78
13 INTRODUÇÃO O trabalho de conclusão de curso que ora apresentamos tem aporte no Trabalho Infantil e dentro dessa área de conhecimento, recortamos o estudo sobre a inferência na vida escolar das crianças; a temática foi escolhida no decorrer do curso de pedagogia, a partir de observações, bem como estágio em algumas instituições. O que se percebeu durante essas visitas é que, existe no meio escolar uma quantidade relevante de crianças que trabalham. São muitos os discursos; muitas entidades públicas encarregadas de coibir, mas nada feito no sentido de prevenir e como já me sentia familiarizada com a temática em questão, antes de posicionar-me contra ou a favor, busquei na pesquisa da educação partindo do conhecimento já existente chegar o mais próximo possível do real através de leituras, análise de teorias, informações, coleta de dados e argumentos. Nesse fiel propósito, objetivou-se identificar na visão das professoras quais os significados que elas dão em relação ao Trabalho Infantil, principalmente, porque o que a comunidade em geral e autoridades públicas pensam a respeito do trabalho infantil já é sabido por todos. Perante a lei, é uma pérfida contravenção que afeta física, mental e afetivamente o desenvolvimento infantil; daí o meu foco de pesquisa se direcionar para o que pensam e

Monografia Anailma Pedagogia 2011

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Pedagogia 2011

Citation preview

Page 1: Monografia Anailma Pedagogia 2011

13

INTRODUÇÃO

O trabalho de conclusão de curso que ora apresentamos tem aporte no

Trabalho Infantil e dentro dessa área de conhecimento, recortamos o estudo sobre a

inferência na vida escolar das crianças; a temática foi escolhida no decorrer do curso

de pedagogia, a partir de observações, bem como estágio em algumas instituições.

O que se percebeu durante essas visitas é que, existe no meio escolar uma

quantidade relevante de crianças que trabalham.

São muitos os discursos; muitas entidades públicas encarregadas de coibir,

mas nada feito no sentido de prevenir e como já me sentia familiarizada com a

temática em questão, antes de posicionar-me contra ou a favor, busquei na pesquisa

da educação partindo do conhecimento já existente chegar o mais próximo possível

do real através de leituras, análise de teorias, informações, coleta de dados e

argumentos.

Nesse fiel propósito, objetivou-se identificar na visão das professoras quais os

significados que elas dão em relação ao Trabalho Infantil, principalmente, porque o

que a comunidade em geral e autoridades públicas pensam a respeito do trabalho

infantil já é sabido por todos.

Perante a lei, é uma pérfida contravenção que afeta física, mental e

afetivamente o desenvolvimento infantil; daí o meu foco de pesquisa se direcionar

para o que pensam e sentem os educadores em relação ao trabalho precoce e com

base nestas indagações iniciamos nosso trabalho, tendo como lócus a Escola

Municipal Herculano de Almeida Lima, localizada no Distrito de Igara Município de

Senhor do Bonfim Bahia. Sendo assim:

Esta monografia é composta por quatro capítulos, a saber:

No capítulo I apresento à problemática, onde contextualizamos sobre o

trabalho Infantil, falamos da pertinência do presente estudo e traçamos os objetivos

a serem atingidos.

Page 2: Monografia Anailma Pedagogia 2011

14

No capítulo II construímos o quadro conceitual a partir dos conceitos- chave:

“Significados”, “Professor”, “Escola” e “Trabalho Infantil”, apoiando-nos, sobre tudo

nos seguintes autores: Ferreira (2001), Oliveira (1985), Costa (2001),Gadotti (2003),

Rodrigues (2003), Candau(2000), OIT (Organização Internacional do Trabalho), ECA

(Estatuto da Criança e do Adolescente), entre outros.

No capitulo III, referente aos procedimentos metodológicos, descrevemos o

tipo de estudo, a população alvo, os instrumentos de pesquisa e a proposta de

coleta de dados.

Quanto ao quarto Capitulo, debruçamo-nos sobre os dados colhidos na

pesquisa empírica ao tempo em que os interpretamos, no confronto com a

fundamentação teórica, produzindo os diversos significados do estudo.

Enfim, nas Considerações Finais recuperamos as principais conclusões a que

chegamos com a realização do presente trabalho monográfico.

Page 3: Monografia Anailma Pedagogia 2011

15

CAPÍTULO I

TRABALHO INFANTIL, ONTEM E HOJE.

Partindo da nossa preocupação em refletir sobre a temática do trabalho

infantil fazemos aqui uma breve recapitulação histórica da inserção dessa atividade

no contexto das mudanças ocorridas na sociedade, ontem e hoje.

É sabido que desde o surgimento da humanidade, já existia a distribuição de

papéis diferenciados para homens, mulheres e crianças, o que proporcionou uma

diferença comportamental desde muito cedo.

Assim, na era primitiva o trabalho era visto como necessário para que os

indivíduos em seus diferentes grupos sobrevivessem às condições que lhe eram

impostas. Nesse sentido o trabalho dos adultos, jovens e crianças, na antiguidade

não se afastavam do ambiente doméstico e tinha fins principalmente artesanais. Os

menores ao observar os mais velhos, aprendiam todas as técnicas a fim de usá-las

posteriormente em prol do grupo.

Sobre isso Brandão (2001), discorre que:

Os meninos observam os homens quando fazem arcos, flechas; o homem os chama para perto de si e eles se vêem obrigados a observá-lo. As mulheres por outro lado, levam as meninas para fora de casa, ensinando-as a conhecer as plantas boas para confeccionar cestos e a argila que serve para fazer potes. [...] ensinavam-nas a cozinhar e aconselhavam-nas sobre a busca de bagas e outros frutos, assim como sobre a colheita de alimentos (p. 21).

Nessa perspectiva o trabalho fornecia as bases de uma organização social

igualitária, em que a família funcionava como unidade básica de produção,

acumulando e trocando os conhecimentos indispensáveis à subsistência de todos os

seus membros. O trabalho infantil era tido como uma espécie de “ajuda” familiar, um

trabalho gratuito que contribuía para a sua integração ao grupo familiar.

No intervalo de acontecimentos ocorridos na Idade Média já havia registros

da prática do trabalho infantil, o qual era exercido nas oficinas domésticas com o

Page 4: Monografia Anailma Pedagogia 2011

16

intuito de suscitar nas crianças/adolescentes o aprendizado de um oficio. Em

algumas regiões, as crianças começaram a trabalhar muito novas, porem já eram

tidos como capazes de obedecer e obterem atenção.

Segundo Minharro (2003):

Nas cidades medievais, a produção era realizada pelos artesãos, reunidos nas corporações de ofício, onde durante anos, a criança e os adolescentes trabalhavam sem percepção de salário e até, muitas vezes, pagando ao mestre uma determinada quantia para que este lhes ensinasse o oficio; o que acontecia até então sem fins lucrativos apenas como preparação para a vida adulta(MINHARRO 2003, p.22).

Adentrando na historicidade da sociedade moderna, verifica-se que o trabalho

infantil foi perdendo pouco a pouco o seu caráter de aprendizagem. Como início da

industrialização, a exploração do trabalho dos menores passou a ser utilizado em

grande escala nas mais variadas atividades, acentuando consideravelmente a

problemática social em torno dessa atividade.

Ainda segundo Minharro(2003):

O trabalho então não só foi um meio de sobrevivência, mas também um caminho que ajudou a dividir a sociedade, onde a classe dominante usava seus subalternos para fazer serviços árduos. [...] As crianças já executavam tarefas como se fossem adultos (p.184).

Coma revolução industrial do século XVIII a problemática do trabalho infantil

se expande, visto a falta de proteção a qual os pequenos estavam submetidos.

Passou-se a não fazer uma destinação entre o trabalho infantil e adulto. Diante disso

a criança passou a trabalhar em condições que colocava em risco seu

desenvolvimento físico e mental.

