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1. Princípios Processuais Princípio jurídico é o mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce do arcabouço legal de um Estado. Os princípios são a base das normas jurídicas, influenciado sua formação, interpretação e integração e dando coerência ao sistema normativo 1 . 1.2. Princípios Gerais ou Fundamentais São princípios menos abstratos, mais contextuais, e que se referem a um determinado ordenamento jurídico. Alguns têm assento na Constituição. 1.2.1. Devido Processo Legal 2 LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; a) concepção formal o processo se forma e se desenvolve somente com a observância de normas pré-estabelecidas. b) concepção material ou substancial (substantive due process of law) é a exigência e garantia de que as normas sejam razoáveis, adequadas, proporcionais e equilibradas. Corresponde, para muitos, ao princípio da proporcionalidade. O processo devido é aquele “regido por garantias mínimas de 1 HOLTHE, Leo van. Direito Constitucional. 3ª ed. Salvador: Editora Podium, 2007. p. 79. 2 DONIZETTI. Ob. ci. P. 65-81

Material de Processo Civil-tgp Revisado

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  • 1. Princpios Processuais

    Princpio jurdico o mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro

    alicerce do arcabouo legal de um Estado. Os princpios so a base das normas

    jurdicas, influenciado sua formao, interpretao e integrao e dando

    coerncia ao sistema normativo1.

    1.2. Princpios Gerais ou Fundamentais

    So princpios menos abstratos, mais contextuais, e que se referem a um

    determinado ordenamento jurdico. Alguns tm assento na Constituio.

    1.2.1. Devido Processo Legal2

    LIV - ningum ser privado da liberdade ou de seus bens sem o devido

    processo legal;

    a) concepo formal o processo se forma e se desenvolve somente

    com a observncia de normas pr-estabelecidas.

    b) concepo material ou substancial (substantive due process of

    law) a exigncia e garantia de que as normas sejam razoveis, adequadas,

    proporcionais e equilibradas. Corresponde, para muitos, ao princpio da

    proporcionalidade. O processo devido aquele regido por garantias mnimas de

    1 HOLTHE, Leo van. Direito Constitucional. 3 ed. Salvador: Editora Podium, 2007. p. 79. 2 DONIZETTI. Ob. ci. P. 65-81

  • meios e de resultado, com emprego de instrumental tcnico-processual

    adequado e conducente a uma tutela adequada e efetiva.

    Para o processo civil o devido processo legal princpio informativo que

    abrange e incorpora todos os demais princpios a serem estudados,

    funcionando, juntamente com o contraditrio, ampla defesa e imparcialidade,

    como o sistema de garantias processuais bsicas de uma sociedade justa e

    democrtica3.

    1.2.2. Efetividade

    O processo deve garantir parte, na medida do possvel, exatamente

    aquilo que faria jus se no precisasse se valer do processo.

    PROCESSO CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUO.

    PENHORA ON LINE SOBRE CONTA-SALRIO. POSSIBILIDADE.

    LIMITAO A 30% DOS VALORES DEPOSITADOS.

    01. O cumprimento de sentena se faz em prol do credor e obediente

    ao interesse pblico da efetividade da prestao jurisdicional (AGI

    2006.00.2.0106188).

    02. A penhora do percentual de 30 % (trinta por cento) de valores

    oriundos de conta-salrio, no implica em onerosidade excessiva ao

    devedor e muito menos em ofensa ao art. 649, inciso IV, do Cdigo

    de Processo Civil.

    03. Permitir a absoluta impenhorabilidade da verba salarial do

    executado, mesmo diante da inexistncia de outros meios para a

    3 BARROSO. Ob. cit. p. 9.

  • satisfao do crdito, evidencia manifesto enriquecimento ilcito, o

    que no encontra respaldo no ordenamento jurdico ptrio.

    04. Recurso conhecido e improvido.

    (20090020007503AGI, Relator SANDOVAL OLIVEIRA, 4 Turma Cvel,

    julgado em 11/03/2009, DJ 30/03/2009 p. 98)

    OBS: A penhora de salrios no pacfica no TJDFT. A 6 Turma, por

    exemplo, s admite para pagamento de penso alimentcia

    (20090020052486AGI)

    AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO CIVIL. CONSUMIDOR.

    PESSOA JURDICA. DESCONSIDERAO DA PERSONALIDADE

    JURDICA. TEORIA MENOR DA DESCONSIDERAO. ARTIGO 28,

    5, CDC. QUALIDADE DE SCIO.

    1.Embora a personalidade da sociedade comercial no se confunda

    com a daqueles que compem o quadro societrio, circunstncia

    que, em princpio, impossibilita a penhora dos bens particulares de

    qualquer dos scios, h casos que demandam providncia mais

    enrgica dos rgos Jurisdicionais, sob pena de se frustrar o

    princpio da efetividade da jurisdio.

    ...

    (20090020013023AGI, Relator JOO BATISTA TEIXEIRA, 4 Turma

    Cvel, julgado em 15/04/2009, DJ 04/05/2009 p. 161)

    PROCESSO CIVIL - AO DE BUSCA E APREENSO DE MENOR -

    INPCIA DA INICIAL - INOCORRNCIA - PRINCPIO DA

    INSTRUMENTALIDADE DO PROCESSO - OBSERVNCIA -

    SENTENA CASSADA.

  • 1. Se a petio inicial possibilita extrair a causa de pedir e o

    provimento jurisdicional perseguido pelo autor, no h consider-la

    inadequada.

    2. O julgador deve prestigiar a celeridade e instrumentalidade do

    processo em detrimento do rigor formal, buscando a efetividade na

    prestao jurisdicional

    3. Recurso provido.(20090710026559APC, Relator HUMBERTO

    ADJUTO ULHA, 3 Turma Cvel, julgado em 25/03/2009, DJ 06/04/2009

    p. 69)

    PROCESSO CIVIL - AGRAVO DE INSTRUMENTO - EXECUO

    EXTRAJUDICIAL - CITAO POR HOR CERTA - ADMISSIBILIDADE.

    1.Se os elementos constantes dos autos do conta que a executada

    est se ocultando para no ser citada, admite-se a citao por hora

    certa na execuo, por fora da subsidiariedade prevista no artigo

    598 do CPC e em homenagem aos princpios que buscam dar maior

    efetividade do processo.

    2.Recurso conhecido e provido.(20080020177125AGI, Relator ARLINDO

    MARES, 4 Turma Cvel, julgado em 25/03/2009, DJ 20/05/2009 p. 120)

    1..2.3. Imparcialidade

    a garantia de um julgamento proferido por juiz eqidistante das partes.

    No exerccio da jurisdio deve predominar o interesse geral de administrao

    da justia.

    Tem correlao com as garantias constitucionais dos magistrados

    (irredutibilidade de subsdios, inamovibilidade e vitaliciedade art. 95, CF), a

  • garantia do juiz natural e a vedao expressa aos tribunais de exceo (CF, art.

    5, XXXVII)

    DIREITO CIVIL - LOCAO - DESPEJO POR FALTA DE PAGAMENTO

    CUMULADO COM COBRANA DE ALUGUERES - MORTE DO

    LOCATRIO - ILEGITIMIDADE PASSIVA -APURAO QUANTO A SUB-

    ROGAO DO ESPLIO NOS DIREITOS E DEVERES DO DE CUJUS -

    PREMATURA A EXTINO DO PROCESSO - CABVEL A INICIATIVA

    PROBATRIA DO JUIZ - INTELIGNCIA DO ART. 130 DO DIPLOMA

    PROCESSUAL CIVIL.

    1. Faz-se necessrio o prosseguimento do feito, uma vez que a hiptese

    de sub-rogao prevista no art. 11, inciso I, da Lei 8.245/91 depende de

    instruo probatria.

    2. A busca da verdade real, escopo do processo civil moderno,

    autoriza a iniciativa probatria do juiz, desde que o faa com

    imparcialidade e seja resguardado o princpio do contraditrio.

    Assim, o fato de as partes no especificarem provas a serem

    produzidas no impede a aplicao da regra do artigo 130 do CPC.

    3. Sentena cassada.(20020710167899APC, Relator SANDRA DE

    SANTIS, 6 Turma Cvel, julgado em 28/06/2004, DJ 05/08/2004 p. 49)

    1.2.4. Contraditrio

    Consiste na outorga de efetiva oportunidade de participao das partes

    na formao do convencimento do juiz que prolatar a sentena. Art. 5, LV, CF.

  • Pode ser de forma antecipada (o convencimento do julgador formado

    aps a ampla manifestao das partes) ou de forma diferida ou postergada no

    tempo (decises liminares proferidas com base em cognio sumria).

    CIVIL E PROCESSO CIVIL - REVISO DE CONTRATO DE

    FINANCIAMENTO DE VECULO - PEDIDO DE DEPSITO INCIDENTE

    EM CARTER LIMINAR - QUESTO J APRECIADA EM SEDE DE

    AGRAVO DE INSTRUMENTO - PRELIMINAR DE CERCEAMENTO DE

    DEFESA - PROVA PERICIAL - JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE -

    PEDIDO NO APRECIADO - NULIDADE DA SENTENA - RECURSO

    PROVIDO.

    I - Somente se admite a aplicao do artigo 285-A do Cdigo de

    Processo Civil, julgando-se improcedente o pedido initio litis, se a

    matria controvertida for unicamente de direito e no juzo j houver

    sido proferida sentena de total improcedncia em outros casos

    idnticos.

    II - Merece ser cassada a r. sentena prolatada na instncia a quo, em

    face da impossibilidade de se julgar improcedente o pedido inicial

    sem antes restarem elucidadas questes fticas imprescindveis

    para o deslinde do feito, sob pena de se violarem os princpios do

    contraditrio e da ampla defesa.

    III - Preliminar acolhida para cassar r. sentena impugnada,

    determinando-se o regular prosseguimento do

    feito.(20080111225872APC, Relator LECIR MANOEL DA LUZ, 5 Turma

    Cvel, julgado em 20/05/2009, DJ 25/06/2009 p. 109)

    APELAO CVEL - AO DE COBRANA - CONCESSO DE

    DIREITO REAL DE USO DE IMVEL - PRODUO DE PROVAS -

    DESNECESSIDADE - VIOLAO AOS PRINCPIOS DO

    CONTRADITRIO E DA AMPLA DEFESA - INEXISTNCIA.

  • No configura cerceamento de defesa o julgamento antecipado da

    lide, desde que baseado nas provas documentais existentes no

    processo.

    Nos termos do artigo 130 do Cdigo de Processo Civil, pode o

    julgador, que j formou o seu convencimento, dispensar a produo

    de provas meramente protelatrias.(20080110146864APC, Relator

    SRGIO BITTENCOURT, 4 Turma Cvel, julgado em 13/03/2009, DJ

    30/03/2009 p. 130)

    1.2.5. Ampla Defesa

    Consiste na possibilidade de utilizao pelas partes de todos os meios e

    recursos legais previstos para a defesa de deus interesses e direitos postos em

    juzo.Corresponde dimenso substancial do contraditrio.

