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SÚMARIO INTRODUÇÃO................................................. ....................................................9 CAPITULO I LÚDICO E APRENDIZAGEM .............................................. ............................11 CAPITULO II QUADRO CONCEITUAL ................................................ .................................14 2.1 Desenvolvimento Infantil .................................................. .......................14 2.2 Escola .................................................... ...................................................18 2.3 Lúdico na educação infantil .................................................. ..................22 2.4 Educação infantil no Brasil .................................................... ..................27 CAPITULO III

Monografia Ana Lúcia Pedagogia 2009

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Pedagogia 2009

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Page 1: Monografia Ana Lúcia Pedagogia 2009

SÚMARIO

INTRODUÇÃO.....................................................................................................9

CAPITULO I

LÚDICO E APRENDIZAGEM ..........................................................................11

CAPITULO II

QUADRO CONCEITUAL .................................................................................14

2.1 Desenvolvimento Infantil .........................................................................14

2.2 Escola .......................................................................................................18

2.3 Lúdico na educação infantil ....................................................................22

2.4 Educação infantil no Brasil ......................................................................27

CAPITULO III

METODOLOGIA DA PESQUISA......................................................................29

3.1 Lócus da Pesquisa ...................................................................................29

3.2 Sujeito da Pesquisa ..................................................................................30

3.3 Instrumento da Coleta de Dados .............................................................30

3.4 Contexto da Pesquisa ..............................................................................32

CAPITULO IV

ANALISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS ...................................33

CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................43

REFERÊNCIAS

Page 2: Monografia Ana Lúcia Pedagogia 2009

INTRODUÇÃO

Este estudo se propõe a refletir sobre a educação lúdica e sua

aplicação no ambiente escolar público na cidade de Senhor do Bonfim e ficou

estruturado da seguinte forma:

No Capitulo 1 - Lúdico e aprendizagem - destacaremos, neste

capitulo, o lúdico e sua relação coma a educação, na forma como esse

importante instrumento vem sendo abordado e o papel que esse tem para a

construção do conhecimento das crianças. Aqui alem do problema que nos

provocou a reflexão sobre esse tema, são colocados os objetivos que nos

propomos alcançar com a realização dessa pesquisa.

No Capitulo 2 - como o intuito de contribuir para uma compreensão da

relação lúdico e educação, trabalhamos os conceitos-chave, que fundamentam

essa relação, com um breve passeio sobre as diversas fases de

desenvolvimento da criança embasados nas idéias de Vygotsky, Piaget,

Gallahue e outros estudiosos. Aqui também, abordamos sobre a escola desde

seus primórdios até os dias atuais, buscando refletir sobre o lúdico e sua

inserção no processo escolar em nosso país.

No Capitulo 3 - destacamos os caminhos percorridos com a

metodologia utilizada no processo da pesquisa, desde o ambiente, aos

instrumentos da pesquisa e sujeitos pesquisados.

No Capitulo 4 – dedicado a analise de dados, fazemos à exposição

dos dados coletados, que são expostos em forma de gráficos com o intuito de

facilitar uma melhor compreensão das informações e dados levantados junto

aos professores. Ainda nesse capitulo, nos dedicamos a imprescindível analise

dos dados e de resto todo o material recolhido junto aos pesquisados.

Na ultima parte, fazemos as considerações finais, que trazem um olhar

voltado para demonstrar a nossa percepção em relação à abordagem realizada

na tentativa de responder aos objetivos a que propusemos com essa pesquisa.

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Assim compreendendo a relevância da pesquisa que sempre busca

subsídios para responder as nossas inquietações, entramos neste terreno de

tão difícil acesso que é a educação lúdica aplicada no município de Senhor do

Bonfim, contando com a colaboração de algumas professoras que se

prontificaram a respondes as nossas questões.

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CAPITULO I - PROBLEMÁTICA

LUDICO E APRENDIZAGEM

São muitos os estudiosos que acreditam na importância do jogo para

fortalecer a aprendizagem infantil, destacando como primordial o envolvimento

e a vontade de aprender ligadas a uma zona que Piaget (1998) chamou de

proximal, lembrando que o conhecimento se dá através das zonas de

desenvolvimento.

A criança constrói conhecimentos lógicos e duráveis a partir de regras

que são ensinadas nos jogos e que ao mesmo tempo divertem a criança e a

inserem num devido circulo social, circulo este importante para seu

desenvolvimento ao longo da vida.

A brincadeira por ser uma atividade própria da infância na nossa

compreensão cria possibilidades novas para o mundo infantil e ao mesmo

tempo estimula a capacidade da criança de relacionar-se com o meio onde vive

começando a construir as relações sociais que lhe serão peculiares.

O brincar, com o passar dos anos, ao ser internalizado, transforma se

em uma capacidade de representação interna, imaginativa e de

estabelecimento de relações.

Como bem salienta SPOLIN (2002), "a brincadeira tem um lugar, um

tempo e função importante que é a preparação da criança para relacionar-se

socialmente (p. 55)".

Todavia, para que haja nesse espaço condições que viabilizem o

desenvolvimento da criança, o espaço escolar precisa estar dotado das

mínimas condições que contribuam para a sua eficácia como confiança,

segurança e liberdade para a criatividade, pois, uma vez assegurado dessas

condições, a criança deixa fluir experiências por meio de brincadeiras que

evidenciarão sua maturidade e sua saúde de acordo com a idade. Por isso, é

importante salientar que a capacidade do mediador, professor, nesse processo

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constitui-se parte importante, como de alguém apta a desempenhar esse papel.

Da forma como é aplicada hoje, em algumas escolas, a brincadeira

deve ser dada de acordo com a idade e o nível de desenvolvimento da classe,

e para estabelecer o que melhor se adapta a classe, o professor precisa estar a

par da realidade de sua escola e consequentemente de seus alunos.

Assim, um dos requisitos importantes para conhecer a turma e trabalhar

corretamente com o lúdico é essencial que o professor seja preparado, tenha

conhecimento das fases de desenvolvimento da criança e estabeleça com a

mesma relação de afeto.

Se em qualquer área da educação é importante o preparo do professor,

na educação infantil essa necessidade é primordial, pois é ele, quem cria os

espaços, disponibiliza materiais, participa das brincadeiras, ou seja, faz a

mediação da construção do conhecimento. O professor favorece este primeiro

contato da criança com o novo.

A desvalorização do movimento natural e espontâneo da criança em

favor do conhecimento estruturado e formalizado, muitas vezes, ignora a

importância da brincadeira e do jogo como forma rica e poderosa de estimular

a atividade construtiva da criança. Essa preocupação, necessária e

importante, exige que o professor procure ampliar cada vez mais as vivências

da criança com o ambiente físico, com as brincadeiras e com outras crianças

no processo de ensino aprendizagem.

