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Microempresários Nordestinos Rurais e Impactos do Agroamigo
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“Microempresários Nordestinos Rurais e Impactos do Agroamigo”/ Coordenação Marcelo Côrtes Neri. - Rio de Janeiro: FGV, CPS, 2012.
221 pags.
1. Microempresários. 2. Microcrédito 3. Microfinanças 4. Agroamigo 5. Nordeste I. Neri, M.C.; II. Fundação Getulio Vargas, Centro de Políticas Sociais.
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Indice
RESUMO
TEXTO PRINCIPAL
1. Introdução
2. Evolução de Classes no Campo e no Nordeste Rural
3. Microcrédito e Pobreza Rural
4. O Crédito Agrícola e Agricultura Familiar: uma anál ise a
partir do Censo Agropecuário
5. Agroamigo
6. Conclusões (Resumo)
BIBLIOGRAFIA
ANEXOS
4
5
RESUMO
Apresentamos inicialmente um panorama da atividade microrempresarial no
campo do Nordeste e em especial a agricultura familiar a partir de bases diversas como
PNAD, POF e Censo Agropecuário. O passo seguinte e crucial deste trabalho é analisar
o desempenho dos clientes do Agroamigo, programa de crédito produtivo ligado ao
Banco do Nordeste
O Agroamigo é o Programa de Microfinanças Rural do Banco do Nordeste,
operacionalizado em parceria com o Instituto Nordeste Cidadania e com Ministério do
Desenvolvimento Agrário (MDA). Trata-se de uma iniciativa pioneira no Brasil que
visa à concessão de financiamento para a área rural, tendo como base o modelo adotado
pelo Programa Crediamigo, linha de microcrédito urbano já operacionalizada pelo
Banco do Nordeste, cuja principal premissa consiste na concessão de crédito orientado e
acompanhado.
O microcrédito se difundiu mais nas cidades brasileiras e no campo do Nordeste,
a região mais pobre do Brasil. No entanto, para considerar este fato uma virtude é
preciso que o crédito produtivo permita que as boas oportunidades de negócios
floresçam e que as más preferencialmente não. É preciso também avaliar a eficiência
alocativa da concessão de microcrédito. O outro objeto deste trabalho é o programa de
microcrédito rural do Banco do Nordeste. Trabalhamos com duas amostras de clientes
do programa Agroamigo. Elas foram divididas de acordo com o questionário aplicado.
A primeira, mais antiga, contém informações sobre o universo de 65 mil clientes,
englobando receitas e lucros em dois momentos distintos. A segunda base de dados,
mais recente, conta com mais variáveis além das aplicadas no questionário antigo,
apesar do menor número de clientes: constam informações de 7,9 mil clientes.
A base completa, com mais de 72 mil unidades produtivas observadas em dois
instantes do tempo, nos permitiu analisar medidas gerais de desempenho como lucro,
receita, custo e reembolso, o que nos permitiu ver qual o comportamento dessas
variáveis segundo diferentes atributos socioeconômicos. A base menor e mais rica, por
ser mais recente, nos permitiu explorar no período marcado pela seca recente a riqueza
de dados sobre os determinantes da inadimplência e como políticas públicas e
instrumentos financeiros ligados a crédito ao consumidor, conta-corrente e poupança
afetaram a mesma.
No que tange à base maior, o presente texto demonstra que o Agroamigo
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apresenta alguns resultados positivos nas condições de vida produtiva e possivelmente
familiar da sua clientela. Será avaliado o impacto do Agroamigo sobre medidas de
desempenho econômico e financeiro dos negócios dos empreendedores e de suas
famílias, com ênfase especial nas questões: uso da terra, dedicação exclusiva às
atividades produtivas e a questão de diversificação, a participação em organizações
sociais e por último e não menos importante a questão do gênero do pequeno
empreendedor rural, de forma a quantificar tanto a razão dos sexos nos níveis dos
resultados quanto sua alteração ao longo do tempo.
O texto descreve o microcrédito, oferece uma descrição do programa e de seus
empréstimos e da base de dados amostral analisada aqui em primeira mão. Mais adiante,
traçamos um perfil socioeconômico dos clientes ativos do Agroamigo, analisando-se ao
mesmo tempo seu lado pessoa física e jurídica para, por último, se medir como se deu a
evolução de seus negócios durante a trajetória recente do programa.
No que tange ao último tema, realizamos um modelo empírico controlado de
equação de receitas, lucro, custo e reembolso para isolar os efeitos temporais, de
características chaves do programa e o termo interativo no sentido de isolar os efeitos de
diferença em diferença. Isso foi feito na tentativa de captar a influência dos programas
por estes atributos ao longo do tempo, conforme as notas explicativas abaixo.
Começamos com a análise de um modelo mais simples de lucro. Homens
apresentam lucros maiores do que as mulheres, porém, apesar de significativa, a
diferença é de menos de 1% a favor deles. Estado civil não apresenta impactos
significativos diferenciados a não ser no caso dos solteiros, onde o lucro é 3,26% maior.
Acesso à assistência técnica não apresenta correlação significativa com o lucro.
No caso, quem teve acesso teve uma tendência de apresentar lucros 15% menores do
que quem não teve acesso. A participação em organizações sociais apresenta correlação
negativa com o lucro, que é 4% menor em relação aos não filiados. Entretanto, estes
efeitos podem se dever a própria atuação do programa, focada nos mais pobres. É
preciso captar a evolução temporal do lucro interagindo com estas variáveis.
No que tange a dimensão espacial, tomando Sergipe como base, o maior lucro é
observado no Maranhão (10,68% maior que Sergipe), seguido de Alagoas (4,4% maior
que Sergipe) e Rio Grande do Norte (1,8% maior que Sergipe). Todos os outros estados
apresentam lucro controlado menor que Sergipe. Os menores são encontrados no Ceará
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(10,6% menores que Sergipe), na região semiárida de Minas Gerais (6,2% menores que
Sergipe), que é área de atuação do Agroamigo, Paraíba (5,5% menores que Sergipe) e
Bahia (4,47% menores que Sergipe).
O tipo de uso da terra apresenta correlação clara com o nível de lucro:
assumindo o proprietário como base, o lucro é 3,8% menor para o meeiro e 1,8% maior
para o posseiro. A dedicação exclusiva à atividade principal, em geral agrícola, funciona
como redutor do lucro observado, que é 4% menor do que aqueles que exercem a
atividade como complementar. Isso refletindo a importância da diversificação de
atividades agropecuárias. Esta variável será fundamental para o desenho da estratégia de
orientação do crédito produtivo.
Finalmente, o lucro teve um ganho de 15,33% no segundo ano em relação ao
primeiro, refletindo num ganho em níveis bem acima aos da inflação observada. A
análise interativa será de fundamental importância para entender a evolução relativa das
variáveis.
Posteriormente, aplicamos um exercício de diferenças em diferenças sobre a
equação de lucro, de forma a isolar de mudanças sócio-demográficas e operacionais o
impacto das variáveis de interesse, tempo e o termo interativo delas (o estimador de
diferença em diferença).
Gênero – os homens apresentam ganho temporal de lucro 2,81% maior que o
das mulheres.
Dedicação exclusiva – atividades produtivas especializadas apresentam
aumento relativo de 1% vis a vis àquelas diversificadas.
Organização social – o ganho de lucro ao longo do tempo proporcionado pela
participação em organização social é 2% maior em relação a alguém que não participa
revelando a participação do capital social.
Uso da Terra – o comportamento do lucro ao longo do tempo mostra que,
enquanto os meeiros tiveram variação 5,1% menor em relação a um proprietário, os
posseiros apresentaram variação 8,2% maior. A variação de lucro dos parceiros não é
significante estatisticamente.
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Determinantes de Atrasos
Daremos prosseguimento à análise de dados similares do programa, mas
utilizando a base com a população menor e questionário mais rico. Perde-se em graus de
liberdade, mas se ganha em diversidade informacional, pois podemos olhar para efeitos
da seca sobre inadimplência utilizando infraestrutura, acesso a mercados, bancarização e
acesso a instrumentos financeiros, recebimento de Bolsa Família, entre outros.
Nesta parte, avaliamos os principais determinantes do atraso de pagamentos dos
clientes, que se situou em 2,1% na amostra nova. A fim de determinar quais seriam
mais relevantes, aplicando um procedimento de escolha sequencial de variáveis
chegamos a lista de variáveis chaves.
Inicialmente, cabe notar a maior importância relativa de variáveis ligadas a
oferta de água do que variáveis econômicas ligadas à estrutura do contrato de crédito ou
da unidade produtiva, ou ainda sócio-demográficas, na explicação da inadimplência do
programa. Isto pode ser uma característica específica do período recente de marcada
seca, quando a base nova foi coletada, cujas variáveis finais foram captadas entre
outubro de 2011 e abril de 2012. Vale a pena ressaltar que a variável “uso de técnicas de
irrigação” foi a primeira a entrar no modelo de inadimplência, com impacto de chances
520% maiores para quem usa essas técnicas, o que indica a sensibilidade da unidade
produtiva à precipitação pluviométrica. A existência de cisterna entra em 4º lugar na
lista de variáveis que reduzem a inadimplência, onde as chances são 77,2% menores do
que aqueles que não têm. Usando o nosso simulador de probabilidades de atraso, ceteris
paribus, unidades que utilizam a irrigação mas não tem infraestrutura de cisterna tem
efeitos sobre a taxa de atraso de 17,8% contra 6,3% daqueles menos expostos às
flutuações hídricas. Este resultado denota a situação crucial da água no sertão
nordestino durante o período de seca em questão.
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A segunda variável com maior poder explicativo é a Unidade da Federação,
onde se destaca a categoria Minas Gerais com chances de atraso 490% maiores que a
base Sergipe. A seguir na lista de poder explicativo vem a estrutura de pagamentos do
contrato de crédito, captado pela periodicidade das parcelas. A probabilidade de atrasos
em sistemas de pagamentos mais frequentes como bimestral ou trimestral está entre
1700% e 2800% maiores que no caso da parcela única.
Somente a seguir, nas 5ª e 6ª posições, vêm duas variáveis relacionadas a como
o cliente conheceu o programa, ou seja, se foi através de assistência técnica, que
aumenta a taxa de inadimplência em 227%, ou através de programa de cooperativas,
onde a taxa era 70,7% menor. A condição de uso da terra aparece em 7º lugar,
mostrando que a categoria posseiro aumenta em 267% a chance de inadimplência vis a
vis a de proprietário. Finalmente, o acesso a Bolsa Família aparece em 8º lugar,
reduzindo as chances de inadimplência em 51% em relação aos que não dispõe de
acesso ao programa. Entre as variáveis sócio-demográficas incluídas estão o estado
civil, com chances maiores de inadimplência para união estável e se os filhos estudam.
É importante citar as variáveis testadas que não foram incluídas no modelo por
falta de significância, tais como o regime de dedicação da atividade econômica,
migração de retorno, acesso a benefícios do INSS ou ao programa saúde da família,
diversos instrumentos ligados à bancarização da unidade familiar (conta corrente,
poupança, cartão de crédito, infraestrutura domiciliar como computador, internet,
geladeira e acesso a energia) e outras variáveis de técnicas usadas (vermifugação,
sementes melhoradas e mineralização).
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11
TEXTO PRINCIPAL
1. Introdução
Se a China é a fábrica do mundo, o Brasil é a fazenda. A agricultura brasileira
floresce e dá frutos. No âmbito social, vai de Josué de Castro, com a sua “Geografia da
Fome”, nos anos 40, a José Graziano, recém-eleito à presidência da Food and
Agriculture Organization (FAO), agência ligada a ONU.
A bandeira inicial levantada por Luis Inácio Lula da Silva no seu discurso da
vitória em 2002 foi a do Fome Zero e não Tolerância Zero, esta útlima aplicada à
violência em Nova York, por exemplo. Em 2007, na alta global no preço dos alimentos,
que a rigor beneficia macroeconomicamente o Brasil mas prejudica pobres de todas as
partes, o Brasil reajustou o Bolsa Família de forma a compensar a perda de poder de
compra na base da distribuição.
Dilma Rousseff repete a receita ao eleger como meta principal a erradicação da
miséria (tecnicamente, o miserável seria aquele que não consegue suprir necessidades
calóricas básicas). O lema geral de governo é: “Um país rico é um país sem pobreza” e
o Brasil Sem Miséria a sua principal inovação.
O Nordeste abriga metade dos extremamente pobres do Brasil, enquanto
segundo as estimativas governamentais a área rural abriga 47% deste universo. Logo, o
ataque sustentável à pobreza rural nordestina representa passo chave para a consecução
da meta governamental. É preciso potencializar a capacidade de geração de renda nestas
localidades. Neste processo, a concessão de microcrédito rural representa passo
fundamental para superação da pobreza no país.
O Agroamigo é o Programa de Microfinanças Rural do Banco do Nordeste,
operacionalizado em parceria com o Instituto Nordeste Cidadania e com Ministério do
Desenvolvimento Agrário (MDA). Trata-se de uma iniciativa pioneira no Brasil que
visa à concessão de financiamento para a área rural, tendo como base o modelo adotado
pelo Programa Crediamigo, linha de microcrédito urbano já operacionalizada pelo
Banco do Nordeste, cuja principal premissa consiste na concessão de crédito orientado e
acompanhado.
O microcrédito se difundiu mais nas cidades brasileiras e no campo do Nordeste,
a região mais pobre do Brasil, e, como já apontado, não se conseguiu rejeitar a hipótese
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de que os programas do Banco do Nordeste tenha sido o responsável, no sentido causal,
por esse fato. No entanto, para considerá-lo uma virtude é preciso que permita que as
boas oportunidades de negócios floresçam e que as más preferencialmente não. É
preciso também avaliar a eficiência alocativa da concessão de microcrédito. Nesse
ponto, o presente texto demonstra que o Agroamigo possui similaridades com o
Grameen Bank, não só por usar tecnologia social similar como também por seus
resultados. Será avaliado o impacto do Agroamigo sobre medidas de desempenho
econômico e financeiro dos negócios dos empreendedores e de suas famílias, com
ênfase especial nas questões: uso da terra, dedicação exclusiva às atividades produtivas
e a questão de diversificação, a participação em organizações sociais e por último e não
menos importante a questão do gênero do pequeno empreendedor rural, de forma a
quantificar tanto a razão dos sexos nos níveis dos resultados quanto sua alteração ao
longo do tempo.
O texto traça o panorama do campo nordestino vis-a-vis o restante do campo
tupiniquim, apresentando a evolução de classes, a trajetória da pobreza a partir de
indicadores clássicos de pobreza, e a percepção subjetiva quanto à qualidade de vida.
Além do quadro geral das áreas rurais, o texto descreverá o microcrédito, oferecerá uma
descrição do programa, de seus empréstimos e da base de dados amostral que será
analisada aqui em primeira mão. Mais adiante, será traçado um perfil socioeconômico
dos clientes ativos do Agroamigo, analisando-se ao mesmo tempo seu lado pessoa física
e jurídica para, por último, se medir como se deu a evolução de seus negócios e de seu
bem-estar durante a trajetória do programa.
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2. Evolução de Classes no Campo e no Nordeste Rural
Panorama de Renda e Pobreza
Com periodicidade anual, a PNAD nos permite monitorar a evolução detalhada da renda entre os microempresários. Damos destaque aqui às mudanças recentes em termos de pobreza, desigualdade e classes econômicas.
Todos os indicadores podem ser analisados para o conjunto geral de microempresários ou por subgrupos abertos: i) características sócio-demográficas, como: sexo, idade, anos de estudo, raça e posição na família; ii) características do produtor, como: posição na ocupação, contribuição previdenciária, educação e acesso a ativos digitais; iii) características do consumidor, como: acesso a bens de consumo e serviços; e iv) atributos espaciais como: local de moradia, área (metropolitana, urbana não metropolitana e rural), estados, e de forma inovadora, capitais e periferias.
http://www.cps.fgv.br/cps/bd/crag/ncm_temporal/index2_rural3_urb.htm
14
Definição dos Estratos Econômicos
Nossa abordagem à mensuração de classes econômicas consiste em organizar
toda a distribuição de renda sob a forma de estratos. Preferimos centrar essa parte do
estudo sobre esses indicadores sociais baseando-nos em renda per capita, para os quais
existe vasto instrumental e literatura. Assim, aplicamos o conhecimento desenvolvido
na área de estudos de pobreza no Brasil à análise da distribuição de renda em sua
totalidade, e não apenas à sua parte inferior.
Optamos pelo uso, como ponto de partida, de um indicador cujas virtudes e
limitações são conhecidas para depois estendê-lo a outras dimensões. Dessa forma,
exploramos três perspectivas adicionais para se qualificarem as classes econômicas, em
geral, e a nova classe média, em particular.
Potencial de Consumo
Uma forma alternativa de definir as classes econômicas (A a E) usual é pelo
potencial de consumo. O Critério Brasil usa o acesso e o número de bens duráveis (TV,
rádio, lava-roupa, geladeira e freezer, vídeo-cassete ou DVD), banheiros e empregada
doméstica. Este critério estima os pesos a partir de uma equação clássica minceriana de
renda e classifica as pessoas por faixas de pontos, usando características mais
permanentes que a renda corrente. Nossa abordagem consiste em usar cálculo similar
não para definir as fronteiras entre as classes, mas para avaliar o potencial de consumo
das pessoas em cada classe.
Calculamos os índices de potencial de consumo e não utilizamos esta abordagem
para a criação de um esquema de classificação estanque de classes. Outra diferença está
em expressarmos os resultados de maneira contínua, através de um simulador que
mantém o valor dos coeficientes estimados do modelo original sem arredondamentos,
evitando redução desnecessária da precisão das estimativas. Aplicamos esta
metodologia a uma miríade de informações, com a vantagem de utilizarmos amostras
que, no Brasil, só as pesquisas domiciliares do IBGE atingem com desenho e tamanho
satisfatórios.
Em suma, criamos um índice de potencial de consumo que usa a métrica da
renda como fio condutor e unidade de medida do indicador. As pessoas entendem com
mais facilidade a métrica de renda que faz parte do seu dia a dia do que uma métrica
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artificial de pontos discretos. Após a definição do modelo, quantificamos o indicador de
acordo com características das pessoas, em particular as classes econômicas às quais
pertencem, estas baseadas em renda corrente. O leitor iniciado em economia talvez
reconheça o conceito de renda permanente criado por Milton Friedman, em 1957, em
nosso indicador de potencial de consumo. Desde o seminal trabalho de Robert Hall, de
1977, sabemos que o consumo corrente deveria em tese conter toda informação sobre os
padrões futuros de consumo das famílias.
Detalhando o Critério de Renda
Há algumas considerações na definição e uso do critério de renda, seja na
definição de classes ou na sua tradução em potencial de consumo e capacidade
produtiva.
Primeiramente, o conceito de classes se refere à família e não aos indivíduos,
pois há solidariedade interna na transformação dos proventos em consumo. Uma pessoa
pertence, ou não, a uma família da classe média.
Seguindo a literatura de bem-estar social, usamos renda per capita e não renda
total da família, ou dos domicílios, uma vez que há de se distinguir famílias que têm a
mesma renda total e números de membros distintos. Por exemplo, na nossa
classificação, uma família que tem renda total de 1700 reais mensais divididos entre 13
membros será dedicada exclusivamente à subsistência e, portanto, considerada pobre,
enquanto outra composta de uma única pessoa terá a condição de adquirir alguns bens
supérfluos. Caso empregássemos o conceito de renda total da unidade, estaríamos
tratando de maneira igual pessoas em condições de vida bastante distintas.
Existem significativos erros de classificação quando se usa renda domiciliar total
ao invés do conceito per capita. Devido à redução sistemática no tamanho dos
domicílios (de 4,4 para 4,04, entre 2003 e 2009), função da transição demográfica em
curso, o crescimento da renda domiciliar total de 21,1% acumulado no período
subestima o crescimento de renda per capita total de 31,9%. Esta diferença de mais de
10 pontos de porcentagem ou aproximadamente metade do crescimento da renda total
observada é o tamanho do erro cometido no período.
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Divisões de Classes
Preferimos o uso de referências relativas à distribuição da população num ano
base, que são depois mantidas ao longo do tempo conforme explicado a seguir. Ao
contrário de análises de distribuição de renda relativa, onde mapeamos a participação de
cada grupo na renda total, fixamo-nos aqui na parcela da população que está dentro de
determinados parâmetros fixados para todo o período, evidenciando uma preocupação
com a renda absoluta de cada pessoa.
A presente abordagem é similar àquela usada na análise de pobreza absoluta,
mas atentamos ainda para outras fronteiras, como aquelas que determinam a entrada na
classe média e a saída deste grupo para classes mais altas.
Analogamente, na análise distributiva relativa, estamos num gráfico de pizza de
tamanho fixo, onde para um grupo ganhar, outro tem de diminuir. Na análise absoluta
aqui utilizada, além da dança distributiva, o tamanho de pizza pode mudar. O que está
por trás dos resultados vistos até então é que além dos indivíduos de renda mais baixa
terem se apropriado de uma maior parcela relativa da pizza (a redução da desigualdade),
a mesma aumentou de tamanho (o crescimento). Passou, digamos, de um tamanho
brotinho para média. No estudo que segue, estamos preocupados não só com a parcela
relativa que coube a cada grupo, mas também com a quantidade apropriada por cada
estrato da sociedade.
A Classe C é a classe central, abaixo da A e B e acima da D e E. A fim de
quantificar as faixas, calculamos a renda domiciliar per capita e depois a expressamos
em termos equivalentes de renda domiciliar total de todas as fontes. A classe C está
compreendida entre os R$ 1.126 e os R$ 4.854 a preços de 2008 na grande São Paulo e
estava compreendida imediatamente acima dos 50% mais pobres e abaixo dos 10% mais
ricos na virada do século. Heuristicamente, os limites da classe C seriam as fronteiras
para o lado indiano e para o lado belga da nossa Belíndia, e investigamos as migrações
entre estes diferentes Brasis.
A classe C aufere em média a renda média da sociedade, ou seja, é classe média
no sentido estatístico, sendo a imagem mais próxima da média da sociedade brasileira.
Dada a desigualdade, a renda média brasileira é alta em relação ao resto da distribuição.
Em uma comparação com o resto do mundo, observamos que 80% das pessoas
vivem em países com níveis de renda per capita menores que o brasileiro. Não apenas a
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distribuição de renda no Brasil é próxima daquela observada no mundo, como temos
uma renda ajustada pela paridade de poder de compra (PPC) similar à mundial e o Gini
interno é próximo àquele observado para a distribuição do PIB per capita (ajustado pela
PPC) dos países. Ou seja, a nossa classe média não seria diferente daquela observada no
mundo usando os mesmos métodos. Talvez por isso, o estudo mais recente sobre classe
média mundial da Goldman Sachs (“The Expanding Middle”) gere resultados próximos
à nossa classe C. Em relação aos limites da classe, tem-se R$ 859 a R$ 4.296 deles
contra R$ 1.126 a R$ 4.854 nosso, ambos expressos em reais da Grande São Paulo de
hoje.
Outros estudos internacionais variam bastante a definição de Classe Média,
encontrando desde R$ 115 a R$ 516 no trabalho de Barnajee & Duflo do MIT de 2007
até R$ 2.435 a R$ 10.025 do Banco Mundial (Global Economic Prospects de 2007), este
último mais próximo da definição da classe média em países desenvolvidos, segundo o
estudo da Goldman Sachs. A nossa classe C está, portanto, dentro dos limites
mencionados acima, que variam muito entre si. Há quem julgue a nossa classe C como
média baixa, rotulando a classe B como média alta. O relevante, contudo, é adotar um
critério consistente definido.
Limites das Classes
Apresentamos a seguir os limites das classes econômicas medidas em renda
domiciliar total mensal de todas as fontes:
Classe Econômica Inferior Superior
Classe E 0 705
Classe D 705 1126
Classe C 1126 4854
Classe B 4854 6329
Classe A 6329 +
Limites de renda domicilar total de
todas as fontes
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À parte de medidas tradicionais de desigualdade, tradicionalmente em nossos
estudos usamos a parcela de três grupos populacionais. Ao longo dos anos 1970, 1980 e
1990, a desigualdade brasileira se manteve surpreendentemente estável. Os 50% mais
pobres recebiam cerca de 10% da renda e; coincidentemente, os 10% mais ricos
recebiam próximo aos 50% da renda agregada. No meio destes dois grupos extremos,
tínhamos os 40% intermediários, que recebiam os mesmos 40% da renda.
No pico histórico da desigualdade brasileira de 1989, os 50% mais pobres
tinham 10,56% da renda e os 10% mais ricos 50,97%. Este grupo do meio que auferia a
renda média foi o nosso ponto de partida para a análise desta classe média relativa. A
nossa nova classe média está compreendida entre aqueles acima da metade mais pobre e
um pouco abaixo dos 10% mais ricos, pouco depois da virada do século, segundo uma
combinação de bases de dados.
A inversão de participações na população e na renda dos grupos polares também
inspirou nossos estudos sobre classes absolutas. O status relativo de renda do décimo
mais alto vis-à-vis ao resto da distribuição foi, segundo os estudos de David Lam, o que
diferencia a concentração de renda no Brasil frente aos Estados Unidos, que não são um
país particularmente igualitário. Outra fonte de inspiração desta escolha inicial do grupo
mais rico foi os estudos que participamos na segunda metade da década de 90
coordenados por Sam Morley, onde observamos a participação entre os 10% mais ricos
e, em particular, deles em relação ao resto da distribuição de renda brasileira e latino-
americana.
Grosso modo, os limites da nova média (classe C) seriam as fronteiras para o
lado indiano (classes D e E) e para o lado belga da Belíndia brasileira (classes A e B).
Investigamos as migrações entre estes diferentes Brasis. A classe C aufere em média a
renda média da sociedade, ou seja, é a classe média no sentido estatístico.
A nossa definição de faixas de renda, embora baseada na intuição acima, é
bastante consistente e empiricamente próxima daquela determinada pelo conceito de
polarização proposto por Esteban, Gradin e Ray (2007), apelidado de EGR. A estratégia
EGR nos interessa por gerar de maneira endógena os cortes de renda da distribuição de
renda observada na prática. Os cortes escolhidos são os que melhor distinguem os
grupos no sentido de tornar menores possíveis as diferenças internas destes grupos de
renda e, em contrapartida, maximizar as diferenças entre estes grupos. Calculamos os
grupos de renda para o caso de três segmentos, que é o que nos interessa mais.
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Complementarmente, segundo os autores, esse critério é aquele que, para os países
analisados por eles, maximiza o critério de polarização estendida usada. Nossa
estratégia aqui é gerar medidas relativas e depois mantemos constantes os valores
inicialmente arbitrados para gerar mudanças absolutas das classes.
Iremos inicialmente analisar os três grupos de renda aplicados a PNAD 2002
com a metodologia descrita mais acima, de forma a compará-la com a nossa
metodologia. Depois, tomaremos emprestados os resultados do EGR dentro e entre estes
grupos, além de outros parâmetros institucionais como linhas de pobreza e de extrema
pobreza, para subdividir nossas classes econômicas. Comecemos pelos três grandes
grupos.
Em primeiro lugar, a combinação de nossas classes econômicas D e E resulta
quase perfeitamente no estrato inferior do EGR, que corresponde aos 52,3% mais
pobres contra 52,6% no nosso critério, de forma que a diferença é desprezível. Como
corolário, toda a análise que fizemos de participação das classes DE na população, ou de
seu complemento ABC, de forma mais frequente, está consistente entre a nossa
metodologia e a adaptação do EGR.
A combinação de nossa classe econômica central, em 2002, está 4 pontos de
porcentagem menor que o estrato intermediário gerado pela metodologia EGR. Isto é,
ao invés dos 34,95% da população estar na nossa classe C, temos 38,95%. Estes exatos
4 pontos de porcentagem representam a medida de dissonância entre a nossa nova
classe média, que aufere a renda média, e o estrato do meio do EGR. Como corolário da
certeza que a soma das participações esgota a unidade, a nossa classe AB está distante
do estrato superior do EGR pela soma das diferenças apresentadas nos dois primeiros
estratos vis-à-vis nossos grupos de classes. Ou seja, a população de nossa classe AB é
4,3 pontos de porcentagem menor que o estrato superior da metodologia EGR para
2002. Este intervalo equivale à dissonância entre nossa nova classe média e a aplicação
do EGR ao seu próprio estrato superior de renda, o que nos leva a criar este resíduo de
4,3% para que a nossa classe C se converta no extrato do meio do EGR.
Monitorando as Classes Econômicas no Nordeste Rural
A partir dos microdados da PNAD, revelamos a dança distributiva da população
rural entre os diferentes estratos econômicos. A principal característica da abordagem
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aqui utilizada é o seu nível de desagregação em cinco grupos de renda, acompanhando a
evolução da participação da população em cada estrato.
A tabela abaixo revela que a área rural acompanhou a trajetória observada na
totalidade do país, com sucessivos aumentos na participação das classes mais altas (AB
e C), contrabalançando a redução da importância relativa da classe E.
Classe A: de acordo com a última PNAD, a proporção de pessoas residentes na área
rural que estão na classe A cresce 5,9% só no último ano, comparado a 0,2% no Brasil
como um todo. Este fluxo corresponde à entrada de 11,9 mil pessoas no grupo de mais
alta renda. Apenas nos últimos seis anos, somamos 83,4 mil pessoas do campo que
ascenderam à classe A, fazendo com que o contingente total neste grupo alcançasse a
marca de 231,5 mil pessoas, em 2009.
Classe B: a proporção de indivíduos na classe B cresce 19,1% no último ano, contra
3,5% no Brasil como um todo. Dessa forma, 65,3 mil pessoas passaram a esta classe em
um ano. Se analisarmos desde 2003, o contingente de pessoas que chegou à classe B é
de 198,4 mil, contribuindo para que o grupo contasse com 416,7 mil indivíduos em
2009.
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE No Nordeste, enquanto que ao longo do período todo de 1992-2009 houve um
maior crescimento das classes AB para o total da população, no período recente de
2003-2009 o crescimento foi maior nas áreas rurais, mesmo que o percentual de pessoas
nessas classes ainda seja muito baixo no campo.
5.4 6.0
8.5 8.8 8.8 9.08.0 8.3 8.3 7.6 7.7 8.3
9.4 9.7 10.4 10.6
1.0 1.5 1.4 1.5 1.5 1.8 1.4 1.4 1.1 1.4 1.4 1.7 1.8 2.4 2.2 2.5
1.0
3.0
5.0
7.0
9.0
11.0
13.0
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Classes AB no Brasil (%) - Evolução 1992 a 2009
Total Rural
21
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE
Dentro do universo do Nordeste rural, analisamos a evolução da classe AB entre
o total da população e os microempresários. Percebemos que tanto no total quanto entre
os microempresários, desde 1992 houve algumas oscilações na proporção de indivíduos
na classe AB. No entanto, entre os microempresários houve um aumento significativo
dessas classes econômicas, principalmente a partir de 2003. Apesar de o percentual de
classes AB ainda ser muito baixo no campo, houve um crescimento de incríveis
175,86% entre os microempresários nordestinos rurais de 2003 a 2009 (aumento de
133,33% para o total).
1.92.5
3.3 3.4 3.5 3.73.2 3.3 3.4
2.9 3.3 3.54.0 4.2
4.7 4.9
0.3 0.5 0.6 0.5 0.7 1.10.6 0.5 0.2 0.2 0.2 0.4 0.4
0.9 0.7 0.6
0.0
1.0
2.0
3.0
4.0
5.0
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Classes AB no Nordeste (%) - Evolução 1992 a 2009
Total Rural
22
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE
Classe C (Nova Classe Média): a mesma que atingia 20,6% da população rural, em
2003, passa a concentrar 35,4% em 2009, ocupando a classe dominante no sentido
populacional, com 9,1 milhões de pessoas. Este crescimento acumulado de 71,8%,
desde 2003, traduzido em termos de população, equivale a 3,7 milhões de brasileiros
residentes em áreas rurais passando a integrar a classe C nos últimos seis anos. A
proporção de pessoas neste grupo na área rural equivalia a 55% daquela verificada para
a totalidade no país, em 2003, chegando a 70%, em 2009. Esta aproximação pode ser
percebida no gráfico abaixo, no qual se nota um claro movimento de convergência entre
as curvas.
Na região Nordeste, o mesmo fenômeno é observado, e a classe C cresce mais
nas áreas rurais do que no total da população, apesar de o crescimento ser muito grande
tanto no total quanto no campo.
0.29
0.520.63
0.540.66
1.06
0.57 0.510.24 0.24 0.21
0.44 0.37
0.91
0.70.56
0.620.5
0.660.81
0.6
1.54
0.76
0.98
0.57 0.58 0.650.78 0.86
1.79
1.41.6
0
0.5
1
1.5
2
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Classes AB no Nordeste Rural (%) -Evolução 1992 a 2009
Total Microempresários
23
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE
Em relação ao Nordeste rural, assim com em relação às classes AB os níveis
referentes aos microempresários são mais favoráveis do que em relação ao total da
população. No entanto, diferentemente do que vimos em relação às classes AB, a nova
classe média aumenta mais no total da população do que entre os microempresários
(entre 2003-2009, houve um aumento de incríveis 124% no total contra 87,3% entre os
microempresários, apesar de os níveis ainda serem baixos em comparação com o total
do Brasil).
32.5 31.036.5 36.7 37.0 37.4 36.1 38.1 38.6 37.6 39.7 41.8
44.9 46.949.2 50.5
13.6 14.7 16.0 16.3 16.5 17.2 16.218.9 19.5 20.6 22.3 23.2
28.3 30.432.8
35.4
3.0
13.0
23.0
33.0
43.0
53.0
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Nova Classe Média (Classe C) no Brasil (%) -Evolução 1992 a 2009
Total Rural
15.7 14.8
18.5 18.3 18.1 18.8 18.020.7 21.0 20.1 21.2
23.5
27.530.0
32.934.7
6.8 6.8 8.1 8.57.0 7.5 7.1
9.6 9.4 10.1 10.3 11.6
15.0
18.620.6
22.6
5.0
10.0
15.0
20.0
25.0
30.0
35.0
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Nova Classe Média (Classe C) no Nordeste (%) - Evolução 1992 a 2009
Total Rural
24
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE
Classe D: a proporção de pessoas na classe D nas áreas rurais é de 30,2%, em 2009,
atingindo 7,8 milhões de indivíduos. Ao considerarmos o período 2003-2009,
verificamos aumento de 13% em sua participação relativa, ou 856 mil pessoas a mais
em seis anos.
Enquanto nas áreas rurais houve um aumento da classe D, no Brasil como um
todo, essa classe sofreu uma diminuição.
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE
6.8 6.8 8.1 8.5 7.0 7.5 7.19.6 9.4 10.1 10.3 11.6
15.0
18.6 20.622.6
9.711.2
12.814.5
11.8 11.913.6
16.0 15.7 16.8 15.517.7
23.726.6
30.4 31.4
3.0
8.0
13.0
18.0
23.0
28.0
33.0
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Nova Classe Média (Classe C) no Nordeste Rural (%) - Evolução 1992 a 2009
Total Microempresários
27.2
28.0
26.325.7 25.8
26.727.2
26.1 26.4 26.727.2 27.1
26.4
25.124.4
23.6
22.7
22.3
26.826.1 26.0
28.2 28.1
26.2
27.7
26.6
28.6
30.0 29.8 29.9 30.2 30.2
20.0
22.0
24.0
26.0
28.0
30.0
32.0
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Classe D no Brasil (%) - Evolução 1992 a 2009
Total Rural
25
No Nordeste, diferentemente do Brasil, há um aumento da classe D tanto nas
áreas rurais como no total da região, apesar de o aumento ser maior no campo. Partindo
de valores menores (16,4% no campo em 1992 contra 22,9% no total da região), há um
crescimento de 99% desde 1992 até 2009 da classe D no campo contra um crescimento
de 38,6% para o total, fato que explica a convergência entre as linhas abaixo. Repare
que a porcentagem de classe D no campo parte de valores significativamente menores
do que o total em 1992 e em 2009 ultrapassam o total (32,6% nas áreas rurais contra
31,8% do total).
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE
No Nordeste rural, houve um aumento da classe D tanto entre os
microempresários quanto para o total da população, porém o aumento foi maior no total,
como o gráfico abaixo nos mostra. Partindo de níveis menores (16,4% no total contra
22,6% entre os microempresários), há um aumento de 42,6% entre 2003-2009 contra
apenas 13,51% entre os microempresários (entre 1992-2009, a diferença é ainda maior,
com um aumento de 99,15% no total contra 36% entre os microempresários). O
resultado do maior aumento no total da região é que o percentual de pessoas na classe D
ultrapassa o percentual relativo aos microempresários, mesmo partindo de níveis
menores. Esse aumento não é visto como positivo para o total da população em relação
aos microempresários, dado que os microempresários têm um aumento maior nas
classes C e AB e, como veremos no próximo ponto, redução maior na classe E.
22.9 22.2
26.6 25.7 25.8
28.726.9 27.0 27.5 27.2
29.230.6
32.0 31.6 31.7
31.8
16.415.3
21.9 21.3 21.023.4 22.9 22.3
23.7 22.9
26.428.0
29.5 30.131.2
32.6
10.0
15.0
20.0
25.0
30.0
35.0
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Classe D no Nordeste (%) - Evolução 1992 a 2009
Total Rural
26
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE
Classe E (pobreza linha CPS): a proporção de indivíduos na classe E cai 8,3% no
último ano (dobro da média nacional de 4,3%), correspondendo à saída de 780 mil
pessoas do grupo de renda familiar mais baixa e equivalente à pobreza segundo nossa
metodologia. Este movimento coroa uma tendência observada desde o fim da recessão
de 2003, a partir de quando a pobreza já acumula uma queda de 37,9% (45,5% no país
como um todo), equivalendo a um contingente de cerca de 5,1 milhões de pessoas
cruzando a linha de miséria. Como resultado, observamos 8,2 milhões de miseráveis no
campo, que seriam mais de 13 milhões caso a miséria não tivesse caído nos últimos
anos.
No Nordeste, o movimento observado é análogo ao que aconteceu no país, com
uma forte redução no percentual de classe E tanto no total quanto nas áreas rurais.
16.415.3
21.9 21.3 21.023.4 22.9 22.3
23.7 22.9
26.428.0
29.530.1
31.232.6
22.6
19.3
26.625.1 25.0
26.127.7
25.727.8 27.1
29.530.9 30.0 30.5
30.2 30.8
10.0
15.0
20.0
25.0
30.0
35.0
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Classe D no Nordeste Rural (%) - Evolução 1992 a 2009
Total Microempresários
27
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE
Analisando os dados para o Nordeste rural, temos uma redução expressiva na
pobreza tanto no total quanto no universo dos microempresários. Mais uma vez, tanto
em nível quanto na variação recente os números são mais favoráveis aos
microempresários, porém a diferença é muito pequena. Houve uma redução da pobreza,
medida pelo percentual de pessoas na classe E (que se refere à pobreza segundo a linha
do CPS), de 34,7% entre os microempresários e de 33,8% no total no período de 2003-
2009.
35.0 35.0
28.7 28.8 28.4 26.9 28.7 27.5 26.7 28.125.4
22.819.3 18.3
16.0 15.3
62.8 61.4
55.8 56.2 56.052.9 54.3 53.5 51.7 51.4
47.745.2
40.237.2
34.831.9
15.0
25.0
35.0
45.0
55.0
65.0
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Classe E (pobreza linha CPS) no Brasil (%) -Evolução 1992 a 2009
Total Rural
59.6 60.5
51.7 52.7 52.648.8
51.949.0 48.1 49.8
46.342.5
36.534.2
30.7 28.7
76.6 77.4
69.4 69.7 71.468.0 69.4 67.6 66.6 66.8
63.160.0
55.150.5
47.444.2
25.0
35.0
45.0
55.0
65.0
75.0
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Classe E (pobreza linha CPS) no Nordeste (%) - Evolução 1992 a 2009
Total Rural
28
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE
76.6 77.4
69.4 69.7 71.468.0 69.4 67.6 66.6 66.8
63.160.0
55.150.5
47.444.2
67.0 69.0
60.0 59.662.6
60.557.9 57.3 55.9 55.6 54.3
50.6
45.441.1
38.1 36.230.0
40.0
50.0
60.0
70.0
80.0
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Classe E (pobreza linha CPS) no Nordeste Rural (%) - Evolução 1992 a 2009
Total Microempresários
29
3. Microcrédito e Pobreza Rural
Pobreza Rural
O conceito de pobreza visa medir carências humanas. Ele mede as dificuldades
vividas por diferentes indivíduos numa dada sociedade e as agrega em um único
número, o que nos permite auferir o desempenho de políticas de inclusão social e
nortear o seu desenho. Sua compreensão possibilita alguns desdobramentos: (1)
compará-lo a outros conceitos; (2) fixar o olhar no desenho destas políticas; e (3)
privilegiar aspectos úteis para a definição de metas sociais, como mecanismo de
mobilização e coordenação de ações do Estado e da sociedade, no sentido da superação
da pobreza.
Cabe, inicialmente, apontar semelhanças e diferenças entre alguns conceitos
próximos às medidas de pobreza aqui discutidas. Em primeiro lugar, os conceitos de
bem-estar social e de pobreza procuram ambos agregar o nível de bem-estar de
diferentes indivíduos em uma dada sociedade em um único número. Isto permite
comparações simples entre sociedades ou numa mesma sociedade ao longo do tempo. A
diferença é que o conceito de bem-estar leva em conta a situação quantificada de todos
os indivíduos do grupo social, enquanto o de pobreza só capta a parcela de indivíduos
cujo bem-estar se encontra abaixo de um determinado parâmetro, denominado linha de
pobreza. Em outras palavras, a ideia do conceito de pobreza é captar a descontinuidade
entre aqueles que participam minimamente da cidadania e aqueles que não participam.
Na prática, apesar de ignorarem algumas complexidades, os índices de pobreza
que se restringem a uma única dimensão monetária são mais usuais por conta de sua
operacionalidade. Mas, mesmo quando o cálculo da desigualdade considera apenas a
dimensão monetária, é necessário escolher entre a dimensão renda e as despesas de
consumo como unidades de medida. Despesas de consumo são internacionalmente mais
aceitas como unidade de medida, pois o nível de bem-estar das pessoas está mais
relacionado ao que consomem do que ao valor de seus ganhos. No entanto, este não é o
caminho em geral tomado nas estimativas de bem-estar encontradas no Brasil, onde se
consolidou a tradição de se perguntar a renda das pessoas nas pesquisas domiciliares.
Como dissemos anteriormente, o cálculo de indicadores de pobreza entendida
em termos de insuficiência de renda requer a fixação de uma linha abaixo da qual os
30
indivíduos são considerados pobres. A adoção de uma linha oficial é o primeiro passo
lógico para a adoção de metas de redução da miséria ao longo do tempo. O essencial é
se adotar uma linha, independentemente do valor arbitrado, mas a linha oficial mais
interessante seria aquela acima de idiossincrasias locais.
Como o objetivo de combate à miséria transcende mandatos de governos e
fronteiras nacionais, é possível escolher as linhas de US$1,00 ou US$2,00 por pessoa,
ajustadas pela paridade de poder de compra (PPP), que leva em conta diferenças de
custo de vida entre países, sempre traduzida em moeda local e ajustada pelo índice de
inflação oficial doméstico. O Brasil fixou em 2011 uma linha oficial de pobreza de R$
70 reais por pessoa. Os EUA o fizeram em 1963, seguidos de Índia e Irlanda.
O cálculo de indicadores de pobreza enquanto insuficiência de renda requer a
fixação de uma linha abaixo da qual os indivíduos são considerados miseráveis. Sua
construção se baseia sobre uma linha de indigência correspondente a valores monetários
que possibilitem o suprimento de exigências calóricas básicas. No caso da pobreza,
contemplam-se despesas além das alimentares, como habitação, vestuário e transporte.
No Centro de Políticas Sociais da FGV, optamos por uma linha de indigência
baseada apenas em necessidades alimentares mínimas, fixadas pela OMS (2.288
calorias/dia) e traduzidas em valores monetários, referenciando-nos aos hábitos de
consumo dos indivíduos situados entre os 20% e os 50% mais pobres da população. O
resultado é uma linha de pobreza de R$151,00 mensais por pessoa, avaliada a preços
médios nacionais de 20111.
Uma pessoa é considerada pobre quando pertence a um domicílio cuja renda
total per capita não ultrapassa o valor da linha de pobreza específica à sua região. A
renda total, por sua vez, corresponde à soma das rendas de todos os indivíduos do
domicílio, abrangendo proventos do trabalho, aluguéis recebidos, aposentadorias,
pensões, doações e outros rendimentos.
Em 1992, ano em que foi estabelecido o novo questionário da PNAD, contavam-
se mais de 50 milhões de miseráveis no Brasil. Apesar de conter apenas 18% da
1 Existe também um componente subjetivo na definição da linha de miséria. A Pesquisa de Padrões de Vida implementada pelo IBGE, usando a metodologia do Banco Mundial, contém perguntas cuja resposta é subjetiva. Uma pergunta de particular interesse aqui é: considerando a sua família, qual seria a menor renda mensal necessária para cobrir gastos de alimentação? A média das respostas é 40% maior que a linha da FGV.
31
população total, então em 145 milhões, o meio rural concentrava 28% dos pobres. Para
cada 10 pessoas que viviam no campo, 6 encontravam-se abaixo da linha de pobreza.
Um cenário desanimador, não fosse pela óbvia oportunidade de prosperar.
Avançando no tempo 17 anos, encontramos uma situação distinta. O processo de
urbanização já em curso prosseguiu e o meio rural passou a responder por apenas 12%
do contingente total. O país cresceu em população, somando 188 milhões de brasileiros,
mas perdeu de vista 22 milhões de miseráveis. Destes, 11 milhões apenas no campo,
contribuindo para uma impressionante redução de quase 50% da taxa de pobreza rural.
Diante dos grandes traços das séries de pobreza desde o início do período
amostral, notamos duas marcadas mudanças de patamar no Brasil. Primeiramente, no
biênio 1993-1995, a proporção de pessoas no campo abaixo da linha de miséria reduz-se
de 61% para 56%. Em 2003, quando a miséria ainda atingia mais da metade dos
indivíduos da região, tem início um novo período de alívio da pobreza. Dois anos mais
tarde, esta alcança o nível de 46%, num movimento de magnitude comparável ao acima
descrito. O paralelo existente na diminuição da miséria entre os dois episódios,
ocorridos dez anos a parte, pode ser mais bem percebido no gráfico abaixo.
No Nordeste, percebemos a diferença em nível da proporção de pobres no total e
no campo. Enquanto em 1992 o percentual de pessoas vivendo abaixo da linha de
pobreza era de 59,6%, no campo a proporção era de 76,6%, número 28,5% maior na
área rural. Apesar dessa diferença em nível, as variações seguem na mesma direção,
como o gráfico abaixo mostra, sendo que a proporção de pobres no total do Nordeste cai
mais do que nas áreas rurais. Por conta dessa redução maior no total do que nas áreas
rurais, a diferença no nível da proporção de pobres em 2009 se amplia, com uma
diferença de aproximadamente 54% favorável ao total (28,7% de pobres no total x
44,2% nas áreas rurais).
32
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE
Olhando agora para o universo de microempresários no Nordeste rural, temos
números favoráveis aos pequenos empreendedores, tanto em nível quanto na variação
ao longo dos últimos anos. Em 1992, enquanto 76,6% dos indivíduos do Nordeste rural
eram pobres, dentre o universo de microempresários a proporção era de 67% de pobres
(14,22% a mais de pobres no total). Assim como no nível, a redução da pobreza foi
maior entre os microempresários ao longo dos últimos anos, mesmo que a diferença não
tenha sido tão grande (entre 1992 e 2009, houve uma redução de 42,3% para o total x
46% entre os microempresários). De 2003 a 2009, a redução foi de 33,8% no total
contra 34,77% entre os microempresários.
59.6 60.5
51.7 52.7 52.648.8
51.949.0 48.1 49.8
46.342.5
36.5 34.230.7 28.7
76.6 77.4
69.4 69.7 71.468.0 69.4 67.6 66.6 66.8
63.160.0
55.150.5
47.444.2
0.0
10.0
20.0
30.0
40.0
50.0
60.0
70.0
80.0
90.0
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Proporção de Pobres (P0) no Nordeste
Total Rural
33
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE
Custo da Erradicação da Miséria (P1)
No estabelecimento das linhas de pobreza ou de indigência, temos uma série de
outros elementos subjetivos - e arbitrários - envolvidos no processo de agregação dos
pobres. A literatura de pobreza baseada em renda (ou consumo) usa, em geral, três
indicadores que descrevem a extensão e a intensidade da pobreza e sua variação entre os
considerados pobres, chamados família FGT (Foster-Greer-Thorbecke). Em primeiro
lugar, no índice denominado proporção dos pobres (P0), conta-se a parcela da população
cuja renda familiar per capita está abaixo de uma linha de miséria arbitrada.
O P1 constitui um indicador mais interessante, já que leva em conta a intensidade
da miséria. Revela quanta renda adicional cada miserável deveria receber para satisfazer
as suas necessidades básicas. A utilidade desse indicador no desenho de políticas sociais
é direta, pois ele é capaz de informar os valores mínimos necessários para erradicar a
miséria. A hipótese subjacente é que cada miserável receberia apenas o suficiente para
içá-lo até a linha de pobreza.
Útil ao desenho de políticas públicas, o hiato de renda (P1) revela quanta renda
adicional cada miserável deveria receber para satisfazer suas necessidades básicas. Sob
a hipótese de que cada miserável receba apenas o suficiente para ser içado até a linha de
pobreza, somos capazes de calcular o custo mínimo de erradicação da miséria.
