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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - UFU FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS - FACIC GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS KARLA RODRIGUES DE OLIVEIRA CUSTOS DE PRODUÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR RELACIONADO AO PREÇO DE EXPORTAÇÃO DO AÇÚCAR UBERLÂNDIA NOVEMBRO DE 2018

Modelo de Projeto - repositorio.ufu.br · Fonte: IBGE – Sidra (2018). Como apresentado no mapa, as regiões Sudeste e Centro-oeste são as que apresentam os maiores níveis de produção

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - UFU

    FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS - FACIC

    GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS

    KARLA RODRIGUES DE OLIVEIRA

    CUSTOS DE PRODUÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR RELACIONADO AO PREÇO

    DE EXPORTAÇÃO DO AÇÚCAR

    UBERLÂNDIA

    NOVEMBRO DE 2018

  • KARLA RODRIGUES DE OLIVEIRA

    CUSTOS DE PRODUÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR RELACIONADO AO PREÇO DE

    EXPORTAÇÃO DO AÇÚCAR

    Artigo Acadêmico apresentado à Faculdade de

    Ciências Contábeis da Universidade Federal de

    Uberlândia como requisito parcial para a obtenção

    do título de Bacharel em Ciências Contábeis.

    Orientador: Prof. Dr. Sérgio Lemos Duarte.

    UBERLÂNDIA

    NOVEMBRO DE 2018

  • 2

    RESUMO

    A contabilidade de custos está voltada à análise dos gastos realizados pela entidade no decorrer

    de suas operações (MARTINS, 2010). Com isso, o levantamento dos custos de produção da cana-

    de-açúcar é importante para estabelecer o preço de exportação do açúcar. Considerando os

    aspectos apontados, esta pesquisa levanta a questão de como os custos da produção de cana-de-

    açúcar se comportam em relação ao preço de exportação do açúcar. Assim, o objetivo deste

    estudo foi verificar a relação entre os custos de produção da cana-de-açúcar e o preço da

    exportação correspondente ao primeiro período de corte das safras de 2006/2007 a 2016/2017.

    Como metodologia, realizou-se uma pesquisa descritiva com abordagem quantitativa e uma

    pesquisa bibliográfica como procedimento técnico, a coleta dos dados se deu por meio de uma

    pesquisa documental ao Agrianual dos últimos dez anos – de 2007 a 2017. Conforme os

    resultados obtidos, verificou-se que quanto maiores os custos relacionados às variáveis

    dependentes operações e depreciação da fundação, maiores serão o preço de exportação do

    açúcar em reais.

    Palavras-chave: Custos de produção. Cana-de-Açúcar. Preço de exportação.

  • 3

    ABSTRACT

    The Cost Accounting directed to the analysis of the expenses incurred by the body in the course

    of their operations (MARTINS, 2010). Hence, the survey of the sugar cane cost production is

    important to establish the export price of sugar. Considering the aspects listed, this research

    raises the question of how the sugar cane costs production behaves toward the export price of

    sugar. Thus, the purpose of this study was to verify the relations between cost production of

    sugar cane and the export price matching to the first period from 2006/2007 to 2016/2017. As a

    methodology, a descriptive analysis conducted with a quantitative approach and a literature

    search as a technical procedure. Data collection made by desk research of Agrianual in the last

    ten years – between 2007 and 2017. Based on the results, it checked that the greater the costs

    related to the operations dependent variables and depreciation of the company, the greater will

    be the export price of sugar in Reais.

    Key words: Production costs. Sugar cane. Export price.

  • 4

    1. INTRODUÇÃO

    O agronegócio é um dos setores econômicos de maior importância no país, responsável

    por impulsionar outros setores como a indústria, o comércio e o turismo (DUARTE, PEREIRA,

    TAVARES, REIS, 2010). No Brasil, o setor sucroalcooleiro apresenta-se como um dos

    segmentos de destaque neste setor. A cana-de-açúcar ocupa um papel de destaque na economia

    mundial, no qual o Brasil apresenta-se como líder na produção de açúcar, sendo responsável pela

    produção de 37,87 milhões de toneladas na safra de 2017/2018. Além disso, é o segundo maior

    na produção de etanol, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, cuja produção é derivada do

    milho. Para a mesma safra de 2017/2018, o Brasil apresentou uma produção total de 27,76

    bilhões de litros (CONAB, 2018).

    Atualmente, a cana-de-açúcar é considerada uma das grandes alternativas para o setor de

    biocombustíveis devido ao grande potencial na produção de etanol e aos respectivos subprodutos,

    os quais segundo Rodrigues (2010, p.19), “são geralmente utilizados no próprio ciclo de

    produção de álcool, tendo a queima do bagaço como fonte de energia elétrica tornando uma usina

    de álcool autossuficiente e a utilização do vinhoto como fertilizante para o solo”.

    Além da produção de etanol e açúcar, as unidades de produção têm buscado operar com

    maior eficiência, inclusive com geração de energia elétrica, auxiliando na redução dos custos e

    contribuindo para a sustentabilidade da atividade (CONAB, 2017). A produção da cana-de-açúcar

    no país torna-se promissora devido ao aumento da demanda por etanol. Atrelado a essa demanda,

    outro fato relevante à produção brasileira dessa commodity é a condição climática favorável e o

    amplo território suscetível à plantação.

