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RICARDO RIBEIRO DE OLIVEIRA CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA, FISIOLÓGICA E PATOGÊNICA DE ISOLADOS DE Corynespora cassiicola (BERK. & CURT.) WEI. MARINGÁ – PARANÁ – BRASIL FEVEREIRO – 2005

Master Thesis

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Page 1: Master Thesis

RICARDO RIBEIRO DE OLIVEIRA

CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA, FISIOLÓGICA E PATOGÊNIC A DE

ISOLADOS DE Corynespora cassiicola (BERK. & CURT.) WEI.

MARINGÁ – PARANÁ – BRASIL

FEVEREIRO – 2005

Page 2: Master Thesis

RICARDO RIBEIRO DE OLIVEIRA

CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA, FISIOLÓGICA E PATOGÊNIC A DE

ISOLADOS DE Corynespora cassiicola (BERK. & CURT.) WEI.

Tese apresentada à Universidade

Estadual de Maringá, como parte das

exigências do Programa de Pós-

Graduação em Agronomia, para

obtenção do título de Mestre.

MARINGÁ – PARANÁ – BRASIL

FEVEREIRO – 2005

Page 3: Master Thesis

ii

A Deus

Por tudo,

dedico.

Ao meu pai, Juracy Aparecido de Oliveira, a minha mãe, Arlete Ribeiro de

Oliveira e aos meus irmãos Adriano Antonio de Oliveira e Juracy Junior de

Oliveira

Pelo amor, apoio e carinho durante esta etapa da minha vida,

dedico.

A minha namorada e amiga, Bárbara de Melo Aguiar e a toda sua família

Pelo apoio nos momentos de dificuldade e amor que sentem por mim,

dedico.

Ao Professor Dr. João Batista Vida

Mais que orientador foi um amigo,

dedico.

Page 4: Master Thesis

iii

AGRADECIMENTOS

Aos amigos Márcio Ueda e Eleni Sayuri Eto e a toda família, que me acolheram

como se eu fizesse parte de sua família.

Aos amigos Junior, Mauro, Alcides e Rudimar, pelo incentivo, apoio e

momentos de descontração no período de realização deste trabalho.

Ao Professor Dr. Dauri José Tessmann pela co-orientação e conselhos durante

a execução deste trabalho.

Ao Dr. Nelson Sato e a toda equipe da Med Line que me acolheram na

empresa durante o primeiro ano de Mestrado, período este em que não fui

contemplado com bolsa de estudos.

Aos professores e pesquisadores: Dr. Robert W. Barreto, da Universidade

Federal de Viçosa, Dr. Gilson Soares da Silva, da Universidade Estadual do

Maranhão, Dr. Luiz Sebastião Poltronieri, pesquisador do Centro de Pesquisa

Agropecuária do Trópico Úmido-CPATU e ao Dr. Álvaro Manoel Rodrigues

Almeida pesquisador do Centro Nacional de Pesquisa de Soja-CNPSo, pela

concessão dos isolados de C. cassiicola utilizados neste trabalho.

A todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização

deste trabalho.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq),

pela concessão de bolsa de estudos.

Page 5: Master Thesis

iv

BIOGRAFIA

RICARDO RIBEIRO DE OLIVEIRA, filho de Juracy Aparecido de

Oliveira e Arlete Ribeiro de Oliveira, nascido em Mandaguari, Estado do

Paraná, aos 26 dias do mês de abril de 1976.

Em 1994, formou-se em Técnico em Agropecuária pela Escola

Agrotécnica Federal de Muzambinho, no Estado de Minas Gerais.

Iniciou o curso de Agronomia na Universidade Federal de Viçosa,

Minas Gerais, em 1996, graduando-se em setembro de 2002.

Em março de 2003, iniciou o curso de Mestrado em Agronomia na área

de Proteção de Plantas na Universidade Estadual de Maringá (UEM), Maringá,

Paraná.

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v

ÍNDICE

RESUMO............................................................................................................ vii

ABSTRACT......................................................................................................... ix

1. INTRODUÇÃO................................................................................................ 1

1.1. Objetivos................................................................................................. 2

2. REVISÃO DE LITERATURA.......................................................................... 3

2.1. O patógeno.............................................................................................. 3

2.2. Corynespora cassiicola no Brasil............................................................ 4

2.3. Danos econômicos no Brasil................................................................... 4

2.4. Crescimento, esporulação e métodos de inoculação............................. 6

2.5. Sobrevivência e disseminação............................................................... 7

2.6. Sintomatologia........................................................................................ 9

2.7. Variabilidade morfológica x ambiente..................................................... 10

2.8. Patogenicidade....................................................................................... 12

3. MATERIAL E MÉTODOS............................................................................... 14

3.1. Local dos experimentos.......................................................................... 14

3.2. Obtenção dos isolados de Corynespora cassiicola................................ 14

3.3. Espécies de plantas utilizadas nos experimentos de patogenicidade.... 16

3.4. Obtenção de isolados............................................................................. 16

3.5. Culturas monospóricas............................................................................ 17

3.6. Avaliação das características culturais................................................... 18

3.6.1. Avaliação do crescimento micelial e da coloração das colônias............................................................................................ 18

3.6.2. Avaliação da esporulação................................................................ 19

3.6.3. Avaliação da formação de clamidósporos....................................... 19

3.6.4. Caracterização morfológica de conídios.......................................... 20

3.6.4.1. Caracterização morfológica de conídios produzidos in vitro..... 20

3.6.4.2. Caracterização morfológica de conídios produzidos in vivo..... 20

3.7. Patogenicidade........................................................................................ 21

3.7.1. Produção de mudas......................................................................... 22

3.7.2. Preparo do inóculo, inoculação e avaliações................................... 22

Page 7: Master Thesis

vi

3.7.3. Agressividade de isolados de Corynespora cassiicola a híbridos de pepino tipo “japonês”.................................................................. 24

4. RESULTADOS............................................................................................... 26

4.1. Avaliação das características culturais................................................... 26

4.1.1. Avaliação do crescimento micelial e da coloração das colônias............................................................................................ 26

4.1.2. Avaliação da esporulação................................................................ 26

4.1.3. Avaliação da formação de clamidósporos....................................... 27

4.1.4. Caracterização morfológica de conídios.......................................... 31

4.1.4.1. Caracterização morfológica de conídios produzidos in vitro..... 31

4.1.4.2. Caracterização morfológica de conídios produzidos in vivo..... 32

4.2. Patogenicidade........................................................................................ 37

4.2.1. Agressividade de isolados de Corynespora cassiicola a híbridos de pepino tipo “japonês”.................................................................. 38

5. DISCUSSÃO................................................................................................... 45

6. CONCLUSÕES............................................................................................... 52

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................... 54

8. APÊNDICE..................................................................................................... 61

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vii

RESUMO

OLIVEIRA, Ricardo Ribeiro de. CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA, FISIOLÓGICA E PATOGÊNICA DE ISOLADOS DE Corynespora cassiicola (BERK. & CURT) WEI. Universidade Estadual de Maringá, fevereiro de 2005. Professor Orientador: João Batista Vida. Professor Co-orientador: Dauri José Tessmann

O patógeno Corynespora cassiicola, anteriormente relatado como de

menor importância, nos últimos anos, vem assumindo maior destaque para

algumas culturas de interesse econômico. Culturas como soja, pepino,

tomateiro e mamoeiro têm sofrido danos expressivos. O objetivo deste trabalho

foi avaliar e identificar diferenças morfológicas e patogênicas de 15 isolados de

C. cassiicola originados de diversos hospedeiros e regiões do Brasil. Os

isolados foram avaliados quanto às características das colônias, taxa de

crescimento micelial, esporulação, formação de clamidósporos, dimensões de

conídios (comprimento, largura e número de pseudo-séptos), bem como a

forma e curvatura destes. Além disso, a patogenicidade dos isolados foi

avaliada através de inoculações em 12 diferentes hospedeiros. A severidade

de diferentes isolados de C. cassiicola em quatro híbridos de pepino tipo

“japonês” também foi avaliada. As colônias apresentaram coloração que

variaram de cinza-claro a oliváceo e diferenças significativas na taxa de

crescimento micelial e esporulação. Dentre os isolados analisados, sete foram

capazes de produzir estruturas de resistência (clamidósporos) em meio de

cultura artificial. Os conídios dos diferentes isolados de C. cassiicola

apresentaram dimensões de 48,1-125,4 x 5,8-8,1µm, números médios de

pseudo-septos de 2,9-9,7, forma cilíndrico a obclavado e curvatura reto a

curvado, quando produzidos em meio de cultura BDA (batata-dextrose-ágar).

Os conídios de um isolado quando produzidos “in vivo” foram caracterizados.

Esses apresentaram dimensão média de 9,2-181,8µm, número médio de

pseudo-septos de 10,5, forma cilíndrico a obclavado e curvatura reto a curvado.

De acordo com as características de conídios, todos os isolados se

enquadraram na espécie C. cassiicola. A grande maioria dos conídios

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viii

apresentou a base arredondada e poucos com base truncada quando

produzidos em meio de cultura BDA. A patogenicidade dos isolados foi

avaliada através de inoculações de suspensão de conídios (1 x 104

conídios/mL). Todos os isolados foram capazes de infectar seu hospedeiro de

origem; no entanto, a maioria dos isolados demonstrou elevada

inespecificidade. Isolados de cucurbitáceas apresentaram maior gama de

hospedeiros (9 espécies), enquanto os isolados de alface e trapoeraba as

menores (2 espécies). Isolados de pepino “japonês” não diferiram quanto à

capacidade de infectar outros hospedeiros, ao contrário dos isolados de soja.

Isolados originados de pepino “japonês” foram significativamente mais

agressivos aos híbridos de pepino “japonês” testados, sendo, o híbrido

tsuyataro que apresentou maior suscetibilidade aos isolados. Os híbridos de

pepino, hokushin e samurai, foram suscetíveis a quatro dos sete isolados

testados, enquanto os híbridos natsubayashi e samurai foram suscetíveis a

todos. Devido às diferenças na agressividade dos isolados aos híbridos de

pepino, uma maior adaptação dos isolados de pepino para os híbridos é

sugerida, uma vez que foram significativamente mais agressivos que os demais

isolados. Dois padrões de lesões foram observados em quatro híbridos de

pepino inoculados com sete isolados de C. cassiicola. Lesões com

encharcamento só foram causadas por isolados de pepino “japonês” e lesões

com aspecto áspero (ausência de tecidos encharcados) por isolados originados

de outras espécies hospedeiras.

Page 10: Master Thesis

ix

ABSTRACT

OLIVEIRA, Ricardo Ribeiro de. MORPHOLOGYCAL, PHYSIOLOGYCAL AND PATHOGENIC CHARACTERIZATION OF Corynespora cassiicola (BERK. & CURT) WEI. ISOLATES . Universidade Estadual de Maringá, february 2005. Adviser: João Batista Vida. Co-adviser: Dauri José Tessmann

Corynespora cassiicola, a fungal plant pathogen initially having minor

importance to agriculture in Brazil, has increased his damages to several crops,

such as soybean, cucumber, tomato and papaya, in the last decade. The

objective of this study was to characterize the morphology and pathogenic

variability among 15 isolates of C. cassiicola originated from several hosts and

collected in several regions of Brazil. The morphological characterization was

based on colony morphology, mycelial growth, sporulation in vitro, formation of

chlamydospores, and shape, size and septation of conidia. For evaluating

pathogenicity, the isolates were inoculated on 12 different hosts under

controlled conditions, through a conidial suspension (1 x 104 conidia/mL).

Additionally, the severity of isolates was evaluated on four cucumber hybrids.

The morphology and cultural features of isolates were evaluated on potato-

dextrose-agar medium. The colonies of C. cassiicola showed variation on

colony color ranging from gray-clear to olivaceous, and significant differences

on mycelial growth and sporulation. Only seven isolates produced

chlamydospores in culture. The size of conidia were 125-48 x 8-5µm, with

average numbers of pseudo-septa of 9,7-2,9. The conidial shape varied from

cylindrical to obclavate, and from straight to curved. Conidia of one isolate were

also characterized when produced “in vivo”. These showed the size of 181 x

9µm, 10 pseudosepta, and shape ranging from cylindrical to obclavade, straight

to curved. Based on the characteristics of conidia, all isolates were identified as

C. cassiicola. The majority of conidia had the base cell rounded, not truncate.

All fungal isolates were pathogenic to their original hosts; however, the

pathogenicity of most of isolates were not specific to their hosts of origin. The

Isolates from cucurbits showed larger host range, while isolates from lettuce

Page 11: Master Thesis

x

and Commelina bengalensis had minor host range. All isolates from cucumber

were pathogenic to the same hosts. The Isolates from cucumber were

significantly more aggressive to the cucumber hybrids that the isolates from

other hosts. The hybrid ‘Tsuyataro’ showed larger susceptibility to the cucumber

isolates (P=0.05%). The cucumber hybrids ‘Hokushin’ and ‘Samurai’ were

susceptible only to four among the seven isolates evaluated; while the hybrids

‘Natsubayashi’ and ‘Samurai were susceptible to all tested isolates. Based on

the fact that the aggressiveness of isolates from cucumber were greater than

the other isolates, it may be possible that such isolates are more adapted to

their hosts than the other isolates. The cucumber hybrids showed two typical

symptoms: wet necrosis, caused only by isolates from cucumber, and non-wet,

or dried necroses, caused by the isolates not from cucumber.

