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www.conversadeportugues.com.br Modernismo brasileiro – questões do ENEM – Profª Andréa Motta 1 MODERNISMO BRASILEIRO QUESTÕES DO ENEM 1998 QUESTÃO 1 A discussão sobre gramática na classe está “quente”. Será que os brasileiros sabem gramática? A professora de Português propõe para debate o seguinte texto: PRA MIM BRINCAR Não há nada mais gostoso do que o mim sujeito de verbo no infinito. Pra mim brincar. As cariocas que não sabem gramática falam assim. Todos os brasileiros deviam de querer falar como as cariocas que não sabem gramática. As palavras mais feias da língua portuguesa são quiçá, alhures e miúde. (BANDEIRA, Manuel. Seleta em prosa e verso. Org: Emanuel de Moraes.4. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1986. P. 19) Com a orientação da professora e após o debate sobre o texto de Manuel Bandeira, os alunos chegaram à seguinte conclusão: (A). uma das propostas mais ousadas do Modernismo foi a busca da identidade do povo brasileiro e o registro, no texto literário, da diversidade das falas brasileiras. (B). apesar de os modernistas registrarem as falas regionais do Brasil, ainda foram preconceituosos em relação às cariocas. (C). a tradição dos valores portugueses foi a pauta temática do movimento modernista. (D). Manuel Bandeira e os modernistas brasileiros exaltaram em seus textos o primitivismo da nação brasileira. (E). Manuel Bandeira considera a diversidade dos falares brasileiros uma agressão à Língua Portuguesa. Este material contém questões de provas aplicadas no Exame Nacional do Ensino Médio no período de 1998 a 2012. Foram selecionadas aquelas que contemplam apenas o Modernismo brasileiro. Não foram usadas questões que usam textos modernistas para outros assuntos.

Modernismo ENEM

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    1

    MODERNISMO BRASILEIRO

    QUESTES DO ENEM

    1998

    QUESTO 1

    A discusso sobre gramtica na classe est quente. Ser que os brasileiros sabem gramtica? A

    professora de Portugus prope para debate o seguinte texto:

    PRA MIM BRINCAR

    No h nada mais gostoso do que o mim sujeito de verbo no infinito. Pra mim brincar. As cariocas que no

    sabem gramtica falam assim. Todos os brasileiros deviam de querer falar como as cariocas que no sabem

    gramtica.

    As palavras mais feias da lngua portuguesa so qui, alhures e mide.

    (BANDEIRA, Manuel. Seleta em prosa e verso. Org: Emanuel de Moraes.4. ed. Rio de Janeiro: Jos Olympio, 1986. P. 19)

    Com a orientao da professora e aps o debate sobre o texto de Manuel Bandeira, os alunos chegaram

    seguinte concluso:

    (A). uma das propostas mais ousadas do Modernismo foi a busca da identidade do povo brasileiro e o

    registro, no texto literrio, da diversidade das falas brasileiras.

    (B). apesar de os modernistas registrarem as falas regionais do Brasil, ainda foram preconceituosos em

    relao s cariocas.

    (C). a tradio dos valores portugueses foi a pauta temtica do movimento modernista.

    (D). Manuel Bandeira e os modernistas brasileiros exaltaram em seus textos o primitivismo da nao

    brasileira.

    (E). Manuel Bandeira considera a diversidade dos falares brasileiros uma agresso Lngua Portuguesa.

    Este material contm questes de provas aplicadas no Exame Nacional do Ensino Mdio no

    perodo de 1998 a 2012. Foram selecionadas aquelas que contemplam apenas o Modernismo

    brasileiro. No foram usadas questes que usam textos modernistas para outros assuntos.

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    1999

    QUESTO 2

    Leia o que disse Joo Cabral de Melo Neto, poeta pernambucano, sobre a funo de seus textos:

    Falo somente com o que falo: a linguagem enxuta, contato denso; falo somente do que falo: a vida seca,

    spera e clara do serto; falo somente por quem falo: o homem sertanejo sobrevivendo na adversidade e a

    mngua. Falo somente para quem falo: para os que precisam ser alertados para a situao da misria no

    Nordeste.

    Para Joo Cabral de Melo Neto, no texto literrio,

    (A) a linguagem do texto deve refletir o tema, e a fala do autor deve denunciar o fato social para

    determinados leitores.

    (B) a linguagem do texto no deve ter relao com o tema, e o autor deve ser imparcial para que seu

    texto seja lido.

    (C) o escritor deve saber separar a linguagem do tema e a perspectiva pessoal da perspectiva do leitor.

    (D) a linguagem pode ser separada do tema, e o escritor deve ser o delator do fato social para todos os

    leitores.

