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Módulo 2 2º Módulo (Religião) 5ª O que é Religião? Definição, Religare, Religiões Monoteistas, Umbanda é Monoteísta.

Módulo 2

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Segunda parte do curso de teologia de umbanda sagrada

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Mdulo 2

2 Mdulo (Religio) 5 O que Religio? Definio, Religare, Religies Monoteistas, Umbanda Monotesta. 6 Paganismo, Panteismo, Animismo, Totemismo, Fetichismo, Monismo, Atesmo, e Panenteismo.

ReligioReligio (especula-se vrias origens. Detalhes na seo etimologia) um conjunto de sistemas culturais e de crenas, alm de vises de mundo, que estabelece os smbolos que relacionam a humanidade com a espiritualidade e seus prprios valores morais. Muitas religies tm narrativas, smbolos, tradies e histrias sagradas que se destinam a dar sentido vida ou explicar a sua origem e do universo. As religies tendem a derivar a moralidade, a tica, as leis religiosas ou um estilo de vida preferido de suas ideias sobre o cosmos e a natureza humana. A palavra religio muitas vezes usada como sinnimo de f ou sistema de crena, mas a religio difere da crena privada na medida em que tem um aspecto pblico. A maioria das religies tm comportamentos organizados, incluindo hierarquias clericais, uma definio do que constitui a adeso ou filiao, congregaes de leigos, reunies regulares ou servios para fins de venerao ou adorao de uma divindade ou para a orao, lugares (naturais ou arquitetnicos) e/ou escrituras sagradas para seus praticantes. A prtica de uma religio pode tambm incluir sermes, comemorao das atividades de um deus ou deuses, sacrifcios, festivais, festas, transe, iniciaes, servios funerrios, servios matrimoniais, meditao, msica, arte, dana, ou outros aspectos religiosos da cultura humana. O desenvolvimento da religio assumiu diferentes formas em diferentes culturas. Algumas religies colocam a tnica na crena, enquanto outras enfatizam a prtica. Algumas religies focam na experincia religiosa subjetiva do indivduo, enquanto outras consideram as atividades da comunidade religiosa como mais importantes. Algumas religies afirmam serem universais, acreditando que suas leis e cosmologia so vlidas ou obrigatrias para todas as pessoas, enquanto outras se destinam a serem praticadas apenas por um grupo bem definido ou localizado. Em muitos lugares, a religio tem sido associada com instituies pblicas, como educao, hospitais, famlia, governo e hierarquias polticas. Alguns acadmicos que estudam o assunto tm dividido as religies em trs categorias amplas: religies mundiais, um termo que se refere crenas transculturais e internacionais; religies indgenas, que se refere a grupos religiosos menores, oriundos de uma cultura ou nao especfica; e o novo movimento religioso, que refere-se a crenas recentemente desenvolvidas. Uma teoria acadmica moderna sobre a religio, o construtivismo social, diz que a religio um conceito moderno que sugere que toda a prtica espiritual e adorao segue um modelo semelhante ao das religies abramicas, como um sistema de orientao que ajuda a interpretar a realidade e definir os seres humanos e, assim, a religio, como um conceito, tem sido aplicado de forma inadequada para culturas no-ocidentais que no so baseadas em tais sistemas ou em que estes sistemas so uma construo substancialmente mais simples.EtimologiaA palavra portuguesa religio deriva da palavra latina religionem (religio no nominativo), mas desconhece-se ao certo que relaes estabelece religionem com outros vocbulos. Aparentemente no mundo latino anterior ao surgimento do cristianismo, religionem referia-se a um estilo de comportamento marcado pela rigidez e pela preciso. A raiz da palavra religio tem ligaes com o -lig- de diligente ou inteligente ou com le-, lec-, -lei, -leg- de "ler", "lecionar", "eleitor" e "eleger" respectivamente. o re- iniciar um prefixo que vem de red(i) "vir", "voltar" como em "reditivo" ou "relquia" Historicamente foram propostas vrias etimologias para a origem de religio. Ccero, na sua obra De natura deorum, (45 a.C.) afirma que o termo se refere a relegere, reler, sendo caracterstico das pessoas religiosas prestarem muita ateno a tudo o que se relacionava com os deuses, relendo as escrituras. Esta proposta etimolgica sublinha o carcter repetitivo do fenmeno religioso, bem como o aspecto intelectual. Mais tarde, Lactncio (sculo III e IV d.C.) rejeita a interpretao de Ccero e afirma que o termo vem de religare, religar, argumentando que a religio um lao de piedade que serve para religar os seres humanos a Deus. No livro "A Cidade de Deus" Agostinho de Hipona (sculo IV d.C.) afirma que religio deriva de religere, "reeleger". Atravs da religio a humanidade reelegia de novo a Deus, do qual se tinha separado. Mais tarde, na obra De vera religione Agostinho retoma a interpretao de Lactncio, que via em religio uma relao com "religar". Macrbio (sculo V d.C.) considera que religio deriva de relinquere, algo que nos foi deixado pelos antepassados. A palavra "religio" foi usada durante sculos no contexto cultural da Europa, marcado pela presena do cristianismo que se apropriou do termo latino religio. Em outras civilizaes no existe uma palavra equivalente. O hindusmo antigo utilizava a palavra rita que apontava para a ordem csmica do mundo, com a qual todos os seres deveriam estar harmonizados e que tambm se referia correcta execuo dos ritos pelos brmanes. Mais tarde, o termo foi substitudo por dharma, termo que atualmente tambm usado pelo budismo e que exprime a ideia de uma lei divina e eterna. Rita relaciona-se tambm com a primeira manifestao humana de um sentimento religioso, a qual surgiu nos perodos Paleoltico e Neoltico, e que se expressava por um vnculo com a Terra e com a Natureza, os ciclos e a fertilidade. Nesse sentido, a adorao Deusa me, Me Terra ou Me Csmica estabeleceu-se como a primeira religio humana. Em torno desse sentimento formaram-se sociedades matriarcais centradas na figura feminina e suas manifestaes.6 Ainda entre os hindus destaca-se a deusa Kali ou A negra como smbolo desta Me csmica. Cada uma das civilizaes antigas representaria a Deusa, com denominaes variadas: Tmis (Gregos), Nu Kua (China), Tiamat (Babilnia) e Abismo ,(Bblia). Segundo o mitologista Joseph Campbell a mudana de uma ideia original da Deusa me identificada com a Natureza para um conceito de Deus deve-se aos hebreus e organizao patriarcal desta sociedade. O patriarcalismo formou-se a partir de dois eventos fundamentais: a atividade belicosa de pastoreio de gado bovino e caprino e s constantes perseguies religiosas que desencadeavam o nomadismo e a perda de identidade territorial. Herdado da cultura hebraica, patriarcado uma palavra derivada do grego pater, e se refere a um territrio ou jurisdio governado por um patriarca; de onde a palavra ptria. Ptria relaciona-se ao conceito de pas, do italiano paese, por sua vez originrio do latim pagus, aldeia, donde tambm vem pago. Pas, ptria, patriarcado e pago tem a mesma raiz. Independente da origem, o termo adotado para designar qualquer conjunto de crenas e valores que compem a f de determinada pessoa ou conjunto de pessoas. Cada religio inspira certas normas e motiva certas prticas.ConceitosExistem termos que so ditos/escritos frequentemente no discurso religioso grego, romano, judeu e cristo. Entre eles esto: sacro e seus derivados (sacrar, sagrar, sacralizar, sacramentar, execrar), profano (profanar) e deus(es). O conceito desses termos varia bastante conforme a poca e a religio de quem os emprega. Contudo, possvel ressaltar um mnimo comum grande parte dos conceitos atribudos aos termos. Os religiosos gregos e romanos criam na existncia de vrios deuses; os judeus, muulmanos e cristos acreditam que h apenas uma divindade, um ser impossvel de ser sentido pelos sensores humanos e que capaz de provocar acontecimentos improvveis/impossveis que podem favorecer ou prejudicar os homens. Para grande parte das religies, as coisas e as aes se dividem entre sacras e profanas. Sacro aquilo que mantm uma ligao/relao com o(s) deus(es). Frequentemente est relacionado ao conceito de moralidade. Profano aquilo que no mantm nenhuma ligao com o(s) deus(es). Da mesma forma, para grande parte das religies a imoralidade e o profano so correspondentes. J o verbo "profanar" (tornar algo profano) sempre tido como uma ao m pelos religiosos.

