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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS8ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA- GOIÂNIA
URBANISMO
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA _______ VARA DA FAZENDA PÚBLICA MUNICIPAL DA COMARCA DE GOIÂNIA - GOIÁS
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS,
representado pelo Promotor de Justiça de Urbanismo da Capital infra-
assinado, no uso de suas atribuições legais, com fundamento nos arts.
127 e 129, incisos II e III, da Constituição Federal, no artigo 1º, inciso
IV, artigo 5º e 21 da Lei 7347/85 (Lei da Ação Civil Pública) e artigo
25, IV, “a” da Lei Federal 8.625/93 (Lei Orgânica Nacional do
Ministério Público), vem propor a presente
AÇÃO CIVIL PÚBLICA, C/C NULIDADE DE REGISTRO PÚBLICO E REINTEGRAÇÃO DE POSSE (com pedido de liminar) em face de:
MUNICÍPIO DE GOIÂNIA, pessoa jurídica de direito público interno,
representado por seu Prefeito ou Procurador (artigo 12, II do CPC),
instalado no Paço Municipal de Goiânia, situado na Av. do Cerrado, nº
999, Qd. APM9, Park Lozandes, nesta Capital; e
CAMPINAS FUTEBOL CLUBE, pessoa jurídica de direito privado,
inscrita no CNPJ sob nº 00.079.590/0001-90, com sede na Rua I, s/n,
Rua 23, esq. com Av.B, qd,A-6, Lt. 15/24,sala T-33, Ed. Sede do Ministério Público do Estado de Goiás, Jd. Goiás, Fone: 243 8097 - Cep: 74805-100 - Goiânia – Goiás - e-mail:
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Vila Santa Helena, nesta Capital, representado por seu presidente,
ROBSON JABER, brasileiro, casado, empresário, portador da C.I. nº
1417144 – SSP/GO, residente e domiciliado na Rua Brasil Cavalcante,
nº 326, Edifício Dom Orione, Aptº 501, Setor Oeste, nesta Capital.
I - DOS FATOS
Foi instaurado o presente procedimento nº 30098/2004,
RA nº 459, a partir de procedimento administrativo encaminhado pela
Procuradoria da República em Goiás, com declaração prestada por
Dinair Cândida Gomes Amaral Guida, corroborada com abaixo-
assinado de moradores do bairro, referente à existência de um campo
de futebol particular em área pública destinada à construção da Praça
B, localizada entre a Rua I, Rua J, Rua 8 e Rua 9, e o isolamento da
Rua 9, Vila Santa Helena, nesta Capital (fls. 02/22).
Iniciada a investigação, constatou-se que a área
utilizada como campo de futebol foi destinada originalmente à
implantação da Praça B, localizada entre a Rua I, Rua J, Rua 8 e Rua 9, naquele bairro (fls. 23/27).
Requisitadas informações sobre situação da Rua 09,
entre a Praça B e a Quadra 21, Vila Santa Helena, bem como
autorização de fechamento ou a alienação dessa área ao Campinas
Futebol Clube (fls. 61), a Secretaria Municipal de Planejamento
informou que nada foi encontrado sobre a alienação ou autorização de
fechamento da rua, referindo-se à Lei nº 2002/62, que trata da doação
da Praça B, além de encaminhar projeção do projeto de parcelamento,
com aerofoto de 1992, quando foi constado que a área da Rua 9 já se
encontrava fechada e anexada à praça (fls. 62/64).
Rua 23, esq. com Av.B, qd,A-6, Lt. 15/24,sala T-33, Ed. Sede do Ministério Público do Estado de Goiás, Jd. Goiás, Fone: 3243 8097 - Cep: 74805-100 - Goiânia – Goiás
e-mail: [email protected]
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O 1º Cartório de Registro de Imóveis de Goiânia
certificou que houve o registro da Escritura Pública de Doação, sob nº
29.650, referente ao imóvel constituído de área de terras com área de
5.475,00 m² (cinco mil quatrocentos e setenta e cinco metros
quadrados), sendo 75,00m (setenta e cinco metros) pela Rua I, 73,00m
(setenta e três metros) pela Rua J, 75,00m (setenta e cinco metros)
pela Rua 9 e 75,00m (setenta e cinco metros) pela Rua pela Rua 8, Vila
Santa Helena, nesta Capital (fls. ).
