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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
Este material é parte integrante da disciplina “Metodologia de Ensino da Educação
Básica” oferecido pela UNINOVE. O acesso às atividades, as leituras interativas, os
exercícios, chats, fóruns de discussão e a comunicação com o professor devem ser
feitos diretamente no ambiente de aprendizagem online.
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
Sumário
AULA 01 • INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE METODOLOGIA DO ENSINO ...................................5 Definições, objetivos e temas de estudo......................................................................................5 Métodos de ensino individualizado ..............................................................................................8 Métodos de ensino coletivo .........................................................................................................8 Métodos de ensino em grupo ......................................................................................................9
AULA 02 • A PRÁTICA EDUCATIVA: OBJETIVOS + CONTEÚDOS + MÉTODOS DE ENSINO ..10 A estruturação do ensino: Teorias educacionais de Herbart, Dewey e Paulo Freire ..................10 Johann Friedrich Herbart, filósofo alemão do século XVIII.........................................................12 John Dewey, filósofo americano do século XX ..........................................................................13 Paulo Freire educador brasileiro do século XX ..........................................................................14 Considerações finais .................................................................................................................16
AULA 03 • CONHECENDO AS TEORIAS PEDAGÓGICAS DOS GRANDES TEÓRICOS EDUCADORES.............................................................................................................................17 Método Expositivo .....................................................................................................................17 Maria Montessori .......................................................................................................................18 Ovide Decroly............................................................................................................................19 Edouard Claparède ...................................................................................................................21
AULA 04 • TEORIAS PEDAGÓGICAS DOS GRANDES TEÓRICOSEDUCADORES..................23 Método do Estudo Dirigido ........................................................................................................23 Celestin Freinet .........................................................................................................................23 Anton Semionovich Makarenko .................................................................................................25 William Heard Kilpatrick.............................................................................................................26
AULA 05 • TEORIAS PEDAGÓGICAS DOS GRANDES TEÓRICOSEDUCADORES..................28 Método da Discussão e do Debate............................................................................................28 Rudolf Steiner............................................................................................................................28 Alexander Sutherland Neill ........................................................................................................30 Janusz Korczak .........................................................................................................................30
AULA 06 • TEORIAS PEDAGÓGICOMETODOLÓGICAS DO SÉCULO XXI ...............................33 A teoria das inteligências múltiplas............................................................................................33 Método do painel e a técnica phillips 66 ................................................................................33
AULA 07 • TEORIAS PEDAGÓGICOMETODOLÓGICAS DO SÉCULO XXI ...............................38 A Teoria Do Construtivismo De Emília Ferreiro .......................................................................38 Método Do Seminário E A Técnica Da Dramatização..........................................................38
Vamos pontuar alguns fundamentos da prática pedagógica do construtivismo .........................39 AULA 08 • TEORIAS PEDAGÓGICO METODOLÓGICAS DO SÉCULO XXI .............................41 Projetos de trabalho do educador Fernando Hernandez............................................................43 Método das tarefas dirigidas Técnica da leitura...................................................................43
AULA 09 • TEORIAS PEDAGOGICO METODOLOGICAS DO SÉCULO XXI PEDAGOGIA DOS PROJETOS...................................................................................................................................46 Método de Problemas e Técnicas de Problemas.......................................................................46
AULA 10 • TEORIAS PEDAGOGICO METODOLOGICAS DO SÉCULO XXI INTERDISCIPLINARIDADE ..........................................................................................................51 AULA 11 • TEORIAS PEDAGOGICO METODOLOGICAS DO SÉCULO XXI .............................55 Uma leitura da Pedagogia de Paulo Freire ................................................................................55
AULA 12 • PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS PRINCÍPIOS E FUNDAMENTOS....58 Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa........................................................58 Princípios dos Parâmetros Curriculares Nacionais P.C.Ns......................................................60
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
Fundamentos dos Parâmetros Curriculares Nacionais P.C.Ns................................................60 AULA 13 • PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS CONCEPÇÃO DE AVALIAÇÃO NOS PCNS............................................................................................................................................63 Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática e de Ciências Naturais...............................63 Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática ...................................................................64 Parâmetros Curriculares Nacionais de Ciências Naturais..........................................................66
AULA 14 • PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS NOS PCNS............................................................................................................................................68 Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática e de Ciências Naturais...............................68 Objetivos Gerais de História ......................................................................................................70 Objetivos Gerais de Geografia...................................................................................................71 Objetivos Gerais da Arte............................................................................................................72 Objetivos Gerais da Educação Física........................................................................................73
AULA 15 • PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS NOS PCNS............................................................................................................................................75 Temas Transversais e Transversalidade ...................................................................................75 Apresentando os Temas Transversais ......................................................................................75
AULA 16 • AVALIAÇÃO NA PRÁTICA PEDAGÓGICA..................................................................79 Examinar X Avaliar ....................................................................................................................79
AULA 17 • AVALIAÇÃO NA PRÁTICA PEDAGÓGICA..................................................................82 Avaliação: novas perspectivas e práticas ..................................................................................82
AULA 18 • A ORGANIZAÇÃO DA AULA .......................................................................................87 Estratégias e dicas para dominar as novas práticas pedagógicas .............................................87
AULA 19 • OUTRAS LINGUAGENS NA PRÁTICA PEDAGÓGICA MÚSICA, TEATRO, CINEMA DE ANIMAÇÃO E O ENSINO PELA PESQUISA...........................................................................93 A música em sala de aula..........................................................................................................96 O teatro como construção do conhecimento..............................................................................97 Cinema de animação na sala de aula........................................................................................98 O ensino pela pesquisa .............................................................................................................98
AULA 20 • OS DESAFIOS DO EDUCADOR DO NOVO MILÊNIO ..............................................100 ALGUMAS REFLEXÕES E PERSPECTIVAS .............................................................................100 “Desafio aos educadores“........................................................................................................100
BIBLIOGRAFIA ...........................................................................................................................106
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
AULA 01 • INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE METODOLOGIA DO ENSINO
Definições, objetivos e temas de estudo
Primeiramente, trataremos sobre a disciplina e os temas que serão desenvolvidos nas
aulas.
Metodologia de Ensino é uma disciplina pedagógica, mais especificamente uma área da
Pedagogia que estuda o conjunto de procedimentos didáticos expressos pelos métodos e técnicas
de ensino ou estratégias de ensino que objetivam o desenvolvimento adequado da ação
didática, ou seja, alcançar os objetivos do ensino e da educação.
Segundo o educador Imídeo Nérici (1989), “. Metodologia de Ensino da Educação Básica
deve ser encarada como um meio e não como um fim, pelo que deve haver, por parte do
professor, disposição para alterála, sempre que sua crítica sobre a mesma o sugerir. Assim, não
se deve ficar escravizado à mesma, como se fosse algo sagrado, definitivo, imutável.
”Portanto, Metodologia de Ensino da Educação Básica deverá ser traduzida como um
instrumento, um recurso, um subsídio que orientará o educando à autoeducação, à autonomia, à
emancipação intelectual, ou seja, fortalecer o educando em seu processo de aprendizagem, de
apropriação do conhecimento e de desenvolvimento de competências.
A metodologia de ensino apresenta estruturações de passos de atividades didáticas que
orientam a aprendizagem mais adequada aos educandos, conforme as características específicas
da classe, o nível de maturidade, o desenvolvimento psicológico e social desta classe,
relacionados intrinsecamente com os objetivos e conteúdos curriculares a ser trabalhados pelo
educador. A Metodologia de Ensino abrange métodos e técnicas de ensino, com suas próprias
características, objetivos e procedimentos.
“Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver
naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O
professor, assim, não morre jamais...”
(Rubem Alves)
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
A palavra método vem do latim methodus, proveniente das palavras gregas meta (=
meta) e hodos (= caminho), portanto, método significa caminho para se chegar a um
determinado lugar.
Método, então, que dizer caminho para se alcançar os objetivos definidos em um
planejamento, ou caminho para se chegar a um fim.
O método também caracterizase por um conjunto de passos ou etapas, que vai desde a
apresentação do conteúdo pelo professor até a avaliação do que foi aprendido pelos alunos.
Nérici (1989) define assim método de ensino: “é o conjunto de procedimentos escolares
lógica e psicologicamente estruturados de que se vale o professor para orientar a aprendizagem
do educando, a fim de que este elabore conhecimentos, adquira técnicas ou assuma atitudes e
idéias. Dizse que o método deve ser logicamente estruturado porque precisa apresentar
justificativas para os seus passos, a fim de que não se baseie em aspectos secundários ou
mesmo caprichosos de quem deva dirigir a aprendizagem dos alunos.
Dizse também que o método deve ser psicologicamente estruturado, porque precisa
atender a peculiaridades comportamentais e possibilidades de aprendizagem dos alunos a que se
destina, se crianças, adolescentes ou adultos, ou, ainda, se deficientes” – educandos portadores
de necessidades educacionais especiais.
A palavra técnica é a forma substantivada do adjetivo técnico, cuja origem grega
technicu, e por via do latim technicus, significa relativo à arte ou conjunto de processos de uma
arte ou de uma fabricação. Portanto, técnica quer dizer como fazer algo. É um procedimento
didático que pretende auxiliar na realização da aprendizagem a que se propõe o método.
É também um procedimento escolar lógica e psicologicamente estruturado destinado a
orientar a aprendizagem do educando, porém em uma etapa limitada da fase de estudo de um
tema, como na apresentação, na elaboração, na síntese ou na crítica do referido tema.
Sintetizando, técnica de ensino, ou estratégia de ensino, ou ainda técnica didática é o
recurso particular utilizado pelo educador para a efetivação dos objetivos do método.
Método e técnica representam a maneira, os meios para orientar e direcionar o
pensamento e as ações para o alcance de uma meta estabelecida, além de contribuírem ainda
Método = indicação do caminho, processo.
Técnica = mostra como fazer este caminho, como percorrer as etapas ou passos deste
processo.
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
para a disciplinação do pensamento e das ações concentração, determinação para a obtenção
de maior eficiência no processo de ensino e de aprendizagem.
Um método de ensino pode fazer uso de uma série de técnicas, ou seja, um método, em
seu desenvolvimento, pode utilizar várias técnicas para o alcance dos objetivos deste método.
Então, método de ensino é um procedimento mais amplo do que a técnica de ensino.
Todo método de ensino apresenta determinadas fases ou etapas para a efetivação dos
estudos dos alunos: fase do Planejamento; fase da Execução e a fase da Avaliação, segundo o
educador Imídeo Nérici.
1) Fase do Planejamento: nesta fase são estabelecidos os conteúdos que deverão ser
estudados e as etapas de desenvolvimento da ação didática. É uma fase de
responsabilidade do educador que também pode contar com a colaboração dos
educandos ou ainda os próprios alunos podem desenvolver esta fase sob a orientação
do educador.
2) Fase da Execução: compreende quatro etapas: motivação e apresentação do trabalho
que será realizado; realização do estudo propriamente dito conforme o método
escolhido; elaboração de trabalhos que objetivam a fixação e a integração da
aprendizagem do estudo realizado; conclusões feitas pelos alunos sobre os trabalhos
realizados ou do estudo realizado.
3) Fase de Avaliação: compreende a realização de provas ou outros recursos/
instrumentos avaliativos que permitam ao educador um retorno do estudo efetuado
pelos alunos a fim de providenciar reajustesno conteúdo ou na metodologia, retificação
da aprendizagem ou ainda recuperação de estudos.
Vejamos agora algumas recomendações metodológicas:
• favorecer a participação ativa dos alunos nas atividades escolares;
• orientar os estudos propiciando aos alunos atividades de pesquisa e de elaboração do
conhecimento;
• incentivar os alunos à apresentação dos conteúdos a ser desenvolvidos;
• realizar um trabalho sistematizado e significativo do conteúdo apresentado;
• favorecer a reflexão em todas as etapas da aprendizagem;
• orientar os alunos ao desenvolvimento das habilidades de observação, de coleta de
dados e de pesquisa;
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
• organizar trabalhos em grupo, sempre que houver oportunidade, a fim de estimular
momentos de discussão e de interação entre os alunos;
• realizar uma avaliação ao final dos estudos de um tema ou conteúdo, de acordo com o
desenvolvimento do trabalho dos alunos – não necessariamente uma prova, mas aplicar
um instrumento avaliativo significativo e coerente com a proposta metodológica
desenvolvida;
• privilegiar o desenvolvimento de uma aprendizagem qualitativa, significativa e reflexiva
por parte do aluno;
• favorecer o desenvolvimento da autoestima e da afetividade dos educandos, o
atendimento às diferenças individuais, a ampliação das aprendizagens – a construção do
conhecimento, a criatividade dos alunos;
• promover a utilização de recursos didáticos ou de tecnologia educacional a fim de
qualificar o desenvolvimento do método de ensino.
Podemos classificar os métodos de ensino em métodos individualizados, métodos
coletivos, e métodos de grupo.
Métodos de ensino individualizado
Os métodos de ensino individualizado consistem em orientar diretamente a cada
educando individualmente. Os principais métodos de ensino individualizado são: a Instrução
Programada, o Estudo Dirigido Individual, as Tarefas Dirigidas e outros.
Métodos de ensino coletivo
Os métodos de ensino coletivo são aqueles que orientam ao mesmo tempo e da mesma
forma todos os alunos igualmente. Podemos citar como exemplos: o Método Expositivo, o Método
da Demonstração, os Métodos de ensino pela televisão, pelo rádio ou por correspondência e
outros.
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
Métodos de ensino em grupo
Os métodos de ensino em grupo enfatizam a interação entre os alunos, em pequenos
grupos, sob a orientação do professor. Podemos citar como exemplos: Método da Discussão,
Método do Debate, Método do Estudo Dirigido em Grupo, Método do Painel, e outros.
Até aqui especificamos algumas definições e objetivos da Metodologia do Ensino na
prática pedagógica. Nas aulas futuras serão apresentados outros temas abordados neste estudo
da. Metodologia de Ensino da Educação Básica:
• Principais teóricos da educação e métodos (Montessori, Dewey, Freinet, Decroly,
Kilpatrick, Claparede, Alexander Neill, Makarenko, Howard Gardner, Pedagogia Waldorf,
Emília Ferreiro, Paulo Freire, entre outros);
• Pedagogia de Projetos;
• Interdisciplinaridade e Transversalidade;
• Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental;
• Temas Transversais;
• O Brincar como estratégia de ensino – educação lúdica;
• Dicas de métodos e de técnicas de ensino mais utilizados em sala de aula.
Leia o texto complementar disponível no ambiente de estudo.
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
AULA 02 • A PRÁTICA EDUCATIVA: OBJETIVOS + CONTEÚDOS + MÉTODOS DE ENSINO
A estruturação do ensino: Teorias educacionais de Herbart, Dewey e
Paulo Freire
Vamos relembrar algumas idéias que estudamos na aula anterior.
“Educar é mostrar a vida a quem ainda não a viu. O educador diz: “Veja!” – e, ao falar,
aponta. O aluno olha na direção apontada e vê o que nunca viu. O seu mundo se
expande. Ele fica mais rico interiormente. E, ficando mais rico interiormente, ele pode
sentir mais alegria e dar mais alegria – que é a razão pela qual vivemos. Vivemos para
ter alegria e para dar alegria. O milagre da educação acontece quando vemos um
mundo que nunca se havia visto.”
(Rubem Alves)
• Método = é o caminho, é quando o educador faz uma escolha por um trajeto, um
percurso até o alcance dos objetivos organizados à aprendizagem dos alunos.
• Técnica = é o “como fazer” ou o “como percorrer” este caminho, seus procedimentos,
suas etapas, seus passos. São as atividades a ser desenvolvidas pelos alunos,
orientadas por procedimentos a fim de construírem o seu conhecimento.
• Metodologia de Ensino da Educação Básica é uma disciplina pedagógica que estuda o
conjunto de procedimentos didáticos dos métodos e técnicas de ensino, com a
finalidade de alcançar os objetivos do ensino, fornecendo recursos, subsídios ao
educador para estruturar ou planejar as suas aulas de forma mais dinâmica,
significativa, interativa e didaticamente desafiadora aos educandos.
• Um método pode fazer uso de uma série de técnicas, pois é um procedimento mais
amplo do que a técnica.
• Fases ou etapas de um método de ensino, segundo o educador Imídeo Nérici:
Planejamento, Execução e Avaliação.
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
Continuando agora os nossos estudos, fazse necessário destacar neste momento a
Relação Objetivos – Conteúdos – Métodos De Ensino na prática pedagógica ou educativa.
A relação entre estes três elementos do processo educativo é indissociável e
interdependente, ou seja, uma relação recíproca, um elemento depende do outro para o alcance
dos objetivos gerais e específicos da educação.
Fazendo um recorte das idéias expressas pelo educador Libâneo (1991), “podemos dizer
que os métodos de ensino são as ações do professor pelas quais se organizam as atividades de
ensino e dos alunos para atingir objetivos do trabalho docente em relação a um conteúdo
específico. Eles regulam as formas de interação entre ensino e aprendizagem, entre o professor e
os alunos, cujo resultado é a assimilação consciente dos conhecimentos e o desenvolvimento das
capacidades cognoscitivas e operativas dos alunos.”
A escolha e a organização dos métodos de ensino pelo educador devem considerar
fundamentalmente a unidade ou a relação objetivos – conteúdos – métodos de ensino.
Invocando novamente as palavras do autor, “a relação objetivo – conteúdo – método tem
como característica a mútua interdependência. O método de ensino é determinado pela relação
objetivo – conteúdo, mas pode também influir na determinação de objetivos e conteúdos.
Por exemplo, quando definimos objetivos e conteúdos de História, devem estar incluídos
neles os métodos próprios de estudo dessa matéria. Se entendermos que o método de estudo da
História privilegia mais a compreensão do processo histórico e as relações entre os
acontecimentos do que a simples descrição de nomes e fatos, esta particularidade metodológica
deve ser transformada em objetivo de ensino. O mesmo raciocínio vale para a matéria de
Ciências, por exemplo, em relação aos métodos e hábitos científicos.
Podemos dizer, assim, que o conteúdo determina o método, pois é a base informativa
concreta para atingir os objetivos. Mas o método pode ser um conteúdo quando também é objeto
de assimilação, ou seja, requisito para assimilação ativa dos conteúdos. Por exemplo, para uma
aula de leitura estabelecemos objetivos, conteúdos e métodos. Se decidimos aplicar o método de
• Relacionamos uma série de recomendações metodológicas ao educador quando decide
por desenvolver um trabalho com seus alunos utilizando um método de ensino, tais como:
favorecer a participação de todos os alunos, orientar as ações dos alunos, privilegiar a
aprendizagem, incentivar a pesquisa, desenvolver a criatividade e a construção do
conhecimento.
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
leitura expressiva, nosso objetivo é que o aluno domine uma habilidade de leitura. Nesse caso, o
método se converte em objetivo e conteúdo.
Estas considerações procuram mostrar que a unidade objetivo – conteúdo – métodos
constitui a linha fundamental de compreensão do processo didático: os objetivos, explicitando
propósitos pedagógicos intencionais e planejados de instrução e educação dos alunos, para
participação na vida social; os conteúdos, constituindo a base informativa concreta para alcançar
os objetivos e determinar os métodos; os métodos, formando a totalidade dos passos, formas
didáticas e meios organizativos do ensino que viabilizam a assimilação dos conteúdos e, assim, o
atingimento dos objetivos.”
Agora que esta relação objetivo – conteúdo – métodos de ensino ficou destacada,
perguntamos: como este momento de aula, de relação de ensino e de aprendizagem entre
professor e aluno foi estruturado? Quem organizou o processo de ensino?
Apresentaremos as teorias educacionais de três educadores que contribuíram na
estruturação do processo de ensino: HERBART, DEWEY e PAULO FREIRE.
Johann Friedrich Herbart, filósofo alemão do século XVIII
Defendia que a educação precisava ser concebida dentro de um programa de ensino que
permitisse ao homem trilhar o caminho do meio, evitandose a inflamação fanática e desastrosa
de doutrinas extremistas, assim o homem deveria receber através da educação uma dosagem
equilibrada de informações científicas e humanas, conhecimentos teóricos e práticos. HERBART
desenvolveu uma teoria segundo a qual a instrução (ensino), para modificar as idéias dos alunos,
necessita possuir cinco passos (descrição elaborada por Ghiraldelli, 2000):
1) Preparação: momento em que as idéias passadas, relacionadas com a presente lição,
são trazidas para o centro das atenções. Assim, surge o interesse vital pelo novo
material e o aluno pode estar preparado para dar atenção ao conteúdo da nova lição.
2) Apresentação: momento da “clareza”, ou seja, da apresentação nítida da idéia em
termos os mais concretos possíveis.
3) Associação: momento de assimilação da idéia nova, o que ocorre na percepção da
idéia nova pela antiga. Momento de comparação – diferenças e semelhanças entre o
velho e o novo conteúdo, preparando a indução.
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
4) Generalização: momento em que o raciocínio é posto para trabalhar no sentido de sair
do campo do individual, e formular possíveis leis gerais tiradas da lição.
5) Aplicação: exercício do novo conhecimento, o que significa que toda idéia nova deve
constituir uma parte da mente funcional.
“Uma ‘educação verdadeira’ era aquela que não se vinculava aos interesses do Estado e
dos políticos, mas era educação para o bem dela mesma.”
Para Herbart, conforme os estudos de ARANHA (1996), “a instrução é compreendida como
construção, o que leva a não separar a instrução intelectual da moral, porque uma é condição da
outra. Se formar moralmente uma criança significa educar sua vontade, é preciso maior
classificação das representações e crescimento das idéias na sua mente. É assim que Herbart
julga possível trazer à mente, com freqüência, as representações mais adequadas, visando ao
controle do interesse. Convém ainda estimular o aparecimento de interesses múltiplos para que a
educação seja completa. É essa a finalidade dos cinco passos examinados.”
John Dewey, filósofo americano do século XX
Afirmava que a escola tornase o principal agente de uma melhor sociedade futura, ao
mesmo tempo que deve criar condições para que cada indivíduo não seja submetido pelas
limitações de seu grupo social. Defendia a escola ativa e que agir com uma meta é a mesma coisa
que agir inteligentemente, para tanto, desenvolveu a estrutura de ensino com as seguintes etapas
(descrição elaborada por Ghiraldelli, 2000):
1) Atividade e pesquisa: os estudantes são colocados em atividade, pois é dela que
emerge o primeiro passo da aprendizagem: a consciência de uma dificuldade, de um
problema, de uma necessidade.
2) Escolha e/ ou formulação de problemas: os estudantes são instigados a examinar a
situação, como é próprio da mente humana, que, ao defrontarse com um problema,
analisa seus vários elementos, e localiza o cerne das dificuldades e o fator de
importância mais decisiva.
3) Arrolamento de dados: o estudante é solicitado a fornecer elementos para a
formulação de hipóteses.
4) Construção de hipóteses: professor e estudante formulam hipóteses.
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
5) Avaliação de hipóteses e/ ou experimentação: as hipóteses são postas à prova, por
experimentação direta ou indireta.
“A educação é uma constante reorganização ou reconstrução da experiência.”
“O melhor que se pode dizer de qualquer processo de educação é que ele coloca o sujeito
em condições de uma nova educação.”
“A educação deve possibilitar a cada um ter sua felicidade realizada na medida em que
possibilita que as condições dos outros melhorem.”
“Dentro do magistério, devem existir a iniciativa intelectual, a discussão e a capacidade de
decisão.”
“Cabe ao professor não simplesmente o adestramento dos indivíduos, mas sim a formação
da vida social justa.”
Paulo Freire educador brasileiro do século XX
Desenvolveu uma proposta metodológica de caráter político na educação de jovens e
adultos, favorecendo a conscientização, a criticidade, a dialogicidade e a valorização da cultura do
aluno.