Page 12: Master Thesis

1

1. INTRODUÇÃO

O patógeno Corynespora cassiicola foi relatado em associação com

mais de 70 espécies de plantas hospedeiras, freqüentemente causando

manchas foliares, distribuídas em diversas regiões de clima tropical e

subtropical. Devido a ampla gama de hospedeiros e sua distribuição ao longo

de todo mundo, C. cassiicola passou a ser considerada uma espécie

cosmopolita e inespecífica (Ellis, 1971; Onesirosan et al., 1974; Silva, et al.,

1995).

O patógeno vem assumindo grande importância, causando danos em

culturas extensivas e também em ambientes protegidos. Em 1989, Yorinori

relatou que C. cassiicola, agente causal da mancha alvo e da podridão

radicular em soja, vem assumindo uma posição de maior destaque para a

cultura, principalmente naquelas regiões com elevadas precipitações e que

praticam o plantio direto. Verzignassi et al. (2003) constataram a ocorrência de

C. cassiicola em estufas plásticas na região Norte do Estado do Paraná em

culturas de pepino tipo “japonês”. Segundo os autores, o patógeno

anteriormente relatado como de pouca importância para a cultura em ambiente

protegido, veio a se tornar um dos mais importantes e destrutivos para esta

cultura nesta modalidade de cultivo, onde, estimativas de perdas mostraram

uma redução na produção de em torno de 60%. Os autores ainda relataram

que fungicidas utilizados para outras doenças foliares, bem como outras

práticas de manejo da cultura, não têm apresentado resultados eficientes no

controle desta doença.

A taxonomia de C. cassiicola é baseada em características

morfológicas de conídios e conidióforos (Ellis, 1971). O autor ainda descreve

uma ampla variação para as estruturas e colorações de colônias, que podem

variar de cinza ao marrom. Diferenças nas dimensões estabelecidas pelo autor

acima citado foram constatadas por Gasparotto et al. (1988) e Ferreira &

Alfenas (1980). Os autores atribuíram essas diferenças às mudanças nas

condições ambientais, citando a umidade relativa como um dos fatores

principais.

Page 13: Master Thesis

2

Quanto à patogenicidade, isolados de C. cassiicola, em algumas

regiões do Brasil, têm causado perdas significativas na produtividade através

de danos em caules, folhas, flores e frutos, tornando este patógeno uma

preocupante ameaça para várias espécies de interesse agronômico. Espécies

cultivadas a céu aberto, tais como soja (Gycine max), mamoeiro (Carica

papaya), seringueira (Hevea brasiliensis) e aceroleira (Malpighia glabra), e, em

ambiente protegido, pepino (Cucumis sativus) e tomateiro (Lycopersicon

esculentum), têm sofrido perdas na produtividade e depreciação de frutos.

Além das plantas cultivadas, plantas daninhas comumente associadas às áreas

de produção comercial, como trapoeraba, assa-peixe e lantana, também foram

reportadas como possíveis hospedeiras e fonte de inóculo do patógeno, uma

vez que plantas de trapoeraba e assa-peixe foram consideradas suscetíveis a

isolados de C. cassiicola originados do tomateiro (Gasparotto et al.,1988; Leroy

e Lourd, 1989; Siviero et al., 1995; Silva, et al., 1997; Yorinori & Bidóia, 1998;

Rêgo & Carrijo, 2000; Cutrim & Silva, 2003; Verzignassi et al., 2003; Viana et

al., 2003). Somando esses relatos à possibilidade de um isolado infectar

diferentes hospedeiros de interesse econômico (Olive, et al., 1945; Spencer &

Walters, 1969; Duarte et al., 1983; Cutrim & Silva, 2003), faz do estudo de

patogenicidade uma fundamental ferramenta para se estabelecer estratégias

de controle visando o manejo integrado de doenças causadas por C. cassiicola.

1.1. Objetivos

a) Avaliar a variabilidade morfológica e fisiológica de 15 isolados de C.

cassiicola originados de diferentes espécies de hospedeiros

cultivados e de plantas daninhas.

b) Verificar a patogenicidade de 15 isolados de C. cassiicola para

diferentes espécies hospedeiras.

c) Avaliar a severidade da doença em quatro híbridos comerciais de

pepino tipo “japonês”, quando inoculados com sete diferentes

isolados de C. cassiicola.

Page 14: Master Thesis

3

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. O patógeno

Corynespora cassiicola (Berk. & Curt.) Wei, uma espécie de fungo

tradicionalmente classificada no Filo Deuteromycota, classe Hyphomycetes e

família Dematiaceae. A literatura mais recente considera a espécie no grupo

dos fungos Mitospóricos (Hawksworth et al. 1995). As sinonímias para a

espécie são: Helminthosporium cassiicola Berk. & Curt., H. papayeae, H.

sydow, H. vignae Olive, Cercospora melonis Cooke, C. vignicola Kawamura,

Corynespora manzei Gussow e C. melonis (Cooke) Lindau (Wei, 1950; Ellis,

1971; Holliday, 1980, citado por Santos et al., 1997). A fase teleomórfica para

C. cassiicola ainda é desconhecida (Hawksworth et al., 1995).

Este patógeno atualmente se encontra associado a mais de 70

espécies de diferentes hospedeiros distribuídos em diversos países de clima

tropical e subtropical (Silva et al., 1995). Devido a sua ampla gama de

hospedeiros e distribuição ao longo do mundo, em 1971, Ellis descreveu C.

cassiicola como sendo uma espécie cosmopolita e inespecífica, comum e

abundante em regiões tropicais. Este autor relata ainda as seguintes plantas

reconhecidamente hospedeiras do patógeno: feijão-de-corda (Vigna sinensis),

pepino (Cucumis sativus), meloeiro (Cucumis melo), gergelim (Sesanum

indicum), soja (Glycine max), mandioca (Manihot esculenta), mamoeiro (Carica

papaya), seringueira (Hevea brasiliensis) e tomateiro (Lycopersicon

esculentum). Outros autores relataram outras espécies como hospedeiras de

C. cassiicola: algodão (Gossypium spp.) (Jones, 1961), berinjela (Solanum

melongena) (Onesirosan et al., 1974), fumo (Nicotiana tabacum) (Fajola &

Alasoadura, 1973), cacaueiro (Theobroma cacau L.) (Silva, 2000) e pepino (C.

sativus) (Blazquez, 1967, citado por Silva et al., 1998).

Page 15: Master Thesis

4

2.2. A espécie Corynespora cassiicola no Brasil

No Brasil, C. cassiicola foi relatado causando danos em diversas

espécies de plantas, algumas com maior destaque, como culturas de grande

interesse comercial, algumas ornamentais, hortaliças e plantas daninhas, como

por exemplo: culturas como soja (Kiihl, 1974, citado por Yorinori & Homechin,

1977; Almeida et al., 1976), pepino (Verzignassi et al., 2003; Martins, et al.,

2003), tomateiro (Leroy & Lourd, 1989; Poltronieri, et al., 1994), seringueira

(Gasparotto et al., 1988), cacaueiro (Duarte et al., 1978), mamoeiro (Duarte et

al., 1983), aceroleira (Malpighia glabra L.) (Silva et al., 1997), gergelim (Wulff &

Pascholati, 1997), pimenta longa (Piper hispidinervium C. DC.) (Poltronieri et

al., 1997), alface (Lactuca sativa L.) {(Poltronieri (comunicação pessoal)1},

falso-boldo (Coleus barbatus) (Fernandes & Barreto, 2003) e hortênsia

(Hydrangea sp.) (Leite & Barreto, 1997). C. cassiicola ainda é citado como

patógeno em algumas plantas daninhas, tais como, trapoeraba (Commelina

benghalensis), assa-peixe (Vernonia cinerea) e lantana (Lantana camara) e,

nestes casos, quando não devidamente bem manejado, poderá servir como

fonte de inóculo para outras culturas agronômicas (Pereira & Barreto, 2000;

Souza & Silva, 2001;.Cutrim & Silva, 2003).

2.3. Danos econômicos no Brasil

Em lavouras de soja, o patógeno foi identificado pela primeira vez no

Estado de Mato Grosso (Kiihl, 1974, citado por Yorinori & Homechin, 1977). No

Estado de São Paulo, foi identificado por Almeida et al. (1976), que

constataram também a presença de possíveis danos causados pelo patógeno.

Durante a safra de 1995/96, essa doença foi observada por Yorinori (1996) em

diversas propriedades nos municípios de Cascavel, Castro, Ponta Grossa e

Pitanga, no Estado do Paraná. O autor ainda relata que a cultivar FT-Estrela foi

a mais afetada e que, no Município de Pitanga, apresentou desfolha prematura

aos 25 dias após a emergência e perda de rendimento estimada entre 40 e

45%. Em levantamentos realizados nas safras de 1996/97 e 1997/98, foram

1 Comunicação pessoal em Novembro/2003.

Page 16: Master Thesis

5

constatados danos significativos causados por C. cassiicola (Yorinori & Bidóia,

1998). Segundo os autores, a mancha alvo, até então uma doença sem

importância econômica para a soja, naquelas safras as perdas somaram cerca

de 50.000t e 125.000t de grãos, respectivamente.

Um dos principais problemas associados à cultura do pepino reside no

fato dela ser assolada por diversos patógenos, entre os quais se pode destacar

C. cassiicola, principalmente quando ocorrem cultivos sucessivos na mesma

área. O cultivo subseqüente, somado à adoção de práticas inadequadas de

manejo, tem favorecido o surgimento progressivo da doença, anteriormente

reconhecida como de menor importância econômica para a cultura (Verzignassi

et al., 2003). Os autores, em 2003, identificaram o fungo em estufas plásticas

no Norte do Paraná cultivadas com pepino tipo “japonês” no período de

primavera-verão de 2002, causando epidemias de manchas foliares e

acarretando perdas quantitativas, de até 60%, e qualitativas na produção. O

patógeno também foi constatado causando danos em folhas de pepino do

híbrido “Hishi Nari” na região de Indaiatuba-SP (Martins et al.; 2003). Segundo

Rêgo & Carrijo (2000), o patógeno pode ser encontrado em diversas espécies

de cucurbitáceas, embora seja mais severo em pepino.

Perdas significativas na cultura do tomateiro e seringueira na região

Norte do Brasil também foram relatadas por Poltronieri et al. (1994) e

Gasparotto et al. (1988), respectivamente, causando danos às folhas e,

conseqüentemente, perdas de produtividade. Em tomateiro, a mancha alvo é

apresentada como a principal doença foliar do tomateiro na região de Manaus

e tem preocupado os tomaticultores e técnicos responsáveis pelo

desenvolvimento da cultura na Região (Leroy & Lourd, 1989; Siviero et al.,

1995).

Em 1972, Duarte et al. (1978) constataram, em plantas de cacaueiro

em viveiro, a presença do patógeno causando danos nas folhas.

Posteriormente, os danos passaram a serem evidentes em condições de

campo (plantios definitivos). Os autores destacaram que este foi o primeiro

relato da enfermidade, em caráter endêmico, em regiões produtoras de cacau

no mundo.

No Norte do Espírito Santo, a mancha de Corynespora em mamoeiro

tem se tornado preocupante, devido à alta severidade da doença nas folhas e

Page 17: Master Thesis

6

nos frutos, depreciando-os comercialmente (Andrade et al., 2002). Em 2001, no

Estado do Ceará, também foram observados danos causados por este

patógeno na cultura, caracterizados por apodrecimento do caule, com posterior

queda dos frutos e morte das plantas. A incidência da doença na região afetou

mais de 80% das plantas, com significativo comprometimento da produção

(Viana et al., 2003). Duarte et al. (1983) citaram o patógeno como de grande

importância em condições de viveiro de mudas de mamoeiro, causando danos

em folhas e hastes.

Silva et al. (1997), realizando levantamentos de doenças em frutíferas

em São Luiz (MA), identificaram C. cassiicola infectando folhas de plantas de

aceroleria. Os autores relatam que a doença tem progredido rapidamente nesta

cultura e manifestaram preocupação com a possibilidade de epidemias futuras

e risco para o cultivo de aceroleiras no Estado. Generoso et al. (2002)

identificaram a doença no Município de Junqueirópolis (SP), em cultivos

comerciais de aceroleiras com sistema de irrigação. Os autores ainda relataram

a ocorrência de severa desfolha, que refletiu na produção da safra 2001/02,

sendo 38% menor que a safra anterior.

2.4. Crescimento, esporulação e métodos de inoculaç ão

Condições para crescimento e esporulação de C. cassiicola já foram

discutidas por alguns autores. Almeida e Yamashita (1976), estudando a

interferência de seis meios de cultura (alimento infantil Gerber®, V-8, extrato de

soja, BDA (batata-dextrose-ágar), Czapek-ágar e malte-ágar) e dois regimes de

luminosidade (luz contínua e escuro contínuo), sobre o crescimento e a

esporulação de um isolado do patógeno oriundo de folhas de soja, concluíram

que os meios de cultura V-8 e alimento infantil induziram maiores

esporulações, 3,3 x 105 esporos/mL e 3,4 x 105 esporos/mL, respectivamente,

sugerindo que fatores de crescimento e vitaminas estejam presentes em maior

dosagem nestes meios. Desenvolvendo o mesmo tipo de trabalho, Olive et al.

