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Matheus Nachtergaele pergunta: QUAL É A DOR DA DANÇA DE ... · era uma pessoa agitadíssima, mas, ao mesmo tempo, bastante retraída toda vez que alguém tentava conversar comigo.”

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Page 1: Matheus Nachtergaele pergunta: QUAL É A DOR DA DANÇA DE ... · era uma pessoa agitadíssima, mas, ao mesmo tempo, bastante retraída toda vez que alguém tentava conversar comigo.”

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QUAL É A DOR DA DANÇA DE UMA MULHER BRASILEIRA?

Matheus Nachtergaele pergunta:

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Regina advento responde: A mulher brasileira não sente dor quando

dança. Ela transcende. A dor mesmo é pensar em não poder mais dançar um dia.

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POR Manoella Barbosa, de Wuppertal, Alemanha FOTOS Isabela Pacini

A DANÇA DO ENCONTROComo a mineira Regina Advento

cruzou o caminho da coreógrafa Pina Bausch e se transformou em um dos principais nomes da companhia de fama mundial

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PERSONNALITÉ

“A última vez que vi a Pina viva foi bem ali.” Regina Advento aponta para uma porta dentro do Tanztheater, o lendário teatro de Wuppertal, cidade a 30 km de Dusseldorf. “Ninguém sabia que ela estava doente. Pina vinha produzindo seu último trabalho, Como el musguito, en la piedra, ay si, si. Eu era substituta dessa peça e fi cava na parte de cima da plateia, vendo os ensaios. Nesse dia, entrei pela porta do banheiro e ela estava lá, arrumando os cabelos, em frente ao espelho. Trocamos um olhar. Pina me deu um sorriso. Não percebi sua fragilidade. E foi isso. Esse foi o último gesto. Um sorriso, a última conexão que tive com ela”

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REGINA ADVENTO

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A primeira conexão entre Pina Bausch (1940-2009) e Regina Advento aconteceu décadas atrás. Na verdade,

essa história começa antes mesmo de duas das principais dançarinas do mundo se encontrarem frente a frente. Essa história começa em 1973, em um colégio de elite em Belo Horizonte e com uma garotinha que jamais imaginou ter a chance de um dia subir num palco.

Regina Advento tinha 9 anos. Filha de um pedreiro e de uma empregada doméstica, a menina estudava em uma instituição de classe média alta da capital mineira por conta de um gesto de generosidade. “A diretora dessa escola se chamava Magdalena Gastelois, era patroa da minha mãe, Ambrosina”, explica. “Eu a chamava de Madá. Uma pessoa incrível. Ela tratava a mim e ao meu irmão, Reginaldo, como se fôssemos da família. Era a minha mãe branca.”

Na sala de aula, no entanto, Regina enfrentava problemas. “Era praticamente a única negra lá”, diz. Por conta disso, ou-via provocações. “Tinha uns coleguinhas que me chamavam de negra, naquele tom pejorativo, bem desagradável. Eu era uma menina muito agitada, gostava de correr, jogar futebol com os meninos, era meio masculina”, conta. “O negócio é que, quando me ofendiam, eu reagia, batia, brigava. Vivia com essa energia mal direcionada.”

Aconselhada por Magdalena, a mãe de Regina matricu-lou-a em um curso de balé para dissipar a agressividade. “Eu não gostava de dança, no começo”, lembra. “Demorou bas-tante até engrenar. Tinha preguiça de sapatilha... Mas aí, uns dois anos depois, um professor veio dar aula para a gente na escola.” O professor se chamava Pedro Pederneiras.

Em 1975, ao lado dos irmãos Paulo e Rodrigo, Pedro fundaria uma companhia de dança que, em pouco tempo, se tornaria uma das mais premiadas e conhecidas do Brasil: o Grupo Corpo. O professor enxergou potencial naquela menina esguia e a cativou. “Eles me deram uma bolsa”, diz. “São muito im-portantes na minha vida. Tiveram muita paciência comigo. Eu era uma pessoa agitadíssima, mas, ao mesmo tempo, bastante retraída toda vez que alguém tentava conversar comigo.”

Quando completou 18 anos, Regina foi convidada a entrar para o corpo principal de bailarinos da companhia. Passa-ria os sete anos seguintes participando de produções como Prelúdios, de 1985, Bachiana, de 1986, e Missa do orfanato, de 1989 – esta lhe renderia o troféu de melhor dançarina em premiação do Sindicato dos Artistas de Minas Gerais. No ano seguinte, atuando em A criação, seu último trabalho com a companhia, receberia o mesmo título pela Associação Paulis-ta de Críticos de Arte.

TESTE DE FOGOO primeiro contato de Regina com o trabalho de Pina se deu em 1983. Emilio Kalil, então diretor administrativo da compa-nhia, organizou uma mostra de vídeos de arte em Belo Hori-zonte. “Era uma seleção sobre o mais importante na história da dança”, conta Regina. “Entre essas obras, havia um trecho de A sagração da primavera, um espetáculo montado pela Pina em 1975.” A mineira relembra a experiência gesticulando. Com as mãos, imita uma tela e descreve as imagens: “Tinha um pano vermelho em cena. Uma coisa linda, linda. Aquela cor fortíssima fi cou na minha cabeça. E a expressividade das bai-larinas! Foi um negócio que me impressionou muito. Pensei na hora: ‘Um dia ainda quero fazer isso na minha vida’”. Os cami-nhos da brasileira e da alemã começavam, enfi m, a convergir.

