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Matéria sobre o João Felipe Scarpelini publicada no dia 03/07/2011 no jornal ATRIBUNA, texto Bruno Guedes.
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CADERNOA:Opinião,BaixadaSantista,Falecimentos,Polícia eTempo.CADERNOB:Esportes.
CADERNOC:Economia,Sindical, Porto, Brasil eMundo.CADERNOD:Turismo.CADERNOE:Galeria e Social.CLASSIFICADOS.
ÍNDICE 42PÁGINASBomdia Navio-veleiroCisneBrancoestádevoltaaSantosVisitascomeçamquarta-feira. C-6
DomingofrioeúmidonaBaixadaSantistaenorestodo litoral.
Mín. 15ºMáx.21º A-12
CHUVOSOGovernosemantémemposiçãoequivocadaaoadmitiraportededinheirodoBNDESnaoperaçãoentrePãodeAçúcareCarrefour. A-2
OGoverno preparou umami-nirreforma da Previdência,que será enviada aoCongressoemsetembro.Elafoicosturadaem silêncio e nos bastidores,pelosministérios daFazendaePrevidência Social. A proposta
reduzosbenefíciospormorteeeleva o tempo de contribuiçãode mulheres em mais trêsanos: elas passariam a contri-buirpor33anosemvezdos30atuais, sendo mantidos os 35anosparaoshomens. C-5
Parque Inhotim,umgrandemuseudeartea céuaberto
SãoSebastião. A-9Prefeituraéacusadadedesmatar2Kmdevegetação
Menos de 24 horas após en-trar em vigor o novo valor datravessiadebalsas, umausuá-ria teve o carro danificadoporpane elétrica em uma rampadasgavetaslocalizadasnamar-gemdeSantos. Entre os argu-mentosparaaelevaçãodatari-fa estão manutenção das em-barcações, instalação de no-vos equipamentos e capacida-dedefluxodeveículos. A-3
TempodeINSSpoderásermaiorparamulheres
Aos 13anos, JoãoFelipeScarpelini enviouume-mail para 100pessoas ligadas amovimentos eentidades sociaispedindoajudapara, dealgumamaneira,mudaroplaneta.Dozeanosdepois, o jovemsantista já viajou42paísesemnomedeorganismosmundiais, comoaOrganizaçãodasNaçõesUnidas (ONU), paraajudar aalterar duras realidades locais apartir daarticulaçãodospróprios jovens. A-8
PropostadoGovernoéquepassede30para33anos
Mais de 20 mil pessoas sãoesperadashojena7ªediçãodaCãominhada, maior eventodo segmento pet da BaixadaSantista. A festa, que aconte-cedas10às14horas,naaveni-da Bartolomeu de Gusmão,entre os canais 4 e 6, emSan-tos, tem atrações para toda afamília e deve movimentar aavenidada praia.Haverá dis-tribuiçãodebrinde. A-5
Mudandoomundo
O ex-presidente Itamar Fran-co morreu ontem no HospitalAlbertEinstein, emSãoPaulo.Ele havia completado 81 anosna última terça-feira e estavainternadonaUnidadedeTera-pia Intensiva (UTI) desde 21de maio, para tratamento deleucemia, e teve diagnosticadauma pneumonia que agravouo caso. A presidente DilmaRousseff decretou luto oficialdesetedias. C-7
Cubatão.A-12Alunos realizamecofaxinaemmanguezaldaIlhaCaraguatá
Santos. A-6Confirahistóriasdequemvivecomassobrasdosalimentos
AúltimabruxariadeHarryPotter
ATREVISTAGianecchini, alémdabeleza físicaAtornãosedeixaenvolverpelafamanempelorótulodegalã
Artedas ruasvaiinvadir suacasaGrafite é incorporadoàdecoração edominatetos, pisos eparedes
CARLOSNOGUEIRA
JOSÉCRUZ/ABR - 20/4/06
Favorito,Brasil estreianaCopaAmérica
PetraKvitovavenceMariaSharapovaeconquistao títulodeWimbledon. B-6
TURISMO
ESPORTES
Corpo de Itamar será cremado
Paneelétricaemrampadabalsadanificaumveículo
SantosvenceoAmérica-MGpor1a0peloCampeonatoBrasileiro. B-1
