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MAYRA FIDELIS ZAMBONI QUITERO Avaliação in vitro da resistência de união à tração de três tipos de pinos de fibra cimentados a raízes bovinas com diferentes cimentos resinosos São Paulo 2012

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MAYRA FIDELIS ZAMBONI QUITERO

Avaliação in vitro da resistência de união à tração de três tipos de pinos de

fibra cimentados a raízes bovinas com diferentes cimentos resinosos

São Paulo

2012

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MAYRA FIDELIS ZAMBONI QUITERO

Avaliação in vitro da resistência de união à tração de três tipos de pinos de

fibra cimentados a raízes bovinas com diferentes cimentos resinosos

Versão corrigida

Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, para obter o título de Mestre, pelo Programa de Pós-Graduação em Odontologia. Área de Concentração: Dentística Orientador: Profª. Dra. Maria Aparecida Alves de Cerqueira Luz

São Paulo

2012

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FOLHA DE APROVAÇÃO

Quitero MFZ. Avaliação in vitro da resistência de união à tração de três tipos de pinos de fibra cimentados a raízes bovinas com diferentes cimentos resinosos. Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Odontologia.

Aprovado em: / / 2012

Banca Examinadora

Prof(a). Dr(a)._____________________Instituição: ______________________

Julgamento: ______________________Assinatura:______________________

Prof(a). Dr(a)._____________________Instituição: ______________________

Julgamento: ______________________Assinatura:______________________

Prof(a). Dr(a)._____________________Instituição: ______________________

Julgamento: ______________________Assinatura:______________________

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À Deus, sempre iluminando meu caminho.

Aos meus avós, Lydia e Elço, que me

incentivaram a ser dentista. Deles só

tenho boas lembranças e uma imensa

saudade.

Aos meus queridos pais, Sandra e

Eduardo, que estiveram ao meu lado

em todos os momentos da minha vida.

Muito obrigada por todo o amor e

dedicação. Só cheguei aqui graças a

vocês.

Ao meu marido, Ricardo, pelo carinho,

paciência e disposição em me ajudar.

Muito obrigada por compartilhar sua

vida comigo e fazer dos meus sonhos os

seus. Você me faz muito feliz.

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Narciso Garone Netto, idealizador deste trabalho, que me abriu

as portas do Departamento de Dentística. Muito obrigada pela oportunidade e pela

confiança. Serei eternamente grata.

À minha orientadora, Profª. Dra. Maria Aparecida Alves de Cerqueira Luz,

que me guiou durante esse período e sempre esteve disponível para me ajudar.

Muito obrigada por seu apoio em todos os momentos e por dividir comigo sua

experiência.

Ao Prof. Dr. Rafael Yagüe Ballester, que despertou em mim o gosto pela

pesquisa ao me convidar para ser sua aluna de Iniciação Científica no meu primeiro

ano da graduação, e sempre me ajudou quando precisei.

À Profa. Dra. Márcia Martins Marques, por sua dedicação aos alunos

enquanto coordenadora do curso de Pós-Graduação em Dentística.

À Profa. Dra. Patrícia Moreira de Freitas, pelo carinho com que aceitou

participar da elaboração do artigo.

À Profª. Dra. Adriana Bona Matos, pelos conselhos sempre bem-vindos.

Ao Prof. Dr. Fernando Neves Nogueira, por seu apoio em momentos de

dificuldade.

À Profª. Dra. Mônica de Fátima Gomes, pela colaboração em parte do meu

experimento.

Aos professores do Departamento de Dentística, por todo o auxílio em

diversos projetos.

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À minha família, que sempre torceu pelo meu sucesso, em especial à tia

Lygia, aos meus padrinhos, Dinah, Denise, Armando, Norma e Mílton, e aos meus

sogros, Rosângela e Carlos.

Às minhas queridas colegas de turma de Mestrado: Anely, Bruna, Carol,

Cynthia, Juliana, Lívia, Tati, Thayanne, Thaysa e Thayne. Esse período

certamente foi mais fácil graças à companhia de vocês.

Gostaria de agradecer especialmente àquelas que me ajudaram a realizar

este trabalho: Anely, Bruna, Cynthia, Lívia, Tati, Thaysa e Thayanne. Muito

obrigada por tudo. A amizade de vocês fez dessa fase uma das melhores da minha

vida.

À Karina e à Milena, pela ajuda durante o experimento.

À Luciana, ao Allan e à Débora pela colaboração e companhia durante os

estágios didáticos.

À Soninha, técnica do laboratório de Dentística, por todo o seu auxílio,

sempre com carinho e boa vontade.

Ao Antônio, técnico do laboratório de Materiais Dentários, pela ajuda

imprescindível durante o experimento.

Aos funcionários do Departamento de Dentística - Davi, Selma, Aldo e

Arnaldo – pela colaboração.

Aos funcionários da biblioteca da FOUSP pelas correções e formatação deste

trabalho.

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AGRADECIMENTOS INSTITUCIONAIS

À direção da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, na

pessoa de seu diretor, Prof. Dr. Rodney Garcia Rocha.

À Comissão de Pós-Graduação da FOUSP, na pessoa de sua presidente,

Profª. Dra. Marina Helena Cury Gallottini.

À Coordenadoria do curso de Pós-Graduação em Dentística, na pessoa da

Profª. Dra. Márcia Martins Marques.

À Capes e à Fapesp, pelas bolsas de Mestrado e pelo auxílio financeiro.

À Angelus, pelo material disponibilizado para execução deste trabalho.

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“O sucesso nasce do querer, da determinação e

persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo

não atingindo o alvo, quem busca e vence

obstáculos no mínimo fará coisas admiráveis.”

José de Alencar

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Quitero MFZ. Avaliação in vitro da resistência de união à tração de três tipos de

pinos de fibra cimentados a raízes bovinas com diferentes cimentos resinosos

[dissertação]. São Paulo: Faculdade de Odontologia da USP; 2012. Versão corrigida.

RESUMO

Este estudo teve como objetivo avaliar, através de testes de tração, a resistência de

união de pinos pré-fabricados, com diferentes graus de translucidez, à dentina

bovina, utilizando três tipos de cimentos resinosos. Noventa incisivos bovinos

tiveram suas coroas anatômicas separadas das raízes através de uma secção

perpendicular ao longo eixo dos dentes na junção amelocementária, de modo que as

raízes apresentassem 14 mm de comprimento. Os condutos radiculares foram

tratados endodonticamente e os espécimes, mantidos em água destilada a 37°C por

7 dias. Após esse período, foi realizada a desobturação de 7 mm de profundidade de

cada conduto para a cimentação dos três tipos de pino: Exacto (Angelus),

translúcido; Reforpost fibra de vidro (Angelus), branco; e Reforpost fibra de carbono

(Angelus), negro e opaco. Três tipos de cimentos resinosos foram utilizados de

acordo com as recomendações dos fabricantes: o cimento dual auto-adesivo Rely X

U100 (3M ESPE); o cimento dual Rely X ARC (3M ESPE), associado ao sistema

adesivo autopolimerizável Scotchbond Multi-Uso Plus (3M ESPE); e o cimento de

ação exclusivamente química Cement Post (Angelus), associado ao sistema adesivo

Fusion Duralink (Angelus), constituindo 9 grupos experimentais (n=10). Após a

armazenagem dos corpos de prova em água destilada a 37º C por 7 dias, foi

realizado o teste de tração no aparelho de ensaio mecânico da marca Kratos

Equipamentos, a uma velocidade de 0,5mm/min até a ruptura dos mesmos. Para

determinar a tensão de tração, foi calculada a área de adesão de cada espécime. Os

dados foram analisados estatisticamente através da Análise de Variância e do teste

de Kruskal-Wallis, com grau de significância de 5%. Os espécimes foram

examinados através de um microscópio óptico Olympus (Tokyo, Japão), com 20x de

aumento, para avaliação do modo de fratura. Em relação às variáveis estudadas,

verificou-se que: o pino Exacto, com maior translucidez e maior conicidade,

apresentou valores de resistência à tração significativamente inferiores do que os

pinos Reforpost Fibra de Vidro e Reforpost Fibra de Carbono, quando utilizado o

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cimento Rely X ARC; o cimento dual auto-adesivo Rely X U100 apresentou menores

valores de resistência à tração do que cimento dual Rely X ARC quando utilizados

os pinos Reforpost Fibra de Vidro e Reforpost Fibra de Carbono; e o cimento de

polimerização química Cement Post apresentou menores valores de resistência à

tração em relação aos cimentos duais, independente do tipo de pino testado. Quanto

à análise microscópica, observou-se que os cimentos resinosos aderiram mais aos

pinos do que à dentina radicular. Portanto, a translucidez dos pinos não contribuiu

para aumentar a resistência à tração dos cimentos resinosos duais em nenhum dos

grupos testados.

Palavras-chave: Pino de fibra, pino translúcido, tensão de tração, cimento resinoso.

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Quitero MFZ. In vitro evaluation of tensile bond strength of three types of fiber

posts luted in bovine roots with different resin cements [dissertation]. São Paulo:

Faculdade de Odontologia da USP; 2012. Corrected version.

ABSTRACT This study aimed to evaluate, through tensile test, the bond strength of prefabricated

posts with different degrees of translucency, using three types of resin

cements. Ninety bovine incisors were selected and sectioned at the cemento-enamel

junction. The root canals were endodontically treated and the specimens were stored

in distilled water at 37°C for 7 days. After this period, a 7-mm-deep post space was

prepared for the cementation of three types of posts: Exacto (Angelus), translucent;

Fiberglass Reforpost (Angelus), white; and Carbon Fiber Reforpost (Angelus), black

and opaque. Three types of resin cements were used according to manufacturers'

instructions: the self-adhesive dual cement Rely X U100 (3M ESPE); the dual cement

Rely X ARC (3M ESPE), associated with autopolymerized adhesive system

Scotchbond Multi-Uso Plus (3M ESPE), and the self-cured cement Cement Post

(Angelus), associated with the autopolymerized adhesive system Fusion Duralink

(Angelus), constituting nine experimental groups (n = 10). After the storage of the

specimens in distilled water at 37°C for 7 days, the tensile test was performed with a

universal test machine at a crosshead speed of 0.5 mm/min. To determine the bond

strength, the bonding area of each specimen was calculated. The data were

statistically analyzed by ANOVA followed by Kruskal-Wallis test, with a significance

level of 5%. The dislodged posts were examined microscopically (Olympus; Tokyo,

Japan) at x20 magnification to determine the type of failure. Regarding the variables

studied, it was found that: the Exacto post, more translucent and tapered, had

significantly lower tensile bond strength than Fiberglass Reforpost and Carbon Fiber

Reforpost when used the dual cement Rely X ARC; the dual self-adhesive cement

Rely X U100 showed lower tensile bond strength than the dual cement Rely X ARC,

when used Fiberglass Reforpost and Carbon Fiber Reforpost; regardless of the type

of post tested, the self-cured cement Cement Post had lower tensile strength

compared to dual cements. It was observed microscopically that resin cements

adhered more to the posts than to the root dentin. Therefore, the translucency of the

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posts had not contributed to increase the tensile strength of dual-curing resin

cements in all groups tested.

