49
Aelson dos Santos Bispo Arlete Alves Cecia Alexandrina de Souza Barbosa Rozeli Maria Bispo dos Santos LEITURA E ESCRITA SOB OS OLHARES DOS PROFESSORES DA ESCOLA LUCIANO JOSÉ DOS SANTOS DO POVOADO DE PONTA BAIXA, MUNICÍPIO DE ITIÚBA BAHIA ITIÚBA-BA 2012 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÂO- CAMPUS VII Senhor do Bonfim-BA

Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Pedagogia Itiúba 2012

Citation preview

Page 1: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

Aelson dos Santos Bispo Arlete Alves Cecia Alexandrina de Souza Barbosa Rozeli Maria Bispo dos Santos

LEITURA E ESCRITA SOB OS OLHARES DOS

PROFESSORES DA ESCOLA LUCIANO JOSÉ DOS

SANTOS DO POVOADO DE PONTA BAIXA, MUNICÍPIO DE

ITIÚBA – BAHIA

ITIÚBA-BA 2012

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÂO- CAMPUS VII

Senhor do Bonfim-BA

Page 2: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

Aelson dos Santos Bispo Arlete Alves Cecia Alexandrina de Souza Barbosa Rozeli Maria Bispo dos Santos

LEITURA E ESCRITA SOB OS OLHARES DOS

PROFESSORES DA ESCOLA LUCIANO JOSÉ DOS

SANTOS DO POVOADO DE PONTA BAIXA, MUNICÍPIO DE

ITIÚBA – BAHIA

Monografia apresentada à Universidade do Estado da

Bahia – UNEB, como instrumento parcial de avaliação

do curso de Licenciatura em Pedagogia.

Orientadora:

Professora Maria Conceição Curaçá Gonçalves

ITIÚBA-BA 2012

Page 3: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

Aelson dos Santos Bispo Arlete Alves Cecia Alexandrina de Souza Barbosa Rozeli Maria Bispo dos Santos

LEITURA E ESCRITA SOB OS OLHARES DOS

PROFESSORES DA ESCOLA LUCIANO JOSÉ DOS

SANTOS DO POVOADO DE PONTA BAIXA, MUNICÍPIO DE

ITIÚBA – BAHIA

Monografia apresentada à Universidade do Estado da

Bahia – UNEB, como instrumento parcial de avaliação

do curso de Licenciatura em Pedagogia.

Orientadora:

Professora Maria Conceição Curaçá Gonçalves

Aprovado pelos membros da banca examinadora em _____/_____/2012.

Com menção:

Banca Examinadora

Avaliador (a)

Avaliador (a)

Page 4: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

AGRADECIMENTOS

Agradecemos, em primeiro lugar, a Deus, o mestre dos mestres e acolhedor de

todas as coisas.

Por extensão, à nossas mães, cônjuges, familiares e amigos.

Mas, como por reciprocidade, queremos agradecer de forma especial, a (o)s nossa

(o)s colegas de trabalho que, conjuntamente, realizamos todos os trabalhos

acadêmicos.

A todas as pessoas que acreditaram no potencial dos nossos esforços. Na nossa

vontade e desejo de lutar, na força da nossa peleja e no valor póstumo desta

pesquisa.

A nossa estimável orientadora, que nos conduziu com firmeza e dedicação na

orientação desta dissertação. Seus ultimatos foram entendidos por este grupo

como uma forma de dizer: ―Voem mais alto. Vocês são capazes!‖.

Sobre tudo, agradecemos às pessoas de quem foram furtadas horas de carinho e

atenção para que pudéssemos conquistar esta valiosa obra literária. Produto este

de fundamental importância na construção do conhecimento e na trajetória das

nossas vidas e ascensão profissional.

Page 5: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

“Fui alfabetizado no chão do quintal da minha casa, à

sombra das mangueiras, com palavras do meu mundo e

não do mundo maior dos meus pais. O chão foi o meu

quadro-negro; gravetos, o meu giz.” (Paulo Freire, 2009).

Page 6: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

RESUMO

Este trabalho monográfico insere-se numa pesquisa bibliográfica e de campo fundamentada nos estudos de Paulo Freire (2009, 50 ed.). Numa abordagem humanística dialética este estudo também se fundamenta em outros autores como Cagliari (2009), Costa (2000), Sena (2009), Soares ((2006) e Barreto (2004), que numa visão didática epistemológica se detém nas reflexões de Paulo Freire e em suas propostas de alfabetização, apresentando as bases de seu pensamento, os conceitos elaboradores e o papel do educador). Este estudo teve por objetivo principal diagnosticar o olhar dos professores da Escola Municipal Luciano José dos Santos, situada no povoado de Ponta Baixa no município de Itiúba – BA, sobre o processo de leitura e escrita a partir de suas trajetórias como profissionais da educação considerando suas práticas diárias e experiências didáticas. Essa temática surgiu como resposta às inquietações decorrentes dos debates no Campo Acadêmico da Rede UNEB - 2000, sobre as dificuldades dos alunos nas séries iniciais a respeito da leitura e escrita. Não obstante, esta dissertação divide-se por temas, a saber: a escrita, a leitura e a formação de professores. A coleta e a análise de dados estão dispostas em gráficos para melhor entendimento e compreensão dos leitores. Por fim, este documento se encerra apresentando os ganhos e as dificuldades encontradas com a elaboração da pesquisa, deixando para os leitores, professores e futuros profissionais da área de educação suas reflexões no processo do repensar suas posturas didáticas.

Palavras-chave: 1. Alfabetização 2. Escrita 3. Leitura 4. Formação de professores

Page 7: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

ABSTRACT

This monograph is part of a literature search and field studies based on Paulo Freire (2009, 50th ed.). In this study dialectical humanistic approach is also based on other authors such as Cagliari (2009), Costa (2000), Sena (2009), Soares ((2006) and Barreto (2004), a vision that stops teaching epistemological reflections of Paulo Freire and his proposals of literacy by presenting the foundations of his thought, the concepts designers and the role of educator. This study was aimed at diagnosing the teachers' views of the Municipal School Luciano José dos Santos, located in the village in the municipality of Ponta Baixa of Itiúba - BA, on the process of reading and writing from their careers as professional educators considering their daily practices and student experiments. This theme emerged in response to concerns arising from the debates in Academic Field Network UNEB - 2000 on students' difficulties in the initial series about reading and writing. Nevertheless, this work is divided by themes, namely: writing, reading and teacher training. Collection and data analysis are displayed on graphs for better understanding and understanding of readers. Finally, this paper concludes by presenting the advances and difficulties encountered with the development of research, leaving readers, teachers and future professionals in the field of education their suggestions and opinions in the process of rethinking their teaching positions.

Keywords: 1. Literacy 2. Writing 3. Reading 4. Training of teachers

Page 8: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

8

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 - Leitura ................................................................................................28

Gráfico 02 - Escrita ................................................................................................29

Gráfico 03 - Dificulades dos alunos no processo ensino aprendizagem ................30

Gráfico 04 - A relação da leitura e escrita no ensino aprendizagem ......................30

Gráfico 05 - Como o professor trabalha a escrita na sala de aula ........................31

Gráfico 06 - Uso do ABC para alfabetizar .............................................................32

Gráfico 07 - Material didático usado para alfabetizar .............................................33

Gráfico 08 - Como o professor trabalha a leitura e escrita na sala de aula ...........33

Gráfico 09 – As mudanças na forma de alfabetizar ..............................................34

Page 9: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

9

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO....................................................................................................09

CAPÍTULO I

2. REFERENCIAL TEÓRICO..................................................................................11

2.1 A escrita.......................................................................................................11

22. A leitura........................................................................................................14

2.3 Formação de professores............................................................................18

CAPÍTULO II

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...........................................................22

3.1 Tipos de pesquisa.............................................................................................22

3.2 Caracterização da área de estudo ...................................................................23

3.3 Sujeitos da pesquisa........................................................................................24

3.4 Instrumentos de coleta de dados ....................................................................24

CAPÍTULO III

4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS .............................................. 26

5. REFLEXÕES SOBRE O RESULTADO ...........................................................36

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................39

7. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................... 42

Page 10: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

10

INTRODUÇAO

Este estudo que aborda a leitura e escrita nas séries iniciais sob o olhar dos

professores da Escola Luciano José dos Santos do Povoado de Ponta Baixa no

Município de Itiúba – Bahia tem como objetivo diagnosticar através de uma

pesquisa científica o olhar dos professores sob o processo de leitura e escrita a

partir de sua trajetória como profissional da educação considerando suas práticas e

experiências e a maneira como eles conceituam a leitura e a escrita no cotidiano.

Considerando que a educação é uma atividade que se filia aos processos de

mudanças e valorização da diversidade em todas as suas nuances, procurou-se

neste trabalho monográfico oferecer uma ampla variedade bibliográfica que

demonstram situações em que estão inseridas em nossas práticas pedagógicas.

