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GRAVEL ISSN 1678-5975 Janeiro - 2003 Nº 1 106-130 Porto Alegre Apoio financeiro da Organização dos Estados Americanos – OEA. Modelos Deposicionais Marinhos e Recursos Minerais Associados L. R. Martins*; C. M. Urien* & I. R. Martins * * South West Atlantic Coastal and Marine Geology Group-COMAR RESUMO A compreensão relativa à origem, ocorrência e concentração de recursos não vivos, presentes na zona costeira e na plataforma continental está intimamente associada a estudos sobre a evolução paleogeográfica do Quaternário, e ambientes sedimentares associados. Vários estudos desenvolvidos na área permitiram a construção de mapas evolutivos paleogeográficos, junto à compreensão dos processos sedimentares presentes em termos de sedimentação moderna, relíquia e “palimpsest”, e o conseqüente conhecimento relativo aos recursos minerais existentes. No Atlântico Sudoeste, um modelo sedimentar do Quaternário Tardio, relacionado com episódios transgressivos/regressivos, desenvolvido para o Rio Grande do Sul (Brasil), Uruguai e província de Buenos Aires (Argentina), contribuiu para o estudo dos recursos minerais associados, como areia terrígena, cascalho e areia bioclástica, placeres de minerais pesados, concreções fosfáticas e turfas. ABSTRACT The understanding of the origin, occurrence and concentration of non-living resources present in the coastal zone and continental shelf is closely linked with studies of Quaternary paleogeography, and associated environments and sediments. Several studies developed in the area allow the construction of paleogeographic maps, the comprehension of sedimentary processes in terms of modern, relict and palimpsest sediments and the consequent knowledge of the existing non-living resources. In the South West Atlantic, a Late Quaternary sedimentary model, related with transgressive/regressive episodes, developed for Rio Grande do Sul (Brazil), Uruguay and Buenos Aires province (Argentina) contributed to the study of associated mineral resources as terrigenous sand, carbonate sand and gravel, heavy mineral placers, phosphatic concretions and peat. Palavras chave: modelos deposicionais, recursos minerais, Atlântico Sudoeste.

MODELOS DEPOSICIONAIS MARINHOS E RECURSOS MINERAIS

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GRAVEL ISSN 1678-5975 Janeiro - 2003 Nº 1 106-130 Porto Alegre

Apoio financeiro da Organização dos Estados Americanos – OEA.

Modelos Deposicionais Marinhos e Recursos Minerais Associados L. R. Martins*; C. M. Urien* & I. R. Martins * * South West Atlantic Coastal and Marine Geology Group-COMAR

RESUMO A compreensão relativa à origem, ocorrência e concentração de

recursos não vivos, presentes na zona costeira e na plataforma continental está intimamente associada a estudos sobre a evolução paleogeográfica do Quaternário, e ambientes sedimentares associados.

Vários estudos desenvolvidos na área permitiram a construção de mapas evolutivos paleogeográficos, junto à compreensão dos processos sedimentares presentes em termos de sedimentação moderna, relíquia e “palimpsest”, e o conseqüente conhecimento relativo aos recursos minerais existentes.

No Atlântico Sudoeste, um modelo sedimentar do Quaternário Tardio, relacionado com episódios transgressivos/regressivos, desenvolvido para o Rio Grande do Sul (Brasil), Uruguai e província de Buenos Aires (Argentina), contribuiu para o estudo dos recursos minerais associados, como areia terrígena, cascalho e areia bioclástica, placeres de minerais pesados, concreções fosfáticas e turfas.

ABSTRACT The understanding of the origin, occurrence and concentration of

non-living resources present in the coastal zone and continental shelf is closely linked with studies of Quaternary paleogeography, and associated environments and sediments.

Several studies developed in the area allow the construction of paleogeographic maps, the comprehension of sedimentary processes in terms of modern, relict and palimpsest sediments and the consequent knowledge of the existing non-living resources.

In the South West Atlantic, a Late Quaternary sedimentary model, related with transgressive/regressive episodes, developed for Rio Grande do Sul (Brazil), Uruguay and Buenos Aires province (Argentina) contributed to the study of associated mineral resources as terrigenous sand, carbonate sand and gravel, heavy mineral placers, phosphatic concretions and peat.

Palavras chave: modelos deposicionais, recursos minerais, Atlântico Sudoeste.

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INTRODUÇÃO Tem sido crescente, nos últimos anos,

em todo o mundo, o interesse sobre minerais economicamente importantes, presentes na interface sedimento-água no meio marinho. De uma maneira geral, os depósitos economicamente importantes se concentram, quase sempre, em áreas reduzidas, pois, para a produção de uma zona de enriquecimento, é necessária a combinação de muitos fatores favoráveis.

Estudos realizados em vários países têm apresentado um retorno bastante apreciável nos investimentos efetuados na exploração e na explotação desses minerais.

Exemplos, entre outros, de areia e cascalho (Canadá, Cuba, Dinamarca, França, Irlanda, Japão, Suécia, Reino Unido e Estados Unidos), carbonatos (França, Índia, Estados Unidos), fosfatos (México, Peru, Chile, Austrália, Norte da África, Estados Unidos), minerais pesados (Japão, Filipinas, Nova Zelândia, Malásia, Estados Unidos, Austrália, Índia, Alasca, Canadá), glauconita (Estados Unidos, África do Sul, Austrália, Nova Zelândia, China, Japão, Escócia) indicam uma forte relação entre o depósito, e o mecanismo responsável por sua concentração, usualmente indicados nos modelos de evolução geológica do Quaternário. Os modelos evolutivos mencionados são principalmente construídos a partir de dados batimétricos, perfilagem sísmica de alta resolução, sonografia, sedimentologia, componentes bióticos e datações. A partir de documentos elaborados com tais informações é possível estabelecer planos de estudo detalhados, visando à exploração e à explotação dos bens minerais associados.

