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MATERIAL DIDÁTICO –FOLHAS Autor: Denise Antonia Perussolo Kuklik NRE: Área Metropolitana Sul Escola: CEEBJA Prof. Domingos Cavalli. Ens.Fund. e Médio. Disciplina: História ( ) Ensino Fundamental (X ) Ensino Médio Disciplina da relação interdisciplinar 1: Artes Disciplina da relação interdisciplinar 2: Geografia Conteúdo estruturante: Relações de poder-Urbanização e Industrialização no Paraná. Conteúdo específico: Imigração, Urbanização, Industrialização no Paraná no período de 1890-1913. Imigração ,Urbanização,Industrialização no Paraná. 01 02 03 04 05 06 01-BRANDÃO,Ângela. A Fábrica de ilusão: o espetáculo das máquinas num parque de diversões e a modernização de Curitiba (1.905-1.913).Curitiba: Fundação Cultural de Curitiba,1994.pág 40. 02-__________,op.cit.,pág 35. 03-__________,op.cit.,pág 96. 04-__________,op.cit.,pág 96. 05- JÚNIOR,Valério Hoerner.Curitiba 1.900.Secretaria de Estado da Cultura e do Esporte.Imprensa Oficial, 1984,pág 59. 06- AGGIO, Osmar. A colônia que veio do pó.História e Genealogia.Gráfica Planeta Ltda, 2.005,pág 112. O Brasil passou por um processo de urbanização na virada do século XIX para o século XX. Como se deu essa reorganização espacial das cidades brasileiras? Com quais objetivos? Quem participou da construção dessa nova organização espacial? Por quê? Como se verificou esse processo no Paraná?

MATERIAL DIDÁTICO –FOLHAS Autor: Denise Antonia … · A partir dos anos 70 do século XIX o processo de imigração aconteceu de forma inversa, eram os europeus que vinham com

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MATERIAL DIDÁTICO –FOLHAS Autor: Denise Antonia Perussolo Kuklik NRE: Área Metropolitana Sul Escola: CEEBJA Prof. Domingos Cavalli. Ens.Fund. e Médio. Disciplina: História ( ) Ensino Fundamental (X ) Ensino Médio Disciplina da relação interdisciplinar 1: Artes Disciplina da relação interdisciplinar 2: Geografia Conteúdo estruturante: Relações de poder-Urbanização e Industrialização no Paraná. Conteúdo específico: Imigração, Urbanização, Industrialização no Paraná no período de 1890-1913. Imigração ,Urbanização,Industrialização no Paraná. 01 02 03

04 05 06 01-BRANDÃO,Ângela. A Fábrica de ilusão: o espetáculo das máquinas num parque de diversões e a modernização de Curitiba (1.905-1.913).Curitiba: Fundação Cultural de Curitiba,1994.pág 40. 02-__________,op.cit.,pág 35. 03-__________,op.cit.,pág 96. 04-__________,op.cit.,pág 96. 05- JÚNIOR,Valério Hoerner.Curitiba 1.900.Secretaria de Estado da Cultura e do Esporte.Imprensa Oficial, 1984,pág 59. 06- AGGIO, Osmar. A colônia que veio do pó.História e Genealogia.Gráfica Planeta Ltda, 2.005,pág 112. O Brasil passou por um processo de urbanização na virada do século XIX para o século XX. Como se deu essa reorganização espacial das cidades brasileiras? Com quais objetivos? Quem participou da construção dessa nova organização espacial? Por quê? Como se verificou esse processo no Paraná?

