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Módulo ? Opinião Pública e Comportamento Político UNOCHAPECÓ 2015

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Módulo ?

Opinião Pública e Comportamento Político

UNOCHAPECÓ2015

O PAPEL DAS ELEIÇÕES NAS DEMOCRACIAS MODERNAS

• Eleições podem ser definidas como método de agregação das preferências do conjunto da população com o objetivo de selecionar um governo

• Eleições são um dos processos políticos mais importantes porque é por meio delas que o cidadão expressa a sua preferência para decidir quem será o governante

• É sustentada pela ideia de que os governantes devem seus poderes ao consentimento dos governados

O QUE É ELEIÇÃO?

• Universalização do acesso: sufrágio universal pressupõe acesso a toda população adulta (votar e ser votada)

• Igualdade de influência: “uma pessoa, um voto”

• Privacidade e liberdade do voto: voto secreto livra o eleitor de pressões de grupo, econômicas e hierárquicas

CONDIÇÕES DA PRÁTICA ELEITORAL

• Competitividade: liberdade de oposição• Pluralidade de informação: o eleitor deve ser

capaz de formar opinião • Igualdade de condições: eleições livres de

fraudes e manipulações• Neutralidade do governo

CONDIÇÕES DA PRÁTICA ELEITORAL

• Selecionar um governo

• Produzir legitimidade

• Produzir representação

FUNÇÕES DAS ELEIÇÕES

• As eleições são um mecanismo de controle de entrada e saída de governantes

• Por regra, essa seleção deve obedecer a períodos e critérios pré-definidos

• É o receio de perder o governo que leva governantes a se esforçarem na tarefa de governar

SELECIONAR UM GOVERNO

• Há diferentes maneiras de selecionar governos: sorteio, antiguidade, consenso, concurso, designação e hereditariedade

• Eleição é procedimento reconhecido por permitir a todos os eleitores de participarem da escolha

• Legitimidade perante eleitores, partidos, grupos e países

PRODUZIR LEGITIMIDADE

• A representação política é a ideia de que a participação política direta não é possível nas sociedades políticas modernas

• A política passa a ser gerida por membros da sociedade escolhidos por seus pares

PRODUZIR REPRESENTAÇÃO

TEORIAS DO COMPORTAMENTO ELEITORAL

• A preocupação básica desse módulo é entender o que condiciona o voto do eleitor

• Por que, numa determinada eleição, o indivíduo vota em certo partido e não em outro?

• Essa pergunta motivou (e ainda motiva) uma série de estudos na ciência política moderna

INTRODUÇÃO

• Basicamente três teorias são usadas para explicar o comportamento do eleitor:

Teoria sociológica (posição social)Teoria psicológica (valores e atitudes)Teoria da Escolha Racional (condição

econômica)

INTRODUÇÃO

A TEORIA SOCIOLÓGICA DO COMPORTAMENTO ELEITORAL

• A teoria sociológica parte do pressuposto de que é a condição social do indivíduo o que condiciona o seu voto

• Essa posição social deve ser entendida como a sua classe social, religião, origem ou qualquer outra característica

• A teoria sociológica muito usada para explicar a política na Europa, nos Estados Unidos na década de 1940 e 50 e no Brasil durante a República de 1945-64

PRESSUPOSTOS BÁSICOS

CONCEITOS IMPORTANTES

• A teoria sociológica ensina que o voto do indivíduo é influenciado pelo contexto em que vive

• A sua preferência é formada na interação social. O convívio com pessoas semelhantes leva o indivíduo a formar uma identidade social de grupo e, posteriormente, uma identidade política

• Quanto mais forte a interação, mais forte a consciência social e, por conseqüência, política.

