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Análise dos dados obtidos O mito como primeira forma de conhecimento Conhecer as normas que fundamentam a redação e a editoração dos textos acadêmicos. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Professora Dra. Siderly do Carmo Dahle de Almeida ciência e conhecimento científico UNIDADE I citações, referências, classificação das pesquisas e análise de dados obtidos UNIDADE II trabalhos científicos: estrutura, forma e conteúdo UNIDADE III ISBN 978-85-8084-731-4

Metodologia de Pesquisa

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pesquisa

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  • Anlise dos

    dados obtidos

    O mito como

    primeira forma de

    conhecimento

    Conhecer as normas que

    fundamentam a redao e a

    editorao dos textos acadmicos.

    EDUCAO A DISTNCIA

    Professora Dra. Siderly do Carmo Dahle de Almeida

    cincia e conhecimento

    cientco

    UNIDADE I

    citaes, referncias,

    classicao das pesquisas

    e anlise de dados obtidos

    UNIDADE II

    trabalhos cientcos:

    estrutura, forma e contedo

    UNIDADE III

    ISBN 978-85-8084-731-4

  • Viver e trabalhar em uma sociedade global um grande desafio para todos os cidados. A busca por tecnologia, informao, conhecimento de qualida-de, novas habilidades para liderana e soluo de problemas com eficincia tornou-se uma questo de sobrevivncia no mundo do trabalho.

    Cada um de ns tem uma grande responsa-bilidade: as escolhas que fizermos por ns e pelos nossos far grande diferena no futuro.

    Com essa viso, o Centro Universitrio Cesumar assume o compromisso de democra-tizar o conhecimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros.

    No cumprimento de sua misso promo-ver a educao de qualidade nas diferentes reas do conhecimento, formando profissionais cida-dos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidria , o Centro Universitrio Cesumar busca a integrao do ensino-pesquisa-extenso com as demandas

    Reitor Wilson de Matos Silva

    palavra do reitor

    DIREO UNICESUMAR

    Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pr-Reitor de Administrao Wilson de Matos Silva Filho, Pr-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente da Mantenedora Cludio Ferdinandi.

    NEAD - NCLEO DE EDUCAO A DISTNCIA

    Direo de Operaes Chrystiano Mincoff, Coordenao de Sistemas Fabrcio Ricardo Lazilha, Coordenao de Polos Reginaldo Carneiro, Coordenao de Ps-Graduao, Extenso e Produo de Materiais Renato Dutra, Coordenao de Graduao Ktia Coelho, Coordenao Administrativa/Servios Compartilhados Evandro Bolsoni, Gerncia de Inteligncia de Mercado/Digital Bruno Jorge, Gerncia de Marketing Harrisson Brait, Superviso do Ncleo de Produo de Materiais Nalva Aparecida da Rosa Moura, Superviso de Materiais Ndila de Almeida Toledo, Diagramao Humberto Garcia da Silva, Reviso Textual Ana Paula da Silva, Nayara Valenciano, Fotos Shutterstock.

    NEAD - Ncleo de Educao a DistnciaAv. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimao - Cep 87050-900 Maring - Paran | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360

    institucionais e sociais; a realizao de uma prtica acadmica que contribua para o desen-volvimento da conscincia social e poltica e, por fim, a democratizao do conhecimento aca-dmico com a articulao e a integrao com a sociedade.

    Diante disso, o Centro Universitrio Cesumar almeja ser reconhecida como uma instituio univer-sitria de referncia regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisio de com-petncias institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidao da extenso univer-sitria; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distncia; bem-estar e satisfao da comunidade interna; qualidade da gesto acadmica e adminis-trativa; compromisso social de incluso; processos de cooperao e parceria com o mundo do trabalho, como tambm pelo compromisso e relacionamento permanente com os egressos, incentivando a edu-cao continuada.

    CENTRO UNIVERSITRIO DE MARING. Ncleo de Educao a Distncia:

    C397

    Metodologia da Pesquisa / Professora Dra. Siderly do Carmo Dahle de Almeida.

    Maring - PR, 2014. 97 p.

    Ps-graduao - EaD.

    1. Metodologia da Pequiasa. 2. Ensino superior . 3. EaD. I. Ttulo.

    ISBN 978-85-8084-731-4CDD - 22 ed. 378

    CIP - NBR 12899 - AACR/2

  • Prezado(a) Acadmico(a), bem-vindo(a) Comunidade do Conhecimento.

    Essa a caracterstica principal pela qual a UNICESUMAR tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores e pela nossa sociedade. Porm, importante destacar aqui que no estamos falando mais daquele conhecimento esttico, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinmico, renovvel em minutos, atemporal, global, de-mocratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais.

    De fato, as tecnologias de informao e comunicao tm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informaes, da edu-cao por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares.

    As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram a informa-o e a produo do conhecimento, que no reconhece mais fuso horrio e atravessa oceanos em segundos.

    A apropriao dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregao de valor, de superao das desigualdades, propagao de trabalho qualificado e de bem-estar.

    Logo, como agente social, convido voc a saber cada vez mais, a co-nhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que est disponvel.

    Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas fer-ramentas, equipamentos e aplicaes esto mudando a nossa cultura e transformando a todos ns.

    Priorizar o conhecimento hoje, por meio da Educao a Distncia (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informaes e interatividade. um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrir as portas para melhores oportunidades. Como j disse Scrates, a vida sem desafios no vale a pena ser vivida. isso que a EAD da UNICesumar se prope a fazer.

    Pr-Reitor de EaDWillian Victor Kendrick de Matos Silva

    boas-vindas

  • sobre ps-graduao

    a importncia da ps-graduao

    O Brasil est passando por grandes transformaes, em especial nas ltimas dcadas, motivadas pela estabilizao e crescimento da economia, tendo como consequncia o aumento da sua impor-tncia e popularidade no cenrio global. Esta importncia tem se refletido em crescentes investimentos internacionais e nacionais nas empresas e na infraestrutura do pas, fato que s no maior devido a uma grande carncia de mo de obra especializada.

    Nesse sentindo, as exigncias do mercado de trabalho so cada vez maiores. A graduao, que no passado era um diferenciador da mo de obra, no mais suficiente para garantir sua emprega-bilidade. preciso o constante aperfeioamento e a continuidade dos estudos para quem quer crescer profissionalmente.

    A ps-graduao Lato Sensu a distncia da UNICESUMAR conta hoje com 16 cursos de especializao e MBA nas reas de Gesto, Educao e Meio Ambiente. Estes cursos foram planejados pensando em voc, aliando contedo terico e aplicao prtica, trazendo informaes atualizadas e alinhadas com as necessida-des deste novo Brasil.

    Escolhendo um curso de ps-graduao lato sensu na UNICESUMAR, voc ter a oportunidade de conhecer um conjun-to de disciplinas e contedos mais especficos da rea escolhida, fortalecendo seu arcabouo terico, oportunizando sua aplicao no dia a dia e, desta forma, ajudando sua transformao pessoal e profissional.

    Professor Dr. Renato DutraCoordenador de Ps-Graduao , Extenso e Produo de Materiais

    NEAD - UNICESUMAR

  • apresentao do material

    Prezado(a) aluno(a) dos cursos de Ps-

    Graduao da Unicesumar, este o seu livro

    da disciplina de Metodologia Cientfica. Ele

    foi pensado de modo a contribuir para facili-

    tar sua busca por conhecimento em diversas

    fontes que no apenas as encaminhadas por

    seus professores e, ainda, elucidar as formas

    de disseminao do conhecimento por voc

    adquirido e proposto em formato de textos.

    Os contedos foram selecionados e organi-

    zados cuidadosamente, buscando primar

    por uma linguagem clara, precisa e de apli-

    cao prtica.

    Professora Doutora Siderly do Carmo Dahle de Almeida

  • A disciplina de Metodologia Cientfica

    importante no apenas em sua vida acad-

    mica, mas tambm em sua vida profissional,

    enquanto pesquisador(a) em sua rea de

    estudo. Os contedos privilegiam, na pri-

    meira unidade, a importncia, os tipos de

    conhecimento e as possibilidades de fontes

    de pesquisa, ou seja, onde pesquisar. Muitas

    vezes, no nos preocupamos muito com essa

    questo, acreditando que, em tempos de

    tecnologia de informao e comunicao,

    tudo j est escrito e disponvel na internet.

    preciso, porm, um olhar criterioso para

    seu uso, pois nem tudo que est disponvel

    verdadeiro.

    A segunda unidade contempla concei-

    tos de pesquisa e oferece um passo a passo

    de como os projetos de pesquisa devem ser

    elaborados, elucidando as diferenas entre

    ttulo e tema, a importncia de ter muito claro

    qual o problema que se pretende pesqui-

    sar e as relaes entre esse problema e os

    objetivos da pesquisa. Tambm, pretende-se

    explicar como descrever uma justificativa, de

    que modo selecionar os autores que daro a

    fundamentao terica em seus estudos e,

    por fim, por que e como fazer um cronogra-

    ma da pesquisa. Ainda nesta unidade, vamos

    verificar como as pesquisas so classificadas,

    ou seja, que mtodos e tcnicas podemos

    utilizar, e como aplicar essas tcnicas para

    obter os melhores resultados.

    Na ltima parte, vamos analisar como es-

    truturar nossa pesquisa, de modo a torn-la

    compreensvel aos leitores, para assim poder

    dissemin-la por meio de publicaes em

    peridicos, congressos, livros etc.

    Desejo muito sucesso em sua vida

    pessoal, acadmica e profissional!

  • sum

    rio 01

    12 Histria do Conhecimento Cientfico

    14 O Mito: a Forma Mais Elementar do Conhecimento

    16 Categorias de Conhecimento

    19 Concepo de Cincia

    21 Identificando as Fontes Para a Pesquisa

    30 Passos Para o Desenvolvimento de uma Pesquisa

    40 Consideraes Finais

    40 Atividades de Autoestudo

    CINCIA E CONHECIMENTO CIENTFICO

  • 02 03

    46 Classificao das Pesquisas

    47 A Pesquisa Bibliogrfica

    56 Anlise de Dados

    58 Citaes e Referncias

    60 Tipos de Citao

    66 Referncias

    74 Consideraes Finais

    76 Atividades de Autoestudo

    81 Coerncia e Clareza

    82 Editorao de Texto

    84 Estrutura do Trabalho Cientfico

    90 Comunicao da Pesquisa

    94 Consideraes Finais

    95 Atividades de Autoestudo

    97 Gabaritos

    98 Referncias

    CITAES, REFERNCIAS, CLASSIFI-CAO DAS PESQUISAS E ANLISE DE DADOS OBTIDOS

    TRABALHOS CIENTFICOS: ESTRU-TURA, FORMA E CONTEDO

  • 1 CINCIA E CONHECIMENTO CIENTFICO Professora Dra. Siderly do Carmo Dahle de Almeida

    Plano de estudoA seguir, apresentam-se os tpicos que voc estu-dar nesta unidade: Olhar histrico sobre o conhecimento O mito como primeira forma de conhecimento Tipos de conhecimento Definies de cincia Possibilidades de fontes de pesquisa Localizao das fontes Elaborao de projeto de pesquisa Tpicos que compem o projeto

    Objetivos de Aprendizagem Reconhecer o significado do conhecimento sob

    um olhar histrico da humanidade. Diferir os tipos de conhecimento: cientfico,

    popular, filosfico e religioso ou teolgico. Comparar distintos conceitos de cincia. Discernir as diferentes possibilidades de fonte

    para a realizao de pesquisas de cunho cientfico. Entender o projeto de pesquisa como primeiro

    passo para o desenvolvimento de uma pesqui-sa cientfica.