Os cinco passos didáticos do ensino, que levariam o aluno a “ler o mundo” para poder
transformálo, são (descrição elaborada por Ghiraldelli, 2000):
1) Vivência e pesquisa: momento em que o educador vive, realmente, na comunidade do
educando, participando de sua linguagem e de seus problemas. Neste passo, Paulo
Freire quer que a dicotomia educadoreducando desapareça, dando lugar ao educando
educadoreducadoreducando. É neste momento que o educador começa a recolher o
que serão os “temas geradores” ou “palavras geradoras”
2) Eleição dos temas geradores: a partir da vivência, o educador recolhe temas e
palavras e passa a organizar junto com os educandos os “círculos de cultura”, o grupo
em que aconteceria o “diálogo amoroso”, humilde, horizontal entre educandoeducador
e educadoreducando. O “método dialógico” aqui empregado consistiria na explicitação
do relato dos participantes a respeito de suas experiências de vida, suas dificuldades e
problemas. O “animador” do “centro de cultura”, uma vez vivido na comunidade, estaria
apto a resgatar, nesse momento, os “temas geradores” e as “palavras geradoras”, já
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
previamente “sentidos” por ele próprio na comunidade, como que espelhando
dificuldades.
3) “Problematização” através do diálogo: A “problematização” implicaria a idéia de que
“ninguém educa ninguém”, e também de que “ninguém se educa a si mesmo”, mas “os
homens se educam em comunhão”, “mediatizados pelo mundo”. Como escreveu Paulo
Freire: “a problematização se faria, assim, através do esforço pelo qual educadores e
educandos iriam percebendo, criticamente, como “estão sendo no mundo com que e
em que se acham”.
4) “Conscientização”: através da “problematização”, educadoreducando e educando
educador poderiam fixar o ponto de partida para a “conscientização”. Caberia ao
educadoreducando problematizar a visão de mundo dos educandoseducadores que,
por uma série de razões, poderiam não estar aptos a entender a realidade criticamente.
A “conscientização” exigiria o “pensar crítico”, capaz de procurar a “causalidade
profunda” dos acontecimentos, fazendo o “desvelamento da realidade”.
5) Ação social e política: A “conscientização” se completaria na ação social e política – na
“práxis social” de busca de “libertação de todos os homens da opressão”.
Citaremos algumas frases que marcam a obra do educador Paulo FREIRE:
“Ninguém educa ninguém, ninguém sabe tudo: essa aprendizagem dialógica permite ao
sujeito descobrir a si mesmo.”
“O homem é um ser inacabado com capacidade para transformar o mundo.”
“Por isso, a alfabetização não pode ser feita de cima para baixo, como uma dádiva ou uma
imposição, mas de dentro para fora, pelo próprio analfabeto e apenas com a colaboração do
educador.”
“Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo; os homens educamse entre si,
mediados pelo mundo.”
“Todo processo de educação de adultos implica o desenvolvimento crítico da leitura do
mundo, que é um trabalho político de conscientização.”
“Jamais aceitei que a prática educativa devesse limitarse apenas à leitura da palavra, à
leitura do texto, mas que ela devesse incluir também a leitura do contexto.”
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
Considerações finais
A estruturação ou a organização do ensino que estudamos, ou seja, a organização da aula
que o educador leciona na sala de aula, devese ao trabalho científico dos teóricos HERBART,
DEWEY e PAULO FREIRE, com contribuições que foram sendo redimensionadas, reconstruídas
e adaptadas aos diversos contextos, espaços e tempos da educação e da sociedade, a fim de
privilegiar umas prática educativa adequada e significativa às demandas sociais, históricas e
culturais.
Indicação de sites.
http://centrorefeducacional.com.br/herbart.html
http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/per13.htm
http://www.revistaeducacao.uol.com.br/textos.asp?codigo=11622
http://centrorefeducacional.com.br/dewey.html
http://novaescola.abril.com.br/index.htm?ed/159_fev03/html/pensadores
http://centrorefeducacional.com.br/paulo.html
http://novaescola.abril.com.br/index.htm?especiais/paulo_freire/paulo_freire
http://pedagogiaemfoco.pro.br/per01.htm
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
AULA 03 • CONHECENDO AS TEORIAS PEDAGÓGICAS DOS GRANDES TEÓRICOSEDUCADORES
Método Expositivo
Leia o texto complementar disponível no ambiente de aula sobre “ Perguntas de
Criança” , do educador Rubem Alves.
• Como fazer o aluno aprender?
• Por que fazemos perguntas se queremos respostas prontas e conhecidas?
• Para quais caminhos estamos conduzindo os nossos alunos?
• Por que utilizamos sempre os mesmos “ribeirões” para matar a sede de conhecimento
dos nossos alunos?
Parece que o mundo conhecido, os caminhos já percorridos, os “ribeirões” utilizados nos
trazem mais segurança, comodidade, certezas, respostas prontas, conteúdos a ser repetidos em
cumprimento aos programas já determinados.
Tudo isto ainda tem sentido no mundo atual?
Certamente que não! Porém, o velho, o arcaico não deve ser jogado fora, desconsiderado,
“deletado”, anulado por completo de nossos estudos, de nossa formação, de nossa memória, pois
“É lição sabida que o novo não se constrói e nem surge por passe de mágica. O novo
nasce do arcaico, mas não se repete o arcaico. O novo cria outros paradigmas, mas
preserva do arcaico valores e práticas indispensáveis à construção da ponte para o
futuro. A transição do velho para o novo é um processo. Em uma determinada hora, os
dois convivem lado a lado. Como numa corrida de bastão. Até que é chegado o
momento em que o novo ganha velocidade e ocupa o palco da História e deste se retira
o arcaico para desempenhar as funções de referência, de arquivo, de memória, de
cultura. Esta concepção do processo histórico é uma norma que é visível até mesmo
nos tensos momentos de ruptura.
”(Moacyr de Góes)
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
é isto mesmo: memória, história que se construiu e que ainda é construída. Não podemos negar
as contribuições, as teorias de nossa “herança pedagógica”, a identidade da educação, da
formação do educador, da nossa identidade profissional.
Frente a isto, é imprescindível conhecer a nossa cultura pedagógica, especialmente nossa
cultura metodológica, seus idealizadores, para assim identificarmos as suas marcas, as suas
influências na educação atual, em nossa formação docente, em nossa prática pedagógica
vivenciada no cotidiano escolar.
Iniciaremos o estudo desta cultura metodológica com a apresentação da teoria de Maria
Montessori.
Ao final de nossas aulas, a partir de hoje até a aula 9, você também entrará em contato
com alguns métodos e técnicas de ensino mais utilizadas em sala de aula pelos educadores.
Maria Montessori
Médica italiana (18701952), realizou estudos em educação, traduzindo o ideário da Escola
Nova e Ativa. Seu método – MÉTODO MONTESSORI – respeita o crescimento natural das
crianças e desenvolve principalmente a educação sensorial na préescola.
Montessori apresenta inicialmente um modelo pedagógico para a educação de crianças
deficientes (deficiência mental), sendo estendido posteriormente a todo tipo de crianças.
“A defesa da criança, o reconhecimento científico de sua natureza, a proclamação social
de seus direitos é que devem suplantar os métodos fragmentários de conceber a educação.”
No universo montessoriano, a liberdade é condição indispensável ao desenvolvimento da
vida, das manifestações espontâneas, pois tem a convicção de que a educação somente será
alcançada com a atividade própria do sujeito que se educa. A atividade tem um papel fundamental
e deve disciplinarse para o trabalho mediante um ambiente adequado.
Uma das preocupações de Montessori é voltada às coisas úteis em nossa vida e,
principalmente, que despertem o nosso interesse. Ela insiste na unidade da atividade sensorial e
motriz, no desenvolvimento infantil e na necessidade de uma atmosfera escolar adequada à
condição infantil. O mobiliário da sala de aula deve estar adequado à estatura das crianças, para
que estas tenham liberdade de acesso aos materiais de seu interesse.
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
A base de seu método é a independência, que pressupõe a livre escolha das atividades
por parte da criança, que tende geralmente ao isolamento, embora o método defenda a
cooperação a fim de alcançar a socialização do educando.
“Devese ajudar a criança a fazer e a expressarse, mas o adulto jamais deve fazer em seu
lugar, a não ser quando for absolutamente necessário...”
Sendo um dos objetivos fundamentais do Método Montessoriano o de preparar a criança
para que seja livre, é indispensável que ela consiga autonomia perante a aquisição de níveis
progressivos de independência física e afetiva, implicando, portanto, autoestima e independência
de vontade e de pensamento.
Nas escolas montessorianas praticamse hábitos da vida cotidiana, a fim de conseguir
essa liberdades colocálo em seu devido lugar, ordenalo e preservalo, limpar a sala de aula,
buscar informações nos livros, etc., ou seja, que aprenda a se desenvolver sem a ajuda do adulto.
“A educadora deve limitar o máximo possível sua intervenção, sem, com isso, permitir que
a criança se canse por um excessivo esforço de autoeducação. É aqui que se manifesta a arte da
professora.”
O erro faz parte do processo e se ensina a criança a se autocorrigir, ela aprende a
reconhecer e a corrigir seus erros. Poderá repetir cada atividade o tempo que for necessário até
conseguir aprender.
“A disciplina é obtida por uma via indireta, desenvolvendo a atividade no trabalho
espontâneo.”
Acesse o site http://centrorefeducacional.com.br /montesso.html e leia outras
informações sobre o Método Montessori e dos materiais elaborados para as crianças.
Ovide Decroly
Médico e educador belga (18711932), também defendia a preparação da criança para a
vida como Montessori; concebeu a escola ideal, que deveria situarse num ambiente que
possibilitasse a criança a observar diariamente os fenômenos da natureza e as manifestações de
todos os seres vivos.
Para DECROLY, a criança deveria ser educada em plena liberdade, para que nela possam
aflorar todas as suas potencialidades, portanto, seria necessário um regime de atividade livre e de
trabalho espontâneo e criador.
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
As crianças devem ser classificadas na escola em grupos psicologicamente homogêneos e
as classes não possuírem mais do que 20 ou 25 alunos.
As salas de aula precisam ser providas de pequenas oficinas para a prática de trabalhos
manuais.
A criança precisa possuir a compreensão de si mesma, do seu próprio ser, de suas
necessidades, desejos, ideais e propósitos.
Precisa saber como funcionam os seus sentidos, para que servem os seus órgãos, como
se movem seus membros, porque sente frio ou fome. Depois de conhecerse a si mesma, precisa
conhecer o meio natural e o meio humano em que vive, do que depende e onde deve trabalhar
para satisfazer suas necessidades, desejos e ideais.
O método elaborado por DECROLY, denominado de CENTROS DE INTERESSE, tem por
objetivo o estudo de cada necessidade básica da experiência humana. Ele organizou quatro
centros de interesse que estão ligados às quatro necessidades básicas, segundo NÉRICI (1989):
1) necessidade de alimentação: alimentos, respiração, etc.
2) necessidade de lutar contra as intempéries: frio, calor, umidade, ventos, etc.
3) necessidade de defesa contra perigos e inimigos vários: limpeza, higiene, luta contra
moléstias, cuidados contra acidentes, etc.
4) necessidade de agir, de trabalhar solidariamente, de descansar, de divertirse e de se
desenvolver.
“Cada necessidade deverá ser estudada, com relação ao ambiente, segundo três pontos
de vista, de quatro modos e por meio de três tipos de exercícios”conforme defendia DECROLY.
Os três pontos de vista, que devem orientar o estudo de cada necessidade são, conforme
NÉRICI (1989):
1) vantagens para o homem e meios de utilizar as mesmas;
2) inconvenientes e meios de evitálos;
3) conclusões de comportamento prático para o bem do educando e da sociedade.
Cada ponto de vista, por sua vez, poderia ser examinado de quatro modos diferentes:
1) diretamente, por meio dos sentidos e da experiência imediata;
2) indiretamente, por meio de recordações pessoais;
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
3) indiretamente, por meio de exames de documentos relativos aos objetivos e aos
fenômenos atuais e não diretamente acessíveis à experiência do educando;
4) indiretamente, por meio do exame de documentos relativos a fatos, fenômenos e objetos
do passado.
Esses quatro modos, por sua vez, desenvolvemse através de três tipos de exercícios:
1) exercícios de observação, referentes ao exame pessoal e direto;
2) exercícios de associação, referentes ao exame de objetos distantes no tempo e no
espaço;
3) exercícios de expressão que podem ser concretos (construção ou desenho de algo) ou
abstratos (conversação, leitura, escrita, etc.).
Para saber mais um pouco, acesse o site http://centrorefeducacional.com.br/decroly.html.
Edouard Claparède
Psicólogo e pedagogo suíço (18731940), desenvolveu uma pedagogia fundamentada nas
necessidades e interesses da criança, chamandoa de “educação funcional”; para ele, a educação
ideal é aquela que cria na criança um comportamento que satisfaça as suas necessidades
orgânicas e intelectuais, pois os aspectos físicos e psíquicos possuem uma mesma realidade
dinâmica. É fundamental conhecer a criança para melhor ajudála a tornarse tudo o que pode e
deve ser, é o ideal da pedagogia funcional.
Devese evitar a pretensão de um amadurecimento da criança por meio de uma educação
rápida e impaciente, pelo contrário, a educação deve ser prolongada o mais possível, permitindo à
criança aproveitar plenamente o dinamismo que a caracteriza.
Para CLAPARÈDE a escola deve ser ativa, deve mobilizar a atividade da criança, a escola
deve fazer amar o trabalho por meio de jogos e atividades estimulantes e alegres.
“O jogo é a forma de atividade normal da criança, através da qual se prepara para as
atividades de adulto! E será um adulto tanto mais realizado, quanto mais tempo tiver brincando; e
não somente com um arco, ou uma bola de gude, mas também o jogo lingüístico, o jogo dos
números, e este jogo apaixonante em que se forma seu raciocínio, o jogo dos porquês... e que, na
escola, será exercido com mais seriedade e mais fervor. Pois o trabalho exigido dela na escola só
amoldará nela uma pessoa se a ele se dedicar inteiramente, de todo o coração; logo, se o
trabalho for um jogo.”
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
Para complementar o seu estudo sobre este teórico, acesse o site
http://revistaescola.abril.com.br/especiais/pensadores/pdfs/edouard_claparede.pdf.
Depois de conhecer estes três teóricos da Metodologia do Ensino, faça a leitura do texto
que aborda o conceito, os objetivos e os procedimentos do método mais utilizado pelos
educadores em suas aulas: o Método Expositivo (NÉRICI,1989). Clique em Texto complementar
do menu da aula e leia o texto II.
Leia o texto complementar disponível no ambiente de estudo.
Indicação de site.
http://www.novaescola.com.br/index.htm?ed/164_ago03/html/pensadores
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
AULA 04 • TEORIAS PEDAGÓGICAS DOS GRANDES TEÓRICOSEDUCADORES
Método do Estudo Dirigido
Continuamos a apresentar a dimensão históricocultural de nossa herança metodológica:
conhecer as nossas raízes metodológicas e os idealizadores das teorias pedagógicas que
fundamentam a nossa prática docente atual.
Começamos nossa aventura cultural pelas teorias de Montessori, Decroly e Claparède, é
claro que não esqueceremos de mencionar as contribuições de Herbart, Dewey e de Paulo
Freire (nosso grande educador, sempre invocado em nossas aulas!).
Nesta aula apresentaremos as obras de Celestin Freinet, Anton Makarenko e de William
Kilpatrick e, ao final, você poderá conhecer ainda o Método do Estudo Dirigido, muito utilizado
em sala de aula, nos diferentes níveis de ensino.
Celestin Freinet
Educador francês (18961966), foi considerado um professor do povo, pois teve a coragem
e a felicidade de representar na escola os fundamentos de uma educação pelo trabalho e de uma
pedagogia moderna e popular. Suas teorias e aplicações têm como referencial o movimento da
Escola Nova, adquirindo um caráter mais democrático e social.
“Uma das tarefas mais importantes da prática educativocrítica é propiciar as condições
em que os educandos em suas relações uns com os outros e todos com o professor ou
com a professora ensaiam a experiência profunda de assumirse. Assumirse como ser
social e histórico, como ser pensante, comunicante, transformador, criador, realizador
de sonhos, capaz de ter raiva porque capaz de amar. Assumirse como sujeito porque
capaz de reconhecerse como objeto. A assunção de nós mesmos não significa a
exclusão dos outros. É a “outredade” do “não eu”, ou do tu, que me faz assumir a
radicalidade de meu eu”.
(Paulo Freire)
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
As técnicas de FREINET constituem um conjunto rico e coerente de atividades que
estimulam um tateamento experimental, a livre expressão infantil, a cooperação e a pesquisa do
meio.
A pedagogia de FREINET consolidouse na prática de inúmeros docentes de diversos
países, e suas propostas ainda são prestigiadas no campo educacional.
“Vamos nos empenhar cada vez mais em vincular a escola com o povo.”
Aplicar as técnicas de FREINET significa dar palavra ao aluno, partir dele, de suas
capacidades de comunicação e de cooperação. Supõe considerar o aluno não como parte de um
único contexto, o escolar, mas como partícipe de diversos contextos, devendo ainda considerar as
influências destes diversos contextos nas interrelações dos indivíduos dentro do grupo – escola
sala de aula.
O fundamento da cooperação exige a criação de um ambiente na sala de aula no qual
existam elementos mediadores na relação professoraluno.
A construção efetiva desse ambiente educacional é realizado por meio de técnicas que se
caracterizam por estimular o trabalho de sala de aula fundamentado na livre expressão das
crianças em um local de cooperação.
Para FREINET, a verdadeira cooperação é a que nasce do trabalho, portanto, valoriza a
atividade manual e a de grupo, que estimulam a cooperação, a iniciativa e a participação.
A aprendizagem da gramática e dos conteúdos a ser pesquisados é realizada de maneira
original, porque o seu método está centrado no projeto de imprensa na escola.
Os manuais escolares são eliminados, pois aprendese a composição para a imprensa e
se cultiva a expressão por meio do texto livre, estimulando a curiosidade, a coleta de informações
– feita pelos alunos e pelos professores , o debate e a expressão escrita. Para a montagem do
texto a ser impresso, são feitos os cálculos necessários, assim como as ilustrações. Além disso,
as comunicações diversas trocadas entre os alunos de classes diferentes fomentam a
correspondência interescolar – entre as escolas.
“A imprensa na escola tem um fundamento psicológico e pedagógico seguro e
permanente: a expressão e a vida das crianças.”
“Uma das principais condições de renovação da escola é o respeito à criança e, por sua
vez, a criança ter respeito aos seus professores; só assim é possível educar dentro da dignidade.”
As principais técnicas de FREINET são pensadas tendo como fundamento a base
funcional da comunicação:
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
1) Imprensa na escola: a turma escolhe um tema, pesquisa – busca de informações,
reelabora essas informações, apresenta o resultados aos colegas e depois são
impressos na imprensa para divulgação em toda a escola – formatando a revista
escolar;
2) Texto livre: é um texto elaborado pela criança a partir de suas próprias idéias, sem tema
e sem prazo préfixado para finalização. É um instrumento operacional para a
construção de conhecimentos, desenvolver a autonomia, a aprendizagem de valores e a
análise da realidade em que vive a criança;
3) Os planos de trabalho: organização e planejamento das atividades pelos alunos, sendo
tudo decidido pelo coletivo destes alunos;
4) As conferências: as crianças escolhem um tema de seu interesse, que será trabalhado
individualmente ou em grupo, depois fazem a coleta de dados, de informações, redigem
um texto pessoal colocando ilustrações e fotografias. No final, este estudo será exposto
aos colegas de turma por meio de uma conferência. O documento transformase em
monografia que fará parte de uma biblioteca de trabalho.
5) Biblioteca de trabalho: para cada turma há uma biblioteca de trabalho composta por
diferentes livros de consulta, manuais, enciclopédias, monografias, artigos de imprensa
e arquivos de fotografias. Os alunos são responsáveis pela sua organização e controle.
6) A assembléia de sala de aula: é um órgão orientador e de decisão do grupo, é um
momento no qual os alunos realizam solenemente o levantamento de problemas e
buscam meios para a sua solução e planejam projetos.
7) A correspondência escolar: é o intercâmbio de mensagens com outras pessoas, com
outras escolas, mantendo laços de solidariedade, afinidade e se constitui ainda num
incentivo às tarefas de conhecimento e de observação do meio – pesquisas.
Quer ler mais um pouco sobre FREINET? Acesse o site
http://centrorefeducacional.com.br/freinet.html
Anton Semionovich Makarenko
Educador ucraniano (18881939), é considerado o pedagogo soviético e comunista mais
representativo de todos os tempos. Os princípios de sua pedagogia: a coletividade, o trabalho
socialmente produtivo e a autoridade carismática do educador foram amplamente desenvolvidas
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
nas coletividades infantis e juvenis que dirigiu de 1920 a 1935, sendo as mesmas retratadas de
maneira espetacular em seu livro Poema Pedagógico.
Para MAKARENKO, a coletividade é um princípio predominante no indivíduo, é o respeito
pela pessoa. É o aluno que cria e organiza a coletividade, mas é esta que realmente educa os
indivíduos.
A pedagogia de MAKARENKO também é uma pedagogia do trabalho, que é outra
instância educativa fundamental, tratase, portanto, de um trabalho efetivamente produtivo e com
sentido social (oficinas de marcenaria, trabalhos manuais, aulas de música, exercícios físicos,
dentre outras atividades).
“Para nós, não bastava ‘corrigir’ uma pessoa. Era preciso educála de um modo novo, não
apenas para fazer dela um membro inofensivo e seguro para a sociedade, mas para convertêla
em um elemento ativo da nova época.”
Gostaria de ler um pouco mais sobre MAKARENKO? Então acesse o site
http://revistaescola.abril.com.br/especiais/pensadores/pdfs/anton_makarenko.pdf.
William Heard Kilpatrick
Educador americano (18711965), foi discípulo de John Dewey, criou uma pedagogia que
denominou de método de projetos, cuja finalidade era a de globalizar o ensino mediante
atividades manuais, dirigindo também a atividade mental do aluno para um propósito objetivo.
O projeto como método de ensino é uma atividade intencionada que consiste nos próprios
alunos realizar algo num ambiente natural, integrando ou globalizando o ensino; através, por
exemplo: da construção de uma casinha de coelhos, poderiam ser ensinados os princípios de
geometria, desenho, cálculo, história natural, ciências e outros ensinamentos.
“Restanos a hipótese de que, sob muitos aspectos, o processo da vida é bom e que,
mediante esforço ponderado, pode vir a tornarse melhor. Todos os esforços para melhorálo têm
efeito educativo. O objetivo da educação é continuar a enriquecer o processo da vida por
pensamentos e ações melhores. Portanto, a educação está na vida e para a vida. Seu objetivo é o
único que se adapta a um mundo em desenvolvimento. Desenvolvimento contínuo é a sua
essência e a sua finalidade.”
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
O método de projetos procura atuar mais no campo da prática, da realidade efetiva, do que
atuar no campo do intelecto, portanto, projeto para KILPATRICK, é uma atividade que se
desenvolve diante de uma situação problemática, concreta, real, que busca soluções práticas.
Pode ser realizado individualmente, em grupo ou com a participação de toda a classe,
sempre contando com a orientação do professor.
O método de projetos pode trabalhar com uma disciplina ou mais de uma, estimulando
projetos interdisciplinares ou disciplinares.
Um bom projeto didático apresenta quatro características: atividade motivada; plano de
trabalho, de preferência manual; diversidade globalizada de ensino; ambiente natural.
Quer continuar lendo outro texto sobre KILPATRICK e o seu Método de Projetos? Acesse
o site http://www.educabrasil.com.br/eb/dic/dicionario.asp? id=426.
Leia o texto complementar, no ambiente de aula, e conheça um outro método de ensino,
muito utilizado pelos professores de todos os níveis de ensino: Método do estudo dirigido.
Leia o texto complementar disponível no ambiente de estudo.
Indicação de site.
http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/per06.htm
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
AULA 05 • TEORIAS PEDAGÓGICAS DOS GRANDES TEÓRICOSEDUCADORES
Método da Discussão e do Debate
Nossa herança metodológica nesta aula focalizará as teorias PEDAGOGIA WALDORF do
educador RUDOLF STEINER, ALEXANDER NEILL e JANUSZ KORCZAK.
Comecemos pela Pedagogia Waldorf, elaborada pelo educador Rudolf Steiner.
Rudolf Steiner
Educador austríaco (18611925), criou em 1919, na Alemanha, o sistema de ensino ou
pedagogia Waldorf, aplicado pela primeira vez com os filhos dos operários da fábrica de cigarros
WaldorfAstoria.