No Brasil podem ser citados vários exemplos da construção de modelos de evolução paleogeográfica que auxiliam de maneira significante na identificação, caracterização e qualificação de importantes recursos não-vivos na zona costeira e na plataforma continental adjacente. Na costa do Rio Grande do Sul, o esquema desenvolvido por VILLWOCK et al. (1979) foi fundamental no mapeamento das concentrações de minerais pesados na região de São José do Norte. Estes depósitos foram detalhados por MUNARO (1994) e CARUSO

Jr. et al. (1999) e acham-se em fase inicial de explotação. Através do modelo evolutivo de MARTINS et al. (1967, 1979, 1996) para a plataforma continental, os depósitos carbonáticos da região do Albardão, identificados por MARTINS et al. (1972), foram quantificados por MARTINS et al. (1978), CORRÊA & PONZI (1979) e mais recentemente reavaliados por CALLIARI et al. (1999). Utilizando o mesmo modelo, MARTINS et al. (1997, 1999) mapearam o potencial arenoso ocorrente na plataforma interna. Segundo YIN (1999), as plataformas continentais constituem um recurso não renovável de grande importância para a humanidade, pela significante contribuição à produção mundial de alimentos e recursos minerais. Uma melhor compreensão da dinâmica e sedimentos produzidos nas zonas costeiras e plataformas continentais durante o Quaternário é essencial na exploração de recursos não vivos, pois elas fornecem registro direto das mudanças ocorridas no nível do mar, que governou os principais mecanismos erosionais e deposicionais, responsáveis pela concentração de minerais detritais economicamente importantes.

MODELO DEPOSICIONAL COMO FERRAMENTA DE TRABALHO

Em todos os estudos de caráter aplicado

é necessário possuir trabalhos básicos de detalhe relativos ao modelo deposicional, seus processos e produtos, mais especificamente. No caso em discussão, um adequado conhecimento sobre a evolução geológica durante o Quaternário, relativo à província costeira e à margem continental, tem sido requerido para uma melhor compreensão dos processos sedimentares envolvidos na produção e concentração desses bens minerais.

Em realidade, os estudos de mapeamento do piso marinho desenvolvido através de modernas técnicas e equipamentos adequados (batimetria de precisão, perfilagem sísmica e sonográfica, amostragem e testemunhagem) têm conduzido à elaboração de uma verdadeira fotografia da paisagem de fundo, extremamente reveladora em termos de feições mais proeminentes no que diz respeito à antiga província litorânea pleistocênica e a seus respectivos ambientes (cursos fluviais, deltas,

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estuários, lagunas), bem como aqueles ambientes formados pela passagem da transgressão holocênica e pelo conseqüente retrabalhamento parcial dos sedimentos presentes, junto à formação de feições de fundo (linhas de estabilização, stillstands, bancos arenosos).

Por sua vez, os estudos realizados na porção emersa, efetuados através de cuidadoso mapeamento geológico/geofísico e da análise detalhada das feições morfológicas produzidas, de seus sedimentos e datações, conduzem, juntamente com os estudos similares desenvolvidos na plataforma, a um modelo de evolução paleogeográfica que permite sua utilização em estudos aplicados. ESTUDOS NO ATLÂNTICO SUDOESTE

Na região que se estende do Rio Grande do Sul (Brasil) a San Blás (Argentina), ocorrem ambientes e sedimentos transicionais e marinhos, desenvolvidos em um sistema transgressão/regressão, durante o Pleistoceno – Holoceno, que imprimem à paisagem sedimentar características peculiares, permitindo subdividir a região em setores distintos (Figura 1):

a) Rio Grande do Sul, apresentando, na

parte emersa a presença de uma planície costeira, numa paisagem clássica de desenvolvimento múltiplo laguna-barreira. De acordo com VILLWOCK & TOMAZELLI (1995), a região é formada por quatro barreiras, sendo três de idade pleistocênica e uma holocênica. Recentemente, DILLENBURG et al. (1998b) detalharam, sob o ponto de vista morfológico, a barreira Holocênica, indicando a presença de quatro variedades: progradantes de dunas transgressivas, retrogradantes e acopladas, de acordo com o mecanismo deposicional, indicando igualmente suas relações com a gênese de depósitos de minerais pesados DILLENBURG et al. (1998a), por sua vez, LUMMERTZ et al. (1998) caracterizaram as barreiras holocênicas entre Mostardas e Bujuru.

Os sedimentos que atapetam a plataforma foram intensamente estudados por MARTINS et al. (1967, 1972 e 1973) e constituem três categorias – modernos, relíquias e palimpsésticos – conforme o modelo evolutivo sedimentar proposto por MARTINS & URIEN, (1979) URIEN et al. (1980), MARTINS et al.

(1996). Estudos sobre a presença de sedimentos relíquias na plataforma continental brasileira foram realizados por MARTINS et al. (1978). Os autores enfatizam a importância de sua identificação para estudos sobre a evolução paleogeográfica da plataforma continental, bem como a indicação de recursos econômicos associados aos sedimentos superficiais, como o estoque arenoso da plataforma interna MARTINS et al. (1997, 1999).

b) Costa Uruguaia, mostrando

pequenos embaiamentos, planícies costeiras elevadas e lagunas encravadas no Pré-Cambriano. Sua extensão, de acordo com JACKSON, (1985), é de 600 km, incluindo as costas do Rio de La Plata e do Oceano Atlântico. A feição mais característica desta costa são as lagunas litorâneas, que, em sua maioria, constituíram antigos estuários, cujas aberturas se fecharam ao desenvolver-se uma barra arenosa, durante a estabilização do nível do mar em sua posição atual. Esses corpos costeiros de água foram sendo parcialmente colmatados devido à falta de drenagem para o mar, à deposição de aluviões na planície costeira e ao avanço de areias eólicas desde a praia. A planície tem seu maior desenvolvimento na zona das lagunas Negra e Castillos. As planícies costeiras são comparativamente pouco desenvolvidas devido ao fato de que o embasamento cristalino elevado não permitiu o avanço do mar. Dessa forma se explica a escassez de um grande volume sedimentar na zona costeira, consistindo a planície costeira de um estreito cinturão de praias e de lagunas separadas por pontais rochosos (La Coronilla, Cabo Polonio, Cabo Santa Maria, Punta José Ignacio e Punta del Este). Estudos sobre os sedimentos da plataforma continental, sintetizados recentemente por LABORDE, (1999), indicam a presença de dois corpos arenosos distintos, separados por uma fácies mista de areia e lama, que é atribuída ao antigo canal fluvial do Rio de La Plata (Figura 2). O corpo arenoso sul se estende da desembocadura do Prata ao longo da plataforma continental. O corpo norte se desenvolve próximo à costa, em direção ao Rio Grande do Sul.