    Compreender a estrutura de um projeto de pes-quisa, distinguindo e estabelecendo conexes entre os tpicos que compem esse projeto.

  • A histria da humanidade e sua evoluo confundem-se com a

    histria da cincia e da produo do conhecimento. A neuroci-

    ncia tem analisado que o desenvolvimento da mente humana

    obedeceu etapas sucessivas, e, a partir dessas, novas possibili-

    dades e habilidades foram sendo introduzidas nos complexos

    circuitos neurais da mente.

    Ainda que no possamos fazer uma anlise histrica de longo

    alcance no que diz respeito sistematizao do conhecimen-

    to (pois, enquanto a evoluo do crebro registra em torno

    de 100 milhes de anos, a cincia pode esmiuar apenas os

    ltimos 10 mil anos de sua histria), indicaremos alguns fatos

    significativos para que se compreenda o processo histrico de

    desenvolvimento da cincia e do conhecimento.

    Neste captulo, veremos ainda a importncia de um projeto de

    pesquisa, analisando cada tpico que deve compor esse projeto

    e como disponibilizar sistematicamente as informaes mais

    relevantes em cada um desses tpicos.

  • Metodologia da pesquisa12

    Fazendo uma rpida viagem pr--histria, possvel verificar que o conhecimento adquirido era incor-porado de modo coletivo e as grandes e

    principais descobertas baseavam-se quase

    sempre nas regularidades. Dessa forma,

    aps muitos ensaios com acertos e erros,

    era verificada a melhor poca para a caa,

    distinguiam-se as plantas comestveis das

    txicas, estabeleciam-se parmetros para

    escolher as melhores rochas, para construir

    instrumentos que auxiliassem no dia a dia.

    Durante essa poca, o ser humano comeou

    a dominar as tcnicas de produo e con-

    servao do fogo e, com ele, poderiam

    proteger-se dos animais perigosos, assar e

    HISTRIA DO CONHECIMENTO CIENTFICO

  • Ps-Graduao | Unicesumar13

    conservar a carne ou ainda outros alimentos,

    clarear sua habitao noite e se aquecer em

    dias de muito frio.

    O perodo paleoltico ou Idade da Pedra

    Lascada, o neoltico ou Idade da Pedra Polida

    e a Idade dos Metais representam perodos

    diversos em que a humanidade passou da

    coleta de alimentos e hbitos nmades para

    se fixar ao solo, sistematizando as tcnicas de

    agricultura, pastoreio e pesca.

    A aplicao da fora animal e dos ventos

    e a inveno da roda e dos barcos a vela me-

    lhoraram consideravelmente a produo e

    estimularam a multiplicao de tarefas dos

    camponeses, artesos e comerciantes.

    Nasce a escrita como uma necessidade

    para o controle dos negcios, e as atividades

    rotineiras vo se tornando mais comple-

    xas, exigindo mais conhecimento para sua

    execuo.

    Quando se chega Civilizao Egpcia,

    verificam-se inmeras descobertas que

    esta trouxe humanidade. Apresentava

    uma religio repleta de mitos e crenas.

    Mumificava os cadveres dos faras, guar-

    dando-os nas pirmides, com o propsito de

    preservar o corpo para a prxima vida. Com

    isso, muito se aprendeu sobre o funciona-

    mento do corpo humano e de seus rgos.

    Os egpcios foram excepcionais no que

    tange s cincias, pois, incitados pela pre-

    mente necessidade de estimar as condies

    do tempo, para evitar maiores estragos com

    as cheias do Rio Nilo, a fim de se defende-

    rem. Os egpcios conceberam o relgio de

    sol e o de gua, configuraram plantas ce-

    lestes nas quais posicionavam os pontos

    cardeais e idealizaram o mais primitivo

    calendrio. Alm disso, promoveram os

    princpios da aritmtica e da geometria,

    criaram a soma e a subtrao e instituram

    ngulos e retngulos. No que diz respeito

    escrita, registraram, de sua rotina, tudo o

    que podiam, em suas paredes e objetos,

    originando a escrita hieroglfica que signi-

    fica gravao sagrada.

    Na Grcia, no perodo en-tre 469 a.C. e 399 a.C., viveu Scrates, um dos fundadores da filosofia ocidental que fi-cou famoso principalmente

    por meio dos relatos de seus alunos Plato e Xenofonte. Scrates foi condenado morte por insistir na infinita ignorncia que nos absorve.

    Reflita sobre uma de suas mais clebres frases: S sei que nada sei

  • Metodologia da pesquisa14Metodologia da pesquisa14

    Consultando o Dicionrio Houaiss (2002), em uma viso antropolgi-ca, mito defi nido como um relato simblico, passado de gerao em gerao,

    dentro de um grupo, que narra e explica a

    origem de determinado fenmeno, ser vivo,

    acidente geogrfi co, instituio, costume

    social etc. Assim, observa-se que no tem

    a inteno de explicar o mundo, mas

    somente posicionar a existncia humana

    no espao. Por isso, no fundamentado a

    partir do raciocnio lgico, mas de metforas

    O MITOforma mais elementar do conhecimento

  • Ps-Graduao | Unicesumar15

    ou lendas que cingem o mistrio, certas

    vezes revelando-o, certas vezes ocultan-

    do-o. Percebe-se, assim, por sua forma de

    expresso, que o mito possibilita a expres-

    so da crena, ao invs da percepo clara

    e distinta, defendida pelo filsofo Descartes

    e pelas cincias modernas.

    O mito desempenha a funo de apre-

    sentar as respostas das questes que a

    natureza impe. Desprovido de inflexibilida-

    de lgica, ele baseado em crenas e lendas

    que servem para desvelar o princpio de tudo.

    Assim, um relato realizado em pblico, fun-

    damentado somente na convico do seu

    autor. Essa competncia s se torna poss-

    vel se o narrador confirmou ou vivenciou o

    que est descrevendo.

    O poeta apontado pelos deuses para

    relatar os fatos e so esses mesmos deuses que

    lhe narram tudo o que houve no passado, pos-

    sibilitando que apenas ele, o poeta, conhea

    a gnese de todos os seres. Assim, conside-

    rado uma revelao divina, o mito sagrado

    e, portanto, incontestvel e inquestionvel.

    produto de convico, de f, de crena. O que

    o poeta narrava era integralmente verdico.

    De acordo com Andery (2003, p.20), o mito

    desempenha um sentimento coletivo,

    transmitido por meio de geraes, como forma de explicar o mundo, explicao que no objeto de discusso, ao contrrio, ela une e canaliza as emoes coletivas, tranquilizando as pessoas em um mundo que as ameaa.

    J pensou quantas vezes nos prendemos ainda hoje aos mitos? Muitas vezes, senti-mo-nos coagidos por situ-aes desconhecidas e nos-so comportamento imediato

    encontrar respostas para nossas angstias. certo que se tornou muito mais simples encontrar res-postas e caminhos para nos-sas dvidas, com o apoio das

    tecnologias da informao, facilitando nossa vida. Mas quem sustenta de in-formaes esses canais que permitem buscas?

  • Metodologia da pesquisa16

    Conhecer o exato momento em que se passa de um estado de ignorn-cia sobre determinado assunto a um estado de saber, ainda que esse saber seja

    superficial ou insignificante; a busca por

    distintos saberes, para substituir um estado

    de incompetncia.

    Verifica-se uma disposio nos meios

    de comunicao, no sentido de fortalecer a

    ideia de que a cincia se encontra acima dos

    outros tipos de conhecimento. Desse modo,

    o mito, a religio, o senso comum, a filosofia

    e outros conhecimentos so considerados

    menos importantes.

    preciso termos claro que existem dife-

    rentes tipos de conhecimentos e o cientfico

    apenas um deles.

    Para que o ato de conhecer se consolide,

    so imprescindveis os seguintes elementos:

    a. O indivduo que deseja conhecer.

    b. O objeto ou aquilo sobre o

    que se deseja conhecer (no

    necessariamente um objeto,

    podendo ser outra pessoa ou o

    CATEGORIAS DE CONHECIMENTO

  • Ps-Graduao | Unicesumar17

    prprio reflexo em um espelho).

    c. A imagem mental que resulta da

    relao estabelecida entre sujeito-

    objeto e que passa a formar a

    subjetividade daquele que conhece.

    Abaixo, vamos perceber e distinguir quatro

    tipos de conhecimento, para melhor apre-

    ender essa concepo.

    o conhecimento cientficoO conhecimento cientfico o mais conhe-

    cido e tambm chamado de racional, pois

    tem relao com circunstncias ou fatos, va-

    lendo-se de experimentos, confirmaes e

    observaes. Trata-se de um conhecimento

    sistemtico, uma vez que legitima e auten-

    tica o que deseja provar.

    Unido s tecnologias, o que mais tem

    aproximado o ser humano da qualidade

    de vida que tanto ambiciona, facultando

    evolues no que diz respeito sade, se-

    gurana, educao e aos servios. Esse tipo

    de conhecimento se encontra em frequente

    transformao, pois, a cada nova descober-

    ta, uma verdade anterior desmistificada.

    O filsofo da cincia Karl Popper (1902

    1994) prope trs universos distintos para

    melhor compreender esse conhecimento.

    Primeiro: o mundo dos objetos fsicos ou

    de estados materiais; segundo: o mundo

    de estados de conscincia ou de estados

    mentais, ou talvez ainda, do que ele chama

    de disposies comportamentais para agir;

    e um terceiro mundo: o mundo dos conte-

    dos objetivos de pensamento, especialmente

    de pensamentos cientficos, poticos e de

    obras de arte (POPPER, 1974).

    Popper esclarece tambm que a busca

    pelo conhecimento no acontece apenas a

    partir da observao da realidade, mas, aliado

    a isso, a partir de um quadro de referncias

    no mais satisfeito. Assim, sempre h uma in-

    teno nas observaes realizadas, alterando

    o quadro de referncias existente.

    O cientista ento prope uma hiptese

    geral e dessa se deduzem consequncias

    que possibilitam novas experincias. Com

    isso, possvel refutar a teoria anterior, esta-

    belecendo-se um novo conceito, por meio

    do critrio de falseabilidade.

    o conhecimento popularO conhecimento popular, ou de senso comum,

    baseia-se nas experincias de vida e em-

    pregado desde a origem da civilizao. um

    saber que se obtm nas vivncias e passado

    de gerao em gerao. Compreende tradi-

    es, costumes, normas e hbitos.

