MEMORANDO SOBRE ALV

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  • 7/29/2019 MEMORANDO SOBRE ALV

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    COMISSO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS

    Bruxelas, 30.10.2000

    SEC(2000) 1832

    DOCUMENTO DE TRABALHO DOS SERVIOS DA COMISSO

    Memorando sobre Aprendizagem ao Longo da Vida

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    Memorando sobre Aprendizagem ao Longo da Vida

    NDICE1. Introduo .................................................................................................................... 3

    2. Aprendizagem ao longo da vida chegou o momento de agir.................................... 5

    3. Uma Europa dos Cidados atravs da aprendizagem ao longo da vida....................... 8

    3.1. Sociedades do conhecimento: o desafio da mudana .................................................. 8

    3.2. Um contnuo de aprendizagem ao longo da vida......................................................... 8

    3.3. Trabalhar em conjunto para dar corpo estratgia de aprendizagem ao longo da vida11

    4. Aces em matria de aprendizagem ao longo da vida: seis mensagens-chave........ 11

    4.1. Mensagem 1: Novas competncias bsicas para todos .............................................. 11

    4.2. Mensagem 2: Mais investimento em recursos humanos............................................ 13

    4.3. Mensagem 3: Inovao no ensino e na aprendizagem............................................... 15

    4.4. Mensagem 4: Valorizar a aprendizagem.................................................................... 17

    4.5. Mensagem 5: Repensar as aces de orientao e consultoria .................................. 19

    4.6. Mensagem 6: Aproximar a aprendizagem dos indivduos......................................... 21

    5. Mobilizar recursos para a aprendizagem ao longo da vida........................................ 23

    Anexo I - Exemplos de boas prticas de aprendizagem ao longo da vida

    Anexo II - O propsito do desenvolvimento de indicadores e parmetros de referncia emmatria de aprendizagem ao longo da vida

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    1. INTRODUO

    O Conselho Europeu de Lisboa realizado em Maro de 2000 assinala um momento decisivona orientao das polticas e aces a adoptar na Unio Europeia. As Concluses destaCimeira afirmam que a Europa entrou indiscutivelmente na Era do Conhecimento, com todas

    as implicaes inerentes para a vida cultural, econmica e social. Os modelos deaprendizagem, vida e trabalho esto a alterar-se em conformidade. Este processo significa quea mudana afecta no s os indivduos, mas tambm os procedimentos convencionalmenteestabelecidos.

    As concluses do Conselho Europeu de Lisboa confirmam que a aposta na aprendizagem aolongo da vida deve acompanhar uma transio bem sucedida para uma economia e umasociedade assentes no conhecimento. Por conseguinte, os sistemas de educao e formaona Europa esto no cerne das alteraes futuras e tambm eles devem adaptar-se. Asconcluses do Conselho Europeu da Feira convidam "os Estados-Membros, o Conselho e aComisso, nas respectivas reas de competncia, a circunscreverem estratgias coerentes e

    medidas prticas destinadas a fomentar a aprendizagem ao longo da vida para todos1. Opresente Memorando vem dar resposta ao mandato emanado dos Conselhos Europeus deLisboa e da Feira no sentido de conferir dimenso prtica aprendizagem ao longo da vida.Tem por objectivo lanar um debate escala europeia sobre uma estratgia global deaprendizagem ao longo da vida aos nveis individual e institucional, em todas as esferas davida pblica e privada.

    No mbito da Estratgia Europeia de Emprego, a Comisso e os Estados-Membros definirama aprendizagem ao longo da vida como toda e qualquer actividade de aprendizagem, com umobjectivo, empreendida numa base contnua e visando melhorar conhecimentos, aptides ecompetncias2. Esta a definio operacional adoptada no presente Memorando enquanto

    ponto de partida para subsequentes debates e aces.

    A aprendizagem ao longo da vida deixou de ser apenas uma componente da educao e daformao, devendo tornar-se o princpio orientador da oferta e da participao numcontnuo de aprendizagem, independentemente do contexto. A dcada que se avizinhadever assistir execuo prtica desta viso. Todos os europeus devero, sem excepo,beneficiar de oportunidades idnticas para se adaptarem s exigncias das mutaes sociais eeconmicas e participarem activamente na construo do futuro da Europa.

    As implicaes desta mudana fundamental nas perspectivas e prticas merecem e justificamo amplo debate que aqui se prope. Os Estados-Membros, responsveis pelos respectivos

    sistemas de educao e formao, devero liderar este debate, que tem de ser conduzido nos escala europeia mas tambm a nvel nacional. A aprendizagem ao longo da vida umaquesto que afecta o futuro de todos, de forma perfeitamente individualizada. O debatedever, pois, realizar-se a um nvel to prximo quanto possvel dos prprios cidados, eos seus resultados devero servir de base a um relatrio da Comisso a apresentar no

    1 Concluses do Conselho Europeu da Feira, pargrafo 33.2 A Estratgia Europeia de Emprego foi lanada em Novembro de 1997 pelo Conselho Europeu do

    Luxemburgo. Esta estratgia estabelece processos de acompanhamento e informao para todos os

    Estados-Membros, assentes em Orientaes para o Emprego revistas anualmente. A Estratgia Europeiade Emprego assenta nos seguintes quatro pilares: empregabilidade, esprito empresarial, adaptabilidadee igualdade de oportunidades.

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    Outono de 2001. Este documento dever ser encarado no mbito do mtodo aberto decoordenao acordado na Cimeira de Lisboa3.

    O presente Memorando inicia-se com a justificao da aplicao de uma estratgia deaprendizagem ao longo da vida. No captulo 2, afirma-se que a promoo de uma cidadaniaactiva e o fomento da empregabilidade so objectivos da aprendizagem ao longo da vida

    igualmente importantes e relacionados entre si. Os Estados-Membros concordam com estaprioridade, mas os progressos na adopo de uma aco concertada tm sido lentos. Ocaptulo 3 prossegue, argumentando que a dimenso das actuais mudanas econmicas esociais na Europa exigem uma abordagem fundamentalmente nova da educao e daformao. A aprendizagem ao longo da vida constitui o enquadramento comum no qualdevero ser reunidos todos os tipos de ensino e aprendizagem. A traduo prtica daaprendizagem ao longo da vida exige a colaborao eficaz de todos - indivduos eorganizaes.

    guisa de resposta, o captulo 4 sublinha seis mensagens-chave que proporcionam umenquadramento estruturado para um debate aberto sobre a execuo de uma estratgia de

    aprendizagem ao longo da vida. Estas mensagens assentam em experincias recolhidas a nveleuropeu atravs de programas comunitrios e do Ano Europeu da Aprendizagem ao Longo daVida (1996). Cada uma inclui uma srie de questes cujas respostas devero ajudar aclarificar reas prioritrias de aco. As mensagens-chave sugerem ainda que uma estratgiaglobal e coerente de aprendizagem ao longo da vida para a Europa dever ter por objectivos:

    garantir acesso universal e contnuo aprendizagem, com vista aquisio e renovaodas competncias necessrias participao sustentada na sociedade do conhecimento;

    aumentar visivelmente os nveis de investimento em recursos humanos, a fim de darprioridade ao mais importante trunfo da Europa - os seus cidados;

    desenvolver mtodos de ensino e aprendizagem eficazes para uma oferta contnua deaprendizagem ao longo e em todos os domnios da vida;

    melhorar significativamente a forma como so entendidos e avaliados a participao e osresultados da aprendizagem, em especial da aprendizagem no-formal e informal;

    assegurar o acesso facilitado de todos a informaes e consultoria de qualidade sobreoportunidades de aprendizagem em toda a Europa e durante toda a vida;

    providenciar oportunidades de aprendizagem ao longo da vida to prximas quanto

    possvel dos aprendentes, nas suas prprias comunidades e apoiadas, se necessrio, emestruturas TIC.

    3 Concluses da Cimeira de Lisboa, pargrafo 37. O novo mtodo aberto de coordenao envolve adefinio de orientaes para as polticas de emprego e de calendrios para a consecuo dos objectivosespecficos acordados, estabelecendo (sempre que necessrio) indicadores e parmetros de refernciacomo mtodo de comparar melhores prticas, traduzindo as orientaes europeias em metas especficase medidas adaptadas s diferenas nacionais e regionais, e instituindo processos de aprendizagemrecproca, assentes em monitorizaes, avaliaes e anlises pelos homlogos numa base regular. Talcomo se afirma no pargrafo 38, "Ser aplicada uma abordagem plenamente descentralizada

    consentnea com o princpio da subsidiariedade, em que a Unio, os Estados-Membros, as instnciasregionais e locais, bem como os parceiros sociais e a sociedade civil, estaro activamente associados,atravs do recursos a formas variveis de parceria".

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    Um quadro de parceria dever contribuir para mobilizar recursos em prol da aprendizagem aolongo da vida a todos os nveis. O presente Memorando termina apresentando, no captulo 5,exemplos de como as aces a nvel europeu podero ser teis para os esforos envidadospelos Estados-Membros. O trabalho conjunto no sentido da concretizao de uma estratgiade aprendizagem ao longo da vida afigura-se o melhor caminho para:

    construir uma sociedade inclusiva que coloque ao dispor de todos os cidadosoportunidades iguais de acesso aprendizagem ao longo da vida, e na qual a oferta deeducao e formao responda, primordialmente, s necessidades e exigncias dosindivduos;

    ajustar as formas como so ministradas as aces educativas e de formao, e comoest organizada a vida profissional, de modo a que as pessoas possam participar naaprendizagem ao longo das suas vidas e possam, elas prprias, planear modos de conjugaraprendizagem, trabalho e famlia;

    atingir nveis globalmente mais elevados de participao mais activa em todos os

    sectores, por forma a garantir uma oferta de educao e formao de qualidade,assegurando em simultneo que os conhecimentos e as competncias dos indivduoscorrespondam s exigncias em mutao da vida profissional, organizao do local detrabalho e mtodos de trabalho; e

    incentivar e dotar as pessoas de meios para participar mais activamente em todas asesferas da vida pblica moderna, em especial na vida social e poltica a todos os nveis dacomunidade e tambm no plano europeu.

    A chave do sucesso residir na construo de um sentido de responsabilidade partilhadarelativamente aprendizagem ao longo da vida entre todos os intervenientes -

    Estados-Membros; instituies europeias; parceiros sociais e mundo empresarial; autoridadesregionais e locais; profissionais da educao e da formao; organizaes, associaes egrupos da sociedade civil; e, por ltimo, mas no menos importantes, os cidados. O objectivocomum construir uma Europa onde todos tenham a oportunidade de desenvolver plenamenteas respectivas potencialidades, sentindo que podem dar um contributo vlido e que pertencema um projecto de futuro.