c) Complexo Rio de La Plata,

apresentando planos de marés estuarinos e

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Figura 1 – Feições fisiográficas e topográficas da zona costeira e plataforma continental entre Cabo de

Santa Marta (Brasil) e Rio Negro (Argentina). Modificado de URIEN & EWING (1974), MARTINS & URIEN (1979).

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planos de cristas de praia. Na parte interior, controlado por ondas e marés, prograda o delta do Rio Paraná, com amplo sistema de planície costeira e deltaica. Segundo URIEN & MARTINS, (1982), o delta se desenvolve em um vale fluvial, progradando dentro do Rio de La Plata. Em seu estado atual, é um delta onde as condições de progradação superam a taxa de subsidência. Diferente dos modelos deltaicos mais comuns, desenvolvidos em áreas de subsidência, esse delta prograda sobre um

embasamento estável, bastante superficial (aproximadamente 200 metros de profundidade). Seu desenvolvimento frontal é controlado por marés e ondas, sendo do tipo destrutivo. A morfologia frontal é constituída por uma combinação de arcos, em forma globular, e por bancos de desembocadura, e sua história data do Holoceno. Em termos dinâmicos/sedimentares, a seqüência deltaica frontal está representada pela planície deltaica, pela frente deltaica, pela plataforma deltaica e pelo prodelta.

Figura 2 – Distribuição dos sedimentos de fundo no Rio de La Plata e plataforma continental

adjacente (segundo LABORDE, 1999) mostrando os dois corpos arenosos separados pelos sedimentos finos dos poços de lama.

A planície costeira e a plataforma continental adjacente ao Rio de La Plata, Buenos Aires e Rio Negro constituem uma plataforma subaérea e submersa, suavemente inclinada, com cerca de 170 km de largura, coberta por sedimentos formados por areia palimpsésticas e por areias e cascalhos bioclásticos. Em direção sul à inclinação do fundo marinho, torna-se mais suave e sua largura aumenta acima de 200 km. A zona de quebra da plataforma varia da

profundidade de 70 metros, na parte norte, para 100 metros em direção sul. A área de transição plataforma – declive apresenta um degrau, ou bancada, como relíquia de um bordo de plataforma retrativa, construída durante a estabilização de nível de mar baixo e então recoberta pelas seqüências sedimentares do Quaternário e do Holoceno, durante a última estabilização mais baixa do nível do mar.

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A fisiografia da plataforma é controlada pelas principais feições morfoestruturais do continente, tais como Escudo Pré-Cambriano Plata, Alto Tandil, Cinturão Dobrado La Ventana, Maciço Norte patagônico, e pelas bacias Salado/Punta del Este, Colorado e Rawson/Valdés, que se estendem por debaixo do Terraço Continental.

Contribuições relativas aos modelos deposicionais presentes na margem continental sul-brasileira, do Uruguai e da província de Buenos Aires foram efetuadas por URIEN & WING, (1974), URIEN et al. (1978, 1980, 1987, 1989) FURTADO, (1996) CALLIARI et al. (1983, 1994).

Na plataforma continental moderna, relíquias de cristas de praia, barreiras costeiras e canais fluviais, conectados com “canyons” submarinos do declive continental, representam feições marcadamente bem preservadas, particularmente nas áreas de mar aberto dos rios La Plata, Colorado e Negro. Os sedimentos presentes na plataforma (URIEN & MARTINS, 1974, MARTINS et al., 1976) são, em sua maior parte, arenosos, produtos de uma sucessão de deslocamentos da linha de praia, transgressiva do Holoceno para o oeste, que formaram um corpo tipo cobertura, de mais de 7 metros de espessura. Sedimentos sílticos-argilosos são também encontrados, mas concentrados em baías, estuários ou canais de plataforma interna, nas vizinhanças do Rio de La Plata. Lutitos de plataforma são encontrados somente na porção interna, junto à desembocadura da Lagoa dos Patos ou à zona de quebra da plataforma do Rio Grande do Sul (MARTINS, 1983). A drenagem vizinha, proveniente das Terras Altas do Rio Grande do Sul, também contribuiu com sedimentos finos para o Cone de Rio Grande, conforme demonstrado por (MARTINS, 1984).

Os corpos arenosos do tipo expansivo e retrativo (onlapping/offlapping) constituem uma ferramenta útil na identificação dos processos e produtos do Quaternário Tardio. Nas áreas das plataformas do Rio Grande do Sul e Rio de La Plata, exemplos desse mecanismo estão bem retratados em uma extensa planície costeira, parcialmente submersa. As areias basais transgressivas, do tipo “onlapping”, assentam sobre uma discordância gerada por uma plataforma de abrasão por onda (wave-cut platform), sendo indicadoras do início do Holoceno. A elevação do mar não foi contínua e

níveis de estabilização são observados através de relíquias de ilhas de barreira. O nível mais significante ocorreu em 6.000 AC e gerou uma ilha de barreira que obstruiu o Rio de La Plata, transformando-o em um sistema lagunar. A drenagem fluvial foi desviada através de canais migratórios, predominantemente em direção ao norte.