CONCEITO DE CLIVAGEM

• O conceito de clivagem é um dos mais importantes na teoria sociológica

• Clivagem pode ser entendida como uma divisão da sociedade em grupos antagônicos

• A clivagem sempre é determinada pela posição que o indivíduo ocupa na estrutura da sociedade

• Essas divisões são profundamente sentidas e acabam levando a conflitos políticos

CONCEITO DE CLIVAGEM

• É importante entender que a clivagem sempre está determinada pela estrutura social e por isso nunca pode ser uma divisão gerada por questões atitudinais ou ideológicas

• Ou seja, é falso que exista uma clivagem direita e esquerda, porque não é divisão estrutural, mas sim ideológica

• Porém, nem todas as divisões estruturais se configuram em clivagens (precisa ser politicamente sentida)

CONCEITO DE ALINHAMENTO

• O conceito de alinhamento pode ser entendido como a conseqüência política da clivagem

• Alinhamento é a relação política que se estabelece entre determinado grupo social e um partido

• Dizemos, portanto, que existe alinhamento quando certo grupo vota sistematicamente no mesmo partido

ALINHAMENTO, REALINHAMENTO E DESALINHAMENTO

• Conceitos derivados importantes são realinhamento e desalinhamento• realinhamento ocorre quando um grupo social que votava sistematicamente num partido passa, com o tempo, a votar em outro, provocando novo alinhamento• Desalinhamento é a ausência de qualquer alinhamento

VOTO DESVIANTE E VOTO NORMAL

• Existem dois outros conceitos importantes: voto desviante e voto normal• Voto normal ocorre quando o eleitor voto “normalmente” no partido que representa a sua clivagem• Voto desviante ocorre quando o eleitor, por uma questão circunstancial, vota em outro partido, mas na eleição seguinte volta para o seu tradicional. Nesse caso, não há realinhamento.

TEORIA SOCIOLÓGICA NO CONTEXTO EUROPEU

• Entre os séculos XVI e XIX, se produzem na Europa três fenômenos que afetam profundamente a estrutura social e dão origem às principais clivagens: a formação dos Estados Nacionais, a Reforma Protestante e a Reforma Industrial

FORMAÇÃO DOS ESTADOS NACIONAIS

• A formação dos Estados Nacionais levou o continente europeu a gerar, basicamente, dois tipos de conflito: o que envolve o centro dominante com a periferia dominada (Suécia) o que envolve comunidades culturais com outras (Bélgica)

REFORMA PROTESTANTE

• A Reforma Protestante levou o continente europeu a gerar o conflito entre católicos e protestantes • A regularidade que podemos observar é que as denominações predominantes possuem a tendências de alinhar-se com os partidos tradicionais, enquanto as denominações minoritárias alinham-se a partidos transformadores

REFORMA PROTESTANTE

• Exemplos de alinhamentos religiosos são os calvinistas com os partidos confessionais na Holanda• Na Alemanha, os católicos votam com CDU e luteranos com SPD• Na Inglaterra, protestantes com partido Conservador e católicos com Trabalhista

REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

• A Revolução Industrial criou a clivagem de classe que opõe, basicamente, burguesia e trabalhadores• São exemplos os partidos PSOE (Espanha), SPD (Alemanha), PS (França), LAB (Inglaterra) entre outros

VERSÃO AMERICANA DO MODELO SOCIOLÓGICO

• A versão americana do modelo sociológico se baseia num conjunto específico de clivagens: étnica: conflito entre brancos e minorias étnicas Conflito entre protestantes e católicos Conflito de classes• Minorias étnicas (latinos, italianos e imigrantes em geral), católicos e trabalhadores manuais são eleitores do partido democrata

VERSÃO BRASILEIRA DO MODELO SOCIOLÓGICO

• Modelo sociológico usado como referência para explicar a política eleitoral entre 45-64• Também usado no período do governo militar (embora com menos força)• Atualmente, vem sendo recuperado para explicar a votação do PT e o Lulismo• Tese do realinhamento eleitoral de André Singer

CLIVAGENS DO PERÍODO 45-64

• As principais clivagens do período foram:1. Classe2. Urbano-rural 3. Interfamiliar (importante para compreender

a política local)

Partido Urbano - Rural Classe

PSD Área rural e subdesenvolvida (partido dos coronéis)

Alta renda

UDN Área rural e subdesenvolvida

Alta renda, especialmente no Rio de Janeiro

PTB Área urbana, não agrícola e industrializada (áreas desenvolvidas)

