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Mnhas Lembranças - Minhas Memórias

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Um livro produzido pelos alunos da turma de idosos do Centro de Educação de Jovens e Adultos - CEJA de Limoeiro do Norte - Ce - Brasil.

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Page 1: Mnhas Lembranças - Minhas Memórias

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CRITÉRIOS

Realização

Centro de Educação de Jovens e Adultos – CEJA

Dr. José Nilson Osterne de Oliveira

Limoeiro do Norte - CE

Publicação

1º Segmento – Manhã / (Idosos)

Professora Mediadora

Fátima Fabrícia Mendes Maia de Sousa

Professores Colaboradores

Leidiane Martins

Marcio Marciel

Apoio

NTE – Paulo Freire – CREDE 10

Eliana Oliveira Batista

Maria de Fátima Gonçalves Leitão

Monalisa de Paula Chaves

Capa

Os alunos:

Quitéria, Sabastiana, Zé Angelo, Terezinha, Mateus,

Anastácia, Valdecy, Eliete, Maria do Carmo e Maria Luiza.

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ÍNDICE

Prefácio ................................................................................................. 04

Epígrafe ................................................................................................. 05

A Viagem ............................................................................................... 06

Brincar .................................................................................................. 07

Duas Alegrias ......................................................................................... 08

História da Minha Vida .......................................................................... 09

Meu Pai ................................................................................................. 10

Minha Infância ...................................................................................... 11

Minha Vida de Solteira foi Muito Difícil ................................................. 12

Mundo de Hoje ..................................................................................... 13

Quando Eu Era Menino.......................................................................... 14

Quando Eu era Moça ............................................................................. 15

Quando Eu Era Pequena ........................................................................ 16

Momento de Produção do Livro ............................................................ 17

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PREFÁCIO

Uma das coisas mais importantes na vida é a lembrança. Sem Ela,

a vida não teria graça. Não saberíamos como os sabores vão se

transformando com o tempo e que ninguém mais consegue fazer “um bolo

tão gostoso como o da vovó”. Não sentiríamos saudade do cheiro de terra

molhada e nem ficaríamos felizes ao ver uma imagem de alguém especial

numa fotografia.

As lembranças marcam nossas vidas através dos cheiros, das cores,

do som, ou seja; do sentir. Sentimos através de olhares distantes, de um

sorriso perdido e de uma lágrima que teme em não ser esquecida.

Este livro reúne histórias contadas e/ou produzidas pelos alunos do

CEJA da turma de idosos. A capa foi ilustrada com desenhos que eles

mesmos fizeram representando suas memórias. Cada memória constitui

uma parte mínima da vida deles, mas muito significativa.

Partilhamos com você, leitor, estas memórias dos nossos alunos,

que foram muito generosos ao contar algo de suas vidas, deixando que

agora, suas lembranças sejam também nossas.

Professora: Fabrícia Maia

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De que são feitos os dias?

- De pequenos desejos, vagarosas

saudades, silenciosas lembranças. [...]

Cecília Meireles

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A VIAGEM

Eu tinha ido uma viagem a Fortaleza, eu passei à noite

acordado. Lá no hospital, a doutora atrasou e eu perdi a “topic” de “lá

para cá”. Eu vim de ônibus até Russas, não consegui dormir, quando deu

de Russas para “cá” (Limoeiro do Norte) um sono me “ferrou” mesmo,

passei por Flores, passei pela frente da minha casa, não acordei também.

Quando eu comecei a acordar já estava se aproximando do Rio

da cidade de Tabuleiro do Norte (Barragem). E fiquei todo espantado. “E

agora, meu Deus? Eu já estou aqui? Fui obrigado, cansado, ir a Tabuleiro

para pagar um moto - taxi. Como não tinha dinheiro para voltar, só tinha

R$ 4,00, peguei um moto - táxi para ir até a casa de uma pessoa da minha

família. Deu muito certo, por que o rapaz ia trabalhar em Limoeiro do

Norte e me trouxe de graça.

Mateus Alves de Moura

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BRINCAR

É muito bom o tempo de criança. A gente brinca de “Ciranda,

cirandinha, vamos todos cirandar, vamos dar meia volta, meia volta

vamos dar. O anel que tu me destes era vidro se quebrou, o amor que tu

me tinhas era pouco se acabou”.