Vê-se que ao invés de implantar equipamentos de lazer e
recreação para comunidade e urbanização com arborização e
jardinagem, o Município de Goiânia “enxergou” interesse público em
doar área destina a praça à uma associação esportiva, o que foi feito
por meio da Lei nº 2.002, em 20 de junho de 1962, em prol da
Associação Campineira de Esportes, para construção de sede própria
da Entidade e construção de uma praça esportiva, devendo as
exigências serem efetivadas no prazo de dois anos (fls. 35).
Já não bastasse o descaso com um bem de uso comum
à época da doação, o Município deixa de tomar as medidas necessárias
para a reabertura da Rua 9, porque ciente da sua ocupação desde
1992, como informado pela Secretaria Municipal de Planejamento (fls.).
Com isso, o Campinas Futebol Clube intitula-se “dono
do campo” e “que não está de posse de nada que não seja de sua
propriedade” (fls. 67).
O representante legal do Campinas Futebol Clube
declarou que a maioria dos lotes pertencentes à Quadra 21 é de
propriedade do Clube, com as devidas escrituras registradas em
cartório (fls. 68/72), e que a “praça” foi incorporada ao patrimônio do
clube por meio de doação feita pela Câmara Municipal de Goiânia em
1962 (fls. 33/34).
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Assim, utiliza bem público como se fosse propriedade
privada, conforme pode ser constado no Estatuto de constituição da
associação, que recolhe mensalidade de seus associados, restringe a
utilização da área e aufere receita pela sua exploração (fls. 41/49).
Pode-se constatar que a história do clube começou antes
mesmo de receber a área da Praça B, em 1961, passando a ser clube
amador de futebol somente em 1973, quando começou a recolher
contribuições mensais dos sócios para a manutenção da estrutura
física do clube, segundo os documentos apresentados pelo Presidente
do Campinas Futebol Clube (fls. 33). Porém, a praça esportiva jamais
foi construída.
Extrai-se daí que a Associação Campineira não deu a
devida destinação ao bem, praça esportiva, usufruindo do mesmo
como se fosse de propriedade, com a cobrança de “taxa” de utilização e
restrição do acesso à área onde está localizado o clube. E o que é mais
grave: ocupou toda uma rua, impedindo o livre tráfego de veículos e
pessoas pela área.
O representante do clube declara que nunca se eximiu
de conviver harmonicamente com os moradores do bairro (fls. 33), e,
para demonstrar a interação entre os associados e os membros da
comunidade local, apresentou um extenso abaixo-assinado (fls.
98/103, verso), contendo assinaturas de alguns moradores da Vila
Santa Helena e bairros próximos, como o Setor Campinas, Vila Abajá,
Vila Isaura. Porém, a grande maioria dos endereços declinados são
bairros distantes, como o Setor Central, Setor Aeroviário, Parque das
Amendoeiras, Parque Santa Rita, Jardim Mariliza, já na divisa com o
Município de Aparecida de Goiânia (fls. ), e até mesmo do município de
Aragoiânia-Goiás (fls. 102, verso).
Não se questiona aqui a garantia constitucional do
direito de associação, mas a exploração de área pública por particular.
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Uma praça pública pertence a todos indistintamente, não podendo sua
utilização ser restringida a qualquer pessoa. Uma área pública, ao ser
destinada a certa finalidade, tem de obedecer ao imposto pela lei.
O Campinas Futebol Clube utiliza a área da Praça B
como se fosse propriedade particular, desvirtuando da finalidade para
a qual foi recebida. Com isso, contraria a vontade do legislador
municipal, expressa na Lei nº 2.002/62, que fez a doação para a
construção de uma praça esportiva, ou seja, lugar público para a
prática de esportes.