As cidades na América Latina se modernizam. As cidades na América Latina passam por um processo de modernização a partir do final do século XIX. Na ocasião a cidade colonial tornou-se um entrave à modernidade. Daí a necessidade de destruí-la e construir uma nova URBE ordenada segundo os preceitos e necessidades de uma sociedade capitalista. Os processos de independência e de inclusão ao mercado internacional promoveram uma série de mudanças nas cidades latino-americanas. Ao longo do século XIX a América Latina sofreu transformações profundas na economia: leis de terra, abolição da escravidão e reformas variadas de cunho liberal. As alterações no perfil urbano ocorridas nas cidades latino-americanas foram ditadas pelo modelo europeu, denominada de “desenvolvimento heterogêneo”. A segunda fase da Revolução Industrial forçou a inclusão dessas sociedades no mundo capitalista. As burguesias aceitaram então, a ideologia do progresso, realizando o desenvolvimento heterogêneo da cidade. As migrações sempre ocorreram na história da humanidade. Os deslocamentos humanos foram intensificando-se com o desenvolvimento do Capitalismo, de acordo com a exigência dos mercados que estavam se formando. A partir dos anos 70 do século XIX o processo de imigração aconteceu de forma inversa, eram os europeus que vinham com a ilusão de que aqui a riqueza era fácil, conforme os anúncios divulgados em todo o continente europeu, em jornais de grande circulação. No final do século XIX, a Europa vivia momentos de grande tensão social. O crescimento demográfico, o desemprego fez com que a burguesia européia exportasse essa população, incentivando a vinda de imigrantes para o Brasil. A maioria da população não se beneficiava com o Capitalismo e enfrentavam problemas econômicos e sociais. Leia com atenção o texto que mostra a corrida dos brasileiros hoje em busca de trabalho nos E.U.A . Em seguida, responda à questão proposta.

EMIGRAÇÃO: o fim do sonho americano A aventura e o sofrimento dos brasileiros que tentam ingressar clandestinamente em território americano A CENA DE UMA BALSA CHEIA DE CUBANOS miseráveis flutuando em águas americanas é a imagem mais conhecida do descompasso entre pobres e ricos, entre ilusão e desespero. No sul dos Estados Unidos, explodiu no ano passado uma versão brasileira dessa migração desesperada. Mais de um mil brasileiros estão presos em cadeias americanas aguardando o fim do processo de deportação. São acusados de imigração ilegal, não têm direito à fiança e recebem tratamento rigoroso. Na semana passada, uma parte desses imigrantes, 277 brasileiros que estavam presos nos EUA, foi mandada de volta ao Brasil em um vôo fretado pelo governo americano. Entre os que voltaram há pessoas com os mais variados perfis, mas com histórias de vida muito parecidas. Elas largaram tudo no Brasil, enfrentaram os perigos de uma incursão clandestina em território americano, sofreram humilhações, foram presas, expulsas e, agora, em sua maioria, só pensam em uma coisa: reencontrar a família, juntar algum dinheiro e, quem sabe, um dia tentar de novo. “A gente vê esse pessoal que volta dos Estados Unidos e compra carro, casa nova, monta um comércio e arruma a vida. Então, muito ruim não pode ser”, diz Evandro Tolentino de Andrade, um contabilista de 43 anos que resolveu arriscar a travessia da fronteira do México em dezembro passado. Veja. ed.1839.São Paulo: Abril, 4 fev.2004.

A partir do texto, reflita sobre os motivos que levam os brasileiros a deixar o seu país e lançar-se na aventura de entrar em outro país de forma ilegal e a exercer profissões que exigem menos qualificação em relação às que exerciam aqui, como garçons, babás, faxineiros, serventes.

Trabalho que veio da Europa: Imigrantes no Brasil. No Brasil, os primeiros imigrantes foram alemães que se localizaram, em Ilhéus, na Bahia, em 1.818, e , depois suíços e alemães que se instalaram em Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, em 1.829. Em 1.820, D.João VI, concedia terras a imigrantes católicos, objetivando atrair outros grupos de alemães para o Brasil. Nessa época, começaram a se formar as primeiras colônias de imigrantes no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo. A partir de 1.850 quando o tráfico negreiro é abolido no Brasil com a lei Eusébio de Queiroz os fazendeiros passam a pressionar o governo imperial para adotar uma política imigratória .O objetivo era utilizar a mão-de-obra imigrante para substituir os escravos nas lavouras de café. Duas práticas imigratórias vão atuar paralelamente no Império brasileiro: uma que é oficial, quando o governo cria núcleos coloniais estrangeiros com a finalidade de abastecimento de gêneros agrícolas, outra particular, mas que também é estimulada por fatores governamentais que visa a obtenção de trabalhadores agrícolas para as grandes fazendas de café. Antes, porém de iniciar o processo de imigração, a classe dominante, os fazendeiros de café, fizeram com que se aprovasse a Lei de Terras de 1.850. Esta lei proibia a doação de terras devolutas aos estrangeiros e dificultava o acesso à terra ao imigrante recém-chegado. A propriedade da terra se daria somente através da compra. A imigração no Brasil intensificou-se a partir da aprovação da Lei de Terras quando vieram para o Brasil muitos italianos, alemães, portugueses, espanhóis entre outros. Em 1.854 nova lei provincial dispunha que a colonização seria feita com a venda das terras aos imigrantes, cujo pagamento poderia ser realizado à prazo que não excedesse a cinco anos. Se o imigrante viesse trabalhar por conta de outra pessoa, para os fazendeiros poderia ser de qualquer etnia para substituir, nas fazendas, os escravos mortos, fugidos e os que deixavam de vir da África.Ao contrário, a peocupação do governo imperial e de grande parte dos intelectuais era fazer da imigração um instrumento de “civilização”, referindo-se ao embranquecimento do país que estava ficando mulato e negro. A partir de 1.870 a vinda de imigrantes passou a ser incentivada e financiada pelo governo Imperial e pelo governo de algumas províncias, como São Paulo. Esses imigrantes tinham suas despesas pagas pelo governo e no Brasil eram empregados como trabalhadores assalariados.