    2. APRENDIZAGEM AO LONGO DA VIDA CHEGOU O MOMENTO DE AGIR

    Quais as razes da urgncia deste debate? Porque motivo a traduo prtica de uma estratgia

    de aprendizagem ao longo da vida constitui uma prioridade para a Unio Europeia? Duasrazes igualmente importantes concorrem para tal:

    a Europa est em transio para uma sociedade e uma economia assentes no conhecimento.Mais do que nunca, o acesso a informaes e conhecimentos actualizados, bem como amotivao e as competncias para usar esses recursos de forma inteligente em prol de simesmo e da comunidade, esto a tornar-se a chave do reforo da competitividade daEuropa e da melhoria da empregabilidade e da adaptabilidade da fora de trabalho;

    actualmente, os europeus vivem num mundo poltico e social complexo. Mais do quenunca, os indivduos querem planear as suas prprias vidas, esperando-se que contribuam

    activamente para a sociedade e aprendam a viver positivamente em contextos de

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    diversidade cultural, tnica e lingustica. A educao, no seu sentido mais lato, fundamental para aprender e compreender como dar resposta a estes desafios.

    Estas duas caractersticas da mudana social e econmica contempornea esto interligadas eencerram dois objectivos igualmente importantes para a aprendizagem ao longo da vida:promover a cidadania activa e fomentar a empregabilidade. A cidadania activa incide na

    questo de saber se e como as pessoas participam em todas as esferas da vida social eeconmica, quais as oportunidades e os riscos que enfrentam nesta tentativa e em que medidaessa participao lhes confere um sentimento de pertena sociedade em que vivem e na qualtm um palavra a dizer. Durante grande parte da vida das pessoas, o facto de terem umemprego remunerado significa independncia, auto-estima e bem-estar, sendo, por isso,fundamental para a qualidade global da vida. A empregabilidade - a capacidade de assegurarum emprego e de o manter - no apenas uma dimenso central da cidadania activa, mastambm uma condio decisiva do pleno emprego e da melhoria da competitividade eprosperidade europeias na "nova economia". Empregabilidade e cidadania activa estodependentes da existncia de competncias e conhecimentos adequados e actualizadosindispensveis participao na vida econmica e social.

    A mudana apenas pode decorrer de um impulso dado pelos Estados-Membros, comapoio e assistncia escala comunitria, quando necessrio. aos Estados-Membros que, emprimeira instncia, cabe a responsabilidade pelos respectivos sistemas de educao eformao, segundo as circunstncias institucionais especficas. Na prtica, os resultadosconseguidos por estes sistemas dependem do contributo e do empenho de vriosintervenientes em diferentes esferas da vida social e econmica, designadamente os parceirossociais, bem como dos prprios indivduos a quem, em ltima instncia, incumbe o dever decontinuar a respectiva formao.

    A importncia da aprendizagem ao longo da vida para o futuro da Europa foi agora afirmada

    ao mais alto nvel. Os Chefes de Estado dos Estados-Membros acordaram que, na prximadcada, a Unio Europeia dever dar um exemplo ao mundo. A Europa pode - e deve -demonstrar que possvel alcanar um crescimento econmico dinmico, reforandosimultaneamente a coeso social. Salientando que as pessoas so o principal trunfo da

    Europa e devero constituir o ponto de referncia das polticas da Unio, conclui-se que,acima de tudo, os sistemas de educao e formao tero de adaptar-se s novas realidades dosculo XXI e que a aprendizagem ao longo da vida uma poltica essencial para odesenvolvimento da cidadania, da coeso social e do emprego.

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    Estas mensagens so o resultado natural de uma dcada durante a qual a aprendizagem aolongo da vida voltou a elevar-se a prioridade poltica a nvel nacional e internacional. No

    incio da dcada de 90,5 as economias europeias haviam j sido confrontadas com drsticasmudanas nos padres de produo, comrcio e investimento. Esta situao desequilibrou osmercados laborais, resultando em elevados nveis de desemprego estrutural, juntamente comcrescentes insuficincias e inadequaes de competncias. Por forma a contribuir para aresoluo destes problemas, foi necessrio prestar ateno acrescida s formas como eramministradas a educao e a formao, bem como aos modelos de participao. Em 1996, oAno Europeu da Aprendizagem ao longo da Vida demonstrou todo o interesse e

    4 Concluses da Presidncia do Conselho Europeu de Lisboa, 23-24 de Maro de 2000, pargrafos 5, 24 e

    25; Concluses da Presidncia do Conselho Europeu de Santa Maria da Feira, 19-20 de Junho de 2000,pargrafo 33.

    5 Crescimento, Competitividade e Emprego, Livro Branco da Comisso, 1993.

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    empenhamento existentes a todos os nveis relativamente a esta questo, o que contribuiu parainfluenciar o pensamento poltico nos Estados-Membros.6

    Em meados dos anos 90, o consenso era geral em torno da ideia de que no apenas a educaoe a formao ao longo da vida contribuem para manter a competitividade econmica e aempregabilidade, como constituem igualmente o melhor meio de combater a excluso social,

    o que significa que o ensino e a aprendizagem devero dar prioridade aos indivduos erespectivas necessidades.7 Neste contexto, a aprendizagem ao longo da vida tornou-se oprincpio orientador comum da nova gerao de programas comunitrios nas reas daeducao, formao e juventude.8 Desde 1998, as Orientaes para o Emprego tm vindo asalientar a importncia da aprendizagem ao longo da vida no domnio do emprego, mas aavaliao das medidas de aplicao evidenciou, at ao momento, poucos progressos napromoo de uma estratgia global nesta matria9. O Parlamento Europeu subscreve comveemncia a ideia de que a aprendizagem ao longo da vida fundamental para assegurar ainsero social e concretizar a igualdade de oportunidades.10 Na esfera internacional, asrecentes cimeiras do G8 sublinharam, pela primeira vez, a importncia da aprendizagem aolongo da vida para todos nas "novas economias" da Era do Conhecimento.11

    Os Estados-Membros da Unio Europeia encontraram uma ampla base de consenso em tornodo interesse partilhado na aprendizagem ao longo da vida, mas este no foi ainda traduzidoem aces efectivas. chegado o momento de o fazer.

    6 Execuo, resultados e avaliao global do Ano Europeu da Educao e da Formao ao Longo da Vida(1996), Relatrio da Comisso das Comunidades Europeias, COM(1999)447 final, 15 de Setembro de1999.

    7 Ensinar e Aprender rumo sociedade cognitiva, Livro Branco da Comisso Europeia, 1995. OTratado da Comunidade Europeia, assinado em Amesterdo em 1997, introduziu subsequentemente, noPrembulo, a disposio promover o desenvolvimento do mais elevado nvel possvel deconhecimentos dos seus povos, atravs de um amplo acesso educao, e da contnua actualizao

    desses conhecimentos.8 Por uma Europa do Conhecimento, Comunicao da Comisso das Comunidades Europeias, DG XXII,

    12 de Novembro de 1997 (COM(97)563 final); Deciso do Conselho que cria o programa LEONARDOII (1999/382/CE, 26 de Abril de 1999) e Decises do Parlamento Europeu e do Conselho que criam os

    programas SOCRATES II (253/2000/CE, 24 de Janeiro de 2000) e JUVENTUDE (1031/2000/CE, 13de Abril de 2000).

    9 Orientaes para as Polticas de Emprego dos Estados-Membros 2001, Comunicao da ComissoCOM(2000) 548, 6 de Setembro de 2000; Relatrio Conjunto sobre o Emprego, COM(2000) 551, 6 deSetembro de 2000.

    10 Relatrio sobre o relatrio da Comisso sobre a execuo, os resultados e a avaliao global do AnoEuropeu da Educao e da Formao ao Longo da Vida (1996), Parlamento Europeu, Comisso para aCultura, a Juventude, a Educao, os Meios de Comunicao Social e os Desportos, 14 de Julho de2000 (A5-0200/2000 final).

    11Cologne Charter Aims and Ambitions for Lifelong Learning, Cimeira do G8, Colnia, Junho de 1999;

    Education in a Changing Society, Sntese da Presidncia da Reunio dos Ministros da Educao do G8,Tquio, 1-2 de Abril de 2000; Concluses da Cimeira do G8, Okinawa, 21-23 de Julho de 2000.Acresce que no Frum Mundial sobre Educao, realizado em Dakar em Abril de 2000, 182 pases

    comprometeram-se a concretizar seis objectivos no sentido de satisfazer as necessidades deaprendizagem de todos os indivduos. Entre estes contam-se a melhoria dos nveis de literacia dosadultos e um acesso equitativo a aces de educao bsica e contnua para todos os adultos.

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    3. UMA EUROPA DOS CIDADOS ATRAVS DA APRENDIZAGEM AO LONGO DA VIDA

    3.1. Sociedades do conhecimento: o desafio da mudana

    A Europa est hoje confrontada com mudanas a uma escala comparvel com as decorrentesda Revoluo Industrial. A tecnologia digital est a transformar todos os aspectos da vida dos

    cidados, enquanto que a biotecnologia poder vir um dia a alterar a prpria vida. Ocomrcio, as viagens e a comunicao escala mundial esto a expandir os horizontesculturais das pessoas e a alterar os padres de concorrncia entre as economias. A vidamoderna implica maiores oportunidades e opes para os indivduos, mas tambm incertezase riscos acrescidos. Os cidados so livres de adoptar estilos de vida variados, mas tambm aresponsabilidade pela forma que do s suas vidas. Mais pessoas permanecem por mais temponos sistemas de educao e formao, mas as disparidades acentuam-se entre as que possuemqualificaes suficientes para se manterem activas no mercado de trabalho e as que,inevitavelmente, so dele marginalizadas. A populao europeia est tambm a envelhecerrapidamente. Este facto alterar a composio da mo-de-obra, bem como os padres deprocura de servios sociais, de sade e de educao. Por ltimo, ainda que igualmente

    importante, as sociedades europeias esto a transformar-se em mosaicos interculturais. Estadiversidade encerra um elevado potencial de criatividade e inovao em todas as esferas davida.

    O presente Memorando no poder fornecer uma anlise aprofundada das mudanas tosucintamente apontadas supra. No entanto, todas so componentes fundamentais da transioglobal para uma sociedade do conhecimento, cuja base econmica a criao e o intercmbiode bens e servios incorpreos. Neste tipo de mundo social, informaes, competncias econhecimentos actualizados assumem, pois, importncia decisiva.

    Os prprios indivduos so os actores principais das sociedades do conhecimento. Acima

    de tudo, o que conta a capacidade humana de criar conhecimento e de o usar eficaz einteligentemente, em contextos de mutao contnua. Para desenvolver plenamente estacapacidade, as pessoas tm de querer e ser capazes de assumir o controlo das suas prpriasvidas em suma, tornar-se cidados activos.12 A melhor forma de dar resposta ao desafio damudana reside na educao e na formao ao longo da vida.