E mais, alega que nunca se eximiu de interagir com a
comunidade local. Não é o que demonstram os moradores diretamente
afetados, que tiveram seu direito violado, com a perda de uma área
destinada à praça e à obstrução de toda uma rua, como pode ser
conferido no abaixo-assinado apresentado pelos mesmos, sendo a
grande maioria deles da Vila Santa Helena (fls. ).
Não bastasse auferir vantagem em decorrência do
descaso com bens de uso comum por parte do poder público
municipal, a Associação Campineira de Esportes fez mais. Isolou a Rua
9 para constituir área contínua entre a Praça B e os lotes por ela
adquiridos da Quadra 21, como se tivesse a dominialidade da mesma.
A legislação de parcelamento urbano, Lei nº 6.766/79,
que surge após a provação do Bairro Santa Helena, dispõe que a
percentagem de áreas públicas (áreas destinadas a sistema de
circulação, a implantação de equipamento urbano e comunitário, bem
como espaços livres de uso público) não poderá ser inferior a 35% da
gleba.
Ora, a lei impõe ao Poder Público o dever de preservação
e recuperação dos espaços livres, praças, áreas verdes e institucionais,
componentes do meio ambiente urbano, bens do patrimônio público e
social. A constatação da ocupação desses espaços revela que o
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município, gestor dos bens público, descurou-se de sua obrigação
legal, permitindo, por vontade expressa, que a coletividade fosse
despojada de um espaço livre para recreação, em prol de uma
associação esportiva que, além de não ter dado a destinação conferida
pela lei, praça esportiva, fechou uma rua, impedindo o livre trânsito de
pessoas e veículos, sacrificando a qualidade de vidas dos moradores da
Vila Santa Helena, que são colocados às margens dos equipamentos
públicos urbanos, até mesmo por falta de local para implementá-los.
Isso, reitera-se, em detrimento dos direitos de todos os
moradores da Vila Santa Helena, que se viram alijados de área para
praça e de toda uma rua, como manifestado na declaração prestada na
Procuradoria da República em Goiás e pelo abaixo-assinado dos
moradores do bairro.
Já não bastasse esse descaso, o Município desvirtua a
finalidade do bem ao doá-lo a entidade privada, que aufere vantagem à
custa do patrimônio público e do sacrifício da qualidade de vida de
milhares de toda a coletividade.
Qualquer melhoria para o setor, como a implantação de
uma praça, uma quadra esportiva, uma área verde, para as famílias
terem lazer e entretenimento sem ter de pagar por isso, haja vista a
escassez de áreas públicas no bairro, tem de ser implementada pelo
município.
Os loteamentos têm suas vias públicas, praças e
espaços livres delimitados e sua efetivação há de ser assegurada, pois
são bens de uso comum, com funções específicas que criam condições
para a adequada qualidade de vida dos moradores daquele local.
Portanto, espere-se que a ação do Judiciário seja no
sentido de proteger o interesse de todos, contra toda a invasão dos
espaços livres da Vila Santa Helena, demonstrando sensibilidade social
na conservação dos bens de uso comum do povo.
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II – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS
O loteamento Vila Santa Helena foi aprovado pelo
Decreto Municipal nº 28, de 19/09/1950, registrado no CRI em
10/10/1954, portanto, sob a égide do Decreto-Lei nº 58, de 10 de
dezembro de 1937, que dispunha sobre o loteamento e a venda de
terrenos para pagamento em prestações, diploma legal anterior à Lei nº
6.766/79, que já tratava da inalienabilidade dos bens de uso comum
do povo, como consignado no seu art. 3º:
“Art. 3º. A inscrição torna inalienáveis, por qualquer título, as vias de comunicação e os espaços livres constantes do memorial e da planta.” (Grifou-se).
A legislação posterior tem a mesma orientação.
