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Modelo de Estruturas do Conhecimento (MEC)
Voleibol
Professor Estagiário: João Carronha
Professora Cooperante: Dra. Júlia Gomes
Orientadora da FADEUP: Mestre Mariana Cunha
Mestrado em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário
Agrupamento de Escolas António Nobre/Escola EB 2/3 Nicolau Nasoni
Ano letivo 2012/2013
MEC Voleibol
Índice
1. Análise 3
1.1. Módulo 1 – Estrutura de Conhecimento 3
1.2. Módulo 2 – Envolvimento 30
1.3. Módulo 3 – Alunos 31
2. Decisões 32
2.1. Módulo 4 – Extensão e sequência da matéria 32
2.2. Módulo 5 – Objetivos 33
2.3. Módulo 6 – Configuração da Avaliação 36
2.4. Módulo 7 – Progressões de ensino 40
3. Aplicação 44
3.1. Módulo 8 – Unidade Didática 44
4. Bibliografia 47
2
MEC Voleibol
1. Análise
1.1. Módulo 1 – Estrutura de Conhecimento
3
Diferenciação Cinestésica
Habilidades motorasConceitos psicossociais
Velocidade
Capacidades coordenativas
Equilíbrio Cooperação
Respeito
Empenho
Principais regras do
História
Caracterização da modalidade
Capacidades condicionais
Condição Física
Assiduidade e pontualidade
Fair-Play
Fisiologia do treino e condição física
Cultura desportiva
Resistência
Retorno à calma
Ativação geral
Ajustamento De frente, em apoio
1x1
Abrir espaço
Por baixo
Tática Técnica
Formas de jogo Deslocamentos
Diferenciação de papéis
Transição
Laterais(passo caçado)
2x2 Corrida
Voleibol
Posição fundamental
Passe Manchete
Prosseguir
Serviço
Antero – Posteriores
Flexibilidade
ForçaRitmo
Terminologia
FIVB
Arbitragem
Regras de segurança
Autoestima
ResponsabilidadeConcentração
Hábitos de higiene
Orientação espacial
CULTURA DESPORTIVA
História da modalidade
O Voleibol foi criado em 1885, em
Massachussets, por William G. Morgan, responsável pela
Educação Física no Colégio de Holyoke, nos Estados
Unidos da América. O nome inicial deste desporto era
mintonette.
O ténis foi fonte de inspiração para a criação
deste desporto, pois o autor procurava que a sua
modalidade não exigisse tantos recursos materiais, que pudesse ser praticável
por todos.
Em Portugal
O Voleibol foi introduzido em Portugal pelas tropas norte-americanas
que estiveram estacionadas na Ilha dos Açores durante a 1ª Grande Guerra
Mundial. O Eng.º António Cavaco, natural dos Açores (Ilha de S. Miguel), teve
um papel preponderante na divulgação do Voleibol.
Marcos históricos:
A Federação Portuguesa de Voleibol nasceu no dia 7 de abril de 1947 em
Lisboa;
O primeiro Campeonato Nacional de Seniores Masculino disputou-se em
1946/47, tendo como vencedor a A.E.I.S. Técnico. A prova feminina apenas
começou em 1959/60, com a equipa do S.C. Espinho a sagrar-se campeã
nacional;
A estreia da seleção portuguesa em provas internacionais deu-se no
Campeonato da Europa de 1948 em Roma.
MEC Voleibol
Caracterização da Modalidade
O jogo de Voleibol é caraterizado pela sua coletividade, em que se
defrontam duas equipas de seis jogadores efetivos e, no máximo, seis
suplentes. O jogo realiza-se num campo retangular, com a dimensão de 18x9
metros, dividido por uma rede a meio que é variável na sua altura conforme o
sexo e/ou categoria. A rede é constituída por duas varetas alinhadas pelas
linhas laterais do campo, limitando o espaço aéreo.
O objetivo do jogo é enviar a bola por cima da rede para o campo do
adversário, fazendo com que esta toque no solo.
Nesta modalidade o tempo não é um fator influente, ganhando o jogo a
primeira equipa a conseguir vencer três “sets”. Um “set” é conseguido quando
uma equipa atinge os 25 pontos, com pelo menos dois pontos de vantagem,
sendo que se assim não acontecer, o jogo prossegue até atingir a vantagem de
dois pontos. No Voleibol não há empates. Desta forma, em caso de empate em
“sets”, a 2-2, o quinto parcial é disputado só até aos 15 pontos, sendo também
necessária a diferença de dois pontos.
Um encontro é dirigido por uma equipa de arbitragem constituída por
um árbitro (principal), um 2º árbitro, dois a quatro juízes de linha e um
marcador.
13
MEC Voleibol
FIVB
A Federação Internacional de Voleibol (FIVB) foi criada em 1947, sendo
eleito como presidente Paul Libaud (Francês).
A principal atividade da FIVB é o planeamento e a organização de
eventos de voleibol, por vezes em parceria com outras instituições
internacionais. Entre outros, esta organiza os seguintes eventos internacionais:
Torneio Olímpico de Voleibol; Campeonato Mundial; Copa do Mundo; Liga
Mundial; Grand Prix; Campeonato Mundial de Voleibol de Praia.
Marcos históricos:
A participação do Voleibol como modalidade Olímpica surgiu pela primeira vez
em Tóquio – 1964.
Principais Regras do JogoRotação
Quando a equipa que recebe ganha o direito ao serviço (faz ponto), os
jogadores efetuam uma rotação, deslocando-se uma posição no sentido dos
ponteiros do relógio.
Marcar Um Ponto
Uma equipa marca um ponto:
Se colocar a bola no solo do campo adversário;
Quando a equipa adversária comete uma falta;
Quando a equipa adversária recebe uma penalização.
Ganhar Um Set
Um set (exceto o set decisivo – 5º) é ganho pela equipa que faz primeiro
25 pontos, com uma diferença mínima de 2 pontos. Em caso de igualdade a 24-
24, o jogo continua até haver uma diferença de 2 pontos (26-24, 27-25, …).