Era muito bom também quando a gente vinha da escola, pelo

caminho brincando com os outros. É muito bom ser criança.

Antonia Anastácia de Castro

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DUAS ALEGRIAS

Em 1982, no dia 02 de agosto, eu recebi a notícia que o contrato

que eu tinha pedido tinha chegado. Uma das maiores alegrias da minha

vida. Quando comecei a trabalhar e assim continuei até me aposentar. Foi

uma satisfação, novamente, poder ficar em casa com minha família.

Eu realizei um sonho de matricular meus filhos no colégio perto

de casa em fevereiro de 1972. Eles iam a pé. Todos os quatro continuaram

os estudos. Depois, fomos morar na Boa Fé. Continuaram estudando, os

meninos no Liceu e as meninas no Patronato. Todos fizeram faculdade e

assim conseguiram emprego.

Maria Luiza Mendes.

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HISTÓRIA DA MINHA VIDA

Meu pai me mandava para a escola, no caminho os meninos me

convidavam para brincar. Eu ia brincar de correr e quando chegava a casa

papai perguntava:

- Deu a lição?

E eu respondia:

- Eu dei.

José Ângelo

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MEU PAI...

Depois de casada, voltei para casa do meu pai. Passei quatro

anos lidando com meus pais na velhice. Cuidei do meu pai, da minha mãe

e da minha madrinha Ana. Ana tinha sido vendida na época da escravidão

para um Senhor de Aracati. Quando ela ficou “mocinha” o irmão dela foi

pegá-la. E ela ficou morando com meus bisavôs. Quando meus bisavôs

morreram, meu pai foi morar com madrinha Ana quando ele tinha 12

anos. Cuidei dela que já estava “prostrada”, meu pai doente “esclerosado”

e minha mãe ficou cega.

Fui para “lá” em maio de 1968, minha madrinha morreu em abril

de 1970. Minha mãe em março de 1972. Por último faleceu meu pai.

Três dias antes do meu pai “ir”. Ele estava deitado na rede,

quando eu me aproximei, ele estendeu a mão e pegou na minha e apertou

e disse:

- Vamos comigo!!!

Eu fiquei assustada... e parada sem coragem para nada. Ele

continuou apertando a minha mão. E repetiu frase e continuei parada. Na

terceira vez que ele falou eu “criei” coragem e disse:

- Pai, eu não queria ir agora, por que tenho meus filhos para

cuidar.

Só depois que eu falei, ele afrouxou a minha mão.

Depois que meu pai “se foi” voltei para minha casa para cuidar

dos meus dois filhos. Hoje cuido de dois netos.

Maria Quitéria Guerreiro

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MINHA INFÂNCIA

Quando eu era jovem gostava de trabalhar para ajudar meus

pais. Eu estendia olho, apanhava algodão com meus irmãos, papai e

mamãe. Eu não gostava de estudar. Até me arrependo, mamãe dizia que

ia me arrepender. Agora quero aprender a ler.

Sebastiana Alves de Sousa

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MINHA VIDA DE SOLTEIRA FOI MUITO DIFICIL

Eu nasci no Acre, quando meus pais vieram morar no Sítio

Jenipapeiro (CE) eu já tinha dois anos. Viemos morar na casa do meu avô,

que já havia morrido. Eu tinha seis anos de idade quando minha mãe

faleceu, meu irmão tinha três anos e outros nove meses de nascido.

Meu pai pediu para uma vizinha ficar cuidando de nós até achar

uma mulher para se casar. Ele casou e com dois anos de casado ficou viúvo

de novo. Dessa vez ele pediu para uma tia cuidar de nós três até casar e

casou-se de novo.

Eu não tive direito de estudar por que eu era a mais velha e

tinha que ajudar. Quando criança, eu não tive direito de brincar. Fui criada

trabalhando. Eu era quem lavava todas as roupas e a casa era por minha

conta.

Eu casei com vinte e dois anos, já tinha ajudado a criar doze

irmãos do terceiro casamento dos meus pais. Com sessenta anos, entrei no

PAPI, eu conhecia as letras, mas não sabia juntar as letras. Hoje, já sei ler

algumas palavras.

