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MEMORIAL

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TRABALHO MEMORIAL

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MEMORIAL DO PROCESSO DE INSTITUCIONALIZAO DO SERVIO SOCIALA Poltica de Assistncia Social, bem como a profisso de Servio Social, foram institucionalizadas a partir do reconhecimento do Estado, em conformidade com a necessidade de reconhecimento dos direitos humanos e trabalhistas do indivduo em sociedade. No mbito nacional, este surgiu em face ascenso do sistema capitalista, em meio contradio existente entre os detentoras do capital e a classe trabalhadora.

Haja visto, nos seus primrdios, a assistncia social teve iniciativa do Estado sob o respaldo da igreja catlica como prticas caridosas por meio de suas entidades filantrpicas. Em meio ao perodo pr capitalista quando ento no havia qualquer desvelo da elite para com as classes menos favorecidas, estas compostas por trabalhadores que vieram a reivindicar por condies de trabalho moradia e salrio dignos, o que resultou em diversos protestos e embates violentos; um perodo de crescimento numrico da classe trabalhadora, extensamente explorada, mas em franca organizao que se intensificam as lutas por melhores condies de vida e de trabalho, contudo a classe dominante encara tais lutas como ameaa a seus interesses e desorganizao social e moral.

Com a revoluo de 30, modificaes importantes ocorreram nos campos polticos, econmicos e sociais. Primeiro foi o fechamento do Congresso Nacional e das Assemblias Legislativas estaduais e municipais.

Getulio Vargas passou a governar por meio de decretos-leis. Limitou-se o poder dos Estados. O executivo federal tornou-se todo-poderoso. Uma ditadura foi instalada no pas.

A economia permaneceu voltada basicamente para a agricultura, mas havia uma preocupao em acelerar a industrializao do pas. Neste periodo, em face s rebelies da classe operria, em choque com os interesses do governo, Getlio vargas adota a questo social como uma questo poltica. Ao mesmo tempo que adotava uma legislao que atendia antigas reivindicaes dos trabalhadores, o governo passou a interferir na atividade sindical.

Nessa perspectiva, esclarece Netto (2005, p.69) somente na intercorrncia do conjunto de processos econmicos, sciopolticos e terico-culturais [...] que se instaura o espao histricosocial que possibilita a emergncia do Servio Social como profisso e complementa referindo-se em termos histricouniversais A profissionalizao do Servio Social no se relaciona decisivamente evoluo da ajuda, racionalizao da filantropia nem organizao da caridade; vincula-se dinmica da ordem monoplica (p. 74).

De um lado o Estado procurava promover a assistncia como modalidade de manipulao sociedade, do outro a igreja catlica ento mancomunada com o Estado esteve envolvida em prticas de caridade com o intuito primrio de difundir a sua doutrina. Seu iderio ser de vital importncia para a formao dos primeiros assistentes sociais, onde sua influncia implicar na percepo, poca, da questo social como questo moral a ser enfrentada a partir de um enfoque individualista, psicologizante e moralizador, que responsabiliza os sujeitos pelos problemas sociais que vivenciam. A igreja torna-se a responsvel pela fundao das primeiras escolas de Servio Social no pas, atravs de sua ao renovadora. Surge o Servio Social como prolongamento da ao social catlica, adotando como pressuposto terico sua linha mais tradicional e ortodoxa.

A partir dos anos 40/50, a questo social, expresso das desigualdades decorrentes do aprofundamento do capitalismo no Brasil, passa por grandes transformaes, especialmente a partir do final da II Guerra Mundial. A questo social se pe como alvo da interveno do Estado, por meio das polticas sociais pblicas, ao mesmo tempo em que o empresariado, imbudo de um novo esprito social, substitui a mera represso e assistncia eventual por mecanismos que visam a colaborao entre capital e trabalho. A formao profissional se d neste momento a partir da influncia europia, atravs do denominado Modelo Franco-Belga, tomando por base o princpio tomista de salvar corpo e alma, pois ambos constituem-se uma unidade. O centro das preocupaes era a famlia operria, enquanto base da reproduo material e ideolgica da fora de trabalho, priorizando uma ao assistencialista, visando s sequelas materiais da explorao capitalista junto a este segmento.

