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PENSÃO POR MORTE Curso de Prática Previdenciária Fevereiro/2014 1 Professor: Daniel Machado da Rocha http://www.facebook.com/professores.direitoprevidenciario ESTUDO DE CASO 01 - Habilitação posterior  MARIA ANTONIETA e NAPOLEÃO BONAPARTE ajuizaram ação postulando o restabelecimento da pensão por morte que foi cessada em dezembro de 2011. Alegaram que titularizaram o benefício de pensão desde o óbito do filho (11/06/1999) até dezembro de 2011, quando, então,  esta foi cessada pela Autarquia Previdenciária, em face da posterior habilitação da filha do "de cujus", cujo reconhecimento da paternidade deu-se na via judicial. Em suas razões, os demandantes alegam que deveriam permanecer recebendo o benefício, em rateio com a filha do de cujus, habilitada posteriormente, eis que dependiam do falecido e obtiveram o benefício por mais de dez anos, estando, agora, com idade avançada, e necessitando do dito rendimento. Sustentam a ocorrência do direito adquirido.(L07) 2

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  • PENSO POR MORTE

    Curso de Prtica PrevidenciriaFevereiro/2014

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    Professor: Daniel Machado da Rocha

    http://www.facebook.com/professores.direitoprevidenciario

    ESTUDO DE CASO 01 - Habilitao posterior MARIA ANTONIETA e NAPOLEO BONAPARTE

    ajuizaram ao postulando o restabelecimento da penso pormorte que foi cessada em dezembro de 2011. Alegaram quetitularizaram o benefcio de penso desde o bito do filho(11/06/1999) at dezembro de 2011, quando, ento, esta foicessada pela Autarquia Previdenciria, em face daposterior habilitao da filha do "de cujus", cujoreconhecimento da paternidade deu-se na via judicial.Em suas razes, os demandantes alegam que deveriampermanecer recebendo o benefcio, em rateio com a filha dode cujus, habilitada posteriormente, eis que dependiam dofalecido e obtiveram o benefcio por mais de dez anos,estando, agora, com idade avanada, e necessitando do ditorendimento. Sustentam a ocorrncia do direitoadquirido.(L07)

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  • ESTUDO DE CASO 01 CONTESTAO DA FILHA: Alegou que, nos

    termos da LBPS, os pais apenas concorrem ao benefciona ausncia dos dependentes de primeira categoria.Faleceu logo aps a contestao, o que foi comunicadonos autos pelo procurador.

    CONTESTAO DO INSS: Alegou que, embora oato administrativo de concesso da penso aos pais dofalecido tenha sido regular, a partir do registro da filhado de cujus, ela passou a ser reconhecida como nicabeneficiria. Apesar de o benefcio ter sido extinto em2012, em face do bito da filha do segurado, no seriapossvel a reverso do benefcio.

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    PENSO POR MORTE - Requisitosa) Manuteno da qualidade de segurado do

    falecido (2 do art. 102 e Smula 416 do STJ);

    Carncia dispensada (I do art. 25 da LBPS)!

    b) Condio de dependente de quem objetivaa penso (Smula 340 do STJ).

    c) A ocorrncia do evento morte (risco especfico);

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  • 5ESTUDO DE CASO 01 a) Classes de dependentes da LBPS

    b) Concorrncia de dependentes (na mesma classe ou emclasses diferentes - 1 do art. 16 da LBPS )

    c) Habilitao posterior (art. 76 da LBPS)

    Art. 16 LBPS (alterado pela Lei n. 12.470/11)

    1 A existncia de dependente de qualquer dasclasses deste artigo exclui do direito s prestaes osdas classes seguintes.

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    I - o cnjuge, os companheiros, o filho no emancipado, menor de 21 anosou invlido, ou que tenha deficincia intelectual ou mental que o torneabsoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente;

    II os pais

    III: o irmo, no emancipado, menor de 21 anos ou invlido, ou que tenhadeficincia intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamenteincapaz, assim declarado judicialmente.

  • 7CASO 01 SOLUO TRADICIONAL PREVIDENCIRIO. PENSO POR MORTE DE FILHO.