(1945) constataram maior esporulação de C. cassiicola em meio BDA e

Czapek-ágar. Jayasinghe & Silva (1992), citados por Silva et al. (1998),

relataram que o melhor meio para crescimento e esporulação de C. cassiicola

foi BDA. Almeida e Yamashita (1976) destacaram que a presença de luz

Page 18: Master Thesis

7

contínua favoreceu o crescimento micelial e a esporulação, concordando com

os resultados obtidos por Onesirosan et al. (1975). Roim (2001) relatou que a

esporulação de isolados de C. cassiicola de raízes e de folhas de soja foi

favorecida sob condições de fotoperíodo de 12 horas de luz e 12 horas de

escuro. O autor ainda constatou que o crescimento micelial de isolados de

folha foi maior em condições de fotoperíodo 12 horas de luz e 12 horas de

escuro e de isolados de raízes o maior crescimento na ausência de

luminosidade.

Awoderu (1969) trabalhando com dois isolados de seringueira e um de

mamoeiro, e Duarte et al. (1983), dois isolados, sendo um de mamoeiro e outro

de cacaueiro, avaliaram a interferência de meios de cultura na esporulação e

obtiveram resultados semelhantes. Ambos autores relataram que a produção

de esporos foi mais abundante nos meios Czapek Dox e BDA + 0,1% de

extrato de levedura e que a esporulação foi favorecida pela presença de luz

contínua.

Almeida (1977), avaliando a influência do pH em meio BDA, sobre o

crescimento e esporulação de isolados de soja, em diferentes períodos de

incubação, constatou que os valores máximos de crescimento micelial e de

esporulação ocorreram na faixa de pH de 6,5 a 7,5 após 4, 8 e 16 dias de

incubação.

Spencer & Walters (1969), em estudos para a determinação da faixa

ideal de temperatura para o crescimento micelial de isolados de C. cassiicola

em meio BDA, observaram que o crescimento máximo ocorreu à temperatura

de 28°C e o mínimo a 40°C.

Almeida e Yamashita (1978) determinaram que a técnica de

inoculação, por atomização, com suspensão de conídios, numa concentração

de 5,0 x 104 esporos/mL, em 3 cultivares de soja, apresentou os melhores

resultados, quando comparado com a técnica de verter junto ao hipocótilo a

suspensão de esporos.

2.5. Sobrevivência e disseminação

Em função dos relatos de ocorrência de C. cassiicola infectando

plantas daninhas, tais como trapoeraba, assa-peixe e lantana (Pereira &

Page 19: Master Thesis

8

Barreto, 2000; Souza & Silva, 2001; Cutrim & Silva, 2003), e da comprovação

da suscetibilidade de plantas de trapoeraba e de assa-peixe a isolados de

tomateiro (Souza & Silva, 2001), sugere-se que estas possam servir, não

apenas como fonte de inóculo, como também potenciais hospedeiros

alternativos do patógeno. Diferenças na patogenicidade de isolados e

severidade da doença, ou seja, a capacidade de infectar diferentes

hospedeiros com diferentes níveis de agressividade pode ser de grande

importância quando se objetiva o controle de doenças causadas por C.

cassiicola em espécies agronômicas suscetíveis.

Em um levantamento em sementes de gergelim, armazenadas em

diferentes regiões do Brasil, por longo período, através do teste de papel filtro,

foi identificado a presença de Corynespora sp. (Faiad et al., 1988). No trabalho,

os autores concluíram que as sementes podem servir como veículo de

disseminação do patógeno. Roim (2001) verificou que o fungo pode ser

disseminado através de sementes de soja, constituindo-se, portanto, uma

alternativa viável de fonte de inóculo e de veiculação do patógeno. Em

trabalhos realizados no Laboratório de Fitopatologia da Universidade Estadual

de Maringá (UEM), Vida et al. (2004) (Comunicação pessoal)2, através do teste

de papel de filtro e do teste de transmissão em areia, relataram a presença do

patógeno em sementes e a transmissão para plântulas de quatro híbridos de

pepino tipo “japonês”. Segundo os autores, o nível de contaminação chegou a

35% nas sementes do lote do híbrido tsuyataro. Semelhantemente, Hasama et

al. (1993), no Japão, verificaram que C. melonis (C. cassiicola) encontrava-se

associado interna e externamente às sementes de pepino. Os tipos de

associações encontrados foram o ectoparasitismo ou adesão simples

(patógeno na superfície de semente) e endoparasitismo, onde o fungo estava

presente internamente à semente na forma de micélio dormente. As sementes

infectadas foram responsáveis por baixa germinação nos lotes e damping-off

em plântulas. Os autores concluíram que a transmissão por semente deve ser

considerada quando se objetiva o controle da doença no campo.

Segundo Wulff & Pascholati (1997), tratando de doenças do gergelim,

relataram que o patógeno C. cassiicola pode sobreviver em restos de cultura

2 Comunicação pessoal em Março/2004.

Page 20: Master Thesis

9

por até 10 meses e em hospedeiros alternativos. A sobrevivência do patógeno

em restos culturais, por no mínimo dois anos, em cucurbitáceas e em plantas

daninhas, também foram relatadas por Rêgo & Carrijo (2000). Os autores ainda

citaram que a disseminação dos esporos do fungo ocorre por correntes de ar,

dentro e entre culturas. Avaliando a sobrevivência de patógenos em restos de

culturais de soja, em sistemas de plantio direto e convencional, Almeida et al.

(2001) relataram a ocorrência de C. cassiicola sobrevivendo nestas condições.

Olive et al. (1945) relataram a formação abundante de clamidósporos,

intercalares e terminais, em colônias velhas e em transferências sucessivas

para meios de cultivo. Clamidósporos, de acordo com Amorim (1995), podem

sobreviver por longos períodos de tempo no solo na ausência do hospedeiro.

2.6. Sintomatologia

Breton et al., em 2000, na França, através de estudo histológico,

verificaram penetração rápida de C. cassiicola (12 horas após a inoculação)

através da epiderme inferior, em plantas de seringueira. Resultados análogos

foram obtidos por Oluma & Amuta (1999), os quais observaram que a infecção

pelo patógeno foi mais rápida e severa quando as folhas de mamoeiro foram

inoculadas na face abaxial, quando comparadas com inoculações na face

adaxial.

Os locais de ocorrências de sintomas nas plantas são variáveis, bem

como o padrão de lesão apresentado. Essas características são particulares

para cada patossistema formado. Lesões em folhas são descritas para maioria

das interações positivas, variando de coloração marrom a marrom-escura, com

centro claro, de formato circular com presença de círculos concêntricos,

irregular a angular, com ausência ou presença de halos (cloróticos, marrom-

avermelhado ou marrom-escuro), e presença de áreas com aspecto

encharcado, podendo abranger um a 20mm de diâmetro. Em alguns casos,

podem ocorrer manchas no caule de até 15cm de diâmetro e no pecíolo,

podendo evoluir para cancros de tamanhos variados. Os sintomas ainda

podem ocorrer em frutos de mamoeiro (podridão carpelar) e de tomateiro, em

vagens de soja e em flores de tomateiro e de hortênsia, sendo ainda, as

podridões radiculares descritas em soja (Duarte et al., 1978; Gasparotto et al.,

Page 21: Master Thesis

10

1988; Leroy & Lourd, 1989; Almeida et al., 1997; Silva et al., 1997; Trindade &

Furtado, 1997; Wulff & Pascholati, 1997; Santos & Freire, 1998; Oluma &

Amuta, 1999; Verzignassi et al., 2003).

2.7. Variabilidade morfológica x ambiente

As estruturas reprodutivas do patógeno (conidióforos e conídios),

segundo Ellis (1971), são muito variáveis quanto às dimensões. Os

conidióforos apresentam comprimentos que variam de 110-850µm e larguras

de 4-11µm e os conídios apresentam-se solitários ou em cadeias de 2 a 6,

sendo muito variáveis quanto ao formato, podendo ser obclavados ou

cilíndricos e ainda retos ou curvados, com 4-20 pseudo-septos. Quanto às

dimensões, os conídios podem variar de 40-220µm de comprimento e largura

de 9-22µm. Em meio de cultura artificial, o comprimento dos conídios pode

alcançar 520µm. Assim, essa variabilidade morfológica observada para as

estruturas reprodutivas do patógeno pode ser influenciada não somente por

fatores nutricionais, como também pelas condições ambientais, como umidade

relativa, que pode alterar as dimensões estabelecidas acima. Sob condições

naturais, com alta umidade relativa e submetida à câmara úmida, conidióforos

e conídios podem ter seus formatos alterados, sendo por vezes difícil a

observação dos pseudo-septos dos conídios. O fungo, quando cultivado em

meio de cultura artificial, pode também sofrer variações das dimensões

estabelecidas para a espécie, podendo ser diferente daquelas produzidas in

vivo. Ainda em meio de cultura artificial, os conidióforos podem mostrar-se

poucos distintos das hifas e dos conídios, freqüentemente em cadeias, com

ampla variação morfológica individual (Olive et al., 1945; Wei, 1950; Ferreira &

Alfenas, 1980; Gasparotto et al., 1988).

Em 1945, Olive et al. observaram diferenças morfológicas entre

conídios de isolados de feijão-de-corda e soja produzidos em diferentes

condições, como meio de cultura artificial, folhas dos hospedeiros em

condições naturais e folhas dos hospedeiros colocadas em câmara úmida. Eles

atribuíram essa variabilidade às condições de cada ambiente.

Realizando estudos comparativos entre três isolados de C. cassiicola,

dois de seringueira e um de mamoeiro, Awoderu (1969) também observou

Page 22: Master Thesis

11

diferenças nas dimensões das estruturas reprodutivas dos isolados. Duarte et

al. (1978), estudando as características morfológicas das estruturas

reprodutivas do patógeno em cacaueiro, encontraram dois pseudo-septos

como número mínimo para conídios, diferente do descrito na literatura que é de

quatro.

Roim (2001), estudando as características morfológicas de conídios, de

isolados de folhas e de sementes de soja produzidos em meio BDA, também

verificou diferenças daquelas estabelecidas por Ellis (1971). Isolados de folhas

e de raízes apresentaram, respectivamente, larguras médias de 7,85µm e

7,13µm, enquanto que os valores médios de pseudo-septos para estes

isolados foram de 2,45 e 1,66. Também estudando estas características, em

dois isolados, originados de mamoeiro e de cacaueiro, em meio BDA, Duarte et

al. (1983) observaram, respectivamente, que os valores mínimos mensurados

de comprimento (28 e 32µm), largura (8 e 4µm) e número de pseudo-septos (2)

para ambos isolados estavam fora dos limites estabelecidos para a espécie.

Semelhantemente, Leroy & Lourd (1989), caracterizando um isolado de

tomateiro, em meio BDA, constataram o número mínimo de pseudo-septos de

1 e o menor valor de largura de 6µm, cujos valores encontram-se fora dos

padrões para a espécie. Caracterizando morfologicamente 27 isolados de C.

cassiicola, Silva et al. (1998) encontraram valores para o comprimento de

conídios que variaram de 20 a 250µm, estando o valor menor fora dos padrões

descritos por Ellis (1971). Caracterizando um isolado originado de pepino na

Coréia, Kwon et al. (2003) observaram valores de comprimento (22-300µm) e

largura (5-10µm) para conídios que, em parte, estão fora do padrão para a

espécie. Diferenças na morfologia e nas características culturais também foram

observadas por Roim (2001), caracterizando isolados originados de soja.

Casos de variabilidades morfológicas de conídios e de conidióforos

podem ser observadas em outros trabalhos (Volin & Pohronezny, 1989;

Poltronieri et al., 2003). Entretanto, essas diferenças, para nenhum dos autores

citados, foram suficientes para que os isolados estudados fossem considerados

espécies diferentes ou novas.

Page 23: Master Thesis

12

2.8. Patogenicidade

A patogenicidade de C. cassiicola a dezenas de espécies de plantas é

citada por outros autores (Ellis, 1971; Silva et al., 1995; entre outros). A

capacidade de um isolado do patógeno em infectar diferentes hospedeiros

evidencia diferenças de patogenicidade dentro da espécie. Essas diferenças

foram utilizadas por Olive et al. (1945) na proposição de duas raças para a

espécie, baseando-se nos tipos de lesões produzidas nos hospedeiros: a raça

1 isolada de feijão-de-corda e a raça 2, de soja. Spencer e Walters (1969),

confirmaram os resultados obtidos por Olive et al. (1945), testando 14 isolados

de quatro diferentes hospedeiros, em 24 espécies de plantas. Semelhante a

esta situação, Duarte et al. (1983), em estudos com dois isolados de C.

cassiicola, um de cacaueiro e outro de mamoeiro, observaram diferenças

quanto à patogenicidade em inoculações sobre plantas de mamoeiro,

cacaueiro, caupi e seringueira. Estes autores também sugerem a existência de

duas raças, baseado na capacidade de infectar diferentes hospedeiros. Ainda,

segundo os autores, o isolado originado de mamoeiro foi capaz de infectar

plantas de mamoerio, caupi e seringueira. Já, o isolado de cacaueiro infectou

apenas plantas de cacaueiro. O termo “raça”, utilizado pelos autores acima

citados, não condiz com a concepção da terminologia, pois populações de

fungos fitopatógenos semelhantes na morfologia e separados pela

especificidade que apresentam, em nível de espécie ou de gênero de

hospedeiros, são tratadas como formae specialis (Camargo, 1995). Isolados de

soja mostraram-se desiguais quanto à patogenicidade em soja, admitindo-se a

possibilidade da existência de biótipos ou de espécies diferentes de C.

cassiicola (Roim, 2001).