    O senso comum, ao contrrio do co-

    nhecimento cientfico, no sistematizado,

    aprofundado e metodolgico, o que resulta

    em um conhecimento tambm denomina-

    do vulgar. No requer um parecer da cincia,

    que busca certificar o que foi exposto, pois

    totalmente informal, valendo-se de opinies,

    preconceitos e acrtico. No h preocupa-

    o com a fidedignidade dos fatos.

  • Metodologia da pesquisa18

    o conhecimento filosfico

    Trata-se de um conhecimento valorativo,

    que nasce em hipteses as quais no se

    submetem observao, ou seja, no so

    verificveis. Exigem um conjunto de enun-

    ciados distintamente correlacionados, sendo

    racional. Suas hipteses convergem para uma

    representao da realidade.

    A filosofia se interessa por encontrar solu-

    es e respostas a todas as coisas que existem.

    Prope que a humanidade se coloque em

    busca de proposies verdadeiras que res-

    pondam perguntas de toda natureza: de

    onde surgimos? Para onde vamos? Qual a

    razo da vida? Que conceitos podemos atri-

    buir ao espao e ao tempo? Qual nosso

    objetivo no mundo?

    conhecimento religioso ou teolgico um conhecimento que se valida na razo,

    mas se baseia essencialmente na f. Parte da

    deduo, ou seja, de uma realidade universal,

    seguindo no sentido de verdades particula-

    res. Aceita a existncia de divindades (seres

    superiores), as quais revelam as verdades

    que precisam ser conhecidas. Busca explicar

    dvidas que a cincia no consegue aclarar,

    como: Existe vida aps a morte? Como a

    eternidade? H cu e inferno? Qual a de-

    finio de pecado? O que pode acontecer

    com quem pecou?

  • Ps-Graduao | Unicesumar19

    Acincia conceitua-se como uma ampla sistematizao do conheci-mento, a qual incorpora diversas proposies que se inter-relacionam a respei-

    to de determinado fato ou fenmeno que se

    busca estudar. De acordo com Trujillo Ferrari

    (apud LAKATOS; MARCONI, 2008, p. 80), a

    cincia todo um conjunto de atitudes e

    atividades racionais, dirigidas ao sistemtico

    conhecimento com objeto limitado, capaz

    de ser submetido verifi cao.

    De acordo com Lakatos e Marconi (2008,

    p. 80),

    as cincias possuema. Objetivo ou fi nalidade: preocupao

    em distinguir a caracterstica comum ou as leis gerais que regem determina-dos eventos.

    b. Funo: aperfeioamento, atravs do crescente acervo de conhecimentos, da relao do homem com o seu mundo.

    c. Objeto: subdividido em: Material, aquilo que se pretende estudar,

    analisar, interpretar ou verifi car, de modo geral.

    Formal, o enfoque especial, em face das diversas cincias que possuem o mesmo objeto material.

    cinciaA comunidade cientfi ca desloca a cincia do

    olhar dos processos sociais e, com isso, tira

    de si o compromisso pelo uso dos resultados

    alcanados pelas pesquisas. Depois do uso

    sistemtico das cincias e das tecnologias na

    construo de instrumentos que serviriam

    Primeira Guerra, ao perodo entre guerras,

    assim como Segunda Guerra Mundial, a co-

    munidade cientfi ca sentiu-se imoral, pois,

    pela primeira vez, relacionava-se a pesquisa

    cientfi ca s questes polticas.

    Os processos que garantem a transfor-

    mao do que se chama conhecimento

    cientfi co em tecnologia propriamente dita

    e suas aplicaes pela sociedade so origina-

    dos de modo linear, principiando-se com o

    conceito de cincia at a produo de bem-

    -estar social.

    Essa concepo de cincia, como busca

    da verdade por meio da razo e da expe-

    rimentao, com o objetivo de garantir

    a extenso do conhecimento verifi cado,

    conforme Merton (1938 1973), tambm

    coloca o contedo do conhecimento fora

    dos limites da anlise sociolgica. De acordo

    com essa concepo, o conhecimento cien-

    tfi co s pode ser produzido por cientistas

    concepo de

  • Metodologia da pesquisa20

    especificamente treinados para produzir co-

    nhecimento objetivo.

    Para justificar que pessoas carregadas

    de interesses e sujeitas s relaes sociais

    e influncias culturais mais variadas sejam

    capazes de produzir conhecimento objeti-

    vo, fundamental a contribuio seminal

    de Robert Merton sobre as normas da

    cincia. Essas, que so chamadas de uni-

    versalismo, comunismo, desinteresse e

    Alm de objetiva, a cincia vista como a base, a origem da tecnologia. Essa, por sua vez, uma forma de conhecimento subordinada e dependente da cincia. O processo de transformao d o c o n h e c i m e n t o cientfico em tecnologia e sua apropriao pela sociedade so concebidos de forma linear, iniciando-se com a cincia at produzir bem-estar social (cincia bsica, cincia aplicada, desenvolvimento tecnolgico, inovao,

    difuso da inovao, crescimento econmico e benefcio social). Por essa razo, esse paradigma foi denominado de cincia como motor do progresso, tudo se inicia com a cincia.Uma das principais evidn-cias dessa viso da relao entre CTI e sociedade foi o documento elaborado por Vannevar Bush, a pedido do Presidente Roosevelt, dos EUA - entregue ao Presiden-te Truman, em 1945, e que se constituiu, posteriormente, em um smbolo desta con-

    cepo: o clebre Science: the Endless Frontier. Nele, detalha-se o fundamento do chamado modelo linear de inovao, em que se idealiza-va a cincia como uma fron-teira sem fim. Esses conceitos passaram a ser a base de um novo contrato social entre a comunidade cientfica e o Es-tado (Ronayne, 1984). Essa viso exprime uma f quase religiosa na cincia, no poder da cincia para a soluo de problemas (Dickson, 1988:3).

    ceticismo organizado, modelam e nor-

    matizam o comportamento esperado dos

    membros da comunidade de pesquisa,

    para garantir a produo de conhecimen-

    to livre de valores e de influncias sociais.

    Para o trabalho de Merton, contriburam

    vrios de seus discpulos, que estenderam

    as normas e as testaram empiricamente

    (Norman Storer, Barber, Jonathan e Steven

    Cole, Harriet Zuckerman).

  • Ps-Graduao | Unicesumar21

    Organizado o plano de ao, o prximo passo consiste em le-vantar e identificar que fontes sero capazes de fundamentar as respos-

    tas que buscamos com o desenvolvimento

    de nosso trabalho. Elas so muito parecidas

    com a reviso de bibliografia, distinguindo-se

    apenas por aquela no ser considerada a de-

    finitiva. Para essa fase, o auxlio do orientador

    identificandoas fontes para a pesquisa

    essencial, pois ele conhece quem so os

    autores primordiais que j tm publicaes

    acerca do tema e que no podemos deixar

    de consultar e ler.

    Alm dos livros j anteriormente citados,

    pode-se fazer uso de obras de referncia,

    monografias, dissertaes e teses, peridicos

    cientficos, anais de congressos, peridicos

    indexados e internet.

  • Metodologia da pesquisa22

    Antes de iniciar o processo de explorao das

    fontes, preciso rever a estrutura pensada e

    anunciada no projeto de pesquisa. Tais ideias

    sero o roteiro para que melhor se desenvol-

    va a atividade investigativa. Nessa fase, nem

    tudo que foi separado para dar embasamen-

    to a pesquisa ser necessariamente utilizado.

    Inicia-se o processo de triagem, buscando

    ler, inicialmente, o que h de mais novo e

    geral sobre o tema, para depois proceder a

    leitura de material mais antigo e particular. O

    material recente oferece uma retomada das

    contribuies de outros autores que j se de-

    bruaram sobre o assunto. Se o pesquisador

    achar vivel, pode lanar mo do material

    citado. O material generalista enciclop-

    dias, dicionrios, obras antigas - possibilitar

    uma ampla viso ao pesquisador, que poder,

    nessa fase, decidir quais rumos a pesquisa ir

    tomar, explorando, ento, os trabalhos mais

    especializados sobre aquele assunto.

    LEITURA E ANLISE TEXTUAL

    A leitura constitui-se em fator decisivo de estudo, pois propicia a ampliao de conhecimentos, a obteno de in-formaes bsicas ou especficas, a abertura de novos horizontes para a mente, a sistematizao do pensamen-to, o enriquecimento do vocabulrio e o melhor entendimento do contedo das obras.Continue a leitura em: LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia cientfica. 6. ed., rev. e ampl. So Paulo: Atlas, 2008.

    literatura correnteDe modo geral, sabemos que os livros incluem

    tanto gneros literrios (romances, crnicas,

    poesia etc.), quanto obras que se propem

    a evidenciar conhecimentos cientficos ou

    tcnicos. So obras que incluem reflexes

    tericas e apresentam conhecimentos e sub-

    sdios para a elaborao de um trabalho de

    pesquisa e que comunicam, de modo sis-

    temtico, os assuntos que se relacionam a

    certos campos do conhecimento ou, ainda,

    divulgam resultados de pesquisa.

    obras de referncia

    So as enciclopdias, dicionrios, manuais e

    tratados temticos, que no se objetiva ler do

    princpio ao fim. Oferecem vasto material de

    pesquisa, mas deve-se tomar cuidado com

    a atualidade da obra. Por serem materiais

    caros, no se faz possvel reedio constante,

    sendo, portanto, muitas vezes, considerados

    desatualizados, oferecendo informaes se-

    dimentadas, porm, distantes da evoluo

    ou progresso do tema em questo.

    artigos de peridicos

    Por meio dos peridicos cientficos, a comu-

    nicao formal de resultados de pesquisas

    torna-se possvel. Os peridicos apresentam

    maior rapidez na publicao, preo acess-

    vel e informao atualizada, sendo bastante

    comuns para embasar trabalhos cientficos.