Para Ganhar Um Jogo
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MEC Voleibol
Um jogo é ganho pela equipa que vença três sets. Em caso de igualdade
de sets 2-2, o set decisivo (5º) é jogado até aos 15 pontos com uma diferença
mínima de 2 pontos.
Bola em Jogo
A bola está em jogo a partir do momento do batimento no serviço após
autorização do árbitro.
Bola Fora de Jogo
A bola deixa de estar em jogo no momento em que se comete a falta
assinalada por um dos árbitros; no caso de não haver falta, a jogada termina ao
apito do árbitro.
Bola “Dentro”
A bola é “dentro” quando toca o solo do terreno de jogo adversário,
incluindo as linhas de delimitação.
Bola “Fora”
A bola é “fora” quando:
A superfície da bola que toca o solo está completamente fora das linhas
de delimitação;
Toca um objeto fora do terreno, o teto ou alguém estranho ao jogo;
Toca as varetas, cabos, postes ou a rede no exterior das bandas laterais.
Toques da Equipa
Um toque é qualquer contacto de um jogador com a bola. Cada equipa
tem direito a um máximo de três toques.
Toques Consecutivos
Um jogador não pode tocar duas vezes consecutivas na bola
(excecionalmente o pode fazer de o segundo toque for precedido de bloco).
Características do Toque de Bola
A bola pode ser tocada com qualquer parte do corpo;
A bola não pode ser agarrada e/ou lançada. Pode ressaltar para qualquer
direção;
A bola pode tocar várias partes do corpo, desde que esses contactos
ocorram simultaneamente.
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MEC Voleibol
Faltas no Jogo com a Bola
Quatro toques: uma equipa toca a bola quatro vezes antes de a reenviar;
Toque assistido: um jogador, dentro da área de jogo, apoia-se num
colega ou numa estrutura/objeto a fim de tocar a bola;
Bola retida: a bola é agarrada e/ou lançada; não ressalta após o toque;
Dois toques: um jogador toca sucessivamente a bola duas vezes ou a bola
toca sucessivamente várias partes do seu corpo.
Faltas do Jogador à Rede
Um jogador toca a bola ou um adversário no espaço contrário, antes ou
durante o ataque do adversário;
Um jogador penetra no espaço contrário por baixo da rede e interfere na
jogada do adversário;
O(s) pé(s) do jogador penetra(m) completamente no campo adversário.
Um jogador interfere com o jogo adversário se (entre outros):
Toca no bordo superior da rede ou nos 80 cm das varetas acima da rede
durante a sua ação de jogar a bola;
Apoia na rede ao mesmo tempo que joga a bola.
Arbitragem
Gestos oficiais mais importantes:
Autorização para o serviço “Dois toques”
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MEC Voleibol
Deslocar a mão para indicar a
direção do serviço.
Levantar dois dedos afastados.
Bola “dentro”
Estender o braço e dedo em direção ao
campo.
“Quatro toques”
Levantar quatro dedos
afastados.
Fim do Set (ou encontro)
Cruzar os antebraços à
frente do peito com as mão abertas.
Regras de Segurança
Durante as aulas de Educação Física, é necessário cumprir algumas
regras e/ ou cuidados que permitirão a existência de maior segurança. Desta
forma, como rotinas de segurança temos:
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MEC Voleibol
Uso de equipamento (calçado e roupa desportiva);
Sinal do professor para iniciar as atividades;
Bolas paradas (debaixo do braço) quando o professor reunir a turma para
dar alguma indicação ou feedback geral;
Bolas que não estão em utilização no carrinho;
Qualquer material que não esteja a ser utilizado é colocado fora do
espaço em que os alunos estão em atividade;
Bolas não são pontapeadas;
Ninguém se pendura na rede;
Não é permitido o uso de adereços (brincos, anéis, etc.) nem de objetos
contundentes.
FISIOLOGIA DO TREINO/ CONDIÇÃO FÍSICA
O voleibol é uma modalidade que exige vários parâmetros físicos para
atingir o sucesso uma vez que é um jogo que pode demorar várias horas. Para
tal os alunos têm de estar preparados fisicamente para tal demanda física.
Existem três aspetos essenciais a ter em conta: aquecimento; condição
física e retorno à calma.
Aquecimento
O aquecimento é uma etapa essencial uma vez que corresponde à
primeira parte do aula e tem como objetivo preparar o organismo para o
exercício físico que vai realizar, funcionando como uma ferramenta de suporte.
Tem como funções principais prevenir lesões e atingir o estado ideal físico e
psicológico.
Existem dois tipos de aquecimento: o que visa a ativação geral, que
deve envolver os grandes/principais grupos musculares e o que visa a ativação
específica, que deve envolver a musculatura exigida numa determinada
modalidade, onde estão já inseridos movimentos semelhantes aos da atividade
a realizar.
Existem vários fatores que influenciam o aquecimento como a idade,
período do dia, temperatura ambiente, modalidade desportiva, entre outros.
Condição Física
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MEC Voleibol
A condição física engloba dois grandes conceitos: capacidades
condicionais (força, flexibilidade, velocidade, resistência) e capacidades
coordenativas (ritmo, equilíbrio, diferenciação cinestésica e orientação
espacial).
Capacidades condicionais:
Força – Traduz-se na capacidade dos músculos produzirem tensão, ou
contração muscular. Esta capacidade está bem presente no Voleibol e deve ser
trabalhada de acordo com as exigências da modalidade. Facilmente
identificável nos saltos, que exigem um bom nível de força dos membros
inferiores, e presente também nas várias habilidades motoras como o passe,
manchete, serviço, entre outros.
Flexibilidade – É a capacidade de realizar movimentos de grande
amplitude angular em torno de uma articulação, por intermédio de uma
contração muscular voluntária ou por ação de forças externas. Bons níveis de
flexibilidade implicam uma melhoria da postura e equilíbrio, preservam a
funcionalidade articular e ajudam na prevenção de lesões.