O Decreto-Lei nº 271, de 28 de fevereiro de 1967, segue
a mesma esteira:
“Art. 4º. Desde a data da inscrição do loteamento
passam a integrar o domínio público do Município as
vias e praças e as áreas destinadas a edifícios públicos e
outros equipamentos urbanos, constantes do projeto e
do memorial descritivo.”
O ato de aprovação de um loteamento é o ato
administrativo constitutivo do direito dominial do poder público
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municipal sobre os espaços livres e áreas destinadas aos equipamentos
públicos.
O domínio público municipal sobre a área em questão é
inconteste e iniciou-se a partir da implantação do loteamento, sem
jamais perder essa característica. Quanto à área da Praça B, nem
mesmo com a Lei nº 2.002/62 teve a eficácia de modificar sua
destinação primitiva, haja vista o descumprimento das exigências
impostas no ato de doação. Já quanto à Rua 9, não há o que ser
questionado. É área pública. Portanto, são bens públicos, da categoria
dos de uso comum do povo, conforme preceituava o art. 66 do Código
Civil de 1916, que tem a mesma sistemática do art. 99 Código Civil
atual:
“Art. 99. São bens públicos:
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares,
estradas, ruas e praças;
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos
destinados a serviço ou estabelecimento da
administração federal, estadual, territorial ou municipal,
inclusive os de suas autarquias;
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das
pessoas jurídicas de direito público, como objeto de
direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário,
consideram-se dominicais os bens pertencentes às
pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado
estrutura de direito privado.”
Ora, é indiscutível a dominialidade pública sobre a área
em questão. Não houve mudança de categoria. Nem mesmo a Lei nº
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2.002/62, que fez a doação da Praça B, teve a aptidão para modificar
sua destinação primitiva, porque não produziu eficácia, não teve
atuação concreta em virtude do descumprimento da imposição feita
pelo legislador municipal.
Sobre a eficácia da norma jurídica, é esclarecedora a
lição de José Afonso da Silva, na sua obra intitulada Curso de Direito
Constitucional, 1991, pág. 64, in verbis:
“Eficácia é a capacidade para atingir objetivos
previamente fixados como metas. Tratando-se de normas jurídicas, a
eficácia consiste na capacidade de atingir os objetivos nela traduzidos,
que vêm a ser, em última análise, realizar os ditames jurídicos
objetivados pelo legislador. Por isso é que se diz que a eficácia jurídica
da norma designa a qualidade de produzir, em maior ou menor grau,
efeitos jurídicos, ao regular, desde logo, as situações, relações e
comportamentos de que cogita; nesse sentido, a eficácia diz respeito à
aplicabilidade, exigibilidade ou executoriedade da norma, como
possibilidade de sua aplicação jurídica.”
O descaso com um bem de uso comum, por parte do
poder público municipal ao doar a área da Praça B, tem de ser
corrigido, porque o projeto e a planta, aprovados e registrados, foram
destinados à instalação de equipamentos urbanos, in casu uma praça,
situada entre a Rua I, Rua J, Rua 8 e Rua 9, e uma rua, na Vila Santa
Helena, nesta Capital.
Assim, não houve modificação da classificação da área
da Praça B. Permanece na categoria dos bens de uso comum.
O jurista PAULO AFONSO LEME MACADO, in Direito
Ambiental Brasileiro, 11 edição, 2003, S.P., pg.415, salienta, de forma
sábia e clara, com base no Código Civil, o seguinte:
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“Assim, quando o art. 100 do CC brasileiro entende que
os bens públicos podem perder a inalienabilidade nos casos e na forma
que a lei prescrever, a alienação ou o comércio dos bens públicos só
pode ser entendida corretamente se se levar em consta a diferenciação
feita pelo art. 99 do próprio CC. Essa diferenciação está assentada
fundamentalmente na destinação dos bens.
