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v. IBiblioiilieca Nacional.
ôMii bi wmmmM iMilli sliiSMiáPUBLICAÇÃO QUINZENAL
Aimio BI
A ICxcoiíamíBiihao
Na alluvião de artigos que estãoapparecendo nos nossos periódicos dia-rios, acerca da questão da desamorti-sação dos bens das ordens religiosas,alguns ba cuja memória é digna deser perpetuada.
Transcrevemos o seguinte, vindonos a pedidos dò Jornal do Commercid,de 17 do passado :
« Excommunhão. — Para Sua Ma-gestadp: o Imperador e seu Exm. con-í-esbor lerem.— Na constituição Após-lolicie scdis de 18ÜÜ, lese :
$ VII, São excommungados etodos aquelles que fazem leis ou de-cretos contra a liberdade ou os direi-tos da Igreja....
§ XI. São excommungados aquelles
que usurpam ou seqüestram a júris-dicção e os bens, os rendimentos per-tencentes a pessoas ecclesiasticas, emrazão das suas Igrejas ou de seus be-neficios.
A absolvição dessas excominunliõcsò reservada speeialmente ao PontíficeRomano.... Quem absolver, sem asdevidas faculdades, incorre na excom-munhão reservada (é nosso o grypho)ao Soberano Pontiíice. »
Haverá nisto seriedade? Não o cre-mos.
Qual será a pena destinada aquelles
que, juiicto ao leito do moribundo,--abusam do desfallecimento de suas
faculdades mentaes, para induzil-o afazer doação de seus bens ás ordensreligiosas ?
Que castigo se dará a esses boniens
quando o papa dispõe, contra os quebuscam rehaver, para o proveitoeommum, esses tliesouros, tantas vezes, fraudulentamente adquiridos, damaior pena que elle pode infligir, da-üueíla que elle próprio confessa de-ver ficar reservada para si ?
Ou acreditaes na eííieacia da ex-
communlião, e então ides de encontroaos preceitos do Divino Mestre que,como elle próprio o disse, não veio k
Terra para perder, mas sim para sal-
var os homens; ou, como nós, não
credes nisso e então, empregando-a,representaes uma farça.
Dizeis que os excommungados aca-bani sempre mal.
Vede Victor Emanuel que, apezar
de todos os raios fulminados peloVaticano contra elle, conseguio uni-
ficar a Itália : sendo sua memória res-
peitada e idolatrada pelos povos todos
fiSr;ixi9 lio de Jaaieiro IS84 — Marco — N. 34»
a quem elle deu a importância poli-tica que não tinham.
Vede os nomes de Cavur e Gari-baldi cercados de uma aureola im-morredoura, quando os dos seus anta-
gonistas rolam no abysmo doesque-cimento, do envolta com essas armasridículas com que pretenderam abu-sar da credulidade do mundo.
Onde estão os Bourbons da França ede Nápoles, esses dilectos filhos daigreja catholica ?
Seria alguma excommunhão do
papa que atirou-os dos thronos noexilio ?
Os soffrimentós do fim da vida. dePio IX seriam também a consequen-cia de alguma excommunhão? .-.
Padres, Deus não tem predileçãopor esta ou aquella religião.
O Criador do universo não é umsimples chancellcr incumbido de re-ferendar todos os disparates que, emseu nome, praticaôs' na Terra.
O Imperador do Brazil tem o bomsenso preciso,para dar a devida impor-tancia a vossas excommunhões, e paranão consentir que o seu Exm. confes-sor in ter venha nos negócios do Es-tado.
Defendei os vossos direitos perantea lei civil, e atirai para longe a es-
pada enforruj ida de que quereis lan-car mão, e que, predispondo os ani-mos contra vós, desmoralísa os prin-cipios da religião que professais.
Coaigreswív-ieBiíÍBiil
Trabalham activamente as sonho-ras em Hespanha, para ti reunião deum congresso destinado a discutir osdireitos da mulher na sociedade.
Distinctas damas, sob a presidênciada Exina. Sra. D. Magdalena Bonetde Rico, assignain as circulares queestão sendo profusamente derramadasna Hespanha e no estrangeiro.
Avante, sublimes heroinas do pro-gresso.
Do vosso trabalho nascerão molho-res condições de vida para vossos fi-lhos.
Que Deus vos illumine e sustentei
Mr. Francois Valles, Director da-ral de pontes e estradas de França, ededicado propag«andista do Spiritismoem França e na Bélgica, publicou emvolume os discursos que proferio emdiversas conferenciassobre spiritismo.
{>* nossos nacriiun.s
Estudando os rápidos progressos dasciencia Spiríta, por, toda parte ondeo homem, enfastiado das misérias davida terrena, busca descortinar os se-
greclos sublimes da creação; obser-vaudo como 03 incansáveis trabalha-dores da seara bemdicta derramam, amãos cheias, a luz que lhes vem doalto, já po? meio de periódicos o im-
portantes revistas, já pela publicaçãode obras medianimicas de subido va-lor; fica-se triste, comparando esseestado tão íloreemte com o em que seacha entre nós, o estudo desse pode-roso elemento de civilisação que, porbem ou por mal, ha de levantar onivel moral da humanidade terrena.
O progresso, indefinito é uma leieterna e absoluta a que, como tudo, ohomem se ha de sujeitar.
Qual será, porém, o motivo dessanossa**1 demora em acompanhar aos
que se atiram em busca do bem geral,sem dar ouvido aos sarcasmos e im-
propomos dos infelizes inimigos da luz ?Faltar-nos-hão indivíduos dotados
de faculdades mediauimicas?Não, os médiuns abundam aqui,
seu numero cresce despropositada-mente.
Onde pois a causa da falta quenotamos?
Na nossa índole, no nosso earacterindolente e presumpçoso.
Nãoé só com o Spiritismo que taes
qualidades se mostram patentes nobrasileiro.
A preguiça o impede de estudartudo o que elle suppõe vir destruir o
que já sabe'; a presumpção o atira afallar sobre tudo, a ter a fatua espe-rança de destruir com argumentosfuteis, os resultados alcançados porhomens eminentes, em suas longasvidas de estudo e aturada observação.
