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ciência Filosofia e Prática da Pesquisa 2ª edição revista e atualizada METODOLOGIA DA FABIO APPOLINÁRIO

Metodologia da Ciência - Filosofia e prática da pesquisa - 2ª ed. revista e atualizada

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Autor: Fabio Appolinário

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ISBN: 978-85-221-1177-0ISBN 10: 85-221-1177-4

Em Metodologia da ciência: filosofia e prática da pesquisa o leitor encontrará uma abordagem da metodologia científica que privilegia tanto os aspectos teóricos e filosóficos da ciência quanto seus aspectos práticos. Esta segunda edição traz renovações em relação à edição anterior, como atualizações das normas da ABNT e a inclusão das normas de Vancouver para a Bibliografia.

Escrito de forma clara e com uma sequência lógica, esta obra é um guia “passo a passo” para a produção de trabalhos científicos, desde o planejamento e a elaboração de instrumentos de coleta de dados até a análise dos resultados e conclusões.

Trata-se de um texto didático simples e conciso, fruto de anos de experiência em sala de aula no ensino de metodologia científica para alunos dos mais diversos cursos e áreas do conhecimento.

A P L I C A Ç Õ E SObra dedicada a alunos de graduação e pós-graduação em Economia, Direito, Administração, Medicina, Enfermagem, Engenharia, Pedagogia, Física e demais cursos universitários que contemplem a elaboração de um trabalho científico que exija a apresentação das partes essenciais de um relatório de pesquisa.

FABIO APPOLINÁRIO É graduado em Administração de

Empresas e Psicologia. É mestre e doutor em Psicologia pela Universidade de São

Paulo (USP). Pesquisador na área de comportamento organizacional, liderança

e psicologia positiva (http://www.psicologiapositiva.com.br).

É docente do MBA Executivo da Business School São Paulo.

ciênciaF i l o s o f i ae P r á t i c a

d a P e s q u i s a

METODOLOGIA DA

OUTRAS OBRAS

Como escrever textos técnicosJosé Paulo Moreira de Oliveira e Carlos Alberto Paula Motta

Elaboração de projetos de pesquisa: monografia, dissertação, tese e estudo de caso, com base em metodologia científicaLuiz Paulo do Nascimento

Estágio supervisionado e trabalho de conclusão de cursoManolita Correia Lima e Silvio Olivo (orgs.)

O método fenomenológico na pesquisaDaniel Augusto Moreira

Trabalho de conclusão de curso: guia de elaboração passo a passoClóvis Roberto dos Santos

ciênciaF i l o s o f i ae P r á t i c a

d a P e s q u i s a

2 ª e d i ç ã o r e v i s t a e a t u a l i z a d a

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METODOLOGIA DA

F A B I O A P P O L I N Á R I O 9 7 8 8 5 2 2 1 1 1 7 7 0

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Appolinário, FabioMetodologia da ciência : filosofia e prática da

pesquisa / Fabio Appolinário. -- 2. ed. -- São Paulo :Cengage Learning, 2012.

Bibliografia.ISBN

1. Ciência - Filosofia 2. Ciência - Metodologia 3. Pesquisa - Metodologia I. Título.

11-06288 CDD-001.42

Índices para catálogo sistemático:

1. Ciência : Metodologia 001.422. Pesquisa : Metodologia 001.42

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METODOLOGIA DA CIÊNCIAFilosofia e Prática da Pesquisa

2a edição revista e atualizada

Fabio Appolinário

Austrália • Brasil • Japão • Coreia • México • Cingapura • Espanha• Reino Unido • Estados Unidos

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Metodologia da Ciência: filosofia e prática dapesquisa – 2a edição revista e atualizadaFabio Appolinário

Gerente Editorial: Patricia La Rosa

Supervisora Editorial: Noelma Brocanelli

Supervisora de Produção Gráfica: Fabiana AlencarAlbuquerque

Editora de Desenvolvimento: Gisele GonçalvesBueno Quirino de Souza

Revisão: Ricardo Frazin

Diagramação: Cia. Editorial

Capa: Ale Gustavo

© 2012 Cengage Learning. Todos os direitos reservados.

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte destelivro poderá ser reproduzida, sejam quais forem osmeios empregados, sem a permissão, por escrito, daEditora. Aos infratores aplicam-se as sançõesprevistas nos artigos 102, 104, 106 e 107 da Lei no 9.610, de 19 de fevereiro de 1998.

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Impresso no Brasil.Printed in Brazil.2 3 4 14 13 12

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Dedico este livro, e todo o meu amor,

à minha que ri da Lilian.