“Como alienar o mar, os rios, as estradas e as praças
(art. 99, I, do CC), enquanto estiverem sendo utilizados pelo povo, sem
contrariar a própria natureza desses bens de uso comum? Na
realidade não só a venda como concessões privatizam os bens,
colocando-os exclusivamente a serviço de uns poucos. Por isso,
Cretella Júnior salienta como a “inalienabilidade é traço típico dos
bens de uso comum do povo e dos bens de uso especial. Diz-se, em
outras palavras, que os bens de uso comum do povo e os de uso
especial são ‘peculiarmente inalienáveis’ e dos dominicais são
‘peculiarmente alienáveis’”.
“Existindo a destinação de uso comum do povo,
inalienável é o bem dessa categoria. Continua ensinando Pontes de
Miranda: ‘a apropriação da onda como gerador de força é passível,
respeitado o Direito Público; só a lei especial, porém, pode permiti-la.
Não assim o direito de uso comum do povo e o direito de uso especial:
donde só a mudança de classificação para o art. 66, III, permite a
apropriação’. Acrescenta, ainda, ‘o titular, no art. 66, I, é o povo’ (o
artigo citado é do Código Civil de 1916, correspondente ao art. 99 do
CC/2002). A apropriação, portanto, dos bens do art. 99, I, só seria
possível, segundo o autor ‘quando houvesse mudança da classificação’.
Assim, legítimo entender-se que enquanto os bens estiverem
‘classificados’ como bens de uso comum do povo, não pode haver
apropriação. Ora, a classificação não é ato arbitrário, nem
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discricionário – a finalidade do bem público é que a faz, e não a
vontade do legislador.
“Contemporaneamente pondera Toshio Mukai:
‘Enquanto tal destinação de fato se mantiver, não pode a lei efetivar a
desafetação sob pena de cometer lesão ao patrimônio público da
comunidade’, acrescentando: ‘se a simples desafetação legal fosse
suficiente para a alienação dos bens de uso comum do povo, seria
possível, em tese, a transformação em bens dominiais de todas a ruas,
praças, vielas, áreas verdes etc de um município e, portanto, de seu
território público todo, com a conseqüente alienação (possível) do
mesmo, o que, evidentemente, seria contra toda a lógica jurídica,
sendo mesmo disparate que ninguém, em sã consciência, poderia
admitir’. Na prática, difícil é encontrar-se o mau administrador ou mau
legislador agindo com clareza no desvirtuamento dos bens de uso
comum do povo: o grande perigo é a ação a longo prazo – hoje uma
praça, amanhã um espaço livre, depois de algum tempo outra praça,
finalizando-se por empobrecer totalmente a comunidade.”
Com arrimo no art. 100, do Código Civil, vê-se que os
bens públicos enumerados no art. 99 são inalienáveis. Pois bem, nem
mesmo uma autorização legislativa seria possível alienar bens de uso
comum do povo, desde que eles estivessem atendendo à sua
destinação.
Em verdade, o Prefeito Municipal, gestor maior do
patrimônio público do município de Goiânia, deveria ser o primeiro a
dar o exemplo de legalidade, moralidade, trato impessoal da coisa
pública e lealdade à entidade que dirige. Não foi o que ocorreu no caso
em tela. À época, não deu o devido trato à área destinada à praça, nem
tampouco foi cuidadoso em certificar se houve o cumprimento das
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exigências contidas na Lei nº 2.002/62. E, agora, ciente do isolamento
de uma rua, deixa de tomar as medidas pertinentes.
O fato verificado nesta cidade de Goiânia é tão absurdo
que PAULO AFONSO LEME MACHADO, ao comentar a atuação do
“PODER JUDICIÁRIO E A DEFESA DAS PRAÇA E ESPAÇOS LIVRES”,
naquela obra já amplamente citada, destaca:
“Muitas vezes o julgador enfrentará situações difíceis
com quando a pretendida desvirtuação dos bens de uso comum
destina-se, por exemplo, à construção de casas populares. Não se pode
perder a visão de que – no caso – só uma parcela da população será
beneficiada. Além disso, o espaço livre representa, também, uma
escola ao ar livre, onde se aprende a convivência constante – base
imprescindível do sistema democrático. Desde tenra idade como até a
velhice, contemplar uma flor, andar entre as árvores, ir a um museu e
fruir a beleza de um quadro, não podem ser deixados somente para
uma minoria.”
