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Índice : 1. Estrutura Atômica: Modelos e aplicações tecnológicas..................................... 01 1.1. Introdução........... ..........................................................................................................................01 1.2. As leis ponderais e o início da química moderna............................................................................02 1.3. A natureza elétrica da matéria........................................................................................................03 1.4. As novas imagens para um mundo real ...e invisível......................................................................04 1.5. As evidências mostram-se inexplicáveis.........................................................................................05 1.6. O modelo quântico: pode-se, enfim, explicar..................................................................................06 1.7. Novas visões do mundo sub-nuclear...............................................................................................08 1.8. A última parte do átomo..................................................................................................................11 1.9. O átomo moderno e as novas tecnologias.......................................................................................12 1.10. Bibliografia....................................................................................................................................15 2. Materiais Condutores..............................................................................................16 Processo de Condução dos metais................................................................................................ 16 2.1. Cobre............................................................................................................................................. 21 2.2. Produção do Cobre.................. ..................................................................................................... 22 2.3. Características do Cobre................................................................................................................ 24 2.4. Alumínio..........................................................................................................................................26 2.5. Variação da Resistividade com a Temperatura................................................................................29 2.6. Outros Condutores.................................................................. ........................................................30 2.7. Condutores Comerciais................................. ..................................................................................31 2.7.1. Correntes Máximas................................................................................................................33 2.7.2. Propriedades Mecânicas........................................................................................................35 2.7.3. Efeito Pelicular.......................................................................................................................37 2.7.4. Corrente de Fusão.................................................................................................................38 3. Materiais Isolantes.................................................................................................. 39 3.1. Bandas de Energia..........................................................................................................................39 3.2. Equacionamento. ............................................................................................................................41 3.3. Características dos Materiais Isolantes........................................................................................... 43 3.4. Propriedades Isolantes de Gases e Líquidos...................................................................................45 3.5. Efeito Corona..................................................................................................................................46 3.6. Propriedades Dielétricas dos Isolantes Sólidos................................................................................47 4. Materiais Semicondutores Intrínsecos.................................................................................48 4.1. Condução Elétrica nos Semicondutores................................................................................48 4.2. Semicondutores Tipo N e P..................................................................................................48 4.3. O Diodo Semicondutor.........................................................................................................49 4.3.1. A Junção PN..........................................................................................................49 4.3.2. Polarização Direta da Junção PN............................................................................51 4.3.3. Polarização Reversa da Junção PN.........................................................................51 4.3.4. Principais Especificações do Diodo.........................................................................51

Materiais Eletricos - Parte I

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Materiais Eletricos - Parte I

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    1. Estrutura Atmica: Modelos e aplicaes tecnolgicas..................................... 01 1.1. Introduo........... ..........................................................................................................................01 1.2. As leis ponderais e o incio da qumica moderna............................................................................02 1.3. A natureza eltrica da matria........................................................................................................03 1.4. As novas imagens para um mundo real ...e invisvel......................................................................04 1.5. As evidncias mostram-se inexplicveis.........................................................................................05 1.6. O modelo quntico: pode-se, enfim, explicar..................................................................................06 1.7. Novas vises do mundo sub-nuclear...............................................................................................08 1.8. A ltima parte do tomo..................................................................................................................11 1.9. O tomo moderno e as novas tecnologias.......................................................................................12 1.10. Bibliografia....................................................................................................................................15

    2. Materiais Condutores..............................................................................................16 Processo de Conduo dos metais................................................................................................ 16 2.1. Cobre............................................................................................................................................. 21 2.2. Produo do Cobre.................. ..................................................................................................... 22 2.3. Caractersticas do Cobre................................................................................................................ 24 2.4. Alumnio..........................................................................................................................................26 2.5. Variao da Resistividade com a Temperatura................................................................................29 2.6. Outros Condutores.................................................................. ........................................................30 2.7. Condutores Comerciais................................. ..................................................................................31

    2.7.1. Correntes Mximas................................................................................................................33 2.7.2. Propriedades Mecnicas........................................................................................................35 2.7.3. Efeito Pelicular.......................................................................................................................37 2.7.4. Corrente de Fuso.................................................................................................................38

    3. Materiais Isolantes.................................................................................................. 39 3.1. Bandas de Energia..........................................................................................................................39 3.2. Equacionamento. ............................................................................................................................41 3.3. Caractersticas dos Materiais Isolantes........................................................................................... 43 3.4. Propriedades Isolantes de Gases e Lquidos...................................................................................45 3.5. Efeito Corona..................................................................................................................................46 3.6. Propriedades Dieltricas dos Isolantes Slidos................................................................................47

    4. Materiais Semicondutores Intrnsecos.................................................................................48

    4.1. Conduo Eltrica nos Semicondutores................................................................................48

    4.2. Semicondutores Tipo N e P..................................................................................................48

    4.3. O Diodo Semicondutor.........................................................................................................49

    4.3.1. A Juno PN..........................................................................................................49

    4.3.2. Polarizao Direta da Juno PN............................................................................51

    4.3.3. Polarizao Reversa da Juno PN.........................................................................51

    4.3.4. Principais Especificaes do Diodo.........................................................................51

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    1. Estrutura Atmica: Modelos e aplicaes tecnolgicas

    1.1. Introduo

    A Qumica a cincia que estuda as transformaes da matria, que formada pr substncias, e essas,

    pr molculas, que, pr sua vez, so formadas de tomos, que so formados pr... .Mas como falar

    sobre tomos se eles no podem ser vistos?

    Como no so vistos, deles so feitos modelos de acordo com o conhecimento de suas propriedades.

    Aqueles que se interessam em estudar Qumica precisam buscar o entendimento de um mundo

    microscpico para explicar as realidades deste mundo que nos cerca.

    Quando se fala em tomos, molculas, reaes qumicas, est-se referindo a realidades sobre as quais

    se conhece mais do que o resultado de algumas interaes. Por isso so construdos modelos mais ou

    menos aproximados do que se conhece do modelado, na busca de facilitar nossas interaes com ele,

    de modo que, atravs dos modelos, nas mais diferentes situaes, possam ser feitas interferncias e

    previses de propriedades.

    Na verdade, so simplificaes da realidade, ou porque esta complexa demais, ou porque sobre ela

    pouco se conhece.

    Uma simplificao no significa que o modelo errado e sim menos sofisticado e talvez mais

    adequado para tratar certos conhecimentos.

    A concepo do tomo vem sendo modelada e modificada atravs do desenvolvimento da humanidade

    e da cincia. Podemos perguntar: "qual o modelo mais adequado?", ao que pode ser respondido:

    "depende de para que os tomos modelados vo ser usados depois".

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    1.2. As leis ponderais e o incio da qumica moderna

    Embora pudesse perceber e admirar a transformao de certas matrias, quando postas em contato com

    outras, apenas a partir do final do sculo XVIII o homem pode, baseado em evidncias experimentais,

    chegar a concluses relativas transformao da matria. Eram comuns, essa poca, procedimentos

    de pesquisa que envolviam a medida das massas das substncias reagentes e dos produtos.

    Segundo a teoria do flogisto, de Stahl, quando um corpo queimava, liberava seu flogisto, ocasionando

    a converso de metais na sua "cal " . Acreditava-se que o carvo era formado de flogisto praticamente

    puro. Isso porque, na queima, ele quase desaparece, deixando pouqussima cinza. Unindo a cal do

    metal ao flogisto, isto , aquecendo o produto da combusto do metal com o carvo, se regenerava o

    metal.

    Lavoisier (1743 - 1794) pressentiu a fundamentao errnea da teoria do flogisto e procurou outra

    explicao, executando diversos experimentos de combusto de substncias conhecidas, pesando com

    preciso o material antes e depois do experimento. fcil conceber que, se o flogisto liberado na

    queima, ento o pedao metlico deve ficar mais leve. A constatao oposta. A massa da suposta

    "cal", cinza metlica, sempre maior que a do metal.

    A partir de experincias bem controladas, Lavoisier demonstrou que a queima uma reao com o

    oxignio. O que os alquimistas chamavam de cal do metal na verdade, um novo composto, o xido

    metlico. A regenerao da cal ao metal feita porque, sendo o carvo constitudo pelo elemento

    qumico carbono, durante o aquecimento se formar gs carbnico, por combinao com o oxignio do

    xido, deixando o metal livre.

    Portanto, h transformao dos metais em seus xidos, atravs da combusto, por efeito de uma

    combinao do metal queimado com o oxignio do ar e no por haver sido perdido o flogisto.

    A superao da idia flogisticista e o esclarecimento da combusto trazem novos direcionamentos para

    as investigaes sobre a natureza das substncias.

    Lavoisier observou certa regularidade em muitas reaes qumicas por ele realizadas. Utilizando-se do

    estudo sistemtico das reaes e da medida rigorosa das massas envolvidas, ele pde generalizar algo

    que vinha observando: "Quando uma reao qumica ocorre em ambiente fechado, a massa total antes

    da transformao igual massa total aps a transformao."

    Tratando-se de um fato natural que se repete invariavelmente, tal observao entendida como uma

    lei; no caso, Lei da Conservao da Massa, ou Lei de Lavoisier.

    Nos anos que se seguiram, Lavoisier e os qumicos Guyton de Morveau e Antoine de Fourcroy

    reorganizaram a nomenclatura qumica luz da nova teoria, dando a cada substncia um nome que

    descrevia sua composio qumica e definindo seus elementos, de acordo com princpios anteriormente

    estabelecidos por Boyle, para quem os elementos seriam melhor descritos como substncias,

    perfeitamente homogneas, nas quais os corpos mistos podem, em ltima instncia, transformar-se. Era

    um sistema muito semelhante ao empregado hoje. Dois anos depois, Lavoisier apresentou o Tratado

    Elementar de Qumica, o qual, por sua clareza e abrangncia, popularizou as novas idias. A era da

    qumica moderna, afinal, se iniciava.

    Passados vinte anos, em 1797, Joseph-Louis Proust, investigando a composio das substncias, pde

    afirmar que, em uma reao qumica, seja ela qual for, as massas dos elementos envolvidos guardam,

    entre si, uma relao fixa. Tal verificao experimental levou Proust a enunciar a Lei das Propores

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    Definidas: "Uma determinada substncia, independentemente de sua origem ou de seu processo de

    preparao, sempre formada pelos mesmos elementos, na mesma proporo em massa."

    Embora fossem sustentadas por alguns dos qumicos mais progressistas da poca, estas leis no

    podiam explicar por que as massas eram conservadas durante uma transformao qumica, e por que

    certos tipos de matria pareciam ter a mesma composio.