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Imaginem uma situação corriqueira de orientação de pesquisa: uma sala comtrinta alunos reunidos, os quais realizam 15 pesquisas com os mais diversostemas e com diferentes abordagens dentro de uma área de conhecimento.Vários alunos falam ao mesmo tempo, com a vitalidade dos jovens – “o que épesquisa?”; “como eu devo fazer o projeto?”; “professor, este livro é científico?”;“onde encontro bibliografia que fale de fanatismo no futebol?”; “como eu façoesta citação?”; “mas este problema de pesquisa não é muito simples?”; “quan-tas páginas o projeto tem que ter?”; “professor, e o cro nograma, como eufaço?”; “com que letra eu escrevo?”; “eu devo usar normas da ABNT, mas o arti-go que li tem as referências escritas de outro jeito!”; “professor, eu quero usarentrevista.”, “mas, Maria, você ainda não definiu o problema de pesquisa?”.

Além disso, na maioria das vezes, são alunos que estudam à noite e tra-balham durante o dia. O orientador leva pilhas e pilhas de livros e artigossobre metodologia científica para encontrar respostas para todas as questões.Há um problema adicional: não são todos os livros que podem ser encontra-dos na biblioteca e, se o forem, não há um número suficiente de exemplarespara todos. E não se pode pedir aos alunos que comprem todas as obras, poisnão têm poder aquisitivo para tal. Então, o orientador carrega a montanha delivros, que acabam sendo emprestados aos alunos, pois, em virtude da prote-ção aos direitos autorais, não se pode tirar cópias reprográficas. Assim, o quegeralmente ocorre é que, ao final do semestre, o acervo do professor dimi-nuiu pela metade.

Bem, o leitor, se me fiz claro, pode ter uma ideia da situação complexaque é orientar um grupo de alunos na elaboração de suas pesquisas e das

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várias outras atividades acadêmicas que o orientador tem, além das orienta-ções, via internet, nas madrugadas, sábados e domingos. E – mais um agra-vante – o tempo é limitado para que o trabalho esteja pronto e, por fim, sejaavaliado por uma banca pública com três professores – situação que faz comque o orientador se sinta um verdadeiro malabarista do Cirque du Soleil.

Fica uma questão: o orientador deve favorecer a construção de um pensa-mento, uma obra de autoria dos alunos, ou pode ajudar a apagar pequenosincêndios nas várias decisões que fazem parte da trajetória de uma pesquisa?

É nesse ponto que este livro chega como um alento. Uma obra que, semdescuidar dos aspectos epistemológicos, além de uma postura crítica, nos dáde forma sintética e objetiva pistas claras que, com certeza, auxiliarão o pes-quisador iniciante nas centenas de decisões que terá de tomar para realizarum trabalho com qualidade. Mais que isso, permite que o pesquisador váencontrando trilhas para um aprofundamento em cada aspecto da pesquisa,com a farta bibliografia que oferece. É um trabalho corajoso, de fôlego, emuito bem-vindo para ajudar o professor orientador nas situações concretascomo as descritas.

Enfim, trata-se de uma obra de grande valor que, com certeza, estimula-rá muitos pesquisadores a sentirem prazer com a atividade de pesquisar, poiso texto é claro, didático, bem escrito, objetivo e conciso. Com certeza, será degrande auxílio para professores de metodologia científica, pesquisadores,orientadores de pesquisas em iniciação científica, trabalhos de conclusão decurso e de pós-graduação.

Creio ser um trabalho que se tornará uma referência. Quando estiver noolho do furacão, como as situações vividas que descrevi, poderei, enfim, res-ponder ao aluno: “Vá ao ‘Appolinário’ que você encontrará respostas”.

Prof. Dr. Ricardo Franklin Ferreira

Docente do programa de mestrado em Psicologia da Universidade São Marcos

Coordenador do curso de graduação em Psicologia da Universidade São Marcos

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Prefácio ............................................................................................................XI

Parte I – Aspectos Gerais da Filosofia da Ciência

Capítulo 1 – Ciência: Uma Visão Geral............................................................3

Capítulo 2 – Evolução das Ideias Científicas:Dos Gregos ao Positivismo .......................................................15

Capítulo 3 – Os Grandes Debates da Ciência Contemporânea....................29

Parte II – A Prática da Pesquisa

Capítulo 4 – O Sistema de Produção Científica.............................................47

Capítulo 5 – As Dimensões da Pesquisa........................................................59

Capítulo 6 – As Etapas do Trabalho Científico..............................................73

Capítulo 7 – As Partes de um Trabalho Científico ........................................85

Capítulo 8 – O Discurso Científico.................................................................95

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x METODOLOGIA DA CIÊNCIA

Capítulo 9 – Variáveis e Níveis de Mensuração...........................................107

Capítulo 10 – Delineamentos de Pesquisa...................................................117

Capítulo 11 – Amostragem............................................................................129

Capítulo 12 – Coleta e Tabulação de Dados Quantitativos ........................137

Capítulo 13 – Introdução à Análise Quantitativa de Dados .......................149