A influncia norte americana na profisso substituiu a influncia do pensamento conservador europeu, que marcou a conjuntura anterior, tanto no nvel da formao profissional como nas instituies prestadoras de servios, passando ento a aplicar uma Sociologia conservadora. O marco desta mudana de influncia situa-se no Congresso Interamericano de Servio Social realizado em Atlantic City (EUA).

Posteriormente, foram criados diversos mecanismos de interao mais efetiva, como o oferecimento de bolsas aos profissionais brasileiros e a criao de entidades organizativas. Os assistentes sociais brasileiros comearam a defender que o ensino e a profisso dos Estados Unidos haviam atingido um grau mais elevado de sistematizao. Nos estados unidos o servio social mantinha-se sob vnculo com outras reas da cincia, tendo um contorno teraputico. A abordagem era o individual (primeiramente), mas da mesma forma redirecionando para a reforma do carter. Primeiro lugar: preocupar-se em determinar qual a histria individual da formao da personalidade de seu cliente; Segundo lugar: Estudar e investigar seriamente o meio social daquela pessoa; Terceiro lugar: Descobrir quais as possveis motivaes de seu cliente.

Dcadas depois surge um segundo mtodo de ao do servio social: servio social de grupo. Atender caso a caso de maneira isolada j no era suficiente para atender as grandes demandas. Em 1934 se inicia no interior do servio social um movimento que tem por finalidade definir a tcnica e o objetivo desse mtodo de trabalho. A concepo de trabalhos com grupos se desenvolveu para ao intergrupos: h certo tipo de problemtica social que necessita atuao de vrios grupos, que por terem objetivos comuns, devem se interligar.

A partir dessa necessidade comea a se gestar a noo de servio social de comunidade. Tratava-se de um trabalho de organizao de comunidade entendido como a arte e o processo de desenvolver os recursos potenciais e os talentos de grupos de indivduos e dos indivduos que compem os grupos.

Aps este primeiro momento: um processo de adaptao e ajuste de tipo interativo e associativo e mais uma tcnica para conseguir o equilbrio entre recursos e necessidades.

O Servio Social no Contexto da Ditadura Militar no Brasil e Amrica latina, no Brasil, aps o denominado golpe militar de 64 a atuao do profissional assistente social ficou limitada somente na execuo de polticas sociais em expanso dos programas de desenvolvimento da comunidade, atuando na eliminao de quaisquer obstculos ao crescimento econmico e a integrao aos programas de desenvolvimento do Estado. Neste perodo os assistentes sociais trabalhavam em consonncia com o regime autoritrio, sem ter como questionar as atitudes de natureza arbitrria do regime, que instituram o perodo como de negao aos direitos humanos.

Houve grande dificuldade na poca, quando as empresas privadas assumiam as medidas de polticas sociais, assim implementando programas assistenciais para obter maior controle sobre o trabalhador, isto proporcionou oportunidade para ao do servio social.

De um modo geral, pode-se dizer que no plano da Amrica latina, a demanda do servio social esteve igualmente voltada execuo dos programas do governo autoritrio, sem a participao popular, no sendo incutido classe trabalhadora a manifestao de seus anseios frente s suas reais necessidades.

O Processo de renovao do servio social no Brasil e Amrica latina.

O Movimento de Reconceituao no Brasil se d a partir da segunda metade dos anos setenta, quando a Ditadura Militar vai perdendo a sua fora e onde os assistentes sociais comeam a ter um maior contato com o pensamento crtico-dialtico, de raiz marxiana, encontrando campo para estar junto classe trabalhadora engajando-se de maneira concisa frente aos seus reais paradigmas, comeando a criticar o tradicionalismo. Por volta dos anos de 1970 aos 1980, os movimentos sindicais e operrios contriburam para os assistentes sociais que pretendiam romper com o tradicionalismo. O movimento de Reconceituao no Brasil comprometido com os interesses da populao, busca investir nas pesquisas, qualificar a formao acadmica e sua interlocuo com as cincias sociais.