Embora o sistema educacional remonte a um sistema estereotipador e

conservador, como Senna (2007) nos admoesta, ainda assim acreditamos serem

possíveis às mudanças esperadas por nós professores.

Afinal, falar de educação no Brasil significa levar em conta a origem das famílias e

reconhecer as diferenças de referências culturais. Significa, também, reconhecer

que no interior destas famílias e na relação de umas com as outras encontramos

indivíduos diferentes com especificidades de gênero, etnia, religião, orientação

sexual, valores e outras questões definidas nas suas histórias pessoais. Uma vez

que, a convivência com a diversidade implica o respeito, o reconhecimento e a

valorização da/o outra/o.

Essa temática surgiu como resposta às inquietações decorrentes dos debates no

Campo Acadêmico da Rede Uneb-2000 / Itiúba - BA, nas aulas da disciplina

Componente Curricular Língua Portuguesa, onde foi trabalhada a dificuldade de

leitura dos alunos nas séries iniciais, despertou ainda mais essa problemática que

está sempre presente no meio da aprendizagem dos docentes. Queremos deixar

para as futuras gerações uma preciosidade cravada no papel timbrado que conte a

nossa história de vida, nossas lutas, o nosso retrato e o nosso legado.

Page 11: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

11

Diante desta temática pretende-se despertar no referido grupo de professores -

alunos pesquisadores aprofundamento no tocante às suas práticas pedagógicas,

repensar suas posturas didática. Ressaltando que será de muita utilidade o

presente estudo por ter como foco uma comunidade carente de informação,

comunicação e formação docente no processo de leitura e escrita. Salienta-se que

o estudo não esgotou as questões que a temática desperta nos pesquisadores nos

motivando num outro momento continuar a discussão.

A presente pesquisa está dividida em três capítulos: O primeiro capítulo fala da

relevância desta pesquisa no cenário educacional, assim como a justificativa da

escolha do tema. O segundo capítulo traz o embasamento deste trabalho:

basicamente fundamentado em FREIRE (2009, 50 ed.), com indução de autores

como CAGLIARI (2006), Romanowisk, (2007), Senna, (2009), Cavalcanti, (2009),

Costa, (2000), e Bezerra, (2009), que fazem em suas obras literárias, uma ilação,

às idéias e finalidades dos estudos de Paulo Freire. Assim fizemos uma busca das

fases da leitura e escrita acompanhando a linha do tempo no seu processo de

evolução fazendo referencia às idéias dos autores citados, os quais acastelam o

tema abordado.

No terceiro capítulo pautamos por apresentar a coleta de dados, análise e

interpretação dos dados por meio de gráficos, a partir das nossas observações e

leituras. Deste modo apresentamos neste capítulo as discussões, a opinião dos

nossos entrevistados, a metodologia empregada e os resultados encontrados. No

entanto finalizamos o nosso trabalho apresentando as dificuldades encontradas, os

ganhos, avanços e conquistas com a elaboração deste documento. Também

deixamos nossas sugestões para os leitores, professores e futuros profissionais da

área de educação.

Page 12: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

12

CAPÍTULO I

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 A ESCRITA

A escrita era representada apenas como figuras de objetos formas ideogramais

para transmitir mensagens associadas à imagem. A escrita é, portanto, uma

invenção decisiva para a história da humanidade. Ela é a representação do

pensamento e da linguagem humana por meio de símbolos.

A escrita evoluiu a partir do desenho, onde cada figura representava um objeto.

Num modelo moderno de representação gráfica podemos comparar a escrita

pictográfica com os logotipos, as placas de trânsito, rótulos cartazes e etc., os

quais expressam apenas o valor semântico da mensagem, não tendo nenhuma

relação direta com a sonoridade (CAGLIARI, 2009).

A criação do alfabeto é uma invenção que parte da ideia de representar não a coisa

em si, mas o som. O alfabeto é uma tentativa de desenhar o som da língua e tem

representação puramente sonográfica. Ele é resultado da decomposição do som

das palavras em sílabas ou em fonemas - o som das letras. Cada letra representa

um fonema ou mais de um.

Na verdade, a escrita, assim como as línguas, está em permanente processo de

evolução. Ela reflete e acompanha a maneira como as sociedades vivem, seus

hábitos, tecnologia e peculiaridades. Por isso, textos de apenas cem anos atrás,

muitas vezes, já possuem palavras que caíram em desuso. Atualmente o nosso

alfabeto conta 26 letras, inclundo as letras k, w e y para as palavras de origem

estrangeira de acordo com o decreto de n° 6583/2008 que regulamenta a reforma

ortográfica da nossa língua escrita, mas somente será obrigatória a partir de 2012.

Page 13: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

13

Ninguém aprende a ler e escrever sem aprender relações entre fonemas e

grafemas, para codificar e decodificar. Envolve, também, aprender a manusear o

próprio corpo, os movimentos motores, a coordenação das mãos e dedos para

segurar num lápis, enfim envolve uma série de aspectos.

Nos dizeres de Soares (2006:1-8) [...] ―letramento, é, pois, o resultado da ação de

ensinar ou de aprender a ler e escrever: condição que adquire um grupo social ou

um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita [...]‖. Colaborando

com esta mesma proposição, Freire (1982:9) pressupõe que: ―[...] a leitura do

mundo precede a leitura da palavra, daí que a leitura posterior desta não possa

prescindir da continuidade da leitura daquela‖. Soares (2003:15-17), também infere

à leitura dizendo que a compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica

implica a percepção das relações entre o texto e o contexto.

Ainda segundo Soares, o que mais propriamente se denomina letramento é a

imersão do indivíduo na cultura escrita, participação em experiências variadas com

a leitura e a escrita, conhecimento e interação com diferentes tipos de gêneros de

material escrito (SOARES, 2003: l3). Para ela, enquanto a alfabetização se ocupa

da aquisição da escrita por um indivíduo, ou grupos de indivíduos, o letramento

focaliza os aspectos sócio-históricos da aquisição de um sistema escrito por uma

sociedade. Os conceitos de alfabetização e letramento significam a mesma coisa,

ou seja, um conceito está inserido no outro.

No entanto, é importante explicitar a indissociabilidade dos dois processos:

alfabetizar, com base no letramento, respeitando a especificidade do ensino e

aprendizagem da língua escrita sem dissociá-la do processo de letramento e a

especificidade do ensino e aprendizagem do letramento sem dissociá-lo da

alfabetização. Contudo, o processo de letramento ou cultura letrada não acontece

de modo espontâneo, exige mediação pela professora e/ou da família

proporcionando aos alunos, de forma constante e significativa, a interação com as

práticas sociais de leitura e escrita, isto é, com a cultura escrita em especial a

literatura Infantil.

Page 14: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

14

A produção da escrita emerge de um processo de ensino aprendizagem e faz parte

de um encaminhamento pedagógico no qual o aluno reflete, apresenta sua opinião

e sugestão. Contudo não devemos esquecer que há uma diferença entre a escrita

produção e a escrita reprodução, onde a primeira dá lugar aos conhecimentos já

adquirido dos alunos e a segunda recai sobre a produção do e para o aluno. É o

lugar do sujeito ocupado pelo aluno no processo de produção do texto que vai

apontar a distinção entre o os diferentes tipos de escrita. Caso o aluno não tenha a

oportunidade de dizer sua voz no texto que produz, sua voz não será produção,

mas reprodução. O aluno está dizendo o que o professor quer ouvir. Neste caso,

ninguém pode escrever sobre o que não conhece e sobre o que sente.

Freire (2004) acredita que o indivíduo que escreve com desenvoltura, expondo

suas idéias com coerência e unidade textual, terá percorrido outros saberes

anteriores a este, tais como aquisição de um espírito crítico, competências para

filtrar e equilibrar o científico e o popular; e, por fim, o saber que o faz entender

aquilo que se lê. As dificuldades que os alunos enfrentam quando vão produzir um

texto são na grande maioria expressas na forma da escrita. Na maior parte dos

casos, eles não apresentam dificuldades em se expressar na oralidade através da

linguagem coloquial. Os problemas aparecem quando surge necessidade de

produção textual.

Acontece que na linguagem oral o falante se expressa não só através da fala, mas

também através de gestos, sinais e expressões. Esses recursos não são

explorados na modalidade escrita, pois ela tem normas próprias, como regras de

ortografia, pontuação que não são reconhecidas na fala. Não adianta saber que

escrever é diferente de falar. É necessário preocupar-se com o sucesso dos

objetivos da produção textual, como a interação entre o produtor do texto e o seu

receptor. Para que o discurso tenha êxito, ele deve construir um todo significativo.

Devem existir elementos que estabeleçam ligação entre as partes, isto é, que

confiram coesão ao discurso. Daí o maior desafio o professor, como já explicado

acima, de desconstruir uma cultura arraigada na indolência da leitura e desenvolver

nos alunos o hábito de ler.