76.6 77.4
69.4 69.7 71.468.0 69.4 67.6 66.6 66.8
63.160.0
55.150.5
47.444.2
67.0 69.0
60.0 59.662.6 60.5 57.9 57.3 55.9 55.6 54.3
50.645.4
41.138.1 36.2
0.0
10.0
20.0
30.0
40.0
50.0
60.0
70.0
80.0
90.0
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Proporção de Pobres (P0) no Nordeste Rural
Total Microempresários
34
Por exemplo, no caso da linha de R$140,00, quem tem renda de R$1,00 ganharia
R$139,00 e vice-versa, enquanto quem desfrutasse de renda acima de R$140,00 não
receberia nada. A trajetória recente do custo de erradicação da miséria pode ser
acompanhada nos gráficos abaixo. Em destaque, encontra-se o custo de erradicação da
pobreza por pobre na área rural vis-à-vis ao custo nacional. Em 1992, o primeiro
superava o último em 15%, diferença que desapareceu gradativamente ao longo dos 17
anos acompanhados.
Para o meio rural em 2009, calculamos um custo total de erradicação da miséria
de aproximadamente R$500 milhões mensais, equivalente a R$19,43 por pessoa
(diferença de R$ 10 reais em relação à média total por brasileiro - R$ 9,33). Como 32%
da população encontra-se abaixo da linha de pobreza, o custo por não pobre é
obviamente superior, chegando a R$28,53 no campo (R$ 11,02 no total).
Assim como na média do Brasil, no Nordeste o custo de erradicação da pobreza
também é maior no campo, resultado já esperado dado que a pobreza é maior nas áreas
rurais.
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE
32.0 32.5
24.025.8 25.0
23.024.6 23.2
21.7 23.020.5
18.315.6 15.0
12.8 12.2
43.645.6
34.8 35.8 36.633.9 35.3 34.1
32.1 33.129.7
27.425.4
22.920.5 19.5
0.0
5.0
10.0
15.0
20.0
25.0
30.0
35.0
40.0
45.0
50.0
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Hiato de Pobreza (P1) no Nordeste
Total Rural
35
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE
Em relação aos microempresários do Nordeste rural, assim como em relação à
proporção de pobres (P0), temos resultados favoráveis a esse grupo em relação ao
indicador do hiato de pobreza (P1), tanto em nível como na evolução. Os
microempresários possuem valores menores para o indicador P1 e apresentam maior
redução ao longo dos últimos anos. As mesmas conclusões podem ser tiradas para o
custo de erradicação da pobreza por pessoa, já que o mesmo resulta diretamente do
indicador P1. A mesma análise, no entanto, não pode ser estendida para o custo de
erradicação da pobreza por não pobre, conforme o gráfico abaixo nos mostra. Apesar de
em nível esse custo ser menor para os microempresários, temos que a redução do
44.2 44.9
33.135.6 34.5 31.7 34.0 32.0 29.9 31.7
28.325.2
21.520.7 17.616.8
60.1 62.9
48.0 49.4 50.546.8 48.7 47.0 44.3 45.6
41.037.8 35.1
31.628.3 26.9
0.0
10.0
20.0
30.0
40.0
50.0
60.0
70.0
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Custo de Erradicação da Pobreza no Nordeste - R$/Pessoa
Total Rural
109.3 113.6
68.4 75.2 72.7 61.8 70.6 62.7 57.5 63.1 52.6 43.8 33.831.4 25.4 23.6
274.0285.4
164.0174.3
182.0151.2
166.4150.0
135.4139.4113.2
96.980.3
67.4 57.1 51.3
0.0
50.0
100.0
150.0
200.0
250.0
300.0
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Custo de Erradicação da Pobreza no Nordeste - R$/Pessoa Não Pobre
Total Rural
36
memso foi maior para o total do Nordeste rural. Repare que em 1992, o custo era
41,44% menor para o universo de microempresários, diferença que cai para 32,24% e
2009 (houve uma redução de 82,2% do custo para o total do Nordeste rural contra
redução de 78,22% no custo relativos ao universo dos microempresários).
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE
43.645.6
34.8 35.8 36.633.9 35.3 34.1
32.1 33.129.7
27.425.4
22.920.5 19.5
35.938.6
29.7 29.931.6
29.126.6 27.9 26.9 26.7
25.123.1
20.817.7
15.7 15.1
0.0
5.0
10.0
15.0
20.0
25.0
30.0
35.0
40.0
45.0
50.0
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Hiato de Pobreza (P1) no Nordeste Rural
Total Microempresários
60.1 62.9
48.0 49.4 50.546.8 48.7 47.0 44.3 45.6
41.037.8 35.1
31.6 28.326.9
49.553.2
41.0 41.2 43.640.1
36.7 38.4 37.2 36.8 34.6 31.928.6
24.4 21.6 20.9
0.0
10.0
20.0
30.0
40.0
50.0
60.0
70.0
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Custo de Erradicação da Pobreza no Nordeste Rural - R$/Pessoa
Total Microempresários
37
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE Outra questão associada é que as metas sociais deveriam de alguma forma levar
em conta a trajetória do indicador escolhido ao longo do tempo. Por exemplo, se a meta
for reduzir à metade a proporção de miseráveis até determinada data, digamos primeiro
de janeiro de 2015, a maneira mais barata de atingi-la seria completar na véspera, ou
seja, 31 de dezembro de 2014, a renda dos 50% menos miseráveis até a linha.
Os Mais Pobres dos Pobres (P2)
O indicador conhecido como P2 eleva ao quadrado a insuficiência de renda dos
pobres, priorizando as ações públicas aos mais desprovidos. Se a meta fixada fosse a
redução do P0, existiriam incentivos espúrios para a adoção de políticas focadas no
segmento logo abaixo da linha de pobreza, e não nos mais miseráveis. Por exemplo, dar
em primeiro lugar R$1,00 a quem tem renda de R$79,00 e não R$ 80,00 a quem tem
zero. Além dessa inversão de prioridades, o foco das políticas redistributivas seria
bastante sensível à escolha sempre arbitrária da linha de miséria.
No caso do P2, independentemente da linha arbitrada, a prioridade é sempre
voltada aos de menor renda. A adoção do P2 corresponde à instituição de uma espécie
de ascensor social que partiria da renda zero. A meta de redução do P2, ao conferir
prioridade máxima às ações voltadas para os mais carentes, é mais eficiente em termos
fiscais. Em suma, o P0 conta os miseráveis, o P1 conta o dinheiro que falta para se pôr
fim ao problema e o P2 nos dá o norte das ações, dizendo por onde começar.
256.4 277.8
156.6163.0 176.1
146.2159.2
145.1132.7137.4110.9
94.378.2
63.8 53.848.3
150.2171.7
102.4101.8116.7
101.487.1 90.0 84.2 82.8 75.8 64.5 52.4 41.4 34.9 32.7
0.0
50.0
100.0
150.0
200.0
250.0
300.0
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Custo de Erradicação da Pobreza no Nordeste Rural - R$/Pessoa Não Pobre
Total Microempresários
38
Se inicialmente verificamos a ocorrência de um menor número de miseráveis no
campo, vemos agora que aqueles que persistem nesta situação o fazem, na média, mais
próximos da fronteira da miséria. Complementarmente, o hiato quadrático de pobreza
(P2), sensível à severidade da insuficiência de renda, revela que avanços mais fortes têm
sido observados entre os mais miseráveis do campo.
Em relação ao Nordeste, podemos perceber que o indicador P2 é maior nas áreas
rurais, indicando o fato já esperado de que a serveridade da pobreza é maior no campo.
Apesar de haver uma forte redução desse indicador tanto no total quanto nas áreas rurais
do Nordeste, essa redução foi maior no total da população nordestina.
No universo dos microempresários rurais nordestinos, temos novamente
números favoráveis a esse grupo de pequenos empreendedores. Além da severidade da
pobreza ser menor entre os microempresários, a redução nos últimos anos também foi
maior para esse grupo (de 1992-2009 redução de 64,7% para os microempresários
contra 61,24% no total; entre 2003-2009, redução de 48,8% para os micrompresários
contra 44,1% do total).
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE
21.7 21.7
14.716.6 15.6
14.015.3 14.4
12.9 14.012.2
10.79.1 9.2
7.5 7.4
29.531.4
21.7 22.4 23.220.6
22.0 21.219.5 20.5
17.816.2 15.2
13.611.7 11.5
0.0
5.0
10.0
15.0
20.0
25.0
30.0
35.0
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Hiato Quadrático da Pobreza (P2) no Nordeste
Total Rural
39
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE
29.531.4
21.7 22.4 23.2
20.622.0 21.2
19.5 20.5
17.816.2
15.213.6
11.7 11.5
23.725.9
18.7 18.720.1
17.415.7
17.0 16.6 16.314.9
13.812.2
10.08.5 8.4
0.0
5.0
10.0
15.0
20.0
25.0
30.0
35.0
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Hiato Quadrático (P2) no Nordeste Rural
Total Microempresários
40
Acesso a serviços financeiros – crédito pessoal
No que tange especificamente ao acesso a crédito pessoal, a comparação mais
relevante se dá entre as áreas rurais do Nordeste e do restante do país, onde tanto cartão
de crédito quanto o cheque especial são bem mais difundidos, seja na população total ou
no universo dos microempresários. Observa-se que a diferença regional é de quase três
vezes entre os que tinham acesso a cartão de crédito e dez vezes entre os que tinham
cheque especial. Na comparação entre populações, as maiores variações no acesso a
crédito foram no grupo de microempresários, que também apresentaram níveis
superiores aos da população total, apesar de baixos para o padrão nacional.
Tem Cartão de Crédito %
Categoria Ano Classe Nordeste rural
Var 03-09
Não Nordeste
rural
Var 03-09
Sim 2009
Total 2,94
58,06% 7,79
8,80% 2003 1,86 7,16
Sim 2009
Microempresários 4,76
161,54% 14,62
35,50% 2003 1,82 10,79
Fonte: CPS/FGV a partir dos dados da POF/IBGE 2003/2009
Tem Cheque Especial %
Categoria Ano Classe Nordeste rural
Var 03-09
Não Nordeste
rural
Var 03-09
Sim 2009
Total 0,59
-18,06% 5,27
-12,46% 2003 0,72 6,02
Sim 2009
Microempresários 1,88
50,40% 15,11
23,85% 2003 1,25 12,2
Fonte: CPS/FGV a partir dos dados da POF/IBGE 2003/2009
Panorama de Despesas
A POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares) é realizada a cada 6-7 anos pelo
IBGE. Além das informações referentes à estrutura orçamentária, a POF investiga ainda
várias características particulares dos domicílios e de seus indivíduos, como idade, nível
de escolaridade e outras informações detalhadas sobre as condições de vida. O
Panorama construído a partir de POF é um banco de dados interativo que permite
avaliar a renda e despesa média com empréstimos em termos mensais.
41
Dada riqueza de informações e cruzamento possíveis, disponibilizamos no site
da pesquisa um panorama regional, onde podemos analisar o perfil dos
microempresários e as necessidades especificas de cada lugar. Essas informações estão
disponíveis para a população total e diferentes grupos de renda que vão desde as classes
econômicas ate os grupos de renda mais baixa, calculados por diferentes conceitos.
Dentre os cruzamentos possíveis destacamos, i) Características Demográficas como
sexo, escolaridade, raça, posição na família, idade, ii) Características Sócio-
Econômicas como posição na ocupação, classe econômica, contribui para previdência
pública, posse de ativos financeiros, iii. Características Espaciais, iv) Avaliação de
Condição de Vida como renda familiar, quantidade e tipo de alimento consumido,
acesso a serviços, condições de moradia, e problemas locais.
http://www.cps.fgv.br/cps/bd/crag/despesas/index3-e.htm
Análise das Variáveis Subjetivas POF no Nordeste Rural
Uma das vantagens da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) é permitir uma
análise de dados relativos às finanças pessoais dos microempresários sem comparação
no universo de microdados representativos do contexto brasileiro. Como o objetivo
dessa seção é caracterizar o Agroamigo, contemplamos os dados referentes ao Nordeste
rural, mas fazendo comparações com outras regiões quando essas se mostram
42
relevantes. A novidade é a caracterização dos clientes a partir de questões subjetivas
para captar a percepção da qualidade de vida.
Renda Familiar
Dentre as variáveis subjetivas da POF, existe uma pergunta que é se “a renda
familiar permite que você leve a vida até o final do mês com dificuldade ou facilidade”.
Pelas respostas dadas pelos indivíduos nas áreas rurais, percebemos uma melhora nos
números: em 2003, 94,15% da população do Nordeste rural respondeu que tinham
dificuldades de levar a vida até o final do mês com a renda familiar auferida. Em 2009,
esse número passa para 89,85%, representando uma queda de aproximadamente 4,6%.
Apesar da melhora em relação à renda familiar auferida pelas pessoas, ela foi muito
pequena em relação ao período de análise, que é de 6 anos, e quase a totalidade das
pessoas no Nordeste rural ainda levam a vida com dificuldade. Quando analisamos os
mesmos dados para os microempresários rurais nordestinos, os números são um pouco
melhores, mas ainda muito ruins. Em 2003, 92,78% desses microempresários tinham
dificuldades com a renda familiar que auferiam, número que cai para 87,21% em 2009
(queda de 6%). Os dados indicam, portanto, que houve pequena melhora na renda do
Nordeste rural, mas essa variação não foi tão significativa a ponto de alterar o histórico
de dificuldade socioeconômica da região.
Renda Familiar permite que você leve a vida até o fim do mês com:
Categoria Ano Classe Nordeste rural Var 03-09
Dificuldade 2009
Total 89,85
-4,57%
2003 94,15
Dificuldade 2009
Microempresários 87,21
-6,00% 2003 92,78
Fonte: CPS/FGV a partir dos dados da POF/IBGE 2003/2009
Quantidade e tipo de alimentos consumidos
Se a percepção do nível total de renda indica que a situação no campo ainda é
ruim, a qualidade de vida, aqui representada pela quantidade e tipo de alimentos
consumidos, é um pouco mais otimista, pelo menos no que tange variações. Em relação
ao tipo de alimento consumido, somente 8,1% da população total no Nordeste rural
43
consumiam sempre o alimento do tipo que queriam em 2003. De 2003 para 2009 há um
crescimento de 71,5%, e o número passa para 13,9%. Analisando somente os
microempresários rurais nordestinos, a porcentagem de pessoas que consumiam sempre
o alimento do tipo que queriam sai de 10,72% para 17,16% (melhora de
aproximadamente 60%). Percebe-se que enquanto em nível os microempresários estão
um pouco melhores do que o total da população, a variação no total é mais significativa
do que entre os microempresários. No entanto, mesmo com altas taxas de evolução,
tanto do total como dos microempresários (acima de 60%), ainda é muito baixo o
número de pessoas que sempre consomem o alimento do tipo que querem.
Quantidade de Alimentos
Categoria Ano Classe Nordeste rural
Var 03-09
É Sempre Suficiente
2009 Total
38,13 32,90%
2003 28,69
É Sempre Suficiente
2009 Microempresários
41,07 32,23%
2003 31,06 Fonte: CPS/FGV a partir dos dados da POF/IBGE 2003/2009
Condições de moradia e acesso a serviços básicos
A análise das variáveis subjetivas referentes à qualidade de vida sugere que o
campo nordestino não desfruta das melhores condições de moradia em relação ao
restante do campo tupiniquim. Na comparação entre grupos populacionais, os
microempresários nordestinos apresentam melhor equilíbrio entre moradias boas e
satisfatórias.
Condição de Moradia
Categoria Ano Classe Nordeste
rural Var 03-
09
Não Nordeste
rural Var 03-
09
Boas
2009
Total
39,7
0,76%
49,92
7,26% 2003 39,4 46,54
Boas
2009
Microempresários
43,12
6,86%
53,36
9,66% 2003 40,35 48,66
Satisfatórias
2009
Total
45,3
22,50%
38,25
2,77% 2003 36,98 37,22
Satisfatórias 2009 Microempresários 43,05 14,95% 36,1 -4,14%
44
2003 37,45 37,66 Fonte: CPS/FGV a partir dos dados da POF/IBGE 2003/2009
O abastecimento de água é um problema crônico dos nordestinos, em maior
medida no campo, dado o caráter essencial da água para as atividades econômicas e,
consequentemente, para a sobrevivência de pessoas e animais. Um dos motes da
campanha dos presidentes Lula e Dilma era justamente quanto às obras de transposição
do Rio São Francisco, que deveria melhorar os serviços de água da região, permitindo a
expansão das produções agropecuárias, principalmente dos pequenos produtores rurais.
Na tabela abaixo indicamos a percepção na qualidade do abastecimento de água,
dividido em ‘bom’ e ‘ruim’. Entre microempresários e o restante da população não há
diferenças relevantes no nível de acesso. O dado mais significativo é relativo à falta do
serviço, isto é, 42% dos nordestinos não possuem água proveniente da rede de
distribuição nem de poços ou nascentes.
Serviço de Água %
Categoria Ano Classe Nordeste
rural Var 03-09
Não Nordeste
rural
Var 03-09
Bom 2009
Total 37,93
63,00% 51,28
28,81%
2003 23,27 39,81
Bom 2009
Microempresários 39,38
63,06% 51,33
52,22% 2003 24,15 33,72
Ruim 2009
Total 19,02
59,30% 9,52
37,97% 2003 11,94 6,9
Ruim 2009
Microempresários 18,06
32,21% 7,27
50,83% 2003 13,66 4,82
Fonte: CPS/FGV a partir dos dados da POF/IBGE 2003/2009
Completando o quadro do saneamento temos drenagem e escoamento, que
encontra barreiras logísticas para a expansão no campo. A tecnologia de oferta depende
muito das economias de densidade da área coberta. Em áreas densamente povoadas, é
comum o uso de unidades tratadoras de água e esgoto que obtém água de fontes e
direcionam ao mercado consumidor através de redes subterrâneas de transporte,
enquanto em áreas pouco povoadas, é possível contar com sistemas mais simples. Os
dados abaixo corroboram o argumento, bastando observar a dicotomia urbano-rural.
45
Drenagem e Escoamento
Categoria Ano Classe Nordeste urbano
Nordeste rural
Não Nordeste urbano
Não Nordeste
rural
Bom
2009
Total
54,63 37,32 65,84 40,43
2003 46,75 19,83 58,64 21,81
Bom
2009
Microempresários
56,25 38,28 66,99 37,06
2003 48,07 20,32 60,87 20,65
Ruim
2009
Total
36,21 21,35 26,87 17,41
2003 25 10,04 21,94 7,39
Ruim
2009
Microempresários
35,04 20,78 25,43 15,4
2003 26,18 8,17 21,75 6,36 Fonte: CPS/FGV a partir dos dados da POF/IBGE 2003/2009
Outro gargalo estrutural do campo é o acesso à energia elétrica, bastando ver que
as áreas urbanas apresentam taxas de acesso à eletricidade de qualidade entre 20% e
25% maiores que as áreas rurais. Entre os microempresários essa diferença sobe para
28%. É interessante notar que há melhoria na qualidade da infraestrutura, mas a maior
variação se dá nas instalações de baixa qualidade, indicando que a inclusão elétrica se
deu em um nível mais baixo, isto é, quem não tinha acesso passa a tê-lo, mas considera-
o ruim.
Energia Elétrica %
Categoria Ano Classe Nordeste
rural Var 03-
09
Não Nordeste
rural Var 03-
09
Bom
2009
Total
72,27
14,48%
74,42
-0,45% 2003 63,13 74,76
Bom
2009
Microempresários
69,64
13,38%
70,15
-1,56% 2003 61,42 71,26
Ruim
2009
Total
15,95
79,82%
13,35
44,79% 2003 8,87 9,22
Ruim
2009
Microempresários
17,94
87,85%
14,45
38,15% 2003 9,55 10,46 Fonte: CPS/FGV a partir dos dados da POF/IBGE 2003/2009
Fechando o grupo de serviços essenciais, temos a coleta de lixo, com baixíssima
quantidade e qualidade percebida, em especial no nordeste rural. Dentre as
externalidades geradas pela baixa oferta de serviços básicos no campo, destacamos a
46
baixa produtividade ocasionada pela pequena estrutura elétrica e de abastecimento de
água, que impacta diretamente na renda (ou lucro) dos nordestinos.
Coleta de Lixo
Categoria Ano Classe Nordeste
rural Var 03-
09
Não Nordeste
rural Var 03-
09
Bom
2009
Total
14,13
26,50%
27,6
3,22% 2003 11,17 26,74
Bom
2009
Microempresários
12,38
34,71%
21,39
16,00% 2003 9,19 18,44
Ruim
2009
Total
6,63
79,67%
9,33
68,11% 2003 3,69 5,55
Ruim
2009
Microempresários
5,32
67,82%
7,4
54,49% 2003 3,17 4,79 Fonte: CPS/FGV a partir dos dados da POF/IBGE 2003/2009
Bolsa Família
O Bolsa Família pode ser a explicação da melhora da ‘qualidade’ de vida no
campo, visto que 14,54% dos nordestinos recebem o benefício, número inferior aos
microempresários beneficiados (23,14%). O fato de a porcentagem de microempresários
beneficiários do Bolsa Família ser maior do que em relação ao total do Nordeste rural é
de extrema importância para a nossa análise. Tradicionalmente, os microempresários
pobres sofrem com restrições de crédito, muitas vezes pelo fato de não possuírem
propriedade ou outro ativo que possa servir como colateral. Nesse sentido, o Bolsa
Família pode ajudar a diminuir a restrição e aumentar a oferta de crédito para esses
microempresários, dado que pode servir como colateral. É possível que haja uma
interação de políticas públicas no sentido de melhorar a condição de vida dos
microempresários nordestinos, de modo que uma política pode alavancar a outra.
Recebe bolsa família
Categoria Ano Classe Nordeste
rural
Sim 2009 Total 14,54
Sim 2009 Microempresários 23,14 Fonte: CPS/FGV a partir dos dados da POF/IBGE 2009
47
Problemas com violência
Um dos maiores problemas atuais do Brasil, como já sabemos, é a violência, que
vem crescendo bastante ao longo dos últimos anos. O Nordeste rural não escapa desse
problema, como os dados da POF nos mostram ao analisarmos a pergunta se a pessoa
vive em áreas com problemas com violência. No total do Nordeste rural, houve um
aumento de aproximadamente 33% no percentual de pessoas que percebem viver em
áreas violentas (vai de 11,65% em 2003 para 15,46% em 2009). Dentre os
microempresários rurais nordestinos, o mesmo fenômeno é observado, com um
aumento na percepção de violência de 33,36% (11,18% em 2003 e 14,9% em 2009).
Apesar de o Brasil e, principalmente, o Nordeste e as áreas rurais passarem por uma
série de avanços sociais como aumento de renda, formalização, queda da desigualdade,
ajuda de programas sociais, entre outros, a violência é um fenômeno que não vem
apresentando melhora nos últimos anos, pelo contrário. O índice de criminalidade nas
cidades brasileiras e no campo vem aumentando na última década, mas a percepção de
violência no Nordeste cresceu oito vezes mais que no restante do país (variação de
31,04% contra 3,89%).
Problemas com Violência
Categoria Ano Classe Nordeste
rural Var 03-
09
Sim
2009
Total
15,46
32,93% 2003 11,63
Sim
2009
Microempresários
14,91
33,36% 2003 11,18 Fonte: CPS/FGV a partir dos dados da POF/IBGE 2003/2009
Inadimplência
Entre os tipos de atrasos de pagamentos que a POF permite analisar – atraso de
aluguel ou prestações da casa; atraso de luz, gás, água, e atraso no pagamento de bens e
serviços – o segundo é uma boa aproximação de uma medida comparável à
inadimplência creditícia. O ponto principal é que há um custo moral de se atrasar o
pagamento dos bens e serviços, que envolve a reputação perante o fornecedor dos bens
ou serviços – predominante em cidades menores, onde as relações interpessoais entre
cliente e fornecedor são muito presentes. Isto significa que existe um relacionamento
entre as partes que deve ser levado em conta, assim como na relação entre o cliente
48
tomador de um empréstimo e a instituição emprestadora. O custo de se tornar
inadimplente envolve não só o risco de “ir para o SPC”, mas também o de não ter o
crédito renovado, ou obtê-lo em condições menos favoráveis. As variáveis de atraso
permitem inferir sobre o potencial de inadimplência dos possíveis novos clientes do
Agroamigo.
Atraso na Água, Eletricidade, Gás, etc.
Vamos olhar primeiramente para o atraso nas contas de serviços do domicílio
como água, eletricidade, gás, etc. Olhando para os dados do Nordeste rural, percebemos
um aumento de 25,44% no percentual de pessoas que atrasam o pagamento dessas
contas. Em 2003, 32,75% dos nordestinos que vivem no campo reportaram atrasar esse
tipo de conta, número que vai para 41,08% em 2009. Dentre os microempresários da
região, há um aumento ainda maior no atraso, de 28,6% (21,09% em 2003 e 39,98% em
2009). A análise dessa variável de atraso nos permite atentar para o risco crescente de
endividamento das famílias nordestinas que vivem nas áreas rurais, principalmente os
microempresários. Em comparação com o restante das áreas rurais brasileiras, o
Nordeste rural, área de atuação do Agroamigo, é líder de atraso nas contas domésticas
tanto em nível quanto em variação nos dois segmentos da população selecionados,
como indicado na tabela abaixo.
Atraso na Água, Eletricidade, Gás, etc...
Categoria Ano Classe Nordeste
rural Var 03-
09
Não Nordeste
Rural
Var 03-09
Sim
2009 Total
41,08 25,44%
24,98 2,63%
2003 32,75 24,34
Sim
2009 Microempresários
39,98 28,59%
21,19 0,95%
2003 31,09 20,99 Fonte: CPS/FGV a partir dos dados da POF/IBGE 2003/2009
Atraso na Prestação de Bens/Serviços
Para complementar a análise de inadimplência, olhamos para o atraso na
prestação de bens e serviços. Assim como em relação ao atraso na água, eletricidade e
gás, porém em menor grau, houve um aumento no percentual de pessoas que reportaram
ter atrasado o pagamento na prestação de bens e serviços. No total da população rural
49
nordestina, o aumento foi de 6,56% (passa de 27,27% para 29,06% entre 2003 e 2009).
Dentre os microempresários, o aumento também foi superior ao total da população,
assim como na análise anterior. Houve um aumento de aproximadamente 12,6% na
proporção de pessoas que atrasam pagamentos na prestação de bens e serviços (vai de
26,11% em 2003 para 29,44% em 2009).
Atraso na Prestação de Bens / Serviços
Categoria Ano Classe Nordeste
rural Var 03-
09
Sim
2009
Total
29,06
6,56% 2003 27,27
Sim
2009
Microempresários
29,44
12,58% 2003 26,15 Fonte: CPS/FGV a partir dos dados da POF/IBGE 2003/2009
50
51
4. O Crédito Agrícola e Agricultura Familiar: uma anál ise a partir
do Censo Agropecuário
Nas seções anteriores apresentamos análises centradas em bases de dados mais
gerais, como PNAD, PME e POF, as quais apresentam um “retrato em preto e branco”
dos microempresários rurais. Nesta seção, apresentamos um ‘avanço tecnológico’ que
nos permitirá colorir o retrato inicial com informações relevantes sobre as atividades
econômicas realizadas pelos produtores e empresas agropecuários. Essa tecnologia
atende pelo nome de Censo Agropecuário (CA) cujos dados estruturais sobre o setor
agropecuário contemplam posse de capitais, tipo de receitas, finalidade do empréstimo,
dentre outros. Apesar de certa defasagem temporal, uma vez que os dados do CA têm
como referência o ano de 2006, a riqueza de detalhes disponível não pode – nem deve –
ser desprezada. Aproveitamos para integrar a agricultura familiar e o crédito agrícola,
discutindo a importância de cada um no desenvolvimento do campo.
Agricultura familiar e o crédito agrícola.
A trajetória do crédito agrícola (valores constantes 2010), mostrada no gráfico
abaixo em comparação com a área e produção de grãos no país, indica que o declínio na
oferta de crédito rural na década de 80 e início dos anos 90 não impactaram da mesma
forma a produção de grãos no período, pelo contrário, verifica-se um aumento
principalmente via produtividade a partir da incorporação de tecnologias, tendo em vista
que a área de certa forma se manteve estável e a produção obteve ganhos significativos.
A partir da segunda metade dos anos 90, verifica-se uma retomada gradativa e
monotônica do crédito rural no país, com um maior incentivo para a modernização de
bens de capital como a compra de tratores e colheitadeiras (MODERFROTA) e o
programa de agricultura familiar (PRONAF), lançado em 1996. Esse Programa desde os
seus primórdios é apresentado pelos seus idealizadores como instrumento de política
pública de maior impacto para o meio rural do país, tendo como princípio a figura de
um agricultor familiar empreendedor, uma espécie de protótipo do pequeno capitalista
agressivo. Entre os objetivos do Programa destacam-se, a preocupação com a melhoria
das condições de vida dos agricultores familiares e a disposição de propiciar condições
para o aumento da capacidade produtiva. Em síntese, o programa vem norteando uma
mudança na política de crédito agrícola brasileiro, pois o Estado que sempre qualificou
52
o grande contingente de pequenos produtores rurais como ineficientes do ponto de vista
produtivo, portanto, desmerecedores de qualquer tipo de proteção ou incentivo,
começou a direcionar recursos a essa parcela de agricultores, que de acordo com o
último censo agropecuário representam cerca de 84,4% dos estabelecimentos
agropecuários do país.
Fonte: Anuário estatístico/BACEN (2010) e LSPA/IBGE (2010)
Segundo Delgado (2001), a tomada do grande capital no meio rural muito serviu
para aprofundar a concentração da propriedade da terra e da renda, dificultando a
reprodução socioeconômica dos pequenos produtores familiares e criando uma massa de
desempregados e subempregados no campo. As alternativas de sobrevivência
disponíveis para os pequenos produtores familiares que não se integraram com as
agroindústrias e decidiram permanecer no campo se restringiam a tentar a sorte na
fronteira agrícola ou procurar manter-se na área de origem, intensificando a produção
no espaço disponível ou, ainda, buscar complementar a renda em ocupações agrícolas e
não agrícolas fora da fazenda.
Adicionalmente, o incremento tecnológico exigiu menor dedicação de trabalho
no campo, podendo o agricultor e a sua família se dedicar a outras atividades em
Crédito Rural, Área e Produção de Grãos - Brasil, 1975 - 2010
0
20.000.000
40.000.000
60.000.000
80.000.000
100.000.000
120.000.000
140.000.000
160.000.000
197519761977197819791980198119821983198419851986198719881989199019911992199319941995199619971998199920002001200220032004200520062007200820092010
Crédito rural (R$1000)
Área colhida (ha)
Produção obtida (ton.)
53
paralelo à produção. Essa mudança estrutural no campo teve a sua consolidação com o
trabalho intitulado “Novo rural brasileiro” (Graziano, 1997) que constatou uma maior
taxa de crescimento da PEA rural na década de 80 quando comparada a PEA agrícola, o
que em grande parte seria um reflexo ao crescimento das ocupações na categoria dos
serviços em função de uma melhoria e urbanização do campo. A pesquisa também
revelou que houve um aumento na PEA daqueles que trabalham menos de 15 horas,
confirmando a importância do trabalhador part-time no processo produtivo recente.
Segundo Graziano esse movimento foi responsável pelo quase fim do êxodo rural, onde
o agricultor não mais necessitava alterar de cidade em busca de maiores rendimentos,
bastava apenas mudar de atividade ou se inserir em outra (Graziano da Silva, 2002; Del
Grossi & Campanhola, 2002). O que é consenso é que, sem dúvida, o rural brasileiro é
impulsionado pela atividade agrícola, mas as atividades não-agrícolas tornaram-se cada
vez mais importantes para essa população.
Hoje, as transformações ocorridas no campo alteraram principalmente as
características do subgrupo composto pelos “pequenos agricultores”, onde grande parte
passa a ter acesso a crédito, tecnologias e contratos, antes somente disponíveis aos
produtores mais abastados. Outro elemento é que também as relações sociais, os
arranjos produtivos e familiares, bem como a sua reprodução, se alteraram
significativamente, e esta parcela de “pequenos agricultores” não mais pode ser vista
como uma representação apenas da lógica da produção e da sua rentabilidade
econômica, mas sim com elementos que retratam a sua diversidade social. E é neste
contexto que surge o termo agricultura familiar, numa tentativa de se resgatar essas
relações sociais, possibilitando avaliar as necessidades e objetivos da família enquanto
proprietários e trabalhadores, cuja gestão do negócio e o trabalho passam a ser fatores
que estão intimamente relacionados, numa espécie de identidade entre propriedade-
trabalho-família, situação distinta do modelo vigente em sua contraposição – o da
agricultura patronal.
No entanto, Navarro (2010) aponta para o cuidado quanto ao recorte empregado,
uma vez que o grupo de agricultores familiares não pode ser visto como uma espécie
homogênea, alvo de uma política discricionária que sugere que todos os produtores são
carentes das mesmas necessidades de fomento da sua atividade, mas que na verdade,
não o são. De certo, o próprio MDA através do Programa Nacional de apoio a
54
Agricultura Familiar (PRONAF) reconhece isso, estabelecendo uma tipologia entre os
agricultores dessa categoria em tipos A, B, C e D (PRONAF, 2002).
Portanto, mesmo dentro da categoria “agricultura familiar” há uma grande
heterogeneidade quanto ao acesso e uso de tecnologia, estrutura de gestão da produção e
à propriedade da terra, de modo que as políticas públicas para o setor devem levar em
conta as reais necessidades de cada grupo de agricultores, estabelecendo distintas ações
do Estado. Por exemplo, seria o caso em que agricultores mais pobres e carentes de
ativos necessários à produção agrícola fossem alvos de uma política mais imediata de
combate à pobreza, enquanto os mais aptos à sobrevivência do mercado deveriam ser
aqueles majoritariamente elegíveis às ações de fomento da atividade produtiva. De
acordo com Roffmann (2010) essa divisão bipolarizada, do tipo agricultura familiar e
não familiar, ainda que consagrada por lei, não representa as particularidades das muitas
“agriculturas” que temos no Brasil, sendo objeto de medidas menos eficientes do ponto
de vista das políticas públicas (Carneiro, 1999; Abramovay & Veiga, 1998)2., e servem
ainda mais para acirrar o confronto entre esses grupos na divisão dos recursos do
Estado.
Outro ponto é que, além de viabilizar e facilitar a modernização por parte desses
produtores, o PRONAF aliado às políticas de transferências de renda como o Bolsa
Família elevou a resistência dos mais pobres produtores aos processos históricos de
pauperização e marginalização, concorrendo para a manutenção do núcleo familiar em
seus estabelecimentos. Segundo Buaniain & Dedeca (2011), esse foi um movimento que
muito ajudou a aumentar a participação do autoconsumo na renda, em especial nos
estabelecimentos mais improdutivos, que de certa forma seriam expulsos da agricultura.
Uma analise complementar, é que as políticas de transferências, as
aposentadorias e pensões muito serviram como uma espécie de seguro agrícola,
garantindo uma renda mínima ao produtor familiar, mesmo que se sua produção não se
concretizasse, tendo em vista as incertezas inerentes da atividade agrícola.
Adicionalmente, essa redução de insegurança no campo se refletiu não apenas no
produtor rural, mas também quanto a sua própria oferta do trabalho temporário e de sua
2 É extremamente necessário compreender quem é quem entre os agentes elegíveis de
programas de política pública, ou seja, distinguir aqueles agricultores com potencial imediato de geração de renda a partir do fomento da sua produção daqueles com necessidade prementes de recebimento de renda, incapazes de gerar renda no curto prazo.
55
família, no sentido de colocar-se no mercado de trabalho com safrista ou diarista
(Buaniain & Dedeca, 2011).
De fato, os dados do Censo Agropecuário – Agricultura Familiar (IBGE, 2009b)
evidenciam a participação de agricultores familiares em atividades fora do
estabelecimento rural como fonte de renda e sua participação em programas de
financiamento rural, salvo que há restrições para a quantidade ganha fora do
estabelecimento visando não descaracterizar o que se define como agricultores
familiares. “O programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF
enquadra os produtores rurais como beneficiários de linhas de crédito rural quando
atendem aos seguintes requisitos: sejam proprietários, posseiros, arrendatários, parceiros
ou concessionários da Reforma Agrária; residam na propriedade ou em local próximo;
detenham, sob qualquer forma, no máximo 4 (quatro) módulos fiscais de terra, ... com
80% da renda bruta anual familiar advinda da exploração agropecuária ou não
agropecuária do estabelecimento e mantenham até 2 (dois) empregados permanentes –
sendo admitida a ajuda eventual de terceiros” (TINOCO, 2008, p.1).
O Censo Agropecuário, Agricultura familiar e o Crédito Agrícola.
O Censo Agropecuário adotou o conceito de agricultura familiar conforme a Lei
11.326 de 24 de julho de 2006 (IBGE 2009b) possibilitando enquadramento do
estabelecimento agropecuário segundo critérios legalmente estabelecidos a partir das
variáveis coletadas como área e de aspectos da produção agrícola e renda familiar,
utilizando o método de exclusão sucessivas e complementares, ou seja, para o
estabelecimento ser classificado como de “agricultura familiar“ precisava atender
simultaneamente a todas as condições estabelecidas. No entanto, a elaboração do
questionário do censo agropecuário é anterior ao sancionamento da Lei 11.326 e,
portanto, a delimitação do público da agricultura familiar pelo IBGE seguiu os
procedimentos metodológicos procurando se enquadrar (IBGE, 2009b);
1. O estabelecimento agropecuário não foi considerado de agricultura familiar
se a área total do estabelecimento fosse maior que quatro módulos fiscais;
2. Se o estabelecimento pertencia a produtores comunitários, mas estes
detinham frações por produtor maiores que quatro módulos fiscais, então o
estabelecimento agropecuário não foi considerado de agricultura familiar;
56
3. Se a unidade de trabalho familiar foi menor que a unidade de trabalho
contratado, então o estabelecimento agropecuário não foi considerado de
agricultura familiar;
4. Se em 2006 o rendimento total do empreendimento foi menor que o
quantitativo dos salários obtidos em atividades fora do estabelecimento,
então o estabelecimento agropecuário não foi considerado de agricultura
familiar;
5. Se quem dirigia o estabelecimento em 2006 era um administrador, uma
sociedade anônima (ou por cotas de responsabilidade limitada), uma
instituição de utilidade pública, governo (federal, estadual ou municipal),
então o estabelecimento agropecuário não foi considerado de agricultura
familiar;
6. Se a direção do estabelecimento, em 2006, era feita por um produtor através
de um capataz, ou pessoa com laços de parentesco, e contasse com
empregados (permanentes, temporários ou empregados parceiros) de 14 anos
ou mais de idade, então o estabelecimento agropecuário não foi considerado
de agricultura familiar;
7. Também não foram considerados de agricultura familiar se a condição legal
do produtor fosse registrada como cooperativa, sociedade anônima (ou por
cotas de responsabilidade limitada), instituição de utilidade pública ou
governo (federal, estadual ou municipal);
8. Se a classe da atividade econômica desenvolvida no estabelecimento
agropecuário foi a aquicultura e a área dos tanques, lagos e açudes do
estabelecimento era maior que 2 hectares, então o estabelecimento
agropecuário não foi considerado de agricultura familiar;
9. O estabelecimento agropecuário não foi considerado de agricultura familiar,
caso tenha havido venda de produtos da extração vegetal em 2006 e esta
venda tenha sido maior que a metade do total da receita da atividade
agropecuária, e se: no estabelecimento havia colheitadeiras, ou houve
contratação de mão de obra para colheita ou através de empreiteiro (pessoa
física) e o total de dias de empreitada foi maior que 30 dias; ou
57
10. Houve empregado temporário contratado para colheita e o número de diárias
pagas foi maior que 30 dias.
Em resumo os dados do censo revelam a importância deste segmento no país,
com destaque: i) a agricultura familiar é responsável por boa parte da segurança
alimentar no país, chegando a fornecer 86% da produção nacional de mandioca, 70% da
produção de feijão, 46% do milho e mais da metade da produção de leite, suínos e aves
(IBGE, 2009); ii) O Censo apontou um aumento desta efetividade da agricultura
familiar, principalmente em função do acréscimo de produtividade e maior
aproveitamento das terras pelos estabelecimentos familiares, demonstrando um
fortalecimento deste segmento rural (TRICHES e SCHINEIDER, 2010); iii) cerca de
73% do pessoal ocupado no meio rural brasileiro têm laços de parentesco com o
proprietário da terra, apontando para um estilo de produção predominantemente do tipo
familiar (PERES, 2009).
Da mesma forma com que fez com a Lei 11.326, procurando enquadrar o
estabelecimento de acordo com as características que atendem esse segmento, o Censo
Agropecuário também construiu um algoritmo com inúmeras variáveis procurando
enquadrar o estabelecimento agropecuário segundo as características dos beneficiários
de acordo com a Declaração de Aptidão ao Programa (DAP). O enquadramento do
estabelecimento agropecuário na tipologia do PRONAF possibilitou a divisão em seis
grupos de produtores: 1) não pronafianos ou aqueles não enquadrados no conceito de
agricultura familiar acima descrito; 2) grupo A – agricultores familiares assentados pelo
Programa Nacional de Reforma Agrária (PNRA) ou beneficiários do Programa
Nacional de Crédito Fundiário (PNCF); 3) grupo B – agricultores familiares que não
tem empregados permanentes e que os empregados não tenham trabalhados mais de 180
dias no ano; 4) grupo C – agricultores familiares que tem menos de 3 empregados
permanentes, cuja 60% da renda gerada na propriedade famíliar encontra-se entre
R$3.000 e R$16.000 anuais; 5) grupo D – agricultores familiares que tem menos de 3
empregados permanentes, cuja 70% da renda encontra-se entre R$16.000 e R$45.000
anuais; 6) grupo E - agricultores familiares que tem menos de 3 empregados
permanentes, cuja 80% da renda encontra-se entre R$45.000 e R$80.000 anuais.
58
Verifica-se que o enquadramento vai de um agricultor familiar em tese menos
capitalizado para um mais capitalizado, levando em conta o percentual de renda que
veio da atividade rural, o tamanho e gestão da propriedade e a quantidade de
empregados na unidade familiar. Para cada grupo existe um conjunto de linhas de
crédito, com condições e valores diferenciados, garantindo-se assim uma maior
proximidade da capacidade de endividamento da família com as alternativas de
financiamento de sua produção.
Entretanto, o Censo Agropecuário permite avaliar se o produtor obteve
financiamento em 2006, avaliando a origem deste recurso. Quanto a esse último item é
passível de análise no Censo verificar se os recursos foram públicos ou privados, mas
esta avaliação se dá com base na declaração do informante do estabelecimento
agropecuário. O problema é que muitos podem não conhecer a origem do recurso, uma
vez que são vários os tipos de agentes financeiros que intermediam o crédito no setor
rural. Por exemplo, se tomarmos como exemplo apenas o PRONAF, que é um programa
com recursos exclusivamente da União, são vários os agentes financeiros que operam
nesta modalidade, sendo alguns bancos privados e cooperativas de crédito, o que ajuda a
confundir o tomador quanto à origem do mesmo3. Além disso, boa parte do informante
do Censo não é diretamente o produtor, mas sim um administrador ou pessoa da família
que eventualmente desconhece o detalhamento do contrato e conseqüentemente a
origem dos recursos. Portanto, essa informação quanto à origem deve ser vista com
muita cautela no censo agropecuário.
Em síntese, o uso da variável origem do recurso, se do governo ou privado ou
mais especificadamente do PRONAF, podem não refletir a realidade em função da
dificuldade de captação da origem do crédito por motivos de desconhecimento do
informante. O próprio governo que oferta crédito via o Plano Agrícola e Pecuário (PAP)
oferece inúmeras modalidades para o agricultor: moderfrota, prodecoop, propflora,
moderagro, prodeagro, prodefruta, finame agrícola especial; LCA – Letra de Crédito do
Agronegócio; CDCA – Certificado de Direitos Creditórios do Agronegócio; CRA –
Certificado de Recebíveis do Agronegócio; PROp – contratos privados de opção de
venda e prêmio de risco de opção privada; CDA – Certificado de Depósito
Agropecuário; NCA – agrinorte ou Nota do Agronegócio; Preços Mínimos; AGF –
3 Já o PRONAF B, modalidade microcrédito, mesmo sendo operado apenas por bancos públicos federais
(Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Banco da Amazônia\)
59
Aquisição do Governo Federal; EGF – Empréstimo do Governo Federal; LEC – Linha
Especial de Crédito à Comercialização; Contrato de Opção de Venda; Recompra ou
Repasse de Contrato de Opção de Venda; PEP e VEP – Prêmio e Valor de Escoamento
de Produtos; CPR – Cédula do Produtor Rural; NPR e DR – Notas Promissórias e
Duplicatas Rurais. Já para a agricultura familiar, tem-se: inscrição no DAP;
enquadramento no tipo de Pronaf: grupos A, A/C, B (microcrédito), C, agricultura
familiar, agroindústria, mulher, jovem, semiárido, agroecologia, floresta, eco, mais
alimentos, custeio e comercialização de agroindústria familiares, cotas-partes,
pescadores artesanais, extrativistas, silvicultores, sendo que para maioria desses casos
há de ter projeto e assistência técnica específica.
Os dados apresentados no Censo são aqueles declarados pelos produtores, sendo
que a maior parcela dos valores disponibilizados pelo PAP são captados por
cooperativas, agroindústrias (usinas sucroalcooleiras, do fumo, da laranja, do algodão,
frigoríficos, laticínios, da soja, do café, etc.), indústrias de tratores, máquinas e
equipamentos agrícolas, indústrias de insumos agrícolas, Trading, etc., e nestes casos,
muito provavelmente, o produtor nem saiba que acaba sendo beneficiado por estes
financiamentos, principalmente nos casos de comercialização, onde há uma diferença
mais significativa dos números captados no Censo e os números disponibilizados pelo
PAP.
Isso significa que optamos neste relatório por usar os dados do Censo
Agropecuário apenas avaliando se o estabelecimento foi tomador ou não de crédito em
2006, esquecendo a origem do recurso, se privado ou público ou se foi oriundo do
PRONAF. O que procuramos explorar neste trabalho é a caracterização do
estabelecimento segundo o seu enquadramento conforme a Lei 11.326, que trata sobre
agricultura familiar, e as diferentes características que o colocam dentro de um grupo
especial do PRONAF. Sem dúvida é essa a riqueza, a diferença e também a
complementaridade desta base de dados quando comparado aos registros
administrativos, ou seja, a possibilidade de se conhecer a fundo as características do
produtor e seu estabelecimento enquanto ferramenta de análise dos determinantes,
entraves e potencialidades do crédito agrícola como um todo, independente da origem
dos recursos, o que é de grande valia para o formulador de políticas públicas.
60
Análise de ativos: Colaterais, diversificação dos riscos e a capacidade de
alavancagem do crédito agrícola na agricultura familiar no nordeste brasileiro.
No Censo agropecuário a unidade investigada é o estabelecimento agropecuário,
enquanto unidades produtivas, diferentes das pesquisas domiciliares onde a investigação
está centrada no domicilio (PNAD) e na unidade de orçamento (POF). No Brasil, como
a maioria das atividades de produção agropecuárias está no setor das famílias, existe
uma boa relação entre o domicílio (família) e o estabelecimento agropecuário e, sendo
assim, é razoável estabelecermos uma relação direta, embora um estabelecimento possa
ter mais de um domicílio ou família relacionada, e um domicilio ter mais de um
estabelecimento.
A dificuldade de tratar o estabelecimento agropecuário apenas como unidade
produtiva ou negócio está no fato de que as finanças são de difícil separação entre a
origem e o destino, ou seja, o que é gerado e apropriado do negócio daquilo que é
exclusivamente da família. Neste caso, as despesas e as receitas se misturam, e não se
sabe se os gastos com luz, gasolina, água, dentre outros são do estabelecimento ou da
família. Da mesma forma as receitas independentes da sua origem, se da família ou do
próprio estabelecimento, tem destino diversos, o que chamamos de rendimento misto.
Esta é uma dificuldade em se estudar e se fazer uma análise enquanto negócio destes
tipos de estabelecimentos agropecuários chamados de agricultura familiar. Neste caso,
devemos olhar não apenas para o negócio, mas para a capacidade de pagamento e
alavancagem tomando a ótica da família, isto é, olhando para os diferentes tipos de
ativos que fazem o produtor, a sua família e o seu negócio prosperarem.
A posse de ativos físicos e também de capital natural pode ser vista como
determinante tanto para o acesso ao crédito, através do fornecimento de garantias
(colaterais), como para a sua alavancagem, tendo em vista que o componente estrutural
é um elemento fundamental para o retorno produtivo, reduzindo inclusive os riscos
inerentes à atividade agrícola. O emprego de tecnologias reduz sensivelmente os riscos
da atividade, o mesmo acontecendo com a disponibilidade hídrica e a preservação da
matas ciliares, dentre outros ativos ambientais que são reguladores naturais de um
agrosistema. Outro elemento passível de análise é o capital social que é um importante
ativo para o acesso ao crédito, como o nível de associativismo do empreendedor com
cooperativas, empresas agrícolas e a sua natureza jurídica, por exemplo.
