

disponibilidade perceptiva e reacional do individuo a estimula~ao externa

dificultando a sua integragao ao ambiente e perturbagao nao 56 a sua capacidade de

aten98o de concentra~ao de raciocinio mas sobretudo a de relacionamento Assim

sendo as dificuldades de assimilayao na aprendizagem escolar podem estar ligadas

a fixagoes emocionais (NOVAES 1970 p 145)

Geralmente criangas com problemas emocionais adotam atitudes agressivas

de inibiyao constri9ao regressao isolamento hostilidade oposigao indiferenya

17

indisciplina exibicionismo dissimula~aosensibilidade e au emotividade excessivas

sendo freqOentesos problemas de mentira de furto e de natureza sexual

Na instituiyao familiar seja ela qual for e a ligayao emocional entre as

pessoas que as torna mats felizes e saudaveis

As perturbaltoes no ambiente familiar interferem no comportamento do

individuo Existe urn processo duple entre 0 lar e a escola as tensoes que sao

geradas num ambiente se manifestam como perturbaltoes no comportamento do

outro (WINNICOn 1971 p 223)

Resgatar a papel da familia e seus vaiores levan3i 0 aluno a sentir-se

amparado A autoridade paterna e materna participativa se faz necessaria na

criayao e educaltao na orientayao e aquisiltao de bons habitos influentes na

projeltaosocial das pessoas Nao necessariamente isto se refere a presenltafisica

de ambos os pais mas da existencia das funlt6esenquanto autoridade

A emoltaopermeia todos os aspectos da vida diaria do ser e tambem interfere

na aprendizagem fazendo-se necessaria urn conhecimento dos aspectos

emocionais para assim pader assistir 0 aluno em seu trabalho escolar A

estabilidade no ambiente familiar proporciona ao individuo seguranya e

independencia A participaltao da familia no cotidiano escolar e de suma

importancia para a aprendizagem

Os jovens nao podem se sentir abandonados eles precisam de exemplos e

sobretudo de afeto para a construltaode uma vida melhor

SOUZA (1995 p 58) considera que a inibiltaointelectual estaria na base da

dificuldade de aprendizagem Existem fatores da vida psiquica da crianlta que

podem atrapalhar 0 born desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaltao

18

com a aquisirao de conhecimentos e com a familia na medida em que as atitudes

parentais influenciam sobremaneira a rela~aoda crianca com 0 conhecimento

Ressalta-se que entre as variDS fatores que influenciam 0 aspecto emotional

da crian9a tem-se alcoolismo familia numerosa sem condicoes minimas estruturais

brigas freqOentes em casa abandono trabalho infantil etc A convivmcia com um

au mais destes fatores acarreta na impossibilidade do aluno concentrar-se nas

aulas visto que a sua aten9ao se volta para a tentativa de resolu9lo dos problemas

familia res que ele julga insoluveis na maioria das vezes Existe urn certa

conformismo misturado a angustia quando 0 aluno consegue expor 0 problema que

o aflige

Deve-se compreender que a familia esta envolvida em diversos problemas

oriundos das pressoes s6cio-econ6micas das dificuldades de habita9ao

alimenta9ao e trabalho sem tranqOilidade para assimilar e analisar os estimulos

externos integrando-os a sua dina mica familiar

A influencia do ambiente familiar e decisiva para 0 ajustamento emotional e

muitas vezes 0 grupo familiar nao oferece condi90es de estabilidade e de

seguranya emocional para 0 desenvolvimento normal de seus filhos

Grande incidencia de conflitos emocionais que se exteriorizam par ansiedade

sentimentos de inferioridade de inseguran98 depressao medo negativismo e

incapacidade de estabelecer rela90es afetivas geralmente coincidem com 0 grande

numera de familias desintegradas desunidas de pais ausentes incompreensivos

imaturos neur6ticos dominadores desajustados que nao podem dar compreensao

amor e apoio aos filhos

ZAGURY (2000) relata 0 resultado das duvidas e incertezas de muitos pais

Para ela os pais devem compreender que mais importante que satisfazer os desejos

19

da CrianC8 e ensinar principios eticos como honestidade solidariedade e respeito

mutua Principios estes que sao fundamentais para 0 born relacionamento social na

adolescencia e vida adulta

Limites sao regras ou normas de condula que devem ser passadas para as

criancas desde tenra idade Eles mostram as crianyas 0 que podem e 0 que naD

podem 0 que devem e 0 que nao devem fazer Ensinam tambem como respeitar 0

proximo facilitando a socializayao Os limites devem fazer parte da educaao pois

vivemos em sociedade e para a boa manutencao desta se faz necessaria a

existencia e 0 respeito as regras (COUlINHO FILHO 2003)

Em seu livro Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sobre a tirania

dos filhos ZAGURY (2000) discute os principais problemas que envolvem a

educayao dos filhos na sociedade moderna quando toda uma geraao de pais foi

influenciada par urna visao excessivamente psicologizante As ambigOidades as

diferenyas entre as regras estabelecidas pelos te6ricos sao debatidas e criticada a

tirania de alguns especialistas que contribuiram para a disseminayao de um dos

maiores males da educaao - 0 chamado psicologismo A autora alerta para a

necessidade de as pais serem criticos nas orientayoes e conhecimentos adquiridos

sobre a educaao dos filhos e chama a atenao sobre os limites e a necessidade de

autoridade por parte dos pais a importancia de se construir uma relayao baseada na

autenticidade e na democracia tanto para as crianyas quanta para seus pais

Para liSA (1996) a disciplina tern inicio antes mesmo do nascimento atraves

do modo como os pais se comportam no relacionamento mutuo Os primeiros dias

de vida e as interac6es com os pais ou pessoas que as substituem sao de

fundamental importancia no desenvolvimento bern ajustado Pois e nessa interayao

que a mae transmite 0 modo de ser da familia e isso e essencial para ajudar 0 filho

20

a formar 0 seu ser psicol6gico pois a crianca traz ao nascer apenas 0 seu ser

biol6gico

0 pai deve ter muita saude pSicol6gica para participar do gesto de

alimentat8o que tern urn significado tremendo no ge5to afetivo A crianca nao

precisa s6 de leite 0 leite alimenta 0 corpo 0 afeto e 0 alimento da alma Crian

sem afeto entra em depressao(lIBA 1996)

Deve-S8 ressaltar que 0 limite e diferente de repressao 0 primeiro S8 instala

atraves das puniyoes ja a repressao atraves da culpa A puniy80 age sabre a ato e

a culpa sabre a pessoa Durante 0 desenvolvimento da clianca 0 limite e saudtlVel

quando este refere-s8 apenas aos atos naD desrnerecendo au desvalorizando a

pessoa A crian nao deve se sentir culpada pelos seus atos mas responsavel par

estes (COUlINHO FILHO 2003)

llBA (1996) diz que os pais que exageram na preocupayao com a choro e a

comida estao contribuindo para ter urn indisciplinado dentro de casa estao

desrespeitando a desenvolvimento biol6gico da crian A mae que trabalha fora

sente-se culpada par deixar a filho sozinho na creche au na escola e depois a

superprotege para reparar a culpa acabando par criar urn folgado dentro de casa

o modo como lidar com a liberdade e Dutro fatar influenciador no comportamento da

crianya e do adolescente Impar limites sem submissao e autoritarismo e outro

desafio para os pais que precisam respeitar a espayo de individualidade sem se

submeterem aos seus caprichos

o tema indisciplina oj amplo e muito se tern ainda a pesquisar estudar e

orientar no sentido de ajudar as pais a encontrarem urn caminho mais segura na

educay80 e formayao da personalidade dos filhos que tern inicio nas primeiras

relayoes entre mae e filho

21

222 0 Papel da Escola

Se a condi9ao basica e necessaria para a aprendizagem e a integridade

moral e 0 estabelecimento da interalYBo professor versus aluno cnde fatares afetivos

e cognitivos exercem influencias decisivas na busca de realizac68s e de desejos

confirmando-Ihes determinadas caracteristicas inteny68s e significados e na escola

que ocorrem boa parte dos problemas com as quais 0 aluno S8 esbarra lentidao de

raciocinio falta de atenyao desintereSS8 indisciplina entre Qutros encontram as

suas origens na estrutura biol6gica sobretudo quando exposta ao meio ambiente

(POLITY 1998)

Em ambientes cnde estes fatares naD sao considerados relevantes que

alunos com dificuldades de aprendizagem ou com problemas de indisciplina acabam

sendo rotulados sofrendo puniyoes devido ao seu fracasso escolar Estes

apresentam lalta de interesse desmotiva980 para estudar pregui9a e distra9ao

Com isto os pais e professores nao entendem estas dificuldades e 0 aluno em seu

permanente estado de tensao nao consegue prestar aten~o e participar das aulas

nao obtendo os resultados esperados (MORAIS 1997)

Outro fator importante e a problematica emocional que deve ser considerada

como decisiva na adaptacao e rendimento escolar podendo trazer serias

conseqOemcias ao desenvolvimento e progresso emocional da crianca A escola

deve oferecer condic5es e estabilidade emocional e atraves do diagn6stico precoce

dos encaminhamentos adequados da pr09rama9aO adequada das atividades

escolares e da preparacao do professor atender a esses casos prontamente

poupando assim a crianra e a sociedade do agravamento dessas situac6es

(NOVAES 1970)

22

Neste interim surge a psicopedagogia como auxiliar no cicio aluno - familia -

escola quando se instala uma dificuldade de aprendizagem 0 psicopedagogo deve

ter urn olhar para 0 contexte global onde est inserida a criana com dificuldade de

aprendizagem as relac6es familia res e escolares

As crian~s que se evadem da escola em geral sao as mais rejeitadas

Estas criancas precisam ser estimuladas ao relacionamento a responder

adequadamente aos sentimentos do outro e a controlar tensao e ansiedade

compreendendo qual e 0 comportamento aceitavel em determinada situacao

E preciso aprender a lidar com a ira e a tristeza a respeitar as diferencas de

modo a encarar as eaisas dificeis aprender a perguntar a negociar a ser mais

assertivo Eo importante somar aos conteudos de hoje as liDes sobre sentimentos e

relacionamentos 0 primeiro passe e aprender a nomear a emoCao compreende-Ia

a partir de suas express6es faciais corpora is E essencial que 0 professor amplie

sua ViS80 sobre as quest6es emocionais desenvolvendo autodisciplina vida

virtuosa capacidade de motivar-se de enfrentar press6es e resolver conflitos

Por tudo isso a escola tem 0 compromisso moral e etico de se preocupar com

o desenvolvimento dos alunos reinventando as aulas e proporcionando a sintonia

do conteudo a capacidade de aprender Considera-se muito importante que a familia

e a escola estabelecarn urn vinculo para tentar mUdanyas em relaC80 it falta de

atenC80 e indisciplina no sentido de ajudar 0 aluno a evitar maiores dificuldades

crises e stress

ANNA FREUD (1971 p162) considera que as normas escolares prestam

pouca ou nenhuma atenC80 as diferencas individuais

o aluno deve sentir-se desafiado e envolvido no processo a todo instante A

capacidade de empatia entre professor e aluno e 0 segredo do sucesso no

23

relacionamento entre ambos A auto-estima e urn ponto tambem fundamental para

um comportamento bem integrado

Num sistema educacional problematico como 0 do Brasil unido ascaracteristicas pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita5es

do professor e toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sal a

de aula interferem na aprendizagem como urn todo Pais e professores devem estar

atentos para educar desde os primeiros dias de vida para a disciplina que nao

5ubmete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemple e 0 dialogo

E preciso que a escala como urn todD e principal mente seu corpo docente

ampliem a consciencia a respeito da responsabilidade que tern em relacao ao futuro

dos seus alunos e alem disso que possam perceber a importancia do bern estar

psicol6gico como uma situacao fundamental para a aprendizagem satisfat6ria A

escola pode e deve propiciar ao aluno seguranca emocional para que ele possa

vivenciar vinculos saudaveis com seus professores e colegas

Espera-se que Utenham uma visao positiva da vida e sentido de humor que

sejam capazes de apreciar 0 valor de uma boa risada para eliminar pequenos

ressentimentos e aborrecimentos que prejudicam 0 crescimento do aluno (MOULY

1979 p 134)

E urgente a necessidade de uma nova escola desenhada para a mente e 0

cora~ao que ensina autocontrole empatia a arte de ouvir de resolver conflilos de

cooperar

A indisciplina pode ser definida como

Indisciplina e a recusa de $ubmeter-se as regras de aprendizagem educativa e a seu sistemade transmissao institucional Relacionada com 0 contexto familiar e escolar a indisciplina eum dos sintomas dos disturbios da inf~ncia e da adolescencia Quee preciso situar no campomutti~imensional da~ i~teracOesentre processos de aprendizagem e finalidades da educayaorelayao educadorlsuJeltolgrupos de alunosJclasse sistema de avaliacao e risco de fracasso

24

Ultrapassando 0 simples registro dos disturbios de carater a indisciplina tern a ver comfatores psicossociais que dao sentido a essa forma de insubmissflo (DORON et ai 1998)

Para VASCONCELLOS (1995) as manifesta90es de indisciplina na escola e

na sal a de aula sao urn problema a ser analisado na sua totalidade levando-se em

conta a familia as mudan~asocorridas na escola a professor a sociedade a crise

dos sentidos e dos limites considerando-se que 0 que se entende por disciplina e

como construi-Ia nurn processo de interarao entre 0 adolescente e a

professorescola

A educaC8o no seu verdadeiro sentido naD se faz sem autoridade pais 0

educando precisa do referencial do educador a fim de ter base para a constru9ao do

seu eu Muitas vezes 0 professor nao consegue disciplina porque nao tem

autoridade diante dos alunos Normalmente 0 professor fica esperando que 0 aluno

traga urn reconhecimento natural para com sua pessoa historicamente esse tempo

passou 0 tratamento de respeito tem que ser conquistado pelo professor

(VASCONCELLOS 1995)

A questao fica complicada quando temas como profissionais da educayao

elementos totalmente alheios e nao educados para a realidade atual Alem da falta

de dominio dos conteudos a serem ensinados falta-Ihes a capacidade de perceber

essas transforma90es hist6ricas que vern ocorrendo no relacionamento educando x

educador Falta-Ihes conhecimento do desenvolvimento humane e psicol6gico de

seus alunos E por fim suas pnticas pedag6gicas sao pobres de metodos que

propiciem a intera9aOe a construyao do conhecimento no respeito mutuo falta-Ihes

autoridade e capacidade de administrar a indisciplina gerada pelos fatores citados

Esses professores podem se deparar com criancas com transtorno desafiador

25

opositivo e muitos deles carecem de orientaCiies de como lidar com este tipo de

conduta

A disciplina escolar e urn conjunto de regras que devem ser obedecidas para

o exito do aprendizado escolar Portanto ela e uma qualidade de relacionamento

humano entre 0 corpo docente e 0$ alunos em uma sala de aula e

consequentemente na escola respeitando as caracteristicas de cada urn dos

envolvidos (TIBA 1996)

Para que haja disciplina em sala de aula isto e alunos motivados satisfeitos

com a aula e necessaria que 0 professor seja urn grande conhecedor do que

ensina da realidade que 0 cerca e tenha a capacidade de envolver 0 aluno na sua

sala usanda uma metodologia e uma didatica que nao deem margem a apatia ao

cans890 a monotonia para ambas as partes 0 aluno deve sentir-se desafiado e

envolvido no processo a todo instante A capacidade de empatia entre professor e

aluno e 0 segredo do sucesso no relacionamento entre ambos

Para TIBA (1996) a indisciplina na escola e vista como conseqOencia do

sistema educacional brasileiro que afeta diretamente as rela90es dos individuos em

sal a de aula e na escola Urn sistema total mente falido unido as caracteristicas

pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita~oes do professor e

toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sala de aula A auto-

estima e citada pelo autor como fundamental para um comportamento bem

integrado Ele aponta tambem inumeras sugestiies para os pais e professores no

sentido de como educar desde os prirneiros dias de vida para a disciplina que nao

submete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemplo e 0 dialogo

Por outro lado encontra-se a escola tentando cumprir a sua funCao (orientar

na constru~ao do conhecimento) e freqDentemente quando 0 professor se depara

26

com um alune que esta precisando de ajuda no aspecto emocional encontra-se

despreparado para lidar com a questao reagindo com intolerancia Consideram

muitas vezes mais tacil fazer julgamentos como 0 alune naD tern jeito bulle da

familia tal todos as irmaos desta familia ja fcram meus alunos e sao todos i9uais

Eventualmente recusam-se a participar de cursos de atualiza9ao e aperfei90amento

e preferem adetar a postura de que sabem que 0 alunD naD tern jeito mesma e nada

S8 tern a fazer a que favorece 0 rebaixamentoda auto-estima do alune e 0

agravamento do problema gerando disc6rdias e aborrecimentos na escola

Urn Dutro aspecto a ser considerado e que tudo sa tornaria mais facil para a

crianca se ao ingressar na escola ela pudesse encontrar um ambiente acolhedor

com regras bern definidas professores conhecedores dessa realidade com

formacaopsicol6gica para propiciar momentos de tomada de consciencia do porque

daquele comportamento fazendo acontecer a catarse e redirecionando as modos de

agir de tais crian~s e adolescentes Porem a realidade das escolas e bem outra 0

proprio ambiente e a mentalidade favorece que ela a crianca a adolescente

coloquem toda a agressao reprimida suas neuroses seu 6dio seus sentimentos

de culpa sua revolta contra a autoridade e a patrimonio escolar Muitas vezes 0

atuno encontra professores que nao se libertaram dos traumas e problemas dos

quais eles mesmos foram vitimas na primeira infancia alern de desconhecerem e

nao saberem lidar com a crianca e 0 adolescente problematico pelo desprepara

pedag6gico e a falta de metodos adequados e atrativos para prender a aten9ao e 0

interesse de seus alunos Sua pratica pedag6gica e pobre de recursos e estrategias

que desafiem e motivern tais alunos a se auto valorizarem elevando a auto-estima

Urn dos pontes mais comuns entre as indisciplinados e a sentimento de

menos valia aem da fata de conffan9a nos contatos e na produtividade Percebe-se

27

assim que para reverter essa questao naD basta trabalhar com a aluno E

necessario urn trabalho junto aos professores e familias criando estrategias que

modifiquem 0 ambiente e urn relacionamento mais verdadeiro mais equilibrado

deve ser estabelecido em todos as sentidos - trabalhando-se em equipe

28

3 0 CASO DE UMA CRIANCA COM TRANSTORNO DESAFIADOR OPOSITIVO

Foram utilizadas entrevistas com a mae professores e irmaos Encontros com

a crian-a em sess6es com durayao de 50 minutos cnde utilizou-se de metod as

como desenhos brincadeiras jogos regrados massa de modelar

31 HIST6RIGO DO GASO

F e urna rnenina de cinco anos cayula tendo um irmao de 21 anos e urna

irma de 17 anas de idade

o pai faleceu com 49 anas ha apraximadamente 01 ana e a mae atualmente

com 49 anas teve F com 43 anas

o pai fai marta par paliciais em frente a sua casa Estava bebada e saiu a rua

armada e um carro da palicia apareceu e 0 viu sentado na calcadalogo depois

vieram muitas viaturas e a mae pediu que levassem 0 marido para passar a noite na

cadeia mas que naD fizessem nenhum mal a ele Neste momento 0 pai de F

comeyou a atirar e aS policiais (segundo a mae 18 policiais aproximadamente)

invadiram a casa e comeyaram a atirar A familia fa para os fundos da casa e a mae

passou F par cima do muro para a casa da vizinha Quando a familia voltou para

frente da casa as paliciais disseram que a pai de F estava ferida na perna e

levaram-na para a hospital mas segundo a relata da mae ele ja estava marta e

havia na verdade levado urn tiro na cabeca F nao viu a cena mas escutou tudo

Ganforme relata da mae a partir da data do acarrida F naa abedece faz de

canta que naa escuta e quando quer alga came9a a tremer A mae diz que a filha

29

ficou assim desde a marte do pai pais este a bajulava muito fazia tudo 0 que ela

desejava

F sempre foi mimada pelo pai este nunca repreendia a filha por algo de

errado que ela fizesse Para 0 pai F nunca estava errada inclusive quando ela e a

irma mais velha brigavam 0 pai sempre ia em defesa da mais nova e para protege-

la amea98va bater na mais velha

A queixa principal da mae e que F comeya a tremer quando quer algo de que

gosta muito nao obedece a regras e Iimites impostos pelos responsaveis

Nas observayiies comportamentais notou-se que F testa os limites dos

adultos para conseguir 0 que deseja e as pesso8s que a cercam para se livrarem

das birras acabavam por fazer 0 que ela queria Mas essas mesmas pessoas

comeyaram a perceber que a falta de regras e limites jil ultrapassava 0 limite do

suportaveJ

Segundo HANISH et al (1999) 0 transtorno desafiador opositivo aparece

antes dos 10 anos Normalmente torna-se aparente na idade pre-escolar que e 0

caso desta crianga

Na escola F naD interagia com as colegas na hara de fazer brincadeiras em

grupo nac conseguia se relacionar com as colegas quando a professora pedia para

fazer alguma atividade F fazia do jeito que queria e nao como a professora

solicitava

Para que houvesse progresso no tratamento foi fundamental que a mae e as

demais pessoas que rodeiam a crian~a modificassem sua forma de agir e para que

isso ocorresse foi preciso fazer urn remanejo de conduta dessas pessoas Fez-se

pois necessaria orientacao e treinamento para auxilia-Ios nesta mudanlta

30

32 EVOLUCAO DO CASO

As intervenyoes utilizadas neste casc com a mae fcram em forma de

orientayao na freqOencade pelo menDS uma vez par meso Mais recentemente este

trabalho com a mae vern sendo feito a cada quinze dias

Em conversa com a mae esta mencionou que naD queria fazer como seus

pais naD que eles fassem ruins disse ela mas eles nao conversavam e naD tinham

tempo de dar aten9ao e de ensinar os deveres da escola Tudo 0 que ela aprendeu

na escola foi par esforyo proprio e naD queria que isso acontecesse com sua filha

entaD ela au as irmaos mais velhos sentam com F e a ensinam

Mais tarde foi feita uma entrevista com a professora e esta mostrou todas as

li90es de F e disse que aquelas atividades nao haviam side feitas pela crian9a e sim

por seu irmao e que a professora ja havia mandado bilhetes pedindo que nao

fizessem mais as atividades da escola par F A mae foi orientada a dar mais

incentivo a F em lugar de fazer os deveres por ela pois F nilo tinha problemas de

aprendizagem mas par falta de incentivo poderia vir a ter

Com F foram utilizadas brincadeiras como pintura com aquarela desenhos

massa de modelar hist6ria infantis Atraves destes me-todosforam utilizados refor~o

e a punicao quando necessarios

o refor9Q foi atraves de elogios sorriso e aten9ao quando F realizava urn

comportamento desejavel A punitao consistiu em retirar uma atividade que ela

gostava muito como desenhar OU tambem ignorar a sua atitude mantendo a calma

No terceiro encontro F mencionou 0 pai dizendo que ele comprava doces

para ela mas nao quis continuar falando sobre ele alegando que 0 irmao mais velho

nao gostava Mais tarde em outras sess6es tornou-se claro ser isto fantasia sua

31

Nos primeiros encontros corn F ela demonstrou S8r cordata entretanto a

partir do quarto encontro F mostrou comportamentos de manipula9ao ou seja

querer controlar a situacao e que tude salsse da forma que queria para que todos

as seus desejos fossem realizados atitude comum em casa ou na escola

A quinta sessao foi para verificar a interacao de F com a mae F mostrou-se

intransigente naD obedeceu a nenhuma das ordens da mae na hora de guardar as

brinquedos gritou com a mae e esta demonstrou claramente nao conseguir dar

limites a sua filha A mae conseguiu dizer neste momento que se F estivesse em

casa iria apanhar com uma varinha mas ista naD adiantou pais F ficou irredutivel

Ao final da sessao quando tudo estava no seu devido lugar F ja estava agindo como

se nada tivesse ocorrido a mae mencionou que F era muito nervoS8

A partir da sexta sessao loram leitos contratos com F os quais ela aceitou

com lacilidade

Apos 0 contrato feito na sessao anterior na setima sessao foi trabalhado a

limite atraves de acordos leitos com F como pedir para que ela escolhesse

somente tres tipos de brinquedos da caixa que s6 iria embora quando a horario da

sessao terminasse e que as Iimites seriam colocados pela terapeuta Com estas

regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela queria

A partir da oitava sessao loi levantada a hip6tese do problema de F ser

transtorno desafiador opositivo pais ela demonstrou as comportamentos de querer

dominar e mostrar que poderia mandar mas com muita paciencia foram impastos

limites atraves do silencio mostrando que nem tudo poderia ser como ela queria e

assim acabou aceitando

A nona sessao loi destinada a orientar a mae em como agir com a filha e loi

proposto para que a mae assistisse a proxima sessao atras do espelho

32

Como foi sugerido para a mae na sessao passada ela ficou ats do espelho

para ver como a filha interagia e poder verificar qual seria a melhor forma de lidar

com ela

A decima segunda sessao foi destinada a mae para verificar como estava 0

comportamento de F fora da terapia Ela comentou que 0 comportamento da filha

melhorara muito que as tremores 56 ocorriam esporadicamente Foi orientado amae que quando Dcarressem as tremores ela deveria fazer de conta que naD havia

percebido nada

Foram feitas diversas sess6es seguidas mais precisamente da decima

terceira il decima setima com F destinadas a trabalhar regras e limites Este

trabalho foi realizado atraves de acordos com F como por exemplo pedir que ela

escolhesse apenas tres brinquedos da caixa au escolhesse entre desenhar e ouvir

historias au ainda entre conversar e brincar tambem poderia escolher entre brincar

de casinha e desenhar

A decima oitava sessao foi urna sessao diferente pOis foi destinada aprofessora de F para verificar como F estava S8 comportando e se relacionando

com colegas em sala de aula enos interval os A professora levantou a hip6tese de F

ter problemas de aprendizagem pois as atividades escolares dela nao eram

compativeis com a de seus colegas de classe Mas foi constatado atraves das

atividades que eram enviadas para serem feitas em casa que 0 que faUava para F

era estimulo pOisseu irmao fazia suas atividades por ela

Foram feitas duas sessoes seguidas (decima nona e vigesimal para

comprovar se havia problemas de aprendizagem com F Sessoes estas de recorte e

colagem e de hist6ria (Cinderela) Com estas atividades pode se constatar que F

33

tern plena capacidade de realizar tarefas sDzinha talvez com uma pequena

orienta9ao quando solicitado por ela

A vigesima primeira foi mais uma sessao dedicada a orient89ao a mae

quando esta mencionou que Festa cada vez melhor seus tremores quando quer

chamar a aten9ao estao diminuindo a cada dia

No vigesimo segundo encontro com F a interven9ao utilizada foi 0 desenho

Eta desenhou margaridas e mencionou que se fosse uma planta queria ser uma

margarida e S8 fosse urn objeto queria ser uma estrela Ja na sessao seguinte que

foi a vigesima terceira a intervencao utilizada foi brincar de casinha cnde F mostrou

a sua intera9ao familiar dizendo que trabalhava em um hotel (como na realidade sua

mae trabalha) 0 marido trabalhava em hotel e seu pai estava muito doente (na

realidade ja e falecido) e tinha muitas dores no corpo

Ate 0 momento foram feitas as vinte e tres sess6es aqui descritas nas quais

a crianya demonstrou significativas mudantas no comportamento

33 ANALISE DO CASO

Inicialmente F nae obedecia fazia de conta que naD escutava e quando

queria algo come9ava a tremer nao obedecendo a regras e limites impostos pelos

respons8veis A mae dizia que a filha ficou assim desde a morte do pai pais este a

bajulava muito fazia tudo 0 que ela desejava

Notou-se que F testava os limites dos adultos para conseguir 0 que desejava

e as pessoas que a cercavam para se livrarem das birras acabavam par fazer 0

que ela queria

34

Na escola nao conseguia se relacionar com os colegas quando a professora

pedia para fazer alguma atividade F lazia do jeito que queria

A mae de F fazia as atividades par ela dizendo que ~nao queria tazer como

seus pais naD que eles fassem ruins mas eles naD conversavam e naD tinham

tempo de dar atenC80 e de ensinar as deveres da escola

Durante 0 tratamento F inicialmente demonstrou ser cordata posteriormente

mostrou comportamentos de manipulayM querendo controlar a situayao e

procurando forcar que todos as seus desejos fassem realizados Na presenva da

mae nao obedeceu a nenhuma das ordens dela gritou e ficou clara a dificuldade da

mae em dar limites a filha F mostrava-se muito irritada

Foram feitos contratos com F e passou-se a trabalhar atraves de acordos as

limites Com estas regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela

queria

No tratamento foi fundamental que a mae e as demais pessoas que rodeiam a

crianya modificassem sua forma de agir Foi orienlado a mae que quando

ocorressem as tremores ela devena fazer de conta que nao havia percebido nada

Em sessao com a professora de F constatou-se que a hipotese de

problemas de aprendizagem se apresentava mais em lace da lalta de estimulo para

que esta realizasse suas pr6pnas atividades ao inves de que outras pessoas as

fizessem por ela Foram leitas sessees com a finalidade de comprovar se F tinha

problemas de aprendizagem e verificou-se que esla linha plena capacidade de

realizar as tarefas sozinha Em relayao a interayao familiar F dramatrizou em uma

atividade que sua mae trabalhava em um hotel 0 que correspondia a realidade e 0

marido trabalhava em hotel que seu pai estava muito doenle e tinha muitas dores

35

no corpo quando na realidade seu pai ja era falecido Mostrava com isso a falta que

a funy80 paterna Ihe fazia

A mae de F I numa sessao dedicada a sua orientay8o mencionou que F

estava cada vez melhor e que seus tremores para chamar a atenC80 estavam

diminuindo a cada dia

36

4 ORIENTA~OES AOS PAIS

ZAGURY (2001 p59) na complexa tarefa de dar limites sem ser autocratico

ou seja de como disciplinar sem bater OU sem ser coercitivQ com a crianya sugere

algumas estrategias

bull Premiar ou recompensar a born comportamento - sempre que a crianca

tiver atitudes corretas devemos ressaltar este tatoo E bern comum que as

pais muito ocupados com tarefas cotidianas esqueltam de elogiar

somente lembrando de ralhar quando os ftlhos fazem algo errado Desta

forma as criancas entendem que naD vale a pena fazer tudo certinhon

pois nao recebem aprova9ao A melhor forma de alcan9ar um objetivo

educativo e elogiar incentivar e ressaltar tudo a que a crianca fizer de

positivo

bull Diferenciar premiar de dar coisas materiais - apesar do consumismo

vigente as crianvas ainda valorizam mais urn carinho urn elogio sincero

reconhecimento do esforco do que presentes dinheiro e viagens

Eventualmente pode-se presentear materialmente mas e importante nao

comprarmos as crianras pois desta forma elas aprendem a agir de modo

calculista Se dermos nosso carinho e aprovayao seu ego se fortalecera

sua auto-estima se elevara e gradualmente a crianya sentira prazer em

agir de forma adequada

bull Fazer com que a crianya assuma as conseqOemcias dos seus atos - com

carinha e naturalidade devemos conversar e agir apontando seus erras e

fazendo com que reftitam sobre as atitudes incorretas antieticas ou

egocentricas tomando 0 cuidado de deixar claro que 0 que desaprovamos

37

sao as atitudes incorretas e naD suas caracteristicas pessoais 5e mesma

ap6s a explica~o a crianca reincidir na atitude incorreta entao e 0

momento de faze-Ia compreender que e responsavel pelos seus atos e

tambem pelas suas conseqGencias Deve-se ressaltar as consequemcias

do ato born carinho aprova~o estimulo etc Como do ato incorreto

desaprova9ilo nao reforyamento deixar de fazer algo que gostam etc

Deve-se ter em mente que as elogios premiacoes bern como as puni90es

devem ser proporcionais ao fato Ou seja e necessario que se tenha born sensa e

equilibrio para que as acoes sejam autenticas e valorizadas pel as criancas

COUTINHO FILHO (2003) tambem sugere algumas possibilidades para

colocar parametros de limites para a crianca

bull Nao coloque limites conforme seus desejos pessoais

bull Demonstre que voce e as demais adultos tambem tern limites a respeitar

bull Diga qual puni9ilo a ser dada para cada limite ultrapassado e nao deixe de

executa-Ia

bull De puniyoes brandas para atitudes brandas e puniyoes pesadas para

atitudes pesadas

bull Deixe claro que a puniyao Eo pelo ate e nao pela pessoa

bull Justifique os motivos do limite Nao faca isso porque nao quero ou nao

gosto nao Eo justificativa

bull Repita quantas vezes for necesstuio

bull Use sua autoridade sem provocar submissao e mal estar

bull Use da afetividade para impor limites

38

ZAGURY (2001) destaca pontos importantes para nao perder a autoridade

perante os filhos

bull Cumpra 0 que disse (seja premia ou conseqOemcia) ou seja ameacou

execute prometeu faya

bull Seja coerente 0 que nao pode nao pode nunca (salvo raras excessoes)

nao mude de atitude como quem mud a de roupa (au de acordo com 0 seu

humor)

bull Faya com que seus filhos gradualmente assumam responsabilidades

Deixe que eles participem das decisoes sabre premios ou conseqOeuromcias

- isto ajuda a amadurecer e compromete a crianca e as jovens que

aderem mais ao que ajudam a construir (mesma que sejam sans6es para

eles proprios)

bull Cuidado com 0 que diz e com 0 modo como diz - critique 0 ato nunca a

pessoa ou a personalidade de seus filhos Trate somente do assunto que

S8 esta analisando no momento naD desenterre coisas do passado sem

necessidade Nao fique com pena da crianya se ela chorar ficar triste

nao talar com voce E melhor ela ficar triste hoje mas aprender a respeitar

o pr6ximo a 5i propria e a palavra empenhada do que sofrer futuramente

nos seus relacionamentos interpessoais

Segundo TIBA(2002) os filhos nao vem com manual pois eles mesmos sao 0

manual au seja cada criancaencerra uma individualidade e a cada dia os pais irao

aprendendo com cada filho E importante neste aprendizado os pais privilegiarem 0

desenvolvimento relacional atraves de um procedimento basico que deve ser

aplicado a cada fllho Para TBA (2002) ese procedimento e valido para qualquer

39

relacionamento entre pessoas de qualquer idade mas que e relevante na formaC8o

da auto-estima da criancadesde 0 seu nascimento Para 0 atendimento integral a

uma crian9 sao cinco os passos parar ouvir olhar pensar e agir (TIBA 2002

p127)

TIBA (2002) descreve os cinco passos da seguinte forma

1 Parar - parar 0 que estiver fazendo ou pensando e dar atenyao total acriancaCasa naD possa parar naquele exato momento vale colaear uma

das maos no ombro da crian9 enquanto diz que logo vai atende-Ia A

crianya deve ficar esperando ali juntinho de voce Pode ser que ela queira

sair para voltar logo depois Se a iniciativa de sair for da crianca a

responsabilidade de voltar sera dela Mas deve evitar ao maximo dizer

para a crianca ocupar-se com Dutra caisa enquanto voce termina 0 que

esta fazendo Nem sempre ela volta outra vez pelo mesmo motivo E

tambem fundamental deixar de lado ideias preconcebidas sobre 0 que a

crianca vai fatar Se voce pensa ~Iavern aquela chata me encher Dutra

vez seu cerebro ja esta preenchido em parte com esse pensamento e

voce perde a chance de atende-Ia integralmente

2 Ouvir - e a parte racional Os pais devem olhar no funda dos ahos da

crianca como se a Duvissem com as ahos A criany8 precisa aprender a

se expressar Nao se deve tentar adivinhar 0 que ela quer Quando pede

alguma coisa esta desenvolvendo sua capacidade de pensar de formular

uma pergunta e de se expressar para que outras pessoas possam

compreende-Ia

3 Olhar - e a parte instintiva Num piscar de olhos uma pessoa consegue

ver tantas coisas que levaria muito tempo explica-Ias em palavras Tudo 0

40

que se percebe visualmente tambem tem que ser considerado para

compreender a crian9a

4 Pensar - lados os elementos percebidos tanto visualmente quanto

verbal mente mais 0 sentido educativo que se que ira imprimir na forma9ao

da criana devem fazer parte da resposta a ser dada Sentido educativo e

o objetivo a ser atendido com a educaao que esta sendo dada (Quer que

o filho seja egoista Coloque-o sempre em primeiro lugar em detrimento

dos outros e diga sim a todos os seus desejos Quer que ele seja feliz

Ajude-o a desenvolver a satisfailo pelo que e e pelo que consegue fazer

a tolerimcia a compreensao dos Qutrosa vontade de ajudar a quem pede

e a etica do bem)

5 Agir - essa aao ou resposta deve ser bem clara e objetiva Melhor ainda

se voce puder se assegurar de que a crianca real mente saciou sua

vontade

E importante ressaltar que os cinco passos devem ser utilizados em todas as

situayaes desde 0 tombo da crian98 pequena ate quando a crian98 crescer Ao se

utilizar este procedimento basico as atitudes dos pais tendem a ser coerentes Par

exemplo se uma crianca calr naD e necessaria as pais sairem desesperados em

todas Situ8COeS mas avaiar se 0 tombo foi grave QU se foi urn tombinho que naD

precisa de maiores cuidados Tambem as pais naD devem sair dizendo que chao

feio que passa a falsa ideia que 0 chao e culpado pelo seu tombo a criana tem

que aprender que ela deve ter cuidado Se ela se choca uma ou duas vezes numa

mesa ela aprende a ter cuidado por sua pr6pria experiencia TIBA (2002 p133)

41

destaca que a afobayao e a reacao exagerada dos pais geram inseguran9a na

crianca

Outre fato bastante comum e as pais deixarem as ftlhos ganharem jogos par

exemplo tentando agrada-Ios mesmo que os deseduquem As crian9as tern uma

sabedoria natural Brincam e competem de acordo com as conhecimentos e as

capacita90es de que disp6ern E mais facil para 0 pai brincar como se fosse crian98

e deixar 0 filho ganhar sempre Esse comportamento contudo da a crianca uma

visao irreal do que e jogar Ganha-se algumas vezes perde-se outras (TIBA 2002

p136) Ou seja e mais educativ~ para a criana descobrir que podemos ser bons

em algumas caisas mas nao em tudo Passa-se uma experiencia da realidade para

a crianC8

TIBA (2002) tambem cita 0 caso de colocar a crian9a no colo enquanto se

dirige urn carro A crianC8 tern a falsa sensacao de que comanda 0 veiculo mas issa

nao passa de urn poder irreal Ao dirigir urn carrinho de brinquedo ela poderia de fato

se sentir poderosa IS50 sem falar que quando 0 filho crescer ao 15 anos par

exempla vai querer sair com 0 carro do pai mesmo sem poder Mas quando era

criancaeu podia

o caso classico da criancaquerer dormir com os pais tambem e abordado por

TIBA (2002) segundo 0 autor 0 ideal e que desde bebe a crian9a deve aprender a

dorrnir no seu lugar mesmo que ache mais gostoso aninhar-se entre os pais Ir cada

urn para sua cama da 0 sentido de que cada urn tem seu territorio ai tambem

estamos delimitando limites onde sao respeitados 0 so no e 0 espacode cada urn

Crian~asmaiores que ja andam devem ter um lugar (ou quarto) proprio para dormirMesmo que ocasionalmente adorme~am na cama dos pais e importante que sejamlevadas a sua cama para que acordem la Nao devem adquirir 0 habito de dormir nacama dos pais Tenha paciencia e fale claro em born tom olhando seriamente nofundo dos olhinhos dela ~Cada coisa no seu lugar cada pessoa na sua cama~

42

Quando a crian(f3 percebe que 0 limite e coisa sena e vai ser cumprido procura seajustar(lIBA 2002p115)

OLIVEIRA (1999 p120) enumera as diversos problemas que causam a fato

dos filhos permanecem no quarto dos pais na hora de dormir considerando-as de

difieil recupera~aoposterior

1 Faita de valorizayilo da privacidade tanto do casal como da crianya

2 Mantem a relacao simbi6tica au seja a li98980 existente entre mae e

bebe prejudicando 0 desenvolvimento emocional da crian93

3 A crianya tende a formar relayao de dependencia da protey80 e da

preseny8 dos pais ate mesma durante 0 sono

4 Quando chegar a fase em que a crianca elege entre 0 pai e a mae 0 seu

preferido tenta afastar 0 autro esticando-se e virando-se na cama de

modo a deixar a preterido desconfortavel a ponto deste mudar de lugar

sair da cama e ate mesma do quarto

E importante ressaltar que sempre as regras devem ser claras e naD sujeitas

a mudancas pois a organizacao interna dos filhos fica muito prejudicada se dormir

au nao na cama dos pais se transforma numa possibilidade que depende apenas do

humor dos pais ou de quanto 0 filho se recusa a dormir sozinho (chorando

acordando diversas vezes etc) A crian9a com autonomia de sono e mais

independente e feliz (TIBA 2002 p116)

Enfatiza-se que na maiaria dos casas as pais permitem que as criancas

fiquem ate mais tarde no quarto deles nao e par uma exigemcia ou necessidade da

crianya mas par alguma deficiencia desequilibrio au imaturidade dos proprios pais

(OLIVEIRA 1999 p122)

43

Em relaiio ao choro da crian9l ressalta-se que ha dois tipos de choro 0 que

expressa dor e 0 que busca pader

Se 0 filho descobrir que pade usar a chom como fonte de poder as pais estaoperdidos Nunca mais saberao dizer se ele chara par dar au poder Urn chore depoder Necessita dos olhos e dos ouvidos de quem se quer dominar Ingenua acrianya que usa 0 choro como pader para imediatamente apes conseguir 0 que querOai a importancia de as pais ficarem atentos para nao ser manipulados (TIBA 2002p158)

o choro que apela para 0 lade coitadinho inspira ternura Eo urn tipo de

manipula9ao que busca 0 dominio pela chantagem aletiva Eo dilicil neutralizar 0 uso

do choro como arma

Segundo liSA (2002 p159) Urn pouco de dor nao matara a crian9a assim

como urn poueD de pader nao matara as pais ( ) Se traumas infantis matassem a

humanidade estaria extinta Nao ha filho que nao tenha side contrariado A imensa

maioria deles tern condi90es de agOentar contrariedades 0 autor destaca que pais

que sao soHcitos ao extrema nao trayam um born e segura trajeto para seguir 0

resultado e que a crianya fica insegura pais perde a confianca neles ela pressente

que as pais nao tern firmeza nas suas decisoes e sao manipulaveis

Deve-se tomar cuidado com as exageros urn erro cometido pelos pais

desde que nao seja baseado na violencia em surras socas e pontapes naa traz

problema nenhum Atos como esses descarregam a raiva mas nao tern forlta

educativa pois violmcia s6 gera violencia (liSA 2002 p159)

Em rela9aOaos pais lazerem as tarelas pelos filhos ou ainda pior comprar os

resultados ressalta-se que este tipo de atitude nao ajuda a crianlta cria

dependencia e compromete 0 desenvolvimento escolar Alem disso as pais acabam

privando os filhos do gosto de uma conquista dando uma mensagem subliminar de

que eles sao incapazes Os pais nao devem privar os filhos do gosto de uma

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

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ZAGURY T Educar sem culpa a genese da etica 15 ed Rio de Janeiro Record2000

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WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

Page 18: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

15

pavos e culturas distantes de n6s (no espacoe no tempo) esclarecem-nos sabre a

que e familia como existiu e existe hoje Mostra-nos como fcram e sao hoje ainda

variadas as formas sob as quais as familias evoluem se modificam assim como

sao diversas as concepcoesdo significado social dos la-os estabelecidos entre as

individuos de uma sociedade dada

Apesar dessas variacoes a forma mais conhecida e valorizada de nassos

dias a familia composta de pai mae e filhos chamada familia nuclear normal

Este e 0 modele que desde criancaS8 ve em livres escolares nos filmes na

televisao mesma que no seia familiar S8 verifique urn esquema diverso

A natureza das rela90es dentro de uma familia vai se modificando atraves do

tempo 0 aspecto mais problematico da evolU9aO da familia est sem d0vida

alguma ligado ao questionamento da posi9ao das crian9as como propriedade dos

pais e a posiryao economica das mulheres dentro da familia Inclui-se ai 0

questionamento da distribui9iio dos papis ditos especificamente masculinos e

feminin~s e esse e urn problema chave para 0 surgimento de uma nova estrutura

social

Nao se poder mudar a institui9ao familiar sem que toda a sociedade mude

tambem Pode-se afirmar ainda que qualquer modificayao na organiza~aofamiliar

implicara tambem numa modifica9ao dos rigidos papeis de esposa mae ou

prostituta os 0nicos atribuidos as mulheres Quanto as crianyas ha algum tempo ja

o Estado intervem entre pais e filhos e desde a pouco os pais sao passiveis de

denuncias pelos vizinhos caso punam fisicamente seus filhos

Atraves da escola do controle sobre os meios de comunica~aode medicos e

psic6lagas a pader dominante de cada sociedade mais au menos sutilmente imp6e

normas educacionais sendo dificil aos familiares contraria-Ias De uma maneira

16

geral cabe ainda aos pais grande parcela de poder de decisao sobre seus filhos

menores Parcela essa cada vez mais contestada A esse pader equivalem por

parte dos filhos direitos legais em relagao aos seus pais em particular no sistema

capitalista Direitos a assistencia educayao manutenyao e participacao em seus

bens e proventos

A familia como toda instituigao social apresenta aspectos positiv~s enquanto

nucleo afetivo de apoio e solidariedade Mas apresenta ao lade destes aspectos

negativ~s como a imposicao normativa atraves de leis uscs e costumes que

impllearn formas e finalidades rigidas Torna-se muitas vezes elementa de coayiio

social geradora de conflitos e ambigOidades

A agressividade inata tende a sef ativada pelas circunstancias externas

desfavoraveis e inversamente e mitigada pelo arner e compreensao que a crianca

recebe 0 seu desenvolvimento e suas reac6es com 0 adulto devem ser

considerados como resultantes da interacao e influencias externas e internas

Um sistema familiar disfuncional nM permite ao aluno a maturidade

necessaria para conseguir urn born desempenho academico

A problematica emocional ligada a situayao conflitiva absorve a

disponibilidade perceptiva e reacional do individuo a estimula~ao externa

dificultando a sua integragao ao ambiente e perturbagao nao 56 a sua capacidade de

aten98o de concentra~ao de raciocinio mas sobretudo a de relacionamento Assim

sendo as dificuldades de assimilayao na aprendizagem escolar podem estar ligadas

a fixagoes emocionais (NOVAES 1970 p 145)

Geralmente criangas com problemas emocionais adotam atitudes agressivas

de inibiyao constri9ao regressao isolamento hostilidade oposigao indiferenya

17

indisciplina exibicionismo dissimula~aosensibilidade e au emotividade excessivas

sendo freqOentesos problemas de mentira de furto e de natureza sexual

Na instituiyao familiar seja ela qual for e a ligayao emocional entre as

pessoas que as torna mats felizes e saudaveis

As perturbaltoes no ambiente familiar interferem no comportamento do

individuo Existe urn processo duple entre 0 lar e a escola as tensoes que sao

geradas num ambiente se manifestam como perturbaltoes no comportamento do

outro (WINNICOn 1971 p 223)

Resgatar a papel da familia e seus vaiores levan3i 0 aluno a sentir-se

amparado A autoridade paterna e materna participativa se faz necessaria na

criayao e educaltao na orientayao e aquisiltao de bons habitos influentes na

projeltaosocial das pessoas Nao necessariamente isto se refere a presenltafisica

de ambos os pais mas da existencia das funlt6esenquanto autoridade

A emoltaopermeia todos os aspectos da vida diaria do ser e tambem interfere

na aprendizagem fazendo-se necessaria urn conhecimento dos aspectos

emocionais para assim pader assistir 0 aluno em seu trabalho escolar A

estabilidade no ambiente familiar proporciona ao individuo seguranya e

independencia A participaltao da familia no cotidiano escolar e de suma

importancia para a aprendizagem

Os jovens nao podem se sentir abandonados eles precisam de exemplos e

sobretudo de afeto para a construltaode uma vida melhor

SOUZA (1995 p 58) considera que a inibiltaointelectual estaria na base da

dificuldade de aprendizagem Existem fatores da vida psiquica da crianlta que

podem atrapalhar 0 born desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaltao

18

com a aquisirao de conhecimentos e com a familia na medida em que as atitudes

parentais influenciam sobremaneira a rela~aoda crianca com 0 conhecimento

Ressalta-se que entre as variDS fatores que influenciam 0 aspecto emotional

da crian9a tem-se alcoolismo familia numerosa sem condicoes minimas estruturais

brigas freqOentes em casa abandono trabalho infantil etc A convivmcia com um

au mais destes fatores acarreta na impossibilidade do aluno concentrar-se nas

aulas visto que a sua aten9ao se volta para a tentativa de resolu9lo dos problemas

familia res que ele julga insoluveis na maioria das vezes Existe urn certa

conformismo misturado a angustia quando 0 aluno consegue expor 0 problema que

o aflige

Deve-se compreender que a familia esta envolvida em diversos problemas

oriundos das pressoes s6cio-econ6micas das dificuldades de habita9ao

alimenta9ao e trabalho sem tranqOilidade para assimilar e analisar os estimulos

externos integrando-os a sua dina mica familiar

A influencia do ambiente familiar e decisiva para 0 ajustamento emotional e

muitas vezes 0 grupo familiar nao oferece condi90es de estabilidade e de

seguranya emocional para 0 desenvolvimento normal de seus filhos

Grande incidencia de conflitos emocionais que se exteriorizam par ansiedade

sentimentos de inferioridade de inseguran98 depressao medo negativismo e

incapacidade de estabelecer rela90es afetivas geralmente coincidem com 0 grande

numera de familias desintegradas desunidas de pais ausentes incompreensivos

imaturos neur6ticos dominadores desajustados que nao podem dar compreensao

amor e apoio aos filhos

ZAGURY (2000) relata 0 resultado das duvidas e incertezas de muitos pais

Para ela os pais devem compreender que mais importante que satisfazer os desejos

19

da CrianC8 e ensinar principios eticos como honestidade solidariedade e respeito

mutua Principios estes que sao fundamentais para 0 born relacionamento social na

adolescencia e vida adulta

Limites sao regras ou normas de condula que devem ser passadas para as

criancas desde tenra idade Eles mostram as crianyas 0 que podem e 0 que naD

podem 0 que devem e 0 que nao devem fazer Ensinam tambem como respeitar 0

proximo facilitando a socializayao Os limites devem fazer parte da educaao pois

vivemos em sociedade e para a boa manutencao desta se faz necessaria a

existencia e 0 respeito as regras (COUlINHO FILHO 2003)

Em seu livro Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sobre a tirania

dos filhos ZAGURY (2000) discute os principais problemas que envolvem a

educayao dos filhos na sociedade moderna quando toda uma geraao de pais foi

influenciada par urna visao excessivamente psicologizante As ambigOidades as

diferenyas entre as regras estabelecidas pelos te6ricos sao debatidas e criticada a

tirania de alguns especialistas que contribuiram para a disseminayao de um dos

maiores males da educaao - 0 chamado psicologismo A autora alerta para a

necessidade de as pais serem criticos nas orientayoes e conhecimentos adquiridos

sobre a educaao dos filhos e chama a atenao sobre os limites e a necessidade de

autoridade por parte dos pais a importancia de se construir uma relayao baseada na

autenticidade e na democracia tanto para as crianyas quanta para seus pais

Para liSA (1996) a disciplina tern inicio antes mesmo do nascimento atraves

do modo como os pais se comportam no relacionamento mutuo Os primeiros dias

de vida e as interac6es com os pais ou pessoas que as substituem sao de

fundamental importancia no desenvolvimento bern ajustado Pois e nessa interayao

que a mae transmite 0 modo de ser da familia e isso e essencial para ajudar 0 filho

20

a formar 0 seu ser psicol6gico pois a crianca traz ao nascer apenas 0 seu ser

biol6gico

0 pai deve ter muita saude pSicol6gica para participar do gesto de

alimentat8o que tern urn significado tremendo no ge5to afetivo A crianca nao

precisa s6 de leite 0 leite alimenta 0 corpo 0 afeto e 0 alimento da alma Crian

sem afeto entra em depressao(lIBA 1996)

Deve-S8 ressaltar que 0 limite e diferente de repressao 0 primeiro S8 instala

atraves das puniyoes ja a repressao atraves da culpa A puniy80 age sabre a ato e

a culpa sabre a pessoa Durante 0 desenvolvimento da clianca 0 limite e saudtlVel

quando este refere-s8 apenas aos atos naD desrnerecendo au desvalorizando a

pessoa A crian nao deve se sentir culpada pelos seus atos mas responsavel par

estes (COUlINHO FILHO 2003)

llBA (1996) diz que os pais que exageram na preocupayao com a choro e a

comida estao contribuindo para ter urn indisciplinado dentro de casa estao

desrespeitando a desenvolvimento biol6gico da crian A mae que trabalha fora

sente-se culpada par deixar a filho sozinho na creche au na escola e depois a

superprotege para reparar a culpa acabando par criar urn folgado dentro de casa

o modo como lidar com a liberdade e Dutro fatar influenciador no comportamento da

crianya e do adolescente Impar limites sem submissao e autoritarismo e outro

desafio para os pais que precisam respeitar a espayo de individualidade sem se

submeterem aos seus caprichos

o tema indisciplina oj amplo e muito se tern ainda a pesquisar estudar e

orientar no sentido de ajudar as pais a encontrarem urn caminho mais segura na

educay80 e formayao da personalidade dos filhos que tern inicio nas primeiras

relayoes entre mae e filho

21

222 0 Papel da Escola

Se a condi9ao basica e necessaria para a aprendizagem e a integridade

moral e 0 estabelecimento da interalYBo professor versus aluno cnde fatares afetivos

e cognitivos exercem influencias decisivas na busca de realizac68s e de desejos

confirmando-Ihes determinadas caracteristicas inteny68s e significados e na escola

que ocorrem boa parte dos problemas com as quais 0 aluno S8 esbarra lentidao de

raciocinio falta de atenyao desintereSS8 indisciplina entre Qutros encontram as

suas origens na estrutura biol6gica sobretudo quando exposta ao meio ambiente

(POLITY 1998)

Em ambientes cnde estes fatares naD sao considerados relevantes que

alunos com dificuldades de aprendizagem ou com problemas de indisciplina acabam

sendo rotulados sofrendo puniyoes devido ao seu fracasso escolar Estes

apresentam lalta de interesse desmotiva980 para estudar pregui9a e distra9ao

Com isto os pais e professores nao entendem estas dificuldades e 0 aluno em seu

permanente estado de tensao nao consegue prestar aten~o e participar das aulas

nao obtendo os resultados esperados (MORAIS 1997)

Outro fator importante e a problematica emocional que deve ser considerada

como decisiva na adaptacao e rendimento escolar podendo trazer serias

conseqOemcias ao desenvolvimento e progresso emocional da crianca A escola

deve oferecer condic5es e estabilidade emocional e atraves do diagn6stico precoce

dos encaminhamentos adequados da pr09rama9aO adequada das atividades

escolares e da preparacao do professor atender a esses casos prontamente

poupando assim a crianra e a sociedade do agravamento dessas situac6es

(NOVAES 1970)

22

Neste interim surge a psicopedagogia como auxiliar no cicio aluno - familia -

escola quando se instala uma dificuldade de aprendizagem 0 psicopedagogo deve

ter urn olhar para 0 contexte global onde est inserida a criana com dificuldade de

aprendizagem as relac6es familia res e escolares

As crian~s que se evadem da escola em geral sao as mais rejeitadas

Estas criancas precisam ser estimuladas ao relacionamento a responder

adequadamente aos sentimentos do outro e a controlar tensao e ansiedade

compreendendo qual e 0 comportamento aceitavel em determinada situacao

E preciso aprender a lidar com a ira e a tristeza a respeitar as diferencas de

modo a encarar as eaisas dificeis aprender a perguntar a negociar a ser mais

assertivo Eo importante somar aos conteudos de hoje as liDes sobre sentimentos e

relacionamentos 0 primeiro passe e aprender a nomear a emoCao compreende-Ia

a partir de suas express6es faciais corpora is E essencial que 0 professor amplie

sua ViS80 sobre as quest6es emocionais desenvolvendo autodisciplina vida

virtuosa capacidade de motivar-se de enfrentar press6es e resolver conflitos

Por tudo isso a escola tem 0 compromisso moral e etico de se preocupar com

o desenvolvimento dos alunos reinventando as aulas e proporcionando a sintonia

do conteudo a capacidade de aprender Considera-se muito importante que a familia

e a escola estabelecarn urn vinculo para tentar mUdanyas em relaC80 it falta de

atenC80 e indisciplina no sentido de ajudar 0 aluno a evitar maiores dificuldades

crises e stress

ANNA FREUD (1971 p162) considera que as normas escolares prestam

pouca ou nenhuma atenC80 as diferencas individuais

o aluno deve sentir-se desafiado e envolvido no processo a todo instante A

capacidade de empatia entre professor e aluno e 0 segredo do sucesso no

23

relacionamento entre ambos A auto-estima e urn ponto tambem fundamental para

um comportamento bem integrado

Num sistema educacional problematico como 0 do Brasil unido ascaracteristicas pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita5es

do professor e toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sal a

de aula interferem na aprendizagem como urn todo Pais e professores devem estar

atentos para educar desde os primeiros dias de vida para a disciplina que nao

5ubmete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemple e 0 dialogo

E preciso que a escala como urn todD e principal mente seu corpo docente

ampliem a consciencia a respeito da responsabilidade que tern em relacao ao futuro

dos seus alunos e alem disso que possam perceber a importancia do bern estar

psicol6gico como uma situacao fundamental para a aprendizagem satisfat6ria A

escola pode e deve propiciar ao aluno seguranca emocional para que ele possa

vivenciar vinculos saudaveis com seus professores e colegas

Espera-se que Utenham uma visao positiva da vida e sentido de humor que

sejam capazes de apreciar 0 valor de uma boa risada para eliminar pequenos

ressentimentos e aborrecimentos que prejudicam 0 crescimento do aluno (MOULY

1979 p 134)

E urgente a necessidade de uma nova escola desenhada para a mente e 0

cora~ao que ensina autocontrole empatia a arte de ouvir de resolver conflilos de

cooperar

A indisciplina pode ser definida como

Indisciplina e a recusa de $ubmeter-se as regras de aprendizagem educativa e a seu sistemade transmissao institucional Relacionada com 0 contexto familiar e escolar a indisciplina eum dos sintomas dos disturbios da inf~ncia e da adolescencia Quee preciso situar no campomutti~imensional da~ i~teracOesentre processos de aprendizagem e finalidades da educayaorelayao educadorlsuJeltolgrupos de alunosJclasse sistema de avaliacao e risco de fracasso

24

Ultrapassando 0 simples registro dos disturbios de carater a indisciplina tern a ver comfatores psicossociais que dao sentido a essa forma de insubmissflo (DORON et ai 1998)

Para VASCONCELLOS (1995) as manifesta90es de indisciplina na escola e

na sal a de aula sao urn problema a ser analisado na sua totalidade levando-se em

conta a familia as mudan~asocorridas na escola a professor a sociedade a crise

dos sentidos e dos limites considerando-se que 0 que se entende por disciplina e

como construi-Ia nurn processo de interarao entre 0 adolescente e a

professorescola

A educaC8o no seu verdadeiro sentido naD se faz sem autoridade pais 0

educando precisa do referencial do educador a fim de ter base para a constru9ao do

seu eu Muitas vezes 0 professor nao consegue disciplina porque nao tem

autoridade diante dos alunos Normalmente 0 professor fica esperando que 0 aluno

traga urn reconhecimento natural para com sua pessoa historicamente esse tempo

passou 0 tratamento de respeito tem que ser conquistado pelo professor

(VASCONCELLOS 1995)

A questao fica complicada quando temas como profissionais da educayao

elementos totalmente alheios e nao educados para a realidade atual Alem da falta

de dominio dos conteudos a serem ensinados falta-Ihes a capacidade de perceber

essas transforma90es hist6ricas que vern ocorrendo no relacionamento educando x

educador Falta-Ihes conhecimento do desenvolvimento humane e psicol6gico de

seus alunos E por fim suas pnticas pedag6gicas sao pobres de metodos que

propiciem a intera9aOe a construyao do conhecimento no respeito mutuo falta-Ihes

autoridade e capacidade de administrar a indisciplina gerada pelos fatores citados

Esses professores podem se deparar com criancas com transtorno desafiador

25

opositivo e muitos deles carecem de orientaCiies de como lidar com este tipo de

conduta

A disciplina escolar e urn conjunto de regras que devem ser obedecidas para

o exito do aprendizado escolar Portanto ela e uma qualidade de relacionamento

humano entre 0 corpo docente e 0$ alunos em uma sala de aula e

consequentemente na escola respeitando as caracteristicas de cada urn dos

envolvidos (TIBA 1996)

Para que haja disciplina em sala de aula isto e alunos motivados satisfeitos

com a aula e necessaria que 0 professor seja urn grande conhecedor do que

ensina da realidade que 0 cerca e tenha a capacidade de envolver 0 aluno na sua

sala usanda uma metodologia e uma didatica que nao deem margem a apatia ao

cans890 a monotonia para ambas as partes 0 aluno deve sentir-se desafiado e

envolvido no processo a todo instante A capacidade de empatia entre professor e

aluno e 0 segredo do sucesso no relacionamento entre ambos

Para TIBA (1996) a indisciplina na escola e vista como conseqOencia do

sistema educacional brasileiro que afeta diretamente as rela90es dos individuos em

sal a de aula e na escola Urn sistema total mente falido unido as caracteristicas

pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita~oes do professor e

toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sala de aula A auto-

estima e citada pelo autor como fundamental para um comportamento bem

integrado Ele aponta tambem inumeras sugestiies para os pais e professores no

sentido de como educar desde os prirneiros dias de vida para a disciplina que nao

submete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemplo e 0 dialogo

Por outro lado encontra-se a escola tentando cumprir a sua funCao (orientar

na constru~ao do conhecimento) e freqDentemente quando 0 professor se depara

26

com um alune que esta precisando de ajuda no aspecto emocional encontra-se

despreparado para lidar com a questao reagindo com intolerancia Consideram

muitas vezes mais tacil fazer julgamentos como 0 alune naD tern jeito bulle da

familia tal todos as irmaos desta familia ja fcram meus alunos e sao todos i9uais

Eventualmente recusam-se a participar de cursos de atualiza9ao e aperfei90amento

e preferem adetar a postura de que sabem que 0 alunD naD tern jeito mesma e nada

S8 tern a fazer a que favorece 0 rebaixamentoda auto-estima do alune e 0

agravamento do problema gerando disc6rdias e aborrecimentos na escola

Urn Dutro aspecto a ser considerado e que tudo sa tornaria mais facil para a

crianca se ao ingressar na escola ela pudesse encontrar um ambiente acolhedor

com regras bern definidas professores conhecedores dessa realidade com

formacaopsicol6gica para propiciar momentos de tomada de consciencia do porque

daquele comportamento fazendo acontecer a catarse e redirecionando as modos de

agir de tais crian~s e adolescentes Porem a realidade das escolas e bem outra 0

proprio ambiente e a mentalidade favorece que ela a crianca a adolescente

coloquem toda a agressao reprimida suas neuroses seu 6dio seus sentimentos

de culpa sua revolta contra a autoridade e a patrimonio escolar Muitas vezes 0

atuno encontra professores que nao se libertaram dos traumas e problemas dos

quais eles mesmos foram vitimas na primeira infancia alern de desconhecerem e

nao saberem lidar com a crianca e 0 adolescente problematico pelo desprepara

pedag6gico e a falta de metodos adequados e atrativos para prender a aten9ao e 0

interesse de seus alunos Sua pratica pedag6gica e pobre de recursos e estrategias

que desafiem e motivern tais alunos a se auto valorizarem elevando a auto-estima

Urn dos pontes mais comuns entre as indisciplinados e a sentimento de

menos valia aem da fata de conffan9a nos contatos e na produtividade Percebe-se

27

assim que para reverter essa questao naD basta trabalhar com a aluno E

necessario urn trabalho junto aos professores e familias criando estrategias que

modifiquem 0 ambiente e urn relacionamento mais verdadeiro mais equilibrado

deve ser estabelecido em todos as sentidos - trabalhando-se em equipe

28

3 0 CASO DE UMA CRIANCA COM TRANSTORNO DESAFIADOR OPOSITIVO

Foram utilizadas entrevistas com a mae professores e irmaos Encontros com

a crian-a em sess6es com durayao de 50 minutos cnde utilizou-se de metod as

como desenhos brincadeiras jogos regrados massa de modelar

31 HIST6RIGO DO GASO

F e urna rnenina de cinco anos cayula tendo um irmao de 21 anos e urna

irma de 17 anas de idade

o pai faleceu com 49 anas ha apraximadamente 01 ana e a mae atualmente

com 49 anas teve F com 43 anas

o pai fai marta par paliciais em frente a sua casa Estava bebada e saiu a rua

armada e um carro da palicia apareceu e 0 viu sentado na calcadalogo depois

vieram muitas viaturas e a mae pediu que levassem 0 marido para passar a noite na

cadeia mas que naD fizessem nenhum mal a ele Neste momento 0 pai de F

comeyou a atirar e aS policiais (segundo a mae 18 policiais aproximadamente)

invadiram a casa e comeyaram a atirar A familia fa para os fundos da casa e a mae

passou F par cima do muro para a casa da vizinha Quando a familia voltou para

frente da casa as paliciais disseram que a pai de F estava ferida na perna e

levaram-na para a hospital mas segundo a relata da mae ele ja estava marta e

havia na verdade levado urn tiro na cabeca F nao viu a cena mas escutou tudo

Ganforme relata da mae a partir da data do acarrida F naa abedece faz de

canta que naa escuta e quando quer alga came9a a tremer A mae diz que a filha

29

ficou assim desde a marte do pai pais este a bajulava muito fazia tudo 0 que ela

desejava

F sempre foi mimada pelo pai este nunca repreendia a filha por algo de

errado que ela fizesse Para 0 pai F nunca estava errada inclusive quando ela e a

irma mais velha brigavam 0 pai sempre ia em defesa da mais nova e para protege-

la amea98va bater na mais velha

A queixa principal da mae e que F comeya a tremer quando quer algo de que

gosta muito nao obedece a regras e Iimites impostos pelos responsaveis

Nas observayiies comportamentais notou-se que F testa os limites dos

adultos para conseguir 0 que deseja e as pesso8s que a cercam para se livrarem

das birras acabavam por fazer 0 que ela queria Mas essas mesmas pessoas

comeyaram a perceber que a falta de regras e limites jil ultrapassava 0 limite do

suportaveJ

Segundo HANISH et al (1999) 0 transtorno desafiador opositivo aparece

antes dos 10 anos Normalmente torna-se aparente na idade pre-escolar que e 0

caso desta crianga

Na escola F naD interagia com as colegas na hara de fazer brincadeiras em

grupo nac conseguia se relacionar com as colegas quando a professora pedia para

fazer alguma atividade F fazia do jeito que queria e nao como a professora

solicitava

Para que houvesse progresso no tratamento foi fundamental que a mae e as

demais pessoas que rodeiam a crian~a modificassem sua forma de agir e para que

isso ocorresse foi preciso fazer urn remanejo de conduta dessas pessoas Fez-se

pois necessaria orientacao e treinamento para auxilia-Ios nesta mudanlta

30

32 EVOLUCAO DO CASO

As intervenyoes utilizadas neste casc com a mae fcram em forma de

orientayao na freqOencade pelo menDS uma vez par meso Mais recentemente este

trabalho com a mae vern sendo feito a cada quinze dias

Em conversa com a mae esta mencionou que naD queria fazer como seus

pais naD que eles fassem ruins disse ela mas eles nao conversavam e naD tinham

tempo de dar aten9ao e de ensinar os deveres da escola Tudo 0 que ela aprendeu

na escola foi par esforyo proprio e naD queria que isso acontecesse com sua filha

entaD ela au as irmaos mais velhos sentam com F e a ensinam

Mais tarde foi feita uma entrevista com a professora e esta mostrou todas as

li90es de F e disse que aquelas atividades nao haviam side feitas pela crian9a e sim

por seu irmao e que a professora ja havia mandado bilhetes pedindo que nao

fizessem mais as atividades da escola par F A mae foi orientada a dar mais

incentivo a F em lugar de fazer os deveres por ela pois F nilo tinha problemas de

aprendizagem mas par falta de incentivo poderia vir a ter

Com F foram utilizadas brincadeiras como pintura com aquarela desenhos

massa de modelar hist6ria infantis Atraves destes me-todosforam utilizados refor~o

e a punicao quando necessarios

o refor9Q foi atraves de elogios sorriso e aten9ao quando F realizava urn

comportamento desejavel A punitao consistiu em retirar uma atividade que ela

gostava muito como desenhar OU tambem ignorar a sua atitude mantendo a calma

No terceiro encontro F mencionou 0 pai dizendo que ele comprava doces

para ela mas nao quis continuar falando sobre ele alegando que 0 irmao mais velho

nao gostava Mais tarde em outras sess6es tornou-se claro ser isto fantasia sua

31

Nos primeiros encontros corn F ela demonstrou S8r cordata entretanto a

partir do quarto encontro F mostrou comportamentos de manipula9ao ou seja

querer controlar a situacao e que tude salsse da forma que queria para que todos

as seus desejos fossem realizados atitude comum em casa ou na escola

A quinta sessao foi para verificar a interacao de F com a mae F mostrou-se

intransigente naD obedeceu a nenhuma das ordens da mae na hora de guardar as

brinquedos gritou com a mae e esta demonstrou claramente nao conseguir dar

limites a sua filha A mae conseguiu dizer neste momento que se F estivesse em

casa iria apanhar com uma varinha mas ista naD adiantou pais F ficou irredutivel

Ao final da sessao quando tudo estava no seu devido lugar F ja estava agindo como

se nada tivesse ocorrido a mae mencionou que F era muito nervoS8

A partir da sexta sessao loram leitos contratos com F os quais ela aceitou

com lacilidade

Apos 0 contrato feito na sessao anterior na setima sessao foi trabalhado a

limite atraves de acordos leitos com F como pedir para que ela escolhesse

somente tres tipos de brinquedos da caixa que s6 iria embora quando a horario da

sessao terminasse e que as Iimites seriam colocados pela terapeuta Com estas

regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela queria

A partir da oitava sessao loi levantada a hip6tese do problema de F ser

transtorno desafiador opositivo pais ela demonstrou as comportamentos de querer

dominar e mostrar que poderia mandar mas com muita paciencia foram impastos

limites atraves do silencio mostrando que nem tudo poderia ser como ela queria e

assim acabou aceitando

A nona sessao loi destinada a orientar a mae em como agir com a filha e loi

proposto para que a mae assistisse a proxima sessao atras do espelho

32

Como foi sugerido para a mae na sessao passada ela ficou ats do espelho

para ver como a filha interagia e poder verificar qual seria a melhor forma de lidar

com ela

A decima segunda sessao foi destinada a mae para verificar como estava 0

comportamento de F fora da terapia Ela comentou que 0 comportamento da filha

melhorara muito que as tremores 56 ocorriam esporadicamente Foi orientado amae que quando Dcarressem as tremores ela deveria fazer de conta que naD havia

percebido nada

Foram feitas diversas sess6es seguidas mais precisamente da decima

terceira il decima setima com F destinadas a trabalhar regras e limites Este

trabalho foi realizado atraves de acordos com F como por exemplo pedir que ela

escolhesse apenas tres brinquedos da caixa au escolhesse entre desenhar e ouvir

historias au ainda entre conversar e brincar tambem poderia escolher entre brincar

de casinha e desenhar

A decima oitava sessao foi urna sessao diferente pOis foi destinada aprofessora de F para verificar como F estava S8 comportando e se relacionando

com colegas em sala de aula enos interval os A professora levantou a hip6tese de F

ter problemas de aprendizagem pois as atividades escolares dela nao eram

compativeis com a de seus colegas de classe Mas foi constatado atraves das

atividades que eram enviadas para serem feitas em casa que 0 que faUava para F

era estimulo pOisseu irmao fazia suas atividades por ela

Foram feitas duas sessoes seguidas (decima nona e vigesimal para

comprovar se havia problemas de aprendizagem com F Sessoes estas de recorte e

colagem e de hist6ria (Cinderela) Com estas atividades pode se constatar que F

33

tern plena capacidade de realizar tarefas sDzinha talvez com uma pequena

orienta9ao quando solicitado por ela

A vigesima primeira foi mais uma sessao dedicada a orient89ao a mae

quando esta mencionou que Festa cada vez melhor seus tremores quando quer

chamar a aten9ao estao diminuindo a cada dia

No vigesimo segundo encontro com F a interven9ao utilizada foi 0 desenho

Eta desenhou margaridas e mencionou que se fosse uma planta queria ser uma

margarida e S8 fosse urn objeto queria ser uma estrela Ja na sessao seguinte que

foi a vigesima terceira a intervencao utilizada foi brincar de casinha cnde F mostrou

a sua intera9ao familiar dizendo que trabalhava em um hotel (como na realidade sua

mae trabalha) 0 marido trabalhava em hotel e seu pai estava muito doente (na

realidade ja e falecido) e tinha muitas dores no corpo

Ate 0 momento foram feitas as vinte e tres sess6es aqui descritas nas quais

a crianya demonstrou significativas mudantas no comportamento

33 ANALISE DO CASO

Inicialmente F nae obedecia fazia de conta que naD escutava e quando

queria algo come9ava a tremer nao obedecendo a regras e limites impostos pelos

respons8veis A mae dizia que a filha ficou assim desde a morte do pai pais este a

bajulava muito fazia tudo 0 que ela desejava

Notou-se que F testava os limites dos adultos para conseguir 0 que desejava

e as pessoas que a cercavam para se livrarem das birras acabavam par fazer 0

que ela queria

34

Na escola nao conseguia se relacionar com os colegas quando a professora

pedia para fazer alguma atividade F lazia do jeito que queria

A mae de F fazia as atividades par ela dizendo que ~nao queria tazer como

seus pais naD que eles fassem ruins mas eles naD conversavam e naD tinham

tempo de dar atenC80 e de ensinar as deveres da escola

Durante 0 tratamento F inicialmente demonstrou ser cordata posteriormente

mostrou comportamentos de manipulayM querendo controlar a situayao e

procurando forcar que todos as seus desejos fassem realizados Na presenva da

mae nao obedeceu a nenhuma das ordens dela gritou e ficou clara a dificuldade da

mae em dar limites a filha F mostrava-se muito irritada

Foram feitos contratos com F e passou-se a trabalhar atraves de acordos as

limites Com estas regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela

queria

No tratamento foi fundamental que a mae e as demais pessoas que rodeiam a

crianya modificassem sua forma de agir Foi orienlado a mae que quando

ocorressem as tremores ela devena fazer de conta que nao havia percebido nada

Em sessao com a professora de F constatou-se que a hipotese de

problemas de aprendizagem se apresentava mais em lace da lalta de estimulo para

que esta realizasse suas pr6pnas atividades ao inves de que outras pessoas as

fizessem por ela Foram leitas sessees com a finalidade de comprovar se F tinha

problemas de aprendizagem e verificou-se que esla linha plena capacidade de

realizar as tarefas sozinha Em relayao a interayao familiar F dramatrizou em uma

atividade que sua mae trabalhava em um hotel 0 que correspondia a realidade e 0

marido trabalhava em hotel que seu pai estava muito doenle e tinha muitas dores

35

no corpo quando na realidade seu pai ja era falecido Mostrava com isso a falta que

a funy80 paterna Ihe fazia

A mae de F I numa sessao dedicada a sua orientay8o mencionou que F

estava cada vez melhor e que seus tremores para chamar a atenC80 estavam

diminuindo a cada dia

36

4 ORIENTA~OES AOS PAIS

ZAGURY (2001 p59) na complexa tarefa de dar limites sem ser autocratico

ou seja de como disciplinar sem bater OU sem ser coercitivQ com a crianya sugere

algumas estrategias

bull Premiar ou recompensar a born comportamento - sempre que a crianca

tiver atitudes corretas devemos ressaltar este tatoo E bern comum que as

pais muito ocupados com tarefas cotidianas esqueltam de elogiar

somente lembrando de ralhar quando os ftlhos fazem algo errado Desta

forma as criancas entendem que naD vale a pena fazer tudo certinhon

pois nao recebem aprova9ao A melhor forma de alcan9ar um objetivo

educativo e elogiar incentivar e ressaltar tudo a que a crianca fizer de

positivo

bull Diferenciar premiar de dar coisas materiais - apesar do consumismo

vigente as crianvas ainda valorizam mais urn carinho urn elogio sincero

reconhecimento do esforco do que presentes dinheiro e viagens

Eventualmente pode-se presentear materialmente mas e importante nao

comprarmos as crianras pois desta forma elas aprendem a agir de modo

calculista Se dermos nosso carinho e aprovayao seu ego se fortalecera

sua auto-estima se elevara e gradualmente a crianya sentira prazer em

agir de forma adequada

bull Fazer com que a crianya assuma as conseqOemcias dos seus atos - com

carinha e naturalidade devemos conversar e agir apontando seus erras e

fazendo com que reftitam sobre as atitudes incorretas antieticas ou

egocentricas tomando 0 cuidado de deixar claro que 0 que desaprovamos

37

sao as atitudes incorretas e naD suas caracteristicas pessoais 5e mesma

ap6s a explica~o a crianca reincidir na atitude incorreta entao e 0

momento de faze-Ia compreender que e responsavel pelos seus atos e

tambem pelas suas conseqGencias Deve-se ressaltar as consequemcias

do ato born carinho aprova~o estimulo etc Como do ato incorreto

desaprova9ilo nao reforyamento deixar de fazer algo que gostam etc

Deve-se ter em mente que as elogios premiacoes bern como as puni90es

devem ser proporcionais ao fato Ou seja e necessario que se tenha born sensa e

equilibrio para que as acoes sejam autenticas e valorizadas pel as criancas

COUTINHO FILHO (2003) tambem sugere algumas possibilidades para

colocar parametros de limites para a crianca

bull Nao coloque limites conforme seus desejos pessoais

bull Demonstre que voce e as demais adultos tambem tern limites a respeitar

bull Diga qual puni9ilo a ser dada para cada limite ultrapassado e nao deixe de

executa-Ia

bull De puniyoes brandas para atitudes brandas e puniyoes pesadas para

atitudes pesadas

bull Deixe claro que a puniyao Eo pelo ate e nao pela pessoa

bull Justifique os motivos do limite Nao faca isso porque nao quero ou nao

gosto nao Eo justificativa

bull Repita quantas vezes for necesstuio

bull Use sua autoridade sem provocar submissao e mal estar

bull Use da afetividade para impor limites

38

ZAGURY (2001) destaca pontos importantes para nao perder a autoridade

perante os filhos

bull Cumpra 0 que disse (seja premia ou conseqOemcia) ou seja ameacou

execute prometeu faya

bull Seja coerente 0 que nao pode nao pode nunca (salvo raras excessoes)

nao mude de atitude como quem mud a de roupa (au de acordo com 0 seu

humor)

bull Faya com que seus filhos gradualmente assumam responsabilidades

Deixe que eles participem das decisoes sabre premios ou conseqOeuromcias

- isto ajuda a amadurecer e compromete a crianca e as jovens que

aderem mais ao que ajudam a construir (mesma que sejam sans6es para

eles proprios)

bull Cuidado com 0 que diz e com 0 modo como diz - critique 0 ato nunca a

pessoa ou a personalidade de seus filhos Trate somente do assunto que

S8 esta analisando no momento naD desenterre coisas do passado sem

necessidade Nao fique com pena da crianya se ela chorar ficar triste

nao talar com voce E melhor ela ficar triste hoje mas aprender a respeitar

o pr6ximo a 5i propria e a palavra empenhada do que sofrer futuramente

nos seus relacionamentos interpessoais

Segundo TIBA(2002) os filhos nao vem com manual pois eles mesmos sao 0

manual au seja cada criancaencerra uma individualidade e a cada dia os pais irao

aprendendo com cada filho E importante neste aprendizado os pais privilegiarem 0

desenvolvimento relacional atraves de um procedimento basico que deve ser

aplicado a cada fllho Para TBA (2002) ese procedimento e valido para qualquer

39

relacionamento entre pessoas de qualquer idade mas que e relevante na formaC8o

da auto-estima da criancadesde 0 seu nascimento Para 0 atendimento integral a

uma crian9 sao cinco os passos parar ouvir olhar pensar e agir (TIBA 2002

p127)

TIBA (2002) descreve os cinco passos da seguinte forma

1 Parar - parar 0 que estiver fazendo ou pensando e dar atenyao total acriancaCasa naD possa parar naquele exato momento vale colaear uma

das maos no ombro da crian9 enquanto diz que logo vai atende-Ia A

crianya deve ficar esperando ali juntinho de voce Pode ser que ela queira

sair para voltar logo depois Se a iniciativa de sair for da crianca a

responsabilidade de voltar sera dela Mas deve evitar ao maximo dizer

para a crianca ocupar-se com Dutra caisa enquanto voce termina 0 que

esta fazendo Nem sempre ela volta outra vez pelo mesmo motivo E

tambem fundamental deixar de lado ideias preconcebidas sobre 0 que a

crianca vai fatar Se voce pensa ~Iavern aquela chata me encher Dutra

vez seu cerebro ja esta preenchido em parte com esse pensamento e

voce perde a chance de atende-Ia integralmente

2 Ouvir - e a parte racional Os pais devem olhar no funda dos ahos da

crianca como se a Duvissem com as ahos A criany8 precisa aprender a

se expressar Nao se deve tentar adivinhar 0 que ela quer Quando pede

alguma coisa esta desenvolvendo sua capacidade de pensar de formular

uma pergunta e de se expressar para que outras pessoas possam

compreende-Ia

3 Olhar - e a parte instintiva Num piscar de olhos uma pessoa consegue

ver tantas coisas que levaria muito tempo explica-Ias em palavras Tudo 0

40

que se percebe visualmente tambem tem que ser considerado para

compreender a crian9a

4 Pensar - lados os elementos percebidos tanto visualmente quanto

verbal mente mais 0 sentido educativo que se que ira imprimir na forma9ao

da criana devem fazer parte da resposta a ser dada Sentido educativo e

o objetivo a ser atendido com a educaao que esta sendo dada (Quer que

o filho seja egoista Coloque-o sempre em primeiro lugar em detrimento

dos outros e diga sim a todos os seus desejos Quer que ele seja feliz

Ajude-o a desenvolver a satisfailo pelo que e e pelo que consegue fazer

a tolerimcia a compreensao dos Qutrosa vontade de ajudar a quem pede

e a etica do bem)

5 Agir - essa aao ou resposta deve ser bem clara e objetiva Melhor ainda

se voce puder se assegurar de que a crianca real mente saciou sua

vontade

E importante ressaltar que os cinco passos devem ser utilizados em todas as

situayaes desde 0 tombo da crian98 pequena ate quando a crian98 crescer Ao se

utilizar este procedimento basico as atitudes dos pais tendem a ser coerentes Par

exemplo se uma crianca calr naD e necessaria as pais sairem desesperados em

todas Situ8COeS mas avaiar se 0 tombo foi grave QU se foi urn tombinho que naD

precisa de maiores cuidados Tambem as pais naD devem sair dizendo que chao

feio que passa a falsa ideia que 0 chao e culpado pelo seu tombo a criana tem

que aprender que ela deve ter cuidado Se ela se choca uma ou duas vezes numa

mesa ela aprende a ter cuidado por sua pr6pria experiencia TIBA (2002 p133)

41

destaca que a afobayao e a reacao exagerada dos pais geram inseguran9a na

crianca

Outre fato bastante comum e as pais deixarem as ftlhos ganharem jogos par

exemplo tentando agrada-Ios mesmo que os deseduquem As crian9as tern uma

sabedoria natural Brincam e competem de acordo com as conhecimentos e as

capacita90es de que disp6ern E mais facil para 0 pai brincar como se fosse crian98

e deixar 0 filho ganhar sempre Esse comportamento contudo da a crianca uma

visao irreal do que e jogar Ganha-se algumas vezes perde-se outras (TIBA 2002

p136) Ou seja e mais educativ~ para a criana descobrir que podemos ser bons

em algumas caisas mas nao em tudo Passa-se uma experiencia da realidade para

a crianC8

TIBA (2002) tambem cita 0 caso de colocar a crian9a no colo enquanto se

dirige urn carro A crianC8 tern a falsa sensacao de que comanda 0 veiculo mas issa

nao passa de urn poder irreal Ao dirigir urn carrinho de brinquedo ela poderia de fato

se sentir poderosa IS50 sem falar que quando 0 filho crescer ao 15 anos par

exempla vai querer sair com 0 carro do pai mesmo sem poder Mas quando era

criancaeu podia

o caso classico da criancaquerer dormir com os pais tambem e abordado por

TIBA (2002) segundo 0 autor 0 ideal e que desde bebe a crian9a deve aprender a

dorrnir no seu lugar mesmo que ache mais gostoso aninhar-se entre os pais Ir cada

urn para sua cama da 0 sentido de que cada urn tem seu territorio ai tambem

estamos delimitando limites onde sao respeitados 0 so no e 0 espacode cada urn

Crian~asmaiores que ja andam devem ter um lugar (ou quarto) proprio para dormirMesmo que ocasionalmente adorme~am na cama dos pais e importante que sejamlevadas a sua cama para que acordem la Nao devem adquirir 0 habito de dormir nacama dos pais Tenha paciencia e fale claro em born tom olhando seriamente nofundo dos olhinhos dela ~Cada coisa no seu lugar cada pessoa na sua cama~

42

Quando a crian(f3 percebe que 0 limite e coisa sena e vai ser cumprido procura seajustar(lIBA 2002p115)

OLIVEIRA (1999 p120) enumera as diversos problemas que causam a fato

dos filhos permanecem no quarto dos pais na hora de dormir considerando-as de

difieil recupera~aoposterior

1 Faita de valorizayilo da privacidade tanto do casal como da crianya

2 Mantem a relacao simbi6tica au seja a li98980 existente entre mae e

bebe prejudicando 0 desenvolvimento emocional da crian93

3 A crianya tende a formar relayao de dependencia da protey80 e da

preseny8 dos pais ate mesma durante 0 sono

4 Quando chegar a fase em que a crianca elege entre 0 pai e a mae 0 seu

preferido tenta afastar 0 autro esticando-se e virando-se na cama de

modo a deixar a preterido desconfortavel a ponto deste mudar de lugar

sair da cama e ate mesma do quarto

E importante ressaltar que sempre as regras devem ser claras e naD sujeitas

a mudancas pois a organizacao interna dos filhos fica muito prejudicada se dormir

au nao na cama dos pais se transforma numa possibilidade que depende apenas do

humor dos pais ou de quanto 0 filho se recusa a dormir sozinho (chorando

acordando diversas vezes etc) A crian9a com autonomia de sono e mais

independente e feliz (TIBA 2002 p116)

Enfatiza-se que na maiaria dos casas as pais permitem que as criancas

fiquem ate mais tarde no quarto deles nao e par uma exigemcia ou necessidade da

crianya mas par alguma deficiencia desequilibrio au imaturidade dos proprios pais

(OLIVEIRA 1999 p122)

43

Em relaiio ao choro da crian9l ressalta-se que ha dois tipos de choro 0 que

expressa dor e 0 que busca pader

Se 0 filho descobrir que pade usar a chom como fonte de poder as pais estaoperdidos Nunca mais saberao dizer se ele chara par dar au poder Urn chore depoder Necessita dos olhos e dos ouvidos de quem se quer dominar Ingenua acrianya que usa 0 choro como pader para imediatamente apes conseguir 0 que querOai a importancia de as pais ficarem atentos para nao ser manipulados (TIBA 2002p158)

o choro que apela para 0 lade coitadinho inspira ternura Eo urn tipo de

manipula9ao que busca 0 dominio pela chantagem aletiva Eo dilicil neutralizar 0 uso

do choro como arma

Segundo liSA (2002 p159) Urn pouco de dor nao matara a crian9a assim

como urn poueD de pader nao matara as pais ( ) Se traumas infantis matassem a

humanidade estaria extinta Nao ha filho que nao tenha side contrariado A imensa

maioria deles tern condi90es de agOentar contrariedades 0 autor destaca que pais

que sao soHcitos ao extrema nao trayam um born e segura trajeto para seguir 0

resultado e que a crianya fica insegura pais perde a confianca neles ela pressente

que as pais nao tern firmeza nas suas decisoes e sao manipulaveis

Deve-se tomar cuidado com as exageros urn erro cometido pelos pais

desde que nao seja baseado na violencia em surras socas e pontapes naa traz

problema nenhum Atos como esses descarregam a raiva mas nao tern forlta

educativa pois violmcia s6 gera violencia (liSA 2002 p159)

Em rela9aOaos pais lazerem as tarelas pelos filhos ou ainda pior comprar os

resultados ressalta-se que este tipo de atitude nao ajuda a crianlta cria

dependencia e compromete 0 desenvolvimento escolar Alem disso as pais acabam

privando os filhos do gosto de uma conquista dando uma mensagem subliminar de

que eles sao incapazes Os pais nao devem privar os filhos do gosto de uma

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

REFERENCIASBIBLIOGRAFICAS

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ZAGURY T Educar sem culpa a genese da etica 15 ed Rio de Janeiro Record2000

__ Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sabre a tirania dosfilhos 15 ed Rio de Janeiro Record 2000

Limites sem trauma - construindo cidadaos 25 ed Rio de JaneiroRecord2001

WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

Page 19: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

16

geral cabe ainda aos pais grande parcela de poder de decisao sobre seus filhos

menores Parcela essa cada vez mais contestada A esse pader equivalem por

parte dos filhos direitos legais em relagao aos seus pais em particular no sistema

capitalista Direitos a assistencia educayao manutenyao e participacao em seus

bens e proventos

A familia como toda instituigao social apresenta aspectos positiv~s enquanto

nucleo afetivo de apoio e solidariedade Mas apresenta ao lade destes aspectos

negativ~s como a imposicao normativa atraves de leis uscs e costumes que

impllearn formas e finalidades rigidas Torna-se muitas vezes elementa de coayiio

social geradora de conflitos e ambigOidades

A agressividade inata tende a sef ativada pelas circunstancias externas

desfavoraveis e inversamente e mitigada pelo arner e compreensao que a crianca

recebe 0 seu desenvolvimento e suas reac6es com 0 adulto devem ser

considerados como resultantes da interacao e influencias externas e internas

Um sistema familiar disfuncional nM permite ao aluno a maturidade

necessaria para conseguir urn born desempenho academico

A problematica emocional ligada a situayao conflitiva absorve a

disponibilidade perceptiva e reacional do individuo a estimula~ao externa

dificultando a sua integragao ao ambiente e perturbagao nao 56 a sua capacidade de

aten98o de concentra~ao de raciocinio mas sobretudo a de relacionamento Assim

sendo as dificuldades de assimilayao na aprendizagem escolar podem estar ligadas

a fixagoes emocionais (NOVAES 1970 p 145)

Geralmente criangas com problemas emocionais adotam atitudes agressivas

de inibiyao constri9ao regressao isolamento hostilidade oposigao indiferenya

17

indisciplina exibicionismo dissimula~aosensibilidade e au emotividade excessivas

sendo freqOentesos problemas de mentira de furto e de natureza sexual

Na instituiyao familiar seja ela qual for e a ligayao emocional entre as

pessoas que as torna mats felizes e saudaveis

As perturbaltoes no ambiente familiar interferem no comportamento do

individuo Existe urn processo duple entre 0 lar e a escola as tensoes que sao

geradas num ambiente se manifestam como perturbaltoes no comportamento do

outro (WINNICOn 1971 p 223)

Resgatar a papel da familia e seus vaiores levan3i 0 aluno a sentir-se

amparado A autoridade paterna e materna participativa se faz necessaria na

criayao e educaltao na orientayao e aquisiltao de bons habitos influentes na

projeltaosocial das pessoas Nao necessariamente isto se refere a presenltafisica

de ambos os pais mas da existencia das funlt6esenquanto autoridade

A emoltaopermeia todos os aspectos da vida diaria do ser e tambem interfere

na aprendizagem fazendo-se necessaria urn conhecimento dos aspectos

emocionais para assim pader assistir 0 aluno em seu trabalho escolar A

estabilidade no ambiente familiar proporciona ao individuo seguranya e

independencia A participaltao da familia no cotidiano escolar e de suma

importancia para a aprendizagem

Os jovens nao podem se sentir abandonados eles precisam de exemplos e

sobretudo de afeto para a construltaode uma vida melhor

SOUZA (1995 p 58) considera que a inibiltaointelectual estaria na base da

dificuldade de aprendizagem Existem fatores da vida psiquica da crianlta que

podem atrapalhar 0 born desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaltao

18

com a aquisirao de conhecimentos e com a familia na medida em que as atitudes

parentais influenciam sobremaneira a rela~aoda crianca com 0 conhecimento

Ressalta-se que entre as variDS fatores que influenciam 0 aspecto emotional

da crian9a tem-se alcoolismo familia numerosa sem condicoes minimas estruturais

brigas freqOentes em casa abandono trabalho infantil etc A convivmcia com um

au mais destes fatores acarreta na impossibilidade do aluno concentrar-se nas

aulas visto que a sua aten9ao se volta para a tentativa de resolu9lo dos problemas

familia res que ele julga insoluveis na maioria das vezes Existe urn certa

conformismo misturado a angustia quando 0 aluno consegue expor 0 problema que

o aflige

Deve-se compreender que a familia esta envolvida em diversos problemas

oriundos das pressoes s6cio-econ6micas das dificuldades de habita9ao

alimenta9ao e trabalho sem tranqOilidade para assimilar e analisar os estimulos

externos integrando-os a sua dina mica familiar

A influencia do ambiente familiar e decisiva para 0 ajustamento emotional e

muitas vezes 0 grupo familiar nao oferece condi90es de estabilidade e de

seguranya emocional para 0 desenvolvimento normal de seus filhos

Grande incidencia de conflitos emocionais que se exteriorizam par ansiedade

sentimentos de inferioridade de inseguran98 depressao medo negativismo e

incapacidade de estabelecer rela90es afetivas geralmente coincidem com 0 grande

numera de familias desintegradas desunidas de pais ausentes incompreensivos

imaturos neur6ticos dominadores desajustados que nao podem dar compreensao

amor e apoio aos filhos

ZAGURY (2000) relata 0 resultado das duvidas e incertezas de muitos pais

Para ela os pais devem compreender que mais importante que satisfazer os desejos

19

da CrianC8 e ensinar principios eticos como honestidade solidariedade e respeito

mutua Principios estes que sao fundamentais para 0 born relacionamento social na

adolescencia e vida adulta

Limites sao regras ou normas de condula que devem ser passadas para as

criancas desde tenra idade Eles mostram as crianyas 0 que podem e 0 que naD

podem 0 que devem e 0 que nao devem fazer Ensinam tambem como respeitar 0

proximo facilitando a socializayao Os limites devem fazer parte da educaao pois

vivemos em sociedade e para a boa manutencao desta se faz necessaria a

existencia e 0 respeito as regras (COUlINHO FILHO 2003)

Em seu livro Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sobre a tirania

dos filhos ZAGURY (2000) discute os principais problemas que envolvem a

educayao dos filhos na sociedade moderna quando toda uma geraao de pais foi

influenciada par urna visao excessivamente psicologizante As ambigOidades as

diferenyas entre as regras estabelecidas pelos te6ricos sao debatidas e criticada a

tirania de alguns especialistas que contribuiram para a disseminayao de um dos

maiores males da educaao - 0 chamado psicologismo A autora alerta para a

necessidade de as pais serem criticos nas orientayoes e conhecimentos adquiridos

sobre a educaao dos filhos e chama a atenao sobre os limites e a necessidade de

autoridade por parte dos pais a importancia de se construir uma relayao baseada na

autenticidade e na democracia tanto para as crianyas quanta para seus pais

Para liSA (1996) a disciplina tern inicio antes mesmo do nascimento atraves

do modo como os pais se comportam no relacionamento mutuo Os primeiros dias

de vida e as interac6es com os pais ou pessoas que as substituem sao de

fundamental importancia no desenvolvimento bern ajustado Pois e nessa interayao

que a mae transmite 0 modo de ser da familia e isso e essencial para ajudar 0 filho

20

a formar 0 seu ser psicol6gico pois a crianca traz ao nascer apenas 0 seu ser

biol6gico

0 pai deve ter muita saude pSicol6gica para participar do gesto de

alimentat8o que tern urn significado tremendo no ge5to afetivo A crianca nao

precisa s6 de leite 0 leite alimenta 0 corpo 0 afeto e 0 alimento da alma Crian

sem afeto entra em depressao(lIBA 1996)