CãominhadaagitaaorladeSantosnestamanhã
Morre Itamar,opresidentedoPlanoReal
BAIXADASANTISTAANTONIOSCORZA/AFP
SeleçãobrasileiraencaraaVenezuelahoje, naestreiadaCopaAmérica.Neymar (foto) integraesquematáticoofensivodeManoMenezes.B-3
Pottermaníacoscontamashorasparaapré-estreiadoRelíquiasdaMorte -parte II
LEONNEA
L/AF
P
SANTOS-SPDOMINGO3DE JULHODE2011ANO118 -Nº 100R$3,00
MARCOSCLEMENTESANTINIDIRETOR-PRESIDENTE
Fato é que ele descobriu logo adificuldadede semobilizar pa-raajudar: sócincodos100des-tinatários responderam oe-mail. “Doisdiziamqueeupo-deria doar dinheiro. Outrostrês disseram que era muitojovememinha vontadedemu-dar não se realizaria desta for-ma. Aí é que percebi como aparticipação social existe só nodiscurso, principalmente comosjovens”.João se deu conta de que se
engajaria em projetos justa-mente para transformar a pos-tura passiva perante o mundo.Na escola onde estudou, naAparecida, criou junto comquatroamigosogrupoReticên-cias, que passou a realizar ini-ciativascomooMudandoaCa-ra. Por meio dele, os estudan-tes iam aONGs ajudar em ser-viços cotidianos eparticipar deatividadescomosassistidos.Entre os projetos dentro da
escola estava uma peça teatralchamada Jovem: uma máqui-na de fazer problemas?, paradesmistificar a visão geral deque a juventude é alienada eproblemática.Nestaépoca,aju-dou a articular no Poder Públi-coacriaçãodaComissãoMuni-cipal da Juventude, que já ga-nhou status de conselho. Criouainda um grupo de discussãocom os alunos sobre como ojovemeraretratadopelamídia.“Pegávamos jornais e revistas
para ler e debater. E oque se viaera normalmente o jovem asso-ciado à violência, drogas e sem-precomoseprecisassedeajuda”.A essa altura, aos 15 anos,
João Felipe já fazia parte doComitê de Gestão do FórumSocial Mundial e uma das re-portagens que incomodou foipublicadanaCapricho.Naque-la época, a revista era voltadaaopúblicofemininoe, segundoele, o fórum foi estigmatizadoporestapublicaçãocomoeven-todesexo,drogaserockn’roll.“Escrevemos para a Capri-
cho criticando a matéria e di-zendoque o conteúdoda revis-ta não representava a juventu-de, era muito superficial, nãoabria espaço para o debate so-brepolíticas públicas para essepúblico”. João Felipe foi cha-madoparao conselhoeditoriale escreveu o primeiro artigo deum espaço criado por ideia de-le, sobreprotagonismo juvenil.A Capricho recebeu mais de300cartasdeleitoresinteressa-dospelacolunaepeloassunto.No site da publicação, o con-
selho jovem passou a veicularprojetos sociais de adolescen-tes e, nas escolas, realizou en-controsdemobilização.JoãoFelipelançounestaépo-
ca a ideia de levar umgrupo derepresentantesdosegmentojo-vem no País para o CongressoMundial de Jovens – ocasiãoem que se discutem políticaspúblicas para este segmento –pois o governo brasileiro nãomandariacomitiva.Sem apoio do Poder Público
e a partir da internet, liderouuma mobilização com outraspessoas das cinco regiões do
Brasil, ligadas a movimentossociais,ejuntostodospromove-ram sete encontros (um delesem Santos) para formar umacomitivaparaocongresso.“Não éramos uma organiza-
ção. Só pessoas com vontadedefazer.Econseguimosmobili-zar 10mil pessoas”. Comapoiofinanceiro de uma empresa elegitimidade do Governo, 10jovens foram ao congresso re-presentandooBrasil.
