Modulo-Introd a Lingua Brasileira de Sinais

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  • 7/29/2019 Modulo-Introd a Lingua Brasileira de Sinais

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    Ilhus . 2013

    Letras . Mdulo 6 . Volume 1

    Wolney Gomes Almeida

    INTRODUO LNGUABRASILEIRA DE SINAIS

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    Universidade Estadual deSanta Cruz

    Reitora

    Prof. Adlia Maria Carvalho de Melo Pinheiro

    Vice-reitor

    Prof. Evandro Sena Freire

    Pr-reitor de GraduaoProf. Elias Lins Guimares

    Diretor do Departamento de Letras e Artes

    Prof. Samuel Leandro Oliveira de Mattos

    Ministrio da

    Educao

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    Ficha Catalogrca

    1 edio | Janeiro de 2013 |462 exemplaresCopyright by EAD-UAB/UESC

    Projeto Grco e Diagramao

    Joo Luiz Cardeal Craveiro

    Capa

    Joo Luiz Cardeal Craveiro

    Impresso e acabamento

    JM Grca e Editora

    Todos os direitos reservados EAD-UAB/UESCObra desenvolvida para os cursos de Educao aDistncia da Universidade Estadual de Santa Cruz -UESC (Ilhus-BA)

    Campus Soane Nazar de Andrade - Rodovia JorgeAmado, Km 16 - CEP: 45662-000 - Ilhus-Bahia.www.nead.uesc.br | [email protected] | (73) 3680.5458

    Letras Vernculas | Mdulo 6 | Volume 1 - Introduo Lngua Brasileira de Sinais

    A447 Almeida, Wolney Gomes.Introduo lngua brasileira de sinais / Wolney

    Gomes Almeida. Ilhus, BA: UAB/UESC, 2013.

    149p. : Il. (Letras Vernculas mdulo 6 volu-

    me 1 EAD)

    ISBN: 978.85.7455.300-9

    1. Lngua de sinais. 2. Surdos Educao. 3.

    Lngua brasileira de sinais. I. Ttulo. II. Srie.

    CDD 419

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    EAD . UAB|UESCCoordenao UAB UESC

    Prof. Dr. Maridalva de Souza Penteado

    Coordenao Adjunta UAB UESCProf. Dr. Marta Magda Dornelles

    Coordenao do Curso de Licenciatura emLetras Vernculas (EAD)

    Prof. Ma. ngela Van Erven Cabala

    Elaborao de ContedoProf. Me. Wolney Gomes Almeida

    Instrucional DesignProf. Ma. Marileide dos Santos de Oliveira

    Prof. Ma. Cibele Cristina Barbosa Costa

    Prof. Dr. Cludia Celeste Lima Costa Menezes

    RevisoProf. Me. Roberto Santos de Carvalho

    Coordenao de DesignMe. Saul Edgardo Mendez Sanchez Filho

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    SUMRIO

    UNIDADE 1 - INTRODUO LNGUA BRASILEIRA DE SINAIS LIBRAS

    OBJETIVOS. 15

    1. INTRODUO. 17

    2. MITOS.SOBRE.A.LNGUA.BRASILEIRA.DE.SINAIS.E.SOBRE.OS.SURDOS. 18

    . 21.Mito.1:.A.Libras.como.uma.lngua.universal. 18

    . 22.Mito.2:.Terminologia.surdo-mudo. 21

    . 23.Mito.3:.Linguagem.ou.lngua?.23

    . 24.Mito.4:.Todos.os.surdos.fazem.leitura.labial. 23

    . 25.Mito.5:.A.lngua.de.sinais.seria.uma.mistura.de.pantomima.e.gesticulao.concreta,.incapaz.de.

    expressar.conceitos.abstratos. 24

    . 26.Mito.6:.Haveria.uma.falha.na.organizao.gramatical.da.lngua.de.sinais.que.seria.derivada.das.

    lnguas.de.sinais,.sendo.um.pidgin.sem.estrutura.prpria,.subordinada.e.inferior.s.lnguas.orais. 24

    . 27.Mito.7:.As.lnguas.de.sinais.derivariam.da.comunicao.gestual.espontnea.dos.ouvintes. 24

    . 28.Mito.8:.As.crianas.surdas.que.falam.mal.(ou.no.falam).so.intelectualmente.menos.desenvolvidas.

    que.as.crianas.ouvintes. 25

    3. A.HISTRIA.DAS.LNGUAS.DE.SINAIS. 26

    4. ALFABETO.MANUAL.30

    . 41.Alfabeto.e.nmeros.na.Lngua.Brasileira.de.Sinais. 31

    . 42.Alfabeto.manual.em.outras.lnguas.de.sinais. 32

    5. O.RECONHECIMENTO.DA.LNGUA.DE.SINAIS. 41

    ATIVIDADES. 60

    RESUMINDO. 61

    REFERNCIAS. 62.

    UNIDADE 2 - ESPECIFICIDADES LINGUSTICAS DA LNGUA BRASILEIRA DE SINAIS

    OBJETIVOS. 69

    1. INTRODUO. 71

    2. COMPREENDENDO.AS.ESTRUTURAS.LINGUSTICAS. 72

    . 21.Conceito.72

    . 22.Semelhanas.e.diferenas.entre.as.lnguas. 73

    . .. 221.Aspectos.comuns73

    . .. 222.Aspectos.especcos.da.Libras. 76

    . 23.Aspectos.gramaticais.em.Libras. 77

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    ATIVIDADES. 83

    RESUMINDO. 84

    REFERNCIAS. 84

    UNIDADE 3 - LIBRAS E A LNGUA PORTUGUESA COMO MEIO DE APROPRIAO

    DAS LINGUAGENS E OS USOS NO CONTEXTO ESCOLAR E NA VIDA COTIDIANA DOS

    FALANTES

    OBJETIVOS. 91

    1. INTRODUO. 93

    2. A.LIBRAS.COMO.L1.PARA.OS.SURDOS.E.O.PAPEL.DA.ESCOLA.NESTA.NOVA.

    REALIDADE. 93

    3. OS.SURDOS.E.OS.PARADIGMAS.EDUCACIONAIS. 95

    4. A.DIFERENA.NA.ESCOLA:.UM.DILOGO.ENTRE.VYGOTSKY.E.FOUCAULT. 104

    ATIVIDADE. 111

    RESUMINDO.112

    REFERNCIAS.112

    UNIDADE 4 - A EDUCAO DE SURDOS NO BRASIL E A AQUISIO DA LINGUAGEM:

    UMA QUESTO DE CULTURA

    OBJETIVO.117

    1. INTRODUO.119

    2. BILINGUISMO:.RECONHECENDO.A.DIFERENA.LINGUSTICA.E.CULTURAL. 120

    3. SUGESTES.PARA.O.ENSINO.DA.LNGUA.PORTUGUESA.A.CRIANAS.SURDAS. 128

    4. LNGUA.PORTUGUESA,.A.SEGUNDA.LNGUA.DOS.SURDOS:.(CONTRIBUIES.DE.

    RONICE.QUADROS)132

    ATIVIDADE. 139

    RESUMINDO.139

    REFERNCIAS.140

    UNIDADE 5 - PRATICANDO O VOCABULRIO DA LIBRAS

    OBJETIVO.149

    1. INTRODUO.151

    RESUMINDO.152

    ATIVIDADES. 152

    REFERNCIA.152

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    APRESENTAO DA DISCIPLINA

    Prezado aluno,

    Temos encontrado muitas discusses feitas a respeito da educao de surdos, da

    incluso social, da comunicao dos surdos, dentre outras questes ligadas ao tema da

    acessibilidade e do direito igualdade.

    Nesta disciplina, voc aprender sobre os aspectos tericos e prticos a respeito

    da Lngua Brasileira de Sinais, reconhecendo a importncia dela para a sua atuao

    prossional enquanto educador.

    Apresentaremos contedos bsicos que lhe daro subsdios para compreendercomo a lngua de sinais se constitui e, principalmente, analisaremos os aspectos pedaggicos

    em que a Educao de Surdos se prope, a m de oferecer aos seus futuros alunos, sejam

    ouvintes ou surdos, uma educao acessvel.

    OBJETIVOS DA DISCIPLINA

    Estabelecer relaes terico-prticas sobre a Lngua Brasileira de Sinais Libras,

    compreendendo os processos comunicacionais inerentes educao de surdos.

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    O AUTOR

    Prof. Me. Wolney Gomes Almeida

    Graduado em Comunicao Social pela UESC e mestreem Cultura e Turismo pela mesma instituio. Doutorando

    em Educao pela Universidade Federal da Bahia, possui

    certicado de procincia em Libras nas categorias de

    intrprete/tradutor de nvel superior e tambm de professor

    de Libras nvel superior pela UFSC/MEC.

