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Memórias A vida pode ter maneiras distintas de mostrar qual o verdadeiro lugar onde devemos estar. São esses pequenos “acidentes de percurso” que mudam nossa história para sempre. Lembro como se fosse hoje o primeiro momento em que te vi, era uma garotinha no auge dos seus sete anos de idade, cheia de inocência e exalando felicidade. Sentada no banquinho da pracinha sob a sombra de uma grande árvore como todos os dias fazia, balançando as perninhas que não alcançavam o chão devido a pouca estatura e brincando com a língua no buraco onde outrora estiveram os dentes, com o lanchinho da tarde, esquecido na sacolinha de papel pardo – daqueles que os pães do café da manhã são embalados na padaria. Então levantando os olhos vi aquela figura desengonçada, magra e ainda sim lindíssima que caminhava em minha direção com passos lentos, de maneira temerosa. Para estimulá-lo dei um sorriso, em resposta recebi um suave latido que preencheu meu coração. Estendi a sacolinha perguntando se queria comer alguma coisa, novamente um latido. Naquele dia o lanche da tarde foi especial... Ganhei um novo amigo, e até hoje guardo em meu coração. Enquanto escrevo sentada no mesmo banco que nos conhecemos, não mais no fim da tarde e sem a companhia da grande árvore que nos dava sombra, sinto a mesma emoção daquele dia, e teimosamente uma lágrima escorre pelo meu rosto. Sei que já não o tenho, mas ainda sim carrego em meu peito a sua essência.

Memórias

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Um pequeno relato inacabado... A vida e suas formas de nos confundir

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MemriasA vida pode ter maneiras distintas de mostrar qual o verdadeiro lugar onde devemos estar. So esses pequenos acidentes de percurso que mudam nossa histria para sempre.Lembro como se fosse hoje o primeiro momento em que te vi, era uma garotinha no auge dos seus sete anos de idade, cheia de inocncia e exalando felicidade. Sentada no banquinho da pracinha sob a sombra de uma grande rvore como todos os dias fazia, balanando as perninhas que no alcanavam o cho devido a pouca estatura e brincando com a lngua no buraco onde outrora estiveram os dentes, com o lanchinho da tarde, esquecido na sacolinha de papel pardo daqueles que os pes do caf da manh so embalados na padaria.Ento levantando os olhos vi aquela figura desengonada, magra e ainda sim lindssima que caminhava em minha direo com passos lentos, de maneira temerosa. Para estimul-lo dei um sorriso, em resposta recebi um suave latido que preencheu meu corao. Estendi a sacolinha perguntando se queria comer alguma coisa, novamente um latido. Naquele dia o lanche da tarde foi especial... Ganhei um novo amigo, e at hoje guardo em meu corao. Enquanto escrevo sentada no mesmo banco que nos conhecemos, no mais no fim da tarde e sem a companhia da grande rvore que nos dava sombra, sinto a mesma emoo daquele dia, e teimosamente uma lgrima escorre pelo meu rosto. Sei que j no o tenho, mas ainda sim carrego em meu peito a sua essncia.