    Muitos peridicos esto disponveis na inter-

    net, cabendo ao pesquisador distinguir fontes

  • Ps-Graduao | Unicesumar23

    fidedignas. So obras que possuem uma

    verso impressa e que se mantm no formato

    de fascculos. Mais adiante, ainda neste cap-

    tulo, vamos expor algumas fontes confiveis

    para a realizao de pesquisas cientficas.

    monografias, dissertaes e tesesEssas fontes se constituem em importan-

    tes subsdios para a pesquisa, apresentando

    investigaes cientficas apuradas ou revi-

    ses bibliogrficas altamente qualificadas,

    quando bem orientadas. Cabe ao pesqui-

    sador despender um olhar crtico sobre tais

    publicaes, verificando a procedncia da

    instituio de origem do autor.

    anais de congressos

    Anais de eventos cientficos renem um con-

    junto de trabalhos apresentados, palestras,

    mesas redondas e conferncias, ocorridos

    em determinado encontro, congresso ou

    seminrio, sendo publicados em forma im-

    pressa ou meio eletrnico. Os anais abrangem

    contedo confivel, uma vez que, para que

    um trabalho seja publicado em um evento,

    passar por uma banca de qualificao.

    internet

    A Internet tornou-se uma fonte de consulta

    rpida, barata e relativamente confivel, na

    medida em que o pesquisador saiba fazer uso

    correto dela, no garimpo de informaes. O

    pesquisador pode navegar vontade e colher

    elementos para compor seu trabalho, trocar

    informaes com outros pesquisadores e

    eliminar barreiras espao-temporais. Mas

    preciso estar ciente de que nem tudo que

    est disponvel na rede verdadeiro, o que

    constitui no maior problema a ser enfrentado

    pelo pesquisador. No Saiba Mais, que segue

    o tpico Localizao das fontes, disponibili-

    zamos alguns importantes sites que podem

    ser utilizados em suas pesquisas.

    localizao das fontes

    A biblioteca , por excelncia, o local privilegia-

    do para localizao de fontes de pesquisa e o

    bibliotecrio pode auxiliar o pesquisador nessa

    tarefa, indicando a localizao dos livros, dos

    peridicos e ainda fontes eletrnicas confiveis.

    Ao consultar livros em uma biblioteca, o

    usurio deve fazer uso do catlogo (real ou

    virtual), buscando fontes que estaro dispo-

    sio por autor, ttulo da obra ou assunto. Em

    geral, a busca realizada por assunto, j que

    nem sempre se sabe o autor ou o ttulo da obra.

    O acervo disposto nas estantes da bi-

    blioteca, de acordo com o assunto da obra.

    Se o pesquisador estiver com dvidas sobre

    o melhor livro, pode solicitar ao bibliotecrio

    que lhe indique em qual estante est aquele

    assunto, recolhendo algumas obras que consi-

    dere importante e realizando uma leitura rpida

    do sumrio, das orelhas e da contracapa do livro,

    antes de se decidir sobre qual levar para casa,

    uma vez que todas as bibliotecas restringem o

    nmero de volumes que se pode emprestar.

  • Metodologia da pesquisa24

    Se voc conseguir escolher os livros que

    deseja pelo catlogo, deve anotar o seu

    nmero de chamada que aquele bloco

    de nmeros que estaro na etiqueta da

    lombada do livro. Esse nmero compos-

    to, em sua primeira linha, pelo cdigo de

    classifi cao (que o defi nir pelo assunto e,

    por isso, todos os livros do mesmo assunto

    estaro juntos na estante), na segunda linha,

    pelo nmero de Cutter (que representa o

    sobrenome do autor) e, em sua terceira

    linha, pode estar ou o ano da obra, ou o

    nmero do volume, variando de bibliote-

    ca para biblioteca.

    Por exemplo, voc est procurando

    um livro de fundamentos de metodologia

    cientfi ca. Ao procurar no catlogo eletr-

    nico, ir escrever na caixa de dilogo da

    biblioteca fundamentos de metodologia

    cientfi ca:

    Pesquisando em Livros

    Verifi que que, nesse exemplo, surgiram 6

    ttulos (o local est circulado esquerda).

    O nmero que aparece logo aps a re-

    ferncia completa o nmero de chamada,

    que estar na lombada do livro

  • Ps-Graduao | Unicesumar25

    As revistas ou peridicos so excelentes

    fontes de consulta, pois, por serem de mais

    fcil publicao que o livro, tendem a apre-

    sentar os assuntos de modo mais atualizado.

    Para pesquisar peridicos na biblioteca,

    escreva o assunto a ser pesquisado, como

    para a pesquisa de livros, e, ao lado esquer-

    do, clique sobre tipo de obra:

    pesquisando em revistas

    Vamos entender:

    0 0 1 . 4 2C 7 5 8 f2 0 1 2

    Na primeira linha, fi gura o cdigo

    de classifi cao desse livro, defi nindo o

    assunto. Todos os livros sobre fundamen-

    tos da metodologia cientfi ca estaro juntos

    na estante, guiados por tal nmero. Na

    segunda linha, temos a notao de autor,

    que contm a primeira letra do sobreno-

    me do autor, no caso, Carvalho, seguido

    de 758 (retirado da tabela Cutter, criada

    especifi camente para esse fi m) e a primei-

    ra letra do ttulo do livro em minsculo f

    de Fundamentos. A terceira linha apresen-

    ta o ano do livro.

    Escolha no menu esquerda peridicos e

    escolha qual deles quer pesquisar.

    Muitos peridicos tambm j esto

    disponveis na Internet em formato

  • Metodologia da pesquisa26

    digital. A Capes, no endereo eletrnico

    ,

    oferece um portal de peridicos bem inte-

    ressante e de fcil acesso:

    Coloque o assunto a ser pesquisado na caixa

    buscar assunto. Aparecer uma lista de re-

    ferncias. Escolha a que mais se aproxima de

    sua pesquisa e o assunto ser encaminhado

    para o endereo da revista que o contempla

    com o artigo completo.

    A biblioteca eletrnica scielo compre-

    ende 322 peridicos cientficos brasileiros,

    sendo 275 ttulos correntes e 47 no corren-

    tes (que sofreram interrupo ou mudaram

    de nome). Essa biblioteca fruto de uma

    parceria estabelecida entre a Fundao de

    Amparo Pesquisa do Estado de So Paulo

    FAPESP e o Centro Latino-Americano e do

    Caribe de Informao em Cincias da Sade

    BIREME. Desde o ano de 2002, o Conselho

    Nacional de Desenvolvimento Cientfico e

    Tecnolgico CNPq - passou a apoiar o

    Projeto. Os peridicos foram distribudos

    de acordo com reas do conhecimento, a

    saber: Cincias Agrrias, Cincias Biolgicas,

    Cincias da Sade, Cincias Exatas e da

    Terra, Cincias Humanas, Cincias Sociais

    Aplicadas, Engenharias, Lingustica, Letras

    e Artes. O endereo eletrnico .

  • Ps-Graduao | Unicesumar27

    Para pesquisar no site, comece escolhendo

    o idioma na barra ao lado esquerdo. Depois,

    voc pode optar por um peridico especfico

    ou por um artigo. Em peridicos, voc tem

    as opes: lista alfabtica, lista por assunto e

    pesquisa por ttulos. J em artigos, voc pode

    optar por: ndice de autores, ndice de assun-

    tos ou pesquisa de artigos. muito simples

    de utilizar e altamente confivel.

    Se digitarmos fundamentos de metodolo-

    gia da pesquisa cientfica, entre aspas, este

    nmero cai para 113 mil:

    pesquisando na internet

    Contemporaneamente, a Internet vem ofe-

    recendo riqussimo acervo para pesquisa,

    necessitando apenas de que o usurio saiba

    como utiliz-la com prudncia. Os sites de

    busca contribuem para que possamos nos

    localizar no mar de informaes disponvel,

    mas tambm importante que saibamos

    como utiliz-los, pois, se digitarmos apenas a

    palavras-chave no quadro de busca, pode ser

    que a resposta oferea milhares de pginas

    com aquele contedo.

    A forma mais prtica de enxugar tantas

    opes colocar os termos que se busca

    entre aspas. Isso diminui consideravelmen-

    te a quantidade de pginas. Por exemplo, se

    digitarmos fundamentos de metodologia da

    pesquisa cientfica, o site de busca retorna

    com mais de dois milhes de resultados:

  • Metodologia da pesquisa28

    Agora, vamos experimentar o google acadmico:

    Caiu para quatro resultados, selecionando

    apenas arquivos de artigos publicados em

    eventos, peridicos e textos cientficos.

    Experimente com seu nome. Primeiro

    coloque sem aspas e, depois, insira as aspas

    antes e depois do nome. Depois, pesquise

    no Google Acadmico tambm.

  • Ps-Graduao | Unicesumar29

    Muitas bibliotecas dispem de assinaturas

    de bases de dados, que armazenam infor-

    maes em CD-ROM ou possibilitam seu

    acesso via Internet. Nelas, o usurio pode

    fazer buscas por assunto, por peridico, ou

    por meio de palavras-chave. Algumas dessas

    bases contm apenas referncias bibliogrfi-

    cas e resumos, no se distinguindo, portanto,

    dos peridicos de indexao e resumo, a no

    ser pelo suporte eletrnico. Outras oferecem

    textos completos de livros, teses, artigos de

    peridicos, relatrios de pesquisa e outras

    fontes bibliogrficas. As bases internacionais

    mais conhecidas em sua rea de estudo so:

    ECONLIT Economia e administrao. A American Economic Association mantm

    essa base com referncias bibliogrficas e

    resumos, selecionados de artigos de peri-

    dicos, livros, teses e trabalhos de congressos.

    Inclui Abstracts of working papers in econo-

    mics, da Cambridge University Press, Index of

    Economic Articles in Journals e o texto com-

    pleto das resenhas de livros publicadas no

    Journal of Economic Literature. Cobre as reas

    de desenvolvimento econmico, previses,

    histria, teoria fiscal, teoria monetria, institui-

    es financeiras, finanas pblicas e privadas,

    economia internacional, regional, agrcola

    e urbana, estudos sobre pases especficos,

    trabalho, demografia e assistncia sade.

    PROQUEST DIRECT uma base interdisciplinar que cobre reas como con-

    tabilidade, publicidade, negcios, finanas,

    sade, investimentos, sociologia, tecnolo-

    gia e telecomunicaes. Contm mais de

    2.000 publicaes peridicas e 27 peridi-

    cos dos EUA. Seus anos de cobertura variam

    segundo a fonte. Em geral, as publicaes pe-

    ridicas esto indexadas desde 1971 e com

    texto completo, a partir de 1988.

    ORIENTADOR IBBE bibliografia es-pecializada em Economia, com informaes

    atualizadas mensalmente. Tem como objetivo

    o apoio pesquisa e aos estudos econmi-

    cos. Inclui livros, peridicos e uma seo com

    os principais eventos da rea. Disponvel em:

    < http://www.orientador.com.br/>.

    SCIELO SCIENTIFIC ELETRONIC LIBRARY ONLINE uma biblioteca virtual piloto que abrange uma coleo seleciona-

    da de peridicos cientficos brasileiros, com

    base hospedada na Fapesp. Apresenta textos

    completos de artigos nas reas de cincias

    sociais, psicologia, engenharia, qumica, ma-

    teriais, sade, biologia, botnica, veterinria

    e microbiologia.

    Disponvel em: .

    Pesquisa em base de dados

  • Metodologia da pesquisa30

    Tal qual conversar com um arquiteto sobre as possibilidades que se tem ao pensar na construo de uma casa, desejando que ele desenhe um projeto

    que, ao mesmo tempo em que pretende a

    realizao do sonho, caiba no bolso, o pes-

    quisador, antes de realizar uma pesquisa,

    precisa desenvolver um projeto que contem-

    ple suas expectativas e que seja realizvel.

    o momento do planejamento do que se pre-

    tende com a realizao da pesquisa.