Os assistentes sociais, dentro desse processo de renovao, baseados na manuteno do sistema, tiveram que estar com as idias voltadas para o avano da teorizao do servio social dentro do contexto socioeconmico da realidade brasileira, cuja perspectiva foi evidenciada nos Encontros de Arax, em 1967, Terespolis em 1970, perdendo os seus domnios nos Encontros de Sumar em 1978. Tais encontros constituram-se dentro de suas circunstncias e ao perodo inicial de deliberao da profisso, como marcos com contedos de suma importncia para o amadurecimento terico/prtico da assistncia social no Brasil.

J de modo geral, na Amrica latina, ocorreu em resposta aos questionamentos feitos ao servio social tradicional, quando um grupo de assistentes sociais organizou o movimento para dar um novo conceito ao Servio Social latino-americano, com o objetivo de construir um Servio Social que atendesse s necessidades da Amrica Latina. O Movimento de Reconceituao trouxe para os assistentes sociais a identificao poltico-ideolgica da existncia de lados antagnicos duas classes sociais antagnicas dominantes e dominados, negando, portanto a neutralidade profissional, que historicamente tinha orientado a profisso. Esta revelao abriu na categoria a possibilidade de articulao profissional com o projeto de uma das classes, dando inicio ao debate coletivo sobre a dimenso poltica da profisso.

neste contexto que o Movimento de reconceituao do Servio Social na Amrica Latina constitui-se numa expresso de ruptura com o Servio Social tradicional e conservador; e na possibilidade de uma nova identidade profissional com aes voltadas s demandas da classe trabalhadora passando a ter uma legtima viso poltica da interao e da interveno.

Amadurecimento terico e poltico do servio socialA elaborao do Cdigo de tica de 1986 comprometeu-se com um novo projeto tico-poltico profissional. A direo social assumida revelou os esforos de redefinio do SS no interior da dinmica societria dos anos 80 no sentido da construo de uma nova legitimidade social do SS junto s classes subalternas. A perspectiva de inteno de ruptura caudatria desse amplo movimento de renovao crtica do SS, no qual possvel constatar um notvel amadurecimento terico, a ampliao da produo editorial oriunda especialmente de cursos de ps-graduao, alm de uma rica agenda intelectual que incorpora polmicas de relevo, decisivamente marcadas pelas correntes de pensamento marxista.

Esta dcada foi palco de intensa luta poltica da esquerda para a redemocratizao do Brasil. Os movimentos sociais organizaram-se em sindicatos e fortaleceram-se, as demandas populares que ganharam visibilidade pblica, as aspiraes por uma sociedade justa e igualitria expressaram-se na luta por direitos, que acabaram se consubstanciando na Constituio de 1988. Os artigos expressos da nova constituio foram totalmente favorveis atuao da assistncia social em nvel de planejamento e implementao de polticas pblicas e, deixando livre o caminho para futuras evolues de todos os nveis para a profisso.

Depois da dcada de oitenta o servio social j se encontrava amadurecido terico politicamente. Nesses ltimos 10 anos, diferentes mecanismos participativos e de controle social, democratizadores da gesto pblica das polticas sociais comearam a ser postos em prtica, como os conselhos gestores, fruns em defesa das polticas pblicas, plenrias populares, conferncias nos trs nveis de governo, oramento participativo, audincias pblicas, ouvidorias sociais. Nessa dinmica societria, notvel a presena e participao ativa dos assistentes sociais, por meio das suas entidades representativas e da contribuio de pesquisadores e militantes.Por fim, vale ressaltar que o planejamento e a execuo de polticas pblicas e de programas sociais voltados para o bem-estar coletivo e para a integrao do indivduo na sociedade. O assistente social trabalha com a questo da excluso social, acompanhando, analisando e propondo aes para melhorar as condies de vida de crianas, adolescentes e adultos. Cria campanhas de alimentao, sade, educao e recreao e implanta projetos assistenciais. Em penitencirias e abrigos de menores, prope aes e desenvolve a capacitao para a reintegrao dos marginalizados. obrigatria a inscrio no Conselho Regional de Servio Social para o exerccio da profisso.

CONSIDERAES FINAIS

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