    DIREITO PROCESSUAL CIVIL. JULGAMENTO LIMINAR DO MRITO

    DA CAUSA (CPC, ART. 285-A). AO DE REVISO DE CLUSULA

    CONTRATUAL C/C REPETIO DE INDBITO. PEDIDO JULGADO

    IMPROCEDENTE. PRETENSO DE SUBSTITUIO DA TAXA

    REFERENCIAL COMO NDICE CORRETIVO PELO INPC OU PELO

    PES/PC, A EXCLUSO DA APLICAO DA TABELA PRICE E SUA

    SUBSTITUIO PELO SAC - SISTEMA DE AMORTIZAO

    CONSTANTE/ SAC, A AMORTIZAO MENSAL ANTES DA

    ATUALIZAO DO SALDO DEVEDOR, A SUBSTITUIO DA TAXA DE

    JUROS EFETIVA PELA TAXA DE JUROS NOMINAL.

    1. Com as recentes alteraes na sistemtica processual civil, passou-se

    a admitir o julgamento do processo initio litis, antes mesmo da citao,

    desde que a matria controvertida seja unicamente de direito e no juzo j

    tenha sido proferida sentena de total improcedncia em outros casos

    idnticos (CPC, art. 285-A). Trata-se de medida de celeridade e de

  • economia processual, que visa a evitar a citao e demais atos

    processuais porque o juzo j havia decidido questo idntica

    anteriormente. O julgamento liminar do mrito da causa medida

    excepcional, condicionada aos seguintes requisitos: "a) preexistncia no

    juzo de causas idnticas, com improcedncia j pronunciada em

    sentena; b) a matria controvertida deve ser unicamente de direito; c)

    deve ser possvel solucionar a causa superveniente com a reproduo do

    teor da sentena prolatada na causa anterior." (Humberto Theodoro

    Junior. As novas reformas do cdigo de processo civil, 2. ed., Editora

    Forense: Rio de Janeiro; 2007. p.15).

    2. No h como ser aplicada a regra inserta no art. 285-A do Codex

    quando houver questes fticas a serem apuradas no deslinde da

    demanda, como as referentes a juros contratados, excluso da

    Tabela Price e anatocismo, que requerem o contraditrio. Sobre o

    tema: "Por razes bvias, lgicas e constitucionais, o art. 285-A

    apenas prev a resoluo imediata quando a matria trazida na

    causa de pedir for unicamente de direito. Eventual previso legal de

    resoluo imediata tambm nas hipteses de matria de fato

    redundaria num preceito tragicamente inconstitucional, j que

    seriam suprimidas do autor as garantias do contraditrio e da ampla

    defesa. Logo no poder a causa petendi narrar matria de direito e

    fato, j que, para incidncia do art. 285-A, exige-se que a matria

    abordada seja unicamente de direito." (Glaudo Gumerato Ramos. In,

    Neves, Daniel Amorim Assumpo; Freire, Rodrigo da Cunha Lima;

    Mazzei, Rodrigo; Reforma do CPC, 1. ed., Editora Revista dos Tribunais;

    2006, p.380).(20060111173345APC, Relator WALDIR LENCIO C.

    LOPES JNIOR, 2 Turma Cvel, julgado em 04/02/2009, DJ 09/03/2009

    p. 52)

    OBS: O art. 285-A objeto da ADI 3695 proposta pelo Conselho

    Federal da OAB, ainda no apreciada pelo STF.

  • 1.2.6. Fundamentao (CF, art. 93, IX)

    A CF (art. 93, IX) exige dos rgos da jurisdio a motivao explcita de

    todos os seus atos decisrios. Tal garantia assegura s partes o conhecimento

    das razes do convencimento do juiz e o porqu da concluso exarada em sua

    deciso, outorgando ao seu ato maior fora de pacificao social, possibilitando

    a interposio de recurso pela parte vencida.

    2. Tendo em conta que o juzo a quo resolveu com lgica jurdica as

    questes controvertidas, inexiste vcio de fundamentao da

    sentena combatida pela mera falta de meno expressa de

    dispositivo legal, haja vista que o estatuto processual civil refere-se

    ao efetivo desate das questes discutidas.

    ...(

    20080110244167APC, Relator J.J. COSTA CARVALHO, 2 Turma Cvel,

    julgado em 06/05/2009, DJ 22/06/2009 p. 120)

    ...

    1 - requisito essencial da sentena (art. 458, II, CPC) e garantia

    constitucional do jurisdicionado (art. 93, IX, CF), a fundamentao

    desse ato decisrio.

    2 - As razes de decidir, por evidente, devem guardar pertinncia

    com os fatos e teses jurdicas ventiladas pelas partes, como

    consequncia do princpio da demanda.

    3 - Caso em que se mostra patente o equvoco na elaborao do

    decisum de mrito, o qual, na motivao, traz dados fticos e

    jurdicos que revelam demanda diversa daquela que deveria ser o

  • objeto de anlise e merecedora da prestao jurisdicional vindicada,

    resultando, tambm, em julgamento extra petita. Sentena nula.

    3 - Preliminar acolhida. Apelo provido. Sentena cassada.

    (20040110701455APC, Relator ROMULO DE ARAUJO MENDES, 2

    Turma Cvel, julgado em 27/04/2009, DJ 25/05/2009 p. 65)

    1.2.7. Publicidade (CF, art. 5, LX)

    Todos os atos praticados em juzo so dotados de publicidade, como

    forma de controle da atividade jurisdicional pelas partes e garantia de lisura do

    procedimento. Tal princpio no absoluto, podendo ser restringido quando o

    interesse social ou a defesa da intimidade assim o exigir, conforme admisso

    pela prpria norma constitucional (CPC, art. 155).

    1.2.8. Celeridade ou Durao Razovel do Processo (CF, art. 5, LXXVIII)

    Processo devido o processo tempestivo, capaz de oferecer, a tempo e

    modo, a tutela jurisdicional. A celeridade no tem valor absoluto, e deve ser

    estudada e aplicada sempre em conjunto com os demais preceitos que regem o

    processo4.

    CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. RELAO DE CONSUMO. REGRA

    ESPECIAL. VEDAO DENUNCIAO DA LIDE CONSOANTE ART.

    4 DONIZETTI. Ob. cit. p. 76.

  • 88, DO CDC - LEI 8078/90. PREVALNCIA SOBRE A REGRA GERAL

    DO ART. 70, III, DO CPC. PRINCPIO DA ESPECIALIDADE.

    POSSIBILIDADE DE AO AUTNOMA REGRESSIVA.

    SOLIDARIEDADE DOS ARTIGOS 7, PARGRAFO NICO E 34, DA LEI

    8078/90.

    1. Conforme dispe o art. 88 do Cdigo de Defesa do Consumidor, Lei

    8078/90, vedada a denunciao da lide com vistas a tornar clere o

    ressarcimento de seus tutelados, impedindo-se, assim, a procrastinao

    decorrente dessa forma de interveno de terceiros.

    2. A interpretao de restrio interveno de terceiro est

    sintonizada com a EC/45, que introduziu no rol dos direitos e deveres

    do brasileiros o inciso LXXVIII, no art. 5 da CF/88, assegurando a

    todos a razovel durao do processo e os meios que garantam a

    celeridade to exigida do Poder Judicirio.

    3. A Agravante, ainda que no participe diretamente da relao de

    consumo na qualidade de administradora de carto de crdito, atua em

    parceria e aufere lucros mediante a concesso do uso de sua marca. H

    que se reconhecer a solidariedade nos termos do que prev os artigos 7,

    pargrafo nico e 34, do CDC - lei especial.

    (20090020008075AGI, Relator ALFEU MACHADO, 3 Turma Cvel,

    julgado em 01/04/2009, DJ 14/04/2009 p. 74)

    1.2.9. Duplo Grau de Jurisdio

    Possibilidade assegurada s partes de submeterem matria j apreciada

    e decidida pelo juzo originrio a novo julgamento por rgo hierarquicamente

    superior.

  • A garantia ao duplo grau de jurisdio est implicitamente prevista na

    Constituio, seja como consectrio do devido processo legal o exerccio do

    contraditrio em face da deciso recorrida -, seja em decorrncia da previso

    constitucional de tribunais de superposio, aos quais foi conferida competncia

    recursal (art. 92 e 126 da CR)5.

    EMENTA: HABEAS CORPUS. CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA.

    TRIBUNAL DO JRI. SOBERANIA DO VEREDITO. APELAO.

    DECISO CONTRRIA PROVA DOS AUTOS. ORDEM DENEGADA.

    1. A pretenso revisional das decises do Tribunal do Jri no conflita com

    a regra de soberania do veredito (inciso LXVIII do art. 5 da Constituio

    Federal). Regra compatvel com a garantia constitucional do

    processo que atende pelo nome de duplo grau de jurisdio.

    Garantia que tem a sua primeira manifestao no inciso LV do art. 5

    da CF, in verbis: "aos litigantes, em processo judicial ou

    administrativo, e aos acusados em geral so assegurados o

    contraditrio e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela

    inerentes". Precedentes. 2. No caso, o acolhimento da pretenso do

    impetrante implicaria o revolvimento e a valorao do conjunto ftico-

    probatrio. 3. Ordem denegada.

    (HC 94567, Relator(a): Min. CARLOS BRITTO, Primeira Turma, julgado

    em 28/10/2008, DJe-075 DIVULG 23-04-2009 PUBLIC 24-04-2009

    EMENT VOL-02357-02 PP-00366)

    OBS: O STF j decidiu afirmando que no h garantia constitucional

    ao duplo grau de jurisdio:

    5 DONIZETTI. Ob. cit. p. 78.

  • III. - A alegao de ofensa ao inciso LIV do art. 5, CF, no pertinente.

    O inciso LIV do art. 5, CF, mencionado, diz respeito ao devido processo

    legal em termos substantivos e no processuais. Pelo exposto nas razes

    de recurso, quer a recorrente referir-se ao devido processo legal em

    termos processuais, CF, art. 5, LV. Todavia, se ofensa tivesse havido, no

    caso, Constituio, seria ela indireta, reflexa, dado que a ofensa direta

    seria a normas processuais. E, conforme sabido, ofensa indireta

    Constituio no autoriza a admisso do recurso extraordinrio. IV. - No

    h, no ordenamento jurdico-constitucional brasileiro, a garantia

    constitucional do duplo grau de jurisdio. Prevalncia da

    Constituio Federal em relao aos tratados e convenes

    internacionais. V. - Compete ao Tribunal de Justia, por fora do disposto

    no art. 96, III, da CF/88, o julgamento de promotores de justia, inclusive

    nos crimes dolosos contra a vida. VI. - Agravo no provido.

    (AI 513044 AgR, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Segunda Turma,

    julgado em 22/02/2005, DJ 08-04-2005 PP-00031 EMENT VOL-02186-08

    PP-01496)

    Esse princpio no absoluto. A prpria constituio prev demandas de

    competncia originria dos tribunais superiores. O legislador infraconstitucional

    tambm pode restringir o cabimento de recursos. Exemplo: impossibilidade de

    agravo de decises interlocutrias no processo trabalhista; execues fiscais de

    pequeno valor s admitem embargos infringentes e de declarao (art. 34, Lei

    6.830/80); irrecorribilidade da deciso que releva pena de desero caso

    provado justo impedimento pelo recorrente (Art. 519 do CPC).

    4. A prpria Constituio Federal estabelece excees ao princpio

    do duplo grau de jurisdio. No procede, assim, a tese de que a

    Emenda Constitucional 45/04 introduziu na Constituio uma nova

    modalidade de recurso inominado, de modo a conferir eficcia ao

    duplo grau de jurisdio (AI 601832 AgR, Relator(a): Min. JOAQUIM

  • BARBOSA, Segunda Turma, julgado em 17/03/2009, DJe-064 DIVULG

    02-04-2009 PUBLIC 03-04-2009 EMENT VOL-02355-06 PP-01129

    RSJADV jun., 2009, p. 34-38)

    1.3.1 Ao e Disponibilidade

    Cabe parte a iniciativa de provocar o exerccio da jurisdio (Princpio

    da Ao ou Dispositivo).

