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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO Procuradoria de Justiça Criminal Secretário Executivo Vice-Secretário Executivo Mágino Alves Barbosa Filho Júlio Cesar de Toledo Piza Setor de Jurisprudência Antonio Celso Pares Vita Antonio Ozório Leme de Barros ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ BOLETIM DE JURISPRUDÊNCIA ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ __ ano 1 - número 7 - 1° a 15 de agosto de 2008 [email protected] ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ALGUMAS PALAVRAS Setor de Jurisprudência O BOLETIM DE JURISPRUDÊNCIA, em seu número 7, apresenta, na seção DESTAQUES, o texto da Súmula Vinculante n° 11, do Supremo Tribunal Federal, aprovada pelo Plenário dessa Corte no dia 13 de agosto de 2008; essa Súmula busca disciplinar o emprego de algemas, restringindo-o a casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros. Além desse texto, são publicados na íntegra, em DESTAQUES, dois acórdãos do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e dois do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJESP). O primeiro do STJ alude à composição das Câmaras Extraordinárias do TJESP e à observância do princípio do juiz natural, ao passo que o segundo examina a aptidão do reconhecimento fotográfico para servir como prova no processo criminal Já o primeiro acórdão do TJESP trata do tema da eventual recepção, pela Lei nacional n° 11.343/06, da norma do art. 18, III, da Lei nacional n° 6.368/76, cuidando, ainda, da tese atinente à impossibilidade de cisão de normas penais, tema a ser enfrentado quando se põe em questão a aplicabilidade do redutor previsto pela regra do art. 33, § 4°, da Lei nacional n° 11.343/06 sobre penas fixadas com base na Lei de Tóxicos anterior; por seu turno, o segundo do TJESP aborda caso de possível infração de menor potencial ofensivo cuja respectiva ação penal foi proposta na Justiça Comum. O inteiro teor dos demais acórdãos aqui publicados acha-se disponível, na rede mundial de computadores (Internet), dentro das páginas do Supremo Tribunal Federal (www.stf.gov.br) e do Superior Tribunal de Justiça (www.stj.gov.br). Como de hábito, críticas e sugestões de todos serão bem-vindas e poderão ser encaminhadas ao Setor de Jurisprudência da Procuradoria de Justiça Criminal, por meio do seu endereço eletrônico ([email protected]). Bom proveito! 1

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ano 1 - número 7 - 1° a 15 de agosto de 2008 [email protected]____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

ALGUMAS PALAVRASSetor de Jurisprudência

O BOLETIM DE JURISPRUDÊNCIA, em seu número 7, apresenta, na seção DESTAQUES, o texto da Súmula Vinculante n° 11, do Supremo Tribunal Federal, aprovada pelo Plenário dessa Corte no dia 13 de agosto de 2008; essa Súmula busca disciplinar o emprego de algemas, restringindo-o a casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros.

Além desse texto, são publicados na íntegra, em DESTAQUES, dois acórdãos do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e dois do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJESP).

O primeiro do STJ alude à composição das Câmaras Extraordinárias do TJESP e à observância do princípio do juiz natural, ao passo que o segundo examina a aptidão do reconhecimento fotográfico para servir como prova no processo criminal

Já o primeiro acórdão do TJESP trata do tema da eventual recepção, pela Lei nacional n° 11.343/06, da norma do art. 18, III, da Lei nacional n° 6.368/76, cuidando, ainda, da tese atinente à impossibilidade de cisão de normas penais, tema a ser enfrentado quando se põe em questão a aplicabilidade do redutor previsto pela regra do art. 33, § 4°, da Lei nacional n° 11.343/06 sobre penas fixadas com base na Lei de Tóxicos anterior; por seu turno, o segundo do TJESP aborda caso de possível infração de menor potencial ofensivo cuja respectiva ação penal foi proposta na Justiça Comum.

O inteiro teor dos demais acórdãos aqui publicados acha-se disponível, na rede mundial de computadores (Internet), dentro das páginas do Supremo Tribunal Federal (www.stf.gov.br) e do Superior Tribunal de Justiça (www.stj.gov.br).

Como de hábito, críticas e sugestões de todos serão bem-vindas e poderão ser encaminhadas ao Setor de Jurisprudência da Procuradoria de Justiça Criminal, por meio do seu endereço eletrônico ([email protected]).

Bom proveito!

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DESTAQUES

SÚMULA VINCULANTE N° 11 - STF

“Só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado”.

fonte: http://www.stf.gov.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=94467

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Habeas Corpus 98.796/SP — STJ

DJe: 02/06/2008

EMENTA HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. ROUBO TENTADO. CONDENAÇÃO EM PRIMEIRO GRAU. JULGAMENTO DE RECURSO DE APELAÇÃO INTERPOSTO PELA DEFESA. IMPROVIMENTO. ÓRGÃO COLEGIADO. COMPOSIÇÃO MAJORITÁRIA POR JUÍZES CONVOCADOS. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL. PRECEDENTES. EXCESSO DE PRAZO CONFIGURADO.

1. Embora não exista impedimento à convocação, autorizada por lei complementar estadual, de Juízes de primeiro grau para compor órgão julgador do Tribunal de Justiça, não pode o órgão revisor ser formado majoritariamente por Juízes convocados, sob pena de violação ao princípio do Juiz Natural.

2. É dos Desembargadores titulares a jurisdição sobre os recursos criminais de competência do Tribunal de Justiça Estadual. A Constituição Federal admite a composição de órgão revisor formado por Juízes de primeiro grau somente para o julgamento dos recursos que versarem sobre crimes de menor complexidade e infrações de menor potencial ofensivo, de competência da Turma Recursal dos Juizados Especiais.

3. Como o Paciente já cumpriu toda a pena corporal imposta pelo acórdão, preso cautelarmente, deve lhe ser concedido alvará de soltura, diante do evidente excesso de prazo na formação da culpa decorrente da anulação do julgamento do apelo defensivo que ora se consolida.

4. Precedentes do Superior Tribunal de Justiça.

5. Ordem concedida para anular o julgamento do recurso de apelação, determinando novo julgamento por Câmara composta majoritariamente por Desembargadores titulares, e determinar a expedição de alvará de soltura em favor do ora Paciente, se por outro motivo não estiver preso, para que possa aguardar o julgamento do recurso de apelação em liberdade.

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ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da QUINTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, conceder a ordem, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora. Os Srs. Ministros Arnaldo Esteves Lima, Napoleão Nunes Maia Filho e Felix Fischer votaram com a Sra. Ministra Relatora. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Jorge Mussi.

Brasília (DF), 08 de maio de 2008 (Data do Julgamento)

MINISTRA LAURITA VAZ Relatora

RELATÓRIO

A EXMA. SRA. MINISTRA LAURITA VAZ (Relator):

Trata-se de habeas corpus, sem pedido liminar, impetrado em favor de MARCOS PAULO VIEIRA PINTO, condenado à pena de 01 ano e 06 (seis) meses de reclusão, em regime inicial fechado, pela prática do delito tipificado no art. 157, caput, c.c. o art. 14, inciso II, ambos do Código Penal, contra acórdão proferido, em sede de apelação criminal, pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

Narra o Impetrante que o ora Paciente foi condenado, em primeira instância, à pena de 03 anos de reclusão, em regime fechado, pela prática de tentativa de roubo.

Inconformado, interpôs recurso de apelação visando a sua absolvição e, subsidiariamente, a aplicação da fração máxima prevista no art. 14, inciso II, do Código Penal, bem como a fixação de regime prisional mais brando.

A Colenda Décima Câmara B do Quinto Grupo da Seção Criminal do eg. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, em julgamento realizado em 21⁄09⁄2007, deu parcial provimento ao recurso para, aplicada a fração máxima prevista no art. 14, inciso II, do Código Penal, reduzir a pena para 01 (um) ano e 06 (seis) meses de reclusão, mantido o regime inicial fechado.

Alega, nas presentes razões, que o Paciente sofre constrangimento ilegal, em razão da violação dos princípios do juiz natural e da vedação aos tribunais de

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exceção. Sustenta que o órgão colegiado de segunda instância competente para apreciar o recurso não pode ser formado majoritariamente por juízes convocados.

Requer, assim, a concessão da ordem para que seja reconhecida "a nulidade absoluta do acórdão atacado e determinando novo julgamento do recurso de apelação por Câmara composta majoritariamente por desembargadores titulares, sendo relaxada a prisão processual do paciente por evidente excesso de prazo na formação de culpa" (fl. 14).

As judiciosas informações foram prestadas às fls. 43⁄54, com a juntada de peças processuais pertinentes à instrução do feito.

O Ministério Público Federal opinou pela DENEGAÇÃO da ordem, em parecer que guarda o seguinte sumário, ad litteratim:

"PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. ALEGAÇÃO DE NULIDADE DO JULGAMENTO POR OFENSA AO PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL. JUÍZES CONVOCADOS.

A convocação de juízes de 1ª grau para substituir desembargadores não viola o princípio do juiz natural.

A hipótese encontra fundamento de validade na Lei Complementar nº 35⁄79 - LOMAN, consoante disciplina o art. 93 da Constituição. Precedentes do Supremo Tribunal Federal.

Parecer pela denegação da ordem." (fl. 56)

É o relatório.

VOTO A EXMA. SRA. MINISTRA LAURITA VAZ (Relator):

A ordem merece concessão.

De fato, como afirma o parecer ministerial, esta Corte Superior e o Supremo Tribunal Federal tem decidido que não ofende o princípio do Juiz Natural a convocação, autorizada por lei complementar estadual, de Juízes de primeiro grau para compor órgão julgador do Tribunal de Justiça Estadual.

Nesse sentido, destaco o seguinte precedente do Pretório Excelso:

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"Habeas corpus. Princípio do juiz natural. Relator substituído por Juiz Convocado sem observância de nova distribuição. Precedentes da Corte. 1. O princípio do juiz natural não apenas veda a instituição de tribunais e juízos de exceção, como também impõe que as causas sejam processadas e julgadas pelo órgão jurisdicional previamente determinado a partir de critérios constitucionais de repartição taxativa de competência, excluída qualquer alternativa à discricionariedade. 2. A convocação de Juízes de 1º grau de jurisdição para substituir Desembargadores não malfere o princípio constitucional do juiz natural, autorizado no âmbito da Justiça Federal pela Lei nº 9.788⁄99. 3. O fato de o processo ter sido relatado por um Juiz Convocado para auxiliar o Tribunal no julgamento dos feitos e não pelo Desembargador Federal a quem originariamente distribuído tampouco afronta o princípio do juiz natural. 4. Nos órgãos colegiados, a distribuição dos feitos entre relatores constitui, em favor do jurisdicionado, imperativo de impessoalidade que, na hipótese vertente, foi alcançada com o primeiro sorteio. Demais disso, não se vislumbra, no ato de designação do Juiz Convocado, nenhum traço de discricionariedade capaz de comprometer a imparcialidade da decisão que veio a ser exarada pelo órgão colegiado competente. 5. Habeas corpus denegado." (HC 86.889⁄SP, 1ª Turma, Rel. Min. MENEZES DIREITO, DJU de 15⁄02⁄2008.)

Todavia, o presente habeas corpus trata de situação fática diversa, o que afasta a incidência do mencionado entendimento.

É sabida a atuação de três Desembargadores nos órgãos fracionados dos Tribunais de Justiça, encarregados de apreciarem o recurso de apelação.

No caso, a Décima Câmara B do Quinto Grupo da Seção Criminal, embora presidida por Desembargador, era composta somente por Juízes convocados. Assim, quando do julgamento do apelo defensivo, atuaram um Desembargador e dois Juízes de primeira instância, sendo que estes funcionaram como relator e revisor, examinando o processo, formando convencimento e prolatando os dois primeiros votos.

Ora, a despeito de não haver impedimento à convocação de Juízes de primeiro grau para atuarem na Tribunal de Justiça, a composição majoritária da Câmara por juízes convocados afronta o princípio do juiz natural.

Com efeito, nos termos dos artigos 93, inciso III, e 94, c.c. art. 98, inciso I, da Constituição Federal, a jurisdição para o julgamento de recursos de competência do Tribunal de Justiça pertence aos Desembargadores titulares. A própria Carta Magna restringe a competência de órgão revisor formado por Juízes de primeiro

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grau, ao julgamento recursos que versarem sobre crimes de menor complexidade e infrações de menor potencial ofensivo, no âmbito da Turma Recursal dos Juizados Especiais.

Confira-se:

"Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:

I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumariíssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau;"

Nesse sentido, já se pronunciou este Superior Tribunal de Justiça:

"PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. CÂMARA FORMADA MAJORITARIAMENTE POR JUÍZES DE PRIMEIRO GRAU CONVOCADOS. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL. OCORRÊNCIA. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. JULGAMENTO. FALTA DE INTIMAÇÃO PESSOAL DO DEFENSOR PÚBLICO. NULIDADE. OCORRÊNCIA.

ORDEM CONCEDIDA.

1. Nulos são os julgamentos de recursos proferidos por Câmara composta, majoritariamente, por juízes de primeiro grau, por violação ao princípio do juiz natural e aos artigos 93, III, 94 e 98, I, da CF.

2. É nulo o julgamento do recurso em sentido estrito em que não houve a intimação pessoal do defensor público.

3. Ordem concedida para anular o julgamento." (HC 72941⁄SP, 6ª Turma, Rel. Min. MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, DJ de 19⁄11⁄2007.)

"- PENAL. HABEAS CORPUS. TRIBUNAL DE JUSTIÇA. ÓRGÃO FRACIONÁRIO INSUFICIENTEMENTE COMPOSTO. NULIDADE. EMBARGOS INFRINGENTES.

APELAÇÃO.

- Nulos são os julgamentos de recursos proferidos por Turma composta, majoritariamente, por juízes de Primeiro Grau.

- Ordem concedida." (HC 9405⁄SP, 6ª Turma, Rel. Min. HAMILTON CARVALHIDO, Rel. p⁄ Acórdão Min. WILLIAM PATTERSON, DJ de 18⁄06⁄2001.)

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De outro lado, dessume-se dos autos que o Paciente está preso em flagrante desde 10 de setembro de 2006, tendo o Juízo de primeiro grau negado o apelo em liberdade "face a reincidência comprovada e maus antecedentes criminais dos quais o réu é portador" (fl. 20). Contudo, o Paciente já cumpriu toda a pena corporal imposta pelo acórdão (01 ano e 06 meses de reclusão, em regime inicial fechado) preso preventivamente, logo, deve lhe ser concedido alvará de soltura, diante do evidente excesso de prazo decorrente da anulação do julgamento do apelo defensivo.

Ante o exposto, CONCEDO a ordem para anular o julgamento do recurso de apelação, determinando novo julgamento por Câmara composta majoritariamente por Desembargadores titulares, e determinar a expedição de alvará de soltura em favor do ora Paciente, se por outro motivo não estiver preso, para que possa aguardar o julgamento do recurso de apelação em liberdade.