Capítulo 14 – Introdução à Análise Qualitativa de Dados .........................163

Capítulo 15 – Juntando Tudo: Um Exemplo Prático de Pesquisa..............173

Referências .....................................................................................................189

Apêndice A – Websites de Busca Científica .................................................197

Apêndice B – Modelos Diversos...................................................................199

Apêndice C – Referências Padrão ABNT......................................................207

Apêndice D – Referências Padrão Vancouver ..............................................215

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Após mui tos anos lecio nan do dis ci pli nas rela cio na das à meto do lo gia cien tí fi ca,pude cons ta tar uma ver da de bási ca: se os alu nos não com preen de rem e expe -ri men ta rem o pra zer da pro du ção cien tí fi ca, essa área par ti cu lar do conhe ci -men to tem enor me poten cial para se tor nar um tor men to insu por tá vel. Acreditoque uma parte impor tan te do pro ble ma este ja rela cio na da a duas ques tões bási -cas: pri mei ra, a falta de apli ca bi li da de dos con teú dos da dis ci pli na em pro je tosque sejam inte res san tes para os alu nos e, segun da, a desor ga ni za ção dos mate -riais didá ti cos dis po ní veis para o apren di za do – fato que refle te a pró pria diver -si da de nas for mas de pro du ção do conhe ci men to cien tí fi co.

Uma das razões que me leva ram a escre ver uma obra como a que o lei -tor tem em mãos foi ten tar suprir – na medi da do meu enten di men to – essasegun da neces si da de. É fruto de mui tas expe riên cias em salas de aula, incluin -do-se aí a sequên cia em que a maté ria deve ser desen vol vi da, assim como opro vi men to de exem plos que real men te aju dem os alu nos a com preen dermais rapi da men te o que o pro fes sor está ten tan do lhes indi car.

A obra está divi di da em duas par tes inde pen den tes e com ple men ta res. Napri mei ra parte, dedi co três capí tu los ao exame dos con cei tos de ciên cia econhe ci men to cien tí fi co, tal como foram desen vol vi dos his to ri ca men te –dando espe cial aten ção aos movi men tos da filo so fia da ciên cia, nota da men teno que se refe re às dis cus sões con tem po râ neas no seio das ciên cias huma nase sociais.

A segun da parte é essen cial men te vol ta da para as ques tões prá ti cas dapro du ção do conhe ci men to cien tí fi co: pode-se come çar a tra ba lhar com o livroa par tir desse ponto, se assim o lei tor dese jar. Os Capí tu los 4 e 5 foram escri -tos com o intui to de levar o estu dan te a com preen der melhor o mundo da

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ciên cia, seus per so na gens e tipos de pro du ções. O Capí tu lo 6 – pro va vel men -te o mais importante da obra – apre sen ta a sequên cia de pas sos neces sá riapara a pro du ção de pes qui sas cien tí fi cas, ser vin do de índi ce para os assun tosque serão tra ta dos em deta lhes nos capí tu los sub se quen tes.

O Capí tu lo 7 apre sen ta ao lei tor as dife ren tes par tes de um tra ba lho de pes -qui sa, con cer nen tes às moda li da des vis tas nos capí tu los ante rio res. Em segui da,no Capí tu lo 8, dis cu tem-se as par ti cu la ri da des do dis cur so cien tí fi co, suas carac -te rís ti cas, nor ma ti za ções e difi cul da des. Os Capí tu los 9, 10 e 11 são dedi ca dosao estu do das variá veis e seus níveis de men su ra ção, os deli nea men tos pos sí -veis em pes qui sas cien tí fi cas e as téc ni cas de amos tra gem, res pec ti va men te.

Os Capí tu los 12 e 13 são dedi ca dos à explo ra ção das ques tões refe ren tesà cole ta, tabu la ção e aná li se de dados quan ti ta ti vos, con tem plan do-se inclu si -ve uma breve revi são acer ca dos prin ci pais tópi cos das esta tís ti cas des cri ti vae infe ren cial uti li za das em pes qui sas. Como con tra pon to, o Capí tu lo 14 desen -vol ve algu mas das prin ci pais ideias envol vi das na aná li se qua li ta ti va de dados,dis cu tin do espe ci fi ca men te o uso das téc ni cas da aná li se do con teú do e ométo do feno me no ló gi co.

Finalmente, no Capí tu lo 15, é apre sen tado um exem plo com ple to de pes -qui sa, que ser ve como base e mode lo aos diver sos aspec tos teó ri cos vis tos emtodos os capí tu los ante rio res. A obra traz ainda quatro apên di ces con ten do alista dos prin ci pais sites de busca cien tí fi ca na inter net, uma série de mode losde par tes das pes qui sas, inclusive e pro je tos de pes qui sa, e as nor mas atua li -za das da ABNT (NBR 6.023) e Vancouver para ela bo ra ção de refe rên cias.