Deve-S8 ressaltar que 0 limite e diferente de repressao 0 primeiro S8 instala

atraves das puniyoes ja a repressao atraves da culpa A puniy80 age sabre a ato e

a culpa sabre a pessoa Durante 0 desenvolvimento da clianca 0 limite e saudtlVel

quando este refere-s8 apenas aos atos naD desrnerecendo au desvalorizando a

pessoa A crian nao deve se sentir culpada pelos seus atos mas responsavel par

estes (COUlINHO FILHO 2003)

llBA (1996) diz que os pais que exageram na preocupayao com a choro e a

comida estao contribuindo para ter urn indisciplinado dentro de casa estao

desrespeitando a desenvolvimento biol6gico da crian A mae que trabalha fora

sente-se culpada par deixar a filho sozinho na creche au na escola e depois a

superprotege para reparar a culpa acabando par criar urn folgado dentro de casa

o modo como lidar com a liberdade e Dutro fatar influenciador no comportamento da

crianya e do adolescente Impar limites sem submissao e autoritarismo e outro

desafio para os pais que precisam respeitar a espayo de individualidade sem se

submeterem aos seus caprichos

o tema indisciplina oj amplo e muito se tern ainda a pesquisar estudar e

orientar no sentido de ajudar as pais a encontrarem urn caminho mais segura na

educay80 e formayao da personalidade dos filhos que tern inicio nas primeiras

relayoes entre mae e filho

21

222 0 Papel da Escola

Se a condi9ao basica e necessaria para a aprendizagem e a integridade

moral e 0 estabelecimento da interalYBo professor versus aluno cnde fatares afetivos

e cognitivos exercem influencias decisivas na busca de realizac68s e de desejos

confirmando-Ihes determinadas caracteristicas inteny68s e significados e na escola

que ocorrem boa parte dos problemas com as quais 0 aluno S8 esbarra lentidao de

raciocinio falta de atenyao desintereSS8 indisciplina entre Qutros encontram as

suas origens na estrutura biol6gica sobretudo quando exposta ao meio ambiente

(POLITY 1998)

Em ambientes cnde estes fatares naD sao considerados relevantes que

alunos com dificuldades de aprendizagem ou com problemas de indisciplina acabam

sendo rotulados sofrendo puniyoes devido ao seu fracasso escolar Estes

apresentam lalta de interesse desmotiva980 para estudar pregui9a e distra9ao

Com isto os pais e professores nao entendem estas dificuldades e 0 aluno em seu

permanente estado de tensao nao consegue prestar aten~o e participar das aulas

nao obtendo os resultados esperados (MORAIS 1997)

Outro fator importante e a problematica emocional que deve ser considerada

como decisiva na adaptacao e rendimento escolar podendo trazer serias

conseqOemcias ao desenvolvimento e progresso emocional da crianca A escola

deve oferecer condic5es e estabilidade emocional e atraves do diagn6stico precoce

dos encaminhamentos adequados da pr09rama9aO adequada das atividades

escolares e da preparacao do professor atender a esses casos prontamente

poupando assim a crianra e a sociedade do agravamento dessas situac6es

(NOVAES 1970)

22

Neste interim surge a psicopedagogia como auxiliar no cicio aluno - familia -

escola quando se instala uma dificuldade de aprendizagem 0 psicopedagogo deve

ter urn olhar para 0 contexte global onde est inserida a criana com dificuldade de

aprendizagem as relac6es familia res e escolares

As crian~s que se evadem da escola em geral sao as mais rejeitadas

Estas criancas precisam ser estimuladas ao relacionamento a responder

adequadamente aos sentimentos do outro e a controlar tensao e ansiedade

compreendendo qual e 0 comportamento aceitavel em determinada situacao

E preciso aprender a lidar com a ira e a tristeza a respeitar as diferencas de

modo a encarar as eaisas dificeis aprender a perguntar a negociar a ser mais

assertivo Eo importante somar aos conteudos de hoje as liDes sobre sentimentos e

relacionamentos 0 primeiro passe e aprender a nomear a emoCao compreende-Ia

a partir de suas express6es faciais corpora is E essencial que 0 professor amplie

sua ViS80 sobre as quest6es emocionais desenvolvendo autodisciplina vida

virtuosa capacidade de motivar-se de enfrentar press6es e resolver conflitos

Por tudo isso a escola tem 0 compromisso moral e etico de se preocupar com

o desenvolvimento dos alunos reinventando as aulas e proporcionando a sintonia

do conteudo a capacidade de aprender Considera-se muito importante que a familia

e a escola estabelecarn urn vinculo para tentar mUdanyas em relaC80 it falta de

atenC80 e indisciplina no sentido de ajudar 0 aluno a evitar maiores dificuldades

crises e stress

ANNA FREUD (1971 p162) considera que as normas escolares prestam

pouca ou nenhuma atenC80 as diferencas individuais

o aluno deve sentir-se desafiado e envolvido no processo a todo instante A

capacidade de empatia entre professor e aluno e 0 segredo do sucesso no

23

relacionamento entre ambos A auto-estima e urn ponto tambem fundamental para

um comportamento bem integrado

Num sistema educacional problematico como 0 do Brasil unido ascaracteristicas pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita5es

do professor e toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sal a

de aula interferem na aprendizagem como urn todo Pais e professores devem estar

atentos para educar desde os primeiros dias de vida para a disciplina que nao

5ubmete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemple e 0 dialogo

E preciso que a escala como urn todD e principal mente seu corpo docente

ampliem a consciencia a respeito da responsabilidade que tern em relacao ao futuro

dos seus alunos e alem disso que possam perceber a importancia do bern estar

psicol6gico como uma situacao fundamental para a aprendizagem satisfat6ria A

escola pode e deve propiciar ao aluno seguranca emocional para que ele possa

vivenciar vinculos saudaveis com seus professores e colegas

Espera-se que Utenham uma visao positiva da vida e sentido de humor que

sejam capazes de apreciar 0 valor de uma boa risada para eliminar pequenos

ressentimentos e aborrecimentos que prejudicam 0 crescimento do aluno (MOULY

1979 p 134)

E urgente a necessidade de uma nova escola desenhada para a mente e 0

cora~ao que ensina autocontrole empatia a arte de ouvir de resolver conflilos de

cooperar

A indisciplina pode ser definida como

Indisciplina e a recusa de $ubmeter-se as regras de aprendizagem educativa e a seu sistemade transmissao institucional Relacionada com 0 contexto familiar e escolar a indisciplina eum dos sintomas dos disturbios da inf~ncia e da adolescencia Quee preciso situar no campomutti~imensional da~ i~teracOesentre processos de aprendizagem e finalidades da educayaorelayao educadorlsuJeltolgrupos de alunosJclasse sistema de avaliacao e risco de fracasso

24

Ultrapassando 0 simples registro dos disturbios de carater a indisciplina tern a ver comfatores psicossociais que dao sentido a essa forma de insubmissflo (DORON et ai 1998)

Para VASCONCELLOS (1995) as manifesta90es de indisciplina na escola e

na sal a de aula sao urn problema a ser analisado na sua totalidade levando-se em

conta a familia as mudan~asocorridas na escola a professor a sociedade a crise

dos sentidos e dos limites considerando-se que 0 que se entende por disciplina e

como construi-Ia nurn processo de interarao entre 0 adolescente e a

professorescola

A educaC8o no seu verdadeiro sentido naD se faz sem autoridade pais 0

educando precisa do referencial do educador a fim de ter base para a constru9ao do

seu eu Muitas vezes 0 professor nao consegue disciplina porque nao tem

autoridade diante dos alunos Normalmente 0 professor fica esperando que 0 aluno

traga urn reconhecimento natural para com sua pessoa historicamente esse tempo

passou 0 tratamento de respeito tem que ser conquistado pelo professor

(VASCONCELLOS 1995)

A questao fica complicada quando temas como profissionais da educayao

elementos totalmente alheios e nao educados para a realidade atual Alem da falta

de dominio dos conteudos a serem ensinados falta-Ihes a capacidade de perceber

essas transforma90es hist6ricas que vern ocorrendo no relacionamento educando x

educador Falta-Ihes conhecimento do desenvolvimento humane e psicol6gico de

seus alunos E por fim suas pnticas pedag6gicas sao pobres de metodos que

propiciem a intera9aOe a construyao do conhecimento no respeito mutuo falta-Ihes

autoridade e capacidade de administrar a indisciplina gerada pelos fatores citados

Esses professores podem se deparar com criancas com transtorno desafiador

25

opositivo e muitos deles carecem de orientaCiies de como lidar com este tipo de

conduta

A disciplina escolar e urn conjunto de regras que devem ser obedecidas para

o exito do aprendizado escolar Portanto ela e uma qualidade de relacionamento

humano entre 0 corpo docente e 0$ alunos em uma sala de aula e

consequentemente na escola respeitando as caracteristicas de cada urn dos

envolvidos (TIBA 1996)

Para que haja disciplina em sala de aula isto e alunos motivados satisfeitos

com a aula e necessaria que 0 professor seja urn grande conhecedor do que

ensina da realidade que 0 cerca e tenha a capacidade de envolver 0 aluno na sua

sala usanda uma metodologia e uma didatica que nao deem margem a apatia ao

cans890 a monotonia para ambas as partes 0 aluno deve sentir-se desafiado e

envolvido no processo a todo instante A capacidade de empatia entre professor e

aluno e 0 segredo do sucesso no relacionamento entre ambos

Para TIBA (1996) a indisciplina na escola e vista como conseqOencia do

sistema educacional brasileiro que afeta diretamente as rela90es dos individuos em

sal a de aula e na escola Urn sistema total mente falido unido as caracteristicas

pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita~oes do professor e

toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sala de aula A auto-

estima e citada pelo autor como fundamental para um comportamento bem

integrado Ele aponta tambem inumeras sugestiies para os pais e professores no

sentido de como educar desde os prirneiros dias de vida para a disciplina que nao

submete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemplo e 0 dialogo

Por outro lado encontra-se a escola tentando cumprir a sua funCao (orientar

na constru~ao do conhecimento) e freqDentemente quando 0 professor se depara

26

com um alune que esta precisando de ajuda no aspecto emocional encontra-se

despreparado para lidar com a questao reagindo com intolerancia Consideram

muitas vezes mais tacil fazer julgamentos como 0 alune naD tern jeito bulle da

familia tal todos as irmaos desta familia ja fcram meus alunos e sao todos i9uais

Eventualmente recusam-se a participar de cursos de atualiza9ao e aperfei90amento

e preferem adetar a postura de que sabem que 0 alunD naD tern jeito mesma e nada

S8 tern a fazer a que favorece 0 rebaixamentoda auto-estima do alune e 0

agravamento do problema gerando disc6rdias e aborrecimentos na escola

Urn Dutro aspecto a ser considerado e que tudo sa tornaria mais facil para a

crianca se ao ingressar na escola ela pudesse encontrar um ambiente acolhedor

com regras bern definidas professores conhecedores dessa realidade com

formacaopsicol6gica para propiciar momentos de tomada de consciencia do porque

daquele comportamento fazendo acontecer a catarse e redirecionando as modos de

agir de tais crian~s e adolescentes Porem a realidade das escolas e bem outra 0

proprio ambiente e a mentalidade favorece que ela a crianca a adolescente

coloquem toda a agressao reprimida suas neuroses seu 6dio seus sentimentos

de culpa sua revolta contra a autoridade e a patrimonio escolar Muitas vezes 0

atuno encontra professores que nao se libertaram dos traumas e problemas dos

quais eles mesmos foram vitimas na primeira infancia alern de desconhecerem e

nao saberem lidar com a crianca e 0 adolescente problematico pelo desprepara

pedag6gico e a falta de metodos adequados e atrativos para prender a aten9ao e 0

interesse de seus alunos Sua pratica pedag6gica e pobre de recursos e estrategias

que desafiem e motivern tais alunos a se auto valorizarem elevando a auto-estima

Urn dos pontes mais comuns entre as indisciplinados e a sentimento de

menos valia aem da fata de conffan9a nos contatos e na produtividade Percebe-se

27

assim que para reverter essa questao naD basta trabalhar com a aluno E

necessario urn trabalho junto aos professores e familias criando estrategias que

modifiquem 0 ambiente e urn relacionamento mais verdadeiro mais equilibrado

deve ser estabelecido em todos as sentidos - trabalhando-se em equipe

28

3 0 CASO DE UMA CRIANCA COM TRANSTORNO DESAFIADOR OPOSITIVO

Foram utilizadas entrevistas com a mae professores e irmaos Encontros com

a crian-a em sess6es com durayao de 50 minutos cnde utilizou-se de metod as

como desenhos brincadeiras jogos regrados massa de modelar

31 HIST6RIGO DO GASO

F e urna rnenina de cinco anos cayula tendo um irmao de 21 anos e urna

irma de 17 anas de idade

o pai faleceu com 49 anas ha apraximadamente 01 ana e a mae atualmente

com 49 anas teve F com 43 anas

o pai fai marta par paliciais em frente a sua casa Estava bebada e saiu a rua

armada e um carro da palicia apareceu e 0 viu sentado na calcadalogo depois

vieram muitas viaturas e a mae pediu que levassem 0 marido para passar a noite na

cadeia mas que naD fizessem nenhum mal a ele Neste momento 0 pai de F

comeyou a atirar e aS policiais (segundo a mae 18 policiais aproximadamente)

invadiram a casa e comeyaram a atirar A familia fa para os fundos da casa e a mae

passou F par cima do muro para a casa da vizinha Quando a familia voltou para

frente da casa as paliciais disseram que a pai de F estava ferida na perna e

levaram-na para a hospital mas segundo a relata da mae ele ja estava marta e

havia na verdade levado urn tiro na cabeca F nao viu a cena mas escutou tudo

Ganforme relata da mae a partir da data do acarrida F naa abedece faz de

canta que naa escuta e quando quer alga came9a a tremer A mae diz que a filha

29

ficou assim desde a marte do pai pais este a bajulava muito fazia tudo 0 que ela

desejava

F sempre foi mimada pelo pai este nunca repreendia a filha por algo de

errado que ela fizesse Para 0 pai F nunca estava errada inclusive quando ela e a

irma mais velha brigavam 0 pai sempre ia em defesa da mais nova e para protege-

la amea98va bater na mais velha

A queixa principal da mae e que F comeya a tremer quando quer algo de que

gosta muito nao obedece a regras e Iimites impostos pelos responsaveis

Nas observayiies comportamentais notou-se que F testa os limites dos

adultos para conseguir 0 que deseja e as pesso8s que a cercam para se livrarem

das birras acabavam por fazer 0 que ela queria Mas essas mesmas pessoas

comeyaram a perceber que a falta de regras e limites jil ultrapassava 0 limite do

suportaveJ

Segundo HANISH et al (1999) 0 transtorno desafiador opositivo aparece

antes dos 10 anos Normalmente torna-se aparente na idade pre-escolar que e 0

caso desta crianga

Na escola F naD interagia com as colegas na hara de fazer brincadeiras em

grupo nac conseguia se relacionar com as colegas quando a professora pedia para

fazer alguma atividade F fazia do jeito que queria e nao como a professora

solicitava

Para que houvesse progresso no tratamento foi fundamental que a mae e as

demais pessoas que rodeiam a crian~a modificassem sua forma de agir e para que

isso ocorresse foi preciso fazer urn remanejo de conduta dessas pessoas Fez-se

pois necessaria orientacao e treinamento para auxilia-Ios nesta mudanlta

30

32 EVOLUCAO DO CASO

As intervenyoes utilizadas neste casc com a mae fcram em forma de

orientayao na freqOencade pelo menDS uma vez par meso Mais recentemente este

trabalho com a mae vern sendo feito a cada quinze dias

Em conversa com a mae esta mencionou que naD queria fazer como seus

pais naD que eles fassem ruins disse ela mas eles nao conversavam e naD tinham

tempo de dar aten9ao e de ensinar os deveres da escola Tudo 0 que ela aprendeu

na escola foi par esforyo proprio e naD queria que isso acontecesse com sua filha

entaD ela au as irmaos mais velhos sentam com F e a ensinam

Mais tarde foi feita uma entrevista com a professora e esta mostrou todas as

li90es de F e disse que aquelas atividades nao haviam side feitas pela crian9a e sim

por seu irmao e que a professora ja havia mandado bilhetes pedindo que nao

fizessem mais as atividades da escola par F A mae foi orientada a dar mais

incentivo a F em lugar de fazer os deveres por ela pois F nilo tinha problemas de

aprendizagem mas par falta de incentivo poderia vir a ter

Com F foram utilizadas brincadeiras como pintura com aquarela desenhos

massa de modelar hist6ria infantis Atraves destes me-todosforam utilizados refor~o

e a punicao quando necessarios

o refor9Q foi atraves de elogios sorriso e aten9ao quando F realizava urn

comportamento desejavel A punitao consistiu em retirar uma atividade que ela

gostava muito como desenhar OU tambem ignorar a sua atitude mantendo a calma

No terceiro encontro F mencionou 0 pai dizendo que ele comprava doces

para ela mas nao quis continuar falando sobre ele alegando que 0 irmao mais velho

nao gostava Mais tarde em outras sess6es tornou-se claro ser isto fantasia sua

31

Nos primeiros encontros corn F ela demonstrou S8r cordata entretanto a

partir do quarto encontro F mostrou comportamentos de manipula9ao ou seja

querer controlar a situacao e que tude salsse da forma que queria para que todos

as seus desejos fossem realizados atitude comum em casa ou na escola

A quinta sessao foi para verificar a interacao de F com a mae F mostrou-se

intransigente naD obedeceu a nenhuma das ordens da mae na hora de guardar as

brinquedos gritou com a mae e esta demonstrou claramente nao conseguir dar

limites a sua filha A mae conseguiu dizer neste momento que se F estivesse em

casa iria apanhar com uma varinha mas ista naD adiantou pais F ficou irredutivel

Ao final da sessao quando tudo estava no seu devido lugar F ja estava agindo como

se nada tivesse ocorrido a mae mencionou que F era muito nervoS8

A partir da sexta sessao loram leitos contratos com F os quais ela aceitou

com lacilidade

Apos 0 contrato feito na sessao anterior na setima sessao foi trabalhado a

limite atraves de acordos leitos com F como pedir para que ela escolhesse

somente tres tipos de brinquedos da caixa que s6 iria embora quando a horario da

sessao terminasse e que as Iimites seriam colocados pela terapeuta Com estas

regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela queria

A partir da oitava sessao loi levantada a hip6tese do problema de F ser

transtorno desafiador opositivo pais ela demonstrou as comportamentos de querer

dominar e mostrar que poderia mandar mas com muita paciencia foram impastos

limites atraves do silencio mostrando que nem tudo poderia ser como ela queria e

assim acabou aceitando

A nona sessao loi destinada a orientar a mae em como agir com a filha e loi

proposto para que a mae assistisse a proxima sessao atras do espelho

32

Como foi sugerido para a mae na sessao passada ela ficou ats do espelho

para ver como a filha interagia e poder verificar qual seria a melhor forma de lidar

com ela

A decima segunda sessao foi destinada a mae para verificar como estava 0

comportamento de F fora da terapia Ela comentou que 0 comportamento da filha

melhorara muito que as tremores 56 ocorriam esporadicamente Foi orientado amae que quando Dcarressem as tremores ela deveria fazer de conta que naD havia

percebido nada

Foram feitas diversas sess6es seguidas mais precisamente da decima

terceira il decima setima com F destinadas a trabalhar regras e limites Este

trabalho foi realizado atraves de acordos com F como por exemplo pedir que ela

escolhesse apenas tres brinquedos da caixa au escolhesse entre desenhar e ouvir

historias au ainda entre conversar e brincar tambem poderia escolher entre brincar

de casinha e desenhar

A decima oitava sessao foi urna sessao diferente pOis foi destinada aprofessora de F para verificar como F estava S8 comportando e se relacionando

com colegas em sala de aula enos interval os A professora levantou a hip6tese de F

ter problemas de aprendizagem pois as atividades escolares dela nao eram

compativeis com a de seus colegas de classe Mas foi constatado atraves das

atividades que eram enviadas para serem feitas em casa que 0 que faUava para F

era estimulo pOisseu irmao fazia suas atividades por ela

Foram feitas duas sessoes seguidas (decima nona e vigesimal para

comprovar se havia problemas de aprendizagem com F Sessoes estas de recorte e

colagem e de hist6ria (Cinderela) Com estas atividades pode se constatar que F

33

tern plena capacidade de realizar tarefas sDzinha talvez com uma pequena

orienta9ao quando solicitado por ela

A vigesima primeira foi mais uma sessao dedicada a orient89ao a mae

quando esta mencionou que Festa cada vez melhor seus tremores quando quer

chamar a aten9ao estao diminuindo a cada dia

No vigesimo segundo encontro com F a interven9ao utilizada foi 0 desenho

Eta desenhou margaridas e mencionou que se fosse uma planta queria ser uma

margarida e S8 fosse urn objeto queria ser uma estrela Ja na sessao seguinte que

foi a vigesima terceira a intervencao utilizada foi brincar de casinha cnde F mostrou

a sua intera9ao familiar dizendo que trabalhava em um hotel (como na realidade sua

mae trabalha) 0 marido trabalhava em hotel e seu pai estava muito doente (na

realidade ja e falecido) e tinha muitas dores no corpo

Ate 0 momento foram feitas as vinte e tres sess6es aqui descritas nas quais

a crianya demonstrou significativas mudantas no comportamento

33 ANALISE DO CASO

Inicialmente F nae obedecia fazia de conta que naD escutava e quando

queria algo come9ava a tremer nao obedecendo a regras e limites impostos pelos

respons8veis A mae dizia que a filha ficou assim desde a morte do pai pais este a

bajulava muito fazia tudo 0 que ela desejava

Notou-se que F testava os limites dos adultos para conseguir 0 que desejava

e as pessoas que a cercavam para se livrarem das birras acabavam par fazer 0

que ela queria

34

Na escola nao conseguia se relacionar com os colegas quando a professora

pedia para fazer alguma atividade F lazia do jeito que queria

A mae de F fazia as atividades par ela dizendo que ~nao queria tazer como

seus pais naD que eles fassem ruins mas eles naD conversavam e naD tinham

tempo de dar atenC80 e de ensinar as deveres da escola

Durante 0 tratamento F inicialmente demonstrou ser cordata posteriormente

mostrou comportamentos de manipulayM querendo controlar a situayao e

procurando forcar que todos as seus desejos fassem realizados Na presenva da

mae nao obedeceu a nenhuma das ordens dela gritou e ficou clara a dificuldade da

mae em dar limites a filha F mostrava-se muito irritada

Foram feitos contratos com F e passou-se a trabalhar atraves de acordos as

limites Com estas regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela

queria

No tratamento foi fundamental que a mae e as demais pessoas que rodeiam a

crianya modificassem sua forma de agir Foi orienlado a mae que quando

ocorressem as tremores ela devena fazer de conta que nao havia percebido nada

Em sessao com a professora de F constatou-se que a hipotese de

problemas de aprendizagem se apresentava mais em lace da lalta de estimulo para

que esta realizasse suas pr6pnas atividades ao inves de que outras pessoas as

fizessem por ela Foram leitas sessees com a finalidade de comprovar se F tinha

problemas de aprendizagem e verificou-se que esla linha plena capacidade de

realizar as tarefas sozinha Em relayao a interayao familiar F dramatrizou em uma

atividade que sua mae trabalhava em um hotel 0 que correspondia a realidade e 0

marido trabalhava em hotel que seu pai estava muito doenle e tinha muitas dores

35

no corpo quando na realidade seu pai ja era falecido Mostrava com isso a falta que

a funy80 paterna Ihe fazia

A mae de F I numa sessao dedicada a sua orientay8o mencionou que F

estava cada vez melhor e que seus tremores para chamar a atenC80 estavam

diminuindo a cada dia

36

4 ORIENTA~OES AOS PAIS

ZAGURY (2001 p59) na complexa tarefa de dar limites sem ser autocratico

ou seja de como disciplinar sem bater OU sem ser coercitivQ com a crianya sugere

algumas estrategias

bull Premiar ou recompensar a born comportamento - sempre que a crianca

tiver atitudes corretas devemos ressaltar este tatoo E bern comum que as

pais muito ocupados com tarefas cotidianas esqueltam de elogiar

somente lembrando de ralhar quando os ftlhos fazem algo errado Desta

forma as criancas entendem que naD vale a pena fazer tudo certinhon

pois nao recebem aprova9ao A melhor forma de alcan9ar um objetivo

educativo e elogiar incentivar e ressaltar tudo a que a crianca fizer de

positivo

bull Diferenciar premiar de dar coisas materiais - apesar do consumismo

vigente as crianvas ainda valorizam mais urn carinho urn elogio sincero

reconhecimento do esforco do que presentes dinheiro e viagens

Eventualmente pode-se presentear materialmente mas e importante nao

comprarmos as crianras pois desta forma elas aprendem a agir de modo

calculista Se dermos nosso carinho e aprovayao seu ego se fortalecera

sua auto-estima se elevara e gradualmente a crianya sentira prazer em

agir de forma adequada

bull Fazer com que a crianya assuma as conseqOemcias dos seus atos - com

carinha e naturalidade devemos conversar e agir apontando seus erras e

fazendo com que reftitam sobre as atitudes incorretas antieticas ou

egocentricas tomando 0 cuidado de deixar claro que 0 que desaprovamos

37

sao as atitudes incorretas e naD suas caracteristicas pessoais 5e mesma

ap6s a explica~o a crianca reincidir na atitude incorreta entao e 0

momento de faze-Ia compreender que e responsavel pelos seus atos e

tambem pelas suas conseqGencias Deve-se ressaltar as consequemcias

do ato born carinho aprova~o estimulo etc Como do ato incorreto

desaprova9ilo nao reforyamento deixar de fazer algo que gostam etc

Deve-se ter em mente que as elogios premiacoes bern como as puni90es

devem ser proporcionais ao fato Ou seja e necessario que se tenha born sensa e

equilibrio para que as acoes sejam autenticas e valorizadas pel as criancas

COUTINHO FILHO (2003) tambem sugere algumas possibilidades para

colocar parametros de limites para a crianca

bull Nao coloque limites conforme seus desejos pessoais

bull Demonstre que voce e as demais adultos tambem tern limites a respeitar

bull Diga qual puni9ilo a ser dada para cada limite ultrapassado e nao deixe de

executa-Ia

bull De puniyoes brandas para atitudes brandas e puniyoes pesadas para

atitudes pesadas

bull Deixe claro que a puniyao Eo pelo ate e nao pela pessoa

bull Justifique os motivos do limite Nao faca isso porque nao quero ou nao

gosto nao Eo justificativa

bull Repita quantas vezes for necesstuio

bull Use sua autoridade sem provocar submissao e mal estar

bull Use da afetividade para impor limites

38

ZAGURY (2001) destaca pontos importantes para nao perder a autoridade

perante os filhos

bull Cumpra 0 que disse (seja premia ou conseqOemcia) ou seja ameacou

execute prometeu faya

bull Seja coerente 0 que nao pode nao pode nunca (salvo raras excessoes)

nao mude de atitude como quem mud a de roupa (au de acordo com 0 seu

humor)

bull Faya com que seus filhos gradualmente assumam responsabilidades

Deixe que eles participem das decisoes sabre premios ou conseqOeuromcias

- isto ajuda a amadurecer e compromete a crianca e as jovens que

aderem mais ao que ajudam a construir (mesma que sejam sans6es para

eles proprios)

bull Cuidado com 0 que diz e com 0 modo como diz - critique 0 ato nunca a

pessoa ou a personalidade de seus filhos Trate somente do assunto que

S8 esta analisando no momento naD desenterre coisas do passado sem

necessidade Nao fique com pena da crianya se ela chorar ficar triste

nao talar com voce E melhor ela ficar triste hoje mas aprender a respeitar

o pr6ximo a 5i propria e a palavra empenhada do que sofrer futuramente

nos seus relacionamentos interpessoais

Segundo TIBA(2002) os filhos nao vem com manual pois eles mesmos sao 0

manual au seja cada criancaencerra uma individualidade e a cada dia os pais irao

aprendendo com cada filho E importante neste aprendizado os pais privilegiarem 0

desenvolvimento relacional atraves de um procedimento basico que deve ser

aplicado a cada fllho Para TBA (2002) ese procedimento e valido para qualquer

39

relacionamento entre pessoas de qualquer idade mas que e relevante na formaC8o

da auto-estima da criancadesde 0 seu nascimento Para 0 atendimento integral a

uma crian9 sao cinco os passos parar ouvir olhar pensar e agir (TIBA 2002

p127)

TIBA (2002) descreve os cinco passos da seguinte forma

1 Parar - parar 0 que estiver fazendo ou pensando e dar atenyao total acriancaCasa naD possa parar naquele exato momento vale colaear uma

das maos no ombro da crian9 enquanto diz que logo vai atende-Ia A

crianya deve ficar esperando ali juntinho de voce Pode ser que ela queira

sair para voltar logo depois Se a iniciativa de sair for da crianca a

responsabilidade de voltar sera dela Mas deve evitar ao maximo dizer

para a crianca ocupar-se com Dutra caisa enquanto voce termina 0 que

esta fazendo Nem sempre ela volta outra vez pelo mesmo motivo E

tambem fundamental deixar de lado ideias preconcebidas sobre 0 que a

crianca vai fatar Se voce pensa ~Iavern aquela chata me encher Dutra

vez seu cerebro ja esta preenchido em parte com esse pensamento e

voce perde a chance de atende-Ia integralmente

2 Ouvir - e a parte racional Os pais devem olhar no funda dos ahos da

crianca como se a Duvissem com as ahos A criany8 precisa aprender a

se expressar Nao se deve tentar adivinhar 0 que ela quer Quando pede

alguma coisa esta desenvolvendo sua capacidade de pensar de formular

uma pergunta e de se expressar para que outras pessoas possam

compreende-Ia

3 Olhar - e a parte instintiva Num piscar de olhos uma pessoa consegue

ver tantas coisas que levaria muito tempo explica-Ias em palavras Tudo 0

40

que se percebe visualmente tambem tem que ser considerado para

compreender a crian9a

4 Pensar - lados os elementos percebidos tanto visualmente quanto

verbal mente mais 0 sentido educativo que se que ira imprimir na forma9ao

da criana devem fazer parte da resposta a ser dada Sentido educativo e

o objetivo a ser atendido com a educaao que esta sendo dada (Quer que

o filho seja egoista Coloque-o sempre em primeiro lugar em detrimento

dos outros e diga sim a todos os seus desejos Quer que ele seja feliz

Ajude-o a desenvolver a satisfailo pelo que e e pelo que consegue fazer

a tolerimcia a compreensao dos Qutrosa vontade de ajudar a quem pede

e a etica do bem)

5 Agir - essa aao ou resposta deve ser bem clara e objetiva Melhor ainda

se voce puder se assegurar de que a crianca real mente saciou sua

vontade

E importante ressaltar que os cinco passos devem ser utilizados em todas as

situayaes desde 0 tombo da crian98 pequena ate quando a crian98 crescer Ao se

utilizar este procedimento basico as atitudes dos pais tendem a ser coerentes Par

exemplo se uma crianca calr naD e necessaria as pais sairem desesperados em

todas Situ8COeS mas avaiar se 0 tombo foi grave QU se foi urn tombinho que naD

precisa de maiores cuidados Tambem as pais naD devem sair dizendo que chao

feio que passa a falsa ideia que 0 chao e culpado pelo seu tombo a criana tem

que aprender que ela deve ter cuidado Se ela se choca uma ou duas vezes numa

mesa ela aprende a ter cuidado por sua pr6pria experiencia TIBA (2002 p133)

41

destaca que a afobayao e a reacao exagerada dos pais geram inseguran9a na

crianca

Outre fato bastante comum e as pais deixarem as ftlhos ganharem jogos par

exemplo tentando agrada-Ios mesmo que os deseduquem As crian9as tern uma

sabedoria natural Brincam e competem de acordo com as conhecimentos e as

capacita90es de que disp6ern E mais facil para 0 pai brincar como se fosse crian98

e deixar 0 filho ganhar sempre Esse comportamento contudo da a crianca uma

visao irreal do que e jogar Ganha-se algumas vezes perde-se outras (TIBA 2002

p136) Ou seja e mais educativ~ para a criana descobrir que podemos ser bons

em algumas caisas mas nao em tudo Passa-se uma experiencia da realidade para

a crianC8

TIBA (2002) tambem cita 0 caso de colocar a crian9a no colo enquanto se

dirige urn carro A crianC8 tern a falsa sensacao de que comanda 0 veiculo mas issa

nao passa de urn poder irreal Ao dirigir urn carrinho de brinquedo ela poderia de fato

se sentir poderosa IS50 sem falar que quando 0 filho crescer ao 15 anos par

exempla vai querer sair com 0 carro do pai mesmo sem poder Mas quando era

criancaeu podia

o caso classico da criancaquerer dormir com os pais tambem e abordado por

TIBA (2002) segundo 0 autor 0 ideal e que desde bebe a crian9a deve aprender a

dorrnir no seu lugar mesmo que ache mais gostoso aninhar-se entre os pais Ir cada

urn para sua cama da 0 sentido de que cada urn tem seu territorio ai tambem

estamos delimitando limites onde sao respeitados 0 so no e 0 espacode cada urn

Crian~asmaiores que ja andam devem ter um lugar (ou quarto) proprio para dormirMesmo que ocasionalmente adorme~am na cama dos pais e importante que sejamlevadas a sua cama para que acordem la Nao devem adquirir 0 habito de dormir nacama dos pais Tenha paciencia e fale claro em born tom olhando seriamente nofundo dos olhinhos dela ~Cada coisa no seu lugar cada pessoa na sua cama~

42

Quando a crian(f3 percebe que 0 limite e coisa sena e vai ser cumprido procura seajustar(lIBA 2002p115)

OLIVEIRA (1999 p120) enumera as diversos problemas que causam a fato

dos filhos permanecem no quarto dos pais na hora de dormir considerando-as de

difieil recupera~aoposterior

1 Faita de valorizayilo da privacidade tanto do casal como da crianya

2 Mantem a relacao simbi6tica au seja a li98980 existente entre mae e

bebe prejudicando 0 desenvolvimento emocional da crian93

3 A crianya tende a formar relayao de dependencia da protey80 e da

preseny8 dos pais ate mesma durante 0 sono

4 Quando chegar a fase em que a crianca elege entre 0 pai e a mae 0 seu

preferido tenta afastar 0 autro esticando-se e virando-se na cama de

modo a deixar a preterido desconfortavel a ponto deste mudar de lugar

sair da cama e ate mesma do quarto

E importante ressaltar que sempre as regras devem ser claras e naD sujeitas

a mudancas pois a organizacao interna dos filhos fica muito prejudicada se dormir

au nao na cama dos pais se transforma numa possibilidade que depende apenas do

humor dos pais ou de quanto 0 filho se recusa a dormir sozinho (chorando

acordando diversas vezes etc) A crian9a com autonomia de sono e mais

independente e feliz (TIBA 2002 p116)

Enfatiza-se que na maiaria dos casas as pais permitem que as criancas

fiquem ate mais tarde no quarto deles nao e par uma exigemcia ou necessidade da

crianya mas par alguma deficiencia desequilibrio au imaturidade dos proprios pais

(OLIVEIRA 1999 p122)

43

Em relaiio ao choro da crian9l ressalta-se que ha dois tipos de choro 0 que

expressa dor e 0 que busca pader

Se 0 filho descobrir que pade usar a chom como fonte de poder as pais estaoperdidos Nunca mais saberao dizer se ele chara par dar au poder Urn chore depoder Necessita dos olhos e dos ouvidos de quem se quer dominar Ingenua acrianya que usa 0 choro como pader para imediatamente apes conseguir 0 que querOai a importancia de as pais ficarem atentos para nao ser manipulados (TIBA 2002p158)

o choro que apela para 0 lade coitadinho inspira ternura Eo urn tipo de

manipula9ao que busca 0 dominio pela chantagem aletiva Eo dilicil neutralizar 0 uso

do choro como arma

Segundo liSA (2002 p159) Urn pouco de dor nao matara a crian9a assim

como urn poueD de pader nao matara as pais ( ) Se traumas infantis matassem a

humanidade estaria extinta Nao ha filho que nao tenha side contrariado A imensa

maioria deles tern condi90es de agOentar contrariedades 0 autor destaca que pais

que sao soHcitos ao extrema nao trayam um born e segura trajeto para seguir 0

resultado e que a crianya fica insegura pais perde a confianca neles ela pressente

que as pais nao tern firmeza nas suas decisoes e sao manipulaveis

Deve-se tomar cuidado com as exageros urn erro cometido pelos pais

desde que nao seja baseado na violencia em surras socas e pontapes naa traz

problema nenhum Atos como esses descarregam a raiva mas nao tern forlta

educativa pois violmcia s6 gera violencia (liSA 2002 p159)

Em rela9aOaos pais lazerem as tarelas pelos filhos ou ainda pior comprar os

resultados ressalta-se que este tipo de atitude nao ajuda a crianlta cria

dependencia e compromete 0 desenvolvimento escolar Alem disso as pais acabam

privando os filhos do gosto de uma conquista dando uma mensagem subliminar de

que eles sao incapazes Os pais nao devem privar os filhos do gosto de uma

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

REFERENCIASBIBLIOGRAFICAS

ALMEIDA PO DRACTULLARANJEIRAR Manual de psiquiatria Rio deJaneiro GuanabaraKoogan 1996

COUTINHOFILHOAJ Limites diga nao ao seu filho em magoa-Io Disponivelemhttpwwwviasaudecombrartigosllimiteshtm Acesso em 13102003

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HANISH LD TOLAN PH GUERRA NG Tralamento do transtorno desafiadoropositivoIn Terapia cognitiva com crian~ase adolescentes manual para apratica clinica REINECKEet al PortoAlegre Artes MedicasSui 1999

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__ Quem ama educa Sao Paulo GenIe 2002

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50

VEJA Especial para bebes Sao Paulo Ed Abril 2000

ZAGURY T Educar sem culpa a genese da etica 15 ed Rio de Janeiro Record2000

__ Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sabre a tirania dosfilhos 15 ed Rio de Janeiro Record 2000

Limites sem trauma - construindo cidadaos 25 ed Rio de JaneiroRecord2001

WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

Page 20: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

17

indisciplina exibicionismo dissimula~aosensibilidade e au emotividade excessivas

sendo freqOentesos problemas de mentira de furto e de natureza sexual

Na instituiyao familiar seja ela qual for e a ligayao emocional entre as

pessoas que as torna mats felizes e saudaveis

As perturbaltoes no ambiente familiar interferem no comportamento do

individuo Existe urn processo duple entre 0 lar e a escola as tensoes que sao

geradas num ambiente se manifestam como perturbaltoes no comportamento do

outro (WINNICOn 1971 p 223)

Resgatar a papel da familia e seus vaiores levan3i 0 aluno a sentir-se

amparado A autoridade paterna e materna participativa se faz necessaria na

criayao e educaltao na orientayao e aquisiltao de bons habitos influentes na

projeltaosocial das pessoas Nao necessariamente isto se refere a presenltafisica

de ambos os pais mas da existencia das funlt6esenquanto autoridade

A emoltaopermeia todos os aspectos da vida diaria do ser e tambem interfere

na aprendizagem fazendo-se necessaria urn conhecimento dos aspectos

emocionais para assim pader assistir 0 aluno em seu trabalho escolar A

estabilidade no ambiente familiar proporciona ao individuo seguranya e

independencia A participaltao da familia no cotidiano escolar e de suma

importancia para a aprendizagem

Os jovens nao podem se sentir abandonados eles precisam de exemplos e

sobretudo de afeto para a construltaode uma vida melhor

SOUZA (1995 p 58) considera que a inibiltaointelectual estaria na base da

dificuldade de aprendizagem Existem fatores da vida psiquica da crianlta que

podem atrapalhar 0 born desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaltao

18

com a aquisirao de conhecimentos e com a familia na medida em que as atitudes

parentais influenciam sobremaneira a rela~aoda crianca com 0 conhecimento

Ressalta-se que entre as variDS fatores que influenciam 0 aspecto emotional

da crian9a tem-se alcoolismo familia numerosa sem condicoes minimas estruturais

brigas freqOentes em casa abandono trabalho infantil etc A convivmcia com um

au mais destes fatores acarreta na impossibilidade do aluno concentrar-se nas

aulas visto que a sua aten9ao se volta para a tentativa de resolu9lo dos problemas

familia res que ele julga insoluveis na maioria das vezes Existe urn certa

conformismo misturado a angustia quando 0 aluno consegue expor 0 problema que

o aflige

Deve-se compreender que a familia esta envolvida em diversos problemas

oriundos das pressoes s6cio-econ6micas das dificuldades de habita9ao

alimenta9ao e trabalho sem tranqOilidade para assimilar e analisar os estimulos

externos integrando-os a sua dina mica familiar

A influencia do ambiente familiar e decisiva para 0 ajustamento emotional e

muitas vezes 0 grupo familiar nao oferece condi90es de estabilidade e de

seguranya emocional para 0 desenvolvimento normal de seus filhos

Grande incidencia de conflitos emocionais que se exteriorizam par ansiedade

sentimentos de inferioridade de inseguran98 depressao medo negativismo e

incapacidade de estabelecer rela90es afetivas geralmente coincidem com 0 grande

numera de familias desintegradas desunidas de pais ausentes incompreensivos

imaturos neur6ticos dominadores desajustados que nao podem dar compreensao

amor e apoio aos filhos

ZAGURY (2000) relata 0 resultado das duvidas e incertezas de muitos pais

Para ela os pais devem compreender que mais importante que satisfazer os desejos

19

da CrianC8 e ensinar principios eticos como honestidade solidariedade e respeito

mutua Principios estes que sao fundamentais para 0 born relacionamento social na

adolescencia e vida adulta

Limites sao regras ou normas de condula que devem ser passadas para as

criancas desde tenra idade Eles mostram as crianyas 0 que podem e 0 que naD

podem 0 que devem e 0 que nao devem fazer Ensinam tambem como respeitar 0

proximo facilitando a socializayao Os limites devem fazer parte da educaao pois

vivemos em sociedade e para a boa manutencao desta se faz necessaria a

existencia e 0 respeito as regras (COUlINHO FILHO 2003)

Em seu livro Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sobre a tirania

dos filhos ZAGURY (2000) discute os principais problemas que envolvem a

educayao dos filhos na sociedade moderna quando toda uma geraao de pais foi

influenciada par urna visao excessivamente psicologizante As ambigOidades as

diferenyas entre as regras estabelecidas pelos te6ricos sao debatidas e criticada a

tirania de alguns especialistas que contribuiram para a disseminayao de um dos

maiores males da educaao - 0 chamado psicologismo A autora alerta para a

necessidade de as pais serem criticos nas orientayoes e conhecimentos adquiridos

sobre a educaao dos filhos e chama a atenao sobre os limites e a necessidade de

autoridade por parte dos pais a importancia de se construir uma relayao baseada na

autenticidade e na democracia tanto para as crianyas quanta para seus pais

Para liSA (1996) a disciplina tern inicio antes mesmo do nascimento atraves

do modo como os pais se comportam no relacionamento mutuo Os primeiros dias

de vida e as interac6es com os pais ou pessoas que as substituem sao de

fundamental importancia no desenvolvimento bern ajustado Pois e nessa interayao

que a mae transmite 0 modo de ser da familia e isso e essencial para ajudar 0 filho

20

a formar 0 seu ser psicol6gico pois a crianca traz ao nascer apenas 0 seu ser

biol6gico

0 pai deve ter muita saude pSicol6gica para participar do gesto de

alimentat8o que tern urn significado tremendo no ge5to afetivo A crianca nao

precisa s6 de leite 0 leite alimenta 0 corpo 0 afeto e 0 alimento da alma Crian

sem afeto entra em depressao(lIBA 1996)

Deve-S8 ressaltar que 0 limite e diferente de repressao 0 primeiro S8 instala

atraves das puniyoes ja a repressao atraves da culpa A puniy80 age sabre a ato e

a culpa sabre a pessoa Durante 0 desenvolvimento da clianca 0 limite e saudtlVel

quando este refere-s8 apenas aos atos naD desrnerecendo au desvalorizando a

pessoa A crian nao deve se sentir culpada pelos seus atos mas responsavel par

estes (COUlINHO FILHO 2003)

llBA (1996) diz que os pais que exageram na preocupayao com a choro e a

comida estao contribuindo para ter urn indisciplinado dentro de casa estao

desrespeitando a desenvolvimento biol6gico da crian A mae que trabalha fora

sente-se culpada par deixar a filho sozinho na creche au na escola e depois a

superprotege para reparar a culpa acabando par criar urn folgado dentro de casa

o modo como lidar com a liberdade e Dutro fatar influenciador no comportamento da

crianya e do adolescente Impar limites sem submissao e autoritarismo e outro

desafio para os pais que precisam respeitar a espayo de individualidade sem se

submeterem aos seus caprichos

o tema indisciplina oj amplo e muito se tern ainda a pesquisar estudar e

orientar no sentido de ajudar as pais a encontrarem urn caminho mais segura na

educay80 e formayao da personalidade dos filhos que tern inicio nas primeiras

relayoes entre mae e filho

21

222 0 Papel da Escola

Se a condi9ao basica e necessaria para a aprendizagem e a integridade

moral e 0 estabelecimento da interalYBo professor versus aluno cnde fatares afetivos

e cognitivos exercem influencias decisivas na busca de realizac68s e de desejos

confirmando-Ihes determinadas caracteristicas inteny68s e significados e na escola

que ocorrem boa parte dos problemas com as quais 0 aluno S8 esbarra lentidao de

raciocinio falta de atenyao desintereSS8 indisciplina entre Qutros encontram as

suas origens na estrutura biol6gica sobretudo quando exposta ao meio ambiente

(POLITY 1998)

Em ambientes cnde estes fatares naD sao considerados relevantes que

alunos com dificuldades de aprendizagem ou com problemas de indisciplina acabam

sendo rotulados sofrendo puniyoes devido ao seu fracasso escolar Estes

apresentam lalta de interesse desmotiva980 para estudar pregui9a e distra9ao

Com isto os pais e professores nao entendem estas dificuldades e 0 aluno em seu

permanente estado de tensao nao consegue prestar aten~o e participar das aulas

nao obtendo os resultados esperados (MORAIS 1997)

Outro fator importante e a problematica emocional que deve ser considerada

como decisiva na adaptacao e rendimento escolar podendo trazer serias

conseqOemcias ao desenvolvimento e progresso emocional da crianca A escola

deve oferecer condic5es e estabilidade emocional e atraves do diagn6stico precoce

dos encaminhamentos adequados da pr09rama9aO adequada das atividades

escolares e da preparacao do professor atender a esses casos prontamente

poupando assim a crianra e a sociedade do agravamento dessas situac6es

(NOVAES 1970)

22

Neste interim surge a psicopedagogia como auxiliar no cicio aluno - familia -

escola quando se instala uma dificuldade de aprendizagem 0 psicopedagogo deve

ter urn olhar para 0 contexte global onde est inserida a criana com dificuldade de

aprendizagem as relac6es familia res e escolares

As crian~s que se evadem da escola em geral sao as mais rejeitadas

Estas criancas precisam ser estimuladas ao relacionamento a responder

adequadamente aos sentimentos do outro e a controlar tensao e ansiedade

compreendendo qual e 0 comportamento aceitavel em determinada situacao

E preciso aprender a lidar com a ira e a tristeza a respeitar as diferencas de

modo a encarar as eaisas dificeis aprender a perguntar a negociar a ser mais

assertivo Eo importante somar aos conteudos de hoje as liDes sobre sentimentos e

relacionamentos 0 primeiro passe e aprender a nomear a emoCao compreende-Ia

a partir de suas express6es faciais corpora is E essencial que 0 professor amplie

sua ViS80 sobre as quest6es emocionais desenvolvendo autodisciplina vida

virtuosa capacidade de motivar-se de enfrentar press6es e resolver conflitos

Por tudo isso a escola tem 0 compromisso moral e etico de se preocupar com

o desenvolvimento dos alunos reinventando as aulas e proporcionando a sintonia

do conteudo a capacidade de aprender Considera-se muito importante que a familia

e a escola estabelecarn urn vinculo para tentar mUdanyas em relaC80 it falta de

atenC80 e indisciplina no sentido de ajudar 0 aluno a evitar maiores dificuldades

crises e stress

ANNA FREUD (1971 p162) considera que as normas escolares prestam

pouca ou nenhuma atenC80 as diferencas individuais

o aluno deve sentir-se desafiado e envolvido no processo a todo instante A

capacidade de empatia entre professor e aluno e 0 segredo do sucesso no

23

relacionamento entre ambos A auto-estima e urn ponto tambem fundamental para

um comportamento bem integrado

Num sistema educacional problematico como 0 do Brasil unido ascaracteristicas pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita5es

do professor e toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sal a

de aula interferem na aprendizagem como urn todo Pais e professores devem estar

atentos para educar desde os primeiros dias de vida para a disciplina que nao

5ubmete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemple e 0 dialogo

E preciso que a escala como urn todD e principal mente seu corpo docente

ampliem a consciencia a respeito da responsabilidade que tern em relacao ao futuro

dos seus alunos e alem disso que possam perceber a importancia do bern estar

psicol6gico como uma situacao fundamental para a aprendizagem satisfat6ria A

escola pode e deve propiciar ao aluno seguranca emocional para que ele possa

vivenciar vinculos saudaveis com seus professores e colegas

Espera-se que Utenham uma visao positiva da vida e sentido de humor que

sejam capazes de apreciar 0 valor de uma boa risada para eliminar pequenos

ressentimentos e aborrecimentos que prejudicam 0 crescimento do aluno (MOULY

1979 p 134)

E urgente a necessidade de uma nova escola desenhada para a mente e 0

cora~ao que ensina autocontrole empatia a arte de ouvir de resolver conflilos de

cooperar

A indisciplina pode ser definida como

Indisciplina e a recusa de $ubmeter-se as regras de aprendizagem educativa e a seu sistemade transmissao institucional Relacionada com 0 contexto familiar e escolar a indisciplina eum dos sintomas dos disturbios da inf~ncia e da adolescencia Quee preciso situar no campomutti~imensional da~ i~teracOesentre processos de aprendizagem e finalidades da educayaorelayao educadorlsuJeltolgrupos de alunosJclasse sistema de avaliacao e risco de fracasso

24

Ultrapassando 0 simples registro dos disturbios de carater a indisciplina tern a ver comfatores psicossociais que dao sentido a essa forma de insubmissflo (DORON et ai 1998)

Para VASCONCELLOS (1995) as manifesta90es de indisciplina na escola e

na sal a de aula sao urn problema a ser analisado na sua totalidade levando-se em

conta a familia as mudan~asocorridas na escola a professor a sociedade a crise

dos sentidos e dos limites considerando-se que 0 que se entende por disciplina e

como construi-Ia nurn processo de interarao entre 0 adolescente e a

professorescola

A educaC8o no seu verdadeiro sentido naD se faz sem autoridade pais 0

educando precisa do referencial do educador a fim de ter base para a constru9ao do

seu eu Muitas vezes 0 professor nao consegue disciplina porque nao tem

autoridade diante dos alunos Normalmente 0 professor fica esperando que 0 aluno

traga urn reconhecimento natural para com sua pessoa historicamente esse tempo

passou 0 tratamento de respeito tem que ser conquistado pelo professor

(VASCONCELLOS 1995)

A questao fica complicada quando temas como profissionais da educayao

elementos totalmente alheios e nao educados para a realidade atual Alem da falta

de dominio dos conteudos a serem ensinados falta-Ihes a capacidade de perceber

essas transforma90es hist6ricas que vern ocorrendo no relacionamento educando x

educador Falta-Ihes conhecimento do desenvolvimento humane e psicol6gico de

seus alunos E por fim suas pnticas pedag6gicas sao pobres de metodos que

propiciem a intera9aOe a construyao do conhecimento no respeito mutuo falta-Ihes

autoridade e capacidade de administrar a indisciplina gerada pelos fatores citados

Esses professores podem se deparar com criancas com transtorno desafiador

25

opositivo e muitos deles carecem de orientaCiies de como lidar com este tipo de

conduta

A disciplina escolar e urn conjunto de regras que devem ser obedecidas para

o exito do aprendizado escolar Portanto ela e uma qualidade de relacionamento

humano entre 0 corpo docente e 0$ alunos em uma sala de aula e

consequentemente na escola respeitando as caracteristicas de cada urn dos

envolvidos (TIBA 1996)

Para que haja disciplina em sala de aula isto e alunos motivados satisfeitos

com a aula e necessaria que 0 professor seja urn grande conhecedor do que

ensina da realidade que 0 cerca e tenha a capacidade de envolver 0 aluno na sua

sala usanda uma metodologia e uma didatica que nao deem margem a apatia ao

cans890 a monotonia para ambas as partes 0 aluno deve sentir-se desafiado e

envolvido no processo a todo instante A capacidade de empatia entre professor e

aluno e 0 segredo do sucesso no relacionamento entre ambos

Para TIBA (1996) a indisciplina na escola e vista como conseqOencia do

sistema educacional brasileiro que afeta diretamente as rela90es dos individuos em

sal a de aula e na escola Urn sistema total mente falido unido as caracteristicas

pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita~oes do professor e

toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sala de aula A auto-

estima e citada pelo autor como fundamental para um comportamento bem

integrado Ele aponta tambem inumeras sugestiies para os pais e professores no

sentido de como educar desde os prirneiros dias de vida para a disciplina que nao

submete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemplo e 0 dialogo

Por outro lado encontra-se a escola tentando cumprir a sua funCao (orientar

na constru~ao do conhecimento) e freqDentemente quando 0 professor se depara

26

com um alune que esta precisando de ajuda no aspecto emocional encontra-se

despreparado para lidar com a questao reagindo com intolerancia Consideram

muitas vezes mais tacil fazer julgamentos como 0 alune naD tern jeito bulle da

familia tal todos as irmaos desta familia ja fcram meus alunos e sao todos i9uais

Eventualmente recusam-se a participar de cursos de atualiza9ao e aperfei90amento

e preferem adetar a postura de que sabem que 0 alunD naD tern jeito mesma e nada

S8 tern a fazer a que favorece 0 rebaixamentoda auto-estima do alune e 0

agravamento do problema gerando disc6rdias e aborrecimentos na escola

Urn Dutro aspecto a ser considerado e que tudo sa tornaria mais facil para a

crianca se ao ingressar na escola ela pudesse encontrar um ambiente acolhedor

com regras bern definidas professores conhecedores dessa realidade com

formacaopsicol6gica para propiciar momentos de tomada de consciencia do porque

daquele comportamento fazendo acontecer a catarse e redirecionando as modos de

agir de tais crian~s e adolescentes Porem a realidade das escolas e bem outra 0

proprio ambiente e a mentalidade favorece que ela a crianca a adolescente

coloquem toda a agressao reprimida suas neuroses seu 6dio seus sentimentos

de culpa sua revolta contra a autoridade e a patrimonio escolar Muitas vezes 0

atuno encontra professores que nao se libertaram dos traumas e problemas dos

quais eles mesmos foram vitimas na primeira infancia alern de desconhecerem e

nao saberem lidar com a crianca e 0 adolescente problematico pelo desprepara

pedag6gico e a falta de metodos adequados e atrativos para prender a aten9ao e 0

interesse de seus alunos Sua pratica pedag6gica e pobre de recursos e estrategias

que desafiem e motivern tais alunos a se auto valorizarem elevando a auto-estima

Urn dos pontes mais comuns entre as indisciplinados e a sentimento de

menos valia aem da fata de conffan9a nos contatos e na produtividade Percebe-se

27

assim que para reverter essa questao naD basta trabalhar com a aluno E

necessario urn trabalho junto aos professores e familias criando estrategias que

modifiquem 0 ambiente e urn relacionamento mais verdadeiro mais equilibrado

deve ser estabelecido em todos as sentidos - trabalhando-se em equipe

28

3 0 CASO DE UMA CRIANCA COM TRANSTORNO DESAFIADOR OPOSITIVO

Foram utilizadas entrevistas com a mae professores e irmaos Encontros com

a crian-a em sess6es com durayao de 50 minutos cnde utilizou-se de metod as

como desenhos brincadeiras jogos regrados massa de modelar

31 HIST6RIGO DO GASO

F e urna rnenina de cinco anos cayula tendo um irmao de 21 anos e urna

irma de 17 anas de idade

o pai faleceu com 49 anas ha apraximadamente 01 ana e a mae atualmente

com 49 anas teve F com 43 anas

o pai fai marta par paliciais em frente a sua casa Estava bebada e saiu a rua

armada e um carro da palicia apareceu e 0 viu sentado na calcadalogo depois

vieram muitas viaturas e a mae pediu que levassem 0 marido para passar a noite na

cadeia mas que naD fizessem nenhum mal a ele Neste momento 0 pai de F

comeyou a atirar e aS policiais (segundo a mae 18 policiais aproximadamente)

invadiram a casa e comeyaram a atirar A familia fa para os fundos da casa e a mae

passou F par cima do muro para a casa da vizinha Quando a familia voltou para

frente da casa as paliciais disseram que a pai de F estava ferida na perna e

levaram-na para a hospital mas segundo a relata da mae ele ja estava marta e

havia na verdade levado urn tiro na cabeca F nao viu a cena mas escutou tudo

Ganforme relata da mae a partir da data do acarrida F naa abedece faz de

canta que naa escuta e quando quer alga came9a a tremer A mae diz que a filha

29

ficou assim desde a marte do pai pais este a bajulava muito fazia tudo 0 que ela

desejava

F sempre foi mimada pelo pai este nunca repreendia a filha por algo de

errado que ela fizesse Para 0 pai F nunca estava errada inclusive quando ela e a

irma mais velha brigavam 0 pai sempre ia em defesa da mais nova e para protege-

la amea98va bater na mais velha

A queixa principal da mae e que F comeya a tremer quando quer algo de que

gosta muito nao obedece a regras e Iimites impostos pelos responsaveis

Nas observayiies comportamentais notou-se que F testa os limites dos

adultos para conseguir 0 que deseja e as pesso8s que a cercam para se livrarem

das birras acabavam por fazer 0 que ela queria Mas essas mesmas pessoas

comeyaram a perceber que a falta de regras e limites jil ultrapassava 0 limite do

suportaveJ

Segundo HANISH et al (1999) 0 transtorno desafiador opositivo aparece

antes dos 10 anos Normalmente torna-se aparente na idade pre-escolar que e 0

caso desta crianga

Na escola F naD interagia com as colegas na hara de fazer brincadeiras em

grupo nac conseguia se relacionar com as colegas quando a professora pedia para

fazer alguma atividade F fazia do jeito que queria e nao como a professora

solicitava

Para que houvesse progresso no tratamento foi fundamental que a mae e as

demais pessoas que rodeiam a crian~a modificassem sua forma de agir e para que

isso ocorresse foi preciso fazer urn remanejo de conduta dessas pessoas Fez-se

pois necessaria orientacao e treinamento para auxilia-Ios nesta mudanlta

30

32 EVOLUCAO DO CASO

As intervenyoes utilizadas neste casc com a mae fcram em forma de

orientayao na freqOencade pelo menDS uma vez par meso Mais recentemente este

trabalho com a mae vern sendo feito a cada quinze dias

Em conversa com a mae esta mencionou que naD queria fazer como seus

pais naD que eles fassem ruins disse ela mas eles nao conversavam e naD tinham

tempo de dar aten9ao e de ensinar os deveres da escola Tudo 0 que ela aprendeu

na escola foi par esforyo proprio e naD queria que isso acontecesse com sua filha

entaD ela au as irmaos mais velhos sentam com F e a ensinam

Mais tarde foi feita uma entrevista com a professora e esta mostrou todas as

li90es de F e disse que aquelas atividades nao haviam side feitas pela crian9a e sim

por seu irmao e que a professora ja havia mandado bilhetes pedindo que nao

fizessem mais as atividades da escola par F A mae foi orientada a dar mais

incentivo a F em lugar de fazer os deveres por ela pois F nilo tinha problemas de

aprendizagem mas par falta de incentivo poderia vir a ter

Com F foram utilizadas brincadeiras como pintura com aquarela desenhos

massa de modelar hist6ria infantis Atraves destes me-todosforam utilizados refor~o

e a punicao quando necessarios

o refor9Q foi atraves de elogios sorriso e aten9ao quando F realizava urn

comportamento desejavel A punitao consistiu em retirar uma atividade que ela

gostava muito como desenhar OU tambem ignorar a sua atitude mantendo a calma

No terceiro encontro F mencionou 0 pai dizendo que ele comprava doces

para ela mas nao quis continuar falando sobre ele alegando que 0 irmao mais velho

nao gostava Mais tarde em outras sess6es tornou-se claro ser isto fantasia sua

31

Nos primeiros encontros corn F ela demonstrou S8r cordata entretanto a

partir do quarto encontro F mostrou comportamentos de manipula9ao ou seja

querer controlar a situacao e que tude salsse da forma que queria para que todos

as seus desejos fossem realizados atitude comum em casa ou na escola

A quinta sessao foi para verificar a interacao de F com a mae F mostrou-se

intransigente naD obedeceu a nenhuma das ordens da mae na hora de guardar as

brinquedos gritou com a mae e esta demonstrou claramente nao conseguir dar

limites a sua filha A mae conseguiu dizer neste momento que se F estivesse em

casa iria apanhar com uma varinha mas ista naD adiantou pais F ficou irredutivel

Ao final da sessao quando tudo estava no seu devido lugar F ja estava agindo como

se nada tivesse ocorrido a mae mencionou que F era muito nervoS8

A partir da sexta sessao loram leitos contratos com F os quais ela aceitou

com lacilidade

Apos 0 contrato feito na sessao anterior na setima sessao foi trabalhado a

limite atraves de acordos leitos com F como pedir para que ela escolhesse

somente tres tipos de brinquedos da caixa que s6 iria embora quando a horario da

sessao terminasse e que as Iimites seriam colocados pela terapeuta Com estas

regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela queria

A partir da oitava sessao loi levantada a hip6tese do problema de F ser

transtorno desafiador opositivo pais ela demonstrou as comportamentos de querer

dominar e mostrar que poderia mandar mas com muita paciencia foram impastos

limites atraves do silencio mostrando que nem tudo poderia ser como ela queria e

assim acabou aceitando

A nona sessao loi destinada a orientar a mae em como agir com a filha e loi

proposto para que a mae assistisse a proxima sessao atras do espelho

32

Como foi sugerido para a mae na sessao passada ela ficou ats do espelho

para ver como a filha interagia e poder verificar qual seria a melhor forma de lidar

com ela

A decima segunda sessao foi destinada a mae para verificar como estava 0

comportamento de F fora da terapia Ela comentou que 0 comportamento da filha

melhorara muito que as tremores 56 ocorriam esporadicamente Foi orientado amae que quando Dcarressem as tremores ela deveria fazer de conta que naD havia

percebido nada

Foram feitas diversas sess6es seguidas mais precisamente da decima

terceira il decima setima com F destinadas a trabalhar regras e limites Este

trabalho foi realizado atraves de acordos com F como por exemplo pedir que ela

escolhesse apenas tres brinquedos da caixa au escolhesse entre desenhar e ouvir

historias au ainda entre conversar e brincar tambem poderia escolher entre brincar

de casinha e desenhar

A decima oitava sessao foi urna sessao diferente pOis foi destinada aprofessora de F para verificar como F estava S8 comportando e se relacionando

com colegas em sala de aula enos interval os A professora levantou a hip6tese de F

ter problemas de aprendizagem pois as atividades escolares dela nao eram

compativeis com a de seus colegas de classe Mas foi constatado atraves das

atividades que eram enviadas para serem feitas em casa que 0 que faUava para F

era estimulo pOisseu irmao fazia suas atividades por ela

Foram feitas duas sessoes seguidas (decima nona e vigesimal para

comprovar se havia problemas de aprendizagem com F Sessoes estas de recorte e

colagem e de hist6ria (Cinderela) Com estas atividades pode se constatar que F

33

tern plena capacidade de realizar tarefas sDzinha talvez com uma pequena

orienta9ao quando solicitado por ela

A vigesima primeira foi mais uma sessao dedicada a orient89ao a mae

quando esta mencionou que Festa cada vez melhor seus tremores quando quer

chamar a aten9ao estao diminuindo a cada dia

No vigesimo segundo encontro com F a interven9ao utilizada foi 0 desenho

Eta desenhou margaridas e mencionou que se fosse uma planta queria ser uma

margarida e S8 fosse urn objeto queria ser uma estrela Ja na sessao seguinte que

foi a vigesima terceira a intervencao utilizada foi brincar de casinha cnde F mostrou

a sua intera9ao familiar dizendo que trabalhava em um hotel (como na realidade sua

mae trabalha) 0 marido trabalhava em hotel e seu pai estava muito doente (na

realidade ja e falecido) e tinha muitas dores no corpo

Ate 0 momento foram feitas as vinte e tres sess6es aqui descritas nas quais

a crianya demonstrou significativas mudantas no comportamento

33 ANALISE DO CASO

Inicialmente F nae obedecia fazia de conta que naD escutava e quando

queria algo come9ava a tremer nao obedecendo a regras e limites impostos pelos

respons8veis A mae dizia que a filha ficou assim desde a morte do pai pais este a

bajulava muito fazia tudo 0 que ela desejava

Notou-se que F testava os limites dos adultos para conseguir 0 que desejava

e as pessoas que a cercavam para se livrarem das birras acabavam par fazer 0

que ela queria

34

Na escola nao conseguia se relacionar com os colegas quando a professora

pedia para fazer alguma atividade F lazia do jeito que queria

A mae de F fazia as atividades par ela dizendo que ~nao queria tazer como

seus pais naD que eles fassem ruins mas eles naD conversavam e naD tinham

tempo de dar atenC80 e de ensinar as deveres da escola

Durante 0 tratamento F inicialmente demonstrou ser cordata posteriormente

mostrou comportamentos de manipulayM querendo controlar a situayao e

procurando forcar que todos as seus desejos fassem realizados Na presenva da

mae nao obedeceu a nenhuma das ordens dela gritou e ficou clara a dificuldade da

mae em dar limites a filha F mostrava-se muito irritada

Foram feitos contratos com F e passou-se a trabalhar atraves de acordos as

limites Com estas regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela

queria

No tratamento foi fundamental que a mae e as demais pessoas que rodeiam a

crianya modificassem sua forma de agir Foi orienlado a mae que quando

ocorressem as tremores ela devena fazer de conta que nao havia percebido nada

Em sessao com a professora de F constatou-se que a hipotese de

problemas de aprendizagem se apresentava mais em lace da lalta de estimulo para

que esta realizasse suas pr6pnas atividades ao inves de que outras pessoas as

fizessem por ela Foram leitas sessees com a finalidade de comprovar se F tinha

problemas de aprendizagem e verificou-se que esla linha plena capacidade de

realizar as tarefas sozinha Em relayao a interayao familiar F dramatrizou em uma

atividade que sua mae trabalhava em um hotel 0 que correspondia a realidade e 0

marido trabalhava em hotel que seu pai estava muito doenle e tinha muitas dores

35

no corpo quando na realidade seu pai ja era falecido Mostrava com isso a falta que

a funy80 paterna Ihe fazia

A mae de F I numa sessao dedicada a sua orientay8o mencionou que F

estava cada vez melhor e que seus tremores para chamar a atenC80 estavam

diminuindo a cada dia

36

4 ORIENTA~OES AOS PAIS

ZAGURY (2001 p59) na complexa tarefa de dar limites sem ser autocratico

ou seja de como disciplinar sem bater OU sem ser coercitivQ com a crianya sugere

algumas estrategias

bull Premiar ou recompensar a born comportamento - sempre que a crianca

tiver atitudes corretas devemos ressaltar este tatoo E bern comum que as

pais muito ocupados com tarefas cotidianas esqueltam de elogiar

somente lembrando de ralhar quando os ftlhos fazem algo errado Desta

forma as criancas entendem que naD vale a pena fazer tudo certinhon

pois nao recebem aprova9ao A melhor forma de alcan9ar um objetivo

educativo e elogiar incentivar e ressaltar tudo a que a crianca fizer de

positivo

bull Diferenciar premiar de dar coisas materiais - apesar do consumismo

vigente as crianvas ainda valorizam mais urn carinho urn elogio sincero

reconhecimento do esforco do que presentes dinheiro e viagens

Eventualmente pode-se presentear materialmente mas e importante nao

comprarmos as crianras pois desta forma elas aprendem a agir de modo

calculista Se dermos nosso carinho e aprovayao seu ego se fortalecera

sua auto-estima se elevara e gradualmente a crianya sentira prazer em

agir de forma adequada

bull Fazer com que a crianya assuma as conseqOemcias dos seus atos - com

carinha e naturalidade devemos conversar e agir apontando seus erras e

fazendo com que reftitam sobre as atitudes incorretas antieticas ou

egocentricas tomando 0 cuidado de deixar claro que 0 que desaprovamos

37

sao as atitudes incorretas e naD suas caracteristicas pessoais 5e mesma

ap6s a explica~o a crianca reincidir na atitude incorreta entao e 0

momento de faze-Ia compreender que e responsavel pelos seus atos e

tambem pelas suas conseqGencias Deve-se ressaltar as consequemcias

do ato born carinho aprova~o estimulo etc Como do ato incorreto

desaprova9ilo nao reforyamento deixar de fazer algo que gostam etc

Deve-se ter em mente que as elogios premiacoes bern como as puni90es

devem ser proporcionais ao fato Ou seja e necessario que se tenha born sensa e

equilibrio para que as acoes sejam autenticas e valorizadas pel as criancas

COUTINHO FILHO (2003) tambem sugere algumas possibilidades para

colocar parametros de limites para a crianca

bull Nao coloque limites conforme seus desejos pessoais

bull Demonstre que voce e as demais adultos tambem tern limites a respeitar

bull Diga qual puni9ilo a ser dada para cada limite ultrapassado e nao deixe de

executa-Ia

bull De puniyoes brandas para atitudes brandas e puniyoes pesadas para

atitudes pesadas

bull Deixe claro que a puniyao Eo pelo ate e nao pela pessoa

bull Justifique os motivos do limite Nao faca isso porque nao quero ou nao

gosto nao Eo justificativa

bull Repita quantas vezes for necesstuio

bull Use sua autoridade sem provocar submissao e mal estar

bull Use da afetividade para impor limites

38

ZAGURY (2001) destaca pontos importantes para nao perder a autoridade

perante os filhos

bull Cumpra 0 que disse (seja premia ou conseqOemcia) ou seja ameacou

execute prometeu faya

bull Seja coerente 0 que nao pode nao pode nunca (salvo raras excessoes)

nao mude de atitude como quem mud a de roupa (au de acordo com 0 seu

humor)

bull Faya com que seus filhos gradualmente assumam responsabilidades

Deixe que eles participem das decisoes sabre premios ou conseqOeuromcias

- isto ajuda a amadurecer e compromete a crianca e as jovens que

aderem mais ao que ajudam a construir (mesma que sejam sans6es para

eles proprios)

bull Cuidado com 0 que diz e com 0 modo como diz - critique 0 ato nunca a

pessoa ou a personalidade de seus filhos Trate somente do assunto que

S8 esta analisando no momento naD desenterre coisas do passado sem

necessidade Nao fique com pena da crianya se ela chorar ficar triste

nao talar com voce E melhor ela ficar triste hoje mas aprender a respeitar

o pr6ximo a 5i propria e a palavra empenhada do que sofrer futuramente

nos seus relacionamentos interpessoais

Segundo TIBA(2002) os filhos nao vem com manual pois eles mesmos sao 0

manual au seja cada criancaencerra uma individualidade e a cada dia os pais irao

aprendendo com cada filho E importante neste aprendizado os pais privilegiarem 0

desenvolvimento relacional atraves de um procedimento basico que deve ser

aplicado a cada fllho Para TBA (2002) ese procedimento e valido para qualquer

39

relacionamento entre pessoas de qualquer idade mas que e relevante na formaC8o

da auto-estima da criancadesde 0 seu nascimento Para 0 atendimento integral a

uma crian9 sao cinco os passos parar ouvir olhar pensar e agir (TIBA 2002

p127)

TIBA (2002) descreve os cinco passos da seguinte forma

1 Parar - parar 0 que estiver fazendo ou pensando e dar atenyao total acriancaCasa naD possa parar naquele exato momento vale colaear uma

das maos no ombro da crian9 enquanto diz que logo vai atende-Ia A

crianya deve ficar esperando ali juntinho de voce Pode ser que ela queira

sair para voltar logo depois Se a iniciativa de sair for da crianca a

responsabilidade de voltar sera dela Mas deve evitar ao maximo dizer

para a crianca ocupar-se com Dutra caisa enquanto voce termina 0 que

esta fazendo Nem sempre ela volta outra vez pelo mesmo motivo E

tambem fundamental deixar de lado ideias preconcebidas sobre 0 que a

crianca vai fatar Se voce pensa ~Iavern aquela chata me encher Dutra

vez seu cerebro ja esta preenchido em parte com esse pensamento e

voce perde a chance de atende-Ia integralmente

2 Ouvir - e a parte racional Os pais devem olhar no funda dos ahos da

crianca como se a Duvissem com as ahos A criany8 precisa aprender a

se expressar Nao se deve tentar adivinhar 0 que ela quer Quando pede

alguma coisa esta desenvolvendo sua capacidade de pensar de formular

uma pergunta e de se expressar para que outras pessoas possam

compreende-Ia

3 Olhar - e a parte instintiva Num piscar de olhos uma pessoa consegue

ver tantas coisas que levaria muito tempo explica-Ias em palavras Tudo 0

40

que se percebe visualmente tambem tem que ser considerado para

compreender a crian9a

4 Pensar - lados os elementos percebidos tanto visualmente quanto

verbal mente mais 0 sentido educativo que se que ira imprimir na forma9ao

da criana devem fazer parte da resposta a ser dada Sentido educativo e

o objetivo a ser atendido com a educaao que esta sendo dada (Quer que

o filho seja egoista Coloque-o sempre em primeiro lugar em detrimento

dos outros e diga sim a todos os seus desejos Quer que ele seja feliz

Ajude-o a desenvolver a satisfailo pelo que e e pelo que consegue fazer

a tolerimcia a compreensao dos Qutrosa vontade de ajudar a quem pede

e a etica do bem)

5 Agir - essa aao ou resposta deve ser bem clara e objetiva Melhor ainda

se voce puder se assegurar de que a crianca real mente saciou sua

vontade

E importante ressaltar que os cinco passos devem ser utilizados em todas as

situayaes desde 0 tombo da crian98 pequena ate quando a crian98 crescer Ao se

utilizar este procedimento basico as atitudes dos pais tendem a ser coerentes Par

exemplo se uma crianca calr naD e necessaria as pais sairem desesperados em

todas Situ8COeS mas avaiar se 0 tombo foi grave QU se foi urn tombinho que naD

precisa de maiores cuidados Tambem as pais naD devem sair dizendo que chao

feio que passa a falsa ideia que 0 chao e culpado pelo seu tombo a criana tem

que aprender que ela deve ter cuidado Se ela se choca uma ou duas vezes numa

mesa ela aprende a ter cuidado por sua pr6pria experiencia TIBA (2002 p133)

41

destaca que a afobayao e a reacao exagerada dos pais geram inseguran9a na

crianca

Outre fato bastante comum e as pais deixarem as ftlhos ganharem jogos par

exemplo tentando agrada-Ios mesmo que os deseduquem As crian9as tern uma

sabedoria natural Brincam e competem de acordo com as conhecimentos e as

capacita90es de que disp6ern E mais facil para 0 pai brincar como se fosse crian98

e deixar 0 filho ganhar sempre Esse comportamento contudo da a crianca uma

visao irreal do que e jogar Ganha-se algumas vezes perde-se outras (TIBA 2002

p136) Ou seja e mais educativ~ para a criana descobrir que podemos ser bons

em algumas caisas mas nao em tudo Passa-se uma experiencia da realidade para

a crianC8

TIBA (2002) tambem cita 0 caso de colocar a crian9a no colo enquanto se

dirige urn carro A crianC8 tern a falsa sensacao de que comanda 0 veiculo mas issa

nao passa de urn poder irreal Ao dirigir urn carrinho de brinquedo ela poderia de fato

se sentir poderosa IS50 sem falar que quando 0 filho crescer ao 15 anos par

exempla vai querer sair com 0 carro do pai mesmo sem poder Mas quando era

criancaeu podia

o caso classico da criancaquerer dormir com os pais tambem e abordado por

TIBA (2002) segundo 0 autor 0 ideal e que desde bebe a crian9a deve aprender a

dorrnir no seu lugar mesmo que ache mais gostoso aninhar-se entre os pais Ir cada

urn para sua cama da 0 sentido de que cada urn tem seu territorio ai tambem

estamos delimitando limites onde sao respeitados 0 so no e 0 espacode cada urn

Crian~asmaiores que ja andam devem ter um lugar (ou quarto) proprio para dormirMesmo que ocasionalmente adorme~am na cama dos pais e importante que sejamlevadas a sua cama para que acordem la Nao devem adquirir 0 habito de dormir nacama dos pais Tenha paciencia e fale claro em born tom olhando seriamente nofundo dos olhinhos dela ~Cada coisa no seu lugar cada pessoa na sua cama~

42

Quando a crian(f3 percebe que 0 limite e coisa sena e vai ser cumprido procura seajustar(lIBA 2002p115)

OLIVEIRA (1999 p120) enumera as diversos problemas que causam a fato

dos filhos permanecem no quarto dos pais na hora de dormir considerando-as de

difieil recupera~aoposterior

1 Faita de valorizayilo da privacidade tanto do casal como da crianya

2 Mantem a relacao simbi6tica au seja a li98980 existente entre mae e

bebe prejudicando 0 desenvolvimento emocional da crian93

3 A crianya tende a formar relayao de dependencia da protey80 e da

preseny8 dos pais ate mesma durante 0 sono

4 Quando chegar a fase em que a crianca elege entre 0 pai e a mae 0 seu

preferido tenta afastar 0 autro esticando-se e virando-se na cama de

modo a deixar a preterido desconfortavel a ponto deste mudar de lugar

sair da cama e ate mesma do quarto

E importante ressaltar que sempre as regras devem ser claras e naD sujeitas

a mudancas pois a organizacao interna dos filhos fica muito prejudicada se dormir

au nao na cama dos pais se transforma numa possibilidade que depende apenas do

humor dos pais ou de quanto 0 filho se recusa a dormir sozinho (chorando

acordando diversas vezes etc) A crian9a com autonomia de sono e mais

independente e feliz (TIBA 2002 p116)

Enfatiza-se que na maiaria dos casas as pais permitem que as criancas

fiquem ate mais tarde no quarto deles nao e par uma exigemcia ou necessidade da

crianya mas par alguma deficiencia desequilibrio au imaturidade dos proprios pais

(OLIVEIRA 1999 p122)

43

Em relaiio ao choro da crian9l ressalta-se que ha dois tipos de choro 0 que

expressa dor e 0 que busca pader

Se 0 filho descobrir que pade usar a chom como fonte de poder as pais estaoperdidos Nunca mais saberao dizer se ele chara par dar au poder Urn chore depoder Necessita dos olhos e dos ouvidos de quem se quer dominar Ingenua acrianya que usa 0 choro como pader para imediatamente apes conseguir 0 que querOai a importancia de as pais ficarem atentos para nao ser manipulados (TIBA 2002p158)

o choro que apela para 0 lade coitadinho inspira ternura Eo urn tipo de

manipula9ao que busca 0 dominio pela chantagem aletiva Eo dilicil neutralizar 0 uso

do choro como arma

Segundo liSA (2002 p159) Urn pouco de dor nao matara a crian9a assim

como urn poueD de pader nao matara as pais ( ) Se traumas infantis matassem a

humanidade estaria extinta Nao ha filho que nao tenha side contrariado A imensa

maioria deles tern condi90es de agOentar contrariedades 0 autor destaca que pais

que sao soHcitos ao extrema nao trayam um born e segura trajeto para seguir 0

resultado e que a crianya fica insegura pais perde a confianca neles ela pressente

que as pais nao tern firmeza nas suas decisoes e sao manipulaveis

Deve-se tomar cuidado com as exageros urn erro cometido pelos pais

desde que nao seja baseado na violencia em surras socas e pontapes naa traz

problema nenhum Atos como esses descarregam a raiva mas nao tern forlta

educativa pois violmcia s6 gera violencia (liSA 2002 p159)

Em rela9aOaos pais lazerem as tarelas pelos filhos ou ainda pior comprar os

resultados ressalta-se que este tipo de atitude nao ajuda a crianlta cria

dependencia e compromete 0 desenvolvimento escolar Alem disso as pais acabam

privando os filhos do gosto de uma conquista dando uma mensagem subliminar de

que eles sao incapazes Os pais nao devem privar os filhos do gosto de uma

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

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WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

Page 21: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

18

com a aquisirao de conhecimentos e com a familia na medida em que as atitudes

parentais influenciam sobremaneira a rela~aoda crianca com 0 conhecimento

Ressalta-se que entre as variDS fatores que influenciam 0 aspecto emotional

da crian9a tem-se alcoolismo familia numerosa sem condicoes minimas estruturais

brigas freqOentes em casa abandono trabalho infantil etc A convivmcia com um

au mais destes fatores acarreta na impossibilidade do aluno concentrar-se nas

aulas visto que a sua aten9ao se volta para a tentativa de resolu9lo dos problemas

familia res que ele julga insoluveis na maioria das vezes Existe urn certa

conformismo misturado a angustia quando 0 aluno consegue expor 0 problema que

o aflige

Deve-se compreender que a familia esta envolvida em diversos problemas

oriundos das pressoes s6cio-econ6micas das dificuldades de habita9ao

alimenta9ao e trabalho sem tranqOilidade para assimilar e analisar os estimulos

externos integrando-os a sua dina mica familiar

A influencia do ambiente familiar e decisiva para 0 ajustamento emotional e

muitas vezes 0 grupo familiar nao oferece condi90es de estabilidade e de

seguranya emocional para 0 desenvolvimento normal de seus filhos

Grande incidencia de conflitos emocionais que se exteriorizam par ansiedade

sentimentos de inferioridade de inseguran98 depressao medo negativismo e

incapacidade de estabelecer rela90es afetivas geralmente coincidem com 0 grande

numera de familias desintegradas desunidas de pais ausentes incompreensivos

imaturos neur6ticos dominadores desajustados que nao podem dar compreensao

amor e apoio aos filhos

ZAGURY (2000) relata 0 resultado das duvidas e incertezas de muitos pais

Para ela os pais devem compreender que mais importante que satisfazer os desejos

19

da CrianC8 e ensinar principios eticos como honestidade solidariedade e respeito

mutua Principios estes que sao fundamentais para 0 born relacionamento social na

adolescencia e vida adulta

Limites sao regras ou normas de condula que devem ser passadas para as

criancas desde tenra idade Eles mostram as crianyas 0 que podem e 0 que naD

podem 0 que devem e 0 que nao devem fazer Ensinam tambem como respeitar 0

proximo facilitando a socializayao Os limites devem fazer parte da educaao pois

vivemos em sociedade e para a boa manutencao desta se faz necessaria a

existencia e 0 respeito as regras (COUlINHO FILHO 2003)

Em seu livro Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sobre a tirania

dos filhos ZAGURY (2000) discute os principais problemas que envolvem a

educayao dos filhos na sociedade moderna quando toda uma geraao de pais foi

influenciada par urna visao excessivamente psicologizante As ambigOidades as

diferenyas entre as regras estabelecidas pelos te6ricos sao debatidas e criticada a

tirania de alguns especialistas que contribuiram para a disseminayao de um dos

maiores males da educaao - 0 chamado psicologismo A autora alerta para a

necessidade de as pais serem criticos nas orientayoes e conhecimentos adquiridos

sobre a educaao dos filhos e chama a atenao sobre os limites e a necessidade de

autoridade por parte dos pais a importancia de se construir uma relayao baseada na

autenticidade e na democracia tanto para as crianyas quanta para seus pais

Para liSA (1996) a disciplina tern inicio antes mesmo do nascimento atraves

do modo como os pais se comportam no relacionamento mutuo Os primeiros dias

de vida e as interac6es com os pais ou pessoas que as substituem sao de

fundamental importancia no desenvolvimento bern ajustado Pois e nessa interayao

que a mae transmite 0 modo de ser da familia e isso e essencial para ajudar 0 filho

20

a formar 0 seu ser psicol6gico pois a crianca traz ao nascer apenas 0 seu ser

biol6gico

0 pai deve ter muita saude pSicol6gica para participar do gesto de

alimentat8o que tern urn significado tremendo no ge5to afetivo A crianca nao

precisa s6 de leite 0 leite alimenta 0 corpo 0 afeto e 0 alimento da alma Crian

sem afeto entra em depressao(lIBA 1996)

Deve-S8 ressaltar que 0 limite e diferente de repressao 0 primeiro S8 instala

atraves das puniyoes ja a repressao atraves da culpa A puniy80 age sabre a ato e

a culpa sabre a pessoa Durante 0 desenvolvimento da clianca 0 limite e saudtlVel

quando este refere-s8 apenas aos atos naD desrnerecendo au desvalorizando a

pessoa A crian nao deve se sentir culpada pelos seus atos mas responsavel par

estes (COUlINHO FILHO 2003)

llBA (1996) diz que os pais que exageram na preocupayao com a choro e a

comida estao contribuindo para ter urn indisciplinado dentro de casa estao

desrespeitando a desenvolvimento biol6gico da crian A mae que trabalha fora

sente-se culpada par deixar a filho sozinho na creche au na escola e depois a

superprotege para reparar a culpa acabando par criar urn folgado dentro de casa

o modo como lidar com a liberdade e Dutro fatar influenciador no comportamento da

crianya e do adolescente Impar limites sem submissao e autoritarismo e outro

desafio para os pais que precisam respeitar a espayo de individualidade sem se

submeterem aos seus caprichos

o tema indisciplina oj amplo e muito se tern ainda a pesquisar estudar e

orientar no sentido de ajudar as pais a encontrarem urn caminho mais segura na

educay80 e formayao da personalidade dos filhos que tern inicio nas primeiras

relayoes entre mae e filho

21

222 0 Papel da Escola

Se a condi9ao basica e necessaria para a aprendizagem e a integridade

moral e 0 estabelecimento da interalYBo professor versus aluno cnde fatares afetivos

e cognitivos exercem influencias decisivas na busca de realizac68s e de desejos

confirmando-Ihes determinadas caracteristicas inteny68s e significados e na escola

que ocorrem boa parte dos problemas com as quais 0 aluno S8 esbarra lentidao de

raciocinio falta de atenyao desintereSS8 indisciplina entre Qutros encontram as

suas origens na estrutura biol6gica sobretudo quando exposta ao meio ambiente

(POLITY 1998)

Em ambientes cnde estes fatares naD sao considerados relevantes que

alunos com dificuldades de aprendizagem ou com problemas de indisciplina acabam

sendo rotulados sofrendo puniyoes devido ao seu fracasso escolar Estes

apresentam lalta de interesse desmotiva980 para estudar pregui9a e distra9ao

Com isto os pais e professores nao entendem estas dificuldades e 0 aluno em seu

permanente estado de tensao nao consegue prestar aten~o e participar das aulas

nao obtendo os resultados esperados (MORAIS 1997)

Outro fator importante e a problematica emocional que deve ser considerada

como decisiva na adaptacao e rendimento escolar podendo trazer serias

conseqOemcias ao desenvolvimento e progresso emocional da crianca A escola

deve oferecer condic5es e estabilidade emocional e atraves do diagn6stico precoce

dos encaminhamentos adequados da pr09rama9aO adequada das atividades

escolares e da preparacao do professor atender a esses casos prontamente

poupando assim a crianra e a sociedade do agravamento dessas situac6es

(NOVAES 1970)

22

Neste interim surge a psicopedagogia como auxiliar no cicio aluno - familia -

escola quando se instala uma dificuldade de aprendizagem 0 psicopedagogo deve

ter urn olhar para 0 contexte global onde est inserida a criana com dificuldade de

aprendizagem as relac6es familia res e escolares

As crian~s que se evadem da escola em geral sao as mais rejeitadas

Estas criancas precisam ser estimuladas ao relacionamento a responder

adequadamente aos sentimentos do outro e a controlar tensao e ansiedade

compreendendo qual e 0 comportamento aceitavel em determinada situacao

E preciso aprender a lidar com a ira e a tristeza a respeitar as diferencas de

modo a encarar as eaisas dificeis aprender a perguntar a negociar a ser mais

assertivo Eo importante somar aos conteudos de hoje as liDes sobre sentimentos e

relacionamentos 0 primeiro passe e aprender a nomear a emoCao compreende-Ia

a partir de suas express6es faciais corpora is E essencial que 0 professor amplie

sua ViS80 sobre as quest6es emocionais desenvolvendo autodisciplina vida

virtuosa capacidade de motivar-se de enfrentar press6es e resolver conflitos

Por tudo isso a escola tem 0 compromisso moral e etico de se preocupar com

o desenvolvimento dos alunos reinventando as aulas e proporcionando a sintonia

do conteudo a capacidade de aprender Considera-se muito importante que a familia

e a escola estabelecarn urn vinculo para tentar mUdanyas em relaC80 it falta de

atenC80 e indisciplina no sentido de ajudar 0 aluno a evitar maiores dificuldades

crises e stress

ANNA FREUD (1971 p162) considera que as normas escolares prestam

pouca ou nenhuma atenC80 as diferencas individuais

o aluno deve sentir-se desafiado e envolvido no processo a todo instante A

capacidade de empatia entre professor e aluno e 0 segredo do sucesso no

23

relacionamento entre ambos A auto-estima e urn ponto tambem fundamental para

um comportamento bem integrado

Num sistema educacional problematico como 0 do Brasil unido ascaracteristicas pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita5es

do professor e toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sal a

de aula interferem na aprendizagem como urn todo Pais e professores devem estar

atentos para educar desde os primeiros dias de vida para a disciplina que nao

5ubmete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemple e 0 dialogo

E preciso que a escala como urn todD e principal mente seu corpo docente

ampliem a consciencia a respeito da responsabilidade que tern em relacao ao futuro

dos seus alunos e alem disso que possam perceber a importancia do bern estar

psicol6gico como uma situacao fundamental para a aprendizagem satisfat6ria A

escola pode e deve propiciar ao aluno seguranca emocional para que ele possa

vivenciar vinculos saudaveis com seus professores e colegas

Espera-se que Utenham uma visao positiva da vida e sentido de humor que

sejam capazes de apreciar 0 valor de uma boa risada para eliminar pequenos

ressentimentos e aborrecimentos que prejudicam 0 crescimento do aluno (MOULY

1979 p 134)

E urgente a necessidade de uma nova escola desenhada para a mente e 0

cora~ao que ensina autocontrole empatia a arte de ouvir de resolver conflilos de

cooperar

A indisciplina pode ser definida como

Indisciplina e a recusa de $ubmeter-se as regras de aprendizagem educativa e a seu sistemade transmissao institucional Relacionada com 0 contexto familiar e escolar a indisciplina eum dos sintomas dos disturbios da inf~ncia e da adolescencia Quee preciso situar no campomutti~imensional da~ i~teracOesentre processos de aprendizagem e finalidades da educayaorelayao educadorlsuJeltolgrupos de alunosJclasse sistema de avaliacao e risco de fracasso

24

Ultrapassando 0 simples registro dos disturbios de carater a indisciplina tern a ver comfatores psicossociais que dao sentido a essa forma de insubmissflo (DORON et ai 1998)

Para VASCONCELLOS (1995) as manifesta90es de indisciplina na escola e

na sal a de aula sao urn problema a ser analisado na sua totalidade levando-se em

conta a familia as mudan~asocorridas na escola a professor a sociedade a crise

dos sentidos e dos limites considerando-se que 0 que se entende por disciplina e

como construi-Ia nurn processo de interarao entre 0 adolescente e a

professorescola

A educaC8o no seu verdadeiro sentido naD se faz sem autoridade pais 0

educando precisa do referencial do educador a fim de ter base para a constru9ao do

seu eu Muitas vezes 0 professor nao consegue disciplina porque nao tem

autoridade diante dos alunos Normalmente 0 professor fica esperando que 0 aluno

traga urn reconhecimento natural para com sua pessoa historicamente esse tempo

passou 0 tratamento de respeito tem que ser conquistado pelo professor

(VASCONCELLOS 1995)

A questao fica complicada quando temas como profissionais da educayao

elementos totalmente alheios e nao educados para a realidade atual Alem da falta

de dominio dos conteudos a serem ensinados falta-Ihes a capacidade de perceber

essas transforma90es hist6ricas que vern ocorrendo no relacionamento educando x

educador Falta-Ihes conhecimento do desenvolvimento humane e psicol6gico de

seus alunos E por fim suas pnticas pedag6gicas sao pobres de metodos que

propiciem a intera9aOe a construyao do conhecimento no respeito mutuo falta-Ihes

autoridade e capacidade de administrar a indisciplina gerada pelos fatores citados

Esses professores podem se deparar com criancas com transtorno desafiador

25

opositivo e muitos deles carecem de orientaCiies de como lidar com este tipo de

conduta

A disciplina escolar e urn conjunto de regras que devem ser obedecidas para

o exito do aprendizado escolar Portanto ela e uma qualidade de relacionamento

humano entre 0 corpo docente e 0$ alunos em uma sala de aula e

consequentemente na escola respeitando as caracteristicas de cada urn dos

envolvidos (TIBA 1996)

Para que haja disciplina em sala de aula isto e alunos motivados satisfeitos

com a aula e necessaria que 0 professor seja urn grande conhecedor do que

ensina da realidade que 0 cerca e tenha a capacidade de envolver 0 aluno na sua

sala usanda uma metodologia e uma didatica que nao deem margem a apatia ao

cans890 a monotonia para ambas as partes 0 aluno deve sentir-se desafiado e

envolvido no processo a todo instante A capacidade de empatia entre professor e

aluno e 0 segredo do sucesso no relacionamento entre ambos

Para TIBA (1996) a indisciplina na escola e vista como conseqOencia do

sistema educacional brasileiro que afeta diretamente as rela90es dos individuos em

sal a de aula e na escola Urn sistema total mente falido unido as caracteristicas

pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita~oes do professor e

toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sala de aula A auto-

estima e citada pelo autor como fundamental para um comportamento bem

integrado Ele aponta tambem inumeras sugestiies para os pais e professores no

sentido de como educar desde os prirneiros dias de vida para a disciplina que nao

submete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemplo e 0 dialogo

Por outro lado encontra-se a escola tentando cumprir a sua funCao (orientar

na constru~ao do conhecimento) e freqDentemente quando 0 professor se depara

26

com um alune que esta precisando de ajuda no aspecto emocional encontra-se

despreparado para lidar com a questao reagindo com intolerancia Consideram

muitas vezes mais tacil fazer julgamentos como 0 alune naD tern jeito bulle da

familia tal todos as irmaos desta familia ja fcram meus alunos e sao todos i9uais

