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Seção de Processos Diversos do Plenário
TERMO DE ABERTURA
Em fl de h w h M de &@=J , fica formado o 58% volume dos presentes autos (a) b-4 &S que se
inicia à folha no /&,3?& . Seção de Processos Diversos do Plenário Eu, , Analista/Técnico Judiciirio, lavrei este termo.' /
22/08/2007 TRIBUNAL PLENO
INOUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
RELATOR : MIN. JOAQUIM BARBOSA AUTOR(A/S)(ES) : MINISTÉRIO PUBLICO FEDERAL DENUNCIADO(A1S) : JOSÉ DIRCEU DE OLIVEIRA E SILVA ADVOGADO(A1S) : JOSÉ LUIS MENDES DE OLIVEIRA LIMA
E OUTROS DENUNCIADO(A1S) : JOSE GENOÍNO NETO ADVOGADO(A1S) : SANDRA MARIA GONÇALVES PIRES E
OUTROS DENUNCIADO(A1S) : DELÚBIO SOARES DE CASTRO ADVOGADO(A1S) : CELSO SANCHEZ VILARDI E
OUTRO(A1S) DENUNCIADO(A1S) : SÍLVIO JOSE PEREIRA ADVOGADO(A1S) : GUSTAVO HENRIQUE RIGHI IVAHY
BADARÓ E OUTROS DENUNCIADO(A1S) : MARCOS VALERIO FERNANDES DE
SOUZA ADVOGADO(A1S) : MARCELO LEONARDO E OUTROS DENUNCIADO(A1S) : RAMON HOLLERBACH CARDOSO ADVOGADO(A1S) : HERMES VILCHEZ GUERRERO E
OUTROS DENUNCIADO(A1S) : CRISTIANO DE MELLO PAZ ADVOGADO(A1S) : CASTELLAR MODESTO GUIMARÃES
FILHO E OUTROS DENUNCIADO(A1S) : ROGERIO LANZA TOLENTINO ADVOGADO(A1S) : PAULO SÉRGIO ABREU E SILVA DENUNCIADO(A1S) : SIMONE REIS LOBO DE VASCONCELOS ADVOGADO(A1S) : MARCELO LEONARDO DENUNCIADO(A1S) : GEIZA DIAS DOS SANTOS ADVOGADO(A1S) : PAULO SÉRGIO ABREU E SILVA DENUNCIADO(AIS) : KATIA RABELLO ADVOGADO(A1S) : THEODOMIRO DIAS NETO E OUTROS DENUNCIADO(A1S) : JOSE ROBERTO SALGADO ADVOGADO(A1S) : MAURICIO DE OLIVEIRA CAMPOS
JÚNIOR E OUTROS DENUNCIADO(AIS) : VIN~CIUS SAMARANE ADVOGADO(A1S) : JOSÉ CARLOS DIAS E OUTRO(A1S) DENUNCIADO(A1S) : AYANNA TENORIO TORRES DE JESUS ADVOGADO(A1S) : MAURÍCIO DE OLIVEIRA CAMPOS
JUNIOR E OUTROS DENUNCIADO(A1S) : JOÃO PAULO CUNHA ADVOGADO(A1S) : ALBERTO ZACHARIAS TORON E
Inq 2.245 1 MG OUTRA
: LUIZ GUSHIKEN : JOSE ROBERTO LEAL DE CARVALHO E
OUTROS : HENRIQUE PIZZOLATO : MARIO DE OLIVEIRA FILHO E OUTROS : PEDRO DA SILVA CORRÊA DE
OLIVEIRA ANDRADE NETO : EDUARDO ANTONIO LUCHO FERRÃO E
OUTRO(A1S) : JOSE MOHAMED JANENE : MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA E
OUTROS : PEDRO HENRY NETO : JOSÉ ANTONIO DUARTE ALVARES E
OUTRO : JOÃO CLAUDIO DE CARVALHO GENU : MARCO ANTONIO MENEGHETTI E
OUTROS : ENIVALDO QUADRADO : PRISCILA CORRÊA GIOIA E OUTROS : BRENO FISCHBERG : LEONARDO MAGALHÃES AVELAR E
OUTROS : CARLOS ALBERTO QUAGLIA : DAGOBERTO ANTORIA DUFAU E
OUTRA : VALDEMAR COSTA NETO : MARCELO LUIZ ÁVILA DE BESSA E
OUTRO(A1S) : JACINTO DE SOUZA LAMAS : DÉLIO LINS E SILVA E OUTRO(AIS) : ANTONIO DE PADUA DE SOUZA LAMAS : DELIO LINS E SILVA E OUTRO(A1S) : CARLOS ALBERTO RODRIGUES PINTO
(BISPO RODRIGUES) : MARCELO LUIZ ÁVILA DE BESSA E
OUTROS : ROBERTO JEFFERSON MONTEIRO
FRANCISCO : LUIZ FRANCISCO CORRÊA BARBOSA : EMERSON ELOY PALMIERI : ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS E
OUTRA : ROMEU FERREIRA QUEIROZ : JOSE ANTERO MONTEIRO FILHO E
OUTRO(A/S) : JOSE RODRIGUES BORBA : INOCÊNCIO MARTIRES COELHO E
OUTRO : PAULOROBERTOGALVÃODAROCHA : MARCIO LUIZ SILVA E OUTRO(A1S) : ANITA LEOCADIA PEREIRA DA COSTA : LUIS MAXIMILIANO LEAL TELESCA
MOTA : LUIZ CARLOS DA SILVA (PROFESSOR
LUIZINHO) : MARCIO LUIZ SILVA E OUTROS : JOÃO MAGNO DE MOURA : OLINTO CAMPOS VIEIRA E OUTROS : ANDERSON ADAUTO PEREIRA : CASTELLAR MODESTO GUIMARÃES
FILHO E OUTRO(AIS) : JOSÉ LUIZ ALVES : CASTELLAR MODESTO GUIMARÃES
FILHO E OUTRO(A/S) : JOSÉ EDUARDO CAVALCANTI DE
MENDONÇA (DUDA MENDONÇA) : TALES CASTELO BRANCO E OUTROS : ZILMAR FERNANDES SILVEIRA : TALES CASTELO BRANCO E OUTROS
Q U E S T Ã O D E O R D E M
A Sra. Ministra Ellen Gracie (Presidente) - Senhores Ministros, Senhora Ministra, chamo a julgamento o Inquérito no 2.245. Autor: o Ministério Público Federal. Denunciados: José Dirceu de Oliveira e Silva e outros. Dele é Relator o Ministro Joaquim Barbosa.
Antes de passar a palavra ao eminente Relator, a presidência encaminha algumas questões de ordem cuja solução é fundamental ao bom andamento dos trabalhos.
O senhor Secretário está fazendo a verificação de presença dos defensores constituídos. Nem todos os defensores
Inq 2.245 1 MG constituídos registraram presença junto à Secretaria do Plenário, por isso a necessidade de fazermos esta verificação.
A Secretaria do Plenário tem referencia, mediante comunicação dos defensores, de que a Dra. Priscila Corrêa Gioia, Dr. Dagoberto Antoria, Dr. Leonardo Magalhães Avelar e Dr. Inocêncio Mártires Coelho não irão fazer sustentação oral. Eu não tenho registro de presença do Dr. Alberto Zacharias Toron.
-35ww O Dr. Alberto Zacharias Toron -" Estou aqui,
Excelência.
A Sra. Ministra Ellen Gracie (Presidente) - Agradeço a Vossa Excelência.
Não tenho o registro de presença do Dr. Marco Antonio Meneghetti, que é defensor de João Cláudio de Carvalho Genu. Está presente?
Dr. Maurício Maranhão de Oliveira - Excelência, quem esta aqui é Maurício Maranhão de Oliveira, representando João Cláudio de Carvalho Genu.
A Sra. Ministra Ellen Gracie (Presidente) - Agradeço a Vossa Excelência, fica registrada a sua presença. Peço que compareça junto a Secretaria do Plenário para assinar o termo.
Dra. Priscila Gioia está p Magalhães Avelar? Dr. Dagoberto Antoria Dufau? Dr. Inocêncio Mártires Coelho, presente? Dr. Márcio Luiz Silva?
DP Roberta Maria Range1 - Excelência, ele virá a tarde.
Inq 2.245 1 MG A Sra. Ministra Ellen Gracie (Presidente) - Virá a
tarde para sustentação. Registramos, então, a presença do Dr. Márcio Luiz Silva. A senhora pertence ao mesmo escritório?
D P Roberta Maria Rangel - Sim.
A Sra. Ministra Ellen Gracie (Presidente) - Dr. Luis Maximiliano Leal Telesca Mota? Está presente. Registre, por favor. Dr. Márcio Luiz Silva, que representa Luiz Carlos da Silva, está presente? Dr. Olinto Campos Vieira, presente?
Dr. João Magno - Estou presente, Excelência. -* A Sra. Ministra Ellen Gracie (Presidente) - Dr. João
Magno, eu peço a Vossa Excelência que compareça a Secretaria do Plenário para registrar, então.
Dr. Márcio Luiz Silva virá à tarde, não é doutora?
DP Roberta Maria Rangel - Só virá a tarde.
A Sra. Ministra Ellen Gracie (Presidente) - Dr. Tales Oscar Castelo Branco, presente. Dr. Tales também representa Zilmar Fernandes Silveira, não é isso?
Então, pela minha anotação, estão ausentes: Dr. Marco Antonio Meneghetti, Dra. Priscila Corrêa Gioia, Dr. Leonardo Magalhães Avelar e Dr. Dagoberto Antoria Dufau.
Tendo em conta, portanto, a regra inscrita no artigo 261 do Código de Processo Penal, segundo a qual nenhum acusado será processado ou julgado sem defensor, valendo-me da prerrogativa do artigo 265 do mesmo Código de Processo Penal, eu nomeio defensor substituto aos acusados cujos defensores estão ausentes neste ato.
&I//,,,, cZ~A:,/,,,L &<Avw/
Ci123Ç7 Inq 2.245 1 MG
Ausente está a Doutora Priscila Corrêa Gioia, ou qualquer pessoa do seu escritório, que representa o denunciado Enivaldo Quadrado. Nomeio-lhe um defensor substituto para o só efeito de representação neste ato de apreciação da denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal. Faço-o na pessoa do Dr. Antônio Nabor Areias Bulhões, que aceita o Ônus.
Quanto ao acusado Breno Fischberg, representado por Leonardo Magalhães Avelar e outros, nomeio para este ato defensor na pessoa do Doutor José Guilherme Villela, que está presente e aceita o Ônus.
Em relação ao acusado Carlos Alberto Quaglia, ausente seu defensor, Dr. Dagoberto Antoria Dufau, nomeio-lhe o Doutor Roberto Rosas para este ato, que aceita o Ônus.
Ausente também o defensor do acusado José Rodrigues Borba, Dr. Inocência Mártires Coelho. Nomeio-lhe defensor para este ato na pessoa do Dr. Pedro Gordilho, que está presente e aceita o Ônus.
Ainda ausente o Dr. Márcio Luiz Silva, ou qualquer - pessoa do mesmo escritório, na defesa
Dr" Roberta Maria Rangel - Excelência, o Doutor Márcio Luiz Silva representará Paulo Rocha, e estará presente no período da tarde.
Luiz Carlos da Silva será representado por mim, Roberta Maria Rangel.
A Sra. Ministra Ellen Gracie (Presidente) - Pois não, Doutora. Peço, então, que registre a sua presença junto a Secretaria do Plenário. Assim, não será necessária a designação de defensor para o ato a Luiz Carlos da Silva.
Superada essa questão, informo, inicialmente, que indeferi requerimento de adiamento desta sessão, formulado pelo
Inq 2.245 1 MG ilustre advogado Dagoberto Antoria Dufau, representando o denunciado Carlos Alberto Quaglia. As alegações de Sua Excelência são as seguintes:
) o s procuradores foram intimados nesta data, por telefone, para apresentarem sustentação oral perante d. Plenária, nos dias 22, 23 e 24 do mês corrente, de acordo com a pauta de julgamento no 27, sendo que tal data agendada é muito próxima da presente, pelo que manifestam-se requerendo o adiamento da defesa oral do denunciado, devido a complexidade dos fatos, bem como a pluralidade de réus envolvidos ... 7,
Indeferi esse requerimento por não ver nele razoabilidade. A sustentação oral pela defesa não é obrigatória, tanto que as partes, ao contrário do afirmado pelos requerentes, não são intimadas para a prática do referido ato. Houve, na realidade, o contato da Secretaria do Plenário para ordenar a sessão e termos a relação dos advogados que desejariam fazer a sustentação oral.
Cabe, portanto, a cada procurador, se tiver interesse em fazê-lo, manifestar o desejo por petição ou mesmo oralmente, antes do início da sessão. Não há, portanto, que se falar em necessidade de concessão de prazo e, muito menos, em exiguidade desse prazo. Veja-se que os demais defensores, na sua quase totalidade - a exceção, volto dizer, daqueles que expressamente manifestaram não desejar o pronunciamento oral -, não tiveram qualquer dificuldade em preparar-se.
Portanto, indeferi esse requerimento.
Igualmente informo que deferi requerimento do Senhor Procurador-Geral da República por prazo dilargado para a sua sustentação oral, dada a extensão e complexidade da denúncia, bem como o grande número de denunciados. Portanto, deferi o pedido de Sua Excelência para uma hora de sustentação oral.
STF l m.Cü2
22/08/2007 TRIBUNAL PLENO
INOUERITO 2.245-4 MINAS GERAIS
RELATOR : MIN. JOAQUIM BARBOSA AUTOR(A/S)(ES) : MINISTÉRIO PUBLICO FEDERAL DENUNCIADO(AIS) : JOSÉ DIRCEU DE OLIVEIRA E SILVA ADVOGADO(A/S) : JOSÉ LUIS MENDES DE OLIVEIRA LIMA
E OUTROS DENUNCIADO(AIS) : JOSE G E N O ~ N O NETO ADVOGADO(A/S) : SANDRA MARIA GONÇALVES PIRES E
OUTROS DENUNCIADO(AIS) : DELÚBIO SOARES DE CASTRO ADVOGADO(A/S) : CELSO SANCHEZ VILARDI E
OUTRO(A/S) DENUNCIADO(A/S) : SILVIO JOSE PEREIRA ADVOGADO(A/S) : GUSTAVO HENRIQUE RIGHI IVAHY
BADARÓ E OUTROS DENUNCIADO(AIS) : MARCOS VALÉRIO FERNANDES DE
SOUZA ADVOGADO(A/S) : MARCELO LEONARDO E OUTROS DENUNCIADO(A/S) : RAMON HOLLERBACH CARDOSO ADVOGADO(A/S) : HERMES VILCHEZ GUERRERO E
OUTROS DENUNCIADO(A/S) : CRISTIANO DE MELLO PAZ ADVOGADO(A/S) : CASTELLAR MODESTO GUIMARÃES
FILHO E OUTROS DENUNCIADO(A/S) : ROGÉRIO LANZA TOLENTINO ADVOGADO(A/S) : PAULO SERGIO ABREU E SILVA DENUNCIADO(A/S) : SIMONE REIS LOBO DE VASCONCELOS ADVOGADO(A1S) : MARCELO LEONARDO DENUNCIADO(A/S) : GEIZA DIAS DOS SANTOS ADVOGADO(AIS) : PAULO SERGIO ABREU E SILVA DENUNCIADO(A/S) : KATIA RABELLO ADVOGADO(A/S) : THEODOMIRO DIAS NETO E OUTROS DENUNCIADO(A/S) : JOSE ROBERTO SALGADO ADVOGADO(A/S) : MAURÍCIO DE OLIVEIRA CAMPOS
JUNIOR E OUTROS DENUNCIADO(A/S) : VIN~CIUS SAMARANE ADVOGADO(A/S) : JOSÉ CARLOS DIAS E OUTRO(AIS) DENUNCIADO(A/S) : AYANNA TENÓRIO TORRES DE JESUS ADVOGADO(A/S) : MAURÍCIO DE OLIVEIRA CAMPOS
JUNIOR E OUTROS DENUNCIADO(A/S) : JOÃO PAULO CUNHA ADVOGADO(A/S) : ALBERTO ZACHARIAS TORON E
Inq 2.245 1 MG OUTRA
: LUIZ GUSHIKEN : JOSÉ ROBERTO LEAL DE CARVALHO E
OUTROS : HENRIQUE PIZZOLATO : MARIO DE OLIVEIRA FILHO E OUTROS : PEDRO DA SILVA CORRÊA DE
OLIVEIRA ANDRADE NETO : EDUARDO ANTONIO LUCHO FERRÃO E
OUTRO(A1S) : JOSE MOHAMED JANENE : MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA E
OUTROS : PEDRO HENRY NETO : JOSÉ ANTONIO DUARTE ALVARES E
OUTRO : JOÃO CLÁUDIO DE CARVALHO GENU : MARCO ANTONIO MENEGHETTI E
OUTROS : ENIVALDO QUADRADO : PRISCILA CORRÊA GIOIA E OUTROS : BRENO FISCHBERG : LEONARDO MAGALHÃES AVELAR E
OUTROS : CARLOS ALBERTO QUAGLIA : DAGOBERTO ANTORIA DUFAU E
OUTRA : VALDEMAR COSTA NETO : MARCELO LUIZ ÁVILA DE BESSA E
OUTRO(A/S) : JACINTO DE SOUZA LAMAS : DÉLIO LINS E SILVA E OUTRO(A1S) : ANTONIO DE PÁDUA DE SOUZA LAMAS : DÉLIO LINS E SILVA E OUTRO(A/S) : CARLOS ALBERTO RODRIGUES PINTO
(BISPO RODRIGUES) : MARCELO LUIZ ÁVILA DE BESSA E
OUTROS : ROBERTO JEFFERSON MONTEIRO
FRANCISCO : LUIZ FRANCISCO CORRÊA BARBOSA : EMERSON ELOY PALMIERI : ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS E
OUTRA : ROMEU FERREIRA QUEIROZ : JOSE ANTERO MONTEIRO FILHO E
Inq 2.245 1 MG OUTRO(A1S)
: JOSE RODRIGUES BORBA : INOCÊNCIO MARTIRES COELHO E
OUTRO : PAULOROBERTOGALVÃODAROCHA : MÁRCIO LUIZ SILVA E OUTRO(A1S) : ANITA LEOCÁDIA PEREIRA DA COSTA : LUÍS MAXIMILIANO LEAL TELESCA
MOTA : LUIZ CARLOS DA SILVA (PROFESSOR
LUIZINHO) : MARCIO LUIZ SILVA E OUTROS : JOÃO MAGNO DE MOURA : OLINTO CAMPOS VIEIRA E OUTROS : ANDERSON ADAUTO PEREIRA : CASTELLAR MODESTO GUIMARÃES
FILHO E OUTRO(A/S) : JOSE LUIZ ALVES : CASTELLAR MODESTO GUIMARÃES
FILHO E OUTRO(A1S) : JOSÉ EDUARDO CAVALCANTI DE
MENDONÇA (DUDA MENDONÇA) : TALES CASTELO BRANCO E OUTROS : ZILMAR FERNANDES SILVEIRA : TALES CASTELO BRANCO E OUTROS
V O T O (Questão de Ordem)
A Sra. Ministra Ellen Gracie (Presidente) - Submeto, em questão de ordem, i apreciação deste Plenário, o requerimento do Dr. Délio Lins e Silva, que tem a seu cargo a defesa de Jacinto de Souza Lamas e Antonio de Pádua de Souza Lamas, no sentido de serem-lhe deferidos trinta minutos para sustentação oral.
Encaminho a solução desta questão de ordem no sentido de que o Tribunal assegure o tempo de quinze minutos a defesa de cada um dos denunciados, tenham eles ou não defensor em comum.
Inq 2.245 I MG Resolvo, portanto, a questão de ordem, para deferir o
requerimento, estendendo idêntico tratamento a todos os demais denunciados.
22/08/2007
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
TRIBUNAL PLENO
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Senhora Presidente,
acima de tudo a coerência, o apego ao que sustentado até aqui. No
caso, não se trata de acusados com advogados diversos. Há denúncia
formalizada contra acusados, dos quais alguns possuem defensor
único.
Existe regra específica sobre a dobra do prazo, muito
embora contida não no Código de Processo Penal, mas no Código de
Processo Civil, e não posso desconhecê-la, por maior que seja o
desejo de viabilizar à exaustão o direito de defesa. A dobra não
decorre do fato de um mesmo advogado defender dois ou mais acusados.
Assim temos decidido.
Por essa razão, peço vênia aos - vejo que a
apreciação deste caso, por isso ou por a diapasão
próprio - para votar no sentido da observância
22/08/2007
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
0 1 2 4 0 4
TRIBUNAL PLENO
V O T O - - - - (S/ segunda questão de ordem)
0 SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO: Senhora Presidente,
peço vênia para acompanhar a solução preconizada no voto proferido
por Vossa Excelência.
Entendo que a complexidade da matéria e o caráter
multitudinário deste procedimento penal são razões que justificam a
solução proposta por Vossa ~xcelência, e que, a meu juízo, observa a
lei, respeita o Regimento Interno do Supremo Tribunal e, mais
importante, torna efetiva a garantia constitucional pertinente ao
exercício pleno do direito de defesa.
OUTRA : LUIZ GUSHIKEN : JOSE ROBERTO LEAL DE CARVALHO E
OUTROS : HENRIQUE PIZZOLATO : MÁRIO DE OLIVEIRA FILHO E OUTROS : PEDRO DA SILVA CORRÊA DE
OLIVEIRA ANDRADE NETO : EDUARDO ANTONIO LUCHO FERRÃO E
OUTRO(A/S) : JOSE MOHAMED JANENE : MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA E
OUTROS : PEDRO HENRY NETO : JOSE ANTONIO DUARTE ALVARES E
OUTRO : JOÃO CLÁUDIO DE CARVALHO GENU : MARCO ANTONIO MENEGHETTI E
OUTROS : ENIVALDO QUADRADO : PRISCILA CORRÊA GIOIA E OUTROS : BRENO FISCHBERG : LEONARDO MAGALHÃES AVELAR E
OUTROS : CARLOS ALBERTO QUAGLIA : DAGOBERTO ANTORIA DUFAU E
OUTRA : VALDEMAR COSTA NETO : MARCELO LUIZ ÁVILA DE BESSA E
OUTRO(A/S) : JACINTO DE SOUZA LAMAS : DÉLIO LINS E SILVA E OUTRO(A/S) : ANTONIO DE PÁDUA DE SOUZA LAMAS : DÉLIO LINS E SILVA E OUTRO(A/S) : CARLOS ALBERTO RODRIGUES PINTO
(BISPO RODRIGUES) : MARCELO LUIZ ÁVILA DE BESSA E
OUTROS : ROBERTO JEFFERSON MONTEIRO
FRANCISCO : LUIZ FRANCISCO CORRÊA BARBOSA : EMERSON ELOY PALMIERI : ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS E
OUTRA : ROMEU FERREIRA QUEIROZ : JOSÉ ANTERO MONTEIRO FILHO E
OUTRO(A1S) : JOSE RODRIGUES BORBA : INOCÊNCIO MÁRTIRES COELHO E G 1 2 4 ~ 7
OUTRO : PAULOROBERTOGALVÃODAROCHA : MARCIO LUIZ SILVA E OUTRO(AIS) : ANITA LEOCÁDIA PEREIRA DA COSTA : L U ~ S MAXIMILIANO LEAL TELESCA
MOTA : LUIZ CARLOS DA SILVA (PROFESSOR
LUIZINHO) : MÁRCIO LUIZ SILVA E OUTROS : JOÃO MAGNO DE MOURA : OLINTO CAMPOS VIEIRA E OUTROS : ANDERSON ADAUTO PEREIRA : CASTELLAR MODESTO GUIMARÃES
FILHO E OUTRO(A1S) : JOSE LUIZ ALVES : CASTELLAR MODESTO GUIMARÃES
FILHO E OUTRO(A1S) : JOSE EDUARDO CAVALCANTI DE
MENDONÇA (DUDA MENDONÇA) : TALES CASTELO BRANCO E OUTROS : ZILMAR FERNANDES SILVEIRA : TALES CASTELO BRANCO E OUTROS
V O T O (Questão de Ordem)
A Sra. Ministra Ellen Gracie (Presidente) - Submeto, ao Plenário, requerimento oferecido pelo ilustre defensor do denunciado, Roberto Jefferson Monteiro Francisco, que deseja que:
"após cada sustentação oral, tanto do ilustre Procurador-Geral da República como da defesa respectiva, se siga o julgamento, denunciado por
9 , denunciado, e não em bloco.
Encaminho a solução desta questão de ordem no sentido da rejeição deste pedido. O seu atendimento, ao contrário do que pressupõe
Inq 2.245 1 MG Sua Excelência, o ilustre defensor, causaria maior delonga e tumulto processual. Além disso, o pedido não encontra amparo nas regra8 de processo ou na norma regimental.
Por isso, eu o indefiro.
22/08/2007
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
TRIBUNAL PLENO
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Senhora Presidente,
a quadra exige a desburocratização do processo. Há uma denúncia que
forma um grande todo e deve ser apreciada tal como apresentada.
Não cabe compelir o relator a confeccionar relatórios
e votos diversos, considerados os acusados.
Nessa matéria, sinto-me em posição confort'
C Acompanho a ilustrada maioria nos votos p ofe idos.
22/08/2007
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
TRIBUNAL PLENO
V O T O - - - - (S/ terceira questão de ordem)
O SEMIOR MINISTRO CELSO DE MELLO: Senhora Presidente, a
ordem ritual proposta por Vossa Excelência, além de estar apoiada na
lei, torna racional o desenvolvimento dos trabalhos desta Corte no
julgamento do procedimento penal em questão.
Acompanho, portanto, o voto de Vossa ~xcelência.
22/08/2007
INQDÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
TRIBUNAü PLENO
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Presidente, apenas
para firmar posição quanto a certa matéria contida no relatório do
ministro Joaquim Barbosa.
Há pouco, Vossa Excelência designou defensores
dativos, tendo em vista a sustentação da tribuna, a presença, nesta
sessão, que visa apenas receber ou não a denúncia, assentar ou não a
improcedência da imputação feita.
No relatório de Sua Excelência - e menciona este tema
para que haja absoluta coerência, levando em conta o ato de Vossa
Excelência de designação de defensores - há notícia de que certo
envolvido não apresentou defesa, e não consta do relatório a
designação de defensor para fazê-lo. Esse aspecto me preocupa porque
a defesa, tal como prevista na Lei nP 8 .038 /90 , é formalidade
essencial a tramitação do próprio inquérito, do próprio procedimento
instaurado.
Para que não fique o próprio sistema - tal como
evocado por Vossa ~xcelência -- de certa forma "capenga", suscito a
questão alusiva ao fato de o defensor credenciado no
haver permanecido silente no tocante ao prazo para a ap
defesa e, ante esse fato, não haver sido designado
O SENHOR MIMSTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) -
Presidente, o denunciado, pura e simplesmente, perdeu o prazo de
apresentar resposta.
A SRA. MINISTRA ELLEN GRACIE (PRESIDENTE) - Havia
defensor nomeado.
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - Havia
defensor e o advogado não apresentou resposta.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Como também havia
defensor credenciado no tocante ao restante do procedimento, no
tocante a sustentação da tribuna.
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - Salvo
engano, esse denunciado terá defensor que apresentará sustentação
oral hoje - Carlos Alberto Quaglia.
A SRA. MINISTRA ELLEN GRACIE (PRESIDENTE) -
Exatamente, o Dr. Dagoberto Antoria requereu adiamento e expressou
que não faria sustentação oral também.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Tivemos a designação
de defensor para a sustentação, não?
A SRA. MINISTRA ELLEN GRACIE (PRESIDENTE) -
Exatamente.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - E
designação não ocorreu no tocante a algo que,
substancial do que a sustentação da tribuna, ou
da defesa prévia.
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Senhora Presidente,
acho que apresentação de defesa prévia é Ônus do denunciado.
Devidamente notificado, apresentará defesa prévia ou não.
O SENEIOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Da mesma forma que a
sustentação da tribuna!
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Da mesma forma que a
sustentação. Não há obrigação; é Ônus.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Apenas consignei que
estimaria marcar posição sobre a matéria, porque houve a designação
de defensores, de ilustres advogados, visando à sustentação da
tribuna e isso não aconteceu em fase de maior repercussão - de
defesa prévia.
Entendo que necessariamente deveria ter ocorrido -
para não ficar o envolvido indefeso no procedimento
de defensor dativo.
22/08/2007
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
0113214
TRIBUNAL PLENO
O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO - O silêncio é
estratégia de defesa. É um modo de se defender.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - E também o é não
sustentar da tribuna!
O SENHOR MINISTRO CAIUOS BRITTO - Perfeito. É uma
estratégia de defesa.
O SENHOR MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI - Concordo com
esse ponto de vista. Se o defensor foi regularmente intimado,
estamos diante de um silêncio eloquente, ou, até, de uma tática da
defesa.
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Que justificou,
aliás, o pedido de adiamento.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - sem que isso
implique alinhamento, consideraao o acusador!
TRIBUNAL PLENO
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS VOTO S/ QUESTÃO DE ORDEM
A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA - Senhora Presidente, voto no sentido
de não se permitir o defensor dativo, por j6 haver defensor devidamente
designado.
Obç.: Texto sem revisão ( $ 4' do artigo 96 do RISTF)
22/08/2007
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
TRIBUNAL PLENO
O SENHOR MINISTRO EROS GRAU: - Senhora Presidente, ele
foi intimado e não exerceu a faculdade - não diria nem que chega a
ser um ônus. Dessa forma, peço vênia ao Ministro Marco Aurélio para
não acompanhá-lo.
22/08/2007
INOUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
TRIBUNAL PLENO
VOTO SI QUESTAO DE ORDEM
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Senhora Presidente,
não há exigência de que, em inquérito, o indiciado se defenda. Neste caso, no
entanto, o denunciado tinha defensor constituído, resolveu não exercer o Ônus -
tinha lá as suas razões -, e o tribunal apenas tomou a precaução de não deixá-lo
sem defensor neste ato, o que é coisa diversa.
Não vejo nenhuma irregularidade por sanar.
r?
22/08/2007
INOUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
612418
TRIBUNAL PLENO
E S C L A R E C I M E N T O
A Sra. Ministra Ellen Gracie (Presidente) - Antes de prosseguirmos com as sustentações orais, registro a presença, no Plenário, da Doutora Priscila Corrêa Gioio, defensora de Enivaldo Quadrado e de Breno Fischberg.
O Tribunal, inicialmente, havia designado para representarem esses acusados, para o ato, o Doutor Antônio Nabor Areia Bulhões para Enivaldo Quadrado, e o Doutor José Guilherme Villela para Breno Fischberg. Cabe agora, ao Tribunal, agradecer aos ilustres Advogados que receberam e aceitaram esse múnus, dispensando-os, eis que presente a sua defensora.
