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pesquisa
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Anlise dos
dados obtidos
O mito como
primeira forma de
conhecimento
Conhecer as normas que
fundamentam a redao e a
editorao dos textos acadmicos.
EDUCAO A DISTNCIA
Professora Dra. Siderly do Carmo Dahle de Almeida
cincia e conhecimento
cientco
UNIDADE I
citaes, referncias,
classicao das pesquisas
e anlise de dados obtidos
UNIDADE II
trabalhos cientcos:
estrutura, forma e contedo
UNIDADE III
ISBN 978-85-8084-731-4
Viver e trabalhar em uma sociedade global um grande desafio para todos os cidados. A busca por tecnologia, informao, conhecimento de qualida-de, novas habilidades para liderana e soluo de problemas com eficincia tornou-se uma questo de sobrevivncia no mundo do trabalho.
Cada um de ns tem uma grande responsa-bilidade: as escolhas que fizermos por ns e pelos nossos far grande diferena no futuro.
Com essa viso, o Centro Universitrio Cesumar assume o compromisso de democra-tizar o conhecimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua misso promo-ver a educao de qualidade nas diferentes reas do conhecimento, formando profissionais cida-dos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidria , o Centro Universitrio Cesumar busca a integrao do ensino-pesquisa-extenso com as demandas
Reitor Wilson de Matos Silva
palavra do reitor
DIREO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pr-Reitor de Administrao Wilson de Matos Silva Filho, Pr-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente da Mantenedora Cludio Ferdinandi.
NEAD - NCLEO DE EDUCAO A DISTNCIA
Direo de Operaes Chrystiano Mincoff, Coordenao de Sistemas Fabrcio Ricardo Lazilha, Coordenao de Polos Reginaldo Carneiro, Coordenao de Ps-Graduao, Extenso e Produo de Materiais Renato Dutra, Coordenao de Graduao Ktia Coelho, Coordenao Administrativa/Servios Compartilhados Evandro Bolsoni, Gerncia de Inteligncia de Mercado/Digital Bruno Jorge, Gerncia de Marketing Harrisson Brait, Superviso do Ncleo de Produo de Materiais Nalva Aparecida da Rosa Moura, Superviso de Materiais Ndila de Almeida Toledo, Diagramao Humberto Garcia da Silva, Reviso Textual Ana Paula da Silva, Nayara Valenciano, Fotos Shutterstock.
NEAD - Ncleo de Educao a DistnciaAv. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimao - Cep 87050-900 Maring - Paran | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
institucionais e sociais; a realizao de uma prtica acadmica que contribua para o desen-volvimento da conscincia social e poltica e, por fim, a democratizao do conhecimento aca-dmico com a articulao e a integrao com a sociedade.
Diante disso, o Centro Universitrio Cesumar almeja ser reconhecida como uma instituio univer-sitria de referncia regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisio de com-petncias institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidao da extenso univer-sitria; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distncia; bem-estar e satisfao da comunidade interna; qualidade da gesto acadmica e adminis-trativa; compromisso social de incluso; processos de cooperao e parceria com o mundo do trabalho, como tambm pelo compromisso e relacionamento permanente com os egressos, incentivando a edu-cao continuada.
CENTRO UNIVERSITRIO DE MARING. Ncleo de Educao a Distncia:
C397
Metodologia da Pesquisa / Professora Dra. Siderly do Carmo Dahle de Almeida.
Maring - PR, 2014. 97 p.
Ps-graduao - EaD.
1. Metodologia da Pequiasa. 2. Ensino superior . 3. EaD. I. Ttulo.
ISBN 978-85-8084-731-4CDD - 22 ed. 378
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Prezado(a) Acadmico(a), bem-vindo(a) Comunidade do Conhecimento.
Essa a caracterstica principal pela qual a UNICESUMAR tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores e pela nossa sociedade. Porm, importante destacar aqui que no estamos falando mais daquele conhecimento esttico, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinmico, renovvel em minutos, atemporal, global, de-mocratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais.
De fato, as tecnologias de informao e comunicao tm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informaes, da edu-cao por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares.
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram a informa-o e a produo do conhecimento, que no reconhece mais fuso horrio e atravessa oceanos em segundos.
A apropriao dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregao de valor, de superao das desigualdades, propagao de trabalho qualificado e de bem-estar.
Logo, como agente social, convido voc a saber cada vez mais, a co-nhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que est disponvel.
Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas fer-ramentas, equipamentos e aplicaes esto mudando a nossa cultura e transformando a todos ns.
Priorizar o conhecimento hoje, por meio da Educao a Distncia (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informaes e interatividade. um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrir as portas para melhores oportunidades. Como j disse Scrates, a vida sem desafios no vale a pena ser vivida. isso que a EAD da UNICesumar se prope a fazer.
Pr-Reitor de EaDWillian Victor Kendrick de Matos Silva
boas-vindas
sobre ps-graduao
a importncia da ps-graduao
O Brasil est passando por grandes transformaes, em especial nas ltimas dcadas, motivadas pela estabilizao e crescimento da economia, tendo como consequncia o aumento da sua impor-tncia e popularidade no cenrio global. Esta importncia tem se refletido em crescentes investimentos internacionais e nacionais nas empresas e na infraestrutura do pas, fato que s no maior devido a uma grande carncia de mo de obra especializada.
Nesse sentindo, as exigncias do mercado de trabalho so cada vez maiores. A graduao, que no passado era um diferenciador da mo de obra, no mais suficiente para garantir sua emprega-bilidade. preciso o constante aperfeioamento e a continuidade dos estudos para quem quer crescer profissionalmente.
A ps-graduao Lato Sensu a distncia da UNICESUMAR conta hoje com 16 cursos de especializao e MBA nas reas de Gesto, Educao e Meio Ambiente. Estes cursos foram planejados pensando em voc, aliando contedo terico e aplicao prtica, trazendo informaes atualizadas e alinhadas com as necessida-des deste novo Brasil.
Escolhendo um curso de ps-graduao lato sensu na UNICESUMAR, voc ter a oportunidade de conhecer um conjun-to de disciplinas e contedos mais especficos da rea escolhida, fortalecendo seu arcabouo terico, oportunizando sua aplicao no dia a dia e, desta forma, ajudando sua transformao pessoal e profissional.
Professor Dr. Renato DutraCoordenador de Ps-Graduao , Extenso e Produo de Materiais
NEAD - UNICESUMAR
apresentao do material
Prezado(a) aluno(a) dos cursos de Ps-
Graduao da Unicesumar, este o seu livro
da disciplina de Metodologia Cientfica. Ele
foi pensado de modo a contribuir para facili-
tar sua busca por conhecimento em diversas
fontes que no apenas as encaminhadas por
seus professores e, ainda, elucidar as formas
de disseminao do conhecimento por voc
adquirido e proposto em formato de textos.
Os contedos foram selecionados e organi-
zados cuidadosamente, buscando primar
por uma linguagem clara, precisa e de apli-
cao prtica.
Professora Doutora Siderly do Carmo Dahle de Almeida
A disciplina de Metodologia Cientfica
importante no apenas em sua vida acad-
mica, mas tambm em sua vida profissional,
enquanto pesquisador(a) em sua rea de
estudo. Os contedos privilegiam, na pri-
meira unidade, a importncia, os tipos de
conhecimento e as possibilidades de fontes
de pesquisa, ou seja, onde pesquisar. Muitas
vezes, no nos preocupamos muito com essa
questo, acreditando que, em tempos de
tecnologia de informao e comunicao,
tudo j est escrito e disponvel na internet.
preciso, porm, um olhar criterioso para
seu uso, pois nem tudo que est disponvel
verdadeiro.
A segunda unidade contempla concei-
tos de pesquisa e oferece um passo a passo
de como os projetos de pesquisa devem ser
elaborados, elucidando as diferenas entre
ttulo e tema, a importncia de ter muito claro
qual o problema que se pretende pesqui-
sar e as relaes entre esse problema e os
objetivos da pesquisa. Tambm, pretende-se
explicar como descrever uma justificativa, de
que modo selecionar os autores que daro a
fundamentao terica em seus estudos e,
por fim, por que e como fazer um cronogra-
ma da pesquisa. Ainda nesta unidade, vamos
verificar como as pesquisas so classificadas,
ou seja, que mtodos e tcnicas podemos
utilizar, e como aplicar essas tcnicas para
obter os melhores resultados.
Na ltima parte, vamos analisar como es-
truturar nossa pesquisa, de modo a torn-la
compreensvel aos leitores, para assim poder
dissemin-la por meio de publicaes em
peridicos, congressos, livros etc.
Desejo muito sucesso em sua vida
pessoal, acadmica e profissional!
sum
rio 01
12 Histria do Conhecimento Cientfico
14 O Mito: a Forma Mais Elementar do Conhecimento
16 Categorias de Conhecimento
19 Concepo de Cincia
21 Identificando as Fontes Para a Pesquisa
30 Passos Para o Desenvolvimento de uma Pesquisa
40 Consideraes Finais
40 Atividades de Autoestudo
CINCIA E CONHECIMENTO CIENTFICO
02 03
46 Classificao das Pesquisas
47 A Pesquisa Bibliogrfica
56 Anlise de Dados
58 Citaes e Referncias
60 Tipos de Citao
66 Referncias
74 Consideraes Finais
76 Atividades de Autoestudo
81 Coerncia e Clareza
82 Editorao de Texto
84 Estrutura do Trabalho Cientfico
90 Comunicao da Pesquisa
94 Consideraes Finais
95 Atividades de Autoestudo
97 Gabaritos
98 Referncias
CITAES, REFERNCIAS, CLASSIFI-CAO DAS PESQUISAS E ANLISE DE DADOS OBTIDOS
TRABALHOS CIENTFICOS: ESTRU-TURA, FORMA E CONTEDO
1 CINCIA E CONHECIMENTO CIENTFICO Professora Dra. Siderly do Carmo Dahle de Almeida
Plano de estudoA seguir, apresentam-se os tpicos que voc estu-dar nesta unidade: Olhar histrico sobre o conhecimento O mito como primeira forma de conhecimento Tipos de conhecimento Definies de cincia Possibilidades de fontes de pesquisa Localizao das fontes Elaborao de projeto de pesquisa Tpicos que compem o projeto
Objetivos de Aprendizagem Reconhecer o significado do conhecimento sob
um olhar histrico da humanidade. Diferir os tipos de conhecimento: cientfico,
popular, filosfico e religioso ou teolgico. Comparar distintos conceitos de cincia. Discernir as diferentes possibilidades de fonte
para a realizao de pesquisas de cunho cientfico. Entender o projeto de pesquisa como primeiro
passo para o desenvolvimento de uma pesqui-sa cientfica.