Key words: Fiber post, translucent post, tensile bond strength, resin cement.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................. 13

2 REVISÃO DE LITERATURA........................................................................... 16

3 PROPOSIÇÃO ................................................................................................ 25

4 MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................... 27

5 RESULTADOS................................................................................................. 38

6 DISCUSSÃO.................................................................................................... 46

7 CONCLUSÕES................................................................................................ 53

REFERÊNCIAS................................................................................................... 55

APÊNDICE ......................................................................................................... 64

ANEXO ............................................................................................................... 69

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Introdução

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1 INTRODUÇÃO

Os procedimentos preventivos e conservadores têm sido cada vez mais

enfatizados na Odontologia, evidenciando que, apesar da evolução dos materiais

restauradores, a estrutura dental sadia continua sendo insubstituível. Esta filosofia

tem influenciado todas as técnicas restauradoras, inclusive em dentes extensamente

destruídos, nos quais se procura respeitar ao máximo o remanescente de estrutura

dental (Albuquerque et al., 1996).

Existem várias causas que levam um dente a sofrer tratamento endodôntico.

Geralmente são consequências de cáries seguidas de infecções pulpares ou

traumatismos dentais (Heydecke et al., 2002). Um elemento desvitalizado com

pouca destruição coronária terá a sua resistência à fratura diminuída em 5% e, na

presença de cavidades MOD (mésio-ocluso-distal), um elemento posterior tem a

resistência à fratura diminuída em 69% (De Cara et al., 2002; Quintas et al., 2000).

O risco de falhas biomecânicas neste caso deve-se à perda de dentina

remanescente (Fredriksson et al., 1998). Para a prevenção de fraturas de dentes

tratados endodonticamente, executa-se um núcleo de preenchimento retido por meio

de pinos intrarradiculares (Albashaireh et al., 2010).

Os pinos pré-fabricados foram criados paralelamente à evolução dos

materiais restauradores. Clinicamente, quando comparados com núcleos metálicos

fundidos, os pinos pré-fabricados são aplicados na mesma sessão, facilitando o

procedimento restaurador.

Os primeiros pinos pré-fabricados lançados no mercado eram metálicos. A

desvantagem deste tipo de pino é que seu alto módulo de elasticidade (E = 200

GPa) pode causar fraturas radiculares (Dietschi et al., 2008; Nakamura et al., 2006).

Por essa razão, foram desenvolvidos os pinos de fibra, que apresentam módulo de

elasticidade mais próximo ao da dentina (pino = 20 GPa ; dentina = 18 GPa).

Primeiramente, foram desenvolvidos os pinos de fibra de carbono, seguidos dos

pinos de fibra de quartzo e de fibra de vidro, mais estéticos (Ávila Galhano et al.,

2005).

A principal falha relacionada aos pinos de fibra é seu descolamento do

conduto radicular (Cagidiaco et al., 2008; Ferrari et al., 2007), sendo o formato do

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pino, o tipo de cimento utilizado e a técnica de cimentação alguns dos fatores que

podem afetar sua retenção (Jongsma et al., 2010).

Os cimentos resinosos são indicados para a cimentação dos pinos de fibra

por aumentarem a retenção e melhorarem a distribuição de tensões no interior do

conduto radicular (Radovic et al., 2009; Goracci et al., 2007; De Santis et al., 2000).

Isso se deve ao fato do cimento resinoso apresentar módulo de elasticidade

semelhante ao do pino e da dentina (Rosenstiel et al., 1998). Além disso, pinos de

fibra cimentados com cimentos resinosos apresentam menos microinfiltração que

aqueles cimentados com fosfato de zinco e cimento de ionômero de vidro (Bachicha

et al., 1998).

Em termos de polimerização, os cimentos resinosos podem ser quimicamente

ativados, fotopolimerizáveis ou duais (Zorba et al., 2010) . Entretanto, os cimentos

fotopolimerizáveis não são indicados devido ao seu baixo grau de conversão na

porção apical do conduto radicular (Roberts et al., 2004). Mais recentemente, com

objetivo de reduzir a sensibilidade da técnica, foram desenvolvidos os cimentos

duais auto-adesivos (Leme et al., 2011), que não necessitam da aplicação de

sistemas adesivos no conduto radicular previamente à cimentação. Segundo estudo

recente, estes cimentos são uma alternativa confiável para a cimentação de pinos de

fibra (Zicari et al., 2011).

Os pinos translúcidos foram desenvolvidos com o objetivo de conduzir a luz

necessária para auxiliar a polimerização de cimentos resinosos duais (Giachetti et

al., 2009). No entanto, estudos relatam que a propagação da luz através do pino de

fibra translúcido não teria influência significativa no valor da resistência adesiva (Dos

Santos Alves Morgan et al., 2008; Mallmann et al., 2007). Tal controvérsia impõe-se

estudar se a maior translucidez destes pinos pode interferir na resistência à tração

na cimentação dos mesmos com cimentos resinosos duais.

O objetivo deste estudo foi avaliar a resistência à tração de pinos de fibra com

diferentes graus de translucidez utilizando três tipos de cimentos resinosos que se

diferiram quanto à polimerização e ao tratamento da dentina.

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Revisão de Literatura

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Considerações sobre os pinos de fibra

Os dentes endodonticamente tratados apresentam maior risco de fratura do

que os dentes vitais (Caputo; Standlee, 1987; Sorensen; Martinoff, 1984), devido à

perda estrutural resultante de cáries pré-existentes e/ou preparo dentário (Eakle et

al., 1986) para acesso aos condutos e restauração. A restauração de dentes nestas

condições geralmente requer a utilização de pinos e núcleos para melhorar a

retenção da restauração final (Bystrom; Sundqvist, 1981), uma vez que estas

cavidades apresentam extensas destruições. As interfaces entre materiais com

diferentes módulos de elasticidade representam áreas de fragilidade, mais

susceptíveis à fratura (Assif; Gorfil, 1994). Isso ocorre quando são utilizados pinos

metálicos, pois seu módulo de elasticidade é muito superior ao da dentina (Tobjorner

et al., 1995). Por esta razão, pinos de fibra, com propriedades biomecânicas

próximas às da dentina e às das resinas, foram desenvolvidos (Ferrari et al., 2000).

Do ponto de vista mecânico, os pinos reforçados por fibra, além de

apresentarem módulo de elasticidade similar ao da dentina (Ferrari et al., 2000),

apresentam alta resistência à tração e à fadiga (Asmussen et al., 1999). Ademais,

estes pinos são eletroquimicamente inertes (Malquarti et al., 1990) e mais fáceis de

serem removidos do que pinos metálicos em caso de indicação de retratamento

endodôntico (Fernandes et al., 2003).

Os pinos de fibra são compostos por uma matriz de resina reforçada por

fibras (carbono, quartzo ou vidro), sendo o silano o agente de união entre os

componentes (Ferrari et al., 2001). As fibras estão orientadas paralelamente ao eixo

longitudinal do pino e seu diâmetro varia entre 6 e 15 µm, sendo elas as principais

responsáveis pelas características mecânicas destes pinos, como sua elasticidade e

resistência à fratura (Goracci; Ferrari, 2011). A matriz de resina, por sua vez, é

responsável pela união química com o bisfenol-glicidil metacrilato (Bis-GMA),

presente nos cimentos resinosos (Asmussen et al., 2005).

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Primeiramente, foram desenvolvidos os pinos de fibra de carbono (Duret et

al., 1990), seguidos pelos pinos de fibra de quartzo e pinos de fibra de vidro. Apesar

destes três tipos de pino apresentarem propriedades biomecânicas muito

semelhantes, os pinos de fibra de vidro são mais estéticos (Ávila Galhano et al.,

2005) por oferecerem propriedades ópticas favoráveis para a reprodução do aspecto

natural do dente restaurado (Vichi et al., 2000).

2.2 Cimentação dos pinos de fibra

2.2.1 Problemas relacionados à adesão de pinos de fibra à dentina radicular

Bachicha et al. (1998) realizaram um estudo para avaliar a microinfiltração de

vários cimentos utilizados na cimentação de pinos de fibra de carbono. Os pinos

cimentados com cimentos resinosos apresentaram menos microinfiltração do que

aqueles cimentados com fosfato de zinco e cimento de ionômero de vidro. Portanto,

é indicada a utilização de cimentos resinosos na cimentação de pinos de fibra,

sempre associados a sistemas adesivos (Manocci et al., 2001).

Diversos estudos clínicos apontaram que a falha mais frequente dos pinos de

fibra é o seu descolamento do interior do conduto radicular (Dietschi et al., 2008;

Cagidiaco et al., 2008; Bolla et al., 2007; Dietschi et al., 2007; Fernandes; Dessai,

2001). Paralelamente a este achado clínico, estudos in vitro mostraram que a

adesão de pinos de fibra à dentina radicular pode estar associada a vários

problemas, por exemplo, (i) a dificuldade da fotopolimerização no interior do conduto

radicular (Le Bell et al., 2003); (ii) o elevado fator C da cavidade, resultando numa

alta contração de polimerização do cimento (Tay et al., 2005); (iii) a adesão

relativamente baixa de compósitos na porção apical dos condutos radiculares

quando comparada à porção cervical (Mallmann et al., 2007); (iv) os efeitos adversos

de cimentos e irrigantes endodônticos na força de adesão à dentina (Teixeira et al.,

2008; Huber et al., 2007); (v) a permeabilidade intrínseca de sistemas adesivos

simplificados (Moll et al., 2007); (vi) a baixa adesão entre a superfície dos pinos de

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fibra e os compósitos (Balbosh; Kern, 2006); e, (vii) a viscosidade do cimento

resinoso (Ferrari et al., 2001). Cada um destes tópicos será detalhado a seguir.