A educação em geral está sofrendo um processo de mudanças em sua

estrutura e não tardará uma revolução em suas bases, quanto à aplicação de

novos métodos que proporcionem as nossas crianças uma educação de

qualidade.

Este trabalho tem a importante missão de repensar o papel da

educação lúdica na infância.

Por isso, nesta abordagem, pretendemos a partir de observações

relacionadas às práticas de jogos na educação infantil refletir, como esse tema

vem sendo trabalhado na educação da rede pública municipal de Senhor do

Bonfim.

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Qual tem sido o papel desempenhado pelo professor ao trabalhar o

lúdico na educação infantil. ? Preocupa-nos, portanto nessa abordagem, atingir

os seguintes objetivos, ou seja:

° analisar como a atividade lúdica está sendo trabalhada na rede pública

municipal

° analisar, em que medida a pratica da atividade lúdica, desenvolvida na rede

pública, está contribuindo ou prejudicando a aprendizagem das crianças.

Portanto este trabalho, alem de discutir a relação da atividade lúdica

com a educação, pretende contribuir para uma compreensão mais aproximada

dessa relação, assim como auxiliar na implementação dessa atividade no

ambiente escolar.

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Page 7: Monografia Ana Lúcia Pedagogia 2009

CAPITULO II - QUADRO CONCEITUAL

Buscando aprofundar o debate em torno da compreensão dessa relação,

do lúdico com a educação, vamos inicialmente, na construção do nosso quadro

conceitual, utilizar como base os seguintes conceitos-chave: Desenvolvimento

Infantil; escola; Ludicidade na Educação infantil; Educação infantil no Brasil.

2.1 - DESENVOLVIMENTO INFANTIL.

Todo ser humano passa por fases distintas desde o seu nascimento até

a sua morte, assim cada fase tem suas características próprias e define o tipo

de sujeito que este será no futuro.

Assim entender estas fases constitui-se um dado importante para o

profissional de educação que pretenda trabalhar com crianças e conhecer o

individuo em sua totalidade.

Segundo Piaget (1989: 76): o desenvolvimento infantil se dá em três

fases.

Primeira infância - Dos 2 aos 6 anos (dos 0 aos 2 anos também considero 1ª infância.Segunda infância - Dos 7 aos 10/11 anos.Adolescência- A partir dos 12 ano.A Primeira infância segundo Piaget, é a fase do pensamento pré- operacional dos 2 aos 4 anos, fase do pensamento pré operacional.A Segunda Infância, ainda segundo Piaget, é a fase das operações concretas, onde a criança já faz composição aditiva, reversibilidade, associação, identidade, razão dedutiva, relacionamentos, classificação. É uma fase de movimentos especializados, estágio de transição.A Adolescência, é a fase de operações formais.

Cada uma destas fases tem suas características próprias onde a criança

vê o mundo de uma maneira peculiar, ela age e interage baseada em suas

próprias visões.

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Para o profissional de educação, principalmente a educação infantil,

conhecer cada uma destas fases é importante para ajudar o aluno a construir

conhecimento desde cedo.

Já no primeiro ano de vida, a criança segundo Piaget, está aberta para o

conhecimento e até os cinco anos ela desenvolve a percepção de várias

formas, a linguagem enriquece e a habilidade motora torna-se ampla, as ações

se dão no tempo do pensamento.

Depois dessa idade o desenvolvimento infantil de fato começa a se

tornar especializado, assim os conceitos esquerdo, direito, que segundo Piaget,

neste momento a criança faz opções e experimenta muito no intuito de saber o

que vai lhe agradar.

Pimentel (1981), ao abordar sobre esse mesmo tema destaca que na

adolescência as atividades seguem o desenvolvimento cerebral onde a

complexidade é a marca registrada, os adolescentes são complexos por

natureza, pois, conforme salienta:

Já o adolescente, é capaz de formular hipóteses a partir de fatos não concretos. Este é o instrumento mais elaborado de pensamento. Os circuitos neurais macroscópicos estão praticamente todos desenvolvidos. O cérebro do adolescente assemelha-se então ao dos adultos (Pimentel-Souza, 1981).

Estimular a aprendizagem da criança e do adolescente é uma tarefa do

professor preocupado em aproveitar cada uma das fases da melhor maneira

possível, estimulando os alunos a despertar suas potencialidades e aptidões,

aperfeiçoando as potencialidades através da leitura e da escrita, mostrando a

criança o mundo que se abre a seu redor.

Piaget (1998) enfatiza o papel importante no desenvolvimento da

criança, e nas mudanças que ocorrem no decorrer do tempo que podem

favorecer a aprendizagem.

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Page 9: Monografia Ana Lúcia Pedagogia 2009

Segundo Piaget as crianças pequenas aprendem mais lentamente, para

cada fase as estratégias diferentes são aplicadas no intuito de colaborar para

aprendizagens significativas no futuro.

A teoria de Piaget sugere que existem dois processos fundamentais no

funcionamento intelectual de todo ser humano e que as experiências são

importantes para organização e adaptação do ser humano ao meio onde o

mesmo vive.

Piaget pensava a criança como ser ativo, o autor acreditava que ela

interagia com o meio, e no meio buscava elementos que estimulassem o seu

comportamento e ajudavam a organizar os padrões de comportamento que

desenvolveriam no futuro, assim ela não sofria passivamente as influencias do

ambiente. Processos como acomodação e assimilação ajudando a

incorporação dos elementos e informações que o ambiente sugere ao sujeito.

A teoria piagetiana (Piaget, 1998, pg. 94) dividiu o desenvolvimento do

pensamento da criança em quatro estágios, que seriam descritos a seguir:

Estágio sensório-motor, que vai desde o nascimento até os dois anos. Neste estágio o bebê opera quase totalmente com esquemas abertos, visíveis com ações como olhar, tocar, pegar e sugar. Estágio pré-operacional, que vai dos dois aos seis anos. Este estágio se caracteriza pelo egocentrismo da criança que não consegue entender o que as outras pessoas pensem e como vêm o mundo de uma forma diferente da sua. É incapaz de perceber a reversibilidade das coisas. Apresenta um raciocínio indutivo, isto é, a criança vê que duas coisas acontecem ao mesmo tempo e supõe que uma é a causa da outra.

Estágio operacional concreto, que vai dos seis aos doze anos. Neste estágio a criança adquire o esquema das operações como a soma, a subtração, a multiplicação, a ordenação serial. Consegue compreender a reversibilidade das coisas e já apresenta um raciocínio indutivo.

Estágio operacional formal, que vai dos 12 anos em diante. A principal tarefa desse período é aprender como pensar a respeito de idéias tanto quanto de objetos.

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Compreender como se dá cada fase é tarefa essencial para que a

aprendizagem possa ser significativa para a criança.