A educação tem como tarefa acompanhar o desenvolvimento do ser humano, conforme
cada idade e suas necessidades. A relação professoraluno é o centro da pedagogia WALDORF.
“O aluno Waldorf aprende de pessoas, não de livros. Ele procura vivências, não
conhecimento crítico mais severo, e o objetivo do trabalho de um professor deve ser ele mesmo.”
“Ninguém pode ser um bom educador se não conhece a fundo a natureza humana e as
leis segundo as quais ela se desenvolve.”
Há um fator comum com a aprendizagem neste sistema de ensino, independente da faixa
etária do aluno: o começo é sempre pela prática. Por exemplo: em uma aula de química, primeiro
o professor faz a experiência, depois pergunta aos alunos o que foi compreendido daquilo em
termos concretos.
Enquanto a maioria das pedagogias centraliza seus esforços no aluno, a pedagogia
Waldorf, valoriza muito a relação professoraluno. O professor acompanha a mesma classe
“A vocação nasce com a gente, misteriosamente. Ela é o nosso caso de amor com algo
que se faz. A diferença entre quem trabalha por profissão e quem trabalha por vocação:
o primeiro trabalha pelo ganho; o segundo seria capaz de pagar para poder fazer o seu
trabalho. Trabalha como quem faz amor, como quem brinca.” (Rubem Alves)
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
durante todo o ensino fundamental. Os alunos terão, além de um professor que os acompanhará
durante todo o ensino fundamental, também o acompanhamento dos professores das matérias
que ministrarão lições específicas, como línguas estrangeiras, educação física e arte.
O perfil do professor na pedagoga Waldorf: é um profundo conhecedor do ser humano,
devendo usar o amor como base da relação com os alunos e ter qualidades artísticas,
especialmente criatividade e imaginação.
“Os ensinamentos filosóficos de Steiner tinham como premissa básica a existência e
experiência pessoal do que era chamado “mundo espiritual”. Em sua autobiografia, Steiner dizia
que a “forma moderna do conhecimento espiritual” era distinta das velhas formas de
espiritualidade, tidas mais como sonhos do que conhecimento. Para Steiner, espiritualidade era
conhecimento e não apenas intuição. A educação era, desse modo, vista como algo que
desenvolve um conhecimento espiritual do mundo e permite ao aluno se tornar parte vital da
espiritualidade. O meio para isso é a experiência interior e não a observação nem a descrição. A
organização social para a disseminação dessa experiência interior é chamada de “sociedade
secreta”, meio de indicar a exclusividade do tipo de conhecimento envolvido. Dessa forma, não é
de surpreender que Steiner seja chamado o “líder dos pesquisadores esotéricos do século XX”.
A antroposofia – sabedoria dos homens – de Steiner enfatiza a unidade do corpo, mente e
alma, não num sentido pessoal e sim no sentido de unidade cósmica. Existem três mundos: o
físico, o da alma e o do espírito. O homem é parte de todos os três mundos por meio das sete
formas de sua existência total na terra. Ele é “enraizado” no mundo físico com seu corpo físico,
etéreo, com alma e “floresce” no mundo espiritual com seu ser espiritual, seu espírito de vida e
sua existência espiritual. A alma é o tronco, enraizado numa extremidade e florescendo na outra.
A “antroposofia” é nada mais do que uma ciência espiritual para o amadurecimento da alma que
requer pesquisa no mundo espiritual. A pesquisa no mundo interior é semelhante à pesquisa no
mundo exterior, disse Steiner em sua autobiografia; com métodos um pouco diferentes, mas com
o mesmo enfoque na verdade.” (PALMER, 2005)
“O ensino nos primeiros períodos não deve ser feito de forma “abstrata”, mas concreta,
com “imagens vivas, animadas”, representando a espiritualidade verdadeira para o entendimento
da criança. O educador deve ser “sensível, afetuoso e imbuído de empatia” como resultado de
seus estudos de fontes de ciência espiritual. No final, o educador representará o “verdadeiro
conhecimento da ciência espiritual” e isso estará no coração de toda educação verdadeira. Até a
maturidade sexual, o ensino relacionase com a memória da criança, depois disso, à razão. Só é
necessário trabalhar com conceitos depois da maturidade sexual. A instrução tem um princípio
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
central, isto,é, a memória vem primeiro e só depois a compreensão. Quanto melhor a memória,
melhor será o entendimento, assim toda a primeira escolaridade deve se basear na memorização.
Os pais interessados nas Escolas WALDORF pretendem evitar o estresse da escola
convencional e especialmente o estresse da seleção muito precoce.
A verdadeira eficácia das Escolas WALDORF ainda não foi avaliada porque não existe
pesquisa empírica sobre o seu sucesso ou fracasso. Os debates a respeito têm sido puramente
ideológicos, focalizados nos prós e contras da antroposofia de Steiner, mas sem dados para julgar
a prática da escolaridade de maneira justa.” (PALMER, 2005)
Para saber mais um pouco sobre a PEDAGOGIA WALDORF, acesse o site
http://pedagogiaemfoco.pro.br/per12.htm.
Alexander Sutherland Neill
Educador escocês (18831973), fundador da SUMMERHILL SCHOOL, na Inglaterra,
escola com uma pedagogia alternativa, ou seja, um sistema de ensino que privilegia a liberdade
da criança para escolher e decidir o que quer aprender e quando quer aprender, desenvolvendo
se no seu próprio ritmo.
Seus principais fundamentos: educação libertária que deveria trabalhar basicamente a
dimensão emocional da criança, a sua sensibilidade e a sua preparação para a vida.
Os alunos tinham que morar em Summerhill, pois a convivência com os seus pais impedia
o desenvolvimento da segurança necessária para reconhecer o mundo.
Os alunos recebiam a visita esporádica dos seus pais.
A gestão democrática e a autoavaliação também constituemse fundamentos importantes
da teoria de ALEXANDER NEILL, pois as decisões eram tomadas na coletividade, entre
professores e alunos, por meio de discussões e assembléias para tomada de decisões referentes
a diversos assuntos: violência, disciplina, conduta e outros de interesse geral.
Janusz Korczak
Cujo nome real era Henryk Goldszmit, médico e educador polonês (18781942), lutou por
um mundo melhor e mais belo, especialmente para as crianças. Teve influências dos fundamentos
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
da Escola Nova e da Psicologia, pois acreditava que as crianças precisam ser respeitadas e
amadas.
“O programa de trabalho pedagógico de KORCZAK era baseado na tese de que as
crianças devem ser plenamente compreendidas, que se deve entrar no espírito de seu mundo e
de sua psicologia, mas que, antes e acima de tudo, as crianças precisam ser respeitadas e
amadas, tratadas de fato como companheiras e amigas.” (SINGER,1998)
“O BOM DOUTOR”: assim era chamado KORCZAK, que defendia a idéia de que deve ser
proporcionada às crianças uma atmosfera educacional adequada em ambiente doméstico, ou
seja, o mais familiar possível, desta maneira, as crianças mais velhas tomavam conta das mais
novas e todas deveriam desempenhar tarefas específicas. O desenvolvimento do autogoverno é
significativo no trabalho pedagógico, pois as crianças precisam participar das decisões quanto às
regras na escola e cuidar para que as mesmas sejam obedecidas, criando assim uma atmosfera
de responsabilidade compartilhada, na qual as crianças davam grande importância às opiniões
dos companheiros e dos funcionários a respeito das tarefas que desempenhavam, do progresso
nos estudos e de outros assuntos referentes à vida do grupo e de cada um.
“JANUSZ KORCZAK exerceu e continua a exercer influência sobre as mentes e corações
da humanidade, não só por intermédio de seus escritos pedagógicos, de seu jornalismo, de sua
prática educacional e médica e de seus trabalhos literários. Sua influência também emana de sua
personalidade excepcional, da paixão de sua luta pela felicidade das crianças e do calor de seu
sentimento por aqueles sob seus cuidados. Emana de sua própria vida e de seu sacrifício sob
trágicas circunstâncias.
“Obstinadamente e com convicção inabalável, ele lutou por sobrepujar os males que
afetavam muitas pessoas, em particular as crianças. Conseguiu ajudar as crianças e adultos de
boa vontade na criação de melhores condições de vida. Perseverou em sua obra até o fim,
proporcionando um exemplo de atividade profissional e social digna de emulação. O modelo que
deixou talvez seja seu mais valioso legado. Também deixou às futuras gerações um desafio
expresso nas palavras: ‘é inadmissível deixarmos o mundo tal como o encontramos’.”
(SINGER,1998)
Em 1942, KORCZAK estava trabalhando em um orfanato de crianças judias que haviam
perdido o lar por causa da guerra. Lutando para manter um lar para as crianças judias, acabou
confinado no gueto. Foi enviado junto com as suas crianças para o campo de extermínio de
Treblinka neste mesmo ano. Ele ficou ao lado delas e compartilhou de seu trágico fim numa
câmara de gás.
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
Para complementar a sua leitura sobre “O BOM DOUTOR”, acesse
http://www.rubemalves.com.br/comoamarumacrianca.htm e leia este texto lindamente escrito por
Rubem Alves sobre a obra do médico e educador JANUSZ KORCZAK
Chegou o momento de você conhecer mais dois exemplos de Métodos de Ensino,
amplamente trabalhados pelos educadores em suas aulas: O MÉTODO DA DISCUSSÃO e o
MÉTODO DO DEBATE
Leia o texto complementar, clicando no botão correspondente no menu da aula.
Indicação de sites.
http://centrorefeducacional.com.br/waldorf.htm
http://www.paulofreire.org/Moacir_Gadotti/Artigos/Portugues/Filosofia_da_Educacao/Janus
z_Korczak_1998.pdf
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
AULA 06 • TEORIAS PEDAGÓGICOMETODOLÓGICAS DO SÉCULO XXI
A teoria das inteligências múltiplas
Método do painel e a técnica phillips 66
Acesse o ambiente de estudo e veja algumas charges de Francesco Tonucci.
Nesta aula conheceremos um pouco melhor a Teoria das Inteligências Múltiplas, de que
você provavelmente já ouviu falar ou sobre a qual já leu algo. Esta teoria foi elaborada pelo
educador e psicólogo norteamericano Howard Gardner, nascido em 1943, que ainda nos dias
atuais realiza palestras e aprofunda as questões relacionadas à mente humana.
Howard Gardner especializouse em educação e neurologia pela Universidade de
Harvard, publicando vários livros sobre os seus estudos a respeito das inteligências múltiplas. Sua
teoria é por vezes confundida com as teses elaboradas pelo seu colega Daniel Goleman, autor do
best seller “Inteligência Emocional”, que também influenciou alguns pedagogos.
Gardner é um crítico implacável dos testes de QI e dos testes de aptidão escolar. Em suas
pesquisas sobre o cérebro humano e pacientes com lesões cerebrais, Howard Gardner percebeu
que o que chamamos de “inteligência” não se refere apenas à capacidade de entender alguma
coisa, mas também à criatividade e à compreensão. “Inteligência é a capacidade de resolver
problemas ou de criar produtos que sejam valorizados dentro de um ou mais cenários culturais.”
A inteligência, agora, passa a ser encarada como um espectro de competências, algo
com muitas faces, como um caleidoscópio, como um cristal que poderá ser polido para intensificar
cada vez mais o seu brilho.
Segundo Nogueira (2001) “para Gardner a função de resolver problemas leva o sujeito a
descobrir caminhos, possibilidades e rotas para atingir um objetivo. Já a criação de um produto é
encarada como a expressão de suas descobertas que pode, em muitos casos, ser útil a outras
pessoas”.
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
Gardner não nega a herança biológica, mas não a considera como ponto determinante de
um sujeito, pois, segundo ele, todas as inteligências poderão e deverão ser desenvolvidas.
Na realidade, todos nós nascemos com o “espectro”, e com nossas vivências, nossos
estímulos, nossa história de vida, desenvolveremos nossas competências, formando assim um
espectro ímpar. Podemos comparar o espectro de uma pessoa com a impressão digital, ou seja,
todos possuem, mas nenhuma é igual à do outro, pois a vida de cada sujeito propiciou vivências
diferentes que geraram espectros também diferentes.
Outro fator relevante citado por Gardner em sua Teoria das Inteligências Múltiplas é a
independência entre as inteligências. Com isso devemos encarar um aluno, embora com muita
habilidade em uma das competências, como um possível “carente” em habilidades em outra(s)
área(s). Mesmo não sendo uma regra geral, habilidade em uma competência não implica em
habilidade em todo o espectro, portanto, esse aluno pode e deve ser estimulado e desenvolvido
nas demais competências. Embora existam as independências entre as diferentes inteligências,
elas se interagem, ou seja, existe uma rede de interligações entre elas, de tal sorte a fazêlas
trabalhar juntas.
Nesta nova concepção em que Gardner baseia sua teoria, numa “visão pluralista da
mente”, cada pessoa é um sujeito ímpar e tem forças cognitivas diferentes, aprende de forma e
estilo diferentes de outros sujeitos oriundos mesmo que de uma mesma sociedade ou meio
cultural.
Vamos agora entender melhor cada uma destas inteligências estudadas por Howard
Gardner e alertando que outras inteligências estão ainda sendo pesquisadas por ele.
1) Inteligência LógicoMatemática: é a competência em desenvolver e/ ou de
acompanhar cadeias de raciocínios, de resolver problemas lógicos e de trabalhar com
facilidade com cálculos e números. Esta competência é identificada em matemáticos,
engenheiros, físicos, químicos, e outros profissionais que lidam diretamente com
cálculos e números.
Lembramos que esta competência não é exclusiva nos profissionais que escolheram a
área de exatas. Podemos citar os advogados, principalmente os de defesa, que elaboram uma
seqüência lógica de fatos e acontecimentos para defender os seus clientes, portanto, reiteramos
com isso que a inteligência lógicomatemática não está diretamente vinculada apenas aos
cálculos, mas também à resolução de problemas que envolvam a lógica e/ ou o raciocínio lógico.
2) Inteligência Lingüística: é a competência ou capacidade de lidar com a linguagem
tanto verbal como a escrita. Esta competência identificamos nos escritores, oradores,
35
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
políticos, professores, poetas, advogados e outros profissionais da área e aquelas
pessoas que mesmo não tendo editado nenhum livro, possuem facilidade em elaborar
relatórios, cartas comerciais, petições judiciais ou qualquer outro documento que exija
uma clareza em sua redação, ou ainda aquela pessoa extremamente comunicativa
como os guias turísticos, os contadores de histórias, os profissionais que trabalham no
teatro, por exemplo.
3) Inteligência Espacial: é a competência ou capacidade de extrapolar situações
espaciais para o concreto e viceversa, possuindo uma afinada percepção e um estreito
relacionamento com o espaço, que podemos encontrar no trabalho dos profissionais :
médicos, arquitetos, navegadores, decoradores, cirurgiões, geógrafos e outros.
Um exemplo comum desta situação é quando temos que nos orientar por um mapa em
uma cidade desconhecida, que normalmente, as pessoas dão inicialmente uma volta de 360º ao
pegar o mapa até conseguirem posicionálo para a sua leitura e interpretação.
Podemos citar também a inteligência desenvolvida por um pedreiro, que mesmo sem o
conhecimento acadêmico de um arquiteto, consegue entender plantas e resolver problemas de
instalação e de localização de algum componente.
4) Inteligência CorporalCinestésica: é a competência relacionada à expressão corporal,
bem como à resolução de determinado problema por meio de movimentos de seu
corpo, sendo desenvolvida nos atletas, mímicos, dançarinos, professores de Educação
Física e outros.
5) Inteligência Musical: é a capacidade de interpretar, escrever, ler e expressarse pela
música, podendo citar Mozart, Beethovem, Chico Buarque, Pixinguinha, Ari Barroso,
Roberto Carlos, e tantos outros nomes clássicos da música universal e atual.
Podemos também considerar como possuidoras dessa inteligência aquelas pessoas que
“tocam de ouvido”, sem ter estudado ou lido uma partitura, como os nossos repentistas e
“rappers”. De outra forma, podemos imaginar as pessoas que possuem alguma sensibilidade
musical demonstrada quando oferecem uma música à pessoa amada ou quando se remetem a
algum momento de sua vida ao ouvir uma determinada música.
6) Inteligência Interpessoal: é a competência de entender outras pessoas, de comunicar
se de forma adequada com elas, incentivandoas a um objetivo comum. Podemos
verificar esta competência no trabalho dos professores, políticos, terapeutas, líderes
(religiosos, comunitários, empresariais, sindicais, etc.), apresentadores de programas de
televisão, animadores de festas e outro.
36
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
Podemos citar como exemplo clássico a inteligência interpessoal dos políticos que mudam
o seu discurso conforme a sua platéia e os seus interesses, objetivando ganhar votos e adesões,
para fins lícitos ou não.
7) Inteligência Intrapessoal: é a competência de se conhecer, de entrar em contato com
o seu próprio ser, de se autoavaliar, reconhecendo seus pontos positivos e negativos,
para trabalhar com eles. Reconhecendo os sentimentos, as emoções, as nossas
“falhas” ou limitações, podemos melhorar o nosso comportamento, explorando as
nossas qualidades para obtermos melhores resultados em nosso trabalho e/ ou
relacionamento com as outras pessoas. Podemos citar os religiosos, os gurus, o líder
políticoespiritual Gandhi, DalaiLama, Buda.
Esta inteligência está relacionada, portanto, ao reconhecimento dos aspectos internos de
uma pessoa, e não ao que ela fará com seus pontos positivos e/ ou negativos.
8) Inteligência Naturalista: é a capacidade de realizar qualquer tipo de discriminação no
campo da natureza, reconhecendo, respeitando, estudando e pesquisando tipos de vida
que não só a humana, capacidade identificada nos biólogos, ecologistas, botânicos,
zoólogos e outros profissionais.
Para Gardner, esta função de diferenciação e de estabelecimento de padrões pode ser
relevante no mundo dos negócios e exemplifica : “(...) acho que a inteligência naturalista é
extremamente importante no mundo dos negócios. O comércio explora as mínimas diferenças
perceptíveis nos produtos para convencer os consumidores a preferir o Mc Donald’s ao Burger
King, um Ford a um Plymouth, ou um tênis Nike a um Adidas. Somos capazes de perceber as
diferenças necessárias entre os produtos graças a nossa inteligência naturalista. Embora não
tenhamos evoluído para fazer a distinção entre dois objetos semelhantes feitos pelo homem, a
habilidade de distinguir depende exatamente destes mecanismos evoluídos que permitem saber
que plantas comer e quais recusar, que animais perseguir e de quais fugir.
Estas capacidades foram “seqüestradas”, por assim dizer, pelo mundo do comércio. Sem a
inteligência naturalista não podemos participar da criação destes produtos nem, felizmente talvez,
sucumbir à lábia de publicitários e marketeiros.”
9) Inteligência Existencial: esta competência relacionase à compreensão do sentido de
vida, de morte, do amor e do ódio, aprofundandose na descoberta do sentido de uma
obradearte ou de questões filosóficas, e à capacidade de situarse com os limites dos
cosmos, do universo.
37
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
Estas capacidades são valorizadas nas sociedades que apreciam ou exercem
determinados hábitos de uma cultura voltada à religiosidade, às coisas místicas ou metafísicas.
Podemos citar os guias espirituais, os xamãs, os gurus, os filósofos, e outros.
É uma inteligência ainda em processo de pesquisa.
Nesta teoria pedagógicometodológica o educador deve assumir um papel de
“fisioterapeuta da inteligência”, abandonando o conceito unitário de inteligência e se ver não como
um repetidor de conceitos, mas como um estimulador de talentos, propiciando meios para que
realmente ocorra o desenvolvimento deste espectro de competências dos alunos.
É fundamental observar cada aluno, analisar os seus pontos fortes e fracos, verificar as
suas áreas de interesse, a sua atuação em cada uma das atividades propostas, pois só após um
olhar analítico é que o educador poderá organizar oportunidades específicas ao aluno, garantindo
uma educação necessária ao desenvolvimento de seus potenciais intelectuais.
“A missão da educação deve continuar a ser uma confrontação com a verdade, a beleza e
a bondade, sem negar as facetas problemáticas dessas categorias ou as discordâncias entre
diferentes culturas.”
Atualmente, podemos encontrar um número significativo de escolas, tanto públicas como
particulares, que desenvolvem a Teoria das Inteligências Múltiplas de Gardner no formato de
Projetos Didáticos, incluindo nestes temas interdisciplinares, por exemplo: Jogos Olímpicos, A
água, O efeito estufa, O rio Tiête, Nossa Amazônia, entre outros.
Clique no botão Texto complementar do menu da aula e leia o texto intitulado “Aulas
cheias de vida com as múltiplas inteligências.”
Leia o texto complementar disponível no ambiente de estudo.
Indicação de sites.
www.educacional.com.br/pais/glossario_pedagogico/intelig_multipla.asp
www.abrae.com.br/entrevistas/entr_gar.htm
38
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
AULA 07 • TEORIAS PEDAGÓGICOMETODOLÓGICAS DO SÉCULO XXI
A Teoria Do Construtivismo De Emília Ferreiro
Método Do Seminário E A Técnica Da Dramatização
Acesse o ambiente de estudo e veja a charge “Boa comunicação... Será?” .
Retornamos aos nossos estudos d. Metodologia de Ensino da Educação Básica e iremos
conhecer uma teoria que também você já deve ter ouvido falar ou leu algo a respeito:
CONSTRUTIVISMO.
Construtivismo é uma teoria pedagógica fundamentada nos princípios do epistemólogo e
biólogo Jean Piaget (18961980), que foram desenvolvidas e ampliadas pela psicóloga
pesquisadora Emília Ferreiro, a partir dos anos 70.
O pensamento construtivista é resultante das pesquisas sobre a Psicogênese da língua
escrita desenvolvidas por Emília Ferreiro e Ana Teberosky, enfocando as questões de como o
aluno aprende a língua escrita.
Este pensamento é considerado como uma “revolução conceitual”, pois pressupõe que a
construção da escrita apóiase em hipóteses espontâneas elaboradas pelo aluno.
Estas hipóteses fundamentadas em conhecimentos prévios, assimilações e generalizações
das crianças dependem de suas interações com as outras pessoas e com os usos da escrita e da
leitura.
Segundo Zacharias (2005), “é importante que o alfabetizador conheça os processos
psicolinguísticos pelos quais passa uma criança ao aprender a ler e a escrever. Antes dos estudos
da Psicogênese, as crianças aprendiam ou não a ler e escrever sem que o professor entendesse
suas hipóteses e dificuldades ao longo desse trajeto”.
O professor precisa conhecer as concepções que a criança tem a respeito da língua
escrita, para que então possa tornarse o mediador, possibilitando a ela questionar e desenvolver
atividades que “desestruturem” seus pensamentos, para que possa duvidar de suas idéias, de
39
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
suas certezas sobre os símbolos escritos, para comparar, refletir e elaborar novas hipóteses
lingüísticas.
Neste contexto, o trabalho de Emília Ferreiro e colaboradores é uma das mais valiosas
contribuições no sentido de considerar a escrita como representação da linguagem e não como
um código de transcrição gráfica de unidades sonoras – e, ainda, de considerar a criança que
aprende como um sujeito ativo, que interage de modo produtivo com a alfabetização, mudando
radialmente concepções vigentes há séculos.
A pesquisadora Telma Weisz – educadora brasileira – concorda que é um engano dizer
que o construtivismo propõe deixar os alunos aprenderem sozinhos . Para ela, “o oposto do
método fechado não é o nada, o abandono. O oposto é uma metodologia na qual o professor
conhece o sujeito a quem ensina e o objeto que ele está ensinando: a língua e a linguagem
escrita.”
Podemos concluir até aqui que o Construtivismo é uma teoria metodológica que ainda está
sendo construída, está sendo pesquisada por diversos educadores fundamentados nos estudos
de Emília Ferreiro e de Ana Teberosky, que teve um grande acolhimento e desenvolvimento nas
escolas públicas e particulares de nosso país, principalmente a partir do final da década de 80.
Enfocamos também que é uma teoria voltada para o processo de alfabetização, da
construção da língua escrita e da leitura pelas pessoas, principalmente pelas crianças.
É, portanto, um paradigma pedagógicometodológico atual que exige uma mudança do
significado da alfabetização, cujas raízes estão no contexto do aluno, em seus diferentes níveis e
formas que devem ser reconhecidos e respeitados pela escola e pelos educadores.
