Mistificação - o Que é e Como Preveni-la

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  • 8/14/2019 Mistificao - o Que e Como Preveni-la

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    ocorrer, como vimos, com o conhecimento dos mentores espirituais, como se deu na prpria SociedadeParisiense de Estudos Espritas quando um Esprito enganador usou o nome de So Lus, dirigenteespiritual da Sociedade, estando este presente. (Leia sobre esse curioso caso o artigo ao lado.)

    Nada, absolutamente nada, ocorre por acaso. Quem se dedica mediunidade deve, pois, manter-sevigilante e no ignorar jamais a advertncia de Erasto contida no cap. XX, item 230, dO Livro dosMdiuns: Melhor ser repelir dez verdades do que admitir uma nica mentira, uma s teoria falsa. Asfalsas comunicaes, que de tempos a tempos ele recebe afirma Divaldo P. Franco , so avisos paraque no se considere infalvel e no se ensoberbea. (Moldando o Terceiro Milnio, de Fernando Worm,cap. 7, pg. 62.)

    Meios de evitar a mistificao Alm das advertncias e recomendaes j referidas, AllanKardec nos fornece seguras orientaes a respeito do tema no cap. XXIV, item 268, d' O Livro dosMdiuns, do qual extramos os apontamentos seguintes:

    a) entre os Espritos, poucos h que tm um nome conhecido na Terra; por isso que, na maioria dasvezes, eles nenhum nome declinam;

    b) como os homens, quase sempre, querem saber o nome do comunicante, para os satisfazer oEsprito elevado pode tomar o de algum que reverenciado na Terra. No quer isso dizer que se trata,nesse caso, de uma mistificao ou uma fraude. Seria sim, se o fizesse para nos enganar, mas, quando para o bem, Deus permite que assim procedam os Espritos da mesma categoria, porque h entre eles

    solidariedade e analogia de pensamentos. Ocorre ainda que muitas vezes o Esprito evocado no pode vir,e ele envia ento um mandatrio, que o representar na reunio;c) quando Espritos de baixo padro moral adotam nomes respeitveis para nos induzirem ao erro,

    no com a permisso dos Espritos indevidamente nomeados que eles procedem. Os enganadores seropunidos por essa falta. Fique certo, todavia, que, se no fssemos imperfeitos, no teramos em torno dens seno bons Espritos. Se somos enganados, s de ns mesmos nos devemos queixar;

    d) existem pessoas pelas quais os Espritos superiores se interessam e, quando eles julgamconveniente, as preservam dos ataques da mentira. Contra essas pessoas os enganadores nada podem. Osbons Espritos se interessam pelos que usam criteriosamente da faculdade de discernir e trabalhamseriamente por melhorar-se. Do a esses suas preferncias e os secundam;

    e) os Espritos superiores nenhum outro sinal tm, para se fazerem reconhecer, alm da superioridade

    das suas idias e da sua linguagem. Os sinais materiais podem ser facilmente imitados. J os Espritosinferiores se traem de tantos modos, que seria preciso ser cego para deixar-se iludir. Os Espritos senganam os que se deixam enganar;

    f) h pessoas que se deixam seduzir por uma linguagem enftica, que apreciam mais as palavras doque as idias e que, muitas vezes, tomam idias falsas e vulgares como sublimes. Como podem essaspessoas, que no esto aptas a julgar as obras dos homens, julgar as dos Espritos?;

    g) quando as pessoas so bastante modestas para reconhecerem a sua incapacidade, no se fiamapenas em si; quando, por orgulho, se julgam mais capazes do que o so, trazem consigo a pena davaidade tola que alimentam. Os mistificadores sabem perfeitamente a quem se dirigem. H pessoassimples e pouco instrudas mais difceis de enganar do que outras, que tm finura e saber. Lisonjeando-lhes as paixes, fazem eles do homem o que querem.

    O dia em que um Esprito usurpou o nome de So Lus

    No dia 11 de maio de 1860, em sesso realizada na Sociedade Parisiense de Estudos Espritas (foto),Allan Kardec dirigiu algumas perguntas a So Lus, mentor espiritual da Sociedade, as quais se referiam aum caso de viso ocorrido com o Sr. T... As respostas dadas pelo dirigente espiritual da Sociedade foram,porm, vagas e incoerentes, o que indicava, segundo o prprio Codificador, a evidente interferncia deum Esprito enganador. (Revista Esprita de 1860, p. 171.)

    Na sesso seguinte, realizada em 18 de maio, Kardec perguntou por que So Lus deixara, na semanaanterior, que falasse em seu nome um Esprito mistificador.

    So Lus estava presente, mas no quis falar - informou um dos Espritos presentes.