O avanço da linha de costa cobriu essas feições com uma cobertura arenosa, mas elas permanecem como maciços sedimentares situados na desembocadura do rio, conforme é observado por intermédio de cartas batimétricas de detalhe, de registros sísmicos e de testemunhos geológicos (pistons cores). Essas feições representam uma linha de costa migrante que invade, como uma cunha arenosa basal, a planície costeira e o estuário do Rio de La Plata.

Várias flutuações, no nível do mar, são presumidas como tendo lugar na área, antes e depois da transgressão holocênica, que data ao redor de 18.000 anos AP e que modificou a distribuição das fácies sedimentares e a topografia do fundo marinho, com feições construtivas e destrutivas. Camadas progradantes, observadas na zona de quebra da plataforma, graças a dados sísmicos de reflexão (Figura 3), são relacionadas aos grandes rios que drenaram essa região, durante o nível de estabilização inferior (low still stand) (LST), construindo deltas (URIEN & MARTINS, 1976; DILLENBURG, 1987) e estuários. A distribuição geral dos sedimentos superficiais da região abordada no presente trabalho pode ser encontrada em URIEN & MARTINS, (1974). A expressão superficial das bacias anteriormente mencionadas é parcialmente observável com a presença das planícies costeiras do Quaternário Tardio-Holoceno do Rio Grande do Sul, do estuário do Rio de La Plata, da planície costeira de Buenos Aires, do delta destrutivo por onda abandonado de Bahia Blanca, e do complexo plano deltáico do Rio Colorado.

Na região do Rio de La Plata, as Terras Altas, ou Platô Sedimentar Pampas, são interrompidos por uma planície costeira esculturada por ondas, que cobre a linha de costa sul do Rio de La Plata e o norte de Buenos Aires, terminando, ao sul, com a laguna costeira de Mar Chiquita. No Rio de La Plata interior, encontra-se à frente deltaica do Rio Paraná, controlada por ondas, que prograda em direção

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Figura 3 – (A) Morfologia da plataforma continental adjacente ao Rio de La Plata. (B) Perfis sísmicos

de reflexão apresentando aspectos da progradação deltaica (modificado de URIEN et al., 1980).

ao Rio de La Plata, numa taxa de 60 metros por ano.

MARTINS et al. (1996) efetuaram uma revisão no nível do conhecimento científico da plataforma Continental do Rio Grande do Sul, indicando que o modelo deposicional presente é formado basicamente por três estágios representados por: a) fase pleistocênica, de nível de mar abatido; b) fase holocênica transgressiva; e c) micro fase regressiva. Todas essas etapas estão configuradas através de feições

morfológicas e de sedimentos (modernas, relíquias, palimpsésticos) vinculados a um modelo transgressivo/regressivo. O conceito transgressivo/regressivo, na análise de seqüências sedimentares do tipo expansivo/retrativo (onlap/offlap) combinado com a morfologia e as fáceis sedimentares, permite a construção de modelos sedimentares. Esses modelos, descrevendo cada evento em etapas cronológicas, permitem a compreensão da evolução de seqüências estratigráficas e sua

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correlação regional (URIEN & MARTINS, 1987; YIM, 1999).

O modelo paleogeográfico básico, utilizado neste estudo, foi desenvolvido por VILLWOCK & TOMAZELLI, (1995), para a província costeira, e por MARTINS et al. (1996), para a plataforma continental do Rio Grande do Sul.

Os recursos minerais associados a esses dois modelos (Tabela 1) acham-se representados por areias quartzosas (MARTINS et al., 1972; LEHUGUER, 1977; MARTINS et al., 1997, 1999), minerais pesados (POMERANCBLUM & COSTA, 1972; VILLWOCK et al., 1979; MARTINS da SILVA, 1976; TOMAZELLI,

1977; MUNARO, 1994; LOSS & DEHNHARDT, 1983; CASTRO, 1993; WOLFF, 1997; CARUSO Jr., 1997, 1999); turfa (VILLWOCK et al., 1983a, b; WILDNER et al., 1988); nódulos fosfáticos (KLEIN et al., 1992; HOSANG & ABREU, 2002), e sedimentos carbonáticos (MARTINS et al., 1967, 1972, 1978; CORREA & PONZI, 1979; CORREA, 1983; CARUSO Jr. & VILLWOCK, 1994; ASP, 1996; CARUSO Jr., 1999; CALLIARI et al., 1999).

Em termos de Brasil, esses recursos minerais foram sintetizados por (SANTANA, 1999).

Tabela 1 – Ocorrência de recursos minerais na zona costeira e margem continental sul brasileira.

OCORRÊNCIA RECURSO MINERAL ZONA COSTEIRA MARGEM CONTINENTAL

Minerais Pesados

Perfil de Praia Atual Dunas Barreiras II e III

Níveis de estabilização da linha de costa (praias afogadas) vales fluviais afogados.

Cascalho e Areia Bioclástica

Perfil Praial Atual Plataforma Interna Plataforma Externa

Areias Quartzosas

Perfil Praial Atual Dunas Atuais Dunas Fósseis Barreiras

Plataforma Interna Plataforma Média e Externa

Turfa Planície Costeira Barreiras Plataforma Interna

Nódulos Fosfáticos - Plataforma Externa Terraço Marginal

Glauconita - Plataforma Média e Externa DEPÓSITOS ASSOCIADOS À ZONA COSTEIRA

Esses recursos estão vinculados ao perfil de praia atual e às linhas de praia elevadas, produzidas especialmente pelas transgressões marinhas que atingiram nível superior ao atual.

Os principais depósitos produzidos pelo mecanismo transgressivo/regressivo, presente durante o Quaternário, e a conseqüente morfologia produzida estão representados por areias quartzosas, por minerais pesados, por sedimentos carbonáticos e por turfas, conforme

se pode acompanhar no mapa de localização e distribuição dos mesmos.