“Alfabetizar não é um luxo, é um direito. E é preciso garantir esse direito às crianças deste
continente. Mas isso não é o mesmo que pretender que essas crianças saibam desenhar letras,
ou que saibam pronunciar palavras que não entendem. Isto não é estar alfabetizado.” (Emília
Ferreiro)
Vamos pontuar alguns fundamentos da prática pedagógica do
construtivismo
1) respeito às etapas da construção do conhecimento da leitura e da escrita pela criança;
2) o educador deve conhecer estes diferentes ritmos dos alunos, suas evoluções, para
realizar intervenções qualificadas, a fim de estimular os alunos a resolver seus conflitos
40
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
– momentos de transição entre as hipóteses – e a avançar em suas hipóteses de
escrita;
3) na teoria da Psicogênese da Língua Escrita, toda a criança passa por quatro fases no
processo de alfabetização: présilábica, silábica, silábicoalfabética e alfabética;
4) os erros são indicadores da releitura do conteúdo aprendido pelo aluno; eles revelam o
funcionamento da mente do aluno;
5) a sala de aula deve ser transformada num “ambiente alfabetizador”, ou seja, num
espaço no qual o aluno encontra textos diversos, livros, histórias, jornais, revistas,
cartazes, gibis e outras fontes de leitura e de escrita. Um espaço que propicia
interações com a língua escrita mediadas por pessoas capazes de ler e de escrever;
6) não se aprende de forma fragmentada, não se aprende por “pedacinhos”, mas na
totalidade, no conjunto, na resolução de problemas que envolvem vários conceitos
simultaneamente.
Vá ao texto complementar desta aula e leia o texto “Construtivismo e ciências da
cognição”, do educador Celso Antunes, que contribuirá para fundamentar os nossos
conhecimentos.
Leia texto complementar disponível no ambiente de estudo.
Indicação de sites.
www.educacional.com.br/pais/glossario_pedagogico/construtivismo.asp
www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/guia_para_paismetodos.shtml
www.abrelivros.org.br/abrelivros/texto.asp?id=1597
http://centrorefeducacional.com.br/contribu.html
41
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
AULA 08 • TEORIAS PEDAGÓGICO METODOLÓGICAS DO SÉCULO XXI
“ Intervenções do professor no caminho da aprendizagem significativa”
No lugar de um texto didático,
Explicativo,
Objetivo,
Eu queria escrever uma poesia...
Uma poesia com palavras simples,
Como o mel...
Uma poesia para ser lida,
Não pelas rimas ou pelas sintaxes perfeitas,
Como as líamos nos nossos exercícios escolares...
Rasguem a introdução do livro de poesia !
Disse um ser humano,
Também professor
Em Sociedade dos poetas mortos.
Eu queria ser capaz de escrever uma poesia...
Que brincasse com as palavras
E com elas inventasse idéias
Novas idéias...
Na cabeça de quem lê...
Hoje,
Amanhã,
E de muito depois...
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
Continuação
Eu queria ser capaz de escrever uma poesia...
Que transformasse cada letra
Em gotas de chuva
Molhadas de sensibilidade...
Carregadas de sensações...
E como nuvem cor de rosa no céu ensolarado
Entrassem pelos olhos
E, num momento mágico,
Devagarinho,
Despertando campos floridos,
Caíssem como orvalho...
Eu queria ser capaz de escrever uma poesia...
Que transformasse cada significante
Em estrelas de sonho
Brilhantes pela imaginação...
Coloridas pela memória...
E, como massa estelar, vialáctea simbólica, em céu estrelado
Entrassem também pelos olhos
E, num momento mágico,
Devagarinho,
Despertassem o sono...
E, se transformassem em novas significações...
Um jeito novo de ver o velho...
Gotas de chuva,
Estrelas de sonho,
Entrem por favor nestes olhos que lêem,
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
Projetos de trabalho do educador Fernando Hernandez
Método das tarefas dirigidas Técnica da leitura
Nesta aula conheceremos uma teoria pedagógica que vem ganhando espaço internacional
na prática docente de inúmeras escolas e que em nosso país encontrou terreno fértil ao seu
desenvolvimento : os PROJETOS DE TRABALHO.
O educador espanhol Fernando Hernandez (nascido em 1952) defende a organização do
currículo por projetos de trabalho, o que exige uma atuação conjunta de alunos e de professores,
Continuação
Nestes ouvidos que me escutam...
Convidem este ser humano a ser mais humano,
A redescobrir sua sensibilidade,
A resgatar sua imaginação e seus sonhos,
A perceber por todos os seus poros,
Por todos os sentidos...
E depois, por trás destes olhos mais sensíveis
Iluminem este ser humano,
Também professor,
É só com este olhar,
Enriquecido,
Revigorado,
Que ele pode pensar em intervenções junto a outro ser humano,
Alunocriança,
Alunoadolescente,
Alunoadulto...
Eu queria ter escrito uma poesia.
(Miriam Celeste Martins)
44
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
rebatendo, portanto, a tendência tradicional do currículo trabalhado de maneira fragmentada que
tem no professor o papel de transmissor de conteúdos.
O professor para Hernandez transformase num sujeito pesquisador, promovendo a
relação entre os conteúdos, não perdendo o foco da pesquisa, assumindo assim uma dimensão
interdisciplinar (falaremos sobre Interdisciplinaridade na aula 10).
A teoria de Fernando Hernandez fundamentase na idéias de John Dewey (18591952),
pedagogo e filósofo norteamericano (estudamos a sua teoria na aula 2), como também é fruto de
pesquisas e questionamentos referentes a forma de ensinar atualmente, concluindo que o melhor
jeito para solucionar esta questão é organizar o currículo por projetos didáticos.
Hernandez desenvolve alguns passos para o professor seguir, ou seja, uma série de
condições a respeitar, e não um método propriamente dito.
O primeiro passo consiste em determinar um assunto, partindo de uma sugestão do
professor ou dos alunos.
Após esta escolha, cabe ao educador estabelecer um por todos os alunos.objetivo e fazer
com que as metas sejam cumpridas
O avanço do projeto é caracterizado pela resposta às questões levantadas, os alunos
fazem anotações para comparar os erros e os acertos, facilitando assim a tomada de decisões.
Este projeto de trabalho poderá ou não ser interdisciplinar, conforme o tratamento
metodológico desenvolvido pelo professor.
A conclusão do trabalho poderá assumir o formato de uma exposição, de um relatório, ou
de qualquer outra forma de expressão, sendo essencial que os alunos também tenham aulas
expositivas, que participem de seminários e que trabalhem em grupos ou individualmente.
Estas diferentes fases ou passos que constituem um projeto auxiliam os alunos a
desenvolver a consciência sobre o próprio processo de aprendizagem.
Veja o Texto complementar no menu da aula e leia o texto de Hernandez, “O diálogo como
mediador da aprendizagem e da construção do sujeito na sala de aula”, para desvendar outros
princípios de sua teoria.
Após a leitura, procure refletir sobre suas idéias centrais...
1) A aprendizagem se dá por meio de uma conversa cultural, contextualizando o
conhecimento para dar sentido à aprendizagem;
45
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
2) O conhecimento não é estável e nem fixado nas disciplinas, pois é socialmente
construído e distribuído por diversos lugares, referências e vivências.
3) A importância do diálogo como intercâmbio e reflexão sobre o que se diz, sobre o relato
que se constrói de forma polivocal (várias vozes, todos os alunos se comunicam,
compartilham suas reflexões e conhecimentos) é “construir uma história para ser
compartilhada com os outros (incluindo a família e a comunidade)”.
4) A finalidade compartilhada da aprendizagem entre os alunos e os professores,
desenvolvendo estratégias de pensar sobre a própria aprendizagem.
5) O diálogo aberto e honesto, sem respostas prontas ou dogmáticas, realizando, então,
novas conexões, novas idéias, novas experiências.
6) A aprendizagem do diálogo não é uma tarefa simples, pois exige controle e
responsabilidade sobre a sua aprendizagem, ao invés de delegar esta tarefa
exclusivamente ao professor.
Leia o texto complementar disponível no ambiente de estudo.
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
AULA 09 • TEORIAS PEDAGOGICO METODOLOGICAS DO SÉCULO XXI PEDAGOGIA DOS PROJETOS
Método de Problemas e Técnicas de Problemas
“ Bolo de Compromisso”
Ingredientes:
1kg de paciência
½ kg de interesse
1 pitada de vontade
1 pacote grande de desejo
10 colheres de disponibilidade
2 medidas pequenas de inspiração
1 dúzia de perseverança
200gde ansiedade
1 cabeça, nem cheia, nem vazia, mas inteira
1 medida média de prazer
1 medida média de dor
1/2 pitada de masoquismo
2kg de compromisso
Modo de Fazer: Primeiro, abra a cabeça, retire o excesso de preconceitos, de
bloqueios, e deixe somente o necessário para não perder o sabor característico. Um a
um, vá acrescentando os ingredientes: primeiro o interesse, a disponibilidade e o
desejo. O desejo vá colocando aos poucos. Se sentir que não dá ponto, acrescente uma
pitada de vontade. Mexa bem, prove, e acrescente a ansiedade, também aos poucos.
Prove novamente e, se estiver faltando gosto, acrescente mais ansiedade. Mas cuidado,
pois se colocar demais, não vai conseguir mexer, nem continuar. Porém, se isso
acontecer, não se desespere, acrescente uma medida de inspiração e reserve a outra,
pois poderá precisar; junte ½ dúzia de perseverança e mexa sem parar. Deixe
descansar por 2 horas e retome
47
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
Nesta aula faremos um estudo sobre a PEDAGOGIA DOS PROJETOS, uma tendência
pedagógicometodológica marcante no panorama educacional a partir da década de 90,
significando uma mudança de postura docente, uma nova maneira de repensar a prática
pedagógica e as teorias que sustentam estas práticas. Significou também repensar a escola, os
seus tempos e espaços, a sua forma de lidar com os conteúdos curriculares, com o mundo das
informações e com as realidades dos educandos.
O trabalho com Projetos configurase num paradigma educacional atual que rompe com
um modelo fragmentado de educação e recria a escola, transformandoa em espaço significativo
de aprendizagem para todos que estão nela, vivenciando as demandas do mundo contemporâneo
sem, todavia, perder de vista a realidade cultural e social específica de seus alunos e de seus
professores.
Convidamos você a fazer a leitura do texto “PROJETOS: uma alternativa para o ensino” da
educadora Tânia Queiroz. Veja o Texto complementar no menu da aula.
Depois desta leitura, destacamos alguns princípios fundamentais à prática dos Projetos de
Trabalho, como postura pedagógica e como concepção de educação, segundo orientações dos
Cadernos da TV Escola – Parâmetros Curriculares Nacionais na Escola (1998):
1) Um projeto envolve complexidade e resolução de problemas, possibilitando a análise, a
interpretação e a crítica por parte dos alunos: A questão da problematização é
fundamental no desenvolvimento dos projetos. Problematizar, aqui, não significa fazer
uma lista de perguntas do tipo “que queremos sobre o tema...?” Problematizar
Continuação
Prove, e se estiver mais aguçado o gosto da dor, acrescente uma medida de prazer e
torne a mexer. Se a dor ainda estiver forte, junte o resto da perseverança e o kg inteiro
de paciência. Acrescente ainda ½ pitada de masoquismo. Torne a mexer e cubra tudo
com os kg de compromisso.
Leve ao forno, mas cuidado com a temperatura, pois se estiver muito quente, queima,
incendeia, e se estiver frio, desanda, não cresce.
O tempo de preparo, tanto da receita como no forno, é indeterminado. Só fazendo, ou
melhor, vivendo o processo é que dá para saber, mas, quando achar que está pronto
(cuidado com o sonho autoritário!) retire do forno e, se não deu certo, compre uma dose
cavalar de perseverança e comece tudo de novo...
(Vera Lúcia Trevisan de Souza)
48
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
corresponde a construir coletivamente uma questão que irá acompanhar o grupo em
todo o percurso e servirá de referência para debates, discussões e reflexões.
2) O envolvimento, a responsabilidade e a autoria dos alunos são fundamentais em um
projeto: os alunos são sujeitos ativos, participando de todos os momentos do processo –
do planejamento à divulgação, passando pela pesquisa. O trabalho com projetos deve
atender ao interesse dos alunos, mas demanda também envolvimento, responsabilidade
e compromisso. Essa atitude desenvolve a cooperação e a solidariedade entre alunos e
professores. Com freqüência, o professor pode não saber resolver muitos problemas
colocados pelo grupo; assim, ele se coloca também no lugar de aprendiz, deixando de
ser a única fonte de informação, a pessoa que sabe tudo. Os alunos, por sua vez,
abandonam o papel passivo de quem recebe tudo pronto e passam a dar sua
contribuição efetiva. Em resumo, os projetos são desenvolvidos com os alunos, e não
para os alunos.
3) A autenticidade é uma característica fundamental de um projeto: Cada processo é único,
singular, pois é construído coletivamente por aquele grupo determinado. Nessa
perspectiva, um projeto não pode ser copiado, nem montado como se fosse uma
unidade de livro didático. Mesmo que duas turmas da mesma série desenvolvam
projetos sobre o mesmo tema ou problema, com certeza cada um será diferente: cada
turma é única e vivencia seu próprio processo de aprendizagem. Portanto, não há como
organizar fórmulas ou modelos para trabalhar com projetos, nem fazer um planejamento
fechado e definitivo.
4) Um projeto busca estabelecer conexões entre vários pontos de vista, contemplando uma
pluralidade de dimensões: os caminhos do aprendizado não são únicos, nem
homogêneos – há várias formas de chegar a um conhecimento e o projeto é uma
proposta que garante a flexibilidade e a diversidade da experiência educativa. Ao se ver
diante de um problema significativo, instigados a compreender esse problema, os
alunos se defrontam com várias interpretações e com pontos de vista diversos acerca
da mesma questão.
A partir desta reflexão, podemos concluir que os projetos não se reduzem à escolha de um
tema para trabalhar em todas as áreas, nem a uma lista de objetivos e etapas.
Eles refletem uma visão de educação escolar na qual a experiência vivida e a cultura
sistematizada interagem, na medida em que os alunos vão estabelecendo relações entre os
conhecimentos construídos em sua experiência escolar e na vida extraescolar.
49
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
Para focar os principais fundamentos e as diferenças nas concepções de ensino, analise o
seguinte quadro comparativo, conforme os Cadernos da TVEscola – Projetos de Trabalho (1998):
Perspectiva Compartimentada Perspectiva dos Projetos de Trabalho
Enfoque fragmentado, centrado na transmissão de conteúdos prontos.
Enfoque globalizador, centrado na resolução de problemas significativos.
Conhecimento como acúmulo de fatos e informações isoladas.
Conhecimento como instrumento para a compreensão da realidade e possível intervenção nela.
O professor é o único informante, com o papel de dar as respostas certas e cobrar sua memorização.
O professor intervém no processo de aprendizagem ao criar situações problematizadoras, introduzir novas informações e dar condições para que seus alunos avancem em seus esquemas de compreensão da realidade.
O aluno é visto como sujeito dependente, que recebe passivamente o conteúdo transmitido pelo professor.
O aluno é visto como sujeito ativo, que usa sua experiência e seu conhecimento para resolver problemas.
O conteúdo a ser estudado é visto de forma compartimentada.
O conteúdo é visto dentro de um contexto que lhe dá sentido.
Há uma seqüenciação rígida dos conteúdos das disciplinas, com pouca flexibilidade no processo de aprendizagem.
A seqüenciação é vista em termos de nível de abordagem e de aprofundamento em relação às possibilidades dos alunos.
Baseiase fundamentalmente em problemas e atividades dos livros didáticos.
Baseiase fundamentalmente em uma análise global da realidade.
O tempo e o espaço escolares são organizados de forma rígida e estática.
Há flexibilidade no uso do tempo e do espaço escolares.
Propõe receitas e modelos prontos, reforçando a repetição e o treino.
Propõe atividades abertas, permitindo que os alunos estabeleçam suas próprias estratégias.
Finalizando a nossa aula de hoje, constatamos e afirmamos que o trabalho com Projetos
não é uma tarefa simples com resultados imediatos e infalíveis, pois demanda primeiramente a
crença na mudança de concepções de educação, de ensino e de aprendizagem, ou seja,
repensar a ruptura de paradigmas educacionais tradicionais cristalizados na prática docente e na
prática das escolas.
Este repensar mudanças exige uma concepção inovadora de currículo, de repensar novas
formas de trabalhar os conteúdos curriculares, mais criativa, mais realista, mais integrada com a
diversidade do mundo e dos alunos e professores.
Os PROJETOS fundamentamse em movimentos de:
• problematização
• aprendizagem significativa
• estratégias de pesquisa e de organização
participação efetiva dos sujeitos: alunos e professores
50
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
• responsabilidade e compromisso
• ultrapassar os limites dos livros didáticos e dos espaços escolares
• construção e compartilhamento do conhecimento
• processo de formação e de informação
• intervenções qualificadas do professor
• respeito à diversidade sóciocultural dos sujeitos
Leia o texto complementar disponível no ambiente de estudo.
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
AULA 10 • TEORIAS PEDAGOGICO METODOLOGICAS DO SÉCULO XXI INTERDISCIPLINARIDADE
Nesta aula trataremos de uma teoria nova em nossa realidade educacional, mas que vem
sendo alvo de inúmeras pesquisas e de relatos de práticas bem sucedidas ou que ainda precisam
ser lapidadas: a interdisciplinaridade.
A teoria da Interdisciplinaridade no campo educacional inicia a sua história em nosso país
a partir da década de 1970, com as pesquisas da educadora Ivani Fazenda.
A prática interdisciplinar reside na elaboração e organização de projetos interdisciplinares,
havendo, portanto, uma coordenação que integra os objetivos, as atividades, os procedimentos de
diferentes áreas do conhecimento, favorecendo o intercâmbio, a troca, o diálogo entre as
disciplinas.
Esta integração deve ser abraçada por todos os participantes do processo de ensino e de
aprendizagem professores e alunos, evitando o trabalho fragmentado, compartimentado e
superficial das temáticas dos projetos.
A Interdisciplinaridade referese, portanto, a uma abordagem epistemológica dos objetos
do conhecimento; questiona a visão fragmentada sobre a qual a realidade da escola foi
constituída historicamente.
O sucesso de um projeto interdisciplinar não contempla exclusivamente a integração das
disciplinas, requer também a possibilidade de acesso à pesquisa, a escolha feliz de um tema e/ ou
desafio a ser trabalhado e, principalmente, na postura interdisciplinar dos sujeitos envolvidos.
A Interdisciplinaridade é uma prática pedagógica relatada e recomendada, assim como a
transversalidade trabalho pedagógico com os Temas Transversais que estudaremos mais
“O movimento da interdisciplinaridade exige um novo olhar sobre integração: olhar o
que não se mostra e alcançar o que ainda não se consegue. Isso envolve uma nova
atitude de aprendizpesquisador, o que aprende com sua própria experiência
pesquisando. Para tanto, é impossível pensála como um modelo estático ou um
paradigma ao qual, por exemplo, um currículo deva conformarse. Pressuporia
paradoxos que desafiam e revolucionam os paradigmas norteadores, desestabilizando
os para conduzilos a uma nova ordem
(Ivani Fazenda)
52
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
adiante no documento Parâmetros Curriculares Nacionais que também estudaremos uma
prática que exige dos sujeitos uma postura diferenciada fundamentada na pesquisa, na
curiosidade, na busca pelo conhecimento, na capacidade relacional relacionar os objetos do
conhecimento, na ousadia de aprender mais e sempre, ultrapassando as fronteiras dos livros
didáticos, dos muros escolares e da realidade próxima da comunidade.
Expandir conhecimentos, visões, olhares, beber de outros ribeirões, conhecer novos
horizontes, vivenciar novas experiências.
Invocaremos as palavras da mentora da Interdisciplinaridade em nosso país, a educadora
Ivani Catarina Arantes Fazenda (2001):
“A interdisciplinaridade pautase numa ação em movimento. Podese perceber esse
movimento em sua natureza ambígua, tendo como pressuposto a metamorfose, a incerteza.
Todo projeto interdisciplinar competente nasce de um locus bem delimitado; portanto, é
fundamental contextualizarse para poder conhecer. A contextualização exige que se recupere a
memória em suas diferentes potencialidades, resgatando assim o tempo e o espaço no qual se
aprende.
A maioria dos países ocidentais vem debatendo a questão da interdisciplinaridade, tanto
no que se refere à organização profunda dos currículos, à forma como se aprende, quanto à
formação de educadores.
Embora desde a década de 70 as reformas na educação brasileira acusem a necessidade
de partirmos para uma proposição interdisciplinar, ela não tem sido bem compreendida, mesmo
nas décadas subseqüentes: 80 e 90. Quando nos preparamos para entrar no terceiro milênio,
deixa de ser questão periférica para se tornar objeto central dos discursos governamentais e
legais.
No limiar do século XXI e no contexto da internacionalização caracterizada por uma
intensa troca entre os homens, a interdisciplinaridade assume um papel de grande importância.
Além do desenvolvimento de novos saberes, a interdisciplinaridade na educação favorece novas
formas de aproximação da realidade social e novas leituras das dimensões socioculturais das
comunidades humanas.
A trilha interdisciplinar caminha do ator ao autor de uma história vivida, de uma ação
conscientemente exercida a uma elaboração teórica arduamente construída. Tão importante
quanto o produto de uma ação exercida é o processo e, mais que o processo, é necessário
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
pesquisar o movimento desenhado pela ação exercida – somente com a pesquisa dos
movimentos das ações exercidas poderemos delinear seus contornos e seus perfis.”
Ivani Fazenda (2001) defende que o processo interdisciplinar é alimentado por
procedimentos e atributos essenciais: coerência, humildade, espera, respeito, desapego e olhar.
“O projeto interdisciplinar não se ensina, nem se aprende: vivese, exercese.”
“É preciso estabelecer conexões entre os conhecimentos para que estes possam adquirir
significado e sentido.” (Beatriz Di Marco Giacon)
“Assim como o sábio, o professor deve ser humilde. Ser humilde é estar aberto para o
outro. Aceitar a presença ativa do aluno, estabelecer parcerias (Fazenda, 1991a), ouvir e escutar
o que emerge das diversas manifestações da expressão/ comunicação do outro e não se
considerar o centro da ação pedagógica. A humildade é uma das categorias da teoria da
interdisciplinaridade, preocupada com a dimensão da totalidade tanto do conhecimento quanto do
ser.” (Cláudio Alves)
“Na educação, esperar é uma constante. O professor, a professora sabe, não importa o
grau de especialização ou o nível de ensino, que o aluno, a aluna, precisa de tempo, tempo de
ESPERA/ amadurecimento para introjetar conhecimentos, tornálos seus, fazendo uso adequado
daquilo que se ensinou, tornandoo parte integrante de seu cotidiano e de seus projetos de vida.”
(Fábio Cascino)
“A atitude interdisciplinar tem também favorecido a abertura das próprias fronteiras da
escola, criando zonas de interseção com a comunidade e com a realidade. Os muros fechados
são substituídos por membranas que, embora contendo substâncias, permitem sua passagem.
Temos visto muitos projetos acontecerem, envolvendo pais e comunidade, permitindo ao aluno
perceber a importância do conhecimento para resolver questões e problemas do cotidiano.”
(Ecleide Cunico Furlanetto)
“É a tarefa do novo milênio para a Educação:
O autoconhecimento
O desvelar da personalidade integral
A vontade liberta participando da Sinfonia da Criação!
Autoconhecimento que implica o “Nascer de Novo”
No nascer, também para o espírito,
Para a consciência profunda
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
Do sentido da vida.” (Ruy Cezar do Espírito Santo)
“Acredito que uma grande virtude a ser conquistada pelo ser humano é respeitar e conviver
com o diferente. Percebemos na história da humanidade o quanto essa luta tem sido sofrida.
Olhar, respeitar, aceitar e amar o diferente sem excluílo, aceitandoo com suas dificuldades,
possibilidades e competências é um exercício que temos que rever a cada dia para melhorálo,
em função de uma diversidade que bate à nossa porta. É necessário despojarse de preconceitos,
questionar valores e transcender para um ser maior que se encontra em cada um de nós.”
