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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado – GAECO
Rua Argemiro Garcia Duarte, nº 818, Três Barras, Linhares/ES (CEP 29.907-260) – Tel.: (27) 3264-7676 - www.mpes.mp.br
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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA
COMARCA DE MUCURICI/ES
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO, por
seu Promotor com atribuição perante a Promotoria de Justiça de Mucurici, bem
assim pelos presentantes ministeriais com atribuição perante o GAECO NORTE
– Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Ato Normativo
nº 002, de 02 de maio de 2012, alterado pela Portaria PGJ nº 2.765, 22 de maio
de 2014 c/c Portaria PGJ nº 2.765, 22 de maio de 2014), no uso de suas
atribuições constitucionais e legais, com fulcro no art. 129, I, da Constituição
da República, no art. 24, do Código de Processo Penal e no art. 25, III, da Lei n.º
8.625/93 e nos elementos informativos consignados no Procedimento de
Investigação Criminal nº 014/2017, vem perante Vossa Excelência ajuizar a
presente AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA, por meio de DENÚNCIA,
em desfavor de:
11 -- RRIICCHHEELLMMII NNEEIILLTTZZEELL MMIILLKKEE, sócio administrador da empresa
RT EMPREENDIMENTOS E SERVIÇOS LTDA (CNPJ
08.801.159/0001-17), brasileiro, empresário, natural de
Colatina/ES, atualmente preso à disposição da Justiça;
22 -- EEDDSSOONN AANNTTÔÔNNIIOO AALLMMEEIIDDAA, sócio administrador da empresa
QUALITAR LIMPEZA E SOLUÇÕES AMBIENTAIS LTDA EPP (CNPJ
01.787.451/0001-83), brasileiro, empresário;
33 -- LLUUIIZZ OOTTÁÁVVIIOO AALLMMEEIIDDAA, sócio da empresa QUALITAR LIMPEZA
E SOLUÇÕES AMBIENTAIS LTDA EPP (CNPJ 01.787.451/0001-
83), brasileiro, empresário;
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44-- TTIIAAGGOO GGUUIIMMAARRÃÃEESS TTEEIIXXEEIIRRAA, CPF 119.575.437-01, autônomo,
brasileiro, representante das empresas RT EMPREENDIMENTOS E
SERVIÇOS LTDA e QUALITAR LIMPEZA E SOLUÇÕES
AMBIENTAIS LTDA EPP;
55-- CCLLAAUUDDIIEELLEE PPEERREEIIRRAA DDAA PPEENNHHAA, CPF 087.239.117-51,
Secretário Municipal de Infraestrutura e Transporte e Meio
Ambiente, motorista, brasileiro;
66-- CCAASSSSIIOO CCAANNUUTTOO DDEE MMEELLOO, CPF 121.135.777-55, Pregoeiro,
funcionário público municipal, brasileiro;
77-- JJAACCKKSSOONN JJOOSSÉÉ KKRREETTLLII, CPF 772.740.597-34, Procurador
Municipal, brasileiro;
88-- AALLEESSOONN BBAATTIISSTTAA DDEE SSOOUUZZAA, CPF 083.951.697-52,
Coordenador de Convênio e membro de comissão de licitação,
brasileiro;
99-- SSIILLMMAARR QQUUEEIIRROOZZ SSIILLVVAA, CPF 045.894.107-70, funcionário
público e membro da comissão de licitação, brasileiro;
1100-- RROONNAALLDDOO SSOOUUZZAA RREEIISS, CPF 089.353.107-35, funcionário
público e membro da comissão de licitação, brasileiro; e
1111-- EEMMÍÍDDIIOO FFEERRRREEIIRRAA DDEE SSOOUUZZAA, CPF 806.811.908-68, Técnico
Contábil, pelos fatos e fundamentos jurídicos abaixo descritos:
II -- DDAA OOPPEERRAAÇÇÃÃOO VVAARRRREEDDUURRAA..
Cabe enfatizar, por primeiro, que se encontra em curso no GAECO
investigação levada a efeito pelo Parquet e que teve por epicentro informações
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encaminhadas pela Promotoria de Justiça Cível de São Mateus, dando conta de
possível existência de uma Organização Criminosa que atuava no Município de
São Mateus/ES, com a finalidade de contratações emergenciais, especialmente
da empresa RT EMPREENDIMENTOS E SERVIÇOS LTDA, para prestação de
serviços de limpeza pública superfaturados, utilizando-se de receitas oriundas
de Royalties de Petróleo.
Para a investigação dos fatos, postulou-se perante o Juízo
Competente Medida Cautelar Sigilosa, a qual foi registrada sob nº 0000697-
85.2017.8.08.0047.
Ao longo das investigações restou constatado que o denunciado
RICHELMI NEITZEL MILKE participou de inúmeros Processos Licitatórios e
Contratações Diretas no Norte e Noroeste do Estado, de forma direcionada e
fraudulenta, para contratação de empresa especializada para prestação de
serviços relacionados à destinação final de resíduos, utilizando-se, para tanto,
de algumas empresas, dentre as quais: RT EMPREENDIMENTOS E SERVIÇOS
(CNPJ 08.801.159/0001-17), ALIANÇA SERVIÇOS E CONSTRUÇÕES LTDA
(CNPJ 13.075.750/0001-74) e QUALITAR LIMPEZA E SOLUÇÕES
AMBIENTAIS LTDA (CNPJ 01.787.451/0001-83).
IIII.. DDOO EENNCCOONNTTRROO FFOORRTTUUIITTOO OOBBJJEETTIIVVOO EE SSUUBBJJEETTIIVVOO..
No curso das investigações, como dito, constatou-se que o esquema
criminoso organizado e chefiado pelo denunciado RICHELMI NEITZEL MILKE
ultrapassava as fronteiras do município de São Mateus/ES, assim como
possuíam outros integrantes ligados à organização criminosa.
Desse modo, considerando o encontro fortuito das provas,
oriundas da medida cautelar sigilosa acima mencionada, as quais davam
conta de condutas criminosas praticadas em outros municípios com
envolvimento de outras pessoas foi deferido pelo Juízo competente o
compartilhamento de provas.
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IIIIII.. DDOO MMOODDUUSS OOPPEERRAANNDDII DDAA OORRGGAANNIIZZAAÇÇÃÃOO CCRRIIMMIINNOOSSAA..
As provas colhidas evidenciaram que a organização criminosa,
aproveitando-se da obrigatoriedade da Lei de Resíduos Sólidos para que os
Entes Políticos acabassem com os “Lixões” a céu aberto e, também, em razão da
letargia e incapacidade de organização destes em cumprirem os prazos
estipulados, apesar da atuação efetiva dos Órgãos de Fiscalização, passaram a
cooptar agentes públicos para fraudarem Processos Licitatórios, direcionando as
contratações para as empresas do grupo criminoso.
IIVV.. DDOO MMUUNNIICCÍÍPPIIOO DDEE PPOONNTTOO BBEELLOO..
Ponto Belo/ES é município muito pobre do extremo norte capixaba,
com 6.979 habitantes. Além disso, é o 54º município no ranking do Índice de
Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M), os dados são de 20101.
Nesse cenário de poucos recursos e de extrema necessidade da
população local, observa-se que, sem se importarem com as consequências de
suas condutas, os denunciados praticaram diversos crimes contra a
Administração Pública. Crimes estes que atingiram diretamente o bem-estar dos
habitantes do Município.
Abaixo, será individualizada a conduta de cada um dos denunciados,
demonstrando a gravidade e lesividade de suas condutas.