Velocidade – Consiste em realizar movimentos no mais curto espaço de
tempo possível. É importante que os alunos adquiram noções de que existem
diferentes tipos de velocidade. Pretende-se que estes adquiram uma boa
velocidade de reação, uma vez que o Voleibol exige-o, assim como, uma boa
velocidade de execução nas habilidades.
Resistência – É a capacidade de executar um esforço estático ou
dinâmico, sem decréscimo acentuado da eficácia, durante um período alargado
de tempo. A resistência pode ser anaeróbia ou aeróbia.
Capacidades Coordenativas:
Ritmo – Consiste na compreensão, acumulação e interpretação de
estruturas temporais e dinâmicas pretendidas ou contidas na evolução do
movimento.
Equilíbrio – Traduz-se na manutenção do corpo numa posição em
relação ao solo, desenvolvendo reflexos para acomodar o corpo ao movimento.
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MEC Voleibol
Diferenciação cinestésica – é a capacidade de diferenciar as
informações provenientes de diferentes estruturas corporais (músculos,
tendões e ligamentos) que nos dão informação sobre a posição do nosso corpo
num determinado momento e espaço, o que nos permite realizar ações
motoras de uma forma correta e económica, obtendo assim a coordenação dos
movimentos.
Orientação espacial – Baseia-se na reação a um estímulo externo em
termos de deslocação ou de estabilização postural.
Retorno à calma
O retorno à calma consiste no regresso progressivo dos sistemas
cardiovascular e respiratório à normalidade. Pode ser útil na prevenção de
lesões e corresponde ao final da sessão. Em contexto escolar, é muitas vezes
utilizado para os professores fazerem juntamente com os seus alunos, um
balanço sobre a aula, sobre os conteúdos que lecionaram, onde relembram
aspetos importantes para aulas seguintes, etc.
HABILIDADES MOTORAS
Técnica
Passe Frontal
É o gesto técnico mais frequentemente utilizado e aplicado no jogo de voleibol, devido a
uma maior facilidade em termos de execução, porque a bola encontra-se sempre na linha
de visão e beneficia de uma posição de equilíbrio (posição fundamental) com os pés bem
20
MEC Voleibol
apoiados no solo, membros inferiores semi-fletidos que no momento da sua extensão
ajudam a colocar a bola no colega ou campo do adversário.
Componentes críticas Erros frequentes
Um pé ligeiramente avançado em
relação ao outro e afastados à largura
dos ombros;
Corpo colocado debaixo da bola com
os MI ligeiramente fletidos;
Flexão/extensão em simultâneo dos
membros inferiores e dos membros
superiores (mola);
MS em extensão;
Mãos em forma de concha (dedos
afastados e polegares orientados
para o rosto);
A zona de contacto com a bola é os
dedos;
O passe é feito acima e à frente da
cabeça;
Ligeira abdução, no final movimento
dos pulsos;
Cabeça levantada e olhar dirigido
para a frente.
Pés paralelos;
Extensão dos membros superiores e
inferiores;
Passe realizado a partir do peito;
Bola batida com a palma das mãos /
ausência de movimento de elevação
dos braços;
Falta de deslocamento para a bola.
Manchete
É uma técnica que se define por ser a mais utilizada em termos defensivos no voleibol. A
sua técnica traduz-se na reflexão da bola com os membros superiores unidos em completa
extensão, com superfície dos antebraços em supinação e mãos unidas. O movimento da
manchete deverá ser iniciado através de semi-flexão dos membros inferiores e é realizado
de baixo para cima numa posição que facilite a sua deslocação. Assume especial
importância nas bolas baixas.
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MEC Voleibol
Componentes críticas Erros Frequentes
Um pé ligeiramente avançado em
relação ao outro e afastados à largura
dos ombros;
Flexão dos membros inferiores (C.G.
baixo);
Ligeira inclinação do tronco à frente;
Membros superiores em extensão e
com altura inferior à da cintura
pélvica;
“Mãos dadas” (em supinação), uma
por cima da outra;
Rotação externa dos membros
superiores;
A zona de contato com a bola é a
superfície formada pelos dois
antebraços, que se encontra entre os
apoios;
Cabeça levantada e olhar dirigido
para a frente.
Pés paralelos;
Membros inferiores em extensão;
Batimento ou contacto com a bola
efetuado num plano demasiado
elevado ou lateral;
Membros superiores fletidos;
“Mãos dadas” lateralmente;
A zona de contacto com a bola é as
mãos;
Movimento demasiado amplo e
descontrolado dos braços, debaixo
para cima;
Inclinação do tronco atrás.
Serviço por Baixo
Serviço é o gesto técnico pelo qual começa o jogo de voleibol. Executado a partir da zona de
serviço, traduz-se por um movimento frontal, realizado a partir de uma linha ligeiramente
abaixo da anca, com a bola a ser impulsionada por um movimento semicircular do braço,
com o objetivo de transpor a rede e cair no campo adversário.
Componentes críticas Erros frequentes
Acentuada flexão do tronco; Colocação errada dos apoios;
22
MEC Voleibol
Pé contrário à mão livre adiantado;
A bola deve estar colocada no
prolongamento do braço livre;
A mão que sustenta a bola situada
sensivelmente a nível da cintura;
A mão do batimento é colocada junto
à bola, executando posteriormente
um movimento para trás e para cima,
de modo a preparar o batimento;
O braço de batimento deve manter –
se em extensão durante o
movimento de trás para a frente;
A zona de contacto com a bola é a
palma da mão (mão rígida e dedos
fechados);
Após o batimento na bola, o peso do
corpo deve ser deslocado do apoio
atrás para o apoio mais adiantado;
Olhar dirigido para a zona alvo.
Bola colocada num plano demasiado
alto ou baixo;
Bola colocada demasiado longe do
corpo;
Bola não colocada no prolongamento
do braço de batimento, o que origina
um movimento lateral;
Peso do corpo sempre no apoio de
trás.
Deslocamentos
Os deslocamentos estão divididos em três tipos: Antero-posteriores
(frente/trás); Laterais (passo caçado) e corrida.