Como salienta Priore (2000) “O trabalho, quando é obstáculo ao pleno

desenvolvimento da criança ou mesmo perigoso, é percebido como degradante

(p.10),” Esse caráter humilhante e exploratório da mão-de-obra infantil despertou a

preocupação da sociedade dando margem ao surgimento das primeiras leis que

visavam à proteção da criança.

Page 5: Monografia Anailma Pedagogia 2011

17

Mesmo com o advento das leis, na sociedade contemporânea, a situação de

exploração mercantil ainda continuou tanto no que concerne à mão-de-obra adulta

quanto infantil, em conseqüência da desigualdade social que assola as camadas

mais pobres da população, essas pessoas são, muitas vezes, obrigadas a se

sujeitarem a vários tipos de trabalho, devido à falta de oportunidade e

conseqüentemente de qualificação para empregos mais satisfatórios. Daí a

disparidade social abriu brechas para que setores empresariais utilizem de forma

ilegal a mão-de-obra de crianças e adolescentes no intuito de aumentar seus lucros.

Para Cruz (2002):

A exigência de produção sob o modo de produção capitalista, tal como se manifestou, não só despertou e ordenou o trabalho familiar, como também impossibilitou os pais de manterem-se próximos dos filhos. Esse aspecto nos remete ao fato de que o trabalho infantil, como produto da vítima capitalista, precisa ser analisado a partir do contexto no qual se insere (p. 58).

O capitalismo não inventou o trabalho infantil, mas criou as condições para

que as crianças não só fossem transformadas em adultos precoces, em

trabalhadores livres, como derruídas de uma tradição em que trabalho e relações

familiares, permitiam a sua reprodução enquanto criança.

Diante disso, é de extrema importância assegurar as crianças e adolescentes

o dever de que a família, a comunidade, o Poder Público e a sociedade em geral

possibilitem – lhes direitos essenciais como os definidos no Estatuto da Criança e do

Adolescente Art. 4º:

È dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, a educação ao esporte, ao lazer à profissionalização, á cultura, a dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária (p, 7).

Assim, percebe-se que a educação é um dos direitos fundamentais da pessoa

humana, e é um dos fatores que mais podem, hoje, contribuir para oferecer as

oportunidades e facilidades previstas aos jovens por lei, além, de facultar o

desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social.

Page 6: Monografia Anailma Pedagogia 2011

18

1.1 Trabalho Infantil no Brasil.

Da mesma forma como aconteceu no desenvolvimento da historia, o trabalho

infantil refletiu o mesmo processo no Brasil. Os primeiros registros históricos da

ocorrência do trabalho infantil no país datam a época da escravidão e perdurou por

quase quatro séculos no país. No inicio os filhos de escravos acompanhavam seus

pais nos mais diversos tipos de trabalho e exerciam tarefas que exigiam esforços

superiores a suas capacidades físicas.

Assim o surgimento dos novos escravos acontecia a partir do momento que

os senhores observavam certo desenvolvimento físico nos menores. Algumas vezes,

eram separados dos pais ainda criança e vendidos para outros senhores, que os

transportavam para áreas distantes. No auge da infância as crianças já executavam

tarefas domésticas na lavoura.

Pois, como descreve Minharro (2003):

Aos escravos, independentemente da idade, não era assegurada proteção de lei nenhuma, e as crianças não eram empregadas apenas em atividades domésticas, mas também em fábricas rudimentares, como a olaria. Os sujeitos à escravidão eram forçados a executar as atividades laborais e tinham os frutos de seu trabalho revertidos inteiramente ao proprietário que controlava a produção (p.22).

O quadro de exploração do trabalho infantil no Brasil iniciado com a inserção

da escravidão demonstra as relações de poder que começam a refletir acerbamente

na divisão de classes do país.

A relação de poder e dominação exercida sobre as crianças foram sendo

acentuadas ao longo do tempo acompanhando o desenvolvimento e o crescimento

do país.

Nas últimas décadas, no contexto da flexibilização do mundo do trabalho, da

reestruturação produtiva e das políticas neoliberais, o aumento da inserção das

crianças no campo trabalhista continua ocorrendo, tanto no meio formal quanto no

Page 7: Monografia Anailma Pedagogia 2011

19

informal. No entanto, são notáveis as desigualdades em relação aos valores médios

de salários pagos para os trabalhos realizados pelas crianças.

Segundo a OIT (Organização Internacional do Trabalho) há ainda um grande

índice de crianças que trabalham atualmente oriundas, sobretudo das classes

operárias, o que evidencia a existência de um sistema relacional de ajuda e troca

dentro da própria família. Seu trabalho ou sua ajuda são, assim, uma forma de

retribuição (SARTI, 2003, p.104).

Diante do quadro das desigualdades sociais, e do fato do trabalho infantil, ser

um reflexo de tal situação, o Brasil passa a ponderar sobre o grave problema de

termos crianças trabalhando. Assim, auxiliado pelos órgãos internacionais como a

OIT o país passa a ter novas diretrizes e metas para erradicar a difícil questão.

Conforme expõe o Ministério da Previdência e Assistência Social (1999):

Na década de 80, o país implementou uma forte mobilização em torno dos direitos da infância e da adolescência, o que culminou com a inscrição de prerrogativas na defesa desses direitos na Constituição Federal de 1988.Em 1990, o país ratificou a Convenção Internacional dos Direitos da Criança, com relação ao trabalho infantil, o Brasil participa desde 1992, do Programa Internacional para Eliminação do Trabalho Infantil - IPEC da Organização Internacional do Trabalho Infantil – OIT, que se propõe a apoiar os países participantes a combater progressivamente o trabalho infantil, objetivando sua erradicação(p.8).

A legislação brasileira, no que diz respeito à proibição do trabalho infantil, é

clara: nenhuma atividade produtiva pode ser exercida com idade abaixo de 14 anos.

Patamar este definido no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e confirmado

pela atual Constituição Brasileira, que proíbe o trabalho de crianças, salvo na

condição de aprendiz, acima dos 12 anos, e desde que não seja interrompido seu

acesso a escola.

Apesar de toda a proteção legal, do alto grau de desenvolvimento cientifico de

avanços tecnológicos e da mobilização de setores das sociedades preocupadas com

os direitos humanos e cidadania de crianças e adolescentes o trabalho infantil ainda

Page 8: Monografia Anailma Pedagogia 2011

20

encontra espaços para a sua continuidade. No Brasil essa realidade reflete o modelo

político - vigente nas últimas décadas, que vêm conduzindo o país a um processo de

concentração de renda sem precedentes na história, colocando um enorme

contingente de nossa população em situação de extrema pobreza.

Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), pelo

menos 7,3 milhões de crianças trabalham no Brasil. Essas crianças em sua maioria

são de famílias com baixa renda e 58% trabalham na agricultura. É preciso ressaltar

que a maioria dessas crianças encontram - se especialmente nos estados do

Nordeste. Essa ocorrência tem colocado o país na mira dos foros dos direitos

humanos numa conjuntura bastante desconfortável em termos das relações

econômico-sociais internacionais e nacionais.

Tendo em vista essa situação constrangedora, implica conhecer também, as

medidas de combate na erradicação ao trabalho infantil.

1.2 Erradicação do Trabalho Infantil: medidas de combate

O governo brasileiro vem desenvolvendo ações e programas na área social

voltadas para a proteção e o desenvolvimento integral infanto-juvenil, nas áreas de

trabalho, educação, saúde, cultura, direitos humanos e previdência social. Há,

portanto, uma preocupação sistemática em integrar políticas setoriais direcionadas

para a criança e o adolescente, como também, medidas são tomadas no tocante à

fiscalização através das ações do Grupo de Fiscalização Móvel no sentido de coibir

todas as formas degradantes de trabalho, sobretudo o infantil.