    No mbito do processo civil, destinado, normalmente, composio de

    interesses disponveis e bens privados, temos que o ajuizamento e o

    prosseguimento da ao passam pelo crivo discricionrio do autor

    (disponibilidade da ao civil).

    Excees ao princpio da ao (ou da demanda):

    a) abertura de inventrio de ofcio (art. 989 CPC);

    b) decretao de falncia de empresrio ou sociedade empresria sob

    regime de recuperao judicial (arts. 73 e 74 da Lei 11.101/2005);

    c) reconhecimento de ofcio da prescrio (art. 219, 5, CPC);

    d) declarao de ofcio da nulidade da clusula de eleio de foro, em

    contrato de adeso (ar. 112, p., CPC).

    O processo civil assume maior disponibilidade quanto mais privado for o

    direito material discutido em juzo. J quanto mais indisponvel for o direito

    material versado nos autos (direitos difusos, coletivos ou de incapazes), mais o

  • processo civil se aproxima de uma chamada indisponibilidade, inerente ao

    interesse pblico incidente na espcie6.

    1.3.2 Impulso Oficial

    Uma vez provocada, a jurisdio age por impulso oficial,

    independentemente de qualquer vontade das partes, o que se justifica ante o

    carter pblico da funo jurisdicional.

    1.3.3 Verdade Formal

    No processo civil no se exige do juiz a busca da verdade real, como

    ocorre no processo penal. Considerando o interesse privado e disponvel posto

    em jogo, permanece o julgador numa posio mais inerte, aguardando que as

    partes desenvolvam a comprovao dos fatos por elas alegados. H, no entanto,

    crticas passividade do juiz.

    PROCESSO CIVIL - REVELIA - EFEITOS - SENTENA CONFIRMADA

    PELOS PRPRIOS FUNDAMENTOS - 1. A revelia a contumcia do

    ru que, chamado a juzo para defender-se, queda-se inerte

    assumindo, desta forma, os riscos de perder a demanda, reputando-

    se verdadeiros os fatos alegados na petio inicial pelo autor,

    alados que ficam a foro de verdade processual formal, "salvo se o

    contrrio resultar da convico do juiz." (art. 20 da Lei 9.099/95). 2.

    Confirmada a sentena pelos prprios fundamentos, servir, de acrdo,

    smula do julgamento. 2.1 Inteligncia do art. 46 da Lei de Regncia.

    6 BARROSO. Ob. cit. p. 17.

  • Sentena mantida por seus prprios e judiciosos

    fundamentos.(20021110012887ACJ, Relator JOO EGMONT, Segunda

    Turma Recursal dos Juizados Especiais Cveis e Criminais do D.F.,

    julgado em 02/04/2003, DJ 28/04/2003 p. 32)

    ...

    2 - O juiz do sistema dos Juizados Especiais dirige o processo com

    ampla liberdade para determinar as provas que sero produzidas,

    para apreci-las e para dar especial valor s regras da experincia

    comum ou tcnica, visando a verdade real e no a verdade formal.

    Da mesma forma que pode determinar a produo da prova que

    entende necessria para a boa soluo do litgio, o juiz pode limitar

    ou excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou

    protelatrias, tudo consoante disposio do art. 33, da Lei de

    Regncia. ...(20050111271050ACJ, Relator ALFEU MACHADO,

    Segunda Turma Recursal dos Juizados Especiais Cveis e Criminais do

    D.F., julgado em 27/03/2007, DJ 13/04/2007 p. 159)

    1.3.4 Lealdade Processual

    As partes, mesmo estando em contenda judicial, devem tratar-se com

    urbanidade e atuar com boa-f.

    Atos que violem os deveres das partes (Art. 14, I a IV, CPC) e atentatrios

    dignidade da Justia (Contempt of court - Art. 14, V, CPC), ou litigncia de m-

    f (Arts. 17 e 18 CPC) representam ofensa ao princpio da Lealdade Processual.

  • PROCESSO CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAO. TEMPUS REGIT

    ACTUM. CONTEMPT OF COURT. LITIGNCIA DE M-F.

    CUMULATIVIDADE. INTERESSE RECURSAL.

    1. Ausentes vcios na deciso atacada, rejeitam-se os embargos de

    declarao.

    2. Norteia a aplicao de diplomas legais o princpio tempus regit actum.

    3. A contempt of court e a litigncia de m-f podem ser impostas,

    cumulativamente, sem que se incida em duplicidade de penalidades,

    haja vista traduzir a primeira o embarao atividade jurisdicional, e

    a segunda ato ofensivo ao princpio da probidade processual.

    4. Efetivamente demonstrado o interesse recursal, impe-se o

    conhecimento do recurso.

    Embargos de Declarao no providos. Unnime.(19980710054069APC,

    Relator VALTER XAVIER, 1 Turma Cvel, julgado em 30/06/2003, DJ

    08/10/2003 p. 67)

    Diferenas entre Contempt ou Court e Litigncia de M-f:

    Instituto Bem Jurdico Titular Sano Destinatrio

    da Sano

  • Contempt of

    Court (Atos

    atentatrios

    dignidade da

    Justia) Art.

    14, V

    Dever de no

    causar

    embarao ao

    exerccio da

    atividade

    jurisdicional

    Estado-Juiz Multa de at

    20%

    Estado

    Dvida Ativa

    Contempt of

    Court Art.

    600 e 601

    Atos

    praticados

    pelo

    executado

    Estado-Juiz Multa de at

    20%

    Credor

    Litigncia de

    M-F Arts.

    17 e 18

    Dever de

    Probidade

    Parte

    Prejudicada

    Multa de 1%

    Indenizao

    de at 20%

    Parte

    Prejudicada

    1.3.5 Oralidade7

    salutar que exista sempre um expressivo nmero de manifestaes das

    partes sob forma oral, principalmente na audincia, onde tais manifestaes se

    devem concentrar, porque, dessa maneira, possvel se alcanar o julgamento

    da matria posta em juzo com menor nmero de atos processuais.

    H outros trs subprincpios, ou elementos, que permitem que se

    operacionalize com maior objetividade a oralidade:

    7 WAMBIER. Ob. cit. p. 84.

  • a) identidade fsica do juiz dever ser o mesmo juiz que preside a

    audincia, que colhe as provas orais, o que d a sentena. Esse juiz tem mais e

    melhores condies de proferir uma sentena satisfatria.

    Art. 132. O juiz, titular ou substituto, que concluir a audincia julgar a lide,

    salvo se estiver convocado, licenciado, afastado por qualquer motivo,

    promovido ou aposentado, casos em que passar os autos ao seu

    sucessor.

    Pargrafo nico. Em qualquer hiptese, o juiz que proferir a sentena, se

    entender necessrio, poder mandar repetir as provas j produzidas.

    CONFLITO NEGATIVO DE COMPETNCIA. PENAL E PROCESSUAL

    PENAL. JUIZ SUBSTITUTO QUE PRESIDIU E ENCERROU A

    AUDINCIA DE INSTRUO E JULGAMENTO DO FEITO.

    DESIGNAO SUPERVENIENTE PARA OUTRA VARA. PRINCPIO DA

    IDENTIDADE FSICA DO JUIZ NO ABSOLUTO. PODERAO DE

    VALORES.

    - Acerca do princpio da identidade fsica do juiz ao processo penal aplica-

    se, por analogia, a regra do art. 132 do Cdigo de Processo Civil, segundo

    o qual: "O juiz, titular ou substituto, que concluir a audincia julgar a lide,

    salvo se estiver convocado, licenciado, afastado por qualquer motivo,

    promovido ou aposentado, casos em que passar os autos ao seu

    sucessor. Pargrafo nico. Em qualquer hiptese, o juiz que proferir a

    sentena, se entender necessrio, poder mandar repetir as provas j

    produzidas.".

    - Diante de tais excees, resta claro que o princpio da identidade

    fsica do juiz no absoluto, e a expresso 'afastado por qualquer

    motivo', inclui a designao para o exerccio de atribuies em outra

    Vara.

  • - Isso em homenagem a outros princpios como os da celeridade,

    economia processual e instrumentalidade das formas, visto que h de ser

    realizada uma ponderao de valores, j que a remessa de diversos feitos

    para os Juzos nos quais o juiz que houver encerrado a instruo estiver

    exercendo suas funes, ensejar o retardamento dos servios forenses

    e prejudicar a razovel durao do processo, direito subjetivo do ru.

    - Afastado por qualquer motivo o juiz que colheu a prova em audincia,

    outro poder sentenciar e repetir as provas, caso entenda necessrio,

    sem qualquer ofensa ao princpio da identidade fsica do juiz.

    - Conflito julgado procedente, para declarar a competncia do Juzo 3

    Terceira Vara de Entorpecentes e Contravenes Penais do Distrito

    Federal, o suscitado.(20090020006745CCP, Relator RENATO

    SCUSSEL, Cmara Criminal, julgado em 13/04/2009, DJ 29/05/2009 p.

    44)

    b) imediatidade o juiz deve colher as provas direta e pessoalmente,

    sem intermedirios.

    Art. 446. Compete ao juiz em especial:

    ...

    II - proceder direta e pessoalmente colheita das provas;

    c) concentrao todos os atos do processo, inclusive a sentena,

    devem realizar-se o mais proximamente possvel uns dos outros.

    Art. 455. A audincia una e contnua. No sendo possvel concluir, num

    s dia, a instruo, o debate e o julgamento, o juiz marcar o seu

    prosseguimento para dia prximo.

  • Art. 456. Encerrado o debate ou oferecidos os memoriais, o juiz proferir

    a sentena desde logo ou no prazo de 10 (dez) dias

    1.3.6 Economia Processual

    Os atos processuais devem ser praticados da forma menos onerosa

    possvel s partes, dentre aquelas previstas na legislao processual.

    APELAO CVEL. AO DE NULIDADE. NOTAS PROMISSRIAS.

    PROVA EMPRESTADA. UTILIZAO. POSSIBILIDADE. VINCULAO

    DA NOTA PROMISSRIA CAUSA DEBENDI. PRECEDENTES.

    - As provas atpicas so perfeitamente admitidas por meio da exegese dos

    incisos LV e LVI do art. 5 da Constituio Federal de 1988, que

    asseguram o direito prova como mecanismo para garantia da ampla

    defesa e do contraditrio, somente vedando as provas obtidas por meio

    ilcito.

    - A admisso da prova emprestada decorre da aplicao dos

    princpios da economia processual e da unidade da jurisdio,

    almejando mxima efetividade do direito material com mnimo

    emprego de atividades processuais.

    - Configurada a no circulao da nota promissria, abre-se a

    oportunidade de o devedor prejudicado provar que o ttulo no tem causa

    ou que sua causa ilegtima, desconstituindo, assim, a presuno legal

    da legitimidade do ttulo cambirio. Precedentes do TJDF.

    - Recurso desprovido. Unnime.(20040310002370APC, Relator OTVIO

    AUGUSTO, 6 Turma Cvel, julgado em 10/06/2009, DJ 24/06/2009 p.

    156)

  • 4. Cabe ao Tribunal decidir acerca de pedido de gratuidade de justia

    no examinado na instncia a quo, ante a possibilidade de exame

    deste pleito a qualquer tempo, com base nos princpios da celeridade

    e da economia processual.