Compreender a estrutura de um projeto de pes-quisa, distinguindo e estabelecendo conexes entre os tpicos que compem esse projeto.
A histria da humanidade e sua evoluo confundem-se com a
histria da cincia e da produo do conhecimento. A neuroci-
ncia tem analisado que o desenvolvimento da mente humana
obedeceu etapas sucessivas, e, a partir dessas, novas possibili-
dades e habilidades foram sendo introduzidas nos complexos
circuitos neurais da mente.
Ainda que no possamos fazer uma anlise histrica de longo
alcance no que diz respeito sistematizao do conhecimen-
to (pois, enquanto a evoluo do crebro registra em torno
de 100 milhes de anos, a cincia pode esmiuar apenas os
ltimos 10 mil anos de sua histria), indicaremos alguns fatos
significativos para que se compreenda o processo histrico de
desenvolvimento da cincia e do conhecimento.
Neste captulo, veremos ainda a importncia de um projeto de
pesquisa, analisando cada tpico que deve compor esse projeto
e como disponibilizar sistematicamente as informaes mais
relevantes em cada um desses tpicos.
Metodologia da pesquisa12
Fazendo uma rpida viagem pr--histria, possvel verificar que o conhecimento adquirido era incor-porado de modo coletivo e as grandes e
principais descobertas baseavam-se quase
sempre nas regularidades. Dessa forma,
aps muitos ensaios com acertos e erros,
era verificada a melhor poca para a caa,
distinguiam-se as plantas comestveis das
txicas, estabeleciam-se parmetros para
escolher as melhores rochas, para construir
instrumentos que auxiliassem no dia a dia.
Durante essa poca, o ser humano comeou
a dominar as tcnicas de produo e con-
servao do fogo e, com ele, poderiam
proteger-se dos animais perigosos, assar e
HISTRIA DO CONHECIMENTO CIENTFICO
Ps-Graduao | Unicesumar13
conservar a carne ou ainda outros alimentos,
clarear sua habitao noite e se aquecer em
dias de muito frio.
O perodo paleoltico ou Idade da Pedra
Lascada, o neoltico ou Idade da Pedra Polida
e a Idade dos Metais representam perodos
diversos em que a humanidade passou da
coleta de alimentos e hbitos nmades para
se fixar ao solo, sistematizando as tcnicas de
agricultura, pastoreio e pesca.
A aplicao da fora animal e dos ventos
e a inveno da roda e dos barcos a vela me-
lhoraram consideravelmente a produo e
estimularam a multiplicao de tarefas dos
camponeses, artesos e comerciantes.
Nasce a escrita como uma necessidade
para o controle dos negcios, e as atividades
rotineiras vo se tornando mais comple-
xas, exigindo mais conhecimento para sua
execuo.
Quando se chega Civilizao Egpcia,
verificam-se inmeras descobertas que
esta trouxe humanidade. Apresentava
uma religio repleta de mitos e crenas.
Mumificava os cadveres dos faras, guar-
dando-os nas pirmides, com o propsito de
preservar o corpo para a prxima vida. Com
isso, muito se aprendeu sobre o funciona-
mento do corpo humano e de seus rgos.
Os egpcios foram excepcionais no que
tange s cincias, pois, incitados pela pre-
mente necessidade de estimar as condies
do tempo, para evitar maiores estragos com
as cheias do Rio Nilo, a fim de se defende-
rem. Os egpcios conceberam o relgio de
sol e o de gua, configuraram plantas ce-
lestes nas quais posicionavam os pontos
cardeais e idealizaram o mais primitivo
calendrio. Alm disso, promoveram os
princpios da aritmtica e da geometria,
criaram a soma e a subtrao e instituram
ngulos e retngulos. No que diz respeito
escrita, registraram, de sua rotina, tudo o
que podiam, em suas paredes e objetos,
originando a escrita hieroglfica que signi-
fica gravao sagrada.
Na Grcia, no perodo en-tre 469 a.C. e 399 a.C., viveu Scrates, um dos fundadores da filosofia ocidental que fi-cou famoso principalmente
por meio dos relatos de seus alunos Plato e Xenofonte. Scrates foi condenado morte por insistir na infinita ignorncia que nos absorve.
Reflita sobre uma de suas mais clebres frases: S sei que nada sei
Metodologia da pesquisa14Metodologia da pesquisa14
Consultando o Dicionrio Houaiss (2002), em uma viso antropolgi-ca, mito defi nido como um relato simblico, passado de gerao em gerao,
dentro de um grupo, que narra e explica a
origem de determinado fenmeno, ser vivo,
acidente geogrfi co, instituio, costume
social etc. Assim, observa-se que no tem
a inteno de explicar o mundo, mas
somente posicionar a existncia humana
no espao. Por isso, no fundamentado a
partir do raciocnio lgico, mas de metforas
O MITOforma mais elementar do conhecimento
Ps-Graduao | Unicesumar15
ou lendas que cingem o mistrio, certas
vezes revelando-o, certas vezes ocultan-
do-o. Percebe-se, assim, por sua forma de
expresso, que o mito possibilita a expres-
so da crena, ao invs da percepo clara
e distinta, defendida pelo filsofo Descartes
e pelas cincias modernas.
O mito desempenha a funo de apre-
sentar as respostas das questes que a
natureza impe. Desprovido de inflexibilida-
de lgica, ele baseado em crenas e lendas
que servem para desvelar o princpio de tudo.
Assim, um relato realizado em pblico, fun-
damentado somente na convico do seu
autor. Essa competncia s se torna poss-
vel se o narrador confirmou ou vivenciou o
que est descrevendo.
O poeta apontado pelos deuses para
relatar os fatos e so esses mesmos deuses que
lhe narram tudo o que houve no passado, pos-
sibilitando que apenas ele, o poeta, conhea
a gnese de todos os seres. Assim, conside-
rado uma revelao divina, o mito sagrado
e, portanto, incontestvel e inquestionvel.
produto de convico, de f, de crena. O que
o poeta narrava era integralmente verdico.
De acordo com Andery (2003, p.20), o mito
desempenha um sentimento coletivo,
transmitido por meio de geraes, como forma de explicar o mundo, explicao que no objeto de discusso, ao contrrio, ela une e canaliza as emoes coletivas, tranquilizando as pessoas em um mundo que as ameaa.
J pensou quantas vezes nos prendemos ainda hoje aos mitos? Muitas vezes, senti-mo-nos coagidos por situ-aes desconhecidas e nos-so comportamento imediato
encontrar respostas para nossas angstias. certo que se tornou muito mais simples encontrar res-postas e caminhos para nos-sas dvidas, com o apoio das
tecnologias da informao, facilitando nossa vida. Mas quem sustenta de in-formaes esses canais que permitem buscas?
Metodologia da pesquisa16
Conhecer o exato momento em que se passa de um estado de ignorn-cia sobre determinado assunto a um estado de saber, ainda que esse saber seja
superficial ou insignificante; a busca por
distintos saberes, para substituir um estado
de incompetncia.
Verifica-se uma disposio nos meios
de comunicao, no sentido de fortalecer a
ideia de que a cincia se encontra acima dos
outros tipos de conhecimento. Desse modo,
o mito, a religio, o senso comum, a filosofia
e outros conhecimentos so considerados
menos importantes.
preciso termos claro que existem dife-
rentes tipos de conhecimentos e o cientfico
apenas um deles.
Para que o ato de conhecer se consolide,
so imprescindveis os seguintes elementos:
a. O indivduo que deseja conhecer.
b. O objeto ou aquilo sobre o
que se deseja conhecer (no
necessariamente um objeto,
podendo ser outra pessoa ou o
CATEGORIAS DE CONHECIMENTO
Ps-Graduao | Unicesumar17
prprio reflexo em um espelho).
c. A imagem mental que resulta da
relao estabelecida entre sujeito-
objeto e que passa a formar a
subjetividade daquele que conhece.
Abaixo, vamos perceber e distinguir quatro
tipos de conhecimento, para melhor apre-
ender essa concepo.
o conhecimento cientficoO conhecimento cientfico o mais conhe-
cido e tambm chamado de racional, pois
tem relao com circunstncias ou fatos, va-
lendo-se de experimentos, confirmaes e
observaes. Trata-se de um conhecimento
sistemtico, uma vez que legitima e auten-
tica o que deseja provar.
Unido s tecnologias, o que mais tem
aproximado o ser humano da qualidade
de vida que tanto ambiciona, facultando
evolues no que diz respeito sade, se-
gurana, educao e aos servios. Esse tipo
de conhecimento se encontra em frequente
transformao, pois, a cada nova descober-
ta, uma verdade anterior desmistificada.
O filsofo da cincia Karl Popper (1902
1994) prope trs universos distintos para
melhor compreender esse conhecimento.
Primeiro: o mundo dos objetos fsicos ou
de estados materiais; segundo: o mundo
de estados de conscincia ou de estados
mentais, ou talvez ainda, do que ele chama
de disposies comportamentais para agir;
e um terceiro mundo: o mundo dos conte-
dos objetivos de pensamento, especialmente
de pensamentos cientficos, poticos e de
obras de arte (POPPER, 1974).
Popper esclarece tambm que a busca
pelo conhecimento no acontece apenas a
partir da observao da realidade, mas, aliado
a isso, a partir de um quadro de referncias
no mais satisfeito. Assim, sempre h uma in-
teno nas observaes realizadas, alterando
o quadro de referncias existente.
O cientista ento prope uma hiptese
geral e dessa se deduzem consequncias
que possibilitam novas experincias. Com
isso, possvel refutar a teoria anterior, esta-
belecendo-se um novo conceito, por meio
do critrio de falseabilidade.
o conhecimento popularO conhecimento popular, ou de senso comum,
baseia-se nas experincias de vida e em-
pregado desde a origem da civilizao. um
saber que se obtm nas vivncias e passado
de gerao em gerao. Compreende tradi-
es, costumes, normas e hbitos.