    Tais explicaes surgiram quando John Dalton (1766-1844), meteorologista autodidata, colocou-se

    algumas questes bsicas sobre a atmosfera.

    1.3. A natureza eltrica da matria

    Michael Faraday (1791-1867) acreditava na impossibilidade de se explicar a existncia de materiais

    condutores e isolantes luz da hiptese atmica, que, para ele, admitia que os tomos no se tocavam,

    uma vez que havia espao entre eles.

    Sendo assim, o espao seria a nica parte contnua da matria. Como ele imaginava que a eletricidade

    necessitava de um meio material para fluir, perguntava-se: como o espao poderia apresentar natureza

    dupla: condutor, nos corpos condutores, e isolante, nos corpos isolantes?

    Faraday verificou que determinadas substncias, quando dissolvidas em gua, possibilitavam a

    conduo de corrente eltrica e se decompunham por ao dela, dando origem a duas outras. Esse

    fenmeno reafirmava a natureza eltrica da matria e fazia crer que ela seria constituda de partculas

    carregadas, tanto positiva quanto negativamente. Isto sugeria um tomo, no mais uma esfera macia,

    homognea, mas constitudo de outras partculas.

    O que contribuiu decisivamente para novas descobertas foram as descargas eltricas em ampolas de

    vidro contendo gases a baixa presso. Nessas ampolas, de aproximadamente 40 cm de comprimento,

    eram instalados dois eletrodos metlicos, ligados aos extremos de um gerador. Se o tubo estivesse

    cheio de gs presso atmosfrica, mesmo com o emprego de alta voltagem, nada se observava.

    Reduzindo-se a presso do gs com uma bomba de vcuo, verificava-se o surgimento de luminescncia

    no interior do tubo. Este brilho parecia ser causado por alguma coisa procedente de eletrodo negativo,

    o ctodo.

    O fsico William Crookes tentou explicar esses "raios catdicos", afirmando que se deviam s poucas

    molculas de gs ainda remanescentes no tubo, as quais se eletrificavam, sendo ento repelidas pelo

    ctodo. Em 1894, o fsico alemo Phillipp Lenard pde demonstrar que os raios catdicos no eram

    molculas de gs, como supunha Crookes. Lenard pensava que fossem algum tipo de radiao

    eletromagntica. John Joseph Thomson dedicou-se a estudar esses raios. Ao medir sua velocidade,

    percebeu que era 1600 vezes mais lenta que a da luz, vindo a adotar o ponto de vista de que eram

    partculas. Em 1897, concluiu que deviam ser pequenas, comparadas com as dimenses dos tomos e

    molculas ordinrios, e que eram as mesmas em todos os gases analisados. Estudos posteriores, sobre a

    carga e a massa dessas partculas, permitiram concluir que se tratava de alguma coisa com massa

    aproximadamente 1800 vezes menor que a do tomo mais leve e que possua carga negativa. Assim, ao

    findar o sculo, a existncia do "eltron ", como passou a ser designada, estava estabelecida. A

    importncia da descoberta foi provar que os tomos no eram as menores partculas da matria.

    Em 1896, o fsico alemo E. Goldstein, usou um tubo Crookes modificado, para produzir um novo tipo

    de raio. Goldstein observou um fluxo incandescente, que parecia mover-se em direo ao nodo.

    Chamou esse fluxo de raio canal e, pela observao da deflexo do raio canal em um campo eltrico ou

    magntico, foi capaz de provar que o raio consistia de partculas carregadas positivamente. No entanto,

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    diferentemente dos eltrons, essas partculas no eram todas iguais. Elas apresentavam diferentes

    cargas, embora cada partcula tivesse uma carga sempre mltipla da carga definida para o eltron.

    Alm do mais, as massas dessas partculas mostravam-se muito maiores que a massa de um eltron.

    Pelos resultados dos diversos experimentos realizados com as ampolas de Crookes, pode-se chegar s

    seguintes concluses: os eltrons esto presentes em qualquer substncia utilizada como ctodo; sob

    influncia de alta voltagem, os eltrons deixam o ctodo e, alguns deles, colidem com o gs residual no

    tubo; com o choque, um ou mais eltrons adicionais deixam a molcula, que se torna uma espcie

    qumica carregada positivamente, um on positivo.

    1.4. Novas imagens para um mundo real ... e invisvel

    Diante dessas evidncias que comprovam a natureza eltrica da matria, obtidas nos diversos estudos

    envolvendo ampolas com gases rarefeitos, Thomson props um novo modelo para o tomo: uma esfera

    carregada positivamente, na qual alguns eltrons esto incrustados.

    mesma poca, Ernest Rutherford (1871-1937) investigava outras radiaes que, acidentalmente,

    haviam sido detectadas pouco tempo antes, os Raios X, e Antoine Henri Becquerel (1852-1908), que

    vinha estudando a fosforescncia de alguns minrios, chegava a importantes concluses sobre o

    fenmeno que passou a ser conhecido como radioatividade.

    Rutherford decidiu estudar a radioatividade detalhadamente, vindo a descobrir as radiaes. Trabalhos

    posteriores, realizados com Frederick Soddy, no entanto, levaram-no a concluir que no se tratava de

    raios, mas de partculas.

    Com a assistncia do jovem fsico alemo Hans Geiger, Rutherford descobriu que as partculas a

    apresentavam o mesmo espectro do tomo do gs hlio e tinham a mesma massa, carregando, porm,

    cargas positivas. Uma experincia posterior provou que as partculas do raio b eram eltrons de alta

    velocidade.

    Trabalhando com a radioatividade, Rutherford, Geiger e E. Marsden lanaram um fluxo de partculas a

    emitidas por uma pequena quantidade do elemento polnio em folhas finas de diversos materiais,

    como mica, papel e ouro. Observaram que, embora muitas partculas atravessassem as folhas em linha

    reta, algumas foram espalhadas ou desviadas. A fim de medir o ngulo do desvio sofrido pelas

    partculas a , os trs cientistas projetaram um aparelho em que estas bombardeavam uma finssima

    folha de ouro, e os desvios eram detectados por um anteparo mvel revestido de sulfeto de zinco

    fosforescente. Os resultados dos experimentos foram surpreendentes. A amplitude dos ngulos

    medidos variava de valores muito pequenos at valores acima de 90o. O espalhamento em ngulos

    maiores do que 90o no havia sido previsto pelos cientistas; isto significava que algumas partculas a

    realmente emergiam da superfcie do ouro, ou seja, as partculas eram rebatidas aps o choque, sem

    atravessar a folha.

    Pensando no modelo atmico proposto por Thomson, Rutherford concluiu que o fato de muitas

    partculas a atravessarem a folha com pouca ou nenhuma deflexo poderia significar que as cargas

    eltricas positivas e negativas estivessem espalhadas, mais ou menos ao acaso, pelos tomos da folha,

    sendo a matria algo no suficientemente slido, que impedisse as partculas a de atravess-las. Mas

    essas concluses no explicavam os grandes desvios sofridos por algumas das partculas a.

    Em 1911, Rutherford foi capaz de mostrar o que os resultados experimentais realmente significavam.

    Retomando a idia publicada, em 1904, pelo fsico japons H. Nagaoka, segundo a qual um tomo

    seria uma partcula dotada de uma regio central, carregada positivamente, rodeada por eltrons

    girando com uma velocidade angular comum, Rutherford compreendeu que: (1) se eltrons carregados

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    negativamente estavam distribudos na maior parte do tomo e (2) se a carga positiva compreendendo a

    maior parte da massa estava concentrada em um minsculo ncleo no centro do tomo, ento no

    somente muitas partculas a passariam em linha reta, sem apresentar deflexo, mas aquelas partculas a

    que passassem prximas do ncleo seriam fortemente repelidas por sua carga positiva.

    As medidas realizadas levaram-no a concluir que o tomo teria um raio muitssimo maior que o raio do

    ncleo, numa relao compreendida entre 104 e 10

    5. Como a massa atmica praticamente

    determinada pelo ncleo, pois os eltrons tm massa desprezvel em relao aos prtons, concluiu que

    o tomo um grande "vazio".

    Em razo de sua descoberta, Rutherford sugeriu que o tomo teria uma estrutura planetria, com o

    ncleo correspondendo ao sol, e os eltrons aos planetas que se movem por um espao vazio, em

    rbitas fixas. A fora capaz de manter os eltrons em contnua trajetria curva seria a atrao eltrica

    existente entre as partculas de sinais contrrios.

    1.5. As evidncias mostram-se inexplicveis

    As constataes de Rutherford sobre a estrutura do tomo eram incontestveis, no entanto o prprio

    Rutherford reconheceu que havia uma imperfeio neste modelo simples. Se o eltron no estivesse em

    movimento, ento, de acordo com a fsica clssica, a atrao entre o ncleo, carregado positivamente, e

    o eltron, carregado negativamente, provocaria a movimentao do eltron em direo ao ncleo,

    ocasionando um colapso quase imediato do tomo. Porm, estando o eltron em movimento em torno

    do ncleo, a direo deste movimento precisaria ser constantemente corrigida, a fim de manter a rbita

    em torno do ncleo. De acordo com a fsica clssica, quando uma partcula carregada sofre uma

    mudana na direo de seu movimento, emite energia radiante. Se o eltron perdesse energia por

    radiao, cairia e alteraria o raio de sua rbita, diminuindo sua distncia para o ncleo, at chocar-se

    com ele. Essas concluses apresentaram realmente um dilema para os cientistas do incio do sculo

    XX: estando o eltron parado, ou em movimento em torno do ncleo, de qualquer forma, em poucos

    segundos levaria o tomo ao colapso, o que, obviamente, mostra-se inconsistente com a realidade. Na

    verdade, as leis da fsica clssica mostravam-se insuficientes para descrever o movimento de partculas

    to pequenas.

    Importantes tentativas para desenvolver um modelo no-clssico foram feitas por Niels Bohr (1895-

    1962), um fsico dinamarqus que, chegando ao laboratrio de Rutherford, em 1912, acabou

    interessando-se em compreender os tomos.

    Em 1913, alertado por um estudante, Bohr procurou conhecer os estudos sobre espectros, realizados

    por J. J. Balmer, professor secundrio interessado em numerologia. Empiricamente, Balmer havia

    relacionado as regularidades nas freqncias das linhas espectrais do gnio com o modelo atmico.

    Bohr, ento, fez uma importante unificao de reas aparentemente distantes: a espectroscopia e a

    radioatividade; aproveitou a idia de quantizao de Planck e ilustrou, graficamente, as rbitas

    permitidas para o eltron, em um tomo.