O estudo da religioHistria do estudo da religioAs primeiras reflexes sobre a religio foram feitas pelos antigos Gregos e Romanos. Xenofonte relativizou o fenmeno religioso, argumentando que cada cultura criava deuses sua semelhana. O historiador grego Herdoto descreveu nas suas Histrias as vrias prticas religiosas dos povos que encontrou durante as viagens que efetuou. Confrontado com as diferenas existentes entre a religio grega e a religio dos outros povos, tentou identificar alguns deuses das culturas estrangeiras com os deuses gregos. O sofista Protgoras declarou desconhecer se os deuses existiam ou no, posio que teve como consequncias a sua expulso de Atenas e o queimar de toda a sua obra. Crtias defendeu que a religio servia para disciplinar os seres humanos e fazer com que estes aderissem aos ideais da virtude e da justia. Jlio Csar e o historiador Tcito descreveram nas suas obras as prticas religiosas dos povos que encontraram durante as suas conquistas militares. Nos primeiros sculos da era atual, os autores cristos produziram reflexes em torno da religio fruto dos ataques que experimentaram por parte dos autores pagos. Estes criticavam o facto desta religio ser recente quando comparada com a antiguidade dos cultos pagos. Como resposta a esta alegao, Eusbio de Cesareia e Agostinho de Hipona mostraram que o cristianismo se inseria na tradio das escrituras hebraicas, que relatavam a origem do mundo. Para os primeiros autores cristos, a humanidade era de incio monotesta, mas tinha sido corrompida pelos cultos politestas que identificavam como obra de Satans. Durante a Idade Mdia, os pensadores do mundo muulmano revelaram um conhecimento mais profundo das religies que os autores cristos. Na Europa, as viagens de Marco Polo permitiram conhecer alguns aspectos das religies da sia, porm a viso sobre as outras religies era limitada: o judasmo era condenado pelo facto dos judeus terem rejeitado Jesus como messias e o islo era visto como uma heresia. O Renascimento foi um movimento cultural e artstico que procurava reviver os moldes da Antiguidade. Assim sendo, os antigos deuses dos gregos e dos romanos deixaram de ser vistos pela elite intelectual e artstica como demnios, sendo representados e estudados pelos artistas que os representavam. Nicolau de Cusa realizou um estudo comparado entre o cristianismo e o islo em obras como De pace fidei e Cribatio Alcorani. Em Marslio Ficino encontra-se um interesse em estudar as fontes das diferentes religies; este autor via tambm uma continuidade no pensamento religioso. Giovanni Pico della Mirandola interessou-se pela tradio mstica do judasmo, a Cabala. As descobertas e a expanso europia pelos continentes, tiveram como consequncia a exposio dos europeus a culturas e religies que eram muito diferentes das suas. Os missionrios cristos realizaram descries das vrias religies, entre as quais se encontram as de Roberto de Nobili e Matteo Ricci, jesutas que conheceram bem as culturas da ndia e da China, onde viveram durante anos. Em 1724 Joseph Franois Lafitau, um padre jesuta, publicou a obra Moeurs des sauvages amriquains compares aux moeurs des premiers temps na qual comparava as religies dos ndios, a religio da Antiguidade Clssica e o catolicismo, tendo chegado concluso de que estas religies derivavam de uma religio primordial. Nos finais do sculo XVIII e no incio do sculo XIX parte importante dos textos sagrados das religies tinham j sido traduzidos nas principais lnguas europias. No sculo XIX ocorre tambm a estruturao da antropologia como cincia, tendo vrios antroplogos se dedicado ao estudo das religies dos povos tribais. Nesta poca os investigadores refletiram sobre as origens da religio, tendo alguns defendido um esquema evolutivo, no qual o animismo era a forma religiosa primordial, que depois evolua para o politesmo e mais tarde para o monotesmo.Abordagens disciplinaresO estudo cientfico da religio atualmente realizado por vrias disciplinas das cincias sociais e humanas. A histria das religies, nascida na segunda metade do sculo XIX, estuda a religio recorrendo aos mtodos da investigao histrica. Ela estuda o contexto cultural e poltico em que determinada tradio religiosa emergiu. A Sociologia da Religio analisa as religies como fenmenos sociais, procurando desvendar a influncia dela na vida do indivduo e da comunidade. A Sociologia da Religio tem como principais nomes Emile Durkheim, Karl Marx,Ernst Troeltsch, Max Weber e Peter Berger. A Antropologia, tradicionalmente centrada no estudo dos povos sem escrita (embora os seus campos de estudo possam ser tambm as modernas sociedades capitalistas), desenvolveu igualmente uma rea de estudo da religio, na qual se especulou sobre as origens e funes da religio. John Lubbock, no livro The Origin of Civilization and the Primitive Condition of Man apresentou um esquema evolutivo da religio: do atesmo (entendido como ausncia de ideias religiosas), passa-se para o xamanismo, o antropomorfismo, o monotesmo e finalmente para o monotesmo tico. Esta viso evolucionista foi colocada em questo por outros investigadores, como E.B. Taylor que considerava o animismo como a primitiva forma de religio. A Fenomenologia da Religio, que deriva da filosofia fenomenolgica de Edmund Husserl, tenta captar o lado nico da experincia religiosa. Utiliza como principal mtodo cientfico a observao, explicando os mitos, os smbolos e os rituais. Ela procura compreender a religio do ponto de vista do crente, bem como o valor dessas crenas na vida do mesmo. Por estas razes evita os juzos de valores (conceito de epoje ou abandono de qualquer juzo de valor). Os principais nomes ligados Fenomenologia da Religio so Nathan Soderblom, Garardus van der Leeuw, Rudolf Otto, Friedrich Heiler e Mircea Eliade.Filosofia da ReligioA filosofia da religio como uma disciplina distinta uma inovao dos ltimos 200 anos, mas seus temas centrais como a existncia e a natureza do divino, a humanidade da relao do homem para com ele, a natureza da religio, e o lugar da religio na vida humana, tem estado com o ser humano desde o incio da filosofia. Os filsofos tm examinado tempo a verdade e a justificao racional para as alegaes, e tm explorado tais fenmenos filosoficamente interessantes como a f, a experincia religiosa, e os traos distintivos do discurso religioso. A segunda metade do sculo XX foi um perodo especialmente frutfero, com os filsofos que utilizam novos desenvolvimentos em lgica e da epistemologia para montar as duas defesas sofisticadas, e ou os ataques s afirmaes religiosas. A expresso "filosofia da religio" no entrou em uso geral at o sculo XIX, quando foi empregada para se referir articulao e crtica da conscincia religiosa da humanidade e suas expresses culturais em pensamento, linguagem, sentindo, e prtica. Historicamente, a reflexo filosfica sobre temas religiosos teve dois focos:, atitudes, sentimentos e prticas que se acreditava em primeiro lugar, Deus ou Brahma ou Nirvana ou qualquer outra coisa que seria o objeto do pensamento religioso , e, em segundo lugar, o tema religioso humano, isto , os pensamentos, atitudes, sentimentos e a prtica. O primeiro tipo de reflexo filosfica tem uma longa histria. No Ocidente, por exemplo, as discusses da natureza de Deus (se ele imutvel, digamos, ou conhece o futuro, se a sua existncia pode ser racionalmente demonstrada, e afins) so incorporadas em tratados teolgicos tais como Proslogion de Anselmo e Monologion, Summas de Toms de Aquino, o Guia de Maimnides , e Incoerncia dos Filsofos de al-Ghazali. Tambm fazem parte de sistemas metafsicos influentes como Plato, Ren Descartes e Leibniz.MonotesmoO monotesmo (do grego: , transl. mnos, "nico", e , transl. thos, "deus": nico deus) a crena na existncia de apenas um s Deus.1 Diferente do politesmo que conceitua a natureza de vrios deuses, como tambm diferencia-se do henotesmo por ser este a crena preferencial em um deus reconhecido entre muitos. A divindade, nas religies monotestas, onipotente, onisciente e onipresente, no deixando de lado nenhum dos aspectos da vida terrena. So exemplos de religies monotestas: CristianismoF Bah'IslamismoJudasmoZoroastrismoDefinio e variedadesMonotesmo a crena em um Deus singular, em contraste com o politesmo, a crena em vrias divindades. Politesmo , no entanto, concilivel com o monotesmo inclusivo ou outras formas de monismo; a distino entre monotesmo e politesmo no clara nem objetiva. O henotesmo envolve a devoo a um deus nico, ao mesmo tempo em que aceita a existncia de outros deuses. Embora semelhantes, ele contrasta drasticamente com o monotesmo, a adorao a uma divindade nica independente dos litgios ontolgicos referentes divindade. O monotesmo frequentemente contrastado com o dualismo testa (ditesmo). No entanto, nas teologias dualista, como o Gnosticismo, as duas divindades no so de igual valor, e o papel do demiurgo gnstico mais parecido com o de Satans na teologia crist do que uma diarquia em condies de igualdade com Deus (que representado em uma forma pantesta, como a Pleroma). O monotesmo pode envolver uma grande variedade de concepes de Deus: O desmo postula a existncia de um nico deus, o criador de tudo na natureza. Alguns destas acreditam em um deus impessoal que no intervm no mundo, enquanto outros destas acreditam na interveno atravs da Providncia. O monismo o tipo de monotesmo encontrado no Hindusmo, englobando o pantesmo e o panentesmo, e ao mesmo tempo, o conceito de um Deus pessoal. O pantesmo sustenta que o Universo em si Deus. A existncia de um ser transcendente estranho natureza negado. O panentesmo uma forma de monotesmo monista, que sustenta que Deus todo da existncia, que contm, mas no idntico ao, Universo. O nico Deus onipotente e onipresente, o universo parte de Deus, e Deus tanto imanente quanto transcendente. O monotesmo substancial, encontrado em algumas religies indgenas africanas, sustenta que os inmeros deuses so formas diferentes de uma nica substncia subjacente. O monotesmo trinitrio a doutrina crist da crena em um Deus que trs diferentes pessoas; Deus Pai, Deus Filho e Deus Esprito Santo.Origem e desenvolvimentoA palavra monotesmo derivado do grego (monos)2 que significa "nico" e (theos) que significa "divindidade". Alguns autores como Karen Armstrong acreditam que o conceito de monotesmo obteve um desenvolvimento gradual das noes de henotesmo (adorar um deus nico, aceitando a existncia, ou possvel existncia, de outras divindades) e monolatria (o reconhecimento da existncia de muitos deuses, mas com a adorao consistente de uma nica divindade). No entanto, a incidncia histrica do monotesmo to rara, que difcil apoiar qualquer teoria da evoluo natural das religies do politesmo ao henotesmo e monotesmo. Dois exemplos de monolatria desenvolvidos a partir do politesmo so o culto a Aton no reinado do fara egpcio Aquenton, bem como a ascenso de Marduque da Babilnia reivindicao da supremacia universal. No Ir, o zoroastrismo, Ahura Mazda aparece como uma divindade suprema e transcendental. Dependendo da data de Zaratustra (normalmente por volta do incio da Idade do Ferro), este pode ser um dos primeiros casos documentados de surgimento de uma religio protoindo-europeia monista. No Antigo Oriente, cada cidade tinha uma divindade padroeira local, tais como Shamash em Larsa ou Nanna em Ur. As primeiras alegaes da supremacia global de um deus especfico data da Idade do Bronze, com o Grande Hino a Aton de Aquenton (Sigmund Freud, em Moiss e o Monotesmo, especula que esteja ligado ao judasmo). No entanto, a data do xodo contestada, e no definitivo se o evento do xodo bblico ocorre antes ou depois do reinado de Aquenton. Alm disso, no est claro at que ponto o atonismo de Aquenton foi monotesta ou henotesta, com o prprio Aquenton se identificando com o deus Aton. Correntes do monismo e monotesmo surgiram na ndia vdica mais cedo. O Rig Veda apresenta noes de monismo, em particular no dcimo livro, tambm datado da Idade do Ferro, na Nasadiya sukta. O monotesmo filosfico e o conceito associado de bem e mal absolutos emergiram no Zoroastrismo e judasmo, mais tarde culminando nas doutrinas da cristologia no cristianismo primitivo e mais tarde (por volta do sculo VII) na tawhid do Isl. Na teologia islmica, uma pessoa que espontaneamente "descobre" o monotesmo chamado de hanif, sendo que o Hanif original foi Abrao. O antroplogo e padre austraco Wilhelm Schmidt, em 1910, postulou a teoria do Urmonotheismus, "monotesmo primitivo" ou "original", onde a humanidade primitiva teria sido originalmente monotesta.

A Umbanda MonoteistaMONOTESMO: Sistema que admite a existncia de um Deus nico MONOTESTA: Que adora um s Deus.J vem de alguns milhares de anos uma discusso sem fim, usada pelos seguidores do filo religioso judaico-cristo-islamita para convencer a humanidade de que, religiosamente so os nicos adoradores do Deus nico e verdadeiro. E que os seguidores das outras religies so adoradores de deuses pagos, de demnios, de falsos deuses de dolos de pedras, etc. As assacadas pejorativas so tantas que no vamos perder tempo com elas, e sim, comentaremos o monotesmo umbandista. O fato que, em se tratando de religio, a disputa pela primazia acirrada e a concorrncia desleal e antitica porque cada uma se apresenta como a verdadeira religio e atribui s outras a condio de falsas religies, enganadoras da boa f, etc. Temos o conhecimento de que as religies no so fundadas por Deus e sim por homens, certo? Portanto, todas so discutveis ou questionveis pelos seguidores de uma contra as outras. Esse embate sempre existiu e tem servido para os mais diversos fins, entre eles, o de dominar a mente e a conscincia do maior nmero de pessoas possvel; de expanso do poder poltico; de expanso econmica; territorial, militar, etc. Fato esse, que tem levado pessoas tidas como religiosas ou santas a induzirem seus seguidores no sentido de cometerem terrveis atrocidades e genocdios. Isto Histria com H maisculo mesmo! Essa realidade tem levado muitas pessoas observadoras desses acontecimentos a optarem pelo atesmo ou pela abstinncia religiosa. Cientes de que os interesses pessoais muitas vezes sobrepe-se sobre a religiosidade das pessoas, no devemos influenciar-nos pelo que os seguidores de outras religies dizem sobre a nossa e devemos relegar suas crticas, calnias e difamaes vala comum dos desequilibrados no sentido da f, pois o mesmo Deus que nos criou tambm criou os vermes, os fungos e as bactrias decompositoras que devoram o corpo dos que desencarnam, sejam eles seguidores de uma ou outra religio ou sejam atestas. Deus est acima das picuinhas entre seguidores das muitas religies e ns temos que discernir o Deus verdadeiro dos que dele se apossam e passam a us-lo em beneficio prprio e com o propsito de enfraquecer as religies e as religiosidades alheias. Esses procedimentos mesquinhos so tpicos dos seres desequilibrados no sentido da f e no devemos dar-lhes ouvido, e muito menos ateno. Devemos sim demonstrar que esto errados, assim como que pouco sabem sobre Deus e no esto aptos a discuti-lo ou questionarem a f a religiosidade alheias.QUEM, EM S CONSCINCIA, PODE AFIRMAR COMO DEUS? QUEM, RACIONALMENTE CONSCIENTE, PODERIA AFIRMAR QUE VIU DEUS?Cremos que ningum pode afirmar com convico como Ele , e que j o viu; ou mesmo que j tenha falado diretamente com Ele. Mas, se isso impossvel porque Ele no tem forma, invisvel aos nossos olhos carnais e inefvel, a nossa F que nos coloca em comunho com Ele e dele recebemos seus eflvios divinos que nos alteram, nos extasiam, nos inspiram e nos impulsionam no nosso virtuosismo e evoluo espiritual. Deus, entre muitas formas de descrev-lo, tambm pode ser descrito como o estado divino da vida e da criao, fato esse que O torna presente em ns atravs da nossa vida e torna-se sensvel atravs dos nossos mais elevados sentimentos de f.Isso, pessoas bondosas seguidoras de todas as religies conseguem porque o sentem presente em suas vidas e com Ele interagem atravs dos sentimentos virtuosos. Deus tanto est em todos atravs do dom da vida, como com todos interage atravs dos sentimentos nobres e virtuosos. E como isso no propriedade de nenhuma religio, e sim algo que pertence todos os que Nele crem e agem de acordo com suas leis reguladoras da vida e seus princpios sustentadores do nosso carter da moral, das virtudes, dos verdadeiros sentidos da vida. Cada um, independente da religio que segue, sente e entende Deus ao seu modo e segundo sua percepo e seu estado de conscincia. Na Umbanda, todos os seus seguidores crem na existncia de Deus e no questionam a sua existncia e nem o inferiorizam, colocando-o ao mesmo nvel das divindades Orixs, e sim, o entendem e o situam como o divino criador Olorum, que tudo criou e que criou at os Sagrados Orixs. O entendemos como a Origem de tudo e como o Sustentador de tudo o que criou e confiou a gover-nabilidade dos Sagrados Orixs, os governadores dos muitos aspectos da Criao e estados da Criao. Acreditamos na exis-tncia dos seres divinos e os entendemos como nossos superiores mas em nenhum momento os situamos acima do divino Criador Olorum, ou como iguais ou superiores a Ele. Na Umbanda, tudo hierarquizado e muito bem definido, sendo que na origem e acima de tudo e de todos est Olorum, o supremo regente da criao, indescritvel atravs de palavras e impossvel de ser modelado em uma imagem porque no um ser e sim um poder supremo que rege sobre tudo e todos, inclusive rege os Orixs divinos, tambm enten-didos como inefveis. Porque so Ele, Olorum, j