ONU
João Felipe terminou o ano de2004semsaberquecarreirase-guir,masenvolvidoemdiversosprojetos sociais.Havia saído doEnsinoMédiomasqueriaconti-nuarcomamissãoqueassumiupara si, mas pela qual até entãoagiavoluntariamente.Emdezembro, foiumdostrês
jovensselecionadospeloGover-no Federal para participar, naArgentina,daCOP10,encontroanual de países que ratificam aConvenção daOrganização dasNaçõesUnidas(ONU)sobreDi-versidadeBiológica.“Oevento teve38 jovenspar-
ticipando,masagentesóobser-vava. Fizemos uma mesa re-donda e depois conseguimosem encontro com autoridadescomo o presidente do BancoMundialedaArgentina,pedin-do mais espaço para o jovem
dentro da ONU. Eles não sa-biam trabalhar com e para osjovens”, lembraele.Ao longo dos anos, as cons-
tantesmobilizações emanifes-taçõesnosencontrosanuaisde-ramresultado:hoje, todanego-ciação precisa ter uma cadeiracomorepresentantejovem.Em 2005, o ativismo social
de João Felipe chamou a aten-ção daONGPeace Child Inter-national, organização britâni-ca que atua com o empodera-mentodejovensemsuascomu-nidades (empowerment youngpeople) juntocomaONU.“AONGtrabalha com jovens
de todo o mundo, em diversascomunidades, estimulando-osa participar de projetos de de-senvolvimentosocial”.Convida-do, ele ficou um ano como vo-luntário,ministrandopalestrassobre mobilização social eatuando em iniciativas, e, em2006,passouatirarseususten-
todoativismoatéentãovoluntá-rio:assumiuagerênciadoescri-tóriocentraldaorganização.Nosúltimoscincoanos,este-
ve na Índia, na Turquia, empaíses africanos como o TimorLeste,entre tantosoutros luga-res. “Nós chegamos ao local,entendemosarealidade,ospro-blemas sociais e estimulamosos próprios jovens a proporemsoluçõesjuntoconosco.Elesco-nhecem melhor seus proble-mas do que qualquer um defora”,contouele.Entre as iniciativas, por
exemplo, está a criação de coo-perativas de jovens para gera-ção de renda. No Timor Leste,ele foi com amissão demobili-zar jovensa reconstruiropaísapartirdemedidas locais, apósaguerracivil.
ZÂMBIAAtualmente, João Felipe atuacomo consultor peloUnicef do
Unit for Climate, programa deação juvenil para o enfrenta-mento de questões climáticas.Tem como bases de trabalhoNovaYorkeZâmbia.Neste segundopaís, o segun-
domais desmatadodomundo,ele atua emprojeto com jovenscomo por exemplo a constru-ção de uma escola flutuantepara ser usada durante os trêsmeses de enchente, durante osquais,hoje, todos ficamimpos-sibilitados de estudar. Traba-lha tambémnoprojeto emqueos jovens desenvolvem meiosde usar cada vez menos águana agricultura, no período desecaabsoluta.Até20de julho, estáemSan-
tos ajudando a preparação pa-ra o Rio+20, conferência paraodesenvolvimento sustentávelque no próximo ano ocorreráno Brasil. Mas não está de fé-rias do trabalho: usa a internetparaprestaraconsultoria.
