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MINISTERIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA
CAMPUS DE CAPITÃO POÇO
GILBERTO ALAN DA SILVA MAXIMO
MARCOS LEONAM MAGALHÃES ALMEIDA
PRODUÇÃO DE MUDAS ENXERTADAS DE LIMA ÁCIDA TAHITI (Citrus latifolia
Tanaka) SOB DIFERENTES VARIEDADES DE PORTA-ENXERTOS.
CAPITÃO POÇO
2016
GILBERTO ALAN DA SILVA MAXIMO
MARCOS LEONAM MAGALHÃES ALMEIDA
PRODUÇÃO DE MUDAS ENXERTADAS DE LIMA ÁCIDA TAHITI (Citrus latifolia
Tanaka) SOB DIFERENTES VARIEDADES DE PORTA-ENXERTOS.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
curso de Agronomia da Universidade Federal Rural
da Amazônia, Campus Capitão Poço, como
requisito parcial para obtenção do título de
Engenheiro Agrônomo.
Orientadora: Prof. Me. Marluce Reis Souza Santa-
Brígida
Co-orientador: Fábio de Lima Gurgel, D. Sc.,
Pesquisador A da Embrapa.
CAPITÃO POÇO
2016
GILBERTO ALAN DA SILVA MAXIMO
MARCOS LEONAM MAGALHÃES ALMEIDA
PRODUÇÃO DE MUDAS ENXERTADAS DE LIMA ÁCIDA TAHITI (Citrus latifolia
Tanaka) SOB DIFERENTES VARIEDADES DE PORTA-ENXERTOS.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
curso de Agronomia da Universidade Federal
Rural da Amazônia, campus de Capitão Poço,
como requisito para obtenção do título de
Engenheiro Agrônomo.
Orientadora: Marluce Reis Souza Santa-Brigida.
Co-orientador: Fábio de Lima Gurgel, D. Sc.,
Pesquisador A da Embrapa.
Data da Aprovação: ____/_____/_____
Banca Examinadora:
_______________________________________________________________
Profª. Me. Marluce Reis Souza Santa-Brígida
Orientadora
_______________________________________________________________
Drº. Fábio de Lima Gurgel, D.Sc., Pesquisador A da Embrapa
Membro da banca
_______________________________________________________________
Drº. Osvaldo Ryohei Kato, Embrapa
Membro da banca
A energia positiva que rege esse universo, pela vida confiada a nós.
Aos nossos pais João Santana Maximo e Marilucia da Silva (pais de Gilberto Maximo) e
Maria Vera Meres de Freitas Almeida e Luiz Liosmar Magalhães (pais de Marcos Leonam).
Aos nossos irmãos, avós, tios e vizinhos. Aos nossos orientadores Marluce Reis Souza Santa-
Brígida e Fábio de Lima Gurgel. Deus ilumine sempre a todos.
DEDICO & OFEREÇO
AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA Campus Capitão Poço, pela
possibilidade de cursar Agronomia.
Aos nossos pais que lutaram sem medir esforços na criação e desenvolvimento da
família, sempre apoiando e incentivando-nos, nos momentos felizes ou tristes dando-nos
apoio e segurança, sendo o chão que sustenta a planta, a água que a faz crescer, e os nutrientes
que dão vida, cor e bons frutos, um grande abraço aos nossos pais que sempre foram, são e
será um exemplo a serem seguidos.
Aos meus tios e família, em especial (Profª. Vani) que sempre que precisei me acolheu
como se fosse um filho, me deu conselhos, apoio e me auxiliou no que fosse necessário.
(Marcos Leonam).
Aos meus companheiros de trabalho, Prof. Jorge, que nunca exitou em me liberar do
serviço quando necessitei. A Francilene, sempre compreensiva e me auxiliando nos momentos
que solicitei. Reinaldo grande amigo e parceiro de trabalho. (Marcos Leonam)
Aos nossos irmãos, Geovane Maximo e Gustavo Maximo (irmãos de Gilberto),
A namorada Eliana do Socorro (Namorada de Gilberto) pela compreensão por estar
comigo nos bons momentos e também nos ruins, nas dificuldades e aflições, um grande beijo
a você.
Aos nossos orientadores, Marluce Reis Souza Santa-Brígida e Fábio de Lima Gurgel,
pela paciência, confiança, incentivo, amizade e, principalmente, pelos conhecimentos
compartilhados.
Aos nosso supervisor de estágio Henrique Oeiras pela amizade, ajuda e conhecimento
compartilhado.
Ao Agente Administrativo da coordenação do curso de Agronomia Osvaldo Noronha,
que apesar de todas as suas ocupações, sempre esteve com inteira disposição para nos
auxiliar.
A nossa amiga Alane Brito por nos acolher nos momentos difíceis da vida acadêmica.
Aos colegas do Recanto do Agrônomo: Guilherme Dantas, Antônio Robson, Jucinéia
Sousa, Sidiney Santos, Leane Castro, Delane Albuquerque, Francisco de Assis, Gabriela
Muniz, Rafaela Alencar, Suzana Martins, Suzy e Nara Oliveira. Pelos momentos
compartilhados com muita alegria.
A todos vocês, nossos sinceros
AGRADECIMENTOS!
“Muito dos fracassos desta vida estão concentrados nas pessoas que desistiram por não
saberem que estavam muito perto da linha de chegada”.
Thomas Edison
RESUMO
O presente trabalho teve como objetivo avaliar a formação de mudas de oito
variedades de porta-enxerto de Citrus spp., sob copa de lima ácida Tahiti, no município de
Capitão Poço – PA. Avaliaram-se oito variedades de porta-enxerto provenientes do programa
de melhoramento genético de citros da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(EMBRAPA) Mandioca e Fruticultura: Tangerina Sunki Tropical, HTR-053, TSKC x (LCR x
TR) - 059, TSKC x TRFD-003, Citrandarin Índio, TSKC x TRFD-006, LVK x LCR – 038,
TSKC x (LCR x TR – 073). A copa utilizada na enxertia foram borbulhas da lima ácida Tahiti
oriundas de viveiristas locais. Realizaram-se avaliações morfológicas das mudas na fase de
desenvolvimento dos porta-enxertos, a verificação do percentual de sucesso na enxertia e o
desenvolvimento das mudas enxertadas no momento do plantio. Desta forma, os caracteres
avaliados na fase de porta-enxerto foram: altura do porta-enxerto (APE), diâmetro do coleto
(DC1), número de folhas (NF), número de espinhos (NE). Já na fase da muda enxertada foram
quantificados os seguintes caracteres: altura da muda enxertada (AME), diâmetro basal do
coleto da muda enxertada (AC2), diâmetro do coleto abaixo do enxerto (DC3) e diâmetro do
coleto acima do enxerto (DC4). Na fase de desenvolvimento do porta-enxerto as variedades
que se destacaram para os caracteres avaliados foram: TSKC x (LCR x TR) – 59, Citrandarin
Índio e TSKC x TRFD – 06. Os materiais que apresentaram maior sucesso na enxertia foram:
TSKC x (LCR x TR059) com 100% de sucesso, TSKC x (TR x LCR-073) com 98,11% e
LVK x LCR – 038 com 96,90%. Na época do plantio, os genótipos que apresentaram melhor
desenvolvimento vegetativo foram: Citrandarin Índio, LVK x LCR – 038, TSKC x TRFD. De
uma maneira geral o porta-enxerto que se destacou nas três fases de avaliação foi o
Citrandarin Índio.
PALAVRAS-CHAVES: Biometria, melhoramento de plantas, enxertia, Citrus spp., Capitão
Poço.
ABSTRACT
The present study analyzed the formation of seedlings eight citrus rootstocks spp, on tahiti
acid lime canopy, in the “Capitão Poço - Pará”- Brazil. Evaluated eight citrus varieties
rootstock from in the Program Genetical Enhancement Brazilian Agricultural Research
Corporation (EMBRAPA): tangerine tropical Sunki, HTR-053, TSKC x (CSF x TR) - 059,
TSKC x TRFD-003, “citrandarin índio”, TSKC TRFD x-006, LVK x LCR - 038, TSKC x
(LCR x TR - 073). The canopy used in grafting were bud of acid lime tahiti coming from
local nurserymen. Were held morphological assessments of seedlings during the development
phase of rootstocks, verification the percentage of success in grafting and development of
grafted seedlings at planting. This manner, the characters evaluated in the rootstock phase
were: height of the rootstock, stem diameter, number of leaves, number of thorns. Already at
phase of grafting seedlings the following characters were measured: time of grafted seedlings,
basal stem, diameter of grafted seedlings, stem diameter below the graft and stem diameter
above the graft. In the development phase of the rootstock the varieties that stood out for
characters evaluated were: TSKC x (CSF x TR) - 59, “Citrandarin índio” and TSKC x TRFD
- 06. Materials with greater success in grafting were: TSKC x (CSF x TR059) with 100%
success, TSKC x (TR x LCR-073) with 98.11% and LVK x LCR - 038 with 96.90%. Around
the time of planting, the genotypes that have better vegetative development were “Citrandarin
índio”, LVK x LCR - 038, TSKC x TRFD. Generally speaking the rootstock that stood out all
three phases of evaluation was the “Citrandarin índio”.
