Material de Apoio - Nestor Távora - Prisões II Processo Penal Aula 08

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  • Superintensivo OAB 1 Fase AULA 8 Processo Penal

    1. Priso Temporria

    1.1. Conceito: Temporria a priso cautelar decretada por ordem escrita

    e fundamentada da autoridade judiciria, com o prazo pr-estabelecido,

    cabvel na fase investigativa.

    Obs: Parte da doutrina sustenta a inconstitucionalidade da lei 7960/89

    porque ela foi editada inicialmente atravs de medida provisria e a CF/88

    veda, probe a edio de medida provisria sobre matria de direito penal

    e de direito processual penal. Mesmo considerando que houve converso da

    medida provisria na lei 7960/89, parte da doutrina sustenta a

    inconstitucionalidade por vcio de formal de origem. Na ADI 162 o STF julga

    prejudicada essa ao por perda do objeto, pois a lei 7960/89 para o

    Supremo no foi originada da converso da medida provisria.

    2. Decretao

    A priso temporria est adstrita a clusula de reserva jurisdicional. A

    priso temporria s pode ser decretada pelo juiz, a requerimento do MP

    ou por representao da autoridade policial. Isso significa que a priso

    temporria no pode ser decretada de ofcio.

    Obs: A lei no contemplou legitimidade da vtima ou do assistente de

    acusao para requerer priso temporria.

  • 3. Hipteses de cabimento

    3.1. Quando for imprescindvel para as investigaes. Art. 1, I da lei

    7960/89.

    Sempre que a liberdade do indiciado for um obstculo para o sucesso de

    uma diligncia o juiz decreta a priso temporria com base nesse inciso.

    Esta hiptese materializa o pericullum libertatis.

    3.2. Art.1, II da lei 7960/89. Cabvel quando o indiciado no tiver

    residncia fixa ou no fornecer elementos para a sua identificao.

    Obs: A doutrina critica essa hiptese de cabimento da priso temporria,

    pois se o indiciado no tem residncia fixa no seria uma justificativa

    idnea para decretao da priso temporria. Em relao ao indiciado no

    fornecer elementos para a sua identificao a doutrina entende que a

    polcia dever providenciar a identificao criminal do indiciado.

    Essa hiptese materializa o pericullum libertatis.

    3.3. Art. 1, III da lei 7960/89. Cabe priso temporria quando existir

    fundadas razes de autoria ou participao em um dos crimes previstos no

    rol do art. 1, III da lei 7.960/89.

    Esse inciso materializa o fummus commissi delicti.

    A doutrina se questiona se esses incisos so cumulativos ou meramente

    alternativos.

    Para a doutrina majoritria, o juiz decreta a priso temporria quando

    existir fundadas razes de autoria ou participao em um dos crimes do

  • inciso III e for imprescindvel para as investigaes, ou o indiciado no

    tiver residncia fixa ou no fornecer elementos para a sua identificao.

    [III + (I OU II)]

    4. Prazo da Priso Temporria

    REGRA GERAL Prazo dos Crimes Hediondos ou

    equiparados

    05 dias prorrogveis por mais 05

    dias.

    30 dias, prorrogveis por mais 30

    dias.

    Obs1: Para a prorrogao da priso temporria necessrio que o juiz

    profira uma nova deciso, justificando a prorrogao da medida.

    Obs2: O juiz no pode prorrogar de ofcio.

    Obs3: O prazo da priso temporria computado na forma do art. 10 do

    Cdigo Penal.

  • 5. Procedimento da Priso temporria

    Diante do requerimento do MP ou do Delegado, o juiz dispe de 24 horas

    para decidir sobre a medida, ouvido o MP nos pedidos originrios da

    polcia. Decretada a priso o mandado ser expedido em duas vias, porque

    uma serve de nota de culpa. Efetuada a priso, o delegado assegurar ao

    indiciado todos os seus direitos, inclusive o de permanecer em silncio e

    de ser assistido por pessoa da famlia e por advogado.