61
Já o nível educacional, a experiência no negócio, as características da força de
trabalho que o produtor conta normalmente e, principalmente, o acesso a orientação
técnica são também elementos essencial para o sucesso do negócio, e conseqüentemente
a capacidade de alavancagem a partir da tomada de um crédito agrícola. Por último, o
capital financeiro é um elemento de análise sensível, pois é possível conhecer os
rendimentos da família e não puramente do negócio, o que representa a capacidade que
o produtor teria em honrar com seus compromissos financeiros, uma vez que algumas
fontes de rendimento não seriam sujeitas a flutuações de rendimento como acontece nas
fontes de rendimento provenientes exclusivamente da atividade agropecuária. Podemos
tomar como exemplo as aposentadorias, pensões rurais e trabalhos assalariados, que
servem tanto como uma espécie de garantia para o credor quanto para mitigar os riscos
do empreendimento na perspectiva do tomador.
Como método de análise, neste trabalho, procuramos centrar a avaliação em
cinco grandes grupos de ativos do produtor: o capital social, o físico, o humano, o
natural e o capital financeiro. O objetivo é avaliar a distribuição desses ativos segundo
os agricultores familiares tomadores de créditos ou não, percebendo qual seria a
importância desses no seu acesso (colaterais), na sua capacidade de diversificação do
risco (garantir a capacidade de pagamento e mitigação dos riscos do negócio) e até
mesmo para termos uma avaliação da capacidade de alavancagem do crédito. Para tal,
elencamos algumas variáveis agrupadas nestes tipos de ativos segundo o Censo
Agropecuário de 2006, a saber:
62
ATIVOS DOS ESTABELECIMENTOS AGROPECUÁRIOS SEGUNDOVARIÁVEIS DO CENSO AGROPECUÁRIO 2006
CAPITAL SOCIALNÃO É ASSOCIADO A COOPERATIVAS E A ENTIDADE DE CLASSE
CONDIÇÃO LEGAL PRODUTOR
QUEM DIRIGE O ESTABELECIMENTO?
SE O ESTABELECIMENTO ESTÁ INSCRITO NO CNPJ
COMO O PROD. OBTEVE TERRAS - COMPRA VIA CRED. FUNDIÁRIO
COMO O PROD. OBTEVE TERRAS - TITUL. REFORMA AGRÁRIA
COMO O PROD. OBTEVE TERRAS - HERANÇA
COMO O PROD. OBTEVE TERRAS - DOAÇÃO DE PARTICULAR
COMO O PROD. OBTEVE TERRAS - USUCAPIÃO
COMO O PROD. OBTEVE TERRAS - OUTRA
COMO O PROD. OBTEVE TERRAS - NÃO SABE
ESTAB. PROJ. ASSENTAMENTO DE FAMÍLIAS
CLASS. ATIV. ECON. GRUPO
CLASSIFICAÇÃO GRAU DE INTEGRAÇÃO AO MERCADO FAO/INCRA
ESPECIALIZAÇÃO DO ESTABELECIMENTO
CAPITAL HUMANONÍVEL INSTRUÇÃO DO DIRIGENTE DO ESTABELECIMENTO
HÁ QUANTOS ANOS DIRIGE OS TRABALHOS DO ESTABELECIMENTO
SE O ESTAB. RECEBE ORIENTAÇÃO TÉCNICA
CLASSIFICAÇÃO DO ESTABELECIMENTO RELAÇÃO DE TRABALHO FAO/INCRA
SE CONTRATOU ALGUM SERVIÇO
SE HOUVE CONTRATAÇÃO DE EMPREGADOS TEMPORÁRIOS EM 2006
HOUVE UTILIZAÇÃO DE EMPREGADOS SEM LAÇOS DE PARENTESCO COM O PRODUTOR
EXISTEM PESSOAS (FAMILIA) COM QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL
CAPITAL FISICOSE UTLIZA ENERGIA ELÉTRICA
SE UTILIZA FORÇA DE TRAÇÃO ANIMAL E/OU MECÂNICA
UTILIZOU PRÁTICAS AGRÍCOLAS
SE FAZ ADUBAÇÃO NO ESTABELECIMENTO
SE UTILIZA AGROTÓXICO PARA CONTROLE DE PRAGAS/DOENÇAS
SE FAZ AGRICULTURA ORGÂNICA
SE FEZ IRRIGAÇÃO NO ESTABELECIMENTO
GRUPO DE ÁREA TOTAL
TEM POÇOS COMUNS
TEM CISTERNAS
CAPITAL NATURALSE TEM NASCENTES NO ESTABELECIMENTO
SE TEM RIOS OU RIACHOS NO ESTABELECIMENTO
SE TEM LAGOS NATURAIS OU AÇUDES NO ESTABELECIMENTO
CAPITAL FINANCEIROEXISTEM PESSOAS QUE RECEBEM SALÁRIO NA FAMILIA
EXISTEM PESSOAS EM ATIVIDADES NÃO-AGROPECUÁRIAS
SE EM 2006, O PRODUTOR TEVE ATIVIDADE FORA DO ESTABELECIMENTO
MEMBRO FAM PROD TEVE ATIVIDADE FORA DO ESTABELECIMENTO
63
Capital Social
A tabela 1 traz a proporção de estabelecimentos da agricultura familiar que
obtiveram financiamento em 2006 via à vis a proporção daqueles que não obtiveram,
segundo várias características que indicam a presença de ativos associados ao capital
social. Em linhas gerais, observa-se que estabelecimentos que são associados a
cooperativas ou entidades de classes têm uma maior probabilidade de obtenção de
crédito (27%), quando comparada aos que não são associados, cuja probabilidade de ter
obtido um financiamento é de 11% apenas. No entanto, observa-se que essa diferença
nas probabilidades segundo a presença e a ausência deste tipo de capital social é menor
na Região Nordeste, onde a probabilidade de ter financiamento chega a 18% e 10%,
respectivamente. Talvez seja um indício das cooperativas deste Estado pouco atuarem
neste segmento em comparação às do Sudeste e do restante do Brasil, e que no Nordeste
talvez esse não seja o caminho mais fácil para obtenção do crédito quando comparado
às demais regiões do país.
Quanto à natureza jurídica, estabelecimentos inscritos no CNPJ tem 21% de
probabilidade de obterem crédito, ao passo que aqueles não inscritos tem 18% no Brasil
e apenas 13% no Nordeste, o que indica a importância de ser pessoa jurídica na
obtenção de crédito nesta última região quando comparada as demais do país. Em geral
é maior a probabilidade de sucesso ao crédito na agricultura familiar para
estabelecimentos oriundos de projetos de assentamentos ou quando a posse da terra se
deu via título fundiário ou de reforma agrária, o que evidencia uma “ação casada” entre
a oferta de crédito e a cessão de direitos de propriedade por parte do Estado. Sem
dúvida esse é um casamento que proverá um retorno à política fundiária no país.
A integração ao mercado também tende a ser um elemento de extrema
importância para o retorno do crédito na agricultura familiar, até mesmo para a sua
obtenção, onde estabelecimentos pouco integrados têm menor probabilidade de acesso,
embora esse seja um fenômeno de igual relevância para as regiões analisadas. Já o grau
de especialização não se mostrou como um significativo elemento para obtenção do
crédito na agricultura familiar embora se observe que a atividade de maior sucesso na
obtenção do crédito é a atividade econômica de produção de lavouras temporárias
(20%) e sementes e mudas (26%), enquanto que na região nordeste as probabilidades se
distribuem mais uniformemente, com maior destaque para a pecuária e criação de outros
animais (16%).
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TABELA 1: CRÉDITO AGRÍCOLA NA AGRICULTURA FAMILIAR SEGUNDO CAPITAL SOCIAL
CAPITAL SOCIAL NA AGRICULTURA FAMILIAR
NÃO É ASSOCIADO A COOPERATIVAS E A ENTIDADE DE CLAS SE Não Sim Não Sim Não Sim
Não é associado a cooperativas e a entidades de classe 0,90 0,10 0,90 0,10 0,89 0,11
É associado a cooperativa e/ou entidade de classe 0,82 0,18 0,77 0,23 0,73 0,27
CONDIÇÃO LEGAL PRODUTOR Proprietário individual 0,87 0,13 0,85 0,15 0,87 0,13
Condomínio, consórcio ou sociedade de pessoas 0,84 0,16 0,82 0,18 0,84 0,16
Outra condição 0,87 0,13 0,88 0,12 0,89 0,11
QUEM DIRIGE O ESTABELECIMENTO? Produtor (titular) diretamente 0,86 0,14 0,85 0,15 0,82 0,18
Produtor (titular) através de um capataz ou pessoa com laços de parentesco
0,91 0,09 0,91 0,09 0,90 0,10
Produtores (no caso de explorações comunitárias) 0,89 0,11 0,89 0,11 0,89 0,11
Outra pessoa 0,91 0,09 0,93 0,07 0,91 0,09
SE O ESTABELECIMENTO ESTÁ INSCRITO NO CNPJ Não 0,87 0,13 0,85 0,15 0,82 0,18
Sim 0,79 0,21 0,81 0,19 0,79 0,21
ESTAB. PROJ. ASSENTAMENTO DE FAMÍLIAS Não 0,87 0,13 0,86 0,14 0,82 0,18
Sim 0,85 0,15 0,82 0,18 0,83 0,17
COMO O PROD. OBTEVE TERRAS - COMPRA DE PARTICULAR Não 0,86 0,14 0,86 0,14 0,83 0,17
Sim 0,86 0,14 0,84 0,16 0,80 0,20
COMO O PROD. OBTEVE TERRAS - COMPRA VIA CRED. FUNDI ÁRIO Não 0,86 0,14 0,85 0,15 0,81 0,19
Sim 0,80 0,20 0,83 0,17 0,66 0,34
COMO O PROD. OBTEVE TERRAS - TITUL. REFORMA AGRÁRIA Não 0,86 0,14 0,85 0,15 0,81 0,19
Sim 0,84 0,16 0,81 0,19 0,82 0,18
COMO O PROD. OBTEVE TERRAS - HERANÇA Não 0,86 0,14 0,86 0,14 0,82 0,18
Sim 0,86 0,14 0,84 0,16 0,80 0,20
COMO O PROD. OBTEVE TERRAS - DOAÇÃO DE PARTICULAR Não 0,86 0,14 0,85 0,15 0,81 0,19
Sim 0,86 0,14 0,81 0,19 0,84 0,16
COMO O PROD. OBTEVE TERRAS - USUCAPIÃO Não 0,86 0,14 0,85 0,15 0,81 0,19
Sim 0,86 0,14 0,83 0,17 0,87 0,13
COMO O PROD. OBTEVE TERRAS - OUTRA Não 0,86 0,14 0,85 0,15 0,81 0,19
Sim 0,84 0,16 0,81 0,19 0,82 0,18
COMO O PROD. OBTEVE TERRAS - NÃO SABE Não 0,86 0,14 0,85 0,15 0,81 0,19
Sim 0,91 0,09 0,91 0,09 0,92 0,08
Classificação Grau de Integração ao Mercado FAO/INC RA Muito integrado 0,87 0,13 0,83 0,17 0,80 0,20
Integrado 0,83 0,17 0,81 0,19 0,74 0,26
Pouco integrado 0,86 0,14 0,86 0,14 0,85 0,15
Não classificado 0,94 0,06 0,96 0,04 0,95 0,05
CLASS. ATIV. ECON. GRUPO PRODUÇÃO DE LAVOURAS TEMPORÁRIAS 0,88 0,12 0,86 0,14 0,80 0,20
HORTICULTURA E FLORICULTURA 0,87 0,13 0,89 0,11 0,87 0,13
PRODUÇÃO DE LAVOURAS PERMANENTES 0,89 0,11 0,79 0,21 0,85 0,15
PRODUÇÃO DE SEMENTES, MUDAS E OUTRAS FORMAS
DE PROPAGAÇÃO VEGETAL 0,85 0,15 0,79 0,21 0,74 0,26
PECUÁRIA E CRIAÇÃO DE OUTROS ANIMAIS 0,84 0,16 0,87 0,13 0,83 0,17
PRODUÇÃO FLORESTAL - FLORESTAS PLANTADAS 0,88 0,12 0,90 0,10 0,88 0,12
PRODUÇÃO FLORESTAL - FLORESTAS NATIVAS 0,89 0,11 0,84 0,16 0,90 0,10
PESCA 0,86 0,14 0,79 0,21 0,91 0,09
AQÜICULTURA 0,84 0,16 0,88 0,12 0,87 0,13
ESPECIALIZAÇÃO DO ESTABELECIMENTO DIVERSIFICADO 0,86 0,14 0,87 0,13 0,81 0,19
ESPECIALIZADO 0,87 0,13 0,84 0,16 0,83 0,17Fonte: Elaboração do autor com base no censo agropecuário 2006
OBTEVE FINANCIAMENTO EM 2006NORDESTE SUDESTE BRASIL
65
Capital Humano
A análise do capital humano pode ser vista como a capacidade do empreendedor
tem em administrar e tocar o seu negócio, o que de certa forma traz uma idéia da
capacidade de alavancagem do crédito agrícola, e também o aprendizado já acumulado
acerca dos caminhos para obtenção. Além disso, a experiência também é um bom
indicador de redução dos riscos de uma inadimplência por parte do credor, tendo em
vista que se espera uma maior probabilidade de sucesso do negocio e conseqüentemente
de pagamento do empréstimo. Um resultado bem interessante é quando avaliamos a
probabilidade do estabelecimento na agricultura familiar ter financiamento em função
dos anos em que o responsável dirige o estabelecimento, observa-se um aumento
monotônico na probabilidade de obtenção de financiamento à medida que se acumulam
anos de experiência, onde a probabilidade de obter crédito é de 10% para os com menos
de 1 ano e chega a 20% para os que já dirigem o estabelecimento há mais de 10 anos.
Já na região nordeste essa diferença é menor, embora também ocorra um aumento
monotônico nas probabilidades à medida que se acumula anos de experiência no
negócio em um estabelecimento da agricultura familiar.
Um dos principais motivos para um sucesso na obtenção de um crédito rural na
agricultura familiar é a orientação técnica, cuja probabilidade é de 42% para quem
recebe regularmente orientação, ao passo que chega a 13% para quem não recebe. No
nordeste a posse de tipo de capital reduz para quase a metade a probabilidade de
obtenção de um crédito na agricultura familiar (23%), mas ainda é um elemento
importante para o acesso ao crédito, tendo em vista que a probabilidade para os
estabelecimentos desta Região que não recebem orientação técnica é de apenas 13%.
Deve-se ressaltar que além de parecer um importante determinante para o acesso ao
crédito, a orientação é também primordial para sucesso do negócio e conseqüentemente
a capacidade de honrar com o compromisso financeiro.
A qualidade da mão de obra também se mostra importante, tendo em vista que o
dirigente do estabelecimento que não sabe ler e escrever é aquele com uma das menores
probabilidades de acesso ao crédito (13%), enquanto que se o estabelecimento possui
empregados qualificados profissionalmente a probabilidade de acesso chega a 25%,
contra 17% de quem não conta com pessoal qualificado. Já os agricultores familiares
que necessitam de mão de obra adicional à capacidade de oferta da sua família possuem
uma maior probabilidade de acesso ao crédito, o que poderia ser um indicador de escala
66
de produção e conseqüentemente de receita com negócio e capacidade de acesso e
pagamento do crédito. A probabilidade de ter financiamento em 2006 é de 17% para
quem só conta com a mão de obra familiar e chega a 29% para quem teve que contratar
serviço de empreitada para suprir a demanda de mão de obra do estabelecimento
agropecuário. Essa probabilidade é menor no nordeste, o que evidencia que o efeito da
presença desses ativos relacionados ao capital humano se dá com menor evidencia no
caso nordestino.
TABELA 2: CRÉDITO AGRÍCOLA NA AGRICULTURA FAMILIAR SEGUNDO CAPITAL HUMANO
CAPITAL HUMANO NA AGRICULTURA FAMILIAR
NÍVEL INSTRUÇÃO DO DIRIGENTE DO ESTABELECIMENTO Não Sim Não Sim Não Sim Não sabe ler escrever 0,87 0,13 0,85 0,15 0,87 0,13 Alfabetização de Adultos 0,88 0,12 0,87 0,13 0,87 0,13 Ensino Fudamental (Incompleto) 0,86 0,14 0,85 0,15 0,78 0,22 Ensino Fudamental (Completo) 0,87 0,13 0,86 0,14 0,80 0,20 Técnico Agrícola (Completo) 0,88 0,12 0,85 0,15 0,80 0,20 Ensino Médio (Completo) 0,88 0,12 0,87 0,13 0,82 0,18 Eng.º Agrônomo 0,93 0,07 0,87 0,13 0,83 0,17 Veterinário 0,96 0,04 0,89 0,11 0,88 0,12 Zootecnista 0,92 0,08 0,81 0,19 0,85 0,15 Eng.º Florestal 0,92 0,08 0,96 0,04 0,92 0,08 Outra formação superior 0,93 0,07 0,91 0,09 0,89 0,11 Nenhum (sabe ler e escrever) 0,86 0,14 0,85 0,15 0,85 0,15
HÁ QUANTOS ANOS DIRIGE OS TRABALHOS DO ESTABELECIM ENTO De menos de 1 ano 0,91 0,09 0,93 0,07 0,90 0,10 De 1 a menos de 5 anos 0,88 0,12 0,88 0,12 0,86 0,14 De 5 a menos de 10 anos 0,87 0,13 0,86 0,14 0,84 0,16 De 10 anos e mais 0,86 0,14 0,84 0,16 0,80 0,20SE O ESTAB. RECEBE ORIENTAÇÃO TÉCNICA Não 0,87 0,13 0,88 0,12 0,87 0,13 Sim, ocasionalmente 0,79 0,21 0,80 0,20 0,67 0,33 Sim, regularmente 0,77 0,23 0,75 0,25 0,58 0,42
Classificação do estabelecimento Relação de Trabalh o FAO/INCRA Só mão-de-obra familiar 0,87 0,13 0,86 0,14 0,83 0,17 Mão-de-obra familiar + empregados temporários 0,81 0,19 0,77 0,23 0,75 0,25 Mão-de-obra familiar + empregados temporários e permanentes 0,88 0,12 0,87 0,13 0,83 0,17 Mão-de-obra familiar + serviço empreitada 0,82 0,18 0,79 0,21 0,71 0,29 Mão-de-obra familiar + demais 0,82 0,18 0,80 0,20 0,76 0,24 Não classificado 0,86 0,14 0,88 0,12 0,85 0,15CONTRATOU ALGUM SERVIÇO Não 0,87 0,13 0,86 0,14 0,83 0,17 Sim 0,82 0,18 0,78 0,22 0,71 0,29
HOUVE CONTRATAÇÃO DE EMPREGADOS TEMPORÁRIOS EM 2006 Não 0,88 0,12 0,86 0,14 0,83 0,17 Sim 0,81 0,19 0,77 0,23 0,75 0,25
EXISTEM PESSOAS COM QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL Não 0,87 0,13 0,85 0,15 0,82 0,18 Sim 0,85 0,15 0,84 0,16 0,73 0,27HOUVE UTILIZAÇÃO DE EMPREGADOS SEM LAÇOS DE PARENTE SCO COM O PRODUTOR Não 0,88 0,12 0,86 0,14 0,83 0,17 Sim 0,81 0,19 0,80 0,20 0,77 0,23Fonte: Elaboração do autor com base no censo agropecuário 2006
OBTEVE FINANCIAMENTO EM 2006NORDESTE SUDESTE BRASIL
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Capital Físico
A posse de ativos relacionados ao capital físico pode ser visto como a presença
de colaterais no sentido de se gerar garantias para o pagamento do empréstimo,
aumentando a probabilidade de sucesso na obtenção de um contrato de crédito. Da
mesma forma esses ativos também podem ser vistos como determinantes para a
alavancagem do crédito, tendo em vista que o emprego de algumas tecnologias garante
maior escala e retorno do negócio, ao mesmo tempo reduzindo alguns riscos inerentes à
atividade agrícola, como o ataque de pragas e doenças, por exemplo.
O acesso à energia elétrica é fonte essencial à utilização de vários equipamentos
no meio rural, sendo que estabelecimentos da agricultura familiar que utilizam energia
elétrica têm uma probabilidade duas vezes maior de obter crédito, o mesmo
acontecendo para aqueles que se utilizam de força ou tração animal ou mecânica (25%),
e não apenas manual (10%), e para aqueles que utilizam práticas agrícolas. Novamente
no Nordeste do Brasil essa diferença entre probabilidades é menor, o que sugere que o
impacto desses ativos no sucesso de obtenção do financiamento é menor, porém ainda
significativo (15% contra 11% para energia elétrica; 16% contra 11% para uso de força
animal ou mecânica e 15% contra 12% para práticas agrícolas).
Em relação a tecnologias que aumentam a produtividade e reduzem incertezas
quanto ataques de pragas e doenças, verifica-se maior probabilidade ao crédito para
aqueles que fizeram adubação e que utilizam agrotóxicos em 2006, até porque muito
deste crédito teve como finalidade o custeio, inclusive para a compra destes produtos.
Ou seja, um menor acesso ao crédito reduz as chances de custeio e compra com adubo e
agrotóxicos. Dizermos que exista uma causalidade tanto do uso desses ativos e acesso
ao crédito agrícola, mas também uma causalidade inversa, ou seja, o crédito gera uso.
No máximo, se pode inferir que quem fez uso de adubos e agrotóxicos utilizou mais o
expediente de crédito daquele que não fez uso, sem, portanto, nenhuma análise de
causa-efeito. No entanto, se olharmos para quem emprega adubo e agrotóxicos nas
lavouras, mas não precisou utilizá-los em 2006, teríamos uma idéia se o uso dessas
tecnologias facilita o acesso ao crédito. Neste caso verifica-se que estabelecimentos que
utilizam adubos e agrotóxicos, mas não precisaram empregá-los em 2006, não possuem
diferenças significativas nas probabilidades de crédito quando comparados aos que não
fazem o emprego de adubação e agrotóxicos. Isso significa que o crédito serve mais
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para dar acesso a essas tecnologias ao agricultor do que o uso dessas tecnologias serve
para facilitar o crédito.
A área do estabelecimento agropecuário não mostrou um padrão regular para se
inferir algo sobre a sua relação com o crédito na agricultura familiar, mas quando
tomamos os agricultores familiares com área de até um hectare e aqueles com mais 500
ha, verifica-se uma probabilidade de crédito de 9% e 15%, respectivamente, sendo que
no nordeste esse número chega a 10% e 18%. Esse número revela uma maior
importância da área na região nordeste para obtenção de crédito agrícola quando
comparada as demais regiões do país.
TABELA 3: CRÉDITO AGRÍCOLA NA AGRICULTURA FAMILIAR SEGUNDO CAPITAL FISICO
CAPITAL HUMANO NA AGRICULTURA FAMILIAR
SE UTLIZA ENERGIA ELÉTRICA Não Sim Não Sim Não Sim Não 0,89 0,11 0,90 0,10 0,89 0,11 Sim 0,85 0,15 0,84 0,16 0,79 0,21SE UTILIZA FORÇA DE TRAÇÃO ANIMAL E/OU MECÂNICA Não 0,89 0,11 0,90 0,10 0,90 0,10 Sim 0,84 0,16 0,81 0,19 0,75 0,25
UTILIZOU PRÁTICAS AGRÍCOLAS Não 0,88 0,12 0,89 0,11 0,88 0,12 Sim 0,85 0,15 0,82 0,18 0,78 0,22SE FAZ ADUBAÇÃO NO ESTABELECIMENTO Não faz adubação 0,87 0,13 0,90 0,10 0,88 0,12 Faz e teve despesas com adubos em 2006 0,82 0,18 0,79 0,21 0,66 0,34 Faz, mas utilizou adubos do próprio estabelecimento 0,82 0,18 0,88 0,12 0,83 0,17 Faz, mas não precisou utilizar em 2006 0,88 0,12 0,90 0,10 0,88 0,12SE UTILIZA AGROTÓXICO PARA CONTROLE DE PRAGAS/DOENÇ AS Não utiliza 0,88 0,12 0,88 0,12 0,88 0,12 Utiliza e utilizou em 2006 0,80 0,20 0,75 0,25 0,65 0,35 Utiliza, mas não precisou utilizar em 2006 0,84 0,16 0,86 0,14 0,84 0,16SE FAZ AGRICULTURA ORGÂNICA Não faz 0,87 0,13 0,85 0,15 0,82 0,18 Faz e é certificado por entidade credenciada 0,75 0,25 0,77 0,23 0,69 0,31 Faz, mas não é credenciado 0,85 0,15 0,85 0,15 0,85 0,15
FEZ IRRIGAÇÃO NO ESTABELECIMENTO Não 0,87 0,13 0,86 0,14 0,82 0,18 Sim 0,82 0,18 0,81 0,19 0,78 0,22TEM POÇOS COMUNS Não 0,87 0,13 0,85 0,15 0,84 0,16 Sim 0,84 0,16 0,86 0,14 0,76 0,24TEM CISTERNAS Não 0,87 0,13 0,86 0,14 0,82 0,18 Sim 0,83 0,17 0,83 0,17 0,82 0,18GRUPO DE ÁREA TOTALATE 1 HÁ 0,90 0,10 0,93 0,07 0,91 0,09MAIS DE 1 A MENOS DE 10 0,86 0,14 0,87 0,13 0,84 0,16MAIS DE 10 A MENOS DE 50 0,84 0,16 0,83 0,17 0,75 0,25 DE 50 A MENOS 100 0,85 0,15 0,82 0,18 0,82 0,18 DE 100 A MENOS 500 0,87 0,13 0,82 0,18 0,87 0,13DE 500 A MAIS DE 1000 0,82 0,18 0,95 0,05 0,85 0,15 PRODUTOR SEM ÁREA 0,89 0,11 0,90 0,10 0,90 0,10Fonte: Elaboração do autor com base no censo agropecuário 2006
OBTEVE FINANCIAMENTO EM 2006NORDESTE SUDESTE BRASIL
69
Outro fato que se mostra muito importante na Região nordeste é a pose de
cisternas no estabelecimento, tendo em vista que há uma maior probabilidade de acesso
a crédito para quem possui esse ativo quando comprado ao estabelecimento familiar que
não há (17% contra 13%), ao passo que essa diferença para o país não existe, onde
ambos os estabelecimentos tem 18% de probabilidade. Deve-se ressaltar que a
instalação de cisternas nos domicílios no nordeste brasileiro faz parte de uma política do
Estado de combate à seca e a pobreza rural, o que revela que em estabelecimentos
familiares que não possuem cisternas o falta de crédito seria apenas um problema
adicional.
Capital Natural
A posse de capital natural pode ser vista como uma vantagem comparativa do
estabelecimento em ter sucesso na atividade agropecuária, o que em última instancia,
acaba sendo fundamental para o acesso. A disponibilidade hídrica é sem dúvida um
fator que aumenta a probabilidade de acesso ao crédito, chegando diferenças
significativas nas probabilidades de quem tem ou não esse ativo, 27% e 15%,
respectivamente. Já no nordeste, onde aparentemente esse seria um ativo de grande
importância, verifica-se que ter nascentes no estabelecimento não aumenta a
probabilidade de crédito. Já lagos ou açudes são importantes determinantes tanto no
Brasil quanto no Nordeste, pois é um ativo de extrema importância principalmente na
atividade pecuária.
TABELA 4: CRÉDITO AGRÍCOLA NA AGRICULTURA FAMILIAR SEGUNDO CAPITAL NATURAL
CAPITAL HUMANO NA AGRICULTURA FAMILIAR
TEM LAGOS NATURAIS OU AÇUDES NO ESTABELECIMENTO Não Sim Não Sim Não Sim Não 0,87 0,13 0,86 0,14 0,84 0,16 Tem lagos naturais/açudes não protegidos por matas 0,83 0,17 0,82 0,18 0,75 0,25 Tem lagos naturais/açudes protegidos por matas 0,83 0,17 0,83 0,17 0,77 0,23
TEM RIOS OU RIACHOS NO ESTABELECIMENTO Não 0,87 0,13 0,87 0,13 0,85 0,15 Tem rios ou riachos não protegidos por matas 0,85 0,15 0,84 0,16 0,82 0,18 Tem rios ou riachos protegidos por matas 0,84 0,16 0,84 0,16 0,75 0,25
TEM NASCENTES NO ESTABELECIMENTO Não 0,87 0,13 0,86 0,14 0,85 0,15 Tem nascentes não protegidas por matas 0,86 0,14 0,85 0,15 0,77 0,23 Tem nascentes protegidas por matas 0,86 0,14 0,84 0,16 0,73 0,27Fonte: Elaboração do autor com base no censo agropecuário 2006
OBTEVE FINANCIAMENTO EM 2006NORDESTE SUDESTE BRASIL
70
Capital Financeiro
Esse tipo de capital pode ser visto como a capacidade que o produtor teria em
honrar com o compromisso do crédito, uma vez que algumas fontes de rendimento não
seriam sujeitas a flutuações de rendimento ocorridas na atividade agrícola. As
aposentadorias e pensões rurais servem tanto como uma espécie de garantia para o
credor quanto para mitigar os riscos do empreendimento na perspectiva do tomador.
Finalmente, há que se considerar a importância doemprego não-agrícola na ocupação da
força de trabalho do meio rural, ressaltada em vários estudos, como os de Silva (1996);
Silva e Del Grossi (1997); Hoffman (1998); Schneider e Navarro (1998) e Del Grossi
(1999), dentre outros. Neste caso, a hipótese é a de que parte da renda monetária obtida
por membros da família em atividades não-agrícolas pode ser aplicada no
estabelecimento, custeando a produção e, assim, reduzindo as necessidades de
financiamento. É o caso das famílias que existem pessoas que recebem salários e em
atividades não agropecuárias, onde a probabilidade de obter crédito é de 18% e 16%,
respectivamente, na Região Nordeste, contra 13%, quando os familiares não possuem
essas características.
Alavancagem do crédito agrícola.
O conceito de renda capturado no Censo segue a ótica produtiva, computado
pelo valor bruto da produção (VBP) no estabelecimento rural subtraído das despesas
correntes. No cálculo da renda, o VBP é preferível à receita do estabelecimento, uma
vez que incorpora o valor dos bens produzidos para o autoconsumo. No entanto, deve-se
TABELA 5: CRÉDITO AGRÍCOLA NA AGRICULTURA FAMILIAR SEGUNDO CAPITAL FINANCEIRO
CAPITAL HUMANO NA AGRICULTURA FAMILIAR
EXISTEM PESSOAS QUE RECEBEM SALÁRIO NA FAMILIA Não 0,87 0,13 0,85 0,15 0,82 0,18 Sim 0,82 0,18 0,81 0,19 0,80 0,20EXISTEM PESSOAS EM ATIVIDADES NÃO-AGROPECUÁRIAS Não 0,87 0,13 0,85 0,15 0,82 0,18 Sim 0,84 0,16 0,85 0,15 0,81 0,19TEVE ATIVIDADE FORA DO ESTABELECIMENTO Não 0,86 0,14 0,84 0,16 0,81 0,19 Sim 0,87 0,13 0,88 0,12 0,85 0,15MEMBRO FAM PROD TEVE ATIVIDADE FORA DO ESTABELECIME NTO Não 0,87 0,13 0,85 0,15 0,82 0,18 Sim 0,85 0,15 0,85 0,15 0,82 0,18Fonte: Elaboração do autor com base no censo agropecuário 2006
OBTEVE FINANCIAMENTO EM 2006NORDESTE SUDESTE BRASIL
71
levar em consideração que parte dessa produção não mercantil é destinada ao consumo
intermediário no próprio estabelecimento, como a produção de milho e forrageiras para
consumo animal, por exemplo. Sendo assim, esse valor foi subtraído do VBP, sendo
chamado de VBP ajustado. Já o VBP ajustado mais outras receitas vinculadas ao
estabelecimento (turismo rural, exploração mineral, beneficiamento para terceiros,
receitas de outras atividades não agrícolas) subtraídas das despesas totais do
estabelecimento, dá o que chamamos de “renda total do estabelecimento agropecuário”.
A tabela 6 mostra a renda total e a sua média para os estabelecimentos
classificados na agricultura familiar, segundo o fato de serem tomadores ou não de
crédito agrícola em 2006. Além do mais a tabela mostra esses valores desagregados por
finalidade, quando o produtor obteve crédito. Já quando não obteve, a tabela revela o
motivo do não financiamento. Embora não tenhamos dados em dois pontos no tempo
para avaliar o antes e o depois do financiamento, no sentido de avaliar a alavancagem
do mesmo, a tabela trás alguns indícios importantes neste sentido. Por exemplo, o
produtor familiar que obteve crédito por medo de contrair dívida tem um rendimento
médio anual com o estabelecimento agropecuário de R$5.122, enquanto aquele que
recebeu o financiamento teve uma renda média de R$12.356 em 2006. Na região
Nordeste essa diferença também é sentida, porém com uma menor intensidade R$3.601
contra R$5.400. O rendimento médio total da agricultura familiar que teve crédito em
2006 no Nordeste (R$5.400) é menos da metade de um estabelecimento no Sudeste
(R$13.157), enquanto que essa diferença entre aqueles que não tem crédito é bem
menor entre essas Regiões, com R$4.611 e R$7.625, respectivamente.
72
No Nordeste, o crédito na agricultura familiar está muito associado ao
investimento (63% dos estabelecimentos) e 21% no custeio, enquanto na Região
Sudeste destaca-se a finalidade do crédito para o custeio (40%), o que revela um maior
aporte de recursos para as atividades produtivas e correntes, tendo reflexos
significativos no rendimento médio dos estabelecimentos. O crédito de custeio é a
finalidade que confere o maior retorno ao produtor, com cerca de R$18.738 de
rendimento médio no Sudeste e R$7.491 na região Nordeste.
No que diz respeito ao não crédito, observa-se que 40% não precisaram no
Nordeste, ao passo que esse número no Sudeste chega a 63%. Esse foi o principal
motivo nas duas Regiões destacadas, sendo que a renda média desses 63% do Sudeste
foi de R$8.274 contra R$5.207 dos 40% do Nordeste, o que em parte justifica o maior
percentual de estabelecimentos no Sudeste que não necessitaram de financiamento em
2006. No Nordeste, os estabelecimentos da agricultura familiar com menor rendimento
médio foram aqueles que não obtiveram financiamento por falta de garantia pessoal
(R$3.419), que não souberam como conseguir (R$3.599) e que tiveram medo de
contrair dívida (R$3.601), enquanto que Região Sudeste foram os que faltaram garantias
pessoais (R$4.574), tiveram medo de contrair dívidas (R$5.122) e por outro motivo
(R$5.367).
Ressalta-se que em todos dos detalhamentos na tabela 6, o rendimento do
produtor familiar nordestino é inferior ao rendimento médio dos estabelecimentos
agropecuários no Sudeste e no país como um todo, e essa diferença é maior para os
TABELA 6: RENDA TOTAL DO ESTABELECIMENTO DA AGRICULTURA FAMILIAR SEGUNDO O CRÉDITO E A SUA FINALIDADE
E O NÃO CRÉDITO E SEU MOTIVO EM 2006
N.
estabeleci
mento
Renda total
do estabel.
Renda
Média
Total
N.
estabeleci
mento
Renda total
do estabel.
Renda
Média
Total
N.
estabeleci
mento
Renda total do
estabel.
Renda
Média
Total
COM CRÉDITO EM 2006 305.607 1.650.264.065 5.400 108.674 1.429.858.233 13.157 831.682 10.275.893.297 12.356FINALIDADE DO FINANCIAMENTOINVESTIMENTO 192.602 947.952.003 4.922 49.464 574.879.329 11.622 343.867 3.444.519.965 10.017CUSTEIO 65.515 490.792.865 7.491 43.897 822.558.029 18.738 405.726 6.361.418.523 15.679COMERCIALIZAÇÃO 5.673 23.073.441 4.067 965 20.828.838 21.584 8.284 62.703.172 7.569MANUTENÇÃO 41.817 188.445.756 4.506 14.348 11.592.037 808 73.805 407.251.637 5.518
SEM CREDITO EM 2006 1.891.848 8.722.468.529 4.611 596.950 4.552.016.815 7.625 3.584.982 23.505.724.427 6.557
Falta de garantia pessoal 41.194 140.859.705 3.419 5.268 25.732.740 4.885 68.921 315.234.165 4.574 Não sabe como conseguir 30.729 110.602.343 3.599 5.449 24.544.472 4.504 56.199 341.784.009 6.082 Burocracia 155.264 900.674.005 5.801 37.594 259.919.779 6.914 301.039 2.314.481.454 7.688 Falta de pagamento anterior 81.215 472.386.596 5.816 10.904 70.476.858 6.463 116.814 793.379.584 6.792 Medo de contrair dívidas 507.742 1.828.296.760 3.601 115.392 786.656.081 6.817 783.596 4.013.193.782 5.122 Outro motivo 310.723 1.286.446.279 4.140 41.950 237.242.511 5.655 462.606 2.482.699.972 5.367 Não precisou 764.981 3.983.202.842 5.207 380.393 3.147.444.374 8.274 1.795.807 13.244.951.460 7.375
Nota: Renda total do estabelecimento = Valor Brulto da Produção Ajustado + Receita da agropecuária indireta (turismo rural, exploração mineral, beneficiamento para terceiros, receitas de outras atividades não agrícolas) - Despesa Total
MOTIVO DO NÃO FINANCIAMENTO
Fonte: Elaboração do autor com base no censo agropecuário 2006
NORDESTE SUDESTE BRASIL
73
estabelecimentos que obtiveram crédito, o que parece evidenciar uma maior
alavancagem dos estabelecimentos do Sudeste quando comparados aos do Nordeste. A
diferença no rendimento médio na região Sudeste contra Nordeste chega a cerca de
R$17 mil para os estabelecimentos da agricultura familiar que obtiveram crédito para
comercialização, chegando a R$7,7 mil e R$3 mil para quem obteve e não obteve
financiamento em 2006, respectivamente (tabela 7).
Em geral pode-se admitir que a falta de uma política favorável à agricultura
familiar no passado conduziu a adoção de sistemas produtivos com pouco uso de
equipamentos e insumos, o que requer um menor volume de financiamento. E isso
parece ganhar maior expressão no Nordeste, com agricultores familiares que não estão
plenamente inseridos no padrão tecnológico vigente e, desse modo, ressentem-se menos
da falta de crédito. Portanto, isso não elimina, a discussão sobre as vantagens do
incentivo à adesão ao crédito pelos agricultores familiares, haja vista a maior
alavancagem desses estabelecimentos agropecuários.
Conforme já ressaltado, esse tipo de análise do crédito vis a vis a renda deve ser
vista com cautela, pois não se pode avaliar se a maior renda é devido a alavancagem do
crédito ou se uma maior probabilidade de acesso ao mesmo se dá em função à maior
renda. Na verdade tudo parece indicar que os dois eventos acontecem, porém na análise
cross section não se pode afirmar a parcela referente a cada um desses efeitos, o requer
dados longitudinais no sentido de se avaliar o antes e o depois ao crédito, possibilitando
a análise do seu impacto sobre a atividade produtiva.
74
TABELA 7: DISTRIBUIÇÃO NO NÚMERO DE ESTABELECIMENTO S SEGUNDO CRÉDITO E NÃO CRÉDITO E DIFERENÇA NO RENDIMENTO MÉDIO NAS REG IÕES SUDESTE E NORDESTE
Diferença no Rendimento médio (SE - NE)
NORDESTE SUDESTECOM CRÉDITO EM 2006 100 100 7.757FINALIDADE DO FINANCIAMENTOINVESTIMENTO 0,63 0,46 6.700CUSTEIO 0,21 0,40 11.247COMERCIALIZAÇÃO 0,02 0,01 17.517MANUTENÇÃO 0,14 0,13 -3.699
SEM CREDITO EM 2006 100 100 3.015MOTIVO DO NÃO FINANCIAMENTO Falta de garantia pessoal 0,02 0,01 1.465 Não sabe como conseguir 0,02 0,01 905 Burocracia 0,08 0,06 1.113 Falta de pagamento anterior 0,04 0,02 647 Medo de contrair dívidas 0,27 0,19 3.216 Outro motivo 0,16 0,07 1.515 Não precisou 0,40 0,64 3.067Fonte: Elaboração do autor com base no censo agropecuário 2006Nota: Renda total do estabelecimento = Valor Brulto da Produção Ajustado + Receita da agropecuária indireta (turismo rural, exploração mineral, beneficiamento para terceiros, receitas de outras atividades não agrícolas) - Despesa Total
Distribuição no N. estabelecimentos
75
O Microempresário rural pelo Censo Agropecuário4
Após o quadro geral da agricultura familiar, seguimos com a análise dos
microempresários rurais elegíveis ao Pronaf B, considerada a categoria de microcrédito
rural (vide Box). Continuamos com a abordagem pregressa, isto é, faremos a
comparação entre Nordeste e Sudeste, aqui considerada a dicotomia clássica das
diferenças socioeconômicas existentes no Brasil. Além disso, mudamos um pouco o
foco da análise de ativos: se antes olhávamos para cada tipo de ativos e sua eventual
importância econômica, agora elencamos os fatores mais importantes economicamente
para a obtenção de crédito e então as categorias de ativos que satisfazem esses fatores.
Assim, veremos que diferentes classes de ativos podem desempenhar funções
semelhantes no contexto creditício.
Pronaf
O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) financia projetos individuais ou coletivos que gerem renda aos agricultores familiares e assentados da reforma agrária. O programa possui as menores taxas de juros dos financiamentos rurais e as menores taxas de inadimplência entre os programas de crédito do país.
O acesso ao programa se inicia na discussão da família sobre a necessidade do crédito, seja ele para custeio de safra ou atividade agroindustrial, seja para o investimento em máquinas, equipamentos ou infraestrutura de produção e serviços agropecuários ou não agropecuários.
O agricultor deve estar com o CPF regularizado e livre de dívidas. As condições de acesso ao crédito Pronaf, formas de pagamento e taxas de juros correspondentes a cada linha são definidas, anualmente, a cada Plano Safra da Agricultura Familiar, divulgado entre os meses de junho e julho.
Microcrédito Rural (Pronaf Grupo B)
Criado em 1999 no âmbito do Pronaf para combater a pobreza rural, o Microcrédito Rural (também conhecido como Grupo B do Pronaf) é estratégico para os agricultores familiares pobres, pois valoriza o potencial produtivo deste público e permite estruturar e diversificar a atividade produtiva. Pode financiar atividades agrícolas e não agrícolas geradoras de renda. São atendidas famílias agricultoras, pescadoras, extrativistas, ribeirinhas, quilombolas e indígenas que desenvolvam atividades produtivas no meio rural. Elas devem ter renda bruta anual familiar de até R$6 mil, sendo que até 70% da renda pode ser proveniente de outras atividades além daquelas desenvolvidas no estabelecimento rural.
A operacionalização do Microcrédito Rural é feita com recursos do Tesouro Nacional e dos Fundos Constitucionais do Norte, Nordeste e Centro-Oeste. O programa oferece bônus de adimplência sobre cada parcela da dívida paga até a data do seu
4 Neste projeto apresentamos um texto com análise mais detalhada dos dados do Censo Agropecuário.
76
vencimento, além de ser ofertado com taxa de juros de 0,5% ao ano e ter prazo de reembolso de até dois anos para cada financiamento.
Fonte: Banco do Nordeste
O Brasil conta com 277 mil estabelecimentos rurais que receberam algum
crédito em 2006, dos quais 85% são classificados pela mão-de-obra familiar e nos quais
o próprio produtor dirige o estabelecimento e é o proprietário individual legal. Esses
são, aliás, alguns dos requerimentos de acesso ao Pronaf B de microcrédito rural. Não
há um padrão etário definido entre os produtores, isto é, a distribuição de idade é
uniforme a partir da faixa dos 35 anos, tendo algumas exceções onde as propriedades
são de jovens produtores (14%). Se experiência exerce alguma influência no campo, ela
há de ser captada em modelos explicativos de lucro, afinal 70% dos estabelecimentos
são dirigidos há pelo menos 10 anos pela mesma pessoa; 14,5% têm entre um e cinco
anos de direção e outros 14%, entre cinco e dez anos. Completando o panorama geral,
46,5% das propriedades eram voltadas para a pecuária e criação de outros animais,
enquanto 40% eram para produção de lavouras temporárias.
Este panorama inicial pode ser reproduzido com proporções similares nas
regiões Nordeste e Sudeste, nas quais existiam 193,6 mil e 34,2 mil
microempreedimentos rurais, respectivamente. As diferenças mais substantivas entre as
duas regiões se darão em variáveis referentes à acesso à tecnologia e potencial
produtivo, colaterais e capital social, diversificação de risco, entre outros.
Acesso à tecnologia e potencial produtivo
Quando falamos de produtividade no campo, a imagem clássica é de tratores
fazendo a colheita de grande quantidade de grãos em vastas propriedades, ou de
engenhosas máquinas ordenhando o gado leiteiro, para ficar em dois exemplos simples.
No caso das pequenas propriedades rurais que demandam o microcrédito produtivo, a
tecnologia é mais básica e pode ser descrita como o tipo de tração empregado, a adoção
de adubos e agrotóxicos.
De modo geral, os estabelecimentos do Sudeste são mais intensivos em
tecnologia, apresentando maior uso de tração mecânica (25,7% ante 21% no NE) e
adubos (38,5% contra 19,75%), provalmente pelo tipo de atividade econômica
77
praticada: 56,2% atuam na pecuária e criação de outros animais (44,5% no Nordeste), e
12,72% na produção de lavouras permanentes (6,25% no Nordeste). Como há destaque
na produção de lavouras temporárias no Nordeste, as quais não demandam, pelo menos
em tese, maiores gastos em tecnologia, o uso de tração animal e, principalmente,
agrotóxicos é maior (23,6% ante 17,5% no SE).
CAPITAL FÍSICO NO MICROCRÉDITO RURAL (PRONAF B) Nordeste Sudeste Brasil
Obteve Financiamento em
2006
UTILIZA FORÇA DE TRAÇÃO ANIMAL Não 8,59% 11,83% 9,41%
Sim 32,36% 25,58% 29,92%
Não se aplica 59,04% 62,59% 60,67%
UTILIZA FORÇA DE TRAÇÃO MECÂNICA Não 32,28% 29,11% 32,22%
Sim 21,16% 25,68% 24,10%
Não se aplica 46,56% 45,21% 43,68%
UTILIZOU PRÁTICAS AGRÍCOLAS Não 39,35% 57,62% 47,86%
Sim 60,65% 42,38% 52,14%
FAZ ADUBAÇÃO NO ESTABELECIMENTO Não faz adubação 84,53% 65,74% 79,17%
Faz e teve despesas com adubos em 2006 9,00% 25,45% 13,82%
Faz, mas utilizou adubos do próprio estabelecimento 4,47% 4,93% 4,40%
Faz, mas não precisou utilizar em 2006 2,00% 3,88% 2,62% UTILIZA AGROTÓXICO PARA CONTROLE DE PRAGAS/DOENÇAS
Não utiliza 82,99% 86,99% 83,02%
Utiliza e utilizou em 2006 14,65% 9,85% 14,29%
Utiliza, mas não precisou utilizar em 2006 2,36% 3,15% 2,69%
Fonte: Microdados do Censo Agropecuário 2006/IBGE
O acesso à tecnologia é fundamental, mas não suficiente para que ocorram
ganhos de produtividade: é necessário que seja acompanhado de ganhos em capital
humano. Se avaliarmos o grau de instrução dos produtores, o Nordeste tem supremacia
de microempresários que não sabem ler nem escrever (44,75%) acompanhada do Ensino
Fundamental incompleto (30,44%); no Sudeste há inversão: 24,75% e 45%,
respectivamente. Uma maneira eficiente de agregar valor técnico à produção seria
recebendo orientação técnica, o que “equilibraria a balança”. Entretanto, essa
consultoria exige capital, o que carece mais no Nordeste que no Sudeste: apenas 2,21%
recebem orientação técnica regularmente na região Nordeste, e 4,63% a recebem
78
ocasionalmente, enquanto na região mais rica esses valores mais que dobram, 10,9% e
5,81%, respectivamente.
CAPITAL HUMANO NO MICROCRÉDITO RURAL (PRONAF B) Nordeste Sudeste Brasil
Obteve Financiamento em
2006
NÍVEL INSTRUÇÃO DO DIRIGENTE DO ESTABELECIMENTO Não sabe ler escrever 44,75% 24,75% 36,11%
Alfabetização de Adultos 4,81% 5,88% 4,96%
Ensino Fudamental (Incompleto) 30,44% 45,08% 38,03%
Ensino Fudamental (Completo) 4,05% 6,63% 5,23%
Técnico Agrícola (Completo) 0,42% 0,93% 0,61%
Ensino Médio (Completo) 2,24% 3,67% 2,88%
Eng.º Agrônomo 0,01% 0,07% 0,02%
Veterinário 0,00% 0,02% 0,01%
Zootecnista 0,00% 0,01% 0,00%
Eng.º Florestal 0,00% 0,00% 0,00%
Outra formação superior 0,19% 1,12% 0,43%
Nenhum (sabe ler e escrever) 13,09% 11,82% 11,73% HÁ QUANTOS ANOS DIRIGE OS TRABALHOS DO ESTABELECIMENTO
De menos de 1 ano 1,94% 1,91% 2,01%
De 1 a menos de 5 anos 14,50% 13,51% 14,57%
De 5 a menos de 10 anos 14,29% 13,30% 14,34%
De 10 anos e mais 69,27% 71,28% 69,07%
SE O ESTAB. RECEBE ORIENTAÇÃO TÉCNICA Não 93,16% 83,28% 87,68%
Sim, ocasionalmente 4,63% 10,90% 8,04%
Sim, regularmente 2,21% 5,81% 4,27%
Fonte: Microdados do Censo Agropecuário 2006/IBGE
Endividamento e Investimentos
Uma frase recorrente no mundo empresarial é “Investir para crescer”. No caso
de um conjunto de clientes potenciais de microcrédito que desejam obter um
empréstimo para seu empreendimento, eles dispõem de um capital próprio menor que o
tamanho total do investimento de que necessitam. Portanto, há necessidade de contrair
uma dívida. No entanto, se esses clientes já estiverem endividados, o risco de calote
aumenta, exigindo maiores garantias por parte do tomador de empréstimo. Antes de
entrarmos na discussão da quantidade e da qualidade das garantias, observamos o nível
de endividamento e investimento em 2006. O primeiro indicador se mostrou similar
79
para as duas regiões e similar à média nacional, aproximadamente 62,7% de produtores
endividados. O investimento apresenta comportamento mais disperso, isto é, 12,78%
dos produtores nordestinos tinham feito investimentos, enquanto no Sudeste este
número era de 20,24% - a média brasileira ficou em 14,86%.