KEYWORDS: Biometry, plant breeding, graft, Citrus spp, “Capitão Poço”.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Localização do Município de Capitão Poço ........................................................... 18
Figura 2 - Localização da Área do Experimento ..................................................................... 29
Figura 3 - Mudas após dois meses de semeadura .................................................................... 31
Figura 4 - Mudas de porta-enxerto de citros dentro do viveiro com tela sobrite. ................... 31
Figura 5 - Limpeza manual...................................................................................................... 32
Figura 6 - Aplicação de composto organomineral. ................................................................. 33
Figura 7 - Toalete e poda ......................................................................................................... 34
Figura 8 - Realização de corte "T" invertido ........................................................................... 35
Figura 9 - Mudas pós enxertia com fita segurando o borbulho ............................................... 35
Figura 10 - Mudas em que ocorreram o "mela". ..................................................................... 36
Figura 11 - Mudas de porta-enxerto com a presença de gemas. ............................................. 37
Figura 12 - Mudas envergadas após a retirada do fitilho. ....................................................... 37
Figura 13 - Mudas tutoradas. ................................................................................................... 38
Figura 14 - Altura do porta-enxerto (APE) ............................................................................. 39
Figura 15 - Diâmetro do coleto (DC1). .................................................................................. 40
Figura 16 - Mudas separadas e o transporte, respectivamente. ............................................... 41
Figura 17 - Comparação de médias entre variedades de porta-enxertos de Citrus spp. para os
caracteres morfológicos: (a) Altura do porta-enxerto (APE, cm), (b) Diâmetro do coleto (DC1,
mm), (c) Número de folhas (NF), (d) Número de espinhos (NE). *: médias seguidas da
mesma letra não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de
probabilidade. ........................................................................................................................... 44
Figura 18 - Percentual de sucesso da enxertia entre variedades de porta-enxertos de Citrus
spp. sob copa de lima ácida Tahiti. ........................................................................................... 45
Figura 19 - Comparação de médias entre mudas enxertadas de variedades de porta-enxertos
de Citrus spp. sob copa de lima ácida Tahiti para os caracteres morfológicos: (a) Altura da
muda enxertada (AME, cm), (b) Diâmetro basal do coleto (DC2, mm), (c) Diâmetro do coleto
abaixo do enxerto (DC3, mm), (d) Diâmetro do coleto acima do enxerto (DC4, mm). *:
médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey, ao
nível de 5% de probabilidade. .................................................................................................. 47
LISTAS DE TABELAS
Tabela 1 – Resumo da análise de variância para caracteres morfológicos em mudas de
variedades de porta-enxertos de Citros spp. ............................................................................. 43
Tabela 2 – Resumo da análise de variância para caracteres morfológicos em mudas-
enxertadas de porta-enxertos de Citros spp. sob copa de limoeiro Tahiti. ............................... 46
LISTA DE EQUAÇÕES
Equação 1 ................................................................................................................................ 41
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 14
2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 16
2.1 Objetivo geral ................................................................................................................ 16
2.2 Objetivos específicos ..................................................................................................... 16
3 REFERENCIAL TEORICO .............................................................................................. 17
3.1 Origem e dispersão dos citros ...................................................................................... 17
3.2 Histórico da citricultura brasileira e paraense .......................................................... 17
3.3 Botânica e taxonomia dos citros .................................................................................. 19
3.4 Melhoramento genético de citros ................................................................................. 21
3.5 Escolha do porta-enxerto ............................................................................................. 22
3.6 Incompatibilidade entre copa e porta-enxerto ........................................................... 22
3.7 Porta-enxertos ............................................................................................................... 23
3.7.1 LCR: Limão Cravo ................................................................................................... 23
3.7.2 TSKC: Tangerina ‘Sunki’ (Citrus sunki hort. Ex Tanaka) ...................................... 24
3.7.3 LVK: Limão Volkameriano ..................................................................................... 25
3.7.4 TR: Trifoliata [Poncirus trifoliata (L.) Raf.] ............................................................ 26
3.7.5 TRFD: Trifoliata Flying Dragon [P. trifoliata var. monstrosa (T. Ito) Swingle] .... 26
3.7.6 Citrandarins .............................................................................................................. 27
3.7.6.1 Citrandarin ‘Índio’ ‘Sunki’ x Trifoliata ‘English’ – 256....................................... 27
3.8 Lima ácida Tahiti (Citrus latifolia Tanaka) ................................................................ 28
4 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................... 29
4.1 Localização da área ...................................................................................................... 29
4.2 Origem das mudas ........................................................................................................ 30
4.3 Tratos culturais ............................................................................................................. 30
4.3.1 Semeadura e repicagem ............................................................................................ 30
4.3.2 Limpeza do local ...................................................................................................... 32
4.3.3 Adubação e aplicação de defensivos agrícolas ........................................................ 33
4.3.4 Poda e toalete ........................................................................................................... 33
4.4 Enxertia .......................................................................................................................... 34
4.5 Coleta de dados ............................................................................................................. 38
4.6 Análises estatísticas ....................................................................................................... 40
4.7 Plantio ............................................................................................................................ 41
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 42
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 48
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 49
14
1 INTRODUÇÃO
O Brasil é o maior produtor de laranja do mundo (UAGRO, 2013), sendo que o
Estado de São Paulo produz 72,6% do total produzido no Brasil (IBGE, 2014) Apenas na
região de São Paulo e Triângulo Mineiro, conhecida como Citrus Belt, o Brasil produz 53%
de todo o suco de laranja produzido no mundo (UAGRO, 2013). Apesar da posição de
liderança de produção, a ocorrência de problemas fitossanitários graves como a Clorose
Variegada dos Citros (CVC), o cancro cítrico, a Leprose, a Lagarta Minadora, a Gomose, o
declínio, vêm ameaçando a posição mundial ocupada pela citricultura brasileira (NEVES &
BOTEON, 1998) e acarretando muitos gastos e prejuízos ao setor citrícola e a toda sua cadeia
que depende deste setor.
Em nível de mercado interno, as frutas cítricas, rendem ao País cerca de US$ 1,5
bilhão anuais. Neste contexto, é preocupante a vulnerabilidade de nossos pomares, frente à
ação de organismos patogênicos, em razão da predominância de uso do limão-'Cravo' (C.
limonia Osb.) na sustentação, como porta-enxerto, do parque citrícola brasileiro, que
compreende uma população superior a 350 milhões de plantas, distribuída em todo o território
nacional, e área colhida chega a quase um milhão de hectares (IBGE, 2014). Um programa de
diversificação de porta-enxertos deve, portanto, ser estimulado, mediante trabalho conjunto,
envolvendo instituições de pesquisa, agentes de difusão de tecnologia, citricultores e
representantes do setor público, em nível municipal, estadual e federal. Visando ao
atendimento desse objetivo, são inúmeros os resultados de pesquisa passíveis de serem
utilizados em sua implementação, de forma regionalizada. (SOARES FILHO et al., 2002).
Diante dessa situação, demonstra-se a grande importância da obtenção de variedades
melhoradas que apresentem tolerância a pragas e doenças para que a citricultura apresente
bom desempenho, com elevada produtividade, frutos de qualidade e diminuição dos custos de
produção. (MENDES-DA-GLÓRIA et al., 2001).
Na citricultura, é importante a diversificação dos porta-enxertos, pois a diversidade
genética é uma garantia de sobrevivência das plantas no caso de aparecimento de novas
enfermidades. Porém, na fase de produção de mudas, é importante o conhecimento do
comportamento de cada combinação variedade copa-porta-enxerto, pois suas interações
afetam o desenvolvimento da muda, acelerando-o ou retardando, apresentam compatibilidades
diferenciadas segundo as variedades enxertadas. (FOCHESATO et al., 2006).
O sucesso da citricultura, a exemplo de qualquer outra fruticultura, está na sua
implantação. A escolha das variedades de copa, dos porta-enxertos e da muda a ser plantada é
15
fator decisivo para o sucesso ou fracasso da sua atividade. Portanto, para a implantação de um
pomar comercial, o citricultor precisa de mudas de boa qualidade, pois delas irá depender o
futuro do pomar. A produção de uma boa muda passa por várias etapas, que vão desde a
escolha da porta enxerto até os tratos culturais no viveiro. (SILVA & SOUZA, 2002).
Atualmente, no Brasil o porta-enxerto limoeiro ‘Cravo’ é o mais utilizado, dada sua
indução de bom vigor e alta produtividade às copas cítricas em geral, além de tolerância ao
estresse hídrico, exceto no Rio Grande do Sul onde predomina o Poncirus trifoliata (L.) Raf.
e no Estado de Sergipe, onde esse limoeiro divide espaço com o limoeiro ‘Rugoso’ (C.
jambhiri Lush.). No exterior ele está presente na citricultura da China, da Argentina e da
Índia, contudo, este limoeiro está sendo substituído, basicamente por problemas
fitossanitários, como o da morte-súbita-dos-citros. (SANTANA, 2012)
Entretanto, não é uma tarefa fácil á criação de novos porta-enxertos aptos a substituir
ou compor com o limoeiro ‘Cravo’ a base dos pomares cítricos brasileiros, devido às enormes
dificuldades apresentadas na execução de programas de melhoramento genético de citros.
Conforme enfatizado por Navarro (2005), em nível mundial, a quase totalidade das
variedades-copa resultou de seleções de mutações espontâneas, enquanto que, entre as
variedades porta-enxerto, somente os citranges (C. sinensisx P. trifoliata) Troyer e Carrizo,
híbridos obtidos em 1909, vêm sendo utilizados de forma relativamente expressiva.
É de extrema relevância estudar o uso de diferentes porta-enxertos, pois os mesmos
afetam muitas características das variedades copas, como vigor, precocidade de produção,
produção, época de maturação, massa de frutos, coloração da casca e do suco, teor de
açúcares e de ácidos nos frutos, permanência dos frutos na planta, conservação da fruta após a
colheita, tolerância da planta à salinidade, à seca, à geada, a doenças, dentre outros fatores.