Levaria sete anos para que a oportunidade de se conhece-rem vis-à-vis surgisse. Em 1990, Regina soube que Ouviu-se um grito no alto da montanha, espetáculo criado por Pina Bausch em 1984, faria temporada no Rio. Além disso, a companhia alemã realizaria audições. A mineira decidiu viajar para ver a montagem. “E não gostei do que vi!”, diz.

NA PÁGINA AO LADO, REGINA ADVENTO AO LADO DA COREÓGRAFA PINA

BAUSCH, EM SÃO PAULO (DEZEMBRO DE 2000). ACIMA, MAGDALENA, A

“MÃE BRANCA” DE REGINA, COM JASMIN, A FILHA DE REGINA, EM FOTO

DE JULHO DE 2000, DURANTE AS FÉRIAS EM AVIGNON (FRANÇA)

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PERSONNALITÉ

“Era uma peça parada, não tinha dança, e eu vinha do Grupo Corpo, que é puro movimento. Fiquei na dúvida até se fazia ou não a audição.” Para completar, na hora dos testes, havia uma fi la imensa. “Achei que a Pina jamais me enxergaria”, conta. “Na minha vez, ela colocou a cadeira grudada em mim. E eu comecei a errar tudo.” A brasileira, no entanto, conseguiu se aprumar e mostrar técnica em meio a aspirantes talentosos. A coreógrafa carioca Deborah Colker, por exem-plo, participou da audição. “Fui até ali só para me aproximar da Pina”, conta Deborah. “Ela era uma grande referência.” Ao fi nal das sessões, Regina foi chamada por uma secretária da alemã. “Mal conversei com a Pina nesse dia”, lembra. “E, de repente, tinha recebido um convite! A verdade é que vim parar na companhia dela por pura curiosidade. Eu estava no auge da minha carreira no Brasil. Mas botei na cabeça que iria só para ter uma avaliação sobre o meu trabalho por uma profi ssional que nunca tinha me visto dançando. Era só isso.”

Em dezembro de 1990, seis meses após a audição no Rio, a brasileira desembarcaria em Essen, na Alemanha, onde Pina era diretora do FTS, o Folkwang Tanzstudio, o grupo da

Universidade de Arte. “Chovia, eu tinha um monte de tralha. Desci daquele trem sem a roupa apropriada. Sentia frio”, nar-ra. “Mas senti também que aquele era um passo importante.”

Regina permaneceria dois anos e meio com o grupo. À época, Pina acumulava funções nas duas instituições, em Essen e Wuppertal. “O FTS foi a minha primeira estação na Alemanha, mas sempre dava um jeito de viajar para ver os espetáculos no Tanztheater. No começo, via a Pina de perto e simplesmente não conseguia falar com ela. Tinha vergonha.”

Com o passar dos meses, mesmo sem falar alemão e inglês, a vida em Essen ganhou uma rotina. Um dos acontecimentos decisivos para que se sentisse, fi nalmente, em casa se deu quando conheceu o economista Frank Struckmeyer, hoje com 49 anos. “Na primeira vez que o vi, percebi uma aura muito forte, como se fosse uma luz”, conta, a voz baixa e aveludada. “Ele vestia uma jaqueta jeans e um lencinho no pescoço. E o mais engraçado: nunca tinha ouvido falar de Pina Bausch, nunca tinha ido a um balé.” De repente, o alemão vivia entre alguns dos artistas mais vanguardistas do planeta. “Lembro de uma vez, quando apresentávamos Sanguis, e o palco era um

REGINA ADVENTO IMPROVISA PASSOS DE DANÇA NAS

ESCADARIAS DO TANZTHEATER, EM WUPPERTAL, NA ALEMANHA,

DURANTE O ENSAIO DE FOTOS PARA A REVISTA PERSONNALITÉ

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“TENHO A RESPONSABILIDADE

DE MANTER A CHAMA DE PINA BAUSCH

ACESA”

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quadrado cheio de areia”, conta e ri. “Essa areia subia enquan-to dançávamos, então a sala fi cava cheia de poeira, uma bagun-ça. E o coitado do Frank ali, em choque...”

Em 1993, Regina Advento entraria para a companhia prin-cipal em Wuppertal. Era a primeira vez que uma brasileira fazia parte do grupo. Apelidada por Pina de Reginchen, uma corruptela de seu nome, Regina participou de 29 produções até a morte da coreógrafa. Nesse caminho, foi nomeada três vezes a melhor dançarina da temporada pela publicação alemã Ballettanz (1995/1996, 1996/1997 e 2000/2001). “Não ligo mui-to para esse tipo de coisa. Acho um erro ter essa identifi cação com os elogios, com o sucesso. Mais importante do que isso é você saber o seu próprio valor. As qualidades que tenho são independentes de como as pessoas me enxergam.”