    Email: [email protected]

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    DISCIPLINA

    INTRODUO LNGUABRASILEIRA DE SINAIS

    EMENTA

    Prof. Me. Wolney Gomes Almeida

    Introduo Lngua Brasileira de Sinais. Especicidades lingusticas de

    surdos falantes de LIBRAS. LIBRAS e a Lngua Portuguesa como meiode apropriao das linguagens e os usos no contexto escolar e na vida

    cotidiana dos falantes. Aquisio da linguagem e os usos de textos

    produzidos em Portugus e/ou em LIBRAS. A escrita como territrio

    cultural para os falantes de LIBRAS.

    CARGA HORRIA: 60 horas

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    INTRODUO LNGUA BRASILEIRADE SINAIS LIBRAS

    1 UNIDADE

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    OBJETIVOS

    Desmitificar algumas ideias que a sociedade construiu,ao longo da histria, a respeito da pessoa surda e de suaforma de comunicao;

    conhecer a histria dos surdos e da lngua de sinais;

    compreender os aspectos legais pelos quais a realidadedos surdos vem se modificando no mbito da educao enos espaos sociais como um todo;

    aprender o alfabeto manual e, a partir dos exerccios,

    poder se comunicar j com os surdos que voc encontrarna escola, na rua, no ambiente de trabalho etc.

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    1 INTRODUO

    A temtica Educao de Surdos tem sido alvo degrandes olhares e observaes no cenrio educacional dopas. Discutir a necessidade da formao de profissionaisque possam atender s especificidades educacionais dossujeitos surdos perpassa por questes inerentes aos novosolhares e construes do fazer pedaggico, tanto no que serefere s problemticas estruturais dos espaos escolares,

    como tambm s estruturas metodolgicas que viabilizemessas (trans)formaes.

    Dentro desta nova dinmica estrutural metodolgicaem que os surdos esto inseridos, seja no mbito educacionalou social como um todo, o reconhecimento do uso daLngua de Sinais tem se tornado fator primordial para quea construo de conhecimentos por parte dos surdos seefetive, levando em considerao os aspetos lingusticos,histricos e sociais destes sujeitos. Assim, revelar novasprticas, discursos e fazeres pedaggicos, estimula-nos construo de novos olhares, valores, conceitos, que, porsua vez, nos proporcionam crescimento pessoal e coletivo,profissional e humano.

    Aprender a lngua que as pessoas surdas utilizam um desafio enriquecedor, ao mesmo tempo em que os

    movimentos das mos e as expresses faciais se confundemcom o prazer de ver a comunicao em sua mais verdadeiraessncia acontecer. Assim, a Lngua Brasileira de Sinaisressignifica as relaes sociais entre surdos e ouvintes,agrega valores qualitativos e quantitativos a essas relaes eestabelece o dilogo e a interao transcultural sob o olharda diversidade.

    Encontraremos nesta unidade de estudoalguns elementos que tentaro desmistificar ideias ecomportamentos, frutos da histria dessas relaes e que

    saiba mais

    Aqui no Brasil, para

    representar a Lngua

    de Sinais, podemos

    encontrar a sigla

    Libras, que quer dizer

    Lngua Brasileira de

    Sinais, como tambm

    podemos encontrar a

    sigla LSB, que quer

    dizer Lngua de SinaisBrasileira.

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    precisam ser repensados e deslocados para as necessidadesque os surdos vivenciam na escola, no mercado de trabalho,nas ruas etc.

    Voc tambm vai encontrar um breve histricosobre a Lngua Brasileira de Sinais e elementos que, aolongo do tempo, configuraram modelos excludentes sobre acomunicao e as prprias relaes de excluso social.

    O alfabeto manual utilizado na lngua de sinais seraprendido, para que voc j possa estabelecer o primeirocontato lingustico com o surdo, aprendendo a dizer seunome, onde mora e o vocabulrio para uma saudao.

    E, por fim, compreenderemos os aspectos legais dereconhecimento da Libras e sua insero nos ambientessociais.

    2 MITOS SOBRE A LNGUA BRASILEIRA DE

    SINAIS E SOBRE OS SURDOS

    2.1 Mito 1: A Libras como uma lngua universal

    Voc sabia que muitos tm uma ideia de que a lnguade sinais a mesma utilizada por surdos em todos os pases?

    Porm as lnguas de sinais no so universais. Cadapas apresenta a sua prpria lngua e, portanto, se diferenciaem cada nacionalidade. No Brasil, ela chamada de Libras

    ou LSB.

    Lngua Brasileira de Sinais (Libras) ouLngua de Sinais Brasileira (LSB)

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    Introduo Lngua Brasileira de Sinais

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    Lngua de Sinais Portuguesa(LGP - Lngua Gestual Portuguesa)

    Lngua de Sinais Holandesa(SLN Sign Languege of Netherlands)

    Lngua de Sinais Americana(ASL American Sign Language)

    Lngua de Sinais Argentina

    (LSA - Lengua de Senas Argentina)

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    Lngua Francesa de Sinais(LSF Langue des Signes Franaise) etc.

    Lngua de Sinais Britnica(BSL - British Sign Language)

    Lngua de Sinais Chilena(JSL Lengua de Senas Chilena)

    Embora haja diversos contextos em que mais de umalngua falada, ocorre no Brasil um numeroso estudo sobreos contextos multilngues. Cavalcanti (1999) comentaque existe um forte mito de monolinguismo no pas, onde

    comunidades indgenas, imigrantes e at comunidadessurdas esto sendo excludas. A autora alerta que o pas tem

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    Introduo Lngua Brasileira de Sinais

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    cerca de 203 lnguas: 170 lnguas indgenas, 30 lnguas deimigrantes, 1 Lngua de Sinais Brasileira (a Libras), 1 Lnguade Sinais Kaapor Brasileira (LSKB) e, claro, a Lngua

    Portuguesa. Nota-se que o Brasil no um pas monolngue,visto que estes povos existem e mantm suas lnguas vivas,uma pluralidade lingustica e heterogeneidade cultural.

    Os ndios Urubu-Kaapor utilizam a LSKB que noapresenta relao estrutural ou lexical com a Libras, devido inexistncia de contato entre ambas.

    2.2 Mito 2: Terminologia surdo-mudo

    Como voc se refere pessoa que no ouve?Durante a histria, muitas terminologias foram

    criadas para que pudessem se referir s pessoas surdas oucom deficincia auditiva. Estas terminologias refletem ossaberes construdos sobre esses sujeitos e o modo pelo qual

    a sociedade se porta frente s relaes sociais.A terminologiasurdo-mudo tem sua raiz na histria,quando a pessoa surda estava condenada mudez. Sersurdo significava automaticamente ser mudo, e pior, ser umincapacitado, desabilitado e impossibilitado. Com o passardo tempo, apesar de se constatar ser possvel ensinar osurdo a falar uma lngua oral, e, principalmente, a partir deestudos conferirem s lnguas de sinais usadas pelos surdos

    h tantos sculos o ttulo de lngua verdadeira, ainda assim,vemos de forma recorrente o uso errneo da terminologiaem questo.

    Os surdos no so mudos necessariamente, visto queeles possuem o seu aparelho fonador em perfeitas condiesde desenvolvimento. A surdez no interfere diretamente nacondio fisiolgica da oralidade. Muitos deles, por no

    terem a referncia auditiva, acabam no desenvolvendonaturalmente a oralidade assim como os sujeitos ouvintes.

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    Acreditamos que s um trabalho informativo da

    comunidade surda junto sociedade sobre a inadequao do

    termo surdo-mudo pode, aos poucos, fazer cair em desuso esta

    terminologia.

    Figura 1: O aparelho auditivoFonte: www.aparelhosauditivosecia.com.br

    As causas da surdez no esto diretamente ligadass causas da mudez, uma vez que, seja na surdez congnitaou na adquirida, a incapacidade de ouvir se relaciona aproblemas que afetam o ouvido interno, principalmente acclea, ou por degenerao nos nervos auditivos, impedindoque os estmulos sonoros cheguem ao crebro por meio deestmulos nervosos.

    A cclea (ou caracol,

    devido sua forma)

    a poro do ouvido inter-no dos mamferos ondese encontra o rgo deCorti, que contm osterminais nervosos res-ponsveis pela audio.A cclea est relaciona-

    da com a audio e os

    canais semicirculares,

    com o equilbrio.

    Figura 2: A ccleaFonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/coclea/coclea.php

    Cclea

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    2.3 Mito 3: Linguagem ou lngua?

    Voc j disse ou ouviu algum dizer a expressoLinguagem Brasileira de Sinais?

    A Lngua Brasileira de Sinais, a partir do momentoque reconhecida como lngua, como todas as outraslnguas orais, com estruturas gramaticais prprias, perdeostatus de mmica e gesto, passando a no ser considerada

    como linguagem. Por isso, no se diz Linguagem Brasileirade Sinais, e simLngua Brasileira de Sinais.