Page 15: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

15

2.2 A LEITURA

A leitura é um processo mental e se desenvolve a medida que assimilamos o que

vemos e observamos. Para que possamos fazer uma boa leitura das nossas

observações, faz-se é necessário primeiro, que, estejamos familiarizados com o

objeto da observação. Freire (2009:20), diz que a leitura do mundo procede da

palavra e a leitura desta implica a continuidade da leitura daquele. De forma que

este movimento do mundo à palavra e da palavra ao mundo se dá de forma

presente e onisciente, Segundo o autor. Ou seja, o movimento produzido pela força

da palavra flui ao mundo através da leitura que dele fazemos. Isto quer dizer que

de alguma maneira a leitura da palavra não é precedida somente pela leitura de

mundo que fazemos, mas também pela forma de escrevemos, reescrevemos e

transformamos o mundo, por meio da nossa prática consciente.

Em outra abordagem, Freire (2004:77-82) chama atenção para o ato do aprender a

ler para saber escrever. Em sua visão epistemológica, Freire admoesta que antes

mesmo da leitura da palavra é possível o entendimento abrangente, reflexivo e

compreensivo das coisas ao nosso redor. Portanto é de fácil interpretação entender

que a leitura procede à escrita e que esta última só é possível mediante o uso da

linguagem falada, diante do ponto de vista de uma compreensão filosófica, global

do ato de ler. A leitura da palavra escrita implica a oralidade. Esta por sua vez

implica as condições de letramento e a capacidade do aprender e transformar.

Outros autores também escreveram a este respeito e faz bem que venhamos aqui

expressar tais pensamentos. De acordo com Lima (1994:144), as crianças que tem

acesso a bens culturais e que convivem em meios propícios ao desenvolvimento

de seus potenciais estão mais aptas a se desenvolverem melhor na escola. Lima

acrescenta que a vivência, o vocabulário, o acesso a bens culturais promovem e

permitem às crianças e jovens da classe média a se beneficiarem das informações

transmitidas pela escola, ao passo que as crianças das camadas populares, pela

ausência destes instrumentos, têm suas chances reduzidas a praticamente

nenhuma possibilidade assimilativa.

Para Senna (2009) o objeto mais consagrado para a compreensão e leitura

contextualizada do mundo que cerca o leitor/aluno é o texto escrito. Senna não

Page 16: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

16

despreza as experiências trazidas na bagagem de cada indivíduo, mas coloca a

leitura escrita como ferramenta de extensão no processo do entendimento do

conhecimento adquirido. Assim, segundo Senna, os tipos de textos produzidos

pelos alunos, refletem os mais variados traços culturais imbustidos na forma de

pensar de cada indivíduo, de maneira que uma disciplina não pode transferir para a

outra a responsabilidade de ensinar ao aluno a produzir ou ler textos. Portanto, de

acordo com Senna a leitura escrita não se limita à decodificação de sinais:

A leitura é um fenômeno mental, abrangente (...) os novos cidadãos que

estão se formando precisam saber ler o que vêem; produzir e expressar-

se no mundo audiovisual e virtual (...). Somente leitores críticos, capazes

de transformar o que lêem em conceitos pessoas poderão ser

considerados sujeitos alfabetizados. (SENA, 2009, p. 96).

Não é de admirar que os novos leitores precisem mesmo saber ler o mundo virtual,

pois as novas tecnologias estabelecidas em formas de onda trazem um mundo

totalmente quimérico embalado à era digital que se esconde a realidade de muitas

crianças brasileiras que não tem acesso a estas ferramentas. Assim, a escola

precisa ser a mediadora entre este e aqueles para garantir os objetivos que

norteiam a escola neste país. Dar o suporte necessário à aquisição das

ferramentas digitais modernas se encaixa num modelo de escola que apesar de

estar no papel, ainda está distante da realidade social das escolas públicas

brasileiras. Ser bom leitor implica em boas ferramentas de trabalho e instrução.

Freire (2009) afirma que ler significa ser questionado pelo mundo e por se mesmo,

acrescenta que certas respostas podem ser encontradas na escrita, mas que estas

só podem ter significado e significância se podermos ter acesso a essa escrita, o

que implica em construir uma resposta que integra parte das novas informações ao

que já se é. Portanto, ler é uma opção inteligente, difícil, exigente, mas gratificante,

diz Freire em sua carta aos professores. Ler é criar a compreensão do lido; daí a

importância do ensino correto da leitura e da escrita. Ensinar a ler significa engajar-

se na experiência da compreensão e da comunicação; é entender a relação do

objeto em análise com o outro objeto, tanto no tempo como no espaço.

Page 17: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

17

Para Freire (2009), não saber ler e escrever é uma conseqüência das condições de

onde a pessoa vive. Ele afirma que o ato do conhecimento e o ato criador são

processos que integram a alfabetização e que tem no alfabetizando o sujeito ativo

da ação, embora haja casos em que não é necessário saber ler ou escrever.

Contudo, simplesmente, é negado às minorias o direito de ler e escrever um mundo

real que possibilite uma leitura diferenciada das condicionantes imposta pelas

classes dominantes, conforme o fragmento abaixo:

Este tipo de relação requer um profundo compromisso ético-político por

parte dos educadores com o desenvolvimento pessoal e social das

pessoas e com o amadurecimento das relações democráticas no interior

da instituição escolar e desta com o seu entorno. Sabemos que ainda

estamos longe deste tipo de relação, mas digo isto não para desanimá-los,

mas para que sirva de incentivo e perseverança, pois é através dele que

poderemos ressignificar a escola, a educação e o educador. (COSTA,

2000. P. 12).

Para Costa, o compromisso da escola para com sua clientela é de suma

importância, pois carrega consigo a legado do saber e dos processos de

mudanças, sem que tutele seus alunos. Portanto, a escola tem um compromisso

político e não tutelar.

Destarte, Freire (2006) enfatiza ainda que a leitura derivada da linguagem seja

mais do que uma mera ferramenta escolar em algum tipo particular de tecnologia

de escrita, é algo inerente e necessário ao trabalho do professor, de português,

matemática ou de qualquer outra disciplina. Deste modo podemos dizer que o

processo de alfabetização é um ato com o qual se reconhece os conhecimentos

inerentes às bagagens possuídas pelo povo, bastando para isso apropriação da

reflexão, embasada em um pensamento ligado ao contexto social e histórico do

sujeito como objeto de curiosidade e do conhecimento do educando. É na

apreensão desta totalidade o aprender surge das profundezas do ser para o

âmago da reflexão e desta para a compreensão dos fatos da palavra e da escrita.

Munido desta ferramenta, o profissional da educação poderá dizer, de fato, que é

um alfabetizador e educador. Do contrário serão apenas meros reprodutores de

sistema. Senna (2009, p. 93) destaca a idéia da linguagem e sua abrangência e

importância na sociedade:

Page 18: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

18

Pela complexidade e pela diversidade dos problemas que levanta, a

linguagem tem necessidade da analise da filosofia, da antropologia, da

psicanálise, da sociologia, sem falar das diferentes disciplinas lingüísticas.

Para que os alunos desenvolvam o gosto pela leitura, estes devem ser atrativos,

bem ilustrados e estarem de acordo com a realidade do aluno. Deve-se também

levar em conta o nível intelectual, o gosto e os interesses do educando. De acordo

com Barbosa (2006:36-38), a leitura informativa, juntamente com a leitura literária

serve para aumentar o conhecimento, auxiliar na informação funcional, nas

curiosidades e necessidades de orientação para a vida (livro, revistas, romances,

leitura superficial). Para ele este tipo de leitura favorece o aluno ao passo que

desperta o hábito de ler. Contudo, a escola não pode abrir mão da leitura cognitiva,

pois ela profunda o estudo científico. Mesmo nos tempos modernos o professor

não deve abrir mão da leitura corretiva, pois esta serve para corrigir as falhas,

apontar os erros ortográficos e preparar o aluno para o mundo competitivo que o

espera lá fora, conforme Freire (2002:57), abaixo transcrito.

Ninguém lê ou estuda automaticamente se não assume diante do texto ou

do objeto da curiosidade a forma crítica de ser ou estar sendo sujeito da

curiosidade, sujeito da leitura, sujeito do processo de conhecer em que se

acha.

Para Freire (2006), o ambiente social e familiar atua também sobre as preferências

literárias do público infantil: o nível cultural, a profissão dos pais e o poder aquisitivo

têm influência na atitude de crianças e jovens diante da literatura, através dos

condicionamentos culturais. Além desses fatores, o sexo é outra variável

significativa no que diz respeito aos interesses de leitura. As preferências literárias

dos meninos estão voltadas para aventuras, viagens e explorações, enquanto as

meninas se interessam mais por histórias de amor, crianças, vida familiar, etc..

Assim verifica-se que o professor precisa possuir, além das competências

fundamentais para o exercício da profissão estar atento a todas estas questões de

gênero e cultura.