Minerais Pesados

São depósitos provenientes de uma fonte continental, concentrados em ambiente praial marinho. Podem ocorrer sob duas formas: vales fluviais afogados, como os depósitos de estanho das costas da Malásia, Tailândia e Indonésia (Figura 4) e os corpos arenosos mais ou menos paralelos às praias atuais ou às mais antigas, formadas sob a ação de ondas e correntes. A origem de ambos, contudo, é o

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principio físico da segregação de partículas mais pesadas das mais leves.

Dessa forma, os minerais ocorrentes são usualmente de densidade elevada e resistentes à desagregação mecânica e à decomposição química. As rochas, fonte de tais minerais, são geralmente rochas graníticas continentais, de onde são removidos, por processos naturais de intemperismo, e transportados para a costa por atividade aluvial e fluvial. A dinâmica praial redistribui, através da ação de ondas e correntes, os minerais pesados, concentrado-os junto ao perfil praial.

A determinação dos padrões da antiga drenagem, presente na zona costeira e na plataforma continental, através de métodos sísmicos, representa um importante elemento na localização de placeres de minerais pesados. (FURTADO et al., 1996). Se depósitos economicamente importantes são ocorrentes nas praias atuais, as chances são boas de se encontrarem depósitos similares em praias elevadas e em mar aberto (KUDRAS, 1999).

Nesse particular, um bom exemplo de tal comportamento é o depósito de Nome (Alaska), onde, ao lado da atual praia, contendo depósitos de ouro, foram reconhecidas pelo menos seis praias elevadas, formadas quando o nível do mar esteve mais elevado do que o presente. Três revelaram valor econômico para serem mineradas. Da mesma forma, na plataforma continental adjacente, três linhas de praia foram identificadas a -10, -20 e -30 metros de profundidade (Figura 5). Na planície costeira do Rio Grande do Sul, ao lado das concentrações da praia atual e das praias elevadas, acumulações de minerais pesados são igualmente atribuídos à atividade eólica. Dentre o desenvolvimento histórico dos estudos sobre minerais pesados na área, encontram-se os trabalhos de MARTINS, (1963, 1967), e MARTINS SILVA, (1976). O primeiro estudo detalhado coube a (VILLWOCK et al., 1979), que quantificou essas concentrações ao longo da zona costeira, mais especificamente entre os municípios de Rio Grande e Tramandaí.

Figura 4 – Ocorrências de estanho em vales fluviais afogados e linhas de praia da Indonésia (TIMES

Atlas, 1983).

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Os minerais mais importantes

ocorrentes são ilmenita (Ti), magnetita (Fe), rutilo (Ti) e zircão (Ti). Mais tarde, MUNARO, (1994) desenvolveu um detalhado estudo dessas concentrações, com a finalidade especifica do interesse econômico, visando sua explotação;enquanto CARUSO Jr. (1997) e CARUSO Jr. et al. (1999) efetuaram uma completa revisão sobre as potencialidades da área em análise.

Os placeres da costa gaúcha ocorrem em dunas transgressivas, paleopraias elevadas e praias modernas, como resultado das condicionantes geológicas como proveniência, dinâmica de alta energia praial e eólica, e das oscilações do nível relativo do mar. CARUSO Jr., (1997) sintetizando uma série de dados disponíveis para a região situada entre São José do Norte e Bujuru, em uma faixa de 30 km de comprimento por 1 km de largura, indica uma reserva de 350.000.000 de toneladas com um teor de 3,7% de minerais pesados, e um

conteúdo de 12.950.000 de toneladas de minerais pesados.

Na área de Bujuru as reservas são de 150.811.200 toneladas, com 4,6% e um conteúdo de 7.038.200.

CASTRO, (1993), interpreta o pacote de areia fina bem classificada, rica em fragmentos de conchas e lâminas de turfa, como uma fácies praial marinha que hospeda o minério. A ocorrência em forma de canal acompanha aproximadamente a antiga linha da costa do Pleistoceno.

Na área de Estreito e Bujuru, importante corpo mineralizado foi encontrado, que, de acordo com MUNARO, (1994), foi desenvolvido em um ambiente eólico que cobre sedimentos holocênicos lagunares e paludiais. O autor indica a mineralização como ocorrente em uma fácies eólica de praia, sendo sua geometria canalizada, ligada à escarpa desenvolvida no terraço pleistocênico pelas flutuações do nível do mar. Este degrau é uma feição erosional que

Figura 5 – Linhas de praia afogadas com presença de minerais pesados na região de Nome, Alaska,

USA (TIMES Atlas, 1983).

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Figura 6 – Minerais pesados da área de Bujuru/Estreito (RS). Segundo MUNARO (1994).

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governou a mineralização na depressão holocênica, atuando como um obstáculo à migração continental das dunas, desenvolvendo um local ideal para concentração de minerais de alta densidade. (Figura 6). Depósitos Carbonáticos Contrastando, em uma linha de praia constituída predominantemente por areias quartozonal finas e muito finas, sedimentos formados por calcário bioclástico caracterizam a região denominada por “Concheiros do

Albardão”, ao sul da planície costeira do Rio Grande do Sul.

Taís depósitos são compostos por uma mistura de fragmentos de conchas (cascalho e areia) e areia quartzona fina, conforme descrito por MARTINS, (1967); CALLIARI & KLEIN (1993) e ASP, (1996), ocorrendo numa extensão de aproximadamente 40 km. A espessura média é de 0,70 m e a concentração de CaCO3 atinge 38,5% (CALLIARI et al., 1999), sendo o potencial inferido de 1,366,200 toneladas de CaCO3 (ASP, 1996).

Figura 7 – Depósitos de conchas calcárias em Nova Brasília, zona costeira de Santa Catarina,

descritas por CARUSO Jr. (1999). Dados sísmicos e amostras obtidas na

face praial submersa indicam que a plataforma continental interna apresenta concentrações de

sedimentos bioclásticos de natureza similar (CALLIARI et al., 1999).