(Roberta Galasso Nardi)
Convidamos você para a leitura de uma entrevista com a educadora Ivani Fazenda (2005)
que discorre sobre a teoria da Interdisciplinaridade, abordando a formação dos educadores e
outras opiniões sobre o ensino atual.
Leia com atenção, pois esta entrevista servirá como suporte para os exercícios da aula. O
texto complementar no menu da aula. Boa leitura !
Leia o texto complementar disponível no ambiente de estudo.
Indicação de sites.
http://www.inclusao.com.br/projeto_textos_48.htm
http://www.urutagua.uem.br//007/07bovo.pdf
http://www.ensino.net/transversalidade_3.cfm
http://novaescola.abril.com.br/ed/124_ago99/html/comcerteza_didatica.htm
http://novaescola.abril.uol.com.br/ed/122_mai99/html/inter.htm
55
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
AULA 11 • TEORIAS PEDAGOGICO METODOLOGICAS DO SÉCULO XXI
Uma leitura da Pedagogia de Paulo Freire
Neste ponto de nossa jornada pel. Metodologia de Ensino da Educação Básica faremos
um recorte dedicado à obra de nosso educadormor PAULO FREIRE, um brasileiro que sonhou,
lutou, praticou e imortalizou os fundamentos de uma educação humanista, humanizadora, ética,
legítima e amorosa.
Um educador que postulou a educação como um ato político, dialógico e libertador, ideais
que atravessaram fronteiras, sendo reconhecido internacionalmente e, no entanto, ainda
considerado para muitos em nosso meio acadêmico um “célebre desconhecido”, invocado em
algumas cerimônias formais ou alguma obra de sua autoria, é leitura obrigatória em cursos ou
concursos públicos.
Foi principalmente pelo seu trabalho com alfabetização de adultos que Paulo Freire é
identificado como referência nacional e internacional.
“A atividade docente de que a discente não se separa é uma experiência alegre por
natureza. É falso também tomar como inconciliáveis seriedade docente e alegria, como
se a alegria fosse inimiga da rigorosidade. Pelo contrário, quanto mais metodicamente
rigoroso me torno na minha busca e na minha docência, tanto mais alegre me sinto e
esperançoso também. A alegria não chega apenas no encontro do achado mas faz
parte do processo de busca. E ensinar e aprender não podem darse da procura, fora
da boniteza e da alegria. O desrespeito à educação, aos educandos, aos educadores e
às educadoras corrói ou deteriora em nós, de um lado, a sensibilidade ou a abertura ao
bem querer da própria prática educativa, de outro, a alegria necessária ao quefazer
docente. É digna de nota a capacidade que tem a experiência pedagógica para
despertar, estimular e desenvolver em nós o gosto de querer bem e o gosto da alegria
sem a qual a prática educativa perde o sentido. É esta força misteriosa, às vezes
chamada vocação, que explica a quase devoção com que a grande maioria do
magistério nele permanece, apesar da imoralidade dos salários. E não apenas
permanece, mas cumpre, como pode, seu dever. Amorosamente, acrescento.”
(Paulo Freire)
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
A sua proposta pedagógica ultrapassa a simples seqüência de passos para alcançar a
decodificação do código escrito, é mais uma teoria do conhecimento do que um método de
ensino.
Agora você fará a leitura de um texto do educador Celso Antunes (2005) para conhecer um
pouco mais a obra, a vida e os princípios da teoria de Paulo Freire.
Leia o texto complementar disponível no menu da aula e boa leitura!
Retomaremos neste momento alguns pontos para ser arquivados em nossa memória:
1) “O plantador do futuro”, assim é chamado Paulo Freire no artigo do educador Moacir
Gadotti, publicado na Coleção Memória da Pedagogia (2005), no qual advoga sobre o
legado freiriano: as lições de vida e a história deste educador simples, feliz, que tinha
prazer em aprender e em ensinar, e transmitia este prazer aos que conviviam com ele.
A concepção construtivista de educação desenvolvida por FREIRE vai além da pesquisa e
da tematização, implicando, portanto, uma etapa de problematização que supõe uma ação
transformadora.
Paulo Freire associava alfabetização e politização: ensinar significa inserção na história
que não é somente estar na sala de aula, mas também em um imaginário político. “Educar é
conhecer, é ler o mundo, para poder transformálo.”
E Gadotti conclui que “como um plantador do futuro, ele sempre será lembrado porque nos
deixou raízes, asas e sonhos como herança: Paulo Freire nos deixa um legado de esperança.”
2) “Ler as palavras, ler o mundo”: em seu artigo publicado na Coleção Memória da
Pedagogia (2005), Luiz Marine José do Nascimento faz um estudo do método Paulo
Freire de alfabetização, constituindose mais do que um método e, sim, numa teoria do
conhecimento sobre o processo de ensino e de aprendizagem.
O dialogismo, processo de interação dos participantes nos círculos de cultura, nos quais
os enunciados são sempre partilhados entre os enunciadores.
A obra de Paulo Freire fundamentase nos princípios da ética, da solidariedade, da
democracia, da liberdade e da humanização.
Concluindo esta aula, obviamente não esgotando o estudo da obra e dos ideais do
educador Paulo Freire, reiteramos a relevância de seu legado imprescindível à formação dos
educadores.
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
A leitura de mundo, a cumplicidade do dialogismo, a afirmação do sujeito histórico e
autônomo reforçam os ideais de luta contra a “cultura do silêncio” e da opressão em todas as
dimensões humanas, portanto os princípios freirianos constituemse numa “bússola” que orienta a
prática pedagógica, alicerçada na esperança, na utopia e na transformação social.
Leia o texto complementar disponível no ambiente de estudo.
“As qualidades ou virtudes são construídas por nós no esforço que nos impomos para
diminuir a distância entre o que dizemos e o que fazemos. Este esforço, o de diminuir a
distância entre o discurso e a prática, é já uma dessas virtudes indispensáveis – a da
coerência. Como, na verdade, posso eu continuar falando no respeito do educando se o
ironizo, se o discrimino, se o inibo com a minha arrogância? Como posso continuar
falando em meu respeito ao educando se o testemunho que a ele dou é o da
irresponsabilidade, o de quem não cumpre o seu dever, o de quem não se prepara ou
se organiza para a sua prática, o de quem não luta por seus direitos e não protesta
contra as injustiças? A prática docente especificamente humana é profundamente
formadora, por isso, ética. Se não se pode esperar de seus agentes que sejam santos
ou anjos, podese e devese deles exigir seriedade e retidão.
“A responsabilidade do professor, de que às vezes não nos damos conta, é sempre
grande. A natureza mesma de sua prática eminentemente formadora sublinha a
maneira como a realiza. Sua presença na sala é de tal maneira exemplar que nenhum
professor ou professora escapa ao juízo que dele ou dela fazem os alunos. E o pior
talvez dos juízos é o que se expressa na ‘falta’ de juízo. O pior juízo é o que considera o
professor uma ausência na sala.” (Paulo Freire)
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
AULA 12 • PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS PRINCÍPIOS E FUNDAMENTOS
Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa
O meu olhar é nítido como um girassol.
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras…
Sintome nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo…
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender…
O Mundo não se fez para pensarmos nele
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo…
Não basta abrir a janela para ver os campos e o rio.
Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores.
Para ver as árvores e as flores é preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores: há idéias apenas.
Há só cada um de nós, como uma cave.
Há só uma janela fechada, e odo mundo lá fora;
E um sonho do que se poderia ver, se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê, quando se abre a janela.
Procuro despirme do que aprendi,
Procuro esquecerme do modo deslembrar que me ensinaram,
E raspar a tinta com que pintaram os sentidos,
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
Depois de conhecermos um pouco melhor a obra de nosso educador maior PAULO
FREIRE, faremos um estudo sobre o paradigma curricular e metodológico que foi elaborado a
partir da aprovação da L.D.B. – Lei no 9.394/96 – apresentandose como um novo olhar e uma
nova postura no tratamento das áreas de conhecimento: Língua Portuguesa, Matemática,
Ciências Naturais, História, Geografia, Educação Física e Arte.
Estamos nos referindo aos Parâmetros Curriculares Nacionais – P.C.Ns – uma proposta,
um referencial curricularmetodológico que tem como meta principal a reorganização do sistema
educacional de nosso país.
Segundo o documento Parâmetros Curriculares Nacionais (2000), estes “constituem um
referencial de qualidade para a educação no Ensino
Fundamental em todo o País. Sua função é orientar e garantir a coerência dos
investimentos no sistema educacional, socializando as discussões, pesquisas e recomendações,
subsidiando a participação de técnicos e professores brasileiros, principalmente daqueles que se
encontram mais isolados, com menor contato com a produção pedagógica atual.
Por sua natureza aberta, configuram uma proposta flexível, a ser concretizada nas
decisões regionais e locais sobre currículos e sobre programas de transformação da realidade
educacional empreendidos pelas autoridades governamentais, pelas escolas e pelos professores.
Não configuram, portanto, um modelo curricular homogêneo e impositivo, que se sobreporia à
competência políticoexecutiva dos Estados e Municípios, à diversidade sociocultural das
diferentes regiões do País ou à autonomia de professores e equipes pedagógicas.
O conjunto das proposições aqui expressas responde à necessidade de referenciais a
partir dos quais o sistema educacional do País se organize, a fim de garantir que, respeitadas as
diversidades culturais, regionais, étnicas, religiosas e políticas que atravessam uma sociedade
múltipla, estratificada e complexa, a educação possa atuar, decisivamente, no processo de
Continuação
Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras, desembrulharme e ser eu...
O essencial é saber ver.
Mas isso (triste de nós que trazemos a alma vestida),
Isso exige um estado profundo,
Uma aprendizagem de desaprender...
(Alberto Caeiro Fernando Pessoa)
60
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
construção da cidadania, tendo como meta o ideal de uma crescente igualdade de direitos entre
os cidadãos, baseado nos princípios democráticos. Essa igualdade implica necessariamente o
acesso à totalidade dos bens públicos, entre os quais o conjunto dos conhecimentos socialmente
relevantes.
Entretanto, se estes Parâmetros Curriculares Nacionais podem funcionar como elemento
catalisador de ações na busca de uma melhoria da qualidade da educação brasileira, de modo
algum pretendem resolver todos os problemas que afetam a qualidade do ensino e da
aprendizagem no país. A busca da qualidade impõe a necessidade de investimentos em
diferentes frentes, como a formação inicial e continuada de professores, uma política de salários
dignos, um plano de carreira, a qualidade do livro didático, de recursos televisivos e de multimídia,
a disponibilidade de materiais didáticos. Mas esta qualificação almejada implica colocar também
no centro do debate, as atividades escolares de ensino e aprendizagem e a questão curricular
como de inegável importância para a política educacional da nação brasileira.”
Princípios dos Parâmetros Curriculares Nacionais P.C.Ns
1) acesso à educação de qualidade para todos e às possibilidades de participação social;
2) ensino de qualidade que a sociedade demanda, adequado às necessidades sociais,
políticas, econômicas e culturais da realidade brasileira;
3) o acesso de todos à totalidade dos recursos culturais para a intervenção e a
participação responsável na vida social;
4) escola enquanto espaço social de construção dos significados éticos necessários e
constitutivos de toda e qualquer ação de cidadania;
5) a educação básica tem a função de garantir condições para que o aluno construa
instrumentos que o capacitem para um processo de educação permanente.
Fundamentos dos Parâmetros Curriculares Nacionais P.C.Ns
Concepção de ensino e de aprendizagem como um processo não por etapas e como um
conhecimento “acabado”, mas propõe uma visão de complexidade e de provisoriedade do
conhecimento; os conteúdos curriculares atuam não como fins em si mesmos, mas como meios à
61
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
aquisição e desenvolvimento de capacidades dos alunos; é um processo de ensino e de
aprendizagem interativo: professor e alunos são sujeitos do conhecimento.
Leia o texto a seguir “Como surgiram os P.C.Ns” que foi elaborado pela assessoria
pedagógica da editora Scipione (2001) para esclarecer um pouco mais a proposição dos
Parâmetros Curriculares Nacionais em nossa educação.
Agora vamos conhecer os objetivos gerais do ensino de Língua Portuguesa no ensino
fundamental, conforme o documento dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua
Portuguesa (2000):
• expandir o uso da linguagem em instâncias privadas e utilizála com eficácia em
instâncias públicas, sabendo assumir a palavra e produzir textos tanto orais como
escritos coerentes, coesos, adequados a seus destinatários, aos objetivos a que se
propõem e aos assuntos tratados;
• utilizar diferentes registros, inclusive os mais formais da variedade lingüística valorizada
socialmente, sabendo adequálos às circunstâncias da situação comunicativa de que
participam;
• conhecer e respeitar as diferentes variedades lingüísticas do português falado;
• compreender os textos orais e escritos com os quais se defrontam em diferentes
situações de participação social, interpretandoos corretamente e inferindo as intenções
de quem os produz;
• valorizar a leitura como fonte de informação, via de acesso aos mundos criados pela
literatura e possibilidade de fruição estética, sendo capazes de recorrer aos materiais
escritos em função de diferentes objetivos;
• utilizar a linguagem como instrumento de aprendizagem, sabendo como proceder para ter
acesso, compreender e fazer uso de informações contidas nos textos: identificar aspectos
relevantes; organizar notas; elaborar roteiros; compor textos coerentes a partir de trechos
oriundos de diferentes fontes; fazer resumos, índices, esquemas, etc;
• valerse da linguagem para melhorar a qualidade de suas relações pessoais, sendo
capazes de expressar seus sentimentos, experiências, idéias e opiniões, bem como de
acolher, interpretar e considerar os dos outros, contrapondoos quando necessário;
• usar os conhecimentos adquiridos por meio da prática de reflexão sobre a língua para
expandirem as possibilidades de uso da linguagem e a capacidade de análise
62
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
crítica;conhecer e analisar criticamente os usos da língua como veículo de valores e
preconceitos de classe, credo, gênero ou etnia.”
No Ensino Médio, a área do conhecimento do novo currículo envolvendo a Língua
Portuguesa denominase “Linguagens e Códigos e suas tecnologias”, que deverá desenvolver nos
alunos algumas competências em sua formação cidadã e em sua capacidade de construir a
própria vida.
Uma destas competências diz respeito a dominar a norma culta da Língua Portuguesa e
fazer uso das linguagens matemática, artística e científica, desenvolvendo certas habilidades: ler e
interpretar textos escritos na língua materna; dominar elementos gráficos e geométricos,
conseguindo interpretar dados; reconhecer os códigos de linguagem artística e suas relações com
o contexto histórico; produzir textos orais e escritos para diferentes contextos e interlocutores.
Os conteúdos curriculares em Língua Portuguesa poderão ser alvo de projetos específicos
e/ ou interdisciplinares – integrados com outras disciplinas – bem como o professor juntamente
com os alunos , munidos de criatividade, curiosidade e de uma atitude pesquisadora, poderão
elaborar um projeto utilizando os Temas Transversais – Ética, Saúde, Pluralidade Cultural,
Orientação Sexual e Meio Ambiente – a fim de repensar valores e concepções, desenvolver a
criticidade e a capacidade de participação na sociedade.
O ensino da Língua Portuguesa deverá garantir um espaço em sala de aula no qual o
aluno tenha oportunidade de opinar, defender seus pontos de vista, aprendendo a respeitar as
opiniões diferentes, formar “cabeças pensantes” por meio de estratégias de ensino variadas:
dramatização, leitura dramática de um trecho de peça teatral, entrevista, elaboração de diferentes
textos, debate, júri popular, representação de programas de televisão, filmagem de teatro dos
alunos, elaboração de livro de poesias, histórias, quadrinhos e outros gêneros textuais, utilização
de vídeos (documentários, filmes, desenhos animados e outros) e músicas (todos os gêneros).
Leia o texto complementar disponível no ambiente de estudo.
63
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
AULA 13 • PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS CONCEPÇÃO DE AVALIAÇÃO NOS PCNS
Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática e de Ciências
Naturais
Leia o texto complementar disponível no ambiente de estudo: “Sirenes ou músicas” de
Rubem Alves.
Continuando o nosso estudo sobre os Parâmetros Curriculares Nacionais, conversaremos
sobre a concepção de Avaliação focalizada nos P.C.Ns e apresentaremos os fundamentos dos
P.C.Ns de Matemática e de Ciências Naturais.
Conforme o documento dos Parâmetros Curriculares Nacionais (2000) “a concepção de
avaliação dos Parâmetros Curriculares Nacionais vai além da visão tradicional, que focaliza o
controle externo do aluno mediante notas ou conceitos, para ser compreendida como parte
integrante e intrínseca ao processo educacional.”
A avaliação, ao não se restringir ao julgamento sobre sucessos ou fracassos do aluno, é
compreendida como um conjunto de atuações que tem a função de alimentar, sustentar e orientar
a intervenção pedagógica. Acontece contínua e sistematicamente por meio da interpretação
qualitativa do conhecimento construído pelo aluno. Possibilita conhecer o quanto ele se aproxima
ou não da expectativa de aprendizagem que o professor tem em determinados momentos da
escolaridade, em função da intervenção pedagógica realizada. Portanto, a avaliação das
aprendizagens só pode acontecer se forem relacionadas com as oportunidades oferecidas, isto é,
analisando a adequação das situações didáticas propostas aos conhecimentos prévios dos alunos
e aos desafios que estão em condições de enfrentar.
A avaliação subsidia o professor com elementos para uma reflexão contínua sobre a sua
prática, sobre a criação de novos instrumentos de trabalho e a retomada de aspectos que devem
ser revistos, ajustados ou reconhecidos como adequados para o processo de aprendizagem
individual ou de todo o grupo. Para o aluno, é o instrumento de tomada de consciência de suas
conquistas, dificuldades e possibilidades para reorganização de seu investimento na tarefa de
aprender. Para a escola, possibilita definir prioridades e localizar quais aspectos das ações
educacionais demandam maior apoio.
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
Tomar a avaliação nessa perspectiva e em todas essas dimensões requer que esta ocorra
sistematicamente durante todo o processo de ensino e aprendizagem, e não somente após o
fechamento de etapas do trabalho, como é habitual. Isso possibilita ajustes constantes, num
mecanismo de regulação do processo de ensino e aprendizagem, que contribui efetivamente para
que a tarefa educativa tenha sucesso.
O acompanhamento e a reorganização do processo de ensino e aprendizagem na escola
inclui, necessariamente, uma avaliação inicial, para o planejamento do professor, e uma avaliação
ao final de uma etapa de trabalho.
Concluindo, a concepção de Avaliação está comprometida com os princípios de qualidade
do ensino, de dinamismo, de construção do conhecimento, da dimensão democrática, de
desenvolvimento da autonomia do aluno, pois é um elemento integrador entre a aprendizagem e o
ensino. A avaliação serve como instrumento de ajuste e como orientação da intervenção
pedagógica do professor; é um elemento de reflexão contínua da prática educativa e possibilita ao
aluno tomar consciência de seus avanços, de suas dificuldades e de suas possibilidades de
aprendizagem.
A avaliação, sendo processual, é contínua, acontece em múltiplos momentos do processo
educativo, assim como também não é restrita a certos instrumentos, como provas dissertativas e/
ou descritivas, argüições (chamadas) orais e testes.
Existe uma vasta literatura especializada em instrumentos avaliativos que sugerem desde
a elaboração de uma prova objetiva até uma pesquisa interdisciplinar.
Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática
Os objetivos Gerais do ensino da Matemática no ensino fundamental conforme os
Parâmetros Curriculares Nacionais (2000) referemse ao desenvolvimento de competências no
aluno:
• identificar os conhecimentos matemáticos como meios para compreender e transformar o
mundo à sua volta e perceber o caráter de jogo intelectual, característico da Matemática,
como aspecto que estimula o interesse, a curiosidade, o espírito de investigação e o
desenvolvimento da capacidade para resolver problemas;
• fazer observações sistemáticas de aspectos quantitativos e qualitativos do ponto de vista
do conhecimento e estabelecer o maior número possível de relações entre eles,
65
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
utilizando para isso o conhecimento matemático (aritmético, geométrico, métrico,
algébrico, estatístico, combinatório, probabilístico); selecionar, organizar e produzir
informações relevantes, para interpretálas e avaliálas criticamente;
• resolver situaçõesproblemas, sabendo validar estratégias e resultados, desenvolvendo
formas de raciocínio e processos, como dedução, intuição , analogia, estimativa, e
utilizando conceitos e procedimentos matemáticos, bem como instrumentos tecnológicos
disponíveis;
• comunicarse matematicamente, ou seja, descrever, representar e apresentar resultados
com precisão e argumentar sobre suas conjecturas, fazendo uso da linguagem oral e
estabelecendo relações entre ela e diferentes representações matemáticas;
• estabelecer conexões entre temas matemáticos de diferentes campos e entre esses
temas e conhecimentos de outras áreas curriculares;
• sentirse seguro da própria capacidade de construir conhecimentos matemáticos,
desenvolvendo a autoestima e a perseverança na busca de soluções;interagir com seus
pares de forma cooperativa, trabalhando coletivamente na busca de soluções para
problemas propostos, identificando aspectos consensuais ou não na discussão de um
assunto, respeitando o modo de pensar dos colegas e aprendendo com eles.
No Ensino Médio, a área do conhecimento do novo currículo relacionado à Matemática
denominase Ciências da Natureza, Matemática e suas tecnologias.
Uma das competências a ser desenvolvidas junto aos alunos é a de construir e aplicar
conceitos das várias áreas do conhecimento para a compreensão de fenômenos naturais, da
produção tecnológica. Algumas habilidades envolvem a de articular saberes, dominar elementos
gráficos e geométricos e de interpretar dados.
O ensino da Matemática deverá explorar as capacidades de intuição e de dedução dos
alunos, portanto o professor caracterizase por uma postura de:
• mediador = promovendo debates e valorizando soluções diferenciadas;
• facilitador = fornecendo informações aos alunos quando necessário;
• incentivador = estimulando a cooperação entre os alunos;
• avaliador = observando se os objetivos estão sendo alcançados;
• organizador = conhecendo os alunos para elaborar atividades que atinjam os objetivos.
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
O professor poderá apresentar inúmeros desafios aos alunos, tornando os conteúdos mais
atraentes e estimulantes, utilizando estratégias de ensino diversificadas, como:
• exercícios com folhetos de lançamento de imóveis;
• atividades com gráficos, tabelas e dados estatísticos apresentados em jornais e revistas;
• utilizar jogos de estratégia, tais como xadrez, Banco Imobiliário, trilha, ludo, War e outros;
• elaborar exercícios com porcentagem, lucro, prejuízo e outros conceitos, utilizando
panfletos de supermercados e de lojas diversas;
• construção de sólidos geométricos...
Parâmetros Curriculares Nacionais de Ciências Naturais
Os objetivos Gerais do ensino de Ciências Naturais, conforme os Parâmetros Curriculares
Nacionais (2000), deverão ser organizados para que os alunos tenham as seguintes capacidades
ao final do ensino fundamental:
• compreender a natureza como um todo dinâmico, sendo o ser humano parte integrante e
agente de transformações do mundo em que vive;
• identificar relações entre conhecimento científico, produção de tecnologia e condições de
vida, no mundo de hoje e em sua evolução histórica;
• formular questões, diagnosticar e propor soluções para problemas reais a partir de
elementos das Ciências Naturais, colocando em prática conceitos, procedimentos e
atitudes desenvolvidos no aprendizado escolar;
• saber utilizar conceitos científicos básicos, associados a energia, matéria, transformação,
espaço, tempo, sistema, equilíbrio e vida;
• saber combinar leituras, observações, experimentações, registros, etc., para coleta,
organização, comunicação e discussão de fatos e informações;
• valorizar o trabalho em grupo, sendo capaz de ação crítica e cooperativa para a
construção coletiva do conhecimento;
• compreender a saúde como bem individual e comum que deve ser promovido pela ação
coletiva;
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
• compreender a tecnologia como meio para suprir necessidades humanas, distinguindo
usos corretos e necessários daqueles prejudiciais ao equilíbrio da natureza e ao homem.
No Ensino Médio, a área do conhecimento do novo currículo relacionada às Ciências
Naturais intitulase Ciências da Natureza, Matemática e suas tecnologias, que desenvolve uma
série de habilidades, tais como tomar decisões a partir da análise de dados, identificar padrões
comuns nos processos que garantem a evolução dos seres vivos, dentre outros.