    Max Planck (1858-1947), fsico alemo, havia feito, em 1900, uma descoberta que viria a determinar

    uma revoluo na descrio dos fenmenos. Ele concebeu, por exemplo, que a energia emitida por um

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    corpo no contnua, mas formada por quantidades pequenas e finitas de energia, que ele denominou

    de quanta. Bohr admitiu que um gs emite luz quando atravessado por uma corrente eltrica, devido

    aos eltrons em seus tomos primeiro absorverem energia eltrica e, posteriormente, liberarem aquela

    energia, em forma de luz. Ele deduziu que, em um tomo, um eltron no est livre para ter qualquer

    quantidade de energia. Mais ainda, estabeleceu que um tomo tem um conjunto de energias

    quantizadas, ou nveis de energia, disponvel para seus eltrons, e que em cada nvel de energia h um

    nmero mximo de eltrons.

    Sugerindo que um tomo est, normalmente, em seu estado fundamental - o estado no qual todos os

    seus eltrons esto nos nveis de energia mais baixos que lhes esto disponveis - Bohr props, ento,

    um modelo atmicohidro planetrio modificado, no qual cada nvel de energia corresponde a uma

    rbita eletrnica circular, especfica e estvel, com raio quantizado: rbitas com raios grandes

    correspondendo a nveis de energia altos.

    Com estas explicaes, Bohr pde minimizar o dilema do tomo estvel: os eltrons no emitem

    energia continuamente, pois, sendo a energia de um eltron quantizada, a radiao contnua no

    possvel; e o tomo no sofre colapso com o choque de eltrons no ncleo, porque a menor energia

    utilizvel por um eltron no zero, ou seja, um tomo no entra em colapso porque no pode ter

    menos energia do que apresenta no seu estado fundamental.

    A existncia de possveis nveis de energia em um tomo foi bem recebida por Rutherford, que, no

    entanto, tambm opunha crticas a ela, dizendo que o eltron tinha que saber, de antemo, para que

    rbita iria saltar. Foi Einstein quem deu uma contribuio decisiva ao modelo quando, em 1917,

    introduziu o conceito de probabilidade.

    1.6. O modelo quntico: pode-se, enfim, explicar

    Embora as hipteses de Bohr sobre a quantizao fossem arbitrrias e seus resultados fossem eficientes

    apenas para sistemas muito simples, sua coragem em abandonar as leis clssicas da fsica , juntamente

    com o trabalho de Einstein e Planck, foram fundamentais para o estabelecimento da nova teoria

    quntica, que no negou nenhum dos seus resultados significativos, mas, ao contrrio, confirmou a

    qualidade da intuio de suas hipteses.

    Bohr, e mesmo Eisntein, tinham conscincia da fragilidade do modelo at ento estabelecido. Era

    preciso buscar explicaes mais consistentes para as evidncias que se apresentavam, e a mecnica

    quntica apresentava-se como excelente instrumental matemtico. O primeiro cientista a dar um passo

    revolucionrio nesse sentido foi Louis de Broglie (1892-1986), um prncipe francs. Sua hiptese sobre

    o dualismo da matria abriu um novo caminho para pensar o eltron. Assim como a luz, que, quando

    se propaga atravs do espao, tem um comportamento ondulatrio e, quando interage com a matria,

    em processos de energia, assume uma natureza corpuscular, tambm o eltron, que j havia sido

    identificado como uma diminuta partcula, apresenta, em um tomo, o comportamento de uma onda

    estacionria, possuindo diferentes modos naturais de "vibrao". Dessa forma, fizeram-se duas

    imagens do eltron: uma partcula pequena e compacta carregada negativamente, e uma nuvem difusa,

    tipo ondulatria, carregada negativamente: a partcula-onda.

    Essa nova maneira de imaginar o eltron levou a novas pesquisas e importantes contribuies, como a

    de W. Heisenberg (1901-1976), que, em 1925, props um modelo baseado na incerteza de se localizar

    a posio de um eltron em um tomo e, ao mesmo tempo, descrever o seu movimento, passando do

    conceito de rbita definida para o conceito probabilstico de orbital.

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    Um ano depois, em 1926, E. Schrdinger (1877-1961) formulou a equao de onda, instrumental rico e

    verstil para explicar a natureza da matria.

    possvel descrever qualquer movimento ondulatrio pela equao matemtica conhecida como

    equao de onda, na qual se baseia a teoria moderna de tomos:

    Para o sistema atmico mais simples, tomo de hidrognio, ela :

    Esta equao um modo simblico de estabelecer que a energia total do tomo de hidrognio, E, a

    soma da energia potencial (termo que contm V) com a energia cintica (contida no 10 termo).

    Como a maioria das equaes algbricas, ela contm incgnitas, indicadas pela letra grega y (psi), mas,

    contrariamente maioria das equaes algbricas, existem muitos y que so solues. Os y dependem

    das coordenadas do eltron, portanto, so funes que, uma vez encontradas, podero nos dizer quase

    tudo o que desejamos saber sobre o comportamento do eltron. Os y , apesar das muitas informaes

    que podem dar, no podem dizer, exatamente, a posio do eltron no espao, num instante

    determinado. Em vez disso, eles nos informam qual a probabilidade de se encontrar um eltron numa

    pequena regio prxima ao ncleo. A interpretao, em termos de probabilidade, consistente com a

    idia de que o eltron uma partcula, embora descrita por uma funo de onda.

    Num certo sentido, o eltron pode agora ser olhado como uma nuvem difusa, ao invs de uma partcula

    individual discreta. Uma vez que a mecnica ondulatria diz que existe uma probabilidade finita,

    embora pequena, de se encontrar o eltron, mesmo a grandes distncias do ncleo, estas nuvens tm

    fronteiras bastante difusas. Para distinguir estas novas imagens das antigas e bem definidas rbitas de

    Bohr, deu-se a estas nuvens o nome de orbital. O orbital define, no espao, o volume mais provvel

    onde o eltron pode estar.

    O tamanho e a forma do orbiltal dependem de qual das funes y est-se considerando. Como

    conseqncia da equao de Schrdinger, a cada orbital y esto associados trs nmeros qunticos,

    interrelacionados. Estes nmeros qunticos aparecem naturalmente, na soluo da equao de

    Schrdinger e no so, de forma alguma, hipteses, como eram os nmeros qunticos de Bohr.

    O nmero quntico principal determina o tamanho do orbital, a distncia mdia do eltron ao ncleo e

    tambm define os nveis de energia permitidos para o tomo.

    O nmero quntico secundrio, ou azimutal, especifica o subnvel, ou seja, a forma do orbital, sua

    geometria.

    O nmero quntico magntico no traduz o tamanho nem a forma do orbital, mas fornece indicaes

    sobre a sua orientao no espao. Vrios orbitais compem um subnvel; na ausncia de um campo

    magntico externo, todos os orbitais de um mesmo subnvel tm a mesma energia.

    O quarto nmero quntico o nmero quntico de spin, que especifica o sentido da rotao do eltron.

    Ele no vem da equao de Schrdinger e foi introduzido pelos pesquisadores antes mesmo desta ter

    sido postulada. Uhlenbeck e Goudsmit chegaram concluso de que boa parte dos dados

    espectroscpicos poderia se explicada se fosse postulado que o eltron capaz de girar em torno de um

    eixo arbitrrio, passando pelo seu centro.

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    A equao de Schrdinger s foi resolvida exatamente para sistemas de um eltron. Mesmo num

    tomo bastante simples, como o do hlio, a repulso entre os dois eltrons a tornaria, necessariamente,

    muito mais complexa. Entretanto, existem muitos fatos experimentais que indicam que o

    comportamento de tomos maiores tambm governado por algo semelhante ao descrito pelos quatro

    nmeros qunticos. Conseqentemente, extrapolamos os resultados dos orbitais de um eltron para

    tomos maiores.

    1.7. Novas vises do mundo sub-nuclear

    O estudo do mundo sub-nuclear conduziu descoberta de muitas novas partculas elementares, dentre

    as quais:

    anti-eltron, psitron (e+), detectado em 1932 por Carl Anderson, tem a mesma massa do eltron e

    carga eltrica de mesmo valor e sinal contrrio; foi a primeira vez que se detectou a antimatria;

    neutrino (n ), postulado por Wolfgang Pauli em 1931-33, associado ao eltron, de massa nula.

    Heisenberg props que os prtons e os neutrons estariam trocando entre si, ininterruptamente, uma

    carga eltrica, o mson, que os converteria um no outro, milhes de vezes por segundo.

    Em 1947, o fsico brasileiro Cesar Lattes, com 22 anos, fazia parte da equipe, liderada por Cecil F.

    Powel, que estudava fsica nuclear na Universidade de Bristol, Inglaterra.

    Lattes acreditava que, nas pesquisas de registros de imagens resultantes da coliso em altas velocidades

    de prtons e eltrons, em lugar da utilizao de aceleradores de partculas seria possvel aproveitar os

    raios csmicos, j que, propagando-se com velocidade prxima da luz, continham muito maior

    energia do que os projteis acelerados artificialmente.

    Sendo os registros feitos em chapas fotogrficas, ele inventou um meio de aumentar a sensibilidade das

    chapas, cobrindo-as com uma camada de brax .

    No final de 1946, levou o equipamento para os Pirineus suos na tentativa de capturar os raios

    csmicos que bombardeiam a Terra.

    De volta a Bristol, Lattes e seu ex-professor no Brasil, Giuseppe Occhialini, com o uso de microscpio,

    identificaram duas marcas histricas nas imagens produzidas; os sinais do mson.

    Querendo obter mais detalhes sobre o novo fragmento subatmico, Lattes conseguiu instalar chapas

    fotogrficas na ponta do monte Chacaltaya, na Bolvia, a 5500 metros de altitude, altura duas vezes

    maior que a do pico suo. Com a revelao das chapas, a equipe descobriu umas 30 imagens do mson

    p ou pon, que pode ter carga neutra, positiva ou negativa.

    Houve repercusso imediata nos centros mundiais de pesquisa.

    Niels Bohr convidou Lattes para fazer palestras no Instituto de Fsica Terica de Copenhague e, nos

    Estados Unidos, com Eugene Gardner, ele comeou a calcular condies para aceleradores de

    partculas mais modernos, ciclotron, permitirem a deteco de msons pi (pons) nos laboratrios, fato

    que ocorreu logo em seguida, em 1947.

    A questo de os msons no serem facilmente detectveis se deve ao fato de que o mais estvel deles

    ter uma vida mdia de 2,15 x 10 -3

    s.