Page 19: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

19

Neste sentido Senna (2009) sustenta que as mudanças estão acontecendo, mas

que são lentas e graduais. Sustenta que as mudanças perpassam pela valorização

da diversidade cultural, dos aspectos sócio-históicos no ambiente escolar, do

respeito às trajetórias pessoais extraescolares. Ele acredita que a forma mais

adequada de corrigir a questão do preconceito relacionado à capacidade mental do

aluno marginalizado, seja a de uma educação inclusiva comprometida com a

verdade, com a tolerância e com a democracia, todos ancorados no projeto político

pedagógico da educação, dentro e for da escola.

2.3 FORMAÇÃO DE PROFESSORES

No Brasil, a partir de 1920, foram realizadas várias reformas de ensino que

trouxeram novos significados para a prática docente que perpassou pela formação

dos professores como disseminadores do conhecimento científico com base no

ideário das políticas públicas. Essas reformas somadas à difusão dos meios de

comunicação de massa, somadas à expansão do crescimento demográfico, a má

distribuição de renda, as necessidades de trabalho dentro das famílias e as

condições de trabalho dos professores, tem gerado mais frustração do que

produção e mais indignação do que qualquer outro resultado esperado, conforme

Romanowski (2007:91). Isto porque as reformas não deram aos professores as

condições necessárias ao desenvolvimento do hábito de leitura e os rendimentos

necessários à formação de leitores críticos, tornando-os meros reprodutores de

conteúdos e não aprendeu a refletir sua prática pedagógica.

Destarte, Senna (2009) ressalta que os professores, enquanto formadores de

opinião, se não estiverem ou não forem leitores efetivos do contexto histórico

subjacente aos conteúdos que ensinam, não poderão, ou pelos menos, não

estarão à altura de serem mediadores de leitura no ensino aprendizagem. Para

Senna este tipo de leitura se faz indispensável em todas as disciplinas

pedagógicas, condição necessária à responsabilidade dos professores na

condução do processo de ensino-aprendizagem.

Page 20: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

20

Um fato não pode ser negado: culturalmente falando o/as brasileiro/as não tem o

hábito da leitura. Carência esta que prejudica toda uma estrutura em cadeia. ―Não

posso ensinar, se não aprendeu a fazer‖, admoesta Senna. Estes e outros graus de

dificuldades são enfrentados por professores e alunos e por aqueles quando

também eram alunos. Recente pesquisa do MEC, realizada em 2010 com

estudantes dos cursos de pedagogia de todo o Brasil, mostrou que apenas um a

cada dez pessoas no Brasil disse gostar de ler e que apenas um a cada cem

disseram ler pelo menos um livro por ano. Se levarmos em conta as estatísticas de

países mais avançados como Canadá e China, a estatística do nosso país fica no

patamar da 16ª posição em hábitos de leitura. Nos EUA, por exemplo, são escritos

pelo menos quatro livros por dia, enquanto que no Brasil, esta mesma quantidade é

produzida em uma semana, ou seja, segundo dados do Ministério da Cultura/2008,

são lançados no Brasil 0,9 livros por dia.

Em outro estudo mais recente feito pela CBL/2012 (Câmara Brasileira do Livro),

entre os mais de 189 milhões de brasileiros, há cerca de 26 milhões de leitores

ativos que lêem pelo menos três livros por ano. Segundo o último estudo da CBL,

cada brasileiro lê, em média, 1,8 livro/ano, diferente dos EUA (cinco livros per

capita) ou da Europa (entre cinco a oito livros lidos por habitante). Para os

especialistas na qualidade de exemplares produzidos no Brasil, o índice de leitura

no Brasil deverá aumentar em razão do significativo número de atividades do setor,

como feiras, bienais e eventos nas universidades em todo o país.

Este comportamento do hábito da não leitura afeta de forma cíclica direta todos os

cidadãos e cidadãs brasileiras, uma vez que tal comportamento é cultural e gera

vícios negativos comportamentais para toda a sociedade, incluindo aí os pais,

professores e alunos, bem como toda comunidade acadêmica. Desta forma, o

professor tem na sua prática pedagógica, não só o desafio da luta contra seus

próprios vícios, mas também a luta árdua de vencer o medo da oralidade escrita e

falada de seus educando. Assim, os professores precisam entender que os

pensamentos estão vivos em cada um dos alunos e que a leitura é para provocar

estes pensamentos e não para poupar o trabalho do aluno pensar. Talvez o grande

desgaste esteja na forma como os alunos são escutados. ―Os livros não ensinam

Page 21: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

21

tudo...‖, diz Costa, (2000), por isto é preciso ensinar os alunos a pensarem para

que cada um possa escrever sua própria história.

Tudo isto sem levar em conta as vantagens e desvantagens da profissão do

educador, haja vista muitos professores exercerem o ofício por falta de

oportunidades, outras que venham acalhar o sustento material. Segundo

Romanowsk (2007), o termo profissão refere-se ao hábito do trabalho diário, à

ocupação secular, os meios empregados por um indivíduo como forma de sustento

individual e da família. Em consonância a esta descrição, o termo

profissionalização parte da premissa da subsistência, contudo não se restringe tão

somente a aquisição de materiais, mas como forma de conduta, como um modo de

vida adotado pelo/a cidadão/ã na garantia da autonomia profissional.

Neste ínterim, bem diferente do que alguém possa imaginar, devemos saber que

professor é profissão, mas educar é arte, é amor, é dedicação e abdicação. Quem

nos diz isso é Cavalcanti (2009) quando relata em seus escritos experiências de

professores que executam a profissão apenas como meio de sustento e

subsistência. Na maioria das vezes nas cidades interioranas predomina as

profissões sexistas que separa homens e mulheres pelo peso da ocupação e da

necessidade da mantença familiar, onde homens são incentivados para a lida do

campo e as mulheres como domésticas e professoras.

Ainda neste contexto, há uma vertente bem acentuada neste sentido quando o

assunto é emprego. Neste caso Romanowski é bem clara quando diz que diante da

recessão pelo qual o país passa na organização atual de trabalho, os trabalhadores

―aceitam as condições desfavoráveis de trabalho para manter o emprego‖.

(ROMANOWSKI, 2007:45). ―Os professores tem enfrentado a precariedade do

trabalho, somada aos baixos níveis salariais‖, acrescenta.

O certo é que mesmo mediante tantas capacitações dos professores oferecidas

através das redes de ensino público, a partir dos anos 90, ainda se atribui à figura

do professor o sucesso e o insucesso dos programas educacionais, como nos

mostra o fragmento abaixo:

Page 22: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

22

As políticas educacionais a partir dos anos de 1990 apontam para a

expansão dos sistemas de ensino em países populosos e com altos níveis

de desigualdades sociais. As políticas descentralizadas e a avaliação do

desempenho da escola atribuem aos professores a responsabilidade pelo

êxito ou insucesso dos programas governamentais. (...), os professores

passam muitas vezes a ter que desempenhar o exercício de outras

atividades além da docência. (...) o profissionalismo sustentado no

desempenho técnico despolitiza o professor, produzindo a

hemogeneização da prática docente. (...) A proletarização está associado

à perda de controle pelo trabalhador (professor) do seu processo de

trabalho. A profissionalização constitui condição de preservação e garantia

de um estatuto profissional. (ROMANOWSKI, 2007, p. 40-43).

Assim, o professor que é versado como um instrutor, pois sua prática pedagógica

reduz-se aos muros da escola e porque não dizer da sala de aula. Quando o

correto seria o contrário: não só o professor, mas um educador. O professor

educador transpõe esses limites trespassando os horizontes expansivos do

cotidiano que move a vida em seu contexto social. Podemos dizer que o professor

que se politiza apenas como instrutor torna uma pessoa alienada, fato que

prejudica não só aos alunos, mas também a si próprio, pois professa voto de

fidelidade às alianças cultuadoras das burocracias que tendem à domesticação e à

subjugação, uma vez que se torna uma pessoa sem estilo crítico, sem liderança

própria, um mero reprodutor dos pensamentos alheios, O professor educador

concebe a necessidade mínima de burocracia, sendo esta, mero instrumento que

deve estar a serviço dos direitos e liberdades fundamentais do ser humano.

A tomada de consciência, juntamente com o desprendimento dos modelos arcaicos

de educação e disciplina são dualidades das quais não mais se permite na

contemporaneidade, frente às rápidas mudanças dos novos tempos. Portanto faz-

se urgente a retomada de posturas firmes no março decisório de uma nova época

globalizada, competitiva, rumo ao processo democrático. A liberdade não se

restringe apenas às leis e decretos, mas a mudanças de comportamentos,

conforme urge o alinhamento das linhas decisórias. O professor como um mediador

do conhecimento deve ser o primeiro a não se curvar diante do seu imperador.

Page 23: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

23

CAPÍTULO II

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Este trabalho é fruto de uma pesquisa com professores da escola Luciano Jose

dos Santos localizada no povoado de Ponta Baixa, município de Itiúba no Estado

da Bahia. Para se chegar ao resultado foi necessário percorrer um longo caminho;

partimos de nossas reflexões como professores aguçados pela experiência, e,

provocados por nossas leituras e reflexões na academia. Nesta pesquisa, o

processo e seus significados são os focos principais da abordagem. Desta forma, a

pesquisa é exploratória. Para sua constituição foram entrevistados diretamente seis

professores dos turnos matutino e vespertino das séries iniciais da citada escola,

também foram analisadas referencias bibliográficas de autores que defende o

tema.