É o voto.MINISTRA LAURITA VAZ

Relatora

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Habeas Corpus n° 95.687/MG — STJ

DJe: 04/08/2008

EMENTA

PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ROUBO DUPLAMENTE CIRCUNSTANCIADO, FORMAÇÃO DE QUADRILHA E PORTE ILEGAL DE ARMA DE USO PERMITIDO. PRISÃO EM FLAGRANTE. REQUISITOS PARA O DEFERIMENTO DE LIBERDADE PROVISÓRIA. MATÉRIA NÃO EXAMINADA NA IMPETRAÇÃO ORIGINÁRIA. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. RECONHECIMENTO FOTOGRÁFICO. NULIDADE RELATIVA. PREJUÍZO NÃO CONFIGURADO. WRIT PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESTA PARTE, DENEGADO.

1.O preenchimento dos requisitos para obtenção da liberdade provisória não foi objeto de análise pelo acórdão impugnado, o que inviabiliza o exame da matéria por esta Corte, sob pena de indevida supressão de instância.

2.A inobservância ao art. 226 do CPP constitui nulidade relativa, sendo necessária, portanto, a efetiva demonstração de prejuízo, o que não aconteceu no caso sub judice.

3.O reconhecimento fotográfico, se acompanhado de outras provas, justifica o regular processamento da ação penal e pode servir de elemento de convicção do Juiz. Precedentes.

4.Habeas Corpus parcialmente conhecido e, nesta parte, denegado, em conformidade com o parecer ministerial.

ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da QUINTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, conhecer parcialmente do pedido e, nessa parte, denegar a ordem. Os Srs. Ministros Jorge Mussi, Felix Fischer, Laurita Vaz e Arnaldo Esteves Lima votaram com o Sr. Ministro Relator.

Sustentou oralmente: Dr. Ahmad Lakis Neto (p⁄ pacte).Brasília⁄DF, 24 de junho de 2008 (Data do Julgamento).

NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHOMINISTRO RELATOR

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RELATÓRIO

1.Cuida-se de Habeas Corpus impetrado em benefício de MARCELO ROBERTO SILVA DE ARAÚJO e ÉDER DE SOUZA em adversidade a acórdão proferido pelo egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais que denegou a ordem ali manejada, nos termos da seguinte ementa:

HABEAS CORPUS. ROUBO MAJORADO. PRISÃO CAUTELAR. RECONHECIMENTO FOTOGRÁFICO. INDÍCIO SUFICIENTE DE AUTORIA. ALEGAÇÃO DE FLAGRANTE NÃO CONFIGURADO. PERSEGUIÇÃO IMEDIATA, COM LOCALIZAÇÃO DE ARMAS E DE PARTE DA RES EM PODER DO PACIENTE. FLAGRANTE PRESUMIDO. ORDEM DENEGADA. O reconhecimento fotográfico constitui indício suficiente de autoria, autorizador da manutenção da medida extrema, quando comprovada a existência do crime. Dá-se a hipótese do flagrante presumido, prevista no art. 302, IV do CPP, quando, logo após o cometimento da infração penal e de posse de informações que levem ao autor do fato, este é localizado em poder de armas utilizadas na prática do delito e de parte da res furtiva. Ordem denegada. (fls. 147).

2.Infere-se dos autos que o paciente foi preso em flagrante delito e denunciado como incurso nas sanções dos arts. 157, § 2o. I e II e 288, ambos do CPB, e do art. 14 da Lei 10.826⁄2003 (roubo duplamente circunstanciado, formação de quadrilha e porte ilegal de arma de fogo de uso permitido).

3.No presente writ, o impetrante alega, em síntese, a ilegalidade do flagrante, diante da ausência do reconhecimento pessoal do autor do fato, que foi feito por fotografia, em desobediência à exigência legal. Aduz, ainda, que o paciente possui os requisitos necessários à concessão da liberdade provisória.

4.Indeferido o pedido de liminar (fls. 158) e prestadas as informações solicitadas (fls. 163), o MPF, em parecer subscrito pelo ilustre Subprocurador-Geral da República SAMIR HADDAD, manifestou-se pelo parcial conhecimento da ordem e, nesta parte, pela denegação (fls. 174⁄177).

5.É o que havia de relevante para relatar.

VOTO PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ROUBO DUPLAMENTE CIRCUNSTANCIADO, FORMAÇÃO DE QUADRILHA E PORTE ILEGAL DE ARMA DE USO PERMITIDO. PRISÃO EM FLAGRANTE. REQUISITOS PARA O DEFERIMENTO DE LIBERDADE

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PROVISÓRIA. MATÉRIA NÃO EXAMINADA NA IMPETRAÇÃO ORIGINÁRIA. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. RECONHECIMENTO FOTOGRÁFICO. NULIDADE RELATIVA. PREJUÍZO NÃO CONFIGURADO. WRIT PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESTA PARTE, DENEGADO.

1.O preenchimento dos requisitos para obtenção da liberdade provisória não foi objeto de análise pelo acórdão impugnado, o que inviabiliza o exame da matéria por esta Corte, sob pena de indevida supressão de instância.

2.A inobservância ao art. 226 do CPP constitui nulidade relativa, sendo necessária, portanto, a efetiva demonstração de prejuízo, o que não aconteceu no caso sub judice.

3.O reconhecimento fotográfico, se acompanhado de outras provas, justifica o regular processamento da ação penal e pode servir de elemento de convicção do Juiz. Precedentes.

4.Habeas Corpus parcialmente conhecido e, nesta parte, denegado, em conformidade com o parecer ministerial.

1.Insurge-se o impetrante-paciente contra a manutenção de sua custódia cautelar. Alega, ainda, a nulidade do flagrante por falta de observância ao disposto no art. 226 do CPP, uma vez que o reconhecimento do réu ocorreu através da sua fotografia.

2.Inicialmente, cumpre observar que, em que pese a irresignação do impetrante quanto ao preenchimento dos requisitos autorizadores da concessão de liberdade provisória, infere-se dos autos que tal pedido não foi submetido à apreciação da instância ordinária, o que inviabiliza o exame da matéria por esta Corte, sob pena de indevida supressão de instância. (HC 72.073⁄SP, Rel. Min. ARNALDO ESTEVES LIMA, DJU 21.05.2007; HC 69.007⁄SP, Rel. Min. FELIX FISCHER, DJU 14.05.2007).

3.Com relação à alegada nulidade, não assiste melhor sorte ao paciente.

4.Diante da Autoridade Policial, foi realizado o reconhecimento pessoal dos réus mediante a apresentação de suas fotografias, constantes de documentos pessoais e oficiais, momento em que os pacientes, prontamente, foram apontados pelas vítimas como os autores do crime. Posteriormente, em juízo, as fotografias dos réus novamente foram apresentadas às vítimas que, mais uma vez, o indicaram como os prováveis autores do crime.

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5.É cediço que o reconhecimento feito por fotografia não perde todo o seu valor probatório, podendo até, se reunido com outras provas, servir de elemento de convicção do Juiz. A esse respeito, aliás, o Pretório Excelso já se manifestou:

O reconhecimento fotográfico tem valor probante pleno quando acompanhado e reforçado por outros elementos de convicção. Assim, não pode o mesmo fundamentar, isoladamente, uma decisão condenatória. (JSTF 186⁄372).

6.E nesta Corte:

HABEAS CORPUS. ROUBO QUALIFICADO E EXTORSÃO QUALIFICADA. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. ILICITUDE DA PROVA. MINISTÉRIO PÚBLICO. PODERES DE INVESTIGAÇÃO. RECONHECIMENTO FOTOGRÁFICO. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE ELEMENTO INDICIÁRIO PARA JUSTIFICAR A DENÚNCIA.

(...).

2. O reconhecimento fotográfico pode ser usado como elemento de prova, quando corroborado por outros indícios de autoria, mormente se não é possível o reconhecimento pessoal do acusado, nos termos do art. 226 do Código de Processo Penal.

(...).

6. Recurso parcialmente provido para, revogar a prisão cautelar do Recorrente, se por outro motivo não estiver preso. (RHC 23.224⁄RJ, Rel. Min. LAURITA VAZ, DJU 09.06.2008).

•••••

CRIMINAL. RESP. ROUBO QUALIFICADO. ANULAÇÃO DA PRISÃO EM FLAGRANTE. DECISÃO QUE NÃO DESCARACTERIZA A PRESTABILIDADE DO ATO COMO PEÇA INFORMATIVA. RECONHECIMENTO FOTOGRÁFICO. CONDENAÇÃO AMPARADA EM OUTRAS PROVAS. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.

Eventuais defeitos porventura existentes no auto de prisão em flagrante não têm o condão de, por eles mesmos, contaminarem todo processo, ensejando a declaração de nulidade do ato, tão-somente, o relaxamento da custódia do réu. Anulada a prisão em flagrante, permanece íntegra a qualidade informativa do ato.

O reconhecimento fotográfico vem sendo admitido como meio de prova, desde que a condenação se faça acompanhar de outros elementos aptos a caracterizar a autoria do delito

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(...).

Recurso conhecido e desprovido. (REsp. 604.325⁄PR, Rel. Min. GILSON DIPP, DJU 21.06.2004).

7.Cumpre esclarecer que, nos termos do acórdão impugnado, este não foi o único fundamento que deu azo à ação penal. É bom lembrar que o réu foi preso na posse da quase totalidade da res furtiva. Assim, o Juiz, quando da prolação da sentença, poderá avaliar melhor a existência ou não de provas suficientes da autoria.

8.Além disso, eventual nulidade, se existente, seria relativa, sendo necessária, portanto, a efetiva demonstração de prejuízo, o que não aconteceu no caso sub judice. Este, aliás, é o entendimento deste Tribunal de Uniformização.

RECURSO EM HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSO PENAL. NULIDADES DO PROCESSO PENAL CONDENATÓRIO. INTIMAÇÃO DO DEFENSOR DA OITIVA DE TESTEMUNHA NO JUÍZO DEPRECADO. DESNECESSIDADE. NULIDADE DO AUTO DE RECONHECIMENTO. INOCORRÊNCIA.

(...).

Eventual inobservância de formalidade legal no auto de reconhecimento pessoal constitui nulidade relativa, que demanda a comprovação de prejuízo para ser declarada, o que o recorrente não logrou demonstrar. Ademais, a condenação do paciente embasou-se em outros elementos de convicção, como as provas testemunhais e periciais.

Exigindo as nulidades argüidas exame aprofundado de provas e comprovação de eventual prejuízo acarretado ao réu, deverão ser examinadas com mais profundidade no recurso de apelação interposto.

Recurso desprovido. (RHC 10.307⁄SP, Rel. Min. JOSÉ ARNALDO DA FONSECA, DJU 23.10.2000).

9.Por tais fundamentos, voto pelo conhecimento parcial da ordem e, nesta parte, pela denegação.

10.É como voto.

ΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩ

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Apelação n° 1149411.3/6 — TJESP

(publicado em 1° de agosto de 2008)

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Criminal n° 993.07.028133-2, da Comarca de Itapeva, em que é Apelante: Maria Helena dos Santos e Cláudio José Menon.Apelado: Ministério Público.

ACORDAM, em 9ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "POR MAIORIA, NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO, PARCIALMENTE VENCIDO O E. DESEMBARGADOR RENÉ NUNES, QUE DECLARA", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Desembargadores SOUZA NERY (Presidente com voto) E RENÉ NUNES.

São Paulo, 04 de junho de 2008.UBIRATAN DE ARRUDA

Relator

VOTO N° 14330

A r. sentença de fls. 236/252, da qual adoto o relatório, julgou procedente a Ação Penal, para condenar MARIA HELENA DOS SANTOS e CLÁUDIO JOSÉ MENON, por incursos no artigo 12, caput, c.c. o artigo 18, inciso III, ambos da Lei n° 6.368/76, cada um deles a 4 (quatro) anos de reclusão, em regime prisional inicialmente fechado, e ao pagamento de 66 (sessenta e seis) dias-multa, de valor unitário mínimo.

Transitou em julgado para o Ministério Público.

Apelaram MARIA HELENA DOS SANTOS e CLÁUDIO JOSÉ MENON, com pedido liminar da primeira no sentido de que lhe seja assegurado o direito de apelar em liberdade, dado estar presa por tempo superior àquele que lhe

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garantiria a progressão de regime. No mérito, ambos buscam a absolvição, mediante argumento comum de que as provas são insuficientes para incriminá-los. Subsidiariamente, Cláudio postula o afastamento da causa de aumento do artigo 18, inciso III, da Lei n° 6.368/76, porquanto "não recepcionada pela Lei n° 11.343/06". Reclama, ainda, a aplicação do redutor previsto no §4°, do artigo 33 do mesmo Diploma Legal, por julgar-se merecedor da benesse, disso decorrendo a substituição da carcerária por penas restritivas de direitos, quando não, da fixação do regime prisional aberto para a expiação do castigo.

Recurso processado e contrariado, a d. Procuradoria de Justiça manifestou-se pelo parcial provimento do apelo, excluindo-se a majorante relativa ao concurso de agentes, por não prevista na nova Lei de Entorpecentes.

É o relatório.

O pedido liminar formulado pela apelante, por descabido, não comporta acolhida. Presa em flagrância delitiva na posse de expressiva quantidade de drogas variadas, respondeu aos termos do processo encarcerada. Agora, condenada nos termos da denúncia a pena privativa de liberdade cujo cumprimento deverá iniciar-se no regime fechado, não se vislumbra qualquer alteração que possa amparar o seu pedido, ao contrário, reforçada está a certeza inicial da autoria delitiva trazida aos autos pela sobredita prisão em flagrante delito. Por fim, é de se notar que eventuais direitos que entenda ter, especialmente quanto a detração penal, devem ser reclamados por meio e sede próprios, pois, como se pode ver a fls. 293/294, foi expedida a guia de recolhimento provisória em nome da acusada e remetida ao Juízo da Execução.

No mais, a condenação era mesmo inevitável, porquanto, tal como concluiu a r. sentença monocrática, restou demonstrado pelas provas amealhadas nos autos que os apelantes, associados entre si, no dia, hora e local mencionados na denúncia, foram surpreendidos por policiais rodoviários, transportando, sem autorização e em desacordo com as vigentes disposições legais e regulamentares, 197g (cento e noventa e sete gramas) da substância entorpecente vulgarmente conhecida como "haxixe", fracionada em 2 (duas) porções, na forma de tabletes prensados; 29g (vinte e nove gramas), em porção única acomodada em plástico transparente da substância entorpecente vulgarmente conhecida como "cocaína" e outras duas porções da mesma droga, uma com massa igual a 200g (duzentos gramas) e outra com 280g (duzentos e oitenta gramas), todas elas em pó; e uma porção, pesando 497g (quatrocentos e noventa e sete gramas), também de "cocaína", esta sob a forma de "crack".

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Presos em flagrante delito em virtude de denúncia anônima que informava o trajeto da dupla de traficantes, os acusados, cada um a seu modo, buscaram livrar-se da responsabilidade pela conduta criminosa. Cláudio, malgrado tenha informado aos policiais que a droga pertencia a Maria, calou-se diante da Autoridade Policial, fls. 9, ao passo que esta última, já acompanhada por advogado da sua confiança, admitiu a propriedade da droga apreendida em seu poder, destinada ao uso próprio. As demais porções, disse desconhecer a origem ou propriedade, visto que estava de mudança para a cidade de Itapeva, para casa de pessoa que sequer conhecia, amiga de seu marido, preso na "Penitenciária de Lavínia", fls. 10.