(ZAMPRONIO et al., 2012). Estudos como esses ainda não foram realizados na região
citrícola paraense, especialmente no pólo de Capitão Poço.
Segundo Barbosa Júnior (2007), a lima ácida Tahiti (Citrus aurantifolia, Swingle var.
thaiti), conhecida e consagrada entre os consumidores brasileiros como limão Tahiti, é uma
das preciosidades da citricultura. Sua cultura difundiu-se pelos países das Américas, único
continente onde o Tahiti é produzido comercialmente. De acordo com Batista (2010)
Estatísticas extra-oficiais apontam o Brasil como maior produtor de lima ácida Tahití, porém
a estatística da FAO não separa a produção de limão verdadeiro e de lima ácida, razão pela
qual a FAO classifica o Brasil como quarto maior produtor mundial de limas e limões.
16
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Avaliar a formação e o desenvolvimento de mudas de oito variedades de porta-
enxertos de Citrus spp. sob copa de lima ácida Tahiti no município de Capitão Poço-PA.
2.2 Objetivos específicos
1. Identificar a variedade de porta-enxerto mais vigorosa para a realização da enxertia.
2. Quantificar o percentual de sucesso da enxertia nos diferentes porta-enxertos.
3, Determinar o porta-enxerto em que as mudas apresentaram melhor desempenho no
momento do plantio.
17
3 REFERENCIAL TEORICO
3.1 Origem e dispersão dos citros
Os citros foram introduzidos na Europa, antes de Cristo, pelos romanos, que as
cultivavam no jardim, em casas de vegetação visando protegê-las do frio no inverno. Na
América Central, as laranjeiras foram introduzidas por Cristóvão Colombo, em 1493; na
África do Sul em 1654 e na Austrália em 1788. No Brasil, elas foram introduzidas
inicialmente no estado da Bahia, de onde foram levadas para o Rio de Janeiro, São Paulo e
nas demais regiões produtoras onde hoje existem. (KOLLER, et al., 2006).
O gênero Citros representa um ponto mais alto de um longo período evolutivo, cujo
início remonta há mais de 20 milhões de anos (SWINGLE, 1967). São originários
principalmente das regiões subtropicais e tropicais do sul e sudeste da Ásia, incluindo áreas da
Austrália e África. Foram levados para a Europa na época das Cruzadas e chegaram ao Brasil
trazido pelos portugueses, no século XVI. (MATTOS JUNIOR, NEGRI, & JORGINO,
2005).
As laranjeiras são cultivadas e seus frutos apreciados há mais de 4.000 anos e
atualmente seu cultivo se estende nas mais diversas regiões do mundo, principalmente entre
as latitudes de 40° norte e sul. (KOLLER, et al., 2006).
3.2 Histórico da citricultura brasileira e paraense
A liderança brasileira na produção de laranja iniciou-se na safra 1981/82, quando a
produção nacional superou a americana, após uma sequência de geadas que atingiu a Flórida,
que é principal região produtora de laranja nos Estados Unidos. Desde então, a produção
brasileira praticamente dobrou e os Estados Unidos se mantiveram como o segundo maior
produtor de laranja do mundo, mas a cada ano perdem produção e, atualmente, têm menos da
metade da produção brasileira. Na sequência, vêm China, Índia, México, Egito, Espanha,
Indonésia, Irã e Paquistão, que juntos produzem praticamente o mesmo volume das produções
brasileiras e americanas somadas. Em seguida, vêm outros 111 países produzindo em
conjunto praticamente o mesmo que o Brasil produz sozinho. (NEVES et al., 2010).
A citricultura paraense está entre as mais importantes do Brasil, sendo o Pará um dos
poucos polos citrícolas na zona equatorial no mundo. O município de Capitão Poço (Figura
18
1), com 15 mil hectares de área plantada e onde a citricultura foi introduzida há cerca de 50
anos, é o principal produtor estadual. (BRANDÃO, 2015).
Fonte: Rosana Gurgel - 2016
Sua história está vinculada de maneira direta ao processo do chamado avanço das
frentes pioneiras que resultaram na instalação de migrantes, originários de outras partes do
país em território paraense, sob influência da rodovia Belém-Brasília. Em área pertencente ao
Município de Ourém, foi instalada uma frente pioneira que passou a ser chamada de Capitão
Poço, no transcurso dos anos 1950. O nome desta frente representou uma homenagem ao
explorador conhecido pelo nome de Capitão Possolo, o mesmo que integrou parte da primeira
caravana de pioneiros que no mês de junho de 1955 chegou até o local onde se localiza a sede
do município, que foi batizado com o nome de Capitão Poço. Sabe-se que as terras de Capitão
Poço são propícias para o cultivo da malva, arroz, laranja e pimenta-do-reino, e o povoamento
das mesmas foi feita por descendentes de nordestinos. (CIDADES@, 2013).
Capitão Poço, que responde pela maior produção de laranja do Norte do Brasil, tem
uma área plantada de 12 mil hectares, com pelo menos mil agricultores dedicados à cultura, e
já exporta a produção do cítrico para indústrias de sucos de São Paulo e outros estados do
Figura 1 - Localização do Município de Capitão Poço
19
País. É referência em produção de laranja orgânica no Pará, o município recomeçou o
processo de certificação anual dos produtores, 70% deles, agricultores familiares. A lavoura
de laranja que está em constante expansão em Capitão Poço, registrando crescimento entre
5% a 10% anualmente, deve atingir este ano a produção de 180 mil toneladas do fruto. Apesar
da concentração de safra se dar somente entre setembro a dezembro, a colheita da laranja
acontece ainda entre março e abril, chamado de colheita temporã. A produção nesse período
deve atingir 60 mil toneladas, 30% maior que no mesmo período do ano passado. (LOPES,
2012).
A introdução da cultura da laranja, aliada ao apoio dado pela Secretaria de Estado de
Agricultura SAGRE e a EMATER, as condições favoráveis de clima, solo e mercado ao
interesse dos agricultores, proporcionaram incremento considerável ao cultivo da laranja neste
município, que hoje tem, aproximadamente, dois milhões de pés, privilegiando o município
como o maior produtor da Região Norte. (Conheça a história de Capitão Poço, 2011).
3.3 Botânica e taxonomia dos citros
Os citros fazem parte da família Rutaceae, subfamília Aurantioideae, englobando
seis gêneros: Fortunella (Swingle), Eremocitrus, Poncirus, Clymenia (Swingle), Microcitrus e
Citrus. São espécies alógamas, sexualmente compatíveis, altamente heterozigotas e diplóides,
com número de cromossomos nas células somáticas 2n = 18. (CAMERON & FROST, 1968).
Em se tratando dos sistemas de classificação existentes, o mais utilizado foi o proposto por
Swingle (1943), que reconheceu 16 espécies verdadeiras de citros e as classificou entre os seis
gêneros que compunham o grupo subtribal denominado "árvores de citros verdadeiros" (“true
citrus fruit trees”), subtribo Citrinae, tribo Citreae, subfamília Aurantioideae da família
Rutaceae. (SWINGLE, 1967).
O gênero Citrus é representado por plantas dicotiledôneas de porte médio
(arbóreo/arbustivo), podendo atingir de 4,5 m a 12,0 m de altura na idade adulta (REUTHER,
1973). Apresentam raiz do tipo pivotante, da qual se desenvolvem as raízes secundárias ou
laterais, que originam as terciárias, quaternárias, e assim por diante (QUEIROZ-VOLTAN &
BLUMER, 2005). Produzem folhas simples (SWINGLE, 1967), de forma elípticas, por vezes
lanceoladas, e de coloração verde-escura (SCHNEIDER, 1968), de margem lisa, em sua
maioria apresentando pontos negros ou translúcidos que constituem glândulas de óleo, e com
o pecíolo alado ou não (PRALORAN, 1977). Suas flores são brancas, aromáticas com
nectário, o ovário está apoiado sobre o disco floral, e geralmente apresentam cinco pétalas,
20
mas esse número pode varia de quatro a oito. Produzem frutos aromáticos, com vesículas
preenchidas por suco de grande interesse comercial, globosos do tipo baga típica, chamada
hesperídio (QUEIROZ-VOLTAN & BLUMER, 2005), na qual se pode distinguir o exocarpo
ou flavedo, o mesocarpo ou albedo e o endocarpo, constituído de lóculos, onde estão as
sementes, próximas ao eixo central e entre as vesículas de suco (AGUSTÍ et al., 1995). O
epicarpo é de coloração verde, amarelo ou laranja quando maduros e com a presença de
glândulas de óleo essencial. (SWINGLE, 1967).
As espécies do gênero Citrus reproduzem-se sexuadamente por autopolinização e
polinização cruzada e assexuadamente por apomixia nucelar. A compatibilidade sexual é
elevada em citros, pois há essencialmente três espécies básicas, C. maxima, C. medica e C.
reticulata, sendo as demais híbridos naturais, além de boa reprodução com Poncirus e outros
gêneros. Suas sementes possuem tanto embriões zigóticos como apomíticos, apresentando,
em geral, apomixia facultativa adventícia, com número variável de embriões como, por
exemplo, de três a 12 embriões apomíticos formados a partir de células da nucela (QUEIROZ-
VOLTAN & BLUMER, 2005). Algumas espécies são 4 monoembriônicas e não aproveitadas
como porta-enxertos em função da alta variabilidade na progênie, conduzindo a plantios com
baixa uniformidade, porém podem ser de grande importância nos programas de melhoramento
genético. As sementes cítricas são recalcitrantes, em vista de seu elevado teor de lipídios, e
possuem duas camadas, a externa denominada testa e a camada tegma. (DAVIES &
ALBRIGO, 1994).