O senso comum, ao contrrio do co-
nhecimento cientfico, no sistematizado,
aprofundado e metodolgico, o que resulta
em um conhecimento tambm denomina-
do vulgar. No requer um parecer da cincia,
que busca certificar o que foi exposto, pois
totalmente informal, valendo-se de opinies,
preconceitos e acrtico. No h preocupa-
o com a fidedignidade dos fatos.
Metodologia da pesquisa18
o conhecimento filosfico
Trata-se de um conhecimento valorativo,
que nasce em hipteses as quais no se
submetem observao, ou seja, no so
verificveis. Exigem um conjunto de enun-
ciados distintamente correlacionados, sendo
racional. Suas hipteses convergem para uma
representao da realidade.
A filosofia se interessa por encontrar solu-
es e respostas a todas as coisas que existem.
Prope que a humanidade se coloque em
busca de proposies verdadeiras que res-
pondam perguntas de toda natureza: de
onde surgimos? Para onde vamos? Qual a
razo da vida? Que conceitos podemos atri-
buir ao espao e ao tempo? Qual nosso
objetivo no mundo?
conhecimento religioso ou teolgico um conhecimento que se valida na razo,
mas se baseia essencialmente na f. Parte da
deduo, ou seja, de uma realidade universal,
seguindo no sentido de verdades particula-
res. Aceita a existncia de divindades (seres
superiores), as quais revelam as verdades
que precisam ser conhecidas. Busca explicar
dvidas que a cincia no consegue aclarar,
como: Existe vida aps a morte? Como a
eternidade? H cu e inferno? Qual a de-
finio de pecado? O que pode acontecer
com quem pecou?
Ps-Graduao | Unicesumar19
Acincia conceitua-se como uma ampla sistematizao do conheci-mento, a qual incorpora diversas proposies que se inter-relacionam a respei-
to de determinado fato ou fenmeno que se
busca estudar. De acordo com Trujillo Ferrari
(apud LAKATOS; MARCONI, 2008, p. 80), a
cincia todo um conjunto de atitudes e
atividades racionais, dirigidas ao sistemtico
conhecimento com objeto limitado, capaz
de ser submetido verifi cao.
De acordo com Lakatos e Marconi (2008,
p. 80),
as cincias possuema. Objetivo ou fi nalidade: preocupao
em distinguir a caracterstica comum ou as leis gerais que regem determina-dos eventos.
b. Funo: aperfeioamento, atravs do crescente acervo de conhecimentos, da relao do homem com o seu mundo.
c. Objeto: subdividido em: Material, aquilo que se pretende estudar,
analisar, interpretar ou verifi car, de modo geral.
Formal, o enfoque especial, em face das diversas cincias que possuem o mesmo objeto material.
cinciaA comunidade cientfi ca desloca a cincia do
olhar dos processos sociais e, com isso, tira
de si o compromisso pelo uso dos resultados
alcanados pelas pesquisas. Depois do uso
sistemtico das cincias e das tecnologias na
construo de instrumentos que serviriam
Primeira Guerra, ao perodo entre guerras,
assim como Segunda Guerra Mundial, a co-
munidade cientfi ca sentiu-se imoral, pois,
pela primeira vez, relacionava-se a pesquisa
cientfi ca s questes polticas.
Os processos que garantem a transfor-
mao do que se chama conhecimento
cientfi co em tecnologia propriamente dita
e suas aplicaes pela sociedade so origina-
dos de modo linear, principiando-se com o
conceito de cincia at a produo de bem-
-estar social.
Essa concepo de cincia, como busca
da verdade por meio da razo e da expe-
rimentao, com o objetivo de garantir
a extenso do conhecimento verifi cado,
conforme Merton (1938 1973), tambm
coloca o contedo do conhecimento fora
dos limites da anlise sociolgica. De acordo
com essa concepo, o conhecimento cien-
tfi co s pode ser produzido por cientistas
concepo de
Metodologia da pesquisa20
especificamente treinados para produzir co-
nhecimento objetivo.
Para justificar que pessoas carregadas
de interesses e sujeitas s relaes sociais
e influncias culturais mais variadas sejam
capazes de produzir conhecimento objeti-
vo, fundamental a contribuio seminal
de Robert Merton sobre as normas da
cincia. Essas, que so chamadas de uni-
versalismo, comunismo, desinteresse e
Alm de objetiva, a cincia vista como a base, a origem da tecnologia. Essa, por sua vez, uma forma de conhecimento subordinada e dependente da cincia. O processo de transformao d o c o n h e c i m e n t o cientfico em tecnologia e sua apropriao pela sociedade so concebidos de forma linear, iniciando-se com a cincia at produzir bem-estar social (cincia bsica, cincia aplicada, desenvolvimento tecnolgico, inovao,
difuso da inovao, crescimento econmico e benefcio social). Por essa razo, esse paradigma foi denominado de cincia como motor do progresso, tudo se inicia com a cincia.Uma das principais evidn-cias dessa viso da relao entre CTI e sociedade foi o documento elaborado por Vannevar Bush, a pedido do Presidente Roosevelt, dos EUA - entregue ao Presiden-te Truman, em 1945, e que se constituiu, posteriormente, em um smbolo desta con-
cepo: o clebre Science: the Endless Frontier. Nele, detalha-se o fundamento do chamado modelo linear de inovao, em que se idealiza-va a cincia como uma fron-teira sem fim. Esses conceitos passaram a ser a base de um novo contrato social entre a comunidade cientfica e o Es-tado (Ronayne, 1984). Essa viso exprime uma f quase religiosa na cincia, no poder da cincia para a soluo de problemas (Dickson, 1988:3).
ceticismo organizado, modelam e nor-
matizam o comportamento esperado dos
membros da comunidade de pesquisa,
para garantir a produo de conhecimen-
to livre de valores e de influncias sociais.
Para o trabalho de Merton, contriburam
vrios de seus discpulos, que estenderam
as normas e as testaram empiricamente
(Norman Storer, Barber, Jonathan e Steven
Cole, Harriet Zuckerman).
Ps-Graduao | Unicesumar21
Organizado o plano de ao, o prximo passo consiste em le-vantar e identificar que fontes sero capazes de fundamentar as respos-
tas que buscamos com o desenvolvimento
de nosso trabalho. Elas so muito parecidas
com a reviso de bibliografia, distinguindo-se
apenas por aquela no ser considerada a de-
finitiva. Para essa fase, o auxlio do orientador
identificandoas fontes para a pesquisa
essencial, pois ele conhece quem so os
autores primordiais que j tm publicaes
acerca do tema e que no podemos deixar
de consultar e ler.
Alm dos livros j anteriormente citados,
pode-se fazer uso de obras de referncia,
monografias, dissertaes e teses, peridicos
cientficos, anais de congressos, peridicos
indexados e internet.
Metodologia da pesquisa22
Antes de iniciar o processo de explorao das
fontes, preciso rever a estrutura pensada e
anunciada no projeto de pesquisa. Tais ideias
sero o roteiro para que melhor se desenvol-
va a atividade investigativa. Nessa fase, nem
tudo que foi separado para dar embasamen-
to a pesquisa ser necessariamente utilizado.
Inicia-se o processo de triagem, buscando
ler, inicialmente, o que h de mais novo e
geral sobre o tema, para depois proceder a
leitura de material mais antigo e particular. O
material recente oferece uma retomada das
contribuies de outros autores que j se de-
bruaram sobre o assunto. Se o pesquisador
achar vivel, pode lanar mo do material
citado. O material generalista enciclop-
dias, dicionrios, obras antigas - possibilitar
uma ampla viso ao pesquisador, que poder,
nessa fase, decidir quais rumos a pesquisa ir
tomar, explorando, ento, os trabalhos mais
especializados sobre aquele assunto.
LEITURA E ANLISE TEXTUAL
A leitura constitui-se em fator decisivo de estudo, pois propicia a ampliao de conhecimentos, a obteno de in-formaes bsicas ou especficas, a abertura de novos horizontes para a mente, a sistematizao do pensamen-to, o enriquecimento do vocabulrio e o melhor entendimento do contedo das obras.Continue a leitura em: LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia cientfica. 6. ed., rev. e ampl. So Paulo: Atlas, 2008.
literatura correnteDe modo geral, sabemos que os livros incluem
tanto gneros literrios (romances, crnicas,
poesia etc.), quanto obras que se propem
a evidenciar conhecimentos cientficos ou
tcnicos. So obras que incluem reflexes
tericas e apresentam conhecimentos e sub-
sdios para a elaborao de um trabalho de
pesquisa e que comunicam, de modo sis-
temtico, os assuntos que se relacionam a
certos campos do conhecimento ou, ainda,
divulgam resultados de pesquisa.
obras de referncia
So as enciclopdias, dicionrios, manuais e
tratados temticos, que no se objetiva ler do
princpio ao fim. Oferecem vasto material de
pesquisa, mas deve-se tomar cuidado com
a atualidade da obra. Por serem materiais
caros, no se faz possvel reedio constante,
sendo, portanto, muitas vezes, considerados
desatualizados, oferecendo informaes se-
dimentadas, porm, distantes da evoluo
ou progresso do tema em questo.
artigos de peridicos
Por meio dos peridicos cientficos, a comu-
nicao formal de resultados de pesquisas
torna-se possvel. Os peridicos apresentam
maior rapidez na publicao, preo acess-
vel e informao atualizada, sendo bastante
comuns para embasar trabalhos cientficos.
Muitos peridicos esto disponveis na inter-
net, cabendo ao pesquisador distinguir fontes
Ps-Graduao | Unicesumar23
fidedignas. So obras que possuem uma
verso impressa e que se mantm no formato
de fascculos. Mais adiante, ainda neste cap-
tulo, vamos expor algumas fontes confiveis
para a realizao de pesquisas cientficas.
monografias, dissertaes e tesesEssas fontes se constituem em importan-
tes subsdios para a pesquisa, apresentando
investigaes cientficas apuradas ou revi-
ses bibliogrficas altamente qualificadas,
quando bem orientadas. Cabe ao pesqui-
sador despender um olhar crtico sobre tais
publicaes, verificando a procedncia da
instituio de origem do autor.
anais de congressos
Anais de eventos cientficos renem um con-
junto de trabalhos apresentados, palestras,
mesas redondas e conferncias, ocorridos
em determinado encontro, congresso ou
seminrio, sendo publicados em forma im-
pressa ou meio eletrnico. Os anais abrangem
contedo confivel, uma vez que, para que
um trabalho seja publicado em um evento,
passar por uma banca de qualificao.
internet
A Internet tornou-se uma fonte de consulta
rpida, barata e relativamente confivel, na
medida em que o pesquisador saiba fazer uso
correto dela, no garimpo de informaes. O
pesquisador pode navegar vontade e colher
elementos para compor seu trabalho, trocar
informaes com outros pesquisadores e
eliminar barreiras espao-temporais. Mas
preciso estar ciente de que nem tudo que
est disponvel na rede verdadeiro, o que
constitui no maior problema a ser enfrentado
pelo pesquisador. No Saiba Mais, que segue
o tpico Localizao das fontes, disponibili-
zamos alguns importantes sites que podem
ser utilizados em suas pesquisas.
localizao das fontes
A biblioteca , por excelncia, o local privilegia-
do para localizao de fontes de pesquisa e o
bibliotecrio pode auxiliar o pesquisador nessa
tarefa, indicando a localizao dos livros, dos
peridicos e ainda fontes eletrnicas confiveis.