Na etapa seguinte, o acusado Cláudio acabou por admitir que sabia que a acusada transportava droga em seu veículo, contratado que fora por pessoa que disse desconhecer, identificada pela alcunha "Fala Fina", para fazer um "frete", no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais), na cidade de Campinas, onde apanhou a co-ré e, sem presenciar o carregamento da sua caminhonete, iniciou a viagem a Itapeva, sendo informado no caminho de que havia drogas no veículo, fls. 71 e v°. Em interrogatório realizado na data da prisão, mas que veio aos autos após o interrogatório judicial, o acusado confirma que a droga pertencia à co-ré e que, "a mando de Alessandro (fala fina) e de Luciano", aceitou o encargo de fazer o transporte de ambos, assinalando que já havia transportado drogas em outras oportunidades para as mesmas pessoas, possivelmente presas em Pirajuí, sendo certo que "Luciano (ponte preta) faz parte do PCC", fls. 75. Interrogado novamente pelo Juízo de Primeiro Grau, confirmou "tudo o que disse para o Delegado, o qual consta do termo de interrogatório de fls. 75", não obstante tenha negado conhecer as pessoas de Luciano e Alessandra na primeira vez que foi ouvido em Juízo.

A acusada Maria Helena dos Santos, alheia ao fato de ter sido seriamente incriminada pelo comparsa, negou a acusação por ocasião do seu interrogatório judicial. Para tanto, alegou que seu marido "havia conseguido" uma casa para ela morar com sua filha na cidade de Itapeva, para onde rumavam de carona com o co-réu, seu desconhecido, "amigo de outro amigo de seu marido". Dormia com sua filha no colo quando a polícia abordou o veículo e nesse momento, contrariando a sua versão policial, disse ter visto o réu lançar sobre si a sacola de drogas, cujo conteúdo disse conhecer apenas na ação policial. Por último, em nova contradição à sua fala inicial, negou a apreensão de qualquer droga em seu poder, alegando, ainda, "que nunca usou drogas", malgrado admita que "já foi processada por uso de entorpecente", fls. 116/117.

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Os policiais Sandra Ramalho da Silva e Claussio de Souza, em depoimentos afinados entre si e com as demais provas dos autos, informaram que na data dos fatos receberam denúncia anônima informando que uma "F1000 cinza estaria trazendo grande quantidade de entorpecentes para venda em Itapeva" e que passaria pela base da polícia, motivando o posicionamento de ambos, em viaturas distintas, no "KM 263 da SP 258", local estratégico onde não havia "ponto de fuga". Não demorou a surgir na estrada o veículo delatado, oportunidade em que Claussio deu sinal de parada. Hesitante, o condutor parou cerca de vinte metros à frente e desembarcou portando uma sacola, com ares de que pretendia empreender fuga, logo desencorajado pela presença da segunda viatura. Nas buscas realizadas, foi apreendida em poder da acusada uma porção de "cocaína", sobre a qual nada esclareceu. No veículo se deu a apreensão das demais porções de "cocaína, haxixe e crack", ao que, os acusados passaram a incriminar-se mutuamente, cada qual dizendo pertencer a droga ao outro, fls. 158/159.

Em defesa dos acusados, compareceram em Juízo as testemunhas Alexandre Kolomenconkovas, Josias de Souza Gonçalves, Samuel dos Santos, fls. 160/162, arroladas pela defesa do acusado, e Maria do Carmo dos Santos Cavalari, fls. 174/175, arrolada pela ré, todas centradas na negativa de conhecimento de qualquer envolvimento dos réus com o tráfico ilícito de drogas, até porque, admitiram, não presenciaram os fatos narrados na denúncia.

Assim sendo, diante de tal contexto probatório, roborado, ainda, pelo resultado apontado no laudo de exame químico toxicológico, fls. 123/126, a conclusão não poderia ser outra, senão a de que os apelantes transportavam as drogas apreendidas, com o fim de comercializá-las ou, quando não, destiná-las, de qualquer forma, a consumo de terceiros, tal como concluiu a r. sentença de Primeiro Grau. A associação dos réus para a prática da mercancia ilícita de drogas restou igualmente clarificada pelas provas dos autos, sobretudo pelas discrepâncias verificadas nos depoimentos de ambos. O acusado, firme em delatar a ré, ora nega conhecimento da droga que transportava, ora admite fazer com certa freqüência "fretes" de tal natureza, revelando até mesmo o envolvimento de seus "patrões" com organização criminosa. Já a acusada, que na primeira fala admitiu a apreensão de 29g (vinte e nove gramas) de "cocaína" em seu poder, alegando ser para seu uso, mais tarde, ciente da incompatibilidade do volume de drogas com a sua escusa, retratou-se, negando a apreensão, assim como negou ser usuária. Além disso, não se pode olvidar, que a variedade e quantidade de entorpecentes apreendidos, forma como eram

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guardados e o horário em que eram transportados, por si sós, já são fortes indicativos de sua destinação, mostrando-se pueril a ignorância alegada pelos acusados.

Os policiais, vale destacar, não podem ser tidos por suspeitos ou impedidos de depor, só porque ostentam essa qualidade. O depoimento de um policial deve ter a mesma força probante que qualquer outro, pois, como bem disse o eminente Desembargador Xavier de Aquino, "seria incurial, um verdadeiro contra-senso, o Estado credenciar alguém como seu agente e, ao depois, quando este prestasse conta de suas diligências, fosse taxado de suspeito" (TACRIM — Apelação n.° 1.002.771/3, SP, 11.a Câmara). Outro não tem sido o entendimento predominante, como demonstrado pelo não menos eminente Desembargador Luiz Ambra: "A simples condição de policial, segundo a Suprema Corte (RTJ 68/64), não torna a testemunha impedida ou suspeita. Em RT 530/372, por outro lado, já se decidiu ser "inaceitável a preconceituosa alegação de que o depoimento policial deve ser sempre recebido com reservas, porque parcial. O policial não está impedido de depor e o valor do depoimento prestado não pode ser sumariamente desprezado. Como todo e qualquer testemunho, deve ser avaliado no contexto de um exame global do quadro probatório" (no mesmo sentido, RT 574/401, 588/513, 594/332, 594/392, 597/330, 609/394, 610/394, 614/275, 616/296, 634/276 e 654/278; JUTACrim. 83/454, 95/101 e 96/230)" (TACRIM — Apelação n° 818.779/4 — Sétima Câmara). Confira-se, ainda, a jurisprudência de Tribunais de outros Estados: "O depoimento de policiais que atuaram em diligência de busca e apreensão de entorpecentes, como de ordinário ocorre com o de qualquer outro cidadão, é valoração à luz do conjunto probatório. Por conseguinte, quando mostrar-se verossímil e congruente com as demais provas, deve ser reputado hábil a embasar juízo condenatório" (Apelação n° 4449/5 — Câmara Única do Tribunal de Justiça do Amapá — Relator Desembargador Raimundo Vales — j.29-08-95). "Os depoimentos dos policiais que investigaram e prenderam em flagrante o réu, por tráfico ilícito de entorpecentes, gozam em princípio da mesma credibilidade que, em geral, merecem as provas testemunhais. Apenas porque são policiais não estão impedidos de depor, nem tampouco possuem tais depoimentos menor valor, sobretudo se estão em harmonia com as demais provas dos autos" (Apelação n.° 20020110129029 — Primeira Turma Criminal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal — Relator Desembargador Edson Alfredo Smaniotto —j.04-04-2003).

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Na dosimetria penal, as básicas de ambos os réus, sem se atentar o d. julgador monocrático para a expressiva quantidade de drogas apreendidas, foram fixadas nos patamares mínimos, em seguida elevadas de terça parte pela causa especial de aumento prevista no inciso III, do art. 18, da Lei n° 6.368/76, o que resultou nas penas definitivas de 4 (quatro) anos de reclusão e 66 (sessenta e seis) dias-multa, de valor unitário mínimo.

Tenho por inaplicáveis os dispositivos da Lei n° 11.343, de 23 de agosto de 2006, isto porque a conduta descrita no artigo 18, inciso III, da Lei n° 6368/76, associação eventual, passou a ter tratamento mais rigoroso na novel lei.

O artigo 35, da Lei n° 11.343/06, passou a considerar crime a conduta de "Associarem-se duas ou mais pessoas para fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34, desta Lei:", ou seja, ao suprimir a "associação" como ajuste para cometer um delito determinado, como causa de aumento, mas, manter a cláusula "reiteradamente ou não", incluiu ai, como crime, qualquer associação, mesmo a eventual do artigo 18, inciso III, da lei revogada.

Assim sendo, a nova lei de tóxicos passou a dar tratamento mais severo a conduta de "associarem-se duas ou mais pessoas", considerada crime, incluída nessa expressão, a simples associação, antes causa de aumento. Portanto, não vejo como aplicar o artigo 2°, do Código Penal, pois a Lei 11.343/06, passou a considerar crime todas as formas de "associação", mesmo aquela tida por eventual, causa de aumento na lei anterior.

Da mesma sorte, não há falar-se na aplicação da minorante do §4° do artigo 33, da Lei n.° 11.343/06, vez que aludido artigo, impõe penas mais severas para a conduta de transportar, 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias multa, o que inviabiliza a aplicação para crimes praticados antes de sua vigência, acrescido do fato de haver nos autos fartas referencias ao envolvimento da dupla com organização criminosa, reforçadas pelos vínculos dos acusados com presidiários.

No julgamento da Revisão Criminal n° 446.610-0, o Col. Terceiro Grupo de Câmaras, fundado no magnífico Voto do então Juiz Penteado Navarro, hoje E. Desembargador integrante desta Col. Nona Câmara, ao afastar a possibilidade de aplicação de lei nova, tida, aparentemente, por mais benéfica, assim elucidou a matéria:

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Não há falar, pois, em retroatividade da lei mais benéfica, branda ou benigna, também conhecida por lex mitior ou loi plus douce Pelo contrário, cuida-se de norma posterior ao fato e, ainda, desfavorável ao acusado ou novatio legis in peius.

Com o emprego dos recursos da hermenêutica, procura-se apreender bem o espírito dum dispositivo, mas, como adverte o clássico CARLOS MAXIMILIANO, "não se vá além das expressões da lei; porém, aplique-se na íntegra tudo o que nas mesmas se contém; nada de mais, nem de menos" (Hermenêutica e Aplicação do Direito, 12a ed., Forense, 1992, n°391, pág. 325).

Vem como luva para o caso a lição de outro ministro do colendo Supremo Tribunal Federal, o ilustrado NELSON HUNGRIA: "cumpre advertir que não podem ser entrosados os dispositivos mais favoráveis da lex nova com os da lei antiga, pois, de outro modo, estaria o juiz arvorado em legislador, formando uma terceira lei, dissonante, no seu hibridismo, de qualquer das leis em jogo. Trata-se de um princípio pacífico em doutrina: não pode haver aplicação combinada das duas leis ... As duas leis devem ser consideradas incindíveis em si mesmas e distintamente, em relação ao caso de quo agitur" (cf. Comentários ao Código Penal, 1a ed., Forense, 1949, vol. I, n° 11, pág. 96).

Perfilha da mesma opinião o não menos ilustrado ANÍBAL BRUNO DE OLIVEIRA FIRMO, afirmando: "Mas não é licito tomarem-se na decisão elementos de leis diversas. Não se pode fazer uma combinação de leis de modo a tomar de cada uma delas o que pareça mais benigno" (Direito Penai, 2a ed., Forense, 1959, vol. I, t l, cap. X, n° 3, pág. 256).

Desse entendimento não discrepa o insigne HELENO CLÁUDIO FRAGOSO, que diz: "Em nenhum caso será possível tomar de uma e outra lei as disposições que mais beneficiem o réu, aplicando ambas parcialmente. O CP de 1969 continha a respeito disposição expressa (art. 2o, § 2°)" (cf. Lições de Direito Penai, 7a ed., Forense, 1985, vol. t, n° 95, pág. 107).

Do mesmo sentir é o preclaro PAULO JOSÉ DA COSTA JÚNIOR: "O que não se poderia admitir, evidentemente, seria combinar elementos da lei ulterior com elementos da lei anterior, criando uma nova lei, que não seria nem a ab-rogada nem a nova". E também traz o ensinamento do penalista gaúcho ANTÔNIO JOSÉ FABRÍCIO LEIRIA (Teoria e Aplicação da Lei Penal, págs. 82 e segs.), que comunga da mesma opinião (cf. Comentários ao Código Penal, 1a ed., Saraiva, 1986, vol. I, pág. 6, texto e nota 15).

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Demais, o próprio Professor BASILEU GARCIA, que entende ser necessário temperar o critério "com um pouco de eqüidade", para evitar "conseqüências clamorosamente injustas", afirma: "Critério que tem sido preconizado é o de evitar-se combinar a lei antiga com a lei nova. Ou se aplica a lei antiga ou a nova. Misturá-las, para extrair um resultado mais favorável, equivaleria - tem-se ponderado - a criar uma terceira lei, com a qual o juiz se sobreporia à autoridade do legislador. Da simbiose dos textos adviria, com efeito, uma norma que tanto seria diferente da antiga como da atual". Esse critério, como orientação geral, é exato" (cf. Instituições de Direito Penal, 1a ed., Limonad, 1951, vol. I, t. I, n° 50, pàg. 148).

Igual diretriz é preconizada pelo colendo Supremo Tribunal Federal que, pela sua Primeira Turma, já deixou ementado: "Embora, quanto à pena, a nova lei seja mais benigna, a aplicação dela pioraria, em pontos outros, de direito material, a situação do réu (prescrição e sursis). Inadmissibilidade de serem combinadas regras da le[ antiga com as da nova, de modo a formar-se uma terceira". No corpo do acórdão deve ser destacado, ainda, o seguinte trecho: "para a aplicação da lei mais benigna, tão cheia de dificuldades, é inadmissível, segundo a maioria dos autores, a combinação das regras mais benignas de uma com as regras favoráveis de outra. Una combinazione dei due sisteme legisiativi è inamissibili diz Battaglini (Diritto Penale, p. 76)" (CJ 5.147/SP, rei. Min. LUIZ GALLOTTI, in RTJ, 52/567, grifei, especialmente pág. 568, 2a coi, inicio). Após, em caso idêntico, o plenário decidiu: "é inadmissível, segundo a maioria dos Mestres, a combinação das regras da lei antiga com as da nova, de modo a formar-se uma terceira" (CJ 5.195/SP, rei. Min. LUIZ GALLOTTI, in RTJ, 55/3, principalmente pág. 11, 1a coi, inicio). Tempo depois, o mesmo plenário, repetindo tal entendimento e, ainda, trazendo à colação o ensinamento de VINCENZO MANZINI (Trattato di Diritto Penale, ed. 1933, vol. I, pág. 332), concluiu: "De fato, é lícito ao juiz escolher, no confronto das leis, a mais favorável e aplicá-la em sua integridade, porém não lhe é permitido criar e aplicar uma terza legge diversa, de modo a favorecer o réu, pois, nessa hipótese, se transformaria em legislador" (Rec. Crim. 1.381/SP, rei. Min. CORDEIRO GUERRA, in RTJ, 94/501, em especial pág. 505, 1a coi). Em seguida, a colenda Segunda Turma reiterou o mesmo entendimento, aplicando "o principio da inadmissibilidade da combinação das regras mais benignas de dois sistemas legislativos diversos" (Rec. Crim. 1.412/RJ, rei. Min. MOREIRA ALVES, in RTJ, 96/547, particularmente pág. 561, 2ª col.). Em seqüência, a mesma colenda Segunda Turma, robustecendo ainda mais tal entendimento, voltou a citar MANZINI para, na esteira do seu ensinamento, não admitir a combinação

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da lei antiga com a nova, apanhando-se delas as partes mais benignas, para formar uma terceira (HC 68.416/RJ, rei. Min. PAULO BROSSARD, in RTJ, 142/564, em especial pág. 567, 2a col.).