3.1 TIPOS DE PESQUISA

Trata-se de uma pesquisa de campo qualitativa com embasamento bibliográfico,

numa abordagem exploratória e construção dialética. Em linhas gerais, a pesquisa

qualitativa detecta a presença ou não de algum fenômeno, sem se importar com

sua magnitude ou intensidade; segundo Neves, tal pesquisa:

―É denominada qualitativa em contraposição‖ à pesquisa quantitativa, em

função da forma como os dados são tratados e da forma de apreensão da

realidade, em que, no caso da pesquisa qualitativa, o mundo é conhecido

por meio das experiências e do senso Comum. (Neves, 1996:1).

Para Neves a pesquisa qualitativa detecta a causa de um problema que nos

angustia dentro de uma comunidade, onde o mundo será conhecedor desta

problematização enquanto que a mesma não será capaz de apontar soluções do

que foi questionado.

Page 24: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

24

3.2 CARACTERIZAÇÕES DA ÁREA DE ESTUDO

A referida pesquisa foi realizada na Escola Luciano José dos Santos no Povoado

de Ponta Baixa, que esta localizada a 24 km do município de Itiúba. Está situada

no norte da Bahia na região sisaleira, fazendo parte do semiárido baiano, ficando a

cerca de 380 km de Salvador.

O Povoado de Ponta Baixa conta hoje com uma população estimada em 659

habitantes. Com costumes que ainda estão prevalecendo desde o surgimento do

povoado como festas de reis, candomblé, festas juninas e religiosas. A economia

local tem seu forte na pecuária e na fabricação de esteiras, por outro lado ainda

prevalece o trabalho da construção de alvenarias.

A escola conta hoje com 117 alunos, na faixa etária de 4 a 14 anos de idade, em

sua maioria do sexo masculino. Devido aos dados estatísticos apontar para um

maior nascimento de crianças do sexo masculino é este grupo que esta

prevalecendo em nossa localidade. O Educandário possui quatro salas da aula,

uma cantina, dois banheiros, uma secretaria e um pátio de recreação, funcionando

nos turnos matutinos e vespertinos, basicamente com o ensino fundamental I,

tendo como educadores das séries iniciais, as professoras aqui entrevistadas.

Os alunos freqüentemente evadem-se da escola por razões de acompanhar os

pais na labuta diária, no sustento das famílias e ainda porque ficam

desestimulados; falta-lhes motivação. Por este motivo no IDEB de 2009 a escola

obteve a média de 2,8 ficando bem abaixo da média nacional. Motivo pelo qual a

escola foi contemplada com o programa PDE para incentivar a melhoria do

aprendizado dos alunos. Ainda assim, a escola conta com um número muito alto de

repetência e evasão escolar.

A Escola Luciano José dos Santos foi e sempre será de grande importância para o

desenvolvimento intelectual do ser humano desta comunidade, pois sem acesso ao

mesmo não se pode acompanhar as mudanças que estão acontecendo a nível

global e que trazem consigo toda uma questão de modernidade.

Page 25: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

25

3.3 SUJEITOS DA PESQUISA

A referida pesquisa contou com seis professores pesquisados da escola já citada

acima, todas do sexo feminino; a maioria trabalha 40 horas, e sua formação

acadêmica é pedagogia favorecendo que tenham uma visão crítica sobre o

desenvolvimento da leitura e escrita. Já que o sistema exige formação em

pedagogia para que os mesmos desenvolvam um trabalho voltado para o

entendimento da criança, pois é no inicio da alfabetização que a mesma requer

uma maior atenção no mundo em que começa a defrontar em seu dia-a-dia

escolar.

Os professores pesquisados já estão a muitos anos desenvolvendo o papel de

educador em uma comunidade onde as dificuldades estão sempre presentes,

tornando-se, assim, um grande desafio para os docentes. Em seu trabalho que é

de grande importância para a nossa comunidade e porque não o nosso país? As

dificuldades são grandes, mas estamos sempre as desafiando.

3.4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

Os instrumentos usados nesta pesquisa foram de fundamental importância para o

desenvolvimento deste trabalho que visa mostrar as concepções sobre leitura e

escrita sob os olhares dos professores da Escola Luciano José dos Santos, que

contou com a coleta de dados através de questionário com questões em sua

maioria fechada para uma melhor reflexão da pesquisa.

Para preservar o anonimato dos sujeitos foram criadas siglas para preservar a

integridade absoluta de cada um que serão identificados no decorrer das análises

por siglas: S1, S2, S3, S4, S5, S6.

A pesquisa contou com uma ficha diagnóstica (questionário), com onze questões

sendo nove questões fechadas (multiescolha) e duas questões abertas

(dissertativas).

Page 26: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

26

O Questionário, numa pesquisa, é um instrumento ou programa de coleta

de dados. Se sua confecção é feita pelo pesquisador, seu preenchimento

é realizado pelo informante. A linguagem utilizada no questionário deve

ser simples e direta para que o respondente compreenda com clareza o

que está sendo perguntado. Não é recomendado o uso de gírias, a não

ser que se faça necessário por necessidade de características de

linguagem do grupo (grupo de surfista, por exemplo). Todo questionário a

ser enviado deve passar por uma etapa de pré-teste, num universo

reduzido, para que se possam corrigir eventuais erros de formulação.

(Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT; 2005).

Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, o questionário é

uma forma de coletar dados dos entrevistados e deve ser feito com clareza, com

linguagem simples e formal, proporcionando ao entrevistado a compreensão dos

fatos descritos no mesmo.

Também fez parte deste trabalho o processo da observação, frente aos sujeitos.

Foram documentados os registros escritos dos professores, e nos comprometemos

a manter os dados em sigilo, utilizando as informações apenas no nosso trabalho

acadêmico.

Por fim, esta investigação trilhou os caminhos das literaturas consultadas

perpetuando uma parte às falas dos entrevistados, fazendo o retrato do objeto de

estudo através dos indicadores abordados no campo deste texto, ou seja, fazendo

uma análise do perfil escolar desta região. Optou-se por ter os instrumentos de

pesquisa de campo como fio condutor à temática para mostrar as possibilidades de

abertura, mudanças e transformação mediante a intervenção dos profissionais da

Educação e o sistema educacional.

Page 27: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

27

CAPÍTULO III

4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS

O Presente trabalho foi tabulado e analisado a partir do referencial consultado e

conduzido por meio de observações sem perder de vista os dados coletados.

Abordaremos a seguir o corpo docente da pesquisa dentro de um contexto em que

os mesmos serão representados através de porcentagem. Dos professores

pesquisados todos pertencem ao quadro de funcionários da Prefeitura Municipal de

Itiúba – BA, sendo os mesmos concursados e efetivos com exceção do sujeito S4,

que está no quadro através de portaria. Sendo assim os professores pesquisados

50% representa a formação em magistério, enquanto que os outros 50% dos

pesquisados tem graduação em pedagogia. Os mesmos atuam no quadro do

Ensino Fundamental I da Escola Luciano José dos Santos.

O quadro de professores da instituição citada acima não é diferente das demais

localidades do nosso país. As mulheres ainda são maioria, tendo em vista o

mercado de trabalho não dar muita oportunidade para as mesmas, só restando

assim a educação, que não opina pela sexualidade masculina deixando a entender

que a escola não é lugar para homem, seguindo assim os passos de nossa

antiguidade.

O quadro de professores da Escola Luciano José dos Santos nos mostra uma

estatística como em quase todas as profissões, que para complementar sua renda

tem que exercer uma atividade paralela, isto acontece com 50% dos docentes da

nossa escola. A outra metade não tem outra atividade, talvez por não possuírem

tempo disponível, ou, se sentem satisfeitos com o que estão ganhando com sua

profissão.

Nós, professores, vivemos em um país que não valoriza o professor, sendo que

deveria ser uma das profissões mais bem pagas, porque é através do professor

Page 28: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

28

que o sujeito desenvolve seu conhecimento intelectual e profissional, seja em

qualquer área socioeconômica, cultural, educacional ou outras existentes no

planeta.

A pesquisa nos fez refletir sobre os dados tratados a luz de teorias elencadas a

partir de nossas observações e serão apresentados a seguir:

Questão 01: Em sua opinião leitura é:

Fonte: Questionário aplicado aos professores da Escola Luciano José dos Santos; 2012.

Dos professores pesquisados 66.6% responderam que ler é fazer uma leitura

contextualizada, a partir do texto explorado, demonstrando um amplo

conhecimento a respeito do processo de leitura, em contrapartida 33.3% ainda tem

uma visão limitada sobre o ato de ler e não souberam responder a questão.