EXTRATO DE ATA
I N Q ~ R I T O 2 . 2 4 5 - 4 PROCED.: MINAS GERAIS RELATOR : MIN. JOAQUIM BARBOSA AUTOR(A/S) (ES) : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL DNDO.(A/S): JOSÉ DIRCEU DE OLIVEIRA E SILVA ADV.(A/S): JOSÉ LUIS.MENDES DE OLIVEIRA LIMA E OUTROS DNDO. (A/s) : JOSÉ GENOÍNO NETO ADV. (A/S) : SANDRA MARIA GONÇALVES PIRES E OUTROS DNDO. (A/s) : DEL~BIO SOARES DE CASTRO ADV. (A/s) : CELSO SANCHEZ VILARDI E OUTRO(A/S) DNDO.(A/S): SÍLVIO JOSE PEREIRA ADV.(A/S): GUSTAVO HENRIQUE RIGHI IVAHY BADARÓ E OUTROS DNDO.(A/S): MARCOS VALÉRIO FERNANDES DE SOUZA ADV. (A/S) : MARCELO LEONARDO E OUTROS DNDO. (A/S) : RAMON HOLLERBACH CARDOSO ADV.(A/S): HERMES VILCHEZ GUERRERO E OUTROS DNDO. (A/S) : CRISTIANO DE MELLO PAZ ADV.(A/S) : CASTELLAR MODESTO GUIMARÃES FILHO E OUTROS DNDO.(A/S): ROGÉRIO LANZA TOLENTINO ADV. (A/s) : PAULO SERGIO ABREU E SILVA DNDO.(A/S) : SIMONE REIS LOBO DE VASCONCELOS ADV. (A/S) : MARCELO LEONARDO DNW.(A/S) : GEIZA DIAS DOS SANTOS ADV. (A/s) : PAULO SERGIO ABREU E SILVA DNDO. (A/s) : KÃTIA RABELLO ADV.(A/S): THEODOMIRO DIAS NETO E OUTROS DNDO. (A/S) : JOSE ROBERTO SALGADO ADV.(A/S): MAURÍCIO DE OLIVEIRA CAMPOS ~ I O R E OUTROS DNDO. (A/s) : VINÍCIUS SAMARANE ADV. (A/S) : JOSÉ CARLOS DIAS E OUTRO (A/S) DNDO.(A/S): AYANNA TENÓRIO TÔRR.ES DE JESUS ADV.(A/S): MAURÍCIO DE OLIVEIRA CAMPOS JGNIOR E OUTROS DNDO . (A/s) : JOÃO PAULO CUNHA ADV. (A/S) : ALBERTO ZACHARIAS TORON E OUTRA DNDO . (A/S) : LUIZ GUSHIKEN ADV. (A/s) : JOSE ROBERTO LEAL DE CARVALHO E OUTROS DNDO. (A/S) : HENRIQUE PIZZOLATO ADV.(A/S): MÁR10 DE OLIVEIRA FILHO E OUTROS DNDO. (A/s) : PEDRO DA SILVA CORRÊA DE OLIVEIRA ANDRADE NETO ADV. (A/s) : EDUARDO ANTÔNIO LUCHO FERRÃO E OUTRO(A/S) DNDO. (A/S) : JOSE MOHAMED JANENE
42
ADV.(A/S): MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA E OUTROS DNDO . (A/S) : PEDRO HENRY NETO ADV. (A/s) : JOSÉ ANTONIO DUARTE &VARES E OUTRO DNDO.(A/S): JOÃO CLÁUDIO DE CARVALHO GENU ADV. (A/S) : MARCO ANTONIO MENEGHETTI E OUTROS DNDO. (A/S) : ENIVALDO QUADRADO ADV. (AIS) : PRISCILA CORRÊA GIOIA E OUTROS DNDO. (A/S) : BRENO FISCHBERG ADV. (A/S) : LEONARDO MAGALHÃEs AVELAR E OUTROS DNDO. (A/S) : CARLOS ALBERTO QUAGLIA ADV.(A/S): DAGOBERTO ANTORIA DUFAU E OUTRA DNDO. (A/S) : VALDEMAR COSTA NETO ADV.(A/S): MARCELO LUIZ ÁVILA DE BESSA E OUTRO(A/S) DNDO. (A/S) : JACINTO DE SOUZA LAMAS ADV. (A/S) : DÉLIO LINS E SILVA E OUTRO (A/s) DNDO. (A/S) : ANTONIO DE PÁDUA DE SOUZA LAMAS ADV. (A/S) : DÉLIO LINS E SILVA E oUTRO(A/S) DNDO.(A/s): CARLOS ALBERTO RODRIGUES PINTO (BISPO RODRIGUES) ADV. (A/S) : MARCELO LUIZ ÁvILA DE BESSA E OUTROS DNDO.(A/S): ROBERTO JEFFERSON MONTEIRO FRANCISCO ADV. (A/s) : LUIZ FRANCISCO CORRÊA BARBOSA DNDO. (A/S) : EMERSON ELOY PALMIERI ADV.(A/S): ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS E OUTRA DNDO. (A/S) : ROMEU FERREIRA QUEIROZ ADV. (A/s) : JOSÉ ANTERO MONTEIRO FILHO E OUTRO(A/S) DNDO.(A/S) : JOSÉ RODRIGUES BORBA ADV.(A/S): INOCÊNCIO &TIRES COELHO E OUTRO DNDO. (A/s) : PAULO ROBERTO GALVÃO DA ROCHA ADV. (A/s) : &CIO LUIZ SILVA E OUTRO(A/S) DNDO. (A/S) : ANITA LEO~DIA PEREIRA DA COSTA ADV. (A/S) : L U ~ S MAXIMILIANO LEAL TELESCA MOTA DNDO.(A/S): LUIZ CARLOS DA SILVA (PROFESSOR LUIZINHO) ADV. (A/S) : &CIO LUIZ SILVA E OUTROS DNDO. (A/s) : JOÃO MAGNO DE MOURA ADV. (A/S) : OLINTO CAMPOS VIEIRA E OUTROS DNDO . (A/S) : ANDERSON ADAUTO PEREIRA ADV. (A/s) : CASTELLAR MODESTO GUIMARÃES FILHO E OUTRO(A/S) DNDO. (A/s) : JOSÉ LUIZ ALVES ADV. (A/s) : CASTELLAR MODESTO GUIMARÃES FILHO E OUTRO(A/S) DNDO. (A/s) : JOSÉ EDUARDO CAVALCANTI DE MENDONÇA (DUDA MENDON~) ADV. (A/S) : TALES CASTELO BRANCO E OUTROS DNDO. (A/S) : ZILMAR FERNANDES SILVEIRA ADV.(A/S): TALES CASTELO BRANCO E OUTROS
Decisão: Preliminarmente, verificada as ausências dos advogados constituidos pelos denunciados Enivaldo Quadrado, Carlos Alberto Quaglia, Breno Fischberg e José Rodrigues Borba, a
Presidência, valendo-se da prerrogativa estabelecida pelo parágrafo único do artigo 265 do Código de Processo Penal, nomeou, como defensores substitutos dos referidos denunciados, tão-só para o efeito de representação neste ato de apreciação da denúncia oferecida pelo Procurador-Geral da República, os respectivos advogados, Doutores Antônio Nabor Areias Bulhões, Roberto Rosas, José Guilherme Villela e Pedro Gordilho. Superada essa questão, a Presidente do Tribunal, Ministra Ellen Gracie, informou o Tribunal que indeferiu requerimento de adiamento da sessão formulado pelo Dr. Dagoberto Antoria Dufau, representando o denunciado Carlos Alberto Quaglia e, ainda, que deferiu requerimento do Senhor Procurador- Geral da República, -para conceder-lhe uma hora de sustentação oral, dada a extensão e complexidade da denúncia, bem como o grande número de denunciados. Em seguida, apreciando requerimento do advogado Dr. Délio Lins e Silva, no sentido de que lhe sejam deferidos 30 minutos para sua sustentação oral, uma vez que tem a seu cargo a defesa de Jacinto de Souza Lamas e Antonio de Pádua de Souza Lamas, o Tribunal, por maioria, vencido o Senhor Ministro Marco Aurélio, resolveu questão de ordem para d.eferir prazo em dobro aos defensores que representam dois acusados. submetido ao Plenário o requerimento do Dr. Luiz Francisco Corrêa Barbosa, advogado do denunciado Roberto Jefferson Monteiro Francisco, no sentido de que, após cada sustentação oral, tanto do Procurador-Geral da República, como da defesa respectiva, se siga o julgamento denunciado por denunciado, e não em bloco, o Tribunal, por unanimidade, indeferiu o pedido. Por maioria, o Tribunal superou o reparo feito pelo Senhor Ministro Marco Aurélio quanto ao defensor constituído que não apresentou defesa escrita por perda de prazo. Votou a Presidente. Ante o registro da presença, na sessão, da Dra. Priscila Corrêa GiÓia, representando os denunciados Enivaldo Quadrado e Breno Fischberg, foram desconstituídos os Doutores Antônio Nabor Areias Bulhões e José Guilherme Villela. Após o relatório, a manifestação do Ministério Público Federal, pelo Dr. Antônio Fernando Barros e Silva de Souza, Procurador-Geral, e as sustentações orais, pelos denunciados José Dirceu de Oliveira e Silva, do Dr. José Luís Mendes de Oliveira Lima; José Genoino Neto, do Dr. Luiz Fernando Sá e Souza Pacheco; Delúbio Soares de Castro, do Dr. Arnaldo Malheiros Filho; Sílvio José Pereira, do Dr. Sérgio Salgado Ivahy Badaró; Marcos Valério Fernandes de Souza e Simone Reis Lobo de Vasconcelos, do Dr. Marcelo Leonardo; Ramon Hollerbach Cardoso, do Dr. Hermes Vilchez Guerrero; Cristiano de Mello Paz e Romeu Ferreira Queiroz, do Dr. José Antero Monteiro Filho; Rogério Lanza Tolentino e Geiza Dias dos Santos, do Dr. Paulo Sérgio Abreu e Silva; Kátia Rabello e José Roberto Salgado, do Dr. José Carlos Dias; Vinícius Samarane, do Dr. Rodrigo Octávio Soares Pacheco; Ayanna Tenório Torres de Jesus, do Dr. Theodomiro Dias Neto; João Paulo Cunha, do Dr. Alberto Zacharias Toron; Luiz Gushiken, do Dr. José Roberto Leal; Pedro da Silva
Corrêa de Oliveira Andrade Neto e José Mohamed Janene, do Dr. Marcelo Leal de Lima Oliveira; Pedro Henry Neto, do Dr. José Antônio Duarte Álvares; Henrique Pizzolato, do Dr. Mário de Oliveira Filho e, por João Cláudio de Carvalho Genú, o Dr. Maurício Maranhão de Oliveira, foi o julgamento suspenso. Plenário, 22.08.2007.
Presidência da Senhora Ministra Ellen Gracie. Presentes à sessão os Senhores Ministros Celso de Mello, Marco Aurélio, Gilmar Mendes, Cezar Peluso, Carlos Britto, Joaquim Barbosa, Eros Grau, Ricardo Lewandowski e Cármen Lúcia.
Procurador-Geral da República, Dr. Antônio Fernando Barros e Silva de Souza.
~uiz\ Tomimatsu Secretário
TRIBUNAL PLENO
I N Q ~ R I T O 2.245-4 MINAS GERAIS VOTO S/PRELIMINAR
A SENHORA MINISTRA CÁRMErJ LÚCIA - Senhora Presidente, acompanho o
Relator .
Também tenho a resposta preparada e farei juntar como voto.
Obs.: Texto sem revisa0 ( $ 49 do artigo 96 do RISTF)
23/08/2007
INQWRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
TRIBUNAL PLENO
INQUÉRITO 2.245
VOTO S/PRELIMINAR
012424
TRIBUNAL PLENO
O SR. MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI - Senhora
Presidente, acompanho o Relator pelos mesmos fundamentos.
# # #
Obs.: Texto sem revisão ( $ 4* do artigo 9 6 do RISTF)
23/08/2007
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
012425
TRIBUNAL PLENO
O SENHOR MINISTRO EROS GRAU: - Senhora Presidente,
acompanho o Relator.
23/08/2007
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
012426
TRIBUNAL PLENO
VOTO S/PRELIMINAR
O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO - Senhora Presidente,
também acolho o voto do Relator.
23/08/2007
INOUERITO 2.245-4 MINAS GERAIS
0 1 2 4 2 7
TRIBUNAL PLENO
VOTO SIPRELIMINAR
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Senhora Presidente,
também acompanho o eminente Relator, e, embora noutra ordem, apreciarei as
mesmas preliminares.
Em relação a questão da competência, de fato já foi ela julgada
na questão de ordem a que se referiu Sua Excelência. Dou testemunho de que
fui eu quem sugeriu ao Tribunal, na última assentada, que, a despeito do que
havia afirmado na primeira, quanto a necessidade do desmembrarnento, não
havia elementos concretos que permitissem o desmembramento com a adoção
do critério objetivo proposto pelo Ministro Sepúlveda Pertence.
Em relação ao oferecimento da denúncia, também não há muito
o que acrescentar ao que disse o eminente Relator, até porque o fato de o
Procurador-Geral, ainda após o seu oferecimento, ter requerido nova diligência,
não torna a denúncia inviável nem precipitada.
Em relação a licitude das provas, este inquérito, quanto as
decisões de primeiro grau, iniciou-se em Minas Gerais, tendo gerado um
processo e, paralelamente, três medidas cautelares que tramitaram perante a 4"
Vara Federal daquela Sessão Judiciária.
O juiz de primeiro grau, na primeira manifestação proferida na
medida cautelar cujo final é 2005.023624-0, destinada à quebra de sigilo
bancário integral, firmou a competência da justiça federal naquela instância,
tendo em vista que até então, quanto aos fatos objeto de investigação, "não
y7
Inq 2.245 1 MG C;12428
havia qualquer indício da participação ativa e concreta de qualquer agente
político ou autoridade que possuísse foro por prerrogativa de função".
Posteriormente, sugiram fatos novos que acarretaram alteração
do quadro probatório. Assim, em razão de indício de participação de
parlamentares nos fatos que eram apurados em primeiro grau, houve
deslocamento da competência da 4' Vara para o Supremo Tribunal Federal.
Com a chegada dos autos a esta Corte, o Ministro-Presidente,
Nelson Jobim, deferiu todos os pedidos formulados pelo Procurador-Geral, entre
eles o de ratificação das decisões judiciais proferidas nos autos das medidas
cautelares, pedidos esses que haviam sido, por dependência, distribuídos
igualmente aquela Vara e remetidos a esta Corte. Enquanto os autos
permaneceram em primeira instância, as decisões ali tomadas foram plenamente
válidas, sem nenhum vício de ilegalidade ou nulidade. Não procede, portanto, a
alegação de que a quebra de sigilo havia sido determinada por autoridade
judiciária incompetente.
Quanto a prova emprestada, foi muito elucidativo o voto do
eminente Ministro-Relator, porque, ao utilizar tais dados, a investigação que deu
origem a denúncia estaria eivada de nulidade, segundo a preliminar. Mas, logo
que os autos de investigação chegaram a esta Corte, remetidos pelo juízo da 4"
Vara, o Presidente Nelson Jobim deferiu o pedido do Procurador para o
compartilhamento de todas as investigações feitas pela CPMI dos Correios,
visando a análise, em conjunto com os dados obtidos, com o intuito de
racionalizar o trabalho. v-
&//V4??70 &dMfi?O/ 0 F A K d
Inq 2.245 I MG
Entre os vários requerimentos aprovados pela CPMI, um, de
fato, dizia com o acesso daquela Comissão a base de dados do caso Banestado.
Quando os dados dos Correios foram compartilhados, veio aos autos deste
inquérito, por conseqüência, a base de dados daquele caso do Banestado. Ora,
o resultado concreto da atividade de inquérito parlamentar pode, de modo
eventual, servir a acusação criminal, conforme determina o artigo 58, $ 3" da
Constituição.
Não procede, portanto, a meu ver, a alegação de uso ilícito da
prova emprestada.
Quanto a prova da CPMI dos Correios, também em relação a
fatos estranhos ao objeto específico da origem da Comissão Parlamentar de
Inquérito, havia anotado, aqui, também, os precedentes da Corte, no MS ng
23.639 e no HC nV1.039, que foram transcritos pelo eminente Relator, e que eu
me dispenso de ler.
Quanto as provas obtidas a partir de requerimento da CPMI dos
Correios, baseadas em publicações da imprensa, registro que tais dados foram
igualmente obtidos no curso deste inquérito, notadamente a identificação dos
beneficiários, por meio de decisão judicial autônoma, não se contaminando,
portanto, com eventual nulidade que tenha ocorrido no âmbito da apuração do
Legislativo.
Tampouco em relação a remessa de documentos do Banco
Central, vejo alguma nulidade. Neste caso, remeto-me, porque suficiente, a
YL,
manifestação do Procurador-Geral a respeito, que mostra claramente que não
houve ilegalidade alguma.
Quanto a remessa de documentos relativos a empréstimo
bancário do BMG diretamente ao Ministério Público Federal, tampouco procede
a alegação, porque houve decisão judicial que decretou o afastamento igual do
âmbito do sigilo bancário, abarcando, pois, todas as operações de empréstimo
que foram objeto do ofício.
Quanto a quebra de sigilo no exterior sem prévia autorização da
autoridade judiciária, o eminente Procurador também, a meu ver, respondeu
suficientemente a arguição, demonstrando que o afastamento foi acatado na
decisão de fl. 1.248, demonstrando a lisura de todo o procedimento e o seu
pleno conhecimento pela autoridade judicial competente, que é esta Corte.
Quanto a indivisibilidade da ação penal, também não vejo
nulidade alguma, porque o Procurador afirma que, de fato, Lúcio Funaro e José
Carlos Batista foram beneficiados pelas regras da delação premiada, com a
condição de confirmarem as declarações em juízo. Sustenta que não ofereceu
denúncia quanto a eles, porque o fato não é punível, o que deslegitimaria a
apresentação de denúncia, sujeitando as pessoas - que se sabe, desde logo,
não seriam punidas -, as cerimônias degradantes do processo. Rejeito também
esta preliminar.
E finalmente, Senhora Presidente, rejeito as demais, nos termos
em que o fez o eminente Relator, que acompanho integralmente.
0
23/08/2007
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
0 1 2 4 3 1
TRIBUNAL PLENO
O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES - Senhora Presidente,
também tendo a acompanhar o Relator em relação aos fundamentos já
aqui expendidos, todavia, tenho uma dúvida, que acredito agora foi
agitada ou reagitada na Primeira Turma, em relação a esta
preliminar, quanto aos relatórios do Banco Central, a eventual
quebra de sigilo efetivada pelo Banco Central.
Neste caso, tenho a impressão de que houve uma votação
apertada na Primeira Turma, manifestando-se pela ilicitude da quebra
de sigilo efetivada pelo Banco Central. Entendeu a Turma, com base
exatamente na mesma disposição, que o Banco Central não poderia
efetivar a quebra de sigilo.
De modo que, pedindo vênia ao eminente Relator, nesse
passo, eu me manifestaria no sentido da ilicitude da prova neste
23/08/2007
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
TRIBUNAü PLENO
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Presidente, a
matéria alusiva à competência realmente está preclusa, como ficarão
preclusos os temas após decisão da Corte sob o ângulo das
preliminares ora em apreciação.
Votei entendendo que a competência do Supremo é de
direito estrito, é o que se contém na Lei Básica da República, não
cabendo, mediante interpretação, até mesmo integrativa, caminhar-se
para a inserção de outros conflitos não contemplados no artigo 102.
Imagino que, talvez - temos aqui o vocábulo "talvez" -, este seja o
último processo em que ocorrerá o pronunciamento do Supremo
relativamente a imputações feitas a quem não detém a prerrogativa de
foro. Hoje estamos inviabilizados quanto à celeridade. Preocupa-me
muito a quadra vivida em termos de prestação jurisdicional célere
pelo Supremo. E não há campo para estender-se, por maior que seja o
afã de atuar-se, mediante interpretação da Constituição Federal, a
competência do Tribunal, até mesmo contrariando-se, com a devida
vênia daqueles que entendem de forma diversa, o princípio tão caro,
em uma sociedade que se diga democrática, do juiz natural. Mas a
matéria está preclusa e não cabe, neste julgamento, nesta
apreciação, reabri-la.
Pois bem, temos uma preliminar em que se
denúncia seria temporã; que não teria o ~inistério
a complementação das diligências. Estratégia do próprio Ministério
Público, que, de início, milita a favor dos denunciados se
inexistentes os elementos capazes de levar à conclusão sobre não
haver indícios quanto à autoria e não haver - no tocante à narração
dos fatos na própria denúncia - a materialização do crime.
Não se mostra possível acolher essa preliminar.
Aponta-se, também, a usurpação da competência do
Supremo no que o Juízo, a primeira instância, teria determinado a
feitura de atos quando já assentada a competência do Supremo. Nós
não podemos, aqui, cogitar, à mercê da capacidade intuitiva, da
suposição, que, àquela altura, já se poderia antever o envolvimento
de detentores da prerrogativa de foro.
Também não subsiste essa preliminar.
Estou me guiando pelo voto que recebi, quando Sua
Excelência se dirigiu ao púlpito para proceder à leitura, das mãos
do relator, isso para que fique bem claro que não recebi com
antecipação, e não receberia, mesmo se houvesse a tentativa de
entrega numa colaboração judicante, a íntegra do voto de Sua
Excelência.
Terceira preliminar: a prova emprestada do caso
Banestado.
Questiona-se, em última análise, se o a
prova teria ocorrido mediante atuação de um Órgão que
determiná-lo. Há referência, no voto do ministro
2
Inq 2.245 / MG 0 1 2 4 3 1
compartilhamento de informações obtidas pela Comissão Parlamentar
Mista de Inquérito dos Correios. Então, cabe apenas perquirir: a
Comissão Parlamentar Mista de Inquérito poderia, ou não, colher
esses dados? A resposta é desenganadamente positiva. E salientou bem
o Ministério Público que a atuação da Comissão Parlamentar de
Inquérito objetiva, se for o caso, a persecução criminal posterior,
encaminhando a Comissão dados ao Ministério Público, diante da
existência de indícios de prática criminosa, para as medidas
pertinentes. Por isso não se tem como cogitar de prova ilícita.
Há outro questionamento: a Comissão Parlamentar Mista
de Inquérito teria extravasado os limites previstos quando da
instauração, o objetivo da própria instalação da Comissão?
Indago: estamos aqui a julgar mandado de segurança
impetrado contra ato da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito?
Não. Não estamos a julgar mandado de segurança. Não há como, agora,
para efeito de dizer-se procedente, ou não, a denúncia ofertada pelo
Ministério Público, adentrar esse campo e, numa via imprópria,
exercer crivo, glosa quanto à atuação extravasadora - se é que
ocorreu - da própria Comissão, que teve o objeto - como ressaltado
no voto cuidadoso do ministro Joaquim Barbosa - ampliado após a
apuração de certos fatos.
Ainda em relação à Comissão Parlamen
Inquérito dos Correios, consigna o relator defesa
desvirtuamento dos dados levantados; consigna também que, no caso,
tudo teria ocorrido a partir de matérias jornalísticas.
Folgo em saber, folgo em constatar que temos no Brasil
uma imprensa livre a exercer papel de fundamental importância,
buscando elementos, no jornalismo investigativo, para se lograr a
eficiência do próprio Estado. As provas teriam sido obtidas a
partir, portanto, de premissas agasalhadas pelo ordenamento
jurídico.
Segue-se a problemática, a meu ver, mais séria, que
diz respeito - e já há um voto divergente quanto a essa preliminar -
ao aproveitamento de dados que teriam sido obtidas em uma agência do
próprio Estado, e assim enquadro o Banco Central do Brasil.
Na Turma, fui relator de recurso extraordinário em que
concluiu o Colegiado - e não apenas o relator - por um escore
apertado, de 3 votos a 2, que o Banco Central não poderia quebrar o
sigilo de informações de correntista sem a interferência do
Judiciário.
Na espécie, o Ministério Público obteve diretamente -
pelo que percebi - dados cobertos pelo sigilo que já estariam, por
isso ou por aquilo - não vou perquirir a causa -, na posse do Banco
Central. Aludiu Sua Excelência, o relator, ao disposto
§ 3 Q , inciso IV, da Lei Complementar nQ 105/2001.
Inicialmente, registro que existe hierar
fontes legais e, no ápice da pirâmide das normas
4
Lei Básica da ~epública, a Constituição Federal, que, por vezes, não
é amada e acatada como deveria ser.
Preceitua, realmente, o inciso IV do 5 3 Q do artigo lP
da Lei Complementar referida que:
" § 3' - Não constitui violação do dever de sigilo:
IV - a comunicação, As autoridades competentes," - e a cláusula está aqui aberta, à cláusula 6 em branco - "da prática de ilícitos penais ou administrativos, abrangendo" - e aí vem a parte que causa perplexidade - "o fornecimento de informações sobre operações que envolvam recursos provenientes de qualquer prática criminosa."
Lembro-me de um mandado de segurança do qual fui
relator, impetrado pelo Banco do Brasil contra ato do Ministério
Público, personificado, aquela altura, pelo procurador-Geral Geraldo
Brindeiro. Questionava-se, justamente, o acesso do ~inistério
Público, sem a interferência do Judiciário, para lograr dados de
correntistas. Sustentei, neste Plenário, que a cláusula
constitucional do sigilo - a revelar a regra, sendo o afastamento a
exceção - contida no rol das garantias constitucionais não
excepciona esta ou aquela hipótese. Prevaleceu, porém, a óptica de
que, envolvido dinheiro público, o Ministério Público pode agir na
via direta e obter as informações.
Indago - e não estou a perquirir o acer
do ato do Banco Central, no que, a pretexto de
5
adentrado contas: a espécie envolve dinheiro públi
percebi do relatório, da sustentação do ~inistério Público, das
sustentações da tribuna, não se tem o envolvimento de dinheiro
público. De qualquer forma, haveria um vicio inicial na quebra, pelo
Banco Central, do sigilo de dados. A reserva ao Judiciário está em
bom vernáculo no inciso XII do artigo 5" da Carta da República:
é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicaç8es telefõnicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;
Dir-se-á: é inconstitucional o inciso IV do § 3 e do
artigo 1-a Lei Complementar nQ 105, de 2001? Penso que não, no que
confiro a esse preceito interpretação harmônica com o disposto no
inciso XII do artigo 5" do Diploma Maior. A referência a autoridades
competentes direciona, necessariamente - sob pena, até mesmo, de
inaugurarmos época de quase terror - a pleito de autoridade que
atue no campo judicante, pleito do Estado-Juiz.
Por isso, penso não subsistir tudo o que, na denúncia,
estiver baseado estritamente - estritamente - nos dados fornecidos
pelo Banco Central.
Vou repetir o que já foi lembrado
paga-se um preço por se viver em um Estado
esse preço é módico, estando ao alcance
irrestrito as regras estabelecidas. O afã
melhores, o afã de punir-se não pode implicar atropelo, não pode
resultar em atropelo ao ordenamento jurídico.
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - Só um
esclarecimento. Vou ler para Vossa Excelência os termos em que foi
vazada essa impugnação. Eles pedem que a denúncia seja rejeitada:
"pelo menos em toda a parte em que se refere a 'recursos originários de supostos empréstimos bancdrios junto aos Bancos Rural e BMG e aos supostos benefícios dados selo Governo Federal ao Banco BMG em troca da - alimentação do esquema da organização criminosa com aqueles mesmos recursos, bem como a participação na organização criminosa dos dirigentes do Banco Rural e realização de saques em espécie para lavagem de dinheiro r . "
Alegam ainda:
"que as provas obtidas para respaldar esta parte da acusação foram colhidas de modo ilegal, pois o BACEN teria atendido a pedido direto do Procurador-Geral da República , "
Ou seja, não indicam quais são esses documentos. Que
documentos são esses?
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Mas indicam O vício
da denúncia no que confeccionada a partir desses
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM
documento, houve uma fiscalização
Central.
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Foram feitas
auditorias.
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) -
Auditorias do próprio Banco Central.
o SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - ~í é que está. ~ ã o
confundo atividade fiscalizadora do Banco Central quanto às
instituições financeiras - e ele existe realmente para implementar
essa fiscalização - com o acesso, em si, a dados de contas-correntes
que estão cobertos - em bom português - pelo ,sigilo, tendo em conta
o inciso XII do artigo 5 " da Constituição Federal.
O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO - Se bem que a
Constituição não diga "dados bancários", só diz "dados".
O SENHO~INISTRO CEZAR PELUSO - Essa interpretação de
dados aí é outro problema seriíssimo.
O SENHOR MINISTRO CARLOS B R I ~ - Essa interpretação é
muito relativa.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Mas, ministro, O que
não é sério em se tratando de julgamento pelo próprio Supremo?
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Ministro Marco
Aurélio, ponderaria o seguinte: se o Banco Central tem e não pode
deixar de ter, o dever de comunicar ao Ministério
recolha na atividade de fiscalização, pergunto: como
Central pode comunicar ao Ministério Público
prática de ilícito, mas não possa dar elementos concretos ao
Ministério Público para investigar?
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Ministro, a minha
premissa é outra.
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Ou seja, existe, nas
contas do banco tal, irregularidade. E aí, o Ministerio Público faz
o quê?
O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO - Principalmente
quanto ao crime de evasão de divisas.
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Tem de comunicar os
elementos concretos suficientes para possibilitar o início da
atividade do Ministério Público.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Compreendemos de
forma diversa o texto constitucional!
Vejo, no referido inciso XII, uma reserva exclusiva
quanto ao sigilo de dados; vejo, no inciso XII, a Única
possibilidade de a privacidade ser afastada mediante ordem do
Judiciário. e o Banco Central não inteura o Judiciário. O Banco
Central fiscaliza as instituições financeiras. Sei fina prática,
isso não ocorre, mas, formalmente, ele não pode,
consoante dispõe o inciso XII analisado - e digo qu em acesso
a ponto de escancarar -, a informações de correntistas Y7
&/Awvw f i d w d && Ing 2.245 / MG
O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO - Não. Ele pode
transmitir a informação, mantendo a cláusula do sigilo, da
confidencialidade.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Se ele realmente
tem, vou reconhecer essa prerrogativa relativamente as demais
agências existentes no País.
Se o Ministério Público, fiscal da lei, titular da
ação penal, tem dúvidas quanto a um desvio qualquer, considerada
certa conta bancária, as portas do Judiciário estão abertas para o
ato de constrição da maior envergadura, pois afasta a privacidade,
que é a quebra do sigilo quanto aos dados existentes na conta-
corrente.
O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES - A questão é
extremamente delicada porque, dependendo da posição que se adote,
bastaria que o Ministério Público sempre se dirigisse ao Banco
Central para que ele contornasse a reserva de jurisdição toda vez
que pedisse alguma informação em relação a qualquer cliente.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - O que se quer é o
equilíbrio, considerado o sistema de freios e contrapesos. A atuação
de um órgão eqiiidistante, um órgão realmente independente, como é
qualquer dos que integram o Judiciário.
O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES - Sim,
exatamente a mesma coisa. Se assumirmos a premissa,
Banco Central tem a fiscalização das contas,
1 o
Ministério Público a ele se dirigisse para obter essas informações.
Ele, verificando a eventual irregularidade, diria: não estou a
atender o pedido do Ministério Público, mas, cumprindo o meu dever
de comunicação, estou a fazê-lo. O que se representaria, em última
instância, de fato, consagrar a possibilidade de o Ministério
Público requisitar essas informações.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Transformando-se a
exceção em regra!
O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES - Agora, o Relator tem
um outro argumento de que sequer é possível?
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - De
identificar quais são os atos, os elementos, os documentos. Há mais:
houve também a quebra de sigilo pela CPMI dos Correios.
O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES - ISSO é uma outra
coisa. Em relação à mesma questão?
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - Em
relação a todos esses fatos. Todos esses dados estão cobertos pela
quebra decretada pela CPI dos Correios.
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Isso prejudica toda a
discussão.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Surge
que poderia me levar à evolução, não fosse certo vício
Presidente, continuando no voto, constat
o relator:
"Na verdade, o que consta dos autos em respaldo as acusações de lavagem de dinheiro são relatórios de fiscalização do BACEN," - relatórios, para mim, por demais abrangentes - "que foram objeto de requerimento aprovado na CPMI dos Correios, " [ . . . I
Aqui temos na origem, a meu ver, no que esses
relatórios abrangeram informações cobertas pelo sigilo, um vício que
contamina a denúncia porque calcada - não posso precisar a extensão
dessa contaminação - nesses dados.
O fato de a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito
dos Correios haver solicitado ao Banco Central os dados não legitima
a obtenção desses dados, o acesso a esses dados, pelo próprio Banco
Central.
Mantenho o voto, acompanhando, no caso, o ministro
Gilmar Mendes
Sétima preliminar:
[ . . . I "documentos encaminhados pelo Banco BMG ao Ministério Público Federal, atendendo a pedido direto do órgão ministerial," - Sua Excelência, o relator, assim o qualifica - "não assiste razão a defesa."
Segue-se :
1 . . . I "amparou-se na decisão que teria sido prolatada pelo ministro portanto, a cadeira de juiz - investigados" [ . . . I
@@BWW & d W d Inq 2.245 / MG
Aqui, sim, deu-se o afastamento do sigilo de forma
harmônica com o que se contém na Constituição Federal.
Sobre a problemática do afastamento do sigilo de
dados, consideradas contas no exterior, a regência é pela legislação
onde essas contas existiam, não ocorrendo, portanto, o vício
apontado.
Subscrevo o voto proferido pelo relator.
Nona questão: cerceamento de defesa quanto à juntada
de documentos após a apresentação do pronunciamento prévio versado
na Lei nQ 8 . 0 3 8 / 9 0 .
Ressaltou o relator que a denúncia foi apresentada
antes da juntada desses documentos. Logicamente, aprecia-se a
adequação ou não da denúncia em face das peças que antecedem essa
mesma denúncia.
Acompanho Sua Excelência nessa parte.
. Por último, a alegação - e não a tomo como ofensiva -
de que este julgamento seria um julgamento político.
Existe independência, consideradas as esferas
política, cível, administrativa e penal. Ocupo uma cadeira de juiz,
não uma cadeira do parlamento!
Não há como imaginar, por maior que seja a perda de - -
parâmetros na atualidade - os tempos são muito
Corte possa atuar de forma política. Atua ela com
eqüidistância, revelando-se a última trincheira do
13
Acompanho o ministro Gilmar Mendes para expungir,
quanto aos autos do inquérito, as peças obtidas indevidamente, via
remessa pelo Banco Central, que dizem respeito a dados de
correntistas, a dados de contas-correntes, conseqüência de j6
me pronunciar quanto ao recebimento da no tocante a
imputados procedimentos que seriam conde envolvidos a
partir dessas mesmas peças.
É como voto.
23/08/2007
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
0 1 2 4 4 6
TRIBUNAL PLENO
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) -
Senhora Presidente, se Vossa ExcelGncia me permite? Gostaria de
reiterar o que já disse no sentido de que todas essas quebras
são absolutamente regulares, por diversas razões: primeiro
lugar, elas estão cobertas pela decisão da CPMI que antecede
esse Inquérito. A CPMI decretou a quebra de sigilo bancário.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - O que estamos
fazendo então aqui, ministro? Se a Comissão Parlamentar
Inquérito tem essa soberania, o que estamos fazendo aqui?
O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO - Mas ela
requisitar as informações sigilosas.
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA RELATOR) -
Claro, isso se insere dentro das suas atribuições.
O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO -
investigatórios próprios do Poder Judiciário.
$cs O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Mas ai a
premissa é outra. O acesso aos dados teria ocorrido mediante
participação de quem não poderia afastar o sigilo, o Banco
Central. A premissa do meu voto é essa. I
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOS (RELATOR) - Em 'n segundo lugar, Senhora Presidente, essas quebra
cobertas.
O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES - S\houve quebra
regular pela CPMI, está resolvido.
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Não, quanto a
isso não há duvida.
O SENHOR MINISTRO - Não
há dúvida quanto a isso.
O SENHOR MINISTRO GILMAR S - Mas não retira.
Como essa questão preliminar foi colocada como uma questão
autônoma, é sobre isso que estamos a votar.
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Não, não, mas,
quanto a isso, não há dúvida.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Ministro, veja
Vossa Excelência: posso perquirir, a esta altura, a origem da
vinda ao processo desses dados e exercer glosa quanto a essa
origem. Qual foi a origem? Uma quebra de sigilo pelo Banco
Central.
O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES - É só isso.
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Além do mais, a
grande maioria diz que são fatos noticiados pelas testemunhas,
são saques. Sigilo do quê?