    2.4 Mito 4: Todos os surdos fazem leitura labial

    Voc pode encontrar muitas pessoas que acreditamque, ao falar a Lngua Portuguesa de modo bem pausado, os

    surdos sero capazes de fazer a leitura labial e compreendertudo o que est sendo dito.

    Este um mito que precisa ser desconstrudo namedida em que reconhecemos que a leitura labial no de domnio de todos os surdos. Para se fazer a leitura, necessrio que o surdo tenha o domnio da lngua que estsendo oralizada, o que de fato no a realidade da grande parte

    dos surdos que no tiveram acesso a uma educao adequadaou acompanhamento de profissionais especializados quelhes possibilitassem uma efetiva alfabetizao e letramento

    O termo surdo seria e , atualmen-te, a expresso adotada pela CORDE(Coordenadoria Nacional para Inte-grao da Pessoa com Decincia)e tambm a expresso utilizada edefendida pela prpria comunidadesurda.

    Figura 3: Smbolo Internacional da SurdezFonte: www.corde.com.br

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    na Lngua Portuguesa.

    2.5 Mito 5: A lngua de sinais seria uma misturade pantomima e gesticulao concreta,

    incapaz de expressar conceitos abstratos

    Este outro erro cometido pelas pessoas. Elaspensam que os sinais so concretos, que so apenas gestos.No entanto, os sinais so os itens lexicais da lngua desinais, dotados de significado, arbitrrios na relao entre

    o significado e o significante, de modo visual. Os sinaisexpressam sentimentos, emoes, inclusive ideias abstratas.

    2.6 Mito 6: Haveria uma falha na organizao

    gramatical da lngua de sinais que seria

    derivada das lnguas de sinais, sendo um

    pidgin sem estrutura prpria, subordinadae inferior s lnguas orais

    Isto no verdade, pois a lngua de sinais umalngua de fato, e tambm independe de lngua oral. As lnguasde sinais so autnomas e apresentam o mesmo estatutolingustico identificado nas lnguas faladas, ou seja, dispe

    dos mesmos nveis lingusticos de anlise e to complexaquanto as lnguas faladas.

    2.7 Mito 7: As lnguas de sinais derivariam

    da comunicao gestual espontnea dos

    ouvintes

    As lnguas de sinais so to complexas quanto outras

    Pidgin no uma lnguanatural, mas uma ln-gua que o sujeito apren-de por fora de algumacircunstncia, j adulto,quando j tem uma ln-gua materna. Pidgin uma lngua emergencialporque aparece em situ-aes extremas de bar-reiras da comunicao.(McCLEARY, 2008, p.22)

    saiba mais

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    Introduo Lngua Brasileira de Sinais

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    lnguas orais. Muitas vezes as pessoas acham que sabem alngua de sinais porque sinalizam alguns gestos e sinaisaleatrios.

    possvel perceber que estes mitos passaram muitosanos no pensamento das pessoas, e o que hoje se tem feito provar que a lngua de sinais uma lngua natural. Quadros(1998, p.45) refora o pensamento de Chomsky:

    Tais lnguas so naturais internamente eexternamente, pois refletem a capacidadepsicobiolgica humana para a linguagem e

    porque surgiram da mesma forma que aslnguas orais da necessidade especficae natural dos seres humanos de usaremum sistema lingustico para expressaremidias, sentimentos e emoes.

    As lnguas de sinais so sistemas lingusticos quepassaram de gerao em gerao de pessoas surdas. Solnguas que no derivam das lnguas orais, mas fluram deuma necessidade natural de comunicao entre pessoas queno utilizam o canal auditivo oral, mas o canal espao visualcomo modalidade lingustica (QUADROS, 1997).

    2.8 Mito 8: As crianas surdas que falam mal

    (ou no falam) so intelectualmente menos

    desenvolvidas que as crianas ouvintes

    No se deve confundir domnio da lngua oralcom domnio de pensamento. A criana surda no

    obrigatoriamente uma criana com desenvolvimentointelectual afetado.

    O co possui audiomuito mais desenvolvidaque a humana. Por issoexiste um tipo de apito,usado por treinadores,que emite um som toagudo que parece noexistir para ns, mas osces conseguem capt-lo.

    Em compensao, a audi-o dos golnhos percebe

    sons to agudos que nemos ces so capazes deescutar.

    voc sabia?

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    3 A HISTRIA DAS LNGUAS DE SINAIS

    Com base nas pesquisas j realizadas, no se sabe

    ao certo onde e como surgiram as lnguas de sinais dascomunidades surdas, mas consideramos que elas socriadas por homens que tentam resgatar o funcionamentocomunicativo atravs dos demais canais, por terem umimpedimento sensorial auditivo. Contudo a sua origemremonta possivelmente mesma poca ou a pocas anterioresquelas em que foram sendo desenvolvidas as lnguas orais.

    Os pesquisadores observam que as escolas(especialmente os internatos) foram (e continuam sendo)espaos importantes para o uso e a aprendizagem da lngua,mas, geralmente, as lnguas de sinais eram proibidas. E poresse motivo, movimentos de resistncias sempre surgiramno intuito de reconhecer o uso e a difuso das lnguas desinais.

    De acordo com Soares (1999) e Moura, Lodi,

    Harison (1997), a verdadeira educao de surdos iniciou-secom Pedro Ponce De Leon (1520-1584), na Europa, aindadirigida educao de filhos de nobres. Leon era da OrdemBeneditina e, em um mosteiro, tinha muitos alunos surdos,onde se dedicava ao ensino da fala, leitura e escrita.

    Denis Diderot, na Frana, produziu tambm a Cartasobre os surdos-mudospara uso dos que ouvem e falam (1751),

    texto este destinado a um professor de retrica e filosofiaantiga, em que questiona os mtodos at ento utilizadoscom surdos, ressalva a complexidade das lnguas de sinais eanalisa, linguisticamente, a produo de signos por meio degestos.

    Em 1756, Abb de LEpe cria, em Paris, a primeiraescola para surdos, o Instituto Nacional de Jovens Surdosde Paris, com uma filosofia manualista e oralista. Foi a

    primeira vez na histria, que os surdos adquiriram o direitoao uso de uma lngua prpria (ALBRES apud GREMION,

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    Introduo Lngua Brasileira de Sinais

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    2005, p. 47).Outros espaos observados so as fbricas, que

    tiveram seu incio com a Revoluo Industrial. No ambiente

    de trabalho, os surdos, mesmo sem educao, vindos deprovncias distantes, aprendiam a lngua de sinais.

    A pesquisadora Neiva Aquino Albres (2005) observaque, no Brasil, o atendimento escolar especial s pessoasdeficientes teve seu incio na dcada de cinquenta do sculoXIX. A primeira escola de surdos no Brasil foi criada pelaLei n 839, de 26 de setembro de 1857, por Dom Pedro II, noRio de Janeiro, chamada de Imperial Instituto dos Surdos-

    Mudos (IISM), ainda existente nos dias de hoje com o nomeInstituto Nacional de Educao de Surdos (INES), voltado educao literria e ensino profissionalizante de meninoscom idade entre 7 e 14 anos. Teve como primeiro professorErnesto Huet, cidado surdo francs, trazendo consigoa Lngua de Sinais Francesa. Conforme Goldfeld (1997),em 1911, o IISM segue a tendncia mundial e estabelece

    o oralismo puro como filosofia de educao. Entretanto alngua de sinais sobreviveu na sala de aula, at 1957, e nosptios e corredores da escola a partir desta data, quando foiseveramente proibida.

    Neste Instituto, os alunos educados pela lnguaescrita dactolgica e de sinais conseguiram ser recuperadosna comunicao expressiva, dos seus sentimentos, parapoderem conviver com as pessoas ouvintes. Ainda hojeexistem muitos sinais que eram usados nos primeirostempos do INES.

    O alfabeto manual, de origem francesa, foi difundidopor todo o Brasil pelos prprios alunos do IISM que, naquelapoca, eram trazidos pelos pais para o Rio de Janeiro, vindosde todas as partes do pas. Mazzota (1999) descreve que, em 1929, fundado o

    Instituto Santa Teresinha na cidade de Campinas-SP, depoisde duas freiras passarem quatro anos no Instituto de Bourg-

    Figura 4: Imperial Instituto dos Sur-dos-Mudos (IISM) atualmente Insti-tuto Nacional de Educao de Surdos(INES) - Fonte: www.ines.org.br

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    la-Reine, em Paris Frana, a fim de ter uma formaoespecializada no ensino de crianas surdas. Funcionava emregime de internato, s para meninas surdas.

    Para Albres (2005, p. 3)

    Os principais Institutos de Educaode Surdos tiveram como modelo aeducao francesa e conseqentemente,independente da contradio entre ensinooralidade ou Lngua de Sinais, carregamconsigo a Lngua Francesa de Sinais. Porisso a escola tem relao direta com o

    desenvolvimento da Lngua de Sinais emnosso pas, pois nesse espao que ossurdos se encontram quando crianas.