Ao consultar livros em uma biblioteca, o
usurio deve fazer uso do catlogo (real ou
virtual), buscando fontes que estaro dispo-
sio por autor, ttulo da obra ou assunto. Em
geral, a busca realizada por assunto, j que
nem sempre se sabe o autor ou o ttulo da obra.
O acervo disposto nas estantes da bi-
blioteca, de acordo com o assunto da obra.
Se o pesquisador estiver com dvidas sobre
o melhor livro, pode solicitar ao bibliotecrio
que lhe indique em qual estante est aquele
assunto, recolhendo algumas obras que consi-
dere importante e realizando uma leitura rpida
do sumrio, das orelhas e da contracapa do livro,
antes de se decidir sobre qual levar para casa,
uma vez que todas as bibliotecas restringem o
nmero de volumes que se pode emprestar.
Metodologia da pesquisa24
Se voc conseguir escolher os livros que
deseja pelo catlogo, deve anotar o seu
nmero de chamada que aquele bloco
de nmeros que estaro na etiqueta da
lombada do livro. Esse nmero compos-
to, em sua primeira linha, pelo cdigo de
classifi cao (que o defi nir pelo assunto e,
por isso, todos os livros do mesmo assunto
estaro juntos na estante), na segunda linha,
pelo nmero de Cutter (que representa o
sobrenome do autor) e, em sua terceira
linha, pode estar ou o ano da obra, ou o
nmero do volume, variando de bibliote-
ca para biblioteca.
Por exemplo, voc est procurando
um livro de fundamentos de metodologia
cientfi ca. Ao procurar no catlogo eletr-
nico, ir escrever na caixa de dilogo da
biblioteca fundamentos de metodologia
cientfi ca:
Pesquisando em Livros
Verifi que que, nesse exemplo, surgiram 6
ttulos (o local est circulado esquerda).
O nmero que aparece logo aps a re-
ferncia completa o nmero de chamada,
que estar na lombada do livro
Ps-Graduao | Unicesumar25
As revistas ou peridicos so excelentes
fontes de consulta, pois, por serem de mais
fcil publicao que o livro, tendem a apre-
sentar os assuntos de modo mais atualizado.
Para pesquisar peridicos na biblioteca,
escreva o assunto a ser pesquisado, como
para a pesquisa de livros, e, ao lado esquer-
do, clique sobre tipo de obra:
pesquisando em revistas
Vamos entender:
0 0 1 . 4 2C 7 5 8 f2 0 1 2
Na primeira linha, fi gura o cdigo
de classifi cao desse livro, defi nindo o
assunto. Todos os livros sobre fundamen-
tos da metodologia cientfi ca estaro juntos
na estante, guiados por tal nmero. Na
segunda linha, temos a notao de autor,
que contm a primeira letra do sobreno-
me do autor, no caso, Carvalho, seguido
de 758 (retirado da tabela Cutter, criada
especifi camente para esse fi m) e a primei-
ra letra do ttulo do livro em minsculo f
de Fundamentos. A terceira linha apresen-
ta o ano do livro.
Escolha no menu esquerda peridicos e
escolha qual deles quer pesquisar.
Muitos peridicos tambm j esto
disponveis na Internet em formato
Metodologia da pesquisa26
digital. A Capes, no endereo eletrnico
,
oferece um portal de peridicos bem inte-
ressante e de fcil acesso:
Coloque o assunto a ser pesquisado na caixa
buscar assunto. Aparecer uma lista de re-
ferncias. Escolha a que mais se aproxima de
sua pesquisa e o assunto ser encaminhado
para o endereo da revista que o contempla
com o artigo completo.
A biblioteca eletrnica scielo compre-
ende 322 peridicos cientficos brasileiros,
sendo 275 ttulos correntes e 47 no corren-
tes (que sofreram interrupo ou mudaram
de nome). Essa biblioteca fruto de uma
parceria estabelecida entre a Fundao de
Amparo Pesquisa do Estado de So Paulo
FAPESP e o Centro Latino-Americano e do
Caribe de Informao em Cincias da Sade
BIREME. Desde o ano de 2002, o Conselho
Nacional de Desenvolvimento Cientfico e
Tecnolgico CNPq - passou a apoiar o
Projeto. Os peridicos foram distribudos
de acordo com reas do conhecimento, a
saber: Cincias Agrrias, Cincias Biolgicas,
Cincias da Sade, Cincias Exatas e da
Terra, Cincias Humanas, Cincias Sociais
Aplicadas, Engenharias, Lingustica, Letras
e Artes. O endereo eletrnico .
Ps-Graduao | Unicesumar27
Para pesquisar no site, comece escolhendo
o idioma na barra ao lado esquerdo. Depois,
voc pode optar por um peridico especfico
ou por um artigo. Em peridicos, voc tem
as opes: lista alfabtica, lista por assunto e
pesquisa por ttulos. J em artigos, voc pode
optar por: ndice de autores, ndice de assun-
tos ou pesquisa de artigos. muito simples
de utilizar e altamente confivel.
Se digitarmos fundamentos de metodolo-
gia da pesquisa cientfica, entre aspas, este
nmero cai para 113 mil:
pesquisando na internet
Contemporaneamente, a Internet vem ofe-
recendo riqussimo acervo para pesquisa,
necessitando apenas de que o usurio saiba
como utiliz-la com prudncia. Os sites de
busca contribuem para que possamos nos
localizar no mar de informaes disponvel,
mas tambm importante que saibamos
como utiliz-los, pois, se digitarmos apenas a
palavras-chave no quadro de busca, pode ser
que a resposta oferea milhares de pginas
com aquele contedo.
A forma mais prtica de enxugar tantas
opes colocar os termos que se busca
entre aspas. Isso diminui consideravelmen-
te a quantidade de pginas. Por exemplo, se
digitarmos fundamentos de metodologia da
pesquisa cientfica, o site de busca retorna
com mais de dois milhes de resultados:
Metodologia da pesquisa28
Agora, vamos experimentar o google acadmico:
Caiu para quatro resultados, selecionando
apenas arquivos de artigos publicados em
eventos, peridicos e textos cientficos.
Experimente com seu nome. Primeiro
coloque sem aspas e, depois, insira as aspas
antes e depois do nome. Depois, pesquise
no Google Acadmico tambm.
Ps-Graduao | Unicesumar29
Muitas bibliotecas dispem de assinaturas
de bases de dados, que armazenam infor-
maes em CD-ROM ou possibilitam seu
acesso via Internet. Nelas, o usurio pode
fazer buscas por assunto, por peridico, ou
por meio de palavras-chave. Algumas dessas
bases contm apenas referncias bibliogrfi-
cas e resumos, no se distinguindo, portanto,
dos peridicos de indexao e resumo, a no
ser pelo suporte eletrnico. Outras oferecem
textos completos de livros, teses, artigos de
peridicos, relatrios de pesquisa e outras
fontes bibliogrficas. As bases internacionais
mais conhecidas em sua rea de estudo so:
ECONLIT Economia e administrao. A American Economic Association mantm
essa base com referncias bibliogrficas e
resumos, selecionados de artigos de peri-
dicos, livros, teses e trabalhos de congressos.
Inclui Abstracts of working papers in econo-
mics, da Cambridge University Press, Index of
Economic Articles in Journals e o texto com-
pleto das resenhas de livros publicadas no
Journal of Economic Literature. Cobre as reas
de desenvolvimento econmico, previses,
histria, teoria fiscal, teoria monetria, institui-
es financeiras, finanas pblicas e privadas,
economia internacional, regional, agrcola
e urbana, estudos sobre pases especficos,
trabalho, demografia e assistncia sade.
PROQUEST DIRECT uma base interdisciplinar que cobre reas como con-
tabilidade, publicidade, negcios, finanas,
sade, investimentos, sociologia, tecnolo-
gia e telecomunicaes. Contm mais de
2.000 publicaes peridicas e 27 peridi-
cos dos EUA. Seus anos de cobertura variam
segundo a fonte. Em geral, as publicaes pe-
ridicas esto indexadas desde 1971 e com
texto completo, a partir de 1988.
ORIENTADOR IBBE bibliografia es-pecializada em Economia, com informaes
atualizadas mensalmente. Tem como objetivo
o apoio pesquisa e aos estudos econmi-
cos. Inclui livros, peridicos e uma seo com
os principais eventos da rea. Disponvel em:
< http://www.orientador.com.br/>.
SCIELO SCIENTIFIC ELETRONIC LIBRARY ONLINE uma biblioteca virtual piloto que abrange uma coleo seleciona-
da de peridicos cientficos brasileiros, com
base hospedada na Fapesp. Apresenta textos
completos de artigos nas reas de cincias
sociais, psicologia, engenharia, qumica, ma-
teriais, sade, biologia, botnica, veterinria
e microbiologia.
Disponvel em: .
Pesquisa em base de dados
Metodologia da pesquisa30
Tal qual conversar com um arquiteto sobre as possibilidades que se tem ao pensar na construo de uma casa, desejando que ele desenhe um projeto
que, ao mesmo tempo em que pretende a
realizao do sonho, caiba no bolso, o pes-
quisador, antes de realizar uma pesquisa,
precisa desenvolver um projeto que contem-
ple suas expectativas e que seja realizvel.
o momento do planejamento do que se pre-
tende com a realizao da pesquisa.
O projeto no algo fi xo. No decorrer da
pesquisa, voc pode querer alterar seus ob-
jetivos, enfocando outros temas que melhor
evidenciem o que pretende pesquisar, ou,
ainda, escolher outros autores para compor
o quadro de referncias tericas. Nessa fase,
voc far leituras, anlises e escolhas, ento,
tudo possvel.