E nessa conjuntura que surge o PETI (Programa de Erradicação do Trabalho

Infantil) o qual foi lançado em maio de 1996 tendo, como meta inicial atender 1500

crianças, hoje o PETI atende mais de 820 mil crianças afastadas do trabalho em

mais de 3,5 mil municípios. O programa reconhece a criança e o adolescente como

sujeito de direito, protege-as contras as formas de exploração do trabalho e contribui

para o desenvolvimento integral.

Page 9: Monografia Anailma Pedagogia 2011

21

Com isso, o PETI oportuniza o acesso à escola formal, saúde, alimentação,

esporte, lazer, cultura e profissionalização, bem como a convivência familiar e

comunitária e aponta como objetivo:

Retirada de todos os filhos menores de 16 anos de atividade laborais;Manutenção de todos os filhos na faixa etária de sete a quinze anos na escola;Apoio à manutenção dos filhos nas atividades da jornada ampliada;Participação nas atividades sócio- educativas;Participação em programas e projetos de qualificação profissional e de geração de trabalho e renda oferecidos. (MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL, 2002, P.03)

Na área da educação, é necessário que crianças ou adolescentes de 6 a 15

anos possuam matrícula e frequência escolar mínima de 85%. Para os adolescentes

de 16 e 17 anos de idade, a matrícula e a frequência escolar mínima devem ser de

75%.

Vale ressaltar que as ações de combate ao trabalho infantil, dadas as suas

dimensões e seus desafios tem contado com a parceria de inúmeras entidades da

Sociedade Civil:

Cruz (2002) pontua que:

Apesar de muitas iniciativas de combate às desigualdades sociais na tentativa de reverter os graves problemas sociais que afetam a população brasileira, sobretudo a infantil; muito ainda é preciso ser feito. Os resultados alcançados a partir da implantação destes programas governamentais, são ainda bastante desconhecidos e, na nossa compreensão, carecem ainda de estudos e investigações, que nos permitam avaliar os impactos resultantes da implementação dos mesmos (p. 60).

Apesar do esforço dos órgãos governamentais ou da sociedade civil

organizada não se possa deixar de considerar que existem iniciativas para a

erradicação do trabalho infantil, fica claro que para o combate ao trabalho realizado

por crianças ainda falta o aprofundamento, destas, no sentido de conhecer e tornar

conhecido, provocando a participação social.

Page 10: Monografia Anailma Pedagogia 2011

22

É pertinente abrirmos um parêntesis para uma breve referência ao povoado

de Igara, pertencente ao município de Senhor do Bonfim, Estado da Bahia. O

povoado registra uma população de quase dez mil pessoas. A economia do distrito é

movimentada basicamente da agricultura familiar, tendo como principal fonte a

mandioca. Muitas famílias não tendo como sobreviver da agricultura vêem - se

obrigadas a colocar seus filhos no mundo do trabalho.

Por conta disso, nossa preocupação volta-se especialmente ao trabalho

infantil, pois constatamos que nesse povoado a maioria da população é muito

carente e necessita de mão de obra de seus filhos no orçamento familiar, e o local

de trabalho é a feira-livre através de atividades no transporte de mercadorias

(carrinho de mão) ou vendedores ambulantes de produtos hortigranjeiros.

Assim este estudo tem como finalidade refletir acerca do trabalho infantil e

sua relação com o processo ensino aprendizagem. Essa problemática, vivenciada

ainda hoje, nos remeteu as seguintes inquietações: Quais os significados que as

professoras da Escola Municipal Herculano Almeida Lima dão ao trabalho infantil no

processo ensino aprendizagem?

Com essa abordagem que será feita com as professoras pretende-se:

Identificar e analisar os significados que as professoras da Escola Municipal

Herculano Almeida Lima dão ao trabalho infantil no processo ensino aprendizagem;

Page 11: Monografia Anailma Pedagogia 2011

23

CAPÍTULO II

REFERENCIAL TEÓRICO

Partindo do nosso objeto de pesquisa que é investigar o significado que os

professores da escola Herculano Almeida Lima dão ao trabalho infantil no processo

ensino aprendizagem, considerando que este é um problema que tira a dignidade de

milhões de crianças brasileiras, causando desrespeito aos direitos humanos

fundamentais das crianças os quais são reconhecidos seja por culpa do poder

público, quando não atua de forma prioritária, ou por culpa da família e da

sociedade, quando se omitem diante do problema,buscamos nessa abordagem

aprofundar o debate em torno dessa questão trabalhamos com os seguintes

conceitos–chave: significados, professor, escola e trabalho infantil.

2.1 Significados

Para compreendermos os significados que as professoras dão ao Trabalho

Infantil é necessário entendermos o que é significado. Por isso temos como ponto de

partida o entendimento de Ferreira (2001), que relata que a palavra significado vem

do latim significatus que representa aquilo que uma língua expressa acerca do

mundo em que vive ou de um mundo possível, sendo a interpretação e

compreensão do que as coisas querem dizer ou representam.

Significado diz respeito a exprimir, mostra-se, expressar-se, ou seja, ao

atribuímos significado estamos exprimindo, mostrando ou expressando o que

achamos sobre alguma coisa, e é basicamente o que fazemos no nosso dia-a-dia,

sempre damos significados às coisas, ora da forma positiva, ora negativa.

(FERREIRA, 2001)

Sobre o significado, Burke (2003), nos revela que:

O significado de alguma coisa para o indivíduo é sempre a mesma assimilação dessa coisa, ás estruturas que formam seu universo metal... Portanto, há tantos significados para um mesmo objeto quando são indivíduos que tiveram tido contato com ele, e os significados serão, também, sempre mais ou menos móveis para cada indivíduo. (p. 31)

Page 12: Monografia Anailma Pedagogia 2011

24

Com base na fala de Burke (2003) compreendemos que há uma subjetividade

em cada indivíduo, visto que cada professor poderá ter significados diferentes sobre

trabalho infantil. Essa diversidade de significados na escola de alguma forma poderá

influenciar no desempenho dos alunos, pois fora o processo de ensino-

aprendizagem dos conhecimentos sistemáticos, também existe no espaço escolar a

construção dos significados ou saberes para a vida.

A esse respeito, Oliveira (1985), nos confirma que:

É no significado que se encontra a unidade das duas funções básicas da linguagem: o intercâmbio social e o pensamento generalizante. São os significados que vão propiciar a mediação simbólica entre o indivíduo e o mundo real, constituindo-se no filtro através do qual o indivíduo é capaz de compreender o mundo e agir sobre ele. (p. 81)

Nesta perspectiva, o professor pode ser relevante na formação dos

significados pelos educandos, e com isso poderá contribuir para a maneira dos

mesmos agirem aos problemas ocorrentes no meio social, como a entender e

valorizar a cultura em que estão inseridos.

Para a filosofia o significado representa os vários aspectos da compreensão

das palavras e expressões lingüísticas. Nessa visão filosófica, Japiassú e

Marcondes (1996) dizem que a relação de referência é um dos elementos

constitutivos do significado, os mesmos salientam que: “a referência é precisamente

a relação entre o signo lingüístico e o real, o objeto designado pelo signo (p. 224)”.

Os autores também citam Frege para indicar outro aspecto importante, onde

se propõe significado refere-se ao sentido que atribuímos aos elementos, desta

forma dois termos sinônimos teriam a mesma referência, mas não o mesmo sentido.

Sobre isso Vygostky (1988), citado por Sigardo (2000) discorda ao comentar que

significado é diferente de sentido. Para ele o primeiro é uma construção histórica,

relativamente estável e já o segundo é a soma dos eventos psicológicos que a

palavra evoca na consciência.