Voto do trabalhador assalariado da cidade

CLIVAGENS DO PERÍODO 45-64

CLIVAGENS DO PERÍODO 64-82

Partido Urbano-Rural Classe Social Atitude

Arena Área rural, subdesenvolvida e pequenos municípios

Voto de classe alta (escolaridade e renda)

Voto entre apoiadores do regime

MDB Área urbana, industrializada (áreas desenvolvidas) e grandes cidades

Voto de classe baixa (renda e escolaridade)

Voto entre opositores do regime

O MODELO SOCIOLÓGICO ATUALMENTE

• Atualmente, existe intenso debate se o modelo sociológico, sobretudo a clivagem de classe, ainda explica a decisão do voto• Argumenta-se que teria ocorrido a diluição da política de classes em função do “emburguesamento” da classe operária•Ou seja, ela teria alcançado nível de vida material que diminuiu a pressão por distribuição de renda

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA

• )

A TEORIA PSICOLÓGICA DO COMPORTAMENTO ELEITORAL

A TEORIA PSICOLÓGICA DO VOTO

• A teoria psicológica do voto também é conhecida como Modelo Michigan de análise eleitoral.• Ela tem esse nome por ter sido desenvolvida por um grupo de pesquisadores dessa universidade, liderados por Angus Campbell• O livro de referência se chama American Voter, de 1963 •A teoria, ainda que muito forte nos EUA, influenciou também a Europa e o Brasil

PRINCIPAIS VALORES POLÍTICOS

• Existem dois valores políticos usados para explicar o comportamento do eleitor• Na Europa, o principal valor é a ideologia que divide o eleitorado entre “esquerda” e “direita”• Nos Estados Unidos, o principal valor é a identificação com um partido político – a preferência partidária• Há outros valores, como o Nacionalismo, mas que não trataremos aqui

PRESSUPOSTOS BÁSICOS

• A teoria psicológica do voto sustenta que são os valores políticos (ideologia ou I.P.) que orientam a decisão do voto

• Os valores políticos são importantes porque influenciam e formam as nossas atitudes, principalmente em relação aos elementos da política

• Atitude consiste em um sistema de crenças e valores que predispõe o indivíduo a agir de determinada maneira perante certos estímulos

PRESSUPOSTOS BÁSICOS

• Os valores políticos são importantes por serem estáveis no mundo incerto da política.

• Mudam os candidatos, os partidos e a conjuntura, mas os valores mantém-se estáveis

• Os valores são um instrumento que o indivíduo usa para processar a informação política, sendo quase que o único ponto de referência para avaliar estímulos que chagam

RESUMO DO MODELO

• O modelo pode ser explicado pelo que se convém chamar de funil de causalidade

• Primeiro, o indivíduo aprende a sua preferência partidária/ideologia no seu processo de socialização

• Segundo, essa filiação partidária/ideologia forma e desenvolve as suas atitudes

• Na eleição, essas atitudes afetam a sua posição em relação às dimensões da política

ORIGEM DOS VALORES

• Os indivíduos formam as suas crenças e valores durante o processo de socialização. Há três tipos de socialização:

1. Socialização primária2. Socialização secundária3. Mobilidade social

SOCIALIZAÇÃO PRIMÁRIA

• Socialização primária é a que ocorre no interior da família

• É aprendida com pai e mãe• Estudos da psicologia mostram que a criança

adquire valores desde idades surpreendentemente prematuras

• ou seja, o indivíduo tende a espelhar a ideologia/ IP de seus pais

SOCIALIZAÇÃO SECUNDÁRIA

• Socialização secundária ocorre num momento posterior. São três agentes de socialização

Escola Igreja Mídia

MOBILIDADE, GUERRAS E CHOQUES NACIONAIS

• Os valores não são imutáveis, ainda que estáveis durante a vida do indivíduo

• A mobilidade social, o casamento, alterações no padrão de vida são motivos que levam indivíduos a alterarem os seus valores