(i) Os cimentos resinosos podem ser quimicamente ativados, fotoativados ou

duais (Zorba et al., 2010). De acordo com Roberts et al. (2004), os cimentos

fotoativados não são indicados devido ao seu baixo grau de conversão na porção

apical do conduto radicular.

Os cimentos duais têm sua polimerização iniciada tanto pela fotoativação

quanto pela atividade química (Roberts et al., 2004). Entretanto, Kumbuloglu et al.

(2004), concluíram que os cimentos duais não atingem um grau de conversão

adequado na ausência de luz. Portanto, a fotoativação é recomendada (Radovic et

al., 2009). Goracci et al. (2008) e Dietschi et al. (2008) consideraram os cimentos

duais a opção mais confiável para a cimentação de pinos de fibra por suas melhores

propriedades mecânicas.

Por sua vez, Giachetti et al. (2012) compararam a resistência à tração de um

cimento resinoso dual e de uma resina composta fotoativada, quando utilizados para

a cimentação de pinos de fibra translúcidos, e apontaram que os valores são

equivalentes.

Em relação aos cimentos químicos, o fato de polimerizarem mais lentamente

que os cimentos duais permite que a água presente no interior dos túbulos

dentinários tenha tempo suficiente para se difundir através do sistema adesivo (Tay

et al., 2003). De acordo com Monticcelli et al. (2005), este controle deficitário da

umidade pode contribuir para falhas adesivas ao longo da interface cimento-dentina.

Quanto aos sistemas adesivos associados aos cimentos resinosos, estes

podem ser autopolimerizáveis ou fotoativados (Ferrari et al., 2001). Mallmann et al.

(2007) compararam dois tipos de sistemas adesivos associados a cimentos

resinosos para a cimentação de pinos de fibra: o Single Bond (3M ESPE),

fotoativado, e o Scotchbond Multi-Uso Plus (3M ESPE), autopolimerizável. O

adesivo autopolimerizável apresentou maiores valores de força de adesão que o

adesivo fotoativado.

(ii) A contração de polimerização pode afetar a interface dentina-adesivo em

diferentes níveis, dependendo da configuração do preparo (fator C). Mallman et al.

(2003) demonstraram que uma cavidade com fator C igual a 5 apresenta menores

valores de força de adesão quando comparada a uma cavidade com fator C igual a

1. Bouillaguet et al. (2003) reportaram que, quando pinos são cimentados no interior

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de condutos radiculares, o fator C (razão entre a área aderida e a área não aderida)

pode exceder 200. Isso se deve ao fato de existir uma grande área de resina aderida

ao substrato dental e ao pino e uma pequena área livre para a contração de

polimerização.

(iii) A adesão entre o cimento resinoso e a dentina radicular é influenciada

pela distribuição do cimento nos terços cervical, médio e apical da raiz durante a

cimentação, e por características anatômicas e histológicas do conduto radicular

(Manocci et al., 2004). Ferrari et al. (2000) avaliaram a morfologia dentinária de

condutos radiculares e concluíram que a densidade de túbulos é maior no terço

cervical. Portanto, a hibridização da dentina e a formação de tags de resina não são

uniformes no terço apical (Vichi et al., 2002). Diversos estudos apontaram que a

menor força de adesão na porção apical deve-se também ao fato desta ser a região

de mais difícil acesso do conduto radicular (Mallmann et al., 2007; Bouillaguet et al.,

2003; Kalkan et al., 2006), podendo conter traços de guta-percha e de cimento

endodôntico (Bolhuis et al., 2005). Ademais, a diminuição da efetividade da

fotopolimerização quanto maior for a distância da fonte de luz pode contribuir para

diminuir a força de adesão na porção apical (Erdemir et al., 2010).

(iv) De acordo com Teixeira et al. (2008), os cimentos endodônticos podem

prejudicar a adesão do pino quando o eugenol está presente em sua composição.

Dietschi et al. (2008) afirmaram que também irrigantes endodônticos, como

hipoclorito de sódio e EDTA, alteram a estrutura dentinária e interferem na

polimerização do cimento resinoso. Entretanto, Demiryürek et al. (2010),

compararam a ação de cimentos endodônticos resinosos e à base de eugenol, e

concluíram que não houve diferenças entre eles quanto à adesão do pino de fibra ao

conduto radicular.

(v) O princípio da adesão baseia-se na penetração do adesivo no interior dos

túbulos dentinários e na formação de tags (Nakabayashi; Pashlet, 1998) de resina,

através da interação com os elementos orgânicos da dentina peritubular

desmineralizada (Giachetti et al., 2004). Duas estratégias podem ser usadas para

permitir que os agentes adesivos interajam com a dentina: sistemas adesivos

condicione-e-lave e sistemas adesivos autocondicionantes. Na maioria dos estudos

clínicos, os pinos de fibra são cimentados utilizando-se sistemas adesivos

condicione-e-lave em combinação com cimentos resinosos quimicamente ativados

(Ferrari et al., 2007) e duais (Cagidiaco et al., 2007). Segundo Goracci et al. (2005),

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o condicionamento ácido remove a espessa smear layer da superfície radicular e os

smear plugs do interior dos túbulos dentinários, formados durante o preparo do

conduto, contribuindo para aumentar a retenção micromecânica dos cimentos

resinosos.

Já os sistemas adesivos autocondicionantes, que dispensam o

condicionamento ácido prévio, diminuem o número de passos clínicos. Van

Meerbeek et al. (2003) consideraram que o uso deste tipo de sistema adesivo torna

a técnica menos sensível, pois evita-se a umidade da dentina após o enxágue do

ácido fosfórico, que poderia comprometer a força adesiva. Entretanto, Van Meerbeek

et al. (2005) concluíram que a permeabilidade destes adesivos pode afetar a

durabilidade da adesão.

(vi) Diferentes pré-tratamentos da superfície dos pinos foram propostos para

aumentar a adesão entre o pino e cimento resinoso. Segundo Jongsma (2010), a

silanização do pino, que é um dos métodos mais utilizados, tem um efeito benéfico

sobre a força de adesão. Porém, novas técnicas têm sido estudadas. Zhong et al.

(2011) propôs a irradiação de raios UV na superfície de pinos de fibra de vidro e

concluiu que esse método mostrou-se mais eficaz para aumentar a adesão que os

demais tratamentos de superfície, como a aplicação de silano.

(vii) De acordo com Ferrari et al. (2001), quanto maior for a capacidade de

contato do cimento resinoso com a dentina radicular, maior será sua força de

adesão à dentina, por se formarem menos bolhas na camada de cimento. A pressão

aplicada sobre o pino durante a cimentação reduz a formação de bolhas,

contribuindo, consequentemente, para aumentar a força de adesão (Chieffi et al.,

2007).

2.2.2 Cimentos auto-adesivos

Os cimentos duais auto-adesivos foram lançados no mercado em 2002 com a

vantagem de não necessitarem de um pré-tratamento da dentina radicular (Monticelli

et al., 2008), tornando a técnica mais simples e rápida (Toman et al., 2009). Este tipo

de cimento contém metacrilatos de ácido fosfórico multifuncionais que reagem com a

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hidroxiapatita presente nos tecidos duros (Zorba et al., 2010). Esta interação química

possibilita a adesão entre o cimento e a dentina radicular (Radovic et al., 2008).

Entretanto, a literatura apresenta resultados conflitantes a respeito da força de

adesão dos cimentos auto-adesivos à dentina.

Goracci et al. (2005) concluíram que a resistência à tração de um cimento

dual auto-adesivo é comparável a de um sistema adesivo autocondicionante, mas

inferior a de um sistema adesivo condicione-e-lave, quando combinados a um

cimento resinoso dual.

Segundo Bitter et al. (2009), a smear layer produzida durante o preparo do

conduto não é removida pelos cimentos auto-adesivos, diminuindo sua força adesiva

em comparação aos cimentos duais associados a sistemas adesivos condicione-e-

lave. De acordo com Goracci et al. (2005), isso se deve ao fato da smear layer

remanescente interferir na infiltração do cimento no substrato de colágeno,

prejudicando a interação entre os componentes; como resultado, a camada híbrida

formada é mais fina e apresenta menos tags de resina, comprometendo a adesão.

Mazzoni et al. (2009) realizaram um estudo comparativo e apontaram que um

sistema adesivo condicione-e-lave associado a um cimento dual apresenta maior

força de adesão quando comparado a cimentos auto-adesivos e a sistemas

adesivos autocondicionantes em combinação com cimentos duais.

Goracci e Ferrari (2011) apresentaram uma revisão bibliográfica a respeito de

pinos de fibras e apontaram que os cimentos auto-adesivos apresentam menores

valores de resistência à tração que cimentos duais associados a sistemas adesivos

condicione-e-lave.

Em contrapartida, Dimitrouli et al. (2011) compararam cimentos auto-adesivos

com cimentos duais associados a sistemas adesivos condicione-e-lave e concluíram

que o tipo de cimento utilizado não afetou a força de adesão.

Já Leme et al. (2011) compararam o cimento dual Rely X ARC (3M ESPE)

com o cimento auto-adesivo Rely X Unicem (3M ESPE) e apontaram que o cimento

auto-adesivo possui maior valor de força de adesão.

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2.3 Pinos translúcidos

Os pinos de fibra de vidro translúcidos foram lançados recentemente no

mercado com o objetivo de melhorar a polimerização dos cimentos resinosos duais

no interior do conduto radicular (Yoldas; Alaçam, 2005). Isso se deve à capacidade

destes pinos de transmitir a luz, o que aumentaria o grau de conversão do cimento

com consequente melhora de suas propriedades mecânicas, tais como módulo de

elasticidade e dureza (Giachetti et al., 2009; Roberts et al., 2004). Entretanto, não

existe consenso na literatura quanto à eficácia da utilização de pinos de fibra

translúcidos.