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    De volta ao Brasil, Lattes canalizou esforos para dar uma estrutura slida cincia nacional. Juntou-

    se a Jos Leite Lopes e a outros fsicos para, em 1948, fundar o Centro Brasileiro de Pesquisas Fsicas,

    o CBPF, no Rio de Janeiro; participou da criao do Conselho Nacional de Pesquisas, que atualmente

    a instituio central da investigao cientfica brasileira: o Conselho Nacional de Desenvolvimento

    Cientfico e Tecnolgico, o CNPq.

    So conhecidas hoje mais de 100 partculas sub-nucleares, que podem ser classificadas de acordo com

    alguns critrios, tais como:

    quanto sua massa: brions ( pesado), msons (intermedirios) e lptons (leves);

    quanto ao tipo de interaes:

    sofrem interaes fortes, os hdrons (forte);

    sofrem interaes fracas, eletromagnticas, os lptons .

    Nos anos 60, mostrou-se que os hdrons poderiam ter constituintes mais elementares , os quarks.

    Atravs de clculos matemticos, o fsico Murray Gell-Mann - Nobel de fsica, 1969 - deduziu que

    neutrons, prtons e outras partculas, como os msons, so formadas por quarks, os quais considerou

    como entidades elementares, puramente matemticas, que desempenham , de certa forma, um papel

    anlogo aos tringulos de Plato.

    Como se chegou evidncia de que o prton formado por partculas mais elementares, mais tarde

    identificadas com os quarks e gluons ?

    Em 1968 foi feito um experimento em que o eltron espalhado por um prton com grande

    transferncia de energia, que ficou conhecido como "espalhamento profundamente inelstico" .

    Da anlise dos dados obtidos pode-se concluir que a carga eltrica do prton localizada em pequenos

    centros espalhadores, sem estrutura.

    Em ltima anlise, este fato anlogo ao resultado da experincia de Rutherford, ao concluir que os

    tomos deveriam ter um ncleo de dimenses 10000 menor que o raio caracterstico dos tomos.

    Cerca de 60 anos foram necessrios entre a descoberta do prton como partcula elementar e o

    descobrimento da sua sub-estrutura.

    Pode-se resumir o quadro terico atual dos constituintes ltimos da matria.

    Existem doze partculas sem estrutura: seis quarks e seis lptons. Observando os seis lptons

    conhecidos hoje, eles so grupados em trs partes: o eltron (e-) e seu neutrino associado (ne), o mon

    (m) e seu neutrino associado (nm), o tau (t) e seu neutrino (nt ).

    Os seis quarks so: quark u (up) e d (down) - constituintes do prton e neutron - quark c (charm) e s (

    strange), quark b (bottom) e t (top).

    Prtons e neutrons so constitudos por um grupo de 3 quarks:

    prton = u + u + d neutron = d + d + u

    A coeso dos quarks dentro dos msons e brions feita por partculas neutras chamadas gluons ( glue,

    cola ), que, de certa forma se assemelham aos ftons..

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    Em 1995 Frederick Reines e Martin Perl ganharam o Nobel de fsica referente ao estudo dos lptons:

    detectaram neutrinos e tau; estas partculas apiam a teoria da Grande Exploso - Big Bang - da criao

    do universo.

    "George Gamow estudando a formao dos elementos traou os contornos gerais da teoria do Big

    Bang, na dcada de 1940.

    A exploso primordial que deu origem a tudo ocorreu entre 15 a 20 bilhes de anos atrs. A partir dela

    o universo no parou mais de expandir-se e resfriar-se, ocorrendo a progressiva estruturao da

    matria, das partculas elementares aos tomos mais simples, at a formao das galxias , dos

    planetas...e da vida.

    Os conhecimentos atuais permitem retroceder at 10- 48

    segundos depois do chamado instante zero.

    Nessa condio de temperatura elevadssima a energia resultante manifestou-se na forma de partculas

    e antipartculas, que se moviam com velocidade prxima da luz, interagindo-se , criando-se e

    aniquilando-se sem cessar. Esse plasma ou "sopa" primordial era constitudo por quarks, em seguida

    incorporaram-se os lptons".

    (Globo Cincia, 1, 10)

    Reines conduziu seus primeiros experimentos em um reator nuclear, onde se calcula que o fluxo de

    neutrinos seja de centenas de bilhes de partculas por centmetro por segundo.

    " O neutrino criado no centro do Sol chega na Terra em aproximadamente oito minutos. A luz criada

    no mesmo local leva quase um milho de anos para atingir a superfcie da Terra"

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    1.8. A ltima parte do tomo

    Uma caracterstica importante das famlias de quarks e de lptons que todos os seus integrantes se

    comportam como elementares, no sentido de no apresentarem nenhuma estrutura, pelo menos at as

    dimenses mais extremas exploradas at o presente, cerca de 10-18

    metros.

    Para a Qumica, as partculas elementares podem ser identificadas como os eltrons, prtons e nutrons

    para a Fsica Moderna, perde-se a convico de que a indivisibilidade est diretamente relacionada

    indestrutibilidade, e o carter elementar passa a depender da resoluo experimental.

    Foi com os aceleradores de partculas que os fsicos descobriram que a matria no apenas formada

    por prtons, eltrons e neutrons. As colises dentro dos aceleradores permitem vislumbrar e detectar as

    partculas sub-nucleares.

    O ltimo quark detectado, o Top, s foi observado no incio de 1995 por dois grandes experimentos no

    FERMILAB - Laboratrio Nacional Fermi - , em um dos quais participa um grupo brasileiro: LAFEX /

    CBPF - Laboratrio de Cosmologia e Fsica Experimental de Altas Energias.

    Era a ltima partcula que faltava para os cientistas avanarem com firmeza nos estudos para decifrar o

    Universo.

    Um observador mais descuidado poderia perguntar: "O que mais poderemos conhecer? o fim da

    Fsica de partcula?"

    O fsico Alberto Santoro, diretor do LAFEX / CBPF , em 1995, responderia: "Com o pleno domnio

    das interaes fundamentais da matria, poderemos reescrever o livro da cincia, com personagens

    autnticos; s se teria aprendido o alfabeto, e fica toda a literatura para ser escrita"

    Em 01/07/97, foi inaugurado o maior acelerador de partculas do Brasil, em Campinas, So Paulo, no

    Laboratrio Nacional de Luz Sincroton (LNLS).

    "A luz sincroton - nome que surgiu da abreviao de synchronous electron, eltron sincrnico -

    produzida a partir de eltrons que, dentro da mquina, so emitidos em feixes acelerados e entram num

    tubo de vcuo, o anel de armazenamento. Para acumular a energia necessria produo da luz

    sincroton, preciso que os eltrons viajem quase velocidade da luz; parte deles desviada por um

    campo eletromagntico e produz os ftons, que saem pelas linhas de luz direto para as estaes

    experimentais, as "cmaras de amostras", onde se instala o material a ser analisado . O equipamento foi

    desenvolvido com tecnologia nacional.

    A partir do conhecimento que os pesquisadores obtiverem com o acelerador, ser possvel a realizao

    de vrios estudos, tais como: pesquisa e desenvolvimento de novos materiais; estudos de processos de

    oxidao e corroso ; anlise de propriedades de cristais semicondutores e caracterizao de metais e

    ligas avanadas. Nas reas mdica e da engenharia gentica, a luz sincroton tem aplicaes bem

    amplas: no estudo da estrutura de protenas, que vital para processar medicamentos com mais rapidez

    e preciso; no conhecimento de complexos e variados vrus e bactrias, permitindo o desenvolvimento

    de novos medicamentos e o combate a insetos nocivos agricultura".

    ( Jornal do Brasil, 02 / 07 / 97 e Globo Cincia, 2, 14 )

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    1.9. O tomo moderno e as novas tecnologias

    Com a evoluo dos modelos atmicos, os comportamentos das partculas sub-atmicas transferiram-

    se dos laboratrios para as indstrias, transformando-se em instrumento da tecnologia.

    H sculos os chineses j conheciam os fogos de artifcio, mas a essncia do seu colorido

    compreendida a partir da utilizao do modelo de Bohr - a quantizao - que implica na absoro ou

    emisso de energia pelos eltrons: quando eles saltam de uma rbita mais baixa para outra mais

    elevada, absorvem; ao retornar para a de menor energia, emitem radiao eletromagntica, na forma de

    luz de determinada freqncia, isto , monocromtica.

    A cor da luz emitida depende dos tomos cujos eltrons so excitados. Por exemplo:

    ltio carmin

    sdio amarelo

    potssio violeta

    clcio vermelho-tijolo

    estrncio vermelho

    brio verde

    cobre azul

    chumbo azul-claro

    Experimente: Produzir chamas coloridas

    No sculo XIX, a descoberta das descargas eltricas em gases rarefeitos levou observao de cores

    variadas, que dependiam da presso interna e do gs residual dentro dos tubos de raios catdicos.

    Imediatamente a tecnologia desenvolveu as fontes de luz emitidas por lmpadas contendo gases a baixa

    presso, excitados pela eletricidade: lmpadas de vapor de mercrio ou de sdio, utilizadas na

    iluminao das vias pblicas, tneis, de uso domstico, etc.; de gases raros, nenio, letreiros

    comerciais, abajures, automveis ou de halognios, faris de automveis, iluminao de aeroportos,

    monumentos, etc..

    A luminosidade obtida por efeito de excitao dos eltrons de certas substncias compe o fenmeno

    da luminescncia, que se constitui em dois processos: fluorescncia e fosforescncia. Ambos consistem

    na emisso de radiao luminosa por tomos, molculas ou cristais ao sofrerem a incidncia de luz

    visvel ou ultravioleta.

    No caso das substncias fluorescentes, a emisso de luz se d num tempo muito curto aps a excitao.

    Quando cessa o estmulo da luz incidente, cessa o efeito.

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    O nome fluorescncia vem do mineral fluorita, fluoreto de clcio, que emite luz violeta quando

    iluminado por radiao ultravioleta.

    A fosforescncia a propriedade dos materiais que emitem luz por um tempo aprecivel aps ter

    cessado o estmulo externo.

    Nas lmpadas fluorescentes de mercrio, o tubo de vidro revestido internamente por uma tinta

    especial. Atravs da eletricidade, o mercrio vaporizado, e seus tomos emitem luz violeta e

    ultravioleta. Os tomos da substncia que compe a tinta absorvem a luz emitida e a reemitem como

    luz branca.

    Nos interruptores e tomadas eltricas, adicionam-se substncias fosforescentes aos plsticos usados na

    confeco dessas peas; no escuro tornam-se visveis, devido ao retorno gradual dos eltrons excitados.

    Os metais tm uma estrutura formada por ons dispostos numa rede cristalina. Nos espaos vazios

    dessa rede, agitam-se os eltrons perifricos, isto , da camada de valncia.