    (20060111144997APC, Relator ARLINDO MARES, 4 Turma Cvel,

    julgado em 13/05/2009, DJ 24/06/2009 p. 110)

    1.3.7 Persuaso Racional do Juiz

    Art. 131. O juiz apreciar livremente a prova, atendendo aos fatos e

    circunstncias constantes dos autos, ainda que no alegados pelas

    partes; mas dever indicar, na sentena, os motivos que Ihe formaram o

    convencimento.

    1.3.8 Instrumentalidade das Formas

    Mais importante do que a forma o contedo do ato, se o ato alcanou a

    finalidade para o qual foi elaborado.

    Art. 244. Quando a lei prescrever determinada forma, sem cominao de

    nulidade, o juiz considerar vlido o ato se, realizado de outro modo, Ihe

    alcanar a finalidade.

  • PROCESSO CIVIL. APELAO CVEL. INICIAL. INPCIA. EMENDA.

    NOVA OPORTUNIDADE. PRINCPIO DA INSTRUMENTALIDADE DAS

    FORMAS.

    1. Determinada a emenda de petio inicial e apresentada pea ainda

    defeituosa, cumpre ao magistrado ordenar nova emenda, porquanto

    a ofertada poder conter, ainda, irregularidades, as quais, desde que

    sanveis podero restar remediadas.

    2. Deve-se oportunizar mais de uma emenda, em homenagem ao

    princpio da instrumentalidade das formas, a fim de assegurar s

    partes a anlise de sua pretenso pelo Judicirio.

    3. Recurso provido. Sentena cassada.(20080110974122APC, Relator

    MARIO-ZAM BELMIRO, 3 Turma Cvel, julgado em 18/03/2009, DJ

    06/04/2009 p. 68)

    PROCESSUAL CIVIL. CUMPRIMENTO DE SENTENA. EMBARGOS

    EXECUO. RECEBIMENTO COMO IMPUGNAO. POSSIBILIDADE.

    PRINCPIOS DA FUNGIBILIDADE E DA INSTRUMENTALIDADE DAS

    FORMAS.

    1. A via processual adequada para contraposio do devedor em

    cumprimento de sentena a impugnao prevista nos Artigos 475-

    I e seguintes do CPC. Contudo, possvel a aplicao, nos casos em

    que haja erro escusvel e observncia do prazo legal, dos princpios

    da fungibilidade e da instrumentalidade das formas para que sejam

    os embargos execuo recebidos como impugnao, mxime se

    consta dos autos decises judiciais anteriores nesse sentido.

    2. Recurso provido.(20060111262172APC, Relator CRUZ MACEDO, 4

    Turma Cvel, julgado em 11/03/2009, DJ 01/04/2009 p. 43)

  • 1.3.8 Fungibilidade

    Correlato ao princpio da instrumentalidade das formas, habitualmente

    utilizado no contexto dos recursos, no sentido de que um recurso pode ser

    recebido por outro, se no houver erro grosseiro ou m-f.

    AGRAVO. DECISO QUE EXCLUI LITISCONSRCIO PASSIVO.

    RECURSO CABVEL. PRINCPIO DA FUNGIBILIDADE. PRAZO.

    1 - O recurso cabvel de deciso que extingue o processo com relao a

    uma das litisconsortes passivas, determinando o prosseguimento com

    relao a outro, o agravo, e no apelao.

    2 - No possvel aplicar o princpio da fungibilidade e admitir a

    apelao interposta como agravo, se o recurso foi interposto depois

    de decorrido o prazo de dez dias para interpor agravo. O emprego do

    princpio da fungibilidade exige a observncia do prazo do recurso

    adequado.

    3 - Agravo no provido.(20090020041409AGI, Relator JAIR SOARES, 6

    Turma Cvel, julgado em 27/05/2009, DJ 10/06/2009 p. 107)

    1 - possvel a incidncia do princpio da fungibilidade recursal

    quando o recorrente, apoiado em dvida objetiva e consistente

    acerca do recurso cabvel, no comete erro grosseiro ao impugnar a

    deciso proferida pelo magistrado e o faz no prazo legalmente

    estipulado para o recurso adequado.

    ...

    (20080111189295APC, Relator CRUZ MACEDO, 4 Turma Cvel, julgado

    em 25/03/2009, DJ 20/04/2009 p. 136)

  • JURISDIO:

    1 -Natureza da Jurisdio:

    A funo jurisdicional aquela funo do Estado que se aplica concretamente,

    ou seja, no caso concreto que lhe apresentado, a norma abstrata e genrcia

    que a funo legislativa criou. a atuao da vontade concreta da lei. a funo

    do Estado de aplicar a lei ao caso concreto que lhe levado para processamento

    e julgamento.

    1 Corrente: a jurisdio uma funo do Estado. Essa corrente defendida

    por Humberto Theodoro Jnior, Alexandre Freitas Cmara e Luiz Rodrigues

    Wambier.

    2 Corrente: a jurisdio pode ser entendida concomitantemente como um

    poder, uma funo e uma atividade. So adeptos dessa corrente: Carlos de

    Arajo Cintra, Cndido Rangel Dinamarco, Ada Pellegrini Grinover, Fredie Didier

    Jr. e Marcelo Abelha Rodrigues. Edward Carlyle Silva.

    A jurisdio a realizao do direito em uma situao concreta, por meio de

    terceiro imparcial, de modo criativo e autoritativo (carter inevitvel da

    jurisdio), com aptido para tornar-se indiscutvel. preciso perceber que a

    jurisdio sempre atua em uma situao concreta; mesmo nos processos

    objetivos de controle de constitucionalidade, h uma situao concreta, embora

    no relacionada a qualquer direito individual, submetida apreciao do

    Supremo Tribunal Federal, em que se discute a constitucionalidade ou

    inconstitucionalidade de algum especfico ato normativo. Fredie Didier Jnior.

    A jurisdio funo criativa. Cria-se a regra jurdica do caso concreto, bem

    como cria-se, muitas vezes, a prpria regra abstrata que deve regular o caso

    concreto. Como visto no pensamento de Luhmann, o dever de decidir, imposto

    aos rgos jurisdicionais, confere-lhes, por conseqncia, o poder de criar a

    soluo do caso concreto, luz do sistema jurdico, principalmente luz do texto

    constitucional. Diz-se que a deciso judicial um ato jurdico que contm uma

    norma jurdica individualizada, ou simplesmente norma individual, definida pelo

    Poder Judicirio, que se diferencia das demais normas jurdicas (leis, por

    exemplo) em razo da possibilidade de tornar-se indiscutvel pela coisa julgada

  • material. Para a formulao dessa norma jurdica individualizada, contudo, no

    basta que o juiz promova, pura e simplesmente, a aplicao da norma geral e

    abstrata ao caso concreto. Em virtude do chamado ps-positivismo que

    caracteriza o atual Estado constitucional, exige-se do juiz uma postura muito

    mais ativa, cumprindo-lhe compreender as particularidades do caso concreto e

    encontrar, na norma geral e abstrata, uma soluo que esteja em conformidade

    com as disposies e princpios constitucionais, bem assim com os direitos

    fundamentais. Em outras palavras, o princpio da supremacia da lei, amplamente

    influenciado pelos valores do Estado liberal, que enxergava na atividade

    legislativa algo perfeito e acabado, atualmente deve ceder espao crtica

    judicial, no sentido de que o magistrado, necessariamente, deve dar norma

    geral e abstrata aplicvel ao caso concreto uma interpretao conforme

    Constituio, sobre ela exercendo o controle de constitucionalidade se for

    necessrio, bem como viabilizando a melhor forma de tutelar os direitos

    fundamentais. Fredie Didier Jnior.

    Assim, de acordo com a lio de Luiz Guilherme Marinoni, se nas teorias

    clssicas o juiz apenas declarava a lei ou criava a norma individual a partir da

    norma geral, agora ele constri a norma jurdica a partir da interpretao de

    acordo com a Constituio, do controle da constitucionalidade a da adoo da

    regra do balanceamento (ou da regra da proporcionalidade em sentido estrito)

    dos direitos fundamentais no caso concreto. Fredie Didier Jnior.

    A jurisdio pode ser vista como poder, funo e atividade. manifestao do

    poder estatal, conceituado como capacidade de decidir imperativamente e impor

    decises. Expressa, ainda, a funo que tm os rgos estatais de promover a

    pacificao de conflitos interindividuais, mediante a realizao do direito justo e

    atravs do processo. Marcelo Lima Guerra afirma que a jurisdio civil tem a

    funo especfica de proteger direitos subjetivos (art. 5, XXXV, CF/88) esse

    conceito exclui a jurisdio constitucional em controle abstrato da

    constitucionalidade das normas. Por fim, a jurisdio um complexo de atos do

    juiz no processo, exercendo o poder e cumprindo a funo que a lei lhe comete.

    Fredie Didier Jnior.

    2 Trilogia Estrutural do Processo Civil:

  • A trilogia estrutural do direito processual civil nada mais do que a interligao

    desses trs institutos, sendo certo de que um no existe sem o outro. A

    jurisdio, para ser exercida, precisa de um processo. E no h jurisdio, em

    regra, sem que para tanto ocorra o exerccio do direito de ao. Edward

    Carlyle Silva.

    Essa nova teoria difundida por Cndido Rangel Dinamarco e Luiz Guilherme

    Marinoni defende a existncia de um quarto pilar: a Defesa. Os defensores dessa

    teoria acreditam que da mesma maneira que o autor exerceria o seu direito de

    ao, o ru tambm teria o direito de influenciar no convencimento do juiz atravs

    do exerccio do direito de defesa. Este nada mais seria do que o direito que o ru

    tem de exercer condutas positivas no processo, de modo a influir no

    convencimento do juiz acerca dos fatos relevantes para o julgamento da causa.

    Edward Carlyle Silva.

    3 -Caractersticas da Jurisdio:

    O art. 2, CPC traz o princpio da inrcia, ou princpio da demanda, segundo

    o qual a jurisdio, em regra, inerte. Ela no se movimenta de ofcio,

    precisando ser provocada. As excees a esse princpio podem ser observadas

    nos casos em que o juiz pode agir de ofcio, tais como: abertura de inventrio

    (art. 989, CPC); exibio de testamento (art. 1.129, CPC); arrecadao de bens

    de herana jacente (art. 1.142, CPC); arrecadao de bens de ausente (art.

    1.160, CPC); e execuo de sentena trabalhista (art. 878, CLT). A atividade

    jurisdicional, por sua vez, delimitada pelo pedido formulado pelo autor (princpio

    da correlao entre sentena e pedido). o pedido formulado pela parte que

    limita a atuao do juiz. por essa razo que se considera eivada de vcio, por

    exemplo, a sentena ultra petita, na qual o juiz concede mais do que foi pedido.

    A sentena extra petita ocorre quando o juiz na sentena decide fora do que foi

    pedido, julgando algo que no foi objeto do pedido, constituindo assim uma

    espcie de vcio. Entretanto o juiz pode conceder menos do que foi pedido, sem

    que, a princpio, a sentena possa ser considerada viciada. o caso da sentena

    de procedncia parcial ou sentena parcialmente procedente. Edward Carlyle

    Silva.