Page 13: Monografia Anailma Pedagogia 2011

25

Barbosa (2008) nos traz uma reflexão positiva sobre significados ao comentar

que existe uma relação interessante entre os conceitos de verdade e significados,

pois quando se observa a verdade em alguma frase observaremos também um

significado. E diante desta perspectiva é que acreditamos que ao identificarmos os

significados que os professores dão ao trabalho infantil estaremos conhecendo, ou

não às verdades sobre a relação existente entre os conhecimentos e o que os

mesmos poderão fazer para erradicar o trabalho infantil.

Já na concepção de Triviños (1987), os significados através de produções

verbais manifestam as reações e atuações dos indivíduos na realidade em qual

estão inseridos, ou seja, os significados são relacionados com a captação de

mensagens sobre determinado contexto, onde se faz necessário entender os

acontecimentos em torno dos significados construídos, pois os significados são a

interpretação e compreensão dessa realidade.

E ao compreendermos os significados que as professoras dão ao Trabalho

Infantil, também será possível uma melhor análise da relação com o processo do

ensino-aprendizagem, uma vez que também se compreenderá o contexto educativo

aos quais os sujeitos estão inseridos. E assim sendo, se faz necessária uma

abordagem sobre o que significa professor dentro desta conjuntura.

2.2. Professor: Produtor de cidadania

Segundo, Fernandes (1997), professor é aquele que professa ou ensina uma

ciência, uma arte, uma técnica, uma disciplina; sendo chamado de mestre.

Buscando uma melhor definição, Costa, (2001), aprofunda mais o conceito quando

nos diz que: “Professor é mais do que um cidadão, ele é um produtor de cidadania,

que atua na “fábrica” onde se produz a esmagadora maioria dos cidadãos deste

país, que é a escola pública” (p.05).

Na definição de Ferreira (2001) professor é aquele que ensina uma ciência,

arte ou técnica. Com isso na visão simples, de algumas pessoas a função do

professor é basicamente ensinar, reduzido este ato a uma perspectiva mecânica,

Page 14: Monografia Anailma Pedagogia 2011

26

entretanto ninguém ensina no vazio, há toda uma contextualização marcada pelo

interesses de determinada época e sociedade.

Sob esta perspectiva, a crescente complexidade e diversidade das atuais

sociedades exigem da parte dos professores uma mais ampla preparação

profissional e maior autonomia para enfrentarem questões de âmbito educacional.

Por isso, a concepção de professor vai mais além de “professor profissional” como

bem nos explica Arce (2001), para quem o professor é:

Aquele que ensina que deve possuir competência (que supere a improvisação, o amadorismo e a mediocridade), tenha precisão, rigor filosófico e disciplina metodológica, criatividade e criticidade na forma de entender e trabalhar o conhecimento conforme o contexto em que foi produzido (p.181).

Na opinião de Zanatto (2000), o professor deve ser capaz de identificar as

peculiaridades de seus alunos, e assim reforçar de forma positiva ou negativa essas

peculiaridades, estando atento às diferenças; é preciso tolerância e sensibilidade

para entender o processo de aprendizagem, levando em consideração as vivências

que seus alunos trazem para a sala de aula para que haja interação entre o pré-

estabelecido e a possibilidade de construção de um novo conhecimento.

Evidentemente, na esfera de ações do professor, empenhado em promover a

aprendizagem de seus alunos, uma postura dinâmica é essencial à tarefa de ensinar

e quanto a esse proceder Tacca (2000) enfatiza que:

É preciso, sim, ter metas e objetivos, saber sobre o que se vai ensinar, mas não se pode perder de vista, um segundo sequer, para quem se está ensinando e é disso que decorre o como realizar. Integrar tudo inclui dar conta de diversas facetas do processo ensino-aprendizagem, ou seja, a do aluno concreto, real, a do conhecimento, a das estratégias de ensino, e a do contexto cultural e histórico em que se situam (p.25).

Diante desse panorama, o trabalho educativo necessita ser mais criterioso e

direcionado ao que Castro (2005) alerta:

Há que se estimular os professores (e professoras) para estarem alertas, para o exercício de uma educação por cidadanias e

Page 15: Monografia Anailma Pedagogia 2011

27

diversidade em cada contato, na sala de aula ou fora dela em uma brigada vigilante anti-racista, anti-sexista, a (anti-homofóbica) e de respeito aos direitos das crianças e jovens, tanto em ser, como em vir a ser; não permitindo a reprodução de piadas que estigmatiza,, tratamento pejorativo (...) (p.22).

Nessa intenção, professores e professoras desempenharão melhor sua

profissão de transformadores e construtores do saber interdisciplinar cultivando

atitudes de justiça e trato igualitário para com seus alunos, tratando-os conforme

suas diferenças, mas para tanto Tardif (2002) ressalta que:

(...) o professor deve ser capaz de assimilar uma tradição pedagógica que se manifesta através dos hábitos, rotinas e truques do oficio, deve possuir uma competência cultural oriunda a cultura comum e dos saberes cotidianos que partilha com seus alunos: deve ser capaz de argumentar e de defender um ponto de vista (p.176).

Afinal, o que é ser professor hoje? Gadotti (2000) responde: “Ser professor

hoje é viver intensamente o seu tempo, conviver: é ter consciência e sensibilidade.

Não se pode imaginar um futuro para a humanidade sem educadores, assim como

não se pode pensar num futuro sem poetas e filósofos. Os educadores numa visão

emancipadora, não só transformam a informação em conhecimento e em

consciência critica, mas também formam pessoas” (p.10)

Para Nérice (1977) “Professor é quem se dispõe a orientar a aprendizagem

de outrem para que alcancem objetivos que seja útil a sua pessoa ou à sociedade

ou mesmo a ambos”, (p. 29).

Na concepção de Gomes (2003), o professor é o profissional que direciona a

produção do conhecimento executando as atividades de ministrar aulas, elaborar

avaliações, corrigir trabalhos, discutir resultados e desenvolver pesquisas além de

construir a relação do homem com a sociedade.

Ainda segundo este autor.

Os docentes constroem valores e reproduzem entre seus alunos e colegas, produzem conhecimentos e desenvolvem competências próprias do seu campo de atuação, a saber, docência. Mas juntamente com esses aspectos esse profissional também constrói

Page 16: Monografia Anailma Pedagogia 2011

28

e desenvolve valores acerca do universo cultural e social em que vive, e isso envolve as representações sociais positivas e negativas que incidem sobre determinados grupos sociais e éticos geracionais. (p. 160).

No entanto, na visão simples de algumas pessoas a função do professor é

basicamente ensinar, reduzindo este ato a uma perspectiva mecânica. Ao ensinar o

professor também emprega determinados meios de atingir certas finalidades e com

isso acaba por desempenhar vários papéis entre eles o de agente de mudança.

Assim, o professor deverá conhecer os seus alunos e adaptar o ensino às

suas necessidades, incorporando a experiência do educando ao conteúdo e

estimulando sua participação no ouvir, no dialogar e no compreender. Tudo isso

deve fazer parte do cotidiano do professor, o mundo exterior não deve ser refletido

negativamente no rendimento do aluno, pois este é o foco do processo educativo

como salienta Vasconcellos (2006), “Ter respeito para com os alunos é uma das

necessidades da postura de um educador consciente” (p.93).  

Atualmente, o professor não pode ser mais apenas um transmissor de

conhecimentos, mas, educador, orientador para exercer de fato sua função de

construtor de conhecimentos. Devendo assim, servir como um referencial seguro no

qual o aluno possa se apoiar deve representar uma figura significativa de referência,

ou seja, alguém que exprima com clareza informações e diretrizes, tão necessária

ao sujeito em formação.  Para Outeiral (1994).

 

Os professores também são pessoas importantes para os adolescentes se identificarem e, nesse sentido, têm uma participação essencial no processo. A maioria das pessoas adultas é capaz de lembrar-se de professores importantes, com os quais se identificou da mesma forma que daqueles com os quais buscou ser completamente diferente.  (p. 72) 

Diante disso, a prática pedagógica deve sempre prezar o bem estar do

educando, pois os professores passarão pela vida dos alunos deixando suas marcas

positivas e inesquecíveis.