    3.2. Um contnuo de aprendizagem ao longo da vida

    Os conhecimentos, as competncias e as percepes que apreendemos quando crianas ejovens na famlia, na escola, na formao e na universidade so limitados no tempo. Enraizara aprendizagem na vida adulta constitui um passo muito importante na concretizao de uma

    estratgia de aprendizagem ao longo da vida, mas apenas uma parte do todo. Aaprendizagem ao longo da vida considera todo o processo de aquisio de conhecimentoscomo um contnuo ininterrupto "do bero sepultura". Um ensino bsico de elevadaqualidade para todos, a partir dos primrdios da vida de uma criana, constitui o alicercefundamental. O ensino bsico, seguido de educao e formao profissional iniciais, deverdotar todos os jovens das novas competncias bsicas exigidas numa economia baseada noconhecimento. Dever ainda assegurar que esses jovens "aprenderam a aprender" e que tmuma atitude positiva relativamente aprendizagem.

    As pessoas s planearo actividades coerentes de aprendizagem ao longo das suas vidas sequiserem aprender. E no querero continuar a faz-lo se as suas primeiras experincias de

    12Education for active citizenship in the European Union, SPOCE, Luxemburgo, 1998.

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    aprendizagem tiverem sido mal sucedidas e pessoalmente negativas. No querero prosseguirse no lhes forem tornadas acessveis propostas adequadas de aprendizagem em termos deoportunidade, ritmo, localizao e custo. No se sentiro motivadas para participar emqualquer aco de aprendizagem cujo contedo e mtodos no considerarem devidamente assuas perspectivas culturais e experincias de vida. E no querero investir tempo, esforo edinheiro numa aprendizagem avanada se os conhecimentos, as aptides e as competncias

    que j adquiriram no forem reconhecidos de forma tangvel, seja no plano pessoal ouprofissional. A motivao individual para aprender e a disponibilizao de vriasoportunidades de aprendizagem so, em ltima instncia, os principais factores para aexecuo bem sucedida de uma estratgia de aprendizagem ao longo da vida. essencialaumentar a oferta e a procura de oportunidades de aprendizagem, principalmente para osque menos beneficiaram de aces educativas e de formao. Todas as pessoas deveriam sercapazes de seguir percursos de aprendizagem da sua escolha, em vez de serem obrigadas atrilhar caminhos pr-determinados conducentes a destinos especficos. Implica isto,simplesmente, que os sistemas de educao e formao devero adaptar-se s necessidades eexigncias individuais e no o contrrio.

    Existem trs categorias bsicas de actividade de aprendizagem com um objectivo:

    Aprendizagem formal: decorre em instituies de ensino e formao e conduz a diplomase qualificaes reconhecidos.

    Aprendizagem no-formal: decorre em paralelo aos sistemas de ensino e formao e noconduz, necessariamente, a certificados formais. A aprendizagem no-formal pode ocorrerno local de trabalho e atravs de actividades de organizaes ou grupos da sociedade civil(organizaes de juventude, sindicatos e partidos polticos). Pode ainda ser ministradaatravs de organizaes ou servios criados em complemento aos sistemas convencionais(aulas de arte, msica e desporto ou ensino privado de preparao para exames).

    Aprendizagem informal: um acompanhamento natural da vida quotidiana.Contrariamente aprendizagem formal e no-formal, este tipo de aprendizagem no necessariamente intencional e, como tal, pode no ser reconhecida, mesmo pelos prpriosindivduos, como enriquecimento dos seus conhecimentos e aptides.

    At ao momento, a aprendizagem formal tem dominado o pensamento poltico, modelando asformas como so ministradas a educao e a formao e influenciando as percepes dosindivduos do que importante em termos de aprendizagem. O contnuo de aprendizagem aolongo da vida atrai para este cenrio os tipos de aprendizagem no-formal e informal. Aaprendizagem no-formal, por definio, ocorre fora das escolas, dos liceus, dos centros de

    formao e das universidades. No habitualmente considerada como "verdadeira"aprendizagem, nem os seus resultados tm muito valor de troca no mercado de trabalho. Aaprendizagem no-formal , por conseguinte, tipicamente subvalorizada.

    No entanto, provvel que a aprendizagem informal seja deixada, de todo, fora do cenrio,ainda que seja a mais antiga forma de aquisio de conhecimentos e continue a ser o principalalicerce da aprendizagem na mais tenra infncia. O facto de a tecnologia demicro-computadores se ter implantado nos domiclios antes de se ter estabelecido nas escolassublinha a importncia da aprendizagem informal. Os contextos informais proporcionam umenorme manancial de saber e podero constituir uma importante fonte de inovao em matriade mtodos de ensino e aprendizagem.

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    A expresso aprendizagem "ao longo da vida" (lifelong) coloca a tnica no tempo: aprenderdurante uma vida, contnua ou periodicamente. A recm-cunhada expresso "aprendizagemem todos os domnios da vida" (lifewide) vem enriquecer a questo, chamando a ateno paraa disseminao da aprendizagem, que pode decorrer em todas as dimenses das nossas vidasem qualquer fase das mesmas.13 A dimenso "em todos os domnios da vida" coloca umatnica mais acentuada na complementaridade das aprendizagens formal, no-formal e

    informal, lembrando que uma aquisio de conhecimentos til e agradvel pode decorrer, edecorre de facto, no seio da famlia, durante o tempo de lazer, na convivncia comunitria ena vida profissional quotidiana. A aprendizagem em todos os domnios da vida faz-nostambm perceber que ensinar e aprender so papis e actividades que podem ser alterados etrocados em diferentes momentos e espaos.

    Contudo, a aprendizagem ao longo da vida ainda objecto de diversas definies consoanteos diferentes contextos nacionais e para variados fins. As anlises polticas mais recentesneste domnio14 sugerem que as definies continuam a ser, em larga medida, informais epragmticas, associadas mais estreitamente aco do que clareza conceptual ou a normasjurdicas. A fora catalisadora que, nos anos 90, voltou a colocar a aprendizagem ao longo da

    vida nas agendas polticas foi a preocupao de melhorar a empregabilidade e aadaptabilidade dos cidados, luz dos elevados nveis de desemprego estrutural que afectamcom maior gravidade os trabalhadores menos qualificados. A perspectiva de uma populaoeuropeia em drstico envelhecimento significa que a necessidade de conhecimentos ecompetncias actualizados no poder ser satisfeita unicamente pela entrada de novostrabalhadores no mercado de trabalho, como acontecia no passado sero demasiado poucosos jovens e o ritmo da mudana tecnolgica demasiado rpido, com especial incidncia naclere transio para a economia digital.

    Actualmente, est em curso uma notria transio para polticas integradas queconjuguem objectivos sociais e culturais com as motivaes econmicas da

    aprendizagem ao longo da vida.15 Comeam a emergir Novas ideias sobre o equilbrio entredireitos e responsabilidades dos cidados e das autoridades pblicas. Mais e mais indivduosadquiriram confiana acrescida, reivindicando identidades e modos de vida distintivos. cadavez mais lugar comum exigir que as decises sejam tomadas to prximo quanto possvel dasvidas quotidianas das pessoas, com maior envolvimento das mesmas. Por estes motivos, aateno volta-se progressivamente para a necessidade de modernizar a governao, a todos osnveis, das sociedades europeias.16 Ao mesmo tempo, acentuaram-se as disparidades entre ossocialmente integrados e os que esto em risco de excluso social a longo prazo. A educao ea formao assumem importncia sem precedentes em termos da influncia que exercem nashipteses de os indivduos "estar, participar e subir" na vida. No caso dos jovens, os cada vezmais complexos padres de transio inicial entre aprendizagem e vida profissional poderoser uma indicao do que o futuro reserva aos indivduos de todas as idades. Aempregabilidade , sem dvida, um resultado fundamental de uma aprendizagem bemsucedida, mas a incluso social assenta em outros aspectos que no apenas a garantia de um

    13 Por exemplo, ver: Lifelong Learning and Lifewide Learning, Agncia Nacional para a Educao,Estocolmo, Janeiro de 2000.

    14 Unidade Europeia EURYDICE, The challenge of lifelong learning for the education systems ofEuropean Union Member States, Bruxelas, 2000; CEDEFOP, An Age of Learning, Tsalnica, 2000;ECOTEC, The Contribution of Community Programmes, Funds and Initiatives to Lifelong Learning ,Relatrio Comisso Europeia, DG Educao e Cultura, Agosto de 2000.

    15 Kearns, P. et al. VET in the learning age: the challenge of lifelong learning for all , Vol. 1, National

    Centre for Vocational Education Research (NCVER), Kensington Park, Austrlia, 1999.16 Tambm a nvel europeu, ser publicado, em 2001, um Livro Branco da Comisso sobre Governao

    Europeia.

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    trabalho remunerado. A aprendizagem abre as portas construo de uma vida produtiva esatisfatria, muito para alm das perspectivas e situao de emprego de um indivduo.

    3.3. Trabalhar em conjunto para dar corpo estratgia de aprendizagem ao longoda vida

    Pese embora no tenham sido ainda desenvolvidas estratgias coerentes e globais pela maioriados Estados-Membros, todos reconhecem que a cooperao mediante a criao de vriasparcerias essencial para dar corpo a uma estratgia de aprendizagem ao longo da vida.Estas parcerias incluem a cooperao entre ministrios e autoridades pblicas no sentido dedesenvolverem polticas coordenadas, integrando sistematicamente os parceiros sociais noprocesso de desenvolvimento e execuo, em conjuno com iniciativas pblico-privadas. Asparcerias avanam, sobretudo, com o envolvimento activo dos rgos locais e regionais e dasorganizaes da sociedade civil, que prestam servios prximos dos cidados e esto maisbem adaptados s necessidades especficas das comunidades locais.17 Os programascomunitrios nos domnios da educao, formao e juventude demonstraram j a suautilidade, ao apoiarem a cooperao transnacional, a parceria e o intercmbio para o

    desenvolvimento de boas prticas.O contnuo de aprendizagem ao longo e em todos os domnios da vida tambm implica que osdiferentes nveis e departamentos dos sistemas de educao e formao, incluindo osdomnios no-formais, devem trabalhar em estreita concertao. Neste caso, trabalhar emconjunto de forma eficaz significar ir para alm dos esforos em curso para construirpontes e percursos entre as diferentes partes dos sistemas existentes. A criao de uma rede deoportunidades de aprendizagem ao longo da vida centrada nas pessoas introduz a viso deuma osmose gradual entre estruturas de oferta que permanecem, hoje, relativamentedesligadas umas das outras. Os actuais debates em curso nos Estados-Membros sobre o futurodas universidades constituem um exemplo de como o pensamento poltico comea a

    apreender as implicaes prticas desta viso. A abertura dos estudos universitrios a novos emais vastos pblicos no poder ser conseguida se as prprias instituies de ensino nomudarem no apenas a nvel interno, mas tambm nas suas relaes com outros "sistemasde aprendizagem".18 A viso de uma osmose gradual implica um duplo desafio:primeiramente, a considerao da complementaridade das aprendizagens formal, no-formal einformal; e em segundo lugar, o desenvolvimento de redes abertas de oportunidades e oreconhecimento entre os trs contextos de aprendizagem.