manifestado como suas qualidades divinas. A hierarquizao total e s no a v quem no estuda a Umbanda com uma viso abrangente.SENO, VEJAMOS:Olorum manifesta-se atravs das suas qualidades divinas. Em cada uma das suas qualidades Ele gera um Orix, que por sua vez, traz em si todas as qualidades de Olorum e geram-nas em suas hierarquias divinas, naturais e espirituais. Ou no verdade que, por exemplo, Ogum uma qualidade de Deus? Ogum uma qualidade ordenadora de Olorum, certo? Portanto, Olorum que o todo individualizou-se na sua qualidade ordenadora e gerou Ogum que, mesmo sendo em si s a qualidade ordenadora dele, traz em si as suas outras qualidades divinas e, ao manifest-las, gera uma infinidade de hierarquias divinas naturais e espirituais, todas classificadas pelas qualidades divinas contidas na qualidade ordenadora de Ogum, que s em Ogum uma qualidade original. J nos Oguns qualificados pelas outras qualidades de Olorum, neles a qualidade ordenadora uma herana divina herdada de Ogum, fato esse que os qualificam como Oguns. A hierarquizao to rgida que h Olorum, h Ogum e h os Oguns que, estes sim, so as outras qualidades de Olorum herdadas por Ogum. E esses Oguns so identificados, classificados e hierarquirizados pelas outras qualidades de Olorum fazendo surgir as hierarquias de Ogum, tais como: OGUM ordenador da F e da religiosidade dos seres; OGUM ordenador do Amor e da concepo das novas vidas; OGUM ordenador da razo ou da Justia divina e regulador dos limites de cada coisa criada; OGUM ordenador da Lei e do carter de todas as coisas existentes; OGUM ordenador da Evoluo e da estabilidade da criao; OGUM ordenador da Gerao das coisas e da criatividade dos seres; OGUM ordenador do Tempo e regulador dos ciclos e dos ritmos de cada coisa criada. De to hierarquizada que a criao chegamos ao nvel terra e encontramos a hierarquizao em tudo e em todos e temos os pssaros de Ogum; temos as ervas (razes, folhas, flores, frutas, sementes e madeiras) de Ogum. Temos os animais, os rpteis, os insetos, os peixes, os anfbios, etc., de Ogum. Temos os filhos de Ogum. Temos as cores de Ogum. Temos as armas de Ogum. Temos os procedimentos e as posturas de Ogum, o seu arqutipo divino. E o mesmo se repete com todos os Orixs, onde cada um dos Orixs originais em si uma qualidade original de Olorum, mas com cada um trazendo em si e nessa sua qualidade original que o classifica, o nomeia e o hierarquiza todas as outras qualidades do divino criador Olorum, pois este tambm individualizou-se em cada um dos seus Orixs originais, sendo que estes tambm hierarquizam-se em cada uma das suas qualidades divinas que herdaram do divino criador Olorum, multiplicando-se ao infinito e fazendo surgir um novo Orix para cada uma das qualidades herdadas Dele, o divino criador Olorum. Da surgem as muitas Oxuns, os muitos Xangs, as muitas Iemanjs, etc., todas hierarquizadas e responsveis pela aplicao das qualidades divinas na vida dos seres espirituais, dos seres naturais, dos seres elementais, dos seres instintivos, dos seres elementares e de tudo o mais que existe e que identificado e classificado pela qualidade divina do Orix original que o rege e em cada um individualizou-se e o qualificou com uma das muitas qualidades do divino criador Olorum. Assim, na Umbanda cultua-se e adora-se a um nico Deus e ao Deus nico. Mas tambm cultua-se a adora-se os Orixs porque eles so manifestaes e individualizaes divinas do divino criador Olorum, origem de tudo e de todos. A idealizao de Deus pela Umbanda guarda a essncia da matriz religiosa nag e a elaborou partir da hierarquizao existente na criao, hierarquizao esta s no visvel aos desatentos ou desinformados pois at nas linhas de trabalho, formada pelos espritos humanos, ela est se mostrando o tempo todo atravs dos nomes simblicos usados pelos guias espirituais. - Ou no verdade que existem muitas linhas de caboclos de Ogum; de Oxossi; de Xang; de Oxal; de Oxum; de Iemanj; de Ians, etc.? A Umbanda monotesta, mas tal como acontece em todas as outras religies, ela tambm cr na existncia de um universo divino, povoado por seres divinos que zelam pelo equilbrio da criao e pelo bem estar dos seres espirituais criados por Deus, o divino criador Olorum. Ou no verdade que no monotestico filo religioso judaico-cristo-islamita tambm se cr na existncia de um nico Deus e numa corte de seres divinos denominados como anjos, arcanjos, querubins, serafins, etc? O modelo de organizao e descrio de Deus e do universo divino o mesmo, que o mesmo utilizado pelo hindusmo, pelos greco-romanos, persas, egpcios, e outros povos antigos que tambm acreditavam na existncia de um Ser Supremo e numa corte divina a auxili-lo na sustentao da criao e na conduo da evoluo dos seres. Em se tratando de Deus e das religies, todas seguem o mesmo modelo de organizao, pois dois, no h! Religies so como famlias e para existir uma nova famlia preciso de um homem, uma mulher, uma casa e filhos. No h outra forma de ter uma famlia organizada e auto sustentvel fora desse modelo. E o mesmo acontece com as religies: um nico modelo organizacional para todas. Uma vez que Deus um s e a forma de t-lo em ns e Dele nos aproximarmos a mesma para todos, assim como o destino dos corpos enterrados nos cemitrios. Ento nesse caso no h nada de novo ou diferente desde que o mundo comeou a existir. Apenas existem diferenas nas formas de apresentao das religies, pois umas so rsticas, prticas e simples. Outras so elaboradssimas, iniciticas e complexas, como o caso da Umbanda, compreendida por uma minoria. Mas no fundo da alma das religies criadas pelos homens, e dos seres criados por Deus, que s h um, que o divino criador Olorum, que as habita.Esperamos ter fundamentado e justificado o monotesmo existente na Umbanda, certo? Quanto ao que possam dizer os seguidores de alguma outra religio que sente-se proprietrio de Deus e atribuam-nos o politesmo, olvide-os porque, como bem disse o mestre Jesus, no vale a pena dar prolas aos porcos. Texto Publicado no Jornal de Umbanda Sagrada de Fevereiro de 2010, N117Umbanda quem s?- Quem sou? difcil determinar. Sou a fuga para alguns, a coragem para outros. Sou o tambor que ecoa nos terreiros, trazendo o som das selvas e das senzalas. Sou o cntico que chama ao convvio seres de outros planos. Sou a senzala do Preto Velho, a ocara do Bugre, a cerimnia do Paj, a encruzilhada do Exu, o jardim da Ibejada, o nirvana do Indu e o cu dos Orixs. Sou o caf amargo e o cachimbo do Preto Velho, o charuto do Caboclo e do Exu; o cigarro da Pomba-Gira e o doce do Ibej. Sou a gargalhada da Pomba gira, o requebrar de Maria Padilha, a seriedade do Seu Ex. Sou o sorriso e a meiguice de Maria Conga e de Pai Jos; a traquinada de Mariazinha da Praia, Risotinho, Joozinho e a sabedoria dos Caboclos. Sou o fludo que se desprende das mos do mdium levando a sade e a paz. Sou o isolamento dos orientais onde o mantra se mistura ao perfume suave do incenso. Sou o Templo dos sinceros e o teatro dos atores. Sou livre. No tenho Papas. Sou determinada e forte. Sou a humildade, mas creso quando combatida. Sou a prece, a magia, o ensinamento milenar, sou cultura. Sou o mistrio, o segredo, sou o amor e a esperana. Sou a cura. Sou de ti. Sou de Deus. Sou Umbanda. S isso. Sou Umbanda.Minhas foras? Elas esto no homem que sofre e que clama por piedade, por amor, por caridade. Minhas foras esto nas entidades espirituais que me utilizam para seu crescimento. Esto nos elementos. Na gua, na terra, no fogo e no ar; na pemba, na tuia, no mandala do ponto riscado. Esto finalmente na tua crena, na tua F, que o elemento mais importante na minha alquimia. Minhas foras esto em ti, no teu interior, l no fundo, na ltima partcula da tua mente, onde te ligas ao Criador.UMBANDAA Umbanda cr num Ser Supremo, o Deus nico criador de todas as religies monotestas. Os Sete Orixas so emanaes da Divindade, como todos os seres criados. O propsito maior dos seres criados a Evoluo, o progresso rumo Luz Divina. Isso se d por meio das vidas sucessivas, a Lei da Reencarnao, o caminho do aperfeioamento. Existe uma Lei de Justia Universal que determina, a cada um, colher o fruto de suas aes, e que conhecida como Lei de Ao e Reao. A Umbanda se rege pela Lei da Fraternidade Universal: todos os seres so irmos por terem a mesma origem, e a cada um devemos fazer o que gostaramos que a ns fosse feito. A Umbanda possui uma identidade prpria e no se confunde com outras religies ou cultos, embora a todos respeite fraternalmente, partilhando alguns princpios com muitos deles. A Umbanda est a servio da Lei Divina, e s visa ao Bem. Qualquer ao que no respeite o livre-arbtrio das criaturas, que implique em malefcio ou prejuzo de algum, ou se utilize de magia negativa, no Umbanda. A Umbanda