Page 17: Monografia Anailma Pedagogia 2011

29

Dessa forma, percebe-se que o modo de agir do professor em sala de aula,

mas do que suas características de personalidade que colabora para uma adequada

aprendizagem dos alunos fundamentam-se numa determinada concepção do papel

do professor, que por sua vez reflete valores e padrões da sociedade (ABREU &

MASETTO, 1990). E assim sendo, se faz necessária uma abordagem sobre o que

significa escola dentro desta conjuntura.

2.3 Escola: conceito e perspectivas.

Por escola entendemos como estabelecimento de ensino responsável por

transmitir os conhecimentos sistemáticos ao homem e também é uma organização

que tem, em sua estrutura física, itens pedagógicos e filosóficos, tendo como

finalidade, adequar às necessidades individuais e dos grupos que ali estão inseridos.

Como bem afirma Rodrigues (2003):

A instituição escolar tem, portanto por função repassar e organizar o saber e viabilizar a todos os membros de uma sociedade o acesso aos instrumentos de produção cultural, científica, técnica, e política da sociedade em que esses indivíduos vivem (p. 63).

Portanto, a escola funciona como um importante agente socializador, que

amplia as possibilidades de aquisição de conhecimento e de experiências e desafios

construindo-se em um espaço privilegiado para o desenvolvimento da criança.

Segundo Nérice (1977):

A escola existe para completar a ação educativa do lar, na sua tarefa de preparar novas gerações para o exercício pleno da cidadania. [...] é a mais especifica das instituições educacionais, pois se organiza em bases únicas para promover a educação daqueles que tem a tarefa de dar prosseguimento à obra de conservação e progresso da sociedade (p. 194).

Para Candau (2000), a escola é orientada fundamentalmente a promover à

apropriação do conhecimento considerado relevante a formação da cidadania, e

assim preparar o indivíduo a conviver na sociedade, capacitando-o para interferir

nas questões econômicas e sociais, ou seja, a escola tem que: “Formar pessoas

Page 18: Monografia Anailma Pedagogia 2011

30

capazes de ser sujeitos de suas vidas, conscientes de suas opções, valores e

projetos de referência e autores sociais comprometidos com projeto de sociedade e

humanidade” (p. 14).

É importante salientar que para uma grande maioria, a escola é um único

espaço de encontro com saberes valorizado pela sociedade e esses por sua vez

devem orientar as práticas sociais dos indivíduos que a ele estão inseridos.

Rodrigues (2003), por sua vez, acredita que a escola antes de qualquer coisa

precisa ser democrática, aonde venha a desenvolver uma educação que atenda aos

diversos interesses que perpassam a sociedade, compreendendo e permitindo o

conflito e a manifestação das várias contradições, também tem que ser organizada,

possibilitando apresentar alternativas, críticas, observações e sugestões.

A escola democrática defendida por Rodrigues (2003) tem ficado de lado,

dando lugar a uma escola salvadora da pátria com relação às questões de

desemprego e questões precárias da sociedade, como a fome e por isso esta sendo

usado como espaço de investimento econômico a fim de produzir pessoas aptas ao

trabalho o que também poderá resolver os problemas sociais.

No entanto para conseguir essa democratização é necessário que a escola

tenha autonomia, para daí formar um cidadão crítico e reflexivo.

Como bem salienta Gadotti (2000):

[...] escola autônoma não significa escola isolada, mas em constante intercambio com a sociedade. Nesse momento, lutar por uma escola autônoma e lutar por uma escola que projete, com ela, uma outra sociedade. Pensar numa escola autônoma e lutar por ela é dar um sentido novo a função social da escola e do educador que não se considera um mero cão de guarda de um sistema iníquo e imutável, mas se sente responsável também por um futuro possível com eqüidade (p. 47 e 48).

Reforçando o pensamento de Gadotti (2000), o ideal seria que cada escola

escolhesse e construísse o seu próprio projeto pedagógico, levando em conta que a

autonomia não significa divisão, mas unidade e capacidade de comunicação. Nesse

Page 19: Monografia Anailma Pedagogia 2011

31

contexto, a escola não significa, por sua vez, um prédio, um único espaço ou local;

significa um projeto, uma idéia que poderia associar várias “unidades escolares”.

Sendo assim, se faz necessário uma abordagem sobre o que significa trabalho

infantil dentro desta alínea.

2.4 Trabalho Infantil: conceituações e pressupostos teóricos.

Entendemos por trabalho Infantil, nesta pesquisa, toda e qualquer ocupação

que exija esforço, físico, mental e espiritual da criança, remunerado ou não, com

vistas a atingir um determinado fim preestabelecido. Em diferentes países, de

maneira em geral, o trabalho infantil costuma ser definido como aquele realizado por

“crianças e adolescentes.”

A palavra trabalho tem também muitos significados. Às vezes, carregada de

emoção, lembra dor, tortura, suor no rosto, fadiga. Em outras, mais que aflição e

fardo, designa a operação humana de transformação de matéria natural em objeto

de cultura.

Para Max (1878):

“O trabalho é um processo de que participa o homem e a natureza , processo em que o ser humano com sua própria ação impulsiona, regula e controla seu intercambio material com a natureza como uma de suas forças. Atuando assim sobre a natureza externa e modificando-a, ao mesmo tempo modifica sua própria natureza”(p. 18)

Dessa forma, podemos concebê-lo como fruto de problemas econômicos:

conseqüência da má distribuição de renda que por sua vez, é resultante dessa

crescente desigualdade social estampada a nossa frente.

Sobre o trabalho infantil, a OIT (Organização Internacional do Trabalho), o

define como sendo toda atividade econômica, desempenhada por uma pessoa com

menos de 15 anos de idade, seja qual for à situação de trabalho (assalariado,

autônomo, familiar, não remunerado etc.) (OIT- BRASIL, 1993).

Page 20: Monografia Anailma Pedagogia 2011

32

Na Revolução Industrial a concepção sobre trabalho infantil era de que as

crianças pobres deveriam trabalhar, porque o trabalho protegia do crime e da

marginalidade, uma vez que o espaço fabril era concebido em oposição ao espaço

de rua, considerado desorganizado e desregulado. Além disso, o trabalho das

crianças permitia um aumento da renda familiar, ao mesmo tempo em que podia ser

visto como uma escola, a escola do trabalho (ALVIM, 1994:136).

Talvez uma forma de descrever o trabalho infantil seja pelas marcas que

deixa na vida das crianças e jovens que a eles são submetidos. Para essas

pessoas, a sina é trabalhar sob qualquer condição, enfrentar cansaço, fome, às

vezes mutilação e abandono.

O trabalho infantil pode ser definido como o que é feito por crianças e adolescentes que estão abaixo da idade mínima para a entrada no mercado de trabalho, segundo a legislação em vigor no país. No entanto, é preciso refinar essa definição, considerando aspectos de tradições culturais em diferentes lugares do mundo (OIT, 2001)

Contemporaneamente, o trabalho infantil afigura-se como fenômeno genérico,

alcançando cerca de 250 milhões de crianças em todo mundo, sendo que

especialmente nos países pobres, assume uma proporção mais grave. De acordo

com dados, divulgados pela OIT (Organização Internacional do trabalho), 250

milhões de criançasentre5 e 14 anos trabalham em todo mundo, sendo que, 120

milhões em tempo integral, os restantes combinam trabalho com estudos e com

outras atividades não- econômicas.

Apesar de oficialmente proibido pelo ECA (Estatuto da Criança e do

Adolescente), em 1990, o trabalho infantil é ainda uma triste realidade do Brasil. São

milhões de brasileiros que desconhecem a educação e o lazer. São meninos e

meninas que não podem brincar ir à escola, que não podem ser crianças, embora a

Constituição Federal e o ECA garantam a toda criança e adolescente, com

prioridade absoluta, o direito a vida e a saúde, alimentação, educação, cultura,

esporte, lazer. (Art. 277).