O nível de apomixia varia de acordo com as espécies e cultivares de citros. Em geral,
os limoeiros verdadeiros apresentam número reduzido de embriões nucelares, enquanto as
laranjeiras doces, laranjeira Azeda, a tangerineira Ponkan (C. reticulata Blanco, o Poncirus
trifoliata (L.) Raf., os tangeleiros [tangerineira (diversas espécies, incluindo a mexeriqueira
C. deliciosa Ten.) x pomeleiro] e os citranges (laranjeira doce x P. trifoliata) apresentam taxas
elevadas de poliembrionia (OLIVEIRA R. et al, 2014). Em citros existem, ainda, cultivares
monoembriônicas, como as tangerineiras Wilking [mexeriqueira Willowleaf x tangerineira
King (C. nobilis Lour.)]; Kincy (tangerineira King x tangerineira Dancy C. tangerina hort. ex
Tanaka); Temple (tangoreiro, denominação generalizada de híbridos de tangerineira com
laranjeira doce) e Clementina (C. clementina hort. ex Tanaka), os pomeleiros (C. paradisi.
Macf.) Wheeny e Sukega, as toranjeiras (Citrus × paradisi) e as cidreiras (Citrus medica L.).
(MACHADO et al., 2005).
21
3.4 Melhoramento genético de citros
Embora a enxertia dos citros já fosse conhecida desde o século V, considera-se que o
principal indutor da transição da citricultura de pés francos para a de plantas enxertadas, foi o
surgimento da gomose de Phytophthora na Ilha dos Açores em 1842 e seu controle mediante
porta-enxertos resistentes, entre os quais a laranja ‘Azeda’ (CHAPOT, 1975). Posteriormente,
por volta de 1890, foi observado na África do Sul e na Austrália, o declínio de laranjeiras e
tangerineiras enxertadas em laranja ‘Azeda’, o que levou a sua substituição pelo limão
‘Rugoso’. A princípio, considerado como uma forma de incompatibilidade entre copas e
porta-enxertos, teve a sua origem virótica, transmissão por borbulha e pelo pulgão-preto
demonstrada no Brasil em 1946 (MENEGHINI, 1946). A inviabilidade do controle do vetor
obrigou a substituição da laranja ‘Azeda’ por porta-enxertos tolerantes a essa virose,
denominada de tristeza por Moreira (1942). Esses dois eventos são considerados os principais
impulsionadores do melhoramento de porta-enxertos em todo o mundo.
No melhoramento genético de citros, o estudo do modo de herança de resistência a
doenças e de outras características importantes apresenta um determinado grau de
complexidade especialmente devido a fatores de ordem genética, botânica e agronômica. Tais
como a heterogeneidade genética do gênero, poliembrionia natural, recombinação, longo
período pré-reprodutivo, incompatibilidade, alta heterozigosidade, complexidade dos
mecanismos genéticos, depressão por autogamia e, por ser espécie perene, longo tempo é
necessário para se realizar seleções para as características desejadas (CRISTOFANI,
MACHADO, & GRATAPAGLIA, 1999). Os programas de melhoramento genético e seleção
dos citros focam a obtenção de novas variedades de porta-enxertos e de copa com maior
tolerância ou resistência a doenças e pragas, e mais adaptadas a condições abióticas adversas.
(MARENGO, 2009). Frente a este cenário, o melhoramento de citros tem avançado nas
últimas décadas, principalmente devido à possibilidade de utilização e incorporação de
ferramentas de biotecnologia aos programas tradicionais de melhoramento.
Para Marcelo Zanet (Citrograf Mudas, 2007) O investimento na cultura dos citros tem
retorno de longo prazo. Além disso, os riscos existem a ponto do investimento ser
comprometido se forem adotadas estratégias erradas. O potencial máximo de produção de
uma árvore de citros é expresso depois de seis a oito anos após o plantio e o tempo de vida
útil do pomar pode ser de até 20 anos, em função do manejo da cultura. Desta forma, a
qualidade da muda, na fase de implantação da cultura é ponto crítico para sucesso do
empreendimento.
22
3.5 Escolha do porta-enxerto
A escolha do porta-enxerto é um dos primeiros passos a ser tomado pelo citricultor e
pode ser a diferença entre o sucesso e o fracasso do negócio (OLIVEIRA I. et al., 2012).
Entretanto, não existe um porta-enxerto ideal ou que só tenha vantagens, todos eles
certamente terão prós e contras e caberá ao produtor escolher aquele que apresente o melhor
desempenho. Os porta-enxertos de plantas cítricas afetam mais de 20 características hortícolas
e patológicas da cultivar copa e seus frutos, sendo seu uso considerado essencial na
citricultura. (CASTLE, 1992).
O conhecimento do comportamento dos porta-enxertos, das copas e da combinação
mais adequada a diferentes situações é crucial, pois os porta-enxertos afetam várias
características da planta, particularmente a resistência a estresses ambientais. (NOGUEIRA et
al, 2001; CERQUEIRA et al, 2004).
O melhoramento genético de porta-enxertos busca obter variedades que sejam
tolerantes/resistentes a fatores bióticos e abióticos. É também desejável que o porta-enxerto
induza boa produção e qualidade de fruto, possua facilidade de propagação, seja compatível
com as principais variedades copa e contribua para a maior longevidade das plantas.
(BLUMER, 2005a).
É muito importante diversificar os porta-enxertos, pois se trata de uma importante
ferramenta para melhorar a qualidade da citricultura, devendo essa atender às expectativas do
produtor e do mercado consumidor. A diversidade genética é uma garantia de sobrevivência
das plantas no caso de aparecimento de novas enfermidades. Porém, na fase de produção de
mudas, é importante o conhecimento do comportamento de cada combinação variedade copa-
porta-enxerto, pois suas interações afetam o desenvolvimento da muda, acelerando-o ou
retardando-o, apresentam compatibilidades diferenciadas segundo as variedades enxertadas.
(MEDINA et al, 1998; SCHÄFER, 2004)
3.6 Incompatibilidade entre copa e porta-enxerto
A enxertia possibilita o contato de vegetais geneticamente diferentes e com sistemas
fisiológicos, bioquímicos e anatômicos distintos permitindo assim interações favoráveis como
desfavoráveis. Dentre estas, destaca-se a ocorrência de pouca afinidade e até
incompatibilidade entre copas e porta-enxertos. (BLUMER, 2005a).
23
Até o momento não são conhecidas as causas da incompatibilidade que ocorre nas
plantas. Uma das hipóteses afirma que ela está associada a diferenças no vigor e no início e
término do ciclo vegetativo do porta-enxerto e do enxerto. Outras a atribuem a diferenças
fisiológicas e bioquímicas, através de substâncias preexistentes ou formadas na região da
enxertia. Alguns autores associam-na a fatores, provavelmente vírus, transmissíveis por
borbulhas (BRIDGES & YOUTSEY, 1968; MCCLEAN, 1974; ROISTACHER, 1991). Os
fatores ambientais exercem influência na expressão ou não da anomalia, o que poderia
explicar a não visualização dos sintomas em determinadas situações. (BLUMER, 2005a).
A incompatibilidade pode ser definida como um fenômeno de senescência prematura
causada por processos fisiológicos e bioquímicos e que pode ser intensificado sob condições
de estresse. (FEUCHT & SCHMID, 1988).
Nas plantas cítricas os sintomas de incompatibilidade são caracterizados por
deficiências nutricionais, queda das folhas, seca de ponteiros, brotação exagerada do porta-
enxerto e produções não econômicas de frutos, podendo vir a morrer. Retirada a casca na
região da enxertia observa-se penetração da casca no lenho em parte ou em toda a
circunferência do tronco quase sempre acompanhado pela formação de goma tanto na casca
quanto no lenho. (NAURIYAL et al, 1958; KIRKPATRICK et al, 1962; POMPEU JUNIOR
et al, 1972)
3.7 Porta-enxertos
3.7.1 LCR: Limão Cravo
O limão cravo continua a ser o porta-enxerto mais utilizado na citricultura brasileira.
Todavia, sabe-se, há vários anos, dos riscos a que está sujeita a cadeia produtiva dos citros
com o uso de um único porta-enxerto. Essa prática pode impedir que a planta manifeste todo
seu potencial produtivo em outros tipos de solos, climas e variedades de copas, além do risco
de adquirir moléstias (SILVA & SOUZA, 2002). Na Região Norte, por exemplo, umidade e
temperatura elevadas são favoráveis ao desenvolvimento de numerosas doenças. A gomose
(Phytophthora spp.) é uma das mais sérias. O método mais eficiente de prevenção contra essa
doença é o uso de porta-enxertos tolerantes e compatíveis com a copa utilizada, além de tratos
culturais recomendados para a cultura. (SILVA & SOUZA, 2002).
Além disso, a maioria das variedades de limão cravo, segundo Muller & De Negri
(2001), é altamente suscetível à “morte súbita dos citros”, doença de causa ainda
24
desconhecida. O porta-enxerto pode induzir várias alterações na copa, dentre elas:
precocidade de produção, peso dos frutos, teor de açúcares e ácidos no fruto, resistência à
seca e ao frio, conservação do fruto após a colheita, tolerância a pragas e moléstias e outros. A
copa também pode influenciar o porta-enxerto quanto ao desenvolvimento radicular,
resistência ao frio, à seca e a moléstias. (SILVA & SOUZA, 2002).