“Hoje, com 25 anos, já mesinto um pouco velho nessetrabalho de ser um protago-nista juvenil, mas o mais im-portante é fazer a ponte paraque os adolescentes de hojeparticipem e não encontremasdificuldadesque eu encon-trei quando comecei. Tive deiraprendendooquefunciona-va e o que não”, afirma ele,quecursagraduaçãoemRege-neraçãoComunitária.João Felipe não se sente es-
pecial, nem dono de um domde articular e mobilizar pelatransformação social. “Todomundo pode fazer. A interneté umaaliada, nãohádesculpapor não ter informação. E euacredito que as pessoas estãoseengajandocadavezmais,osjovens no Brasil estão assimi-lando a cultura de participa-çãopopular.Nãoprecisairlon-ge. Dá pra mudar a realidadenoprópriocotidiano”.
Ele já esteve em 42 países, representando organismos mundiais, como a ONU, e hoje consegue ganhar a vida através do ativismo social“Fomosmuito criticadosquandoconseguimosmandartrês jovensparaaCOP10(eventoparaconvençãodesustentabilidade).Questionavamoqueo jovemteriaparacontribuir comadiscussãoclimática. Era comoumtemapara ciência.Em2009, já éramos2mil. E todanegociaçãoagora temumacadeiraparaumrepresentante jovem”
“Todomundopodefazer. Ainternetéumaaliada,nãohádesculpapornão terinformação.Nãoprecisa serGhandi.Dápramudararealidadenoprópriocotidiano”
“Ainda temosumaculturafortedeesperarqueogovernofaça.Mas jáhámuitos jovensporaí estimulandoaaçãoeagindo.AspessoasestãodiscutindocadavezmaisquetipodepolíticaspúblicaselasqueremparaoPaís”JoãoFelipe Scarpeliniativista social e consultor doUnicef
“Procuramosdaramelhoreducaçãopossível, commuitodiálogo,mostrandoaimportânciade fazerobem.Maseducamosos três filhosigual.O João,queéocaçula,parece teressavontadedetransformardentrodele,comoalgonatural”LúciaHelenaPereira Scarpelini,professora,mãede João Felipe
Na Zâmbia, atua em projetos nos quais jovens driblam as dificuldades
BRUNOGUEDES
DAREDAÇÃO
Apersistente inquietação por transformar omundo e uma brevemensagemde e-mail foramos primeiros sinais concretos de umapromissora caminhada altruísta de um adolescente de 13 anos.Com essa idade, João Felipe Scarpelini enviou um e-mail para100 pessoas ligadas a movimentos e entidades sociais pedindoajuda para, de alguma maneira, mudar o planeta. Doze anosdepois, João Felipe já viajou 42 países em nome de organismosmundiais, como aONU, para ajudar a alterar duras realidadeslocaisapartirdaarticulaçãodospróprios jovens.Aos 25 anos, ele tem até livros publicados pela Comissão
Europeia sobre comomobilizar a juventude para a promoção deum futuro melhor. E alimenta a certeza, atestada pela suaprópriahistória, de que opoderde transformação estánamãodequalquerpessoacomtalvontade.Era o que sobrava em João Felipe. Natural de Botucatu e
morador de Santos desde os 2 anos, ele não sabia direito como,nem em que circunstâncias, começaria a mudar a realidadedesigualqueoincomodava.“O quememarcava quando criança erameus pais fechando o
vidro parameninos pedindo no semáforo. Chegou um ponto emquefecharovidro,pramim,nãoeramaisaceitável”.
Mobilização
Vontadequegera transformaçãoMorador de Santos, João Felipe Scarpelini, de 25 anos, percorre o mundo ajudando os jovens a modificar suas realidades
Nos últimos cinco anos, o ativista esteve em vários países africanos
CARLOSNOGUEIRA
FOTOSARQUIVOPESSOAL
O trabalho em comunidades de países carentes começa conhecendo a realidade, suas dificuldades e, depois, organizando grupos de trabalho
A-8 BaixadaSantista ATRIBUNA Domingo 3www.atribuna.com.br julho de2011