Por outro lado, o projeto no pode jamais ser
confundido com o trabalho em si: o TCC ou
trabalho de concluso de curso (artigo,
monografi a, dissertao ou tese). O
projeto uma fase da pesquisa, mas
no ele que vai ser publicado, divul-
gado. No trabalho fi nal, por exemplo,
no necessrio fazer um captu-
lo de fundamentao ou quadro
terico, porm, esse quadro
desenhado no projeto que dar
embasamento aos captulos, per-
mitindo que o leitor se d conta dos autores
que fundamentaram o trabalho.
o projeto que vai nortear o pesquisador
ao longo de todo o processo. Ele compe-
se, basicamente, dos seguintes passos:
a. Defi nio do tema.
b. Elaborao dos objetivos.
c. Determinao do problema.
d. Formulao das hipteses.
e. Explicitao da justifi cativa.
f. Escolha da metodologia.
g. Fundamentao terica.
h. Elaborao do cronograma.
Vamos, agora, verifi car de que modo possvel
desenvolver cada um desses passos e a impor-
tncia deles para a execuo de uma pesquisa.
PASSOS PARA O
DE UMA PESQUISAdesenvolvimento
Ps-Graduao | Unicesumar31
definio do temaAo selecionar o tema que pretende pesquisar,
algumas competncias se fazem imprescind-
veis ao autor. Vamos enumerar algumas delas:
a. Relao pesquisador x tema: muito importante que o pesquisador tenha
alguma intimidade com o tema que
pretende pesquisar, caso contrrio,
no sabe nem por onde comear seu
trabalho. Portanto, antes de se propor
a pesquisar qualquer tema, so neces-
srias muitas leituras e discusses que
despertem o interesse do pesquisador.
Se for um trabalho que demande mais
tempo, como uma dissertao ou uma
tese, caber ao autor a tarefa de se
deparar diariamente com livros, repor-
tagens ou artigos, por um ano ou mais.
Imagine fazer isso sem gostar ou ter
intimidade com o assunto escolhido?
b. Curiosidade epistemolgica: a curiosidade o desejo de aprender,
de descobrir, de saber sobre algum
objeto. Para isso, tal objeto deve
despertar o interesse do pesquisa-
dor, fazendo-o indagar sobre todos
os aspectos que o compem. A epis-
temologia, como j vimos, a relao
que se estabelece entre um sujeito e
um objeto, ainda que esse objeto seja
o prprio sujeito.
c. Pensamento criativo: fazer sempre o mesmo percurso entre a casa e o
trabalho, por exemplo, no permite
a expresso da criatividade, pois
o sujeito o faz automaticamente.
Possibilitar a expresso da criatividade
exige se propor a pensar um mesmo
problema sobre outros prismas, ima-
ginando diversas solues, por mais
estranhas que paream em um pri-
meiro momento.
d. Honestidade intelectual: ao realizar um trabalho de pesquisa, necessrio
ser muito fiel aos autores lidos. Sempre
que utilizar ideias, textos, conceitos de
outros autores, estes devem, obriga-
toriamente, ser citados, seja em forma
de parfrase, seja em forma de citao
literal (como veremos neste livro mais
adiante). Utilizar conceitos de outros
autores sem cit-los caracterizado
como plgio, um roubo de ideias e,
como tal, deve ser punido. Sabemos o
quanto difcil produzir um texto. s
vezes, debruamo-nos por horas sobre
um papel em branco para produzir
algumas poucas linhas. Imagine ver
essas linhas que voc produziu assina-
das por outra pessoa? Nada agradvel,
no mesmo?
e. Autocorreo: ao se propor a escrever um texto, necessrio ir refazendo a
leitura dele durante sua tessitura, para
verificar se ficou inteligvel, se est com
as ideias concatenadas, se faz sentido
ao leitor. Por vezes, escrevemos para
cumprir protocolo e acabamos no
relendo a produo. Resultado: o texto
pode ficar truncado, sem sentido para
o consumidor final, que o leitor.
preciso sempre ter a preocupao em
Metodologia da pesquisa32
oferecer um texto claro, coeso, coe-
rente e lgico.
f. Pacincia: difi cilmente acertamos na escrita de um texto em uma primeira
tentativa. Comumente produzimos um
pargrafo, lemos, apagamos algumas
partes, reescrevemos, relemos, procu-
ramos outros autores, apagamos tudo,
escrevemos novamente... um exerc-
cio de pacincia e, como tal, deve ser
respeitado. Um texto s bom o sufi -
ciente quando lemos e gostamos do
que foi produzido, portanto, nada de
pressa. Se for para produzir qualquer
coisa, melhor nem comear.
A pesquisa bibliogrfi ca, tal qual qualquer
tipo de pesquisa, s se faz possvel a partir
da escolha de um tema. Para isso, sugiro
aos alunos que revisitem suas anotaes
nos cadernos, nos textos lidos, relembrem
as aulas dadas e mantenham foco naquilo
que mais lhes chamou a ateno de tudo o
que ouviram ou leram. a que mora o inte-
resse do pesquisador. necessrio haver um
vnculo de interesse entre o pesquisador e o
tema a pesquisar, visto que ser necessrio
um longo perodo de relao entre ambos,
necessitando de energia e vontade para
cumprir com a tarefa proposta.
O orientador do trabalho tambm desen-
volve importante papel, pois ele quem vai
dar o caminho ao aluno para que ele percor-
ra. Portanto, orientando e orientador devem
ser partcipes das mesmas discusses. Gil
(2009, p. 60) analisa que
Para escolher adequadamente um tema, necessrio ter refl etido sobre diferentes temas. Assim, algumas perguntas podero auxiliar nessa escolha, tais como: Quais os campos de sua especialidade que mais lhe interessam? Quais os temas que mais o instigam? De tudo o que voc tem estudado, o que lhe d mais vontade de se aprofundar e pesquisar?
Conforme se observa, imprescindvel que
o aluno sinta-se motivado a ler e debater
sobre o tema escolhido, procurando res-
postas, esclarecendo conceitos, dirimindo
dvidas, e isso se torna muito mais prazero-
so, se houver, de fato, interesse pelo assunto.
Para delimitar um tema, preciso verifi car
qual a abordagem dele que mais interes-
sa ao pesquisador e sobre a qual mais se
tem afi nidade.
Lembre-se: tema diferente de ttulo.
Claro que os dois, obrigatoriamente, esto
intrinsicamente relacionados, porm, o ttulo
do trabalho pode ser atribudo no fi nal, aps
todo o processo de pesquisa, enquanto o
tema o primeiro a ser defi nido.
elaborao dos objetivos da pesquisaOs objetivos propostos para o trabalho
de pesquisa que vo defi nir o problema
sobre o qual o autor pretende se debruar
e a forma pela qual pretende encontrar e
propor solues. Obrigatoriamente, os obje-
tivos comeam com um verbo no infi nitivo
e se dividem em objetivo geral e objetivos
especfi cos.
Ps-Graduao | Unicesumar33
a. O objetivo geral aquele que visa de-
terminar a que propsito a pesquisa
ser realizada. Cervo e Bervian (2002,
p. 83) alertam que em pesquisas bi-
bliogrficas em nvel de graduao, os
propsitos so essencialmente aca-
dmicos, como mapear, identificar,
levantar, diagnosticar, traar o perfil
ou historiar determinado assunto.
b. Objetivos especficos: nesse caso,
deve-se pensar no aprofunda-
mento que se deseja dar ao tema.
Normalmente, para dar equilbrio ao
trabalho, cada objetivo especfico, de-
terminado pelo autor, dar origem a
um captulo do trabalho. Portanto,
imprescindvel pensar estrategica-
mente em um pequeno sumrio, ao
propor os objetivos especficos.
Outro ponto importante a destacar que, ao
definir os objetivos, devemos pensar nos ob-
jetivos que pretendemos atingir com aquele
trabalho. muito comum que os pesquisado-
res pouco experientes proponham objetivos
prticos impossveis de serem alcanados em
um trabalho cientfico. Por exemplo:
Organizar as finanas de uma empresa.
Investir para garantia de um futuro
estvel e prspero.
Sem dvida, esses dois objetivos so muito
relevantes, mas so de ordem prtica. Um tra-
balho de pesquisa no consegue atingir tais
objetivos. Portanto, mais uma vez, a escolha
do verbo far toda a diferena. Procure se ater
a verbos como: distinguir, conceituar, definir,
identificar, propor, sugerir, levantar, mapear,
diagnosticar, historiar, verificar.
determinao do problema de pesquisaAps a escolha do tema e dos objetivos a serem
desenvolvidos, cabe ao pesquisador transfor-
mar o tema em um problema para o qual se
buscar apontar solues. O tema deve ser pas-
svel de questionamento, portanto, o problema
deve ser redigido em forma de pergunta e estar
intimamente relacionado ao objetivo geral que
se pretende atingir, a partir das leituras e das
interferncias realizadas pelo pesquisador.
As perguntas devem ser formuladas de tal forma que haja possibilidade de respostas, utilizando a pesquisa. Nunca se passa diretamente da escolha do tema coleta de dados, pois as vantagens da formulao do problema so inegveis:
a. Delimita, com exatido, qual tipo de resposta deve ser procurada.
b. Leva o pesquisador a uma reflexo benfica e proveitosa sobre o assunto.
c. Fixa, frequentemente, roteiros para o incio do levantamento bibliogrfico e da coleta de dados.
d. Auxilia, na prtica, a escolha de cabealhos para o sistema de tomada de apontamentos.
e. Discrimina com preciso os apontamentos que sero tomados, isto , todos e to somente aqueles que respondem as perguntas formuladas (CERVO e BERVIAN, 2003, p. 84).
CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia cientfica. 4. ed. So Paulo: Makron Books, 2003.
Metodologia da pesquisa34
Lembre que encontrar uma soluo para o problema no tarefa do pesqui-sador. Seu mrito apontar a existn-cia de um problema e abrir caminhos que visem sua soluo. O importante, conforme aponta o senso comum, no encontrar a resposta, mas saber fazer as perguntas adequadas.
formulao de hipteses
A fase de formulao de hipteses da pesqui-
sa s se faz necessria se o que se pretende
pesquisar exige uma pesquisa de campo. Em
pesquisas de cunho bibliogrfico, no h a
necessidade de se estabelecer hipteses.