Induz produção precoce, alta produção de frutos de regular qualidade,
compatibilidade com as cultivares copas, média resistência ao frio, boa resistência à seca.
Tem melhor comportamento quando plantado em solos arenosos e profundos. Nos argilosos,
sua produtividade pode ser inferior à das tangerinas ‘Cleópatra’ e ‘Sunki’ (BLUMER, 2005a).
É tolerante à tristeza, mas suscetível à exocorte, à xiloporose e ao “blight”, e oferece
média resistência à gomose de Phytophthora. É suscetível à salinidade e pouco resistente à
geada. As variedades nele enxertadas iniciam a produção dois a três anos após o plantio.
Induz a produção de frutos de qualidade pouco inferior aos obtidos sobre citrumelo ‘Swingle’
e citrange ‘Carrizo’, mas muito superior aos produzidos sobre limão ‘Rugoso’. (BLUMER,
2005a).
Os citromônias, limão ‘Cravo’ x Trifoliata [C. limonia Osb. x P. trifoliata (L.) Raf.],
seleções A e B, mostraram-se tolerantes à tristeza e ao declínio e induziram à laranjeira
‘Valência’ produções de frutos e de sólidos solúveis 63 e 86% maiores que as obtidas com o
trifoliata ‘Davis A’. (POMPEU JUNIOR et al, 2002a, b).
3.7.2 TSKC: Tangerina ‘Sunki’ (Citrus sunki hort. Ex Tanaka)
Originária do Sul da China, a tangerina 'Sunki' (C. sunki Hort. ex Tan.), também
conhecida como 'Suenkat' e 'Sunkat', Hodgson (apud SOARES FILHO et al., 2002, p.128),
está entre os principais porta-enxertos disponíveis à satisfação dessa demanda. Indicada em
combinações com copas de laranjas, tangerinas (C. reticulata Blanco) e pomelos (C.
paradisiMacf.), Pompeu Júnior (apud SOARES FILHO et al., 2002, p.128), confere às
mesmas um elevado vigor e boa produtividade de frutos, Figueiredo (apud SOARES FILHO
et al., 2002, p.128), sendo a qualidade destes compatível com a verificada em limão-'Cravo',
conforme constatado por Salibe & Mischan (apud SOARES FILHO et al., 2002, p.128) em
estudo envolvendo diferentes copas de laranjas-doces. Além disso, é tolerante à tristeza, ao
declínio dos citros e à salinidade, Castle (apud SOARES FILHO et al., 2002, p.128). Como
principais restrições, apresenta alta suscetibilidade à gomose de Phytophthora, Carvalho
25
(apud SOARES FILHO et al., 2002, p.128), e um reduzido número de sementes por fruto em
torno de quatro a cinco. Medrado (apud SOARES FILHO et al., 2002, p.128).
Um experimento avaliou os três primeiros cultivos comerciais de laranjeira 'Valência'
enxertada sobre diversos porta-enxertos na Colômbia, Brasil no Estado de São Paulo, indicou
que os híbridos TSKC x (LCR x TR)- 059 e HTR – 053, permitiu plantação densidades mais
elevados do que os obtidos com a utilização de cal porta-enxertos tradicionais 'Cravo' e
tangerina 'Sunki'. Eles também induzida mais elevada eficiência de produção de frutas com
qualidade superior ou equivalente, em comparação com frutas em limoeiro 'Cravo', que é o
porta-enxerto de costume no Brasil. Além disso, 'TSKC × (LCR × TR) -059' induziu elevados
tolerância à seca, com resultados semelhantes aos limoeiros 'Cravo', e o primeiro híbrido
também induzida rolamento início fruto da variedade copa 'e' HTR-051 'apresentaram maior
eficiência de produção de frutas do que os outros porta-enxertos, incluindo os convencionais,
em ordem decrescente, respectivamente.
Quando plantada em solos argilosos, induz a produção de frutos e de sólidos solúveis
semelhante ou superior às obtidas nas laranjeiras enxertadas em limão ‘Cravo’ ou em
tangerina ‘Cleópatra’. Os frutos da tangerineira ‘Sunki’ amadurecem de abril a maio e
contêm, em média, três sementes. (BLUMER, 2005a).
3.7.3 LVK: Limão Volkameriano
O limoeiro Volkameriano foi introduzido da Itália em 1963 e somente dez anos depois
publicaram-se os primeiros resultados, mostrando ser ele uma opção ao limoeiro Cravo,
principalmente pela sua boa tolerância à seca (SALIBE, 1973). Isto explica, em parte, que a
sua presença nos viveiros somente começasse a ser registrada em 1984, em 1,2% das mudas.
A suscetibilidade ao declínio, à gomose e à MSC e a incompatibilidade com a laranjeira Pera
são as principais limitações a seu maior uso, e, apesar de induzir alta produção, em geral a
qualidade dos frutos é baixa. Assim como o Volkameriano, o limoeiro rugoso apresenta
incompatibilidade com a laranjeira Pera, o que acarretou um desinteresse pelo uso desse
porta-enxerto, além da pequena longevidade das plantas nele enxertadas, provavelmente em
vista da parcial intolerância à tristeza, e susceptibilidade ao declínio. (POMPEU JUNIOR,
2005).
26
3.7.4 TR: Trifoliata [Poncirus trifoliata (L.) Raf.]
É suscetível à exocorte, tolerante à xiloporose e imune à tristeza, SALIBE &
MOREIRA (apud BLUMER, 2005a, p.10). É resistente à gomose de Phytophthora,
FEICHTENBERGER et al (apud BLUMER, 2005a, p.10) e ao nematóide Tylenchulus
semipenetrans Cobb, porém não ao Radopholus similis, O’BANNON & FORD (apud
BLUMER, 2005a, p.10).
O trifoliata e os citranges (C. sinensis x P. trifoliata) cv. Carrizo e Troyer têm como
limitações o maior tempo necessário para a formação das mudas, suscetibilidade ao declínio
dos citros, baixa tolerância à seca e incompatibilidade com a laranjeira Pera e com o tangor
Murcott (POMPEU JUNIOR, 2005). Por outro lado, trifoliata e seus híbridos são os porta-
enxertos induzem as maiores qualidades de frutos às copas.
Plantas enxertadas em trifoliatas são tolerantes a geadas e intolerantes a solos
calcários e salinos, PEYNADO & YOUNG (apud BLUMER, 2005a, p.10), quando
apresentam sintomas de deficiência de fósforo. O trifoliata é suscetível ao declínio,
BERETTA et al. (apud BLUMER, 2005a, p.11) e tolerantes a MSC, BASSANEZI et al. (apud
BLUMER, 2005a, p.11).
De modo geral, o trifoliata e seus híbridos induzem às copas a produção de frutos
com melhores características comercias que as obtidas sobre outros porta-enxertos,
BORDIGNON et al. (apud BLUMER, 2005a, p.11).
Os frutos de trifoliata amadurecem de março a maio e apresentam, em média, 38
sementes. É considerado um porta-enxerto com “potencial ananicante” que pode se expressar
com maior ou menor intensidade, dependendo de condições edafoclimáticas, da variedade
copa, presença de viroses e uso da irrigação. (BLUMER, 2005a).
3.7.5 TRFD: Trifoliata Flying Dragon [P. trifoliata var. monstrosa (T. Ito) Swingle]
É considerado um porta-enxerto geneticamente nanicante, porque possibilita a
formação de plantas com altura inferior a 2,5 m em todos os países onde vem sendo avaliado.
Ele vem sendo investigado desde 1972 na Califórnia, onde laranjeiras ‘Valência’ com 14 anos
de idade apresentavam altura de 1,9 m e produção média de 33 kg de frutos de alta qualidade
por planta. A lima ácida ‘Tahiti’ (C. latifólia Tanaka) sobre Flying Dragon apresentou copa
54% menor que a enxertada no trifoliata ‘Pomeroy’ e 70% menor que a enxertada em C.
macrophylla, ROOSE (apud BLUMER, 2005a, p.22).
27
Para Passos et al. (2006), as plantas deste porta-enxerto são caducifólias, resistentes ao
frio, tolerantes à gomose de Phytophthora, imunes ao vírus da tristeza e resistentes a
nematoides, além de induzir a produção de frutos de excelente qualidade à variedade copa
sobre ele enxertada. O uso deste porta-enxerto é muito frequente no Japão, Austrália, Nova
Zelândia, Argentina, Uruguai, e Estados Unidos.
No Brasil, o uso dos trifoliatas é mais restrito ao estado do Rio Grande do Sul, devido
a sua boa adaptação a climas frios, menor porte da planta e alta qualidade dos frutos
proporcionada à variedade copa. (SCIVITTARO et al., 2004).
O Poncirus trifoliata var. monstrosa ‘Flying Dragon’ é considerado uma mutação do
trifoliata originada no Japão (Pompeu Junior, 2005). Este porta-enxerto é utilizado por ser
considerado a única variedade verdadeiramente nanicante (Pompeu Junior, 2005). O
nanicamento induzido à variedade copa é uma característica desejada em um porta-enxerto
por vários aspectos, tais como otimização da área produtiva e aumento da produtividade. Em
última instância poderia aumentar o retorno econômico por facilitar tratos culturais, controle
fitossanitário e a colheita dos frutos.
