Metallica a Biografia Mick Wall

5/23/2018 Metallica a Biografia Mick Wall

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Metallica


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Folha de Rosto

Mick Wall

Metallicaa biografia

Traduo

Daniela Pires, Leandro Woyakoski e Marcelo Barbo


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rditos

Copyright by Mick Wall, 2010

Publicado originalmente por Orion, Londres.

Copyright da traduo by Editora Globo, 2012

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta edio pode ser utilizada ou reproduzida em qualquer meio ou forma, seja mecnico ou eletrn

fotocpia, gravao etc. nem apropriada ou estocada em sistema de banco de dados, sem a expressa autorizao da editora.

Texto fixado conforme as regras do Novo Acordo Ortogrfico da Lngua Portuguesa

(Decreto Legislativo n 54, de 1995)

Traduo:Daniela Pires / Leandro Woyakoski / Marcelo Barbo

Preparao de texto:Fabiana Medina

Reviso de texto:Gustavo Mesquita

Reviso tcnica:Caio Cabelo

Paginao:Linea Editora Ltda.

Capa:Craig Fraser / The Orion Publishing Group Ltd. (Londres)

Fotos de capa: C Flanigan / FilmMagic / Getty Images (primeira capa);

Evan Agostini / Getty Images Entertainment (quarta capa)Produo para ebook: S2 Books

Wall, Mick Metallica : a biografia / Mick Wall ; traduo Daniela Pires, Leandro Woyakoski, Marcelo Barbo. So Paulo :Globo, 2012.

Ttulo original: Metallica : Enter night Bibliografia ISBN 978-85-250-5279-7 5.777kb; ePUB1. Metallica 2. Metallica - (Banda de rock) 3. Msicos de rock - Estados Unidos - Biografia I. Ttulo.

11-12675 CDD-782.42166092

ndice para catlogo sistemtico:1. Metallica : Msicos de rock : Biografia e obra 782.42166092

Direitos de edio em lgua portuguesa para o Brasil adquiridos por Editora Globo S.A.

Av. Jaguar, 1485 05346-002 So Paulo / SP

www.globolivros.com.br


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Dedicatria

PVanessa Lam


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Sumrio

Capa

Folha de Rosto

CrditosDedicatria

Agradecimentos

Prlogo

Parte um

Nascido para morrer

Um - O prncipe

Dois - O Leo CovardeTrs - Couro nos seus lbios

Quatro - A noite cai na priso albergue

Cinco - Punks cabeludos

Seis - Ligando para tiaJane

Sete - Obra-prima

Parte dois

A arte da escurido

Oito - Venha, doce morte

Nove - De preto

Dez - Garotas selvagens, carros velozes e muitas drogas

Onze - A limusine preta

Doze - Carregados

Treze - Monstrum

Catorze - O novo preto

Notas e fontes

ndice remissivo

Caderno de Fotos


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Agradecimentos

Este livro no teria sido escrito sem a ajuda valiosa das seguintes pessoas, a quagradeo de todo o corao.

Em primeiro lugar, minha esposa, Linda Wall, que viajou comigo pra l e pra c. Tambao meu agente e bom amigo Robert Kirby, da United Agents, e Malcolm Edwards, da Orem quem habita o verdadeiro esprito do editor cavalheiro. Tambm expresso minha gratisincera a Elizabeth Beier, da Saint Martins Press. E a Charlotte Knee, Ian Preece e StepFall. Pessoas sensacionais, a exemplo de Michelle Richter, Katy Hershberger, BrenFredericks, Gemma Finlay e Angela McMahon.

Tambm agradeo sinceramente a duas pessoas cuja pesquisa para o livro excedeobrigao: Joel McIver e Malcolm Dome. A seguir, vm aqueles cuja contribuio foi me

especfica, mas que muitas vezes me ajudaram em cima da hora. So eles Diana e CCartwright, Damian McGee, Bob Prior, Chris Ingham, Scott Rowley, Sian Llewellyn, Fergusson, Russ Collington, Alexander Milas, Megan e Dave Lavender, Yvonne e KeShepherd. E especialmente a Evie, Mollie, Michael, Tad e Ruby, que sempre me ajudarcomo podiam, que Deus os abenoe.

E finalmente, claro, a Lars Ulrich, James Hetfield e Kirk Hammett, pelas lembranpela msica...


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Prlogo

Pouco antes do amanhecer

Fazia frio naquela maldita manh sombria, a temperatura caindo abaixo de zero enquannibus de excurso branco e sujo rodava na velha rodovia de mo nica. Era fim de setemmas na Sucia, onde o sol nunca dorme no vero, as noites j voltavam a ficar longas. breve, cairiam nevascas pesadas e a escurido duraria 24 horas, formando aquele desolaperodo em pleno inverno em que as taxas nacionais de suicdio sobem, junto com o consude drogas e lcool. Por ora, contudo, a estrada frente estava limpa. Realmente fazia frestava escuro, mas no chovia havia dias, e o cho debaixo das rodas do veculo estava scomo ossos velhos.

Somente o motorista estava acordado ao menos foi o que ele disse depois. Todo o r os quatro integrantes da banda, o tour manager e trs homens da equipe de apoio esdormindo nos frgeis beliches de madeira aparafusados nas laterais do fundo do nibus, canelas haviam sido forradas com papelo para evitar correntes de ar. O nibus, um modingls com o volante no lado direito, no era o ideal para longas jornadas noturnas por estrafora da Inglaterra, onde o trfego flua direita, no esquerda. Mas tanto o motorista quao nibus eram calejados. Ao contrrio da banda que transportavam, os dois j haviam cruzaquelas estradas muitas vezes. Nada tinha dado errado at ento; nem daria naquele mome

Mas deu.Eles discutiram a respeito mais tarde. E ainda discutem, um quarto de sculo dep

Havia gelo na estrada? Fazia frio para isso, mas no tivera chovido nem cado nevegranizo em nenhum dos dias anteriores. Ento o motorista teria adormecido no volaEstaria bbado, ou, quem sabe, chapado? Se fosse assim, por que a polcia, que o prendeulocal, o liberou em seguida, sem nenhuma acusao? Ser que havia algo errado com o nibNovamente, os peritos afirmaram que no. Quando examinaram as ferragens, encontraram nenhum problema mecnico. A nica coisa que todos sabiam era que o ni

enfrentou dificuldades depois que a estrada fez uma leve curva esquerda. E que o motorsentado direita, percebeu isso quando o nibus derrapou e invadiu o acostamentocascalho, as rodas do lado direito deslizando na terra.

Completamente alerta naquele momento, os olhos arregalados, o motorista girovolante com tudo para a esquerda, tentando levar o nibus de volta estrada. Por um instaulgou ter conseguido, mas a traseira derrapou para a direita, e as enormes rodas de tambm deixaram a estrada e comearam a sacolejar na terra. Em pnico, o motorista lupara controlar a situao.


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No adiantou. As pessoas acordavam no fundo, caindo dos beliches, aos gritos. O nicontinuava derrapando e sacudindo. Em questo de segundos, o veculo rodou, ficatotalmente na contramo, e suas rodas por fim pararam ao bater com tudo contra o meio-fioutro lado da estrada. Ouviram-se barulho de vidro quebrando, mais gritos, splicas, e entdeu o momento mais aterrador: o nibus tombou de lado, atingindo o cho com uma pancensurdecedora.

Das nove pessoas a bordo, duas ficaram presas debaixo dos beliches, que caram sobre os outros, da esquerda para a direita, conforme o nibus tombava. Cinco tiveferimentos leves um dedo do p quebrado e algo mais e um jazia morto sob o niacidentado, apenas as pernas mostra. O motorista teve sorte. Ele escapou com alguns coe contuses leves.

O sol estava prestes a nascer, mas ainda estava escuro, um frio de congelar. Um primeiros a sair dos destroos foi o baterista, um rapaz baixinho e magrelo de cabelcastanha que se levantou e deu um pinote pela rodovia, sem saber aonde ir, totalme

perdido, to atordoado que nem sentia a dor do dedo quebrado no p esse jovem intelige astuto, que j tinha visto tantas coisas na vida, ainda no vira nada assim. No mesmo.

Atrs dele veio o roadie de guitarra, um gigante de dois metros de altura que se arrasdo local aonde havia sido arremessado dos beliches. A porta da frente, esquerda, era agum alapo no teto por onde escalara, somente de cueca, com as costas doloridas em razobatida contra a lateral do beliche, quando o acidente o lanara para fora da cama.

Pela sada de emergncia traseira saiu o vocalista, alto, transtornado, tambm s de cue meias, berrando e guinchando, louco da vida, seguido pelo guitarrista, outra figura magri

e baixinha, tossindo e chorando, com os grandes olhos escuros repletos de cinzas e aisonolentos. Todos gritavam, ningum sabia o que estava acontecendo, nem o que fazer. Aiestava escuro, um frio de rachar, e ningum estava preparado para aquilo, seja l o que tivacontecido. S sabiam que era uma coisa ruim, ruim pra cacete. Ruim pra cacetequadrado...

Quando o segundo nibus trazendo o resto da equipe apareceu uma hora depoiprimeira das sete ambulncias tambm j havia chegado, mas somente o tour manager parentender o que realmente acontecera. Ele estava to chocado que nem imaginava como coaos outros que, enquanto entravam nas ambulncias e partiam para o hospital, eles estavdeixando para trs um dos seus. E no era qualquer um, mas aquele que todos julgasortudo. Aquele de quem mais gostavam, aquele que sempre respeitaram, mesmo tirando sdele ou ignorando seus conselhos, pois seu senso de integridade, de certo e errado, sempre um pouquinho demais para os outros, apenas jovens babacas que nem sempre escolhiamcerto, mas o que era divertido.

Com a escurido sumindo, o cu cinzento do alvorecer sobre a cabea de todosrapazes subiram nas ambulncias e foram embora, ainda sem saber que estavam deixando p


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trs no apenas o passado, mas tambm o futuro. O futuro com que haviam sonhaddividido uns com os outros, tendo expressado ou no, at o instante em que o nibus derranaquele trecho invisvel de gelo, com o trouxa do motorista, se no adormecido, tampodesperto o suficiente para acompanhar a estrada cheia de curvas; o mapa do tesouro que tosabiam pertencer a eles at o momento em que o diabo resolveu agir e mudou suas vidas psempre.

At o momento em que Cliff Burton, o baixista, foi embora antes deles, levando consialma da banda com o nome mais idiota da histria do heavy metal: Metallica.


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Parte umNascido para morrer

Fuck it all and fucking no regr[Foda-se tudo, sem arrependimen

James Hetfield, Damage, Inc., 1


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UmO prncipe

Foi um momento to inesperado e bizarro que, anos depois, eu me perguntava se aquilo realmente tinha acontecido era uma falsa memria produzida pelo trauma. Mas ainda me lembro de Lars descendo de muletas a escada do HammerOdeon.

No me lembro do show de quem era ou qual foi , mas s do momento em que ele cambaleou escada abaimaior gs, me chamando: Ei, Mick, seu puto! O que est pegando?.

As portas da frente j estavam trancadas, e os fs tinham ido embora havia muito tempo, por isso s consegui pensaele ficara tomando drinques ps-show como eu, fazendo hora at de madrugada no bar dos bastidores, e agora e

procurando um txi para voltar para casa. Porm, eu no o tinha visto. No estado mental em que me encontrava, meu cde viso estava limitado, apertava tanto os olhos que at doa. Era a primeira vez que eu saa desde que minha me h

morrido semanas antes. Mais jovem do que sou agora, ela fora derrotada por um cncer no crebro, e o final, emrelativamente repentino, fora precedido por circunstncias muito duras, excruciantes para ela, deplorveis para ns qacompanhavmos.