Ao ingressar precocemente no mundo do trabalho, a criança é impedida de

viver a infância e a adolescência sem ter assegurado seus direitos de brincar e de

Page 21: Monografia Anailma Pedagogia 2011

33

estudar. Isso dificulta muito a vivência, e nas experiências fundamentais para seu

desenvolvimento e acaba comprometendo seu bom desempenho escolar, condição

cada vez mais necessária para a transformação dos indivíduos em cidadãos

capazes de intervir na sociedade de uma forma crítica, responsável e produtiva.

Vê-se que atualmente no nosso país, crianças são inseridas no mercado de

trabalho não por vontade própria, mas pela pobreza que continua sendo a maior

causa do trabalho infanto-juvenil. A exploração da mão-de-obra infantil é, portanto,

um fenômeno histórico ainda não superado pela humanidade.

O trabalho infantil no Brasil ainda é um grande problema social. Milhares de crianças ainda deixam de ir à escola e ter seus direitos preservados, e trabalham desde a mais tenra idade na lavoura, campo, fábrica ou casas de família, muitos deles sem receber remuneração alguma (PABLO ZEVALLOS s/d).

Os indicadores sobre o conhecimento de crianças na força do trabalho nos

mostram que essa participação cresce com a idade e entre crianças oriundas de

famílias de baixa renda. Dados do IBGE (1994) comprovam que o índice de crianças

e adolescentes que trabalham é muito maior nas faixas de rendas mais pobre da

população dada à necessidade e a situação de pobreza dos pais, que os obriga a

trabalhar para aumentar a renda familiar.

Page 22: Monografia Anailma Pedagogia 2011

34

CAPÍTULO III

ESTRUTURA METODOLOGICA: CONSTRUINDO OS CAMINHOS DA PESQUISA

A partir dos nossos objetivos neste trabalho de identificar os significados que

as professoras da Escola Municipal Herculano Almeida Lima dão ao trabalho infantil

no processo ensino aprendizagem e analisar de que forma o trabalho infantil

interfere na vida escolar das crianças que trabalham. Assim, apresentamos a nossa

metodologia que de acordo com Triviños (1987)

“é um conjunto de atividades intelectuais tendentes á descoberta de novos conhecimentos e se caracteriza por um estudo minucioso, articulado a uma realidade, a fim de descobrir, aperfeiçoar, ou acrescentar novas informações sobre o que já existe, ou seja, mostra algo novo a respeito do fato estudado (p. 122).

Com base nessa perspectiva, é que se realizou a presente pesquisa, que teve

como objetivo identificar os significados que as professoras da Escola Municipal

Herculano Almeida Lima dão ao trabalho infantil no processo ensino e

aprendizagem.

3.1 Pesquisa qualitativa em educação.

O tipo de pesquisa utilizada foi à abordagem qualitativa de pesquisa em

educação, pois envolve o contato, melhor interação entre pesquisador e pesquisado

e assim maior entendimento sobre a temática investigada. Para Ludke e André

(1986), a abordagem qualitativa: “Envolve a obtenção de dados descritivos, obtidos

no contato direto do pesquisador com a situação estudada, enfatizando mais o

processo do que o produto e se preocupa em retratar a perspectiva dos

participantes” (p. 11).

Os autores acima mencionados argumentam que a abordagem qualitativa em

descrições de pessoas, situações e acontecimentos, onde todos os dados são

importantes, o que demonstra uma preocupação maior com o processo do que com

o produto.

Page 23: Monografia Anailma Pedagogia 2011

35

Buscando subsídio em Bodgan e Biklen (1998, APUD BARBOSA, 2000),

sobre pesquisa qualitativa, eles compreendem que:

[...] o comportamento e a experiência humana. Eles procuram entender o processo pelos quais as pessoas constroem significados e descrevem o que são aqueles significados. Usam observações empíricas, porque é com os eventos concretos do comportamento humano que os investigadores podem pensar mais clara e profundamente sobre a condição humana (p. 18).

Em consonância com essa fala de Bogdan e Biklen (1998), Ludke e Andre

(1986) concordam quando discorrem que a atenção especial do pesquisador sempre

está voltada para os significados que as pessoas dão as coisas e as pessoas.

O pesquisador qualitativo faz pouco segredo do seu envolvimento íntimo no

processo de descoberta, tendo em vista que há poucos estágios, ou talvez nenhum,

durante os quais ele se veja alijado dos procedimentos de pesquisa. Segundo Ludke

e Andre (1986) é cada vez mais evidente o interesse que os pesquisadores da área

de educação vêm demonstrando pelo uso das metodologias qualitativas.

Esse relato nos aproximou do nosso objeto de estudo junto a outros

argumentos acima relatados, acreditamos que a pesquisa qualitativa nos deu um

suporte para as reflexões acerca da nossa temática.

3.2 Lócus: conhecendo o ambiente da pesquisa.

O campo de realização desta pesquisa foi a Escola Municipal Herculano de

Almeida Lima, situado em Igara, distrito de Senhor de Bonfim - Bahia, localizada no

Km 10, entre Andorinha e Senhor do Bonfim. A topografia e relativamente plana na

sede e no interior do distrito. A economia do distrito é movimentada basicamente da

agricultura familiar, tendo como principal cultura a mandioca, com a comercialização

do beiju1. A realização da feira livre aos domingos contribui significativamente na

economia do município. Durante a realização da pesquisa, concluímos que há um

grande número de alunos que estudam nas escolas do distrito, trabalham.

1Beiju: Tipo de bolo feito de massa de mandioca enrolando em pequenos cilindros ocos. De origem indígena e típica do Nordeste brasileiro

Page 24: Monografia Anailma Pedagogia 2011

36

Seu espaço físico é composto de 08 salas de aula, 01 sala de recursos, 01

sala de informática, 01 sala de professores, 01 secretária, 01 diretoria, 01 cantina,

02 banheiros e área de lazer. A escola funciona nos três turnos com cerca de 400

alunos, distribuídos entre 3ª série do Ensino Fundamental I até o 3º ano do Ensino

Médio.

Atualmente a escola tem como Gestora Ana Lúcia Castro e Castro, e abrange

o Ensino Fundamental I e II nos turnos matutino, vespertino e noturno com uma

clientela de 400 alunos.

Nessa pesquisa, buscou-se compreender e interferir na realidade, com o

objetivo Identificar os significados que as professoras da Escola Municipal Herculano

Almeida Lima dão ao trabalho Infantil no sentido de amenizar os efeitos negativos

provocados pelo trabalho infantil atrapalhando o rendimento escolar das crianças

que ali estudam.

3.3 Sujeitos: Os protagonistas da história.

Entendemos por sujeito, a peça fundamental em qualquer pesquisa que se

pretende realizar, visto que, é através dele que o pesquisador obtém as informações

e respostas a suas inquietações. Dessa forma, Triviños (1987) aborda: “Os sujeitos

individualmente poderão ser submetidos a várias entrevistas, não só com o intuito de

obter o máximo de informações, mas também para avaliar as variações das

respostas em diferentes momentos” (p. 146).

Os sujeitos de pesquisa foram 6 (seis) professoras da Escola Municipal

Herculano Almeida Lima, que lecionam no 4º e 5º Ano do Ensino Fundamental I e 6°

Ano do Ensino Fundamental II Séries Finais, no turno matutino e vespertino. Os

sujeitos foram escolhidos por nosso conhecimento, saber que estas, têm alunos que

trabalham.