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) -
Entendo que, além do que acabo de dizer, houve, sim, decisão
judicial do Presidente desta Corte, tomada em julho de 2005,
ratificando, em primeiro lugar, todos os atos de quebra
decretados pelo Juiz de primeira instância, de Belo Horizonte,
e, em segundo lugar, determinando o compartilhamento das
decisões tomadas, dos dados obtidos pela CPMI.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Façamos justiça
ao ex-Presidente da Corte. Não placit Sua Exce ncia a quebra
do sigilo pelo Banco Central.
o SENHOR MINISTRO JOAQUIM % i f i osA (REiAToR) - Leio
a decisão tomada pelo Ministro Nelson Jobim, em julho de 2005,
antes, portanto, deste inquérito chegar as minhas mãos. Ele só
chegara às minhas mãos em agosto:
" (3) f . . . ) a r a t i f i c a ç ã o das decisões j ud i c ia i s prolatadas nos autos das medidas cau te lares de busca e apreensão e afastamento do s i g i l o bancário" (. . .) ;
( 4 ) a extensão do afastamento do s i g i l o bancário das empresas DNA Propaganda L t d a . E SMP&B Comunicação L t d a . ," - precisamente as empresas - "de MARCOS vALÉRIo FERNADES DE SOUZA" - que é o acusado que suscita, o argüente - " e sua esposa RFNILDA MARIA SANTIAGO =ANDES DE SOUZA, desde janeiro de 1998 a t é a presente data;
( 5 ) autorização,para compartilhamento de todas as informações bancárias já obt idas pela CPMI dos 'Correios ' , para aná l i s e em conjunto com os dados constantes de s t e s autos ."
Inq 2 .245 / MG
Não vejo onde ilegalidade se a
decisão partiu desta Corte. os atos de
quebra estão respaldados.
O SENHOR - Ministro
relator, não vamos embaralhar coisas diversas. Vossa Excelência
aborda a determinação do ministro Nelson Jobim no tocante ao que
apontei, aqui, em seu voto, como segunda preliminar:
"nulidade das decisões proferidas na primeira instância."
E, mesmo assim, no ato de Sua Excelência, não há
uma linha sequer sobre a valia, ou não, da quebra de sigilo de
dados pelo Banco Central.
A primeira decisão da Corte - alusiva a julmento
de recurso - sobre essa matéria é recente, ainda não há acórdão
publicado da Primeira Turma.
O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO - Que não vincula
este Pleno.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURELIO - Ministro, sou o
primeiro a dizer que, neste âmbito, não há campo para
Há na Turma. No Plenário, os temas podem e
rediscutidos caso exista entendimento diverso de qualquer
integrante.
Inq 2.245 / MG
O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO - Tinha uma
decisão da Turma.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Na Turma, por
uma disciplina judicante, ressalvo o entendimento em relação aos
precedentes do Plenário do Supremo. Aqui, não. Aqui, ficamos
livres. Não estou dizendo que o pronunciamento, por três a dois,
da Primeira Turma tem eficácia vinculante.
O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO - Perfeito, não
vincula o Pleno.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Mesmo porque não
vejo com muita simpatia - e disse isso várias vezes - o verbete
vinculante. Não há, no caso, verbete, mas acórdão que ainda não
foi publicado. Estou dizendo que aquela decisão - utilizarei uma
expressão a seu gosto - é uma decisão escoteira, e não se trata
aqui de julgar, em relaçáo a ela, embargos de divergência, mesmo
porque se mostraria difícil encontrar pronunciamento do Supremo
em sentido diametralmente oposto.
Agora, não posso vislumbrar, nesse trecho do ato
transcrito no voto do relator, da lavra do ministro Nelson
Jobim, o endosso ã quebra de sigilo não pela Comissã
Parlamentar Mista de Inquérito, não pela Comissão Parlamentar de
Inquérito, mas pelo Banco Central. O Banco Central, para mim,
não tem ainda esse poder e espero que jamais o tenha. i
23/08/2007 TRIBTINAL PLENO
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
À revisão de apartes dos Senhores Ministros JOAQUIM BARBOSA (Relatar), CEZAR PELUSO, MARCO AURÉLIO
e ELLEN GRACIE (Presidente).
V O T O - - - -
O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO: Senhora Presidente,
manifesto-me, inicialmente, de acordo com o voto do eminente
Ministro-Relator, salvo a questão ora em debate, que j6 constitui
ob j &to de divergência.
Também entendo que a ação do Minist6rio Público não
pode subordinar-se à atividade dos organismos policiais. Ainda mais
quando o Ministbrio Público, segundo ele próprio sustenta, dispõe de
elementos de informação que lhe permitem adotar, em juízo, as
medidas que lhe parecerem pertinentes, inclusive a própria
instauração. judicial da persecução penal. É certo que, se a denúncia
não se apoiar em base empírica adequada e não tiver por suporte uma
fundamentação mínima, portanto, um substrato probatório mínimo, esta
Corte, no exercício do controle jurisdicional prévio da
admissibilidade da peça acusatória, seguramente irá decidir e
formular um juízo negativo a esse respeito. Mas, de qualquer
S T F 102.W2
maneira, o que não tem sentido é submeter o Ministério Público a
atuação dos organismos policiais.
É por essa razão que tenho acentuado, nesta Corte
(Inq 2.033/DF, g . , que a formulação da acusação penal, por
prescindir da prévia instauração de inquérito policial, pode ser,
desde logo, deduzida em juízo.
Se é certo que nem sempre o ajuizamento da ação penal - dependerá de inquérito policial, não é menos exato que a formulação de
acusação penal, para efetivar-se independentemente das investigações
promovidas pela Polícia Judiciária, deverá apoiar-se, não em
fundamentos retóricos, mas em elementos, que, instruindo a denúncia,
indiquem a realidade material do delito e apontem para a existência de
indícios de autoria.
ISSO significa, portanto, que o órgão de acusação,
mesmo quando inexistente qualquer investigação penal promovida pela
Polícia Judiciária, pode fazer instaurar a pertinente persecução
criminal, desde p- disponha, para tanto, de elementos mínimos de
informação, fundados em base empírica idônea, pois - como se sabe - a
formulação de denúncia ou de queixa-crime, para validamente efetivar-
-se, "deve ter por supor t e uma necessária b a s e empír ica , a fim d e
que o exercício desse grave dever-poder não se transforme em
instrumento de injusta persecução estataln (RTJ - 168/896, Rel . Min. CELSO DE MELLO).
Cumpre ter presente, desse modo, que, embora
dispensável a prévia instauração de inquérito policial, - a formulação da acusação penal, em juízo, supõe, não a prova completa e integral - do delito e de seu autor (o que somente se revelará exigível para
efeito de condenação penal), mas a demonstração - fundada em
elementos probatórios mínimos e lícitos - da realidade material do
evento delituoso e da existência de indícios de sua possível
autoria, consoante correta advertência do E. Tribunal de Justiça do
Estado de São Paulo:
"Denúncia - Recebimento - Suficiência da fundada suspeita da autoria e prova da materialidade dos fatos - Inteligência do art. 43 do CPP.
Para o recebimento da denúncia, é desnecessária a prova completa e taxativa da ocorrência do crime e de seu autor, bastando a fundada suspeita de autoria e a prova da materialidade dos fatos." (RT 671/312, Rel. Des. LUIZ BETANHO - grifei) -
irapende enfatizar, neste ponto, que o magistério
jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal, confirmando esse
entendimento, - tem acentuado - ser dispensável, ao oferecimento da
denúncia, - a prévia instauração de inquérito policial, desde seja
e v i d e n t e a ma te r ia l idade do f a t o alegadamente d e l i t u o s o - e e s t e j a m
presen te s indícios de sua a u t o r i a (AI - 266.214-AgR/SP, R e l . Min.
SEPÚLVEDA PERTENCE - HC - 63.213/SP, R e l . Min. NÉRI D A SILVEIRA -
HC 77.770/SC, R e l . Min. NÉRI D A S ILVEIRA - RHC 62.300/RJ, R e l . Min. - - ALDIR PASSARINHO, v . g . ) :
'O oferecimanto da denúncia - não depende, necessariamente, de prévio inquérito policial. A d e f e s a do acusado se f a z em j u í z o , e não n o i n q u é r i t o p o l i c i a l , que é meramente i n f o r m a t i v o (. . . ) . " (RTJ - 101/571, R e l . Min. MOREIRA ALVES - g r i f e i )
" m ú n c i a - Oferecimento sem a instauração de i n q u é r i t o p o l i c i a l - A&pissibilidade, se a Promotoria dispõe de elementos suficientes para a formalização de ação penal ( . . . ) . " (RT - 756/481, Rel . Min. MOREIRA ALVES - g r i f e i )
" 'XABEAS CORPUS' - MINISTÉRIO PÚBLICO - o w ~ ~ c ~ w ~ n i n , DE D E N ~ N C I A - DESNECESSIDADE DE PRÉVIA INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO POLICIAL - EXISTÊNCIA DE ELEMENTOS M Í ~ M O S DE INFORMAÇÃO QUE POSSIBILITAM O IMEDIATO AüVIZAMENTO DA AÇÃO PENAL - INOCORRÊNCIA DE SITUAÇÃO DE INJUSTO CONSTRANGIMENTO - PEDIDO INABFBRIrn .
- O i n q u é r i t o p o l i c i a l não constitui pressupos to l e g i t i m a d o r da válida ins tauração , pelo Ministério Público, da ' p e r s e c u t i o c r i m i n i s i n j u d i c i o ' . Precedentes.
O Ministério Público, por i s s o mesmo, para oferecer d e n z c i a , &o depende de prévias i n v e s t i g a ç õ e s penais promovidas pe la Po l í c ia J u d i c i á r i a , desde que disponha, para t a n t o , de elementos mínimos d e informação, fundados em base empírica idônea , sob pena de o desempenho da gravíssima prerrogat iva de acusar transformar-se em e x e r c í c i o irresponsável d e poder, convertendo, o processo penal , em inaceitável ins t rumento de a r b í t r i o e s t a t a l . Precedentes." (HC - 80.405/SP, Re l . M i n . CELSO DE MELLO)
A "ratio" subjacente a essa orientação - que também
traduz a posição dominante na j u r i s p r u d ê n c i a dos T r i b u n a i s em geral
(RT 6 6 4 / 3 3 6 - RT 7 1 6 / 5 0 2 - RT 7 3 8 / 5 5 7 - RSTJ 6 5 / 1 5 7 - RSTJ 1 0 6 / 4 2 6 ,
v . . - encontra apoio no próprio magistério da doutrina (DAMÁSIO E .
DE JESUS, "Código de Processo Penal Anotado", p. 0 7 , 1 7 * ed., 2 0 0 0 ,
S a r a i v a ; FERNANDO DA COSTA TOURINHO FILHO, "Código de Processo Penal
Comentado", vol. I , p . 111, 4' ed., 1 9 9 9 , S a r a i v a ; JULIO FABBRINI
MIRABETE, "Código de Processo Penal Interpretadon, p . 1 1 1 ,
i t e m n . 1 2 . 1 , 7' ed., 2000 , A t l a s ) , cuja percepção do t e m a põe - em
destaque que, 'se - está a parte privada ou o M i n i s t é r i o Público na
posse de todos os elementos, pode, sem necessidade de requerer a
a b e r t u r a do inquéri to, oferecer, desde logo, a s u a queixa o u
denúncia" (EDUARDO ESPÍNOLA FILHO, "C6digo de Processo Penal
Brasileiro Anotadon, v o l . I , p . 2 8 8 , 2 0 0 0 , B o o k s e l l e r - grifei).
É E essa razão que o Supremo T r i b u n a l F e d e r a l , por - - m a i s de uma v e z (RTJ - 6 4 / 3 4 2 ) , decidiu que "Não - - 6 essencial ao
oferecimento da denúncia a i n s t a u r a ç ã o de inquér i to po l i c i a l , desde
que a p e ç a - a c u s a t ó r i a esteja sustentada por d o c u m e n t o s suficientes à
caracterização da materialidade do c r i m e e de indícios s u f i c i e n t e s
da a u t o r i a " (RTJ - 76/741, R e l . Min. CUNHA PEIXOTO).
Com estas observações, acompanho, nesse ponto
específico, o eminente Ministro JOAQUIM BARBOSA.
Entendo, - entanto, na linha de voto (vencido) por mim
proferido no MS 21.729/DF, de que foi Relator originário o eminente
Ministro MARCO AURÉLIO, que - não assiste, ao Ministério Público, 2
poder requisitar, por autoridade própria, ao Banco
Central, mas - - a qualquer instituição financeira, - a quebra do sigilo bancário.
Observo que o eminente Ministro-Relator salienta que o
Senhor Procurador-Geral da República solicitou, diretamente, tais
documentos ao próprio Banco Central, o que - segundo entendo -
constitui medida ue torna ilícita a prova daí resultante.
No caso, portanto, o eminente Procurador-Geral da
República obteve informações, que, embora revestidas de sigilo -
somente superável por ordem judicial ou deliberação de Comissão
Parlamentar de Inquérito - foram-lhe transmitidas, em decorrência
de requisição direta, pelo Banco Central do Brasil.
A controvérsia instaurada na presente causa suscita
algumas reflexões em torno do tema pertinente ao alcance da norma
inscrita no art. 5 9 , X e XII, da Constituição, que, ao consagrar a
tutela jurídica da intimidade, dispõe que "são invioláveis a
intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas. . . "
(grifei).
Como se sabe, o direito a intimidade - que representa
importante manifestação dos direitos da personalidade - qualifica-se
como expressiva prerrogativa de ordem jurídica que consiste em
reconhecer, em favor da pessoa, a existência de um espaço
indevassável destinado a protegê-la contra iadevidas interferências
de terceiros na esfera de sua vida privada.
Daí a correta advertência feita por CARLOS ALBERTO DI
FRANCO, para quem "Um dos grandes desafios da sociedade moderna é a
preservação do direito à intimidade. Nenhum homem pode ser
considerado verdadeiramente livre, se não dispuser de garantia de
invio1abilida.de da esfera de privacidade que o cercan .
Por isso mesmo, a transposição arbitrária, para o
domínio público, de questões meramente pessoais, sem qualquer
reflexo no plano dos interesses sociais, tem o significado de grave
transgressão ao postulado constitucional que protege o direito à
intimidade (MS 23.669-MC/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.), pois - este, na abrangência de seu alcance, representa o "direito de
excluir, do conhecimento de terceiros, aquilo que d iz respeito ao
modo de s e r da vida privada" (HIWNAH ARENDT).
É certo que a garantia constitucional da intimidade - não
tem caráter absoluto. Na realidade, como já decidiu es ta Suprema - Corte, 'Não há, no sistema constitucional brasileiro, d i re i tos ou
garantias que s e revistam de caráter absoluto, mesmo porque razões
de relevante interesse público ou exigências derivadas do princípio
de convivência das 1 iberdades legitimam, ainda que excepcionalmente,
a adoção, por par te dos órgãos es ta ta is , de medidas r e s t r i t ivas das
prerrogativas individuais ou c01 etivas, desde que respeitados os
termos estabelecidos pela própria Constituição" (E 23.452/RJ, Rei.
Min. CELSO DE MELLO). Isso não significa, contudo, que o estatuto -- - constitucional - das liberdades públicas - nele compreendida a
garantia fundamental da intimidade - possa =r arbitrariamente
desrespeitado por qualquer órgão do Poder Público.
Nesse contexto, põe-se - em evidência a questão
pertinente ao sigilo bancário, que, ao dar expressão Concreta a uma
das dimensões em que se projeta, especificamente, a garantia
constitucional da privacidade, protege a esfera de intimidade
financeira das pessoas.
Embora o sigilo bancário, também ele, - não tenha caráter
absoluto (RTJ - 148/366, Rel. Min. CARLOS VELLOSO - MS - 23.452/RJ, Rei. Min. CELSO DE MELLO, v.g.), deixando - de prevalecer, por isso mesmo,
em casos excepcionais, diante de exigências impostas pelo interesse - - público (SERGIO CARLOS COVELLO, "O Sigilo Bancário como Proteçã0 à
Intimidade", 'in" Revista dos Tribunais, vol. 648/27), -- não se pode
desconsiderar, no exame dessa questão, que o sigilo bancário reflete
uma expressiva projeção da garantia fundamental da intimidade -
intimidade financeira das pessoas, em particular -, - não - se exp ondo ,
em conseqüência, enquanto valor constitucional que é (VÂNIA
SICILIANO AIETA, "A Garantia da Intimidade c o m Direito
Fundamentaln, p. 143/147, 1999, Lumen Juris), a intervenções
estatais a intrusões do Poder Público desvestidas de causa
provável - ou destituídas de base jurídica idônea.
Tenho insistentemente salientado, em decisões várias
que j6 proferi nesta Suprema Corte, que a tutela jurídica da
intimidade constitui - qualquer que seja a dimensão em que se
projete - uma das expressões mais significativas em que se
pluralizam os direitos da personalidade. Trata-se de valor
constitucionalmente assegurado (CF, art. 5 O , X), cuja proteçáo
normativa busca erigir e reservar, sempre em favor do indivíduo - e
contra a ação expansiva do arbítrio do Poder Público - uma esfera de
autonomia intangível e indevassável pela atividadedesenvolvida pelo
aparelho de Estado.
O magistério doutrinário, bem por isso, tem acentuado
que o s ig i l o bancário - que possui extração constitucional -
reflete, na concreção do seu alcance, um direito fundamental da
personalidade, expondo-se, em conseqüência, à proteção jurídica a
e le dispensada pelo ordenamento positivo do Estado.
O eminente Professor ARNOLDO WALD, em precisa abordagem
do tema, arrpepdeu lúcidas considerações a respeito dessa questão,
destacando a essencialidade da tu te la constitucional na proteção
polít ico-jurídica da intimidade pessoal e da liberdade individual:
'Se podia haver dúvidas no passado, quando as Constituições brasi leiras não s e referiam especificamente à proteção da intimidade, da vida privada e do s i g i l o referente aos dados pessoais, 6 evidante que, diante do texto constitucional de 1988, tais dúvidas não mais existem quanto a proteção do sigilo bancário como decorrência das normas da lei ma-.
Efetivamente, a s Constituições Brasileiras anteriores à de 1988, não só não asseguravam o d i re i to à privacidade como também, quando tratavam do s ig i lo , limitavam-se a garanti-lo em relação à correspondência e à s comunicações telegrdficas e telefônicas, não s e referindo ao s ig i l o em relação aos pap6is de que tratam a Emenda n* I V à Constituição Americana, a Constituição Argentina e l e i s fundamentais de outros países. Ora, fo i em virtude da referência aos pap6is que tanto O
d i re i to norte-americano quanto o argentino concluíram
que o s documentos bancár io s t inham pro t eção c o n s t i t u c i o n a l .
Com a r evo lução t e c n o l ó g i c a , o s ' p a p é i s ' se transformaram em 'dados ' geralmente armazenados em computadores ou f l u i n d o a t r a v é s d e impu l sos e l e t r ô n i c o s , ense jando enormes c o n j u n t o s d e i n fo rmações a r e s p e i t o das pessoas , numa época em que t o d o s reconhecem que a in formação é poder . A coiqputadorização da sociedade exigiu uma maior proteção a privacidade, sob pena de colocar o indivíduo sob contínua fiscalização do Governo, i n c l u s i v e nos a s s u n t o s que s ã o do e x c l u s i v o interesse da pessoa . Em d i v e r s o s p a í s e s , l e i s e s p e c i a i s d e pro teção con t ra o u s o i n d e v i d o d e dados foram promulgadas e , no Brasil, a inviolabilidade dos dados individuais, qualquer que s e j a a sua origem, forma e f i n a l i d a d e , passou a merecer a proteção constitucional em v i r t u d e da r e f e r ê n c i a expre s sa que a eles passou a f a z e r o i n c i s o XII do a r t . 5 * , modi f i cando , a s s im , a pos i ção a n t e r i o r da nos sa l e g i s l a ç ã o , na qual a i n d e v a s s a b i l i d a d e em r e l a ç ã o a t a i s in formaçbes d e v i a ser c o n s t r u í d a com b a s e n o s p r i n c í p i o s g e r a i s que asseguravam a l i b e r d a d e i n d i v i d u a l , podendo a t e e n s e j a r i n t e r p r e t a ç õ e s d i v e r g e n t e s ou c o n t r a d i t ó r i a s .
Assim, agora em v i r t u d e dos t e x t o s e x p r e s s o s da C o n s t i t u i ç ã o e e spec ia lmen t e da i n t e r p r e t a ç ã o s i s t e m á t i c a dos i n c i s o s X e XII do a r t . 5* da CF, f i c o u evidente que a proteção ao sigilo bancário adquiriu nível constitucional, impondo-se ao l e g i s l a d o r , o que, n o passado, podia ser menos evidente. " (,"Caderno de Direito ~ributário - e Finanças Públicas", v o l . 1/206-1992, RT - grifei)
O direito à inviolabilidade d e s s a f ranqu ia i n d i v i d u a l -
que constitui um dos n ú c l e o s b á s i c o s em que s e d e s e n v o l v e , em n o s s o
P a í s , o regime das l i b e r d a d e s púb l i ca s - ostenta, n o e n t a n t o ,
c a r á t e r meraqente r e l a t i v o . e assume nem se reveste d e na tu re za
a b s o l u t a . - Cede, por i s s o mesmo, e s m r e em caráter excepcional, às
exigências impostas pela preponderância axiológica e jurídico-social
do interesse público.
A pesquisa da verdade, nesse contexto, constitui um dos
princípios dominantes e fundamentais no processo de "disclosure" das
operações celebradas no âmbito das instituições financeiras. Essa
busca de elementos informativos - elemantos estes que compõem o
quadro de dados probatórios essenciais para que o Estado desenvolva
regularmente suas atividades e realize os fins institucionais a que
se acha vinculado - sofre os necessários condicionamentos que a
ordem jurídica impõe à ação do Poder Público.
Tenho enfatizado, por isso mesmo, que a quebra do
sigilo bancário - ato que se reveste de extrema gravidade jurídica -
e6 deve ser decretada, 2 sempre em caráter de absoluta - excepcionalidade, quando existentes fundados elementos que
justifiquem, a partir de um critério essencialmente apoiado na
prevalência do interesse público, a necessidade da revelação dos
dados pertinentes às operações financeiras ativas e passivas
resultantes da atividade desenvolvida pelas instituições bancárias.
A relevância do direito ao sigilo bancário - que traduz
uma das projeções realizadoras do direito A intimidade - impõe, por
isso mesmo, cautela - e prudência ao Poder Judiciário na determinação da ruptura da esfera de privacidade individual que o ordenamento
jurídico, em norma de salvaguarda, pretendeu submeter a cláusula
tutelar de reserva constitucional (CF, art. 5*, X).
É preciso salientar, neste ponto, que a jurisprudência
do Supremo Tribunal Federal proclamou a plena compatibilidade
jurídica da quebra do sigilo bancário, permitida pela
Lei nQ 4.595/64 (art. 3 8 ) , com a norma inscrita no art. 5 * ,
incisos X e XII, da Constituição (Pet 577-QO/DF, Rel. Min. CARLOS
VELLOSO, DJü de 2 3 / 0 4 / 9 3 ) , reconhecendo possível autorizar - quando
presentes fumiadas razões - , a pretendida ndisclosure" das
informações bancárias reservadas (RTJ 1 4 8 / 3 6 6 ) .
Mais do que isso, esta Suprema Corte salientou, ao
julgar o Inq 897-AgR/DF, Rei. Min. FRANCISCO REZEK, DJü de 02 /12 /94 ,
que, sendo absoluta a garantia pertinente ao sigilo bancário,
torna-se lícito afastar, quando - de investigação criminal - se cuidar,
a cláusula de reserva que protege as contas bancárias nas
instituições financeiras, revelando-se ordinariamente inaplicável,
para esse específico efeito, a garantia constitucional do
contraditório
I w 2.245 / MG 012464
Impõe-se obsemar, por necessário - e tal como adverte
JOSÉ CARLOS VIEIRA DE ANDRADE ("Os Direitos Rindamentais na
Constituição Portuguesa de 1976", p. 220 /224 , 1987, Livraria
Almedina, Coimbra) - que a ampliação da esfera de incidência das
franquias individuais e coletivas, de um lado, e a intensificação da
proteção jurídica dispensada As liberdades fundamentais, de outro,
tornaram inevitável a ocorrência de situações caracterizadoras de
colisão de direitos assegurados pelo ordenamento constitucional.
Com a evolução do sistema de tutela constitucional das
liberdades públicas, dilataram-se - os espaços conflito em cujo
âmbito antagonizam-se, em função de situações concretas emergentes,
posições jurídicas revestidas de igual carga de positividade
normativa.
Vários podem ser, dentro desse contexto excepcional - de
conflituosidade, os critérios hermenêuticos destinados à solução das
colisões de direitos, que - vão desde o estabelecimento de uma ordem
hierárquica pertinente aos valores constitucionais tutelados,
passando pelo reconhecimento do maior ou menor grau de
fundamentalidade dos bens jurídicos em posição de antagonismo, até a
consagração de um processo que, privilegiaado - a unidade
supremacia - da Constituição, viabilize - a partir da adoção "de um
cri tério de proporcionalidade na distribuição dos custos do
confliton (JOSÉ CARLOS VIEIRA DE ANDRADE, "op. loc. cit.") - a
harmoniosa composição dos direitos em situação de colidência.
Sendo assim, impõe-se o deferimento da quebra de sigilo
bancário, sempre que essa medida se qualificar como providência
essencial e indispensável à satisfação das finalidades inderrogáveis
da investigação estatal, desde que - consoante adverte a doutrina -
não exista 'nenhum meio menos gramso para a consecução de tais - objetivosn ( IVES GANDRA MARTINS/GILMAR FERREIRA MENDES, 'Sigilo
Bancário, Direito de Autodeterminação sobre Informações e Princípio
da Proporcionalidade", "in" Repertório IOB de Jurisprudência nn 24/92 -
28 quinzena de dezembro/92).
Contudo, para que essa providência extraordinária, e
sempre excepcional, que é a decretação da quebra do sigilo bancário,
seja autorizada, revela-se fsg?rescinâível a existência - de causa
provável, vale dizer, - de fundada suspeita quanto à ocorrência de
fato cuja apuração resulte exigida pelo interesse público.
Na realidade, sem causa provável, não se justifica, sob
pena de inadmissível consagração do arbítrio estatal e de
inaceitável opressão do indivíduo pelo Poder Público, a "disclosure"
das contas bancárias, eis que a decretação da quebra do sigilo não
pode converter-se num instrumento de indiscriminada e ordinária
devassa da vida financeira das pessoas.
A quebra do sigilo bancário importa, necessariamente,
em inquestionável restrição à esfera jurídica das pessoas afetadas
por esse ato excepcional do Poder Público. A pretensão estatal
voltada à "disclosure" das operações financeiras constitui fator de
grave ruptura das delicadas relações - estruturalmente - tão
desiguais - existentes entre o Estado e o indivíduo, tornando
possível, at6 mesmo, quando iadevidamente acolhida, o próprio
comprometimento do sentido tutelar que inequivocamente qualifica,
seus aspectos essenciais, o círculo de proteção estabelecido em - torno da prerrogativa pessoal fundada no direito constitucional à
privacidade.
Dentro dessa perspectiva, revela-se de inteira
pertinência - a invocação doutrinária da cláusula do "substantive due process of law" - j6 consagrada e reconhecida, em diversas decisões
proferidas por este Supremo Tribunal Federal, como instrumento de
expressiva limitação constitucional - ao próprio poder do Estado
(e 1.063/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO - - ADI 1.158/AM, Rel. Min.
CELSO DE MELLO, v.g.) - para efeito d e submeter o processo de
"disclosure" As e x i g ê n c i a s d e s e r i edade e d e r a z o a b i l i d a d e .
Daí o registro f e i t o por ARNOLDO W U ("og. cit.",
p. 207, 1992, RT), no sentido d e que "A mais recente d o u t r i n a n o r t e -
-americana f e z do 'due process of law' uma forma d e c o n t r o l e
c o n s t i t u c i o n a l que examina a nece s s idade , r a z o a b i l i d a d e e
j u s t i f i c a ç ã o das restrições a l i b e r d a d e i n d i v i d u a l , não admi t i ndo
que a l e i o r d i n á r i a d e s r e s p e i t e a C o n s t i t u i ç ã o , considerando que a s
restrições ou exceções es t a b e l e c i d a s p e l o 1 e g i s l a d o r o r d i n á r i o devem
ter uma fundamentação razoáve l e a c e i t á v e l conforme en tend imento do
Poder J u d i c i á r i o . Coube ao J u i z Ru t l edge , n o caso Thomas v. C o l l i n s ,
d e f i n i r adequadamente a função do d e v i d o p roces so l e g a l a o a f i r m a r
que: 'Mais uma v e z temos d e e n f r e n t a r o dever, impos to a e s t a Cor t e ,
p e l o n o s s o s i s t e m a c o n s t i t u c i o n a l , d e d i z e r onde termina a l i b e r d a d e
i n d i v i d u a l e onde começa o poder do Estado. A e sco lha do l i m i t e ,
sempre d e l i c a d a , é-o, a inda ma i s , quando a presunção usual em f a v o r
da 1 ei é contrabalançada p e l a pos i ção p r e f e r e n c i a l a t r i b u í d a , em
n o s s o esquema c o n s t i t u c i o n a l , à s grandes e i n d i s p e n s á v e i s l i b e r d a d e s
democrá t icas asseguradas p e l a Primeira Emenda (. . . ) . E s t a p r i o r i d a d e
c o n f e r e a e s s a s l i b e r d a d e s s a n t i d a d e e sanção que não permitem
i n t r o m i s s õ e s dúb ia s . E é o c a r á t e r do d i r e i t o , não da l i m i t a ç ã o , que
de termina o standard guiador da e sco lha . Por e s s a s r a z õ e s , qualquer
tentativa de restringir estas liberdades deve ser justificada por
evidente interesse público, ameaçado não por um perigo duvidoso e
remoto, mas por um perigo evidente e atual'" (grifei).
A exigência de preservação do sigilo bancário -
enquanto meio expressivo de proteção ao valor constitucional da
intimidade - iqpõe - ao Estado o dever de respeitar a esfera jurídica
de cada pessoa. A ruptura desse círculo de imunidade só se
justificará desde que ordenada por órgão estatal investido, nos
termos de nosso estatuto constitucional, & competência jurídica
para suspender, excepcional e motivadamente, a eficácia do princípio
da reserva das informacões bancárias
tema de ruptura do sigilo bancário, somente os
Órgãos do Poder Judiciário dispõem do poder de decretar essa medida
extraordinária, sob pena de a autoridade administrativa interferir,
indevidamente, na esfera de privacidade constitucionalmente
assegurada às pessoas. Apenas - o Judiciário, ressalvada a competência das Comissões Parlamentares de Inquérito, pode eximir as
instituições financeiras do dever que lhes incumbe em terna de sigilo
bancário.
A efetividade da ordem jurídica, a eficácia da atuação
do aparelho estatal e a reação social a comportamentos qualificados
pela nota de seu desvalor ético-jurídico não ficarão comprometidas
nem afetadas, se se reconhecer aos Órgãos do Poder Judiciário, com
fundamento e apoio nos estritos limites de sua competência
institucional, a prerrogativa de ordenar a quebra do sigilo
bancário. Na realidade, a intervenção jurisdicional constitui fat0r
de preservação do regime das franquias individuais 2 i-ede, pela
atuação moderadora do Poder ihidiciário, que - se rompa, injustamente,
a esfera de privacidade das pessoas, pois a quebra do sigilo - bancário - não pode -- nem deve ser utilizada, ausente a concreta
indicação de uma causa provável, como instrumento de devassa
indiscriminada das contas mantidas em instituições financeiras.
A tutela do valor pertinente ao sigilo bancário não
significa qualquer restrição ao poder de investigar do Estado, eis
que o Ministério Público, as corporações policiais e os órgãos
incumbidos da administração tributária e previdenciária do Poder
Público s-re poderão requerer aos juizes e Tribunais que ordenem às instituições financeiras 2 fornecimento das informações reputadas
essenciais à apuração dos fatos.
Impõe-se destacar, neste ponto, que nenhum embaraço
resultará do controle judicial prévio dos pedidos de decretação da
quebra de sigilo bancário, pois, consoante já proclamado pelo
Supremo Tribunal Federal, não sendo absoluta a garantia pertinente
ao sigilo bancário, torna-se lícito afastar, em favor do interesse
público, a cláusula de reserva que protege as contas bancárias nas
instituições financeiras.
NSo configura demasia insistir, Senhora Presidente, na
circunstância - que assume indiscutível relevo jurídico - de que a
natureza eminentemente constitucional do direito h privacidade
impõe, no sistema normativo consagrado pelo texto da Constituição da
República, o necessidade - de intenençáo jurisdicional no processo de
revelação de dados (\~disclosuren) pertinentes às operações
financeiras, ativas e passivas, de qualquer pessoa eventualmente
sujeita à ação investigatória do Poder Público.
A inviolabilidade do sigilo de dados, tal cano
proclamada pela Carta Política em seu art. 5* , XII, torna essencial
que as exceções derrogatórias à prevalência desse postulado &
possam emanar de órgãos estatais - - órgãos & Poder Miciario
(e as Comissões Parlamentares de ~nquérito) - aos quais a própria
Constituição Federal outorgou essa especial prerrogativa de ordem
jurídica
A equação direito - ao sigilo - dever de sigilo exige - - para que se preserve a necessária relação de harmonia entre uma
expressão essencial dos direitos fundamentais reconhecidos em favor
da generalidade das pessoas (verdadeira liberdade negativa, que
impõe ao Estado um claro dever de abstenção), m, e a prerrogativa que inquestionavelmente assiste ao Poder Público de
investigar comportamentos de transgressão à ordem jurídica, e outro - que a determinação de quebra do sigilo bancário provenha de
ato emanado - de órgão - - do Poder ihidiciário, cuja intervenção
moderadora na resolução dos litígios revela-se garantia de respeito
tanto ao regime das liberdades públicas quanto à supremacia do
interesse público.
Sendo assim, Senhora Presidente, e tendo em
consideração as razões expostas, entendo que a decretação do sigilo
bancário pressupõe, sempre, a existência - de ordem judicial, sem o
que - se impõe à instituição financeira o dever de fornecer,
legitimamente, as informações que lhe tenham sido requisitadas.