    O projeto no algo fi xo. No decorrer da

    pesquisa, voc pode querer alterar seus ob-

    jetivos, enfocando outros temas que melhor

    evidenciem o que pretende pesquisar, ou,

    ainda, escolher outros autores para compor

    o quadro de referncias tericas. Nessa fase,

    voc far leituras, anlises e escolhas, ento,

    tudo possvel.

    Por outro lado, o projeto no pode jamais ser

    confundido com o trabalho em si: o TCC ou

    trabalho de concluso de curso (artigo,

    monografi a, dissertao ou tese). O

    projeto uma fase da pesquisa, mas

    no ele que vai ser publicado, divul-

    gado. No trabalho fi nal, por exemplo,

    no necessrio fazer um captu-

    lo de fundamentao ou quadro

    terico, porm, esse quadro

    desenhado no projeto que dar

    embasamento aos captulos, per-

    mitindo que o leitor se d conta dos autores

    que fundamentaram o trabalho.

    o projeto que vai nortear o pesquisador

    ao longo de todo o processo. Ele compe-

    se, basicamente, dos seguintes passos:

    a. Defi nio do tema.

    b. Elaborao dos objetivos.

    c. Determinao do problema.

    d. Formulao das hipteses.

    e. Explicitao da justifi cativa.

    f. Escolha da metodologia.

    g. Fundamentao terica.

    h. Elaborao do cronograma.

    Vamos, agora, verifi car de que modo possvel

    desenvolver cada um desses passos e a impor-

    tncia deles para a execuo de uma pesquisa.

    PASSOS PARA O

    DE UMA PESQUISAdesenvolvimento

  • Ps-Graduao | Unicesumar31

    definio do temaAo selecionar o tema que pretende pesquisar,

    algumas competncias se fazem imprescind-

    veis ao autor. Vamos enumerar algumas delas:

    a. Relao pesquisador x tema: muito importante que o pesquisador tenha

    alguma intimidade com o tema que

    pretende pesquisar, caso contrrio,

    no sabe nem por onde comear seu

    trabalho. Portanto, antes de se propor

    a pesquisar qualquer tema, so neces-

    srias muitas leituras e discusses que

    despertem o interesse do pesquisador.

    Se for um trabalho que demande mais

    tempo, como uma dissertao ou uma

    tese, caber ao autor a tarefa de se

    deparar diariamente com livros, repor-

    tagens ou artigos, por um ano ou mais.

    Imagine fazer isso sem gostar ou ter

    intimidade com o assunto escolhido?

    b. Curiosidade epistemolgica: a curiosidade o desejo de aprender,

    de descobrir, de saber sobre algum

    objeto. Para isso, tal objeto deve

    despertar o interesse do pesquisa-

    dor, fazendo-o indagar sobre todos

    os aspectos que o compem. A epis-

    temologia, como j vimos, a relao

    que se estabelece entre um sujeito e

    um objeto, ainda que esse objeto seja

    o prprio sujeito.

    c. Pensamento criativo: fazer sempre o mesmo percurso entre a casa e o

    trabalho, por exemplo, no permite

    a expresso da criatividade, pois

    o sujeito o faz automaticamente.

    Possibilitar a expresso da criatividade

    exige se propor a pensar um mesmo

    problema sobre outros prismas, ima-

    ginando diversas solues, por mais

    estranhas que paream em um pri-

    meiro momento.

    d. Honestidade intelectual: ao realizar um trabalho de pesquisa, necessrio

    ser muito fiel aos autores lidos. Sempre

    que utilizar ideias, textos, conceitos de

    outros autores, estes devem, obriga-

    toriamente, ser citados, seja em forma

    de parfrase, seja em forma de citao

    literal (como veremos neste livro mais

    adiante). Utilizar conceitos de outros

    autores sem cit-los caracterizado

    como plgio, um roubo de ideias e,

    como tal, deve ser punido. Sabemos o

    quanto difcil produzir um texto. s

    vezes, debruamo-nos por horas sobre

    um papel em branco para produzir

    algumas poucas linhas. Imagine ver

    essas linhas que voc produziu assina-

    das por outra pessoa? Nada agradvel,

    no mesmo?

    e. Autocorreo: ao se propor a escrever um texto, necessrio ir refazendo a

    leitura dele durante sua tessitura, para

    verificar se ficou inteligvel, se est com

    as ideias concatenadas, se faz sentido

    ao leitor. Por vezes, escrevemos para

    cumprir protocolo e acabamos no

    relendo a produo. Resultado: o texto

    pode ficar truncado, sem sentido para

    o consumidor final, que o leitor.

    preciso sempre ter a preocupao em

  • Metodologia da pesquisa32

    oferecer um texto claro, coeso, coe-

    rente e lgico.

    f. Pacincia: difi cilmente acertamos na escrita de um texto em uma primeira

    tentativa. Comumente produzimos um

    pargrafo, lemos, apagamos algumas

    partes, reescrevemos, relemos, procu-

    ramos outros autores, apagamos tudo,

    escrevemos novamente... um exerc-

    cio de pacincia e, como tal, deve ser

    respeitado. Um texto s bom o sufi -

    ciente quando lemos e gostamos do

    que foi produzido, portanto, nada de

    pressa. Se for para produzir qualquer

    coisa, melhor nem comear.

    A pesquisa bibliogrfi ca, tal qual qualquer

    tipo de pesquisa, s se faz possvel a partir

    da escolha de um tema. Para isso, sugiro

    aos alunos que revisitem suas anotaes

    nos cadernos, nos textos lidos, relembrem

    as aulas dadas e mantenham foco naquilo

    que mais lhes chamou a ateno de tudo o

    que ouviram ou leram. a que mora o inte-

    resse do pesquisador. necessrio haver um

    vnculo de interesse entre o pesquisador e o

    tema a pesquisar, visto que ser necessrio

    um longo perodo de relao entre ambos,

    necessitando de energia e vontade para

    cumprir com a tarefa proposta.

    O orientador do trabalho tambm desen-

    volve importante papel, pois ele quem vai

    dar o caminho ao aluno para que ele percor-

    ra. Portanto, orientando e orientador devem

    ser partcipes das mesmas discusses. Gil

    (2009, p. 60) analisa que

    Para escolher adequadamente um tema, necessrio ter refl etido sobre diferentes temas. Assim, algumas perguntas podero auxiliar nessa escolha, tais como: Quais os campos de sua especialidade que mais lhe interessam? Quais os temas que mais o instigam? De tudo o que voc tem estudado, o que lhe d mais vontade de se aprofundar e pesquisar?

    Conforme se observa, imprescindvel que

    o aluno sinta-se motivado a ler e debater

    sobre o tema escolhido, procurando res-

    postas, esclarecendo conceitos, dirimindo

    dvidas, e isso se torna muito mais prazero-

    so, se houver, de fato, interesse pelo assunto.

    Para delimitar um tema, preciso verifi car

    qual a abordagem dele que mais interes-

    sa ao pesquisador e sobre a qual mais se

    tem afi nidade.

    Lembre-se: tema diferente de ttulo.

    Claro que os dois, obrigatoriamente, esto

    intrinsicamente relacionados, porm, o ttulo

    do trabalho pode ser atribudo no fi nal, aps

    todo o processo de pesquisa, enquanto o

    tema o primeiro a ser defi nido.

    elaborao dos objetivos da pesquisaOs objetivos propostos para o trabalho

    de pesquisa que vo defi nir o problema

    sobre o qual o autor pretende se debruar

    e a forma pela qual pretende encontrar e

    propor solues. Obrigatoriamente, os obje-

    tivos comeam com um verbo no infi nitivo

    e se dividem em objetivo geral e objetivos

    especfi cos.

  • Ps-Graduao | Unicesumar33

    a. O objetivo geral aquele que visa de-

    terminar a que propsito a pesquisa

    ser realizada. Cervo e Bervian (2002,

    p. 83) alertam que em pesquisas bi-

    bliogrficas em nvel de graduao, os

    propsitos so essencialmente aca-

    dmicos, como mapear, identificar,

    levantar, diagnosticar, traar o perfil

    ou historiar determinado assunto.

    b. Objetivos especficos: nesse caso,

    deve-se pensar no aprofunda-

    mento que se deseja dar ao tema.

    Normalmente, para dar equilbrio ao

    trabalho, cada objetivo especfico, de-

    terminado pelo autor, dar origem a

    um captulo do trabalho. Portanto,

    imprescindvel pensar estrategica-

    mente em um pequeno sumrio, ao

    propor os objetivos especficos.

    Outro ponto importante a destacar que, ao

    definir os objetivos, devemos pensar nos ob-

    jetivos que pretendemos atingir com aquele

    trabalho. muito comum que os pesquisado-

    res pouco experientes proponham objetivos

    prticos impossveis de serem alcanados em

    um trabalho cientfico. Por exemplo:

    Organizar as finanas de uma empresa.

    Investir para garantia de um futuro

    estvel e prspero.

    Sem dvida, esses dois objetivos so muito

    relevantes, mas so de ordem prtica. Um tra-

    balho de pesquisa no consegue atingir tais

    objetivos. Portanto, mais uma vez, a escolha

    do verbo far toda a diferena. Procure se ater

    a verbos como: distinguir, conceituar, definir,

    identificar, propor, sugerir, levantar, mapear,

    diagnosticar, historiar, verificar.

    determinao do problema de pesquisaAps a escolha do tema e dos objetivos a serem

    desenvolvidos, cabe ao pesquisador transfor-

    mar o tema em um problema para o qual se

    buscar apontar solues. O tema deve ser pas-

    svel de questionamento, portanto, o problema

    deve ser redigido em forma de pergunta e estar

    intimamente relacionado ao objetivo geral que

    se pretende atingir, a partir das leituras e das

    interferncias realizadas pelo pesquisador.

    As perguntas devem ser formuladas de tal forma que haja possibilidade de respostas, utilizando a pesquisa. Nunca se passa diretamente da escolha do tema coleta de dados, pois as vantagens da formulao do problema so inegveis:

    a. Delimita, com exatido, qual tipo de resposta deve ser procurada.

    b. Leva o pesquisador a uma reflexo benfica e proveitosa sobre o assunto.

    c. Fixa, frequentemente, roteiros para o incio do levantamento bibliogrfico e da coleta de dados.

    d. Auxilia, na prtica, a escolha de cabealhos para o sistema de tomada de apontamentos.

    e. Discrimina com preciso os apontamentos que sero tomados, isto , todos e to somente aqueles que respondem as perguntas formuladas (CERVO e BERVIAN, 2003, p. 84).

    CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia cientfica. 4. ed. So Paulo: Makron Books, 2003.

  • Metodologia da pesquisa34

    Lembre que encontrar uma soluo para o problema no tarefa do pesqui-sador. Seu mrito apontar a existn-cia de um problema e abrir caminhos que visem sua soluo. O importante, conforme aponta o senso comum, no encontrar a resposta, mas saber fazer as perguntas adequadas.

    formulao de hipteses

    A fase de formulao de hipteses da pesqui-

    sa s se faz necessria se o que se pretende

    pesquisar exige uma pesquisa de campo. Em

    pesquisas de cunho bibliogrfico, no h a

    necessidade de se estabelecer hipteses.