Cervo e Bervian (2003, p. 86) explicitam que:
Em termos gerais, a hiptese consiste em supor conhecida a verdade ou explicao que se busca. Em linguagem cientfica, a hiptese equivale, habitualmente, su-posio verossmil, depois comprovvel ou denegvel pelos fatos, os quais ho de decidir, em ltima instncia, sobre a verdade ou falsidade dos fatos que se pre-tende explicar. Ou a hiptese pode ser a suposio de uma causa ou de uma lei destinada a explicar provisoriamente um fenmeno at que os fatos venham con-tradizer ou afirmar.
A funo prtica das hipteses orientar o
pesquisador, indicando um caminho a per-
correr. Sendo uma explicao provisria, deve
ser passvel de testes e responder, ainda que
temporariamente, ao problema apontado.
explicitao da justificativa
A justificativa configura a resposta questo
por qu?. Nessa fase, preciso refletir e ex-
plicitar as razes que levaram o pesquisador
a escolher aquele tema, demonstrando toda
a intimidade e o conforto que o autor tem
ao versar sobre esse tema.
Segundo Lakatos e Marconi (2008, p. 221),
a justificativa deve se preocupar em enfatizar:
O estgio em que se encontra a teoria
respeitante ao tema;
As contribuies tericas que a
pesquisa pode trazer;
Confirmao geral
Confirmao na sociedade
particular em que se insere a
pesquisa
Especificao para casos
particulares
Clarificao da teoria
Resoluo de pontos obscuros etc.;
Importncia do tema do ponto de
vista geral
Importncia do tema para os casos
particulares em questo;
Possibilidade de sugerir modificaes
no mbito da realidade abarcada pelo
tema proposto;
Descoberta de solues para casos
gerais e/ou particulares etc.
A justificativa no deve apresentar citaes
de outros autores, pois se configura na jus-
tificativa pessoal do autor, ressaltando e
Ps-Graduao | Unicesumar35
evidenciando as razes e a importncia de
se pesquisar sobre aquele assunto, buscan-
do convencer o leitor de seus objetivos com
a realizao daquele trabalho.
escolha da metodologiaNessa fase do projeto, o autor deve descre-
ver claramente os procedimentos que ir
realizar, para atingir os resultados propostos
nos objetivos.
Algumas questes so fundamentais
para a realizao de tal fase: definir o tipo
de pesquisa que se pretende desenvolver,
demarcar qual a populao e a amostra a
ser estudada, descrever como os dados sero
coletados e, por fim, apresentar a anlise de-
talhada dos dados obtidos.
Tipo de pesquisa: deve-se esclarecer se
a pesquisa de natureza exploratria,
descritiva ou explicativa. Convm,
ainda, analisar o tipo de delineamento
a ser adotado (pesquisa experimental,
levantamento, estudo de caso,
pesquisa bibliogrfica etc.).
Populao e amostra: envolve
informaes acerca do universo a ser
estudado, da extenso da amostra e da
maneira como ser selecionada.
Coleta de dados: envolve a descrio
das tcnicas a serem utilizadas
para coleta de dados. Modelos de
questionrios, testes ou escalas
devero ser includos, quando for o
caso. Quando a pesquisa envolver
tcnicas de entrevista ou de
observao, devero ser includos,
nessa parte, tambm, os roteiros a
serem seguidos.
Anlise dos dados: envolve a descrio
dos procedimentos a serem adotados,
tanto para anlise quantitativa (por
exemplo: testes de hiptese, testes
de correlao) quanto qualitativa (por
exemplo: anlise de contedo, anlise
de discurso) (GIL, 2009, p. 162).
Aps a definio do tipo de pesquisa e da
populao a ser pesquisada, o autor pode
se utilizar de diferentes tcnicas que pos-
sibilitem atingir seu objetivo. Tais tcnicas
apresentam, fundamentalmente, dois eixos, a
saber: a documentao indireta, que envolve
a pesquisa documental e a pesquisa biblio-
grfica, e a documentao direta. De acordo
com Lakatos e Marconi (2008, p. 224), a do-
cumentao direta se subdivide em:
Observao direta intensiva, com as
tcnicas da:
Observao: utiliza os sentidos
na obteno de determinados
aspectos da realidade. No consiste
apenas em ver e ouvir, mas
tambm em examinar fatos ou
fenmenos que se deseja estudar.
Pode ser: sistemtica, assistemtica;
participante, no-participante;
individual; em equipe, na vida real,
em laboratrio;
Entrevista: uma conversao
efetuada face a face, de maneira
metdica; proporciona ao
Metodologia da pesquisa36
Definido o tipo de pesquisa, o pesquisador
deve descrever detalhadamente a tcnica e
os passos que envolvem sua aplicao, indi-
cando qual a populao e a amostra que
se vai levantar, como chegou a definio de
tal amostra e a forma como os dados sero
tabulados, representados e, posteriormente,
analisados e interpretados.
A anlise dos dados busca evidenciar
as relaes que podem ser compreendidas
entre o fenmeno que est sendo estudado e
outros fatores que direta ou indiretamente in-
fluenciam o estudo em questo. nessa fase
que as hipteses j levantadas sero refutadas
ou confirmadas. Na interpretao, realiza-se
uma atividade mais ampla de buscar signifi-
cados s respostas encontradas, relacionando
os dados obtidos teoria estudada.
Para representar os dados, o pesquisador
pode optar por tabelas, grficos, quadros, que
contribuam tanto para o pesquisador distin-
guir diferenas e estabelecer relaes entre
os dados quanto para facilitar a anlise de
tais dados pelo leitor posteriormente.
entrevistador, verbalmente, a
informao necessria. Tipos:
padronizada ou estruturada,
despadronizada ou no estruturada,
painel.
Observao direta extensiva,
apresentando as tcnicas:
Questionrio: constitudo por uma
srie de perguntas que devem ser
respondidas por escrito e sem a
presena do pesquisador;
Formulrio: roteiro de perguntas
enunciadas pelo entrevistador
e preenchidas por ele com as
respostas do pesquisado;
Anlise de contedo: permite a
descrio sistemtica, objetiva
e quantitativa do contedo da
comunicao;
Histria de vida: tenta obter dados
relativos experincia ntima de
algum que tenha significado
importante para o conhecimento
do objeto em estudo.
Ps-Graduao | Unicesumar37
reviso de bibliografia Nessa fase da pesquisa, apresentam-se os
pressupostos tericos que embasam o estudo
em questo e sobre os quais o pesquisador
ir fundamentar tais estudos, lembrando que,
rigorosamente, nenhuma pesquisa parte do
nada ou da estaca zero.
Os autores lidos e escolhidos para compor
a fundamentao terica impregnaro de
legitimidade e autoridade a pesquisa, tornan-
do-a confivel aos olhos do leitor. Segundo
Lakatos e Marconi (2008, p. 227), a citao das
principais concluses a que outros autores
chegaram permite salientar a contribuio da
pesquisa realizada, demonstrar contradies
ou reafirmar comportamentos e atitudes.
Portanto, imprescindvel escolher bem as
fontes de pesquisa, levantando autores que
se debruaram sobre o assunto escolhido e,
portanto, adquiriram autoridade no tema.
Nessa fase, cabe ao autor identificar as
fontes que iro compor o trabalho e que
TAREFA FEVEREIRO MARO ABRIL MAIO JUNHO JULHO
Escrita do projeto de pesquisa
Levantamento bibliogrfico
Seleo de material
Elaborao de questionrios
Aplicao dos questionrios
Anlise de dados
Redao da introduo
Redao da metodologia
Redao do captulo 1
Redao do captulo 2
Consideraes finais
Referencias bibliogrficas
Entrega do trabalho
ajudaro na busca de possveis solues ao
problema de pesquisa. As fontes mais co-
nhecidas e utilizadas so, por excelncia, os
livros. Existe, porm, uma gama de materiais
que pode ser utilizado e que veremos ainda
neste captulo, em levantamento e localiza-
o de fontes.
elaborao do cronogramaAo se elaborar o cronograma da pesquisa,
a pergunta fundamental a ser respondida
quando?. preciso estabelecer claramente
os passos de desenvolvimento da pesquisa,
atribuindo e prevendo, a cada um, um prazo
de execuo. Esse cronograma pode ser re-
presentado por uma tabela do Excel, que
indique em suas linhas as fases da pesqui-
sa e em suas colunas o tempo previsto para
execuo.
Metodologia da pesquisa38
Liste, no fi nal do projeto, todas as referncias
que foram utilizadas em sua composio,
mas apenas aquelas que foram citadas no
documento. As demais, aquelas que apenas
fi zemos leituras, mas no trouxemos para o
texto, no podem fi gurar. Consulte as normas
tcnicas para elaborao das referncias,
colocando-as em ordem alfabtica. impor-
tante lembrar ainda que a lista vai aumentar
na produo da pesquisa, pois outras fontes
sero consultadas. No ltimo captulo deste
livro, voc encontrar as normas tcnicas para
referenciar cada diferente documento que
incluir em seu trabalho.
referncias
Ps-Graduao | Unicesumar39
relato decaso
O jurista baiano Paulo de Souza Queiroz,
Procurador da Repblica e Professor de
Direito Penal sofreu um grave caso de plgio.
Tal episdio foi amplamente noticiado por
jornais impressos de grande circulao do
pas. O livro Teoria Constitucional do Direito
Penal, de um penalista de So Paulo, conti-
nha cpia de cerca de trinta e oito pginas
de um trabalho acadmico do autor baiano,
que denunciou imprensa a fraude. O
penalista-plagirio, ento coordenador edi-
torial de uma das mais respeitadas editoras
jurdicas do pas, recebeu, em 1998, origi-
nais de uma obra de Paulo Queiroz, a fi m
de apreci-los para uma eventual publica-
o. Essa no se efetivou, sob o argumento
de que a obra era comercialmente invivel.
A verdade que a obra era perfeitamen-
te vivel sob o ponto de vista comercial e
de invejvel qualidade acadmica. O plagi-
rio, professor paulista de Direito Penal, teve
todos os exemplares de sua obra fraudulenta
retirados de circulao e ainda pagou uma
indenizao por danos morais e patrimoniais
ao procurador baiano.
Disponvel em: .Acesso em: 5 abr. 2014.