Ou seja, se não é viável admitir a ocupação das áreas
públicas por pessoas carentes e desalojadas, quanto mais por uma
associação esportiva, como o caso do Campinas Futebol Clube, que
além de não construir a praça esportiva, invadiu uma rua inteira.
O domínio público sobre a área continua até o presente,
vez que não houve efetivamente transferência da sua dominialidade
Sendo assim, os assentamentos do CRI da 1ª
Circunscrição de Goiânia, que registrou a Escritura Pública de Doação,
lavrados sob o nº 29.650, são nulos, haja vista que se basearam em
fatos jurídicos imperfeitos, que não se consumaram, porque não houve
o cumprimento das imposições da Lei nº 2.002/62.
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A Constituição Federal estatui que:
“Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo
e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”
A Constituição Estadual no Capítulo V, quando trata da
Proteção dos Recursos Naturais e da Preservação do Meio Ambiente
estabelece que:
“Art. 127 - Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo
e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo,
recuperá-lo e preservá-lo.”
A Lei nº 6.766/79, já modificada pela Lei nº 9.785/99,
diz em seu art. 4º que:
“Art. 4º. Os loteamentos deverão atender, pelo menos
aos seguintes requisitos:
I - as áreas destinadas a sistemas de circulação, a
implantação de equipamento urbano e comunitário, bem
como a espaços livres de uso público, serão
proporcionais à densidade de ocupação prevista pelo
Rua 23, esq. com Av.B, qd,A-6, Lt. 15/24,sala T-33, Ed. Sede do Ministério Público do Estado de Goiás, Jd. Goiás, Fone: 3243 8097 - Cep: 74805-100 - Goiânia – Goiás
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plano diretor ou aprovada por lei municipal para a zona
em que se situem.
...
§ 1º A legislação municipal definirá, para cada zona em
que se divide o território do Município, os usos
permitidos e os índices urbanísticos de parcelamento e
ocupação do solo, que incluirão, obrigatoriamente, as
áreas mínimas e máximas de lotes e os coeficientes
máximos de aproveitamento.”
Continuando, o art. 22, do referido diploma legal,
dispõe:
“Art. 22. Desde a data de registro do loteamento,
passam a integrar o domínio do Município as vias e
praças, os espaços livres e as áreas destinadas a
edifícios públicos e outros equipamentos urbanos,
constante do projeto e do memorial descritivo.”
Destacamos o disposto no art. 23 e 30, da Constituição
Federal de 1988:
“Art. 23. É competência comum da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios:
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I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das
instituições democráticas e conservar o patrimônio
público;
...
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em
qualquer de suas formas;
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;”
“Art. 30. Compete aos Municípios:
...
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento
territorial, mediante planejamento e controle do uso, do
parcelamento e da ocupação do solo urbano;”
A Constituição Federal, em seu art. 182 é clara:
“Art. 182. A política de desenvolvimento urbano,
executada pelo Poder Público Municipal, conforme
diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar
o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e
garantir o bem-estar de seus habitantes.”
A Lei Orgânica do Município de Goiânia, no seu capítulo
V (Dos Bens Municipais) diz caber ao Prefeito a administração dos
bens municipais, bem como dispõe sobre o fato de que o uso de tais
bens por terceiros só ser possível mediante concessão, permissão ou
autorização.
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“Art. 41 – Cabe ao Prefeito a administração dos bens
municipais, respeitadas a competência da Câmara
quanto àqueles postos a seus serviços ou deles
utilizados.”
A política de desenvolvimento urbano, executada pelo
Poder Público Municipal, tem por objetivo ordenar o pleno
desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar
de seus habitantes, sendo o plano diretor o instrumento básico dessa
política (art. 182, §1º, CF).