    Cervo e Bervian (2003, p. 86) explicitam que:

    Em termos gerais, a hiptese consiste em supor conhecida a verdade ou explicao que se busca. Em linguagem cientfica, a hiptese equivale, habitualmente, su-posio verossmil, depois comprovvel ou denegvel pelos fatos, os quais ho de decidir, em ltima instncia, sobre a verdade ou falsidade dos fatos que se pre-tende explicar. Ou a hiptese pode ser a suposio de uma causa ou de uma lei destinada a explicar provisoriamente um fenmeno at que os fatos venham con-tradizer ou afirmar.

    A funo prtica das hipteses orientar o

    pesquisador, indicando um caminho a per-

    correr. Sendo uma explicao provisria, deve

    ser passvel de testes e responder, ainda que

    temporariamente, ao problema apontado.

    explicitao da justificativa

    A justificativa configura a resposta questo

    por qu?. Nessa fase, preciso refletir e ex-

    plicitar as razes que levaram o pesquisador

    a escolher aquele tema, demonstrando toda

    a intimidade e o conforto que o autor tem

    ao versar sobre esse tema.

    Segundo Lakatos e Marconi (2008, p. 221),

    a justificativa deve se preocupar em enfatizar:

    O estgio em que se encontra a teoria

    respeitante ao tema;

    As contribuies tericas que a

    pesquisa pode trazer;

    Confirmao geral

    Confirmao na sociedade

    particular em que se insere a

    pesquisa

    Especificao para casos

    particulares

    Clarificao da teoria

    Resoluo de pontos obscuros etc.;

    Importncia do tema do ponto de

    vista geral

    Importncia do tema para os casos

    particulares em questo;

    Possibilidade de sugerir modificaes

    no mbito da realidade abarcada pelo

    tema proposto;

    Descoberta de solues para casos

    gerais e/ou particulares etc.

    A justificativa no deve apresentar citaes

    de outros autores, pois se configura na jus-

    tificativa pessoal do autor, ressaltando e

  • Ps-Graduao | Unicesumar35

    evidenciando as razes e a importncia de

    se pesquisar sobre aquele assunto, buscan-

    do convencer o leitor de seus objetivos com

    a realizao daquele trabalho.

    escolha da metodologiaNessa fase do projeto, o autor deve descre-

    ver claramente os procedimentos que ir

    realizar, para atingir os resultados propostos

    nos objetivos.

    Algumas questes so fundamentais

    para a realizao de tal fase: definir o tipo

    de pesquisa que se pretende desenvolver,

    demarcar qual a populao e a amostra a

    ser estudada, descrever como os dados sero

    coletados e, por fim, apresentar a anlise de-

    talhada dos dados obtidos.

    Tipo de pesquisa: deve-se esclarecer se

    a pesquisa de natureza exploratria,

    descritiva ou explicativa. Convm,

    ainda, analisar o tipo de delineamento

    a ser adotado (pesquisa experimental,

    levantamento, estudo de caso,

    pesquisa bibliogrfica etc.).

    Populao e amostra: envolve

    informaes acerca do universo a ser

    estudado, da extenso da amostra e da

    maneira como ser selecionada.

    Coleta de dados: envolve a descrio

    das tcnicas a serem utilizadas

    para coleta de dados. Modelos de

    questionrios, testes ou escalas

    devero ser includos, quando for o

    caso. Quando a pesquisa envolver

    tcnicas de entrevista ou de

    observao, devero ser includos,

    nessa parte, tambm, os roteiros a

    serem seguidos.

    Anlise dos dados: envolve a descrio

    dos procedimentos a serem adotados,

    tanto para anlise quantitativa (por

    exemplo: testes de hiptese, testes

    de correlao) quanto qualitativa (por

    exemplo: anlise de contedo, anlise

    de discurso) (GIL, 2009, p. 162).

    Aps a definio do tipo de pesquisa e da

    populao a ser pesquisada, o autor pode

    se utilizar de diferentes tcnicas que pos-

    sibilitem atingir seu objetivo. Tais tcnicas

    apresentam, fundamentalmente, dois eixos, a

    saber: a documentao indireta, que envolve

    a pesquisa documental e a pesquisa biblio-

    grfica, e a documentao direta. De acordo

    com Lakatos e Marconi (2008, p. 224), a do-

    cumentao direta se subdivide em:

    Observao direta intensiva, com as

    tcnicas da:

    Observao: utiliza os sentidos

    na obteno de determinados

    aspectos da realidade. No consiste

    apenas em ver e ouvir, mas

    tambm em examinar fatos ou

    fenmenos que se deseja estudar.

    Pode ser: sistemtica, assistemtica;

    participante, no-participante;

    individual; em equipe, na vida real,

    em laboratrio;

    Entrevista: uma conversao

    efetuada face a face, de maneira

    metdica; proporciona ao

  • Metodologia da pesquisa36

    Definido o tipo de pesquisa, o pesquisador

    deve descrever detalhadamente a tcnica e

    os passos que envolvem sua aplicao, indi-

    cando qual a populao e a amostra que

    se vai levantar, como chegou a definio de

    tal amostra e a forma como os dados sero

    tabulados, representados e, posteriormente,

    analisados e interpretados.

    A anlise dos dados busca evidenciar

    as relaes que podem ser compreendidas

    entre o fenmeno que est sendo estudado e

    outros fatores que direta ou indiretamente in-

    fluenciam o estudo em questo. nessa fase

    que as hipteses j levantadas sero refutadas

    ou confirmadas. Na interpretao, realiza-se

    uma atividade mais ampla de buscar signifi-

    cados s respostas encontradas, relacionando

    os dados obtidos teoria estudada.

    Para representar os dados, o pesquisador

    pode optar por tabelas, grficos, quadros, que

    contribuam tanto para o pesquisador distin-

    guir diferenas e estabelecer relaes entre

    os dados quanto para facilitar a anlise de

    tais dados pelo leitor posteriormente.

    entrevistador, verbalmente, a

    informao necessria. Tipos:

    padronizada ou estruturada,

    despadronizada ou no estruturada,

    painel.

    Observao direta extensiva,

    apresentando as tcnicas:

    Questionrio: constitudo por uma

    srie de perguntas que devem ser

    respondidas por escrito e sem a

    presena do pesquisador;

    Formulrio: roteiro de perguntas

    enunciadas pelo entrevistador

    e preenchidas por ele com as

    respostas do pesquisado;

    Anlise de contedo: permite a

    descrio sistemtica, objetiva

    e quantitativa do contedo da

    comunicao;

    Histria de vida: tenta obter dados

    relativos experincia ntima de

    algum que tenha significado

    importante para o conhecimento

    do objeto em estudo.

  • Ps-Graduao | Unicesumar37

    reviso de bibliografia Nessa fase da pesquisa, apresentam-se os

    pressupostos tericos que embasam o estudo

    em questo e sobre os quais o pesquisador

    ir fundamentar tais estudos, lembrando que,

    rigorosamente, nenhuma pesquisa parte do

    nada ou da estaca zero.

    Os autores lidos e escolhidos para compor

    a fundamentao terica impregnaro de

    legitimidade e autoridade a pesquisa, tornan-

    do-a confivel aos olhos do leitor. Segundo

    Lakatos e Marconi (2008, p. 227), a citao das

    principais concluses a que outros autores

    chegaram permite salientar a contribuio da

    pesquisa realizada, demonstrar contradies

    ou reafirmar comportamentos e atitudes.

    Portanto, imprescindvel escolher bem as

    fontes de pesquisa, levantando autores que

    se debruaram sobre o assunto escolhido e,

    portanto, adquiriram autoridade no tema.

    Nessa fase, cabe ao autor identificar as

    fontes que iro compor o trabalho e que

    TAREFA FEVEREIRO MARO ABRIL MAIO JUNHO JULHO

    Escrita do projeto de pesquisa

    Levantamento bibliogrfico

    Seleo de material

    Elaborao de questionrios

    Aplicao dos questionrios

    Anlise de dados

    Redao da introduo

    Redao da metodologia

    Redao do captulo 1

    Redao do captulo 2

    Consideraes finais

    Referencias bibliogrficas

    Entrega do trabalho

    ajudaro na busca de possveis solues ao

    problema de pesquisa. As fontes mais co-

    nhecidas e utilizadas so, por excelncia, os

    livros. Existe, porm, uma gama de materiais

    que pode ser utilizado e que veremos ainda

    neste captulo, em levantamento e localiza-

    o de fontes.

    elaborao do cronogramaAo se elaborar o cronograma da pesquisa,

    a pergunta fundamental a ser respondida

    quando?. preciso estabelecer claramente

    os passos de desenvolvimento da pesquisa,

    atribuindo e prevendo, a cada um, um prazo

    de execuo. Esse cronograma pode ser re-

    presentado por uma tabela do Excel, que

    indique em suas linhas as fases da pesqui-

    sa e em suas colunas o tempo previsto para

    execuo.

  • Metodologia da pesquisa38

    Liste, no fi nal do projeto, todas as referncias

    que foram utilizadas em sua composio,

    mas apenas aquelas que foram citadas no

    documento. As demais, aquelas que apenas

    fi zemos leituras, mas no trouxemos para o

    texto, no podem fi gurar. Consulte as normas

    tcnicas para elaborao das referncias,

    colocando-as em ordem alfabtica. impor-

    tante lembrar ainda que a lista vai aumentar

    na produo da pesquisa, pois outras fontes

    sero consultadas. No ltimo captulo deste

    livro, voc encontrar as normas tcnicas para

    referenciar cada diferente documento que

    incluir em seu trabalho.

    referncias

  • Ps-Graduao | Unicesumar39

    relato decaso

    O jurista baiano Paulo de Souza Queiroz,

    Procurador da Repblica e Professor de

    Direito Penal sofreu um grave caso de plgio.

    Tal episdio foi amplamente noticiado por

    jornais impressos de grande circulao do

    pas. O livro Teoria Constitucional do Direito

    Penal, de um penalista de So Paulo, conti-

    nha cpia de cerca de trinta e oito pginas

    de um trabalho acadmico do autor baiano,

    que denunciou imprensa a fraude. O

    penalista-plagirio, ento coordenador edi-

    torial de uma das mais respeitadas editoras

    jurdicas do pas, recebeu, em 1998, origi-

    nais de uma obra de Paulo Queiroz, a fi m

    de apreci-los para uma eventual publica-

    o. Essa no se efetivou, sob o argumento

    de que a obra era comercialmente invivel.

    A verdade que a obra era perfeitamen-

    te vivel sob o ponto de vista comercial e

    de invejvel qualidade acadmica. O plagi-

    rio, professor paulista de Direito Penal, teve

    todos os exemplares de sua obra fraudulenta

    retirados de circulao e ainda pagou uma

    indenizao por danos morais e patrimoniais

    ao procurador baiano.

    Disponvel em: .Acesso em: 5 abr. 2014.