CAPITAL FINANCEIRO NO Nordeste Sudeste Brasil
MICROCRÉDITO RURAL (PRONAF B) Obteve Financiamento em
2006
POSSUÍA DÍVIDAS EM 31/12/2006 Não 37,76% 38,04% 37,32%
Sim 62,24% 61,96% 62,68%
FEZ INVESTIMENTO EM 2006 Não 87,22% 79,76% 85,14%
Sim 12,78% 20,24% 14,86%
Fonte: Microdados do Censo Agropecuário 2006/IBGE
É interessante notar a diferença existente nesses indicadores na comparação
entre estabelecimentos que receberam e que não receberam algum tipo de crédito: no
segundo caso, tanto a quantidade de endividamento quanto de investimento são mais
baixos – 5,71% e 3,48% de dívidas nas duas regiões e 6,5% e 9,55% de investimentos.
Colaterais e capital social
Um passo fundamental para o desenvolvimento do crédito produtivo popular no
Brasil é diminuir a assimetria de informações existente entre os gestores de políticas
públicas e seu público-alvo. A obtenção de crédito, em geral, depende das garantias
oferecidas pelas pessoas que buscam empréstimos. Como o país é grande, heterogêneo e
desigual, o acesso ao crédito está restrito a grupos específicos. A dificuldade dos
produtores pobres pode ser explicada pela falta e pela qualidade dos ativos. Como o
direito de propriedade dos pobres com freqüência não está bem definido, o acesso ao
crédito fica restrito mesmo àqueles que possuem ativos. Entretanto, o problema não se
limita à quantidade ou à qualidade dos ativos; o fato de o interessado possuir uma renda
baixa e instável também pode prejudicar seu acesso ao crédito. A renda do empresário
pobre, à semelhança daquela de seus primos ricos, advém do resíduo do faturamento,
uma vez descontados seus custos. São capitalistas, no sentido de que vivem do capital
de risco, sem capital.
80
É preciso estudar simultaneamente diversos determinantes da oferta e da
demanda por financiamento, juntamente com possíveis falhas de mercado e
necessidades. As instituições financeiras em geral rejeitam transações de pequena
monta, devido aos custos fixos de natureza administrativa e informacional envolvidos
no processo. Neri e Giovanni (2005) apresentam o padrão de correlações do uso do
crédito produtivo popular com outras variáveis, no qual foi constatado que alguns
elementos do capital social, como participação em cooperativas, indicadores de
formalidade e posse de equipamentos, apresentam correlação significativa com o acesso
ao crédito. Em geral os resultados são consistentes com a importância atribuída, na
literatura, a garantias reais e alternativas na obtenção de fontes de financiamento.
Os dados do Censo Agropecuário indicam que 50% dos produtores nordestinos
com acesso a crédito são associados a alguma cooperativa ou entidade de classe,
enquanto 33,7% dos que não têm qualquer crédito participam de cooperativas. Os
números para o Sudeste são 52,5% e 26%, respectivamente. Os dados sustentam,
portanto, a ideia de facilidade de acesso a crédito pelo pertencimento a associações
produtivas. Além disso, cooperativas melhoram o acesso aos mercados, contribuindo
para a superação das limitações da produção em virtude do tamanho reduzido das terras.
Quanto à integração aos mercados da FAO/INCRA, 36,14% dos estabelecimentos
nordestinos estão integrados ou muito integrados, ante 32,5% no Sudeste.
CAPITAL SOCIAL NO MICROCRÉDITO RURAL (PRONAF B) Nordeste Sudeste Brasil
Obteve Financiamento em
2006
Associado a Cooperativas e a Entidades de Classe Não é associado a cooperativas e a entidades de classe 50,07% 47,50% 48,40%
É associado a cooperativa e/ou entidade de classe 49,93% 52,50% 51,60%
Classificação Grau de Integração ao Mercado FAO/INCRA Muito integrado 12,51% 14,38% 13,10%
Integrado 23,63% 18,18% 23,20% Pouco integrado 58,55% 56,38% 56,98% Não classificado 5,31% 11,06% 6,73%
Fonte: Microdados do Censo Agropecuário 2006/IBGE
81
Hernando de Soto (2000), em O mistério do capital, enfatiza o reconhecimento
formal do direito de propriedade dos pobres como alavanca de garantias para a
concessão de empréstimos. Seguindo o mote, alguns têm proposto, com propriedade, a
adoção de um processo de regularização fundiária rural em larga escala. Mas, entre a
taça e os lábios, existem outros percalços. No caso brasileiro, a casa própria, mesmo que
regularizada, não é aceita em geral como colateral de empréstimos. As tristes histórias
de liquidação de hipotecas, enredo comum nos filmes americanos, não figuram nas
cenas do cinema e da realidade nacionais. Em compensação, qualquer americano tem
acesso a crédito imobiliário, evento raro em nosso país.
A legislação brasileira, na ânsia de proteger os donos da casa própria da dolorosa
retomada do imóvel em caso de inadimplência, acaba por esvaziar o mercado de crédito.
É preciso determinar as condições necessárias e suficientes para um aumento de
empréstimos aos pobres brasileiros. Contudo, deve-se atentar para o uso moderado da
regularização fundiária, a fim de evitar a ressaca do processo. O objetivo final é
aumentar o direito de propriedade dos pobres já estabelecidos em suas respectivas
propriedades, e não motivar invasões que acarretariam diminuição, e não aumento, dos
direitos de propriedade.
Rajan e Zingales (2004) argumentam que, mesmo que haja méritos substanciais
na idéia de De Soto, ela não é uma panacéia. “Se a população pobre está tomando posse
da propriedade privada alheia, ou, como é tipicamente o caso em países em
desenvolvimento, de território governamental, a legalização da invasão pode levar todos
a ocupar o território restante, provocando insegurança generalizada sobre a propriedade,
tendo assim o efeito oposto ao desejado.” Obviamente, reconhecer o direito de
propriedade conquistado de maneira ilícita é complexo, pois incentiva novas invasões, o
que diminui, e não aumenta, o direito de propriedade na sociedade vista como um todo.
Portanto, há que se ter cuidado para que um bem-intencionado programa de
regularização fundiária não provoque mais mal do que bem. A regularização fundiária
deve vir acompanhada de medidas que inibam invasões futuras, como, por exemplo, a
manutenção de dispositivos na reforma agrária que impeçam a incorporação de terras
invadidas. Ou, no caso urbano, que se explicitem regras semelhantes e se monitore o
processo de ocupação do solo, através de fotografias aéreas das áreas irregulares.
Complementarmente, Pinheiro e Cabral (1998) mostram como o tamanho do
mercado de crédito brasileiro depende da eficiência do Judiciário, devido à incerteza
82
legal e à efetiva execução judicial de contratos de empréstimo.
Pelos argumentos até aqui mostrados e pelo histórico brasileiro de lutas de classe
no campo, esperaríamos que a posse das propriedades não fosse tão bem definida no
caso dos microempresários. Os dados do Censo Agropecuário reforçam essa questão: no
Brasil, 79% das terras foram obtidas ou por compra de particular (41,83%) ou por
herança (33,94%) ou por doação (3,09%). A diferença entre Nordeste e Sudeste revela
maior informalidade fundiária na primeira região (27% contra 6%); entre os produtores
sem acesso a crédito, a informalidade aumenta sensivelmente.
CAPITAL SOCIAL NO MICROCRÉDITO RURAL (PRONAF B) Nordeste Sudeste Brasil
Obteve Financiamento em
2006
COMO O PROD. OBTEVE TERRAS - COMPRA DE PARTICULAR
Não 31,52% 39,74% 31,69%
Sim 37,21% 45,98% 41,83% COMO O PROD. OBTEVE TERRAS - COMPRA VIA CRED. FUNDIÁRIO
Não 68,73% 85,72% 73,53%
Sim - - - COMO O PROD. OBTEVE TERRAS - TITUL. REFORMA AGRÁRIA
Não 68,73% 85,72% 73,53%
Sim - - -
V040704-COMO O PROD. OBTEVE TERRAS - HERANÇA Não 35,58% 41,00% 39,58%
Sim 33,15% 44,72% 33,94% COMO O PROD. OBTEVE TERRAS - DOAÇÃO DE PARTICULAR
Não 65,46% 82,49% 70,44%
Sim 3,27% 3,23% 3,09%
V040707-COMO O PROD. OBTEVE TERRAS - OUTRA Não 67,84% 85,07% 72,59%
Sim 0,88% 0,65% 0,93%
COMO O PROD. OBTEVE TERRAS - NÃO SABE Não 68,52% 85,50% 73,30%
Sim 0,21% 0,22% 0,22%
Fonte: Microdados do Censo Agropecuário 2006/IBGE
O ponto geral de Hernando de Soto em O mistério do capital é que o problema
do pobre não se restringe à pouca quantidade de capital, mas também à baixa qualidade
83
deste. A alta informalidade da propriedade implica redução do valor de mercado dos
ativos dos pobres, o que seria uma espécie de capital morto na acepção de De Soto. Um
barraco de favela, por exemplo, cujo dono não dispõe de plena posse legal, acaba
valendo menos do que se estivesse todo regularizado, pela dificuldade de revenda. O
corolário é a possibilidade de ressuscitar o capital dos pobres. No caso do Brasil, o valor
da propriedade fundiária é afetado pelo não-reconhecimento da posse legal dos ativos e
pela impossibilidade de oferecer a casa própria, mesmo que legalmente reconhecida,
como garantia de empréstimos.
Colateral e diversificação dos riscos
A relação entre credores e devedores é marcada pela assimetria de informações.
Há dois principais problemas descritos na literatura: seleção adversa e risco moral. A
primeira envolve o desconhecimento do credor com relação ao tipo do tomador, isto é, o
emprestador não sabe quão propenso ao risco o tomador é, quão honesto, quão
responsável etc. Já o risco moral envolve falta de informação do emprestador sobre o
tipo de ação que o tomador pode vir a tomar, nesse caso específico, o que o tomador
fará com o empréstimo, que tipo de investimento escolherá. A existência de assimetrias
na avaliação de contratos entre credores e devedores proporciona uma quantia menor de
crédito disponível do que a demandada. Grande parte do problema se deve ao fato de o
devedor tipicamente dispor de conhecimentos e tecnologia não compartilhados pelo
emprestador, caso contrário o emprestador seria também o empreendedor.
Há uma extensa literatura sobre o papel das garantias que suprem essas falhas de
mercado de natureza informacional. Coco (2002) é um dos que destacam o uso do
colateral para resolver parcialmente esse problema, uma vez que a oferta de garantias
como lastro de financiamentos permitiria superar assimetrias de informação,
dispensando custosos processos de busca e monitoramento. Entretanto, os ativos dos
pobres não são em geral garantias válidas de empréstimos, uma vez que estes não
possuem nem propriedades regularizadas, nem fluxos de renda comprováveis.
Dessa forma, o problema dos pobres não se restringe à carência de ativos ou de
oportunidades, estende-se também à baixa qualidade desses ativos, que diminuem a
capacidade deles de aproveitar as parcas oportunidades disponíveis. Berger e Undell
(1998), analisando a disponibilidade das fontes de crédito em função do tamanho, da
84
idade e da disponibilidade de informações da empresa, demonstram que empresas
pequenas e recém-criadas, provavelmente sem colateral, são em geral financiadas pela
família e pelos amigos do empreendedor. Somente quando as empresas crescem é que
obtêm acesso a crédito por intermediação financeira e rede bancária. Por conseguinte, se
o indivíduo não tiver capital inicial próprio ou conhecidos que o tenham, dificilmente
terá acesso a capital produtivo através do setor financeiro tradicional, e sua única opção
será apelar para agiotas.
A posse de ativos físicos é parte fundamental para o acesso a crédito, mas não é
o único ativo possível para garantir um empréstimo; ativos financeiros, especialmente
as receitas provenientes de diferentes fontes, também podem ter função essencial tanto
como colaterais quanto como meios de diversificar o risco do microempreendimento.
Por exemplo, a renda de recebida de aposentadorias e pensões pode ser visto como
colateral pelo credor porque representa um fluxo de renda constante, sendo
contabilizado então o valor presente desse fluxo esperado no futuro. Para o devedor,
esse valor conta como uma “válvula de escape”, isto é, se o lucro do negócio é sujeito a
incertezas, pelo menos essa receita é fixa e garantida, servindo para mitigar um pouco o
risco do empreendimento.
No caso tupiniquim, 81% da renda dos que receberam algum crédito em 2006
tiveram receita proveniente de aposentadorias e pensões, equivalendo a um montante de
R$ 437,9 milhões no Brasil. Nas duas regiões de destaque, as proporções se
mantiveram, mas os montantes foram de R$ 295 milhões no NE e R$ 56 milhões no SE.
A principal diferença entre Nordeste e Sudeste é quanto ao percentual de programas
sociais do governo (13% no primeiro contra 7,2% no segundo) e salários obtidos em
atividades fora do estabelecimento (3,1% contra 9,4%). Quanto à proporção de
estabelecimentos, o número de aposentados e pensionistas era maior no Sudeste (52,6%
contra 40,7%), enquanto o Nordeste liderava os dependentes de programas sociais do
governo (43,7% contra 32,5%). Cabe notar que para quem não recebeu crédito, o padrão
se mantém no NE, mas muda no SE, com redução dos dependentes governamentais e
conseqüente redistribuição entre aposentados (59,3%) e remuneração fora do
estabelecimento (26,25%).
85
RECEITA TOTAL DO ESTABELECIMENTO - DISTRIBUIÇÃO POR ESTABELECIMENTO (PRONAF B)
Nordeste Sudeste Brasil
Obteve Financiamento em
2006
TIPO DE RECEITAS
Venda de animais criados em cativeiro 0,38% 0,23% 0,35% Venda de húmus 0,03% 0,01% 0,03% Venda de esterco 1,06% 0,50% 0,92% Atividade de turismo rural 0,03% 0,12% 0,05% Exploração mineral 0,11% 0,20% 0,11% Serviço de beneficiamento para terceiros 0,90% 1,04% 0,90% Outras atividades não agrícolas 1,24% 2,81% 1,14%
Aposentadoria, pensão, etc. 40,69% 52,62
% 44,33
%
Salários obtidos em atividades fora do estabelecimento 8,68% 10,38
% 9,13% Doações ou ajudas 1,79% 1,75% 1,60%
Programas sociais do Governo 43,72% 32,48
% 39,78
% Desinvestimentos 0,88% 1,05% 1,02% Venda de pescado 0,49% 3,66% 0,66%
RECEITA TOTAL DO ESTABELECIMENTO - DISTRIBUIÇÃO POR VALOR MONETÁRIO (PRONAF B)
Nordeste Sudeste Brasil
Obteve Financiamento em
2006
TIPO DE RECEITAS
Venda de animais criados em cativeiro 0,07% 0,03% 0,06% Venda de húmus 0,01% 0,00% 0,00% Venda de esterco 0,06% 0,05% 0,06% Atividade de turismo rural 0,02% 0,07% 0,04% Exploração mineral 0,03% 0,04% 0,03% Serviço de beneficiamento para terceiros 0,18% 0,17% 0,17% Outras atividades não agrícolas 0,23% 0,10% 0,19%
Aposentadoria, pensão, etc. 81,72% 80,85
% 81,95
% Salários obtidos em atividades fora do estabelecimento 3,09% 9,37% 4,83% Doações ou ajudas 0,80% 0,53% 0,70%
Programas sociais do Governo 13,05% 7,22% 10,83
% Desinvestimentos 0,61% 1,51% 0,97% Venda de pescado 0,13% 0,06% 0,17% Fonte: Microdados do Censo Agropecuário 2006/IBGE
Em relação a esta última, aproveitamos para observar que 24% dos próprios
produtores exerceram alguma atividade fora do estabelecimento, sendo remunerado para
tanto. Além disso, 20,72% tiveram algum membro da família trabalhando fora, o que
reforça a ideia de fontes alternativas de renda, distribuindo os riscos.
86
CAPITAL FINANCEIRO NO Nordeste Sudeste Brasil
MICROCRÉDITO RURAL (PRONAF B) Obteve Financiamento em
2006
TEVE ATIVIDADE FORA DO ESTABELECIMENTO Não 76,81% 75,02% 76,88%
Sim 23,19% 24,98% 23,12% MEMBRO FAMÍLIA DO PRODUTOR TEVE ATIVIDADE FORA DO ESTABELECIMENTO
Não 79,58% 75,20% 79,28%
Sim 20,42% 24,80% 20,72%
Fonte: Microdados do Censo Agropecuário 2006/IBGE
Motivos para não ter financiamento
A linha de microcrédito rural permite o financiamento das atividades
agropecuárias e não agropecuárias, podendo cobrir qualquer demanda que possa gerar
renda para a família atendida. A tabela abaixo discrimina as finalidades do
financiamento obtido pelos produtores em: 1) investimento, que abrange implantação,
ampliação ou modernização da infraestrutura de produção e serviços; 2) custeio das
atividades produtivas; 3) comercialização da produção; e 4) manutenção do
estabelecimento.
Dentre as categorias disponíveis, o crédito é direcionado para investimentos,
principalmente no Nordeste (66,49%), enquanto o Sudeste sobressai no financiamento
para custeio e manutenção do estabelecimento, representando maior aporte de recursos
nas atividades produtivas já instaladas.
RECEITA TOTAL DO ESTABELECIMENTO - DISTRIBUIÇÃO POR VALOR MONETÁRIO (PRONAF B)
Nordeste Sudeste Brasil
Obteve Financiamento em 2006 FINALIDADE DO FINANCIAMENTO Investimento 66,49% 57,06% 55,92% Custeio 21,51% 28,97% 34,07% Comercialização 1,80% 0,80% 1,33% Manutenção do Estabelecimento 13,23% 17,12% 12,28% Total (R$) 218.367.061 46.912.035 357.625.545 Fonte: Microdados do Censo Agropecuário 2006/IBGE
No Brasil, o Estado é relativamente forte no segmento de crédito, mas pouco
vigoroso no financiamento produtivo popular, do qual estão em larga medida ausentes
tanto as instituições estatais em geral, os bancos e financeiras privados, quanto as
87
instituições sem fins lucrativos. A maioria do crédito popular baseia-se em tecnologias
advindas mais do florescimento do crédito direto ao consumidor do que dos princípios
constatados em experiências internacionais de microcrédito bem-sucedidas.
Além de o volume relativo de crédito ser inferior ao de países com nível de
renda similar ao brasileiro, a qualidade de nosso crédito é, em geral, baixa, uma vez que
o mercado de crédito no Brasil privilegia mais o consumidor do que o produtor. Os
empréstimos são mais de curto do que de longo prazo e atingem mais a alta renda. A
escassa oferta de microcrédito é de natureza pública e, não, privada, gerando potenciais
ineficiências alocativas. E por fim, quando o raro evento da cessão de empréstimos
ocorre, esta se dá a taxas altas, seja pela elevada taxa básica de juros (Selic), seja pelo
grande spread financeiro envolvido.
Essa inanição na quantidade e na qualidade creditícias brasileiras pode ser
sintetizada no que González Vega, professor da Universidade de Ohio e especialista em
microcrédito, durante uma palestra no BNDES, em 1997, chamou de “misterio
brasileño” -- por que motivo o crédito produtivo popular privado pouco se desenvolveu
no Brasil. De lá para cá, foram implementadas diversas políticas de microcrédito. Ou
seja, o “misterio brasileño” continua atual. A rigor, não é possível afirmar que as
empresas informais continuaram a recorrer pouco a empréstimos pelo fato de a falta de
oferta de crédito, as taxas de juros altas e a estagnação trabalhista observada de 1998 a
2003 terem inibido a demanda creditícia. As empresas podem estar racionalmente
evitando o financiamento numa conjuntura imprópria, por conveniência ou instinto de
sobrevivência.
Nas tabelas abaixo, discutimos os motivos de não obtenção de crédito indicando
o número de estabelecimentos e o conceito de renda sob a ótica produtiva, o qual é
computado pelo valor bruto da produção (VBP) no estabelecimento rural subtraído das
despesas correntes e da parte destinada ao consumo intermediário no próprio
estabelecimento.
O principal motivo para não obter financiamentos em 2006, conforme indicado
pelo Censo Agropecuário, foi a falta de necessidade, que representava 49,64% no
Sudeste e 41,28% no Nordeste, justificado pela maior proporção da renda aferida por
essa parcela de estabelecimentos (39,08% da renda no Nordeste e 60,95% no Sudeste;
48,73% no Brasil). Enquanto a região Sudeste apresenta taxas praticamente iguais às do
Brasil (49,68%), a proporção de microempresários que alegaram a falta de necessidade
88
como principal motivo no Nordeste está abaixo da média nacional e do Sudeste, o que
pode decorrer dos menores rendimentos médios auferidos pelos microempresários
nordestinos. A falta de necessidade, como apresentado acima, está relacionada a
maiores proporções de rendas auferidas, o que pode explicar os menores valores
relativos a esse motivo no Nordeste, já que a proporção de renda auferida é menor na
região. Apesar de proporcionalmente maior, o rendimento médio dos que não
precisaram de crédito situou-se abaixo de quase todas as demais categorias. O medo de
contrair dívidas foi o segundo motivo mais alegado para não acessar o crédito,
principalmente no Nordeste: 28,34% contra 17,68% no Sudeste (no Brasil, o número é
24,26%), indicando um comportamento austero por parte dos microempresários rurais,
provavelmente estimulado pelas altas taxas de juros então vigentes.
Ter um passado inadimplente não surgiu como fator relevante, porém as
barreiras burocráticas se mostraram influentes, principalmente no SE (11,6%). O
entrave burocrático apresenta maior impacto negativo quando observado o rendimento
médio dos estabelecimentos que apresentaram este motivo para não obter microcrédito
rural, ou seja, a burocracia estaria minando o potencial produtivos dos produtores,
principalmente no Sudeste.
NÃO FINANCIAMENTO NO MICROCRÉDITO
RURAL (PRONAF B) - POR NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS
Nordeste Sudeste Brasil
Não Obteve Financiamento em 2006 MOTIVO DO NÃO FINANCIAMENTO Falta de garantia pessoal 2,22% 2,09% 1,97% Não sabe como conseguir 1,21% 1,21% 1,65% Burocracia 7,21% 11,60% 6,93% Falta de pagamento anterior 3,27% 2,71% 2,46% Medo de contrair dívidas 28,34% 17,68% 24,26% Outro motivo 16,01% 15,04% 13,02% Não precisou 41,28% 49,64% 49,68% Total 1.374.188 322.298 2.138.737
NÃO FINANCIAMENTO NO MICROCRÉDITO RURAL (PRONAF B) - POR VALOR BRUTO DA
PRODUÇÃO (VBP)
Nordeste Sudeste Brasil
Não Obteve Financiamento em 2006 MOTIVO DO NÃO FINANCIAMENTO Falta de garantia pessoal 1,89% 0,93% 1,78% Não sabe como conseguir 1,54% 1,03% 1,60% Burocracia 8,31% 5,91% 7,84% Falta de pagamento anterior 4,65% 1,63% 3,22% Medo de contrair dívidas 28,69% 23,11% 24,64%
89
Outro motivo 15,85% 6,42% 12,17% Não precisou 39,08% 60,95% 48,73%
Total (R$) 1.135.361.973
342.759.236 1.988.044.740
Fonte: Microdados do Censo Agropecuário 2006/IBGE
NÃO FINANCIAMENTO NO MICROCRÉDITO RURAL (PRONAF B) - POR VALOR BRUTO DA
PRODUÇÃO (VBP Ajustado)
Nordeste Sudeste Brasil
Não Obteve Financiamento em 2006 - Renda Média MOTIVO DO NÃO FINANCIAMENTO
Falta de garantia pessoal 703,13 1165,39 843,25
Não sabe como conseguir 776,81 1057,60 897,34
Burocracia 951,71 1192,71 1050,87
Falta de pagamento anterior 1173,95 1320,06 1217,87
Medo de contrair dívidas 836,12 1184,63 944,27
Outro motivo 817,56 980,32 868,90
Não precisou 782,08 1016,49 911,78
Total (R$) 1.135.361.973 342.759.236 1.988.044.740
Fonte: Microdados do Censo Agropecuário 2006/IBGE
90
Análise Multivariada
O uso de modelos estatísticos refina a análise bivariada, pois permite avaliar, por
exemplo, a relação entre o lucro e o acesso ao crédito, controlando os outros atributos
dos estabelecimentos. No apêndice referente ao Censo Agropecuário apresentamos uma
avaliação, através de uma regressão logística, da probabilidade de se obter lucro em
estabelecimentos iguais em uma série de características (ativos), exceto o fato de
obterem ou não financiamento. Em seguida, através de uma regressão log-linear,
verificamos só para os produtores que tiveram lucro, o quanto o crédito impacta sobre o
mesmo, também controlando as demais características do estabelecimento. De forma
similar também através de um outro modelo log-linear analisar o impacto do crédito
sobre o prejuízo, ou seja, se para os produtores que tiveram prejuízo, o mesmo foi de
certa forma mitigado pelo acesso ao crédito.
Alavancagem ao crédito
O modelo apresentado na tabela abaixo é uma regressão logística que avalia a
probabilidade de um estabelecimento de uma UF do Nordeste do país obter um
financiamento, controlando vários atributos de ativos (físicos, humanos, financeiros,
social, natural). Ou seja, estabelecimentos com iguais características quanto aos ativos,
qual seria a chance de obterem financiamento pelo fato de estarem em regiões
geográficas distintas (Nordeste X Sudeste).
Verifica-se na tabela 8 que estabelecimentos de agricultura familiar iguais
quanto a alguns tipos de capital (grau de integração, assentamentos, não associados a
cooperativas, energia, área, praticas agrícolas, força, irrigação, renda, pessoas da
familiar em atividades fora, idade do produtor, recebimento de orientação técnica e
atividade principal) tem chances elevadas, de 18% e 10%, obter acesso financiamento
no Maranhão e na Bahia, quando comparadas às chances de estabelecimentos com as
mesmas características em algum Estado da região Sudeste. Uma explicação possível
seria porque esses estados são novas fronteiras agrícolas no país, com volume cada vez
maior na produção de grãos, com concentração no Oeste da Bahia (Barreiras, Luis
Eduardo Magalhães, etc.) e Sul do Maranhão (Balsas, Tasi Fragoso, etc.) onde há uma
maior integração dos produtores com a agroindústria de grãos. Já as demais UFs da
Região Nordeste possuem chances inferiores de acesso acredito, com destaque para o
91
Rio Grande do Norte e o Piauí, ambos com 32% a menos de chance de acesso a crédito.
O interessante é que assim como na Bahia e Maranhão, o sudoeste do Piauí também é
uma área em franca expansão de grãos no Estado.
Estimate Erro padrão
OR
INTERCEPTO 4,39 0.0209 <.0001CAPITAL SOCIAL
GRAU DE INTEGRAÇÃO AO MERCADO FAO/INCRA -0.00077 7,85E-03 <.0001 0.999 0.999 0.999 ESTAB. PROJ. ASSENTAMENTO DE FAMÍLIAS 0.0993 0.00631 <.0001 1.104 1.091 1.118 NÃO É ASSOCIADO A COOPERATIVAS E A ENTIDADE DE CLASSE -0.6116 0.00360 <.0001 0.543 0.539 0.546CAPITAL FÍSICO
SE UTLIZA ENERGIA ELÉTRICA -0.2938 0.00422 <.0001 0.745 0.739 0.752 ÁREA TOTAL DE TERRAS PRÓPRIAS (HA) 1.08E-8 1,40E-06 <.0001 1.000 1.000 1.000 UTILIZOU PRÁTICAS AGRÍCOLAS -0.1684 0.00373 <.0001 0.845 0.839 0.851 SE UTILIZA FORÇA DE TRAÇÃO ANIMAL E/OU MECÂNICA -0.3020 0.00373 <.0001 0.739 0.734 0.745 FEZ IRRIGAÇÃO NO ESTABELECIMENTO -0.1155 0.00662 <.0001 0.891 0.879 0.903CAPITAL FINANCEIRO
RENDA TOTAL DO ESTABELECIMENTO -7,05E-11 6.29E-11 0.2619 1.000 1.000 1.000 EXISTEM PESSOAS QUE RECEBEM SALÁRIO NA FAMILIA -0.1127 0.0111 <.0001 0.893 0.874 0.913 HOUVE UTILIZAÇÃO DE EMPREGADOS SEM LAÇOS DE PARENTESCO -0.2529 0.00439 <.0001 0.777 0.770 0.783CAPITAL HUMANO
IDADE DO DIRIGENTE DO ESTABELECIEMNTO 0.00387 0.000118 <.0001 1.004 1.004 1.004 ORIENTAÇÃO TÉCNICA
SE O ESTAB. RECEBE ORIENTAÇÃO OCASIONAL -0.3130 0.00605 <.0001 0.731 0.723 0.740 SE O ESTAB. RECEBE ORIENTAÇÃO TÉCNICA REGULAR -0.4700 0.00771 <.0001 0.625 0.616 0.635UNIDADE DA FEDERAÇÃO
MARANHÃO 0.1672 0.00811 <.0001 1.182 1.163 1.201 PIAUÍ -0.3965 0.00704 <.0001 0.673 0.663 0.682 CEARÁ -0.1186 0.00620 <.0001 0.888 0.877 0.899 RIO GRANDE DO NORTE -0.4002 0.0102 <.0001 0.670 0.657 0.684 PARAIBA -0.0563 0.00833 <.0001 0.945 0.930 0.961 PERNABUCO -0.0311 0.00687 <.0001 0.969 0.956 0.983 ALAGOAS 0.0142 0.0103 0.1688 1.014 0.994 1.035 SERGIPE -0.2155 0.0104 <.0001 0.806 0.790 0.823 BAHIA 0.0934 0.00558 <.0001 1.098 1.086 1.110ATIV. PRINCIPAL
LAVOURA PERMANENTE -0.00750 0.00739 0.3098 0.993 0.978 1.007 LAVOURA TEMPORARIA -0.2178 0.00827 <.0001 0.804 0.791 0.817 PECUÁRIA -0.2313 0.00728 <.0001 0.794 0.782 0.805AJUSTE DO MODELO: AIC 2314337 2198423 RAZÃO DE VEROSSIMILHANÇA 1,16E+08 26 <.0001NUMERO DE OBS: 2886886 -2 Log L 2314335 2198369 SCORE 1,14E+08 26 <.0001
WALD 1,07E+08 26 <.0001
OBS. Variáveis omitidas em ordem: não projeto de assentamento; sim associado a cooperativa, não utiliza energia, não utiliza práticas agrícolas,
não utiliza força de tração, não fez irrigação, não existem pessoas que recebe salários, não empregados sem laços, não recebe orientação, UF do sudeste
do Brasil, outra atividade principal.
Fonte: Elaboração do autor com base no Censo agropecuário 2006
TABELA 8: REGRESSÃO LOGISTICA - VARIÁVEL ENDÓGENA O BTEVE FINANCIAMENTO 2006 - AGRICULTURA FAMILIAR
P-valor ODDS RATIO
Intervalo de confiança 95%
92
93
5. O Agroamigo
Microcrédito e Microfinanças
As últimas décadas presenciaram o advento de tecnologias que possibilitaram o
acesso a crédito a milhões de indivíduos excluídos do setor financeiro tradicional, no
que ficou conhecido como microcrédito. O termo “microcrédito” encontra diferentes
definições. Para Gulli (1998), consiste em serviços financeiros de pequena escala, isto é,
que envolvam valores baixos, enquanto Schreiner (2001) não define o termo pelo valor
emprestado, mas como o crédito concedido a pessoas de baixa renda. Combinamos aqui
as duas definições, designando como microcrédito os empréstimos de baixo valor
concedidos a pessoas de baixa renda.
O microcrédito se encaixa no campo das microfinanças e envolve o
fornecimento de crédito a clientes não atendidos pelo setor bancário tradicional,
abarcando apenas o setor de empréstimos. Já microfinanças referem-se a uma gama de
serviços financeiros diversos, que incluem microcrédito, micropoupanças,
microsseguros, crédito imobiliário, remessas de imigrantes, para citar apenas os
principais. Outros exemplos de programas no campo das microfinanças seriam a
abertura de postos bancários no comércio tradicional (por exemplo, padarias e
mercearias), o que foi recentemente liberado pelo Banco Central, e mesmo programas
de regularização fundiária, caso se adote um sentido ainda mais amplo.
As instituições de microfinanças fornecem serviços financeiros a clientes que
foram excluídos do setor bancário formal, buscando servir pessoas que as instituições
bancárias tradicionais não consideram valer a pena atender e tendo como principais
clientes microempreendimentos (ou nanonegócios). Pode-se entender por
microempreendimentos atividades econômicas independentes que envolvam um volume
reduzido de recursos, o que compreende desde um vendedor ambulante até uma lojinha
com poucos empregados, incluindo qualquer negócio entre esses extremos. Apesar de
pequenas, essas atividades podem ser consideradas empresas na medida em que
envolvem agentes que assumem riscos com seus próprios ativos. Esses
microempreendimentos, por sua natureza tipicamente informal e muitas vezes familiar,
freqüentemente não possuem documentação legal, propriedades, nem tampouco salários
regularizados, que consistem nas garantias exigidas pelas instituições bancárias
94
tradicionais. A chave do sucesso das microfinanças, portanto, é desenvolver produtos e
tecnologias que permitam prover serviços financeiros a esses clientes de forma
sustentável. Isso se tornou possível com o desenvolvimento de tecnologias de sistemas e
métodos de gerenciamento de risco que permitem a concessão de empréstimos a esses
indivíduos com sérias restrições de ativos, sem documentação formal de renda e sem
histórico de crédito. Criaram-se, assim, canais viáveis de distribuição de empréstimos,
conseguindo-se reduzir os custos de transação dos pequenos empréstimos e superar os
altos custos fixos unitários associados aos empréstimos muito pequenos, o que sempre
foi um entrave para o acesso dos pobres ao crédito.
Resumindo, as microfinanças têm por objetivo aumentar a capilaridade do
sistema financeiro nos seus diversos segmentos, dando ênfase especial ao crédito, e
também à poupança e ao seguro, e podem ser percebidas como uma provisão de
serviços financeiros de pequena escala para negócios e famílias tradicionalmente
mantidas à margem do sistema financeiro.
O Programa Agroamigo
O Agroamigo tem por base a forte atuação e presença local do assessor de
microcrédito e sua capacidade de avaliação do cliente, considerando intenções e
potencialidades que resultam na elaboração de propostas de crédito adequadas às
necessidades de cada cliente. O programa destina-se a agricultores familiares
enquadrados no PRONAF Grupo B que exploram parcela de terra na condição de
proprietários, posseiros, arrendatários ou parceiros; que residam na propriedade rural
ou em local próximo; obtenham no mínimo 30% de renda familiar da
exploração agropecuária ou não agropecuária do estabelecimento; tenham o
trabalho familiar como base na exploração do estabelecimento; e possuam renda
bruta anual de até R$ 6.000,00.
Para comprovar a condição de agricultores familiares, estes deverão apresentar a
DAP – Declaração de Aptidão ao PRONAF, emitida pelos órgãos oficiais de assistência
técnica dos Estados ou pelos Sindicatos de Trabalhadores Rurais. Os agricultores
clientes do Agroamigo poderão desenvolver qualquer atividade geradora de renda no
campo ou em aglomerado urbano próximo, sejam agrícolas, pecuárias ou outras
95
atividades não agropecuárias no meio rural, como turismo rural, agroindústria, pesca,
serviços no meio rural ou artesanato.
Tendo início em 2005, o Programa está presente em 160 unidades do Banco,
atendendo a 1.945 municípios do Nordeste brasileiro e Norte de Minas Gerais, contando
com carteira acumulada de R$ 2.765.393 mil, correspondentes a 1.626.582
financiamentos. Já a sua carteira ativa é de mais de R$ 1,146 bilhão contando com
744.021 operações. Em cinco anos de existência, o Agroamigo acumulou mais de 1
milhão de financiamentos e R$ 1,8 bilhão em valores contratados, cifras que fizeram
dele o maior programa de microfinança rural do Brasil. Pelo sucesso das iniciativas
urbana e rural do Banco do Nordeste – evidenciado pelos prêmios internacionais, a
Presidente Dilma estabeleceu que tanto o Banco do Brasil quanto a Caixa Econômica
Federal devem se basear no Credi/Agroamigo em suas operações.
Objetivos5
• Conceder crédito orientado e acompanhado aos (às) agricultores (as) familiares;
• Adotar metodologia de microcrédito rural;
• Agilizar o processo de concessão de crédito;
• Expandir de forma quantitativa e qualitativa o atendimento aos agricultores
familiares, com redução de custos para o cliente;
• Atender ao (à) cliente na própria comunidade, por meio do Assessor de
Microcrédito Rural;
• Atender integralmente ao (à) clientes, buscando a identificação das necessidades
de outros serviços microfinanceiros;
• Promover a inclusão financeira do (a) agricultor (a) familiar e seu acesso ao
Banco;
• Sensibilizar os (as) agricultores (as) familiares quanto à importância da educação
financeira;
• Conscientizar os (as) agricultores (as) quanto à necessidade de exploração
sustentável do meio ambiente; 5 Baseado em http://www.bnb.gov.br/content/aplicacao/Produtos_e_Servicos/agroamigo/gerados/apresentacao.asp .
• Possibilitar o aumento da renda familiar dos (as) agricultores (as) familiares e
qualidade de vida da população rural;
Na operacionalização do crédito, o Instituto Nordeste Cida
metodologia de microcrédito produtivo orientado, que exige o relacionamento direto
com agricultores de pequenos empreendimentos, em suas próprias comunidades rurais,
sendo o atendimento aos empreendedores rurais realizados pelos assessores de
objetivando discutir com os agricultores a sua proposta de crédito.
A metodologia utilizada no trabalho do Agroamigo já está sendo reconhecida
como exemplar pelo Governo Federal; pois, a concessão de crédito orientado e
acompanhado é o modelo de
familiares enquadrados no grupo B do Pronaf. Assim, graças ao formato adotado, os
assessores de microcrédito rural passam a operacionalizar o crédito de forma assistida,
oferecendo aos produtores um
com acompanhamento adequado e sistemático das operações realizadas.
Ficam como responsabilidades do Banco do Nordeste acompanhar,
supervisionar e fiscalizar o
necessário ao Instituto Nordeste Cidadania para que sejam
programa. O Banco realiza ainda o deferimento, a contratação das propostas de crédito
que lhe forem encaminhadas e a liberação das parcelas realizadas
clientes. Com esse modelo, o Banco do Nordeste atua como instituição de crédito de
primeiro piso.
96
aumento da renda familiar dos (as) agricultores (as) familiares e
qualidade de vida da população rural;
Na operacionalização do crédito, o Instituto Nordeste Cida
metodologia de microcrédito produtivo orientado, que exige o relacionamento direto
com agricultores de pequenos empreendimentos, em suas próprias comunidades rurais,
sendo o atendimento aos empreendedores rurais realizados pelos assessores de
objetivando discutir com os agricultores a sua proposta de crédito.
A metodologia utilizada no trabalho do Agroamigo já está sendo reconhecida
como exemplar pelo Governo Federal; pois, a concessão de crédito orientado e
acompanhado é o modelo de financiamento mais adequado para atender aos agricultores
familiares enquadrados no grupo B do Pronaf. Assim, graças ao formato adotado, os
assessores de microcrédito rural passam a operacionalizar o crédito de forma assistida,
oferecendo aos produtores um atendimento personalizado e na sua própria comunidade,
com acompanhamento adequado e sistemático das operações realizadas.
Ficam como responsabilidades do Banco do Nordeste acompanhar,
supervisionar e fiscalizar o cumprimento do termo de parceria e propo
necessário ao Instituto Nordeste Cidadania para que sejam alcançados
programa. O Banco realiza ainda o deferimento, a contratação das propostas de crédito
que lhe forem encaminhadas e a liberação das parcelas realizadas
clientes. Com esse modelo, o Banco do Nordeste atua como instituição de crédito de
aumento da renda familiar dos (as) agricultores (as) familiares e a
Na operacionalização do crédito, o Instituto Nordeste Cidadania adota a
metodologia de microcrédito produtivo orientado, que exige o relacionamento direto
com agricultores de pequenos empreendimentos, em suas próprias comunidades rurais,
sendo o atendimento aos empreendedores rurais realizados pelos assessores de crédito,
A metodologia utilizada no trabalho do Agroamigo já está sendo reconhecida
como exemplar pelo Governo Federal; pois, a concessão de crédito orientado e
financiamento mais adequado para atender aos agricultores
familiares enquadrados no grupo B do Pronaf. Assim, graças ao formato adotado, os
assessores de microcrédito rural passam a operacionalizar o crédito de forma assistida,
atendimento personalizado e na sua própria comunidade,
com acompanhamento adequado e sistemático das operações realizadas.
Ficam como responsabilidades do Banco do Nordeste acompanhar,
cumprimento do termo de parceria e proporcionar o apoio
os objetivos do
programa. O Banco realiza ainda o deferimento, a contratação das propostas de crédito
que lhe forem encaminhadas e a liberação das parcelas realizadas diretamente aos
clientes. Com esse modelo, o Banco do Nordeste atua como instituição de crédito de
97
Perfil dos Clientes e Análise de Desempenho
Geral
A partir dos dados operacionais do programa Agroamigo, que dispõe de 42.450
observações, aproximadamente, analisaremos informações de frequência populacional,
lucro e receita bruta nominal dos clientes do Programa Agroamigo. Há disponibilidade
de informações agregadas (médias e porceefntagens) para dois anos, que receberão as
simples denominações de “ano 1” e “ano 2”; isso possibilita uma visão inicial de como
essas variáveis evoluíram no tempo.
Bivariado Total % Lucro_ANO1 Lucro_ANO2 1 Média Média
Total 73509 1617,43 2074,17
GERÊNCIA 1301,95 2603,89
AL 6676 9,08% 1694,49 2259,6
BA 12621 17,17% 1488,18 2155,09
CE 6561 8,93% 1595,44 1806,01
MA 5893 8,02% 1494,62 2627,31
MG 8429 11,47% 1437,7 1908,33
PB 7273 9,89% 1736,8 1867,45
PE 8687 11,82% 1513,47 2125,16
PI 6646 9,04% 1769,98 1921,34
RN 5254 7,15% 1758,18 2112,2
SE 5468 7,44% 1933,28 1978,68
SEXO HOMEM 38219 51,99% 1606 2107,65
IGNORADO 16 0,02% 1590,23 1789,22
zMULHER 35274 47,99% 1629,8 2037,96
Estado Civil Casado(a) 37116 50,49% 1640,88 2043,31
Divorciado 46 0,06% 1469,97 2002,71
IGNORADO 4648 6,32% 1572,39 2000,17
Separado/Divorciado(a) 1098 1,49% 1601 1914,82
Solteiro(a) 20812 28,31% 1580,38 2149,85
União Estável 8089 11,00% 1633,89 2098,7
Viúvo(a) 1700 2,31% 1617,37 2011,24
Escolaridade cEns, Fund, Incompleto 36451 49,59% 1675,89 2063,73
dEns, Fund, Completo 4441 6,04% 1590,02 2134,97
eEns, Médio Incompleto 1775 2,41% 1638,35 2159,66
98
fEns, Médio Completo 5040 6,86% 1698,09 2161,65
gNível Sup, 17 0,02% 1348,37 1832,06
lOutros 58 0,08% 1864,43 2161,21
mIGNORADO 7173 9,76% 1538,4 1908,75
zAlfabetizado 18554 25,24% 1516,09 2112,03
Dedicacao Atividade Atividade Pric, na renda Familiar 31819 43,29% 1632,46 2026,84
IGNORADO 2287 3,11% 1766,83 2022,6
zAtividade Complementar na renda Familiar 39403 53,60% 1596,88 2115,38
Condicao Uso Posse Terra Arrendatário/Comodatário 11957 16,27% 1651,13 2150,49
IGNORADO 5808 7,90% 1421,36 1821,65
Meeiro 1807 2,46% 1470,97 1816,83
Parceiro 9512 12,94% 1629,08 2043,04
Posseiro 8593 11,69% 1418,63 2229,49
zProprietário 35832 48,75% 1691,23 2073,78
Fonte: CPS/FGV através do processamento dos microdados Agroamigo
99
Análise do Perfil dos Clientes e de Evolução do Lucro
A ideia fundamental que procuramos explicitar com os dados é de que parece
haver mudança do padrão de lucro e das receitas de acordo com as características dos
clientes do programa.
O lucro dos clientes em geral teve um aumento significativo de patamar em
média do ano 1 para o ano 2 (passa de R$1617,43 para R$2074,17, aumento de
28,24%). Em relação à receita média dos clientes, esta cresceu 26% nesse período,
passando de R$2091,33 para R$2635,49. Inicialmente, isso mostra um potencial de
geração de renda para os clientes do programa, assim como sua efetividade e capacidade
de expansão.
Gênero
Ao contrário do CrediAmigo, que segue nos moldes do Grammen Bank e tem
como uma das premissas o foco nas mulheres (66% dos clientes são do sexo feminino),
os clientes do Agroamigo são predominantemente do sexo masculino, mesmo que a
diferença seja pequena (52% dos clientes são homens contra 48% de mulheres) e
estejamos exatamente em linha com a população rural nordestina. No universo de conta
próprias e empregadores rurais a divisão dos secos é ainda mais masculina (79.9% dos
microempresários rurais são homens contra 20,1% de mulheres). Ou seja o programa
tem na verdade uma proporção de mulheres 180% maior que a observada no mundo
masculino microempresarial do campo.
Algumas diferenças de gênero dos clientes ficam claras ao olhar para o lucro e
para a receita de cada sexo nos anos 1 e 2. Apesar de os níveis de lucro de cada sexo
serem parecidos, há um maior crecimento do lucro dos homens, que no ano 2 passa a
superar o das mulheres (R$1606 para eles x R$1629,8 para elas no ano 1 e R$2107,65
para eles x R$2037,96 para elas no ano 2). O montante do lucro dos homens cresceu
31,24% do ano 1 para o ano 2, enquanto o das mulheres cresceu 25,04% no mesmo
período. Apesar da diferença de lucro favorável aos homens, os lucros dos dois gêneros
tiveram expressivo crescimento. Ao observar o nível e a variação das receitas brutas
nominais dos clientes no ano 1 e ano 2, assim como em relação ao lucro temos
indicadores favoráveis ao sexo masculino. Apesar de partirem de um nível de receitas
menor do que o das mulheres (R$2069,87 para eles contra 2114,43 para elas), a
100
variação da receita entre os dois momentos foi maior para os homens (28,58% contra
23,31%), fazendo com que no segundo momento a receita deles superasse a delas
(R$2661,47 contra R$2607,36). Sabemos da importância do papel do sexo feminino
para a saída da pobreza de sua família, já que segundo a literatura econômica, as
mulheres socializam mais seus ganhos dentro do domicílio, ajudando mais os filhos, por
exemplo. Nessa linha, faz-se necessário entender porque a receita e o lucro das
mulheres cresceram menos em comparação aos homens.
Região Geográfica
A maior concentração de clientes da amostra do Agroamigo se dá no estado da
Bahia, que é o maior estado nordestino com 28,8% dos microempresários do campo e
abrigaria 17,17% da clientela do programa. Após a Bahia, os estados com maior
concentração de clientes é Pernambuco (11,82%) e Minas Gerais (11,47%). Os estados
com a menor porcentagem de clientes são Rio Grande do Norte (7,15%) e Sergipe
(7,44%).
Os maiores lucros no momento final de análise, por sua vez, são encontrados no
estado do Maranhão (R$2627,31), seguido por Alagoas (R$2259,6) e Bahia
(R$2155,09). O Maranhão também apresentou o maior aumento de lucro entre os dois
momentos de análise, passando de R$1494,62 para R$2627,31 (variação de 76%). Após
o Maranhão, as maiores variações de lucro ocorreram nos estados da Bahia (45%) e
Pernambuco (40%). Os menores lucros são encontrados no Ceará (R$1806) e na Paraíba
(R$1867,45), enquanto as menores variações ocorreram no Sergipe (apenas 2%),
Paraíba (8%) e Piauí (9%).
101
Mapa da Porcentagem de Clientes do Agroamigo
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados do Programa Agroamigo/BNB
Mapa do Lucro Médio dos Clientes do Agroamigo
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados do Programa Agroamigo/BNB
% C l i e n t e s A g r o a m i g o0 - 0 . 0 10 . 0 1 - 0 . 0 50 . 0 5 - 0 . 10 . 1 - 0 . 20 . 2 - 0 . 3 5N o D a t a
L u c r o A n o 2 A g r o a m i g o1 4 0 0 - 1 5 2 01 5 2 0 - 1 6 4 01 6 4 0 - 1 9 0 01 9 0 0 - 2 4 0 02 4 0 0 - 3 7 4 0N o D a t a
102
Estado Civil
Passando à importância do estado civil na composição dos clientes e removendo
a parcela de ‘ignorados’ na amostra, temos que 53,9% dos clientes do programa são
casados e 30,22% são solteiros. No âmbito de redução da pobreza familiar, um cliente
que é casado tende a compartilhar seus ganhos com o resto da população (i.e sua
família), gerando um aumento de bem estar maior do que em relação aos ganhos de uma
pessoa solteira. Para o lucro, os casados teriam, inicialmente, “valor” superior aos
solteiros, tendo em vista que o risco de default é menor por causa do maior número de
pessoas na família disponíveis para compor a renda e pagar empréstimos. Essa
interpretação seria impulsionada se a receita dos casados for maior que dos solteiros.