Vê-se que a lei impõe ao Poder Público o dever de
preservação e recuperação dos espaços livres, praças, áreas verdes e
institucionais, componentes do espaço urbano, bens do patrimônio
público e social. A constatação da obstrução e ocupação irregular
desses espaços revela que o Município, gestor dos bens públicos,
descurou de sua obrigação legal, permitindo, por negligência (falta de
fiscalização eficaz e o mal funcionamento do serviço público), que a
coletividade fosse despojada da fruição de área de bem de uso comum
do povo, em prol de um grupo de pessoas.
Demonstra-se assim que a omissão do Poder Público
Municipal acarretou a usurpação do patrimônio público, sendo
logradouro e praça, objeto da presente ação. Portanto, tal situação,
acarreta prejuízo à coletividade.
O particular, quando satisfaz seus tributos, tem o direito
que o Poder Público execute as providências elementares para a
utilização do bem público de uso comum, posto dentro das normas
urbanísticas à sua disposição, que no caso em tela, vários cidadãos
estão impedidos de usufruírem destes bens fundamentalmente
necessários, visto os transtornos de terem sido impedidos de trafegar
por uma rua e despojados de uma praça. Portanto, cuida de
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responsabilidade ante a omissão do Poder Público, o qual deverá
responder.
A responsabilidade do Campinas Futebol Clube é
inconteste. O Código de Posturas do Município de Goiânia dispõe:
“Art. 66 - É proibido, sob qualquer forma ou pretexto, a
invasão de logradouros públicos e/ou áreas públicas
municipais.
Parágrafo Único: A violação da norma deste artigo
sujeita o infrator, além de outras penalidades previstas,
a ter a obra ou construção, permanente ou provisória,
demolida pelo órgão próprio da Prefeitura, com a
remoção dos materiais resultantes sem aviso prévio,
indenização, bem como qualquer responsabilidade de
revogação.
Já o Código de Processo Civil, temos no artigo 12,
determina o seguinte:
“ Art. 12 – Serão representados em juízo, ativa e
passivamente:
...
VI – as pessoas jurídicas, por quem os respectivos estatutos designarem, ou, não os designando, por seus
diretores”.(Grifou-se)
III – DA LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO
No que pertine a legitimidade do Parquet resta acentuar
que o artigo 127 da Constituição Federal conferiu ao Ministério Público
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relevante missão institucional na defesa da ordem jurídica, do regime
democrático dos interesses indisponíveis da sociedade.
O artigo 129, inciso III da Lei Maior dispõe que:
“São funções institucionais do Ministério Público:
III – Promover o inquérito civil e a ação civil pública,
para a proteção do patrimônio público e social, do meio
ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;”
Em conformidade com o mandamento constitucional
estão as disposições da Constituição do Estado de Goiás, da Lei
Federal nº 8.625/93 e da Lei Complementar Estadual nº 28/97.
O artigo 25, inciso IV, alínea b, da Lei nº 8.625, de 12 de
fevereiro de 1993 confere legitimação ao Ministério Público “para a
anulação ou declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio
público ou à moralidade administrativa do Estado ou de Município, de
suas administrações indiretas ou fundacionais ou de entidade privada
de que participem”.
De todo o modo, é incontroverso que a Constituição
Federal confere ao Ministério Público a legitimação para a propositura
de ação civil pública voltada para a defesa da ordem jurídica e para a
defesa do patrimônio público.
Assim, a legitimação ativa para o ajuizamento da ação
civil pública com a finalidade de proteger a ordem pública e o
patrimônio público é conferida ao Ministério Público pelo artigo 129,
inciso III, da Constituição Federal, artigo 1º, inciso IV, e 5º, da Lei nº
7.347/85, e artigo 25, inciso IV, alínea b, da Lei nº 8.625/93.
IV – DA NECESSIDADE DA LIMINAR
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Nos termos do artigo 12 da Lei nº 7.347/85, é permitido
ao Juiz o poder de conceder medida liminar, com ou sem justificação
prévia, para evitar dano irreparável ou ameaça de danos, bastando
para tanto a presença do fumus boni iuris e do periculum in mora.