Permitem que haja continuidade nas ações, assim os mesmos encontram-se
relacionados com uma postura e correta execução técnica na abordagem à bola.
Sendo o paço caçado o deslocamento mais utilizado, não se pode dar menor
importância à corrida, porque muitas vezes devido à rapidez da bola os jogadores
correm para ajustar a sua posição.
Componentes críticas Erros frequentes
23
MEC Voleibol
Um pé ligeiramente avançado em
relação ao outro e afastados à largura
dos ombros;
A planta do pé tem de estar em
contacto com o solo;
MI ligeiramente fletidos (C.G. baixo);
Tronco ligeiramente inclinado à
frente;
Olhar dirigido para frente.
Cruzamento dos apoios;
Pés paralelos;
Extensão dos MI;
Membros superiores descontraídos;
Saltar durante os deslocamentos.
Posição fundamental
A posição fundamental ou de base, é a posição de equilíbrio biomecânico a partir da qual o
corpo se encontra preparado para a execução da maioria dos gestos técnicos pertencentes
ao jogo, dado que permite através de uma coordenação segmentar adotar uma postura pré-
dinâmica, de intervenção. A partir da mesma o jogador pode deslocar-se em todas as
direções com maior rapidez e agilidade para estar corretamente colocado para jogar a bola,
isto é entre os apoios. A posição fundamental deve permitir uma organização funcional dos
segmentos tendo em vista um arranque rápido em qualquer direção.
Componentes críticas Erros frequentes
Um pé ligeiramente avançado em
relação ao outro e afastados à largura
dos ombros;
A planta do pé em contacto com o
solo;
MI ligeiramente fletidos (C.G. Médio);
Tronco ligeiramente inclinado à
frente;
Membros superiores à frente;
Olhar dirigido para a bola.
Pés paralelos;
Extensão dos membros inferiores;
Membros superiores descontraídos.
Tática
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MEC Voleibol
Ações táticas
Ações sem
bola
Objetivos Dificuldades
Abrir Espaço
Prende-se com a “Ocupação
de espaço oportuno para
intervir” (Griffin et al., 1997).
Os alunos devem
compreender que para jogar
a bola têm de se movimentar
para lá do seu raio de ação, a
fim de intervirem sobre a
mesma.
Os alunos adotam uma
postura estática, não
procurando a bola. Desta
maneira o número de
intervenções sobre a bola é
reduzido e
consequentemente a
conquista do ponto dá-se
fundamentalmente à custa
do serviço. São problemas
que se observam no primeiro
nível de jogo, e como tal tem
de ser ultrapassados na
primeira etapa de
aprendizagem.
Prosseguir
Os alunos devem tornar o
jogo contínuo, isto é, o jogo
não para após jogarem a bola
para o campo adversário.
Ações táticas
Ações sem
bola
Objetivos Dificuldades
Diferenciação de Papéis
Os alunos devem distinguir
entre Não
Recebedor/Distribuidor e
Recebedor/Atacante. Esta
perceção de que os
jogadores assumem vários
papéis, dependendo de
quem dá o primeiro toque, é
Os alunos encontram
dificuldades na relação com o
colega, sendo necessário
enfatizar a colaboração que
deve existir entre ambos.
Neste sentido, os três toques
por equipa são raros e
quando acontecem não são
25
MEC Voleibol
fundamental. realizados da melhor forma.
Existe ainda uma aglutinação
no ponto de queda da bola,
fruto da indefinição das
zonas de intervenção. São
problemas que se observam
no segundo nível de jogo, e
como tal tem de ser
ultrapassados na segunda
etapa de aprendizagem.
Transição
O aluno após o contacto com
a bola estabiliza para nova
posição, ou seja, “ocupa
espaço para intervir depois
de receber” (Mesquita, 2006)
Ajustamento
O aluno deve promover a
“Adequação da posição
corporal às características da
trajetória da bola” (Griffin el
al., 1997), isto é, no decorrer
do jogo perante as
cateterísticas da bola, ocupar
espaço tendo em conta a sua
zona de responsabilidade.
Formas de jogo
Formas de jogo
1x1
Configura-se como a forma de jogo mais simples e de menor complexidade.
Permite aos alunos adquirirem a noção Espaço/Corpo/Bola, sendo a ação
técnica de passe a mais usada. Tem como grande vantagem aumentar o
número de intervenções sobre a bola e consequentemente o fluxo de jogo.
Esta forma de jogo é usada para o primeiro nível de jogo, de forma a
ultrapassar os problemas da primeira etapa de aprendizagem.
26
MEC Voleibol
2x2
Configura-se como a forma de jogo mais simples na presença de cooperação,
dado que as ações são realizadas tendo em conta não só o adversário mas
também o colega. O conceito de zona de responsabilidade é aqui
introduzido, tal como os três toques por equipa devem ser respeitados. A
manchete surge como um elemento técnico necessário na
abordagem ao jogo. Esta forma de jogo é usada para o segundo
nível de jogo, de forma a ultrapassar os problemas da segunda
etapa de aprendizagem.
CONCEITOS PSICOSSOCIAIS
Assiduidade: A assiduidade regular à escola ajuda o aluno a obter
sucesso na sua vida futura. O desporto e as outras atividades físicas ajudam a
manter as crianças saudáveis. Espera-se que os alunos estejam presentes em
todas as aulas, incluindo as da disciplina de Educação Física. Frequentar a
escola todos os dias facilita a aprendizagem e ajuda os alunos a construírem e
manterem amizades. Tornar a assiduidade um princípio básico a cumprir, fará
dos alunos futuros cidadãos responsáveis.
Pontualidade: Chegar à escola e entrar na sala de aula ou pavilhão a
horas assegura que o aluno não perca importantes atividades de
aprendizagem, ajuda-o a aprender a importância da pontualidade e da rotina,
possibilita que o mesmo tenha tempo de falar com os seus amigos antes da
aula e, assim, reduzir a oportunidade de perturbação da aula.