    (E) a linguagem est alm do tema, e o fato social deve ser a proposta do escritor para convencer o

    leitor.

    QUESTO 3

    Quem no passou pela experincia de estar lendo um texto e defrontar-se com passagens j lidas em

    outros? Os textos conversam entre si em um dilogo constante. Esse fenmeno tem a denominao de

    intertextualidade. Leia os seguintes textos:

    I. Quando nasci, um anjo torto

    Desses que vivem na sombra

    Disse: Vai Carlos! Ser gauche na vida

    (ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia. Rio de Janeiro: Aguilar, 1964)

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    II. Quando nasci veio um anjo safado

    O chato dum querubim

    E decretou que eu tava predestinado

    A ser errado assim

    J de sada a minha estrada entortou

    Mas vou at o fim.

    (BUARQUE, Chico. Letra e Msica. So Paulo: Cia das Letras, 1989)

    III. Quando nasci um anjo esbelto

    Desses que tocam trombeta, anunciou:

    Vai carregar bandeira.

    Carga muito pesada pra mulher

    Esta espcie ainda envergonhada.

    (PRADO, Adlia. Bagagem. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986)

    Adlia Prado e Chico Buarque estabelecem intertextualidade, em relao a Carlos Drummond de Andrade,

    por

    (A) reiterao de imagens.

    (B) oposio de idias.

    (C) falta de criatividade.

    (D) negao dos versos.

    (E) ausncia de recursos.

    QUESTO 4

    E considerei a glria de um pavo ostentando o esplendor de suas cores; um luxo imperial. Mas andei

    lendo livros, e descobri que aquelas cores todas no existem na pena do pavo. No h pigmentos. O que h

    so minsculas bolhas dgua em que a luz se fragmenta, como em um prisma. O pavo um arco-ris de

    plumas.

    Eu considerei que este o luxo do grande artista, atingir o mximo de matizes com o mnimo de elementos.

    De gua e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistrio a simplicidade.

    Considerei, por fim, que assim o amor, oh! Minha amada; de tudo que ele suscita e esplende e estremece e

    delira em mim existem apenas meus olhos recebendo a luz de teu olhar. Ele me cobre de glrias e me faz

    magnfico.

    (BRAGA, Rubem. Ai de ti, Copacabana. 20.ed.)

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    O poeta Carlos Drummond de Andrade escreveu assim sobre a obra de Rubem Braga:

    O que ele nos conta o seu dia, o seu expediente de homem, apanhado no essencial, narrativa direta e

    econmica. (...) o poeta do real, do palpvel, que se vai diluindo em cisma. D o sentimento da realidade e

    o remdio para ela.

    Em seu texto, Rubem Braga afirma que este o luxo do grande artista, atingir o mximo de matizes com o

    mnimo de elementos. Afirmao semelhante pode ser encontrada no texto de Carlos Drummond de

    Andrade, quando, ao analisar a obra de Braga, diz que ela

    (A) uma narrativa direta e econmica.

    (B) real, palpvel.

    (C) sentimento de realidade.

    (D) seu expediente de homem.

    (E) seu remdio.

    2000

    QUESTO 5

    Ferreira Gullar, um dos grandes poetas brasileiros da atualidade, autor de Bicho urbano, poema sobre a

    sua relao com as pequenas e grandes cidades.

    Bicho urbano

    Se disser que prefiro morar em Pirapemas

    ou em outra qualquer pequena cidade do pas

    estou mentindo

    ainda que l se possa de manh

    lavar o rosto no orvalho

    e o po preserve aquele branco

    sabor de alvorada.

    [...]

    A natureza me assusta.

    Com seus matos sombrios suas guas

    suas aves que so como aparies

    me assusta quase tanto quanto

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    esse abismo

    de gases e de estrelas

    aberto sob minha cabea.

    (GULLAR, Ferreira. Toda poesia. Rio de Janeiro: Jos Olympio Editora, 1991)

    Embora no opte por viver numa pequena cidade, o poeta reconhece elementos de valor no cotidiano das

    pequenas comunidades. Para expressar a relao do homem com alguns desses elementos, ele recorre

    sinestesia, construo de linguagem em que se mesclam impresses sensoriais diversas. Assinale a opo

    em que se observa esse recurso.

    (A) "e o po preserve aquele branco / sabor de alvorada."

    (B) "ainda que l se possa de manh / lavar o rosto no orvalho"

    (C) "A natureza me assusta. / Com seus matos sombrios suas guas"

    (D) "suas aves que so como aparies / me assusta quase tanto quanto"

    (E) "me assusta quase tanto quanto / esse abismo / de gases e de estrelas"

    QUESTO 6

    Potica, de Manuel Bandeira, quase um manifesto do movimento modernista brasileiro de 1922. No

    poema, o autor elabora crticas e propostas que representam o pensamento esttico predominante na poca.