A aparência do bom direito mostra-se clara, ante a
colidência dos fatos e o texto legal do Decreto-Lei 58/37, do Código
Civil e da legislação municipal e a certeza do domínio público sobre a
área da Rua 9, na Vila Santa Helena.
A relevância da medida e o periculum in mora se
mostram presentes, pois a permanência da situação fática prolongará
a usurpação da fruição do bem de uso comum por toda a coletividade,
que está impedida de utilizar uma via de tráfego. Permitir a
continuidade dessa situação, é permitir o desvio da finalidade de uma
área destinada ao sistema de circulação, impedindo o bem-estar todos.
Ademais, agindo como proprietários da área, há a
possibilidade de acontecer transações comerciais ilegais tendo por
objeto esses bens.
Ante o exposto, em sede inicial, o Ministério Público
requer a concessão da medida liminar, inaldita altera pars,
consubstanciada na determinação de:
a) averbar junto ao registro nº 29.650, do CRI da 1ª
Circunscrição de Goiânia, da área urbana institucional destina à
praça, localizada entre a Rua I, Rua J, Rua 8 e Rua 9, com área de
5.475,00 m² (cinco mil quatrocentos e setenta e cinco metros
quadrados);
b) impedir a realização de novas averbações junto ao
registro nº 29.650, do CRI da 1ª Circunscrição de Goiânia, da área
urbana institucional destina à praça, localizada entre a Rua I, Rua J,
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Rua 8 e Rua 9, com área de 5.475,00 m² (cinco mil quatrocentos e
setenta e cinco metros quadrados);
c) a imediata abertura da Rua 9, naquele bairro; (aplica a regra do art. 66 do Código de Posturas, com determinação de demolição das construções por parte da Prefeitura?)
V - DOS PEDIDOS.
Face ao exposto, requer a Vossa Excelência se digne a
determinar:
a – o recebimento, a autuação e distribuição da presente
ação, com os documentos extraídos do procedimento administrativo
RA-459;
b – a concessão initio litis da medida liminar na forma
pleiteada;
c - a citação dos Requeridos para, querendo,
contestarem a presente ação, que deverá seguir o rito ordinário, no
prazo legal e sob pena de revelia;
d) quanto ao mérito, requer seja julgada procedente a
presente ação com a finalidade de:
d.1)declarar a perda da eficácia e, em conseqüência, da
vigência da Lei nº 2.002/62, por descumprimento da cláusula de
doação;
d.2) seja declarada a nulidade do registro da Escritura
Pública de Doação, referente ao imóvel constituído de área de terras
com área de 5.475,00 m² (cinco mil quatrocentos e setenta e cinco
metros quadrados);
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d.3) condenar o Campinas Futebol Clube na obrigação
de fazer consubstanciada na desocupação da área da Praça B, e, de
conseqüência, seja o Município de Goiânia reintegrado na posse da
referida área;
d.4) seja o Município de Goiânia condenado na
obrigação de não fazer consubstanciada no dever de não permitir uso
diverso da destinação primitiva das áreas objeto da presente ação;
e) a procedência, in totum da medida liminar e dos
pedidos de mérito, com o julgamento definitivo de modo a satisfazer
todos os objetivos expostos na presente peça vestibular inicial, fixando-
se para isso prazo para o seu cumprimento, bem como cominação de
sanção pecuniária, para o caso de descumprimento do prazo
estipulado, nos termos do art. 11, da Lei nº 7.347/85;
f) a publicação de Edital para dar conhecimento a
terceiros interessados e à coletividade, considerando o caráter erga
omnes da Ação Civil Pública;
g) a produção de todas as provas em Direito admitidas,
requerendo desde já a realização de perícia, a juntada de outros
documentos, a oitivas de testemunhas, o depoimento pessoal dos
Requeridos e outras que se fizerem necessárias.
h) protesta, ainda, por possível, emenda ou retificação à
presente inicial, caso seja necessário.
Dá-se à causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).
Termos em que,
pede deferimento.
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Goiânia, 09 de março de 2006.
Maurício José NardiniPromotor de Justiça
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