Outra característica limitante ao uso do FD é a incompatibilidade dos trifoliatas com a
laranjeira ‘Pêra’ e com o Tangor ‘Murcott’ (Pompeu Junior, 2005). Entretanto, o FD confere
bom desenvolvimento à lima ácida ‘Tahiti’. (STUCHI & Silva, 2005).
3.7.6 Citrandarins
Híbridos de microtangerinas (mandarinas) com trifoliatas constituem uma nova
geração de porta-enxertos que pretende reunir as qualidades das tangerinas, como tolerância à
tristeza, ao declínio, ao viróide da exocorte e a solos calcários, às dos trifoliatas, entre elas a
imunidade à tristeza, resistência à gomose e ao frio, bem como a indução de plantas de
pequeno tamanho com elevadas produções por metro cúbico das copas de frutos de excelente
qualidade. Como na maioria dos paises citrícolas a irrigação é pratica cultural rotineira, a
tolerância à seca não é um atributo exigido dos porta-enxertos. (BLUMER, 2005a).
3.7.6.1 Citrandarin ‘Índio’ ‘Sunki’ x Trifoliata ‘English’ – 256
É um porta-enxerto oriundo da Estação Experimental de Indio, Califórnia, pertencente
ao United States Department of Agriculture (USDA), introduzido na Embrapa Mandioca e
Fruticultura por intermédio do Instituto de Pesquisa do Centro Sul - IPEACS. É um híbrido do
28
cruzamento entre a tangerineira ‘Sunki’ Citrus sunki (Hayata) hort. ex Tanaka x Poncirus
trifoliata (L.) Raf., obtido pelo Dr. Joe Randolph Furr.
Indução de vigor elevado à copa, elevada produção e boa qualidade aos frutos, sem
sintomas de declínio e de incompatibilidade com laranjeira ‘Pera’ até 12 anos, resistência à
gomose e ao CTV, com enrolamento foliar sob deficiência hídrica intensa. (RODRIGUES,
2015).
Demonstrando a possibilidade de sua inclusão em programas de diversificação de
porta-enxertos (CUNHA SOBRINHO et al., 2011). Além disso, outras seleções de
citrandarins induziram redução de porte e boa eficiência produtiva em laranjeira Valência (C.
sinensis) no Estado de São Paulo. (BLUMER & POMPEU JUNIOR, 2005b).
3.8 Lima ácida Tahiti (Citrus latifolia Tanaka)
A lima ácida ‘Tahiti’ (Citrus latifólia Tanaka) tem como característica, quando
cultivada em regiões tropicais, apresentar fluxos de crescimento e floração contínuos,
interrompidos por períodos de déficit hídrico. As inúmeras brotações dão origem a várias
floradas que, por sua vez, resultam em diversas colheitas ao longo do ano. (COELHO, 1993).
Limão ‘Tahiti’ e lima da ‘Pérsia’ são dois dos nomes utilizados comumente em
diversas regiões do mundo para se referir ao ‘Tahiti’ (BRAZ, 2007). Na realidade, o ‘Tahiti’
não é um limão verdadeiro, mas sim, pertencente ao grupo das limas ácidas. Sua classificação
botânica se refere à família Rutaceae, subfamília Aurantioideae, tribo Citreae, subtribo
Citrineae gênero Citrus e espécie C. latifolia (Yu. Tanaka) Tanaka. (LUCHETTI et al., 2003).
Para BRAZ (2007), apesar de verificar-se oferta de frutos no mercado durante todo o
ano, em virtude da ocorrência de diversos surtos de florescimento, dependente das condições
ambientais locais, verifica-se queda no volume de lima ácida ‘Tahiti’ comercializada no
Brasil, especialmente no período de maio a novembro. As referências encontradas na
literatura quanto as exigências edafoclimáticas da lima ácida ‘Tahiti’ relacionam aspectos
genéricos para o gênero Citrus. Este se origina das regiões tropicais úmidas da China, no
Sudeste asiático, incluindo áreas do Leste da Índia, Bangladesh, Filipinas e Indonésia
(REUTHER, 1973). Para as limas ácidas, locais com temperaturas elevadas são melhores para
a sua adaptação. Entretanto, sob temperaturas superiores a 30º C, tanto diurna como noturna,
ocorre diminuição no tamanho dos frutos e aumento na taxa de abscisão de frutos jovens.
(BRAZ, 2007).
29
4 MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 Localização da área
O presente trabalho foi conduzido na Fazenda Lima (Grupo Tonheiro), localizada no
município de Capitão Poço - PA, que está situada na Microrregião do Guamá pertencente a
mesorregião do Nordeste Paraense. As avaliações de formação e desenvolvimento das mudas
foram realizadas no viveiro desta fazenda localizado nas seguintes coordenadas geográficas,
Latitude 1° 47’ 22” S e 47°04’31” W , 68 m de altitude (Figura 2). O clima é considerado
AMI, de acordo com a classificação de Köppen, apresentando temperatura média anual do
mês menos quente superior a 18°C. A precipitação pluviométrica é de 2449 mm anuais sendo
o período mais chuvoso correspondente aos meses de janeiro a abril, e o menos chuvoso aos
meses de setembro a novembro (SILVA et al. 1999). Os solos dominantes são os Latossolos
Amarelos, de maior ocorrência na Região Amazônica, o que é caracterizado pela baixa
fertilidade, textura média e fortemente ácido.
Foi estabelecido um contrato de cooperação entre a Embrapa Amazônia Oriental e a
Fazenda Lima, para a avaliação da formação de mudas de porta enxertos, do programa de
melhoramento genético de citros da Embrapa, sobre copa de lima ácida Tahiti.
Fonte: Google Earth PRO – 2015.
Figura 2 - Localização da Área do Experimento
30
4.2 Origem das mudas
Avaliaram-se oito variedades de porta-enxerto de Citros oriundas do programa de
melhoramento de citros, liderado pela Embrapa Mandioca e Fruticultura: Tangerina Sunki
Tropical, HTR-053, TSKC x (LCR x TR)-059, TSKC x TRFD-003, Citrandarin Índio, TSKC
x TRFD-006, LVK x LCR – 038, TSKC x (LCR x TR) – 040.
As sementes destes porta-enxertos foram fornecidos pela Embrapa Mandioca e
fruticultura no ano de 2014 e implantadas no viveiro da fazenda Lima juntamente com a
Embrapa Amazônia Oriental.
4.3 Tratos culturais
4.3.1 Semeadura e repicagem
A semeadura foi realizada em meados de outubro de 2014 no viveiro da própria
Fazenda Lima, sob a supervisão do gerente e responsável técnico do local, o senhor
Engenheiro Agrônomo Henrique Oeiras. Até o termino da realização desse trabalho as mudas
já se encontravam com um ano e dois meses de vida em um viveiro aberto, em estádio
propício para o plantio.
Utilizou-se sacos de polietileno 8 x 15 x 0,06 nos primeiros dois meses de
desenvolvimento vegetativo, quando as mudas ficaram encanteiradas dentro do viveiro
totalmente fechado, sobre a proteção de tela sombrite a 50% que circundava toda a área de
encanteiramento dos seedlings. Além de filtrar os raios solares e prevenir contra a entrada de
insetos ou outra qualquer praga que porventura viesse a comprometer o desenvolvimento das
mudas (Figura 3).
31
Fonte: Gilberto Maximo – 2014.
As mudas permaneceram no viveiro entre outubro de 2014 e fevereiro de 2015,
sendo em seguida transplantadas para sacos de polietileno de 10 x 20 x 0,06, onde passaram
mais 2 meses recebendo os tratos culturais nesses sacos dentro do viveiro (figura 4).
Fonte: Gilberto Maximo – 2015.
Figura 3 - Mudas após dois meses de semeadura
Figura 4 - Mudas de porta-enxerto de citros dentro do viveiro com tela sobrite.
32
Em fevereiro de 2015 foi realizado uma das mudas para sacolas maiores de 20 x 30 x
0,20, visando já a sua posterior inserção no campo e também para evitar o enovelamento das
raízes, problema característico de mudas que passam do tempo ideal do plantio.
O substrato utilizado foi terra preta local. As mudas a partir desse processo foram
remanejadas após cinco meses passados de sua semeadura, no mês de março foram
remanejadas para uma área maior que pudesse acomodar as mudas facilitando assim o
manuseio e os demais tratos culturais, como monda, aplicação de adubo, e de defensivos
agrícolas. Nesta área foi introduzida irrigação, levando em consideração o período de
estiagem que as mesmas passariam ainda em viveiro antes de serem plantadas. Sendo
irrigadas todas as manhãs e fins de tarde com duração de uma hora.
4.3.2 Limpeza do local
A limpeza era realizada semanalmente, através da monda (Figura 5), removendo-se
as plantas invasoras que cresciam dentro do substrato onde as mudas se encontravam.
Também era realizada capina ao redor da área, onde os sacos de polietileno com as mudas se
encontravam, atividade realizada mensalmente.
Fonte: Marcos Leonam – 2015.
Figura 5 - Limpeza manual
33
4.3.3 Adubação e aplicação de defensivos agrícolas
Foram aplicados adubação de fosfato equivalente a 10g de P2O5. Utilizado um
composto organomineral (bioturboplantil) à 12% (Figura 6), a quantidade necessária de P2O5
foi de 40g do produto (Figura 6). Foram aplicados doses de 40 ml de (Mega 10) diluídos em
20 L de água mais 40 ml de (bionítro) para a pulverização que foi realizada a cada 15 dias,
dependendo das necessidades fisiológicas das plantas, onde a cada 15 dias também eram
realizadas pulverizações de 5ml de (ABAMEX) diluído em 20 L de água , e mais 5 ml de
(cyptrin) para o controle de pragas.