    Potica

    Estou farto do lirismo comedido

    Do lirismo bem comportado

    Do lirismo funcionrio pblico com livro de ponto expediente protocolo e

    [manifestaes de apreo ao Sr. diretor.

    Estou farto do lirismo que pra e vai averiguar no dicionrio o

    [cunho vernculo de um vocbulo

    Abaixo os puristas

    [...]

    Quero antes o lirismo dos loucos

    O lirismo dos bbedos

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    O lirismo difcil e pungente dos bbedos

    O lirismo dos clowns de Shakespeare

    No quero mais saber do lirismo que no libertao.

    (BANDEIRA, Manuel. Poesia Completa e Prosa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1974)

    Com base na leitura do poema, podemos afirmar corretamente que o poeta:

    (A) critica o lirismo louco do movimento modernista.

    (B) critica todo e qualquer lirismo na literatura.

    (C) prope o retorno ao lirismo do movimento clssico.

    (D) prope o retorno ao lirismo do movimento romntico.

    (E) prope a criao de um novo lirismo.

    2001

    QUESTO 7

    Murilo Mendes, em um de seus poemas, dialoga com a carta de Pero Vaz de Caminha:

    A terra mui graciosa,

    To frtil eu nunca vi.

    A gente vai passear,

    No cho espeta um canio,

    No dia seguinte nasce

    Bengala de casto de oiro.

    Tem goiabas, melancias,

    Banana que nem chuchu.

    Quanto aos bichos, tem-nos muito,

    De plumagens mui vistosas.

    Tem macaco at demais

    Diamantes tem vontade

    Esmeralda para os trouxas.

    Reforai, Senhor, a arca,

    Cruzados no faltaro,

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    Vossa perna encanareis,

    Salvo o devido respeito.

    Ficarei muito saudoso

    Se for embora daqui.

    (MENDES, Murilo. Murilo Mendes poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.)

    Arcasmos e termos coloquiais misturam-se nesse poema, criando um efeito de contraste, como ocorre em:

    (A) A terra mui graciosa / Tem macaco at demais

    (B) Salvo o devido respeito / Reforai, Senhor, a arca

    (C) A gente vai passear / Ficarei muito saudoso

    (D) De plumagens mui vistosas / Bengala de casto de oiro

    (E) No cho espeta um canio / Diamantes tem vontade

    2002

    QUESTO 8

    Miguilim

    De repente l vinha um homem a cavalo. Eram dois. Um senhor de fora, o claro de roupa. Miguilim

    saudou, pedindo a bno. O homem trouxe o cavalo c bem junto. Ele era de culos, corado, alto, com um

    chapu diferente, mesmo.

    - Deus te abenoe, pequenino. Como teu nome?

    - Miguilim. Eu sou irmo do Dito.

    - E o seu irmo Dito o dono daqui?

    -No, meu senhor. O Ditinho est em glria.

    O homem esbarrava o avano do cavalo, que era zelado, mantedo, formoso como nenhum outro.

    Redizia:

    -Ah, no sabia, no. Deus o tenha em sua guarda... Mas que que h, Miguilim?

    Miguilim queria ver se o homem estava mesmo sorrindo para ele, por isso que o encarava.

    - Por que voc aperta os olhos assim? Voc no limpo de vista? Vamos at l. Quem que est

    em tua casa?

    - Me, e os meninos...

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    Estava Me, estava tio Terez, estavam todos. O senhor alto e claro se apeou. O outro, que vinha com

    ele, era um camarada.

    O senhor perguntava Me muitas coisas do Miguilim. Depois perguntava a ele mesmo: .. .Miguilim,

    espia da: quantos dedos da minha mo voc est enxergando? E agora?.

    (ROSA, Joo Guimares. Manuelzo e Miguilim. 9. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.)

    Esta histria, com narrador observador em terceira pessoa, apresenta os acontecimentos da perspectiva de

    Miguilim. O fato de o ponto de vista do narrador ter Miguilim como referncia, inclusive espacial, fica

    explicitado em:

    (A) O homem trouxe o cavalo c bem junto.

    (B) Ele era de culos, corado, alto (...).

    (C) O homem esbarrava o avano do cavalo, (...).

    (D) Miguilim queria ver se o homem estava mesmo sorrindo para ele, (...).

    (E) Estava Me, estava tio Terez, estavam todos.

    2003

    QUESTO 9

    A velha Totonha de quando em vez batia no engenho. E era um acontecimento para a meninada.