No direito italiano, deve ser lembrada a lição do nunca assaz elogiado GIULIO BATTAGLINI que, trazendo à colação dois arestos da Cassação divulgados em citado repositório de jurisprudência, pontificou: "O que é inadmissível é a combinação de dois sistemas legislativos". E prossegue: "A lei mais favorável, aqui tratada, é sem dúvida a de direito substancial. Mas as instituições processuais, que com a lei de direito material estão estritamente correlatas, também influem para lhe conferir caráter de diverso rigor. É por isso que reputo necessário considerar também a exigência, ou não, da querela" (Direito Penal, trad. brasileira de Paulo José da Costa Júnior e Ada Pellegrini Grinover, 1a ed., Saraiva, 1964, n° 22, pág. 77, texto e nota 9). Cumpre observar, ainda, que a citação do festejado BATTAGLINI é adequada também ao direito brasileiro, com bem esclareceu o Min. SOARES MUNOZ no seu voto vista (in RTJ, 94/513, 2ª col.). Até porque a norma do art. 2o, parágrafo único, da nossa lei penal seguiu a redação do chamado Código Rocco."

A aplicação de uma pequena parte, relativa a aspectos subjetivos do réu, desprezando-se todo o resto que é flagrantemente prejudicial, é criar uma terceira lei, o que é vedado, como visto acima.

As disposições contidas no §4°, desse artigo 33, da nova lei, realmente trazem conteúdo benéfico, ao dispor que "as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique à atividades criminosas nem integre organização criminosa". Contudo, o apelante foi condenado com fundamento no artigo 12 caput, da Lei 6368/76, às penas de 3(três) anos de reclusão e pagamento de 50 (cinqüenta) dias multa, a inviabilizar a aplicação do citado parágrafo quarto da nova lei, pois, ao reduzir de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços), a pena aplicada, haveria nessa operação a utilização de disposições das lei vigente ao tempo do crime e da nova lei, o que significaria criar uma terza legge diversa, o que como visto, é inviável. Das penas cominadas na nova lei, para a redução, também, não se poderia cogitar, por obvio.

Não demasiado acrescentar a judiciosa e oportuna recente manifestação do D. Procurador de Justiça, Doutor JOSÉ ROBERTO D. TUCUNDUVA: pena foi calcada no limiar e rebaixada por conta de mistura de leis conflitantes no tempo,

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com emprego de norma contida na posteriormente editada Lei 11.343/06, a fim de favorecer a ré, quando sabido, com a Suprema Corte, que não se recomenda a mistura de dispositivos variados de leis conflitantes no tempo, da anacrônica mas vigente ao tempo do fato e da adventícia, para beneficiar o acusado, assim editando o Juiz terceira, distinta e nova lei, aproveitando retalhos da vetusta e da novel lei, obrando como se fosse Poder Legislativo (RTJ, 142/564)".

Para arrematar, o Código Penal brasileiro adota o Princípio tempus regit actum, segundo o qual "a lei rege, em geral, os fatos praticados durante a sua vigência" (Júlio Fabbrini Mirabete, Manual de Direito Penal, vol.1, 8a ed., pág. 58). No caso dos autos, os fatos ocorreram no mês de agosto de 2006, quando ainda estava em vigor a Lei 6.368/76, mais benéfica, como demonstrado acima.

Não colhe, ainda, a pretensão defensiva do acusado de ter sua pena privativa de liberdade substituída por restritivas de direitos, pois, mesmo antes da expressa proibição inserida pelo §4°, a Lei n.° 11.343/06, em se tratando de crime hediondo por equiparação, já não se admitia tal substituição: "1. O preceito ínsito no artigo 44 do Código Penal, com a redação dada pela Lei n° 9.714/98, é regra geral, não podendo ser aplicado à Lei n° 6.368/76, visto tratar-se de lei especial. 2. A pena privativa de liberdade por crime previsto na lei de tóxicos, equiparável a crime hediondo, tem que ser cumprida integralmente no regime fechado em face da Lei n° 8.072/90, impossibilitando assim a sua conversão em pena restritiva de direitos. 3. Habeas-corpus indeferido" (Habeas Corpus n° 79567 — Segunda Turma Supremo Tribunal Federal — Relator Ministro Maurício Corrêa — j . 14-12-1999). "Não se conhece do recurso pela alegada ofensa à lei federal, se o recorrente não indica qual o dispositivo de lei que teria sido violado. As condenações por tráfico ilícito de entorpecentes, delito elencado como hediondo pela Lei n° 8.072/90, devem ser cumpridas em regime integralmente fechado, vedada a progressão. A substituição de pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, trazida ao Código Penal pela Lei n° 9.714/98, é incompatível e inaplicável ao crime de tráfico de entorpecentes, tendo em vista a vedação imposta pela Lei n° 8.072/90. Recurso conhecido pela alínea "c", e desprovido" (Recurso Especial n° 470882 — Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça — Relator Ministro Gilson Dipp — j . 08-04-2003). "1. A Lei 9.714/98, que deu nova redação aos artigos 44 e seguintes do Código Penal, elenca condições objetivas e subjetivas, cuja falta impede a substituição da pena reclusiva pela restritiva de direitos. 2. A Lei dos Crimes Hediondos, porque faz incompatíveis os delitos de que cuida com as penas restritivas de direitos, exclui a incidência da Lei n° 9.714/98,

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modificativa da parte geral do Código Penal, por força do artigo 12 do próprio diploma penal material brasileiro ("As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso."). 3. A personalidade e a conduta do agente são motivos bastantes a desautorizar a substituição da pena reclusiva por restritiva de direitos, quando indicam a sua insuficiência. 4. A extensão dos julgados, somente a autoriza a lei, quando as razões são objetivas (Código de Processo Penal, artigo 580). 5. Ordem denegada" (Habeas Corpus n.° 22312 — Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça — Relator Ministro Hamilton Carvalhido — j . 27-05-2003). "Entorpecentes - Tráfico - Regime prisional - Progressão - Inadmissibilidade - Impossibilidade de aplicação da Lei n.° 9.455/97 em crimes de entorpecente - Tráfico ilícito de entorpecente caracterizado como crime hediondo - Pena a ser cumprida, necessária e integralmente em regime fechado - Constitucionalidade do artigo 2° , § 1° da Lei n° 8.072/90 - Sentença confirmada - Recurso não provido" (Apelação n° 277.435-3 — Sexta Câmara Criminal do Tribunal de Justiça — Relator Desembargador Debatin Cardoso — j . 23-09-1999). "Tráfico - Pretendida substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos (Lei n.° 9.714/98) - Inadmissibilidade - Condenação por crime hediondo - Tratamento mais rigoroso imposto por lei especial, que conflita com a pretendida substituição - Regime integralmente fechado mantido - Constitucionalidade já assentada - Apelo improvido" (Apelação n.° 277.177-3 — Quarta Câmara Criminal — Relator Desembargador Passos de Freitas — j . 21-09-1999).

O mesmo se diga do regime prisional aberto postulado para o início da execução da pena, em tudo incompatível com as regras estabelecidas pela Lei n.° 11.464/07, que expressamente prevê o regime inicial fechado em casos tais.

Do exposto, por meu voto, nego provimento aos apelos, para manter, por seus jurídicos fundamentos, a r. sentença de Primeiro Grau.

UBIRATAN DE ARRUDARelator

DECLARAÇÃO DE VOTO VENCIDO N° 12.333

Respeitosamente, afasto a incidência do art. 18, III, da Lei n° 6.368/76.

Com efeito, a lei nova, de n° 11.343/2006, já em pleno vigor, não contemplou a figura da associação ocasional para o tráfico de entorpecentes.

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Reporto-me a artigo da lavra da douta Procuradora de Justiça Eloísa de Souza Arruda e do douto Promotor de Justiça César Dario Mariano da Silva, publicado no site da Associação Paulista do Ministério Público, com a seguinte conclusão:

"Mas, se o recurso é exclusivo da defesa, não restará ao Tribunal outra solução que não seja afastar a figura do artigo 18, III, da Lei n° 6.368/76, mesmo no caso de julgar improcedente o apelo. Como a nova lei não mais contempla a figura da associação ocasional para o tráfico de drogas, essa deverá ser afastada da condenação com a conseqüente redução da pena."

É caso de se aplicar o art. 5°, XL, da Constituição Federal e o art. 2°, parágrafo único, do Código Penal.

Aliás, sobre esse tema, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça também já deixou assentado que:

PENAL. RECURSO ESPECIAL. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. MAJORANTE DO ART 18, III, DA LEI 6.368/76 NÃO PREVISTA NA LEI 11.343/06. RETROATIVIDADE DA LEI PENAL MAIS BENÉFICA. DOSIMETRIA DA PENA. QUANTIDADE E VARIEDADE DA DROGA. FUNDAMENTO IDÔNEO PARA A FIXAÇÃO DA PENA-BASE ACIMA DO MÍNIMO LEGAL RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

1. A causa de aumento da pena prevista no art. 18, III, da Lei 6.368/76 não foi reproduzida na Lei 11.343/06, o que constitui novatio legis in mellius, devendo ser mantido o afastamento da majoração em virtude da associação ao tráfico.

2. No crime de tráfico de drogas, a quantidade e a variedade do entorpecente devem ser consideradas na fixação da pena-base, amparada no art. 59 do Código Penal, uma vez que, atendendo à finalidade da Lei 6.368/76, que visa coibir o tráfico ilícito de entorpecentes, esses fundamentos apresentam-se válidos para individualizar a pena, dado o maior grau de censurabilidade da conduta. Precedentes.

3. Recurso parcialmente provido para redimensionar a pena imposta aos réus nos termos da fundamentação, mantidas as demais cominações do acórdão recorrido (REsp 419.431/AC, Rei. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, julgado em 18.10.2007, DJ 05.11.2007 p. 343).

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A LEI N° 11.343/2006 (NOVA LEI DE DROGAS), A PAR DE TER REVOGADO A LEI N° 6.368/76, NÃO PREVÊ, COMO CAUSA DE AUMENTO DE PENA, A ASSOCIAÇÃO EVENTUAL PARA O TRÁFICO. ASSIM, VERIFICADA A NOVATIO LEGIS IN MELLIUS, É DE SER AFASTADA A APLICAÇÃO, NA HIPÓTESE, DO ART. 18, INCISO III, DA LEI N° 6.368/76 (PRECEDENTES).

Para que o réu seja beneficiado com a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, é indispensável o preenchimento dos requisitos objetivos e subjetivos constantes do art. 44 do Código Penal, o que não ocorreu no caso (Precedentes).

Writ parcialmente conhecido e, nesta parte, parcialmente concedido.

Habeas corpus concedido de ofício para estender os efeitos desta decisão para os réus EDSON JESUS DOS SANTOS e RAFAEL DE OLIVEIRA FEIJO (HC 77.836/RJ, Rei. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 07.08.2007, DJ 15.10.2007p. 318).

Assim, pelo meu voto, na esteira do judicioso parecer ministerial, dava parcial provimento aos recursos interpostos por MARIA HELENA DOS SANTOS e CLÁUDIO JOSÉ MENON para, afastada a associação ocasional, restarem os réus condenados, cada qual, às penas de três anos de reclusão, além do pagamento de cinqüenta dias-multa, no piso, mantida, quanto ao mais, a douta sentença hostilizada.

René Nunes3° Desembargador

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Habeas Corpus n° 993.08.041465-3 — TJESP

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de "HABEAS CORPUS" n° 993.08.041465-3, da Comarca de PIRACAIA, em que é impetrante o Advogado Dr. Renato Swensson Neto, sendo paciente AMILTON JORGE SOARES LIMA:

ACORDAM, em Segunda Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, por votação unânime, denegar a ordem, oficiando-se à origem e enviando-se oportunamente cópia do Acórdão, de conformidade com o relatório e voto do Relator, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.

Participaram do julgamento os Desembargadores IVAN MARQUES e ALMEIDA SAMPAIO.

São Paulo, 28 de julho de 2008.

Antonio Luiz PIRES NETOPresidente e Relator

VOTO: 16.022

Trata-se de "habeas corpus" impetrado em favor de AMILTON JORGE SOARES LIMA, apontando como autoridade coatora a Dra. Juíza de Direito da Primeira Vara da Comarca de Piracaia e alegando que, nos autos da medida preparatória criminal de busca e apreensão requerida por "Brasil Pepsico Inc.", figurando como requerida a empresa “Piracaia Indústria e Comércio Ltda.", da qual o paciente é sócio, a autoridade impetrada homologou o laudo produzido pelo Instituto de Criminalística a pedido daquela requerente que, com base nesse laudo, ajuizou queixa-crime perante aquele Juízo imputando ao paciente a infração do art. 195, inciso III, da Lei 9.279/96.

Invocando o constrangimento ilegal daí decorrente, por incompetência absoluta do Juízo da Primeira Vara, uma vez que, no caso, a competência é deferida, também de forma absoluta, ao Juizado Especial Criminal por se tratar de infração penal de menor potencial ofensivo, tanto que a pena máxima cominada para o crime de concorrência desleal é de um ano de detenção, o

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objeto específico do "mandamus" é o reconhecimento da nulidade da medida preparatória criminal de busca e apreensão e da queixa-crime ajuizada, com o conseqüente reconhecimento da decadência do direito de queixa, na forma do art. 103 do Código Penal.

Indeferida a liminar pelo despacho de fl. 20, foram prestadas as informações devidas (fls. 24/25), seguindo-se pedido de reconsideração daquele indeferimento (fls. 26/30), pretensão, todavia, rejeitada (v. fl. 39). A ilustrada Procuradoria Geral de Justiça, representada pelo Dr. Irineu Penteado Neto, opinou pela denegação da ordem (fls. 35/38).

A fls. 41/48 as querelantes requereram sua intervenção neste feito “para apresentar alegações escritas e sustentá-las oralmente", na condição de assistentes, o que foi deferido por este relator, pelas razões anotadas no despacho de fl. 185.

É o relatório.

1. Notam-se aparentes desacertos processuais que merecem prévias considerações, antes do exame do mérito propriamente dito da impetração.