    Figura 5: Alunos no IISM - Fonte: www.ines.org.br

    Em 1957, o IISM passa a denominar-se InstitutoNacional de Educao de Surdos INES, atravs da Lei n3.198 de 06 de julho de 1957.

    No ano de 1864, foi criada a primeira instituiosuperior para surdos, a Gallaudet University, reconhecidacomo a nica faculdade de cincias humanas do mundo paraalunos surdos.

    O uso da lngua de sinais justificava-se, na poca, parao ensino do surdo a escrever e a falar. A comunicao erapresencial e importantssima como instrumento de relaes

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    interculturais. Como o mtodo no atendeu aos objetivos,pois para os surdos muito mais fcil gestualizar do quedesprender energia e tempo para estimular e produzir som

    vocal, desviava-se o foco da oralidade. At que, no Congressode Milo, ocorre a proibio do uso da lngua de sinais.

    Figura 6: dia_do_surdo2.jpgFonte: www.edmarciuscarvalho.blogspot.com

    No perodo de 1970 a 1992, os surdos se fortalecerame reivindicaram os seus direitos. Desde aquela poca, asescolas tradicionais existentes no mtodo oral de filosofia e,at hoje, boa parte delas vem adotando o modelo inclusivoem que a lngua de sinais se constitui elemento primordialpara o atendimento educacional dos alunos surdos.

    Em 2002, foi promulgada uma lei que reconhece aLngua Brasileira de Sinais como meio de comunicaoobjetiva e de utilizao das comunidades surdas no Brasil.Em 2005, foi promulgado um decreto que tornou obrigatriaa insero da disciplina de Lngua Brasileira de Sinais noscursos de formao de professores para o exerccio domagistrio em nvel mdio (curso normal) e superior(Pedagogia, Educao Especial, Fonoaudiologia e Letras).

    Desde ento, as instituies de ensino vm procurando seadequar a esses regimentos legais. Figura 6: dia_do_surdo2.jpg

    Fonte: www.edmarciuscarvalho.blogspot.com

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    Assim, a Libras assume um papel lingustico emdestaque no cenrio nacional da educao, permitidopela realidade da comunicao, dentro de um modelo

    multicultural, como uma perspectiva humanizadora,oportunizando, nos espaos sociais, uma leitura de mudoque respeita a diversidade.

    4 ALFABETO MANUAL

    A datilologia ou alfabeto manual um sistema de

    representao, quer simblica, quer icnica, das letras dosalfabetos das lnguas orais na sua forma escrita, porm, pormeio das mos. til para se entender melhor a comunidadesurda, uma vez que faz parte da sua cultura e surge danecessidade de contato com os cidados ouvintes.

    Em geral, um erro comparar o alfabeto manualcom a lngua de sinais, quando, na realidade, o alfabeto a

    anotao, por meio das mos, das letras das lnguas orais edos seus principais caracteres.A datilologia foi inserida nas lnguas gestuais, por

    educadores, tanto ouvintes quanto surdos, e serve de ponteentre a lngua gestual e a lngua oral. Ela usada em muitaslnguas de sinais, com vrios propsitos: representar palavras(especialmente nomes de pessoas ou de localidades) queno tm sinal equivalente, ou para nfase ou clarificao, ou

    ainda para ensinar ou aprender uma determinada lngua desinais.

    Outro equivoco tambm pensar que o alfabetomanual igual em todas as lnguas de sinais. Embora hajasemelhanas em muitos alfabetos manuais de lnguas desinais diferentes, observam-se muitas diferenas em suasestruturas manuais. Vejamos:

    30 EADLetras Vernculas

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    4.1 Alfabeto e nmeros na Lngua Brasileira de

    Sinais

    ALFABETO

    NMEROS

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    4.2 Alfabeto manual em outras lnguas de sinais

    Argentina

    Austrlia

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    Blgica

    Coreia

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    Espanha

    EUA

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    Frana

    Grcia

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    Holanda

    Ioguslvia

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    Itlia

    Japo

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    Mxico

    Portugal

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    Venezuela

    VAMOSAPRENDERALGUNS

    SINAISPARASAUDAES:

    Fonte: enflibras.blogspot.com/2009/03/alfabeto-manual-em-varios-idiomas-na.html

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    TUDO BEM? BEM!

    EU SOU OUVINTE EU USO LIBRAS

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    5 O RECONHECIMENTO DA LNGUA DE SINAIS

    A Lngua Brasileira de Sinais, graas luta sistemtica

    e persistente das comunidades surdas, foi reconhecidano Brasil como a Lngua Oficial da Pessoa Surda, coma publicao da Lei n 10.436 de 24 de abril, de 2002 e odecreto 5.626 de 22 de dezembro de 2005.

    A conquista deste direito traz significados na vidasocial e poltica da nao brasileira. O provimento dascondies bsicas e fundamentais de acesso Libras sefaz indispensvel. Requer o seu ensino, a formao de

    instrutores e intrpretes, a presena de intrpretes nos locaispblicos e a sua insero nas polticas de sade, educao,trabalho, esporte e lazer, turismo e, finalmente, nos meiosde comunicao e nas relaes cotidianas entre pessoassurdas e ouvintes.

    Tais conquistas, decorrentes destas lutas sociais,constroem novas oportunidades para que o surdo possa

    integrar-se luta pelo seu prprio desenvolvimento e pelavalorizao de sua condio sociocultural.Abaixo, vamos observar a lei e o decreto citados e

    compreender a dinmica estrutural pela qual os ambientesescolares e no escolares precisam se adaptar pensando apromoo da insero social dos surdos:

    LEIN10.436,DE24DEABRILDE2002.

    Dispe sobre a Lngua Brasileira de Sinais - Libras e d

    outras providncias.

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    O PRESIDENTE DA REPBLICA Fao saber que oCongresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

    Art. 1o reconhecida como meio legal de comunicao

    e expresso a Lngua Brasileira de Sinais - Libras e outrosrecursos de expresso a ela associados.

    Pargrafo nico. Entende-se como Lngua Brasileira deSinais - Libras a forma de comunicao e expresso, em que osistema lingustico de natureza visual-motora, com estruturagramatical prpria, constituem um sistema lingustico detransmisso de idias e fatos, oriundos de comunidades de

    pessoas surdas do Brasil.

    Art. 2o Deve ser garantido, por parte do poder pblico emgeral e empresas concessionrias de servios pblicos, formasinstitucionalizadas de apoiar o uso e difuso da LnguaBrasileira de Sinais - Libras como meio de comunicaoobjetiva e de utilizao corrente das comunidades surdas doBrasil.

    Art. 3o As instituies pblicas e empresas concessionriasde servios pblicos de assistncia sade devem garantiratendimento e tratamento adequado aos portadores dedeficincia auditiva, de acordo com as normas legais emvigor.

    Art. 4o O sistema educacional federal e os sistemas

    educacionais estaduais, municipais e do Distrito Federaldevem garantir a incluso nos cursos de formao deEducao Especial, de Fonoaudiologia e de Magistrio, emseus nveis mdio e superior, do ensino da Lngua Brasileirade Sinais - Libras, como parte integrante dos ParmetrosCurriculares Nacionais - PCNs, conforme legislaovigente.

    Pargrafo nico. A Lngua Brasileira de Sinais - Libras nopoder substituir a modalidade escrita da lngua portuguesa.

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    Art. 5o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicao.

    Braslia, 24 de abril de 2002; 181o da Independncia e 114oda Repblica.

    FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

    Paulo Renato Souza

    Texto publicado no D.O.U. de 25.4.2002

    DECRETON5.626,DE22DEDEZEMBRODE2005.

    O PRESIDENTE DA REPBLICA, no uso das atribuiesque lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituio, e tendoem vista o disposto na Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002,e no art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000,

    DECRETA:

    CAPTULO I

    DAS DISPOSIES PRELIMINARES

    Art. 1o Este Decreto regulamenta a Lei no 10.436, de 24 deabril de 2002, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembrode 2000.

    Art. 2o Para os fins deste Decreto, considera-se pessoasurda aquela que, por ter perda auditiva, compreende einterage com o mundo por meio de experincias visuais,manifestando sua cultura principalmente pelo uso da LnguaBrasileira de Sinais - Libras.

    Pargrafo nico. Considera-se deficincia auditiva a perdabilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibis (dB)

    ou mais, aferida por audiograma nas freqncias de 500Hz,1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz.

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    CAPTULO II

    DA INCLUSO DA LIBRAS COMO DISCIPLINACURRICULAR

    Art. 3o A Libras deve ser inserida como disciplina curricularobrigatria nos cursos de formao de professores para oexerccio do magistrio, em nvel mdio e superior, e noscursos de Fonoaudiologia, de instituies de ensino, pblicase privadas, do sistema federal de ensino e dos sistemas de

    ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios.