De acordo com Freire:

Ler é uma operação inteligente, difícil, exigente, mas gratificante. Ninguém

lê ou estuda autenticamente se não assume, diante do texto ou do objeto

da curiosidade, a forma crítica de ser ou de

estar sendo sujeito da curiosidade, sujeito da leitura, sujeito do processo

de conhecer em que se acha. (FREIRE, 1993).

Page 29: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

29

Como evidencia o autor, o ato de ler exige curiosidade, dedicação para que o

objetivo do conhecimento seja alcançado e que ninguém leia somente por ler. A

leitura é um aprendizado do mundo exterior para o mundo próprio do leitor, onde

este e somente este pode entender e deduzir seus pensamentos.

Questão 02: Em sua opinião escrita é:

Fonte: Questionário aplicado aos professores da Escola Luciano José dos Santos; 2012.

Dos professores pesquisados 66.6% responderam que escrita é quando o

aluno reescreve no papel seu entendimento sobre o que ouviu e viu, percebemos

que esses professores só acreditam que os alunos estão capacitados na escrita

quando eles escrevem o que ouvem e que vêem, enquanto que 16.6% acreditam

que os alunos na pré-Silábica já estão desenvolvendo à escrita, 16.6% entendem

que a escrita é quando o aluno desenvolve textos com coerência, voltado para a

realidade em que o mesmo convive de acordo com a citação a seguir.

A escrita é uma representação da linguagem. No entanto, a escrita não

Representa todos os aspectos da linguagem. De fato, a humanidade tem

criado e utilizado deferentes sistemas de escritas, os quais representam

aspectos diferentes da estrutura da linguagem. (Revista Pátio nº 29,

fev.-abril/2011:14).

De acordo com o mencionado acima a escrita representa a linguagem, mas

a humanidade a utiliza de vários aspectos diferentes. Ou seja, não só se escreve

Page 30: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

30

através de letra, mas de outras formas como: gráficos, desenhos e outros, como

uma representação do pensamento daquilo que se vê, observa e lê. Daí a

importância da leitura dos sinais, na resignificação gráfica, nas séries iniciais.

Questão 03: O que leva as crianças a demorarem de aprender a ler e

escrever:

Fonte: Questionário aplicado aos professores da Escola Luciano José dos Santos; 2012.

Dos professores pesquisados 33.3% entendem que a não participação ativa

da família é uma das causas que levam os alunos a um lento aprendizado. De

outra forma 66.6% acreditam que a não acessibilidade a materiais pedagógicos

adequados e a falta de uma boa estrutura física escolar influenciam diretamente na

leitura e escrita desses educandos. Demonstrando uma coerente visão destes

sujeitos que entendem que é preciso mudanças no contexto educacional para

melhoria do processo ensino – aprendizagem dos alunos da escola pública.

Page 31: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

31

Questão 04: Quais as dificuldades encontradas no início da alfabetização dos

alunos, com relação à leitura e a escrita:

Fonte: Questionário aplicado aos professores da Escola Luciano José dos Santos; 2012.

As dificuldades encontradas no início da alfabetização dos alunos, com relação à

leitura e a escrita. Na visão de 16.6% dos professores a falta de motivação dos

alunos contribui para a dificuldade na alfabetização, de outra forma 83.3%

acreditam que o não acompanhamento dos pais com freqüência e a falta de

preparo do professor é o ponto chave para o aluno enfrentar dificuldades no inicio

de sua alfabetização. Aqui fica clara a necessidade da participação dos pais no

processo de ensino – aprendizagem; por outro lado é importante salientar que os

pais nem sempre tem informação e formação voltados para a prática da leitura e

escrita, o que dificulta o processo.

De acordo com a revista Nova Escola, (2003:14), na maioria das vezes a falta de

motivação é causada por características pessoais do aluno e contexto da escola: O

medo do fracasso e a forma de orientá-lo; a falta de clareza sobre os objetivos da

aprendizagem; e a não satisfação das expectativas. Se junta a isto a influência dos

pais e colegas, as experiências pessoais, o ambiente escolar, a interação com o

professor e a avaliação.

Page 32: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

32

Questão 05: Quando se refere á questão, como você trabalha a escrita

na sala de aula:

Fonte: Questionário aplicado aos professores da Escola Luciano José dos Santos; 2012.

Os professores questionados foram unânimes em suas respostas, ou seja, 100%

deixaram a entender que a produção de texto e a prática da leitura é o caminho

para esses educandos desenvolverem a escrita e leitura em sua trajetória do

conhecimento, para que os mesmos venham conviver no meio social sem

nenhuma descriminação. No entanto é importante que estes professores sejam

também leitores e produtores de textos, que não fiquem apenas no nível do

discurso.

Questão 06: Você usa o ABC para alfabetizar?

Page 33: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

33

Fonte: Questionário aplicado aos professores da Escola Luciano José dos Santos; 2012.

83.3% dos questionados responderam que não. Já 16.6% responderam que

sim. Pelo que entendemos os professores já estão mudando a sua metodologia de

ensinar, enquanto outros ainda mantêm a tradicional no nosso sistema

educacional. Isto deixa claro que novas escolas já têm novos materiais didáticos

que distancia dos tradicionais.

Ainda assim, as mudanças são tímidas quanto ao uso das ferramentas

disponíveis no disposto na nova Lei de Diretrizes e Bases - LDB de nº 9394/96 que

prevê carga horária mínima de oitocentas horas e duzentos dias letivos na

educação básica com partes diversificadas em função das peculiaridades locais,

mais os orçamentos previstos pelo Estado, União e Municípios.

Questão 07: Quanto ao material didático para alfabetizar:

Fonte: Questionário aplicado aos professores da Escola Luciano José dos Santos; 2012.

No questionamento em relação ao material didático foi destacada a seguinte

pergunta: Quanto ao material didático para alfabetizar? Todas foram unânimes na

resposta, ou seja, 100% disseram que selecionam textos, constroem fichas,

decoram a sala com palavras textos e etc. O que deixa a entender que o material

didático é uma criatividade do professor, não está mais restrito ao livro didático.

Page 34: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

34

Questão 08: Como você trabalha leitura e escrita na sala de aula:

Fonte: Questionário aplicado aos professores da Escola Luciano José dos Santos; 2012.

Na pergunta como você trabalha leitura e escrita na sala de aula? 66.6% dos

questionados informaram que trabalham a partir do livro, textos e de exposição de

fichas, 16.6% responderam que usam textos diversos e 16.6% utilizam gravuras,

vídeos, textos, embalagem e etc.

Nestas respostas pudemos perceber que os questionados estão desenvolvendo

novo método, envolvendo a criatividade com textos diversificados para melhorar o

desenvolvimento do aluno. O aluno precisa ler para pensar seus próprios

pensamentos, contudo o livro didático não é a única ferramenta. Outras

ferramentas de leitura são de suma importância no processo de ensino

aprendizagem. A leitura sempre deve contribuir para o desenvolvimento da

inteligência, sendo assim, sua grande utilidade está quando se torna o ponto de

partida para pensamentos próprios e nunca o ponto de chegada para regras

decorativas e produção de erudição. Esta última aumenta os arquivos da memória,

mas não desenvolve a inteligência. Somente mediante a leitura correta teremos

pensadores críticos capazes de interpretar o mudo ao seu redor, conforme Costa

(2000:5) nos admoesta ao dizer ―quando lemos outra pessoa pensa por nós: só

repetimos o seu processo mental...‖.

Page 35: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

35

Questão 09: O que mudou da alfabetização antiga para a atual:

Fonte: Questionário aplicado aos professores da Escola Luciano José dos Santos; 2012.

Quando se refere à questão o que mudou da sua alfabetização para a

alfabetização de hoje, 83,3% afirmam que a metodologia mudou, mas o discurso e

a prática continuam focados no tradicional. E 16.6% acreditam que a convivência

entre professor e aluno mudou, não tendo mais aquele respeito que existia no

tradicionalismo.

Questão aberta 01:

Qual sua opinião a respeito do livro didático? Os professores fizeram os seguintes

relatos:

S1 afirma que o livro didático é indispensável e também muito importante para o

aprendizado do aluno.

S2 diz que o livro didático deve ser um dos suportes utilizados pelo professor, mas

não deve ser sua única ferramenta.

S3 revela que são inadequados.

S4 aponta que o livro didático está vindo muito vazio, ou seja, não está como os

anteriores.

Page 36: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

36

S5 descreve que o livro didático não é a única ferramenta a ser usada pelo

professor, deve se procurar outros tipos de suportes para trabalhar.

E por fim S6 descreve que o livro didático é um suporte que o professor pode

utilizar no trabalho, mas deve transformar sua forma de aplicar os textos.

Pudemos observar ao longo desta descrição que alguns professores já têm uma

nova visão sobre o livro didático onde o mesmo ainda faz parte do seu convívio

escolar, mas precisando de adaptação para melhor produção; já outro revelou que

os livros são inadequados, não possuem conhecimentos dos assuntos das novas

metodologias que estamos vivenciando, ou, não deu importância à pergunta.