VV.. DDAASS PPRROOVVAASS CCOONNSSTTAANNTTEESS DDAA MMEEDDIIDDAA CCAAUUTTEELLAARR DDEEFFEERRIIDDAA
PPOORR EESSTTEE JJUUÍÍZZOO..
1 Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_munic%C3%ADpios_do_Esp%C3%ADrito_Santo_por_IDH-
M> Acesso em 04 de set de 2017.
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Em razão da decisão judicial lavrada nos autos do processo nº
0000714-63.2017.8.08.0034, foi deferido por este Juízo a busca e apreensão de
processos licitatórios envolvendo a organização criminosa. No cumprimento da
medida cautelar foi apreendido o Processo Licitatório nº 022/2017, que tinha
como licitante vencedor a empresa QUALITAR LIMPEZA E SOLUÇÕES
AMBIENTAIS LTDA.
VVII.. DDOO PPRROOCCEESSSSOO LLIICCIITTAATTÓÓRRIIOO NNºº 002222//22001177 –– PPOONNTTOO BBEELLOO//EESS..
Analisando detidamente a documentação apreendida, restou
demonstrado que no município de Ponto Belo/ES, a empresa QUALITAR
LIMPEZA E SOLUÇÕES AMBIENTAIS LTDA sagrou-se vencedora no
Processo Licitatório, na modalidade Pregão Presencial nº 022/2017, cujo o
objeto seria a contratação de empresa especializada para prestação de serviço
de armazenamento temporário, transporte rodoviário de carga e destinação final
de resíduos classe II, do Município de Ponto Belo – ES até a cidade de Aracruz –
ES, zona rural, no Aterro Sanitário Brasil Ambiental Tratamentos e Resíduos
Sólidos S/A, oriundos das coletas domiciliares efetivadas na zona urbana do
Município de Ponto Belo-ES, disponibilizando, no mínimo 2
coletores/depositários para acomodação dos resíduos recolhidos em coletas
domiciliares urbanas do município, cujo transporte para destinação final não
seria inferior a 1 coleta e transporte semanal até o referido aterro localizado em
Aracruz- ES, no exercício de 2017.
Apesar de aparentemente atender aos requisitos formais, constata-se
de forma irrefutável e cristalina que o Processo Licitatório foi “todo montado” e
direcionado para que a empresa QUALITAR LIMPEZA E SOLUÇÕES
AMBIENTAIS LTDA sagrasse vencedora do certame, conforme será detalhado a
seguir.
VVIIII.. DDOOSS FFOORRTTEESS IINNDDÍÍCCIIOOSS DDEE MMOONNTTAAGGEEMM DDOO PPRROOCCEESSSSOO
LLIICCIITTAATTÓÓRRIIOO NNºº 002222//22001177..
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Pela análise dos autos do processo administrativo, percebe-se
nitidamente e surpreendentemente que, em uma semana, foram adotadas
várias providências pela “eficiente” equipe da Prefeitura de Ponto Belo: 1 -
solicitação de abertura de processo licitatório, pelo Secretário Municipal de
Infraestrutura; 2 - despacho do Chefe do Poder Executivo Municipal; 3 -
informação de disponibilidade de dotação orçamentária, pelo Técnico Contábil;
4 - solicitação de autorização para o início da licitação, pelo Pregoeiro; 5 - novo
despacho do Chefe do Executivo autorizando o início do processo licitatório; 6 -
solicitação de Parecer Jurídico, já inclusa e confeccionada a minuta do edital de
licitação; 7 - Parecer Jurídico, pelo Procurador Municipal; 8 - Publicação no
Diário Oficial dos Poderes do Estado.
Ressalta-se que em todos os atos praticados no aludido processo
administrativo não constam nenhuma assinatura dos respectivos responsáveis,
salvo a ATA do Pregão e o Anexo I. Entretanto, a despeito disso, foi
publicado no Diário Oficial do Estado, no dia 23 de agosto de 2017, pelo
Pregoeiro CÁSSIO CANUTO DE MELO o resultado final, onde constou como
vencedora do certame a empresa QUALITAR.
Portanto, é indiscutível que jamais um servidor da administração
pública publicaria o resultado final, onde anteriormente constou até em ATA a
empresa vencedora senão tivesse aquiescência dos demais servidores
envolvidos. Prova disso é que a própria ATA faz remissão aos atos anteriores
praticados.
Assim, desde o início, o Processo Licitatório foi destinado e montado
para uma única finalidade, qual seja: contratação da empresa QUALITAR,
pertencente à organização criminosa.
Tanto é que a única empresa que compareceu ao “certame”,
“disputa” foi a empresa ligada à organização criminosa.
Ora, não há explicação para esses fatos. É humanamente impossível,
que a equipe da Prefeitura de Ponto Belo tenha conseguido, na mesma semana,
realizar todas essas providências, o que nos sugere, sem sombra de dúvida, a
ocorrência de fraude no Processo Licitatório em questão. Mesmo nas Prefeituras
de cidades maiores, mais estruturadas, tal proeza não ocorre, ficando, desta
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forma, inexplicável à experiência ordinária, a destreza e agilidade com que foi
conduzido o certame em questão. Desta forma, ululante restou demonstrada a
caracterização de fraude, com a fabricação de documentos para maquiar a
ilegalidade e o favorecimento existente na licitação em questão, de forma
“organizada” com a sequência de atos e datas, vejamos:
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DDOO QQUUAANNTTIITTAATTIIVVOO EESSTTIIMMAADDOO DDEE RREESSÍÍDDUUOOSS SSÓÓLLIIDDOOSS
RREECCOOLLHHIIDDOOSS
Conforme se constata do Processo Licitatório nº 022/2017, o
Município de Ponto Belo estimou que seriam recolhidos, mensalmente, 90
(noventa) toneladas de resíduos sólidos.
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Entretanto, quando do cumprimento da medida cautelar de busca e
apreensão da operação Varredura I, na empresa RT Empreendimentos, dentre
vários documentos apreendidos relacionados aos ilícitos praticados, foi
apreendida uma planilha onde consta exatamente o quantitativo de toneladas
de diversos municípios, dentre os quais Ponto Belo:
VVIIIIII.. DDOO CCRRIIMMEE DDEE FFRRAAUUDDEE ÀÀ LLIICCIITTAAÇÇÃÃOO..
Emerge do Procedimento Investigatório Criminal MPES
2017.0027.5154-19 que serve de base à presente que, os denunciados
RICHELMI NEILTZEL MILKE, EDSON ANTÔNIO ALMEIDA, LUIZ OTÁVIO
ALMEIDA, TIAGO GUIMARÃES TEIXEIRA, CLAUDIELE PEREIRA DA PENHA,
CASSIO CANUTO DE MELO, JACKSON JOSÉ KRETLI, ALESON BATISTA DE
SOUZA, SILMAR QUEIROZ SILVA, RONALDO SOUZA REIS e EMÍDIO
FERREIRA DE SOUZA com vontades livres e conscientes, previamente
ajustados, em uma completa divisão de tarefas, concorreram para fraudarem o
caráter competitivo do Processo de Licitação Nº 022/2017, deflagrado pela
Prefeitura Municipal de Ponto Belo/ES, mediante ajuste, com o intuito de
obterem vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação em favor da
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empresa QUALITAR, seus sócios e membros da organização criminosa,
conforme será demonstrado.
Do conteúdo probatório colacionado aos autos, constata-se que os
denunciados, em uma completa divisão de tarefas, concorreram para fraudar o
caráter competitivo do processo licitatório, para que a empresa pertencente à
organização criminosa sagrasse vencedora, em detrimento do caráter
competitivo.