2.2 – ESCOLA.

A escola é o primeiro local onde a educação foi formalmente

estabelecida. Se antes os conhecimentos eram passados de geração em

geração através da família, com a modernidade surge a escola criada com

objetivo de levar conhecimento ao maior número possível de pessoas dentro

de um espaço delimitado.

Para Houaiss (2003), escola é:

“Casa ou estabelecimento em que se ministra ensino das ciências, letras ou artes. Conjunto dos alunos e professores. Qualquer concepção técnica de estética ou de arte, seguida por vários artistas, conjunto dos adeptos ou discípulos de um mestre em filosofia, ciências ou arte. Doutrina, seita, sistema. Experiência vivencial, esperteza”. (HOUAISS, 2003, pg. 347)

Em todos os sentidos definidos por Houaiss, a palavra escola engloba

um conjunto de pessoas que estão reunidas para um determinado fim, ela é o

primeiro lugar onde a criança aprende a conviver com o coletivo, deixando para

trás seu mundo particular.

Da escola dos primeiros tempos à escola moderna atual, quase nada

modificou, com efeito, muito se tem discutido a respeito da escola e de sua

constituição sócio política, onde são perpetuados os valores das classes

sociais dominantes, mas apesar das discussões pouca coisa tem sido feita de

fato para modificar este pensamento.

A educação da idade antiga e inicio da idade moderna era concentrada

nas mãos de quem podia pagar por ela, nos mosteiros e nos castelos as

pessoas instruídas pertenciam às classes sócias abastadas, os menos

favorecidos podiam se educar no muito se pertencesse ao clero.

Assim escolher ser um religioso era muitas vezes a maneira encontrada

por homens que pretendiam ter algum estudo,

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Page 11: Monografia Ana Lúcia Pedagogia 2009

A instrução dada em castelos era de cunho altamente particular,

professores eram contratados para ensinar tudo que sabiam a um determinado

aluno, assim a classe abastada via na instrução uma perpetuação do saber que

legitimava a prepotência dos senhores.

O mundo evoluiu e com ele a forma de ensinar também, a Revolução

industrial e tecnológica inaugura uma fase onde era necessário um certo

aprendizado para manipular a máquina, não mais era possível que a instrução

ficasse escondida atrás dos muros, mesmo porque quem operava a máquina

não eram os nobres e sim a gente do povo, dessa necessidade imediata de

educar para industria nasceram os cursos oferecidos principalmente a jovens e

adultos que buscavam qualificação para o trabalho.

Com o advento do Mercantilismo e o crescimento da soberania do

Estado, este assume o papel de consolidador das novas leis entre elas a

instrução, o ensino passa a ser obrigatoriedade desta instituição, como o

objetivo de levar conhecimento e melhorar a vida nas cidades que cresciam

vertiginosamente.

No Brasil a instrução chegou com os jesuítas e como no resto do

continente europeu ela favoreceu a classe social que podia pagar, o ensino era

responsabilidade da Igreja, depois essa responsabilidade também foi passada

para o Estado.

Esta educação era caracterizada pela transmissão oral, que por sua

vez acontecia nas conversas envolvendo grande número de participantes da

tribo, onde se dava grande importância às conquistas de cada povo.

A escola com o formato parecido ao que é hoje chegou ao nosso país

com os Jesuítas chefiados pelo padre Manoel da Nóbrega por volta de 1549

(século XVI). Neste momento a história é baseada na hierarquia e na religião.

Os filhos da nobreza e da classe dominante estudavam em Lisboa, Londres,

Paris e Roma sob a direção do sacerdote Vicente Rijo (ou Rodrigues), o

primeiro mestre-escola no Brasil.

Em 1808(século XIX) com a chegada da corte portuguesa ao Brasil, a

colônia passa a ser a sede do governo Português. A presença de D. João traz

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grandes mudanças na educação. Além de criar o Museu Real, a Imprensa

Régia, A Biblioteca Pública, o Jardim Botânico e os cursos superiores, foram

inauguradas as faculdades de ciências Médicas e Econômicas. O regente

incentiva a formação de professores, a instrução primária e se interessa pelo

método mútuo de ensino público. Entre as novas orientações, promove a

secularização do ensino público iniciada por Ribeira do Pombal após expulsão

dos jesuítas em 1795.

É interessante ressaltar que neste período somente os meninos

podiam freqüentar escolas. Em 1834, um ato adicional transfere para as

províncias a responsabilidade pela organização do sistema de ensino e da

formação dos professores.

Entre os anos de 1837 e 1839 é realizada a inauguração do Colégio

Pedro II marco no ensino público, instituição modelo até meados do século XX.

No final da década de 40, regulamentos reduzem os salários e o nível de

exigência de formação dos professores que são obrigados a ir a missa aos

domingos e proibidos de se ausentar da freguesia sem permissão do

presidente da província. A escola vira lugar para disciplinar e moralizar não

para instruir.

Em 1890, a constituição republicana separa Igreja e Estado, laiciza a

sociedade e a educação, elimina o voto baseado na renda e institui o voto do

cidadão alfabetizado do sexo masculino. Os anos iniciais da República podem

ser considerados o “Período Áureo” da instrução em São Paulo. De fato, nestes

anos além das reformas de ensino do primário e normal, a organização de uma

rede de escolas normais e complementares, a construção do edifício da

Escola Normal de São Paulo, ocorrem a instalação da primeira escola de

educação infantil o jardim da infância anexo a Escola Normal, a criação das

escolas superiores.

Em 1912 é inaugurada a primeira universidade do Brasil, a do Paraná.

Oito anos mais tarde é inaugurada a do Rio de Janeiro. O Ministério dos

negócios da Educação e da Saúde Pública nasce em 1930. a década é

marcada pelo aumento do número de escolas.

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Em 1933, a escola normal da capital é elevada a curso superior, surge

o Instituto de Educação Caetano de Campos. A universidade de São Paulo,

criada em 1934 reúne o Instituto de Educação, à recém criada Faculdade de

Filosofia, e as Faculdades de Direito, Medicina e a Politécnica.

O golpe de 1964 reprime toda e qualquer manifestação critica.

Professores, Universitários e Pensadores são exilados do país. O regime militar

cria a MOBRAL, com o intuito de acabar com o analfabetismo no Brasil - um

estrondoso fracasso.

Nos anos 80 o alto grau de seletividade social do sistema escolar está

evidente no descompasso entre os diferentes níveis de ensino, seu baixo

rendimento aparece nos altos índices de evasão e repetência, os mais altos

níveis de escolaridade permanecem privilégio social de poucos.