no realiza, em qualquer hiptese, o sacrifcio ritualstico de animais, nem utiliza quaisquer elementos destes em ritos, oferendas ou trabalhos. A Umbanda no preceitua a colocao de despachos ou oferendas em esquinas urbanas, e sua reverncia s Forcas da Natureza implica em preservao e respeito a todos os ambientes naturais da Terra. Todo o servio da Umbanda de caridade, jamais cobrando ou aceitando retribuio de qualquer espcie por atendimento, consultas ou trabalhos medinicos. Quem cobra por servio espiritual no umbandista."Tudo melhora por fora para quem cresce por dentro."O que a Umbanda tem a oferecer?Hoje em dia, quando falamos em religio, os questionamentos so diversos. A principal questo levantada refere-se funo da mesma nesse incio de milnio. Tentaremos nesse texto, de forma panormica, levantar e propor algumas reflexes a esse respeito, tendo como foco do nosso estudo a Umbanda. O que a religio e, mais especificamente, a religio de Umbanda, pode oferecer a uma sociedade ps-moderna como a nossa? Como ela pode contribuir junto ao ser humano em sua busca por paz interior, desenvolvimento pessoal e auto-realizao? Quais so suas contribuies ou posies nos aspectos sociais, em relao aos grandes problemas, paradoxos e dvidas, que surgem na humanidade contempornea? Existe uma ponte entre Umbanda e cincia (?) _ algo indispensvel e extremamente til, nos dias de hoje, a estruturao de uma espiritualidade sadia. O principal ponto de atuao de uma religio est nos aspectos subjetivos do eu. Antigamente, a religio estava diretamente ligada lei, aos controles morais e definio de padres tnicos de uma sociedade _ vide os dez mandamentos e seu carter legislativo, por exemplo. Hoje, mais que um padro de comportamento, a religio deve procurar proporcionar ferramentas reflexivas ou direes para as questes existenciais que afligem o ser humano. Em relao a isso, acreditamos ser riqussimo o potencial de contribuio do universo umbandista, mas, para tanto, necessitamos que muitas questes, aspectos e interfaces entre espiritualidade umbandista e outras religies e cincia sejam desenvolvidos, contribuindo de forma efetiva para que a religio concretize um pensamento profundo e integral em relao ao ser humano, assumindo de vez uma postura atual e vanguardista dentro do pensamento religioso. Entre essas questes, podemos citar:_ Um estudo aprofundado dos rituais umbandistas, no apenas em seus aspectos magsticos, mas tambm em seus sentidos culturais, psquicos e sociais. Como uma gira de Umbanda, atravs de seus ritos, cantos e danas, envolve-se com o inconsciente das pessoas? Como podem colaborar para trabalhar aspectos primitivos to reprimidos em uma sociedade ps-moderna como a nossa? Como os ritos ganham um significado coletivo, e quais so esses significados? Grandes contribuies a sociologia e a antropologia podem dar Umbanda._ Uma ponte entre as cincias da mente como a psicanlise, psicologia e a mediunidade, utilizando-se da ltima tambm como uma forma de explorar e conhecer o inconsciente humano. Mais do que isso, os aspectos psicoterpicos de uma gira de Umbanda e suas manifestaes to mticas-arquetpicas. Ou ser que nunca perceberemos como uma gira de er, por exemplo, alm do trabalho espiritual realizado, muitas vezes funciona como uma sesso de psicoterapia em grupo?_ A mediunidade como prtica de autoconhecimento e porta para momentneos estados alterados de conscincia que contribuem para o vislumbre e o alcance permanente de estgios de conscincia superiores. Alm disso, por que no a prtica meditativa dentro da Umbanda (?) _ prtica essa to difundida pelas religies orientais e que pesquisas recentes dentro da neurocincia demonstram de forma inequvoca seus benefcios em relao sade fsica, emocional e mental._ Uma proposta bem fundamentada de integrao de corpo-mente-esprito. Contribuio muito importante tanto em relao ao bem estar do indivduo, como tambm dentro da medicina, visto que a OMS (Organizao Mundial da Sade) hoje admite que as doenas tenham como causas uma srie de fatores dentro de um paradigma bio-psquico-social caminhando para uma viso ainda mais holstica, uma viso bio-psquico-scio-espiritual._ O estudo comparativo entre religies, com uma proposta de tolerncia e respeito as mais diversas tradies. Por seu carter sincrtico, heterodoxo e anti-fundamentalista, a Umbanda tem um exemplo prtico de paz as inmeras questes de conflitos tnico-religiosos que existem ao redor do mundo._ A liberdade de pensamento e de vida que a Umbanda d as pessoas tambm deveria ser mais difundido, visto que isso se adapta muito bem ao modelo de espiritualidade que surge como tendncia nesse comeo de sculo XXI. Parece-nos que a Umbanda h muito tempo deixou de lado a velha ortodoxia religiosa de um nico pastor e nico rebanho, para uma viso heterodoxa de se pensar espiritualidade, onde ela assume diversas formas de acordo com o estgio de desenvolvimento consciencial de cada pessoa, o que vem de encontro por exemplo com as idias universalistas de Swami Vivekananda e seu discurso de uma Verdade/Religio prpria para cada pessoa na Terra. E a Umbanda, assim como muitas outras religies, pode sim desenvolver essa multiplicidade na unidade._ O resgate do sagrado na natureza e o respeito ao planeta como um grande organismo vivo. Na antiga tradio yorubana tnhamos um Orix chamado Onil, que representava a Terra planeta, a me Terra. Mesmo que seu culto no tenha se preservado, tanto nos candombls atuais como na Umbanda, atravs de seus outros irmos Orixs, o culto a natureza preservado e, em uma poca crtica em termos ecolgicos, a viso sagrada do planeta, dos mares, dos rios, das matas, dos animais, etc - ganha uma importncia ideolgica muito grande e dota a espiritualidade umbandista de uma conscincia ecolgica necessria._ O desenvolvimento de uma mstica dentro da Umbanda, onde elementos pr-pessoais como os mitos e o pensamento mgico-animista, possam ser trabalhados dentro da racionalidade, levando at mesmo ao desenvolvimento de aspectos transpessoais, transracionais e trans-ticos dentro da religio. A identificao do mdium em transe com o Todo atravs do Orix, a trans-tica que deve reger os trabalhos magsticos de Umbanda, os insights e a lucidez verdadeira que levam a mente para picos alm da razo e do alcance da linguagem, o fim da iluso dualista para uma real compreenso monista atravs da iluminao, so exemplos de aspectos transpessoais que podem ser (e faltam ser) desenvolvidos dentro da religio._ Os aspectos culturais, afinal Orix cultura, as entidades de Umbanda so cultura o sincretismo umbandista cultura. Umbanda cultura e triste perceber o descaso, seja de pessoas no adeptas, como de umbandistas, que simplesmente no compreendem a importncia cultural da Umbanda e da herana afro-indgena na construo de uma identidade nacional. A arte em suas maisvariadas expresses tem na Umbanda um rico universo de inspirao. Cabe a ela apoiar e desenvolver mais aspectos de sua arte sacra. Essas so, ao nosso entendimento, algumas das questes-desafios que a Umbanda tem pela frente, principalmente por ser uma religio nova, estabelecendo-se em um mundo extremamente multifacetado como o nosso. Muito mais poderia e com certeza deve ser discutido e desenvolvido dentro dela. Apenas por essa introduo j se pode perceber a complexidade da questo e como impossvel ter uma resposta definitiva a respeito de tudo isso. Muitos podem achar que o que aqui foi dito esteja muito distante da realidade dos terreiros. Mas acreditamos que a discusso pertinente, principalmente devido ao centenrio, onde muito mais que festas, deveramos aproveitar esse momento para uma maior aproximao de ideais e pessoas, alm de uma slida estruturao do pensamento umbandista. Esperamos em outros textos abordar de forma mais profunda e propor algumas idias a respeito das questes e relaes aqui levantas. Esperamos tambm que outros umbandistas.PaganismoPaganismo (do latim paganus, que significa "campons", "rstico" ) um termo geral, normalmente usado para se referir a tradies religiosas politestas. usado principalmente em um contexto histrico, referindo-se a mitologia greco-romana, bem como as tradies politestas da Europa e do Norte da frica antes da cristianizao. Num sentido mais amplo, seu significado estende-se s religies contemporneas, que incluem a maioria das religies orientais e as tradies indgenas das Amricas, da sia Central, Austrlia e frica, bem como s religies tnicas no-abramicas em geral. Definies mais estreitas no incluem nenhuma das religies mundiais e restringem o termo s correntes locais ou rurais que no so organizadas como religies civis. Uma caracterstica das tradies pags a ausncia de proselitismo e a presena de uma mitologia viva, que explica a prtica religiosa. Na perspectiva crist, o termo