A montagem do certamente está tão evidente que sequer deu tempo
de “montar” a cotação de preços, conforme demonstrado alhures.
Registre-se, ainda, que antes desse Processo Licitatório a empresa
ALIANÇA SERVIÇOS E CONSTRUÇÕES, pertencente à organização criminosa,
foi contratada emergencialmente (Processo 0000742-31.2017.8.08.0034).
IIXX.. DDAASS IINNVVEESSTTIIGGAAÇÇÕÕEESS RREEAALLIIZZAADDAASS NNAA OOPPEERRAAÇÇÃÃOO
VVAARRRREEDDUURRAA..
Durante as investigações restou categoricamente demonstrado,
através das provas colhidas, que o denunciado RICHELMI, apesar de não
figurar no quadro societário das empresas ALIANÇA SERVIÇOS E
CONSTRUÇÕES e QUALITAR LIMPEZA E SOLUÇÕES AMBIENTAIS, possui o
controle, ainda que de fato, das referidas empresas e completa ingerência em
ambas.
Tanto é assim que, no cumprimento dos mandados de busca e
apreensões da 1ª fase da Operação Varredura, foram encontrados documentos
pertencentes às empresas do grupo criminoso na sede de outra, ou seja, na
sede da empresa RT Empreendimentos foram encontrados documentos
pertencentes às empresas Aliança Serviços e Construções LTDA e Qualitar
Limpeza e Soluções Ambientais Ltda., enquanto nessas foram encontrados
documentos daquela (RT Empreendimentos):
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Não bastasse isso, o sócio da empresa Qualitar Limpeza e Soluções
Ambientais Ltda., o denunciado EDSON, empresa que se sagrou vencedora,
deixou claro no seu primeiro depoimento, ocorrido no dia 29 de agosto de
2017, que não tinha experiência alguma com a administração de sua empresa.
Ademais, acrescentou que o denunciado RICHELME o assessorava, conforme
consta no depoimento gravado na mídia que segue em anexo.
Todavia, ao ser ouvido novamente, no dia 06 de outubro de 2017, o
denunciado EDSON disse que só emprestou seu nome e que prestava apenas
serviços particulares de motorista para o denunciado RICHELME, ou seja, se
trata, na verdade, de um “laranja”. Completamente diferente do que havia dito
anteriormente.
XX.. DDOO CCRRIIMMEE DDEE OORRGGAANNIIZZAAÇÇÃÃOO CCRRIIMMIINNOOSSAA..
Restou evidenciado, ainda, que os denunciados RICHELMI
NEILTZEL MILKE, EDSON ANTÔNIO ALMEIDA, LUIZ OTÁVIO ALMEIDA e
THIAGO GUIMARÃES TEIXEIRA constituem e integram uma organização
criminosa com o objetivo de obterem, diretamente, vantagens indevidas,
mediante a prática de fraudes a procedimentos licitatórios em diversos
municípios do Estado do Espírito Santo, notadamente nas regiões Norte e
Noroeste do Estado, conforme evidenciado pela vasta documentação apreendida,
destacando-se, como exemplo, o mapa do Estado do Espírito Santo onde são
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marcados com um X os locais onde a organização criminosa possui contrato
com o Poder Público e os e-mails das pessoas que deverão ser mantidos os
contatos:
Restou patente que o denunciado RICHELME exercia o comando da
organização criminosa. Por já ter experiência no ramo, haja vista que a RT
Empreendimentos era a sociedade empresária que já estava há algum tempo no
mercado, se reuniu com os demais para atuarem no mesmo setor da região
norte do Estado.
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No cumprimento dos mandados de busca e apreensões da 1ª fase da
Operação Varredura realizada na empresa RT Empreendimentos foi encontrada
a importância de R$ 14.787,00 (quatorze mil, setecentos e oitenta e sete reais),
cuja destinação era para pagar a empresa QUALITAR. No pátio da empresa
QUALITAR foi constatado que existia um caminhão da empresa RT
Empreendimentos. Não bastasse isso, a documentação apreendida demonstrou
de forma concreta a vinculação entre as empresas RT, QUALITAR e ALIANÇA e
seus respectivos sócios, conforme documentação em anexo.
Outrossim, como já dito, foram encontrados documentos pertencente
às empresas do grupo criminoso na sede de outra, conforme evidenciado pela
farta documentação apreendida.
O sócio da empresa QUALITAR LIMPEZA E SOLUÇÕES
AMBIENTAIS LTDA, o denunciado EDSON ANTONIO ALMEIDA, deixou claro
no seu depoimento que ele não tinha experiência alguma com a administração
da sua empresa. Ademais, asseverou que quem o assessorava era o denunciado
RICHELME, conforme consta no depoimento gravado na mídia que segue em
anexo.
Embora o denunciado EDSON tenha tentado se esquivar, declarando
que não tinha conhecimento dos atos praticados pela empresa QUALITAR, no
primeiro momento, conforme consta em seu depoimento gravado, não há dúvidas
que sua participação, ainda que, como “sócio figurante” este obtinha lucro com
o esquema fraudulento estruturado pelo denunciado RICHELME, pois chegou
a declarar que RICHELME lhe fazia pagamentos pecuniários mensais. Declarou,
ainda, que “emprestou” seu nome apenas para cumprir um contrato que estava
em andamento.
Porém, em um segundo depoimento, resolveu falar a verdade, tendo
declarado que realizava apenas serviços de transporte para o denunciado
RICHELME e “emprestado” o nome.
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Por outro lado, restou evidenciado que o denunciado TIAGO
representa várias empresas, dentre elas as empresas ALIANÇA, QUALITAR e a
RT, pois, segundo o denunciado EDSON, quem entende de toda a “papelada” é
o denunciado TIAGO, ou seja, TIAGO presentava as referidas empresas nos
assuntos que envolviam licitações públicas.
Na licitação, sob a modalidade de Pregão Presencial nº 022/2017,
do Município de Ponto Belo, na qual sagrou-se vencedora a empresa
QUALITAR, o denunciado EDSON declarou, ainda, que teria ido apenas levar
TIAGO, como seu motorista, enquanto TIAGO representou a empresa
QUALITAR no certame, pois este entendia dos trâmites licitatórios. Portanto,
restou evidenciado, de forma irrefutável, que o denunciado EDSON figura
apenas como sócio da empresa QUALITAR apenas como “Laranja”, obedecendo
orientações e comandos do líder da organização criminosa, o denunciado
RICHELME.
Isso tudo demonstra como as empresas tinham íntima relação e, por
vezes, sua administração e patrimônio se misturavam. Comprovado está o liame
associativo e os ajustes realizados nas licitações que essas empresas
participaram, dentre as quais o processo licitatório objeto da presente ação
penal.
Resta claro, portanto, que RICHELMI exerce o comando da
organização criminosa, tendo como coator de suas condutas os denunciados
EDSON ANTÔNIO ALMEIDA, LUIZ OTÁVIO ALMEIDA e TIAGO GUIMARÃES
TEIXEIRA, que por derradeiro acabavam se beneficiando das fraudes.
Ressalte-se que ficou demonstrado que a organização criminosa
utilizou para o sucesso da empreitada criminosa, no município de Ponto Belo,
da prática de diversos agentes públicos, dentre os quais, os denunciados
CLAUDIELE, CASSIO, JACKSON, ALESON, SILMAR, RONALDO e EMÍDIO.
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XXII.. DDOO CCRRIIMMEE DDEE FFAALLSSIIDDAADDEE IIDDEEOOLLÓÓGGIICCAA..