    1o Todos os cursos de licenciatura, nas diferentes reasdo conhecimento, o curso normal de nvel mdio, o cursonormal superior, o curso de Pedagogia e o curso de EducaoEspecial so considerados cursos de formao de professorese profissionais da educao para o exerccio do magistrio.

    2o A Libras constituir-se- em disciplina curricular optativanos demais cursos de educao superior e na educaoprofissional, a partir de um ano da publicao deste Decreto.

    CAPTULO III

    DA FORMAO DO PROFESSOR DE LIBRAS E DOINSTRUTOR DE LIBRAS

    Art. 4o A formao de docentes para o ensino de Libras nassries finais do ensino fundamental, no ensino mdio e naeducao superior deve ser realizada em nvel superior, emcurso de graduao de licenciatura plena em Letras: Librasou em Letras: Libras/Lngua Portuguesa como segundalngua.

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    Pargrafo nico. As pessoas surdas tero prioridade noscursos de formao previstos no caput.

    Art. 5o A formao de docentes para o ensino de Libras na

    educao infantil e nos anos iniciais do ensino fundamentaldeve ser realizada em curso de Pedagogia ou curso normalsuperior, em que Libras e Lngua Portuguesa escrita tenhamconstitudo lnguas de instruo, viabilizando a formaobilngue.

    1o Admite-se como formao mnima de docentes parao ensino de Libras na educao infantil e nos anos iniciais

    do ensino fundamental, a formao ofertada em nvel mdiona modalidade normal, que viabilizar a formao bilngue,referida no caput.

    2o As pessoas surdas tero prioridade nos cursos deformao previstos no caput.

    Art. 6o A formao de instrutor de Libras, em nvel mdio,

    deve ser realizada por meio de:

    I - cursos de educao profissional;

    II - cursos de formao continuada promovidos porinstituies de ensino superior; e

    III - cursos de formao continuada promovidos porinstituies credenciadas por secretarias de educao.

    1o A formao do instrutor de Libras pode ser realizadatambm por organizaes da sociedade civil representativa dacomunidade surda, desde que o certificado seja convalidadopor pelo menos uma das instituies referidas nos incisosII e III.

    2o As pessoas surdas tero prioridade nos cursos de

    formao previstos no caput.

    Art. 7o Nos prximos dez anos, a partir da publicao deste

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    Decreto, caso no haja docente com ttulo de ps-graduaoou de graduao em Libras para o ensino dessa disciplina emcursos de educao superior, ela poder ser ministrada por

    profissionais que apresentem pelo menos um dos seguintesperfis:

    I - professor de Libras, usurio dessa lngua com curso deps-graduao ou com formao superior e certificado deproficincia em Libras, obtido por meio de exame promovidopelo Ministrio da Educao;

    II - instrutor de Libras, usurio dessa lngua com formao

    de nvel mdio e com certificado obtido por meio de examede proficincia em Libras, promovido pelo Ministrio daEducao;

    III - professor ouvinte bilngue: Libras - Lngua Portuguesa,com ps-graduao ou formao superior e com certificadoobtido por meio de exame de proficincia em Libras,promovido pelo Ministrio da Educao.

    1o Nos casos previstos nos incisos I e II, as pessoas surdastero prioridade para ministrar a disciplina de Libras.

    2o A partir de um ano da publicao deste Decreto, ossistemas e as instituies de ensino da educao bsica e asde educao superior devem incluir o professor de Librasem seu quadro do magistrio.

    Art. 8o O exame de proficincia em Libras, referido noart. 7o, deve avaliar a fluncia no uso, o conhecimento e acompetncia para o ensino dessa lngua.

    1o O exame de proficincia em Libras deve ser promovido,anualmente, pelo Ministrio da Educao e instituies deeducao superior por ele credenciadas para essa finalidade.

    2o A certificao de proficincia em Libras habilitar oinstrutor ou o professor para a funo docente.

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    Introduo Lngua Brasileira de Sinais

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    3o O exame de proficincia em Libras deve ser realizadopor banca examinadora de amplo conhecimento em Libras,constituda por docentes surdos e lingistas de instituies

    de educao superior.Art. 9o A partir da publicao deste Decreto, as instituiesde ensino mdio que oferecem cursos de formao parao magistrio na modalidade normal e as instituies deeducao superior que oferecem cursos de Fonoaudiologiaou de formao de professores devem incluir Libras comodisciplina curricular, nos seguintes prazos e percentuais

    mnimos:I - at trs anos, em vinte por cento dos cursos da instituio;

    II - at cinco anos, em sessenta por cento dos cursos dainstituio;

    III - at sete anos, em oitenta por cento dos cursos dainstituio; e

    IV - dez anos, em cem por cento dos cursos da instituio.

    Pargrafo nico. O processo de incluso da Libras comodisciplina curricular deve iniciar-se nos cursos de EducaoEspecial, Fonoaudiologia, Pedagogia e Letras, ampliando-seprogressivamente para as demais licenciaturas.

    Art. 10. As instituies de educao superior devem incluir

    a Libras como objeto de ensino, pesquisa e extenso noscursos de formao de professores para a educao bsica,nos cursos de Fonoaudiologia e nos cursos de Traduo eInterpretao de Libras - Lngua Portuguesa.

    Art. 11. O Ministrio da Educao promover, a partir dapublicao deste Decreto, programas especficos para acriao de cursos de graduao:

    I - para formao de professores surdos e ouvintes, para a

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    educao infantil e anos iniciais do ensino fundamental, queviabilize a educao bilngue: Libras - Lngua Portuguesacomo segunda lngua;

    II - de licenciatura em Letras: Libras ou em Letras: Libras/Lngua Portuguesa, como segunda lngua para surdos;

    III - de formao em Traduo e Interpretao de Libras -Lngua Portuguesa.

    Art. 12. As instituies de educao superior, principalmenteas que ofertam cursos de Educao Especial, Pedagogia

    e Letras, devem viabilizar cursos de ps-graduao paraa formao de professores para o ensino de Libras e suainterpretao, a partir de um ano da publicao desteDecreto.

    Art. 13. O ensino da modalidade escrita da LnguaPortuguesa, como segunda lngua para pessoas surdas,deve ser includo como disciplina curricular nos cursos de

    formao de professores para a educao infantil e paraos anos iniciais do ensino fundamental, de nvel mdio esuperior, bem como nos cursos de licenciatura em Letrascom habilitao em Lngua Portuguesa.

    Pargrafo nico. O tema sobre a modalidade escrita da lnguaportuguesa para surdos deve ser includo como contedonos cursos de Fonoaudiologia.

    CAPTULO IV

    DO USO E DA DIFUSO DA LIBRAS E DA LNGUA

    PORTUGUESA PARA O ACESSO DAS PESSOASSURDAS EDUCAO

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    Introduo Lngua Brasileira de Sinais

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    Art. 14. As instituies federais de ensino devem garantir,obrigatoriamente, s pessoas surdas acesso comunicao, informao e educao nos processos seletivos, nas

    atividades e nos contedos curriculares desenvolvidos emtodos os nveis, etapas e modalidades de educao, desde aeducao infantil at superior.

    1o Para garantir o atendimento educacional especializadoe o acesso previsto no caput, as instituies federais deensino devem:

    I - promover cursos de formao de professores para:

    a) o ensino e uso da Libras;

    b) a traduo e interpretao de Libras - Lngua Portuguesa;e

    c) o ensino da Lngua Portuguesa, como segunda lngua parapessoas surdas;

    II - ofertar, obrigatoriamente, desde a educao infantil, oensino da Libras e tambm da Lngua Portuguesa, comosegunda lngua para alunos surdos;

    III - prover as escolas com:

    a) professor de Libras ou instrutor de Libras;

    b) tradutor e intrprete de Libras - Lngua Portuguesa;

    c) professor para o ensino de Lngua Portuguesa comosegunda lngua para pessoas surdas; e

    d) professor regente de classe com conhecimento acerca dasingularidade lingstica manifestada pelos alunos surdos;

    IV - garantir o atendimento s necessidades educacionaisespeciais de alunos surdos, desde a educao infantil, nassalas de aula e, tambm, em salas de recursos, em turnocontrrio ao da escolarizao;

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    V - apoiar, na comunidade escolar, o uso e a difuso de Librasentre professores, alunos, funcionrios, direo da escola efamiliares, inclusive por meio da oferta de cursos;

    VI - adotar mecanismos de avaliao coerentes comaprendizado de segunda lngua, na correo das provasescritas, valorizando o aspecto semntico e reconhecendoa singularidade lingstica manifestada no aspecto formal daLngua Portuguesa;

    VII - desenvolver e adotar mecanismos alternativos paraa avaliao de conhecimentos expressos em Libras, desde

    que devidamente registrados em vdeo ou em outros meioseletrnicos e tecnolgicos;

    VIII - disponibilizar equipamentos, acesso s novastecnologias de informao e comunicao, bem comorecursos didticos para apoiar a educao de alunos surdosou com deficincia auditiva.