    O Brasil, segundo a Conab (2018), totalizou na safra de 2017/2018 cerca de 8,73 milhões

    de hectares de área colhida de cana-de-açúcar, cuja produção total foi de 633,26 milhões de

    toneladas. As regiões Sudeste e Centro-Oeste, maiores produtoras nacional, foram responsáveis

    pela produção de 417,47 e 133,66 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, respectivamente.

    Seguidas das regiões: Nordeste com produção de 41,14 milhões de toneladas, Sul 37,52 milhões

    de toneladas e Norte 3,46 milhões de toneladas.

    De acordo com a Novacana (2017), atualmente o Brasil possui 411 usinas, distribuídas em

    seus diversos estados, sendo o Sudeste a região de maior concentração, seguida pelas regiões

    Centro-Oeste, Nordeste, Sul e Norte. O setor sucroalcooleiro do país apresenta-se como o maior e

  • 5

    mais competitivo do mundo e isso se deve à crescente capacidade industrial e produtiva do país

    frente aos países concorrentes. Outro fato relevante para esse cenário se deve à mecanização dos

    processos com adoção de tecnologias modernas, no qual a sua implementação garante maior

    sustentabilidade, de acordo com a Conab (2018, p. 59):

    “A mecanização da colheita sem queima prévia evita a emissão de gases de efeito estufa

    e beneficia o solo, pois deixa sobre o solo a palha que antes era queimada, protegendo-o

    contra erosão e contribuindo para o aumento da sua fertilidade e teor de matéria

    orgânica. A unidade de produção também se beneficia da intensificação do sistema de

    colheita mecanizado, uma vez que a limpeza da cana-de-açúcar colhida nesse sistema é

    realizada a seco, reduzindo o uso de água no processo industrial e evitando afetar o teor

    de sacarose, que diminui com o uso da água.”

    Com o objetivo de fornecer informações consistentes e confiáveis para os diversos níveis

    gerenciais e auxiliar o processo decisório, surge a Contabilidade de Custos, ferramenta

    imprescindível para análise de informações inerentes à produção. Porém, com o passar dos anos,

    houve mudanças significativas em relação à aplicabilidade da contabilidade de custos, deixando

    de ser utilizada somente para avaliação de estoques, tornando-se uma importante ferramenta de

    auxílio ao controle e ajuda às tomadas de decisões (MARTINS, 2003). Assim, o conhecimento

    de custos é fundamental para a compreensão da rentabilidade de um produto frente ao preço

    definido e, caso não rentável, se há a possibilidade de redução dos custos de produção.

    A correta análise dos custos, preços e valores possibilita um processo mais coerente de

    tomada de decisão, primícia da contabilidade gerencial. De acordo com Bruni e Famá (2008,

    p.22), “o nascimento da contabilidade de custos decorreu da necessidade de maiores e mais

    precisas informações, que permitissem uma tomada de decisão correta após o advento da

    Revolução Industrial”.

    Como importante ferramenta gerencial, a contabilidade de custos tende a proporcionar

    maior segurança à entidade se aplicada corretamente, permitindo dessa maneira alcançar

    melhores resultados frente aos concorrentes, como evidenciado por Martins (2003, p.15):

    “Com o significativo aumento de competitividade que vem ocorrendo na maioria dos

    mercados, seja industriais, comerciais ou de serviços, os custos tornam-se altamente

    relevantes quando da tomada de decisões em uma empresa. Isto ocorre pois, devido à

    alta competição existente, as empresas já não podem mais definir seus preços apenas de

    acordo com os custos incorridos, e sim, também, com base nos preços praticados no

    mercado em que atuam”.

    Diante do aumento da competitividade no mercado sucroalcooleiro e dada a sua

    importância para a economia nacional, cabe à indagação de como os custos da produção de cana-

  • 6

    de-açúcar se comportam em relação ao preço de exportação do açúcar. Esse processo pode ser

    verificado nos diversos períodos de corte, sendo que a cada corte são realizados tratamentos para

    melhor cultivo. Dessa maneira, o objetivo geral do trabalho será verificar a relação entre os

    custos de produção da cana-de-açúcar e o preço da exportação correspondentes ao primeiro

    período de corte das safras de 2006/2007 à 2016/2017.

    Para se chegar ao objetivo geral, adotaram-se os seguintes objetivos específicos:

    - Investigar os dados dos custos de produção de cana-de-açúcar, levantados pelo

    Agrianual nos últimos dez anos, de 2007 a 2017, referente às safras de 2006/2007 a 2016/2017;

    - Analisar o comportamento dos custos de produção no primeiro corte em relação ao

    preço de exportação do açúcar

    2. REFERENCIAL TEÓRICO

    O setor sucroalcooleiro brasileiro possui grande destaque frente aos países concorrentes.

    Ao longo dos anos, o setor vem passando por diversas modificações quanto à produção, cultivo e

    processamento. Além disso, mudanças geográficas também afetam o setor e por esse motivo o

    estudo do tema torna-se relevante.