Eventualmente recusam-se a participar de cursos de atualiza9ao e aperfei90amento

e preferem adetar a postura de que sabem que 0 alunD naD tern jeito mesma e nada

S8 tern a fazer a que favorece 0 rebaixamentoda auto-estima do alune e 0

agravamento do problema gerando disc6rdias e aborrecimentos na escola

Urn Dutro aspecto a ser considerado e que tudo sa tornaria mais facil para a

crianca se ao ingressar na escola ela pudesse encontrar um ambiente acolhedor

com regras bern definidas professores conhecedores dessa realidade com

formacaopsicol6gica para propiciar momentos de tomada de consciencia do porque

daquele comportamento fazendo acontecer a catarse e redirecionando as modos de

agir de tais crian~s e adolescentes Porem a realidade das escolas e bem outra 0

proprio ambiente e a mentalidade favorece que ela a crianca a adolescente

coloquem toda a agressao reprimida suas neuroses seu 6dio seus sentimentos

de culpa sua revolta contra a autoridade e a patrimonio escolar Muitas vezes 0

atuno encontra professores que nao se libertaram dos traumas e problemas dos

quais eles mesmos foram vitimas na primeira infancia alern de desconhecerem e

nao saberem lidar com a crianca e 0 adolescente problematico pelo desprepara

pedag6gico e a falta de metodos adequados e atrativos para prender a aten9ao e 0

interesse de seus alunos Sua pratica pedag6gica e pobre de recursos e estrategias

que desafiem e motivern tais alunos a se auto valorizarem elevando a auto-estima

Urn dos pontes mais comuns entre as indisciplinados e a sentimento de

menos valia aem da fata de conffan9a nos contatos e na produtividade Percebe-se

27

assim que para reverter essa questao naD basta trabalhar com a aluno E

necessario urn trabalho junto aos professores e familias criando estrategias que

modifiquem 0 ambiente e urn relacionamento mais verdadeiro mais equilibrado

deve ser estabelecido em todos as sentidos - trabalhando-se em equipe

28

3 0 CASO DE UMA CRIANCA COM TRANSTORNO DESAFIADOR OPOSITIVO

Foram utilizadas entrevistas com a mae professores e irmaos Encontros com

a crian-a em sess6es com durayao de 50 minutos cnde utilizou-se de metod as

como desenhos brincadeiras jogos regrados massa de modelar

31 HIST6RIGO DO GASO

F e urna rnenina de cinco anos cayula tendo um irmao de 21 anos e urna

irma de 17 anas de idade

o pai faleceu com 49 anas ha apraximadamente 01 ana e a mae atualmente

com 49 anas teve F com 43 anas

o pai fai marta par paliciais em frente a sua casa Estava bebada e saiu a rua

armada e um carro da palicia apareceu e 0 viu sentado na calcadalogo depois

vieram muitas viaturas e a mae pediu que levassem 0 marido para passar a noite na

cadeia mas que naD fizessem nenhum mal a ele Neste momento 0 pai de F

comeyou a atirar e aS policiais (segundo a mae 18 policiais aproximadamente)

invadiram a casa e comeyaram a atirar A familia fa para os fundos da casa e a mae

passou F par cima do muro para a casa da vizinha Quando a familia voltou para

frente da casa as paliciais disseram que a pai de F estava ferida na perna e

levaram-na para a hospital mas segundo a relata da mae ele ja estava marta e

havia na verdade levado urn tiro na cabeca F nao viu a cena mas escutou tudo

Ganforme relata da mae a partir da data do acarrida F naa abedece faz de

canta que naa escuta e quando quer alga came9a a tremer A mae diz que a filha

29

ficou assim desde a marte do pai pais este a bajulava muito fazia tudo 0 que ela

desejava

F sempre foi mimada pelo pai este nunca repreendia a filha por algo de

errado que ela fizesse Para 0 pai F nunca estava errada inclusive quando ela e a

irma mais velha brigavam 0 pai sempre ia em defesa da mais nova e para protege-

la amea98va bater na mais velha

A queixa principal da mae e que F comeya a tremer quando quer algo de que

gosta muito nao obedece a regras e Iimites impostos pelos responsaveis

Nas observayiies comportamentais notou-se que F testa os limites dos

adultos para conseguir 0 que deseja e as pesso8s que a cercam para se livrarem

das birras acabavam por fazer 0 que ela queria Mas essas mesmas pessoas

comeyaram a perceber que a falta de regras e limites jil ultrapassava 0 limite do

suportaveJ

Segundo HANISH et al (1999) 0 transtorno desafiador opositivo aparece

antes dos 10 anos Normalmente torna-se aparente na idade pre-escolar que e 0

caso desta crianga

Na escola F naD interagia com as colegas na hara de fazer brincadeiras em

grupo nac conseguia se relacionar com as colegas quando a professora pedia para

fazer alguma atividade F fazia do jeito que queria e nao como a professora

solicitava

Para que houvesse progresso no tratamento foi fundamental que a mae e as

demais pessoas que rodeiam a crian~a modificassem sua forma de agir e para que

isso ocorresse foi preciso fazer urn remanejo de conduta dessas pessoas Fez-se

pois necessaria orientacao e treinamento para auxilia-Ios nesta mudanlta

30

32 EVOLUCAO DO CASO

As intervenyoes utilizadas neste casc com a mae fcram em forma de

orientayao na freqOencade pelo menDS uma vez par meso Mais recentemente este

trabalho com a mae vern sendo feito a cada quinze dias

Em conversa com a mae esta mencionou que naD queria fazer como seus

pais naD que eles fassem ruins disse ela mas eles nao conversavam e naD tinham

tempo de dar aten9ao e de ensinar os deveres da escola Tudo 0 que ela aprendeu

na escola foi par esforyo proprio e naD queria que isso acontecesse com sua filha

entaD ela au as irmaos mais velhos sentam com F e a ensinam

Mais tarde foi feita uma entrevista com a professora e esta mostrou todas as

li90es de F e disse que aquelas atividades nao haviam side feitas pela crian9a e sim

por seu irmao e que a professora ja havia mandado bilhetes pedindo que nao

fizessem mais as atividades da escola par F A mae foi orientada a dar mais

incentivo a F em lugar de fazer os deveres por ela pois F nilo tinha problemas de

aprendizagem mas par falta de incentivo poderia vir a ter

Com F foram utilizadas brincadeiras como pintura com aquarela desenhos

massa de modelar hist6ria infantis Atraves destes me-todosforam utilizados refor~o

e a punicao quando necessarios

o refor9Q foi atraves de elogios sorriso e aten9ao quando F realizava urn

comportamento desejavel A punitao consistiu em retirar uma atividade que ela

gostava muito como desenhar OU tambem ignorar a sua atitude mantendo a calma

No terceiro encontro F mencionou 0 pai dizendo que ele comprava doces

para ela mas nao quis continuar falando sobre ele alegando que 0 irmao mais velho

nao gostava Mais tarde em outras sess6es tornou-se claro ser isto fantasia sua

31

Nos primeiros encontros corn F ela demonstrou S8r cordata entretanto a

partir do quarto encontro F mostrou comportamentos de manipula9ao ou seja

querer controlar a situacao e que tude salsse da forma que queria para que todos

as seus desejos fossem realizados atitude comum em casa ou na escola

A quinta sessao foi para verificar a interacao de F com a mae F mostrou-se

intransigente naD obedeceu a nenhuma das ordens da mae na hora de guardar as

brinquedos gritou com a mae e esta demonstrou claramente nao conseguir dar

limites a sua filha A mae conseguiu dizer neste momento que se F estivesse em

casa iria apanhar com uma varinha mas ista naD adiantou pais F ficou irredutivel

Ao final da sessao quando tudo estava no seu devido lugar F ja estava agindo como

se nada tivesse ocorrido a mae mencionou que F era muito nervoS8

A partir da sexta sessao loram leitos contratos com F os quais ela aceitou

com lacilidade

Apos 0 contrato feito na sessao anterior na setima sessao foi trabalhado a

limite atraves de acordos leitos com F como pedir para que ela escolhesse

somente tres tipos de brinquedos da caixa que s6 iria embora quando a horario da

sessao terminasse e que as Iimites seriam colocados pela terapeuta Com estas

regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela queria

A partir da oitava sessao loi levantada a hip6tese do problema de F ser

transtorno desafiador opositivo pais ela demonstrou as comportamentos de querer

dominar e mostrar que poderia mandar mas com muita paciencia foram impastos

limites atraves do silencio mostrando que nem tudo poderia ser como ela queria e

assim acabou aceitando

A nona sessao loi destinada a orientar a mae em como agir com a filha e loi

proposto para que a mae assistisse a proxima sessao atras do espelho

32

Como foi sugerido para a mae na sessao passada ela ficou ats do espelho

para ver como a filha interagia e poder verificar qual seria a melhor forma de lidar

com ela

A decima segunda sessao foi destinada a mae para verificar como estava 0

comportamento de F fora da terapia Ela comentou que 0 comportamento da filha

melhorara muito que as tremores 56 ocorriam esporadicamente Foi orientado amae que quando Dcarressem as tremores ela deveria fazer de conta que naD havia

percebido nada

Foram feitas diversas sess6es seguidas mais precisamente da decima

terceira il decima setima com F destinadas a trabalhar regras e limites Este

trabalho foi realizado atraves de acordos com F como por exemplo pedir que ela

escolhesse apenas tres brinquedos da caixa au escolhesse entre desenhar e ouvir

historias au ainda entre conversar e brincar tambem poderia escolher entre brincar

de casinha e desenhar

A decima oitava sessao foi urna sessao diferente pOis foi destinada aprofessora de F para verificar como F estava S8 comportando e se relacionando

com colegas em sala de aula enos interval os A professora levantou a hip6tese de F

ter problemas de aprendizagem pois as atividades escolares dela nao eram

compativeis com a de seus colegas de classe Mas foi constatado atraves das

atividades que eram enviadas para serem feitas em casa que 0 que faUava para F

era estimulo pOisseu irmao fazia suas atividades por ela

Foram feitas duas sessoes seguidas (decima nona e vigesimal para

comprovar se havia problemas de aprendizagem com F Sessoes estas de recorte e

colagem e de hist6ria (Cinderela) Com estas atividades pode se constatar que F

33

tern plena capacidade de realizar tarefas sDzinha talvez com uma pequena

orienta9ao quando solicitado por ela

A vigesima primeira foi mais uma sessao dedicada a orient89ao a mae

quando esta mencionou que Festa cada vez melhor seus tremores quando quer

chamar a aten9ao estao diminuindo a cada dia

No vigesimo segundo encontro com F a interven9ao utilizada foi 0 desenho

Eta desenhou margaridas e mencionou que se fosse uma planta queria ser uma

margarida e S8 fosse urn objeto queria ser uma estrela Ja na sessao seguinte que

foi a vigesima terceira a intervencao utilizada foi brincar de casinha cnde F mostrou

a sua intera9ao familiar dizendo que trabalhava em um hotel (como na realidade sua

mae trabalha) 0 marido trabalhava em hotel e seu pai estava muito doente (na

realidade ja e falecido) e tinha muitas dores no corpo

Ate 0 momento foram feitas as vinte e tres sess6es aqui descritas nas quais

a crianya demonstrou significativas mudantas no comportamento

33 ANALISE DO CASO

Inicialmente F nae obedecia fazia de conta que naD escutava e quando

queria algo come9ava a tremer nao obedecendo a regras e limites impostos pelos

respons8veis A mae dizia que a filha ficou assim desde a morte do pai pais este a

bajulava muito fazia tudo 0 que ela desejava

Notou-se que F testava os limites dos adultos para conseguir 0 que desejava

e as pessoas que a cercavam para se livrarem das birras acabavam par fazer 0

que ela queria

34

Na escola nao conseguia se relacionar com os colegas quando a professora

pedia para fazer alguma atividade F lazia do jeito que queria

A mae de F fazia as atividades par ela dizendo que ~nao queria tazer como

seus pais naD que eles fassem ruins mas eles naD conversavam e naD tinham

tempo de dar atenC80 e de ensinar as deveres da escola

Durante 0 tratamento F inicialmente demonstrou ser cordata posteriormente

mostrou comportamentos de manipulayM querendo controlar a situayao e

procurando forcar que todos as seus desejos fassem realizados Na presenva da

mae nao obedeceu a nenhuma das ordens dela gritou e ficou clara a dificuldade da

mae em dar limites a filha F mostrava-se muito irritada

Foram feitos contratos com F e passou-se a trabalhar atraves de acordos as

limites Com estas regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela

queria

No tratamento foi fundamental que a mae e as demais pessoas que rodeiam a

crianya modificassem sua forma de agir Foi orienlado a mae que quando

ocorressem as tremores ela devena fazer de conta que nao havia percebido nada

Em sessao com a professora de F constatou-se que a hipotese de

problemas de aprendizagem se apresentava mais em lace da lalta de estimulo para

que esta realizasse suas pr6pnas atividades ao inves de que outras pessoas as

fizessem por ela Foram leitas sessees com a finalidade de comprovar se F tinha

problemas de aprendizagem e verificou-se que esla linha plena capacidade de

realizar as tarefas sozinha Em relayao a interayao familiar F dramatrizou em uma

atividade que sua mae trabalhava em um hotel 0 que correspondia a realidade e 0

marido trabalhava em hotel que seu pai estava muito doenle e tinha muitas dores

35

no corpo quando na realidade seu pai ja era falecido Mostrava com isso a falta que

a funy80 paterna Ihe fazia

A mae de F I numa sessao dedicada a sua orientay8o mencionou que F

estava cada vez melhor e que seus tremores para chamar a atenC80 estavam

diminuindo a cada dia

36

4 ORIENTA~OES AOS PAIS

ZAGURY (2001 p59) na complexa tarefa de dar limites sem ser autocratico

ou seja de como disciplinar sem bater OU sem ser coercitivQ com a crianya sugere

algumas estrategias

bull Premiar ou recompensar a born comportamento - sempre que a crianca

tiver atitudes corretas devemos ressaltar este tatoo E bern comum que as

pais muito ocupados com tarefas cotidianas esqueltam de elogiar

somente lembrando de ralhar quando os ftlhos fazem algo errado Desta

forma as criancas entendem que naD vale a pena fazer tudo certinhon

pois nao recebem aprova9ao A melhor forma de alcan9ar um objetivo

educativo e elogiar incentivar e ressaltar tudo a que a crianca fizer de

positivo

bull Diferenciar premiar de dar coisas materiais - apesar do consumismo

vigente as crianvas ainda valorizam mais urn carinho urn elogio sincero

reconhecimento do esforco do que presentes dinheiro e viagens

Eventualmente pode-se presentear materialmente mas e importante nao

comprarmos as crianras pois desta forma elas aprendem a agir de modo

calculista Se dermos nosso carinho e aprovayao seu ego se fortalecera

sua auto-estima se elevara e gradualmente a crianya sentira prazer em

agir de forma adequada

bull Fazer com que a crianya assuma as conseqOemcias dos seus atos - com

carinha e naturalidade devemos conversar e agir apontando seus erras e

fazendo com que reftitam sobre as atitudes incorretas antieticas ou

egocentricas tomando 0 cuidado de deixar claro que 0 que desaprovamos

37

sao as atitudes incorretas e naD suas caracteristicas pessoais 5e mesma

ap6s a explica~o a crianca reincidir na atitude incorreta entao e 0

momento de faze-Ia compreender que e responsavel pelos seus atos e

tambem pelas suas conseqGencias Deve-se ressaltar as consequemcias

do ato born carinho aprova~o estimulo etc Como do ato incorreto

desaprova9ilo nao reforyamento deixar de fazer algo que gostam etc

Deve-se ter em mente que as elogios premiacoes bern como as puni90es

devem ser proporcionais ao fato Ou seja e necessario que se tenha born sensa e

equilibrio para que as acoes sejam autenticas e valorizadas pel as criancas

COUTINHO FILHO (2003) tambem sugere algumas possibilidades para

colocar parametros de limites para a crianca

bull Nao coloque limites conforme seus desejos pessoais

bull Demonstre que voce e as demais adultos tambem tern limites a respeitar

bull Diga qual puni9ilo a ser dada para cada limite ultrapassado e nao deixe de

executa-Ia

bull De puniyoes brandas para atitudes brandas e puniyoes pesadas para

atitudes pesadas

bull Deixe claro que a puniyao Eo pelo ate e nao pela pessoa

bull Justifique os motivos do limite Nao faca isso porque nao quero ou nao

gosto nao Eo justificativa

bull Repita quantas vezes for necesstuio

bull Use sua autoridade sem provocar submissao e mal estar

bull Use da afetividade para impor limites

38

ZAGURY (2001) destaca pontos importantes para nao perder a autoridade

perante os filhos

bull Cumpra 0 que disse (seja premia ou conseqOemcia) ou seja ameacou

execute prometeu faya

bull Seja coerente 0 que nao pode nao pode nunca (salvo raras excessoes)

nao mude de atitude como quem mud a de roupa (au de acordo com 0 seu

humor)

bull Faya com que seus filhos gradualmente assumam responsabilidades

Deixe que eles participem das decisoes sabre premios ou conseqOeuromcias

- isto ajuda a amadurecer e compromete a crianca e as jovens que

aderem mais ao que ajudam a construir (mesma que sejam sans6es para

eles proprios)

bull Cuidado com 0 que diz e com 0 modo como diz - critique 0 ato nunca a

pessoa ou a personalidade de seus filhos Trate somente do assunto que

S8 esta analisando no momento naD desenterre coisas do passado sem

necessidade Nao fique com pena da crianya se ela chorar ficar triste

nao talar com voce E melhor ela ficar triste hoje mas aprender a respeitar

o pr6ximo a 5i propria e a palavra empenhada do que sofrer futuramente

nos seus relacionamentos interpessoais

Segundo TIBA(2002) os filhos nao vem com manual pois eles mesmos sao 0

manual au seja cada criancaencerra uma individualidade e a cada dia os pais irao

aprendendo com cada filho E importante neste aprendizado os pais privilegiarem 0

desenvolvimento relacional atraves de um procedimento basico que deve ser

aplicado a cada fllho Para TBA (2002) ese procedimento e valido para qualquer

39

relacionamento entre pessoas de qualquer idade mas que e relevante na formaC8o

da auto-estima da criancadesde 0 seu nascimento Para 0 atendimento integral a

uma crian9 sao cinco os passos parar ouvir olhar pensar e agir (TIBA 2002

p127)

TIBA (2002) descreve os cinco passos da seguinte forma

1 Parar - parar 0 que estiver fazendo ou pensando e dar atenyao total acriancaCasa naD possa parar naquele exato momento vale colaear uma

das maos no ombro da crian9 enquanto diz que logo vai atende-Ia A

crianya deve ficar esperando ali juntinho de voce Pode ser que ela queira

sair para voltar logo depois Se a iniciativa de sair for da crianca a

responsabilidade de voltar sera dela Mas deve evitar ao maximo dizer

para a crianca ocupar-se com Dutra caisa enquanto voce termina 0 que

esta fazendo Nem sempre ela volta outra vez pelo mesmo motivo E

tambem fundamental deixar de lado ideias preconcebidas sobre 0 que a

crianca vai fatar Se voce pensa ~Iavern aquela chata me encher Dutra

vez seu cerebro ja esta preenchido em parte com esse pensamento e

voce perde a chance de atende-Ia integralmente

2 Ouvir - e a parte racional Os pais devem olhar no funda dos ahos da

crianca como se a Duvissem com as ahos A criany8 precisa aprender a

se expressar Nao se deve tentar adivinhar 0 que ela quer Quando pede

alguma coisa esta desenvolvendo sua capacidade de pensar de formular

uma pergunta e de se expressar para que outras pessoas possam

compreende-Ia

3 Olhar - e a parte instintiva Num piscar de olhos uma pessoa consegue

ver tantas coisas que levaria muito tempo explica-Ias em palavras Tudo 0

40

que se percebe visualmente tambem tem que ser considerado para

compreender a crian9a

4 Pensar - lados os elementos percebidos tanto visualmente quanto

verbal mente mais 0 sentido educativo que se que ira imprimir na forma9ao

da criana devem fazer parte da resposta a ser dada Sentido educativo e

o objetivo a ser atendido com a educaao que esta sendo dada (Quer que

o filho seja egoista Coloque-o sempre em primeiro lugar em detrimento

dos outros e diga sim a todos os seus desejos Quer que ele seja feliz

Ajude-o a desenvolver a satisfailo pelo que e e pelo que consegue fazer

a tolerimcia a compreensao dos Qutrosa vontade de ajudar a quem pede

e a etica do bem)

5 Agir - essa aao ou resposta deve ser bem clara e objetiva Melhor ainda

se voce puder se assegurar de que a crianca real mente saciou sua

vontade

E importante ressaltar que os cinco passos devem ser utilizados em todas as

situayaes desde 0 tombo da crian98 pequena ate quando a crian98 crescer Ao se

utilizar este procedimento basico as atitudes dos pais tendem a ser coerentes Par

exemplo se uma crianca calr naD e necessaria as pais sairem desesperados em

todas Situ8COeS mas avaiar se 0 tombo foi grave QU se foi urn tombinho que naD

precisa de maiores cuidados Tambem as pais naD devem sair dizendo que chao

feio que passa a falsa ideia que 0 chao e culpado pelo seu tombo a criana tem

que aprender que ela deve ter cuidado Se ela se choca uma ou duas vezes numa

mesa ela aprende a ter cuidado por sua pr6pria experiencia TIBA (2002 p133)

41

destaca que a afobayao e a reacao exagerada dos pais geram inseguran9a na

crianca

Outre fato bastante comum e as pais deixarem as ftlhos ganharem jogos par

exemplo tentando agrada-Ios mesmo que os deseduquem As crian9as tern uma

sabedoria natural Brincam e competem de acordo com as conhecimentos e as

capacita90es de que disp6ern E mais facil para 0 pai brincar como se fosse crian98

e deixar 0 filho ganhar sempre Esse comportamento contudo da a crianca uma

visao irreal do que e jogar Ganha-se algumas vezes perde-se outras (TIBA 2002

p136) Ou seja e mais educativ~ para a criana descobrir que podemos ser bons

em algumas caisas mas nao em tudo Passa-se uma experiencia da realidade para

a crianC8

TIBA (2002) tambem cita 0 caso de colocar a crian9a no colo enquanto se

dirige urn carro A crianC8 tern a falsa sensacao de que comanda 0 veiculo mas issa

nao passa de urn poder irreal Ao dirigir urn carrinho de brinquedo ela poderia de fato

se sentir poderosa IS50 sem falar que quando 0 filho crescer ao 15 anos par

exempla vai querer sair com 0 carro do pai mesmo sem poder Mas quando era

criancaeu podia

o caso classico da criancaquerer dormir com os pais tambem e abordado por

TIBA (2002) segundo 0 autor 0 ideal e que desde bebe a crian9a deve aprender a

dorrnir no seu lugar mesmo que ache mais gostoso aninhar-se entre os pais Ir cada

urn para sua cama da 0 sentido de que cada urn tem seu territorio ai tambem

estamos delimitando limites onde sao respeitados 0 so no e 0 espacode cada urn

Crian~asmaiores que ja andam devem ter um lugar (ou quarto) proprio para dormirMesmo que ocasionalmente adorme~am na cama dos pais e importante que sejamlevadas a sua cama para que acordem la Nao devem adquirir 0 habito de dormir nacama dos pais Tenha paciencia e fale claro em born tom olhando seriamente nofundo dos olhinhos dela ~Cada coisa no seu lugar cada pessoa na sua cama~

42

Quando a crian(f3 percebe que 0 limite e coisa sena e vai ser cumprido procura seajustar(lIBA 2002p115)

OLIVEIRA (1999 p120) enumera as diversos problemas que causam a fato

dos filhos permanecem no quarto dos pais na hora de dormir considerando-as de

difieil recupera~aoposterior

1 Faita de valorizayilo da privacidade tanto do casal como da crianya

2 Mantem a relacao simbi6tica au seja a li98980 existente entre mae e

bebe prejudicando 0 desenvolvimento emocional da crian93

3 A crianya tende a formar relayao de dependencia da protey80 e da

preseny8 dos pais ate mesma durante 0 sono

4 Quando chegar a fase em que a crianca elege entre 0 pai e a mae 0 seu

preferido tenta afastar 0 autro esticando-se e virando-se na cama de

modo a deixar a preterido desconfortavel a ponto deste mudar de lugar

sair da cama e ate mesma do quarto

E importante ressaltar que sempre as regras devem ser claras e naD sujeitas

a mudancas pois a organizacao interna dos filhos fica muito prejudicada se dormir

au nao na cama dos pais se transforma numa possibilidade que depende apenas do

humor dos pais ou de quanto 0 filho se recusa a dormir sozinho (chorando

acordando diversas vezes etc) A crian9a com autonomia de sono e mais

independente e feliz (TIBA 2002 p116)

Enfatiza-se que na maiaria dos casas as pais permitem que as criancas

fiquem ate mais tarde no quarto deles nao e par uma exigemcia ou necessidade da

crianya mas par alguma deficiencia desequilibrio au imaturidade dos proprios pais

(OLIVEIRA 1999 p122)

43

Em relaiio ao choro da crian9l ressalta-se que ha dois tipos de choro 0 que

expressa dor e 0 que busca pader

Se 0 filho descobrir que pade usar a chom como fonte de poder as pais estaoperdidos Nunca mais saberao dizer se ele chara par dar au poder Urn chore depoder Necessita dos olhos e dos ouvidos de quem se quer dominar Ingenua acrianya que usa 0 choro como pader para imediatamente apes conseguir 0 que querOai a importancia de as pais ficarem atentos para nao ser manipulados (TIBA 2002p158)

o choro que apela para 0 lade coitadinho inspira ternura Eo urn tipo de

manipula9ao que busca 0 dominio pela chantagem aletiva Eo dilicil neutralizar 0 uso

do choro como arma

Segundo liSA (2002 p159) Urn pouco de dor nao matara a crian9a assim

como urn poueD de pader nao matara as pais ( ) Se traumas infantis matassem a

humanidade estaria extinta Nao ha filho que nao tenha side contrariado A imensa

maioria deles tern condi90es de agOentar contrariedades 0 autor destaca que pais

que sao soHcitos ao extrema nao trayam um born e segura trajeto para seguir 0

resultado e que a crianya fica insegura pais perde a confianca neles ela pressente

que as pais nao tern firmeza nas suas decisoes e sao manipulaveis

Deve-se tomar cuidado com as exageros urn erro cometido pelos pais

desde que nao seja baseado na violencia em surras socas e pontapes naa traz

problema nenhum Atos como esses descarregam a raiva mas nao tern forlta

educativa pois violmcia s6 gera violencia (liSA 2002 p159)

Em rela9aOaos pais lazerem as tarelas pelos filhos ou ainda pior comprar os

resultados ressalta-se que este tipo de atitude nao ajuda a crianlta cria

dependencia e compromete 0 desenvolvimento escolar Alem disso as pais acabam

privando os filhos do gosto de uma conquista dando uma mensagem subliminar de

que eles sao incapazes Os pais nao devem privar os filhos do gosto de uma

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

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ZAGURY T Educar sem culpa a genese da etica 15 ed Rio de Janeiro Record2000

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WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

Page 22: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

19

da CrianC8 e ensinar principios eticos como honestidade solidariedade e respeito

mutua Principios estes que sao fundamentais para 0 born relacionamento social na

adolescencia e vida adulta

Limites sao regras ou normas de condula que devem ser passadas para as

criancas desde tenra idade Eles mostram as crianyas 0 que podem e 0 que naD

podem 0 que devem e 0 que nao devem fazer Ensinam tambem como respeitar 0

proximo facilitando a socializayao Os limites devem fazer parte da educaao pois

vivemos em sociedade e para a boa manutencao desta se faz necessaria a

existencia e 0 respeito as regras (COUlINHO FILHO 2003)

Em seu livro Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sobre a tirania

dos filhos ZAGURY (2000) discute os principais problemas que envolvem a

educayao dos filhos na sociedade moderna quando toda uma geraao de pais foi

influenciada par urna visao excessivamente psicologizante As ambigOidades as

diferenyas entre as regras estabelecidas pelos te6ricos sao debatidas e criticada a

tirania de alguns especialistas que contribuiram para a disseminayao de um dos

maiores males da educaao - 0 chamado psicologismo A autora alerta para a

necessidade de as pais serem criticos nas orientayoes e conhecimentos adquiridos

sobre a educaao dos filhos e chama a atenao sobre os limites e a necessidade de

autoridade por parte dos pais a importancia de se construir uma relayao baseada na

autenticidade e na democracia tanto para as crianyas quanta para seus pais

Para liSA (1996) a disciplina tern inicio antes mesmo do nascimento atraves

do modo como os pais se comportam no relacionamento mutuo Os primeiros dias

de vida e as interac6es com os pais ou pessoas que as substituem sao de

fundamental importancia no desenvolvimento bern ajustado Pois e nessa interayao

que a mae transmite 0 modo de ser da familia e isso e essencial para ajudar 0 filho

20

a formar 0 seu ser psicol6gico pois a crianca traz ao nascer apenas 0 seu ser

biol6gico

0 pai deve ter muita saude pSicol6gica para participar do gesto de

alimentat8o que tern urn significado tremendo no ge5to afetivo A crianca nao

precisa s6 de leite 0 leite alimenta 0 corpo 0 afeto e 0 alimento da alma Crian

sem afeto entra em depressao(lIBA 1996)

Deve-S8 ressaltar que 0 limite e diferente de repressao 0 primeiro S8 instala

atraves das puniyoes ja a repressao atraves da culpa A puniy80 age sabre a ato e

a culpa sabre a pessoa Durante 0 desenvolvimento da clianca 0 limite e saudtlVel

quando este refere-s8 apenas aos atos naD desrnerecendo au desvalorizando a

pessoa A crian nao deve se sentir culpada pelos seus atos mas responsavel par

estes (COUlINHO FILHO 2003)

llBA (1996) diz que os pais que exageram na preocupayao com a choro e a

comida estao contribuindo para ter urn indisciplinado dentro de casa estao

desrespeitando a desenvolvimento biol6gico da crian A mae que trabalha fora

sente-se culpada par deixar a filho sozinho na creche au na escola e depois a

superprotege para reparar a culpa acabando par criar urn folgado dentro de casa

o modo como lidar com a liberdade e Dutro fatar influenciador no comportamento da

crianya e do adolescente Impar limites sem submissao e autoritarismo e outro

desafio para os pais que precisam respeitar a espayo de individualidade sem se

submeterem aos seus caprichos

o tema indisciplina oj amplo e muito se tern ainda a pesquisar estudar e

orientar no sentido de ajudar as pais a encontrarem urn caminho mais segura na

educay80 e formayao da personalidade dos filhos que tern inicio nas primeiras

relayoes entre mae e filho

21

222 0 Papel da Escola

Se a condi9ao basica e necessaria para a aprendizagem e a integridade

moral e 0 estabelecimento da interalYBo professor versus aluno cnde fatares afetivos

e cognitivos exercem influencias decisivas na busca de realizac68s e de desejos

confirmando-Ihes determinadas caracteristicas inteny68s e significados e na escola

que ocorrem boa parte dos problemas com as quais 0 aluno S8 esbarra lentidao de

raciocinio falta de atenyao desintereSS8 indisciplina entre Qutros encontram as

suas origens na estrutura biol6gica sobretudo quando exposta ao meio ambiente

(POLITY 1998)

Em ambientes cnde estes fatares naD sao considerados relevantes que

alunos com dificuldades de aprendizagem ou com problemas de indisciplina acabam

sendo rotulados sofrendo puniyoes devido ao seu fracasso escolar Estes

apresentam lalta de interesse desmotiva980 para estudar pregui9a e distra9ao

Com isto os pais e professores nao entendem estas dificuldades e 0 aluno em seu

permanente estado de tensao nao consegue prestar aten~o e participar das aulas

nao obtendo os resultados esperados (MORAIS 1997)

Outro fator importante e a problematica emocional que deve ser considerada

como decisiva na adaptacao e rendimento escolar podendo trazer serias

conseqOemcias ao desenvolvimento e progresso emocional da crianca A escola

deve oferecer condic5es e estabilidade emocional e atraves do diagn6stico precoce

dos encaminhamentos adequados da pr09rama9aO adequada das atividades

escolares e da preparacao do professor atender a esses casos prontamente

poupando assim a crianra e a sociedade do agravamento dessas situac6es

(NOVAES 1970)

22

Neste interim surge a psicopedagogia como auxiliar no cicio aluno - familia -

escola quando se instala uma dificuldade de aprendizagem 0 psicopedagogo deve

ter urn olhar para 0 contexte global onde est inserida a criana com dificuldade de

aprendizagem as relac6es familia res e escolares

As crian~s que se evadem da escola em geral sao as mais rejeitadas

Estas criancas precisam ser estimuladas ao relacionamento a responder

adequadamente aos sentimentos do outro e a controlar tensao e ansiedade

compreendendo qual e 0 comportamento aceitavel em determinada situacao

E preciso aprender a lidar com a ira e a tristeza a respeitar as diferencas de

modo a encarar as eaisas dificeis aprender a perguntar a negociar a ser mais

assertivo Eo importante somar aos conteudos de hoje as liDes sobre sentimentos e

relacionamentos 0 primeiro passe e aprender a nomear a emoCao compreende-Ia

a partir de suas express6es faciais corpora is E essencial que 0 professor amplie

sua ViS80 sobre as quest6es emocionais desenvolvendo autodisciplina vida

virtuosa capacidade de motivar-se de enfrentar press6es e resolver conflitos

Por tudo isso a escola tem 0 compromisso moral e etico de se preocupar com

o desenvolvimento dos alunos reinventando as aulas e proporcionando a sintonia

do conteudo a capacidade de aprender Considera-se muito importante que a familia

e a escola estabelecarn urn vinculo para tentar mUdanyas em relaC80 it falta de

atenC80 e indisciplina no sentido de ajudar 0 aluno a evitar maiores dificuldades

crises e stress

ANNA FREUD (1971 p162) considera que as normas escolares prestam

pouca ou nenhuma atenC80 as diferencas individuais

o aluno deve sentir-se desafiado e envolvido no processo a todo instante A

capacidade de empatia entre professor e aluno e 0 segredo do sucesso no

23

relacionamento entre ambos A auto-estima e urn ponto tambem fundamental para

um comportamento bem integrado

Num sistema educacional problematico como 0 do Brasil unido ascaracteristicas pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita5es

do professor e toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sal a

de aula interferem na aprendizagem como urn todo Pais e professores devem estar

atentos para educar desde os primeiros dias de vida para a disciplina que nao

5ubmete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemple e 0 dialogo

E preciso que a escala como urn todD e principal mente seu corpo docente

ampliem a consciencia a respeito da responsabilidade que tern em relacao ao futuro

dos seus alunos e alem disso que possam perceber a importancia do bern estar

psicol6gico como uma situacao fundamental para a aprendizagem satisfat6ria A

escola pode e deve propiciar ao aluno seguranca emocional para que ele possa

vivenciar vinculos saudaveis com seus professores e colegas

Espera-se que Utenham uma visao positiva da vida e sentido de humor que

sejam capazes de apreciar 0 valor de uma boa risada para eliminar pequenos

ressentimentos e aborrecimentos que prejudicam 0 crescimento do aluno (MOULY

1979 p 134)

E urgente a necessidade de uma nova escola desenhada para a mente e 0

cora~ao que ensina autocontrole empatia a arte de ouvir de resolver conflilos de

cooperar

A indisciplina pode ser definida como

Indisciplina e a recusa de $ubmeter-se as regras de aprendizagem educativa e a seu sistemade transmissao institucional Relacionada com 0 contexto familiar e escolar a indisciplina eum dos sintomas dos disturbios da inf~ncia e da adolescencia Quee preciso situar no campomutti~imensional da~ i~teracOesentre processos de aprendizagem e finalidades da educayaorelayao educadorlsuJeltolgrupos de alunosJclasse sistema de avaliacao e risco de fracasso

24

Ultrapassando 0 simples registro dos disturbios de carater a indisciplina tern a ver comfatores psicossociais que dao sentido a essa forma de insubmissflo (DORON et ai 1998)

Para VASCONCELLOS (1995) as manifesta90es de indisciplina na escola e

na sal a de aula sao urn problema a ser analisado na sua totalidade levando-se em

conta a familia as mudan~asocorridas na escola a professor a sociedade a crise

dos sentidos e dos limites considerando-se que 0 que se entende por disciplina e

como construi-Ia nurn processo de interarao entre 0 adolescente e a

professorescola

A educaC8o no seu verdadeiro sentido naD se faz sem autoridade pais 0

educando precisa do referencial do educador a fim de ter base para a constru9ao do

seu eu Muitas vezes 0 professor nao consegue disciplina porque nao tem

autoridade diante dos alunos Normalmente 0 professor fica esperando que 0 aluno

traga urn reconhecimento natural para com sua pessoa historicamente esse tempo

passou 0 tratamento de respeito tem que ser conquistado pelo professor

(VASCONCELLOS 1995)

A questao fica complicada quando temas como profissionais da educayao

elementos totalmente alheios e nao educados para a realidade atual Alem da falta

de dominio dos conteudos a serem ensinados falta-Ihes a capacidade de perceber

essas transforma90es hist6ricas que vern ocorrendo no relacionamento educando x

educador Falta-Ihes conhecimento do desenvolvimento humane e psicol6gico de

seus alunos E por fim suas pnticas pedag6gicas sao pobres de metodos que

propiciem a intera9aOe a construyao do conhecimento no respeito mutuo falta-Ihes

autoridade e capacidade de administrar a indisciplina gerada pelos fatores citados

Esses professores podem se deparar com criancas com transtorno desafiador

25

opositivo e muitos deles carecem de orientaCiies de como lidar com este tipo de

conduta

A disciplina escolar e urn conjunto de regras que devem ser obedecidas para

o exito do aprendizado escolar Portanto ela e uma qualidade de relacionamento

humano entre 0 corpo docente e 0$ alunos em uma sala de aula e

consequentemente na escola respeitando as caracteristicas de cada urn dos

envolvidos (TIBA 1996)

Para que haja disciplina em sala de aula isto e alunos motivados satisfeitos

com a aula e necessaria que 0 professor seja urn grande conhecedor do que

ensina da realidade que 0 cerca e tenha a capacidade de envolver 0 aluno na sua

sala usanda uma metodologia e uma didatica que nao deem margem a apatia ao

cans890 a monotonia para ambas as partes 0 aluno deve sentir-se desafiado e

envolvido no processo a todo instante A capacidade de empatia entre professor e

aluno e 0 segredo do sucesso no relacionamento entre ambos

Para TIBA (1996) a indisciplina na escola e vista como conseqOencia do

sistema educacional brasileiro que afeta diretamente as rela90es dos individuos em

sal a de aula e na escola Urn sistema total mente falido unido as caracteristicas

pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita~oes do professor e

toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sala de aula A auto-

estima e citada pelo autor como fundamental para um comportamento bem

integrado Ele aponta tambem inumeras sugestiies para os pais e professores no

sentido de como educar desde os prirneiros dias de vida para a disciplina que nao

submete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemplo e 0 dialogo

Por outro lado encontra-se a escola tentando cumprir a sua funCao (orientar

na constru~ao do conhecimento) e freqDentemente quando 0 professor se depara

26

com um alune que esta precisando de ajuda no aspecto emocional encontra-se

despreparado para lidar com a questao reagindo com intolerancia Consideram

muitas vezes mais tacil fazer julgamentos como 0 alune naD tern jeito bulle da

familia tal todos as irmaos desta familia ja fcram meus alunos e sao todos i9uais

Eventualmente recusam-se a participar de cursos de atualiza9ao e aperfei90amento

e preferem adetar a postura de que sabem que 0 alunD naD tern jeito mesma e nada

S8 tern a fazer a que favorece 0 rebaixamentoda auto-estima do alune e 0

agravamento do problema gerando disc6rdias e aborrecimentos na escola

Urn Dutro aspecto a ser considerado e que tudo sa tornaria mais facil para a

crianca se ao ingressar na escola ela pudesse encontrar um ambiente acolhedor

com regras bern definidas professores conhecedores dessa realidade com

formacaopsicol6gica para propiciar momentos de tomada de consciencia do porque

daquele comportamento fazendo acontecer a catarse e redirecionando as modos de

agir de tais crian~s e adolescentes Porem a realidade das escolas e bem outra 0

proprio ambiente e a mentalidade favorece que ela a crianca a adolescente

coloquem toda a agressao reprimida suas neuroses seu 6dio seus sentimentos

de culpa sua revolta contra a autoridade e a patrimonio escolar Muitas vezes 0

atuno encontra professores que nao se libertaram dos traumas e problemas dos

quais eles mesmos foram vitimas na primeira infancia alern de desconhecerem e

nao saberem lidar com a crianca e 0 adolescente problematico pelo desprepara

pedag6gico e a falta de metodos adequados e atrativos para prender a aten9ao e 0

interesse de seus alunos Sua pratica pedag6gica e pobre de recursos e estrategias

que desafiem e motivern tais alunos a se auto valorizarem elevando a auto-estima

Urn dos pontes mais comuns entre as indisciplinados e a sentimento de

menos valia aem da fata de conffan9a nos contatos e na produtividade Percebe-se

27

assim que para reverter essa questao naD basta trabalhar com a aluno E

necessario urn trabalho junto aos professores e familias criando estrategias que

modifiquem 0 ambiente e urn relacionamento mais verdadeiro mais equilibrado

deve ser estabelecido em todos as sentidos - trabalhando-se em equipe

28

3 0 CASO DE UMA CRIANCA COM TRANSTORNO DESAFIADOR OPOSITIVO

Foram utilizadas entrevistas com a mae professores e irmaos Encontros com

a crian-a em sess6es com durayao de 50 minutos cnde utilizou-se de metod as

como desenhos brincadeiras jogos regrados massa de modelar

31 HIST6RIGO DO GASO

F e urna rnenina de cinco anos cayula tendo um irmao de 21 anos e urna

irma de 17 anas de idade

o pai faleceu com 49 anas ha apraximadamente 01 ana e a mae atualmente

com 49 anas teve F com 43 anas

o pai fai marta par paliciais em frente a sua casa Estava bebada e saiu a rua

armada e um carro da palicia apareceu e 0 viu sentado na calcadalogo depois

vieram muitas viaturas e a mae pediu que levassem 0 marido para passar a noite na

cadeia mas que naD fizessem nenhum mal a ele Neste momento 0 pai de F

comeyou a atirar e aS policiais (segundo a mae 18 policiais aproximadamente)

invadiram a casa e comeyaram a atirar A familia fa para os fundos da casa e a mae

passou F par cima do muro para a casa da vizinha Quando a familia voltou para

frente da casa as paliciais disseram que a pai de F estava ferida na perna e

levaram-na para a hospital mas segundo a relata da mae ele ja estava marta e

havia na verdade levado urn tiro na cabeca F nao viu a cena mas escutou tudo

Ganforme relata da mae a partir da data do acarrida F naa abedece faz de

canta que naa escuta e quando quer alga came9a a tremer A mae diz que a filha

29

ficou assim desde a marte do pai pais este a bajulava muito fazia tudo 0 que ela

desejava

F sempre foi mimada pelo pai este nunca repreendia a filha por algo de

errado que ela fizesse Para 0 pai F nunca estava errada inclusive quando ela e a

irma mais velha brigavam 0 pai sempre ia em defesa da mais nova e para protege-

la amea98va bater na mais velha

A queixa principal da mae e que F comeya a tremer quando quer algo de que

gosta muito nao obedece a regras e Iimites impostos pelos responsaveis

Nas observayiies comportamentais notou-se que F testa os limites dos

adultos para conseguir 0 que deseja e as pesso8s que a cercam para se livrarem

das birras acabavam por fazer 0 que ela queria Mas essas mesmas pessoas

comeyaram a perceber que a falta de regras e limites jil ultrapassava 0 limite do

suportaveJ

Segundo HANISH et al (1999) 0 transtorno desafiador opositivo aparece

antes dos 10 anos Normalmente torna-se aparente na idade pre-escolar que e 0

caso desta crianga

Na escola F naD interagia com as colegas na hara de fazer brincadeiras em

grupo nac conseguia se relacionar com as colegas quando a professora pedia para

fazer alguma atividade F fazia do jeito que queria e nao como a professora

solicitava

Para que houvesse progresso no tratamento foi fundamental que a mae e as

demais pessoas que rodeiam a crian~a modificassem sua forma de agir e para que

isso ocorresse foi preciso fazer urn remanejo de conduta dessas pessoas Fez-se

pois necessaria orientacao e treinamento para auxilia-Ios nesta mudanlta

30

32 EVOLUCAO DO CASO

As intervenyoes utilizadas neste casc com a mae fcram em forma de

orientayao na freqOencade pelo menDS uma vez par meso Mais recentemente este

trabalho com a mae vern sendo feito a cada quinze dias

Em conversa com a mae esta mencionou que naD queria fazer como seus

pais naD que eles fassem ruins disse ela mas eles nao conversavam e naD tinham

tempo de dar aten9ao e de ensinar os deveres da escola Tudo 0 que ela aprendeu

na escola foi par esforyo proprio e naD queria que isso acontecesse com sua filha

entaD ela au as irmaos mais velhos sentam com F e a ensinam

Mais tarde foi feita uma entrevista com a professora e esta mostrou todas as

li90es de F e disse que aquelas atividades nao haviam side feitas pela crian9a e sim

por seu irmao e que a professora ja havia mandado bilhetes pedindo que nao

fizessem mais as atividades da escola par F A mae foi orientada a dar mais

incentivo a F em lugar de fazer os deveres por ela pois F nilo tinha problemas de

aprendizagem mas par falta de incentivo poderia vir a ter

Com F foram utilizadas brincadeiras como pintura com aquarela desenhos

massa de modelar hist6ria infantis Atraves destes me-todosforam utilizados refor~o

e a punicao quando necessarios

o refor9Q foi atraves de elogios sorriso e aten9ao quando F realizava urn

comportamento desejavel A punitao consistiu em retirar uma atividade que ela

gostava muito como desenhar OU tambem ignorar a sua atitude mantendo a calma

No terceiro encontro F mencionou 0 pai dizendo que ele comprava doces

para ela mas nao quis continuar falando sobre ele alegando que 0 irmao mais velho

nao gostava Mais tarde em outras sess6es tornou-se claro ser isto fantasia sua

31

Nos primeiros encontros corn F ela demonstrou S8r cordata entretanto a

partir do quarto encontro F mostrou comportamentos de manipula9ao ou seja

querer controlar a situacao e que tude salsse da forma que queria para que todos

as seus desejos fossem realizados atitude comum em casa ou na escola

A quinta sessao foi para verificar a interacao de F com a mae F mostrou-se

intransigente naD obedeceu a nenhuma das ordens da mae na hora de guardar as

brinquedos gritou com a mae e esta demonstrou claramente nao conseguir dar

limites a sua filha A mae conseguiu dizer neste momento que se F estivesse em

casa iria apanhar com uma varinha mas ista naD adiantou pais F ficou irredutivel

Ao final da sessao quando tudo estava no seu devido lugar F ja estava agindo como

se nada tivesse ocorrido a mae mencionou que F era muito nervoS8

A partir da sexta sessao loram leitos contratos com F os quais ela aceitou

com lacilidade

Apos 0 contrato feito na sessao anterior na setima sessao foi trabalhado a

limite atraves de acordos leitos com F como pedir para que ela escolhesse

somente tres tipos de brinquedos da caixa que s6 iria embora quando a horario da

sessao terminasse e que as Iimites seriam colocados pela terapeuta Com estas

regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela queria

A partir da oitava sessao loi levantada a hip6tese do problema de F ser

transtorno desafiador opositivo pais ela demonstrou as comportamentos de querer

dominar e mostrar que poderia mandar mas com muita paciencia foram impastos

limites atraves do silencio mostrando que nem tudo poderia ser como ela queria e

assim acabou aceitando

A nona sessao loi destinada a orientar a mae em como agir com a filha e loi

proposto para que a mae assistisse a proxima sessao atras do espelho

32

Como foi sugerido para a mae na sessao passada ela ficou ats do espelho

para ver como a filha interagia e poder verificar qual seria a melhor forma de lidar

com ela

A decima segunda sessao foi destinada a mae para verificar como estava 0

comportamento de F fora da terapia Ela comentou que 0 comportamento da filha

melhorara muito que as tremores 56 ocorriam esporadicamente Foi orientado amae que quando Dcarressem as tremores ela deveria fazer de conta que naD havia

percebido nada

Foram feitas diversas sess6es seguidas mais precisamente da decima

terceira il decima setima com F destinadas a trabalhar regras e limites Este

trabalho foi realizado atraves de acordos com F como por exemplo pedir que ela

escolhesse apenas tres brinquedos da caixa au escolhesse entre desenhar e ouvir

historias au ainda entre conversar e brincar tambem poderia escolher entre brincar

de casinha e desenhar

A decima oitava sessao foi urna sessao diferente pOis foi destinada aprofessora de F para verificar como F estava S8 comportando e se relacionando

com colegas em sala de aula enos interval os A professora levantou a hip6tese de F

ter problemas de aprendizagem pois as atividades escolares dela nao eram

compativeis com a de seus colegas de classe Mas foi constatado atraves das

atividades que eram enviadas para serem feitas em casa que 0 que faUava para F

era estimulo pOisseu irmao fazia suas atividades por ela

Foram feitas duas sessoes seguidas (decima nona e vigesimal para

comprovar se havia problemas de aprendizagem com F Sessoes estas de recorte e

colagem e de hist6ria (Cinderela) Com estas atividades pode se constatar que F

33

tern plena capacidade de realizar tarefas sDzinha talvez com uma pequena

orienta9ao quando solicitado por ela

A vigesima primeira foi mais uma sessao dedicada a orient89ao a mae

quando esta mencionou que Festa cada vez melhor seus tremores quando quer

chamar a aten9ao estao diminuindo a cada dia

No vigesimo segundo encontro com F a interven9ao utilizada foi 0 desenho

Eta desenhou margaridas e mencionou que se fosse uma planta queria ser uma

margarida e S8 fosse urn objeto queria ser uma estrela Ja na sessao seguinte que

foi a vigesima terceira a intervencao utilizada foi brincar de casinha cnde F mostrou

a sua intera9ao familiar dizendo que trabalhava em um hotel (como na realidade sua

mae trabalha) 0 marido trabalhava em hotel e seu pai estava muito doente (na

realidade ja e falecido) e tinha muitas dores no corpo

Ate 0 momento foram feitas as vinte e tres sess6es aqui descritas nas quais

a crianya demonstrou significativas mudantas no comportamento

33 ANALISE DO CASO

Inicialmente F nae obedecia fazia de conta que naD escutava e quando

queria algo come9ava a tremer nao obedecendo a regras e limites impostos pelos

respons8veis A mae dizia que a filha ficou assim desde a morte do pai pais este a

bajulava muito fazia tudo 0 que ela desejava

Notou-se que F testava os limites dos adultos para conseguir 0 que desejava

e as pessoas que a cercavam para se livrarem das birras acabavam par fazer 0

que ela queria

34

Na escola nao conseguia se relacionar com os colegas quando a professora

pedia para fazer alguma atividade F lazia do jeito que queria

A mae de F fazia as atividades par ela dizendo que ~nao queria tazer como

seus pais naD que eles fassem ruins mas eles naD conversavam e naD tinham

tempo de dar atenC80 e de ensinar as deveres da escola

Durante 0 tratamento F inicialmente demonstrou ser cordata posteriormente

mostrou comportamentos de manipulayM querendo controlar a situayao e

procurando forcar que todos as seus desejos fassem realizados Na presenva da

mae nao obedeceu a nenhuma das ordens dela gritou e ficou clara a dificuldade da

mae em dar limites a filha F mostrava-se muito irritada

Foram feitos contratos com F e passou-se a trabalhar atraves de acordos as

limites Com estas regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela

queria

No tratamento foi fundamental que a mae e as demais pessoas que rodeiam a

crianya modificassem sua forma de agir Foi orienlado a mae que quando

ocorressem as tremores ela devena fazer de conta que nao havia percebido nada

Em sessao com a professora de F constatou-se que a hipotese de

problemas de aprendizagem se apresentava mais em lace da lalta de estimulo para

que esta realizasse suas pr6pnas atividades ao inves de que outras pessoas as

fizessem por ela Foram leitas sessees com a finalidade de comprovar se F tinha

problemas de aprendizagem e verificou-se que esla linha plena capacidade de

realizar as tarefas sozinha Em relayao a interayao familiar F dramatrizou em uma

atividade que sua mae trabalhava em um hotel 0 que correspondia a realidade e 0

marido trabalhava em hotel que seu pai estava muito doenle e tinha muitas dores

35

no corpo quando na realidade seu pai ja era falecido Mostrava com isso a falta que

a funy80 paterna Ihe fazia

A mae de F I numa sessao dedicada a sua orientay8o mencionou que F

estava cada vez melhor e que seus tremores para chamar a atenC80 estavam

diminuindo a cada dia

36

4 ORIENTA~OES AOS PAIS

ZAGURY (2001 p59) na complexa tarefa de dar limites sem ser autocratico

ou seja de como disciplinar sem bater OU sem ser coercitivQ com a crianya sugere

algumas estrategias

bull Premiar ou recompensar a born comportamento - sempre que a crianca

tiver atitudes corretas devemos ressaltar este tatoo E bern comum que as

pais muito ocupados com tarefas cotidianas esqueltam de elogiar

somente lembrando de ralhar quando os ftlhos fazem algo errado Desta

forma as criancas entendem que naD vale a pena fazer tudo certinhon

pois nao recebem aprova9ao A melhor forma de alcan9ar um objetivo

educativo e elogiar incentivar e ressaltar tudo a que a crianca fizer de

positivo

bull Diferenciar premiar de dar coisas materiais - apesar do consumismo

vigente as crianvas ainda valorizam mais urn carinho urn elogio sincero

reconhecimento do esforco do que presentes dinheiro e viagens

Eventualmente pode-se presentear materialmente mas e importante nao

comprarmos as crianras pois desta forma elas aprendem a agir de modo

calculista Se dermos nosso carinho e aprovayao seu ego se fortalecera

sua auto-estima se elevara e gradualmente a crianya sentira prazer em

agir de forma adequada

bull Fazer com que a crianya assuma as conseqOemcias dos seus atos - com

carinha e naturalidade devemos conversar e agir apontando seus erras e

fazendo com que reftitam sobre as atitudes incorretas antieticas ou

egocentricas tomando 0 cuidado de deixar claro que 0 que desaprovamos

37

sao as atitudes incorretas e naD suas caracteristicas pessoais 5e mesma

ap6s a explica~o a crianca reincidir na atitude incorreta entao e 0

momento de faze-Ia compreender que e responsavel pelos seus atos e

tambem pelas suas conseqGencias Deve-se ressaltar as consequemcias

do ato born carinho aprova~o estimulo etc Como do ato incorreto

desaprova9ilo nao reforyamento deixar de fazer algo que gostam etc

Deve-se ter em mente que as elogios premiacoes bern como as puni90es

devem ser proporcionais ao fato Ou seja e necessario que se tenha born sensa e

equilibrio para que as acoes sejam autenticas e valorizadas pel as criancas

COUTINHO FILHO (2003) tambem sugere algumas possibilidades para

colocar parametros de limites para a crianca

bull Nao coloque limites conforme seus desejos pessoais

bull Demonstre que voce e as demais adultos tambem tern limites a respeitar

bull Diga qual puni9ilo a ser dada para cada limite ultrapassado e nao deixe de

executa-Ia

bull De puniyoes brandas para atitudes brandas e puniyoes pesadas para

atitudes pesadas

bull Deixe claro que a puniyao Eo pelo ate e nao pela pessoa

bull Justifique os motivos do limite Nao faca isso porque nao quero ou nao

gosto nao Eo justificativa

bull Repita quantas vezes for necesstuio

bull Use sua autoridade sem provocar submissao e mal estar

bull Use da afetividade para impor limites

38

ZAGURY (2001) destaca pontos importantes para nao perder a autoridade

perante os filhos

bull Cumpra 0 que disse (seja premia ou conseqOemcia) ou seja ameacou

execute prometeu faya

bull Seja coerente 0 que nao pode nao pode nunca (salvo raras excessoes)

nao mude de atitude como quem mud a de roupa (au de acordo com 0 seu

humor)

bull Faya com que seus filhos gradualmente assumam responsabilidades

Deixe que eles participem das decisoes sabre premios ou conseqOeuromcias

- isto ajuda a amadurecer e compromete a crianca e as jovens que

aderem mais ao que ajudam a construir (mesma que sejam sans6es para

eles proprios)

bull Cuidado com 0 que diz e com 0 modo como diz - critique 0 ato nunca a

pessoa ou a personalidade de seus filhos Trate somente do assunto que

S8 esta analisando no momento naD desenterre coisas do passado sem

necessidade Nao fique com pena da crianya se ela chorar ficar triste

nao talar com voce E melhor ela ficar triste hoje mas aprender a respeitar

o pr6ximo a 5i propria e a palavra empenhada do que sofrer futuramente

nos seus relacionamentos interpessoais

Segundo TIBA(2002) os filhos nao vem com manual pois eles mesmos sao 0

manual au seja cada criancaencerra uma individualidade e a cada dia os pais irao

aprendendo com cada filho E importante neste aprendizado os pais privilegiarem 0

desenvolvimento relacional atraves de um procedimento basico que deve ser

aplicado a cada fllho Para TBA (2002) ese procedimento e valido para qualquer

39

relacionamento entre pessoas de qualquer idade mas que e relevante na formaC8o

da auto-estima da criancadesde 0 seu nascimento Para 0 atendimento integral a

uma crian9 sao cinco os passos parar ouvir olhar pensar e agir (TIBA 2002

p127)

TIBA (2002) descreve os cinco passos da seguinte forma

1 Parar - parar 0 que estiver fazendo ou pensando e dar atenyao total acriancaCasa naD possa parar naquele exato momento vale colaear uma

das maos no ombro da crian9 enquanto diz que logo vai atende-Ia A

crianya deve ficar esperando ali juntinho de voce Pode ser que ela queira

sair para voltar logo depois Se a iniciativa de sair for da crianca a

responsabilidade de voltar sera dela Mas deve evitar ao maximo dizer

para a crianca ocupar-se com Dutra caisa enquanto voce termina 0 que

esta fazendo Nem sempre ela volta outra vez pelo mesmo motivo E

tambem fundamental deixar de lado ideias preconcebidas sobre 0 que a

crianca vai fatar Se voce pensa ~Iavern aquela chata me encher Dutra

vez seu cerebro ja esta preenchido em parte com esse pensamento e

voce perde a chance de atende-Ia integralmente

2 Ouvir - e a parte racional Os pais devem olhar no funda dos ahos da

crianca como se a Duvissem com as ahos A criany8 precisa aprender a

se expressar Nao se deve tentar adivinhar 0 que ela quer Quando pede

alguma coisa esta desenvolvendo sua capacidade de pensar de formular

uma pergunta e de se expressar para que outras pessoas possam

compreende-Ia

3 Olhar - e a parte instintiva Num piscar de olhos uma pessoa consegue

ver tantas coisas que levaria muito tempo explica-Ias em palavras Tudo 0

40

que se percebe visualmente tambem tem que ser considerado para

compreender a crian9a

4 Pensar - lados os elementos percebidos tanto visualmente quanto

verbal mente mais 0 sentido educativo que se que ira imprimir na forma9ao

da criana devem fazer parte da resposta a ser dada Sentido educativo e

o objetivo a ser atendido com a educaao que esta sendo dada (Quer que

o filho seja egoista Coloque-o sempre em primeiro lugar em detrimento

dos outros e diga sim a todos os seus desejos Quer que ele seja feliz

Ajude-o a desenvolver a satisfailo pelo que e e pelo que consegue fazer

a tolerimcia a compreensao dos Qutrosa vontade de ajudar a quem pede

e a etica do bem)

5 Agir - essa aao ou resposta deve ser bem clara e objetiva Melhor ainda

se voce puder se assegurar de que a crianca real mente saciou sua

vontade

E importante ressaltar que os cinco passos devem ser utilizados em todas as

situayaes desde 0 tombo da crian98 pequena ate quando a crian98 crescer Ao se

utilizar este procedimento basico as atitudes dos pais tendem a ser coerentes Par

exemplo se uma crianca calr naD e necessaria as pais sairem desesperados em

todas Situ8COeS mas avaiar se 0 tombo foi grave QU se foi urn tombinho que naD

precisa de maiores cuidados Tambem as pais naD devem sair dizendo que chao

feio que passa a falsa ideia que 0 chao e culpado pelo seu tombo a criana tem

que aprender que ela deve ter cuidado Se ela se choca uma ou duas vezes numa

mesa ela aprende a ter cuidado por sua pr6pria experiencia TIBA (2002 p133)

41

destaca que a afobayao e a reacao exagerada dos pais geram inseguran9a na

crianca

Outre fato bastante comum e as pais deixarem as ftlhos ganharem jogos par

exemplo tentando agrada-Ios mesmo que os deseduquem As crian9as tern uma

sabedoria natural Brincam e competem de acordo com as conhecimentos e as

capacita90es de que disp6ern E mais facil para 0 pai brincar como se fosse crian98

e deixar 0 filho ganhar sempre Esse comportamento contudo da a crianca uma

visao irreal do que e jogar Ganha-se algumas vezes perde-se outras (TIBA 2002

p136) Ou seja e mais educativ~ para a criana descobrir que podemos ser bons

em algumas caisas mas nao em tudo Passa-se uma experiencia da realidade para

a crianC8

TIBA (2002) tambem cita 0 caso de colocar a crian9a no colo enquanto se

dirige urn carro A crianC8 tern a falsa sensacao de que comanda 0 veiculo mas issa

nao passa de urn poder irreal Ao dirigir urn carrinho de brinquedo ela poderia de fato

se sentir poderosa IS50 sem falar que quando 0 filho crescer ao 15 anos par

exempla vai querer sair com 0 carro do pai mesmo sem poder Mas quando era

criancaeu podia

o caso classico da criancaquerer dormir com os pais tambem e abordado por

TIBA (2002) segundo 0 autor 0 ideal e que desde bebe a crian9a deve aprender a

dorrnir no seu lugar mesmo que ache mais gostoso aninhar-se entre os pais Ir cada

urn para sua cama da 0 sentido de que cada urn tem seu territorio ai tambem

estamos delimitando limites onde sao respeitados 0 so no e 0 espacode cada urn

Crian~asmaiores que ja andam devem ter um lugar (ou quarto) proprio para dormirMesmo que ocasionalmente adorme~am na cama dos pais e importante que sejamlevadas a sua cama para que acordem la Nao devem adquirir 0 habito de dormir nacama dos pais Tenha paciencia e fale claro em born tom olhando seriamente nofundo dos olhinhos dela ~Cada coisa no seu lugar cada pessoa na sua cama~

42

Quando a crian(f3 percebe que 0 limite e coisa sena e vai ser cumprido procura seajustar(lIBA 2002p115)

OLIVEIRA (1999 p120) enumera as diversos problemas que causam a fato

dos filhos permanecem no quarto dos pais na hora de dormir considerando-as de

difieil recupera~aoposterior

1 Faita de valorizayilo da privacidade tanto do casal como da crianya

2 Mantem a relacao simbi6tica au seja a li98980 existente entre mae e

bebe prejudicando 0 desenvolvimento emocional da crian93

3 A crianya tende a formar relayao de dependencia da protey80 e da

preseny8 dos pais ate mesma durante 0 sono

4 Quando chegar a fase em que a crianca elege entre 0 pai e a mae 0 seu

preferido tenta afastar 0 autro esticando-se e virando-se na cama de

modo a deixar a preterido desconfortavel a ponto deste mudar de lugar

sair da cama e ate mesma do quarto

E importante ressaltar que sempre as regras devem ser claras e naD sujeitas

a mudancas pois a organizacao interna dos filhos fica muito prejudicada se dormir

au nao na cama dos pais se transforma numa possibilidade que depende apenas do

humor dos pais ou de quanto 0 filho se recusa a dormir sozinho (chorando

acordando diversas vezes etc) A crian9a com autonomia de sono e mais

independente e feliz (TIBA 2002 p116)

Enfatiza-se que na maiaria dos casas as pais permitem que as criancas

fiquem ate mais tarde no quarto deles nao e par uma exigemcia ou necessidade da

crianya mas par alguma deficiencia desequilibrio au imaturidade dos proprios pais

(OLIVEIRA 1999 p122)

43

Em relaiio ao choro da crian9l ressalta-se que ha dois tipos de choro 0 que

expressa dor e 0 que busca pader

Se 0 filho descobrir que pade usar a chom como fonte de poder as pais estaoperdidos Nunca mais saberao dizer se ele chara par dar au poder Urn chore depoder Necessita dos olhos e dos ouvidos de quem se quer dominar Ingenua acrianya que usa 0 choro como pader para imediatamente apes conseguir 0 que querOai a importancia de as pais ficarem atentos para nao ser manipulados (TIBA 2002p158)

o choro que apela para 0 lade coitadinho inspira ternura Eo urn tipo de

manipula9ao que busca 0 dominio pela chantagem aletiva Eo dilicil neutralizar 0 uso

do choro como arma

Segundo liSA (2002 p159) Urn pouco de dor nao matara a crian9a assim

como urn poueD de pader nao matara as pais ( ) Se traumas infantis matassem a

humanidade estaria extinta Nao ha filho que nao tenha side contrariado A imensa

maioria deles tern condi90es de agOentar contrariedades 0 autor destaca que pais

que sao soHcitos ao extrema nao trayam um born e segura trajeto para seguir 0

resultado e que a crianya fica insegura pais perde a confianca neles ela pressente

que as pais nao tern firmeza nas suas decisoes e sao manipulaveis

Deve-se tomar cuidado com as exageros urn erro cometido pelos pais

desde que nao seja baseado na violencia em surras socas e pontapes naa traz

problema nenhum Atos como esses descarregam a raiva mas nao tern forlta

educativa pois violmcia s6 gera violencia (liSA 2002 p159)

Em rela9aOaos pais lazerem as tarelas pelos filhos ou ainda pior comprar os

resultados ressalta-se que este tipo de atitude nao ajuda a crianlta cria

dependencia e compromete 0 desenvolvimento escolar Alem disso as pais acabam

privando os filhos do gosto de uma conquista dando uma mensagem subliminar de

que eles sao incapazes Os pais nao devem privar os filhos do gosto de uma

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

REFERENCIASBIBLIOGRAFICAS

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ZAGURY T Educar sem culpa a genese da etica 15 ed Rio de Janeiro Record2000

__ Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sabre a tirania dosfilhos 15 ed Rio de Janeiro Record 2000

Limites sem trauma - construindo cidadaos 25 ed Rio de JaneiroRecord2001

WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

Page 23: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

20

a formar 0 seu ser psicol6gico pois a crianca traz ao nascer apenas 0 seu ser

biol6gico

0 pai deve ter muita saude pSicol6gica para participar do gesto de

alimentat8o que tern urn significado tremendo no ge5to afetivo A crianca nao

precisa s6 de leite 0 leite alimenta 0 corpo 0 afeto e 0 alimento da alma Crian

sem afeto entra em depressao(lIBA 1996)

Deve-S8 ressaltar que 0 limite e diferente de repressao 0 primeiro S8 instala

atraves das puniyoes ja a repressao atraves da culpa A puniy80 age sabre a ato e

a culpa sabre a pessoa Durante 0 desenvolvimento da clianca 0 limite e saudtlVel

quando este refere-s8 apenas aos atos naD desrnerecendo au desvalorizando a

pessoa A crian nao deve se sentir culpada pelos seus atos mas responsavel par

estes (COUlINHO FILHO 2003)

llBA (1996) diz que os pais que exageram na preocupayao com a choro e a

comida estao contribuindo para ter urn indisciplinado dentro de casa estao

desrespeitando a desenvolvimento biol6gico da crian A mae que trabalha fora

sente-se culpada par deixar a filho sozinho na creche au na escola e depois a

superprotege para reparar a culpa acabando par criar urn folgado dentro de casa

o modo como lidar com a liberdade e Dutro fatar influenciador no comportamento da

crianya e do adolescente Impar limites sem submissao e autoritarismo e outro

desafio para os pais que precisam respeitar a espayo de individualidade sem se

submeterem aos seus caprichos

o tema indisciplina oj amplo e muito se tern ainda a pesquisar estudar e

orientar no sentido de ajudar as pais a encontrarem urn caminho mais segura na

educay80 e formayao da personalidade dos filhos que tern inicio nas primeiras

relayoes entre mae e filho

21

222 0 Papel da Escola

Se a condi9ao basica e necessaria para a aprendizagem e a integridade

moral e 0 estabelecimento da interalYBo professor versus aluno cnde fatares afetivos

e cognitivos exercem influencias decisivas na busca de realizac68s e de desejos

confirmando-Ihes determinadas caracteristicas inteny68s e significados e na escola

que ocorrem boa parte dos problemas com as quais 0 aluno S8 esbarra lentidao de

raciocinio falta de atenyao desintereSS8 indisciplina entre Qutros encontram as

suas origens na estrutura biol6gica sobretudo quando exposta ao meio ambiente

(POLITY 1998)

Em ambientes cnde estes fatares naD sao considerados relevantes que

alunos com dificuldades de aprendizagem ou com problemas de indisciplina acabam

sendo rotulados sofrendo puniyoes devido ao seu fracasso escolar Estes

apresentam lalta de interesse desmotiva980 para estudar pregui9a e distra9ao

Com isto os pais e professores nao entendem estas dificuldades e 0 aluno em seu

permanente estado de tensao nao consegue prestar aten~o e participar das aulas

nao obtendo os resultados esperados (MORAIS 1997)

Outro fator importante e a problematica emocional que deve ser considerada

como decisiva na adaptacao e rendimento escolar podendo trazer serias

conseqOemcias ao desenvolvimento e progresso emocional da crianca A escola

deve oferecer condic5es e estabilidade emocional e atraves do diagn6stico precoce

dos encaminhamentos adequados da pr09rama9aO adequada das atividades

escolares e da preparacao do professor atender a esses casos prontamente

poupando assim a crianra e a sociedade do agravamento dessas situac6es

(NOVAES 1970)

22

Neste interim surge a psicopedagogia como auxiliar no cicio aluno - familia -

escola quando se instala uma dificuldade de aprendizagem 0 psicopedagogo deve

ter urn olhar para 0 contexte global onde est inserida a criana com dificuldade de

aprendizagem as relac6es familia res e escolares

As crian~s que se evadem da escola em geral sao as mais rejeitadas

Estas criancas precisam ser estimuladas ao relacionamento a responder

adequadamente aos sentimentos do outro e a controlar tensao e ansiedade

compreendendo qual e 0 comportamento aceitavel em determinada situacao

E preciso aprender a lidar com a ira e a tristeza a respeitar as diferencas de

modo a encarar as eaisas dificeis aprender a perguntar a negociar a ser mais

assertivo Eo importante somar aos conteudos de hoje as liDes sobre sentimentos e

relacionamentos 0 primeiro passe e aprender a nomear a emoCao compreende-Ia

a partir de suas express6es faciais corpora is E essencial que 0 professor amplie

sua ViS80 sobre as quest6es emocionais desenvolvendo autodisciplina vida

virtuosa capacidade de motivar-se de enfrentar press6es e resolver conflitos

Por tudo isso a escola tem 0 compromisso moral e etico de se preocupar com

o desenvolvimento dos alunos reinventando as aulas e proporcionando a sintonia

do conteudo a capacidade de aprender Considera-se muito importante que a familia

e a escola estabelecarn urn vinculo para tentar mUdanyas em relaC80 it falta de

atenC80 e indisciplina no sentido de ajudar 0 aluno a evitar maiores dificuldades

crises e stress

ANNA FREUD (1971 p162) considera que as normas escolares prestam

pouca ou nenhuma atenC80 as diferencas individuais

o aluno deve sentir-se desafiado e envolvido no processo a todo instante A

capacidade de empatia entre professor e aluno e 0 segredo do sucesso no

23

relacionamento entre ambos A auto-estima e urn ponto tambem fundamental para

um comportamento bem integrado

Num sistema educacional problematico como 0 do Brasil unido ascaracteristicas pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita5es

do professor e toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sal a

de aula interferem na aprendizagem como urn todo Pais e professores devem estar

atentos para educar desde os primeiros dias de vida para a disciplina que nao

5ubmete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemple e 0 dialogo

E preciso que a escala como urn todD e principal mente seu corpo docente

ampliem a consciencia a respeito da responsabilidade que tern em relacao ao futuro

dos seus alunos e alem disso que possam perceber a importancia do bern estar

psicol6gico como uma situacao fundamental para a aprendizagem satisfat6ria A

escola pode e deve propiciar ao aluno seguranca emocional para que ele possa

vivenciar vinculos saudaveis com seus professores e colegas

Espera-se que Utenham uma visao positiva da vida e sentido de humor que

sejam capazes de apreciar 0 valor de uma boa risada para eliminar pequenos

ressentimentos e aborrecimentos que prejudicam 0 crescimento do aluno (MOULY

1979 p 134)

E urgente a necessidade de uma nova escola desenhada para a mente e 0

cora~ao que ensina autocontrole empatia a arte de ouvir de resolver conflilos de

cooperar

A indisciplina pode ser definida como

Indisciplina e a recusa de $ubmeter-se as regras de aprendizagem educativa e a seu sistemade transmissao institucional Relacionada com 0 contexto familiar e escolar a indisciplina eum dos sintomas dos disturbios da inf~ncia e da adolescencia Quee preciso situar no campomutti~imensional da~ i~teracOesentre processos de aprendizagem e finalidades da educayaorelayao educadorlsuJeltolgrupos de alunosJclasse sistema de avaliacao e risco de fracasso

24

Ultrapassando 0 simples registro dos disturbios de carater a indisciplina tern a ver comfatores psicossociais que dao sentido a essa forma de insubmissflo (DORON et ai 1998)

Para VASCONCELLOS (1995) as manifesta90es de indisciplina na escola e

na sal a de aula sao urn problema a ser analisado na sua totalidade levando-se em

conta a familia as mudan~asocorridas na escola a professor a sociedade a crise

dos sentidos e dos limites considerando-se que 0 que se entende por disciplina e

como construi-Ia nurn processo de interarao entre 0 adolescente e a

professorescola

A educaC8o no seu verdadeiro sentido naD se faz sem autoridade pais 0

educando precisa do referencial do educador a fim de ter base para a constru9ao do

seu eu Muitas vezes 0 professor nao consegue disciplina porque nao tem

autoridade diante dos alunos Normalmente 0 professor fica esperando que 0 aluno

traga urn reconhecimento natural para com sua pessoa historicamente esse tempo

passou 0 tratamento de respeito tem que ser conquistado pelo professor

(VASCONCELLOS 1995)

A questao fica complicada quando temas como profissionais da educayao

elementos totalmente alheios e nao educados para a realidade atual Alem da falta

de dominio dos conteudos a serem ensinados falta-Ihes a capacidade de perceber

essas transforma90es hist6ricas que vern ocorrendo no relacionamento educando x

educador Falta-Ihes conhecimento do desenvolvimento humane e psicol6gico de

seus alunos E por fim suas pnticas pedag6gicas sao pobres de metodos que

propiciem a intera9aOe a construyao do conhecimento no respeito mutuo falta-Ihes

autoridade e capacidade de administrar a indisciplina gerada pelos fatores citados

Esses professores podem se deparar com criancas com transtorno desafiador

25

opositivo e muitos deles carecem de orientaCiies de como lidar com este tipo de

conduta

A disciplina escolar e urn conjunto de regras que devem ser obedecidas para

o exito do aprendizado escolar Portanto ela e uma qualidade de relacionamento

humano entre 0 corpo docente e 0$ alunos em uma sala de aula e

consequentemente na escola respeitando as caracteristicas de cada urn dos

envolvidos (TIBA 1996)

Para que haja disciplina em sala de aula isto e alunos motivados satisfeitos

com a aula e necessaria que 0 professor seja urn grande conhecedor do que

ensina da realidade que 0 cerca e tenha a capacidade de envolver 0 aluno na sua

sala usanda uma metodologia e uma didatica que nao deem margem a apatia ao

cans890 a monotonia para ambas as partes 0 aluno deve sentir-se desafiado e

envolvido no processo a todo instante A capacidade de empatia entre professor e

aluno e 0 segredo do sucesso no relacionamento entre ambos

Para TIBA (1996) a indisciplina na escola e vista como conseqOencia do

sistema educacional brasileiro que afeta diretamente as rela90es dos individuos em

sal a de aula e na escola Urn sistema total mente falido unido as caracteristicas

pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita~oes do professor e

toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sala de aula A auto-

estima e citada pelo autor como fundamental para um comportamento bem

integrado Ele aponta tambem inumeras sugestiies para os pais e professores no

sentido de como educar desde os prirneiros dias de vida para a disciplina que nao

submete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemplo e 0 dialogo

Por outro lado encontra-se a escola tentando cumprir a sua funCao (orientar

na constru~ao do conhecimento) e freqDentemente quando 0 professor se depara

26

com um alune que esta precisando de ajuda no aspecto emocional encontra-se

despreparado para lidar com a questao reagindo com intolerancia Consideram

muitas vezes mais tacil fazer julgamentos como 0 alune naD tern jeito bulle da

familia tal todos as irmaos desta familia ja fcram meus alunos e sao todos i9uais

Eventualmente recusam-se a participar de cursos de atualiza9ao e aperfei90amento

e preferem adetar a postura de que sabem que 0 alunD naD tern jeito mesma e nada

S8 tern a fazer a que favorece 0 rebaixamentoda auto-estima do alune e 0

agravamento do problema gerando disc6rdias e aborrecimentos na escola

Urn Dutro aspecto a ser considerado e que tudo sa tornaria mais facil para a

crianca se ao ingressar na escola ela pudesse encontrar um ambiente acolhedor

com regras bern definidas professores conhecedores dessa realidade com

formacaopsicol6gica para propiciar momentos de tomada de consciencia do porque

daquele comportamento fazendo acontecer a catarse e redirecionando as modos de

agir de tais crian~s e adolescentes Porem a realidade das escolas e bem outra 0

proprio ambiente e a mentalidade favorece que ela a crianca a adolescente

coloquem toda a agressao reprimida suas neuroses seu 6dio seus sentimentos

de culpa sua revolta contra a autoridade e a patrimonio escolar Muitas vezes 0

atuno encontra professores que nao se libertaram dos traumas e problemas dos

quais eles mesmos foram vitimas na primeira infancia alern de desconhecerem e

nao saberem lidar com a crianca e 0 adolescente problematico pelo desprepara

pedag6gico e a falta de metodos adequados e atrativos para prender a aten9ao e 0

interesse de seus alunos Sua pratica pedag6gica e pobre de recursos e estrategias

que desafiem e motivern tais alunos a se auto valorizarem elevando a auto-estima

Urn dos pontes mais comuns entre as indisciplinados e a sentimento de

menos valia aem da fata de conffan9a nos contatos e na produtividade Percebe-se

27

assim que para reverter essa questao naD basta trabalhar com a aluno E

necessario urn trabalho junto aos professores e familias criando estrategias que

modifiquem 0 ambiente e urn relacionamento mais verdadeiro mais equilibrado

deve ser estabelecido em todos as sentidos - trabalhando-se em equipe

28

3 0 CASO DE UMA CRIANCA COM TRANSTORNO DESAFIADOR OPOSITIVO

Foram utilizadas entrevistas com a mae professores e irmaos Encontros com

a crian-a em sess6es com durayao de 50 minutos cnde utilizou-se de metod as

como desenhos brincadeiras jogos regrados massa de modelar

31 HIST6RIGO DO GASO

F e urna rnenina de cinco anos cayula tendo um irmao de 21 anos e urna

irma de 17 anas de idade

o pai faleceu com 49 anas ha apraximadamente 01 ana e a mae atualmente

com 49 anas teve F com 43 anas

o pai fai marta par paliciais em frente a sua casa Estava bebada e saiu a rua

armada e um carro da palicia apareceu e 0 viu sentado na calcadalogo depois

vieram muitas viaturas e a mae pediu que levassem 0 marido para passar a noite na

cadeia mas que naD fizessem nenhum mal a ele Neste momento 0 pai de F

comeyou a atirar e aS policiais (segundo a mae 18 policiais aproximadamente)

invadiram a casa e comeyaram a atirar A familia fa para os fundos da casa e a mae

passou F par cima do muro para a casa da vizinha Quando a familia voltou para

frente da casa as paliciais disseram que a pai de F estava ferida na perna e

levaram-na para a hospital mas segundo a relata da mae ele ja estava marta e

havia na verdade levado urn tiro na cabeca F nao viu a cena mas escutou tudo

Ganforme relata da mae a partir da data do acarrida F naa abedece faz de

canta que naa escuta e quando quer alga came9a a tremer A mae diz que a filha

29

ficou assim desde a marte do pai pais este a bajulava muito fazia tudo 0 que ela

desejava

F sempre foi mimada pelo pai este nunca repreendia a filha por algo de

errado que ela fizesse Para 0 pai F nunca estava errada inclusive quando ela e a

irma mais velha brigavam 0 pai sempre ia em defesa da mais nova e para protege-

la amea98va bater na mais velha

A queixa principal da mae e que F comeya a tremer quando quer algo de que

gosta muito nao obedece a regras e Iimites impostos pelos responsaveis

Nas observayiies comportamentais notou-se que F testa os limites dos

adultos para conseguir 0 que deseja e as pesso8s que a cercam para se livrarem

das birras acabavam por fazer 0 que ela queria Mas essas mesmas pessoas

comeyaram a perceber que a falta de regras e limites jil ultrapassava 0 limite do

suportaveJ

Segundo HANISH et al (1999) 0 transtorno desafiador opositivo aparece

antes dos 10 anos Normalmente torna-se aparente na idade pre-escolar que e 0

caso desta crianga

Na escola F naD interagia com as colegas na hara de fazer brincadeiras em

grupo nac conseguia se relacionar com as colegas quando a professora pedia para

fazer alguma atividade F fazia do jeito que queria e nao como a professora

solicitava

Para que houvesse progresso no tratamento foi fundamental que a mae e as

demais pessoas que rodeiam a crian~a modificassem sua forma de agir e para que

isso ocorresse foi preciso fazer urn remanejo de conduta dessas pessoas Fez-se

pois necessaria orientacao e treinamento para auxilia-Ios nesta mudanlta

30

32 EVOLUCAO DO CASO

As intervenyoes utilizadas neste casc com a mae fcram em forma de

orientayao na freqOencade pelo menDS uma vez par meso Mais recentemente este

trabalho com a mae vern sendo feito a cada quinze dias

Em conversa com a mae esta mencionou que naD queria fazer como seus

pais naD que eles fassem ruins disse ela mas eles nao conversavam e naD tinham

tempo de dar aten9ao e de ensinar os deveres da escola Tudo 0 que ela aprendeu

na escola foi par esforyo proprio e naD queria que isso acontecesse com sua filha

entaD ela au as irmaos mais velhos sentam com F e a ensinam

Mais tarde foi feita uma entrevista com a professora e esta mostrou todas as

li90es de F e disse que aquelas atividades nao haviam side feitas pela crian9a e sim

por seu irmao e que a professora ja havia mandado bilhetes pedindo que nao

fizessem mais as atividades da escola par F A mae foi orientada a dar mais

incentivo a F em lugar de fazer os deveres por ela pois F nilo tinha problemas de

aprendizagem mas par falta de incentivo poderia vir a ter

Com F foram utilizadas brincadeiras como pintura com aquarela desenhos

massa de modelar hist6ria infantis Atraves destes me-todosforam utilizados refor~o

e a punicao quando necessarios

o refor9Q foi atraves de elogios sorriso e aten9ao quando F realizava urn

comportamento desejavel A punitao consistiu em retirar uma atividade que ela

gostava muito como desenhar OU tambem ignorar a sua atitude mantendo a calma

No terceiro encontro F mencionou 0 pai dizendo que ele comprava doces

para ela mas nao quis continuar falando sobre ele alegando que 0 irmao mais velho

nao gostava Mais tarde em outras sess6es tornou-se claro ser isto fantasia sua

31

Nos primeiros encontros corn F ela demonstrou S8r cordata entretanto a

partir do quarto encontro F mostrou comportamentos de manipula9ao ou seja

querer controlar a situacao e que tude salsse da forma que queria para que todos

as seus desejos fossem realizados atitude comum em casa ou na escola

A quinta sessao foi para verificar a interacao de F com a mae F mostrou-se

intransigente naD obedeceu a nenhuma das ordens da mae na hora de guardar as

brinquedos gritou com a mae e esta demonstrou claramente nao conseguir dar

limites a sua filha A mae conseguiu dizer neste momento que se F estivesse em

casa iria apanhar com uma varinha mas ista naD adiantou pais F ficou irredutivel

Ao final da sessao quando tudo estava no seu devido lugar F ja estava agindo como

se nada tivesse ocorrido a mae mencionou que F era muito nervoS8

A partir da sexta sessao loram leitos contratos com F os quais ela aceitou

com lacilidade

Apos 0 contrato feito na sessao anterior na setima sessao foi trabalhado a

limite atraves de acordos leitos com F como pedir para que ela escolhesse

somente tres tipos de brinquedos da caixa que s6 iria embora quando a horario da

sessao terminasse e que as Iimites seriam colocados pela terapeuta Com estas

regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela queria

A partir da oitava sessao loi levantada a hip6tese do problema de F ser

transtorno desafiador opositivo pais ela demonstrou as comportamentos de querer

dominar e mostrar que poderia mandar mas com muita paciencia foram impastos

limites atraves do silencio mostrando que nem tudo poderia ser como ela queria e

assim acabou aceitando

A nona sessao loi destinada a orientar a mae em como agir com a filha e loi

proposto para que a mae assistisse a proxima sessao atras do espelho

32

Como foi sugerido para a mae na sessao passada ela ficou ats do espelho

para ver como a filha interagia e poder verificar qual seria a melhor forma de lidar

com ela

A decima segunda sessao foi destinada a mae para verificar como estava 0

comportamento de F fora da terapia Ela comentou que 0 comportamento da filha

melhorara muito que as tremores 56 ocorriam esporadicamente Foi orientado amae que quando Dcarressem as tremores ela deveria fazer de conta que naD havia

percebido nada

Foram feitas diversas sess6es seguidas mais precisamente da decima

terceira il decima setima com F destinadas a trabalhar regras e limites Este

trabalho foi realizado atraves de acordos com F como por exemplo pedir que ela

escolhesse apenas tres brinquedos da caixa au escolhesse entre desenhar e ouvir

historias au ainda entre conversar e brincar tambem poderia escolher entre brincar

de casinha e desenhar

A decima oitava sessao foi urna sessao diferente pOis foi destinada aprofessora de F para verificar como F estava S8 comportando e se relacionando

com colegas em sala de aula enos interval os A professora levantou a hip6tese de F

ter problemas de aprendizagem pois as atividades escolares dela nao eram

compativeis com a de seus colegas de classe Mas foi constatado atraves das

atividades que eram enviadas para serem feitas em casa que 0 que faUava para F

era estimulo pOisseu irmao fazia suas atividades por ela

Foram feitas duas sessoes seguidas (decima nona e vigesimal para

comprovar se havia problemas de aprendizagem com F Sessoes estas de recorte e

colagem e de hist6ria (Cinderela) Com estas atividades pode se constatar que F

33

tern plena capacidade de realizar tarefas sDzinha talvez com uma pequena

orienta9ao quando solicitado por ela

A vigesima primeira foi mais uma sessao dedicada a orient89ao a mae

quando esta mencionou que Festa cada vez melhor seus tremores quando quer

chamar a aten9ao estao diminuindo a cada dia

No vigesimo segundo encontro com F a interven9ao utilizada foi 0 desenho

Eta desenhou margaridas e mencionou que se fosse uma planta queria ser uma

margarida e S8 fosse urn objeto queria ser uma estrela Ja na sessao seguinte que

foi a vigesima terceira a intervencao utilizada foi brincar de casinha cnde F mostrou

a sua intera9ao familiar dizendo que trabalhava em um hotel (como na realidade sua

mae trabalha) 0 marido trabalhava em hotel e seu pai estava muito doente (na

realidade ja e falecido) e tinha muitas dores no corpo

Ate 0 momento foram feitas as vinte e tres sess6es aqui descritas nas quais

a crianya demonstrou significativas mudantas no comportamento

33 ANALISE DO CASO

Inicialmente F nae obedecia fazia de conta que naD escutava e quando

queria algo come9ava a tremer nao obedecendo a regras e limites impostos pelos

respons8veis A mae dizia que a filha ficou assim desde a morte do pai pais este a

bajulava muito fazia tudo 0 que ela desejava

Notou-se que F testava os limites dos adultos para conseguir 0 que desejava

e as pessoas que a cercavam para se livrarem das birras acabavam par fazer 0

que ela queria

34

Na escola nao conseguia se relacionar com os colegas quando a professora

pedia para fazer alguma atividade F lazia do jeito que queria

A mae de F fazia as atividades par ela dizendo que ~nao queria tazer como

seus pais naD que eles fassem ruins mas eles naD conversavam e naD tinham

tempo de dar atenC80 e de ensinar as deveres da escola

Durante 0 tratamento F inicialmente demonstrou ser cordata posteriormente

mostrou comportamentos de manipulayM querendo controlar a situayao e

procurando forcar que todos as seus desejos fassem realizados Na presenva da

mae nao obedeceu a nenhuma das ordens dela gritou e ficou clara a dificuldade da

mae em dar limites a filha F mostrava-se muito irritada

Foram feitos contratos com F e passou-se a trabalhar atraves de acordos as

limites Com estas regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela

queria

No tratamento foi fundamental que a mae e as demais pessoas que rodeiam a

crianya modificassem sua forma de agir Foi orienlado a mae que quando

ocorressem as tremores ela devena fazer de conta que nao havia percebido nada

Em sessao com a professora de F constatou-se que a hipotese de

problemas de aprendizagem se apresentava mais em lace da lalta de estimulo para

que esta realizasse suas pr6pnas atividades ao inves de que outras pessoas as

fizessem por ela Foram leitas sessees com a finalidade de comprovar se F tinha

problemas de aprendizagem e verificou-se que esla linha plena capacidade de

realizar as tarefas sozinha Em relayao a interayao familiar F dramatrizou em uma

atividade que sua mae trabalhava em um hotel 0 que correspondia a realidade e 0

marido trabalhava em hotel que seu pai estava muito doenle e tinha muitas dores

35

no corpo quando na realidade seu pai ja era falecido Mostrava com isso a falta que

a funy80 paterna Ihe fazia

A mae de F I numa sessao dedicada a sua orientay8o mencionou que F

estava cada vez melhor e que seus tremores para chamar a atenC80 estavam

diminuindo a cada dia

36

4 ORIENTA~OES AOS PAIS

ZAGURY (2001 p59) na complexa tarefa de dar limites sem ser autocratico

ou seja de como disciplinar sem bater OU sem ser coercitivQ com a crianya sugere

algumas estrategias

bull Premiar ou recompensar a born comportamento - sempre que a crianca

tiver atitudes corretas devemos ressaltar este tatoo E bern comum que as

pais muito ocupados com tarefas cotidianas esqueltam de elogiar

somente lembrando de ralhar quando os ftlhos fazem algo errado Desta

forma as criancas entendem que naD vale a pena fazer tudo certinhon

pois nao recebem aprova9ao A melhor forma de alcan9ar um objetivo

educativo e elogiar incentivar e ressaltar tudo a que a crianca fizer de

positivo

bull Diferenciar premiar de dar coisas materiais - apesar do consumismo

vigente as crianvas ainda valorizam mais urn carinho urn elogio sincero

reconhecimento do esforco do que presentes dinheiro e viagens

Eventualmente pode-se presentear materialmente mas e importante nao

comprarmos as crianras pois desta forma elas aprendem a agir de modo

calculista Se dermos nosso carinho e aprovayao seu ego se fortalecera

sua auto-estima se elevara e gradualmente a crianya sentira prazer em

agir de forma adequada

bull Fazer com que a crianya assuma as conseqOemcias dos seus atos - com

carinha e naturalidade devemos conversar e agir apontando seus erras e

fazendo com que reftitam sobre as atitudes incorretas antieticas ou

egocentricas tomando 0 cuidado de deixar claro que 0 que desaprovamos

37

sao as atitudes incorretas e naD suas caracteristicas pessoais 5e mesma

ap6s a explica~o a crianca reincidir na atitude incorreta entao e 0

momento de faze-Ia compreender que e responsavel pelos seus atos e

tambem pelas suas conseqGencias Deve-se ressaltar as consequemcias

do ato born carinho aprova~o estimulo etc Como do ato incorreto

desaprova9ilo nao reforyamento deixar de fazer algo que gostam etc

Deve-se ter em mente que as elogios premiacoes bern como as puni90es

devem ser proporcionais ao fato Ou seja e necessario que se tenha born sensa e

equilibrio para que as acoes sejam autenticas e valorizadas pel as criancas

COUTINHO FILHO (2003) tambem sugere algumas possibilidades para

colocar parametros de limites para a crianca

bull Nao coloque limites conforme seus desejos pessoais

bull Demonstre que voce e as demais adultos tambem tern limites a respeitar

bull Diga qual puni9ilo a ser dada para cada limite ultrapassado e nao deixe de

executa-Ia

bull De puniyoes brandas para atitudes brandas e puniyoes pesadas para

atitudes pesadas

bull Deixe claro que a puniyao Eo pelo ate e nao pela pessoa

bull Justifique os motivos do limite Nao faca isso porque nao quero ou nao

gosto nao Eo justificativa

bull Repita quantas vezes for necesstuio

bull Use sua autoridade sem provocar submissao e mal estar

bull Use da afetividade para impor limites

38

ZAGURY (2001) destaca pontos importantes para nao perder a autoridade

perante os filhos

bull Cumpra 0 que disse (seja premia ou conseqOemcia) ou seja ameacou

execute prometeu faya

bull Seja coerente 0 que nao pode nao pode nunca (salvo raras excessoes)

nao mude de atitude como quem mud a de roupa (au de acordo com 0 seu

humor)

bull Faya com que seus filhos gradualmente assumam responsabilidades

Deixe que eles participem das decisoes sabre premios ou conseqOeuromcias

- isto ajuda a amadurecer e compromete a crianca e as jovens que

aderem mais ao que ajudam a construir (mesma que sejam sans6es para

eles proprios)

bull Cuidado com 0 que diz e com 0 modo como diz - critique 0 ato nunca a

pessoa ou a personalidade de seus filhos Trate somente do assunto que

S8 esta analisando no momento naD desenterre coisas do passado sem

necessidade Nao fique com pena da crianya se ela chorar ficar triste

nao talar com voce E melhor ela ficar triste hoje mas aprender a respeitar

o pr6ximo a 5i propria e a palavra empenhada do que sofrer futuramente

nos seus relacionamentos interpessoais

Segundo TIBA(2002) os filhos nao vem com manual pois eles mesmos sao 0

manual au seja cada criancaencerra uma individualidade e a cada dia os pais irao

aprendendo com cada filho E importante neste aprendizado os pais privilegiarem 0

desenvolvimento relacional atraves de um procedimento basico que deve ser

aplicado a cada fllho Para TBA (2002) ese procedimento e valido para qualquer

39

relacionamento entre pessoas de qualquer idade mas que e relevante na formaC8o

da auto-estima da criancadesde 0 seu nascimento Para 0 atendimento integral a

uma crian9 sao cinco os passos parar ouvir olhar pensar e agir (TIBA 2002

p127)

TIBA (2002) descreve os cinco passos da seguinte forma

1 Parar - parar 0 que estiver fazendo ou pensando e dar atenyao total acriancaCasa naD possa parar naquele exato momento vale colaear uma

das maos no ombro da crian9 enquanto diz que logo vai atende-Ia A

crianya deve ficar esperando ali juntinho de voce Pode ser que ela queira

sair para voltar logo depois Se a iniciativa de sair for da crianca a

responsabilidade de voltar sera dela Mas deve evitar ao maximo dizer

para a crianca ocupar-se com Dutra caisa enquanto voce termina 0 que

esta fazendo Nem sempre ela volta outra vez pelo mesmo motivo E

tambem fundamental deixar de lado ideias preconcebidas sobre 0 que a

crianca vai fatar Se voce pensa ~Iavern aquela chata me encher Dutra

vez seu cerebro ja esta preenchido em parte com esse pensamento e

voce perde a chance de atende-Ia integralmente

2 Ouvir - e a parte racional Os pais devem olhar no funda dos ahos da

crianca como se a Duvissem com as ahos A criany8 precisa aprender a

se expressar Nao se deve tentar adivinhar 0 que ela quer Quando pede

alguma coisa esta desenvolvendo sua capacidade de pensar de formular

uma pergunta e de se expressar para que outras pessoas possam

compreende-Ia

3 Olhar - e a parte instintiva Num piscar de olhos uma pessoa consegue

ver tantas coisas que levaria muito tempo explica-Ias em palavras Tudo 0

40

que se percebe visualmente tambem tem que ser considerado para

compreender a crian9a

4 Pensar - lados os elementos percebidos tanto visualmente quanto

verbal mente mais 0 sentido educativo que se que ira imprimir na forma9ao

da criana devem fazer parte da resposta a ser dada Sentido educativo e

o objetivo a ser atendido com a educaao que esta sendo dada (Quer que

o filho seja egoista Coloque-o sempre em primeiro lugar em detrimento

dos outros e diga sim a todos os seus desejos Quer que ele seja feliz

Ajude-o a desenvolver a satisfailo pelo que e e pelo que consegue fazer

a tolerimcia a compreensao dos Qutrosa vontade de ajudar a quem pede

e a etica do bem)

5 Agir - essa aao ou resposta deve ser bem clara e objetiva Melhor ainda

se voce puder se assegurar de que a crianca real mente saciou sua

vontade

E importante ressaltar que os cinco passos devem ser utilizados em todas as

situayaes desde 0 tombo da crian98 pequena ate quando a crian98 crescer Ao se

utilizar este procedimento basico as atitudes dos pais tendem a ser coerentes Par

exemplo se uma crianca calr naD e necessaria as pais sairem desesperados em

todas Situ8COeS mas avaiar se 0 tombo foi grave QU se foi urn tombinho que naD

precisa de maiores cuidados Tambem as pais naD devem sair dizendo que chao

feio que passa a falsa ideia que 0 chao e culpado pelo seu tombo a criana tem

que aprender que ela deve ter cuidado Se ela se choca uma ou duas vezes numa

mesa ela aprende a ter cuidado por sua pr6pria experiencia TIBA (2002 p133)