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    Com que objetivo no quis falar? - indagou Kardec.O prprio So Lus ento esclareceu: Ficaste contrariado com o que aconteceu, mas deves saber que nada ocorre sem motivo. Por vezes,

    h coisas cujo objetivo no compreendeis; que primeira vista parecem ms, porque sois muitoimpacientes, mas cuja sabedoria mais tarde reconheceis. Fica, pois, tranqilo, e no te inquietes por nada;ns sabemos distinguir os que so sinceros e velamos por eles. (Revista Esprita de 1860, p. 172.)

    Na continuidade do dilogo entre Kardec e So Lus, o Codificador perguntou por que que,apelando aos bons Espritos e pedindo-lhes o afastamento dos impostores, mesmo assim o apelo no atendido.

    So Lus explicou: atendido, no o duvides. Mas tens a certeza de que o apelo vinha do fundo do corao de todos

    os assistentes, ou que no haja algum que por um pensamento pouco caridoso e malvolo, se no pelodesejo, atraia para o meio de vs os maus Espritos?

    Concluindo o esclarecimento, So Lus revelou ento a Kardec algo que jamais, com toda a certeza,o Codificador imaginou pudesse ocorrer ali, onde mais de uma vez, segundo o dirigente espiritual daSociedade Esprita de Paris, um sorriso de sarcasmo podia ser visto nos lbios das pessoas que ocercavam na intimidade mesma daquelas reunies. (Revista Esprita de 1860, p. 173.)

    Que Espritos pensas que tragam essas pessoas? - indagou-lhe o mentor espiritual.E ele mesmo respondeu:

    Espritos que, como elas, se riem das coisas mais sagradas. (Revista Esprita de 1860, p. 173.)A mistificao ocorrida na sesso anterior visava, portanto, a tais pessoas, que no se mostravam altura dos trabalhos realizados pela Casa que o prprio Codificador fundara e dirigia. (Astolfo O. deOliveira Filho)

    Um caso de mistificao sem final feliz

    Desencarnada em 1o de maio de 1860 e evocada pelo prprio Codificador do Espiritismo, a mdiumescrevente Sra. Duret revelou a Kardec que, em suas atividades medinicas, fora muitas vezes enganadapelos Espritos e que h poucos mdiuns que no o sejam mais ou menos. (Revista Esprita de 1860, p.183.)

    Tal fato, explicou a Sra. Duret, depende muito do mdium e daquele que interroga, mas semprepossvel, quando se queira, preservar-se dos maus Espritos. E a primeira condio para isso no osatrair pela fraqueza ou pelos defeitos. (Obra citada, p. 184.)

    Achamos importante recordar a advertncia da Sra. Duret como introduo ao relato seguinte:Em uma respeitvel instituio esprita de importante cidade brasileira manifestou-se certa vez,

    usando linguagem de criana, um Esprito.Acolhido com simpatia pela equipe medinica, o Esprito revelou que havia preparado um presente

    para o grupo: o relato de sua prpria histria, o qual poderia mais tarde, quando concludo, ser publicadona forma de livro.

    Na semana seguinte, ele voltou e deu incio sua narrativa, que se alongou por vrias semanas,valendo-se da faculdade de psicografia de um dos mdiuns do grupo.

    Terminada cada reunio, o captulo transmitido na noite era lido e depois corrigido e datilografadopelo dirigente dos trabalhos.

    Algum tempo depois, quando todos do grupo medinico estavam felizes com o desenrolar dosacontecimentos, passa pela cidade um mdium notvel, de inteira confiana do dirigente do grupo, oqual, convidado para assistir a uma das reunies, ali comparece na condio de mero visitante.

    A reunio realiza-se normalmente, ocorrem as manifestaes psicofnicas de praxe e, no final, oEsprito d seqncia ao ditado medinico, valendo-se, como fizera anteriormente, do mesmo mdium.Ele, certamente, no se dera conta de que havia um visitante no recinto, algum dotado de vidncia epossuidor de largo conhecimento da prtica esprita.

    Assim, to logo o ditado teve incio, o visitante disse algo ao ouvido do dirigente da reunioinformando-o de que aquele Esprito no passava, em verdade, de um mistificador que estava h tempos

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    tomando o tempo das sesses e que, intimamente, se regozijava com a credulidade dos integrantesdaquele grupo.

    Evidente que, uma vez descoberto, o prprio Esprito confirmou a farsa, encerrando-se naquelemesmo momento o ditado do suposto livro.

    O dirigente, contudo, esquecido das lies de Kardec a respeito da mistificao e de suas finalidades,afastou-se por vrios anos das lides espritas, certo de que havia faltado equipe por ele dirigida umamaior proteo dos chamados protetores e guias espirituais. (A.O.O.F.)

    (Artigos publicados em O Imortal de maro de 2004, pp. 8 e 9.)