E' a vaidade o escolho em que tro-
peçam todos os nossos médiuns, spi-ri tas ou não, conscientes ou incou-seientes das faculdades que possuem.
O médium spirita, apenas entra emrelação com o mundo espiritual, logo
que se sente auxiliado por um irmãodesencarnado, julga-se um ente pri-viligiado e, em vez de procurar serum útil soldado da idéia, fôrma a es-tulta pretenção de ser o chefe dos ou-
S.tros todos.
Em vão aconselham-nos os mestres,
que só com a simplicidade, o desune-resse e a humildade conseguiremosattrahir os bons espíritos; o orgulho
faz esquecer taes conselhos, abafa easfixia os sentimentos elevados, quequerem brotar de seus corações; e ve-mos a^-ms infelizes que tão bons ser-viços podiam prestar á humanidade,curvarem-se ao jugo de espíritos mys-tificadores, porque estes, astutos comoa serpente, sabem insinuar-se emseus ânimos, lisonireando-lhes a vai-dade.
Collocando-se nessas más condições,não podem ser auxiliados pelos b"us,e então lançam-se sobro os que bus-cam trabalhar, criticam, a torto e adireito, tudo o que não veio por seuintermédio; infelizes! cegos 110meio de tanta luz !
Médiuns spirítas. pensai na respon-sãbilidáde enorme que pesa sobre vós I
pensai que por curtos momentos de
gozo ephemero trocais a felicidade quevos espera, depois do cumprimento davossa missão.
Orai e sede humildes 1
IE 11 ierrado três vexes
Diz o jornal o Despacho de Tolosade 22 de Maio do anuo passado.
Acaba-se de enterrar em Oran umlenhador, chamado Fouques, que jápor duas vezes tinha sido conduzidoao cemitério para essse fim.
Em 1848 teve Fouques um ataquede catalepsia e, supposto morto, foiencaixotado e collocado na cova.
Quando, porém, lançavam-lhe as
primeiras pazadas de terra; eil-o quedesperta e começa a gritar e a bater.
Abrem o ca:xão e, no meio daestupefação dos assistentes, o ex-de-funto se retira para sua casa.
Dezoito annos depois novo ataqueleva ainda Fouques ao cemitério, de-
pois de esperar-se, durante 24 horas,
que elle despertasse.Eil-o de novo surgindo da cova e
retirando-se ao seio de sua familia.Afinal, ultimamente, morreu Fou-
quês, mas agora morreu de veras.Vamos, Senhores I E' preciso que
saibamos distinguir um catalepticode um morto !
»La Liiix Eupirita
Encetou a publicação em Rey Westum novo periódico spirita com o ti-tulo acima.
Saudámos ao novo collega e faze-mos votos por sua prosperidade.
III Ofi 4HHIVl>OH 188 ¦ — »¦ a i>vu —
IUWORMADOKO rita m cs v oi n «• i o n i * < «
ASSIGNATURAS
YV.HA O IXTHItlolt E KXTEKIOIt
Semestre ,5i?000
I'AG AMENTO A DI ANTA DO
Toda a correspondência deve ser diri-gida a
A. Elias «Ia Silva
120 RUA DA CARIOCA 120
As assignaturas terminam cm Junho eDezembro.
Os trabalhos de reconhecido interessegeral serão publicados gratuitamente.
O MUNDO SIDERAL
Y
COR DAS ESTREU.AS
Nilo é só pela grandeza, mas tambem
pela cor que as estrellas se distinguem
umas das outras.Umas se nos mostram amarellas, outras
aíarahjadas e outras totalmente verme-
lhas.As que chamamos estrellas brancas -ão,
na maioria das vezes, azues, mais ou me-
nos esbranqüieadas.Os antigos não fallaram senão de es-
trellas brancas ou vermelhas, collocando
nesta ultima classe Arcturo,Aldebaran,Pol-lux,.\ntarés,T3otelgeuzeeSirio; das quaesa ultima se torna boje notável pela bran-
cura azulada de sua luz.A cor da luz de um astro é tanto mais
branca e, portanto, mais brilhante, quantomenor for a sua densidade ou maior a sua
fluidez; ora, a passagem de um corpo ce-
leste do estado material ao fluidico exige
períodos de tempo assaz longos, para que
possamos crer nessa transformação de Si-
rio no decurso de alguns séculos; somos
antes propensos a admiti ir que o facto
citado foi devido á imperfeição das obser-
vações deoutr'ora ou á intervenção de ai-
guma causa estranha, como a interposi-
ção de camadas de fluido cósmico mais
condensadas e, portanto, mais capazes de
enfraquecer as vibrações do fluido lumi-
noso emittido pela estrella,No seu tratado das cores, Mariotte at-
tribue as cores vermelhas e amarellas de
algumas estrellas ao obscurecimsnto de
sua luz, por exhalaç.õ»s que dellas mesmas
se desprendem; e por sua racionalidade
ninguém poderá deixar de admittir (pie
essa, não sendo a única, ó uma das causas
da coloração das estrellas.Sabemos que as atmospheras das cs-
tiellas se estendem a distancias, que va-
riam com suas forças attractivas; distan-
cias que são enormes para corpos cujas
attracç.ões excedem, em grandeza, a tudo o
que podemos imaginara tal respeito; os
raios partidos de astros mais afastados,
atravessando essas atmospheras para vir
até nós, podem ser enfraquecidos e, assim,
transmittir ao nosso orgam visual uma
vibração differente da que tinham, antes
de penetrar nessa massa de gazes conden-sados; podendo Cambem desse enfraqueci-mento de vibração resultar a impressãodas cores qua algumas estrellas nos apre-
sentam, cores sempre mais carregadas quea própria do astro, porque com a dimi-nuieão da vibração do raio luminoso a corvai, cada vez mais, se approximando danegra ou obscura.