• Guerras e choques nacionais também

DIMENSÕES DA POLÍTICA

• Os valores afetam a nossa percepção em relação às seguintes dimensões da política:

avaliação dos atributos dos candidatos avaliação dos temas debatidos na campanha avaliação dos partidos avaliação dos grupos envolvidos Quanto mais forte for a atitude, mais coesa será

a percepção em relação a essas dimensões Afeta também o tempo de decisão do voto

MÉTODO PARA MEDIR VALORES

• As pesquisas de opinião trabalham com escalas para medir ideologia e preferência partidária

• Ideologia: esquerda, centro-esquerda, centro, centro-direita, direita

• Identificação: strong democrat, democrat, leaning toward democrata, independent, leaning toward republican, republican e strong republican

• Quanto mais forte a ideologia ou IP, mais previsível é o voto

MÉTODO MICHIGAN NO BRASIL

• O modelo Michigan influenciou os estudos eleitorais no Brasil principalmente durante a ditadura.

• Um dos principais autores dessa escola, Phillip converse, veio ao Brasil para ensinar as técnicas de pesquisa de survey

• Durante a disputa entre Arena e MDB havia clara divisão atitudinal: aqueles favoráveis ao regime eram Arena; opositores eram MDB

MÉTODO MICHIGAN NO BRASIL

• Ainda hoje, perguntar a preferência partidária do eleitor é comum nos estudos eleitores. Observa-se estreita ligação entre declarar a preferência por um partido e votar nesse partidos

• Relação extremamente forte no caso do PT

BIBLIOGRAFIA

• o

A TEORIA DA ESCOLHA RACIONAL

A TEORIA DA ESCOLHA RACIONAL

• A teoria da escolha racional tem seu autor de origem o economista norte-americano Anthony Downs

• A obra de referência é o livro “Uma teoria econômica da democracia”, de 1957

• Podemos dizer que a teoria da escolha racional é a mais utilizada atualmente para explicar o comportamento do eleitor

A TEORIA DA ESCOLHA RACIONAL

• A teoria da escolha racional apoia-se nos postulados da teoria econômica

• O principal postulado é o da racionalidade• Isso significa que partidos e eleitores são

atores políticos racionais, auto-interessados, que agem na busca de algum benefício

O CONCEITO DE RACIONALIDADE ECONÔMICA

• O conceito de racionalidade na teoria econômica supõe que o indivíduo é auto interessado, motivado por fins egoístas, que age para maximizar “utilidade” (benefício)

• Para maximizar a sua utilidade, o indivíduo econômico escolhe o caminho que exige a menor aplicação de recursos escassos

• O termo racional, portanto, nunca é aplicado aos fins de um agente, mas somente aos seus meios

O CONCEITO DE RACIONALIDADE NA POLÍTICA

• Downs busca aplicar o conceito de racionalidade econômica para entender o comportamento de governos, partidos e eleitores numa democracia

• Tenta desenvolver uma teoria descritiva do funcionamento da democracia e não normativa

A NATUREZA E MOTIVAÇÃO DOS PARTIDOS POLÍTICOS

• Downs define partidos políticos como uma equipe de homens que busca controlar o aparato de governo numa eleição devidamente constituída

• Sua função na divisão do trabalho é formular e executar políticas públicas sempre que conseguir chegar ao poder

A NATUREZA E MOTIVAÇÃO DOS PARTIDOS POLÍTICOS

• Entretanto, a motivação da ação partidária tem o intuito de obter renda, prestígio e poder que resultam de estar no quadro

• Não em fazer políticas públicas• Partidos são motivados pela conquista do voto

e todas as ações objetivam maximizar votos• Mas cumprem a sua função social para

conseguir se manter no poder

O ELEITOR

• O eleitor é um indivíduo auto interessado e seu comportamento se dirige a fins egoístas

• Nas eleições, vota no partido que lhe proporcionará mais benefícios do que qualquer outro

• Os benefícios que os eleitores consideram, ao tomar suas decisões, são os “fluxos de utilidade” obtidos pela ação governamental

O ATO DE VOTAR

• O ato de votar deve ser entendido como uma comparação entre as opções políticas

• O eleitor compara os fluxos de utilidade que espera receber de um partido com os fluxos de utilidade que espera receber de outro

• Esse exercício se chama “diferencial partidário”

DIFERENCIAL PARTIDÁRIO

• Calcular o diferencial partidário não é tarefa simples

1. eleitor não tem certeza da utilidade que receberá no futuro

2. Pode não ser capaz de perceber diferenças significativas entre os partidos

3. Pode faltar informação para comparar os partidos

• Como proceder?