Imigração no Paraná. A região Sul também foi contemplada desde o Império com recursos destinados à colonização, pela necessidade de ocupação efetiva do território das regiões de fronteira, evitando a invasão dos vizinhos platinos- Argentina,Uruguai e Paraguai.Ali se implantou o sistema de colônias agrícolas, com incentivos para a aquisição de terras pelos imigrantes onde a colonização sulina desempenharia ainda um outro papel: o de produzir alimentos para abastecer as regiões em que as atividades econômicas eram prioritariamente dedicadas à exportação, como era o caso de São Paulo. No Paraná, a primeira colônia de alemães a se estabelecer foi em Rio Negro,

Agora, após a leitura do texto identifique os motivos que levaram os europeus a deixarem o seu país no final do século XIX e tentar fazer a vida em outro país.

em 1.829, embora alguns desses imigrantes se transferissem, tempos depois, para as proximidades de Curitiba. A entrada indiscriminada de imigrantes e os fracassos com vários empreendimentos provocaram a suspensão de quaisquer despesa pública com estabelecimentos de núcleos coloniais. Através do Ato Adicional de 1.834 deu-se novo estímulo ao programa imigratório, quando o governo Imperial delegou aos governos provinciais a competência para promover e estimular em colaboração com o governo central o estabelecimento de colônias.Após a emancipação política do Paraná, em 1.853, o Governo Provincial pode realizar sua política imigratória. Daí em diante, o numero desses imigrantes para o Paraná foi constante. Além da entrada de alemães, italianos, poloneses em maior número, outras nacionalidades em número menor vieram para terras paranaenses como franceses, suíços,ucranianos, holandeses e outros.Ainda, a partir de 1.890 vieram os imigrantes asiáticos, sírio-libaneses, e japoneses,no início do século XX. No decorrer de quase um século de colonização, desde a fundação da colônia em Rio Negro, em 1.829, até o estabelecimento dos holandeses na colônia de Carambeí em 1.911 formaram-se mais de 100 núcleos coloniais e cerca de 100 mil colonos foram localizados em seu território. O estabelecimento de colônias agrícolas ao redor dos centros urbanos, povoadas por imigrantes europeus foi a saída encontrada para a escassez de produtos agrícolas e de subsistência.A localização dos novos contingentes étnicos em torno dos centros consumidores de Curitiba, Paranaguá, Morretes, Araucária, São José dos Pinhais, Antonina, Lapa, Campo Largo, Palmeira e Ponta Grossa foi estratégica, no sentido da produção de subsistência, voltada para abastecer os mercados internos. A importância política da imigração no Paraná é de duas ordens: a primeira pelo povoamento do território, diversificação das atividades econômicas e decisiva contribuição à urbanização, fatores que contribuíram para o crescimento das receitas públicas; a segunda, de se formar no Paraná,como no resto da região sul como um todo, a 1ª classe média do país (composta por pequenos proprietários rurais, artesãos e comerciantes), segmento que,pela sua simples presença concorreram para a democratização da propriedade e do poder.No Paraná a política imigrantista começa a adquirir um contorno mais nítido com sua emancipação política,onde nota-se o início do processo de industrialização bem como o auge do ciclo da erva-mate, a partir de meados do século XIX.As principais administrações provinciais paranaenses, a partir da década de 1.870, principalmente no Governo de Adolfo Lamenha Lins (1.875 – 1.877) procuraram estabelecer articulações entre a política de colonização e a de emancipação e acelerar a transição para uma sociedade livre,emergindo uma nova sociedade do trabalho, onde os colonos imigrantes desempenharam papel fundamental.A vinda de imigrantes europeus ajudou a criar um mercado local para os bens de consumo não-duráveis,que são característicos da maior parte da primeira fase da industrialização. Ao mesmo tempo, os imigrantes ajudavam a compor o nascente mercado de trabalho urbano e industrial. O beneficiamento e empacotamento da erva-mate foi responsável pela maior parcela do valor da produção industrial e das exportações do período, além de gerar significativo número de empregos diretos e indiretos em vários setores produtivos. Mas, ainda, as atividades relacionadas aos engenhos do mate ajudaram de forma decisiva a criar uma sociedade de mercado,inclusive o mercado de trabalho assalariado no Paraná,expandindo as relações de produção capitalistas. No final do século XIX podem ser observadas as manifestações mais visíveis como a transformação dos métodos de trabalho, a generalização das formas de pagamento assalariado e a incorporação de forma sistemática de inovações tecnológicas