Para con cluir, gos ta ria de fri sar que este livro não teria sido escri to sem avalio sa ajuda de mui tas pes soas que gen til men te tive ram a paciên cia de ler ecri ti car os ori gi nais, sem o que a obra não obte ria o grau de con fia bi li da dedese ja do para o uso em sala de aula. Assim, dese jo expres sar meus sin ce rosagra de ci men tos aos pro fes so res Manuel José Nunes Pinto, Luiz Fernando Viti,Dirceu da Silva, Antônio Benedito Silva Oliveira e Lilian Domingues Graziano,pelas obser va ções, cor re ções e melho rias acres cen ta das ao texto. Ao mes tre eamigo Ricardo Franklin Ferreira, um agra de ci men to espe cial pela cari nho sa eins pi ra da apre sen ta ção feita à obra. Finalmente, não posso deixar de mencio-nar o apoio e a dedicação de toda a equipe da Cengage Learning. A todos,meus sin ce ros agra de ci men tos.

O autor.

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Assim como casas são fei tas de pedras, a ciên cia é feita de fatos. Masuma pilha de pedras não é uma casa e uma cole ção de fatos não é,

neces sa ria men te, ciên cia. Jules Henri Poincaré

A ciên cia tal vez seja o mais novo dos empreen di men tos inte lec tuais huma -nos, se con si de rar mos que, em seu for ma to atual, sur giu ape nas no sécu loXVII. Todavia, encon tra mo-nos hoje total men te imer sos em suas refe rên ciase subpro du tos (os arte fa tos tec no ló gi cos). Compreender a ciên cia sig ni fi cacom preen der um pouco do nosso mundo con tem po râ neo – incluin do aí suasub je ti vi da de ine ren te.

Muito embo ra a maio ria de nós não pre ten da se trans for mar em um cien -tis ta pro pria men te dito, con si de ramos fun da men tal com preen der mini ma men tecomo essa forma de conhe ci men to fun cio na e como influen cia nossa vida coti -dia na. O obje ti vo deste capí tu lo é bus car uma pri mei ra apro xi ma ção com o con -cei to e o uni ver so da ciên cia, em suas diver sas acep ções.

A Melhor Calça Jeans do Brasil

Imagine a seguin te situa ção: você dese ja com prar uma calça jeans nova. Masvocê deci de uti li zar um pro ce di men to cien tí fi co, já que pre ten de alcan çar

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o resul ta do mais pre ci so e cor re to pos sí vel. Bem, para que isso se con cre ti -ze, pri mei ro pre ci sa re mos de dinhei ro – algo em torno de R$ 350 mil só paracome çar (toda pes qui sa cien tí fi ca deve ter um orça men to).

O pri mei ro passo será des co brirmos, por meio de um levan ta men to demer ca do, os mode los e fabri can tes dis po ní veis, para que pos sa mos efe tuarcom pa ra ções. Assim que sou ber mos quan tos mode los vamos tes tar, pode mospla ne jar as fases seguin tes da nossa pes qui sa. Digamos que con cluimos, apósum levan ta men to que durou 30 dias, que há 600 mode los dife ren tes de cal -ças, incluin do aí todas as varia ções de lava gens, teci dos, mode la gens e fabri -can tes. O pró xi mo passo será adqui rirmos, pre fe ren cial men te pelo menorpreço pos sí vel, um exem plar de cada mode lo – não nos esque cen do de ano -tar o preço e os dados bási cos dos for ne ce do res em uma pla ni lha, para aná -li se futu ra.

Tere mos, então, de sub me ter essas 600 cal ças a uma série de tes tes. Porexem plo: o teste do “cai men to”. Vamos con vi dar cinco espe cia lis tas em moda –três esti lis tas e dois jor na lis tas espe cia li za dos – para que pos sam ava liar esse que -si to, atri buin do-lhe uma nota de zero a dez, enquan to você des fi la ele gan te men -te em uma pas sa re la, com cada um dos 600 mode los, é claro. Com uma médiade 40 mode los por dia, essa etapa leva rá cerca de 15 dias para ser com ple ta da.

Depois, passamos ao segun do teste: mon ta mos um labo ra tó rio com 60máqui nas de lavar e 60 seca do ras de rou pa. Lavamos e seca mos con ti nua men -te cada peça pelo menos 20 vezes. Analisamos dois itens nessa etapa: a taxade desbotamento da tintura (a cada lavagem) e a taxa de desagregação pro-gressiva do tecido, quando analisado por meio de microscópios. Considerandoum tempo (esti ma do) de uma hora para lavar, 40 minu tos para secar e umahora e 20 minutos para ana li sar cada peça entre cada ope ra ção de “lava gem-seca gem-aná li se”, tere mos 300 horas de tra ba lho por peça. Como são 60máqui nas rea li zan do o ser vi ço simul ta nea men te, pode mos con si de rar um to-tal de três mil horas de tra ba lho. Uma vez que nosso labo ra tó rio conta coma cola bo ra ção de deze nas de dili gen tes assis ten tes de pes qui sa, que tra ba lham12 horas por dia, pode mos esti mar que essa fase leva rá uns 250 dias.