41

destaca que a afobayao e a reacao exagerada dos pais geram inseguran9a na

crianca

Outre fato bastante comum e as pais deixarem as ftlhos ganharem jogos par

exemplo tentando agrada-Ios mesmo que os deseduquem As crian9as tern uma

sabedoria natural Brincam e competem de acordo com as conhecimentos e as

capacita90es de que disp6ern E mais facil para 0 pai brincar como se fosse crian98

e deixar 0 filho ganhar sempre Esse comportamento contudo da a crianca uma

visao irreal do que e jogar Ganha-se algumas vezes perde-se outras (TIBA 2002

p136) Ou seja e mais educativ~ para a criana descobrir que podemos ser bons

em algumas caisas mas nao em tudo Passa-se uma experiencia da realidade para

a crianC8

TIBA (2002) tambem cita 0 caso de colocar a crian9a no colo enquanto se

dirige urn carro A crianC8 tern a falsa sensacao de que comanda 0 veiculo mas issa

nao passa de urn poder irreal Ao dirigir urn carrinho de brinquedo ela poderia de fato

se sentir poderosa IS50 sem falar que quando 0 filho crescer ao 15 anos par

exempla vai querer sair com 0 carro do pai mesmo sem poder Mas quando era

criancaeu podia

o caso classico da criancaquerer dormir com os pais tambem e abordado por

TIBA (2002) segundo 0 autor 0 ideal e que desde bebe a crian9a deve aprender a

dorrnir no seu lugar mesmo que ache mais gostoso aninhar-se entre os pais Ir cada

urn para sua cama da 0 sentido de que cada urn tem seu territorio ai tambem

estamos delimitando limites onde sao respeitados 0 so no e 0 espacode cada urn

Crian~asmaiores que ja andam devem ter um lugar (ou quarto) proprio para dormirMesmo que ocasionalmente adorme~am na cama dos pais e importante que sejamlevadas a sua cama para que acordem la Nao devem adquirir 0 habito de dormir nacama dos pais Tenha paciencia e fale claro em born tom olhando seriamente nofundo dos olhinhos dela ~Cada coisa no seu lugar cada pessoa na sua cama~

42

Quando a crian(f3 percebe que 0 limite e coisa sena e vai ser cumprido procura seajustar(lIBA 2002p115)

OLIVEIRA (1999 p120) enumera as diversos problemas que causam a fato

dos filhos permanecem no quarto dos pais na hora de dormir considerando-as de

difieil recupera~aoposterior

1 Faita de valorizayilo da privacidade tanto do casal como da crianya

2 Mantem a relacao simbi6tica au seja a li98980 existente entre mae e

bebe prejudicando 0 desenvolvimento emocional da crian93

3 A crianya tende a formar relayao de dependencia da protey80 e da

preseny8 dos pais ate mesma durante 0 sono

4 Quando chegar a fase em que a crianca elege entre 0 pai e a mae 0 seu

preferido tenta afastar 0 autro esticando-se e virando-se na cama de

modo a deixar a preterido desconfortavel a ponto deste mudar de lugar

sair da cama e ate mesma do quarto

E importante ressaltar que sempre as regras devem ser claras e naD sujeitas

a mudancas pois a organizacao interna dos filhos fica muito prejudicada se dormir

au nao na cama dos pais se transforma numa possibilidade que depende apenas do

humor dos pais ou de quanto 0 filho se recusa a dormir sozinho (chorando

acordando diversas vezes etc) A crian9a com autonomia de sono e mais

independente e feliz (TIBA 2002 p116)

Enfatiza-se que na maiaria dos casas as pais permitem que as criancas

fiquem ate mais tarde no quarto deles nao e par uma exigemcia ou necessidade da

crianya mas par alguma deficiencia desequilibrio au imaturidade dos proprios pais

(OLIVEIRA 1999 p122)

43

Em relaiio ao choro da crian9l ressalta-se que ha dois tipos de choro 0 que

expressa dor e 0 que busca pader

Se 0 filho descobrir que pade usar a chom como fonte de poder as pais estaoperdidos Nunca mais saberao dizer se ele chara par dar au poder Urn chore depoder Necessita dos olhos e dos ouvidos de quem se quer dominar Ingenua acrianya que usa 0 choro como pader para imediatamente apes conseguir 0 que querOai a importancia de as pais ficarem atentos para nao ser manipulados (TIBA 2002p158)

o choro que apela para 0 lade coitadinho inspira ternura Eo urn tipo de

manipula9ao que busca 0 dominio pela chantagem aletiva Eo dilicil neutralizar 0 uso

do choro como arma

Segundo liSA (2002 p159) Urn pouco de dor nao matara a crian9a assim

como urn poueD de pader nao matara as pais ( ) Se traumas infantis matassem a

humanidade estaria extinta Nao ha filho que nao tenha side contrariado A imensa

maioria deles tern condi90es de agOentar contrariedades 0 autor destaca que pais

que sao soHcitos ao extrema nao trayam um born e segura trajeto para seguir 0

resultado e que a crianya fica insegura pais perde a confianca neles ela pressente

que as pais nao tern firmeza nas suas decisoes e sao manipulaveis

Deve-se tomar cuidado com as exageros urn erro cometido pelos pais

desde que nao seja baseado na violencia em surras socas e pontapes naa traz

problema nenhum Atos como esses descarregam a raiva mas nao tern forlta

educativa pois violmcia s6 gera violencia (liSA 2002 p159)

Em rela9aOaos pais lazerem as tarelas pelos filhos ou ainda pior comprar os

resultados ressalta-se que este tipo de atitude nao ajuda a crianlta cria

dependencia e compromete 0 desenvolvimento escolar Alem disso as pais acabam

privando os filhos do gosto de uma conquista dando uma mensagem subliminar de

que eles sao incapazes Os pais nao devem privar os filhos do gosto de uma

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

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ZAGURY T Educar sem culpa a genese da etica 15 ed Rio de Janeiro Record2000

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Limites sem trauma - construindo cidadaos 25 ed Rio de JaneiroRecord2001

WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

Page 24: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

21

222 0 Papel da Escola

Se a condi9ao basica e necessaria para a aprendizagem e a integridade

moral e 0 estabelecimento da interalYBo professor versus aluno cnde fatares afetivos

e cognitivos exercem influencias decisivas na busca de realizac68s e de desejos

confirmando-Ihes determinadas caracteristicas inteny68s e significados e na escola

que ocorrem boa parte dos problemas com as quais 0 aluno S8 esbarra lentidao de

raciocinio falta de atenyao desintereSS8 indisciplina entre Qutros encontram as

suas origens na estrutura biol6gica sobretudo quando exposta ao meio ambiente

(POLITY 1998)

Em ambientes cnde estes fatares naD sao considerados relevantes que

alunos com dificuldades de aprendizagem ou com problemas de indisciplina acabam

sendo rotulados sofrendo puniyoes devido ao seu fracasso escolar Estes

apresentam lalta de interesse desmotiva980 para estudar pregui9a e distra9ao

Com isto os pais e professores nao entendem estas dificuldades e 0 aluno em seu

permanente estado de tensao nao consegue prestar aten~o e participar das aulas

nao obtendo os resultados esperados (MORAIS 1997)

Outro fator importante e a problematica emocional que deve ser considerada

como decisiva na adaptacao e rendimento escolar podendo trazer serias

conseqOemcias ao desenvolvimento e progresso emocional da crianca A escola

deve oferecer condic5es e estabilidade emocional e atraves do diagn6stico precoce

dos encaminhamentos adequados da pr09rama9aO adequada das atividades

escolares e da preparacao do professor atender a esses casos prontamente

poupando assim a crianra e a sociedade do agravamento dessas situac6es

(NOVAES 1970)

22

Neste interim surge a psicopedagogia como auxiliar no cicio aluno - familia -

escola quando se instala uma dificuldade de aprendizagem 0 psicopedagogo deve

ter urn olhar para 0 contexte global onde est inserida a criana com dificuldade de

aprendizagem as relac6es familia res e escolares

As crian~s que se evadem da escola em geral sao as mais rejeitadas

Estas criancas precisam ser estimuladas ao relacionamento a responder

adequadamente aos sentimentos do outro e a controlar tensao e ansiedade

compreendendo qual e 0 comportamento aceitavel em determinada situacao

E preciso aprender a lidar com a ira e a tristeza a respeitar as diferencas de

modo a encarar as eaisas dificeis aprender a perguntar a negociar a ser mais

assertivo Eo importante somar aos conteudos de hoje as liDes sobre sentimentos e

relacionamentos 0 primeiro passe e aprender a nomear a emoCao compreende-Ia

a partir de suas express6es faciais corpora is E essencial que 0 professor amplie

sua ViS80 sobre as quest6es emocionais desenvolvendo autodisciplina vida

virtuosa capacidade de motivar-se de enfrentar press6es e resolver conflitos

Por tudo isso a escola tem 0 compromisso moral e etico de se preocupar com

o desenvolvimento dos alunos reinventando as aulas e proporcionando a sintonia

do conteudo a capacidade de aprender Considera-se muito importante que a familia

e a escola estabelecarn urn vinculo para tentar mUdanyas em relaC80 it falta de

atenC80 e indisciplina no sentido de ajudar 0 aluno a evitar maiores dificuldades

crises e stress

ANNA FREUD (1971 p162) considera que as normas escolares prestam

pouca ou nenhuma atenC80 as diferencas individuais

o aluno deve sentir-se desafiado e envolvido no processo a todo instante A

capacidade de empatia entre professor e aluno e 0 segredo do sucesso no

23

relacionamento entre ambos A auto-estima e urn ponto tambem fundamental para

um comportamento bem integrado

Num sistema educacional problematico como 0 do Brasil unido ascaracteristicas pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita5es

do professor e toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sal a

de aula interferem na aprendizagem como urn todo Pais e professores devem estar

atentos para educar desde os primeiros dias de vida para a disciplina que nao

5ubmete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemple e 0 dialogo

E preciso que a escala como urn todD e principal mente seu corpo docente

ampliem a consciencia a respeito da responsabilidade que tern em relacao ao futuro

dos seus alunos e alem disso que possam perceber a importancia do bern estar

psicol6gico como uma situacao fundamental para a aprendizagem satisfat6ria A

escola pode e deve propiciar ao aluno seguranca emocional para que ele possa

vivenciar vinculos saudaveis com seus professores e colegas

Espera-se que Utenham uma visao positiva da vida e sentido de humor que

sejam capazes de apreciar 0 valor de uma boa risada para eliminar pequenos

ressentimentos e aborrecimentos que prejudicam 0 crescimento do aluno (MOULY

1979 p 134)

E urgente a necessidade de uma nova escola desenhada para a mente e 0

cora~ao que ensina autocontrole empatia a arte de ouvir de resolver conflilos de

cooperar

A indisciplina pode ser definida como

Indisciplina e a recusa de $ubmeter-se as regras de aprendizagem educativa e a seu sistemade transmissao institucional Relacionada com 0 contexto familiar e escolar a indisciplina eum dos sintomas dos disturbios da inf~ncia e da adolescencia Quee preciso situar no campomutti~imensional da~ i~teracOesentre processos de aprendizagem e finalidades da educayaorelayao educadorlsuJeltolgrupos de alunosJclasse sistema de avaliacao e risco de fracasso

24

Ultrapassando 0 simples registro dos disturbios de carater a indisciplina tern a ver comfatores psicossociais que dao sentido a essa forma de insubmissflo (DORON et ai 1998)

Para VASCONCELLOS (1995) as manifesta90es de indisciplina na escola e

na sal a de aula sao urn problema a ser analisado na sua totalidade levando-se em

conta a familia as mudan~asocorridas na escola a professor a sociedade a crise

dos sentidos e dos limites considerando-se que 0 que se entende por disciplina e

como construi-Ia nurn processo de interarao entre 0 adolescente e a

professorescola

A educaC8o no seu verdadeiro sentido naD se faz sem autoridade pais 0

educando precisa do referencial do educador a fim de ter base para a constru9ao do

seu eu Muitas vezes 0 professor nao consegue disciplina porque nao tem

autoridade diante dos alunos Normalmente 0 professor fica esperando que 0 aluno

traga urn reconhecimento natural para com sua pessoa historicamente esse tempo

passou 0 tratamento de respeito tem que ser conquistado pelo professor

(VASCONCELLOS 1995)

A questao fica complicada quando temas como profissionais da educayao

elementos totalmente alheios e nao educados para a realidade atual Alem da falta

de dominio dos conteudos a serem ensinados falta-Ihes a capacidade de perceber

essas transforma90es hist6ricas que vern ocorrendo no relacionamento educando x

educador Falta-Ihes conhecimento do desenvolvimento humane e psicol6gico de

seus alunos E por fim suas pnticas pedag6gicas sao pobres de metodos que

propiciem a intera9aOe a construyao do conhecimento no respeito mutuo falta-Ihes

autoridade e capacidade de administrar a indisciplina gerada pelos fatores citados

Esses professores podem se deparar com criancas com transtorno desafiador

25

opositivo e muitos deles carecem de orientaCiies de como lidar com este tipo de

conduta

A disciplina escolar e urn conjunto de regras que devem ser obedecidas para

o exito do aprendizado escolar Portanto ela e uma qualidade de relacionamento

humano entre 0 corpo docente e 0$ alunos em uma sala de aula e

consequentemente na escola respeitando as caracteristicas de cada urn dos

envolvidos (TIBA 1996)

Para que haja disciplina em sala de aula isto e alunos motivados satisfeitos

com a aula e necessaria que 0 professor seja urn grande conhecedor do que

ensina da realidade que 0 cerca e tenha a capacidade de envolver 0 aluno na sua

sala usanda uma metodologia e uma didatica que nao deem margem a apatia ao

cans890 a monotonia para ambas as partes 0 aluno deve sentir-se desafiado e

envolvido no processo a todo instante A capacidade de empatia entre professor e

aluno e 0 segredo do sucesso no relacionamento entre ambos

Para TIBA (1996) a indisciplina na escola e vista como conseqOencia do

sistema educacional brasileiro que afeta diretamente as rela90es dos individuos em

sal a de aula e na escola Urn sistema total mente falido unido as caracteristicas

pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita~oes do professor e

toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sala de aula A auto-

estima e citada pelo autor como fundamental para um comportamento bem

integrado Ele aponta tambem inumeras sugestiies para os pais e professores no

sentido de como educar desde os prirneiros dias de vida para a disciplina que nao

submete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemplo e 0 dialogo

Por outro lado encontra-se a escola tentando cumprir a sua funCao (orientar

na constru~ao do conhecimento) e freqDentemente quando 0 professor se depara

26

com um alune que esta precisando de ajuda no aspecto emocional encontra-se

despreparado para lidar com a questao reagindo com intolerancia Consideram

muitas vezes mais tacil fazer julgamentos como 0 alune naD tern jeito bulle da

familia tal todos as irmaos desta familia ja fcram meus alunos e sao todos i9uais

Eventualmente recusam-se a participar de cursos de atualiza9ao e aperfei90amento

e preferem adetar a postura de que sabem que 0 alunD naD tern jeito mesma e nada

S8 tern a fazer a que favorece 0 rebaixamentoda auto-estima do alune e 0

agravamento do problema gerando disc6rdias e aborrecimentos na escola

Urn Dutro aspecto a ser considerado e que tudo sa tornaria mais facil para a

crianca se ao ingressar na escola ela pudesse encontrar um ambiente acolhedor

com regras bern definidas professores conhecedores dessa realidade com

formacaopsicol6gica para propiciar momentos de tomada de consciencia do porque

daquele comportamento fazendo acontecer a catarse e redirecionando as modos de

agir de tais crian~s e adolescentes Porem a realidade das escolas e bem outra 0

proprio ambiente e a mentalidade favorece que ela a crianca a adolescente

coloquem toda a agressao reprimida suas neuroses seu 6dio seus sentimentos

de culpa sua revolta contra a autoridade e a patrimonio escolar Muitas vezes 0

atuno encontra professores que nao se libertaram dos traumas e problemas dos

quais eles mesmos foram vitimas na primeira infancia alern de desconhecerem e

nao saberem lidar com a crianca e 0 adolescente problematico pelo desprepara

pedag6gico e a falta de metodos adequados e atrativos para prender a aten9ao e 0

interesse de seus alunos Sua pratica pedag6gica e pobre de recursos e estrategias

que desafiem e motivern tais alunos a se auto valorizarem elevando a auto-estima

Urn dos pontes mais comuns entre as indisciplinados e a sentimento de

menos valia aem da fata de conffan9a nos contatos e na produtividade Percebe-se

27

assim que para reverter essa questao naD basta trabalhar com a aluno E

necessario urn trabalho junto aos professores e familias criando estrategias que

modifiquem 0 ambiente e urn relacionamento mais verdadeiro mais equilibrado

deve ser estabelecido em todos as sentidos - trabalhando-se em equipe

28

3 0 CASO DE UMA CRIANCA COM TRANSTORNO DESAFIADOR OPOSITIVO

Foram utilizadas entrevistas com a mae professores e irmaos Encontros com

a crian-a em sess6es com durayao de 50 minutos cnde utilizou-se de metod as

como desenhos brincadeiras jogos regrados massa de modelar

31 HIST6RIGO DO GASO

F e urna rnenina de cinco anos cayula tendo um irmao de 21 anos e urna

irma de 17 anas de idade

o pai faleceu com 49 anas ha apraximadamente 01 ana e a mae atualmente

com 49 anas teve F com 43 anas

o pai fai marta par paliciais em frente a sua casa Estava bebada e saiu a rua

armada e um carro da palicia apareceu e 0 viu sentado na calcadalogo depois

vieram muitas viaturas e a mae pediu que levassem 0 marido para passar a noite na

cadeia mas que naD fizessem nenhum mal a ele Neste momento 0 pai de F

comeyou a atirar e aS policiais (segundo a mae 18 policiais aproximadamente)

invadiram a casa e comeyaram a atirar A familia fa para os fundos da casa e a mae

passou F par cima do muro para a casa da vizinha Quando a familia voltou para

frente da casa as paliciais disseram que a pai de F estava ferida na perna e

levaram-na para a hospital mas segundo a relata da mae ele ja estava marta e

havia na verdade levado urn tiro na cabeca F nao viu a cena mas escutou tudo

Ganforme relata da mae a partir da data do acarrida F naa abedece faz de

canta que naa escuta e quando quer alga came9a a tremer A mae diz que a filha

29

ficou assim desde a marte do pai pais este a bajulava muito fazia tudo 0 que ela

desejava

F sempre foi mimada pelo pai este nunca repreendia a filha por algo de

errado que ela fizesse Para 0 pai F nunca estava errada inclusive quando ela e a

irma mais velha brigavam 0 pai sempre ia em defesa da mais nova e para protege-

la amea98va bater na mais velha

A queixa principal da mae e que F comeya a tremer quando quer algo de que

gosta muito nao obedece a regras e Iimites impostos pelos responsaveis

Nas observayiies comportamentais notou-se que F testa os limites dos

adultos para conseguir 0 que deseja e as pesso8s que a cercam para se livrarem

das birras acabavam por fazer 0 que ela queria Mas essas mesmas pessoas

comeyaram a perceber que a falta de regras e limites jil ultrapassava 0 limite do

suportaveJ

Segundo HANISH et al (1999) 0 transtorno desafiador opositivo aparece

antes dos 10 anos Normalmente torna-se aparente na idade pre-escolar que e 0

caso desta crianga

Na escola F naD interagia com as colegas na hara de fazer brincadeiras em

grupo nac conseguia se relacionar com as colegas quando a professora pedia para

fazer alguma atividade F fazia do jeito que queria e nao como a professora

solicitava

Para que houvesse progresso no tratamento foi fundamental que a mae e as

demais pessoas que rodeiam a crian~a modificassem sua forma de agir e para que

isso ocorresse foi preciso fazer urn remanejo de conduta dessas pessoas Fez-se

pois necessaria orientacao e treinamento para auxilia-Ios nesta mudanlta

30

32 EVOLUCAO DO CASO

As intervenyoes utilizadas neste casc com a mae fcram em forma de

orientayao na freqOencade pelo menDS uma vez par meso Mais recentemente este

trabalho com a mae vern sendo feito a cada quinze dias

Em conversa com a mae esta mencionou que naD queria fazer como seus

pais naD que eles fassem ruins disse ela mas eles nao conversavam e naD tinham

tempo de dar aten9ao e de ensinar os deveres da escola Tudo 0 que ela aprendeu

na escola foi par esforyo proprio e naD queria que isso acontecesse com sua filha

entaD ela au as irmaos mais velhos sentam com F e a ensinam

Mais tarde foi feita uma entrevista com a professora e esta mostrou todas as

li90es de F e disse que aquelas atividades nao haviam side feitas pela crian9a e sim

por seu irmao e que a professora ja havia mandado bilhetes pedindo que nao

fizessem mais as atividades da escola par F A mae foi orientada a dar mais

incentivo a F em lugar de fazer os deveres por ela pois F nilo tinha problemas de

aprendizagem mas par falta de incentivo poderia vir a ter

Com F foram utilizadas brincadeiras como pintura com aquarela desenhos

massa de modelar hist6ria infantis Atraves destes me-todosforam utilizados refor~o

e a punicao quando necessarios

o refor9Q foi atraves de elogios sorriso e aten9ao quando F realizava urn

comportamento desejavel A punitao consistiu em retirar uma atividade que ela

gostava muito como desenhar OU tambem ignorar a sua atitude mantendo a calma

No terceiro encontro F mencionou 0 pai dizendo que ele comprava doces

para ela mas nao quis continuar falando sobre ele alegando que 0 irmao mais velho

nao gostava Mais tarde em outras sess6es tornou-se claro ser isto fantasia sua

31

Nos primeiros encontros corn F ela demonstrou S8r cordata entretanto a

partir do quarto encontro F mostrou comportamentos de manipula9ao ou seja

querer controlar a situacao e que tude salsse da forma que queria para que todos

as seus desejos fossem realizados atitude comum em casa ou na escola

A quinta sessao foi para verificar a interacao de F com a mae F mostrou-se

intransigente naD obedeceu a nenhuma das ordens da mae na hora de guardar as

brinquedos gritou com a mae e esta demonstrou claramente nao conseguir dar

limites a sua filha A mae conseguiu dizer neste momento que se F estivesse em

casa iria apanhar com uma varinha mas ista naD adiantou pais F ficou irredutivel

Ao final da sessao quando tudo estava no seu devido lugar F ja estava agindo como

se nada tivesse ocorrido a mae mencionou que F era muito nervoS8

A partir da sexta sessao loram leitos contratos com F os quais ela aceitou

com lacilidade

Apos 0 contrato feito na sessao anterior na setima sessao foi trabalhado a

limite atraves de acordos leitos com F como pedir para que ela escolhesse

somente tres tipos de brinquedos da caixa que s6 iria embora quando a horario da

sessao terminasse e que as Iimites seriam colocados pela terapeuta Com estas

regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela queria

A partir da oitava sessao loi levantada a hip6tese do problema de F ser

transtorno desafiador opositivo pais ela demonstrou as comportamentos de querer

dominar e mostrar que poderia mandar mas com muita paciencia foram impastos

limites atraves do silencio mostrando que nem tudo poderia ser como ela queria e

assim acabou aceitando

A nona sessao loi destinada a orientar a mae em como agir com a filha e loi

proposto para que a mae assistisse a proxima sessao atras do espelho

32

Como foi sugerido para a mae na sessao passada ela ficou ats do espelho

para ver como a filha interagia e poder verificar qual seria a melhor forma de lidar

com ela

A decima segunda sessao foi destinada a mae para verificar como estava 0

comportamento de F fora da terapia Ela comentou que 0 comportamento da filha

melhorara muito que as tremores 56 ocorriam esporadicamente Foi orientado amae que quando Dcarressem as tremores ela deveria fazer de conta que naD havia

percebido nada

Foram feitas diversas sess6es seguidas mais precisamente da decima

terceira il decima setima com F destinadas a trabalhar regras e limites Este

trabalho foi realizado atraves de acordos com F como por exemplo pedir que ela

escolhesse apenas tres brinquedos da caixa au escolhesse entre desenhar e ouvir

historias au ainda entre conversar e brincar tambem poderia escolher entre brincar

de casinha e desenhar

A decima oitava sessao foi urna sessao diferente pOis foi destinada aprofessora de F para verificar como F estava S8 comportando e se relacionando

com colegas em sala de aula enos interval os A professora levantou a hip6tese de F

ter problemas de aprendizagem pois as atividades escolares dela nao eram

compativeis com a de seus colegas de classe Mas foi constatado atraves das

atividades que eram enviadas para serem feitas em casa que 0 que faUava para F

era estimulo pOisseu irmao fazia suas atividades por ela

Foram feitas duas sessoes seguidas (decima nona e vigesimal para

comprovar se havia problemas de aprendizagem com F Sessoes estas de recorte e

colagem e de hist6ria (Cinderela) Com estas atividades pode se constatar que F

33

tern plena capacidade de realizar tarefas sDzinha talvez com uma pequena

orienta9ao quando solicitado por ela

A vigesima primeira foi mais uma sessao dedicada a orient89ao a mae

quando esta mencionou que Festa cada vez melhor seus tremores quando quer

chamar a aten9ao estao diminuindo a cada dia

No vigesimo segundo encontro com F a interven9ao utilizada foi 0 desenho

Eta desenhou margaridas e mencionou que se fosse uma planta queria ser uma

margarida e S8 fosse urn objeto queria ser uma estrela Ja na sessao seguinte que

foi a vigesima terceira a intervencao utilizada foi brincar de casinha cnde F mostrou

a sua intera9ao familiar dizendo que trabalhava em um hotel (como na realidade sua

mae trabalha) 0 marido trabalhava em hotel e seu pai estava muito doente (na

realidade ja e falecido) e tinha muitas dores no corpo

Ate 0 momento foram feitas as vinte e tres sess6es aqui descritas nas quais

a crianya demonstrou significativas mudantas no comportamento

33 ANALISE DO CASO

Inicialmente F nae obedecia fazia de conta que naD escutava e quando

queria algo come9ava a tremer nao obedecendo a regras e limites impostos pelos

respons8veis A mae dizia que a filha ficou assim desde a morte do pai pais este a

bajulava muito fazia tudo 0 que ela desejava

Notou-se que F testava os limites dos adultos para conseguir 0 que desejava

e as pessoas que a cercavam para se livrarem das birras acabavam par fazer 0

que ela queria

34

Na escola nao conseguia se relacionar com os colegas quando a professora

pedia para fazer alguma atividade F lazia do jeito que queria

A mae de F fazia as atividades par ela dizendo que ~nao queria tazer como

seus pais naD que eles fassem ruins mas eles naD conversavam e naD tinham

tempo de dar atenC80 e de ensinar as deveres da escola

Durante 0 tratamento F inicialmente demonstrou ser cordata posteriormente

mostrou comportamentos de manipulayM querendo controlar a situayao e

procurando forcar que todos as seus desejos fassem realizados Na presenva da

mae nao obedeceu a nenhuma das ordens dela gritou e ficou clara a dificuldade da

mae em dar limites a filha F mostrava-se muito irritada

Foram feitos contratos com F e passou-se a trabalhar atraves de acordos as

limites Com estas regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela

queria

No tratamento foi fundamental que a mae e as demais pessoas que rodeiam a

crianya modificassem sua forma de agir Foi orienlado a mae que quando

ocorressem as tremores ela devena fazer de conta que nao havia percebido nada

Em sessao com a professora de F constatou-se que a hipotese de

problemas de aprendizagem se apresentava mais em lace da lalta de estimulo para

que esta realizasse suas pr6pnas atividades ao inves de que outras pessoas as

fizessem por ela Foram leitas sessees com a finalidade de comprovar se F tinha

problemas de aprendizagem e verificou-se que esla linha plena capacidade de

realizar as tarefas sozinha Em relayao a interayao familiar F dramatrizou em uma

atividade que sua mae trabalhava em um hotel 0 que correspondia a realidade e 0

marido trabalhava em hotel que seu pai estava muito doenle e tinha muitas dores

35

no corpo quando na realidade seu pai ja era falecido Mostrava com isso a falta que

a funy80 paterna Ihe fazia

A mae de F I numa sessao dedicada a sua orientay8o mencionou que F

estava cada vez melhor e que seus tremores para chamar a atenC80 estavam

diminuindo a cada dia

36

4 ORIENTA~OES AOS PAIS

ZAGURY (2001 p59) na complexa tarefa de dar limites sem ser autocratico

ou seja de como disciplinar sem bater OU sem ser coercitivQ com a crianya sugere

algumas estrategias

bull Premiar ou recompensar a born comportamento - sempre que a crianca

tiver atitudes corretas devemos ressaltar este tatoo E bern comum que as

pais muito ocupados com tarefas cotidianas esqueltam de elogiar

somente lembrando de ralhar quando os ftlhos fazem algo errado Desta

forma as criancas entendem que naD vale a pena fazer tudo certinhon

pois nao recebem aprova9ao A melhor forma de alcan9ar um objetivo

educativo e elogiar incentivar e ressaltar tudo a que a crianca fizer de

positivo

bull Diferenciar premiar de dar coisas materiais - apesar do consumismo

vigente as crianvas ainda valorizam mais urn carinho urn elogio sincero

reconhecimento do esforco do que presentes dinheiro e viagens

Eventualmente pode-se presentear materialmente mas e importante nao

comprarmos as crianras pois desta forma elas aprendem a agir de modo

calculista Se dermos nosso carinho e aprovayao seu ego se fortalecera

sua auto-estima se elevara e gradualmente a crianya sentira prazer em

agir de forma adequada

bull Fazer com que a crianya assuma as conseqOemcias dos seus atos - com

carinha e naturalidade devemos conversar e agir apontando seus erras e

fazendo com que reftitam sobre as atitudes incorretas antieticas ou

egocentricas tomando 0 cuidado de deixar claro que 0 que desaprovamos

37

sao as atitudes incorretas e naD suas caracteristicas pessoais 5e mesma

ap6s a explica~o a crianca reincidir na atitude incorreta entao e 0

momento de faze-Ia compreender que e responsavel pelos seus atos e

tambem pelas suas conseqGencias Deve-se ressaltar as consequemcias

do ato born carinho aprova~o estimulo etc Como do ato incorreto

desaprova9ilo nao reforyamento deixar de fazer algo que gostam etc

Deve-se ter em mente que as elogios premiacoes bern como as puni90es

devem ser proporcionais ao fato Ou seja e necessario que se tenha born sensa e

equilibrio para que as acoes sejam autenticas e valorizadas pel as criancas

COUTINHO FILHO (2003) tambem sugere algumas possibilidades para

colocar parametros de limites para a crianca

bull Nao coloque limites conforme seus desejos pessoais

bull Demonstre que voce e as demais adultos tambem tern limites a respeitar

bull Diga qual puni9ilo a ser dada para cada limite ultrapassado e nao deixe de

executa-Ia

bull De puniyoes brandas para atitudes brandas e puniyoes pesadas para

atitudes pesadas

bull Deixe claro que a puniyao Eo pelo ate e nao pela pessoa

bull Justifique os motivos do limite Nao faca isso porque nao quero ou nao

gosto nao Eo justificativa

bull Repita quantas vezes for necesstuio

bull Use sua autoridade sem provocar submissao e mal estar

bull Use da afetividade para impor limites

38

ZAGURY (2001) destaca pontos importantes para nao perder a autoridade

perante os filhos

bull Cumpra 0 que disse (seja premia ou conseqOemcia) ou seja ameacou

execute prometeu faya

bull Seja coerente 0 que nao pode nao pode nunca (salvo raras excessoes)

nao mude de atitude como quem mud a de roupa (au de acordo com 0 seu

humor)

bull Faya com que seus filhos gradualmente assumam responsabilidades

Deixe que eles participem das decisoes sabre premios ou conseqOeuromcias

- isto ajuda a amadurecer e compromete a crianca e as jovens que

aderem mais ao que ajudam a construir (mesma que sejam sans6es para

eles proprios)

bull Cuidado com 0 que diz e com 0 modo como diz - critique 0 ato nunca a

pessoa ou a personalidade de seus filhos Trate somente do assunto que

S8 esta analisando no momento naD desenterre coisas do passado sem

necessidade Nao fique com pena da crianya se ela chorar ficar triste

nao talar com voce E melhor ela ficar triste hoje mas aprender a respeitar

o pr6ximo a 5i propria e a palavra empenhada do que sofrer futuramente

nos seus relacionamentos interpessoais

Segundo TIBA(2002) os filhos nao vem com manual pois eles mesmos sao 0

manual au seja cada criancaencerra uma individualidade e a cada dia os pais irao

aprendendo com cada filho E importante neste aprendizado os pais privilegiarem 0

desenvolvimento relacional atraves de um procedimento basico que deve ser

aplicado a cada fllho Para TBA (2002) ese procedimento e valido para qualquer

39

relacionamento entre pessoas de qualquer idade mas que e relevante na formaC8o

da auto-estima da criancadesde 0 seu nascimento Para 0 atendimento integral a

uma crian9 sao cinco os passos parar ouvir olhar pensar e agir (TIBA 2002

p127)

TIBA (2002) descreve os cinco passos da seguinte forma

1 Parar - parar 0 que estiver fazendo ou pensando e dar atenyao total acriancaCasa naD possa parar naquele exato momento vale colaear uma

das maos no ombro da crian9 enquanto diz que logo vai atende-Ia A

crianya deve ficar esperando ali juntinho de voce Pode ser que ela queira

sair para voltar logo depois Se a iniciativa de sair for da crianca a

responsabilidade de voltar sera dela Mas deve evitar ao maximo dizer

para a crianca ocupar-se com Dutra caisa enquanto voce termina 0 que

esta fazendo Nem sempre ela volta outra vez pelo mesmo motivo E

tambem fundamental deixar de lado ideias preconcebidas sobre 0 que a

crianca vai fatar Se voce pensa ~Iavern aquela chata me encher Dutra

vez seu cerebro ja esta preenchido em parte com esse pensamento e

voce perde a chance de atende-Ia integralmente

2 Ouvir - e a parte racional Os pais devem olhar no funda dos ahos da

crianca como se a Duvissem com as ahos A criany8 precisa aprender a

se expressar Nao se deve tentar adivinhar 0 que ela quer Quando pede

alguma coisa esta desenvolvendo sua capacidade de pensar de formular

uma pergunta e de se expressar para que outras pessoas possam

compreende-Ia

3 Olhar - e a parte instintiva Num piscar de olhos uma pessoa consegue

ver tantas coisas que levaria muito tempo explica-Ias em palavras Tudo 0

40

que se percebe visualmente tambem tem que ser considerado para

compreender a crian9a

4 Pensar - lados os elementos percebidos tanto visualmente quanto

verbal mente mais 0 sentido educativo que se que ira imprimir na forma9ao

da criana devem fazer parte da resposta a ser dada Sentido educativo e

o objetivo a ser atendido com a educaao que esta sendo dada (Quer que

o filho seja egoista Coloque-o sempre em primeiro lugar em detrimento

dos outros e diga sim a todos os seus desejos Quer que ele seja feliz

Ajude-o a desenvolver a satisfailo pelo que e e pelo que consegue fazer

a tolerimcia a compreensao dos Qutrosa vontade de ajudar a quem pede

e a etica do bem)

5 Agir - essa aao ou resposta deve ser bem clara e objetiva Melhor ainda

se voce puder se assegurar de que a crianca real mente saciou sua

vontade

E importante ressaltar que os cinco passos devem ser utilizados em todas as

situayaes desde 0 tombo da crian98 pequena ate quando a crian98 crescer Ao se

utilizar este procedimento basico as atitudes dos pais tendem a ser coerentes Par

exemplo se uma crianca calr naD e necessaria as pais sairem desesperados em

todas Situ8COeS mas avaiar se 0 tombo foi grave QU se foi urn tombinho que naD

precisa de maiores cuidados Tambem as pais naD devem sair dizendo que chao

feio que passa a falsa ideia que 0 chao e culpado pelo seu tombo a criana tem

que aprender que ela deve ter cuidado Se ela se choca uma ou duas vezes numa

mesa ela aprende a ter cuidado por sua pr6pria experiencia TIBA (2002 p133)

41

destaca que a afobayao e a reacao exagerada dos pais geram inseguran9a na

crianca

Outre fato bastante comum e as pais deixarem as ftlhos ganharem jogos par

exemplo tentando agrada-Ios mesmo que os deseduquem As crian9as tern uma

sabedoria natural Brincam e competem de acordo com as conhecimentos e as

capacita90es de que disp6ern E mais facil para 0 pai brincar como se fosse crian98

e deixar 0 filho ganhar sempre Esse comportamento contudo da a crianca uma

visao irreal do que e jogar Ganha-se algumas vezes perde-se outras (TIBA 2002

p136) Ou seja e mais educativ~ para a criana descobrir que podemos ser bons

em algumas caisas mas nao em tudo Passa-se uma experiencia da realidade para

a crianC8

TIBA (2002) tambem cita 0 caso de colocar a crian9a no colo enquanto se

dirige urn carro A crianC8 tern a falsa sensacao de que comanda 0 veiculo mas issa

nao passa de urn poder irreal Ao dirigir urn carrinho de brinquedo ela poderia de fato

se sentir poderosa IS50 sem falar que quando 0 filho crescer ao 15 anos par

exempla vai querer sair com 0 carro do pai mesmo sem poder Mas quando era

criancaeu podia

o caso classico da criancaquerer dormir com os pais tambem e abordado por

TIBA (2002) segundo 0 autor 0 ideal e que desde bebe a crian9a deve aprender a

dorrnir no seu lugar mesmo que ache mais gostoso aninhar-se entre os pais Ir cada

urn para sua cama da 0 sentido de que cada urn tem seu territorio ai tambem

estamos delimitando limites onde sao respeitados 0 so no e 0 espacode cada urn

Crian~asmaiores que ja andam devem ter um lugar (ou quarto) proprio para dormirMesmo que ocasionalmente adorme~am na cama dos pais e importante que sejamlevadas a sua cama para que acordem la Nao devem adquirir 0 habito de dormir nacama dos pais Tenha paciencia e fale claro em born tom olhando seriamente nofundo dos olhinhos dela ~Cada coisa no seu lugar cada pessoa na sua cama~

42

Quando a crian(f3 percebe que 0 limite e coisa sena e vai ser cumprido procura seajustar(lIBA 2002p115)

OLIVEIRA (1999 p120) enumera as diversos problemas que causam a fato

dos filhos permanecem no quarto dos pais na hora de dormir considerando-as de

difieil recupera~aoposterior

1 Faita de valorizayilo da privacidade tanto do casal como da crianya

2 Mantem a relacao simbi6tica au seja a li98980 existente entre mae e

bebe prejudicando 0 desenvolvimento emocional da crian93

3 A crianya tende a formar relayao de dependencia da protey80 e da

preseny8 dos pais ate mesma durante 0 sono

4 Quando chegar a fase em que a crianca elege entre 0 pai e a mae 0 seu

preferido tenta afastar 0 autro esticando-se e virando-se na cama de

modo a deixar a preterido desconfortavel a ponto deste mudar de lugar

sair da cama e ate mesma do quarto

E importante ressaltar que sempre as regras devem ser claras e naD sujeitas

a mudancas pois a organizacao interna dos filhos fica muito prejudicada se dormir

au nao na cama dos pais se transforma numa possibilidade que depende apenas do

humor dos pais ou de quanto 0 filho se recusa a dormir sozinho (chorando

acordando diversas vezes etc) A crian9a com autonomia de sono e mais

independente e feliz (TIBA 2002 p116)

Enfatiza-se que na maiaria dos casas as pais permitem que as criancas

fiquem ate mais tarde no quarto deles nao e par uma exigemcia ou necessidade da

crianya mas par alguma deficiencia desequilibrio au imaturidade dos proprios pais

(OLIVEIRA 1999 p122)

43

Em relaiio ao choro da crian9l ressalta-se que ha dois tipos de choro 0 que

expressa dor e 0 que busca pader

Se 0 filho descobrir que pade usar a chom como fonte de poder as pais estaoperdidos Nunca mais saberao dizer se ele chara par dar au poder Urn chore depoder Necessita dos olhos e dos ouvidos de quem se quer dominar Ingenua acrianya que usa 0 choro como pader para imediatamente apes conseguir 0 que querOai a importancia de as pais ficarem atentos para nao ser manipulados (TIBA 2002p158)

o choro que apela para 0 lade coitadinho inspira ternura Eo urn tipo de

manipula9ao que busca 0 dominio pela chantagem aletiva Eo dilicil neutralizar 0 uso

do choro como arma

Segundo liSA (2002 p159) Urn pouco de dor nao matara a crian9a assim

como urn poueD de pader nao matara as pais ( ) Se traumas infantis matassem a

humanidade estaria extinta Nao ha filho que nao tenha side contrariado A imensa

maioria deles tern condi90es de agOentar contrariedades 0 autor destaca que pais

que sao soHcitos ao extrema nao trayam um born e segura trajeto para seguir 0

resultado e que a crianya fica insegura pais perde a confianca neles ela pressente

que as pais nao tern firmeza nas suas decisoes e sao manipulaveis

Deve-se tomar cuidado com as exageros urn erro cometido pelos pais

desde que nao seja baseado na violencia em surras socas e pontapes naa traz

problema nenhum Atos como esses descarregam a raiva mas nao tern forlta

educativa pois violmcia s6 gera violencia (liSA 2002 p159)

Em rela9aOaos pais lazerem as tarelas pelos filhos ou ainda pior comprar os

resultados ressalta-se que este tipo de atitude nao ajuda a crianlta cria

dependencia e compromete 0 desenvolvimento escolar Alem disso as pais acabam

privando os filhos do gosto de uma conquista dando uma mensagem subliminar de

que eles sao incapazes Os pais nao devem privar os filhos do gosto de uma

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

REFERENCIASBIBLIOGRAFICAS

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ZAGURY T Educar sem culpa a genese da etica 15 ed Rio de Janeiro Record2000

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Limites sem trauma - construindo cidadaos 25 ed Rio de JaneiroRecord2001

WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

Page 25: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

22

Neste interim surge a psicopedagogia como auxiliar no cicio aluno - familia -

escola quando se instala uma dificuldade de aprendizagem 0 psicopedagogo deve

ter urn olhar para 0 contexte global onde est inserida a criana com dificuldade de

aprendizagem as relac6es familia res e escolares

As crian~s que se evadem da escola em geral sao as mais rejeitadas

Estas criancas precisam ser estimuladas ao relacionamento a responder

adequadamente aos sentimentos do outro e a controlar tensao e ansiedade

compreendendo qual e 0 comportamento aceitavel em determinada situacao

E preciso aprender a lidar com a ira e a tristeza a respeitar as diferencas de

modo a encarar as eaisas dificeis aprender a perguntar a negociar a ser mais

assertivo Eo importante somar aos conteudos de hoje as liDes sobre sentimentos e

relacionamentos 0 primeiro passe e aprender a nomear a emoCao compreende-Ia

a partir de suas express6es faciais corpora is E essencial que 0 professor amplie

sua ViS80 sobre as quest6es emocionais desenvolvendo autodisciplina vida

virtuosa capacidade de motivar-se de enfrentar press6es e resolver conflitos

Por tudo isso a escola tem 0 compromisso moral e etico de se preocupar com

o desenvolvimento dos alunos reinventando as aulas e proporcionando a sintonia

do conteudo a capacidade de aprender Considera-se muito importante que a familia

e a escola estabelecarn urn vinculo para tentar mUdanyas em relaC80 it falta de

atenC80 e indisciplina no sentido de ajudar 0 aluno a evitar maiores dificuldades

crises e stress

ANNA FREUD (1971 p162) considera que as normas escolares prestam

pouca ou nenhuma atenC80 as diferencas individuais

o aluno deve sentir-se desafiado e envolvido no processo a todo instante A

capacidade de empatia entre professor e aluno e 0 segredo do sucesso no

23

relacionamento entre ambos A auto-estima e urn ponto tambem fundamental para

um comportamento bem integrado

Num sistema educacional problematico como 0 do Brasil unido ascaracteristicas pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita5es

do professor e toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sal a

de aula interferem na aprendizagem como urn todo Pais e professores devem estar

atentos para educar desde os primeiros dias de vida para a disciplina que nao

5ubmete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemple e 0 dialogo

E preciso que a escala como urn todD e principal mente seu corpo docente

ampliem a consciencia a respeito da responsabilidade que tern em relacao ao futuro

dos seus alunos e alem disso que possam perceber a importancia do bern estar

psicol6gico como uma situacao fundamental para a aprendizagem satisfat6ria A

escola pode e deve propiciar ao aluno seguranca emocional para que ele possa

vivenciar vinculos saudaveis com seus professores e colegas

Espera-se que Utenham uma visao positiva da vida e sentido de humor que

sejam capazes de apreciar 0 valor de uma boa risada para eliminar pequenos

ressentimentos e aborrecimentos que prejudicam 0 crescimento do aluno (MOULY

1979 p 134)

E urgente a necessidade de uma nova escola desenhada para a mente e 0

cora~ao que ensina autocontrole empatia a arte de ouvir de resolver conflilos de

cooperar

A indisciplina pode ser definida como

Indisciplina e a recusa de $ubmeter-se as regras de aprendizagem educativa e a seu sistemade transmissao institucional Relacionada com 0 contexto familiar e escolar a indisciplina eum dos sintomas dos disturbios da inf~ncia e da adolescencia Quee preciso situar no campomutti~imensional da~ i~teracOesentre processos de aprendizagem e finalidades da educayaorelayao educadorlsuJeltolgrupos de alunosJclasse sistema de avaliacao e risco de fracasso

24

Ultrapassando 0 simples registro dos disturbios de carater a indisciplina tern a ver comfatores psicossociais que dao sentido a essa forma de insubmissflo (DORON et ai 1998)

Para VASCONCELLOS (1995) as manifesta90es de indisciplina na escola e

na sal a de aula sao urn problema a ser analisado na sua totalidade levando-se em

conta a familia as mudan~asocorridas na escola a professor a sociedade a crise

dos sentidos e dos limites considerando-se que 0 que se entende por disciplina e

como construi-Ia nurn processo de interarao entre 0 adolescente e a

professorescola

A educaC8o no seu verdadeiro sentido naD se faz sem autoridade pais 0

educando precisa do referencial do educador a fim de ter base para a constru9ao do

seu eu Muitas vezes 0 professor nao consegue disciplina porque nao tem

autoridade diante dos alunos Normalmente 0 professor fica esperando que 0 aluno

traga urn reconhecimento natural para com sua pessoa historicamente esse tempo

passou 0 tratamento de respeito tem que ser conquistado pelo professor

(VASCONCELLOS 1995)

A questao fica complicada quando temas como profissionais da educayao

elementos totalmente alheios e nao educados para a realidade atual Alem da falta

de dominio dos conteudos a serem ensinados falta-Ihes a capacidade de perceber

essas transforma90es hist6ricas que vern ocorrendo no relacionamento educando x

educador Falta-Ihes conhecimento do desenvolvimento humane e psicol6gico de

seus alunos E por fim suas pnticas pedag6gicas sao pobres de metodos que

propiciem a intera9aOe a construyao do conhecimento no respeito mutuo falta-Ihes

autoridade e capacidade de administrar a indisciplina gerada pelos fatores citados

Esses professores podem se deparar com criancas com transtorno desafiador

25

opositivo e muitos deles carecem de orientaCiies de como lidar com este tipo de

conduta

A disciplina escolar e urn conjunto de regras que devem ser obedecidas para

o exito do aprendizado escolar Portanto ela e uma qualidade de relacionamento

humano entre 0 corpo docente e 0$ alunos em uma sala de aula e

consequentemente na escola respeitando as caracteristicas de cada urn dos

envolvidos (TIBA 1996)

Para que haja disciplina em sala de aula isto e alunos motivados satisfeitos

com a aula e necessaria que 0 professor seja urn grande conhecedor do que

ensina da realidade que 0 cerca e tenha a capacidade de envolver 0 aluno na sua

sala usanda uma metodologia e uma didatica que nao deem margem a apatia ao

cans890 a monotonia para ambas as partes 0 aluno deve sentir-se desafiado e

envolvido no processo a todo instante A capacidade de empatia entre professor e

aluno e 0 segredo do sucesso no relacionamento entre ambos

Para TIBA (1996) a indisciplina na escola e vista como conseqOencia do

sistema educacional brasileiro que afeta diretamente as rela90es dos individuos em

sal a de aula e na escola Urn sistema total mente falido unido as caracteristicas

pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita~oes do professor e

toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sala de aula A auto-

estima e citada pelo autor como fundamental para um comportamento bem

integrado Ele aponta tambem inumeras sugestiies para os pais e professores no

sentido de como educar desde os prirneiros dias de vida para a disciplina que nao

submete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemplo e 0 dialogo

Por outro lado encontra-se a escola tentando cumprir a sua funCao (orientar

na constru~ao do conhecimento) e freqDentemente quando 0 professor se depara

26

com um alune que esta precisando de ajuda no aspecto emocional encontra-se

despreparado para lidar com a questao reagindo com intolerancia Consideram

muitas vezes mais tacil fazer julgamentos como 0 alune naD tern jeito bulle da

familia tal todos as irmaos desta familia ja fcram meus alunos e sao todos i9uais

Eventualmente recusam-se a participar de cursos de atualiza9ao e aperfei90amento

e preferem adetar a postura de que sabem que 0 alunD naD tern jeito mesma e nada

S8 tern a fazer a que favorece 0 rebaixamentoda auto-estima do alune e 0

agravamento do problema gerando disc6rdias e aborrecimentos na escola

Urn Dutro aspecto a ser considerado e que tudo sa tornaria mais facil para a

crianca se ao ingressar na escola ela pudesse encontrar um ambiente acolhedor

com regras bern definidas professores conhecedores dessa realidade com

formacaopsicol6gica para propiciar momentos de tomada de consciencia do porque

daquele comportamento fazendo acontecer a catarse e redirecionando as modos de

agir de tais crian~s e adolescentes Porem a realidade das escolas e bem outra 0

proprio ambiente e a mentalidade favorece que ela a crianca a adolescente

coloquem toda a agressao reprimida suas neuroses seu 6dio seus sentimentos

de culpa sua revolta contra a autoridade e a patrimonio escolar Muitas vezes 0

atuno encontra professores que nao se libertaram dos traumas e problemas dos

quais eles mesmos foram vitimas na primeira infancia alern de desconhecerem e

nao saberem lidar com a crianca e 0 adolescente problematico pelo desprepara

pedag6gico e a falta de metodos adequados e atrativos para prender a aten9ao e 0

interesse de seus alunos Sua pratica pedag6gica e pobre de recursos e estrategias

que desafiem e motivern tais alunos a se auto valorizarem elevando a auto-estima

Urn dos pontes mais comuns entre as indisciplinados e a sentimento de

menos valia aem da fata de conffan9a nos contatos e na produtividade Percebe-se

27

assim que para reverter essa questao naD basta trabalhar com a aluno E

necessario urn trabalho junto aos professores e familias criando estrategias que

modifiquem 0 ambiente e urn relacionamento mais verdadeiro mais equilibrado

deve ser estabelecido em todos as sentidos - trabalhando-se em equipe

28

3 0 CASO DE UMA CRIANCA COM TRANSTORNO DESAFIADOR OPOSITIVO

Foram utilizadas entrevistas com a mae professores e irmaos Encontros com

a crian-a em sess6es com durayao de 50 minutos cnde utilizou-se de metod as

como desenhos brincadeiras jogos regrados massa de modelar

31 HIST6RIGO DO GASO

F e urna rnenina de cinco anos cayula tendo um irmao de 21 anos e urna

irma de 17 anas de idade

o pai faleceu com 49 anas ha apraximadamente 01 ana e a mae atualmente

com 49 anas teve F com 43 anas

o pai fai marta par paliciais em frente a sua casa Estava bebada e saiu a rua

armada e um carro da palicia apareceu e 0 viu sentado na calcadalogo depois

vieram muitas viaturas e a mae pediu que levassem 0 marido para passar a noite na

cadeia mas que naD fizessem nenhum mal a ele Neste momento 0 pai de F

comeyou a atirar e aS policiais (segundo a mae 18 policiais aproximadamente)

invadiram a casa e comeyaram a atirar A familia fa para os fundos da casa e a mae

passou F par cima do muro para a casa da vizinha Quando a familia voltou para

frente da casa as paliciais disseram que a pai de F estava ferida na perna e

levaram-na para a hospital mas segundo a relata da mae ele ja estava marta e

havia na verdade levado urn tiro na cabeca F nao viu a cena mas escutou tudo

Ganforme relata da mae a partir da data do acarrida F naa abedece faz de

canta que naa escuta e quando quer alga came9a a tremer A mae diz que a filha

29

ficou assim desde a marte do pai pais este a bajulava muito fazia tudo 0 que ela

desejava

F sempre foi mimada pelo pai este nunca repreendia a filha por algo de

errado que ela fizesse Para 0 pai F nunca estava errada inclusive quando ela e a

irma mais velha brigavam 0 pai sempre ia em defesa da mais nova e para protege-

la amea98va bater na mais velha

A queixa principal da mae e que F comeya a tremer quando quer algo de que

gosta muito nao obedece a regras e Iimites impostos pelos responsaveis

Nas observayiies comportamentais notou-se que F testa os limites dos

adultos para conseguir 0 que deseja e as pesso8s que a cercam para se livrarem

das birras acabavam por fazer 0 que ela queria Mas essas mesmas pessoas

comeyaram a perceber que a falta de regras e limites jil ultrapassava 0 limite do

suportaveJ

Segundo HANISH et al (1999) 0 transtorno desafiador opositivo aparece

antes dos 10 anos Normalmente torna-se aparente na idade pre-escolar que e 0

caso desta crianga

Na escola F naD interagia com as colegas na hara de fazer brincadeiras em

grupo nac conseguia se relacionar com as colegas quando a professora pedia para

fazer alguma atividade F fazia do jeito que queria e nao como a professora

solicitava

Para que houvesse progresso no tratamento foi fundamental que a mae e as

demais pessoas que rodeiam a crian~a modificassem sua forma de agir e para que

isso ocorresse foi preciso fazer urn remanejo de conduta dessas pessoas Fez-se

pois necessaria orientacao e treinamento para auxilia-Ios nesta mudanlta

30

32 EVOLUCAO DO CASO

As intervenyoes utilizadas neste casc com a mae fcram em forma de

orientayao na freqOencade pelo menDS uma vez par meso Mais recentemente este

trabalho com a mae vern sendo feito a cada quinze dias

Em conversa com a mae esta mencionou que naD queria fazer como seus

pais naD que eles fassem ruins disse ela mas eles nao conversavam e naD tinham

tempo de dar aten9ao e de ensinar os deveres da escola Tudo 0 que ela aprendeu

na escola foi par esforyo proprio e naD queria que isso acontecesse com sua filha

entaD ela au as irmaos mais velhos sentam com F e a ensinam

Mais tarde foi feita uma entrevista com a professora e esta mostrou todas as

li90es de F e disse que aquelas atividades nao haviam side feitas pela crian9a e sim

por seu irmao e que a professora ja havia mandado bilhetes pedindo que nao

fizessem mais as atividades da escola par F A mae foi orientada a dar mais

incentivo a F em lugar de fazer os deveres por ela pois F nilo tinha problemas de

aprendizagem mas par falta de incentivo poderia vir a ter

Com F foram utilizadas brincadeiras como pintura com aquarela desenhos

massa de modelar hist6ria infantis Atraves destes me-todosforam utilizados refor~o

e a punicao quando necessarios

o refor9Q foi atraves de elogios sorriso e aten9ao quando F realizava urn

comportamento desejavel A punitao consistiu em retirar uma atividade que ela

gostava muito como desenhar OU tambem ignorar a sua atitude mantendo a calma

No terceiro encontro F mencionou 0 pai dizendo que ele comprava doces

para ela mas nao quis continuar falando sobre ele alegando que 0 irmao mais velho

nao gostava Mais tarde em outras sess6es tornou-se claro ser isto fantasia sua

31

Nos primeiros encontros corn F ela demonstrou S8r cordata entretanto a

partir do quarto encontro F mostrou comportamentos de manipula9ao ou seja

querer controlar a situacao e que tude salsse da forma que queria para que todos

as seus desejos fossem realizados atitude comum em casa ou na escola

A quinta sessao foi para verificar a interacao de F com a mae F mostrou-se

intransigente naD obedeceu a nenhuma das ordens da mae na hora de guardar as

brinquedos gritou com a mae e esta demonstrou claramente nao conseguir dar

limites a sua filha A mae conseguiu dizer neste momento que se F estivesse em

casa iria apanhar com uma varinha mas ista naD adiantou pais F ficou irredutivel

Ao final da sessao quando tudo estava no seu devido lugar F ja estava agindo como

se nada tivesse ocorrido a mae mencionou que F era muito nervoS8

A partir da sexta sessao loram leitos contratos com F os quais ela aceitou

com lacilidade

Apos 0 contrato feito na sessao anterior na setima sessao foi trabalhado a

limite atraves de acordos leitos com F como pedir para que ela escolhesse

somente tres tipos de brinquedos da caixa que s6 iria embora quando a horario da

sessao terminasse e que as Iimites seriam colocados pela terapeuta Com estas

regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela queria

A partir da oitava sessao loi levantada a hip6tese do problema de F ser

transtorno desafiador opositivo pais ela demonstrou as comportamentos de querer

dominar e mostrar que poderia mandar mas com muita paciencia foram impastos

limites atraves do silencio mostrando que nem tudo poderia ser como ela queria e

assim acabou aceitando

A nona sessao loi destinada a orientar a mae em como agir com a filha e loi

proposto para que a mae assistisse a proxima sessao atras do espelho

32

Como foi sugerido para a mae na sessao passada ela ficou ats do espelho

para ver como a filha interagia e poder verificar qual seria a melhor forma de lidar

com ela

A decima segunda sessao foi destinada a mae para verificar como estava 0

comportamento de F fora da terapia Ela comentou que 0 comportamento da filha

melhorara muito que as tremores 56 ocorriam esporadicamente Foi orientado amae que quando Dcarressem as tremores ela deveria fazer de conta que naD havia

percebido nada

Foram feitas diversas sess6es seguidas mais precisamente da decima

terceira il decima setima com F destinadas a trabalhar regras e limites Este

trabalho foi realizado atraves de acordos com F como por exemplo pedir que ela

escolhesse apenas tres brinquedos da caixa au escolhesse entre desenhar e ouvir

historias au ainda entre conversar e brincar tambem poderia escolher entre brincar

de casinha e desenhar

A decima oitava sessao foi urna sessao diferente pOis foi destinada aprofessora de F para verificar como F estava S8 comportando e se relacionando

com colegas em sala de aula enos interval os A professora levantou a hip6tese de F

ter problemas de aprendizagem pois as atividades escolares dela nao eram

compativeis com a de seus colegas de classe Mas foi constatado atraves das

atividades que eram enviadas para serem feitas em casa que 0 que faUava para F

era estimulo pOisseu irmao fazia suas atividades por ela

Foram feitas duas sessoes seguidas (decima nona e vigesimal para

comprovar se havia problemas de aprendizagem com F Sessoes estas de recorte e

colagem e de hist6ria (Cinderela) Com estas atividades pode se constatar que F

33

tern plena capacidade de realizar tarefas sDzinha talvez com uma pequena

orienta9ao quando solicitado por ela

A vigesima primeira foi mais uma sessao dedicada a orient89ao a mae

quando esta mencionou que Festa cada vez melhor seus tremores quando quer

chamar a aten9ao estao diminuindo a cada dia

No vigesimo segundo encontro com F a interven9ao utilizada foi 0 desenho

Eta desenhou margaridas e mencionou que se fosse uma planta queria ser uma

margarida e S8 fosse urn objeto queria ser uma estrela Ja na sessao seguinte que

foi a vigesima terceira a intervencao utilizada foi brincar de casinha cnde F mostrou

a sua intera9ao familiar dizendo que trabalhava em um hotel (como na realidade sua

mae trabalha) 0 marido trabalhava em hotel e seu pai estava muito doente (na

realidade ja e falecido) e tinha muitas dores no corpo

Ate 0 momento foram feitas as vinte e tres sess6es aqui descritas nas quais

a crianya demonstrou significativas mudantas no comportamento

33 ANALISE DO CASO

Inicialmente F nae obedecia fazia de conta que naD escutava e quando

queria algo come9ava a tremer nao obedecendo a regras e limites impostos pelos

respons8veis A mae dizia que a filha ficou assim desde a morte do pai pais este a

bajulava muito fazia tudo 0 que ela desejava

Notou-se que F testava os limites dos adultos para conseguir 0 que desejava

e as pessoas que a cercavam para se livrarem das birras acabavam par fazer 0

que ela queria

34

Na escola nao conseguia se relacionar com os colegas quando a professora

pedia para fazer alguma atividade F lazia do jeito que queria

A mae de F fazia as atividades par ela dizendo que ~nao queria tazer como

seus pais naD que eles fassem ruins mas eles naD conversavam e naD tinham

tempo de dar atenC80 e de ensinar as deveres da escola

Durante 0 tratamento F inicialmente demonstrou ser cordata posteriormente

mostrou comportamentos de manipulayM querendo controlar a situayao e

procurando forcar que todos as seus desejos fassem realizados Na presenva da

mae nao obedeceu a nenhuma das ordens dela gritou e ficou clara a dificuldade da

mae em dar limites a filha F mostrava-se muito irritada

Foram feitos contratos com F e passou-se a trabalhar atraves de acordos as

limites Com estas regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela

queria

No tratamento foi fundamental que a mae e as demais pessoas que rodeiam a

crianya modificassem sua forma de agir Foi orienlado a mae que quando

ocorressem as tremores ela devena fazer de conta que nao havia percebido nada

Em sessao com a professora de F constatou-se que a hipotese de

problemas de aprendizagem se apresentava mais em lace da lalta de estimulo para

que esta realizasse suas pr6pnas atividades ao inves de que outras pessoas as

fizessem por ela Foram leitas sessees com a finalidade de comprovar se F tinha

problemas de aprendizagem e verificou-se que esla linha plena capacidade de

realizar as tarefas sozinha Em relayao a interayao familiar F dramatrizou em uma

atividade que sua mae trabalhava em um hotel 0 que correspondia a realidade e 0

marido trabalhava em hotel que seu pai estava muito doenle e tinha muitas dores

35

no corpo quando na realidade seu pai ja era falecido Mostrava com isso a falta que

a funy80 paterna Ihe fazia

A mae de F I numa sessao dedicada a sua orientay8o mencionou que F

estava cada vez melhor e que seus tremores para chamar a atenC80 estavam

diminuindo a cada dia

36

4 ORIENTA~OES AOS PAIS

ZAGURY (2001 p59) na complexa tarefa de dar limites sem ser autocratico

ou seja de como disciplinar sem bater OU sem ser coercitivQ com a crianya sugere

algumas estrategias

bull Premiar ou recompensar a born comportamento - sempre que a crianca

tiver atitudes corretas devemos ressaltar este tatoo E bern comum que as

pais muito ocupados com tarefas cotidianas esqueltam de elogiar

somente lembrando de ralhar quando os ftlhos fazem algo errado Desta

forma as criancas entendem que naD vale a pena fazer tudo certinhon

pois nao recebem aprova9ao A melhor forma de alcan9ar um objetivo

educativo e elogiar incentivar e ressaltar tudo a que a crianca fizer de

positivo

bull Diferenciar premiar de dar coisas materiais - apesar do consumismo

vigente as crianvas ainda valorizam mais urn carinho urn elogio sincero

reconhecimento do esforco do que presentes dinheiro e viagens

Eventualmente pode-se presentear materialmente mas e importante nao

comprarmos as crianras pois desta forma elas aprendem a agir de modo

calculista Se dermos nosso carinho e aprovayao seu ego se fortalecera

sua auto-estima se elevara e gradualmente a crianya sentira prazer em

agir de forma adequada

bull Fazer com que a crianya assuma as conseqOemcias dos seus atos - com

carinha e naturalidade devemos conversar e agir apontando seus erras e

fazendo com que reftitam sobre as atitudes incorretas antieticas ou

egocentricas tomando 0 cuidado de deixar claro que 0 que desaprovamos

37

sao as atitudes incorretas e naD suas caracteristicas pessoais 5e mesma

ap6s a explica~o a crianca reincidir na atitude incorreta entao e 0

momento de faze-Ia compreender que e responsavel pelos seus atos e

tambem pelas suas conseqGencias Deve-se ressaltar as consequemcias

do ato born carinho aprova~o estimulo etc Como do ato incorreto

desaprova9ilo nao reforyamento deixar de fazer algo que gostam etc

Deve-se ter em mente que as elogios premiacoes bern como as puni90es

devem ser proporcionais ao fato Ou seja e necessario que se tenha born sensa e

equilibrio para que as acoes sejam autenticas e valorizadas pel as criancas

COUTINHO FILHO (2003) tambem sugere algumas possibilidades para

colocar parametros de limites para a crianca

bull Nao coloque limites conforme seus desejos pessoais

bull Demonstre que voce e as demais adultos tambem tern limites a respeitar

bull Diga qual puni9ilo a ser dada para cada limite ultrapassado e nao deixe de

executa-Ia

bull De puniyoes brandas para atitudes brandas e puniyoes pesadas para

atitudes pesadas

bull Deixe claro que a puniyao Eo pelo ate e nao pela pessoa

bull Justifique os motivos do limite Nao faca isso porque nao quero ou nao

gosto nao Eo justificativa

bull Repita quantas vezes for necesstuio

bull Use sua autoridade sem provocar submissao e mal estar

bull Use da afetividade para impor limites

38

ZAGURY (2001) destaca pontos importantes para nao perder a autoridade

perante os filhos

bull Cumpra 0 que disse (seja premia ou conseqOemcia) ou seja ameacou

execute prometeu faya

bull Seja coerente 0 que nao pode nao pode nunca (salvo raras excessoes)

nao mude de atitude como quem mud a de roupa (au de acordo com 0 seu

humor)

bull Faya com que seus filhos gradualmente assumam responsabilidades

Deixe que eles participem das decisoes sabre premios ou conseqOeuromcias

- isto ajuda a amadurecer e compromete a crianca e as jovens que

aderem mais ao que ajudam a construir (mesma que sejam sans6es para

eles proprios)

bull Cuidado com 0 que diz e com 0 modo como diz - critique 0 ato nunca a

pessoa ou a personalidade de seus filhos Trate somente do assunto que

S8 esta analisando no momento naD desenterre coisas do passado sem

necessidade Nao fique com pena da crianya se ela chorar ficar triste

nao talar com voce E melhor ela ficar triste hoje mas aprender a respeitar

o pr6ximo a 5i propria e a palavra empenhada do que sofrer futuramente

nos seus relacionamentos interpessoais

Segundo TIBA(2002) os filhos nao vem com manual pois eles mesmos sao 0

manual au seja cada criancaencerra uma individualidade e a cada dia os pais irao

aprendendo com cada filho E importante neste aprendizado os pais privilegiarem 0

desenvolvimento relacional atraves de um procedimento basico que deve ser

aplicado a cada fllho Para TBA (2002) ese procedimento e valido para qualquer

39

relacionamento entre pessoas de qualquer idade mas que e relevante na formaC8o

da auto-estima da criancadesde 0 seu nascimento Para 0 atendimento integral a

uma crian9 sao cinco os passos parar ouvir olhar pensar e agir (TIBA 2002

p127)

TIBA (2002) descreve os cinco passos da seguinte forma

1 Parar - parar 0 que estiver fazendo ou pensando e dar atenyao total acriancaCasa naD possa parar naquele exato momento vale colaear uma

das maos no ombro da crian9 enquanto diz que logo vai atende-Ia A

crianya deve ficar esperando ali juntinho de voce Pode ser que ela queira

sair para voltar logo depois Se a iniciativa de sair for da crianca a

responsabilidade de voltar sera dela Mas deve evitar ao maximo dizer

para a crianca ocupar-se com Dutra caisa enquanto voce termina 0 que

esta fazendo Nem sempre ela volta outra vez pelo mesmo motivo E

tambem fundamental deixar de lado ideias preconcebidas sobre 0 que a

crianca vai fatar Se voce pensa ~Iavern aquela chata me encher Dutra

vez seu cerebro ja esta preenchido em parte com esse pensamento e

voce perde a chance de atende-Ia integralmente

2 Ouvir - e a parte racional Os pais devem olhar no funda dos ahos da

crianca como se a Duvissem com as ahos A criany8 precisa aprender a

se expressar Nao se deve tentar adivinhar 0 que ela quer Quando pede

alguma coisa esta desenvolvendo sua capacidade de pensar de formular

uma pergunta e de se expressar para que outras pessoas possam

compreende-Ia

3 Olhar - e a parte instintiva Num piscar de olhos uma pessoa consegue

ver tantas coisas que levaria muito tempo explica-Ias em palavras Tudo 0

40

que se percebe visualmente tambem tem que ser considerado para

compreender a crian9a

4 Pensar - lados os elementos percebidos tanto visualmente quanto

verbal mente mais 0 sentido educativo que se que ira imprimir na forma9ao

da criana devem fazer parte da resposta a ser dada Sentido educativo e

o objetivo a ser atendido com a educaao que esta sendo dada (Quer que

o filho seja egoista Coloque-o sempre em primeiro lugar em detrimento

dos outros e diga sim a todos os seus desejos Quer que ele seja feliz

Ajude-o a desenvolver a satisfailo pelo que e e pelo que consegue fazer

a tolerimcia a compreensao dos Qutrosa vontade de ajudar a quem pede

e a etica do bem)

5 Agir - essa aao ou resposta deve ser bem clara e objetiva Melhor ainda

se voce puder se assegurar de que a crianca real mente saciou sua

vontade

E importante ressaltar que os cinco passos devem ser utilizados em todas as

situayaes desde 0 tombo da crian98 pequena ate quando a crian98 crescer Ao se

utilizar este procedimento basico as atitudes dos pais tendem a ser coerentes Par

exemplo se uma crianca calr naD e necessaria as pais sairem desesperados em

todas Situ8COeS mas avaiar se 0 tombo foi grave QU se foi urn tombinho que naD

precisa de maiores cuidados Tambem as pais naD devem sair dizendo que chao

feio que passa a falsa ideia que 0 chao e culpado pelo seu tombo a criana tem

que aprender que ela deve ter cuidado Se ela se choca uma ou duas vezes numa

mesa ela aprende a ter cuidado por sua pr6pria experiencia TIBA (2002 p133)

41

destaca que a afobayao e a reacao exagerada dos pais geram inseguran9a na

crianca

Outre fato bastante comum e as pais deixarem as ftlhos ganharem jogos par

exemplo tentando agrada-Ios mesmo que os deseduquem As crian9as tern uma

sabedoria natural Brincam e competem de acordo com as conhecimentos e as

capacita90es de que disp6ern E mais facil para 0 pai brincar como se fosse crian98

e deixar 0 filho ganhar sempre Esse comportamento contudo da a crianca uma

visao irreal do que e jogar Ganha-se algumas vezes perde-se outras (TIBA 2002

p136) Ou seja e mais educativ~ para a criana descobrir que podemos ser bons

em algumas caisas mas nao em tudo Passa-se uma experiencia da realidade para

a crianC8

TIBA (2002) tambem cita 0 caso de colocar a crian9a no colo enquanto se

dirige urn carro A crianC8 tern a falsa sensacao de que comanda 0 veiculo mas issa

nao passa de urn poder irreal Ao dirigir urn carrinho de brinquedo ela poderia de fato

se sentir poderosa IS50 sem falar que quando 0 filho crescer ao 15 anos par

exempla vai querer sair com 0 carro do pai mesmo sem poder Mas quando era

criancaeu podia

o caso classico da criancaquerer dormir com os pais tambem e abordado por

TIBA (2002) segundo 0 autor 0 ideal e que desde bebe a crian9a deve aprender a

dorrnir no seu lugar mesmo que ache mais gostoso aninhar-se entre os pais Ir cada

urn para sua cama da 0 sentido de que cada urn tem seu territorio ai tambem

estamos delimitando limites onde sao respeitados 0 so no e 0 espacode cada urn

Crian~asmaiores que ja andam devem ter um lugar (ou quarto) proprio para dormirMesmo que ocasionalmente adorme~am na cama dos pais e importante que sejamlevadas a sua cama para que acordem la Nao devem adquirir 0 habito de dormir nacama dos pais Tenha paciencia e fale claro em born tom olhando seriamente nofundo dos olhinhos dela ~Cada coisa no seu lugar cada pessoa na sua cama~

42

Quando a crian(f3 percebe que 0 limite e coisa sena e vai ser cumprido procura seajustar(lIBA 2002p115)

OLIVEIRA (1999 p120) enumera as diversos problemas que causam a fato

dos filhos permanecem no quarto dos pais na hora de dormir considerando-as de

difieil recupera~aoposterior

1 Faita de valorizayilo da privacidade tanto do casal como da crianya

2 Mantem a relacao simbi6tica au seja a li98980 existente entre mae e

bebe prejudicando 0 desenvolvimento emocional da crian93

3 A crianya tende a formar relayao de dependencia da protey80 e da

preseny8 dos pais ate mesma durante 0 sono

4 Quando chegar a fase em que a crianca elege entre 0 pai e a mae 0 seu

preferido tenta afastar 0 autro esticando-se e virando-se na cama de

modo a deixar a preterido desconfortavel a ponto deste mudar de lugar

sair da cama e ate mesma do quarto

E importante ressaltar que sempre as regras devem ser claras e naD sujeitas

a mudancas pois a organizacao interna dos filhos fica muito prejudicada se dormir

au nao na cama dos pais se transforma numa possibilidade que depende apenas do

humor dos pais ou de quanto 0 filho se recusa a dormir sozinho (chorando

acordando diversas vezes etc) A crian9a com autonomia de sono e mais

independente e feliz (TIBA 2002 p116)

Enfatiza-se que na maiaria dos casas as pais permitem que as criancas

fiquem ate mais tarde no quarto deles nao e par uma exigemcia ou necessidade da

crianya mas par alguma deficiencia desequilibrio au imaturidade dos proprios pais

(OLIVEIRA 1999 p122)

43

Em relaiio ao choro da crian9l ressalta-se que ha dois tipos de choro 0 que

expressa dor e 0 que busca pader

Se 0 filho descobrir que pade usar a chom como fonte de poder as pais estaoperdidos Nunca mais saberao dizer se ele chara par dar au poder Urn chore depoder Necessita dos olhos e dos ouvidos de quem se quer dominar Ingenua acrianya que usa 0 choro como pader para imediatamente apes conseguir 0 que querOai a importancia de as pais ficarem atentos para nao ser manipulados (TIBA 2002p158)

o choro que apela para 0 lade coitadinho inspira ternura Eo urn tipo de

manipula9ao que busca 0 dominio pela chantagem aletiva Eo dilicil neutralizar 0 uso

do choro como arma

Segundo liSA (2002 p159) Urn pouco de dor nao matara a crian9a assim

como urn poueD de pader nao matara as pais ( ) Se traumas infantis matassem a

humanidade estaria extinta Nao ha filho que nao tenha side contrariado A imensa

maioria deles tern condi90es de agOentar contrariedades 0 autor destaca que pais

que sao soHcitos ao extrema nao trayam um born e segura trajeto para seguir 0

resultado e que a crianya fica insegura pais perde a confianca neles ela pressente

que as pais nao tern firmeza nas suas decisoes e sao manipulaveis

Deve-se tomar cuidado com as exageros urn erro cometido pelos pais

desde que nao seja baseado na violencia em surras socas e pontapes naa traz

problema nenhum Atos como esses descarregam a raiva mas nao tern forlta

educativa pois violmcia s6 gera violencia (liSA 2002 p159)

Em rela9aOaos pais lazerem as tarelas pelos filhos ou ainda pior comprar os

resultados ressalta-se que este tipo de atitude nao ajuda a crianlta cria

dependencia e compromete 0 desenvolvimento escolar Alem disso as pais acabam

privando os filhos do gosto de uma conquista dando uma mensagem subliminar de

que eles sao incapazes Os pais nao devem privar os filhos do gosto de uma

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

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WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

Page 26: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

23

relacionamento entre ambos A auto-estima e urn ponto tambem fundamental para

um comportamento bem integrado

Num sistema educacional problematico como 0 do Brasil unido ascaracteristicas pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita5es

do professor e toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sal a

de aula interferem na aprendizagem como urn todo Pais e professores devem estar

atentos para educar desde os primeiros dias de vida para a disciplina que nao

5ubmete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemple e 0 dialogo

E preciso que a escala como urn todD e principal mente seu corpo docente

ampliem a consciencia a respeito da responsabilidade que tern em relacao ao futuro

dos seus alunos e alem disso que possam perceber a importancia do bern estar

psicol6gico como uma situacao fundamental para a aprendizagem satisfat6ria A

escola pode e deve propiciar ao aluno seguranca emocional para que ele possa

vivenciar vinculos saudaveis com seus professores e colegas

Espera-se que Utenham uma visao positiva da vida e sentido de humor que

sejam capazes de apreciar 0 valor de uma boa risada para eliminar pequenos

ressentimentos e aborrecimentos que prejudicam 0 crescimento do aluno (MOULY

1979 p 134)

E urgente a necessidade de uma nova escola desenhada para a mente e 0

cora~ao que ensina autocontrole empatia a arte de ouvir de resolver conflilos de

cooperar

A indisciplina pode ser definida como

Indisciplina e a recusa de $ubmeter-se as regras de aprendizagem educativa e a seu sistemade transmissao institucional Relacionada com 0 contexto familiar e escolar a indisciplina eum dos sintomas dos disturbios da inf~ncia e da adolescencia Quee preciso situar no campomutti~imensional da~ i~teracOesentre processos de aprendizagem e finalidades da educayaorelayao educadorlsuJeltolgrupos de alunosJclasse sistema de avaliacao e risco de fracasso

24

Ultrapassando 0 simples registro dos disturbios de carater a indisciplina tern a ver comfatores psicossociais que dao sentido a essa forma de insubmissflo (DORON et ai 1998)

Para VASCONCELLOS (1995) as manifesta90es de indisciplina na escola e

na sal a de aula sao urn problema a ser analisado na sua totalidade levando-se em

conta a familia as mudan~asocorridas na escola a professor a sociedade a crise

dos sentidos e dos limites considerando-se que 0 que se entende por disciplina e

como construi-Ia nurn processo de interarao entre 0 adolescente e a

professorescola

A educaC8o no seu verdadeiro sentido naD se faz sem autoridade pais 0

educando precisa do referencial do educador a fim de ter base para a constru9ao do

seu eu Muitas vezes 0 professor nao consegue disciplina porque nao tem

autoridade diante dos alunos Normalmente 0 professor fica esperando que 0 aluno

traga urn reconhecimento natural para com sua pessoa historicamente esse tempo

passou 0 tratamento de respeito tem que ser conquistado pelo professor

(VASCONCELLOS 1995)

A questao fica complicada quando temas como profissionais da educayao

elementos totalmente alheios e nao educados para a realidade atual Alem da falta

de dominio dos conteudos a serem ensinados falta-Ihes a capacidade de perceber

essas transforma90es hist6ricas que vern ocorrendo no relacionamento educando x

educador Falta-Ihes conhecimento do desenvolvimento humane e psicol6gico de

seus alunos E por fim suas pnticas pedag6gicas sao pobres de metodos que

propiciem a intera9aOe a construyao do conhecimento no respeito mutuo falta-Ihes

autoridade e capacidade de administrar a indisciplina gerada pelos fatores citados

Esses professores podem se deparar com criancas com transtorno desafiador

25

opositivo e muitos deles carecem de orientaCiies de como lidar com este tipo de

conduta

A disciplina escolar e urn conjunto de regras que devem ser obedecidas para

o exito do aprendizado escolar Portanto ela e uma qualidade de relacionamento

humano entre 0 corpo docente e 0$ alunos em uma sala de aula e

consequentemente na escola respeitando as caracteristicas de cada urn dos

envolvidos (TIBA 1996)

Para que haja disciplina em sala de aula isto e alunos motivados satisfeitos

com a aula e necessaria que 0 professor seja urn grande conhecedor do que

ensina da realidade que 0 cerca e tenha a capacidade de envolver 0 aluno na sua

sala usanda uma metodologia e uma didatica que nao deem margem a apatia ao

cans890 a monotonia para ambas as partes 0 aluno deve sentir-se desafiado e

envolvido no processo a todo instante A capacidade de empatia entre professor e

aluno e 0 segredo do sucesso no relacionamento entre ambos

Para TIBA (1996) a indisciplina na escola e vista como conseqOencia do

sistema educacional brasileiro que afeta diretamente as rela90es dos individuos em

sal a de aula e na escola Urn sistema total mente falido unido as caracteristicas

pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita~oes do professor e

toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sala de aula A auto-

estima e citada pelo autor como fundamental para um comportamento bem

integrado Ele aponta tambem inumeras sugestiies para os pais e professores no

sentido de como educar desde os prirneiros dias de vida para a disciplina que nao

submete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemplo e 0 dialogo

Por outro lado encontra-se a escola tentando cumprir a sua funCao (orientar

na constru~ao do conhecimento) e freqDentemente quando 0 professor se depara

26

com um alune que esta precisando de ajuda no aspecto emocional encontra-se

despreparado para lidar com a questao reagindo com intolerancia Consideram

muitas vezes mais tacil fazer julgamentos como 0 alune naD tern jeito bulle da

familia tal todos as irmaos desta familia ja fcram meus alunos e sao todos i9uais

Eventualmente recusam-se a participar de cursos de atualiza9ao e aperfei90amento

e preferem adetar a postura de que sabem que 0 alunD naD tern jeito mesma e nada

S8 tern a fazer a que favorece 0 rebaixamentoda auto-estima do alune e 0

agravamento do problema gerando disc6rdias e aborrecimentos na escola

Urn Dutro aspecto a ser considerado e que tudo sa tornaria mais facil para a

crianca se ao ingressar na escola ela pudesse encontrar um ambiente acolhedor

com regras bern definidas professores conhecedores dessa realidade com

formacaopsicol6gica para propiciar momentos de tomada de consciencia do porque

daquele comportamento fazendo acontecer a catarse e redirecionando as modos de

agir de tais crian~s e adolescentes Porem a realidade das escolas e bem outra 0

proprio ambiente e a mentalidade favorece que ela a crianca a adolescente

coloquem toda a agressao reprimida suas neuroses seu 6dio seus sentimentos

de culpa sua revolta contra a autoridade e a patrimonio escolar Muitas vezes 0

atuno encontra professores que nao se libertaram dos traumas e problemas dos

quais eles mesmos foram vitimas na primeira infancia alern de desconhecerem e

nao saberem lidar com a crianca e 0 adolescente problematico pelo desprepara

pedag6gico e a falta de metodos adequados e atrativos para prender a aten9ao e 0

interesse de seus alunos Sua pratica pedag6gica e pobre de recursos e estrategias

que desafiem e motivern tais alunos a se auto valorizarem elevando a auto-estima

Urn dos pontes mais comuns entre as indisciplinados e a sentimento de

menos valia aem da fata de conffan9a nos contatos e na produtividade Percebe-se

27

assim que para reverter essa questao naD basta trabalhar com a aluno E

necessario urn trabalho junto aos professores e familias criando estrategias que

modifiquem 0 ambiente e urn relacionamento mais verdadeiro mais equilibrado

deve ser estabelecido em todos as sentidos - trabalhando-se em equipe

28

3 0 CASO DE UMA CRIANCA COM TRANSTORNO DESAFIADOR OPOSITIVO

Foram utilizadas entrevistas com a mae professores e irmaos Encontros com

a crian-a em sess6es com durayao de 50 minutos cnde utilizou-se de metod as

como desenhos brincadeiras jogos regrados massa de modelar

31 HIST6RIGO DO GASO

F e urna rnenina de cinco anos cayula tendo um irmao de 21 anos e urna

irma de 17 anas de idade

o pai faleceu com 49 anas ha apraximadamente 01 ana e a mae atualmente

com 49 anas teve F com 43 anas

o pai fai marta par paliciais em frente a sua casa Estava bebada e saiu a rua

armada e um carro da palicia apareceu e 0 viu sentado na calcadalogo depois

vieram muitas viaturas e a mae pediu que levassem 0 marido para passar a noite na

cadeia mas que naD fizessem nenhum mal a ele Neste momento 0 pai de F

comeyou a atirar e aS policiais (segundo a mae 18 policiais aproximadamente)

invadiram a casa e comeyaram a atirar A familia fa para os fundos da casa e a mae

passou F par cima do muro para a casa da vizinha Quando a familia voltou para

frente da casa as paliciais disseram que a pai de F estava ferida na perna e

levaram-na para a hospital mas segundo a relata da mae ele ja estava marta e

havia na verdade levado urn tiro na cabeca F nao viu a cena mas escutou tudo

Ganforme relata da mae a partir da data do acarrida F naa abedece faz de

canta que naa escuta e quando quer alga came9a a tremer A mae diz que a filha

29

ficou assim desde a marte do pai pais este a bajulava muito fazia tudo 0 que ela

desejava

F sempre foi mimada pelo pai este nunca repreendia a filha por algo de

errado que ela fizesse Para 0 pai F nunca estava errada inclusive quando ela e a

irma mais velha brigavam 0 pai sempre ia em defesa da mais nova e para protege-

la amea98va bater na mais velha

A queixa principal da mae e que F comeya a tremer quando quer algo de que

gosta muito nao obedece a regras e Iimites impostos pelos responsaveis

Nas observayiies comportamentais notou-se que F testa os limites dos

adultos para conseguir 0 que deseja e as pesso8s que a cercam para se livrarem

das birras acabavam por fazer 0 que ela queria Mas essas mesmas pessoas

comeyaram a perceber que a falta de regras e limites jil ultrapassava 0 limite do

suportaveJ

Segundo HANISH et al (1999) 0 transtorno desafiador opositivo aparece

antes dos 10 anos Normalmente torna-se aparente na idade pre-escolar que e 0

caso desta crianga

Na escola F naD interagia com as colegas na hara de fazer brincadeiras em

grupo nac conseguia se relacionar com as colegas quando a professora pedia para

fazer alguma atividade F fazia do jeito que queria e nao como a professora

solicitava

Para que houvesse progresso no tratamento foi fundamental que a mae e as

demais pessoas que rodeiam a crian~a modificassem sua forma de agir e para que

isso ocorresse foi preciso fazer urn remanejo de conduta dessas pessoas Fez-se

pois necessaria orientacao e treinamento para auxilia-Ios nesta mudanlta

30

32 EVOLUCAO DO CASO

As intervenyoes utilizadas neste casc com a mae fcram em forma de

orientayao na freqOencade pelo menDS uma vez par meso Mais recentemente este

trabalho com a mae vern sendo feito a cada quinze dias

Em conversa com a mae esta mencionou que naD queria fazer como seus

pais naD que eles fassem ruins disse ela mas eles nao conversavam e naD tinham

tempo de dar aten9ao e de ensinar os deveres da escola Tudo 0 que ela aprendeu

na escola foi par esforyo proprio e naD queria que isso acontecesse com sua filha

entaD ela au as irmaos mais velhos sentam com F e a ensinam

Mais tarde foi feita uma entrevista com a professora e esta mostrou todas as

li90es de F e disse que aquelas atividades nao haviam side feitas pela crian9a e sim

por seu irmao e que a professora ja havia mandado bilhetes pedindo que nao

fizessem mais as atividades da escola par F A mae foi orientada a dar mais

incentivo a F em lugar de fazer os deveres por ela pois F nilo tinha problemas de

aprendizagem mas par falta de incentivo poderia vir a ter

Com F foram utilizadas brincadeiras como pintura com aquarela desenhos

massa de modelar hist6ria infantis Atraves destes me-todosforam utilizados refor~o

e a punicao quando necessarios

o refor9Q foi atraves de elogios sorriso e aten9ao quando F realizava urn

comportamento desejavel A punitao consistiu em retirar uma atividade que ela

gostava muito como desenhar OU tambem ignorar a sua atitude mantendo a calma

No terceiro encontro F mencionou 0 pai dizendo que ele comprava doces

para ela mas nao quis continuar falando sobre ele alegando que 0 irmao mais velho

nao gostava Mais tarde em outras sess6es tornou-se claro ser isto fantasia sua

31

Nos primeiros encontros corn F ela demonstrou S8r cordata entretanto a

partir do quarto encontro F mostrou comportamentos de manipula9ao ou seja

querer controlar a situacao e que tude salsse da forma que queria para que todos

as seus desejos fossem realizados atitude comum em casa ou na escola

A quinta sessao foi para verificar a interacao de F com a mae F mostrou-se

intransigente naD obedeceu a nenhuma das ordens da mae na hora de guardar as

brinquedos gritou com a mae e esta demonstrou claramente nao conseguir dar

limites a sua filha A mae conseguiu dizer neste momento que se F estivesse em

casa iria apanhar com uma varinha mas ista naD adiantou pais F ficou irredutivel

Ao final da sessao quando tudo estava no seu devido lugar F ja estava agindo como

se nada tivesse ocorrido a mae mencionou que F era muito nervoS8

A partir da sexta sessao loram leitos contratos com F os quais ela aceitou

com lacilidade

Apos 0 contrato feito na sessao anterior na setima sessao foi trabalhado a

limite atraves de acordos leitos com F como pedir para que ela escolhesse

somente tres tipos de brinquedos da caixa que s6 iria embora quando a horario da

sessao terminasse e que as Iimites seriam colocados pela terapeuta Com estas

regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela queria

A partir da oitava sessao loi levantada a hip6tese do problema de F ser

transtorno desafiador opositivo pais ela demonstrou as comportamentos de querer

dominar e mostrar que poderia mandar mas com muita paciencia foram impastos

limites atraves do silencio mostrando que nem tudo poderia ser como ela queria e

assim acabou aceitando

A nona sessao loi destinada a orientar a mae em como agir com a filha e loi

proposto para que a mae assistisse a proxima sessao atras do espelho

32

Como foi sugerido para a mae na sessao passada ela ficou ats do espelho

para ver como a filha interagia e poder verificar qual seria a melhor forma de lidar

com ela

A decima segunda sessao foi destinada a mae para verificar como estava 0

comportamento de F fora da terapia Ela comentou que 0 comportamento da filha

melhorara muito que as tremores 56 ocorriam esporadicamente Foi orientado amae que quando Dcarressem as tremores ela deveria fazer de conta que naD havia

percebido nada

Foram feitas diversas sess6es seguidas mais precisamente da decima

terceira il decima setima com F destinadas a trabalhar regras e limites Este

trabalho foi realizado atraves de acordos com F como por exemplo pedir que ela

escolhesse apenas tres brinquedos da caixa au escolhesse entre desenhar e ouvir

historias au ainda entre conversar e brincar tambem poderia escolher entre brincar

de casinha e desenhar

A decima oitava sessao foi urna sessao diferente pOis foi destinada aprofessora de F para verificar como F estava S8 comportando e se relacionando

com colegas em sala de aula enos interval os A professora levantou a hip6tese de F

ter problemas de aprendizagem pois as atividades escolares dela nao eram

compativeis com a de seus colegas de classe Mas foi constatado atraves das

atividades que eram enviadas para serem feitas em casa que 0 que faUava para F

era estimulo pOisseu irmao fazia suas atividades por ela

Foram feitas duas sessoes seguidas (decima nona e vigesimal para

comprovar se havia problemas de aprendizagem com F Sessoes estas de recorte e

colagem e de hist6ria (Cinderela) Com estas atividades pode se constatar que F

33

tern plena capacidade de realizar tarefas sDzinha talvez com uma pequena

orienta9ao quando solicitado por ela

A vigesima primeira foi mais uma sessao dedicada a orient89ao a mae

quando esta mencionou que Festa cada vez melhor seus tremores quando quer

chamar a aten9ao estao diminuindo a cada dia

No vigesimo segundo encontro com F a interven9ao utilizada foi 0 desenho

Eta desenhou margaridas e mencionou que se fosse uma planta queria ser uma

margarida e S8 fosse urn objeto queria ser uma estrela Ja na sessao seguinte que

foi a vigesima terceira a intervencao utilizada foi brincar de casinha cnde F mostrou

a sua intera9ao familiar dizendo que trabalhava em um hotel (como na realidade sua

mae trabalha) 0 marido trabalhava em hotel e seu pai estava muito doente (na

realidade ja e falecido) e tinha muitas dores no corpo

Ate 0 momento foram feitas as vinte e tres sess6es aqui descritas nas quais

a crianya demonstrou significativas mudantas no comportamento

33 ANALISE DO CASO

Inicialmente F nae obedecia fazia de conta que naD escutava e quando

queria algo come9ava a tremer nao obedecendo a regras e limites impostos pelos

respons8veis A mae dizia que a filha ficou assim desde a morte do pai pais este a

bajulava muito fazia tudo 0 que ela desejava

Notou-se que F testava os limites dos adultos para conseguir 0 que desejava

e as pessoas que a cercavam para se livrarem das birras acabavam par fazer 0

que ela queria

34

Na escola nao conseguia se relacionar com os colegas quando a professora

pedia para fazer alguma atividade F lazia do jeito que queria

A mae de F fazia as atividades par ela dizendo que ~nao queria tazer como

seus pais naD que eles fassem ruins mas eles naD conversavam e naD tinham

tempo de dar atenC80 e de ensinar as deveres da escola

Durante 0 tratamento F inicialmente demonstrou ser cordata posteriormente

mostrou comportamentos de manipulayM querendo controlar a situayao e

procurando forcar que todos as seus desejos fassem realizados Na presenva da

mae nao obedeceu a nenhuma das ordens dela gritou e ficou clara a dificuldade da

mae em dar limites a filha F mostrava-se muito irritada

Foram feitos contratos com F e passou-se a trabalhar atraves de acordos as

limites Com estas regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela

queria

No tratamento foi fundamental que a mae e as demais pessoas que rodeiam a

crianya modificassem sua forma de agir Foi orienlado a mae que quando

ocorressem as tremores ela devena fazer de conta que nao havia percebido nada

Em sessao com a professora de F constatou-se que a hipotese de

problemas de aprendizagem se apresentava mais em lace da lalta de estimulo para

que esta realizasse suas pr6pnas atividades ao inves de que outras pessoas as

fizessem por ela Foram leitas sessees com a finalidade de comprovar se F tinha

problemas de aprendizagem e verificou-se que esla linha plena capacidade de

realizar as tarefas sozinha Em relayao a interayao familiar F dramatrizou em uma

atividade que sua mae trabalhava em um hotel 0 que correspondia a realidade e 0

marido trabalhava em hotel que seu pai estava muito doenle e tinha muitas dores

35

no corpo quando na realidade seu pai ja era falecido Mostrava com isso a falta que

a funy80 paterna Ihe fazia

A mae de F I numa sessao dedicada a sua orientay8o mencionou que F

estava cada vez melhor e que seus tremores para chamar a atenC80 estavam

diminuindo a cada dia

36

4 ORIENTA~OES AOS PAIS

ZAGURY (2001 p59) na complexa tarefa de dar limites sem ser autocratico

ou seja de como disciplinar sem bater OU sem ser coercitivQ com a crianya sugere

algumas estrategias

bull Premiar ou recompensar a born comportamento - sempre que a crianca

tiver atitudes corretas devemos ressaltar este tatoo E bern comum que as

pais muito ocupados com tarefas cotidianas esqueltam de elogiar

somente lembrando de ralhar quando os ftlhos fazem algo errado Desta

forma as criancas entendem que naD vale a pena fazer tudo certinhon

pois nao recebem aprova9ao A melhor forma de alcan9ar um objetivo

educativo e elogiar incentivar e ressaltar tudo a que a crianca fizer de

positivo

bull Diferenciar premiar de dar coisas materiais - apesar do consumismo

vigente as crianvas ainda valorizam mais urn carinho urn elogio sincero

reconhecimento do esforco do que presentes dinheiro e viagens

Eventualmente pode-se presentear materialmente mas e importante nao

comprarmos as crianras pois desta forma elas aprendem a agir de modo

calculista Se dermos nosso carinho e aprovayao seu ego se fortalecera

sua auto-estima se elevara e gradualmente a crianya sentira prazer em

agir de forma adequada

bull Fazer com que a crianya assuma as conseqOemcias dos seus atos - com

carinha e naturalidade devemos conversar e agir apontando seus erras e

fazendo com que reftitam sobre as atitudes incorretas antieticas ou

egocentricas tomando 0 cuidado de deixar claro que 0 que desaprovamos

37

sao as atitudes incorretas e naD suas caracteristicas pessoais 5e mesma

ap6s a explica~o a crianca reincidir na atitude incorreta entao e 0

momento de faze-Ia compreender que e responsavel pelos seus atos e

tambem pelas suas conseqGencias Deve-se ressaltar as consequemcias

do ato born carinho aprova~o estimulo etc Como do ato incorreto

desaprova9ilo nao reforyamento deixar de fazer algo que gostam etc

Deve-se ter em mente que as elogios premiacoes bern como as puni90es

devem ser proporcionais ao fato Ou seja e necessario que se tenha born sensa e

equilibrio para que as acoes sejam autenticas e valorizadas pel as criancas

COUTINHO FILHO (2003) tambem sugere algumas possibilidades para

colocar parametros de limites para a crianca

bull Nao coloque limites conforme seus desejos pessoais

bull Demonstre que voce e as demais adultos tambem tern limites a respeitar

bull Diga qual puni9ilo a ser dada para cada limite ultrapassado e nao deixe de

executa-Ia

bull De puniyoes brandas para atitudes brandas e puniyoes pesadas para

atitudes pesadas

bull Deixe claro que a puniyao Eo pelo ate e nao pela pessoa

bull Justifique os motivos do limite Nao faca isso porque nao quero ou nao

gosto nao Eo justificativa

bull Repita quantas vezes for necesstuio

bull Use sua autoridade sem provocar submissao e mal estar

bull Use da afetividade para impor limites

38

ZAGURY (2001) destaca pontos importantes para nao perder a autoridade

perante os filhos

bull Cumpra 0 que disse (seja premia ou conseqOemcia) ou seja ameacou

execute prometeu faya

bull Seja coerente 0 que nao pode nao pode nunca (salvo raras excessoes)

nao mude de atitude como quem mud a de roupa (au de acordo com 0 seu

humor)

bull Faya com que seus filhos gradualmente assumam responsabilidades

Deixe que eles participem das decisoes sabre premios ou conseqOeuromcias

- isto ajuda a amadurecer e compromete a crianca e as jovens que

aderem mais ao que ajudam a construir (mesma que sejam sans6es para

eles proprios)

bull Cuidado com 0 que diz e com 0 modo como diz - critique 0 ato nunca a

pessoa ou a personalidade de seus filhos Trate somente do assunto que

S8 esta analisando no momento naD desenterre coisas do passado sem

necessidade Nao fique com pena da crianya se ela chorar ficar triste

nao talar com voce E melhor ela ficar triste hoje mas aprender a respeitar

o pr6ximo a 5i propria e a palavra empenhada do que sofrer futuramente

nos seus relacionamentos interpessoais

Segundo TIBA(2002) os filhos nao vem com manual pois eles mesmos sao 0

manual au seja cada criancaencerra uma individualidade e a cada dia os pais irao

aprendendo com cada filho E importante neste aprendizado os pais privilegiarem 0

desenvolvimento relacional atraves de um procedimento basico que deve ser

aplicado a cada fllho Para TBA (2002) ese procedimento e valido para qualquer

39

relacionamento entre pessoas de qualquer idade mas que e relevante na formaC8o

da auto-estima da criancadesde 0 seu nascimento Para 0 atendimento integral a

uma crian9 sao cinco os passos parar ouvir olhar pensar e agir (TIBA 2002

p127)