Lars desceu os degraus num instante e aproximou o rosto do meu. Oi, ele disse. Fiz alguma brincadeira sobre as mu por causa do dedo do p, ele respondeu, embora fosse uma notcia to velha que nem merecia ser mencionada. Dev

parecido confuso. Eu quebrei. Eu o encarei. No acidente, ele acrescentou, impaciente.Eu estava acostumado com astros do rock, mesmo com aqueles que ainda no eram famosos, como Lars, que esper

que voc soubesse de todos os detalhes de seu trabalho e se mostrasse fascinado com eles. Mas mesmo assim... Dedo dquebrado? Acidente? Que acidente?

Mas ele no queria falar disso. Lars veio saber se eu tambm tinha ido ver o show deles.

Novamente, fiquei perplexo. Ele sacou na hora. Quando tocamos aqui, panaca! Ah, agora eu entendi. O Mettambm tinha tocado recentemente no Hammersmith Odeon. Como seu mais novo defensor na imprensa roqueira brit

fazia sentido que ele esperasse me ver na primeira vez em que a banda fosse a atrao principal numa casa de prePorm, estava na cara que eu no tinha ido. Na verdade, eu devia estar no hospital, ou indo ou voltando de l. Era isso tinha estado no inferno.

S que naquela hora eu no sabia transformar aquilo em palavras. Mal conseguia explicar para mim mesmo, quepara outra pessoa. Eu tinha 28 anos, e meu mundo, ao mesmo tempo, diminura e se expandira de um jeito que ainda lpara entender. Ele estava com 22 anos e no tinha o menor interesse naquilo. A nica coisa que importava era o Metaseu puto!

No, respondi, cansado demais para tentar mentir. Foi bom?

Qu?, ele explodiu? Se foi bom? Voc no viu? Ele me olhou com um ar de decepo associada a raiva e choque. foi bom pra caralho! Voc perdeu um puta show! Os ingressos esgotaram, e os fs enlouqueceram!

Ah, que legal. Desculpe no ter visto, cara.

Seus olhos ultrajados estudaram os meus. Um garoto precoce se transformando rapidamente num homem, Lars deviaapaixonado demais pelo Metallica e pelo barato que estava vivendo para se distanciar e pensar nos outros, mas ele nidiota, e naquela hora deve ter sacado alguma coisa na minha cara sem saber exatamente o que era, o bastante

perdoar aquela mancada, mas no para esquec-la, no num futuro prximo , pois mudou de assunto e, depois demais um pouco, foi embora mancando, ainda descontente comigo, mas no to ofendido, ao menos era isso que eu espeEle e seu dedo quebrado do p...

Vi como ele desaparecia na noite, acompanhado pelo guarda-costas, procura de carona para casa ou seja l para estivesse indo.

Acidente, pensei, que acidente?

Quando James Hetfieldconheceu Lars Ulrich, sacou qual era a dele na hora. Um riquinpensou com seus botes. Voc conhece o tipo: um cara que tem tudo, o filho nico

desconhece um no. E ele era assim. Nascido numa casa do tamanho de um castelo


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elegante cidade de Hellerup, a parte mais chique do municpio de Gentofte, na poro orieda Dinamarca, Lars Ulrich veio ao mundo no dia 26 de dezembro de 1963. Um presenteNatal atrasado para um casal sem filhos de trinta e poucos anos velhos, naquela poca, serem pais , Lars foi considerado especial desde o dia em que nasceu. Era um conceito ele logo comearia a compartilhar.

Seu pai, Torben, era um tenista veterano com mais de cem partidas na Copa Davis

tendo levado a equipe a vrias finais e membro dojet setemergente do ps-guerra; sua mLone, espcie de matriarca bomia, lutava para manter os ps do marido, que viviamudando, no cho. Astro da era do tnis amador aos quarenta anos, que continuava vencepartidas do Grand Slam quando se profissionalizou tardiamente no final dos anos 1960interesses de Torben no se resumiam ao esporte. Como o Ministrio de EsportesDinamarca daquela poca amadora restringia a participao em torneios no exterior a ape56 dias por ano, ele teve tempo para se tornar tambm um talentoso redator do joPolitiken, clarinetista de vrios grupos de jazz e, mais tarde, artista, cineasta e adepto

budismo. Um tipo meio Gandalf, cabeludo e dono de uma barba longa cuja obsesso cocondicionamento fsico e mental continuou muito tempo depois de encerrada a carreiratenista, como lembrou numa entrevista em 2005. Eu podia jogar tnis tarde, depois faziasom noite, seguia at a redao do jornal para escrever crticas e, na sequncia, taencontrar amigos pela manh para tomar caf, e ento ensaiar com a banda ao meio-dia e jtnis s 15 horas. De repente, no tinha dormido por trs ou quatro dias.

Seu nico filho tambm passaria o dia inteiro cheio de energia; as recordaes mantigas da infncia de Lars esto emaranhadas com as obsesses constantes do pai e sua vhiperativa.

At entrar na escola, aos sete anos, ns viajvamos para todo canto, Lars me contou2009. Estados Unidos, Europa, fomos Austrlia algumas vezes... Passamos um invernofrica do Sul, acho que em 1966 ou 1967. O pai participava do Aberto da Austrlia todoanos em janeiro. E isso numa poca em que viajar de avio no era to comum. Era uornada e tanto chegar l... E passamos muito tempo em Paris, Londres, todos esses lugarMas o tnis era apenas o emprego fixo. A casa vivia repleta de arte e msica. Um amantestilo quando Copenhague era uma incubadora de msicos de jazz contemporneo, Tortocava clarinete e saxofone, e Lars passou a infncia numa casa que ecoava msica, segurecorda: Ben Webster, Sonny Rollins, Dexter Gordon, todos passaram temporaconsiderveis na Dinamarca. Era um cenrio saudvel e [meu pai] escreveu bastante soisso.

O quarto de Lars ficava ao lado da sala de msica onde Torben mantinha a coleodiscos, de onde provinha um fluxo sonoro contnuo. Neneh Cherry, filha do lendsaxofonista Don e, mais tarde, cantora de sucesso por mrito prprio, cresceu no mesmo ba

e foi amiga de infncia. A casa sempre estava cheia de gente e havia muita atividade at ta


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da noite ouvindo um monte de discos de jazz, Hendrix, Stones, The Doors e Janis JoplMuitos msicos, escritores, artistas e afins circulavam pela casa quando eu era pequeAlm de rock e jazz, contou Torben, Lars tambm foi exposto msica indiana, todos os tde msica asitica, cantos budistas, msica clssica. O quarto dele ficava colado sala ondtocava esse som a noite inteira, e acho que ele tambm ouvia enquanto estava dormindo, enpode ter captado muita coisa sem ter conscincia disso.

O relacionamento prximo de Torben com a emergente cena jazzista dinamarquculminou no convite a Dexter Gordon para ser padrinho de Lars. Na verdade, sua primparticipao num palco profissional se deu aos nove anos, pulando e berrando ao microfdurante uma apresentao do padrinho numa boate em Roma, aonde os pais foram durauma noite de folga do Aberto da Itlia. Parecia um cachorro louco, nas palavras do pai.

viagens constantes tambm deram a Lars facilidade com idiomas, sendo capaz de convedesde pequeno em dinamarqus, ingls, alemo e um pouquinho de outras lnguas. Eraestilo de vida itinerante que lhe deixaria sempre vontade na estrada. Fui a lugares com m

pai aonde nunca fomos com o Metallica. Isso tambm deu ao menino uma sensao suprde direito adquirido; uma autoconfiana muito forte de que nenhuma porta ficaria fechada pele por muito tempo, a ideia de que talvez no fosse bem-vindo em algum lugar nuncapassou pela cabea.

Embora Lars tenha herdado do pai o amor por msica e arte, foi da me, Lone, herdou a capacidade gerencial que aplicaria na carreira com o Metallica. Alm de cuidar bdos dois homens de sua vida, minha me era a administradora, uma espcie de gerentefamlia, ele me contou na ltima vez em que conversamos em 2009, nossa zilionsentrevista numa amizade que agora j dura mais de 25 anos. Meu pai no sabia que heram, em que ms estvamos, qual era o ano. Ele no sabia em que pas estava. Ele era desses caras eternamente perdidos, de uma maneira linda, no momento presente. Falo issoum jeito muito positivo. J minha me cuidava em tempo integral de todos os elemeprticos da vida dele. Ento, sem dvida foi da minha me que herdei parte da micapacidade organizacional mais rgida.

Acima de tudo, naquela poca, havia o tnis. O pai de Torben tambm havia sido

tenista de sucesso. Durante mais de vinte anos foi executivo do mercado publicitrparticipou de 74 jogos pela Copa Davis antes de virar presidente da Associao Dinamarqude Tnis na Grama. Quase inevitavelmente, embora no houvesse uma presso explcita pfazer isso, Lars cresceu esperando seguir o que virara o negcio da famlia. Mas, para eltnis e o amor pela msica se harmonizariam de modo ainda mais significativo. Em 19durante a estada anual de seis semanas da famlia em Londres em funo de Wimbledotorneios satlites em Eastbourne e Queens , o pequeno Lars, com cinco anos, foi levadseu primeiro show de rock: o famoso concerto gratuito feito pelos Rolling Stones para 250


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pessoas no Hyde Park. Ele ainda tem as fotos que os pais tiraram dele. Acho que me levaa alguns shows de jazz em clubes locais na Dinamarca ao longo dos anos, Lars me conSegundo ele, na maioria das vezes no reduto favorito dos Ulrich, o Montmartre, que Torajudava a cuidar. Mas, em termos de shows de rock, o dos Stones de 1969 foi, simprimeiro. Porm, sua primeira paixo musical genuna foi pelas bandas de rock pesadocomeo dos anos 1970, como Uriah Heep, Status Quo e, principalmente, Deep Purple,

assistiu ao vivo pela primeira vez aos nove anos. Ray Moore, tenista sul-africano amigoTorben, ganhara ingressos para o show, que aconteceria na mesma arena de um dos tornede que estava participando. Quando um amigo desistiu de ltima hora, ele ofereceu o ingrque estava sobrando para o filho de Torben. Nas palavras de Lars, eu pirei!. No saa de cabea durante dias, semanas!. Ele logo ficou pentelhando o pai para comprar o primdisco do Deep Purple, Fireball. S que, dessa vez, Torben no foi encorajador. Ele dizia era quadrado, e o baterista, branco demais. Mas o filho no dava ouvidos ao pai. Tenho upersonalidade obsessiva, ele mais tarde diria. Aos nove anos, tudo se resumia ao D

Purple. Conforme envelheceu, passou a seguir a banda. Eu ficava o tempo todo sentadolado de fora do hotel deles em Copenhague esperando Ritchie Blackmore sair para perseguna rua. Quando, quase trinta anos depois, perguntei ao adulto Lars, pai de trs filhos, quaseu lbum predileto, ele respondeu sem titubear. Meu favorito de todos os tempos ainda

Made in Japan, o duplo ao vivo do Purple de 1972. Contudo, o primeiro show para o comprou ingressos na fila do gargarejo foi para ver o Status Quo, na Tivoli Koncertsal,Copenhague, em 1975, descrito mais tarde por Lars como uma espcie de lavagem cerebEle tinha onze anos e s conseguia pensar em como tinha chegado l. Como fiquei to pe

Algum dos bbados vindos da Sucia bateria em mim ou, pior, vomitaria em mim? To pdo palco, mal podia enxergar onde a banda estava. A poucos metros dali, ofrontmanFraRossi parecia um deus do rock, com mais de trs metros de altura, um metro e meio de cae uma Telecaster que parecia uma arma do caralho.