    Por meio do levantamento realizado, estima-se que a produção deverá atingir 625,96

    milhões de toneladas de cana-de-açúcar no período 2018/19, o que corresponde a um decréscimo

    de 1,2% em relação ao período anterior 2017/18. Na qual a Região Sudeste, será responsável, por

    72,9% do açúcar produzido, seguido da Região Centro-Oeste (11,9%), Sul (7,8%), Nordeste

    (7,3%) e Norte (0,2%). Para a produção de etanol, observa-se um aumento de 1,4% em relação à

    safra passada, tendo como expectativa para 2018/19 a produção de 28,16 bilhões de litros

    (CONAB, 2018).

    O aumento da produção de etanol frente ao açúcar está relacionado ao seu melhor fluxo

    de comercialização, o que permite que a produção de etanol apresente um aumento mais ligeiro

    no fluxo de caixa do que a produção de açúcar. Diferente do açúcar, a comercialização do etanol

    é praticamente imediata, já que não é pautada em contratos futuros como o açúcar de maneira

    que, assim que o pagamento é realizado, o combustível é encaminhado à distribuidora (CONAB,

    2018).

  • 7

    Figura 1: Mapa das regiões produtoras de Cana-de-Açúcar

    Fonte: IBGE – Sidra (2018).

    Como apresentado no mapa, as regiões Sudeste e Centro-oeste são as que apresentam os

    maiores níveis de produção territorial de cana-de-açúcar. A estimativa de produção para a região

    Sudeste para safra de 2018/19 é de 404,95 milhões de toneladas de cana-de-açúcar processada,

    diminuição de 3% frente à safra anterior. Para a região Centro-Oeste estima-se uma produção de

    137,43 milhões de toneladas, aumento de 2,8% (CONAB, 2018).

    Torna-se justificável a abordagem dada ao tema, uma vez que, devido ao aumento na

    competitividade do setor sucroalcooleiro, torna-se indispensável o conhecimento dos custos para

    produção da cana-de-açúcar a fim de verificar os custos de produção da cana-de-açúcar e

    relaciona-los com o preço de exportação do açúcar.

    2.1 Custos de produção

  • 8

    O setor agrícola desempenha importante papel na atividade econômica do Brasil e o país

    encontra-se como o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, onde a maior parte da produção

    se concentra nas regiões Centro-Sul e Nordeste do Brasil. Assim, o conhecimento de custos é

    indispensável para avaliar a rentabilidade de um produto diante do preço definido e verificar se

    há a possibilidade de redução de seus custos de produção caso não seja rentável. A contabilidade

    de custos é, para a indústria, uma área necessária para o controle de todos os seus processos e tem

    como objetivo, além da maximização dos lucros, a melhoria contínua desses processos

    (MARTINS, 2003).

    A contabilidade de custos está voltada à análise dos gastos realizados pela entidade no

    decorrer de suas operações. Na concepção de Martins (2010), a contabilidade de custos nasceu

    juntamente com o advento da Revolução Industrial, devido à necessidade de avaliar estoques na

    indústria, para que permitisse uma tomada de decisão.

    Martins (2008, p. 17), define custos como, “gasto relativo a bem ou serviço utilizado na

    produção de outros bens ou serviços”. Diante disso, os custos podem ser classificados como

    custos diretos, que são aqueles que estão diretamente ligados à produção de determinado bem ou

    prestação de serviço, e custos indiretos, os quais não podem ser mensurados confiavelmente,

    sendo necessária uma unidade para alocação dos mesmos. Como exposto pelo o autor, custos

    indiretos são aqueles que, “não oferecem condição de uma medida objetiva e qualquer tentativa

    de alocação tem de ser feita de maneira estimada e muitas vezes arbitrária”. (MARTINS, 2008)

    O cenário econômico atual demanda correta análise e acompanhamento dos custos, uma

    vez que possibilita maior vantagem competitiva, qualidade e eficiência, garantindo maior

    produtividade à entidade. Segundo Hansen e Mowen (2010), “a produtividade envolve a

    produção eficiente de uma saída e considera especificamente o relacionamento entre a saída e as

    entradas usadas para produzir a saída”.

    2.2 Exportação e Produtividade de Açúcar

    As exportações são importantes ferramentas de desenvolvimento e rentabilidade

    econômica para o país, estimulando o crescimento da agricultura e proporcionando maior

    dinamismo no mercado, conforme exposto por Abreu (2015, p.3):

  • 9

    “As exportações trouxeram para o mercado brasileiro a competição internacional e

    desafiou nossos agricultores a ombrearem com os melhores do mundo. Gerando renda,

    são também de grande ajuda na implementação das tecnologias que são importantes para

    o florescimento da agricultura sustentável, da qual muito nos orgulhamos. E são

    indispensáveis para ampliar a classe média rural, importante objetivo de nossas políticas

    públicas”.

    De acordo com a Conab (2018), o Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo,

    devido ao mercado promissor que possui grande relevância para o agronegócio nacional.

    Segundo dados da Secretária de Comércio Exterior - Secex, a exportação de açúcar da safra de

    2016/2017 foi de 23,08 milhões de toneladas, com um valor total de US$ 8,72 bilhões de dólares.

    Já a exportação de etanol foi de 869,7 milhões de litros para a mesma safra, rendendo US$ 733

    milhões de dólares (CONAB, 2018).