Por outro lado, o casamento pode ensejar maior razão de dependência fruto da presença
de filhos menores.
Olhando para o lucro dos clientes, tanto no ano 1 como no ano 2 o valor do lucro
dos casados é bem próximo do referente aos solteiros (R$1640,88 para os casados x
R$1580,38 para os solteiros no ano 1 e R$2043,31 para os casados e R$2149,85 para os
solteiros no ano 2). Apesar de os valores serem parecidos em nível, percebemos que o
lucro dos solteiros crece mais do que o dos casados, ultrapassando-o em nível no ano 2
e revertendo a situação inicial. O lucro dos solteiros cresceu 36% no período contra
24,53% de crescimento dos casados. Ao olharmos para a evolução da receita dos
clientes de acordo com seu estado civil, temos novamente resultados favoráveis aos
solteiros, o que de certa forma explica o maior crescimento do lucro desse grupo no
período em questão; os solteiros tiveram um crescimento de suas receitas nominais de
32,65% contra 23,14% dos casados.
Escolaridade
O programa tem como objetivo atuar nos segmentos mais excluídos da
sociedade rural, e esse propósito é bem representando pela educação média dos seus
clientes. Excluindo os ignorados da amostra, temos que 27,97% dos clientes são
alfabetizados porém sem grau de escolaridade e 54,95% tem o ensino fundamental
incompleto, totalizando 82,92% de clientes com pelo menos o fundamental incompleto.
Apesar de tradicionalmente a educação ser um fator diferencial no nível de renda das
103
pessoas, percebemos de acordo com os dados do programa que, em termos de lucro e
receitas, esse não é um fator preponderante tanto em nível nos dois anos quanto na
variação entre um ano e outro.
Uso da Terra
O debate sobre o uso e posse da terra já rendeu debates políticos acalorados além
de intensas manifestações de organizações sociais. Dado o caráter micro do Agroamigo
e o histórico dos pequenos proprietários rurais, não é surpresa a configuração de
propriedades rurais, como na tabela a seguir.
Condição de Uso/Posse da terra Pop Total Vertical
Arrendatário/Comodatário 11.957 16,27%
Meeiro 1.807 2,46%
Parceiro 9.512 12,94%
Posseiro 8.593 11,69%
Proprietário 35.832 48,75%
IGNORADO 5.808 7,9%
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados do Agroamigo/Banco do Nordeste
Temos que quase metade dos clientes do Agroamigo são proprietários de terra, o
que é bom para o maior êxito do programa, já que a posse da terra ajuda o
microempreendedor a exercer sua atividade e obter maiores rendimentos, dado que não
precisa pagar aluguel e não depende de outras pessoas para o cultivo próprio.
Dedicação na Atividade Microempreendedora
Em relação à dedicação na atividade microempreendedora dos clientes do banco,
contrariando o senso comum, temos que 55,32% dos clientes não exercem sua atividade
microempresarial como principal atividade na renda familiar, e sim como um
complemento para essa renda. De forma complementar, 44,68% dos clientes exercem a
atividade empreendedora como principal atividade na renda familiar, número abaixo do
que poderia se esperar. Lembrando que os ignorados na amostra foram excluídos para
calcularmos esses percentuais.
104
Análise de Impacto
Realizamos a seguir modelo controlado de equação de receitas, lucro, custo e
reembolso para isolar os efeitos temporais, de características chaves do programa e o
termo interativo no sentido de isolar os efeitos de diferença em diferença para tentar
captar influência dos programas por estes atributos ao longo do tempo, conforme as
notas explicativas abaixo:
Equação Minceriana A equação minceriana de salários serve de base a uma vasta literatura empírica
de economia do trabalho. O modelo salarial de Jacob Mincer (1974) é o arcabouço utilizado para estimar retornos da educação, entre outras variáveis determinantes da renda do trabalho. Mincer concebeu uma equação para rendimentos que seria dependente de fatores explicativos associados à escolaridade e à experiência, além de possivelmente outros atributos, como sexo, por exemplo.
Essa equação é a base da economia do trabalho em particular no que tange aos efeitos da educação. Sua estimação já motivou centenas de estudos, que tentam incorporar diferentes custos educacionais, como impostos, mensalidades, custos de oportunidades, material didático, assim como a incerteza e a expectativa dos agentes presentes nas decisões, o progresso tecnológico, não linearidades na escolaridade etc. Identificando os custos da educação e os rendimentos do trabalho, viabilizou o cálculo da taxa interna de retorno da educação, que é a taxa de desconto que equaliza o custo e o ganho esperado de se investir em educação –- a taxa de retorno da educação, que deve ser comparada com a taxa de juros de mercado para determinar a quantidade ótima de investimento em capital humano. A equação de Mincer também é usada para analisar a relação entre crescimento e nível de escolaridade de uma sociedade, além dos determinantes da desigualdade.
O modelo econométrico de regressão típico decorrente da equação minceriana é: ln w = β0 + β1 educ + β2 exp + β3 exp² + γ′ x + є
onde w é o rendimento do trabalho recebido pelo indivíduo; educ é a sua escolaridade, geralmente medida por anos de estudo; exp é sua experiência, geralmente aproximada pelo idade do indivíduo; x é um vetor de características observáveis do indivíduo, como raça, gênero, região;
e є é um erro estocástico.
Este é um modelo de regressão no formato log-nível, isto é, a variável dependente – o salário – está em formato logaritmo e a variável independente mais relevante - a escolaridade – está em nível. Portanto, o coeficiente β1 mede quanto um ano a mais de escolaridade causa de variação proporcional no salário do indivíduo. Por exemplo, se β1 é estimado em 0,18, isso quer dizer que cada ano a mais de estudo está relacionado, em média, com um aumento de rendimento de 18%. Matematicamente, tem-se que: Derivando, encontramos que ( ∂ ln w / ∂ educ ) = β1 Por outro lado, pela regra da cadeia, tem-se que:
(∂ ln w / ∂ educ) = (∂ w / ∂ educ) (1 / w) = (∂ w / ∂ educ) / w) Logo, β1 = (∂ w / ∂ educ) / w, correspondendo, portanto, à variação percentual do salário decorrente de cada acréscimo unitário de ano de estudo.
105
Equação de Lucro
Apresentamos abaixo um modelo de lucro com as principais variáveis do banco
de dados, com exceção da educação que apresenta alguns problemas de mensuração.
Equação do Log Lucro
The SURVEYREG Procedure Regression Analysis for Dependent Variable LNreceita
Class Level Information
Class Variable Label Levels Values
SEX SEXO 3 HOMEM IGNORADO zMULHER
ACESSO Acesso Assintencia Tecnica
3 IGNORADO Sim zNão
CIVIL Estado Civil 7 Casado(a) Divorciado IGNORADO Separado/Divorciado(a) Solteiro(a) União Estável Viúvo(a)
Superintend Superintendencia 10 AL BA CE MA MG PB PE PI RN SE
CONDICAO Condicao Uso Posse Terra 6 Arrendatário/Comodatário IGNORADO Meeiro Parceiro Posseiro zProprietário
Organizacao Pertence Organizacao Social
3 IGNORADO Sim zNão
Dedicacao Dedicacao Atividade 3 Atividade Pric. na renda Familiar IGNORADO zAtividade Complementar na renda Familiar
anon 2 a2 za1
Tests of Model Effects
Effect Num DF F Value Pr > F
Model 29 330.47 <.0001
Intercept 1 161760 <.0001
SEX 2 5.54 0.0039
ACESSO 2 912.78 <.0001
CIVIL 6 12.18 <.0001
Superintend 9 221.16 <.0001
Data Summary
Number of Observations 122411
Mean of LNlucro 7.61741
Sum of LNlucro 932454.9
106
Tests of Model Effects
Effect Num DF F Value Pr > F
CONDICAO 5 25.14 <.0001
Organizacao 2 163.84 <.0001
Dedicacao 2 166.74 <.0001
anon 1 4396.20 <.0001
Note: The denominator degrees of freedom for the F tests is 122410.
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard
Error t Value Pr > |t|
Intercept 7.7020731 0.00981615 784.63 <.0001
SEX HOMEM 0.0075273 0.00231818 3.25 0.0012
SEX IGNORADO -0.0358539 0.05419006 -0.66 0.5082
SEX zMULHER 0.0000000 0.00000000 . .
ACESSO IGNORADO -0.0944490 0.01003031 -9.42 <.0001
ACESSO Sim -0.1560612 0.00365767 -42.67 <.0001
ACESSO zNão 0.0000000 0.00000000 . .
CIVIL Casado(a) 0.0123247 0.00836600 1.47 0.1407
CIVIL Divorciado -0.0328344 0.03426466 -0.96 0.3379
CIVIL IGNORADO 0.0042030 0.00973950 0.43 0.6661
CIVIL Separado/Divorciado(a) -0.0068396 0.01258763 -0.54 0.5869
CIVIL Solteiro(a) 0.0326105 0.00856321 3.81 0.0001
CIVIL União Estável 0.0184333 0.00900644 2.05 0.0407
CIVIL Viúvo(a) 0.0000000 0.00000000 . .
Superintend AL 0.0439021 0.00492642 8.91 <.0001
Superintend BA -0.0447152 0.00499399 -8.95 <.0001
Superintend CE -0.1060016 0.00546772 -19.39 <.0001
Superintend MA 0.1068766 0.00638092 16.75 <.0001
Superintend MG -0.0620464 0.00512982 -12.10 <.0001
Superintend PB -0.0549866 0.00516388 -10.65 <.0001
Superintend PE -0.0029127 0.00509169 -0.57 0.5673
Superintend PI -0.0272009 0.00525779 -5.17 <.0001
107
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard
Error t Value Pr > |t|
Superintend RN 0.0180629 0.00555611 3.25 0.0012
Superintend SE 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO Arrendatário/Comodatário -0.0194931 0.00337308 -5.78 <.0001
CONDICAO IGNORADO 0.0219497 0.00503230 4.36 <.0001
CONDICAO Meeiro -0.0387097 0.00709935 -5.45 <.0001
CONDICAO Parceiro 0.0055757 0.00341310 1.63 0.1023
CONDICAO Posseiro 0.0188813 0.00437069 4.32 <.0001
CONDICAO zProprietário 0.0000000 0.00000000 . .
Organizacao IGNORADO 0.0091485 0.00292412 3.13 0.0018
Organizacao Sim -0.0407755 0.00289628 -14.08 <.0001
Organizacao zNão 0.0000000 0.00000000 . .
Dedicacao Atividade Pric. na renda Familiar
-0.0406197 0.00248898 -16.32 <.0001
Dedicacao IGNORADO 0.0300157 0.00598160 5.02 <.0001
Dedicacao zAtividade Complementar na renda Familiar
0.0000000 0.00000000 . .
anon a2 0.1533809 0.00231330 66.30 <.0001
anon za1 0.0000000 0.00000000 . .
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados do Agroamigo / Banco do Nordeste
Começamos com a análise de um modelo mais simples de lucro. Homens
apresentam lucros maiores do que as mulheres, porém, apesar de significativa, a
diferença é de menos de 1% a favor deles. Estado civil não apresenta impactos
significativos diferenciados a não ser no caso dos solteiros, onde o lucro é 3,26% maior.
Acesso à assistência técnica não apresenta correlação significativa com o lucro.
No caso, quem teve acesso teve uma tendência de apresentar lucros 15% menores do
que quem não teve acesso. A participação em organizações sociais apresenta correlação
negativa com o lucro, que é 4% menor em relação aos não filiados. Entretanto, estes
efeitos podem se dever a própria atuação do programa, focada nos mais pobres. É
preciso captar a evolução temporal do lucro interagindo com estas variáveis.
108
No que tange a dimensão espacial, tomando Sergipe como base, o maior lucro é
observado no Maranhão (10,68% maior que Sergipe), seguido de Alagoas (4,4% maior
que Sergipe) e Rio Grande do Norte (1,8% maior que Sergipe). Todos os outros estados
apresentam lucro controlado menor que Sergipe. Os menores são encontrados no Ceará
(10,6% menores que Sergipe), na região semiárida de Minas Gerais (6,2% menores que
Sergipe), que é área de atuação do Agroamigo, Paraíba (5,5% menores que Sergipe) e
Bahia (4,47% menores que Sergipe).
O tipo de uso da terra apresenta correlação clara com o nível de lucro:
assumindo o proprietário como base, o lucro é 3,8% menor para o meeiro e 1,8% maior
para o posseiro. A dedicação exclusiva à atividade principal, em geral agrícola, funciona
como redutor do lucro observado, que é 4% menor do que aqueles que exercem a
atividade como complementar. Isso pode estar refletindo a importância da
diversificação de atividades agropecuárias. Esta variável será fundamental para o
desenho da estratégia de orientação do crédito produtivo.
Finalmente, o lucro teve um ganho nominal de 15,33% no segundo ano em
relação ao primeiro, mostrando um impacto positivo do programa. A análise interativa
será de fundamental importância para entender o impacto relativo de cada variável na
evolução do lucro ao longo do tempo.
Análise de Diferença em Diferença
Exemplo de metodologia aplicada a dois períodos distintos Em economia, muitas pesquisas são feitas analisando os chamados experimentos. Para
analisar um experimento natural sempre é preciso ter um grupo de controle, isto é, um grupo que não foi afetado pela mudança, e um grupo de tratamento, que foi afetado pelo evento, ambos com características semelhantes. Para estudar as diferenças entre os dois grupos são necessários dados de antes e de depois do evento para os dois grupos. Assim, a amostra está dividida em quatro grupos: o grupo de controle de antes da mudança, o grupo de controle de depois da mudança, o grupo de tratamento de antes da mudança e o grupo de tratamento de depois da mudança.
A diferença entre a diferença verificada entre os dois períodos, entre cada um dos grupos é a diferença em diferença, representada com a seguinte equação:
g3 = (y2,b – y2,a) – (y1,b – y1,a) Onde cada Y representa a média da variável estudada para cada ano e grupo, com o
número subscrito representando o período da amostra (1 para antes da mudança e 2 para depois da mudança) e a letra representando o grupo ao qual o dado pertence (A para o grupo de controle e B para o grupo de tratamento). E g3 é a estimativa a partir da diferença em diferença. Uma vez obtido o g3, determina-se o impacto do experimento natural sobre a variável que se quer explicar.
109
Os modelos completos estão apresentados no apêndice técnico antecedidos por
algumas estimativas bivariadas, com médias e coeficientes de variação destas
estimativas. Realizamos um exercício de diferenças em diferenças sobre a equação de
lucro conforme as notas anteriores, de forma a isolar de mudanças sócio-demográficas e
operacionais o impacto das variáveis de interesse, tempo e o termo interativo delas (o
estimador de diferença em diferença).
Lucro
Gênero – Apesar os homens possuírem lucros controlados menores do que o das
mulheres como foi mostrado no modelo acima, eles apresentam ganho temporal de
lucro 2,81% maior que o das mulheres.
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard Error t Value Pr > |t|
SEX*anon HOMEM a2 0.0281219 0.00461821 6.09 <.0001
SEX*anon HOMEM za1 0.0000000 0.00000000 . .
SEX*anon zMULHER a2 0.0000000 0.00000000 . .
SEX*anon zMULHER za1 0.0000000 0.00000000 . .
Dedicação exclusiva – Atividades produtivas especializadas, apesar de
apresentarem lucros controlados menores, apresentam aumento relativo de 1% vis a vis
àquelas diversificadas.
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard Error t Value Pr > |t|
Dedicacao*anon Atividade Pric. na renda Familiar a2
0.0109282 0.00476138 2.30 0.0217
Dedicacao*anon Atividade Pric. na renda Familiar za1
0.0000000 0.00000000 . .
Dedicacao*anon zAtividade Complementar na renda Familiar a2
0.0000000 0.00000000 . .
Dedicacao*anon zAtividade Complementar na renda Familiar za1
0.0000000 0.00000000 . .
110
Organização social – Apesar de menor lucro controlado, o ganho de lucro ao
longo do tempo proporcionado pela participação em organização social é 2% maior em
relação a alguém que não participa.
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard Error t Value Pr > |t|
Organizacao*anon Sim a2 0.0279406 0.00568569 4.91 <.0001
Organizacao*anon Sim za1 0.0000000 0.00000000 . .
Organizacao*anon zNão a2 0.0000000 0.00000000 . .
Organizacao*anon zNão za1 0.0000000 0.00000000 . .
Uso da Terra – o comportamento do lucro ao longo do tempo mostra que,
enquanto os meeiros tiveram variação 5,1% menor em relação a um proprietário, os
posseiros apresentaram variação 8,2% maior. Cabe ressaltar que a variação de lucro dos
parceiros não é significante estatisticamente (p value 0,4218).
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard Error t Value Pr > |t|
CONDICAO*anon Meeiro a2 -0.0513682 0.01322745 -3.88 0.0001
CONDICAO*anon Meeiro za1 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO*anon Parceiro a2 0.0051270 0.00638194 0.80 0.4218
CONDICAO*anon Parceiro za1 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO*anon Posseiro a2 0.0822128 0.00830815 9.90 <.0001
CONDICAO*anon Posseiro za1 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO*anon zProprietário a2 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO*anon zProprietário za1 0.0000000 0.00000000 . .
Receitas
Discutimos agora os modelos relativos à receita operacional
Gênero – Homens apresentam ganho temporal de receita operacional 2,36%
maior que o das mulheres.
111
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard Error t Value Pr > |t|
SEX*anon HOMEM a2 0.0236252 0.00453743 5.21 <.0001
SEX*anon HOMEM za1 0.0000000 0.00000000 . .
SEX*anon zMULHER a2 0.0000000 0.00000000 . .
SEX*anon zMULHER za1 0.0000000 0.00000000 . .
Dedicação exclusiva – Atividades monolíticas apresentam aumento temporal
das receitas 1,28% maior do que atividades diversificadas.
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard Error t Value Pr > |t|
Dedicacao*anon Atividade Pric. na renda Familiar a2
0.0128752 0.00465331 2.77 0.0057
Dedicacao*anon Atividade Pric. na renda Familiar za1
0.0000000 0.00000000 . .
Dedicacao*anon zAtividade Complementar na renda Familiar a2
0.0000000 0.00000000 . .
Dedicacao*anon zAtividade Complementar na renda Familiar za1
0.0000000 0.00000000 . .
Organização social – o ganho de receita operacional ao longo do tempo
proporcionado pela participação em organização social é aproximadamente 2,4% maior
do que o ganho de quem não participa em nenhuma organização.
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard Error t Value Pr > |t|
Organizacao*anon Sim a2 0.0239952 0.00552575 4.34 <.0001
Organizacao*anon Sim za1 0.0000000 0.00000000 . .
Organizacao*anon zNão a2 0.0000000 0.00000000 . .
Organizacao*anon zNão za1 0.0000000 0.00000000 . .
Uso da Terra – o comportamento da receita operacional ao longo do tempo
mostra que, enquanto meeiros apresentaram uma variação 2,7% menor do que
112
proprietários, parceiros (1,95% maior) e posseiros (9,31% maior) superaram os
proprietários em termo de crescimento das receitas.
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard Error t Value Pr > |t|
CONDICAO*anon Meeiro a2 -0.0271923 0.01475981 -1.84 0.0654
CONDICAO*anon Meeiro za1 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO*anon Parceiro a2 0.0195303 0.00630133 3.10 0.0019
CONDICAO*anon Parceiro za1 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO*anon Posseiro a2 0.0931246 0.00844221 11.03 <.0001
CONDICAO*anon Posseiro za1 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO*anon zProprietário a2 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO*anon zProprietário za1 0.0000000 0.00000000 . .
113
Determinantes de Atrasos Creditícios e Desempenho dos Clientes do Agroamigo
(Base Nova)
Visão Geral
As duas amostras de clientes do programa Agroamigo disponíveis para análise
foram divididas de acordo com o questionário aplicado. A primeira, mais antiga, contém
informações sobre o universo de 65 mil clientes, englobando receitas e lucros em dois
momentos distintos, o que nos permitiu ver qual o comportamento dessas variáveis
segundo diferentes atributos socioeconômicos. A segunda base de dados, mais recente,
conta com mais variáveis além das aplicadas no questionário antigo, apesar do menor
número de clientes: constam informações de “apenas” 7.867 clientes. Daremos
prosseguimento à análise de dados do programa, mas utilizando essa população menor.
Perde-se em quantidade de pessoas, mas se ganha em novidade informacional, pois
podemos olhar para infraestrutura, acesso a mercados, bancarização e acesso a
instrumentos financeiros, recebimento de Bolsa Família, entre outros.
Nesta nota avaliamos os principais determinantes do atraso de pagamentos dos
clientes.
Determinantes de Atrasos Creditícios
Modelos de Escolha de Variáveis Explicativas sobre Atraso do Agroamigo
Apresentamos inicialmente nesta subseção uma discussão sobre uma série de
modelos de estimação dos determinantes da inadimplência dos Clientes do Agroamigo
usando a riqueza de variáveis da base nova.
114
Análise Multivariada - metodologia A análise bivariada capta o papel exercido por cada atributo tomado isoladamente
na demanda por seguro. Isto é, desconsideramos possíveis e prováveis inter-relações das "variáveis explicativas". Exemplificando: no cálculo de seguros por estados da federação desconsideramos o fato de que São Paulo é um lugar mais rico que a maioria, portanto deveriam ter mais acesso a seguro. A análise multivariada empreendida mais à frente procura dar conta dessas inter-relações através de regressões de diversas variáveis explicativas tomadas conjuntamente.
Visando proporcionar um experimento melhor controlado que a análise bivariada, o objetivo é captar o padrão de correlações parciais entre as variáveis de interesse e as variáveis explicativas. Por outras palavras, captamos as relações entre duas variáveis mantendo as demais variáveis constantes. Essa análise é bastante útil na identificação de demandas reprimidas ou potenciais no sentido em que comparamos, por exemplo, quais as chances de uma pessoa no Acre ter acesso a seguros, sendo ela igual em todas as características (incluindo renda) ao paulistano.
Faremos uma análise multivariada do acesso a diferentes modalidades de seguro
privado a partir de um modelo logístico cuja descrição é realizada a seguir:
115
REGRESSÃO LOGÍSTICA
O tipo de regressão utilizado nos simuladores, assim como para determinar as diferenças-em-diferenças, é o da regressão logística, método empregado para estudar variáveis dummy -- aquelas compostas apenas por duas opções de eventos, como “sim” ou “não”. Por exemplo:
Seja Y uma variável aleatória dummy definida como:
=seguro temnão pessoa a se 0
seguro tempessoa a se 1 Y
Onde cada iY tem distribuição de Bernoulli, cuja função de distribuição de probabilidade é dada
por:
y-1y p)-1(pp)|P(y =
Onde: y identifica o evento ocorrido e p é a probabilidade de sucesso de ocorrência do evento.
Como se trata de uma seqüência de eventos com distribuição de Bernoulli, a soma do número de sucessos ou fracassos neste experimento tem distribuição binomial de parâmetros n (número de observações) e p (probabilidade de sucesso). A função de distribuição de probabilidade da binomial é dada por:
y-1y p)-1(py
np)n,|P(y
=
A transformação logística pode ser interpretada como o logaritmo da razão de probabilidades sucesso versus fracasso, no qual a regressão logística nos dá uma idéia do risco de uma pessoa obter seguro, dado o efeito de algumas variáveis explicativas que serão introduzidas mais à frente.
A função de ligação deste modelo linear generalizado é dada pela seguinte equação:
∑=
=
=
K
0kikk
i
ii xβ
p-1
plogη
onde a probabilidade pi é dada por:
+
=
∑
∑
=
=K
0kikk
K
0kikk
i
xβexp1
xβexp
p
Modelos de Escolha de Variáveis
Começamos explorando a riqueza de informações da base da amostra de clientes
traçada do Agroamigo a partir de um modelo de seleção de variáveis de acordo com o
nível de significância estatística relacionada ao atraso do microcrédito. O exercício
funciona como parte do aprendizado sobre a base de dados, dada a miríade de
informações conhecidas. A fim de determinar quais delas teriam maior poder
116
explicativo e quais seriam mais relevantes, aplicamos um procedimento de escolha
seqüencial de variáveis que usa um modelo logístico binomial.
A lista de variáveis selecionadas para cada modelo (a partir de um teste F) é
fornecida a seguir, em ordem crescente de importância, numa lista auto-explicativa de
15 variáveis, sendo as demais variáveis eliminadas6 não reportadas na tabela:
Modelo STEPWISE de seleção das variáveis
Step Variable Label
1 TEC_EMPREGA_IRRIGACAO
2 Superintendencia
3 PERIODICIDADE_PARCELAS
4 INFRA_AGUA_CISTERNA
5 CONHECEU_PROG_ASSOC_COOPER
6 CONHECEU_PROG_ASSIST_TECNICA
7 Condicao Uso Posse Terra
8 BOLSA_FAMILIA
9 Acesso Assintencia Tecnica
10 TEC_EMPREGA_MINERALIZACAO
11 TEC_EMPREGA_VERMIFUGACAO
12 Estado Civil
13 INFRA_ESTRADA
14 FILHOS_ESTUDAM
15 TEC_EMPREGA_MECANIZACAO
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da base amostral do Agroamigo
6 Sexo; cor/raça; atraso em prestações de bens/serviços; religião; dificuldades de renda; problemas com violência; tem despesa com imóveis (a vista ou parcelado); capital
117
Razão de vantagens Às vezes temos interesse em conhecer a vantagem do sucesso de um grupo, mais especificamente em
como conseguiu crédito e, não, um outro grupo. Um exemplo para esse caso seria a seguinte questão: será
que a vantagem de uma pessoa da classe AB ter acesso a seguro é quanto maior que a de uma situada na
classe C? A razão de vantagens seria uma boa forma de medir isso.
A razão de vantagens é dada pela seguinte relação:
=
2
2
1
1
p-1
pp-1
p
θ
onde 1p e 2p são as probabilidades de sucesso dos grupos 1 e 2, respectivamente.
Assim, percebe-se que a razão de vantagens, ou razão condicional, difere da probabilidade.
Exemplificando-se novamente: se um cavalo tem 50% de probabilidade de vencer uma corrida, sua
razão condicional é de 1 em relação aos outros cavalos, isto é, sua chance de vencer é de um para um.
O conceito de razão condicional é de extrema importância para a compreensão deste trabalho, pois
nos indicará se a variável gerada por diferenças-em-diferenças aumentou ou diminuiu a chance de
sucesso em relação à variável estudada.
Modelo de Atraso de Crédito - Razões de Chances Estimadas
Effect Point
Estimate 95% Wald
Confidence Limits
ACESSO a Assistência Técnica Sim vs zNão 2.074 1.313 3.276
CIVIL Casado(a) vs Viúvo(a) 0.534 0.201 1.423
CIVIL IGNORADO vs Viúvo(a) 0.412 0.044 3.824
CIVIL Separado/Divorciado(a) vs Viúvo(a) 0.283 0.029 2.739
CIVIL Solteiro(a) vs Viúvo(a) 0.886 0.327 2.400
CIVIL União Estável vs Viúvo(a) 1.170 0.414 3.304
Superintend AL vs SE 0.162 0.019 1.359
Superintend BA vs SE 0.374 0.134 1.044
Superintend CE vs SE 0.375 0.120 1.171
Superintend MA vs SE 1.164 0.452 2.993
Superintend MG vs SE 4.858 2.117 11.148
Superintend PB vs SE 0.829 0.286 2.403
Superintend PE vs SE 0.692 0.252 1.896
Superintend PI vs SE 0.582 0.216 1.572
Superintend RN vs SE 0.178 0.036 0.891
CONDICAO Arrendatário/Comodatário vs zProprietário 1.626 0.997 2.654
118
Modelo de Atraso de Crédito - Razões de Chances Estimadas
Effect Point
Estimate 95% Wald
Confidence Limits
CONDICAO IGNORADO vs zProprietário 1.695 0.636 4.517
CONDICAO Meeiro vs zProprietário 1.166 0.262 5.186
CONDICAO Parceiro vs zProprietário 0.814 0.342 1.937
CONDICAO Posseiro vs zProprietário 2.665 1.585 4.481
FILHOS_ESTUDAM Sim vs zNão 1.519 1.038 2.225
INFRA_AGUA_CISTERNA Sim vs zNão 0.228 0.117 0.446
INFRA_ESTRADA Asfaltada vs Sem Pavimentação 2.099 1.220 3.612
INFRA_ESTRADA Cascalho vs Sem Pavimentação 1.049 0.684 1.610
INFRA_ESTRADA IGNORADO vs Sem Pavimentação 0.425 0.100 1.805
INFRA_ESTRADA NAO Possui vs Sem Pavimentação 1.633 0.693 3.849
BF SIM vs ZNAO 0.488 0.331 0.718
CONHECEU_PROG_ASSIST Sim vs zNão 2.271 1.470 3.507
CONHECEU_PROG_ASSOC_ Sim vs zNão 0.293 0.158 0.544
PERIODICIDADE_PARCEL Bimestral vs Única 17.083 1.315 221.969
PERIODICIDADE_PARCEL IGNORADO vs Única 1.153 0.148 8.970
PERIODICIDADE_PARCEL Quadrimestral vs Única <0.001 <0.001 >999.999
PERIODICIDADE_PARCEL Semestral vs Única 5.192 1.205 22.375
PERIODICIDADE_PARCEL Trimestral vs Única 28.718 5.403 152.645
PERIODICIDADE_PARCEL zAnual vs Única 3.410 0.793 14.658
TEC_EMPREGA_MECANIZA Sim vs zNão 1.853 1.042 3.294
TEC_EMPREGA_IRRIGACA Sim vs zNão 5.054 2.604 9.809
TEC_EMPREGA_VERMIFUG Sim vs zNão 2.592 1.609 4.177
TEC_EMPREGA_MINERALI Sim vs zNão 0.181 0.081 0.404
Inicialmente, cabe notar a maior importância relativa de variáveis ligadas a
oferta de água do que variáveis econômicas ligadas a estrutura do contrato de crédito ou
da unidade produtiva, ou ainda sócio-demográficas, na explicação da inadimplência.
Isto pode ser uma característica específica do período recente de marcada seca, quando
a base nova foi coletada. Vale a pena ressaltar que a variável uso de técnicas de
irrigação foi a primeira a entrar no modelo de inadimplência, com impacto de chances
520% maiores para quem usa essas técnicas, o que indica a sensibilidade da unidade
produtiva à precipitação pluviométrica. A existência de cisterna entra em 4º lugar na
lista de variáveis que reduzem a inadimplência, onde as chances são 77,2% menores do
119
que aqueles que não têm. Usando o nosso simulador de probabilidades de atraso, ceteris
paribus, unidades que utilizam a irrigação mas não tem infraestrutura de cisterna tem
efeitos sobre a taxa de atraso de 17,8% contra 6,3% daqueles menos expostos às
flutuações hídricas. Este resultado denota a situação crucial da água no sertão
nordestino durante o período de seca em questão.
A segunda variável em poder explicativo é a Unidade da Federação, onde se
destaca a categoria Minas Gerais com chances de atraso 490% maiores que a base
Sergipe. A seguir na lista de poder explicativo vem a estrutura de pagamentos do
contrato de crédito, captado pela periodicidade das parcelas. A probabilidade de atrasos
em sistemas de pagamentos mais frequentes como bimestral ou trimestral está entre
1700% e 2800% maiores que no caso da parcela única.
Somente a seguir, nas 5ª e 6ª posições, vêm duas variáveis relacionadas a como
o cliente conheceu o programa, ou seja, se foi através de assistência técnica, que
aumenta a taxa de inadimplencia em 227%, ou através de programa de cooperativas,
onde a taxa era 70,7% menor. A condição de uso da terra aparece em 7º lugar,
mostrando que a categoria posseiro aumenta em 267% a chance de inadimplência vis a
vis a de proprietário. Finalmente, o acesso a Bolsa Família aparece em 8º lugar,
reduzindo as chances de inadimplencia em 51% em relação aos que não dispõe de
acesso ao programa. Entre as variáveis sócio-demográficas incluidas estão o estado
civil, com chances maiores de inadimplência para união estável e se os filhos estudam.
É importante citar as variáveis testadas que não foram incluidas no modelo por
falta de significância, tais como o regime de dedicação da atividade econômica,
migração de retorno, acesso a benefícios do INSS ou ao programa saúde da família,
diversos instrumentos ligados à bancarização da unidade familiar (conta corrente,
poupança, cartão de crédito, infraestrutura domiciliar como computador, internet,
geldeira e acesso a energia) e outras variáveis de técnicas usadas (vermifugação,
sementes melhoradas e mineralização).
120
Determinantes da Evolução do Lucro Operacional
Análise Bivariada
O lucro real dos clientes teve um aumento de R$2360,52 no ano 1 para
R$2741,48 no ano 2, mostrando um potencial de crescimento do programa e na
efetividade para os clientes.
Número (e educação) de Filhos
Ao analisar os clientes do Programa através de seu número de filhos, vemos uma
concentração maior nas pessoas que têm entre um filho e cinco filhos. Esse grupo
representa 88,67% dos beneficiados pelo programa. O líder do grupo são os clientes
com dois filhos, com 28,24% de participação, seguido pelas pessoas com apenas um
filho, 23,25%. Ou seja, só esses dois grupos já descrevem metade dos clientes. Esse fato
ocorre provavelmente por este número de filhos estar mais perto da média de filhos do
brasileiro/taxa de fecundidade brasileira. Clientes sem filhos são uma pequena parcela,
junto com pessoas que têm seis filhos ou mais.
Em relação ao montante de lucro, praticamente todos os grupos apresentaram
taxas de crescimento positivas. No grupo citado acima, de clientes com 1 a 5 filhos, a
renda média cresceu de R$2380,75 para R$2652,75, ou seja, uma taxa de crescimento
de 11,5% entre os anos 1 e 2. Dentro dele, o líder da categoria com o maior ganho são
as pessoas com quatro filhos, com R$3004,41, e o menor lucro entre eles é relacionado
ao grupo que tem maior frequência, dois filhos, lucrando R$2613,53. Para o grupo com
6 a 10 filhos, o aumento do lucro foi ainda maior. Apesar da frequência desse grupo no
programa ser bem mais baixa, em torno de 1,6%, o aumento do lucro em média foi de
11,5%, de R$2296,9 para R$2658,74.
Olhando para a educação dos filhos, temos do banco de dados a variável “Filhos
Estudam?”, pela qual vemos que quase metade (45,86%) dos clientes não tem filhos na
escola, podendo estar trabalhando para ajudar na renda da família ou com os próprios
pais. O dado é relevante porque os empreendimentos inscritos no Agroamigo são
familiares e, portanto, o número de filhos e a distribuição de tarefas entre eles (estudar
ou trabalhar) estão relacionados ao tamanho da produção e produtividade do
121
estabelecimento rural, pois os retornos do investimento em educação são vistos em
prazo mais longo, enquanto o retorno do trabalho é quantificado na produção do
período. Assim, no ano 1, o lucro era maior para os que tinham filhos estudando, mas
numa diferença pequena, de apenas R$23. Porém, no ano 2, vemos uma inversão e o
lucro obtido pelos clientes que não têm filhos estudando subiu em 21,7%, de R$2347,65
para R$2857,76, enquanto no outro caso o aumento foi de apenas 11%, ficando em
R$2641,31 no ano 2.
Infra-Estrutura
O programa tem como um dos seus objetivos atingir os produtores pobres nas
regiões menos beneficiadas da área rural nordestina, onde a seca é um problema crônico
e alcançou um marco histórico em 2012 ao vitimar também algumas capitais e centros
urbanos. Por causa da infraestrutura precária – 30,21% dos novos clientes possuíam
abastecimento público, enquanto o restante se dividia em cisterna (24,55%), poço
(28,49%) ou açude (16,12%) – os impactos da seca na produção e na vida dos
nordestinos são cada vez piores. Saneamento, apesar de ser um serviço básico, é
deficiente no Brasil7 e, principalmente, entre os clientes: 65,59% vivem com fossa e
20,87% não possuem nenhum tipo de saneamento; esgoto é um privilégio de poucos,
apenas 5,5% dos clientes têm acesso.
Energia deixou de ser um problema tão essencial, uma vez que houve grande
investimento do governo federal com o programa “Luz para todos”, voltado para
atender a demanda da área rural, principalmente no Nordeste: 96% dos clientes do
programa têm acesso à energia elétrica. A infraestrutura de transportes brasileira é um
dos gargalos produtivos da economia, aumentando os custos e minando a expansão
potencial dos mercados. Tradicionalmente, pequenos produtores comercializam seus
produtos localmente – 95% dos clientes aqui representados atuam localmente, sendo
que 60,85% o fazem de forma direta e 22,41% de forma individual. Ainda que o
comércio seja local, não se justifica que 38,57% das estradas não tenham pavimentação
e outros 40,64% sejam de cascalho, pois 63,19% dos produtores reportam demanda
elevada com concorrência local e outros 27,69% tem demanda regular também com
7 O Centro de Políticas Sociais, em parceria com o Instituto Trata Brasil, realizou uma série de estudos
sobre os impactos socioeconômicos da (falta de) infraestrutura sanitária brasileira. Para mais informações, http://cps.fgv.br/desenvolvimento-humano/saude
122
concorrência local. Dado essas condições todas, é de se esperar que o acesso à internet
seja muito baixo; traduzindo em números, 99% dos clientes não estão conectados ao
mundo virtual.
Analisando o montante lucrado pelos clientes, talvez infraestrutura não seja tão
relevante para o sucesso dos negócios/empreendimentos, especialmente pelo caráter
local do comércio e pelo fato da maioria estar sob condições “iguais”, isto é, a parcela
dos produtores que se encontram em melhores condições estruturais é pequena para
apresentar destaque em relação aos demais. Os clientes que possuem esgoto têm o lucro
menor do que os que utilizam fossa ou não possuem nenhum saneamento (R$2440,94
versus R$2620,67 para os que têm acesso a fossa e R$2639,96 para os que não têm
acesso a nada). Além disso, o primeiro foi o que teve menor taxa de crescimento do
lucro, 1,1%, enquanto os demais apresentaram taxas de 11,6% e 15,4%,
respectivamente.
Esse padrão se repete para as quase todos os atributos. Os clientes com acesso às
estradas asfaltadas tiveram um aumento de 5,3% do lucro, enquanto os que estão em
lugares com infraestrutura pior tiveram taxas de crescimento maiores que o dobro dos
primeiros. Em relação à energia e a água, o ganho é quase o mesmo para todos, em
torno de R$2600, porém com uma vantagem maior para os que não têm acesso a energia
e, no caso da água, para os que têm cisterna. Em transporte, os que não se encaixam na
categoria “asfaltada” tiveram os maiores crescimentos de lucro. E, finalmente, para
quem tem serviço de internet, o lucro foi maior para os que não têm (R$2624,13 contra
R$2616,70). Além disso, a renda dos que não estão conectados cresceu mais, 12,1%,
enquanto dos outros cresceu apenas 6,8%. A tabela abaixo mostra todos os lucros
obtidos para os diferentes serviços e instalações utilizados pelos clientes.
Infraestrututa Condição Lucro Ano 1 Lucro Ano 2
Energia Não possui R$2284,32 R$2619,69
Possui R$2336,04 R$2616,66
Agua Cisterna Não possui R$2337,71 R$2606,28
Possui R$2322,23 R$2649,31
Estrada
Asfaltada R$2387,09 R$2513,89
Cascalho R$2324,96 R$2621,55
Nao possui R$2310,18 R$2605,48
Sem pavimentação R$2333,39 R$2666,59
Internet Com acesso R$2332,72 R$2616,70
Sem acesso R$2455,03 R$2624,13
123
Em suma, os que vivem e trabalham nas piores condições tiveram os lucros
maiores. Todos esses serviços têm custos e o lucro é medido pela diferença entre receita
e custos. Esses serviços impactam nos custos dos clientes também, diminuindo o lucro.
A análise está sendo feita em termos monetários, ou seja, estes custos menores devido a
condições mais frágeis podem trazer aumento da renda futura e uma mudança de
patamar de vida.
Saúde
Outro fator que também pode afetar o desempenho empresarial dos clientes é a
saúde. Teorias de desenvolvimento apontam como problemas relacionados à saúde
podem afetar a oferta de trabalho, ou seja, o trabalhador fica incapacitado de exercer um
serviço. Nesse ponto, políticas públicas focadas para essa área podem ter impacto no
progresso do cliente e, consequentemente, na receita obtida.
A maior parte dos clientes não tem acesso a um sistema de saúde, entende-se
como hospital na região ou apenas um posto de saúde. Apenas 14,05% dos clientes têm
acesso a hospital regional, e o acesso melhora um pouco para posto de saúde, subindo
para 36,18%. Seguindo a teoria, os que possuem hospital nas redondezas tiveram um
aumento maior do lucro entre os anos 1 e 2, de R$2284,20 para R$2712,24,
correspondente a 18,7% de crescimento. Já os que não possuem assistência hospitalar,
viram o seu lucro aumentar numa taxa menor, de 11,1%, aumentando o lucro de
R$2340,92 para R$2601,56.
Em respeito ao posto de saúde, não se viu o mesmo fato. O lucro dos que não
tem posto de saúde da região subiu mais do que os que acessam esse serviço, 13,2%
versus 10,2%, com o primeiro grupo apresentando lucro de R$2637,06 e o segundo
ficando com o menor lucro da categoria saúde, com R$2560,83.
Uma última análise refere-se ao agente de saúde, que são profissionais de saúde
no nível técnico, ou seja, não são médicos, e atendem em unidades básicas de saúde ou
na casa dos próprios pacientes. Eles têm um impacto importante na comunidade, dado
que têm um foco especial em atender as famílias e vivenciar o cotidiano da comunidade.
Os agentes de saúde estão presentes em diversos municípios, principalmente por causa
124
do PACS (Programa de Agentes Comunitários de Saúde), que criou a função de agente
de saúde, buscando melhorar a capacidade da população de cuidar da sua saúde.
Isso faz com que a taxas de clientes que têm acesso a eles seja maior do que os
dois casos discutidos anteriormente: 59,82% deles possuem contato com o agente de
saúde, e foi esse mesmo grupo que apresentou um lucro maior, com crescimento de
12,4%. A diferença é pequena, mas não deixa de ser significativa. O grupo que não
possui nem acesso aos agentes de saúde teve um crescimento do lucro de 11,7%,
obtendo um lucro no ano 2 de R$2614,34, valor próximo do lucro dos “assessorados”,
que foi de R$2618,36.
Condição Lucro Ano 1 Lucro Ano 2 Frequencia
Não tem acesso a hospital regional R$2340.92 R$2601.56 85.95%
Tem acesso a hospital regional R$2284.20 R$2712.24 14.05%
Não tem acesso a posto de saúde R$2328.88 R$2637.06 63.82%
Tem acesso a posto de saúde R$2342.95 R$2580.83 36.18%
Não tem acesso agente de saúde R$2341.53 R$2614.34 40.18%
Tem acesso a agente de saúde R$2328.95 R$2618.36 59.82%
Moradia
Nossa análise do perfil dos clientes do AgroAmigo evidenciará as condições de
moradia dos mesmos. Olhando primeiramente para o número de cômodos da residência,
temos maior participação das pessoas que moram em residências de 4, 5 ou 6 cômodos,
com taxas de participação de 18,55%, 26,43% e 25,68%, respectivamente. Porém, o
maior lucro pertence aos grupos das condições de moradia piores, ou seja, aquelas que
têm 2 ou 3 cômodos, com lucro no valor de R$2704,19 e R$2808,94. Esses mesmos
grupos apresentaram as melhores taxas de crescimento do lucro dos seus
empreendimentos.
Apesar de terem taxas maiores, a participação das pessoas que vivem nessa
condição de apenas 2 ou 3 cômodos em casa é de 10,68% no total. Porém, o
AgroAmigo cumpriu o objetivo de atingir os mais pobres dos pobres, como foi
evidenciado também pelo lucro maior dos clientes em condições piores de infra-
125
estrutura. Deve-se destacar que o grupo citado inicialmente, que possuem casas com 4,
5 ou 6 cômodos tiveram taxas de crescimento também relevantes, de 12,81%, 8,06% e
11,17%.
Observando ainda a moradia dos clientes, podemos evidenciar sua situação
também pelos bens que possuem. Muitos eletrodomésticos têm impactos relevantes na
vida do trabalhador. Em teoria de trabalho, alguns eletrodomésticos influenciam a oferta
de trabalho das mulheres, pois realizam tarefas domésticas liberando mão de obra. Na
teoria de microfinanças, os bens de consumo servem como indicadores da saúde
financeira/capacidade de pagamento dos empréstimos.
Para os clientes do AgroAmigo, vemos que televisão, geladeira, rádio e fogão
estão presentes em muitas das residências. O campeão é a TV, paixão nacional, estando
presente na casa de 93,19% dos clientes. Em seguida, vem o fogão, com 92,35%, a
geladeira, com 88,47% e por último o rádio, ligado na casa de 83,08% dos clientes. O
computador, como evidenciado pelo acesso à internet, é raro, conectando apenas 2,12%
dos clientes.
Entretanto, em relação ao lucro, vimos o padrão se manter, ou seja, os
empreendedores que não possuem esses ativos, sendo os mais carentes, tiveram um
lucro maior que os possuidores dos bens. Os que não têm TV foram os que mais
aumentaram o lucro entre os anos, 18,98%, obtendo um lucro de R$2780,13, contra o
lucro de R$2605,00 dos que veem televisão. Para todos os eletrodomésticos, os que não
possuem estes ativos tiveram um lucro maior, apesar de não ser uma evidência tão forte,
uma vez que esses bens têm boa distribuição na população em análise.
Taxa de Crescimento do Lucro
TV Sim 18.98%
Não 11.62%
Radio Sim 15.06%
Não 11.46%
Geladeira Sim 16.54%
Não 11.56%
Fogão Sim 13.88%
Não 11.98%
Computador Sim 12.23%
Não 7.21%
126
Bancarização
Um dos principais objetivos das microfinanças é incluir pessoas de baixa renda
no sistema financeiro e alavancá-las. Em geral, essas pessoas não conseguem acesso ao
crédito por não possuírem colateral para dar como garantia. O AgroAmigo, que visa
atender pessoas de baixíssima renda, alcançando os mais pobres dos pobres, tem como
grande parte dos seus clientes pessoas pouco bancarizadas. Ou seja, pessoas que não
tem acesso aos mecanismos financeiros de mercado.
Como pode ser visto na tabela abaixo, 90,56% das pessoas não possuem uma
conta corrente, isto é, acesso a um banco comercial. Além disso, quase a totalidade não
possui cartão de crédito, o que era de se esperar, visto que o crédito ainda é limitado
para estes clientes. O líder em níveis de bancarização é a poupança, com quase 15% dos
clientes. Ainda é um nível muito baixo, tendo muito espaço para crescer. A falta de
informação e de conhecimento é um dos grandes problemas das pessoas mais pobres,
sendo que muitas desconhecem estes mecanismos que podem ser benéficos para elas. A
educação financeira, como já foi apontado pelo criador do Grameen Bank, é
fundamental na difusão do microcrédito.
Bancarizacao Lucro Operacional 1
Lucro Operacional 2
Taxa de Participacao
Conta Corrente
Nao 2321.57 2619.85 90.56
Sim 2446.67 2587.27 9.44
Poupanca Nao 2328.07 2601.69 85.29
Sim 2370.58 2708.48 14.71
Cartao de Credito
Nao 2334.16 2616.21 98.13
Sim 2322.4 2645.6 1.87
Nao possui
Nao 2376.12 2675.19 35.03
Sim 2312.28 2586.14 64.97
A evolução dos lucros entre os anos 1 e 2 foi bem similar para todos os grupos,
tanto os bancarizados quanto os que estão fora do sistema bancário. Todos cresceram
em torno de 10%, apresentando lucro no ano 2 em torno de R$2600. O grupo que teve o
maior lucro no ano 2 foi o de clientes que têm poupança, no valor de R$2708,48, e
também foi o lucro que mais cresceu entre os dois períodos, 14,25%. Ou seja, temos
127
mais um indicador que poupança pode ter impacto positivo nas finanças das pessoas
mais pobres.
Uma das maneiras de avaliarmos os determinantes para a bancarização dos
clientes é através de um modelo de regressão logística. Este método é empregado para
estudar variáveis que são compostas por dois valores, sim ou não, conhecida como
variável dummy. Neste caso, nossa variável dummy é definida como 1 se a pessoa é
bancarizada, ou seja, tem conta corrente, e 0 se a pessoa não é bancarizada, isto é, não
tem conta corrente.
Olhando para as condições de infraestrutura e moradia, temos como variáveis
significativas a estrada do cliente e se ele tem geladeira. Se a estrada for de cascalho, ele
tem 23% de chances a menos de ter uma conta corrente. A estrada de cascalho dificulta
a locomoção do cliente, num plano micro, e a criação de um banco comercial, num
plano macro, por exemplo. A falta de asfalto dificulta a chegada à região, seja de
pessoas ou instituições. No que tange aos ativos dos clientes, a geladeira é o mais
relevante, aumentando a bancarização em 42%.
Outra variável que teve um impacto significativo foi a migração do cliente. Na
verdade, é o retorno dele à região de origem. Caso o migrante tenha retornado, suas
chances aumentam em 31%, provavelmente porque ele enriqueceu com a migração ou
porque teve contato com esse tipo de finanças em uma cidade maior.