A essas causas estranhas é, sem duvida,devida á variabilidade de cor de muitas
estrellas, facto at testado pòr W. Herschel,
Struvee muitos outros.Hoje Pròcyone Altwír se nos apresentam
brancas; Si rio., Végaj Castore Regulo maisou menos azues; a Cabra, Pollux e « cia
Raleia amarellas; Aldebaran, ArctuiQ eBetelgeuze alaraujadas; Antarés e a deHercules avermelhadas, c algumas peque-nas totalmente vermelhas.
O,tom da cor entre as amarellas cala-
ranjadas varia em diversas épocas; assim,
Antarés, Aldebaran o Arcturo mudam de
cor, ao mesmo tempo que de grandeza.a Este ramo da physiea estellar, diz o
Padre Secchi, demanda ainda muito es-
j tudo, para attingir ao gráo de precisão de
que necessita. São muitas as causas qufinelle nos podem induzir ao erro : Qs olhos
dos observadores não são todos iguaes e,
muitas vezes, sem que disso desconfiem,soffrein de daltpnismo em grãos diversos;
a qualidade dos vidros dos objoctl.ybsdas lunetas e, mais ainda, os grãos de
perfeição dós oceulares influem na colora-cão ilos objectos observados; — os espe-
lhos metallicos empregados dão sempre a
esses objectos unia tintura avermelhada;o estado da atmosphera e a altura do
astro têm tambem grande influencia no
resultado dessas observações;— e, final-
mente, a luz artetleial eom que se comparaa das estrellas simples, sendo amarella,
altera a neutralidade do olho do observa-doi-c falsêa as cores dos objectos observa-dos; pelo que se torna mais difucil a aya-
liação das cores das estrellas simples, dos
que as das duplas, em (pie a comparaçãose faz sem o auxilio da luz arteticial. »
As estrellas que compõem todos os pa-res, chamados—estrellas duplas—, tem, em
treral. inten.-idades assaz dissemilhantes,e se distinguem por notável diílerença de
cor; assim temos nos seguintes grupos:
xar de crer que elles possuem uma cor
própria, isto é dependente de sua çonsti-tuieão physiea, de sua aggregação mole-colar.
A cor dos corpo- não sendo mais que. a
impressão que, por intermédio do tinido
cósmico, universalmente derramado, pro-duzem em nos-u orgam visual as vibraçõesdo fluido cloctro-magnetico que delles se
desprendo; vibrações que crescem com a
intensidade desse tinido, accumulado na
superfície do corpo pela resistência que o
ambiente offerece á sua rápida dispersão no
espaço; nada ha de impossível em querendodensidades e riquezas fiuidicas differentes,os corpos celestes tambem possuam cores
distinetas próprias.Em certas constellações nota-se o predo-
niinio de uma certa cor; facto assa/, imt u-
ral, quer esses astros estejam realmente
apprpximados e, então, tenham, em suas
formações, obedecido ãs idênticas condi-
ções do meio em que se constituíram;
quer sua approximação seja um simples
effeito de perspectiva, e, neste caso, os,raios por elles emittidos se modifiquen^TO
%
tom ^
"U. -S S fO •' !
pi C- S. "* &C CO O -, r>
¦" *: o n o P
- 2- I z % % ^= i. H. § g-P- et c era o o-"--Z- •"' £ 2. 2. r
2!
•x.i> 2.
Um facto resalta ás nossas \istas dasimples inspeeção desses poucos gruposcitados: é que sempre a estrella maior decada um delles tem uma cor, menos que ada menor, approximada da preta; o quedenota naquellasuma menor densidade oumaior riqueza fluidica e, por conseqüência,maior força attractiva. j
Em geral, nesses grupos binarios de es-trellas a maior se mostra com a cor ama-rella do ouro ea menor com a azul da sa-pbira; notando-se, porém, sempre peque-nas differenças, devidas áconstituição dosdiversos olhos.
Muitas vezes, essas difterenças de cures,nas estrellas (pie formam grupos ou syste-más,podem, como disseram Aragoe J. Hérs-chel, provir de uma illusão de óptica, serum effeito do contraste, outras muitas,
porém, é impossível que não sejam umaexpressão da realidade, porque nem sem-
pre as cores das duas estrellas de um
grupo são complemeutares; e muitas ve-zes, quando por arteficio escondemos umadellas, vemos que a cor da outra não muda.
Não negando que muitas causas estra-nbas modificam a coloração que os astrosnos apresentam, não podemos tambem dei-
mesmo modo. ao atravessar um in&rjió.meio, ^Tjfl'*
A cor azul domina no grupo das Bleia'-'das, a esverdeada na constellacãú deOrion,e a amarella nasdeEridan e da Raleia.
As estrellas estl ictamente azues são
raras, apezar de dominai' a cor azuladanas que commumente chamamos brancas ;facto, talvez, devido a se extinguirem,atravessando a nossa atmosphera,as fracas
vibrações que em nós produzem a im-
pressão dessa cor.Terminaremos esta pa'Me do nosso es-
tudo com a seguinte lista, organizada porStruve, das cores das estrellas duplas porelle observadas :
.Estrellas em qiuVMuito brancas... -78,0j a côr é a mes-)Brancas 2107'
j ma nos douslAmarellas 13( astros. (Verdes õ(.-, . , .¦ ['Brancas 30(..ores idênticas, Àziüatl- s,
2" '"^{".«'^'^-n.narellas 13( des diflerentes(^z^ég -.
q„(Cores dífteren-] Amarellas ò azues 10-1V-;l tes. 'Verdes e azues.. . 1G
ANÂÍ.VS1-; K.siMcfruAi.. constituição iniysiCADAS ESTRELLAS
O emprego do espectroscopio, para ana-Usar a constituição physiea das estrellas,é um dos mais seguros meios de progresso,engenhado pelos que se dedicam ao estudodo mundo si leral.
Huf.gins è Miller, comparando directa-mente os espectros chimieps de differentesestrellas, ou tomando para termo de com-
paraeãò o do Sol, acharam nellcs muitosraios coinmunsque a experiência já tinhafeito conhecer, comosignaes evidentes da
presença de certas e determinadas suba-táncias'; e pòr esse modo descobriram queem Sírio éra manifesta a presença do hy-drogenio e, provavelmente, a do sódio e domagnesio.