O ensino de Ciências Naturais na prática amplia as oportunidades de participação social e
de capacitação ao exercício da cidadania.
Algumas estratégias e recursos de ensino que podem ser utilizados para fomentar a
curiosidade e a construção do conhecimento pelos alunos: construção tridimensional de células e
do sistema solar, fabricação de fósseis, estudo de tabelas nutricionais nos rótulos de alimentos
comercializados, fabricação de produtos reciclados, utilização do laboratório da escola para aulas
práticas, utilização de filmes e documentários, passeios a espaços específicos (Estação Ciências,
Parques públicos, Zoológico, Museus, Institutos, Hospitais, Postos de Saúde, Estação de
tratamento de águas, Parques ecológicos, trilhas ecológicas e outros locais.
Leia o texto complementar disponível no ambiente de estudo.
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
AULA 14 • PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS NOS PCNS
Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática e de Ciências
Naturais
Acesse em Textos Complementares, de Rubem Alves, o texto “O vírus da gripe literária”.
Hoje conheceremos as Orientações Didáticas expressas nos Parâmetros Curriculares
Nacionais ao trabalho docente a fim de privilegiar a qualidade do ensino e a construção do
conhecimento das diferentes áreas curriculares pelos alunos.
Até o momento, apesar de você não estar intimamente relacionado a algumas das áreas
curriculares apresentadas, é de extrema importância este contato para visitar e ter uma visão
geral do que é desenvolvido e esperado nestas áreas, pois o conhecimento não tem limites e a
postura interdisciplinar do professor também demanda informação interdisciplinar e uma formação
plural, ampla e marcada pela diversidade.
Portanto, finalizamos nesta aula a nossa exploração das áreas de conhecimento dos
Parâmetros Curriculares Nacionais. Comecemos primeiramente com a apresentação das
orientações didáticas para todas as áreas do conhecimento.
Conforme o documento dos Parâmetros Curriculares Nacionais (2000), “a conquista dos
objetivos propostos pelo ensino fundamental depende de uma prática educativa que tenha como
eixo a formação de um cidadão autônomo e participativo. Nesta medida, os Parâmetros
Curriculares Nacionais incluem orientações didáticas que são subsídios à reflexão sobre como
ensinar.
“Nesta visão os alunos constroem significados a partir de múltiplas e complexas
interações. Cada aluno é sujeito de seu processo de aprendizagem, enquanto o professor é o
mediador na interação dos alunos com os objetos de conhecimento; o processo de aprendizagem
compreende também a interação dos alunos entre si, essencial à socialização. Assim, as
orientações didáticas apresentadas enfocam fundamentalmente a intervenção do professor na
criação de situações de aprendizagem coerentes com essa concepção.
“Para cada tema e área de conhecimento corresponde um conjunto de orientações
didáticas de caráter mais abrangente que indicam como a concepção de ensino proposta se
estabelece no tratamento da área.
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
“No entanto, há determinadas considerações a fazer a respeito do trabalho em sala de
aula, que extravasam as fronteiras de um tema ou área de conhecimento. Estas considerações
evidenciam que o ensino não pode estar limitado ao estabelecimento de um padrão de
intervenção homogêneo e idêntico para todos os alunos.
“A prática educativa é bastante complexa, pois o contexto de sala de aula traz questões de
ordem afetiva, emocional, cognitiva, física e de relação pessoal. A dinâmica dos acontecimentos
em uma sala de aula é tal que mesmo uma aula planejada, detalhada e consistente dificilmente
ocorre conforme o imaginado: olhares, tons de voz, manifestações de afeto ou desafeto e diversas
outras variáveis interferem diretamente na dinâmica prevista.”
Alguns tópicos são relevantes em nosso estudo sobre Orientações Didáticas e devem ser
considerados no trabalho do professor:
1) Autonomia: é um princípio didático geral apresentado nos Parâmetros Curriculares
Nacionais que considera a atuação do aluno na construção de seus conhecimentos,
valorizando suas experiências, saberes e a interação professoraluno e alunoaluno.
2) Diversidade: é o princípio que considera relevante a necessidade da adequação dos
objetivos, conteúdos e critérios de avaliação para atender a diversidade existente em
nosso país, respeitando as diferenças e a autoestima dos sujeitos do processo
educativo.
3) Interação e cooperação: é o princípio que focaliza como fundamentais as situações em
que os alunos possam aprender a dialogar, a ouvir o outro e auxiliálo, a pedir ajuda,
aproveitar críticas, explicar pontos de vista diferentes do seu ponto de vista, coordenar
ações para alcançar o sucesso em uma tarefa conjunta, etc., valorizando, portanto, o
convívio escolar e social.
4) Disponibilidade para a aprendizagem: é necessário que o aluno tenha um
envolvimento na aprendizagem, o empenho em estabelecer relações entre o que já
sabe e o que está aprendendo, em utilizar instrumentos adequados que conhece e
dispõe para alcançar melhor compreensão.
A aprendizagem deve ser significativa, exigindo ousadia em colocar problemas, desafios,
buscar soluções e experimentar novos caminhos.
5) Organização do tempo: o tempo é uma variável que interfere na construção da
autonomia, portanto, cabe ao professor criar situações nas quais o aluno possa
progressivamente controlar a realização de suas atividades; por meio de acertos e erros
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
o aluno fica ciente de suas possibilidades e construirá mecanismos de autoregulação
que possibilitam decidir como alocar o seu tempo.
6) Organização do espaço: para realizar um trabalho competente, fazse necessário que
o mobiliário da sala de aula e de outros espaços escolares favoreçam os princípios de
autonomia, diálogo, cooperação e coletividade, pois o espaço escolar é também objeto
de aprendizagem e de respeito, podendo ainda o professor fazer uso de outros espaços
não escolares, tais como: visitas monitoradas a museus, parques, instituições diversas,
bibliotecas públicas, teatro, cinema, visitação a fábricas e outros locais conforme os
conteúdos a ser tratados.
7) Seleção de material: consideramos que todo material é fonte de informação, porém
nenhum deles deve ser utilizado com exclusividade. A diversidade de material é
fundamental para que os conteúdos recebam um tratamento amplo e eficiente. O livro
didático é um material de forte influência na prática de ensino em nosso país. É preciso
que os professores estejam atentos à qualidade, à coerência e a eventuais restrições
que apresentem em relação aos objetivos educacionais propostos. Além disso, é
importante considerar que o livro didático não deve ser o único material a ser utilizado, a
única fonte de conhecimento tanto do aluno quanto do professor, pois a variedade de
fontes de informação é que contribuirá para o aluno ter uma visão ampla do
conhecimento.
Agora vamos saber quais são os objetivos gerais da área de História, Geografia, Arte e
Educação Física no ensino fundamental.
Objetivos Gerais de História
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (2000), “os alunos deverão ser capazes
de:
• identificar o próprio grupo de convívio e as relações que estabelecem com outros tempos
e espaços;
• organizar alguns repertórios históricoculturais que lhes permitam localizar
acontecimentos numa multiplicidade de tempo, de modo a formular explicações para
algumas questões do presente e do passado;
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
• conhecer e respeitar o modo de vida de diferentes grupos sociais, em diversos tempos e
espaços, em suas manifestações culturais, econômicas, políticas e sociais,
reconhecendo semelhanças e diferenças entre eles;
• reconhecer mudanças e permanências nas vivências humanas, presentes na sua
realidade e em outras comunidades, próximas ou distantes, e no espaço;
• questionar sua realidade, identificando alguns de seus problemas e refletindo sobre
algumas de suas possíveis soluções, reconhecendo formas de atuação política
institucionais e organizações coletivas da sociedade civil;
• utilizar métodos de pesquisa e de produção de textos de conteúdo histórico, aprendendo
a ler diferentes registros escritos, iconográficos, sonoros;
• valorizar o patrimônio sociocultural e respeitar a diversidade, reconhecendoa como um
direito dos povos e indivíduos e como um elemento de fortalecimento da democracia.”
Objetivos Gerais de Geografia
Os alunos deverão construir ao longo do ensino fundamental um conjunto de
conhecimentos referentes a conceitos, procedimentos e atitudes relativos à Geografia, permitindo
que sejam, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (2000), capazes de:
• conhecer a organização do espaço geográfico e o funcionamento da natureza em suas
múltiplas relações, de modo a compreender o papel das sociedades em sua construção
e na produção do território, da paisagem e do lugar;
• identificar e avaliar as ações dos homens em sociedade e suas conseqüências em
diferentes espaços e tempos, de modo a construir referenciais que possibilitem uma
participação propositiva e reativa nas questões socioambientais locais;
• compreender espacialidade e temporalidade dos fenômenos geográficos estudados em
suas dinâmicas e interações;
• compreender que as melhorias nas condições de vida, os direitos políticos, os avanços
tecnológicos e técnicos e as transformações socioculturais são conquistas decorrentes
de conflitos e acordos, que ainda não são usufruídas por todos os seres humanos e,
dentro de suas possibilidades, empenharse em democratizálas;
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
• conhecer e saber utilizar procedimentos de pesquisa da Geografia para compreender o
espaço, a paisagem, o território e o lugar, seus processos de construção, identificando
suas relações, problemas e contradições;
• fazer leituras de imagens, de dados e de documentos de diferentes fontes de informação,
de modo a interpretar sobre o espaço geográfico e as diferentes paisagens;
• saber utilizar a linguagem cartográfica para obter informações e representar a
espacialidade dos fenômenos geográficos;
• valorizar o patrimônio sociocultural e respeitar a sociodiversidade, reconhecendoa como
um direito dos povos e indivíduos e um elemento de fortalecimento da democracia.
Objetivos Gerais da Arte
Ao final do ensino fundamental os alunos deverão ser capazes de, conforme os
Parâmetros Curriculares Nacionais (2000):
• expressar e saber comunicarse em artes mantendo uma atitude de busca pessoal e/ ou
coletiva, articulando a percepção, a imaginação, a emoção, a sensibilidade e a reflexão
ao realizar e fruir produções artísticas;
• interagir com materiais, instrumentos e procedimentos variados em artes (Artes Visuais,
Dança, Música, Teatro), experimentandoos e conhecendoos de modo a utilizálos nos
trabalhos pessoais;
• edificar uma relação de autoconfiança com a produção artística pessoal e conhecimento
estético, respeitando a própria produção e a dos colegas, no percurso de criação que
abriga uma multiplicidade de procedimentos e soluções;
• compreender e saber identificar a arte como fato histórico contextualizado nas diversas
culturas, conhecendo, respeitando e podendo observar as produções presentes no
entorno, assim como as demais do patrimônio cultural e do universo natural,
identificando a existência de diferenças nos padrões artísticos e estéticos;
• observar as relações entre o homem e a realidade com interesse e curiosidade,
exercitando a discussão, indagando, argumentando e apreciando arte de modo sensível;
• compreender e saber identificar aspectos da função e dos resultados do trabalho do
artista, em sua própria experiência de aprendiz, aspectos do processo percorrido pelo
artista;
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
• buscar e saber organizar informações sobre a arte em contato com artistas, documentos,
acervos nos espaços da escola e fora dela (livros, revistas, jornais, cds, ilustrações,
vídeos, cartazes e outros) e acervos públicos (museus, galerias, centros de cultura,
videotecas, fonotecas, cinematecas e outros), reconhecendo e compreendendo a
variedade dos produtos artísticos e concepções estéticas presentes na história das
diferentes culturas e etnias.
Objetivos Gerais da Educação Física
Esperase ao final do ensino fundamental que o aluno desenvolva as seguintes
competências, conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais (2000):
• participar de atividades corporais, estabelecendo relações equilibradas e construtivas
com os outros, reconhecendo e respeitando características físicas e de desempenho de
si próprio e dos outros, sem discriminar por características pessoais, físicas, sexuais ou
sociais;
• adotar atitudes de respeito mútuo, dignidade e solidariedade em situações lúdicas e
esportivas, repudiando qualquer espécie de violência;
• conhecer, valorizar, respeitar e desfrutar da pluralidade de manifestações de cultura do
Brasil e do mundo, percebendoas como recurso valioso para a integração entre as
pessoas e entre diferentes grupos sociais;
• reconhecerse como elemento integrante do ambiente, adotando hábitos saudáveis de
higiene, alimentação e atividades corporais, relacionandoos com os efeitos sobre a
própria saúde e de recuperação, manutenção e melhoria de saúde coletiva;
• solucionar problemas de ordem corporal em diferentes contextos, regulando e dosando o
esforço em um nível compatível com as possibilidades, considerando que o
aperfeiçoamento e o desenvolvimento das competências corporais decorrem de
perseverança e regularidade e devem ocorrer de modo saudável e equilibrado;
• reconhecer condições de trabalho que comprometam os processos de crescimento e
desenvolvimento, não as aceitando para si nem para os outros, reivindicando condições
de vida dignas;
• conhecer a diversidade de padrões de saúde e estética corporal que existem nos
diferentes grupos sociais, compreendendo sua inserção dentro da cultura em que são
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
produzidos, analisando criticamente os padrões divulgados pela mídia e evitando o
consumismo e o preconceito;
• conhecer, organizar e interferir no espaço de forma autônoma, bem como reivindicar
locais adequados para promover atividades corporais de lazer, reconhecendoas como
uma necessidade básica do ser humano e um direito do cidadão.”
Como você deve ter percebido, ensinar por competências significa que o mundo mudou e
que as aulas devem atender a essas demandas, portanto cabe aos educadores e gestores
escolares garantir esta exigência proporcionando aos estudantes uma infraestrutura adequada ao
sucesso da aprendizagem (laboratório de Informática Educativa, de Ciências, biblioteca, sala de
Arte, quadra poliesportiva e outros espaços necessários), o tratamento didático mais flexível,
articulado, contextualizado e interdisciplinar dos conteúdos curriculares e dos saberes destes
estudantes, mobilizando práticas de inclusão, de participação, de autonomia e de respeito à
diversidade.
Os projetos didáticos assumem atualmente uma dimensão interdisciplinar, ultrapassando
velhas barreiras edificadas pelo currículo padronizado e compartimentalizado, abrindo, portanto,
novas janelas ao conhecimento e dando espaço a novos olhares e a novas práticas pedagógicas
mais humanas, mais reais, mais qualificadas e mais cidadãs.
Leia o texto complementar disponível no ambiente de estudo.
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
AULA 15 • PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS NOS PCNS
Temas Transversais e Transversalidade
Acesse o texto complementar no ambiente de estudo, de Rubem Alves, “Sobre ciência e
sapiência”.
A inclusão de Temas Transversais no currículo escolar do nosso país a partir da Lei
9.394/96, apresentados nos Parâmetros Curriculares Nacionais, oferece aos alunos a
oportunidade de se apropriar destes como instrumentos para refletir sobre a própria vida e seu
convívio social, portanto os Temas Transversais representam um paradigma contemporâneo,
ousado e contextualizado no tratamento mais amplo e interdisciplinar dos conteúdos curriculares.
Os critérios adotados para a escolha e eleição dos Temas Transversais a ser
desenvolvidos nas escolas são:
• possibilidade de ensino e de aprendizagem no ensino fundamental;
• urgência social;
• abrangência social;
• favorecimento da compreensão da realidade e a participação social.
Segundo o documento Parâmetros Curriculares Nacionais (2000), os objetivos dos Temas
Transversais contemplam que “ao lado do conhecimento de fato e situações marcantes da
realidade brasileira, de informações e práticas que lhes possibilitem participar ativa e
construtivamente dessa sociedade, os objetivos do ensino fundamental apontam a necessidade
de que se tornem capazes de eleger critérios de ação pautados na justiça, detectando e rejeitando
a injustiça quando ela se fizer presente, assim como criar formas nãoviolentas de atuação nas
diferentes situações da vida. Tomando essa idéia central como meta, cada um dos temas traz
objetivos específicos que os norteiam.”
Apresentando os Temas Transversais
Leia o textos complementar sobre as orientações didáticas referentes aos Temas
Transversais e uma síntese de cada Tema Transversal:
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
• Ética
• Saúde
• Meio Ambiente
• Pluralidade Cultural
• Orientação Sexual
• Trabalho e Consumo
Na prática pedagógica de nossas escolas de Educação Básica existem inúmeros projetos
e ações relacionados ao desenvolvimento de Temas Transversais, configurando um trabalho
curricular articulado, contextualizado e significativo à realidade dos alunos.
Um trabalho pautado na reflexão, no repensar concepções e práticas, de conhecer e
reconhecer a diversidade sóciocultural de nossa população, bem como discutir e agir sobre as
questões ambientais, éticas, políticas, de saúde, de qualidade de vida, ou seja, exercer a
cidadania em sua plenitude com seus direitos e deveres.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais – Temas Transversais – (2000), “por
tratarem de questões sociais, os Temas Transversais têm natureza diferente das áreas
convencionais. Sua complexidade faz com que nenhuma das áreas, isoladamente, seja suficiente
para abordálos. Ao contrário, a problemática dos Temas Transversais atravessa os diferentes
campos do conhecimento. Por exemplo, a questão ambiental não é compreensível apenas a partir
das contribuições da Geografia. Necessita de conhecimentos históricos, das Ciências Naturais, da
Sociologia, da Demografia, da Economia, entre outros. Por outro lado, nas várias áreas do
currículo escolar existem, implícita ou explicitamente, ensinamentos a respeito dos Temas
Transversais, isto é, todas educam em relação a questões sociais por meio de suas concepções e
dos valores que veiculam. No mesmo exemplo, ainda que a programação desenvolvida não se
refira diretamente à questão ambiental e a escola tenha um trabalho nesse sentido, Geografia,
História e Ciências Naturais sempre veiculam alguma concepção de ambiente e, nesse sentido,
efetivam uma certa educação ambiental.
“Considerando esses fatos, experiências pedagógicas brasileiras e internacionais de
trabalho com educação ambiental, orientação sexual e saúde têm apontado a necessidade de que
tais questões sejam trabalhadas de forma contínua e integrada, uma vez que seu estudo remete à
necessidade de se recorrer a conjuntos de conhecimentos relativos a diferentes áreas do saber.
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
“Diante disso optouse por integrálas no currículo por meio do que se chama de
transversalidade: pretendese que esses temas integrem as áreas convencionais de forma a
estar presentes em todas elas, relacionandoas às questões da atualidade.
“As áreas convencionais devem acolher as questões dos Temas Transversais de forma
que seus conteúdos as explicitem e seus objetivos sejam contemplados. Por exemplo, na área de
Ciências Naturais, ao ensinar sobre o corpo humano, incluemse os principais órgãos e funções
do aparelho reprodutor masculino e feminino, relacionando seu amadurecimento às mudanças no
corpo e no comportamento de meninos e meninas durante a puberdade e respeitando as
diferenças individuais.
“Dessa forma, o estudo do corpo humano não se restringe à dimensão biológica, mas
coloca esse conhecimento a serviço da compreensão da diferença de gênero (conteúdo de
Orientação Sexual) e do respeito à diferença (conteúdo de Ética).”
As Orientações Didáticas apresentadas nos Parâmetros Curriculares Nacionais para os
Temas Transversais contemplam princípios de participação dos alunos em todas as discussões e
atividades propostas, ampliando o convívio escolar a fim de tornar a escola como um espaço
legítimo de atuação pública dos alunos.
Ainda conforme os P.C.Ns (2000), “a organização dos conteúdos em torno de projetos,
como forma de desenvolver atividades de ensino e de aprendizagem, favorece a compreensão da
multiplicidade de aspectos que compõem a realidade, uma vez que permite a articulação de
contribuições de diversos campos de conhecimento. Esse tipo de organização permite que se dê
relevância às questões dos Temas Transversais , pois os projetos podem se desenvolver em
torno deles e ser direcionados para metas objetivas ou para a produção de algo específico (como
um jornal, por exemplo).
“Professor e alunos compartilham os objetivos do trabalho e os conteúdos são organizados
em torno de uma ou mais questões. Uma vez definido o aspecto específico de um tema, os alunos
têm a possibilidade de aplicar os conhecimentos que já possuem sobre o assunto; buscar novas
informações e utilizar os conhecimentos e os recursos oferecidos pelas diversas áreas para dar
um sentido amplo à questão
“Para isso, é importante que o professor planeje uma série de atividades organizadas e
direcionadas para a meta preestabelecida, de forma que, ao realizálas, os alunos tomem,
coletivamente, decisões sobre o desenvolvimento do trabalho (no caso de um jornal, por exemplo,
os assuntos que deverá conter, como se organizarão para produzir as matérias, o que cada
matéria deverá abordar, etc.), assim como conheçam e discutam a produção uns dos outros.
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
Ao final do projeto, seu resultado pode ser exposto na forma de alguma atividade de
atuação no meio, isto é, de uso no âmbito coletivo daquilo que foi produzido (seja no interior da
classe, no âmbito da escola ou fora dela). Assim, os alunos sabem claramente o quê e por quê
estão fazendo, aprendem também a formular questões e a transformar os conhecimentos em
instrumento de ação. Para conduzir esse processo é necessário que o professor tenha clareza
dos objetivos que quer alcançar e formule claramente as etapas do trabalho.
“A organização das etapas do projeto deverá ser previamente planejada de forma a
comportar as atividades que se pretende realizar dentro do tempo e do espaço que se dispõe.
Além disso, devem ser incluídas no planejamento saídas da escola para trabalho prático, para
contato com instituições e organizações. Devese ter em conta que essa forma de organização
dos conteúdos não representa um aumento de carga horária ou uma atividade extra.”
Leia o texto complementar disponível no ambiente de estudo.
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
AULA 16 • AVALIAÇÃO NA PRÁTICA PEDAGÓGICA
Examinar X Avaliar
Leia o texto complementar no ambiente de estudo sobre a charge do Francesco Tonucci.
Nesta aula, vamos avaliar a avaliação!
A AVALIAÇÃO na história da educação recebeu inúmeros adjetivos, por vezes
considerada uma ”Lenda urbana escolar”, a”madrasta”ou a”bruxa má”dos contos de fadas,
penalizando os menos capazes, reprovando os desprovidos de competência intelectual, excluindo
aqueles que não se enquadraram no sistema escolar e, por fim, classificando os indivíduos ao
exercício de funções na sociedade.
Desta maneira, a avaliação tornouse um elemento poderoso na prática pedagógica,”um
divisor de águas”, um “bichodesetecabeças”, um juiz pronto para decretar o destino do indivíduo
na escola.
“Avaliar para aprovar ou reprovar” revela o lado cruel, excludente, desumano e arbitrário
desta prática pedagógica que serviu muito bem aos interesses políticoeconômicos de muitos
governos, tanto nacionais como internacionais, em diversas épocas.
Atualmente, o paradoxo entre avaliar ou examinar ainda encontrase nas discussões
acadêmicas no campo educacional e na outra ponta, ou seja, no entendimento e na prática
ambíguos que fazem parte do cotidiano escolar. Entendimento e prática que conservam a cultura
do examinar, do classificar e do reprovar.
Em suas pesquisas sobre a cultura da avaliação em nosso país, a educadora Jussara
Hoffmann advoga que na concepção tradicional de avaliação a grande preocupação reside nos
seguintes aspectos:
• imposição de um ritmo de aprendizagem homogêneo aos alunos;
• controle para que todos façam as atividades escolares ao mesmo tempo;
• que todos cheguem às mesmas respostas;
• centralizar esforços e comentários para cumprir prazos determinados;
• o professor faz o confronto entre os objetivos pretendidos e os alcançados pelos alunos;
• a avaliação concentrase em considerações atitudinais – comportamentais.
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
Podemos concluir, primeiramente, com estas afirmações que a concepção tradicional de
AVALIAÇÃO contempla as seguintes características:
• é ritualista: a avaliação é marcada em tempos determinados, cumprindo com exigências
legais e documentais, a escola “pára”na semana de provas; um ritual que deve ser
cumprido por todos na escola;
• é homogênea: a avaliação é igual para todos, pois todos os alunos aprenderam de forma
igual os mesmos conteúdos, portanto, os “diferentes”devem ser excluídos;
• é controladora: a avaliação impõe disciplina, regras, sanções, portanto, os
questionamentos são evitados, a passividade e a obediências são premiadas e
reforçadas no cotidiano;
• é quantitativa: quanto mais o aluno se esforçar para aprender – utilizando a memorização
e a repetição, mais competente será julgado; aquele que tem dificuldade ou ritmo de
aprendizagem diferente, fatalmente será excluído ou simplesmente colocado de lado do
processo educativo.