Além das concentrações ligadas à linha da costa atual, são encontradas ocorrências de

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depósitos de conchas calcárias (moluscos especialmente), através de concheiros naturais e sambaquis, tanto ao longo da barreira múltipla (Palmares, Mostardas, Tavares) como das margens da Lagoa Mirim (Ponta Alegre, Ponta dos Latinos), conforme indicado por VILLWOCK & TOMAZELLI (1995).

Jazidas de calcário conchífero, na zona costeira de Santa Catarina foram descritas por CARUSO Jr. & VILLWOCK (1994), relacionando-as com ciclos oscilatórios do nível relativo do mar durante o Quaternário. As reservas são da ordem de 5,8 milhões de toneladas, estando localizadas nos municípios de Jaguaruna, Laguna, Tubarão, Treze de Maio e Imaruí, com uma produção de 90 mil toneladas (1994).

Mais recentemente, CARUSO Jr., (1999), efetuou uma detalhada revisão sobre esses depósitos, indicando áreas já em fase de explotação (Figura 7). Turfas

Os estudos de detalhe sobre turfas, ocorrentes na província costeira do Rio Grande do Sul, foram inicialmente desenvolvidos por VILLWOCK et al. (1980). Segundo os autores, a turfa é uma substância vegetal parcialmente decomposta, acumulada sob água ou em locais saturados de água, formando o primeiro componente da série de combustíveis fósseis de idade geológica relativamente recente.

Através de datações, foi possível indicar que os depósitos de turfa foram acumulados durante os últimos 5.000 anos, em antigas depressões lagunares que, abandonadas na superfície da zona costeira, através do abaixamento do nível do mar, foram transformados em pântanos costeiros ocupados por exuberante vegetação.

A região estudada com maior detalhe é a de Águas Claras, mas conforme, VILLVOCK et al. (1983a, b) o condicionamento geológico permite indicar outras áreas na província costeira, capazes de apresentarem a ocorrência de turfas, em especial a) pântanos (banhados) desenvolvidos sobre os terraços lagunares que margeiam as lagoas dos Patos e Mirim, e outras de menor expressão; b) zonas inferiores dos vales fluviais que deságuam nestes corpos de água; e c) grandes depressões lagunares

presentes ao longo da barreira múltipla das lagoas dos Patos e Mirim.

Os mesmos autores sugerem um aproveitamento agroenergético da turfa, como adubo orgânico, complemento a fertilizantes químicos, recuperação de áreas em processo de desertificação, cultura de cereais, culturas de cana e projetos de reflorestamento.

A ocorrência de Águas Claras é formada por um depósito lenticular e alongado, 3 a 5 km de extensão, com espessura média de 2 metros, um volume de 37.180.000 m³ e cerca de 42.459.560 toneladas de turfa.

Foram identificados três tipos de turfa: a) turfa de qualidade superior, com

poder calorífico entre 2,5 a 5,0 Kcal/g (41% das amostras);

b) turfa de qualidade inferior, entre 1,8 a 2,5 Kcal/g (20,5% das amostras);

c) sedimentos turfáceos, com mais de 75% de cinzas (38,5% das amostras).

WILDNER et al. (1988) realizaram um

trabalho, para a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais – CPRM, relativo à ocorrência de turfa na Província Costeira do Brasil Meridional, compreendida entre Laguna (Santa Catarina) e Chuí (Rio Grande do Sul). Foram utilizados critérios fotogeológicos comprovados posteriormente por trabalhos de campo, sendo detalhadas as ocorrências de Águas Claras, apresentando uma reserva total de 62,64 x 106 toneladas, Barrocadas com 46,30 x 106 toneladas e Três Passos com 9,53 x 106 toneladas.

Em todos os trabalhos desenvolvidos sobre turfas, na Província Costeira do Rio Grande do Sul, a seqüência sedimentar, produzida pelos sucessivos eventos transgressivos/regressivos, ligados aos episódios glacio-eustáticos, iniciados no final do Terciário (Paleoceno) até a transgressão holocênica, foi considerada, tomando por base o modelo evolutivo de VILLWOCK & TOMAZELLI (1995).

Reservas da Plataforma Continental

No panorama geral das atuais plataformas continentais, deve ser considerada sua exposição subaérea durante as glaciações (Ice Ages) para melhor compreender seus

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sedimentos e recursos minerais associados. Como 75% da cobertura sedimentar das plataformas continentais do mundo é constituída por sedimentos relíquias ou palimpsésticos (relíquias retrabalhados), acumulados em situações dinâmicas distintas das atualmente presentes, é justo indicar que grande parte desses depósitos, no que diz respeito a sedimentos detritais, foram produzidos em ambientes distintos do atual, mas retrabalhados e concentrados pela atividade marinha das transgressões/regressões ocorrentes no Quaternário, especialmente no Pleistoceno Superior e no Holoceno.

Durante as glaciações (Ice Ages), o nível do mar recuou apreciavelmente e, em razão de sua natureza cíclica, com a intervenção de períodos quentes e de degelo, o nível do mar variou e foi estabilizado por curtos períodos, em muitos níveis, tanto acima como abaixo do nível atual, formando depósitos inerentes a esses diferentes estágios.

Sendo a linha de praia migrante uma zona de alta energia, conforme constatado através dos parâmetros estatísticos de tamanho das partículas sedimentares, foram gerados, nestes níveis de estabilização, depósitos compatíveis, como areias e cascalhos terrígenos, areias e cascalhos bioclásticos e minerais pesados. Pelo elevado número de praias afogadas, presentes na plataforma continental, a área de ocorrência é substancialmente maior que as praias atuais.