Ficou comprovado, ainda, que os denunciados RICHELMI NEILTZEL
MILKE, EDSON ANTÔNIO ALMEIDA, LUIZ OTÁVIO ALMEIDA, TIAGO
GUIMARÃES TEIXEIRA, CLAUDIELE PEREIRA DA PENHA, CÁSSIO CANUTO
DE MELO, JACKSON JOSÉ KRETLI, ALESON BATISTA DE SOUZA, SILMAR
QUEIROZ SILVA, RONALDO SOUZA REIS e EMÍDIO FERREIRA DE SOUZA,
previamente ajustados, com unidade de vontades, concorreram para inserirem
declarações falsas no Processo Licitatório, sob a modalidade de Pregão
Presencial nº 022/2017, com o fim de criarem obrigações e alterarem a
verdade sobre fato juridicamente relevante, eis que tinham ciência das
ilegalidades de toda a documentação encartada no referido Processo Licitatório,
pois iriam chancelar a ATA e o anexo I assinados e o resultado de licitação
publicado no Diário Oficial, no dia 23 de agosto de 2017, pelo pregoeiro CÁSSIO
e sua equipe.
Registre-se que, as falsidades e ilegalidades engendradas pelos
agentes públicos exigiam a chancela, “legalização” dos atos ilícitos praticados,
onde constou como vencedora do certame a empresa QUALITAR.
Ora, ainda que se alegue que as assinaturas não constam em alguns
documentos em relação a determinados agentes públicos, também denunciados,
seria impossível que um resultado fosse publicado interna (ATA) e externamente
(Diário Oficial) se não contasse com a colaboração imprescindível e efetiva dos
demais denunciados. Não fosse isso, qual seria a razão de se publicar o
resultado de um certame licitatório em que algum agente público envolvido
pudesse questionar a legalidade e não quisesse assinar o documento que lhe
fosse correspondente? Iriam modificar o “acertado”????!!!!
Desse modo, como o resultado já tinha sido publicado as assinaturas
que faltavam tinham uma única finalidade: chancelar os atos ilícitos praticados
para dar-lhes ar de legalidade e não eventual fiscalização.
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XXIIII.. DDOO UUSSOO DDEE DDOOCCUUMMEENNTTOO FFAALLSSOO..
Também ficou demonstrado que os denunciados RICHELMI
NEILTZEL MILKE, EDSON ANTÔNIO ALMEIDA, LUIZ OTÁVIO ALMEIDA,
TIAGO GUIMARÃES TEIXEIRA, CLAUDIELE PEREIRA DA PENHA, CASSIO
CANUTO DE MELO, JACKSON JOSÉ KRETLI, ALESON BATISTA DE SOUZA,
SILMAR QUEIROZ SILVA, RONALDO SOUZA REIS e EMÍDIO FERREIRA DE
SOUZA utilizaram os documentos falsos e eivados de vícios e ilegalidades para
que a empresa QUALITAR LIMPEZA E SOLUÇÕES AMBIENTAIS LTDA fosse
declarada a vencedora do certame, com objetivo de ludibriar os agentes públicos
e órgãos de controles que porventura fiscalizassem o Pregão Presencial nº
022/2017.
Conforme restou sobejamente demonstrado o Pregão Presencial nº
022/2017 é completamente falso, ilegal e inúmeros documentos inseridos nele
foram utilizados para “legalizar” os crimes praticados.
XXIIIIII.. DDAA AADDVVOOCCAACCIIAA AADDMMIINNIISSTTRRAATTIIVVAA..
Restou categoricamente evidenciado que os denunciados
CLAUDIELE, CÁSSIO, JACKSON, ALESON, SILMAR, RONALDO e EMÍDIO
patrocinaram diretamente os interesses ilegítimos do denunciado RICHELMI
perante o município de Ponto Belo, valendo-se das suas condições de agentes
públicos - Secretário de Administração e Finanças, Pregoeiro, Procurador,
membros da comissão de licitação e Técnico Contábil, respectivamente, para
facilitarem a fraude no Processo Licitatório sob a modalidade Pregão Presencial
nº 022/2017.
XXIIVV.. DDOO PPEECCUULLAATTOO TTEENNTTAADDOO..
Ficou demonstrado que os denunciados CLAUDIELE, CÁSSIO,
JACKSON, ALESON, SILMAR, RONALDO e EMÍDIO, previamente ajustados,
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com unidade de vontades, concorreram para tentarem desviar em proveito dos
denunciados RICHELMI e dos demais membros da organização criminosa a
importância de R$ 22.050,00 (vinte e dois mil e cinquenta reais),
mensalmente, correspondente ao valor que seria contratado e efetivamente
pago pelo erário municipal a empresa QUALITAR, somente não se consumando
o crime por circunstâncias alheias às suas vontades.
Segundo restou apurado, o crime somente não se consumou porque
foi autorizado judicialmente a medida cautelar de busca e apreensão que
culminou com a apreensão do Pregão Presencial nº 22/2017 pelo Ministério
Público, o que frustrou a possibilidade de “legalizar” os atos ilícitos praticados.
Registre-se, ainda, que os denunciados RICHELMI, EDSON, LUIZ
OTÁVIO e TIAGO GUIMARÃES auxiliaram os denunciados CLAUDIELE,
CÁSSIO, JACKSON, ALESON, SILMAR, RONALDO e EMÍDIO, fornecendo-lhes
a documentação da empresa que seria contratada pelo Poder Público.
Portanto, a autoria e Materialidade restaram sobejamente
comprovadas pelo contexto fático probatório colacionados aos autos do
Procedimento Investigatório Criminal MPES 2017.0027.5154-19.
Ante o exposto, denuncio a Vossa Excelência RICHELMI NEILTZEL
MILKE, por infração aos artigos 2º, § 3º e §4º, inciso II da Lei de nº
12.850/2013; artigo 90 da Lei de nº 8.666/93; artigo 299, § único c/c artigo
304, 312, §1º c/c art. 14, II e art. 321, todos do Código Penal, na forma do
artigo 29, do Código Penal e em concurso material; EDSON ANTÔNIO
ALMEIDA, por infração aos artigos 2º, §4º, inciso II da Lei de nº 12.850/2013;
artigo 90 da Lei de nº 8.666/93; artigo 299, § único c/c artigo 304, 312, §1º c/c
art. 14, II e art. 321, todos do Código Penal, na forma do artigo 29, do Código
Penal e em concurso material; LUIZ OTÁVIO ALMEIDA, por infração aos
artigos 2º, §4º, inciso II da Lei de nº 12.850/2013; artigo 90 da Lei de nº
8.666/93; artigo 299, § único c/c artigo 304, 312, §1º c/c art. 14, II e art. 321,
todos do Código Penal, na forma do artigo 29, do Código Penal e em concurso
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material; TIAGO GUIMARÃES TEIXEIRA, por infração aos artigos 2º, §4º,
inciso II da Lei de nº 12.850/2013; artigo 90 da Lei de nº 8.666/93; artigo 299,
§ único c/c artigo 304, 312, §1º c/c art. 14, II e art. 321, todos do Código Penal,
na forma do artigo 29, do Código Penal e em concurso material; CLAUDIELE
PEREIRA DA PENHA, por infração ao artigo 90 da Lei de nº 8.666/93; artigo
299, § único c/c artigo 304, 312, §1º c/c art. 14, II c/c 327, §2º e art. 321,
todos do Código Penal, na forma do artigo 29, do Código Penal e em concurso
material; CASSIO CANUTO DE MELO, por infração ao artigo 90 da Lei de nº
8.666/93; artigo 299, § único c/c artigo 304, 312, §1º c/c art. 14, II c/c 327,
§2º e art. 321, todos do Código Penal, na forma do artigo 29, do Código Penal e
em concurso material; JACKSON JOSÉ KRETLI, por infração ao artigo 90 da
Lei de nº 8.666/93; artigo 299, § único c/c artigo 304, 312, §1º c/c art. 14, II e
art. 321, todos do Código Penal, na forma do artigo 29, do Código Penal e em
concurso material; ALESON BATISTA DE SOUZA, por infração ao artigo 90 da
Lei de nº 8.666/93; artigo 299, § único c/c artigo 304, 312, §1º c/c art. 14, II
c/c 327, §2º e art. 321, todos do Código Penal, na forma do artigo 29, do Código
Penal e em concurso material; SILMAR QUEIROZ SILVA, por infração ao artigo
90 da Lei de nº 8.666/93; artigo 299, § único c/c artigo 304, 312, §1º c/c art.