Concentração: Segundo William James (1999 in Weinberg&Gould,
1999), a concentração é a capacidade de estar com atenção, permitida pela
mente. Manter a atenção durante todas as aulas não é nada fácil. Isso depende
da motivação enquanto aluno, das metas que deseja atingir, mas também de
uma aula que traga estímulo para toda a turma. Durante as aulas, os alunos
devem demonstrar um nível de concentração que lhes permita executar as
tarefas delegadas de forma eficiente.
Responsabilidade: O envolvimento do aluno no processo ensino-
aprendizagem é fundamental. O que se pretende é consciencializar os alunos a
27
MEC Voleibol
serem responsáveis, exigindo dedicação e persistência nas aulas, bem como
uma participação ativa. Só dessa forma é possível acelerar, expandir e
consolidar o conhecimento adquirido. O professor de Educação Física deverá
guiar os seus alunos, tornando-os cidadãos responsáveis, por exemplo, através
da aquisição de alguns hábitos recomendados.
Autoestima: Segundo Maia (2005), autoestima é gostar de si mesmo,
valorizar-se, ter uma opinião positiva de si mesmo, ter uma boa imagem, ser
confiante, acreditar em si mesmo e nas suas capacidades. Autoestima é a
capacidade que uma pessoa tem de confiar em si própria, de sentir capaz de
enfrentar os desafios da vida, e saber expressar de forma adequada para si e
para os outros as próprias necessidades e desejos, e ter também amor-próprio
(TESSARI, 2005). Segundo Melgosa (2009), a atividade física é um medicamento
inquestionável na área da saúde, não apenas para prevenir doenças físicas e
mentais mas também para curá-las. Considerando a escola um dos locais
privilegiados de produção e reprodução do saber é muito importante cuidar da
saúde mental das crianças, criando alicerces de auxílio através das atividades
dadas nas aulas de educação física. A autoestima deverá ser trabalhada
regularmente, de forma implícita.
Fair-play: Na conceção de Parry (1994) o Fair-Play deve ser entendido
como uma virtude na adesão às regras, bem como, num compromisso de
competição alicerçada num espírito mais elevado do que aquele descrito nas
regras, devendo ainda incluir o respeito pelos outros, modéstia na vitória e
serenidade na derrota. O papel do professor de Educação Física deverá ser o de
promover o Fair-Play entre os seus alunos.
Respeito: O respeito mútuo é o dever e obrigação que se impõem à
conduta de todas as pessoas em vários contextos, somente assim é que se
torna possível a vida em sociedade. Durante as aulas de Educação Física, os
alunos deverão aceitar as decisões da arbitragem em situações de jogo,
identificando os respetivos sinais, bem como tratar com igual cordialidade e
respeito os colega de equipa, os adversários e o professor.
Cooperação: A competição e a cooperação são possibilidades de agir e
estar no mundo, por isso, a Educação Física, através dos seus conteúdos poderá
28
MEC Voleibol
contribuir plenamente para desenvolver em vez de um ser humano ultra
competitivo um outro mais cooperativo e solidário. Cooperar em todas as
atividades propostas nas aulas poderá ser um meio muito favorável para o
melhor aproveitamento do aluno e da turma.
Hábitos de higiene: A higiene é fundamental para a manutenção da
saúde. Numa disciplina, maioritariamente prática, como a Educação Física,
fomentar hábitos de higiene nos alunos é essencial.
Empenho: A participação e o empenho demonstrados pelos alunos nas
aulas de Educação Física são aspetos muito importantes para a autoestima do
próprio aluno e para um melhor aproveitamento físico e psicológico da
disciplina. O empenho pode ser estimulado criando critérios de sucesso na
execução das tarefas.
29
MEC Voleibol
1.2. Módulo 2 – Envolvimento
Na construção deste módulo as primeiras preocupações que surgem
relacionam-se com a gestão do equipamento e das condições e com a segurança.
A análise das condições de aprendizagem é importante, pois ajuda a
determinar estratégias pessoais de ensino, ajuda a conhecer detalhes do ambiente
físico e encoraja os professores e terem em conta e a pensarem no ginásio como o seu
(próprio) espaço.
Recursos Temporais
A carga horária semanal para a disciplina de Educação Física da respetiva turma
(9.º A) é de dois blocos: um de 90 minutos e outro de 45 minutos. A unidade didática
referente ao ensino do Voleibol está inserida no plano anual de matérias a lecionar
durante o terceiro período letivo, sendo-lhe destinada 11 blocos de aula.
Recursos espaciais
Para o ensino do Voleibol pode utilizar-se o pavilhão gimnodesportivo, assim
como o campo de jogos disponível no exterior. Atenção para o pavilhão que pode ser
dividido para utilização por duas turmas em simultâneo.
O pavilhão apresenta excelentes condições para a prática de várias
modalidades e na qual se inclui o Voleibol.
Recursos Materiais
Material QuantidadeBolas 2 + 10 (iniciação)Postes 2Sinalizadores 20 (pequenos) + 15 (grandes)Rede de transporte de bolas 2Coletes coloridos 24Elástico 1
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MEC Voleibol
1.3. Módulo 3 – Alunos
31
MEC Voleibol
2. Decisões
2.1. Módulo 4 – Extensão e sequência da matéria
A sequência segundo a qual o conteúdo vai ser apresentado será do topo para a base,
uma vez que as habilidades motoras só fazem sentido se forem abordadas em
contexto de jogo, dando-lhes utilidade e, ao mesmo tempo potenciando a descoberta/
necessidade dos alunos de inserir novas habilidades que o jogo pede. Desta forma os
alunos não só exercitam as habilidades, como também as associam às diferentes
situações do jogo.
Cultura desportiva:
1. Regras de segurança;
2. Caracterização da modalidade;
3. História;
4. Terminologia.
Habilidades Motoras:
Formas de jogo
1. Jogo 2x2.
Ações sem bola
1. Prosseguir;
2. Abrir espaço;
3. Diferenciação de papéis;
4. Transição;
5. Ajustamento.
Habilidades motoras
1. Posição fundamental;
2. Passe;
3. Deslocamentos;
4. Manchete;
5. Serviço por baixo.
2.2. Módulo 5 – Objetivos
32
MEC Voleibol
Os objetivos assumem dois grandes fins no processo ensino-
aprendizagem: permitem ao professor a definição de uma linha de atuação,
através da definição de que metas os alunos devem atingir e,
complementarmente, servem também de referência aos alunos, no sentido de
“balizar” a sua performance tendo como referencial os objetivos definidos.