Questão aberta 02:

Em sua visão profissional as capacitações são suficientes para o trabalho com a

leitura e a escrita na sala de aula?

S1 respondeu não: porque são muito raras e não recebemos um preparo que nos

reforce.

Já S2 expressou a seguinte resposta: não, as capacitações são de suma

importância para o trabalho do professor, mas na sala de aula muitas vezes o

professor encontra situações inesperadas; é preciso inovar seus conhecimentos

para saber lidar com elas.

Já S3 determinou sim, mas disse que “infelizmente o material de apoio pedagógico

é insuficiente e inadequado”.

Com relação a S4 ele disse que não, porque a maioria é capacitada no grau, mas

não tem amor ao trabalho que faz.

S5 refletiu como resposta não, porque na sala de aula o professor encontra muitas

realidades diferentes e difíceis, por isso o professor precisa ir à busca de novos

métodos.

Page 37: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

37

S6 destacou a seguinte ideia, as capacitações são importantes no trabalho do

professor; esse trabalho precisa ser praticado de acordo com a realidade em que

se encontra a turma.

Os professores revelam em suas falas a necessidade de mais capacitações que

venham enriquecer e melhorar suas práticas pedagógicas. Sabe-se que avanço na

educação só acontecerá se houver mais investimento na área dos profissionais de

educação, mais especificamente, os professores.

Page 38: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

38

5. REFLEXÕES SOBRE O RESULTADO DA PESQUISA

A pesquisa desenvolvida na Escola Luciano José dos Santos, apontou

resultados que serão de suma importância para a comunidade escolar desta

localidade. A mesma não aponta soluções para resolver a problemática do corpo

docente da referida escola, mas aponta onde e como os professores devem focar

seus olhares e ações. Por outro lado a pesquisa detectou algo que está sempre

presente no corpo docente de nossa comunidade, da região e do Brasil. Pudemos

perceber nos questionamentos da pesquisa os professores questionados já estão

conscientes da nova metodologia que o sistema hoje requer para uma boa

alfabetização dos discentes, para que os mesmos não fiquem desatualizados da

contextualização que está implantada no sistema educacional.

O discurso apontado nos questionamentos revelou que ele ainda não é colocado

em prática, havendo assim uma contradição na metodologia do inovador e na

metodologia antiga, e que os mesmos ainda estão vivenciando o tradicionalismo

porque estão no momento de transição do método tradicional para uma nova forma

de trabalhar.

As análises e interpretações desta pesquisa servem para nos orientar e elaborar

soluções que possam intervir no processo de aprendizagem. Os pontos

relacionados às dificuldades dos alunos no processo de leitura e escrita abordados

nesta pesquisa pelos professores entrevistados foram: a não participação da

família na escola; a falta de acessibilidade dos alunos a materiais gráficos e

multimídia e a falta de estrutura escolar, tanto física, quanto sistemática.

Ora, de acordo com Sena (2000), as crianças que tem acesso a bens culturais e

que convivem em meios propícios ao desenvolvimento de seus potenciais estão

mais aptas a se desenvolverem melhor na escola. Neste caso a resposta das

entrevistadas faz um aporte ao pensamento de Soares (2006) quando esta diz que

a vivência dos alunos, o vocabulário e o acesso a bens culturais promovem e

permitem às crianças e jovens da classe média a se beneficiarem das informações

transmitidas pela escola; ao passo que as crianças das camadas populares, pela

ausência destes instrumentos, têm suas chances reduzidas a praticamente

nenhuma possibilidade assimilativa. Para Costa (2000), as aulas precisam ser

Page 39: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

39

dinâmicas, mesmo quando se usa materiais diversos como filmes e etc., pois cada

um aprende de um jeito. Assim a continuação desta pesquisa será de suma

importância para a avaliação nos processos de mudança, a partir desta.

Quanto à questão estrutural da escola podemos dizer que de acordo com os

autores abordados no corpo do trabalho, diversos fatores podem intervir na

aprendizagem: números de alunos, diferença de faixa etária e composição da

turma podem sim comprometer a aprendizagem. Embora esta ou aquela situação

exerça uma influência diferenciada conforme a disciplina. Turmas grandes e por

demais heterogêneas exigem mais trabalho do docente e acabam não auxiliando a

aprendizagem se não for levada em conta esta diversidade. Turma grande poderá

ser, até mesmo de vinte alunos, dependendo da atividade que se pretende

desenvolver e dos objetivos que se pretende alcançar. Local e horário em que será

ministrada a disciplina também exercem influencia no desenvolvimento da

aprendizagem. Portanto, condições mínimas podem ser indispensáveis para a

desenvoltura de um trabalho eficiente.

Desta forma, toda a estrutura escolar é importante e deve estar atenta aos

instrumentos que oferecem ao alunado. As mudanças não devem ser apenas

técnicas, mas também políticas. Para que a avaliação sirva à aprendizagem é

essencial conhecer cada aluno e suas necessidades. O aluno deve ser envolvido

na própria avaliação. Nisto o importante não é identificar problemas de

aprendizagem, mas necessidades. Contudo, no contexto desta pesquisa, talvez o

que esteja causando a desmotivação do alunado seja mesmo a falta de material

adequado.

Quanto à participação das famílias na escola podemos enfatizar que de acordo

com Freire (2004), a participação ativa da família nas escolas influência

diretamente na desenvoltura da leitura de mundo a ser desenvolvida pelas

crianças. Daí que a escola precisa repensar sua prática pedagógica junto com as

famílias. O ser humano é um ser de reações. Somos cotidianamente convocados

para encontros, para convivências humanas. Desta forma acreditamos que

crianças e adolescentes aprendem mais com o curso dos acontecimentos, com as

práticas experimentadas e com a incorporação de valores incutida na crença dos

Page 40: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

40

pais, daí a importância da presença da família na escola. As práticas e vivências no

dia-a-dia das escolas e das comunidades são exercícios que colocam os

educandos diante de si mesmos e do mundo, diante do desafio de valorizar a vida.

Segundo Costa (2000), a solução está numa relação democrática e participativa

entre escola e família, sem que haja subordinação de uma e imposição da outra.

Ele diz que comunidade envolvida é escola protegida e que escola ideal é aquela

que todos aprendem.

Page 41: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

41

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa aqui apresentada teve por intuito responder a questão norteadora do

tema abordado, o qual se apresenta sobre a visão dos professores entrevistados a

cerca da importância da leitura e da escrita na construção da identidade e

autonomia do aluno. O percurso transcorrido durante a elaboração desta

monografia, embora curto, foi suficiente para que pudéssemos desenvolver um

olhar crítico, diferenciado a respeito da nossa clientela escolar discente e desta

para com a comunidade escolar docente. Por meio dos estudos percebemos que,

as características e particularidades trazidas pelos indivíduos marcam a trajetória

do conhecimento e conseqüentemente do desenvolvimento do educando. As

incansáveis horas de pesquisa bibliográfica nos forneceram dados preciosos para

que pudéssemos avaliar com êxito nossas ações, nossas práticas pedagógicas,

enquanto educadores e desta forma identificar problemas e construir propostas

educacionais compatíveis com a realidade de nossos educandos. Esta é nossa

pretensão.

Participar do processo educativo implica na proximidade do professor para com o

aluno, amola em ouvir e expor a opinião do estudante. Trata-se de uma ação

reflexivo-participativa, construída com base nos saberes e conhecimentos trazidos

pelos educandos, de forma que a bagagem trazida pelo aluno seja o fio condutor

do processo ensino-aprendizagem. Portanto a arte de educar é um procedimento

de ações contínuas, gradativas, construída coletivamente, resguardada as

particularidades dos sujeitos envolvidos.

Através das leituras, também observamos que a relação leitura e escrita é de

fundamental importância na construção da identidade e autonomia das pessoas. A

partir do momento em que o aluno aprende ler e escrever ele passa a fazer uma

leitura própria do mundo que o cerca de forma mais segura e elucidativa. O bom

leitor desenvolve também um olhar apurado sobre suas expectativas e medos. O

aluno sente-se mais seguro e mais preparado para enfrentar os novos desafios,

frente ao desvincular-se da dupla proteção oferecida, ora pelos pais, ora pela

Page 42: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

42

escola. O leitor assíduo, quando munido das ferramentas necessárias às suas

aventuras, adquire total confiança em si mesmo.

A pesquisa realizada mostrou que a leitura e escrita sob os olhares dos professores

da escola Luciano José dos Santos é essencial para o desenvolvimento dos

indivíduos independente da sua formação. Na opinião dos entrevistados tal

convivência é fundamental para que a criança seja inserida no meio social e afetivo

sem problemas de relacionamento disciplinar e intelectual. É no meio escolar que

os indivíduos tem seus contatos iniciais com os tipos de linguagens, hábitos e

costumes; fatores essenciais na formação autônoma dos sujeitos.