Atual LDB- 9.394/96 introduz mudanças significativas na educação

básica, integrando a educação infantil. Dificuldades orçamentárias para

escolarização de jovens e adultos levam entidades sociais a promover ações

educativas e muitas delas com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador

(MTE), destinados a formação profissional. Neste ano além da promulgação da

LDB é criado o MEC, que edita os PCNs ( Parâmetros Curriculares Nacionais).

Um ano mais tarde entra em vigor o Fundo Nacional de Valorização do

Magistério (FUNDEF). No início do século XXI, o Brasil é o sexto país no

mundo em números de alunos mais de 54 milhões.

Com o FUNDEF, o poder executivo estadual ou municipal é obrigado a

disponibilizar ao conselho da entidade, mensalmente, todos os dados sobre os

recursos recebidos e sua utilização. Ficando aberto a denúncias diante de

qualquer irregularidade ao Ministério Público, para que a promotoria de justiça

promova ação competente no sentido de obrigar o poder executivo a cumprir

as determinações contidas na lei do FUNDEF.

É criado em dezembro de 2006 o FUNDEB, que nasce com o objetivo

de atender as demandas deixadas pelo FUNDEF, portanto criando uma política

de financiamento da educação compatível com a perspectiva de uma educação

inclusiva em todos os segmentos.

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Page 14: Monografia Ana Lúcia Pedagogia 2009

O FUNDEB proporciona a garantia da educação básica a todos os

brasileiros, da creche ao final do ensino médio, inclusive àqueles que não

tiverem acesso à educação em sua infância.

É claro que a escola não nasceu da noite para o dia formatada como a

conhecemos, muito precisou ser feito e modificado para chegar onde ela esta,

mesmo sendo alvo de muitos questionamentos, ela é o ambiente onde o

conhecimento é de uma forma ou de outro transmitido, principalmente na

educação infantil onde a necessidade de profissionais conscientes faz a

diferença na formação do aluno.

Essa necessidade de formar professores aptos a compreender o

universo infantil vem ganhando espaço, mas em nenhum destes ambientes

onde a educação pretende ter qualidade se evidenciou a pratica da atividade

lúdica e sua aplicação no processo escolar, especialmente na legislação.

2.3 - O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

As atividades lúdicas possibilitam a incorporação de valores,

desenvolvimento cultural, assimilação de novos conhecimentos,

desenvolvimento da sociabilidade e da criatividade. Por intermédio do lúdico, a

criança encontra o equilíbrio entre o real e o imaginário, oferece a oportunidade

de desenvolvimento de maneira prazerosa.

A brincadeira é então, uma atividade sócio-cultural, pois ela se origina

nos valores e hábitos de um determinado grupo social, onde as crianças têm a

liberdade de escolher com o quê e como elas querem brincar. Para brincar as

crianças utilizam-se da imitação de situações conhecidas, de processos

imaginativos e da estruturação de regras.

Uma criança necessita de alegria para aprender, alegria que muitas

vezes ela não encontra no lar, uma vez que podemos observar a estrutura dos

lares nos dias atuais, os pais envolvidos em problemas e trabalho dão pouca

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Page 15: Monografia Ana Lúcia Pedagogia 2009

importância à estrutura psicológica dos filhos e consequentemente às

brincadeiras.

A mudança dos valores a excessiva correria e a competição têm

cegado os homens com relação aos verdadeiros valores, assim observamos

estáticos uma sociedade que se deixou emudecer.

Segundo Almeida (2003)

Dessa forma a criança, o jovem e mesmo o adulto neutralizados em sua consciência de ser no mundo, são bombardeados por um falso jogo que lhes promete alegrias, poder, riqueza, prazer, descanso, associados à idéia de consumo, cujo conceito-chave se define no esbanjamento, redundância e alienação. (ALEMIDA 2003, pg.34)

Almeida reforça a importância de trabalhar o lúdico com seriedade, uma

vez que todo aprendizado servirá para vida do aluno, sua posição dentro de

uma sociedade que encara as brincadeiras com indiferença.

Considerando a realidade brasileira nos dias atuais, a intenção dos

adultos na maioria das vezes é ver o brinquedo ou as brincadeiras como um

objeto de consumo sem conseguir enxergar como a criança irá explorar um ou

outro determinado brinquedo.

Ainda segundo Almeida (2003):

É fundamental compreender que o conteúdo do brinquedo não determina a brincadeira da criança. Ao contrário: o ato de brincar (jogar, participar) é que revela o conteúdo do brinquedo. A criança ao puxar alguma coisa torna-se o cavalo; ao brincar com areia, torna-se padeiro; ao esconder-se, torna-se guarda. Nada é mais adequado à criança que associar em sua construção os materiais mais heterogêneos: pedras, bolinhas, papéis, madeira tudo tem um significado para ela. (ALMEIDA 2003, PG. 37)

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Page 16: Monografia Ana Lúcia Pedagogia 2009

A vantagem de ser criança segundo Almeida é o fato de que as

brincadeiras mais simples são aquelas que envolvem mais as crianças, quanto

mais sofisticado for o brinquedo menos ele tem vontade de brincar.

O brinquedo faz parte da vida da criança, na maioria das vezes é a

maneira que a mesma tem de se comunicar com os adultos e demonstrar os

seus sentimentos, sem contar que através da brincadeira a criança aprende a

dominar as atividades lingüísticas.

Os brinquedos terão um significado muito importante se vierem

representadas com a brincadeira com a forma de brincar, do prazer que

proporcionará assim, as experiências acumuladas terão valor significativo para

elas.

Para cada fase a criança desenvolve algum tipo de jogo ou brincadeira

que irá ajudá-la a se adaptar ao mundo no qual e uma recém chegada.

Segundo Almeida (2003; 42-45-47-50-54) essas fases podem ser assim

divididas:

Fase sensório motor – nesta fase a criança desenvolve seus sentidos, seus movimentos, seus músculos, sua percepção e seu cérebro. Fase simbólica – por volta de 2 aos 4 anos, aqui a criança se exercita intencionalmente , adora rasgar, pegar o lápis, mexer com as coisas. Fase intuitiva- dos 4 aos 7 anos, é a fase em que sob a forma de exercícios psicomotores e simbólicos a criança transforma o real em função das múltiplas necessidades do eu. Fase da operação concreta- dos 6 aos 12 anos- é a fase escolar em que a criança incorporará os conhecimentos sistematizados, tomará consciência de seus atos e despertará para um mundo em cooperação com seus semelhantes. Fase da operação abstrata – dos 12 anos em diante- os jogos concretizam-se como atividade adaptativas do equilíbrio físico, pois realizam o aperfeiçoamento dos músculos e engrenam descobertas.

A educação lúdica contribui intensamente na formação do individuo,

portanto ela precisa ser observada, os professores e a escola necessitam ter

este olhar permanente para uma educação libertadora, colaborando desde

sempre para que as transformações ocorram da escola para a sociedade.