Boschian Pest et al. (2002), avaliando a força adesiva entre o cimento

resinoso e a dentina e entre o cimento resinoso e o pino de fibra, obtiveram bons

resultados ao associar sistemas adesivos fotoativados com pinos de fibra

translúcidos. Segundo eles, pinos de fibra não translúcidos bloqueiam a passagem

de luz; portanto, no caso de sua utilização, devem ser utilizados cimentos

quimicamente ativados.

De acordo com Roberts et al. (2004), o uso de pinos translúcidos aumenta o

valor da dureza de cimentos resinosos fotoativados devido à sua capacidade de

transmitir a luz. Por essa razão, cimentos resinosos duais, que possuem um

componente fotoativado, são preferíveis em relação aos cimentos quimicamente

ativados para a cimentação de pinos translúcidos. Entretanto, este estudo também

demonstrou que a translucidez dos pinos não aumenta a polimerização do cimento

resinoso na porção apical do conduto radicular.

Por sua vez, Grandini et al. (2004) concluíram que a luz transmitida pelos

pinos translúcidos não é suficiente para permitir a completa polimerização do

cimento fotoativado; portanto, são indicados os cimentos resinosos duais, que

apresentam um componente quimicamente ativado.

Yoldas e Alaçam (2005) apontaram que a profundidade de polimerização de

um cimento resinoso fotoativado no interior do conduto radicular aumenta 10 mm

quando são utilizados pinos translúcidos.

Kalkan et al. (2006), entretanto, compararam diferentes tipos de pino de fibra

de vidro cimentados ao conduto radicular com cimento resinoso dual e observaram

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que pinos translúcidos apresentaram menores valores de força adesiva que pinos

opacos.

Faria e Silva et al. (2007a) avaliaram o grau de conversão do cimento

resinoso dual Rely X ARC (3M ESPE) quando utilizado para cimentar pinos de fibra

com diferentes graus de translucidez. Foram utilizados os pinos Light Post (Bisco),

translúcido, e Aesthetic-Post (Bisco), não translúcido. O pino Light Post apresentou

um maior grau de conversão do cimento resinoso em relação ao Aesthetic-Post

apenas na porção média do conduto radicular.

Mallman et al. (2007) realizaram um estudo com o objetivo de avaliar a força

de adesão dos sistemas adesivos Scotchbond Multi-Uso Plus (3M ESPE) e Single

Bond (3M ESPE) à dentina radicular, quando associados ao cimento resinoso dual

Rely X ARC (3M ESPE), para a cimentação dos pinos Light Post (Bisco), translúcido,

e Aestheti-Post (Bisco), não translúcido. Os resultados mostraram que não houve

diferença significativa entre os pinos opacos e translúcidos, sugerindo que, se o pino

translúcido permite a propagação da luz halógena, não há influência na força de

adesão dos cimentos resinosos.

Dos Santos Alves Morgan et al. (2008) analisaram quantitativamente a

energia luminosa transmitida através de diferentes pinos de fibra translúcidos e

concluíram que a luz transmitida através destes pinos não foi suficiente para a

polimerização do cimento resinoso dual na porção apical do conduto radicular.

Já Rathke et al. (2009) compararam pinos opacos e translúcidos associados

a diferentes sistemas adesivos e cimentos resinosos: Prime & Bond NT + Dyract

Cem Plus (Dentsply); Excite DSC + Variolink II (Ivoclar Vivadent); ED Pimer II +

Panavia F 2.0 (Kuraray); e Rely X Unicem (3M ESPE). Os dados mostraram que a

utilização de pinos de fibra translúcidos combinados a sistemas adesivos

condicione-e-lave e cimentos resinosos duais aumenta a retenção do pino no interior

do conduto radicular.

Radovic et al. (2009) confirmaram que a cimentação de pinos de fibra

translúcidos resulta em maiores valores de módulo de elasticidade e dureza da

camada de cimento em comparação à cimentação de pinos de fibra opacos.

Entretanto, Goracci e Ferrari (2011) realizaram um apanhado da literatura

sobre os pinos de fibra, e apontaram que a transmissão da luz é reduzida mesmo

em pinos de fibra comercializados como translúcidos, de forma que a polimerização

do cimento resinoso possa ser comprometida.

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Proposição

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3 PROPOSIÇÃO

Avaliar a resistência de união de pinos pré-fabricados, com diferentes graus de

translucidez, à dentina bovina, utilizando três tipos de cimentos resinosos.

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Materiais e Métodos

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4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Aprovação do projeto pelo Comitê de Ética no Uso de Animais (CEUA)

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética no Uso de Animais do Instituto de

Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo mediante o parecer de

aprovação Protocolo CEP/ICB nº149/2010 (Anexo A).

4.2 Seleção dos dentes

Para este estudo, foram utilizados noventa incisivos bovinos limpos com

curetas para remoção de tecidos moles da superfície radicular. As coroas

anatômicas foram separadas das raízes através de uma secção perpendicular ao

longo eixo dos dentes na junção amelocementária, realizada na cortadeira Labcut

1010 (Extec Corp, Enfield, Conn), sob refrigeração a água, de modo que as raízes

apresentassem 14 mm de comprimento (Figuras 4.1 e 4.2). As coroas foram

descartadas. As raízes foram armazenadas em água destilada a 4º C até seu uso.

Figuras 4.1 e 4.2 – Secção realizada nos incisivos bovinos de modo que as raízes apresentassem 14 mm de comprimento

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4.3 Preparo da amostra

Cada raiz foi fixada verticalmente com cera utilidade (Artigos Odontológicos

Clássico Ltda, São Paulo, SP) no centro de uma matriz de PVC cilíndrica para sua

posterior inclusão em resina acrílica (Artigos Odontológicos Clássico Ltda, São

Paulo, SP) (Figura 4.3). As superfícies foram então polidas numa politriz da marca

Ecomet 3 (Buehler, Lake Bluff, Illinois, EUA) a uma velocidade de aproximadamente

200 rpm, irrigadas com jatos d’água. A amostra foi mantida em água destilada a 4°C

até seu uso.

Figura 4.3 – Raiz inclusa em resina acrílica.

4.4 Preparo dos espécimes

4.4.1 Tratamento endodôntico

Os condutos radiculares foram tratados pelo método convencional (endo-PTC

e Solução de Mílton - Hipoclorito de Sódio 1% - Fórmula e Ação, São Paulo, SP,

Brasil) até a lima de número 80 (Injecta Produtos Odontológicos Ltda., São Paulo,

SP, Brasil) e lavados com EDTA (solução 17% com tensoativo aniônico - Fórmula e

Ação, São Paulo, SP, Brasil) antes da obturação. Após a secagem dos condutos

com cones de papel (Tanariman Indústrial Ltda, Manaus, AM, Brasil), foi realizada a

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obturação com cimento endodôntico N-Rickert (Biodinâmica Química e Farmacêutica

Ltda., Ibiporã, PR, Brasil) e cones de guta-percha (Tanariman Indústrial Ltda,

Manaus, AM, Brasil). A porção cervical dos condutos radiculares foi selada com

cimento de ionômero de vidro (SS White, Rio de Janeiro, RJ, Brasil). Os espécimes

foram mantidos em água destilada a 37°C por 7 dias.

4.4.2 Desobturação dos condutos

Após uma semana da obturação dos condutos, foi realizada sua

desobturação parcial para a cimentação dos pinos. Os condutos destinados à

cimentação dos pinos Reforpost (Angelus Indústria de Produtos Odontológicos S/A,

Londrina, PR, Brasil) foram preparados com broca de Largo número 3 (Dentsply

Maillefer, Ballaigues, Suíça), correspondente ao diâmetro dos pinos. Os condutos

destinados à cimentação dos pinos Exacto (Angelus Indústria de Produtos

Odontológicos S/A, Londrina, PR, Brasil), por sua vez, foram preparados com Broca

Exacto número 2 (Angelus Indústria de Produtos Odontológicos S/A, Londrina, PR,

Brasil), favorecendo a adaptação ao conduto devido à calibração dos pinos de

acordo com as brocas. Em ambos os casos, obteve-se um espaço de 7 mm de

profundidade.

Foram constituídos 9 grupos experimentais, com 10 espécimes cada (n=10),

de acordo com o Quadro 4.1. As características dos pinos estão descritas no Quadro

4.2.

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GRUPO CIMENTO PINO DENOMINAÇÃO

Grupo 1 Rely X U100 Exacto Fibra de Vidro U100 – Exacto

Grupo 2 Rely X U100 Reforpost Fibra de Vidro U100 – Vidro

Grupo 3 Rely X U100 Reforpost Fibra de Carbono U100 – Carbono

Grupo 4 Rely X ARC Exacto Fibra de Vidro Rely X – Exacto

Grupo 5 Rely X ARC Reforpost Fibra de Vidro Rely X – Vidro

Grupo 6 Rely X ARC Reforpost Fibra de Carbono Rely X – Carbono

Grupo 7 Cement Post Exacto Fibra de Vidro Cement – Exacto

Grupo 8 Cement Post Reforpost Fibra de Vidro Cement – Vidro

Grupo 9 Cement Post Reforpost Fibra de Carbono Cement – Carbono

Quadro 4.1 - Divisão dos grupos experimentais de acordo com os tipos de pino e de cimento utilizados e com sua denominação

Quadro 4.2 - Características externas dos pinos

4.4.3 Cimentação dos pinos

Previamente à cimentação dos pinos, foi realizada a limpeza dos condutos

com detergente biológico (lauril sulfato de sódio - Fórmula e Ação, São Paulo, SP,

Brasil). No caso da utilização do cimento resinoso auto-adesivo Rely X U100 (3M

ESPE, St. Paul, MN, EUA), a mesma quantidade de base e catalisador foi

manipulada e introduzida no conduto com auxílio de lentulo (Dentsply Maillefer,

Ballaigues, Suíça) (Figuras 4.4 e 4.5). Já para a utilização do cimento resinoso dual

Rely X ARC (3M ESPE, St. Paul, MN, EUA), realizou-se o preparo do conduto

radicular previamente à cimentação. Para tanto, primeiramente a dentina radicular