Vamos agora fazer a leitura de um artigo do educador Cipriano Luckesi, que aprofundará
os nossos estudos sobre esta temática: “A escola avalia ou examina?”
Após a leitura do artigo do educador baiano Cipriano Luckesi, vamos nos preparar para
assistir um documentário da TV Escola sobre Avaliação e Aprendizagem.
Depois de assistir ao documentário, concluímos esta aula com um estudo comparativo
entre o examinar e o avaliar na prática pedagógica:
EXAMINAR AVALIAR
Concepção tradicional de AVALIAÇÃO Valoriza o desempenho final do aluno
Concepção moderna de AVALIAÇÃO Valoriza o desempenho processual do aluno (desempenhos provisórios)
Pontual (vale o aqui e o agora ,o momento da prova ), utiliza instrumentos homogêneos de avaliação (a mesma prova para todos os alunos, independente das diferenças entre os mesmos)
Nãopontual (acontece em diferentes e diversos momentos do processo educativo), utiliza diferentes instrumentos avaliativos, contemplando as diferenças
Classificatório (aprovados X reprovados; melhores X piores)
Mediadora (analisa as dificuldades, os avanços e as possibilidades), professor analisa e discute com o aluno o seu desempenho no processo de aprendizagem
Seletiva e excludente (o melhor aluno enquadrase no sistema escolar, aquele que não é capaz será colocado de lado até a sua evasão)
Inclusiva (a competência e o ritmo de aprendizagem de todos os alunos são respeitados e analisados dentro de contextos de aprendizagem)
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
Leia o texto complementar disponível no ambiente de estudo.
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
AULA 17 • AVALIAÇÃO NA PRÁTICA PEDAGÓGICA
Avaliação: novas perspectivas e práticas
Acesse o texto complementar no ambiente de aula, do Rubem Alves, o texto “sem notas e
sem freqüência”.
Nesta aula continuaremos o nosso estudo sobre a avaliação na prática pedagógica,
enfocando as perspectivas, as novas concepções defendidas pelos educadores atuais.
A avaliação do processo de ensino e de aprendizagem continua sendo um assunto
polêmico nas escolas e em outras instituições educacionais, alvo também de críticas severas por
especialistas na área educacional e da população em geral (quando é informada pelos meios de
comunicação de que os índices de aprovação de nossos alunos em Língua Portuguesa e
Matemática são absurdamente baixos, medíocres em relação a outros países!).
Um dos principais motivos dessa polêmica é a persistência histórica das estratégias de
avaliação tradicionais (como vimos no texto do educador Cipriano Luckesi – “Sobre a diferença
entre examinar e avaliar”, na aula 16), cultura esta que, com raras exceções, resiste em nossas
salas de aula, permanecendo semelhante às praticadas nos séculos passados.
O contexto atual, cultural e social, configurase num mundo permeado de recursos
informáticos com hipertexto e cultura visual, portanto exige um maior e variado número de fontes
de informação na escola (além do quadronegro, do giz e do livro didático): a Internet e outros
meios de comunicação tornamse fontes imprescindíveis na construção do conhecimento do aluno
(e do professor também!).
“A avaliação é poderosa e indispensável no esforço de levantamento das dificuldades
específicas de cada aluno.” (Menga Ludke, 2005).
“A avaliação é um processo natural, que nos permite ter consciência do que fazemos, da
qualidade do que fazemos e das conseqüências que acarretam nossas ações.” (Juan Manuel
Alvarez Méndez, 2005).
A avaliação no cotidiano escolar deve ser repensada pelas equipes docente e técnico
pedagógica, para que sejam identificados os seus reais propósitos, a eficiência de seus
instrumentos, e a qualidade dos resultados processuais e finais.
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
Explicitando e analisando possíveis equívocos e contradições nas práticas avaliativas, faz
se necessário rever as próprias posturas dos educadores, se as mesmas acenam para uma
mudança gradativa e definida a um novo paradigma de avaliação, ou que simplesmente
continuarão caminhando pelas mesmas trilhas já conhecidas da classificação, da repetição, da
exclusão e do insucesso.
Nesta visão nova de avaliação, a mesma tem de adequarse à natureza da aprendizagem,
considerando não somente as tarefas realizadas pelos alunos (o produto final), mas
principalmente o percurso deste caminho, o processo, as etapas da construção do conhecimento
pelos alunos, as suas dificuldades e os seus avanços.
“A avaliação, assim, tem também a função de orientar os procedimentos de ensino em sala
de aula. É através dela que o professor obtém informações básicas sobre quantos e quais alunos
estão conseguindo realizar as atividades, onde estão concentradas as dificuldades e de que
natureza são; e para pensar até que ponto essas dificuldades estão relacionadas com o que foi
proposto, com os materiais utilizados, com o tempo oferecido, ou com outras condições gerais do
funcionamento da escola. A partir daí as atividades podem ser reprogramadas, para atingir as
metas curriculares.
Geralmente, quando o aluno não está aprendendo, algo não vai bem com o modo de
ensinar, e quem precisa rever seu procedimento é o professor.
Na aprendizagem, o aluno sempre alcança progresso e deve prosseguir do ponto em que
parou. Admitir a idéia de começar tudo de novo, repetir o ano todo, é desconsiderar a natureza do
processo.
A prática da avaliação, como acompanhamento cotidiano da aprendizagem, ajuda a emitir
juízos de valor mais adequados sobre o aproveitamento escolar dos alunos.
Independentemente da forma pela qual a escola expressa esses juízos de valor – notas,
conceitos – e da freqüência com a qual é emitida (bimestral, semestral), essa informação tem um
caráter de síntese. Nesses momentos, fazse uma reflexão maior e mais cuidadosa sobre os
resultados atingidos.
É importante definir com clareza e antecedência os pontos de chegada desejados pelos
professores, bem como os critérios pelos quais o grupo vai julgar se os alunos estão ou não se
aproximando dessas metas. Embora tais critérios tenham uma dimensão subjetiva e dependam
dos valores do professor, é importante fazer um esforço para definilos. Isso torna as regras do
jogo mais explícitas, esclarecendo o que é esperado, tanto para o professor como para o aluno.
(Raízes e Asas, 1992).
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
Podemos encontrar alguns princípios legais referentes à prática da avaliação na L.D.B. (Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei 9.394/96, Título V, Capítulo II, Seção I, Art. 23,
parágrafo 2º, V) que expressam que “a verificação do rendimento escolar observará os seguintes
critérios:
a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos
aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre
os de eventuais provas finais;
b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar;
c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado;
d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito;
e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao período letivo,
para os casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições de
ensino em seus regimentos.”
Mediante novas concepções de aprendizagem, de ensino e de conhecimento, o processo
avaliativo não pode ficar imune aos desafios e à multiplicidade de situações com as quais os
educadores se vêem de frente, exigindo atitudes e ações mobilizadoras e comprometidas com os
objetivos educacionais, fundamentadas em parâmetros éticos, reflexivos, qualitativos e legítimos.
Neste ponto, invocamos algumas premissas defendidas pela educadora Jussara Hoffmann
(2003) que norteiam uma concepção de avaliação mediadora na prática pedagógica.
“O processo de avaliação é um grande compromisso que obriga o professor a olhar cada
aluno em suas particularidades. O professor precisa estar atento ao conteúdo que o aluno carrega
consigo. A partir daí devem ser provocadas situações para se ampliar o leque já existente. O
professor precisa apresentar situações que permitam ao aluno organizar esse conteúdo, bem
como consolidar seus conceitos e idéias.
Avaliar é essencialmente questionar. É observar e promover experiências educativas que
signifiquem provocações intelectuais significativas no sentido do desenvolvimento do aluno.
“As novas concepções de aprendizagem propõem fundamentalmente situações de busca
contínua de novos conhecimentos, questionamento e crítica sobre as idéias em discussão,
complementação através da leitura de diferentes portadores de texto, mobilização dos
conhecimentos em variadas situaçõesproblema, expressão diversificada do pensamento do
aprendiz. Nesse sentido, a visão do educador/ avaliador ultrapassa a concepção de alguém que
simplesmente ‘observa’ se o aluno acompanhou o processo e alcançou resultados esperados, na
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
direção de um educador que propõe ações diversificadas e investiga, justamente, o inesperado, o
inusitado. Alguém que provoca, questiona, confronta, exige novas e melhores soluções a cada
momento.
“O compromisso do avaliador passa a ser o de mobilizálo (aluno) a buscar sempre novos
conhecimentos, o de ajustar experiências educativas às necessidades e interesses percebidos ao
longo do processo, e de provocálo a refletir sobre as idéias em construção para que seja cada
vez mais autônomo em suas buscas.”
Agora, leia as opiniões de dois educadores, Domingos Fernandes e Pedro Demo, sobre os
novos caminhos para uma prática avaliativa mais real e próxima das expectativas das escolas,
dos educadores e dos educandos.
Para finalizar os nossos estudos em avaliação, longe de esgotar este assunto tão
encantador e desafiador em nossa prática docente, reiteramos que o essencial é que os
educadores e os alunos, juntos, reflitam sobre os erros e dificuldades, transformando os em
situações de aprendizagem.
Toda a reflexão sobre a avaliação poderá ser resumida em sua adequação às finalidades
da escola, na qual não deveriam existir mecanismos seletivos, nem classificatórios, nem
excludentes.
O principal objetivo da escola é o de proporcionar ao aluno a educação básica e de
qualidade a que todo cidadão tem direito. A avaliação deve ser um instrumento para subsidiar a
tomada de decisões relacionadas à continuidade do trabalho pedagógico, não para decidir quem
são os melhores e, portanto, quem deverá permanecer no processo e aqueles que deverão ser
excluídos da escola.
“Na ação de avaliar pensase o passado e o presente para poder construir o futuro. Nesta
concepção de educação, portanto, a avaliação é vivida como processo permanente de reflexão
cotidiana. É neste sentido que o ato de avaliar é processual. Acontece no processo permanente
de rever, refletir o passado para se reconstruir o futuro no presente. Aprender a avaliar é aprender
a modificar o planejamento. No processo de avaliação contínua o educador agiliza sua leitura de
realidade podendo assim criar encaminhamentos adequados para seu constante replanejar.
Observando, analisando e planejando seu cotidiano, o educador alicerça sua disciplina intelectual
para a apropriação de seu pensamento teórico. Armas de luta indissociáveis no diaadia, na
prática do ensinar.” (Madalena Freire, 1997)
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
Leia o texto complementar disponível no ambiente de estudo.
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
AULA 18 • A ORGANIZAÇÃO DA AULA
Estratégias e dicas para dominar as novas práticas pedagógicas
Nesta aula conversaremos sobre a Organização do espaço e do tempo de nossa prática
pedagógica, ou seja, apresentaremos algumas maneiras e dicas de organizar as atividades em
sala de aula, utilizando os princípios metodológicos que já detalhamos em aulas anteriores.
A formação profissional deve possibilitar ao educador, além da compreensão da natureza
de sua relação com os alunos, do estabelecimento do contrato didático ou pedagógico, também
leválo a desenvolver a sensibilidade e a capacidade de analisar a sua própria conduta, refletindo
sobre as conseqüências de sua conduta e as particularidades das relações interpessoais no
contexto escolar.
Esperase ainda que o professor tenha consciência dos valores e das concepções que
veicula em suas aulas, pois a reflexão e o domínio de conhecimentos das diversas áreas
curriculares são fundamentais à função educativa inerente à condição do educador. A maneira
como se trabalha essas questões na escola (ex.: ética, sexualidade, educação ambiental, saúde,
dentre outras) repercute consideravelmente na formação dos alunos, tanto na construção de sua
autoimagem quanto em sua forma de ver e de se posicionar no mundo.
Para que a formação do educador seja verdadeiramente transformadora da compreensão
dos fenômenos educativos, das suas atitudes e do seu compromisso com as aprendizagens dos
alunos, é essencial considerar os processos pelos quais o professor se apropria e constrói os
seus conhecimentos, as suas características pessoais e suas experiências de vida e profissionais.
“Pela natureza de sua atuação, o professor promove a articulação entre os objetivos
educativos, as circunstâncias contextuais e as possibilidades de aprendizagem de seus alunos. É
quando investiga, reflete, seleciona, planeja, organiza, integra, avalia, articula experiências, recria
e cria formas de intervenção didática junto aos seus alunos, para que eles avancem em suas
aprendizagens, que ele produz conhecimento pedagógico. Assim, a investigação que o professor
realiza se diferencia da pesquisa acadêmica pela sua natureza e intencionalidade: quando se
toma a prática, em toda a sua complexidade, como objeto para a reflexão, constituise um campo
de conhecimento que é específico do professor.”
A atitude investigativa dos professores é um mergulho no mundo complexo da prática
pedagógica, no qual ele se envolve afetiva e cognitivamente, questionando as próprias crenças,
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
propondo e experimentando alternativas. É um trabalho de levantar hipóteses, buscar dados para
compreender aspectos de situações singulares ou encaminhamentos generalizáveis em sala de
aula, como a constituição de boas situações de aprendizagens de alguns conteúdos específicos.
A importância dessas aprendizagens indica que o exercício de reflexão sobre a prática, isto
é, de tematizála em seus múltiplos aspectos, tomandoa como objeto de reflexão organizada e
compartilhada, deve ser sistemático desde o início do curso de formação inicial de professores e
ao longo de todo o processo de formação continuada.
A tematização da prática está diretamente vinculada à concepção de professor reflexivo,
que toma a sua atuação como objeto para a reflexão. Ser um professor que pensa e toma
decisões é ser um professor que desenvolve o “saber fazer” e a compreensão do “para que fazer”,
articulando a reflexão sobre “o quê”, “como”, “para quê” e “quem” vai aprender, de forma a garantir
a seus alunos o acesso a boas situações de aprendizagem. Para planejar intervenções didáticas
pertinentes e de qualidade, é preciso interpretar e analisar o contexto da realidade educativa.”
(Referenciais para Formação de Professores, 1999).
Pertinente ao questionamento, nos apropriamos dos estudos de Zabala (1998), ao
responder à pergunta “o que deve se aprender?” deveremos falar de conteúdos de natureza muito
variada: dados, habilidades, técnicas, atitudes, conceitos, etc. Das diferentes formas de classificar
esta diversidade de conteúdos, Coll (1986) propõe uma que tem uma grande potencialidade
explicativa dos fenômenos educativos, agrupando os conteúdos em conceituais, procedimentais
ou atitudinais.
Quando se explica de certa maneira, quando se exige um estudo concreto, quando se
propõe uma série de conteúdos, quando se pedem determinados exercícios, quando se ordenam
as atividades de certa maneira, etc., por trás destas decisões se esconde uma idéia sobre como
se produzem as aprendizagens. O mais extraordinário de tudo é a inconsciência ou o
desconhecimento do fato de que quando não se utiliza um modelo teórico explícito também se
atua sob um marco teórico.
O fato de que não exista uma única corrente psicológica, nem consenso entre as diversas
correntes existentes, não pode nos fazer perder de vista que há uma série de princípios nos quais
as diferentes correntes estão de acordo: a maneira e a forma como se produzem as
aprendizagens são o resultado de processos que sempre são singulares e pessoais.
Na concepção construtivista, o papel ativo e protagonista do aluno não se contrapõe à
necessidade de um papel igualmente ativo por parte do educador. A natureza da intervenção
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
pedagógica estabelece os parâmetros em que pode se mover a atividade mental do aluno,
passando por momentos sucessivos de equilíbrio, desequilíbrio e reequilíbrio (Coll,1983).
Assim, concebese a intervenção pedagógica como uma ajuda adaptada ao processo de
construção do aluno; uma intervenção que vai criando Zonas de Desenvolvimento Proximal
(Vygotsky, 1979) e que ajuda os alunos a percorrêlas. Na disposição para a aprendizagem e na
possibilidade de tornála significativa, intervêm junto às capacidades cognitivas, fatores vinculados
às capacidades de equilíbrio pessoal, de relação interpessoal e de inserção social.
Algumas dificuldades na transposição do discurso pedagógico do papel para a prática são
sensivelmente apresentadas no trabalho do professor, portanto, fundamentandonos na
reportagem “20 Dicas para dominar as modernas Práticas Pedagógicas” (Revista Nova Escola,
2005), destacamos sumariamente estas dicas para qualificar a prática pedagógica do professor:
1) Plano de trabalho: conhecer a turma para saber o que e como fazer, ou seja, conhecer
os alunos para escolher as melhores e mais adequadas estratégias, métodos e recursos
didáticos para serem utilizados e elaborar o Plano de Trabalho que deve caracterizarse
pela flexibilidade, diversidade, contextualização e pesquisa.
2) Avaliação: acompanhar o aluno para traçar o melhor caminho (para relembrar maiores
detalhes sobre o assunto, releia as nossas aulas 16 e 17).
3) Contextualização: ela vai muito além da relação com o cotidiano, “é colocar o objeto de
estudo dentro de um universo em que ele faça sentido” (Ruy Berger).
4) Objetivo: só depois que ele é definido, vêm o conteúdo e a metodologia, portanto, deve
se estabelecer primeiramente o objetivo a ser alcançado, conforme a proposta
pedagógica da escola.
5) Conhecimento prévio e interesse dos alunos: quem descobre é você, portanto, o
conhecimento novo deve ser trabalhado pelo professor e alunos como desafio e como
aprofundamento das questões sociais.
6) Trabalho interdisciplinar: as matérias se unem e os alunos aprendem (para relembrar
os princípios da Interdisciplinaridade, releia a nossa aula 10).
7) Seqüência didática: uma série de aulas que desafia e ensina os alunos, priorizando a
intencionalidade e a consistência dos conteúdos e das atividades desenvolvidas.
“Seqüência Didática” é um conjunto de aulas planejadas para ensinar um determinado
conteúdo sem ter um produto final, por meio de desafios gradativos que favorecem
melhor reflexão e compreensão destes conteúdos.
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
8) Temas transversais: o pano de fundo do trabalho da escola (para relembrar este
conteúdo, reveja a nossa aula 15 sobre Temas Transversais).
9) Tempo didático: para não errar na dose, é preciso ter objetivos claros, considerando
também a ritmo de aprendizagem dos alunos e as estratégias de avaliação desta
aprendizagem.
10) Inclusão: a escola leva o aluno com deficiência a avançar, mobilizando todos os
esforços para conhecer as possibilidades de aprendizagem e de atendimento para estes
alunos.
11) Matemática: interação entre os conteúdos é essencial para favorecer uma
aprendizagem significativa.
12) Língua Portuguesa (1ª a 4ª): mais importância para a oralidade, ou seja, contemplar
situações comunicativas e a formação de leitores.
13) Língua Portuguesa (5ª a 8ª): gramática como uma ferramenta de reflexão sobre a
língua.
14) Língua Estrangeira: as palavras precisam de contexto, ou seja, o professor de vê
proporcionar atividades que estimulem o entendimento das mensagens e dos sentidos,
bem como utilizar diferentes gêneros textuais.
15) História: de olho no presente para transformar o futuro, ou seja, favorecer o
desenvolvimento de um olhar crítico do aluno sobre a realidade e possíveis intervenções
na mesma.
16) Geografia: ela não está só nos mapas, mas também no cotidiano, favorecendo
atividades de pesquisa e de reflexão para transformar a própria realidade.
17) Educação física: o programa vai além do conteúdo esportivo, deve envolver, portanto,
discussões sobre ética, cidadania, respeito às diferenças e cooperação.
18) Ciências: sem a dúvida, a turma não avança no conhecimento, pois o questionamento
dos alunos estimula uma postura investigativa e reflexiva sobre o assunto da aula.
19) Educação infantil: o segredo é a autoconfiança do professor, planejando suas aulas e
escolhendo temas adequados à faixa etária dos alunos.
20) Artes: uma disciplina que também se ensina e se aprende, tratase portanto, de
interagir a referência (obras, modelos) com a criatividade dos alunos.
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
Estas dicas à prática pedagógica do educador configuramse numa referência ao trabalho
com qualidade na escola, porém, fazse necessária a reflexão da postura docente frente aos
conteúdos, à didática e à própria concepção de conhecimento, para tanto, invocamos as palavras
virtuosas de Arroyo (2000): “Para que a Escola Básica não se converta em uma incubadora de
pequenos monstros avidamente instruídos, teremos que nos colocar com radicalidade em como
reorganizar a escola e seus conteúdos, que cultura docente construir, que concepções de
propriedade e de conhecimento superar. Que docente dará conta dessa tarefa? Será necessário
renunciar aos títulos de propriedade ou apenas modernizar nossa plantação?”
É urgente rever e abandonar uma teoria de conhecimento que a pedagogia e os saberes
escolares tomaram apressadamente de empréstimo da ciência moderna e que continuamos
cultivando inadvertidamente em nossas áreas do “conhecimento escolar”.
Precisamos, com urgência, de outra concepção do conhecimento devido à infância,
adolescência e juventude para sua formação como sujeitos humanos. Gramsci já apontava o
caminho: que todos os jovens sejam iguais perante a cultura. A cultura acumulada e aprendida
não cabe em quintais. É uma herança que incorpora uma concepção mais aberta do direito à
Educação Básica do que a moderna teoria do conhecimento e da ciência.
É urgente ainda definir nossa identidade: quem somos nós? Educadores de tempos ciclos
da vida? docentes de saberes e da cultura? ou continuamos apegados à velha identidade de
docentes proprietários de lotes ainda que modernizados? Na história das últimas décadas os
próprios professores vêm se fazendo estas perguntas. Sinal de que as tranqüilidades não são tão
tranqüilas nos quintais da docência.”
• Conteúdos conceituais referemse à construção ativa das capacidades intelectuais
para operar com símbolos, idéias, imagens e representações que permitem organizar a
realidade. Aprender conceitos permite atribuir significados aos conteúdos aprendidos e
relacionálos a outros.
• Conteúdos procedimentais expressam um saber fazer, que envolve tomar decisões
e realizar uma série de ações, de forma ordenada e não aleatória, para atingir uma
meta.
• Os conteúdos atitudinais permeiam todo o conhecimento escolar; ensinar e aprender
atitudes requer um posicionamento claro e consciente sobre o que e como se ensina na
escola (valores e atitudes).
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
Leia o texto complementar disponível no ambiente de estudo.
Indicação de sites.
www.crmariocovas.sp.gov.br/ent_a.php?t=006
www.tvebrasil.com.br/salto/boletins2002/cp/pgm4.htm
www.moderna.com.br/moderna/didaticos/em/projetos
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
AULA 19 • OUTRAS LINGUAGENS NA PRÁTICA PEDAGÓGICA MÚSICA, TEATRO, CINEMA DE ANIMAÇÃO E O ENSINO PELA PESQUISA
Acesse o ambiente de estudo e veja a charge de Claudius Ceccon.
Nesta aula abordaremos algumas linguagens como ferramentas metodológicas na prática
docente, portanto, pretendemos apresentar algumas estratégias de Tecnologia Educacional no
cotidiano do trabalho do educador, favorecendo o desenvolvimento de uma aprendizagem
significativa.
“Um ensino de qualidade, que busca formar cidadãos capazes de interferir criticamente na
realidade para transformála, deve também contemplar o desenvolvimento de capacidades que
possibilitem adaptações às complexas condições e alternativas de trabalho que temos hoje e a
lidar com a rapidez na produção e na circulação de novos conhecimentos e informações, que têm
sido avassaladores e crescentes. A formação escolar deve possibilitar aos alunos condições para
desenvolver competência e consciência profissional, mas não se restringir ao ensino de
habilidades demandadas pelo mercado de trabalho.” (Parâmetros Curriculares Nacionais de 5ª a
8ª séries do Ensino Fundamental)
Cabe ao educador, portanto, por meio de intervenções pedagógicas adequadas e
qualificadas, promover a realização de aprendizagens com o maior grau de significado possível
aos alunos, uma vez que esta nunca é absoluta – sempre é possível estabelecer relações entre o
que se pretende conhecer e as possibilidades de observação, reflexão e informação que o sujeito
– aluno – já possui, articulando, então, os conteúdos escolares e aqueles conhecimentos
previamente construídos por ele.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais destacam a importância de diversas linguagens
no ensino das disciplinas, “utilizam as diferentes linguagens – verbal, musical, matemática,
gráfica, plástica e corporal – como meio para produzir, expressar e comunicar suas idéias,
interpretar e usufruir das produções culturais, em contextos públicos e privados, atendendo a
diferentes intenções de comunicação.”