Metodologia da pesquisa40
Esta Unidade foi um convite a uma viagem no tempo, propondo compreender o significado de
conhecimento, a partir de uma viso histrica e filosfica, desde a questo dos mitos, at a con-
temporaneidade. A leitura nos permitiu refletir sobre os elementos que se interrelacionam no
conceito de conhecimento: o sujeito que quer conhecer o objeto, que aquilo sobre o que se
quer saber e a imagem mental que resulta da relao estabelecida entre sujeito-objeto, e que
passa a formar a subjetividade daquele que conhece. Tambm foi possvel estabelecer parme-
tros de identificao do que seja conhecimento cientfico, popular, filosfico e religioso.
Outro importante conceito estudado nesta unidade foi o de mtodos cientficos como
uma srie de passos a percorrer, tendo como objetivo chegar a um conhecimento cientfico
e transmiti-lo aos outros, lembrando-se da importncia de disseminar o conhecimento ad-
quirido. Abordou-se, ainda, a distino entre mtodo dedutivo, indutivo, hipottico-dedutivo
e dialtico, apontando conceitos, exemplos e esquemas.
Tambm buscamos esclarecer as possibilidades de fontes para fundamentar as respostas
que buscamos em nosso estudo, revendo a estrutura pensada e anunciada no projeto de pes-
quisa. Essas ideias serviro como roteiro para que melhor se desenvolva a atividade investigativa.
Por fim, alm de oferecer perspectivas para a busca das informaes que iro compor a
pesquisa, estejam elas disponveis em livros, bases de dados online e na prpria internet, a
unidade apresentou os passos para a elaborao do projeto de pesquisa, assim como, de que
forma apresentar os tpicos que compem um projeto de pesquisa.
1. Conhecer ter a oportunidade de
passar de um estado de desconhe-
cimento a um estado de saber, ainda
que esse saber seja banal ou incomple-
to, estabelecer ordem, substituindo
o caos, construir diferentes saberes,
para substituir um estado de ignorn-
cia. Relacione os conceitos dos tipos
de conhecimento abaixo e depois
marque a nica alternativa correta:
( ) um conhecimento valorativo, tendo
seu ponto de partida em hipteses que
no so submetidas a nenhuma observa-
o, no sendo, portanto, verificvel. Exige
um conjunto de enunciados distintamen-
te correlacionados, sendo racional.
( ) tambm chamado de racional, porque
lida com ocorrncias ou fatos, valendo-se de
experimentos, comprovaes, observaes.
um conhecimento sistemtico posto que
atividades de autoestudo
consideraes finais
Ps-Graduao | Unicesumar41
valida e comprova aquilo que quer provar
( ) Tambm conhecido como senso comum,
fundamenta-se nas experincias de vida e
utilizado desde os primrdios da civiliza-
o. Trata-se de um saber que se adquire
por meio das vivncias, passado de pai para
filho, de gerao em gerao.
( ) Utiliza-se da razo, mas fundamenta-se
essencialmente na f. Parte da deduo,
de uma realidade universal, seguindo no
sentido de realidades particulares, envolven-
do verdades indiscutveis e infalveis. Aceita
a existncia de divindades que revelam
aos humanos as verdades que precisam
conhecer.
I) Conhecimento cientfico.
II) Conhecimento popular.
III) Conhecimento filosfico.
IV) Conhecimento religioso ou teolgico.
a) III, I, II, IV.
b) IV, I, III, II.
c) III, IV, II, I.
d) I, II, IV, III.
2. Ao selecionar o tema que pretende pes-
quisar, algumas competncias se fazem
imprescindveis ao pesquisador. Entre
essas competncias, podemos citar:
I) Relao pesquisador x tema.
II) Curiosidade epistemolgica.
III) Pensamento criativo.
IV) Honestidade intelectual.
a) Apenas as alternativas I e II esto
corretas.
b) Apenas as alternativas II e IV esto
corretas.
c) Apenas as alternativas I, III e IV esto
corretas.
d) Todas as alternativas esto corretas.
3. Aps a escolha do tema e dos obje-
tivos a serem desenvolvidos, cabe ao
pesquisador transformar o tema em
um problema para o qual se buscar
apontar solues. Sobre o problema,
correto afirmar que:
I) O problema deve ser redigido em
forma de pergunta e estar intimamen-
te relacionado ao objetivo geral que
se pretende atingir.
II) Obrigatoriamente, o problema
comea com um verbo no infinitivo.
III) O problema delimita, com exati-
do, qual tipo de resposta deve ser
procurada.
IV) S se faz necessrio estabele-
cer um problema para a pesquisa se
houver pesquisa de campo.
a) Apenas as alternativas I e II esto
corretas.
b) Apenas as alternativas II e IV esto
corretas.
c) Apenas as alternativas I e III esto
corretas.
d) Todas as alternativas esto corretas.
2 CITAES, REFERNCIAS, CLASSIFICAO DAS PESQUISAS E ANLISE DE DADOS OBTIDOSProfessora Dra. Siderly do Carmo Dahle de Almeida
Plano de estudoA seguir, apresentam-se os tpicos que voc estudar nesta unidade: Classificao das pesquisas
Pesquisa bibliogrfica Pesquisa documental Pesquisa experimental Pesquisas de campo Estudo de caso Pesquisa-ao Pesquisa participante Anlise de contedo
Anlise dos dados obtidos Citaes Referncias
Objetivos de Aprendizagem Distinguir os diversos mtodos e tcnicas que podem
ser utilizados para coleta de dados em pesquisas. Verificar de que modo os dados coletados podem
ser analisados e apresentados, quando da publica-o dos resultados obtidos.
Compreender a forma correta de grafar citaes e re-ferncias, de acordo com as normas tcnicas.
No decorrer de qualquer curso, na modalidade a distncia, seja de gra-
duao ou de ps, os resultados esperados no processo de ensino e de
aprendizagem vo depender quase que exclusivamente do empenho
pessoal do aluno, no cumprimento de suas atividades, fazendo bom uso
dos subsdios apresentados nas aulas conceituais ou ao vivo, da mediao
dos professores tutores, dos recursos didticos e pedaggicos oferecidos
pela instituio.
Para tanto, fundamental que o estudante busque adquirir hbitos de
estudo e de pesquisa, na conduo de sua vida enquanto estudante. Esse
captulo abordar alguns pontos importantes, ressaltando, principalmen-
te, como estudar e desenvolver pesquisas, com o objetivo de facilitar a
sistematizao do conhecimento apreendido e que resultar no traba-
lho de pesquisa.
A pesquisa na EAD exige, em primeiro lugar, que o aluno esteja conscien-
te de que o resultado do processo depende essencialmente dele mesmo.
Seja por meio de seu desenvolvimento intelectual, ou ainda pela prpria
natureza que a modalidade EAD exige, as condies inerentes aprendi-
zagem transformam-se, no sentido de propor ao aluno mais autonomia,
independncia e vontade. Faz-se necessria uma postura de autoestudo
que deve ser crtica e rigorosa.
De acordo com Gil (2009, p. 17):
Pode-se definir pesquisa como o procedimento racional e
sistemtico que tem como objetivo proporcionar respostas
aos problemas que so propostos. A pesquisa requerida
quando no se dispe de informao suficiente para respon-
der ao problema, ou ento quando a informao disponvel
se encontra em tal estado de desordem que no possa ser
adequadamente relacionada ao problema.
Corroborando Gil, Cervo e Bervian (2002) explicitam que a pesqui-
sa deve se propor a analisar um problema, tendo em vista o que j se
tem publicado sobre o assunto, conhecendo e analisando as contribui-
es cientficas de outros autores sobre esse assunto, constituindo-se
como elemento bsico para estudos que exijam o domnio do estado
da arte daquele tema.
interessante verificar como os autores que se debruam sobre um
determinado tema o veem e, principalmente, como escrevem sobre
ele. uma oportunidade de estabelecer relaes entre o pensamento
desses autores e o seu pensamento. Lembre-se, porm, que sempre
que inserir uma citao em seu texto, ela deve ser explicada, ou seja,
voc precisa deixar claro os motivos que o levaram a inserir tal citao
em seu texto.
Ao iniciar suas pesquisas, o estudante precisa ter acesso a livros
fundamentais para o desenvolvimento de seu trabalho: obras de re-
ferncia geral, textos de autores clssicos, textos bsicos (dicionrios,
material introdutrio ou que aborde a histria do tema), revistas cientfi-
cas e especializadas, enfim, material que abranja a rea que se pretende
estudar. Esses materiais favorecero a criao de um contexto ou quadro
terico que permitir ampla viso do que se deseja pesquisar.
Ainda neste captulo, esclareceremos a importncia das cita-
es e das referncias nos trabalhos acadmicos, buscando orientar
o modo de apresent-las corretamente. Para isso, torna-se primordial
conhecer as normas sobre documentao elaboradas pela Associao
Brasileira de Normas Tcnicas ABNT.
A ABNT uma instituio privada, sem fins lucrativos, fundada no
incio da dcada de 1940, que tem por funo atuar na rea de cer-
tificao, sendo o rgo responsvel pela normalizao tcnica em
nosso pas. Atualmente, ela composta com 53 comits e trs orga-
nismos de normalizao setorial que se subdividem em diversas reas
do conhecimento.
O Comit responsvel pelas questes de documentao e que, parti-
cularmente, nos interessa aqui, por ser de sua competncia as prticas
adotadas em bibliotecas, centros de documentao e de informao,
no que diz respeito adequao de terminologias, servios e outras
generalidades, o CB 14.
As normas brasileiras de documentao que sero abordadas nesse
captulo so:
NBR 6023:2002 Informao e Documentao Elaborao de
referncias.
NBR 10520:2002 Informao e Documentao Apresentao
de citaes.
Metodologia da pesquisa46 classificaodas pesquisas
Ps-Graduao | Unicesumar47
As pesquisas exploratrias se ocupam em agregar maior intimidade com o problema em questo, tornando-o mais claro e especfi co. Elas permitem que se
considerem diversos aspectos diferentes do
foco de estudo. Em geral, as pesquisas explo-
ratrias envolvem levantamento bibliogrfi co
e entrevistas com pessoas que tiveram ou
tm contato com as questes prticas que
envolvem o problema de pesquisa e permi-
tem a anlise de exemplos.
As pesquisas descritivas tm por escopo
descrever caractersticas de uma populao
ou de um fenmeno, propondo relaes entre
as variveis. Os questionrios e as observaes
sistemticas so tcnicas de coletas de dados
pertencentes a essa classifi cao de pesquisa.