Por último, analisando a tecnologia empregada, é visto que clientes mais
modernos, isto é, que empregam mecanização nos seus negócios ou irrigação, têm
aumento significativo na bancarização. O primeiro tipo de tecnologia aumenta em 84%
e o segundo em 51%. Esses fatores influenciam muito a capacidade de aumentar a
produção do empreendedor, tendo um impacto positivo no lucro. Isto pode vir a tornar o
cliente mais bancarizado, pois tem mais fluxo de caixa e investimentos.
INSS
No ano 1, o lucro para os clientes que recebiam o benefício do INSS era um
pouco maior, porém no ano 2 essa relação se inverteu e os clientes que não têm o INSS
apresentaram um lucro maior dos que recebem.
128
INSS Ano 1 Ano 2 Não Possui R$2333.79 R$2627.59 Possui R$2334.68 R$2560.82
Analisando agora o INSS através de um modelo mais elaborado de regressão
logística, a variável dummy é definida como 1 se a pessoa recebe o benefício do INSS e
0 se a pessoa não recebe, isso para os clientes do AgroAmigo. Os resultados apontam
que o sexo não tem impacto nas pessoas que recebem o INSS. Em compensação, o
estado civil é estatisticamente significante, ou seja, tem impacto nos beneficiários. Os
solteiros, seguidos pelos separados, são os que têm menos chance de receber o
benefício.
As chances de receber o INSS, condicionada pela bancarização da pessoa, é de
50% para as pessoas que têm conta corrente. Este fato talvez já seja esperado, dado que
a bancarização facilita o recebimento do benefício via banco comercial.
Olhando para os programas de transferência de renda, há redução para os
beneficiários, provavelmente porque têm renda proveniente de outra fonte. Para os
indivíduos que conheceram algum programa assistencialista, as chances caem para 33%
e fica mais acentuada para aqueles que recebem o Bolsa Família, onde há uma redução
da chance da ordem de 87%. A facilidade de retirar o benefício do Bolsa Família, que
pode ser retirado até em casas lotéricas, pode ser um fator para que as pessoas prefiram
ele ao INSS. Muita cidades são isoladas, sendo até difícil ter uma infra-estrutura
bancária para atender os clientes.
Equações de Lucro e Receitas
Apresentamos abaixo modelos stepwise de equações de log do Lucro (Rédito
Operacional) e Receita que podem ser úteis para entender os resultados do modelo de
inadimplência. Estes modelos envolvem praticamente o mesmo conjunto de variáveis
explicativas iniciais em relação aos de atraso do crédito.
Na determinação dos melhores fatores explicativos para lucro e receita, o que se
vê é uma alternância de posições no ranking. No caso do lucro, a estrutura do contrato
de crédito foi a primeira escolhida: o aumento no número de parcelas tem efeito
129
bastante negativo sobre o lucro até certo ponto, variando de -50,25% em relação à cota
única quando a periodicidade é anual até -60% quando ela é quadrimestral e depois
caindo até -38% quando ela é bimestral. No modelo para Receita, o comportamento da
estrutura do contrato foi bastante similar, aparecendo em 2º lugar no ranking de escolha.
Em segundo lugar aparece o efeito de 7% da passagem do ano 1 para o ano 2
sobre o lucro; esse efeito sobre a receita é de 6,2%. Destacamos também o custo, que
ocupa a 3ª colocação no lucro e a 1ª na receita, e o mês em que foi coletada a
informação dos microempreendimentos (4º lugar no lucro e 6º na receita), com destaque
para o mês de referência dezembro de 2011, que obteve o melhor efeito – quase todos
os outros meses analisados tiveram efeitos negativos em relação a dezembro.
A Unidade da Federação aparece como fator importante para o lucro,
principalmente o Ceará, que apresenta efeito negativo de -10,45% em comparação com
o Sergipe. As demais Unidades da Federação do Nordeste e Minas Gerais também
obtém lucros entre 2% e 9,6% menores que o Sergipe. Entre os determinantes de
receita, destacamos o efeito positivo de 2,4% do acesso da poupança. Finalmente, o
conhecimento do programa a partir de assistência técnica influenciou positivamente
tanto o lucro (5,56%) quanto a receita (4,8%) dos estabelecimentos.
130
Equação Minceriana
A equação minceriana de salários serve de base a uma vasta literatura empírica de economia do trabalho. O modelo salarial de Jacob Mincer (1974) é o arcabouço utilizado para estimar retornos da educação, entre outras variáveis determinantes do salário. Mincer concebeu uma equação para rendimentos que seria dependente de fatores explicativos associados à escolaridade e à experiência, além de possivelmente outros atributos, como sexo, por exemplo.
Essa equação é a base da economia do trabalho em particular no que tange aos efeitos da educação.
Sua estimação já motivou centenas de estudos, que tentam incorporar diferentes custos educacionais, como impostos, mensalidades, custos de oportunidades, material didático, assim como a incerteza e a expectativa dos agentes presentes nas decisões, o progresso tecnológico, não-linearidades na escolaridade etc. Identificando os custos da educação e os rendimentos do trabalho, viabilizou o cálculo da taxa interna de retorno da educação, que é a taxa de desconto que equaliza o custo e o ganho esperado de se investir em educação -- a taxa de retorno da educação, que deve ser comparada com a taxa de juros de mercado para determinar a quantidade ótima de investimento em capital humano. A equação de Mincer também é usada para analisar a relação entre crescimento e nível de escolaridade de uma sociedade, além dos determinantes da desigualdade.
O modelo econométrico de regressão típico decorrente da equação minceriana é:
ln w = β0 + β1 educ + β2 exp + β3 exp² + γ′ x + є onde w é o salário recebido pelo indivíduo; educ é a sua escolaridade, geralmente medida por anos de estudo; exp é sua experiência, geralmente aproximada pelo idade do indivíduo; x é um vetor de características observáveis do indivíduo, como raça, gênero, região; e є é um erro estocástico.
Este é um modelo de regressão no formato log-nível, isto é, a variável dependente -- o salário -- está em formato logaritmo e a variável independente mais relevante -- a escolaridade -- está em nível. Portanto, o coeficiente β1 mede quanto um ano a mais de escolaridade causa de variação proporcional no salário do indivíduo. Por exemplo, se β1 é estimado em 0,18, isso quer dizer que cada ano a mais de estudo está relacionado, em média, com um aumento de salário de 18%. Matematicamente, tem-se que:
Derivando, encontramos que ( ∂ ln w / ∂ educ ) = β1
Por outro lado, pela regra da cadeia, tem-se que:
(∂ ln w / ∂ educ) = (∂ w / ∂ educ) (1 / w) = (∂ w / ∂ educ) / w)
Logo, β1 = (∂ w / ∂ educ) / w, correspondendo, portanto, à variação percentual do salário decorrente de cada
acréscimo unitário de ano de estudo.
131
Variaveis Selecionadas Stepwise Equação do Log do Lucro
Step Effect Entered
Number Effects In
Number Parms In SBC
0 Intercept 1 1 -27596.833
1 PERIODICIDADE_PARCEL 2 7 -28914.283
2 anon 3 8 -29053.077
3 Custosn 4 9 -29159.943
4 meses 5 17 -29190.154
5 PSFn 6 18 -29213.679
6 CONHECEU_PROG_ASSIST 7 19 -29227.148
7 Superintend 8 28 -29239.280
8 TEC_EMPREGA_MINERALI 9 29 -29243.877 *
Equação do Log do Lucro
Parameter DF Estimate Standard
Error t Value
Intercept 1 8.315683 0.026027 319.51
Custosn 1 0.000047596 0.000004330 10.99
Superintend AL 1 -0.091531 0.021299 -4.30
Superintend BA 1 -0.034767 0.016849 -2.06
Superintend CE 1 -0.104501 0.018613 -5.61
Superintend MA 1 -0.028458 0.020216 -1.41
Superintend MG 1 -0.095167 0.018009 -5.28
Superintend PB 1 -0.095787 0.017445 -5.49
Superintend PE 1 -0.035131 0.017783 -1.98
Superintend PI 1 -0.020840 0.018872 -1.10
Superintend RN 1 -0.021659 0.019512 -1.11
Superintend SE 0 0 . .
anon a2 1 0.070181 0.006036 11.63
anon za1 0 0 . .
meses Abr/12 1 -0.009823 0.015439 -0.64
meses Fev/12 1 -0.020280 0.016396 -1.24
meses Jan/12 1 -0.090683 0.013867 -6.54
meses Mai/12 1 -0.069787 0.015776 -4.42
meses Mar/12 1 -0.059020 0.014979 -3.94
meses Nov/11 1 -0.103946 0.015034 -6.91
meses Out/11 1 -0.076317 0.015467 -4.93
meses Set/11 1 0.051376 0.047397 1.08
132
Step Effect Entered
Number Effects In
Number Parms In SBC
meses zDez/11 0 0 . .
PSFn Sim 1 -0.037599 0.007041 -5.34
PSFn zNão 0 0 . .
CONHECEU_PROG_ASSIST Sim
1 0.055601 0.009311 5.97
CONHECEU_PROG_ASSIST zNão
0 0 . .
PERIODICIDADE_PARCEL Bimestral
1 -0.380136 0.059792 -6.36
PERIODICIDADE_PARCEL IGNORADO
1 -0.507460 0.023378 -21.71
PERIODICIDADE_PARCEL Quadrimestral
1 -0.598068 0.079160 -7.56
PERIODICIDADE_PARCEL Semestral
1 -0.557931 0.017194 -32.45
PERIODICIDADE_PARCEL Trimestral
1 -0.425448 0.028970 -14.69
PERIODICIDADE_PARCEL zAnual
1 -0.502541 0.016632 -30.21
PERIODICIDADE_PARCEL Única
0 0 . .
TEC_EMPREGA_MINERALI Sim
1 -0.030574 0.008131 -3.76
TEC_EMPREGA_MINERALI zNão
0 0 . .
133
Variaveis Selecionadas Stepwise Equação do Log Receita
Step Effect Entered
Effect Removed
Number
Effects In
Number
Parms In SBC
0 Intercept 1 1 -28000.423
1 Custosn 2 2 -32502.602
2 PERIODICIDADE_PARCEL 3 8 -34043.340
3 anon 4 9 -34183.685
4 PSFn 5 10 -34207.608
5 CONHECEU_PROG_ASSIST 6 11 -34236.193
6 meses 7 19 -34251.791
7 TEC_EMPREGA_MINERALI 8 20 -34258.847
8 BANCARIZACAO_POUPANC 9 21 -34260.047 *
* Optimal Value Of Criterion
Equação do Log Receita
Parameter DF Estimate Standard
Error t Value
Intercept 1 8.273702 0.016253 509.06
Custosn 1 0.000267 0.000003568 74.94
anon a2 1 0.062129 0.005083 12.22
anon za1 0 0 . .
meses Abr/12 1 -0.015424 0.011497 -1.34
meses Fev/12 1 0.002481 0.012324 0.20
meses Jan/12 1 -0.059858 0.011131 -5.38
meses Mai/12 1 -0.047188 0.011703 -4.03
meses Mar/12 1 -0.019049 0.011712 -1.63
meses Nov/11 1 -0.068799 0.011950 -5.76
meses Out/11 1 -0.048350 0.011633 -4.16
meses Set/11 1 0.009003 0.037601 0.24
meses zDez/11 0 0 . .
BANCARIZACAO_POUPANC Sim 1 0.023848 0.007272 3.28
BANCARIZACAO_POUPANC zNão 0 0 . .
PSFn Sim 1 -0.035351 0.005828 -6.07
134
Equação do Log Receita
Parameter DF Estimate Standard
Error t Value
PSFn zNão 0 0 . .
CONHECEU_PROG_ASSIST Sim 1 0.048140 0.007607 6.33
CONHECEU_PROG_ASSIST zNão 0 0 . .
PERIODICIDADE_PARCEL Bimestral 1 -0.337075 0.049848 -6.76
PERIODICIDADE_PARCEL IGNORADO 1 -0.455431 0.019165 -23.76
PERIODICIDADE_PARCEL Quadrimestral 1 -0.545135 0.068315 -7.98
PERIODICIDADE_PARCEL Semestral 1 -0.505779 0.014009 -36.10
PERIODICIDADE_PARCEL Trimestral 1 -0.398746 0.023620 -16.88
PERIODICIDADE_PARCEL zAnual 1 -0.467995 0.013428 -34.85
PERIODICIDADE_PARCEL Única 0 0 . .
TEC_EMPREGA_MINERALI Sim 1 -0.027167 0.006727 -4.04
TEC_EMPREGA_MINERALI zNão 0 0 . .
135
ANEXO 1: Variaveis Selecionadas Atraso do Empréstimo Clientes do Agroamigo – Modelo Logit Completo
Summary of Stepwise Selection
Step
Effect
DF Number
In Score
Chi-Square Wald
Chi-Square Pr > ChiSq Entered Removed
1 TEC_EMPREGA_IRRIGACA 1 1 310.1325 <.0001
2 meses 9 2 216.7619 <.0001
3 Superintend 9 3 173.9401 <.0001
4 PERIODICIDADE_PARCEL 6 4 58.5270 <.0001
5 TEC_EMPREGA_MINERALI 1 5 21.4948 <.0001
6 TEC_EMPREGA_VERMIFUG 1 6 25.0573 <.0001
7 INFRA_AGUA_CISTERNA 1 7 10.6006 0.0011
8 ACESSO 1 8 7.3114 0.0069
9 CONHECEU_PROG_ASSOC_ 1 9 7.7676 0.0053
10 CONDICAO 5 10 13.9177 0.0161
11 BF 1 11 5.0317 0.0249
12 TEC_EMPREGA_MECANIZA 1 12 4.9857 0.0256
Summary of Stepwise Selection
Step Variable Label
1 TEC_EMPREGA_IRRIGACAO
2 meses
3 Superintendencia
4 PERIODICIDADE_PARCELAS
5 TEC_EMPREGA_MINERALIZACAO
6 TEC_EMPREGA_VERMIFUGACAO
7 INFRA_AGUA_CISTERNA
8 Acesso Assintencia Tecnica
9 CONHECEU_PROG_ASSOC_COOPER
10 Condicao Uso Posse Terra
11 BOLSA_FAMILIA
12 TEC_EMPREGA_MECANIZACAO
136
Type 3 Analysis of Effects
Effect DF Wald
Chi-Square Pr > ChiSq
ACESSO 1 7.1715 0.0074
Superintend 9 96.2139 <.0001
CONDICAO 5 13.2473 0.0212
INFRA_AGUA_CISTERNA 1 10.3867 0.0013
BF 1 5.6162 0.0178
CONHECEU_PROG_ASSOC_ 1 6.6155 0.0101
PERIODICIDADE_PARCEL 6 42.5657 <.0001
TEC_EMPREGA_MECANIZA 1 4.9343 0.0263
TEC_EMPREGA_IRRIGACA 1 10.0781 0.0015
TEC_EMPREGA_VERMIFUG 1 18.2466 <.0001
TEC_EMPREGA_MINERALI 1 21.5702 <.0001
meses 9 134.9580 <.0001
Analysis of Maximum Likelihood Estimates
Parameter DF Estimate Standard
Error Wald
Chi-Square Pr > ChiSq
Intercept 1 -7.3386 61.6970 0.0141 0.9053
ACESSO Sim 1 0.3352 0.1252 7.1715 0.0074
Superintend AL 1 -2.7165 0.9368 8.4091 0.0037
Superintend BA 1 -0.6897 0.3770 3.3473 0.0673
Superintend CE 1 0.5851 0.4755 1.5140 0.2185
Superintend MA 1 1.0484 0.3743 7.8437 0.0051
Superintend MG 1 2.6361 0.2909 82.1026 <.0001
Superintend PB 1 -0.1442 0.4002 0.1298 0.7186
Superintend PE 1 -0.5151 0.3825 1.8128 0.1782
Superintend PI 1 0.4847 0.3682 1.7327 0.1881
Superintend RN 1 -0.5975 0.6938 0.7416 0.3892
CONDICAO Arrendatário/Comodatário 1 0.1732 0.2785 0.3868 0.5340
CONDICAO IGNORADO 1 0.2911 0.4646 0.3926 0.5310
CONDICAO Meeiro 1 0.0958 0.6538 0.0215 0.8836
CONDICAO Parceiro 1 -0.5985 0.3941 2.3062 0.1289
CONDICAO Posseiro 1 0.4387 0.2709 2.6223 0.1054
INFRA_AGUA_CISTERNA Sim 1 -0.5699 0.1768 10.3867 0.0013
BF SIM 1 -0.2294 0.0968 5.6162 0.0178
137
Analysis of Maximum Likelihood Estimates
Parameter DF Estimate Standard
Error Wald
Chi-Square Pr > ChiSq
CONHECEU_PROG_ASSOC_ Sim 1 -0.4257 0.1655 6.6155 0.0101
PERIODICIDADE_PARCEL Bimestral 1 3.6134 49.9709 0.0052 0.9424
PERIODICIDADE_PARCEL IGNORADO 1 -0.0802 49.9661 0.0000 0.9987
PERIODICIDADE_PARCEL Quadrimestral 1 -8.0541 299.8 0.0007 0.9786
PERIODICIDADE_PARCEL Semestral 1 1.4095 49.9621 0.0008 0.9775
PERIODICIDADE_PARCEL Trimestral 1 3.1636 49.9633 0.0040 0.9495
PERIODICIDADE_PARCEL zAnual 1 0.6111 49.9621 0.0001 0.9902
TEC_EMPREGA_MECANIZA Sim 1 0.3461 0.1558 4.9343 0.0263
TEC_EMPREGA_IRRIGACA Sim 1 0.5980 0.1884 10.0781 0.0015
TEC_EMPREGA_VERMIFUG Sim 1 0.5419 0.1269 18.2466 <.0001
TEC_EMPREGA_MINERALI Sim 1 -0.9213 0.1984 21.5702 <.0001
meses Abr/12 1 0.7361 36.1980 0.0004 0.9838
meses Fev/12 1 3.4300 36.1972 0.0090 0.9245
meses Jan/12 1 0.2497 36.1984 0.0000 0.9945
meses Jun/12 1 -6.6715 107.8 0.0038 0.9506
meses Mai/12 1 0.8597 36.1996 0.0006 0.9811
meses Mar/12 1 0.5000 36.1980 0.0002 0.9890
meses Nov/11 1 2.2147 36.1988 0.0037 0.9512
meses Out/11 1 2.9985 36.1983 0.0069 0.9340
meses Set/11 1 -5.9824 309.5 0.0004 0.9846
Odds Ratio Estimates
Effect Point
Estimate 95% Wald
Confidence Limits
ACESSO Sim vs zNão 1.955 1.197 3.194
Superintend AL vs SE 0.072 0.008 0.674
Superintend BA vs SE 0.550 0.175 1.727
Superintend CE vs SE 1.967 0.507 7.635
Superintend MA vs SE 3.126 0.925 10.568
Superintend MG vs SE 15.295 5.005 46.740
Superintend PB vs SE 0.949 0.309 2.909
Superintend PE vs SE 0.655 0.230 1.867
Superintend PI vs SE 1.779 0.561 5.638
Superintend RN vs SE 0.603 0.109 3.330
138
Odds Ratio Estimates
Effect Point
Estimate 95% Wald
Confidence Limits
CONDICAO Arrendatário/Comodatário vs zProprietário 1.774 1.036 3.038
CONDICAO IGNORADO vs zProprietário 1.996 0.698 5.706
CONDICAO Meeiro vs zProprietário 1.642 0.354 7.627
CONDICAO Parceiro vs zProprietário 0.820 0.338 1.989
CONDICAO Posseiro vs zProprietário 2.314 1.341 3.994
INFRA_AGUA_CISTERNA Sim vs zNão 0.320 0.160 0.640
BF SIM vs ZNAO 0.632 0.432 0.924
CONHECEU_PROG_ASSOC_ Sim vs zNão 0.427 0.223 0.817
PERIODICIDADE_PARCEL Bimestral vs Única 72.007 5.042 >999.999
PERIODICIDADE_PARCEL IGNORADO vs Única 1.792 0.207 15.493
PERIODICIDADE_PARCEL Quadrimestral vs Única <0.001 <0.001 >999.999
PERIODICIDADE_PARCEL Semestral vs Única 7.947 1.634 38.652
PERIODICIDADE_PARCEL Trimestral vs Única 45.924 7.771 271.388
PERIODICIDADE_PARCEL zAnual vs Única 3.577 0.744 17.188
TEC_EMPREGA_MECANIZA Sim vs zNão 1.998 1.085 3.681
TEC_EMPREGA_IRRIGACA Sim vs zNão 3.307 1.580 6.921
TEC_EMPREGA_VERMIFUG Sim vs zNão 2.956 1.798 4.861
TEC_EMPREGA_MINERALI Sim vs zNão 0.158 0.073 0.345
meses Abr/12 vs zDez/11 0.395 0.138 1.128
meses Fev/12 vs zDez/11 5.841 2.386 14.295
meses Jan/12 vs zDez/11 0.243 0.081 0.729
meses Jun/12 vs zDez/11 <0.001 <0.001 >999.999
meses Mai/12 vs zDez/11 0.447 0.122 1.636
meses Mar/12 vs zDez/11 0.312 0.115 0.843
meses Nov/11 vs zDez/11 1.732 0.579 5.182
meses Out/11 vs zDez/11 3.794 1.286 11.194
meses Set/11 vs zDez/11 <0.001 <0.001 >999.999
139
Association of Predicted Probabilities and Observed Responses
Percent Concordant 85.1 Somers' D 0.734
Percent Discordant 11.7 Gamma 0.758
Percent Tied 3.2 Tau-a 0.030
Pairs 1270665 c 0.867
140
USA TECNOLOGIA DE IRRIGAÇÃO
Summary of Stepwise Selection
Step
Effect
DF Number
In Score
Chi-Square Wald
Chi-Square Entered Removed
1 TEC_EMPREGA_MECANIZA 1 1 356.5088
2 NENHUMA_TECNOLOGIAn 1 2 140.8928
3 TEC_EMPREGA_VERMIFUG 1 3 127.4817
4 CONHECEU_PROG_ASSIST 1 4 86.9429
5 INFRA_ESTRADA 4 5 64.8557
6 meses 9 6 63.6005
7 Superintend 9 7 60.5963
8 TEC_EMPREGA_MECANIZA 1 6 3.4793
9 PSFn 1 7 14.7690
10 TEC_EMPREGA_MINERALI 1 8 10.9302
11 BANCARIZACAO_CONTA_C 1 9 4.0316
Summary of Stepwise Selection
Step Pr > ChiSq Variable Label
1 <.0001 TEC_EMPREGA_MECANIZACAO
2 <.0001 NENHUMA_TECNOLOGIA
3 <.0001 TEC_EMPREGA_VERMIFUGACAO
4 <.0001 CONHECEU_PROG_ASSIST_TECNICA
5 <.0001 INFRA_ESTRADA
6 <.0001 meses
7 <.0001 Superintendencia
8 0.0621 TEC_EMPREGA_MECANIZACAO
9 0.0001 PSF
10 0.0009 TEC_EMPREGA_MINERALIZACAO
11 0.0447 BANCARIZACAO_CONTA_CORRENTE
141
Type 3 Analysis of Effects
Effect DF Wald
Chi-Square Pr > ChiSq
Superintend 9 49.0586 <.0001
INFRA_ESTRADA 4 41.2148 <.0001
BANCARIZACAO_CONTA_C 1 3.9894 0.0458
PSFn 1 13.9497 0.0002
CONHECEU_PROG_ASSIST 1 28.3359 <.0001
TEC_EMPREGA_VERMIFUG 1 78.2262 <.0001
TEC_EMPREGA_MINERALI 1 10.3399 0.0013
NENHUMA_TECNOLOGIAn 1 43.8071 <.0001
meses 9 57.9172 <.0001
Analysis of Maximum Likelihood Estimates
Parameter DF Estimate Standard
Error Wald
Chi-Square Pr > ChiSq
Intercept 1 -7.6806 41.4749 0.0343 0.8531
Superintend AL 1 0.0684 0.5541 0.0152 0.9018
Superintend BA 1 -0.7634 0.2873 7.0606 0.0079
Superintend CE 1 0.0326 0.2954 0.0122 0.9121
Superintend MA 1 -0.5383 0.4677 1.3245 0.2498
Superintend MG 1 0.4592 0.2586 3.1536 0.0758
Superintend PB 1 -0.1660 0.3726 0.1986 0.6559
Superintend PE 1 1.4694 0.3003 23.9398 <.0001
Superintend PI 1 -1.5160 0.5574 7.3973 0.0065
Superintend RN 1 0.4784 0.5391 0.7878 0.3748
INFRA_ESTRADA Asfaltada 1 -0.2086 0.2992 0.4861 0.4857
INFRA_ESTRADA Cascalho 1 0.8735 0.1875 21.7049 <.0001
INFRA_ESTRADA IGNORADO 1 -0.5614 0.4369 1.6517 0.1987
INFRA_ESTRADA NAO Possui 1 0.3365 0.3909 0.7411 0.3893
BANCARIZACAO_CONTA_C Sim 1 0.2605 0.1304 3.9894 0.0458
PSFn Sim 1 0.3728 0.0998 13.9497 0.0002
CONHECEU_PROG_ASSIST Sim 1 0.6374 0.1197 28.3359 <.0001
TEC_EMPREGA_VERMIFUG Sim 1 -1.3915 0.1573 78.2262 <.0001
142
Analysis of Maximum Likelihood Estimates
Parameter DF Estimate Standard
Error Wald
Chi-Square Pr > ChiSq
TEC_EMPREGA_MINERALI Sim 1 -0.5015 0.1560 10.3399 0.0013
NENHUMA_TECNOLOGIAn Sim 1 -3.3388 0.5045 43.8071 <.0001
meses Abr/12 1 1.6445 41.4721 0.0016 0.9684
meses Fev/12 1 1.4716 41.4721 0.0013 0.9717
meses Jan/12 1 -1.4220 41.4731 0.0012 0.9726
meses Jun/12 1 2.4185 41.4734 0.0034 0.9535
meses Mai/12 1 0.7050 41.4724 0.0003 0.9864
meses Mar/12 1 1.2228 41.4721 0.0009 0.9765
meses Nov/11 1 0.2915 41.4729 0.0000 0.9944
meses Out/11 1 0.6592 41.4724 0.0003 0.9873
meses Set/11 1 -8.3945 373.2 0.0005 0.9821
Odds Ratio Estimates
Effect Point
Estimate 95% Wald
Confidence Limits
Superintend AL vs SE 0.665 0.138 3.221
Superintend BA vs SE 0.290 0.088 0.953
Superintend CE vs SE 0.642 0.187 2.203
Superintend MA vs SE 0.363 0.092 1.424
Superintend MG vs SE 0.984 0.296 3.269
Superintend PB vs SE 0.526 0.149 1.863
Superintend PE vs SE 2.701 0.911 8.008
Superintend PI vs SE 0.136 0.029 0.649
Superintend RN vs SE 1.003 0.232 4.326
INFRA_ESTRADA Asfaltada vs Sem Pavimentação 1.260 0.596 2.666
INFRA_ESTRADA Cascalho vs Sem Pavimentação 3.719 2.382 5.808
INFRA_ESTRADA IGNORADO vs Sem Pavimentação 0.886 0.296 2.648
INFRA_ESTRADA NAO Possui vs Sem Pavimentação 2.174 0.812 5.817
BANCARIZACAO_CONTA_C Sim vs zNão 1.684 1.010 2.808
PSFn Sim vs zNão 2.108 1.425 3.117
CONHECEU_PROG_ASSIST Sim vs zNão 3.578 2.238 5.721
143
Odds Ratio Estimates
Effect Point
Estimate 95% Wald
Confidence Limits
TEC_EMPREGA_VERMIFUG Sim vs zNão 0.062 0.033 0.115
TEC_EMPREGA_MINERALI Sim vs zNão 0.367 0.199 0.676
NENHUMA_TECNOLOGIAn Sim vs zNão 0.001 <0.001 0.009
meses Abr/12 vs zDez/11 1.273 0.470 3.445
meses Fev/12 vs zDez/11 1.071 0.391 2.932
meses Jan/12 vs zDez/11 0.059 0.019 0.182
meses Jun/12 vs zDez/11 2.760 0.816 9.339
meses Mai/12 vs zDez/11 0.497 0.174 1.419
meses Mar/12 vs zDez/11 0.835 0.316 2.209
meses Nov/11 vs zDez/11 0.329 0.117 0.923
meses Out/11 vs zDez/11 0.475 0.185 1.222
meses Set/11 vs zDez/11 <0.001 <0.001 >999.999
Association of Predicted Probabilities and Observed Responses
Percent Concordant 93.4 Somers' D 0.884
Percent Discordant 5.0 Gamma 0.899
Percent Tied 1.6 Tau-a 0.043
Pairs 1503320 c 0.942
144
145
6. Conclusões (Resumo)
Apresentamos inicialmente um panorama da atividade microrempresarial no
campo do Nordeste e em especial a agricultura familiar a partir de bases diversas como
PNAD, POF e Censo Agropecuário. O passo seguinte e crucial deste trabalho é analisar
o desempenho dos clientes do Agroamigo, programa de crédito produtivo ligado ao
Banco do Nordeste a partir de uma amostra de 73 mil clientes do programa.
Começamos com a análise de um modelo estático de lucro. Homens apresentam lucros
maiores do que as mulheres, porém, apesar de significativa, a diferença é de menos de
1% a favor deles. Estado civil não apresenta impactos significativos diferenciados a não
ser no caso dos solteiros, onde o lucro é 3,26% maior.
Acesso à assistência técnica não apresenta correlação significativa com o lucro.
No caso, quem teve acesso teve uma tendência de apresentar lucros 15% menores do
que quem não teve acesso. A participação em organizações sociais apresenta correlação
negativa com o lucro, que é 4% menor em relação aos não filiados. Entretanto, estes
efeitos podem se dever a própria atuação do programa, focada nos mais pobres. É
preciso captar a evolução temporal do lucro interagindo com estas variáveis.
No que tange a dimensão espacial, tomando Sergipe como base, o maior lucro é
observado no Maranhão (10,68% maior que Sergipe), seguido de Alagoas (4,4% maior
que Sergipe) e Rio Grande do Norte (1,8% maior que Sergipe). Todos os outros estados
apresentam lucro controlado menor que Sergipe. Os menores são encontrados no Ceará
(10,6% menores que Sergipe), na região semiárida de Minas Gerais (6,2% menores que
Sergipe), que é área de atuação do Agroamigo, Paraíba (5,5% menores que Sergipe) e
Bahia (4,47% menores que Sergipe).
O tipo de uso da terra apresenta correlação clara com o nível de lucro:
assumindo o proprietário como base, o lucro é 3,8% menor para o meeiro e 1,8% maior
para o posseiro. A dedicação exclusiva à atividade principal, em geral agrícola, funciona
como redutor do lucro observado, que é 4% menor do que aqueles que exercem a
atividade como complementar. Isso refletindo a importância da diversificação de
atividades agropecuárias. Esta variável será fundamental para o desenho da estratégia de
orientação do crédito produtivo.
146
Finalmente, o lucro teve um ganho nominal de 15,33% no segundo ano em
relação ao primeiro, refletindo num ganho em níveis bem acima aos da inflação
observada. A análise interativa será de fundamental importância para entender a
evolução relativa das variáveis.
Posteriormente aplicamos um exercício de diferenças em diferenças sobre a
equação de lucro aproveitando a dimensão longitudinal da base de dados explorada, de
forma a isolar de mudanças sócio-demográficas e operacionais o impacto das variáveis
de interesse, tempo e o termo interativo delas (o estimador de diferença em diferença)
cujas principais conclusões foram as seguintes.
Gênero – os homens apresentam ganho temporal de lucro 2,81% maior que o
das mulheres.
Dedicação exclusiva – atividades produtivas especializadas apresentam
aumento relativo de 1% vis a vis àquelas diversificadas.
Organização social – o ganho de lucro ao longo do tempo proporcionado pela
participação em organização social é 2% maior em relação a alguém que não participa
revelando a importância do chamado capital social.
Uso da Terra – o comportamento do lucro ao longo do tempo mostra que,
enquanto os meeiros tiveram variação 5,1% menor em relação a um proprietário, os
posseiros apresentaram variação 8,2% maior. A variação de lucro dos parceiros não é
significante estatisticamente.
Determinantes de Atrasos
Demos prosseguimento à análise de dados do programa, mas utilizando a sub-
amostra da base mais recente, menor com cerca de 7,9 mil clientes e questionário mais
rico. Perde-se em graus de liberdade, mas se ganha em diversidade informacional, pois
podemos olhar para efeitos da seca sobre inadimplência utilizando infraestrutura, acesso
a mercados, bancarização e acesso a instrumentos financeiros, recebimento de Bolsa
Família, entre outros.
De início avaliamos os principais determinantes do atraso de pagamentos dos
clientes, que se situou em 2,1% na amostra nova. A fim de determinar quais seriam
147
mais relevantes, aplicamos um procedimento de escolha sequencial de variáveis,
chegando à lista de variáveis chaves.
Inicialmente, cabe notar a maior importância relativa de variáveis ligadas a
oferta de água do que variáveis econômicas ligadas à estrutura do contrato de crédito ou
da unidade produtiva, ou ainda sócio-demográficas, na explicação da inadimplência do
programa. Isto pode ser característica específica do período recente de marcada seca
quando a base nova foi coletada, cujas variáveis finais foram captadas entre outubro de
2011 e abril de 2012. Vale a pena ressaltar que a variável “uso de técnicas de irrigação”
foi a primeira a entrar no modelo de inadimplência, com impacto de chances 520%
maiores para quem usa essas técnicas, indicando a sensibilidade da unidade produtiva à
precipitação pluviométrica. A existência de cisterna entra em 4º lugar na lista de
variáveis que reduzem a inadimplência, com chances 77,2% menores do que aqueles
que não têm. Usando o nosso simulador de probabilidades de atraso, ceteris paribus,
unidades que utilizam a irrigação mas não tem infraestrutura de cisterna tem efeitos
sobre a taxa de atraso de 17,8% contra 6,3% daqueles menos expostos às flutuações
hídricas. Este resultado denota a situação crucial da água no sertão nordestino durante o
período de seca em questão.
148
A segunda variável em poder explicativo é a Unidade da Federação, onde se
destaca a categoria Minas Gerais com chances de atraso 490% maiores que a base
Sergipe. A seguir na lista de poder explicativo vem a estrutura de pagamentos do
contrato de crédito, captado pela periodicidade das parcelas. A probabilidade de atrasos
em sistemas de pagamentos mais frequentes como bimestral ou trimestral está entre
1700% e 2800% maiores que no caso da parcela única.
Somente a seguir, nas 5ª e 6ª posições, vêm duas variáveis relacionadas a como
o cliente conheceu o programa, ou seja, se foi através de assistência técnica, que
aumenta a taxa de inadimplência em 227%, ou através de programa de cooperativas,
onde a chance era 70,7% menor. A condição de uso da terra aparece em 7º lugar,
mostrando que a categoria posseiro aumenta em 267% a chance de inadimplência vis a
vis a de proprietário. Finalmente, o acesso a Bolsa Família aparece em 8º lugar,
reduzindo as chances de inadimplência em 51% em relação aos que não dispõe de
acesso ao programa. Entre as variáveis sócio-demográficas incluídas estão o estado
civil, com chances maiores de inadimplência para união estável e se os filhos estudam.
É importante citar as variáveis testadas que não foram incluídas no modelo por
falta de significância, tais como o regime de dedicação da atividade econômica,
migração de retorno, acesso a benefícios do INSS ou ao programa saúde da família,
diversos instrumentos ligados a bancarização da unidade familiar (conta corrente,
poupança, cartão de crédito, infraestrutura domiciliar como computador, internet,
geladeira e acesso a energia) e outras variáveis de técnicas usadas (vermifugação,
sementes melhoradas, mineralização).
149
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152
ANEXOS
Bivariado
Total C_Credito_Operacional_ANO1
C_Credito_Operacional_ANO2
C_Credito_Operacional_ANO1
C_Credito_Operacional_ANO2
1 Média Média Coeficiente de Variação Coeficiente de Variação
4244
9 1443,78 1944,46 976,62 1073,36
SEXO 21705
1431,63 1977,68 979,8 1079,52 HOMEM IGNORADO 20 1452,11 1920,89 1010,89 1220,45
zMULHER 2072
4 1456,5 1909,67 973,14 1065,69
Acesso Assintencia Tecnica 1636 1268,68 1538,71 1055,16 1170,95 IGNORADO
Sim 4050
9 1446,8 1958,79 972,77 1067,53
zNão 304 1993,04 2225,32 793,85 802,75 Estado Civil 1997
5 1460,31 1930,86 948,27 1032,43
Casado(a) Divorciado/Separado 675 1405,92 1778,32 951,02 1036,27 IGNORADO 2932 1429,88 1857,83 963,36 1082,72
Solteiro(a) 1251
8 1427,75 1995,83 1009,19 1121,44
União estável 5360 1434,92 1953,09 1017,93 1101,38 Viúvo(a) 989 1427,92 1892,45 945,69 1069,57 Escolaridade 2003
2 1515,4 1916,75 924,08 1013,73
cEns. Fund. Incompleto dEns. Fund. Completo 2576 1464,53 2065,88 998,35 1017,83
153
eEns. Médio Incompleto 1042 1460,44 2012,5 986,34 1060,75 fEns. Médio Completo 2914 1517,9 1990,01 973,2 1022,97 gNível Sup. 58 1507,86 2297,48 1193,93 1329,54 lOutros 48 1765,21 2088,19 823,95 963,81 mIGNORADO 4205 1305,69 1679,81 1034,73 1179,67
zAlfabetizado 1157
4 1343,69 2041,28 1022,74 1136,81
Superintendencia 4781 1617,31 2258,08 945,75 874,66
Alagoas Bahia 5177 1256,29 1915,1 962,63 1142,72 Ceará 2557 1413,96 1516,95 955,99 1017,86 Maranhão 4758 1323,36 2550,41 1285,15 1231,14 Minas Gerais e Espirito Santo
4120 1023,52 1584,07 904,71 1071,87
Paraíba 3484 1606,53 1759,25 808,75 862,39 Pernambuco 4641 1355,97 2089,69 952,6 1113,45 Piaui 5433 1602,38 1728,6 877,02 979,31 Rio Grande do Norte 3018 1628,93 1940,39 845,24 849,16 Sergipe 4480 1656,74 1826,89 860,7 990,42 Condicao Uso Posse Terra 6672 1486,92 2013,54 903,33 955,58 Arrendatário/Comodatário IGNORADO 4008 1311,52 1762,23 1096,63 1247,27 Meeiro 912 1413,52 1680,17 761,21 884,78 Parceiro 5336 1488,17 1843,74 879,83 1023,27 Posseiro 5834 1222,92 2159,53 1114,69 1171,63
Proprietário 1968
7 1511,08 1934,14 952,26 1050,41
154
Pertence Organizacao Social 1460
6 1418,54 1906,48 1031,02 1147,28
IGNORADO
Sim 1567
7 1483,85 1926,79 942,37 998,09
zNão 1216
6 1422,15 2012,44 951,53 1072,79
Dedicacao Atividadea 16734
1528,34 1852,24 913,48 973,52 Atividade Pric. na renda Familiar IGNORADO 981 1102,16 1293,9 1169,56 1246,53 zAtividade Complementar na renda Familiar
24734
1399,99 2032,84 1003,48 1115,53
Fonte: CPS/FGV através do processamento dos microdados Agroamigo
155
Bivariado Total A_Receita_Bruta_ANO1 A_ Receita_Bruta_ANO2
A_Receita_Bruta_ANO1 A_ Receita_Bruta_ANO2
1 Média Média Coeficiente de Variação Coeficiente de
Variação 1 42449 1884,11 2479,31 1271,23 1259,13 SEXO
21705 1862,71 2499,11 1282,61 1257,68 HOMEM IGNORADO 20 1995,11 2536,39 1204,08 1380,32 zMULHER 20724 1906,43 2458,52 1258,92 1260,27 Acesso Assintencia Tecnica 1636 1852,55 2204,38 1380,07 1522,93 IGNORADO Sim 40509 1877,44 2484,97 1262,08 1243,95 zNão 304 2946,22 3217,11 1423,3 1329,46 Estado Civil
19975 1915,51 2483,67 1238,79 1239,36 Casado(a) Divorciado/Separado 675 1801,86 2259,48 1201,59 1248,15 IGNORADO 2932 2018,47 2503,93 1315,25 1299,62 Solteiro(a) 12518 1819,54 2491,28 1305,47 1281,69 União estável 5360 1865,03 2469,31 1292,9 1255,17 Viúvo(a) 989 1828 2371,19 1222,15 1257,63 Escolaridade
20032 1970,85 2445,33 1249,16 1267,17 cEns. Fund. Incompleto dEns. Fund. Completo 2576 1919,6 2597,75 1283,34 1184,32 eEns. Médio Incompleto 1042 1809,45 2464,01 1252,37 1239,49 fEns. Médio Completo 2914 1919,24 2469,32 1289,8 1222,88 gNível Sup. 58 1985,69 2904,83 1758,95 1559,39
156
lOutros 48 2357,69 2860,17 1120,35 1295,42 mIGNORADO 4205 1850,18 2379,42 1337,71 1365,95 zAlfabetizado 11574 1734,19 2548,03 1261,66 1223,84 Superintendencia
4781 2200,49 2951,99 1357,14 1083,92 Alagoas Bahia 5177 1565,13 2314,57 1187,26 1290,04 Ceará 2557 1937,85 2048,85 1231,11 1296,62 Maranhão 4758 1608,8 3089,91 1544,19 1365,72 Minas Gerais e Espirito Santo
4120 1687,11 2359,49 1512,22 1628,47
Paraíba 3484 2277,45 2434,77 938,8 871,49 Pernambuco 4641 1670,04 2599,99 1175,06 1111,24 Piaui 5433 2032,42 2207,74 949,83 1043,28 Rio Grande do Norte 3018 1959,87 2272,6 1280,09 1081,99 Sergipe 4480 2044,9 2244,95 1151,5 1228,55 Condicao Uso Posse Terra 6672 1907,22 2541,35 1185,87 1123,45 Arrendatário/Comodatário IGNORADO 4008 1858,98 2356,97 1428,9 1436 Meeiro 912 2030,8 2374,39 931,56 979,34 Parceiro 5336 1935,15 2334,7 1179,49 1201 Posseiro 5834 1509,16 2661,3 1315,71 1256,68 Proprietário 19687 1971,92 2473,4 1269,3 1283,74 Pertence Organizacao Social 14606 1906,27 2511,33 1370,6 1347,44 IGNORADO Sim 15677 1882,08 2391,68 1240,41 1232,05 zNão 12166 1860,28 2554,14 1183,86 1175,33 Dedicacao Atividadea 16734 1948,22 2354,62 1198,76 1191,45
157
Atividade Pric. na renda Familiar IGNORADO 981 1509,11 1838,11 1576,97 1814,97
zAtividade Complementar na renda Familiar
24734 1855,58 2589,17 1301,41 1261,44
Fonte: CPS/FGV através do
processamento dos microdados Agroamigo
158
Apresentamos a seguir os dez municípios mais importantes da amostra a nível de cada estado.
Total de Clientes
Total 42449 Rank Alagoas IGREJA NOVA 555 1 SAO SEBASTIAO 285 2 CRAIBAS 239 3 SAO JOSE DA TAPERA 223 4 UNIAO DOS PALMARES 185 5 BELO MONTE 173 6 CORURIPE 171 7 INHAPI 169 8 ESTRELA DE ALAGOAS 154 9 VICOSA 151 10 Bahia RIACHO DE SANTANA 197 1 CORONEL JOAO SA 153 2 PARATINGA 151 3 IBIRATAIA 125 4 CAFARNAUM 119 5 FILADELFIA 119 6 AGUA FRIA 117 7 BAIXA GRANDE 109 8 BOA VISTA DO TUPIM 106 9 RAFAEL JAMBEIRO 100 10 Ceará MORADA NOVA 198 1 MOMBACA 158 2
159
LIMOEIRO DO NORTE 147 3 QUIXERAMOBIM 115 4 CANINDE 107 5 ICO 104 6 SAO BENEDITO 91 7 RUSSAS 79 8 TABULEIRO DO NORTE 78 9 CASCAVEL 69 10 Maranhão PRESIDENTE DUTRA 275 1 CAXIAS 244 2 CODO 234 3 BACABAL 209 4 GONCALVES DIAS 184 5
SAO DOMINGOS DO MARANHAO
182 6
SANTA LUZIA 173 7 PARAIBANO 126 8 SAO JOSE DOS BASILIOS 126 9 TIMBIRAS 125 10 Minas Gerais JANUARIA 363 1 e Espirito Santo
MONTES CLAROS 248 2
SAO JOAO DAS MISSOES 183 3 MANGA 169 4 CORONEL MURTA 161 5 MALACACHETA 159 6 ARACUAI 132 7 CARINHANHA 128 8 MATO VERDE 128 9
160
MINAS NOVAS 125 10 CONEGO MARINHO 123 11 Paraíba CAJAZEIRAS 170 1 CATOLE DO ROCHA 159 2 RIACHO DOS CAVALOS 150 3 MONTEIRO 146 4 DESTERRO 141 5 SAO JOAO DO RIO DO PEIXE 132 6 SERRA BRANCA 118 7 SUME 107 8 SAO JOSE DOS CORDEIROS 100 9 SAO BENTO 94 10 Pernambuco GLORIA DO GOITA 309 1 TABIRA 252 2 PARANATAMA 232 3 CABO DE SANTO AGOSTINHO 227 4 CARNAIBA 225 5 CARUARU 211 6 PAUDALHO 186 7 CAETES 172 8 POMBOS 154 9 ITAMBE 152 10 Piaui AMARANTE 200 1 REMANSO 191 2 TIMON 170 3 ALTOS 167 4 ESPERANTINA 158 5
161
PARNARAMA 157 6 INHUMA 150 7
SAO FRANCISCO DO MARANHAO
138 8
JUREMA 126 9 PICOS 122 10 Rio Grande do Norte
SANTO ANTONIO 175 1
APODI 155 2 PARELHAS 118 3 SAO JOSE DO CAMPESTRE 116 4 SANTA CRUZ 97 5 MACAIBA 92 6 SAO PAULO DO POTENGI 90 7 SAO MIGUEL DO GOSTOSO 84 8 ALEXANDRIA 76 9 SERRA NEGRA DO NORTE 76 10 Sergipe GARARU 295 1 ITABAIANINHA 185 2 AQUIDABA 164 3 PACATUBA 157 4 OLINDINA 156 5 ITAPICURU 154 6 UMBAUBA 151 7 ITABAIANA 144 8 NOSSA SENHORA APARECIDA 143 9 TOBIAS BARRETO 143 10
Fonte: CPS/FGV através do processamento dos microdados Agroamigo
162
Panorama do Produtor Rural
A PNAD nos permite analisar em detalhes os empreendedores na área rural e de grupamentos agrícolas do país, com destaque aos diferenciais por gêneros. No panorama disponível no site da pesquisa podemos, por exemplo, analisar as diferenças entre diferentes áreas (exploramos em detalhes a divisão Nordeste e Sudeste).
Cada uma dessas variáveis especifica do produtor rural, pode ser analisada para o conjunto geral de microempresários ou por subgrupos abertos: i) características sócio-demográficas, como: sexo, idade, anos de estudo, raça e posição na família; ii) características do produtor, como: posição na ocupação,
contribuição previdenciária, educação e acesso a ativos digitais; iii) características do consumidor, como: acesso a bens de consumo e serviços; e iv) atributos espaciais. Como: local de moradia, área (metropolitana, urbana não metropolitana e rural), estados, e de forma inovadora, capitais e periferias.
http://www.cps.fgv.br/cps/bd/crag/prodrural/index2.ind2.htm
163
A) Equações de Receita 1 - Modelo Básico
Equação do Log Receita The SURVEYREG Procedure
Regression Analysis for Dependent Variable LNreceita
Data Summary
Number of Observations 126563
Mean of LNreceita 7.82650
Sum of LNreceita 990545.7
Class Level Information
Class Variable Label Levels Values
SEX SEXO 3 HOMEM IGNORADO zMULHER
ACESSO Acesso Assintencia Tecnica
3 IGNORADO Sim zNão
CIVIL Estado Civil 7 Casado(a) Divorciado IGNORADO Separado/Divorciado(a) Solteiro(a) União Estável Viúvo(a)
Superintend Superintendencia 10 AL BA CE MA MG PB PE PI RN SE
CONDICAO Condicao Uso Posse Terra 6 Arrendatário/Comodatário IGNORADO Meeiro Parceiro Posseiro zProprietário
Organizacao Pertence Organizacao Social
3 IGNORADO Sim zNão
Dedicacao Dedicacao Atividade 3 Atividade Pric. na renda Familiar IGNORADO zAtividade Complementar na renda Familiar
anon 2 a2 za1
Tests of Model Effects
Effect Num DF F Value Pr > F
Model 29 384.37 <.0001
Intercept 1 117975 <.0001
SEX 2 0.58 0.5597
ACESSO 2 610.08 <.0001
CIVIL 6 14.94 <.0001
Superintend 9 458.52 <.0001
CONDICAO 5 29.69 <.0001
Organizacao 2 381.72 <.0001
164
Tests of Model Effects
Effect Num DF F Value Pr > F
Dedicacao 2 160.51 <.0001
anon 1 4149.00 <.0001
Note: The denominator degrees of freedom for the F tests is 126562.