Lars comeou a frequentar a loja de discos mais conhecida de Copenhague, a Holy Gcujo atendente era seu heri, apresentando-o a bandas de rock menos conhecidas na pcomo Judas Priest, Thin Lizzy e UFO. Ele fantasiava ter uma banda de rock, escrevia node msicas e ttulos de lbuns nos livros escolares, vivendo no seu mundo imaginrioestrelato roqueiro. O rock comeou a ser o nico interesse que o jovem, cada vez mindependente, no se sentia obrigado a compartilhar com os pais. Alm de fornecer companpara uma criana solitria crescendo na estrada, cercado por bondosos tios e tias do tnem casa, acostumado a conviver com pessoas mais velhas metidas a artistas que o deixavfazer o que bem quisesse. Como mais tarde disse ao escritor David Fricke, desse ponto

vista, foi uma educao muito aberta. O que, porm, significava que ele precisava se vnessa atmosfera bomia. Sempre tive de acordar sozinho de manh e pedalar at a escolaacordava s 7h30, descia as escadas, e a porta da frente estava aberta umas seisce


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cervejas espalhadas na cozinha e na sala de estar, mas ningum em casa. Havia velas aceAssim, eu fechava as portas, fazia o caf e ia para a escola. Voltava para casa e tinha de acormeus pais... Se por um lado isso o tornava bastante independente, por outro, era bastsolitrio. Para os meus pais, eu poderia ir ver o Black Sabbath doze vezes por dia, mastinha de me virar, entregando jornal ou qualquer outro jeito de conseguir dinheiro pcomprar os ingressos. E tambm precisava achar uma maneira de ir ao show e voltar. A pa

por rock pesado barulhento estilo que combinava muito mais com sua personalidsocivel e expansiva continuou no incio da adolescncia e, embora seu futuro aiestivesse ligado s mesmas quadras de tnis onde o pai ficara famoso, a dedicao ao espcomeava a minguar. Esse processo se acelerou quando, aos treze anos, ganhou da avprimeira bateria no um kit para iniciantes, mas uma Ludwig, uma bateria de ouro eroqueiros.

Por conta de sua personalidade extrovertida e do excesso de vontade de ser o porta-vozMetallica (segundo alguns), perguntei certa vez por que umfrontmannato terminou no fu

do palco como baterista. Bem, existe um probleminha, respondeu Lars sorrindo. Eu sabia cantar. Quando eu tentava cantar no chuveiro, minha voz me irritava. Ento, como conseguia ganhar nem uma plateia de um s no chuveiro, vi que no ia rolar. E eu semadorei tocar bateria. Nem me lembro de um dia ter pensado: Ser baterista e ter upersonalidade tipo A vai gerar conflito. Nunca me ocorreu que eu no poderia ser eu mesAquele lance de se voc for o baterista ter de ficar calado e s falar quando lhe dirigirepalavra, em segundo plano. Nunca encanei nisso.

Ironicamente, foi apenas quando deu o primeiro passo como tenista profissional que

ateno enfim se focou na bateria ao se matricular, aos dezesseis anos, na agmundialmente famosa academia de tnis de Nick Bollettieri (ento, a primeira do gneroFlrida. Segundo Lars, quando se cresce nos crculos [do tnis] voc praticamentarrastado. No me lembro de ter parado para pensar e tomar a deciso de ser um tenprofissional; eu s conhecia aquilo. Somente mais tarde, depois que terminei a escola e mudamos para os Estados Unidos para eu me dedicar mais ativamente ao esporte minha prpria conta, longe da sombra do meu pai , percebi que no apenas no tinhtalento para seguir seus passos como tampouco a disciplina necessria. Voc tem dezesanos, j bebe umas cervejas, tem as primeiras experincias com garotas e outras coisas erepente, precisa passar seis horas por dia rebatendo aquelas merdas de bolas de tnis pra pra c. Ficou meio... disciplinado demais para o meu gosto. Ele riu.

No final, ficou menos de seis meses na Flrida estudando com Bollettieri. Foi em 1depois que terminei a escola meio que para descobrir se queria fazer aquilo. Eu ainda esmais ou menos apaixonado pelo esporte. Foi no primeiro ano [em que funcionou], muito ande Monica Seles, [Andre] Agassi, Pete Sampras ou qualquer um dos outros [que foram p

l]. Juvenil ranqueado entre os dez melhores da Dinamarca, ir para os Estados Unidos foi


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choque. E sobre a mudana de Miami para Los Angeles: Eu ia fazer o colegial numa esporque meu pai era amigo ntimo do tenista Roy Emerson. Assim, eu frequentaria a meescola que Anthony Emerson [o filho de Roy] e faria parte da equipe de tnis com ele. Madivinhem s: eu no era um dos sete melhores jogadores de tnis do colegial. No entreporra da equipe de tnis do colegial! Para ver como era competitivo. Era uma loucura!. Houtras questes desencorajadoras. Torben era alto, Lars, baixo, tendo apenas 1,67 m, u

desvantagem marcante. Mesmo assim, Bollettieri acredita que, com a devida dedicao, poderia ser um bom tenista de nvel mdio. Ele se movia extremamente bem e tinha mhabilidade. E embora soubssemos que Lars no seria to alto quando seu pai nem ficmais forte, o grande problema era a falta de dedicao ao trabalho rigoroso que snecessrio. Ou, nas palavras de Torben, numa entrevista de 2005 a Leigh Weathersby: [Lse interessava bastante por tnis naquela poca, mas tambm tinha muito interesse msica. Depois de um ano, ele ainda queria ver shows, e acho que a academia onde estava aprovava muito suas ausncias, ento ele tomava broncas por chegar muito tarde. N

poca, segundo Lars me contou, eu meio que percebi que esse lance de tnis talvez fosse fide lado e, quem sabe, a msica se tornasse uma atividade em tempo integral.

Se o interesse natural adolescente por garotas, cervejas e um baseado ocasional foi fator primordial na troca da raquete pelas baquetas, a indisposio do jovem Ulrich pelo ttambm coincidiu com um momento no rock que estava prestes a escrever seu prprio ruidcaptulo na histria da msica: a pretensa e de nome complicado New Wave of British HeMetal (ou NWOBHM).[1] Foi em maro de 1980, Lars contaria mais tarde, que ennuma loja de discos nos Estados Unidos, procurando pelo ltimo lbum do Triumphalguma merda do gnero, e fui fuar no setor de importados. Isso foi bem antes de sacar o estava rolando na Inglaterra; ento, quando achei um disco chamado Iron maiden, no fazmenor ideia de quem ou o que era. A ilustrao na capa do Eddie [o cadver mumificado

viria a decorar todos os discos do Maiden] poderia ter sido usada por qualquer banda, mafotos empolgantes na contracapa se destacavam. Havia algo pesado pra caralho naqenergia to agressivo. Curiosamente, s ouvi o disco quando voltei Dinamarca porque tinha vitrola.

Sem saber, Lars topara com uma das mais importantes referncias que logotransformaria num divisor de guas da histria do rock. Em meados de 1979, ainda contrato com uma grande gravadora, o Iron Maiden j era uma banda claramente ascenso. Motivada pelo sucesso inesperado de The soundhouse tapes, EP demo de trs fabancado pela banda e gravado praticamente de graa, a Sounds ento uma das revisemanais de msica mais populares da Gr-Bretanha havia publicado a primeira crticuma apresentao ao vivo da banda, um show no Music Machine, no distrito londrinoCamden Town, onde o Iron Maiden foi encaixado entre o Angel Witch, uma cpia do Bl

Sabbath, e o boogiemais blueseiro e de velha guarda do Samson (que contava com o fut


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vocalista do Maiden, Bruce Dickinson, ento conhecido como Bruce Bruce). Geoff Bareditor-adjunto da Sounds, que viu o concerto, escreveria mais tarde: Lembro-me claramde o Maiden ser a melhor banda da noite, infinitamente prefervel aos adoradores do Sabbamuito frente do Samson. Contudo, o que realmente o intrigava, como Barton viria adizer, como bandas como o Iron Maiden ou o Angel Witch pudessem existir naquela poquando o punk e o new wave aparentemente haviam matado o hard rock e o m

Pressentindo que o assunto renderia, Barton falou com Alan Lewis, editor da revista, sofazer uma matria de capa no apenas sobre o Iron Maiden, mas com toda a nova geraorock pesado que batizou, deliberadamente usando o estilo chamativo dos tabloides, de a N

Wave of British Heavy Metal. Sinceramente, eu no achava que essas bandas tinham alguligao musical particular, mas era interessante que tantas estivessem aparecendo ao metempo. Era uma coisa boa para os roqueiros genunos, que tinham se inibido e deixadoandar no visual enquanto esperavam o punk passar. Eles haviam comeado publicando ureportagem sobre o Def Leppard, que acabara de lanar o primeiro EP independente de qu

faixas, Getcha rocks off.Depois, veio o Maiden, seguido por Samson, Angel Witch, TygerPan Tang e Praying Mantis. Tambm fizemos matrias sobre eles, e a coisa no parou mais

O que nem Barton previra, porm, era o efeito enorme que uma frase quase cminventada numa tarde chuvosa na redao da Sounds teria sobre o mundo da msPublicamos a matria [sobre a NWOBHM], e a resposta que tivemos dos leitores e das oubandas foi fenomenal. Estava claro que, independente do nome, algo estava acontecendo.repente, parecia haver novas bandas de heavy metal pintando em todo canto. lgico que ntodas eram [boas] como o Iron Maiden e o Def Leppard, mas o simples fato de estatentando era notcia, e seguimos nessa toada por quase dois anos. Ironicamente, considerao pouco-caso que seria esperado da maioria dos crticos musicais do ps-punk por qualqbanda chamada Praying Mantis ou Angel Witch, a motivao por trs desse ressurgime

vinha de uma insatisfao, semelhante do punk, com que uma nova gerao de garencarava as bandas j consolidadas, as quais s se preocupavam em fazer lbuns queagradassem. Em 1979, Led Zeppelin, Pink Floyd, Emerson, Lake & Palmer e Yes (membproeminentes da ento realeza roqueira vigente) raramente eram vistos nos palcos britnico

quando se dignavam a fazer uma apario rpida, trocavam a ideia de turn por algumas dexparsas (e lucrativas) em grandes arenas impessoais como a Earls Court, em Londresbandas de rock tinham se tornado pomposas e afetadas; a msica que tocavam envelhantes da hora. Como resultado, a distncia entre quem estava no palco e na plateia nunca maior.

A reao punk era um desejo de apagar o passado para comear novamente do zero. Mem sua pressa de derrubar o edifcio, o punk deixara de lado o bvio que, em sua bashard rock e o heavy metal no eram to diferentes do que o melhor punk rock considerava


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cru, vivo, sem medo de ofender, sem medo de ser ridicularizado pelas roupas que usava e pestilo de vida que escolheu expor; alerta s possibilidades criativas de existir provocativamelonge domainstream. As bandas da NWOBHM tambm haviam absorvido as lies mprticas do punk: era possvel lanar edies limitadas de seus discos por pequenos sindependentes, como um estmulo para depois fechar contratos de longo prazo com grangravadoras. Assim, foram lanados o EP Getcha rocks off,do Def Leppard, pelo selo da ba

Bludgeon Riffola, e o EP caseiro The soundhouse tapes,do Iron Maiden (cpias originais dois s podem ser adquiridas agora por centenas de libras). J Saxon e Motrhead, embestritamente falando no se enquadrassem na categoria NWOBHM, foram jogados nmeio, quase que por acaso temporal e pelo fato de suas primeiras gravaes tambm terem lanadas por selos independentes.