    4. ACES EM MATRIA DE APRENDIZAGEM AO LONGO DA VIDA: SEISMENSAGENS-CHAVE

    4.1. Mensagem 1: Novas competncias bsicas para todos

    Objectivo: Garantir acesso universal e contnuo aprendizagem, com vista aquisio erenovao das competncias necessrias participao sustentada na sociedade do

    conhecimento

    17A dimenso europeia da educao: natureza, contedo e perspectivas. Relatrio de informao,Comit Econmico e Social, Seco do Emprego, Assuntos Sociais e Cidadania, 13 de Junho de 2000(SOC/019 final). Ver igualmente Parecer do Comit das Regies sobre Cidadania Europeia (acessvelem http://www.cor.eu.int/coratwork/avis_32plen/226-99/226-1999_pt.doc)

    18 Responding to challenges for European Universities Implementing changes in institutional anddisciplinary co-operation, F2000 Frum Europeu do Ensino Superior, Relatrio para a DG Educao eCultura, EUCEN (European Universities Continuing Education Network), Lige, Julho de 2000.

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    Este um fundamento essencial da cidadania activa e da empregabilidade na Europa dosculo XXI. As mutaes econmicas e sociais esto a transformar e a actualizar o perfil decompetncias bsicas que todos devem possuir enquanto requisitos mnimos, permitindo aparticipao activa na vida profissional, familiar e em todos os nveis da vida dascomunidades, da esfera local europeia. As novas competncias bsicas consagradas nasconcluses do Conselho Europeu de Lisboa (pargrafo 26) incluem competncias em TI,

    lnguas estrangeiras, cultura tecnolgica, esprito empresarial e competncias sociais. No setrata necessariamente de uma lista exaustiva, mas abrange, sem dvida, algumas reasfundamentais, no implicando, no entanto, que as competncias bsicas tradicionais emliteracia e numeracia deixem de ser importantes. Convm, porm, salientar que este no uminventrio de matrias ou disciplinas como as conhecemos desde os nossos tempos de escola.Especifica, sim, reas amplamente definidas de conhecimentos e competncias, todas elasinterdisciplinares: a aprendizagem de lnguas estrangeiras, por exemplo, envolve a aquisiode capacidades tcnicas, culturais e estticas a utilizar na comunicao, nos desempenhos e naavaliao. Em consequncia, de um modo geral, as competncias profissionais e sociaissobrepem-se cada vez mais em contedo e funo.

    Como ponto de partida para o debate, o presente Memorando define novas competnciasbsicas como sendo as necessrias a uma participao activa na sociedade e na economiado conhecimento no mercado laboral e no trabalho, em tempo real e em comunidadesvirtuais e em democracia, enquanto indivduo com um sentido coerente de identidade eorientao na vida. Algumas destas competncias como a literacia digital sogenuinamente novas, enquanto outras como as lnguas estrangeiras assumem agorarelevncia acrescida para muitas pessoas. As competncias sociais, tais como autoconfiana, aauto-orientao e a assuno de riscos assumem tambm progressiva importncia, na medidaem que se espera das pessoas que sejam capazes de comportamentos mais autnomos do queno passado. As competncias empresariais libertam capacidades que melhoram osdesempenhos individuais e diversificam as actividades das empresas. Contribuem igualmente

    para a criao de empregos, quer nas empresas j existentes - em especial PME - quer emactividades independentes. Aprender a aprender, a adaptar-se mudana e a compreendervastos fluxos de informao so competncias mais genricas que todos deveriam adquirir.Cada vez mais, os empregadores exigem a capacidade de rapidamente aprender e adquirirnovas competncias, adaptando-se a novos desafios e situaes.

    Um slido domnio destas competncias bsicas crucial para todos, mas apenas o incio deum contnuo de aprendizagem ao longo da vida. Os mercados laborais actuais exigem perfisde competncias, qualificaes e experincias em permanente mudana. As insuficincias einadequaes de competncias, em especial no domnio das TIC, so amplamentereconhecidas como factor significativo de nveis de desemprego persistentemente elevadosem certas regies, sectores industriais e grupos sociais desfavorecidos. As pessoas que, porqualquer motivo, no foram capazes de adquirir o nvel de competncias bsicas relevantesdevem ter sua disposio oportunidades contnuas de o fazer. Contudo, podem, por vezes,ter falhado nesse intento ou no ter aproveitado o que lhes foi j proporcionado. Os sistemasformais de educao e formao dos Estados-Membros seja inicial, avanada/superior ouadulta/contnua so responsveis por garantir, na medida do possvel, que todos osindivduos adquirem, actualizam e sustentam um mnimo de competncias previamenteacordado. Os domnios de aprendizagem no-formal tm tambm um importante papel adesempenhar a este respeito. Todo este processo exige a garantia de uma experincia deaprendizagem e resultados de elevada qualidade para o maior nmero possvel de pessoas.Requer, igualmente, uma reapreciao contnua dos nveis de referncia das competnciasbsicas, de modo a adequar os contedos educativos s necessidades reais aos nveiseconmico e social.

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    Tpicos de debate

    A integrao de novos contedos e competncias nos programas do ensino escolar euniversitrio constitui uma constante reivindicao. Que fazer para aliviar esta presso?Que princpios deveriam reger a organizao e o contedo dos programas de ensino na Erado Conhecimento?

    Seria vivel a considerao de um direito individual de todos os cidados aquisio eactualizao de competncias atravs da aprendizagem ao longo da vida?

    A iniciativa eLearning definiu como meta que, at 2003, todos os alunos que deixem aescola possuam literacia digital. Quais as reas de aco prioritria para os grupos decidados - jovens e mais velhos - que se situam do lado errado da fronteira digital?

    Como poder ser desenvolvido um enquadramento comum europeu em matria dedefinio das novas competncias bsicas exigidas participao activa na sociedade e naeconomia do conhecimento, nos moldes propostos no pargrafo 26 das concluses de

    Lisboa?

    A proposta de Orientaes para as Polticas de Emprego 2001 (orientaes 3, 4 e 6) instaos Estados-Membros a garantir que os jovens concluam a escolaridade obrigatria e amelhorar o acesso dos adultos aprendizagem, em especial para os trabalhadores maisvelhos, os que exercem a actividade a tempo parcial ou tm um emprego temporrio e osdesempregados. Que tipo de medidas podero ser adequadas e eficazes para concretizarestes objectivos, bem como o propsito de actualizao de competncias?

    Que formas eficazes de acompanhar e satisfazer as necessidades de competnciasemergentes - e prevenir inadequaes de competncias e dificuldades de recrutamento -

    atravs da aprendizagem ao longo da vida, em conformidade com a proposta deOrientaes para o Emprego 2001 (orientao 7)? Como desenvolver instrumentos de testee auto-avaliao em matria de competncias bsicas?

    4.2. Mensagem 2: Mais investimento em recursos humanos

    Objectivo: aumentar visivelmente os nveis de investimento em recursos humanos, de modo

    a dar prioridade ao mais importante trunfo da Europa os seus cidados

    As concluses do Conselho Europeu de Lisboa definem metas claras destinadas a todos osenvolvidos no sentido de aumentar o investimento anual per capita em recursos humanos, e asOrientaes para ao Emprego (orientaes 13, 14 e 16) convidam os Estados-Membros adefinir os objectivos correspondentes. Significa isto no apenas que os actuais nveis deinvestimento so considerados demasiado baixos para assegurar a renovao dascompetncias, mas tambm que necessrio repensar a forma que dever revestir esteinvestimento. Os regimes fiscais, as normas de contabilidade, bem como as obrigaes dasempresas em matria de apresentao de contas e divulgao de informaes divergemconsoante o Estado-Membro. Por este motivo, impossvel considerar uma soluo nica como seria o caso se o investimento de uma empresa em recursos humanos pudesse serconsiderado investimento de capital. No obstante, uma situao deste tipo tambm no seriadesejvel, na medida em que o respeito pela diversidade constitui um dos princpiosorientadores da aco comunitria. Um eventual caminho a seguir ser a celebrao, por parte

    dos parceiros sociais, de acordos-quadro em matria de aprendizagem ao longo da vida,definindo metas para a formao contnua (assentes em melhores prticas) e introduzindo um

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    prmio europeu que distinga empresas particularmente avanadas. H tambm que dartransparncia ao investimento em recursos humanos.

    A nvel individual, contudo, no h dvida quanto necessidade de desenvolver maismedidas de incentivo. A ideia de contas individuais de aprendizagem um exemplo aconsiderar, na medida em que os interessados so incentivados a participar no financiamentoda sua prpria formao, atravs de poupanas e depsitos especiais aos quais se acrescentam

    montantes idnticos ou complementares provenientes de fontes de financiamento pblicas eprivadas. Os regimes de empresa, no mbito dos quais os trabalhadores beneficiam de tempoou de uma ajuda financeira para prosseguir aces de formao da sua escolha ouconsideradas profissionalmente relevantes, constituem um outro exemplo deste tipo demedidas. Em alguns Estados-Membros foram negociados direitos a licenas subsidiadas paraaprendizagem destinadas aos trabalhadores, sendo que tambm aos desempregados devem serproporcionadas oportunidades de formao. Alm disso, h tambm exemplos de empresasque facultam aos seus trabalhadores em licena parental a oportunidade de participarem emcursos de actualizao de competncias durante o perodo de licena ou antes de regressaremao trabalho. No que respeita aprendizagem no local de trabalho ou associada actividadeprofissional, h que prestar ateno especial, na dcada que se aproxima, aos trabalhadorescom idades superiores a 35 anos. Em parte, esta necessidade advm das tendnciasdemogrficas que daro uma importncia estratgica acrescida aos trabalhadores mais velhos.Por outro lado, a participao em aces de educao e formao contnuas por parte dostrabalhadores mais velhos, em especial os menos qualificados e em empregos subalternos,est actualmente em forte declnio.

    Os empregadores tm vindo a ser cada vez mais solicitados pelos seus trabalhadores nosentido da celebrao de contratos a tempo parcial, no apenas por razes familiares, mastambm para prosseguir a respectiva formao. Em muitos casos, estas situaes continuam aser difceis de organizar na prtica, ainda que os nveis de trabalho a tempo parcial voluntrio

    variem consideravelmente entre os Estados-Membros. H, pois, claramente uma margem demanobra importante para o intercmbio de boas prticas. De um modo mais geral, osparceiros sociais tm um significativo papel a desempenhar na negociao de acordos deco-financiamento da formao dos trabalhadores e de modalidades de trabalho mais flexveisque tornem vivel a participao em aces de aprendizagem. Por conseguinte, oinvestimento em recursos humanos equivale tambm a permitir aos indivduos gerir os seusprprios "portfolios tempo-vida" e mais facilmente identificar uma mais ampla panplia deaces de educao e formao. Parte integrante do desenvolvimento das "organizaesaprendentes" a definio de abordagens criativas e inovadoras do investimento em recursoshumanos.