14, II c/c 327, §2º e art. 321, todos do Código Penal, na forma do artigo 29, do
Código Penal e em concurso material; RONALDO SOUZA REIS, por infração ao
artigo 90 da Lei de nº 8.666/93; artigo 299, § único c/c artigo 304, 312, §1º c/c
art. 14, II c/c 327, §2º e art. 321, todos do Código Penal, na forma do artigo 29,
do Código Penal e em concurso material e EMÍDIO FERREIRA DE SOUZA, por
infração ao artigo 90 da Lei de nº 8.666/93; artigo 299, § único c/c artigo 304,
312, §1º c/c art. 14, II e art. 321, todos do Código Penal, na forma do artigo 29,
do Código Penal e em concurso material.
1 – Sejam os denunciados notificados para, no prazo de 15 dias,
apresentarem defesa preliminar (art. 514 do CPP) e, após, formado o juízo de
admissibilidade com o recebimento desta peça acusatória, sejam os
denunciados citados para responderem à acusação, por escrito, no prazo de 10
(dez) dias;
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2 – Seja designada audiência de instrução e julgamento, procedendo à
inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem,
ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos
dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, caso
necessário, interrogando-se, em seguida, os acusados e, após julgada
procedente a presente ação, CONDENANDO-OS nas penas dos artigos acima
capitulados;
3 – Sejam intimadas as testemunhas abaixo arroladas;
4 – Sejam requisitadas as Folhas de Antecedentes Criminais dos
denunciados;
5 – Seja certificado pelo Senhor Escrivão desta Comarca sobre
eventuais processos criminais instaurados em desfavor dos denunciados, e em
caso positivo, a fase processual em que se encontram, juntando-se cópia das
denúncias e eventuais condenações;
6 – Seja decretada a indisponibilidade de bens dos denunciados até
o valor de R$1.500.000,00 (um milhão e meio de reais), objetivando resguardar o
interesse público e garantir o resultado útil do processo, a título de
ressarcimento mínimo (incluindo-se os danos materiais e morais), na forma
do artigo 387, inciso IV do Código de Processo Penal2;
7 - Que retirado o sigilo e autorizada a disponibilização dos áudios
descritos nesta peça acusatória, dando-se publicidade, em observância aos
2 RECURSO ESPECIAL. PROCESSO PENAL. CRIME DE AMEAÇA. ART. 387, IV, DO CPP. REPARAÇÃO DE DANO
MORAL. PEDIDO EXPRESSO DA ACUSAÇÃO NA DENÚNCIA. EXISTÊNCIA. INSTRUÇÃO PROBATÓRIA ESPECÍFICA. DESNECESSIDADE. RESTABELECIMENTO DO VALOR FIXADO NA SENTENÇA CONDENATÓRIA. 1. Esta Corte Superior entende que para que seja possível fixar indenização a título de danos morais, deve haver pedido expresso do ofendido ou do Ministério Público. 2. In casu, apesar de a acusação não especificar,
na inicial, qual o dano que foi violado, diante da ocorrência do crime de ameaça e da forma em que foi narrada a conduta na inicial, presume-se que o dano seria o moral, não tendo que se falar em cerceamento de defesa por tal motivo. 3. Ademais, em se tratando de violência doméstica e familiar contra a mulher, estamos diante do dano moral in re ipsa, o qual dispensa prova para sua configuração. 4. Recurso especial provido para
restabelecer a condenação por danos morais, nos termos da sentença condenatória. (STJ; REsp 1.651.518; Proc. 2017/0021715-8; MS; Sexta Turma; Rel. Min. Sebastião Reis Júnior; DJE 13/06/2017)
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princípios da publicidade e transparência da coisa pública, visando evitar que
outros de iguais naturezas venham a ocorrer;
8 – A INTIMAÇÃO DA VÍTIMA (MUNICÍPIO DE PONTO BELO/ES),
NOS TERMOS DO ART. 201, §2º DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL, PARA
QUE POSSA INTEGRAR O PROCESSO E ATUAR NA DEFESA DO
PATROMÔNIO DO MUNICÍPIO.
Pede deferimento.
De Linhares/ES para Mucurici/ES, 30 de outubro de 2017.
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REQUERIMENTOS ESPECIAIS:
I. REQUERIMENTO DE PRISÃO PREVENTIVA:
O presentante do Ministério Público em exercício perante esse Juízo,
no uso de uma das suas atribuições legais e com arrimo nos artigos 311 a 316
do Código de Processo Penal, vem, perante Vossa Excelência, requerer a
decretação da PRISÃO PREVENTIVA dos denunciados RICHELMI NEILTZEL
MILKE, EDSON ANTÔNIO ALMEIDA e LUIZ OTÁVIO ALMEIDA, já
devidamente qualificados na denúncia nesta data oferecida, pelos fatos e
fundamentos jurídicos a seguir expostos e aduzidos.
É de notório saber norte do Estado está envolvido em uma série de
irregularidades relativas a desvios de dinheiro público que são objetos da
Operação Varredura. A corrupção, portanto, se demonstra endêmica e já
enraizada de muitos Municípios do Norte do Estado.
Noticiam os autos do procedimento inquisitorial que os denunciados
são sócios das empresas que faziam ajustes para participação em várias
licitações do norte capixaba. Eles, por terem livre acesso às repartições das
empresas e possuírem contatos em diversas municipalidades, exercem
influência direta, onde podem continuar a perpetrar condutas em confronto com
o ordenamento jurídico pátrio, tendo que outras fases da Operação Varredura
acontecerão em breve.
Verifica-se, pois, que se encontram presentes os requisitos para a
decretação da prisão preventiva, senão vejamos: o primeiro pressuposto
necessário para a decretação de uma prisão cautelar, é o fumus comissi delicti,
aqui consubstanciado na prova da existência do crime, ou seja, sua
materialidade, bem como nos indícios suficientes de autoria, consoante os
depoimentos juntados, principalmente pelo fato de que um dos denunciados
confirmou a existência do evento criminoso.
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O segundo pressuposto é o periculum libertatis. Para ele mister se faz
que haja um perigo na liberdade do réu a justificar sua prisão.
Prescreve o art. 312 do CPP:
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como
garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente da autoria.
No Dicionário a palavra “ordem” tem a seguinte definição:
“s.f. 1 Disposição ou colocação metódica das coisas. 2 Arranjo das coisas classificadas segundo certas relações, utilidades ou qualidades respectivas. 3 Disposição das coisas que obedece a um princípio útil, agradável ou harmonioso”
Depreende-se, por conseguinte, que quando o legislador se referiu a
ordem pública, quis ele dizer que a prisão cautelar deve assegurar a paz e a
tranquilidade social que deve existir no seio da comunidade, com todas as
pessoas vivendo em perfeita harmonia, sem a existência de qualquer
comportamento divorciado do modus vivendi em sociedade.