Visando testar um isolado de C. cassiicola de lantana no controle

biológico da planta invasora L. camara, Pereira et al. (2003), em testes de

patogenicidade do isolado e de outros três isolados (hortênsia, trapoeraba e

tomateiro), observaram que, a exceção do isolado de tomateiro, todos foram

patogênicos apenas a seus hospedeiros originais. O isolado de lantana, não foi

capaz de infectar todos “biótipos” de lantana utilizados nos testes. A

especificidade do isolado pelo seu hospedeiro original, observado pelos

Page 24: Master Thesis

13

autores, não foi constatada em outros trabalhos envolvendo diversos outros

isolados (Olive et al., 1945; Spencer & Walters, 1969; Duarte et al., 1983).

Diferenças na patogenicidade de isolados de C. cassiicola também

foram observadas por Cutrim & Silva (2003), que utilizaram dois isolados de

folhas de tomateiro para inocular diferentes espécies de plantas, entre elas

duas espécies de plantas daninhas. Os dois isolados de tomateiro inoculados

reagiram de forma diferente quanto à patogenicidade, causando danos na

maioria das espécies. O fato de isolados de tomateiro infectarem diferentes

espécies de plantas corroboram, em parte, com os resultados obtidos por

Pereira et al. (2003), em que um isolado de tomateiro infectou, além de plantas

de tomate, duas plantas de lantana originadas de diferentes localidades e uma

de Vitex trifolia. A avaliação da patogenicidade de um isolado de C. cassiicola,

originado de trapoeraba, inoculado em 54 espécies de plantas pertencentes a

30 famílias botânicas, foi realizado por Lustosa (2000). O isolado, além de

trapoeraba, também infectou plantas de soja, cultivar UFV-16.

Silva et al. (1998), estudando a patogenicidade de 21 isolados de C.

cassiicola, dos quais cinco eram procedentes da Austrália, sendo três de

mamoeiro, um de mimosa e outro de tomilho, e 16 isolados procedentes do Sri

Lanka, coletados de diferentes clones de seringueira, constataram diferenças

entre eles, quando inoculados em plantas de feijão-de-corda, berinjela,

tomateiro e três clones de seringueira. Todos isolados foram patogênicos ao

tomateiro (var. Hayslip); porém, foram observadas diferenças na virulência

desses isolados. Somente alguns isolados foram patogênicos à berinjela, e

aqueles isolados mais virulentos em tomateiro também o foram para berinjela.

Todos isolados de Sri Lanka foram patogênicos ao feijão-de-corda, enquanto

os isolados da Austrália não foram patogênicos a esta espécie. Além disso,

todos isolados da Austrália e Sri Lanka foram patogênicos aos três clones de

seringueira (RRIC100, RRIC52 e RRIC104); contudo, a agressividade de cada

isolado foi variável para cada patossistema estabelecido. Em 2003, Silva et al.,

utilizando análises de RAPD-PCR em 42 isolados de C. cassiicola, de

diferentes plantas hospedeiras, identificaram cinco grupos genéticos. Os

resultados indicaram a existência de variação genética entre isolados de C.

cassiicola coletados de diferentes plantas.

Page 25: Master Thesis

14

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Local dos experimentos

Os experimentos foram conduzidos no Departamento de Agronomia,

(Laboratório de Proteção de Plantas e casas-de-vegetação), localizado no

Campus da Universidade Estadual de Maringá (UEM), em Maringá, PR, no

período de janeiro a novembro de 2004.

O delineamento estatístico adotado para todos os experimentos foi do

tipo inteiramente casualizado (DIC), com o número de repetições variando de

cinco a seis por tratamento. Os resultados obtidos em cada experimento,

quando necessário, foram submetidos à análise estatística pelo programa

SISVAR, versão 4.6. As médias das repetições dos tratamentos foram

comparadas pelo teste de Scott-Knott a 5% de significância.

3.2. Obtenção dos isolados de Corynespora cassiicola

Os isolados do patógeno utilizados nos experimentos foram obtidos

através de isolamentos do próprio hospedeiro, efetuados no Laboratório de

Proteção de Plantas da Universidade Estadual de Maringá, ou por cessão

realizada por Centros de Ensino e Pesquisa.

Os isolados do fungo provenientes do pepino foram obtidos a partir de

folhas de híbridos de pepino tipo “japonês” da Região de Norte do Estado do

Paraná, em áreas de produção comercial, em cultivo protegido. As folhas de

pepino apresentando sintomas de mancha alvo foram coletadas e levadas para

o laboratório, onde foram realizados os isolamentos e obtidas as culturas puras

do patógeno.

Os isolados de C. cassiicola de lantana, trapoeraba e falso-boldo foram

cedidos pelo professor Dr. Robert W. Barreto, da Universidade Federal de

Viçosa. Os isolados de mamoeiro e de assa-peixe, pelo professor Dr. Gilson S.

da Silva, da Universidade Estadual do Maranhão. Os isolados de alface,

Page 26: Master Thesis

15

tomateiro, aceroleira, abóbora e de pimenta-longa, pelo Dr. Luiz Sebastião

Poltronieri Pesquisador da EMBRAPA (Centro de Pesquisa Agropecuária do

Trópico Úmido-CPATU. Os isolados de soja, pelo Dr. Álvaro M. R. Almeida,

Pesquisador do Centro Nacional de Pesquisas de Soja-CNPSo. Todos os

isolados foram mantidos em geladeira 8±2ºC para serem utilizados durante os

experimentos (Quadro 1).

Quadro 1 – Isolados de Corynespora cassiicola obtidos de diversos hospedeiros e localidades utilizados nos experimentos. UEM, Maringá, PR, 2005

Isolados Hospedeiros Procedência

IA Pepino “japonês” Paraná

PB Pepino “japonês” Paraná

JQ Pepino “japonês” Paraná

493AA Soja Paraná

777AA Soja Paraná

JMP220 Lantana camara Minas Gerais

CP03 Trapoeraba Minas Gerais

RWB321 Falso-boldo Minas Gerais

GS01 Mamoeiro Maranhão

GS02 Assa-peixe Maranhão

LP01 Alface Amazonas

LP02 Tomateiro Amazonas

LP04 Aceroleira Amazonas

LP05 Abóbora Amazonas

LP07 Pimenta longa Amazonas

Page 27: Master Thesis

16

3.3. Espécies de plantas utilizadas nos experimento s de patogenicidade

Foram utilizadas durante os experimentos diversas espécies de plantas

(Quadro 2), que foram selecionadas por serem relatadas como hospedeiras do

fungo, como culturas de importância econômica para a Região, por estarem

constantemente associadas em cultivos consecutivos, consorciadas ou

cultivadas em áreas próximas. No caso das plantas daninhas, por estarem

sempre presentes nos cultivos ou nos arredores. Estas plantas foram utilizadas

nos experimentos de patogenicidade com os diversos isolados citados no item

3.2.

3.4. Obtenção de isolados

Folhas de pepino, apresentando sintomas de mancha de Corynespora,

foram coletadas em propriedades rurais em cultivos protegidos e levadas até o

Laboratório de Proteção de Plantas-UEM. Essas foram incubadas por 48 horas

em câmara úmida contendo folhas de papel filtro umedecidas com água

destilada. Decorrido o período, com o auxílio de um microscópio

estereoscópica, observou-se a formação de estruturas reprodutivas do

patógeno nos locais das lesões e, com o auxílio de estilete esterilizado, foram

coletadas e transferidas para placas-de-Petri contendo o meio de cultura BDA

(batata-dextrose-ágar). Essas placas foram mantidas em câmaras climatizadas

do tipo BOD, numa temperatura de 24±2ºC, durante três dias. Decorrido o

período, foi observado o crescimento fúngico em locais específicos, que foram

repicados individualmente para placas contendo BDA e acondicionados nas

condições anteriormente descritas, por 15 dias, obtendo-se assim culturas

puras.

Page 28: Master Thesis

17

Quadro 2 - Plantas utilizadas nos testes de patogenicidade de isolados de Corynespora cassiicola realizados em casa-de-vegetação. UEM, Maringá, PR, 2005

Plantas Híbridos ou variedades ou espécies

Pepino Hokushin/Cucumis sativus

Pepino Natsubayashi/C. sativus

Pepino Tsuyataro/C. sativus

Pepino Samurai/C. sativus

Meloeiro Sunrise/C. melo

Abóbora Exposição/Cucurbita maxima

Soja FT-estrela/Glycine max

Alface Vera/Lactuta sativa

Tomateiro Santa Clara/Lycopersicon esculentum

Mamoeiro Sunrise-Hawai/Carica papaya

Trapoeraba Commelina benghalensis

Assa-peixe Vernonia sp.

3.5. Culturas monospóricas

As culturas puras dos isolados, obtidas conforme descrito no item 3.4,

com idades variando de 10 a 15 dias, em placas-de-Petri contendo BDA, foram

utilizadas para a obtenção das culturas monospóricas, adicionando-se 8 mL de

água destilada e esterilizada à cultura fúngica e, com o auxílio de alça de

Drigalski, a superfície da colônia foi raspada e a suspensão obtida filtrada em

camada dupla de gaze. O sobrenadante foi coletado em recipiente esterilizado

e a concentração de esporos foi determinada através da câmara de Neubauer

e ajustada para 1 x 104 esporos/mL. Em seguida, uma alíquota de 1 mL foi

retirada e transferida para uma placa-de-Petri contendo ágar-água (2%) e

espalhada com o auxílio de alça de Drigalski.

As placas foram incubadas por três horas em câmara climatizada do

tipo BOD numa temperatura de 24±2ºC. Em seguida, com auxílio de um

microscópio estereoscópico, quatro conídios germinados foram transferidos,

Page 29: Master Thesis

18

com auxílio de pipeta de Pasteur, para placas-de-Petri contendo BDA, de forma

que ficassem distribuídos equidistantemente. As placas foram novamente

incubadas nas condições acima citadas, sob luz fluorescente contínua, por três

dias. Após esse período, foi observado um pequeno crescimento micelial nos

locais para os quais os esporos germinados foram transferidos. Fragmentos

desse crescimento micelial foram transferidos para placas-de-Petri contendo

BDA (um fragmento por placa) e incubados novamente nas condições acima

citadas. Após 10 dias, foi realizada a repicagem dos isolados para tubos de

ensaio contendo BDA e incubados por 10 dias, nas mesmas condições citadas

anteriormente. Posteriormente, os tubos (três tubos originados de um mesmo

esporo por isolado) foram mantidos em geladeira numa temperatura de 8±2ºC

para serem utilizados durante os experimentos.

3.6. Avaliação das características culturais

3.6.1. Avaliação do crescimento micelial e da color ação das

colônias

Os isolados monospóricos de C. cassiicola, acondicionados em tubos e

mantidos em geladeira, como descrito no item 3.5., foram transferidos para

meio de cultivo. Com o auxílio de uma alça, fragmentos de micélio foram

retirados dos tubos e transferidos para placas-de-Petri contendo BDA, que

foram incubadas por cinco dias em câmara climatizada do tipo BOD, sob luz

fluorescente contínua, numa temperatura de 24±2ºC. Após o período, discos de

meio de cultura contendo micélio de 0,5 cm de diâmetro foram retirados e

transferidos novamente para placas-de-Petri contendo BDA, que foram

incubadas nas mesmas condições citadas anteriormente. As mensurações do

crescimento micelial foram realizadas com o auxílio de uma régua milimetrada

a cada 24 horas, em sentidos diametralmente opostos, até o décimo dia,

quando o primeiro isolado atingiu a borda da placa-de-Petri. Neste momento,

considerou-se a avaliação do crescimento micelial encerrada. O experimento

foi instalado em DIC (delineamento inteiramente casualizado), com cinco

repetições por tratamento, sendo que uma placa-de-Petri foi considerada uma

Page 30: Master Thesis

19

unidade experimental. Paralelamente foram realizadas avaliações quanto à

coloração das colônias.

3.6.2. Avaliação da esporulação

Após a última avaliação do ensaio descrito no item 3.6.1., foi procedida

à contagem de esporos de cada repetição e de cada isolado do referido ensaio.

Foram adicionados 8 mL de água destilada e esterilizada por placa e a

superfície do meio de cultivo raspada com o auxílio de uma alça de Drigalski,

obtendo-se, assim, suspensão de fragmentos de micélio e conídios. Em

seguida, a suspensão foi filtrada em camada dupla de gaze.

As suspensões de conídios foram homogeinizadas e, em seguida, uma

alíquota foi depositada na câmara de Neubauer (hemacitômetro), para a

determinação da concentração de conídios (conídios/mL) de cada repetição e

para cada isolado. Foram realizadas duas leituras de concentração para cada

isolado.

3.6.3. Avaliação da formação de clamidósporos

Para a avaliação da formação de clamidósporos, os 15 isolados de C.

cassiicola, citados no Quadro 1, mantidos conforme o item 3.4., foram

transferidos para placas-de-Petri e incubados por cinco dias em câmara

climatizada do tipo BOD, sob luz fluorescente e contínua, numa temperatura de

24±2ºC. Após o período de incubalção, discos de meio de cultura, contendo

micélio, de 0,5 cm de diâmetro, foram transferidos para placas-de-Petri com

BDA e incubadas nas mesmas condições citadas anteriormente, durante 15

dias. Posteriormente, lâminas foram preparadas com fragmentos de micélio

obtidos de diversos pontos das colônias e observadas em microscópio óptico.

Foram mensurados 50 clamidósporos, casualizadamente entre os isolados que

apresentaram as estruturas. O experimento foi instalado em DIC (delineamento

inteiramente casualizado), com cinco repetições por tratamento, sendo que

uma placa-de-Petri foi considerada uma unidade experimental.