    Quaisquer que sejam as medidas especficas concebidas individualmente pelosEstados-Membros, as indstrias, os sectores profissionais ou as empresas, a questofundamental que o aumento do investimento em recursos humanos exige uma transio parauma cultura de responsabilidades partilhadas e para modalidades claras de co-financiamentoda participao em aces de aprendizagem ao longo da vida.

    Tpicos de debate

    Como tornar mais tangvel e transparente o investimento em aprendizagem para oindivduo e para o empregador ou empresa, em especial atravs do reforo dos incentivosfinanceiros e da eliminao dos desincentivos existentes? De que forma incentivar os

    indivduos a co-financiar e a gerir os seus prprios percursos de formao (por exemplo,atravs de contas individuais de aprendizagem ou de regimes de seguro-competncias)?

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    Uma iniciativa concertada assente em aces de investigao nos Estados-Membros e anvel comunitrio poderia contribuir para clarificar as vantagens sociais e econmicas doinvestimento em aprendizagem ao longo da vida, incluindo uma definio mais clara dasformas de avaliar os recursos investidos e os resultados obtidos. Haver suficiente vontadecolectiva para o fazer, e como poder esta iniciativa ser lanada e levada a efeito maiseficazmente?

    De que forma os Fundos Estruturais, em especial o Fundo Social Europeu, podero serutilizados com eficcia para os investimentos em infra-estruturas de aprendizagem aolongo da vida, em particular o estabelecimento de centros locais de aprendizagem e ainstalao de equipamento TIC? Em que medida podero estes recursos humanos e estasmedidas ajudar a garantir que a qualidade da educao e da formao financiada peloEstado no fique aqum das alternativas privadas?

    De que formas os empresrios mais vanguardistas proporcionam tempo e flexibilidade paraa participao em aces de aprendizagem ao longo da vida, definindo nomeadamentemodalidades de apoio aos pais e s pessoas com pessoas a cargo para conciliarem

    responsabilidades profissionais e familiares? Como divulgar mais amplamente as melhoresprticas s empresas europeias? Como podem os governos e os servios pblicos tornar-semodelos eficazes de boas prticas nestes domnios?

    4.3. Mensagem 3: Inovao no ensino e na aprendizagem

    Objectivo: Desenvolver mtodos de ensino e aprendizagem eficazes para uma oferta

    contnua de aprendizagem ao longo e em todos os domnios da vida

    medida que caminhamos para a Era do Conhecimento, altera-se a nossa percepo do que a aprendizagem, de onde e como decorre, e com que objectivos. Cada vez mais, esperamos

    que os mtodos e os contextos de ensino e aprendizagem reconheam e se adaptem a umagrande diversidade de interesses, necessidades e exigncias, no apenas de indivduos, mastambm de grupos de interesse especficos em sociedades europeias multiculturais. Esteprocesso implica uma transio fundamental para sistemas de aprendizagem orientadospara o utilizador, com fronteiras fluidas entre sectores e nveis. Permitir aos indivduosque se tornem aprendentes activos significa melhorar as prticas existentes, ao mesmo tempoque se desenvolvem novas e variadas abordagens para se tirar partido das oportunidadesoferecidas pelas TIC e pela vasta gama de contextos de aprendizagem.

    A qualidade da experincia e dos resultados da aprendizagem so os elementos fundamentais,nomeadamente aos olhos dos prprios aprendentes. No entanto, poucas mudanas e inovaes

    efectivas podero ocorrer sem o envolvimento activo dos profissionais da rea, que esto maisprximos do cidado enquanto aprendente e mais familiarizados com a diversidade denecessidades e processos de aprendizagem. As tcnicas de aprendizagem assentes nas TICoferecem amplas potencialidades de inovao nos mtodos de ensino e de aprendizagem,ainda que os profissionais da educao insistam em que, para ser plenamente eficazes, tm deser implementadas em "tempo real" e em interaces professores-aprendentes. Os novosmtodos devem igualmente ter em considerao a natureza volvel dos papis de tutores eprofessores que esto separados dos seus alunos pela distncia e pelo tempo19. Alm disso,grande parte do que os nossos sistemas de educao e formao oferecem aindaorganizado e ensinado como se as tradicionais formas de planear e organizar a vida das

    19 Ver, por exemplo, Study Circles in Targeted Intelligence Networks, JRC/IPTS, Sevilha, 2000.

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    pessoas no se tivessem alterado na ltima metade do sculo. Os sistemas deaprendizagem devem adaptar-se s circunstncias de mudana em que as pessoas organizam egerem as suas vidas hoje. Este aspecto especialmente importante para a concretizao daigualdade de gneros e contribui para uma terceira idade cada vez mais activa. A ttulo deexemplo, sabemos e partilhamos ainda muito pouco sobre: a forma de gerar aprendizagemprodutiva centrada no indivduo, tendo, no entanto, em mente que a aprendizagem , em

    ltima instncia, um processo social; a melhor forma de os cidados mais velhos aprenderem;sobre como adaptar as envolventes de aprendizagem por forma a permitir a integrao daspessoas com deficincia; ou as potencialidades dos grupos de aprendizagem que renemvrias geraes em matria de desenvolvimento de competncias cognitivas, prticas esociais.

    Para melhorar a qualidade dos mtodos e contextos de ensino e de aprendizagem sonecessrios investimentos significativos por parte dos Estados-Membros no sentido deadaptarem, actualizarem e manterem as competncias dos indivduos que trabalham emambientes de aprendizagem formal e no-formal, seja na qualidade de profissionaisremunerados, voluntrios ou de pessoas para quem a actividade docente secundria ou

    conexa (por exemplo, pessoas qualificadas e experientes no local de trabalho ou animadores anvel da comunidade). Os profissionais da educao e da formao operam em vriosestabelecimentos e com diferentes tipos de aprendentes. Muitas vezes, a dimenso didcticada sua actividade no reconhecida, mesmo pelos prprios, como o caso dos indivduos quetrabalham em organizaes de juventude20. Por conseguinte, h que proceder a uma reforma ereviso minuciosas da formao inicial e contnua dos professores, de modo a que possa darverdadeiramente resposta a uma ampla gama de contextos de aprendizagem e de grupos-alvopossveis.

    O ensino enquanto misso profissional est confrontado com mudanas decisivas nasprximas dcadas: professores e formadores tornam-se guias, mentores e mediadores. O

    seu papel que assume uma importncia crucial consiste em ajudar e apoiar os aprendentesque, na medida do possvel, gerem a sua prpria aprendizagem. A capacidade e a confianapara desenvolver e pr em prtica mtodos de ensino e de aprendizagem abertos eparticipativos devero, pois, passar a ser aptides profissionais fundamentais para educadorese formadores, em contextos formais e no-formais. A aprendizagem activa pressupe amotivao para aprender, a capacidade de exercer um juzo crtico e as aptides de sabercomo aprender. O papel insubstituvel do professor consiste, precisamente, em alimentar estascapacidades humanas de criar e utilizar conhecimento.

    20Lifelong Learning A Youth Perspective, Frum Europeu da Juventude/ Universidade Livre deBruxelas, Bruxelas, Dezembro de 1997.

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    Tpicos a debater

    Como combinar eficazmente o desenvolvimento de mtodos didcticos assentes nas TICcom a procura de progresso e inovao nas pedagogias centradas no ser humano? Comoconseguir uma cooperao eficaz entre tcnicos e professores/formadores no sentido deproduzirem materiais e recursos de aprendizagem de qualidade? Dado o crescente volume

    de material e recursos pedaggicos comercializados no mercado, como fiscalizareficazmente a sua qualidade e a utilizao que lhes dada, nomeadamente atravs de umacooperao a nvel europeu?

    Qual a melhor forma de acompanhar e analisar os resultados de projectos e actividadestransnacionais, com vista elaborao de um relatrio sobre mtodos eficazes deaprendizagem ao longo da vida para determinados contextos, objectivos e tipos deaprendentes? Quais as possibilidades de desenvolver parmetros de referncia qualitativospertinentes assentes em estudos de casos comparativos neste domnio?

    Os cursos de formao e as qualificaes de profissionais da educao e formao queoperam em sectores no-formais (tais como o trabalho com os jovens e na comunidade), naeducao de adultos ou na formao contnua no esto suficientemente desenvolvidos naEuropa. Que fazer para melhorar esta situao, nomeadamente atravs de uma cooperaoa nvel europeu?

    Quais os temas prioritrios da investigao aplicada em matria de educao aos nveisnacional e comunitrio na dcada que se avizinha? Como elevar o valor acrescentado dasactividades de investigao, atravs de uma intensificao da cooperao e dosintercmbios transnacionais? Como apoiar a investigao sobre as cincias da educao emcolaborao estreita com os profissionais do sector, quando estas aces so,frequentemente, subestimadas pela comunidade cientfica?

    4.4. Mensagem 4: Valorizar a aprendizagem

    Objectivo: Melhorar significativamente a forma como so entendidos e avaliados aparticipao e os resultados da aprendizagem, em especial da aprendizagem no-formal e

    informal

    Na economia do conhecimento, desenvolver e utilizar plenamente os recursos humanosconstituem factores decisivos para manter a competitividade. Neste contexto, os diplomas, oscertificados e as qualificaes so um importante ponto de referncia para empregadores eindivduos no mercado de trabalho e nas empresas. A crescente procura de mo-de-obraqualificada por parte dos empregadores e a concorrncia cada vez mais acentuada entreindivduos para conseguir e manter um emprego esto a induzir uma procura muito maisacentuada de formao reconhecida. Como modernizar mais eficazmente os sistemas e asprticas de certificao nacionais face s novas condies econmicas e sociais tornou-se umaquesto poltica e profissional importante no conjunto da Unio.

    Os sistemas de educao e formao prestam um servio aos indivduos, empregadores e sociedade civil. Garantir a visibilidade e o adequado reconhecimento da aprendizagemconstitui um importante elemento da qualidade do servio prestado. No contexto de umaEuropa integrada, tanto a abertura dos mercados de trabalho como a liberdade de circulaode que gozam os cidados para viverem, estudarem, receberem formao ou trabalharem emtodos os Estados-Membros exigem que os conhecimentos, as competncias e as qualificaessejam mais prontamente identificveis e mais praticamente "transportveis" no seio da Unio.

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    Foram j conseguidos progressos considerveis em matria de transparncia, tendo sidocelebrados acordos de reconhecimento mtuo, em especial no sector do ensino superior e dasprofisses tcnicas e especializadas.