  • Princpio da Inrcia - o processo se origina por iniciativa da parte (Nemo iudex

    sine actore;ne procedar iudex ex officio), mas se desenvolve por impulso oficial

    (art. 262, CPC). Podem provocar a atividade jurisdicional a parte ou o

    interessado (jurisdio voluntria), bem como o Ministrio Pblico nos casos em

    que estiver legitimado a ajuizar ao civil pblica. - Nelson Nery Jnior e Rosa

    Maria de Andrade Nery.

    Assim, a inrcia da jurisdio, embora permanea como caracterstica geral,

    fica reduzida, basicamente, instaurao do processo e determinao do

    objeto litigioso (o mrito da causa), que, a princpio, exigem provocao da

    parte. Fredie Didier Jnior.

    Unidade A jurisdio poder estatal; portanto, uma. Para cada Estado

    soberano, uma jurisdio. S h uma funo jurisdicional, pois se falssemos de

    vrias jurisdies, afirmaramos a existncia de vrias soberanias e, pois, de

    vrios Estados. No entanto, nada impede que esse poder, que uno, seja

    repartido, fracionado em diversos rgos, que recebem cada qual as suas

    competncias. O poder uno, mas divisvel. Fredie Didier Jnior.

    O princpio da congruncia, decorrncia prpria do princpio dispositivo, no

    incide relativamente s questes de ordem pblica, que o juiz deve examinar de

    ofcio, em razo de aqui incidir o princpio inquisitrio. - Nelson Ney Jnior e

    Rosa Maria de Andrade Nery.

    Substitutividade O Estado substitui a vontade dos particulares ou de rgos

    pblicos na soluo de eventuais conflitos que os envolvam. No momento em

    que o Estado provocado para exercer a atividade jurisdicional, ele substitui a

    vontade das partes, assumindo a responsabilidade de solucionar o caso.

    Arbitragem A corrente majoritria entende que ela atividade jurisdicional.

    Questo importante na arbitragem que na prpria lei existe previso de que se

    pode pleitear junto ao Poder Judicirio a nulidade da sentena nos casos de

    nulidade (vcio formal), obrigando o Judicirio a examinar tudo aquilo novamente.

    necessrio recordar que os atos de execuo da sentena arbitral so

    realizados pelo Estado (art. 584, CPC, com a redao da Lei n 11.232/05).

    Edward Carlyle Silva.

  • 4 Princpios da Jurisdio:

    Princpio da Investidura: o juiz precisa estar investido de funo jurisdicional

    para exercer a jurisdio. Isso significa dizer que, a princpio, exigncia para o

    exerccio da jurisdio a aprovao em concurso de provas e ttulos, tal como

    estabelece o art. 37, II da Constituio da Repblica. A doutrina afirma, no

    entanto, que de acordo com o art. 132 do CPC, no caso de o juiz estar licenciado,

    afastado por qualquer motivo, aposentado ou convocado, ele no estar mais

    investido de jurisdio, no podendo mais prest-la. Nestes casos incabvel a

    aplicao da teoria da aparncia, uma vez que no existe investidura na

    jurisdio, o que impede que o ato praticado por aquele sujeito possa implicar a

    produo de efeitos de qualquer ordem. Edward Carlyle Silva.

    Princpio da aderncia ao territrio: o juiz somente pode exercer a jurisdio

    dentro de um determinado limite territorial previsto na lei. (..) A doutrina,

    entretanto, menciona como excees a esse limite: 1) o art. 107 do CPC

    segundo o qual a competncia do juiz prevento prorroga-se para a parte do

    imvel que esteja localizado em Estado ou comarca diversa. 2) o art. 230 do

    CPC o qual determina que os atos de citao podem ser realizados pelos

    oficiais de justia em comarcas contguas, que no aquela da competncia do

    juzo. Edward Carlyle Silva.

    Princpio da Indelegabilidade: a atividade jurisdicional que entregue aos

    juzes ou Tribunal no pode ser delegada a outrem. A Jurisdio indelegvel.

    A doutrina, no entanto, usa como exceo a possibilidade de o Tribunal expedir

    cartas de ordem para que juiz de 1 Grau cumpra determinado ato. (...) Outra

    exceo por vezes mencionada a possibilidade de o Colendo Supremo

    Tribunal Federal delegar a prtica de atos executivos de seus julgados, nos

    termos do art. 102, inciso I, alnea m da Constituio da Repblica. (...) No

    pode ser entendida como exceo ao princpio da indelegabilidade a expedio

  • de carta precatria. Esta no implica qualquer delegao ao juzo deprecado, na

    medida em que caracteriza a observncia do princpio da colaborao entre os

    rgos jurisdicionais. Edward Carlyle Silva.

    O inciso XI do art. 93 da CF/88 autoriza a delegao da competncia do

    Tribunal Pleno para o rgo especial deste mesmo Tribunal. (...) O Tribunal

    Pleno compe-se da totalidade dos membros do tribunal, independentemente da

    antiguidade. Trata-se de delegao permitida pela Constituio Federal, que

    depende de ato dos delegantes, consubstanciado nas normas de criao do

    rgo da sua competncia. Matrias excludas dessas normas s podero ser

    entregues ao rgo especial por delegao especfica. (...) preciso lembrar,

    ainda, a regra do inciso XIV do art. 93 da CF/88, que expressamente permite a

    delegao, a serventurio de justia, do poder de praticar atos de administrao

    e atos de mero expediente sem carter decisrio. (...) Tanto atos jurisdicionais

    no decisrios quanto atos administrativos podem ser delegados. Fredie

    Didier Jnior.

    Princpio da Indeclinibilidade: o juiz no pode se furtar a julgar a causa que lhe

    apresentada pelas partes. Trata-se da chamada proibio de o juiz proferir o

    non liquet, ou seja, afirmar a impossibilidade de julgar a causa por inexistir

    dispositivo legal que regule a matria. Este princpio est previsto no

    ordenamento jurdico no art. 126, CPC. (...) A condio de ao da possibilidade

    jurdica do pedido significa que o pedido no pode estar proibido pela lei. Se no

    previsto na lei, ele, a princpio, possvel juridicamente, ou seja, tem que ser

    julgado. Edward Carlyle Silva.

    Princpio do juiz natural: este princpio encontra sua base de fundamentao

    no art. 5, incisos XXXVII e LIII, ambos da Constituio da Repblica. (...) Trata-

    se de verdadeira garantia constitucional, na medida em que s podem exercer a

    jurisdio aqueles rgos a quem a Constituio atribui a funo jurisdicional.

    (...) interessante salientar que o princpio do juiz natural deve ser

    compreendido sob dois aspectos: um formal ou objetivo; e outro denominado

    material ou substancial. Quando ao aspecto formal ou objetivo, o princpio do juiz

    natural identifica o juiz competente para o julgamento da causa com base em

    regras anteriores sua ocorrncia. Tais regras devem ser abstratas, gerais e

  • objetivas, de modo a impedir a possvel indicao de determinado juiz para o

    julgamento da causa. Note-se que sendo a definio do juiz por critrios gerais,

    abstratos e genricos, no h qualquer empecilho criao de varas

    especializadas, na medida em que no existe indicao de determinado juiz

    para o julgamento da causa, mas sim de definio da competncia de

    determinados juzos para o julgamento de causas que envolvam matrias

    especficas. (...) Quanto ao aspecto material ou substancial, o princpio do juiz

    natural diz respeito imparcialidade da prpria pessoa do juiz. No basta a

    preocupao com a existncia de um rgo jurisdicional que esteja

    anteriormente previsto como competente para o julgamento de determinada

    causa (aspecto formal); necessrio, ainda, que o juiz que ir julgar a causa

    seja imparcial, independente, de modo a evitar que por via oblqua o princpio

    possa ser violado. (...) Obs.: O legislador implementou alteraes no CPC (Lei

    11.280/06), em especial no art. 253 daquele estatuto, ampliando a abrangncia

    do dispositivo de modo a estabelecer como juiz natural aquele que tenha

    extinguido, sem resoluo do mrito e por qualquer motivo previsto no art. 267,

    o processo anteriormente ajuizado pelo mesmo autor, que agora ingressa

    novamente em juzo, formulando o mesmo pedido, sozinho, com outros

    litisconsortes e at alterando alguns dos rus da demanda. Edward Carlyle

    Silva.

    Pelo princpio do juiz natural, probem-se, portanto, o poder de comisso

    (criao de juzos extraordinrios) e o poder de avocao (alterao das regras

    predeterminadas de competncia). (...) No viola o princpio do juiz natural a

    criao de varas especializadas, as regras de competncia determinada pro

    prerrogativa de funo, a instituio de Cmaras de Frias em tribunais, porque

    em todas essas situaes as regras so gerais, abstratas e impessoais. Fredie

    Didier Jnior.

    5 Jurisdio Contenciosa e Jurisdio Voluntria:

    Jurisdio contenciosa espcie de jurisdio atravs da qual o Estado

    procura dirimir um conflito, um litgio que lhe apresentado pelas partes.

    H uma atividade substitutiva do Estado com relao s partes. Na

    Jurisdio voluntria, ocorre a criao, a modificao ou a extino de

  • uma relao jurdica que no realizada atravs do juiz, mas sim com

    sua participao. Isso porque o legislador estabeleceu e enumerou

    determinadas situaes em que seria indispensvel para a produo dos

    efeitos desejados pelas partes que elas fossem realizadas perante o

    Poder Judicirio. Assim sendo, algumas condutas que a princpio

    interessariam somente s prprias partes passaram a ser consideradas

    to importantes, bem como seus efeitos externos passaram a importar em

    tamanha repercusso, que o legislador determinou que elas somente

    poderiam acarretar a produo dos respectivos efeitos quando o ato fosse

    realizado perante o Poder Judicirio, sob o crivo judicial. por tal razo

    que a jurisdio voluntria chamada por muitos de Administrao

    Pblica de Interesses Privados. (...) Como o juiz da causa no ir proferir

    julgamento, j que no h conflito, comum a afirmao de que tal

    espcie de jurisdio inter volentes, ou seja, entre os que querem a

    produo de determinados efeitos jurdicos, s obtidos com a participao

    do juiz. Diferente a hiptese de jurisdio contenciosa, que recebe o

    nome da doutrina de inter nolentes, ou seja, entre aqueles que resistem.

    Edward Carlyle Silva.

    As caractersticas da jurisdio contenciosa so as seguintes: 1) h atividade

    jurisdicional, e sendo assim, ela substitutiva; 2) seu escopo atuar a vontade

    concreta da lei; 3) tem partes na relao (autor ru), j que ela inter nolentes;

    4) a deciso final faz coisa julgada. Edward Carlyle Silva.

    Caractersticas da Jurisdio Voluntria:: teoria revisionista, jurisdicional ou

    jurisdicionalista. mais recente, defende a natureza jurisdicional da atividade

    realizada na jurisdio voluntria. De acordo com essa corrente, a jurisdio

    voluntria espcie de jurisdio, contra-atacando a primeira teoria com os

    seguintes argumentos: 1) o art. 1 do CPC diz que a jurisdio voluntria

    espcie de jurisdio civil, juntamente com a jurisdio contenciosa, no

    podendo a doutrina afirmar exatamente o contrrio quando a lei expressa a

    esse respeito; 2) a jurisdio voluntria o exerccio do direito de ao, tal como

    na jurisdio contenciosa. Significa que, em ambos os casos, o exerccio da

    ao que inicia a atividade jurisdicional; 3) a primeira teoria diz que no se pode

  • falar em partes, mas esse conceito de partes muito restrito. Na jurisdio

    voluntria h autor, o que no pode existir ru. H parte, o que no pode existir

    contra-parte. necessria a existncia do autor, para que se possa provocar

    o exerccio da jurisdio; 4) para a primeira teoria, a deciso no faz coisa

    julgada, com base no art. 1.111 do CPC, ou seja, se a sentena pode ser

    modificada, no fez coisa julgada. A segunda teoria afirma que devemos nos ater

    ao final do artigo. As circunstncias supervenientes devem dizer respeito nova

    causa de pedir. Significa dizer que, proposta uma demanda com base em

    circunstncias supervenientes, ou seja, posteriores quela causa de pedir que

    fora utilizada na primeira demanda, a sentena poder ser modificada com base

    nesta nova causa de pedir, no havendo coisa julgada. uma nova demanda.