    Em 2017 os principais países de destino do açúcar produzido no Brasil foram Bangladesh

    (11,97%), Índia (10,74%), Argélia (9,91%), Emirados Árabes Unidos (7,57%) e Malásia

    (6,81%). Já em relação ao etanol os principais países importadores são Estados Unidos (71,6%) e

    Coreia do Sul (18,4%). (CEPEA, 2017).

    Atualmente o mercado de etanol tem sido muito valorizado por ser uma fonte de energia

    renovável e substituto da gasolina, o que gera um aumento significativo da demanda. Visto que,

    segundo a Conab (2018, p.3), “com o aumento dos preços dos derivados do petróleo, o etanol

    hidratado, como produto substituto da gasolina, ganha competitividade e já é a opção preferida

    dos clientes em importantes centros consumidores”.

    Devido a esse aumento na demanda da produção de etanol que visa maior rentabilidade, a

    produção de açúcar sofreu baixa e o percentual acumulado de matéria-prima para produção de

    etanol para a safra de 2018/2019 até o mês de setembro correspondia a 66,92%. Este aumento na

    produção de etanol em detrimento do açúcar resulta em uma redução significativa na oferta total

    de açúcar para o mesmo período. (ÚNICA, 2018).

    2.3 Setor da Cana-de-açúcar e sua importância econômica

    As regiões Sudeste e Centro-Oeste são as maiores produtoras de cana-de-açúcar do país,

    sendo o estado de São Paulo o maior produtor. Segundo o Levantamento Sistemático da

    Produção Agrícola - LSPA de dezembro de 2017, o estado de São Paulo foi responsável por

    53,8% do total de cana-de-açúcar produzida no país (IBGE, 2017).

  • 10

    A produção de cana-de-açúcar é predominante para a economia do estado de São Paulo, a

    qual afeta drasticamente o Produto Interno Bruto - PIB agropecuário da região. Conforme dados

    da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo - Fiesp e do Centro de Estudos Avançados

    em Economia Aplicada - Cepea, a produção de cana-de-açúcar foi responsável por uma queda de

    3,8% do PIB total do agronegócio paulista. (ZAFALON, 2018).

    A cana-de-açúcar caracteriza uma cultura semiperene, que são aquelas que podem ser

    produzidas aproximadamente de cinco a seis anos. Porém com o passar dos anos, há uma queda

    na produtividade, sendo necessário o replantio. De acordo com o Comitê de Pronunciamentos

    Contábeis - CPC 29, o qual estabelece o tratamento contábil a ser dado aos ativos biológicos e

    aos produtos agrícolas, a cana-de-açúcar é classificada como planta portadora (soqueira), que

    gera um ativo biológico (cana no pé – fruto), no qual o produto agrícola é a cana colhida e o

    açúcar e etanol são os produtos resultantes do processamento após a colheita.

    Ainda que seja a cultura de cana-de-açúcar a mais relevante economicamente, ela

    representa pouco no que diz respeito à ocupação de área, ao ser comparada com a produção de

    grãos, como a soja e o milho, por exemplo. Segundo o Levantamento Sistemático da Produção

    Agrícola – LSPA de setembro de 2018, para a safra de 2017, a área colhida foi de 9,28 milhões

    de hectares. O quadro a seguir descreve os valores da área colhida de cana-de-açúcar do mês de

    setembro de 2018.

    Quadro 1 - Área colhida de cana-de-açúcar

    Variável - Área colhida (Hectares)

    Brasil

    Mês - setembro 2018

    Ano da safra - Safra 2017

    Produto das lavouras Hectares

    Total 76722018

    1.13 Milho 5570449

    1.15 Soja 33897554

    11 Cana-de-açúcar 9289176

    Fonte: IBGE - Levantamento Sistemático da Produção Agrícola

    2.4 Estudos Anteriores

  • 11

    Diante da relevância da produção de cana-de-açúcar para o agronegócio nacional e sua

    representatividade econômica, diversos estudos já foram realizados sobre o tema, os quais foram

    levantados por meio de uma pesquisa bibliográfica e servirão de apoio e referência para a

    realização deste trabalho.

    Quadro 2 - Levantamento de estudos anteriores de cana-de-açúcar.

    Ano Tema Autor Objetivo Resultados obtidos

    2006

    Um modelo de

    otimização para o

    planejamento

    agregado da

    produção em usinas

    de açúcar e álcool

    Rafael Piatti

    Oititica de Paiva

    e Reinaldo

    Morabito

    Apresentar um modelo de

    otimização para o

    planejamento agregado da

    produção, que pretende

    apoiar parte das principais

    decisões do planejamento e

    controle da produção. O qual

    busca responder questões

    ligadas ao processo

    produtivo.

    O modelo proposto pode

    auxiliar no planejamento

    agregado da produção,

    proporcionando agilidade,

    facilidade e confiabilidade

    nas análises realizadas,

    melhor compreensão das

    variáveis e análises

    quantitativas eficazes.

    Propiciando melhoria dos

    resultados financeiros.

    2007

    Uma análise da

    estrutura de custos

    do setor

    sucroalcooleiro

    brasileiro.

    Tatiana Albanez,

    Roni Cleber

    Bonizio e

    Evandro Marcos

    Saidel Ribeiro

    Analisar a estrutura de custos

    de usinas de açúcar e álcool

    da região do Centro-sul do

    país por meio de um estudo

    empírico-analítico

    fundamentado em

    metodologias e conceitos

    extraídos da contabilidade de

    custos.