Ainda a exemplo do punk, os fs da NWOBHM comearam a publicar fanzines. TtcomoMetal FuryeMetal Forces, na Gr-Bretanha, e similares pelo mundo, comoMetal MaeMetal Rendezvous, nos Estados Unidos, eAardshok, na Holanda, deram o mesmo salto

imprensa marginal para as prateleiras das lojas de discos e bancas de jornal medida qudemanda por reportagens sobre o novo cenrio revitalizado do rock britnico crerapidamente. Com a Sounds abrindo caminho, o restante da imprensa musical britnicagrande circulao tambm se preparava para entrar na cena. Malcolm Dome, que a vida intfora um devoto do heavy metal e do hard rock e ento era o editor-adjunto da Dominion Preditora que publicava ttulos voltados para a educao cientfica, comeou a escrever matreelance sobre o mundinho NWOBHM para o Record Mirror, mais tarde tornando-s

principal redator da Kerrang!. Ele descreve o intervalo entre 1979 e 1981 a apoteose

NWOBHM como alguns dos anos mais empolgantes para o novo rock que este paviu. Dome entrou no Record Mirrordepois que o jornalista especializado em rock da emprSteve Gett, fora chamado para trabalhar noMelody Maker, peridico mais famoso, disposno perder o que corretamente viam como a chegada de um estilo importante eespecificamente cada vez mais popular. Em 1981, a imprensa britnica estava pronta pgerar a primeira revista do mundo dedicada ao rock e ao metal, a Kerrang! originalmtocada por Geoff Barton como um suplemento da Soundspara continuar apoiando a cenNWOBHM, que comeava a ser levada a srio e a ganhar projeo na Gr-Bretanha emundo.

Nas palavras de Dome, o Maiden era visto como o principal nome da NWOBHM. Ca possvel exceo do Def Leppard, eles estavam muito frente de todos. Mas, claro, coem qualquer cena musical, ela se alimentava de si mesma. Por conta da ateno da mdia ambas estavam gerando, as duas bandas assinariam contratos com grandes gravadoras; Maiden com a EMI, e Leppard com a Phonogram. Na verdade, virou uma corrida paraqual das duas chegaria primeiro s paradas nacionais. O potencial comercial do Maiden fiaparente para a EMI quando o EP Thesoundhouse tapes, lanado numa edio limitada


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novembro de 1979 pelo selo Rock Hard Records, vendeu 5 mil cpias. Nunca pensadas pavarejo, o vinil de sete polegadas s era vendido por reembolso postal, ao preo de 1,20 liincluindo a postagem e o manuseio, e distribudo por um amigo da banda chamado K

Wilfort, que convocou a me para ajud-lo no processo, centralizado na casa da famliaEast Ham. Miraculosamente, eles conseguiram despachar mais de 3 mil cpias na primsemana.

Depois que a banda assinou com a EMI, a coletnea de NWOBHM, Metal for mutliderou o ataque, sendo lanada em fevereiro de 1980. Fruto da imaginao de Ashley Gooovem contratado da EMI,Metal for muthas exibia nove bandas aclamadas da NWOBHsendo Iron Maiden a mais proeminente e a nica a ter duas faixas (SanctuaryWrathchild). O restante do disco trazia uma mistura de faixas de adeptos verdadeirosNWOBHM, como Samson (Tomorrow or yesterday), Angel Witch (BaphomeSledgehammer (Sledgehammer), Praying Mantis (Captured city) e, de maneira moportunista, tapa-buracos da velha guarda, como Toad the Wet Sprocket, Ethel the Frog e

Nutz, ex-contratada da A&M, que mal podia ser classificada como nova em qualquer estde sua carreira pouco notvel. Como Malcolm Dome, que resenhou o disco para o Re

Mirror, diz agora, achei todos empolgantes. Foi uma pena no terem conseguido tambDef Leppard e o Diamond Head, [mas] ainda acho um belo resumo daquela poca.

A turn de divulgao deMetal for muthas foi mais representativa e trouxe MaiPraying Mantis, Tygers of Pan Tang e Raven, todos membros autnticos da elite NWOBHM. O ento guitarrista do Maiden, Dennis Stratton, que tinha acabado de entrarcontou ter ficado chocado com a reao [que os shows] causavam nos fs. Ainda segu

ele, musicalmente, estava no limite do punk rock... o pblico era fantico. Para mim, tofaziam heavy metal, mas por algum motivo os fs viam que o Maiden era diferente. O coguitarrista do Maiden, Dave Murray, lembra das pessoas esperando a turn chegarimpresso era de que o lance punk estava meio que chegando ao fim e havia essa lacuna todos esperavam ser preenchida por alguma coisa nova. E foi timo, porque o rock essupostamente morto, mas na verdade havia uma porrada de garotos indo aos showsformando bandas.

Quando o lbum homnimo Iron maiden foi lanado na primavera de 1980, ele chegou quarta posio das paradas britnicas. Em funo disso, cpias importacomearam a inundar os Estados Unidos antes do lanamento oficial, mais para o final do aNa Costa Oeste, Lars Ulrich foi um dos primeiros a comprar o seu. Como ele me disse: recebia a Soundssemanalmente e encomendas especiais da Bullet Records [selo independeespecializado em NWOBHM]. New Wave of British Heavy Metal proporcionou um nsentido, um novo limite para o rock tradicional dos cabeludos. Eu era um adolescedinamarqus f do Deep Purple que achava que no tinha como a coisa melhorar e

repente, fiquei vidrado em todo esse lance da NWOBHM. Sei que soa esquisito, mas


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mudou minha vida. O nico problema que no havia ningum com quem pudesse fdisso. Quando cheguei a Los Angeles, me sentia quase sempre deslocado. Matriculadocolegial em Newport Beach, na Backbay, ele era o aluno estrangeiro de sotaque engraadgosto esquisito por roupas e msica. Havia uns quinhentos garotos com camisas cor-de-da Lacoste e um cara com a camiseta do Saxon eu. No gostava de brigar. Eu no era asEra mais um lobo solitrio. Um estranho cuidando da minha vida, vivendo no meu mu

sem me relacionar com nada ao meu redor, nem na escola nem em Newport Beach, oento morava com a famlia. A NWOBHM era o heavy metal tocado com atitude punk,insistia. Meu corao e minha alma estavam na Inglaterra com Iron Maiden, Def LeppaDiamond Head, enquanto eu estava nesse deserto musical sem graa do sul californiano sebombardeado por Reo Speedwagon e Styx. Eu tinha todo o material enviado da InglateAndava pela escola com a camiseta do Saxon, e as pessoas me olhavam como se eu fosseoutro planeta. Lars confessou ter tentando se integrar cena local indo ver o Y&T no clStarwood, em Hollywood, pouco antes do aniversrio de dezessete anos, mas os nicos am

de verdade com quem se identificava e que entendiam o que significava desfilar com ucamiseta do Motrhead ou do Iron Maiden eram aqueles com quem se correspondiaento emergente cenrio da troca de fitas cassete.

Finalmente, Lars fez amigos de gosto similar ao seu, dois roqueiros ligeiramente mvelhos de Woodlands Hills: John Kornarens e Brian Slagel. John era um grande f do UFrelata agora Slagel, e ns havamos ido ver Michael Schenker [ex-guitarrista do UFO] tocaCountry Club, em Reseda. Isso deve ter acontecido em dezembro de 1980. Depois do sh

John estava no estacionamento e viu um moleque usando uma camiseta europeia do SaTirando ns dois, ningum conhecia o Saxon em Los Angeles. Ento John foi correndo psaber onde ele tinha comprado a camisa. Kornarens contou mais tarde: Vi um baixicabeludo com uma camiseta amarrotada do Saxon e fui atrs dele. O Lars ficou todo animporque achava que era o nico em Los Angeles. Assim comeamos a falar da NWOBHM edia seguinte, ou no outro, passei na casa dele para uma maratona de NWOBHM. Luntaram-se pequena gangue nerd outros caras de Los Angeles manacos pela NWOBHcomo Bob Nalbandian, Patrick Scott e, longe dali, Ron Quintana, em San Francisco, e KDoughton, no Oregon, e todos deram contribuies pequenas, mas decisivas, pardesenvolvimento inicial do Metallica. Obviamente, havia muita inocncia, Lars soquando, em 2009, o estimulei a se lembrar de mais coisas. Havia muita energia juvenil, monte de moleques de todos os cantos que provavelmente s tinham em comum o fatoserem prias, solitrios e sofrer para se enquadrar no estilo norte-americano de conduzir a vcomo escola, objetivos, sonhos e toda essa merda. E todos havamos descoberto a msiccurtamos as mesmas coisas, esse lance incrvel meio que [inventado] pela imprensa britnE foi muito positivo. Todos acreditvamos naquela parada vinda da Inglaterra. E tamb

porque isso nos unia, e era algo que estava acontecendo longe dali, o que deixava tudo ai


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mais fascinante. No havia acesso imediato, em termos de presena fsica. Era muito fcimaginar em meio quilo tudo. E a New Wave of British Heavy Metal proporcionou isso pmuitos de ns.

Achvamos que ele era um metaleiro europeu maluco, contou Ron Quintana, conheceu Lars no fim de 1980. Contudo, segundo Ron: Meus amigos do parque Golden Ge eu logo passamos a respeitar o conhecimento de Lars relacionado a bandas sobre as quai

tnhamos lido a respeito ou, o mais comum, s havamos visto os logotipos e suspeitvamque fossem pesadas... [Lars] conhecia essa parada desde o comecinho e, para mim, era especialista em bandas novas. Brian Slagel, que hoje cuida do bem-sucedido selo Metal Bldescobriu a NWOBHM no esquema de troca de fitas, no qual se envolveu no coletrocando suas fitas cassete caseiras com uma lista cada vez maior de amigos fanticos. Nodas contas, comecei a trocar fitas ao vivo [com gente] do mundo inteiro, contou. Um de correspondentes era da Sucia e mandou uma fita de um show do AC/DC, na qual tambgravou algumas faixas de uma banda nova chamada Iron Maiden no final. Era

soundhouse tapes, trs msicas na sequncia do fim do material do AC/DC. Pirei! fantstico! O que isso? Brian pediu ao correspondente sueco informaes sobrNWOBHM e depois passou a adquirir edies importadas da Sounds,que conseguia comnuma das lojas locais de disco, para saber mais. Logo ele havia reunido um conhecimeimpressionante sobre a emergente cena britnica e comeou a compartilhar suas descobecom os amigos. Para comear, havia eu, meu amigo John Kornarens e Lars. Uma vez semana eles se encontravam para percorrer todas as lojas de discos independentes

vendiam cpias importadas desse rock decididamente no americano. S havia umas trquatro lojas e elas ficavam a uma hora de distncia uma da outra [de carro]. Havia a Records [em Long Beach]. A Moby Disc [em Sherman Oaks] ficava mais perto de ondemorava. E havia algumas outras de cujos nomes no me lembro agora, incluindo uma lojaCosta Mesa, que ficava bem longe. amos todos num carro s e tnhamos de pegar Lars oele morava [Newport Beach]. Como Lars tinha vindo da Europa, conhecia coisas ignorvamos, e tnhamos coisas que ele no tinha, assim ns trs nos tornamos bons ampor causa do nosso amor pela NWOBHM. Lars tinha dezesseis anos; Brian e John, dezo

Mas era Lars quem parecia ter a vantagem. Ele era um moleque pirado cheio de eneQuando visitvamos essas lojas, Lars saa do carro e entrava na seo de metal antes quepudesse desligar o motor. Quando gostava de alguma coisa, ele mergulhava de cabea. Lcurtia tanto a NWOBHM que queria fazer parte dela.