Objetivos Gerais
Os alunos devem:
Compreender o objetivo do jogo;
Utilizar a bateria de testes Fitnessgram, onde o principal objetivo, a nível dos
conceitos fisiológicos, é situar o aluno na “zona saudável” da bateria de testes
Fitnessgram;
Realizar tarefas com combinações de movimentos mais complexos;
Alternar ritmos e velocidades;
Deslocar-se bem no espaço;
Realizar as habilidades motoras abordadas: Passe, Manchete, Serviço por
baixo, Deslocamentos e Posição Fundamental Média;
Efetuar as habilidades motoras tendo em conta as suas componentes críticas;
Agir corretamente tendo em conta as ações sem bola no jogo 2x2;
Efetuar as habilidades motoras de forma contextualizada no jogo 2x2;
Cooperar com os companheiros;
Tratar com igual cordialidade e respeito os colegas de equipa e os adversários.
Objetivos Específicos
Fisiologia do treino e condição física
Os alunos devem:
Na resistência
Desenvolver e melhorar a resistência aeróbia e anaeróbia;
Ser capaz de realizar ações com durações e intensidades variadas;
Recuperar rapidamente do esforço.
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Na força
Desenvolver os seus índices de força.
Na velocidade
Desenvolver e aumentar a sua velocidade.
Na flexibilidade
Desenvolver e melhorar a sua flexibilidade;
Realizar diversas ações que exijam amplitude, mobilidade articular e
elasticidade muscular;
Cultura Desportiva
Os alunos devem:
Conhecer a história da modalidade e a sua evolução (figuras marcantes);
Conhecer e utilizar a terminologia específica do Voleibol e da Educação Física;
Identificar os elementos técnicos abordados;
Conhecer e aplicar em situação de jogo os conhecimentos relativos à
regulamentação básica da modalidade,
Conhecer os sinais de arbitragem abordados;
Compreender a dinâmica e o objetivo do jogo;
Demonstrar conhecimento sobre o modo de utilizar o material, quais os
cuidados a ter.
Psicossociais
Cada aluno deve:
Ser assíduo e pontual;
Interessar-se e apoiar os esforços dos companheiros com oportunidade,
promovendo a entreajuda;
Participar ativamente em todas as situações e procurar o êxito pessoal e do
grupo;
Aplicar as regras de higiene e de segurança;
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Cooperar com os companheiros, quer nos exercícios, quer no jogo;
Escolher as ações favoráveis ao êxito pessoal e do grupo;
Admitir as indicações que lhe dirigem;
Aceitar as opções e falhas dos seus colegas;
Aceitar as decisões da arbitragem, identificando os respetivos sinais;
Apresentar iniciativas e propostas pessoais de desenvolvimento da atividade
individual e do grupo, considerando também as que são apresentadas pelos
companheiros com interesse e objetividade.
Evidenciar capacidade de superação face às dificuldades existentes (espírito
competitivo);
Tratar com cordialidade e respeito o professor e os colegas;
Encarar com dignidade a vitória ou a derrota;
Aceitar as decisões da arbitragem;
Estar envolvido, empenhado e motivado para a aula;
Resolver os conflitos existentes através do diálogo e da compreensão;
Colaborar na preparação, preservação e arrumação do material.
Motores
Os alunos devem:
No passe:
Deslocar-se para debaixo da bola e orienta-se para o alvo;
Realizar a flexão/extensão em simultâneo dos membros inferiores e dos
membros superiores (mola);
Colocar as mãos em forma de concha (Dedos indicadores e polegares
formam um triangulo);
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MEC Voleibol
Na manchete:
Orientar-se para o alvo numa posição estável;
Fletir os MI (C.G. baixo);
Coordenar a flexão/extensão dos MI;
Contatar a bola com os antebraços, as mãos unidas e os MS
estendidos.
No serviço por baixo:
Colocar o pé contrário à mão livre adiantado;
Colocar a mão que sustenta a bola sensivelmente a nível da cintura;
Ir com a mão de batimento de encontro à bola;
Manter o MS de batimento extensão durante o movimento de trás
para a frente;
Contactar a bola com a palma da mão (tensa e em extensão);
Após o batimento na bola, deslocar o peso do corpo para o apoio mais
adiantado.
Nos deslocamentos:
Ter como ponto de partida a posição fundamental;
Realizar Movimentos rápidos e controlados;
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Parar de forma equilibrada para intervir sobre a bola.
Na posição fundamental
Adotar uma posição média;
Colocar os apoios no chão com o terço anterior dos
pés;
Fletir os MS á altura da cintura;
Direcionar o olhar para a frente;
Na situação de 1x1:
Dar continuidade às jogadas;
Adotar a posição média de forma a aumentar o
número de intervenções sobre a bola;
Usar o serviço por baixo para iniciar o jogo.
Na situação de 2x2:
Ajustar-se às diferentes trajetórias de bola tendo em conta a sua zona
de responsabilidade;
Compreender os diferentes papéis no decorrer do jogo (NR – D; R – A);
Adotar uma posição dinâmica que contribua para a realização de três
toques.
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2.3. Módulo 6 – Configuração da Avaliação
A necessidade de avaliar é fulcral no processo de ensino e aprendizagem, na
medida em que só através desta tarefa é possível determinar os resultados da
aprendizagem dos alunos, e o grau de realização dos objetivos.
A avaliação é “o processo de reunir informação para fazer um julgamento sobre
produtos e processos na situação instrucional.” (Rink, 1993, p.). Revela-se, desta
forma, um fator fundamental do ato educativo. Sem a avaliação, nunca saberíamos se
o caminho percorrido foi, ou não, corretamente escolhido ou se o ensino deu origem a
uma aprendizagem real.