Examinando pelo espectroscopio umcorpo solido encándeçente, obtem-se umespectro continuo, sem alguma raia tran-sversal; se, porém, elevarmos a tempeva-tura até ao ponto preciso para determinara combustão de algum dos elementos com-
ponentes do corpo, immediatamente no-
taremos no espectro a presença de raias
luminosas diversamente coloradas, se-
guudo a natureza de cada uma das sub-stancias em ignieão.
Essas raias são separadas umas das ou-
tias por espaços obscuro?, sendo algumasvezes, seu numero muito limitado e po-dendo, mesmo, reduzir-se a uma só; con-staritemente, porém, o espectro é descon-tinuo e ile um aspecto caracteri-dico paracada um dos corpos simples.
Ordinarimente os espectros obtidos nes-
sas circumstancias são mixtos, isto é,
suas raias brilhantes so destacam sobre
um fundo luminoso, porque a substancia
que entra em combustão, vem sempre mis-
tu rada com parcellas de matéria estranha,
levadas simplesmente á encandccencia. ,vA producção.las raias se obtemeom toda
a clareza desejável, quando a combustão
se opera no seio da luz electriea, da luz
produzida pela corrente do uma pilha.() arco luminoso saltando entre os car-
voes da lâmpada electriea dá raias enru-
gadas, ao passo (pie os carvões só dão
um espectro continuo.a vibração não depende somente dana-
tureza da substancia, mas tambem da
temperatura eín que esta se acha; assim,
o tbalio, aquecido a um gráo sutliciente
para queimar no ar, apresenta uma raia
verde; porém, se a temperatura subi&niais,elle ainda mostrará outras raias.
Dá-se o mesmo com o sódio e com ai-
guns outros corpos.As raias do espectro de uma substancia
ainda variam com o gráo de COhesflO de
siias moléculas, com a sua densbíade,O phenomeno da descontinuidade do
:^s|'éctro se dá, todas as vezes qfie.áele-m vacilo da temperatura, em vez de simples.pneandceiicía, produzir uma volatilisaç.ão>:.f uma combinação chimica.
Da.j,observações do Padre Secchi pode-íftOS-.éóhcduir que em Sírio, se encontra olnmrogenio submettido a unia pressão con-sideravel; que em * dOrioii existem oferro, o sódio, o magnesio, etc, e que nosespectros de Arcturo,Aldebaran, PolluxcCabra se mostram mais de sessenta raiasmetallicas, coincidindo com as solares,sigriál evidente de conterem essas estrel-Ias o cálcio, o sódio e o ferro.
"4
w
¦È
Ua» faclo tio 4*aial<k|i.uia
Narra a Lanterna um facto bem
singular de catalépsi» qne se deu, poroceasião da chegada de uni trem á
estação do Moutparnaso.Ao desembarcar do trem, uma mu-
lher, trajada â moda da Bretanha,
Çahin apresentando todos os sympto-
mas da morte.Uni medico que ahi se achava, de-
cbirou ser isso provavelmente devido
h ruptura de uma aneurisma'
O coração e o pulso tinham cessado
de bater e o corpo apresentava uma
rigidez cadaverien.Collocarain a morta em uma padiola
coberta e foram conduzindo-a paraMorg-ue; mus, em meio do caminho,
os carregadores ouviram um g-emido,e o policial que os acompanhava, er-
guendo a cortina da padiola, viu a
defunta com os olhos abertos e pedin-do-lhe água.
O estado pathologico dessa mulher
6 muito curioso. Por varias vezes tem
já ella sido acommettida desses ata-
quês. couservando-s» longas horas no
estado de uma morte appanmte.
Recolhida ao Hospital, vão conter-
vala ahi por alguns dias, com o lím
de estudar-lhe a enfermidade.
« Absolutamente, diz o supracitado
periódico, como se conserva pepinosem um frasco. Km qne estado sahirá
(dia d"ahi, depois das experiências e
ensaios que tentam fazer '( »
Èm Livoruo, Itália, o illustrado es-criptor Mario dei Pilastrò, acaba de
publicar uma importante obra spirítaa que deu o titulo de Fenomcni Spi-ritici é le toro causa.¦.
HIB OllUADOIl — ÉHSÍ —Marco — 1 3
llenri Mariiu
Ao testamento desse eminente his-
toriador que a Franca acaba de per-
der, estava j une to o seguinte codicillo
que coroa dignamente essa vida, tão
firmemente dirigida a um fim deter-
minado :« Desejo que o meu enterro seja
feito com toda a simplicidade, dando-
se aos pobres, isto é, á caixa de bem-
ficenciae á das escolas, a differença
entre o que se gastar e o que se gas-
taria com as exéquias de ordem su-
perior que me pretendessem fazer.