Page 31: Master Thesis

20

3.6.4. Caracterização morfológica de conídios

3.6.4.1. Caracterização morfológica de conídios pro duzidos in vitro

Após a última avaliação do experimento descrito no item 3.6.1. (antes

da avaliação da esporulação), com o auxílio de uma alça, fragmentos de

crescimento micelial foram retirados (de quatro diferentes pontos da colônia),

que foram transferidos para lâminas de microscopia. Em seguida, procedeu-se

à fixação com azul de algodão e à observação ao microscópio óptico, dotado

de ocular micrométrica, no aumento de 400-1000x, para a mensuração das

dimensões dos conídios dos diferentes isolados.

Foram mensuradas as seguintes dimensões dos conídios:

comprimento, largura (região mediana) e número de pseudo-septos. Quanto ao

formato, foram divididos quanto à forma (obclavado ou cilindrico) e curvatura

(reto ou curvado). Para cada repetição, foram mensurados 50 conídios,

perfazendo um total de 250 conídios para cada isolado. Somente foram

mensurados conídios soltos dos conidióforos, unitários e com septação bem

definida.

3.6.4.2. Caracterização morfológica de conídios pro duzidos in vivo

Os isolados do patógeno, originados de híbridos de pepino “japonês”,

foram coletados como descrito no item 3.2. na região de Maringá, PR. Para

observar possíveis diferenças entre as características morfológicas de conídios

produzidos em meios de cultura e em hospedeiro vivo suscetível, um isolado

de pepino (JQ) foi utilizado a caracterização. Fragmentos de micélio de cultura

monospórica acondicionados em tubos, conforme o item 3.5., foram

transferidos para placas-de-Petri, contendo meio BDA e incubadas por cinco

dias nas condições anteriormente citadas. Decorrido o período, discos de

micélio foram transferidos para novas placas contendo BDA e, novamente,

incubadas por 15 dias. Passado o período, foi obtida suspensão de esporos do

isolado JQ, que foi ajustada para a concentração de 1 x 104 esporos/mL para

serem inoculadas nas plantas de híbridos de pepino tipo “japonês”. Para a

produção das plantas, sementes de pepino do híbrido Tsuyataro foram

Page 32: Master Thesis

21

semeadas em bandejas de isopor contendo substrato comercial. As plantas

foram transplantadas para sacos plásticos contendo substrato solo:areia na

proporção 1:1 (V/V), uma planta por vaso. Utilizando-se atomizador De Vilbs

nº15, a suspensão de conídios foi atomizada sobre seis plantas de pepino até o

ponto próximo ao escorrimento e em ambas as faces foliares, abaxial e adaxial,

no momento em que estas apresentavam duas folhas definitivas. Em seguida,

as plantas foram incubadas em câmara úmida por 48 horas em casa-de-

vegetação. Em torno de 48 horas após a inoculação, foram observadas várias

lesões nos limbos foliares inoculados, lesões estas características da doença.

As folhas com sintomas foram coletadas após cinco dias, a contar da

inoculação, momento em que as lesões estavam bem desenvolvidas, e foram

acondicionadas em câmara úmida por 48 horas, no Laboratório de Proteção de

Plantas, à temperatura ambiente. Após o período, do centro das lesões,

estruturas do patógeno foram transferidas para lâminas de microscopia, fixadas

com azul de algodão e observadas em microscópio óptico no aumento de

1000x. A grande quantidade de conídios de C. cassiicola formada foi

mensurada conforme item 3.6.4.1. Foram mensurados 50 conídios de cada

planta com sintomas.

3.7. Patogenicidade

Os experimentos foram realizados em casa-de-vegetação no período

de setembro a dezembro de 2004 e foram utilizados os isolados citados no

Quadro 1 e as plantas citadas no Quadro 2.

O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado

(DIC), com seis repetições para cada tratamento, sendo uma planta

considerada uma unidade experimental. O preparo das mudas foi realizado

conforme descrito no item 3.6.4.2.

Após a inoculação, as plantas foram mantidas sob câmara úmida por

48 horas. A testemunha constituiu de plantas atomizadas somente com água

destilada. A câmara úmida foi formada com o auxílio de um bolsão plástico, no

qual as plantas foram mantidas durante o período de incubação.

Para a confirmação da patogenicidade, folhas exibindo sintomas foram

destacadas e mantidas sob câmara úmida por um período que variou de 48 a

Page 33: Master Thesis

22

72 horas, à temperatura ambiente em laboratório. Decorrido o período, com

auxílio de um microscópio estereoscópico, foi observado a existência de

crescimento micelial sobre o tecido foliar lesionado. Em seguida, a superfície

das lesões foram raspadas e lâminas foram preparadas para a observação em

microscópio óptico das estruturas coletadas. Nas amostras em que foram

observadas lesões com presença de estruturas reprodutivas de C. cassiicola

(conídios e conidióforos), a patogenicidade do isolado foi considerada positiva.

Esses testes foram desenvolvidos em etapas, sendo que para cada

espécie de planta utilizada nos tratamentos foram produzidas mudas nas quais

todos isolados foram inoculados.

3.7.1. Produção de mudas

Para a realização dos ensaios, foi utilizado o substrato solo:areia na

proporção 1:1 (V/V). O solo foi peneirado e misturado à areia e desinfestado

com brometo de metila (150 cm3/m3 de solo) por um período de 72 horas,

dentro de tambores plásticos de 250L de capacidade. Decorrido o período, o

solo permaneceu exposto ao ar livre por mais 24 horas para a volatilização de

resíduos do produto. Em seguida, o substrato foi acondicionado em sacos

plásticos pretos, com capacidade de 1 L, que, posteriormente, receberam as

mudas produzidas em bandejas. Para a produção das mudas, utilizou-se o

mesmo procedimento do item 3.6.4.2. Plantas de abóbora e de soja foram

produzidas através do semeio direto nos sacos plásticos.

3.7.2. Preparo do inóculo, inoculação e avaliações

Tanto para o preparo do inóculo quanto para a inoculação, utilizou-se o

mesmo procedimento do item 3.6.4.2.

As espécies inoculadas, com respectivas idades das mudas, estão

listadas no Quadro 3.

Para a inoculação e incubação das plantas em câmara úmida, adotou-

se o mesmo procedimento citado no item 3.6.4.2. Após o período em câmara

úmida, as plantas foram mantidas em condições de casa-de-vegetação, onde

se procederam as avaliações.

Page 34: Master Thesis

23

Para cada espécie, inocularam-se seis plantas, cada uma foi

considerada uma unidade experimental. O delineamento experimental utilizado

foi do tipo inteiramente casualizado (DIC).

As avaliações foram realizadas diariamente até o 15º dia para a maioria

dos tratamentos, exceto para trapoeraba e assa-peixe, cujo período de

avaliação foi até o 30º dia, e soja, até o 20º dia.

A reação foi considerada positiva (suscetível) ou negativa (resistente)

em função da presença ou ausência de sintomas da doença e de sinais do

patógeno nas plantas inoculadas em cada espécie.

Quadro 3 – Estádios de desenvolvimento das espécies de plantas inoculadas com Corynespora cassiicola. UEM, Maringá, PR, 2005

Espécie vegetal Idade (dias) Número de folhas ou

trifólios definitivos

Cucumis sativus/Hokushin 15-17 2

C. sativus/Natsubayashi 15-17 2

C. sativus/Samurai 15-17 2

C. sativus/Tsuyataro 15-17 2

C. melo/Sunrise 15 2

Cucúrbita maxima/Exposição 15 2

Glycine max/FT-estrela 20-25 3

Lactuca sativa/Vera 20 7

Lycopersicon esculentum/Santa

Clara 25 4

Carica papaya/Sunrise 30 5

Commelina benghalensis 25 3

Vernonia sp. 35 4

Page 35: Master Thesis

24

3.7.3. Agressividade de isolados de Corynespora cassiicola a híbridos de pepino tipo “japonês”

Foram realizadas inoculações com sete isolados de C. cassiicola,

oriundos de diversos hospedeiros, citados no Quadro 1 (IA, PB, JQ, LP05,

493AA, 777AA e LP02), em quatro híbridos de pepino tipo “japonês” mais

cultivados em ambiente protegido (Natsubayashi, Hokushin, Tsuyataro e

Samurai).

A produção de mudas, a preparação do inóculo, a inoculação, a

incubação em câmara úmida e a manutenção das plantas em casa-de-

vegetação foram desenvolvidas conforme descrito no item 3.6.4.2.

As inoculações foram realizadas no momento em que as plantas de

pepino apresentaram as duas primeiras folhas definitivas completamente

expandidas, as quais foram atomizadas com as suspensões até próximo ao

ponto de escorrimento, em ambas as faces, abaxial e adaxial.

As avaliações de severidade da doença foram realizadas 13 dias após

a inoculação. Logo após, as folhas que apresentaram sintomas foram

coletadas e colocadas em câmara úmida e submetidas aos mesmos

procedimentos descritos no item 3.6.4.2., para a constatação da presença de

sinais do patógeno.

A avaliação da severidade dos isolados foi realizada na primeira folha

definitiva, utilizando, como base, a escala Horsfall-Barratt modificada (Campbell

e Madden, 1990), levando em consideração a porcentagem de área foliar com

sintomas de mancha alvo (Quadro 4).

Page 36: Master Thesis

25

Quadro 4 – Escala de notas utilizada para a avaliação da severidade de Corynespora cassiicola a híbridos de pepino do tipo “japonês”. UEM, Maringá, PR, 2005

Nota Severidade de Isolados de C. cassicola

(% de área foliar com sintomas)

0 Ausência de sintomas

1 < 1

2 1 a 3

3 3,1 a 6

4 6,1 a 12

5 12,1 a 25

6 25,1 a 50

7 > 50,1

Page 37: Master Thesis

26

4. RESULTADOS

4.1. Avaliação das características culturais

4.1.1. Avaliação do crescimento micelial e da color ação das

colônias

Somente para alguns isolados utilizados houve diferenças significativas

nas taxas de crescimento micelial (Quadro 5). Comparando-se a taxa de

crescimento micelial dos diferentes isolados foi possível a separação dos

isolados em cinco grupos. O primeiro grupo foi composto dos isolados

RWB321, LP07, JQ e LP04, que apresentaram as maiores taxas de

crescimento. O segundo e o terceiro, compreendendo os isolados LP01, GS02,

IA, GS01, PB e 493AA e CP03, respectivamente, apresentaram taxa de

crescimento intermediário. E, finalmente, o quarto e o quinto, envolvendo os

isolados 777AA e JMP220 e LP05 e LP02, respectivamente, apresentaram as

menores taxas de crescimento micelial.

Quanto à coloração, foram observadas diferenças entre os isolados,

com colônias variando de cinza-claro a oliváceo (Quadro 5 e Figura 1). Os

isolados IA, PB, JQ, LP05, LP02, JMP220, LP04 e GS02 apresentaram

coloração de colônia cinza, enquanto que, para os isolados 777AA, GS01 e

LP01, a coloração da colônia foi cinza-claro. Já, os isolados 493AA e LP07

apresentaram diferenças de coloração entre as repetições variando de cinza-

claro a cinza. O isolado RWB321 formou colônias cuja coloração variou entre

cinza-claro a cinza-escuro. O isolado CP03 formou colônias somente com

coloração olivácea.

4.1.2. Avaliação da esporulação

Para a avaliação da esporulação, houve diferenças significativas entre

os isolados (Quadro 5). Todos isolados esporularam no meio de cultivo BDA,

Page 38: Master Thesis

27

sendo possível separá-los em grupos. Os seguintes grupos foram separados

em ordem decrescente de esporulação: 1) 493AA e LP02; 2) LP05; 3) LP07; 4)

RWB321, CP03, 777AA, IA, JQ e JMP220; 5) LP04, GS01, GS02, PB e LP01.

O isolado LP02 apresentou menor taxa de crescimento micelial; no entanto, ele

está entre os dois que apresentaram os maiores valores de esporulação. Já, os

isolados que apresentaram as maiores taxas de crescimento (JQ, LP04 e

RWB321) se comportaram com tendência de menor esporulação, se inserindo

nos grupos 4 e 5.

4.1.3. Avaliação da formação de clamidósporos

Alguns dos isolados formaram clamidósporos em meio de cultura BDA

(Quadro 5). Todos os isolados provenientes de pepino formaram

clamidósporos. Além desses, os isolados originados de lantana (JMP220), de

aceroleira (LP04) e de assa-peixe (GS02) também formaram essas estruturas

de sobrevivência. Já, para os demais isolados, não se observou a presença de

clamidósporos em meio de cultura BDA.

Realizando a mensuração dos clamidósporos, a dimensão média

encontrada foi 13,78µm de comprimento e 13,09µm de largura. A formação das

estruturas ocorreu tanto de maneira intercalar e terminal como também em

cadeia de até cinco clamidósporos (Figura 2). O material citoplasmático das

estruturas aparentemente apresentou condensação, que foi observado em

função da opacidade visualizada na parte central.