    A contrario sensu, se essa nova demanda possuir como base as mesmas

    circunstncias (mesma causa de pedir), a sentena no poder ser modificada,

    ou, melhor dizendo, ter ocorrido coisa julgada material, sendo invivel a

    modificao da sentena. Ento, para a segunda teoria, a sentena na jurisdio

    voluntria faz coisa julgada porque s vai poder ser alterada com nova demanda

    (respaldada em nova causa de pedir). Edward Carlyle Silva.

    6 Equivalentes Jurisdicionais:

    A soluo dos conflitos intersubjetivos pode ser classificada de acordo com a

    titularidade para decidi-los. Caso essa titularidade seja atribuda s prprias

    partes, estaremos diante da autonomia. J se a titularidade for atribuda a

    terceiro, estaremos diante da heteronomia. Diante disso, os equivalentes

    jurisdicionais ou substitutivos da jurisdio so formas de soluo de conflitos

    sociais sem que haja a participao do Estado-Juiz. Assim como verdade que

    o Estado soberano e que o exerccio da jurisdio uma das manifestaes

    desse poder, tambm verdade que as prprias partes podem solucionar suas

    desavenas sem a indispensvel participao estatal. Nesses casos, estamos

    diante do que a doutrina denomina de equivalentes jurisdicionais. So formas de

    soluo de conflitos que acarretam o mesmo resultado prtico que o exerccio

    da jurisdio, muito embora no sejam realizadas pelo Estado. Edward Carlyle

    Silva.

    A autotutela a soluo do conflito atravs do emprego de meios prprios.

    (...) Ela normalmente caracterizada pelo exerccio de ao direta de uma das

  • partes sobre a outra, o que acaba por torn-la inaceitvel para grande parte dos

    ordenamentos jurdicos. (...) A autotutela prevista como crime no Cdigo Penal

    sob o nomen iuris de exerccio arbitrrio das prprias razes caso o autor seja

    um particular, e abuso de poder (Lei 4.898/65), no caso de o autor ser autoridade

    pblica. Apesar disso, em algumas hipteses expressamente previstas na lei, o

    legislador entendeu por bem permitir a utilizao de autotutela. So situaes

    especficas em que o ordenamento permite a utilizao da prpria fora para a

    defesa do direito lesado ou ameaado de leso. So os casos de legtima defesa,

    desforo imediato, direito de reteno, direito de greve, etc. A autocomposio

    uma forma de soluo do conflito por meio da qual uma das partes aceita abrir

    mo de parcela ou de todo o seu interesse em favor da parte contrria. por tal

    razo que a autocomposio considerada uma forma de soluo de conflitos

    que o gnero, e da qual podem ser identificadas como espcies a transao,

    a submisso e a renncia. A transao pressupe uma concesso recproca

    entre as partes. A submisso a aquiescncia de um ao direito postulado pelo

    outro. Equipara-se, por assim dizer, ao reconhecimento do pedido no mbito

    judicial. A renncia ocorre quando o autor reconhece que no possui alegado

    direito, razo pela qual abre mo daquele interesse, renunciando ao mesmo.

    Mediao nesta espcie de mtodo para a soluo de conflitos, um terceiro

    que no est includo dentre as autoridades investidas do poder estatal para

    exercer a jurisdio colocado entre as partes, para tentar lev-las a uma

    soluo de consenso. Esse terceiro seria um profissional preparado para realizar

    a aproximao das partes adversrias, de modo a possibilitar uma soluo de

    comum acordo. A arbitragem uma tcnica utilizada para soluo de conflitos

    que utiliza o auxlio de um terceiro, escolhido de comum acordo entre as partes,

    para que este decida de modo imparcial o eventual conflito existente. No

    forma obrigatria, mas sim facultativa de composio de litgios. (...) A arbitragem

    regulamentada pela Lei 9.307/96. As principais caractersticas da arbitragem

    so expostas com clareza por Fredie Didier Jr., o qual faz inclusive meno ao

    fato de que ela no propriamente um equivalente jurisdicional, mas verdadeiro

    caso de jurisdio, uma vez que a deciso nela proferida no pode ser revogada

    ou modificada pelo Poder Judicirio, mas apenas anulada com base em vcios

    formais. Segundo ele, so caractersticas da arbitragem: 1) h a possibilidade de

    escolha da norma de direito material a ser aplicada (art. 2, 2 e 3, L. arb.); 2)

  • rbitro (art. 13, L. arb.); 3) desnecessidade de homologao judicial da sentena

    arbitral (art. 31, L. arb.), que produz efeitos imediatos; 4) a sentena arbitral

    titulo executivo judicial (art. 13, L. arb.; art. 584, VI, CPC) o rbitro pode decidir,

    mas no tem poder para tomar nenhuma providncia executiva; tambm no

    possvel a concesso de provimentos de urgncia, que exigem atividade

    executiva para serem implementados (art. 22, 4, L. arb.); e possibilidade de

    reconhecimento e execuo das sentenas arbitrais produzidas no exterior (art.

    34 e segs. L. arb.). Edward Carlyle Silva.

    A arbitragem, no Brasil, regulamentada pela Lei Federal 9.037/96. Pode ser

    constituda por meio de um negcio jurdico denominado conveno de

    arbitragem que, na forma do art. 3 da Lei 9.307/96, compreende tanto a clusula

    compromissria como o compromisso arbitral. Clusula compromissria a

    conveno em que as partes resolvem que as divergncias oriundas de certo

    negcio jurdico sero resolvidas pela arbitragem, prvia e abstratamente; as

    partes, antes do litgio ocorrer, determinam que, ocorrendo, a sua soluo,

    qualquer que seja ele, desde que decorra de certo negcio jurdico, dar-se- pela

    arbitragem. Compromisso arbitral o acordo de vontades para submeter uma

    controvrsia concreta, j existente, ao juzo arbitral, prescindindo do Poder

    Judicirio. Trata-se, pois, de um contrato, por meio do qual se renuncia

    atividade jurisdicional, relativamente a uma controvrsia especfica e no

    simplesmente especificvel. Para efetivar a clusula compromissria,

    necessrio que se faa um compromisso arbitral, que regular o processo arbitral

    para a soluo do conflito que surgiu. (...) H possibilidade de controle judicial

    da sentena arbitral, mas apenas em relao sua validade (art. 32 e 33, caput,

    L.Arb.). No se trata de revogar ou modificar sentena arbitral quanto ao seu

    mrito, por entend-la injusta ou por errnea apreciao da prova pelos rbitros,

    seno de pedir sua anulao por vcios formais. por conta desta circunstncia

    que se diz que a arbitragem, no Brasil, no equivalente jurisdicional:

    propriamente jurisdio, sem qualquer diferena, a no ser que privada e o juiz

    escolhido pelos litigantes. Fredie Didier Jnior.

    7 Limite da Jurisdio:

    Os juzes e tribunais exercem a atividade jurisdicional apenas no territrio

    nacional (princpio da aderncia). Dentro do Brasil essa atividade repartida

  • entre os juzes, de acordo com as regras de determinao de competncia. A

    denominada competncia internacional (art. 88 e 89, CPC) , na verdade,

    jurisdio, pois se o juiz brasileiro no tem jurisdio no pode ter competncia,

    que daquela derivada. - Nelson Ney Jnior e Rosa Maria de Andrade Nery.

    Quem dita os limites internacionais da jursidio de cada Estado so as

    normas internas desse mesmo Estado. Contudo, o legislador no leva muito

    longe a jurisdio de seu pas, tendo em cotna principalmente duas ponderaes

    ditadas pela experincia e pela necessidade de coexistncia com outros Estados

    soberanos: A) a convenicia (excluem-se os conflitos irrelevantes para o Estado,

    porque o que lhe interessa, afinal, a pacificao no seio da sua prpria

    convivncia social); B) a viabilidade (excluem-se os casos em que no ser

    possvel a imposio autoritativa do cumprimento da sentena). A doutrina,

    sintetizando os motivos que levam observncia dessas regras, alinha-os

    assim: a existncia de outros Estados soberanos; respeito a convenes

    internacionais; razes de interesse do prprio Estado. Fala-se tambm nos

    princpios da submisso e da efetividade, que condicionam a competncia

    internacional de cada Estado. Assim, em princpio cada Estado tem poder

    jurisdicional nos limites de seu territrio: pertencem sua autoridade judiciria

    as causas que ali tenham sede. No direito brasileiro, os conflitos civis

    consideram-se ligados ao territrio nacional quando: A) o ru tiver domiclio no

    Brasil; B) versar a pretenso do autor sobre obrigao a ser cumprida no Brasil;

    C) originar-se de fato aqui ocorrido; D) for objeto da pretenso um imvel situado

    no Brasil; E) situarem-se no Brasil os bens que constituam objeto de inventrio

    (arts. 88 e 89, CPC). Ada Pellegrini Grinver, Cndido Rangel Dinamarco e

    Antonio Carlos de Arajo Cintra.

    Por respeito soberania de outros Estados, tem sido geralmente

    estabelecido, em direito das gentes, que so imunes jurisdio de um pas: a)

    os Estados estrangeiros (par in parem non habet judicium); b) os chefes de

    Estados estrangeiros; c) os agentes diplomticos. (...) Cessa a imunidade, nos

    termos das regras de direito das gentes: a) quando h renncia vlida a ela; b)

    quando o seu benefcirio autor; c) quando se trata de demanda fundada em

    direito real sobre imvel situado no pas; d) quando se trata de ao referente

    profisso liberal ou atividade comercial do agente diplomtico; e) quando o

  • agente nacional do pas em que acreditado. Ada Pellegrini Grinver,

    Cndido Rangel Dinamarco e Antonio Carlos de Arajo Cintra.

    A) COMPETNCIA. DETERMINAO DA COMPETNCIA: CRITRIOS

    OBJETIVO, TERRITORIAL e FUNCIONAL.

    Conceito: a medida de jurisdio atribuda aos seus rgos de exerccio.

    Na identificao do foro competente, devem ser feitos os seguintes

    questionamentos:

    o Qual a Justia competente? (competncia de jurisdio)

    o A competncia do rgo superior ou inferior? (competncia

    originria)

    o Qual a comarca ou seo judiciria competente? (competncia de

    foro)

    o Qual a vara competente? (competncia de juzo)

    o Qual o juiz competente? (competncia interna)

    o Quem tem competncia para julgar os recursos? (competncia

    recursal)

    Critrios para apurao da competncia:

  • a) A CF/88 faz os primeiros 05 grandes cortes de competncia (Poder

    Judicirio) entre corporaes jurisdicionais: Justia Eleitoral, Justia Militar,

    Justia do Trabalho, Justia Estadual e Justia Federal.

    b) Os Tribunais esto autorizados pela CF/88 a dividir internamente a sua

    competncia constitucional.

    c) A competncia da justia estadual residual, cabendo a ela julgar tudo o que

    no couber s outras Justias. .