    RESTABELECIMENTO. "TEMPUS REGIT ACTUM". DECRETO89.312/84 DEPENDENTES DE CLASSES DIVERSAS. EXCLUSODOS PAIS. NO CONFIGURADO O DIREITO ADQUIRIDO. (...)O direito ao rateio da penso d-se apenas entre dependentes demesma classe. 3. Se aps a concesso da penso por morte para ospais do falecido segurado foi comprovada a existncia de filha, emao de investigao de paternidade, e tendo ela se habilitado aorecebimento do benefcio, os anteriores titulares no fazem jus manuteno da penso, nem mesmo ao seu rateio. 4. Em que pese otempo que os pais do falecido j receberam a penso, no h falar emdireito adquirido se o recebimento do benefcio de penso sempre foicondicionado, pela legislao, ausncia de dependentes habilitadosde classe superior. (TRF4, AC 2008.72.01.000407-0, Quinta Turma,Relator Hermes Siedler da Conceio Jnior, D.E. 12/05/2011)

    CASO 01 SOLUO ALTERNATIVA 8. Impossibilidade, no caso concreto, de observncia do preceito

    contido no 1 do referido art. 16, segundo o qual a existncia dedependentes de qualquer das classes exclui o direito das classesseguintes. A habilitao do autor como pensionista do de cujus,no poderia importar na excluso de sua av como beneficiriade 50% do valor da penso em tela, com aconseqente reverso de sua cota-parte. Excluir a av que foibeneficiria da penso por quase dez anos, a essa altura, quando amesma j conta com 63 anos e no tem profisso definida jque do lar equivaleria a deix-la completamentedesamparada, sem condies de prover a sua prpriasubsistncia, o que seria um ato, no mnimo, desumano, alm dedesarrazoado. Observncia aos preceitos contidos no art. 230 daCF e no art. 3 da Lei n 10.741 de 01/10/2003, o Estatuto doIdoso. Mantida a percepo concomitante da penso por mortepelo autor e pela segunda r, na proporo de 50% dos proventospara cada um. (...) TRF-2, AC 397377, processo200351100026393, 2 Turma Especializada, Rel.Des. LilianeRoriz, DJU - Data:: 17/03/2008 - Pgina:: 339/340)

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  • 9ESTUDO DE CASO 02 Ex-cnjuge Um determinado casal, constitudo por Joo e Maria,

    depois de certo tempo de vida conjugal, em razo dea convivncia ter deixado de ser proveitosa paraambos, resolve dissolver a sociedade conjugal. Naocasio, os cnjuges dispensam mutuamente opagamento de alimentos na separao consensual.Transcorre o lapso de 10 anos e um deles passa aenfrentar uma situao de dificuldade financeira.Como soluo dos problemas econmicos, deliberaingressar com uma ao de alimentos contra o ex-cnjuge. Nesse caso, deve o juiz conceder alimentos?

    (STJ, AGA n 1.044.922, Raul Araujo, 4 T., DJE02.08.2010).

    (STJ, REsp 1143762, Rel. p. Ac. MASSAMI UYEDA,3 T., DJe 26/03/2013).

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    ESTUDO DE CASO 02 Ex-cnjuge

    Como visto no exemplo citado, os cnjuges dispensarammutuamente o pagamento de alimentos na separaoconsensual. Transcorre o lapso de 10 anos e um delespassa a enfrentar uma situao de dificuldade financeira.Porm, antes do ingresso da ao que busca o pagamentode alimentos Joo vem a falecer. A condio dedependncia previdenciria teria sido mantida para finsde deferimento de penso?

  • PERDA DA QUALIDADE DE DEPENDENTE NA LBPSArt. 17. (...) 2 O cancelamento da inscrio do cnjuge seprocessa em face de separao judicial oudivrcio sem direito a alimentos, certido deanulao de casamento, certido de bito ousentena judicial, transitada em julgado.

    Art. 76 (...) 2 O cnjuge divorciado ou separadojudicialmente ou de fato que recebia penso dealimentos concorrer em igualdade de condiescom os dependentes referidos no inciso I do artigo16 desta Lei.

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    SOLUES APONTADAS PELA JURISPRUDNCIA Smula 64 do extinto TFR: A mulher que dispensou, no acordo de

    desquite, a prestao de alimentos, conserva, no obstante, o direito penso decorrente do bito do marido, desde que comprovada anecessidade do benefcio.

    Smula n 336 do STJ: A mulher que renunciou aos alimentos naseparao judicial tem direito penso previdenciria por morte doex-marido, comprovada a necessidade econmicasuperveniente.