Page 39: Master Thesis

28

Quadro 5 – Taxa de crescimento (mm.d-1) e demais características de colônias de isolados de Corynespora cassiicola cultivados em meio de cultura batata-dextrose-ágar (BDA), à temperatura de 24±2ºC, aos 10 dias de incubação. UEM, Maringá, PR, 2004

Isolado Origem dos

isolados

Taxa de

Crescimento

(mm.d-1)1

Diâmetro

da

colônia

(mm)

Coloração

da

colônia3

Esporulação1,2

1x104

conídios/mL

Formação de

clamidósporos

IA Pepino 7,36 d 73,60 C 142,38 b +

PB Pepino 6,78 d 67,80 C 79,45 a +

JQ Pepino 8,20 e 82,00 C 127,09 b +

LP05 Abóbora 4,22 a 42,20 C 298,34 d -

493AA Soja 6,18 c 61,80 CC/C 392,15 e -

777AA Soja 5,28 b 52,80 CC 160,49 b -

LP02 Tomateiro 3,50 a 35,00 C 335,89 e -

GS01 Mamoeiro 7,20 d 72,00 CC 96,63 a -

JMP220 Lantana 5,18 b 51,80 C 124,97 b +

LP04 Aceroleira 8,02 e 80,20 C 108,21 a +

LP01 Alface 7,66 d 76,60 CC 56,39 a -

LP07 Pimenta-

longa 8,22 e 82,20 CC/C 233,58 c -

RWB321 Falso-

boldo 8,38 e 83,80 CC/CE 189,86 b -

CP03 Trapoeraba 5,76 c 57,60 O 161,68 b -

GS02 Assa-peixe 7,52 d 75,20 C 93,44 a +

C.V. (%) 8,89 26,23 1 Médias seguidas de mesma letra minúscula nas colunas não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de significância. Média de cinco repetições. 2 Dados transformados para (x + 0,5)1/2, onde x representa a esporulação de Corynespora cassiicola 3 Coloração da colônia: CC (cinza claro), C (cinza) CE (cinza escuro), O (oliváceo)

Page 40: Master Thesis

29

Figura 1 – Colorações apresentadas pelas colônias dos isolados de Corynespora cassiicola em meio BDA (CC=cinza-claro, C=cinza, CE=cinza-escuro e O=oliváceo).

Page 41: Master Thesis

30

Figura 2 – Estrutura de resistência (clamidósporos) formada por isolados de Corynespora cassiicola em meio de cultura batata-dextrose-ágar (BDA). (A) terminal; (B e C) intercalar; (D) em cadeia.

Page 42: Master Thesis

31

4.1.4. Caracterização morfológica de conídios

4.1.4.1. Caracterização morfológica de conídios pro duzidos in vitro

Os resultados referentes aos limites inferior e superior e média das

dimensões de conídios, bem como forma e curvatura encontrados para cada

isolado, estão apresentados no Quadro 6. Neste Quadro é possível observar os

limites das características mensuradas (comprimento, largura e número de

pseudo-septos) para cada isolado (mínimo – médio – máximo), bem como o

desvio padrão.

Os conídios produzidos pelos isolados LP05 e LP02 apresentaram

limites inferior e superior de comprimento entre 43,75µm e 442,50µm, estando

dentro do padrão descrito por Ellis (1971), cuja variação é de 40µm a 520µm.

Já, para os demais isolados, o limite inferior de comprimento dos conídios foi

inferior ao descrito para a espécie, chegando a 15,0µm para o isolado 493AA.

Os valores dos limites inferiores da largura dos conídios, como também

seus valores médios (máximo de 8,05µm) para todos isolados, estavam abaixo

daqueles descritos por Ellis (1971) para C. cassiicola, que foi de 9,0µm. Para

os isolados IA, GS01, LP07, RWB321 e GS02, também os limites superiores se

encontraram fora do padrão descrito para espécie, sendo o valor máximo

encontrado de 8,75µm.

Para todos isolados, a grande maioria dos conídios apresentou a base

arredondada e poucos truncados (Figura 3-D e E). Ellis (1971) descreve a base

dos conídios de C. cassiicola como sendo uma base truncada, conforme figura

3-E.

Para o número de pseudo-septos, também foram constatadas

variações fora dos padrões descritos para a espécie. Todos os isolados, a

exceção do LP02, apresentaram número de pseudo-septos fora dos padrões

descritos por Ellis (1971) para a espécie em seus limites inferiores, que é de

quatro. Os isolados LP02 e LP01 produziram conídios com número de pseudo-

septos (32 e 21, respectivamente) acima dos descritos para a espécie, que é

de 20.

Quanto à forma, a porcentagem de conídios cilíndricos e obclavados foi

variável entre os isolados. Os isolados JQ e LP01 apresentaram 92,0% e

Page 43: Master Thesis

32

97,6% de conídios cilíndricos, respectivamente, enquanto os isolados LP04,

CP03 e 777AA, 92,8%, 86,0% e 80,4% de conídios obclavados,

respectivamente (Figura 3). Para os isolados originados de pepino tipo

“japonês” (IA, PB e JQ) e de soja (493AA e 777AA), não foram observadas

proporções similares quanto à forma dos conídios, quando comparados quanto

ao hospedeiro de origem. Entretanto, para a curvatura, todos os isolados de C.

cassiicola apresentaram maiores porcentagens de conídios retos. A menor e a

maior porcentagem de conídios retos foram observadas para os isolados LP04

(73,2%) e PB (100%), respectivamente.

4.1.4.2. Caracterização morfológica de conídios pro duzidos in vivo

Os resultados mostraram que os conídios produzidos em hospedeiro

vivo apresentaram dimensões superiores aos conídios produzidos em meio de

cultura BDA (Quadro 7).

Para a variável comprimento, os valores máximo, médio e mínimo para

conídios produzidos in vitro foram 152,50, 73,21 e 21,25µm, respectivamente.

Para conídios produzidos in vivo, foram 291,40, 181,78 e 89,90µm,

respectivamente. Resultados análogos foram obtidos para as variáveis largura

e número de pseudo-septos. Esses resultados mostraram que as maiores

dimensões de conídios foram obtidas quando produzidos em hospedeiro vivo.

Quanto ao formato, a maioria dos conídios produzidos, tanto in vitro como in

vivo, foi cilíndrico, com maior porcentual para conídios produzidos formados em

meio BDA. No entanto, para a curvatura, em meio de cultivo, a maioria dos

conídios (96,4%) foi reta. Já, para conídios formados em hospedeiro vivo, a

maioria dos conídios foi curvada (81,2%).

Page 44: Master Thesis

33

Quadro 6 – Caracterização morfológica de conídios de isolados de Corynespora cassiicola originados de diferentes hospedeiros, cultivados em meio de cultura batata-dextrose-ágar (BDA), à temperatura de 24±2ºC após 10 dias de incubação. UEM, Maringá, PR, 2004

Isolado Dimensões (µm) Número de

Pseudo-septos

Forma (%) Curvatura (%)

Comprimento Largura Cilíndrico Obclavado Reto Curvado

IA 73,251 ± 28,09 2

(21,25 – 181,25) 3

6,42 ± 1,05

(3,75 – 8,75)

4,34 ± 1,74

(1,0 – 11,0) 42,8 57,2 98,0 2,0

PB 70,46 ± 24,30

(26,25 – 142,50)

6,50 ± 1,09

(3,75 – 10,0)

4,17 ± 1,71

(1,0 – 9,0) 50,0 50,0 100,0 0,0

JQ 73,21 ± 25,93

(21,25 – 152,50)

6,40 ± 0,94

(5,0 – 10,0)

4,51 ± 1,94

(1,0 – 15,0) 92,0 8,0 96,4 3,6

LP05 100,15 ± 33,87

(43,75 – 231,25)

6,83 ± 1,14

(5,0 – 10,0)

7,45 ± 2,80

(2,0 – 16,0) 36,8 63,2 96,0 4,0

493AA 51,16 ± 17,84

(15,0 – 115,0)

6,66 ± 1,0

(5,0 – 10,0)

3,35 ± 1,68

(1,0 – 10,0) 72,0 28,0 88,4 11,6

777AA 48,1 ± 15,49

(21,25 – 107,50)

7,55 ± 1,04

(4,38 – 11,25)

2,88 ± 1,15

(1,0 – 8,0) 19,6 80,4 96,8 3,2

LP02 125,37 ± 48,93

(45,0 – 442,50)

6,78 ± 0,37

(4,38 – 10,0)

9,66 ± 3,95

(4,0 – 32,0) 35,2 64,8 88,8 11,2

GS01 66,87 ± 18,25

(37,50 – 106,25)

7,03 ± 0,92

(5,0 – 8,75)

3,60 ± 1,16

(2,0 – 6,0) 40,8 59,2 98,0 2,0

JMP220 70,83 ± 27,48

(26,25 – 180,0)

7,47 ± 0,96

(5,63 – 10,0)

4,31 ± 2,0

(1,0 – 14,0) 62,0 38,0 82,8 17,2

Page 45: Master Thesis

34

Quadro 6, Cont.

LP04 79,44 ± 24,08

(37,50 – 198,75)

7,40 ± 0,89

(5,0 – 10,0)

5,18 ± 1,52

(2,0 – 10,0) 7,2 92,8 73,2 26,8

LP01 102,36 ± 56,34

(37,20 – 403,0)

8,05 ± 1,36

(5,0 – 12,40)

6,38 ± 3,50

(1,0 – 21,0) 97,6 2,4 95,2 4,8

LP07 70,55 ± 22,76

(31,25 – 121,25)

5,75 ± 0,81

(3,75 – 7,50)

4,35 ± 1,69

(2,0 – 9,0) 24,0 76,0 83,2 16,8

RWB321 77,61 ± 27,27

(30,0 – 182,50)

6,34 ± 0,84

(5,0 – 8,75)

4,94 ± 2,20

(2,0 – 14,0) 69,2 30,8 82,4 17,6

CP03 66,03 ± 14,53

(38,75 – 123,75)

6,99 ± 1,08

(5,0 – 10,0)

3,62 ± 1,11

(2,0 – 6,0) 14,0 86,0 75,2 24,8

GS02 65,36 ± 22,44

(27,50 – 127,50)

5,75 ± 0,70

(4,38 – 7,50)

3,90 ± 1,62

(1,0 – 9,0) 60,0 40,0 97,2 2,8

1 Média de 250 conídios, 2 Desvio Padrão da média, 3 Menor e maior valor

Page 46: Master Thesis

35

Quadro 7 – Caracterização morfológica de conídios do isolado JQ produzidos em meio de cultura BDA (batata-dextrose-ágar) e em plantas do híbrido de pepino Tsuyataro. UEM, Maringá, PR, 2004

Substrato Dimensões (µm) Número de

Pseudo-septos

Forma (%) Curvatura (%)

Comprimento Largura Cilíndrico Obclavado Reto Curvado

Meio BDA 73,21 1 ± 25,93 2

(21,25 – 152,50) 3

6,40 ± 0,94

(5,0 – 10,0)

4,51 ± 1,94

(1,0 – 15,0) 92,0 8,0 96,4 3,6

Pepino* 181,78 ± 36,61

(89,90 – 291,40)

9,21 ± 1,12

(6,20 – 12,40)

10,54 ± 2,39

(5 – 18) 76,4 23,6 18,8 81,2

1 Média de 250 conídios, 2 Desvio Padrão da média, 3 Menor e maior valor, * isolado: JQ, produzido em folhas do híbrido Tsuyataro

Page 47: Master Thesis

36

Figura 3 – Morfologia de conídios de isolados de Corynespora cassiicola: (A) conídio cilíndrico e obclavado em um mesmo isolado; (B) conídio cilíndrico; (C) conídio obclavado; (D) base arredondada; (E) base truncada. Fator de correção da ocular micrométrica 1,25µm.

Page 48: Master Thesis

37

4.2. Patogenicidade

Todos os resultados obtidos nos testes de patogenicidade dos isolados

de C. cassiicola estão expressos no Quadro 9.

As reações apresentadas pelas espécies de plantas foram

diferenciadas quanto à suscetibilidade aos diferentes isolados inoculados;

contudo, todas as plantas foram infectadas com seus respectivos isolados.

Os isolados IA, PB, JQ, originados de pepino “japonês”, e o isolado

LP05, originado de abóbora, foram patogênicos aos quatro híbridos de pepino

(Natsubayashi, Hokushin, Tsuyataro e Samurai), ao mamoeiro (Sunrise), ao

meloeiro nobre (híbrido Sunrise), à abóbora (Cucurbita máxima, híbrido

Exposição), à soja (cultivar FT-Estrela) e ao tomateiro (var. Santa Clara). Além

disso, os três isolados originados de pepino infectaram plantas de alface (var.

Vera). Os quatro isolados de pepino se comportaram semelhantemente quanto

à capacidade de causar doenças aos diferentes hospedeiros.

Diferentemente, os isolados 493AA e 777AA, originados de soja,

apresentaram diferenças quanto à patogenicidade. O isolado 493AA foi

patogênico ao mamoeiro, a dois híbridos de pepino (Natsubayashi e

Tsuyataro), ao meloeiro, à abóbora, à soja, à alface e ao tomateiro. Já, o

isolado 777AA foi patogênico a um número menor de espécies: dois híbridos

de pepino (Natsubayashi e Tsuyataro), soja, alface e tomateiro. Todas as

espécies que apresentaram suscetibilidade ao isolado 777AA também foram

suscetíveis ao isolado 493AA.

Além do tomateiro, o isolado LP02 (originado de tomateiro) também foi

patogênico a dois híbridos de pepino (Natsubayashi e Tsuyataro) e ao

mamoeiro. Os isolados GS01 e RWB321, originados de mamoeiro e falso-

boldo, respectivamente, além de infectar seus próprios hospedeiros, também

infectaram o meloeiro, a soja e a alface, mostrando serem similares entre si

quanto à capacidade de causar doenças a diferentes espécies de plantas.