Para encur tar o pro ces so (ou então gas ta re mos toda a nossa verba), con -cluí mos nossa pes qui sa, com pa ran do todas essas variá veis (preço, esti lo, qua -li da de do teci do) uti li zan do algu mas téc ni cas espe ciais da esta tís ti ca e, ao

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CIÊNCIA: UMA VISÃO GERAL 5

final de apro xi ma da men te dez meses, che ga mos à con clu são per fei ta men tecien tí fi ca de que a melhor calça jeans do Brasil é a... Bem, não vamos reve laressa infor ma ção con fi den cial de altís si mo valor comer cial.

Muito bem. A essa altu ra, você deve estar pen san do: é inviá vel ten tar resol -ver todos os pro ble mas por meio de pro ce di men tos “cien tí fi cos”. No caso danossa calça, tal vez o melhor mesmo seja consultar aque la nossa amiga que játem opi nião for ma da sobre o assun to e, então, basean do-nos em sua experiên-cia, podemos con cluir algu ma coisa sobre o tema – só que de forma rápi da egra tui ta. A esse segun do pro ce di men to damos o nome de senso comum.

O senso comum tal vez seja a pri mei ra forma de conhe ci men to a ter sur gi -do sobre a face da Terra, jun ta men te com o Homo sapiens, há cerca de 40 milanos. E essa forma de conhe cer o mundo é extre ma men te impor tan te: sem ela,não poderíamos resol ver os pro ble mas mais banais do nosso dia a dia – comoo pro ble ma de des co brir a melhor calça jeans en tre todas as que exis tem nomer ca do bra si lei ro. A todo ins tan te pre ci sa mos tomar deci sões: a melhor marcade creme dental, a melhor com bi na ção de cores para a roupa que vamos usarem uma entre vis ta de empre go, o apa re lho celu lar que deve mos com prar (etam bém qual ope ra do ra de tele fo nia celu lar e pla no de assi na tu ra são os melhores para nós) etc.

Baseando-se no exem plo da calça, você já ima gi nou se fôs se mos nos me-ter a uti li zar pro ce di men tos cien tí fi cos para cada deci são des sas? É óbvio quenão pode mos fazer isso, pois não tería mos nem o tempo nem os recur sos neces -sá rios para tanto. E é pre ci sa men te por isso que o senso comum é muito valio -so: ele nos per mi te tomar cen te nas de deci sões dia ria men te, sem que tenha -mos de mover “céus e ter ras”.

Por outro lado, acreditamos ter se tor na do per fei ta men te óbvio tam bém queo conhe ci men to adqui ri do por meio de um “méto do cien tí fi co” pare ce ser bemmais pre ci so que o obtido por meio do senso comum. No caso do nosso exem -plo, pode até ser que os dois pro ces sos con du zis sem às mes mas con clu sões(embo ra isso seja impro vá vel), porém o pro ces so cien tí fi co é muito mais dignode con fian ça.

Assim, pode mos esta be le cer as bases para uma pri mei ra com pa ra ção en-tre os dois pro ces sos:

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6 METODOLOGIA DA CIÊNCIA

Quadro 1.1 Conhecimento científico e senso comum

É muito impor tan te com preen der que uma forma de conhe ci men to não ésupe rior à outra. De fato, são com ple men ta res: mui tas vezes, o conhe ci men -to cien tí fi co depen de e se origina de inda ga ções oriun das do senso comum, oque pode aca bar resul tan do em algu ma des co ber ta cien tí fi ca impor tan te. Porexem plo: a estru tu ra para a câme ra de bolhas uti li za da para a detec ção de par -tí cu las subatô mi cas ocor reu ao cien tis ta Donald Glaser (Prê mio Nobel de Físicaem 1960) quan do ele olhava dis trai da men te para um copo de cer ve ja, e a estru -tu ra quí mi ca do ben ze no sur giu na mente de Friedrich Kekulé enquan to ele dor -mi ta va em fren te à larei ra.

Mas, afi nal, o que é exa ta men te o conhe ci men to cien tí fi co? Podemos pen -sar assim: é o conhe ci men to pro du zi do pelos cien tis tas (isso é uma tau to lo gia1

muito inte res san te). E o que seria um cien tis ta? Se per gun tar mos a uma crian ça,pro va vel men te ela nos dirá que se trata de uma pes soa de ócu los, ves ti da comum jale co bran co, em meio a um labo ra tó rio reple to de tubos de ensaio comlíqui dos colo ri dos fume gan tes e de diver sos apa re lhos inte res san tes com peque -nas luzes pis can do. Pro va vel men te um cien tis ta social fica ria um tanto inco mo -da do com essa ima gem, de forma que tería mos de bus car uma con cei tua ção maisgeral. Algo como: “indi ví duo que busca gerar conhe ci men tos novos por meio deum méto do espe cí fi co, deno mi na do méto do cien tí fi co”.