TIBA (2002) descreve os cinco passos da seguinte forma

1 Parar - parar 0 que estiver fazendo ou pensando e dar atenyao total acriancaCasa naD possa parar naquele exato momento vale colaear uma

das maos no ombro da crian9 enquanto diz que logo vai atende-Ia A

crianya deve ficar esperando ali juntinho de voce Pode ser que ela queira

sair para voltar logo depois Se a iniciativa de sair for da crianca a

responsabilidade de voltar sera dela Mas deve evitar ao maximo dizer

para a crianca ocupar-se com Dutra caisa enquanto voce termina 0 que

esta fazendo Nem sempre ela volta outra vez pelo mesmo motivo E

tambem fundamental deixar de lado ideias preconcebidas sobre 0 que a

crianca vai fatar Se voce pensa ~Iavern aquela chata me encher Dutra

vez seu cerebro ja esta preenchido em parte com esse pensamento e

voce perde a chance de atende-Ia integralmente

2 Ouvir - e a parte racional Os pais devem olhar no funda dos ahos da

crianca como se a Duvissem com as ahos A criany8 precisa aprender a

se expressar Nao se deve tentar adivinhar 0 que ela quer Quando pede

alguma coisa esta desenvolvendo sua capacidade de pensar de formular

uma pergunta e de se expressar para que outras pessoas possam

compreende-Ia

3 Olhar - e a parte instintiva Num piscar de olhos uma pessoa consegue

ver tantas coisas que levaria muito tempo explica-Ias em palavras Tudo 0

40

que se percebe visualmente tambem tem que ser considerado para

compreender a crian9a

4 Pensar - lados os elementos percebidos tanto visualmente quanto

verbal mente mais 0 sentido educativo que se que ira imprimir na forma9ao

da criana devem fazer parte da resposta a ser dada Sentido educativo e

o objetivo a ser atendido com a educaao que esta sendo dada (Quer que

o filho seja egoista Coloque-o sempre em primeiro lugar em detrimento

dos outros e diga sim a todos os seus desejos Quer que ele seja feliz

Ajude-o a desenvolver a satisfailo pelo que e e pelo que consegue fazer

a tolerimcia a compreensao dos Qutrosa vontade de ajudar a quem pede

e a etica do bem)

5 Agir - essa aao ou resposta deve ser bem clara e objetiva Melhor ainda

se voce puder se assegurar de que a crianca real mente saciou sua

vontade

E importante ressaltar que os cinco passos devem ser utilizados em todas as

situayaes desde 0 tombo da crian98 pequena ate quando a crian98 crescer Ao se

utilizar este procedimento basico as atitudes dos pais tendem a ser coerentes Par

exemplo se uma crianca calr naD e necessaria as pais sairem desesperados em

todas Situ8COeS mas avaiar se 0 tombo foi grave QU se foi urn tombinho que naD

precisa de maiores cuidados Tambem as pais naD devem sair dizendo que chao

feio que passa a falsa ideia que 0 chao e culpado pelo seu tombo a criana tem

que aprender que ela deve ter cuidado Se ela se choca uma ou duas vezes numa

mesa ela aprende a ter cuidado por sua pr6pria experiencia TIBA (2002 p133)

41

destaca que a afobayao e a reacao exagerada dos pais geram inseguran9a na

crianca

Outre fato bastante comum e as pais deixarem as ftlhos ganharem jogos par

exemplo tentando agrada-Ios mesmo que os deseduquem As crian9as tern uma

sabedoria natural Brincam e competem de acordo com as conhecimentos e as

capacita90es de que disp6ern E mais facil para 0 pai brincar como se fosse crian98

e deixar 0 filho ganhar sempre Esse comportamento contudo da a crianca uma

visao irreal do que e jogar Ganha-se algumas vezes perde-se outras (TIBA 2002

p136) Ou seja e mais educativ~ para a criana descobrir que podemos ser bons

em algumas caisas mas nao em tudo Passa-se uma experiencia da realidade para

a crianC8

TIBA (2002) tambem cita 0 caso de colocar a crian9a no colo enquanto se

dirige urn carro A crianC8 tern a falsa sensacao de que comanda 0 veiculo mas issa

nao passa de urn poder irreal Ao dirigir urn carrinho de brinquedo ela poderia de fato

se sentir poderosa IS50 sem falar que quando 0 filho crescer ao 15 anos par

exempla vai querer sair com 0 carro do pai mesmo sem poder Mas quando era

criancaeu podia

o caso classico da criancaquerer dormir com os pais tambem e abordado por

TIBA (2002) segundo 0 autor 0 ideal e que desde bebe a crian9a deve aprender a

dorrnir no seu lugar mesmo que ache mais gostoso aninhar-se entre os pais Ir cada

urn para sua cama da 0 sentido de que cada urn tem seu territorio ai tambem

estamos delimitando limites onde sao respeitados 0 so no e 0 espacode cada urn

Crian~asmaiores que ja andam devem ter um lugar (ou quarto) proprio para dormirMesmo que ocasionalmente adorme~am na cama dos pais e importante que sejamlevadas a sua cama para que acordem la Nao devem adquirir 0 habito de dormir nacama dos pais Tenha paciencia e fale claro em born tom olhando seriamente nofundo dos olhinhos dela ~Cada coisa no seu lugar cada pessoa na sua cama~

42

Quando a crian(f3 percebe que 0 limite e coisa sena e vai ser cumprido procura seajustar(lIBA 2002p115)

OLIVEIRA (1999 p120) enumera as diversos problemas que causam a fato

dos filhos permanecem no quarto dos pais na hora de dormir considerando-as de

difieil recupera~aoposterior

1 Faita de valorizayilo da privacidade tanto do casal como da crianya

2 Mantem a relacao simbi6tica au seja a li98980 existente entre mae e

bebe prejudicando 0 desenvolvimento emocional da crian93

3 A crianya tende a formar relayao de dependencia da protey80 e da

preseny8 dos pais ate mesma durante 0 sono

4 Quando chegar a fase em que a crianca elege entre 0 pai e a mae 0 seu

preferido tenta afastar 0 autro esticando-se e virando-se na cama de

modo a deixar a preterido desconfortavel a ponto deste mudar de lugar

sair da cama e ate mesma do quarto

E importante ressaltar que sempre as regras devem ser claras e naD sujeitas

a mudancas pois a organizacao interna dos filhos fica muito prejudicada se dormir

au nao na cama dos pais se transforma numa possibilidade que depende apenas do

humor dos pais ou de quanto 0 filho se recusa a dormir sozinho (chorando

acordando diversas vezes etc) A crian9a com autonomia de sono e mais

independente e feliz (TIBA 2002 p116)

Enfatiza-se que na maiaria dos casas as pais permitem que as criancas

fiquem ate mais tarde no quarto deles nao e par uma exigemcia ou necessidade da

crianya mas par alguma deficiencia desequilibrio au imaturidade dos proprios pais

(OLIVEIRA 1999 p122)

43

Em relaiio ao choro da crian9l ressalta-se que ha dois tipos de choro 0 que

expressa dor e 0 que busca pader

Se 0 filho descobrir que pade usar a chom como fonte de poder as pais estaoperdidos Nunca mais saberao dizer se ele chara par dar au poder Urn chore depoder Necessita dos olhos e dos ouvidos de quem se quer dominar Ingenua acrianya que usa 0 choro como pader para imediatamente apes conseguir 0 que querOai a importancia de as pais ficarem atentos para nao ser manipulados (TIBA 2002p158)

o choro que apela para 0 lade coitadinho inspira ternura Eo urn tipo de

manipula9ao que busca 0 dominio pela chantagem aletiva Eo dilicil neutralizar 0 uso

do choro como arma

Segundo liSA (2002 p159) Urn pouco de dor nao matara a crian9a assim

como urn poueD de pader nao matara as pais ( ) Se traumas infantis matassem a

humanidade estaria extinta Nao ha filho que nao tenha side contrariado A imensa

maioria deles tern condi90es de agOentar contrariedades 0 autor destaca que pais

que sao soHcitos ao extrema nao trayam um born e segura trajeto para seguir 0

resultado e que a crianya fica insegura pais perde a confianca neles ela pressente

que as pais nao tern firmeza nas suas decisoes e sao manipulaveis

Deve-se tomar cuidado com as exageros urn erro cometido pelos pais

desde que nao seja baseado na violencia em surras socas e pontapes naa traz

problema nenhum Atos como esses descarregam a raiva mas nao tern forlta

educativa pois violmcia s6 gera violencia (liSA 2002 p159)

Em rela9aOaos pais lazerem as tarelas pelos filhos ou ainda pior comprar os

resultados ressalta-se que este tipo de atitude nao ajuda a crianlta cria

dependencia e compromete 0 desenvolvimento escolar Alem disso as pais acabam

privando os filhos do gosto de uma conquista dando uma mensagem subliminar de

que eles sao incapazes Os pais nao devem privar os filhos do gosto de uma

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

REFERENCIASBIBLIOGRAFICAS

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WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

Page 27: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

24

Ultrapassando 0 simples registro dos disturbios de carater a indisciplina tern a ver comfatores psicossociais que dao sentido a essa forma de insubmissflo (DORON et ai 1998)

Para VASCONCELLOS (1995) as manifesta90es de indisciplina na escola e

na sal a de aula sao urn problema a ser analisado na sua totalidade levando-se em

conta a familia as mudan~asocorridas na escola a professor a sociedade a crise

dos sentidos e dos limites considerando-se que 0 que se entende por disciplina e

como construi-Ia nurn processo de interarao entre 0 adolescente e a

professorescola

A educaC8o no seu verdadeiro sentido naD se faz sem autoridade pais 0

educando precisa do referencial do educador a fim de ter base para a constru9ao do

seu eu Muitas vezes 0 professor nao consegue disciplina porque nao tem

autoridade diante dos alunos Normalmente 0 professor fica esperando que 0 aluno

traga urn reconhecimento natural para com sua pessoa historicamente esse tempo

passou 0 tratamento de respeito tem que ser conquistado pelo professor

(VASCONCELLOS 1995)

A questao fica complicada quando temas como profissionais da educayao

elementos totalmente alheios e nao educados para a realidade atual Alem da falta

de dominio dos conteudos a serem ensinados falta-Ihes a capacidade de perceber

essas transforma90es hist6ricas que vern ocorrendo no relacionamento educando x

educador Falta-Ihes conhecimento do desenvolvimento humane e psicol6gico de

seus alunos E por fim suas pnticas pedag6gicas sao pobres de metodos que

propiciem a intera9aOe a construyao do conhecimento no respeito mutuo falta-Ihes

autoridade e capacidade de administrar a indisciplina gerada pelos fatores citados

Esses professores podem se deparar com criancas com transtorno desafiador

25

opositivo e muitos deles carecem de orientaCiies de como lidar com este tipo de

conduta

A disciplina escolar e urn conjunto de regras que devem ser obedecidas para

o exito do aprendizado escolar Portanto ela e uma qualidade de relacionamento

humano entre 0 corpo docente e 0$ alunos em uma sala de aula e

consequentemente na escola respeitando as caracteristicas de cada urn dos

envolvidos (TIBA 1996)

Para que haja disciplina em sala de aula isto e alunos motivados satisfeitos

com a aula e necessaria que 0 professor seja urn grande conhecedor do que

ensina da realidade que 0 cerca e tenha a capacidade de envolver 0 aluno na sua

sala usanda uma metodologia e uma didatica que nao deem margem a apatia ao

cans890 a monotonia para ambas as partes 0 aluno deve sentir-se desafiado e

envolvido no processo a todo instante A capacidade de empatia entre professor e

aluno e 0 segredo do sucesso no relacionamento entre ambos

Para TIBA (1996) a indisciplina na escola e vista como conseqOencia do

sistema educacional brasileiro que afeta diretamente as rela90es dos individuos em

sal a de aula e na escola Urn sistema total mente falido unido as caracteristicas

pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita~oes do professor e

toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sala de aula A auto-

estima e citada pelo autor como fundamental para um comportamento bem

integrado Ele aponta tambem inumeras sugestiies para os pais e professores no

sentido de como educar desde os prirneiros dias de vida para a disciplina que nao

submete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemplo e 0 dialogo

Por outro lado encontra-se a escola tentando cumprir a sua funCao (orientar

na constru~ao do conhecimento) e freqDentemente quando 0 professor se depara

26

com um alune que esta precisando de ajuda no aspecto emocional encontra-se

despreparado para lidar com a questao reagindo com intolerancia Consideram

muitas vezes mais tacil fazer julgamentos como 0 alune naD tern jeito bulle da

familia tal todos as irmaos desta familia ja fcram meus alunos e sao todos i9uais

Eventualmente recusam-se a participar de cursos de atualiza9ao e aperfei90amento

e preferem adetar a postura de que sabem que 0 alunD naD tern jeito mesma e nada

S8 tern a fazer a que favorece 0 rebaixamentoda auto-estima do alune e 0

agravamento do problema gerando disc6rdias e aborrecimentos na escola

Urn Dutro aspecto a ser considerado e que tudo sa tornaria mais facil para a

crianca se ao ingressar na escola ela pudesse encontrar um ambiente acolhedor

com regras bern definidas professores conhecedores dessa realidade com

formacaopsicol6gica para propiciar momentos de tomada de consciencia do porque

daquele comportamento fazendo acontecer a catarse e redirecionando as modos de

agir de tais crian~s e adolescentes Porem a realidade das escolas e bem outra 0

proprio ambiente e a mentalidade favorece que ela a crianca a adolescente

coloquem toda a agressao reprimida suas neuroses seu 6dio seus sentimentos

de culpa sua revolta contra a autoridade e a patrimonio escolar Muitas vezes 0

atuno encontra professores que nao se libertaram dos traumas e problemas dos

quais eles mesmos foram vitimas na primeira infancia alern de desconhecerem e

nao saberem lidar com a crianca e 0 adolescente problematico pelo desprepara

pedag6gico e a falta de metodos adequados e atrativos para prender a aten9ao e 0

interesse de seus alunos Sua pratica pedag6gica e pobre de recursos e estrategias

que desafiem e motivern tais alunos a se auto valorizarem elevando a auto-estima

Urn dos pontes mais comuns entre as indisciplinados e a sentimento de

menos valia aem da fata de conffan9a nos contatos e na produtividade Percebe-se

27

assim que para reverter essa questao naD basta trabalhar com a aluno E

necessario urn trabalho junto aos professores e familias criando estrategias que

modifiquem 0 ambiente e urn relacionamento mais verdadeiro mais equilibrado

deve ser estabelecido em todos as sentidos - trabalhando-se em equipe

28

3 0 CASO DE UMA CRIANCA COM TRANSTORNO DESAFIADOR OPOSITIVO

Foram utilizadas entrevistas com a mae professores e irmaos Encontros com

a crian-a em sess6es com durayao de 50 minutos cnde utilizou-se de metod as

como desenhos brincadeiras jogos regrados massa de modelar

31 HIST6RIGO DO GASO

F e urna rnenina de cinco anos cayula tendo um irmao de 21 anos e urna

irma de 17 anas de idade

o pai faleceu com 49 anas ha apraximadamente 01 ana e a mae atualmente

com 49 anas teve F com 43 anas

o pai fai marta par paliciais em frente a sua casa Estava bebada e saiu a rua

armada e um carro da palicia apareceu e 0 viu sentado na calcadalogo depois

vieram muitas viaturas e a mae pediu que levassem 0 marido para passar a noite na

cadeia mas que naD fizessem nenhum mal a ele Neste momento 0 pai de F

comeyou a atirar e aS policiais (segundo a mae 18 policiais aproximadamente)

invadiram a casa e comeyaram a atirar A familia fa para os fundos da casa e a mae

passou F par cima do muro para a casa da vizinha Quando a familia voltou para

frente da casa as paliciais disseram que a pai de F estava ferida na perna e

levaram-na para a hospital mas segundo a relata da mae ele ja estava marta e

havia na verdade levado urn tiro na cabeca F nao viu a cena mas escutou tudo

Ganforme relata da mae a partir da data do acarrida F naa abedece faz de

canta que naa escuta e quando quer alga came9a a tremer A mae diz que a filha

29

ficou assim desde a marte do pai pais este a bajulava muito fazia tudo 0 que ela

desejava

F sempre foi mimada pelo pai este nunca repreendia a filha por algo de

errado que ela fizesse Para 0 pai F nunca estava errada inclusive quando ela e a

irma mais velha brigavam 0 pai sempre ia em defesa da mais nova e para protege-

la amea98va bater na mais velha

A queixa principal da mae e que F comeya a tremer quando quer algo de que

gosta muito nao obedece a regras e Iimites impostos pelos responsaveis

Nas observayiies comportamentais notou-se que F testa os limites dos

adultos para conseguir 0 que deseja e as pesso8s que a cercam para se livrarem

das birras acabavam por fazer 0 que ela queria Mas essas mesmas pessoas

comeyaram a perceber que a falta de regras e limites jil ultrapassava 0 limite do

suportaveJ

Segundo HANISH et al (1999) 0 transtorno desafiador opositivo aparece

antes dos 10 anos Normalmente torna-se aparente na idade pre-escolar que e 0

caso desta crianga

Na escola F naD interagia com as colegas na hara de fazer brincadeiras em

grupo nac conseguia se relacionar com as colegas quando a professora pedia para

fazer alguma atividade F fazia do jeito que queria e nao como a professora

solicitava

Para que houvesse progresso no tratamento foi fundamental que a mae e as

demais pessoas que rodeiam a crian~a modificassem sua forma de agir e para que

isso ocorresse foi preciso fazer urn remanejo de conduta dessas pessoas Fez-se

pois necessaria orientacao e treinamento para auxilia-Ios nesta mudanlta

30

32 EVOLUCAO DO CASO

As intervenyoes utilizadas neste casc com a mae fcram em forma de

orientayao na freqOencade pelo menDS uma vez par meso Mais recentemente este

trabalho com a mae vern sendo feito a cada quinze dias

Em conversa com a mae esta mencionou que naD queria fazer como seus

pais naD que eles fassem ruins disse ela mas eles nao conversavam e naD tinham

tempo de dar aten9ao e de ensinar os deveres da escola Tudo 0 que ela aprendeu

na escola foi par esforyo proprio e naD queria que isso acontecesse com sua filha

entaD ela au as irmaos mais velhos sentam com F e a ensinam

Mais tarde foi feita uma entrevista com a professora e esta mostrou todas as

li90es de F e disse que aquelas atividades nao haviam side feitas pela crian9a e sim

por seu irmao e que a professora ja havia mandado bilhetes pedindo que nao

fizessem mais as atividades da escola par F A mae foi orientada a dar mais

incentivo a F em lugar de fazer os deveres por ela pois F nilo tinha problemas de

aprendizagem mas par falta de incentivo poderia vir a ter

Com F foram utilizadas brincadeiras como pintura com aquarela desenhos

massa de modelar hist6ria infantis Atraves destes me-todosforam utilizados refor~o

e a punicao quando necessarios

o refor9Q foi atraves de elogios sorriso e aten9ao quando F realizava urn

comportamento desejavel A punitao consistiu em retirar uma atividade que ela

gostava muito como desenhar OU tambem ignorar a sua atitude mantendo a calma

No terceiro encontro F mencionou 0 pai dizendo que ele comprava doces

para ela mas nao quis continuar falando sobre ele alegando que 0 irmao mais velho

nao gostava Mais tarde em outras sess6es tornou-se claro ser isto fantasia sua

31

Nos primeiros encontros corn F ela demonstrou S8r cordata entretanto a

partir do quarto encontro F mostrou comportamentos de manipula9ao ou seja

querer controlar a situacao e que tude salsse da forma que queria para que todos

as seus desejos fossem realizados atitude comum em casa ou na escola

A quinta sessao foi para verificar a interacao de F com a mae F mostrou-se

intransigente naD obedeceu a nenhuma das ordens da mae na hora de guardar as

brinquedos gritou com a mae e esta demonstrou claramente nao conseguir dar

limites a sua filha A mae conseguiu dizer neste momento que se F estivesse em

casa iria apanhar com uma varinha mas ista naD adiantou pais F ficou irredutivel

Ao final da sessao quando tudo estava no seu devido lugar F ja estava agindo como

se nada tivesse ocorrido a mae mencionou que F era muito nervoS8

A partir da sexta sessao loram leitos contratos com F os quais ela aceitou

com lacilidade

Apos 0 contrato feito na sessao anterior na setima sessao foi trabalhado a

limite atraves de acordos leitos com F como pedir para que ela escolhesse

somente tres tipos de brinquedos da caixa que s6 iria embora quando a horario da

sessao terminasse e que as Iimites seriam colocados pela terapeuta Com estas

regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela queria

A partir da oitava sessao loi levantada a hip6tese do problema de F ser

transtorno desafiador opositivo pais ela demonstrou as comportamentos de querer

dominar e mostrar que poderia mandar mas com muita paciencia foram impastos

limites atraves do silencio mostrando que nem tudo poderia ser como ela queria e

assim acabou aceitando

A nona sessao loi destinada a orientar a mae em como agir com a filha e loi

proposto para que a mae assistisse a proxima sessao atras do espelho

32

Como foi sugerido para a mae na sessao passada ela ficou ats do espelho

para ver como a filha interagia e poder verificar qual seria a melhor forma de lidar

com ela

A decima segunda sessao foi destinada a mae para verificar como estava 0

comportamento de F fora da terapia Ela comentou que 0 comportamento da filha

melhorara muito que as tremores 56 ocorriam esporadicamente Foi orientado amae que quando Dcarressem as tremores ela deveria fazer de conta que naD havia

percebido nada

Foram feitas diversas sess6es seguidas mais precisamente da decima

terceira il decima setima com F destinadas a trabalhar regras e limites Este

trabalho foi realizado atraves de acordos com F como por exemplo pedir que ela

escolhesse apenas tres brinquedos da caixa au escolhesse entre desenhar e ouvir

historias au ainda entre conversar e brincar tambem poderia escolher entre brincar

de casinha e desenhar

A decima oitava sessao foi urna sessao diferente pOis foi destinada aprofessora de F para verificar como F estava S8 comportando e se relacionando

com colegas em sala de aula enos interval os A professora levantou a hip6tese de F

ter problemas de aprendizagem pois as atividades escolares dela nao eram

compativeis com a de seus colegas de classe Mas foi constatado atraves das

atividades que eram enviadas para serem feitas em casa que 0 que faUava para F

era estimulo pOisseu irmao fazia suas atividades por ela

Foram feitas duas sessoes seguidas (decima nona e vigesimal para

comprovar se havia problemas de aprendizagem com F Sessoes estas de recorte e

colagem e de hist6ria (Cinderela) Com estas atividades pode se constatar que F

33

tern plena capacidade de realizar tarefas sDzinha talvez com uma pequena

orienta9ao quando solicitado por ela

A vigesima primeira foi mais uma sessao dedicada a orient89ao a mae

quando esta mencionou que Festa cada vez melhor seus tremores quando quer

chamar a aten9ao estao diminuindo a cada dia

No vigesimo segundo encontro com F a interven9ao utilizada foi 0 desenho

Eta desenhou margaridas e mencionou que se fosse uma planta queria ser uma

margarida e S8 fosse urn objeto queria ser uma estrela Ja na sessao seguinte que

foi a vigesima terceira a intervencao utilizada foi brincar de casinha cnde F mostrou

a sua intera9ao familiar dizendo que trabalhava em um hotel (como na realidade sua

mae trabalha) 0 marido trabalhava em hotel e seu pai estava muito doente (na

realidade ja e falecido) e tinha muitas dores no corpo

Ate 0 momento foram feitas as vinte e tres sess6es aqui descritas nas quais

a crianya demonstrou significativas mudantas no comportamento

33 ANALISE DO CASO

Inicialmente F nae obedecia fazia de conta que naD escutava e quando

queria algo come9ava a tremer nao obedecendo a regras e limites impostos pelos

respons8veis A mae dizia que a filha ficou assim desde a morte do pai pais este a

bajulava muito fazia tudo 0 que ela desejava

Notou-se que F testava os limites dos adultos para conseguir 0 que desejava

e as pessoas que a cercavam para se livrarem das birras acabavam par fazer 0

que ela queria

34

Na escola nao conseguia se relacionar com os colegas quando a professora

pedia para fazer alguma atividade F lazia do jeito que queria

A mae de F fazia as atividades par ela dizendo que ~nao queria tazer como

seus pais naD que eles fassem ruins mas eles naD conversavam e naD tinham

tempo de dar atenC80 e de ensinar as deveres da escola

Durante 0 tratamento F inicialmente demonstrou ser cordata posteriormente

mostrou comportamentos de manipulayM querendo controlar a situayao e

procurando forcar que todos as seus desejos fassem realizados Na presenva da

mae nao obedeceu a nenhuma das ordens dela gritou e ficou clara a dificuldade da

mae em dar limites a filha F mostrava-se muito irritada

Foram feitos contratos com F e passou-se a trabalhar atraves de acordos as

limites Com estas regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela

queria

No tratamento foi fundamental que a mae e as demais pessoas que rodeiam a

crianya modificassem sua forma de agir Foi orienlado a mae que quando

ocorressem as tremores ela devena fazer de conta que nao havia percebido nada

Em sessao com a professora de F constatou-se que a hipotese de

problemas de aprendizagem se apresentava mais em lace da lalta de estimulo para

que esta realizasse suas pr6pnas atividades ao inves de que outras pessoas as

fizessem por ela Foram leitas sessees com a finalidade de comprovar se F tinha

problemas de aprendizagem e verificou-se que esla linha plena capacidade de

realizar as tarefas sozinha Em relayao a interayao familiar F dramatrizou em uma

atividade que sua mae trabalhava em um hotel 0 que correspondia a realidade e 0

marido trabalhava em hotel que seu pai estava muito doenle e tinha muitas dores

35

no corpo quando na realidade seu pai ja era falecido Mostrava com isso a falta que

a funy80 paterna Ihe fazia

A mae de F I numa sessao dedicada a sua orientay8o mencionou que F

estava cada vez melhor e que seus tremores para chamar a atenC80 estavam

diminuindo a cada dia

36

4 ORIENTA~OES AOS PAIS

ZAGURY (2001 p59) na complexa tarefa de dar limites sem ser autocratico

ou seja de como disciplinar sem bater OU sem ser coercitivQ com a crianya sugere

algumas estrategias

bull Premiar ou recompensar a born comportamento - sempre que a crianca

tiver atitudes corretas devemos ressaltar este tatoo E bern comum que as

pais muito ocupados com tarefas cotidianas esqueltam de elogiar

somente lembrando de ralhar quando os ftlhos fazem algo errado Desta

forma as criancas entendem que naD vale a pena fazer tudo certinhon

pois nao recebem aprova9ao A melhor forma de alcan9ar um objetivo

educativo e elogiar incentivar e ressaltar tudo a que a crianca fizer de

positivo

bull Diferenciar premiar de dar coisas materiais - apesar do consumismo

vigente as crianvas ainda valorizam mais urn carinho urn elogio sincero

reconhecimento do esforco do que presentes dinheiro e viagens

Eventualmente pode-se presentear materialmente mas e importante nao

comprarmos as crianras pois desta forma elas aprendem a agir de modo

calculista Se dermos nosso carinho e aprovayao seu ego se fortalecera

sua auto-estima se elevara e gradualmente a crianya sentira prazer em

agir de forma adequada

bull Fazer com que a crianya assuma as conseqOemcias dos seus atos - com

carinha e naturalidade devemos conversar e agir apontando seus erras e

fazendo com que reftitam sobre as atitudes incorretas antieticas ou

egocentricas tomando 0 cuidado de deixar claro que 0 que desaprovamos

37

sao as atitudes incorretas e naD suas caracteristicas pessoais 5e mesma

ap6s a explica~o a crianca reincidir na atitude incorreta entao e 0

momento de faze-Ia compreender que e responsavel pelos seus atos e

tambem pelas suas conseqGencias Deve-se ressaltar as consequemcias

do ato born carinho aprova~o estimulo etc Como do ato incorreto

desaprova9ilo nao reforyamento deixar de fazer algo que gostam etc

Deve-se ter em mente que as elogios premiacoes bern como as puni90es

devem ser proporcionais ao fato Ou seja e necessario que se tenha born sensa e

equilibrio para que as acoes sejam autenticas e valorizadas pel as criancas

COUTINHO FILHO (2003) tambem sugere algumas possibilidades para

colocar parametros de limites para a crianca

bull Nao coloque limites conforme seus desejos pessoais

bull Demonstre que voce e as demais adultos tambem tern limites a respeitar

bull Diga qual puni9ilo a ser dada para cada limite ultrapassado e nao deixe de

executa-Ia

bull De puniyoes brandas para atitudes brandas e puniyoes pesadas para

atitudes pesadas

bull Deixe claro que a puniyao Eo pelo ate e nao pela pessoa

bull Justifique os motivos do limite Nao faca isso porque nao quero ou nao

gosto nao Eo justificativa

bull Repita quantas vezes for necesstuio

bull Use sua autoridade sem provocar submissao e mal estar

bull Use da afetividade para impor limites

38

ZAGURY (2001) destaca pontos importantes para nao perder a autoridade

perante os filhos

bull Cumpra 0 que disse (seja premia ou conseqOemcia) ou seja ameacou

execute prometeu faya

bull Seja coerente 0 que nao pode nao pode nunca (salvo raras excessoes)

nao mude de atitude como quem mud a de roupa (au de acordo com 0 seu

humor)

bull Faya com que seus filhos gradualmente assumam responsabilidades

Deixe que eles participem das decisoes sabre premios ou conseqOeuromcias

- isto ajuda a amadurecer e compromete a crianca e as jovens que

aderem mais ao que ajudam a construir (mesma que sejam sans6es para

eles proprios)

bull Cuidado com 0 que diz e com 0 modo como diz - critique 0 ato nunca a

pessoa ou a personalidade de seus filhos Trate somente do assunto que

S8 esta analisando no momento naD desenterre coisas do passado sem

necessidade Nao fique com pena da crianya se ela chorar ficar triste

nao talar com voce E melhor ela ficar triste hoje mas aprender a respeitar

o pr6ximo a 5i propria e a palavra empenhada do que sofrer futuramente

nos seus relacionamentos interpessoais

Segundo TIBA(2002) os filhos nao vem com manual pois eles mesmos sao 0

manual au seja cada criancaencerra uma individualidade e a cada dia os pais irao

aprendendo com cada filho E importante neste aprendizado os pais privilegiarem 0

desenvolvimento relacional atraves de um procedimento basico que deve ser

aplicado a cada fllho Para TBA (2002) ese procedimento e valido para qualquer

39

relacionamento entre pessoas de qualquer idade mas que e relevante na formaC8o

da auto-estima da criancadesde 0 seu nascimento Para 0 atendimento integral a

uma crian9 sao cinco os passos parar ouvir olhar pensar e agir (TIBA 2002

p127)

TIBA (2002) descreve os cinco passos da seguinte forma

1 Parar - parar 0 que estiver fazendo ou pensando e dar atenyao total acriancaCasa naD possa parar naquele exato momento vale colaear uma

das maos no ombro da crian9 enquanto diz que logo vai atende-Ia A

crianya deve ficar esperando ali juntinho de voce Pode ser que ela queira

sair para voltar logo depois Se a iniciativa de sair for da crianca a

responsabilidade de voltar sera dela Mas deve evitar ao maximo dizer

para a crianca ocupar-se com Dutra caisa enquanto voce termina 0 que

esta fazendo Nem sempre ela volta outra vez pelo mesmo motivo E

tambem fundamental deixar de lado ideias preconcebidas sobre 0 que a

crianca vai fatar Se voce pensa ~Iavern aquela chata me encher Dutra

vez seu cerebro ja esta preenchido em parte com esse pensamento e

voce perde a chance de atende-Ia integralmente

2 Ouvir - e a parte racional Os pais devem olhar no funda dos ahos da

crianca como se a Duvissem com as ahos A criany8 precisa aprender a

se expressar Nao se deve tentar adivinhar 0 que ela quer Quando pede

alguma coisa esta desenvolvendo sua capacidade de pensar de formular

uma pergunta e de se expressar para que outras pessoas possam

compreende-Ia

3 Olhar - e a parte instintiva Num piscar de olhos uma pessoa consegue

ver tantas coisas que levaria muito tempo explica-Ias em palavras Tudo 0

40

que se percebe visualmente tambem tem que ser considerado para

compreender a crian9a

4 Pensar - lados os elementos percebidos tanto visualmente quanto

verbal mente mais 0 sentido educativo que se que ira imprimir na forma9ao

da criana devem fazer parte da resposta a ser dada Sentido educativo e

o objetivo a ser atendido com a educaao que esta sendo dada (Quer que

o filho seja egoista Coloque-o sempre em primeiro lugar em detrimento

dos outros e diga sim a todos os seus desejos Quer que ele seja feliz

Ajude-o a desenvolver a satisfailo pelo que e e pelo que consegue fazer

a tolerimcia a compreensao dos Qutrosa vontade de ajudar a quem pede

e a etica do bem)

5 Agir - essa aao ou resposta deve ser bem clara e objetiva Melhor ainda

se voce puder se assegurar de que a crianca real mente saciou sua

vontade

E importante ressaltar que os cinco passos devem ser utilizados em todas as

situayaes desde 0 tombo da crian98 pequena ate quando a crian98 crescer Ao se

utilizar este procedimento basico as atitudes dos pais tendem a ser coerentes Par

exemplo se uma crianca calr naD e necessaria as pais sairem desesperados em

todas Situ8COeS mas avaiar se 0 tombo foi grave QU se foi urn tombinho que naD

precisa de maiores cuidados Tambem as pais naD devem sair dizendo que chao

feio que passa a falsa ideia que 0 chao e culpado pelo seu tombo a criana tem

que aprender que ela deve ter cuidado Se ela se choca uma ou duas vezes numa

mesa ela aprende a ter cuidado por sua pr6pria experiencia TIBA (2002 p133)

41

destaca que a afobayao e a reacao exagerada dos pais geram inseguran9a na

crianca

Outre fato bastante comum e as pais deixarem as ftlhos ganharem jogos par

exemplo tentando agrada-Ios mesmo que os deseduquem As crian9as tern uma

sabedoria natural Brincam e competem de acordo com as conhecimentos e as

capacita90es de que disp6ern E mais facil para 0 pai brincar como se fosse crian98

e deixar 0 filho ganhar sempre Esse comportamento contudo da a crianca uma

visao irreal do que e jogar Ganha-se algumas vezes perde-se outras (TIBA 2002

p136) Ou seja e mais educativ~ para a criana descobrir que podemos ser bons

em algumas caisas mas nao em tudo Passa-se uma experiencia da realidade para

a crianC8

TIBA (2002) tambem cita 0 caso de colocar a crian9a no colo enquanto se

dirige urn carro A crianC8 tern a falsa sensacao de que comanda 0 veiculo mas issa

nao passa de urn poder irreal Ao dirigir urn carrinho de brinquedo ela poderia de fato

se sentir poderosa IS50 sem falar que quando 0 filho crescer ao 15 anos par

exempla vai querer sair com 0 carro do pai mesmo sem poder Mas quando era

criancaeu podia

o caso classico da criancaquerer dormir com os pais tambem e abordado por

TIBA (2002) segundo 0 autor 0 ideal e que desde bebe a crian9a deve aprender a

dorrnir no seu lugar mesmo que ache mais gostoso aninhar-se entre os pais Ir cada

urn para sua cama da 0 sentido de que cada urn tem seu territorio ai tambem

estamos delimitando limites onde sao respeitados 0 so no e 0 espacode cada urn

Crian~asmaiores que ja andam devem ter um lugar (ou quarto) proprio para dormirMesmo que ocasionalmente adorme~am na cama dos pais e importante que sejamlevadas a sua cama para que acordem la Nao devem adquirir 0 habito de dormir nacama dos pais Tenha paciencia e fale claro em born tom olhando seriamente nofundo dos olhinhos dela ~Cada coisa no seu lugar cada pessoa na sua cama~

42

Quando a crian(f3 percebe que 0 limite e coisa sena e vai ser cumprido procura seajustar(lIBA 2002p115)

OLIVEIRA (1999 p120) enumera as diversos problemas que causam a fato

dos filhos permanecem no quarto dos pais na hora de dormir considerando-as de

difieil recupera~aoposterior

1 Faita de valorizayilo da privacidade tanto do casal como da crianya

2 Mantem a relacao simbi6tica au seja a li98980 existente entre mae e

bebe prejudicando 0 desenvolvimento emocional da crian93

3 A crianya tende a formar relayao de dependencia da protey80 e da

preseny8 dos pais ate mesma durante 0 sono

4 Quando chegar a fase em que a crianca elege entre 0 pai e a mae 0 seu

preferido tenta afastar 0 autro esticando-se e virando-se na cama de

modo a deixar a preterido desconfortavel a ponto deste mudar de lugar

sair da cama e ate mesma do quarto

E importante ressaltar que sempre as regras devem ser claras e naD sujeitas

a mudancas pois a organizacao interna dos filhos fica muito prejudicada se dormir

au nao na cama dos pais se transforma numa possibilidade que depende apenas do

humor dos pais ou de quanto 0 filho se recusa a dormir sozinho (chorando

acordando diversas vezes etc) A crian9a com autonomia de sono e mais

independente e feliz (TIBA 2002 p116)

Enfatiza-se que na maiaria dos casas as pais permitem que as criancas

fiquem ate mais tarde no quarto deles nao e par uma exigemcia ou necessidade da

crianya mas par alguma deficiencia desequilibrio au imaturidade dos proprios pais

(OLIVEIRA 1999 p122)

43

Em relaiio ao choro da crian9l ressalta-se que ha dois tipos de choro 0 que

expressa dor e 0 que busca pader

Se 0 filho descobrir que pade usar a chom como fonte de poder as pais estaoperdidos Nunca mais saberao dizer se ele chara par dar au poder Urn chore depoder Necessita dos olhos e dos ouvidos de quem se quer dominar Ingenua acrianya que usa 0 choro como pader para imediatamente apes conseguir 0 que querOai a importancia de as pais ficarem atentos para nao ser manipulados (TIBA 2002p158)

o choro que apela para 0 lade coitadinho inspira ternura Eo urn tipo de

manipula9ao que busca 0 dominio pela chantagem aletiva Eo dilicil neutralizar 0 uso

do choro como arma

Segundo liSA (2002 p159) Urn pouco de dor nao matara a crian9a assim

como urn poueD de pader nao matara as pais ( ) Se traumas infantis matassem a

humanidade estaria extinta Nao ha filho que nao tenha side contrariado A imensa

maioria deles tern condi90es de agOentar contrariedades 0 autor destaca que pais

que sao soHcitos ao extrema nao trayam um born e segura trajeto para seguir 0

resultado e que a crianya fica insegura pais perde a confianca neles ela pressente

que as pais nao tern firmeza nas suas decisoes e sao manipulaveis

Deve-se tomar cuidado com as exageros urn erro cometido pelos pais

desde que nao seja baseado na violencia em surras socas e pontapes naa traz

problema nenhum Atos como esses descarregam a raiva mas nao tern forlta

educativa pois violmcia s6 gera violencia (liSA 2002 p159)

Em rela9aOaos pais lazerem as tarelas pelos filhos ou ainda pior comprar os

resultados ressalta-se que este tipo de atitude nao ajuda a crianlta cria

dependencia e compromete 0 desenvolvimento escolar Alem disso as pais acabam

privando os filhos do gosto de uma conquista dando uma mensagem subliminar de

que eles sao incapazes Os pais nao devem privar os filhos do gosto de uma

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

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WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

Page 28: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

25

opositivo e muitos deles carecem de orientaCiies de como lidar com este tipo de

conduta

A disciplina escolar e urn conjunto de regras que devem ser obedecidas para

o exito do aprendizado escolar Portanto ela e uma qualidade de relacionamento

humano entre 0 corpo docente e 0$ alunos em uma sala de aula e

consequentemente na escola respeitando as caracteristicas de cada urn dos

envolvidos (TIBA 1996)

Para que haja disciplina em sala de aula isto e alunos motivados satisfeitos

com a aula e necessaria que 0 professor seja urn grande conhecedor do que

ensina da realidade que 0 cerca e tenha a capacidade de envolver 0 aluno na sua

sala usanda uma metodologia e uma didatica que nao deem margem a apatia ao

cans890 a monotonia para ambas as partes 0 aluno deve sentir-se desafiado e

envolvido no processo a todo instante A capacidade de empatia entre professor e

aluno e 0 segredo do sucesso no relacionamento entre ambos

Para TIBA (1996) a indisciplina na escola e vista como conseqOencia do

sistema educacional brasileiro que afeta diretamente as rela90es dos individuos em

sal a de aula e na escola Urn sistema total mente falido unido as caracteristicas

pessoais de cada aluno as caracteristicas relacionais as limita~oes do professor e

toda influencia do comportamento social trazido para dentro da sala de aula A auto-

estima e citada pelo autor como fundamental para um comportamento bem

integrado Ele aponta tambem inumeras sugestiies para os pais e professores no

sentido de como educar desde os prirneiros dias de vida para a disciplina que nao

submete mas dignifica 0 ser humano tendo como base 0 exemplo e 0 dialogo

Por outro lado encontra-se a escola tentando cumprir a sua funCao (orientar

na constru~ao do conhecimento) e freqDentemente quando 0 professor se depara

26

com um alune que esta precisando de ajuda no aspecto emocional encontra-se

despreparado para lidar com a questao reagindo com intolerancia Consideram

muitas vezes mais tacil fazer julgamentos como 0 alune naD tern jeito bulle da

familia tal todos as irmaos desta familia ja fcram meus alunos e sao todos i9uais

Eventualmente recusam-se a participar de cursos de atualiza9ao e aperfei90amento

e preferem adetar a postura de que sabem que 0 alunD naD tern jeito mesma e nada

S8 tern a fazer a que favorece 0 rebaixamentoda auto-estima do alune e 0

agravamento do problema gerando disc6rdias e aborrecimentos na escola

Urn Dutro aspecto a ser considerado e que tudo sa tornaria mais facil para a

crianca se ao ingressar na escola ela pudesse encontrar um ambiente acolhedor

com regras bern definidas professores conhecedores dessa realidade com

formacaopsicol6gica para propiciar momentos de tomada de consciencia do porque

daquele comportamento fazendo acontecer a catarse e redirecionando as modos de

agir de tais crian~s e adolescentes Porem a realidade das escolas e bem outra 0

proprio ambiente e a mentalidade favorece que ela a crianca a adolescente

coloquem toda a agressao reprimida suas neuroses seu 6dio seus sentimentos

de culpa sua revolta contra a autoridade e a patrimonio escolar Muitas vezes 0

atuno encontra professores que nao se libertaram dos traumas e problemas dos

quais eles mesmos foram vitimas na primeira infancia alern de desconhecerem e

nao saberem lidar com a crianca e 0 adolescente problematico pelo desprepara

pedag6gico e a falta de metodos adequados e atrativos para prender a aten9ao e 0

interesse de seus alunos Sua pratica pedag6gica e pobre de recursos e estrategias

que desafiem e motivern tais alunos a se auto valorizarem elevando a auto-estima

Urn dos pontes mais comuns entre as indisciplinados e a sentimento de

menos valia aem da fata de conffan9a nos contatos e na produtividade Percebe-se

27

assim que para reverter essa questao naD basta trabalhar com a aluno E

necessario urn trabalho junto aos professores e familias criando estrategias que

modifiquem 0 ambiente e urn relacionamento mais verdadeiro mais equilibrado

deve ser estabelecido em todos as sentidos - trabalhando-se em equipe

28

3 0 CASO DE UMA CRIANCA COM TRANSTORNO DESAFIADOR OPOSITIVO

Foram utilizadas entrevistas com a mae professores e irmaos Encontros com

a crian-a em sess6es com durayao de 50 minutos cnde utilizou-se de metod as

como desenhos brincadeiras jogos regrados massa de modelar

31 HIST6RIGO DO GASO

F e urna rnenina de cinco anos cayula tendo um irmao de 21 anos e urna

irma de 17 anas de idade

o pai faleceu com 49 anas ha apraximadamente 01 ana e a mae atualmente

com 49 anas teve F com 43 anas

o pai fai marta par paliciais em frente a sua casa Estava bebada e saiu a rua

armada e um carro da palicia apareceu e 0 viu sentado na calcadalogo depois

vieram muitas viaturas e a mae pediu que levassem 0 marido para passar a noite na

cadeia mas que naD fizessem nenhum mal a ele Neste momento 0 pai de F

comeyou a atirar e aS policiais (segundo a mae 18 policiais aproximadamente)

invadiram a casa e comeyaram a atirar A familia fa para os fundos da casa e a mae

passou F par cima do muro para a casa da vizinha Quando a familia voltou para

frente da casa as paliciais disseram que a pai de F estava ferida na perna e

levaram-na para a hospital mas segundo a relata da mae ele ja estava marta e

havia na verdade levado urn tiro na cabeca F nao viu a cena mas escutou tudo

Ganforme relata da mae a partir da data do acarrida F naa abedece faz de

canta que naa escuta e quando quer alga came9a a tremer A mae diz que a filha

29

ficou assim desde a marte do pai pais este a bajulava muito fazia tudo 0 que ela

desejava

F sempre foi mimada pelo pai este nunca repreendia a filha por algo de

errado que ela fizesse Para 0 pai F nunca estava errada inclusive quando ela e a

irma mais velha brigavam 0 pai sempre ia em defesa da mais nova e para protege-

la amea98va bater na mais velha

A queixa principal da mae e que F comeya a tremer quando quer algo de que

gosta muito nao obedece a regras e Iimites impostos pelos responsaveis

Nas observayiies comportamentais notou-se que F testa os limites dos

adultos para conseguir 0 que deseja e as pesso8s que a cercam para se livrarem

das birras acabavam por fazer 0 que ela queria Mas essas mesmas pessoas

comeyaram a perceber que a falta de regras e limites jil ultrapassava 0 limite do

suportaveJ

Segundo HANISH et al (1999) 0 transtorno desafiador opositivo aparece

antes dos 10 anos Normalmente torna-se aparente na idade pre-escolar que e 0

caso desta crianga

Na escola F naD interagia com as colegas na hara de fazer brincadeiras em

grupo nac conseguia se relacionar com as colegas quando a professora pedia para

fazer alguma atividade F fazia do jeito que queria e nao como a professora

solicitava

Para que houvesse progresso no tratamento foi fundamental que a mae e as

demais pessoas que rodeiam a crian~a modificassem sua forma de agir e para que

isso ocorresse foi preciso fazer urn remanejo de conduta dessas pessoas Fez-se

pois necessaria orientacao e treinamento para auxilia-Ios nesta mudanlta

30

32 EVOLUCAO DO CASO

As intervenyoes utilizadas neste casc com a mae fcram em forma de

orientayao na freqOencade pelo menDS uma vez par meso Mais recentemente este

trabalho com a mae vern sendo feito a cada quinze dias

Em conversa com a mae esta mencionou que naD queria fazer como seus

pais naD que eles fassem ruins disse ela mas eles nao conversavam e naD tinham

tempo de dar aten9ao e de ensinar os deveres da escola Tudo 0 que ela aprendeu

na escola foi par esforyo proprio e naD queria que isso acontecesse com sua filha

entaD ela au as irmaos mais velhos sentam com F e a ensinam

Mais tarde foi feita uma entrevista com a professora e esta mostrou todas as

li90es de F e disse que aquelas atividades nao haviam side feitas pela crian9a e sim

por seu irmao e que a professora ja havia mandado bilhetes pedindo que nao

fizessem mais as atividades da escola par F A mae foi orientada a dar mais

incentivo a F em lugar de fazer os deveres por ela pois F nilo tinha problemas de

aprendizagem mas par falta de incentivo poderia vir a ter

Com F foram utilizadas brincadeiras como pintura com aquarela desenhos

massa de modelar hist6ria infantis Atraves destes me-todosforam utilizados refor~o

e a punicao quando necessarios

o refor9Q foi atraves de elogios sorriso e aten9ao quando F realizava urn

comportamento desejavel A punitao consistiu em retirar uma atividade que ela

gostava muito como desenhar OU tambem ignorar a sua atitude mantendo a calma

No terceiro encontro F mencionou 0 pai dizendo que ele comprava doces

para ela mas nao quis continuar falando sobre ele alegando que 0 irmao mais velho

nao gostava Mais tarde em outras sess6es tornou-se claro ser isto fantasia sua

31

Nos primeiros encontros corn F ela demonstrou S8r cordata entretanto a

partir do quarto encontro F mostrou comportamentos de manipula9ao ou seja

querer controlar a situacao e que tude salsse da forma que queria para que todos

as seus desejos fossem realizados atitude comum em casa ou na escola

A quinta sessao foi para verificar a interacao de F com a mae F mostrou-se

intransigente naD obedeceu a nenhuma das ordens da mae na hora de guardar as

brinquedos gritou com a mae e esta demonstrou claramente nao conseguir dar

limites a sua filha A mae conseguiu dizer neste momento que se F estivesse em

casa iria apanhar com uma varinha mas ista naD adiantou pais F ficou irredutivel

Ao final da sessao quando tudo estava no seu devido lugar F ja estava agindo como

se nada tivesse ocorrido a mae mencionou que F era muito nervoS8

A partir da sexta sessao loram leitos contratos com F os quais ela aceitou

com lacilidade

Apos 0 contrato feito na sessao anterior na setima sessao foi trabalhado a

limite atraves de acordos leitos com F como pedir para que ela escolhesse

somente tres tipos de brinquedos da caixa que s6 iria embora quando a horario da

sessao terminasse e que as Iimites seriam colocados pela terapeuta Com estas

regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela queria

A partir da oitava sessao loi levantada a hip6tese do problema de F ser

transtorno desafiador opositivo pais ela demonstrou as comportamentos de querer

dominar e mostrar que poderia mandar mas com muita paciencia foram impastos

limites atraves do silencio mostrando que nem tudo poderia ser como ela queria e

assim acabou aceitando

A nona sessao loi destinada a orientar a mae em como agir com a filha e loi

proposto para que a mae assistisse a proxima sessao atras do espelho

32

Como foi sugerido para a mae na sessao passada ela ficou ats do espelho

para ver como a filha interagia e poder verificar qual seria a melhor forma de lidar

com ela

A decima segunda sessao foi destinada a mae para verificar como estava 0

comportamento de F fora da terapia Ela comentou que 0 comportamento da filha

melhorara muito que as tremores 56 ocorriam esporadicamente Foi orientado amae que quando Dcarressem as tremores ela deveria fazer de conta que naD havia

percebido nada

Foram feitas diversas sess6es seguidas mais precisamente da decima

terceira il decima setima com F destinadas a trabalhar regras e limites Este

trabalho foi realizado atraves de acordos com F como por exemplo pedir que ela

escolhesse apenas tres brinquedos da caixa au escolhesse entre desenhar e ouvir

historias au ainda entre conversar e brincar tambem poderia escolher entre brincar

de casinha e desenhar

A decima oitava sessao foi urna sessao diferente pOis foi destinada aprofessora de F para verificar como F estava S8 comportando e se relacionando

com colegas em sala de aula enos interval os A professora levantou a hip6tese de F

ter problemas de aprendizagem pois as atividades escolares dela nao eram

compativeis com a de seus colegas de classe Mas foi constatado atraves das

atividades que eram enviadas para serem feitas em casa que 0 que faUava para F

era estimulo pOisseu irmao fazia suas atividades por ela

Foram feitas duas sessoes seguidas (decima nona e vigesimal para

comprovar se havia problemas de aprendizagem com F Sessoes estas de recorte e

colagem e de hist6ria (Cinderela) Com estas atividades pode se constatar que F

33

tern plena capacidade de realizar tarefas sDzinha talvez com uma pequena

orienta9ao quando solicitado por ela

A vigesima primeira foi mais uma sessao dedicada a orient89ao a mae

quando esta mencionou que Festa cada vez melhor seus tremores quando quer

chamar a aten9ao estao diminuindo a cada dia

No vigesimo segundo encontro com F a interven9ao utilizada foi 0 desenho

Eta desenhou margaridas e mencionou que se fosse uma planta queria ser uma

margarida e S8 fosse urn objeto queria ser uma estrela Ja na sessao seguinte que

foi a vigesima terceira a intervencao utilizada foi brincar de casinha cnde F mostrou

a sua intera9ao familiar dizendo que trabalhava em um hotel (como na realidade sua

mae trabalha) 0 marido trabalhava em hotel e seu pai estava muito doente (na

realidade ja e falecido) e tinha muitas dores no corpo

Ate 0 momento foram feitas as vinte e tres sess6es aqui descritas nas quais

a crianya demonstrou significativas mudantas no comportamento

33 ANALISE DO CASO

Inicialmente F nae obedecia fazia de conta que naD escutava e quando

queria algo come9ava a tremer nao obedecendo a regras e limites impostos pelos

respons8veis A mae dizia que a filha ficou assim desde a morte do pai pais este a

bajulava muito fazia tudo 0 que ela desejava

Notou-se que F testava os limites dos adultos para conseguir 0 que desejava

e as pessoas que a cercavam para se livrarem das birras acabavam par fazer 0

que ela queria

34

Na escola nao conseguia se relacionar com os colegas quando a professora

pedia para fazer alguma atividade F lazia do jeito que queria

A mae de F fazia as atividades par ela dizendo que ~nao queria tazer como

seus pais naD que eles fassem ruins mas eles naD conversavam e naD tinham

tempo de dar atenC80 e de ensinar as deveres da escola

Durante 0 tratamento F inicialmente demonstrou ser cordata posteriormente

mostrou comportamentos de manipulayM querendo controlar a situayao e

procurando forcar que todos as seus desejos fassem realizados Na presenva da

mae nao obedeceu a nenhuma das ordens dela gritou e ficou clara a dificuldade da

mae em dar limites a filha F mostrava-se muito irritada

Foram feitos contratos com F e passou-se a trabalhar atraves de acordos as

limites Com estas regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela

queria

No tratamento foi fundamental que a mae e as demais pessoas que rodeiam a

crianya modificassem sua forma de agir Foi orienlado a mae que quando

ocorressem as tremores ela devena fazer de conta que nao havia percebido nada

Em sessao com a professora de F constatou-se que a hipotese de

problemas de aprendizagem se apresentava mais em lace da lalta de estimulo para

que esta realizasse suas pr6pnas atividades ao inves de que outras pessoas as

fizessem por ela Foram leitas sessees com a finalidade de comprovar se F tinha

problemas de aprendizagem e verificou-se que esla linha plena capacidade de

realizar as tarefas sozinha Em relayao a interayao familiar F dramatrizou em uma

atividade que sua mae trabalhava em um hotel 0 que correspondia a realidade e 0

marido trabalhava em hotel que seu pai estava muito doenle e tinha muitas dores

35

no corpo quando na realidade seu pai ja era falecido Mostrava com isso a falta que

a funy80 paterna Ihe fazia

A mae de F I numa sessao dedicada a sua orientay8o mencionou que F

estava cada vez melhor e que seus tremores para chamar a atenC80 estavam

diminuindo a cada dia

36

4 ORIENTA~OES AOS PAIS

ZAGURY (2001 p59) na complexa tarefa de dar limites sem ser autocratico

ou seja de como disciplinar sem bater OU sem ser coercitivQ com a crianya sugere

algumas estrategias

bull Premiar ou recompensar a born comportamento - sempre que a crianca

tiver atitudes corretas devemos ressaltar este tatoo E bern comum que as

pais muito ocupados com tarefas cotidianas esqueltam de elogiar

somente lembrando de ralhar quando os ftlhos fazem algo errado Desta

forma as criancas entendem que naD vale a pena fazer tudo certinhon

pois nao recebem aprova9ao A melhor forma de alcan9ar um objetivo

educativo e elogiar incentivar e ressaltar tudo a que a crianca fizer de

positivo

bull Diferenciar premiar de dar coisas materiais - apesar do consumismo

vigente as crianvas ainda valorizam mais urn carinho urn elogio sincero

reconhecimento do esforco do que presentes dinheiro e viagens

Eventualmente pode-se presentear materialmente mas e importante nao

comprarmos as crianras pois desta forma elas aprendem a agir de modo

calculista Se dermos nosso carinho e aprovayao seu ego se fortalecera

sua auto-estima se elevara e gradualmente a crianya sentira prazer em

agir de forma adequada

bull Fazer com que a crianya assuma as conseqOemcias dos seus atos - com

carinha e naturalidade devemos conversar e agir apontando seus erras e

fazendo com que reftitam sobre as atitudes incorretas antieticas ou

egocentricas tomando 0 cuidado de deixar claro que 0 que desaprovamos

37

sao as atitudes incorretas e naD suas caracteristicas pessoais 5e mesma

ap6s a explica~o a crianca reincidir na atitude incorreta entao e 0

momento de faze-Ia compreender que e responsavel pelos seus atos e

tambem pelas suas conseqGencias Deve-se ressaltar as consequemcias

do ato born carinho aprova~o estimulo etc Como do ato incorreto

desaprova9ilo nao reforyamento deixar de fazer algo que gostam etc

Deve-se ter em mente que as elogios premiacoes bern como as puni90es

devem ser proporcionais ao fato Ou seja e necessario que se tenha born sensa e

equilibrio para que as acoes sejam autenticas e valorizadas pel as criancas

COUTINHO FILHO (2003) tambem sugere algumas possibilidades para

colocar parametros de limites para a crianca

bull Nao coloque limites conforme seus desejos pessoais

bull Demonstre que voce e as demais adultos tambem tern limites a respeitar

bull Diga qual puni9ilo a ser dada para cada limite ultrapassado e nao deixe de

executa-Ia

bull De puniyoes brandas para atitudes brandas e puniyoes pesadas para

atitudes pesadas

bull Deixe claro que a puniyao Eo pelo ate e nao pela pessoa

bull Justifique os motivos do limite Nao faca isso porque nao quero ou nao

gosto nao Eo justificativa

bull Repita quantas vezes for necesstuio

bull Use sua autoridade sem provocar submissao e mal estar

bull Use da afetividade para impor limites

38

ZAGURY (2001) destaca pontos importantes para nao perder a autoridade

perante os filhos

bull Cumpra 0 que disse (seja premia ou conseqOemcia) ou seja ameacou

execute prometeu faya

bull Seja coerente 0 que nao pode nao pode nunca (salvo raras excessoes)

nao mude de atitude como quem mud a de roupa (au de acordo com 0 seu

humor)

bull Faya com que seus filhos gradualmente assumam responsabilidades

Deixe que eles participem das decisoes sabre premios ou conseqOeuromcias

- isto ajuda a amadurecer e compromete a crianca e as jovens que

aderem mais ao que ajudam a construir (mesma que sejam sans6es para

eles proprios)

bull Cuidado com 0 que diz e com 0 modo como diz - critique 0 ato nunca a

pessoa ou a personalidade de seus filhos Trate somente do assunto que

S8 esta analisando no momento naD desenterre coisas do passado sem

necessidade Nao fique com pena da crianya se ela chorar ficar triste

nao talar com voce E melhor ela ficar triste hoje mas aprender a respeitar

o pr6ximo a 5i propria e a palavra empenhada do que sofrer futuramente

nos seus relacionamentos interpessoais

Segundo TIBA(2002) os filhos nao vem com manual pois eles mesmos sao 0

manual au seja cada criancaencerra uma individualidade e a cada dia os pais irao

aprendendo com cada filho E importante neste aprendizado os pais privilegiarem 0

desenvolvimento relacional atraves de um procedimento basico que deve ser

aplicado a cada fllho Para TBA (2002) ese procedimento e valido para qualquer

39

relacionamento entre pessoas de qualquer idade mas que e relevante na formaC8o

da auto-estima da criancadesde 0 seu nascimento Para 0 atendimento integral a

uma crian9 sao cinco os passos parar ouvir olhar pensar e agir (TIBA 2002

p127)

TIBA (2002) descreve os cinco passos da seguinte forma

1 Parar - parar 0 que estiver fazendo ou pensando e dar atenyao total acriancaCasa naD possa parar naquele exato momento vale colaear uma

das maos no ombro da crian9 enquanto diz que logo vai atende-Ia A

crianya deve ficar esperando ali juntinho de voce Pode ser que ela queira

sair para voltar logo depois Se a iniciativa de sair for da crianca a

responsabilidade de voltar sera dela Mas deve evitar ao maximo dizer

para a crianca ocupar-se com Dutra caisa enquanto voce termina 0 que

esta fazendo Nem sempre ela volta outra vez pelo mesmo motivo E

tambem fundamental deixar de lado ideias preconcebidas sobre 0 que a

crianca vai fatar Se voce pensa ~Iavern aquela chata me encher Dutra

vez seu cerebro ja esta preenchido em parte com esse pensamento e

voce perde a chance de atende-Ia integralmente

2 Ouvir - e a parte racional Os pais devem olhar no funda dos ahos da

crianca como se a Duvissem com as ahos A criany8 precisa aprender a

se expressar Nao se deve tentar adivinhar 0 que ela quer Quando pede

alguma coisa esta desenvolvendo sua capacidade de pensar de formular

uma pergunta e de se expressar para que outras pessoas possam

compreende-Ia

3 Olhar - e a parte instintiva Num piscar de olhos uma pessoa consegue

ver tantas coisas que levaria muito tempo explica-Ias em palavras Tudo 0

40

que se percebe visualmente tambem tem que ser considerado para

compreender a crian9a

4 Pensar - lados os elementos percebidos tanto visualmente quanto

verbal mente mais 0 sentido educativo que se que ira imprimir na forma9ao

da criana devem fazer parte da resposta a ser dada Sentido educativo e

o objetivo a ser atendido com a educaao que esta sendo dada (Quer que

o filho seja egoista Coloque-o sempre em primeiro lugar em detrimento

dos outros e diga sim a todos os seus desejos Quer que ele seja feliz

Ajude-o a desenvolver a satisfailo pelo que e e pelo que consegue fazer

a tolerimcia a compreensao dos Qutrosa vontade de ajudar a quem pede

e a etica do bem)

5 Agir - essa aao ou resposta deve ser bem clara e objetiva Melhor ainda

se voce puder se assegurar de que a crianca real mente saciou sua

vontade

E importante ressaltar que os cinco passos devem ser utilizados em todas as

situayaes desde 0 tombo da crian98 pequena ate quando a crian98 crescer Ao se

utilizar este procedimento basico as atitudes dos pais tendem a ser coerentes Par

exemplo se uma crianca calr naD e necessaria as pais sairem desesperados em

todas Situ8COeS mas avaiar se 0 tombo foi grave QU se foi urn tombinho que naD

precisa de maiores cuidados Tambem as pais naD devem sair dizendo que chao

feio que passa a falsa ideia que 0 chao e culpado pelo seu tombo a criana tem

que aprender que ela deve ter cuidado Se ela se choca uma ou duas vezes numa

mesa ela aprende a ter cuidado por sua pr6pria experiencia TIBA (2002 p133)

41

destaca que a afobayao e a reacao exagerada dos pais geram inseguran9a na

crianca

Outre fato bastante comum e as pais deixarem as ftlhos ganharem jogos par

exemplo tentando agrada-Ios mesmo que os deseduquem As crian9as tern uma

sabedoria natural Brincam e competem de acordo com as conhecimentos e as

capacita90es de que disp6ern E mais facil para 0 pai brincar como se fosse crian98

e deixar 0 filho ganhar sempre Esse comportamento contudo da a crianca uma

visao irreal do que e jogar Ganha-se algumas vezes perde-se outras (TIBA 2002

p136) Ou seja e mais educativ~ para a criana descobrir que podemos ser bons

em algumas caisas mas nao em tudo Passa-se uma experiencia da realidade para

a crianC8

TIBA (2002) tambem cita 0 caso de colocar a crian9a no colo enquanto se

dirige urn carro A crianC8 tern a falsa sensacao de que comanda 0 veiculo mas issa

nao passa de urn poder irreal Ao dirigir urn carrinho de brinquedo ela poderia de fato

se sentir poderosa IS50 sem falar que quando 0 filho crescer ao 15 anos par

exempla vai querer sair com 0 carro do pai mesmo sem poder Mas quando era

criancaeu podia

o caso classico da criancaquerer dormir com os pais tambem e abordado por

TIBA (2002) segundo 0 autor 0 ideal e que desde bebe a crian9a deve aprender a

dorrnir no seu lugar mesmo que ache mais gostoso aninhar-se entre os pais Ir cada

urn para sua cama da 0 sentido de que cada urn tem seu territorio ai tambem

estamos delimitando limites onde sao respeitados 0 so no e 0 espacode cada urn

Crian~asmaiores que ja andam devem ter um lugar (ou quarto) proprio para dormirMesmo que ocasionalmente adorme~am na cama dos pais e importante que sejamlevadas a sua cama para que acordem la Nao devem adquirir 0 habito de dormir nacama dos pais Tenha paciencia e fale claro em born tom olhando seriamente nofundo dos olhinhos dela ~Cada coisa no seu lugar cada pessoa na sua cama~

42

Quando a crian(f3 percebe que 0 limite e coisa sena e vai ser cumprido procura seajustar(lIBA 2002p115)

OLIVEIRA (1999 p120) enumera as diversos problemas que causam a fato

dos filhos permanecem no quarto dos pais na hora de dormir considerando-as de

difieil recupera~aoposterior

1 Faita de valorizayilo da privacidade tanto do casal como da crianya

2 Mantem a relacao simbi6tica au seja a li98980 existente entre mae e

bebe prejudicando 0 desenvolvimento emocional da crian93

3 A crianya tende a formar relayao de dependencia da protey80 e da

preseny8 dos pais ate mesma durante 0 sono

4 Quando chegar a fase em que a crianca elege entre 0 pai e a mae 0 seu

preferido tenta afastar 0 autro esticando-se e virando-se na cama de

modo a deixar a preterido desconfortavel a ponto deste mudar de lugar

sair da cama e ate mesma do quarto

E importante ressaltar que sempre as regras devem ser claras e naD sujeitas

a mudancas pois a organizacao interna dos filhos fica muito prejudicada se dormir

au nao na cama dos pais se transforma numa possibilidade que depende apenas do

humor dos pais ou de quanto 0 filho se recusa a dormir sozinho (chorando

acordando diversas vezes etc) A crian9a com autonomia de sono e mais

independente e feliz (TIBA 2002 p116)

Enfatiza-se que na maiaria dos casas as pais permitem que as criancas

fiquem ate mais tarde no quarto deles nao e par uma exigemcia ou necessidade da

crianya mas par alguma deficiencia desequilibrio au imaturidade dos proprios pais

(OLIVEIRA 1999 p122)

43

Em relaiio ao choro da crian9l ressalta-se que ha dois tipos de choro 0 que

expressa dor e 0 que busca pader

Se 0 filho descobrir que pade usar a chom como fonte de poder as pais estaoperdidos Nunca mais saberao dizer se ele chara par dar au poder Urn chore depoder Necessita dos olhos e dos ouvidos de quem se quer dominar Ingenua acrianya que usa 0 choro como pader para imediatamente apes conseguir 0 que querOai a importancia de as pais ficarem atentos para nao ser manipulados (TIBA 2002p158)

o choro que apela para 0 lade coitadinho inspira ternura Eo urn tipo de

manipula9ao que busca 0 dominio pela chantagem aletiva Eo dilicil neutralizar 0 uso

do choro como arma

Segundo liSA (2002 p159) Urn pouco de dor nao matara a crian9a assim

como urn poueD de pader nao matara as pais ( ) Se traumas infantis matassem a

humanidade estaria extinta Nao ha filho que nao tenha side contrariado A imensa

maioria deles tern condi90es de agOentar contrariedades 0 autor destaca que pais

que sao soHcitos ao extrema nao trayam um born e segura trajeto para seguir 0

resultado e que a crianya fica insegura pais perde a confianca neles ela pressente

que as pais nao tern firmeza nas suas decisoes e sao manipulaveis

Deve-se tomar cuidado com as exageros urn erro cometido pelos pais

desde que nao seja baseado na violencia em surras socas e pontapes naa traz

problema nenhum Atos como esses descarregam a raiva mas nao tern forlta

educativa pois violmcia s6 gera violencia (liSA 2002 p159)

Em rela9aOaos pais lazerem as tarelas pelos filhos ou ainda pior comprar os

resultados ressalta-se que este tipo de atitude nao ajuda a crianlta cria

dependencia e compromete 0 desenvolvimento escolar Alem disso as pais acabam

privando os filhos do gosto de uma conquista dando uma mensagem subliminar de

que eles sao incapazes Os pais nao devem privar os filhos do gosto de uma

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

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WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

Page 29: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

26

com um alune que esta precisando de ajuda no aspecto emocional encontra-se

despreparado para lidar com a questao reagindo com intolerancia Consideram

muitas vezes mais tacil fazer julgamentos como 0 alune naD tern jeito bulle da

familia tal todos as irmaos desta familia ja fcram meus alunos e sao todos i9uais

Eventualmente recusam-se a participar de cursos de atualiza9ao e aperfei90amento

e preferem adetar a postura de que sabem que 0 alunD naD tern jeito mesma e nada

S8 tern a fazer a que favorece 0 rebaixamentoda auto-estima do alune e 0

agravamento do problema gerando disc6rdias e aborrecimentos na escola

Urn Dutro aspecto a ser considerado e que tudo sa tornaria mais facil para a

crianca se ao ingressar na escola ela pudesse encontrar um ambiente acolhedor

com regras bern definidas professores conhecedores dessa realidade com

formacaopsicol6gica para propiciar momentos de tomada de consciencia do porque

daquele comportamento fazendo acontecer a catarse e redirecionando as modos de

agir de tais crian~s e adolescentes Porem a realidade das escolas e bem outra 0

proprio ambiente e a mentalidade favorece que ela a crianca a adolescente

coloquem toda a agressao reprimida suas neuroses seu 6dio seus sentimentos

de culpa sua revolta contra a autoridade e a patrimonio escolar Muitas vezes 0

atuno encontra professores que nao se libertaram dos traumas e problemas dos

quais eles mesmos foram vitimas na primeira infancia alern de desconhecerem e

nao saberem lidar com a crianca e 0 adolescente problematico pelo desprepara

pedag6gico e a falta de metodos adequados e atrativos para prender a aten9ao e 0

interesse de seus alunos Sua pratica pedag6gica e pobre de recursos e estrategias

que desafiem e motivern tais alunos a se auto valorizarem elevando a auto-estima

Urn dos pontes mais comuns entre as indisciplinados e a sentimento de

menos valia aem da fata de conffan9a nos contatos e na produtividade Percebe-se

27

assim que para reverter essa questao naD basta trabalhar com a aluno E

necessario urn trabalho junto aos professores e familias criando estrategias que

modifiquem 0 ambiente e urn relacionamento mais verdadeiro mais equilibrado

deve ser estabelecido em todos as sentidos - trabalhando-se em equipe

28

3 0 CASO DE UMA CRIANCA COM TRANSTORNO DESAFIADOR OPOSITIVO

Foram utilizadas entrevistas com a mae professores e irmaos Encontros com

a crian-a em sess6es com durayao de 50 minutos cnde utilizou-se de metod as

como desenhos brincadeiras jogos regrados massa de modelar

31 HIST6RIGO DO GASO

F e urna rnenina de cinco anos cayula tendo um irmao de 21 anos e urna

irma de 17 anas de idade

o pai faleceu com 49 anas ha apraximadamente 01 ana e a mae atualmente

com 49 anas teve F com 43 anas

o pai fai marta par paliciais em frente a sua casa Estava bebada e saiu a rua

armada e um carro da palicia apareceu e 0 viu sentado na calcadalogo depois

vieram muitas viaturas e a mae pediu que levassem 0 marido para passar a noite na

cadeia mas que naD fizessem nenhum mal a ele Neste momento 0 pai de F

comeyou a atirar e aS policiais (segundo a mae 18 policiais aproximadamente)

invadiram a casa e comeyaram a atirar A familia fa para os fundos da casa e a mae

passou F par cima do muro para a casa da vizinha Quando a familia voltou para

frente da casa as paliciais disseram que a pai de F estava ferida na perna e

levaram-na para a hospital mas segundo a relata da mae ele ja estava marta e

havia na verdade levado urn tiro na cabeca F nao viu a cena mas escutou tudo

Ganforme relata da mae a partir da data do acarrida F naa abedece faz de

canta que naa escuta e quando quer alga came9a a tremer A mae diz que a filha

29

ficou assim desde a marte do pai pais este a bajulava muito fazia tudo 0 que ela

desejava

F sempre foi mimada pelo pai este nunca repreendia a filha por algo de

errado que ela fizesse Para 0 pai F nunca estava errada inclusive quando ela e a

irma mais velha brigavam 0 pai sempre ia em defesa da mais nova e para protege-

la amea98va bater na mais velha

A queixa principal da mae e que F comeya a tremer quando quer algo de que

gosta muito nao obedece a regras e Iimites impostos pelos responsaveis

Nas observayiies comportamentais notou-se que F testa os limites dos

adultos para conseguir 0 que deseja e as pesso8s que a cercam para se livrarem

das birras acabavam por fazer 0 que ela queria Mas essas mesmas pessoas

comeyaram a perceber que a falta de regras e limites jil ultrapassava 0 limite do

suportaveJ

Segundo HANISH et al (1999) 0 transtorno desafiador opositivo aparece

antes dos 10 anos Normalmente torna-se aparente na idade pre-escolar que e 0

caso desta crianga

Na escola F naD interagia com as colegas na hara de fazer brincadeiras em

grupo nac conseguia se relacionar com as colegas quando a professora pedia para

fazer alguma atividade F fazia do jeito que queria e nao como a professora

solicitava

Para que houvesse progresso no tratamento foi fundamental que a mae e as

demais pessoas que rodeiam a crian~a modificassem sua forma de agir e para que

isso ocorresse foi preciso fazer urn remanejo de conduta dessas pessoas Fez-se

pois necessaria orientacao e treinamento para auxilia-Ios nesta mudanlta

30

32 EVOLUCAO DO CASO

As intervenyoes utilizadas neste casc com a mae fcram em forma de

orientayao na freqOencade pelo menDS uma vez par meso Mais recentemente este

trabalho com a mae vern sendo feito a cada quinze dias

Em conversa com a mae esta mencionou que naD queria fazer como seus

pais naD que eles fassem ruins disse ela mas eles nao conversavam e naD tinham

tempo de dar aten9ao e de ensinar os deveres da escola Tudo 0 que ela aprendeu

na escola foi par esforyo proprio e naD queria que isso acontecesse com sua filha

entaD ela au as irmaos mais velhos sentam com F e a ensinam

Mais tarde foi feita uma entrevista com a professora e esta mostrou todas as

li90es de F e disse que aquelas atividades nao haviam side feitas pela crian9a e sim

por seu irmao e que a professora ja havia mandado bilhetes pedindo que nao

fizessem mais as atividades da escola par F A mae foi orientada a dar mais

incentivo a F em lugar de fazer os deveres por ela pois F nilo tinha problemas de

aprendizagem mas par falta de incentivo poderia vir a ter

Com F foram utilizadas brincadeiras como pintura com aquarela desenhos

massa de modelar hist6ria infantis Atraves destes me-todosforam utilizados refor~o

e a punicao quando necessarios

o refor9Q foi atraves de elogios sorriso e aten9ao quando F realizava urn

comportamento desejavel A punitao consistiu em retirar uma atividade que ela

gostava muito como desenhar OU tambem ignorar a sua atitude mantendo a calma

No terceiro encontro F mencionou 0 pai dizendo que ele comprava doces

para ela mas nao quis continuar falando sobre ele alegando que 0 irmao mais velho

nao gostava Mais tarde em outras sess6es tornou-se claro ser isto fantasia sua

31

Nos primeiros encontros corn F ela demonstrou S8r cordata entretanto a

partir do quarto encontro F mostrou comportamentos de manipula9ao ou seja

querer controlar a situacao e que tude salsse da forma que queria para que todos

as seus desejos fossem realizados atitude comum em casa ou na escola

A quinta sessao foi para verificar a interacao de F com a mae F mostrou-se

intransigente naD obedeceu a nenhuma das ordens da mae na hora de guardar as

brinquedos gritou com a mae e esta demonstrou claramente nao conseguir dar

limites a sua filha A mae conseguiu dizer neste momento que se F estivesse em

casa iria apanhar com uma varinha mas ista naD adiantou pais F ficou irredutivel

Ao final da sessao quando tudo estava no seu devido lugar F ja estava agindo como

se nada tivesse ocorrido a mae mencionou que F era muito nervoS8

A partir da sexta sessao loram leitos contratos com F os quais ela aceitou

com lacilidade

Apos 0 contrato feito na sessao anterior na setima sessao foi trabalhado a

limite atraves de acordos leitos com F como pedir para que ela escolhesse

somente tres tipos de brinquedos da caixa que s6 iria embora quando a horario da

sessao terminasse e que as Iimites seriam colocados pela terapeuta Com estas

regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela queria

A partir da oitava sessao loi levantada a hip6tese do problema de F ser

transtorno desafiador opositivo pais ela demonstrou as comportamentos de querer

dominar e mostrar que poderia mandar mas com muita paciencia foram impastos

limites atraves do silencio mostrando que nem tudo poderia ser como ela queria e

assim acabou aceitando

A nona sessao loi destinada a orientar a mae em como agir com a filha e loi

proposto para que a mae assistisse a proxima sessao atras do espelho

32

Como foi sugerido para a mae na sessao passada ela ficou ats do espelho

para ver como a filha interagia e poder verificar qual seria a melhor forma de lidar

com ela

A decima segunda sessao foi destinada a mae para verificar como estava 0

comportamento de F fora da terapia Ela comentou que 0 comportamento da filha

melhorara muito que as tremores 56 ocorriam esporadicamente Foi orientado amae que quando Dcarressem as tremores ela deveria fazer de conta que naD havia

percebido nada

Foram feitas diversas sess6es seguidas mais precisamente da decima

terceira il decima setima com F destinadas a trabalhar regras e limites Este

trabalho foi realizado atraves de acordos com F como por exemplo pedir que ela

escolhesse apenas tres brinquedos da caixa au escolhesse entre desenhar e ouvir

historias au ainda entre conversar e brincar tambem poderia escolher entre brincar

de casinha e desenhar

A decima oitava sessao foi urna sessao diferente pOis foi destinada aprofessora de F para verificar como F estava S8 comportando e se relacionando

com colegas em sala de aula enos interval os A professora levantou a hip6tese de F

ter problemas de aprendizagem pois as atividades escolares dela nao eram

compativeis com a de seus colegas de classe Mas foi constatado atraves das

atividades que eram enviadas para serem feitas em casa que 0 que faUava para F

era estimulo pOisseu irmao fazia suas atividades por ela

Foram feitas duas sessoes seguidas (decima nona e vigesimal para

comprovar se havia problemas de aprendizagem com F Sessoes estas de recorte e

colagem e de hist6ria (Cinderela) Com estas atividades pode se constatar que F

33

tern plena capacidade de realizar tarefas sDzinha talvez com uma pequena

orienta9ao quando solicitado por ela

A vigesima primeira foi mais uma sessao dedicada a orient89ao a mae

quando esta mencionou que Festa cada vez melhor seus tremores quando quer

chamar a aten9ao estao diminuindo a cada dia

No vigesimo segundo encontro com F a interven9ao utilizada foi 0 desenho

Eta desenhou margaridas e mencionou que se fosse uma planta queria ser uma

margarida e S8 fosse urn objeto queria ser uma estrela Ja na sessao seguinte que

foi a vigesima terceira a intervencao utilizada foi brincar de casinha cnde F mostrou

a sua intera9ao familiar dizendo que trabalhava em um hotel (como na realidade sua

mae trabalha) 0 marido trabalhava em hotel e seu pai estava muito doente (na

realidade ja e falecido) e tinha muitas dores no corpo

Ate 0 momento foram feitas as vinte e tres sess6es aqui descritas nas quais

a crianya demonstrou significativas mudantas no comportamento

33 ANALISE DO CASO

Inicialmente F nae obedecia fazia de conta que naD escutava e quando

queria algo come9ava a tremer nao obedecendo a regras e limites impostos pelos

respons8veis A mae dizia que a filha ficou assim desde a morte do pai pais este a

bajulava muito fazia tudo 0 que ela desejava

Notou-se que F testava os limites dos adultos para conseguir 0 que desejava

e as pessoas que a cercavam para se livrarem das birras acabavam par fazer 0

que ela queria

34

Na escola nao conseguia se relacionar com os colegas quando a professora

pedia para fazer alguma atividade F lazia do jeito que queria

A mae de F fazia as atividades par ela dizendo que ~nao queria tazer como

seus pais naD que eles fassem ruins mas eles naD conversavam e naD tinham

tempo de dar atenC80 e de ensinar as deveres da escola

Durante 0 tratamento F inicialmente demonstrou ser cordata posteriormente

mostrou comportamentos de manipulayM querendo controlar a situayao e

procurando forcar que todos as seus desejos fassem realizados Na presenva da

mae nao obedeceu a nenhuma das ordens dela gritou e ficou clara a dificuldade da

mae em dar limites a filha F mostrava-se muito irritada

Foram feitos contratos com F e passou-se a trabalhar atraves de acordos as

limites Com estas regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela

queria

No tratamento foi fundamental que a mae e as demais pessoas que rodeiam a

crianya modificassem sua forma de agir Foi orienlado a mae que quando

ocorressem as tremores ela devena fazer de conta que nao havia percebido nada

Em sessao com a professora de F constatou-se que a hipotese de

problemas de aprendizagem se apresentava mais em lace da lalta de estimulo para

que esta realizasse suas pr6pnas atividades ao inves de que outras pessoas as

fizessem por ela Foram leitas sessees com a finalidade de comprovar se F tinha

problemas de aprendizagem e verificou-se que esla linha plena capacidade de

realizar as tarefas sozinha Em relayao a interayao familiar F dramatrizou em uma

atividade que sua mae trabalhava em um hotel 0 que correspondia a realidade e 0

marido trabalhava em hotel que seu pai estava muito doenle e tinha muitas dores

35

no corpo quando na realidade seu pai ja era falecido Mostrava com isso a falta que

a funy80 paterna Ihe fazia

A mae de F I numa sessao dedicada a sua orientay8o mencionou que F

estava cada vez melhor e que seus tremores para chamar a atenC80 estavam

diminuindo a cada dia

36

4 ORIENTA~OES AOS PAIS

ZAGURY (2001 p59) na complexa tarefa de dar limites sem ser autocratico

ou seja de como disciplinar sem bater OU sem ser coercitivQ com a crianya sugere

algumas estrategias

bull Premiar ou recompensar a born comportamento - sempre que a crianca

tiver atitudes corretas devemos ressaltar este tatoo E bern comum que as

pais muito ocupados com tarefas cotidianas esqueltam de elogiar

somente lembrando de ralhar quando os ftlhos fazem algo errado Desta

forma as criancas entendem que naD vale a pena fazer tudo certinhon

pois nao recebem aprova9ao A melhor forma de alcan9ar um objetivo

educativo e elogiar incentivar e ressaltar tudo a que a crianca fizer de

positivo

bull Diferenciar premiar de dar coisas materiais - apesar do consumismo

vigente as crianvas ainda valorizam mais urn carinho urn elogio sincero

reconhecimento do esforco do que presentes dinheiro e viagens

Eventualmente pode-se presentear materialmente mas e importante nao

comprarmos as crianras pois desta forma elas aprendem a agir de modo

calculista Se dermos nosso carinho e aprovayao seu ego se fortalecera

sua auto-estima se elevara e gradualmente a crianya sentira prazer em

agir de forma adequada

bull Fazer com que a crianya assuma as conseqOemcias dos seus atos - com

carinha e naturalidade devemos conversar e agir apontando seus erras e

fazendo com que reftitam sobre as atitudes incorretas antieticas ou

egocentricas tomando 0 cuidado de deixar claro que 0 que desaprovamos

37

sao as atitudes incorretas e naD suas caracteristicas pessoais 5e mesma

ap6s a explica~o a crianca reincidir na atitude incorreta entao e 0

momento de faze-Ia compreender que e responsavel pelos seus atos e

tambem pelas suas conseqGencias Deve-se ressaltar as consequemcias

do ato born carinho aprova~o estimulo etc Como do ato incorreto

desaprova9ilo nao reforyamento deixar de fazer algo que gostam etc

Deve-se ter em mente que as elogios premiacoes bern como as puni90es

devem ser proporcionais ao fato Ou seja e necessario que se tenha born sensa e

equilibrio para que as acoes sejam autenticas e valorizadas pel as criancas

COUTINHO FILHO (2003) tambem sugere algumas possibilidades para

colocar parametros de limites para a crianca

bull Nao coloque limites conforme seus desejos pessoais

bull Demonstre que voce e as demais adultos tambem tern limites a respeitar

bull Diga qual puni9ilo a ser dada para cada limite ultrapassado e nao deixe de

executa-Ia

bull De puniyoes brandas para atitudes brandas e puniyoes pesadas para

atitudes pesadas

bull Deixe claro que a puniyao Eo pelo ate e nao pela pessoa

bull Justifique os motivos do limite Nao faca isso porque nao quero ou nao

gosto nao Eo justificativa

bull Repita quantas vezes for necesstuio

bull Use sua autoridade sem provocar submissao e mal estar

bull Use da afetividade para impor limites

38

ZAGURY (2001) destaca pontos importantes para nao perder a autoridade

perante os filhos

bull Cumpra 0 que disse (seja premia ou conseqOemcia) ou seja ameacou

execute prometeu faya

bull Seja coerente 0 que nao pode nao pode nunca (salvo raras excessoes)

nao mude de atitude como quem mud a de roupa (au de acordo com 0 seu

humor)

bull Faya com que seus filhos gradualmente assumam responsabilidades

Deixe que eles participem das decisoes sabre premios ou conseqOeuromcias

- isto ajuda a amadurecer e compromete a crianca e as jovens que

aderem mais ao que ajudam a construir (mesma que sejam sans6es para

eles proprios)

bull Cuidado com 0 que diz e com 0 modo como diz - critique 0 ato nunca a

pessoa ou a personalidade de seus filhos Trate somente do assunto que

S8 esta analisando no momento naD desenterre coisas do passado sem

necessidade Nao fique com pena da crianya se ela chorar ficar triste

nao talar com voce E melhor ela ficar triste hoje mas aprender a respeitar

o pr6ximo a 5i propria e a palavra empenhada do que sofrer futuramente

nos seus relacionamentos interpessoais

Segundo TIBA(2002) os filhos nao vem com manual pois eles mesmos sao 0

manual au seja cada criancaencerra uma individualidade e a cada dia os pais irao

aprendendo com cada filho E importante neste aprendizado os pais privilegiarem 0

desenvolvimento relacional atraves de um procedimento basico que deve ser

aplicado a cada fllho Para TBA (2002) ese procedimento e valido para qualquer

39

relacionamento entre pessoas de qualquer idade mas que e relevante na formaC8o

da auto-estima da criancadesde 0 seu nascimento Para 0 atendimento integral a

uma crian9 sao cinco os passos parar ouvir olhar pensar e agir (TIBA 2002

p127)

TIBA (2002) descreve os cinco passos da seguinte forma

1 Parar - parar 0 que estiver fazendo ou pensando e dar atenyao total acriancaCasa naD possa parar naquele exato momento vale colaear uma

das maos no ombro da crian9 enquanto diz que logo vai atende-Ia A

crianya deve ficar esperando ali juntinho de voce Pode ser que ela queira

sair para voltar logo depois Se a iniciativa de sair for da crianca a

responsabilidade de voltar sera dela Mas deve evitar ao maximo dizer

para a crianca ocupar-se com Dutra caisa enquanto voce termina 0 que

esta fazendo Nem sempre ela volta outra vez pelo mesmo motivo E

tambem fundamental deixar de lado ideias preconcebidas sobre 0 que a

crianca vai fatar Se voce pensa ~Iavern aquela chata me encher Dutra

vez seu cerebro ja esta preenchido em parte com esse pensamento e

voce perde a chance de atende-Ia integralmente

2 Ouvir - e a parte racional Os pais devem olhar no funda dos ahos da

crianca como se a Duvissem com as ahos A criany8 precisa aprender a

se expressar Nao se deve tentar adivinhar 0 que ela quer Quando pede

alguma coisa esta desenvolvendo sua capacidade de pensar de formular

uma pergunta e de se expressar para que outras pessoas possam

compreende-Ia

3 Olhar - e a parte instintiva Num piscar de olhos uma pessoa consegue

ver tantas coisas que levaria muito tempo explica-Ias em palavras Tudo 0

40

que se percebe visualmente tambem tem que ser considerado para

compreender a crian9a

4 Pensar - lados os elementos percebidos tanto visualmente quanto

verbal mente mais 0 sentido educativo que se que ira imprimir na forma9ao

da criana devem fazer parte da resposta a ser dada Sentido educativo e

o objetivo a ser atendido com a educaao que esta sendo dada (Quer que

o filho seja egoista Coloque-o sempre em primeiro lugar em detrimento

dos outros e diga sim a todos os seus desejos Quer que ele seja feliz

Ajude-o a desenvolver a satisfailo pelo que e e pelo que consegue fazer

a tolerimcia a compreensao dos Qutrosa vontade de ajudar a quem pede

e a etica do bem)

5 Agir - essa aao ou resposta deve ser bem clara e objetiva Melhor ainda

se voce puder se assegurar de que a crianca real mente saciou sua

vontade

E importante ressaltar que os cinco passos devem ser utilizados em todas as

situayaes desde 0 tombo da crian98 pequena ate quando a crian98 crescer Ao se

utilizar este procedimento basico as atitudes dos pais tendem a ser coerentes Par

exemplo se uma crianca calr naD e necessaria as pais sairem desesperados em

todas Situ8COeS mas avaiar se 0 tombo foi grave QU se foi urn tombinho que naD

precisa de maiores cuidados Tambem as pais naD devem sair dizendo que chao

feio que passa a falsa ideia que 0 chao e culpado pelo seu tombo a criana tem

que aprender que ela deve ter cuidado Se ela se choca uma ou duas vezes numa

mesa ela aprende a ter cuidado por sua pr6pria experiencia TIBA (2002 p133)

41

destaca que a afobayao e a reacao exagerada dos pais geram inseguran9a na

crianca

Outre fato bastante comum e as pais deixarem as ftlhos ganharem jogos par

exemplo tentando agrada-Ios mesmo que os deseduquem As crian9as tern uma

sabedoria natural Brincam e competem de acordo com as conhecimentos e as

capacita90es de que disp6ern E mais facil para 0 pai brincar como se fosse crian98

e deixar 0 filho ganhar sempre Esse comportamento contudo da a crianca uma

visao irreal do que e jogar Ganha-se algumas vezes perde-se outras (TIBA 2002

p136) Ou seja e mais educativ~ para a criana descobrir que podemos ser bons

em algumas caisas mas nao em tudo Passa-se uma experiencia da realidade para

a crianC8

TIBA (2002) tambem cita 0 caso de colocar a crian9a no colo enquanto se

dirige urn carro A crianC8 tern a falsa sensacao de que comanda 0 veiculo mas issa

nao passa de urn poder irreal Ao dirigir urn carrinho de brinquedo ela poderia de fato

se sentir poderosa IS50 sem falar que quando 0 filho crescer ao 15 anos par

exempla vai querer sair com 0 carro do pai mesmo sem poder Mas quando era

criancaeu podia

o caso classico da criancaquerer dormir com os pais tambem e abordado por

TIBA (2002) segundo 0 autor 0 ideal e que desde bebe a crian9a deve aprender a

dorrnir no seu lugar mesmo que ache mais gostoso aninhar-se entre os pais Ir cada

urn para sua cama da 0 sentido de que cada urn tem seu territorio ai tambem

estamos delimitando limites onde sao respeitados 0 so no e 0 espacode cada urn

Crian~asmaiores que ja andam devem ter um lugar (ou quarto) proprio para dormirMesmo que ocasionalmente adorme~am na cama dos pais e importante que sejamlevadas a sua cama para que acordem la Nao devem adquirir 0 habito de dormir nacama dos pais Tenha paciencia e fale claro em born tom olhando seriamente nofundo dos olhinhos dela ~Cada coisa no seu lugar cada pessoa na sua cama~

42

Quando a crian(f3 percebe que 0 limite e coisa sena e vai ser cumprido procura seajustar(lIBA 2002p115)

OLIVEIRA (1999 p120) enumera as diversos problemas que causam a fato

dos filhos permanecem no quarto dos pais na hora de dormir considerando-as de

difieil recupera~aoposterior

1 Faita de valorizayilo da privacidade tanto do casal como da crianya

2 Mantem a relacao simbi6tica au seja a li98980 existente entre mae e

bebe prejudicando 0 desenvolvimento emocional da crian93

3 A crianya tende a formar relayao de dependencia da protey80 e da

preseny8 dos pais ate mesma durante 0 sono

4 Quando chegar a fase em que a crianca elege entre 0 pai e a mae 0 seu

preferido tenta afastar 0 autro esticando-se e virando-se na cama de

modo a deixar a preterido desconfortavel a ponto deste mudar de lugar

sair da cama e ate mesma do quarto

E importante ressaltar que sempre as regras devem ser claras e naD sujeitas

a mudancas pois a organizacao interna dos filhos fica muito prejudicada se dormir

au nao na cama dos pais se transforma numa possibilidade que depende apenas do

humor dos pais ou de quanto 0 filho se recusa a dormir sozinho (chorando

acordando diversas vezes etc) A crian9a com autonomia de sono e mais

independente e feliz (TIBA 2002 p116)

Enfatiza-se que na maiaria dos casas as pais permitem que as criancas

fiquem ate mais tarde no quarto deles nao e par uma exigemcia ou necessidade da

crianya mas par alguma deficiencia desequilibrio au imaturidade dos proprios pais

(OLIVEIRA 1999 p122)

43

Em relaiio ao choro da crian9l ressalta-se que ha dois tipos de choro 0 que

expressa dor e 0 que busca pader

Se 0 filho descobrir que pade usar a chom como fonte de poder as pais estaoperdidos Nunca mais saberao dizer se ele chara par dar au poder Urn chore depoder Necessita dos olhos e dos ouvidos de quem se quer dominar Ingenua acrianya que usa 0 choro como pader para imediatamente apes conseguir 0 que querOai a importancia de as pais ficarem atentos para nao ser manipulados (TIBA 2002p158)

o choro que apela para 0 lade coitadinho inspira ternura Eo urn tipo de

manipula9ao que busca 0 dominio pela chantagem aletiva Eo dilicil neutralizar 0 uso

do choro como arma

Segundo liSA (2002 p159) Urn pouco de dor nao matara a crian9a assim

como urn poueD de pader nao matara as pais ( ) Se traumas infantis matassem a

humanidade estaria extinta Nao ha filho que nao tenha side contrariado A imensa

maioria deles tern condi90es de agOentar contrariedades 0 autor destaca que pais

que sao soHcitos ao extrema nao trayam um born e segura trajeto para seguir 0

resultado e que a crianya fica insegura pais perde a confianca neles ela pressente

que as pais nao tern firmeza nas suas decisoes e sao manipulaveis

Deve-se tomar cuidado com as exageros urn erro cometido pelos pais

desde que nao seja baseado na violencia em surras socas e pontapes naa traz

problema nenhum Atos como esses descarregam a raiva mas nao tern forlta

educativa pois violmcia s6 gera violencia (liSA 2002 p159)