    2o O professor da educao bsica, bilngue, aprovado emexame de proficincia em traduo e interpretao de Libras- Lngua Portuguesa, pode exercer a funo de tradutore intrprete de Libras - Lngua Portuguesa, cuja funo distinta da funo de professor docente.

    3o As instituies privadas e as pblicas dos sistemas deensino federal, estadual, municipal e do Distrito Federal

    buscaro implementar as medidas referidas neste artigo comomeio de assegurar atendimento educacional especializadoaos alunos surdos ou com deficincia auditiva.

    Art. 15. Para complementar o currculo da base nacionalcomum, o ensino de Libras e o ensino da modalidade escritada Lngua Portuguesa, como segunda lngua para alunossurdos, devem ser ministrados em uma perspectiva dialgica,

    funcional e instrumental, como:

    I - atividades ou complementao curricular especfica na

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    Introduo Lngua Brasileira de Sinais

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    educao infantil e anos iniciais do ensino fundamental; e

    II - reas de conhecimento, como disciplinas curriculares,nos anos finais do ensino fundamental, no ensino mdio e

    na educao superior.

    Art. 16. A modalidade oral da Lngua Portuguesa, naeducao bsica, deve ser ofertada aos alunos surdos ou comdeficincia auditiva, preferencialmente em turno distinto aoda escolarizao, por meio de aes integradas entre as reasda sade e da educao, resguardado o direito de opo dafamlia ou do prprio aluno por essa modalidade.

    Pargrafo nico. A definio de espao para odesenvolvimento da modalidade oral da Lngua Portuguesae a definio dos profissionais de Fonoaudiologia paraatuao com alunos da educao bsica so de competnciados rgos que possuam estas atribuies nas unidadesfederadas.

    CAPTULO V

    DA FORMAO DO TRADUTOR E INTRPRETEDE LIBRAS - LNGUA PORTUGUESA

    Art. 17. A formao do tradutor e intrprete de Libras -

    Lngua Portuguesa deve efetivar-se por meio de cursosuperior de Traduo e Interpretao, com habilitao emLibras - Lngua Portuguesa.

    Art. 18. Nos prximos dez anos, a partir da publicao desteDecreto, a formao de tradutor e intrprete de Libras -Lngua Portuguesa, em nvel mdio, deve ser realizada pormeio de:

    I - cursos de educao profissional;

    II - cursos de extenso universitria; e

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    III - cursos de formao continuada promovidos porinstituies de ensino superior e instituies credenciadaspor secretarias de educao.

    Pargrafo nico. A formao de tradutor e intrprete deLibras pode ser realizada por organizaes da sociedade civilrepresentativas da comunidade surda, desde que o certificadoseja convalidado por uma das instituies referidas no incisoIII.

    Art. 19. Nos prximos dez anos, a partir da publicao desteDecreto, caso no haja pessoas com a titulao exigida para

    o exerccio da traduo e interpretao de Libras - LnguaPortuguesa, as instituies federais de ensino devem incluir,em seus quadros, profissionais com o seguinte perfil:

    I - profissional ouvinte, de nvel superior, com competnciae fluncia em Libras para realizar a interpretao dasduas lnguas, de maneira simultnea e consecutiva, e comaprovao em exame de proficincia, promovido peloMinistrio da Educao, para atuao em instituies deensino mdio e de educao superior;

    II - profissional ouvinte, de nvel mdio, com competnciae fluncia em Libras para realizar a interpretao das duaslnguas, de maneira simultnea e consecutiva, e com aprovaoem exame de proficincia, promovido pelo Ministrio daEducao, para atuao no ensino fundamental;

    III - profissional surdo, com competncia para realizar ainterpretao de lnguas de sinais de outros pases para aLibras, para atuao em cursos e eventos.

    Pargrafo nico. As instituies privadas e as pblicas dossistemas de ensino federal, estadual, municipal e do DistritoFederal buscaro implementar as medidas referidas neste

    artigo como meio de assegurar aos alunos surdos ou comdeficincia auditiva o acesso comunicao, informao e

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    educao.

    Art. 20. Nos prximos dez anos, a partir da publicaodeste Decreto, o Ministrio da Educao ou instituies

    de ensino superior por ele credenciadas para essa finalidadepromovero, anualmente, exame nacional de proficinciaem traduo e interpretao de Libras - Lngua Portuguesa.

    Pargrafo nico. O exame de proficincia em traduoe interpretao de Libras - Lngua Portuguesa deve serrealizado por banca examinadora de amplo conhecimentodessa funo, constituda por docentes surdos, lingistas

    e tradutores e intrpretes de Libras de instituies deeducao superior.

    Art. 21. A partir de um ano da publicao deste Decreto,as instituies federais de ensino da educao bsica e daeducao superior devem incluir, em seus quadros, em todosos nveis, etapas e modalidades, o tradutor e intrpretede Libras - Lngua Portuguesa, para viabilizar o acesso comunicao, informao e educao de alunos surdos.

    1o O profissional a que se refere o caput atuar:

    I - nos processos seletivos para cursos na instituio deensino;

    II - nas salas de aula para viabilizar o acesso dos alunos

    aos conhecimentos e contedos curriculares, em todas asatividades didtico-pedaggicas; e

    III - no apoio acessibilidade aos servios e s atividades-fim da instituio de ensino.

    2o As instituies privadas e as pblicas dos sistemas deensino federal, estadual, municipal e do Distrito Federalbuscaro implementar as medidas referidas neste artigo

    como meio de assegurar aos alunos surdos ou com deficinciaauditiva o acesso comunicao, informao e educao.

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    CAPTULO VI

    DA GARANTIA DO DIREITO EDUCAODAS PESSOAS SURDAS OU COM DEFICINCIA

    AUDITIVA

    Art. 22. As instituies federais de ensino responsveis pelaeducao bsica devem garantir a incluso de alunos surdosou com deficincia auditiva, por meio da organizao de:

    I - escolas e classes de educao bilngue, abertas a alunossurdos e ouvintes, com professores bilngues, na educaoinfantil e nos anos iniciais do ensino fundamental;

    II - escolas bilngues ou escolas comuns da rede regularde ensino, abertas a alunos surdos e ouvintes, para osanos finais do ensino fundamental, ensino mdio oueducao profissional, com docentes das diferentes reasdo conhecimento, cientes da singularidade lingstica dosalunos surdos, bem como com a presena de tradutores eintrpretes de Libras - Lngua Portuguesa.

    1o So denominadas escolas ou classes de educaobilngue aquelas em que a Libras e a modalidade escrita daLngua Portuguesa sejam lnguas de instruo utilizadas nodesenvolvimento de todo o processo educativo.

    2o Os alunos tm o direito escolarizao em um turnodiferenciado ao do atendimento educacional especializadopara o desenvolvimento de complementao curricular, comutilizao de equipamentos e tecnologias de informao.

    3o As mudanas decorrentes da implementao dos incisosI e II implicam a formalizao, pelos pais e pelos prpriosalunos, de sua opo ou preferncia pela educao sem o uso

    de Libras.

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    4o O disposto no 2o deste artigo deve ser garantidotambm para os alunos no usurios da Libras.

    Art. 23. As instituies federais de ensino, de educao

    bsica e superior, devem proporcionar aos alunos surdosos servios de tradutor e intrprete de Libras - LnguaPortuguesa em sala de aula e em outros espaos educacionais,bem como equipamentos e tecnologias que viabilizem oacesso comunicao, informao e educao.

    1o Deve ser proporcionado aos professores acesso literatura e informaes sobre a especificidade lingstica

    do aluno surdo.

    2o As instituies privadas e as pblicas dos sistemas deensino federal, estadual, municipal e do Distrito Federalbuscaro implementar as medidas referidas neste artigocomo meio de assegurar aos alunos surdos ou com deficinciaauditiva o acesso comunicao, informao e educao.

    Art. 24. A programao visual dos cursos de nvel mdio esuperior, preferencialmente os de formao de professores,na modalidade de educao a distncia, deve dispor desistemas de acesso informao como janela com tradutor eintrprete de Libras - Lngua Portuguesa e subtitulao pormeio do sistema de legenda oculta, de modo a reproduzir asmensagens veiculadas s pessoas surdas, conforme prev oDecreto no 5.296, de 2 de dezembro de 2004.