voltadas à produção da erva-mate,de caráter marcadamente industrial, no impulso que as atividades de suporte à sua produção deram à urbanização e, finalmente,até mesmo na criação de uma burguesia de origem paranaense. Por ocasião da Emancipação Política da Província do Paraná (1.853),encontravam-se em Morretes 47 engenhos de erva-mate e em Curitiba,29. A construção da Estrada da Graciosa, iniciada em 1.853 e concluída em 1.873, intensificou ainda mais as atividades dessa indústria,ao colocar em contato mais fácil e rápido os fornecedores da folha da erva com os engenhos que se situavam a meio caminho entre estes e o porto de Paranaguá.A manutenção em funcionamento dos engenhos e a embalagem e transporte da erva requeriam considerável soma de empresas voltadas para áreas como metalurgia,madeireira e gráfica.Esse processo conferiu extraordinário impulso também ao conjunto da economia paranaense,pelo menos enquanto as exportações da erva se mantiveram em ascensão, o que ocorreu até a crise de 1.929. O objetivo principal do Estado com o incentivo à imigração era atrair principalmente “cultivadores úteis”para povoar o Paraná, mas os navios que atravessaram o Atlântico também trouxeram europeus ligados ao mundo urbano.. Ao longo do século XIX, muitos deles insatisfeitos ou inadaptados com a vida rural, transferiram-se sozinhos ou com suas famílias para outras cidades do Paraná . Dessa forma, italianos ,alemães,poloneses,franceses e pessoas de outras etnias vieram dar uma nova configuração para essas cidades. Na capital paranaense essa presença foi tão significativa que, em 1.872 Bigg Wither já anotava que a cidade possuía 9.500 habitantes,sendo 1.500 imigrantes. O Paraná, na virada do século XIX tinha aproximadamente 330.000 habitantes e sua população era predominantemente rural. No entanto, as cidades viriam a ser os centros de beneficiamento da matéria-prima oriunda do campo, eram serrarias, fábricas, olarias, cerâmicas, usinas de mate transferidas do litoral, compondo a paisagem citadina.

Não obstante, o processo de industrialização foi imensamente influenciado pela onda de imigração européia. Os imigrantes, na grande maioria, eram jovens, preponderantemente do sexo masculino e, portanto, imediatamente produtivos. Eles (os imigrantes) haviam sido, amiúde, habitantes de cidades ou tinham, pelo menos, experiência de trabalho assalariado e eram sensíveis aos seus incentivos. Os imigrantes, freqüentemente mais alfabetizados do que a classe brasileira, inferior, trouxeram habilidades manuais e técnicas que raro se encontravam no Brasil. Visto que uma das principais falhas da sociedade agrária brasileira consistia em não incentivar a aquisição das primeiras letras nem das habilidades artesanais, a importação desse capital humano consistiu um golpe tremendo, mais valioso do que as reservas de ouro ou mesmo do que a maquinaria. (Adaptadode DEAN apudHOLLANDA,2004,t.3,v.1,p.252-253.)