Não quero o chamado enterro civil,
afim de que não haja equívocos acerca
dos meus sentimentos religiosos, ainda
que eu creia que e^a acto assim pra-ticado, de nenhuma sorte implica,
uma profissão de atheismo e matéria-
lismo.O enterro catholico^jgga implica
também, no espirito da maioria dos
que ainda praticam esses ritos dos
nossos pais, uma adhesão ás doutrinas
do ultramontanisino e do concilio de„
1870 ; mas como também aqui temo o
equivoco e receio que se possa suppor,
de minha parte, uma aceitação, in
artimo mortis, dos princípios que com-
bati durante a minha vida inteira, e
que não cesso de considerar funestos,
sob todos os pontos de vista; que-rendo que os meus funeraes tenham
uma fôrma religiosa, porque creio na
transformação e não na negação das
grandes tradições da humanidade, e
considero que, sabidos do christia-
nismo como este sahiõ das tradições
antigas, não devemos renegar essa
origem ; peço que presida aos meus
funeraes um pastor protestante, de
preferencia, protestante liberal, de
um desses grupos cujas idéias e sen-
timentos mais se coadunam com os
meus ; já que minhas crenças pessoasnão têm orgam constituído, e queaquelles que as seguem, ainda quenumerosos, não formam um corpo com
existência legai.30 de Março de 1883. — H. Mar-
tiú. „
\ iiiediiiiiidade ciiradora
Ha mais de ura quarto de século
que o zuavo Jacob fazia em Pariz curas
estupendas pelo emprego do magne-
tismo animal.Innumeros doentes, como attesta o
Boletim da Sociedade Scientifica de
estudos psychologicos, a elle deveram a
cura de seus soffrimentos, que tinham
resistido a todos os recursos da medi-
chia ofiicial.Acontecm ultimamente, segundo
diz o periódico a Luz de 10 de üezem-
bro, que em uma dessas curas, ficou a
enferma com um braço partido.Conduzido a IO1 câmara do tribu-
nal correccional do Sena, apezar de
não resultar culpabilidade ao accusado
nem do depoimento das testemunhas,
nem do parecer dos expertos, foi õ
zuavo Jacob condeinnado a seis dias
de prisão e 100-francos de multa por
ter praticado ferimentos por impru-deiicia, a 5 francos de multa por exer-cer illegalmente a medicina, e a 500francos para indemnisação da offen-dida.
O Pharol de Liè.ge, cornmentando ofacto, diz :
« E' bom que os nossos mediuuscuradores fiquem sabendo ao que seexpõem, cm caso de accidente.
« Cumpre-lhes tomar as precauçõesnecessárias, para evitar todo insuc-cesso nas curas que operam ; e nunca
supponham qüe podem, como os medi-cos diplomados, quebrar os braços eas pernas de seus clientes, ou enve-nenai-os sob o pretexto de os curar.
O zuavo Jacob é conhecido pelasmilhares de curas inesperadas e quasimaravilhosas que tem feito; e, entre-tanto, acaba de ser condeinnado pelo
primeiro accidente que lhe acontece.Eis-ahi o que resulta de não se ter
um diploma conferido por sábios, quebem poderiam aprender com o zuavo
Jacob a arte de curar. »
fturgr ei asiifoula
Como outrora disse Jesus ao cata-leptico de Bethania, sepultado no en-torpecimentodeumamorte apparénte:<( Levanta-te e caminha » ; assim osctde.stes mensageiros, organs do Espi-rito de Verdade, vem hoje dizer aoshomens, entregues ao mais frio desa-nimo, á ma:i deseonsoladora descrença:« ErLruei-vos do vosso abatimento,contemplai os signaes dos tempos pre-dictos pelo divino philosopho de Na-zareth, depositai toda a vossa confi-anca no Pae celestial e avançai ségu-ros, porque soou a hora do esplendidotriumpho da verdade, da vossa einan-cipação do pesado domínio da matéria.»
Ue longas idades vinham os pro-phetas repetindo a promessa da vindado ceje-ste enviado, indicandocircums-tancias tae.s qne era impossível dei-xar-se de reconhecel-o, quando che-
gasse.Veio e, apezar da cegueira dos que
então tentaram abafar-lhe o brilho,esse sol de amor e esperança, do alto
do (jòlgotha, derramou sua luz bene-fica sobre o mundo, clareando os tau-
tos mysterios em que a sciencia pio-faria não tinha podido penetrar.
Era-lhe, porém, impossível, n*esse
tempo de tanta treva, de tão grandeimpério da carne, dizer toda a verdadea quem não podia comprehendel-a .
por isso Jesus prometteu que um dia
mandaria aos homens o Espirito deverdade, para lhes ensinar toda averdade.
Jesus fallaVa sempre por figuras,usava da linguagem imaginada dosOrien taes.
Não é a verdade absoluta que ellenos manda trazer ; a esta os maiselevados equritos ainda nao poderamo nunca poderão alcançar, porque o
progre-so intelletual é infinito, por-
que o ente crendo sempre tem o queaprender, porque só Deus possue o
perfeito saber.
9
Jesu», esse espirito tão altamente Icollocado por seus conhecimentos eelevação moral, nos dá disso uma
prova, quando, respondendo aos quelhe perguntavam sobre o ternpo em
que teria lug-arojuizo final,disse-lhes« Quanto ao dia e á hora emqueacon-tecerá o que vos predigo, nem os an-
jos, nem pfilho o sabem, mas somenteo Pae que está nos céus.
O homem só recebeaquillo que elleestá nas condições de comprehender e
praticar, para subir e subir semprena escala que o conduz ao irradiantefoco da perfeição absoluta.
Quando perguntaram ao Christo,
por que signaes conheceriam a appro-ximação dos tempos de sua nova vindalio planeta, elle respondeu :
« Vereis as crianças prophetareui,os velhos terem sonhos propheticos,as estrellas abalarem-se dos céos. »
Não estais vendo o que se passa noinundo '!
Não notais por toda parte, comorapidamente se estão desenvolvendoas maravilhosas faculdades mediani-micas, ante cuja veracidade, por von-tade ou sem ella., a nossa orgulhosasciencia ofiicial ha de dobrar a cervis?
O que são es^es entes dotados d'esse
poder desconhecido, se não o» trans-missores dos pensamentos dos encar-regados de tirar-nos do lodaçal em
que vivemos, dos espíritos elevados
que se desprendem do alto para tra-zer-nos a luz, a força e a felicidade?
Considerai nas revoluções physicasque com tanta freqüência, nestes ul-timos tempos, tem agitado a superfíciedo nosso planeta, e nas não menores
que se estão dando nas idéias da pre-sente geração.
Ao mesmo tempo em que os altaresdas velhas crenças cabem tendidos e
derrocados pelos golpes da sciencia
positiva, os terremotos, as inundações,as pestes, a fome e a guerra fazem
victimas sem conta, abalam e trans-
formam a face da humanidade terrena.