Patrick Scott, um ano mais novo que Lars, mas por causa do sistema escolarDinamarca da mesma srie que ele no colegial, tinha ouvido falar do moledinamarqus muito antes de conhec-lo. Todos ns frequentvamos um lugar chamMusic Market. Scott e o amigo Bob Nalbandian tambm iam e perguntvamos se a n


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Kerrang!havia chegado, mas diziam que um baixinho dinamarqus j tinha levado. Querasaber quem era ele porque sempre chegava antes de ns. Ou ento estvamos procura

singles[importados da Gr-Bretanha] na Neat [Records] e falavam que o dinamarqus tipassado e levado. Assim, ficvamos frustrados, mas queramos conhec-lo. Estvamos muifim de conhecer pessoas nessa mesma onda. Quando finalmente se conheceram pclassificados de um jornal gratuito de Los Angeles chamado The Recycler, Patrick ligou p

Lars, que o convidou para passar na casa dele. Segundo Scott, ele tinha uma coleo de diincrvel que me deixou babando, e ns ficamos amigos. Ele vinha na minha casa e assistapartidas de tnis. Minha famlia foi uma das primeiras a ter TV a cabo, ento ele vinha parae ficar com a gente. Outro membro da turma, Bob Nalbandian, agora escritor e DJ, satisfeito em bater perna pelas lojas atrs de discos novos, tambm era um prolcolecionador de importados vendidos por catlogo. Uma vez, quando Lars encomendoudoze polegadas de Heavy metal mania, do Holocaust, ele se ofereceu para pedir um tambpara Bob. Passado um ms, Bob recebeu um telefonema de Lars dizendo que os dis

finalmente haviam chegado e que ele deveria pegar o seu. Fiquei feliz, no via a hora de ouS que ele falou: Houve um problema. A sua cpia foi tirada da embalagem e deixada pertfogo. Veja bem que ele disse a suacpia! Ento, a minha ficou deformada. Assim, pegucarro e dirigi 110 quilmetros at a casa dele s para ouvir, e era fantstico. No discutiria cele por minha cpia estar toda ferrada. Afinal, pensei: Onde vou arrumar outro Heavy m

mania?. Havia dois: o do Lars e o meu. Ento montei a tbua de passar roupa da minha mtentei endireit-lo.

Lars gravava para os amigos fitas com raridades altamente valorizadas de grupos co

Crucifixion, Demolition, Hellenbach, Night Time Flyer todas essas coisas da NWOBHrecordou-se Patrick Scott. Em troca, apresentou a Lars grupos como o Accept, da Alemanhuma novidade dinamarquesa, o Mercyful Fate. Lars, que havia conhecido a banda, mas nuescutado suas msicas, ficou bastante impressionado com o primeiro EP de quatro faintitulado simplesmente The mercyful fate EP, tambm conhecido comoNuns have no fun.implorou a Patrick: Troco qualquer coisa da minha coleo por ele!. Mas Patrick, igualmeobcecado, no trocava. S que a banda pela qual Lars realmente se apaixonou foi o DiamHead, que trazia algumas caractersticas de grupos clssicos da NWOBHM, como Maiden, mas as incorporava em sonoridades roqueiras claramente da velha guaemprestadas de velhos deuses como Led Zeppelin, Deep Purple e Black Sabbath. Larconheceu por meio de uma fita do primeiro single, Shoot out the lights, que ele considerbom, mas normal. Todavia, quando leu na Sounds sobre Lightning to the nations, lbumbanda produzido de modo independente e vendido pelo correio, ele no conseguiu resistir eo pedido. Contente, mais tarde lembraria como cada cpia era assinada por um dos membdo quarteto, e a sorte decidia qual autgrafo voc teria. Lars, que tinha uma sorte dos diaficou com a assinatura do vocalista, Sean Harris um prmio raro para o fantico


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NWOBHM.Entretanto, a demora na chegada do disco casa dos Ulrich resultou numa troca

correspondncia com Linda Harris, me de Sean e ento coempresria da banda. Elaescreveu cartas bacanas [e] mandoupatchese singles,mas nada do lbum! At que finalmeem abril de 1981, o disco de rtulo branco chegou e fiquei impressionado com os riffs frescor. Na verdade, ele ficou to impressionado que, mais tarde, o Metallica tocaria ao viv

depois gravaria cinco das sete faixas do lbum, incluindo Am I evil?, Helpless, Suckinglove e The prince. Em particular, ele ficou encantado com a msica Its electric, da quouvira uma verso em outra suposta coletnea de NWOBHM chamada Brute force. incrvel! Hoje, se voc olhar a capa do disco e comparar a foto dos caras do Diamond Hcom as de qualquer outra banda, ver que eles tinham uma atitude e energia inigualvHavia algo especial no Diamond Head, sem a menor dvida. Mas todo pensamento secque Lars pudesse ter de virar msico era contido. Certamente, nenhum de seus amcolecionadores tinha qualquer suspeita da sua ambio de criar a melhor banda de NWOB

do mundo. Inicialmente, no havia nenhum sinal de que Lars quisesse montar uma bandiz Brian Slagel. Ento um dia, na casa dos pais de Lars, Brian notou uma bateria desmontnum canto. Ele falou: Vou montar uma banda, e ns respondemos: Sim, Lars, claro que va

Mas quando Brian Slagel criou um fanzine, The New Heavy Metal Revue, Lars sentiu deveria se apressar e tambm inventar um projeto seu. Adorava tantas bandas excelentes achei que seria interessante fazer algo do gnero, Slagel afirmou. No havia ningum anos Estados Unidos que realmente conhecesse alguma coisa sobre essas bandasNWOBHM. A primeira edio foi criada por curtio no comeo de 1981. Ns escreve

crticas e outras coisas sobre o Maiden e algumas bandas norte-americanas, xerocamotentamos lev-las aonde fosse possvel. Foi nessa poca que Slagel tambm comeotrabalhar numa loja de discos independente, a Oz Records, onde entrou em contato com monte de importadores, assim consegui mais um espao para distribuio. Com o fanzin

venda nas mesmas lojas que ele e Lars conheceram como fs caadores de cpias importade NWOBHM, a vontade que Lars sentia de se envolver de alguma maneira fiinsuportvel. Foi nessa hora que ele remontou a bateria e voltou a treinar. Porm, o problede ser baterista que, quando se toca sozinho, s d para avanar at certo ponto. pretocar com outros msicos para aprimorar a tcnica. Por no ter nenhum amigo msico nremotamente interessado no estilo que queria tocar, Lars tentou encontrar uma soluo paproblema anunciando nos classificados musicais do jornal local The Recycler: Bateprocura outros msicos de metal para tirar um som. Tygers of Pan Tang, Diamond HeaIron Maiden. Lars me contou que isso foi em fevereiro ou maro de 1981. E eu essimplesmentemaluco e obcecado com todo aquele movimento vindo da Inglateconseguindo todos os singles e ouvindo todas as bandas, fazendo todas aquelas coisas

durante aquela primavera, de 1981, tentei encontrar outros msicos para tirar um som e to


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metal de verdade, mas foi completamente infrutfero. Ento eu meio que fiquei de saco chcom a situao e quis passar o vero na Europa.

Desiludido com a vida na agradvel Newport Beach, frustrado por suas aparentemevs tentativas de encontrar almas similares com quem tocar bateria e, embora no tivadmitido a si mesmo na poca, envolvido em uma busca desesperada por algo que preencho vazio deixado na sua vida e na de seus pais pelo fracasso ao tentar a carreira de ten

Lars procurava uma fuga rpida e, talvez, uma oportunidade mais realista de conhecer oupessoas que sentissem o mesmo que ele pela msica. Ao conversar com os pais, eleapoiaram, como sempre. Na Dinamarca, ele podia viajar sozinho. Naquela pocaDinamarca, uma criana de oito ou nove anos podia tomar o nibus at a sala de espetcu

ver o show e depois voltar sozinho, contou Torben. E se dormisse no nibus, o motordiria: Est na hora de levantar e ir para casa. Nesse contexto, deixar o filho de dezessete apegar sozinho um avio que cruzasse o Atlntico estava longe de ser um problema deque ele prometesse escrever e, quando possvel, telefonar, s para a me saber que estava b

e com o acordo tcito de que, quando voltasse, iria ao menos tentar algum plano, como ffaculdade ou arrumar um emprego. Lars comprou uma passagem de ida e volta para Londrse preparou para partir sozinho.

Ento, algumas semanas antes de viajar: Recebi uma ligao de um cara chamado HTanner que tinha visto meu anncio [e] veio para tocarmos, trazendo um tal de JaHetfield.... S que aquele primeiro encontro no rolou direito. Hugh e James foram juconhecer Lars. Sem saber ao certo quem estava fazendo teste para quem, a primeira mque tocaram foi Hit the lights. Lars tinha um prato que vivia caindo, contou James. preciso parar enquanto ele consertava. Quando acabou, ele pensou: Que porra foi essa?questo no era apenas a habilidade rudimentar de Lars na bateria, tinha a ver com strejeitos, olhares, sotaque, comportamento. James chegou a dizer seu cheiro, refletinddiferena entre o padro norte-americano de higiene, de um banho por dia, e o hbito meuropeu de ficar dias sem tomar banho, usando a mesma camiseta e jeans at ficarem dude suor. Para James Hetfield, Lars poderia ter descido de uma espaonave. Um estranho nuterra estanha, ele no via como a parceria poderia dar certo entre os dois.

Lars tampouco se impressionou com James. A voz dele naquele tempo ainda no tivirado o rosnado feroz pelo qual se tornou famoso. Ao contrrio, ele cantou usando uafetada voz aguda de castratoirritado, uma mistura de Rob Halford, Robert Plant, e um esqestrangulado. Lars tambm ficou chateado pelo que considerou uma clara energia hemanando do vocalista, que mal falou e se recusou a fazer contato visual. Depois do primencontro com o homem que mais tarde qualificaria como o rei do distanciamento... qutemeroso de contato social, Lars passou o resto daquele dia completamente desiludFizemos um ensaio e no rolou quase nada, ele me disse, e fiquei meio puto com aq


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tudo. No com tocar, mas com a ideia de nunca achar algum nos Estados Unidos com qufazer um som. Em vez disso, agarrou-se a outro plano que estava tramando: deixar os EstaUnidos e voltar Europa. No para a Dinamarca, mas para a Gr-Bretanha, onde estavao. Quando, com a mesma petulncia incorrigvel que exibia nos dias em que esperava sagues dos hotis pelo autgrafo de Ritchie Blackmore, escreveu a Linda Harris perguntase um dia poderia visitar a ela e ao filho e ver a banda tocar, Linda concordou, sem nu

esperar que passasse disso. Mas ela nunca havia conhecido algum como Lars Ulrich.O Lars sempre vinha com essas ideias, contou Brian Slagel. A gente respondia: S

Lars, claro. Assim ele falava em ir para a Inglaterra nestes termos: Preciso ir para l, coma sair com as bandas. Sim, claro. Achvamos que ele iria. Ento ele foi, e lembro que nos liuma vez: Adivinhem o que estou fazendo?. O qu? Curtindo com o Diamond Head! sim, claro. No acreditam? E ele punha Sean Harris ao telefone. Ele no apenas os tinha vcomo tambm ficara amigo deles. Era uma loucura! Ele pensava em coisas que queria fazconseguia, coisas que voc nunca acreditaria que pudessem rolar, o lance do Diamond He

um dos muitos exemplos. Fiquei de queixo cado, um moleque de dezessete anos indo sozipara a Inglaterra. Uma coisa ir para l, conhecer a cena e ver os shows, mas sair com a bafoi simplesmente incrvel.