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard
Error t Value Pr > |t|
Intercept 7.8884950 0.00911039 865.88 <.0001
SEX HOMEM 0.0016895 0.00227603 0.74 0.4579
SEX IGNORADO -0.0506774 0.06611194 -0.77 0.4434
SEX zMULHER 0.0000000 0.00000000 . .
ACESSO IGNORADO -0.0791854 0.00906033 -8.74 <.0001
ACESSO Sim -0.1304673 0.00374551 -34.83 <.0001
ACESSO zNão 0.0000000 0.00000000 . .
CIVIL Casado(a) 0.0146521 0.00746054 1.96 0.0495
CIVIL Divorciado -0.0851801 0.03434804 -2.48 0.0131
CIVIL IGNORADO 0.0245693 0.00887930 2.77 0.0057
CIVIL Separado/Divorciado(a) 0.0027478 0.01152401 0.24 0.8115
CIVIL Solteiro(a) 0.0357016 0.00764530 4.67 <.0001
CIVIL União Estável 0.0300792 0.00815311 3.69 0.0002
CIVIL Viúvo(a) 0.0000000 0.00000000 . .
Superintend AL 0.0861146 0.00498587 17.27 <.0001
Superintend BA -0.0756237 0.00504024 -15.00 <.0001
Superintend CE -0.0713591 0.00580183 -12.30 <.0001
Superintend MA 0.1374303 0.00609814 22.54 <.0001
Superintend MG 0.0919214 0.00541284 16.98 <.0001
Superintend PB -0.0524476 0.00530017 -9.90 <.0001
Superintend PE -0.0471646 0.00507795 -9.29 <.0001
Superintend PI -0.0764329 0.00545547 -14.01 <.0001
Superintend RN -0.0227368 0.00575933 -3.95 <.0001
Superintend SE 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO Arrendatário/Comodatário -0.0345793 0.00317753 -10.88 <.0001
CONDICAO IGNORADO 0.0084058 0.00465831 1.80 0.0712
CONDICAO Meeiro -0.0333552 0.00777837 -4.29 <.0001
165
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard
Error t Value Pr > |t|
CONDICAO Parceiro -0.0092122 0.00334448 -2.75 0.0059
CONDICAO Posseiro -0.0097509 0.00428782 -2.27 0.0230
CONDICAO zProprietário 0.0000000 0.00000000 . .
Organizacao IGNORADO 0.0252542 0.00283532 8.91 <.0001
Organizacao Sim -0.0532784 0.00283016 -18.83 <.0001
Organizacao zNão 0.0000000 0.00000000 . .
Dedicacao Atividade Pric. na renda Familiar -0.0391535 0.00242420 -16.15 <.0001
Dedicacao IGNORADO 0.0355529 0.00675942 5.26 <.0001
Dedicacao zAtividade Complementar na renda Familiar 0.0000000 0.00000000 . .
anon a2 0.1462084 0.00226987 64.41 <.0001
anon za1 0.0000000 0.00000000 . .
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados do Agroamigo / Banco do Nordeste
166
2 - Modelo Interativo (variável sexo)
Equação do Log Receita The SURVEYREG Procedure
Regression Analysis for Dependent Variable LNreceita
Data Summary
Number of Observations 126563
Mean of LNreceita 7.82650
Sum of LNreceita 990545.7
Class Level Information
Class Variable Label Levels Values
SEX SEXO 3 HOMEM IGNORADO zMULHER
ACESSO Acesso Assintencia Tecnica
3 IGNORADO Sim zNão
CIVIL Estado Civil 7 Casado(a) Divorciado IGNORADO Separado/Divorciado(a) Solteiro(a) União Estável Viúvo(a)
Superintend Superintendencia 10 AL BA CE MA MG PB PE PI RN SE
CONDICAO Condicao Uso Posse Terra 6 Arrendatário/Comodatário IGNORADO Meeiro Parceiro Posseiro zProprietário
Organizacao Pertence Organizacao Social
3 IGNORADO Sim zNão
Dedicacao Dedicacao Atividade 3 Atividade Pric. na renda Familiar IGNORADO zAtividade Complementar na renda Familiar
anon 2 a2 za1
Tests of Model Effects
Effect Num DF F Value Pr > F
Model 31 360.95 <.0001
Intercept 1 117987 <.0001
SEX 2 0.42 0.6540
ACESSO 2 610.08 <.0001
CIVIL 6 14.92 <.0001
Superintend 9 458.65 <.0001
CONDICAO 5 29.68 <.0001
Organizacao 2 381.85 <.0001
Dedicacao 2 160.57 <.0001
167
Tests of Model Effects
Effect Num DF F Value Pr > F
anon 1 11.07 0.0009
SEX*anon 2 13.56 <.0001
Note: The denominator degrees of freedom for the F tests is 126562.
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard
Error t Value Pr > |t|
Intercept 7.8948756 0.00920390 857.78 <.0001
SEX HOMEM -0.0106912 0.00345543 -3.09 0.0020
SEX IGNORADO -0.0581053 0.10434923 -0.56 0.5776
SEX zMULHER 0.0000000 0.00000000 . .
ACESSO IGNORADO -0.0791820 0.00905827 -8.74 <.0001
ACESSO Sim -0.1304491 0.00374500 -34.83 <.0001
ACESSO zNão 0.0000000 0.00000000 . .
CIVIL Casado(a) 0.0146672 0.00745835 1.97 0.0492
CIVIL Divorciado -0.0854245 0.03431289 -2.49 0.0128
CIVIL IGNORADO 0.0245964 0.00887740 2.77 0.0056
CIVIL Separado/Divorciado(a) 0.0026516 0.01152076 0.23 0.8180
CIVIL Solteiro(a) 0.0356642 0.00764305 4.67 <.0001
CIVIL União Estável 0.0300823 0.00815088 3.69 0.0002
CIVIL Viúvo(a) 0.0000000 0.00000000 . .
Superintend AL 0.0861416 0.00498598 17.28 <.0001
Superintend BA -0.0756758 0.00503969 -15.02 <.0001
Superintend CE -0.0713435 0.00580066 -12.30 <.0001
Superintend MA 0.1374269 0.00609743 22.54 <.0001
Superintend MG 0.0919416 0.00541313 16.98 <.0001
Superintend PB -0.0524355 0.00529967 -9.89 <.0001
Superintend PE -0.0471300 0.00507769 -9.28 <.0001
Superintend PI -0.0764246 0.00545516 -14.01 <.0001
Superintend RN -0.0227885 0.00575857 -3.96 <.0001
Superintend SE 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO Arrendatário/Comodatário -0.0345680 0.00317722 -10.88 <.0001
CONDICAO IGNORADO 0.0083822 0.00465803 1.80 0.0719
CONDICAO Meeiro -0.0334074 0.00777675 -4.30 <.0001
168
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard
Error t Value Pr > |t|
CONDICAO Parceiro -0.0092294 0.00334359 -2.76 0.0058
CONDICAO Posseiro -0.0097469 0.00428720 -2.27 0.0230
CONDICAO zProprietário 0.0000000 0.00000000 . .
Organizacao IGNORADO 0.0252588 0.00283513 8.91 <.0001
Organizacao Sim -0.0532789 0.00282976 -18.83 <.0001
Organizacao zNão 0.0000000 0.00000000 . .
Dedicacao Atividade Pric. na renda Familiar -0.0391515 0.00242382 -16.15 <.0001
Dedicacao IGNORADO 0.0355935 0.00676070 5.26 <.0001
Dedicacao zAtividade Complementar na renda Familiar 0.0000000 0.00000000 . .
anon a2 0.1339379 0.00329865 40.60 <.0001
anon za1 0.0000000 0.00000000 . .
SEX*anon HOMEM a2 0.0236252 0.00453743 5.21 <.0001
SEX*anon HOMEM za1 0.0000000 0.00000000 . .
SEX*anon IGNORADO a2 0.0142702 0.13210258 0.11 0.9140
SEX*anon IGNORADO za1 0.0000000 0.00000000 . .
SEX*anon zMULHER a2 0.0000000 0.00000000 . .
SEX*anon zMULHER za1 0.0000000 0.00000000 . .
3 - Modelo Interativo (variável dedicação)
Equação do Log Receita The SURVEYREG Procedure
Regression Analysis for Dependent Variable LNreceita
Data Summary
Number of Observations 126563
Mean of LNreceita 7.82650
Sum of LNreceita 990545.7
169
Class Level Information
Class Variable Label Levels Values
SEX SEXO 3 HOMEM IGNORADO zMULHER
ACESSO Acesso Assintencia Tecnica
3 IGNORADO Sim zNão
CIVIL Estado Civil 7 Casado(a) Divorciado IGNORADO Separado/Divorciado(a) Solteiro(a) União Estável Viúvo(a)
Superintend Superintendencia 10 AL BA CE MA MG PB PE PI RN SE
CONDICAO Condicao Uso Posse Terra 6 Arrendatário/Comodatário IGNORADO Meeiro Parceiro Posseiro zProprietário
Organizacao Pertence Organizacao Social
3 IGNORADO Sim zNão
Dedicacao Dedicacao Atividade 3 Atividade Pric. na renda Familiar IGNORADO zAtividade Complementar na renda Familiar
anon 2 a2 za1
Tests of Model Effects
Effect Num DF F Value Pr > F
Model 31 360.22 <.0001
Intercept 1 117840 <.0001
SEX 2 0.58 0.5616
ACESSO 2 609.72 <.0001
CIVIL 6 14.91 <.0001
Superintend 9 459.35 <.0001
CONDICAO 5 29.71 <.0001
Organizacao 2 381.89 <.0001
Dedicacao 2 162.04 <.0001
anon 1 862.62 <.0001
Dedicacao*anon 2 14.43 <.0001
Note: The denominator degrees of freedom for the F tests is 126562.
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard
Error t Value Pr > |t|
Intercept 7.8906912 0.00918282 859.29 <.0001
SEX HOMEM 0.0016827 0.00227578 0.74 0.4597
SEX IGNORADO -0.0506126 0.06615882 -0.77 0.4443
SEX zMULHER 0.0000000 0.00000000 . .
170
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard
Error t Value Pr > |t|
ACESSO IGNORADO -0.0792534 0.00906333 -8.74 <.0001
ACESSO Sim -0.1304276 0.00374544 -34.82 <.0001
ACESSO zNão 0.0000000 0.00000000 . .
CIVIL Casado(a) 0.0146261 0.00746273 1.96 0.0500
CIVIL Divorciado -0.0852362 0.03430818 -2.48 0.0130
CIVIL IGNORADO 0.0245268 0.00888043 2.76 0.0057
CIVIL Separado/Divorciado(a) 0.0027294 0.01152404 0.24 0.8128
CIVIL Solteiro(a) 0.0356367 0.00764733 4.66 <.0001
CIVIL União Estável 0.0300883 0.00815539 3.69 0.0002
CIVIL Viúvo(a) 0.0000000 0.00000000 . .
Superintend AL 0.0862505 0.00498694 17.30 <.0001
Superintend BA -0.0757231 0.00504052 -15.02 <.0001
Superintend CE -0.0713850 0.00580023 -12.31 <.0001
Superintend MA 0.1376313 0.00609846 22.57 <.0001
Superintend MG 0.0918473 0.00541209 16.97 <.0001
Superintend PB -0.0523965 0.00530042 -9.89 <.0001
Superintend PE -0.0470412 0.00507836 -9.26 <.0001
Superintend PI -0.0764962 0.00545411 -14.03 <.0001
Superintend RN -0.0226783 0.00576170 -3.94 <.0001
Superintend SE 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO Arrendatário/Comodatário -0.0345769 0.00317663 -10.88 <.0001
CONDICAO IGNORADO 0.0084258 0.00465685 1.81 0.0704
CONDICAO Meeiro -0.0333717 0.00777905 -4.29 <.0001
CONDICAO Parceiro -0.0093054 0.00334444 -2.78 0.0054
CONDICAO Posseiro -0.0096635 0.00428525 -2.26 0.0241
CONDICAO zProprietário 0.0000000 0.00000000 . .
Organizacao IGNORADO 0.0252204 0.00283439 8.90 <.0001
Organizacao Sim -0.0532989 0.00283074 -18.83 <.0001
Organizacao zNão 0.0000000 0.00000000 . .
Dedicacao Atividade Pric. na renda Familiar -0.0458717 0.00359339 -12.77 <.0001
Dedicacao IGNORADO 0.0623290 0.00923442 6.75 <.0001
Dedicacao zAtividade Complementar na renda Familiar 0.0000000 0.00000000 . .
anon a2 0.1420547 0.00301326 47.14 <.0001
anon za1 0.0000000 0.00000000 . .
171
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard
Error t Value Pr > |t|
Dedicacao*anon Atividade Pric. na renda Familiar a2 0.0128752 0.00465331 2.77 0.0057
Dedicacao*anon Atividade Pric. na renda Familiar za1 0.0000000 0.00000000 . .
Dedicacao*anon IGNORADO a2 -0.0523189 0.01268322 -4.13 <.0001
Dedicacao*anon IGNORADO za1 0.0000000 0.00000000 . .
Dedicacao*anon zAtividade Complementar na renda Familiar a2 0.0000000 0.00000000 . .
Dedicacao*anon zAtividade Complementar na renda Familiar za1 0.0000000 0.00000000 . .
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados do Agroamigo / Banco do Nordeste 4 - Modelo Interativo (variável organização)
Equação do Log Receita
The SURVEYREG Procedure Regression Analysis for Dependent Variable LNreceita
Data Summary
Number of Observations 126563
Mean of LNreceita 7.82650
Sum of LNreceita 990545.7
Class Level Information
Class Variable Label Levels Values
SEX SEXO 3 HOMEM IGNORADO zMULHER
ACESSO Acesso Assintencia Tecnica
3 IGNORADO Sim zNão
CIVIL Estado Civil 7 Casado(a) Divorciado IGNORADO Separado/Divorciado(a) Solteiro(a) União Estável Viúvo(a)
Superintend Superintendencia 10 AL BA CE MA MG PB PE PI RN SE
CONDICAO Condicao Uso Posse Terra 6 Arrendatário/Comodatário IGNORADO Meeiro Parceiro Posseiro zProprietário
Organizacao Pertence Organizacao Social
3 IGNORADO Sim zNão
Dedicacao Dedicacao Atividade 3 Atividade Pric. na renda Familiar IGNORADO zAtividade Complementar na renda Familiar
anon 2 a2 za1
172
Tests of Model Effects
Effect Num DF F Value Pr > F
Model 31 364.42 <.0001
Intercept 1 118178 <.0001
SEX 2 0.58 0.5589
ACESSO 2 609.31 <.0001
CIVIL 6 14.97 <.0001
Superintend 9 458.35 <.0001
CONDICAO 5 29.69 <.0001
Organizacao 2 380.10 <.0001
Dedicacao 2 160.83 <.0001
anon 1 4204.47 <.0001
Organizacao*anon 2 10.14 <.0001
Note: The denominator degrees of freedom for the F tests is 126562.
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard
Error t Value Pr > |t|
Intercept 7.8939137 0.00923115 855.14 <.0001
SEX HOMEM 0.0016880 0.00227593 0.74 0.4583
SEX IGNORADO -0.0507724 0.06604165 -0.77 0.4420
SEX zMULHER 0.0000000 0.00000000 . .
ACESSO IGNORADO -0.0790400 0.00905897 -8.73 <.0001
ACESSO Sim -0.1303865 0.00374564 -34.81 <.0001
ACESSO zNão 0.0000000 0.00000000 . .
CIVIL Casado(a) 0.0147103 0.00745858 1.97 0.0486
CIVIL Divorciado -0.0850049 0.03444431 -2.47 0.0136
CIVIL IGNORADO 0.0246614 0.00887529 2.78 0.0055
CIVIL Separado/Divorciado(a) 0.0028267 0.01152138 0.25 0.8062
CIVIL Solteiro(a) 0.0358030 0.00764324 4.68 <.0001
CIVIL União Estável 0.0300771 0.00815068 3.69 0.0002
CIVIL Viúvo(a) 0.0000000 0.00000000 . .
Superintend AL 0.0863912 0.00498473 17.33 <.0001
Superintend BA -0.0753061 0.00502845 -14.98 <.0001
Superintend CE -0.0711607 0.00579784 -12.27 <.0001
Superintend MA 0.1376968 0.00609562 22.59 <.0001
173
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard
Error t Value Pr > |t|
Superintend MG 0.0920125 0.00540934 17.01 <.0001
Superintend PB -0.0522084 0.00529841 -9.85 <.0001
Superintend PE -0.0468213 0.00507601 -9.22 <.0001
Superintend PI -0.0762707 0.00545550 -13.98 <.0001
Superintend RN -0.0224587 0.00575878 -3.90 <.0001
Superintend SE 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO Arrendatário/Comodatário -0.0345850 0.00317634 -10.89 <.0001
CONDICAO IGNORADO 0.0083606 0.00465728 1.80 0.0726
CONDICAO Meeiro -0.0332896 0.00778235 -4.28 <.0001
CONDICAO Parceiro -0.0092605 0.00334445 -2.77 0.0056
CONDICAO Posseiro -0.0096447 0.00428638 -2.25 0.0244
CONDICAO zProprietário 0.0000000 0.00000000 . .
Organizacao IGNORADO 0.0223178 0.00392902 5.68 <.0001
Organizacao Sim -0.0658544 0.00420813 -15.65 <.0001
Organizacao zNão 0.0000000 0.00000000 . .
Dedicacao Atividade Pric. na renda Familiar -0.0391983 0.00242424 -16.17 <.0001
Dedicacao IGNORADO 0.0355843 0.00676173 5.26 <.0001
Dedicacao zAtividade Complementar na renda Familiar 0.0000000 0.00000000 . .
anon a2 0.1353369 0.00374609 36.13 <.0001
anon za1 0.0000000 0.00000000 . .
Organizacao*anon IGNORADO a2 0.0054655 0.00531353 1.03 0.3037
Organizacao*anon IGNORADO za1 0.0000000 0.00000000 . .
Organizacao*anon Sim a2 0.0239952 0.00552575 4.34 <.0001
Organizacao*anon Sim za1 0.0000000 0.00000000 . .
Organizacao*anon zNão a2 0.0000000 0.00000000 . .
Organizacao*anon zNão za1 0.0000000 0.00000000 . .
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados do Agroamigo / Banco do Nordeste
174
5 - Modelo Interativo (variável condição)
Equação do Log Receita The SURVEYREG Procedure
Regression Analysis for Dependent Variable LNreceita
Data Summary
Number of Observations 126563
Mean of LNreceita 7.82650
Sum of LNreceita 990545.7
Class Level Information
Class Variable Label Levels Values
SEX SEXO 3 HOMEM IGNORADO zMULHER
ACESSO Acesso Assintencia Tecnica
3 IGNORADO Sim zNão
CIVIL Estado Civil 7 Casado(a) Divorciado IGNORADO Separado/Divorciado(a) Solteiro(a) União Estável Viúvo(a)
Superintend Superintendencia 10 AL BA CE MA MG PB PE PI RN SE
CONDICAO Condicao Uso Posse Terra 6 Arrendatário/Comodatário IGNORADO Meeiro Parceiro Posseiro zProprietário
Organizacao Pertence Organizacao Social
3 IGNORADO Sim zNão
Dedicacao Dedicacao Atividade 3 Atividade Pric. na renda Familiar IGNORADO zAtividade Complementar na renda Familiar
anon 2 a2 za1
Tests of Model Effects
Effect Num DF F Value Pr > F
Model 34 333.50 <.0001
Intercept 1 118271 <.0001
SEX 2 0.59 0.5535
ACESSO 2 613.18 <.0001
CIVIL 6 14.87 <.0001
Superintend 9 455.84 <.0001
CONDICAO 5 31.36 <.0001
Organizacao 2 381.42 <.0001
Dedicacao 2 159.12 <.0001
175
Tests of Model Effects
Effect Num DF F Value Pr > F
anon 1 1896.52 <.0001
CONDICAO*anon 5 36.59 <.0001
Note: The denominator degrees of freedom for the F tests is 126562.
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard
Error t Value Pr > |t|
Intercept 7.8986062 0.00919522 858.99 <.0001
SEX HOMEM 0.0017087 0.00227406 0.75 0.4524
SEX IGNORADO -0.0509393 0.06599729 -0.77 0.4402
SEX zMULHER 0.0000000 0.00000000 . .
ACESSO IGNORADO -0.0795763 0.00907583 -8.77 <.0001
ACESSO Sim -0.1308233 0.00374597 -34.92 <.0001
ACESSO zNão 0.0000000 0.00000000 . .
CIVIL Casado(a) 0.0145179 0.00745949 1.95 0.0516
CIVIL Divorciado -0.0848206 0.03454138 -2.46 0.0141
CIVIL IGNORADO 0.0244545 0.00887581 2.76 0.0059
CIVIL Separado/Divorciado(a) 0.0024535 0.01152350 0.21 0.8314
CIVIL Solteiro(a) 0.0355363 0.00764404 4.65 <.0001
CIVIL União Estável 0.0298367 0.00815074 3.66 0.0003
CIVIL Viúvo(a) 0.0000000 0.00000000 . .
Superintend AL 0.0861953 0.00497503 17.33 <.0001
Superintend BA -0.0750079 0.00502688 -14.92 <.0001
Superintend CE -0.0706903 0.00579908 -12.19 <.0001
Superintend MA 0.1363444 0.00608832 22.39 <.0001
Superintend MG 0.0920296 0.00540624 17.02 <.0001
Superintend PB -0.0520882 0.00529306 -9.84 <.0001
Superintend PE -0.0472299 0.00506439 -9.33 <.0001
Superintend PI -0.0751043 0.00544255 -13.80 <.0001
Superintend RN -0.0222766 0.00574890 -3.87 0.0001
Superintend SE 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO Arrendatário/Comodatário -0.0609001 0.00483761 -12.59 <.0001
CONDICAO IGNORADO 0.0150398 0.00706670 2.13 0.0333
CONDICAO Meeiro -0.0192384 0.01120486 -1.72 0.0860
176
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard
Error t Value Pr > |t|
CONDICAO Parceiro -0.0194528 0.00453400 -4.29 <.0001
CONDICAO Posseiro -0.0608443 0.00708691 -8.59 <.0001
CONDICAO zProprietário 0.0000000 0.00000000 . .
Organizacao IGNORADO 0.0256053 0.00283115 9.04 <.0001
Organizacao Sim -0.0529277 0.00282476 -18.74 <.0001
Organizacao zNão 0.0000000 0.00000000 . .
Dedicacao Atividade Pric. na renda Familiar -0.0388996 0.00242025 -16.07 <.0001
Dedicacao IGNORADO 0.0354791 0.00674934 5.26 <.0001
Dedicacao zAtividade Complementar na renda Familiar 0.0000000 0.00000000 . .
anon a2 0.1263626 0.00325307 38.84 <.0001
anon za1 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO*anon Arrendatário/Comodatário a2 0.0505173 0.00627021 8.06 <.0001
CONDICAO*anon Arrendatário/Comodatário za1 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO*anon IGNORADO a2 -0.0124632 0.00915674 -1.36 0.1735
CONDICAO*anon IGNORADO za1 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO*anon Meeiro a2 -0.0271923 0.01475981 -1.84 0.0654
CONDICAO*anon Meeiro za1 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO*anon Parceiro a2 0.0195303 0.00630133 3.10 0.0019
CONDICAO*anon Parceiro za1 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO*anon Posseiro a2 0.0931246 0.00844221 11.03 <.0001
CONDICAO*anon Posseiro za1 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO*anon zProprietário a2 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO*anon zProprietário za1 0.0000000 0.00000000 . .
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados do Agroamigo / Banco do Nordeste
177
B) Equações de Lucro 1 - Modelo Básico
Equação do Log Lucro The SURVEYREG Procedure
Regression Analysis for Dependent Variable LNreceita
Data Summary
Number of Observations 122411
Mean of LNlucro 7.61741
Sum of LNlucro 932454.9
Class Level Information
Class Variable Label Levels Values
SEX SEXO 3 HOMEM IGNORADO zMULHER
ACESSO Acesso Assintencia Tecnica
3 IGNORADO Sim zNão
CIVIL Estado Civil 7 Casado(a) Divorciado IGNORADO Separado/Divorciado(a) Solteiro(a) União Estável Viúvo(a)
Superintend Superintendencia 10 AL BA CE MA MG PB PE PI RN SE
CONDICAO Condicao Uso Posse Terra 6 Arrendatário/Comodatário IGNORADO Meeiro Parceiro Posseiro zProprietário
Organizacao Pertence Organizacao Social
3 IGNORADO Sim zNão
Dedicacao Dedicacao Atividade 3 Atividade Pric. na renda Familiar IGNORADO zAtividade Complementar na renda Familiar
anon 2 a2 za1
Tests of Model Effects
Effect Num DF F Value Pr > F
Model 29 330.47 <.0001
Intercept 1 161760 <.0001
SEX 2 5.54 0.0039
ACESSO 2 912.78 <.0001
CIVIL 6 12.18 <.0001
Superintend 9 221.16 <.0001
CONDICAO 5 25.14 <.0001
Organizacao 2 163.84 <.0001
178
Tests of Model Effects
Effect Num DF F Value Pr > F
Dedicacao 2 166.74 <.0001
anon 1 4396.20 <.0001
Note: The denominator degrees of freedom for the F tests is 122410.
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard
Error t Value Pr > |t|
Intercept 7.7020731 0.00981615 784.63 <.0001
SEX HOMEM 0.0075273 0.00231818 3.25 0.0012
SEX IGNORADO -0.0358539 0.05419006 -0.66 0.5082
SEX zMULHER 0.0000000 0.00000000 . .
ACESSO IGNORADO -0.0944490 0.01003031 -9.42 <.0001
ACESSO Sim -0.1560612 0.00365767 -42.67 <.0001
ACESSO zNão 0.0000000 0.00000000 . .
CIVIL Casado(a) 0.0123247 0.00836600 1.47 0.1407
CIVIL Divorciado -0.0328344 0.03426466 -0.96 0.3379
CIVIL IGNORADO 0.0042030 0.00973950 0.43 0.6661
CIVIL Separado/Divorciado(a) -0.0068396 0.01258763 -0.54 0.5869
CIVIL Solteiro(a) 0.0326105 0.00856321 3.81 0.0001
CIVIL União Estável 0.0184333 0.00900644 2.05 0.0407
CIVIL Viúvo(a) 0.0000000 0.00000000 . .
Superintend AL 0.0439021 0.00492642 8.91 <.0001
Superintend BA -0.0447152 0.00499399 -8.95 <.0001
Superintend CE -0.1060016 0.00546772 -19.39 <.0001
Superintend MA 0.1068766 0.00638092 16.75 <.0001
Superintend MG -0.0620464 0.00512982 -12.10 <.0001
Superintend PB -0.0549866 0.00516388 -10.65 <.0001
Superintend PE -0.0029127 0.00509169 -0.57 0.5673
Superintend PI -0.0272009 0.00525779 -5.17 <.0001
Superintend RN 0.0180629 0.00555611 3.25 0.0012
Superintend SE 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO Arrendatário/Comodatário -0.0194931 0.00337308 -5.78 <.0001
CONDICAO IGNORADO 0.0219497 0.00503230 4.36 <.0001
CONDICAO Meeiro -0.0387097 0.00709935 -5.45 <.0001
179
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard
Error t Value Pr > |t|
CONDICAO Parceiro 0.0055757 0.00341310 1.63 0.1023
CONDICAO Posseiro 0.0188813 0.00437069 4.32 <.0001
CONDICAO zProprietário 0.0000000 0.00000000 . .
Organizacao IGNORADO 0.0091485 0.00292412 3.13 0.0018
Organizacao Sim -0.0407755 0.00289628 -14.08 <.0001
Organizacao zNão 0.0000000 0.00000000 . .
Dedicacao Atividade Pric. na renda Familiar -0.0406197 0.00248898 -16.32 <.0001
Dedicacao IGNORADO 0.0300157 0.00598160 5.02 <.0001
Dedicacao zAtividade Complementar na renda Familiar 0.0000000 0.00000000 . .
anon a2 0.1533809 0.00231330 66.30 <.0001
anon za1 0.0000000 0.00000000 . .
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados do Agroamigo / Banco do Nordeste
180
2 - Modelo Interativo (variável sexo)
Equação do Log Lucro The SURVEYREG Procedure
Regression Analysis for Dependent Variable LNreceita Data Summary
Number of Observations 122411
Mean of LNlucro 7.61741
Sum of LNlucro 932454.9
Class Level Information
Class Variable Label Levels Values
SEX SEXO 3 HOMEM IGNORADO zMULHER
ACESSO Acesso Assintencia Tecnica
3 IGNORADO Sim zNão
CIVIL Estado Civil 7 Casado(a) Divorciado IGNORADO Separado/Divorciado(a) Solteiro(a) União Estável Viúvo(a)
Superintend Superintendencia 10 AL BA CE MA MG PB PE PI RN SE
CONDICAO Condicao Uso Posse Terra 6 Arrendatário/Comodatário IGNORADO Meeiro Parceiro Posseiro zProprietário
Organizacao Pertence Organizacao Social
3 IGNORADO Sim zNão
Dedicacao Dedicacao Atividade 3 Atividade Pric. na renda Familiar IGNORADO zAtividade Complementar na renda Familiar
anon 2 a2 za1
Tests of Model Effects
Effect Num DF F Value Pr > F
Model 31 310.30 <.0001
Intercept 1 161958 <.0001
SEX 2 4.59 0.0101
ACESSO 2 912.91 <.0001
CIVIL 6 12.14 <.0001
Superintend 9 221.26 <.0001
CONDICAO 5 25.15 <.0001
Organizacao 2 163.90 <.0001
Dedicacao 2 166.80 <.0001
181
Tests of Model Effects
Effect Num DF F Value Pr > F
anon 1 16.61 <.0001
SEX*anon 2 18.55 <.0001
Note: The denominator degrees of freedom for the F tests is 122410.
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard
Error t Value Pr > |t|
Intercept 7.7096816 0.00992339 776.92 <.0001
SEX HOMEM -0.0072196 0.00343899 -2.10 0.0358
SEX IGNORADO -0.0343607 0.08621098 -0.40 0.6902
SEX zMULHER 0.0000000 0.00000000 . .
ACESSO IGNORADO -0.0944460 0.01002507 -9.42 <.0001
ACESSO Sim -0.1560446 0.00365703 -42.67 <.0001
ACESSO zNão 0.0000000 0.00000000 . .
CIVIL Casado(a) 0.0123508 0.00836320 1.48 0.1397
CIVIL Divorciado -0.0331182 0.03419051 -0.97 0.3327
CIVIL IGNORADO 0.0042433 0.00973763 0.44 0.6630
CIVIL Separado/Divorciado(a) -0.0069314 0.01258163 -0.55 0.5817
CIVIL Solteiro(a) 0.0325740 0.00856058 3.81 0.0001
CIVIL União Estável 0.0184392 0.00900372 2.05 0.0406
CIVIL Viúvo(a) 0.0000000 0.00000000 . .
Superintend AL 0.0439272 0.00492717 8.92 <.0001
Superintend BA -0.0447810 0.00499357 -8.97 <.0001
Superintend CE -0.1059970 0.00546593 -19.39 <.0001
Superintend MA 0.1068615 0.00637950 16.75 <.0001
Superintend MG -0.0620287 0.00513012 -12.09 <.0001
Superintend PB -0.0549755 0.00516361 -10.65 <.0001
Superintend PE -0.0028800 0.00509198 -0.57 0.5717
Superintend PI -0.0271978 0.00525784 -5.17 <.0001
Superintend RN 0.0180026 0.00555522 3.24 0.0012
Superintend SE 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO Arrendatário/Comodatário -0.0194783 0.00337283 -5.78 <.0001
CONDICAO IGNORADO 0.0219187 0.00503175 4.36 <.0001
CONDICAO Meeiro -0.0387719 0.00709599 -5.46 <.0001
182
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard
Error t Value Pr > |t|
CONDICAO Parceiro 0.0055620 0.00341174 1.63 0.1030
CONDICAO Posseiro 0.0188930 0.00436919 4.32 <.0001
CONDICAO zProprietário 0.0000000 0.00000000 . .
Organizacao IGNORADO 0.0091564 0.00292406 3.13 0.0017
Organizacao Sim -0.0407707 0.00289580 -14.08 <.0001
Organizacao zNão 0.0000000 0.00000000 . .
Dedicacao Atividade Pric. na renda Familiar -0.0406213 0.00248845 -16.32 <.0001
Dedicacao IGNORADO 0.0300177 0.00598249 5.02 <.0001
Dedicacao zAtividade Complementar na renda Familiar 0.0000000 0.00000000 . .
anon a2 0.1387575 0.00330593 41.97 <.0001
anon za1 0.0000000 0.00000000 . .
SEX*anon HOMEM a2 0.0281219 0.00461821 6.09 <.0001
SEX*anon HOMEM za1 0.0000000 0.00000000 . .
SEX*anon IGNORADO a2 -0.0036971 0.10808330 -0.03 0.9727
SEX*anon IGNORADO za1 0.0000000 0.00000000 . .
SEX*anon zMULHER a2 0.0000000 0.00000000 . .
SEX*anon zMULHER za1 0.0000000 0.00000000 . .
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados do Agroamigo / Banco do Nordeste
183
3 - Modelo Interativo (variável dedicação)
Equação do Log Lucro The SURVEYREG Procedure
Regression Analysis for Dependent Variable LNreceita
Data Summary
Number of Observations 122411
Mean of LNlucro 7.61741
Sum of LNlucro 932454.9
Class Level Information
Class Variable Label Levels Values
SEX SEXO 3 HOMEM IGNORADO zMULHER
ACESSO Acesso Assintencia Tecnica
3 IGNORADO Sim zNão
CIVIL Estado Civil 7 Casado(a) Divorciado IGNORADO Separado/Divorciado(a) Solteiro(a) União Estável Viúvo(a)
Superintend Superintendencia 10 AL BA CE MA MG PB PE PI RN SE
CONDICAO Condicao Uso Posse Terra 6 Arrendatário/Comodatário IGNORADO Meeiro Parceiro Posseiro zProprietário
Organizacao Pertence Organizacao Social
3 IGNORADO Sim zNão
Dedicacao Dedicacao Atividade 3 Atividade Pric. na renda Familiar IGNORADO zAtividade Complementar na renda Familiar
anon 2 a2 za1
Tests of Model Effects
Effect Num DF F Value Pr > F
Model 31 309.68 <.0001
Intercept 1 161321 <.0001
SEX 2 5.54 0.0039
ACESSO 2 912.53 <.0001
CIVIL 6 12.15 <.0001
Superintend 9 222.22 <.0001
CONDICAO 5 25.19 <.0001
Organizacao 2 163.82 <.0001
Dedicacao 2 168.07 <.0001
184
Tests of Model Effects
Effect Num DF F Value Pr > F
anon 1 1304.27 <.0001
Dedicacao*anon 2 13.47 <.0001
Note: The denominator degrees of freedom for the F tests is 122410.
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard
Error t Value Pr > |t|
Intercept 7.7039464 0.00984646 782.41 <.0001
SEX HOMEM 0.0075283 0.00231798 3.25 0.0012
SEX IGNORADO -0.0357937 0.05427729 -0.66 0.5096
SEX zMULHER 0.0000000 0.00000000 . .
ACESSO IGNORADO -0.0945138 0.01003293 -9.42 <.0001
ACESSO Sim -0.1560464 0.00365782 -42.66 <.0001
ACESSO zNão 0.0000000 0.00000000 . .
CIVIL Casado(a) 0.0122902 0.00836757 1.47 0.1419
CIVIL Divorciado -0.0328927 0.03423119 -0.96 0.3366
CIVIL IGNORADO 0.0041542 0.00973948 0.43 0.6697
CIVIL Separado/Divorciado(a) -0.0068658 0.01258664 -0.55 0.5854
CIVIL Solteiro(a) 0.0325434 0.00856442 3.80 0.0001
CIVIL União Estável 0.0184309 0.00900862 2.05 0.0408
CIVIL Viúvo(a) 0.0000000 0.00000000 . .
Superintend AL 0.0440263 0.00492900 8.93 <.0001
Superintend BA -0.0447874 0.00499388 -8.97 <.0001
Superintend CE -0.1060119 0.00546627 -19.39 <.0001
Superintend MA 0.1070622 0.00637778 16.79 <.0001
Superintend MG -0.0621086 0.00512800 -12.11 <.0001
Superintend PB -0.0549422 0.00516472 -10.64 <.0001
Superintend PE -0.0028105 0.00509283 -0.55 0.5810
Superintend PI -0.0272550 0.00525628 -5.19 <.0001
Superintend RN 0.0181512 0.00556062 3.26 0.0011
Superintend SE 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO Arrendatário/Comodatário -0.0194946 0.00337236 -5.78 <.0001
CONDICAO IGNORADO 0.0219780 0.00503121 4.37 <.0001
CONDICAO Meeiro -0.0387253 0.00709901 -5.46 <.0001
185
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard
Error t Value Pr > |t|
CONDICAO Parceiro 0.0055005 0.00341304 1.61 0.1070
CONDICAO Posseiro 0.0189712 0.00436645 4.34 <.0001
CONDICAO zProprietário 0.0000000 0.00000000 . .
Organizacao IGNORADO 0.0091412 0.00292444 3.13 0.0018
Organizacao Sim -0.0407903 0.00289791 -14.08 <.0001
Organizacao zNão 0.0000000 0.00000000 . .
Dedicacao Atividade Pric. na renda Familiar -0.0463212 0.00364673 -12.70 <.0001
Dedicacao IGNORADO 0.0533143 0.00841540 6.34 <.0001
Dedicacao zAtividade Complementar na renda Familiar 0.0000000 0.00000000 . .
anon a2 0.1498609 0.00303111 49.44 <.0001
anon za1 0.0000000 0.00000000 . .
Dedicacao*anon Atividade Pric. na renda Familiar a2 0.0109282 0.00476138 2.30 0.0217
Dedicacao*anon Atividade Pric. na renda Familiar za1 0.0000000 0.00000000 . .
Dedicacao*anon IGNORADO a2 -0.0454373 0.01088367 -4.17 <.0001
Dedicacao*anon IGNORADO za1 0.0000000 0.00000000 . .
Dedicacao*anon zAtividade Complementar na renda Familiar a2 0.0000000 0.00000000 . .
Dedicacao*anon zAtividade Complementar na renda Familiar za1 0.0000000 0.00000000 . .
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados do Agroamigo / Banco do Nordeste
186
4 - Modelo Interativo (variável organização)
Equação do Log Lucro The SURVEYREG Procedure
Regression Analysis for Dependent Variable LNreceita
Data Summary
Number of Observations 122411
Mean of LNlucro 7.61741
Sum of LNlucro 932454.9
Class Level Information
Class Variable Label Levels Values
SEX SEXO 3 HOMEM IGNORADO zMULHER
ACESSO Acesso Assintencia Tecnica
3 IGNORADO Sim zNão
CIVIL Estado Civil 7 Casado(a) Divorciado IGNORADO Separado/Divorciado(a) Solteiro(a) União Estável Viúvo(a)
Superintend Superintendencia 10 AL BA CE MA MG PB PE PI RN SE
CONDICAO Condicao Uso Posse Terra 6 Arrendatário/Comodatário IGNORADO Meeiro Parceiro Posseiro zProprietário
Organizacao Pertence Organizacao Social
3 IGNORADO Sim zNão
Dedicacao Dedicacao Atividade 3 Atividade Pric. na renda Familiar IGNORADO zAtividade Complementar na renda Familiar
anon 2 a2 za1
Tests of Model Effects
Effect Num DF F Value Pr > F
Model 31 309.93 <.0001
Intercept 1 162479 <.0001
SEX 2 5.54 0.0039
ACESSO 2 910.77 <.0001
CIVIL 6 12.27 <.0001
Superintend 9 221.23 <.0001
CONDICAO 5 25.03 <.0001
Organizacao 2 167.96 <.0001
Dedicacao 2 167.10 <.0001
187
Tests of Model Effects
Effect Num DF F Value Pr > F
anon 1 4440.00 <.0001
Organizacao*anon 2 33.64 <.0001
Note: The denominator degrees of freedom for the F tests is 122410.
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard
Error t Value Pr > |t|
Intercept 7.7040301 0.00993513 775.43 <.0001
SEX HOMEM 0.0075181 0.00231752 3.24 0.0012
SEX IGNORADO -0.0362113 0.05403776 -0.67 0.5028
SEX zMULHER 0.0000000 0.00000000 . .
ACESSO IGNORADO -0.0942242 0.01002387 -9.40 <.0001
ACESSO Sim -0.1560066 0.00366055 -42.62 <.0001
ACESSO zNão 0.0000000 0.00000000 . .
CIVIL Casado(a) 0.0123908 0.00836082 1.48 0.1383
CIVIL Divorciado -0.0326125 0.03441774 -0.95 0.3434
CIVIL IGNORADO 0.0043385 0.00972903 0.45 0.6556
CIVIL Separado/Divorciado(a) -0.0067819 0.01258257 -0.54 0.5899
CIVIL Solteiro(a) 0.0327732 0.00855787 3.83 0.0001
CIVIL União Estável 0.0184532 0.00900036 2.05 0.0403
CIVIL Viúvo(a) 0.0000000 0.00000000 . .
Superintend AL 0.0443290 0.00492344 9.00 <.0001
Superintend BA -0.0440511 0.00498016 -8.85 <.0001
Superintend CE -0.1055106 0.00546412 -19.31 <.0001
Superintend MA 0.1073817 0.00637326 16.85 <.0001
Superintend MG -0.0619220 0.00512157 -12.09 <.0001
Superintend PB -0.0545177 0.00516145 -10.56 <.0001
Superintend PE -0.0025462 0.00508838 -0.50 0.6168
Superintend PI -0.0268102 0.00525584 -5.10 <.0001
Superintend RN 0.0185612 0.00555640 3.34 0.0008
Superintend SE 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO Arrendatário/Comodatário -0.0194996 0.00337158 -5.78 <.0001
CONDICAO IGNORADO 0.0218169 0.00502880 4.34 <.0001
CONDICAO Meeiro -0.0385951 0.00711088 -5.43 <.0001
188
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard
Error t Value Pr > |t|
CONDICAO Parceiro 0.0054912 0.00341348 1.61 0.1077
CONDICAO Posseiro 0.0188801 0.00436545 4.32 <.0001
CONDICAO zProprietário 0.0000000 0.00000000 . .
Organizacao IGNORADO 0.0184671 0.00391526 4.72 <.0001
Organizacao Sim -0.0553500 0.00432941 -12.78 <.0001
Organizacao zNão 0.0000000 0.00000000 . .
Dedicacao Atividade Pric. na renda Familiar -0.0406874 0.00249010 -16.34 <.0001
Dedicacao IGNORADO 0.0300581 0.00598786 5.02 <.0001
Dedicacao zAtividade Complementar na renda Familiar 0.0000000 0.00000000 . .
anon a2 0.1487483 0.00390405 38.10 <.0001
anon za1 0.0000000 0.00000000 . .
Organizacao*anon IGNORADO a2 -0.0177890 0.00543540 -3.27 0.0011
Organizacao*anon IGNORADO za1 0.0000000 0.00000000 . .
Organizacao*anon Sim a2 0.0279406 0.00568569 4.91 <.0001
Organizacao*anon Sim za1 0.0000000 0.00000000 . .
Organizacao*anon zNão a2 0.0000000 0.00000000 . .
Organizacao*anon zNão za1 0.0000000 0.00000000 . .
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados do Agroamigo / Banco do Nordeste
189
5 - Modelo Interativo (variável condição)
Data Summary
Number of Observations 122411
Mean of LNlucro 7.61741
Sum of LNlucro 932454.9
Class Level Information
Class Variable Label Levels Values
SEX SEXO 3 HOMEM IGNORADO zMULHER
ACESSO Acesso Assintencia Tecnica
3 IGNORADO Sim zNão
CIVIL Estado Civil 7 Casado(a) Divorciado IGNORADO Separado/Divorciado(a) Solteiro(a) União Estável Viúvo(a)
Superintend Superintendencia 10 AL BA CE MA MG PB PE PI RN SE
CONDICAO Condicao Uso Posse Terra 6 Arrendatário/Comodatário IGNORADO Meeiro Parceiro Posseiro zProprietário
Organizacao Pertence Organizacao Social
3 IGNORADO Sim zNão
Dedicacao Dedicacao Atividade 3 Atividade Pric. na renda Familiar IGNORADO zAtividade Complementar na renda Familiar
anon 2 a2 za1
Tests of Model Effects
Effect Num DF F Value Pr > F
Model 34 285.51 <.0001
Intercept 1 161838 <.0001
SEX 2 5.60 0.0037
ACESSO 2 916.50 <.0001
CIVIL 6 12.21 <.0001
Superintend 9 218.56 <.0001
CONDICAO 5 23.91 <.0001
Organizacao 2 163.73 <.0001
Dedicacao 2 165.58 <.0001
anon 1 2122.68 <.0001
CONDICAO*anon 5 33.53 <.0001
Note: The denominator degrees of freedom for the F tests is 122410.
190
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard
Error t Value Pr > |t|
Intercept 7.7105130 0.00987125 781.11 <.0001
SEX HOMEM 0.0075615 0.00231656 3.26 0.0011
SEX IGNORADO -0.0360819 0.05415306 -0.67 0.5052
SEX zMULHER 0.0000000 0.00000000 . .
ACESSO IGNORADO -0.0948114 0.01004526 -9.44 <.0001
ACESSO Sim -0.1563540 0.00365687 -42.76 <.0001
ACESSO zNão 0.0000000 0.00000000 . .
CIVIL Casado(a) 0.0122177 0.00836573 1.46 0.1442
CIVIL Divorciado -0.0323522 0.03443365 -0.94 0.3474
CIVIL IGNORADO 0.0041661 0.00973665 0.43 0.6687
CIVIL Separado/Divorciado(a) -0.0071024 0.01258280 -0.56 0.5724
CIVIL Solteiro(a) 0.0325368 0.00856264 3.80 0.0001
CIVIL União Estável 0.0182677 0.00900515 2.03 0.0425
CIVIL Viúvo(a) 0.0000000 0.00000000 . .
Superintend AL 0.0438758 0.00491822 8.92 <.0001
Superintend BA -0.0441662 0.00498148 -8.87 <.0001
Superintend CE -0.1054343 0.00546735 -19.28 <.0001
Superintend MA 0.1058849 0.00637886 16.60 <.0001
Superintend MG -0.0620124 0.00512639 -12.10 <.0001
Superintend PB -0.0548208 0.00515745 -10.63 <.0001
Superintend PE -0.0029342 0.00507892 -0.58 0.5634
Superintend PI -0.0259369 0.00526074 -4.93 <.0001
Superintend RN 0.0184415 0.00554490 3.33 0.0009
Superintend SE 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO Arrendatário/Comodatário -0.0450293 0.00507000 -8.88 <.0001
CONDICAO IGNORADO 0.0237529 0.00736898 3.22 0.0013
CONDICAO Meeiro -0.0118461 0.00882360 -1.34 0.1794
CONDICAO Parceiro 0.0028144 0.00446371 0.63 0.5284
CONDICAO Posseiro -0.0263908 0.00681747 -3.87 0.0001
CONDICAO zProprietário 0.0000000 0.00000000 . .
Organizacao IGNORADO 0.0095240 0.00292328 3.26 0.0011
Organizacao Sim -0.0404631 0.00288982 -14.00 <.0001
Organizacao zNão 0.0000000 0.00000000 . .
191
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard
Error t Value Pr > |t|
Dedicacao Atividade Pric. na renda Familiar -0.0403876 0.00248396 -16.26 <.0001
Dedicacao IGNORADO 0.0299067 0.00597380 5.01 <.0001
Dedicacao zAtividade Complementar na renda Familiar 0.0000000 0.00000000 . .
anon a2 0.1367109 0.00328582 41.61 <.0001
anon za1 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO*anon Arrendatário/Comodatário a2 0.0489353 0.00659913 7.42 <.0001
CONDICAO*anon Arrendatário/Comodatário za1 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO*anon IGNORADO a2 -0.0031584 0.00985033 -0.32 0.7485
CONDICAO*anon IGNORADO za1 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO*anon Meeiro a2 -0.0513682 0.01322745 -3.88 0.0001
CONDICAO*anon Meeiro za1 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO*anon Parceiro a2 0.0051270 0.00638194 0.80 0.4218
CONDICAO*anon Parceiro za1 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO*anon Posseiro a2 0.0822128 0.00830815 9.90 <.0001
CONDICAO*anon Posseiro za1 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO*anon zProprietário a2 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO*anon zProprietário za1 0.0000000 0.00000000 . .
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados do Agroamigo / Banco do Nordeste
192
C) Equações de Custo 1 - Modelo Básico
Equação do Log Custo The SURVEYREG Procedure
Regression Analysis for Dependent Variable LNreceita Data Summary
Number of Observations 124444
Mean of LNcusto 5.76553
Sum of LNcusto 717486.1
Class Level Information
Class Variable Label Levels Values
SEX SEXO 3 HOMEM IGNORADO zMULHER
ACESSO Acesso Assintencia Tecnica
3 IGNORADO Sim zNão
CIVIL Estado Civil 7 Casado(a) Divorciado IGNORADO Separado/Divorciado(a) Solteiro(a) União Estável Viúvo(a)
Superintend Superintendencia 10 AL BA CE MA MG PB PE PI RN SE
CONDICAO Condicao Uso Posse Terra 6 Arrendatário/Comodatário IGNORADO Meeiro Parceiro Posseiro zProprietário
Organizacao Pertence Organizacao Social
3 IGNORADO Sim zNão
Dedicacao Dedicacao Atividade 3 Atividade Pric. na renda Familiar IGNORADO zAtividade Complementar na renda Familiar
anon 2 a2 za1
Tests of Model Effects
Effect Num DF F Value Pr > F
Model 29 352.61 <.0001
Intercept 1 11774.1 <.0001
SEX 2 24.86 <.0001
ACESSO 2 43.83 <.0001
CIVIL 6 17.48 <.0001
Superintend 9 951.71 <.0001
CONDICAO 5 41.18 <.0001
Organizacao 2 566.17 <.0001
193
Tests of Model Effects
Effect Num DF F Value Pr > F
Dedicacao 2 75.53 <.0001
anon 1 250.18 <.0001
Note: The denominator degrees of freedom for the F tests is 124443.