Como nos tempos que precederamimmediatamente á vinda do Christo
da Galilea, a descrença envolve o
mundo em seu gélido sudario; tudo
succuinberia, tudo desappareceria nes-
se medonho cabos, se Deus, em sua
bondade, nos não enviasse o soecorro
que nos promettera, pela voz do seu
enviado.Lançando por terra os velhos abri-
«¦os, em que o homem de outr'ora
suppunha encontrar a verdade, po-dera por si só a sciencia profana reer-
o-uer outros em seu lugar?
Estamos couveneidos que, embora
alguns alllrmem, ninguém o cré.
A liga da sciencia com a religião é
indispensável para podermos caminhar
para o cumprimento do nossso destino,
Ha porém tantas religiões.
Qual dellas é a mais apropriada
para prestar nos tão importante ser-
viço?Estudai-as todas, consultai a vossa
razão, e vereis que nenhuma dellas é
totalmente má; todas têm um fundo
de verdade, desfigurado e mal inter-
pretado, pelos homens incumbidos desua propagação.
Toda religião é boa, uma vez quenos ensine a amar a Deus sobre todasas cousas, e a amar ao próximo comoa nós mesmos.
Estudai e amai, que sereis felizei;estudai e amai, que sàhireis resussi-tados dessa culpavel indífferença em
que viveis.
Victor Hugo e on dogma*catholicow
RELIGIÕES E RELIGIÃOCAPITULO Vil
(TraiiucçSo)
Assim, segundo vó>, Deus raciocina:
Km formoso paiz, bem escolhidoa primeira mulher lancei outr'oramais o homem primeiro, porém elles,contra o que eu prescrevera, uma laranjas'atreveram a comer, por isso logoresolvi-me a punir os homens todos.Viverão desgraçados sobre a Terra,e ainda lhes proinetto nos infernos,onde Satan espoja-se nas brazas,um castigo sem iim por culpa estranha.Consumirei sua alma pela chammae seu corpo em carvão ha de tornar-se.Não pôde cousa alguma haver mais justa!Porém, como eu sou bom, isto me aíUige.Então, que hei de fazei? Ah! uma idéia!Mando meu filho amado pr'a Judea,alli o matarão, porque eu o quero.E esse crime seu os innocenta,e á vista dessa falta tão completalhes perdoarei o que elles não fizeram.Eram bons, eu tornei-os criminosos,e nestas condições então lhes abromeus braços paternáes. Desta maneirase salva a raça humana; e uma faltaha de purificar sua innocencia.
Federação Spiríta Brarci-leira
SKSSÕF.S DE 15 E 22 DE FEVEREIRO
Constou o expediente da leitura dedois ofíicios de pessoas convidadas, de-clarando que adheriain á idéia dafundação da Sociedade e aceitavam a
nomeação de sócios fundadores.Tratou-se mais dos meios a adop-
tar-se para a propaganda da doutrinafora da Corte.
Uniaiiack Kwpiritisíta
Recebemos um publicado pela re-
dacção do periódico spirita La Luz deiProvenir.
Agradecemos.
O DUMWKVrU
Em que pensas, mancebo? Nessa vidaque alegre me sorrio, quando criança,nesses sonhos em que a alma se embalança,sem temer ver-se um dia desmentida.
O que vês no presente? Acerba lida,fatal realidade que se avança,e a alma nos comprime, té que alcançaver dos sonhos de outr'orà ella despida.
E não tens esperança no futurode gozar de real, doce ventura?A vida é uma mentira, um fumo puro.
IIlusões no passado, hoje amargura,no porvir só descubro um ponto escuro,A'quem do qual se acha a sepultura.
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Intrvducção ao conhecimento do mundoinvisível pela manifestação dos espi-ritos, contendo o resumo dos princípiosda doutrina spiríta e a resposta ásprincipaes objecções.
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ALLAN-KARDECSem cariiladi; niio hn sulvaçüo*
CAPITULO 1PEQUENA CONFERÊNCIA STURÍTA
3." DIALOGOO PABRE
(Continuação)
O que Deus exige para pôr umtermo aos sotfri mentos, é o arrepen-dimonto, a expiaeãq e a reparação,em uma palavra, um melhoramentoserio e etfectivo, uma volta sincerapara o bem.
0 Espirito é assim o arbitro de suaprópria sorve; sua pertinácia no mal
prolonga seus sofírimentos, seus es-forços para fazer o bem os minoramou abreviam.
A duração do castigo sendo subor-dinada ao' arrependiinento, o Espiritoculpado que não se arrependesse enunca se melhorasse, soffreria sempree, para elle, mi tão a pena seria eterna.
Essa eternidade de penas deve ^e.ventendida no sentido relativo e nãono absoluto.
Uma condição inherente á inferio-ridade dos Espirites é não ver o termode sua situação e crer que hão desoffrer sempre; o que é para elles um
Commette um erro de época quem |espera conduzir os homens de tíóje jpelo medo do demônio ti das torturas jeternas.
Padre. — A igreja, com effeito, re-conhece hoje que, o inferno materialé uma figura ; mas isso não excluo aexistência dos demônios; sem elles,como explicar a influencia do mal,que não pôde vir do Deus?
A. K.—O spiritismo não admitte osdemônios no sentido vulgar da pala-vra, porém sim os máos Espiritos quenão valem mais que aquèlles, c quefazem igualmente o mal suscitandomáos pensamentos: somente elle di/.não serem elles seres á parte, çreádospara o mal e perpetuamento votadosa isto, espécie de pari ás da creação ealgozes do gênero humano; são seresatrazados, ainda imperfeitos, mas aosquaes Deus reserva o futuro.
Xisto concorda o spiritismo com a_,•!•,. a, ouepie admitte a
castigoDesde que, porém, sua alma se
abre ao arrependimento, Deus lhesfaz entrever um raio de esperança.
Esta doutrina é, por certo, maisconforme á justiça de Deus que pune,emquanto o culpado persiste no mal,e concede lhe graça desde que ellevolta ao bom caminho.
Quem imaginou essa tlieoria ? Se-riamos nós?
Não: são os Espiritos que a ensi-nam e provam, pelos exemplos quediariamente nos fornecem. .