Em rela9aOaos pais lazerem as tarelas pelos filhos ou ainda pior comprar os

resultados ressalta-se que este tipo de atitude nao ajuda a crianlta cria

dependencia e compromete 0 desenvolvimento escolar Alem disso as pais acabam

privando os filhos do gosto de uma conquista dando uma mensagem subliminar de

que eles sao incapazes Os pais nao devem privar os filhos do gosto de uma

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

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VEJA Especial para bebes Sao Paulo Ed Abril 2000

ZAGURY T Educar sem culpa a genese da etica 15 ed Rio de Janeiro Record2000

__ Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sabre a tirania dosfilhos 15 ed Rio de Janeiro Record 2000

Limites sem trauma - construindo cidadaos 25 ed Rio de JaneiroRecord2001

WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

Page 30: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

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assim que para reverter essa questao naD basta trabalhar com a aluno E

necessario urn trabalho junto aos professores e familias criando estrategias que

modifiquem 0 ambiente e urn relacionamento mais verdadeiro mais equilibrado

deve ser estabelecido em todos as sentidos - trabalhando-se em equipe

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3 0 CASO DE UMA CRIANCA COM TRANSTORNO DESAFIADOR OPOSITIVO

Foram utilizadas entrevistas com a mae professores e irmaos Encontros com

a crian-a em sess6es com durayao de 50 minutos cnde utilizou-se de metod as

como desenhos brincadeiras jogos regrados massa de modelar

31 HIST6RIGO DO GASO

F e urna rnenina de cinco anos cayula tendo um irmao de 21 anos e urna

irma de 17 anas de idade

o pai faleceu com 49 anas ha apraximadamente 01 ana e a mae atualmente

com 49 anas teve F com 43 anas

o pai fai marta par paliciais em frente a sua casa Estava bebada e saiu a rua

armada e um carro da palicia apareceu e 0 viu sentado na calcadalogo depois

vieram muitas viaturas e a mae pediu que levassem 0 marido para passar a noite na

cadeia mas que naD fizessem nenhum mal a ele Neste momento 0 pai de F

comeyou a atirar e aS policiais (segundo a mae 18 policiais aproximadamente)

invadiram a casa e comeyaram a atirar A familia fa para os fundos da casa e a mae

passou F par cima do muro para a casa da vizinha Quando a familia voltou para

frente da casa as paliciais disseram que a pai de F estava ferida na perna e

levaram-na para a hospital mas segundo a relata da mae ele ja estava marta e

havia na verdade levado urn tiro na cabeca F nao viu a cena mas escutou tudo

Ganforme relata da mae a partir da data do acarrida F naa abedece faz de

canta que naa escuta e quando quer alga came9a a tremer A mae diz que a filha

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ficou assim desde a marte do pai pais este a bajulava muito fazia tudo 0 que ela

desejava

F sempre foi mimada pelo pai este nunca repreendia a filha por algo de

errado que ela fizesse Para 0 pai F nunca estava errada inclusive quando ela e a

irma mais velha brigavam 0 pai sempre ia em defesa da mais nova e para protege-

la amea98va bater na mais velha

A queixa principal da mae e que F comeya a tremer quando quer algo de que

gosta muito nao obedece a regras e Iimites impostos pelos responsaveis

Nas observayiies comportamentais notou-se que F testa os limites dos

adultos para conseguir 0 que deseja e as pesso8s que a cercam para se livrarem

das birras acabavam por fazer 0 que ela queria Mas essas mesmas pessoas

comeyaram a perceber que a falta de regras e limites jil ultrapassava 0 limite do

suportaveJ

Segundo HANISH et al (1999) 0 transtorno desafiador opositivo aparece

antes dos 10 anos Normalmente torna-se aparente na idade pre-escolar que e 0

caso desta crianga

Na escola F naD interagia com as colegas na hara de fazer brincadeiras em

grupo nac conseguia se relacionar com as colegas quando a professora pedia para

fazer alguma atividade F fazia do jeito que queria e nao como a professora

solicitava

Para que houvesse progresso no tratamento foi fundamental que a mae e as

demais pessoas que rodeiam a crian~a modificassem sua forma de agir e para que

isso ocorresse foi preciso fazer urn remanejo de conduta dessas pessoas Fez-se

pois necessaria orientacao e treinamento para auxilia-Ios nesta mudanlta

30

32 EVOLUCAO DO CASO

As intervenyoes utilizadas neste casc com a mae fcram em forma de

orientayao na freqOencade pelo menDS uma vez par meso Mais recentemente este

trabalho com a mae vern sendo feito a cada quinze dias

Em conversa com a mae esta mencionou que naD queria fazer como seus

pais naD que eles fassem ruins disse ela mas eles nao conversavam e naD tinham

tempo de dar aten9ao e de ensinar os deveres da escola Tudo 0 que ela aprendeu

na escola foi par esforyo proprio e naD queria que isso acontecesse com sua filha

entaD ela au as irmaos mais velhos sentam com F e a ensinam

Mais tarde foi feita uma entrevista com a professora e esta mostrou todas as

li90es de F e disse que aquelas atividades nao haviam side feitas pela crian9a e sim

por seu irmao e que a professora ja havia mandado bilhetes pedindo que nao

fizessem mais as atividades da escola par F A mae foi orientada a dar mais

incentivo a F em lugar de fazer os deveres por ela pois F nilo tinha problemas de

aprendizagem mas par falta de incentivo poderia vir a ter

Com F foram utilizadas brincadeiras como pintura com aquarela desenhos

massa de modelar hist6ria infantis Atraves destes me-todosforam utilizados refor~o

e a punicao quando necessarios

o refor9Q foi atraves de elogios sorriso e aten9ao quando F realizava urn

comportamento desejavel A punitao consistiu em retirar uma atividade que ela

gostava muito como desenhar OU tambem ignorar a sua atitude mantendo a calma

No terceiro encontro F mencionou 0 pai dizendo que ele comprava doces

para ela mas nao quis continuar falando sobre ele alegando que 0 irmao mais velho

nao gostava Mais tarde em outras sess6es tornou-se claro ser isto fantasia sua

31

Nos primeiros encontros corn F ela demonstrou S8r cordata entretanto a

partir do quarto encontro F mostrou comportamentos de manipula9ao ou seja

querer controlar a situacao e que tude salsse da forma que queria para que todos

as seus desejos fossem realizados atitude comum em casa ou na escola

A quinta sessao foi para verificar a interacao de F com a mae F mostrou-se

intransigente naD obedeceu a nenhuma das ordens da mae na hora de guardar as

brinquedos gritou com a mae e esta demonstrou claramente nao conseguir dar

limites a sua filha A mae conseguiu dizer neste momento que se F estivesse em

casa iria apanhar com uma varinha mas ista naD adiantou pais F ficou irredutivel

Ao final da sessao quando tudo estava no seu devido lugar F ja estava agindo como

se nada tivesse ocorrido a mae mencionou que F era muito nervoS8

A partir da sexta sessao loram leitos contratos com F os quais ela aceitou

com lacilidade

Apos 0 contrato feito na sessao anterior na setima sessao foi trabalhado a

limite atraves de acordos leitos com F como pedir para que ela escolhesse

somente tres tipos de brinquedos da caixa que s6 iria embora quando a horario da

sessao terminasse e que as Iimites seriam colocados pela terapeuta Com estas

regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela queria

A partir da oitava sessao loi levantada a hip6tese do problema de F ser

transtorno desafiador opositivo pais ela demonstrou as comportamentos de querer

dominar e mostrar que poderia mandar mas com muita paciencia foram impastos

limites atraves do silencio mostrando que nem tudo poderia ser como ela queria e

assim acabou aceitando

A nona sessao loi destinada a orientar a mae em como agir com a filha e loi

proposto para que a mae assistisse a proxima sessao atras do espelho

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Como foi sugerido para a mae na sessao passada ela ficou ats do espelho

para ver como a filha interagia e poder verificar qual seria a melhor forma de lidar

com ela

A decima segunda sessao foi destinada a mae para verificar como estava 0

comportamento de F fora da terapia Ela comentou que 0 comportamento da filha

melhorara muito que as tremores 56 ocorriam esporadicamente Foi orientado amae que quando Dcarressem as tremores ela deveria fazer de conta que naD havia

percebido nada

Foram feitas diversas sess6es seguidas mais precisamente da decima

terceira il decima setima com F destinadas a trabalhar regras e limites Este

trabalho foi realizado atraves de acordos com F como por exemplo pedir que ela

escolhesse apenas tres brinquedos da caixa au escolhesse entre desenhar e ouvir

historias au ainda entre conversar e brincar tambem poderia escolher entre brincar

de casinha e desenhar

A decima oitava sessao foi urna sessao diferente pOis foi destinada aprofessora de F para verificar como F estava S8 comportando e se relacionando

com colegas em sala de aula enos interval os A professora levantou a hip6tese de F

ter problemas de aprendizagem pois as atividades escolares dela nao eram

compativeis com a de seus colegas de classe Mas foi constatado atraves das

atividades que eram enviadas para serem feitas em casa que 0 que faUava para F

era estimulo pOisseu irmao fazia suas atividades por ela

Foram feitas duas sessoes seguidas (decima nona e vigesimal para

comprovar se havia problemas de aprendizagem com F Sessoes estas de recorte e

colagem e de hist6ria (Cinderela) Com estas atividades pode se constatar que F

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tern plena capacidade de realizar tarefas sDzinha talvez com uma pequena

orienta9ao quando solicitado por ela

A vigesima primeira foi mais uma sessao dedicada a orient89ao a mae

quando esta mencionou que Festa cada vez melhor seus tremores quando quer

chamar a aten9ao estao diminuindo a cada dia

No vigesimo segundo encontro com F a interven9ao utilizada foi 0 desenho

Eta desenhou margaridas e mencionou que se fosse uma planta queria ser uma

margarida e S8 fosse urn objeto queria ser uma estrela Ja na sessao seguinte que

foi a vigesima terceira a intervencao utilizada foi brincar de casinha cnde F mostrou

a sua intera9ao familiar dizendo que trabalhava em um hotel (como na realidade sua

mae trabalha) 0 marido trabalhava em hotel e seu pai estava muito doente (na

realidade ja e falecido) e tinha muitas dores no corpo

Ate 0 momento foram feitas as vinte e tres sess6es aqui descritas nas quais

a crianya demonstrou significativas mudantas no comportamento

33 ANALISE DO CASO

Inicialmente F nae obedecia fazia de conta que naD escutava e quando

queria algo come9ava a tremer nao obedecendo a regras e limites impostos pelos

respons8veis A mae dizia que a filha ficou assim desde a morte do pai pais este a

bajulava muito fazia tudo 0 que ela desejava

Notou-se que F testava os limites dos adultos para conseguir 0 que desejava

e as pessoas que a cercavam para se livrarem das birras acabavam par fazer 0

que ela queria

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Na escola nao conseguia se relacionar com os colegas quando a professora

pedia para fazer alguma atividade F lazia do jeito que queria

A mae de F fazia as atividades par ela dizendo que ~nao queria tazer como

seus pais naD que eles fassem ruins mas eles naD conversavam e naD tinham

tempo de dar atenC80 e de ensinar as deveres da escola

Durante 0 tratamento F inicialmente demonstrou ser cordata posteriormente

mostrou comportamentos de manipulayM querendo controlar a situayao e

procurando forcar que todos as seus desejos fassem realizados Na presenva da

mae nao obedeceu a nenhuma das ordens dela gritou e ficou clara a dificuldade da

mae em dar limites a filha F mostrava-se muito irritada

Foram feitos contratos com F e passou-se a trabalhar atraves de acordos as

limites Com estas regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela

queria

No tratamento foi fundamental que a mae e as demais pessoas que rodeiam a

crianya modificassem sua forma de agir Foi orienlado a mae que quando

ocorressem as tremores ela devena fazer de conta que nao havia percebido nada

Em sessao com a professora de F constatou-se que a hipotese de

problemas de aprendizagem se apresentava mais em lace da lalta de estimulo para

que esta realizasse suas pr6pnas atividades ao inves de que outras pessoas as

fizessem por ela Foram leitas sessees com a finalidade de comprovar se F tinha

problemas de aprendizagem e verificou-se que esla linha plena capacidade de

realizar as tarefas sozinha Em relayao a interayao familiar F dramatrizou em uma

atividade que sua mae trabalhava em um hotel 0 que correspondia a realidade e 0

marido trabalhava em hotel que seu pai estava muito doenle e tinha muitas dores

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no corpo quando na realidade seu pai ja era falecido Mostrava com isso a falta que

a funy80 paterna Ihe fazia

A mae de F I numa sessao dedicada a sua orientay8o mencionou que F

estava cada vez melhor e que seus tremores para chamar a atenC80 estavam

diminuindo a cada dia

36

4 ORIENTA~OES AOS PAIS

ZAGURY (2001 p59) na complexa tarefa de dar limites sem ser autocratico

ou seja de como disciplinar sem bater OU sem ser coercitivQ com a crianya sugere

algumas estrategias

bull Premiar ou recompensar a born comportamento - sempre que a crianca

tiver atitudes corretas devemos ressaltar este tatoo E bern comum que as

pais muito ocupados com tarefas cotidianas esqueltam de elogiar

somente lembrando de ralhar quando os ftlhos fazem algo errado Desta

forma as criancas entendem que naD vale a pena fazer tudo certinhon

pois nao recebem aprova9ao A melhor forma de alcan9ar um objetivo

educativo e elogiar incentivar e ressaltar tudo a que a crianca fizer de

positivo

bull Diferenciar premiar de dar coisas materiais - apesar do consumismo

vigente as crianvas ainda valorizam mais urn carinho urn elogio sincero

reconhecimento do esforco do que presentes dinheiro e viagens

Eventualmente pode-se presentear materialmente mas e importante nao

comprarmos as crianras pois desta forma elas aprendem a agir de modo

calculista Se dermos nosso carinho e aprovayao seu ego se fortalecera

sua auto-estima se elevara e gradualmente a crianya sentira prazer em

agir de forma adequada

bull Fazer com que a crianya assuma as conseqOemcias dos seus atos - com

carinha e naturalidade devemos conversar e agir apontando seus erras e

fazendo com que reftitam sobre as atitudes incorretas antieticas ou

egocentricas tomando 0 cuidado de deixar claro que 0 que desaprovamos

37

sao as atitudes incorretas e naD suas caracteristicas pessoais 5e mesma

ap6s a explica~o a crianca reincidir na atitude incorreta entao e 0

momento de faze-Ia compreender que e responsavel pelos seus atos e

tambem pelas suas conseqGencias Deve-se ressaltar as consequemcias

do ato born carinho aprova~o estimulo etc Como do ato incorreto

desaprova9ilo nao reforyamento deixar de fazer algo que gostam etc

Deve-se ter em mente que as elogios premiacoes bern como as puni90es

devem ser proporcionais ao fato Ou seja e necessario que se tenha born sensa e

equilibrio para que as acoes sejam autenticas e valorizadas pel as criancas

COUTINHO FILHO (2003) tambem sugere algumas possibilidades para

colocar parametros de limites para a crianca

bull Nao coloque limites conforme seus desejos pessoais

bull Demonstre que voce e as demais adultos tambem tern limites a respeitar

bull Diga qual puni9ilo a ser dada para cada limite ultrapassado e nao deixe de

executa-Ia

bull De puniyoes brandas para atitudes brandas e puniyoes pesadas para

atitudes pesadas

bull Deixe claro que a puniyao Eo pelo ate e nao pela pessoa

bull Justifique os motivos do limite Nao faca isso porque nao quero ou nao

gosto nao Eo justificativa

bull Repita quantas vezes for necesstuio

bull Use sua autoridade sem provocar submissao e mal estar

bull Use da afetividade para impor limites

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ZAGURY (2001) destaca pontos importantes para nao perder a autoridade

perante os filhos

bull Cumpra 0 que disse (seja premia ou conseqOemcia) ou seja ameacou

execute prometeu faya

bull Seja coerente 0 que nao pode nao pode nunca (salvo raras excessoes)

nao mude de atitude como quem mud a de roupa (au de acordo com 0 seu

humor)

bull Faya com que seus filhos gradualmente assumam responsabilidades

Deixe que eles participem das decisoes sabre premios ou conseqOeuromcias

- isto ajuda a amadurecer e compromete a crianca e as jovens que

aderem mais ao que ajudam a construir (mesma que sejam sans6es para

eles proprios)

bull Cuidado com 0 que diz e com 0 modo como diz - critique 0 ato nunca a

pessoa ou a personalidade de seus filhos Trate somente do assunto que

S8 esta analisando no momento naD desenterre coisas do passado sem

necessidade Nao fique com pena da crianya se ela chorar ficar triste

nao talar com voce E melhor ela ficar triste hoje mas aprender a respeitar

o pr6ximo a 5i propria e a palavra empenhada do que sofrer futuramente

nos seus relacionamentos interpessoais

Segundo TIBA(2002) os filhos nao vem com manual pois eles mesmos sao 0

manual au seja cada criancaencerra uma individualidade e a cada dia os pais irao

aprendendo com cada filho E importante neste aprendizado os pais privilegiarem 0

desenvolvimento relacional atraves de um procedimento basico que deve ser

aplicado a cada fllho Para TBA (2002) ese procedimento e valido para qualquer

39

relacionamento entre pessoas de qualquer idade mas que e relevante na formaC8o

da auto-estima da criancadesde 0 seu nascimento Para 0 atendimento integral a

uma crian9 sao cinco os passos parar ouvir olhar pensar e agir (TIBA 2002

p127)

TIBA (2002) descreve os cinco passos da seguinte forma

1 Parar - parar 0 que estiver fazendo ou pensando e dar atenyao total acriancaCasa naD possa parar naquele exato momento vale colaear uma

das maos no ombro da crian9 enquanto diz que logo vai atende-Ia A

crianya deve ficar esperando ali juntinho de voce Pode ser que ela queira

sair para voltar logo depois Se a iniciativa de sair for da crianca a

responsabilidade de voltar sera dela Mas deve evitar ao maximo dizer

para a crianca ocupar-se com Dutra caisa enquanto voce termina 0 que

esta fazendo Nem sempre ela volta outra vez pelo mesmo motivo E

tambem fundamental deixar de lado ideias preconcebidas sobre 0 que a

crianca vai fatar Se voce pensa ~Iavern aquela chata me encher Dutra

vez seu cerebro ja esta preenchido em parte com esse pensamento e

voce perde a chance de atende-Ia integralmente

2 Ouvir - e a parte racional Os pais devem olhar no funda dos ahos da

crianca como se a Duvissem com as ahos A criany8 precisa aprender a

se expressar Nao se deve tentar adivinhar 0 que ela quer Quando pede

alguma coisa esta desenvolvendo sua capacidade de pensar de formular

uma pergunta e de se expressar para que outras pessoas possam

compreende-Ia

3 Olhar - e a parte instintiva Num piscar de olhos uma pessoa consegue

ver tantas coisas que levaria muito tempo explica-Ias em palavras Tudo 0

40

que se percebe visualmente tambem tem que ser considerado para

compreender a crian9a

4 Pensar - lados os elementos percebidos tanto visualmente quanto

verbal mente mais 0 sentido educativo que se que ira imprimir na forma9ao

da criana devem fazer parte da resposta a ser dada Sentido educativo e

o objetivo a ser atendido com a educaao que esta sendo dada (Quer que

o filho seja egoista Coloque-o sempre em primeiro lugar em detrimento

dos outros e diga sim a todos os seus desejos Quer que ele seja feliz

Ajude-o a desenvolver a satisfailo pelo que e e pelo que consegue fazer

a tolerimcia a compreensao dos Qutrosa vontade de ajudar a quem pede

e a etica do bem)

5 Agir - essa aao ou resposta deve ser bem clara e objetiva Melhor ainda

se voce puder se assegurar de que a crianca real mente saciou sua

vontade

E importante ressaltar que os cinco passos devem ser utilizados em todas as

situayaes desde 0 tombo da crian98 pequena ate quando a crian98 crescer Ao se

utilizar este procedimento basico as atitudes dos pais tendem a ser coerentes Par

exemplo se uma crianca calr naD e necessaria as pais sairem desesperados em

todas Situ8COeS mas avaiar se 0 tombo foi grave QU se foi urn tombinho que naD

precisa de maiores cuidados Tambem as pais naD devem sair dizendo que chao

feio que passa a falsa ideia que 0 chao e culpado pelo seu tombo a criana tem

que aprender que ela deve ter cuidado Se ela se choca uma ou duas vezes numa

mesa ela aprende a ter cuidado por sua pr6pria experiencia TIBA (2002 p133)

41

destaca que a afobayao e a reacao exagerada dos pais geram inseguran9a na

crianca

Outre fato bastante comum e as pais deixarem as ftlhos ganharem jogos par

exemplo tentando agrada-Ios mesmo que os deseduquem As crian9as tern uma

sabedoria natural Brincam e competem de acordo com as conhecimentos e as

capacita90es de que disp6ern E mais facil para 0 pai brincar como se fosse crian98

e deixar 0 filho ganhar sempre Esse comportamento contudo da a crianca uma

visao irreal do que e jogar Ganha-se algumas vezes perde-se outras (TIBA 2002

p136) Ou seja e mais educativ~ para a criana descobrir que podemos ser bons

em algumas caisas mas nao em tudo Passa-se uma experiencia da realidade para

a crianC8

TIBA (2002) tambem cita 0 caso de colocar a crian9a no colo enquanto se

dirige urn carro A crianC8 tern a falsa sensacao de que comanda 0 veiculo mas issa

nao passa de urn poder irreal Ao dirigir urn carrinho de brinquedo ela poderia de fato

se sentir poderosa IS50 sem falar que quando 0 filho crescer ao 15 anos par

exempla vai querer sair com 0 carro do pai mesmo sem poder Mas quando era

criancaeu podia

o caso classico da criancaquerer dormir com os pais tambem e abordado por

TIBA (2002) segundo 0 autor 0 ideal e que desde bebe a crian9a deve aprender a

dorrnir no seu lugar mesmo que ache mais gostoso aninhar-se entre os pais Ir cada

urn para sua cama da 0 sentido de que cada urn tem seu territorio ai tambem

estamos delimitando limites onde sao respeitados 0 so no e 0 espacode cada urn

Crian~asmaiores que ja andam devem ter um lugar (ou quarto) proprio para dormirMesmo que ocasionalmente adorme~am na cama dos pais e importante que sejamlevadas a sua cama para que acordem la Nao devem adquirir 0 habito de dormir nacama dos pais Tenha paciencia e fale claro em born tom olhando seriamente nofundo dos olhinhos dela ~Cada coisa no seu lugar cada pessoa na sua cama~

42

Quando a crian(f3 percebe que 0 limite e coisa sena e vai ser cumprido procura seajustar(lIBA 2002p115)

OLIVEIRA (1999 p120) enumera as diversos problemas que causam a fato

dos filhos permanecem no quarto dos pais na hora de dormir considerando-as de

difieil recupera~aoposterior

1 Faita de valorizayilo da privacidade tanto do casal como da crianya

2 Mantem a relacao simbi6tica au seja a li98980 existente entre mae e

bebe prejudicando 0 desenvolvimento emocional da crian93

3 A crianya tende a formar relayao de dependencia da protey80 e da

preseny8 dos pais ate mesma durante 0 sono

4 Quando chegar a fase em que a crianca elege entre 0 pai e a mae 0 seu

preferido tenta afastar 0 autro esticando-se e virando-se na cama de

modo a deixar a preterido desconfortavel a ponto deste mudar de lugar

sair da cama e ate mesma do quarto

E importante ressaltar que sempre as regras devem ser claras e naD sujeitas

a mudancas pois a organizacao interna dos filhos fica muito prejudicada se dormir

au nao na cama dos pais se transforma numa possibilidade que depende apenas do

humor dos pais ou de quanto 0 filho se recusa a dormir sozinho (chorando

acordando diversas vezes etc) A crian9a com autonomia de sono e mais

independente e feliz (TIBA 2002 p116)

Enfatiza-se que na maiaria dos casas as pais permitem que as criancas

fiquem ate mais tarde no quarto deles nao e par uma exigemcia ou necessidade da

crianya mas par alguma deficiencia desequilibrio au imaturidade dos proprios pais

(OLIVEIRA 1999 p122)

43

Em relaiio ao choro da crian9l ressalta-se que ha dois tipos de choro 0 que

expressa dor e 0 que busca pader

Se 0 filho descobrir que pade usar a chom como fonte de poder as pais estaoperdidos Nunca mais saberao dizer se ele chara par dar au poder Urn chore depoder Necessita dos olhos e dos ouvidos de quem se quer dominar Ingenua acrianya que usa 0 choro como pader para imediatamente apes conseguir 0 que querOai a importancia de as pais ficarem atentos para nao ser manipulados (TIBA 2002p158)

o choro que apela para 0 lade coitadinho inspira ternura Eo urn tipo de

manipula9ao que busca 0 dominio pela chantagem aletiva Eo dilicil neutralizar 0 uso

do choro como arma

Segundo liSA (2002 p159) Urn pouco de dor nao matara a crian9a assim

como urn poueD de pader nao matara as pais ( ) Se traumas infantis matassem a

humanidade estaria extinta Nao ha filho que nao tenha side contrariado A imensa

maioria deles tern condi90es de agOentar contrariedades 0 autor destaca que pais

que sao soHcitos ao extrema nao trayam um born e segura trajeto para seguir 0

resultado e que a crianya fica insegura pais perde a confianca neles ela pressente

que as pais nao tern firmeza nas suas decisoes e sao manipulaveis

Deve-se tomar cuidado com as exageros urn erro cometido pelos pais

desde que nao seja baseado na violencia em surras socas e pontapes naa traz

problema nenhum Atos como esses descarregam a raiva mas nao tern forlta

educativa pois violmcia s6 gera violencia (liSA 2002 p159)

Em rela9aOaos pais lazerem as tarelas pelos filhos ou ainda pior comprar os

resultados ressalta-se que este tipo de atitude nao ajuda a crianlta cria

dependencia e compromete 0 desenvolvimento escolar Alem disso as pais acabam

privando os filhos do gosto de uma conquista dando uma mensagem subliminar de

que eles sao incapazes Os pais nao devem privar os filhos do gosto de uma

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

REFERENCIASBIBLIOGRAFICAS

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ZAGURY T Educar sem culpa a genese da etica 15 ed Rio de Janeiro Record2000

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Limites sem trauma - construindo cidadaos 25 ed Rio de JaneiroRecord2001

WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

Page 31: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

28

3 0 CASO DE UMA CRIANCA COM TRANSTORNO DESAFIADOR OPOSITIVO

Foram utilizadas entrevistas com a mae professores e irmaos Encontros com

a crian-a em sess6es com durayao de 50 minutos cnde utilizou-se de metod as

como desenhos brincadeiras jogos regrados massa de modelar

31 HIST6RIGO DO GASO

F e urna rnenina de cinco anos cayula tendo um irmao de 21 anos e urna

irma de 17 anas de idade

o pai faleceu com 49 anas ha apraximadamente 01 ana e a mae atualmente

com 49 anas teve F com 43 anas

o pai fai marta par paliciais em frente a sua casa Estava bebada e saiu a rua

armada e um carro da palicia apareceu e 0 viu sentado na calcadalogo depois

vieram muitas viaturas e a mae pediu que levassem 0 marido para passar a noite na

cadeia mas que naD fizessem nenhum mal a ele Neste momento 0 pai de F

comeyou a atirar e aS policiais (segundo a mae 18 policiais aproximadamente)

invadiram a casa e comeyaram a atirar A familia fa para os fundos da casa e a mae

passou F par cima do muro para a casa da vizinha Quando a familia voltou para

frente da casa as paliciais disseram que a pai de F estava ferida na perna e

levaram-na para a hospital mas segundo a relata da mae ele ja estava marta e

havia na verdade levado urn tiro na cabeca F nao viu a cena mas escutou tudo

Ganforme relata da mae a partir da data do acarrida F naa abedece faz de

canta que naa escuta e quando quer alga came9a a tremer A mae diz que a filha

29

ficou assim desde a marte do pai pais este a bajulava muito fazia tudo 0 que ela

desejava

F sempre foi mimada pelo pai este nunca repreendia a filha por algo de

errado que ela fizesse Para 0 pai F nunca estava errada inclusive quando ela e a

irma mais velha brigavam 0 pai sempre ia em defesa da mais nova e para protege-

la amea98va bater na mais velha

A queixa principal da mae e que F comeya a tremer quando quer algo de que

gosta muito nao obedece a regras e Iimites impostos pelos responsaveis

Nas observayiies comportamentais notou-se que F testa os limites dos

adultos para conseguir 0 que deseja e as pesso8s que a cercam para se livrarem

das birras acabavam por fazer 0 que ela queria Mas essas mesmas pessoas

comeyaram a perceber que a falta de regras e limites jil ultrapassava 0 limite do

suportaveJ

Segundo HANISH et al (1999) 0 transtorno desafiador opositivo aparece

antes dos 10 anos Normalmente torna-se aparente na idade pre-escolar que e 0

caso desta crianga

Na escola F naD interagia com as colegas na hara de fazer brincadeiras em

grupo nac conseguia se relacionar com as colegas quando a professora pedia para

fazer alguma atividade F fazia do jeito que queria e nao como a professora

solicitava

Para que houvesse progresso no tratamento foi fundamental que a mae e as

demais pessoas que rodeiam a crian~a modificassem sua forma de agir e para que

isso ocorresse foi preciso fazer urn remanejo de conduta dessas pessoas Fez-se

pois necessaria orientacao e treinamento para auxilia-Ios nesta mudanlta

30

32 EVOLUCAO DO CASO

As intervenyoes utilizadas neste casc com a mae fcram em forma de

orientayao na freqOencade pelo menDS uma vez par meso Mais recentemente este

trabalho com a mae vern sendo feito a cada quinze dias

Em conversa com a mae esta mencionou que naD queria fazer como seus

pais naD que eles fassem ruins disse ela mas eles nao conversavam e naD tinham

tempo de dar aten9ao e de ensinar os deveres da escola Tudo 0 que ela aprendeu

na escola foi par esforyo proprio e naD queria que isso acontecesse com sua filha

entaD ela au as irmaos mais velhos sentam com F e a ensinam

Mais tarde foi feita uma entrevista com a professora e esta mostrou todas as

li90es de F e disse que aquelas atividades nao haviam side feitas pela crian9a e sim

por seu irmao e que a professora ja havia mandado bilhetes pedindo que nao

fizessem mais as atividades da escola par F A mae foi orientada a dar mais

incentivo a F em lugar de fazer os deveres por ela pois F nilo tinha problemas de

aprendizagem mas par falta de incentivo poderia vir a ter

Com F foram utilizadas brincadeiras como pintura com aquarela desenhos

massa de modelar hist6ria infantis Atraves destes me-todosforam utilizados refor~o

e a punicao quando necessarios

o refor9Q foi atraves de elogios sorriso e aten9ao quando F realizava urn

comportamento desejavel A punitao consistiu em retirar uma atividade que ela

gostava muito como desenhar OU tambem ignorar a sua atitude mantendo a calma

No terceiro encontro F mencionou 0 pai dizendo que ele comprava doces

para ela mas nao quis continuar falando sobre ele alegando que 0 irmao mais velho

nao gostava Mais tarde em outras sess6es tornou-se claro ser isto fantasia sua

31

Nos primeiros encontros corn F ela demonstrou S8r cordata entretanto a

partir do quarto encontro F mostrou comportamentos de manipula9ao ou seja

querer controlar a situacao e que tude salsse da forma que queria para que todos

as seus desejos fossem realizados atitude comum em casa ou na escola

A quinta sessao foi para verificar a interacao de F com a mae F mostrou-se

intransigente naD obedeceu a nenhuma das ordens da mae na hora de guardar as

brinquedos gritou com a mae e esta demonstrou claramente nao conseguir dar

limites a sua filha A mae conseguiu dizer neste momento que se F estivesse em

casa iria apanhar com uma varinha mas ista naD adiantou pais F ficou irredutivel

Ao final da sessao quando tudo estava no seu devido lugar F ja estava agindo como

se nada tivesse ocorrido a mae mencionou que F era muito nervoS8

A partir da sexta sessao loram leitos contratos com F os quais ela aceitou

com lacilidade

Apos 0 contrato feito na sessao anterior na setima sessao foi trabalhado a

limite atraves de acordos leitos com F como pedir para que ela escolhesse

somente tres tipos de brinquedos da caixa que s6 iria embora quando a horario da

sessao terminasse e que as Iimites seriam colocados pela terapeuta Com estas

regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela queria

A partir da oitava sessao loi levantada a hip6tese do problema de F ser

transtorno desafiador opositivo pais ela demonstrou as comportamentos de querer

dominar e mostrar que poderia mandar mas com muita paciencia foram impastos

limites atraves do silencio mostrando que nem tudo poderia ser como ela queria e

assim acabou aceitando

A nona sessao loi destinada a orientar a mae em como agir com a filha e loi

proposto para que a mae assistisse a proxima sessao atras do espelho

32

Como foi sugerido para a mae na sessao passada ela ficou ats do espelho

para ver como a filha interagia e poder verificar qual seria a melhor forma de lidar

com ela

A decima segunda sessao foi destinada a mae para verificar como estava 0

comportamento de F fora da terapia Ela comentou que 0 comportamento da filha

melhorara muito que as tremores 56 ocorriam esporadicamente Foi orientado amae que quando Dcarressem as tremores ela deveria fazer de conta que naD havia

percebido nada

Foram feitas diversas sess6es seguidas mais precisamente da decima

terceira il decima setima com F destinadas a trabalhar regras e limites Este

trabalho foi realizado atraves de acordos com F como por exemplo pedir que ela

escolhesse apenas tres brinquedos da caixa au escolhesse entre desenhar e ouvir

historias au ainda entre conversar e brincar tambem poderia escolher entre brincar

de casinha e desenhar

A decima oitava sessao foi urna sessao diferente pOis foi destinada aprofessora de F para verificar como F estava S8 comportando e se relacionando

com colegas em sala de aula enos interval os A professora levantou a hip6tese de F

ter problemas de aprendizagem pois as atividades escolares dela nao eram

compativeis com a de seus colegas de classe Mas foi constatado atraves das

atividades que eram enviadas para serem feitas em casa que 0 que faUava para F

era estimulo pOisseu irmao fazia suas atividades por ela

Foram feitas duas sessoes seguidas (decima nona e vigesimal para

comprovar se havia problemas de aprendizagem com F Sessoes estas de recorte e

colagem e de hist6ria (Cinderela) Com estas atividades pode se constatar que F

33

tern plena capacidade de realizar tarefas sDzinha talvez com uma pequena

orienta9ao quando solicitado por ela

A vigesima primeira foi mais uma sessao dedicada a orient89ao a mae

quando esta mencionou que Festa cada vez melhor seus tremores quando quer

chamar a aten9ao estao diminuindo a cada dia

No vigesimo segundo encontro com F a interven9ao utilizada foi 0 desenho

Eta desenhou margaridas e mencionou que se fosse uma planta queria ser uma

margarida e S8 fosse urn objeto queria ser uma estrela Ja na sessao seguinte que

foi a vigesima terceira a intervencao utilizada foi brincar de casinha cnde F mostrou

a sua intera9ao familiar dizendo que trabalhava em um hotel (como na realidade sua

mae trabalha) 0 marido trabalhava em hotel e seu pai estava muito doente (na

realidade ja e falecido) e tinha muitas dores no corpo

Ate 0 momento foram feitas as vinte e tres sess6es aqui descritas nas quais

a crianya demonstrou significativas mudantas no comportamento

33 ANALISE DO CASO

Inicialmente F nae obedecia fazia de conta que naD escutava e quando

queria algo come9ava a tremer nao obedecendo a regras e limites impostos pelos

respons8veis A mae dizia que a filha ficou assim desde a morte do pai pais este a

bajulava muito fazia tudo 0 que ela desejava

Notou-se que F testava os limites dos adultos para conseguir 0 que desejava

e as pessoas que a cercavam para se livrarem das birras acabavam par fazer 0

que ela queria

34

Na escola nao conseguia se relacionar com os colegas quando a professora

pedia para fazer alguma atividade F lazia do jeito que queria

A mae de F fazia as atividades par ela dizendo que ~nao queria tazer como

seus pais naD que eles fassem ruins mas eles naD conversavam e naD tinham

tempo de dar atenC80 e de ensinar as deveres da escola

Durante 0 tratamento F inicialmente demonstrou ser cordata posteriormente

mostrou comportamentos de manipulayM querendo controlar a situayao e

procurando forcar que todos as seus desejos fassem realizados Na presenva da

mae nao obedeceu a nenhuma das ordens dela gritou e ficou clara a dificuldade da

mae em dar limites a filha F mostrava-se muito irritada

Foram feitos contratos com F e passou-se a trabalhar atraves de acordos as

limites Com estas regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela

queria

No tratamento foi fundamental que a mae e as demais pessoas que rodeiam a

crianya modificassem sua forma de agir Foi orienlado a mae que quando

ocorressem as tremores ela devena fazer de conta que nao havia percebido nada

Em sessao com a professora de F constatou-se que a hipotese de

problemas de aprendizagem se apresentava mais em lace da lalta de estimulo para

que esta realizasse suas pr6pnas atividades ao inves de que outras pessoas as

fizessem por ela Foram leitas sessees com a finalidade de comprovar se F tinha

problemas de aprendizagem e verificou-se que esla linha plena capacidade de

realizar as tarefas sozinha Em relayao a interayao familiar F dramatrizou em uma

atividade que sua mae trabalhava em um hotel 0 que correspondia a realidade e 0

marido trabalhava em hotel que seu pai estava muito doenle e tinha muitas dores

35

no corpo quando na realidade seu pai ja era falecido Mostrava com isso a falta que

a funy80 paterna Ihe fazia

A mae de F I numa sessao dedicada a sua orientay8o mencionou que F

estava cada vez melhor e que seus tremores para chamar a atenC80 estavam

diminuindo a cada dia

36

4 ORIENTA~OES AOS PAIS

ZAGURY (2001 p59) na complexa tarefa de dar limites sem ser autocratico

ou seja de como disciplinar sem bater OU sem ser coercitivQ com a crianya sugere

algumas estrategias

bull Premiar ou recompensar a born comportamento - sempre que a crianca

tiver atitudes corretas devemos ressaltar este tatoo E bern comum que as

pais muito ocupados com tarefas cotidianas esqueltam de elogiar

somente lembrando de ralhar quando os ftlhos fazem algo errado Desta

forma as criancas entendem que naD vale a pena fazer tudo certinhon

pois nao recebem aprova9ao A melhor forma de alcan9ar um objetivo

educativo e elogiar incentivar e ressaltar tudo a que a crianca fizer de

positivo

bull Diferenciar premiar de dar coisas materiais - apesar do consumismo

vigente as crianvas ainda valorizam mais urn carinho urn elogio sincero

reconhecimento do esforco do que presentes dinheiro e viagens

Eventualmente pode-se presentear materialmente mas e importante nao

comprarmos as crianras pois desta forma elas aprendem a agir de modo

calculista Se dermos nosso carinho e aprovayao seu ego se fortalecera

sua auto-estima se elevara e gradualmente a crianya sentira prazer em

agir de forma adequada

bull Fazer com que a crianya assuma as conseqOemcias dos seus atos - com

carinha e naturalidade devemos conversar e agir apontando seus erras e

fazendo com que reftitam sobre as atitudes incorretas antieticas ou

egocentricas tomando 0 cuidado de deixar claro que 0 que desaprovamos

37

sao as atitudes incorretas e naD suas caracteristicas pessoais 5e mesma

ap6s a explica~o a crianca reincidir na atitude incorreta entao e 0

momento de faze-Ia compreender que e responsavel pelos seus atos e

tambem pelas suas conseqGencias Deve-se ressaltar as consequemcias

do ato born carinho aprova~o estimulo etc Como do ato incorreto

desaprova9ilo nao reforyamento deixar de fazer algo que gostam etc

Deve-se ter em mente que as elogios premiacoes bern como as puni90es

devem ser proporcionais ao fato Ou seja e necessario que se tenha born sensa e

equilibrio para que as acoes sejam autenticas e valorizadas pel as criancas

COUTINHO FILHO (2003) tambem sugere algumas possibilidades para

colocar parametros de limites para a crianca

bull Nao coloque limites conforme seus desejos pessoais

bull Demonstre que voce e as demais adultos tambem tern limites a respeitar

bull Diga qual puni9ilo a ser dada para cada limite ultrapassado e nao deixe de

executa-Ia

bull De puniyoes brandas para atitudes brandas e puniyoes pesadas para

atitudes pesadas

bull Deixe claro que a puniyao Eo pelo ate e nao pela pessoa

bull Justifique os motivos do limite Nao faca isso porque nao quero ou nao

gosto nao Eo justificativa

bull Repita quantas vezes for necesstuio

bull Use sua autoridade sem provocar submissao e mal estar

bull Use da afetividade para impor limites

38

ZAGURY (2001) destaca pontos importantes para nao perder a autoridade

perante os filhos

bull Cumpra 0 que disse (seja premia ou conseqOemcia) ou seja ameacou

execute prometeu faya

bull Seja coerente 0 que nao pode nao pode nunca (salvo raras excessoes)

nao mude de atitude como quem mud a de roupa (au de acordo com 0 seu

humor)

bull Faya com que seus filhos gradualmente assumam responsabilidades

Deixe que eles participem das decisoes sabre premios ou conseqOeuromcias

- isto ajuda a amadurecer e compromete a crianca e as jovens que

aderem mais ao que ajudam a construir (mesma que sejam sans6es para

eles proprios)

bull Cuidado com 0 que diz e com 0 modo como diz - critique 0 ato nunca a

pessoa ou a personalidade de seus filhos Trate somente do assunto que

S8 esta analisando no momento naD desenterre coisas do passado sem

necessidade Nao fique com pena da crianya se ela chorar ficar triste

nao talar com voce E melhor ela ficar triste hoje mas aprender a respeitar

o pr6ximo a 5i propria e a palavra empenhada do que sofrer futuramente

nos seus relacionamentos interpessoais

Segundo TIBA(2002) os filhos nao vem com manual pois eles mesmos sao 0

manual au seja cada criancaencerra uma individualidade e a cada dia os pais irao

aprendendo com cada filho E importante neste aprendizado os pais privilegiarem 0

desenvolvimento relacional atraves de um procedimento basico que deve ser

aplicado a cada fllho Para TBA (2002) ese procedimento e valido para qualquer

39

relacionamento entre pessoas de qualquer idade mas que e relevante na formaC8o

da auto-estima da criancadesde 0 seu nascimento Para 0 atendimento integral a

uma crian9 sao cinco os passos parar ouvir olhar pensar e agir (TIBA 2002

p127)

TIBA (2002) descreve os cinco passos da seguinte forma

1 Parar - parar 0 que estiver fazendo ou pensando e dar atenyao total acriancaCasa naD possa parar naquele exato momento vale colaear uma

das maos no ombro da crian9 enquanto diz que logo vai atende-Ia A

crianya deve ficar esperando ali juntinho de voce Pode ser que ela queira

sair para voltar logo depois Se a iniciativa de sair for da crianca a

responsabilidade de voltar sera dela Mas deve evitar ao maximo dizer

para a crianca ocupar-se com Dutra caisa enquanto voce termina 0 que

esta fazendo Nem sempre ela volta outra vez pelo mesmo motivo E

tambem fundamental deixar de lado ideias preconcebidas sobre 0 que a

crianca vai fatar Se voce pensa ~Iavern aquela chata me encher Dutra

vez seu cerebro ja esta preenchido em parte com esse pensamento e

voce perde a chance de atende-Ia integralmente

2 Ouvir - e a parte racional Os pais devem olhar no funda dos ahos da

crianca como se a Duvissem com as ahos A criany8 precisa aprender a

se expressar Nao se deve tentar adivinhar 0 que ela quer Quando pede

alguma coisa esta desenvolvendo sua capacidade de pensar de formular

uma pergunta e de se expressar para que outras pessoas possam

compreende-Ia

3 Olhar - e a parte instintiva Num piscar de olhos uma pessoa consegue

ver tantas coisas que levaria muito tempo explica-Ias em palavras Tudo 0

40

que se percebe visualmente tambem tem que ser considerado para

compreender a crian9a

4 Pensar - lados os elementos percebidos tanto visualmente quanto

verbal mente mais 0 sentido educativo que se que ira imprimir na forma9ao

da criana devem fazer parte da resposta a ser dada Sentido educativo e

o objetivo a ser atendido com a educaao que esta sendo dada (Quer que

o filho seja egoista Coloque-o sempre em primeiro lugar em detrimento

dos outros e diga sim a todos os seus desejos Quer que ele seja feliz

Ajude-o a desenvolver a satisfailo pelo que e e pelo que consegue fazer

a tolerimcia a compreensao dos Qutrosa vontade de ajudar a quem pede

e a etica do bem)

5 Agir - essa aao ou resposta deve ser bem clara e objetiva Melhor ainda

se voce puder se assegurar de que a crianca real mente saciou sua

vontade

E importante ressaltar que os cinco passos devem ser utilizados em todas as

situayaes desde 0 tombo da crian98 pequena ate quando a crian98 crescer Ao se

utilizar este procedimento basico as atitudes dos pais tendem a ser coerentes Par

exemplo se uma crianca calr naD e necessaria as pais sairem desesperados em

todas Situ8COeS mas avaiar se 0 tombo foi grave QU se foi urn tombinho que naD

precisa de maiores cuidados Tambem as pais naD devem sair dizendo que chao

feio que passa a falsa ideia que 0 chao e culpado pelo seu tombo a criana tem

que aprender que ela deve ter cuidado Se ela se choca uma ou duas vezes numa

mesa ela aprende a ter cuidado por sua pr6pria experiencia TIBA (2002 p133)

41

destaca que a afobayao e a reacao exagerada dos pais geram inseguran9a na

crianca

Outre fato bastante comum e as pais deixarem as ftlhos ganharem jogos par

exemplo tentando agrada-Ios mesmo que os deseduquem As crian9as tern uma

sabedoria natural Brincam e competem de acordo com as conhecimentos e as

capacita90es de que disp6ern E mais facil para 0 pai brincar como se fosse crian98

e deixar 0 filho ganhar sempre Esse comportamento contudo da a crianca uma

visao irreal do que e jogar Ganha-se algumas vezes perde-se outras (TIBA 2002

p136) Ou seja e mais educativ~ para a criana descobrir que podemos ser bons

em algumas caisas mas nao em tudo Passa-se uma experiencia da realidade para

a crianC8

TIBA (2002) tambem cita 0 caso de colocar a crian9a no colo enquanto se

dirige urn carro A crianC8 tern a falsa sensacao de que comanda 0 veiculo mas issa

nao passa de urn poder irreal Ao dirigir urn carrinho de brinquedo ela poderia de fato

se sentir poderosa IS50 sem falar que quando 0 filho crescer ao 15 anos par

exempla vai querer sair com 0 carro do pai mesmo sem poder Mas quando era

criancaeu podia

o caso classico da criancaquerer dormir com os pais tambem e abordado por

TIBA (2002) segundo 0 autor 0 ideal e que desde bebe a crian9a deve aprender a

dorrnir no seu lugar mesmo que ache mais gostoso aninhar-se entre os pais Ir cada

urn para sua cama da 0 sentido de que cada urn tem seu territorio ai tambem

estamos delimitando limites onde sao respeitados 0 so no e 0 espacode cada urn

Crian~asmaiores que ja andam devem ter um lugar (ou quarto) proprio para dormirMesmo que ocasionalmente adorme~am na cama dos pais e importante que sejamlevadas a sua cama para que acordem la Nao devem adquirir 0 habito de dormir nacama dos pais Tenha paciencia e fale claro em born tom olhando seriamente nofundo dos olhinhos dela ~Cada coisa no seu lugar cada pessoa na sua cama~

42

Quando a crian(f3 percebe que 0 limite e coisa sena e vai ser cumprido procura seajustar(lIBA 2002p115)

OLIVEIRA (1999 p120) enumera as diversos problemas que causam a fato

dos filhos permanecem no quarto dos pais na hora de dormir considerando-as de

difieil recupera~aoposterior

1 Faita de valorizayilo da privacidade tanto do casal como da crianya

2 Mantem a relacao simbi6tica au seja a li98980 existente entre mae e

bebe prejudicando 0 desenvolvimento emocional da crian93

3 A crianya tende a formar relayao de dependencia da protey80 e da

preseny8 dos pais ate mesma durante 0 sono

4 Quando chegar a fase em que a crianca elege entre 0 pai e a mae 0 seu

preferido tenta afastar 0 autro esticando-se e virando-se na cama de

modo a deixar a preterido desconfortavel a ponto deste mudar de lugar

sair da cama e ate mesma do quarto

E importante ressaltar que sempre as regras devem ser claras e naD sujeitas

a mudancas pois a organizacao interna dos filhos fica muito prejudicada se dormir

au nao na cama dos pais se transforma numa possibilidade que depende apenas do

humor dos pais ou de quanto 0 filho se recusa a dormir sozinho (chorando

acordando diversas vezes etc) A crian9a com autonomia de sono e mais

independente e feliz (TIBA 2002 p116)

Enfatiza-se que na maiaria dos casas as pais permitem que as criancas

fiquem ate mais tarde no quarto deles nao e par uma exigemcia ou necessidade da

crianya mas par alguma deficiencia desequilibrio au imaturidade dos proprios pais

(OLIVEIRA 1999 p122)

43

Em relaiio ao choro da crian9l ressalta-se que ha dois tipos de choro 0 que

expressa dor e 0 que busca pader

Se 0 filho descobrir que pade usar a chom como fonte de poder as pais estaoperdidos Nunca mais saberao dizer se ele chara par dar au poder Urn chore depoder Necessita dos olhos e dos ouvidos de quem se quer dominar Ingenua acrianya que usa 0 choro como pader para imediatamente apes conseguir 0 que querOai a importancia de as pais ficarem atentos para nao ser manipulados (TIBA 2002p158)

o choro que apela para 0 lade coitadinho inspira ternura Eo urn tipo de

manipula9ao que busca 0 dominio pela chantagem aletiva Eo dilicil neutralizar 0 uso

do choro como arma

Segundo liSA (2002 p159) Urn pouco de dor nao matara a crian9a assim

como urn poueD de pader nao matara as pais ( ) Se traumas infantis matassem a

humanidade estaria extinta Nao ha filho que nao tenha side contrariado A imensa

maioria deles tern condi90es de agOentar contrariedades 0 autor destaca que pais

que sao soHcitos ao extrema nao trayam um born e segura trajeto para seguir 0

resultado e que a crianya fica insegura pais perde a confianca neles ela pressente

que as pais nao tern firmeza nas suas decisoes e sao manipulaveis

Deve-se tomar cuidado com as exageros urn erro cometido pelos pais

desde que nao seja baseado na violencia em surras socas e pontapes naa traz

problema nenhum Atos como esses descarregam a raiva mas nao tern forlta

educativa pois violmcia s6 gera violencia (liSA 2002 p159)

Em rela9aOaos pais lazerem as tarelas pelos filhos ou ainda pior comprar os

resultados ressalta-se que este tipo de atitude nao ajuda a crianlta cria

dependencia e compromete 0 desenvolvimento escolar Alem disso as pais acabam

privando os filhos do gosto de uma conquista dando uma mensagem subliminar de

que eles sao incapazes Os pais nao devem privar os filhos do gosto de uma

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

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WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

Page 32: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

29

ficou assim desde a marte do pai pais este a bajulava muito fazia tudo 0 que ela

desejava

F sempre foi mimada pelo pai este nunca repreendia a filha por algo de

errado que ela fizesse Para 0 pai F nunca estava errada inclusive quando ela e a

irma mais velha brigavam 0 pai sempre ia em defesa da mais nova e para protege-

la amea98va bater na mais velha

A queixa principal da mae e que F comeya a tremer quando quer algo de que

gosta muito nao obedece a regras e Iimites impostos pelos responsaveis

Nas observayiies comportamentais notou-se que F testa os limites dos

adultos para conseguir 0 que deseja e as pesso8s que a cercam para se livrarem

das birras acabavam por fazer 0 que ela queria Mas essas mesmas pessoas

comeyaram a perceber que a falta de regras e limites jil ultrapassava 0 limite do

suportaveJ

Segundo HANISH et al (1999) 0 transtorno desafiador opositivo aparece

antes dos 10 anos Normalmente torna-se aparente na idade pre-escolar que e 0

caso desta crianga

Na escola F naD interagia com as colegas na hara de fazer brincadeiras em

grupo nac conseguia se relacionar com as colegas quando a professora pedia para

fazer alguma atividade F fazia do jeito que queria e nao como a professora

solicitava

Para que houvesse progresso no tratamento foi fundamental que a mae e as

demais pessoas que rodeiam a crian~a modificassem sua forma de agir e para que

isso ocorresse foi preciso fazer urn remanejo de conduta dessas pessoas Fez-se

pois necessaria orientacao e treinamento para auxilia-Ios nesta mudanlta

30

32 EVOLUCAO DO CASO

As intervenyoes utilizadas neste casc com a mae fcram em forma de

orientayao na freqOencade pelo menDS uma vez par meso Mais recentemente este

trabalho com a mae vern sendo feito a cada quinze dias

Em conversa com a mae esta mencionou que naD queria fazer como seus

pais naD que eles fassem ruins disse ela mas eles nao conversavam e naD tinham

tempo de dar aten9ao e de ensinar os deveres da escola Tudo 0 que ela aprendeu

na escola foi par esforyo proprio e naD queria que isso acontecesse com sua filha

entaD ela au as irmaos mais velhos sentam com F e a ensinam

Mais tarde foi feita uma entrevista com a professora e esta mostrou todas as

li90es de F e disse que aquelas atividades nao haviam side feitas pela crian9a e sim

por seu irmao e que a professora ja havia mandado bilhetes pedindo que nao

fizessem mais as atividades da escola par F A mae foi orientada a dar mais

incentivo a F em lugar de fazer os deveres por ela pois F nilo tinha problemas de

aprendizagem mas par falta de incentivo poderia vir a ter

Com F foram utilizadas brincadeiras como pintura com aquarela desenhos

massa de modelar hist6ria infantis Atraves destes me-todosforam utilizados refor~o

e a punicao quando necessarios

o refor9Q foi atraves de elogios sorriso e aten9ao quando F realizava urn

comportamento desejavel A punitao consistiu em retirar uma atividade que ela

gostava muito como desenhar OU tambem ignorar a sua atitude mantendo a calma

No terceiro encontro F mencionou 0 pai dizendo que ele comprava doces

para ela mas nao quis continuar falando sobre ele alegando que 0 irmao mais velho

nao gostava Mais tarde em outras sess6es tornou-se claro ser isto fantasia sua

31

Nos primeiros encontros corn F ela demonstrou S8r cordata entretanto a

partir do quarto encontro F mostrou comportamentos de manipula9ao ou seja

querer controlar a situacao e que tude salsse da forma que queria para que todos

as seus desejos fossem realizados atitude comum em casa ou na escola

A quinta sessao foi para verificar a interacao de F com a mae F mostrou-se

intransigente naD obedeceu a nenhuma das ordens da mae na hora de guardar as

brinquedos gritou com a mae e esta demonstrou claramente nao conseguir dar

limites a sua filha A mae conseguiu dizer neste momento que se F estivesse em

casa iria apanhar com uma varinha mas ista naD adiantou pais F ficou irredutivel

Ao final da sessao quando tudo estava no seu devido lugar F ja estava agindo como

se nada tivesse ocorrido a mae mencionou que F era muito nervoS8

A partir da sexta sessao loram leitos contratos com F os quais ela aceitou

com lacilidade

Apos 0 contrato feito na sessao anterior na setima sessao foi trabalhado a

limite atraves de acordos leitos com F como pedir para que ela escolhesse

somente tres tipos de brinquedos da caixa que s6 iria embora quando a horario da

sessao terminasse e que as Iimites seriam colocados pela terapeuta Com estas

regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela queria

A partir da oitava sessao loi levantada a hip6tese do problema de F ser

transtorno desafiador opositivo pais ela demonstrou as comportamentos de querer

dominar e mostrar que poderia mandar mas com muita paciencia foram impastos

limites atraves do silencio mostrando que nem tudo poderia ser como ela queria e

assim acabou aceitando

A nona sessao loi destinada a orientar a mae em como agir com a filha e loi

proposto para que a mae assistisse a proxima sessao atras do espelho

32

Como foi sugerido para a mae na sessao passada ela ficou ats do espelho

para ver como a filha interagia e poder verificar qual seria a melhor forma de lidar

com ela

A decima segunda sessao foi destinada a mae para verificar como estava 0

comportamento de F fora da terapia Ela comentou que 0 comportamento da filha

melhorara muito que as tremores 56 ocorriam esporadicamente Foi orientado amae que quando Dcarressem as tremores ela deveria fazer de conta que naD havia

percebido nada

Foram feitas diversas sess6es seguidas mais precisamente da decima

terceira il decima setima com F destinadas a trabalhar regras e limites Este

trabalho foi realizado atraves de acordos com F como por exemplo pedir que ela

escolhesse apenas tres brinquedos da caixa au escolhesse entre desenhar e ouvir

historias au ainda entre conversar e brincar tambem poderia escolher entre brincar

de casinha e desenhar

A decima oitava sessao foi urna sessao diferente pOis foi destinada aprofessora de F para verificar como F estava S8 comportando e se relacionando

com colegas em sala de aula enos interval os A professora levantou a hip6tese de F

ter problemas de aprendizagem pois as atividades escolares dela nao eram

compativeis com a de seus colegas de classe Mas foi constatado atraves das

atividades que eram enviadas para serem feitas em casa que 0 que faUava para F

era estimulo pOisseu irmao fazia suas atividades por ela

Foram feitas duas sessoes seguidas (decima nona e vigesimal para

comprovar se havia problemas de aprendizagem com F Sessoes estas de recorte e

colagem e de hist6ria (Cinderela) Com estas atividades pode se constatar que F

33

tern plena capacidade de realizar tarefas sDzinha talvez com uma pequena

orienta9ao quando solicitado por ela

A vigesima primeira foi mais uma sessao dedicada a orient89ao a mae

quando esta mencionou que Festa cada vez melhor seus tremores quando quer

chamar a aten9ao estao diminuindo a cada dia

No vigesimo segundo encontro com F a interven9ao utilizada foi 0 desenho

Eta desenhou margaridas e mencionou que se fosse uma planta queria ser uma

margarida e S8 fosse urn objeto queria ser uma estrela Ja na sessao seguinte que

foi a vigesima terceira a intervencao utilizada foi brincar de casinha cnde F mostrou

a sua intera9ao familiar dizendo que trabalhava em um hotel (como na realidade sua

mae trabalha) 0 marido trabalhava em hotel e seu pai estava muito doente (na

realidade ja e falecido) e tinha muitas dores no corpo

Ate 0 momento foram feitas as vinte e tres sess6es aqui descritas nas quais

a crianya demonstrou significativas mudantas no comportamento

33 ANALISE DO CASO

Inicialmente F nae obedecia fazia de conta que naD escutava e quando

queria algo come9ava a tremer nao obedecendo a regras e limites impostos pelos

respons8veis A mae dizia que a filha ficou assim desde a morte do pai pais este a

bajulava muito fazia tudo 0 que ela desejava

Notou-se que F testava os limites dos adultos para conseguir 0 que desejava

e as pessoas que a cercavam para se livrarem das birras acabavam par fazer 0

que ela queria

34

Na escola nao conseguia se relacionar com os colegas quando a professora

pedia para fazer alguma atividade F lazia do jeito que queria

A mae de F fazia as atividades par ela dizendo que ~nao queria tazer como

seus pais naD que eles fassem ruins mas eles naD conversavam e naD tinham

tempo de dar atenC80 e de ensinar as deveres da escola

Durante 0 tratamento F inicialmente demonstrou ser cordata posteriormente

mostrou comportamentos de manipulayM querendo controlar a situayao e

procurando forcar que todos as seus desejos fassem realizados Na presenva da

mae nao obedeceu a nenhuma das ordens dela gritou e ficou clara a dificuldade da

mae em dar limites a filha F mostrava-se muito irritada

Foram feitos contratos com F e passou-se a trabalhar atraves de acordos as

limites Com estas regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela

queria

No tratamento foi fundamental que a mae e as demais pessoas que rodeiam a

crianya modificassem sua forma de agir Foi orienlado a mae que quando

ocorressem as tremores ela devena fazer de conta que nao havia percebido nada

Em sessao com a professora de F constatou-se que a hipotese de

problemas de aprendizagem se apresentava mais em lace da lalta de estimulo para

que esta realizasse suas pr6pnas atividades ao inves de que outras pessoas as

fizessem por ela Foram leitas sessees com a finalidade de comprovar se F tinha

problemas de aprendizagem e verificou-se que esla linha plena capacidade de

realizar as tarefas sozinha Em relayao a interayao familiar F dramatrizou em uma

atividade que sua mae trabalhava em um hotel 0 que correspondia a realidade e 0

marido trabalhava em hotel que seu pai estava muito doenle e tinha muitas dores

35

no corpo quando na realidade seu pai ja era falecido Mostrava com isso a falta que

a funy80 paterna Ihe fazia

A mae de F I numa sessao dedicada a sua orientay8o mencionou que F

estava cada vez melhor e que seus tremores para chamar a atenC80 estavam

diminuindo a cada dia

36

4 ORIENTA~OES AOS PAIS

ZAGURY (2001 p59) na complexa tarefa de dar limites sem ser autocratico

ou seja de como disciplinar sem bater OU sem ser coercitivQ com a crianya sugere

algumas estrategias

bull Premiar ou recompensar a born comportamento - sempre que a crianca

tiver atitudes corretas devemos ressaltar este tatoo E bern comum que as

pais muito ocupados com tarefas cotidianas esqueltam de elogiar

somente lembrando de ralhar quando os ftlhos fazem algo errado Desta

forma as criancas entendem que naD vale a pena fazer tudo certinhon

pois nao recebem aprova9ao A melhor forma de alcan9ar um objetivo

educativo e elogiar incentivar e ressaltar tudo a que a crianca fizer de

positivo

bull Diferenciar premiar de dar coisas materiais - apesar do consumismo

vigente as crianvas ainda valorizam mais urn carinho urn elogio sincero

reconhecimento do esforco do que presentes dinheiro e viagens

Eventualmente pode-se presentear materialmente mas e importante nao

comprarmos as crianras pois desta forma elas aprendem a agir de modo

calculista Se dermos nosso carinho e aprovayao seu ego se fortalecera

sua auto-estima se elevara e gradualmente a crianya sentira prazer em

agir de forma adequada

bull Fazer com que a crianya assuma as conseqOemcias dos seus atos - com

carinha e naturalidade devemos conversar e agir apontando seus erras e

fazendo com que reftitam sobre as atitudes incorretas antieticas ou

egocentricas tomando 0 cuidado de deixar claro que 0 que desaprovamos

37

sao as atitudes incorretas e naD suas caracteristicas pessoais 5e mesma

ap6s a explica~o a crianca reincidir na atitude incorreta entao e 0

momento de faze-Ia compreender que e responsavel pelos seus atos e

tambem pelas suas conseqGencias Deve-se ressaltar as consequemcias

do ato born carinho aprova~o estimulo etc Como do ato incorreto

desaprova9ilo nao reforyamento deixar de fazer algo que gostam etc

Deve-se ter em mente que as elogios premiacoes bern como as puni90es

devem ser proporcionais ao fato Ou seja e necessario que se tenha born sensa e

equilibrio para que as acoes sejam autenticas e valorizadas pel as criancas

COUTINHO FILHO (2003) tambem sugere algumas possibilidades para

colocar parametros de limites para a crianca

bull Nao coloque limites conforme seus desejos pessoais

bull Demonstre que voce e as demais adultos tambem tern limites a respeitar

bull Diga qual puni9ilo a ser dada para cada limite ultrapassado e nao deixe de

executa-Ia

bull De puniyoes brandas para atitudes brandas e puniyoes pesadas para

atitudes pesadas

bull Deixe claro que a puniyao Eo pelo ate e nao pela pessoa

bull Justifique os motivos do limite Nao faca isso porque nao quero ou nao

gosto nao Eo justificativa

bull Repita quantas vezes for necesstuio

bull Use sua autoridade sem provocar submissao e mal estar

bull Use da afetividade para impor limites

38

ZAGURY (2001) destaca pontos importantes para nao perder a autoridade

perante os filhos

bull Cumpra 0 que disse (seja premia ou conseqOemcia) ou seja ameacou

execute prometeu faya

bull Seja coerente 0 que nao pode nao pode nunca (salvo raras excessoes)

nao mude de atitude como quem mud a de roupa (au de acordo com 0 seu

humor)

bull Faya com que seus filhos gradualmente assumam responsabilidades

Deixe que eles participem das decisoes sabre premios ou conseqOeuromcias

- isto ajuda a amadurecer e compromete a crianca e as jovens que

aderem mais ao que ajudam a construir (mesma que sejam sans6es para

eles proprios)

bull Cuidado com 0 que diz e com 0 modo como diz - critique 0 ato nunca a

pessoa ou a personalidade de seus filhos Trate somente do assunto que

S8 esta analisando no momento naD desenterre coisas do passado sem

necessidade Nao fique com pena da crianya se ela chorar ficar triste

nao talar com voce E melhor ela ficar triste hoje mas aprender a respeitar

o pr6ximo a 5i propria e a palavra empenhada do que sofrer futuramente

nos seus relacionamentos interpessoais

Segundo TIBA(2002) os filhos nao vem com manual pois eles mesmos sao 0

manual au seja cada criancaencerra uma individualidade e a cada dia os pais irao

aprendendo com cada filho E importante neste aprendizado os pais privilegiarem 0

desenvolvimento relacional atraves de um procedimento basico que deve ser

aplicado a cada fllho Para TBA (2002) ese procedimento e valido para qualquer

39

relacionamento entre pessoas de qualquer idade mas que e relevante na formaC8o

da auto-estima da criancadesde 0 seu nascimento Para 0 atendimento integral a

uma crian9 sao cinco os passos parar ouvir olhar pensar e agir (TIBA 2002

p127)

TIBA (2002) descreve os cinco passos da seguinte forma

1 Parar - parar 0 que estiver fazendo ou pensando e dar atenyao total acriancaCasa naD possa parar naquele exato momento vale colaear uma

das maos no ombro da crian9 enquanto diz que logo vai atende-Ia A

crianya deve ficar esperando ali juntinho de voce Pode ser que ela queira

sair para voltar logo depois Se a iniciativa de sair for da crianca a

responsabilidade de voltar sera dela Mas deve evitar ao maximo dizer

para a crianca ocupar-se com Dutra caisa enquanto voce termina 0 que

esta fazendo Nem sempre ela volta outra vez pelo mesmo motivo E

tambem fundamental deixar de lado ideias preconcebidas sobre 0 que a

crianca vai fatar Se voce pensa ~Iavern aquela chata me encher Dutra

vez seu cerebro ja esta preenchido em parte com esse pensamento e

voce perde a chance de atende-Ia integralmente

2 Ouvir - e a parte racional Os pais devem olhar no funda dos ahos da

crianca como se a Duvissem com as ahos A criany8 precisa aprender a

se expressar Nao se deve tentar adivinhar 0 que ela quer Quando pede

alguma coisa esta desenvolvendo sua capacidade de pensar de formular

uma pergunta e de se expressar para que outras pessoas possam

compreende-Ia

3 Olhar - e a parte instintiva Num piscar de olhos uma pessoa consegue

ver tantas coisas que levaria muito tempo explica-Ias em palavras Tudo 0

40

que se percebe visualmente tambem tem que ser considerado para

compreender a crian9a

4 Pensar - lados os elementos percebidos tanto visualmente quanto

verbal mente mais 0 sentido educativo que se que ira imprimir na forma9ao

da criana devem fazer parte da resposta a ser dada Sentido educativo e

o objetivo a ser atendido com a educaao que esta sendo dada (Quer que

o filho seja egoista Coloque-o sempre em primeiro lugar em detrimento

dos outros e diga sim a todos os seus desejos Quer que ele seja feliz

Ajude-o a desenvolver a satisfailo pelo que e e pelo que consegue fazer

a tolerimcia a compreensao dos Qutrosa vontade de ajudar a quem pede

e a etica do bem)

5 Agir - essa aao ou resposta deve ser bem clara e objetiva Melhor ainda

se voce puder se assegurar de que a crianca real mente saciou sua

vontade

E importante ressaltar que os cinco passos devem ser utilizados em todas as

situayaes desde 0 tombo da crian98 pequena ate quando a crian98 crescer Ao se

utilizar este procedimento basico as atitudes dos pais tendem a ser coerentes Par

exemplo se uma crianca calr naD e necessaria as pais sairem desesperados em

todas Situ8COeS mas avaiar se 0 tombo foi grave QU se foi urn tombinho que naD

precisa de maiores cuidados Tambem as pais naD devem sair dizendo que chao

feio que passa a falsa ideia que 0 chao e culpado pelo seu tombo a criana tem

que aprender que ela deve ter cuidado Se ela se choca uma ou duas vezes numa

mesa ela aprende a ter cuidado por sua pr6pria experiencia TIBA (2002 p133)

41

destaca que a afobayao e a reacao exagerada dos pais geram inseguran9a na

crianca

Outre fato bastante comum e as pais deixarem as ftlhos ganharem jogos par

exemplo tentando agrada-Ios mesmo que os deseduquem As crian9as tern uma

sabedoria natural Brincam e competem de acordo com as conhecimentos e as

capacita90es de que disp6ern E mais facil para 0 pai brincar como se fosse crian98

e deixar 0 filho ganhar sempre Esse comportamento contudo da a crianca uma

visao irreal do que e jogar Ganha-se algumas vezes perde-se outras (TIBA 2002

p136) Ou seja e mais educativ~ para a criana descobrir que podemos ser bons

em algumas caisas mas nao em tudo Passa-se uma experiencia da realidade para

a crianC8

TIBA (2002) tambem cita 0 caso de colocar a crian9a no colo enquanto se

dirige urn carro A crianC8 tern a falsa sensacao de que comanda 0 veiculo mas issa

nao passa de urn poder irreal Ao dirigir urn carrinho de brinquedo ela poderia de fato

se sentir poderosa IS50 sem falar que quando 0 filho crescer ao 15 anos par

exempla vai querer sair com 0 carro do pai mesmo sem poder Mas quando era

criancaeu podia

o caso classico da criancaquerer dormir com os pais tambem e abordado por

TIBA (2002) segundo 0 autor 0 ideal e que desde bebe a crian9a deve aprender a

dorrnir no seu lugar mesmo que ache mais gostoso aninhar-se entre os pais Ir cada

urn para sua cama da 0 sentido de que cada urn tem seu territorio ai tambem

estamos delimitando limites onde sao respeitados 0 so no e 0 espacode cada urn

Crian~asmaiores que ja andam devem ter um lugar (ou quarto) proprio para dormirMesmo que ocasionalmente adorme~am na cama dos pais e importante que sejamlevadas a sua cama para que acordem la Nao devem adquirir 0 habito de dormir nacama dos pais Tenha paciencia e fale claro em born tom olhando seriamente nofundo dos olhinhos dela ~Cada coisa no seu lugar cada pessoa na sua cama~

42

Quando a crian(f3 percebe que 0 limite e coisa sena e vai ser cumprido procura seajustar(lIBA 2002p115)

OLIVEIRA (1999 p120) enumera as diversos problemas que causam a fato

dos filhos permanecem no quarto dos pais na hora de dormir considerando-as de

difieil recupera~aoposterior

1 Faita de valorizayilo da privacidade tanto do casal como da crianya

2 Mantem a relacao simbi6tica au seja a li98980 existente entre mae e

bebe prejudicando 0 desenvolvimento emocional da crian93

3 A crianya tende a formar relayao de dependencia da protey80 e da

preseny8 dos pais ate mesma durante 0 sono

4 Quando chegar a fase em que a crianca elege entre 0 pai e a mae 0 seu

preferido tenta afastar 0 autro esticando-se e virando-se na cama de

modo a deixar a preterido desconfortavel a ponto deste mudar de lugar

sair da cama e ate mesma do quarto

E importante ressaltar que sempre as regras devem ser claras e naD sujeitas

a mudancas pois a organizacao interna dos filhos fica muito prejudicada se dormir

au nao na cama dos pais se transforma numa possibilidade que depende apenas do

humor dos pais ou de quanto 0 filho se recusa a dormir sozinho (chorando

acordando diversas vezes etc) A crian9a com autonomia de sono e mais

independente e feliz (TIBA 2002 p116)

Enfatiza-se que na maiaria dos casas as pais permitem que as criancas

fiquem ate mais tarde no quarto deles nao e par uma exigemcia ou necessidade da

crianya mas par alguma deficiencia desequilibrio au imaturidade dos proprios pais

(OLIVEIRA 1999 p122)

43

Em relaiio ao choro da crian9l ressalta-se que ha dois tipos de choro 0 que

expressa dor e 0 que busca pader

Se 0 filho descobrir que pade usar a chom como fonte de poder as pais estaoperdidos Nunca mais saberao dizer se ele chara par dar au poder Urn chore depoder Necessita dos olhos e dos ouvidos de quem se quer dominar Ingenua acrianya que usa 0 choro como pader para imediatamente apes conseguir 0 que querOai a importancia de as pais ficarem atentos para nao ser manipulados (TIBA 2002p158)

o choro que apela para 0 lade coitadinho inspira ternura Eo urn tipo de

manipula9ao que busca 0 dominio pela chantagem aletiva Eo dilicil neutralizar 0 uso

do choro como arma

Segundo liSA (2002 p159) Urn pouco de dor nao matara a crian9a assim

como urn poueD de pader nao matara as pais ( ) Se traumas infantis matassem a

humanidade estaria extinta Nao ha filho que nao tenha side contrariado A imensa

maioria deles tern condi90es de agOentar contrariedades 0 autor destaca que pais

que sao soHcitos ao extrema nao trayam um born e segura trajeto para seguir 0

resultado e que a crianya fica insegura pais perde a confianca neles ela pressente

que as pais nao tern firmeza nas suas decisoes e sao manipulaveis

Deve-se tomar cuidado com as exageros urn erro cometido pelos pais

desde que nao seja baseado na violencia em surras socas e pontapes naa traz

problema nenhum Atos como esses descarregam a raiva mas nao tern forlta

educativa pois violmcia s6 gera violencia (liSA 2002 p159)

Em rela9aOaos pais lazerem as tarelas pelos filhos ou ainda pior comprar os

resultados ressalta-se que este tipo de atitude nao ajuda a crianlta cria

dependencia e compromete 0 desenvolvimento escolar Alem disso as pais acabam

privando os filhos do gosto de uma conquista dando uma mensagem subliminar de

que eles sao incapazes Os pais nao devem privar os filhos do gosto de uma

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

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WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

Page 33: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

30

32 EVOLUCAO DO CASO

As intervenyoes utilizadas neste casc com a mae fcram em forma de

orientayao na freqOencade pelo menDS uma vez par meso Mais recentemente este

trabalho com a mae vern sendo feito a cada quinze dias

Em conversa com a mae esta mencionou que naD queria fazer como seus

pais naD que eles fassem ruins disse ela mas eles nao conversavam e naD tinham

tempo de dar aten9ao e de ensinar os deveres da escola Tudo 0 que ela aprendeu

na escola foi par esforyo proprio e naD queria que isso acontecesse com sua filha

entaD ela au as irmaos mais velhos sentam com F e a ensinam

Mais tarde foi feita uma entrevista com a professora e esta mostrou todas as

li90es de F e disse que aquelas atividades nao haviam side feitas pela crian9a e sim

por seu irmao e que a professora ja havia mandado bilhetes pedindo que nao

fizessem mais as atividades da escola par F A mae foi orientada a dar mais

incentivo a F em lugar de fazer os deveres por ela pois F nilo tinha problemas de

aprendizagem mas par falta de incentivo poderia vir a ter

Com F foram utilizadas brincadeiras como pintura com aquarela desenhos

massa de modelar hist6ria infantis Atraves destes me-todosforam utilizados refor~o

e a punicao quando necessarios

o refor9Q foi atraves de elogios sorriso e aten9ao quando F realizava urn

comportamento desejavel A punitao consistiu em retirar uma atividade que ela

gostava muito como desenhar OU tambem ignorar a sua atitude mantendo a calma

No terceiro encontro F mencionou 0 pai dizendo que ele comprava doces

para ela mas nao quis continuar falando sobre ele alegando que 0 irmao mais velho

nao gostava Mais tarde em outras sess6es tornou-se claro ser isto fantasia sua

31

Nos primeiros encontros corn F ela demonstrou S8r cordata entretanto a

partir do quarto encontro F mostrou comportamentos de manipula9ao ou seja

querer controlar a situacao e que tude salsse da forma que queria para que todos

as seus desejos fossem realizados atitude comum em casa ou na escola

A quinta sessao foi para verificar a interacao de F com a mae F mostrou-se

intransigente naD obedeceu a nenhuma das ordens da mae na hora de guardar as

brinquedos gritou com a mae e esta demonstrou claramente nao conseguir dar

limites a sua filha A mae conseguiu dizer neste momento que se F estivesse em

casa iria apanhar com uma varinha mas ista naD adiantou pais F ficou irredutivel

Ao final da sessao quando tudo estava no seu devido lugar F ja estava agindo como

se nada tivesse ocorrido a mae mencionou que F era muito nervoS8

A partir da sexta sessao loram leitos contratos com F os quais ela aceitou

com lacilidade

Apos 0 contrato feito na sessao anterior na setima sessao foi trabalhado a

limite atraves de acordos leitos com F como pedir para que ela escolhesse

somente tres tipos de brinquedos da caixa que s6 iria embora quando a horario da

sessao terminasse e que as Iimites seriam colocados pela terapeuta Com estas

regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela queria

A partir da oitava sessao loi levantada a hip6tese do problema de F ser

transtorno desafiador opositivo pais ela demonstrou as comportamentos de querer

dominar e mostrar que poderia mandar mas com muita paciencia foram impastos

limites atraves do silencio mostrando que nem tudo poderia ser como ela queria e

assim acabou aceitando

A nona sessao loi destinada a orientar a mae em como agir com a filha e loi

proposto para que a mae assistisse a proxima sessao atras do espelho

32

Como foi sugerido para a mae na sessao passada ela ficou ats do espelho

para ver como a filha interagia e poder verificar qual seria a melhor forma de lidar

com ela

A decima segunda sessao foi destinada a mae para verificar como estava 0

comportamento de F fora da terapia Ela comentou que 0 comportamento da filha

melhorara muito que as tremores 56 ocorriam esporadicamente Foi orientado amae que quando Dcarressem as tremores ela deveria fazer de conta que naD havia

percebido nada

Foram feitas diversas sess6es seguidas mais precisamente da decima

terceira il decima setima com F destinadas a trabalhar regras e limites Este

trabalho foi realizado atraves de acordos com F como por exemplo pedir que ela

escolhesse apenas tres brinquedos da caixa au escolhesse entre desenhar e ouvir

historias au ainda entre conversar e brincar tambem poderia escolher entre brincar

de casinha e desenhar

A decima oitava sessao foi urna sessao diferente pOis foi destinada aprofessora de F para verificar como F estava S8 comportando e se relacionando

com colegas em sala de aula enos interval os A professora levantou a hip6tese de F

ter problemas de aprendizagem pois as atividades escolares dela nao eram

compativeis com a de seus colegas de classe Mas foi constatado atraves das

atividades que eram enviadas para serem feitas em casa que 0 que faUava para F

era estimulo pOisseu irmao fazia suas atividades por ela

Foram feitas duas sessoes seguidas (decima nona e vigesimal para

comprovar se havia problemas de aprendizagem com F Sessoes estas de recorte e

colagem e de hist6ria (Cinderela) Com estas atividades pode se constatar que F

33

tern plena capacidade de realizar tarefas sDzinha talvez com uma pequena

orienta9ao quando solicitado por ela

A vigesima primeira foi mais uma sessao dedicada a orient89ao a mae

quando esta mencionou que Festa cada vez melhor seus tremores quando quer

chamar a aten9ao estao diminuindo a cada dia

No vigesimo segundo encontro com F a interven9ao utilizada foi 0 desenho

Eta desenhou margaridas e mencionou que se fosse uma planta queria ser uma

margarida e S8 fosse urn objeto queria ser uma estrela Ja na sessao seguinte que

foi a vigesima terceira a intervencao utilizada foi brincar de casinha cnde F mostrou

a sua intera9ao familiar dizendo que trabalhava em um hotel (como na realidade sua

mae trabalha) 0 marido trabalhava em hotel e seu pai estava muito doente (na

realidade ja e falecido) e tinha muitas dores no corpo

Ate 0 momento foram feitas as vinte e tres sess6es aqui descritas nas quais

a crianya demonstrou significativas mudantas no comportamento

33 ANALISE DO CASO

Inicialmente F nae obedecia fazia de conta que naD escutava e quando

queria algo come9ava a tremer nao obedecendo a regras e limites impostos pelos

respons8veis A mae dizia que a filha ficou assim desde a morte do pai pais este a

bajulava muito fazia tudo 0 que ela desejava

Notou-se que F testava os limites dos adultos para conseguir 0 que desejava

e as pessoas que a cercavam para se livrarem das birras acabavam par fazer 0

que ela queria

34

Na escola nao conseguia se relacionar com os colegas quando a professora

pedia para fazer alguma atividade F lazia do jeito que queria

A mae de F fazia as atividades par ela dizendo que ~nao queria tazer como

seus pais naD que eles fassem ruins mas eles naD conversavam e naD tinham

tempo de dar atenC80 e de ensinar as deveres da escola

Durante 0 tratamento F inicialmente demonstrou ser cordata posteriormente

mostrou comportamentos de manipulayM querendo controlar a situayao e

procurando forcar que todos as seus desejos fassem realizados Na presenva da

mae nao obedeceu a nenhuma das ordens dela gritou e ficou clara a dificuldade da

mae em dar limites a filha F mostrava-se muito irritada

Foram feitos contratos com F e passou-se a trabalhar atraves de acordos as

limites Com estas regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela

queria

No tratamento foi fundamental que a mae e as demais pessoas que rodeiam a

crianya modificassem sua forma de agir Foi orienlado a mae que quando

ocorressem as tremores ela devena fazer de conta que nao havia percebido nada

Em sessao com a professora de F constatou-se que a hipotese de

problemas de aprendizagem se apresentava mais em lace da lalta de estimulo para

que esta realizasse suas pr6pnas atividades ao inves de que outras pessoas as

fizessem por ela Foram leitas sessees com a finalidade de comprovar se F tinha

problemas de aprendizagem e verificou-se que esla linha plena capacidade de

realizar as tarefas sozinha Em relayao a interayao familiar F dramatrizou em uma

atividade que sua mae trabalhava em um hotel 0 que correspondia a realidade e 0

marido trabalhava em hotel que seu pai estava muito doenle e tinha muitas dores

35

no corpo quando na realidade seu pai ja era falecido Mostrava com isso a falta que

a funy80 paterna Ihe fazia

A mae de F I numa sessao dedicada a sua orientay8o mencionou que F

estava cada vez melhor e que seus tremores para chamar a atenC80 estavam

diminuindo a cada dia

36

4 ORIENTA~OES AOS PAIS

ZAGURY (2001 p59) na complexa tarefa de dar limites sem ser autocratico

ou seja de como disciplinar sem bater OU sem ser coercitivQ com a crianya sugere

algumas estrategias

bull Premiar ou recompensar a born comportamento - sempre que a crianca

tiver atitudes corretas devemos ressaltar este tatoo E bern comum que as

pais muito ocupados com tarefas cotidianas esqueltam de elogiar

somente lembrando de ralhar quando os ftlhos fazem algo errado Desta

forma as criancas entendem que naD vale a pena fazer tudo certinhon

pois nao recebem aprova9ao A melhor forma de alcan9ar um objetivo

educativo e elogiar incentivar e ressaltar tudo a que a crianca fizer de

positivo

bull Diferenciar premiar de dar coisas materiais - apesar do consumismo

vigente as crianvas ainda valorizam mais urn carinho urn elogio sincero

reconhecimento do esforco do que presentes dinheiro e viagens

Eventualmente pode-se presentear materialmente mas e importante nao

comprarmos as crianras pois desta forma elas aprendem a agir de modo

calculista Se dermos nosso carinho e aprovayao seu ego se fortalecera

sua auto-estima se elevara e gradualmente a crianya sentira prazer em

agir de forma adequada

bull Fazer com que a crianya assuma as conseqOemcias dos seus atos - com

carinha e naturalidade devemos conversar e agir apontando seus erras e

fazendo com que reftitam sobre as atitudes incorretas antieticas ou

egocentricas tomando 0 cuidado de deixar claro que 0 que desaprovamos

37

sao as atitudes incorretas e naD suas caracteristicas pessoais 5e mesma

ap6s a explica~o a crianca reincidir na atitude incorreta entao e 0

momento de faze-Ia compreender que e responsavel pelos seus atos e

tambem pelas suas conseqGencias Deve-se ressaltar as consequemcias

do ato born carinho aprova~o estimulo etc Como do ato incorreto

desaprova9ilo nao reforyamento deixar de fazer algo que gostam etc

Deve-se ter em mente que as elogios premiacoes bern como as puni90es

devem ser proporcionais ao fato Ou seja e necessario que se tenha born sensa e

equilibrio para que as acoes sejam autenticas e valorizadas pel as criancas

COUTINHO FILHO (2003) tambem sugere algumas possibilidades para

colocar parametros de limites para a crianca

bull Nao coloque limites conforme seus desejos pessoais

bull Demonstre que voce e as demais adultos tambem tern limites a respeitar

bull Diga qual puni9ilo a ser dada para cada limite ultrapassado e nao deixe de

executa-Ia

bull De puniyoes brandas para atitudes brandas e puniyoes pesadas para

atitudes pesadas

bull Deixe claro que a puniyao Eo pelo ate e nao pela pessoa

bull Justifique os motivos do limite Nao faca isso porque nao quero ou nao

gosto nao Eo justificativa

bull Repita quantas vezes for necesstuio

bull Use sua autoridade sem provocar submissao e mal estar

bull Use da afetividade para impor limites

38

ZAGURY (2001) destaca pontos importantes para nao perder a autoridade

perante os filhos

bull Cumpra 0 que disse (seja premia ou conseqOemcia) ou seja ameacou

execute prometeu faya

bull Seja coerente 0 que nao pode nao pode nunca (salvo raras excessoes)

nao mude de atitude como quem mud a de roupa (au de acordo com 0 seu

humor)

bull Faya com que seus filhos gradualmente assumam responsabilidades

Deixe que eles participem das decisoes sabre premios ou conseqOeuromcias

- isto ajuda a amadurecer e compromete a crianca e as jovens que

aderem mais ao que ajudam a construir (mesma que sejam sans6es para

eles proprios)

bull Cuidado com 0 que diz e com 0 modo como diz - critique 0 ato nunca a

pessoa ou a personalidade de seus filhos Trate somente do assunto que

S8 esta analisando no momento naD desenterre coisas do passado sem

necessidade Nao fique com pena da crianya se ela chorar ficar triste

nao talar com voce E melhor ela ficar triste hoje mas aprender a respeitar

o pr6ximo a 5i propria e a palavra empenhada do que sofrer futuramente

nos seus relacionamentos interpessoais

Segundo TIBA(2002) os filhos nao vem com manual pois eles mesmos sao 0

manual au seja cada criancaencerra uma individualidade e a cada dia os pais irao

aprendendo com cada filho E importante neste aprendizado os pais privilegiarem 0

desenvolvimento relacional atraves de um procedimento basico que deve ser

aplicado a cada fllho Para TBA (2002) ese procedimento e valido para qualquer

39

relacionamento entre pessoas de qualquer idade mas que e relevante na formaC8o

da auto-estima da criancadesde 0 seu nascimento Para 0 atendimento integral a

uma crian9 sao cinco os passos parar ouvir olhar pensar e agir (TIBA 2002

p127)

TIBA (2002) descreve os cinco passos da seguinte forma

1 Parar - parar 0 que estiver fazendo ou pensando e dar atenyao total acriancaCasa naD possa parar naquele exato momento vale colaear uma

das maos no ombro da crian9 enquanto diz que logo vai atende-Ia A

crianya deve ficar esperando ali juntinho de voce Pode ser que ela queira

sair para voltar logo depois Se a iniciativa de sair for da crianca a

responsabilidade de voltar sera dela Mas deve evitar ao maximo dizer

para a crianca ocupar-se com Dutra caisa enquanto voce termina 0 que

esta fazendo Nem sempre ela volta outra vez pelo mesmo motivo E

tambem fundamental deixar de lado ideias preconcebidas sobre 0 que a

crianca vai fatar Se voce pensa ~Iavern aquela chata me encher Dutra

vez seu cerebro ja esta preenchido em parte com esse pensamento e

voce perde a chance de atende-Ia integralmente

2 Ouvir - e a parte racional Os pais devem olhar no funda dos ahos da

crianca como se a Duvissem com as ahos A criany8 precisa aprender a

se expressar Nao se deve tentar adivinhar 0 que ela quer Quando pede

alguma coisa esta desenvolvendo sua capacidade de pensar de formular

uma pergunta e de se expressar para que outras pessoas possam

compreende-Ia

3 Olhar - e a parte instintiva Num piscar de olhos uma pessoa consegue

ver tantas coisas que levaria muito tempo explica-Ias em palavras Tudo 0

40

que se percebe visualmente tambem tem que ser considerado para

compreender a crian9a

4 Pensar - lados os elementos percebidos tanto visualmente quanto

verbal mente mais 0 sentido educativo que se que ira imprimir na forma9ao

da criana devem fazer parte da resposta a ser dada Sentido educativo e

o objetivo a ser atendido com a educaao que esta sendo dada (Quer que

o filho seja egoista Coloque-o sempre em primeiro lugar em detrimento

dos outros e diga sim a todos os seus desejos Quer que ele seja feliz

Ajude-o a desenvolver a satisfailo pelo que e e pelo que consegue fazer

a tolerimcia a compreensao dos Qutrosa vontade de ajudar a quem pede

e a etica do bem)

5 Agir - essa aao ou resposta deve ser bem clara e objetiva Melhor ainda

se voce puder se assegurar de que a crianca real mente saciou sua

vontade

E importante ressaltar que os cinco passos devem ser utilizados em todas as

situayaes desde 0 tombo da crian98 pequena ate quando a crian98 crescer Ao se

utilizar este procedimento basico as atitudes dos pais tendem a ser coerentes Par

exemplo se uma crianca calr naD e necessaria as pais sairem desesperados em

todas Situ8COeS mas avaiar se 0 tombo foi grave QU se foi urn tombinho que naD

precisa de maiores cuidados Tambem as pais naD devem sair dizendo que chao

feio que passa a falsa ideia que 0 chao e culpado pelo seu tombo a criana tem

que aprender que ela deve ter cuidado Se ela se choca uma ou duas vezes numa

mesa ela aprende a ter cuidado por sua pr6pria experiencia TIBA (2002 p133)

41

destaca que a afobayao e a reacao exagerada dos pais geram inseguran9a na

crianca

Outre fato bastante comum e as pais deixarem as ftlhos ganharem jogos par

exemplo tentando agrada-Ios mesmo que os deseduquem As crian9as tern uma

sabedoria natural Brincam e competem de acordo com as conhecimentos e as

capacita90es de que disp6ern E mais facil para 0 pai brincar como se fosse crian98

e deixar 0 filho ganhar sempre Esse comportamento contudo da a crianca uma

visao irreal do que e jogar Ganha-se algumas vezes perde-se outras (TIBA 2002

p136) Ou seja e mais educativ~ para a criana descobrir que podemos ser bons

em algumas caisas mas nao em tudo Passa-se uma experiencia da realidade para

a crianC8

TIBA (2002) tambem cita 0 caso de colocar a crian9a no colo enquanto se

dirige urn carro A crianC8 tern a falsa sensacao de que comanda 0 veiculo mas issa

nao passa de urn poder irreal Ao dirigir urn carrinho de brinquedo ela poderia de fato

se sentir poderosa IS50 sem falar que quando 0 filho crescer ao 15 anos par

exempla vai querer sair com 0 carro do pai mesmo sem poder Mas quando era

criancaeu podia

o caso classico da criancaquerer dormir com os pais tambem e abordado por

TIBA (2002) segundo 0 autor 0 ideal e que desde bebe a crian9a deve aprender a

dorrnir no seu lugar mesmo que ache mais gostoso aninhar-se entre os pais Ir cada

urn para sua cama da 0 sentido de que cada urn tem seu territorio ai tambem

estamos delimitando limites onde sao respeitados 0 so no e 0 espacode cada urn

Crian~asmaiores que ja andam devem ter um lugar (ou quarto) proprio para dormirMesmo que ocasionalmente adorme~am na cama dos pais e importante que sejamlevadas a sua cama para que acordem la Nao devem adquirir 0 habito de dormir nacama dos pais Tenha paciencia e fale claro em born tom olhando seriamente nofundo dos olhinhos dela ~Cada coisa no seu lugar cada pessoa na sua cama~

42

Quando a crian(f3 percebe que 0 limite e coisa sena e vai ser cumprido procura seajustar(lIBA 2002p115)

OLIVEIRA (1999 p120) enumera as diversos problemas que causam a fato

dos filhos permanecem no quarto dos pais na hora de dormir considerando-as de

difieil recupera~aoposterior

1 Faita de valorizayilo da privacidade tanto do casal como da crianya

2 Mantem a relacao simbi6tica au seja a li98980 existente entre mae e

bebe prejudicando 0 desenvolvimento emocional da crian93

3 A crianya tende a formar relayao de dependencia da protey80 e da

preseny8 dos pais ate mesma durante 0 sono

4 Quando chegar a fase em que a crianca elege entre 0 pai e a mae 0 seu

preferido tenta afastar 0 autro esticando-se e virando-se na cama de

modo a deixar a preterido desconfortavel a ponto deste mudar de lugar

sair da cama e ate mesma do quarto

E importante ressaltar que sempre as regras devem ser claras e naD sujeitas

a mudancas pois a organizacao interna dos filhos fica muito prejudicada se dormir

au nao na cama dos pais se transforma numa possibilidade que depende apenas do

humor dos pais ou de quanto 0 filho se recusa a dormir sozinho (chorando

acordando diversas vezes etc) A crian9a com autonomia de sono e mais

independente e feliz (TIBA 2002 p116)

Enfatiza-se que na maiaria dos casas as pais permitem que as criancas

fiquem ate mais tarde no quarto deles nao e par uma exigemcia ou necessidade da

crianya mas par alguma deficiencia desequilibrio au imaturidade dos proprios pais

(OLIVEIRA 1999 p122)

43

Em relaiio ao choro da crian9l ressalta-se que ha dois tipos de choro 0 que

expressa dor e 0 que busca pader

Se 0 filho descobrir que pade usar a chom como fonte de poder as pais estaoperdidos Nunca mais saberao dizer se ele chara par dar au poder Urn chore depoder Necessita dos olhos e dos ouvidos de quem se quer dominar Ingenua acrianya que usa 0 choro como pader para imediatamente apes conseguir 0 que querOai a importancia de as pais ficarem atentos para nao ser manipulados (TIBA 2002p158)

o choro que apela para 0 lade coitadinho inspira ternura Eo urn tipo de

manipula9ao que busca 0 dominio pela chantagem aletiva Eo dilicil neutralizar 0 uso

do choro como arma

Segundo liSA (2002 p159) Urn pouco de dor nao matara a crian9a assim

como urn poueD de pader nao matara as pais ( ) Se traumas infantis matassem a

humanidade estaria extinta Nao ha filho que nao tenha side contrariado A imensa

maioria deles tern condi90es de agOentar contrariedades 0 autor destaca que pais

que sao soHcitos ao extrema nao trayam um born e segura trajeto para seguir 0

resultado e que a crianya fica insegura pais perde a confianca neles ela pressente

que as pais nao tern firmeza nas suas decisoes e sao manipulaveis

Deve-se tomar cuidado com as exageros urn erro cometido pelos pais

desde que nao seja baseado na violencia em surras socas e pontapes naa traz

problema nenhum Atos como esses descarregam a raiva mas nao tern forlta

educativa pois violmcia s6 gera violencia (liSA 2002 p159)

Em rela9aOaos pais lazerem as tarelas pelos filhos ou ainda pior comprar os

resultados ressalta-se que este tipo de atitude nao ajuda a crianlta cria

dependencia e compromete 0 desenvolvimento escolar Alem disso as pais acabam

privando os filhos do gosto de uma conquista dando uma mensagem subliminar de

que eles sao incapazes Os pais nao devem privar os filhos do gosto de uma

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

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WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