Não há uma manei ra rápi da e fácil para defi nir o que seja exa ta men te ométo do cien tí fi co. Aliás, o obje ti vo prin ci pal deste livro é de que o lei tor, aofinal da obra, possa ter com preen di do melhor esse con cei to-chave. Mas, mesmoassim, vamos nos ante ci par e adian tar algu mas ideias. Vejamos a palavra méto do,que vem do grego métho dos, que, por sua vez, deriva da com po si ção das pala -vras metá (atra vés de) e hodós (cami nho), ou seja, “atra vés de um cami nho”

Conhecimento obtido a partir do senso comum

Conhecimento obtido a partir de processos científicos

Assistemático e desorganizado Sistemático e organizado

Ametódico: frequentemente depende do acaso Metódico: é produzido a partir de uma série de procedimentos específicos e bem-definidos

Subjetivo: depende de nossos juízos e disposições pessoais

Objetivo e impessoal: é simples, direto e factual.Tende a ser mais isento, dependendo menosdos nossos juízos e disposições pessoais

1 Raciocínio cir cu lar; ten ta ti va de demons tra ção de uma tese, repe tin do-a com pala vras dife ren tes.

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Portanto, um méto do é um pro ce di men to ou um con jun to de pas sos que se deverea li zar para atin gir deter mi na do obje ti vo. Nesse sen ti do, pode mos encon trar ométo do na culi ná ria (o méto do para pro du zir um deli cio so pavê de cho co la teestá espe ci fi ca do em sua recei ta), na arte (os diver sos méto dos para pro du ziruma escul tu ra ou uma pin tu ra tam bém são bem-defi ni dos) e até mesmo na reli -gião (há méto dos, por exem plo, para a rea li za ção de ceri mô nias reli gio sas, ora -ções etc.).

Como vemos, o méto do, como pro ces so orga ni za do, lógi co e sis te má ti co,está pre sen te em todos os âmbi tos da expe riên cia huma na. O méto do cien tí fi -co seria, por tan to, ape nas um caso par ti cu lar dos diver sos tipos de méto dos econ sis ti ria de algu mas eta pas bem-defi ni das, como: iden ti fi ca ção de um fenô -me no no uni ver so que peça expli ca ção (obser va ção); pro du ção de uma expli -ca ção pro vi só ria que des ven de esse fenô me no (gera ção de hipó te ses); exe cu çãode um pro ce di men to que possa tes tar essa expli ca ção, para veri fi car se ela é ver -da dei ra ou falsa (expe ri men ta ção); aná li se e con clu são, visando esta be le cer sea hipó te se pode ser con si de ra da ver da dei ra tam bém em outros con tex tos, dife -ren tes daque le do expe ri men to ori gi nal (gene ra li za ção).

Por exem plo: um pes qui sa dor na área de edu ca ção obser va que seus alu -nos pare cem obter melhor desem pe nho aca dê mi co quan do têm aces so ao mate -rial de estu do antes da aula (obser va ção). Dessa forma, ele supõe que isso ocor -ra por que, ao ler o mate rial com ante ce dên cia, os alu nos assis tem às aulas maisrela xa dos e podem fazer per gun tas de melhor qua li da de (gera ção de hipó te ses).O pes qui sa dor deci de, então, tes tar essa supo si ção da seguin te forma: dis tri buiseus alu nos em dois gru pos. O pri mei ro terá aces so ao mate rial antes da aula,ao passo que o segun do, não. Ao longo de seis meses de aulas, o pes qui sa dorapli ca pro vas de conhe ci men tos para acom pa nhar o desen vol vi men to da com -preen são dos alu nos sobre o tema ensi na do e obser va o seu com por ta men toem sala de aula, o tipo de per gun ta que fazem etc. (expe ri men ta ção). Ao fi-nal de todo o pro ces so, ele com pa ra as notas dos alu nos dos dois gru pos everi fi ca que sua supo si ção esta va cor re ta: “alu nos que têm aces so ao mate rialins tru cio nal com ante ce dên cia apre sen tam desem pe nho aca dê mi co supe rior,pois assis tem às aulas mais rela xa dos e fazem per gun tas de melhor qua li da -de” (gene ra li za ção).