    CAPTULO VII

    DA GARANTIA DO DIREITO SADE DASPESSOAS SURDAS OU COM DEFICINCIA

    AUDITIVA

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    Art. 25. A partir de um ano da publicao deste Decreto,o Sistema nico de Sade - SUS e as empresas que detmconcesso ou permisso de servios pblicos de assistncia

    sade, na perspectiva da incluso plena das pessoas surdas oucom deficincia auditiva em todas as esferas da vida social,devem garantir, prioritariamente aos alunos matriculados nasredes de ensino da educao bsica, a ateno integral suasade, nos diversos nveis de complexidade e especialidadesmdicas, efetivando:

    I - aes de preveno e desenvolvimento de programas de

    sade auditiva;II - tratamento clnico e atendimento especializado,respeitando as especificidades de cada caso;

    III - realizao de diagnstico, atendimento precoce e doencaminhamento para a rea de educao;

    IV - seleo, adaptao e fornecimento de prtese auditiva

    ou aparelho de amplificao sonora, quando indicado;

    V - acompanhamento mdico e fonoaudiolgico e terapiafonoaudiolgica;

    VI - atendimento em reabilitao por equipe multiprofissional;

    VII - atendimento fonoaudiolgico s crianas, adolescentese jovens matriculados na educao bsica, por meio de

    aes integradas com a rea da educao, de acordo com asnecessidades teraputicas do aluno;

    VIII - orientaes famlia sobre as implicaes da surdeze sobre a importncia para a criana com perda auditiva ter,desde seu nascimento, acesso Libras e Lngua Portuguesa;

    IX - atendimento s pessoas surdas ou com deficincia

    auditiva na rede de servios do SUS e das empresas quedetm concesso ou permisso de servios pblicos de

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    assistncia sade, por profissionais capacitados para o usode Libras ou para sua traduo e interpretao; e

    X - apoio capacitao e formao de profissionais da rede

    de servios do SUS para o uso de Libras e sua traduo einterpretao.

    1o O disposto neste artigo deve ser garantido tambm paraos alunos surdos ou com deficincia auditiva no usuriosda Libras.

    2o O Poder Pblico, os rgos da administrao pblica

    estadual, municipal, do Distrito Federal e as empresasprivadas que detm autorizao, concesso ou permissode servios pblicos de assistncia sade buscaroimplementar as medidas referidas no art. 3o da Lei no 10.436,de 2002, como meio de assegurar, prioritariamente, aosalunos surdos ou com deficincia auditiva matriculados nasredes de ensino da educao bsica, a ateno integral suasade, nos diversos nveis de complexidade e especialidadesmdicas.

    CAPTULO VIII

    DO PAPEL DO PODER PBLICO E DAS EMPRESASQUE DETM CONCESSO OU PERMISSO DE

    SERVIOS PBLICOS, NO APOIO AO USO EDIFUSO DA LIBRAS

    Art. 26. A partir de um ano da publicao deste Decreto,o Poder Pblico, as empresas concessionrias de serviospblicos e os rgos da administrao pblica federal, diretae indireta devem garantir s pessoas surdas o tratamentodiferenciado, por meio do uso e difuso de Libras e da

    traduo e interpretao de Libras - Lngua Portuguesa,realizados por servidores e empregados capacitados para essafuno, bem como o acesso s tecnologias de informao,

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    conforme prev o Decreto no 5.296, de 2004.

    1o As instituies de que trata o caput devem dispor de,pelo menos, cinco por cento de servidores, funcionrios e

    empregados capacitados para o uso e interpretao da Libras.

    2o O Poder Pblico, os rgos da administrao pblicaestadual, municipal e do Distrito Federal, e as empresasprivadas que detm concesso ou permisso de serviospblicos buscaro implementar as medidas referidas nesteartigo como meio de assegurar s pessoas surdas ou comdeficincia auditiva o tratamento diferenciado, previsto no

    caput.

    Art. 27. No mbito da administrao pblica federal, diretae indireta, bem como das empresas que detm concessoe permisso de servios pblicos federais, os serviosprestados por servidores e empregados capacitados parautilizar a Libras e realizar a traduo e interpretao de Libras- Lngua Portuguesa esto sujeitos a padres de controlede atendimento e a avaliao da satisfao do usurio dosservios pblicos, sob a coordenao da Secretaria de Gestodo Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto, emconformidade com o Decreto no 3.507, de 13 de junho de2000.

    Pargrafo nico. Caber administrao pblica no mbitoestadual, municipal e do Distrito Federal disciplinar, emregulamento prprio, os padres de controle do atendimentoe avaliao da satisfao do usurio dos servios pblicos,referido no caput.

    CAPTULO IX

    DAS DISPOSIES FINAISArt. 28. Os rgos da administrao pblica federal, direta

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    e indireta, devem incluir em seus oramentos anuais eplurianuais dotaes destinadas a viabilizar aes previstasneste Decreto, prioritariamente as relativas formao,

    capacitao e qualificao de professores, servidores eempregados para o uso e difuso da Libras e realizao datraduo e interpretao de Libras - Lngua Portuguesa, apartir de um ano da publicao deste Decreto.

    Art. 29. O Distrito Federal, os Estados e os Municpios,no mbito de suas competncias, definiro os instrumentospara a efetiva implantao e o controle do uso e difuso

    de Libras e de sua traduo e interpretao, referidos nosdispositivos deste Decreto.

    Art. 30. Os rgos da administrao pblica estadual,municipal e do Distrito Federal, direta e indireta, viabilizaroas aes previstas neste Decreto com dotaes especficasem seus oramentos anuais e plurianuais, prioritariamenteas relativas formao, capacitao e qualificao de

    professores, servidores e empregados para o uso e difusoda Libras e realizao da traduo e interpretao de Libras- Lngua Portuguesa, a partir de um ano da publicao desteDecreto.

    Art. 31. Este Decreto entra em vigor na data de suapublicao.

    Braslia, 22 de dezembro de 2005; 184o da Independncia e117o da Repblica.

    LUIZ INCIO LULA DA SILVA

    Fernando Haddad

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    1 Aps os destaques sobre alguns mitos que foram criadossobre as lnguas de sinais e sobre os surdos, construa umboletim informativo, com o contedo que ajude a populaoa desconstruir alguns mitos sobre a Lngua de SinaisBrasileira. Voc pode escolher alguns dos mitos trabalhadosna unidade e usar a sua criatividade.

    2 Praticar e exercitar a lngua de sinais uma das melhores

    formas de adquirir fluncia na lngua. Mostre que vocpraticou bastante o alfabeto manual e responda squestes que o tutor aplicar individualmente em sala deaula, utilizando apenas o alfabeto manual e os nmerosaprendidos. Estas questes sero elaboradas pelo tutor.

    3 Aps fazer a leitura da Lei de Libras e do decreto, respondaaos seguintes questionamentos na forma de debate em salade aula:

    Destacar os elementos relevantes dentre os artigosda Lei e do decreto, considerando a incluso socialdos surdos e sua relao com a Educao. Levantequestionamento e criticas referentes questo.

    A disciplina Libras, ofertada nos cursos de nvel su-

    perior, relevante neste processo de incluso? Justi-fique.

    De acordo com tais registros, quais seriam os ele-mentos que voc considera relevantes para que a es-cola e/ou instituies ofeream ao atendimento dosurdo?

    Faa uma anlise crtica sobre o que propem os do-cumentos legais referentes incluso dos surdos e o

    ATIVIDADES

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    que de fato as escolas ou instituies tm ofertadoaos surdos. (considere a sua rea de atuao).

    RESUMINDO

    Nesta unidade, voc aprendeu sobre os mitos queforam construdos pela sociedade, a partir de um processohistrico e social, com referncia aos surdos e lngua desinais, e que precisam ser repensados, justamente porque

    refletem os olhares sociais e a construo de saberes eprticas sobre a educao dos surdos e sobre as relaessociais em que esto inseridos.

    Tambm foi discutido sobre a histria da lnguade sinais e os processos excludente pelos quais os surdosvivenciaram, e se posicionaram de forma resistente, at que oreconhecimento legal da Libras enquanto lngua acontecessee tornasse obrigatrio o uso e difuso nos espaos escolarese no escolares.

    Vimos o alfabeto e os nmeros utilizados na Libras,bem como em outras lnguas de sinais, e a importncia daprtica para que o aprendizado seja efetivado da melhorforma.

    Agora, ao encontrar um surdo, voc j pode seidentificar e cumpriment-lo. V em frente!

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    REFERNCIAS

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    Suas anotaes

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    ESPECIFICIDADES LINGUSTICAS DA LNGUA

    BRASILEIRA DE SINAIS

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    QUADROS, Ronice Muler de. KARNOOP, Lodenir Becker.

    LnguadesinaisBrasileira: estudos lingsticos. Porto Alegre:

    Artemed, 2004.

    OBJETIVOS

    Compreender os conceitos da Libras, identificando assemelhanas e diferenas entre as lnguas de sinais e aslnguas orais;

    conhecer os elementos da estrutura lingustica da Libras,

    reconhecendo-a como uma lngua natural para os sujeitossurdos.

    leitura recomendada

    Mdulo 6 I Volume 1 69UESC

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    Unidade

    Especicidades Lingusticas da Lngua Brasileira de Sinais

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    1 INTRODUO

    Nesta unidade, voc vai conhecer que a LnguaBrasileira de Sinais (Libras) a lngua usada pela maioriados surdos dos centros urbanos brasileiros e reconhecidapela Lei, como j vimos na unidade anterior. Ela derivadatanto de uma lngua de sinais autctone (da populao local)

    quanto da lngua gestual francesa. Por isso semelhante aoutras lnguas de sinais da Europa e da Amrica.