    Verificou-se que grande parte

    dos custos e despesas têm

    comportamento variável,

    fator positivo para o setor ao

    diminuir o risco operacional

    da atividade.

    2007

    Sistema

    agroindustrial da

    cana: cenários e

    agenda estratégica

    Marcos Fava

    Neves e Marco

    Antonio

    Conejero

    Realizar uma análise macro

    ambiental para o sistema

    agroindustrial da cana no

    Brasil; levantar, seus pontos

    fortes e fracos, em cinco

    grandes áreas analíticas,

    sendo elas, produção,

    comunicação, logística,

    capacitação e coordenação;

    visando propor uma agenda

    estratégica para o setor.

    Com a realização da análise

    macro industrial, do

    levantamento das ameaças e

    oportunidades do setor,

    evidenciação dos pontos

    fortes e fracos e elaboração

    de agenda estratégica é

    possível realizar um

    planejamento para que todas

    as oportunidades possam ser

    alcançadas e seus pontos

    fracos combatidos. A ideia é

    que os pontos fortes possam

    ser potencializados, e os

    pontos fracos mereçam

    projetos visando a sua

    melhoria.

  • 12

    2009

    Custos De

    Produção Como

    Diferencial

    Estratégico: O Caso

    Do Setor

    Sucroalcooleiro

    Rafael Ramalho

    Esberard,

    Rafael Veiga

    Chaim e

    Frederico Araujo

    Turolla

    Avaliar, com base em uma

    análise microeconômica de

    custo, qual é o melhor nível

    de produção para se obter

    ganho de economia de escala

    no setor sucroalcooleiro.

    Concluiu-se que não existe

    um ponto ótimo para o setor

    sucroalcooleiro brasileiro,

    mas sim um ponto ótimo e

    específico para cada planta

    produtiva. A análise realizada

    contribui para o entendimento

    das características da planta

    ótima setorial.

    2010

    Comportamento das

    variáveis dos custos

    de produção da

    cultura de cana-de-

    açúcar no período

    de formação da

    lavoura

    Sérgio Lemos

    Duarte, Marcelo

    Tavares e

    Ernando Antonio

    dos Reis

    Investigar os dados dos

    custos de produção da cultura

    de cana-de-açúcar no período

    de formação da lavoura;

    identificar o preço de venda;

    e analisar o comportamento

    dos custos da referida cultura

    em relação ao seu preço.

    Identificou-se alguns custos

    da cana-de-açúcar que

    apresentam comportamentos

    relacionados com o preço de

    venda. No qual, em 47,37%

    das variáveis analisadas, foi

    possível definir

    comportamentos semelhantes

    com o preço de venda.

    2014

    Gestão de Custos

    Interorganizacionais

    para o

    gerenciamento dos

    custos totais: estudo

    de caso em uma

    Usina de cana-de-

    açúcar na região do

    triangulo mineiro –

    MG

    Marcelino Franco

    de Moura

    Investigar e analisar os

    possíveis aspectos que

    evidenciam a aderência da

    Gestão de Custos

    Interorganizacionais, na

    cadeia produtiva da cana-de-

    açúcar, para o gerenciamento

    dos custos totais, em uma

    Usina de cana-de-açúcar do

    Triangulo Mineiro.

    Concluiu-se que ocorre a

    aderência da GCI, que ela

    possibilita um maior controle

    dos custos gerados na

    indústria, promovendo um

    resultado satisfatório quanto

    ao custo total e uma maior

    vantagem competitiva. Outro

    fato que evidencia a

    existência da GCI é a relação

    de confiança, cooperação e

    estabilidade existente entre a

    usina e seus fornecedores.

    2015

    Indicadores técnicos

    e custos de

    produção de cana-

    de-açúcar, açúcar e

    etanol no Brasil:

    Fechamento de safra

    2013/14

    Aline Bigaton,

    André Felipe

    Danelon, Haroldo

    José da Silva

    Torres, Carlos

    Eduardo Osório

    Xavier e Pedro

    Valentim

    Marques

    Mensurar os custos de

    produção considerando os

    custos desembolsáveis,

    incluindo depreciações e

    custos de oportunidade.

    A análise dos indicadores

    demonstra que as variações

    mais impactantes no custo de

    produção foram

    produtividade agrícola e

    Açúcar Total Recuperável -

    ATR.

    Fonte: Elaborado pela autora.

    O artigo de Paiva e Morabito (2006), é um estudo que teve como objetivo expor um

    modelo de otimização para o planejamento agregado da produção nas usinas de açúcar e álcool.

    Modelo este que tem como base alguns modelos clássicos de processos e dimensionamento de

    lotes, são levantadas questões a respeito da obtenção de matéria-prima, seu transporte e

    quantidade a ser produzida em cada período.

  • 13

    Os autores destacam a importância do desenvolvimento e aplicação de modelos

    quantitativos de planejamento da produção, com o intuito de atingir de forma eficaz os objetivos

    estratégicos da entidade. Os resultados indicam que o modelo proposto pelos autores pode

    auxiliar no planejamento agregado da produção, viabilizando maior agilidade, clareza e

    confiabilidade nas análises, garantindo dessa forma, melhor entendimento das variáveis e

    promovendo análises quantitativas eficazes, trazendo melhorias no planejando e nos resultados

    financeiros da entidade.