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Page 17: Monografia Ana Lúcia Pedagogia 2009

A pratico do lúdico dentro da escola exige a participação de todos no

sentido real, uma proposta lógica e fundamentada com pessoas atuantes e

capazes de lidar com a brincadeira de forma séria.

A mudança dos tempos proporcionou aos professores novas

oportunidades de aprender e os cursos de licenciatura passaram a ser

importantes meio de formação e de informação para os mestres.

A formação de professores tem pois um especial significado na medida

em que ela amplia os limites e possibilidades de intervenção em sala de aula,

numa perspectiva de melhorar a qualidade de ensino.

Assim os cursos centravam-se em noções das disciplinas e a licenciatura

se diferenciava de bacharelado apenas por incluir três ou quatro matérias

pedagógicas.

Nas universidades públicas, a partir da década de 1970, o conteúdo dos

cursos foi se diferenciando gradativamente. É certo que ainda permanecem

licenciaturas com todos os rigores que um curso podia exigir.

Com relação ao segundo fator, a carência de saberes foi que a partir da

década de 1960 uma grande expansão de escola ocorreu em nosso país, e em

vários outros, causando principalmente pela intensa migração dos campos para

cidades e a tentativa de qualificar mão de obra para industrialização crescente.

Assim os professores também tiveram a chance de especialização para o

mercado de trabalho.

Em conseqüência, tornaram-se necessário formar, grande número de

professores, o que motivou a criação de diversas faculdades particulares,

muitas funcionando por vários anos em situação precária.

Em 1974, a premente necessidade de professores motivou a instituição

de cursos de licenciatura curta, que continuaram a funcionar até o final do

século, sendo extinta apenas pela lei de Diretrizes e Bases de 1996. Na

licenciatura curta um professor era formado em apenas três anos, com o

currículo reduzido e direcionado a uma disciplina especifica.

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Page 18: Monografia Ana Lúcia Pedagogia 2009

As faculdades particulares e suas licenciaturas curtas, contribuíram para

um aumento quantitativo do professorado que foi acompanhado , porém por um

decréscimo qualitativo em termos de formação, muitas vezes se afirmou que a

baixa qualidade foi determinada pela licenciatura curta.

Antes de 1970, os professores, mesmo os do então curso primário

(atuais primeiras quatro séries do ensino fundamental), dispunham de

condições salariais razoáveis, além de certo prestígio social. O aumento

numérico do professorado sem amparo de verbas governamentais condizentes,

levou a drástica redução salarial, ocasionando decréscimo de seu status social.

A desvalorização dos professores foi um dos motivos para que muitos

não buscassem a qualificação necessária para trabalhar com crianças

desenvolvendo suas habilidades lúdicas e colaborando para formação de

indivíduos conscientes.

A formação do professor é uma exigência que se destaca frente ao

quadro de insucesso que observamos na educação infantil e na educação em

geral. Está inserida na legislação a necessidade de formação para trabalhar

com as séries inicias.

2.4 - EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL

O atendimento às crianças de 0 a 6 anos em instituições especializadas

tem origem com as mudanças sociais e econômicas, trazidas pelas revoluções

industriais no mundo todo. Neste periodo as mulheres deixaram seus lares em

busca de trabalho, mas isso não significou que elas deixaram de cuidar de

seus filhos e de sua familia.

Até 1920, as instituições tinham um caráter exclusivamente filantrópico e

caracterizado por seu difícil acesso oriundo do período colonial e imperialista

da história do Brasil. A partir desta data, deu início á uma nova configuração.

Na década de 1930, o Estado assumiu o papel de buscar incentivo de

órgãos privados, que viriam a colaborar com a proteção da infância. Diversos

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Page 19: Monografia Ana Lúcia Pedagogia 2009

órgãos foram criados voltados à assistência infantil, (Ministério da Saúde;

Ministério da Justiça e Negócios Interiores, Previdência Social e Assistência

social , Ministério da Educação e também a iniciativa privada).

Com esta pequena retrospectiva histórica, podemos verificar que a

Educação Infantil surgiu com um caráter de assistência a saúde e preservação

da vida, não se relacionando com o fator educacional.

A partir da década de 80, ocorre a abertura política e os movimentos

pelos direitos humanos se intensificam. Na constituição de 1988 aumentam as

leis que protegem os cidadãos e seus direitos, o direito a educação e o apoio à

educação infantil.

A partir da Constituição as famílias tem direito a creche para seus filhos

até 6 anos de idade. Isso é o que diz o Art. 208 dessa constituição. Nesta

época também aumenta o número de mulheres que trabalham fora,

aumentando assim a demanda por creches e pré-escola.

O Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990, Lei nº 8.069/1990 diz

no Art. 54:

É dever do estado assegurar à criança e ao adolescente... Parágrafo IV: Atendimento em creches e pré-escolas as crianças de 0 a 6 anos de Idade. Ou seja a Educação Infantil é um dever do estado e direito das crianças famílias.

A LDB 9.394/96 foi a primeira a incluir a educação infantil entre as

diretrizes que regem a educação, porém, esta continua não sendo obrigatória,

apenas direito das crianças e famílias. Nessa lei ela faz parte da primeira etapa

da Educação Básica.

Essas leis trouxeram modificações para a Educação Infantil, ou seja, a

partir da década de 90 ela passa a fazer parte da Educação e não mais do

assistencialismo. Desse modo a formação dos profissionais também é

modificada colaborando para uma educação de e com qualidade com a ajuda

do Estado e amparada por lei.

26

Page 20: Monografia Ana Lúcia Pedagogia 2009

CAPITULO III - METODOLOGIA DA PESQUISA.

Em busca de uma maior compreensão a cerca do problema estudado “Ludicidade infantil: a importante participação da Escola” atividade empregada nas séries iniciais em muitas escolas rede municipal da cidade de Senhor do Bonfim, faremos através dessa pesquisa uma abordagem de natureza qualitativa, de cunho investigativo, por entendermos ser este o procedimento de pesquisa mais apropriado para elucidar as questões que no propomos analisar.

Bogdan e Biklen (1982), In: LUDKE, (1986:11), destacam na pesquisa

qualitativa algumas características que contribuem para um melhor resultado no

processo investigativo:

A pesquisa qualitativa supõe o contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo investigada, via de regra através do trabalho intensivo de campo (“...)”.(LUDKE, 1986:11).

Considerando o tipo de abordagem que nos propomos a realizar, em

ambiente educacional, justifica-se a escolha da abordagem qualitativa, já que

esta estuda os fenômenos em contato direto com o ambiente em que estes

acontecem e possibilitaram o desvendamento do problema estudado.