Os Espiritos não negam, pois. aspenas futuras, pois que elles nos vômdescrever seus próprios soffrimeutos;e este quadro nos toca mais que o daschammas perpétuas, porque tudo nelleé perfeitamente lógico.
Comprehende-seque isso é possível,qne assim deve ser, que essa situaçãoé uma conseqüência natural das cou-sas; o pensador philosopho o podeaceitar, porque uelle nada repugna árazão.
Eis porque as crenças spirítas temconduzido ao bem muita gente, mes-mo de entre os materialista», emquem não fazia mossa o medo do in-forno, como lhes era pintado.
Padre. — Admittindo vosso racio-c;nio, não julgaes que o vulgo precisade imagens mais palpáveis, autes quede uma philosophia que elle não pôdecomprehender ?
A. K. — E' um erro que tem lan-cado mais de um no materialimio, ou,pelo menos, afastado mais de um ho-mem da religião,
Chega um momento em que essasimagens não impressionam mais, eentão áquelles que não aprofundam ascousas, rejeitando uma parte da reli-
gião, rejeitam-na toda ; porque dizemelles : Se me ensinaram como umaverdade incontestável um ponto que6 falso, se me deram uma imagem,unia figura pela realidade, quem meafiança.quê o resto seja verdadeiro'?-
Se,' pelo contrario, a razão, crês-cendo, não repelle, a fé se fortiíica.
A religião ganhará sempre em se-o;uir o progresso das idéias; se algumavez ella corre perigo, é quando oshomens,querem avançar, e ella desejaficar estacionaria.
igreja catliolicaconversai de Satan, allusãQ ao me-lhoramento dos máos espiritos.
NotaiHamlie.ni que a palavra demo-nio não implica a idéia de máo Espi-rito. que lhe é dada pela aeeepçáomoderna, porque a palavra gregadaimon significa gênio, intelligencia.
Seja como for, hoje ella exprime umEspirito máo.
Ora. admittir a eomniuuieacão dosmáos Espiritos é reconhecer, em prin-ciuiò, a realidade das manifestações.
A questão está em saber se sãoelles os únicos (pie se cominunicain,como allinna a igreja para motivar aproliibicão feita por ella de coiiimu-nicar-sé com os Espiritos.
Aqui nô^ invocamos o raciocínio eos factos.
Se Espiritos, rjuaesqiier que ellessejam, se coníniunicam, não pôde sersenão com a permissão de Deus ; ô pos-sivél que elle só o tivesse permittiiloaos máos '?
Como! Deixando a estes toda a¦ li-herdade de virem enganar aoshofrtens,Deus poderia impedir (pie os bons lhesviessem fazer uni contra-peso, neutra-lisar suas doutrinas perniciosas'?
Crer que seja assim não seria pprem duvida seu poder e sua bondade, efazer de Satan uni rival da Divin-dád<
A bíblia, o Evangelho, os Padresda Igreja reconhecem perfeitamente apossibilidade das communicáções como mundo invisível, e desse inundo tíúoestão excluídos os bons. porque poishavemos hoje de excltiíl-os ?
Além disso, a igreja, adniittindo aauthentic.idade de certas apparições ecommunicáções de santos, rejeita as-sim a idéia de só podermos entrar emrelação com os máos Espiritos.
Certamente, quando nos trabalhosobtidos só encontramos cousas boas,quando nos pregam nelles a moralevangélica a mais pura e .sublime, "a
abnegação, o desinteresse, e o amor aopróximo; quando nelles se combate omal, qualquer (pie seja o aspecto sobipie se mostre, será racional crer-seque o Espirito maligno venha assimfazer o seu processo :'
Padre. — O Evangelho nos diz queo anjo das trevas, ou Satan, se tran-sforina em anjo de luz para seduzir oshomens.
A. K. — Satan, segundo o Spiri-tismo e a opinião de muitos philoso-phos christãos, não é um ser real: é apersonificação do mal, como Saturnoera. outr*ora a do tempo.
A igreja apega-se á letra dessa fi-gura
"allegorica; é uma questão de
opinião que eu não discutirei.Admittamos, por um instante, que
Satan seja um ser real ; a igreja, áforça de exagerar seu poder, em vistade
'intimidar, chega a um resultado
totalmente contrario, isto é á des-fruição, não somente de todo medo,como tambem de toda crença em simpessoa, segundo o provérbio : Quemmuito quer provar, nada prova.
Ella o representa como eminente-mente fino, sagaz e ardiloso, mas na
questão do spiritismo fal-o desèmpe-nhar o papel de uni louco ou de umtolo.
Uma vez (pie seu fim é alimentar devictimas o inferno e arrebatar almasdo poder de Deus. comprehelide-sc(pie elle se dirija áquelles que estãono bem para induzil-os ao mal, parao que elle se veja obrigado a amudar-se, segundo unia bellissima allegoria,em anjo de luz, isto é, queelle bypo-critámente simule a virtude ; mas,
qué elle deixe escapar áquelles quejá estavam em suas redes, é o que nãose pôde comprehender.
Os (pie não adniittein Deus nem aalma, que des prosam a prece e vivemmergulhados no vicio, são delle, comoé possível ser-.se ; nada mais lhe restaa fazer para sepultal-os no lamaçal ;ora, excital-os a voltar a Deus, a orar,a submetter-se á sua vontade, ani-mal-os a renunciar ao mal,mostrando-lhes a felicidade dos escolhidos e atriste sorte que aguarda aos máos,seria o acto de um simplório, maisestúpido que o de dar-se a liberdadeás aves (pie estão em uma gaiola,
'($ítí-
o pensamento de apanhai-as deiíÒ%>.Ha pois na doutrina da comirf^ííj-*
cação exclusiva dos demônios 'upia
contradicção (pie fere todo homemsensato ; nunca se persuadirá alguémque os Espiritos (pie reconduzeni aDeus áquelles que o renegavam, aobem os (pie praticavam o mal ; queconsolam aos afllictos, dão forca e co-rageni aos fracos : que, pela subliuii-dade de seus ensinos, elevam a almaacima da vida material, sejam auxi-liares de Satan. e por este motivo sedeva nos interdizer toda relação coiíio mundo invisível.