Atividade Identifique no texto a opinião do autor sobre a presença dos imigrantes no Brasil e a sua atuação na indústria.Em seguida produza uma narrativa histórica demonstrando a sua opinião sobre a participação dos imigrantes na indústria nacional.

A participação do imigrante na transformação da sociedade paranaense. Os imigrantes desempenharam papel importante na diversificação da atividade artesanal, no desenvolvimento do comércio e das pequenas e médias indústrias de caráter familiar ocorridos no Paraná ao longo do século XIX e início do XX. Por isso mesmo um observador, no começo do século XX, afirmava que em Curitiba já era fácil dispor de operários imigrantes e que várias indústrias começavam a ensaiar-se com a participação desse contingente,que com o tempo iria aumentar.Além de uma fábrica de fósforos havia também fábricas de velas,sabão,cerveja,meias,e começa va a funcionar outra destinada a produzir louça.Em volta da cidade se observava o aumento do número de imigrantes ostentando na frente das casas de comércio, os seus nomes de origem.(VICTOR,1996). O contato com a vida urbana provocou algumas mudanças no modo de vida e na estrutura familiar, o recurso para o sustento passou a ter uma outra fonte, o trabalho nas fábricas. As filhas moças dos colonos poloneses,por exemplo,trabalhavam também como operárias nas primeiras fábricas instaladas em Curitiba. Na fábrica de fósforos Fiat Lux ocupavam funções diversas: enlatadeiras, litografistas, empacotadeiras, seladeiras, entre outras.Trabalhavam 8 horas por dia e recebiam por hora, dispondo do intervalo para o almoço.É importante salientar que a industrialização em Curitiba teve início no final do século XIX, mas como afirmam Trindade e Martins, só “a partir dos anos 30 do século XX, Curitiba começava a viver um processo de transição rural para o urbano-industrial”(1997,p.116) A presença dos imigrantes alterou os hábitos das cidades paranaenses, pois, desde os primeiros tempos, cada etnia procurou organizar da mesma maneira que nas colônias, uma série de instituições com clubes, igrejas, escolas e associações políticas e artístico-culturais onde pudessem recriar a vida social que deixaram na Europa e preservar suas tradições.

Chega da Noruega, seu país de nascimento, já grande artista e é atirado pela gleba paranaense. Poderia, sob os céus claros e a luz fascinante da terra das araucárias, pintar o labor agradável das ceifas, o mar verde e ouro dos trigais ondulando voluptuosamente, a taça esmeralda dos pinheiros voltada para o azul, as águas estrondeantes das cataratas, o panorama sugestivo dos arredores curitibanos e fazer retratos. Alfredo Andersen, porém, faz mais. Deixa-se vencer pelo meio, embriaga-se com o vinho da poesia da terra, ama a natureza esplêndida que o cerca, ama a gente, de convívio simples e carinhoso, elege o Paraná a sua segunda pátria e fica. Não fica apenas. Faz mais do que qualquer outro estrangeiro: funda a pintura paranaense. Antes não havia escolas nem quem pudesse com sabedoria aproveitar as tendências que o meio, tão sensível à floração de manifestações estéticas, proporcionava, a quem soubesse abrir-lhes caminhos ao requinte da arte, polarizadora de emoções. Andersen ensina e enriquece o Paraná com uma plêiade de artistas que honram o Brasil e preparam novos valores. E durante quase meio século o ilustre pintor norueguês produz e ensina tornando-se o “ Pai da pintura do Paraná”, cuja capital tornou-o o seu cidadão pelos serviços prestados às artes no Estado –exemplo único no Brasil. (Adaptado de RUBENS,1995,p.25)