Page 34: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

31

Nos primeiros encontros corn F ela demonstrou S8r cordata entretanto a

partir do quarto encontro F mostrou comportamentos de manipula9ao ou seja

querer controlar a situacao e que tude salsse da forma que queria para que todos

as seus desejos fossem realizados atitude comum em casa ou na escola

A quinta sessao foi para verificar a interacao de F com a mae F mostrou-se

intransigente naD obedeceu a nenhuma das ordens da mae na hora de guardar as

brinquedos gritou com a mae e esta demonstrou claramente nao conseguir dar

limites a sua filha A mae conseguiu dizer neste momento que se F estivesse em

casa iria apanhar com uma varinha mas ista naD adiantou pais F ficou irredutivel

Ao final da sessao quando tudo estava no seu devido lugar F ja estava agindo como

se nada tivesse ocorrido a mae mencionou que F era muito nervoS8

A partir da sexta sessao loram leitos contratos com F os quais ela aceitou

com lacilidade

Apos 0 contrato feito na sessao anterior na setima sessao foi trabalhado a

limite atraves de acordos leitos com F como pedir para que ela escolhesse

somente tres tipos de brinquedos da caixa que s6 iria embora quando a horario da

sessao terminasse e que as Iimites seriam colocados pela terapeuta Com estas

regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela queria

A partir da oitava sessao loi levantada a hip6tese do problema de F ser

transtorno desafiador opositivo pais ela demonstrou as comportamentos de querer

dominar e mostrar que poderia mandar mas com muita paciencia foram impastos

limites atraves do silencio mostrando que nem tudo poderia ser como ela queria e

assim acabou aceitando

A nona sessao loi destinada a orientar a mae em como agir com a filha e loi

proposto para que a mae assistisse a proxima sessao atras do espelho

32

Como foi sugerido para a mae na sessao passada ela ficou ats do espelho

para ver como a filha interagia e poder verificar qual seria a melhor forma de lidar

com ela

A decima segunda sessao foi destinada a mae para verificar como estava 0

comportamento de F fora da terapia Ela comentou que 0 comportamento da filha

melhorara muito que as tremores 56 ocorriam esporadicamente Foi orientado amae que quando Dcarressem as tremores ela deveria fazer de conta que naD havia

percebido nada

Foram feitas diversas sess6es seguidas mais precisamente da decima

terceira il decima setima com F destinadas a trabalhar regras e limites Este

trabalho foi realizado atraves de acordos com F como por exemplo pedir que ela

escolhesse apenas tres brinquedos da caixa au escolhesse entre desenhar e ouvir

historias au ainda entre conversar e brincar tambem poderia escolher entre brincar

de casinha e desenhar

A decima oitava sessao foi urna sessao diferente pOis foi destinada aprofessora de F para verificar como F estava S8 comportando e se relacionando

com colegas em sala de aula enos interval os A professora levantou a hip6tese de F

ter problemas de aprendizagem pois as atividades escolares dela nao eram

compativeis com a de seus colegas de classe Mas foi constatado atraves das

atividades que eram enviadas para serem feitas em casa que 0 que faUava para F

era estimulo pOisseu irmao fazia suas atividades por ela

Foram feitas duas sessoes seguidas (decima nona e vigesimal para

comprovar se havia problemas de aprendizagem com F Sessoes estas de recorte e

colagem e de hist6ria (Cinderela) Com estas atividades pode se constatar que F

33

tern plena capacidade de realizar tarefas sDzinha talvez com uma pequena

orienta9ao quando solicitado por ela

A vigesima primeira foi mais uma sessao dedicada a orient89ao a mae

quando esta mencionou que Festa cada vez melhor seus tremores quando quer

chamar a aten9ao estao diminuindo a cada dia

No vigesimo segundo encontro com F a interven9ao utilizada foi 0 desenho

Eta desenhou margaridas e mencionou que se fosse uma planta queria ser uma

margarida e S8 fosse urn objeto queria ser uma estrela Ja na sessao seguinte que

foi a vigesima terceira a intervencao utilizada foi brincar de casinha cnde F mostrou

a sua intera9ao familiar dizendo que trabalhava em um hotel (como na realidade sua

mae trabalha) 0 marido trabalhava em hotel e seu pai estava muito doente (na

realidade ja e falecido) e tinha muitas dores no corpo

Ate 0 momento foram feitas as vinte e tres sess6es aqui descritas nas quais

a crianya demonstrou significativas mudantas no comportamento

33 ANALISE DO CASO

Inicialmente F nae obedecia fazia de conta que naD escutava e quando

queria algo come9ava a tremer nao obedecendo a regras e limites impostos pelos

respons8veis A mae dizia que a filha ficou assim desde a morte do pai pais este a

bajulava muito fazia tudo 0 que ela desejava

Notou-se que F testava os limites dos adultos para conseguir 0 que desejava

e as pessoas que a cercavam para se livrarem das birras acabavam par fazer 0

que ela queria

34

Na escola nao conseguia se relacionar com os colegas quando a professora

pedia para fazer alguma atividade F lazia do jeito que queria

A mae de F fazia as atividades par ela dizendo que ~nao queria tazer como

seus pais naD que eles fassem ruins mas eles naD conversavam e naD tinham

tempo de dar atenC80 e de ensinar as deveres da escola

Durante 0 tratamento F inicialmente demonstrou ser cordata posteriormente

mostrou comportamentos de manipulayM querendo controlar a situayao e

procurando forcar que todos as seus desejos fassem realizados Na presenva da

mae nao obedeceu a nenhuma das ordens dela gritou e ficou clara a dificuldade da

mae em dar limites a filha F mostrava-se muito irritada

Foram feitos contratos com F e passou-se a trabalhar atraves de acordos as

limites Com estas regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela

queria

No tratamento foi fundamental que a mae e as demais pessoas que rodeiam a

crianya modificassem sua forma de agir Foi orienlado a mae que quando

ocorressem as tremores ela devena fazer de conta que nao havia percebido nada

Em sessao com a professora de F constatou-se que a hipotese de

problemas de aprendizagem se apresentava mais em lace da lalta de estimulo para

que esta realizasse suas pr6pnas atividades ao inves de que outras pessoas as

fizessem por ela Foram leitas sessees com a finalidade de comprovar se F tinha

problemas de aprendizagem e verificou-se que esla linha plena capacidade de

realizar as tarefas sozinha Em relayao a interayao familiar F dramatrizou em uma

atividade que sua mae trabalhava em um hotel 0 que correspondia a realidade e 0

marido trabalhava em hotel que seu pai estava muito doenle e tinha muitas dores

35

no corpo quando na realidade seu pai ja era falecido Mostrava com isso a falta que

a funy80 paterna Ihe fazia

A mae de F I numa sessao dedicada a sua orientay8o mencionou que F

estava cada vez melhor e que seus tremores para chamar a atenC80 estavam

diminuindo a cada dia

36

4 ORIENTA~OES AOS PAIS

ZAGURY (2001 p59) na complexa tarefa de dar limites sem ser autocratico

ou seja de como disciplinar sem bater OU sem ser coercitivQ com a crianya sugere

algumas estrategias

bull Premiar ou recompensar a born comportamento - sempre que a crianca

tiver atitudes corretas devemos ressaltar este tatoo E bern comum que as

pais muito ocupados com tarefas cotidianas esqueltam de elogiar

somente lembrando de ralhar quando os ftlhos fazem algo errado Desta

forma as criancas entendem que naD vale a pena fazer tudo certinhon

pois nao recebem aprova9ao A melhor forma de alcan9ar um objetivo

educativo e elogiar incentivar e ressaltar tudo a que a crianca fizer de

positivo

bull Diferenciar premiar de dar coisas materiais - apesar do consumismo

vigente as crianvas ainda valorizam mais urn carinho urn elogio sincero

reconhecimento do esforco do que presentes dinheiro e viagens

Eventualmente pode-se presentear materialmente mas e importante nao

comprarmos as crianras pois desta forma elas aprendem a agir de modo

calculista Se dermos nosso carinho e aprovayao seu ego se fortalecera

sua auto-estima se elevara e gradualmente a crianya sentira prazer em

agir de forma adequada

bull Fazer com que a crianya assuma as conseqOemcias dos seus atos - com

carinha e naturalidade devemos conversar e agir apontando seus erras e

fazendo com que reftitam sobre as atitudes incorretas antieticas ou

egocentricas tomando 0 cuidado de deixar claro que 0 que desaprovamos

37

sao as atitudes incorretas e naD suas caracteristicas pessoais 5e mesma

ap6s a explica~o a crianca reincidir na atitude incorreta entao e 0

momento de faze-Ia compreender que e responsavel pelos seus atos e

tambem pelas suas conseqGencias Deve-se ressaltar as consequemcias

do ato born carinho aprova~o estimulo etc Como do ato incorreto

desaprova9ilo nao reforyamento deixar de fazer algo que gostam etc

Deve-se ter em mente que as elogios premiacoes bern como as puni90es

devem ser proporcionais ao fato Ou seja e necessario que se tenha born sensa e

equilibrio para que as acoes sejam autenticas e valorizadas pel as criancas

COUTINHO FILHO (2003) tambem sugere algumas possibilidades para

colocar parametros de limites para a crianca

bull Nao coloque limites conforme seus desejos pessoais

bull Demonstre que voce e as demais adultos tambem tern limites a respeitar

bull Diga qual puni9ilo a ser dada para cada limite ultrapassado e nao deixe de

executa-Ia

bull De puniyoes brandas para atitudes brandas e puniyoes pesadas para

atitudes pesadas

bull Deixe claro que a puniyao Eo pelo ate e nao pela pessoa

bull Justifique os motivos do limite Nao faca isso porque nao quero ou nao

gosto nao Eo justificativa

bull Repita quantas vezes for necesstuio

bull Use sua autoridade sem provocar submissao e mal estar

bull Use da afetividade para impor limites

38

ZAGURY (2001) destaca pontos importantes para nao perder a autoridade

perante os filhos

bull Cumpra 0 que disse (seja premia ou conseqOemcia) ou seja ameacou

execute prometeu faya

bull Seja coerente 0 que nao pode nao pode nunca (salvo raras excessoes)

nao mude de atitude como quem mud a de roupa (au de acordo com 0 seu

humor)

bull Faya com que seus filhos gradualmente assumam responsabilidades

Deixe que eles participem das decisoes sabre premios ou conseqOeuromcias

- isto ajuda a amadurecer e compromete a crianca e as jovens que

aderem mais ao que ajudam a construir (mesma que sejam sans6es para

eles proprios)

bull Cuidado com 0 que diz e com 0 modo como diz - critique 0 ato nunca a

pessoa ou a personalidade de seus filhos Trate somente do assunto que

S8 esta analisando no momento naD desenterre coisas do passado sem

necessidade Nao fique com pena da crianya se ela chorar ficar triste

nao talar com voce E melhor ela ficar triste hoje mas aprender a respeitar

o pr6ximo a 5i propria e a palavra empenhada do que sofrer futuramente

nos seus relacionamentos interpessoais

Segundo TIBA(2002) os filhos nao vem com manual pois eles mesmos sao 0

manual au seja cada criancaencerra uma individualidade e a cada dia os pais irao

aprendendo com cada filho E importante neste aprendizado os pais privilegiarem 0

desenvolvimento relacional atraves de um procedimento basico que deve ser

aplicado a cada fllho Para TBA (2002) ese procedimento e valido para qualquer

39

relacionamento entre pessoas de qualquer idade mas que e relevante na formaC8o

da auto-estima da criancadesde 0 seu nascimento Para 0 atendimento integral a

uma crian9 sao cinco os passos parar ouvir olhar pensar e agir (TIBA 2002

p127)

TIBA (2002) descreve os cinco passos da seguinte forma

1 Parar - parar 0 que estiver fazendo ou pensando e dar atenyao total acriancaCasa naD possa parar naquele exato momento vale colaear uma

das maos no ombro da crian9 enquanto diz que logo vai atende-Ia A

crianya deve ficar esperando ali juntinho de voce Pode ser que ela queira

sair para voltar logo depois Se a iniciativa de sair for da crianca a

responsabilidade de voltar sera dela Mas deve evitar ao maximo dizer

para a crianca ocupar-se com Dutra caisa enquanto voce termina 0 que

esta fazendo Nem sempre ela volta outra vez pelo mesmo motivo E

tambem fundamental deixar de lado ideias preconcebidas sobre 0 que a

crianca vai fatar Se voce pensa ~Iavern aquela chata me encher Dutra

vez seu cerebro ja esta preenchido em parte com esse pensamento e

voce perde a chance de atende-Ia integralmente

2 Ouvir - e a parte racional Os pais devem olhar no funda dos ahos da

crianca como se a Duvissem com as ahos A criany8 precisa aprender a

se expressar Nao se deve tentar adivinhar 0 que ela quer Quando pede

alguma coisa esta desenvolvendo sua capacidade de pensar de formular

uma pergunta e de se expressar para que outras pessoas possam

compreende-Ia

3 Olhar - e a parte instintiva Num piscar de olhos uma pessoa consegue

ver tantas coisas que levaria muito tempo explica-Ias em palavras Tudo 0

40

que se percebe visualmente tambem tem que ser considerado para

compreender a crian9a

4 Pensar - lados os elementos percebidos tanto visualmente quanto

verbal mente mais 0 sentido educativo que se que ira imprimir na forma9ao

da criana devem fazer parte da resposta a ser dada Sentido educativo e

o objetivo a ser atendido com a educaao que esta sendo dada (Quer que

o filho seja egoista Coloque-o sempre em primeiro lugar em detrimento

dos outros e diga sim a todos os seus desejos Quer que ele seja feliz

Ajude-o a desenvolver a satisfailo pelo que e e pelo que consegue fazer

a tolerimcia a compreensao dos Qutrosa vontade de ajudar a quem pede

e a etica do bem)

5 Agir - essa aao ou resposta deve ser bem clara e objetiva Melhor ainda

se voce puder se assegurar de que a crianca real mente saciou sua

vontade

E importante ressaltar que os cinco passos devem ser utilizados em todas as

situayaes desde 0 tombo da crian98 pequena ate quando a crian98 crescer Ao se

utilizar este procedimento basico as atitudes dos pais tendem a ser coerentes Par

exemplo se uma crianca calr naD e necessaria as pais sairem desesperados em

todas Situ8COeS mas avaiar se 0 tombo foi grave QU se foi urn tombinho que naD

precisa de maiores cuidados Tambem as pais naD devem sair dizendo que chao

feio que passa a falsa ideia que 0 chao e culpado pelo seu tombo a criana tem

que aprender que ela deve ter cuidado Se ela se choca uma ou duas vezes numa

mesa ela aprende a ter cuidado por sua pr6pria experiencia TIBA (2002 p133)

41

destaca que a afobayao e a reacao exagerada dos pais geram inseguran9a na

crianca

Outre fato bastante comum e as pais deixarem as ftlhos ganharem jogos par

exemplo tentando agrada-Ios mesmo que os deseduquem As crian9as tern uma

sabedoria natural Brincam e competem de acordo com as conhecimentos e as

capacita90es de que disp6ern E mais facil para 0 pai brincar como se fosse crian98

e deixar 0 filho ganhar sempre Esse comportamento contudo da a crianca uma

visao irreal do que e jogar Ganha-se algumas vezes perde-se outras (TIBA 2002

p136) Ou seja e mais educativ~ para a criana descobrir que podemos ser bons

em algumas caisas mas nao em tudo Passa-se uma experiencia da realidade para

a crianC8

TIBA (2002) tambem cita 0 caso de colocar a crian9a no colo enquanto se

dirige urn carro A crianC8 tern a falsa sensacao de que comanda 0 veiculo mas issa

nao passa de urn poder irreal Ao dirigir urn carrinho de brinquedo ela poderia de fato

se sentir poderosa IS50 sem falar que quando 0 filho crescer ao 15 anos par

exempla vai querer sair com 0 carro do pai mesmo sem poder Mas quando era

criancaeu podia

o caso classico da criancaquerer dormir com os pais tambem e abordado por

TIBA (2002) segundo 0 autor 0 ideal e que desde bebe a crian9a deve aprender a

dorrnir no seu lugar mesmo que ache mais gostoso aninhar-se entre os pais Ir cada

urn para sua cama da 0 sentido de que cada urn tem seu territorio ai tambem

estamos delimitando limites onde sao respeitados 0 so no e 0 espacode cada urn

Crian~asmaiores que ja andam devem ter um lugar (ou quarto) proprio para dormirMesmo que ocasionalmente adorme~am na cama dos pais e importante que sejamlevadas a sua cama para que acordem la Nao devem adquirir 0 habito de dormir nacama dos pais Tenha paciencia e fale claro em born tom olhando seriamente nofundo dos olhinhos dela ~Cada coisa no seu lugar cada pessoa na sua cama~

42

Quando a crian(f3 percebe que 0 limite e coisa sena e vai ser cumprido procura seajustar(lIBA 2002p115)

OLIVEIRA (1999 p120) enumera as diversos problemas que causam a fato

dos filhos permanecem no quarto dos pais na hora de dormir considerando-as de

difieil recupera~aoposterior

1 Faita de valorizayilo da privacidade tanto do casal como da crianya

2 Mantem a relacao simbi6tica au seja a li98980 existente entre mae e

bebe prejudicando 0 desenvolvimento emocional da crian93

3 A crianya tende a formar relayao de dependencia da protey80 e da

preseny8 dos pais ate mesma durante 0 sono

4 Quando chegar a fase em que a crianca elege entre 0 pai e a mae 0 seu

preferido tenta afastar 0 autro esticando-se e virando-se na cama de

modo a deixar a preterido desconfortavel a ponto deste mudar de lugar

sair da cama e ate mesma do quarto

E importante ressaltar que sempre as regras devem ser claras e naD sujeitas

a mudancas pois a organizacao interna dos filhos fica muito prejudicada se dormir

au nao na cama dos pais se transforma numa possibilidade que depende apenas do

humor dos pais ou de quanto 0 filho se recusa a dormir sozinho (chorando

acordando diversas vezes etc) A crian9a com autonomia de sono e mais

independente e feliz (TIBA 2002 p116)

Enfatiza-se que na maiaria dos casas as pais permitem que as criancas

fiquem ate mais tarde no quarto deles nao e par uma exigemcia ou necessidade da

crianya mas par alguma deficiencia desequilibrio au imaturidade dos proprios pais

(OLIVEIRA 1999 p122)

43

Em relaiio ao choro da crian9l ressalta-se que ha dois tipos de choro 0 que

expressa dor e 0 que busca pader

Se 0 filho descobrir que pade usar a chom como fonte de poder as pais estaoperdidos Nunca mais saberao dizer se ele chara par dar au poder Urn chore depoder Necessita dos olhos e dos ouvidos de quem se quer dominar Ingenua acrianya que usa 0 choro como pader para imediatamente apes conseguir 0 que querOai a importancia de as pais ficarem atentos para nao ser manipulados (TIBA 2002p158)

o choro que apela para 0 lade coitadinho inspira ternura Eo urn tipo de

manipula9ao que busca 0 dominio pela chantagem aletiva Eo dilicil neutralizar 0 uso

do choro como arma

Segundo liSA (2002 p159) Urn pouco de dor nao matara a crian9a assim

como urn poueD de pader nao matara as pais ( ) Se traumas infantis matassem a

humanidade estaria extinta Nao ha filho que nao tenha side contrariado A imensa

maioria deles tern condi90es de agOentar contrariedades 0 autor destaca que pais

que sao soHcitos ao extrema nao trayam um born e segura trajeto para seguir 0

resultado e que a crianya fica insegura pais perde a confianca neles ela pressente

que as pais nao tern firmeza nas suas decisoes e sao manipulaveis

Deve-se tomar cuidado com as exageros urn erro cometido pelos pais

desde que nao seja baseado na violencia em surras socas e pontapes naa traz

problema nenhum Atos como esses descarregam a raiva mas nao tern forlta

educativa pois violmcia s6 gera violencia (liSA 2002 p159)

Em rela9aOaos pais lazerem as tarelas pelos filhos ou ainda pior comprar os

resultados ressalta-se que este tipo de atitude nao ajuda a crianlta cria

dependencia e compromete 0 desenvolvimento escolar Alem disso as pais acabam

privando os filhos do gosto de uma conquista dando uma mensagem subliminar de

que eles sao incapazes Os pais nao devem privar os filhos do gosto de uma

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

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WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

Page 35: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

32

Como foi sugerido para a mae na sessao passada ela ficou ats do espelho

para ver como a filha interagia e poder verificar qual seria a melhor forma de lidar

com ela

A decima segunda sessao foi destinada a mae para verificar como estava 0

comportamento de F fora da terapia Ela comentou que 0 comportamento da filha

melhorara muito que as tremores 56 ocorriam esporadicamente Foi orientado amae que quando Dcarressem as tremores ela deveria fazer de conta que naD havia

percebido nada

Foram feitas diversas sess6es seguidas mais precisamente da decima

terceira il decima setima com F destinadas a trabalhar regras e limites Este

trabalho foi realizado atraves de acordos com F como por exemplo pedir que ela

escolhesse apenas tres brinquedos da caixa au escolhesse entre desenhar e ouvir

historias au ainda entre conversar e brincar tambem poderia escolher entre brincar

de casinha e desenhar

A decima oitava sessao foi urna sessao diferente pOis foi destinada aprofessora de F para verificar como F estava S8 comportando e se relacionando

com colegas em sala de aula enos interval os A professora levantou a hip6tese de F

ter problemas de aprendizagem pois as atividades escolares dela nao eram

compativeis com a de seus colegas de classe Mas foi constatado atraves das

atividades que eram enviadas para serem feitas em casa que 0 que faUava para F

era estimulo pOisseu irmao fazia suas atividades por ela

Foram feitas duas sessoes seguidas (decima nona e vigesimal para

comprovar se havia problemas de aprendizagem com F Sessoes estas de recorte e

colagem e de hist6ria (Cinderela) Com estas atividades pode se constatar que F

33

tern plena capacidade de realizar tarefas sDzinha talvez com uma pequena

orienta9ao quando solicitado por ela

A vigesima primeira foi mais uma sessao dedicada a orient89ao a mae

quando esta mencionou que Festa cada vez melhor seus tremores quando quer

chamar a aten9ao estao diminuindo a cada dia

No vigesimo segundo encontro com F a interven9ao utilizada foi 0 desenho

Eta desenhou margaridas e mencionou que se fosse uma planta queria ser uma

margarida e S8 fosse urn objeto queria ser uma estrela Ja na sessao seguinte que

foi a vigesima terceira a intervencao utilizada foi brincar de casinha cnde F mostrou

a sua intera9ao familiar dizendo que trabalhava em um hotel (como na realidade sua

mae trabalha) 0 marido trabalhava em hotel e seu pai estava muito doente (na

realidade ja e falecido) e tinha muitas dores no corpo

Ate 0 momento foram feitas as vinte e tres sess6es aqui descritas nas quais

a crianya demonstrou significativas mudantas no comportamento

33 ANALISE DO CASO

Inicialmente F nae obedecia fazia de conta que naD escutava e quando

queria algo come9ava a tremer nao obedecendo a regras e limites impostos pelos

respons8veis A mae dizia que a filha ficou assim desde a morte do pai pais este a

bajulava muito fazia tudo 0 que ela desejava

Notou-se que F testava os limites dos adultos para conseguir 0 que desejava

e as pessoas que a cercavam para se livrarem das birras acabavam par fazer 0

que ela queria

34

Na escola nao conseguia se relacionar com os colegas quando a professora

pedia para fazer alguma atividade F lazia do jeito que queria

A mae de F fazia as atividades par ela dizendo que ~nao queria tazer como

seus pais naD que eles fassem ruins mas eles naD conversavam e naD tinham

tempo de dar atenC80 e de ensinar as deveres da escola

Durante 0 tratamento F inicialmente demonstrou ser cordata posteriormente

mostrou comportamentos de manipulayM querendo controlar a situayao e

procurando forcar que todos as seus desejos fassem realizados Na presenva da

mae nao obedeceu a nenhuma das ordens dela gritou e ficou clara a dificuldade da

mae em dar limites a filha F mostrava-se muito irritada

Foram feitos contratos com F e passou-se a trabalhar atraves de acordos as

limites Com estas regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela

queria

No tratamento foi fundamental que a mae e as demais pessoas que rodeiam a

crianya modificassem sua forma de agir Foi orienlado a mae que quando

ocorressem as tremores ela devena fazer de conta que nao havia percebido nada

Em sessao com a professora de F constatou-se que a hipotese de

problemas de aprendizagem se apresentava mais em lace da lalta de estimulo para

que esta realizasse suas pr6pnas atividades ao inves de que outras pessoas as

fizessem por ela Foram leitas sessees com a finalidade de comprovar se F tinha

problemas de aprendizagem e verificou-se que esla linha plena capacidade de

realizar as tarefas sozinha Em relayao a interayao familiar F dramatrizou em uma

atividade que sua mae trabalhava em um hotel 0 que correspondia a realidade e 0

marido trabalhava em hotel que seu pai estava muito doenle e tinha muitas dores

35

no corpo quando na realidade seu pai ja era falecido Mostrava com isso a falta que

a funy80 paterna Ihe fazia

A mae de F I numa sessao dedicada a sua orientay8o mencionou que F

estava cada vez melhor e que seus tremores para chamar a atenC80 estavam

diminuindo a cada dia

36

4 ORIENTA~OES AOS PAIS

ZAGURY (2001 p59) na complexa tarefa de dar limites sem ser autocratico

ou seja de como disciplinar sem bater OU sem ser coercitivQ com a crianya sugere

algumas estrategias

bull Premiar ou recompensar a born comportamento - sempre que a crianca

tiver atitudes corretas devemos ressaltar este tatoo E bern comum que as

pais muito ocupados com tarefas cotidianas esqueltam de elogiar

somente lembrando de ralhar quando os ftlhos fazem algo errado Desta

forma as criancas entendem que naD vale a pena fazer tudo certinhon

pois nao recebem aprova9ao A melhor forma de alcan9ar um objetivo

educativo e elogiar incentivar e ressaltar tudo a que a crianca fizer de

positivo

bull Diferenciar premiar de dar coisas materiais - apesar do consumismo

vigente as crianvas ainda valorizam mais urn carinho urn elogio sincero

reconhecimento do esforco do que presentes dinheiro e viagens

Eventualmente pode-se presentear materialmente mas e importante nao

comprarmos as crianras pois desta forma elas aprendem a agir de modo

calculista Se dermos nosso carinho e aprovayao seu ego se fortalecera

sua auto-estima se elevara e gradualmente a crianya sentira prazer em

agir de forma adequada

bull Fazer com que a crianya assuma as conseqOemcias dos seus atos - com

carinha e naturalidade devemos conversar e agir apontando seus erras e

fazendo com que reftitam sobre as atitudes incorretas antieticas ou

egocentricas tomando 0 cuidado de deixar claro que 0 que desaprovamos

37

sao as atitudes incorretas e naD suas caracteristicas pessoais 5e mesma

ap6s a explica~o a crianca reincidir na atitude incorreta entao e 0

momento de faze-Ia compreender que e responsavel pelos seus atos e

tambem pelas suas conseqGencias Deve-se ressaltar as consequemcias

do ato born carinho aprova~o estimulo etc Como do ato incorreto

desaprova9ilo nao reforyamento deixar de fazer algo que gostam etc

Deve-se ter em mente que as elogios premiacoes bern como as puni90es

devem ser proporcionais ao fato Ou seja e necessario que se tenha born sensa e

equilibrio para que as acoes sejam autenticas e valorizadas pel as criancas

COUTINHO FILHO (2003) tambem sugere algumas possibilidades para

colocar parametros de limites para a crianca

bull Nao coloque limites conforme seus desejos pessoais

bull Demonstre que voce e as demais adultos tambem tern limites a respeitar

bull Diga qual puni9ilo a ser dada para cada limite ultrapassado e nao deixe de

executa-Ia

bull De puniyoes brandas para atitudes brandas e puniyoes pesadas para

atitudes pesadas

bull Deixe claro que a puniyao Eo pelo ate e nao pela pessoa

bull Justifique os motivos do limite Nao faca isso porque nao quero ou nao

gosto nao Eo justificativa

bull Repita quantas vezes for necesstuio

bull Use sua autoridade sem provocar submissao e mal estar

bull Use da afetividade para impor limites

38

ZAGURY (2001) destaca pontos importantes para nao perder a autoridade

perante os filhos

bull Cumpra 0 que disse (seja premia ou conseqOemcia) ou seja ameacou

execute prometeu faya

bull Seja coerente 0 que nao pode nao pode nunca (salvo raras excessoes)

nao mude de atitude como quem mud a de roupa (au de acordo com 0 seu

humor)

bull Faya com que seus filhos gradualmente assumam responsabilidades

Deixe que eles participem das decisoes sabre premios ou conseqOeuromcias

- isto ajuda a amadurecer e compromete a crianca e as jovens que

aderem mais ao que ajudam a construir (mesma que sejam sans6es para

eles proprios)

bull Cuidado com 0 que diz e com 0 modo como diz - critique 0 ato nunca a

pessoa ou a personalidade de seus filhos Trate somente do assunto que

S8 esta analisando no momento naD desenterre coisas do passado sem

necessidade Nao fique com pena da crianya se ela chorar ficar triste

nao talar com voce E melhor ela ficar triste hoje mas aprender a respeitar

o pr6ximo a 5i propria e a palavra empenhada do que sofrer futuramente

nos seus relacionamentos interpessoais

Segundo TIBA(2002) os filhos nao vem com manual pois eles mesmos sao 0

manual au seja cada criancaencerra uma individualidade e a cada dia os pais irao

aprendendo com cada filho E importante neste aprendizado os pais privilegiarem 0

desenvolvimento relacional atraves de um procedimento basico que deve ser

aplicado a cada fllho Para TBA (2002) ese procedimento e valido para qualquer

39

relacionamento entre pessoas de qualquer idade mas que e relevante na formaC8o

da auto-estima da criancadesde 0 seu nascimento Para 0 atendimento integral a

uma crian9 sao cinco os passos parar ouvir olhar pensar e agir (TIBA 2002

p127)

TIBA (2002) descreve os cinco passos da seguinte forma

1 Parar - parar 0 que estiver fazendo ou pensando e dar atenyao total acriancaCasa naD possa parar naquele exato momento vale colaear uma

das maos no ombro da crian9 enquanto diz que logo vai atende-Ia A

crianya deve ficar esperando ali juntinho de voce Pode ser que ela queira

sair para voltar logo depois Se a iniciativa de sair for da crianca a

responsabilidade de voltar sera dela Mas deve evitar ao maximo dizer

para a crianca ocupar-se com Dutra caisa enquanto voce termina 0 que

esta fazendo Nem sempre ela volta outra vez pelo mesmo motivo E

tambem fundamental deixar de lado ideias preconcebidas sobre 0 que a

crianca vai fatar Se voce pensa ~Iavern aquela chata me encher Dutra

vez seu cerebro ja esta preenchido em parte com esse pensamento e

voce perde a chance de atende-Ia integralmente

2 Ouvir - e a parte racional Os pais devem olhar no funda dos ahos da

crianca como se a Duvissem com as ahos A criany8 precisa aprender a

se expressar Nao se deve tentar adivinhar 0 que ela quer Quando pede

alguma coisa esta desenvolvendo sua capacidade de pensar de formular

uma pergunta e de se expressar para que outras pessoas possam

compreende-Ia

3 Olhar - e a parte instintiva Num piscar de olhos uma pessoa consegue

ver tantas coisas que levaria muito tempo explica-Ias em palavras Tudo 0

40

que se percebe visualmente tambem tem que ser considerado para

compreender a crian9a

4 Pensar - lados os elementos percebidos tanto visualmente quanto

verbal mente mais 0 sentido educativo que se que ira imprimir na forma9ao

da criana devem fazer parte da resposta a ser dada Sentido educativo e

o objetivo a ser atendido com a educaao que esta sendo dada (Quer que

o filho seja egoista Coloque-o sempre em primeiro lugar em detrimento

dos outros e diga sim a todos os seus desejos Quer que ele seja feliz

Ajude-o a desenvolver a satisfailo pelo que e e pelo que consegue fazer

a tolerimcia a compreensao dos Qutrosa vontade de ajudar a quem pede

e a etica do bem)

5 Agir - essa aao ou resposta deve ser bem clara e objetiva Melhor ainda

se voce puder se assegurar de que a crianca real mente saciou sua

vontade

E importante ressaltar que os cinco passos devem ser utilizados em todas as

situayaes desde 0 tombo da crian98 pequena ate quando a crian98 crescer Ao se

utilizar este procedimento basico as atitudes dos pais tendem a ser coerentes Par

exemplo se uma crianca calr naD e necessaria as pais sairem desesperados em

todas Situ8COeS mas avaiar se 0 tombo foi grave QU se foi urn tombinho que naD

precisa de maiores cuidados Tambem as pais naD devem sair dizendo que chao

feio que passa a falsa ideia que 0 chao e culpado pelo seu tombo a criana tem

que aprender que ela deve ter cuidado Se ela se choca uma ou duas vezes numa

mesa ela aprende a ter cuidado por sua pr6pria experiencia TIBA (2002 p133)

41

destaca que a afobayao e a reacao exagerada dos pais geram inseguran9a na

crianca

Outre fato bastante comum e as pais deixarem as ftlhos ganharem jogos par

exemplo tentando agrada-Ios mesmo que os deseduquem As crian9as tern uma

sabedoria natural Brincam e competem de acordo com as conhecimentos e as

capacita90es de que disp6ern E mais facil para 0 pai brincar como se fosse crian98

e deixar 0 filho ganhar sempre Esse comportamento contudo da a crianca uma

visao irreal do que e jogar Ganha-se algumas vezes perde-se outras (TIBA 2002

p136) Ou seja e mais educativ~ para a criana descobrir que podemos ser bons

em algumas caisas mas nao em tudo Passa-se uma experiencia da realidade para

a crianC8

TIBA (2002) tambem cita 0 caso de colocar a crian9a no colo enquanto se

dirige urn carro A crianC8 tern a falsa sensacao de que comanda 0 veiculo mas issa

nao passa de urn poder irreal Ao dirigir urn carrinho de brinquedo ela poderia de fato

se sentir poderosa IS50 sem falar que quando 0 filho crescer ao 15 anos par

exempla vai querer sair com 0 carro do pai mesmo sem poder Mas quando era

criancaeu podia

o caso classico da criancaquerer dormir com os pais tambem e abordado por

TIBA (2002) segundo 0 autor 0 ideal e que desde bebe a crian9a deve aprender a

dorrnir no seu lugar mesmo que ache mais gostoso aninhar-se entre os pais Ir cada

urn para sua cama da 0 sentido de que cada urn tem seu territorio ai tambem

estamos delimitando limites onde sao respeitados 0 so no e 0 espacode cada urn

Crian~asmaiores que ja andam devem ter um lugar (ou quarto) proprio para dormirMesmo que ocasionalmente adorme~am na cama dos pais e importante que sejamlevadas a sua cama para que acordem la Nao devem adquirir 0 habito de dormir nacama dos pais Tenha paciencia e fale claro em born tom olhando seriamente nofundo dos olhinhos dela ~Cada coisa no seu lugar cada pessoa na sua cama~

42

Quando a crian(f3 percebe que 0 limite e coisa sena e vai ser cumprido procura seajustar(lIBA 2002p115)

OLIVEIRA (1999 p120) enumera as diversos problemas que causam a fato

dos filhos permanecem no quarto dos pais na hora de dormir considerando-as de

difieil recupera~aoposterior

1 Faita de valorizayilo da privacidade tanto do casal como da crianya

2 Mantem a relacao simbi6tica au seja a li98980 existente entre mae e

bebe prejudicando 0 desenvolvimento emocional da crian93

3 A crianya tende a formar relayao de dependencia da protey80 e da

preseny8 dos pais ate mesma durante 0 sono

4 Quando chegar a fase em que a crianca elege entre 0 pai e a mae 0 seu

preferido tenta afastar 0 autro esticando-se e virando-se na cama de

modo a deixar a preterido desconfortavel a ponto deste mudar de lugar

sair da cama e ate mesma do quarto

E importante ressaltar que sempre as regras devem ser claras e naD sujeitas

a mudancas pois a organizacao interna dos filhos fica muito prejudicada se dormir

au nao na cama dos pais se transforma numa possibilidade que depende apenas do

humor dos pais ou de quanto 0 filho se recusa a dormir sozinho (chorando

acordando diversas vezes etc) A crian9a com autonomia de sono e mais

independente e feliz (TIBA 2002 p116)

Enfatiza-se que na maiaria dos casas as pais permitem que as criancas

fiquem ate mais tarde no quarto deles nao e par uma exigemcia ou necessidade da

crianya mas par alguma deficiencia desequilibrio au imaturidade dos proprios pais

(OLIVEIRA 1999 p122)

43

Em relaiio ao choro da crian9l ressalta-se que ha dois tipos de choro 0 que

expressa dor e 0 que busca pader

Se 0 filho descobrir que pade usar a chom como fonte de poder as pais estaoperdidos Nunca mais saberao dizer se ele chara par dar au poder Urn chore depoder Necessita dos olhos e dos ouvidos de quem se quer dominar Ingenua acrianya que usa 0 choro como pader para imediatamente apes conseguir 0 que querOai a importancia de as pais ficarem atentos para nao ser manipulados (TIBA 2002p158)

o choro que apela para 0 lade coitadinho inspira ternura Eo urn tipo de

manipula9ao que busca 0 dominio pela chantagem aletiva Eo dilicil neutralizar 0 uso

do choro como arma

Segundo liSA (2002 p159) Urn pouco de dor nao matara a crian9a assim

como urn poueD de pader nao matara as pais ( ) Se traumas infantis matassem a

humanidade estaria extinta Nao ha filho que nao tenha side contrariado A imensa

maioria deles tern condi90es de agOentar contrariedades 0 autor destaca que pais

que sao soHcitos ao extrema nao trayam um born e segura trajeto para seguir 0

resultado e que a crianya fica insegura pais perde a confianca neles ela pressente

que as pais nao tern firmeza nas suas decisoes e sao manipulaveis

Deve-se tomar cuidado com as exageros urn erro cometido pelos pais

desde que nao seja baseado na violencia em surras socas e pontapes naa traz

problema nenhum Atos como esses descarregam a raiva mas nao tern forlta

educativa pois violmcia s6 gera violencia (liSA 2002 p159)

Em rela9aOaos pais lazerem as tarelas pelos filhos ou ainda pior comprar os

resultados ressalta-se que este tipo de atitude nao ajuda a crianlta cria

dependencia e compromete 0 desenvolvimento escolar Alem disso as pais acabam

privando os filhos do gosto de uma conquista dando uma mensagem subliminar de

que eles sao incapazes Os pais nao devem privar os filhos do gosto de uma

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

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ZAGURY T Educar sem culpa a genese da etica 15 ed Rio de Janeiro Record2000

__ Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sabre a tirania dosfilhos 15 ed Rio de Janeiro Record 2000

Limites sem trauma - construindo cidadaos 25 ed Rio de JaneiroRecord2001

WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

Page 36: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

33

tern plena capacidade de realizar tarefas sDzinha talvez com uma pequena

orienta9ao quando solicitado por ela

A vigesima primeira foi mais uma sessao dedicada a orient89ao a mae

quando esta mencionou que Festa cada vez melhor seus tremores quando quer

chamar a aten9ao estao diminuindo a cada dia

No vigesimo segundo encontro com F a interven9ao utilizada foi 0 desenho

Eta desenhou margaridas e mencionou que se fosse uma planta queria ser uma

margarida e S8 fosse urn objeto queria ser uma estrela Ja na sessao seguinte que

foi a vigesima terceira a intervencao utilizada foi brincar de casinha cnde F mostrou

a sua intera9ao familiar dizendo que trabalhava em um hotel (como na realidade sua

mae trabalha) 0 marido trabalhava em hotel e seu pai estava muito doente (na

realidade ja e falecido) e tinha muitas dores no corpo

Ate 0 momento foram feitas as vinte e tres sess6es aqui descritas nas quais

a crianya demonstrou significativas mudantas no comportamento

33 ANALISE DO CASO

Inicialmente F nae obedecia fazia de conta que naD escutava e quando

queria algo come9ava a tremer nao obedecendo a regras e limites impostos pelos

respons8veis A mae dizia que a filha ficou assim desde a morte do pai pais este a

bajulava muito fazia tudo 0 que ela desejava

Notou-se que F testava os limites dos adultos para conseguir 0 que desejava

e as pessoas que a cercavam para se livrarem das birras acabavam par fazer 0

que ela queria

34

Na escola nao conseguia se relacionar com os colegas quando a professora

pedia para fazer alguma atividade F lazia do jeito que queria

A mae de F fazia as atividades par ela dizendo que ~nao queria tazer como

seus pais naD que eles fassem ruins mas eles naD conversavam e naD tinham

tempo de dar atenC80 e de ensinar as deveres da escola

Durante 0 tratamento F inicialmente demonstrou ser cordata posteriormente

mostrou comportamentos de manipulayM querendo controlar a situayao e

procurando forcar que todos as seus desejos fassem realizados Na presenva da

mae nao obedeceu a nenhuma das ordens dela gritou e ficou clara a dificuldade da

mae em dar limites a filha F mostrava-se muito irritada

Foram feitos contratos com F e passou-se a trabalhar atraves de acordos as

limites Com estas regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela

queria

No tratamento foi fundamental que a mae e as demais pessoas que rodeiam a

crianya modificassem sua forma de agir Foi orienlado a mae que quando

ocorressem as tremores ela devena fazer de conta que nao havia percebido nada

Em sessao com a professora de F constatou-se que a hipotese de

problemas de aprendizagem se apresentava mais em lace da lalta de estimulo para

que esta realizasse suas pr6pnas atividades ao inves de que outras pessoas as

fizessem por ela Foram leitas sessees com a finalidade de comprovar se F tinha

problemas de aprendizagem e verificou-se que esla linha plena capacidade de

realizar as tarefas sozinha Em relayao a interayao familiar F dramatrizou em uma

atividade que sua mae trabalhava em um hotel 0 que correspondia a realidade e 0

marido trabalhava em hotel que seu pai estava muito doenle e tinha muitas dores

35

no corpo quando na realidade seu pai ja era falecido Mostrava com isso a falta que

a funy80 paterna Ihe fazia

A mae de F I numa sessao dedicada a sua orientay8o mencionou que F

estava cada vez melhor e que seus tremores para chamar a atenC80 estavam

diminuindo a cada dia

36

4 ORIENTA~OES AOS PAIS

ZAGURY (2001 p59) na complexa tarefa de dar limites sem ser autocratico

ou seja de como disciplinar sem bater OU sem ser coercitivQ com a crianya sugere

algumas estrategias

bull Premiar ou recompensar a born comportamento - sempre que a crianca

tiver atitudes corretas devemos ressaltar este tatoo E bern comum que as

pais muito ocupados com tarefas cotidianas esqueltam de elogiar

somente lembrando de ralhar quando os ftlhos fazem algo errado Desta

forma as criancas entendem que naD vale a pena fazer tudo certinhon

pois nao recebem aprova9ao A melhor forma de alcan9ar um objetivo

educativo e elogiar incentivar e ressaltar tudo a que a crianca fizer de

positivo

bull Diferenciar premiar de dar coisas materiais - apesar do consumismo

vigente as crianvas ainda valorizam mais urn carinho urn elogio sincero

reconhecimento do esforco do que presentes dinheiro e viagens

Eventualmente pode-se presentear materialmente mas e importante nao

comprarmos as crianras pois desta forma elas aprendem a agir de modo

calculista Se dermos nosso carinho e aprovayao seu ego se fortalecera

sua auto-estima se elevara e gradualmente a crianya sentira prazer em

agir de forma adequada

bull Fazer com que a crianya assuma as conseqOemcias dos seus atos - com

carinha e naturalidade devemos conversar e agir apontando seus erras e

fazendo com que reftitam sobre as atitudes incorretas antieticas ou

egocentricas tomando 0 cuidado de deixar claro que 0 que desaprovamos

37

sao as atitudes incorretas e naD suas caracteristicas pessoais 5e mesma

ap6s a explica~o a crianca reincidir na atitude incorreta entao e 0

momento de faze-Ia compreender que e responsavel pelos seus atos e

tambem pelas suas conseqGencias Deve-se ressaltar as consequemcias

do ato born carinho aprova~o estimulo etc Como do ato incorreto

desaprova9ilo nao reforyamento deixar de fazer algo que gostam etc

Deve-se ter em mente que as elogios premiacoes bern como as puni90es

devem ser proporcionais ao fato Ou seja e necessario que se tenha born sensa e

equilibrio para que as acoes sejam autenticas e valorizadas pel as criancas

COUTINHO FILHO (2003) tambem sugere algumas possibilidades para

colocar parametros de limites para a crianca

bull Nao coloque limites conforme seus desejos pessoais

bull Demonstre que voce e as demais adultos tambem tern limites a respeitar

bull Diga qual puni9ilo a ser dada para cada limite ultrapassado e nao deixe de

executa-Ia

bull De puniyoes brandas para atitudes brandas e puniyoes pesadas para

atitudes pesadas

bull Deixe claro que a puniyao Eo pelo ate e nao pela pessoa

bull Justifique os motivos do limite Nao faca isso porque nao quero ou nao

gosto nao Eo justificativa

bull Repita quantas vezes for necesstuio

bull Use sua autoridade sem provocar submissao e mal estar

bull Use da afetividade para impor limites

38

ZAGURY (2001) destaca pontos importantes para nao perder a autoridade

perante os filhos

bull Cumpra 0 que disse (seja premia ou conseqOemcia) ou seja ameacou

execute prometeu faya

bull Seja coerente 0 que nao pode nao pode nunca (salvo raras excessoes)

nao mude de atitude como quem mud a de roupa (au de acordo com 0 seu

humor)

bull Faya com que seus filhos gradualmente assumam responsabilidades

Deixe que eles participem das decisoes sabre premios ou conseqOeuromcias

- isto ajuda a amadurecer e compromete a crianca e as jovens que

aderem mais ao que ajudam a construir (mesma que sejam sans6es para

eles proprios)

bull Cuidado com 0 que diz e com 0 modo como diz - critique 0 ato nunca a

pessoa ou a personalidade de seus filhos Trate somente do assunto que

S8 esta analisando no momento naD desenterre coisas do passado sem

necessidade Nao fique com pena da crianya se ela chorar ficar triste

nao talar com voce E melhor ela ficar triste hoje mas aprender a respeitar

o pr6ximo a 5i propria e a palavra empenhada do que sofrer futuramente

nos seus relacionamentos interpessoais

Segundo TIBA(2002) os filhos nao vem com manual pois eles mesmos sao 0

manual au seja cada criancaencerra uma individualidade e a cada dia os pais irao

aprendendo com cada filho E importante neste aprendizado os pais privilegiarem 0

desenvolvimento relacional atraves de um procedimento basico que deve ser

aplicado a cada fllho Para TBA (2002) ese procedimento e valido para qualquer

39

relacionamento entre pessoas de qualquer idade mas que e relevante na formaC8o

da auto-estima da criancadesde 0 seu nascimento Para 0 atendimento integral a

uma crian9 sao cinco os passos parar ouvir olhar pensar e agir (TIBA 2002

p127)

TIBA (2002) descreve os cinco passos da seguinte forma

1 Parar - parar 0 que estiver fazendo ou pensando e dar atenyao total acriancaCasa naD possa parar naquele exato momento vale colaear uma

das maos no ombro da crian9 enquanto diz que logo vai atende-Ia A

crianya deve ficar esperando ali juntinho de voce Pode ser que ela queira

sair para voltar logo depois Se a iniciativa de sair for da crianca a

responsabilidade de voltar sera dela Mas deve evitar ao maximo dizer

para a crianca ocupar-se com Dutra caisa enquanto voce termina 0 que

esta fazendo Nem sempre ela volta outra vez pelo mesmo motivo E

tambem fundamental deixar de lado ideias preconcebidas sobre 0 que a

crianca vai fatar Se voce pensa ~Iavern aquela chata me encher Dutra

vez seu cerebro ja esta preenchido em parte com esse pensamento e

voce perde a chance de atende-Ia integralmente

2 Ouvir - e a parte racional Os pais devem olhar no funda dos ahos da

crianca como se a Duvissem com as ahos A criany8 precisa aprender a

se expressar Nao se deve tentar adivinhar 0 que ela quer Quando pede

alguma coisa esta desenvolvendo sua capacidade de pensar de formular

uma pergunta e de se expressar para que outras pessoas possam

compreende-Ia

3 Olhar - e a parte instintiva Num piscar de olhos uma pessoa consegue

ver tantas coisas que levaria muito tempo explica-Ias em palavras Tudo 0

40

que se percebe visualmente tambem tem que ser considerado para

compreender a crian9a

4 Pensar - lados os elementos percebidos tanto visualmente quanto

verbal mente mais 0 sentido educativo que se que ira imprimir na forma9ao

da criana devem fazer parte da resposta a ser dada Sentido educativo e

o objetivo a ser atendido com a educaao que esta sendo dada (Quer que

o filho seja egoista Coloque-o sempre em primeiro lugar em detrimento

dos outros e diga sim a todos os seus desejos Quer que ele seja feliz

Ajude-o a desenvolver a satisfailo pelo que e e pelo que consegue fazer

a tolerimcia a compreensao dos Qutrosa vontade de ajudar a quem pede

e a etica do bem)

5 Agir - essa aao ou resposta deve ser bem clara e objetiva Melhor ainda

se voce puder se assegurar de que a crianca real mente saciou sua

vontade

E importante ressaltar que os cinco passos devem ser utilizados em todas as

situayaes desde 0 tombo da crian98 pequena ate quando a crian98 crescer Ao se

utilizar este procedimento basico as atitudes dos pais tendem a ser coerentes Par

exemplo se uma crianca calr naD e necessaria as pais sairem desesperados em

todas Situ8COeS mas avaiar se 0 tombo foi grave QU se foi urn tombinho que naD

precisa de maiores cuidados Tambem as pais naD devem sair dizendo que chao

feio que passa a falsa ideia que 0 chao e culpado pelo seu tombo a criana tem

que aprender que ela deve ter cuidado Se ela se choca uma ou duas vezes numa

mesa ela aprende a ter cuidado por sua pr6pria experiencia TIBA (2002 p133)

41

destaca que a afobayao e a reacao exagerada dos pais geram inseguran9a na

crianca

Outre fato bastante comum e as pais deixarem as ftlhos ganharem jogos par

exemplo tentando agrada-Ios mesmo que os deseduquem As crian9as tern uma

sabedoria natural Brincam e competem de acordo com as conhecimentos e as

capacita90es de que disp6ern E mais facil para 0 pai brincar como se fosse crian98

e deixar 0 filho ganhar sempre Esse comportamento contudo da a crianca uma

visao irreal do que e jogar Ganha-se algumas vezes perde-se outras (TIBA 2002

p136) Ou seja e mais educativ~ para a criana descobrir que podemos ser bons

em algumas caisas mas nao em tudo Passa-se uma experiencia da realidade para

a crianC8

TIBA (2002) tambem cita 0 caso de colocar a crian9a no colo enquanto se

dirige urn carro A crianC8 tern a falsa sensacao de que comanda 0 veiculo mas issa

nao passa de urn poder irreal Ao dirigir urn carrinho de brinquedo ela poderia de fato

se sentir poderosa IS50 sem falar que quando 0 filho crescer ao 15 anos par

exempla vai querer sair com 0 carro do pai mesmo sem poder Mas quando era

criancaeu podia

o caso classico da criancaquerer dormir com os pais tambem e abordado por

TIBA (2002) segundo 0 autor 0 ideal e que desde bebe a crian9a deve aprender a

dorrnir no seu lugar mesmo que ache mais gostoso aninhar-se entre os pais Ir cada

urn para sua cama da 0 sentido de que cada urn tem seu territorio ai tambem

estamos delimitando limites onde sao respeitados 0 so no e 0 espacode cada urn

Crian~asmaiores que ja andam devem ter um lugar (ou quarto) proprio para dormirMesmo que ocasionalmente adorme~am na cama dos pais e importante que sejamlevadas a sua cama para que acordem la Nao devem adquirir 0 habito de dormir nacama dos pais Tenha paciencia e fale claro em born tom olhando seriamente nofundo dos olhinhos dela ~Cada coisa no seu lugar cada pessoa na sua cama~

42

Quando a crian(f3 percebe que 0 limite e coisa sena e vai ser cumprido procura seajustar(lIBA 2002p115)

OLIVEIRA (1999 p120) enumera as diversos problemas que causam a fato

dos filhos permanecem no quarto dos pais na hora de dormir considerando-as de

difieil recupera~aoposterior

1 Faita de valorizayilo da privacidade tanto do casal como da crianya

2 Mantem a relacao simbi6tica au seja a li98980 existente entre mae e

bebe prejudicando 0 desenvolvimento emocional da crian93

3 A crianya tende a formar relayao de dependencia da protey80 e da

preseny8 dos pais ate mesma durante 0 sono

4 Quando chegar a fase em que a crianca elege entre 0 pai e a mae 0 seu

preferido tenta afastar 0 autro esticando-se e virando-se na cama de

modo a deixar a preterido desconfortavel a ponto deste mudar de lugar

sair da cama e ate mesma do quarto

E importante ressaltar que sempre as regras devem ser claras e naD sujeitas

a mudancas pois a organizacao interna dos filhos fica muito prejudicada se dormir

au nao na cama dos pais se transforma numa possibilidade que depende apenas do

humor dos pais ou de quanto 0 filho se recusa a dormir sozinho (chorando

acordando diversas vezes etc) A crian9a com autonomia de sono e mais

independente e feliz (TIBA 2002 p116)

Enfatiza-se que na maiaria dos casas as pais permitem que as criancas

fiquem ate mais tarde no quarto deles nao e par uma exigemcia ou necessidade da

crianya mas par alguma deficiencia desequilibrio au imaturidade dos proprios pais

(OLIVEIRA 1999 p122)

43

Em relaiio ao choro da crian9l ressalta-se que ha dois tipos de choro 0 que

expressa dor e 0 que busca pader

Se 0 filho descobrir que pade usar a chom como fonte de poder as pais estaoperdidos Nunca mais saberao dizer se ele chara par dar au poder Urn chore depoder Necessita dos olhos e dos ouvidos de quem se quer dominar Ingenua acrianya que usa 0 choro como pader para imediatamente apes conseguir 0 que querOai a importancia de as pais ficarem atentos para nao ser manipulados (TIBA 2002p158)

o choro que apela para 0 lade coitadinho inspira ternura Eo urn tipo de

manipula9ao que busca 0 dominio pela chantagem aletiva Eo dilicil neutralizar 0 uso

do choro como arma

Segundo liSA (2002 p159) Urn pouco de dor nao matara a crian9a assim

como urn poueD de pader nao matara as pais ( ) Se traumas infantis matassem a

humanidade estaria extinta Nao ha filho que nao tenha side contrariado A imensa

maioria deles tern condi90es de agOentar contrariedades 0 autor destaca que pais

que sao soHcitos ao extrema nao trayam um born e segura trajeto para seguir 0

resultado e que a crianya fica insegura pais perde a confianca neles ela pressente

que as pais nao tern firmeza nas suas decisoes e sao manipulaveis

Deve-se tomar cuidado com as exageros urn erro cometido pelos pais

desde que nao seja baseado na violencia em surras socas e pontapes naa traz

problema nenhum Atos como esses descarregam a raiva mas nao tern forlta

educativa pois violmcia s6 gera violencia (liSA 2002 p159)

Em rela9aOaos pais lazerem as tarelas pelos filhos ou ainda pior comprar os

resultados ressalta-se que este tipo de atitude nao ajuda a crianlta cria

dependencia e compromete 0 desenvolvimento escolar Alem disso as pais acabam

privando os filhos do gosto de uma conquista dando uma mensagem subliminar de

que eles sao incapazes Os pais nao devem privar os filhos do gosto de uma

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

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50

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ZAGURY T Educar sem culpa a genese da etica 15 ed Rio de Janeiro Record2000

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WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

Page 37: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

34

Na escola nao conseguia se relacionar com os colegas quando a professora

pedia para fazer alguma atividade F lazia do jeito que queria

A mae de F fazia as atividades par ela dizendo que ~nao queria tazer como

seus pais naD que eles fassem ruins mas eles naD conversavam e naD tinham

tempo de dar atenC80 e de ensinar as deveres da escola

Durante 0 tratamento F inicialmente demonstrou ser cordata posteriormente

mostrou comportamentos de manipulayM querendo controlar a situayao e

procurando forcar que todos as seus desejos fassem realizados Na presenva da

mae nao obedeceu a nenhuma das ordens dela gritou e ficou clara a dificuldade da

mae em dar limites a filha F mostrava-se muito irritada

Foram feitos contratos com F e passou-se a trabalhar atraves de acordos as

limites Com estas regras F foi compreendendo que nem tudo poderia ser como ela

queria

No tratamento foi fundamental que a mae e as demais pessoas que rodeiam a

crianya modificassem sua forma de agir Foi orienlado a mae que quando

ocorressem as tremores ela devena fazer de conta que nao havia percebido nada

Em sessao com a professora de F constatou-se que a hipotese de

problemas de aprendizagem se apresentava mais em lace da lalta de estimulo para

que esta realizasse suas pr6pnas atividades ao inves de que outras pessoas as

fizessem por ela Foram leitas sessees com a finalidade de comprovar se F tinha

problemas de aprendizagem e verificou-se que esla linha plena capacidade de

realizar as tarefas sozinha Em relayao a interayao familiar F dramatrizou em uma

atividade que sua mae trabalhava em um hotel 0 que correspondia a realidade e 0

marido trabalhava em hotel que seu pai estava muito doenle e tinha muitas dores

35

no corpo quando na realidade seu pai ja era falecido Mostrava com isso a falta que

a funy80 paterna Ihe fazia

A mae de F I numa sessao dedicada a sua orientay8o mencionou que F

estava cada vez melhor e que seus tremores para chamar a atenC80 estavam

diminuindo a cada dia

36

4 ORIENTA~OES AOS PAIS

ZAGURY (2001 p59) na complexa tarefa de dar limites sem ser autocratico

ou seja de como disciplinar sem bater OU sem ser coercitivQ com a crianya sugere

algumas estrategias

bull Premiar ou recompensar a born comportamento - sempre que a crianca

tiver atitudes corretas devemos ressaltar este tatoo E bern comum que as

pais muito ocupados com tarefas cotidianas esqueltam de elogiar

somente lembrando de ralhar quando os ftlhos fazem algo errado Desta

forma as criancas entendem que naD vale a pena fazer tudo certinhon

pois nao recebem aprova9ao A melhor forma de alcan9ar um objetivo

educativo e elogiar incentivar e ressaltar tudo a que a crianca fizer de

positivo

bull Diferenciar premiar de dar coisas materiais - apesar do consumismo

vigente as crianvas ainda valorizam mais urn carinho urn elogio sincero

reconhecimento do esforco do que presentes dinheiro e viagens

Eventualmente pode-se presentear materialmente mas e importante nao

comprarmos as crianras pois desta forma elas aprendem a agir de modo

calculista Se dermos nosso carinho e aprovayao seu ego se fortalecera

sua auto-estima se elevara e gradualmente a crianya sentira prazer em

agir de forma adequada

bull Fazer com que a crianya assuma as conseqOemcias dos seus atos - com

carinha e naturalidade devemos conversar e agir apontando seus erras e

fazendo com que reftitam sobre as atitudes incorretas antieticas ou

egocentricas tomando 0 cuidado de deixar claro que 0 que desaprovamos

37

sao as atitudes incorretas e naD suas caracteristicas pessoais 5e mesma

ap6s a explica~o a crianca reincidir na atitude incorreta entao e 0

momento de faze-Ia compreender que e responsavel pelos seus atos e

tambem pelas suas conseqGencias Deve-se ressaltar as consequemcias

do ato born carinho aprova~o estimulo etc Como do ato incorreto

desaprova9ilo nao reforyamento deixar de fazer algo que gostam etc

Deve-se ter em mente que as elogios premiacoes bern como as puni90es

devem ser proporcionais ao fato Ou seja e necessario que se tenha born sensa e

equilibrio para que as acoes sejam autenticas e valorizadas pel as criancas

COUTINHO FILHO (2003) tambem sugere algumas possibilidades para

colocar parametros de limites para a crianca

bull Nao coloque limites conforme seus desejos pessoais

bull Demonstre que voce e as demais adultos tambem tern limites a respeitar

bull Diga qual puni9ilo a ser dada para cada limite ultrapassado e nao deixe de

executa-Ia

bull De puniyoes brandas para atitudes brandas e puniyoes pesadas para

atitudes pesadas

bull Deixe claro que a puniyao Eo pelo ate e nao pela pessoa

bull Justifique os motivos do limite Nao faca isso porque nao quero ou nao

gosto nao Eo justificativa

bull Repita quantas vezes for necesstuio

bull Use sua autoridade sem provocar submissao e mal estar

bull Use da afetividade para impor limites

38

ZAGURY (2001) destaca pontos importantes para nao perder a autoridade

perante os filhos

bull Cumpra 0 que disse (seja premia ou conseqOemcia) ou seja ameacou

execute prometeu faya

bull Seja coerente 0 que nao pode nao pode nunca (salvo raras excessoes)

nao mude de atitude como quem mud a de roupa (au de acordo com 0 seu

humor)

bull Faya com que seus filhos gradualmente assumam responsabilidades

Deixe que eles participem das decisoes sabre premios ou conseqOeuromcias

- isto ajuda a amadurecer e compromete a crianca e as jovens que

aderem mais ao que ajudam a construir (mesma que sejam sans6es para

eles proprios)

bull Cuidado com 0 que diz e com 0 modo como diz - critique 0 ato nunca a

pessoa ou a personalidade de seus filhos Trate somente do assunto que

S8 esta analisando no momento naD desenterre coisas do passado sem

necessidade Nao fique com pena da crianya se ela chorar ficar triste

nao talar com voce E melhor ela ficar triste hoje mas aprender a respeitar

o pr6ximo a 5i propria e a palavra empenhada do que sofrer futuramente

nos seus relacionamentos interpessoais

Segundo TIBA(2002) os filhos nao vem com manual pois eles mesmos sao 0

manual au seja cada criancaencerra uma individualidade e a cada dia os pais irao

aprendendo com cada filho E importante neste aprendizado os pais privilegiarem 0

desenvolvimento relacional atraves de um procedimento basico que deve ser

aplicado a cada fllho Para TBA (2002) ese procedimento e valido para qualquer

39

relacionamento entre pessoas de qualquer idade mas que e relevante na formaC8o

da auto-estima da criancadesde 0 seu nascimento Para 0 atendimento integral a

uma crian9 sao cinco os passos parar ouvir olhar pensar e agir (TIBA 2002

p127)

TIBA (2002) descreve os cinco passos da seguinte forma

1 Parar - parar 0 que estiver fazendo ou pensando e dar atenyao total acriancaCasa naD possa parar naquele exato momento vale colaear uma

das maos no ombro da crian9 enquanto diz que logo vai atende-Ia A

crianya deve ficar esperando ali juntinho de voce Pode ser que ela queira

sair para voltar logo depois Se a iniciativa de sair for da crianca a

responsabilidade de voltar sera dela Mas deve evitar ao maximo dizer

para a crianca ocupar-se com Dutra caisa enquanto voce termina 0 que

esta fazendo Nem sempre ela volta outra vez pelo mesmo motivo E

tambem fundamental deixar de lado ideias preconcebidas sobre 0 que a

crianca vai fatar Se voce pensa ~Iavern aquela chata me encher Dutra

vez seu cerebro ja esta preenchido em parte com esse pensamento e

voce perde a chance de atende-Ia integralmente

2 Ouvir - e a parte racional Os pais devem olhar no funda dos ahos da

crianca como se a Duvissem com as ahos A criany8 precisa aprender a

se expressar Nao se deve tentar adivinhar 0 que ela quer Quando pede

alguma coisa esta desenvolvendo sua capacidade de pensar de formular

uma pergunta e de se expressar para que outras pessoas possam

compreende-Ia

3 Olhar - e a parte instintiva Num piscar de olhos uma pessoa consegue

ver tantas coisas que levaria muito tempo explica-Ias em palavras Tudo 0

40

que se percebe visualmente tambem tem que ser considerado para

compreender a crian9a

4 Pensar - lados os elementos percebidos tanto visualmente quanto

verbal mente mais 0 sentido educativo que se que ira imprimir na forma9ao

da criana devem fazer parte da resposta a ser dada Sentido educativo e

o objetivo a ser atendido com a educaao que esta sendo dada (Quer que

o filho seja egoista Coloque-o sempre em primeiro lugar em detrimento

dos outros e diga sim a todos os seus desejos Quer que ele seja feliz

Ajude-o a desenvolver a satisfailo pelo que e e pelo que consegue fazer

a tolerimcia a compreensao dos Qutrosa vontade de ajudar a quem pede

e a etica do bem)

5 Agir - essa aao ou resposta deve ser bem clara e objetiva Melhor ainda

se voce puder se assegurar de que a crianca real mente saciou sua

vontade

E importante ressaltar que os cinco passos devem ser utilizados em todas as

situayaes desde 0 tombo da crian98 pequena ate quando a crian98 crescer Ao se

utilizar este procedimento basico as atitudes dos pais tendem a ser coerentes Par

exemplo se uma crianca calr naD e necessaria as pais sairem desesperados em

todas Situ8COeS mas avaiar se 0 tombo foi grave QU se foi urn tombinho que naD

precisa de maiores cuidados Tambem as pais naD devem sair dizendo que chao

feio que passa a falsa ideia que 0 chao e culpado pelo seu tombo a criana tem

que aprender que ela deve ter cuidado Se ela se choca uma ou duas vezes numa

mesa ela aprende a ter cuidado por sua pr6pria experiencia TIBA (2002 p133)

41

destaca que a afobayao e a reacao exagerada dos pais geram inseguran9a na

crianca

Outre fato bastante comum e as pais deixarem as ftlhos ganharem jogos par

exemplo tentando agrada-Ios mesmo que os deseduquem As crian9as tern uma

sabedoria natural Brincam e competem de acordo com as conhecimentos e as

capacita90es de que disp6ern E mais facil para 0 pai brincar como se fosse crian98

e deixar 0 filho ganhar sempre Esse comportamento contudo da a crianca uma

visao irreal do que e jogar Ganha-se algumas vezes perde-se outras (TIBA 2002

p136) Ou seja e mais educativ~ para a criana descobrir que podemos ser bons

em algumas caisas mas nao em tudo Passa-se uma experiencia da realidade para

a crianC8

TIBA (2002) tambem cita 0 caso de colocar a crian9a no colo enquanto se

dirige urn carro A crianC8 tern a falsa sensacao de que comanda 0 veiculo mas issa

nao passa de urn poder irreal Ao dirigir urn carrinho de brinquedo ela poderia de fato

se sentir poderosa IS50 sem falar que quando 0 filho crescer ao 15 anos par

exempla vai querer sair com 0 carro do pai mesmo sem poder Mas quando era

criancaeu podia

o caso classico da criancaquerer dormir com os pais tambem e abordado por

TIBA (2002) segundo 0 autor 0 ideal e que desde bebe a crian9a deve aprender a

dorrnir no seu lugar mesmo que ache mais gostoso aninhar-se entre os pais Ir cada

urn para sua cama da 0 sentido de que cada urn tem seu territorio ai tambem

estamos delimitando limites onde sao respeitados 0 so no e 0 espacode cada urn

Crian~asmaiores que ja andam devem ter um lugar (ou quarto) proprio para dormirMesmo que ocasionalmente adorme~am na cama dos pais e importante que sejamlevadas a sua cama para que acordem la Nao devem adquirir 0 habito de dormir nacama dos pais Tenha paciencia e fale claro em born tom olhando seriamente nofundo dos olhinhos dela ~Cada coisa no seu lugar cada pessoa na sua cama~

42

Quando a crian(f3 percebe que 0 limite e coisa sena e vai ser cumprido procura seajustar(lIBA 2002p115)

OLIVEIRA (1999 p120) enumera as diversos problemas que causam a fato

dos filhos permanecem no quarto dos pais na hora de dormir considerando-as de

difieil recupera~aoposterior

1 Faita de valorizayilo da privacidade tanto do casal como da crianya

2 Mantem a relacao simbi6tica au seja a li98980 existente entre mae e

bebe prejudicando 0 desenvolvimento emocional da crian93

3 A crianya tende a formar relayao de dependencia da protey80 e da

preseny8 dos pais ate mesma durante 0 sono

4 Quando chegar a fase em que a crianca elege entre 0 pai e a mae 0 seu

preferido tenta afastar 0 autro esticando-se e virando-se na cama de

modo a deixar a preterido desconfortavel a ponto deste mudar de lugar

sair da cama e ate mesma do quarto

E importante ressaltar que sempre as regras devem ser claras e naD sujeitas

a mudancas pois a organizacao interna dos filhos fica muito prejudicada se dormir

au nao na cama dos pais se transforma numa possibilidade que depende apenas do

humor dos pais ou de quanto 0 filho se recusa a dormir sozinho (chorando

acordando diversas vezes etc) A crian9a com autonomia de sono e mais

independente e feliz (TIBA 2002 p116)

Enfatiza-se que na maiaria dos casas as pais permitem que as criancas

fiquem ate mais tarde no quarto deles nao e par uma exigemcia ou necessidade da

crianya mas par alguma deficiencia desequilibrio au imaturidade dos proprios pais

(OLIVEIRA 1999 p122)

43

Em relaiio ao choro da crian9l ressalta-se que ha dois tipos de choro 0 que

expressa dor e 0 que busca pader

Se 0 filho descobrir que pade usar a chom como fonte de poder as pais estaoperdidos Nunca mais saberao dizer se ele chara par dar au poder Urn chore depoder Necessita dos olhos e dos ouvidos de quem se quer dominar Ingenua acrianya que usa 0 choro como pader para imediatamente apes conseguir 0 que querOai a importancia de as pais ficarem atentos para nao ser manipulados (TIBA 2002p158)

o choro que apela para 0 lade coitadinho inspira ternura Eo urn tipo de

manipula9ao que busca 0 dominio pela chantagem aletiva Eo dilicil neutralizar 0 uso

do choro como arma

Segundo liSA (2002 p159) Urn pouco de dor nao matara a crian9a assim

como urn poueD de pader nao matara as pais ( ) Se traumas infantis matassem a

humanidade estaria extinta Nao ha filho que nao tenha side contrariado A imensa

maioria deles tern condi90es de agOentar contrariedades 0 autor destaca que pais

que sao soHcitos ao extrema nao trayam um born e segura trajeto para seguir 0

resultado e que a crianya fica insegura pais perde a confianca neles ela pressente

que as pais nao tern firmeza nas suas decisoes e sao manipulaveis

Deve-se tomar cuidado com as exageros urn erro cometido pelos pais

desde que nao seja baseado na violencia em surras socas e pontapes naa traz

problema nenhum Atos como esses descarregam a raiva mas nao tern forlta

educativa pois violmcia s6 gera violencia (liSA 2002 p159)

Em rela9aOaos pais lazerem as tarelas pelos filhos ou ainda pior comprar os

resultados ressalta-se que este tipo de atitude nao ajuda a crianlta cria

dependencia e compromete 0 desenvolvimento escolar Alem disso as pais acabam

privando os filhos do gosto de uma conquista dando uma mensagem subliminar de

que eles sao incapazes Os pais nao devem privar os filhos do gosto de uma

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

REFERENCIASBIBLIOGRAFICAS

ALMEIDA PO DRACTULLARANJEIRAR Manual de psiquiatria Rio deJaneiro GuanabaraKoogan 1996

COUTINHOFILHOAJ Limites diga nao ao seu filho em magoa-Io Disponivelemhttpwwwviasaudecombrartigosllimiteshtm Acesso em 13102003

DAVIDOFFLL Introdu~ao a psicologia 1 ed Rio de JaneiroMcGrowhill 1983

DAVISC OLIVEIRAlPsicologia na educa~ao 2 ed Sao Paulo Cortez 1994

DORONR PAROT F Dicionario de psicologia Sao PauloAlica 1998

FREUDA Infancia normal e patologica Rio de Janeiro lahar Editores 1971

HANISH LD TOLAN PH GUERRA NG Tralamento do transtorno desafiadoropositivoIn Terapia cognitiva com crian~ase adolescentes manual para apratica clinica REINECKEet al PortoAlegre Artes MedicasSui 1999

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__ Quem ama educa Sao Paulo GenIe 2002

VASCONCELLOS CS Disciplina constru~ao da disciplina consciente emteratlva em sala de aula e na eseoa 7 ed Sao Paulo Libertad 1995

50

VEJA Especial para bebes Sao Paulo Ed Abril 2000

ZAGURY T Educar sem culpa a genese da etica 15 ed Rio de Janeiro Record2000

__ Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sabre a tirania dosfilhos 15 ed Rio de Janeiro Record 2000

Limites sem trauma - construindo cidadaos 25 ed Rio de JaneiroRecord2001

WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

Page 38: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

35

no corpo quando na realidade seu pai ja era falecido Mostrava com isso a falta que

a funy80 paterna Ihe fazia

A mae de F I numa sessao dedicada a sua orientay8o mencionou que F

estava cada vez melhor e que seus tremores para chamar a atenC80 estavam

diminuindo a cada dia

36

4 ORIENTA~OES AOS PAIS

ZAGURY (2001 p59) na complexa tarefa de dar limites sem ser autocratico

ou seja de como disciplinar sem bater OU sem ser coercitivQ com a crianya sugere

algumas estrategias

bull Premiar ou recompensar a born comportamento - sempre que a crianca

tiver atitudes corretas devemos ressaltar este tatoo E bern comum que as

pais muito ocupados com tarefas cotidianas esqueltam de elogiar

somente lembrando de ralhar quando os ftlhos fazem algo errado Desta

forma as criancas entendem que naD vale a pena fazer tudo certinhon

pois nao recebem aprova9ao A melhor forma de alcan9ar um objetivo

educativo e elogiar incentivar e ressaltar tudo a que a crianca fizer de

positivo

bull Diferenciar premiar de dar coisas materiais - apesar do consumismo

vigente as crianvas ainda valorizam mais urn carinho urn elogio sincero

reconhecimento do esforco do que presentes dinheiro e viagens

Eventualmente pode-se presentear materialmente mas e importante nao

comprarmos as crianras pois desta forma elas aprendem a agir de modo

calculista Se dermos nosso carinho e aprovayao seu ego se fortalecera

sua auto-estima se elevara e gradualmente a crianya sentira prazer em

agir de forma adequada

bull Fazer com que a crianya assuma as conseqOemcias dos seus atos - com

carinha e naturalidade devemos conversar e agir apontando seus erras e

fazendo com que reftitam sobre as atitudes incorretas antieticas ou

egocentricas tomando 0 cuidado de deixar claro que 0 que desaprovamos

37

sao as atitudes incorretas e naD suas caracteristicas pessoais 5e mesma

ap6s a explica~o a crianca reincidir na atitude incorreta entao e 0

momento de faze-Ia compreender que e responsavel pelos seus atos e

tambem pelas suas conseqGencias Deve-se ressaltar as consequemcias

do ato born carinho aprova~o estimulo etc Como do ato incorreto

desaprova9ilo nao reforyamento deixar de fazer algo que gostam etc

Deve-se ter em mente que as elogios premiacoes bern como as puni90es

devem ser proporcionais ao fato Ou seja e necessario que se tenha born sensa e

equilibrio para que as acoes sejam autenticas e valorizadas pel as criancas

COUTINHO FILHO (2003) tambem sugere algumas possibilidades para

colocar parametros de limites para a crianca

bull Nao coloque limites conforme seus desejos pessoais

bull Demonstre que voce e as demais adultos tambem tern limites a respeitar

bull Diga qual puni9ilo a ser dada para cada limite ultrapassado e nao deixe de

executa-Ia

bull De puniyoes brandas para atitudes brandas e puniyoes pesadas para

atitudes pesadas

bull Deixe claro que a puniyao Eo pelo ate e nao pela pessoa

bull Justifique os motivos do limite Nao faca isso porque nao quero ou nao

gosto nao Eo justificativa

bull Repita quantas vezes for necesstuio

bull Use sua autoridade sem provocar submissao e mal estar

bull Use da afetividade para impor limites

38

ZAGURY (2001) destaca pontos importantes para nao perder a autoridade

perante os filhos

bull Cumpra 0 que disse (seja premia ou conseqOemcia) ou seja ameacou

execute prometeu faya

bull Seja coerente 0 que nao pode nao pode nunca (salvo raras excessoes)

nao mude de atitude como quem mud a de roupa (au de acordo com 0 seu

humor)

bull Faya com que seus filhos gradualmente assumam responsabilidades

Deixe que eles participem das decisoes sabre premios ou conseqOeuromcias

- isto ajuda a amadurecer e compromete a crianca e as jovens que

aderem mais ao que ajudam a construir (mesma que sejam sans6es para

eles proprios)

bull Cuidado com 0 que diz e com 0 modo como diz - critique 0 ato nunca a

pessoa ou a personalidade de seus filhos Trate somente do assunto que

S8 esta analisando no momento naD desenterre coisas do passado sem

necessidade Nao fique com pena da crianya se ela chorar ficar triste

nao talar com voce E melhor ela ficar triste hoje mas aprender a respeitar

o pr6ximo a 5i propria e a palavra empenhada do que sofrer futuramente

nos seus relacionamentos interpessoais

Segundo TIBA(2002) os filhos nao vem com manual pois eles mesmos sao 0

manual au seja cada criancaencerra uma individualidade e a cada dia os pais irao

aprendendo com cada filho E importante neste aprendizado os pais privilegiarem 0

desenvolvimento relacional atraves de um procedimento basico que deve ser

aplicado a cada fllho Para TBA (2002) ese procedimento e valido para qualquer

39

relacionamento entre pessoas de qualquer idade mas que e relevante na formaC8o

da auto-estima da criancadesde 0 seu nascimento Para 0 atendimento integral a

uma crian9 sao cinco os passos parar ouvir olhar pensar e agir (TIBA 2002

p127)

TIBA (2002) descreve os cinco passos da seguinte forma

1 Parar - parar 0 que estiver fazendo ou pensando e dar atenyao total acriancaCasa naD possa parar naquele exato momento vale colaear uma

das maos no ombro da crian9 enquanto diz que logo vai atende-Ia A

crianya deve ficar esperando ali juntinho de voce Pode ser que ela queira

sair para voltar logo depois Se a iniciativa de sair for da crianca a

responsabilidade de voltar sera dela Mas deve evitar ao maximo dizer

para a crianca ocupar-se com Dutra caisa enquanto voce termina 0 que

esta fazendo Nem sempre ela volta outra vez pelo mesmo motivo E

tambem fundamental deixar de lado ideias preconcebidas sobre 0 que a

crianca vai fatar Se voce pensa ~Iavern aquela chata me encher Dutra

vez seu cerebro ja esta preenchido em parte com esse pensamento e

voce perde a chance de atende-Ia integralmente

2 Ouvir - e a parte racional Os pais devem olhar no funda dos ahos da

crianca como se a Duvissem com as ahos A criany8 precisa aprender a

se expressar Nao se deve tentar adivinhar 0 que ela quer Quando pede

alguma coisa esta desenvolvendo sua capacidade de pensar de formular

uma pergunta e de se expressar para que outras pessoas possam

compreende-Ia

3 Olhar - e a parte instintiva Num piscar de olhos uma pessoa consegue

ver tantas coisas que levaria muito tempo explica-Ias em palavras Tudo 0

40

que se percebe visualmente tambem tem que ser considerado para

compreender a crian9a

4 Pensar - lados os elementos percebidos tanto visualmente quanto

verbal mente mais 0 sentido educativo que se que ira imprimir na forma9ao

da criana devem fazer parte da resposta a ser dada Sentido educativo e

o objetivo a ser atendido com a educaao que esta sendo dada (Quer que

o filho seja egoista Coloque-o sempre em primeiro lugar em detrimento

dos outros e diga sim a todos os seus desejos Quer que ele seja feliz

Ajude-o a desenvolver a satisfailo pelo que e e pelo que consegue fazer

a tolerimcia a compreensao dos Qutrosa vontade de ajudar a quem pede

e a etica do bem)

5 Agir - essa aao ou resposta deve ser bem clara e objetiva Melhor ainda

se voce puder se assegurar de que a crianca real mente saciou sua

vontade

E importante ressaltar que os cinco passos devem ser utilizados em todas as

situayaes desde 0 tombo da crian98 pequena ate quando a crian98 crescer Ao se

utilizar este procedimento basico as atitudes dos pais tendem a ser coerentes Par

exemplo se uma crianca calr naD e necessaria as pais sairem desesperados em

todas Situ8COeS mas avaiar se 0 tombo foi grave QU se foi urn tombinho que naD

precisa de maiores cuidados Tambem as pais naD devem sair dizendo que chao

feio que passa a falsa ideia que 0 chao e culpado pelo seu tombo a criana tem

que aprender que ela deve ter cuidado Se ela se choca uma ou duas vezes numa

mesa ela aprende a ter cuidado por sua pr6pria experiencia TIBA (2002 p133)

41

destaca que a afobayao e a reacao exagerada dos pais geram inseguran9a na

crianca

Outre fato bastante comum e as pais deixarem as ftlhos ganharem jogos par

exemplo tentando agrada-Ios mesmo que os deseduquem As crian9as tern uma

sabedoria natural Brincam e competem de acordo com as conhecimentos e as

capacita90es de que disp6ern E mais facil para 0 pai brincar como se fosse crian98

e deixar 0 filho ganhar sempre Esse comportamento contudo da a crianca uma

visao irreal do que e jogar Ganha-se algumas vezes perde-se outras (TIBA 2002

p136) Ou seja e mais educativ~ para a criana descobrir que podemos ser bons

em algumas caisas mas nao em tudo Passa-se uma experiencia da realidade para

a crianC8

TIBA (2002) tambem cita 0 caso de colocar a crian9a no colo enquanto se

dirige urn carro A crianC8 tern a falsa sensacao de que comanda 0 veiculo mas issa

nao passa de urn poder irreal Ao dirigir urn carrinho de brinquedo ela poderia de fato

se sentir poderosa IS50 sem falar que quando 0 filho crescer ao 15 anos par

exempla vai querer sair com 0 carro do pai mesmo sem poder Mas quando era

criancaeu podia

o caso classico da criancaquerer dormir com os pais tambem e abordado por

TIBA (2002) segundo 0 autor 0 ideal e que desde bebe a crian9a deve aprender a

dorrnir no seu lugar mesmo que ache mais gostoso aninhar-se entre os pais Ir cada

urn para sua cama da 0 sentido de que cada urn tem seu territorio ai tambem

estamos delimitando limites onde sao respeitados 0 so no e 0 espacode cada urn

Crian~asmaiores que ja andam devem ter um lugar (ou quarto) proprio para dormirMesmo que ocasionalmente adorme~am na cama dos pais e importante que sejamlevadas a sua cama para que acordem la Nao devem adquirir 0 habito de dormir nacama dos pais Tenha paciencia e fale claro em born tom olhando seriamente nofundo dos olhinhos dela ~Cada coisa no seu lugar cada pessoa na sua cama~

42

Quando a crian(f3 percebe que 0 limite e coisa sena e vai ser cumprido procura seajustar(lIBA 2002p115)

OLIVEIRA (1999 p120) enumera as diversos problemas que causam a fato

dos filhos permanecem no quarto dos pais na hora de dormir considerando-as de

difieil recupera~aoposterior

1 Faita de valorizayilo da privacidade tanto do casal como da crianya

2 Mantem a relacao simbi6tica au seja a li98980 existente entre mae e

bebe prejudicando 0 desenvolvimento emocional da crian93

3 A crianya tende a formar relayao de dependencia da protey80 e da

preseny8 dos pais ate mesma durante 0 sono

4 Quando chegar a fase em que a crianca elege entre 0 pai e a mae 0 seu

preferido tenta afastar 0 autro esticando-se e virando-se na cama de

modo a deixar a preterido desconfortavel a ponto deste mudar de lugar

sair da cama e ate mesma do quarto

E importante ressaltar que sempre as regras devem ser claras e naD sujeitas

a mudancas pois a organizacao interna dos filhos fica muito prejudicada se dormir

au nao na cama dos pais se transforma numa possibilidade que depende apenas do

humor dos pais ou de quanto 0 filho se recusa a dormir sozinho (chorando

acordando diversas vezes etc) A crian9a com autonomia de sono e mais

independente e feliz (TIBA 2002 p116)

Enfatiza-se que na maiaria dos casas as pais permitem que as criancas

fiquem ate mais tarde no quarto deles nao e par uma exigemcia ou necessidade da

crianya mas par alguma deficiencia desequilibrio au imaturidade dos proprios pais

(OLIVEIRA 1999 p122)

43

Em relaiio ao choro da crian9l ressalta-se que ha dois tipos de choro 0 que

expressa dor e 0 que busca pader

Se 0 filho descobrir que pade usar a chom como fonte de poder as pais estaoperdidos Nunca mais saberao dizer se ele chara par dar au poder Urn chore depoder Necessita dos olhos e dos ouvidos de quem se quer dominar Ingenua acrianya que usa 0 choro como pader para imediatamente apes conseguir 0 que querOai a importancia de as pais ficarem atentos para nao ser manipulados (TIBA 2002p158)

o choro que apela para 0 lade coitadinho inspira ternura Eo urn tipo de

manipula9ao que busca 0 dominio pela chantagem aletiva Eo dilicil neutralizar 0 uso

do choro como arma

Segundo liSA (2002 p159) Urn pouco de dor nao matara a crian9a assim

como urn poueD de pader nao matara as pais ( ) Se traumas infantis matassem a

humanidade estaria extinta Nao ha filho que nao tenha side contrariado A imensa

maioria deles tern condi90es de agOentar contrariedades 0 autor destaca que pais

que sao soHcitos ao extrema nao trayam um born e segura trajeto para seguir 0

resultado e que a crianya fica insegura pais perde a confianca neles ela pressente

que as pais nao tern firmeza nas suas decisoes e sao manipulaveis

Deve-se tomar cuidado com as exageros urn erro cometido pelos pais

desde que nao seja baseado na violencia em surras socas e pontapes naa traz

problema nenhum Atos como esses descarregam a raiva mas nao tern forlta

educativa pois violmcia s6 gera violencia (liSA 2002 p159)

Em rela9aOaos pais lazerem as tarelas pelos filhos ou ainda pior comprar os

resultados ressalta-se que este tipo de atitude nao ajuda a crianlta cria

dependencia e compromete 0 desenvolvimento escolar Alem disso as pais acabam

privando os filhos do gosto de uma conquista dando uma mensagem subliminar de

que eles sao incapazes Os pais nao devem privar os filhos do gosto de uma

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

REFERENCIASBIBLIOGRAFICAS

ALMEIDA PO DRACTULLARANJEIRAR Manual de psiquiatria Rio deJaneiro GuanabaraKoogan 1996

COUTINHOFILHOAJ Limites diga nao ao seu filho em magoa-Io Disponivelemhttpwwwviasaudecombrartigosllimiteshtm Acesso em 13102003

DAVIDOFFLL Introdu~ao a psicologia 1 ed Rio de JaneiroMcGrowhill 1983

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HANISH LD TOLAN PH GUERRA NG Tralamento do transtorno desafiadoropositivoIn Terapia cognitiva com crian~ase adolescentes manual para apratica clinica REINECKEet al PortoAlegre Artes MedicasSui 1999

HOLMES DS Psicologia dos transtornos mentais 2 ed Porto Alegre ArtesMedicas 1997

MIRANDA ML Quem tern medo de ser rejeitado Guia de sobrevivancia arejei~ao BeloHorizonteCeap 2001

MORAIS AMP Disturbios de aprendizagem uma abordagempSicopedagogica Sao Paulo Edicon 1997

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NOVAESM H Psicologia escolar 2 ed PelropolisVozes 1970

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TIBA I Disciplina 0 limite na medida certa 20 ed Sao Paulo GenIe 1996

__ Quem ama educa Sao Paulo GenIe 2002

VASCONCELLOS CS Disciplina constru~ao da disciplina consciente emteratlva em sala de aula e na eseoa 7 ed Sao Paulo Libertad 1995

50

VEJA Especial para bebes Sao Paulo Ed Abril 2000

ZAGURY T Educar sem culpa a genese da etica 15 ed Rio de Janeiro Record2000

__ Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sabre a tirania dosfilhos 15 ed Rio de Janeiro Record 2000

Limites sem trauma - construindo cidadaos 25 ed Rio de JaneiroRecord2001

WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

Page 39: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

36

4 ORIENTA~OES AOS PAIS

ZAGURY (2001 p59) na complexa tarefa de dar limites sem ser autocratico

ou seja de como disciplinar sem bater OU sem ser coercitivQ com a crianya sugere

algumas estrategias

bull Premiar ou recompensar a born comportamento - sempre que a crianca

tiver atitudes corretas devemos ressaltar este tatoo E bern comum que as

pais muito ocupados com tarefas cotidianas esqueltam de elogiar

somente lembrando de ralhar quando os ftlhos fazem algo errado Desta

forma as criancas entendem que naD vale a pena fazer tudo certinhon

pois nao recebem aprova9ao A melhor forma de alcan9ar um objetivo

educativo e elogiar incentivar e ressaltar tudo a que a crianca fizer de

positivo

bull Diferenciar premiar de dar coisas materiais - apesar do consumismo

vigente as crianvas ainda valorizam mais urn carinho urn elogio sincero

reconhecimento do esforco do que presentes dinheiro e viagens

Eventualmente pode-se presentear materialmente mas e importante nao

comprarmos as crianras pois desta forma elas aprendem a agir de modo

calculista Se dermos nosso carinho e aprovayao seu ego se fortalecera

sua auto-estima se elevara e gradualmente a crianya sentira prazer em

agir de forma adequada

bull Fazer com que a crianya assuma as conseqOemcias dos seus atos - com

carinha e naturalidade devemos conversar e agir apontando seus erras e

fazendo com que reftitam sobre as atitudes incorretas antieticas ou

egocentricas tomando 0 cuidado de deixar claro que 0 que desaprovamos

37

sao as atitudes incorretas e naD suas caracteristicas pessoais 5e mesma

ap6s a explica~o a crianca reincidir na atitude incorreta entao e 0

momento de faze-Ia compreender que e responsavel pelos seus atos e

tambem pelas suas conseqGencias Deve-se ressaltar as consequemcias

do ato born carinho aprova~o estimulo etc Como do ato incorreto

desaprova9ilo nao reforyamento deixar de fazer algo que gostam etc

Deve-se ter em mente que as elogios premiacoes bern como as puni90es

devem ser proporcionais ao fato Ou seja e necessario que se tenha born sensa e

equilibrio para que as acoes sejam autenticas e valorizadas pel as criancas

COUTINHO FILHO (2003) tambem sugere algumas possibilidades para

colocar parametros de limites para a crianca

bull Nao coloque limites conforme seus desejos pessoais

bull Demonstre que voce e as demais adultos tambem tern limites a respeitar

bull Diga qual puni9ilo a ser dada para cada limite ultrapassado e nao deixe de

executa-Ia

bull De puniyoes brandas para atitudes brandas e puniyoes pesadas para

atitudes pesadas

bull Deixe claro que a puniyao Eo pelo ate e nao pela pessoa

bull Justifique os motivos do limite Nao faca isso porque nao quero ou nao

gosto nao Eo justificativa

bull Repita quantas vezes for necesstuio

bull Use sua autoridade sem provocar submissao e mal estar

bull Use da afetividade para impor limites

38

ZAGURY (2001) destaca pontos importantes para nao perder a autoridade

perante os filhos

bull Cumpra 0 que disse (seja premia ou conseqOemcia) ou seja ameacou

execute prometeu faya

bull Seja coerente 0 que nao pode nao pode nunca (salvo raras excessoes)

nao mude de atitude como quem mud a de roupa (au de acordo com 0 seu

humor)

bull Faya com que seus filhos gradualmente assumam responsabilidades

Deixe que eles participem das decisoes sabre premios ou conseqOeuromcias

- isto ajuda a amadurecer e compromete a crianca e as jovens que

aderem mais ao que ajudam a construir (mesma que sejam sans6es para

eles proprios)

bull Cuidado com 0 que diz e com 0 modo como diz - critique 0 ato nunca a

pessoa ou a personalidade de seus filhos Trate somente do assunto que

S8 esta analisando no momento naD desenterre coisas do passado sem

necessidade Nao fique com pena da crianya se ela chorar ficar triste

nao talar com voce E melhor ela ficar triste hoje mas aprender a respeitar

o pr6ximo a 5i propria e a palavra empenhada do que sofrer futuramente

nos seus relacionamentos interpessoais

Segundo TIBA(2002) os filhos nao vem com manual pois eles mesmos sao 0

manual au seja cada criancaencerra uma individualidade e a cada dia os pais irao

aprendendo com cada filho E importante neste aprendizado os pais privilegiarem 0

desenvolvimento relacional atraves de um procedimento basico que deve ser

aplicado a cada fllho Para TBA (2002) ese procedimento e valido para qualquer

39

relacionamento entre pessoas de qualquer idade mas que e relevante na formaC8o

da auto-estima da criancadesde 0 seu nascimento Para 0 atendimento integral a

uma crian9 sao cinco os passos parar ouvir olhar pensar e agir (TIBA 2002

p127)

TIBA (2002) descreve os cinco passos da seguinte forma

1 Parar - parar 0 que estiver fazendo ou pensando e dar atenyao total acriancaCasa naD possa parar naquele exato momento vale colaear uma

das maos no ombro da crian9 enquanto diz que logo vai atende-Ia A

crianya deve ficar esperando ali juntinho de voce Pode ser que ela queira

sair para voltar logo depois Se a iniciativa de sair for da crianca a

responsabilidade de voltar sera dela Mas deve evitar ao maximo dizer

para a crianca ocupar-se com Dutra caisa enquanto voce termina 0 que

esta fazendo Nem sempre ela volta outra vez pelo mesmo motivo E

tambem fundamental deixar de lado ideias preconcebidas sobre 0 que a

crianca vai fatar Se voce pensa ~Iavern aquela chata me encher Dutra

vez seu cerebro ja esta preenchido em parte com esse pensamento e

voce perde a chance de atende-Ia integralmente

2 Ouvir - e a parte racional Os pais devem olhar no funda dos ahos da

crianca como se a Duvissem com as ahos A criany8 precisa aprender a

se expressar Nao se deve tentar adivinhar 0 que ela quer Quando pede

alguma coisa esta desenvolvendo sua capacidade de pensar de formular

uma pergunta e de se expressar para que outras pessoas possam

compreende-Ia

3 Olhar - e a parte instintiva Num piscar de olhos uma pessoa consegue

ver tantas coisas que levaria muito tempo explica-Ias em palavras Tudo 0

40

que se percebe visualmente tambem tem que ser considerado para

compreender a crian9a

4 Pensar - lados os elementos percebidos tanto visualmente quanto

verbal mente mais 0 sentido educativo que se que ira imprimir na forma9ao

da criana devem fazer parte da resposta a ser dada Sentido educativo e

o objetivo a ser atendido com a educaao que esta sendo dada (Quer que

o filho seja egoista Coloque-o sempre em primeiro lugar em detrimento

dos outros e diga sim a todos os seus desejos Quer que ele seja feliz

Ajude-o a desenvolver a satisfailo pelo que e e pelo que consegue fazer

a tolerimcia a compreensao dos Qutrosa vontade de ajudar a quem pede

e a etica do bem)

5 Agir - essa aao ou resposta deve ser bem clara e objetiva Melhor ainda

se voce puder se assegurar de que a crianca real mente saciou sua

vontade

E importante ressaltar que os cinco passos devem ser utilizados em todas as

situayaes desde 0 tombo da crian98 pequena ate quando a crian98 crescer Ao se

utilizar este procedimento basico as atitudes dos pais tendem a ser coerentes Par

exemplo se uma crianca calr naD e necessaria as pais sairem desesperados em

todas Situ8COeS mas avaiar se 0 tombo foi grave QU se foi urn tombinho que naD

precisa de maiores cuidados Tambem as pais naD devem sair dizendo que chao

feio que passa a falsa ideia que 0 chao e culpado pelo seu tombo a criana tem

que aprender que ela deve ter cuidado Se ela se choca uma ou duas vezes numa

mesa ela aprende a ter cuidado por sua pr6pria experiencia TIBA (2002 p133)