3.1 – LÓCUS DA PESQUISA

Essa pesquisa teve como lócus de sua investigação escolas que

compõem a rede municipal da sede do município de Senhor do Bonfim. As

escolas forma escolhidas de forma aleatória, buscando assim um olhar mais

abrangente, o que possibilitou a coleta dos dados de forma contextualizada.

Como nos ensina Ludke (1986):

Um princípio básico desse tipo de estudo é que, para uma apreensão mais completa do objeto, é preciso levar em conta o contexto em que ele se situa. Assim, para compreender melhor a manifestação geral de um problema, as ações, as percepções, os comportamentos e as interações das pessoas

27

Page 21: Monografia Ana Lúcia Pedagogia 2009

devem ser relacionadas à situação específica onde ocorrem ou à problemática determinada a que estão ligadas. (LUDKE, 1986: 18-19)

3.2 – SUJEITO DA PESQUISA

Para fundamentar esta pesquisa foram convidadas 12 professoras da

rede municipal de ensino de Senhor do Bonfim, das escolas: Candido Fêlix

Martins; Escola Austricliano de Carvalho; Abigail Feitosa; professoras estas que

trabalham na educação infantil e que foram convidadas a dar sua opinião sobre

o assunto.

Os dados foram coletados através de questionários que visavam obter

uma definição da prática pedagógica utilizada para o processo de ensino-

aprendizagem nas séries iniciais da educação infantil enfocando a utilização de

jogos e brincadeiras com o objetivo de aprimorar a aprendizagem do aluno.

3.3 – INSTRUMENTOS DA COLETA DE DADOS

O método de trabalho utilizado para coleta de dados foi a pesquisa de

campo, com aplicação de questionário contendo 10 questões as 12 professoras

da rede municipal de ensino de Senhor do Bonfim.

O estudo se deu a partir de questionários distribuídos para 12

professores da rede publica municipal de Senhor do Bonfim, uma realidade

próxima de nós possibilitando assim que a interpretação dos fatos possa ser

pensada como possível solução para os problemas detectados.

Diante do interesse em obter respostas que possam gerar novos

questionamentos, direcionados ao tema, optou-se também por uma entrevista

semi-estruturada, já que a mesma permite uma participação do investigador na

construção da pesquisa.

28

Page 22: Monografia Ana Lúcia Pedagogia 2009

(...) aquela que parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses, que interessam à pesquisa, e que, em seguida, oferece amplo campo de interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo à medida que se receber as respostas do informante. Desta maneira, o informante, seguindo espontaneamente a linha de seu pensamento e de suas experiências dentro do foco principal colocado pelo investigador, começa a participar na elaboração do conteúdo da pesquisa. (LUDKE, 1986: 146).

Ainda falando sobre a escolha do instrumento de entrevista dentro da

pesquisa de âmbito qualitativa, esta foi feita através de anotações nos

questionários sobre a opinião da professora com relação ao tema abordado.

(...) perguntas fechadas, mas que apresentam uma série de possíveis respostas, abrangendo várias facetas do mesmo assunto. Com as respostas possíveis estruturadas junto à pergunta, devendo o informante assinalar uma ou várias delas. (MARCONI; LAKATOS, 2003: 206).

Desta forma pretendeu-se descobrir porque nas aulas de educação

infantil há uma deficiência na aprendizagem dos alunos e que se de alguma

forma, através das entrevistas e dos questionários pudéssemos reverter este

quadro e possivelmente formar um cidadão-falante, competente, dinâmico,

crítico e reflexivo diante da sociedade, colocando a educação infantil (lúdico)

como ponto de partida para que a educação libertadora aconteça.

3.4 O CONTEXTO DA PESQUISA

Esta pesquisa foi realizada com 12 professoras da rede publica municipal

de Senhor do Bonfim, das escolas: Candido Fêlix Martins; Escola Austricliano

de Carvalho; Abigail Feitosa; professores estes que optaram por não se

identificarem, assim as respostas não corriam o risco de serem direcionadas

para outros fins.

29

Page 23: Monografia Ana Lúcia Pedagogia 2009

Diante disso, a pesquisa foi direcionada para uma análise das

concepções de ensino que os professores da educação infantil têm do trabalho

com o lúdico em sala de aula.

30

Page 24: Monografia Ana Lúcia Pedagogia 2009

CAPITULO IV - ANALISE DE DADOS E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS.

Para melhor identificar as respostas coletadas nos questionários, os

professores foram nomeados da seguinte forma: P1 ao P 12, assim,

preservando a identidade do professor pudemos analisar claramente a sua fala.

Questão 1 - Idade das entrevistadas

Figura 01

Podemos verificar que 58% das professoras entrevistadas tem idade

entre 25 e 30 anos. No contexto da pesquisa é relevante falar da idade porque

supõe que ela esta diretamente relacionada com a metodologia de trabalho das

professoras em sala de aula, assim pensamos que em nível de formação e

informação as professoras mais jovens tem mais acesso aos múltiplos

conhecimentos e disposição necessárias para trabalhar o lúdico em sala de

aula.

Observamos que quando a educadora é mais jovem, por diversos

fatores (GRIFO NOSSO) está mais apta a compreender o universo importante

da brincadeira para a criança, uma vez que muitas mudanças têm ocorrido na

educação infantil na ultima década.

Assim, compreendemos que, embasados em nosso entendimento de

educação e observando a pratica dos professores que, além da formação, a

disposição e desprendimento de energia para trabalhar brincadeiras e agregar

31

25%

58%

17%

20 a 25 anos

25 a 30 anos

mais de 30

Page 25: Monografia Ana Lúcia Pedagogia 2009

conhecimentos para os alunos, requer uma disposição característica das

pessoas que tiveram formação mais recente.

Questão 2 - Grau de instrução

17%

66%

17%

magistério

pedagogia

outros cursos

Figura 2

66% das entrevistadas têm formação em pedagogia, isso em síntese

significa que estão preparadas para compreender a importância das

brincadeiras para aprendizagem infantil.

Pedagogia é um curso que trabalha muito a questão do sujeito, em seus

diversos momentos de aprendizagem, e ajuda o professor a compreender e

utilizar bem cada uma destes momentos em beneficio do aluno e a favor da

educação e do conhecimento.

Nóvoa (2002, p. 23) diz que: “O aprender contínuo é essencial e se

concentra em dois pilares: a própria pessoa, como agente, e a escola como

lugar de crescimento profissional permanente.”

O conhecimento é uma constante busca de todo ser humano, ao

professor é uma necessidade inerente a sua profissão, principalmente porque

ao aprender coisas novas ele rompe com atitudes velhas.

O sucesso do professor depende exclusivamente de sua capacidade de

interagir com o outro, de aprender, de renovar as idéias e as atitudes e assim

ensinar aos seus alunos que o homem é um ser em constante movimento.