A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

• Em tais circunstâncias, uma maneira segura (e mais fácil) de decidir o voto é avaliar o desempenho do partido no poder

• Esse procedimento se chama voto retrospectivo

• Significa que o eleitor agiria como um juiz: vota no governo se avaliar como bom o seu desempenho ou vota na oposição se avaliar como ruim

A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

• A ideia de voto retrospectivo é uma das principais contribuições de Downs para a ciência política moderna

• O voto retrospectivo aparece nos trabalhos de V. O. Key e Morris Fiorina

• Um dos seus desdobramentos mais conhecidos é o chamado “voto econômico”

MODELOS DE COMPETIÇÃO ESPACIAL

MODELOS DE COMPETIÇÃO ESPACIAL

• Um dos desdobramentos mais interessantes do modelo proposto por Downs é a chamada “análise espacial do voto”

• O modelo de análise espacial entra em cena quando Downs debate o problema causado pela incerteza

O PAPEL DA INCERTEZA

• Incerteza deve ser entendida como a falta de conhecimento seguro sobre o curso dos acontecimentos

• A intensidade da incerteza é medida pelo grau de segurança com que o indivíduo toma decisão

• Ela só pode ser removida com informação (gasto de recursos escassos)

O PAPEL DA INCERTEZA

• Incerteza atinge igualmente partidos e eleitores• A incerteza impede que eleitores formulem

preferências seguras, saibam o impacto da ação governamental em suas rendas e que tenham consciência de quais ações o governo vem tomando

• os partidos políticos podem estar incertos quanto ao que os eleitores pensam, se os eleitores conhecem as ações executadas ou até mesmo se os eleitores conhecem as diferenças entre os partidos

O PAPEL DA INCERTEZA

• a incerteza afeta a tomada de decisão governamental assim como afeta a tomada de decisão dos eleitores

• Segundo Downs, inúmeras instituições surgiram para dar conta dos problemas inerentes à incerteza

• Como os indivíduos não estão certos do que querem e podem ser influenciados por informações adicionais, a incerteza abre caminho para a persuasão e a competição pela liderança entre os partidos

IDEOLOGIA E MODELO ESPACIAL

• Um dos problemas centrais causados pela incerteza é a decisão do voto

• A falta de informação dificulta a tomada de decisão dos eleitores

• Downs desenvolve a ideia de que partidos criam ideologias como armas de disputa por votos

• Ideologias seriam “atalhos” que ajudam a decisão eleitoral, pois eleitores poupam enorme custo de estar informado

PRESSUPOSTOS DO MODELO ESPACIAL

• O elemento chave é a regra entre preferência e distância

• Os eleitores estariam distribuídos num contínuo político que varia da “extrema esquerda” até a “extrema direita”

• Os partidos também estariam posicionados dentro desse mesmo contínuo

• O eleitor escolhe a opção mais próxima do seu ponto de vista ideal

DESDOBRAMENTOS DO MODELO ESPACIAL

• o modelo pressupõe a interação entre a preferência política dos indivíduos e a necessidade de ganhar votos dos partidos

• Os partidos desenvolvem estratégias em resposta à distribuição dos eleitores

• O posicionamento dos partidos será influenciado pela “mediana” da distribuição

• Daí que esse modelo também é conhecido como teoria do eleitor mediano e prevê a convergência dos partidos para o centro

COMO O ELEITOR SE INFORMA?

A INCERTEZA E O PROCESSO DE TORNAR-SE INFORMADO

• Outro desdobramento é o debate de como o eleitor se informa

• Esse debate surge como resposta a uma série de pesquisas que mostram a existência de um eleitor profundamente desinformado sobre questões políticas

• Se é desinformado, como consegue tomar decisões racionais?