Assim, parafraseando o Ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar
Mendes, o propósito da decretação da prisão cautelar é evitar a proliferação dos
desmandos e atos de corrupção que tomou conta do Legislativo Municipal e
assegurar a credibilidade das instituições públicas, em especial o Poder
Judiciário e o Ministério Público, no sentido da adoção tempestiva de medidas
adequadas, eficazes e fundamentadas quanto à visibilidade e transparência da
adoção de políticas públicas de persecução criminal.
Corroborando o entendimento trazemos a decisão do Ministro Gilmar
Mendes, voto de sua lavra no HC de nº 88905/GO, decisão esta publicada no
informativo do STF nº 440:
“Prisão Preventiva e Garantia da Ordem Pública - 2
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Rejeitou-se o argumento de falta de fundamentação, ao entendimento de que, no ponto, o decreto atendera as condições previstas nos artigos 41 e 43 do CPP e indicara, de modo expresso, a garantia da ordem pública como motivo da prisão preventiva (CPP, art. 312). Acerca desse requisito, asseverou-se que este envolve, em linhas gerais, as seguintes circunstâncias principais: a) necessidade de resguardar a integridade física do paciente; b) objetivo de impedir a reiteração das práticas criminosas, desde que lastreado em elementos concretos expostos fundamentadamente no decreto de custódia cautelar; e c) propósito de assegurar a credibilidade das instituições públicas, em especial o Poder Judiciário, no sentido da adoção tempestiva de medidas adequadas, eficazes e fundamentadas quanto à visibilidade e transparência da implementação de políticas públicas de persecução criminal. Nesse sentido, aduziu-se que o juízo federal de 1º grau apresentara elementos concretos suficientes para efetivar a garantia da ordem pública: a função de direção desempenhada pelo paciente na organização; a ramificação das atividades criminosas em diversas unidades da federação; e a alta probabilidade de reiteração delituosa, haja vista a potencialidade da utilização ampla do meio tecnológico sistematicamente empregado pela quadrilha. Por fim, considerou-se não configurado o excesso de prazo, tendo em conta a complexidade da causa, o envolvimento de vários réus, bem como a contribuição da defesa para a demora processual. Precedentes citados: HC 88537/BA (DJU de 16.6.2006); RHC 81395/TO (DJU de 15.8.2003); HC 85335/PA (DJU de 11.11.2005); HC 81905/PE (DJU de
16.5.2003).”
No que se refere à conveniência da instrução criminal, os denunciados
também preenchem os requisitos.
Nos depoimentos constantes em anexo, há a comprovação de que os
denunciados citados possuem capacidade e capilaridade suficientes para
atrapalhar a instrução criminal. Assim, existe vivamente o temor de que novos
documentos desapareçam ou apareçam “ardilosamente” no seio das repartições
públicas e nas próprias empresas.
O receio de reiterações de práticas criminosas está patentemente
demonstradas.
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Podemos ver que a prisão é necessária nos ensinamentos de Eugenio
Pacelli de Oliveira e Douglas Fischer:
“Há, com efeito, inúmeros exemplos no dia a dia, atestando a utilidade da prisão cautelar, fora dos limites
da conveniência da instrução criminal e daquela para assegurar a aplicação da lei penal, que integra o artigo 312, junta à garantia da ordem pública. Infelizmente, e essa realidade não está ao alcance de qualquer lei específica, há investigados com endereço certo, com profissão bem definida e bem remunerada, sem qualquer pretensão de se ausentarem do país, cuja manutenção da liberdade, enquanto não esclarecida a respectiva responsabilidade penal (com o trânsito em julgado) oferece inúmeros riscos de danos a terceiros. Precisamente por essa razão, o direito comparado em cujo interior, tal como aqui, abriga-se o princípio da não culpabilidade, se dispõe a conter situações de risco de reiteração criminosa, a serem aferidas pela natureza e gravidade do crime em apuração.“(Oliveira, Eugenio Pacelli de. Comentários ao Código de Processo Penal/Eugenio Pacelli de Oliveira e Douglas Fischer. – 3. Ed. – Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011, p. 589)
Ainda firme com os mesmos doutos, sobre a conveniência da
instrução:
“O juízo há de ser de necessidade e não de mera conveniência. (...) Não se trata de conveniência e nem de
discricionariedade, mas de necessidade, a ser aferida do ponto de vista do verdadeiro perigo da demora. (ob. Cit. P. 586/587) Dito isso, registra-se a enorme variedade e complexidade das situações e fenômenos do mundo da vida que pode implicar situação de risco à instrução e à investigação criminal. Ameaça às testemunhas, intimidação da vítima e de seus parentes, destruição de provas, etc. são apenas alguns exemplos do que pode efetivamente turbar a persecução penal, concretamente.”
Os denunciados podem modificar provas de vários processos, seja as
destruindo, seja as inovando.
Não se pode deixar de ter em mente também a visão constitucional
dos fatos.
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No Estado Liberal, a preocupação do legislador era proteger o cidadão
dos excessos cometidos pelo Poder Público, situação esta que ficou conhecida
como garantismo negativo. Entretanto, com o Estado do Bem Estar Social, hoje
o Poder Público age como catalisador de benfeitorias para a população. Este
Estado Social tem o dever de proteger os direitos fundamentais do cidadão.
Nesse sentido, vem a calhar os ensinamentos do Professor Lênio
Streck:
"Trata-se de entender, assim, que a proporcionalidade possui uma dupla face: de proteção positiva e de proteção de omissões estatais. Ou seja, a inconstitucionalidade pode ser decorrente de excesso do Estado, caso em que determinado ato é desarrazoado, resultando desproporcional o resultado do sopesamento (Abwägung) entre fins e meios; de outro, a inconstitucionalidade pode advir de proteção insuficiente de um direito fundamental-social, como ocorre quando o Estado abre mão do uso de determinadas sanções penais ou administrativas para proteger determinados bens jurídicos. Este duplo viés do princípio da proporcionalidade decorre da necessária vinculação de todos os atos estatais à materialidade da Constituição, e que tem como conseqüência a sensível diminuição da discricionariedade (liberdade de conformação) do legislador". (Streck, Lênio Luiz. A dupla face do princípio da proporcionalidade: da proibição de excesso (Übermassverbot) à proibição de proteção deficiente (Untermassverbot) ou de como não há blindagem contra normas penais inconstitucionais. Revista da Ajuris, Ano XXXII, n.º 97, marco/2005, p.180)
O Poder Judiciário deve dar uma resposta rápida, severa e eficaz para
casos com o que se depara agora, com o fim até mesmo pedagógico para evitar
que a prática seja cometida por outros.
Uma passagem no livro Direito Penal do Inimigo, do douto Günther
Jakobs, se amolda como uma luva ao que se está discutindo neste processo:
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“Sem uma suficiente segurança cognitiva, a vigência da norma se esboroa e se converte em uma promessa vazia, na medida em
que não oferece uma configuração social realmente suceptível de
ser vivida.” (Jakobs, Günther e outro. Direito Penal do Inimigo,
Noções e Críticas. 4ª Ed. Livraria do advogado editora, p.32)
A norma não pode ser promessa vazia. Ela deve ser concretizada e
vivida.
Temos por obrigação lembrar trecho da obra do douto James William
Coleman:
“Muitos podem desconfiar das motivações que movem
funcionários do governo e das grandes corporações, mas poucas
pessoas encaram os executivos como criminosos violentos.