1.1 A medida preparatória foi ajuizada e processada perante a Primeira Vara da Comarca de Piracaia e o laudo então produzido foi homologado por despacho desse Juízo, seguindo-se o endereçamento da queixa-crime a essa Vara, com pedido de distribuição por prevenção acolhido pela Dra. Juíza de Direito que despachou na inicial da queixa. Apesar disso, todavia - e aqui sem explicação - a queixa foi recebida por despacho do Dr. Juiz de Direito da Segunda Vara da mesma Comarca, a quem os autos foram enviados com conclusão aberta em 14/05/2008.

1.2 Aqui se trata, efetivamente, de infração penal de menor potencial ofensivo, na forma definida pelo art. 61 da Lei 9.099/95, com a redação dada pela Lei 11.313/2006 (a pena máxima cominada para o crime imputado não é superior a dois anos). A queixa, todavia, foi singelamente recebida sem prévia decisão a respeito de possível proposta de transação penal. Olvidou-se, aí, que mesmo com o deslocamento do feito para o Juízo Comum a questão da transação penal não ficaria, em tese, afastada, pelo que teria havido indevida omissão do r. despacho que deu por instaurada a ação penal de iniciativa privada. No mínimo, teria cabimento a determinação de prévia manifestação da querelante a respeito desse tema, contra cuja omissão, todavia, a impetração não se insurgiu.

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2. Quanto ao tema específico desta impetração, está pacificado na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça que a competência do Juizado Especial Criminal é absoluta. Nesse Tribunal Superior tem-se decidido, a partir daí, que, por absoluta, a incompetência gera presunção de prejuízo, determinando como conseqüência inevitável a anulação do feito mal distribuído.

Na Suprema Corte, porém, tem-se decidido que, apesar da incompetência absoluta, o processamento do feito perante o Juízo Comum só pode ser anulado, por invocação de nulidade dessa natureza, se resultar demonstrada a ocorrência de prejuízo:

"O entendimento firmado nesta Corte é de que a argüição de nulidade, fundada na incompetência do Juizado Especial, reclama demonstração de prejuízo. A anulação do acórdão proferido no recurso respectivo pela Turma Recursal, afim de que o julgamento seja feito pelo Tribunal de Justiça, minimiza a relevância da alegação de incompetência do Juizado Especial (HC 81.510, Relator o Ministro Sepúlveda Pertence). Ordem parcialmente concedida" (HC 85.350-1/MG, Rei. Min. Eros Grau, 1ª Turma, j. 28/06/2005 - www.stf.gov.br).

Sempre com acrisolado respeito à jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, tudo indica que a orientação que vem do Excelso Pretório melhor se adequaria à norma do art. 563 do Código de Processo Penal, que consagra a regra “pas de nullité sans grief”. Por que se iria anular “ex radice” uma ação penal apenas para renovação do feito a partir de novo registro e novo procedimento (mais célere, mas, com maiores restrições ao direito de defesa), porém, indo e vindo para audiências na mesma sala do endereço anterior e sendo o processo recolocado sobre a mesma mesa de trabalho de magistrado da mesma comarca, com igual competência jurisdicional?

Aliás, no julgamento acima referido, o Ministro Sepúlveda Pertence, sustentando a tese vencedora (votou vencido o Ministro Marco Aurélio, que deferia a ordem integralmente para decretar a anulação do feito "ab initio"), salientara que, naquele caso e na comarca de origem, a pessoa física do juiz era uma só, tanto para decisões inseridas na competência do Juizado Especial Criminal, como para decisões da competência do Juízo Comum, indagando: "Será que mudando o papel timbrado que o juiz usou, se alteraria a sentença?"

E na pequena e aprazível Piracaia, há duas Varas Judiciais comuns, além do Juizado Especial Criminal. Não há Vara especializada do Juizado, pelo que os feitos referentes a infrações de menor potencial ofensivo correm perante o

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Juizado (com registro e procedimento próprios), mas, presididos e conduzidos por um dos Juizes em exercício nas Varas Judiciais. No caso específico destes autos, o Dr. Juiz de Direito da Segunda Vara de Piracaia é que oficia nos feitos distribuídos ao Juizado Especial Criminal da mesma comarca (o que, inclusive, agora foi confirmado junto àquele Juízo, por telefone a pedido deste relator).

Ora, não parece que resultaria algum prejuízo para o paciente em razão do andamento do feito em uma das Varas Judiciais ao invés do seu andamento na esfera do Juizado. Na verdade, a pretensão deduzida nesta impetração, sustentando a incompetência absoluta do Juízo Comum, a rigor, até poderia resultar em prejuízo processual para o paciente, na medida em que o deslocamento do feito para a esfera de competência do Juizado Especial Criminal poderia acarretar menor espaço para dilações probatórias e para o aparelhamento de forma mais ampla das teses de defesa. Isso é inequívoco, porque o procedimento traçado pela Lei 9.099/95 assenta-se, basicamente, na oralidade e na informalidade (art. 62), com o que, por certo, a defesa do paciente não se conformaria se, por ventura, entendesse necessária a produção de alguma prova extraordinária no curso do processo (diga-se em tese).

2.1. Ocorre, além disso, que a competência absoluta do Juizado Especial comporta exceções e uma delas foi invocada pelas querelantes desde o processamento da medida preparatória, tendo sido acolhida pelo Juízo Comum. Ou seja, a competência foi deslocada para a Justiça Comum na forma autorizada pelo art. 77, §§ 2.° e 3.°, da Lei 9.099/95, em razão da complexidade que envolve essa demanda de iniciativa privada.

E, de fato, sabe-se que ações penais dessa natureza, envolvendo os chamados crimes contra a propriedade industrial, geralmente têm seu andamento dificultado (para não se dizer tumultuado) pelo grande esforço desenvolvido pelas partes envolvidas, seja na busca da condenação, seja na procura da absolvição, se não por outros motivos, pelo menos por causa da repercussão que daí costuma resultar em prejuízo ou em favor do patrimônio das empresas envolvidas. Cita-se, por exemplo, como fonte de complexidade, a circunstância de a perícia produzida para comprovação do corpo de delito ser processada, nesses casos, sem observância do contraditório, o que remete necessariamente para o curso da ação penal a discussão mais forte e mais acentuada a respeito das conclusões periciais, algumas vezes orientadas por um certo subjetivismo.

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Também por esse motivo, o deslocamento da competência para a Justiça Comum, sempre na comarca de Piracaia, não gerou, "in casu"', nulidade alguma.

A respeito desse tema, o Colendo Superior Tribunal de Justiça tem decidido, sempre que demonstrada a possível necessidade de diligências de maior complexidade para apuração dos fatos e da autoria: "Nesse contexto, muito embora o crime de dano, por definição legal, esteja enquadrado como de menor potencial ofensivo, dada as circunstâncias, incompatíveis com os princípios que regem os Juizados Especiais, mormente o da celeridade e o da informalidade, deve o feito ser processado perante o Juízo de Direito Comum" (Conflito de Competência n° 56.786/DF - Rei. Min. Laurita Vaz, Terceira Seção, j. 27/09/2006, v.u. - www, stj.gov .br).

2.2. É certo que a impetração, de forma inteligente, ao argüir a incompetência do Juízo Comum, buscou, com a anulação do feito desde o deferimento da medida preparatória de busca e apreensão, o conseqüente reconhecimento da extinção da punibilidade pela decadência do direito de queixa, nos termos do art. 103 do Código Penal.

Mas, a medida preparatória de busca e apreensão não restaria nulificada pelo ulterior reconhecimento de possível incompetência da Justiça Comum que antes havia deferido o seu processamento. No mínimo, em homenagem ao princípio da economia processual, anota-se apenas para argumentar, a perícia assim produzida (posto tratar-se de prova técnica) ficaria preservada, para que as conclusões do respectivo laudo passassem sob o crivo do Juízo acaso competente. E a mera homologação desse laudo (que, diga-se de passagem, não

se trata de decisão no sentido técnico, tendo por finalidade maior, talvez, deixar marcado de forma indelével o encerramento desse procedimento preparatório, como marco "a quo" para o processamento da ação principal), também não seria, em princípio, alcançada pela anulação do feito principal (defeitos ou irregularidades do inquérito policial - ao que se assemelha a referida medida preparatória da ação penal de iniciativa privada - não se estendem à ação penal e não a contaminam, como é ressabido).

Não se pode perder de vista, ainda sob o ângulo da economia processual (restrita, lembre-se, ao processamento da medida preparatória), que aqui se cuida de imputação de crime de concorrência desleal. Ora, acaso anulada a produção daquela perícia, outra poderia ser produzida a partir de nova apreensão de novos produtos acaso reiteradamente produzidos com eventual violação do direito de outrem, para repetição de tudo quanto antes já havia sido feito;

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apenas, com definição de novas datas e novos marcos decadenciais. Acaso persistindo, ao longo do tempo, a produção de produto contrafeito, o titular da marca, aparentemente, diga-se em tese, poderia, no futuro, repetir o procedimento cautelar para ajuizamento de nova ação penal, com base em fatos iguais, mas, repetidos no tempo em datas diferentes.

Nesse sentido, da anulação nada mais resultaria se não a mera protelação do desfecho final que, por ora e por enquanto não se sabe se seria condenatório ou absolutório.

3. Não há, por conseguinte, nulidade a ser declarada na espécie destes autos, no pertinente ao processamento da queixa-crime perante a Justiça Comum.

A dúvida, aqui não esclarecida, a respeito da possível prevenção do Juízo da Primeira Vara da Comarca de Piracaia, por onde fora processado o pedido de busca e apreensão, deveria, eventualmente, ter sido dirimida em primeiro grau se fosse do interesse do paciente, mesmo porque a queixa foi recebida pelo Juízo da Segunda Vara da mesma comarca, com competência igual à do primeiro.

Com relação ao possível descumprimento do art. 76 da Lei 9.099/95, a questão está prejudicada porque a impetração não se insurgiu contra a falta de formulação de alguma proposta de transação penal, presumindo-se, principalmente em caso da natureza tratada nestes autos, que ao paciente não interessaria enveredar por esse rumo.

4. Pelo exposto e em suma, denega-se a ordem, oficiando-se à origem e enviando-se oportunamente cópia do Acórdão.

Antonio Luiz PIRES NETORELATOR

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SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

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PRIMEIRA TURMAComposição:

Ministro Marco Aurélio - PresidenteMinistro Carlos Britto

Ministro Ricardo LewandowskiMinistra Cármen Lúcia

Ministro Menezes Direito________________________________________________________________

HC 94425 / RS - RIO GRANDE DO SULHABEAS CORPUSRelator(a): Min. CÁRMEN LÚCIAJulgamento: 10/06/2008 Órgão Julgador: Primeira TurmaPublicação DJe-147 DIVULG 07-08-2008 PUBLIC 08-08-2008EMENT VOL-02327-02 PP-00309Parte(s) PACTE.(S): LUCIANO AZEVEDO VIEIRAIMPTE.(S): DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃOCOATOR(A/S)(ES): SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

EMENTA: HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. ELABORAÇÃO DE EXAME CRIMINOLÓGICO PARA FINS DE PROGRESSÃO: POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. ORDEM INDEFERIDA. 1. Conforme entendimento firmado neste Supremo Tribunal, não há ilegalidade na exigência e consideração do exame criminológico como elemento de avaliação dos requisitos subjetivos necessários para o eventual deferimento - ou não - da progressão de regime prisional. 2. Ordem indeferida.

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Decisão: Por maioria de votos, a Turma indeferiu o pedido de habeas corpus; vencido o Ministro Marco Aurélio, Presidente. Ausente, justificadamente, o Ministro Carlos Britto. 1ª Turma, 10.06.2008.

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SEGUNDA TURMAComposição:

Ministro Celso de Mello - PresidenteMinistra Ellen GracieMinistro Cezar Peluso

Ministro Joaquim BarbosaMinistro Eros Grau

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RE 498261 / SP - SÃO PAULORECURSO EXTRAORDINÁRIORelator(a): Min. ELLEN GRACIEJulgamento: 17/06/2008 Órgão Julgador: Segunda TurmaPublicação DJe-142 DIVULG 31-07-2008 PUBLIC 01-08-2008EMENT VOL-02326-07 PP-01318Parte(s) RECTE.(S): MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALRECDO.(A/S): OSCAR MELCHIOR FACIOADV.(A/S): GISELE ABINAGEM FACIO MATOS

Ementa DIREITO PROCESSUAL PENAL. FORMAÇÃO DA OPINIO DELICTI. ART. 129, I, CF. ATRIBUIÇÃO EXCLUSIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO. 1. Recurso extraordinário interposto contra acórdãos do Tribunal Regional Federal da 3ª Região que reconheceram a incompetência recursal daquela Corte, determinando a remessa dos autos à Turma Recursal do sistema dos juizados especiais federais. 2. Art. 129, I, da Constituição, atribui ao Ministério Público, com exclusividade, a função de promover a ação penal pública (incondicionada ou condicionada à representação ou requisição) e, para tanto, é necessária a formação da opinio delicti. 3. Ainda que haja indicação, por parte da autoridade policial, de dispositivos legais, apenas o órgão de atuação do Ministério Público detém a opinio delicti a partir da qual é possível, ou não, instrumentalizar a persecução criminal. 4. Possibilidade de os fatos sob investigação serem capitulados nos

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arts. 40 e 48, da Lei n° 9.605/98, a caracterizar a competência do juízo da vara federal especializada em matéria penal, e não a competência dos juizados especiais criminais. 5. Tal conclusão somente poderá ser alcançada após a formação da opinio delicti pelo Ministério Público, não podendo o órgão do Poder Judiciário federal assumir atribuição que não lhe pertence constitucionalmente. 6. Recurso extraordinário provido.

Decisão: A Turma, a unanimidade, deu provimento ao recurso extraordinário, nos termos do voto da Relatora. Ausentes, justificadamente, neste julgamento, os Senhores Ministros Joaquim Barbosa e Celso de Mello. Presidiu, este julgamento, a Senhora Ministra Ellen Gracie. 2ª Turma, 17.06.2008.

AI-AgR 490288 / RS - RIO GRANDE DO SULAG.REG.NO AGRAVO DE INSTRUMENTORelator(a): Min. CEZAR PELUSOJulgamento: 10/06/2008 Órgão Julgador: Segunda TurmaPublicação DJe-142 DIVULG 31-07-2008 PUBLIC 01-08-2008EMENT VOL-02326-07 PP-01304Parte(s) AGTE.(S): IVAN LUCIANO DA SILVA GALLADV.(A/S): DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃOAGDO.(A/S): MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

EMENTA: EXECUÇÃO PENAL. Pena privativa de liberdade. Remição. Dias vencidos. Perda. Falta grave. Licitude. Constitucionalidade do art. 127 da Lei nº. 7.210/84 - Lei de Execução Penal. Inaplicabilidade da limitação temporal prevista no art. 58. Seguimento negado a recurso extraordinário. Agravo regimental improvido. Precedentes. O art. 127 da Lei nº 7.210/84 - Lei de Execução Penal foi recebido pela ordem constitucional vigente e não se lhe aplica a limitação temporal prevista no art. 58.

Decisão A Turma, por votação unânime, negou provimento ao recurso de agravo, nos termos do voto do Relator. 2ª Turma, 10.06.2008.