Lembrando agora da chegada de Lars Ulrich ao seu meio, quase trs dcadas depBrian Tatler, guitarrista do Diamond Head, ainda ri da audcia do jovem f. Ele comeomandar cartas manuscritas dizendo que morava nos Estados Unidos e adorava a NWOBHDepois ele soube que estvamos fazendo uma turn no vero de 1981, a grande turn em tocamos no Woolwich Odeon, comprou uma passagem e veio para a Inglaterra ver o Diam

Head, seu grupo preferido. Ele era s um f; no falou que era baterista ou coisa assimgente falava: Esse tal de Lars dos Estados Unidos mandou outra carta. Da ele pintou

Woolwich Odeon, se apresentou, e ficamos impressionados porque ningum nunca hsado de l para ver o Diamond Head antes. Parecia uma proeza e tanto. Eu nunca tinha poos ps nos Estados Unidos, e ele tinha dezessete anos, foi aos bastidores e se apresenFicamos lisonjeados. Perguntamos onde estava hospedado, e ele disse: No sei, vim diretoaeroporto. Perguntei se ele no queria ficar na minha casa. A ele entrou no carro; depdisso, ia conosco a todo canto, incluindo mais dois shows da banda: um em Leeds, outroHereford, todo apertado no banco de trs do Austin Allegro de Sean.

Lars ficou uma semana na casa do Brian. O guitarrista ainda morava com os pais, e Ldormiu no quarto dele, no cho recoberto por um carpete fino, em um velho saco de dorcomido por traas. Na maioria das noites, eles iam beber em bares. Uma noite voltamcaminhando para casa porque perdemos o nibus e ficamos completamente encharcadcontou Brian. Ele disse que no tinha roupa para trocar. Achei uma cala boca de samarela velha do meu irmo no fundo do guarda-roupa, e ele vestiu. Devia ter batido uma fEle era uma figura, sabe? Cheio de gs e energia. Cheio de entusiasmo pela NWOBH


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Quando voltavam do pub, sentavam-se juntos para ver uma fita betamax que Brian consegrecentemente, do California Jam de 1974 o festival em que o ento desconhecido vocaDavid Coverdale estreou no Deep Purple. Segundo Brian, Lars adorava aquilo. A gecostumava assistir de madrugada. E ele imitava os solos porque curtia muito o Deep PurpBlackmore. Outro vdeo adorado era o do Lynyrd Skynyrd abrindo para os Stones Knebworth, que Brian gravara da TV. Lars rolava no cho imitando o solo de Freebird.

Perguntei como o adolescente Lars se mantinha financeiramente em sua temporadaInglaterra. Ele estava cheio da grana!, revelou Brian. Acho que o pai dele era bem de vidacoisa assim. Eu pensava como ele podia ter todo aquele dinheiro. Ele devia ter umas libras. Era um valor substancial em 1981. Lars queria comprar de mim um monteexemplares da Sounds. Eram nmeros que ele no tinha e traziam uma porrada de reportaginteressantes sobre o Angel Witch ou sei l o qu. Ele tambm foi at a Pinnacle Recorddistribuidora. Acho que descobriu como chegar l. Ele desapareceu um dia e disse que Pinnacle. O cara pegou o trem, descobriu onde era e voltou carregado de lbuns e compac

Ele comprou uns quarenta discos! Depois sentvamos e tocvamos, ele punha um disco ado outro, do Fist, Sledgehammer, Witchfynde e sabe Deus o que mais. Falvamos esse be no gostei dessa parte a. Ficvamos dissecando os lbuns. Depois de uma semana, elepara a casa de Sean e passou um ms l, dormindo no sof e atacando a geladeira. Sean dque [Lars] passava a noite inteira ouvindo Its electric nos fones de ouvido. Brian deu urisadinha. Mais importante, Tatler se lembrou de como o jovem Ulrich nos observ[quando] ensaivamos. Eu ia compor na casa de Sean e [Lars ficava] sentado no caolhando, s observando... Sean tinha um gravador de quatro canais, um TEAC, e a ge

gravava umas demos no processo. E provavelmente [Lars] estava captando a energia, asque se compe, assim que se faz.

Mas ele mencionou que tocava bateria?Ele nunca tocou no assunto. Nunca disse: Sou baterista ou vou montar uma banda

posso experimentar sua bateria?. Vai ver ele no se achava to bom ou no julgava estaltura de Duncan [Scott], sei l. Ele era apenas um bom rapaz [e] tinha um sotaque mestranho. Isso nos divertiu por semanas.

De acordo com as informaes coletadas, Lars Ulrich terminou a estada de vero na GBretanha arrumando um jeito de ir ao Jacksons Studio, em Rickmansworth, onde outrasuas bandas prediletas, o Motrhead, estava gravando o lbum Iron fist . Lemmy, lderMotrhead, disse: No me lembro de Lars no estdio enquanto gravvamos o disco. estou dizendo que ele no esteve l, mas isso foi h muito tempo, e minhas lembranas dperodo so muito nebulosas. Antes de acrescentar com benevolncia: Mas se Lars disse passou por l, no vou contradiz-lo. Lemmy, porm, se lembrou de um Lars Ulrich bastaovem presente em vrios shows na Costa Oeste durante a primeira turn norte-american

banda, abrindo para Ozzy Osbourne, no comeo daquele mesmo ano, algumas semanas a


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de Lars ir para o Reino Unido. Isso bateria com o fato de Brian Tatler se lembrar de Lars llo para ver o Motrhead durante sua estada naquele vero, quando a banda foi a atraprincipal no estdio de Port Vale, onde, ao contrrio do que acontecia nos Estados UniOzzy Osbourne era o convidado especial para abrir o show. [Lars] disse que conhecLemmy e que descolaria umas credenciais, relatou Tatler. Assim, eles pegaram o trem pStoke-on-Trent, onde Lars falou mesmo com Lemmy e conseguiu credenciais para que am

assistissem ao show dos bastidores.Conheci Lars por volta de 1981, confirmou Lemmy. Com certeza foi antes d

Metallica existir. A primeira vez foi no meu quarto de hotel em Los Angeles. Ele se apresencomo o cara que cuidava do f-clube do Motrhead nos Estados Unidos no fim das contratava-se de uma diviso no oficial dos Motrheadbangers, e ele era o nico membro.

verdade, ele nunca teve nada a ver com o f-clube oficial, embora claramente adorasse a baNunca vou me esquecer do encontro porque ele quis beber comigo, e estava na cara que conseguia me acompanhar, e a vomitou. No foi to ruim, nem o fiz limpar ou coisa

gnero, mas insisti para que usasse um babador enquanto ficasse comigo no quarto. Comsorriso, continuou: Curiosamente, ele tambm vomitou na vez seguinte em que encontramos. Ele no tinha melhorado em nada seus hbitos de beber. Talvez eu devessedado umas aulas para ele. Ou ento se trata de algum cumprimento dinamarqus estranLembro-me de uma noite deve ter sido por volta de 1985 quando me encontrei com no St. Moritz Club [centro de Londres]. Quem me conhecia sabia que eu estaria l embaixcaa-nqueis. Ele chegou e insistiu que fssemos beber e acho que ele pagou a maior pda conta. Ento, fomos beber e ele acabou desmaiando. Mas reconheo seu valor, porqueno desistia....

Outra banda com quem Lars Ulrich certamente fez amizade no vero de 1981 foi o IMaiden, s que no na Gr-Bretanha, e, sim, durante o show num pequeno clube Copenhague, onde ele fez uma parada estratgica para v-los antes de voltar para os EstaUnidos. Conheci Steve Harris [baixista e fundador da banda] em 1981. Eles estavam tocanum lugar do tamanho de uma sala de estar. Todavia, para o garoto rico de dezessete anaspirante a superastro, naquele momento o Iron Maiden era a melhor banda de rockmundo. Segundo ele, a importncia no se resumia msica. Havia quantidade e qualidfatores que mais tarde ele usaria deliberadamente no Metallica. O Maiden punha nos disdez minutos a mais de msica do que qualquer outra banda de rock. Eles tinham o me

visual, as camisetas mais legais, tudo. Havia uma sagacidade em sua organizao quefantstica para fs como eu, sendo uma grande inspirao para ns no Metallica. Eu quoferecer a mesma coisa aos garotos que curtiam nossa banda. Aquele show tambm serltima vez que Paul DiAnno, ento vocalista, cantaria com o grupo. Ele foi cortado para qu

vcio em drogas no atrapalhasse a escalada meterica do Maiden. Quando foi aos bastid

depois do show para cumprimentar os caras e pegar autgrafos, Lars reparou que havia


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lder no Iron Maiden: Steve Harris. Isso lhe ensinou uma lio importante, que depois conta Harris: Democracia no funciona numa banda.

O moleque maluco com sotaque esquisito e energia para dar e vender estava aprenderpido. Ou, como me disse mais tarde, essa uma das razes da existncia do Metallica, fui aprender na fonte com Motrhead, Diamond Head e Iron Maiden. Eu no largava dodeles como um parceiro, absorvendo e aprendendo a energia. Foi o que me fez perceber

eu tambm queria entrar nessa jogada.


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DoisO Leo Covarde

Foi em Miami ou, quem sabe, Tampa, na turn Monsters of Rock de 1988, caminhando pelo corredor do hotel, Kirk e e

Ei, ele disse, estou sentindo cheiro de... O que isso? Espere a... Lavanda?

, sorri. Passei um pouco. Estou com dor de cabea., lavanda bom pra isso, n?

, chamam de armrio de remdios engarrafado.

Pois . E como se usa? Joga umas gotas nas roupas?

Sim, ou pode esfregar nos pulsos ou nas tmporas. melhor do que aspirina.

Claro.

Eu gostava de Kirk. Era um alvio falar com ele. Ns dois ramos vegetarianos, fumvamos maconha pra caramgostvamos de ficar largados. Paramos, esperando o elevador chegar. A porta abriu, e James estava dentro.

Oi, disse Kirk, sorrindo.

Oi, disse James, sem sorrir.

Oi, eu disse, mas ele me ignorou, mal meneou a cabea. No fiquei surpreso. Para James, eu era apenas maiamiguinho de Lars, entre muitos. Decidi ignor-lo e continuar conversando com Kirk.

Ento, voc tambm curte leos essenciais?

Kirk fez cara de pavor. Qu?, ele balbuciou. No! Eu no! Li um pouquinho sobre o assunto, mas no diriacurto. Ele falou em tom de piada, enquanto James nos observava com desdm, nos fuzilando com os olhos.

Foi como receber um balde de gua na cabea ou coisa pior. Cale essa boca, idiota! No se fala de coisas gays cleos essenciais na frente de James! Meu Deus do cu, voc ficou louco, porra?

Percebendo a mancada, quis sair correndo, mas no houve escapatria, ento entramos no elevador e ficamos em silat chegarmos ao saguo. Quando entramos juntos no bar, notei que Kirk se movia como James. Resolvi fazer o mesmo,

no destoar dos dois. A fita de um show de Andrew Dice Clay retumbava no telo, ns nos sentamos para ver, pedimogarrafas (grandes) de Sapporo e fizemos palhaadas. Dice era um cara bem ao estilo do Hetfield, no suportava viadagemestrangeiros. Dizia a real; uma metralhadora verbal. Percebi que Dice era um cara bem ao estilo do Metallica. Eu s espque o aroma de lavanda no atrapalhasse a cerveja de James...