As pessoas selecionadas para participar da pesquisa receberam os devidos

esclarecimentos sobre o nosso tema de estudo “Trabalho Infantil”. O primeiro

momento se deu com a observação na sala de aula, durante o mês de julho. Ainda

Page 25: Monografia Anailma Pedagogia 2011

37

procuramos estabelecer um clima de estímulo e aceitação para com os pesquisados

para que se sentissem a vontade.

3.4 Instrumentos de coleta de dados: as fontes da pesquisa

Os instrumentos de coleta de dados foram de vital importância, uma vez que,

a pesquisa científica requer procedimentos sistemáticos, pois é através deles que o

investigador obtém a resposta e o esclarecimento do problema que deu origem a

investigação.

Por isso, para essa pesquisa ser desenvolvida foi necessário aplicar os

instrumentos elaborados e as técnicas selecionadas, contribuindo assim na

interpretação da problemática apresentada, identificar os significados que as

professoras da Escola Municipal Herculano Almeida Lima dão ao trabalho infantil.

Os instrumentos escolhidos para a coleta de dados e que conseqüentemente

nos fornecerão subsídios para alcançarmos o objetivo da pesquisa: a observação

participante, o questionário fechado e a entrevista semi-estruturada.

3.4.1 Observação Participante

A observação participante beneficiou, uma vez que, nos possibilitou um

contato maior com os sujeitos pesquisados, nos dando dimensão a uma experiência

direta com o envolvimento entre o pesquisador e o sujeito da pesquisa.

Segundo Ludke e André (1986) é no ato de observar que:

O pesquisador pode ter acesso a uma gama variada de informações, até mesmo confidências, pedindo cooperação ao grupo. Contudo terá em geral que aceitar o controle do grupo sobre o que será ou não tomado público pela pesquisa (p. 29).

Existem várias formas de observação, contudo a mais adequada a nosso

objeto de estudo foi à observação participante, que para Marconi e Lakatos (1996)

consistem em procedimentos onde a identidade e objetivos do pesquisador são

revelados ao grupo pesquisado.

Page 26: Monografia Anailma Pedagogia 2011

38

Segundo Ludke e André (1986), esse tipo de observação:

[...] consiste na participação real do pesquisador com a comunidade ou grupo. Ele se incorpora ao grupo, confunde-se com ele. Fica tão próximo quanto um membro do grupo que está estudando e participa das atividades normais deste... O objetivo inicial é ganhar a confiança do grupo, fazer os indivíduos compreende a importância da investigação, sem ocultar o seu objetivo ou sua missão (p. 68).

Ocupando um lugar privilegiado na pesquisa educacional, a observação

garante ao pesquisador uma visão mais ampla da vida do sujeito pesquisado. Como

enfatiza Ludke e André (1986), nesse convívio, o observador acompanha os sujeitos

e sua compreensão sobre visões de mundo, e o significado que eles atribuem à

realidade que os cerca e as suas próprias ações.

Ainda na visão de Ludke e André (1986), a observação participante precisa

ser sistemática, para isso será necessário fazer um planejamento cuidadoso e uma

preparação rigorosa do observador. Definindo-se o foco da investigação e sua

configuração espaço-temporal, ficando evidentes quais aspectos do problema serão

cobertos e melhor captá-los.

Relacionando os argumentos dos autores com o nosso objeto de pesquisa, a

observação participante foi de fundamental importância para identificarmos os

significados que as professoras da Escola Municipal Herculano Almeida Lima,

localizada no Distrito de Igara no município de Senhor do Bonfim – Bahia dão ao

trabalho infantil no processo ensino aprendizagem.

3.4.2 Questionário Fechado

A opção pelo questionário fechado foi feita pela necessidade de levantarmos

os dados que permitissem traçar o perfil dos pesquisados, buscando posteriormente;

delinear os sujeitos em seus espaços sociais, econômicos e educacionais. Também

por ser um instrumento bem utilizado na abordagem qualitativa. Sendo assim,

Triviños (1987): “sem dúvida o questionário fechado, de emprego usual no trabalho

positivista, também o podemos utilizar na pesquisa qualitativa” (p. 137).

Page 27: Monografia Anailma Pedagogia 2011

39

Gressler (l989) define questionário como:

[...] uma série de perguntas organizadas, com o objetivo de levantar dados para uma pesquisa, cujas respostas são formuladas pelo informante ou pesquisadas sem assistência direta ou orientação do investigador. Todas as questões do questionário são pré-elaboradas e as respostas são dadas por escrito (p.58).

O questionário é um dos instrumentos mais utilizados nas pesquisas por

recolher informações de uma forma rápida e com menor custo, o mesmo não tem

um número determinado de questões, todavia não pode ser cansativo ao

pesquisado, e deve assegurar aos utilizadores que os dados recolhidos serão

preservados e não serão cedidos a terceiros. (BARROS, 2000).

Esse instrumento de coleta de dados apresenta algumas vantagens em

relação aos outros utilizados no desenvolvimento de uma pesquisa. Entre elas

Gressler (1989), cita: o anonimato exigido por algumas pesquisas, uma maior

liberdade em expressar opiniões e ausência de pressão sobre o pesquisado, o que

permite tempo para refletir sobre as respostas.

Ainda na definição de Gressler (1989), “o questionário fechado apresenta

respostas limitadas e algumas alternativas do indivíduo, onde lhe é solicitado

escolher ou assimilar apenas uma das repostas do questionário”. Porém deve se

atentar que o questionário fechado utilizado como instrumento na coleta de dados na

perspectiva qualitativa, deve ser acompanhado de outros instrumentos, para facilitar

a compreensão das relações subjetivas, no nosso caso o questionário fechado foi

acompanhado da observação participante e da entrevista semi-estruturada.

3.4.3 Entrevista Semi-Estruturada: Um diálogo possível

A entrevista é um procedimento utilizado na investigação para que se

estabeleça uma relação de interação entre pesquisador e sujeito da pesquisa,

permitindo ao entrevistador aprofundar, questionar e recolher uma diversidade de

informações a respeito de um determinado assunto.

Page 28: Monografia Anailma Pedagogia 2011

40

Usamos a entrevista do tipo semi-estruturada como um dos instrumentos

básicos para a coleta de dados que possibilita ao receptor interagir ativamente com

o emissor além de possibilitar informações claras e objetivas.

Segundo Triviños (1987):

Entende-se por entrevista semi-estruturada de uma maneira geral, aquela que parte de certos questionários básicos, apoiados em teorias e hipóteses que, interessam à pesquisa e que, em seguida, oferece amplo campo de interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo à medida que se recebem as respostas do informante (p. 146).

Na visão de Ludke e André (1986), a entrevista ganha vida quando começa,

pois a relação que se constrói durante sua realização é de diálogo e interação entre

quem entrevista e quem é entrevistado. Com isso facilita ao entrevistador sempre

estar atento, as respostas que se obtém ao longo dessa interação, observando mais

de perto a gestos, expressões, entonações e sinais não verbais, visto que toda

captação é importante para compreender o que foi dito.

Esse instrumento também apresenta grande vantagem sobre outras técnicas,

pois permite a captação imediata e corrente da informação desejada com qualquer

tipo de informante, como também permite correções, esclarecimentos e adaptações

desejadas. (LUDKE E ANDRÉ, 1986).

Para alguns autores a entrevista pode ser de vários tipos, sempre visando à

adequação ao objeto de estudo. Visto que o objeto da presente pesquisa foi

identificar de que forma o trabalho infantil interfere no rendimento escolar dos alunos

da Escola Municipal Herculano Almeida Lima, a entrevista semi-estruturada é a que

mais se adequou, por permitir a identificação de significados que ficaria fora de uma

esquematização de uma entrevista fechada.

Ainda com base em Triviños (1987), a entrevista do tipo semi-estruturada

valoriza a presença do investigador, pois oferece elementos para que o informante

encontre a espontaneidade o que enriquece a investigação do problema. Assim o

Page 29: Monografia Anailma Pedagogia 2011

41

entrevistador deve saber estimular a obtenção de informações, criando um clima de

confiança onde deve prevalecer o respeito pelas crenças e ideais do entrevistado.