MARCA COMERCIAL /

COR

FORMATO COMPRIMENTO DIÂMETRO

Exacto Fibra de Vidro/

Translúcido

Cônico com

superfície lisa

17 mm Coronal: 1,6 mm

Apical: 0,9 mm

Reforpost Fibra de Vidro/

Branco

Cônico com

superfície anelada

20 mm Coronal: 1,5 mm

Apical: 1,1 mm

Reforpost Fibra de Carbono/

Negro

Cônico com

superfície anelada

20 mm Coronal: 1,5 mm

Apical: 1,1 mm

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foi condicionada com ácido fosfórico a 37% (Dentalville do Brasil Ltda., Joinville, SC,

Brasil) por 15 segundos, seguido da lavagem abundante com jato de água e ar. Para

garantir que todo o ácido fosfórico fosse removido, a lavagem foi complementada

através da introdução uma seringa fina (Ultradent do Brasil, Indaiatuba, SP, Brasil)

com água no interior do conduto radicular. A secagem do conduto foi realizada com

cones de papel absorvente. Utilizou-se então o adesivo Scotchbond Multi-Uso Plus

(3M ESPE, St. Paul, MN, EUA) conforme as orientações do fabricante: o ativador foi

aplicado com microbrush (KG Sorensen, Cotia, SP, Brasil) delgado e seco com leve

jato de ar a 10 cm da superfície por 5 segundos; em seguida, o primer foi aplicado e

seco da mesma maneira que o ativador; finalmente, aplicou-se o catalisador com

microbrush e foram utilizadas pontas de papel absorvente para remoção dos

excessos. Porções iguais de base e catalisador do cimento Rely X ARC foram

manipuladas e introduzidas no conduto com auxílio de um lentulo (Figuras 4.4 e 4.5).

Para a cimentação com cimento resinoso de ativação química Cement Post

(Angelus Indústria de Produtos Odontológicos S/A, Londrina, PR, Brasil), foi

realizado o condicionamento da dentina radicular com solução de ácido fosfórico a

37% da mesma maneira que aquele realizado para a utilização do cimento dual Rely

X ARC. Foi utilizado o adesivo Fusion Duralink (Angelus Indústria de Produtos

Odontológicos S/A, Londrina, PR, Brasil) conforme as recomendações do fabricante:

um microbrush delgado foi saturado com primer e aplicado no conduto, através de

leve fricção por 20 segundos. Após um breve jato de ar a 10 cm da superfície por 10

segundos, o excesso de primer foi removido com pontas de papel absorvente. Outro

microbrush foi saturado com catalisador e uma fina camada foi aplicada no conduto.

Por fim, quantidades iguais de base e catalisador do cimento Cement Post foram

manipuladas e introduzidas no conduto com auxílio de um lentulo (Figuras 4.4 e 4.5).

Os materiais utilizados neste estudo estão descritos no Quadro 4.3.

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MATERIAL FABRICANTE TIPO COMPOSIÇÂO Exacto Fibra de

Vidro Angelus

Indústria de Produtos

Odontológicos S/A, Londrina,

PR, Brasil

Pino de fibra de vidro translúcido

Fibra de vidro: 80% Resina epóxi: 20 %

Reforpost Fibra de Vidro

Angelus Pino de fibra de vidro Fibra de vidro: 80% Resina epóxi: 20 %

Reforpost Fibra de Carbono

Angelus Pino de fibra de carbono Fibra de carbono: 79% Resina epóxi: 21 %

Rely X U100 3M ESPE, St. Paul, MN,

EUA

Cimento resinoso dual auto-adesivo

Pasta base: Fibra de vidro, ésteres ácido fosfórico metacrilado, TEGDMA, sílica tratada com silano, persulfato de sódio Pasta Catalisadora: Fibra de vidro, dimetacrilato substituto, sílica tratada com silano, p-toluenosulfonato de sódio e hidróxido de cálcio

Rely X ARC 3M ESPE Cimento resinoso dual Silano, sílica tratada, TEGDMA, Bis-GMA, polímero dimetacrilato

Cement Post Angelus Cimento resinoso autopolimerizável

Pasta base: Bis-GMA, TEGDMA, cerâmica de vidro de bário, sílica pirogênica, amina terciária, antioxidante, pigmentos. Pasta catalisadora: Bis-GMA, TEGDMA, cerâmica de vidro de bário, sílica pirogênica, ativador, estabilizantes.

Scotchbond Multi-Uso Plus

3M ESPE Sistema adesivo autopolimerizável

Ativador: Sal e ácido sulfúrico Primer: HEMA e ácido polialcenóico Catalisador: Bis-GMA, HEMA e peróxido

Fusion Duralink Angelus Sistema adesivo autopolimerizável

Primer: ésteres derivados do ácido metacrílico, etanol, água Catalisador: ésteres derivados do ácido metacrílico e aceleradores de polimerização

HEMA, 2-hydroxyethyl metacrylate; Bis-GMA, bisphenol-glycidyl methacrylate; TEGDMA, triethylene glycol dimethacrylate

Quadro 4.3 - Materiais selecionados para este estudo

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Figuras 4.4 e 4.5 – Manipulação de quantidades iguais de base e catalisador dos cimentos resinosos

e sua inserção no conduto com auxílio de lentulo.

Após a limpeza dos pinos com álcool, foi aplicado silano (Angelus Indústria de

Produtos Odontológicos S/A, Londrina, PR, Brasil) apenas nos pinos de fibra de

vidro, uma vez que não é recomendada pelo fabricante a utilização de silano nos

pinos de fibra de carbono. O silano permaneceu por um minuto na superfície dos

pinos e depois foi seco com um jato de ar. Uma fina camada de catalisador foi

aplicada na superfície dos pinos a serem cimentados com Rely X ARC e Cement

Post, conforme recomendação dos fabricantes. Cada pino foi posicionado no

conduto após o cimento ser aplicado até o limite da câmara pulpar. Utilizou-se um

dispositivo desenvolvido para padronizar a pressão exercida sobre os pinos durante

a cimentação (Gomes et al., 2007) (Figuras 4.6 e 4.7). Após a remoção dos

excessos com explorador, foi realizada a fotoativação (Elipar Freelight 2 - 3M ESPE -

1200 Kw/cm2) por 80 segundos. No caso dos pinos de fibra de vidro, a fotoativação

foi realizada por 60 segundos na porção cervical da raiz, sendo 30 segundos na

porção vestibular e 30 segundos na porção lingual/palatina, e por 20 segundos na

extremidade superior do pino. Já no caso dos pinos de fibra de carbono, a

fotoativação foi realizada por 40 segundos da porção vestibular e por 40 segundos

na porção lingual/palatina (Faria e Silva et al., 2007b).

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Figuras 4.6 e 4.7 - Dispositivo utilizado para padronizar a pressão exercida sobre os pinos durante a cimentação (Gomes et al., 2007)

Os corpos de prova com os pinos já cimentados foram armazenados em água

destilada a 37º C por 7 dias (Faria e Silva et al., 2007b; Kalkan et al., 2006).

4.5 Ensaio mecânico de tração

Após o tempo de espera, foi realizado o teste de tração no aparelho de ensaio

mecânico da marca Kratos Equipamentos, modelo IKCL3-USB, São Paulo, Brasil,

pertencente ao laboratório do Departamento de Materiais Dentários da FOUSP

(Figuras 4.8 e 4.9). Este teste foi realizado a uma velocidade de 0,5mm/min (Macedo

et al., 2010) até a ruptura dos corpos de prova, ou seja, até que o pino fosse

arrancado do interior do conduto radicular.

A cada ensaio, a força referente ao momento da separação das partes,

expressa em Newtons (N), foi transcrita para posterior conversão e análise

estatística.

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Figuras 4.8 e 4.9 – Corpo de prova na máquina de ensaio Kratos para o teste de tração

4.6 Cálculo da tensão de tração

Concluídos os testes de tração, os corpos de prova foram cuidadosamente

removidos e a força, expressa em N na máquina de ensaio, foi transformada em

MPa. Para realizar esta conversão, foi necessário calcular a área de adesão da

superfície radicular. Como o conduto radicular apresenta formato cônico, utilizou-se

a fórmula da área lateral do cone: π.r.g, onde r é a medida do raio da base e g é a

geratriz do cone. O diâmetro da base, referente à embocadura do conduto radicular,

foi medido com um paquímetro digital (Modelo 227; Starrett, São Paulo, Brasil) e

metade desse valor correspondeu ao raio. Já para calcular a geratriz do cone,

utilizou-se a fórmula g2=h2+r2, onde h é a altura do cone, referente à profundidade

de desobturação do conduto (7 mm), e r é o raio da base do cone (Figura 4.10).

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Figura 4.10 – Esquema representativo dos componentes de um cone

4.7 Análise microscópica

Os pinos foram examinados microscopicamente através de um microscópio

óptico Olympus (Tokyo, Japão), com 20x de aumento, para avaliação do modo de

fratura, que foi classificado da seguinte forma (Albashaireh et al., 2010):

1- Fratura adesiva entre cimento e pino (sem cimento visível ao redor do pino);

2- Fratura mista, com o cimento recobrindo até 50% da superfície do pino;

3- Fratura mista, com o cimento recobrindo mais de 50% da superfície do pino;

4- Fratura adesiva entre o cimento resinoso e a dentina radicular (pino totalmente

recoberto por cimento);

5- Fratura coesiva do cimento.

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Resultados

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5 RESULTADOS

5.1 Análise estatística

Neste estudo foram avaliados nove grupos experimentais com dez espécimes

cada (n=10). Durante a execução do teste de tração, alguns espécimes foram

perdidos, o que levou à sua exclusão, uma vez que não haveria como lhes imputar

dados. As perdas foram ocasionadas por falhas durante o teste, como o não

descolamento do pino durante o ensaio e a sua fratura.

As variáveis analisadas estatisticamente foram: Força (N), r (mm), g (mm),

Área (mm2) e Tração (MPa). A Tração (MPa) é a variável de interesse deste estudo.

Entretanto, o r (mm) e a Área (mm2) foram utilizadas como co-variáveis, conforme

será descrito a seguir.

Adotou-se o nível de significância (p) de 5% (0,050) para a aplicação dos

testes estatísticos e foi utilizado o programa SPSS (Statistical Package for Social

Sciences), em sua versão 20.0, para obtenção dos resultados.