    Quando a superfcie de certos metais, como os alcalinos e o alumnio, atingida por ftons de alta

    freqncia, como a luz ultravioleta, ocorre a expulso de eltrons. o efeito fotoeltrico, que usado

    na construo de clulas fotoeltricas, nas quais os eltrons so acelerados por campos eltricos, dando

    origem a correntes eltricas que podem acionar alarmes, campainhas, motores, etc..

    Se um fio metlico aquecido, a intensa agitao dos eltrons perifricos faz com que eles escapem da

    rede cristalina e formem uma nuvem ao redor do fio: o efeito termoinico, que to mais intenso

    quanto mais alta for a temperatura do metal. Essa excitao mltipla de eltrons determina a emisso

    de luz branca, isto , policromtica.

    Os metais de alto ponto de fuso, tais como a platina e o tungstnio, so usados nos filamentos

    adequados para a efetivao do efeito termoinico.

    As lmpadas incandescentes tm filamento de tungstnio, que o metal de maior ponto de fuso

    (3410C), sendo o sistema mantido dentro de uma ampola de vidro que contm um gs raro,

    geralmente argnio, sob presso reduzida.

    O efeito termoinico permitiu, em 1908, o invento da vlvula eletrnica, que possibilitou o

    desenvolvimento da radiotelegrafia e radiofonia. Hoje ainda so usadas na retificao da corrente

    eltrica (passagem da corrente alternada para a contnua) nos fornos de microondas.

    Outra aplicao tecnolgica do efeito termoinico deu origem aos cinescpios. Neles, feixes de

    eltrons de um filamento aquecido so modulados por campos eltrico e / ou magntico. Quando esses

    feixes atingem, com maior ou menor energia, um anteparo de vidro revestido de material fluorescente,

    produzem pontos claros e escuros que formam o desenho dos smbolos e imagens movimentadas.

    Descendentes dos tubos de raios catdicos, esses dispositivos constituem o equipamento essencial de

    aparelhos de televiso, monitores de computador, osciloscpios, etc..

    A pesquisa de dispositivos especiais para excitao eltrica em cristais ou gases levou produo da

    luz laser - light amplification by stimulated emission of radiation - ou seja, amplificao da luz por

    emisso estimulada de radiao.

    O mais antigo e mais simples aparelho desse tipo o laser de rubi, que um slido, Al2O3 , contendo

    pequenas quantidades de Cr3+

    , responsvel por sua cor vermelha caracterstica. No laser, eltrons dos

    ons Cr3+

    so excitados atravs de uma lmpada que emite luz tipo flash; ao retornarem ao estado

    fundamental os eltrons ficam num nvel energtico intermedirio, chamado estado metaestvel, no

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    qual permanecem alguns segundos. Por meio de um processo denominado "emisso estimulada de

    radiao", os eltrons so forados a retornar, simultaneamente, para o estado fundamental, obtendo-se

    um feixe de luz de alta intensidade e de freqncia bem definida, o "raio laser".

    Hoje o laser muito comum nos sistemas de leitura de dados armazenados, usado em aparelhos de

    compact discs, CD, na informtica, CD-ROM, na indstria e na medicina.

    No s luz que pode ser produzida pelos "saltos dos eltrons" .

    Se um feixe de eltrons acelerados por um campo eltrico intenso incidir sobre tomos de metais

    pesados, isto , multieletrnicos, a excitao decorrente pode dar origem aos raios X, hoje com

    aplicaes nos laboratrios de pesquisa, nas indstrias e na medicina.

    Uma aplicao tecnolgica de fenmenos nucleares a ressonncia magntica nuclear (RMN).

    Esse fenmeno baseado no fato de alguns ncleos atmicos serem magnticos, por exemplo: 1H,

    13C,

    31P, e em seu comportamento quando submetidos radiao hertziana e de um campo magntico

    bastante intenso.

    Inicialmente, a tcnica RMN foi empregada em anlise qumica, mas desenvolvimentos posteriores

    tambm transformaram esse processo em instrumento de diagnstico mdico baseado em contrastes,

    como a tomografia computadorizada ( tcnica que capta a RMN de certas substncias injetadas na

    corrente sangnea), fornecendo imagens com extraordinrio poder de resoluo.

    No so necessrios mais exemplos para mostrar como podem ser amplas as aplicaes cientficas e

    tecnolgicas nos mais variados campos de assuntos, eventualmente tratados sob um ponto de vista

    puramente terico. Tudo depender do trabalho dos pesquisadores, dos seus equipamentos e dos

    limites de resoluo experimental.

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    1.10. Bibliografia

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    2. Materiais Condutores

    Processo de Conduo nos Metais

    Na ligao metlica, os tomos tm poucos eltrons na ltima camada, os quais compem o chamado

    gs eletrnico.

    Existe uma srie de nveis de energia livres e prximos em cada tomo de modo que os eltrons podem

    facilmente trocar de tomo.

    Distribuio de Eltrons

    2 8 18 32 50 72

    Elementos Nmero K L L M M M N N N N O O O O O P P P P P P

    Atmico 1s 2s 2p 3s 3p 3d 4s 4p 4d 4f 5s 5p 5d 5f 5g 6s 6p 6d 6f 6g 6h

    Li (ltio) 3 2 1

    Be (berlio) 4 2 2

    Na (sdio) 11 2 2 6 1

    Mg (magnsio) 12 2 2 6 2

    Al (alumnio) 13 2 2 6 2 1

    K (potssio 19 2 2 6 2 6 1

    Mn (mangans) 25 2 2 6 2 6 5 2

    Fe (ferro) 26 2 2 6 2 6 6 2

    Co (cobalto) 27 2 2 6 2 6 7 2

    Ni (nquel) 28 2 2 6 2 6 8 2

    Cu (cobre) 29 2 2 6 2 6 10 1

    Ag (prata) 47 2 2 6 2 6 10 2 6 9 2

    Sn (estanho) 50 2 2 6 2 6 10 2 6 10 2 2

    W (tungstnio) 74 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 4 2

    Pt (platina) 78 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 8 2

    Au (ouro) 79 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 9 2

    Hg (mercrio) 80 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 2

    Pb (chumbo) 82 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 2 2

    Todos esses elementos tem 1 ou 2 (no mximo 4, caso do estanho e do chumbo) eltrons na ltima

    camada. Tais elementos so denominados Condutores, por motivos que sero vistos a seguir.

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    ENGENHARIA DE COMPUTAO - MATERIAIS ELTRICOS Prof.JOEL 17

    Um eltron, trocando de tomos, em uma situao de temperatura normal, apresenta uma trajetria

    aleatria, com deslocamento mdio nulo.

    Aplicando um campo eltrico E externo, atravs de uma bateria, por exemplo, temos:

    V L

    e

    E

    F Ematerial condutor

    Campo Eltrico E EV

    L

    Surgiro foras nos eltrons, dadas por F = e.E ,

    onde e = carga do eltron, forando o movimento do eltron a ter uma direo preferencial, isto , os

    eltrons passam a ter uma velocidade de deriva diferente de zero.

    Esse deslocamento mdio significa um deslocamento de carga, portanto, uma corrente eltrica. Tal

    material um condutor de corrente eltrica.

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    ENGENHARIA DE COMPUTAO - MATERIAIS ELTRICOS Prof.JOEL 18

    Equacionamento:

    F = e.E

    F = m.a a = acelerao do eltron

    Assim: e.E = m.a aE e

    m

    .

    O eltron acelerado (a) at colidir com o outro tomo.

    percorrido em segundos

    Admitindo que o tempo mdio de percurso entre duas colises. Durante o tempo , o eltron

    acelerado uniformemente (acelerao constante), temos:

    t

    v

    v

    A velocidade aumenta linearmente de 0 a v. Portanto a velocidade mdia ser v/2 onde:

    v = a.

    vE e

    m

    . .

    Portanto:

    Velocidade mdia, denominada velocidade de deriva vd dos eltrons vale:

    vE e

    md

    . .

    .

    2

    A frao e

    m

    .

    .

    2 chamada de mobilidade dos eltrons () do material e constante para um material

    em determinada temperatura. Assim:

    v Ed .

    Onde: vd = velocidade de deriva (m/s)

    E = campo eltrico (V/m)

    = mobilidade dos eltrons (m2/V.s)

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    ENGENHARIA DE COMPUTAO - MATERIAIS ELTRICOS Prof.JOEL 19

    O material tem eltrons livres por unidade de volume, ou seja, o material possui uma densidade de

    cargas livres igual a (c/m2).

    O nmero de eltrons (n) que cruza uma determinada rea S em um determinado perodo de tempo t,

    vale:

    s

    Svd E

    s = espao percorrido em um determinado perodo de tempo t

    s = vd . t

    v = volume percorrido pelos eltrons

    v = S . s

    v = S . vd . t

    n = nmero de eltrons que cruza uma determinada rea S em um determinado perodo de tempo t

    n = volume . densidade

    n = v .

    n = S . vd . t .

    Q = carga eltrica que se movimenta

    Q = n . e

    Q = v . . e

    Q = S . vd . t . . e

    Q/t = densidade de carga eltrica no tempo t = corrente eltrica = I (ampres) [A]

    Q/t = S . vd . . e

    I = S . . E . . e

    condutividade eltrica do material (m/mm2) ou (/m) = . . e

    Portanto:

    I = . S . E

    Logo:

    I

    SE .

    J = densidade corrente eltrica (A/m2) J = I / S

    J = . E lei de ohm na forma pontual

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    ENGENHARIA DE COMPUTAO - MATERIAIS ELTRICOS Prof.JOEL 20

    Assim:

    I = . S . E mas, EV

    L

    V = tenso eltrica (volts) [V]

    Ento: I SV

    L . . ou: V

    l

    SI

    1

    * *

    = resistividade eltrica (.mm2/m) = 1/

    Assim; Vl

    SI

    **

    R = resistncia eltrica () Rl

    S *

    Logo: V = R . I (lei de Ohm)

    ou: I = V / R

    G = condutncia (mho) [] ou (siemens) [s] G = 1/R

    I = G . V

    Alguns Valores de Condutividade e de Resistividade

    Metal Condutividade (x 106 /m) Resistividade (x 10-6 m)

    Prata 62,9 0,0159

    Cobre 58 0,01724

    Ouro 41 0,0244

    Alumnio 35,5 0,0282

    Nquel 12,8 0,078

    Platina 10 0,10

    Ferro 10 0,10

    Bronze 5,5 0,18

    Ao Silcio 1,6 0,62

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    2.1. Cobre

    O cobre foi o primeiro metal usado pelo homem. Acredita-se que por volta de 13.000 a.C. foi

    encontrado na superfcie da Terra em forma de "cobre nativo ", o metal puro em seu estado metlico.