@*HM@& Inq 2.245 / MG
Daí entender, com toda a v ê n i a , na linha das ra zões já
expostas pe lo s eminen tes M i n i s t r o s GILMAR MENDES e MARCO AURÉLIO,
ser ilícita a prova em ques tão . -
~ á o constitui deanasia rememorar, n e s t e pon to , Senhora - Presidente, tal a gravidade que r e s u l t a do reconhecimento - da
ilicitude da prova, que - esta Suprema Corte, em sucessivas d e c i s õ e s
sobre a m a t é r i a , -- não tem admitido a u t i l i z a ç ã o , contra quem quer que
s e j a , d e provas ilícitas, c w resulta claro de r e c e n t í s s i m a d e c i s ã o
proferida p e l o Supremo Tr ibuna l Federa l :
(. . . ) ILICI lVDE DA PROVA - II'ADMISSIBILIDADE DE I - ..
SUA PRODUÇAO EM üWIZ0 (OU PERANTE QUALQüER INSTANCIA DE 7
PODER) - I ~ D O ~ I D A D B JURIDICA DA PROVA RESULTANTE TRANSGRESSÃO ESTATAL AO REGIME CONSTITUCIONAL DOS DIREITOS E -IAS I N D M D U A I S .
- A &o persecutória do Estado, gualquer que s e j a a i n s t x n c i a d e poder p e r a n t e a qual se i n s t a u r e , E revestir-se d e l e g i t i m i d a d e , não &e apoiar-se em e1 ementos p roba tó r io s ilicitamente o b t i d o s , sob pena d e o f e n s a à garan t i a c o n s t i t u c i o n a l do ' d u e p r o c e s s o f l a w f , que tem, n o d o m a da inadmissibilidade das provas - i l í c i t a s , uma de s u a s mais expressivas projeçaes concretizadoras n o p lano do nos so s i s t e m a d e d i r e i t o posi ti v o .
- A Constituição da República, em norma revestida d e conteúdo v e d a t ó r i o TE, a r . S9, LVI) , desautoriza, por incompat íve l com o s pos tu lados regem uma soc i edade fundada em b a s e s democrát icas (E, a r t . 1 * I , gualquer prova cu ja obtenção, p e l o Poder Púb l i co , derive. transgressão a c l á u s u l a s d e ordem c o n s t i t u c i o n a l , repelindo, por i s s o mesmo, guaisquer e lementos p roba tó r io s que resultem d e v i o l a ç ã o do d i r e i t o m a t e r i a l (3, a t é mesmo, d o d i r e i t o p r o c e s s u a l ) , pão prevalecendo, em conseqüênc ia , no -
ordenamento norma t i v o b r a s i l e i r o , em matéria d e a t i v i d a d e proba t ó r i a , 3 fórmula autorFtária do 'mal e captum, bene r e t e n tum ' . Doutrina. Precedentes.
A ~ W S T Ã O DA DOUTRINA - DOS FRUTOS DA ÁRVORE i m k k u m ~ ( ' F R U ~ S -- OF THE POISONOUS - TREE' ) :Ã - QWSTÃO DA ILICITVDE POR DERIVAÇ~O. - -
- Ninguém pode s e r inves t igado , denunciado ou condenado com base, unicamente, em provas i l í c i t a s , -r se trate d e i l i c i tude o r i g i n á r i a , -r se cuide d e i 1 i c i E d e por derivação. palquer novo dado proba t ó r i o , ainda que produzido, d e modo vá l ido , em momento - subseqiiente, não pode epoiar-se, - não pode - ter fundamento causal - nem derivar de prova comprametida pela mácula da i l i c i t u d e o r i g i n á r i a .
- A arrclusão da prova originariamente i l í c i t a - ou daquelã afetada pelo vício da ilicitude por derivação- representa um dos meios m a s express i vos destinados a conferir efetividade à garantia do ' due process o f law' e a tornar mais intensa, pelo banimento da prova ilicitamente ob t ida , a t u t e l a c o n s t i t u c i o n a l p- presezira o s d i r e i t o s e prerrogat ivas =e assistem a qualquer acusado em sede processual penal . Doutrina. Precedentes.
- A doutrina - da ilicitude por derivação ( t e o r i a dos ' f r u t o ; da árvore envenenada') repudia, por cons ti tucionalmen t e inadmiss íve is , o s meios proba t ó r i o s , que, &O obstante produzidos, validamente, em momento u l t e r i o r , acham-se afetados, no entanto, pelo vício (gravíssimo) da i l i c i t u d e or ig indr ia , =e - - - a eles se transmite, contaminando-os, pOr efeito de repercussão causal . Hipótese em que os nwos dados probatórios - somente foram conhecidos, pelo Poder Público, em razão - de an ter ior transgressão pratf cada, originariamente, pelos agentes da persecução penal, p e desrespeitaram a garantia cons t i tuc ional da inv io lab i l idade domic i l iar .
- Revelam-se inadmissíveis, desse modo, em decorrência da i l i c i tude por derivação, os elementos probatórios a que os órgãos da persecução penal somente tiveram acesso razão da prova originariamente i l í c i t a , obtida como r e s u l t a d o da transgressão, por agentes e s t a t a i s , d e d i r e i t o s e garant ias c o n s t i t u c i o n a i s e l e g a i s , eficácia condicionante, no plano do ordenamento p o s i t i v o b r a s i l e i r o , traduz significativa limitação de ordem jurídica ao poder do Estado em face dos cidadãz.
2 3
- Se, no entanto, o órgão da persecução penal demnstíar que obteve, legitimamente, novos elementos de informação a partir de uma fonte autônama de prova - -- E não guard-e qualquer relação de dependência - nem decorra da prova originariamente ilícita, com esta - não mantendo vinculação causal - dados probatórios revelar-se-ão plenamente acidssíveis, porque não contaminados pela mácula da ilici tude originária.
- A ~ W S T Ã O DA FONTE A V T Ô ~ M A DE PROVA ('AN I~VDEPGENT SOURCET - - - E A SUA D E S V I ~ - C Ã O CAUSAL DA PROVA ILICITAEIENTE OBTIDA - DOUTRINA - PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - J U R I S P R ~ , ~ N C I A COMPARADA ( A - E X P E R I ~ I A DA SUPREMA CORTE AMERICWA): CASOS 'SILVERTHORNE LGER CO. V . UNITED STATES (1920) ;
SEGURA V . UNITED STATES ( 1 9 8 4 ) ; NIX V . WILLIAMÇ ( 1 9 8 4 ) ; MURUAY V . UNITED STATES ( 1 9 8 8 ) ' , x." (RHC 90.376/RJ, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma) -
Gostaria, ainda, Senhora Presidente, de fazer outra
indagação ao eminente Ministro-Relator. Ontem, da tribuna, eu ouvi,
quando das sustentações orais, que se arguiu, também, a ilicitude de
determinada prova, por alegado desrespeito As cláusulas constantes
do acordo bilateral que o Brasil e os Estados Unidos formularam no
contexto do Acordo de Assistência Judiciária em Matéria Penal.
Tenho presente, aqui, o Artigo VI1 do Acordo Bilateral
de Assistência Judiciária em Matéria Penal que o Brasil e os Estados
Unidos da América celebraram, em Brasília, em 1997, com correção
posteriormente introduzida por ambos os Governos, por efeito de
notas reversais (notas diplomáticas trocadas em 2001).
Obsemo que o Artigo VI1 contém uma cláusula que impõe
restrições ao uso de documentos obtidos por efeito dessa convenção
bilateral. Eis o que diz o Artigo VII, em seu inciso 1:
"Restrições ao Uso 1. A Autoridade Central do Estado Requerido" (no
caso, portanto, os Estados Unidos da América) 'pode solicitar que o Estado Requerente" (ou seja, no contexto em exame, o Brasil) "deixe de usar qualquer informação - ou prova obtida por força deste Acordo em investigação, inquérito, ação penal ou procedimentos outros que não aqueles descritos na solicitação, sem o prévio consentimento da Autoridade Central do Estado Requerido." (no caso, o Governo dos Estados Unidos da América) . "Nesses casos, o Estado Requerente" (ou seja, o Brasil) " deverá respeitar as condições es tabelecidas. " (grifei)
Indago a Vossa Excelência, considerado o substancioso \
voto que proferiu, se esse tema foi abordado em sua decisão.
/7- O SEMIOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - Foi
abordado, sim, no meu voto.
\
O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO: Em que passagem?
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR)- Vossa
Excelência poderia ler a parte final do dispositivo do Decreto
O S-OR MINISTRO CELSO DE MXLLO: O decreto
presidencial em questão, que pror~~lgou referida convenção bilateral,
em nada inovou (nem poderia) nesse tema, persistindo, portanto, a
minha dúvida, eis que, segundo prescreve esse Acordo de Cooperação
Judiciária em matéria penal, tratando-se de restrição ao uso de
documentos, "o Estado Requerente' (o Brasil, no caso) 'deverá
respeitar as condições estabelecidas" .
\ Daí a inãagação que formulo a Vossa Excelência.
/
O SENWOR MiNiSTRO CEZAR PELUSO - Foi argüido?
O SEZVBOR MINISTRO C-0 DE EPELLO: Sim, essa questão foi \
expressamente ardida da tribuna, quando das sustentações orais.
(2,
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELAT0R)- Sim, da
tribuna, mas não na preliminar.
O SENHOR MIMSTRO CEZAR PELUSO - Que houve restrição do
Estado requerido?
O SENHOR MINISTRO CELSO DE MXLLO: É precisamente isso
que quero saber. Esse é o esclarecimento que, por qualificar-se como
matéria de fato, pode ser prestado pelo eminente Advogado que, da
tribuna, suscitou referida questão.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Porque não consta da
abordagem do relator. Talvez não esteja na defesa.
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Sim, se há alguma
restrição do Judiciário americano sobre a utilização da prova.
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - Trata-se
de saber se, eventualmente, houve alguma restrição pedida pelo
governo dos Estados Unidos em relação aos documentos enviados ao
Brasil. É isso.
A SRA. MINISTRA ELLEN GRACIE (PRESIDENTE) - OS
documentos vieram para informar o inquérito. Portanto, não pode ter
havido uma restrição.
O SKNHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - OS
Procuradores Federais brasileiros têm como chefe, precisamente, o
Procurador-Geral da República.
O SENHOR MINISTRO CELSO DE EIELLO: O eminente
Procurador-Geral da República, ao esclarecer matéria de fato, vem de
informar, agora, que esses documentos foram produzidos, pelo Governo
americano, E qualquer restrição, para instruir, especificamente,
este procedimento penal, o que afasta possível alegação de ilicitude
da prova daí resultante.
Corm estas considerações, Senhora Presidente, mas - insistindo - na indispensabilidade de ordem judicial para efeito de
quebra de sigilo bancário (ainda que tendo o Banco Central do Brasil
como destinatário da requisição emanada do Ministério Público
Federal), acompanho, quanto a esse ponto específico, a divergência
iniciada pelos eminentes Ministros GILMAR MENDES e MARCO AURÉLIO.
É o meu voto. v
I c s m . I i S .
/E=.
23/08/2007
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
0 1 2 4 7 9
TRIBUNAL PLENO
O SENHOR MINISTRO EROS GRAU: - Senhora Presidente,
diante dos esclarecimentos de fato que eu não possuía, peço vênia
para reajustar o meu voto e acompanhar a divergência.
Eu imaginara que os documentos haviam sido recebidos
da Comissão Parlamentar de Inquérito. Então, com o esclarecimento do
Ministro Celso de Mello, acompanho a divergência.
23/08/2007
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
TRIBUNAL PLENO
O SENHOR MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI - Senhora
Presidente, reformulo o meu voto apenas quanto a esse aspecto.
Participei do julgamento do mandado de segurança e
integrei a maioria estreita, é verdade, que entendeu não ser
lícita a quebra do sigilo bancário dos correntistas individuais
por parte do Banco Central. Lembro-me que, na Primeira Turma,
tivemos uma discussão bastante alentada sobre essa questão.
Filiei-me a corrente majoritária e sufraguei esse entendimento.
6 O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES - Tratava-se do
Recurso Extraordinário nQ 461.366.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Penso ter sido
realmente em mandado de segurança em nível recursal. Por isso
houve a interposição do recurso extraordinário, e não do
ordinário. O pronunciamento no Superior Tribunal de Justiça
decorreu do julgamento de ordinário.
1
. . Ing 2.245 / MG
O SENHOR MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI - Senhora
Presidente, quero completar o meu voto, com a devida vênia.
Acolho a preliminar apenas no sentido de dizer o
seguinte: se os dados, cobertos pelo sigilo bancário, vieram aos
autos diretamente do Banco Central, e não por meio da Comissão
Parlamentar Mista de Inquérito, nos termos do artigo 58, 5 3 Q , da
Constituição, rejeito essa prova e entendo que ela não pode
integrar o acervo probatório, salvo se ela coincidir com aquela
obtida por outros meios, seja por intermédio da CPMI, seja por
decisão judicial.
AO que me consta, pelo menos num primeiro momento,
essa prova teria vindo diretamente, por solicitação do eminente
Procurador-Geral da República, do Banco Central. Se for essa a
hipótese, acolho a preliminar para rejeitar essa prova, a fim de
ser expurgada, expungida dos autos. /
23/08/2007
INOUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
TRIBUNAL PLENO
O SEMIOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Senhora
Presidente, este é tema da mais alta importância e
relevância, de grande repercussão, mas não é inédito na
Corte.
O Plenário já se manifestou a respeito no
Recurso Extraordinário nQ 418.416. Eu tentava, antes de
proferir o meu voto, lembrar-me desse caso, em que a Corte
se defrontava com o problema de apreensão de computadores.
Esse era o objeto específico do julgamento daquele recurso
extraordinário pelo plenário, e cujo voto do Relator,
eminente Ministro Sepúlveda Pertence - a quem faço agora
outra homenagem -, coincidiu exatamente com o meu ponto de
vista e foi sufragado pelo Plenário, na interpretação da
norma incidente no caso, o artigo 5 Q , inciso XII, da CF.
Disse eu naquela oportunidade:
"Trarei apenas a regis tro algumas observações que eu já havia antecipado na Turma, acompanhando o ponto de vista do eminente relator," - Ministro Sepúlveda Pertence - "que agora o ilustrou ainda mais com a sua erudição. O objeto principal desta causa é a interpretação do art. 5 * , inciso XII, que, a meu ver, não
cuida do s i g i l o d e r e g i s t r o s em g e r a l . Tal norma, quando a1 ude ao s i g i l o das correspondências e das comunicações t e l e g r á f i c a s , num pr imeiro membro, e , num segundo, ao s i g i l o de dados e das comunicações t e l e f ô n i c a s , refere-se não propriamente ao que c o n s t i t u a o o b j e t o das comunicações, ou s e j a , o s r e g i s t r o s ou o conteúdo dos r e l a t o s da comunicação considerados em si mesmos, mas, à i n t e g r i d a d e do processo d e comunicação ou d e relacionamento i n t e r s u b j e t i v o , como expressão da pr ivac idade , enquanto t ende a preservar e s s e f a t o i n t e r s u b j e t i v o aos i n t e r l o c u t o r e s , vedando a i n t r u s ã o e , por tan to , o aces so d e t e r c e i r o não au tor i zado , O U , nou t ras pa lavras , a i n t e rcep tação da comunicação.
É i n t e r e s s a n t e observar a redação do d i s p o s i t i v o , porque, como de c e r t o modo já notou o eminente r e l a t o r , há realmente duas c l á u s u l a s no t e x t o c o n s t i t u c i o n a l . A correspondência como t a l e a comunicação t e l e g r á f i c a são t r a t a d a s em conjun to . A comunicação d e dados, " - e d i s s o que s e t r a t a - "como fenômeno t í p i c o do mundo moderno e que é a r e d e mundial de computadores, é, ao lado da comunicação t e l e f ô n i c a , processo mui to rápido de transmissão e e s t á na segunda c láusu la . " - da norma c o n s t i t u c i o n a l -
"Então, houve, ao que parece, preocupação de t r a t a r em conjun to duas grandes c l a s s e s ou duas grandes moda1 idades de comunicação, mas compreendendo todas . Sem dúvida, o i n v i o l á v e l , nos termos da Cons t i t u i ção , não são quaisquer elementos da informação ou de i n f o r m á t i c a , mas o s processos de comunicação em s i . O o b j e t o t u t e l a d o , " - pela norma c o n s t i t u c i o n a l - "por tan to , é o processo de comunicação, enquanto r e s t r i t o aos comunicantes, independentemente do conteúdo da comunicação, porque se t r a t a , na verdade, de resguardar a pr ivac idade dos i n t e r l o c u t o r e s em a t o t í p i c o de i n t e r s u b j e t i v i d a d e .
T i r o da í uma prova per absurdum:" - e que v a l e para o caso - "se es t ivéssemos pensando em s i g i l o de r e g i s t r o s , i s t o é, entendida a palavra "dados", não como o b j e t o de comunicação e l e t r ô n i c a em processo, mas como o b j e t o d e mero
O%// M//,, O%,$,//,*/ 0%&1(*d
Inq 2.245 1 MG
registro, esta norma constitucional, além de absurda, tornaria inviável o exercício de todo um complexo de atividades estatais. "
E eu não estava nem pensando em atividades e
obrigações do Banco Central.
"Por quê? Porque teríamos a seguinte contradição: se esses dados, tomados como registros, não são invioláveis em outros meios de registro, como, p.ex., em livros, em fichários, em meio magnético, " - e ninguém negou isso - "como poderiam ser invioláveis pelo simples fato de estarem armazenados num computador? "
E este Plenário assentou e reafirmou esse
princípio, que consta agora da ementa redigida pelo eminente
Ministro Sepúlveda Pertence.
Noutras palavras, não há, no texto
constitucional - isso decorre apenas de normas
infraconstitucionais - proibição de quebra, pelo Banco
Central, dos registros. O que há aqui é proteção a fenômeno
típico da intersubjetividade, que é a comunicação, com a
proibição conseqüente da intercepção da comunicação. E o
Banco Central não está aqui sendo acusado de ter
interceptado comunicação nenhuma. O Banco Central está sendo
acusado de ter passado ao Procurador-Geral da República
&+MHW d>ho,o/ o!A,Cd
Inq 2.245 1 MG
registros de dados, nos termos da legislação
infraconstitucional, isto é, da Lei Complementar nQ 105.
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) -
Registros que foram objeto de fiscalização por ele
realizada.
O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO - Se Vossa
Excelência me permite, quando Vossa Excelência levantou essa
distinção importantíssima, aderi ao voto de Vossa
Excelência, lembrando que o que se protege não é o sigilo do
que está registrado, do que está documentado, mas o que se
protege como bem jurídico integrante da privacidade é a
interlocução, o processo de comunicação.
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - De outro modo,
nem o mais pedestre dos fiscais poderia ter acesso a livro
comercial! Nem a mais reles das atividades estatais de
fiscalização, que é a de ordem tributária, não poderia ser
feita, porque registro de livro comercial não deixa de
conter dados. k-
&$,,,o cz;.1,,,*/ d3dJ,,w,!
Inq 2.245 1 MG
O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO - Não se pode
interceptar o diálogo, a comunicação, a interlocução.
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Se esses dados
estão protegidos pela norma constitucional, nenhum
funcionário do Estado pode exercer sua atividade de
fiscalização. Por quê? Porque isso dependeria de autorização
judicial: ter acesso a um dado de livro comercial para
verificar a regularidade fiscal de transação de
comerciantes. Onde já se viu uma interpretação dessa?
O objeto de tutela da norma constitucional -
coisa que esta Corte reafirmou naquela oportunidade - é o
processo de comunicação. Não discuto - porque isso me parece
incontroverso - que haja normas infraconstitucionais sobre
sigilo de registros, mas não, ao Banco Central; este 6
autorizado textualmente!
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) -
Pela lei.
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Pela lei
complementar, para transmitir o conteúdo desses registros.
m
cXI/,M,,O dZd tma / &%dei.rrd
Inq 2.245 / MG
O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO - Inclusive o
artigo 9 " da Lei é expresso.
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Ministro, por
acaso, Vossa Excelência quer chegar 21 conclusão de que o
Banco Central não pode fiscalizar os dados bancários?
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Quero saber se
o Banco Central, de acordo com o artigo 5* , inciso XII, está
autorizado, ou não, a ter acesso aos dados bancários
independentemente de autorização judicial.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Respondo que
não está.
O SENHOR MINISTRO Gim mNDES - O Relator está
sustentando que houve a quebra de sigilo.
Tríplice.
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) -
ri
Inq 2.245 1 MG
0 1 2 4 8 8 O SENHOR MINISTRO GIINAR MENDES - Então, na
verdade, estamos a lavrar sobre matéria já superada, pelo
menos, quanto a essa perspectiva.
Não me parece, Ministro Cezar Peluso, que aquilo
que votamos no célebre caso trazido pelo Ministro Sepúlveda
Pertence tenha como objeto a discussão que agora se põe. Ali
o que discutimos - e a discussão anterior foi no Caso
Collor, na AP nQ 307 - é se os dados contidos em computador
estariam cobertos por aquela cláusula. Lembro-me de que o
Ministro Sepúlveda Pertence respondeu, até com base em um
clássico artigo escrito pelo Professor Tércio Sampaio Ferraz
Júnior. No caso Collor, discutiu-se, e o Tribunal chegou à
conclusão de que havia, sim, prova ilícita porque a busca e
a apreensão não se fizera segundo os ditames do devido
processo legal. Quanto a isso nós estamos de acordo. Não
estamos a discutir isso.
O problema é de outra índole: se impõe ou não a
reserva de jurisdição nesses casos. Essa foi a premissa,
também, do voto do Ministro Marco Aurélio.
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Ministro, eu
estou tentando sustentar outra coisa. Esse é o problema.
)"I
Inq 2.245 / MG
O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES - Mas, neste
caso, estamos a falar de coisas diferentes.
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Não.
O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES - Agora, se o
Relator diz que já houve uma tríplice quebra.
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) -
Estou dizendo. Eu já disse várias vezes isso aqui.
O SENIIOR MINISTRO GILMAR MENDES - Então, essa
questão, para mim, está prejudicada. Agora, é ilícita, sim,
a quebra obtida mediante requisição do Procurador-Geral.
Isso nós precisamos afirmar e o que estamos a dizer.
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - H 6
um outro problema. Eu sinto que o Tribunal está-se
encaminhando no sentido de declarar inválidos todos e
quaisquer documentos oriundos desse pedido do Procurador-
Geral. Então, creio que teremos uma incidência de quebras,
um conflito, porque esses documentos podem ter sido enviados
yl
Inq 2.245 1 MG
também em conseqüência dessas quebras determinadas pela CPI,
pelo Ministro Nelson Jobim e por mim próprio.
O SENHOR MINISTRO RICARDO LEPIANDOWSKI - Esta foi
a ressalva do meu voto: se coincidirem os documentos, a
prova é hígida.
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Sim, mas não se
podem fazer afirmações de caráter geral que vão inviabilizar
um pouco mais a apreciação da denúncia. Penso que o Tribunal
tem a obrigação de deixar claro o seu ponto de vista.
O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO - Em última
análise: não se dá o desentranhamento desses elementos
informativos, desses documentos se eles foram carreados para
os autos por outra via que não o Banco Central. Pronto.
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Senhora
Presidente, vou concluir rapidamente o meu pensamento. Ia
até transcrever a manifestação do Ministro Gilmar Mendes,
que fez remissão textual, naquele Recurso Extraordinário, ao
artigo do Professor Tércio Sampaio Ferraz Júnior, e Sua
P%/W~O ~!326u9w7/ Q%A~L'
Inq 2.245 / MG
Excelência disse até que tinha de ser interpretado nesse
sentido:
"Do contrário, na verdade, produziríamos uma perplexidade que o próprio 1 egislador tentou contornar"(. . . )
Senhora Presidente, o que me parece óbvio, no
inciso XII, é que se trata de quatro objetos homogêneos de
regulamentação constitucional: primeiro, correspondência;
segundo, comunicações telegráficas; terceiro, comunicações
telefônicas.
Por que, no quarto, se cuidaria de dados sem o
correspondente fenômeno de comunicação?
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - simplesmente,
ministro, Vossa Excelência me permite responder? Não temos
palavras inúteis em um texto legal, muito menos na Carta da
República.
O constituinte apenas aludiu a comunicações
quanto a ligações telefônicas e telegráficas.
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - E
correspondência também. Y")
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - No tocante a
dados, não.
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Correspondência
também.
O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO - Comunicações de
dados.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - ~ ã o , não está.
O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO - Está.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - vou ler o
texto do artigo 5" , inciso XII:
- é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações ..., de dados [ . . . I
O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO - Isto, de
dados
o SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - ~ s t á assim:
'comunicações de dados"? Onde? Y4
Q X ~ ,v22?0 dTdU??Q/ &%d@*Q/
Inq 2.245 / MG 0 1 2 4 9 3
O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO - Está.
( . . . I "comunicações telegráficas, de dados(. . . I ; "
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Vossa
Excelência me permite concluir o raciocínio?
Veja:
"XII - é inviolável o sigilo da correspondência" í . . . I
Aqui não se cogita de comunicação.
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Não, 6
comunicação.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Repete 0 texto
do I 9 Q do artigo 153 da Constituição anterior:
"é inviolável o sigilo da correspondência" I . . . l
Nesse preceito havia ainda: v'?
&h /,,mo G!!ht??fl/ o%Amd
Inq 2.245 1 MG 012494
"e das comunicações telegráficas e telefônicas".
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Incluiu a
comunicacão de dados.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Quanto AS
comunicações, repetiu-se, na Carta de 1988, a junção ao
campo telegráfico e telefônico.
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Sim, atualizou
a Constituição anterior, que não conhecia o computador.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - E veja: por
que o legislador constituinte teria repetido, no tocante as
ligações telefônicas, o vocábulo ncomunicações" e não o fez
quanto a dados?
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Isso nós
podemos perguntar aos redatores, sobretudo ao Professor
Celso Cunha, que já faleceu; ele é quem sabe porque foi
assim redigido. u"i
G%+V>/,O c52;L4/7?.ud @Fd@rnL
Inq 2.245 1 MG @ I & . , : t i - Ç i
O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO - O bem jurídico
protegido são as comunicações.
O SENHOR MINISTRO MÃRCO AURÉLIO - ~ ã o ,
Excelência. A interpretação é consentânea com o vernáculo.
O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO - Agora,
comunicações de dados, telegráficas e telefônicas são três
modalidades de comunicações.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - De qualquer
forma, há mais. vamos buscar a razão desse preceito. A meu
ver, a cláusula básica está no inciso X, e, aí, parto para a
interpretação sistemática: é inviolável a intimidade.
O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO: É importante
fazer uma interpretação sistemática que harmonize o que
dispõem os incisos X e XII do art. 5" da Constituição da
República.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Claro. E, no
inciso XII, repetiu-se a inviolabilidade quanto ao sigilo da
correspondência; repetiu-se quanto a comunicações
c%>Ke>>?o Q%AU~Z.Q/ &%hj!d
Inq 2.245 1 MG
telegráficas e comunicações telefônicas. Chegamos a
discutir, neste Plenário, se a parte final do preceito
autorizando a quebra pelo Judiciário estaria ligada apenas
às comunicações telefônicas. Admitimos que é possível
quebrar o sigilo de dados por ordem judicial. Agora, não
vejo uma justificativa socialmente aceitável, considerada a
ordem natural das coisas, para se dizer simplesmente: a
Constituição protege a intimidade quanto à comunicação de
dados, mas não a protege quanto aos dados.
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Não protege
quanto aos dados, Ministro, protege nos termos da legislação
infraconstitucional. Protege, sim.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Por isso não
se repetiu, relativamente ao instituto "dados", ao contrário
do que ocorreu quanto ao campo telefônico, o vocábulo
"comunicações". O silêncio é eloquente.
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Por que a
Constituição de 1988 acrescentou "dados"? Porque a velha
Constituição não conhecia ainda o fenômeno da eletrônica
como tal. O que estranharia é que, cuidando de objetos de
&*//,,,, 0Zd,,irn/ o%&x*/
Inq 2.245 1 MG 6 9 2 4 9 7
uma classe (comunicação), a norma constitucional resolvesse
incluir objeto de outra classe, no mesmo inciso.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Mas, ministro,
veja: Vossa Excelência preserva a comunicação de dados, mas
não preserva considerada a intimidade dos próprios dados.
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Não, Ministro.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Desde que se
obtenham esses dados e se divulguem, da forma que se quiser,
e não haja a interrupção na transmissão.
O SENHOR MINISTRO CÃRLOS BRITTO - Quanto mais
que, no caso, não se trata de privacidade, de vida privada
com exclusividade, porque é uma suspeita, que nós vamos
dizer se fundada ou não, de envolvimento de verbas públicas.
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - É isso que me
preocupa, Senhora Presidente. Se a Corte afirma, na
interpretação do inciso XII, que os registros, quaisquer que
sejam, são protegidos pela Constituição e só podem ser
repassados, como objeto, enfim, de acesso, com autorização
r-r 16
Inq 2.245 1 MG
judicial, o Estado vai ter um gravíssimo problema a partir
de hoje.
O SENHOR MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI -
Ministro, data venia, tenho a impressão de que a nossa tese
aqui é mais restrita.
O SENHOR MINISTRO MÃRCO AURÉLIO - AS portas do
Judiciário não estão fechadas ao Estado, ministro.
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Ministro, nós
estamos fixando uma tese.
O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO - Voltemos ao
relatório do eminente Ministro Joaquim Barbosa.
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) -
Nós vamos inviabilizar o Banco Central.
O SENHOR MINISTRO GILFrlAR MENDES - Ministro Cezar
Peluso, eu não tenho dificuldade de continuar a subscrever a
tese que nós assentamos naquele célebre precedente do
Ministro Sepúlveda Pertence. Ali se dizia que havia uma
&+,,,?O dYiG,,,o/ ~ X & W / Inq 2.245 1 MG
ordem judicial para a busca e apreensão de computadores, e
se sustentava que os dados contidos no computador não
poderiam ser revelados, porque estariam cobertos por essa
ressalva. E nós dissemos não, porque, na verdade, hoje, os
computadores armazenam esses dados, são arquivos, são
armários. Foi isso o que nós dissemos. Esta é uma outra
questão. Nós não estamos a mudar a tese. Estamos a dizer que
o Banco Central não pode fornecer dados a requerimento do
Ministério Público. Essa é uma outra questão. São duas
questões. Eu entendo separado. E, quanto ao fundamento, a
rigor, eu não me balançaria a discutir o tema à luz do
inciso XII; eu discutiria à luz do inciso X. Claro.
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Mas, Ministro,
à luz do inciso X é mais simples de resolver.
O SENHOR MINISTRO GIiJUUl MENDES - Sim, mas eu
continuo a entender que a matéria estava submetida a reserva
de jurisdição.
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Porque todos
estes bens do inciso X, a despeito da proteção
r,
Inq 2.245 1 MG
constitucional, estão sujeitos a restrições no âmbito
infraconstitucional.
O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES - Sim, claro.
Evidente.
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Portanto, a
intimidade é preservada nos termos em que a legislação
constitucional o faz.
Ora, se vem uma lei complementar e dispõe que o
Banco Central, para cumprir suas funções, tem de ter acesso
aos dados, como vamos dizer que esteja proibido pela
cláusula constitucional?
O SENHOR MINISTRO RICARDO LEWANWWSKI - NO
exercício da fiscalização, ele tem acesso aos dados.
O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES - Nós estamos
com uma questão para ser decidida no Plenário da Receita
Federal; a Lei Complementar de que cuida a questão do sigilo
fiscal e do acesso ao sigilo bancário. Nós não nos
pronunciando sobre isso ainda. É exatamente essa a questão.
k+
TRIBUNAL PLENO
INOUERITO 2.245-4 MINAS GERAIS
A Sra. Ministra Ellen Gracie (Presidente) - Senhores Ministros, estamos tratando aqui exclusivamente desta questão: requisição pelo Procurador-Geral da República.
Diz o eminente Relator que os dados constantes desses relatórios do Banco Central já foram entranhados aos autos por outras formas, seja pela autorização deferida pela CPMI, seja por autorização judicial deferida pelo Ministro Nelson Jobim e por Sua Excelência. Portanto, esta seria uma questão superada.
O que o Plenário tem de definir - e essa a minha incumbência no conduzir os trabalhos - é afinal, se estabelecido eventualmente o prejuízo desta prova trazida aos autos mediante requisição do Senhor Procurador-Geral, ela contamina a denúncia naquilo em que baseada exclusivamente nesses dados.
Então, isso é o que interessa que nós solucionemos para encaminhamento da sessão.
Ministro-Relator, ouço Vossa Excelência. A denúncia é baseada exclusivamente nesses relatórios para efeito de promover imputação ao acusado A, b ou C, ou também se ampara em outros
O Senhor Ministro Joaquim Barbosa (Relator) - Evidentemente que não, Senhora Presidente.
Basta que voltemos atrás, há dois anos. Os fatos que deram origem a essa investigação vieram a público - se não me engano - em junho, imediatamente o Congresso começou a investigar. O Procurador- Geral, possivelmente, requereu.
Inq 2.245 / MG 312532
i
Eu não tenho essas datas precisas, mas posso precisar que, no mês de julho, o inquérito chegou a esta Corte, e a decisão tomada pelo então Presidente faz alusão expressa - como já disse e li aqui diversas vezes - a uma convalidação, a uma ratificação, pelo Supremo Tribunal Federal, de decisões de quebras decididas pela CPMI. Essas decisões tomadas aqui ratificavam, convalidavam essas provas.
Não vejo em que sentido possa se dar essa contaminação.
O Senhor Ministro Marco Aurélio -Vossa Excelência me permite? O argumento calcado na decisão do ministro Nelson Jobim diz respeito a segunda preliminar.
O Senhor Ministro Carlos Britto -Número cinco.
O Senhor Ministro Celso de Mello - Sim, "(5) autorizaçáo para compartilhamento (. . .)".
O Senhor Ministro Carlos Britto - Isso. "De todas as informações bancárias já obtidas".