Primeiramente, foi realizada a Análise de Variância Multivariada com o

objetivo de verificar a existência de efeitos do pino, do cimento e da interação entre

ambos sobre a variável de interesse. Esta análise encontrou efeitos estatisticamente

significantes do cimento, do pino e da interação cimento-pino para a variável

Tração, sendo respectivamente p=0,001; p=0,001 e p=0,003. Deste modo, esses

três efeitos foram considerados. Através da ANOVA, verificou-se também que a

distribuição dos dados não era normal, e por esse motivo optou-se por utilizar os

testes não-paramétricos de Kruskal-Wallis e Mann-Whitney.

Foi então aplicado o Teste de Kruskal-Wallis com o intuito de verificar as

possíveis diferenças entre os nove grupos experimentais quando comparados

concomitantemente sobre as co-variáveis e a variável de interesse. Não houve

diferenças estatisticamente significantes na medida dos raios das embocaduras dos

condutos radiculares (r) e na área de adesão (Área), sendo p=0,230 para ambas as

variáveis. Portanto, podemos considerar este estudo homogêneo. A variável Tração,

por sua vez, apresentou diferenças estatisticamente significantes, sendo p =0,001.

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Aplicou-se o Teste de Kruskal-Wallis pela segunda vez para se verificar as

possíveis diferenças entre os três pinos, quando comparados concomitantemente,

para cada tipo de cimento sobre a variável Tração. No caso do cimento U100, não

houve diferenças estatisticamente significantes, sendo p=0,051, conforme retratado

na tabela 5.1.

Tabela 5.1 - Avaliação da força de tração média (MPa) para o cimento U100 com cada tipo de pino (Teste de Kruskal-Wallis)

Pino Média (MPa) Desvio-padrão Significância (p)

Exacto 4,17 1,92

0,051 R. Vidro 6,02 1,88

R. Carbono 4,14 0,60

Já no caso do cimento Rely X ARC, existiram diferenças estatisticamente

significantes, sendo p=0,012 (Tabela 5.2). Observou-se que o pino R. Carbono

(Reforpost Fibra de Carbono) apresentou os maiores valores de tração média,

seguido do pino R. Vidro (Reforpost Fibra de Vidro).

Tabela 5.2 - Avaliação da força de tração média (MPa) para o cimento Rely X ARC com cada tipo de pino (Teste de Kruskal-Wallis)

Pino Média (Mpa) Desvio-padrão Significância (p)

Exacto 5,53 2,95

0,012 R. Vidro 9,51 1,31

R. Carbono 10,12 3,44

Para o cimento Cement Post não existiram diferenças estatisticamente

significantes, sendo p=0,946 (Tabela 5.3).

Tabela 5.3 - Avaliação da força de tração média (MPa) para o cimento Cement Post com cada tipo de pino (Teste de Kruskal-Wallis)

Pino Média (Mpa) Desvio-padrão Significância (p)

Exacto 0,90 0,42

0,946 R. Vidro 1,10 0,84

R. Carbono 1,16 1,19

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O Teste de Kruskal-Wallis foi aplicado pela terceira vez com o objetivo de

verificar as possíveis diferenças entre os três cimentos, quando comparados

concomitantemente, para cada tipo de pino, sobre a variável de interesse.

Encontraram-se diferenças estatisticamente significantes para os três cimentos

estudados quando comparados individualmente com os três pinos, sendo p<0,001.

(Tabelas 5.4, 5.5 e 5.6).

Tabela 5.4 – Avaliação da força de tração média (Mpa) para o pino Exacto com cada tipo de cimento (Teste de Kruskal-Wallis)

Cimento Média (Mpa) Desvio-padrão Significância (p)

U100 4,17 1,92

˂0,001 Rely X ARC 5,53 2,95

Cement Post 0,90 0,42

Tabela 5.5 – Avaliação da força de tração média (MPa) para o pino Reforpost Fibra de Vidro com cada tipo de cimento (Teste de Kruskal-Wallis)

Cimento Média (MPa) Desvio-padrão Significância (p)

U100 6,02 1,88

˂0,001 Rely X ARC 9,51 1,31

Cement Post 1,10 0,84

Tabela 5.6 – Avaliação da força de tração média (MPa) para o pino Reforpost Fibra de Carbono com cada tipo de cimento (Teste de Kruskal-Wallis)

Cimento Média (MPa) Desvio-padrão Significância (p)

U100 4,14 0,60

˂0,001 Rely X ARC 10,12 3,44

Cement Post 1,16 1,19

Para identificar quais categorias de cimentos diferenciam-se entre si, quando

comparadas par a par, aplicou-se o Teste de Mann-Whitney, ajustado pela Correção

de Bonferroni (Tabelas 5.7, 5.8 e 5.9).

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Tabela 5.7 – Comparação dos cimentos par a par, para o pino Exacto (Teste de Mann-Whitney)

Cimentos Significância (p)

U100 / Rely X ARC 0,253

U100 / Cement Post 0,001

Rely X ARC / Cement Post < 0,001

Tabela 5.8 - Comparação dos cimentos par a par, para o pino Reforpost Fibra de Vidro (Teste de Mann-Whitney)

Cimentos Significância (p)

U100 / Rely X ARC 0,003

U100 / Cement Post < 0,001

Rely X ARC / Cement Post 0,001

Tabela 5.9 - Comparação dos cimentos par a par, para o pino Reforpost Fibra de Carbono (Teste de Mann-Whitney)

Cimentos Significância (p)

U100 / Rely X ARC 0,003

U100 / Cement Post 0,003

Rely X ARC / Cement Post 0,001

As comparações mostraram diferenças estatisticamente significantes para

todos os pares de cimentos, exceto entre U100 e Rely X ARC quando utilizado o

pino Exacto (p=0,253).

5.2 Análise morfológica

O exame microscópico dos espécimes realizado após o ensaio mecânico

revelou que a superfície dos pinos estava recoberta por grande quantidade de

cimento em todos os grupos experimentais (Tabela 5.10). Em 57% dos pinos

examinados ocorreram fraturas mistas, com o cimento resinoso recobrindo de 50 a

100% da superfície do pino (Figura 5.1), enquanto em 32% observou-se a fratura

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adesiva entre o cimento resinoso e a dentina radicular, ou seja, o pino apresentava-

se completamente recoberto por cimento (Figura 5.2). A fratura coesiva do cimento

foi observada em 10% dos pinos (Figura 5.3) e em apenas 1% dos pinos ocorreu

fratura adesiva entre cimento e pino, isto é, não havia cimento ao redor do pino

(Figura 5.4).

Tabela 5.10 – Número de pinos de acordo com o grupo e tipo de fratura

Grupo / Tipo de Fratura

Adesiva entre

cimento e pino

Mista, com o cimento

recobrindo de 0-50% do pino

Mista, com o cimento

recobrindo de 50-100% do

pino

Adesiva entre cimento e dentina

radicular

Coesiva do cimento

U100 – Exacto 0 0 1 7 1

U100 – Vidro 0 0 5 2 3

U100 – Carbono 0 0 4 2 0

Rely X – Exacto 1 0 4 3 2

Rely X – Vidro 0 0 2 4 0

Rely X – Carbono 0 0 5 2 0

Cement – Exacto 0 0 7 0 1

Cement – Vidro 0 0 6 4 0

Cement – Carbono 0 0 8 0 0

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Figura 5.1 – Fratura mista entre cimento resinoso e dentina radicular, com o cimento recobrindo mais de 50% da superfície do pino (Cement – Carbono 9)

Figura 5.2 – Fratura adesiva entre cimento resinoso e dentina radicular (Rely X – Vidro 8)

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Figura 5.3 – Fratura coesiva do cimento (U100 – Exacto3)

Figura 5.4 – Fratura adesiva entre cimento resinoso e pino (Rely X – Exacto 5)

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Discussão

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6 DISCUSSÃO

6.1 Justificativa dos materiais e técnicas utilizados

Os pinos de fibra são indicados para restaurar dentes endodonticamente

tratados com extensa perda estrutural por apresentarem propriedades físicas

similares às da dentina, o que reduz o risco de fratura radicular (Ferrari et al., 2000).

Entretanto, o principal desafio relacionado a estes pinos é conseguir uma adesão

satisfatória ao conduto radicular (Jongsma et al., 2010). Sua retenção é influenciada

por vários fatores, tais como tipo, composição e formato do pino, cimento utilizado,

pré-tratamento dos substratos, dentre outros (Bateman et al., 2003).

É indicada a utilização de cimentos resinosos na cimentação dos pinos de

fibra (Manocci et al., 2001), tanto por favorecer a distribuição das tensões no interior

do conduto radicular (De Santis et al., 2000) quanto por apresentar menor

microinfiltração em relação aos cimentos de fosfato de zinco e de ionômero de vidro

(Bachicha et al., 1998).

Segundo a literatura, para a cimentação de pinos de fibra não são indicados

cimentos resinosos fotoativados em virtude de seu baixo grau de conversão no

interior do conduto radicular, mesmo quando utilizados pinos translúcidos (Roberts et

al., 2004). Por essa razão, utilizaram-se neste estudo dois cimentos resinosos duais

(Rely X U100 e Rely X ARC - 3M ESPE) e um quimicamente ativado (Cement Post -

Angelus).

Quanto aos sistemas adesivos associados aos cimentos resinosos, optou-se

neste estudo por utilizar sistemas adesivos autopolimerizáveis, sendo eles o

Scotchbond Multi-Uso Plus (3M ESPE) e o Fusion Duralink (Angelus), combinados

respectivamente aos cimentos resinosos Rely X ARC e Cement Post. Isso está de

acordo com Mallmann et al. (2007), que compararam dois tipos de sistemas

adesivos associados a cimentos resinosos para a cimentação de pinos de fibra: o

Single Bond (3M ESPE), fotoativado, e o Scotchbond Multi-Uso Plus (3M ESPE),

autopolimerizável, sendo que o adesivo autopolimerizável apresentou maiores

valores de força de adesão que o adesivo fotoativado, provavelmente por este último

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apresentar um baixo grau de conversão no interior dos condutos, da mesma forma

que os cimentos fotoativados (Roberts et al., 2004).