    Usado inicialmente, como substituto da pedra como ferramenta de trabalho, armas e objeto de

    decorao, o cobre tornou-se, pela sua resistncia, uma descoberta fundamental na histria da evoluo

    humana.

    Os historiadores concordam que as primeiras descobertas importantes do cobre deram-se na rea

    compreendida entre os rios Tigre e Eufrates, ao Norte do Golfo Prsico.

    Nesta rea, considerada como o lugar da primeira civilizao do mundo, foram encontrados objetos de

    cobre de mais de 6.500 anos.

    Os Romanos designaram o cobre com o nome de "Aes Cyprium", o Metal de Cyprus, j que a Ilha de

    Cyprus ( Chipre ) foi uma das primeiras fontes do metal. Com o tempo, o nome se transformou em

    Cyprium e depois em Cuprum, originando o smbolo qumico "Cu".

    Atravs dos sculos, o cobre foi identificado pelo smbolo , que uma forma modificada do antigo

    hiergrafo usado pelos antigos egpcios para representar a vida eterna.

    O fato de se ter encontrado objetos de cobre to antigos em diversos lugares do mundo prova das

    propriedades nicas do metal : durabilidade, resistncia corroso, maleabilidade, ductibilidade e fcil

    manejo.

    Apesar de sua antigidade, o Cobre manteve, aliado aos metais mais novos, um papel predominante na

    evoluo da humanidade, sendo utilizado em todas as fases das revolues tecnolgicas pelas quais o

    ser humano j passou.

    As minas de cobre mais importantes do mundo, esto localizadas no Chile, Estados Unidos, Canad,

    Rssia e Zmbia.

    Em 1874, foi descoberta a mina Caraba, no serto da Bahia. Somente aps 70 anos que foram

    iniciados os trabalhos de prospeco. Em 1969 , 25 anos mais tarde, o empresariado brasileiro, sob a

    liderana do Grupo Pignatari, estabeleceu uma planta de metalurgia em Dias D'vila, Bahia, para a

    produo de cobre eletroltico. No incio da dcada de 80, a Caraba comeou a produzir cobre

    eletroltico e, no final da dcada, em 1988, ocorreu o desmembramento entre a mina e a planta de

    metalurgia, com a privatizao desta ltima, que adotou o nome de Caraba Metais.

    As minas de cobre so classificadas de acordo com o sistema de explorao: Minas Cu Aberto so

    aquelas cujo mineral se encontra prximo da superfcie e Minas Subterrneas, aquelas em que o

    mineral se encontra em profundidade, necessitando de explosivos para sua extrao.

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    2.2. Produo do Cobre

    Da mina sai o minrio contendo de 1% a 2% de cobre. Depois de extrado, britado e modo, o minrio

    passa por clulas de flotao que separam a sua parte rica em cobre do material inerte e converte-se

    num concentrado, cujo teor mdio de cobre de 30%. Este concentrado fundido em um forno onde

    ocorre a oxidao do ferro e do enxofre, chegando-se a um produto intermedirio chamado matte, com

    60% de cobre. O matte lquido passa por um conversor e, atravs de um processo de oxidao ( insufla

    oxignio para a purificao do metal ), transformado em cobre blister, com 98,5% de cobre, que

    contm ainda impurezas como resduos de enxofre, ferro e metais preciosos. O cobre blister, ainda no

    estado lquido, passa por processo de refino e, ao seu final, moldado, chegando ao nodo com 99,5%

    de cobre.

    Aps resfriados, os nodos so colocados em clulas de eletrlise. So ento intercalados por finas

    chapas de cobre eletroltico, denominadas chapas de partida. Aplicando-se uma corrente eltrica, o

    cobre se separa do nodo e viaja atravs do eletrlito at depositar-se nas placas iniciadoras,

    constituindo-se o catodo de cobre, com pureza superior a 99,99% .

    Este catodo moldado em suas diferentes formas comerciais para, posteriormente, ser processado e

    transformado em fios, barras e perfis, chapas, tiras, tubos e outras aplicaes da indstria.

    Normalmente, o produto final originrio dos produtores de cobre (mineiros) so os catodos refinados e

    os vergalhes de cobre, cuja produo vendida quase que inteiramente para a indstria de

    transformao do cobre. J esta indstria, processa o catodo ou o vergalho e, atravs de processos de

    laminao , extruso, forjagem, fundio e metalurgia do p, obtm uma larga variedade de produtos

    tais como fios e cabos eltricos, chapas, tiras, tubos e barras que so usados principalmente na indstria

    da construo civil, eletro-eletrnica , automobilstica e outras.

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    2.3. Caractersticas do Cobre

    O cobre um elemento metlico com nmero atmico 29 e peso atmico de 63,57. O seu smbolo

    qumico Cu, e suas valncias so +1 e +2.

    No magntico e pode ser utilizado puro ou em ligas com outros metais que lhe conferem excelentes

    propriedades qumicas e fsicas.

    - Densidade: 8,96 g / cm3 ( 20C )

    - Ponto de fuso: 1083 C

    - Ponto de ebulio: 2595 C

    - Coeficiente de dilatao trmica linear: 16,5 x 10 -6

    cm/cm/C ( 20C)

    - Resistividade eltrica: 1,673 x 10 -6

    ohm.cm (20C)

    - Presso de vapor: 101 mm Hg 20 C

    - Condutividade eltrica: 100 % IACS 20 C , padro = 58*106 (/m)

    - Calor latente de fuso: 50,6 cal/g

    - Calor especfico: 0,0912 cal/g/C (20C)

    - Forma cristalina: Cbica de faces centradas

    - O cobre o mais eficiente, resistente e confivel metal para ser utilizado em condutores

    eltricos.

    - O cobre o padro de condutibilidade.

    Em 1913, a Comisso Internacional de Eletrotcnica adotou a condutibilidade do cobre como padro,

    definindo-a como sendo 100% para cobre recozido

    (IACS). Isto significa que o cobre proporciona uma maior capacidade de conduzir corrente eltrica

    para um mesmo dimetro de fio ou cabo do que qualquer outro metal de engenharia usualmente

    empregado como condutor eltrico.

    Cabos eltricos de cobre requerem menor isolao e eletrodutos de menor dimetro quando

    comparados com cabos de alumnio. O alumnio possui menor condutibilidade eltrica, necessitando,

    portanto, de cabos de maior dimetro quando comparados com o cobre para conduzir a mesma

    corrente. Este o motivo pelo qual num dado eletroduto possvel instalar uma maior quantidade de

    fios ou cabos de cobre comparados com o alumnio. Alm disso, o cobre tambm proporciona uma

    condutividade trmica superior (60% superior ao alumnio), o que leva a uma economia de energia e

    facilita a dissipao de calor.

    - O cobre compatvel com conectores e outros dispositivos

    Resistncia mecnica, flexibilidade e resistncia corroso tornam o cobre ideal para ligaes a

    conectores, realizao de soldas etc.

    - O cobre possui resistncia e ductibilidade

    Esta nica combinao faz do cobre o metal ideal para condutores. Normalmente quanto mais

    resistente um metal, menos flexibilidade ele ter. Isto no ocorre com o cobre. Assim voc ter as

    vantagens de durabilidade e ductibilidade quando especificar o cobre como material condutor.

    - O cobre fcil de instalar

    A resistncia, dureza e flexibilidade do condutor de cobre assegura ao mesmo tempo facilidade de

    manuseio e instalao, reduzindo assim os custos de mo de obra associados. Quando voc puxa um

    condutor de cobre atravs de um eletroduto, ele resiste ao estiramento e no quebra.

    Podemos dobr-lo ou torc-lo, e ele ainda resiste quebra.

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    - O cobre resiste corroso

    O cobre puro (>99,9% de cobre), usado em condutores eltricos, um metal nobre que quando em

    contato com outros metais (ferro, ao etc.) no est sujeito corroso galvnica. Os fios de cobre

    tambm resistem corroso por umidade, poluio industrial e outras influncias atmosfricas que

    possam causar danos ao sistema.

    - O cobre atende s especificaes

    Anos de confiabilidade e performance fazem do cobre o padro para o uso em condutores eltricos,

    atendendo a todas s especificaes praticadas nos mais diferentes pases.

    - O cobre econmico

    Numa primeira avaliao, o condutor de alumnio algumas vezes mais barato que o condutor de

    cobre, mas economia no medida somente pelo custo inicial de aquisio. O custo ao longo do

    tempo, que inclui ferramentas extras de instalao, procedimentos, materiais, servios, reparos e

    potencial para expanso do sistema, deve ser tambm avaliado. Estes custos normalmente so

    esquecidos numa primeira avaliao. Ento considere todas as questes envolvidas e voc descobrir

    que o cobre o condutor mais econmico.

    Tipos de Cobre

    Elemento

    principal

    Especificao

    do produto

    Grupo

    RWMA

    Dureza

    Rockwel

    Dureza

    Brinell

    Resistncia

    trao

    Kg/mm2

    Condutividade

    Eltrica %

    IACS

    Alongamento %

    em 2*

    Temperatura de

    Amolecimento 0C

    Cobre Eletroltico Fundido

    Trefilado

    - 30B

    40B

    75

    80

    17

    28

    95

    100

    50

    35

    200

    200

    Cobre Cdmio Trefilado 1 65B 116 45 85 15 400

    Cobre

    Zircnio

    Trefilado - 73B 132 38 90 25 600

    Cobre Cromo Fundido

    Trefilado

    2

    65B

    75B

    116

    137

    35

    52

    70

    75

    20

    15

    500

    500

    Cobre Cromo

    Zircnio

    Trefilado 2 70B 125 54 80 10 550

    Cobre Cobalto

    Berlio

    Fundido

    Trefilado

    3

    95B

    100B

    210

    240

    66

    77

    48

    48

    06

    10

    500

    500

    Cobre Nquel

    Berlio

    Fundido

    Trefilado

    3

    90B

    95B

    185

    210

    59

    70

    45

    48

    10

    12

    500

    500

    Cobre

    Berlio

    Fundido

    Trefilado

    4

    38C

    38C

    352

    352

    77

    115

    20

    23

    02

    04

    400

    400

    Cobre

    Alumnio

    Fundido 5 75B 137 49 18 08 -

    Cobre Tungtnio Denominao Composio Dureza RB G/cm3 Condutibilidade %

    IACS

    20C-I

    25C-I

    30C-I

    40C-I

    50C-I

    20% Cu 80% W

    25% Cu 75% W

    30% Cu 70% W

    40% Cu 60% W

    50% Cu 50% W

    101/105

    95/100

    92/97

    70/85

    65/75

    15,4/15,8

    14,7/14,9

    14,0/14,3

    12,3/12,9

    11,8/12,3

    38/45

    42/49

    44/52

    47/57

    51/65

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    2.4. Alumnio

    Aplicao:

    O uso do alumnio, como material condutor de corrente eltrica, tem alcanado grande

    desenvolvimento devido s suas caractersticas mecnicas e eltricas e, principalmente a economia que

    representa em relao aos uso de outros metais condutores.