Já temos uma noção do que é o méto do cien tí fi co, mas e a ciên cia, o queseria? Diver sos auto res têm ten ta do defi ni-la e, nos pró xi mos capí tu los da

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pri mei ra parte deste livro, vamos inves ti gar em deta lhes sua his tó ria e prin -ci pais con cei tos. Mas, por ora, veja mos a eti mo lo gia da pala vra: ciên cia vemdo latim scien tia (ou epis te me, em grego), que, por sua vez, tem sua ori gemno termo scire, cujo sig ni fi ca do é “apren der, conhe cer” (APPO LINÁRIO,2004). Vejamos o que dizem alguns auto res impor tan tes sobre a ciên cia:

Quadro 1.2 Algumas definições de ciência

Como se pode obser var por meio des sas defi ni ções, a ciên cia pare ce pos -suir algu mas carac te rís ti cas par ti cu la res espe ciais que a dife ren ciam de ou-tras for mas de conhe ci men to, como a arte, a reli gião, a filo so fia e, é claro,o senso comum. Sim, caro lei tor, exis tem mesmo diver sas for mas de conhe -ci men to. Vejamos cada uma delas com mais detalhes.

O Conhecimento Religioso (ou Teológico)

Desde os pri mór dios da civi li za ção, exis te a cren ça em uma força supe rior,divi na, que rege os des ti nos do uni ver so. Essa cren ça, pro du to da fé e datrans cen dên cia, per mi tiu ao ser huma no expli car e orga ni zar uma rea li da demui tas vezes amea ça do ra e peri go sa. Por exem plo: quan do per de mos umente que ri do, a ciên cia não pode nos con so lar, mas as matri zes expli ca ti vasreli gio sas nos tra zem con for to e nos ajudam a supor tar melhor a perda. A

Ander-Egg Marx & Hillix Karl Popper Newton da Costa

“Conjunto de conhe -ci men tos racio nais,cer tos ou pro vá veis,obti dos meto di ca men te,sis te ma ti za dos e veri fi cá veis, que fazemrefe rên cia a obje tosde uma mesmanatu re za” (ANDER-EGG, 1978, p. 15).

“Atividade pela qual os homens adqui -rem um conhe ci men toorde na do dos fenô -me nos natu rais, tra ba -lhan do com umameto do lo gia par ti cu lar(obser va ção con tro la -da e aná li se) e umcon jun to de ati tu des(ceti cis mo, obje ti vi da -de etc.)” (MARX; HIL LIX, 1978, p. 19).

“Um cien tis ta, sejateó ri co ou expe ri men -tal, for mu la enun cia dosou sis te mas de enun -cia dos e veri fi ca--os um a um. Nocampo das ciên ciasempí ri cas, ele for mu lahipó te ses e sub me te--as a tes tes, con fron -tan do-as com a expe -riên cia, atra vés derecur sos de obser va -ção e expe ri men ta -ção” (POP PER, 1974,p. 27).

“A ciên cia con sis teessen cial men te em sis -te mas de conhe ci men -tos alcan ça dos porcami nho racio nal. Seupro pó si to: o conhe ci -men to cien tí fi co, istoé, uma série de cren -ças ver da dei ras e jus ti -fi ca das, den tro dasfron tei ras da racio na li -da de (...) poder-se-iadizer que a razão sozi -nha con duz, em prin cí -pio, às ciên cias for -mais; razão mais expe -riên cia, às reais”(COSTA, 1999, p. 41).

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maio ria de nós já se sen tiu liga da, de algu ma forma, a essa força divi na que,em cada reli gião em par ti cu lar, assume uma mani fes ta ção espe cí fi ca, comoBuda para os budis tas, Jesus Cristo para os cris tãos ou o deus Rá para os anti -gos egíp cios.

O conhe ci men to reli gio so, em seu sen ti do mais amplo, refe re-se a qual querconhe ci men to que não possa ser ques tio na do ou tes ta do, adqui rin do, por tan -to, um cará ter dog má ti co. O dogma é uma afir ma ção que não pode ser con -tes ta da e, por isso, acaba se cons ti tuin do na base da maio ria das reli giões. Porexem plo: se você for cató li co apos tó li co roma no, deve, neces sa ria men te, acre -di tar no “dogma da infa li bi li da de papal”, que afian ça ser impos sí vel que o papase enga ne sobre qual quer assun to, uma vez que ele seria, supos ta men te, o legí -ti mo repre sen tan te de Deus na Terra.

Outra carac te rís ti ca inte res san te do conhe ci men to reli gio so refe re-se ao seucará ter pes soal: a fé de uma pes soa não pode ser comu ni ca da total men te às ou-tras. Ou seja, a “expe riên cia reli gio sa” é muito pes soal, e essa “recone xão” (a pala -vra reli gião é deri va da do termo lati no reli ga re – ligar nova men te, ou seja,reconec tar algo que já foi liga do em eras pas sa das: Deus e o homem) pode sedar tanto em uma ceri mô nia reli gio sa como em outras situa ções inu si ta das –na obser vação de um lindo pôr do sol, por exem plo. Dessa forma, o “meu”Deus não é e nunca será igual ao “seu” Deus.