TORNAR-SE INFORMADO

• A principal contribuição é o livro de Popkin, “Reasoning Voter”

• Popkin argumenta que o eleitor funciona num contexto de “baixa racionalidade”

• Essa teoria ensina que o eleitor busca atalhos informativos para conhecer candidatos e partidos

• Os principais atalhos informativos são a vida cotidiana, a mídia e a interação social

VIDA COTIDIANA

• Boa parte das informações sobre economia é obtida na vida cotidiana

• O eleitor anda em transporte público, paga aluguel, matricula o filho em escola pública ou particular, faz compras em supermercado, etc

• Não é preciso ser economista para entender de economia, basta estar vivo

• O eleitor conhece programas de governo que atingem diretamente as suas vidas

MÍDIA

• A mídia é outra fonte de informação – rádio, TV, jornal, redes sociais, etc

• A televisão está presente na maioria dos lares brasileiros. Quase 100%

• Oferece narrativa sobre a política, a economia e a sociedade numa linguagem acessível para a maioria

• A mídia conecta a experiência do dia a dia com o governo (torna um problema que é visto como pessoal em um problema nacional)

INTERAÇÃO SOCIAL

• A interação social é fonte de informação• Parte das informações que recebemos sobre o

governo, partidos e candidatos nos alcança num “fluxo em duas etapas”

• A informação chega primeiro num seleto grupo de pessoas (líderes de opinião) para depois nos atingir

O PAPEL DAS CAMPANHAS ELEITORAIS

DEBATE SOBRE EFEITO DE CAMPANHA

• Ainda hoje persiste debate sobre se as campanhas importam ou não

• Os primeiros estudos sobre efeitos de campanhas não encontraram evidências

• Chamados efeitos mínimos• São relativamente recentes os estudos que

começaram a perceber influencia das campanhas sobre o voto

RAZÕES PARA EFEITOS DE CAMPANHA

• Declínio da importância e influencia dos partidos

• aumento da personalização das campanhas• Onipresença da televisão na vida das pessoas • Aumento da capacidade cognitiva dos

cidadãos• Declínio das clivagens como motivo do voto

EVIDÊNCIAS DOS EFEITOS

• Volatilidade da opinião durante as eleições• “Voto dividido”• Tempo de decisão do voto cada vez mais perto

da data da eleição

COMO AS CAMPANHAS INFLUENCIAM

• Os motivos listados acima colocaram os candidatos no centro da disputa

• As campanhas influenciam pois produzem volume colossal de informação

• As principais fontes de informação são a propaganda no rádio e na TV, os debates, eventos de rua e atualmente internet (redes sociais)

• As campanhas “pautam” o debate e esclarecem o posicionamento dos candidatos

OUTROS EFEITOS

• Mexer com os números não é o único objetivo• Campanhas ativam o eleitor para a dispuita

(“plim plim” da Globo)• Campanhas mobilizam o eleitor• Reforçam predisposições• Campanhas cumprem papel cívico de

esclarecimento e ensinamento

RESULTADOS

Eleito Primeiro, disputa 2º

Turno

Segundo, disputa 2º

TurnoSegundo, não

disputa 2º Turno Outros N

1º T 34% 22% 18% 10% 16% 166

2º T 12% 15% 15% 24% 34% 163

3º T 1% 6% 9% 13% 71% 165

4º T 1% 3% 5% 2% 89% 193

5º T 0% 2% 1% 3% 94% 187

6º T 0% 1% 0% 2% 97% 118

7º T 0% 2% 0% 5% 93% 64

RESULTADOS – TIPO DE CANDIDATO

Eleito Primeiro, disputa

2º Turno

Segundo, disputa

2º Turno

Segundo, não disputa 2º Turno

Outros N

Reeleição Legítima 74% 20% 6% 0% 0% 35

Reeleição ilegítima 39% 27% 19% 12% 3% 26

Governista 31% 31% 17% 8% 13% 36

Oposição 15% 17% 25% 16% 27% 69

MÍDIA E POLÍTICA