    O uso do alumnio como material condutor exige que suas propriedades sejam expressas nas mesmas

    unidades empregadas para outros materiais, de modo a permitir sua aplicao em termos comparativos.

    O padro internacional de Cobre Recozido (IACS - International Annealed Copper stardard) fornece

    uma base conveniente para a medida e comparao da condutividade e resistividade de todos os

    materiais condutores.

    Os valores bsicos so tambm fornecidos para o arame de ao zincado para alma de cabos de

    alumnio ( ACSR - Aluminum Conductor Steel Reinforced ).

    FIO NU: Obtido por trefilao do vergalho.

    Processo: Retirados em bobinas de ao para a tranagem de cabos, ou para isolamento.

    - Trefilados diretamente em rolos para a venda, podendo ser: duro ou mole quando recozido.

    CABO NU: Condutor formado por um grupo de fios, dispostos concentricamente em relao a um fio

    central, formando coroas compostas de fios torcidos helicoidalmente.

    Tipos:

    Cabos de Alumnio - CA

    - Condutor formado exclusivamente de fios de alumnio.

    Cabos de alumnio com Alma de Ao - CAA

    - Condutor formado por uma alma de ao e coroas de fios de alumnio.

    Caractersticas comparadas com o cobre

    Caractersticas: Cobre Alumnio

    Condutividade (%) 100% 61%

    Resistividade (mm2/m) 0,0172 0,0283

    Densidade (g/cm3) 8,89 2,7

    Ponto de Fuso oC 1083 659

    - O alumnio tem maior resistividade e consequentemente, menos condutividade, porm mais leve.

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    ENGENHARIA DE COMPUTAO - MATERIAIS ELTRICOS Prof.JOEL 27

    - Comparao econmica cobre x alumnio:

    Rcu = Ral apresentam as mesmas caractersticas eltricas.

    cu

    cu

    Al

    Al

    cu

    cu

    Al

    Al

    l

    S

    l

    S S S

    * *

    cu

    Al

    cu

    Al

    cu

    Al

    cu

    Al

    S

    S

    S

    S

    1

    1

    Al

    cu

    cu

    Al

    cu

    Al

    S

    S

    S

    S

    61

    100

    Portanto: S Scu Al 0 61, *

    Para as mesmas caractersticas eltricas, o fio de cobre poder ter 61% da seo reta do fio de

    alumnio.

    Exemplo:

    Alumnio # 10mm2 Cobre # 6mm2

    Alumnio # 50mm Cobre # 35mm2

    - Relao entre Peso:

    Peso

    Peso

    Densidade Volume

    Densidade Volume

    S l

    S l

    S l

    S l

    Peso

    Peso

    cu

    Al

    cu cu

    Al Al

    Cu

    Al

    Al

    Al

    cu

    Al

    *

    *

    , * *

    , * *

    , * , * *

    , * *,

    8 89

    2 7

    8 89 0 61

    2 72 0

    Portanto: Peso Pesocu Al 2 0, *

    O condutor de cobre, embora mais fino que o de alumnio, pesa o dobro.

    - Relao entre Custos:

    Custo

    Custo

    Kg Peso

    Kg Peso

    Custo

    Custo

    Kg

    Kg

    cu

    Al

    cu cu

    Al Al

    cu

    Al

    cu

    Al

    $ *

    $ *, *

    $

    $2 0

    Portanto: CustoKg

    KgCustocu

    cu

    Al

    Al 2 0, *$

    $*

    Os dois metais tem cotao internacional e o seu preo estipulado.

    Preo (maro/95):

    Cobre 2937 $/ton.

    Alumnio 1827 $/ton.

    Logo:

    Custo Custocu Al 3 0, *

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    ENGENHARIA DE COMPUTAO - MATERIAIS ELTRICOS Prof.JOEL 28

    Ento, por que o alumnio no usado mais intensamente em condutores eltricos?

    O alumnio tem algumas desvantagens tcnicas.

    O cobre apresenta:

    capacidade de corrente superior com menos sees.

    fcil instalao, no necessita de conectores especiais, ferramentas, procedimentos etc.

    maior quantidade de fios por eletroduto.

    elevada resistncia ao estiramento, ao creep, corroso, quebra e diminuio de seo do condutor.

    ausncia de manuteno.

    O cobre mais flexvel.

    O cobre ocupa menos volume; importante em motores, transformadores, cabos isolados.

    Existe uma certa dificuldade em se fazer emendas em condutores de alumnio, devido a camada de

    alumina (xido de alumnio) que fica entorno do alumnio

    - Utilizao:

    Cobre Alumnio

    Instalaes Eltricas de Baixa Tenso Linhas Areas de Transmisso e Distribuio

    Enrolamentos de motores e transformadores Barramentos de Sub-Estao

    Cabos Isolados Cabos Isolados

    Barramentos de Alta Corrente

    Aterramentos

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    ENGENHARIA DE COMPUTAO - MATERIAIS ELTRICOS Prof.JOEL 29

    2.5. Variao da resistividade com a temperatura

    A resistncia eltrica dos metais aumenta com a temperatura. Existem dois processos para a correo:

    1a Processo:

    R = Ro [ 1 + o ( -o) ]

    = o [ 1 + o ( -o) ]

    Onde:

    R = resistncia temperatura

    Ro = resistncia temperatura o

    = resistividade temperatura

    o = resistividade temperatura o

    o = coeficiente da variao da resistncia com a temperatura para a temperatura o

    Para cobre 100 % IACS:

    o o(oC

    -1)

    0oC 0,00427

    20oC 0,00393

    25oC 0,00385

    Valor de para cobre com condutividade n(%), pode ser estimado por:

    n padraon

    *(%)

    100

    O valor de R para uma temperatura R, pode ser calculado conhecendo-se o e a temperatura o:

    R

    o

    R o

    1

    1

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    2o Processo:

    R(

    C)

    R

    Ro

    K

    K = valor inferido de resistncia nula

    O coeficiente angular da reta vale:

    R

    K

    R

    KR R

    K

    K

    o

    o

    o

    o

    *

    O valor de K s depende do material:

    Exemplo:

    Cobre 100% IACS K = 234,5oC

    Cobre 97,3%IACS K = 242,0oC

    2.6. Outros Condutores

    Outros metais tem utilizao mais restrita como condutores de energia eltrica. Entre eles podemos

    citar:

    chumbo: placas de baterias

    chumbo + estanho: solda para placas de circuito impresso

    ouro; componentes eletrnicos

    mercrio: minuteria

    bronze: conectores

    lato: terminais

    tungstnio: filamentos de lmpadas

    nquel-cromo: resistncias

    ferro: condutor de retorno em linhas frreas

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    2.7. Condutores Comerciais

    Os condutores so comercializados em forma de fios e cabos, isolados ou no, obedecendo uma

    padronizao.

    Existem dois padres:

    derivado dos padres americanos AWG (American Wire Gauge) derivado dos padres europeus IEC (International Eletrotechnical Comission)

    A) Padro AWG/MCM:

    Os fios so identificados por um nmero que originalmente correspondia ao nmero de trefilaes

    necessrias para chegar ao fio.

    Conseqncia disso que maior o nmero AWG, mais fino o fio.

    AWG DIM.

    mm

    DIM.

    pol.

    SEO.

    mm

    AWG DIM.

    mm

    DIM.

    pol.

    SEO.

    mm

    0 8,2 53,5 28 0,320 0,0126 0,0804

    2 6,5 33,6 29 0,287 0,0113 0,0647

    4 5,189 0,2043 21,147 30 0,254 0,0100 0,0507

    5 4,620 0,1819 16,764 31 0,226 0,0089 0,0401

    6 4,115 0,1620 13,229 32 0,203 0,0080 0,0324

    7 3,665 0,1443 10,550 33 0,180 0,0071 0,0254

    8 3,264 0,1285 8,367 34 0,160 0,0063 0,0201

    9 2,906 0,1144 6,633 35 0,142 0,0056 0,0158

    10 2,588 0,1019 5,260 36 0,127 0,0050 0,0127

    11 2,304 0,0907 4,169 37 0,114 0,0045 0,0102

    12 2,052 0,0808 3,307 38 0,102 0,0040 0,0082

    13 1,829 0,0720 2,627 39 0,089 0,0035 0,0062

    14 1,628 0,0641 2,082 40 0,079 0,0031 0,0049

    15 1,450 0,0571 1,651 41 0,071 0,0028 0,0040

    16 1,290 0,0508 1,307 42 0,064 0,0025 0,0032

    17 1,151 0,0453 1,040 43 0,056 0,0022 0,0025

    18 1,024 0,0403 0,8235 44 0,051 0,0020 0,0020

    19 0,912 0,0359 0,6533 45 0,0447 0,00176 0,00157

    20 0,813 0,0320 0,5191 46 0,0399 0,00157 0,00125

    21 0,724 0,0285 0,4117 47 0,0356 0,00140 0,00100

    22 0,643 0,0253 0,3247 48 0,0315 0,00124 0,00078

    23 0,574 0,0226 0,2588 49 0,0282 0,00111 0,00062

    24 0,511 0,0201 0,2051 50 0,0251 0,00099 0,00049

    25 0,455 0,0179 0,1626 51 0,0224 0,00088 0,00039

    26 0,404 0,0159 0,1282 52 0,0198 0,00078 0,00031

    27 0,361 0,0142 0,1024

    Condutores de bitola maior que 0 AWG:

    # 2 AWG 33,6 mm2

    1/0 # 0 AWG 53,5 mm2

    2/0 # 00 AWG 67,4 mm2

    3/0 # 000 AWG 85 mm2

    4/0 # 0000 AWG 107 mm2

    MCM

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    ENGENHARIA DE COMPUTAO - MATERIAIS ELTRICOS Prof.JOEL 32

    Condutores de maior bitola so especificados pela seo em MCM.

    M abreviao de milsimo de polegada.

    CM abreviao de circular mil.