O Senhor Ministío Celso de Mello - Mas a questão não é essa. Ao icontrario, é outra, consistente em saber se o eminente Procurador-Geral da República pode, ou não, apoiar, legitimamente, a sua denúncia, nela deduzindo as várias imputações penais, com base em prova que resultou do atendimento, pelo Banco Central do Brasil, de requisição direta que Sua Excelência dirigiu a essa autarquia federal.
O Senhor Ministro Carlos Britto exclusivame mente.
O Senhor Ministro Joaquim Barbosa (Relator) - Os itens 4 e 5 da decisão do Ministro Nelson Jobim dizem o seguinte:
"(4) a extensão do afastamento do sigilo bancário das empresas DNA Propaganda Ltda. E
a
Inq 2.245 Í MG
SMP&B Comunicação Ltda., de MARCOS VALÉRIO FERNANDES DE SOUZA e sua esposa RENILDA MARIA SANTL4GO FERNANDES DE SOUZA, desde janeiro de 1998 até a presente data.
(5) autorização para compartilhamento de todas as informações bancárias já obtidas pela CPMI dos 'Correios', "
,
O Senhor Ministro Celso de Mel10 - E a requisição do eminente Procurador-Geral da República: foi ela posterior ou anterior a essa data?
O Senhor Ministro Joaquim Barbosa (Relator) - Mas só pode ter sido anterior.
0 1 2 5 0 4
TRIBUNAL PLENO
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS TRIBUNAL PLENO
O SR. MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI - Senhora
Presidente, mantém o meu voto.
Eu queria de viva voz manifestar a minha profunda
preocupação com o seguinte problema: na possibilidade aventada, com
todo respeito, de se quebrar o sigilo fiscal, telefônico e bancário
e depois buscar-se uma ratificação, uma autorização judicial.
Lamentavelmente, temos tido notícias que, nos Últimos tempos, existe
algumas práticas nesse sentido, a meu ver, altamente condenáveis, em
que determinadas autoridades - sobretudo no que tange ao sigilo
telefônico - primeiro, quebram o regulamento do sigilo e, depois,
vão buscar autorização.
Quero afirmar, com todas as letras, em alto e bom som,
que a ratificação a gosteriori de um ato dessa natureza não
convalesce essa prova; quero firmar uma posição, um ponto de vista.
Essa prova fica irremediavelmente maculada.
Pelo contexto, enfim, dentro desse conjunto probatório
que se formou nestes autos, com OS esclarecimentos prestados pelo
Ing 2.245 / MG íi125Q J
eminente Relator, entendo que a prova foi colhida adequadamente,
licitamente e pode ser, portanto, contemplada de forma válida.
Obs.: Texto sem revisão ( $ 4Q do artigo 96 do RISTF)
23/08j2007 TRIBUNAL PLENO
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES - Na verdade, o
Ministro Nelson Jobim usou a expressão ratificar porque estava a
apreciar o ato do juiz de primeiro grau, que afirmamos competente,
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - A segunda
preliminar, não a sexta
O SENüOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - Não é
apenas isso. Eu já alinhei uma série de decisões do Ministro Nelson
Jobim.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - EU, por exemplo,
elogiei a organicidade do voto do relator, mas, nete ponto tiro o
elogio.
Inq 2.245 / MG
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - Ele
disse isso em mais quatro outras decisões.
O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES - Não, parece que
estamos discutindo e a dizer a mesma coisa.
A SRA. MINISTRA ELLEN GRACIE (PRESIDENTE) - Gostaria
de consultar ao Ministro Eros Grau se mantém o primeiro voto ou o
segundo voto reajustado?
O SENHOR MINISTRO EROS GRAU: - O voto reajustado.
Entendo ilícita a prova. Não vou reabrir a discussão.
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - Ministro
Eros Grau, qual a prova? Eu preciso saber porque, depois, tenho que
desentranhar essa prova dos autos.
O SENHOR MINISTRO EROS GRAU: - Essa prova que foi
obtida.
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - Qual a
prova?
Inq 2.245 / MG
312508 O SENHOR MINISTRO EROS GRAU: - Eu nào tenho as folhas
dos autos, aqui
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - Peça,
por favor. Temos que racionalizar os trabalhos.
O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES - Parece-me que o
assunto estava encaminhado. Ministro Joaquim Barbosa, todos nós
estamos de acordo que, tendo havido a quebra, seja por decisão
judicial, seja por decisão da CPMI, esta discussão está prejudicada.
O problema é que, no voto de Vossa Excelência, isso foi apresentado
como uma preliminar autônoma quanto à requisição feita pelo
Procurador-Geral. E é sobre isso que estamos a manifestar. Tanto é
que assim foi o meu voto, o do Ministro Marco Aurélio, o do Ministro
Celso de Mel10 e, agora, o reajuste e, também, do Ministro Ricardo
Lewandowski. Tão somente isso.
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) -
Ministro, eu disse, aqui, que há uma forte probabilidade de que esta
suposta prova, ou seja, esses relatórios do Banco Central tenham
sido juntados a estes autos não apenas em decorrência de um pedido
do Procurador-Geral, mas também em decorrência das diversas quebras
que houve.
Inq 2.245 / MG
O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES - Estamos concordando
com isso.
O SENHOR MINISTRO EROS GRAU: - Vossa Excelência me
permite? Então, cabe a Vossa Excelência, o Relator, e não a mim
identificá-las.
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - Não.
Vossa Excelência está determinando a retirada de uma determinada
prova.
O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO - Creio que o evolver
da discussão amadureceu o pensamento da Corte.
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - Porque,
hoje, eu ouvi aqui que está prejudicada a questão.
A SRA. MINISTRA ELLEN GRACIE (PRESIDENTE) - É uma
questão que está prejudicada.
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - Se está
prejudicada, não precisamos mais discutir.
Inq 2.245 / MG
O SENHOR MINISTRO EROS GRAU: - É toda prova obtida
pelo Ministério Público Federal, diretamente, junto ao Banco
Central.
O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES - É só i 7-
O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO: Todos nós
discutimos, os votos divergentes analisaram a questão sobre essa
perspectiva, exatamente como observou o Ministro GILMAR MENDES,
porque Vossa Excelência, no voto, destacou, de modo autônomo, essa
questão. Então, a questão que respondemos era esta: é licita a prova
resultante do atendimento, pelo Banco Central do Brasil, à
requisição emanada do eminente Procurador-Geral da República,
tratando-se de dados revestidos e impregnados de sigilo? E, sob esse
aspecto, é evidente que os votos divergentes entendem que não era
licito ao Banco Central atender a tal requisição, mas, com os
debates, esclareceu-se que exatamente esses elementos já estão nos
autos, já foram produzidos nos autos, porque emanados de órgão
constitucionalmente competente para, tanto quanto o Poder
Judiciário, decretar a quebra do sigilo bancário, ou seja, a
Comissão Parlamentar Mista de Inquérito.
Então, sob esse aspecto, tenho a impressão de que,
obviamente, fica prejudicada a discussão, mas discussão que se
justificou em face exatamente da suscitação autônoma dessa
controvérsia no voto de Vossa Excelência.
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - Está
bem. Então, está prejudicada?
O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO - Está prejudicada a
preliminar.
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - Se está
prejudicada, encerrada a discussão.
23/08/2007
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
TRIBUNAL PLENO
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Presidente, proferi
voto a partir dos dados constantes do voto de Sua ~xcelência, o
ministro Joaquim Barbosa. Elogiei até mesmo a organicidade desse
voto e disse, há pouco, que me sinto forçado a mitigar o elogio.
Eis os dois fundamentos lançados pelo ministro Joaquim
Barbosa para refutar a preliminar: o primeiro, que o Ministério
Público teria requerido os dados ao Banco Central; o segundo, que,
mesmo se alijando essa possibilidade, os dados teriam sido
requeridos pela Comissão Parlamentar de Inquérito. São os dois
únicos argumentos do voto de Sua Excelência. Agora, Sua Excelência
pega gancho na fundamentação para a rejeição da segunda preliminar.
Para mim, o fato de a Comissão Parlamentar de
Inquérito haver logrado os dados não é relevante, porque estou aqui
a me manter coerente com o que sustentei na Primeira Turma: a
impossibilidade de o Banco Central obter esses dados, ter o domínio
desses dados. Não confundo a atuação fiscalizadora do Banco Central
quanto as instituições financeiras com a privacidade
correntistas.
Então, mantenho o voto.
23/08/2007 TRIBUNAL PLENO
1
O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES - Senhora Presidente,
tenho impressão de que a nossa manifestação, diante do
esclarecimento do Relator, vai ficar como obiter dictum, pelo menos
no nosso caso.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Agora, se Sua
Excelência consigna no voto, consigna nas notas taquigráficas que
esses mesmos dados foram logrados mediante autorização de órgão
investido do oficio judicante, evidentemente, não concluo pelo
acolhimento da preliminar.
O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES - Sim. Porque, como
ela veio como preliminar autônoma, mas, diante dos esclarecimentos,
acredito que a nossa manifestação fica como obiter dicta.
3i1 O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Sua Excelência,
então, assevera que órgão judicial teria obtido esses dados.
A SRA. MINISTRA ELLEN GRACIE (PRESIDENTE) - VOU
proclamar o resultado e peço aos Colegas que acompanhem porque é uma
discussão bastante extensa que foi travada ainda que em obter dictum
e que vai ficar nos anais da Casa para o futuro.
O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO: Senhora Presidente,
perdoe-me.
Novamente, no voto do eminente Ministro JOAQUIM
BARBOSA há certas premissas às quais não posso aderir quando Sua
Excelência diz:
"Essa remessa ao Ministério Público, que abarca documentos sigilosos, independe de autorização judicial. "
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - Se a
questão está prejudicada, do meu voto não vai constar nada.
23/08/2007
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
TRIBUNAL PLENO
O SENHOR MINISTRO MÃRCO AURÉLIO - Presidente, se os
Colegas que me antecedem permitirem, gostaria de adiantar o voto, já
que tenho agenda no Tribunal Superior Eleitoral.
A SRA. MINISTRA ELLEN GRACIE (PRESIDENTE) - Ministro,
era minha intenção encerrar esta sessão agora e continuarmos o
julgamento amanhã. Mas Vossa Excelência tem a palavra.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Presidente, entendo
que a denúncia, tal como confeccionada, atende ao disposto no artigo
41 do Código de Processo Penal. Conta com a narração das
circunstâncias da prática dita criminosa. Trata-se de situação
concreta em que há o envolvimento de uma pessoa jurídica, e,
conforme as normas de regência, a responsabilidade é dos
administradores.
Evidentemente, na denúncia, não cabia precisar o ato
que cada qual dos denunciados teria praticado, bastando,
simplesmente, considerar-se a atividade desenvolvida pela
instituição financeira e apontar-se, como responsáveis, os
administradores, tal como previsto no estatuto do Banco.
Não subscrevo o transporte do princípio segundo o
qual, na dúvida, decide-se em benefício da sociedad
próprio aos processos da competência do Tribunal do
caso concreto. Continuo entendendo que o recebimento
s T F 102.002
pressupõe existirem indícios - mas indícios realmente configurados -
de autoria e consubstanciarem os fatos narrados na peça primeira da
ação penal o tipo previsto na legislação.
Tenho apenas uma dúvida: o artigo 4 * da Lei nQ
7 . 4 9 2 / 8 6 cogita de dois tipos. Um, tendo em conta elemento
subjetivo, a fraude: gerir fraudulentamente instituição financeira;
com apenação de três a doze anos de reclusão e multa. E o outro, a
gestão temerária, tipo diverso do parágrafo Único do mesmo artigo,
que prevê balizamento da pena de dois a oito anos de reclusão e
multa - uma pena, portanto, de gradação menor.
Creio que, nesta fase de recebimento da denúncia, não
cabe definir o tipo, existentes figuras contempladas no Código de
Processo Penal para modificação. Por isso, não assevero, de
imediato, a culpabilidade dos envolvidos - não cabe, aqui, concluir
pela culpabilidade, a demonstração estará a cargo do Ministério
Público - e também não procedo à classificação, em termos
peremptórios, considerados os fatos narrados na denúncia.
Voto recebendo, nesses termos, a peça do Ministério
Público.
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - Senhora
Presidente, recebi a denúncia tal como proposta, tal como formulada
pelo Procurador-Geral.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - É
compelidos a acolher, sem ponderação, a
2
pelo Ministério público, que é parte na ação. Deixo em aberto o
enquadramento - como gestão fraudulenta ou como gestão simplesmente
temerária -, para definição posterior. ,
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - Essa
reclassificação pode ser feita ulteriormente.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Receio que o
Tribunal, batendo o martelo, a esta altura, em termos da
configuração do primeiro tipo, que é mais gravoso, a gestão
fraudulenta, sinta-se posteriormente comprometido com esse
enquadramento. Por isso deixo em aberto.
A SRA. MINISTRA ELLEN GRACIE (PRESIDENTE) - Vossa
Excelência deixa em aberto também o parágrafo único?
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Sim, porque os tipos
estão próximos, não há a menor dúvida, mas existe diferença
substancial quanto à pena. É claro que o Ministério Publico concluiu
pelo enquadramento no tipo mais gravoso.
A SRA. MINISTRA ELLEN GRACIE (PRESIDENTE) - Podendo
ser desclassificado.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Mas isso acho que
não muda muito, o importante é definirmos se
denúncia.
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM
classificação pode ser feita
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - E 6 até importante
que os denunciados se defendam do crime mais grave, para,
eventualmente, se ficarem provados os fatos, possam ser
desclassificados para crime menos grave.
23/08/2007
INOUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
012519
TRIBUNAL PLENO
VOTO (S/ ITEM V DA DENÚNCIA)
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Senhora
Presidente, a denúncia, especificamente neste caso, imputa
responsabilidade àqueles que, sob nomes técnicos, algo
difíceis - Responsabilidade pelo Comitê de Prevenção -,
integravam, a esse título indiscutível, conforme os cargos
respectivos descritos na denúncia, a administração do banco.
E a sua responsabilidade vem admitida em vários
passos. Cito alguns. A Senhora Kátia Rabello, Presidente,
diz: "Então, a nossa decisão, ( . . . ) a minha decisão e dos
meus pares ( . . . ) foi tentar negociar com o devedor". Isto é,
a própria presidente admite a responsabilidade de todos.
Um pouco mais à frente, outro depoente, o Senhor
Guilherme Rabelo fala: "a Diretoria ( . . . ) , mas provavelmente
José Roberto Salgado participou da conversas, etc. "A
diretoria passou a renovar os empréstimos, etc."
Então, não há dúvida de que, por indícios, houve
envolvimento de todas as pessoas declinadas.
As acusações foram de que houve dezenove
negócios jurídicos, num valor total de cerca de trezentos
milhões de reais, o que torna surpreendente que a presidente
r'
&@nw,m &/;Gc/eto/ &2di/cnd Inq 2.245 1 MG
tenha dito, em relação a um desses empréstimos, que, pelo
valor, o negócio não teria chegado a sua alçada. Eram
trezentos milhões envolvidos em todos os negócios!
Dificilmente se pode dizer, nesta fase do inquérito, que tal
valor passasse despercebido ou não fosse da alçada da
diretoria.
Os fatos descritos se resumem na concessão e na
renovação de empréstimos, e aqui, sim, o elemento da fraude
que foi imputado: com transmutação ou classificação
aparentemente dolosa e errônea dos riscos dos negócios. 0s
riscos foram avaliados na categoria 'A" e, em alguns deles,
em v&qt, , mas foram todos rebaixados pelo Banco Central para
"H". Não é possível dizer que isso tenha sido mero acaso. E
em todos esses negócios verificou-se falta de pagamento, de
amortização, com renovações sucessivas e incompatíveis com a
capacidade financeira dos devedores. Isso também consta
textualmente de várias passagens. Faço referência a algumas:
"O valor de empréstimo (R$ 19 milhões), no entanto, era incompatível com a capacidade financeira da empresa, considerando seu volume anual de receita (R$ 1 0 , 6 milhões) e geração de caixa (R$ 2 milhões)" - a frente, há outros e1 emen tos que corroboram.
. . . ) os empréstimos foram classificados como 'rating' (depoimento de Godinho) AA, o que evitou a contabilização do provisionamento das renovações ocorridas a cada 90 dias,
YS
r. G ~ " , / B W ~ ddc,om.L &A,,,!
Inq 2.245 / MG 6 1 2 5 2 1
independentemente de pagamento ou amortização, (. . . ) Que, pela Resolução do BACEN, a situação dos empréstimos do PT e SMPB exigia uma reclassificação do 'rating' em função da falta de pagamento de amortização/amortização; "
Risco elevadíssimo de inadimplemento, também
objeto de elementos indiciários nos autos. E diz aqui o
relatório do Banco Central:
"O risco da empresa junto ao Banco Rural aumentou consideravelmente nos ú1 timos dois anos, passando de R$ 6,8 milhões em fev/03 para R$ 2 5 , 3 (fev/04) e R$ 36 milhões (mar/05) . "
Um pouco mais adiante, não se identificou
nenhuma garantia de crédito, nem recebimento total ou
parcial dos recursos que deveriam ser creditados em
pagamento etc. Não há prova de transferência. O Banco
Central não identificou nenhuma transferência de tais
créditos em pagamento, tendo por resultado final - isto é
grave :
"Com este procedimento, a instituição gera um resultado fictício, elevando patrimônio (PR) , com conseqüente aumento dos limites operacionais (Basiléia, Imobilização, etcl . "
Conclusão, ainda, do Banco Central no seu
relatório: de tudo, resultam P 3
C. &fiemo ~A,duwo/ d%Azc,!
Inq 2.245 1 MG
. . . ) indícios de desvio de recursos do Banco para empresas pertencentes ou ligadas ao Controlador Conglomerado Financeiro Rural; transferência de ativos para fundo de direitos credi tórios administrado pelo Banco Rural; "
Em outras palavras: desvio que não tem conotação
de ato culposo, mas de ato doloso que caracteriza o
resultado da fraude que é imputada.
Para finalizar, Senhora Presidente, é preciso
fazer breve observação sobre a necessidade, ou não, de
individualização de comportamentos na denúncia, coisa que
este Tribunal tem reconhecido, indiscutivelmente.
0s fatos do mundo real, na sua materialidade
bruta, podem ser suscetíveis de múltiplos ângulos de
avaliação mediante enfoques pessoais e científicos. O mesmo
fato pode servir de objeto a uma avaliação de caráter
sociológico, etc. O Direito também se apropria de certos
fatos, não na sua materialidade total, no seu contexto
histórico real total, mas por recorte, retirando aquilo que
lhe interessa.
Ora, a acusação de que se trata de gestão
fraudulenta não exige descrição de atos minuciosos, de atos
pontuais: o Senhor Fulano de Tal, no dia tal, as tantas
horas, fez isso; o Senhor Fulano de Tal, no dia tal, as
~%/N&iiiO &;%IA'7?C?d &d-L Inq 2.245 1 MG
tantas horas, deixou de fazer aquilo. Isso é incompatível
com a natureza do fato típico. Aqui, é a gestão sob ângulo
de apreciação completamente diferente. E resulta em quê?
Resulta em que a acusação é clara e permite ampla defesa,
porque o que se imputa aos acusados é que, mediante a fraude
de classificação fictícia dos riscos dos negócios,
permitiram esse elevado endividamento que implicou o desvio
anunciado pelo Banco Central.
Para que se defendam desse fato basta que, com
base nos registros do Banco, se prove que nenhum desses
fatos ocorreu. Não se precisa saber que, em determinado dia,
a uma determinada hora, alguém teria feito algo ou deixado
de fazer algo. Em outras palavras: não vejo, neste caso, a
necessidade - até porque isso seria impossível, sobretudo
nesta fase - de individualizar conduta. Importa é que foram
atribuídos aos dirigentes do Banco fatos globais que
implicam acusação de gestão fraudulenta, a qual pode ser
elidida mediante prova - até documental - de que as
reclassificações não ocorreram; que não houve nenhuma
dificuldade de amortização e de pagamento, etc; e que,
portanto, não houve nenhum desvio.
Recebo a denuncia exatamente nos termos do
eminente Relator. m
EXTRATO DE ATA
INQUÉRITO 2.245-4 PROCED.: MINAS GERAIS RELATOR : MIN. JOAQUIM BARBOSA AUTOR (A/s) (ES) : MINISTÉRIO P ~ L I C O FEDERAL DNDO. (A/s) : JOSÉ DIRCEU DE OLIVEIRA E SILVA ADV. (A/S) : JOSE LUIS MENDES DE OLIVEIRA LIMA E OUTROS DNDO . (A/s) : JOSE GENOÍNO NETO ADV. (A/S) : SANDRA MARIA GONÇALVES PIRES E OUTROS DNDO. (A/S) : DEL~IO SOARES DE CASTRO ADV. (A/S) : CELSO SANCHEZ VILARDI E OUTRO(A/S) DNDO. (A/S) : SÍLVIO JOSE PEREIRA ADV. (A/s) : GUSTAVO HENRIQUE RIGHI IVAHY BADARÓ E OUTROS DNDO.(A/S): MARCOS VALERIO FERNANDES DE SOUZA ADV. (A/S) : MARCELO LEONARDO E OUTROS DNDO . (A/S) : RAMON HOLLERBACH CARDOSO ADV. (A/S) : HERMES VILCHEZ GUERRERO E OUTROS DNDO . (A/S) : CRISTIANO DE MELLO PAZ ADV. (A/s) : CASTELLAR MODESTO GUIMARÃES FILHO E OUTROS DNDO. (A/s) : ROGÉRIO LANZA TOLENTINO ADV. (A/s) : PAULO SERGIO ABREU E SILVA DNDO.(A/S) : SIMONE REIS LOBO DE VASCONCELOS ADV. (A/S) : MARCELO LEONARDO DNDO. (A/S) : GEIZA DIAS DOS SANTOS ADV. (A/s) : PAULO SÉRGIO ABREU E SILVA DNDO. (A/S) : KÃTIA RABELLO ADV. (A/S) : THEODOMIRO DIAS NETO E OUTROS DNDO. (A/S) : JOSE ROBERTO SALGADO ADV. (A/s) : MAUR~CIO DE OLIVEIRA CAMPOS JÚNIOR E OUTROS DNDO. (A/s) : VINÍCIUS SAMARANE ADV. (A/s) : JOSE CARLOS DIAS E OUTRO (A/s) DNDO. (A/S) : AYANNA TENÓRIO TORRES DE JESUS ADV. (A/s) : MAURÍCIO DE OLIVEIRA CAMPOS &IOR E OUTROS DNDO . (A/s) : JOÃO PAULO CUNHA ADV.(A/S): ALBERTO ZACHARIAS TORON E OUTRA DNDO. (A/S) : LUIZ GUSHIKEN ADV. (A/S) : JOSE: ROBERTO LEAL DE CARVALHO E OUTROS DNDO. (A/S) : HENRIQUE PIZZOLATO ADV.(A/S): -10 DE OLIVEIRA FILHO E OUTROS DNDO.(A/S): PEDRO DA SILVA CORRÊA DE OLIVEIRA ANDRADE NETO ADV. (A/s) : EDUARDO ANTONIO LUCHO FERRÃO E OUTRO (A/s) DNDO . (A/S) : JOSE MOHAMED JANENE
ADV.(A/S): MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA E OUTROS DNDO. (A/s) : PEDRO HENRY NETO ADV. (A/S) : JOSÉ ANTONIO DUARTE ALVARES E OUTRO DNDO.(A/S): JOÃO cLÁUDIO DE CARVALHO GENU ADV.(A/S): MARCO ANTONIO MENEGHETTI E OUTROS DNDO. (A/S) : ENIVALDO QUADRADO ADV. (A/s) : PRISCILA CORRÊA GIOIA E OUTROS DNDO.(A/S): BRENO FISCHBERG ADV.(A/S): LEONARDO MAGALHÃEs AVELAR E OUTROS DNDO. (A/S) : CARLOS ALBERTO QUAGLIA ADV. (A/S) : DAGOBERTO ANTORIA DUFAU E OUTRA DNDO . (A/S) : VALDEMAR COSTA NETO ADV. (A/s) : MARCELO LUIZ ÁVILA DE BESSA E OUTRO(A/S) DNDO. (A/S) : JACINTO DE SOUZA LAMAS ADV. (A/s) : DBLIO LINS E SILVA E OUTRO(A/S) DNDO. (A/S) : ANTONIO DE PÁDUA DE SOUZA LAMAS ADV. (A/s) : DÉLIO LINS E SILVA E OUTRO (A/s) DNDO.(A/S) : CARLOS ALBERTO RODRIGUES PINTO (BISPO RODRIGUES) ADV. (A/S) : MARCELO LUIZ ÁvILA DE BESSA E OUTROS DNDO . (A/S) : ROBERTO JEFFERSON MONTEIRO FRANCISCO ADV.(A/S): LUIZ FRANCISCO CORRÊA BARBOSA DNDO. (A/S) : EMERSON ELOY PALMIERI ADV.(A/S): ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS E OUTRA DNDO. (A/S) : ROMEU FERREIRA QUEIROZ ADV. (A/S) : JOSÉ ANTERO MONTEIRO FILHO E OUTRO (A/S) DNDO . (A/s) : JOSÉ RODRIGUES BORBA ADV. (A/s) : INOCÊNCIO MARTIRES COELHO E OUTRO DNDO. (A/s) : PAULO ROBERTO GALVÃO DA ROCHA ADV. (A/S) : M ~ C I O LUIZ SILVA E OUTRO (A/S) DNDO.(A/S) : ANITA LEOCÁDIA PEREIRA DA COSTA ADV.(A/S): LUÍS MAXIMILIANO LEAL TELESCA MOTA DNDO.(A/s): LUIZ CARLOS DA SILVA (PROFESSOR LUIZINHO) ADV. (A/S) : &CIO LUIZ SILVA E OüTROS DNDO. (A/S) : JOÃO MAGNO DE MOURA ADV. (A/S) : OLINTO CAMPOS VIEIRA E OUTROS DNDO . (A/S) : ANDERSON ADAUTO PEREIRA ADV. (A/S) : CASTELLAR MODESTO GUIMÃRÃES FILHO E OUTRO (A/S) DNDO. (A/s) : JOSÉ LUIZ UVES ADV. (A/s) : CASTELLAR MODESTO GUIMARÃES FILHO E OUTRO (A/s) DNDO. (A/s) : JOSÉ EDUARDO CAVALCANTI DE M ~ O N Ç A (DUDA MENDONÇA) ADV. (A/S) : TALES CASTELO BRANCO E OUTROS DNDO. (A/S) : ZILMAR FERNANDES SILVEIRA ADV. (A/S) : TALES CASTELO BRANCO E OUTROS
Decisão: Preliminarmente, verificada as ausências dos advogados constituídos pelos denunciados Enivaldo Quadrado, Carlos Alberto Quaglia, Breno Fischberg e José Rodrigues Borba, a
Presidência, valendo-se da prerrogativa estabelecida pelo parágrafo Único do artigo 265 do Código de Processo Penal, nomeou, como defensores substitutos dos referidos denunciados, tão-só para o efeito de representação neste ato de apreciação da denúncia oferecida pelo Procurador-Geral da República, os respectivos advogados, Doutores Antônio Nabor Areias Bulhões, Roberto Rosas, José Guilherme Villela e Pedro Gordilho. Superada essa questão, a Presidente do Tribunal, Ministra Ellen Gracie, informou o Tribunal que indeferiu requerimento de adiamento da sessão formulado pelo Dr. Dagoberto Antoria Dufau, representando o denunciado Carlos Alberto Quaglia e, ainda, que deferiu requerimento do Senhor Procurador- Geral da República, para conceder-lhe uma hora de sustentação oral, dada a extensão e complexidade da denúncia, bem como o grande número de denunciados. Em seguida, apreciando requerimento do advogado Dr. Délio Lins e Silva, no sentido de que lhe sejam deferidos 30 minutos para sua sustentação oral, uma vez que tem a seu cargo a defesa de Jacinto de Souza Lamas e Antonio de Pádua de Souza Lamas, o Tribunal, por maioria, vencido o Senhor Ministro Marco Aurélio, resolveu questão de ordem para deferir prazo em dobro aos defensores que representam dois acusados. Submetido ao Plenário o requerimento do Dr. Luiz Francisco Corrêa Barbosa, advogado do denunciado Roberto Jefferson Monteiro Francisco, no sentido de que, após cada sustentação oral, tanto do Procurador-Geral da República, como da defesa respectiva, se siga o julgamento denunciado por denunciado, e não em bloco, o Tribunal, por unanimidade, indeferiu o pedido. Por maioria, o Tribunal superou o reparo feito pelo Senhor Ministro Marco Aurélio quanto ao defensor constituído que não apresentou defesa escrita por perda de prazo. Votou a Presidente. Ante o registro da presença, na sessão, da Dra. Priscila Corrêa Gióia, representando os denunciados Enivaldo Quadrado e Breno Fischberg, foram desconstituídos os Doutores Antônio Nabor Areias Bulhões e José Guilherme Villela. Após o relatório, a manifestação do Ministério Público Federal, pelo Dr. Antônio Fernando Barros e Silva de Souza, Procurador-Geral, e as sustentações orais, pelos denunciados José Dirceu de Oliveira e Silva, do Dr. José Luís Mendes de Oliveira Lima; José Genoíno Neto, do Dr. Luiz Fernando Sá e Souza Pacheco; Delúbio Soares de Castro, do Dr. Arnaldo Malheiros Filho; Sílvio José Pereira, do Dr. Sérgio Salgado Ivahy Badaró; Marcos Valério Fernandes de Souza e Simone Reis Lobo de Vasconcelos, do Dr. Marcelo Leonardo; Ramon Hollerbach Cardoso, do Dr. Hermes Vilchez Guerrero; Cristiano de Mel10 Paz e Romeu Ferreira Queiroz, do Dr. José Antero Monteiro Filho; Rogério Lanza Tolentino e Geiza Dias dos Santos, do Dr. Paulo Sérgio Abreu e Silva; Kátia Rabello e José Roberto Salgado, do Dr. José Carlos Dias; Vinícius Samarane, do Dr. Rodrigo Octávio Soares Pacheco; Ayama Tenório Tôrres de Jesus, do Dr. Theodomiro Dias Neto; João Paulo Cunha, do Dr. Alberto Zacharias Toron; Luiz Gushiken, do Dr. José Roberto Leal; Pedro da Silva
Corrêa de Oliveira Andrade Neto e José Mohamed Janene, do Dr. Marcelo Leal de Lima Oliveira; Pedro Henry Neto, do Dr. José Antônio Duarte Álvares; Henrique Pizzolato, do Dr. Mário de Oliveira Filho e, por João Cláudio de Carvalho Genú, o Dr. Mauricio Maranhão de Oliveira, foi o julgamento suspenso. Plenário, 22.08.2007.
DecisHo: Dando seguimento às sustentações orais, hoje falaram, pelos denunciados Valdemar Costa Neto e Carlos Alberto Rodrigues Pinto (Bispo Rodrigues), o Dr. Marcelo Luiz Ávila de Bessa; Jacinto de Souza Lamas e Antônio de Pádua de Souza Lamas, o Dr. Délio Lins e Silva; Roberto Jefferson Monteiro Francisco, o Dr. Luiz Francisco Corrêa Barbosa; Emerson Eloy Palmieri, o Dr. Itapuã Prestes de Messias; Paulo Roberto Galvão da Rocha, o Dr. Márcio Luiz Silva; Anita Leocádia Pereira da Costa, o Dr. Luís Maximiliano Leal Telesca Mota; Luiz Carlos da Silva (Professor Luizinho), a Dra. Roberta Maria Rangel; João Magno de Moura, o Dr. Wellington Alves Valente; Anderson Adauto Pereira e José Luiz Alves, o Dr. Castellar Modesto Guimarães Filho, e, pelos denunciados José Eduardo Cavalcanti de Mendonça (Duda Mendonça) e Zilmar Fernandes Silveira, o Dr. Tales Oscar Castelo Branco. Em seqüência, o Tribunal, por unanimidade, afastou as preliminares. No que diz respeito à preliminar autonomamente suscitada de ilicitude da prova quanto ao encaminhamento, pelo Banco Central, de relatórios bancários por requisição exclusiva do Senhor Procurador-Geral da República, independentemente de ordem judicial, manifestaram-se pela ilicitude os Senhores Ministros Eros Grau, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Marco Aurélio, Celso de Mello e a própria Presidente. Todavia, essa preliminar foi considerada prejudicada, na medida em que os referidos documentos não foram obtidos exclusivamente por essa fonte, mas, ao contrário, por formas regulares de quebra de sigilo, ou seja, por meio da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Correios, de autorização judicial do Presidente do Supremo Tribunal Federal e do próprio relator. Em seguida, após o voto do relator, recebendo a denúncia contra José Roberto Salgado, Ayanna Tenório Tôrres de Jesus, Vinícius Samarane e Kátia Rabello, pela suposta prática do crime previsto no artigo 4 " da Lei no 7.492/1986, do voto do Senhor Ministro Marco Aurélio, que também a recebia, mas sem prejuízo de desclassificação da conduta estabelecida no parágrafo único do artigo 4 " , e do voto Senhor Ministro Cezar Peluso, que acompanhava o relator, foi o julgamento suspenso. Presidência da Senhora Ministra Ellen Gracie. Plenário, 23.08.2007.
Presidência da Senhora Ministra Ellen Gracie. Presentes à sessão os Senhores Ministros Celso de Mello, Marco
Aurélio, Gilmar Mendes, Cezar Peluso, Carlos Britto, Joaquim Barbosa, Eros Grau, Ricardo Lewandowski e Cármen Lúcia.
Procurador-Geral da República, Dr. Antônio Fernando Barros e Silva de Souza.
~uiz' ~omimat su Secretário
0 1 2 5 2 9
TRIBUNAL PLENO
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
À revisão de apartes do Senhor Ministro Joaquim Barbosa (Relatori.
TRIBUNAL PLENO
INQUÉRITO 2.245
(ESCLARECIMENTO S/ ITEM V DA DEN~NCIA)
A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA - Senhora Presidente, peço
apenas um esclarecimento brevíssimo ao Ministro Relator.