    No estudo realizado por Albanez, Bonizio e Ribeiro (2007), buscou-se analisar a estrutura

    dos custos de usinas de açúcar e álcool da região Centro-sul do país, no qual para realização do

    mesmo foi realizado um estudo empírico-analítico com base na contabilidade de custos, o estudo

    se limita a 30% da produção nacional e a amostra é de 5 anos. Os autores evidenciam o quão

    importante é a contabilidade de custos para atingir os objetivos de melhorias nos processos e

    resultados, garantindo maior eficácia e eficiência.

    Já o estudo de Neves e Conejero (2007), expõe as ameaças e oportunidade ao sistema

    agroindustrial da cana-de-açúcar no Brasil, utilizando a metodologia de análise macro ambiental

    e o método de planejamento e gestão estratégica de sistemas produtivos. O estudo busca

    evidenciar a importância do planejamento para melhor aproveitamento das oportunidades e

    combate aos pontos fracos do setor.

    O estudo realizado por Esberard, Chaim e Turolla (2009), baseou-se na análise de custos

    para indicar, entre duas plantas produtivas, qual o melhor nível de produção do setor

    sucroalcooleiro. No que diz respeito aos custos, foi possível identificar que, à medida que a

    capacidade produtiva aumenta, o custo médio de se produzir diminui, gerando maior

    competitividade sobre os processos menores. (ESBERARD, CHAIM E TUROLLA, 2009).

    Duarte, Tavares e Reis (2010), analisaram o comportamento das variáveis dos custos de

    produção de cana-de-açúcar, por meio do qual foi possível apontar o preço de venda e relaciona-

    lo aos custos de produção no período de formação da lavoura. O estudo demonstra que a correta

    observação e análise dos custos podem proporcionar maior rentabilidade e análises mais

    assertivas e efetivas a respeito da margem de lucro.

    No estudo de Moura (2014), por meio de um estudo de caso, buscou relacionar e analisar

    a aderência da gestão de custos interorganizacionais com o gerenciamento dos custos totais. De

    acordo com o estudo, concluiu-se que essa aderência garante que a indústria detenha maior

  • 14

    controle dos custos gerados, sendo possível obter resultados satisfatórios quanto ao custo total,

    garantido a usina maior vantagem competitiva. Além disso, foi possível concluir que essa

    aderência também tende a proporcionar uma melhor relação com seus fornecedores no que diz

    respeito à confiança, cooperação e estabilidade.

    Por fim no estudo de Danelon, Torres, Xavier e Marques (2015), abordam-se os custos de

    produção do setor levando em consideração os custos desembolsáveis entre eles as depreciações e

    os custos de oportunidade. O estudo demonstra que as usinas que compraram quantidades

    maiores de matéria-prima apresentaram maiores vantagens frente ao mercado, indica ainda que os

    custos da cana-de-açúcar produzida foram maiores que os preços pagos pela cana de

    fornecedores. A análise aponta ainda a produtividade agrícola e o Açúcar Total Recuperável –

    ATR, como as variáveis de maior relevância do setor.

    Os artigos selecionados para constituir a base da elaboração deste estudo, visam expandir

    os conhecimentos acerca do setor sucroalcooleiro e de sua importância para o agronegócio

    brasileiro. Norteiam e fundamentam a pesquisa, servindo como base para estruturação do

    referencial teórico juntamente com outras informações obtidas em órgãos reguladores e anuais

    agrícolas.

    3 METODOLOGIA

    Este projeto tem como metodologia a realização de uma pesquisa descritiva com

    abordagem quantitativa, pois foram analisados dados estatísticos com o intuito de relacionar os

    custos de produção da cana-de-açúcar (matéria-prima) com os indicativos de preços para

    exportação do produto açúcar cristal refinado. Para Gil (2002, p.42), “as pesquisas descritivas

    têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou

    fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis”.

    Uma pesquisa bibliográfica também será realizada como procedimento técnico diante dos

    principais assuntos relacionados à produção de cana-de-açúcar no Brasil, aos custos para sua

    produção e ao mercado.

    A coleta de dados será por meio de uma pesquisa documental, cujos dados já foram

    levantados e publicados no Agrianual dos últimos dez anos – de 2007 à 2017, relatórios

  • 15

    publicados por órgãos reguladores e demais organizações responsáveis pelo monitoramento

    agrícola.

    A fim de obter resultados precisos analisou-se um período de dez anos garantindo a

    correta aplicação dos métodos estatísticos. Foram analisados os custos de produção da cana-de-

    açúcar apenas no primeiro corte.

    Inicialmente, foi realizada a escolha das variáveis dependentes e independentes. Sendo

    que, variável dependente é aquela que se pretende examinar e depende da variável independente,

    que por sua vez, é aquela que é o fator determinante para que ocorra determinado resultado, é a

    condição para um efeito ou consequência. Neste trabalho, consideraram-se como variáveis

    independentes os custos de produção da cana-de-açúcar, sendo eles: de depreciação da fundação,

    de operações, de operações manuais, de insumos e de administração e, como variável dependente

    o preço de exportação do açúcar.