O Conhecimento Artístico

O conhe ci men to artís ti co é embasa do na emo ção e na intui ção. Quando entra -mos em con ta to com uma obra de arte, seja ela uma pin tu ra, uma escul tu ra,uma músi ca ou uma poe sia, por exem plo, mui tas vezes não con se gui mos “colo -car em pala vras” o que esta mos expe rien cian do. Isso ocor re por que a infor ma -ção vei cu la da pela mani fes ta ção artís ti ca é pre pon de ran te men te de natu re zaemo cio nal. Obser va mos um qua dro e ele nos “sus ci ta” algo: uma irri ta ção, umasen sa ção de paz, uma ale gria inde fi ní vel etc.

É uma forma de conhe ci men to essen cial men te não racio nal e difí cil de sercap tu ra da pela lógi ca. Aliás, o conhe ci men to artís ti co pode ou não assu mir umalógi ca simi lar ao senso comum e à ciên cia. A arte pode, na rea li da de, assu mirqual quer forma, uma vez que o que vale é a rela ção espe cial que se esta be le -ce entre o obser va dor e o fenô me no obser va do. Por exem plo: podemos olharpara uma equa ção escri ta em um qua dro-negro e pensá-la sob a ótica da mate -má ti ca (ciên cia) ou da esté ti ca (o equi lí brio dos ter mos, a cor do giz, a sono -ri da de de seus ele men tos etc.).

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Outras duas carac te rís ti cas impor tan tes do conhe ci men to artís ti co são: pri mei -ra, essa forma de conhe ci men to é ines go tá vel, ou seja, a infor ma ção esté ti ca con -ti da em uma obra de arte será enca ra da de forma dife ren te por várias pes soas etam bém de vários modos por uma única pes soa, em momen tos dife ren tes.Certamente você já teve a expe riên cia de ler várias vezes um livro ou assis tir diver -sas vezes ao mesmo filme, sem pre obser van do ele men tos novos e tendo insightsdife ren tes acer ca da obra. Segunda, a infor ma ção esté ti ca não pode ser tra du zi dapara outras lin gua gens sem perda de infor ma ção rele van te. Por exem plo: tente des -cre ver em pala vras a obra Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, para uma pes soa que jamais a tenha visto e você enten de rá o que estamos dizen do.

O Conhecimento Filosófico

Pitágoras (sécu lo VI a.C.), por seus enor mes conhe ci men tos, era fre quen te -men te cha ma do de “sábio” por seus dis cí pu los. Quando isso acon te cia, eleretru ca va: “Minha única sabe do ria con sis te em reco nhe cer minha pró pria igno -rân cia. Assim, não devo ser cha ma do de sábio, mas antes de aman te da sabe -do ria”. E é exa ta men te isso o que sig ni fi ca a pala vra filo so fia, jun ção dos ter -mos gre gos phi los (amor) e sófia (sabe do ria).

Tentar defi nir em ter mos abso lu tos essa gran dio sa área do conhe ci men tohuma no seria, no míni mo, um ato arro gan te e des ti tuí do de pro pó si to. Vamosfazer dife ren te: ao explo rar mos um pouco o con cei to, pelo menos cami nha re -mos na dire ção de uma com preen são apro xi ma da acer ca das dife ren ças fun -da men tais entre essa forma de conhe ci men to e as outras. Para isso, pedi re mosauxí lio a um dos maio res pen sa do res do sécu lo XX, o filó so fo bri tâ ni coBertrand Russell (1872-1970):

A “filo so fia“, no meu enten der, é algo inter me diá rio entre a reli gião ea ciên cia. Semelhantemente à reli gião, a filo so fia con sis te de

espe cu la ções sobre assun tos, com res pei to aos quais não foi ainda pos sí vel obter conhe ci men to defi ni do. Mas seme lhan te men te à ciên cia,a filo so fia apela à razão huma na, e não a uma auto ri da de, seja essa a

auto ri da de da tra di ção ou da reve la ção. Todo conhe ci men to defi ni do, é atese que defen do, per ten ce à ciên cia; todo dogma a res pei to daqui lo que

jaz além do conhe ci men to defi ni do per ten ce à reli gião. Mas entre a reli gião e a ciên cia há uma terra de nin guém que está aber ta a ata ques

de ambos os lados: essa terra de nin guém é a filo so fia.(RUS SELL, 1945)

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FABIO APPOLINÁRIO É graduado em Administração de

Empresas e Psicologia. É mestre e doutor em Psicologia pela Universidade de São

Paulo (USP). Pesquisador na área de comportamento organizacional, liderança

e psicologia positiva (http://www.psicologiapositiva.com.br).

É docente do MBA Executivo da Business School São Paulo.

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