foi historicamente usado para englobar todas as religies no-abramicas. O termo "pago" uma adaptao crist do "gentio" do judasmo e, como tal, tem um vis abramico inerente, com todas as conotaes pejorativas entre o monotesmo ocidental, comparveis aos pagos e infiis tambm conhecidos como kafir () e mushrik no Isl. O historiador Peter Brown observa: A adoo da palavra latina paganus pelos cristos como um termo pejorativo abrangente para politestas, representa uma vitria imprevista e, singularmente, de longa durao de um grupo religioso, com o uso de uma gria do latim originalmente desprovida de significado religioso. A evoluo ocorreu apenas no Ocidente latino e em conexo com a igreja latina. Em outra parte, "heleno" ou "gentios" (ethnikos) manteve-se a palavra "pago"; e paganos continuou como um termo puramente secular, com toques de inferioridade. Por esta razo, etnlogos evitam o termo "paganismo", por seus significados incertos e variados, referindo-se f tradicional ou histrica, preferindo categorias mais precisas, tais como o politesmo, xamanismo, pantesmo ou animismo. Desde o sculo XX, os termos "pago" ou "paganismo" tornaram-se amplamente utilizados como uma auto-designao por adeptos do neopaganismo.6 Como tal, vrios estudiosos modernos tm comeado a aplicar o termo de trs grupos distintos de crenas: politesmo histrico (como a mitologia celta e o paganismo nrdico), religies indgenas, folclricas e tnicas (como a religio tradicional chinesa e as religies tradicionais africanas) e o neopaganismo (como a wicca, o reconstrucionismo helnico e o neopaganismo germnico).EtimologiaA palavra pago provm do latim paganus, cujo significado o de uma pessoa que viveu numa aldeia, num dado pas, um rstico. O uso mais comum da palavra no latim clssico era utilizado para designar um civil, algum que no era um soldado. Em torno do sculo IV, o termo paganus comeou a ser utilizado entre os cristos no Imprio Romano, para se referir a uma pessoa que no era um cristo e que ainda acreditava nos antigos deuses romanos. Os estudiosos ofertam trs explicaes para a utilizao da palavra. A primeira que a populao crist era geralmente concentrada nas cidades de Roma e Constantinopla, enquanto as pessoas das reas rurais - os pagani - geralmente eram adeptos da "velha religio", adorando Jpiter e Apolo em vez de Cristo. ; cf. Orosius Histories 1. Prol. "Ex locorum agrestium compitis et pagis pagani vocantur." A segunda possvel explicao a de que os cristos referiam-se a si prprios como milites - soldados de Cristo; e chamavam os no-cristos de pagani - os civis. Uma terceira explicao que paganus pode significar simplesmente um estranho, no parte da comunidade, e os primeiros cristos utilizavam essa palavra desta maneira. Paganus passado em eclesistico latino, quando chegou ao longo do tempo para se referir fiel de qualquer religio que no sejam o cristianismo. Nos estudos acadmicos acerca do Paganismo, tm sido discriminados alguns conceitos de referncia:

PaleopaganismoIncluem-se neste conceito as religies do antigo Egipto, do mundo greco-romano da Antiguidade Clssica, a antiga religio dos celtas (druidismo), a religio Norse ou mitologia nrdica, mitrasmo, bem como as religies das populaes nativo-americanas, como a religio asteca, etc.ReligiosidadeDos pontos comuns a todas as sociedades da Cultura Pag, surgem as caractersticas das religies pags, ou seja, dos esquemas que do forma e concretude espiritualidade pag. Talvez possamos listar, com pouca margem de erros, as seguintes: Talvez a principal caracterstica da religiosidade pag seja a radical imanncia divina, ou seja, a divindade se encontra na prpria natureza (o que inclui os humanos), manifestando-se atravs dos seus fenmenos. A ausncia da noo de pecado, inferno e mal absoluto. Como a relao com os deuses sempre pessoal e directa, a ideia de uma afronta divindade tratada tambm pessoalmente, ou seja, entre o cidado e a Divindade ofendida. Assim, sem noo de pecado, tambm no h noo de santidade ou do profano. A sacralidade da Terra tambm levou ausncia de templos, o que, no entanto, no impede a noo de Stios Sagrados, em geral bosques, poos ou montanhas. Templos Pagos so um desenvolvimento muito posterior. A imanncia dos deuses e a ideologia da ancestralidade divina, confere divindade caractersticas antropomrficas e as relaes tendem a ser estreitadas ao longo da vivncia religiosa. O calendrio religioso se confunde com o calendrio sazonal e agrcola, o que lhe confere um carcter de fertilidade. Portanto, as festividades acontecem nos momentos de mudana e auge de ciclos naturais. Essas relaes pessoais humanos/deuses, leva ausncia de dogmatismos ou estruturas religiosas padronizadas, havendo, pois, uma grande liberdade de culto: cada cidado tem liberdade de cultuar dos Deuses em sua casa, da forma que desejarem. Basicamente, uma religiosidade domstica ou de pequenos grupos com laos de sangue ou de compromisso. No entanto, os Grandes Festivais so sempre rituais comunitrios, pois comprometem todos os membros da comunidade. A relao mgica com a Natureza obviamente se traduz numa religiosidade mgica, isto , a espiritualidade pode ser atingida pela manipulao da carne e dos elementos, atravs do corpo e da manipulao da natureza, os chamados "feitios". A divindade sendo representada no mundo terreno torna as religies pags em religies de menor conflito interior, ou seja, que no pregam a necessidade de se dominar ou conter impulsos ou pulses naturais, mas deix-las fluir livremente, sem culpa. Por isso, tambm so religies intuitivas, corporais e emocionais. Em geral, os pagos valorizam mais a vivncia da religiosidade pelo corpo, com ausncia da noo metafsica platnico-socrtica e judaico-crist de corpo x esprito. O respeito aos ancestrais e o tradicionalismo que isso implica, faz das religies pags uma experincia de continuidade do egrgor ancestral, ou seja, a repetio dos mesmos ritos, na mesma poca, cria a unio mstica com todos aqueles que j celebraram antes. Nesse momento, o tempo rompido e se estabelece uma relao mgica com ele tambm: a repetio do rito torna presente o momento primitivo da sua realizao e todos aqueles que, ao longo dos sculos, dele tenham participado. A perspectiva cclica do tempo d a certeza do eterno retorno. Embora alguns povos tenham desenvolvido a ideia de um "Outro Mundo", a vida ps-morte nunca foi um ideal Pago, pois isso significaria ficar fora do ciclo e, portanto, da comunidade. Assim, o "Outro Mundo" (para aqueles que desenvolveram essa ideia) ser apenas uma passagem entre uma vida e o renascimento. O encontro com a deidade se d sempre na comunho com a Natureza, e no no Outro Mundo. Obviamente, diferentes povos da Cultura Pag desenvolveram suas liturgias e costumes religiosos tpicos, locais e ancestrais, o que pode aparecer como diferenas entre religies. No entanto, essas caractersticas bsicas permanecem, pois so tpicas do Paganismo.CulturaNa Europa h um tronco da religiosidade pag, com as suas ramificaes germnicas e clticas, que se mostra linear quanto a algumas caractersticas: A sua raiz paleoltica, dos tempos de grupos nmadas de caadores-colectores, a principal caracterstica uma forte ligao terra, natureza, tida como sagrada e viva. A sua origem matriarca, h um sentimento de corresponsabilidade entre todos os membros da comunidade, ligados por laos de parentesco a uma ancestral comum. Esse sentimento de ancestralidade partilhado tambm com a natureza e particularmente com os seres vivos, levando a um fundamental respeito a todas as formas de vida e existncia. Por isso, a cultura Pag tem uma relao mgica com a natureza. Noo cclica do tempo, a partir da ciclicidade dos fenmenos naturais (estaes do ano, lunao, movimentos do sol, etc), em contraste noo linear das culturas de matriz abramica. O consequente sentimento de profunda responsabilidade e parceria com a natureza, tornando os humanos corresponsveis pela continuidade do crculo. O que, por outro lado, tambm leva a um profundo respeito pelos antepassados, que sacrificaram suas vidas para que a comunidade continue a existir. Desenvolvimento de uma medicina natural, baseada nas qualidades curativas das ervas, e xamnica, baseada no poder frtil da Natureza e na relao mgica com a realidade. Havendo uma enorme diversidade entre as muitas religies pags no mundo, estas caractersticas ilustram apenas as mais significativas ramificaes europeias.NeopaganismoUma cerimnia neopag em Avebury, Reino Unido, que ocorreu durante o Beltane, em 2005. O neopaganismo inclui religies reconstrudas como o reconstrucionismo do Politesmo Helnico, Celta ou Germnico, bem como modernas tradies eclticas como discordianismo, ou Wicca e suas muitas correntes. Muitas dessas "reconstrues", como o Wicca e neo-druidismo em particular, tm suas