    Foi realizado o teste Shapiro-Wilk, que é mais indicado para amostras menores, o que foi

    possível inferir que os dados das variáveis numéricas não diferem significativamente de uma

    distribuição normal, uma vez que apresentaram significância superior a 0,05, o que permite não

    rejeitar a hipótese nula de que os dados seguem uma distribuição normal.

    Calculou-se o coeficiente de correlação de Pearson, para as variáveis que apresentam

    distribuição normal. Já para as variáveis que não apresentam distribuição normal, calcula-se o

    coeficiente de correlação Spearman, que mede o grau de desvio padrão de tendência da

    movimentação entre duas variáveis juntas. O teste analisa e quantifica a associação entre as duas

    variáveis.

    O coeficiente Spearman mede a intensidade da relação entre variáveis quantitativas

    contínuas. Usa, em vez do valor observado, apenas a ordem das observações. Deste modo, este

    coeficiente não é sensível a assimetrias na distribuição, nem à presença de outliers, não exigindo,

    portanto, que os dados provenham de duas populações normais.

    A correlação de Pearson avalia a relação linear entre duas variáveis continuas, ou seja,

    aquelas que possuem distribuição normal. Uma relação é considerada linear quando a mudança

    em uma variável é associada a uma mudança na outra variável.

    Foram realizados testes de regressão linear múltipla para as variáveis depreciação da

    fundação, operações, operações manuais, insumos e administração em relação ao preço de

    exportação. Aplicou-se o teste F para verificar a significância do ajustamento do modelo linear e

  • 16

    o Variance Inflation Factor (VIF) para verificar se os dados da regressão possuem problemas de

    multicolinearidade, o que constatou que, na base de dados deste estudo, não apresentou tal

    problema, uma vez que o VIF foi menor que 10.

    4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

    Para a realização do estudo sobre a cultura da cana-de-açúcar, foram observados os dados

    levantados pelo Agrianual no período de 2007 a 2017, que correspondem as safras dos últimos

    dez anos, de 2006/2007 a 2016/2017, período este que garante uma amostra consistente para a

    aplicação dos métodos estatísticos. Por meio da análise, observou-se o comportamento que os

    custos de produção da cana-de-açúcar apresentam no primeiro corte em relação ao preço de

    exportação do açúcar, valores esses referentes à produção no estado de São Paulo.

    Por meio da análise dos custos de produção, nota-se que a variável que apresentou maior

    custo foi operações e aquela com menor custo foi a variável operações manuais. Conforme a

    Tabela 1, observa-se que as variáveis, operações e operações manuais, são variáveis que

    apresentam maior dispersão em relação as médias, com um Coeficiente de Variação (CV), de

    33,73% e 125,16%, respectivamente.

    Tabela 1 - Estatística Descritiva das variáveis do estudo no período de 2007 a 2017

    Estatísticas Descritivas

    Amplitude Mínimo Máximo Soma Média

    Desvio

    Padrão Variância CV%

    Depreciação da Fundação

    6,39 7,96 14,35 109,66 10,97 1,88 3,55 17,18

    Operações

    23,96 9,86 33,82 237,89 23,79 8,02 64,37 33,73

    Operações Manuais

    5,36 0,46 5,82 12,92 1,29 1,62 2,62 125,16

    Insumos

    5,60 2,38 7,98 55,24 5,52 1,61 2,61 29,22

    Administração

    4,05 2,17 6,22 44,75 4,48 1,14 1,31 25,58

    Preço de exportação do

    açúcar 1.370,00 820,00 2.190,00 14.350,00 1.435,00 395,45 156.383,33

    27,56

    Fonte: elaborado pelo autor.

    A fim de analisar o comportamento dos custos, foi observado o preço de exportação por

    tonelada de açúcar, conforme apresentado na Tabela 2:

    Tabela 2 - Preço de exportação do açúcar em reais por tonelada

    Ano 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

    Preço 930 820 1150 1600 1700 1580 1470 1420 1490 2190

  • 17

    Fonte: elaborado pelos autores.

    Observando a Tabela 3, testou-se a normalidade através do método Shapiro-Wilk, que é o

    mais indicado para amostras menores. Somente a variável operações manuais apresentou um p-

    valor inferior a 0,05, considerando um nível nominal de significância, o que a difere de uma

    distribuição normal. As demais variáveis obtiveram o p-valor superior a 0,05, ou seja, que é

    possível inferir que os dados dessas variáveis numéricas não diferem significativamente de uma

    distribuição normal.

    Tabela 3 – Teste de Normalidade Shapiro-Wilk W

    Testes de Normalidade

    Shapiro-Wilk W

    Variável Obs W V z Prob>z

    Depreciação da Fundação 10 0,959 0,631 - 0,757 0,77535

    Operações 10 0,951 0,760 - 0,458 0,67647

    Operações Manuais 10 0,525 7,315 4,337 0,00001

    Insumos 10 0,972 0,433 - 1,326 0,90764

    Administração 10 0,963 0,576 - 0,896 0,81499

    Preço do açúcar exportado 10 0,950 0,774 - 0,429 0,66618

    Fonte: elaborado pela autora.

    Na Tabela 4, foi analisado o coeficiente de correlação Spearman, e as variáveis que

    apresentaram uma associação moderada com o preço de exportação do açúcar foram a

    depreciação da fundação (0,5030), operações (0,5152) e operações manuais (0,4788).