Assim, para além dos momentos formais de avaliação (diagnóstica e sumativa)
do desempenho motor, esta será realizada de modo informal e contínuo ao longo da
Unidade Didática. O instrumento de avaliação sumativa será o mesmo da avaliação
diagnóstica.
Já os parâmetros referentes ao domínio sócio-afetivo serão avaliados em todas
as aulas, com o recurso a grelhas elaboradas para o efeito.
Em relação ao domínio cognitivo, e apesar de ser avaliado de modo informal no
decorrer das aulas, este terá no teste escrito, a realizar no final do período, o seu
momento formal de avaliação.
Critérios de Avaliação
Alunos que realizam as aulas normalmente
Domínio Motor - 60% da nota final
Domínio Cognitivo - 15% da nota final (ex: perguntas feitas na aula aos alunos;
conhecimento das regras; entre outros)
Domínio Psicossocial – 25% da nota final:
Assiduidade/pontualidade – 10%
Motivação/Atenção/Envolvimento – 15%
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Alunos com atestado médico
Os alunos que não puderem realizar a aula e apresentarem atestado médico
devem permanecer na aula enquanto respondem a um relatório de observação da
mesma.
A avaliação sumativa terá em atenção os seguintes parâmetros:
Domínio de Conhecimento – 60%:
Relatórios de observação das aulas – 25%
Trabalho de desenvolvimento sobre um tema a definir pelo professor –
35%
Domínio de Ação – 20%:
Colaboração nas tarefas da aula (exemplo: preparar e arrumar o
material) – 10%
Ajudas específicas nos exercícios – 10%
Domínio de Atitude – 20%:
Assiduidade/pontualidade – 10%
Motivação/atenção/envolvimento – 10%
No fim de cada período somar-se-ão os resultados obtidos nos diferentes
domínios e nas diversas modalidades.
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2.4. Módulo 7 – Progressões de ensino
Segundo Vickers (1990, p. 140) é através de um desenho cuidadoso das
atividades de aprendizagem que conseguimos a atenção dos nossos alunos, fazendo
com que se sintam absorvidos na aula ou na atividade. Esta afirmação serve de
referência para a elaboração deste módulo, onde se pretende que os conteúdos a
abordar sejam desenvolvidos de forma a serem apreendidos pelos alunos.
Neste sentido, construímos uma progressão de ensino para os conteúdos
passe, manchete e serviço por baixo que servem de referência para o ensino dos
mesmos. Em todos eles, a preocupação passa por criar exercícios que levem os alunos
a melhorar o seu nível se execução, com o intuito de melhorar a performance em
situação de jogo.
Conteúdo Tarefa Situação de aprendizagem
Passe Informação
Pretende-se que os alunos realizem passe orientados para o
alvo. São enfatizadas as componentes críticas do mesmo
(Corpo debaixo da bola, mãos em forma de concha, ação de
“mola”) e estabilização da posição (após deslocamento),
com o corpo orientado para onde se pretende passar.
Passe Exercitação
Cada aluno com uma bola, lança a mesma e
capta-a em posição de passe orientado para o
professor.
Passe Aplicação
Em grupos de três com uma bola, os alunos formam um
triângulo. Realizam passes entre si, no sentido do ponteiro
do relógio. É permitido mais que um toque e o
passe tem de ser realizado sempre de frente
para o colega.
Passe ExtensãoEm situação de jogo 2x2, os alunos aplicam os conteúdos
abordados.
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MEC Voleibol
Na situação de aprendizagem anterior o objetivo passa por criar uma
progressão de exercícios, em que o aluno tem de realizar passe orientado para o alvo.
Primeiramente é realçada a forma correta de execução do passe, sendo esta
demonstrada. Os dois exercícios seguintes seguem uma ordem de complexidade
crescente: no primeiro pretende-se que os alunos de uma forma simples, através de
uma bola por eles lançada para fora do seu raio de ação, se orientem para o alvo na
posição de passe; o segundo pressupõe a formação de um triângulo, obrigando os
alunos a orientarem-se sistematicamente para o colega que querem passar, dado que
não podem realizar passes laterais. Por fim, verifica-se em situação de jogo se os
conteúdos abordados foram assimilados.
Conteúdo Tarefa Situação de aprendizagem
Manchete Informação
Pretende-se que os alunos realizem manchete precedida de
deslocamento lateral. São enfatizadas as componentes críticas
da manchete (flexão dos MI, coordenação da flexão/extensão
dos MI, contatar a bola com os antebraços, as mãos unidas e
os MS estendidos) e do deslocamento lateral (a partir da
posição fundamental, sem cruzar os apoios).
Manchete Exercitação
Cada aluno com uma bola desloca-se pelo espaço enquanto
realiza sustentação de bola em manchete. O deslocamento é
feito lateralmente em passe caçado e a manchete realizada
entre os apoios.
Manchete Aplicação
No fundo do campo, após deslocamento lateral, intercetar a
bola lançada do outro lado da rede e realizar
manchete orientada para o colega que se
encontra na rede.
Manchete ExtensãoEm situação de jogo 2x2, os alunos aplicam os conteúdos
abordados.
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MEC Voleibol
Através desta progressão de ensino pretende-se focar a técnica de manchete.
Numa primeira fase são explicadas as componentes criticas não só da manchete, mas
também dos deslocamentos, sendo ambos demonstrados conforme o pretendido. Isto
porque numa situação de jogo, e tendo em conta a nossa estruturação do MEC, do
topo para a base, os deslocamentos são indissociáveis das técnicas abordadas. Neste
sentido, os deslocamentos laterais (passe caçado) estão, tal como a manchete,
presentes na segunda etapa de aprendizagem. Na etapa de exercitação, os alunos
devem suster a bola em manchete, com preocupação em realiza-la corretamente,
podendo apenas deslocar-se lateralmente. A terceira situação prende-se com algo
mais próximo de um contexto de jogo, onde os alunos intervêm sobre a bola em
manchete após de deslocarem. Por último, verifica-se se no jogo 2x2 foram
apreendidos os conteúdos abordados.