Não vamos aqui negar as dificuldades encontradas na elaboração deste

documento, pois não foram poucos: desde a falta de conhecimento das normas

técnicas até as discussões em grupo, mas salientamos que tudo valeu apena após

termos encontrado o caminho. Pois, sabemos que a escola estar longe de ser a

idealizada, mas estamos convictos de que as mudanças nascem de um estímulo,

de um desejo, de uma motivação; e que estes podem ser adquiridos aqui mesmo,

neste espaço, através dos estudos, das capacitações mais intensificadas, da

logística escolar mais detalhada, dos orçamentos mais bem distribuídos, dos

salários mais justos, da assiduidade dos educadores, da responsabilidade dos pais,

da supervisão da direção escolar, do respeito do sistema educacional aos direitos

do educando, da convicção de quem diz e da responsabilidade de quem faz.

Assim sendo, entendemos que é primordial a participação diária e a pontualidade

dos professores na sala de aula, na interação direta com a direção e pais dos

alunos, na busca de informação e na troca de conhecimentos com outros colegas

de profissão. A relação comunidade escolar versus sociedade é uma lacuna

crescente, linear que tem gerado conflitos dentro e fora da escola. Tal

comportamento desencadeia no meio social uma problemática que não pode ser

superada, senão pela interação do tripé escolar: professores, pais e alunos. A

ausência dos pais na escola, somada ao descompromisso de muitos professores

desvirtuam o ambiente de ensino que protagoniza a referência maior da educação,

conforme foi demonstrado no corpo desta pesquisa. Sendo esta a principal queixa

dos professores na lentidão do aprendizado dos alunos.

Page 43: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

43

Assim, é preciso que as escolas juntamente com os pais dos alunos desenvolvam

uma relação de parceria e compromisso em forma de rede, a fim de superar as

dificuldades e lacunas existentes no processo educacional. A escola não pode fugir

da sua função de agente transformador. Seu papel social e seu padrão tradicional

de organização, ainda é certamente o local onde são desenvolvidos os primeiros

contatos da criança com o mundo que o cerca, com os valores éticos, com a

crença de um lugar seguro, onde se obtém apoio e carinho. Portanto o professor

não pode, simplesmente, fingir que ensina e deixar o aluno ficar refém de um

sistema prevaricador. Como disse o poeta: ―quem não inclui, exclui!‖. A inserção é

um grande desafio, mas é possível!

Page 44: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

44

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e Linguística. São Paulo: Scipione, 2009

(Coleção Pensamento e Ação na sala de aula)

CAVALCANTI, Petrônio. Paulo Freire: saberes e dizeres de um professor feliz.

Recife: Ed. do autor, 2009.

COSTA, Antonio Carlos Gomes da. Educador: novo milênio, novo perfil?

Paulus: São Paulo, 2000

BARRETO, Vera. Paulo Freire para educadores. São Paulo: Arte & Ciência,

2004.

FREIRE, Paulo; Professora sim, tia não. Cartas a quem ousa ensinar. Editora

Olho D'Água, 10ª ed., p. 27-38.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se

completam/Paulo FREIRE. 5º Ed. São Paulo: Cortez, 2009.

_____________. Conscientização: Teoria e prática da libertação: uma introdução

ao pensamento de Paulo Freire. V cd. São Paulo : Ed. Centauro, 2006.

______________. A importância do ato de ler: em três artigos que se

completam. (Coleção Polemicas do Nosso Tempo, Vol. IV) 2V cd. São Paulo:

Autores Asso-ciados: Ed. Cortez, 1989.

______________. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1975.

SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. 2’ ed, 11ª reimp. —

Belo Horizonte: Autêntica, 2006.

ROMANOWSKI, Joana Paulin. Formação e profissionalização docente. 3ª ed.

rev. e atual. Curitiba: Ibpex, 2007.

SENNA, Luiz Antonio Gomes. Letramento: Princípios e Processos. Ibpx:Curitiba,

2009.

Page 45: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

45

ALVES, RUBEM. Conversas com quem gosta de ensinar. São Paulo: Cortez,

1983.

BOFF, Leonardo. A águia e a galinha: uma metáfora da condição humana.

Petrópolis: Vozes, 1997.

BOURDIEU, Pierre &PASSERON, J. C. A reprodução: elementos para uma teoria

do sistema de ensino. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1975.

BRANDAO, Carlos Rodrigues. O que é Educação? São Paulo: Brasiliense, 30 ed,

1994 (Coleção Primeiros Passos).

CUNHA, L. A. Educação e desenvolvimento Social no Brasil. Rio de Janeiro:

Francisco Alves, 1975.

KREMER, Sonia. Guia prático da nova ortografia. Rio: PUC,2011.

GUILLEN, Isabel. 500 nos: um novo mundo na TV. Brasília: Secretara de

educação à Distância, 3003.

REVISTA PRESENÇA PEDAGÓGICA. A leitura escrita como experiência – seu

papel na formação de sujeitos sociais. Jan./fev. 2000, v. 6, n°. 31.

REVISTA NOVA ESCOLA. São Paulo: Abril, ano XII – n. 118 – dezembro, 1998.

REVISTA NOVA ESCOLA. São Paulo: Abril, outubro/1999.

REVISTA NOVA ESCOLA. São Paulo: Abril, ano XVIII – n. 159 – jan./fev./2003.

REVISTA NOVA ESCOLA. São Paulo: Abril, ano XIX – n. 173 – jun./jul./2004.

ROMANELLI, Otaiza o. História de educação no Brasil: 1930-1973. Petrópolis:

Vozes, 1978.

SAVIANI, Derneval. Educação Brasileira: estrutura e sistema. São Paulo: Saraiva,

1983.

SAVIANI, Derneval. Escola e Democracia. São Paulo: Cortez, 1984.

SAVIANI, Derneval. A Nova Lei da educação. Campinas: Autores Associados,

1987.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS. NBR 1472: Trabalhos

acadêmicos. 2ª ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2005.

Page 46: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

46

ANEXOS

Page 47: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

47

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS VII

SENHOR DO BONFIM

PROGRAMA REDE UNEB 2000 ITIÚBA – BA

COMPONENTE CURRICULAR: PEDAGOGIA

ALUNOS: AELSON, ARLETE, CECIA E ROZELI

Entrevista sobre Leitura e Escrita sob os olhares dos professores da Escola

Luciano José dos Santos do Povoado Ponta Baixa

ITIÚBA

2012

Page 48: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

48

QUESTÕES

1. Em sua opinião Leitura é:

a) ( ) Ler e interpretar o que está escrito no texto;

b) ( ) Decodificar as palavras existentes no texto;

c) ( ) Ler é fazer uma leitura contextualizada a partir do texto explorado.

2. Em sua opinião Escrita é:

a) ( ) Quando a criança está na pré-silábica até sua total alfabetização;

b) ( ) Habilidade de escrever textos coerentes;

c) ( ) É quando o aluno reescreve no papel seu entendimento sobre o que ouviu e viu;

d) ( ) É um simples rabisco numa folha de papel.

3. Em sua opinião o que leva as crianças a demorarem de aprender a ler e escrever?

a) ( ) A não participação ativa das famílias;

b) ( ) As aulas que não são atrativas;

c) ( ) A metodologia usada pelo professor;

d) ( ) A falta de acesso a revistas, livros, e outros atrativos a leitura.

4. Quais as dificuldades encontradas no inicio da alfabetização dos seus alunos, com relação à leitura e escrita:

a) ( ) A falta de motivação dos alunos;

b) ( ) Os alunos que só fazem decorar as palavras e textos;

c) ( ) A falta de materiais adequados para o trabalho de alfabetizar;

d) ( ) O não acompanhamento dos pais no dia a dia escolar e falta de preparo do professor.

5. Como você trabalha a Escrita na sala de aula?

a) ( ) Produção de textos coletivos;

b) ( ) Fazendo a reescrita de seus textos;

c) ( ) Incentivando os alunos a prática da leitura e produção de textos.

Page 49: Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012

49

6. Você usa o ABC para alfabetizar:

( ) Sim ( ) Não

7. Quanto o material didático para alfabetizar:

a) ( ) Isso é papel do coordenador. Ele deve deixar tudo pronto para minha prática docente;

b) ( ) Seleciono textos, construo fichas, decoro à sala com palavras e etc;

c) ( ) Prefiro usar somente o livro didático.

8. Como você trabalha Leitura e Escrita na sala de aula:

a) ( ) A partir do livro, textos e de exposições de fichas (palavras);

b) ( ) Textos diversos;

c) ( ) Gravuras, vídeos, textos, embalagens e etc.;

d) ( ) Sigo o texto do livro.

9. O que mudou da sua alfabetização para a alfabetização de hoje.

a) ( ) A metodologia aplicada pelo professor;

b) ( ) A forma de convivência entre professor e aluno;

c) ( ) A parceria entre a escola e a comunidade;

d) ( ) Vejo que não mudou nada.

Questão aberta 1º: Qual sua opinião a respeito do livro didático?

Questão aberta 2º: Em sua visão profissional as capacitações são suficientes para o trabalho com a leitura e escrita na sala de aula? Justifique sua resposta.