  • Metodologia da pesquisa40

    Esta Unidade foi um convite a uma viagem no tempo, propondo compreender o significado de

    conhecimento, a partir de uma viso histrica e filosfica, desde a questo dos mitos, at a con-

    temporaneidade. A leitura nos permitiu refletir sobre os elementos que se interrelacionam no

    conceito de conhecimento: o sujeito que quer conhecer o objeto, que aquilo sobre o que se

    quer saber e a imagem mental que resulta da relao estabelecida entre sujeito-objeto, e que

    passa a formar a subjetividade daquele que conhece. Tambm foi possvel estabelecer parme-

    tros de identificao do que seja conhecimento cientfico, popular, filosfico e religioso.

    Outro importante conceito estudado nesta unidade foi o de mtodos cientficos como

    uma srie de passos a percorrer, tendo como objetivo chegar a um conhecimento cientfico

    e transmiti-lo aos outros, lembrando-se da importncia de disseminar o conhecimento ad-

    quirido. Abordou-se, ainda, a distino entre mtodo dedutivo, indutivo, hipottico-dedutivo

    e dialtico, apontando conceitos, exemplos e esquemas.

    Tambm buscamos esclarecer as possibilidades de fontes para fundamentar as respostas

    que buscamos em nosso estudo, revendo a estrutura pensada e anunciada no projeto de pes-

    quisa. Essas ideias serviro como roteiro para que melhor se desenvolva a atividade investigativa.

    Por fim, alm de oferecer perspectivas para a busca das informaes que iro compor a

    pesquisa, estejam elas disponveis em livros, bases de dados online e na prpria internet, a

    unidade apresentou os passos para a elaborao do projeto de pesquisa, assim como, de que

    forma apresentar os tpicos que compem um projeto de pesquisa.

    1. Conhecer ter a oportunidade de

    passar de um estado de desconhe-

    cimento a um estado de saber, ainda

    que esse saber seja banal ou incomple-

    to, estabelecer ordem, substituindo

    o caos, construir diferentes saberes,

    para substituir um estado de ignorn-

    cia. Relacione os conceitos dos tipos

    de conhecimento abaixo e depois

    marque a nica alternativa correta:

    ( ) um conhecimento valorativo, tendo

    seu ponto de partida em hipteses que

    no so submetidas a nenhuma observa-

    o, no sendo, portanto, verificvel. Exige

    um conjunto de enunciados distintamen-

    te correlacionados, sendo racional.

    ( ) tambm chamado de racional, porque

    lida com ocorrncias ou fatos, valendo-se de

    experimentos, comprovaes, observaes.

    um conhecimento sistemtico posto que

    atividades de autoestudo

    consideraes finais

  • Ps-Graduao | Unicesumar41

    valida e comprova aquilo que quer provar

    ( ) Tambm conhecido como senso comum,

    fundamenta-se nas experincias de vida e

    utilizado desde os primrdios da civiliza-

    o. Trata-se de um saber que se adquire

    por meio das vivncias, passado de pai para

    filho, de gerao em gerao.

    ( ) Utiliza-se da razo, mas fundamenta-se

    essencialmente na f. Parte da deduo,

    de uma realidade universal, seguindo no

    sentido de realidades particulares, envolven-

    do verdades indiscutveis e infalveis. Aceita

    a existncia de divindades que revelam

    aos humanos as verdades que precisam

    conhecer.

    I) Conhecimento cientfico.

    II) Conhecimento popular.

    III) Conhecimento filosfico.

    IV) Conhecimento religioso ou teolgico.

    a) III, I, II, IV.

    b) IV, I, III, II.

    c) III, IV, II, I.

    d) I, II, IV, III.

    2. Ao selecionar o tema que pretende pes-

    quisar, algumas competncias se fazem

    imprescindveis ao pesquisador. Entre

    essas competncias, podemos citar:

    I) Relao pesquisador x tema.

    II) Curiosidade epistemolgica.

    III) Pensamento criativo.

    IV) Honestidade intelectual.

    a) Apenas as alternativas I e II esto

    corretas.

    b) Apenas as alternativas II e IV esto

    corretas.

    c) Apenas as alternativas I, III e IV esto

    corretas.

    d) Todas as alternativas esto corretas.

    3. Aps a escolha do tema e dos obje-

    tivos a serem desenvolvidos, cabe ao

    pesquisador transformar o tema em

    um problema para o qual se buscar

    apontar solues. Sobre o problema,

    correto afirmar que:

    I) O problema deve ser redigido em

    forma de pergunta e estar intimamen-

    te relacionado ao objetivo geral que

    se pretende atingir.

    II) Obrigatoriamente, o problema

    comea com um verbo no infinitivo.

    III) O problema delimita, com exati-

    do, qual tipo de resposta deve ser

    procurada.

    IV) S se faz necessrio estabele-

    cer um problema para a pesquisa se

    houver pesquisa de campo.

    a) Apenas as alternativas I e II esto

    corretas.

    b) Apenas as alternativas II e IV esto

    corretas.

    c) Apenas as alternativas I e III esto

    corretas.

    d) Todas as alternativas esto corretas.

  • 2 CITAES, REFERNCIAS, CLASSIFICAO DAS PESQUISAS E ANLISE DE DADOS OBTIDOSProfessora Dra. Siderly do Carmo Dahle de Almeida

    Plano de estudoA seguir, apresentam-se os tpicos que voc estudar nesta unidade: Classificao das pesquisas

    Pesquisa bibliogrfica Pesquisa documental Pesquisa experimental Pesquisas de campo Estudo de caso Pesquisa-ao Pesquisa participante Anlise de contedo

    Anlise dos dados obtidos Citaes Referncias

    Objetivos de Aprendizagem Distinguir os diversos mtodos e tcnicas que podem

    ser utilizados para coleta de dados em pesquisas. Verificar de que modo os dados coletados podem

    ser analisados e apresentados, quando da publica-o dos resultados obtidos.

    Compreender a forma correta de grafar citaes e re-ferncias, de acordo com as normas tcnicas.

  • No decorrer de qualquer curso, na modalidade a distncia, seja de gra-

    duao ou de ps, os resultados esperados no processo de ensino e de

    aprendizagem vo depender quase que exclusivamente do empenho

    pessoal do aluno, no cumprimento de suas atividades, fazendo bom uso

    dos subsdios apresentados nas aulas conceituais ou ao vivo, da mediao

    dos professores tutores, dos recursos didticos e pedaggicos oferecidos

    pela instituio.

    Para tanto, fundamental que o estudante busque adquirir hbitos de

    estudo e de pesquisa, na conduo de sua vida enquanto estudante. Esse

    captulo abordar alguns pontos importantes, ressaltando, principalmen-

    te, como estudar e desenvolver pesquisas, com o objetivo de facilitar a

    sistematizao do conhecimento apreendido e que resultar no traba-

    lho de pesquisa.

    A pesquisa na EAD exige, em primeiro lugar, que o aluno esteja conscien-

    te de que o resultado do processo depende essencialmente dele mesmo.

    Seja por meio de seu desenvolvimento intelectual, ou ainda pela prpria

    natureza que a modalidade EAD exige, as condies inerentes aprendi-

    zagem transformam-se, no sentido de propor ao aluno mais autonomia,

    independncia e vontade. Faz-se necessria uma postura de autoestudo

    que deve ser crtica e rigorosa.

    De acordo com Gil (2009, p. 17):

    Pode-se definir pesquisa como o procedimento racional e

    sistemtico que tem como objetivo proporcionar respostas

    aos problemas que so propostos. A pesquisa requerida

    quando no se dispe de informao suficiente para respon-

    der ao problema, ou ento quando a informao disponvel

    se encontra em tal estado de desordem que no possa ser

    adequadamente relacionada ao problema.

  • Corroborando Gil, Cervo e Bervian (2002) explicitam que a pesqui-

    sa deve se propor a analisar um problema, tendo em vista o que j se

    tem publicado sobre o assunto, conhecendo e analisando as contribui-

    es cientficas de outros autores sobre esse assunto, constituindo-se

    como elemento bsico para estudos que exijam o domnio do estado

    da arte daquele tema.

    interessante verificar como os autores que se debruam sobre um

    determinado tema o veem e, principalmente, como escrevem sobre

    ele. uma oportunidade de estabelecer relaes entre o pensamento

    desses autores e o seu pensamento. Lembre-se, porm, que sempre

    que inserir uma citao em seu texto, ela deve ser explicada, ou seja,

    voc precisa deixar claro os motivos que o levaram a inserir tal citao

    em seu texto.

    Ao iniciar suas pesquisas, o estudante precisa ter acesso a livros

    fundamentais para o desenvolvimento de seu trabalho: obras de re-

    ferncia geral, textos de autores clssicos, textos bsicos (dicionrios,

    material introdutrio ou que aborde a histria do tema), revistas cientfi-

    cas e especializadas, enfim, material que abranja a rea que se pretende

    estudar. Esses materiais favorecero a criao de um contexto ou quadro

    terico que permitir ampla viso do que se deseja pesquisar.

    Ainda neste captulo, esclareceremos a importncia das cita-

    es e das referncias nos trabalhos acadmicos, buscando orientar

    o modo de apresent-las corretamente. Para isso, torna-se primordial

    conhecer as normas sobre documentao elaboradas pela Associao

    Brasileira de Normas Tcnicas ABNT.

    A ABNT uma instituio privada, sem fins lucrativos, fundada no

    incio da dcada de 1940, que tem por funo atuar na rea de cer-

    tificao, sendo o rgo responsvel pela normalizao tcnica em

    nosso pas. Atualmente, ela composta com 53 comits e trs orga-

    nismos de normalizao setorial que se subdividem em diversas reas

    do conhecimento.

  • O Comit responsvel pelas questes de documentao e que, parti-

    cularmente, nos interessa aqui, por ser de sua competncia as prticas

    adotadas em bibliotecas, centros de documentao e de informao,

    no que diz respeito adequao de terminologias, servios e outras

    generalidades, o CB 14.

    As normas brasileiras de documentao que sero abordadas nesse

    captulo so:

    NBR 6023:2002 Informao e Documentao Elaborao de

    referncias.

    NBR 10520:2002 Informao e Documentao Apresentao

    de citaes.

  • Metodologia da pesquisa46 classificaodas pesquisas

  • Ps-Graduao | Unicesumar47

    As pesquisas exploratrias se ocupam em agregar maior intimidade com o problema em questo, tornando-o mais claro e especfi co. Elas permitem que se

    considerem diversos aspectos diferentes do

    foco de estudo. Em geral, as pesquisas explo-

    ratrias envolvem levantamento bibliogrfi co

    e entrevistas com pessoas que tiveram ou

    tm contato com as questes prticas que

    envolvem o problema de pesquisa e permi-

    tem a anlise de exemplos.

    As pesquisas descritivas tm por escopo

    descrever caractersticas de uma populao

    ou de um fenmeno, propondo relaes entre

    as variveis. Os questionrios e as observaes

    sistemticas so tcnicas de coletas de dados

    pertencentes a essa classifi cao de pesquisa.