razes no romantismo do sculo XIX e reter os elementos visveis do ocultismo ou teosofia que estavam em curso, ento, que os distingue religio e folclore histrico rural (paganus). Nos Estados Unidos esto cerca de um tero de todos os neopagos em todo o mundo, representando cerca de 0,2% da populao do pas, figurando como a sexta maior denominao no-crist, depois do judasmo (1,4%), islamismo (0,6%), budismo (0,5%), hindusmo (0,3%) e o Unitrio-Universalismo (0,3%). Na Islndia, os membros do grupo neopago satrarflagi representam 0,4% da populao total do pas.15 Na Litunia, muitas pessoas Romuva, uma verso reconstruda da religio pr-crist do pas. A Litunia foi uma das ltimas reas da Europa a ser cristianizada. H uma srie de autores neopagos que analisaram a relao dos movimentos reconstrucionistas do sculo XX com o politesmo histrico e com as tradies contemporneas de religio e folclore indgena. Isaac Bonewits introduz uma terminologia para fazer essa distino: Paleopaganismo: Um retrnimo cunhado para contrastar com o "neopaganismo"; o "politesmo original, centradas em fs da natureza", como a religio grega pr-helnica e a religio romana pr-imprio, o perodo da mitologia nrdica pr-migrao, tal como descrito por Tcito ou o politesmo celta como descrito por Jlio Csar. Entre os movimentos que permanecem entre as "grandes religies", Bonewits aponta o hindusmo paleopago, tal como existia antes da invaso islmica da ndia, o xintosmo e o taosmo. Mesopaganismo: um grupo que , ou foi, significativamente influenciado pela viso de mundo monotesta, dualista, ou no-testa, mas foi capaz de manter uma independncia de prticas religiosas. Este grupo inclui os aborgenes americanos, bem como os aborgenes australianos, o paganismo nrdico da Era Viking e a espiritualidade da Nova Era. As influncias incluem: Maonaria, rosacrucianismo, Teosofia, espiritismo e as muitas crenas afro-diaspricas, como o Vodou haitiano, religio Santeria e Espiritu. Isaac Bonewits inclui Wicca Tradicional Britnica nesta subdiviso. Neopaganismo: um movimento do povo moderno para reanimar o culto da natureza, as religies pr-crists ou outros caminhos espirituais baseados na natureza. Esta definio pode incluir qualquer movimento na escala do reconstrucionismo em uma extremidade, at grupos no-reconstrucionistas, como o neo-druidismo e a Wicca, na outra. Prudence Jones e Nigel Pennick em seu livro "Histria da Europa Pag" (1995) classifica "as religies pags" pelas seguintes caractersticas: Politesmo: religies pags que reconhecem uma pluralidade de seres divinos, que podem ou no podem ser considerados aspectos de uma unidade bsica; "Baseado na natureza": as religies pags que tm uma noo da divindade da natureza, que eles vem como uma manifestao do divino, no como a criao do "cado" encontrado na cosmologia dualista. "Sagrado feminino": religies pags que reconhecem "o princpio feminino divino", identificado como "Deusa" (em oposio a deusas individuais), alm ou no lugar do princpio divino masculino, expressa no Deus abramico.PantesmoO pantesmo a crena de que absolutamente tudo e todos compem um Deus abrangente, e imanente, ou que o Universo (ou a Natureza) e Deus so idnticos. Sendo assim, os adeptos dessa posio, os pantestas, no acreditam num deus pessoal, antropomrfico ou criador. A palavra derivada do grego pan (que significa "tudo") e theos (que significa "deus"). Embora existam divergncias dentro do pantesmo, as ideias centrais dizem que deus encontrado em todo o cosmos como uma unidade abrangente. Recorrendo ao Dicionrio Priberam da Lngua Portuguesa, lemos que o pantesmo s admite como Deus "o todo, a universalidade dos seres", no sendo portanto, um contedo em particular Deus, mas sim a totalidade deste. O pantesmo foi popularizado na era moderna tanto como uma teologia quanto uma filosofia baseada na obra de Bento de Espinosa, que escreveu o tratado tica, uma resposta teoria famosa de Descartes sobre a dualidade do corpo e do esprito. Espinosa declarou que ambos eram a mesma coisa, e este monismo terminou sendo uma qualidade fundamental de sua filosofia. Ele usava a palavra "Deus" para descrever a unidade de qualquer substncia. Embora o termo "pantesmo" no tivesse sido inventado durante seu tempo de vida, hoje Espinosa considerado como um dos mais clebres defensores da crena. O pantesta aquele que acredita e/ou tem a percepo da natureza e do Universo como divindade. Ao contrrio dos destas, ele no advoga a existncia nem de um Deus criador do Universo, to pouco das divindades testas intervencionistas, mas simplesmente especula que tudo o que existe manifestao divina, autoconsciente. De entre as doutrinas ocidentais, o pantesmo uma das que mais se aproximam das filosofias orientais como o Budismo, o Jainismo, o Taosmo e o Confucionismo. tambm a linha filosfica que mais se aproxima da filosofia hermtica do antigo Egito, onde o principal objetivo fazer parte da conspirao Universal (ou conspirao Csmica). Contudo, o pantesta no v a Cincia de maneira diversa de um ateu, no atribuindo a nenhum tipo de divindade fatos como a origem do Universo, da Vida e da espcie Humana. Deus, no pantesmo, todo o Universo. O seu templo qualquer lugar e sua lei a das Cincias Naturais, a lei natural.AnimismoO termo "animismo" aparenta ter sido desenvolvido inicialmente pelo cientista alemo Georg Ernst Stahl, por volta de 1720, para se referir doutrina segundo a qual "a vida animal produzida por uma alma imaterial". Esta doutrina baseia-se no signficado de "anima" em lngua latina|latim: "vida, respirao, alma". Uma das redefinies mais famosas do termo foi feita pelo antroplogo ingls Sir Edward B. Tylor, em 1871, na obra Primitive Culture (A Cultura Primitiva), pegando no conceito "anima mundi" para estruturar a teoria da "animao universal da natureza". Pelo termo animismo, Tylor designou a manifestao religiosa imanente a todos os elementos do Cosmos (Sol, Lua, estrelas), a todos os elementos da natureza (rio, oceano, montanha, floresta, rocha), a todos os seres vivos (animais, fungos, vegetais) e a todos os fenmenos naturais (chuva, vento, dia, noite); um princpio vital e pessoal, chamado de nima, o qual apresenta significados variados: cosmocntrica significa energia; antropocntrica significa esprito; teocntrica significa alma; Consequentemente, todos esses elementos so passveis de possuirem: sentimentos, emoes, vontades ou desejos e at mesmo inteligncia. Resumidamente, os cultos animistas alegam que: "Todas as coisas so vivas", "Todas as coisas so conscientes", ou "Todas as coisas tm nima". O animismo possui trs simples regras: Tudo no Cosmo tem nima; Todo o nima transfervel; Tudo ou todo que transfere nima no perde a totalidade de seu nima, mas quem ou que o recebe perde parte ou a totalidade de seu nima, o qual ser tomado pelo nima doador. A partir da dcada de 1950, o termo deixa de ser utilizado pela Antropologia por ser considerado muito genrico, uma vez que se aceita que elementos animistas esto presentes em quase todas as religies. Atualmente, discute-se quais foram historicamente os primeiros cultos que deram origem a todas as religies e a todos os deuses. Alguns historiadores e cientistas defendem a tese de que foram os mitos politestas, enquanto outros afirmam que foram os cultos animistas.Uso do termo no EspiritismoNa literatura esprita, o termo "animismo" usado para designar um tipo de fenmeno produzido pelo prprio esprito encarnado, sem que este seja um instrumento medinico da ao espiritual e sim o artfice dos fenmenos em questo. De forma mais especfica, outros autores, a citar Therezinha Oliveira, costumam utilizar-se desta nomeao para designar o fenmeno em que o mdium revive suas prprias recordaes do pretrito, expressando-as muitas vezes nas prprias reunies medinicas. Por ser ele o autor das palavras ditas, este fenmeno anmico muitas vezes mal visto devido possibilidade de mistificao e pela ausncia do esprito comunicante, no sendo, desta forma, um fenmeno medinico. Para melhor entendimento desse fenmeno, podem-se usar as denominaes utilizadas pelo pesquisador esprita Hermnio C. Miranda, quais sejam, a de chamarmos o esprito, que, segundo o Espiritismo, em sua existncia infinita, tem um nmero incontvel de experincias na matria, de individualidade, enquanto cada uma das existncias do mesmo uma personalidade. Dessa forma, admitida a pluralidade das existncias, conclui-se que a individualidade deve possuir um conhecimento imensamente superior ao de cada uma de suas personalidades, pois soma ao conhecimento da atual personalidade tudo o que aproveitou das que representou nas existncias pregressas. Todavia, estas palavras no devem ser interpretadas como sendo uma personalidade isolada, diversa em cada existncia fsica. O esprito artfice de si mesmo, e