Extremamente trabalhadores, competitivos e bem sucedidos,
esses homens e essas mulheres representam aspirações e os
ideais da classe média e parecem estar anos luz da violência e desordem das ruas das grandes cidades. No entanto, as
diferenças entre os criminosos da alta sociedade e seus colegas
do submundo são mais uma questão de forma do que de
conteúdo. Um jovem assaltante que acidentalmente mata um
caixa de uma loja mostra a mesma indiferença pela vida
humana que o engenheiro que falsifica o resultado dos testes para abafar uma falha no sistema de freios de um automóvel que
pode levar a morte. A distancia entre o engenheiro e sua vítima
permite que ele se dê ao luxo de fingir que ninguém será ferido
em consequência de seus crimes, quando na verdade os danos
são bastantes reais.” (Coleman, James William. A elite do crime: para entender o crime do colarinho branco. 5 ed. São Paulo:
Manole, 2005, p. 117/118)
Os fatos acontecidos tanto nos presentes autos, como também nos
outros processos que envolvem os denunciados são tipicamente de corrupção e
malversação de dinheiro público. No mau uso do dinheiro público e na sua
apropriação, há um crime de lesa a pátria. Quantos não já morreram por falta
de recursos no serviço público de saúde? Quantas crianças são violentadas por
não terem o direito à educação efetivado? Quantos serviços públicos não são
fornecidos por falta de verbas? Enquanto isso, um grupo de corruptos se
apropria das verbas do Estado para benefício próprio.
DINHEIRO PÚBLICO É DINHEIRO DE TODOS E NÃO DINHEIRO
DE NINGUÉM!!!
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Preenchidos, portanto, todos os requisitos legais para decretação da
prisão.
Ademais, não se deve permitir a vigência do laxismo penal nesta
Comarca! O laxismo é a tendência de ser condescendente com os erros, onde
predomina uma moral relaxada. No direito penal, o laxismo consiste no
tratamento brando a certos crimes, principalmente os de colarinho branco,
como no caso em tela. Nestes casos, mormente pela posição social do agente em
comparação aos outros réus, há certo grau de benevolência na aplicação da lei.
Isso não pode acontecer!
Vale trazer à baila o entendimento de Luciano Feldens:
“(...) via de regra, os delinquentes do ‘colarinho branco’, ao contrário dos delinquentes de rua, participam dos mesmos lócus
sociais de lazer e entretenimento daqueles que haverão de
processá-los e julgá-los pelas práticas de seus crimes (os operadores jurídicos), circunstância a contribuir, per si, para
que não sejam estigmatizados como autênticos delinquentes que
são (...). Essas aproximações teóricas acima alinhavadas bem
dão conta sobre a forma sutil como a ilicitude – a conduta
delituosa – do criminoso do ‘colarinho branco’, assumindo ares
de brandura, acaba se instalando na consciência do operador do Direito, que assim passa a considerá-la, se não como
comportamento modelar, como uma mera adversão legislativa,
de resto não desejável, mas cuja invisibilidade física e imediata
do dado dela decorrente o proíbe intimamente de compará-la a
crimes graves, tal como outros que ele assim considera em face
das tradições que informam o seu horizonte de sentido (...). Daí por que uma diferenciação de tratamento é praticada de forma
quase ‘natural’. Na intenção de fundamentá-la, entretanto,
acaba-se por produzir um discurso retórico de absoluta
esterilidade retórica (...)” (Feldens, Luciano. Tutela penal de
interesses difusos e crimes do colarinho branco: por uma relegitimação da atuação do Ministério Público. Porto Alegre.
Livraria do Advogado, 2002, p. 156-157).
Os denunciados são delinquentes e, no sentir do Ministério Público,
de muito pior qualidade do que os muitos que superlotam as cadeias do Brasil e
não tiveram oportunidades na vida para ser um servidor do povo ou, como no
caso em testilha, vereador. São os delinquentes dos bens públicos.
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Se os denunciados não obtiverem uma resposta imediata e adequada
do Estado, nesse caso o Estado-Juiz, esta omissão estará em frontal colisão às
normas e princípios acima narrados, fazendo com que todo arcabouço
normativo seja um simples adereço. Com efeito, maior ainda a imperiosidade do
deferimento das medidas urgentes aqui pleiteadas.
Ante todo o exposto, provados os requisitos para a concessão da
medida cautelar, quais sejam o fumus comissi delicti e o periculum libertatis,
assim como a existência dos seus pressupostos, e, sobretudo, a fim de que se
garanta a ordem pública, requer o Ministério Público, nos termos do art. 311 e
312 do Código de Processo Penal, a decretação da PRISÃO PREVENTIVA dos
denunciados RICHELMI NEILTZEL MILKE, EDSON ANTÔNIO ALMEIDA e
LUIZ OTÁVIO ALMEIDA, por ser medida de necessidade indeclinável.
II. OUTRAS MEDIDAS CAUTELARES:
Com as inovações legislativas trazidas pela Lei 12.403/2011, houve
alteração no regime das medidas cautelares no CPP. Estas mudanças trouxeram
para legislação pátria a possibilidade de medidas, fora os casos da prisão, que
permitem ao Estado garantir a segurança pública e, ao menos, tentar inibir a
prática de crimes. A prisão passou a ser ultima ratio. Assim, foi previsto na lei a
medida cautelar alternativa da prisão.
Isso se deu em virtude que, antes, o juiz só tinha a possibilidade de
prender ou deixar o réu em liberdade. Não havia o meio termo e, muitas vezes,
por conta da falta de razoabilidade, pessoas que precisavam ter direitos seus
restringidos, não sofriam nenhuma sanção porque a prisão era muito
desproporcional.
De acordo com os novos ventos do processo penal, o art. 282 do CPP
seu inciso I e II, assim versa:
Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se a:
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I - necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos casos expressamente previstos, para evitar a
prática de infrações penais; II - adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do
indiciado ou acusado.
No caso dos denunciados CASSIO CANUTO DE MELO, ALESON
BATISTA DE SOUZA, RONALDO SOUZA REIS, SILMAR QUEIROZ SILVA,
JACKSON JOSÉ KRETLI, EMÍDIO FERREIRA DE SOUZA e CLAUDIELE
PEREIRA DA PENHA as condutas por eles praticadas são gravíssimas, pois são
servidores públicos no qual tem o dever, no mínimo de agirem com cautela e
prudência da coisa pública.
No entanto, não resta dúvida de que a permanência dos referidos
denunciados nos cargos em que ocupam trará empecilhos tanto ao
desenvolvimento regular do processo, como possibilitará que pratiquem outras
condutas como a narradas nos elementos de informações.
Esses denunciados são servidores públicos municipais e em razão do
cargo que ocupam, seus atos, no exercício da função, têm presunção de
veracidade.
Além disso, ainda no exercício da função em que ocupa, os
denunciados podem praticar novas infrações no mesmo sentido, podendo trazer
maiores prejuízos ao erário.
Presentes, pois, os requisitos que ensejam a medida cautelar, quais
sejam, o periculum in libertatis – que aqui deve ser entendido como o perigo em
não ter os direitos restringidos – e o fumus comissi delicti.
O art. 319 do CPP elenca as medidas cautelares. No caso em tela, o
Ministério Público entende cabível as medidas do inciso VI, que abaixo segue:
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Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão:
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades;
II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por
circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas
infrações; III - proibição de manter contato com pessoa
determinada quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante;
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou necessária para a investigação ou
instrução; (...)
VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando houver justo receio de sua
utilização para a prática de infrações penais; VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do
processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem
judicial;
Em razão dos fatos narrados, a suspensão do exercício da função
pública se impõe, por ser o melhor direito.