    - Competncia Internacional

    d) Ainda que a competncia seja concorrente, a ao intentada perante tribunal

    estrangeiro no induz litispendncia, nem obsta que a autoridade judiciria

    brasileira a conhea e das que lhes so conexas.

    Competncia

    Internacional

    Limita a jurisdio dos

    tribunais brasileiros

    Interna

    Cumulativa ou concorrente

    art. 88

    No Brasil ou no exterior

    Exclusiva art. 89

    Competncia absoluta da

    Justia brasileira

    Absoluta Relativa

    Em razo da matria

    Em razo da pessoa

    Pelo critrio funcional

    Em razo do valor da causa

    Em razo do territrio

  • e) Porm, se a competncia for concorrente, a ao no estrangeiro tiver

    transitado em julgado e tiver sido homologada pelo STJ, a no pode mais

    ser intentada aqui.

    f) Exclusiva (no se reconhece sentena acerca dessas matrias, proferida por

    juiz estrangeiro):

    o Imveis situados no Brasil

    o inventrio e partilha de bens situados no Brasil, ainda que o falecido

    seja estrangeiro

    g) Concorrente:

    o ru domiciliado no Brasil, ainda que seja estrangeiro

    o no Brasil tiver que ser cumprida a obrigao

    o a ao se originar de fato ocorrido ou de ato praticado no Brasil

    - Competncia interna Critrios:

    - objetivo (em razo da matria, em razo da pessoa e em razo do

    valor)

    - territoral

    - funcional

    b.1) Competncia em razo do valor da causa

    a) CPC no traz regras para a competncia pelo valor da causa

    b) Juizados Especiais Cveis Estaduais: 40 SM competncia relativa

    c) Juizados Especiais Cveis Federais: 60 SM competncia absoluta

    b.2) Competncia em razo do territrio

    Foro = delimitao territorial -> comarca ou seo judiciria (JF)

  • Foro comum:

    o domiclio ou residncia do ru (direitos pessoais e direitos reais sobre

    bens mveis)

    o consumidor pode optar por demandar em seu domiclio, e no no do

    ru.

    Foro subsidirio ou supletivo: -Art. 94, CPC.

    o quando o ru tem mais de um domiclio: qualquer um deles (1);

    o quando for incerto ou desconhecido o domiclio do ru: onde for

    encontrado ou no do autor (2);

    o quando ru no tiver domiclio no Brasil: foro do autor, ou em qualquer

    foro se tambm o autor residir fora do Brasil (4);

    o vrios rus com diferentes domiclios: foro de qualquer um deles,

    escolha do autor (4).

    Foros especiais (em razo das pessoas ou da matria)

    o imveis:

    foro da situao da coisa, se discutido direito real imobilirio

    ABSOLUTO. ATENO: existe ao real e ao pessoal

    sobre imvel (despejo)

    foro comum, se discutido direito pessoal (ex.: aluguel)

    o inventrio:

    regra: ltimo domiclio do autor da herana (art. 96, CPC).

    se falecido no possua domiclio certo: o da situao dos bens

    (pargrafo nico, I).

    falecido sem domiclio certo e com bens em vrios lugares: foro

    do bito (pargrafo nico, II).

    o Aes contra os ausentes, bem como o inventrio, partilha e

    arrecadao de seus bens e cumprimento de disposies

    testamentrias: no seu ltimo domiclio

    o incapaz: no domiclio do representante (art. 98).

    o mulher casada: seu domiclio, nas aes relativas ao seu casamento /

    separao / divrcio

  • o alimentando: seu domiclio (ou de seu representante)

    o investigao de paternidade, se cumulada com alimentos: domiclio do

    alimentando (Smula 1/STJ).

    o anulao de ttulos extraviados ou destrudos: domiclio do devedor,

    ainda que seja o autor

    o pessoa jurdica: domiclio da sede ou da filial onde foi contrada a

    obrigao; foro do lugar onde a obrigao deve ser satisfeita, para a

    ao em que exigir o cumprimento (art. 100, IV, a, b, d)

    o aes contra sociedades sem personalidade jurdica: foro do lugar

    onde exerce sua principal atividade (art. 100, IV, c);

    o aes versantes sobre direito obrigacional: onde a obrigao deva ser

    cumprida

    o ao de reparao de dano por ato ilcito: onde ocorreu o fato

    o indenizao por acidente de veculos: escolha livre entre domiclio do

    autor ou local do fato

    o aes contra administrador ou gestor de negcios: foro do lugar do ato

    ou fato (art. 100, V, b).

    o Competncia territorial absoluta (Didier), semelhante ao regime do

    foro da situao da coisa

    aes previstas na Lei do Idoso: foro do domiclio do idoso

    ABSOLUTA

    aes previstas no ECA: foro do local onde ocorreu ou deva

    ocorrer a ao ou omisso ABSOLUTA

    aes previstas na LACP: foro do local do dano ABSOLUTA

    (a lei fala em competncia funcional):

    dano nacional: juzo de qualquer capital ou do Distrito

    Federal

    dano regional (mais de um Estado): juzo de qualquer

    das capitais dos Estados envolvidos

    dano local (dentro de um Estado): juzo de quaisquer das

    cidades envolvidas

  • Foro de eleio: escolha da comarca, respeitada a competncia absoluta,

    inderrogvel.

    o A nulidade da clusula de eleio de foro, em contrato de adeso,

    pode ser declarada de ofcio pelo juiz (no apenas em matria

    consumerista).

    d) Smula 206, STJ. A existncia de vara privativa instituda poder lei estadual

    no altera a competncia territorial resultante das leis de processo.

    b.3) Competncia em razo da matria

    No detalhada pelo CPC.

    Constituio: traz alguns casos, como a competncia da Justia Federal em

    razo da matria, a competncia da Eleitoral, da Trabalhista, etc.

    H tambm a diviso feita pelas leis de organizao judiciria: varas

    especializadas em famlia, sucesses, Fazenda Pblica, etc.

    H ainda a diviso entre varas cveis e criminais.

    b.4) Competncia em razo da pessoa

    Tambm no detalhada pelo CPC.

    Em regra, a Constituio que traz os foros privilegiados ou a competncia,

    por exemplo, da Justia Federal para causas relativas a determinadas

    pessoas (ex.: Unio Federal).

    competncia absoluta.

    b.5) Competncia funcional

  • estabelecida em virtude da funo ou atividade de cada juiz no processo:

    o competncia originria ou derivada (recursal)

    o competncia de 1 grau ou do juiz singular: vai do ajuizamento

    sentena;

    o competncia de 2 grau: processamento e julgamento de recursos;

    o competncia de graus especiais: STF e STJ

    competncia absoluta.

    HTJ: o critrio funcional para determinao da competncia leva em conta a

    funo de cada rgo jurisdicional para praticar atos do processo ou o grau de

    jurisdio. O primeiro caso, denominado competncia funcional pelas fases do

    procedimento, regulado pelo Cdigo; o segundo referente competncia

    funcional originria e recursal dos tribunais, regido pelas normas das

    Constituies da Repblica e dos Estados e pelas normas de organizao

    judiciria.

    Temos, por exemplo, casos de competncia funcional por fases do

    procedimento, na execuo em curso numa comarca e que incide sobre bens

    situados em outra. A competncia para os atos da fase de penhora, avaliao e

    procedimento, ser deslocada para o juzo da situao dos bens.O mesmo

    ocorre quando as testemunhas ou o objeto a ser periciado se encontram fora da

    circunscrio territorial do juiz da causa. A competncia funcional para a fase

    instrutria ser igualmente deslocada. Tambm na ao rescisria, que

    processo de competncia originria dos Tribunais superiores, sempre que

    houver prova a colher, a competncia ser delegada pelo relator ao juiz de direito

    onde deva a referida prova ser produzida.

    b.6) Competncia funcional pela vinculao do juiz ao processo princpio da

    identidade fsica do juiz:

    o O CPC adotou o princpio da identidade fsica, com algumas

    condies:

    o juiz ter concludo a audincia de instruo e julgamento

    ter havido colheita de prova oral

    no estiver o juiz afastado ou impedido

  • a. Perpetuao da Jurisdio art. 87, CPC.

    A competncia firmada no momento da propositura da ao, sendo

    irrelevantes as modificaes posteriores (regra de estabilidade da demanda,

    quanto competncia).

    Exceo 1: quando o rgo jurisdicional for suprimido (ex.: extingue

    comarca).

    Exceo 2: quando a competncia em razo da matria for alterada (ex.:

    Constituio Federal passou execuo das multas trabalhistas para a Justia

    do Trabalho; quando h criao de uma vara especializada, etc).

    Exceo 3: quando a competncia em razo da hierarquia for alterada.

    Obs: apesar da ausncia de previso expressa, entende-se que haver

    exceo perpetuao da jurisdio sempre que existir alterao de regra

    de qualquer competncia absoluta.

    Obs2: a modificao, com base nessas excees, s pode ocorrer at a

    prolao da sentena.

    b. Modificao ou prorrogao da competncia. Preveno.

    A competncia absoluta imodificvel.

    Conexo: quando for comum o objeto ou a causa de pedir.

    Continncia: quando h identidade quanto s partes e causa de pedir, mas

    o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras.

    Objetivos da reunio: atender ao princpio da economia processual e evitar

    decises contraditrias.

  • Requisitos para a reunio:

    o conexo ou continncia

    o risco de decises conflitantes

    o competncia relativa

    o processos em curso perante o mesmo grau

    o processos de sentena

    o a conexo no determina a reunio dos processos, se um j foi julgado

    (STJ, 235)

    o ao anulatria e execuo fiscal: A Turma decidiu que s h relao

    de prejudicialidade entre a ao anulatria no caso de conexo com a

    ao de execuo do mesmo dbito fiscal quando houver garantia do

    depsito integral ou penhora, porquanto, sem garantia, no h

    paralisao da execuo. Precedentes citados: REsp 834.028-RS, DJ

    30/6/2006; REsp 411.643-GO, DJ 15/5/2006, e AgRg no REsp

    747.183-RS, DJ 19/12/2005. REsp 856.786-RS, Rel. Min. Eliana

    Calmon, julgado em 28/11/2006.

    Preveno:

    o juzes com a mesma competncia territorial: aquele que despachou

    em primeiro lugar

    o juzes com competncia territorial diversas: onde ocorreu a primeira

    citao vlida

    o ACP: juzo da propositura da primeira ao

    o aes cautelares preparatrias previnem o juzo

    o aes cautelares no curso da principal: foro da principal

    Competncia relativa

    Prorrogao legal:

    conexo

    continncia

    Prorrogao voluntria:

    eleio de foro

    falta de oposio de exceo de incompetncia

  • o imvel em mais de uma jurisdio: critrio da preveno

    Distribuio de aes por dependncia:

    o quando se relacionarem, por conexo ou continncia, com outra j

    ajuizada;

    o quando, tendo sido extinto o processo, sem julgamento de mrito, for

    reiterado o pedido, ainda que em litisconsrcio com outros autores ou

    que sejam parcialmente alterados os rus da demanda

    o quando houver ajuizamento de aes idnticas

    Regra da acessoriedade:

    No obstante a autonomia da ao e do processo por ela instaurado, s

    vezes verifica-se relao de dependncia, de subordinao, enfim, de

    acessoriedade entre determinadas demandas. o que ocorre com o processo

    cautelar (art. 796), o qual s se justifica com a instaurao, anterior ou posterior,

    da ao principal. O mesmo se d com a ao declaratria incidental,

    denunciao da lide, chamamento ao processo, reconveno, habilitao etc.