    Uma interpretao do TRF4, quando h disputa de ex-esposa ecompanheira: Distingue-se duas situaes: (i) a dependnciaeconmica do cnjuge separado que recebia penso de alimentos presumida (art. 76, 2 c/c art. art. 16, 4); (ii) a dependnciaeconmica do cnjuge separado que no recebia penso dealimentos deve ser comprovada. (TRF4, APELREEX 5000824-24.2012.404.7009, Sexta Turma, Relator p/ Acrdo Paulo Paim da Silva,D.E. 19/12/2013)

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  • COMPANHEIROS Art. 16 LBPS. (...) 3 Considera-se companheira ou companheiro a

    pessoa que, sem ser casada, mantm unio estvelcom o segurado ou com a segurada, de acordocom o 3 do Art. 226 da Constituio Federal.

    Art. 226. A famlia, base da sociedade, temespecial proteo do Estado.

    (...) 3 - Para efeito da proteo do Estado,

    reconhecida a unio estvel entre o homem e amulher como entidade familiar, devendo a leifacilitar sua converso em casamento.

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    Posio do STF no RE 397.762-8.

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  • REPERCUSSO GERAL

    A Turma Recursal dos Esprito Santo, reconheceudireitos previdencirios concubina de umsegurado conviveu por mais de 20 anos, em uniopblica e notria, apesar de ele ser casado,inclusive tendo filho com ela. A deciso recorridadeterminou que a penso por morte fosse rateadaentre a concubina e viva. A questo levantadapelo INSS, em 27 de maro de 2012, teverepercusso geral reconhecida pelo STF no RE669465 .

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    COMPANHEIROS HOMOSSEXUAIS A previso administrativa dos companheiros ocorreu em

    face de uma ACP proposta em Porto Alegre (AC n2000.71.07.00.009347-0). A deciso de primeiro grau foiconfirmada pelo TRF 4R, relator Desembargador JooBatista Pinto Silveira, 6 T., DJ 10.08.05.

    STJ, RESP n 395.904/RS, rel. Min. Quaglia Barbosa, 6T.,DJ 06.02.06.

    Deciso do STF na ADPF 132/RJ

    RESOLUO 175/2013 CNJ Dispe sobre a habilitao,celebrao de casamento civil, ou de converso de unioestvel em casamento, entre pessoas de mesmo sexo.

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  • UNIES ESTVEIS CONCOMITANTES O STF, em 16 de maro de 2012, reconheceu a existncia

    de repercusso geral na questo alusiva possibilidadede reconhecimento jurdico de unies estveisconcomitantes (uma de natureza homoafetiva e outraheterossexual). O processo um Agravo em RecursoExtraordinrio (ARE 656298) contra deciso doTribunal de Justia do Estado de Sergipe que decidiupela impossibilidade de reconhecimento da relaohomoafetiva diante da existncia de declarao judicialde unio estvel entre o falecido e uma mulher emperodo concomitante.

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    ESTUDO DE CASO 03 Morte presumida A autora ajuizou a ao declaratria de ausncia em

    03.03.2006, na Comarca da Justia Estadual. A sentena quedeclarou a morte presumida de Deodoro da Fonseca s foiproferida em 01/07/2010, pelo Juzo Federal, apsjulgamento de conflito de competncia. A sentena fixou adata da morte presumida em 25.07.2003. Em 10.07.2010 aautora deu entrada ao seu pedido de penso, sendo obenefcio concedido a contar da DER. Assim, ajuizou apresente ao em 15.08.2012, buscando a condenao doINSS a pagar os valores relativos ao seu benefcio de pensopor morte, desde o ajuizamento da ao declaratria deausncia de Deodoro da Fonseca na Comarca da JustiaEstadual, at a implantao do benefcio ocorrida em10.07.2010.

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  • ESTUDO DE CASO 03 - Morte presumida O INSS contestou argumentando, preliminarmente, a

    prescrio. No mrito disse que o pedido no pode seratendido, pois contraria o disposto no inciso III do art. 74 daLei n 8.213/91, o qual prev que o benefcio da penso pormorte devido ao conjunto dos dependentes do segurado acontar da deciso judicial, no caso de morte presumida.