Padre. — Sé a igreja prohibe ascommunicáções com os Espiritos dosmortos, é porque ellas são contrariasá religião, como sendo formalmentecohdenmadas pelo Evangelho e porMoysós.
Este ultimo, pronunciando a penade morte contra essas praticas, provaquanto são ellas reprehensiveis aosolhos de Deus.
A. K.— Peço-vos perdão, mas essaprohibição não se encontra em partealguma do Evangelho; ella se achasomente na lei mosaica.
Trata-se d*.' saber se a igreja còl-loca a lei mosaica acima da evange-lica ; assim será, por certo, se ella formais judia (pie christã .
DevémOs mesmo notar que, de to-das as religiões, é a judaica a quefaz menos opposição ao spiritismo,contra cujas evocações ella não in-vocou a lei de Móysés, em que seapoiam as seitas christãs.
Se as prescripções bíblicas são ocódigo da fé christã, porque prohibema leitura da Bíblia !
O que diriam se se interdissesse aum cidadão o estudo do código dasleis dt! seu pai/.'?
A prohibição feita por Moyses tinhaentão, sua razão de ser, porque legis-lador hebreu, queria que seu povorompesse com todos os hábitos quetrazia do Egypto, e de entre os quaeso de que tratamos, era um objecto deabusos.
Não se evocava então os mortospelo respeito e aíleição tributados aelles, nem; com uni sentimento de
piedade mas sim como um meio deadivinhar, o objecto de um traficovergonhoso explorado pelo charlata-nistno e a superstição; nessas condi-
ções, Movsés teve razão de prohi-ídl-n.
Se elle pronunciou contra esseabuso uma penalidade severa, é queeram precisos meios rigorosos puraconter esse povo indisciplinado; tam-bem a pena de morte era prodigadaem sua legislação.
E' pois um erro apoiar-se na seve-ridade do castigo a isso infligido,paraprovar-se o gráo de culpabilidade daevocação dos mortos.
Se a interdicção de evocar os mor-tos vem do próprio Deus, como a
igreja o pretende, deve tambem serDeus quem marem a pena de morte g^,cohl ra os delinqüentes.
Essa penü passa a ter uma origemtão sao-radn como a interdicção; neste
m
-agrada como a interdicçãocaso, porque a não conservam tam-bem? %
Todas as leis de Moysós são pro-mulgadas em nome e por ordem deDeus; se crem que Deus seja o autordellas, porque as não observam ainda?
Se a lei de Moysós ó para a igrejaum artigo de fé sobre um ponto, porque deixa de sel-o sobre os outrostodos ?
Porque recorrem a ella naqúillo de,
que precisam, e repellem-n'a no quenão julgam conveniente ?
Qual o motivo de não segiliTemtodas as suas prescripções, entre qu-trás a da circumeisão, a que .TéstTSsujeitou-se e qne elle não abolio '?
Havia na lei mosaica duas partes :P', a lei de Deus, resumida nas taboasdo Sinai ; lei que foi conservada. ,j)or- /;, ¦>
que ó divina, e o Christo não fez maisipie desenvolvel-a ; 2% a lei civil ou
^disciplinar, apropriada aos Costumes &do tempo, o (pie o Christo ubolio.
Hoje as cireumstancias são outras,.,. ^O- a prohibição de Moysós já nãò'te in\ '
razão de ser.,._A:l§'m disso, st; a igreja prohibe a
-to^cáçã') dos Espirito:-», poderá tam-'..-nem impedir que elles. venham semser chamados '? ^-
Não estamos vendo diariamente ter,manifestações de todos os gêneros,pessoas que nunca se occnparam como Spiritismo '? e autes de ser elle di-vulgado, não se davam ellas tan^s?
Outra contradicção.Se Moysós prohibio evocar os Espi-
ritos dos mortos, é uma prova de queelles podem vir, do contrario essa in-terdicção era inútil.
Se, mu seu tempo, elles podiamentrar em relação com os homens,elles ainda hoje o podem, e se são osEspiritos dos mortos, não são exclusi-vãmente demônios.
Antes de tudo devemos ser lógicos.Padre. — A igreja não nega que
bons Espiritos se possam cominunicar,pois que ella reconhece que os santostambem se tôm manifestado ; ella,porém não considera bons áquelles(pie vun contradizer seus princípiosinimutavéis.
Os Espiritos ensinam, ó verdade,que ha penas e recompensas futuras,porém de um modo diverso do queella ensina; ella,só, pôde julgar o queelles pregam e, portanto, distinguiros b.ms dos niáos ^0
A. K. — Eis a magna questão*.*"Oallileu foi aceusado de heresia e
deser inspirado pelo demônio, porqueelle vinha revelar uma lei da natureza,que provava o erro de uma crença quese julgava inatacável; elle foi con-demnado e excommungado.
Se os Espiritos tivessem sobre todosos pontos abundado no sentido exclu-sivo da igreja, se elles não procla-in assem a liberdade de consciência enlo ooncemiiassem certos abusos, te-riam sido todos bem vindos e não osqualificariam de demônios.
Tal é tambem a razão porque todasas religiões, os musulmano» como oseatholicos, se crendo na posse exclu-siva. da verda le absoluta,olham comouma obra do demônio toda doutrinaque não é inteiramente orthodoxa,emseu ponto de vista.
Ora, os Espiritos vem, não derru-bar a religião, mas, como Oallileu,revelar-nos novas leis da natureza.
Se alguns pontos de fé soffrem comisto, é porque,como a velha crença deourar o Sol.ao redor da Terra, ellesestão em contradicção com essas leis.
A questão está em saber si; um ar-ligo de fe pôde annullar a uma leinatural, que é obra de Deus ; e se,sendo essa lei reconhecida, não serámais racional adaptar a ella a Inter-pretação do dogma, do que attribuir(dia a unia obra do demônio.
(Continua).