Relativamente ao tópico "gestão fraudulenta", acompanho
Vossa Excelência. Mas quero uma informação quanto a Ayanna Tenório, porque
tanto a defesa por ela apresentada quanto a sustentada aqui na tribuna
afirmam, peremptoriamente, que os fatos descritos e alegados dizem respeito
a um período em que ela ainda não estaria no cargo.
Pelo que consegui apurar, poderia ter ocorrido prorrogaç30
de contratos ou até contratos firmados. Não repetirei toda a descrição,
mas, na denúncia, temos (£1. 85):
"As apurações desenvolvidas no âmbito do presente
inquérito, envolvendo a análise de documentação bancdria
e dos processos e procedimentos internos das instituições
financeiras, especialmente sob o enfoque dos supostos
empréstimos às empresas do grupo de Marcos Valério e ao
Partido dos Trabalhadores, descortinaram uma séri e de
ilicitudes que evidenciam que o Banco Rural foi gerido de
forma fraudulenta. "
E, tem-se, ainda (£1. 87):
Ing 2.245 / MG
"Nos termos consignados pelos audi tores do Banco Central,
os dirigentes do Banco Rural efetuaram dezenove operações
de crédito com as empresas de Marcos Valério, Cristiano
Paz, Ramon Hollerbach e Rogério Tolentino, e com o
Partido dos Trabalhadores, totalizando R$ 292,6 milhaes
de reais na data-base de 31/05/2005, correspondente a 10%
da carteira de crédito da instituição.
Das dezenove operações de crédito acima mencionadas, que
não apresentavam a correta classificação do nível de
risco de crédito, oito foram reclassificadas pelo próprio
Banco Central, etc. . . "
Vossa ~xceiência também leu, em seu voto, o depoimento de
Carlos Roberto Sanches Godinho, na condição de superintendente de
Compliance, há sempre referência a José ~ugusto DumOnt, e não a Ayanna, a
sua substituta.
Para acompanhar in totum Vossa Excelência, quero ter a
segurança dos dados aqui arrolados e também do fato constante na defesa, no
sentido de que Ayanna Tenório não estava presente no Banco e no cargo em
todo o período no qual são narrados os fatos da denúncia. De toda a forma,
ela seria dirigente e teria participado, pois ela substituiu José Augusto
Dumont, que é citado o tempo todo.
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - Vossa
Excelência tem a data em que ela ingressou no Banco?
A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA - Na sustentação oral, foi
dito que ela o teria substituído.
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - Nem tudo O
que é dito em sustentação oral deve ser tomado ao pé da letra.
2
A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA - Sim, mas deram datas.
Imagino que esse dado não possa ser alterado.
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - Basta
analisarmos os dados cronológicos dessa questão.
O essencial dos fatos relatados, neste caso, data de
janeiro de 2003 até a eclosão do escândalo, entre maio e junho de 2 0 0 5 .
Seguramente, ela ingressou no Banco em 2004 . Está dito em meu voto que, nos
últimos atos questionados neste inquérito, ela já se encontrava no Banco.
Aliás, ela era diretora de um setor-chave do Banco, o setor de Compliance.
Obs.: Texto sem revisão da Exma Sra. Ministra Cármen Lúcia ( $ 4 * do artigo 96 do RISTF)
24/08/2007
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
TRIBUNAL PLENO
A revisão de apartes dos Srs. Ministros Joaquim Barbosa (Relator), Gilmar
Mendes e Celso de Mello.
A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA - Senhora Presidente, de
toda sorte, realmente, em 2004, ainda houve realização de contratos que
estão na sequência dos atos denunciados.
Razão pela qual - tenho voto escrito, e o juntarei, mas não
vou reler, porque a maior parte dos depoimentos que faço, juntamente com os
textos e os relatórios, já foram citados aqui - também acompanho o Relator.
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATORI - Creio que
precisamos, talvez, dar um pouco mais de importância ou conferir o mesmo
peso ao que dito pelo Relator e ao que dito pelas partes. ~á um
desequilíbrio aqui.
A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA - Por isso pedi um
esclarecimento.
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - Meu voto,
creio, foi bastante claro.
A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA - Meu voto é no sentido
exatamente de acompanhar Vossa Excelência, para receber a denúncia. Pedi o
esclarecimento exatamente para ter segurança.
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - Ontem tivemos
duas horas e meia de debate sobre uma questão suscitada. Poderíamos ter
gasto esse tempo para avançar no julgamento. Debatemos algo que não
precisávamos discutir exatamente por força das sustentações que, aqui,
chegam e nos dizem certas coisas que não correspondem aos dados dos autos.
A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA - ~ ã o . Pelas defesas que foram apresentadas; eu apenas pedi um esclarecimento.
O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES - Ministro Joaquim Barbosa,
discutimos justamente por que Vossa ~xcelência trouxe uma preliminar; s6
por isso.
O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELU): O debate estabeleceu-se em
função de certas premissas que o Relator deixou claramente expostas em seu
voto.
O SENHOR MINISTRO G I W BiENDES - Ministro Joaquim Barbosa,
Vossa ~xcelência trouxe a preliminar no seu voto e autorizava o Ministério
Público a fazer a quebra do sigilo. Vossa Excelência sabe que,
historicamente, não concordamos com isso. Se tivesse dito que a questão já
estava prejudicada, não teríamos nos embrenhado naquela discussão.
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - EU O disse
várias vezes, Ministro Gilmar Mendes, mas não fui ouvido.
Ing 2.245 / MG
O SENHOR MINISTRO GILMAR m E S - NO voto escrito de vossa
Excelência estava escrito que rejeitava porque o Ministério Público
prescindia dessa autorização. Daí eu ter me socorrido da lição do Ministro
Marco Aurélio, na Turma, e, então, termos discutido, porque esta é uma
questão relevante.
A SENEORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA - Acompanho 0 voto do
Relator, no sentido de receber a denúncia contra os denunciados José
Roberto Salgado, Ayana Tenório, Vinícius Samarane e Kátia Rabelo, na forma
exposta, com os fundamentos do Relator.
Obs.: Texto sem revisão da Exma. Sra. Ministra Cármen
Lúcia ( $ 4Q do artigo 96 do RISTF)
' I ?
f$,9,'? . I
2 4 / 0 8 / 2 0 0 7
INQIJÉRITO 2 . 2 4 5 - 4 MINAS GERAIS
DIZ535
TRIBüWG PLENO
VOTO - (S/ITEM V DA DEN~NCIA)
O SENHOR MINISTRO EROS GRAU: - Senhora Presidente,
tenho brevíssima introdução que vale para todos os votos que darei
em todos os itens.
Tenho reiteradamente afirmado, inclusive nesta Corte,
em votos anteriores, o que aprendi com o jusfilósofo argentino
Enrique Mari: o discurso da ordem abrange o lugar da racionalidade -
a lei - e o lugar do imaginário social como controle das disciplinas
das condutas humanas e da sua sujeição ao poder. A racionalidade
veiculada pelo direito positivo, direito posto pelo Estado, pretende
dominar não apenas os determinismos econômicos, mas também os
arroubos emocionais da sociedade, inúmeras vezes insuflados pela
mídia. firmei há alguns anos em artigo que escrevemos, o Professor
~ u i z Gonzaga de Mel10 Belluzzo e eu, para ser publicado na revista
Teoria Política, dirigida por Norberto Bobbio. Condenam-se pessoas
mesmo antes da apuração dos fatos.
Nunca me detive em indagações a respeito das causas
dos linchamentos consumados em um como que tribunal erigido sobre a
premissa de que todos são culpados até provem em contrário. Talvez
seja assim porque muitos sentem a necessidade de punir a si próprios
por serem o que são.
A imprensa livre é por certo indispensável à plena
realização da democracia. Por isso ela há de ser necessariamente
imune a censura. Para que possa esclarecer a sociedade, a quem deve
servir, mesmo porque o titular da imunidade à censura é o povo, não
o proprietário do veículo. A alusão que aqui faço a determinados
desvios, bem determinados, evidentemente não pode ser tido como
desconsideração ou menosprezo, de minha parte, do papel fundamental
desempenhado pela imprensa na democracia. Reporto-me a desvios cuja
substancialidade não pode ser negada.
Mas não me cabe tratar dessa patologia na formulação
do nosso imaginário. Aqui devo cumprir o meu dever, preservando a
minha independência, expressão de atitude firme e serena em face de
influências provenientes do sistema social e do governo.
Independência que permite ao juiz tomar não apenas decisões
contrárias a interesses do governo - quando exige uma Constituição e
a lei -, mas também impopulares, que a imprensa e a opinião pública
não gostariam que fossem adotadas.
A questão da legitimidade do exercício da função
jurisdicional envolve a consideração daqueles dois planos, o da
racionalidade da lei e do imaginário social, cabendo sim ao
magistrado, no Estado de Direito, considerar as manifestações desse
imaginário, sem, contudo, permitir que a ética da legalidade seja
tragada pela emoção coletiva, que pode conduzir não apenas aos
linchamentos, mas a indiferença face ao desprezo autoritário pelos
chamados direitos fundamentais. Para isto existem os princípios e as
regras jurídicas, para assegurar que o devido processo legal seja
observado também quando o reclame quem não mereça a nossa simpatia.
Ing 2.245 / MG
A sociedade e mesmo a imprensa não o sabem, mas o
magistrado independente é o autêntico defensor de ambos. É mercê da
prudência do magistrado independente que não resultam tecidas
plenamente, por elas mesmas, as cordas que as enforcarão, as elites
e a própria imprensa.
Senhora Presidente, com relação a este item, recebo a
denúncia. O artigo 25 da Lei nQ 7.492, conforme demonstrado pelo
eminente Ministro-Relator, atribui uma responsabilidade objetiva.
Acompanho o voto do eminente Ministro-Relator, nesse
item, recebendo a denúncia.
24/08/2007
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
VOTO -
(S/ITEM V DA DENÚNCIA)
TRIBUNAL PLENO
O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO - Senhora Presidente,
ouvi atentamente o relatório do eminente Ministro Joaquim Barbosa,
nessa parte segmentada, destacada da imputação. Li o texto que Sua
Excelência nos apresentou e hoje, pela manhã, tive ocasião de passar
em revista os principais fundamentos do voto de Sua Excelência, o
Ministro-Relator.
Convenço-me, também, de que houve indício, ou de que
há indícios fortes de gestão fraudulenta de modo a caracterizar,
pelo menos nesse juizo de admissibilidade da denúncia, que é um
juizo prefacial, delibatório, de modo a autorizar a presença do
chamado fumus del ic t i , suficiente para que eu me pronuncie no
sentido do recebimento da denúncia.
Entendo que, no caso, esse fumus del ic t i , ainda mais
se adensa se considerarmos que já houve uma operação com esse tônus
ruinoso de que fala o relatório e o laudo do Banco Central, já em
1998. Parece que o mesmo banco incidiu aí numa prática já denunciada
como de alto risco para a saúde financeira da instituição.
i Inq 2.245 / MG
Senhora Presidente, a agravar tudo isso, existe a
circunstância de que o sistema financeiro nacional é regrado pela
Constituição de modo particularmente cuidadoso, uma das pouquíssimas
vezes em que a Constituição fala explicitamente do interesse público
a prevalecer sobre qualquer interesse privado. O artigo 192 da magna
Carta Federal, ao cuidar do sistema financeiro diz, claramente, com
todas as letras, que ele será "estruturado de forma a promover o
desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos interesses da
coletividade". No que andou muito bem porque não há instituição hoje
mais presente no cotidiano da população do que todo sistema
financeiro; todos nós gravitamos em torno dele, é impossível escapar
as relações jurídicas com o sistema financeiro, é como uma marquise
sem fim, debaixo da qual todos nós transitamos. É um setor da
atividade privada que demanda explícita autorização para o seu
funcionamento, nos termos da ressalva que se contém no parágrafo
único do artigo 170 da Constituição, e que exige das autoridades
financeiras, e mais de perto do Banco Central, um acompanhamento
rigoroso, criterioso, responsável. Ao longo do relatório, percebi
que laudos do Banco Central da República, a propósito dessas
operações, já davam conta de que as operações aqui adversadas eram
tidas como de altíssimo risco; empréstimos que se renovavam a partir
de garantias frágeis, num crescendo que, segundo o Ministro Cezar
Peluso, ontem, ascende a mais de um centena de milhões - salvo
engano, Sua Excelência falou em trezentos milhões de reais e causa
G- . . Inq 2 . 2 4 5 / MG
i i12540
espécie tudo isso - a partir da própria finalidade do empréstimo
que não foi para fomentar nenhuma atividade econômica nem
industrial, nem extrativa, nem mercantil e, sim, para agências de
publicidade e um partido político.
Então, nesse contexto, Senhora Presidente, de emissão
de um juizo prefacial, de recebimento da denúncia como formulada en
termos aptos a desencadear uma ação penal e, portanto, a instaurar o
processo penal propriamente dito, acompanho em todos os fundamentos
o voto do eminente Ministro-Relator para receber a denkncia.
* * * * *
24/08/2007 TRIBUNAL PLENO
INQUÉRIT.~ 2.245-4 MINAS GERAIS
E X P L I C A Ç Ã O
(S/ITEM V DA DENÚNcIA)
O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES - Senhora Presidente,
também já tinha tido a dúvida que assaltou a Ministra Carmen Lúcia,
a partir da sustentação, quanto a responsabilidade da diretora Aiana
Tennório. Mas, diante dos esclarecimentos feitos pelo Relator,
entendo que isso está sanado.
Tenho a impressão, e gostaria, nestes breves minutos,
de dizer que o Tribunal está, como já tem sido destacado pela midia,
a realizar um julgamento histórico. E tanto a atuação aqui do
Ministério Público.quanto a atuação da defesa são dignas dos maiores
encômios: transparentes, claras e necessárias para que façamos uma
avaliação deste complexo processo. Por outro lado, Senhora
Presidente, cresce-me a convicção da importância deste procedimento.
Na semana passada, discutíamos, em relação a um caso
vinculado a este complexo evento, o recebimento da denúncia. E eu
dizia da importância desta fase de defesa prévia no âmbito de
primeiro grau. E lá se dizia, então, que as denúncias são recebidas
com um carimbo. Claro que eram descriçóes, e não elogios, porque
denúncia não pode ser recebida com carimbo. É preciso que se afirme
isto e se reafirme. Na verdade, carregar um processo é algo muito
grave. Não basta a afirmação de que as pessoas responderão depois,
que posteriormente se fará a defesa, ameaçando de forma muito forte
a dignidade da pessoa humana ou, às vezes, usando o processo como
pena. Sabemos muito bem disto. É preciso, portanto, que esta Corte
reafirme esses princípios, porque ela não está apenas a julgar um
caso. Na verdade, esta Corte dá lições permanentes para todas as
demais cortes do país. E é por isso que este julgamento assume este
caráter emblemático.
Não podemos permitir que o processo se convole em
pena; formular denúncias que se sabem inviáveis para que, depois,
nos livremos dos nossos problemas de consciência, e @sendamos a
opinião pública ou coisa que tal e saibamos que aquele carrega, para
sempre, as vezes, a pecha do processo que se sabe inviável.
Os colegas da Segunda Turma devem se lembrar de um
caso que hoje se tornou histórico. Não conheço, na história penal do
Tribunal dos tempos recentes, algo mais bizarro que a denúncia por
conta dos dólares no Afeganistão, Senhora Presidente. Não conheço
nada mais bizarro. Denúncia que foi recebida pelo Tribunal Regional
Federal de São Paulo e foi preservada pelo STJ. Só foi corrigida na
/ Inq 2.245 / MG
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - Voto
meu, Ministro, seria bom salientar.
O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES / 7 d 0 Vossa
Excelência.
Vejam, portanto, a importância inclusive do habeas
corpus que chega a esta Casa. Quase que uma infantilidade, tramitava e
as pessoas carregariam este processo. Por quê? O TRF recebeu a
denúncia inviável, o STJ manteve, e só esta Corte pôde corrigir.
Portanto, é fundamental que nós, neste momento
inicial, fixemos essas linhas que são vitais para o processo do Estado
de direito. Estado de direito, como sabemos, é aquele que não conhece
soberanos. Talvez seja uma das mais adequadas definições. Já se disse,
em outro tempo, que Estado de direito era aquele no qual se batia as
portas de alguém as 6 horas da manhã e se sabia que quem estava a
bater era o leiteiro, e não a policia. Hoje a policia até pode bater a
porta, as vezes com mandado judicial desfundamentado. É preciso termos
cuidado com todas essas coisas e com todas essas evoluções.
Por isso, faço esse preâmbulo que, de certa forma,
balizará também o meu pensamento neste julgamento como um todo,
0 1 2 5 4 4
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
V O T O
(S/ITEM V DA DENÚNCIA)
O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES - Sra. Presidente, no
caso especifico, fiquei preocupado com a questão suscitada pela
Ministra Cármen Lúcia, já respondida pelo eminente Relator: a
participação da Sra Iana Tenório nos fatos que - pelo menos nesta
fase - não seriam separáveis.
Portanfo, aquela minha tendência inicial, a partir da
própria defesa e da sustentação oral, não se confirma.
Não subscrevo - devo dizer também com toda a clareza e
j á havia anotado ontem - a afirmação feita pelo eminente Relator no
sentido de que no judicium accusationis há que entender aqui, regido
pelo principio do in dubio pro societatis. Não subscrevo, faço
reparos como temos feito reparos inclusive na tradição que se
acostumou desenvolver um juízo que se faz na pronúncia: se não
houver indícios mínimos de autoria, nós não devemos receber a
denúncia. Não devemos consagrar, acredito, fórmulas genéricas que
podem levar a resultados ameaçadores p o principio do Estado de
Inq 2 .245 / MG
Mas no caso específico, S.Exa. não se limitou a esta
afirmação genérica. S.Exa. descreveu a participação de todos os
diretores. Portanto, não colocou ameaça a jurisprudência que nós @ vimos desenvolvendo - creio que nas duas Turmas, mas especialmente
na Segunda Turma, isso é bastante claro - em relação aos chamados
crimes societários. Temos exigido que isso indique a participação
dos sócios.. Não é suficiente a mera indicação de integração na
sociedade.
S.Exa., a meu ver, descreveu com precisão - pelo menos
para esse estado do processo - que haveria sim a participação desses
diretores nas eventuais infrações que lhes são imputadas.
De modo que, com essas considerações e com essas
ressalvas, acompanho a manifestação do Relator.
24/08/2007
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
6 1 2 5 4 6
TRIBüNAL PLENO
V O T O - - - - (S/ item v da denúncia)
O SENHOR MINISTRO CELSO DE ME-: Senhora Presidente,
também reafirmo as observações que acabam de ser feitas pelo
eminente Ministro GILMAR MENDES, no sentido de que se impõe, ao
Poder ~udiciário, e, em particular, a esta Suprema Corte, um rígido
controle sobre a admissibilidade das acusações penais. A
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal orienta-se, claramente,
nesse sentido, em ordem a imgedir que se instaurem procedimentos
penais temerários, abusivos e lesivos aos direitos que assistem a
qualquer acusado, independentemente de sua condição social e posição
funcional.
Ao ler a denúncia (precisamente a peça acusatória que
constitui objeto deste juízo prévio de admissibilidade), e ao ter
presentes, também, as respostas oferecidas pelos denunciados -
respostas elaboradas por eminente Advogado, que bem demonstra a
maneira qualificada como exerce a sua função defensiva neste episódio
específico -, tenho para mim, também, em juízo de caráter meramente
preliminar e provisório, que a denúncia contém uma descrição
adequada dos fatos. pói ia-se em elementos indiciários mínimos, que
tornam admissível a acusação, e veicula imputações que guardam
pertinência com as atribuições exercidas pelos denunciados na
administração e gestão do Banco Rural S/A.
O eminente Relator, ao destacar esse aspecto, acentuou
que, no caso em analise, os quatro denunciados eram responsáveis
pelo Comitê de Prevenção à Lavagem de Dinheiro, pelas áreas de
"Compliance", contabilidade jurídica e tecnológica, justamente as
áreas em que as supostas fraudes, na gestão da instituição
financeira, teriam sido praticadas.
A analise da denúncia revela que o eminente Procurador-
-Geral da República, considerado o acervo documental produzido nos
autos, delineou situações configuradoras da suposta má gestão dessa
instituição financeira, indicando o 'modus operandi" dos agentes e
do mecanismo fraudulento que relata na peça acusatória, buscando
demonstrar que a acusação encontraria suporte em dados fornecidos
pela própria investigação penal.
Desse modo, o teor da peça acusatória, ao narrar os
fatos como o fez, parece demonstrar a existência de vínculo entre a -
atuação dos denunciados e os comportamentos a eles atribuídos,
tornando possível o exercício, em plenitude, do direito de defesa.
Assim, com estas considerações, também recebo a
denúncia.
É o meu voto. .-
24/08/2007 TRIBUNAL PLENO
INOUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
V O T O (S/ Item V da Denúncia)
A Sra. Ministra Ellen Gracie (Presidente) -
Senhores Ministros, o eminente Relator, ao final do seu Relatório, referiu que todo este julgamento está perpassado de questões constitucionais. Portanto, também me cabe votar.
Eu o faço na linha do voto do eminente Relator, por entender adequada a descrição feita pela denúncia dos comportamentos tidos por delituosos e presentes os indícios mínimos para o seu recebimento.
TRIBUNAL PLENO
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS TRIBUNAL PLENO
INQUÉRITO 2.245
VOTO S/ITEM I11
A SRA. MINISTRA CÁRMEN LÚCIA - Senhora Presidente,
farei juntar o voto, que é muito longo, mas, exatamente na linha do
Reiator, recebo, por satisfazer a denúncia as condições formais,
descrição do fato, com todas as circunstâncias material, evidência
de indícios, no âmbito do juízo de probabilidade necessárias para
seu recebimento, com relação a todos. Porém a denúncia não apresenta
elementos bastantes para o atendimento das condições formal e
material quanto a exatamente Rogério Tolentino, razão pela qual voto
no sentido de não receber especificamente contra ele. Rigorosamente
nos termos do voto do Ministro-Relator, juntando o voto que foi
muito alongado.
. . . . . . . . . . . . . . .
Obs.: Texto sem revisão ( $ 4 ' do artigo 96 do RISTF)
012551
TRIBUNAL PLENO
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
(VOTO S/ ITEM I11 DA DENÚNCIA)
O SENHOR MINISTRO EROS GRAU: - Sra. Presidente,
acompanho também o Relator e recebo a denúncia com relação a João
Paulo Cunha, Marcos Valério Fernandes de Souza, Ramon Hollerbach
Cardoso e Cristiano de Mel10 Paz, mas excluo o Rogério Lanza
Tolentino.
Apenas anoto o meu cuidado com relação à evolução da
jurisprudência. Quer dizer, entendo que a descrição da conduta
típica deve ser explícita. No caso, a denúncia me parece atender com
relação a todos, menos ao Tolentino.
5 1 2 5 5 3 TRIBUNAL PLENO
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS (VOTO S/ ITEM I11 DA DENÚNCIA)
O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO - Sra. Presidente a
materialidade dos fatos que, em tese, configuram delito é uma
materialidade que está razoavelmente descrita, ao menos nesse juizo
preliminar, e há indícios de autoria.
O Ministro-Relator fez bem o nexo de causalidade ou o
vinculo operacional entre os denunciados como autores de corrupção
ativa e passiva.
Há elementos suficientes para o perfeito conhecimento
dos fatos objetos da imputaçâo e, por conseqüência, a ampla
possibilidade de defesa.
Nesse juizo prefacial, também recebo a denúncia,
excluindo, todavia, nos termos do voto do Relator, o denunciado
Rogério Tolentino.
24/08/2007 TRIBUNAL PLENO
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
A revisão de aparte do Sr. Ministro Carlos Britto.
VOTO ( S / ITEM 111 DA DEN~NCIA)
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Sra.
Presidente, também acompanho o Relator.
Não há nenhuma dúvida, pelo depoimento da
mulher, de que o denunciado João Paulo Cunha sabia da origem
do dinheiro; textualmente, o cheque era claro. 0s atos de
ofício que Sua Excelência praticou em benefício do SMP&B
estão bem discriminados no relatório do TCU: a falta de
projeto básico da licitação, critérios subjetivos de
avaliação, tudo o que permitia direcionamento e
subcontratações proibidas no total de 99,98% dos contratos.
E aqui faço referência, porque isso foi objeto
da sustentação oral do eminente Procurador-Geral - Vossas
Excelências têm em mão o documento - a que esse mesmo
denunciado desviou R$ 250.000,OO (duzentos e cinquenta mil
reais) em duas dessas subcontratações em favor de empresa de
um assessor direto seu que não prestou os serviços. Estou
r,
Inq 2.245 1 MG
apenas adiantando o fato para mostrar como não há nenhuma
temeridade na denúncia.
Em relação à destinação do dinheiro, essa é
absolutamente irrelevante à tipificação do crime de
corrupção passiva - se pagou despesa de campanha, pesquisa
de campanha, ou jogou na loteria esportiva, não tem a mínima
importância. O importante é que recebeu o dinheiro.
Em relação a Ramon Hollerbach Cardoso e
Cristiano de Mello Paz, eles eram dirigentes e
administradores da empresa. H& depoimentos aqui sobre atos
típicos de gestão admitidos; portanto, a presunção era de
que concorreram para a prática desses atos. Em relação a
Rogério Lança Tolentino, realmente, há apenas menção a
condição de sócio, o que não basta para recebimento de
denúncia.
Acompanho o Reiator.
O SR. MINISTRO CARLOS BRITTO - Sra. Presidente,
eu só queria muito rapidamente lembrar que, a propósito
desse excessivo número de subcontratações, isso . . .
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - É excessivo?
Não; quase totalidade. f i
Inq 2.245 / MG
O SR. MINISTRO CARLOS BRITTO - É 99,988, não é?
Isso é absolutamente incompatível com o próprio critério
subjetivo de escolha dos candidatos nas licitações ,do
gênero. Ou seja, se o critério da subjetividade é o
definidor do melhor proponente, isso já inviabiliza as
subcontratações, porque o critério subjetivo é intuitu
gersonae, e as subcontratações descaracterizam esse caráter
personalíssimo do critério definidor da escolha do menor
proponente.
0 1 2 5 5 6
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
V O T O
(S/ITEM I11 DA DENÚNCIA)
O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES - Também, Senhora
Presidente, recebo a denúncia nos termos do voto do Relator, fazendo
a exclusão de Rogério Tolentino pelas razões já aqui elencadas.
24/08/2007
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
TRIBUNAL PLENO
(S/ item 111 da denúncia)
O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO: Também eu, Senhora
Presidente, acompanho o eminente Ministro-Relator, que demonstrou,
em seu substancioso voto, que a denúncia se revela, no caso,
processualmente apta, materialmente consistente e juridicamente
idônea .
Deixo de receber, no entanto, a acusação penal deduzida
contra o Senhor Rogério Tolentino, apoiando-me, para tanto, nas
razões expostas pelo eminente Relator.
É o meu voto.
24/08/2007
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS VOTO
TRIBUNAG PLENO
A SENBORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA - Também eu, Senhora
Presidente, farei juntar o voto, que é um pouco mais longo, mas também
recebo a denúncia nos termos do voto do Relator.
Obs.: Texto sem revisão ( $ 4 " do artigo 96 do RISTF)
24/08/2007
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
0 1 2 5 5 9
TRIBUNAL PLENO
TRIBUNAL PLENO
INQUÉRITO 2.245
VOTO
(S/SUBIITEM 111.1 DA DENÚNCIA)
O SR. MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI - Senhora
Presidente, impressionei-me, no primeiro momento, com a assertiva
feita da tribuna segundo a qual o saque teria sido feito pela esposa
do ex-presidente da Câmara dos Deputados João Paulo Cunha de ger si
não representaria ou não caracterizaria o ato de lavagem de
dinheiro.
Voltei aos autos e agora convencido de forma mais
firme e mais forte, após a descrição de todo esse iter que foi
perseguido por esta senhora que sacou dinheiro na boca do caixa,
verifico, realmente, que este ato final nada mais é do que o último
passo que um sofisticado mecanismo de, aparentemente, numa primeira
impressão, branqueamento de dinheiro de capital.
# # #
Obs.: Texto sem revisão ( $ 4' do artigo 96 do RISTF)
24/08/2007
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
0 1 2 5 6 0
TRIBUNAL PLENO
VOTO - (S/SUBITEM 111.1 DA DENÚNcIA)
O SENHOR MINISTRO EROS GRAU: - Senhora Presidente,
serei objetivo atendendo a sugestão de Vossa Excelência.
Não me parece caracterizada, nessa hipótese, o tipo da
lavagem de dinheiro.
Peço vênia ao Ministro-Relator para divergir e não
recebo.
i'
24/08/2007
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
VOTO
(S/SUBITEM 111.1 DA DENÚNCIA)
( i12561
TRIBUNAL PLENO
O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO - Senhora Presidente,
embora tenha dito aqui mais de uma vez que considero esse crime
gravissimo, porque, num trocadilho, quanto mais se lava dinheiro por
aqui mais o Pais fica sujo, no entanto, neste caso, peço vênia ao
Relator.
Entendo que, também, o elemento do tipo penal ocultado
e simular não se encontra presente. Foi tudo feito as claras, a luz
do dia, assumidamente, confessadamente.
Quanto a autoria do saque, as condições em que se deu
essa retirada e, portanto, no particular, não recebo a denúncia.
# # #
24/08/2007
INOUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
0 1 2 5 6 2
TRIBUNAL PLENO
V O T O (SISUBITEM 111.1 DA DENÚNCIA)
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Sra. Presidente, data
venia da divergência, recebo, porque deve ser visto no conjunto. Não se trata
apenas de saber que está identificado quem foi buscar o cheque. O problema
não é esse. O problema da imputação é a engrenagem da movimentação de
todo esse volume de dinheiro. Ou seja, tem que se partir da idéia de que todos
os registros e todas as simulações do banco e do suposto bando ou quadrilha
foram concebidos para aparentar que tais dinheiros se destinariam ao
pagamento de fornecedores. Fornecedores do quê?
Recebo a denúncia, data venia.
v-7
z6 $9
'íí
$P ( i 1 2 5 6 3
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
V O T O
(S/SUBITEM 111.1 DA DENÚNCIA)
O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES - Senhora Presidente,
também peço vênia ao eminente Relator e aos que o seguiram para me
alinhar a divergência já instalada a partir do voto do Ministro Eros
Grau.
Tenho imensa dificuldade de fazer esse enquadramento
nos tipos previstos no artigo l0 da Lei no 9.613/98. Se configurado
o crime, apareceria o exaurimento do próprio crime de corrupção
passiva. Quer dizer, o envio da esposa como elemento de ocultação
parece fantasmagórico; parece-me extremamente demasiado e, neste
caso, a conduta é claramente atipica em relação a lei de lavagem de
dinheiro.
Por isso, manifesto-me neste sentido, na linha das
manifestações anteriores.
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INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
( ; i 2 5 0 1
TRIBVNAT. PLENO
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Presidente, o juízo
é tão-somente de recebimento ou não da denúncia. Não me cabe
conclusão sobre a procedência da imputação, em si, do que versado na
peça do Ministério Público.
De início, constatamos o enquadramento - considerados
indícios que não merecem a apoteose maior - da conduta, tendo em
conta as práticas ocorridas, até o levantamento da importância, no
disposto no artigo l Q da Lei np 9.613/98.
Não há, como pode parecer numa visão primeira, a
sobreposição excluída pelo Direito Penal. 0s tipos são diversos - a
corrupção passiva e a lavagem em si. De forma, essa
dualidade fica em aberto até o julgamento fina com a prova
a ser produzida, a cargo, portanto, do Ministé
Acompanho o relator no voto pro
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INOUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
0 1 2 5 6 5
TRIBUNAL PLENO
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Se me permite, Sra.
Presidente, só para acrescentar aqui um dado que ajuda a elucidar bem e que foi
mencionado pelo eminente Relator. Não se trata, na verdade, da remessa do
dinheiro em nome do denunciado. O que consta, na verdade, é uma autorização
do banco para que Márcia Regina recebesse o cheque da SMP&B. Isto é, o
verdadeiro destinatário do dinheiro não estava formalmente indicado. Isso que é
importante, no contexto. YLI
24/08/2007
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
TRIBUNAL PLENO
(S/ subitem 111.1 da denúncia)
O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO: Senhora Presidente,
assaltaram-me, inicialmente, algumas dúvidas. Mas é preciso analisar
a denúncia e as imputações nela individualizadas numa perspectiva
mais abrangente, tal como mencionou o eminente Ministro CEZAR
PELUSO .
É preciso considerar, para além do aspecto pontual do
ato isoladamente mencionado, o próprio contexto e, neste, o "modus
operandi" que se engendrou para a suposta prática do delito de
lavagem de dinheiro, cujos elementos estruturais, em tema de
tipificação penal, parecem-me presentes, em juizo de estrita
delibação, para efeito de admissibilidade da acusação penal.
Por isso, pedindo vênia, acompanho o eminente Relator
É o meu voto.
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INOUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
0 1 2567
TRiBUNAL PLENO
DEBATE (SISUBITEM 111.1 DA DENÚNCIA)
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Senhora
Presidente, até acrescento argumento ao de Sua Excelência.
Veja que coisa interessante: se o dinheiro tivesse sido
formalmente registrado, tendo como destinatário o
denunciado, este jamais poderia ser beneficiado por
presunção de veracidade de que se tratava de fornecedor,
porque se iria perguntar: Presidente da Câmara, fornecedor
da empresa? O que foi feito? Dissimulou-se o verdadeiro
destinatário da quantia com o nome de uma mulher que,
teoricamente, ninguém sabe quem seja e que poderia ser
eventualmente tida por fornecedora. Esse foi o estratagema.
vZr
24/08/2007
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
TRIBUNAL PLENO
INQUÉRITO 2.245
CONFIRMAÇÃO DE VOTO
(S/SUBITEM 111.1 DA DEN~NCIA)
ii12568
TRIB- PLENO
O SR. MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI - Senhora Presidente,
peço a palavra. Quero apenas manifestar uma reserva quanto a
imputação ao artigo 1Q, v11 da Lei 9 . 6 0 3 / 9 8 , que diz respeito a
dinheiro oriundo de organização criminosa.