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard
Error t Value Pr > |t|
Intercept 5.5813917 0.02607205 214.08 <.0001
SEX HOMEM -0.0404166 0.00576290 -7.01 <.0001
SEX IGNORADO -0.1307555 0.14885831 -0.88 0.3797
SEX zMULHER 0.0000000 0.00000000 . .
ACESSO IGNORADO -0.2182921 0.02353612 -9.27 <.0001
ACESSO Sim -0.0198266 0.01001722 -1.98 0.0478
ACESSO zNão 0.0000000 0.00000000 . .
CIVIL Casado(a) 0.0303255 0.01956979 1.55 0.1212
CIVIL Divorciado -0.2426805 0.10193783 -2.38 0.0173
CIVIL IGNORADO 0.1401472 0.02246241 6.24 <.0001
CIVIL Separado/Divorciado(a) 0.0529316 0.03041424 1.74 0.0818
CIVIL Solteiro(a) 0.0528309 0.02002168 2.64 0.0083
CIVIL União Estável 0.0725674 0.02127979 3.41 0.0006
CIVIL Viúvo(a) 0.0000000 0.00000000 . .
Superintend AL 0.4817376 0.01640813 29.36 <.0001
Superintend BA -0.1269298 0.01562177 -8.13 <.0001
Superintend CE 0.3445844 0.01666409 20.68 <.0001
Superintend MA 0.3655575 0.01821582 20.07 <.0001
Superintend MG 0.7169768 0.01687413 42.49 <.0001
Superintend PB 0.2430410 0.01624445 14.96 <.0001
Superintend PE -0.0520676 0.01607630 -3.24 0.0012
Superintend PI -0.0410936 0.01644487 -2.50 0.0125
Superintend RN 0.0345549 0.01771986 1.95 0.0512
Superintend SE 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO Arrendatário/Comodatário -0.0841491 0.00820369 -10.26 <.0001
CONDICAO IGNORADO -0.0439984 0.01159600 -3.79 0.0001
CONDICAO Meeiro 0.0859092 0.01776000 4.84 <.0001
194
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard
Error t Value Pr > |t|
CONDICAO Parceiro -0.0669837 0.00916755 -7.31 <.0001
CONDICAO Posseiro -0.0736826 0.00946611 -7.78 <.0001
CONDICAO zProprietário 0.0000000 0.00000000 . .
Organizacao IGNORADO 0.1248736 0.00773060 16.15 <.0001
Organizacao Sim -0.1147088 0.00731356 -15.68 <.0001
Organizacao zNão 0.0000000 0.00000000 . .
Dedicacao Atividade Pric. na renda Familiar -0.0488831 0.00610082 -8.01 <.0001
Dedicacao IGNORADO 0.1459435 0.01832318 7.96 <.0001
Dedicacao zAtividade Complementar na renda Familiar 0.0000000 0.00000000 . .
anon a2 0.0907985 0.00574058 15.82 <.0001
anon za1 0.0000000 0.00000000 . .
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados do Agroamigo / Banco do Nordeste
195
2 - Modelo Interativo (variável sexo)
Equação do Log Custo The SURVEYREG Procedure
Regression Analysis for Dependent Variable LNreceita
Data Summary
Number of Observations 124444
Mean of LNcusto 5.76553
Sum of LNcusto 717486.1
Class Level Information
Class Variable Label Levels Values
SEX SEXO 3 HOMEM IGNORADO zMULHER
ACESSO Acesso Assintencia Tecnica
3 IGNORADO Sim zNão
CIVIL Estado Civil 7 Casado(a) Divorciado IGNORADO Separado/Divorciado(a) Solteiro(a) União Estável Viúvo(a)
Superintend Superintendencia 10 AL BA CE MA MG PB PE PI RN SE
CONDICAO Condicao Uso Posse Terra 6 Arrendatário/Comodatário IGNORADO Meeiro Parceiro Posseiro zProprietário
Organizacao Pertence Organizacao Social
3 IGNORADO Sim zNão
Dedicacao Dedicacao Atividade 3 Atividade Pric. na renda Familiar IGNORADO zAtividade Complementar na renda Familiar
anon 2 a2 za1
Tests of Model Effects
Effect Num DF F Value Pr > F
Model 31 329.87 <.0001
Intercept 1 11793.9 <.0001
SEX 2 24.63 <.0001
ACESSO 2 43.83 <.0001
CIVIL 6 17.48 <.0001
Superintend 9 951.70 <.0001
CONDICAO 5 41.18 <.0001
Organizacao 2 566.16 <.0001
Dedicacao 2 75.53 <.0001
196
Tests of Model Effects
Effect Num DF F Value Pr > F
anon 1 1.33 0.2486
SEX*anon 2 0.06 0.9372
Note: The denominator degrees of freedom for the F tests is 124443.
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard
Error t Value Pr > |t|
Intercept 5.5805584 0.02629524 212.23 <.0001
SEX HOMEM -0.0387834 0.00845936 -4.58 <.0001
SEX IGNORADO -0.1652052 0.19293791 -0.86 0.3919
SEX zMULHER 0.0000000 0.00000000 . .
ACESSO IGNORADO -0.2182948 0.02353626 -9.27 <.0001
ACESSO Sim -0.0198289 0.01001723 -1.98 0.0478
ACESSO zNão 0.0000000 0.00000000 . .
CIVIL Casado(a) 0.0303253 0.01956992 1.55 0.1212
CIVIL Divorciado -0.2426553 0.10193566 -2.38 0.0173
CIVIL IGNORADO 0.1401467 0.02246256 6.24 <.0001
CIVIL Separado/Divorciado(a) 0.0529452 0.03041421 1.74 0.0817
CIVIL Solteiro(a) 0.0528362 0.02002195 2.64 0.0083
CIVIL União Estável 0.0725685 0.02127997 3.41 0.0006
CIVIL Viúvo(a) 0.0000000 0.00000000 . .
Superintend AL 0.4817343 0.01640826 29.36 <.0001
Superintend BA -0.1269208 0.01562203 -8.12 <.0001
Superintend CE 0.3445824 0.01666433 20.68 <.0001
Superintend MA 0.3655593 0.01821597 20.07 <.0001
Superintend MG 0.7169750 0.01687425 42.49 <.0001
Superintend PB 0.2430392 0.01624464 14.96 <.0001
Superintend PE -0.0520737 0.01607655 -3.24 0.0012
Superintend PI -0.0410988 0.01644496 -2.50 0.0124
Superintend RN 0.0345583 0.01772006 1.95 0.0512
Superintend SE 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO Arrendatário/Comodatário -0.0841488 0.00820375 -10.26 <.0001
CONDICAO IGNORADO -0.0439954 0.01159615 -3.79 0.0001
CONDICAO Meeiro 0.0859155 0.01776001 4.84 <.0001
197
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard
Error t Value Pr > |t|
CONDICAO Parceiro -0.0669794 0.00916772 -7.31 <.0001
CONDICAO Posseiro -0.0736841 0.00946620 -7.78 <.0001
CONDICAO zProprietário 0.0000000 0.00000000 . .
Organizacao IGNORADO 0.1248718 0.00773068 16.15 <.0001
Organizacao Sim -0.1147105 0.00731363 -15.68 <.0001
Organizacao zNão 0.0000000 0.00000000 . .
Dedicacao Atividade Pric. na renda Familiar -0.0488840 0.00610087 -8.01 <.0001
Dedicacao IGNORADO 0.1459414 0.01832346 7.96 <.0001
Dedicacao zAtividade Complementar na renda Familiar 0.0000000 0.00000000 . .
anon a2 0.0923934 0.00829013 11.14 <.0001
anon za1 0.0000000 0.00000000 . .
SEX*anon HOMEM a2 -0.0031044 0.01146522 -0.27 0.7866
SEX*anon HOMEM za1 0.0000000 0.00000000 . .
SEX*anon IGNORADO a2 0.0689827 0.29720855 0.23 0.8165
SEX*anon IGNORADO za1 0.0000000 0.00000000 . .
SEX*anon zMULHER a2 0.0000000 0.00000000 . .
SEX*anon zMULHER za1 0.0000000 0.00000000 . .
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados do Agroamigo / Banco do Nordeste
198
3 - Modelo Interativo (variável dedicação)
Equação do Log Custo The SURVEYREG Procedure
Regression Analysis for Dependent Variable LNreceita
Data Summary
Number of Observations 124444
Mean of LNcusto 5.76553
Sum of LNcusto 717486.1
Class Level Information
Class Variable Label Levels Values
SEX SEXO 3 HOMEM IGNORADO zMULHER
ACESSO Acesso Assintencia Tecnica
3 IGNORADO Sim zNão
CIVIL Estado Civil 7 Casado(a) Divorciado IGNORADO Separado/Divorciado(a) Solteiro(a) União Estável Viúvo(a)
Superintend Superintendencia 10 AL BA CE MA MG PB PE PI RN SE
CONDICAO Condicao Uso Posse Terra 6 Arrendatário/Comodatário IGNORADO Meeiro Parceiro Posseiro zProprietário
Organizacao Pertence Organizacao Social
3 IGNORADO Sim zNão
Dedicacao Dedicacao Atividade 3 Atividade Pric. na renda Familiar IGNORADO zAtividade Complementar na renda Familiar
anon 2 a2 za1
Tests of Model Effects
Effect Num DF F Value Pr > F
Model 31 330.16 <.0001
Intercept 1 11770.8 <.0001
SEX 2 24.86 <.0001
ACESSO 2 43.81 <.0001
CIVIL 6 17.48 <.0001
Superintend 9 951.81 <.0001
CONDICAO 5 41.17 <.0001
Organizacao 2 566.16 <.0001
Dedicacao 2 75.79 <.0001
anon 1 54.28 <.0001
Dedicacao*anon 2 1.14 0.3205
199
Note: The denominator degrees of freedom for the F tests is 124443.
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard
Error t Value Pr > |t|
Intercept 5.5853711 0.02623303 212.91 <.0001
SEX HOMEM -0.0404135 0.00576289 -7.01 <.0001
SEX IGNORADO -0.1307088 0.14888148 -0.88 0.3800
SEX zMULHER 0.0000000 0.00000000 . .
ACESSO IGNORADO -0.2182238 0.02353793 -9.27 <.0001
ACESSO Sim -0.0197677 0.01001825 -1.97 0.0485
ACESSO zNão 0.0000000 0.00000000 . .
CIVIL Casado(a) 0.0302946 0.01957032 1.55 0.1216
CIVIL Divorciado -0.2427132 0.10195225 -2.38 0.0173
CIVIL IGNORADO 0.1401107 0.02246325 6.24 <.0001
CIVIL Separado/Divorciado(a) 0.0529282 0.03041538 1.74 0.0818
CIVIL Solteiro(a) 0.0527471 0.02002208 2.63 0.0084
CIVIL União Estável 0.0725714 0.02128040 3.41 0.0006
CIVIL Viúvo(a) 0.0000000 0.00000000 . .
Superintend AL 0.4819603 0.01640737 29.37 <.0001
Superintend BA -0.1269475 0.01562114 -8.13 <.0001
Superintend CE 0.3445780 0.01666367 20.68 <.0001
Superintend MA 0.3659979 0.01822153 20.09 <.0001
Superintend MG 0.7169506 0.01687428 42.49 <.0001
Superintend PB 0.2431369 0.01624385 14.97 <.0001
Superintend PE -0.0518496 0.01607653 -3.23 0.0013
Superintend PI -0.0411055 0.01644543 -2.50 0.0124
Superintend RN 0.0347519 0.01771924 1.96 0.0499
Superintend SE 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO Arrendatário/Comodatário -0.0841624 0.00820381 -10.26 <.0001
CONDICAO IGNORADO -0.0439730 0.01159531 -3.79 0.0001
CONDICAO Meeiro 0.0859167 0.01775955 4.84 <.0001
CONDICAO Parceiro -0.0670759 0.00916725 -7.32 <.0001
CONDICAO Posseiro -0.0735071 0.00946745 -7.76 <.0001
CONDICAO zProprietário 0.0000000 0.00000000 . .
Organizacao IGNORADO 0.1248182 0.00773043 16.15 <.0001
200
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard
Error t Value Pr > |t|
Organizacao Sim -0.1147576 0.00731313 -15.69 <.0001
Organizacao zNão 0.0000000 0.00000000 . .
Dedicacao Atividade Pric. na renda Familiar -0.0579504 0.00874467 -6.63 <.0001
Dedicacao IGNORADO 0.1460393 0.02667628 5.47 <.0001
Dedicacao zAtividade Complementar na renda Familiar 0.0000000 0.00000000 . .
anon a2 0.0831829 0.00806628 10.31 <.0001
anon za1 0.0000000 0.00000000 . .
Dedicacao*anon Atividade Pric. na renda Familiar a2 0.0172947 0.01162763 1.49 0.1369
Dedicacao*anon Atividade Pric. na renda Familiar za1 0.0000000 0.00000000 . .
Dedicacao*anon IGNORADO a2 -0.0003984 0.03518654 -0.01 0.9910
Dedicacao*anon IGNORADO za1 0.0000000 0.00000000 . .
Dedicacao*anon zAtividade Complementar na renda Familiar a2 0.0000000 0.00000000 . .
Dedicacao*anon zAtividade Complementar na renda Familiar za1 0.0000000 0.00000000 . .
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados do Agroamigo / Banco do Nordeste
201
4 - Modelo Interativo (variável organização)
Equação do Log Custo The SURVEYREG Procedure
Regression Analysis for Dependent Variable LNreceita
Data Summary
Number of Observations 124444
Mean of LNcusto 5.76553
Sum of LNcusto 717486.1
Class Level Information
Class Variable Label Levels Values
SEX SEXO 3 HOMEM IGNORADO zMULHER
ACESSO Acesso Assintencia Tecnica
3 IGNORADO Sim zNão
CIVIL Estado Civil 7 Casado(a) Divorciado IGNORADO Separado/Divorciado(a) Solteiro(a) União Estável Viúvo(a)
Superintend Superintendencia 10 AL BA CE MA MG PB PE PI RN SE
CONDICAO Condicao Uso Posse Terra 6 Arrendatário/Comodatário IGNORADO Meeiro Parceiro Posseiro zProprietário
Organizacao Pertence Organizacao Social
3 IGNORADO Sim zNão
Dedicacao Dedicacao Atividade 3 Atividade Pric. na renda Familiar IGNORADO zAtividade Complementar na renda Familiar
anon 2 a2 za1
Tests of Model Effects
Effect Num DF F Value Pr > F
Model 31 330.38 <.0001
Intercept 1 11778.9 <.0001
SEX 2 24.87 <.0001
ACESSO 2 43.94 <.0001
CIVIL 6 17.47 <.0001
Superintend 9 951.96 <.0001
CONDICAO 5 41.16 <.0001
Organizacao 2 558.92 <.0001
Dedicacao 2 75.41 <.0001
202
Tests of Model Effects
Effect Num DF F Value Pr > F
anon 1 257.62 <.0001
Organizacao*anon 2 8.30 0.0002
Note: The denominator degrees of freedom for the F tests is 124443.
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard
Error t Value Pr > |t|
Intercept 5.5716760 0.02656295 209.75 <.0001
SEX HOMEM -0.0404233 0.00576254 -7.01 <.0001
SEX IGNORADO -0.1304532 0.14881103 -0.88 0.3807
SEX zMULHER 0.0000000 0.00000000 . .
ACESSO IGNORADO -0.2186214 0.02353720 -9.29 <.0001
ACESSO Sim -0.0200010 0.01001584 -2.00 0.0458
ACESSO zNão 0.0000000 0.00000000 . .
CIVIL Casado(a) 0.0302035 0.01956851 1.54 0.1227
CIVIL Divorciado -0.2431995 0.10202934 -2.38 0.0171
CIVIL IGNORADO 0.1399090 0.02245935 6.23 <.0001
CIVIL Separado/Divorciado(a) 0.0528709 0.03041052 1.74 0.0821
CIVIL Solteiro(a) 0.0526080 0.02002027 2.63 0.0086
CIVIL União Estável 0.0725701 0.02127897 3.41 0.0006
CIVIL Viúvo(a) 0.0000000 0.00000000 . .
Superintend AL 0.4811107 0.01641077 29.32 <.0001
Superintend BA -0.1276890 0.01562076 -8.17 <.0001
Superintend CE 0.3440125 0.01666316 20.65 <.0001
Superintend MA 0.3648202 0.01821862 20.02 <.0001
Superintend MG 0.7166778 0.01687474 42.47 <.0001
Superintend PB 0.2424073 0.01624500 14.92 <.0001
Superintend PE -0.0527594 0.01608066 -3.28 0.0010
Superintend PI -0.0416533 0.01644356 -2.53 0.0113
Superintend RN 0.0339564 0.01771852 1.92 0.0553
Superintend SE 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO Arrendatário/Comodatário -0.0841651 0.00820407 -10.26 <.0001
CONDICAO IGNORADO -0.0438681 0.01159523 -3.78 0.0002
CONDICAO Meeiro 0.0857883 0.01775380 4.83 <.0001
203
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard
Error t Value Pr > |t|
CONDICAO Parceiro -0.0668380 0.00916667 -7.29 <.0001
CONDICAO Posseiro -0.0737874 0.00946466 -7.80 <.0001
CONDICAO zProprietário 0.0000000 0.00000000 . .
Organizacao IGNORADO 0.1266932 0.01113487 11.38 <.0001
Organizacao Sim -0.0885600 0.01069647 -8.28 <.0001
Organizacao zNão 0.0000000 0.00000000 . .
Dedicacao Atividade Pric. na renda Familiar -0.0487982 0.00610061 -8.00 <.0001
Dedicacao IGNORADO 0.1459377 0.01832169 7.97 <.0001
Dedicacao zAtividade Complementar na renda Familiar 0.0000000 0.00000000 . .
anon a2 0.1104991 0.01088880 10.15 <.0001
anon za1 0.0000000 0.00000000 . .
Organizacao*anon IGNORADO a2 -0.0030514 0.01466430 -0.21 0.8352
Organizacao*anon IGNORADO za1 0.0000000 0.00000000 . .
Organizacao*anon Sim a2 -0.0495789 0.01427640 -3.47 0.0005
Organizacao*anon Sim za1 0.0000000 0.00000000 . .
Organizacao*anon zNão a2 0.0000000 0.00000000 . .
Organizacao*anon zNão za1 0.0000000 0.00000000 . .
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados do Agroamigo / Banco do Nordeste
204
5 - Modelo Interativo (variável condição)
Equação do Log Custo The SURVEYREG Procedure
Regression Analysis for Dependent Variable LNreceita
Data Summary
Number of Observations 124444
Mean of LNcusto 5.76553
Sum of LNcusto 717486.1
Class Level Information
Class Variable Label Levels Values
SEX SEXO 3 HOMEM IGNORADO zMULHER
ACESSO Acesso Assintencia Tecnica
3 IGNORADO Sim zNão
CIVIL Estado Civil 7 Casado(a) Divorciado IGNORADO Separado/Divorciado(a) Solteiro(a) União Estável Viúvo(a)
Superintend Superintendencia 10 AL BA CE MA MG PB PE PI RN SE
CONDICAO Condicao Uso Posse Terra 6 Arrendatário/Comodatário IGNORADO Meeiro Parceiro Posseiro zProprietário
Organizacao Pertence Organizacao Social
3 IGNORADO Sim zNão
Dedicacao Dedicacao Atividade 3 Atividade Pric. na renda Familiar IGNORADO zAtividade Complementar na renda Familiar
anon 2 a2 za1
Tests of Model Effects
Effect Num DF F Value Pr > F
Model 34 302.38 <.0001
Intercept 1 11778.2 <.0001
SEX 2 24.85 <.0001
ACESSO 2 43.96 <.0001
CIVIL 6 17.45 <.0001
Superintend 9 949.09 <.0001
CONDICAO 5 42.68 <.0001
Organizacao 2 566.20 <.0001
Dedicacao 2 75.15 <.0001
205
Tests of Model Effects
Effect Num DF F Value Pr > F
anon 1 150.41 <.0001
CONDICAO*anon 5 7.09 <.0001
Note: The denominator degrees of freedom for the F tests is 124443.
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard
Error t Value Pr > |t|
Intercept 5.5920865 0.02629980 212.63 <.0001
SEX HOMEM -0.0404048 0.00576233 -7.01 <.0001
SEX IGNORADO -0.1311578 0.14879017 -0.88 0.3781
SEX zMULHER 0.0000000 0.00000000 . .
ACESSO IGNORADO -0.2186673 0.02353664 -9.29 <.0001
ACESSO Sim -0.0200676 0.01001959 -2.00 0.0452
ACESSO zNão 0.0000000 0.00000000 . .
CIVIL Casado(a) 0.0301713 0.01956526 1.54 0.1231
CIVIL Divorciado -0.2424395 0.10201140 -2.38 0.0175
CIVIL IGNORADO 0.1399140 0.02245628 6.23 <.0001
CIVIL Separado/Divorciado(a) 0.0527886 0.03041027 1.74 0.0826
CIVIL Solteiro(a) 0.0527476 0.02001660 2.64 0.0084
CIVIL União Estável 0.0722420 0.02127455 3.40 0.0007
CIVIL Viúvo(a) 0.0000000 0.00000000 . .
Superintend AL 0.4819713 0.01640489 29.38 <.0001
Superintend BA -0.1263865 0.01562063 -8.09 <.0001
Superintend CE 0.3453878 0.01666234 20.73 <.0001
Superintend MA 0.3634823 0.01822092 19.95 <.0001
Superintend MG 0.7171832 0.01687150 42.51 <.0001
Superintend PB 0.2436310 0.01624256 15.00 <.0001
Superintend PE -0.0517073 0.01607467 -3.22 0.0013
Superintend PI -0.0394899 0.01644437 -2.40 0.0163
Superintend RN 0.0350593 0.01771711 1.98 0.0478
Superintend SE 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO Arrendatário/Comodatário -0.1062176 0.01184071 -8.97 <.0001
CONDICAO IGNORADO -0.0342122 0.01704214 -2.01 0.0447
CONDICAO Meeiro 0.0788990 0.02485803 3.17 0.0015
206
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard
Error t Value Pr > |t|
CONDICAO Parceiro -0.0838571 0.01319936 -6.35 <.0001
CONDICAO Posseiro -0.1283690 0.01406413 -9.13 <.0001
CONDICAO zProprietário 0.0000000 0.00000000 . .
Organizacao IGNORADO 0.1252257 0.00773129 16.20 <.0001
Organizacao Sim -0.1143384 0.00731421 -15.63 <.0001
Organizacao zNão 0.0000000 0.00000000 . .
Dedicacao Atividade Pric. na renda Familiar -0.0486994 0.00610018 -7.98 <.0001
Dedicacao IGNORADO 0.1457470 0.01832341 7.95 <.0001
Dedicacao zAtividade Complementar na renda Familiar 0.0000000 0.00000000 . .
anon a2 0.0697583 0.00843362 8.27 <.0001
anon za1 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO*anon Arrendatário/Comodatário a2 0.0419243 0.01602875 2.62 0.0089
CONDICAO*anon Arrendatário/Comodatário za1 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO*anon IGNORADO a2 -0.0186655 0.02288544 -0.82 0.4147
CONDICAO*anon IGNORADO za1 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO*anon Meeiro a2 0.0128793 0.03372680 0.38 0.7026
CONDICAO*anon Meeiro za1 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO*anon Parceiro a2 0.0320343 0.01742402 1.84 0.0660
CONDICAO*anon Parceiro za1 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO*anon Posseiro a2 0.0993453 0.01839838 5.40 <.0001
CONDICAO*anon Posseiro za1 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO*anon zProprietário a2 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO*anon zProprietário za1 0.0000000 0.00000000 . .
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados do Agroamigo / Banco do Nordeste
207
D) Equações de Reembolso 1 - Modelo Básico
Equação do Log Reembolso The SURVEYREG Procedure
Regression Analysis for Dependent Variable LNreceita
Data Summary
Number of Observations 112709
Mean of LNReembolso 6.85435
Sum of LNReembolso 772546.8
Class Level Information
Class Variable Label Levels Values
SEX SEXO 3 HOMEM IGNORADO zMULHER
ACESSO Acesso Assintencia Tecnica
3 IGNORADO Sim zNão
CIVIL Estado Civil 7 Casado(a) Divorciado IGNORADO Separado/Divorciado(a) Solteiro(a) União Estável Viúvo(a)
Superintend Superintendencia 10 AL BA CE MA MG PB PE PI RN SE
CONDICAO Condicao Uso Posse Terra 6 Arrendatário/Comodatário IGNORADO Meeiro Parceiro Posseiro zProprietário
Organizacao Pertence Organizacao Social
3 IGNORADO Sim zNão
Dedicacao Dedicacao Atividade 3 Atividade Pric. na renda Familiar IGNORADO zAtividade Complementar na renda Familiar
anon 2 a2 za1
Tests of Model Effects
Effect Num DF F Value Pr > F
Model 29 368.83 <.0001
Intercept 1 116609 <.0001
SEX 2 23.69 <.0001
ACESSO 2 812.93 <.0001
CIVIL 6 12.70 <.0001
Superintend 9 325.18 <.0001
CONDICAO 5 53.80 <.0001
Organizacao 2 15.67 <.0001
208
Tests of Model Effects
Effect Num DF F Value Pr > F
Dedicacao 2 120.97 <.0001
anon 1 5038.28 <.0001
Note: The denominator degrees of freedom for the F tests is 112708.
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard
Error t Value Pr > |t|
Intercept 6.8712782 0.00870138 789.68 <.0001
SEX HOMEM 0.0144622 0.00215195 6.72 <.0001
SEX IGNORADO -0.0766583 0.05704704 -1.34 0.1790
SEX zMULHER 0.0000000 0.00000000 . .
ACESSO IGNORADO -0.0834437 0.00828633 -10.07 <.0001
ACESSO Sim -0.1334990 0.00331277 -40.30 <.0001
ACESSO zNão 0.0000000 0.00000000 . .
CIVIL Casado(a) 0.0207049 0.00742164 2.79 0.0053
CIVIL Divorciado -0.0710350 0.03857716 -1.84 0.0656
CIVIL IGNORADO 0.0107707 0.00851797 1.26 0.2061
CIVIL Separado/Divorciado(a) -0.0062925 0.01144072 -0.55 0.5823
CIVIL Solteiro(a) 0.0361013 0.00759534 4.75 <.0001
CIVIL União Estável 0.0280201 0.00793421 3.53 0.0004
CIVIL Viúvo(a) 0.0000000 0.00000000 . .
Superintend AL 0.0591538 0.00458940 12.89 <.0001
Superintend BA 0.0116100 0.00463229 2.51 0.0122
Superintend CE -0.0825881 0.00533605 -15.48 <.0001
Superintend MA 0.1620207 0.00630860 25.68 <.0001
Superintend MG -0.0681910 0.00485718 -14.04 <.0001
Superintend PB -0.0253770 0.00484790 -5.23 <.0001
Superintend PE 0.0433663 0.00479463 9.04 <.0001
Superintend PI -0.0518193 0.00527493 -9.82 <.0001
Superintend RN 0.0396158 0.00525106 7.54 <.0001
Superintend SE 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO Arrendatário/Comodatário -0.0035116 0.00295760 -1.19 0.2351
CONDICAO IGNORADO 0.0156919 0.00489940 3.20 0.0014
CONDICAO Meeiro -0.0250590 0.00689024 -3.64 0.0003
209
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard
Error t Value Pr > |t|
CONDICAO Parceiro -0.0033807 0.00351519 -0.96 0.3362
CONDICAO Posseiro 0.0547537 0.00377731 14.50 <.0001
CONDICAO zProprietário 0.0000000 0.00000000 . .
Organizacao IGNORADO -0.0156552 0.00289860 -5.40 <.0001
Organizacao Sim -0.0046065 0.00267952 -1.72 0.0856
Organizacao zNão 0.0000000 0.00000000 . .
Dedicacao Atividade Pric. na renda Familiar -0.0335034 0.00225974 -14.83 <.0001
Dedicacao IGNORADO 0.0126001 0.00638503 1.97 0.0485
Dedicacao zAtividade Complementar na renda Familiar 0.0000000 0.00000000 . .
anon a2 0.1500070 0.00211335 70.98 <.0001
anon za1 0.0000000 0.00000000 . .
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados do Agroamigo / Banco do Nordeste
210
2 - Modelo Interativo (variável sexo)
Equação do Log Reembolso The SURVEYREG Procedure
Regression Analysis for Dependent Variable LNreceita Data Summary
Number of Observations 112709
Mean of LNReembolso 6.85435
Sum of LNReembolso 772546.8
Class Level Information
Class Variable Label Levels Values
SEX SEXO 3 HOMEM IGNORADO zMULHER
ACESSO Acesso Assintencia Tecnica
3 IGNORADO Sim zNão
CIVIL Estado Civil 7 Casado(a) Divorciado IGNORADO Separado/Divorciado(a) Solteiro(a) União Estável Viúvo(a)
Superintend Superintendencia 10 AL BA CE MA MG PB PE PI RN SE
CONDICAO Condicao Uso Posse Terra 6 Arrendatário/Comodatário IGNORADO Meeiro Parceiro Posseiro zProprietário
Organizacao Pertence Organizacao Social
3 IGNORADO Sim zNão
Dedicacao Dedicacao Atividade 3 Atividade Pric. na renda Familiar IGNORADO zAtividade Complementar na renda Familiar
anon 2 a2 za1
Tests of Model Effects
Effect Num DF F Value Pr > F
Model 31 345.66 <.0001
Intercept 1 117183 <.0001
SEX 2 22.13 <.0001
ACESSO 2 812.89 <.0001
CIVIL 6 12.69 <.0001
Superintend 9 325.18 <.0001
CONDICAO 5 53.78 <.0001
Organizacao 2 15.66 <.0001
Dedicacao 2 120.99 <.0001
211
Tests of Model Effects
Effect Num DF F Value Pr > F
anon 1 18.47 <.0001
SEX*anon 2 9.18 0.0001
Note: The denominator degrees of freedom for the F tests is 112708.
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard
Error t Value Pr > |t|
Intercept 6.8762317 0.00875635 785.28 <.0001
SEX HOMEM 0.0048015 0.00297752 1.61 0.1068
SEX IGNORADO -0.1012008 0.09295480 -1.09 0.2763
SEX zMULHER 0.0000000 0.00000000 . .
ACESSO IGNORADO -0.0834197 0.00827980 -10.08 <.0001
ACESSO Sim -0.1334831 0.00331247 -40.30 <.0001
ACESSO zNão 0.0000000 0.00000000 . .
CIVIL Casado(a) 0.0207421 0.00741972 2.80 0.0052
CIVIL Divorciado -0.0712330 0.03853786 -1.85 0.0645
CIVIL IGNORADO 0.0107983 0.00851602 1.27 0.2048
CIVIL Separado/Divorciado(a) -0.0063488 0.01143885 -0.56 0.5789
CIVIL Solteiro(a) 0.0360970 0.00759333 4.75 <.0001
CIVIL União Estável 0.0280410 0.00793233 3.54 0.0004
CIVIL Viúvo(a) 0.0000000 0.00000000 . .
Superintend AL 0.0591838 0.00458930 12.90 <.0001
Superintend BA 0.0115515 0.00463169 2.49 0.0126
Superintend CE -0.0825623 0.00533431 -15.48 <.0001
Superintend MA 0.1620423 0.00630790 25.69 <.0001
Superintend MG -0.0681601 0.00485782 -14.03 <.0001
Superintend PB -0.0253625 0.00484764 -5.23 <.0001
Superintend PE 0.0434064 0.00479496 9.05 <.0001
Superintend PI -0.0518000 0.00527457 -9.82 <.0001
Superintend RN 0.0395840 0.00525053 7.54 <.0001
Superintend SE 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO Arrendatário/Comodatário -0.0035062 0.00295733 -1.19 0.2358
CONDICAO IGNORADO 0.0156618 0.00489918 3.20 0.0014
CONDICAO Meeiro -0.0250884 0.00688855 -3.64 0.0003
212
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard
Error t Value Pr > |t|
CONDICAO Parceiro -0.0033885 0.00351454 -0.96 0.3350
CONDICAO Posseiro 0.0547335 0.00377714 14.49 <.0001
CONDICAO zProprietário 0.0000000 0.00000000 . .
Organizacao IGNORADO -0.0156527 0.00289839 -5.40 <.0001
Organizacao Sim -0.0046142 0.00267920 -1.72 0.0850
Organizacao zNão 0.0000000 0.00000000 . .
Dedicacao Atividade Pric. na renda Familiar -0.0334996 0.00225941 -14.83 <.0001
Dedicacao IGNORADO 0.0126387 0.00638580 1.98 0.0478
Dedicacao zAtividade Complementar na renda Familiar 0.0000000 0.00000000 . .
anon a2 0.1405431 0.00307109 45.76 <.0001
anon za1 0.0000000 0.00000000 . .
SEX*anon HOMEM a2 0.0181912 0.00425880 4.27 <.0001
SEX*anon HOMEM za1 0.0000000 0.00000000 . .
SEX*anon IGNORADO a2 0.0484988 0.11359110 0.43 0.6694
SEX*anon IGNORADO za1 0.0000000 0.00000000 . .
SEX*anon zMULHER a2 0.0000000 0.00000000 . .
SEX*anon zMULHER za1 0.0000000 0.00000000 . .
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados do Agroamigo / Banco do Nordeste
213
3 - Modelo Interativo (variável dedicação)
Equação do Log Reembolso The SURVEYREG Procedure
Regression Analysis for Dependent Variable LNreceita
Data Summary
Number of Observations 112709
Mean of LNReembolso 6.85435
Sum of LNReembolso 772546.8
Class Level Information
Class Variable Label Levels Values
SEX SEXO 3 HOMEM IGNORADO zMULHER
ACESSO Acesso Assintencia Tecnica
3 IGNORADO Sim zNão
CIVIL Estado Civil 7 Casado(a) Divorciado IGNORADO Separado/Divorciado(a) Solteiro(a) União Estável Viúvo(a)
Superintend Superintendencia 10 AL BA CE MA MG PB PE PI RN SE
CONDICAO Condicao Uso Posse Terra 6 Arrendatário/Comodatário IGNORADO Meeiro Parceiro Posseiro zProprietário
Organizacao Pertence Organizacao Social
3 IGNORADO Sim zNão
Dedicacao Dedicacao Atividade 3 Atividade Pric. na renda Familiar IGNORADO zAtividade Complementar na renda Familiar
anon 2 a2 za1
Tests of Model Effects
Effect Num DF F Value Pr > F
Model 31 346.08 <.0001
Intercept 1 116474 <.0001
SEX 2 23.67 <.0001
ACESSO 2 814.50 <.0001
CIVIL 6 12.77 <.0001
Superintend 9 322.90 <.0001
CONDICAO 5 53.35 <.0001
Organizacao 2 15.52 <.0001
Dedicacao 2 115.64 <.0001
214
Tests of Model Effects
Effect Num DF F Value Pr > F
anon 1 1026.15 <.0001
Dedicacao*anon 2 47.28 <.0001
Note: The denominator degrees of freedom for the F tests is 112708.
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard
Error t Value Pr > |t|
Intercept 6.8615399 0.00875428 783.79 <.0001
SEX HOMEM 0.0144477 0.00215109 6.72 <.0001
SEX IGNORADO -0.0769458 0.05706598 -1.35 0.1775
SEX zMULHER 0.0000000 0.00000000 . .
ACESSO IGNORADO -0.0835496 0.00827039 -10.10 <.0001
ACESSO Sim -0.1335511 0.00331083 -40.34 <.0001
ACESSO zNão 0.0000000 0.00000000 . .
CIVIL Casado(a) 0.0207142 0.00741775 2.79 0.0052
CIVIL Divorciado -0.0709380 0.03875867 -1.83 0.0672
CIVIL IGNORADO 0.0109179 0.00851912 1.28 0.2000
CIVIL Separado/Divorciado(a) -0.0062809 0.01143327 -0.55 0.5828
CIVIL Solteiro(a) 0.0362530 0.00759144 4.78 <.0001
CIVIL União Estável 0.0278544 0.00792893 3.51 0.0004
CIVIL Viúvo(a) 0.0000000 0.00000000 . .
Superintend AL 0.0587339 0.00458462 12.81 <.0001
Superintend BA 0.0117023 0.00463079 2.53 0.0115
Superintend CE -0.0824650 0.00533775 -15.45 <.0001
Superintend MA 0.1606607 0.00630070 25.50 <.0001
Superintend MG -0.0681073 0.00485910 -14.02 <.0001
Superintend PB -0.0255570 0.00484788 -5.27 <.0001
Superintend PE 0.0429499 0.00479439 8.96 <.0001
Superintend PI -0.0515900 0.00527342 -9.78 <.0001
Superintend RN 0.0392488 0.00524575 7.48 <.0001
Superintend SE 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO Arrendatário/Comodatário -0.0035565 0.00295866 -1.20 0.2293
CONDICAO IGNORADO 0.0154963 0.00489606 3.17 0.0016
CONDICAO Meeiro -0.0251803 0.00688707 -3.66 0.0003
215
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard
Error t Value Pr > |t|
CONDICAO Parceiro -0.0032758 0.00351262 -0.93 0.3510
CONDICAO Posseiro 0.0544556 0.00377422 14.43 <.0001
CONDICAO zProprietário 0.0000000 0.00000000 . .
Organizacao IGNORADO -0.0155456 0.00289717 -5.37 <.0001
Organizacao Sim -0.0044807 0.00267741 -1.67 0.0942
Organizacao zNão 0.0000000 0.00000000 . .
Dedicacao Atividade Pric. na renda Familiar -0.0142221 0.00305933 -4.65 <.0001
Dedicacao IGNORADO 0.0514854 0.00822010 6.26 <.0001
Dedicacao zAtividade Complementar na renda Familiar 0.0000000 0.00000000 . .
anon a2 0.1684148 0.00301773 55.81 <.0001
anon za1 0.0000000 0.00000000 . .
Dedicacao*anon Atividade Pric. na renda Familiar a2 -0.0363858 0.00430966 -8.44 <.0001
Dedicacao*anon Atividade Pric. na renda Familiar za1 0.0000000 0.00000000 . .
Dedicacao*anon IGNORADO a2 -0.0746466 0.01193468 -6.25 <.0001
Dedicacao*anon IGNORADO za1 0.0000000 0.00000000 . .
Dedicacao*anon zAtividade Complementar na renda Familiar a2 0.0000000 0.00000000 . .
Dedicacao*anon zAtividade Complementar na renda Familiar za1 0.0000000 0.00000000 . .
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados do Agroamigo / Banco do Nordeste
216
4 - Modelo Interativo (variável organização)
Equação do Log Reembolso The SURVEYREG Procedure
Regression Analysis for Dependent Variable LNreceita
Data Summary
Number of Observations 112709
Mean of LNReembolso 6.85435
Sum of LNReembolso 772546.8
Class Level Information
Class Variable Label Levels Values
SEX SEXO 3 HOMEM IGNORADO zMULHER
ACESSO Acesso Assintencia Tecnica
3 IGNORADO Sim zNão
CIVIL Estado Civil 7 Casado(a) Divorciado IGNORADO Separado/Divorciado(a) Solteiro(a) União Estável Viúvo(a)
Superintend Superintendencia 10 AL BA CE MA MG PB PE PI RN SE
CONDICAO Condicao Uso Posse Terra 6 Arrendatário/Comodatário IGNORADO Meeiro Parceiro Posseiro zProprietário
Organizacao Pertence Organizacao Social
3 IGNORADO Sim zNão
Dedicacao Dedicacao Atividade 3 Atividade Pric. na renda Familiar IGNORADO zAtividade Complementar na renda Familiar
anon 2 a2 za1
Tests of Model Effects
Effect Num DF F Value Pr > F
Model 31 345.32 <.0001
Intercept 1 116678 <.0001
SEX 2 23.71 <.0001
ACESSO 2 812.38 <.0001
CIVIL 6 12.69 <.0001
Superintend 9 325.29 <.0001
CONDICAO 5 53.92 <.0001
Organizacao 2 16.75 <.0001
Dedicacao 2 121.09 <.0001
217
Tests of Model Effects
Effect Num DF F Value Pr > F
anon 1 4941.24 <.0001
Organizacao*anon 2 3.10 0.0450
Note: The denominator degrees of freedom for the F tests is 112708.
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard
Error t Value Pr > |t|
Intercept 6.8748657 0.00882604 778.93 <.0001
SEX HOMEM 0.0144687 0.00215195 6.72 <.0001
SEX IGNORADO -0.0765449 0.05702661 -1.34 0.1795
SEX zMULHER 0.0000000 0.00000000 . .
ACESSO IGNORADO -0.0834013 0.00828720 -10.06 <.0001
ACESSO Sim -0.1334419 0.00331248 -40.28 <.0001
ACESSO zNão 0.0000000 0.00000000 . .
CIVIL Casado(a) 0.0207108 0.00742122 2.79 0.0053
CIVIL Divorciado -0.0710039 0.03859423 -1.84 0.0658
CIVIL IGNORADO 0.0107533 0.00851785 1.26 0.2068
CIVIL Separado/Divorciado(a) -0.0062808 0.01144105 -0.55 0.5830
CIVIL Solteiro(a) 0.0360990 0.00759482 4.75 <.0001
CIVIL União Estável 0.0279820 0.00793367 3.53 0.0004
CIVIL Viúvo(a) 0.0000000 0.00000000 . .
Superintend AL 0.0591607 0.00458758 12.90 <.0001
Superintend BA 0.0115289 0.00463001 2.49 0.0128
Superintend CE -0.0826788 0.00533373 -15.50 <.0001
Superintend MA 0.1619678 0.00630798 25.68 <.0001
Superintend MG -0.0681807 0.00485616 -14.04 <.0001
Superintend PB -0.0253989 0.00484770 -5.24 <.0001
Superintend PE 0.0434573 0.00479303 9.07 <.0001
Superintend PI -0.0518778 0.00527423 -9.84 <.0001
Superintend RN 0.0395755 0.00524987 7.54 <.0001
Superintend SE 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO Arrendatário/Comodatário -0.0035013 0.00295727 -1.18 0.2364
CONDICAO IGNORADO 0.0157490 0.00490034 3.21 0.0013
CONDICAO Meeiro -0.0250628 0.00689005 -3.64 0.0003
218
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard
Error t Value Pr > |t|
CONDICAO Parceiro -0.0034145 0.00351483 -0.97 0.3313
CONDICAO Posseiro 0.0548362 0.00377896 14.51 <.0001
CONDICAO zProprietário 0.0000000 0.00000000 . .
Organizacao IGNORADO -0.0229312 0.00389645 -5.89 <.0001
Organizacao Sim -0.0077104 0.00366058 -2.11 0.0352
Organizacao zNão 0.0000000 0.00000000 . .
Dedicacao Atividade Pric. na renda Familiar -0.0335266 0.00225981 -14.84 <.0001
Dedicacao IGNORADO 0.0125432 0.00638308 1.97 0.0494
Dedicacao zAtividade Complementar na renda Familiar 0.0000000 0.00000000 . .
anon a2 0.1432741 0.00389400 36.79 <.0001
anon za1 0.0000000 0.00000000 . .
Organizacao*anon IGNORADO a2 0.0135986 0.00548750 2.48 0.0132
Organizacao*anon IGNORADO za1 0.0000000 0.00000000 . .
Organizacao*anon Sim a2 0.0057807 0.00513456 1.13 0.2602
Organizacao*anon Sim za1 0.0000000 0.00000000 . .
Organizacao*anon zNão a2 0.0000000 0.00000000 . .
Organizacao*anon zNão za1 0.0000000 0.00000000 . .
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados do Agroamigo / Banco do Nordeste
219
5 - Modelo Interativo (variável condição)
Equação do Log Reembolso The SURVEYREG Procedure
Regression Analysis for Dependent Variable LNreceita
Data Summary
Number of Observations 112709
Mean of LNReembolso 6.85435
Sum of LNReembolso 772546.8
Class Level Information
Class Variable Label Levels Values
SEX SEXO 3 HOMEM IGNORADO zMULHER
ACESSO Acesso Assintencia Tecnica
3 IGNORADO Sim zNão
CIVIL Estado Civil 7 Casado(a) Divorciado IGNORADO Separado/Divorciado(a) Solteiro(a) União Estável Viúvo(a)
Superintend Superintendencia 10 AL BA CE MA MG PB PE PI RN SE
CONDICAO Condicao Uso Posse Terra 6 Arrendatário/Comodatário IGNORADO Meeiro Parceiro Posseiro zProprietário
Organizacao Pertence Organizacao Social
3 IGNORADO Sim zNão
Dedicacao Dedicacao Atividade 3 Atividade Pric. na renda Familiar IGNORADO zAtividade Complementar na renda Familiar
anon 2 a2 za1
Tests of Model Effects
Effect Num DF F Value Pr > F
Model 34 323.39 <.0001
Intercept 1 116932 <.0001
SEX 2 23.69 <.0001
ACESSO 2 819.95 <.0001
CIVIL 6 12.75 <.0001
Superintend 9 321.57 <.0001
CONDICAO 5 44.70 <.0001
Organizacao 2 14.52 <.0001
Dedicacao 2 118.75 <.0001
220
Tests of Model Effects
Effect Num DF F Value Pr > F
anon 1 2442.36 <.0001
CONDICAO*anon 5 57.12 <.0001
Note: The denominator degrees of freedom for the F tests is 112708.
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard
Error t Value Pr > |t|
Intercept 6.8811568 0.00876459 785.11 <.0001
SEX HOMEM 0.0144376 0.00214909 6.72 <.0001
SEX IGNORADO -0.0771629 0.05694830 -1.35 0.1754
SEX zMULHER 0.0000000 0.00000000 . .
ACESSO IGNORADO -0.0839859 0.00829847 -10.12 <.0001
ACESSO Sim -0.1338540 0.00330711 -40.47 <.0001
ACESSO zNão 0.0000000 0.00000000 . .
CIVIL Casado(a) 0.0205646 0.00741613 2.77 0.0056
CIVIL Divorciado -0.0703784 0.03862352 -1.82 0.0684
CIVIL IGNORADO 0.0107189 0.00851499 1.26 0.2081
CIVIL Separado/Divorciado(a) -0.0066824 0.01143999 -0.58 0.5591
CIVIL Solteiro(a) 0.0360565 0.00758978 4.75 <.0001
CIVIL União Estável 0.0277148 0.00792574 3.50 0.0005
CIVIL Viúvo(a) 0.0000000 0.00000000 . .
Superintend AL 0.0592745 0.00457749 12.95 <.0001
Superintend BA 0.0121165 0.00462297 2.62 0.0088
Superintend CE -0.0817205 0.00532904 -15.33 <.0001
Superintend MA 0.1606758 0.00628987 25.55 <.0001
Superintend MG -0.0680500 0.00485336 -14.02 <.0001
Superintend PB -0.0249959 0.00483617 -5.17 <.0001
Superintend PE 0.0432055 0.00478042 9.04 <.0001
Superintend PI -0.0497803 0.00525808 -9.47 <.0001
Superintend RN 0.0402639 0.00523775 7.69 <.0001
Superintend SE 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO Arrendatário/Comodatário -0.0238986 0.00411843 -5.80 <.0001
CONDICAO IGNORADO -0.0019315 0.00690837 -0.28 0.7798
CONDICAO Meeiro -0.0045622 0.00928697 -0.49 0.6233
221
Estimated Regression Coefficients
Parameter Estimate Standard
Error t Value Pr > |t|
CONDICAO Parceiro -0.0016335 0.00470794 -0.35 0.7286
CONDICAO Posseiro -0.0046074 0.00490904 -0.94 0.3480
CONDICAO zProprietário 0.0000000 0.00000000 . .
Organizacao IGNORADO -0.0149940 0.00289359 -5.18 <.0001
Organizacao Sim -0.0042400 0.00267419 -1.59 0.1128
Organizacao zNão 0.0000000 0.00000000 . .
Dedicacao Atividade Pric. na renda Familiar -0.0331186 0.00225595 -14.68 <.0001
Dedicacao IGNORADO 0.0126113 0.00637336 1.98 0.0478
Dedicacao zAtividade Complementar na renda Familiar 0.0000000 0.00000000 . .
anon a2 0.1304638 0.00305946 42.64 <.0001
anon za1 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO*anon Arrendatário/Comodatário a2 0.0386221 0.00572360 6.75 <.0001
CONDICAO*anon Arrendatário/Comodatário za1 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO*anon IGNORADO a2 0.0333160 0.00959109 3.47 0.0005
CONDICAO*anon IGNORADO za1 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO*anon Meeiro a2 -0.0393547 0.01297371 -3.03 0.0024
CONDICAO*anon Meeiro za1 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO*anon Parceiro a2 -0.0035284 0.00650086 -0.54 0.5873
CONDICAO*anon Parceiro za1 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO*anon Posseiro a2 0.1055055 0.00695950 15.16 <.0001
CONDICAO*anon Posseiro za1 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO*anon zProprietário a2 0.0000000 0.00000000 . .
CONDICAO*anon zProprietário za1 0.0000000 0.00000000 . .
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados do Agroamigo / Banco do Nordeste