    (...) andava lguas e lguas a p, de engenho a engenho, como uma edio viva das histrias de Mil e

    Uma Noites (...) era uma grande artista para dramatizar. Tinha uma memria de prodgio. Recitava contos

    inteiros em versos, intercalando pedaos de prosa, como notas explicativas. (...) Havia sempre rei e rainha,

    nos seus contos, e forca e adivinhaes. O que fazia a velha Totonha mais curiosa era a cor local que ela

    punha nos seus descritivos. (...) Os rios e as florestas por onde andavam os seus personagens se

    pareciam muito com o Paraba e a Mata do Rolo. O seu Barba-Azul era um senhor de engenho de

    Pernambuco.

    (Jos Lins do Rego. Menino de engenho)

    A cor local que a personagem velha Totonha colocava em suas histrias ilustrada, pelo autor, na seguinte

    passagem:

    (A) O seu Barba-Azul era um senhor de engenho de Pernambuco.

    (B) Havia sempre rei e rainha, nos seus contos, e forca e adivinhaes.

    (C) Era uma grande artista para dramatizar. Tinha uma memria de prodgio.

    (D) Andava lguas e lguas a p, como uma edio viva das Mil e Uma Noites.

    (E) Recitava contos inteiros em versos, intercalando pedaos de prosa, como notas explicativas.

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    QUESTO 10

    Desiguais na fisionomia, na cor e na raa, o que lhes

    assegura identidade peculiar, so iguais enquanto

    frente de trabalho. Num dos cantos, as chamins das

    fbricas se alam verticalmente. No mais, em todo

    quadro, rostos colados, um ao lado do outro, em

    pirmide que tende a se prolongar infinitamente, como

    mercadoria que se acumula pelo quadro afora.

    (Nadia Gotlib. Tarsila do Amaral, a modernista)

    O texto aponta no quadro de Tarsila do Amaral um tema que tambm se encontra nos versos transcritos em:

    (A) Pensem nas meninas

    Cegas inexatas

    Pensem nas mulheres

    Rotas alteradas.

    (Vincius de Moraes)

    (B) Somos muitos severinos

    iguais em tudo e na sina:

    a de abrandar estas pedras

    suando-se muito em cima.

    (Joo Cabral de Melo Neto)

    (C) O funcionrio pblico

    no cabe no poema

    com seu salrio de fome

    sua vida fechada em arquivos.

    (Ferreira Gullar)

    (D) No sou nada.

    Nunca serei nada.

    No posso querer ser nada.

    parte isso, tenho em mim todos os

    sonhos do mundo.

    (Fernando Pessoa)

    (E) Os inocentes do Leblon

    No viram o navio entrar (...)

    Os inocentes, definitivamente inocentes

    tudo ignoravam,

    mas a areia quente, e h um leo suave

    que eles passam pelas costas, e aquecem.

    (Carlos Drummond de Andrade)

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    2004

    QUESTO 11

    Considerando que smbolos e sinais so utilizados geralmente para demonstraes objetivas, ao serem

    incorporados no poema Epithalamium II,

    (A) adquirem novo potencial de significao.

    (B) eliminem a subjetividade do poema.

    (C) opem-se ao tema principal do poema.

    (D) invertem seu sentido original.

    (E) tornam-se confusos e equivocados.

    As questes 12 e 13 referem-se ao texto abaixo:

    Brasil

    O Z Pereira chegou de caravela

    E preguntou pro guarani da mata virgem

    Sois cristo?

    No. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte

    Teter tet Quiz Quiz Quec!

    L longe a ona resmungava Uu! ua! uu!

    O negro zonzo sado da fornalha

    Tomou a palavra e respondeu

    Sim pela graa de Deus

    Canhem Bab Canhem Bab Cum Cum!

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    11

    E fizeram o Carnaval

    (Oswald de Andrade)

    QUESTO 12

    Considerando-se esse aspecto, correto afirmar que a viso apresentada pelo texto

    (A) ambgua, pois tanto aponta o carter desconjuntado da formao nacional, quanto parece sugerir que

    esse processo, apesar de tudo, acaba bem.

    (B) inovadora, pois mostra que as trs raas formadoras portugueses, negros e ndios pouco

    contriburam para a formao da identidade brasileira.

    (C) moralizante, na medida em que aponta a precariedade da formao crist do Brasil como causa da

    predominncia de elementos primitivos e pagos.

    (D) preconceituosa, pois critica tanto ndios quanto negros, representando de modo positivo apenas o

    elemento europeu, vindo com as caravelas.

    (E) negativa, pois retrata a formao do Brasil como incoerente e defeituosa, resultando em anarquia e

    falta de seriedade.

    QUESTO 13

    A polifonia, variedade de vozes, presente no poema resulta da manifestao do

    (A) poeta e do colonizador apenas.

    (B) colonizador e do negro apenas.