    Competncia absoluta e relativa:

    ABSOLUTA RELATIVA

    Regra de competncia criada para

    atender a interesse pblico

    Regra de competncia criada para

    atender precipuamente interesse

    particular

    A incompetncia absoluta pode ser

    alegada a qualquer tempo, por

    A incompetncia relativa somente pode

    ser argida pelo ru, no prazo de

  • qualquer das partes, podendo ser

    reconhecida ex officio pelo magistrado.

    A parte que deixar de alegar no

    primeiro momento que lhe cabe falar

    nos autos arcar com as custas do

    retardamento.

    resposta (15 dias), sob pena de

    precluso, no podendo o magistrado

    reconhec-la de ofcio (STJ 33).

    Importante: A Lei n 11.280/2006

    trouxe hiptese de reconhecimento de

    ofcio de incompetncia relativa, no

    caso de clusula de foro contratual

    abusiva.

    No h forma especial para a argio

    de incompetncia absoluta, na

    contestao

    H forma especfica de argio de

    incompetncia relativa: exceo

    instrumental. H inmeras decises do

    STJ dizendo que pode ser alegada na

    contestao, se no causar prejuzo,

    tratando-se de mera formalidade.

    Reconhecida a incompetncia

    absoluta, remetem-se os autos ao juiz

    competente e reputam-se nulos os

    atos decisrios j praticados. A

    incompetncia absoluta no gera

    extino do processo, salvo Juizados

    Especiais.

    Reconhecida a incompetncia relativa,

    remetem-se os autos ao juiz

    competente e no se anulam os atos

    decisrios j praticados. A

    incompetncia relativa no gera

    extino do processo.

    A regra de competncia absoluta no

    pode ser alterada pela vontade das

    partes

    As partes podem modificar a regra de

    competncia relativa, quer pelo foro de

    eleio, quer pela no oposio da

    exceo de incompetncia.

    A regra de competncia absoluta no

    pode ser alterada por

    conexo/continncia.

    A regra de competncia relativa pode

    ser modificada por

    conexo/continncia.

  • Competncia em razo da matria, da

    pessoa, funcional, alm dos limites do

    valor da causa e em algumas

    hipteses de competncia territorial

    Competncia territorial (regra) e nas

    hipteses em que se fica aqum do

    limite do valor da causa.

    D causa rescisria

    c. Conflitos de competncia

    Ocorre quando dois ou mais juzes ou tribunais se declaram,

    simultaneamente, competentes (conflito positivo) ou incompetentes

    (conflito negativo) para a mesma ao ou processo, ou divergem acerca da

    reunio ou separao de processos.

    H uma expresso do direito alemo que significa a competncia da

    competncia, ou seja, todo o juiz mesmo que incompetente competente

    para reconhecer a sua incompetncia = KOMPETENZ KOMPETENZ.

    um incidente processual.

    Se um juiz declinar e o outro aceitar, no h conflito.

    Quem pode suscitar:

    o partes petio

    o MP petio

    o juiz ofcio

    No pode suscitar: a parte que j interps exceo de incompetncia relativa

    (visto que, nesse caso, o assunto se resolve pela deciso de incompetncia

    ou pela interposio de recurso).

    No h conflito de competncia se j existe sentena com trnsito em

    julgado, proferida por um dos juzes conflitantes (STJ, 59).

    No h conflito de competncia entre o Tribunal de Justia e Tribunal de

    Alada do mesmo Estado-membro (STJ, 22). No h mais Tribunais de

    Alada (EC 45/2004). Mas a idia da smula a de que no h conflito

    quando h hierarquia entre os Juzos.

  • A quem suscitar: ao presidente do tribunal hierarquicamente superior, exceto

    nos casos constitucionalmente previstos (ex.: STJ)

    Procedimento:

    o suscitao do conflito por petio ou ofcio, j instrudo com os

    documentos necessrios;

    o distribuio para o relator;

    o ouve os juzes, ou apenas o suscitado, se um deles for o suscitante;

    o se for conflito negativo, em regra no suspende o processo;

    o se for positivo, em regra relator suspende, mas designa um dos juzes

    para atos urgentes;

    o se houver jurisprudncia dominante sobre o assunto, relator decide

    monocraticamente;

    o MP fala em 5 dias;

    o deciso pelo Tribunal.

    Competncia

    o Entre tribunais de segunda instncia (TJ, TRF, TRT): STJ

    o Entre tribunais superiores ou eles e o STF: STF

    o Entre juzes de um mesmo tribunal: o prprio tribunal (TJ, TRF, TRT)

    o Entre juzes de tribunais diversos ou entre juiz e tribunal diverso: STJ

    o Entre rgos da jurisdio trabalhista a prpria JT

    o Compete ao Tribunal Regional Federal dirimir conflito de competncia

    verificado, na respectiva regio, entre juiz federal e juiz estadual

    investido de jurisdio federal.

    AO:

    1. Conceito:

    Ao como Direito Cvico aquela ao prevista no art. 5, inciso XXXV da

    CR. a palavra ao sendo utilizada como direito inerente pessoa humana,

    o qual est vinculado ao direito de personalidade. Qualquer um pode exercer o

    direito de ao, esteja certo ou errado, porque a Constituio da Repblica, no

    dispositivo mencionado, assegura esse direito. A palavra ao nesse sentido

    tem concepo mais constitucional do que processual. Edward Carlyle Silva.

  • Ao como Direito a um Processo Justo e quo - uma interpretao do

    direito de ao muito atual, baseada na concepo de um processo em que

    devem ser observadas as garantias do contraditrio, da ampla defesa, da

    possibilidade de produo de provas, etc. Trata-se, a bem dizer, da garantia de

    um processo no qual todos os requisitos de existncia e desenvolvimento do

    processo sejam devidamente observados, para que tanto autor como o ru

    tenham oportunidade de se manifestar no curso do processo, com o objetivo de

    apresentar todas as alegaes e provas que possam auxiliar o juiz na formao

    do seu convencimento com vistas a um julgamento favorvel do pedido. (...)

    preciso afastar a idia tradicional de processo civil com base apenas no

    ponto de vista do autor da demanda e permitir que autor e ru sejam tratados

    de forma equnime, em relao de paridade, concedendo-lhes os mesmos

    direitos, deveres, nus, sujeies e faculdades. O processo civil no visto mais

    sob o ponto de vista do autor. Autor e ru tm os mesmos direitos de proteo

    do Estado. Edward Carlyle Silva.

    A palavra ao utilizada, portanto, no sentido de meio de provocar o Estado

    para exercer a atividade jurisdicional.

    Ao como Demanda A demanda a materializao do direito de ao. O

    correto no propor, suspender ou cumular aes, mas sim propor, suspender

    ou cumular demandas. Sempre que a palavra ao for utilizada no sentido de

    exerccio concreto do direito de ao, ou seja, materializado, na verdade

    estamos falando de demanda. A ao abstrata, a demanda concreta.

    Edward Carlyle Silva.

    Ao de Direito Material a ao que o prprio credor ir realizar para obter

    o cumprimento da obrigao. So atos materiais realizados pelo prprio credor,

    pela prpria pessoa, para obter aquilo que o devedor voluntariamente no

    cumpriu. O credor pessoalmente, com suas prprias foras, ingressa no

    patrimnio do devedor, retira o bem necessrio satisfao de seu direito, e com

    isso obtm o pagamento da dvida. Assim, ele ir praticar atos de direito material,

    concretos para satisfao do seu direito. (...) O Estado probe a autotutela (mas

    h excees legalmente previstas como o desforo pessoal e o direito de

  • reteno). Tal fato levou alguns doutrinadores concluso de que a ao de

    direito material teria sido banida do ordenamento jurdico.

    2. Teorias acerca do Direito de Ao:

    Teoria Civilista ou Imanentista O direito de ao estava intimamente

    vinculado ao direito material, era o prprio direito material reagindo a uma

    violao e no era independente do direito material. (...) Esta teoria vigorou por

    algum tempo, at uma disputa doutrinria entre dois alemes (Windscheid e

    Mther), professores de direito civil, que comearam uma desavena em torno

    do conceito de actio no direito romano e de suas implicaes no conceito de

    ao no direito alemo. Dessa desavena surgiu um importante aspecto para o

    direito processual: o direito de ao ficou desvinculado do direito material, sendo

    aquele independente deste. Edward Carlyle Silva.

    Teoria Concreta do Direito de Ao Defendida por Adolf Wach, este teoria

    parte da premissa de que o direito de ao independente do direito material,

    mas s possui o direito de ao quem possui o direito material. Da sua natureza

    concreta. Se somente quem tem direito de ao aquele sujeito que tambm

    possui o direito material, isso acaba por vincular o direito de ao existncia

    do direito material. Com isso, para os adeptos desta teoria, a sentena sempre

    deveria ser de procedncia do pedido. Se no fosse de procedncia, significaria

    que o autor no tinha direito de ao desde o incio. Edward Carlyle Silva.

    Teoria Abstrata do Direito de Ao Para os adeptos dessa teoria, o direito

    de ao existe mesmo havendo sentena de improcedncia. Numa ao

    declaratria negativa, por exemplo, a teoria concreta no funcionaria, j que

    nesta ao pede-se exatamente que seja declarada a no-existncia do direito

    material (que no h relao jurdica. Devido a isso, a teoria concretista comeou

    a enfraquecer, mas contra-argumentando que os defensores da teoria abstrata

    no se importavam com o fato de o autor estar de boa ou m-f quando ajuizava

    a demanda, mesmo sabendo que perderia desde o incio. Para a teoria concreta

    os abstratistas pecavam por tratar todos os autores de forma idntica. J para a

    teoria abstrata, o exerccio do direito de ao inerente a todos os indivduos;

    um direito prprio da personalidade da pessoa, esteja ela certa ou errada. Pode

  • ser que no exista direito tutela, proteo estatal, ou seja, que no haja

    sentena de procedncia, mas o direito de ao foi exercido. Aquela sentena

    proferida pelo Estado seria direta conseqncia do exerccio do direito de ao.

    Ento, o exerccio do direito de ao propiciava uma sentena de qualquer

    natureza, com ou sem resoluo do mrito. Edward Carlyle Silva.

    Teoria Ecltica Originariamente, o exame do processo pelo juiz se

    dividia basicamente em dois momentos: um primeiro momento em que ele

    examinaria os pressupostos processuais; e um segundo momento, aps a

    instruo da causa, em que da prolao da sentena, onde seriam

    verificados os pressupostos da ao (estas abrangiam a legitimidade, o

    interesse de agir e o mrito. Liebman manteve os pressupostos

    processuais e trouxe o exame da legitimidade e do interesse para um

    momento anterior ao da sentena, atribuindo-lhes o nome de condies da

    ao e ainda acrescentou a estas duas condies uma terceira, que

    denominou de possibilidade jurdica do pedido, deixando para a sentena

    a ser prolatada ao final da instruo o exame simplesmente do mrito

    (stricto senso) da causa. Diante disso, possvel afirmar que ele no criou

    as condies da ao, mas sim antecipou seu exame no curso do

    processo. De acordo com sua teoria, para se chegar ao exame do mrito

    da causa, necessrio examinar primeiramente os pres