“PASSEIO PÚBLICO” de Alfredo Andersen

A convivência nos centros urbanos, dava chance a sucessivas tentativas de se romper as barreiras étnicas. A interação da população estrangeira não se deu tão facilmente devido as diferenças culturais. O processo de integração se consolidou de forma lenta iniciando nas camadas populares. Os imigrantes também provocaram de forma significativa modificações arquitetônicas e urbanísticas. Nas cidades de Castro, Rio Negro, Ponta Grossa, Paranaguá, Morretes, Antonina e Curitiba em pouco tempo disseminaram-se construções inspiradas nas técnicas e estilos da arquitetura européia. Por exemplo a construção da atual Catedral de Curitiba, no final do século XIX é uma síntese da participação de várias etnias. Contou como trabalho de um arquiteto francês, engenheiros italianos e alemães, mestres-de-obras, artífices e operários de diversas nacionalidades. Influenciaram também os imigrantes na arquitetura das habitações da cidade bem como da arquitetura religiosa, seguindo as orientações da igreja católica do final do século XIX, refletindo a mudança cultural de uma sociedade com presença marcante de imigrantes. Os imigrantes também foram responsáveis pelo surgimento de pequenas fábricas nas áreas urbanas, atendendo à demanda por tecidos, roupas, alimentos, bebidas, remédios, brinquedos. Dessas indústrias, muitas se deviam à iniciativa dos alemães e seus descendentes. Curitiba tinha, nessa época, o apelido de “a urbe alemã” devido à grande influência dos colonos dessa nacionalidade nos negócios e também na arquitetura e no cotidiano da sociedade. No setor de serviços destacavam-se os imigrantes que tinham saber técnico adequado ao exercício de determinadas profissões. Já o comércio, que crescia continuamente, acompanhava o ritmo imposto pela nova sociedade, sendo disputado por brasileiros e estrangeiros. Dessa forma, nas diversas regiões em que se instalaram, os estrangeiros foram agentes de transformação. Nas cidades, porém, contribuíram de forma peculiar para a construção de uma nova forma de viver urbano que iria caracterizar o cotidiano dos paranaenses na virada do século.

Pesquisa Em grupo, pesquise sobre a participação dos imigrantes na construção da sociedade paranaense. Registre em que setores atuaram e suas contribuições nos campos: artístico-cultural, artesanal, comercial, industrial, setor de serviços e outros.

Imigrantes italianos e poloneses em Campo Largo. 01 02 03 04 05 06

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01-Colônia Antonio Rebouças (imigrantes italianos e poloneses),02-Colônia Cristina (imigrantes poloneses),03-Colônia Balbino Cunha (imigrantes italianos e poloneses),04-Colônia Rondinha(imigrantes italianos ) ,05-Colônia Mariana(imigrantes italianos e poloneses), 06-Colônia Dom Pedro II(imigrantes poloneses),07-08-09-10-construções com traços europeus revelam o estilo dos imigrantes.11-Painel do imigrante italiano na Colônia Antonio Rebouças. (fotos:Denise A.P.Kuklik)

Pesquisa Em grupo, pesquise se em sua cidade existem colônias de imigrantes, se houve a participação de imigrantes na sua construção e em que setores observam-se as suas contribuições. Quais são as suas nacionalidades? Quais atividades se dedicaram? Seus descendentes procuram preservar suas tradições do país de origem? Na pesquisa observem e registrem a diversidade cultural através da arquitetura que compõem a colônia : igrejas, casas, clubes, escolas,associações políticas, artístico-culturais. Registrem tudo e depois organizem um painel para apresentá-lo à sua turma.Use imagens, fotografias, desenhos.