    (C) negro e do ndio apenas.

    (D) colonizador, do poeta e do negro apenas.

    (E) poeta, do colonizador, do ndio e do negro.

    Os textos abaixo correspondem s questes 14 e 15:

    Texto 1 - Auto-retrato Provinciano que nunca soube

    Escolher bem uma gravata;

    Pernambucano a quem repugna

    A faca do pernambucano;

    Poeta ruim que na arte da prosa

    Envelheceu na infncia da arte,

    E at mesmo escrevendo crnicas

    Ficou cronista de provncia;

    Arquiteto falhado, msico

    Falhado (engoliu um dia

    Um piano, mas o teclado

    Ficou de fora); sem famlia,

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    Religio ou filosofia;

    Mal tendo a inquietao de esprito

    Que vem do sobrenatural,

    E em matria de profisso

    Um tsico* profissional.

    (Manuel Bandeira. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1983. p. 395.)

    Texto 2 - Poema de sete faces

    Quando eu nasci, um anjo torto

    desses que vivem na sombra

    disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

    As casas espiam os homens

    que correm atrs de mulheres.

    A tarde talvez fosse azul,

    no houvesse tantos desejos.

    (....)

    Meu Deus, por que me abandonaste

    se sabias que eu no era Deus

    se sabias que eu era fraco.

    Mundo mundo vasto mundo,

    se eu me chamasse Raimundo

    seria uma rima, no seria uma soluo.

    Mundo mundo vasto mundo

    mais vasto o meu corao.

    (Carlos Drummond de Andrade. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1964. p. 53.)

    (*) tsico=tuberculoso

    QUESTO 14

    Esses poemas tm em comum o fato de

    (A) descreverem aspectos fsicos dos prprios autores.

    (B) refletirem um sentimento pessimista.

    (C) terem a doena como tema.

    (D) narrarem a vida dos autores desde o nascimento.

    (E) defenderem crenas religiosas.

    QUESTO 15

    No verso Meu Deus, por que me abandonaste do texto 2, Drummond retoma as palavras de Cristo, na cruz,

    pouco antes de morrer. Esse recurso de repetir palavras de outrem equivale a

    (A) emprego de termos moralizantes.

    (B) uso de vcio de linguagem pouco tolerado.

    (C) repetio desnecessria de ideias.

    (D) emprego estilstico da fala de outra pessoa.

    (E) uso de uma pergunta sem resposta.

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    2006

    QUESTO 16

    Namorados

    O rapaz chegou-se para junto da moca e disse:

    Antnia, ainda no me acostumei com o seu corpo, com a sua cara.

    A moca olhou de lado e esperou.

    Voc no sabe quando a gente e criana e de repente v uma lagarta listrada?

    A moca se lembrava:

    A gente fica olhando...

    A meninice brincou de novo nos olhos dela.

    O rapaz prosseguiu com muita doura:

    Antnia, voc parece uma lagarta listrada.

    A moca arregalou os olhos, fez exclamaes.

    O rapaz concluiu:

    Antnia, voc engraada! Voc parece louca.

    (Manuel Bandeira. Poesia completa & prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985.)

    No poema de Bandeira, importante representante da poesia modernista, destaca-se como caracterstica da

    escola literria dessa poca

    (A) a reiterao de palavras como recurso de construo de rimas ricas.

    (B) a utilizao expressiva da linguagem falada em situaes do cotidiano.

    (C) a criativa simetria de versos para reproduzir o ritmo do tema abordado.

    (D) a escolha do tema do amor romntico, caracterizador do estilo literrio dessa poca.

    (E) E o recurso ao dialogo, gnero discursivo tpico do Realismo.

    QUESTO 17

    Depois de um bom jantar: feijo com carne-seca, orelha de porco e couve com angu, arroz-mole

    engordurado, carne de vento assada no espeto, torresmo enxuto de toicinho da barriga, viradinho de milho

    verde e um prato de caldo de couve, jantar encerrado por um prato fundo de canjica com torres de acar,

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    14

    Nh Tome saboreou o caf forte e se estendeu na rede. A mo direita sob a cabea, a guisa de travesseiro, o

    indefectvel cigarro de palha entre as pontas do indicador e do polegar, envernizados pela fumaa, de unhas

    encanoadas e longas, ficou-se de panca para o ar, modorrento, a olhar para as ripas do telhado.

    Quem come e no deita, a comida nao aproveita, pensava Nho Tome... E pos-se a cochilar. A sua

    modorra durou pouco; Tia Policena, ao passar pela sala, bradou assombrada:

    Eeh! Sinh! Vai drumi agora? Nao! Num presta... Da pisadera e pode morre de ataque de cabea!