Todavia, não há razão para que os denunciados tenham a suspensão
do exercício de suas funções e continuem a receber dos cofres públicos seus
vencimentos integrais. Se isso acontecer, será um prêmio ao praticante de
conduta antijurídica. Sem contar que, caso não haja a redução dos
vencimentos, haverá injustiça com o servidor probo e que cumpre os seus
deveres com a honestidade que o cargo exige.
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Os servidores que praticam crime ficariam em casa, sem contribuir
com o serviço público, receberiam os vencimentos integrais. Já os honestos,
ficariam trabalhando e, até mesmo, com carga de trabalho maior, haja vista a
ausência dos servidores suspensos. Seria uma verdadeira lesão ao princípio da
isonomia.
O Superior Tribunal de Justiça, em voto da lavra da Ministra Maria
Thereza de Assis Moura, no RESP 413.398, assevera que a redução temporária
dos vencimentos decorre da ausência ao serviço, conforme voto abaixo:
RECURSO ORDINÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. ADMINISTRATIVO. DELEGADO
DA POLÍCIA CIVIL. PRISÃO PREVENTIVA. REDUÇÃO EM UM TERÇO DE SEU SUBSÍDIO. ART. 64 DA LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL
Nº 04/90. CONSTITUCIONALIDADE. 1. A previsão do Estatuto dos Servidores
Públicos do Estado do Mato Grosso segundo a qual, em havendo a prisão preventiva de um servidor, sua remuneração deve ser reduzida
em um terço, não ofende os princípios constitucionais da irredutibilidade de vencimentos e da não-culpabilidade. Com
efeito, trata-se de redução temporária de vencimentos decorrente de sua ausência ao
serviço e, em caso de absolvição, haverá o pagamento do um terço reduzido. 2. "Não há falar, em hipóteses tais, em força
maior. Isso porque, em boa verdade, é o próprio agente público que, mediante sua conduta tida
por criminosa, deflagra o óbice ao cumprimento de sua parte na relação que mantém com a Administração Pública." (REsp 413.398/RS,
Rel. Min. HAMILTON CARVALHIDO, SEXTA TURMA, DJ 19.12.2002). 3. Recurso ordinário improvido.
No caso do acórdão, tratava-se de prisão. Se foi permitido ao
legislador o mais (redução do vencimento em caso de prisão), o menos também é
permitido (a mesma redução em caso de medida cautelar).
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Ademais, temos que ter em mente o bem jurídico tutelado, ou seja, a
preservação da presunção de veracidade dos atos administrativos. É a fé
pública, in casu, objeto da tutela estatal. Com efeito, em um Estado
Democrático de Direito no qual a Constituição Federal exige moralidade
administrativa e a eleva como princípio básico da Administração Pública (art. 37
da CF), a conduta em que haja violação dessa moralidade deve ser punida com
rigor.
O Poder Judiciário não pode deixar de prestar a proteção eficiente ao
bem jurídico tutelado pela norma.
O princípio da proibição de proteção deficiente consiste em que nem a
lei nem o Estado pode apresentar insuficiência em relação à tutela dos direitos
fundamentais. Nele há um dever de proteção para o Estado (leia-se: para o
legislador e para o juiz) que não pode abrir mão dos mecanismos de tutela, com
o fim de assegurar a proteção de um direito fundamental. Esse princípio é
corolário do da proporcionalidade, e esta sendo invocado no caso em tela para
evitar a tutela insuficiente nos casos de improbidade administrativa.
Leia-se, o caso narrado na denúncia também configura improbidade
administrativa, a qual será enfrentada na seara pertinente.
No Estado Liberal, a preocupação do legislador era proteger o cidadão
dos excessos cometidos pelo Poder Público, situação esta que ficou conhecida
como garantismo negativo. Entretanto, com o Estado do Bem Estar Social, hoje
o Poder Público age como catalisador de benfeitorias para a população. Este
Estado Social tem o dever de proteger os direitos fundamentais do cidadão.
Nesse sentido, vem a calhar os ensinamentos do Professor Lênio
Streck:
"Trata-se de entender, assim, que a
proporcionalidade possui uma dupla face: de
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proteção positiva e de proteção de omissões estatais. Ou seja, a inconstitucionalidade pode ser decorrente de excesso do Estado, caso em
que determinado ato é desarrazoado, resultando desproporcional o resultado do sopesamento (Abwägung) entre fins e meios; de
outro, a inconstitucionalidade pode advir de proteção insuficiente de um direito
fundamental-social, como ocorre quando o Estado abre mão do uso de determinadas sanções penais ou administrativas para
proteger determinados bens jurídicos. Este duplo viés do princípio da proporcionalidade decorre da necessária vinculação de todos os
atos estatais à materialidade da Constituição, e que tem como conseqüência a sensível
diminuição da discricionariedade (liberdade de conformação) do legislador". (Streck, Lênio Luiz. A dupla face do princípio da proporcionalidade:
da proibição de excesso (Übermassverbot) à proibição de proteção deficiente
(Untermassverbot) ou de como não há blindagem contra normas penais inconstitucionais. Revista da Ajuris, Ano XXXII,
n.º 97, marco/2005, p.180)
A probidade e a moralidade administrativa, que tem como
consequente lógica a fé pública, ante a presunção de veracidade dos atos
administrativos, além de um dever do agente público, também é um direito
fundamental do administrado. Todo cidadão tem o direito de ter um
administrador probo.
Esta assertiva está amplamente demonstrada na Constituição
Federal, como já citado.
Uma passagem no livro Direito Penal do Inimigo, do douto Günther
Jakobs, se amolda como uma luva ao que se está discutindo neste processo:
“Sem uma suficiente segurança cognitiva, a
vigência da norma se esboroa e se converte em uma promessa vazia, na medida em que não
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oferece uma configuração social realmente suceptível de ser vivida.” (Jakobs, Günther e outro. Direito Penal do Inimigo, Noções e
Críticas. 4ª Ed. Livraria do advogado editora, p.32)
A norma não pode ser promessa vazia. Ela deve ser concretizada e
vivida.
Se o denunciado não obtiver uma resposta imediata e adequada do
Estado, nesse caso o Estado-Juiz, esta omissão estará em frontal colisão ao
princípio acima narrado, fazendo com que todo arcabouço de proteção ao
patrimônio público e da probidade administrativa seja um simples adorno na
Constituição Federal. Com efeito, maior ainda a imperiosidade do deferimento
de todas as medidas urgentes aqui pleiteadas.
Diante disso, o Poder Judiciário não pode lavar as mãos na bacia de
Pilatos e deixar que os princípios constitucionais sejam simples adorno no corpo
da Constituição Federal. Para isso, devem ser concedidas tutelas com o fim de
concretizar, no caso concreto sub examine, os princípios violados, em
homenagem a Lex Mater.
Ante o exposto, o MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO
ESPÍRITO SANTO requer, com base nos princípios que regem o tema e de
todo arcabouço legislativo já mencionado, as seguintes medidas cautelares:
I - Comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições
fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades;
II - Proibição de acesso ou frequência a repartições públicas do
Município de Ponto Belo/ES, devendo permanecer afastado por 100 (cem)
metros;
III - Proibição de manter contato com os demais denunciados;
IV - Proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja
conveniente ou necessária para a investigação ou instrução;
V - Suspensão do exercício de função pública;
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VI – Redução de 60% (sessenta por cento) dos vencimentos durante o
tempo em que durar o processo, devendo o Executivo Municipal ser oficiado
para o cumprimento da medida.
Pede deferimento.
De Linhares/ES para Mucurici/ES, 30 de outubro de 2017.