41

destaca que a afobayao e a reacao exagerada dos pais geram inseguran9a na

crianca

Outre fato bastante comum e as pais deixarem as ftlhos ganharem jogos par

exemplo tentando agrada-Ios mesmo que os deseduquem As crian9as tern uma

sabedoria natural Brincam e competem de acordo com as conhecimentos e as

capacita90es de que disp6ern E mais facil para 0 pai brincar como se fosse crian98

e deixar 0 filho ganhar sempre Esse comportamento contudo da a crianca uma

visao irreal do que e jogar Ganha-se algumas vezes perde-se outras (TIBA 2002

p136) Ou seja e mais educativ~ para a criana descobrir que podemos ser bons

em algumas caisas mas nao em tudo Passa-se uma experiencia da realidade para

a crianC8

TIBA (2002) tambem cita 0 caso de colocar a crian9a no colo enquanto se

dirige urn carro A crianC8 tern a falsa sensacao de que comanda 0 veiculo mas issa

nao passa de urn poder irreal Ao dirigir urn carrinho de brinquedo ela poderia de fato

se sentir poderosa IS50 sem falar que quando 0 filho crescer ao 15 anos par

exempla vai querer sair com 0 carro do pai mesmo sem poder Mas quando era

criancaeu podia

o caso classico da criancaquerer dormir com os pais tambem e abordado por

TIBA (2002) segundo 0 autor 0 ideal e que desde bebe a crian9a deve aprender a

dorrnir no seu lugar mesmo que ache mais gostoso aninhar-se entre os pais Ir cada

urn para sua cama da 0 sentido de que cada urn tem seu territorio ai tambem

estamos delimitando limites onde sao respeitados 0 so no e 0 espacode cada urn

Crian~asmaiores que ja andam devem ter um lugar (ou quarto) proprio para dormirMesmo que ocasionalmente adorme~am na cama dos pais e importante que sejamlevadas a sua cama para que acordem la Nao devem adquirir 0 habito de dormir nacama dos pais Tenha paciencia e fale claro em born tom olhando seriamente nofundo dos olhinhos dela ~Cada coisa no seu lugar cada pessoa na sua cama~

42

Quando a crian(f3 percebe que 0 limite e coisa sena e vai ser cumprido procura seajustar(lIBA 2002p115)

OLIVEIRA (1999 p120) enumera as diversos problemas que causam a fato

dos filhos permanecem no quarto dos pais na hora de dormir considerando-as de

difieil recupera~aoposterior

1 Faita de valorizayilo da privacidade tanto do casal como da crianya

2 Mantem a relacao simbi6tica au seja a li98980 existente entre mae e

bebe prejudicando 0 desenvolvimento emocional da crian93

3 A crianya tende a formar relayao de dependencia da protey80 e da

preseny8 dos pais ate mesma durante 0 sono

4 Quando chegar a fase em que a crianca elege entre 0 pai e a mae 0 seu

preferido tenta afastar 0 autro esticando-se e virando-se na cama de

modo a deixar a preterido desconfortavel a ponto deste mudar de lugar

sair da cama e ate mesma do quarto

E importante ressaltar que sempre as regras devem ser claras e naD sujeitas

a mudancas pois a organizacao interna dos filhos fica muito prejudicada se dormir

au nao na cama dos pais se transforma numa possibilidade que depende apenas do

humor dos pais ou de quanto 0 filho se recusa a dormir sozinho (chorando

acordando diversas vezes etc) A crian9a com autonomia de sono e mais

independente e feliz (TIBA 2002 p116)

Enfatiza-se que na maiaria dos casas as pais permitem que as criancas

fiquem ate mais tarde no quarto deles nao e par uma exigemcia ou necessidade da

crianya mas par alguma deficiencia desequilibrio au imaturidade dos proprios pais

(OLIVEIRA 1999 p122)

43

Em relaiio ao choro da crian9l ressalta-se que ha dois tipos de choro 0 que

expressa dor e 0 que busca pader

Se 0 filho descobrir que pade usar a chom como fonte de poder as pais estaoperdidos Nunca mais saberao dizer se ele chara par dar au poder Urn chore depoder Necessita dos olhos e dos ouvidos de quem se quer dominar Ingenua acrianya que usa 0 choro como pader para imediatamente apes conseguir 0 que querOai a importancia de as pais ficarem atentos para nao ser manipulados (TIBA 2002p158)

o choro que apela para 0 lade coitadinho inspira ternura Eo urn tipo de

manipula9ao que busca 0 dominio pela chantagem aletiva Eo dilicil neutralizar 0 uso

do choro como arma

Segundo liSA (2002 p159) Urn pouco de dor nao matara a crian9a assim

como urn poueD de pader nao matara as pais ( ) Se traumas infantis matassem a

humanidade estaria extinta Nao ha filho que nao tenha side contrariado A imensa

maioria deles tern condi90es de agOentar contrariedades 0 autor destaca que pais

que sao soHcitos ao extrema nao trayam um born e segura trajeto para seguir 0

resultado e que a crianya fica insegura pais perde a confianca neles ela pressente

que as pais nao tern firmeza nas suas decisoes e sao manipulaveis

Deve-se tomar cuidado com as exageros urn erro cometido pelos pais

desde que nao seja baseado na violencia em surras socas e pontapes naa traz

problema nenhum Atos como esses descarregam a raiva mas nao tern forlta

educativa pois violmcia s6 gera violencia (liSA 2002 p159)

Em rela9aOaos pais lazerem as tarelas pelos filhos ou ainda pior comprar os

resultados ressalta-se que este tipo de atitude nao ajuda a crianlta cria

dependencia e compromete 0 desenvolvimento escolar Alem disso as pais acabam

privando os filhos do gosto de uma conquista dando uma mensagem subliminar de

que eles sao incapazes Os pais nao devem privar os filhos do gosto de uma

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

REFERENCIASBIBLIOGRAFICAS

ALMEIDA PO DRACTULLARANJEIRAR Manual de psiquiatria Rio deJaneiro GuanabaraKoogan 1996

COUTINHOFILHOAJ Limites diga nao ao seu filho em magoa-Io Disponivelemhttpwwwviasaudecombrartigosllimiteshtm Acesso em 13102003

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DAVISC OLIVEIRAlPsicologia na educa~ao 2 ed Sao Paulo Cortez 1994

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FREUDA Infancia normal e patologica Rio de Janeiro lahar Editores 1971

HANISH LD TOLAN PH GUERRA NG Tralamento do transtorno desafiadoropositivoIn Terapia cognitiva com crian~ase adolescentes manual para apratica clinica REINECKEet al PortoAlegre Artes MedicasSui 1999

HOLMES DS Psicologia dos transtornos mentais 2 ed Porto Alegre ArtesMedicas 1997

MIRANDA ML Quem tern medo de ser rejeitado Guia de sobrevivancia arejei~ao BeloHorizonteCeap 2001

MORAIS AMP Disturbios de aprendizagem uma abordagempSicopedagogica Sao Paulo Edicon 1997

MOULYG J Psicologia educacional 8 ed Sao Paulo Pioneira 1979

NOVAESM H Psicologia escolar 2 ed PelropolisVozes 1970

OLIVEIRA T de OLIVEIRA C E D de Erros e acertos na educa~ao RioGrandedo Sui 1999

POLITY E Psicopedagogia urn enfoque sistamico - terapia familiar nasdificuldades de aprendizagem Sao Paulo Emporiodo Livro 1998

SOUZA A Pensando a inibi~ao intelectual Sao Paulo Ed Casa do Psicologo1995

TIBA I Disciplina 0 limite na medida certa 20 ed Sao Paulo GenIe 1996

__ Quem ama educa Sao Paulo GenIe 2002

VASCONCELLOS CS Disciplina constru~ao da disciplina consciente emteratlva em sala de aula e na eseoa 7 ed Sao Paulo Libertad 1995

50

VEJA Especial para bebes Sao Paulo Ed Abril 2000

ZAGURY T Educar sem culpa a genese da etica 15 ed Rio de Janeiro Record2000

__ Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sabre a tirania dosfilhos 15 ed Rio de Janeiro Record 2000

Limites sem trauma - construindo cidadaos 25 ed Rio de JaneiroRecord2001

WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

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sao as atitudes incorretas e naD suas caracteristicas pessoais 5e mesma

ap6s a explica~o a crianca reincidir na atitude incorreta entao e 0

momento de faze-Ia compreender que e responsavel pelos seus atos e

tambem pelas suas conseqGencias Deve-se ressaltar as consequemcias

do ato born carinho aprova~o estimulo etc Como do ato incorreto

desaprova9ilo nao reforyamento deixar de fazer algo que gostam etc

Deve-se ter em mente que as elogios premiacoes bern como as puni90es

devem ser proporcionais ao fato Ou seja e necessario que se tenha born sensa e

equilibrio para que as acoes sejam autenticas e valorizadas pel as criancas

COUTINHO FILHO (2003) tambem sugere algumas possibilidades para

colocar parametros de limites para a crianca

bull Nao coloque limites conforme seus desejos pessoais

bull Demonstre que voce e as demais adultos tambem tern limites a respeitar

bull Diga qual puni9ilo a ser dada para cada limite ultrapassado e nao deixe de

executa-Ia

bull De puniyoes brandas para atitudes brandas e puniyoes pesadas para

atitudes pesadas

bull Deixe claro que a puniyao Eo pelo ate e nao pela pessoa

bull Justifique os motivos do limite Nao faca isso porque nao quero ou nao

gosto nao Eo justificativa

bull Repita quantas vezes for necesstuio

bull Use sua autoridade sem provocar submissao e mal estar

bull Use da afetividade para impor limites

38

ZAGURY (2001) destaca pontos importantes para nao perder a autoridade

perante os filhos

bull Cumpra 0 que disse (seja premia ou conseqOemcia) ou seja ameacou

execute prometeu faya

bull Seja coerente 0 que nao pode nao pode nunca (salvo raras excessoes)

nao mude de atitude como quem mud a de roupa (au de acordo com 0 seu

humor)

bull Faya com que seus filhos gradualmente assumam responsabilidades

Deixe que eles participem das decisoes sabre premios ou conseqOeuromcias

- isto ajuda a amadurecer e compromete a crianca e as jovens que

aderem mais ao que ajudam a construir (mesma que sejam sans6es para

eles proprios)

bull Cuidado com 0 que diz e com 0 modo como diz - critique 0 ato nunca a

pessoa ou a personalidade de seus filhos Trate somente do assunto que

S8 esta analisando no momento naD desenterre coisas do passado sem

necessidade Nao fique com pena da crianya se ela chorar ficar triste

nao talar com voce E melhor ela ficar triste hoje mas aprender a respeitar

o pr6ximo a 5i propria e a palavra empenhada do que sofrer futuramente

nos seus relacionamentos interpessoais

Segundo TIBA(2002) os filhos nao vem com manual pois eles mesmos sao 0

manual au seja cada criancaencerra uma individualidade e a cada dia os pais irao

aprendendo com cada filho E importante neste aprendizado os pais privilegiarem 0

desenvolvimento relacional atraves de um procedimento basico que deve ser

aplicado a cada fllho Para TBA (2002) ese procedimento e valido para qualquer

39

relacionamento entre pessoas de qualquer idade mas que e relevante na formaC8o

da auto-estima da criancadesde 0 seu nascimento Para 0 atendimento integral a

uma crian9 sao cinco os passos parar ouvir olhar pensar e agir (TIBA 2002

p127)

TIBA (2002) descreve os cinco passos da seguinte forma

1 Parar - parar 0 que estiver fazendo ou pensando e dar atenyao total acriancaCasa naD possa parar naquele exato momento vale colaear uma

das maos no ombro da crian9 enquanto diz que logo vai atende-Ia A

crianya deve ficar esperando ali juntinho de voce Pode ser que ela queira

sair para voltar logo depois Se a iniciativa de sair for da crianca a

responsabilidade de voltar sera dela Mas deve evitar ao maximo dizer

para a crianca ocupar-se com Dutra caisa enquanto voce termina 0 que

esta fazendo Nem sempre ela volta outra vez pelo mesmo motivo E

tambem fundamental deixar de lado ideias preconcebidas sobre 0 que a

crianca vai fatar Se voce pensa ~Iavern aquela chata me encher Dutra

vez seu cerebro ja esta preenchido em parte com esse pensamento e

voce perde a chance de atende-Ia integralmente

2 Ouvir - e a parte racional Os pais devem olhar no funda dos ahos da

crianca como se a Duvissem com as ahos A criany8 precisa aprender a

se expressar Nao se deve tentar adivinhar 0 que ela quer Quando pede

alguma coisa esta desenvolvendo sua capacidade de pensar de formular

uma pergunta e de se expressar para que outras pessoas possam

compreende-Ia

3 Olhar - e a parte instintiva Num piscar de olhos uma pessoa consegue

ver tantas coisas que levaria muito tempo explica-Ias em palavras Tudo 0

40

que se percebe visualmente tambem tem que ser considerado para

compreender a crian9a

4 Pensar - lados os elementos percebidos tanto visualmente quanto

verbal mente mais 0 sentido educativo que se que ira imprimir na forma9ao

da criana devem fazer parte da resposta a ser dada Sentido educativo e

o objetivo a ser atendido com a educaao que esta sendo dada (Quer que

o filho seja egoista Coloque-o sempre em primeiro lugar em detrimento

dos outros e diga sim a todos os seus desejos Quer que ele seja feliz

Ajude-o a desenvolver a satisfailo pelo que e e pelo que consegue fazer

a tolerimcia a compreensao dos Qutrosa vontade de ajudar a quem pede

e a etica do bem)

5 Agir - essa aao ou resposta deve ser bem clara e objetiva Melhor ainda

se voce puder se assegurar de que a crianca real mente saciou sua

vontade

E importante ressaltar que os cinco passos devem ser utilizados em todas as

situayaes desde 0 tombo da crian98 pequena ate quando a crian98 crescer Ao se

utilizar este procedimento basico as atitudes dos pais tendem a ser coerentes Par

exemplo se uma crianca calr naD e necessaria as pais sairem desesperados em

todas Situ8COeS mas avaiar se 0 tombo foi grave QU se foi urn tombinho que naD

precisa de maiores cuidados Tambem as pais naD devem sair dizendo que chao

feio que passa a falsa ideia que 0 chao e culpado pelo seu tombo a criana tem

que aprender que ela deve ter cuidado Se ela se choca uma ou duas vezes numa

mesa ela aprende a ter cuidado por sua pr6pria experiencia TIBA (2002 p133)

41

destaca que a afobayao e a reacao exagerada dos pais geram inseguran9a na

crianca

Outre fato bastante comum e as pais deixarem as ftlhos ganharem jogos par

exemplo tentando agrada-Ios mesmo que os deseduquem As crian9as tern uma

sabedoria natural Brincam e competem de acordo com as conhecimentos e as

capacita90es de que disp6ern E mais facil para 0 pai brincar como se fosse crian98

e deixar 0 filho ganhar sempre Esse comportamento contudo da a crianca uma

visao irreal do que e jogar Ganha-se algumas vezes perde-se outras (TIBA 2002

p136) Ou seja e mais educativ~ para a criana descobrir que podemos ser bons

em algumas caisas mas nao em tudo Passa-se uma experiencia da realidade para

a crianC8

TIBA (2002) tambem cita 0 caso de colocar a crian9a no colo enquanto se

dirige urn carro A crianC8 tern a falsa sensacao de que comanda 0 veiculo mas issa

nao passa de urn poder irreal Ao dirigir urn carrinho de brinquedo ela poderia de fato

se sentir poderosa IS50 sem falar que quando 0 filho crescer ao 15 anos par

exempla vai querer sair com 0 carro do pai mesmo sem poder Mas quando era

criancaeu podia

o caso classico da criancaquerer dormir com os pais tambem e abordado por

TIBA (2002) segundo 0 autor 0 ideal e que desde bebe a crian9a deve aprender a

dorrnir no seu lugar mesmo que ache mais gostoso aninhar-se entre os pais Ir cada

urn para sua cama da 0 sentido de que cada urn tem seu territorio ai tambem

estamos delimitando limites onde sao respeitados 0 so no e 0 espacode cada urn

Crian~asmaiores que ja andam devem ter um lugar (ou quarto) proprio para dormirMesmo que ocasionalmente adorme~am na cama dos pais e importante que sejamlevadas a sua cama para que acordem la Nao devem adquirir 0 habito de dormir nacama dos pais Tenha paciencia e fale claro em born tom olhando seriamente nofundo dos olhinhos dela ~Cada coisa no seu lugar cada pessoa na sua cama~

42

Quando a crian(f3 percebe que 0 limite e coisa sena e vai ser cumprido procura seajustar(lIBA 2002p115)

OLIVEIRA (1999 p120) enumera as diversos problemas que causam a fato

dos filhos permanecem no quarto dos pais na hora de dormir considerando-as de

difieil recupera~aoposterior

1 Faita de valorizayilo da privacidade tanto do casal como da crianya

2 Mantem a relacao simbi6tica au seja a li98980 existente entre mae e

bebe prejudicando 0 desenvolvimento emocional da crian93

3 A crianya tende a formar relayao de dependencia da protey80 e da

preseny8 dos pais ate mesma durante 0 sono

4 Quando chegar a fase em que a crianca elege entre 0 pai e a mae 0 seu

preferido tenta afastar 0 autro esticando-se e virando-se na cama de

modo a deixar a preterido desconfortavel a ponto deste mudar de lugar

sair da cama e ate mesma do quarto

E importante ressaltar que sempre as regras devem ser claras e naD sujeitas

a mudancas pois a organizacao interna dos filhos fica muito prejudicada se dormir

au nao na cama dos pais se transforma numa possibilidade que depende apenas do

humor dos pais ou de quanto 0 filho se recusa a dormir sozinho (chorando

acordando diversas vezes etc) A crian9a com autonomia de sono e mais

independente e feliz (TIBA 2002 p116)

Enfatiza-se que na maiaria dos casas as pais permitem que as criancas

fiquem ate mais tarde no quarto deles nao e par uma exigemcia ou necessidade da

crianya mas par alguma deficiencia desequilibrio au imaturidade dos proprios pais

(OLIVEIRA 1999 p122)

43

Em relaiio ao choro da crian9l ressalta-se que ha dois tipos de choro 0 que

expressa dor e 0 que busca pader

Se 0 filho descobrir que pade usar a chom como fonte de poder as pais estaoperdidos Nunca mais saberao dizer se ele chara par dar au poder Urn chore depoder Necessita dos olhos e dos ouvidos de quem se quer dominar Ingenua acrianya que usa 0 choro como pader para imediatamente apes conseguir 0 que querOai a importancia de as pais ficarem atentos para nao ser manipulados (TIBA 2002p158)

o choro que apela para 0 lade coitadinho inspira ternura Eo urn tipo de

manipula9ao que busca 0 dominio pela chantagem aletiva Eo dilicil neutralizar 0 uso

do choro como arma

Segundo liSA (2002 p159) Urn pouco de dor nao matara a crian9a assim

como urn poueD de pader nao matara as pais ( ) Se traumas infantis matassem a

humanidade estaria extinta Nao ha filho que nao tenha side contrariado A imensa

maioria deles tern condi90es de agOentar contrariedades 0 autor destaca que pais

que sao soHcitos ao extrema nao trayam um born e segura trajeto para seguir 0

resultado e que a crianya fica insegura pais perde a confianca neles ela pressente

que as pais nao tern firmeza nas suas decisoes e sao manipulaveis

Deve-se tomar cuidado com as exageros urn erro cometido pelos pais

desde que nao seja baseado na violencia em surras socas e pontapes naa traz

problema nenhum Atos como esses descarregam a raiva mas nao tern forlta

educativa pois violmcia s6 gera violencia (liSA 2002 p159)

Em rela9aOaos pais lazerem as tarelas pelos filhos ou ainda pior comprar os

resultados ressalta-se que este tipo de atitude nao ajuda a crianlta cria

dependencia e compromete 0 desenvolvimento escolar Alem disso as pais acabam

privando os filhos do gosto de uma conquista dando uma mensagem subliminar de

que eles sao incapazes Os pais nao devem privar os filhos do gosto de uma

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

REFERENCIASBIBLIOGRAFICAS

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50

VEJA Especial para bebes Sao Paulo Ed Abril 2000

ZAGURY T Educar sem culpa a genese da etica 15 ed Rio de Janeiro Record2000

__ Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sabre a tirania dosfilhos 15 ed Rio de Janeiro Record 2000

Limites sem trauma - construindo cidadaos 25 ed Rio de JaneiroRecord2001

WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

Page 41: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

38

ZAGURY (2001) destaca pontos importantes para nao perder a autoridade

perante os filhos

bull Cumpra 0 que disse (seja premia ou conseqOemcia) ou seja ameacou

execute prometeu faya

bull Seja coerente 0 que nao pode nao pode nunca (salvo raras excessoes)

nao mude de atitude como quem mud a de roupa (au de acordo com 0 seu

humor)

bull Faya com que seus filhos gradualmente assumam responsabilidades

Deixe que eles participem das decisoes sabre premios ou conseqOeuromcias

- isto ajuda a amadurecer e compromete a crianca e as jovens que

aderem mais ao que ajudam a construir (mesma que sejam sans6es para

eles proprios)

bull Cuidado com 0 que diz e com 0 modo como diz - critique 0 ato nunca a

pessoa ou a personalidade de seus filhos Trate somente do assunto que

S8 esta analisando no momento naD desenterre coisas do passado sem

necessidade Nao fique com pena da crianya se ela chorar ficar triste

nao talar com voce E melhor ela ficar triste hoje mas aprender a respeitar

o pr6ximo a 5i propria e a palavra empenhada do que sofrer futuramente

nos seus relacionamentos interpessoais

Segundo TIBA(2002) os filhos nao vem com manual pois eles mesmos sao 0

manual au seja cada criancaencerra uma individualidade e a cada dia os pais irao

aprendendo com cada filho E importante neste aprendizado os pais privilegiarem 0

desenvolvimento relacional atraves de um procedimento basico que deve ser

aplicado a cada fllho Para TBA (2002) ese procedimento e valido para qualquer

39

relacionamento entre pessoas de qualquer idade mas que e relevante na formaC8o

da auto-estima da criancadesde 0 seu nascimento Para 0 atendimento integral a

uma crian9 sao cinco os passos parar ouvir olhar pensar e agir (TIBA 2002

p127)

TIBA (2002) descreve os cinco passos da seguinte forma

1 Parar - parar 0 que estiver fazendo ou pensando e dar atenyao total acriancaCasa naD possa parar naquele exato momento vale colaear uma

das maos no ombro da crian9 enquanto diz que logo vai atende-Ia A

crianya deve ficar esperando ali juntinho de voce Pode ser que ela queira

sair para voltar logo depois Se a iniciativa de sair for da crianca a

responsabilidade de voltar sera dela Mas deve evitar ao maximo dizer

para a crianca ocupar-se com Dutra caisa enquanto voce termina 0 que

esta fazendo Nem sempre ela volta outra vez pelo mesmo motivo E

tambem fundamental deixar de lado ideias preconcebidas sobre 0 que a

crianca vai fatar Se voce pensa ~Iavern aquela chata me encher Dutra

vez seu cerebro ja esta preenchido em parte com esse pensamento e

voce perde a chance de atende-Ia integralmente

2 Ouvir - e a parte racional Os pais devem olhar no funda dos ahos da

crianca como se a Duvissem com as ahos A criany8 precisa aprender a

se expressar Nao se deve tentar adivinhar 0 que ela quer Quando pede

alguma coisa esta desenvolvendo sua capacidade de pensar de formular

uma pergunta e de se expressar para que outras pessoas possam

compreende-Ia

3 Olhar - e a parte instintiva Num piscar de olhos uma pessoa consegue

ver tantas coisas que levaria muito tempo explica-Ias em palavras Tudo 0

40

que se percebe visualmente tambem tem que ser considerado para

compreender a crian9a

4 Pensar - lados os elementos percebidos tanto visualmente quanto

verbal mente mais 0 sentido educativo que se que ira imprimir na forma9ao

da criana devem fazer parte da resposta a ser dada Sentido educativo e

o objetivo a ser atendido com a educaao que esta sendo dada (Quer que

o filho seja egoista Coloque-o sempre em primeiro lugar em detrimento

dos outros e diga sim a todos os seus desejos Quer que ele seja feliz

Ajude-o a desenvolver a satisfailo pelo que e e pelo que consegue fazer

a tolerimcia a compreensao dos Qutrosa vontade de ajudar a quem pede

e a etica do bem)

5 Agir - essa aao ou resposta deve ser bem clara e objetiva Melhor ainda

se voce puder se assegurar de que a crianca real mente saciou sua

vontade

E importante ressaltar que os cinco passos devem ser utilizados em todas as

situayaes desde 0 tombo da crian98 pequena ate quando a crian98 crescer Ao se

utilizar este procedimento basico as atitudes dos pais tendem a ser coerentes Par

exemplo se uma crianca calr naD e necessaria as pais sairem desesperados em

todas Situ8COeS mas avaiar se 0 tombo foi grave QU se foi urn tombinho que naD

precisa de maiores cuidados Tambem as pais naD devem sair dizendo que chao

feio que passa a falsa ideia que 0 chao e culpado pelo seu tombo a criana tem

que aprender que ela deve ter cuidado Se ela se choca uma ou duas vezes numa

mesa ela aprende a ter cuidado por sua pr6pria experiencia TIBA (2002 p133)

41

destaca que a afobayao e a reacao exagerada dos pais geram inseguran9a na

crianca

Outre fato bastante comum e as pais deixarem as ftlhos ganharem jogos par

exemplo tentando agrada-Ios mesmo que os deseduquem As crian9as tern uma

sabedoria natural Brincam e competem de acordo com as conhecimentos e as

capacita90es de que disp6ern E mais facil para 0 pai brincar como se fosse crian98

e deixar 0 filho ganhar sempre Esse comportamento contudo da a crianca uma

visao irreal do que e jogar Ganha-se algumas vezes perde-se outras (TIBA 2002

p136) Ou seja e mais educativ~ para a criana descobrir que podemos ser bons

em algumas caisas mas nao em tudo Passa-se uma experiencia da realidade para

a crianC8

TIBA (2002) tambem cita 0 caso de colocar a crian9a no colo enquanto se

dirige urn carro A crianC8 tern a falsa sensacao de que comanda 0 veiculo mas issa

nao passa de urn poder irreal Ao dirigir urn carrinho de brinquedo ela poderia de fato

se sentir poderosa IS50 sem falar que quando 0 filho crescer ao 15 anos par

exempla vai querer sair com 0 carro do pai mesmo sem poder Mas quando era

criancaeu podia

o caso classico da criancaquerer dormir com os pais tambem e abordado por

TIBA (2002) segundo 0 autor 0 ideal e que desde bebe a crian9a deve aprender a

dorrnir no seu lugar mesmo que ache mais gostoso aninhar-se entre os pais Ir cada

urn para sua cama da 0 sentido de que cada urn tem seu territorio ai tambem

estamos delimitando limites onde sao respeitados 0 so no e 0 espacode cada urn

Crian~asmaiores que ja andam devem ter um lugar (ou quarto) proprio para dormirMesmo que ocasionalmente adorme~am na cama dos pais e importante que sejamlevadas a sua cama para que acordem la Nao devem adquirir 0 habito de dormir nacama dos pais Tenha paciencia e fale claro em born tom olhando seriamente nofundo dos olhinhos dela ~Cada coisa no seu lugar cada pessoa na sua cama~

42

Quando a crian(f3 percebe que 0 limite e coisa sena e vai ser cumprido procura seajustar(lIBA 2002p115)

OLIVEIRA (1999 p120) enumera as diversos problemas que causam a fato

dos filhos permanecem no quarto dos pais na hora de dormir considerando-as de

difieil recupera~aoposterior

1 Faita de valorizayilo da privacidade tanto do casal como da crianya

2 Mantem a relacao simbi6tica au seja a li98980 existente entre mae e

bebe prejudicando 0 desenvolvimento emocional da crian93

3 A crianya tende a formar relayao de dependencia da protey80 e da

preseny8 dos pais ate mesma durante 0 sono

4 Quando chegar a fase em que a crianca elege entre 0 pai e a mae 0 seu

preferido tenta afastar 0 autro esticando-se e virando-se na cama de

modo a deixar a preterido desconfortavel a ponto deste mudar de lugar

sair da cama e ate mesma do quarto

E importante ressaltar que sempre as regras devem ser claras e naD sujeitas

a mudancas pois a organizacao interna dos filhos fica muito prejudicada se dormir

au nao na cama dos pais se transforma numa possibilidade que depende apenas do

humor dos pais ou de quanto 0 filho se recusa a dormir sozinho (chorando

acordando diversas vezes etc) A crian9a com autonomia de sono e mais

independente e feliz (TIBA 2002 p116)

Enfatiza-se que na maiaria dos casas as pais permitem que as criancas

fiquem ate mais tarde no quarto deles nao e par uma exigemcia ou necessidade da

crianya mas par alguma deficiencia desequilibrio au imaturidade dos proprios pais

(OLIVEIRA 1999 p122)

43

Em relaiio ao choro da crian9l ressalta-se que ha dois tipos de choro 0 que

expressa dor e 0 que busca pader

Se 0 filho descobrir que pade usar a chom como fonte de poder as pais estaoperdidos Nunca mais saberao dizer se ele chara par dar au poder Urn chore depoder Necessita dos olhos e dos ouvidos de quem se quer dominar Ingenua acrianya que usa 0 choro como pader para imediatamente apes conseguir 0 que querOai a importancia de as pais ficarem atentos para nao ser manipulados (TIBA 2002p158)

o choro que apela para 0 lade coitadinho inspira ternura Eo urn tipo de

manipula9ao que busca 0 dominio pela chantagem aletiva Eo dilicil neutralizar 0 uso

do choro como arma

Segundo liSA (2002 p159) Urn pouco de dor nao matara a crian9a assim

como urn poueD de pader nao matara as pais ( ) Se traumas infantis matassem a

humanidade estaria extinta Nao ha filho que nao tenha side contrariado A imensa

maioria deles tern condi90es de agOentar contrariedades 0 autor destaca que pais

que sao soHcitos ao extrema nao trayam um born e segura trajeto para seguir 0

resultado e que a crianya fica insegura pais perde a confianca neles ela pressente

que as pais nao tern firmeza nas suas decisoes e sao manipulaveis

Deve-se tomar cuidado com as exageros urn erro cometido pelos pais

desde que nao seja baseado na violencia em surras socas e pontapes naa traz

problema nenhum Atos como esses descarregam a raiva mas nao tern forlta

educativa pois violmcia s6 gera violencia (liSA 2002 p159)

Em rela9aOaos pais lazerem as tarelas pelos filhos ou ainda pior comprar os

resultados ressalta-se que este tipo de atitude nao ajuda a crianlta cria

dependencia e compromete 0 desenvolvimento escolar Alem disso as pais acabam

privando os filhos do gosto de uma conquista dando uma mensagem subliminar de

que eles sao incapazes Os pais nao devem privar os filhos do gosto de uma

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

REFERENCIASBIBLIOGRAFICAS

ALMEIDA PO DRACTULLARANJEIRAR Manual de psiquiatria Rio deJaneiro GuanabaraKoogan 1996

COUTINHOFILHOAJ Limites diga nao ao seu filho em magoa-Io Disponivelemhttpwwwviasaudecombrartigosllimiteshtm Acesso em 13102003

DAVIDOFFLL Introdu~ao a psicologia 1 ed Rio de JaneiroMcGrowhill 1983

DAVISC OLIVEIRAlPsicologia na educa~ao 2 ed Sao Paulo Cortez 1994

DORONR PAROT F Dicionario de psicologia Sao PauloAlica 1998

FREUDA Infancia normal e patologica Rio de Janeiro lahar Editores 1971

HANISH LD TOLAN PH GUERRA NG Tralamento do transtorno desafiadoropositivoIn Terapia cognitiva com crian~ase adolescentes manual para apratica clinica REINECKEet al PortoAlegre Artes MedicasSui 1999

HOLMES DS Psicologia dos transtornos mentais 2 ed Porto Alegre ArtesMedicas 1997

MIRANDA ML Quem tern medo de ser rejeitado Guia de sobrevivancia arejei~ao BeloHorizonteCeap 2001

MORAIS AMP Disturbios de aprendizagem uma abordagempSicopedagogica Sao Paulo Edicon 1997

MOULYG J Psicologia educacional 8 ed Sao Paulo Pioneira 1979

NOVAESM H Psicologia escolar 2 ed PelropolisVozes 1970

OLIVEIRA T de OLIVEIRA C E D de Erros e acertos na educa~ao RioGrandedo Sui 1999

POLITY E Psicopedagogia urn enfoque sistamico - terapia familiar nasdificuldades de aprendizagem Sao Paulo Emporiodo Livro 1998

SOUZA A Pensando a inibi~ao intelectual Sao Paulo Ed Casa do Psicologo1995

TIBA I Disciplina 0 limite na medida certa 20 ed Sao Paulo GenIe 1996

__ Quem ama educa Sao Paulo GenIe 2002

VASCONCELLOS CS Disciplina constru~ao da disciplina consciente emteratlva em sala de aula e na eseoa 7 ed Sao Paulo Libertad 1995

50

VEJA Especial para bebes Sao Paulo Ed Abril 2000

ZAGURY T Educar sem culpa a genese da etica 15 ed Rio de Janeiro Record2000

__ Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sabre a tirania dosfilhos 15 ed Rio de Janeiro Record 2000

Limites sem trauma - construindo cidadaos 25 ed Rio de JaneiroRecord2001

WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

Page 42: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

39

relacionamento entre pessoas de qualquer idade mas que e relevante na formaC8o

da auto-estima da criancadesde 0 seu nascimento Para 0 atendimento integral a

uma crian9 sao cinco os passos parar ouvir olhar pensar e agir (TIBA 2002

p127)

TIBA (2002) descreve os cinco passos da seguinte forma

1 Parar - parar 0 que estiver fazendo ou pensando e dar atenyao total acriancaCasa naD possa parar naquele exato momento vale colaear uma

das maos no ombro da crian9 enquanto diz que logo vai atende-Ia A

crianya deve ficar esperando ali juntinho de voce Pode ser que ela queira

sair para voltar logo depois Se a iniciativa de sair for da crianca a

responsabilidade de voltar sera dela Mas deve evitar ao maximo dizer

para a crianca ocupar-se com Dutra caisa enquanto voce termina 0 que

esta fazendo Nem sempre ela volta outra vez pelo mesmo motivo E

tambem fundamental deixar de lado ideias preconcebidas sobre 0 que a

crianca vai fatar Se voce pensa ~Iavern aquela chata me encher Dutra

vez seu cerebro ja esta preenchido em parte com esse pensamento e

voce perde a chance de atende-Ia integralmente

2 Ouvir - e a parte racional Os pais devem olhar no funda dos ahos da

crianca como se a Duvissem com as ahos A criany8 precisa aprender a

se expressar Nao se deve tentar adivinhar 0 que ela quer Quando pede

alguma coisa esta desenvolvendo sua capacidade de pensar de formular

uma pergunta e de se expressar para que outras pessoas possam

compreende-Ia

3 Olhar - e a parte instintiva Num piscar de olhos uma pessoa consegue

ver tantas coisas que levaria muito tempo explica-Ias em palavras Tudo 0

40

que se percebe visualmente tambem tem que ser considerado para

compreender a crian9a

4 Pensar - lados os elementos percebidos tanto visualmente quanto

verbal mente mais 0 sentido educativo que se que ira imprimir na forma9ao

da criana devem fazer parte da resposta a ser dada Sentido educativo e

o objetivo a ser atendido com a educaao que esta sendo dada (Quer que

o filho seja egoista Coloque-o sempre em primeiro lugar em detrimento

dos outros e diga sim a todos os seus desejos Quer que ele seja feliz

Ajude-o a desenvolver a satisfailo pelo que e e pelo que consegue fazer

a tolerimcia a compreensao dos Qutrosa vontade de ajudar a quem pede

e a etica do bem)

5 Agir - essa aao ou resposta deve ser bem clara e objetiva Melhor ainda

se voce puder se assegurar de que a crianca real mente saciou sua

vontade

E importante ressaltar que os cinco passos devem ser utilizados em todas as

situayaes desde 0 tombo da crian98 pequena ate quando a crian98 crescer Ao se

utilizar este procedimento basico as atitudes dos pais tendem a ser coerentes Par

exemplo se uma crianca calr naD e necessaria as pais sairem desesperados em

todas Situ8COeS mas avaiar se 0 tombo foi grave QU se foi urn tombinho que naD

precisa de maiores cuidados Tambem as pais naD devem sair dizendo que chao

feio que passa a falsa ideia que 0 chao e culpado pelo seu tombo a criana tem

que aprender que ela deve ter cuidado Se ela se choca uma ou duas vezes numa

mesa ela aprende a ter cuidado por sua pr6pria experiencia TIBA (2002 p133)

41

destaca que a afobayao e a reacao exagerada dos pais geram inseguran9a na

crianca

Outre fato bastante comum e as pais deixarem as ftlhos ganharem jogos par

exemplo tentando agrada-Ios mesmo que os deseduquem As crian9as tern uma

sabedoria natural Brincam e competem de acordo com as conhecimentos e as

capacita90es de que disp6ern E mais facil para 0 pai brincar como se fosse crian98

e deixar 0 filho ganhar sempre Esse comportamento contudo da a crianca uma

visao irreal do que e jogar Ganha-se algumas vezes perde-se outras (TIBA 2002

p136) Ou seja e mais educativ~ para a criana descobrir que podemos ser bons

em algumas caisas mas nao em tudo Passa-se uma experiencia da realidade para

a crianC8

TIBA (2002) tambem cita 0 caso de colocar a crian9a no colo enquanto se

dirige urn carro A crianC8 tern a falsa sensacao de que comanda 0 veiculo mas issa

nao passa de urn poder irreal Ao dirigir urn carrinho de brinquedo ela poderia de fato

se sentir poderosa IS50 sem falar que quando 0 filho crescer ao 15 anos par

exempla vai querer sair com 0 carro do pai mesmo sem poder Mas quando era

criancaeu podia

o caso classico da criancaquerer dormir com os pais tambem e abordado por

TIBA (2002) segundo 0 autor 0 ideal e que desde bebe a crian9a deve aprender a

dorrnir no seu lugar mesmo que ache mais gostoso aninhar-se entre os pais Ir cada

urn para sua cama da 0 sentido de que cada urn tem seu territorio ai tambem

estamos delimitando limites onde sao respeitados 0 so no e 0 espacode cada urn

Crian~asmaiores que ja andam devem ter um lugar (ou quarto) proprio para dormirMesmo que ocasionalmente adorme~am na cama dos pais e importante que sejamlevadas a sua cama para que acordem la Nao devem adquirir 0 habito de dormir nacama dos pais Tenha paciencia e fale claro em born tom olhando seriamente nofundo dos olhinhos dela ~Cada coisa no seu lugar cada pessoa na sua cama~

42

Quando a crian(f3 percebe que 0 limite e coisa sena e vai ser cumprido procura seajustar(lIBA 2002p115)

OLIVEIRA (1999 p120) enumera as diversos problemas que causam a fato

dos filhos permanecem no quarto dos pais na hora de dormir considerando-as de

difieil recupera~aoposterior

1 Faita de valorizayilo da privacidade tanto do casal como da crianya

2 Mantem a relacao simbi6tica au seja a li98980 existente entre mae e

bebe prejudicando 0 desenvolvimento emocional da crian93

3 A crianya tende a formar relayao de dependencia da protey80 e da

preseny8 dos pais ate mesma durante 0 sono

4 Quando chegar a fase em que a crianca elege entre 0 pai e a mae 0 seu

preferido tenta afastar 0 autro esticando-se e virando-se na cama de

modo a deixar a preterido desconfortavel a ponto deste mudar de lugar

sair da cama e ate mesma do quarto

E importante ressaltar que sempre as regras devem ser claras e naD sujeitas

a mudancas pois a organizacao interna dos filhos fica muito prejudicada se dormir

au nao na cama dos pais se transforma numa possibilidade que depende apenas do

humor dos pais ou de quanto 0 filho se recusa a dormir sozinho (chorando

acordando diversas vezes etc) A crian9a com autonomia de sono e mais

independente e feliz (TIBA 2002 p116)

Enfatiza-se que na maiaria dos casas as pais permitem que as criancas

fiquem ate mais tarde no quarto deles nao e par uma exigemcia ou necessidade da

crianya mas par alguma deficiencia desequilibrio au imaturidade dos proprios pais

(OLIVEIRA 1999 p122)

43

Em relaiio ao choro da crian9l ressalta-se que ha dois tipos de choro 0 que

expressa dor e 0 que busca pader

Se 0 filho descobrir que pade usar a chom como fonte de poder as pais estaoperdidos Nunca mais saberao dizer se ele chara par dar au poder Urn chore depoder Necessita dos olhos e dos ouvidos de quem se quer dominar Ingenua acrianya que usa 0 choro como pader para imediatamente apes conseguir 0 que querOai a importancia de as pais ficarem atentos para nao ser manipulados (TIBA 2002p158)

o choro que apela para 0 lade coitadinho inspira ternura Eo urn tipo de

manipula9ao que busca 0 dominio pela chantagem aletiva Eo dilicil neutralizar 0 uso

do choro como arma

Segundo liSA (2002 p159) Urn pouco de dor nao matara a crian9a assim

como urn poueD de pader nao matara as pais ( ) Se traumas infantis matassem a

humanidade estaria extinta Nao ha filho que nao tenha side contrariado A imensa

maioria deles tern condi90es de agOentar contrariedades 0 autor destaca que pais

que sao soHcitos ao extrema nao trayam um born e segura trajeto para seguir 0

resultado e que a crianya fica insegura pais perde a confianca neles ela pressente

que as pais nao tern firmeza nas suas decisoes e sao manipulaveis

Deve-se tomar cuidado com as exageros urn erro cometido pelos pais

desde que nao seja baseado na violencia em surras socas e pontapes naa traz

problema nenhum Atos como esses descarregam a raiva mas nao tern forlta

educativa pois violmcia s6 gera violencia (liSA 2002 p159)

Em rela9aOaos pais lazerem as tarelas pelos filhos ou ainda pior comprar os

resultados ressalta-se que este tipo de atitude nao ajuda a crianlta cria

dependencia e compromete 0 desenvolvimento escolar Alem disso as pais acabam

privando os filhos do gosto de uma conquista dando uma mensagem subliminar de

que eles sao incapazes Os pais nao devem privar os filhos do gosto de uma

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

REFERENCIASBIBLIOGRAFICAS

ALMEIDA PO DRACTULLARANJEIRAR Manual de psiquiatria Rio deJaneiro GuanabaraKoogan 1996

COUTINHOFILHOAJ Limites diga nao ao seu filho em magoa-Io Disponivelemhttpwwwviasaudecombrartigosllimiteshtm Acesso em 13102003

DAVIDOFFLL Introdu~ao a psicologia 1 ed Rio de JaneiroMcGrowhill 1983

DAVISC OLIVEIRAlPsicologia na educa~ao 2 ed Sao Paulo Cortez 1994

DORONR PAROT F Dicionario de psicologia Sao PauloAlica 1998

FREUDA Infancia normal e patologica Rio de Janeiro lahar Editores 1971

HANISH LD TOLAN PH GUERRA NG Tralamento do transtorno desafiadoropositivoIn Terapia cognitiva com crian~ase adolescentes manual para apratica clinica REINECKEet al PortoAlegre Artes MedicasSui 1999

HOLMES DS Psicologia dos transtornos mentais 2 ed Porto Alegre ArtesMedicas 1997

MIRANDA ML Quem tern medo de ser rejeitado Guia de sobrevivancia arejei~ao BeloHorizonteCeap 2001

MORAIS AMP Disturbios de aprendizagem uma abordagempSicopedagogica Sao Paulo Edicon 1997

MOULYG J Psicologia educacional 8 ed Sao Paulo Pioneira 1979

NOVAESM H Psicologia escolar 2 ed PelropolisVozes 1970

OLIVEIRA T de OLIVEIRA C E D de Erros e acertos na educa~ao RioGrandedo Sui 1999

POLITY E Psicopedagogia urn enfoque sistamico - terapia familiar nasdificuldades de aprendizagem Sao Paulo Emporiodo Livro 1998

SOUZA A Pensando a inibi~ao intelectual Sao Paulo Ed Casa do Psicologo1995

TIBA I Disciplina 0 limite na medida certa 20 ed Sao Paulo GenIe 1996

__ Quem ama educa Sao Paulo GenIe 2002

VASCONCELLOS CS Disciplina constru~ao da disciplina consciente emteratlva em sala de aula e na eseoa 7 ed Sao Paulo Libertad 1995

50

VEJA Especial para bebes Sao Paulo Ed Abril 2000

ZAGURY T Educar sem culpa a genese da etica 15 ed Rio de Janeiro Record2000

__ Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sabre a tirania dosfilhos 15 ed Rio de Janeiro Record 2000

Limites sem trauma - construindo cidadaos 25 ed Rio de JaneiroRecord2001

WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

Page 43: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

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que se percebe visualmente tambem tem que ser considerado para

compreender a crian9a

4 Pensar - lados os elementos percebidos tanto visualmente quanto

verbal mente mais 0 sentido educativo que se que ira imprimir na forma9ao

da criana devem fazer parte da resposta a ser dada Sentido educativo e

o objetivo a ser atendido com a educaao que esta sendo dada (Quer que

o filho seja egoista Coloque-o sempre em primeiro lugar em detrimento

dos outros e diga sim a todos os seus desejos Quer que ele seja feliz

Ajude-o a desenvolver a satisfailo pelo que e e pelo que consegue fazer

a tolerimcia a compreensao dos Qutrosa vontade de ajudar a quem pede

e a etica do bem)

5 Agir - essa aao ou resposta deve ser bem clara e objetiva Melhor ainda

se voce puder se assegurar de que a crianca real mente saciou sua

vontade

E importante ressaltar que os cinco passos devem ser utilizados em todas as

situayaes desde 0 tombo da crian98 pequena ate quando a crian98 crescer Ao se

utilizar este procedimento basico as atitudes dos pais tendem a ser coerentes Par

exemplo se uma crianca calr naD e necessaria as pais sairem desesperados em

todas Situ8COeS mas avaiar se 0 tombo foi grave QU se foi urn tombinho que naD

precisa de maiores cuidados Tambem as pais naD devem sair dizendo que chao

feio que passa a falsa ideia que 0 chao e culpado pelo seu tombo a criana tem

que aprender que ela deve ter cuidado Se ela se choca uma ou duas vezes numa

mesa ela aprende a ter cuidado por sua pr6pria experiencia TIBA (2002 p133)

41

destaca que a afobayao e a reacao exagerada dos pais geram inseguran9a na

crianca

Outre fato bastante comum e as pais deixarem as ftlhos ganharem jogos par

exemplo tentando agrada-Ios mesmo que os deseduquem As crian9as tern uma

sabedoria natural Brincam e competem de acordo com as conhecimentos e as

capacita90es de que disp6ern E mais facil para 0 pai brincar como se fosse crian98

e deixar 0 filho ganhar sempre Esse comportamento contudo da a crianca uma

visao irreal do que e jogar Ganha-se algumas vezes perde-se outras (TIBA 2002

p136) Ou seja e mais educativ~ para a criana descobrir que podemos ser bons

em algumas caisas mas nao em tudo Passa-se uma experiencia da realidade para

a crianC8

TIBA (2002) tambem cita 0 caso de colocar a crian9a no colo enquanto se

dirige urn carro A crianC8 tern a falsa sensacao de que comanda 0 veiculo mas issa

nao passa de urn poder irreal Ao dirigir urn carrinho de brinquedo ela poderia de fato

se sentir poderosa IS50 sem falar que quando 0 filho crescer ao 15 anos par

exempla vai querer sair com 0 carro do pai mesmo sem poder Mas quando era

criancaeu podia

o caso classico da criancaquerer dormir com os pais tambem e abordado por

TIBA (2002) segundo 0 autor 0 ideal e que desde bebe a crian9a deve aprender a

dorrnir no seu lugar mesmo que ache mais gostoso aninhar-se entre os pais Ir cada

urn para sua cama da 0 sentido de que cada urn tem seu territorio ai tambem

estamos delimitando limites onde sao respeitados 0 so no e 0 espacode cada urn

Crian~asmaiores que ja andam devem ter um lugar (ou quarto) proprio para dormirMesmo que ocasionalmente adorme~am na cama dos pais e importante que sejamlevadas a sua cama para que acordem la Nao devem adquirir 0 habito de dormir nacama dos pais Tenha paciencia e fale claro em born tom olhando seriamente nofundo dos olhinhos dela ~Cada coisa no seu lugar cada pessoa na sua cama~

42

Quando a crian(f3 percebe que 0 limite e coisa sena e vai ser cumprido procura seajustar(lIBA 2002p115)

OLIVEIRA (1999 p120) enumera as diversos problemas que causam a fato

dos filhos permanecem no quarto dos pais na hora de dormir considerando-as de

difieil recupera~aoposterior

1 Faita de valorizayilo da privacidade tanto do casal como da crianya

2 Mantem a relacao simbi6tica au seja a li98980 existente entre mae e

bebe prejudicando 0 desenvolvimento emocional da crian93

3 A crianya tende a formar relayao de dependencia da protey80 e da

preseny8 dos pais ate mesma durante 0 sono

4 Quando chegar a fase em que a crianca elege entre 0 pai e a mae 0 seu

preferido tenta afastar 0 autro esticando-se e virando-se na cama de

modo a deixar a preterido desconfortavel a ponto deste mudar de lugar

sair da cama e ate mesma do quarto

E importante ressaltar que sempre as regras devem ser claras e naD sujeitas

a mudancas pois a organizacao interna dos filhos fica muito prejudicada se dormir

au nao na cama dos pais se transforma numa possibilidade que depende apenas do

humor dos pais ou de quanto 0 filho se recusa a dormir sozinho (chorando

acordando diversas vezes etc) A crian9a com autonomia de sono e mais

independente e feliz (TIBA 2002 p116)

Enfatiza-se que na maiaria dos casas as pais permitem que as criancas

fiquem ate mais tarde no quarto deles nao e par uma exigemcia ou necessidade da

crianya mas par alguma deficiencia desequilibrio au imaturidade dos proprios pais

(OLIVEIRA 1999 p122)

43

Em relaiio ao choro da crian9l ressalta-se que ha dois tipos de choro 0 que

expressa dor e 0 que busca pader

Se 0 filho descobrir que pade usar a chom como fonte de poder as pais estaoperdidos Nunca mais saberao dizer se ele chara par dar au poder Urn chore depoder Necessita dos olhos e dos ouvidos de quem se quer dominar Ingenua acrianya que usa 0 choro como pader para imediatamente apes conseguir 0 que querOai a importancia de as pais ficarem atentos para nao ser manipulados (TIBA 2002p158)

o choro que apela para 0 lade coitadinho inspira ternura Eo urn tipo de

manipula9ao que busca 0 dominio pela chantagem aletiva Eo dilicil neutralizar 0 uso

do choro como arma

Segundo liSA (2002 p159) Urn pouco de dor nao matara a crian9a assim

como urn poueD de pader nao matara as pais ( ) Se traumas infantis matassem a

humanidade estaria extinta Nao ha filho que nao tenha side contrariado A imensa

maioria deles tern condi90es de agOentar contrariedades 0 autor destaca que pais

que sao soHcitos ao extrema nao trayam um born e segura trajeto para seguir 0

resultado e que a crianya fica insegura pais perde a confianca neles ela pressente

que as pais nao tern firmeza nas suas decisoes e sao manipulaveis

Deve-se tomar cuidado com as exageros urn erro cometido pelos pais

desde que nao seja baseado na violencia em surras socas e pontapes naa traz

problema nenhum Atos como esses descarregam a raiva mas nao tern forlta

educativa pois violmcia s6 gera violencia (liSA 2002 p159)

Em rela9aOaos pais lazerem as tarelas pelos filhos ou ainda pior comprar os

resultados ressalta-se que este tipo de atitude nao ajuda a crianlta cria

dependencia e compromete 0 desenvolvimento escolar Alem disso as pais acabam

privando os filhos do gosto de uma conquista dando uma mensagem subliminar de

que eles sao incapazes Os pais nao devem privar os filhos do gosto de uma

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

REFERENCIASBIBLIOGRAFICAS

ALMEIDA PO DRACTULLARANJEIRAR Manual de psiquiatria Rio deJaneiro GuanabaraKoogan 1996

COUTINHOFILHOAJ Limites diga nao ao seu filho em magoa-Io Disponivelemhttpwwwviasaudecombrartigosllimiteshtm Acesso em 13102003

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DAVISC OLIVEIRAlPsicologia na educa~ao 2 ed Sao Paulo Cortez 1994

DORONR PAROT F Dicionario de psicologia Sao PauloAlica 1998

FREUDA Infancia normal e patologica Rio de Janeiro lahar Editores 1971

HANISH LD TOLAN PH GUERRA NG Tralamento do transtorno desafiadoropositivoIn Terapia cognitiva com crian~ase adolescentes manual para apratica clinica REINECKEet al PortoAlegre Artes MedicasSui 1999

HOLMES DS Psicologia dos transtornos mentais 2 ed Porto Alegre ArtesMedicas 1997

MIRANDA ML Quem tern medo de ser rejeitado Guia de sobrevivancia arejei~ao BeloHorizonteCeap 2001

MORAIS AMP Disturbios de aprendizagem uma abordagempSicopedagogica Sao Paulo Edicon 1997

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NOVAESM H Psicologia escolar 2 ed PelropolisVozes 1970

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POLITY E Psicopedagogia urn enfoque sistamico - terapia familiar nasdificuldades de aprendizagem Sao Paulo Emporiodo Livro 1998

SOUZA A Pensando a inibi~ao intelectual Sao Paulo Ed Casa do Psicologo1995

TIBA I Disciplina 0 limite na medida certa 20 ed Sao Paulo GenIe 1996

__ Quem ama educa Sao Paulo GenIe 2002

VASCONCELLOS CS Disciplina constru~ao da disciplina consciente emteratlva em sala de aula e na eseoa 7 ed Sao Paulo Libertad 1995

50

VEJA Especial para bebes Sao Paulo Ed Abril 2000

ZAGURY T Educar sem culpa a genese da etica 15 ed Rio de Janeiro Record2000

__ Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sabre a tirania dosfilhos 15 ed Rio de Janeiro Record 2000

Limites sem trauma - construindo cidadaos 25 ed Rio de JaneiroRecord2001

WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

Page 44: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

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destaca que a afobayao e a reacao exagerada dos pais geram inseguran9a na

crianca

Outre fato bastante comum e as pais deixarem as ftlhos ganharem jogos par

exemplo tentando agrada-Ios mesmo que os deseduquem As crian9as tern uma

sabedoria natural Brincam e competem de acordo com as conhecimentos e as

capacita90es de que disp6ern E mais facil para 0 pai brincar como se fosse crian98

e deixar 0 filho ganhar sempre Esse comportamento contudo da a crianca uma

visao irreal do que e jogar Ganha-se algumas vezes perde-se outras (TIBA 2002

p136) Ou seja e mais educativ~ para a criana descobrir que podemos ser bons

em algumas caisas mas nao em tudo Passa-se uma experiencia da realidade para

a crianC8

TIBA (2002) tambem cita 0 caso de colocar a crian9a no colo enquanto se

dirige urn carro A crianC8 tern a falsa sensacao de que comanda 0 veiculo mas issa

nao passa de urn poder irreal Ao dirigir urn carrinho de brinquedo ela poderia de fato

se sentir poderosa IS50 sem falar que quando 0 filho crescer ao 15 anos par

exempla vai querer sair com 0 carro do pai mesmo sem poder Mas quando era

criancaeu podia

o caso classico da criancaquerer dormir com os pais tambem e abordado por

TIBA (2002) segundo 0 autor 0 ideal e que desde bebe a crian9a deve aprender a

dorrnir no seu lugar mesmo que ache mais gostoso aninhar-se entre os pais Ir cada

urn para sua cama da 0 sentido de que cada urn tem seu territorio ai tambem

estamos delimitando limites onde sao respeitados 0 so no e 0 espacode cada urn

Crian~asmaiores que ja andam devem ter um lugar (ou quarto) proprio para dormirMesmo que ocasionalmente adorme~am na cama dos pais e importante que sejamlevadas a sua cama para que acordem la Nao devem adquirir 0 habito de dormir nacama dos pais Tenha paciencia e fale claro em born tom olhando seriamente nofundo dos olhinhos dela ~Cada coisa no seu lugar cada pessoa na sua cama~

42

Quando a crian(f3 percebe que 0 limite e coisa sena e vai ser cumprido procura seajustar(lIBA 2002p115)

OLIVEIRA (1999 p120) enumera as diversos problemas que causam a fato

dos filhos permanecem no quarto dos pais na hora de dormir considerando-as de

difieil recupera~aoposterior

1 Faita de valorizayilo da privacidade tanto do casal como da crianya

2 Mantem a relacao simbi6tica au seja a li98980 existente entre mae e

bebe prejudicando 0 desenvolvimento emocional da crian93

3 A crianya tende a formar relayao de dependencia da protey80 e da

preseny8 dos pais ate mesma durante 0 sono

4 Quando chegar a fase em que a crianca elege entre 0 pai e a mae 0 seu

preferido tenta afastar 0 autro esticando-se e virando-se na cama de

modo a deixar a preterido desconfortavel a ponto deste mudar de lugar

sair da cama e ate mesma do quarto

E importante ressaltar que sempre as regras devem ser claras e naD sujeitas

a mudancas pois a organizacao interna dos filhos fica muito prejudicada se dormir

au nao na cama dos pais se transforma numa possibilidade que depende apenas do

humor dos pais ou de quanto 0 filho se recusa a dormir sozinho (chorando

acordando diversas vezes etc) A crian9a com autonomia de sono e mais

independente e feliz (TIBA 2002 p116)

Enfatiza-se que na maiaria dos casas as pais permitem que as criancas

fiquem ate mais tarde no quarto deles nao e par uma exigemcia ou necessidade da

crianya mas par alguma deficiencia desequilibrio au imaturidade dos proprios pais

(OLIVEIRA 1999 p122)

43

Em relaiio ao choro da crian9l ressalta-se que ha dois tipos de choro 0 que

expressa dor e 0 que busca pader

Se 0 filho descobrir que pade usar a chom como fonte de poder as pais estaoperdidos Nunca mais saberao dizer se ele chara par dar au poder Urn chore depoder Necessita dos olhos e dos ouvidos de quem se quer dominar Ingenua acrianya que usa 0 choro como pader para imediatamente apes conseguir 0 que querOai a importancia de as pais ficarem atentos para nao ser manipulados (TIBA 2002p158)

o choro que apela para 0 lade coitadinho inspira ternura Eo urn tipo de

manipula9ao que busca 0 dominio pela chantagem aletiva Eo dilicil neutralizar 0 uso

do choro como arma

Segundo liSA (2002 p159) Urn pouco de dor nao matara a crian9a assim

como urn poueD de pader nao matara as pais ( ) Se traumas infantis matassem a

humanidade estaria extinta Nao ha filho que nao tenha side contrariado A imensa

maioria deles tern condi90es de agOentar contrariedades 0 autor destaca que pais

que sao soHcitos ao extrema nao trayam um born e segura trajeto para seguir 0

resultado e que a crianya fica insegura pais perde a confianca neles ela pressente

que as pais nao tern firmeza nas suas decisoes e sao manipulaveis

Deve-se tomar cuidado com as exageros urn erro cometido pelos pais

desde que nao seja baseado na violencia em surras socas e pontapes naa traz

problema nenhum Atos como esses descarregam a raiva mas nao tern forlta

educativa pois violmcia s6 gera violencia (liSA 2002 p159)

Em rela9aOaos pais lazerem as tarelas pelos filhos ou ainda pior comprar os

resultados ressalta-se que este tipo de atitude nao ajuda a crianlta cria

dependencia e compromete 0 desenvolvimento escolar Alem disso as pais acabam

privando os filhos do gosto de uma conquista dando uma mensagem subliminar de

que eles sao incapazes Os pais nao devem privar os filhos do gosto de uma

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

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5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

REFERENCIASBIBLIOGRAFICAS

ALMEIDA PO DRACTULLARANJEIRAR Manual de psiquiatria Rio deJaneiro GuanabaraKoogan 1996

COUTINHOFILHOAJ Limites diga nao ao seu filho em magoa-Io Disponivelemhttpwwwviasaudecombrartigosllimiteshtm Acesso em 13102003

DAVIDOFFLL Introdu~ao a psicologia 1 ed Rio de JaneiroMcGrowhill 1983

DAVISC OLIVEIRAlPsicologia na educa~ao 2 ed Sao Paulo Cortez 1994

DORONR PAROT F Dicionario de psicologia Sao PauloAlica 1998

FREUDA Infancia normal e patologica Rio de Janeiro lahar Editores 1971

HANISH LD TOLAN PH GUERRA NG Tralamento do transtorno desafiadoropositivoIn Terapia cognitiva com crian~ase adolescentes manual para apratica clinica REINECKEet al PortoAlegre Artes MedicasSui 1999

HOLMES DS Psicologia dos transtornos mentais 2 ed Porto Alegre ArtesMedicas 1997

MIRANDA ML Quem tern medo de ser rejeitado Guia de sobrevivancia arejei~ao BeloHorizonteCeap 2001

MORAIS AMP Disturbios de aprendizagem uma abordagempSicopedagogica Sao Paulo Edicon 1997

MOULYG J Psicologia educacional 8 ed Sao Paulo Pioneira 1979

NOVAESM H Psicologia escolar 2 ed PelropolisVozes 1970

OLIVEIRA T de OLIVEIRA C E D de Erros e acertos na educa~ao RioGrandedo Sui 1999

POLITY E Psicopedagogia urn enfoque sistamico - terapia familiar nasdificuldades de aprendizagem Sao Paulo Emporiodo Livro 1998

SOUZA A Pensando a inibi~ao intelectual Sao Paulo Ed Casa do Psicologo1995

TIBA I Disciplina 0 limite na medida certa 20 ed Sao Paulo GenIe 1996

__ Quem ama educa Sao Paulo GenIe 2002

VASCONCELLOS CS Disciplina constru~ao da disciplina consciente emteratlva em sala de aula e na eseoa 7 ed Sao Paulo Libertad 1995

50

VEJA Especial para bebes Sao Paulo Ed Abril 2000

ZAGURY T Educar sem culpa a genese da etica 15 ed Rio de Janeiro Record2000

__ Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sabre a tirania dosfilhos 15 ed Rio de Janeiro Record 2000

Limites sem trauma - construindo cidadaos 25 ed Rio de JaneiroRecord2001

WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

Page 45: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

42

Quando a crian(f3 percebe que 0 limite e coisa sena e vai ser cumprido procura seajustar(lIBA 2002p115)

OLIVEIRA (1999 p120) enumera as diversos problemas que causam a fato

dos filhos permanecem no quarto dos pais na hora de dormir considerando-as de

difieil recupera~aoposterior

1 Faita de valorizayilo da privacidade tanto do casal como da crianya

2 Mantem a relacao simbi6tica au seja a li98980 existente entre mae e

bebe prejudicando 0 desenvolvimento emocional da crian93

3 A crianya tende a formar relayao de dependencia da protey80 e da

preseny8 dos pais ate mesma durante 0 sono

4 Quando chegar a fase em que a crianca elege entre 0 pai e a mae 0 seu

preferido tenta afastar 0 autro esticando-se e virando-se na cama de

modo a deixar a preterido desconfortavel a ponto deste mudar de lugar

sair da cama e ate mesma do quarto

E importante ressaltar que sempre as regras devem ser claras e naD sujeitas

a mudancas pois a organizacao interna dos filhos fica muito prejudicada se dormir

au nao na cama dos pais se transforma numa possibilidade que depende apenas do

humor dos pais ou de quanto 0 filho se recusa a dormir sozinho (chorando

acordando diversas vezes etc) A crian9a com autonomia de sono e mais

independente e feliz (TIBA 2002 p116)

Enfatiza-se que na maiaria dos casas as pais permitem que as criancas

fiquem ate mais tarde no quarto deles nao e par uma exigemcia ou necessidade da

crianya mas par alguma deficiencia desequilibrio au imaturidade dos proprios pais

(OLIVEIRA 1999 p122)

43

Em relaiio ao choro da crian9l ressalta-se que ha dois tipos de choro 0 que

expressa dor e 0 que busca pader

Se 0 filho descobrir que pade usar a chom como fonte de poder as pais estaoperdidos Nunca mais saberao dizer se ele chara par dar au poder Urn chore depoder Necessita dos olhos e dos ouvidos de quem se quer dominar Ingenua acrianya que usa 0 choro como pader para imediatamente apes conseguir 0 que querOai a importancia de as pais ficarem atentos para nao ser manipulados (TIBA 2002p158)

o choro que apela para 0 lade coitadinho inspira ternura Eo urn tipo de

manipula9ao que busca 0 dominio pela chantagem aletiva Eo dilicil neutralizar 0 uso

do choro como arma

Segundo liSA (2002 p159) Urn pouco de dor nao matara a crian9a assim

como urn poueD de pader nao matara as pais ( ) Se traumas infantis matassem a

humanidade estaria extinta Nao ha filho que nao tenha side contrariado A imensa

maioria deles tern condi90es de agOentar contrariedades 0 autor destaca que pais

que sao soHcitos ao extrema nao trayam um born e segura trajeto para seguir 0

resultado e que a crianya fica insegura pais perde a confianca neles ela pressente

que as pais nao tern firmeza nas suas decisoes e sao manipulaveis

Deve-se tomar cuidado com as exageros urn erro cometido pelos pais

desde que nao seja baseado na violencia em surras socas e pontapes naa traz

problema nenhum Atos como esses descarregam a raiva mas nao tern forlta

educativa pois violmcia s6 gera violencia (liSA 2002 p159)

Em rela9aOaos pais lazerem as tarelas pelos filhos ou ainda pior comprar os

resultados ressalta-se que este tipo de atitude nao ajuda a crianlta cria

dependencia e compromete 0 desenvolvimento escolar Alem disso as pais acabam

privando os filhos do gosto de uma conquista dando uma mensagem subliminar de

que eles sao incapazes Os pais nao devem privar os filhos do gosto de uma

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

REFERENCIASBIBLIOGRAFICAS

ALMEIDA PO DRACTULLARANJEIRAR Manual de psiquiatria Rio deJaneiro GuanabaraKoogan 1996

COUTINHOFILHOAJ Limites diga nao ao seu filho em magoa-Io Disponivelemhttpwwwviasaudecombrartigosllimiteshtm Acesso em 13102003

DAVIDOFFLL Introdu~ao a psicologia 1 ed Rio de JaneiroMcGrowhill 1983

DAVISC OLIVEIRAlPsicologia na educa~ao 2 ed Sao Paulo Cortez 1994

DORONR PAROT F Dicionario de psicologia Sao PauloAlica 1998

FREUDA Infancia normal e patologica Rio de Janeiro lahar Editores 1971

HANISH LD TOLAN PH GUERRA NG Tralamento do transtorno desafiadoropositivoIn Terapia cognitiva com crian~ase adolescentes manual para apratica clinica REINECKEet al PortoAlegre Artes MedicasSui 1999

HOLMES DS Psicologia dos transtornos mentais 2 ed Porto Alegre ArtesMedicas 1997

MIRANDA ML Quem tern medo de ser rejeitado Guia de sobrevivancia arejei~ao BeloHorizonteCeap 2001

MORAIS AMP Disturbios de aprendizagem uma abordagempSicopedagogica Sao Paulo Edicon 1997

MOULYG J Psicologia educacional 8 ed Sao Paulo Pioneira 1979

NOVAESM H Psicologia escolar 2 ed PelropolisVozes 1970

OLIVEIRA T de OLIVEIRA C E D de Erros e acertos na educa~ao RioGrandedo Sui 1999

POLITY E Psicopedagogia urn enfoque sistamico - terapia familiar nasdificuldades de aprendizagem Sao Paulo Emporiodo Livro 1998

SOUZA A Pensando a inibi~ao intelectual Sao Paulo Ed Casa do Psicologo1995

TIBA I Disciplina 0 limite na medida certa 20 ed Sao Paulo GenIe 1996

__ Quem ama educa Sao Paulo GenIe 2002

VASCONCELLOS CS Disciplina constru~ao da disciplina consciente emteratlva em sala de aula e na eseoa 7 ed Sao Paulo Libertad 1995

50

VEJA Especial para bebes Sao Paulo Ed Abril 2000

ZAGURY T Educar sem culpa a genese da etica 15 ed Rio de Janeiro Record2000

__ Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sabre a tirania dosfilhos 15 ed Rio de Janeiro Record 2000

Limites sem trauma - construindo cidadaos 25 ed Rio de JaneiroRecord2001

WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

Page 46: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

43

Em relaiio ao choro da crian9l ressalta-se que ha dois tipos de choro 0 que

expressa dor e 0 que busca pader

Se 0 filho descobrir que pade usar a chom como fonte de poder as pais estaoperdidos Nunca mais saberao dizer se ele chara par dar au poder Urn chore depoder Necessita dos olhos e dos ouvidos de quem se quer dominar Ingenua acrianya que usa 0 choro como pader para imediatamente apes conseguir 0 que querOai a importancia de as pais ficarem atentos para nao ser manipulados (TIBA 2002p158)

o choro que apela para 0 lade coitadinho inspira ternura Eo urn tipo de

manipula9ao que busca 0 dominio pela chantagem aletiva Eo dilicil neutralizar 0 uso

do choro como arma

Segundo liSA (2002 p159) Urn pouco de dor nao matara a crian9a assim

como urn poueD de pader nao matara as pais ( ) Se traumas infantis matassem a

humanidade estaria extinta Nao ha filho que nao tenha side contrariado A imensa

maioria deles tern condi90es de agOentar contrariedades 0 autor destaca que pais

que sao soHcitos ao extrema nao trayam um born e segura trajeto para seguir 0

resultado e que a crianya fica insegura pais perde a confianca neles ela pressente

que as pais nao tern firmeza nas suas decisoes e sao manipulaveis

Deve-se tomar cuidado com as exageros urn erro cometido pelos pais

desde que nao seja baseado na violencia em surras socas e pontapes naa traz

problema nenhum Atos como esses descarregam a raiva mas nao tern forlta

educativa pois violmcia s6 gera violencia (liSA 2002 p159)

Em rela9aOaos pais lazerem as tarelas pelos filhos ou ainda pior comprar os

resultados ressalta-se que este tipo de atitude nao ajuda a crianlta cria

dependencia e compromete 0 desenvolvimento escolar Alem disso as pais acabam

privando os filhos do gosto de uma conquista dando uma mensagem subliminar de

que eles sao incapazes Os pais nao devem privar os filhos do gosto de uma

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

REFERENCIASBIBLIOGRAFICAS

ALMEIDA PO DRACTULLARANJEIRAR Manual de psiquiatria Rio deJaneiro GuanabaraKoogan 1996

COUTINHOFILHOAJ Limites diga nao ao seu filho em magoa-Io Disponivelemhttpwwwviasaudecombrartigosllimiteshtm Acesso em 13102003

DAVIDOFFLL Introdu~ao a psicologia 1 ed Rio de JaneiroMcGrowhill 1983

DAVISC OLIVEIRAlPsicologia na educa~ao 2 ed Sao Paulo Cortez 1994

DORONR PAROT F Dicionario de psicologia Sao PauloAlica 1998

FREUDA Infancia normal e patologica Rio de Janeiro lahar Editores 1971

HANISH LD TOLAN PH GUERRA NG Tralamento do transtorno desafiadoropositivoIn Terapia cognitiva com crian~ase adolescentes manual para apratica clinica REINECKEet al PortoAlegre Artes MedicasSui 1999

HOLMES DS Psicologia dos transtornos mentais 2 ed Porto Alegre ArtesMedicas 1997

MIRANDA ML Quem tern medo de ser rejeitado Guia de sobrevivancia arejei~ao BeloHorizonteCeap 2001

MORAIS AMP Disturbios de aprendizagem uma abordagempSicopedagogica Sao Paulo Edicon 1997

MOULYG J Psicologia educacional 8 ed Sao Paulo Pioneira 1979

NOVAESM H Psicologia escolar 2 ed PelropolisVozes 1970

OLIVEIRA T de OLIVEIRA C E D de Erros e acertos na educa~ao RioGrandedo Sui 1999

POLITY E Psicopedagogia urn enfoque sistamico - terapia familiar nasdificuldades de aprendizagem Sao Paulo Emporiodo Livro 1998

SOUZA A Pensando a inibi~ao intelectual Sao Paulo Ed Casa do Psicologo1995

TIBA I Disciplina 0 limite na medida certa 20 ed Sao Paulo GenIe 1996

__ Quem ama educa Sao Paulo GenIe 2002

VASCONCELLOS CS Disciplina constru~ao da disciplina consciente emteratlva em sala de aula e na eseoa 7 ed Sao Paulo Libertad 1995

50

VEJA Especial para bebes Sao Paulo Ed Abril 2000

ZAGURY T Educar sem culpa a genese da etica 15 ed Rio de Janeiro Record2000

__ Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sabre a tirania dosfilhos 15 ed Rio de Janeiro Record 2000

Limites sem trauma - construindo cidadaos 25 ed Rio de JaneiroRecord2001

WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

Page 47: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

44

conquista Deem-Ihes seguran~ em suas tarefas mostrem como se faz e que eles

tern capacidades para executa-las corrijam as naD acertos com pacieuromcia

estimulern-nos a tentar de novo e mostrem que ate nos erros sa pade aprender

alguma coisa (OLIVEIRA 1999 p132)

Para os adultos pequenas tarefas OU brincadeiras sao filceis de realizar mas

a criancatern seu proprio ritmo desta forma 0 adulto deve entrar no ritmo infantil

para interagir com a criancaOutro fator que deve ser ressaltado aos pais e que a

crianC8 tern muito mais prazer durante 0 processo de realizacao do que 0 resultado

em si ou seja ela prefere gastar mais tempo montando do que admirando 0

resultado final 0 prazer est na execu9ao e nao no produto final Por isso ecomum as crianyas desmontarem urn brinquedo que acabaram de montar s6 para

come((arem tudo de novo a proce5so encerra mais descobertas e tentativa5 de

como 5e fazer por i550 para a crianra perde a gra((a 5e a adulto monta ou faz algo

para ela somente admirar 0 resultado final Alem disso isso prejudica a auto-estima

da criana e a confian9a em sua pr6pria capacidade de realiza9iio Segundo

OLIVEIRA (1999 pAD)

As crian9as podem e devem ser convencidas desde cedo de que a satisfa~o pode edeve ser conquistada Tanto a familia quanto a escola devem Ihe proporcionar e5saexperiencia Cada vez que uma crian9a alcan~a satisfa~o ao completar um desafiosobe um pouco mais Cada satisfayao fortalece a confiana de que 0 esfono vale apena E iS50 desenvolve a auto-responsabilidade Quando crescer e penetrar noexigente mundo adulto onde tudo 0 que da satisfa9c3o deve ser conquistado estarapreparada Todo ser humano deve sentir-se responsavel pela sua vida pelas suasconquistas pelas suas al)i)es pelos seus resultados positiv~s ou negativ~s masdeve aprender isso desde muito cedo Uma pessoa que assume a auto-responsabilidade e aquela que responde pelos seus atos

Em crian((as com transtorno desafiador opositivo sendo comum a

desobedielncia e importante destacar que deve-se estabelecer criterios bern claras

de abediimcia au seja do que sera ou nao tolerado Em casas mais extremos pode-

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

REFERENCIASBIBLIOGRAFICAS

ALMEIDA PO DRACTULLARANJEIRAR Manual de psiquiatria Rio deJaneiro GuanabaraKoogan 1996

COUTINHOFILHOAJ Limites diga nao ao seu filho em magoa-Io Disponivelemhttpwwwviasaudecombrartigosllimiteshtm Acesso em 13102003

DAVIDOFFLL Introdu~ao a psicologia 1 ed Rio de JaneiroMcGrowhill 1983

DAVISC OLIVEIRAlPsicologia na educa~ao 2 ed Sao Paulo Cortez 1994

DORONR PAROT F Dicionario de psicologia Sao PauloAlica 1998

FREUDA Infancia normal e patologica Rio de Janeiro lahar Editores 1971

HANISH LD TOLAN PH GUERRA NG Tralamento do transtorno desafiadoropositivoIn Terapia cognitiva com crian~ase adolescentes manual para apratica clinica REINECKEet al PortoAlegre Artes MedicasSui 1999

HOLMES DS Psicologia dos transtornos mentais 2 ed Porto Alegre ArtesMedicas 1997

MIRANDA ML Quem tern medo de ser rejeitado Guia de sobrevivancia arejei~ao BeloHorizonteCeap 2001

MORAIS AMP Disturbios de aprendizagem uma abordagempSicopedagogica Sao Paulo Edicon 1997

MOULYG J Psicologia educacional 8 ed Sao Paulo Pioneira 1979

NOVAESM H Psicologia escolar 2 ed PelropolisVozes 1970

OLIVEIRA T de OLIVEIRA C E D de Erros e acertos na educa~ao RioGrandedo Sui 1999

POLITY E Psicopedagogia urn enfoque sistamico - terapia familiar nasdificuldades de aprendizagem Sao Paulo Emporiodo Livro 1998

SOUZA A Pensando a inibi~ao intelectual Sao Paulo Ed Casa do Psicologo1995

TIBA I Disciplina 0 limite na medida certa 20 ed Sao Paulo GenIe 1996

__ Quem ama educa Sao Paulo GenIe 2002

VASCONCELLOS CS Disciplina constru~ao da disciplina consciente emteratlva em sala de aula e na eseoa 7 ed Sao Paulo Libertad 1995

50

VEJA Especial para bebes Sao Paulo Ed Abril 2000

ZAGURY T Educar sem culpa a genese da etica 15 ed Rio de Janeiro Record2000

__ Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sabre a tirania dosfilhos 15 ed Rio de Janeiro Record 2000

Limites sem trauma - construindo cidadaos 25 ed Rio de JaneiroRecord2001

WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

Page 48: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

45

S8 utilizar a fOf9a fisica para colocar limites ista naD significa usar de violemcia mas

segundo sugere TIBA (1996 p169) os pais nao devem dar um murro mas um

empurrao bem sentido que doa no cora9ao ( ) Tapa de mae que 0 filho sabe

merecer nunea machuca Tapa de mae que 0 filho sa be merecer e naD vern

deseduca

Para TIBA (1996) as crian9as devem aprender desde cedo duas leis a lei

natural (a lei do mais forte) e a lei da sociabilidade Assim pais devem ser

respeitados inicialmente par ser pai provedor e par ter mais experiemcia e

fisicamente par ser mais forte Este tipo de atitude ensina a crianca a lidar com

limites e a S8 proteger par exemple na escola ela naD vai entrar numa briga com

alguem mais forte que ela mesmo estando certa pois isso pode significar ticar

seriamente machucada Obviamente que S8 deve ter muito cuidado ao ensinar acrian9a a lei do mais forte Inicialmente as pais jamais devem espancar 0 filho

descarregando suas frustracoes pois isso nao seria ensinar limites mas sim ensinar

a transgredi-Ios Paralelamente a lei do mais forte hoi a sociabilidade com seu

sentido moral e etico como nao fazer ao outr~ aquilo que nao queremos que nos

fayam e 0 respeito as pessoas mais experientes ou em posiyao de autoridade

Confiar no filho e antes de tudo estimular a responsabilidade e orienta-Io e

deixa-Io assumir a sua vida Muitos pais se preocupam em demasia com os filhos

tirando-Ihes a autonomia e a liberdade de optar e tentar Demonstram dessa forma

que nao confiam nos filhos dificultando-Ihes 0 desenvolvimento da autoconfianya

Assim a crianya sente-se fragilizada e impotente perante situayoes que exijam um

pouco mais dela mesma Facilmente se torna dependente e com isso pode causar

prazer aos pais e principalmente a mae que se sente cada vez mais uti I para 0 filho

46

Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

REFERENCIASBIBLIOGRAFICAS

ALMEIDA PO DRACTULLARANJEIRAR Manual de psiquiatria Rio deJaneiro GuanabaraKoogan 1996

COUTINHOFILHOAJ Limites diga nao ao seu filho em magoa-Io Disponivelemhttpwwwviasaudecombrartigosllimiteshtm Acesso em 13102003

DAVIDOFFLL Introdu~ao a psicologia 1 ed Rio de JaneiroMcGrowhill 1983

DAVISC OLIVEIRAlPsicologia na educa~ao 2 ed Sao Paulo Cortez 1994

DORONR PAROT F Dicionario de psicologia Sao PauloAlica 1998

FREUDA Infancia normal e patologica Rio de Janeiro lahar Editores 1971

HANISH LD TOLAN PH GUERRA NG Tralamento do transtorno desafiadoropositivoIn Terapia cognitiva com crian~ase adolescentes manual para apratica clinica REINECKEet al PortoAlegre Artes MedicasSui 1999

HOLMES DS Psicologia dos transtornos mentais 2 ed Porto Alegre ArtesMedicas 1997

MIRANDA ML Quem tern medo de ser rejeitado Guia de sobrevivancia arejei~ao BeloHorizonteCeap 2001

MORAIS AMP Disturbios de aprendizagem uma abordagempSicopedagogica Sao Paulo Edicon 1997

MOULYG J Psicologia educacional 8 ed Sao Paulo Pioneira 1979

NOVAESM H Psicologia escolar 2 ed PelropolisVozes 1970

OLIVEIRA T de OLIVEIRA C E D de Erros e acertos na educa~ao RioGrandedo Sui 1999

POLITY E Psicopedagogia urn enfoque sistamico - terapia familiar nasdificuldades de aprendizagem Sao Paulo Emporiodo Livro 1998

SOUZA A Pensando a inibi~ao intelectual Sao Paulo Ed Casa do Psicologo1995

TIBA I Disciplina 0 limite na medida certa 20 ed Sao Paulo GenIe 1996

__ Quem ama educa Sao Paulo GenIe 2002

VASCONCELLOS CS Disciplina constru~ao da disciplina consciente emteratlva em sala de aula e na eseoa 7 ed Sao Paulo Libertad 1995

50

VEJA Especial para bebes Sao Paulo Ed Abril 2000

ZAGURY T Educar sem culpa a genese da etica 15 ed Rio de Janeiro Record2000

__ Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sabre a tirania dosfilhos 15 ed Rio de Janeiro Record 2000

Limites sem trauma - construindo cidadaos 25 ed Rio de JaneiroRecord2001

WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

Page 49: MARISOL ANGELOTTI AKSENEN A CRIAN

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Os pais devem desde muito cedo delegar responsabilidades aos filhos Isso dara a

eles urn sentido de confianca e de autonomia criando a auto-responsabilidade e a

autodisciplina OLIVEIRA (1999 p41)

Quando as filhos desobedecem e necessaria repreende-Ios rapidamente para

que aprendam 0 que e certo au errado fazerem Para auxiliar as pais nesta tarefa

apresenta-se a seguir uma lista de repreens6es e quando usa-las (VEJA 2000)

bull Encenayao quando seu filho tern ataques de birra e gritos no restaurante

e nada funciona pegue-o pela mao e calmamente leve-o embora Ele

tendera a fazer diferente nas pr6ximas vezes

bull Olhar quem foi filho conhece aquele olhar fulminante it prova de

malcria90es

bull Repeti~o diga nao sempre que a crianC8 quiser fazer alguma caisa que

sa be que nao deve

bull Negocia9ao Se dois filhos seus ou seu filho e urn amigo estiverem

disputando urn brinquedo intervenha e de-Ihes alternativas Podem partir

o brinquedo au partir para outra brincadeira

bull Grito costuma ser eficiente mas cuidado Se voce grita sempre poe a

autoridade em risco e dis um mau exemplo para as crianc8s

bull Restriyao corte aquila de que a crianl)8 mais 905t8 Ir ao clube ver

televisao brincar no computador etc

bull Palmada quando a situayao impoe e voce e obrigado a dar uma palmada

no bumbum do seu filho agOente firme Nao vale fazer carinho logo

depois

47

bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

REFERENCIASBIBLIOGRAFICAS

ALMEIDA PO DRACTULLARANJEIRAR Manual de psiquiatria Rio deJaneiro GuanabaraKoogan 1996

COUTINHOFILHOAJ Limites diga nao ao seu filho em magoa-Io Disponivelemhttpwwwviasaudecombrartigosllimiteshtm Acesso em 13102003

DAVIDOFFLL Introdu~ao a psicologia 1 ed Rio de JaneiroMcGrowhill 1983

DAVISC OLIVEIRAlPsicologia na educa~ao 2 ed Sao Paulo Cortez 1994

DORONR PAROT F Dicionario de psicologia Sao PauloAlica 1998

FREUDA Infancia normal e patologica Rio de Janeiro lahar Editores 1971

HANISH LD TOLAN PH GUERRA NG Tralamento do transtorno desafiadoropositivoIn Terapia cognitiva com crian~ase adolescentes manual para apratica clinica REINECKEet al PortoAlegre Artes MedicasSui 1999

HOLMES DS Psicologia dos transtornos mentais 2 ed Porto Alegre ArtesMedicas 1997

MIRANDA ML Quem tern medo de ser rejeitado Guia de sobrevivancia arejei~ao BeloHorizonteCeap 2001

MORAIS AMP Disturbios de aprendizagem uma abordagempSicopedagogica Sao Paulo Edicon 1997

MOULYG J Psicologia educacional 8 ed Sao Paulo Pioneira 1979

NOVAESM H Psicologia escolar 2 ed PelropolisVozes 1970

OLIVEIRA T de OLIVEIRA C E D de Erros e acertos na educa~ao RioGrandedo Sui 1999

POLITY E Psicopedagogia urn enfoque sistamico - terapia familiar nasdificuldades de aprendizagem Sao Paulo Emporiodo Livro 1998

SOUZA A Pensando a inibi~ao intelectual Sao Paulo Ed Casa do Psicologo1995

TIBA I Disciplina 0 limite na medida certa 20 ed Sao Paulo GenIe 1996

__ Quem ama educa Sao Paulo GenIe 2002

VASCONCELLOS CS Disciplina constru~ao da disciplina consciente emteratlva em sala de aula e na eseoa 7 ed Sao Paulo Libertad 1995

50

VEJA Especial para bebes Sao Paulo Ed Abril 2000

ZAGURY T Educar sem culpa a genese da etica 15 ed Rio de Janeiro Record2000

__ Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sabre a tirania dosfilhos 15 ed Rio de Janeiro Record 2000

Limites sem trauma - construindo cidadaos 25 ed Rio de JaneiroRecord2001

WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

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bull Surra Nada de agressoes fisicas 0 espancamento e a confissao de que

voce naD tern autoridade e nao consegue manter a situayao sob controle

Violelncia nao e punicao e desabafo

Os pais devem guiar os filhos para uma independencia responsavel dando

liberdade e autonomia em cada etapa de seu desenvolvimento conduzindo-os e

orientando-os para a a9M e os resultados mas nM fazendo por eles (OLIVEIRA

1999 p42)

o transtorno desafiador opositivo caracteriza-se pelo alta intensidade e

freqOencia de comportamentos opositivos (hostilidade negativismo desobediencia)

em crianryas em idade pre-escolar E importante diferenciar de comportamentos

opositivos normais da idade como a birra infantil que tendem a desaparecer com

o passar dos anos

A falta de limites e a indisciplina estao intrinsecamente ligados levando a

crianca a ter dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem no

contexte escolar Os professores acabam S8 defrontando com criancas que

apresentam comportamentos opositivos e mesmo que tivessem a prepare

necessaria para lidar com elas ainda necessitariam do apoio dos familiares para que

estas crian9as obtivessem melhora

As influencias familiares deste modo sao fundamentais para a

desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo Entre as principais eventos

familiares que favorecem a aparecimento do transtorno estao pais que apresentam

pSicopatologias atitudes ineficazes dos pais e problemas conjugais

48

5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

REFERENCIASBIBLIOGRAFICAS

ALMEIDA PO DRACTULLARANJEIRAR Manual de psiquiatria Rio deJaneiro GuanabaraKoogan 1996

COUTINHOFILHOAJ Limites diga nao ao seu filho em magoa-Io Disponivelemhttpwwwviasaudecombrartigosllimiteshtm Acesso em 13102003

DAVIDOFFLL Introdu~ao a psicologia 1 ed Rio de JaneiroMcGrowhill 1983

DAVISC OLIVEIRAlPsicologia na educa~ao 2 ed Sao Paulo Cortez 1994

DORONR PAROT F Dicionario de psicologia Sao PauloAlica 1998

FREUDA Infancia normal e patologica Rio de Janeiro lahar Editores 1971

HANISH LD TOLAN PH GUERRA NG Tralamento do transtorno desafiadoropositivoIn Terapia cognitiva com crian~ase adolescentes manual para apratica clinica REINECKEet al PortoAlegre Artes MedicasSui 1999

HOLMES DS Psicologia dos transtornos mentais 2 ed Porto Alegre ArtesMedicas 1997

MIRANDA ML Quem tern medo de ser rejeitado Guia de sobrevivancia arejei~ao BeloHorizonteCeap 2001

MORAIS AMP Disturbios de aprendizagem uma abordagempSicopedagogica Sao Paulo Edicon 1997

MOULYG J Psicologia educacional 8 ed Sao Paulo Pioneira 1979

NOVAESM H Psicologia escolar 2 ed PelropolisVozes 1970

OLIVEIRA T de OLIVEIRA C E D de Erros e acertos na educa~ao RioGrandedo Sui 1999

POLITY E Psicopedagogia urn enfoque sistamico - terapia familiar nasdificuldades de aprendizagem Sao Paulo Emporiodo Livro 1998

SOUZA A Pensando a inibi~ao intelectual Sao Paulo Ed Casa do Psicologo1995

TIBA I Disciplina 0 limite na medida certa 20 ed Sao Paulo GenIe 1996

__ Quem ama educa Sao Paulo GenIe 2002

VASCONCELLOS CS Disciplina constru~ao da disciplina consciente emteratlva em sala de aula e na eseoa 7 ed Sao Paulo Libertad 1995

50

VEJA Especial para bebes Sao Paulo Ed Abril 2000

ZAGURY T Educar sem culpa a genese da etica 15 ed Rio de Janeiro Record2000

__ Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sabre a tirania dosfilhos 15 ed Rio de Janeiro Record 2000

Limites sem trauma - construindo cidadaos 25 ed Rio de JaneiroRecord2001

WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

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5CONCLUSAO

No estudo de caso analisado percebeu-se que atitudes da mae de F como

evitar-Ihe todo tipo de Irustra9aO por exemplo lazendo as tarelas escolares da filha

e lalta de firmeza ao Ihe dar limites loram os principais aspectos que influenciaram

para a surgimento do transtorno desafiador opositivo Houve urn refonamento das

atitudes negativas de F as quais a mae justificava pela morle do pai Assim os

lamiliares de F sentiam pena e a mantinham como pequena (bebe) assumindo tudo

por ela ConseqOentemente F naD assumia as responsabilidades por suas ac6es

o tratamento envolveu orienta90es a mae de como manejar a conduta da

frlha orienta9ao a escola e sessoes individuais com F com 0 objetivo de trabalhar a

questao de limites atraves de jogos ludicos entre outras tecnicas

Na preven~o e mesma no tratamento do transtorno desafiador opositivo sao

validas orienta90es como Relor9ar comporlamentos positiv~s com aprova9aO

elogios e eventuais premios Definir ciaramente 0 que e permitido e 0 que nao e

permitido Fazer as criancas assumirem responsabilidades pel os seus atos Cumprir

sempre 0 que promete (premia au conseqOencia) Criticar 0 ato errado e nunca a

personalidade da crianca

Atraves dos limites coerentes dados a F I contribuiu-se para que ela pudesse

alcanltar maior sucesso em sua vida e assim procuramos contribuir para uma

sociedade melhor mais justa e com men os violemcia

49

REFERENCIASBIBLIOGRAFICAS

ALMEIDA PO DRACTULLARANJEIRAR Manual de psiquiatria Rio deJaneiro GuanabaraKoogan 1996

COUTINHOFILHOAJ Limites diga nao ao seu filho em magoa-Io Disponivelemhttpwwwviasaudecombrartigosllimiteshtm Acesso em 13102003

DAVIDOFFLL Introdu~ao a psicologia 1 ed Rio de JaneiroMcGrowhill 1983

DAVISC OLIVEIRAlPsicologia na educa~ao 2 ed Sao Paulo Cortez 1994

DORONR PAROT F Dicionario de psicologia Sao PauloAlica 1998

FREUDA Infancia normal e patologica Rio de Janeiro lahar Editores 1971

HANISH LD TOLAN PH GUERRA NG Tralamento do transtorno desafiadoropositivoIn Terapia cognitiva com crian~ase adolescentes manual para apratica clinica REINECKEet al PortoAlegre Artes MedicasSui 1999

HOLMES DS Psicologia dos transtornos mentais 2 ed Porto Alegre ArtesMedicas 1997

MIRANDA ML Quem tern medo de ser rejeitado Guia de sobrevivancia arejei~ao BeloHorizonteCeap 2001

MORAIS AMP Disturbios de aprendizagem uma abordagempSicopedagogica Sao Paulo Edicon 1997

MOULYG J Psicologia educacional 8 ed Sao Paulo Pioneira 1979

NOVAESM H Psicologia escolar 2 ed PelropolisVozes 1970

OLIVEIRA T de OLIVEIRA C E D de Erros e acertos na educa~ao RioGrandedo Sui 1999

POLITY E Psicopedagogia urn enfoque sistamico - terapia familiar nasdificuldades de aprendizagem Sao Paulo Emporiodo Livro 1998

SOUZA A Pensando a inibi~ao intelectual Sao Paulo Ed Casa do Psicologo1995

TIBA I Disciplina 0 limite na medida certa 20 ed Sao Paulo GenIe 1996

__ Quem ama educa Sao Paulo GenIe 2002

VASCONCELLOS CS Disciplina constru~ao da disciplina consciente emteratlva em sala de aula e na eseoa 7 ed Sao Paulo Libertad 1995

50

VEJA Especial para bebes Sao Paulo Ed Abril 2000

ZAGURY T Educar sem culpa a genese da etica 15 ed Rio de Janeiro Record2000

__ Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sabre a tirania dosfilhos 15 ed Rio de Janeiro Record 2000

Limites sem trauma - construindo cidadaos 25 ed Rio de JaneiroRecord2001

WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

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REFERENCIASBIBLIOGRAFICAS

ALMEIDA PO DRACTULLARANJEIRAR Manual de psiquiatria Rio deJaneiro GuanabaraKoogan 1996

COUTINHOFILHOAJ Limites diga nao ao seu filho em magoa-Io Disponivelemhttpwwwviasaudecombrartigosllimiteshtm Acesso em 13102003

DAVIDOFFLL Introdu~ao a psicologia 1 ed Rio de JaneiroMcGrowhill 1983

DAVISC OLIVEIRAlPsicologia na educa~ao 2 ed Sao Paulo Cortez 1994

DORONR PAROT F Dicionario de psicologia Sao PauloAlica 1998

FREUDA Infancia normal e patologica Rio de Janeiro lahar Editores 1971

HANISH LD TOLAN PH GUERRA NG Tralamento do transtorno desafiadoropositivoIn Terapia cognitiva com crian~ase adolescentes manual para apratica clinica REINECKEet al PortoAlegre Artes MedicasSui 1999

HOLMES DS Psicologia dos transtornos mentais 2 ed Porto Alegre ArtesMedicas 1997

MIRANDA ML Quem tern medo de ser rejeitado Guia de sobrevivancia arejei~ao BeloHorizonteCeap 2001

MORAIS AMP Disturbios de aprendizagem uma abordagempSicopedagogica Sao Paulo Edicon 1997

MOULYG J Psicologia educacional 8 ed Sao Paulo Pioneira 1979

NOVAESM H Psicologia escolar 2 ed PelropolisVozes 1970

OLIVEIRA T de OLIVEIRA C E D de Erros e acertos na educa~ao RioGrandedo Sui 1999

POLITY E Psicopedagogia urn enfoque sistamico - terapia familiar nasdificuldades de aprendizagem Sao Paulo Emporiodo Livro 1998

SOUZA A Pensando a inibi~ao intelectual Sao Paulo Ed Casa do Psicologo1995

TIBA I Disciplina 0 limite na medida certa 20 ed Sao Paulo GenIe 1996

__ Quem ama educa Sao Paulo GenIe 2002

VASCONCELLOS CS Disciplina constru~ao da disciplina consciente emteratlva em sala de aula e na eseoa 7 ed Sao Paulo Libertad 1995

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VEJA Especial para bebes Sao Paulo Ed Abril 2000

ZAGURY T Educar sem culpa a genese da etica 15 ed Rio de Janeiro Record2000

__ Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sabre a tirania dosfilhos 15 ed Rio de Janeiro Record 2000

Limites sem trauma - construindo cidadaos 25 ed Rio de JaneiroRecord2001

WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971

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VEJA Especial para bebes Sao Paulo Ed Abril 2000

ZAGURY T Educar sem culpa a genese da etica 15 ed Rio de Janeiro Record2000

__ Sem padecer no paraiso - em defesa dos pais ou sabre a tirania dosfilhos 15 ed Rio de Janeiro Record 2000

Limites sem trauma - construindo cidadaos 25 ed Rio de JaneiroRecord2001

WINNICOTT D A crian~a e 0 seu mundo Sao Paulo Grafica Urupes 1971