    Despois do armoco num far-ma... mais despois da janta?!

    (Cornlio Pires. Conversas ao p do fogo. So Paulo: Imprensa Oficial do Estado de So Paulo, 1987.)

    Nesse trecho, extrado de texto publicado originalmente em 1921, o narrador

    (A) apresenta, sem explicitar juzos de valor, costumes da poca, descrevendo os pratos servidos no

    jantar e a atitude de Nh Tome e de Tia Policena.

    (B) desvaloriza a norma culta da lngua porque incorpora a narrativa usos prprios da linguagem regional

    das personagens.

    (C) condena os hbitos descritos, dando voz a Tia Policena, que tenta impedir Nh Tome de deitar-se

    aps as refeies.

    (D) utiliza a diversidade sociocultural e lingustica para demonstrar seu desrespeito as populaes das

    zonas rurais do inicio do sculo XX.

    (E) E manifesta preconceito em relao a Tia Policena ao transcrever a fala dela com os erros prprios

    da regio.

    QUESTO 18

    No poema Procura da poesia, Carlos Drummond de Andrade expressa a concepo esttica de se fazer com

    palavras o que o escultor Michelangelo fazia com mrmore. O fragmento abaixo exemplifica essa afirmao.

    (...)

    Penetra surdamente no reino das palavras.

    La estao os poemas que esperam ser escritos.

    (...)

    Chega mais perto e contempla as palavras.

    Cada uma

    tem mil faces secretas sob a face neutra

    e te pergunta, sem interesse pela resposta,

    pobre ou terrivel, que lhe deres:

    trouxeste a chave?

    (Carlos Drummond de Andrade. A rosa do povo. Rio de Janeiro: Record, 1997, p. 13-14.)

    Esse fragmento potico ilustra o seguinte tema constante entre autores modernistas:

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    15

    (A) a nostalgia do passado colonialista revisitado.

    (B) a preocupao com o engajamento politico e social da literatura.

    (C) o trabalho quase artesanal com as palavras, despertando sentidos novos.

    (D) a produo de sentidos hermticos na busca da perfeio potica.

    (E) a contemplao da natureza brasileira na perspectiva ufanista da ptria.

    QUESTO 19

    No romance Vidas Secas, de Graciliano Ramos, o vaqueiro Fabiano encontra-se com o patro para receber o

    salrio. Eis parte da cena:

    No se conformou: devia haver engano. (...) Com certeza havia um erro no papel do branco. No se

    descobriu o erro, e Fabiano perdeu os estribos. Passar a vida inteira assim no toco, entregando o que era

    dele de mo beijada! Estava direito aquilo? Trabalhar como negro e nunca arranjar carta de alforria?

    O patro zangou-se, repeliu a insolncia, achou bom que o vaqueiro fosse procurar servio noutra

    fazenda.

    Ai Fabiano baixou a pancada e amunhecou. Bem, bem. No era preciso barulho no.

    (Graciliano Ramos. Vidas Secas. 91 ed. Rio de Janeiro: Record, 2003.)

    No fragmento transcrito, o padro formal da linguagem convive com marcas de regionalismo e de

    coloquialismo no vocabulrio. Pertence a variedade do padro formal da linguagem o seguinte trecho:

    (A) No se conformou: devia haver engano

    (B) e Fabiano perdeu os estribos.

    (C) Passar a vida inteira assim no toco

    (D) entregando o que era dele de mo beijada!

    (E) Ai Fabiano baixou a pancada e amunhecou.

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    16

    2007

    Os textos a seguir correspondem s questes 20 e 21.

    Texto 1

    Agora Fabiano conseguia arranjar as ideias. O que o segurava era a famlia. Vivia preso como um

    novilho amarrado ao mouro, suportando ferro quente. Se no fosse isso, um soldado amarelo no lhe

    pisava o p no. (...) Tinha aqueles cambes pendurados ao pescoo. Deveria continuar a arrast-los? Sinha

    Vitria dormia mal na cama de varas. Os meninos eram uns brutos, como o pai. Quando crescessem,

    guardariam as reses de um patro invisvel, seriam pisados, maltratados, machucados por um soldado

    amarelo.

    (Graciliano Ramos. Vidas Secas. So Paulo: Martins, 23. ed., 1969, p. 75.)

    Texto 2

    Para Graciliano, o roceiro pobre um outro, enigmtico, impermevel. No h soluo fcil para uma

    tentativa de incorporao dessa figura no campo da fico. lidando com o impasse, ao invs de fceis

    solues, que Graciliano vai criar Vidas Secas, elaborando uma linguagem, uma estrutura romanesca, uma

    constituio de narrador em que narrador e criaturas se tocam, mas no se identificam. Em grande medida, o

    debate acontece porque, para a intelectualidade brasileira naquele momento, o pobre, a despeito de aparecer

    idealizado em certos aspectos, ainda visto como um ser humano de segunda categoria, simples demais,

    incapaz de ter pensamentos demasiadamente complexos. O que Vidas Secas faz , com pretenso no

    envolvimento da voz que controla a narrativa, dar conta de uma riqueza humana de que essas pessoas

    seriam plenamente capazes.