Conteúdo Tarefa Situação de aprendizagem
Serviço
p/baixoInformação
Pretende-se que os alunos realizem serviço por baixo,
enfatizando as componentes críticas do mesmo (Contata a
bola com a palma da mão (tensa e em extensão), após o
batimento na bola desloca o peso do corpo para o apoio mais
adiantado).
Serviço
p/baixoExercitação
Os alunos dispõem-se em grupos de 2 com uma
bola. Frente a frente realizam serviço por baixo,
direcionado para o colega.
Serviço
p/baixoAplicação
Os alunos dispõem-se em grupos de 2 com uma bola.
Quem serve tenta acertar no alvo. Ganha quem
acertar mais vezes.
Serviço
p/baixoExtensão
Em situação de jogo 2x2, os alunos aplicam os conteúdos
abordados.
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MEC Voleibol
Com estes exercícios pretende-se criar uma sequência de exercícios para o
serviço por baixo. Inicialmente é explicada e demonstrada a forma como este deve ser
realizado. De seguida os alunos devem servir um para o outro, não muito distantes, de
forma a aperfeiçoarem o gesto técnico. O terceiro exercício já compreende a utilização
da rede, tendo a bola que passar a mesma com o objetivo de acertar nos alvos.
Finalmente, em situação de jogo, já que este começa invariavelmente com serviço, é
verificada a performance dos alunos.
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MEC Voleibol
3. Aplicação
3.1. Módulo 8 – Unidade Didática
Aula nº 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11Formas de Jogo
Jogo 2x2
Aval
iaçã
o Di
agnó
stica
I/E E E E E E E E C
Aval
iaçã
o Su
mati
va
Ações sem bolaProsseguir I/E E E E E E E E C
Abrir espaço I/E E E E E E E E CTransição I/E E E E C
Ajustamento I/E E E E CDiferenciação de papéis I/E E E E E E E E C
Habilidades MotorasPasse I/E E E E E E E E C
Deslocamentos I/E E E E E E E E CServiço por baixo I/E E E E E C
Manchete I/E E E E E E E E CPosição fundamental I/E E E E E E E E C
Cultura DesportivaRegras da modalidade
História Terminologia específica
Regras de Segurança Fisiologia do Treino e Condição Física
Capacidades condicionais
Força Flexibilidade Velocidade Resistência
Capacidades coordenativas
Ritmo Equilíbrio
Diferenciação Cinestésica
Orientação Espacial
Conceitos PsicossociaisAssiduidade/ Pontualidade
Concentração Fair-Play
Cooperação Responsabilidade
Respeito Empenho
Autoestima Hábitos de Higiene
Funções didáticas:
I – Introdução; E – Exercitação; C – Consolidação.
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MEC Voleibol
Justificação da Unidade Didática
A proposta para a Unidade Temática passa por exercitar desde a primeira aula
os elementos técnicos de passe, manchete, deslocamentos (a posição fundamental
está implícita) contribuindo para uma boa fluidez e consistência no jogo de
cooperação. Apesar deste facto, considero que:
Os elementos técnicos fundamentais merecem atenção ao longo de todas as
aulas, uma vez que o nível dos mesmos não é, por norma, excelente;
O serviço por baixo será introduzido mais tardiamente, não por ser menos
importante, dado que é uma ação fundamental do jogo, mas porque, por
experiência, é um elemento técnico relativamente fácil de executar. Assim
sendo, nas primeiras aulas a importância dada a outras habilidades será maior.
A primeira aula será de avaliação diagnóstica de algumas técnicas mais básicas
do voleibol, como o passe, a manchete e o serviço por baixo. Esta avaliação será
realizada através da forma de jogo 2x2, pois é a situação de jogo que mais se adequa
ao que se pretende observar. Aliás, o 2x2 será a única forma de jogo abordada. A meu
ver jogar 1x1 não tem lógica, quando o voleibol é, manifestamente, um jogo de
cooperação. No que se refere às ações sem bola, o “prosseguir”, o “abrir espaço” e a
“diferenciação de papéis” serão avaliadas durante o jogo.
A avaliação será feita ao longo da UT, através da observação e registo da
prestação dos alunos fundamentalmente em situação de jogo.
A avaliação sumativa será feita na última sessão através da situação de jogo
2x2, abordada nas dez sessões anteriores. Nessa avaliação, é necessário ter em conta
todos os elementos técnicos e táticos abordados durante as aulas.
No voleibol o esforço durante o jogo é intermitente, utilizando um padrão de
locomoção diversificado (corrida frontal, à retaguarda, lateral, saltos). Este facto, faz
com que seja impossível definir de forma clara que capacidade condicional e
coordenativa será utilizada em cada aula. Assim, não fará sentido definir que
capacidades condicionais e coordenativas serão exercitadas de forma isolada, uma vez
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MEC Voleibol
que, durante o jogo todas são necessárias para responder de forma eficiente e eficaz
ao que o jogo nos solicita num determinado momento.
Também os conceitos psicossociais deverão ser focados e avaliados ao longo das aulas de forma implícita.
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4. Bibliografia
Vickers, J. N., (1990). Instructional design for teaching physical activities: A Knowledge
Structure Approach. University of Calgary: Human Kinetics Books.
Jacinto, J., & Comédias, J., & Mira, J., & Carvalho, L., (2001). Ensino Básico 3º ciclo:
Programa Educação Física (reajustamento).
Rink, J. E. (1993). Teaching Physical Education for learning. (2nd ed.). St. Louis: Mosby.
http://www.schools.nsw.edu.au/media/downloads/languagesupport/
sch_attendance/parent_brochure/par_portuguese.pdf
http://www.mundoeducacao.com.br/educacao/concentracao.htm
http://www.efdeportes.com/efd166/autoestima-na-educacao-fisica-escolar.htm
http://www.efdeportes.com/efd117/aspectos-educativos-no-desporto-infanto-
juvenil.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Respeito_m%C3%BAtuo
http://www.apagina.pt/?aba=7&cat=162&doc=12021&mid=2
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