Minerais Pesados

Quando o nível do mar esteve abatido, a drenagem fluvial, que ora deságua no oceano, desenvolveu seus cursos ao longo de uma planície costeira (hoje ocupada pela plataforma continental), cortando canais e depositando seus sedimentos na zona de quebra, como pode ser observado pela presença de vales fluviais afogados (FURTADO et al., 1996; URIEN & MARTINS, 1987). No Rio Grande do Sul e na área de influência do Rio de La Plata, deltas foram desenvolvidos pela contribuição fluvial, na borda da plataforma (URIEN et al., 1976, 1978; DILLENBURG, 1987; MARTINS et al., 1996). Nessa paisagem de vales fluviais afogados e antigas feições costeiras (linhas de praia, deltas, restingas), de modo particular às vinculadas à transgressão holocênica,

representam situações favoráveis para a explotação de minerais pesados.

Em adição a tais depósitos aluviais e praiais relíquias, placeres eluviais, formados “in situ” pela erosão de afloramentos do embasamento, geralmente altos topográficos com a fração leve removida pelas correntes, pode propiciar a ocorrência de depósitos residuais de minerais pesados, como ocorre com os depósitos de estanho do sudeste da Ásia.

Estudos sobre a ocorrência de minerais pesados na plataforma continental do Rio Grande do Sul foram realizados por MARTINS et al. (1967); POMERANCBLUM & COSTA, (1972); TOMAZELLI, (1977) e WOLFF, (1997). Mais recentemente, MARTINS, (1999), estudou a mineralogia dos sedimentos ocorrentes nos níveis de estabilização, ocorridos durante a transgressão holocênica. Concentrações de 1,5 a 2,5% foram encontradas, associados aos antigos níveis de estabilização da transgressão holocênica e sedimentos arenosos dos deltas pleistocênicos da borda da plataforma.

Estas ocorrências recomendam um estudo específico para seu detalhamento.

Areia e Cascalho Bioclástico

Os depósitos carbonáticos ocorrem em duas situações batimétricas distintas, na plataforma continental do Rio Grande do Sul, sendo descritas originalmente por MARTINS et al. (1972) como fácies biodetrítica interna e biodetrítica externa, em mapa relativo à cobertura sedimentar da margem continental gaúcha. As acumulações da plataforma interna estão representadas por uma morfologia peculiar de bancos lineares, aproximadamente paralelos à linha da costa. Duas áreas, nas regiões de Albardão e Parcel do Carpinteiro, representam as concentrações mais expressivas, apresentando um comprimento superior a 100 km, largura de 2 a 6 km e altura entre crista e cava, em torno de 1 a 6 metros (CALLIARI et al., 1999). Tais depósitos foram quantificados por CORRÊA, (1983) que obteve um valor superior a 1 bilhão de toneladas de sedimentos carbonáticos (Figura 8).

Os calcários bioclásticos do Parcel do Carpinteiro, situado a 15 milhas náuticas a noroeste da cidade de Rio de Grande, encontram-se a uma profundidade de 23 metros.

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Figura 8 – Areias de ocorrência de sedimentos bioclásticos da plataforma interna do Rio Grande do

Sul. Segundo CORRÊA & PONZI (1978) e CALLIARI et al. (1999).

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A morfologia de fundo é igualmente caracterizada pela presença de bancos lineares, com comprimento de 10 km e altura de 2 a 5 metros. Levando em conta uma espessura média de 1 metro e uma concentração de 50% de CaCO3

, o volume inferido total é de 65 milhões de toneladas.

Ao longo da plataforma continental interna a partir de Rio Grande (RS) até São Francisco do Sul (SC), associados a feições de bancos arenosos lineares, afloramentos de “beachrock” ocorrem com depósitos de material bioclástico, composto principalmente de

fragmentos retrabalhados de conchas de moluscos. Tais ocorrências, contudo, ainda não foram devidamente quantificadas.

Depósitos de Fosforita

Fosforita, contendo variedades de apatita, é concentrada por correntes submarinas. Esse mineral forma-se por precipitação autigênica, em sedimentos de granulação fina, depositados abaixo das zonas de alta

Figura 9 – Concentração de fosfato e situação batimétrica das fosforitas da plataforma continental da

Califórnia, USA (TIMES Atlas, 1983).

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produtividade, em áreas de ressurgência (Figura 9). Mudanças no nível do mar, em combinação com alterações de correntes submarinas e com nível base erosional de onda, podem resultar no processo de “winnowing” da lama de granulação fina, e enriquecendo a superfície com grãos de apatita tamanho areia.

Apesar das informações esparsas encontradas em alguns trabalhos realizados na borda da plataforma continental do Rio Grande do Sul, coube a KLEIN et al. (1992), efetuarem a primeira comunicação específica sobre a ocorrência de concreções fosfáticas no platô do Rio Grande, encontradas a uma profundidade variável de 370 a 500 metros, apresentando, na análise química, um teor de 16 % de P2O5.

HOSANG & ABREU (2002), ampliaram a zona de ocorrência das concreções fosfáticas, estendendo-se da região norte da cidade de Rio Grande (RS) a São Francisco do Sul (SC), em profundidades entre 100 e 500 metros.

Ambas as situações descritas recomendam a realização de estudos específicos mais aprofundados, que poderiam ser desenvolvidos pelo projeto COMEMIR (Continental Margin Environments and Mineral Resources).

Areia Quartzosa

Durante os episódios transgressivos/regressivos do Quaternário, foram gerados ambientes transicionais e marinhos, que migraram através da zona costeira e da plataforma continental, gerando, conseqüentemente, condições favoráveis para acumulação de sedimentos economicamente importantes.

O suprimento de areia e cascalho, oriundo da plataforma continental, suplementa atualmente as fontes continentais em muitos países (Canadá, Cuba, Dinamarca, França, Holanda, Japão, Nigéria, Suécia, Reino Unido e Estados Unidos).

No caso do Japão, cerca de 35% do total da areia requerida (mais de 80 milhões de toneladas) provém de mar aberto. Em algumas situações pontuais, a contribuição de cascalho e areia, proveniente de fontes marinhas, podem ser mais expressivas, como no caso de Londres, onde mais de 40% do consumo total é de

material derivado do piso marinho (Figuras 10 e 11).