    Durante toda a priso temporria o juiz, de ofcio ou a requerimento do MP

    ou do Defensor, poder pedir que o preso lhe seja apresentado, pode

    solicitar informaes ou esclarecimentos ao delegado e pode submeter o

    preso ao exame de corpo de delito.

    Esgotado o prazo da priso temporria, o preso dever ser posto

    imediatamente em liberdade, independentemente de Alvar de soltura.

    O preso temporrio dever permanecer segregado dos demais presos.

    6. Priso Preventiva

    Conceito: priso cautelar, decretada por ordem escrita e fundamentada

    da autoridade judiciria, quando preenchidos um dos requisitos do art.

    312,CPP.

    A priso preventiva pode ser decretada durante toda a persecuo criminal

    (fase investigativa ou judicial).

  • 7. Pressupostos da Priso Preventiva. So 2:

    7.1. a prova da existncia do crime.

    7.2. Indcios suficientes da autoria.

    Ambos materializam o fummus commissi delicti.

    8. Hipteses de cabimento da Priso Preventiva

    8.1. Garantia da ordem pblica: para evitar que o agente continue

    delinqindo no transcorrer da persecuo criminal.

    Obs: O clamor pblico (repercusso social) e a gravidade abstrata do delito

    NO SO justificativas idneas para a decretao da priso preventiva.

    8.2. Convenincia da Instruo Criminal: para evitar que o agente ameace

    testemunha, destrua prova, indefira de alguma forma na busca da

    verdade.

    8.3. Para Garantia da aplicao da lei penal: evitar que o agente fuja do

    distrito da culpa.

    8.4. Para Garantia da Ordem Econmica: evitar que o agente continue

    delinqindo contra a ordem econmica.

  • Esses requisitos tm previso no art. 312, CPP. Tais hipteses materializam

    o periculum libertatis.

    Obs1: Nos crimes contra o sistema financeiro alm das hipteses previstas

    no art. 312, CPP, o juiz poder decretar priso preventiva com base na

    magnitude da leso provocada pela infrao.

    Obs2: Em caso de descumprimento de medida cautelar alternativa, o juiz

    poder substitu-la, impor outra em cumulao e em ltimo caso, decretar

    a priso preventiva.

    9. Infraes que comportam a medida

    Ela s cabvel nos crimes dolosos, cuja pena mxima seja maior do que

    04 anos.

    Significa que no cabe priso preventiva, nem em crimes culposos, nem em

    contravenes penais. Excepcionalmente, possvel priso preventiva em

    crimes dolosos com pena menor que 04 anos. Quando:

    1) O ru, condenado por crime doloso, comete outro crime doloso na

    condio de reincidente.

    2) Quando existir dvida sobre a sua identidade e o indiciado no fornecer

    elementos para esclarec-la.

    Obs: Essa hiptese s tem incidncia se o indiciado se recusar a se

    submeter identificao criminal. Depois de identificado, o indiciado dever

  • ser posto imediatamente em liberdade, salvo se por outro motivo justificar

    a manuteno da medida.

    3) Se o crime envolver violncia domstica ou familiar contra a mulher,

    criana, adolescente, idoso, enfermo ou deficiente para assegurar medidas

    protetivas de urgncia.

    10. Revogao

    A priso preventiva movida pela clusula rebus sic stantibus, ou seja, se

    a situao das coisas se alterarem revelando que a medida no mais

    necessria o juiz dever revog-la. E se sobrevierem novas razes, o juiz

    dever decret-la novamente.

    11. Decretao da Priso Preventiva

    A priso preventiva est adstrita clusula de reserva jurisdicional.

    O juiz pode decretar na fase investigativa ou na fase judicial:

    a) fase investigativa: decreta a priso preventiva a requerimento do MP,

    por representao do Delegado ou a requerimento da prpria vtima.

    b) fase judicial: o juiz pode decretar de ofcio, diferentemente da priso

    temporria. O juiz tambm decreta a priso preventiva, a requerimento do

    MP, do querelante e do assistente de acusao.