Curitiba- A Capital Belle Époque. Curitiba como capital do Estado precisaria adequar-se tanto aos anseios “cosmopolitas”, como às estratégias do acúmulo de capital de uma burguesia ervateira que estava começando a diversificar seus negócios. Para tanto, o desenvolvimento capitalista passava a exigir uma cidade que oferecesse serviços, que concentrasse as unidades produtivas, que congregasse um mercado consumidor e que organizasse e disciplinasse uma massa trabalhadora.Curitiba,na virada do século,era uma cidade que queria integrar-se ao mundo contemporâneo.A preocupação era integrar a cidade em um projeto civilizatório maior,uma correlata cabocla de Paris ou Londres.A palavra de ordem era tratar de esquecer ,o mais rápido possível,um passado colonial marcado pela pacatez e escravidão. A preocupação com salubridade e higiene foram marcas registradas da ação do poder público na Primeira República no Paraná, dirigindo-se para alguns pontos fundamentais: infra-estrutura e saúde pública. Na infra-estrutura incluíam-se o calçamento, alargamento de ruas e novas posturas de urbanização. Entretanto a estética espacial somente estaria presente no discurso do governo a partir de 1.912,com Carlos Cavalcanti de Albuquerque que escolheu e nomeou o prefeito Cândido de Abreu responsável em Curitiba,pela pavimentação de várias ruas e por grandes mudanças no quadro urbano.A reordenação arquitetônica espontânea e o embelezamento das cidades conduzido pelos poderes públicos, passou, então ,a ter prioridade em todo o Estado; pela ação administrativa, em muitos núcleos urbanos, as ruas receberam árvores ornamentais e foram criados novas praças e logradouros públicos. Como difusoras da nova cultura urbana situavam-se,além da capital, Paranaguá e Ponta Grossa.Nesse momento os habitantes das cidades saíram às ruas, já que, na virada do século, a modernização que atingiu o Paraná revestiu-se da característica de chamar as pessoas ao convívio no espaço público.As cidades paranaenses passaram a contar com cafés e salas de espetáculo,parques e praças.Nas ruas principais,surgiram agências bancárias e casas comerciais. A presença dos operários nos núcleos urbanos paranaenses dava-se em função do desenvolvimento, naquele momento, de várias atividades industriais na capital e no interior. Nesse sentido, o curitibano de então passou a fazer questão de incorporar novas experiências que mudassem sua percepção do mundo que o rodeava. O curitibano passou a conviver no seu cotidiano com artefatos mecânicos como cinematógrafos,´fonógrafos, gramofones, telégrafos, telefones, câmaras fotográficas; e passou a presenciar os feitos das “maravilhas” do transporte ferroviário,da iluminação elétrica,dos balões,dos aeroplanos e dos bondes elétricos.No entanto, por trás dessa “modernidade” prosseguia no Brasil a consolidação de uma economia de mercado e da formação de uma mão de obra livre.No caso paranaense,a mão de obra imigrante não era totalmente aproveitada,gerando um excedente que tendia se concentrar na capital do Estado,sujeito a miséria e a vadiagem.Era necessário naquele momento histórico transformar o homem livre despossuído em trabalhador.E a introjeção dessa ética do trabalho incidia na repressão policial e na segregação espacial,pois os planos urbanísticos caracterizavam-se por refletirem a intervenção política no nível ideológico.Os melhoramentos introduzidos faziam parte da construção pelas classes dominantes ao se apoderar do aparelho do Estado, passavam a remodelar a cidade de acordo com seus anseios e interesse próprios. A década de dez, em Curitiba, vai ser marcada por um grande crescimento populacional. A população da cidade passaria de aproximadamente 50.000

habitantes em 1.900 para quase 60.000 em apenas dez anos. Isso acarretou uma série de problemas na infra-estrutura urbana, que não havia acompanhado esse crescimento demográfico. Uma das exigências fundamentais de uma cidade capitalista é a circulação de mercadorias. As atividades a ela são dominantes, transformando as relações sociais dos seus habitantes. Com o agrupamento de todas essas pessoas nas cidades, os governantes trataram de providenciar a organização de forças policiais encarregadas da vigilância e repressão de desordeiros e desajustados. Criavam-se, assim padrões de comportamento adequados a um novo convívio urbano.Abrir avenidas nesse contexto foi fundamental. O sistema de circulação em Curitiba, no início do século, estava voltado para o transporte da produção agrícola, do cinturão verde das colônias ao redor da cidade, para os pontos de comércio; e do escoamento da produção do mate para a estação ferroviária e,desta,para o porto de Paranaguá. O transporte coletivo, naquela época, consistia, em alguns bondes puxados por animais. A eletrificação destas linhas só ocorreu na segunda gestão de Cândido de Abreu.(1.913-1.916) Portanto, o sonho de modernidade e a procura frenética e ilusória de ideais de civilização de Curitiba, faziam parte das modificações que estavam se operando, em níveis mundiais, na expansão periférica, no caso brasileiro do capitalismo monopolista.