Figura 10 – Áreas licenciadas para explotação de areia e cascalho no Reino Unido, Holanda, Bélgica e França (TIMES atlas, 1983).

Ainda que areia e cascalho constituam depósitos expressivos no continente, fatores limitantes inibem seu suprimento, como o transporte das áreas de extração continental até os locais desejados, que podem exceder o custo de extração e processamento.

Figura 11 – Plataforma continental atlântica dos Estados Unidos, junto com a concentração dos depósitos de areia (TIMES atlas, 1983).

LEHUGEUR, (1977), estabeleceu as primeiras relações das fácies arenosa (MARTINS et al., 1972) da plataforma continental do Rio Grande do Sul e seu aproveitamento econômico. MARTINS et al. (1997, 1999), baseados no tamanho de grão, na mineralogia, na estrutura espacial e no nível de

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energia do ambiente de deposição, estabeleceram quatro litofácies como de alto potencial para utilização em recuperação de perfis praiais, indicando cinco áreas para provável explotação (Figura 12). A reserva estimada de areia, para utilização em recuperação praial, é de 9,32 x 10 9 toneladas.

Na plataforma continental de Santa Catarina, estudos realizados pela equipe da Universidade Vale do Itajaí (UNIVALI) mapearam várias áreas, com finalidade específica de utilização da areia na recuperação de praias (HOEFEL et al., 1997).

Aspectos referentes ao potencial arenoso da plataforma continental do Uruguai e da Argentina encontram-se disponíveis em estudos realizados sob a égide do Programa Ocean Science in relation to Non Living Resources - OSNLR (Subprograma Atlântico Sudoeste). LABORDE, (1999), estabeleceu, na região externa do Rio de La Plata, dois corpos arenosos, como possíveis fontes alternativas para recuperação de praias (Pocitos) e de outros terrenos (porto de Montevidéu). Já ISLA & SCHNACK (1986) indicaram resultados de vários estudos, que se ocuparam do potencial arenoso ocorrente na plataforma continental e que foram avaliados para utilização na recuperação de praias erodidas em Mar del Plata e Mar Chiquita.

A representação esquemática dos recursos minerais associados à cobertura sedimentar da margem continental sul-brasileira, com apresentação dos valores aproximados de suas potencialidades, foi elaborada recentemente por MARTINS & TOLDO Jr. (2002). Na Figura 13, são apresentadas as relações dos bens minerais com a área de ocorrência, sendo mostrada, igualmente, a área de recurso de subsuperfície ligada à presença de carvão em Santa Terezinha (RS), estudada pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM).

CONCLUSÕES

A maioria das pesquisas desenvolvidas com relação aos recursos minerais marinhos têm por objetivo inicial a compreensão dos mecanismos governantes de sua formação. Esse conhecimento permitirá a descoberta de outros depósitos em ambientes similares. Mecanismos típicos de formação são a precipitação seletiva, a sedimentação, o enriquecimento biológico e a

concentração diagênica, todos eles associados com ambientes do meio marinho.

Em qualquer programa de estudo sobre minerais marinhos presentes nas margens continentais é necessário traçar um plano de reconhecimento e identificação de áreas para exploração. Para alcançar tal objetivo é necessário possuir informações detalhadas sobre; a) antigas linhas de praia e outras feições associadas com as mudanças ocorridas no nível do mar (canais fluviais afogados, feições deltaicas submersas), e que são importantes para a localização de placeres e materiais de construção; b) sedimentos biogênicos ou calcários, importantes na formação de depósitos carbonáticos; e c) zonas de ressurgência e ambientes não deposicionais, importantes na localização de fosfatos.

Os autores do presente trabalho indicam que o estudo detalhado da cobertura sedimentar da margem continental representa o melhor caminho para realização de trabalhos específicos, visando à exploração de bens minerais marinhos. Isso é particularmente importante quando as implicações econômicas relativas, isto é, se a acumulação mineral é uma fonte metálica importante no futuro, ou somente possui um interesse científico.

Muitas questões podem ser respondidas, como tipo de depósito, tamanho, minerais valiosos incluídos, variações horizontais e laterais, propriedades físicas (tamanho de grão) parâmetros ambientais (correntes), morfologia de detalhe e aspectos de infra-estrutura, numa avaliação geológica adequada do piso marinho.

A experiência adquirida no desenvolvimento de modelos evolutivos para o Quaternário Tardio e o conseqüente estudo dos recursos associados permite a elaboração de um esquema para pesquisas similares a serem desenvolvidas em outras áreas da margem continental do Atlântico Sudoeste:

a) elaboração de mapas morfológicos e

sedimentológicos obtidos a partir de dados de missões específicas de batimetria de precisão, perfis sísmicos de alta resolução, perfis sonográficos, tomada de amostras de sedimentos de fundo e testemunhagem geológica, datações de 14C, e estudo adequado da biota, em especial dos organismos bentônicos.

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Figura 12 – Textura e composição dos sedimentos arenosos da plataforma continental interna do Rio

Grande do Sul. Segundo MARTINS et al. (1996, 1999).

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Figura 13 – Ocorrências e recursos minerais da zona costeira e margem continental do Rio Grande do

Sul (MARTINS & TOLDO Jr., 2002).

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b) construção a partir dos dados obtidos na etapa anterior de modelos paleogeográficos. A expressão cartográfica deverá representar todas as feições identificadas nas distintas etapas da evolução e, se possível, conter indicações dos bens minerais associados (minerais pesados com antigas linhas de praia, carbonatos em bancos remobilizados de antigas linhas de costa, areias quartzosas com a cobertura transgressiva, etc.).

c) avaliação geológica técnica e

econômica dos minerais ocorrentes na Zona Econômica Exclusiva (ZEE), prévia a qualquer decisão relativa a explotação de um recurso, bem como a uma acurada análise do impacto ambiental a ser causado por tal atividade.

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