    A sentena julgou parcialmente procedente o pedido paracondenar o INSS a pagar autora a parcela referente aoperodo de 01/07/2010 a 09/07/2010 (inclusive),considerando a data da sentena que declarou a mortepresumida do cnjuge. Recorreu a parte autora postulando opagamento do benefcio desde o ajuizamento da aodeclaratria de ausncia na Justia Comum, ou seja,03.03.2006.

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    MORTE PRESUMIDA Art. 78. Por morte presumida do segurado, declarada

    pela autoridade judicial competente, depois de 6(seis) meses de ausncia, ser concedida pensoprovisria, na forma desta Subseo.

    1 Mediante prova do desaparecimento dosegurado em conseqncia de acidente, desastre oucatstrofe, seus dependentes faro jus pensoprovisria independentemente da declarao e doprazo deste artigo.

    2 Verificado o reaparecimento do segurado, opagamento da penso cessar imediatamente,desobrigados os dependentes da reposio dosvalores recebidos, salvo m-f.

    Competncia no caso do caput do art. 78? (STJ,CC 130296/PI, Srgio Kukina, 1 S., DJe29/10/2013).

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  • Penso e contagem recproca - CASO 04 MARIA APARECIDA foi aprovada em concurso pblico,

    exercendo atividades como funcionria pblica da administraomunicipal, vinculada ao regime estatutrio, por mais de dez anos.Depois de aposentada por invalidez (14/08/2001), tendo recebidoo benefcio por mais de 03 anos, tem o vnculo com o Municpiodesconstitudo pelo Tribunal de Contas do Estado - TCE, porirregularidades no concurso pblico a que se submeteu, tornandosem efeito os enquadramentos previdencirios mantidos atento.

    Ocorre que a servidora faleceu em 15.10.2005. Com o bito,considerando que a servidora permaneceu invlida at o bito ofilho absolutamente incapaz requereu o benefcio de penso pormorte junto ao INSS, o qual foi indeferido sob a alegao de que, poca do bito, a falecida no gozava da qualidade de segurada.Defendeu que foi mantida a qualidade de segurada. Disse quedeve ser reconhecida a concesso de aposentadoria por invalidezpermanente, a qual deveria ter sido concedida e mantida peloRGPS.

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    ESTUDO DE CASO 04 O INSS contestou o feito, invocando preliminarmente a

    prescrio. No mrito, alegou que a falecida no tinha qualidadede segurada da Previdncia Social no Regime Geral, uma vezque seu ltimo vnculo se encerrou em 29.11.1989 e o bitoocorreu em 15.10.2005, no sendo possvel computar o vnculoestatutrio com o Municpio de Bento Gonalves que teve de1991 a 2003. Com efeito, para fins de contagem recproca dotempo de contribuio seria necessrio que a segurada retornasseao regime geral, pagando pelo menos uma contribuio paraviabilizar o aproveitamento das anteriores.

    No caso dos autos, como a segurada ficou invlida quando eraservidora pblica, o seu retorno no seria vivel ao RGPSporquanto a segura j estaria incapaz. Invocou a SMULA N. 53DA TNU: No h direito a auxlio-doena ou a aposentadoriapor invalidez quando a incapacidade para o trabalho preexistente ao reingresso do segurado no Regime Geral dePrevidncia Social. 22

  • Art. 24. Compete Unio, aos Estados e ao DistritoFederal legislar concorrentemente sobre:

    (...) XII - previdncia social, proteo e defesa da sade;

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    REGIMES PREVIDENCIRIOS

    REGIME DE ORIGEM REGIME INSTITUIDOR

    Arts. 94 a 99 da LBPS; Leis n 9.717/98, 9.796/99 e 10.887/04

    SOLUO CASO 04 PREVIDENCIRIO. PENSO POR MORTE EM

    RAZO DO FALECIMENTO DE SEGURADAVINCULADA A REGIME PRPRIO. ANULAO DOATO DE NOMEAO. VINCULAO AO REGIMEGERAL. 1. O cancelamento ex-tunc do vnculo com oregime prprio implica a vinculao obrigatria com oregime geral, pelo exerccio de atividade que enseja talvnculo, nos termos do artigo 12, I, letras a e g, da Lei8.212/91. 2. Direito penso por morte, uma vez que obito ocorreu quando mantinha qualidade de segurado.(TRF4, APELREEX 5001076-74.2010.404.7113, SextaTurma, Relator p/ Acrdo Paulo Paim da Silva, D.E.23/08/2013)

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