32

Page 26: Monografia Ana Lúcia Pedagogia 2009

Questão 3 - Série em que trabalha

42%

33%

25%

4 a 6 anos

1ª a 4 ª série

menores de 4

Figura 03

42% do entrevistado afirmaram que trabalha com crianças da 4ª a 6ª

series enquanto 33% afirmaram que trabalham com alunos da 1ª a 4ª serie.

Segundo as leituras feitas nesta fase as crianças estão abertas ao

mundo, ao novo, a descoberta, assim pensamos que, trabalhar com

brincadeiras especialmente nesta fase despertará a curiosidade dos alunos

para descoberta do mundo do conhecimento.

Questão 4 - Por que escolheu a educação infantil

75%

25%

me identifico emtrabalhar com crianças

foi onde conseguiemprego

Figura 04

75 % informaram que foi por ter prazer em trabalhar com crianças e se

identificar com o trabalho que exerce.

33

Page 27: Monografia Ana Lúcia Pedagogia 2009

É um motivo grandioso para maioria dos profissionais, o desafio de

trabalhar com crianças.

Quando observamos uma sala de aula onde o professor apenas cumpre

a sua tarefa, vemos como é diferente daquelas onde há respeito pelo que é

feito e pelo aluno, a educação é uma área muito complexa, lidar com pessoas

não é uma tarefa fácil e, portanto, merece que façamos nossas escolhas

levando em conta o outro.

Questão 5 - Como você acha que o professor de educação infantil deve agir

Figura 05

O comportamento do professor perante o aluno é outro fator importante

para favorecimento da aprendizagem, quando o aluno sente-se coibido com a

personalidade forte do professor, ele desenvolve uma defesa que acaba

dificultando a aprendizagem. Apesar de 17% dos professores afirmarem que

devem ser muito severos no processo de ensino na educação infantil, 75%

destes afirmaram que devem amáveis e ter paciência.

Os professores que mantém uma linha mais severa e acham que as

brincadeiras não são uma boa opção para aprendizagem acabam gerando

insatisfação em sua turma.

34

17%

75%

8%

ser sempre muitosevero

amavéis e termuita paciência

não devem darmuita importância

Page 28: Monografia Ana Lúcia Pedagogia 2009

Questão 6 - Você acredita que o lúdico é importante no ambiente escolar

Figura 06

A maioria das professoras 75% acreditam na importância das

brincadeiras para aprendizagem de seus alunos, enquanto 25%, admitem que

a brincadeira algumas vezes é importante. Assim observamos que a maioria

das professoras, admitem o lúdico no espaço escolar. Evidenciou-se na

pesquisa que nível de conhecimento mais atualizado, a partir daquelas que

estudam que o ambiente descontraído é favorável a aprendizagem.

“O brincar se dá no espaço potencial e é sempre uma experiência

criativa, na continuidade espaço-tempo, uma forma básica de viver”

(WINNICOTT, 1993, p. 45).

Assim quando o aluno brinca ele desenvolve noções de conhecimento

em diversos níveis e aprende a utilizar sua criatividade para resolver questões

em momento de pura descontração.

Na fala de alguns professores entrevistados o brincar acrescenta ao

ambiente escolar uma interatividade com o outro e amplia as possibilidades de

construções seguras de personalidade e de comportamento.

O aluno ao brincar sente-se livre para construir conhecimentos

próprios e se bem orientados quanto a jogos e brincadeiras desenvolve uma

critica apurada em favor da sua realidade.

35

75%

25%

sim, extremamenteimportartante

algumas vezes éimportante

Page 29: Monografia Ana Lúcia Pedagogia 2009

Questão 7 - Você gosta de utilizar a brincadeira como forma de aprendizagem ?

75%

25%

sim

depende

Figura 07

75 % das entrevistadas afirmaram que sim. A pratica do professor e

sua formação é importante ponto a considerar quando se fala de uma

educação que vá proporcionar prazer ao aluno, o professor que conheça

amplamente o valor de uma brincadeira bem direcionada certamente não

deixará de utilizar esta ferramenta em suas aulas.

É claro que para utilizar uma determinada técnica ou brincadeira em

sala de aula é necessário que o professor tenha conhecimento de como fazer

para que a mesma seja aproveitada em beneficio dos alunos e de uma

aprendizagem significativa.

Os jogos e as brincadeiras desafiam a curiosidade da criança,

provocando conhecimento e estabelecendo comportamento, para cada idade

pode ser desenvolvidos diversos jogos ou brincadeiras diferentes, seduzindo o

aluno para que ele aprenda.

O brinquedo é uma ferramenta poderosa para o professor que tem um

planejamento e sabe estabelecer com o aluno uma relação de conhecimento,

afetividade e confiança.

36

Page 30: Monografia Ana Lúcia Pedagogia 2009

Questão 8 - Acha que através das brincadeiras as crianças aprendem?

75%

25%

sim

depende

Figura 08

75% das professoras compreendem como é importante o jogo e a

brincadeira para a aprendizagem dos alunos, assim se utilizam essa

ferramenta é claro que acreditam na sua eficácia.

Brincar ganha espaço na aula modelada pela criatividade,

espontaneidade e desafio do pensamento da criança, ela sente-se parte do

processo e não alguém que está fora dele como na educação tradicional.

Libâneo (1996, p. 39) nos diz:

 “A  função da pedagogia “dos conteúdos” é dar um passo à frente no papel transformador da escola, mas á partir de condições existentes. Assim, a condição para que a escola sirva aos interesses populares é garantir a todos um bom ensino, isto é, a apropriação dos conteúdos escolares que tenham ressonância na vida dos alunos”.

Assim, essa garantia de apropriação é algo que está no contexto

inserido com o aproveitamento que o aluno fará das atividades lúdicas,

transformando sua forma de aprender para a vida.

37

Page 31: Monografia Ana Lúcia Pedagogia 2009

Questão 9 - Você se acha um bom profissional? Por quê?

83%

17%

sim

as vezes

Figura 09

83% das professoras questionadas se acham boas profissionais. Sem

sobra de dúvidas o professor que se transforma é capaz de fazer uma auto -

analise e observar os erros e acertos de seu trabalho, procurando sempre

formas de trabalhar melhor.

É necessário ter consciência de que para ser bom no que faz não pode

ficar parado, precisa estar antenado com as novidades e de olho no que deixa

seu aluno feliz, assim saberá aproveitar de cada um o máximo que pode dar.

Questão 10 - Como seria em sua opinião a educação lúdica ideal

38

P1 Em minha opinião as escolas públicas poderiam ter mais material a disposição dos professores.

P2 / P6

Precisamos de cursos que os ajude a melhorar nosso entendimento de como aplicar brincadeira em sala de aula voltadas a determinados conteúdos.