    Assim como as diversas lnguas naturais e humanasexistentes, ela composta por nveis lingusticos como:fonologia, morfologia, sintaxe e semntica. Da mesma formaque nas lnguas orais-auditivas existem palavras, nas lnguasde sinais tambm existem itens lexicais, que recebem o

    nome de sinais. A diferena sua modalidade de articulao,a saber: visual-espacial, ou cinsico-visual, para outros.Assim sendo, para se comunicar em Libras, no basta apenasconhecer sinais. necessrio conhecer a sua gramtica paracombinar as frases, estabelecendo comunicao.

    Os sinais surgem da combinao de configuraesde mo, movimentos e de pontos de articulao locais

    no espao ou no corpo onde os sinais so feitos, os quais,juntos, compem as unidades bsicas dessa lngua. Assim,a Libras se apresenta como um sistema lingustico detransmisso de ideias e fatos, oriundos de comunidades depessoas surdas do Brasil. Como em qualquer lngua, tambmna Libras existem diferenas regionais. Portanto, deve-seter ateno s suas variaes em cada unidade federativa doBrasil. Assim, nesta unidade, conheceremos estes elementoslingusticos que caracterizam a Libras e a define enquantolngua.

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    Unidade

    Especicidades Lingusticas da Lngua Brasileira de Sinais

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    2 COMPREENDENDO AS ESTRUTURAS

    LINGUSTICAS

    2.1 Conceito:

    O que a Libras?

    a lngua natural dos surdos. A Librascomo toda Lngua de Sinais, uma lngua demodalidade gestual-visual porque utiliza,como canal ou meio de comunicao,

    movimentos gestuais e expresses faciaisque so percebidos pela viso; portanto,diferencia da Lngua Portuguesa, que uma lngua de modalidade oral-auditivapor utilizar, como canal ou meio decomunicao, sons articulados queso percebidos pelos ouvidos. Mas, asdiferenas no esto somente na utilizaode canais diferentes, esto tambm nas

    estruturas gramaticais de cada lngua.(CAPOVILLA, 2005)

    Mesmo com as diferenas peculiares a cada lngua,todas as lnguas possuem algumas semelhanas que aidentificam como lngua e no linguagem, como, porexemplo, a linguagem das abelhas, dos golfinhos, dosmacacos, enfim, a comunicao dos animais.

    Podemos identificar uma semelhana entre as lnguasem que todas so estruturadas a partir de unidades mnimasque formam unidades mais complexas, ou seja, todaspossuem os seguintes nveis lingusticos: o fonolgico, omorfolgico, o sinttico, o semntico e o pragmtico.

    No nvel fonolgico, as lnguas so formadas defonemas. Os fonemas s tm valor contrastivo, no tmsignificado; mas, a partir das regras de cada lngua, se

    combinam para formar os morfemas e estes as palavras. Nalngua portuguesa, os fonemas {M} {N} {E} {I} {A} {S}

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    Introduo Lngua Brasileira de Sinais

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    podem se combinar e formar a palavra {MENINAS}.No nvel morfolgico, esta palavra formada

    pelos morfemas {MENIN} {A} {S}. Diferentemente dos

    fonemas, cada um destes morfemas tem um significado:{MENIN} o radical desta palavra e significa criana, omorfema {A} significa gnero feminino e o morfema {S}significa plural.

    No nvel sinttico, esta palavra pode se combinar comoutras para formar a frase, que precisa ter um sentido emcoerncia com o significado das palavras em um contexto,o que corresponde aos nveis semntico (significado) e pr-

    dogmtico (sentido no contexto: onde est sendo usada)respectivamente.

    2.2 Semelhanas e diferenas entre as lnguas

    Ao falarmos em lngua de sinais, estamos nos

    referindo a uma lngua de produo manuo-motora e derecepo visual, com vocabulrio e gramtica prprios, nodependente da lngua oral, usada pela comunidade surda ealguns ouvintes, tais como parentes de surdos, intrpretes,professores e outros.

    2.2.1 Aspectos comuns

    Arbitrariedade: as lnguas orais so maioritariamentearbitrrias, no se depreende a palavra simplesmentepela sua representatividade, mas necessrioconhecer o seu significado. A iconicidade encontra-sepresente nas lnguas de sinais, mais do que nas orais,mas a sua arbitrariedade continua a ser dominante.

    Embora, nas lnguas de sinais, alguns gestos sejamtotalmente icnicos, impossvel, como nas lnguas

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    Especicidades Lingusticas da Lngua Brasileira de Sinais

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    orais, depreender o significado da grande maioriados sinais, apenas pela sua representao.

    Comunidade: as lnguas orais tm uma comunidade

    que as adquire, como lngua materna, cujodesenvolvimento se faz atravs de uma comunidadede origem, passando pela famlia, a escola e asassociaes. Todas as lnguas orais tm variaeslingusticas. Todas as lnguas gestuais possuem estasmesmas caractersticas.

    Sistema lingustico: as lnguas orais so sistemas

    regidos por regras. O mesmo acontece com as lnguasde sinais, conforme referenciado por Stokoe (1960).

    Produtividade: as lnguas orais possuem ascaractersticas da produtividade e da recursividade,sendo possvel aos seus falantes nativos produzirem ecompreenderem um nmero infinito de enunciados,mesmo que estes nunca tenham sido produzidosantes. Acontece o mesmo com as lnguas de sinais,sendo encontradas a criatividade e a produtividadenas produes, por exemplo, da Lngua GestualPortuguesa (LGP), pelos seus gestuantes nativos,parecendo no haver limite criativo.

    Aspectos contrastivos: as lnguas orais possuemaspectos contrastivos, isto , as unidades fonolgicasdo sistema de determinada lngua estabelecem-se poroposies contrastivas, ou seja, em pares de palavras,em que a substituio de uma unidade fonolgica(um fonema) por outra altera o significado da palavra(por exemplo: parra e barra). Acontece o mesmonas lnguas de sinais, sendo que, em vez de unidadefonolgica, muda um pequeno aspecto do sinal.

    Evoluo e renovao: as lnguas orais modificam-se, como no caso das palavras que caem em desuso,

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    Introduo Lngua Brasileira de Sinais

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    outras que so adquiridas, a fim de aumentar ovocabulrio ou ainda quando as palavras ganhamnovos significados. O mesmo acontece nas lnguas

    de sinais, a fim de responder s necessidades que aevoluo sociocultural impe (por exemplo, na LGP,os seis gestos de comboio, ou os gestos de filme).

    Aquisio: a aquisio de qualquer lngua oral natural, desde que haja um ambiente propcio apartir do nascimento. Na lngua gestual acontecede igual forma, no tendo o indivduo surdo que

    exercer esforo para aprender uma lngua de sinais,ou necessidade de qualquer preparao especial.

    Funes da linguagem: as lnguas orais podem seranalisadas de acordo com as suas funes. O mesmoacontece com as lnguas de sinais. As funes so: afuno referencial, a emotiva, a conotativa, a ftica, ametalingustica e a potica.

    Processamento: embora usando modalidades deproduo e percepo, as lnguas orais e de sinais soprocessadas na mesma rea cerebral.

    Outra semelhana entre as lnguas que osusurios de qualquer lngua podem expressar seuspensamentos diferentemente, por isso uma pessoaque fala uma determinada lngua a utiliza de acordocom o contexto: o modo de se falar com um amigono igual ao de se falar com uma pessoa estranha.Isso o que se chama de registro. Quando se aprendeuma lngua, est aprendendo tambm a utiliz-Ia apartir do contexto.

    Encontramos tambm um ponto semelhante o fato quetodas as lnguas possurem diferenas quanto ao seu uso em

    relao regio, ao grupo social, faixa etria e ao sexo. Oensino oficial de uma lngua sempre trabalha com a norma

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    culta, a norma padro, que utilizada na forma escrita efalada e sempre toma alguma regio e um grupo social comopadro.

    Ao se atribuir s Lnguas de Sinais ostatus de lngua porque elas, embora sendo de modalidade diferente,possuem tambm estas caractersticas em relao sdiferenas regionais, socioculturais, entre outras, e emrelao s suas estruturas que tambm so compostaspelos nveis lingusticos j descritos. O que denominadode palavra ou item lexical nas lnguas orais-auditivas, sodenominados sinais nas Lnguas de Sinais.

    2.2.2Aspectos especfcos da Libras

    Linguistas apontam algumas propriedades exclusivasdas lnguas de sinais, tais como o uso de sinais simultneos,o uso do espao e a organizao e ordem que da resultam.

    Assim, as lnguas de sinais possuem uma modalidade deproduo motora (mos, face e corpo) e uma modalidade depercepo visual.

    Embora existam aspectos universais, pelos quaisse regem todas as lngu