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HC 92181 / MG - MINAS GERAISHABEAS CORPUSRelator(a): Min. JOAQUIM BARBOSAJulgamento: 03/06/2008 Órgão Julgador: Segunda TurmaPublicação DJe-142 DIVULG 31-07-2008 PUBLIC 01-08-2008EMENT VOL-02326-03 PP-00567Parte(s) PACTE.(S): CÉSAR ALBERTO CABRAL E CASTROIMPTE.(S): PEDRO AURÉLIO ROSA DE FARIAS E OUTRO(A/S)COATOR(A/S)(ES): SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

EMENTA: HABEAS CORPUS. EMENDATIO LIBELLI NO SEGUNDO GRAU DE JURISDIÇÃO. POSSIBILIDADE. MERA SUBSUNÇÃO DOS FATOS NARRADOS À NORMA DE INCIDÊNCIA. CRIME DE TORTURA. INCONSISTÊNCIA PROBATÓRIA. INOCORRÊNCIA. CONDENAÇÃO EM SEGUNDO GRAU DE JURISDIÇÃO. PREJUÍZO AO EXERCÍCIO DA AMPLA DEFESA. IMPROCEDÊNCIA. CONDENAÇÃO CONTRÁRIA AOS LAUDOS PERICIAIS OFICIAIS. JUSTIFICATIVA IDÔNEA. REGRA DO CONCURSO MATERIAL. APLICABILIDADE. DESÍGNIOS AUTÔNOMOS. PERDA DE PATENTE E DO POSTO. CONSEQÜÊNCIA DA CONDENAÇÃO. AUSENTE ILEGALIDADE. ORDEM DENEGADA. 1. Inexiste vedação à realização da emendatio libelli no segundo grau de jurisdição, pois se trata de simples redefinição jurídica dos fatos narrados na denúncia. Art. 383 do Código de Processo Penal. O réu se defende dos fatos, e não da definição jurídica a eles atribuída. Ademais, tratou-se, apenas, da incidência de circunstância agravante, que veio a ser requerida por ocasião das alegações finais do Ministério Público. 2. Embora vedado o revolvimento probatório na estreita via do habeas corpus, seria possível reconhecer, no bojo do writ, uma eventual nulidade decorrente condenação não lastreada em quaisquer provas dos autos. Não é, contudo, o caso dos autos, em que o julgamento está lastreado em prova testemunhal e documental, fartamente indicada no acórdão condenatório. 3. A condenação em segundo grau de jurisdição não pode servir de fundamento para a alegação de ofensa ao princípio da ampla defesa. Se, no primeiro grau, o paciente foi absolvido por falta de provas, é porque houve plena oportunidade para se defender, militando a sentença, inicialmente, a favor do seu status libertatis no julgamento pelo Tribunal ad quem. Ademais, trata-se de insurgência contra lei em tese, pois o ordenamento jurídico prevê a possibilidade de interposição de apelação pelo Ministério Público contra a sentença absolutória. 4. Os laudos

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periciais não foram acolhidos pelo Tribunal de Justiça por se apresentarem precários e lacônicos, sem análise substancial das lesões provocadas nas vítimas da tortura, uma das quais faleceu poucos dias depois dos fatos. Impropriedade do pedido de realização de nova instrução processual no segundo grau de jurisdição. Excepcionalidade da norma do art. 616 do Código de Processo Penal, não aplicável à hipótese. 5. Não houve erro na aplicação da regra do concurso material de crimes. Ainda que se entenda ter havido uma única conduta, está clara a existência de desígnios autônomos, razão pela qual incidiria a parte final do art. 70 do Código Penal. 6. O Tribunal de Justiça local tem competência para decretar, como conseqüência da condenação, a perda da patente e do posto de oficial da Polícia Militar, tal como previsto no art. 1º, §5º, da Lei de Tortura (Lei n° 9.455/97). Não se trata de hipótese de crime militar. 7. Ordem denegada.

Decisão: A Turma, por votação unânime, indeferiu o pedido de habeas corpus, nos termos do voto do Relator. Ausente, justificadamente, neste julgamento, o Senhor Ministro Eros Grau. 2ª Turma, 03.06.2008.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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CORTE ESPECIALComposição:

Humberto Gomes de Barros (Presidente) Nilson Naves

Cesar Asfor Rocha (Vice-Presidente e Corregedor Nacional de Justiça)Ari PargendlerJosé Delgado

Fernando Gonçalves Felix Fischer

Aldir Passarinho JuniorGilson Dipp (Coordenador-Geral da Justiça Federal)

Hamilton CarvalhidoEliana CalmonPaulo Gallotti

Francisco FalcãoNancy Andrighi

Laurita VazLuiz Fux

João Otávio de NoronhaTeori Albino Zavascki

Castro MeiraArnaldo Esteves Lima

Massami Uyeda________________________________________________________________

AgRg na Sd 148 / RJAGRAVO REGIMENTAL NA SINDICÂNCIA2008/0036173-4

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Relator(a)Ministro LUIZ FUX

Órgão JulgadorCE - CORTE ESPECIAL

Data do Julgamento16/04/2008

Data da Publicação/FonteDJ 04.08.2008 p. 1

Ementa AGRAVO REGIMENTAL NA SINDICÂNCIA. NOTÍCIA CRIME. REQUERIMENTO DE ARQUIVAMENTO MANIFESTADO POR SUBPROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA NO EXERCÍCIO DE FUNÇÃO DELEGADA PELO PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA. SUPOSTA PRÁTICA DOS DELITOS DE PREVARICAÇÃO, FALSIDADE IDEOLÓGICA EABUSO DE PODER. ALTERAÇÃO DE LAUDO PERICIAL COM O PROPÓSITO DE BENEFICIAR INSTITUIÇÃO BANCÁRIA. FATO ANTERIORMENTE NOTICIADO E APRECIADO POR ESTE SODALÍCIO. AUSÊNCIA DE FATOS NOVOS QUE INVIABILIZAM A REABERTURA DAS INVESTIGAÇÕES. ARQUIVAMENTO DEFERIDO.1. O Ministério Público Federal é dominus litis, por isto que assentando a inexistência de suporte probatório mínimo (ausência de justa causa) para o prosseguimento das investigações e da persecução penal, reconhecendo, também, que não há nos autos indícios da prática dos crimes apontados, e formalizando o pedido de arquivamento, ainda que, em tese, possa ser reaberta a coleta de novas provas (art. 18, do CPP), a proposição deve ser deferida. (Precedentes: NC 65 - PB, Relator Ministro FERNANDO GONÇALVES, DJ de 13 de novembro de 2000; AgRg na NC 86 - SP, Relator Ministro CESAR ASFOR ROCHA, DJ de 11 de junho de 2.001; NC 206 - CE, Relator Ministro MILTON LUIZ PEREIRA, DJ de 25 de março de 2.002; RP 213 - AM, Relator Ministro MILTON LUIZ PEREIRA, DJ de 20 de novembro de 2.002, NC 198 - PB, Relator Ministro JOSÉ DELGADO, DJ de 05 de março de 2.003; RP 215 - MT, Relator Ministro FRANCIULLI NETTO, DJ de 09 de dezembro de 2.003)2. Deveras, a jurisprudência do E. STF é uníssona no sentido de que o monopólio da ação penal pública, incondicionada ou condicionada, pertence ao Ministério Público. Trata-se de função institucional que lhe foi deferida, com exclusividade, pela Constituição Federal de 1988. É incontrastável o poder jurídico-processual do Chefe do Ministério Publico que requer, na condição de

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'dominus litis', o arquivamento judicial de qualquer inquérito ou peça de informação. Inexistindo, a critério do Procurador-Geral elementos que justifiquem o oferecimento de denuncia, não pode o Tribunal, ante a declarada ausência de formação da "opinio delicti', contrariar o pedido de arquivamento deduzido pelo Chefe do Ministério Público. Precedentes do Supremo Tribunal Federal (Inquérito n.º 510 - DF, publicado DJ de 19 de abril de 1.991).3. Notícia crime na qual o requerente traz à colação fatos anteriormente apreciados por este Sodalício, relativos à modificação de laudo pericial, onde menciona expediente realizado para beneficiar instituição bancária. Ausência de ineditismo, afastando-se a possibilidade de reabertura das investigações.4. Agravo regimental desprovido.

AcórdãoVistos, relatados e discutidos estes autos, os Ministros da CORTE ESPECIAL do Superior Tribunal de Justiça acordam, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros João Otávio de Noronha, Teori Albino Zavascki, Castro Meira, Arnaldo Esteves Lima, Massami Uyeda, Cesar Asfor Rocha, Ari Pargendler, José Delgado, Fernando Gonçalves, FelixFischer, Aldir Passarinho Junior, Hamilton Carvalhido, Eliana Calmon, Paulo Gallotti, Nancy Andrighi e Laurita Vaz votaram com o Sr. Ministro Relator.Ausentes, justificadamente, o Sr. Ministro Gilson Dipp e, ocasionalmente, os Srs. Ministros Nilson Naves e Francisco Falcão.

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QUINTA TURMAComposição:

Arnaldo Esteves Lima (presidente)Felix FischerLaurita Vaz

Napoleão Maia FilhoJorge Mussi

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HC 88337 / SPHABEAS CORPUS2007/0181512-7

Relator(a)Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO

Órgão JulgadorT5 - QUINTA TURMA

Data do Julgamento20/05/2008

Data da Publicação/FonteDJ 30.06.2008 p. 1

Ementa HABEAS CORPUS. ROUBO TRIPLAMENTE QUALIFICADO. PENA DE 6 ANOS, 7 MESES E 10 DIAS DE RECLUSÃO, EM REGIME INICIAL FECHADO. RESTRIÇÃO À LIBERDADE DA VÍTIMA E DE SEUS FAMILIARES, POR CERCA DE TRINTA MINUTOS. CARACTERIZAÇÃO DA QUALIFICADORA PREVISTA NO ART. 157, § 2°, V DO CPB. ORDEM DENEGADA.1. Resta incontroverso nos autos a restrição de liberdade imposta à vítima e seus familiares, que teria perdurado por cerca de trinta minutos, lapso de tempo considerado suficiente pelo Tribunal a quo para caracterizar a majorante prevista no art. 157, § 2°, V do CPB.2. A qualificadora prevista no art. 157, § 2°, V do CPB demanda, tão-somente, para sua incidência, a restrição da liberdade da vítima, que, uma

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vez caracterizada, autoriza a exasperação da reprimenda de um terço até a metade. Não é feita qualquer menção ao lapso temporal de tal restrição, bastando, para fins de subsunção ao tipo circunstanciado, a efetiva privação da liberdade, necessária à prática do delito de roubo, tal como configurada na espécie.3. Parecer do MPF pelo não conhecimento do writ.4. Ordem denegada.

AcórdãoVistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da QUINTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, denegar a ordem. Os Srs. Ministros Jorge Mussi, Felix Fischer, Laurita Vaz e Arnaldo Esteves Lima votaram com o Sr. Ministro Relator.

HC 99580 / SPHABEAS CORPUS2008/0020772-1

Relator(a)Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO

Órgão JulgadorT5 - QUINTA TURMA

Data do Julgamento20/05/2008

Data da Publicação/FonteDJ 30.06.2008 p. 1

Ementa HABEAS CORPUS LIBERATÓRIO. DECRETO PRESIDENCIAL 4.495/02. PACIENTE CONDENADO A 30 ANOS, 10 MESES E 8 DIAS DE RECLUSÃO. HOMICÍDIO QUALIFICADO, PRATICADO EM 1985. INCLUSÃO NO ROL DOS CRIMES HEDIONDOS. LEI 8.930/94. INDULTO. IMPOSSIBILIDADE. ORDEM DENEGADA.1. Inexiste divergência nesta Corte quanto à impossibilidade de indulto da pena imposta àqueles que cometeram delitos havidos por hediondos, ainda que praticados anteriormente à Lei 8.930/94, como se dá na espécie, na medida em que a natureza dos crimes suscetíveis do benefício é aferida à época da edição da norma instituidora do benefício.

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Setor de Jurisprudência Antonio Celso Pares Vita

Antonio Ozório Leme de Barros______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

BOLETIM DEJURISPRUDÊNCIA

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ano 1 - número 7 - 1° a 15 de agosto de 2008 [email protected]____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. Os decretos concessivos de indulto ou comutação de pena, na espécie do Decreto Presidencial 4.495/02, podem excluir do ato de clemência os condenados pelos crimes inscritos na Lei 8.072/90, mesmo que esses delitos tenham ocorrido anteriormente à edição da lei que os qualificou como hediondos, não importando tal exclusão em transgressão ao postulado inscrito no art. 5°, XL, da CF (a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu).3. Parecer do MPF pela denegação da ordem.4. Ordem denegada.

AcórdãoVistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da QUINTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, denegar a ordem. Os Srs. Ministros Jorge Mussi, Felix Fischer, Laurita Vaz e Arnaldo Esteves Lima votaram com o Sr. Ministro Relator.

HC 84054 / DFHABEAS CORPUS2007/0126174-1

Relator(a)Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO

Órgão JulgadorT5 - QUINTA TURMA

Data do Julgamento20/05/2008

Data da Publicação/FonteDJ 30.06.2008 p. 1

Ementa PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. RÉUS FORAGIDOS DENUNCIADOS POR LATROCÍNIO E DESTRUIÇÃO DE CADÁVER. CITAÇÃO POR EDITAL. DECURSO DO TEMPO (2 ANOS). PRODUÇÃO ANTECIPADA DA PROVA TESTEMUNHAL. POSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. ORDEM DENEGADA.1. Da exegese do art. 366 do CPP ressai a possibilidade de o julgador determinar as produção antecipada da prova, inclusive testemunhal, na hipótese de estar suspenso o processo em decorrência da revelia do acusado, devidamente demonstrada a urgência da medida, diante das peculiaridades do

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BOLETIM DEJURISPRUDÊNCIA

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ano 1 - número 7 - 1° a 15 de agosto de 2008 [email protected]____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

caso concreto.2. Na hipótese, está devidamente justificada a necessidade de produção antecipada da prova oral, tendo em vista que os fatos ocorreram há mais de 2 anos, durante evento festivo na cidade, sendo certo que o grande afluxo de pessoas e a dinâmica dos fatos pode, efetivamente, prejudicar a busca da verdade real, não havendo que se falar em constrangimento ilegal.3. Parecer do MPF pela denegação da ordem.4. Denega-se a ordem, julgando-se prejudicado o Agravo Regimental interposto contra a decisão que indeferiu o pedido liminar.

AcórdãoVistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da QUINTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, denegar a ordem. Os Srs. Ministros Jorge Mussi, Felix Fischer, Laurita Vaz e Arnaldo Esteves Lima votaram com o Sr. Ministro Relator.