    (Lus Bueno. Guimares, Clarice e antes. In: Teresa. So Paulo: USP, n. 2, 2001, p. 254.)

    QUESTO 20

    A partir do trecho de Vidas Secas (texto I) e das informaes do texto II, relativas s concepes artsticas do

    romance social de 1930, avalie as seguintes afirmativas.

    I. O pobre, antes tratado de forma extica e folclrica pelo regionalismo pitoresco, transforma-se em

    protagonista privilegiado do romance social de 30.

    II. A incorporao do pobre e de outros marginalizados indica a tendncia da fico brasileira da dcada

    de 30 de tentar superar a grande distncia entre o intelectual e as camadas populares.

    III. Graciliano Ramos e os demais autores da dcada de 30 conseguiram, com suas obras, modificar a

    posio social do sertanejo na realidade nacional.

    correto apenas o que se afirma em:

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    17

    (A) I.

    (B) II.

    (C) III.

    (D) I e II.

    (E) II e III.

    QUESTO 21

    No texto II, verifica-se que o autor utiliza

    (A). linguagem predominantemente formal, para problematizar, na composio de Vidas Secas,

    a relao entre o escritor e o personagem popular.

    (B). linguagem inovadora, visto que, sem abandonar a linguagem formal, dirige-se diretamente ao

    leitor.

    (C). linguagem coloquial, para narrar coerentemente uma histria que apresenta o roceiro pobre de

    forma pitoresca.

    (D). linguagem formal com recursos retricos prprios do texto literrio em prosa, para analisar

    determinado momento da literatura brasileira.

    (E). linguagem regionalista, para transmitir informaes sobre literatura, valendo-se de coloquialismo,

    para facilitar o entendimento do texto.

    2008

    QUESTO 22

    A velha Totonha de quando em vez batia no engenho. E era um acontecimento para a meninada...

    Que talento ela possua para contar as suas histrias, com um jeito admirvel de falar em nome de todos os

    personagens, sem nenhum dente na boca, e com uma voz que dava todos os tons s palavras!

    Havia sempre rei e rainha, nos seus contos, e forca e adivinhaes. E muito da vida, com as suas

    maldades e as suas grandezas, a gente encontrava naqueles heris e naqueles intrigantes, que eram sempre

    castigados com mortes horrveis! O que fazia a velha Totonha mais curiosa era a cor local que ela punha nos

    seus descritivos. Quando ela queria pintar um reino era como se estivesse falando dum engenho fabuloso.

    Os rios e florestas por onde andavam os seus personagens se pareciam muito com a Paraba e a Mata do

    Rolo. O seu Barba-Azul era um senhor de engenho de Pernambuco.

    (Jos Lins do Rego. Menino de Engenho. Rio de Janeiro: Jos Olympio, 1980, p. 49-51 (com adaptaes).)

    Na construo da personagem velha Totonha, possvel identificar traos que revelam marcas do processo

    de colonizao e de civilizao do pas. Considerando o texto acima, infere-se que a velha Totonha

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    18

    (A) tira o seu sustento da produo da literatura, apesar de suas condies de vida e de trabalho, que

    denotam que ela enfrenta situao econmica muito adversa.

    (B) compe, em suas histrias, narrativas picas e realistas da histria do pas colonizado, livres da

    influncia de temas e modelos no representativos da realidade nacional.

    (C) retrata, na constituio do espao dos contos, a civilizao urbana europeia em concomitncia com a

    representao literria de engenhos, rios e florestas do Brasil.

    (D) aproxima-se, ao incluir elementos fabulosos nos contos, do prprio romancista, o qual pretende

    retratar a realidade brasileira de forma to grandiosa quanto a europeia.

    (E) imprime marcas da realidade local a suas narrativas, que tm como modelo e origem as fontes da

    literatura e da cultura europeia universalizada.

    592011

    QUESTO 23

    TEXTO I

    O meu nome Severino,

    no tenho outro de pia.

    Como h muitos Severinos,

    que santo de romaria,

    deram ento de me chamar

    Severino de Maria;

    como h muitos Severinos

    com mes chamadas Maria,

    fiquei sendo o da Maria

    do finado Zacarias

    mas isso ainda diz pouco:

    h muitos na freguesia,

    por causa de um coronel

    que se chamou Zacarias

    e que foi o mais antigo

    senhor desta sesmaria.