    Contudo, o consenso amplo em torno da necessidade de empreender esforos acrescidosneste domnio em benefcio de muitos mais segmentos da populao e do mercado de

    trabalho. O reconhecimento explcito seja qual for a forma que assuma um meio eficazde motivar os "aprendentes no tradicionais", bem como todos aqueles indivduos que, porrazes de desemprego, responsabilidades familiares ou doena, estiveram por algum tempoafastados do mercado de trabalho. Igualmente importantes so as formas inovadoras decertificao da aprendizagem no-formal para o alargamento do espectro de reconhecimento,independentemente do tipo de aprendente em questo.

    absolutamente essencial desenvolver sistemas de qualidade para a "validao da anterioraprendizagem emprica" e promover a respectiva aplicao numa ampla gama de contextos.Os empregadores e os responsveis pela admisso nos estabelecimentos de ensino e formaodevem tambm estar cientes da utilidade deste tipo de certificao. Estes sistemas avaliam e

    reconhecem no indivduo os conhecimentos, as competncias e a experincia adquiridadurante longos perodos e em diversos contextos, incluindo situaes de aprendizagemno-formal e informal. Os mtodos utilizados podem evidenciar aptides e competncias quepossam ter passado despercebidas aos prprios indivduos e que estes podem oferecer aosempregadores. O processo exige a participao activa do candidato, a qual, s por si, melhoraa confiana e a imagem que o indivduo tem de si mesmo.

    As diversas terminologias nacionais e subjacentes pressupostos culturais continuam a tornardelicada qualquer tentativa de transparncia e reconhecimento mtuo. Neste domnio, essencial o recurso a peritos para conceber e pr em funcionamento sistemas de certificaofiveis e vlidos. Este processo dever ser acompanhado de um maior envolvimento de

    todos aqueles que, em ltima instncia, validam na prtica as credenciais e que estomais familiarizados com as formas como indivduos e empresas usam as mesmas na vidaquotidiana. Os parceiros sociais e as ONG pertinentes assumem, por conseguinte, importnciaidntica das autoridades oficiais e dos profissionais da educao.

    Tpicos a debater

    A definio de formas inovadoras de avaliao e reconhecimento constitui uma rea deaco prioritria. O que ser necessrio fazer para estabelecer sistemas de validao daexperincia anterior em todos os Estados-Membros? Como desenvolver processos deinformao sistemtica sobre a sua aplicao e aceitabilidade a partilhar com os outros

    pases? Como desenvolver sistemas adequados para o reconhecimento de competnciasadquiridas em contextos no-formais e informais, tais como associaes de juventude egrupos a nvel das comunidades locais?

    Com o apoio dos programas comunitrios em matria de educao, formao e juventude,foram j desenvolvidos vrios instrumentos conjuntos de avaliao e reconhecimento.Entre estes contam-se o sistema europeu de transferncia de crditos e o suplementoeuropeu de diploma (no sector do ensino superior), o EUROPASS (reconhecimento deformao em actividade profissional), o certificado SVE (participao no programaServio Voluntrio Europeu), a carta de conduo informtica europeia e vriasferramentas automatizadas de auto-avaliao (projectos-piloto europeus). Por via da

    iniciativa eLearning ser criado um diploma europeu em competncias bsicas das TIC.Como ampliar e desenvolver esta variedade de instrumentos de forma coerente? Qual o

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    espao para uma ampla iniciativa assente em unidades de valor visando a concepo de umformato comum para um "C.V. europeu", tal como foi proposto no pargrafo 26 dasconcluses de Lisboa?

    A proposta de Orientaes para as Polticas de Emprego 2001 (orientao 4) apela aosEstados-Membros que melhorem o reconhecimento de qualificaes, conhecimentos e

    competncias, de modo a facilitar a mobilidade e a aprendizagem ao longo da vida. Quemedidas empreender nesse sentido? Como poder ser desenvolvido o Frum Europeu paraa Transparncia das Qualificaes21 ao servio destes objectivos, e que tipos de iniciativasidnticas poderiam contribuir para a definio de abordagens comuns e a divulgao deboas prticas de avaliao e reconhecimento de competncias?

    Como melhorar a comunicao e o dilogo entre os parceiros sociais, as empresas e asassociaes profissionais, de modo a suscitar confiana mtua na validade e utilidade deformas mais diversas de reconhecimento?

    4.5. Mensagem 5: Repensar as aces de orientao e consultoria

    Objectivo: Assegurar o acesso facilitado de todos a informaes e consultoria de qualidadesobre oportunidades de aprendizagem em toda a Europa e durante toda a vida

    No passado, a transio entre educao, formao e mercado de trabalho acontecia apenasuma vez na vida da maioria das pessoas enquanto jovens, deixar a escola ou a universidadepara encontrar um emprego, talvez com um ou mais perodos de formao profissionalintercalares. Hoje, todos podemos necessitar de informao e consultoria sobre "o que fazer aseguir" em vrios momentos das nossas vidas, por vezes em condies difceis de prever. Esteaspecto parte integrante do planeamento e da execuo de um projecto de vida enquantoprocesso contnuo no qual um emprego remunerado, por mais importante que seja, apenas

    uma componente. Avaliar as opes e tomar decises so processos que exigem certamenteinformaes pertinentes e precisas, e um aconselhamento profissional pode, por vezes, ajudara clarificar ideias.

    Neste contexto, necessria uma nova abordagem que considere a orientao enquantoservio continuamente acessvel a todos, v para alm da distino entre orientaoeducativa, profissional e pessoal e chegue a novos pblicos. Viver e trabalhar na sociedade doconhecimento exige cidados activos e motivados a trilhar o seu prprio percurso pessoal eprofissional. Significa isto que os sistemas de aprendizagem devero passar de uma estratgiacentrada na oferta para uma abordagem assente na procura, colocando as necessidades eexigncias dos utilizadores no centro das atenes.

    A misso do profissional acompanhar os indivduos nessa viagem nica que a vida,motivando, dando informaes pertinentes e facilitando a tomada de decises. Esta tarefaimplica o desenvolvimento de uma abordagem mais voluntarista - isto , que v ao encontrodos indivduos sem esperar simplesmente que eles venham em busca de conselhos - bemcomo de aces de acompanhamento dos progressos obtidos. Envolve igualmente uma acopositiva no sentido de prevenir e recuperar os fracassos de aprendizagem e o abandono doscursos de educao e formao.

    No futuro, os profissionais da orientao e consultoria podero ter um papel de "correctores".Tendo sempre presentes os interesses do cliente, o "corrector de orientao" capaz de

    21 Este Frum foi criado por iniciativa conjunta da Comisso Europeia e do CEDEFOP.

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    explorar e adaptar um amplo leque de informaes, com o objectivo de ajudar a escolher amelhor via para o futuro. As fontes de informao e ferramentas de diagnstico assentes nasTIC/Internet abrem novos horizontes para melhorar a gama e a qualidade dos servios deorientao e consultoria. Podem enriquecer e ampliar o papel do profissional, mas no podemsubstitu-lo, sendo que as novas tecnologias trazem consigo problemas potenciais a resolver.A ttulo de exemplo, os profissionais da orientao e consultoria tero de desenvolver

    elevadas competncias de gesto e anlise dos fluxos de dados e sero chamados a assistir aspessoas na busca do caminho certo atravs do labirinto da informao, ajudando-as aencontrar o que pertinente e til para as suas prprias necessidades. Num universoglobalizado de oferta de aprendizagem, os indivduos necessitam de orientao sobre aqualidade das oportunidades ao seu dispor.

    Por todos estes motivos, os servios de orientao e consultoria devem evoluir para estilos deprestao mais globais, capazes de satisfazer uma vasta gama de necessidades e vriospblicos. , por si s evidente que estes servios devem estar disponveis a nvel local. Osprofissionais devem estar familiarizados com as circunstncias pessoais e sociais dosindivduos aos quais fornecem informaes e conselhos, mas devem tambm conhecer o

    perfil do mercado laboral local e as necessidades dos empregadores. Os servios de orientaoe consultoria tm tambm de estar mais firmemente integrados em redes associadas deservios pessoais, sociais e educativos, o que permitir a congregao de competncias,experincias e recursos especficos.

    Nos ltimos anos, tem sido mais e mais evidente que uma boa parte da informao e dosconselhos procurada e encontrada por via de canais no-formais ou informais. Os serviosprofissionais de orientao e consultoria comeam a atender a estes aspectos, no apenasatravs da criao de redes com as associaes locais e os grupos de voluntariado, mastambm da concepo de "servios de acesso facilitado" em ambientes familiares. Estasestratgias contribuem consideravelmente para melhorar o acesso dos grupos-alvo mais

    desfavorecidos.

    Tradicionalmente, a orientao e a consultoria eram prestados enquanto servios pblicos eoriginalmente concebidos para acompanhar a transio inicial entre escola e mercado detrabalho. Ao longo dos ltimos trinta anos, os servios baseados no mercadomultiplicaram-se, em especial no caso dos indivduos altamente qualificados. Em algunsEstados-Membros, vrios servios de orientao e consultoria esto total ou parcialmenteprivatizados. As prprias empresas comearam a investir neste tipo de servios para os seusefectivos. No obstante, continua a incumbir ao sector pblico a fixao de normasmnimas comuns de qualidade e a definio dos direitos de cada um.

    Tpicos a debater

    Como podem as iniciativas22 e os servios existentes ser reforados de forma a que aorientao e a consultoria passem a ser parte integrante de uma Europa aberta? Quemelhorias so necessrias para providenciar bases de dados europeias ligadas em rede

    22 Por exemplo, esto j criados ou em funcionamento a rede Euroguidance de Centros Nacionais de

    Recursos para a Orientao Profissional, a rede FEDORA (Frum Europeu para a Orientao dosAlunos), a rede EURES e o projecto baseado na Internet intitulado Porta de acesso ao espao europeuda aprendizagem.

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    sobre oportunidades de aprendizagem ao longo da vida?23 Quais as implicaes do novoconceito de "educao sem fronteiras" ou seja, aprendizagem ministrada num pas apartir de outro para os servios de orientao e consultoria?

    A iniciativa eLearning prope que, at finais de 2002, os servios de orientao econsultoria ofeream acesso universal a informaes sobre formao, mercado de trabalho

    e oportunidades de carreira em competncias e profisses associadas s "novastecnologias". Como concretizar este objectivo? De um modo mais geral, como dar ummaior impulso ao desenvolvimento de instrumentos de auto-orientao baseados naInternet?