A incorporação das inovações tecnológicas pela escola só terá sentido se contribuir para a
melhoria de qualidade do ensino. A simples presença de novas tecnologias na escola não é
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
garantia de maior qualidade na educação, pois a aparente modernidade poderá mascarar um
ensino tradicional fundamentado na recepção e na memorização de informações.
A concepção de ensino e de aprendizagem revelase na prática de sala de aula e na forma
como os professores e alunos utilizam os recursos tecnológicos disponíveis livro didático, lousa e
giz, televisão, calculadora ou computador, por exemplo.
A presença de um aparato tecnológico na sala de aula não garante mudanças na forma de
ensinar e de aprender. A tecnologia deverá servir como uma ferramenta para enriquecer o
ambiente educacional, proporcionando a construção de conhecimentos por meio de uma atuação
crítica, ativa e criativa dos professores e dos alunos.
As propostas didáticas que utilizam as Tecnologias da Comunicação e da Informação
como instrumentos de aprendizagem devem ser complementadas e integradas com outras
propostas de ensino para garantir aprendizagens significativas e organizar as situações de aula
em função do nível de competência dos alunos.
“A competência requerida hoje em dia é o domínio dos conteúdos com suficiente fluência e
distância para construílos em situações abertas e tarefas complexas, aproveitando ocasiões,
partindo dos interesses dos alunos, explorando os acontecimentos, em suma, favorecendo a
apropriação ativa e a transferência dos saberes, sem passar necessariamente por sua exposição
metódica, na ordem prescrita por um sumário.” (PERRENOUD, 2000).
A incorporação de tecnologias nas atividades pedagógicas é acompanhada, ainda, de
muitos mitos, que se originam pelo caráter recente de sua presença na sociedade e no espaço
escolar.
Vivese hoje um processo gradativo de incorporação das novas tecnologias à cultura social
– um período de grandes transformações em que, mesmo tendo disponível tecnologia de última
geração, ainda não são todos que aprenderam a lidar com suas potencialidades e limitações, bem
como tornouse evidente uma “exclusão digital” global e local.
“A discussão sobre a incorporação das novas tecnologias na prática da sala de aula é
muitas vezes acompanhada pela crença de que elas podem substituir os professores em muitas
circunstâncias. A tecnologia traz inúmeras contribuições para a atividade de ensino e para os
processos de aprendizagem dos alunos, mas não substitui o professor e, muito menos, os
processos criativos do próprio estudante, na produção de conhecimento.
“O uso de tecnologias no ensino não se reduz à aplicação de técnicas por meio de
máquinas, ou o “apertar teclas” e digitar textos, embora possa limitarse a isso, se não houver
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
reflexão sobre a finalidade de se utilizar os recursos tecnológicos nas atividades de ensino. A
tecnologia deve ser utilizada na escola para ampliar as opções de ação didática, com o objetivo
de criar ambientes de ensino e aprendizagem que favoreçam a postura crítica, a curiosidade, a
observação, a análise, a troca de idéias, de forma que o aluno possa ter autonomia no seu
processo de aprendizagem, buscando e ampliando conhecimentos.
“A motivação é outra idéia bastante associada ao uso de tecnologias. Sem dúvida, os
alunos ficam muito motivados quando utilizam recursos tecnológicos nas situações de
aprendizagem, pois introduzem novas possibilidades na atividade de ensino.
“Outra questão que costuma ser muito discutida quanto à implantação de recursos
tecnológicos na escola é a desatualização decorrente do rápido avanço tecnológico, que torna os
equipamentos obsoletos em pouco tempo. Cabe considerar que a todo momento estão surgindo
máquinas mais sofisticadas.
Sempre que surgem novos recursos tecnológicos há uma inquietação em relação às
decorrências de sua utilização. Quando surgiu a fotografia, houve polêmica em reação ao fato de
que viesse a substituir os retratos feitos pelos artistas; quando surgiram as máquinas de
tecelagem, também pensouse que substituiriam para sempre o bordado artesanal.
É evidente que em algumas situações houve a substituição, pois o novo recurso
apresentava um uso mais eficiente e rápido. Mas até hoje as bordadeiras e os retratistas
continuam fazendo parte de nossa cultura. Basicamente o avanço tecnológico surge em função de
necessidades da vida em sociedade, introduzindo novas possibilidades para a realização de
algumas atividades.
“É necessária, portanto, uma cuidadosa reflexão por parte de todos que compõem a
comunidade escolar, a fim de que a tecnologia possa de fato contribuir para a formação de
indivíduos competentes, críticos, conscientes e preparados para a realidade em que vivem.
Necessariamente, o uso de tecnologias na escola está vinculado a uma concepção de ser
humano e mundo, de educação e seu papel na sociedade moderna.” (Parâmetros Curriculares
Nacionais de 5ª a 8ª séries do Ensino Fundamental).
As tecnologias estão à disposição em todos os níveis e modalidades de ensino, porém o
maior desafio é superar o uso destas novas linguagens como mera ilustração do conteúdo
tradicional ou como instrumentos didáticos autosuficientes (o próprio recurso didático ensina por
si só, sem a necessidade da intervenção do professor ou o questionamento do aluno).
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
Apropriarse das novas tecnologias e trabalhar com as mesmas no ambiente escolar são,
indiscutivelmente, demandas atuais e urgentes na prática docente, pois refletem demandas
sociais presentes e futuras.
Destacando as impressões do educador José Manuel Moran (2004): “colocamos
tecnologias na universidade e nas escolas, mas, em geral, para continuar fazendo o de sempre –
o professor falando e o aluno ouvindo – com um verniz de modernidade. As tecnologias são
utilizadas mais para ilustrar o conteúdo do professor do que para criar novos desafios didáticos.
O cinema, o rádio, a televisão trouxeram desafios, novos conteúdos, histórias, linguagens.
Esperavamse muitas mudanças na educação, mas as mídias sempre foram incorporadas
marginalmente.
A aula continuou predominantemente oral e escrita, com pitadas de audiovisual. Alguns
professores utilizavam vídeos, filmes, em geral como ilustração do conteúdo, como complemento.
Eles não modificavam substancialmente o ensinar e o aprender, davam um verniz de novidade, de
mudança, mas era mais na embalagem.
O computador trouxe uma série de novidades, de fazer mais rápido, mais fácil. Mas
durante anos continuou sendo utilizado mais como uma ferramenta de apoio ao professor e ao
aluno. As atividades principais ainda estavam focadas na sala do professor e na relação com os
textos escritos.
Hoje, com a Internet e a fantástica evolução tecnológica, podemos aprender de muitas
formas, em lugares diferentes, de formas diferentes. A sociedade como um todo é um espaço
privilegiado de aprendizagem. Mas ainda é a escola a organizadora e certificadora principal do
processo de ensinoaprendizagem.
Ensinar e aprender estão sendo desafiados como nunca antes. Há informações demais,
múltiplas fontes, visões diferentes de mundo. As tecnologias começam a estar um pouco mais ao
alcance do estudante e do professor. Precisamos repensar todo o processo, reaprender a ensinar,
a estar com os alunos, a orientar atividades, a definir o que vale a pena fazer para aprender,
juntos ou separados.”
A música em sala de aula
A música tem texto, som, contexto, então pode dialogar com a Língua Portuguesa, com a
Arte, com a História, com a Geografia e com outras áreas do conhecimento.
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
A música já foi usada no Brasil e em outros países por motivos patrióticos. Nas décadas de
20 e 30 no Brasil os cânticos patrióticos e o canto orfeônico ensinavam às crianças o amor à
Pátria e contribuiriam para a formação cívica e manteriam a disciplina necessária ao andamento
adequado das aulas.
Para RENK (2007): “A música deve entrar em sala de aula e ser uma ferramenta de
trabalho. A música é produzida numa certa época e traz referências espaciais e sociais desse
tempo. Países em situação de crise, de guerras, ou até mesmo governados por ditadores tornam
se espaços para proliferação da música de protesto. A “geração hippie” se expressava pelas
expressões e gírias, pelas roupas de algodão, cabelos longos e também, através da música, o seu
descontentamento com a sociedade capitalista. Da mesma forma, situações de pobreza, violência,
miséria, má distribuição de renda, desigualdades sociais, diferentes formas de discriminação
ganham visibilidade e expressão através da música. Alguns ambientes sociais com situações de
injustiça social, formas de preconceito ou discriminação foram essenciais para os jovens da
periferia poderem se manifestar através da música... Atualmente inúmeros projetos de inclusão
social buscam trazer o jovem para participar mais ativamente das atividades escolares através da
música e em especial do rap e hiphop.”
O teatro como construção do conhecimento
A prática do fazer teatral na escola não deve ser restrita à idéia autoritária de que esse
fazer deve ser ditado por um professor ou seguido à risca mediante instruções de um roteiro, pois
este fazer teatral deve ser construído pelo aluno e pelo grupo de alunos e professores.
“O teatro como linguagem artística é idêntico, em seus princípios, tanto para o ator quanto
para o professor. As diferenças nas respectivas atividades configuramse no contexto e, nesse
sentido, os princípios teatrais já prevêem uma adaptação de procedimentos a cada um. O teatro,
em qualquer contexto, poderia assegurar ao indivíduo e ao grupo a possibilidade de um processo
construído a partir das experiências dos sujeitos, na iminência de ser o resultado da interação de
princípios comuns em realidades particulares.” (ICLE, 2001)
A invenção de novos roteiros, novas abordagens, recriações plásticas e dramáticas de um
filme, de um fato histórico, de um conto, de uma obra literária, de uma situação cotidiana, pode
nascer do questionamento do professor, criando a necessidade de os alunos buscarem
informações e de formularem as suas próprias questões sobre o assunto.
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
Cinema de animação na sala de aula
“A palavra animação provém de anima, que em latim significa “alma” ou “sopro vital”.
Antes de mais nada, animar significa dar vida aos objetos estáticos. Tecnicamente, a animação
pode ser definida como o conjunto de técnicas e processos empenhados em dar vida aparente a
objetos inanimados por intermédio da técnica cinematográfica, fotograma a fotograma. Em sua
realização, temos a síntese perfeita das artes plásticas (pintura, desenho, escultura, etc.), da
música (efeitos sonoros, tempo e ritmo), da dança (movimento) e da literatura (conteúdo do filme).
Daí o imenso potencial criativo dessa linguagem, particularmente no ambiente escolar, onde o seu
caráter interdisciplinar pode ser explorado
de várias maneiras... É importante agregar ainda o fato de que, nos últimos anos, o
Ministério da Educação vem desenvolvendo esforços para implantar aparelhos de televisão e
computadores no complexo escolar do país. Entretanto, iniciativas como esta só surtirão efeito se
for realizado um grande esforço no sentido de produzir programas de qualidade para serem
veiculados nesses novos suportes tecnológicos agora presentes no universo escolar. E nesse
ponto reside a grande novidade que pode ser incorporada ao processo educativo: a produção de
audiovisuais dentro da própria escola, a partir do trabalho dos próprios alunos.”(GUAZZELLI
FILHO, 2004)
O ensino pela pesquisa
Esta estratégia metodológica que envolve o professor e os seus alunos desenvolve
posturas fundamentais ao processo educativo, bem como o desenvolvimento de valores
necessários à formação do cidadão:
• pesquisa e investigação,
• reflexão e aprofundamento do conhecimento,
• questionamento e análise crítica,
• interatividade e participação
• trabalho interdisciplinar dos conteúdos escolares,
• responsabilidade e disciplina para cumprir prazos e as atividades propostas,
• planejamento e intencionalidade,
• criatividade, cooperação e sistematização do conhecimento.
99
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
Este estudo não pretende esgotar o assunto, pois a cada momento novas linguagens,
novas estratégias são desenvolvidas nos espaços das salas de aula ou que são trazidos para a
sala de aula, construindo novas relações dos sujeitos da prática pedagógica – educador e
educandos – com o conhecimento e com o mundo.
Leia texto complementar disponível no ambiente de estudo.
Indicação de sites.
http://novaescola.abril.com.br/index.htm?ed/150_mar02/html/cresca
http://www.centrorefeducacional.com.br/perrenoud3.htm
http://www.unige.ch/fapse/SSE/teachers/perrenoud/php_main/php_2001/2001_23.html#be
gin
100
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
AULA 20 • OS DESAFIOS DO EDUCADOR DO NOVO MILÊNIO
ALGUMAS REFLEXÕES E PERSPECTIVAS
“ Desafio aos educadores“
Um famoso filósofo alemão do século passado, Frederico Nietzsche, tece uma crítica
radical à civilização ocidental, dizendo que ela educa os homens para desenvolverem apenas o
instinto da tartaruga. O que quer dizer isso? A tartaruga é o animal que, diante do perigo, da
surpresa, recolhe a cabeça para dentro de sua casca. Anula, assim, todos os seus sentidos e
esconde, também na casca, os membros, tentando protegerse contra o desconhecido. Este é o
instinto da tartaruga: defenderse, fechar¬se ao mundo, recolherse para dentro de si mesma e,
em conseqüência, nada ver, nada sentir, nada ouvir, nada ameaçar.
Formar boas tartarugas parece ter sido o objetivo dos processos educacionais e políticos
de educação desenvolvidos no mundo ocidental nos últimos anos.
Temos educado os homens para aprenderem a se defender contra todas as ameaças
externas, sendo apenas reativos.
Ensinamos o espírito da covardia e do medo.
Precisamos assumir o desafio de educar o homem para desenvolver o instinto da águia. A
águia é o animal que voa acima das montanhas, que desenvolve seus sentidos e habilidades, que
aguça ouvidos, olhos e competências para ultrapassar os perigos, alcançando vôo acima deles. É
capaz, também, de afiar as suas garras para atacar o inimigo, no momento que julgar mais
oportuno.
As nossas escolas têm procurado fazer com que nossas crianças se recolham para dentro
de si e percam a agressividade o instinto próprio do homem corajoso, capaz de vencer o perigo
que se lhe apresenta.
Temos criado, neste país, uma geraçãotartaruga, uma geração medrosa, recolhida para
dentro de si. E estamos todos impregnados por esse espírito de tartaruga. Não temos coragem
para contestar nossos dirigentes, para nos opor às suas propostas e criar soluções alternativas.
Agimos apenas de maneira reativa, negativa, covarde.
Temos ensinado às nossas crianças que os nossos instintos são pecaminosos. A parte
mais rica do indivíduo, que é a sua sensibilidade ¬ sua capacidade de amar e de odiar, sua
101
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
capacidade de se relacionar de maneira erótica com o mundo , tem sido desprezada. Temos
ensinado o homem a ser obediente, servil, pacífico, incompetente, e depositar todas as suas
esperanças num poder maior ou no fim das tempestades.
Quando ensinaremos aos nossos alunos que eles não precisam se esconder diante das
ameaças, porque todos nós temos capacidade de alçar vôo às alturas, ultrapassando as nuvens
carregadas de tempestade e perigo? Temos ensinado às nossas crianças a se arrastar como
vermes, e porque se arrastam como vermes, elas se tornam incapazes de reclamar se lhes pisam
na cabeça,
O que desejamos, afinal, desenvolver em nós mesmos e nos jovens? O instinto da
tartaruga ou o espírito das águias?
(RODRIGUES, Gleidson. Lições do príncipe e outras lições. São Paulo: Cortez,1984)
Caro futuro educador,
Chegamos ao final da disciplina de Metodologia do Ensino, porém, iniciamos uma nova
caminhada em nossa formação agora, com novos instrumentos para análise e reflexão de nossa
prática pedagógica, bem como a apropriação de valiosas ferramentas teóricopráticas no cotidiano
desafiador de nosso ofício.
Os estudos atuais realizados por pesquisadoreseducadores indicam que o modelo
clássico de escola, com tempos rígidos atribuídos a cada disciplina, parece não mais dar conta da
complexidade do mundo moderno.
Essa constatação alertou para a necessidade da mudança, de mudar a escola, de
aproximála mais da comunidade, da sociedade, de envolver mais os alunos e os professores no
processo de aprendizagem.
Repensar a escola, ressignificar os seus tempos e espaços, a sua forma de lidar com os
conteúdos das áreas do conhecimento e com o mundo da informação são demandas atuais que
buscam romper com um modelo fragmentado de educação, recriando e transformando a escola,
vinculada ao mundo contemporâneo, sem perder de vista a realidade cultural de seus sujeitos –
alunos e professores.
“Ser professor é muito mais ser profissional da prática do que de discursos, apesar de
darmos tanta importância à fala na sala de aula. A escola não se define basicamente como um
lugar de falas, mas de afazeres. E os mestres, apesar de se identificarem como docentes,
proferem práticas mais do que falas. Se afirmam e são reconhecidos socialmente por seus
afazeres, tão iguais.” (ARROYO,2000)
102
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
Frente a tantas demandas do mundo moderno, da sociedade, da tecnologia, a escola vê
se como que “engolida “por um processo de transformações que ganhou velocidade a partir dos
anos 80. E como a escola está sobrevivendo neste processo? E o professor? E os alunos?
Reportagens, ensaios, livros e palestras buscam tanto traduzir as demandas da sociedade
atual que invadem a escola, como vincular estas demandas na prática de sala de aula,
objetivando a construção de conhecimentos e o desenvolvimento de competências e de
habilidades necessárias à formação do cidadão do novo milênio.
Num artigo da Revista Educação intitulada “Admirável Mundo Novo” (BARROS, 2005) são
focadas algumas demandas ao trabalho docente para qualificar o processo de ensino e de
aprendizagem, que apresentamos a seguir:
• compromisso com o ensinar;
• saber contar histórias;
• promover situações significativas de aprendizagem;
• mediar problemas e conflitos;
• servir de exemplo;
• ouvir a experiência dos pais;
• conhecer as novas tecnologias e estar preparado para usálas;
• domínio técnicopedagógico;
• enxergar o conhecimento de forma não fragmentada;
• saber trabalhar em equipe;
• ampliar o próprio repertório cultural;
• ter conhecimento teórico sobre grandes áreas do saber relacionadas à educação;
• entender o aluno;
• estar aberto ao novo, porém com critério;
• estar preparado para ser o elo de comunicação
• entre família e escola;
• saber gerenciar a sala de aula;
• aprender a aprender;
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• entender o papel da TV.
Aprender, reaprender, continuar aprendendo são condições essenciais à formação pessoal
e profissional do futuro educador, para ir além dos limites do que parece aceitável e imutável na
educação, para que possamos repensar, transgredir, produzir, recriar e construir novas narrativas
e experiências de ensino e de aprendizagem.
“A escola é uma experiência humana bem mais plural do que a visão futurista e cognitivista
por vezes nos passa. Uma experiência bem mais permanente e mutável do que o caráter
provisório do texto curricular, dos conteúdos das áreas e das disciplinas. Aprender as artes de
lidar com a totalidade das experiências humanas que perpassam o tempo de escola e aprender a
fazer escolhas para dar conta dessa pluralidade de dimensões humanas, que entram nos jogos
educativos, são artes constitutivas da peculiaridade do ofício de mestreeducador. São artes não
previstas no texto provisório das mudanças curriculares.
Quando os professores, em seus encontros, colocam em cima das nossas mesas
redondas, nas conferências, essa totalidade de práticas em que estão atolados, estão nos
propondo mais totalizante do currículo e de sua docência. Estão nos dizendo que nem sempre as
políticas curriculares conseguem entender a pluralidade de dimensões e competências, saberes e
artes de quem têm de dar conta no cotidiano escolar. São mais do que docentes e não há como
não ser quando se convive em espaços tão restritos com seres humanos tão surpreendentes
como são as crianças, adolescentes e jovens.” (ARROYO, 2000)
Nesta busca apaixonante e desafiadora do professor do século XXI, que vai além do
ensinar, apresentamos o “Decálogo do Bom Professor: princípios para a atividade docente”,
elaborado pelo educador Martins (2006) para uma análise e reflexão do profissional em formação:
• aprimorar o educando como pessoa humana;
• preparar o educando para o exercício da cidadania;
• construir uma escola democrática;
• qualificar o educando para progredir no mundo do trabalho;
• fortalecer a solidariedade humana;
• fortalecer a tolerância recíproca;
• zelar pela aprendizagem dos alunos;
• colaborar na articulação da escola com a família;
• participar ativamente na proposta pedagógica da escola;
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• respeitar as diferenças.
Constatamos, portanto, que o ensinar conhecimentos não é tarefa exclusiva do educador,
envolve ainda o desenvolvimento de valores indispensáveis à formação do cidadão, de seu
desenvolvimento como pessoa e em sua assunção de responsabilidades frente à sociedade e ao
mundo.
Com o passar do tempo, os significados da educação serão ampliados, questionados,
consolidados, reinventados... Novos paradigmas educacionais exigirão novas reflexões e
posturas dos profissionais, ampliando as discussões atuais sobre a diversidade, a educação
inclusiva, a prática docente reflexiva, as competências, o planejamento, as dificuldades de
aprendizagem, a avaliação, a disciplina, o letramento, o projeto curricular, as tecnologias
educacionais e tantas outras questões que constituem o universo educacional.
Portanto, não vamos falar em conclusão final de nossa disciplina, mas em um início de
reflexão, de um novo olhar sobre a prática pedagógica, de suas variáveis intervenientes, de suas
possibilidades e limitações, exigindo do educador, ainda, um profissionalismo permanente e
qualificado às demandas e desafios da sociedade do novo milênio.
“Para os professores o desafio é enorme. Eles constituem não só um dos mais numerosos
grupos profissionais, mas também um dos mais qualificados do ponto de vista acadêmico. Grande
parte do potencial cultural (e mesmo técnico e científico) das sociedades contemporâneas está
concentrada nas escolas. Não podemos continuar a desprezálo e a menorizar as capacidades
dos professores.
Para muitos, o heroísmo consiste apenas em sobreviver, em não se deixar arrastar pela
descrença e pelo desânimo. Não se pode sonhar à força. E ninguém sonha unicamente para
agradar aos outros. Mas quantos dentre nós nos mantemos aqui de corpo inteiro, de sentimento
inteiro, com a consciência de que na profissão docente é impossível separar o eu profissional do
eu pessoal, sem ilusões que os tempos presentes não estão para tal, mas na certeza de que ser
professor é uma profissão que só assim vale a pena ser vivida?”
(NÓVOA, 1998)
“Se não amo o mundo, se não amo a vida, se não amo os homens, não me é possível o
diálogo.
Não há, por outro lado, diálogo, se não há humildade.
A pronúncia do mundo, com que os homens o recriam permanentemente, não pode ser um
ato arrogante.
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
O diálogo, como um encontro dos homens para a tarefa comum de saber agir, se rompe,
se seus pólos (ou um deles) perdem a humildade.
Como posso dialogar se alieno a ignorância, isto é, se a vejo sempre no outro, nunca em
mim?
Como posso dialogar, se me admiro como um homem diferente, virtuoso por herança,
diante dos outros, meros ‘isto’ em quem não reconheço outros eu?
Como posso dialogar, se me sinto participante de um gueto de homens puros, donos da
verdade e do saber, para quem todos os que estão fora são ‘essa gente ‘, ou são ‘nativos
inferiores’?
Como posso dialogar, se parto de que a pronúncia do mundo é tarefa de homens seletos e
que a presença das massas da história é sinal de sua deterioração que devo evitar?
Como posso dialogar, se me fecho à contribuição dos outros, que jamais reconheço, e até
me sinto ofendido com ela?
Como posso dialogar se temo a superação e se, só em pensar nela, sofro e definho?
(...) Se alguém não é capaz de sentirse e saberse tão homem quanto os outros, é que lhe
falta ainda muito que caminhar, para chegar ao lugar de encontro com eles. Neste lugar de
encontro, não há ignorantes absolutos, nem sábios absolutos: há homens que, em comunhão,
buscam saber mais.”
(Paulo Freire,1987)
Leia o texto complementar disponível no ambiente da aula.
Acesse o site:
http://www.crmariocovas.sp.gov.br/noticia.php?it=8465
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METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA
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