RHC 20599 / BARECURSO ORDINARIO EM HABEAS CORPUS2006/0268697-1

Relator(a)Ministro FELIX FISCHER

Órgão JulgadorT5 - QUINTA TURMA

Data do Julgamento28/05/2008

Data da Publicação/FonteDJ 23.06.2008 p. 1

Ementa PENAL E EXECUÇÃO PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO. INIMPUTABILIDADE. MEDIDA DE SEGURANÇA. DESINTERNAÇÃO CONDICIONADA. ART. 97, § 3º, DO CÓDIGO PENAL. PRÁTICA DE ATOS INDICATIVOS DE PERSISTÊNCIA DA PERICULOSIDADE DO AGENTE. REINTERNAÇÃO. POSSIBILIDADE.I - A medida de segurança prevista no Estatuto Repressivo possui prazo indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada a cessação da periculosidade do agente. Nesse diapasão, via inversa, a desinternação ou

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BOLETIM DEJURISPRUDÊNCIA

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ano 1 - número 7 - 1° a 15 de agosto de 2008 [email protected]____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

liberação serão condicionadas à não ocorrência, no decurso de um ano, de prática de fato indicativo de persistência de periculosidade, nos termos do art. 97, § 3º, do Código Penal.II - Na hipótese, constata-se que o agente voltou a apresentar comportamentos anormais, indicativos da doença que lhe acomete, causando temor e insegurança a seus familiares e à comunidade local, o que constituiu motivo bastante para sua reinternação, face ao descumprimento das condições do salvo-conduto.Recurso desprovido.

AcórdãoVistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da QUINTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao recurso. Os Srs. Ministros Laurita Vaz, Arnaldo Esteves Lima, Napoleão Nunes Maia Filho e Jorge Mussi votaram com o Sr. Ministro Relator.

HC 96603 / SPHABEAS CORPUS2007/0296930-6

Relator(a)Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO

Órgão JulgadorT5 - QUINTA TURMA

Data do Julgamento28/05/2008

Data da Publicação/FonteDJ 23.06.2008 p. 1

Ementa HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. FALTA GRAVE. POSSE DE CHIP DE CELULAR EM PRESÍDIO. PERDA DOS DIAS REMIDOS. INTERRUPÇÃO DO PRAZO PARA BENEFÍCIOS. PRECEDENTES DO STJ. ORDEM DENEGADA.1. O art. 127 da Lei de Execução Penal preceitua que o condenado que for punido com falta grave perderá o direito ao tempo remido pelo trabalho, iniciando-se o novo cômputo a partir da data da infração disciplinar.2. Encontra-se pacificado o entendimento neste STJ e no Pretório Excelso de que o instituto da remição constitui, em verdade, um benefício concedido ao

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BOLETIM DEJURISPRUDÊNCIA

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ano 1 - número 7 - 1° a 15 de agosto de 2008 [email protected]____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

apenado que trabalha e a decisão acerca de sua concessão sujeita-se à cláusula rebus sic stantibus. Assim, ocorrendo o cometimento de falta grave, o condenado perde o direito ao tempo já remido.3. O cometimento de falta grave implica, ainda, o reinício da contagem do prazo para a concessão de benefícios prisionais, dentre os quais a progressão de regime prisional. Precedentes desta Corte.4. Ordem denegada, em conformidade com o parecer ministerial.

AcórdãoVistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da QUINTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, denegar a ordem. Aguardam os Srs. Ministros Jorge Mussi, Laurita Vaz e Arnaldo Esteves Lima.Ausente, ocasionalmente, o Sr. Ministro Felix Fischer.

HC 65303 / PRHABEAS CORPUS2006/0187379-9

Relator(a)Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA

Órgão JulgadorT5 - QUINTA TURMA

Data do Julgamento20/05/2008

Data da Publicação/FonteDJ 23.06.2008 p. 1

Ementa PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. INQUÉRITO POLICIAL. ACESSO. ADVOGADO. SIGILO DAS INVESTIGAÇÕES. ORDEM DENEGADA.1. Ao inquérito policial não se aplica o princípio do contraditório, porquanto é fase investigatória, preparatória da acusação, destinada a subsidiar a atuação do órgão ministerial na persecução penal.2. Deve-se conciliar os interesses da investigação com o direito de informação do investigado e, conseqüentemente, de seu advogado, de ter acesso aos autos, a fim de salvaguardar suas garantias constitucionais.3. Acolhendo a orientação jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal, o Superior Tribunal de Justiça decidiu ser possível o acesso de advogado

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BOLETIM DEJURISPRUDÊNCIA

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ano 1 - número 7 - 1° a 15 de agosto de 2008 [email protected]____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

constituído aos autos de inquérito policial em observância ao direito de informação do indiciado e ao Estatuto da Advocacia, ressalvando os documentos relativos a terceiras pessoas, os procedimentos investigatórios em curso e os que, por sua própria natureza, não dispensam o sigilo, sob pena de ineficácia da diligência investigatória.4. Habeas corpus denegado.

AcórdãoVistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da QUINTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, denegar a ordem. Os Srs. Ministros Napoleão Nunes Maia Filho, Jorge Mussi, Felix Fischer e Laurita Vaz votaram com o Sr. Ministro Relator.

HC 96908 / MSHABEAS CORPUS2007/0299986-3

Relator(a)Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO

Órgão JulgadorT5 – QUINTA TURMA

Data do Julgamento10/06/2008

Data da Publicação/FonteDJ 30.06.2008 p. 1

Ementa HABEAS CORPUS. ESTELIONATO (ART. 171, CAPUT DO CPB). PENA APLICADA DE 2 ANOS DE RECLUSÃO, EM REGIME SEMI-ABERTO, E MULTA. FIXAÇÃO DA PENA-BASE. MAUS ANTECEDENTES E PERSONALIDADE VOLTADA PARA O CRIME. CIRCUNSTÂNCIAS DESFAVORÁVEIS CONCRETAMENTE JUSTIFICADAS. BIS IN IDEM. NÃO OCORRÊNCIA. REINCIDÊNCIA. PREPONDERÂNCIA SOBRE A CONFISSÃO ESPONTÂNEA. ART. 67 DO CPB. PRECEDENTES DESTE STJ. ORDEM DENEGADA.1. Conforme registrado no aresto, o Magistrado singular fixou a pena-base um pouco acima do mínimo legal (1 ano e 6 meses), por força de circunstâncias desfavoráveis, a saber, a existência de antecedentes criminais e personalidade voltada para a prática de ilícitos. De fato, verifica-se que o agente possui três condenações anteriores, todas já transitadas em julgado,

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BOLETIM DEJURISPRUDÊNCIA

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ano 1 - número 7 - 1° a 15 de agosto de 2008 [email protected]____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

hábeis a concretizar a circunstância desfavorável, visto que a regra contida no art. 64, I do CPB2. Não se há falar em bis in idem, quando existente definitiva condenação anterior, suficiente para a caracterização da reincidência, distinta daquelas que serviram de supedâneo para assinalar os maus antecedentes do paciente.3. Mostra-se igualmente correto o entendimento da Corte Estadual, ao fazer preponderar a reincidência sobre a confissão espontânea, nos termos do art. 67 do CPB.4. Parecer do MPF pela denegação da ordem.5. Ordem denegada.

AcórdãoVistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da QUINTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, denegar a ordem. Os Srs. Ministros Jorge Mussi, Laurita Vaz e Arnaldo Esteves Lima votaram com o Sr. Ministro Relator.Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Felix Fischer.

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BOLETIM DEJURISPRUDÊNCIA

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ano 1 - número 7 - 1° a 15 de agosto de 2008 [email protected]____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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SEXTA TURMAComposição:

Hamilton CarvalhidoMaria Thereza de Assis Moura

Nilson Naves (presidente)Paulo GallottiPaulo Medina

Jane Silva (Desembargadora do TJ/MG, convocada)________________________________________________________________

ProcessoAgRg no REsp 948949 / RSAGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL2007/0100174-5

Relator(a)Ministro HAMILTON CARVALHIDO

Órgão JulgadorT6 - SEXTA TURMA

Data do Julgamento29/04/2008

Data da Publicação/FonteDJ 04.08.2008 p. 1

Ementa AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. DIREITO PENAL. FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO. DESNECESSIDADE DE EFETIVA PRODUÇÃO DE DANO.1. Ofício emanado da Câmara Municipal, em papel timbrado, supondo assinatura do seu Presidente e endereçado ao Presidente do Poder Judiciário Estadual, constitui documento público.2. O tipo penal de falsificação de documento público, previsto no artigo 297 do Código Penal, não exige, para a sua consumação, a efetiva produção de dano.

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ano 1 - número 7 - 1° a 15 de agosto de 2008 [email protected]____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3. Agravo regimental improvido.Acórdão

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEXTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Paulo Gallotti, Maria Thereza de Assis Moura e Jane Silva (Desembargadora convocada do TJ/MG) votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Nilson Naves. Presidiu o julgamento a Sra. Ministra Maria Thereza de Assis Moura.

HC 92175 / SPHABEAS CORPUS2007/0237605-7

Relator(a)Ministro HAMILTON CARVALHIDO

Órgão JulgadorT6 - SEXTA TURMA

Data do Julgamento08/04/2008

Data da Publicação/FonteDJ 04.08.2008 p. 1

Ementa HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. REGIME FECHADO. COMETIMENTO DE FALTA GRAVE. REINÍCIO DO PRAZO PARA PROGRESSÃO DE REGIME. ORDEM DENEGADA.1. Por força legal, o cometimento da falta grave pelo apenado tem como efeitos legais o ingresso ou reingresso em regime de pena mais grave e, ainda, o reinício da contagem do tempo de 1/6 da pena para a obtenção de progressão de regime prisional.2. Por óbvia e necessária conseqüência, sendo fechado o regime em que se acha o condenado, a causa de regressão há de produzir, apenasmente, o remanescente e necessário reinício da contagem do tempo de 1/6 da pena, por função da indispensável aferição do mérito do condenado. É o efeito interruptivo das causas de regressão de regime prisional de que tratam a jurisprudência e a doutrina.3. A essa causa interruptiva, porque cumprindo pena reclusiva sob o regime

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BOLETIM DEJURISPRUDÊNCIA

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ano 1 - número 7 - 1° a 15 de agosto de 2008 [email protected]____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

fechado, deve subordinar-se o paciente, que cometeu falta grave, causa legal de reversão.4. Ordem denegada.

AcórdãoVistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEXTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, prosseguindo no julgamento, após o voto-vista da Sra. Ministra Jane Silva acompanhando a Relatoria e o voto do Sr. Ministro Nilson Naves que acompanhava o voto divergente da Sra. Ministra Maria Thereza de Assis Moura, por maioria, denegar a ordem de habeas corpus, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.Vencidos a Sra. Ministra Maria Thereza de Assis Moura e Sr. Ministro Nilson Naves que a concediam. Os Srs. Ministros Paulo Gallotti e Jane Silva (Desembargadora convocada do TJ/MG) votaram com o Sr. Ministro Relator. Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Nilson Naves.

HC 95134 / RJHABEAS CORPUS2007/0277574-9

Relator(a)Ministro HAMILTON CARVALHIDO

Órgão JulgadorT6 - SEXTA TURMA

Data do Julgamento27/03/2008

Data da Publicação/FonteDJ 04.08.2008 p. 1

Ementa HABEAS CORPUS. PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO. ATIPICIDADE. ARMA DESMUNICIADA. IRRELEVÂNCIA.1. O desmuniciamento da arma não conduz à atipicidade da conduta, bastando, como basta, para a caracterização do delito, o porte de arma de fogo sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar.2. A objetividade jurídica, in casu, é a segurança, que se desdobra em níveis e comporta lesão.

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3. É que, nos tipos mistos alternativos, excluídos os casos de atipicidade absoluta, as ações que o integram não devem ser interpretadas isoladamente, não havendo como exigir-se o municiamento da arma de fogo, se o ilícito se caracteriza só com o porte de munição.4. Ordem denegada.

AcórdãoVistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEXTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por maioria, denegar a ordem de habeas corpus, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Vencidos a Sra. Ministra Maria Thereza de Assis Moura e o Sr. Ministro Nilson Naves. Os Srs. Ministros Paulo Gallotti e Jane Silva (Desembargadora convocada do TJ/MG) votaram com o Sr. Ministro Relator. Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Nilson Naves.

HC 96505 / SPHABEAS CORPUS2007/0295346-1

Relator(a)Ministro HAMILTON CARVALHIDO

Órgão JulgadorT6 - SEXTA TURMA

Data do Julgamento27/03/2008

Data da Publicação/FonteDJ 04.08.2008 p. 1

Ementa HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. ARTIGO 127 DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL. FALTA GRAVE. PERDA DOS DIAS REMIDOS. OCORRÊNCIA. ORDEM DENEGADA.1. "O condenado que for punido por falta grave perderá o direito ao tempo remido, começando o novo período a partir da data da infração disciplinar." (Lei de Execução Penal, artigo 127).2. Os peremptórios termos do artigo 127 da Lei de Execução Penal determinam a revogação integral dos dias remidos em função do cometimento de falta grave, até porque a remição da pena gera mera expectativa de direito, como já assentado na iterativa jurisprudência dos Tribunais

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Superiores, não havendo falar em limitação qualquer à perda do benefício legal.3. Inaplicável ao instituto da remição a limitação de 30 dias prevista no artigo 58 da Lei de Execução Penal, que se refere exclusivamente às sanções disciplinares do isolamento, suspensão e restrição de direitos.4. Ordem denegada.

AcórdãoVistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEXTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por maioria, denegar a ordem de habeas corpus, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Vencidos a Sra. Ministra Maria Thereza de Assis Moura e o Sr. Ministro Nilson Naves. Os Srs. Ministros Paulo Gallotti e Jane Silva (Desembargadora convocada do TJ/MG) votaram com o Sr. Ministro Relator. Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Nilson Naves.

HC 87856 / SPHABEAS CORPUS2007/0175866-6

Relator(a)Ministro HAMILTON CARVALHIDO

Órgão JulgadorT6 - SEXTA TURMA

Data do Julgamento21/02/2008

Data da Publicação/FonteDJ 04.08.2008 p. 1

Ementa HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. ARTIGO 127 DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL. FALTA GRAVE. PERDA DOS DIAS REMIDOS. OCORRÊNCIA. ORDEM DENEGADA.1. "O condenado que for punido por falta grave perderá o direito ao tempo remido, começando o novo período a partir da data da infração disciplinar." (Lei de Execução Penal, artigo 127).2. Os peremptórios termos do artigo 127 da Lei de Execução Penal determinam a revogação integral dos dias remidos em função do cometimento de falta grave, até porque a remição da pena gera mera expectativa de

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ano 1 - número 7 - 1° a 15 de agosto de 2008 [email protected]____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

direito, como já assentado na iterativa jurisprudência dos Tribunais Superiores, não havendo falar em limitação qualquer à perda do benefício legal.3. Ordem denegada.

AcórdãoVistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEXTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por maioria, denegar a ordem de habeas corpus, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Vencidos a Sra. Ministra Maria Thereza de Assis Moura e o Sr. Ministro Nilson Naves que a concediam. Os Srs. Ministros Paulo Gallotti e Jane Silva (Desembargadora convocada do TJ/MG) votaram com o Sr. Ministro Relator. Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Nilson Naves.