    Que fazer para modernizar e melhorar a formao inicial e em situao de actividade e odesenvolvimento profissional dos agentes da orientao e consultoria? Quais asnecessidades mais prementes para enriquecer a formao? Que tipo de projectos a realizarneste domnio devem receber prioridade no mbito dos programas SOCRATES II,LEONARDO II e JUVENTUDE?

    bvia a necessidade de expandir a prestao de servios a nvel local, sob formasacessveis e concebidas para grupos-alvo especficos. Como aplicar mais amplamente emtoda a Europa abordagens inovadoras do tipo "balco nico"?. Qual o papel das estratgiasde marketing no domnio da orientao e consultoria, e como podero estas ser tornadasmais eficazes? Como podem ser desenvolvidas redes inter-agncias por forma a permitiraos prestadores de servios a nvel local, atravs de um grupo de fontes especialistas,oferecer servios verdadeiramente "adaptados" numa base individual?

    Como garantir a qualidade dos servios num mercado pblico e privado da orientao econsultoria? Qual a pertinncia do desenvolvimento de normas de qualidade em matria deservios de orientao e consultoria, nomeadamente atravs de uma cooperao a nvel

    europeu?

    4.6. Mensagem 6: Aproximar a aprendizagem dos indivduos

    Objectivo: Providenciar oportunidades de aprendizagem ao longo da vida to prximasquanto possvel dos aprendentes, nas suas prprias comunidades e apoiadas se necessrio

    em estruturas TIC

    A governao regional e local tem vindo a adquirir, nos ltimos anos, cada vez maiorinfluncia, na sequncia da procura intensificada de decises e servios "mais prximos" doscidados. A oferta de educao e formao uma rea poltica que no deixar de ser afectada

    por esta tendncia para a maioria das pessoas, da infncia terceira idade aaprendizagem acontece a nvel local. As autoridades regionais e locais so tambm asresponsveis pela criao de infra-estruturas de acesso aprendizagem ao longo da vida,incluindo os servios de acolhimento de crianas, transportes e servios sociais. Amobilizao dos recursos das autoridades regionais e locais em favor da aprendizagem aolongo da vida , pois, essencial. Do mesmo modo, ao nvel local que as organizaes eassociaes da sociedade civil esto mais fortemente implantadas, acumulando, geralmente,vastas reservas de conhecimentos e experincias sobre as comunidades das quais fazem parte.

    23 Para 2001, a Orientao para o Emprego n 7 procura reforar o funcionamento dos mercados detrabalho, melhorando as redes de bases de dados europeias sobre oportunidades de emprego e deaprendizagem.

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    A diversidade cultural a marca distintiva da Europa. Ainda que certas localidades possamapresentar caractersticas e problemas diferentes, todas partilham uma especificidadegeogrfica e uma identidade nicas. O carcter familiar das comunidades e regies de origemd confiana e propicia a constituio de redes proteco social. Estes recursos desempenhamum papel fundamental, conferindo um sentido educao e formao e facilitando o xitoda aprendizagem.

    Oportunidades diversificadas de aprendizagem ao longo da vida acessveis a nvel localcontribuem para que as pessoas no se sintam obrigadas a abandonar a sua regio de origempara fins de educao e formao - ainda que deva ser-lhes dada a oportunidade de o fazer evelar por que essa mobilidade seja uma experincia de aprendizagem positiva. Para algunsgrupos, como as pessoas com deficincia, nem sempre possvel uma mobilidade fsica.Nestes casos, a igualdade de acesso aprendizagem s poder ser concretizada aproximandoa mesma dos prprios aprendentes. As TIC constituem um meio fundamental de chegar spopulaes disseminadas e isoladas com baixos custos - no apenas no interesse daaprendizagem, mas tambm em termos da comunicao que contribui para manter aidentidade da comunidade para alm das grandes distncias. De um modo mais geral, o acesso

    permanente e mvel a servios de aprendizagem - incluindo aprendizagem on-line - permite acada um explorar melhor o tempo de que dispe, independentemente do lugar onde seencontre.

    Por seu turno, as reas urbanas densamente povoadas podem congregar as componentes dasua diversidade em parecerias mltiplas, servindo-se da aprendizagem ao longo da vidaenquanto motor de regenerao regional e local. As grandes aglomeraes, ponto deencontro de grupos e ideias em constante evoluo, sempre desempenharam um papelcatalisador da inovao e do debate. Nos ambientes urbanos, abundam oportunidades deaprendizagem de todos os tipos, da vida quotidiana s empresas em constante evoluo, tantopara os jovens como para os menos jovens. As aldeias, cidades e grandes aglomeraes

    teceram j mltiplos contactos com comunidades parceiras em toda a Europa, graas aosprogramas e actividades de geminao, muitos dos quais financiados pela Comunidade. Estasactividades so a base de cooperao de intercmbios transnacionais entre comunidades elocalidades que apresentam caractersticas e dificuldades idnticas, constituindo, pois, umaplataforma natural para iniciativas de aprendizagem no-formal. As TIC alargam estaspossibilidades, abrindo o caminho s comunicaes virtuais entre colectividades locaisgeograficamente distantes entre si.

    Parcerias inclusivas e abordagens integradas permitem chegar aos (potenciais) aprendentes edar resposta, de forma coerente, s suas necessidades e exigncias em matria deaprendizagem. Programas de incentivo e outras medidas de auxlio podem fomentar e apoiar

    uma abordagem voluntarista da aprendizagem ao longo da vida por parte dos prpriosindivduos, bem como das cidades e regies enquanto estruturas de coordenao. Paraaproximar a oferta de aprendizagem dos indivduos, h igualmente que reorganizar e reafectaros recursos existentes, por forma a criar centros adequados de aprendizagem nos locais davida quotidiana onde se renem os cidados - no apenas os estabelecimentos de ensino, mastambm os crculos municipais, os centros comerciais, as bibliotecas e museus, os lugares deculto, os parques e as praas pblicas, as estaes ferrovirias e rodovirias, os centrosmdicos e os complexos de lazer, bem como as cantinas nos locais de trabalho.

    Tpicos a debater

    As concluses do Conselho Europeu de Lisboa (pargrafo 26) propem transformar asescolas e os centros de formao em estruturas locais polivalentes de aprendizagem,

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    ligadas Internet e acessveis a pessoas de todas as idades. Este um desafio fundamentalpara todos os Estados-Membros. Entre os projectos e os servios existentes, quais os quepodero vir a revelar-se prometedores e servir de exemplo de boas prticas? Queprojectos-piloto poderiam ser apoiados com este intuito pelos programas comunitrios nosdomnios da educao, formao e juventude?

    Como estabelecer, a nvel local e regional, parcerias mutuamente vantajosas entre osorganismos de ensino e formao, os clubes e associaes juvenis, as empresas e os centrosde I&D? Qual a utilidade dos inquritos s necessidades de formao dos cidados e sexigncias de qualificaes dos empregadores realizados escala local para repensar aoferta de oportunidades de aprendizagem ao longo da vida em determinadas comunidadesou regies?

    As concluses do Conselho Europeu de Lisboa (pargrafo 38) revelam uma ntidapreferncia pelas estratgias de execuo centradas na descentralizao e na parceria. Quetipo de incentivo poderiam encorajar as iniciativas locais e regionais - tais como as"cidades ou regies de aprendizagem" - a cooperar e a trocar exemplos de boas prticas a

    diferentes nveis, nomeadamente escala transnacional? Ser possvel s autoridadesmunicipais ou regionais consagrar uma percentagem fixa das suas receitas aprendizagemao longo da vida?

    Em que medida o desenvolvimento de laos mais estreitos entre as instituies europeias(Parlamento Europeu, Comit das Regies, Comit Econmico e Social, Conselho daEuropa) que tm estabelecidos slidos contactos ao nvel local e regional poder promovera criao de parcerias descentralizadas no domnio da aprendizagem ao longo da vida?

    5. MOBILIZAR RECURSOS PARA A APRENDIZAGEM AO LONGO DA VIDA

    O debate que ser lanado na sequncia do presente Memorando decorrer num momentocrucial da execuo das concluses do Conselho Europeu de Lisboa. Os resultados dessedebate permitiro definir as prioridades e orientaes a adoptar no quadro dos instrumentos eprogramas em questo. O novo mtodo aberto de coordenao facilitar a definio deestratgias coerentes e uma mobilizao de recursos aos nveis europeu e nacional emfavor da aprendizagem ao longo da vida. A nvel comunitrio, esto a ser desenvolvidosindicadores e iniciativas polticas, estando planeada a mobilizao dos recursos disponveis.

    Definio de indicadores e parmetros de referncia

    A definio de objectivos adequados e de parmetros de referncia pertinentes constituir umdos principais aspectos do debate que se avizinha, em conformidade com o mtodo aberto decoordenao introduzido nas concluses de Lisboa (pargrafo 37) e com os mtodos jutilizados na Estratgia de Emprego. Actualmente, no existem indicadores que reflictamcompletamente o conceito de aprendizagem ao longo da vida tal como definido nopresente Memorando. Foram j lanados a nvel europeu24 trabalhos que visam melhorar a

    24 Foram j propostos indicadores relativos ao ensino e aprendizagem na sociedade da informao norelatrio sobre recursos educativos multimdia, Janeiro de 2000, (accesvel via: http://europa.eu.int/eur-lex/en/com/pdf/2000/com 2000_0023en0.pdf ); no Relatrio Europeu sobre a Qualidade do EnsinoBsico e Secundrio, de Maio de 2000, so propostos 16 indicadores de qualidade. A Task Force doEurostat dedicada definio de indicadores no domnio da aprendizagem ao longo da vida apresentar

    o seu primeiro relatrio em Dezembro de 2000. A iniciativa e-Learning prope-se desenvolverindicadores especficos relativamente s metas definidas em Lisboa em matria de infra-estruturas eliteracia digitais. O Anexo 2 do presente Memorando incide sobre as possibilidades actuais de

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    situao e o Conselho "Educao" comeou j a estudar formas de aplicar o conceito deavaliao comparativa rea da educao, preservando, no entanto, a autonomia de cadaEstado-Membro neste domnio25. Alm disso, foram j definidos e utilizados vriosindicadores em matria de aprendizagem ao longo da vida para avaliar os progressosrealizados na execuo das Orientaes para o Emprego, estando prevista a incluso de algunsdeles na lista de indicadores estruturais propostos pela Comisso no relatrio anual de

    sntese26

    . Afigura-se necessrio um esforo conjunto da Comunidade e dos Estados-Membrospara desenvolver dados relativos s seis mensagens fundamentais e definir indicadoresquantitativos e qualitativos adequados em matria de aprendizagem ao longo da vida, tendoem mente que alguns sero provavelmente novos e podero exigir novos dados que osapoiem. (Esta questo retomada no Anexo II - O propsito do desenvolvimento deindicadores e parmetros de referncia em matria de aprendizagem ao longo da vida.)

    Iniciativas actuais a nvel europeu

    A nvel comunitrio, foram j empreendidas aces para executar as concluses do ConselhoEuropeu de Lisboa (pargrafos 11, 25, 26, 29, 37, 38 e 41).