Dizem que os opostos se atraem. Esse no foi o caso quando Lars Ulrich e James AHetfield se conheceram, em maio de 1981. Nascido em Los Angeles, em 3 de agosto de 19aparentemente a nica semelhana entre James e Lars parecia ser a idade. Enquanto Larspequeno e franzino, um europeu bonitinho metido a besta que comia com a boca aberpassava dias sem tomar banho, James era alto e esguio, um jovem norte-americano forte

antepassados irlandeses e alemes que escovava os dentes duas vezes ao dia e sempre ucueca limpa. Se Lars no calava a boca, James s falava o necessrio. Enquanto o passadoLars era marcado por dinheiro, viagens, msica, arte e liberdade hippie multilngue, Ja

vinha de uma famlia comum da classe operria, com crenas religiosas fundamentalseveras, com um pai ausente e tendo de enfrentar a dor da morte trgica da me. EnquaLars estava pronto para atravessar qualquer porta e se apresentar, James ficava na sombra, nem sequer conseguir encarar os outros. s vezes, as pessoas confundiam sua reticncia ctimidez, mas James no era tmido, era dono de uma fria vulcnica; tinha o dedo leve


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gatilho. Anos mais tarde, James contaria que seu filme preferido era Trs homens em confliPor qu?, eu quis saber. Porque existem trs personagens completamente diferentes, e

vejo um pouco de mim em cada um deles. Dava para entender o que ele queria dizer. Um fechado, usando costeletas, James era viril, duro, sua personalidade remetia a uma poca to remota em que colonizadores matadores de ndios que falavam e caminhavam do seu jconstruram os Estados Unidos, com as armas fumegando. Pelo menos era assim que eu o

de longe. De perto, porm, para o jovem James Hetfield o mundo muitas vezes era um luassustador, cheio de falsidade e traio, com mentirosos que s iriam desapont-lo. Esse esentimento mais temido por ele e, para se defender, James usava a raiva. Num instamemorvel, ele foi descrito como o leo covarde de O mgico de Oz, mas James Hetfield

verdade se parecia com o prprio mgico um personagem tmido e inseguro se escondeatrs de uma grande imagem assustadora na tela.

Virgil, o pai de James, era caminhoneiro. Um cara grande, ambicioso, que gostava da ao ar livre e terminou tocando a prpria transportadora. Ele se casou com a me de Jam

Cynthia, quando ela estava no fundo do poo; uma mulher separada que no era mais jovetinha dois filhos, Christopher e David. Virgil era um bom sujeito que tambm lecionava mperodo na escola dominical; um homem responsvel que James, o primeiro dos dois filhos teve com Cynthia, respeitava apesar de sua severidade. Uma vez, quando James e a icaula, Deanna, fugiram de casa, Cynthia e Virgil os encontraram se escondendo a uquatro quadras de distncia. Quando os conduziram para casa, James recordou, eles levauma surra de perder o rumo. Embora James e Deanna vivessem brigando como co e gaeles sempre se ajudavam na frente dos pais. Como James me disse em 2009, um ajuda

limpar a baguna do outro e a encobrir inventando histrias. Era um desses lances de amdio. Os meio-irmos mais velhos eram mais distantes, praticamente com uma geraodiferena, e, infelizmente, no havia muita ligao. Eles no eram velhos o bastante paraaconselhar nem novos para entender o que eu queria ouvir ou curtir, ento era uma situaintermediria esquisita, mas minha irm e eu ramos muito prximos.

Quando James Hetfield tinha treze anos, o pai saiu de casa um dia e no voltou mnem para se despedir. Na v esperana de que talvez o marido voltasse, Cynthia dizia aos filmais novos que o pai simplesmente partira numa longa viagem de negcios. Demorou semaantes de ela dar as ms notcias a James e Deanna. Mesmo assim, no houve explicaoque o papai tinha ido embora, no voltaria, e vamos deixar por isso mesmo, est bem, crianNo. Nada bem, na verdade. Nem um pouco bem, principalmente para Deanna, a princesido papai que sempre fora a rebelde, segundo James, e que ento saiu completamente trilhos. A reao de James tambm foi turbulenta, porm menos bvia. Ele guardou tudo psi, adotou uma aparncia severa, no exatamente brava, apenas inexpressiva, dura, quechamava de cara de fique longe de mim, porra, a qual mostraria pelos prximos vinte amais ou menos. Era muito confuso para mim, quando criana, no saber o que es


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acontecendo, revelaria James mais tarde. Chegar da escola e notar que faltavam coisas do levadas por Virgil enquanto os filhos no estavam para causar o mnimo de comoo aliviava o choque, somente aguava a dor e a sensao de traio. Era tudo meio escondEste um grande defeito de carter que ainda carrego: acho que todo mundo est escondealguma coisa de mim.

Na escola, antes de o pai sumir, James contou que era um aluno bem mediano. Basta

quieto, reservado, que cumpria as obrigaes, depois ia para casa se divertir e brincar, cqualquer coisa. Amante de esportes, os nicos empecilhos, segundo ele, eramconsequncias da obedincia rigorosa dos pais ao sistema de crenas da Cincia Crist. nome inadequado, visto que a religio probe seus seguidores de ter qualquer relao prcom a cincia, incluindo, o pior, a medicina moderna, seja tomando aspirina para dorcabea ou recebendo tratamento hospitalar por causa de um acidente ou doena fatal. Udessas novas religies norte-americanas nascidas no sculo XIX que ningum mais nplaneta levaria a srio, ela ainda exerce grande domnio em certos segmentos da cl

trabalhadora dos Estados Unidos. E James ainda suspira fundo quando pedem para falrespeito. No tinha impacto na escola. Eles no tinham escolas prprias nem era coestudar numa escola catlica. Mas, certamente, me afetou. Afetou mais a mim do que miirm e irmos, pois eu... Sei l, acho que encarei como algo pessoal. Ele fez uma paescolhendo as palavras. Nossos pais no nos levavam ao mdico. Basicamente dependado poder espiritual da religio para nos curar ou nos proteger de doenas ou machucados. causa disso, na escola, a pedido dos meus pais, eu no podia participar das aulas de sade, aprender sobre o corpo, para conhecer as doenas e questes afins. E, por exemplo, se

tentasse entrar no time de futebol americano, era preciso ir ao mdico, levar um atestado..tinha de explicar ao treinador que nossa religio no permitia. Ento eu me sentia excluUm pria. As crianas riam disso, e eu encarava como algo pessoal. Um dos lances mtraumticos para mim era [quando] a aula de sade comeava e eu ficava de p no corredoque era quase um outro tipo de castigo. Ei, voc foi mau, ter de ir diretoria ou ficar na pda sala. Ento, quem passava me olhava como se eu fosse um marginal, entende?

Era duro, mas segundo ele isso tambm ajudou a formar sua personalidade. No James tivesse essa compreenso naquela poca. Quando se jovem voc quer ser igual a tmundo, no quer ser diferente, mas vejo a singularidade disso agora, o que me ajudou a acee adotar minha individualidade. Para James, foram essas experincias difceis na infnciasempre ser o estranho da escola, que criaram sua capacidade de no andar em bandosempre ficar meio distante do resto do grupo. Ajudou a traar meu prprio caminho, falodo aspecto espiritual; quando se criana no d para compreender o conceitoespiritualidade. Era um tipo de conceito muito adulto e, para mim, no ir ao mdico estranho. Tudo que via eram as pessoas na igreja com ossos quebrados e que eles estavam

curando da maneira errada isso no fazia sentido para mim. Ento, quando eu falava e


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coisas para os tcnicos ou professores, s estava falando pelos meus pais, no falava por mmesmo, era um lance meio que de me vender, algo que nunca mais quero fazer. S que tambm ajudou a, mais tarde, adotar um conceito espiritual e, de fato, ver o poder dissolado do atual conhecimento da medicina, ento isso ajudou a formar meu conceitoespiritualidade.

Todavia, levou anos, com o auxlio de longas sesses de terapia, que ainda acontec

para que James Hetfield estivesse pronto para tocar nesses assuntos. Depois que o paiembora em 1977, falei para minha me que no iria mais escola dominical, que ela teriame obrigar. E ponto final. J a msica uma das poucas formas de expresso permitidele quando criana de que podia desfrutar sozinho primeiro se tornaria um consolo, deuma defesa e, por fim, uma inspirao. Mas muito antes de se interessar por rock, houvpiano clssico, que Cynthia cujos passatempos eram pera amadora, pintura e degrfico o estimulou a estudar aos nove anos. James me disse: Foi o seguinte: minha me viu na casa de um amigo espancando um piano. Eu estava mais ou menos tocando bat

no piano, e ela pensou: Ah, ele vai ser msico, vou matricul-lo numa escola de piano. Estdurante alguns anos e era um lance meio chato porque estudava peas clssicas, coisas no ouvia no rdio, entende? Eu me lembro que era na casa de uma senhora, e o grande baeram os biscoitos no final, ento havia uma compensao. Mas me lembro que ela primtocava as msicas que amos aprender, havia uma chamada Joy to the world [uma cannatalina adaptada de um velho hino religioso ingls]. Pensei que fosse [ele comea a canJoy to the world [o sucesso pop do Three Dog Night, de 1971], mas no era. Fiquei animpensando que j havia ouvido meu irmo toc-la. S que era teoria. Desestimulado na pele agora fica feliz de ter sido forado a usar a mo esquerda e a direita para fazer codiferentes, e tambm a cantar ao mesmo tempo, o que me deu uma noo do que fao agouma ideia de como isso poderia ser natural. Assim, cantar e tocar ficou mais fcil do provavelmente seria se no tivesse estudado piano.

Ele descobriu o rock graas coleo de discos dos irmos mais velhos. Eu semestava procurando alguma coisa diferente, algo que nem todos curtissem. Quando eu era fBlack Sabbath, todos os meus amigos diziam: Ah, minha me no me deixa ter esse discassustador e vou ter pesadelos. Eu achava isso engraado, ento tinha de sair e comprBandas como os Beatles e porcarias do gnero so coisas que nunca curti muito. Foi nmesma poca que James resolveu tocar a bateria do irmo David, mas no rolou. Segundocontou, ele tinha catorze anos quando pegou uma guitarra pela primeira vez e quis saber cotodos aqueles barulhos eram feitos. No se lembra de aprender a tocar de verdade. Comcom um violo, eu ficava fuando, depois aprendi os acordes, e a coisa rolou assim, acho. foi rapidinho, pois logo eu estava numa banda, em um ano ou dois, tocando covers, queeito certo de se aprender a tocar. Ele tambm reduzia a velocidade dos LPs, tenta


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aprender algo. Ouvindo, copiando, repetindo, sempre sozinho. Gostava de ficar sozinJames contou mais tarde ao escritor Ben Mitchell. Gostava de poder me isolar do mundo.msica ajudava bastante nisso. Ele punha os fones de ouvido e viajava, curtindo KAerosmith, Ted Nugent e Alice Cooper hard rock 100% norte-americano. Sem ironmsica boa para caras curtos e grossos que no danavam, mas gostavam de festejar. Eu ouvia outras coisas at ser apresentado ao Lars. O primeiro show a que assistiu foi em ju

de 1978, pouco antes de completar dezesseis anos, quando viu o AC/DC abrir parAerosmith na Long Beach Arena. Rocks, disco do Aerosmith de 1976, era um dos lbuns eu podia ouvir sem parar; era repleto de coisa boa. No mesmo vero, James tambm compingresso para os dois dias do California World Music Festival, que tambm contou comAerosmith, ao lado de Ted Nugent e Van Halen. Lembro de acompanhar um amigo, estava vendendo drogas. Ele rasgou uma parte do ingresso, que tinha uma espcie de arcona borda, picou em pedacinhos e os vendeu como se fossem cido. Eu perguntei: Que hist essa?. Ele usou o dinheiro para comprar cerveja. Enquanto atravessava o pblico p

chegar na frente, James lembra de ter ficado impressionado pelo fato de Steven Tyvocalista do Aerosmith, ter chamado a plateia de filhos da puta. Pensei: Ei, voc pode fisso?.