O isolado de lantana, JMP220, foi patogênico ao mamoeiro, à alface,

ao tomateiro e à planta daninha assa-peixe.

O isolado originado de aceroleira (LP04) infectou, além da aceroleira, o

meloeiro, a abóbora, a soja e a planta daninha trapoeraba.

Page 49: Master Thesis

38

O isolado originado de alface (LP01) foi patogênico à alface e ao

tomateiro. O isolado de trapoeraba (CP03), além da trapoeraba, foi patogênico

à abóbora. Os isolados LP01 e CP03 apresentaram a menor gama de

hospedeiros dentre os isolados avaliados.

O isolado LP07, originado de pimenta-longa, foi patogênico ao

mamoeiro, à abóbora e ao tomateiro.

O isolado de assa-peixe (GS02), além de assa-peixe, foi patogênico ao

mamoeiro, à soja, à alface e à planta daninha trapoeraba.

O mamoeiro (híbrido Sunrise) foi o hospedeiro que apresentou maior

suscetibilidade frente aos isolados inoculados, sendo infectada por 12 dos 15

isolados de C. cassiicola inoculados. Ao contrário, os hospedeiros trapoeraba e

assa-peixe foram os menos suscetíveis, sendo infectados por três e dois

isolados, respectivamente.

As lesões foliares apresentadas pelos diferentes patossistemas

formados variaram quanto ao tempo decorrido da inoculação até o surgimento

dos primeiros sintomas (período de incubação). As reações foram

consideradas positivas (suscetível) ou negativas (resistente) em função da

presença ou ausência de sintomas e de sinais do patógeno. As lesões

apresentadas pelos patossistemas estabelecidos estão evidenciadas na Figura

4.

4.2.1. Agressividade de isolados de Corynespora cassiicola a híbridos de pepino tipo “japonês”

A agressividade de cada um dos sete isolados de C. cassiicola

originados de diferentes hospedeiros (IA, PB e JQ, originados de pepino; LP05,

originado de abóbora; 493AA e 777AA, originados de soja; LP02, originado de

tomateiro), quando inoculados em quatro híbridos de pepino tipo “japonês”

(Natsubayashi, Hokushin, Tsuyataro e Samurai), está expresso no Quadro 10 e

na Figura 5.

O período de incubação observado para os patossistemas que

envolveram os isolados de pepino (IA, PB e JQ) e o híbrido Tsuyataro foi

menor do que o apresentado pelos demais patossistemas formados. O período,

Page 50: Master Thesis

39

para o híbrido Tsuyataro, foi inferior a 48 horas e, para os outros patossistemas

formados, esse intervalo foi superior a 72 horas.

Os híbridos de pepino Hokushin e Samurai não foram suscetíveis a

todos os isolados testados, apenas foram infectados pelos isolados IA, PB e

JQ, originados de pepino, e pelo isolado LP05, originado de abóbora.

Houve diferenças significativas entre a agressividade dos isolados

frente aos híbridos de pepino testados. Os isolados de pepino (IA, PB e JQ)

mostraram-se significativamente mais agressivos quando inoculados nos

quatro híbridos de pepino analisados (Natsubayashi, Hokushin, Tsuyataro e

Samurai) em relação aos demais isolados inoculados. Além disso, o híbrido

Tsuyataro mostrou ser mais suscetível entre os híbridos testados.

Entre os patossistemas estabelecidos, foram observadas variabilidades

sintomatológicas (tipo de lesão). Foi possível estabelecer dois tipos de lesões

distintas. O primeiro tipo de lesão foi apresentado pelos isolados originados de

pepino (IA, PB e JQ), que se mostraram, inicialmente, como pequenas

pontuações cloróticas de formato regular (Figura 6-A), que evoluíram para

manchas circulares a irregulares, às vezes, com aspecto de encharcadas,

halos cloróticos e centro de coloração palha (Figura 6-B). Em estádios mais

avançados, as lesões tornaram-se maiores, com discretos halos cloróticos e

bordos encharcados de coloração olivácea; em alguns momentos, as manchas

se encontravam formando extensas áreas necróticas que resultaram no

coalescimento das lesões e seca do limbo foliar (Figura 6-C). O segundo tipo

de lesão foi apresentado pelos isolados LP05, 493AA, 777AA e LP02, tendo

formato irregular, com aspecto áspero, ausência de tecidos encharcados,

discretos halos cloróticos e coloração palha (Figura 6-D).

Page 51: Master Thesis

40

Quadro 9 – Patogenicidade de isolados de Corynespora cassiicola, originados de diferentes hospedeiros, inoculados à temperatura ambiente em casa-de-vegetação. UEM, Maringá, PR, 2004

Espécie vegetal inoculada

Isolado/hospedeiro de origem/reação1

IA Pepino

PB Pepino

JQ Pepino

LP05 Abóbora

493AA Soja

777AA Soja

LP02 Tomateiro

GS01 Mamoeiro

JMP220 Lantana

LP04 Aceroleira

LP01 Alface

LP07 Pimenta-

longa

RWB321 Falso-boldo

CP03 Trapoeraba

GS02 Assa-peixe

Carica papaya “Sunrise” + + + + + - + + + + - + + - +

Cucumis sativus “Hokushin” + + + + - - - - - - - - - - -

Cucumis sativus “Natsubayashi” + + + + + + + - - - - - - - -

Cucumis sativus “Samurai” + + + + - - - - - - - - - - -

Cucumis sativus “Tsuyataro” + + + + + + + - - - - - - - -

Cucumis melo “Sunrise” + + + + + - - + - + - - + - -

Cucurbita maxima

“Exposição” + + + + + - - - - + - + - + -

Glycine Max “FT-estrela” + + + + + + - + - + - - + - +

Lactuca sativa “Vera” + + + - + + - + + - + - + - +

Lycopersicon esculentum

“Santa Clara” + + + + + + + - + - + + - - -

Commelina benghalensis - - - - - - - - - + - - - + +

Vernonia sp. - - - - - - - - + - - - - - + 1 (-) ausência de sintomas e sinais do patógeno, (+) presença de sintomas e sinais do patógeno

Page 52: Master Thesis

41

Figura 4 – Sintomas apresentados após a inoculação com diferentes isolados de Corynespora cassiicola. Plantas: assa-peixe (A), tomateiro (B), soja (C), pepino (D), trapoeraba (E), alface (F) e mamoeiro (G).

Page 53: Master Thesis

42

Quadro 10 – Severidade da doença em quatro híbridos de pepino tipo “japonês”, inoculados com isolados de Corynespora cassiicola, em condições de casa-de-vegetação. UEM, Maringá, PR, 2004

Isolados Severidade1,2

Hokushin Natsubayashi Samurai Tsuyataro Médias

IA 2,50 Ac 3 2,33 Ab 2,33 Ac 7,0 Bc 3,54 b

PB 5,33 Ce 2,0 Ab 2,83 Bc 6,33 Dc 4,12 b

JQ 3,33 Bd 2,33 Ab 5,17 Cd 6,50 Dc 4,33 b

LP05 1,17 Ab 2,33 Bb 1,50 Ab 3,0 Ba 2,0 a

493AA 0,0 Aa 1,33 Ba 0,0 Aa 3,67 Cb 1,25 a

777AA 0,0 Aa 1,33 Ba 0,0 Aa 4,17 Cb 1,38 a

LP02 0,0 Aa 2,50 Bb 0,0 Aa 2,67 Ba 1,29 a

Médias 1,76 A 2,02 A 1,69 A 4,76 B

C.V. (%) 26,00 1 Escala de notas: 0 = ausência de sintomas; 1 = < 1% de área foliar infectada (afi); 2 = 1% a 3% de afi; 3 = 3,1% a 6% de afi; 4 = 6,1% a 12% de afi; 5 = 12,1% a 25% de afi; 6 = 25,1% a 50% de afi; 7 = > 50,1% de afi 2 Dados não transformados 3 Médias seguidas de mesma letra maiúscula na horizontal e minúscula na vertical não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de significância

Page 54: Master Thesis

43

Figura 5 – Severidade da doença causada por Corynespora cassiicola, originados de diferentes hospedeiros, inoculados em quatro híbridos de pepino tipo “japonês”, à temperatura ambiente em casa-de-vegetação. UEM, Maringá, PR, 2004

0

1

2

3

4

5

6

7

8

IA PB JQ LP05 493AA 777AA LP02

Isolados

Sev

erid

ade

Hokushin Natsubayashi Samurai Tsuyataro

Page 55: Master Thesis

44

Figura 6 – Padrão sintomatológico de lesões apresentadas por isolados de Corynespora cassiicola quando inoculados em híbridos de pepino “japonês”. (A, B e C) Lesões apresentadas pelos isolados de pepino (IA, JQ e PB) e (D) lesões apresentadas pelos isolados LP05, 493AA, 777AA e LP02.

Page 56: Master Thesis

45

5. DISCUSSÃO

Este trabalho procurou evidenciar a variabilidade morfológica de

conídios e conidióforos, fisiológica e patogênica de isolados de C. cassiicola e

severidade de sete isolados quando inoculados em híbridos de pepino tipo

“japonês”. Os isolados foram originados de diferentes espécies de plantas,

algumas de grande importância agronômica. Os isolados testados foram

obtidos de diferentes regiões do Brasil: Norte, Nordeste, Sudeste e Sul.

Diferenças significativas na taxa de crescimento micelial e na

esporulação foram observadas entre os isolados, bem como diferenças na

coloração de colônias. Essas diferenças, entre os isolados originados de

diferentes hospedeiros, podem ser justificadas pelas diferenças individuais

quanto à exigência para nutrição, temperatura e fotoperíodo e/ou, também,

pelas características intrínsecas a cada isolado.

Quanto à coloração das colônias, houve diferenças entre os isolados

analisados, que variaram de cinza-claro a oliváceo, o que concordando com a

descrição relatada por Ellis (1971) para a espécie.

A menor taxa de crescimento micelial foi apresentada pelo isolado

LP02, originado de tomate; contudo, ele está entre os dois isolados que

apresentaram os maiores valores de esporulação. Ao contrário, os isolados que

apresentaram as maiores taxas de crescimento (JQ, LP04 e RWB321)

enquadraram-se nos grupos de menores valores de esporulação.

O meio de cultura é, reconhecidamente, um determinante de

crescimento e esporulação, sendo ainda que, um meio que favoreça a

esporulação não necessariamente favorecerá o crescimento micelial (Tuite,

1969; Dhingra & Sinclair, 1995). Diferenças no comportamento de isolados de

C. cassiicola foram relatadas por alguns autores quando cultivados em

diferentes meios de cultura, temperaturas e regimes de luminosidade (Almeida

& Yamashita, 1976; Duarte et al., 1983). Avaliando meios de cultura, Olive et al.

(1945) observaram que os maiores valores para a esporulação do fungo foram

obtidos em meio BDA e Czapek-ágar. Quanto à presença de luz, a esporulação

Page 57: Master Thesis

46

e o crescimento micelial do fungo foram favorecidos na presença de luz

contínua (Onesirosan et al., 1975; Almeida & Yamashita, 1976; Roim, 2001).

Quanto à formação de clamidósporos, observações, utilizando

microscopia óptica, evidenciaram, em alguns isolados, a presença de hifas

diferenciadas e, em alguns pontos dilatações de formato ovalado a circular com

paredes mais espessas. Nesses locais, o material citoplasmático

aparentemente apresentou condensação, que foi observado em função da

opacidade visualizada na parte central.

A formação de clamidósporos foi também relatada por Olive et al.

(1945) em meio de cultura. A exceção desse relato, a formação de

clamidósporos por isolados de C. cassiicola não tem sido mencionada na

literatura. As formas de sobrevivência do inóculo mais freqüentemente citadas

na literatura são através de plantas hospedeiras e de atividade saprofítica.

A sobrevivência de isolados de C. cassiicola em restos de culturas foi

observada por Almeida et al. (2001) em soja. Wulff & Pascholati (1997) relatam

o patógeno em restos de culturas de gergelim e Rêgo & Carrijo (2000) em

restos de cultura de cucurbitáceas e plantas daninhas como hospedeiras do

patógeno. Plantas daninhas, tais como: trapoeraba, assa-peixe e lantana, são

descritas como hospedeiras do patógeno (Pereira & Barreto, 2000; Souza &

Silva, 2001; Cutrim & Silva, 2003).

A fase que serve para diferenciar o ciclo primário do secundário das

relações patógeno-hospedeiro é a sobrevivência do inoculo, sendo

caracterizada por garantir a sobrevivência do patógeno em condições

adversas. Durante o ciclo evolutivo, cada patógeno desenvolveu forma (s) de

sobrevivência, entre elas, estruturas de especializadas de resistência,

atividades saprofíticas e plantas hospedeiras (Amorim, 1995).

Ellis (1971) relatou os critérios taxonômicos para a caracterização de

isolados de C. cassiicola baseados em características morfológicas de conídios

e conidióforos. No presente trabalho, os conidióforos não foram distintos das

hifas que os produziam e, em função disso, suas estruturas não foram

mensuradas. Ferreira & Alfenas (1980), trabalhando com isolados ipê em meio

de cultura artificial, também constataram que os conidióforos mostraram-se

poucos distintos das hifas que os produziam. Situação semelhante foi também

relatada por Wei (1950).