    O Conselho "Educao" est actualmente a preparar, em cooperao com a Comisso, umprimeiro relatrio sobre as futuras preocupaes e prioridades comuns dos sistemas deensino europeus, nomeadamente a aprendizagem ao longo da vida. Este relatrio serapresentado ao Conselho Europeu da Primavera de 2001, sob a gide da Presidncia Sueca.

    A nova iniciativa eLearning, que se inscreve no quadro mais geral da iniciativaeEuropa,27 visa elevar os nveis de literacia digital e dotar as escolas, os professores e osalunos do material, das competncias profissionais e do apoio tcnico necessrios. Umautilizao eficaz das TIC contribuir de modo significativo para a execuo de umaestratgia de aprendizagem ao longo da vida, alargando o acesso a essas tecnologias ediversificando os modos de formao, nomeadamente graas a centros locais de

    aprendizagem ligados em redes informticas acessveis aos cidados de todas as idades. Est em curso de preparao uma "Porta de acesso ao espao europeu da

    aprendizagem"; em ligao com a base de dados EURES, tem por objectivo fornecer umacesso facilitado dos cidados s informaes relativas s ofertas de emprego e formaoem toda a Europa.

    Afim de facilitar a mobilidade e aumentar a visibilidade das experincias de aprendizageme de trabalho, a Comisso apresentar uma proposta que visa a concepo de um formatocomum de curriculum vitae europeu28.

    A Comisso apresentou uma proposta de recomendao visando promover amobilidade. Graas a uma iniciativa da Presidncia Francesa, est em curso de elaboraoum plano de aco em prol da mobilidade, complemento prtico dessa recomendao.

    desenvolver e melhorar as estatsticas comparativas e os indicadores em matria de aprendizagem aolongo da vida.

    25 Seminrio de Leiden sobre a avaliao comparativa (benchmarking) e o processo de coordenaoaberta, 27-28 de Setembro de 2000.

    26Indicateurs structurels, Comunicao da Comisso COM(2000)594, 27 de Setembro de 2000.

    27eLearning - Pensar o futuro da educao, Comunicao da Comisso das Comunidades Europeias,

    COM(2000)318 final, 24 de Maio de 2000. Para obter documentao sobre a a iniciativa eEuropa, ver:http://europa.eu.int/comm/information_society/eeurope/documentation/index_fr.htm

    28 Concluses do Conselho Europeu de Lisboa, pargrafo 26.

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    A Comisso prosseguir igualmente a cooperao com determinadas redes existentes eagncias descentralizadas, bem como no mbito de mecanismos para desenvolver aaprendizagem ao longo da vida, como o Frum europeu sobre a transparncia dasqualificaes.

    Ser igualmente prosseguida a implementao do plano de aco para a promoo do

    esprito empresarial e da competitividade (BEST), que inclui aces de educao eformao no domnio do esprito empresarial.

    Os programas de aco SOCRATES II, LEONARDO DA VINCI II e JUVENTUDE

    A noo de aprendizagem ao longo da vida constitui um princpio orientador dos novosprogramas comunitrios consagrados educao, formao e juventude em vigor desdeJaneiro de 2000. As actividades que por eles sero co-financiadas - redes e parcerias,projectos-piloto e trabalhos de investigao, actividades de intercmbio e mobilidade, fontescomunitrias de referncia - constituem, pois, instrumentos essenciais para o desenvolvimentode uma dimenso europeia da aprendizagem ao longo da vida. As prioridades subjacentes aosconvites apresentao de propostas regularmente publicados podero ser determinadas em

    funo das mensagens-chave do presente Memorando. Este novos programas prevem,igualmente, aces conjuntas - ou seja, co-financiamento de actividades relevantes para vriosdomnios da aco comunitria. Estas aces revestem um interesse particular para aaprendizagem ao longo da vida, dado o seu carcter plurisectorial e integrador. A ttulo deexemplo, podero ser consideradas aces conjuntas para promover: a cooperao entre osespecialistas que trabalham em diferentes sectores do ensino e da formao ou em contextosformais e no-formais, por forma a conceber mtodos inovadores de ensino e aprendizagem; acooperao entre as diferentes estruturas de orientao e consultoria, a fim de colmatar ofosso entre os servios existentes e fomentar a implantao de redes de especialistaspluridisciplinares.

    Orientaes para o Emprego e recomendaes

    As Orientaes para o Emprego proporcionam um enquadramento eficaz para promoverreformas estruturais, fixar objectivos e acompanhar os progressos conseguidos naexecuo das iniciativas estratgicas, nomeadamente no domnio da aprendizagem ao longoda vida. Na proposta de Orientaes para o Emprego 2001 apresentada pela Comisso, adimenso da aprendizagem ao longo da vida foi consideravelmente reforada. Esta questo agora considerada um aspecto horizontal da Estratgia de Emprego, ao mesmo tempo que abordada no contexto especfico de vrias orientaes. Todos os Estados-Membros deverodefinir polticas que visem a execuo destas novas orientaes em matria de emprego. Amaioria dever, aquando da aplicao das orientaes em matria de aprendizagem ao longo

    da vida, dar resposta a recomendaes precisas.Incumbe ainda aos Estados-Membros a responsabilidade de elaborar estratgias globais deaprendizagem ao longo da vida, que permitam a concepo e a aplicao coerente de umapanplia de medidas coordenadas e faam da aprendizagem ao longo da vida uma realidadepara todos os cidados. O projecto de Orientaes para o Emprego 2001 insta osEstados-Membros a conceber estratgias globais coerentes de aprendizagem ao longo da vidanos respectivos sistemas de educao e formao. So igualmente solicitados a definirobjectivos, com vista a aumentar os respectivos investimentos em recursos humanos e afrequncia das aces de formao complementar e profissional, bem como acompanhar osprogressos registados na consecuo destes objectivos.

    medida que estas aces forem sendo desenvolvidas, as estratgias assentes na parceria e nadescentralizao que "aproximam a aprendizagem dos indivduos" assumiro importncia

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    acrescida, tal como se sublinha nas concluses da Cimeira de Lisboa. O desafio consistir emintroduzir e manter uma coerncia na diversidade a todos os nveis da vida comunitria naEuropa.

    Recurso aos Fundos Estruturais Europeus

    As concluses do Conselho Europeu de Lisboa (pargrafo 41) sublinham a necessidade de

    mobilizar os recursos necessrios, com a Unio Europeia a agir enquanto catalisador e dandoo seu prprio contributo no mbito das polticas existentes.

    Doravante, o Fundo Social Europeu deve contribuir especificamente para as acesempreendidas, em conformidade com a Estratgia Europeia de Emprego e as orientaesdefinidas neste domnio. Os Estados-Membros devem prosseguir com determinao odesenvolvimento das respectivas polticas e infra-estruturas na rea da aprendizagem ao longoda vida, aos nveis nacional, regional e local. A nova iniciativa comunitria EQUAL incidirnos domnios de aco relevantes no contexto da Estratgia de Emprego, incluindo aaprendizagem ao longo da vida. Afigura-se igualmente possvel intensificarconsideravelmente os laos entre, por um lado, os programas Juventude, Socrates,Leonardo da Vinci e a iniciativa EQUAL, e, por outro, os Fundos Estruturais -nomeadamente a fim de explorar mais plenamente as abordagens e os resultados positivos deprojectos levados a cabo no quadro destes programas.

    Tirar partido do programa-quadro de investigao

    Os trabalhos de investigao que incidem sobre as mensagens aqui propostas devero serconsiderados prioritrios no actual quinto programa-quadro de investigao e tomados emconsiderao aquando da planificao dos temas fundamentais do sexto programa. Osprogramas nacionais de investigao devero igualmente atender aos trabalhos consagrados execuo da estratgia de aprendizagem ao longo da vida. Os temas a abordar podero, porexemplo, incluir as vantagens socio-econmicas de um investimento em recursos humanos e ainvestigao aplicada em cincias da educao, com o intuito de conceber novos mtodos deensino e aprendizagem. No mbito do quinto programa-quadro, uma das principais acesdedicadas ao tema de uma sociedade da informao convivial visa j facilitar a oferta deoportunidades de aprendizagem ao longo da vida atravs do desenvolvimento de ferramentase contedos multimdia.

    Aces de acompanhamento do presente Memorando

    A Comisso convida os Estados-Membros a, at meados do ano 2001, lanarem um processode consulta com base no presente Memorando, prximo dos cidados e com o envolvimentodos agentes-chave responsveis pela aprendizagem ao longo da vida a todos os nveis. AComisso ir proceder recolha e anlise dos resultados desse debate e consultarigualmente o Parlamento Europeu, o Comit Econmico e Social, o Comit das Regies, osparceiros sociais e outros intervenientes importantes no intuito de obter reaces ao presenteMemorando. A Comisso prosseguir igualmente os trabalhos de desenvolvimento deindicadores e de parmetros de referncia e de identificao de exemplos de boas prticas.Sero igualmente mobilizados recursos comunitrios para a aprendizagem ao longo da vida,tal como foi referido anteriormente. Por ltimo, a Comisso elaborar um relatrio sobre osresultados deste processo de consulta at o Outono de 2001, no intuito de propor objectivosespecficos, pontos concretos de aco e parmetros de referncia para a execuo de umaestratgia de aprendizagem ao longo da vida.

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    ANEXO I

    Exemplos de boas prticas de aprendizagem ao longo da vida

    O presente anexo rene alguns exemplos de "boas prticas", isto , de projectos ou deiniciativas que consubstanciam formas viveis de pr em prtica a aprendizagem ao longo da

    vida. A maior parte destes projectos, seleccionados na Unio Europeia, receberamfinanciamento comunitrio. So apresentados ainda alguns exemplos de iniciativas em pasesterceiros que conhecem desafios anlogos em matria de aprendizagem ao longo da vida. Aseleco foi feita com base em propostas do CEDEFOP, do programa EURYDICE, daFundao Europeia para a Formao (FEF) e de um estudo realizado a pedido da ComissoEuropeia sobre a contribuio do financiamento comunitrio para a aprendizagem ao longo davida. A maior parte dos exemplos provenientes de pases europeus tm uma dimensoeuropeia clara e todos os exemplos so reveladores de abordagens inovadoras e flexveis paraos cidados e os outros parceiros quando se trata de prticas de aprendizagem ao longo davida. Algumas destas iniciativas esto em curso desde h vrios anos e deram provas deeficcia. Noutros casos, no h ainda resultados concretos, mas trata-se de projectos com

    interesse e carcter inovador. A lista de projectos est longe de ser exaustiva. O que sepretende antes de mais ilustrar, em termos relativamente concretos, a forma que poderevestir a aprendizagem ao longo da vida, estimular o debate e procurar novas ideias e novosmtodos para divulgar boas prticas, na Europa e fora dela. O levantamento de bons exemplose a formulao de ideias para divulgar boas prticas ser, assim se espera, um aspectoimportante do debate lanado com o presente Memorando.

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    Objectivo 1:

    Garantir acesso universal e contnuo aprendizagem, com vista aquisi