progride continuamente, a partir das experincias encarnatrias, apresentando uma ascenso moral e intelectual contnua que soma-se a cada encarnao. Desse modo, na manifestao anmica, o mdium pode expressar muitos conhecimentos que ele, enquanto encarnado, no possui. Da decorre, muitas vezes, que no h como se saber se uma manifestao anmica ou realmente medinica, ocorrendo esta ltima to somente quando o esprito que se comunica no o que est encarnado, ou seja, no o mdium, e sim uma individualidade desencarnada, um esprito. Os fenmenos espritas (produzidos por um esprito) podem ser divididos em dois grupos: os fenmenos anmicos (quando produzido pelo encarnado, com suas prprias faculdades espirituais, sem o uso dos sentidos fsicos, graas expanso de seu perisprito; os fenmenos medinicos, produzidos por um esprito por intermdio do mdium. Ainda segundo Therezinha de Oliveira, quanto maior o grau de expanso do perisprito, mais expressivo poder ser o fenmeno anmico, pois o encarnado poder desfrutar mais de maior liberdade em relao ao corpo, passando a atuar mais como um esprito liberto. Entretanto, mostra-se difcil separar o fenmeno anmico do medinico, pois: 1 - So as prprias capacidades anmicas dos mdiuns que os fazem instrumentos para a atuao dos espritos; 2 - Nem sempre podemos definir, com preciso, se o fenmeno est ou no sendo provocado ou coadjuvado por espritos. Na grande maioria das vezes, o que ocorre um estado intermedirio com maior ou menor participao do esprito encarnado no mdium em relao ao esprito desencarnado que por ele se expressa.TotemismoTotemismo; a mais antiga manifestao religiosa da humanidade. Para os estudiosos da Religio o totemismo das mais antigas manifestaes religiosas da humanidade. Mas o que isso; totemismo? O totemismo baseia-se na crena da existncia de uma relao prxima, como parentesco, entre determinado grupo de pessoas, denominado cls, e objeto naturais sagrados como animais e plantas, chamados de totens, em outras palavras uma ligao mstica do homem com seres da natureza. O termo totem deriva da palavra indgena OTOTEMAN, do idioma dos ndios algonquinos, do leste dos Estados Unidos. O totem um smbolo do grupo, um verdadeiro braso que identifica aquela comunidade, inclusive muito comum que os membros de um cl procurem adotar a aparncia do seu totem. Um conceito fundamental no totemismo o MANA que o missionrio ingls Codrington, o primeiro homem a estudar essa idia na Melansia, define como: Uma fora, uma influncia de ordem imaterial e, em certo sentido sobrenatural; mas pela fora fsica que ela se revela ou ento por toda espcie de poder e de superioridade que o homem possui. O totemismo rico em cultos e rituais, que podem ser divididos em quatro tipos:1. Cultos Negativos - so as cerimnias que visam concentrar sobre uma nica pessoa um completo sistema de proibio;2. Cultos Positivos so as festas e celebraes;3. Cultos representativos formas de relembrar as origens, evocando pocas longnquas;4. Ritos expiatrios festas tristes que tinham por objetivo enfrentar uma catstrofe; record-la ou deplor-la.FetichismoHistria da ideia de fetiche religioso: de sua emergncia a meados do sculo XXA ideia de fetiche religioso, fruto do encontro afro-europeu na costa da Guin h cerca de quatro sculos percorreu um longo caminho, desde seu uso por viajantes e comerciantes, passando pela sua apropriao pela filosofia iluminista, sua radicalizao e popularizao no positivismo e no evolucionismo, at ser criticada, entrar em declnio e ser considerada estril pela antropologia modernista. O objetivo deste artigo lanar uma luz sobre tal trajetria, no de maneira desinteressada, mas dentro de um contexto contemporneo de reavaliao da ideia de fetiche enquanto ferramenta heurstica, o que sugere uma paralela reavaliao da histria do conceito. Os conceitos antropolgicos tm histrias de vida interessantes. Sendo antropolgicos, espera-se que emirjam de uma relao de alteridade e que sirvam para pensar diferenas prprias desta relao. De sua emergncia at sua estabilizao, transmutam-se ao atravessar diferentes paradigmas, entram em relao com referentes dspares e com epistemes diversas, implicam variadas atitudes epistemolgicas e polticas, sendo sempre de alguma maneira polissmicos, o que faz deles entidades complexas e dignas de ateno. Porm, a vida dos conceitos no como a das pessoas: eles no nascem, amadurecem, envelhecem e morrem numa linha cronolgica irreversvel. Potencialmente, conceitos tm vida eterna e, ao menos enquanto a filosofia e a cincia existirem como as entendemos, eles estaro sempre disponveis (cf. Goldman 1994:24; Deleuze & Guattari 1997:14). Prova disto a retomada de certos conceitos que pareceram mortos por anos para a antropologia, mas que reapareceram recontextualizados, como, por exemplo, o totemismo, que de "disposio contingente de elementos no especficos", foi feito operao classificatria por Lvi-Strauss (1980), ou o animismo, que de "doutrina geral das almas" em Tylor (1970) renova-se como "modo de identificao" ou "ontologia relacional", para Descola (2005), Ingold (2006) e outros. O foco do presente texto a biografia de um conceito, fetiche, e consequentemente sua forma sufixada, fetichismo mais um exemplo, ainda que no to badalado, de ressurreio na antropologia. Posto de maneira simples, fetiche denotou inicialmente certos objetos vistos como dotados de poder sobrenatural por populaes da frica ocidental (e posteriormente objetos de alhures vistos como similares): pedras, estatuetas e aglomerados de ingredientes heterclitos animados por uma fora que ultrapassa a agncia daqueles que os construram. Fetichismo a doutrina ou culto mais geral baseada em um suposto modo de pensamento daqueles que usam fetiches. Conceitos de grande importncia em teorias desde o sc. XVIII ao incio do sc. XX, eles caram em desuso por volta da segunda dcada do sculo passado por serem considerados ao mesmo tempo etnocntricos (fruto de um mal-entendido colonialista) e muito amplos (tudo relacionado ao sobrenatural na frica ocidental era chamado de fetiche). Mas o fetiche enquanto categoria heurstica no morreu. Paralelamente ao declnio de sua importncia na antropologia, a noo foi transposta para os campos da sexologia, da psicanlise e da economia (por Binet 1888, Freud 1927 e Marx 1983). E, recentemente, o fetichismo religioso tem sido revivido paulatinamente por autores como Pouillon, MacGaffey, Pietz e Latour, ainda que de maneiras muito distintas entre si, e ainda que nem sempre tendo como objetivo tal revitalizao. No presente texto, entretanto, me limitarei aos primeiros movimentos desta histria, buscando compreender como se deu a asceno e queda da ideia de fetiche nos estudos sobre religio, partindo de seu o surgimento da noo, no incio da era moderna, e seguindo at meados do sc. XX, quando o conceito parecia abandonado pela antropologia. Esse panorama nos ajudar, creio, a dar mais sentido ao emaranhado conceitual bizarro que o fetichismo e a perceber quais linhas o atravessam, para ento sermos capazes de lidar melhor com ele.Emergncia: entre a Guin e a Europa A histria do fetiche comea na frica ocidental, mais especificamente na costa banhada pelo Golfo do Benin. Como afirma Pietz (1985), o contexto crucial para a emergncia do fetiche o espao transcultural que se configura nessa rea, ento conhecida como Guin, num perodo que vai do sc. XVI ao sc. XVIII. Essa regio era uma das mais densamente povoadas do continente africano e, para os europeus, a mais importante em termos econmicos e polticos. O encontro entre exploradores portugueses e os nativos daquela regio j fora registrado desde 1418. Afim de buscar o monoplio do lucrativo comrcio estabelecido em pontos estratgicos da regio, ao longo dos sculos foram construdos portos, como os de Lagos e Ouidah, e fortes, como o Castelo de Elmina, que passaram pelas mos de portugueses, britnicos, franceses, holandeses, alemes, suecos e dinamarqueses. As viagens eram perigosas, praticamente a metade dos europeus que iam Guin morriam devido a doenas, fome, ou violncia. Ainda assim enxurradas de viajantes continuavam a se arriscar, pois os ganhos eram potencialmente muito altos. Ouro e escravos eram as principais mercadorias buscadas pelos europeus, tanto que nomeavam os territrios: Costa do Ouro (hoje Gana) e Costa dos Escravos (hoje Togo, Benin e parte da Nigria). As populaes nativas com quem se trocava eram sobretudo as falantes de lnguas da famlia Kwa, como os Ewe, Akan e Fon, cuja histria de organizao poltica complexa: diversos reinos e imprios, tais quais Oyo, Ouidah e Daom foram erguidos e destrudos no perodo anterior ao controle europeu mais direto, que se iniciaria no sc. XIX. Estes reinos conviviam com inmeras tribos de organizao menos centralizada, com eventua