CUIDADO E HARMONIA A área urbana é o processo que melhor retrata a ação humana sobre o meio físico. A paisagem urbana, quando bem estruturada, com a presença ordenada de elementos naturais como a vegetação, proporciona inúmeros benefícios à comunidade, que vão muito além dos seus custos de implantação e manutenção. Os parques. praças e outros tipos de áreas verdes, juntamente com uma adequada arborização de ruas, colaboram com a melhoria da qualidade do ar, redução da poluição sonora, redução do consumo de energia e aumento do conforto térmico nos centros urbanos, sem considerar os benefícios estéticos e psicológicos que a paisagem natural promove nas pessoas. As cidades precisam de planejamento para crescer com harmonia. O crescimento ordenado inclui cuidados básicos, como a ocupação planejada do solo, a exploração racional da água, asfaltamento de ruas, construção de creches, escolas e hospitais, pólos de trabalho, lazer e cultura. Tudo isso serve para garantir o bem-estar das pessoas e adequar a expansão urbana ao meio ambiente. Porém em muitos casos o espaço urbano é ampliado de qualquer jeito:casas são construídas em morros e nas margens de represas ou córregos; o lixo contamina o solo e a água; e o saneamento básico não chega a todas as casas. ( Adaptado de SILVA,Mundo Jovem,maio 2006,p.10)

CURITIBA, RUA XV DE NOVEMBR0 CURITIBA, RUA XV DE NOVEMBR0 ESQUINA COM A RUA MONSENHOR ESQUINA COM A RUA MONSENHOR CELSO, EM 1.900 CELSO, EM 2007.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BALHANA, Altiva Pilatti ;MACHADO,Brasil Pinheiro;WESTPHALEN,Cecília Maria.História do Paraná.vol.1,Curitiba,Grafipar,1969. BRANDÃO,Ângela. A Fábrica de ilusão: o espetáculo das máquinas num parque de diversões e a modernização de Curitiba (1.905-1.913).Curitiba: Fundação Cultural de Curitiba,1994. CARDOSO Ciro Flamarion;VAINFAS Ronaldo,Domínios da História: ensaios de teoria e metodológica,18ª tiragem.Rio de Janeiro,Elsevier,1997. CARNEIRO,David.História do Período Provincial Do Paraná.Curitiba,Banestado 1994. JÚNIOR,Valério Hoerner.Curitiba 1900.Curitiba,Secretaria de Estado da Cultura e do Esporte,1984. MAGALHÃES Marion Brepohl de,Paraná:Política e Governo,Curitiba,SEED,2001 (Coleção História do Paraná;textos introdutórios). MARTINS Romário, Terra e gente do Paraná,Curitiba,Coleção Farol doSaber,Curitiba,1995. NADALIN Sérgio Odilon, Paraná:Ocupação do Território,População e Migrações. Curitiba,SEED,2001.(Coleção História do Paraná;textos introdutórios). OLIVEIRA Dennison de,Urbanização e Industrialização no Paraná, Curitiba,SEED, 2001.(Coleção História do Paraná; textos introdutórios). RAMINELLI,Ronald.História urbana:In:Domínios da História:ensaios de teoria e metodologia,18ª tiragem.Rio de Janeiro:Elsevier,1997.

Atividade Observe as fotos do centro de Curitiba, capital do Estado do Paraná, em 1.900 e 2007, do mesmo local.Podemos perceber muitas mudanças através da ação do homem sobre a área urbana. Escreva sobre as mudanças ocorridas sobre a área urbana que você notou através da observação das duas fotografias.

RUBENS,Carlos.Andersen, pai da pintura paranaense.Curitiba,Fundação Cultural,Coleção Farol do Saber,1995. SANTOS,Carlos Roberto Antunes dos, Vida Material-Vida Econômica, Curitiba,SEED,2001.(Coleção História do Paraná;textos introdutórios). SCHMIDT,Maria Auxiliadora;CAINELLI,Marlene.Ensinar História.São Paulo:Scipione,2004. SÊGA,Rafael Augustus,A Capital Belle Époque: A reestruturação do quadro urbano de Curitiba durante a gestão do prefeito Cândido de Abreu 1913-1916.Curitiba:Aos Quatro Ventos,2001. STECA,Lucinéia Cunha;FLORES,Mariléia Dias.História do Paraná: do século XVI à década de 1950.Londrina,Ed.UEL,2002. TRINDADE,Etelvina Maria de Castro; ANDREAZZA,Maria Luiza.Cultura e Educação no Paraná.Curitiba,SEED,2001.(Coleção História do Paraná;textos introdutórios).