Suspendo meu juízo por ora com relação a esse tópico, até
porque não analisamos, ainda, se formou ou não uma organização
criminosa no sentido estrito da palavra.
Mantenho o meu voto.
Obs.: Texto sem revisão ( $ 4Q do artigo 96 do RISTF)
G125C3 VOTO
(S/SUBITEM a.3 DO ITEM 111.1 - CRIME DE PECULADO)
A SENBORA MIMSTRA CÁRMEN LÚCIA - Senhora Presidente,
também acompanho o voto do Ministro-Relator e juntarei o voto.
Obs.: Texto sem revisão ( $ 4 " do artigo 96 do RISTF)
TRIBUNAL PLENO
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS TRIBUNAL PLENO
INQUÉRITO 2.245
VOTO
(S/SUBITEM a.3 DO ITEM 111.1 - CRIME DE PECULATO)
O SR. MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI - Senhora
Presidente, também acompanho o voto do eminente Ministro-Relator.
Entendo que estão presentes, em tese, os contornos
típicos do delito de peculato, e há substrato indiciário suficiente
probatório para recebemos a denúncia nesse tópico.
# # #
Obs.: Texto sem revisão ( $ 4Q do artigo 96 do RISTF)
(1125 '71
TRIBUNAL PLENO
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
VOTO - (S/SUBITEM A.3 DO 111.1 DA DENÚNCIA)
O SENHOR MINISTRO EROS GRAU: - Senhora Presidente, o
denunciado detinha disponibilidade jurídica dos recursos. Está
justificado.
Recebo-a.
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
Ci12573
TRIBUNAL PLENO
DEBATE
(S/SUBITEM a.3 DO ITEM 111.1 DA DEN~NCIA - CRIME DE PECULATO)
O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO - Senhora Presidente,
tenho uma dúvida. E peço ao Relator que afaste a minha insciência,
pelo menos provisória, dos fatos.
O objeto da contratação não foi prestado ou foi
prestado de modo desviado, tredestinado?
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - Não foi
prestado. Os órgãos incumbidos desse setor da Câmara dos Deputados
informaram que não localizaram os relatórios; jamais ouviram falar
desses relatórios. Ou seja, a Secretaria de Comunicação que é o
órgão específico, competente para o setor, não encontrou indícios de
que os serviços contratados tenham sido efetivamente prestados.
O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO - Ou seja, a empresa
contratada não era fantasma, porém o serviço.
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - O que se
alega é que prestava, em realidade, assessoria pessoal ao Presidente
da Câmara.
S T F 102.002
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INOUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
0125'73
TRIBUNAL PLENO
VOTO (SISUBITEM a.3 DO ITEM 111.1 DA DENUNCIA - CRIME DE PECULATO)
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Senhora Presidente,
quanto a disponibilidade jurídica não há dúvida nenhuma, tanto que o
recebimento por parte do subcontratado decorreu de ato expresso do
denunciado.
Quanto a não-prestação do sewiço, a declaração do SECOM é
suficiente.
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INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
C12574
TRIBUNAL PLENO
V O T O - - - - (S/ subitem a.3 do item 111.1 da denúncia - crime de geculato)
O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO: Senhora Presidente, O
delito de peculato atribuído ao ora denunciado parece subsumir-se,
em sua estrutura típica, a modalidade do peculato-desvio. O
denunciado detinha, então, a disponibilidade jurídica daqueles
valores.
Em juízo de admissibilidade da acusação penal, recebo a
denúncia, porque apoiada em suporte probatório idôneo.
É o meu voto. 6
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INOUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
Cri2575
TRIBUNAL PLENO
V O T O (SI Subitem A.2 do item 111.1 da denúncia - Crime de PecuIato).
A Sra. Ministra Ellen Gracie (Presidente) - Também acompanho o voto do eminente Ministro-Relator para receber a denúncia nessa parte.
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INOUERITO 2.245-4 MINAS GERAIS
A revisão de apartes dos Senhores Ministros Joaquim Barbosa(Relator), Carlos Britto e Ricardo Lewandowski.
DEBATE (S/SUBITEM a.3 DO ITEM 111.1 DA DENÚNCIA - 2 " DESVIO)
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Senhora
Presidente, Vossa Excelência me permite, só para facilitar?
Peço que Vossa Excelência me indique aqui onde estaria a
descrição da participação específica do Rogério, porque,
aliás, acompanhando o voto de V.Exa., apenas reconhecemos a
condição de sócio, sem que tivesse sido individualizada a
forma de participação.
O SR. MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - VOU
reler o trecho da denúncia. A empresa SMP&B
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Esse trecho,
não. Aí não há descrição. Os demais estão abrangidos pela
condição que já foi afirmada e reconhecida como dirigentes
da empresa, mas o Rogério, em relação ao qual nós
u"?
G- . &@mim d v d d PF&~
Inq 2.245 1 MG
reconhecemos que era mero sócio, seria necessário que
ficasse . . .
O SR. MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - Ele
era advogado; era advogado também das empresas de Marcos
Valério, mas ele era controlador de uma empresa chamada
Tolentino e Associados, que também está envolvida em
outros. .
O SR. MINISTRO CARLOS BRITTO - Fazia parte do
"pool" de empresas.
O SR. MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELAOR) - Sim.
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Não está
imputada nenhuma conduta. r"
O SR. MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI - ~enho a
impressão de que, no primeiro caso, nós afastamos a
imputação sobre esse acusado, porque se tratava de corrupção
ativa. Nesse caso, pelo raciocínio de Vossa ~xcelência,
estou entendendo que, por ser sócio da empresa, ele se
beneficiou desses valores.
r. @+ca d w U & e d é r - a d
Inq 2.245 1 MG
O SR. MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - A
acusação é no sentido de todo o grupo. O Marcos Valério
tinha uma teia de empresas com as quais ele operava. Eu
citei aqui, em trechos anteriores, várias dessas empresas.
Mas, efetivamente, aqui não há. O que está envolvido aqui é
a empresa SMP&B, e não há descrição com relação a Rogério,
apenas em relação a Lanza Tolentino.
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INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS VOTO
0 1 2 5 7 3
TRIBUNAL PLENO
(S/SUBITEM a.3 DO ITEM 111. DA DENÚNCIA - 2' DESVIO)
A SENHORA MIiüiSTRA CÁRMEN LÚCIA - Senhora Presidente, voto
no sentido de receber a denúncia com relação aos demais, excetuando, porém,
Rogério Tolentino, sobre o qual não se apresentam elementos bastantes ao
atendimento das condiçaes previstas no artigo 41.
Obs.: Texto sem revisão ( $ 4 * do artigo 96 do RISTF)
24/08/2007
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
6 1 2 5 8 0
TRIBUNAL PLENO
TRIBUNAL PLENO
INQUÉRITO 2.245
VOTO
(S/SUBITEM a.3 DO ITEM 111.1 DA DENÚNCIA - 2' DESVIO)
O SR. MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI - Senhora
Presidente, também recebo a denúncia com essa retificação feita pelo
eminente Reiator.
Apenas consigno que, estudando essa questão,
defrontei-me com uma dificuldade teórica que superei no sentido de
saber se o particular poderia ou não praticar esse crime de
peculato, que é tipicamente um crime cometido por funcionário
público. Debrucei-me sobre a doutrina, também sobre a jurisprudência
da Casa, e verifiquei o seguinte - consta do meu voto - :
"Nada obsta que o delito seja praticado por
particulares, em co-autoria com o funcionário público. Com efeito,
desde que o estraneus" - ou seja, aquele que está fora da
Administração Pública - "conheça a situação do intraneus" - ou seja,
aquele que é funcionario público - "pode responder como co-autor
pelo crime próprio. Nas palavras de Luís Régis Prado, 'A qualidade
de funcionário público do agente se estende, também, aos co-autores
ou partícipes do delito, fundamento no art. 30 do Código Penal."
Esta Casa também tem jurisprudência nesse sentido. Há
um HC relatado pelo Ministro Sepúlveda Pertence, publicado no Diário
da Justiça de 0 4 / 0 2 / 1 9 9 9 , página 211, cuja ementa diz o seguinte:
"PECULATO - Comunicação ao co-autor particular de condição de funcionário público para efeitos penais do intraneus, elementar do tipo. "
Portanto, superada esta minha dúvida de natureza
doutrinária e teórica, acompanho, integralmente, o voto de Sua
Excelência, o eminente Ministro-Relator.
# # #
Obs.: Texto sem revisão ( $ 4P do artigo 96 do RISTF)
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INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
( i 12582
TRIBUNAL PLENO
VOTO - (S/SUBITEM a.3 DO ITEM 111.1 DA DENÓNCIA - 22 DESVIO)
O SENHOR MINISTRO EROS GRAU: - Senhora Presidente,
pelas razões expressas pelo Relator e com a exclusão que ele próprio
propõe, também acompanho o voto de Sua Excelência.
0 1 2 5 8 3
TRIBUNAL PLENO 24/08/2007
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
VOTO -
(S/SUBITEM a.3 DO ITEM 111.1 DA DENÚNCIA - 2' DESVIO)
O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO - Senhora Presidente,
a denúncia contém descrição de fatos, em tese, tipificados como
crime, e aponta indícios suficientes de autoria, pelo menos num
juizo de preliminar de admissibilidade da denúncia. Aqui, fico
negativamente impressionado com esses desvios que são duplos.
Num primeiro momento - o Relator deixou isso bem claro
- houve uma subcontratação do objeto da licitação não meramente
lateral, porém, central: 99 ,9% do objeto do contrato.
Em segundo lugar, a própria subcontratação se fez para
realizar um serviço que não correspondeu ao objeto daquele licitado,
ou seja, houve um desvio também do próprio objeto da licitação.
Em última análise, há uma forte suspeita de que a
empresa contratada fez apenas ou praticamente uma mediação: operou
como intermediária na medida em que transpassou quase que totalmente
o objeto da licitação, em cujos processos foi julgada vitoriosa e,
por isso, contratada.
No particular, quanto ao crime de peculato, acompanho
o eminente Relator para receber a denúncia no que toca a Marcos
Valério, Ramon Hollenbach, Cristiano Paz, excluindo Rogério
Tolentino e incluindo João Paulo Cunha.
***
24/08/2007
INOUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
TRIBUNAL PLENO
(A revisão de aparte do Sr. Ministro Carlos Britto)
VOTO (S/SUBITEM a.3 DO ITEM 111.1 DA DENÚNCIA - 2' DESVIO)
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Senhora
Presidente, observo aqui o refinamento, pelo menos em tese,
dos expedientes destinados a fraudar o contrato, que não
permitia, pelo edital, traspasse da totalidade do objeto.
Deixou de ser transferido apenas 0,02%, o que permitia
justificar que não foi transferida a totalidade dos
serviços !
O SR. MINISTRO CARLOS BRITTO - E em oposição
frontal aos termos do edital e da lei.
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - "Não, não
transferimos tudo. Ficou 0,02%".
Acompanho o Relator. ys
24/08/2007
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS VOTO
0 1 2 5 5 6
TRIBUNAL PLENO
(s/ subitem "b" do item 111.2 da denúncia)
A SENHORA MINISTRA CÁREIEN LÚCIA - Senhora presidente,
acompanho exatamente os termos do Relator.
Anexarei voto escrito, que é muito longo nessa passagem.
Obs.: Texto sem revisão ( $ 4 " do artigo 96 do RISTF)
24/08/2007
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
0 1 2 5 8 7
TRIBUNAL PLENO
VOTO - (s/ subitem "b" do item 111.2 da denúncia)
O SENHOR MINISTRO EROS GRAU: - Senhor Ministro-
Relator, única e exclusivamente para deixar bem clara e transparente
a situação. No voto de Vossa Excelência, está dito: o denunciado
Rogério Lanza Tolentino, cujo nome não figura no quadro societário
da empresa DNA.
Pelo que entendi, não foi apenas esse fato que
justificou a exclusão desse denunciado.
O SR. MINISTRO JOAQUIM BAR SA (RELATOR) - NOS outros
advogado dessas empresas.
t tópicos, sim, esse fato foi relevante. Ele não é gestor da DNA, mas
O SENHOR MINISTRO EROS GRAU: - Apenas para deixar
claro: não é única e exclusivamente pelo fato de ele não ser sócio
da empresa - porque os outros também não são - que Vossa Excelência
o exclui do recebimento da denúncia. É isso?
O SR. MINISTRO JOAQUIM BARBOSA - Esse fato 6
preponderante para mim.
O SENHOR MINISTRO EROS GRAU: - E por que não é
preponderante para os outros dois? v
2, ." Inq 2.245 / MG
i
O SR. MINISTRO CEZAR PELUSO - Porque eles são
administradores.
O SR. MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - 0s outros
dois são administradores da empresa.
O SR. MINISTRO CARLOS BRITTO - Pela falta de
descrição, a denúncia não descreveu a conduta do último, e sim dos
primeiros.
O SENHOR MINISTRO EROS GRAU: - Apenas quero deixar
mais clara a questão, até para reforçar o voto de Vossa Excelência.
24/08/2007
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
TRIBUNAL PLENO
O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO - Senhora Presidente,
apenas para o meu esclarecimento: o que o Ministro-Relator chama de
desvio de recursos na verdade foi uma renúncia de receita?
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - Não.
Houve uma omissão em restituir ao Banco do Brasil os descontos
obtidos; contratualmente, eles tinham de restitui-los ao Banco do
Brasil. Com relação a Henrique Pizzolato, ele se omitiu em verificar
se essa devolução estava sendo efetivada, e os outros se
beneficiaram disso.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - A dúvida que tenho -
e estou a refletir em voz alta - diz respeito a exigência da
qualificação "funcionário público". Não estamos, aqui, no campo da
co-autoria, quando há a participação do funcionário e a participação
de um cidadão, mesmo que vinculado a pessoa jurídica de direito
privado, como é o Banco do Brasil.
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) -
Sociedade de economia mista.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Sociedade de
economia mista, pessoa jurídica de direito privado.
O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO - Mas, para fins
penais, é como se fosse servidor público. 3
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - É como
se fosse.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Mas onde está a
equiparação?
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - No
artigo 327 do Código Penal. O Estado brasileiro, a União controla o
Banco do Brasil.
O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO - Exatamente, artigo
327 do Código Penal. Ele é servidor público lato sensu.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Preceitua o artigo
327 do Código Penal:
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
§ l0 - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execuçáo de atividade tipica da Administração Pública.
§ Z 0 - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capitulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista . . .
Estou satisfeito, Presidente
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - É ainda mais grave.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - É mais grave.
O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO - Apenas para
concluir. Ministro-Relator, Vossa Excelência também me convence - a
partir da denuncia, logicamente - de que o diretor do Banco do
Brasil denunciado, mais do que leniente na exigência do retorno ao
que devido ao Banco, parece - e estamos num campo ainda prefacia1 de
julgamento - ter agido com cumplicidade.
Acompanho Vossa Excelência.
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - O
comportamento desse diretor do Banco do Brasil será iluminado pelos
itens seguintes.
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
V O T O
(s/ subitem "b" do item 111.2 da denúncia)
O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES - Senhora Presidente,
tive dúvidas porque, na defesa, falava-se inicialmente sobre os
recursos da Visanet e o seu caráter estritamente privado. Mas, ainda
que assim fosse, estaríamos submetidos a gestão do Banco do Brasil
e, nessa condição, seriam recursos públicos.
TRIBUNAL PLENO
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
A revisão de apartes dos Srs. Ministros Joaquim Barbosa (Relator), Gilmar Mendes, Celso de Mello, Cezar Peluso, Carlos Britto, Ricardo Lewandowski e Ellen Gracie (Presidente).
V O T O
(S/ SUBITEM 111.3 DA DENÚNCIA)
A SENHORA MINISTRA CÁREIEN LÚCIA - Senhora Presidente,
acompanho também o Relator neste ponto, salvo em relação, exatamente, ao
indiciado e então Ministro Luiz Gushiken, por um motivo: o tempo todo,
precisamente nas falas do Henrique Pizzolato a descrição das condutas
apresentadas - o que não fica muito claro em relação a ele -, não deixa
claro que ele teria a posse ou que ele teria mandado, mas diz que teria de
assinar, porque Luiz Gushiken teria determinado. Não encontrei prova disso
no material.
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELAMR) - Não acredito que
este seja o momento de procurarmos essa prova.
A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA - Estou procurando um indício de que haveria essa relação.
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - O elemento
indiciário que temos é uma afirmação de um subordinado, de alguém que,
embora não fosse diretamente subordinado, estava sob o controle. Estamos
tratando de serviços de comunicaç5es. O Ministro Luiz Gushiken era o
Secretário exatamente dessa área de comunicações. O Senhor Pizzolato
c. Ing 2.245 / MG &jww, d w h m d &&L
controlava as comunicaçóes no âmbito do Banco do Brasil e alega ter
recebido uma ordem superior de um Ministro de Estado para que assinasse. Eu
tenho isso como, pelo menos, indícios suficientes para receber a denúncia.
O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES - De qualquer forma, nós vimos
no item anterior, objeto dessa discussão - essa dúvida também me assaltava
- que esse Diretor atuava com grande autonomia, tanto 6 que aceitamos a
denúncia sem fazer nenhuma remissão à ordem por parte do Senhor Luiz
Gushiken ou de qualquer outra eventual autoridade. Quem tem alguma vivência
de Poder Público sabe que se poderia fazer sempre uma remissão espiritual a
qualquer autoridade ministerial. E quem obrava com tal liberdade, como
parecia obrar o Senhor Pizzolato.
A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA - Um diretor de Marketing do
Banco do Brasil, uma entidade que tem autonomia.
O SEWIIOR MINISTRO GILMAR MENDES - E a própria conclusão de
Vossa Excelência no caso específico, onde não se menciona a presença de
Luiz Gushiken.
o SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - Eram outros
fatos.
O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES - Mas eu estou a dizer que,
primeiro, ele não carecia dessa ordem e ficou essa remessa. Entendi - da
própria passagem que Vossa Excelência transcreveu - que isso era uma ordem,
um 'de acordo". Quando, na verdade, sabemos que, em tese, a SECOM não
supervisiona a execução desses contratos.
A SENIiORA MIMSTRA CÁRMEN LÚCIA - E nem detém a posse.
O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES - Seja em relação ao Banco do
Brasil, seja em relação a PETROBRÁS, seja em relação as demais empresas.
O SEMIOR MINISTRO CELSO DE ~ L M ) : Os aspectos agora
abordados pelo Ministro GILMAR MENDES, bem assim pela Ministra
cÁRMEN LÚCIA, põem em destaque um tópico relevante da defesa do
denunciado Luiz Gushiken. Esse denunciado assinala que o único
suporte em que se apóia a denúncia para veicular a imputação do
crime de peculato seria, tão-somente, o depoimento prestado por
Henrique Pizzolato contra ele.
O exame desses dados informativos leva-me a concluir
pela inexistência, na espécie, de indícios relevantes de autoria que
possam dar suporte à acusação penal.
Não se pode ignorar, neste ponto, que o processo penal
condenatório - precisamente porque não constitui instrumento de
arbítrio e de opressão do Estado - representa, para o cidadão,
expressivo meio de conter e de delimitar os poderes de que dispõem
os órgãos incumbidos da atividade de persecução penal. O processo
3
Inq 2.245 / MG
penal, que se rege por padrões normativos consagrados na
Constituição e nas leis, qualifica-se como instrumento de
salvaguarda da liberdade do réu, a quem não podem ser subtraídas as
prerrogativas e garantias asseguradas pelo ordenamento jurídico do
Estado
A imputação penal - que não pode constituir mera
expressão da vontade pessoal e arbitrária do órgão acusador - deve
apoiar-se em base empírica idônea, que justifique a instauração da
"persecutio criminis", sob pena de se configurar injusta situação de
coação processual, pois não assiste, a quem acusa, o poder de
formular, em juízo, acusação criminal desvestida de suporte
probatório mínimo.
É por tal motivo que a jurisprudência desta Suprema
Corte tem advertido, sabiamente, que não há justa causa para a
instauração de persecução penal, se a acusação não tiver, por
suporte legitimador, elementos probatórios mínimos, que possam
revelar, de modo satisfatório e consistente, a materialidade do fato
delituoso e a existência de indícios suficientes de autoria do
crime. Não se revela admissível, em juízo, imputação penal
destituída de base empírica idônea, ainda que a conduta descrita na
peça acusatória possa ajustar-se, em tese, ao preceito primário de
incriminação.
4
Daí a razão de ser desta fase preliminar de controle - - -- jurisdicional da acusação penal, concebida, precisamente, para
impedir a instauração de lides temerárias ou para obstar, como
sucede no caso, em relação ao denunciado Luiz Gushiken, a abertura
de procedimentos destituídos de base probatória que não se apóie em
elementos mínimos de convicção.
~ ã o se gode ignorar que, com a prática do ilícito - - penal - acentua a doutrina - "a reação da sociedade não é
instintiva, arbitrária e irrefletida; e1 a é ponderada,
regulamentada, essencialmente judiciária" (GASTON STEFANI e GEORGES
LEVASSEUR, 'Droit péna1 Oénérai et Procédure Penaleu, tomo II/l,
9" ed., 1975, Paris; JOSÉ FREDERICO MARQUES, 'Elementos de Direito
Processual Penal", vol. 1/11-13, itens ns. 2 / 3 , Forense), tudo a
justificar 2 ponderado exame preliminar dos elementos de informação,
cuja presença revele-se capaz de dar consistência e de conferir
verossimilhança às imputações consubstanciadas em acusações penais,
sob pena de esta fase introdutória do processo penal de conhecimento
transformar-se em simples exercício burocrático de um poder
gravíssimo que foi atribuído aos juízes e Tribunais.
Dentro desse contexto, assume relevo indiscutível o
encargo processual que, ao incidir sobre o órgão de acusação penal,
5
impõe-lhe o Ônus de demonstrar, ainda que superficialmente, porém
com fundamento de relativa consistência, nesta fase preliminar do
processo, os fatos constitutivos sobre os quais se assenta a
pretensão punitiva do Estado.
O fato indiscutivelmente relevante, Senhora Presidente,
é que, no âmbito de uma formação social organizada sob a égide do
regime democrático, não se justifica, sem qualquer base probatória
mínima, a instauração de qualquer processo penal condenatório, que
deve sempre assentar-se - para que se qualifique como ato revestido
de justa causa - em elementos que se revelem capazes de informar,
com objetividade, o órgão judiciário competente, afastando, desse
modo, dúvidas razoáveis, sérias e fundadas sobre a ocorrência, ou
não, dos fatos descritos em peça acusatória.
Não questiono, Senhora Presidente, a eficácia probante
dos indícios, mas enfatizo que a prova indiciária - ainda que para
viabilizar um juízo prévio de admissibilidade da acusação penal -
deve ser convergente e concatenada, não excluída por contra-
-indícios, nem abalada ou neutralizada por eventual dubiedade que
possa emergir das conclusões a que tal prova meramente
circunstancial dê lugar, sob pena de o acolhimento judicial desses
elementos probatórios indiretos, quando precários, inconsistentes ou
Ing 2.245 / MG 8quw H- &a
0 1 2 5 3 9
impregnados de equivocidade, importar em incompreensível
transgressão ao postulado constitucional da não-culpabilidade.
Disso decorre, portanto, Senhora Presidente, que, com
base em simples e unilaterais alegações pessoais, ou com apoio em
mera suspeita, ninguém pode ser legitimamente processado em nosso
sistema jurídico, tal como já o reconheceu este Supremo Tribunal
Federal :
" Inguéri to. Queixa-crime. A1 egações desapoiadas de indícios ou suspeitas fundadas. Juízo de de1 ibação. Condição de procedibil idade (inexistência) . Inviabilidade. Rejeição da queixa-crime e arquivamento do inquérito. " (3 112/SP, Rei. Min. RAFAEL MAYER - grifei)
' Queixa-crime . - Tratando-se de ação penal privada, sua análise,
na fase de recebimento ou não dela, se circunscreve ao crime que é apontado na queixa como praticado pelo querelado.
- No caso, I . . . ) há falta de justa causa para o oferecimento da queixa-crime por estar inteiramente desacmpanhada de qualquer elemento, mínimo que seja, de prova sobre a materialidade do crime, baseando-se o seu oferecimento tão-só na versão do querelante ( . . . I .
Queixa-crime que se rejeita por falta de justa causa. " (RTJ - 182/462, Rei. Min. MOREIRA ALVES - grifei)
Vê-se, desse modo, como adverte a jurisprudência desta
Corte Suprema (Ing 1.978/PR, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Pleno, v.g. )
e enfatiza o magistério da doutrina ( JOSÉ FREDERICO
MARQUES, "Elementos de Direito Processual Penal", vol. II/200-201,
Ing 2 -245 / MG
item n. 349, 2Q ed., 2000, Miiiemium; FERNANDO DA COSTA TOURINHO
FILHO, "Código de Processo Penal Comentado', v01 . 1 / 1 2 4 ed. ,
1999, Saraiva; JULIO FABBRINI MIRABETE, "Código de Processo Penal",
p. 188, 7 " ed., 2000, Atlas, v . . , Que a legítima instauração de
"persecu tio criminis" pressupõe a existência de elementos
probatórios mínimos que possam, ao menos, indicar a real ocorrência
dos fatos imputados ao agente, não bastando, para tanto, meras
referências genéricas, declarações unilaterais, depoimentos
contraditórios ou conjecturas pessoais.
Daí a indagação que faço ao eminente Relator: o
depoimento prestado por Henrique Pizzolato constituiria, no que se
refere ao crime de peculato, o único elemento probatório existente
contra Luiz Gushiken? Tenho a forte impressão de que sim, vale
dizer, de que essa é a única prova existente, o que, a meu juízo,
revelar-se-ia insuficiente para o recebimento da denúncia contra tal
acusado. Não é o que lhe parece?
O SWIBOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - Não
O SENIIOR MINISTRO CEZAR PELUSO - É bom levar em consideração
também que, com base nesse depoimento, a CPMI pediu o indiciamento do
Senhor Ministro Luiz Gushiken. A interpretação desse depoimento é idêntica,
tanto por parte da Procuradoria, como da CPI.
O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO - A mesma leitura.
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - Há um Outro dado
que me parece relevante: há, em outras passagens deste processo,
informações de que, nessa época, a comunicação era centralizada na
Secretaria comandada pelo Senhor Gushiken, todos os órgãos. Não consta aqui
desse tópico, mas de outro. Como a denúncia está dividida em diversos
itens, temos essa informação mais adiante.
O SENHOR MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI - Senhora Presidente,
quero dizer também que a mesma dúvida que assaltou a eminente Ministra
Cármen Lúcia me assaltou.
Estivéssemos nós já no transcurso da ação penal, esta
imputação feita por apenas uma testemunha ...
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - Comprometida;
não é uma testemunha. é um denunciado.
O SENHOR MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI - Enfim, um indiciado
apenas, seria a denominada "chamada do co-réu", e seria uma prova vista de
forma muito relativa.
0 S-oR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - Bem relativa.
Inq 2.245 / MO
O SENHOR MINISTRO RICARDO LEMANDOWSKI - Com relação,
especificamente, a ordem que teria sido recebida pelo Senhor Henrique
Pizzolato no tocante a esses adiantamentos, pinço um trecho do depoimento
do Senhor ~enrique Pizzolato, prestado na CPMI, que realmente enseja muita
dúvida com relação ao poder que tinha o Senhor Gushiken quanto a
autorização dessas antecipações.
Leio o exato trecho a que se referiu o eminente advogado da
tribuna. Diz o senhor Henrique Pizzolato o seguinte: Eu levei a informação,
apresentei a nota ao chefe de gabinete, ao Ministro, que disse: Olha,
assina. Não tem nada de inconveniente nisso. Está correto; é interpretação
do Banco, reforçada pelo Vice-presidente de Varejo, de que esses recursos,
por não serem do orçamento do Banco, não se submetem a prévia aprovação da
Secretaria de Comunicações. Portanto, esses recursos relativos aos
adiantamentos não eram passíveis de serem autorizados pelo Secretário da
Comunicação, pelo Ministro Gushiken.
Quer dizer, é uma dúvida que, na medida em que estamos
tratando apenas de indícios, compromete seriamente a denúncia. Portanto,
peço vênia ao eminente Relator para acompanhar a divergência neste aspecto.
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - EU insisto: não
estamos tratando de julgamento da ação penal. Estamos analisando indícios
e, quanto a essa fase indiciária, mantenho o meu voto. Eu absolveria, sem
dúvida, diante desses elementos, mas não se trata disso.
c. Ing 2.245 / MO
dd'd
O SENHOR MINISTRO RICARDO LEWANLtOWSKI - Se estamos antevendo
uma absolvição provável, porque vamos submetê-lo à ação penal?
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - Porque é preciso
investigar. Podem surgir novos elementos no curso da ação. Não podemos
descartar.
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Não, isso não.
O SENHOR MINISTRO GILMAR ~ E S - Se surgir, que faça nova
denúncia.
O SEWKOR MINISTRO RICARDO L!ZWANDOWSKI - O eminente Ministro
Cezar Peluso tem nos ensinado que a ação penal não é instrumento de
investigação. Ou a prova já está de certa maneira preconstituída na
denúncia, ou está pelo menos indicada, ou não se pode aceitá-la.
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - Não, a ação
penal é, sim, o lócus para se investigar sob o contraditório.
O SENHOR MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI - Para provar, data
venia, mas não para investigar.
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - Aqui estamos em
uma fase ainda precária e unilateral, já que conduzida pelo Ministério
Ing 2.245 / MG @&wm &&!&&
Público com o auxílio da polícia. Na ação penal, essa investigação far-se-á
com muito maior segurança, sob o contraditório.
Acho que não podemos simplesmente descartar, sem mais nem
menos, indícios dessa natureza.
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Gostaria de ponderar à Corte,
também, que o problema todo é saber se há indícios: não é um problema de
deixar para ser provado no curso do processo, ou não. Estamos na fase de
saber se há indícios.
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - É isso que
estamos fazendo aqui.
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - E , entre esses indícios, além
do depoimento, temos de levar em consideração, em primeiro lugar, que o
contrato era extramente importante para escapar à supervisão do co-
denunciado.
Na cláusula 19, ele diz: "O presente contrato tem por objeto a
execução pela contratada do serviço de publicidade do conglomerado Banco do
Brasil, inclusive de empresas ou entidades que possam ser de crédito e da
Fundação Banco do Brasil."
Aqui discrimina tudo.
O desvio, apontado pelo Tribunal de Contas da União, chegou a
três bilhões de reais. A pergunta é: o responsável teórico pelos serviços
de comunicaç3o do Governo estava alheio à movimentação dessa ordem? Essa é
a primeira questão para efeito de indícios.
12
Se fosse um contratozinho de dez ou vinte reais, uma
propagandazinha aqui ou lá, posso imaginar que escapasse à percepção ou ao
acompanhamento do co-denunciado. Acho que o montante de dinheiro era muito
grande para estar nas mãos independentes de um funcionário, de um diretor
de marketing.
O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO - E esse diretor foi
categórico.
O SENHOR MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI - Mas isso sã0 ilações,
data venia.
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - ~ ã o , são indícios, Ministro.
Não são ilações infundadas.
O SENHOR MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI - Nós estamos julgando o
que temos nos autos; quer dizer, nos autos temos uma única chamada e, se
tivéssemos a ação penal, seria a chamada do co-réu.
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - ~ s t á nos autos, Ministro;
está no Tribunal de Contas; está no contrato; está na condição, provada e
objetiva, do co-denunciado.
O SENHOR MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI - Sim, parece que não há
dúvida de que houve desvio e é por isso que o Senhor Henrique Pizzolato vai
responder.
13
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Sim.
o SENBOR MINISTRO RICARDOLEWAND~WSKI - Mas isso não significa
necessariamente, pelo menos com relação aos elementos que temos nos autos,
que o Senhor Gushiken teria dado uma ordem.
A SRA. MINISTRA ELLEN GRACIE (PRESIDENTE) - Senhores
Ministros, pela ordem das votações, gostaria de retornar a palavra
Ministra Cármen Lúcia, que ainda não concluiu o seu voto.
A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA - Exatamente. Quando fiz a
pergunta, foi exatamente para saber - do que consegui ver, claro que não com a profundidade com que foi o exame do Relator em todo o período - se haveria outro dado a subsistir ou se tenho de me basear exatamente nesse
único depoimento como o indício que nos levaria a aceitar a denúncia.
É basicamente isso, mas claro que com outros elementos, como
esse que acaba de ser aprovado.
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - Acho esse um
indício 'fortissimo, um indício poderoso. É uma afirmação grave. É um
diretor do maior banco brasileiro, quiçá da América Latina, que afirma ter
recebido ordens de um Ministro de Estado para passar vultosos recursos a
uma empresa nas condições descritas.
Não posso descartar isso.
O SENHOR MINISTRO RICARW LEWANDOWSKI - Recursos não
orçamentários.
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - Recursos do
Banco do Brasil.
A SENHORA MINISTRA &WEX LÚCIA - Apesar de achar um indício
muito precário ainda, mas, somando a esse depoimento de Henrique Pizzolato
toda a tramitação subsequente dos contratos, ai, sim, não poderiam ser pelo
menos do conhecimento do responsável pela Secretaria de Comunicações.
Portanto, nos termos do que tinha redigido, considero
cumpridas as condições exigidas pelo artigo 41 e acompanho o voto do
Relator .
A SRA. MINISTRA ELLEN GRACIE (PRESIDENTE) - Acompanha
integralmente, Ministra Cármen Lúcia, inclusive com relação aos demais?
A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚcIA - Acompanho integralmente,
retirando aqueles que nao foram recebidos por não haver descriçso de
conduta nem individualização, e até com relação a Rogério Tolentino, que
também foi retirado.
Obs.: Texto sem revisão da Exma. Sra. Ministra Cármen Lúcia
( $ 4 Q do artigo 96 do RISTF)
TRIBUNAL PLENO
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS TRIBUNAL PLENO
INQUÉRITO 2.245
VOTO
(S/ SUBITEM 111.3 DA DENÚNCIA)
O SR. MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI - Senhora
Presidente, pelos motivos que explicitei, não recebo a denúncia com
relação ao ex-Ministro Gushiken.