Ainda assim, não faltam elogios a seu talento. Para Deborah Colker, Regina é “incrível”. “Não acompanhei o trabalho dela no Corpo, mas na Pina Bausch, sim”, explica. A carioca vê na colega a representação de um tipo especial de dançarino: “Ela é dessas que se apropriam do conceito, da ideia do coreógrafo. Regina encena Pina como se aquilo fosse dela. Entra em pleno contato com o que a Pina quer contar”.

Fora dos palcos, o dia a dia de Regina Advento é frugal. Aos 51 anos, gosta de passear em parques e na fl oresta que circun-da sua cidade, ao lado do marido e da fi lha, Jasmin, 16 anos. “Frank faz caminhada, anda de bicicleta, participa de meia maratona. Quando estamos todos juntos, saímos de manhã cedo e passamos o dia caminhando.” Pergunto se nas horas vagas o casal dança. “Eu adoraria”, ela diz sorrindo. “Mas ele não sabe, não gosta. Pisa no meu pé, um horror. Já desisti.”

O LEGADO DE PINAAlém de seguir na companhia fundada por Pina, Regina toca projetos paralelos e gosta de falar a respeito. “Poderia fi car de pernas cruzadas em casa tomando café e vir ao teatro quando tivesse espetáculo. Mas as possibilidades me estimulam e me levam a novos patamares. É isso o que busco, sempre.”

Em 2014, para comemorar seus 50 anos, Regina reencenou em Wuppertal seu primeiro solo, Trilha dos sonhos, projeto em que assina dramaturgia, coreografi a e fi gurino. Ela também concebeu um espetáculo musical com faixas inspiradas no trabalho com Pina, My songs – Her songs, em que atuou como cantora. “Adoro cantar, sempre cantei.” Além disso, coreogra-fou um dueto com um streetdancer de Colônia, Minuten Beat – Ein Herzschlagduett. “Quero muito mostrar esses trabalhos no Brasil. Estou à procura de um produtor para vender os meus projetos por lá.” Em outubro, Regina deu partida a uma nova

_“Uma pérola, a Regina”, diz Rodrigo Pederneiras“Eu era amigo da Madá, a diretora que acolheu Regina em

sua escola. Ela era uma menina bem pequenininha, mas tinha

um talento fenomenal. Com o tempo, a esse talento ela foi

incorporando uma técnica e uma qualidade raríssimas. Quando

montamos o Grupo e a Escola Corpo, nós a convidamos

para entrar. A convivência com ela foi maravilhosa. Quando a

chamamos para se profi ssionalizar e ingressar na companhia,

aos 18 anos, ela se tornou em pouco tempo uma fi gura

importantíssima para a gente. Uma pérola, a Regina. O

carisma era de impressionar tanto público quanto crítica. Nas

comemorações dos nossos 40 anos, recebemos um e-mail

maravilhoso dela, que começava com ‘meus queridos pais e

irmãos artísticos’. Aquilo me emocionou muito. Mostramos para

todo mundo da equipe, lemos alto. Regina construiu em outro

país uma vida linda. Admiro muito sua coragem. Ir sozinha para

a Alemanha é louvável. Lembro quando ela contou que recebera

o convite da companhia da Pina. Foi uma felicidade grande para

todo mundo aqui. A gente, no Corpo, queria tanto isso para ela!

Queríamos vê-la voando e voando e voando. Cada vez mais alto.”

criação, 42xxx, com o artista alemão Kai Fobbe. Durante dois anos, as instalações e os vídeos do projetos serão exibidos em fachadas de prédios e espaços públicos de Wuppertal.

Não é tudo. A brasileira está terminando um curso de es-pecialização em dançaterapia, uma disciplina pedagógica que mistura psicologia e movimentos corporais. Por conta disso, pretende cursar um mestrado no Centro de Dança Contempo-rânea da Faculdade de Esporte de Colônia. O tema para a tese: “O trabalho da Pina”, diz Regina. “Mas da perspectiva de quem trabalhou quase duas décadas com ela. Vou levar seu trabalho adiante, né?”, explica. “Sou uma discípula de Pina.”

Neste momento, na sala em que conversamos no Tanzthe-ater Wuppertal, Regina aponta, novamente, para a porta do banheiro onde encontrou-se pela última vez com a mestra. “Lembro que, quando recebemos a notícia de sua morte, alguns colegas começaram a chorar, outros fi caram atônitos. Nem cho-rei na hora. Fiquei só com aquela sensação de ‘não é verdade’... Depois de um tempo, entendi que deveria seguir na companhia, mantendo a chama do trabalho da Pina acesa. Acho que é isso... Manter a chama acesa. É essa a responsabilidade que assumi e é essa a tocha que vou carregar, orgulhosa.”

NA PÁGINA AO LADO, REGINA ADVENTO DANÇA TEN CHI, COREOGRAFIA

DA COMPANHIA DE PINA BAUSCH ENCENADA NO ROYCE HALL DA

UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA, EM LOS ANGELES (JULHO DE 2007)

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