No que se refere à interação dos adesivos dentários à dentina, podem ser

utilizados dois tipos de sistemas adesivos: condicione-e-lave ou all etch, e

autocondicionante ou self-etch. Ambos os sistemas utilizados neste estudo são

condicione-e-lave, pois, segundo Goracci et al. (2005), através do condicionamento

ácido são removidos a smear layer da superfície radicular e os smear plugs do

interior dos túbulos dentinários, ambos formados durante o preparo do conduto,

aumentando a retenção micromecânica dos cimentos resinosos.

Os cimentos duais auto-adesivos não necessitam de um pré-tratamento da

dentina radicular (Monticelli et al., 2008), o que contribui para diminuir a sensibilidade

da técnica de cimentação (Toman et al., 2009). Isso se deve ao fato de

apresentarem em sua composição metacrilatos de ácido fosfórico multifuncionais

que reagem com a hidroxiapatita presente nos tecidos duros (Zorba et al., 2010),

possibilitando a adesão entre o cimento e a dentina radicular (Radovic et al., 2008).

Entretanto, como a literatura apresenta resultados conflitantes a respeito da força de

adesão dos cimentos auto-adesivos à dentina (Goracci et al., 2005; Bitter et al.,

2009; Mazzoni et al., 2009; Goracci; Ferrari, 2011; Dimitrouli et al., 2011; Leme et al.,

2011), foi utilizado neste estudo o cimento resinoso dual auto-adesivo Rely X U100

em comparação ao cimento resinoso dual Rely X ARC e ao cimento quimicamente

ativado Cement Post.

Da mesma maneira, os resultados na literatura são divergentes em relação à

eficácia dos pinos de fibra translúcidos (Boschian Pest et al., 2002; Roberts et al.,

2004; Grandini et al., 2004; Yoldas; Alaçam, 2005; Kalkan et al., 2006; Faria e Silva

et al., 2007a; Mallmann et al., 2007; Dos Santos Alves Morgan et al., 2008; Rathke

et al., 2009; Radovic et al., 2009; Goracci; Ferrari, 2011), que foram lançados no

mercado com o objetivo de aumentar o grau de conversão dos cimentos resinosos

duais no interior do conduto radicular (Yoldas; Alaçam, 2005). Por esse motivo,

foram testados pinos de fibra com diferentes graus de translucidez: o Exacto Fibra

de Vidro (Angelus), translúcido; o Reforpost Fibra de Vidro (Angelus), branco; e o

Reforpost Fibra de Carbono (Angelus), negro e opaco.

Para aumentar a adesão entre o pino e cimento resinoso, existem algumas

técnicas de pré-tratamentos da superfície dos pinos. A silanização do pino é um dos

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métodos mais utilizados para este fim (Jongsma et al., 2010) e, por este motivo, foi

adotado neste estudo.

6.2 Considerações sobre os resultados

Os resultados deste estudo in vitro demonstraram que não existem diferenças

significativas entre os três tipos de pinos, quanto à resistência à tração, quando

utilizados o cimento auto-adesivo Rely X U100 e o cimento quimicamente ativado

Cement Post (Tabelas 5.1 e 5.3). Entretanto, houve diferenças estatisticamente

significantes entre os pinos quando utilizado o cimento dual Rely X ARC (Tabela

5.2), sendo que neste caso os pinos Reforpost Fibra de Carbono e Reforpost Fibra

de Vidro apresentaram valores de resistência à tração significativamente superiores

aos obtidos com os pinos Exacto. Este achado contrariou a expectativa de que os

pinos Exacto, mais translúcidos, contribuiriam ao transmitir a luz para aumentar os

valores de resistência adesiva dos cimentos duais.

Existe na literatura a indicação de que pinos cônicos são menos retentivos

que pinos cilíndricos (Goracci; Ferrari, 2011). Portanto, o formato dos pinos Exacto,

cuja conicidade é maior em relação aos pinos Reforpost, pode ter contribuído para

diminuir sua resistência à tração no caso da utilização do cimento dual Rely X ARC.

Além disso, o fato de seu diâmetro na porção apical (0,9 mm) ser menor do que o

dos pinos Reforpost (1,1 mm) aumentaria a espessura da camada de cimento nessa

área. Como este estudo trabalhou com áreas de adesão dentinária estatisticamente

semelhantes, a espessura da linha de cimento dependeu exclusivamente da

acomodação do pino no interior do conduto. O fator C no interior dos condutos

radiculares pode ultrapassar 200 durante a cimentação dos pinos (Bouillaguet et al.,

2003). Logo, a contração de polimerização no interior do conduto pode exceder a

força de adesão entre o cimento resinoso e a dentina, causando o descolamento do

cimento da superfície radicular (Giachetti et al., 2009). Quanto mais fina for a

camada de cimento resinoso, menor será a sua contração de polimerização e

consequentemente maior será a resistência adesiva (Bouillaguet et al., 2003).

Portanto, com base nestes resultados, podemos afirmar que a translucidez

dos pinos não contribuiu para aumentar a resistência à tração em nenhum dos

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grupos testados. Mallman et al. (2007) estão de acordo com essa constatação, pois

não encontraram diferenças estatisticamente significantes ao comparar pinos de

fibra opacos e translúcidos cimentados com o cimento resinoso dual Rely X ARC, e

afirmaram que a propagação da luz através do pino translúcido não influencia na

força de adesão dos cimentos resinosos. A translucidez do pino não foi capaz de

ampliar a resistência à tração de cimentos resinosos duais também no estudo de

Kalkan et al. (2006), no qual os pinos translúcidos apresentaram menores valores de

força adesiva que os pinos opacos.

Houve diferença significante entre todos os cimentos comparados par a par,

exceto entre os cimentos Rely X ARC e Rely X U100 para o pino Exacto (Tabelas

5.7, 5.8 e 5.9). Verificamos que o cimento dual Rely X ARC apresentou valores de

resistência à tração superiores àqueles apresentados pelo cimento auto-adesivo

Rely X U100 quando utilizados os pinos Reforpost Fibra de Vidro e Reforpost Fibra

de Carbono (Tabelas 5.5 e 5.6). Este achado está de acordo com Mazzoni et al.

(2009), cujo estudo apontou que sistemas adesivos condicione-e-lave associados a

cimento duais apresentam maior força de adesão quando comparados a cimentos

auto-adesivos. De acordo com Bitter et al. (2009), a resistência à tração dos

cimentos auto-adesivos é menor em comparação aos cimentos duais associados a

sistemas adesivos condicione-e-lave por não ser realizado o pré-tratamento da

superfície radicular para a remoção da smear layer formada durante o preparo do

conduto, interferindo na infiltração do cimento resinoso no substrato de colágeno;

consequentemente, a camada híbrida formada é mais fina e apresenta menos tags

de resina, o que prejudica a adesão (Goracci et al., 2005).

Em contrapartida, outros estudos apontaram resultados divergentes dos

relatados anteriormente. Dimitrouli et al. (2011), por exemplo, compararam cimentos

auto-adesivos a cimentos duais associados a adesivos condicione-e-lave e

concluíram que o tipo de cimento utilizado não afetou a força de adesão. Já no

trabalho de Leme et al. (2011), o cimento auto-adesivo Rely X Unicem (3M ESPE)

apresentou maior valor de resistência à tração do que o cimento dual Rely X ARC

(3M ESPE).

Após os testes de tração, analisou-se microscopicamente a superfície dos

pinos cimentados e verificou-se menor quantidade de bolhas na linha de cimento no

caso da utilização do Rely X ARC em relação ao Rely X U100 e ao Cement Post. De

acordo com Ferrari et al. (2001), quanto maior for a fluidez do cimento, menor será a

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formação de bolhas; como a capacidade de contato ou molhamento da superfície

radicular aumenta nos cimentos com maior fluidez, este fato pode resultar em maior

força de adesão à dentina. Também devemos considerar que a pressão aplicada

sobre o pino durante a cimentação, como realizado neste experimento de forma

padronizada, reduz a formação de bolhas, contribuindo para aumentar a força de

adesão (Chieffi et al., 2007). Estes fatores podem ter colaborado para os maiores

valores de resistência à tração do cimento Rely X ARC.

O cimento quimicamente ativado Cement Post apresentou os menores

valores de resistência à tração (Tabelas 5.4, 5.5 e 5.6). O fato dos cimentos

químicos polimerizarem um pouco mais lentamente que os cimentos duais, os quais

apresentam um grau de conversão mais rápido pela ativação por luz, permite que a

água presente no interior dos túbulos dentinários tenha tempo suficiente para se

difundir através do sistema adesivo (Tay et al., 2003). De acordo com Monticcelli et

al. (2005), este controle deficitário da umidade pode contribuir para falhas adesivas

ao longo da interface cimento-dentina, o que explicaria a menor resistência à tração

do cimento quimicamente ativado.

Ao se analisar a superfície do cimento na porção apical dos pinos, observa-se

que esta se apresentou bastante irregular e com traços de guta-percha e cimento

endodôntico em todos os grupos estudados. Este achado sugere que a adesão na

porção apical do conduto foi deficitária. Vários estudos apontaram que, pelo fato da

porção apical ser a região de mais difícil acesso do conduto radicular, sua força de

adesão é comprometida tanto pela dificuldade de preparo da superfície radicular

quanto pela deficiência do grau de conversão das resinas duais (Mallmann et al.,

2007; Kalkan et al., 2006; Bouillaguet et al., 2003). Além disso, a densidade de

túbulos dentinários é maior no terço cervical do que no terço médio e apical do

conduto radicular (Ferrari et al., 2000), portanto a hibridização da dentina e a

formação de tags de resina não são uniformes ao longo de toda a superfície

radicular, segundo Vichi et al. (2002).

Por meio da análise microscópica dos pinos após os testes de tração,

observou-se que em 57% dos pinos examinados ocorreram fraturas mistas, com o

cimento resinoso recobrindo de 50 a 100% da superfície do pino, enquanto em 32%

observou-se a fratura adesiva entre o cimento resinoso e a dentina radicular.