    As pesquisas explicativas buscam identifi -

    car as variveis que determinam a ocorrncia

    dos fenmenos, explicando a razo das coisas.

    Elas se valem quase unicamente do mtodo

    experimental, razo pela qual, nas cincias

    sociais, elas se tornam to difceis. Opta-se,

    nesse caso, por mtodos de observao.

    Essa classifi cao permite que se estabe-

    lea qual ser o marco terico da pesquisa e,

    para confrontar teoria e prtica, faz-se necess-

    rio defi nir qual o delineamento da pesquisa.

    O elemento mais importante para a identifi cao de um delineamento o procedimento adotado para a coleta de dados. Assim, podem ser defi nidos dois grandes grupos de delineamentos: aqueles que se valem das chamadas fontes de papel e aqueles cujos dados so forneci-dos por pessoas. No primeiro grupo, esto

    a pesquisa bibliogrfi ca e a pesquisa do-cumental. No segundo, esto a pesquisa experimental, a pesquisa ex-post facto, o levantamento e o estudo de caso. Neste ltimo grupo, ainda que gerando certa controvrsia, podem ser includas tambm a pesquisa-ao e a pesquisa participante (GIL, 2007, p. 43).

    Essa diviso no deve ser engessada, pois

    muitas pesquisas cabem em mais de um

    modelo, em funo de suas caractersticas.

    a pesquisa bibliogrfi ca

    Trata-se de uma pesquisa que envolve toda

    a bibliografi a j compartilhada em relao

    ao tema proposto, tendo por principal obje-

    tivo colocar o pesquisador em contato com

    tudo que j foi publicado sobre o assunto. Tal

    pesquisa envolve a escolha do material, um

    plano de leitura sistemtico, acompanhado

    de um fi chamento e, posteriormente, anlise

    e interpretao. Dessa forma, as informa-

    es lidas so processadas pelo pesquisador

    e, acrescidas de seus conhecimentos, pro-

    duzem novas refl exes sobre o tema. Essa

    pesquisa d o suporte necessrio para as

    demais tcnicas a serem implementadas

    pelo pesquisador, pois auxilia na demar-

    cao do problema, na determinao dos

    objetivos, na escolha das hipteses e na fun-

    damentao terica do estudo.

    O livro , historicamente e por exceln-

    cia, a mais importante fonte bibliogrfi ca,

    porm, as publicaes peridicas cientfi cas,

    por serem de mais rpida publicao, so in-

    dispensveis. A internet tambm se tornou

  • Metodologia da pesquisa48

    forte aliada no oferecimento de subsdios para

    a leitura e a escrita, porm, o pesquisador deve

    ter muito cuidado na escolha do material.

    pesquisa documental

    A particularidade fundamental da pesquisa

    documental que a fonte de coleta de dados

    est circunscrita a documentos que instituem

    o que se designa como fontes primrias. Essa

    tcnica permite angariar informaes prvias

    sobre o campo de interesse, examinando-se

    documentos oficiais e jurdicos que apontam

    para informaes relevantes. Os documen-

    tos oficiais constituem a fonte mais fidedigna

    de dados e cabe ao pesquisador apenas se-

    lecionar o que lhe interessa e, apesar de no

    exercer controle sobre a forma como os docu-

    mentos foram criados, interpretar e comparar

    o material. J os documentos jurdicos apre-

    sentam uma fonte rica de informes do ponto

    de vista sociolgico e podem contribuir para

    melhor apresentar o arco sob o qual se cir-

    cunscreve o campo de estudo desejado.

    pesquisa experimental

    A pesquisa experimental se remete, em geral,

    a pesquisas de cunho cientfico. Nesse caso, o

    pesquisador deve selecionar as variveis que

    deseja comparar e testar as possveis relaes

    funcionais, mantendo um grupo de contro-

    le. Essa pesquisa, nas cincias humanas,

    bastante limitada pela dificuldade em se ma-

    nipular pessoas.

    A pesquisa experimental, ao contrrio do que faz supor a concepo popular, no precisa, necessariamente, ser realizada em laboratrio. Pode ser desenvolvida em qualquer lugar, desde que apresente as seguintes propriedades:

    a. Manipulao: o pesquisador precisa fazer alguma coisa para manipular pelo menos uma das caractersticas dos elementos es-tudados.

    b. Controle: o pesquisador precisa in-troduzir um ou mais controles na situao experimental, sobretudo criando um grupo de controle.

    c. Distribuio aleatria: a desig-nao dos elementos, para par-ticipar dos grupos experimentais e de controle, deve ser feita alea-toriamente.

    GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. So Paulo: Atlas, 2009.

    pesquisas de campoAs pesquisas de campo so desenvolvidas

    no local em que acontecem os fenme-

    nos a serem pesquisados e se ocupam de

    identificar as principais caractersticas dos

    indivduos que compem esse universo de

    estudo, por meio de questionamentos acerca

    do problema estudado, sendo analisados

    quantitativamente e oferecendo concluses

    a respeito dos dados coletados.

    Em geral, no se realiza uma pesquisa

    com todos os elementos de uma populao,

    sendo selecionada, para investigao, uma

    amostra significativa que compe o univer-

    so total.

  • Ps-Graduao | Unicesumar49

    Para se realizar uma pesquisa de campo,

    primeiramente, necessrio fazer um bom

    levantamento bibliogrfico sobre o tema em

    questo. Isso ajudar, inclusive, na elaborao

    dos questionrios e entrevistas, esclarecen-

    do o objeto de estudo e mostrando como

    est o problema que iremos abordar.

    Depois de levantar a fundamentao

    terica, estabelecem-se as tcnicas para a

    coleta dos dados que permitiro a realizao

    do estudo e a amostra que ir representar

    o universo total. As pesquisas de campo se

    desdobram em diversas tcnicas que permi-

    tem chegar a um consenso sobre o objeto

    de estudo.

    A pesquisa de campo pode ser realizada

    por meio das seguintes tcnicas:

    Observao direta intensiva.

    Entrevista.

    Questionrio.

    Vamos verificar como cada tcnica pode ser

    realizada e qual a funo dela?

    Observao direta intensivaA tcnica de observao direta e intensiva

    exige dois passos essenciais: a observao

    do fenmeno, seguida de entrevista. A ob-

    servao utilizada para se obter aspectos

    da realidade, de acordo com os sentidos do

    observador, de modo a permitir a identifica-

    o e provas sobre o objetivo do estudo. Ela

    possibilita que o pesquisador chegue a de-

    terminadas concluses, apenas observando

    o comportamento e as atitudes tpicas de

    determinado grupo.

    Classifica-se em: observao direta

    participante e no participante. Na par-

    ticipante, como o prprio nome j diz, o

    pesquisador deve se incorporar ao grupo,

    misturando-se a ele e participando das ati-

    vidades desse grupo. O pesquisador precisa

    manter a objetividade do estudo, buscando

    no influenciar e nem ser influenciado pelo

    grupo e, ainda, ganhar a confiana, fazendo

    com que os participantes compreendam a

    importncia da pesquisa.

    Na observao no participante, o pesqui-

    sador no se integra ao grupo, presenciando,

    mas no se envolvendo nas situaes.

    EntrevistaUma entrevista pressupe o encontro de

    duas pessoas em que uma obter informa-

    es sobre um assunto a ser pesquisado.

    Tipos de entrevistas

    a) Padronizada ou estruturada: aquela

    em que o entrevistador segue um

    roteiro previamente estabelecido.

    As perguntas feitas ao indivduo so

    predeterminadas. Essa entrevista se

    realiza de acordo com um formulrio

    elaborado e efetuada, de preferncia,

    com pessoas selecionadas de acordo

    com um plano.

    O motivo da padronizao obter, dos

    entrevistados, respostas s mesmas

    perguntas, permitindo que todas elas

    sejam comparadas com o mesmo

    conjunto de perguntas, e que as dife-

    renas devem refletir diferenas entre

    os respondentes e no diferenas nas

    perguntas (LODI, 1998, p. 16).

    O pesquisador no livre para adaptar

  • Metodologia da pesquisa50

    suas perguntas a determinada situa-

    o, de alterar a ordem dos tpicos ou

    de fazer outras perguntas.

    b) Despadronizada ou no estruturada: o

    entrevistador tem liberdade para de-

    senvolver cada situao, em qualquer

    direo que considere adequada.

    uma forma de poder explorar mais

    amplamente uma questo. Em geral,

    as perguntas so abertas e podem ser

    respondidas dentro de uma conversa-

    o informal. Esse tipo de entrevista,

    segundo Ander-Egg (1995, p. 110),

    apresenta trs modalidades:

    Entrevista focalizada: h um roteiro

    de tpicos relativos ao problema que

    se vai estudar e o entrevistador tem

    liberdade de fazer as perguntas que

    quiser: sonda razes e motivos, d

    esclarecimentos, no obedecendo,

    a rigor, a uma estrutura formal. Para

    isso, so necessrias habilidade e

    perspiccia por parte do entrevistador.

    Em geral, essa entrevista utilizada em

    estudos de situaes de mudana de

    conduta.

    Entrevista clnica: estudar os motivos,

    os sentimentos, a conduta das pessoas.

    Para esse tipo de entrevista, pode ser

    organizada uma srie de perguntas

    especficas.

    No dirigida: h liberdade total por

    parte do entrevistado, que poder

    expressar suas opinies e sentimentos.

    A funo do entrevistador de

    incentivo, levando o informante a

    falar sobre determinado assunto, sem,

    entretanto, for-lo a responder.

    c) Painel: consiste na repetio de per-

    guntas, de tempo em tempo, s

    mesmas pessoas, a fim de estudar a

    evoluo das opinies em perodos

    curtos. As perguntas devem ser for-

    muladas de maneira diversa, para que

    o entrevistado no distora as respos-

    tas com essas repeties (LAKATOS,

    MARCONI, 2008, p.199).

    As entrevistas podem ser realizadas com toda

    a populao, no importando se so alfabe-

    tizados ou no, uma vez que quem elabora

    as perguntas e anota as resposta o prprio

    pesquisador. Como as perguntas so rea-

    lizadas face a face, se o entrevistado no

    compreender alguma questo, o entrevis-

    tador pode repeti-la, explicando melhor o

    que deseja saber. O pesquisador, alm de

    ouvir as respostas dadas, tem a condio de

    avaliar as atitudes do entrevistado, perceben-

    do reaes e gestos que podem influenciar

    nas respostas obtidas.

    Para obter resultados satisfatrios com

    a entrevista, cabe ao pesquisador alguns

    cuidados na elaborao das perguntas,

    portanto, planejamento essencial. im-

    portante tambm que o pesquisador saiba

    quem seu pblico-alvo, para saber como

    agir no momento da conversa, no se es-

    quecendo de marcar antecipadamente o

    dia e a hora da entrevista. bom esclare-

    cer ao participante que a conversa ser

    transcrita na ntegra, porm, sua identida-

    de ser preservada.

  • Ps-Graduao | Unicesumar51

    Se a pesquisa prev u