HC 88837 / SPHABEAS CORPUS2007/0190289-0

Relator(a)Ministro HAMILTON CARVALHIDO

Órgão JulgadorT6 - SEXTA TURMA

Data do Julgamento21/02/2008

Data da Publicação/FonteDJ 04.08.2008 p. 1

Ementa HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. ARTIGO 127 DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL. FALTA GRAVE. PERDA DOS DIAS REMIDOS. OCORRÊNCIA. ORDEM DENEGADA.1. "O condenado que for punido por falta grave perderá o direito ao tempo remido, começando o novo período a partir da data da infração disciplinar." (Lei de Execução Penal, artigo 127).2. Os peremptórios termos do artigo 127 da Lei de Execução Penal determinam a revogação integral dos dias remidos em função do cometimento de falta grave, até porque a remição da pena gera mera expectativa de direito, como já assentado na iterativa jurisprudência dos Tribunais Superiores, não havendo falar em limitação qualquer à perda do benefício

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ano 1 - número 7 - 1° a 15 de agosto de 2008 [email protected]____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

legal.3. Inaplicável ao instituto da remição a limitação de 30 dias prevista no artigo 58 da Lei de Execução Penal, que se refere exclusivamente às sanções disciplinares do isolamento, suspensão e restrição de direitos.4. Ordem denegada.

AcórdãoVistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEXTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por maioria, denegar a ordem de habeas corpus, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Vencidos a Sra. Ministra Maria Thereza de Assis Moura e o Sr. Ministro Nilson Naves que a concediam. Os Srs. Ministros Paulo Gallotti e Jane Silva (Desembargadora convocada do TJ/MG) votaram com o Sr. Ministro Relator. Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Nilson Naves.

HC 85944 / SPHABEAS CORPUS2007/0150746-7

Relator(a)Ministro HAMILTON CARVALHIDO

Órgão JulgadorT6 - SEXTA TURMA

Data do Julgamento04/12/2007

Data da Publicação/FonteDJ 04.08.2008 p. 1

Ementa HABEAS CORPUS. DIREITO PENAL. ROUBO. CAUSA DE AUMENTO DE PENA. NÃO-APREENSÃO DA ARMA DE FOGO. PRESCINDIBILIDADE. PROVA ORAL. ORDEM DENEGADA.1. É desinfluente para o reconhecimento da causa de aumento inserta no inciso I do parágrafo 2º do artigo 157 do Código Penal a não-apreensão da arma de fogo se a prova oral certifica o seu emprego no roubo.2. Admite a lei processual penal, ainda que se cuide de infração penal intranseunte, o exame de corpo de delito indireto e, havendo desaparecido os vestígios do crime, o suprimento da prova pericial pela prova testemunhal (Código de Processo Penal, artigos 158 e 167).

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Setor de Jurisprudência Antonio Celso Pares Vita

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BOLETIM DEJURISPRUDÊNCIA

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3. Presume-se juris tantum a aptidão ofensiva da arma, sendo da parte que a nega o ônus da prova (Código de Processo Penal, artigo 156).4. Ordem denegada.

AcórdãoVistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEXTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, prosseguindo no julgamento, após o voto-vista da Sra. Ministra Maria Thereza de Assis Moura, concedendo a ordem de habeas corpus, o voto do Sr. Ministro Nilson Naves, no mesmo sentido, e o voto do Sr. Ministro Carlos Fernando Mathias, acompanhando o Sr. Ministro Relator, por maioria, denegar a ordem de habeas corpus.Vencidos a Sra. Ministra Thereza de Assis Moura e o Sr. Ministro Nilson Naves. Os Srs. Ministros Paulo Gallotti e Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ª Região) votaram com o Sr. Ministro Relator. Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Nilson Naves.

HC 74484 / RJHABEAS CORPUS2007/0007753-6

Relator(a)Ministro HAMILTON CARVALHIDO

Órgão JulgadorT6 - SEXTA TURMA

Data do Julgamento06/09/2007

Data da Publicação/FonteDJ 04.08.2008 p. 1

Ementa HABEAS CORPUS. DIREITO PENAL. LIVRAMENTO CONDICIONAL. NOVO CRIME. PRISÃO DO CONDENADO. PERÍODO DE PROVA. INTERRUPÇÃO. REVOGAÇÃO DO BENEFÍCIO. LEGALIDADE.1. A interrupção do livramento condicional ou, em outros termos, do período de prova, em razão da prisão em flagrante do condenado pela prática de novo crime, que assim permaneceu durante todo o processo, em que tem lugar a nova condenação e também após o seu trânsito em julgado, exclui a incidência das normas dos artigos 145 da Lei de Execução Penal e 90 do

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BOLETIM DEJURISPRUDÊNCIA

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ano 1 - número 7 - 1° a 15 de agosto de 2008 [email protected]____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Código Penal que pressupõem, respectivamente, o exaurimento e o curso do período de prova e determina a incidência da norma do artigo 89 do Código Penal (O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não passar em julgado a sentença em processo a que responde o liberado, por crime cometido na vigência do livramento.).2. Em casos tais, não há falar em eficácia constitutiva do exaurimento do período de prova, precisamente porque restou interrompido.3. Ordem denegada.

AcórdãoVistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEXTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por maioria, denegar a ordem de habeas corpus, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Vencido o Sr. Ministro Paulo Gallotti. A Sra. Ministra Maria Thereza de Assis Moura e o Sr. Ministro Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ª Região) votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Nilson Naves. Presidiu o julgamento a Sra. Ministra Maria Thereza de Assis Moura.

HC 75741 / SPHABEAS CORPUS2007/0016864-6 Relator(a)Ministro HAMILTON CARVALHIDO Órgão JulgadorT6 - SEXTA TURMAData do Julgamento24/05/2007Data da Publicação/FonteDJ 04.08.2008 p. 1Ementa HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. REMIÇÃO. FALTA GRAVE. PERDA DO DIREITO AOS DIAS REMIDOS. LEGALIDADE.1. A decretação da perda dos dias remidos, legalmente prevista, pressupõe a declaração da remição.2. Os peremptórios termos do artigo 127 da Lei de Execução Penal arredam, na fase prisional do cumprimento da pena privativa de liberdade, a coisa

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julgada e mesmo a invocação de direito adquirido, assim dispondo: "O condenado que for punido por falta grave perderá o direito ao tempo remido, começando o novo período a partir da data da infração disciplinar."Significativa, a propósito, a Exposição de Motivos da Lei de Execução Penal (item 134): "Com a finalidade de se evitarem as distorções que poderiam comprometer a eficiência e o crédito deste novo mecanismo em nosso sistema, o projeto adota cautelas para a concessão e revogação do benefício, dependente da declaração judicial e audiência do Ministério Público. (...)"3. Precedentes do Supremo Tribunal Federal.4. Ordem denegada.AcórdãoVistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEXTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por maioria, denegar a ordem de habeas corpus, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Vencida a Sra. Ministra Maria Thereza de Assis Moura que a concedia. Os Srs. Ministros Paulo Gallotti e Nilson Naves votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Paulo Medina. Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Nilson Naves.

HC 26331 / RJHABEAS CORPUS2003/0000446-0

Relator(a)Ministro HAMILTON CARVALHIDO

Órgão JulgadorT6 - SEXTA TURMA

Data do Julgamento15/03/2007

Data da Publicação/FonteDJ 04.08.2008 p. 1

Ementa HABEAS CORPUS. DIREITO PENAL. ESTUPRO E ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR. CONDIÇÕES DE TEMPO, LUGAR E VÍTIMAS DIFERENTES. CONTINUIDADE DELITIVA. INOCORRÊNCIA. HABITUALIDADE NO CRIME. ORDEM DENEGADA.1. A unidade jurídica do crime continuado, que atende a imperativos de

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BOLETIM DEJURISPRUDÊNCIA

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ano 1 - número 7 - 1° a 15 de agosto de 2008 [email protected]____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

política criminal, em nada se identifica com a habitualidade no crime.2. Ordem denegada.

AcórdãoVistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEXTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, prosseguindo no julgamento, após o voto-vista do Sr. Ministro Paulo Gallotti e o voto do Sr. Ministro Paulo Medina, acompanhando o voto do Sr. Ministro Relator, por maioria, denegar a ordem de habeas corpus, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator, vencido o Sr. Ministro Nilson Naves, que a concedia em parte. Nãoparticipou do julgamento a Sra. Ministra Maria Thereza de Assis Moura por não fazer parte da Turma na assentada do relatório e voto.Os Srs. Ministros Paulo Gallotti e Paulo Medina votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Nilson Naves. Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Paulo Medina.

REsp 771014 / RSRECURSO ESPECIAL2005/0126755-3

Relator(a)Ministro NILSON NAVES

Relator(a) p/ AcórdãoMinistro HAMILTON CARVALHIDO

Órgão JulgadorT6 - SEXTA TURMA

Data do Julgamento17/08/2006

Data da Publicação/FonteDJ 04.08.2008 p. 1

Ementa RECURSO ESPECIAL. ROUBO. CAUSA DE AUMENTO DE EMPREGO DE ARMA. DIREITO PENAL E DIREITO PROCESSUAL PENAL. NÃO-APREENSÃO DESTA. IRRELEVÂNCIA. RECURSO PROVIDO.1. É desinfluente para o reconhecimento da causa de aumento inserta no inciso I do parágrafo 2º do artigo 157 do Código Penal a não-apreensão da

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BOLETIM DEJURISPRUDÊNCIA

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ano 1 - número 7 - 1° a 15 de agosto de 2008 [email protected]____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

arma de fogo se a prova oral certifica o seu emprego no roubo.2. Admite a lei processual penal, ainda que se cuide de infração penal intranseunte, o exame de corpo de delito indireto e, havendo desaparecido os vestígios do crime, o suprimento da prova pericial pela prova testemunhal (Código de Processo Penal, artigos 158 e 167).3. O regime legal das causas de aumento elencadas no parágrafo 2º do artigo 157 do Código Penal é o alternativo, bastando à sua função na individualização judicial da pena a caracterização de qualquer delas.4. Recurso conhecido e provido.

AcórdãoVistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEXTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, conhecer do recurso pela alínea "c" e, por maioria, dar-lhe provimento, nos termos do voto do Sr. Ministro Hamilton Carvalhido, que lavrará o acórdão. Vencidos os Srs. Ministros Relator e Maria Thereza de Assis Moura. Votaram com o Sr. Ministro Hamilton Carvalhido os Srs. Ministros Paulo Gallotti e Paulo Medina. Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Paulo Medina.

REsp 775334 / RSRECURSO ESPECIAL2005/0137850-6

Relator(a)Ministro NILSON NAVES

Relator(a) p/ AcórdãoMinistro HAMILTON CARVALHIDO

Órgão JulgadorT6 - SEXTA TURMA

Data do Julgamento04/05/2006

Data da Publicação/FonteDJ 04.08.2008 p. 1

Ementa RECURSO ESPECIAL. ROUBO COM A MAJORANTE DE EMPREGO DE ARMA. DIREITO PENAL E DIREITO PROCESSUAL PENAL. NÃO-APREENSÃO DESTA.

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BOLETIM DEJURISPRUDÊNCIA

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ano 1 - número 7 - 1° a 15 de agosto de 2008 [email protected]____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

IRRELEVÂNCIA. RECURSO PROVIDO.1. É desinfluente para o reconhecimento da causa de aumento inserta no inciso I do parágrafo 2º do artigo 157 do Código Penal a não-apreensão da arma de fogo se a prova oral certifica o seu emprego no roubo.2. Admite a lei processual penal, ainda que se cuide de infração penal intranseunte, o exame de corpo de delito indireto e, havendo desaparecido os vestígios do crime, o suprimento da prova pericial pela prova testemunhal (Código de Processo Penal, artigos 158 e 167).3. O regime legal das causas de aumento elencadas no parágrafo 2º do artigo 157 do Código Penal é o alternativo, bastando à sua função na individualização judicial da pena a caracterização de qualquer delas.4. Recurso conhecido e provido.

AcórdãoVistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEXTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, preliminarmente, por unanimidade, conhecer do recurso especial e, no mérito, por maioria, dar-lhe provimento, nos termos do voto do Sr. Ministro Hamilton Carvalhido, que lavrará o acórdão.Vencidos os Srs. Ministros Relator e Paulo Medina, que lhe negavam provimento. Votaram com o Sr. Ministro Hamilton Carvalhido os Srs. Ministros Paulo Gallotti e Hélio Quaglia Barbosa. Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Paulo Gallotti.

HC 25093 / GOHABEAS CORPUS2002/0140255-0

Relator(a)Ministro HAMILTON CARVALHIDO

Órgão JulgadorT6 - SEXTA TURMA

Data do Julgamento21/02/2006

Data da Publicação/FonteDJ 04.08.2008 p. 1

Ementa HABEAS CORPUS. ESTUPRO E ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR. DIREITO

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BOLETIM DEJURISPRUDÊNCIA

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PROCESSUAL PENAL. CRIME COMETIDO PELO CUNHADO DA VÍTIMA. REPRESENTAÇÃO. DESNECESSIDADE. ORDEM DENEGADA.1. É crime de ação pública incondicionada o praticado por cunhado que detém a guarda e a responsabilidade da menor, desde os 9 anos, idade a partir da qual submeteu-a sucessivas vezes, mediante grave ameaça, a conjunção carnal e outros atos libidinosos dela diversos.2. Ordem denegada.

AcórdãoVistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEXTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, após o voto do Sr. Ministro Relator não conhecendo da ordem de habeas corpus, no que foi acompanhado pelo Sr. Ministro Paulo Gallotti, e os votos divergentes dos Srs. Ministros Hélio Quaglia Barbosa e Nilson Naves, dela conhecendo, verificado o empate na votação, conhecer da ordem de habeas corpus. No mérito, por unanimidade, denegar a ordem de habeas corpus, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Paulo Gallotti, Hélio Quaglia Barbosa e Nilson Naves votaram com o Sr. Ministro Relator.Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Paulo Medina. Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Paulo Gallotti.

HC 37387 / RSHABEAS CORPUS2004/0109163-7

Relator(a)Ministro NILSON NAVES

Relator(a) p/ AcórdãoMinistro HAMILTON CARVALHIDO

Órgão JulgadorT6 - SEXTA TURMA

Data do Julgamento16/12/2004

Data da Publicação/FonteDJ 04.08.2008 p. 1

Ementa HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. UNIFICAÇÃO. REGRESSÃO DE REGIME.

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BOLETIM DEJURISPRUDÊNCIA

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ano 1 - número 7 - 1° a 15 de agosto de 2008 [email protected]____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

ILEGALIDADE. INOCORRÊNCIA. ORDEM DENEGADA.1. "Quando houver condenação por mais de um crime, no mesmo processo ou em processos distintos, a determinação do regime de cumprimento será feita pelo resultado da soma ou unificação das penas, observada, quando for o caso, a detração ou remição." (Lei de Execução Penal, artigo 111).2. Ordem denegada.

AcórdãoVistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEXTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por maioria, denegar a ordem de habeas corpus, nos termos do voto do Sr. Ministro Hamilton Carvalhido que lavrará acórdão. Vencido o Sr. Ministro Relator que a concedia. Votaram com o Sr. Ministro Hamilton Carvalhido os Srs. Ministros Paulo Gallotti e Hélio Quaglia Barbosa. Ausente, ocasionalmente, o Sr. Ministro Paulo Medina. Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Paulo Gallotti.

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