Portanto, a força adesiva entre cimento resinoso e pino foi maior que aquela entre

cimento resinoso e dentina. Segundo Jongsma et al. (2010), este resultado era o

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esperado. A compatibilidade química entre a matriz de resina dos pinos de fibra com

o bisfenol-glicidil metacrilato (Bis-GMA), presente nos cimentos resinosos

(Asmussen et al., 2005), pode ter sido um dos responsáveis pela baixa incidência de

fraturas na interface cimento-pino. Além disso, a silanização dos pinos de fibra de

vidro previamente à cimentação pode ter contribuído para aumentar a força adesiva

nessa interface (Monticelli et al., 2005).

Neste estudo, foi realizada a padronização da metodologia no que se refere

ao comprimento das raízes e às dimensões das limas para o preparo dos condutos.

Além disso, não existiram diferenças estatisticamente significantes na medida dos

raios das embocaduras dos condutos radiculares. Estes cuidados na metodologia

fizeram com que as áreas de adesão no interior dos condutos fossem

estatisticamente semelhantes entre todos os espécimes, tornando os resultados

obtidos mais confiáveis. Entretanto, são necessários estudos clínicos abordando a

cimentação de pinos de fibra, já que clinicamente as diferenças anatômicas entre as

raízes não permitem uma padronização da área de adesão; além disso, a técnica é

mais crítica do que aquela realizada in vitro em dentes bovinos, devido ao menor

diâmetro dos condutos e à maior umidade da cavidade oral.

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Conclusões

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7 CONCLUSÕES

Dentro dos limites deste estudo in vitro, podemos concluir que:

1. A translucidez dos pinos não é o fator mais importante para aumentar a

resistência à tração dos cimentos resinosos duais no interior dos condutos

radiculares.

2. O pino com maior translucidez e maior conicidade (Exacto), apresentou valores de

resistência à tração significativamente inferiores do que os pinos com menor

translucidez e menos cônicos (Reforpost Fibra de Vidro e Reforpost Fibra de

Carbono), quando utilizado o cimento dual (Rely X ARC).

3. O cimento dual (Rely X ARC) apresentou maiores valores de resistência à tração

do que cimento dual auto-adesivo (Rely X U100) quando utilizados os pinos menos

translúcidos (Reforpost Fibra de Vidro e Fibra de Carbono).

4. O cimento de polimerização química (Cement Post) apresentou desempenho

inferior quanto à resistência à tração em relação aos cimentos duais, independente

do tipo de pino.

5. Os cimentos resinosos apresentaram melhor adesão aos pinos do que à dentina

radicular.

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Referências

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REFERÊNCIAS1

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De acordo com o estilo Vancouver.

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Apêndice

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APÊNDICE A – Resultados obtidos no teste de tração

Grupo Força (N) r (mm) g (mm) Área (mm2) Tração (MPa)

Tipo de fratura

U100

U100 – Exacto 1 55,97 2,01 7,28 45,99 1,22 4

U100 – Exacto 2 127,49 1,56 7,17 35,15 3,63 4

U100 – Exacto 3 99,41 1,27 7,11 28,38 3,50 5

U100 – Exacto 4 138,86 1,22 7,11 27,23 5,10 4

U100 – Exacto 5 90,96 1,83 7,24 41,60 2,19 3

U100 – Exacto 6 173,83 0,99 7,07 21,99 7,91 4

U100 – Exacto 7 103,95 1,02 7,07 22,67 4,59 4

U100 – Exacto 8 140,73 1,52 7,16 34,21 4,11 4

U100 – Exacto 9 187,55 1,58 7,18 35,62 5,27 4

U100 – Exacto 10 _ _

U100 – Vidro 1 90,96 1,42 7,14 31,86 2,85 3

U100 – Vidro 2 146,86 1,23 7,11 27,46 5,35 3

U100 – Vidro 3 162,55 1,15 7,09 25,63 6,34 5

U100 – Vidro 4 224,33 1,29 7,12 28,85 7,78 4

U100 – Vidro 5 259,39 1,43 7,14 32,10 8,08 4

U100 – Vidro 6 159,61 1,12 7,09 24,94 6,40 3

U100 – Vidro 7 207,66 1,62 7,19 36,57 5,68 3

U100 – Vidro 8 208,40 1,46 7,15 32,80 6,35 5

U100 – Vidro 9 114,49 1,64 7,19 37,04 3,09 5

U100 – Vidro 10 186,58 1,02 7,07 22,67 8,23 3

U100 – Carbono 1 139,75 1,55 7,17 34,91 4,00 3

U100 – Carbono 2 132,88 1,46 7,15 32,80 4,05 4

U100 – Carbono 3 161,57 1,63 7,19 36,80 4,39 3

U100 – Carbono 4 _ _

U100 – Carbono 5 189,76 1,79 7,23 40,63 4,67 3

U100 – Carbono 6 103,46 1,50 7,16 33,74 3,07 4

U100 – Carbono 7 _ _

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Grupo Força (N) r (mm) g (mm) Área (mm2) Tração (MPa) Tipo de fratura

U100 – Carbono 8 188,05 1,77 7,22 40,15 4,68 3

U100 – Carbono 9 _ _

U100 – Carbono 10 _ _

Rely X ARC

Rely X – Exacto 1 140,48 1,59 7,18 35,86 3,92 5

Rely X – Exacto 2 165,49 1,57 7,17 35,38 4,68 4

Rely X – Exacto 3 234,63 1,31 7,12 29,31 8,01 3

Rely X – Exacto 4 123,81 1,04 7,08 23,12 5,35 4

Rely X – Exacto 5 232,42 0,84 7,05 18,61 12,49 1

Rely X – Exacto 6 98,80 1,78 7,22 40,39 2,45 5

Rely X – Exacto 7 195,65 1,36 7,13 30,47 6,42 3

Rely X – Exacto 8 122,83 1,07 7,08 23,80 5,16 3

Rely X – Exacto 9 65,71 1,05 7,08 23,35 2,81 3

Rely X – Exacto 10 96,11 1,08 7,08 24,03 4,00 4

Rely X – Vidro 1 322,89 1,44 7,15 32,33 9,99 4

Rely X – Vidro 2 _ _

Rely X – Vidro 3 248,36 1,34 7,13 30,00 8,28 3

Rely X – Vidro 4 314,06 1,84 7,24 41,84 7,51 3

Rely X – Vidro 5 _ _

Rely X – Vidro 6 293,96 1,23 7,11 27,46 10,70 4

Rely X – Vidro 7 _ _

Rely X – Vidro 8 298,62 1,26 7,11 28,15 10,61 4

Rely X – Vidro 9 305,73 1,37 7,13 30,70 9,96 4

Rely X – Vidro 10 _ _

Rely X – Carbono 1 _ _

Rely X – Carbono 2 185,35 1,35 7,13 30,24 6,13 4

Rely X – Carbono 3 282,19 1,17 7,10 26,09 10,82 3

Rely X – Carbono 4 215,00 1,60 7,18 36,09 5,96 3

Rely X – Carbono 5 270,91 1,29 7,12 28,85 9,39 4

Rely X – Carbono 6 327,06 1,19 7,10 26,54 12,32 3

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Grupo Força (N) r (mm) g (mm) Área (mm2) Tração (MPa) Tipo de fratura

Rely X – Carbono 7 350,10 1,00 7,07 22,21 15,76 3

Rely X – Carbono 8 _ _

Rely X – Carbono 9 _ _

Rely X – Carbono 10 350,10 1,49 7,16 33,50 10,45 3

Cement Post

Cement – Exacto 1 58,59 1,59 7,18 35,86 1,63 3

Cement – Exacto 2 _

_

Cement – Exacto 3 22,55 2,02 7,29 46,23 0,49 3

Cement – Exacto 4 31,38 1,70 7,20 38,47 0,82 5

Cement – Exacto 5 44,13 1,58 7,18 35,62 1,24 3

Cement – Exacto 6 19,37 1,06 7,08 23,58 0,82 3

Cement – Exacto 7 20,83 1,37 7,13 30,70 0,68 3

Cement – Exacto 8 11,27 1,29 7,12 28,85 0,39 3

Cement – Exacto 9 32,61 1,26 7,11 28,15 1,16 3

Cement – Exacto 10 _ _

Cement – Vidro 1 27,95 1,32 7,12 29,54 0,95 4

Cement – Vidro 2 62,03 1,45 7,15 32,56 1,90 3

Cement – Vidro 3 60,55 1,34 7,13 30,00 2,02 4

Cement – Vidro 4 23,05 1,60 7,18 36,09 0,64 3

Cement – Vidro 5 17,65 1,20 7,10 26,77 0,66 4

Cement – Vidro 6 13,73 1,76 7,22 39,91 0,34 3

Cement – Vidro 7 81,39 1,31 7,12 29,31 2,78 3

Cement – Vidro 8 9,31 1,40 7,14 31,40 0,30 3

Cement – Vidro 9 11,77 1,10 7,09 24,49 0,48 4

Cement – Vidro 10 25,25 1,23 7,11 27,46 0,92 3

Cement – Carbono 1 _ _

Cement – Carbono 2 98,80 1,14 7,09 25,40 3,89 3

Cement – Carbono 3 14,22 1,22 7,11 27,23 0,52 3

Cement – Carbono 4 _ _

Cement – Carbono 5 18,38 1,57 7,17 35,38 0,52 3

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Grupo Força (N) r (mm) g (mm) Área (mm2) Tração (MPa) Tipo de fratura

Cement – Carbono 6 19,12 1,35 7,13 30,24 0,63 3

Cement – Carbono 7 12,99 1,36 7,13 30,47 0,43 3

Cement – Carbono 8 27,21 1,42 7,14 31,86 0,85 3

Cement – Carbono 9 49,28 1,21 7,10 27,00 1,82 3

Cement – Carbono 10 17,90 1,27 7,11 28,38 0,63 3

Legenda

Tipo de fratura:

1- Fratura adesiva entre cimento e pino (sem cimento visível ao redor do pino)

2- Fratura mista, com o cimento recobrindo até 50% da superfície do pino

3- Fratura mista, com o cimento recobrindo mais de 50% da superfície do pino

4- Fratura adesiva entre o cimento resinoso e a dentina radicular (pino totalmente

recoberto por cimento)

5- Fratura coesiva do cimento

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Anexo

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ANEXO A – Aprovação do Comitê de Ética no Uso de Animais (CEUA)