    Tabela 4 – Correlação de Spearman

    Correlações Spearman

    Depreciação

    da Fundação Operações

    Operações

    Manuais Insumos Administração

    Preço do

    açúcar

    exportado

    Depreciação da Fundação 1,0000

    Operações 0,9273 1,0000

    Operações Manuais 0,6970 0,5879 1,0000

    Insumos - 0,0545 - 0,1394 - 0,2485 1,0000

    Administração 0,1636 - 0,0061 0,3212 0,6000 1,0000

    Preço de exportação do açúcar 0,5030 0,5152 0,4788 0,3212 0,3697 1,0000

    Fonte: elaborado pela autora.

  • 18

    Assim, avaliou-se e quantificou-se a associação entre o preço de exportação em reais com

    as variáveis insumos, operações manuais e administração que apresentaram correlação fraca a

    moderada.

    A análise do coeficiente de correlação de Pearson, que para este estudo é a mais adequada

    em decorrência do teste de normalidade ser significativo para quase todas as variáveis, observou-

    se na Tabela 5 que as variáveis depreciação da fundação (0,6233) e operações (0,7679) possuem

    uma forte associação com a variável preço de exportação da cana-de-açúcar. A variável

    operações manuais (0,3198) apresentou correlação fraca a moderada, a variável insumos

    apresentou baixa associação e a variável administração (-0,0745) apresentou baixa associação

    inversa.

    Tabela 5 – Correlações de Pearson.

    Correlações Pearson

    Depreciação

    da Fundação Operações

    Operações

    Manuais Insumos Administração

    Preço do

    açúcar

    exportado

    Depreciação da

    Fundação 1,0000

    Operações 0,9164 1,0000

    Operações Manuais 0,1728 0,1341 1,0000

    Insumos - 0,2314 - 0,1991 - 0,0789 1,0000

    Administração 0,0095 - 0,0482 0,5044 0,3959 1,0000

    Preço do açúcar

    exportado 0,6233 0,7679 0,3198 0,1114 -0,0745 1,0000

    Fonte: elaborado pela autora.

    A Tabela 6 apresenta a análise da regressão linear que traz o coeficiente de determinação

    R², que indica o quanto a variável independente é capaz de explicar a variabilidade da variável

    dependente. Neste estudo, o R² da variável depreciação da fundação foi de 0,3885, o que significa

    que a variável preço de exportação em reais explica 38,85% das variações da variável

    depreciação da fundação. A variável preço de exportação do açúcar também explica as variações

    da variável operações em 58,96%.

    Tabela 6 – Análise do coeficiente de determinação da regressão linear mútipla

    Variáveis Dependentes Coef. Std. Err. t Sig. R²

    Depreciação da fundação 0,00297* 0,00132 2,25 0,054 0,3885

    Operações 0,01558*** 0,00460 3,39 0,009 0,5896

    Operações manuais 0,00131 0,00137 0,95 0,368 0,1023

    Insumos 0,00045 0,00143 0,32 0,759 0,0124

  • 19

    Administração 0,00022 0,00102 -0,21 0,838 0,0055

    Nota: onde: *, **, *** Estatisticamente significantes ao nível de 10%, 5% e 1%, respectivamente.

    Fonte: elaborado pela autora.

    Por fim, após conclusão dos testes, inclusive após a aplicação do teste F, é possível

    verificar que a variável preço de exportação do açúcar em reais não possui relação significativa

    com as variáveis de custo operações manuais, insumos e administração, uma vez que a

    significância das variáveis foi superior a 0,1. No entanto, a variável preço de exportação do

    açúcar em reais mostrou-se positivamente significativa com as variáveis operações e depreciação

    da fundação, o que significa que quanto maior for o preço de exportação do açúcar em reais

    maiores serão estes custos.

    5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

    A pesquisa teve como objetivo analisar quais grupos de variáveis dos custos de produção

    possuem relação ao preço de exportação do subproduto da cana-de-açúcar, o açúcar.

    Verificou-se que as variáveis as variáveis operações e depreciação da fundação mostrou-

    se que possuem relação significativa com o preço de exportação do açúcar.

    As exportações possuem grande importância econômica para o agronegócio, no qual o

    açúcar possui grande participação, uma vez que a exportação de açúcar no ano de 2017 rendeu

    um valor total de US$ 8,72 bilhões de dólares. (CONAB, 2018). Devido à significância das

    exportações do produto açúcar cristal e relevância da cana-de-açúcar para a economia nacional,

    foi elaborado este artigo, cujo principal objetivo foi analisar o comportamento dos custos de

    produção de cana-de-açúcar no primeiro corte das safras de 2006/2007 a 2016/2017 do estado de

    São Paulo em relação ao preço do açúcar exportado em reais.

    Como resultado da pesquisa, foi possível verificar que quanto maior o preço de

    exportação em reais maiores serão os custos operações e depreciação da fundação. Sendo assim,

    este artigo atingiu seu objetivo. Sugere-se como pesquisa futura, a análise dessa influência dos

    custos de produção no preço de exportação do açúcar nos demais períodos de corte a fim de

    analisar a existência de um padrão de comportamento entre essas variáveis.

  • 20

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