Page 32: Monografia Ana Lúcia Pedagogia 2009

Todas estas falas estão respondendo a questão 10, notamos muitas

respostas semelhantes, portanto formamos pares destas respostas, visando

facilitar a compreensão do texto em si.

Como observamos na fala das professoras, existe ainda muito a ser

feito quanto à educação lúdica ideal nas escolas. Vários pontos considerados

como o espaço físico e a disponibilidade de material necessário para

desenvolver determinados jogos e brincadeiras, são realmente pontos

importantes a serem analisados pelos gestores escolares, mas penso que o

diferencial em sala de aula é em verdade o professor, ele sim, faz diferença.

P6

Vejo que há muita ilusão com relação ao lúdico dentro das escolas, muitas vezes os alunos não tem o básico que é alimentação.

P7 / P9/P11

Mudar a estrutura das escolas e ampliar os espaços para jogos e brincadeiras

39

P3

As escolas precisam de espaço próprio para jogos e brincadeiras construtivas.

P4

Acredito que o conjunto escolar precisa estar ciente de como as brincadeiras e jogos podem ajudar nosso aluno a aprender mais.

P5/ P8/P10 / P12

Planejamento pedagógico voltado para educação lúdica

Page 33: Monografia Ana Lúcia Pedagogia 2009

Vivemos num país de fronteiras enormes e nos quarto cantos de nosso

imenso país podemos encontrar casos de educadores que fizeram diferença

simplesmente com sua dedicação ao trabalho.

40

Page 34: Monografia Ana Lúcia Pedagogia 2009

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base no que foi proposto neste trabalho expresso através dos seus

objetivos chegamos a seguinte conclusão.

Apesar dos esforços dos professores, a falta capacitação e de recursos

que possibilitem uma atuação mais qualificada, a dificuldade de trabalhar com

o lúdico na sala de aula é uma realidade de nosso município e certamente de

todo país, pois foi o que observamos no decorrer de nosso estudo, expresso de

forma objetiva na fala dos professores. Se a lei determina que todas as

crianças devem estar nas escolas e que a educação deve ser de qualidade a

mesma não garante as condições necessárias para que isso aconteça.

As professoras entrevistadas reclamaram do pouco espaço que as

escolas oferecem para o desenvolvimento de jogos e brincadeiras voltadas

para construções de aprendizagem significativas dentro das escolas.

Observamos que o nível de formação das professoras não é um dos

entraves para que se construam novos paradigmas dentro da educação, que

todos juntos, escola, professores e estado podem sim fazer diferença quando

unidos num objetivo comum.

Não existe ainda uma resposta concreta quanto ao aproveitamento e a

aprendizagem mediante a aplicação da educação lúdica nas crianças, mas

percebemos que existe um amplo canal aberto para que em pouco tempo

possamos ver os resultados.

41

Page 35: Monografia Ana Lúcia Pedagogia 2009

REFERÊNCIAS

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BRASIL, Ministério da Educação e Desporto Secretaria da Educação Fundamental – Referencial curricular nacional para educação infantil, Brasília, /SEF, 1998, Vol I – Introdução.

BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente no Brasil. Lei n. 8.069, de 13 de julho MEC de 1990.

BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB 9.394, de 20 de dezembro de 1996.

GALLAHUE, David L., John C. Ozmun. Compreendendo o Desenvolvimento Motor. São Paulo; Phorte 2005.

KUHLMANN Junior, Moisés – Instituições pré-escolares assistencialistas no Brasil (1899-1922), Caderno de pesquisa, São Paulo (78) 17-22, agosto de 1991

LAKATOS, E. M. e MARCONI, M. A. Fundamentos da Metodologia Científica. 5a. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da escola pública: A pedagogia crítico social dos conteúdos. 14ª ed. São Paulo: Edições Loyola, 1996.

LÜDKE, Menga. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas – 6ª impressão. EPU, 1986.

MARCELLINO, Nelson Carvalho. Lazer e educação. Campinas, SP: Papirus, 1990.

NEGRINE, Airton. Aprendizagem e desenvolvimento infantil. Porto Alegre: Prodil, 1994.

NÓVOA, Antonio. (coord). Os professores e sua formação. Lisboa-Portugal, Dom Quixote, 1997.

OLIVEIRA, Zilma de Moraes Ramos de (org). 2000. Educação infantil: muitos olhares. 4.ed. São Paulo: Cortez.

PIAGET, J. A psicologia da criança. Ed Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998. POURTOIS & DESMET. A educação pós-moderna. Loyola, 1999.

SPOLIN, Viola. Jogos Teatrais. São Paulo. Editora Perspectiva. 1991

42

Page 36: Monografia Ana Lúcia Pedagogia 2009

TRIVINOS, Augusto N.S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação: 1.ed. São Paulo: Atlas, 1987.

VYGOTSKY, L. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes. 1991 WAJSKOP, Gisela. 1995. O brincar na educação infantil. Caderno de Pesquisa, São Paulo, n.92, p. 62-69, fev.

WINNICOTT, D. W. O Brincar e a Realidade. Rio de Janeiro: IMAGO, 1993.

43

Page 37: Monografia Ana Lúcia Pedagogia 2009

ANEXOS

PESQUISA DE CAMPOS COM PROFESSORES DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO

1.Idade

( ) 20 a 25 anos

( ) 25 a 30 anos

( ) mais de 30 anos

2.Grau de Instrução:

( ) Magistério

( ) Nível superior ( Pedagogia)

( ) Nível superior ( outros)

( ) Ensino médio

3. Série em que trabalha.

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Page 38: Monografia Ana Lúcia Pedagogia 2009

( ) Educação Infantil ( crianças de 4 a 6 anos)

( ) Fundamental 1 ( 1ª a 4ª séries)

( ) Creche ( menores de 4 anos)

4. Por que escolheu a educação infantil

( ) Me identifico em trabalhar com crianças

( ) Foi onde consegui emprego

( ) É Fácil de trabalhar

5. Como você acha que um professor de educação infantil deve agir

( ) Ser sempre muito severo com as crianças, assim elas aprendem

( ) Devem ser amáveis e ter muita paciência

( ) Não devem dar muita importância para as crianças.

6.Você acredita que o Lúdico é importante no ambiente escolar

( ) sim, extremamente importante

( ) não, é somente uma maneira de passar o tempo com as crianças

( ) Algumas vezes é importante outras não.

( ) Total perda de tempo.

7. Você gosta de utilizar a brincadeira como forma de aprendizagem?

( ) Sempre

( ) não

( ) as vezes

8. Acha que através da brincadeira as crianças aprendem?

( ) Sim

( ) não

( ) Depende

9. Você se acha uma boa profissional? Por quê?

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Page 39: Monografia Ana Lúcia Pedagogia 2009

______________________________________________________________________________________________________________________________

10. Como seria em sua opinião a educação lúdica ideal?

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