Todos esses tratos culturais eram realizados sob supervisão e orientação do
agrônomo (responsável técnico), contratado pelo proprietário da fazenda.
A adubação iniciou no dia 23/02/2015 e terminou no dia 27 desse mesmo mês e ano.
E no dia 02/03/2015 foram aplicados os adubos foliares Mega 10 e bionítro e foi utilizado
também o inseticida ABAMEX.
Nos dias 19/02/2015 foram aplicados CARBEMDAZIM (fungicida) e Imidacloprida
(inseticida sistêmico).
Fonte: Gilberto Maximo – 2015.
4.3.4 Poda e toalete
Alguns dias após o fim do tempo de carência dos defensivos agrícolas aplicados,
iniciou-se a remoção de ramos laterais em desenvolvimento, pois tendo em vista que as mudas
são destinadas para a enxertia, não era interessante que ocorresse essas ramificações laterais, a
remoção induz e acelera o desenvolvimento do caule, até atingir o diâmetro ideal para receber
Figura 6 - Aplicação de composto organomineral.
34
o enxerto. No mesmo período também era realizado a poda apical à 70 cm de altura a partir da
base do caule, induzindo e provocando o “engrossamento” acelerado do caule. Também, se
efetuava uma prática denominada de “toalete”, com o objetivo de remover espinho e folha a
altura de 30 cm, onde geralmente se faz a enxertia, evitando-se possíveis acidentes pelos
espinhos (Figura 7).
Fonte: Marcos Leonam – 2015.
Segundo Oliveira (2001), o momento da enxertia em citros é determinado pelo
diâmetro do caule dos porta-enxertos. Quanto antes atingirem o diâmetro de 0,8 a 1,0 cm da
haste a 15 cm de altura do solo, mais cedo pode ser realizada a enxertia por borbulhia.
(SILVEIRA JÚNIOR et al.,2012).
4.4 Enxertia
No dia 7 de agosto de 2015 iniciou a enxertia com 800 mudas enxertadas. Foi
utilizada uma pequena faca para realizar a secção do caule das mudas onde seriam
implantados os brotos (Figura 8).
Figura 7 - Toalete e poda
35
Fonte: Marcos Leonam – 2015.
O corte era realizado à um palmo da base da muda, aproximadamente 25 cm, em
formato de “T” invertido. As borbulhas utilizadas eram de lima ácida Tahiti, provenientes de
um viveirista da comunidade de Santa Luzia, a 15 km de Capitão Poço - PA. Após a inserção
das borbulhas, o local era envolto por uma fita plástica (Figura 9), no intuito de prender as
borbulhas e ajudar na sua cicatrização natural no caule dos porta-enxertos utilizados no
experimentos.
Fonte: Marcos Leonam – 2015.
Figura 8 - Realização de corte "T" invertido
Figura 9 - Mudas pós enxertia com fita segurando o borbulho
36
Outro papel importante no uso da fita, era a sua proteção contra a infiltração de água, o
que poderia danificar e ocasionar a perda da borbulha enxertada, resultando no que o produtor
denomina de “mela” (figura 10), além de proteger contra ataques de insetos ou eventuais
patógenos oportunistas que poderiam aproveitar da abertura e infiltrar-se nas plantas,
causando doenças e demais lesões indesejáveis.
Fonte: Marcos Leonam - 2015
Com o termino das enxertias aguardou-se 18 dias para a retirada das fitas que
prendiam as borbulhas no caule por recomendação do enxertador. Observou-se uma aceitação
bastante positiva do “cavalo” com o “cavaleiro”. Após, passado os 18 dias, as fitas foram
removidas e observou-se a presença dos “brotos”, (Figura 11).
Figura 10 - Mudas em que ocorreram o "mela".
37
Fonte: Marcos Leonam - 2015.
Com o fitilho removido efetuou-se o encurvamento da planta (figura 12) que, segundo,
Oliveira, R. et al (2005) serve para forçar a brotação, pode ser feito o encurvamento do porta-
enxerto, segurando com uma das mãos a 10 cm acima do enxerto e curvando com a outra a
parte superior da planta até prender na base da muda.
Fonte: Marcos Leonam – 2015.
Figura 11 - Mudas de porta-enxerto com a presença de gemas.
Figura 12 - Mudas envergadas após a retirada do fitilho.
38
Ao atingirem cerca de 10 cm de comprimento, fez-se o desbaste. E ao mesmo tempo,
os enxertos foram tutorados com tutores feitos de bambu e alguns de madeira. O tutoramento
é necessário, pois, com a ação da gravidade o enxerto tende a envergar atingindo o solo,
característica essa bastante comum em se tratando de lima ácida Tahiti (Figura 13).
Fonte: Marcos Leonam – 2015.
4.5 Coleta de dados
As avaliações foram realizadas em três etapas: no desenvolvimento dos porta-
enxertos, percentual de sucesso da enxertia e na muda enxertada antes do plantio.
Na fase e desenvolvimento do porta-enxerto, os caracteres avaliados foram:
Figura 13 - Mudas tutoradas.
39
Altura do porta-enxerto (APE, cm), medida da base da planta à folha mais alta, onde
se utilizou trena métrica metálica (Figura 14);
Fonte: Marcos Leonam - 2015.
Diâmetro do coleto do porta-enxerto (DC1, mm), mensurada na parte basal da planta,
utilizando-se de paquímetro digital (Figura 15);
Figura 14 - Altura do porta-enxerto (APE)
40
Fonte: Marcos Leonam, 2015.
Número de folhas (NF), efetuada pela contagem total das folhas na planta;
Número de espinhos (NE), executada pela contagem total de espinhos no porta-
enxerto.
Aproximadamente 30 dias após a enxertia, verificou-se o percentual de sucesso da
enxertia em cada porta-enxerto.
Após a muda enxertada estar completamente formada e pronta para o plantio, coletou-
se dados de altura da plantas (AME, cm), também, o diâmetro do coleto após a enxertia (DC2,
mm), o diâmetro à aproximadamente 2 cm abaixo do ponto de enxertia (DC3, mm), e o
diâmetro perto de 2 cm acima da enxertia (DC4, mm).
4.6 Análises estatísticas
O experimento de avaliação de mudas sob diferentes porta-enxertos de Citrus spp. sob
copa de lima ácida Tahiti foi conduzido utilizando-se o delineamento inteiramente
casualizado (DIC) com oito tratamentos e quatro repetições, onde cada parcela foi constituída
de 10 plantas, com um total de 40 plantas por tratamento e um stand de 320 plantas. Os
tratamentos consistiram das oito variedades de porta-enxertos avaliadas. O modelo estatístico
utilizado foi o seguinte:
Figura 15 - Diâmetro do coleto (DC1).
41
Equação 1 - Modelo estatístico
𝑌𝑖𝑗 = 𝜇 + 𝑔𝑖 + 𝑒𝑖𝑗
Em que:
Yij é o valor observado para a variável resposta obtido para o i-ésimo tratamento em
sua j-ésima repetição;
µ é a média de todos os valores possíveis da variável resposta;
gi é o efeito do tratamento i no valor observado Yij;
eij é o erro experimental associado ao valor observado Yij.
Os dados referentes a todas as variáveis foram analisados pelo método da análise de
variância de FISHER-SNEDECOR a 1% de probabilidade de significância, comparando-se as
médias a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. Para as análises estatísticas foram
adotadas as recomendações de GOMES (1990) por meio do programa Genes (2006).
4.7 Plantio
No dia 21 de março de 2016, efetuou-se o plantio, as mudas foram arrancadas dos
saquinhos, separadas em blocos por porta-enxerto e levadas a campo (Figura 16).
Fonte: Marcos Leonam - 2016
Figura 16 - Mudas separadas e o transporte, respectivamente.
42
O espaçamento utilizado foi de 3 x 6 (entre plantas e entre linhas, ao mesmo tempo), a
distribuição foi organizada, para ter a exata localização dos porta-enxerto. Foram efetuadas
três repetições para cada variedade e o restante das mudas, se distribuiu-se na área como
bordadura.
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Tabela 1 apresenta os resultados da análise de variância dos caracteres morfológicos
avaliados em mudas das oito variedades de porta-enxertos de Citrus spp. Como se pode
observar, houve diferença significativa em nível de 1% para todos os caracteres avaliados.
Quando atingiram o desenvolvimento necessário para a realização da enxertia, em média as
mudas apresentaram 76,41 cm de altura (APE), um diâmetro do coleto (DC1) de 7,22 mm no
momento da enxertia, aproximadamente 33 folhas (NF) e 25 espinhos (NE). A precisão na
condução do experimento é validada pelos percentuais do coeficiente de variação descritos na
tabela.
Na Figura 17, estão apresentados o teste de comparação de médias dos caracteres
estudados nas oito variedades de porta-enxerto avaliadas. Na Figura 17a tem-se os valores
médios para a altura do porta-enxerto (APE, cm) e as variedades que se destacaram para esta
característica foram TSKC x (LCR x TR) -059 (93,6 cm), Citrandarin Índio (83,8 cm) e LVK
x LCR – 038 (79,2 cm). Os valores médios para o diâmetro do coleto (DC1, mm) podem ser
observados na Figura 17b. Os genótipos LVK x LCR – 038 (8,3 mm), TSKC x TRFD – 6 (7,7
mm) e TSKC x (TR x LCR-073) (7,69 mm) foram superiores entre os demais. Quanto ao
número de folhas (NF, Figura 17c), os porta-enxertos com maior folhagem foram o TSKC x
(LCR x TR) – 059 (41,8 folhas), TSKC x TRFD – 6 (35,4) e Citrandarin Índio (35,3). Por
fim, os tratamentos com maior número de espinhos foram TSKC x (LCR x TR) – 059 (38,1
espinhos), Citrandarin Índio (31,3) e TSKC x TRFD – 6 (31,1).