Terezinha Silva Gadelha

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MUNDO DE HOJE

Eu já passei muito tempo bom na minha vida, lá na casa do meu

pai nós éramos nove filhos, cinco homens e quatro mulheres. Um tempo

muito tranqüilo que a gente dormia com as portas abertas. E não tinha

ninguém para roubar. O meu pai era uma pessoa boa, tranqüilo. Nunca

me bateu. A gente era pobre, mas muito feliz.

A gente não ligava para luxo, não tinha muita coisa, o que tinha

era muita paz e isto bastava. Eu tinha bastantes amigos e amigas, para

mim era tudo, todos os fins de semana a gente se encontra para

conversar, a minha juventude foi boa. Não tenho de que me queixar, a

gente não tinha emprego, era só em casa! Eu não estudei por que naquele

tempo não tinha escola de governo e o meu pai não tinha como pagar

para todos os filhos estudarem.

Maria Eliete Bezerra Oliveira

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QUANDO EU ERA MENINO

Lá onde eu morava, um lugar chamado de Jurimau, toda semana

um Senhor vinha numa carroça comprar banana para vender lá a onde ele

morava. Então, ele me pediu, a mamãe me deixou ir morar com ele, mas

ele e a mulher eram tão ruins pra mim. Lá, eu começava a trabalhar seis

horas da manhã e só largava quando estava escuro. Eu passava o dia

puxando boi, cultivando terra. Eu queria ir embora, mas ele não deixava.

Ele me fazia medo dizendo que se eu fosse embora ele mandava me

rastrear.

Quando foi um dia, ele foi para a feira em Tabuleiro e eu fui

deixar os bois no cercado. De lá eu fugi no caminho e um cachorro me

acompanhou. Morrendo de medo eu pensava que o cachorro estava me

rastreando. Quando eu cheguei a casa de um conhecido e o cachorro era

de lá. Eu almocei lá na casa. Depois ele foi me deixar na minha casa.

Depois ele levou as minhas coisas. Esta é a minha história.

José Valdecy Pereira

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QUANDO EU ERA MOÇA

Quando eu era moça, eu era muito presa, depois me casei, eu

vivia num mar de rosa, depois de cinco anos começou o sofrimento, tinha

cinco filhos pequenos, fiquei “viúva de marido vivo”. Depois, construí outra

família. Começou novamente como um mar de rosas. Graças a Deus

“arrumei” um marido muito bom. Há alguns anos eu não conhecia a

palavra de Deus, mas agora eu tenho um Deus vivo no meu coração e

agora eu agradeço a Deus pela família que eu tenho.

Apareceram duas senhoras convidando para eu estudar no CEJA,

eu respondi para elas “que papagaio velho não aprende nada”. Mas eu

senti no coração Deus dizendo que nada é tarde que eu devia ter

começado mais cedo. Eu encontrei um professor legal e uma professora

distinta, juntos como amigos legais.

Maria do Socorro da Silva

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QUANDO EU ERA PEQUENA...

Quando eu era pequena eu carregava água com Raimundo, meu

irmão, do açude do Caboré. Tinha um jumento que levava uma cangaia

com um jogo de ancoreta. Nós íamos a cavalo. Raimundo na cela e eu na

garupa. Quando estávamos voltando para casa ele arriava várias vezes

para trás, até me derrubar e eu colocava a mão no ombro dele e montava

de novo. Todos os dias eu chegava a casa chorando.

Quando eu tinha cinco anos meu pai me chamava de

madrugada para botar milho para moer, para fazer pão para os

trabalhadores almoçarem antes de ir para o serviço. Botava uma panela

com feijão no fogo e eu era quem pastorava para não deixar apagar o

fogo, eu mexia e botava água para não secar. E quando os homens

chegavam estava tudo pronto. E tinha mais um café para acabar de

completar, eu era quem fazia.

Maria do Carmo Nunes

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Maria do Carmo Anastácia

Valdecy

Eliete

Mateus Zé Ângelo

Socorro Quitéria

Maria Luiza Terezinha Sebastiana

Professora

Fabrícia

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