    1 mil = mil esimum = 10-3 polegadas = 0,001

    1 mil = 0,001 . 25,4 mm = 0,0254 mm

    1 circular mil = rea de um crculo de dimetro de 1 mil = 1 CM

    14

    0 0254

    41 0 5067 10

    2 2

    3 2CMd

    CM mm . . ,

    , *

    1 CM = 0,5067 * 10-3

    mm2

    1 MCM = 1000 CM

    1 MCM = 0,5067 mm2

    AWG MCM S (mm2)

    1/0 105,5 53,48

    2/0 133,1 67,43

    3/0 167,8 85,03

    4/0 211,6 107,2

    250 127

    300 152

    900 456

    1000 506,7

    2000 1013,4

    B) Padro IEC - Srie Mtrica

    A bitola do fio dada simplesmente pela seo reta em mm2.

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    ENGENHARIA DE COMPUTAO - MATERIAIS ELTRICOS Prof.JOEL 33

    2.7.1. Correntes Mximas

    A corrente mxima de um condutor calculada de forma que o calor gerado por Efeito Joule no cause

    aquecimento excessivo no isolante.

    O PVC suporta, em regime, at 70oC.

    Os valores das correntes mximas nos condutores so tabelados pela norma NBR 5410 e dependem de:

    - Local da instalao do condutor (em eletroduto, suspenso no ar, ...)

    - Material condutor (cobre ou alumnio)

    - Material isolante (PVC, EPR, ...)

    - Temperatura ambiente

    - Nmero de condutores no eletroduto

    A tabela a seguir vlida para condutores em eletroduto, at 3 condutores carregados, de cobre e

    isolados com PVC.

    S (mm2) Imx.(A) Variao da Capacidade Especfica de Conduo

    (A/mm2)

    1,5 15,5 10,3

    2,5 21 8,4

    4,0 28 7,0

    6,0 36 6,0

    10 50 5,0

    25 89 3,6

    35 111 3,2

    50 134 2,7

    95 207 2,2

    150 272 1,8

    300 419 1,4

    400 502 1,25

    500 578 1,16

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    12

    0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500

    Seo (mm)

    A/m

    m

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    ENGENHARIA DE COMPUTAO - MATERIAIS ELTRICOS Prof.JOEL 34

    A capacidade de conduo de corrente por mm2, decresce com o aumento da bitola.

    L

    SR

    A seo reta (S) aumenta com o quadrado do raio (R) S = .R2

    A rea de dissipao de calor (A) aumenta com o raio (R) A = .R.L

    Consequentemente a Capacidade de Conduo, que tem relao com a temperatura no isolante e com a

    seo de dissipao, varia menos do que a seo reta do condutor.

    Dois condutores em paralelo suficientemente separados para haver dissipao de calor, conduzem mais

    do que um nico fio de rea dupla.

    Exemplo:

    25 mm2 Imx. = 89 A

    2 * 25 mm2 Imx. = 178 A

    1 * 50 mm2 Imx. = 134 A

    A norma permite que sejam ligados condutores em paralelo, desde que:

    - tenham a mesma bitola

    - conectados nos dois extremos

    - seo maior que 35 mm2

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    ENGENHARIA DE COMPUTAO - MATERIAIS ELTRICOS Prof.JOEL 35

    2.7.2. Propriedades Mecnicas

    As propriedades mecnicas dos condutores dizem respeito deformao com a trao e com a

    temperatura.

    - Deformao com a trao:

    Lo

    SR

    Lo

    SR

    L

    L

    Cabo com comprimento Lo em repouso

    Cabo submetido a uma trao T; o comprimento

    aumenta L

    T

    LL T

    SE

    o

    Onde: L = acrscimo no comprimento (m)

    Lo = comprimento inicial (m)

    T = trao (Kgf)

    S = seo (m2)

    E = mdulo de elasticidade (Kgf/cm2)

    Se o cabo tiver mais de um metal deve ser empregado um valor mdio de E.

    O acrscimo no comprimento (L) o mesmo para os metais (ao e alumnio) dos cabos compostos.

    Ao LL T

    S E

    o ao

    ao ao

    Alumnio LL T

    S E

    o Al

    Al Al

    Assim:

    L S E L T I

    L S E L T II

    ao ao o ao

    Al Al o Al

    ( )

    ( )

    Fazendo (I) + (II), temos: L S E S E L T Tao ao Al Al o ao Al ( )

    Logo: L

    L T

    S E S E

    SS

    o totsl

    ao ao Al Al

    total

    total

    *

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    ENGENHARIA DE COMPUTAO - MATERIAIS ELTRICOS Prof.JOEL 36

    Portanto:

    E

    S E S E

    Smedioao ao Al Al

    total

    - Variao do Comprimento com a Temperatura:

    Os metais tm seu comprimento aumentado com a elevao de temperatura.

    Lo

    SR

    Lo

    SR

    L

    L

    Cabo submetido uma Temperatura o

    Cabo submetido um aumento de temperatura.

    L L ko o . `.( )

    Onde: k` = coeficiente de variao do comprimento com a temperatura.

    L L ko o .[ `.( )]1

    Para condutores compostos com: Stotal = Sao + Sal , temos:

    kk S E k S E

    S E S Eequao ao ao Al Al Al

    ao ao Al Al

    `` `

    .

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    2.7.3. Efeito Pelicular

    Seja um condutor conduzindo corrente contnua.

    A distribuio de corrente contnua no condutor uniforme.

    A limitao de corrente no condutor devida a resistncia do condutor somente.

    J no caso de corrente alternada, a indutncia prpria tambm limita a corrente devida a sua reatncia

    (X = 2..f.L). Para os condutores elementares centrais, as linhas de fluxo concatenados so em maior

    nmero que para os condutores elementares da periferia. Assim sendo, as indutncias desses

    condutores elementares so maiores.

    Portanto a corrente alternada tende a ser reconduzida pela parte mais externa do condutor.

    Linhas de Fluxo

    Conduo em CC Conduo em CA

    No limite, para uma frequ6encia elevada, a corrente forma uma pelcula. Esse efeito que causa o

    aumento da resistncia do condutor chamado de Efeito Pelicular

    O aumento da resist6encia em CA em um condutor sem alma de ao pode ser aproximado pr:

    RCA = RCC (1+YS)

    Onde: YX

    Xs s

    s

    4

    4192 0 8, e X

    f

    Rs

    xx

    2 48 10

    * e Rcc [/Km]

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    2.7.4. Corrente de Fuso

    Corrente de Fuso a corrente mxima necessria para fundir o condutor.

    L

    SR A = rea de dissipao = 2RL

    I

    Calor gerado = Calor Dissipado + Calor Acumulado

    Sendo: = (temperatura do condutor) - a (temperatura ambiente)

    Temos: RI Ae Hd

    dt

    n2

    No regime: d

    dt

    0 RI Ae

    n2

    Onde: R = resistncia ()

    I = corrente (A)

    A = rea de dissipao (m2)

    e = emissividade do material

    n = expoente emprico

    Rl

    S

    K

    K o

    * e RI Ae n2 Ae

    l

    S

    K

    KIn

    o

    * * 2

    Assim: 2 22

    RLe

    L

    R

    K

    KIn

    o

    * *

    2 2 32

    R e K

    KI

    n

    o* *

    Logo: Id e K

    KI

    e K

    Kd

    n

    o

    n

    o

    2 3 2

    3 2

    4 4

    * * * /

    Onde: ae K

    K

    n

    o

    2

    4

    * a constante para cada material

    = temperatura de fuso - temperatura ambiente (30oC)

    Portanto: Ifuso = a . d3/2

    ( Frmula de Preece), d = dimetro do condutor

    Valores de a:

    Material a

    cobre 80

    alumnio 59,3

    liga chumbo-estanho 10,3

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    3. Materiais Isolantes

    Em contraste com os materiais condutores que so relativamente pouco numerosos, os materiais

    isolantes so variados e em constante desenvolvimento.

    Exemplo de materiais isolantes:

    Slidos Lquidos Gases

    porcelana (isoladores),

    vidro(isoladores)

    leo mineral

    (transformadores e motores)

    SF6: hexafluoreto de enxofre

    (disjuntores SEs)

    fenolite (separadores/isoladores) silicone ar (linhas de transmisso)

    amianto (rels de A.T.) askarel proibido

    PVC (cabos e fios)

    polmeros

    borracha (cabos e fios)

    3.1. Bandas de Energia

    A diferena entre materiais condutores e materiais isolantes est na distribuio dos eltrons nas

    bandas de energia.

    No material condutor, os eltrons da ltima camada de valncia no completam essa camada, de modo

    que existe inmeras posies vazias no tomo, permitindo que os eltrons se movimentem livremente

    de tomo para tomo, causando a corrente eltrica.

    Um tomo formado por eltrons que giram ao redor de um ncleo composto por prtons e nutrons,

    sendo que o nmero de eltrons, prtons e nutrons diferente para cada tipo de elemento qumico.

    A ltima rbita de um tomo define a sua valncia, ou seja, a quantidade de eltrons desta rbita que

    pode se libertar do tomo atravs do bombardeio de energia externa (calor, luz ou outro tipo de

    radiao) ou se ligar a outro tomo atravs de ligaes covalentes (compartilhamento de eltrons da

    ltima rbita de um tomo com os eltrons da ltima rbita de outro tomo).

    Esta rbita mais externa recebe, por isso, o nome de rbita de valncia ou banda de valncia.

    Figura 3.1 - Eltron Livre e Banda de conduo

    Os eltrons da banda de valncia so os que tm mais facilidade de sair do tomo. Em primeiro lugar

    porque eles tm uma energia maior e, em segundo lugar, porque, por estarem a uma distncia maior em

    relao ao ncleo do tomo, a fora de atrao eletrosttica menor.

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    Com isso uma pequena quantidade de energia recebida faz com que eles se tornem eltrons livres que,

    sob a ao de um campo eltrico formam a corrente eltrica.

    O fato dessas rbitas estarem a distncias bem-definidas em relao ao ncleo do tomo, faz com que

    entre uma rbita e outra exista uma regio onde no possvel existir eltrons, denominada banda

    proibida.

    O tamanho dessa banda proibida na ltima camada de eltrons define o comportamento eltrico do

    material, como na figura abaixo, onde trs situaes diferentes esto representadas.

    Figura 3.2 - Isolantes, Condutores e Semicondutores

    No primeiro caso, um eltron, para se livrar do tomo, tem que dar um salto de energia muito grande.

    Desta forma, pouqussimos eltrons tm energia suficiente para sair da banda de valncia e atingir a

    banda de conduo, fazendo com que a corrente eltrica neste material seja sempre muito pequena,

    Esse materiais so chamados de isolantes.

    No segundo caso, um eltron pode passar facilmente da banda de valncia para a banda de conduo

    sem precisar de muita energia.