De uma maneira geral, os porta-enxertos que estiveram sempre entre os três melhores,
para pelo menos três dos quatro caracteres avaliados foram o TSKC x (LCR x TR) – 059,
Citrandarin Índio e TSKC x TRFD – 6.
Resultado semelhante foi encontrado por Rodrigues (2013), em que considerando a
altura do porta-enxerto o tratamento o TSKC x (LCR x TR) – 059 também se destacou entre
os demais. Quando comparado o diâmetro do coleto, o trabalho de Rodrigues (2013)
apresentou resultados inferiores, onde, o TSKC x (LCR x TR) – 059 e o Citrandarin Índio,
apresentaram 3,78 cm e 4,12 cm, respectivamente.
43
Com base nos resultados obtidos, observa-se que há variabilidade genética para os
caracteres estudados entre as variedades de porta-enxerto de Citrus spp. avaliadas no
município de Capitão Poço. É importante ressaltar que esta variação se deve tanto a causas
genéticas (diferentes variedades) como ambientais (variação climáticas, ocorrência de
patógenos). E espera-se que esta diferenciação venha se acentuar no momento da enxertia.
Tabela 1 – Resumo da análise de variância para caracteres morfológicos em mudas de variedades de porta-
enxertos de Citrus spp.
Fonte de
variação GL
QMR
Altura do
porta-enxerto
(APE, cm)
Diâmetro do
coleto
(DC1, mm)
Número de
folhas (NF)
Número de
espinhos (NE)
Tratamentos 7
Resíduo 312 31,09976** 0,392936** 27,049119** 31,316907**
Média 76,41 7,22 32,85 25,27
CV (%) 7,30 8,68 15,83 22,14
*: significativo a 1% de probabilidade pelo teste F.
44
Figura 17 - Comparação de médias entre variedades de porta-enxertos de Citrus spp. para os caracteres
morfológicos: (a) Altura do porta-enxerto (APE, cm), (b) Diâmetro do coleto (DC1, mm), (c) Número de folhas
(NF), (d) Número de espinhos (NE). *: médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente entre si,
pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.
Alt
ura
do p
ort
a-en
xer
to (
m)*
Diâ
met
ro d
o c
ole
to (
mm
)
(a) (b)
Núm
ero d
e fo
lhas
Núm
ero d
e es
pin
hos
(c) (d)
A Figura 18 apresenta o percentual de sucesso da enxertia entre as variedades de
porta-enxertos de Citrus spp. O número de mudas em que a enxertia não vingou foi bem
pequeno, no máximo 11,63% no caso do genótipo HTR-053. Dos oito materiais avaliados, os
que se destacaram foram TSKC x (LCR x TR059) com 100% de sucesso da enxertia, seguido
pelo TSKC x (TR x LCR-073) com 98,11% e LVK x LCR – 038 (96,90%).
Para as variedades TSKC x (LCR x TR059) e LVK x LCR – 038, sobre sucesso da
enxertia, Rodrigues (2013), encontrou resultados semelhantes, todavia, ligeiramente inferiores
97,50% e 93,33%, respectivamente. Quando comparando com os trabalhos de Hayashi et al
(2012), onde se estudou o limoeiro ‘cravo’ e o citrumeleiro swingle, os dados obtidos
apresentam-se inferiores aos encontrados neste.
45
Figura 18 - Percentual de sucesso da enxertia entre variedades de porta-enxertos de Citrus spp. sob copa de lima
ácida Tahiti.
Quatro meses após a enxertia, realizaram-se novas medições das mudas como se pode
analisar nas Tabelas 2 e Figura 19. A Tabela 2 apresenta os resultados da análise de variância
dos caracteres morfológicos avaliados em mudas-enxertadas produzidas com variedades de
porta-enxertos de Citrus spp. sob copa de lima ácida Tahiti. Como na Tabela 1, que analisou
os caracteres morfológicos dos porta-enxertos, nesta tabela também houve diferença
significativa a nível de 1% para todos os caracteres avaliados. Ao atingirem o tamanho ideal
para o plantio, em média as mudas apresentaram 65,20 cm de altura (AME), um diâmetro
basal do coleto (DC2) de 11,23 mm, diâmetro do coleto abaixo do enxerto (DC3) de 9,90 e
diâmetro do coleto acima do enxerto (DC4) de 7,48 mm. A precisão na condução do
experimento também é validada pelos percentuais do coeficiente de variação descritos na
tabela.
46
Tabela 2 – Resumo da análise de variância para caracteres morfológicos em mudas-enxertadas de porta-enxertos
de Citrus spp. sob copa de lima ácida Tahiti.
Fonte de
variação GL
QMR
Altura da
muda
enxertada
(AME, cm)
Diâmetro basal do
coleto
(DC2, mm)
Diâmetro do
coleto abaixo
do enxerto
(DC3, mm)
Diâmetro do
coleto acima do
enxerto
(DC4, mm)
Tratamentos 7
Resíduo 312 79,524811** 1,852771** 1,641117** 2,615208**
Média 65,20 11,23 9,90 7,48
CV (%) 13,68 12,12 12,95 21,63
*: significativo a 1% de probabilidade pelo teste F.
Na Figura 18 estão apresentados o teste de comparação de médias dos caracteres
estudados entre mudas enxertadas de variedades de porta-enxertos de Citrus spp. sob copa de
lima ácida Tahiti. Na Figura 19a tem-se os valores médios para a altura da muda enxertada
(AME, cm) e as variedades que se destacaram para esta característica foram Citrandarin Índio
(69,9 cm), TSKC x TRFD – 6 (68,0 cm) e LVK x LCR – 038 (67,8 cm). Os valores médios
para o diâmetro basal do coleto (DC2, mm) podem ser observados na Figura 19b. Os
genótipos Citrandarin Índio (13,0 mm), LVK x LCR – 038 (12,3 mm) e TSKC x (LCR x TR)
- 059 (12,1 mm) foram superiores entre os demais. Quanto ao diâmetro do coleto abaixo do
enxerto (DC3, Figura 19c), os porta-enxertos Citrandarin Índio (11,7 mm), LVK x LCR-038
(11,1 mm) e TSKC x TRFD-6 (10,5 mm) apresentaram os maiores valores. Por fim, os
tratamentos com maior diâmetro do coleto acima do enxerto (DC4, mm) Citrandarin Índio
(9,1 mm), LVK x LCR-038 (8,9 mm) e TSKC x TRFD – 6 (7,6 mm).
De uma maneira geral, os porta-enxertos que estiveram sempre entre os três melhores,
para pelo menos três dos quatro caracteres avaliados após a enxertia foram o Citrandarin
Índio, LVK x LCR – 038, TSKC x TRFD – 6. Considerando as fases de desenvolvimento do
porta-enxerto e da muda enxertada, e as oito características avaliadas, o Citrandarin Índio foi
único tratamento que se destacou em sete características, sempre entre os três primeiros
genótipos.
Considerando essas características, Hayashi et al. (2012) encontrou resultados
inferiores para o Limoeiro Cravo e Citrumeleiro Swingle em termos de diâmetro (5,5mm e
4,5mm respectivamente) e altura (32,1cm e 28,8cm concomitantemente).
Com base nos resultados obtidos, observa-se que também há variabilidade genética
para os caracteres estudados nas mudas enxertadas, entre as variedades de porta-enxerto de
47
Citrus spp. avaliadas no município de Capitão Poço. Espera-se também que esta variação se
acentue nos próximos anos, com o desenvolvimento das mudas a campo, possibilitando a
distinção visual quanto ao porte, sazonalidade de florescimento e produção.
Figura 19 - Comparação de médias entre mudas enxertadas de variedades de porta-enxertos de Citrus spp. sob
copa de lima ácida Tahiti para os caracteres morfológicos: (a) Altura da muda enxertada (AME, cm), (b)
Diâmetro basal do coleto (DC2, mm), (c) Diâmetro do coleto abaixo do enxerto (DC3, mm), (d) Diâmetro do
coleto acima do enxerto (DC4, mm). *: médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente entre si,
pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.
Alt
ura
da
muda
enx
erta
da
(m)*
Diâ
met
ro b
asal
do c
ole
to
(mm
)
(a) (b)
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to (
mm
)
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met
ro d
o c
ole
to a
cim
a do
enxer
to (
mm
)
(c) (d)
48
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
1. As variedades que se destacaram nas fases de formação e desenvolvimento do
porta-enxerto foram: TSKC x (LCR x TR) – 059, Citrandarin Índio e TSKC x TRFD – 6;
2. Em se tratando de sucesso na enxertia os porta-enxertos TSKC x (LCR x TR059)
com 100%, TSCK x (TR x LCR – 073) com 98,11% e LVK x LCR – 038 (96,90%) foram
superiores entre os demais tratamentos;
3. Os genótipos que apresentaram melhor performance na formação da muda
enxertada foram: Citrandarin Índio, LVK x LCR – 038, TSKC x TRFD – 6.
4. De uma maneira geral, considerando-se as três fases estudadas, o porta-enxerto que
obteve superioridade para a maioria dos caracteres avaliados, foi o Citrandarin Índio.
49
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