Também trago voto escrito, analiso a prova e vejo que,
com relação aos Senhores ~ o s é Dirceu, José Genoíno, Delúbio Soares e
Sílvio Pereira, a acusação explicitada na denúncia é extremamente
genérica. Nesse aspecto, acompanho o eminente Relator. A vagueza com
que as imputações foram formuladas contra esses acusados impede que
eles possam exercer efetivamente o direito de defesa.
Assinalo e pinço trechos da denúncia em que não há
qualquer descrição no tocante a sua efetiva participação nos crimes
de peculato, não lhes sendo imputada qualquer ação específica que
tenha levado ao desvio de verbas nos contratos impugnados.
~ ã o vi descrito o liame subjetivo entre os denunciados
e esses delitos. Não há na denúncia, ademais, qualquer indicação das
circunstâncias em que teriam sido praticados esses delitos, como
também não há qualquer descrição de valores ou datas.
Também rejeito a denúncia de peculato constante neste
item com relação a ~ o s é Dirceu, José Genoíno, Delúbio Soares e
Sílvio Pereira. Também pelas razões expostas pelo eminente Relator,
excluo o Senhor Rogério Lanza Tolentino.
* * *
Obs.: Texto sem revisão ( $ 4 Q do artigo 96 do RISTF)
$l"LPO;iS:
TRIBUNAL PLENO
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
VOTO
(S/ SWITEM 111.3 DA DENÚNcIA)
O SENHOR MINISTRO EROS GRAU: - Senhora Presidente,
acompanho o Relator em relação a todas as exclusões, mas excluo
também com relação a Luiz Gushiken. Faço-o porque a simples
instauração da ação penal, com fundamento numa suposta ordem - o
voto do Relator diz "em cumprimento a uma suposta ordem" - causa
prejuízo extremamente grande. É uma mera ilação. Eu diria também que
o fato de a CPI ter indiciado não é precedente para nós.
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Mas mostra
raciocínio não é inédito.
O SENHOR MINISTRO EROS GRAU: - Sim, mas, certamente, esta
Corte não está presa nem aos acertos nem aos erros de comissões do
Poder Legislativo. Engraçado, lembrei-me de uma das primeiras aulas
de Direito Penal que tive com o meu querido Mestre Paulo José da
Costa, que dizia que 'pensiero non paga gabella". Para mim, é muito
nítido que estamos diante de uma ilação muito séria e muito grave.
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Mas, Ministro,
nenhuma denúncia por crime de pensamento.
O SENHOR MINISTRO EROS GRAU: - E nem eu disse que está
Ing 2.245 / MG
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Vossa Excelência é que
está invocando um ditado que diz respeito a outra classe de crime.
O SENHOR MINISTRO EROS GRAU: - Mas aqui há um pensamento,
sim; é que seria uma suposta ordem do denunciado Luiz Gushiken. Está
no voto do Ministro-Reiator.
h O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Como suposta, Ministro?
Foi afirmado por alguém.
O SENHOR MINISTRO EROS GRAU: - Eu estou lendo aqui no
voto. 6 O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Suposta para termos de
denúncia, isto é, não temos certeza se aconteceu ou não.
O SENHOR MINISTRO EROS GRAU: - Perfeito. i O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Até espero que não deva
ter acontecido e que venha a provar-se que não aconteceu.
O SENHOR MINISTRO EROS GRAU: - Ministro Cezar Peluso,
para mim não há elementos suficientes. B O SENHOR MINISTRO CEZAR PEL O - Mas, para efeito de
juízo provisório de denúncia, há uma afirmação.
0 SENHOR MINISTRO EROS GRAU: - Já há um prejuízo na
simples instauração da ação penal, não podemos fazer isso
Ing 2.245 / MO G- .
Acompanho, no restante, o Ministro-Reiator, mas recuso em
relação ao Luiz Gushiken, como fez o Ministro Ricardo Lewandowski.
24/08/2007
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
11125l.3
TRIBUNAL PLENO
VOTO (S/ SUBITEM 111.3 DA DENÚNCIA)
O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO - Senhora Presidente, de
certa feita, li em Merleau-Ponty que a verdade sempre se nos dá num
contexto, ainda que, para efeito de denúncia, indiciariamente.
Nesse contexto, percebo haver um depoimento que me
impressiona. Esse depoimento é categórico, não é dúbio, não é
vacilante, não é reticente, feito por um graduado funcionário do
Banco do Brasil habituado a lidar com milhões e milhões de reais.
De que se trata aqui? De uma aplicação do Banco do Brasil
no Fundo Visanet; aplicação essa que, segundo vejo aqui, é em torno
de setenta milhões de reais. Esse dinheiro, para fins penais,
oriundo de uma economia mista, é público, inclusive para efeito de
controle. E o dinheiro público não se despubliciza, não se
metamorfoseia em privado pelo fato de ser injetado numa pessoa
jurídica totalmente privada, como é a Visanet. O dinheiro continua
público a despeito de sua movimentação por uma empresa privada.
G-. Inq 2.245 / MC @ ~ i w @ ? W d ~ & ~
~ 1 2 6 i I
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - Mas,
Ministro Carlos Britto, o tipo penal abrange até mesmo recurso
privado.
O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO - Certo. Perfeito.
O SENHOR MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI - Não há dissenso
com relação a esse aspecto; todos estamos de acordo.
O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO - Nesse contexto, trata-
se de contratos de antecipação de recursos para a prestação de
serviços futuros, e numa espécie de - eu ainda estou falando, claro,
indiciariamente - ciranda de delitividade, porque esses contratos
serviriam de garantia para outros contratos já em outro banco, no
Banco Rural.
O SENHOR MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI - Vossa Excelência
me permite apenas um aparte?
O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO - Pois não, com todo
prazer.
O SENHOR MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI - Claro que não se
trata de fazer a defesa de quem quer que seja, mas, compulsando os
autos, vejo que esses adiantamentos vinham sendo feitos desde 2001.
São adiantamentos perfeitamente regulares, ou, pelo menos, eram
adiantamentos usuais, e a irregularidade que se imputa . . .
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Sem contrato, Ministro.
Sem contrato!
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) -
Adiantamento sem contrato?
O SENHOR MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI - É o que consta
dos autos.
O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO - E sem comprovação da
aplicação.
O SENHOR MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI - A irregularidade
que se imputa ao Senhor Henrique Pizzolato é exatamente a de que não
haveria uma correspondência com relação a comprovação de documentos
e de recibos no que tange a esses adiantamentos. Essa é a
irregularidade, que, no caso, não diz respeito aos adiantamentos em
si. Portanto, ainda que se entenda que o ex-Ministro Luiz Gushiken
tenha dado a ordem, quanto aos adiantamentos, não há nada de
irregular nisso. A irregularidade consiste, exatamente, na falta de
Inq 2.245 / MG
prestação de contas. E, ai, não há nenhuma imputação com relação ao
Senhor Luiz Gushiken.
Por isso e pelas razões anunciadas anteriormente é que
rejeitei a denúncia.
O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO - A meu ver, nesse
contexto, há indícios suficientes, sim, de materialidade de autoria;
há comportamentos que, em tese, são delituosos. Para efeito desse
juízo preliminar, prefacia1 ou delibatório de admissibilidade da
denúncia, acho que há elementos suficientes, e também entendo com o
Ministro-Relator que o caso exige uma apuração mediante um locus
mais apropriado, dado o vulto das acusações e dos recursos
financeiros envolvidos na instrução criminal.
Senhora Presidente, concluo, sem querer adiantar juizo de
mérito, absolutamente, mas impressionado com a facilidade com que
são movimentados, aqui no Brasil, tantos recursos públicos e sem
contrato, sem comprovação.
Eu me permito lembrar que Padre Antônio Vieira, no século
XVII, falando sobre o comportamento dos governadores aqui na América
Lusitana e na América Espanhola, que se chamavam antigamente de
Índias Ocidentais, porque Colombo pensou que houvesse aportado,
desembarcado aqui, ou desembocado na Ásia; e chamava a América de
Índias Ocidentais. Num trocadilho bem posto e atualissimo, o Padre
c. Inq 2 .2 45 / MG f l $B(QM& ~ V ~ U B U T A
Antonio Vieira disse assim: Os governadores chegavam pobres as
Índias ricas, e saíam ricos das Índias pobres.
Esse contexto histórico me impressiona muito, porque há
uma renitência patrimonialista brasileira que me desalenta a própria
cidadania.
Nesse contexto, recebo a denúncia com o Relator, com
todas as exclusões por Sua Excelência também sugeridas.
É como voto.
24/08/2007
INOUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
TRIBUNAL PLENO
VOTO (S/ SUBITEM 111.3 DENÚNCIA)
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Senhora Presidente,
também vou pedir vênia para acompanhar o eminente Relator.
Já adiantei alguns pontos de vista a esse respeito, mas gostaria
de fazer uma observação.
Quando se fala em prova - e isso é coisa elementar das
primeiras aulas, nem diria de Direito Penal, mas de Introdução a Ciência do
Direito -, no sistema do ordenamento brasileiro existem duas grandes categorias
de provas: as provas diretas, também chamadas histórico-representativas, e as
provas indiretas, chamadas provas indiciárias ou crítico-lógicas. As provas
diretas são aquelas de cujo suporte irradia-se imediatamente um juízo de
certeza, e as provas indiretas basicamente consistem numa operação intelectual
e podem, de certo modo, mas sem conotação pejorativa, ser chamadas de
ilações, mas ilações fundadas. E fundadas por quê? Porque consistem em tirar,
de um fato provado, uma relação lógica com outro fato, que é desconhecido,
mas que se tem por provado mediante a ilação.
YS
Inq 2.245 1 MG i112619
Exemplo escolar é o do veículo que abalroa outro pela traseira,
autorizando a ilação de que quem o fez pela traseira é o culpado. O fato
conhecido é que houve o abalroamento pela traseira; a culpa já é uma ilação,
mas fundada na experiência de que quem bate pela traseira ou não estava
atento, ou não guardava a distância regulamentar, etc. O que teria de ser
provado é o fato extraordinário de que o carro da frente parou de repente e deu
marcha a ré! Isso é que não pode ser objeto da ilação.
Aqui no caso temos vários fatos encadeados que estão
provados, a partir dos quais me é lícito, como julgador, fazer uma ilação, uma
inferência, que constitui prova indiciária, suficiente para recebimento da
denúncia.
Eu não posso rejeitar a denúncia - e a minha tendência é
realmente demonstrar-se, no curso do processo, que tudo isso não passou de
uma ilação cujos fatos fundantes não são verdadeiros -, pelo montante sobretudo
das movimentações, não apenas pelo montante, mas também pelo envolvimento
da DNA, conhecida da engrenagem, e mais, sem contratos. 0 s desvios foram
concretizados sem a existência de contratos. No mínimo, seria caso de imaginar
peculato culposo de quem, devendo supervisionar, na direção superior do
serviço de comunicações, não estaria a par de desvios que atingiram, naquela
época, o montante de dois bilhões e novecentos milhões de reais, nem verificou
que as reservas, os recursos do fundo que pertenciam ao Banco do Brasil, e que
deviam ser por este gerenciados, estavam sendo destinados para empresa que
não prestava sewiços e, além disso, emitia notas fiscais falsas - conforme laudo
P 7 2
P*&M&& Inq 2.245 1 MG Cii26,g
do instituto de criminalística - para justificar serviços que não foi realizava.
Ninguém sabia disso? Por que o Senhor Henrique Pizzolato se teria dirigido ao
co-denunciado?
Diante dessas circunstâncias, não posso deixar de reconhecer
que há elementos indiciários suficientes para receber a denúncia. É o que faço,
pedindo vênia a divergência. u"l
Od 4 : 0 1 2 6 2 1
24/08/2007 TRIBUNAL PLENO
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
A revisão de apartes dos Senhores Ministros Cezar Peluso, Ricardo Lewandowski, Joaquim Barbosa (Relator), Carlos Britto e Ellen Gracie (Presidente).
V O T O
(S/ SUBITEM 111.3 DA DENÚNCIA)
O SENHOR MINISTRO GILMAFi MENDES - Senhora Presidente,
desde a leitura da peça assaltaram-me dúvidas quanto a
responsabilidade penal, para os termos da denúncia, do Senhor Luiz
Gushiken. E, ainda agora, o Procurador-Geral, dando resposta aquilo
que foi afirmado da tribuna, traz considerações sobre esses fatos e
transcreve aquela já multicitada e multilida passagem do debate na
Comissão Parlamentar Mista de Inquérito,' em que o Senador Cézar
Borges perguntava:
" O S R . CÉZAR BORGES ( P F L B A ) Mas o Ministro Gushiken sempre disse 'assine o que é preciso assinar'."
Na verdade, é disso que se trata para saber se temos uma
prova mínima indiciária suficiente para a aceitação da denúncia.
O S R . HENRIQUE PIZZOLATO Sim, senhor. N o caso dessa nota específica ele disse: 'Assina, porque não há nenhum problema. Isso é bom. O banco . . .
Inq 2.245 / MG
O SR . CÉZAR BORGES (PFL BA) E n t ã o e l e l h e d e u esse r e s p a l d o d e r e s p o n s a b i l i d a d e q u e o S r . d e v e r i a a s s i n a r i nc lu s i ve a q u i l o q u e a u t o r i z a v a o a d i a n t a m e n t o d a DNA.
O SR . HENRIQUE PIZZOLATO O l h a , e n t e n d i a q u i l o como uma o r d e m . Eu n ã o i r i a m e c o n f r o n t a r a o Ministro e . . . "
São p a s s a g e n s com s i n a i s d e evas ivas .
"O SR . EDUARDO PAES (PSDB R J ) S r . P i z z o l a t o , se V . S a n ã o q u i s e r r e s p o n d e r , n ã o r e s p o n d a . Mas e u e s t o u f a z e n d o uma p e r g u n t a o b j e t i v a : o Minis t ro G u s h i k e n d e t e r m i n o u a V . S a q u e f i z e s s e o p a g a m e n t o à a g ê n c i a DNA?
O S R . HENRIQUE PIZZOLATO E l e d i s s e - m e q u e e r a p a r a a s s i n a r a s n o t a s . . .
O SR . EDUARDO PAES (PSDB R J ) A s s i n a r a nota s i g n i f i c a o q u ê ? P o r q u e V . S E t i n h a d e a s s i n a r a n o t a ?
O SR . HENRIQUE PIZZOLATO P o r q u e e u t i n h a q u e d a r o ' d e a c o r d o ' .
O SR . EDUARDO PAES (PSDB R J ) O ' d e a c o r d o ' d e V . S a s i g n i f i c a v a a u t o r i z a ç ã o ?
O S R . HENRIQUE PIZZOLATO S i g n i f i c a v a que a D i r e t o r i a d e M a r k e t i n g i r i a e s t r u t u r a r as c a m p a n h a s com r e c u r s o s d a V i s a n e t j u n t o com os d e m a i s . . .
O S R . ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB S P ) Quem p e d i u p a r a você a s s i n a r essa a u t o r i z a ç ã o d e R$23 ,3 m i l h õ e s p a r a DNA?
O S R . HENRIQUE PIZZOLATO Eu f u i a o P r e s i d e n t e d o Banco , " - a í o b s e r v a - s e um o u t r o c í r c u l o d e h i e r a r q u i a , q u e f a z t o d o s e n t i d o . N ó s e s t a m o s a f a l a r d e uma D i r e t o r i a d e M a r k e t i n g d o B a n c o d o B r a s i l - " a o V i c e - P r e s i d e n t e d e V a r e j o j á r e l a t e i i s s o a q u i e f u i à S e c o m e m o s t r e i . . . ,r
S e r á que o P r e s i d e n t e d o B a n c o d o B r a s i l e o V i c e -
P r e s i d e n t e s e r i a m c o - a u t o r e s d e s s e d e l i t o ?
"O SR . ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB S P ) S e c o m . O q u e é S e c o m ?
O SR . HENRIQUE PIZZOLATO É a S e c r e t a r i a d e C o m u n i c a ç ã o .
O SR . ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB S P ) I s so é P a l á c i o .
Inq 2 . 2 4 5 / MG
O SR. HENRIQUE PIZZOLATO O que o Ministro disse é que não via nenhum problema, que era uma boa noticia, porque o Banco teria e isso eu relatei no início, . . . ,,
Depois, vejo na denúncia que se imputa, na verdade, o
desvio por falta de fiscalização na execução. Não imagino, embora os
fatos todos sejam deploráveis em toda a sua extensão, que se possa
exigir necessariamente deste Ministro ou de qualquer outro, porque
seriam responsáveis, então, pelos desvios de todas as estatais - o
Ministro das Minas e Energia por todas as grandes empresas, a
ELETROBRÁS, a PETROBRÁS - que só por isso eu possa fazer uma
ilação.
De modo que, exatamente com base nos mesmos fatos aqui
mencionados pelo Ministro Cezar Peluso, chego a uma conclusão
divergente. Se, no curso do processo, de fato se demonstrar a
responsabilidade do ex-Ministro, deve-se fazer a denúncia adequada,
mas com esses elementos. E nem vou aqui trazer aquilo que parece ter
ficado perceptível para a própria CPI: que havia uma tensão
dialética, alguma desinteligência entre este Diretor e o Secretário
de Comunicação. Parece algo que não está sob dúvida.
Mas esses elementos realmente dificultam. E se ficarmos
nesse estágio da discussão, será palavra contra palavra, até porque
a fraude parece ter residido não na eventual antecipação, mas na
execução, na prestação de contas, na prestação do serviço.
E também nào é curial, não é pelo menos comum que uma
autoridade, um diretor de banco ou um diretor de empresa se dirija
Inq 2.245 / MG
ao Ministro de Estado para perguntar se assina, ou não, uma nota.
Também isso está no campo das inverossimilhanças, pelo menos.
De modo que, diante desses elementos, que são leituras de
fatos, não consigo ver esses indícios. E aqui realmente me vem o
significado que a ação penal tem. Deixá-la transitar tão-somente
para que se adensem elementos, sendo que, na verdade, estamos a ter
uma informação contra a outra. Sem dúvida, não tenho condições de
aceitar esta prova que está muito tênue.
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Ministro, eu até
concordaria com Vossa Excelência, se houvesse prova nos autos de que
o Senhor Henrique Pizzolato não tinha nenhum contato com o co-
denunciado.
O SENHOR MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI - Consta que seria
até o desafeto dele.
O SR. MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - Não vi nada
nesse sentido nos autos.
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Consta onde, Ministro?
O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO - Tudo é uma questão de
leitura com os mesmos fatos.
4
Inq 2.245 / MG
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO - Se Vossa Excelência
mostrar que a respeito conste alguma coisa, . . .
O SENHOR MINISTRO -OS BRITTO - Com os mesmos fatos, os
mesmos eventos e até documentos e leis, tudo admite leitura
diversificada. Se eu mudar a entonação de voz para o lado oposto da
entonação adotada pelo Ministro Gilmar Mendes, a conclusão será
outra.
Leio o seguinte:
"O SR. CEZAR BORGES (PFL BA) Mas o Ministro Gushiken sempre disse 'assine o que é preciso assinar'.
O SR. HENRIQUE PIZZOLATO Sim, senhor. No caso dessa nota especifica ele disse: 'Assina, porque não há nenhum problema. Isso é bom. O banco . . .
O SR. CEZAR BORGES (PFL BA) Então ele lhe deu esse respaldo de responsabilidade que o Sr. deveria assinar inclusive aquilo que autorizava o adiantamento da DNA.
O SR. HENRIQUE PIZZOLATO Olha, entendi aquilo como uma ordem. Eu não iria me confrontar ao Ministro e... "
Vejam como muda tudo. Houve dubiedade nisso, vacilação?
Absolutamente, ele foi categórico, emprestando uma qualificação
objetiva ao seu depoimento. E estamos num campo indiciário.
A SRA. MINISTRA ELLEN GRACIE (PRESIDENTE) - Ministro
Gilmar Mendes, Vossa Excelência, então, não recebe?
Inq 2.245 / MG
O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES - Senhora Presidente, eu
já tinha dito, conforme o Ministro Carlos Britto, que diante dos
mesmos fatos temos perspectivas diferentes. Não vejo como, pelo
menos no estado atual do processo, esta ação possa ser devidamente
instaurada em relação a Luiz Gushiken com alguma plausibilidade de
que venha eventualmente a resultar numa possível ou eventual
condenação. Todos os elementos levam exatamente a esse impasse.
Por isso manifesto-me, seguindo o Relator em relação aos
demais aspectos já destacados, no sentido da - neste passo -
rejeição da denúncia em relação a Luiz Gushiken, até porque, a dar
credibilidade ao que disse Pizzolato, talvez Gushiken esteja
faltando em relação a todos os demais crimes imputados a Pizzolato,
porque ele certamente estaria submetido, ou talvez até Pizzolato não
teria cometido crime nenhum, seria um mero agente de execução.
Fico realmente perplexo com relação a isso. Por outro
lado, tenho essa dificuldade de imaginar diretores de estatais se
dirigindo a ministros de Estado para pedir autorização para assinar
notas. Fico a imaginar o que faria o histro das Minas e Energia. / A L
O SR. MINISTRO JOAQUIM RBOSA (RELATOR) - Notas de
setenta milhões de reais. Não são notinhas de compras de
supermercado.
Inq 2.245 / MG r. f l q u m ddud @edmcad
O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES - Que seja. Fico a
O SR. MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - Vossa
Excelência conhece tão bem a Administração Federal como eu e sabe
que certas decisões envolvendo certas cifras não são tomadas sem
passar pelo crivo político-administrativo de um certo nível. É disso
que se trata aqui.
O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES - A própria filosofia da
Secretaria de Comunicação já indicava, nos vários governos, a
fixação de diretrizes quanto à locação de recursos de publicidade,
que sabemos serem elevados. Mas, dai dizer que 'o chefe determina,
seria preciso que houvesse mais elementos nos autos. * A SRA. MINISTRA ELLEN GRACIE ( P R E S I D E N ~ - No mais,
Vossa Excelência acompanha o Relator?
O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES - Senhora Presidente, no
mais, acompanho o Ministro-Relator.
24/08/2007
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
TRIBUNAL PLENO
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Presidente, estamos
a lidar com questões ligadas ao grande todo, que é a publicidade. É
sabido que a publicidade por vezes não é implementada como previsto
na Constituição, com observância de balizas legais.
Neste primeiro passo, apreciamos tão-somente a
existência de indícios, não se exigindo prova para concluir-se pela
legitimidade passiva de envolvidos.
O que há na espécie? Não vou, aqui, perquirir como um
diretor do Banco do Brasil chega ao respectivo cargo, não vou levar
em conta a origem da caminhada. O que se tem, então, no caso? Tem-se
que pessoa altamente qualificada - porque, como já salientado pelo
relator, diretor do Banco do Brasil - compareceu a Órgão merecedor,
também, da maior respeitabilidade, um órgão do Parlamento, uma
Comissão Parlamentar de Inquérito, e, questionada, veiculou que
praticou atos a partir de orientação, e o fez de forma clara,
precisa, daquele que capitaneava, a época, a comunicação e a gestão
estratégica da Presidência da República. Ora, podemos, diante desse
contexto, dizer que é manifesta - e é o vocábulo utilizado pelo
Código de Processo Penal - a ilegitimidade do ex-ministro Luiz
Gushiken para figurar no pólo passivo da ação penal?
a não ser que partamos, nesta fase, para a exi
robusta do comprometimento do ex-ministro. Indagado
S T F 102.002
senhor Henrique Pizzolato afirmou, e categoricamente, que assinara a
nota a partir de determinação. Se não o fizesse, o que poderia
ocorrer? Não sei, e não vou revelar, já que detentor de cargo
demissível a qualquer momento, por determinação do todo-poderoso, a
época e no âmbito de atuação, o Ministro da Secretaria de
Comunicação e Gestão Estratégica da Presidência da República
Como estou limitado ao exame de simples indícios da
autoria, tenho que a situação desse ex-ministro é diversa da
situação, por exemplo, do ex-ministro José Dirceu, já excluído ante
a ilegitimidade até aqui manifesta, sem prejuízo inclusive de a
denúncia vir a ser aditada, pelo próprio relator, o mesmo
acontecendo com José Genoíno, hoje deputado, Sílvio Pereira e
Delúbio Soares. O senhor Pizzolato, segundo depoimento na Comissão
Parlamentar de Inquérito, não atuou por força de indicação - não vou
falar determinação - desses senhores, mas declarou expressamente que
atuou, e de forma reconhecida, ante o que asseverou - e já foi
ressaltado pelo ministro Carlos Ayres Britto - sob orientação do
ministro Gushiken.
Peço vênia àqueles que divergem para, Qm0, não
sufragando a máxima segundo a qual a corda estoura do ado mais
fraco, receber a denúncia.
24/08/2007
INQ~RITO 2.245-4 MINAS GERAIS
Ci12630
TRIBUNAL PLENO
A revisão de aparte do Senhor Ministro JOAQUIM BARBOSA (Relatar) .
V O T O - - - - (S/ subitem 111.3 da denúncia)
O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO: Senhora Presidente,
todos sabemos que, para o recebimento da denúncia, é desnecessária a
prova completa, cabal, taxativa da ocorrência do crime e de seu
autor. Por isso mesmo, este Supremo Tribunal tem reiterado, em sua
jurisprudência, ser fundamental, nesta fase preliminar do processo
penal condenatório, que a peça acusatória seja sustentada por
documentos que revelem indícios suficientes de autoria, porque, sem
um substrato probatório mínimo, descaracterizar-se-6, por completo,
um dos requisitos necessários ao exercício da ação penal, restando
configurada, em tal situação, quando ocorrente, a ausência de justa
causa.
A mim me parece, Senhora Presidente, não haver
elementos indiciários consistentes que possam suportar uma acusação
contra o ex-Secretário de Comunicação Luiz Gushiken. Entendo - como
já o fizeram os eminentes Ministros RICARDO LEWANDOWSKI e
Inq 2.245 / MO
GILMAR MENDES - que os indícios são extremamente frágeis e que a
prova indiciária, meramente circunstancial, não pode conferir
segurança ao recebimento da denúncia. Tal situação, como é evidente,
não impedirá o Ministério Público, dispondo de outros elementos mais
consistentes, de renovar a pretensão punitiva do Estado, mediante
indicação de dados probatórios que realmente possam viabilizar o
oferecimento da acusação penal. Mas, com os dados at6 agora
produzidos, não me sinto seguro para receber a denúncia.
De outro lado, indago, ao eminente Ministro-Relator, e
no que concerne ao chamado 'núcleo duro" da organização criminosa,
se, em seu voto, ao se referir ao "núcleo central da hipotética
quadrilha", nele inclui os denunciados José Dirceu, ~ o s é Genoíno,
Silvio Pereira e Delúbio Soares?
Ao examinar a imputação de suposta prática do delito de
peculato, tipificado no art. 312 do Código Penal, o eminente Relator
fez constar, do seu douto voto, uma passagem que qualifica como
trecho pertinente e expressivo da denúncia:
" (. . . I uma vez sob disposição do núcleo Marcos Valério, o montante foi empregado para pagar propina e dívidas de campanhas eleitorais por ordem de Jose Dirceu, José Genoíno, Sílvio Pereira e De1 úbio Soares. Além disso, como já relatado, uma das antecipações
Inq 2.245 / MO
serviu para abater um dos enpr6stimos do BMG que suportaram a engenharia ora denunciada."
E a tanto se limitaria, segundo compreendi, a acusação
referente a suposta prática do crime de peculato. L- /
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) -
Exatamente. A denúncia se limita a isso, em relação a esse núcleo.
O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO: Fui conferir a
denúncia, porque ela é muito extensa e abrange uma multiplicidade de
fatos, de eventos e de protagonistas. A mim me parece, no entanto,
que somente essa descrição é insuficiente para se ter por cumprido
um ônus que incumbe, exclusivamente, ao Ministério Público, em tema
de formulação de acusação penal. A mim me parece, na verdade, que
essa descrição é extremamente precária e, portanto, inviabilizadora
do recebimento da peça acusatória.
Por isso, Senhora Presidente, pedindo vênia, acompanho
o voto proferido pelo eminente Ministro RICARDO LEWANDOWSKI, no
ponto em que não recebe a denúncia contra Luiz Gushiken.
É o meu voto.
24/08/2007 TRIBUNAL PLENO
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS W revisão de apartes dos Srs. Ministros Joaquim Barbosa (Relator) e Carios Britto.
TRIBUNAL PLENO
INQUÉRITO 2.245
VOTO
(s/ subitens a.2, a.1 e c.1 do item 111.3 da denúncia)
A SENHORA MINISTRA CÁREIEN LÚCIA - Senhora Presidente,
acompanho o Relator, salvo com relação ao inciso VI1 da Lei nn 9.613
relativamente a Henrique Pizzolato, por aqui ficar provada essa organização
criminosa, nessa passagem específica. Não há uma descrição nem na denúncia,
nem nos autos.
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - Se ele ajudou
a irrigar os cofres da suposta organização criminosa.
O SENHOR MINISTRO CARU)S BRITTO - E a origem do dinheiro.
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATORI - É uma das
fontes
A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA - A origem sim, mas para
este caso não hd.
De toda sorte, como estou recebendo conforme Vossa
Excelência com relação à denúncia, essa pontuação quanto aos itens
específicos não conta, apenas para ressalvar, porque ainda não votamos em
relação a isso inclusive.
Obs.: Texto sem revisão da m a . Sra. Ministra Cármen Lúcia
( $ 4° do artigo 96 do RISTF)
24/08/2007
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
TRIBüNAL PLENO
VOTO - (S / subitens a.2, a.1 e c.1 do item 1 1 1 . 3 da denúncia)
O SENHOR MINISTRO EROS GRAU: - Senhora Presidente,
acompanho o Relator com a ressalva levantada pela Ministra Cármen
Lúcia.
TRIBUNAL PLENO
INQUÉRITO 2 . 2 4 5 - 4 MINAS GERAIS TRIBUNAL PLENO
INQUÉRITO 2.245
VOTO
(s/ subitens a.2, a.1 e c.1 do item 111.3 da denúncia)
O SR. MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI - Senhora
Presidente, peço vênia porque eu já havia feito essa mesma ressalva
num item anterior. Então, nesse aspecto, também acompanho a Ministra
Cármen Lúcia.
* * * *
Obs.: Texto sem revisão í $ 4* do artigo 96 do RISTF)
r c ? G T i b 1
TRIBUNAL PLENO
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS VOTO S/ ITEM IV
A SENHORA MIMSTRA CÁRMEN LÚCIA - Senhora Presidente, sigo
o voto do Relator integralmente e, também, neste ponto, anexarei o meu
voto.
Obs.: Texto sem revisão ( $ 4 * do artigo 96 do RISTF)
0 1 2 6 3 8
TRIBUNAL PLENO
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS TRIBUNAL PLENO
VOTO S/ ITEM IV
O SR. MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI - Senhora
Presidente, acompanho o Relator, mas faço uma ressalva com relação
ao inciso VI1 do artigo 1Q da Lei nQ 9.613. Esse inciso cuida de
dinheiro proveniente de organizações criminosas, figura criada pela
Lei nQ 10.217, que alterou a Lei nQ 9.034. Assinalo que a denúncia
apenas imputou a alguns denunciados o delito de formação de
quadrilha, que consta do artigo 288 do Código Penal.
* * *
Obs.: Texto sem revisão ( $ 4* do artigo 96 do RISTF)
TRIBUNAL PLENO
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS RETIFICAÇÃO DE VOTO s / O ITEM IV
A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA - Senhora Presidente,
também reajusto o meu voto, como fiz nos outros.
Obs.: Texto sem revisão ( $ 4 " do artigo 96 do RISTF)
24/08/2007
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS
(i 1 2 6 -1 1)
TRIBUNAL PLENO
VOTO S/ ITEM IV
O SENHOR MINISTRO EROS GRAU: - Senhora Presidente,
faço a mesma ressalva do Ministro Ricardo Lewandowski. Tenho os meus
cuidados com relação a essa conceituação e o que li em Alberto Silva
Franco me deixa em dúvida.
01264!
TRIBUNAL PLENO
INQUÉRITO 2.245-4 MINAS GERAIS VOTO S/ ITEM IV
O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO - Senhora Presidente,
a imputação que se faz aqui, Ministro-Relator, centralmente, é a de
lavagem de dinheiro?
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - Lavagem
de dinheiro em relação a todos.
O SENHOR MINISTRO =OS BRITTO - A todos que são
dirigentes do Banco Rural.
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - Do Banco
Rural e do núcleo do Marcos Valério.
O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO - Conjugadamente?
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) -
Conjugadamente.
O SENHOR MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI - Eminente
Ministro, a minha preocupação é que a lei que cuida de organizações
criminosas traz sanções mais severas, inclusive com relação a
cumprimento de penas e eventuais medidas cautelares em termos de
privação de liberdade. Portanto, faço essa ressalva em face de
eventuais conseqüências que uma imputação relativamente a esse
inciso possa ter.
O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) - Mas a
imputação aqui não terá conseqüências, na eventualidade de abertura
da ação penal, no plano da aplicação de pena. O dispositivo fala em
lavagem de dinheiro proveniente de crimes contra a Administração
Pública, contra o sistema financeiro e decorrente de organização
criminosa, mas não remete à Lei das Organizações Criminosas para
efeito de fixação de pena. A pena é a da própria Lei no 9.613. Eu
não vejo essa conseqüência.
O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO - Senhora Presidente,
vou pedir vênia a dissidência e acompanhar o Relator integralmente.
***
Seção de Processos Diversos do Plenário
TERMO DE ENCERRAMENTO DE VOLUME
Em OQi de hW6wbQ de , fica encerrado o a' volumedos presentes autos do (a) t*r.i9 à folha no &.6'13/ , Seção de Processos Diversos do Plenário. Eu,
, Analista/Técnico Judiciário, lavrei o p'resente ~Lrmo.