As pesquisas explicativas buscam identifi -
car as variveis que determinam a ocorrncia
dos fenmenos, explicando a razo das coisas.
Elas se valem quase unicamente do mtodo
experimental, razo pela qual, nas cincias
sociais, elas se tornam to difceis. Opta-se,
nesse caso, por mtodos de observao.
Essa classifi cao permite que se estabe-
lea qual ser o marco terico da pesquisa e,
para confrontar teoria e prtica, faz-se necess-
rio defi nir qual o delineamento da pesquisa.
O elemento mais importante para a identifi cao de um delineamento o procedimento adotado para a coleta de dados. Assim, podem ser defi nidos dois grandes grupos de delineamentos: aqueles que se valem das chamadas fontes de papel e aqueles cujos dados so forneci-dos por pessoas. No primeiro grupo, esto
a pesquisa bibliogrfi ca e a pesquisa do-cumental. No segundo, esto a pesquisa experimental, a pesquisa ex-post facto, o levantamento e o estudo de caso. Neste ltimo grupo, ainda que gerando certa controvrsia, podem ser includas tambm a pesquisa-ao e a pesquisa participante (GIL, 2007, p. 43).
Essa diviso no deve ser engessada, pois
muitas pesquisas cabem em mais de um
modelo, em funo de suas caractersticas.
a pesquisa bibliogrfi ca
Trata-se de uma pesquisa que envolve toda
a bibliografi a j compartilhada em relao
ao tema proposto, tendo por principal obje-
tivo colocar o pesquisador em contato com
tudo que j foi publicado sobre o assunto. Tal
pesquisa envolve a escolha do material, um
plano de leitura sistemtico, acompanhado
de um fi chamento e, posteriormente, anlise
e interpretao. Dessa forma, as informa-
es lidas so processadas pelo pesquisador
e, acrescidas de seus conhecimentos, pro-
duzem novas refl exes sobre o tema. Essa
pesquisa d o suporte necessrio para as
demais tcnicas a serem implementadas
pelo pesquisador, pois auxilia na demar-
cao do problema, na determinao dos
objetivos, na escolha das hipteses e na fun-
damentao terica do estudo.
O livro , historicamente e por exceln-
cia, a mais importante fonte bibliogrfi ca,
porm, as publicaes peridicas cientfi cas,
por serem de mais rpida publicao, so in-
dispensveis. A internet tambm se tornou
Metodologia da pesquisa48
forte aliada no oferecimento de subsdios para
a leitura e a escrita, porm, o pesquisador deve
ter muito cuidado na escolha do material.
pesquisa documental
A particularidade fundamental da pesquisa
documental que a fonte de coleta de dados
est circunscrita a documentos que instituem
o que se designa como fontes primrias. Essa
tcnica permite angariar informaes prvias
sobre o campo de interesse, examinando-se
documentos oficiais e jurdicos que apontam
para informaes relevantes. Os documen-
tos oficiais constituem a fonte mais fidedigna
de dados e cabe ao pesquisador apenas se-
lecionar o que lhe interessa e, apesar de no
exercer controle sobre a forma como os docu-
mentos foram criados, interpretar e comparar
o material. J os documentos jurdicos apre-
sentam uma fonte rica de informes do ponto
de vista sociolgico e podem contribuir para
melhor apresentar o arco sob o qual se cir-
cunscreve o campo de estudo desejado.
pesquisa experimental
A pesquisa experimental se remete, em geral,
a pesquisas de cunho cientfico. Nesse caso, o
pesquisador deve selecionar as variveis que
deseja comparar e testar as possveis relaes
funcionais, mantendo um grupo de contro-
le. Essa pesquisa, nas cincias humanas,
bastante limitada pela dificuldade em se ma-
nipular pessoas.
A pesquisa experimental, ao contrrio do que faz supor a concepo popular, no precisa, necessariamente, ser realizada em laboratrio. Pode ser desenvolvida em qualquer lugar, desde que apresente as seguintes propriedades:
a. Manipulao: o pesquisador precisa fazer alguma coisa para manipular pelo menos uma das caractersticas dos elementos es-tudados.
b. Controle: o pesquisador precisa in-troduzir um ou mais controles na situao experimental, sobretudo criando um grupo de controle.
c. Distribuio aleatria: a desig-nao dos elementos, para par-ticipar dos grupos experimentais e de controle, deve ser feita alea-toriamente.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. So Paulo: Atlas, 2009.
pesquisas de campoAs pesquisas de campo so desenvolvidas
no local em que acontecem os fenme-
nos a serem pesquisados e se ocupam de
identificar as principais caractersticas dos
indivduos que compem esse universo de
estudo, por meio de questionamentos acerca
do problema estudado, sendo analisados
quantitativamente e oferecendo concluses
a respeito dos dados coletados.
Em geral, no se realiza uma pesquisa
com todos os elementos de uma populao,
sendo selecionada, para investigao, uma
amostra significativa que compe o univer-
so total.
Ps-Graduao | Unicesumar49
Para se realizar uma pesquisa de campo,
primeiramente, necessrio fazer um bom
levantamento bibliogrfico sobre o tema em
questo. Isso ajudar, inclusive, na elaborao
dos questionrios e entrevistas, esclarecen-
do o objeto de estudo e mostrando como
est o problema que iremos abordar.
Depois de levantar a fundamentao
terica, estabelecem-se as tcnicas para a
coleta dos dados que permitiro a realizao
do estudo e a amostra que ir representar
o universo total. As pesquisas de campo se
desdobram em diversas tcnicas que permi-
tem chegar a um consenso sobre o objeto
de estudo.
A pesquisa de campo pode ser realizada
por meio das seguintes tcnicas:
Observao direta intensiva.
Entrevista.
Questionrio.
Vamos verificar como cada tcnica pode ser
realizada e qual a funo dela?
Observao direta intensivaA tcnica de observao direta e intensiva
exige dois passos essenciais: a observao
do fenmeno, seguida de entrevista. A ob-
servao utilizada para se obter aspectos
da realidade, de acordo com os sentidos do
observador, de modo a permitir a identifica-
o e provas sobre o objetivo do estudo. Ela
possibilita que o pesquisador chegue a de-
terminadas concluses, apenas observando
o comportamento e as atitudes tpicas de
determinado grupo.
Classifica-se em: observao direta
participante e no participante. Na par-
ticipante, como o prprio nome j diz, o
pesquisador deve se incorporar ao grupo,
misturando-se a ele e participando das ati-
vidades desse grupo. O pesquisador precisa
manter a objetividade do estudo, buscando
no influenciar e nem ser influenciado pelo
grupo e, ainda, ganhar a confiana, fazendo
com que os participantes compreendam a
importncia da pesquisa.
Na observao no participante, o pesqui-
sador no se integra ao grupo, presenciando,
mas no se envolvendo nas situaes.
EntrevistaUma entrevista pressupe o encontro de
duas pessoas em que uma obter informa-
es sobre um assunto a ser pesquisado.
Tipos de entrevistas
a) Padronizada ou estruturada: aquela
em que o entrevistador segue um
roteiro previamente estabelecido.
As perguntas feitas ao indivduo so
predeterminadas. Essa entrevista se
realiza de acordo com um formulrio
elaborado e efetuada, de preferncia,
com pessoas selecionadas de acordo
com um plano.
O motivo da padronizao obter, dos
entrevistados, respostas s mesmas
perguntas, permitindo que todas elas
sejam comparadas com o mesmo
conjunto de perguntas, e que as dife-
renas devem refletir diferenas entre
os respondentes e no diferenas nas
perguntas (LODI, 1998, p. 16).
O pesquisador no livre para adaptar
Metodologia da pesquisa50
suas perguntas a determinada situa-
o, de alterar a ordem dos tpicos ou
de fazer outras perguntas.
b) Despadronizada ou no estruturada: o
entrevistador tem liberdade para de-
senvolver cada situao, em qualquer
direo que considere adequada.
uma forma de poder explorar mais
amplamente uma questo. Em geral,
as perguntas so abertas e podem ser
respondidas dentro de uma conversa-
o informal. Esse tipo de entrevista,
segundo Ander-Egg (1995, p. 110),
apresenta trs modalidades:
Entrevista focalizada: h um roteiro
de tpicos relativos ao problema que
se vai estudar e o entrevistador tem
liberdade de fazer as perguntas que
quiser: sonda razes e motivos, d
esclarecimentos, no obedecendo,
a rigor, a uma estrutura formal. Para
isso, so necessrias habilidade e
perspiccia por parte do entrevistador.
Em geral, essa entrevista utilizada em
estudos de situaes de mudana de
conduta.
Entrevista clnica: estudar os motivos,
os sentimentos, a conduta das pessoas.
Para esse tipo de entrevista, pode ser
organizada uma srie de perguntas
especficas.
No dirigida: h liberdade total por
parte do entrevistado, que poder
expressar suas opinies e sentimentos.
A funo do entrevistador de
incentivo, levando o informante a
falar sobre determinado assunto, sem,
entretanto, for-lo a responder.
c) Painel: consiste na repetio de per-
guntas, de tempo em tempo, s
mesmas pessoas, a fim de estudar a
evoluo das opinies em perodos
curtos. As perguntas devem ser for-
muladas de maneira diversa, para que
o entrevistado no distora as respos-
tas com essas repeties (LAKATOS,
MARCONI, 2008, p.199).
As entrevistas podem ser realizadas com toda
a populao, no importando se so alfabe-
tizados ou no, uma vez que quem elabora
as perguntas e anota as resposta o prprio
pesquisador. Como as perguntas so rea-
lizadas face a face, se o entrevistado no
compreender alguma questo, o entrevis-
tador pode repeti-la, explicando melhor o
que deseja saber. O pesquisador, alm de
ouvir as respostas dadas, tem a condio de
avaliar as atitudes do entrevistado, perceben-
do reaes e gestos que podem influenciar
nas respostas obtidas.
Para obter resultados satisfatrios com
a entrevista, cabe ao pesquisador alguns
cuidados na elaborao das perguntas,
portanto, planejamento essencial. im-
portante tambm que o pesquisador saiba
quem seu pblico-alvo, para saber como
agir no momento da conversa, no se es-
quecendo de marcar antecipadamente o
dia e a hora da entrevista. bom esclare-
cer ao participante que a conversa ser
transcrita na ntegra, porm, sua identida-
de ser preservada.
Ps-Graduao | Unicesumar51
Se a pesquisa prev u