    Como ento dizer quem fala

    ora a Vossas Senhorias ?

    (NETO, J.C. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1994 [fragmento])

    Texto II

    Joo Cabral, que j emprestara sua voz ao rio, transfere-a, aqui, ao retirante Severino, que, como o

    Capibaribe, tambm segue no caminho do Recife. A autoapresentao do personagem, na fala inicial do

    texto, nos mostra um Severino que, quanto mais se define, menos se individualiza, pois seus traos

    biogrficos so partilhados por outros homens.

    (SECCHIN, A. C. Joo Cabral: a poesia do menos. Rio de Janeiro: Topbooks, 1999)

    Com base no trecho de Morte e vida Severina (texto I) e na anlise crtica (texto II) observa-se que a relao

    entre o texto potico e o contexto social a que ele faz referncia aponta para um problema social expresso

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    19

    literariamente pela pergunta: Como ento dizer quem fala / ora a Vossas Senhorias?. A resposta pergunta

    expressa no poema dada por meio da

    (A) descrio minuciosa dos dados biogrficos do personagem-narrador.

    (B) construo da figura do retirante nordestino.

    (C) representao, na figura do personagem-narrador, de outros Severinos que compartilham

    sua condio.

    (D) apresentao do personagem-narrador como uma projeo do prprio poeta, em sua

    crise existencial.

    (E) descrio de Severino, que, apesar de humilde, orgulha-se de ser descendente do

    coronel Zacarias.

    QUESTO 24

    Estrada

    Interessa mais que uma avenida urbana.

    Nas cidades todas as pessoas se parecem.

    Todo mundo igual. Todo mundo toda a gente.

    Aqui, no: sente-se bem que cada um traz a sua alma.

    Cada criatura nica.

    At os ces.

    Estes ces da roa parecem homens de negcios:

    Andam sempre preocupados.

    E quanta gente vem e vai!

    E tudo tem aquele carter impressivo que faz meditar:

    Enterro a p ou a carrocinha de leite puxada por um

    bodezinho manhoso.

    Nem falta o murmrio da gua, para sugerir, pela voz

    dos smbolos,

    que a vida passa! Que a vida passa!

    E que a mocidade vai acabar!

    (BANDEIRA, M. Ritmo absoluto. Rio de Janeiro: Aguilar, 1967)

    A lrica de Manuel Bandeira pautada na apreenso de significados profundos a partir de elementos do

    cotidiano. No poema Estrada, o lirismo presente no contraste entre campo e cidade aponta para

    (A) o desejo do eu lrico de resgatar a movimentao dos centros urbanos, o que revela sua nostalgia

    com relao cidade.

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    20

    (B) a percepo do carter efmero da vida, possibilitada pela observao da aparente inrcia da vida

    rural.

    (C) a opo do eu lrico pelo espao buclico como possibilidade de meditao sobre a sua juventude.

    (D) a viso negativa da passagem do tempo, visto que esta gera insegurana.

    (E) A profunda sensao de medo gerada pela reflexo acerca da morte.

    2012

    QUESTO 25

    Verbo ser

    QUE VAI SER quando crescer? Vivem perguntando em redor. Que e ser? E ter um corpo, um jeito, um

    nome? Tenho os trs. E sou? Tenho de mudar quando crescer? Usar outro nome, corpo e jeito? Ou a gente

    so principia a ser quando cresce? E terrvel, ser? Di? E bom? E triste? Ser: pronunciado tao depressa, e

    cabe tantas coisas? Repito: ser, ser, ser. Er. R. Que vou ser quando crescer? Sou obrigado a? Posso

    escolher? No da para entender. No vou ser. No quero ser. Vou crescer assim mesmo. Sem ser.

    Esquecer.

    (ANDRADE, C. D. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992.)

    A inquietao existencial do autor com a autoimagem corporal e a sua corporeidade se desdobra em

    questes existenciais que tem origem

    (A) no conflito do padro corporal imposto contra as convices de ser autentico e singular.

    (B) na aceitao das imposies da sociedade seguindo a influencia de outros.

    (C) na confiana no futuro, ofuscada pelas tradies e culturas familiares.

    (D) no anseio de divulgar hbitos enraizados, negligenciados por seus antepassados.

    (E) na certeza da excluso, revelada pela indiferena de seus pares.

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    21

    GABARITO

    1. A

    2. A

    3. A

    4. A

    5. A

    6. E

    7. A

    8. A

    9 A

    10. B

    11. A

    12. A

    13. E

    14.B

    15.D

    16. B

    17. A

    18. C

    19. A

    20. D

    21. A

    22. E

    23. C

    24. B

    25. A