Page 58: Master Thesis

47

Isolados originados de diferentes hospedeiros de C. cassiicola, quando

cultivados em meio de cultura artificial BDA, variaram quanto à morfologia de

conídios e coloração das colônias. Para a maioria dos isolados analisados, as

estruturas apresentaram valores de comprimento, largura e número de pseudo-

septos, em parte, fora daqueles descritos por Ellis (1971). Para a maioria dos

isolados, foram observados conídios apresentado comprimento, largura e

número de pseudo-septos abaixo de 40µm, 9µm e 4, respectivamente, que

foram os valores mínimos estabelecidos para C. cassiicola pelo autor acima

citado. Os isolados LP02 e LP01 produziram conídios com número de pseudo-

septos (32 e 21, respectivamente) acima dos descritos para a espécie (Ellis,

1971).

Ainda neste trabalho, foi realizada a caracterização morfológica de

conídios do isolado JQ, originado de pepino, produzidos em hospedeiro vivo

(híbrido Tsuyataro). Foi possível a constatação de diferenças morfológicas no

mesmo isolado (JQ) quando produzidos em diferentes condições (meio de

cultura BDA e hospedeiro suscetível). Conídios produzidos em condições

artificiais apresentam dimensões, em parte, fora dos padrões descritos para a

espécie; ao passo que, os conídios do mesmo isolado, quando produzidos in

vivo, os valores foram maiores que quando produzidos in vitro, e dentro dos

limites descritos para a espécie por Ellis (1971), a exceção do menor valor de

largura encontrado.

Situação análoga foi encontrada por Roim (2001), em meio de cultura,

ao caracterizar morfologicamente isolados de C. cassiicola de soja. O autor

relatou que o isolado de semente e a maioria dos isolados de folhas, embora

apresentassem comprimento dos conídios dentro dos limites descritos para a

espécie, a largura e o número de pseudo-septos não corresponderam aos

valores descritos por Ellis (1971). No trabalho de Roim (2001), mesmo os

isolados sendo de hospedeiro comum, ainda foram observadas diferenças

significativas entre os parâmetros analisados (comprimento, largura e número

de pseudo-septos) entre os isolados de folhas, sementes e raízes.

Fatores ambientais, como umidade relativa, são relatados como

possíveis fatores que podem vir a alterar as características morfológicas desse

fungo. Em ambientes com alta umidade relativa, essa alteração pode modificar

o formato de conídios e de conidióforos e também dificultar a visualização de

Page 59: Master Thesis

48

pseudo-septos de conídios. Quando produzidos em meio de cultura artificial, os

parâmetros morfológicos mensuráveis para a espécie podem ser alterados,

quando comparados às estruturas produzidas in vivo (Olive et al., 1945; Wei,

1950; Ferreira & Alfenas, 1980; Gasparotto et al., 1988). Olive et al. (1945)

observaram diferenças morfológicas entre conídios de isolados de feijão-de-

corda e de soja, produzidos em diferentes condições, como meio de cultura

artificial, folhas dos hospedeiros em condições naturais e folhas dos

hospedeiros colocadas em câmara úmida. Eles atribuíram essa variabilidade às

condições de cada ambiente.

Variações morfológicas de conídios, oriundos de diferentes isolados e

hospedeiros e fora dos padrões estabelecidos para a espécie, são relatadas

com certa freqüência; contudo, as diferenças não são suficientes para que os

isolados estudados fossem considerados espécies diferentes.

No teste de patogenicidade, foi demonstrada elevada inespecificidade

para a maioria dos isolados. Foram constatadas diferenças entre os isolados

quanto à capacidade de infectar os diferentes hospedeiros utilizados nos

experimentos. Todos os isolados foram patogênicos a seus hospedeiros de

origem.

Os isolados originados de pepino “japonês” (IA, PB e JQ) não diferiram

quanto à capacidade de infectar outros hospedeiros, ao contrário do que

ocorreu com os isolados de soja (493AA e 777AA). O isolado 493AA foi

patogênico a oito diferentes hospedeiros, enquanto o isolado 777AA foi

patogênico a cinco. Todas as espécies suscetíveis ao isolado 777AA também

foram suscetíveis ao isolado 493AA.

Os isolados de C. cassiicola, originados de pepino “japonês” (IA, PB,

JQ) e abóbora (LP05), apresentaram maior gama de hospedeiros, dez e nove,

respectivamente. Ao contrário, os isolados de alface (LP01) e trapoeraba

(CP03) apresentaram a menor gama de hospedeiros, sendo patogênicos a

apenas duas espécies de plantas. Esse comportamento também variou para os

demais isolados utilizados nos experimentos.

Os híbridos de pepino hokushin e samurai diferiram dos híbridos

natsubayashi e tsuyataro quanto à suscetibilidade, sendo os dois últimos

suscetíveis a um maior número de isolados.

Page 60: Master Thesis

49

A espécie vegetal que apresentou maior suscetibilidade frente aos

isolados inoculados foi o mamoeiro, sendo infectada por 12 dos 15 isolados de

C. cassiicola inoculados. Por outro lado, os hospedeiros trapoeraba e assa-

peixe foram os menos suscetíveis, sendo infectados por três e dois isolados de

C. cassiicola, respectivamente.

A inespecificidade constatada neste trabalho foi também observada por

outros autores. Duarte et al. (1983), em estudos com dois isolados de C.

cassiicola, sendo um de cacaueiro e outro de mamoeiro, observaram

diferenças quanto à patogenicidade. O isolado de mamoeiro foi capaz de

infectar plantas de mamoeiro, caupi e seringueira; já o isolado de cacaueiro,

apenas plantas de cacaueiro.

Cutrim & Silva (2003) relataram diferenças na patogenicidade de dois

isolados de tomateiro. Estes apresentaram reações diferentes quando

inoculados em plantas de caupi (isolado 1 não patogênico e isolado 2

patogênico) e soja (isolado 2 não patogênico e isolado 1 patogênico). Além

disso, os autores relataram as diferenças na patogenicidade dos diferentes

isolados quando inoculados em 12 diferentes espécies de plantas, sendo duas

resistentes a ambos isolados. Silva et al. (1998) encontraram reações

semelhantes às acima relatadas, sendo que 16 isolados de seringueira, três de

mamoeiro, um de mimosa e um de tomilho diferiram quanto à patogenicidade,

quando inoculados em plantas de berinjela. Os isolados de mamoeiro e nove

dos isolados de seringueira não foram patogênicos à berinjela; os demais

foram capazes de infectar a espécie. Quando inoculados em feijão-de-corda,

apenas os isolados originados de seringueira foram capazes de causar doença.

Os resultados alcançados neste trabalho mostraram que o isolado de

C. cassiicola originado de lantana foi patogênico as plantas de mamoeiro,

alface, tomateiro e assa-peixe. Este resultado se opõe aos resultados obtidos

por Pereira et al. (2003), que observaram alta especificidade de um isolado

também originado de lantana por plantas de L. camara de diferentes origens e

consideraram o isolado como uma formae specialis de C. cassiicola.

Os autores ainda relataram que não encontraram reações positivas em

inoculações realizadas em plantas de mamoeiro e tomateiro. Esses resultados

diferem dos observados no presente trabalho.

Page 61: Master Thesis

50

Lustosa (2000), avaliando um isolado de trapoeraba quanto à

especificidade deste para outros hospedeiros, relata que, além da trapoeraba,

o isolado também infectou plantas de soja da cultivar UFV-16. Esse fato

diverge dos resultados obtidos por Pereira (2001) e Pereira et al. (2003) e dos

obtidos neste trabalho.

As diferenças na agressividade apresentadas pelos sete isolados de C.

cassiicola aos híbridos de pepino “japonês” estudados sugerem maior

adaptação dos isolados de pepino para os híbridos testados, uma vez que

foram significativamente mais agressivos, do que os demais isolados utilizados

nos experimentos. Além disso, maior suscetibilidade e menor período de

incubação pôde ser constatado em inoculações no híbrido tsuyataro com os

isolados originados de pepino “japonês” (IA, PB e JQ). Roim (2001) relatou que

isolados originados de raízes de soja foram mais agressivos do que isolados

originados de folhas quando foram inoculados em raízes de soja (o contrário

também foi observado), sugerindo adaptação dos isolados. O autor ainda

sugere a existência de um biótipo ou espécie diferente de C. cassiicola

infectando raízes e folhas de soja. Quanto à agressividade, o mesmo autor,

avaliando 17 isolados de C. cassiicola originados de soja, inoculados na parte

aérea e nas raízes da cultivar FT-Estrela, constatou diferenças significativas de

agressividade entre os isolados testados. Essas diferenças também foram

observadas por Spencer & Walters (1969), onde cinco isolados originados de

feijão-de-corda diferiram em agressividade quando inoculados em feijão-de-

corda.

Em 1998, Silva et al. constataram a existência de diferenças na

agressividade de 16 isolados de seringueira quando inoculados em três

diferentes clones de seringueira (RRIC100, RRIC52 e RRIC104). Ainda

relataram que três isolados de mamoeiro, também patogênicos aos três clones

de seringueira, diferiram quanto à agressividade, quando inoculados nos

referidos clones. Os mesmos autores, correlacionando estudos moleculares

(RAPD-PCR) com os testes de patogenicidade, separaram em dois grupos os

isolados de seringueira (“W” e “X”) quanto à patogenicidade à berinjela. Os

isolados do grupo “W” foram capazes de infectar plantas de berinjela; já os

pertencentes ao grupo “X”, não foram patogênicos. Através dos testes, os

autores sugeriram maior adaptação dos isolados do grupo “X” para infectar

Page 62: Master Thesis

51

berinjela. Em 2000, os mesmos autores, através de análises de RAPD de 42

isolados do patógeno, também correlacionando com testes de patogenicidade,

observaram diferenças genéticas entre os isolados do patógeno de diferentes

plantas.

Os padrões de sintomas para C. cassiicola, observados neste trabalho,

para os híbridos de pepino “japonês”, infectados por isolados originados de

pepino (IA, PB e JQ), também foram observados por Martins et al. (2003) e

Verzignassi et al. (2003). O segundo tipo de lesão constatada neste trabalho,

causada pelos isolados LP05, 493AA, 777AA e LP02 em híbridos de pepino,

pode ser explicado devido às diferentes reações patógeno-hospedeiro.

Diferentes tipos de lesões também foram observados por Duarte et al. (1983)

quando dois isolados, um de cacaueiro e outro de mamoeiro, foram inoculados

em plantas de cacau, mamoeiro, caupi e seringueira. Situação semelhante

também foi observada por Spencer & Walters (1969) e Olive et al. (1945).

Page 63: Master Thesis

52

6. CONCLUSÕES

Embora tenham ocorrido algumas variações quanto à morfologia de

conídios de C. cassiicola, todos os isolados utilizados nos experimentos,

originados de diferentes hospedeiros e regiões do Brasil, foram englobados na

espécie C. cassiicola.

Conídios de diferentes isolados de C. cassiicola, produzidos em meio

de cultura BDA, apresentaram variações nas suas dimensões (comprimento,

largura e número de pseudo-septos), com alguns valores diferentes daqueles

citados em literatura taxonômica para esta espécie fúngica.

Os isolados IA, PB, JQ, JMP220, LP04 e GS02 foram capazes de

produzir estruturas de resistência (clamidósporos); já, os isolados LP05,

493AA, 777AA, LP02, GS01, LP01, LP07, RWB321 e CP03 não produziram.

Dentro da espécie C. cassiicola, diferentes isolados podem se

diferenciar quanto à patogenicidade. Isolados originados de cucurbitáceas

apresentaram maior gama de espécie de hospedeiros e isolados originados de

alface e trapoeraba menor gama de hospedeiros.

Os híbridos de pepino, hokushin e samurai, foram suscetíveis a quatro

dos 15 isolados testados de C. cassiicola. Já os híbridos natsubayashi e

tsuyataro foram suscetíveis a sete isolados.

Os isolados de C. cassiicola, originados de pepino tipo “japonês” (IA,

PB e JQ) foram os mais agressivos aos híbridos de pepino tipo “japonês”

(natsubayashi, hokushin, tsuyataro e samurai).

O híbrido tsuyataro apresentou maior suscetibilidade aos isolados de

C. cassiicola dentre os quatro híbridos testados.

As diferenças na agressividade, apresentadas pelos diferentes isolados

aos híbridos de pepino tipo “japonês” estudados, sugerem maior adaptação dos

isolados de pepino para os híbridos, uma vez que foram significativamente

mais agressivos que os demais isolados.

Dois padrões de lesões foram observados em plantas de pepino

inoculados com isolados de C. cassiicola: lesões com encharcamento, foram

Page 64: Master Thesis

53

causadas apenas por isolados originados de pepino, e lesões com aspecto

áspero (ausência de tecidos encharcados), causadas por isolados originados

de outras espécies hospedeiras.

Page 65: Master Thesis

54

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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8. APÊNDICE

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Apêndice – Esporulação de isolados de Corynespora cassiicola originados de diferentes hospedeiros, cultivados em meio batata-dextrose-ágar, à temperatura de 24±2ºC, após 10 dias de incubação. UEM, Maringá, PR, 2004

Isolado Origem dos isolados Esporulação1

1 x 104 conídios/mL

IA Pepino 2,40

PB Pepino 0,65

JQ Pepino 1,63

LP05 Abóbora 9,58

493AA Soja 15,5

777AA Soja 2,85

LP02 Tomateiro 11,33

GS01 Mamoeiro 0,98

JMP220 Lantana 1,63

LP04 Aceroleira 1,2

LP01 Alface 0,33

LP07 Pimenta-longa 5,98

RWB321 Falso-boldo 3,73

CP03 Trapoeraba 2,68

GS02 Assa-peixe 0,90 1 Dados não transformados