J marcado como solitrio no colegial, a exemplo de Lars Ulrich, foi a msica que coloJames Hetfield em contato com outros colegas solitrios igualmente obcecados, tais como McGovney, que mais tarde seria o primeiro baixista do Metallica. Colega de sala na EMiddle School, McGovney se lembra de ter conhecido Hetfield na aula de msica, atrado fato de ele ser o nico cara da turma que sabia tocar guitarra. Como James, Ron tambm

pertencia a nenhuma das panelinhas escolares. Havia as animadoras de torcida, os atletapessoal da fanfarra. James e Ron terminariam com outros vagais, como os amigos DMarrs e Jim Keshil, matando o tempo sem pertencer a nenhum grupo social. Ron no cuapenas rock feito James. Ele era um fantico por Elvis e ficou arrasado quando Premorreu. Por sua vez, Ron e James descobriram uma afinidade no interesse pela msica de Zeppelin, ZZ Top, Foreigner e Boston. Dave e Jim eram mais parecidos com James, curtimuito Kiss e Aerosmith. O estranho no ninho, Ron, foi influenciado pelo gosto dos outpartilhando com eles o interesse por bandas britnicas de protometal, como o UFO. Por cadisso, Ron comeou a ter aulas de violo. Eu no manjava nada de baixo, lembrou-se. Elqueria aprender a tocar Stairway to heaven. Quando mais tarde naquele ano Hetfieldtornou amigo de dois irmos chamados Ron e Rich Valoz, que tocavam respectivamente be bateria, e ento de Jim Arnold, outro guitarrista iniciante, McGovney se ofereceu para sroadie. A banda se chamava Obsession e, a exemplo de todos os grupos do colegial, toccovers de msicas dos artistas preferidos. Isso significava tocar o material mais fcil de BSabbath (Never say die), Led Zeppelin (Rock and roll), UFO (Lights out) e Deep Pu(Highway star). Os trs membros da linha de frente se revezavam no vocal: Jim Arn


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quando era a vez do Zeppelin, Ron Valoz, em Purple haze, e James era o cara do Uatacando petardos como Doctor, doctor e Lights out.

Depois de um longo tempo ensaiando na casa dos irmos Valoz, nos arredoresDowney, a nova banda fez apresentaes ocasionais em cervejadas de quintal, tocando bebida e a chance de se exibir. Mas, mesmo assim, continuaram tocando nas noites de sexsbado na casa dos irmos Valoz. McGovney se lembrou dos irmos como gnios da eltri

que instalaram um sistema de luzes no espao que montaram na garagem dos pais. DMarrs e eu ficvamos l cuidando do painel de controle e acionando as lmpadas, estrobtal. Era um show inteiro numa garagenzinha. James disse: Tocvamos Thin Lizzy, algumcoisas do Robin Trower sons de bandas da poca que eram um tanto pesadas. James do Obsession, segundo relatou, quando mostrei uma composio e nenhum deles gosento foi nessa hora que me despedi dos caras, pois eu queria comear a compor, e eles ninteressavam por isso. James saiu acompanhado de Jim Arnold, seguido pelo irmo Chpara formar outra banda de vida curta batizada de Syrinx. Eles s tocavam covers do Ru

conta McGovney. Essa durou pouco.Essa fase, porm, teve um fim abrupto quando a me de James morreu de cncer

1980, depois de agonizar lentamente por ter se recusado a fazer tratamento e at mesmtomar analgsicos em seus ltimos dias, quando j era tarde demais. James e Deanna foforados a morar com o meio-irmo David dez anos mais velho que James, casado e vivenuma casa prpria a uns trinta quilmetros dali, em Brea, onde trabalhava como contadomudana fez com que James tivesse de viajar at Downey para ensaiar com o Syrinx. O grchegou ao fim logo depois, quando as implicaes da morte da me de James deram inc

uma nova tristeza. Ele tambm terminou com seu primeiro namoro quase srio. Parecia nada mais daria certo. Indisciplinada como sempre, Deanna em breve seria expulsa da casDave, preferindo localizar o pai e ir morar com ele. James, que no queria ter nada a ver co pai, ficou quieto onde estava, achando que o divrcio motivara a doena da me. Como d Playboy,em 2001, minha me se preocupava bastante, e isso a adoeceu. Ela escondiagente. De repente, ela estava num hospital. E, de repente, havia falecido. Como era tpdele, o fechado James no contou a notcia devastadora da morte da me para ningum. Nimaginvamos, McGovney relatou mais tarde. Ele sumiu por uns dez dias, e achamos tinha viajado. Quando falou que a me tinha acabado de morrer, ficamos chocados. Seguias crenas na Cincia Crist, no houve funeral para Cynthia nem nenhum perodo de lNo houve tempo, como James diria mais tarde, para chorar e receber apoio. Foi apenacasca morreu, o esprito foi embora e vamos tocar o barco.

Em Brea, James se matriculou na Olinda High School, onde se juntou durante algtempo ao aspirante a baterista Jim Mulligan e a outro guitarrista, Hugh Tanner, que abordepois de v-lo carregando uma Flying V na escola. Eles batizaram a banda de Phantom L

embora ela nunca tenha passado do estgio de ensaios, principalmente porque no tinh


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baixista. Desesperado, James recorreu a Ron McGovney. Ron nunca tinha se visto cobaixista, nem tinha contrabaixo, mas James insistiu dizendo que seria fcil e que ensinariacordes bsicos. Relutante, McGovney concordou, alugou um baixo no Downey MCenter, e o quarteto comeou a ensaiar na casa dos pais do Ron. Essa foi uma mudanapanorama que, de maneira repentina, levou James a ter coragem suficiente para sair da casameio-irmo em Brea, mudar para a casa de Ron, em Downey, e trabalhar como porteiro p

pagar as contas o primeiro de uma srie de subempregos que teria ao longo dos anos. Mpais tinham uma casa principal com trs casas menores nos fundos para alugar, coMcGovney. A propriedade seria destruda para a construo de uma via expressa. Meus pdeixaram que James e eu morssemos de graa na casa do meio. Transformamos a garagemestdio. Como largaram a escola, ambos estavam ganhando uma graninha. Eu trabalhavoficina de caminhes dos meus pais durante o dia, relembrou Ron. Enquanto isso, Jaarrumou emprego numa fbrica de adesivos chamada Santa Fe Springs. Eles usaramprimeiro salrio para fazer o isolamento acstico da garagem, colocaram drywall, e Ja

pintou as vigas de preto e o teto de cinza. Ainda com as paredes brancas e o carpete vermeo Phantom Lord tinha um lugar para chamar de seu e, a partir do qual, crescer.

Em sua ltima apario no livro do ano do colegial, no item planos, Hetfield escretocar msica. Ficar rico. Contudo, como a maioria das bandas jovens, o Phantom Lordseparou antes da primeira apresentao, sinalizada pela sada de Hugh Tanner, um bguitarrista que estava de olho na carreira de empresrio musical. Sem perder o nimooutros simplesmente botaram um anncio procurando outro guitarrista no jornal localRecycler. Entrou, ainda que brevemente, Troy James, e houve uma mudana na diremusical descrita por McGovney como um lance meio glam. Ainda era um rock 100% noamericano, porm mais inclinado para um estilo com refres pesados e chamativo que,breve, seria popularizado por arqutipos da Sunset Strip, como Mtley Cre e Quiet Riot, ento construam seus nomes nos clubes de Hollywood, e bandas completamente calcadassimilares britnicas como Girl (liderada por Phil Collen, futuro guitarrista do Def LepparPhil Lewis, vocalista do L. A. Guns), cuja msica Hollywood tease seria tocada pela banEles tambm bolaram outro nome para acompanhar o novo som: Leather Charm. Por mdifcil que seja agora imaginar o rude James Hetfield tentando se passar por vocalista de grock e fazendo beicinho, ele se entregou de corpo e alma nova estratgia, deixando aguitarra de lado para assumir somente os vocais. Foi tambm com o Leather Charm Hetfield fez as primeiras tentativas de tocar canes originais, trs das quais, remodelaseriam gravadas dois anos mais tarde no primeiro disco do Metallica um prottipo de the lights, que, para Ron McGovney, seria em sua maior parte obra de Hugh Tanner; e dmsicas do Charm nas quais James se envolveu mais, Handsome ransom e Lets go rocroll cuja verso aprimorada e muito mais rpida depois virou No remorse, pico

Metallica.


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Mais uma vez, porm, o novo grupo s havia conseguido apresentaes em festas casas de amigos at que decidiu se separar. Dessa vez foi Mulligan o primeiro a cair fora;aceitou um convite desafiador para tocar numa banda local especializada em covers do RTroy James tambm saiu, deixando James e Ron mais uma vez sozinhos na garagem prapreta. Para tentar ajud-los, Hugh Tanner contou a eles sobre um anncio que vira Recycler: Baterista procura outros msicos de metal para tirar um som. Tygers of Pan Ta

Diamond Head e Iron Maiden. Foi a meno ao Iron Maiden que chamou a ateno dNingum do Leather Charm conhecia to bem a NWOBHM quanto Lars Ulrich aquem conhecia? Apesar disso, eles tinham passado a tocar uma verso de Rememtomorrow, do Maiden. Mesmo assim, James e Ron no se entusiasmaram com o annNos ltimos tempos, nada havia dado certo, por que agora daria? Odiando v-los desanimados, Hugh se ofereceu para responder o anncio e marcar um encontro comanunciante um moleque de sotaque engraado de Newport Beach chamado Lars nestdio local que ele agendara sob o pretexto de gravar uma demo, cuja conta fora deixada

Lars, como James contaria mais tarde. Ron, que nunca se convencera completamente debaixista, agora estava mais concentrado numa possvel carreira como fotgrafo de rock, ennem se preocupou em participar daquele primeiro encontro com Lars. No que fizdiferena. Nem James nem Hugh tiveram nada de bom a dizer depois do encontro. O moleera esquisito e tinha um cheiro estranho. Ele nem sabia tocar bateria direito. Foi tudo uperda de tempo. A gente comia no McDonalds, ele comia arenque, assim James resumaquele primeiro encontro vinte anos depois. Lars era simplesmente de outro mundo. Seuera famoso. Ele era rico. Um filho nico rico. Mimado por isso que fala tanto. Ele sabque quer, vai atrs e sempre conseguiu o que quis.

No entanto, aquela hostilidade no era totalmente mtua. Uma das primeiras coisas Lars fez depois de voltar das frias de vero na Europa foi ligar para James e convid-lo pa sua casa. James bancou o arredio, como se nem lembrasse quem era Lars, usando a carafique longe de mim, porra. Astuto, Lars achava que se James entendesse melhor com questava lidando seria menos hostil ideia de criar uma banda para fazer uns im

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Metallica a Biografia Mick Wall