Page 30: Monografia Anailma Pedagogia 2011

42

CAPÍTULO IV

ANALISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

Este capítulo apresenta os dados obtidos através da observação, da coleta de

informações e questionário composto de perguntas abertas e fechadas aplicadas as

professoras que lecionam no 4º, 5º e 6º Ano da Escola Municipal Herculano de

Almeida Lima, seguido da analise dos dados coletados durante a pesquisa, isto

servirá de base para obtenção das respostas em torno da questão de pesquisa, a

qual procura identificar os significados que as professoras dão ao trabalho infantil no

processo ensino aprendizagem.

Os resultados dessa pesquisa serão utilizados como instrumento de reflexão

por parte dos educadores e possíveis adoção na sua prática pedagógica. Além

disso, despertá-los para continuação de trabalhos nessa área, visando um melhor

significado sobre trabalho infantil.

4.1 Observação participante: a contribuição desse momento

Inicialmente foram realizadas observações participantes no lócus da

pesquisa, onde pudemos perceber como se fundamenta a prática educativa. Os

primeiros contatos foram relevantes para constatarmos diretamente como se realiza

o processo de ensino aprendizagem com as crianças que estudam e trabalham ao

mesmo tempo, como também para um primeiro contato com as professoras sujeitos

da nossa pesquisa. Pôde-se observar que elas ficaram apreensivas, impacientes,

porém ao mesmo tempo muito prestativas.

No que diz respeito às relações entre educadores, coordenação, crianças e

adolescentes percebe-se um nível de interação bastante significante, as conversas

no corredor, as discussões das temáticas se dá na troca de pensamentos, nos

questionamentos, nas dúvidas onde o vínculo de amizade, de cuidado e

aprendizado acontece continuamente.

Não houve um significado relevante para a escolha do lócus, mas no período

de observação encontramos elementos que nos aproximassem a essa escola

Page 31: Monografia Anailma Pedagogia 2011

43

especificamente, pois nos períodos anteriores fizemos algumas visitas e

constatamos que ali havia um número consideravelmente, relevante de crianças que

trabalham.

O contato com essa escola também nos fez refletir sobre a existência de

varias realidades sobre o trabalho infantil, pois desde o início de nossa formação

dentro do espaço acadêmico, especialmente nas aulas de Economia e Trabalho

relatamos muito sobre o que seja trabalho nas diversas esferas o que acabou

chamando minha atenção para este tema.

4.2 Questionário fechado:

A aplicação do questionário para as professoras teve como objetivo sondar as

opiniões destas sobre alguns aspectos pertinentes do tema em estudo.

Nossa preocupação condicionou-se, sobre tudo em saber quais os

significados que as professoras da Escola Municipal Herculano Almeida Lima dão ao

trabalho infantil no processo ensino aprendizagem.

Para o estudo foram escolhidas 6 (seis) professoras, as mesmas lecionam no

4º, 5º e 6º Ano do Ensino Fundamental I e II. Optou-se por esse percentual de

questionários e entrevistas por que achamos que esse número era suficiente para

responder o objetivo da pesquisa.

4.2.1 Perfil das professoras

Com a intenção de levantar o perfil das professoras que lecionam na Escola

Municipal Herculano Almeida Lima, procurou - se, inicialmente obter alguns dados,

que pudesse nos ajudar a conhecer melhor os sujeitos da pesquisa e assim,

encontrarmos respostas relevantes que nos auxiliaram na explicação dos dados

encontrados.

4.2.2 Faixa etária

Quanto às respostas das professoras nas questões fechadas, evidenciou-se

que: das 6(seis) ou seja, 100% das professoras envolvidas na pesquisa, cujas

Page 32: Monografia Anailma Pedagogia 2011

44

idades variavam entre 25 a 35 anos de idade. Observem esses dados no gráfico

abaixo.

Figura 1:Faixa etária

4.2.3 Gênero

Quanto ao gênero100% ou seja, 6 (seis) são do sexo feminino. Observem

esses dados no gráfico abaixo:

Figura 2:Gênero

Observando o gráfico acima nos leva a perceber que há uma grande

participação da figura feminina na carreira docente na Escola Municipal Herculano

Almeida, pois, apesar das mudanças ocorridas na educação brasileira, esse traço

feminino ainda é muito forte, talvez, em virtude do preconceito ainda arraigado na

sociedade que condiciona essa atividade como sendo coisa de mulher. Observe no

gráfico abaixo, quanto à porcentagem relacionada ao gênero.

Page 33: Monografia Anailma Pedagogia 2011

45

4.2.4 Nível de escolaridade

Das 06(seis) professoras, constatou-se que 83,3% ou seja, 5(cinco) têm nível

superior completo enquanto só 16,7% ou seja, 1(uma) não tem superior completo.

Veja esses dados no gráfico abaixo:

Figura 3 Nível de escolaridade

Observando o gráfico acima, percebemos então a predominância do nível

superior completo, se constitui, na nossa compreensão, fator importante na

aprendizagem dos educandos daquela instituição e na compreensão dos problemas

decorrentes do trabalho infantil.

4.2.5 Tempo de exercício na carreira docente

Em relação ao tempo que atuam na carreira docente, todas foram unânimes

ao declarar que estão trabalhando como docentes entre 1 (um) e 2 (dois) anos, quer

dizer 100% ou seja 6(seis) professoras. Observe no gráfico essa porcentagem.

Page 34: Monografia Anailma Pedagogia 2011

46

Figura 4 : Tempo de exercício na carreira docente

4.2.6 Carga horária

No que se refere à carga horária 83,3% ou seja, 5(cinco) responderam que tem

uma jornada de trabalho referente a 40h enquanto 16,7% ou seja, 1(uma) trabalha

somente 20h.

Figura 5: Carga horária

4.2.7 Renda familiar

Quanto a renda familiar das professoras 100% ou seja, 6 (seis) declararam que

recebem de 1 a 3 salários mínimo. Todas são efetivas do município.

Figura 6: Renda familiar

Observando o gráfico da página anterior notamos que 100% dos sujeitos

entrevistados trabalham somente na escola citada. Assim ressaltamos que a carga

horária e o tempo de permanência na escola constituem fator preponderante na

Page 35: Monografia Anailma Pedagogia 2011

47

relação professor-aluno, para um acompanhamento mais próximo da vida do

educando, inclusive da sua relação no âmbito familiar e com o trabalho.

4.3 A FALA DAS PROTAGONISTAS: DESVENDANDO OS SIGNIFICADOS SOBRE O TRABALHO INFANTIL

Através da entrevista semi-estruturada, sempre associada aos outros

instrumentos de coleta de dados já citados, apresentamos aqui, através dos

depoimentos coletados junto as entrevistadas as falas das nossas protagonistas, os

sujeitos da pesquisa. Conseguimos classificar o significado de trabalho infantil em

nove categorias:

4.3.1 Trabalho Infantil: Os significados sob a ótica das protagonistas

A primeira categoria que se apresentou na fala das professoras foi sobre o

significado de Trabalho Infantil que conseguimos identificar de acordo com as

seguinte fala:

4.3.2 1ª Trabalho infantil como algo Negativo

Sobre essa primeira categoria, segue o seguinte depoimento.

P(1) “Negativo. Porque a criança tem que aproveitar seu tempo brincando, estudando, fazendo as atividades da sua própria idade.”

Partindo desse discurso que evidencia o quanto o trabalho infantil seja

negativo, consideramos também que é uma das formas mais cruéis de se negar o

futuro do ser humano, pois adentrar no mundo do trabalho a criança perde a infância

para ajudar no sustento da família, a criança para de estudar e perde a possibilidade

de se tornar um cidadão apto a enfrentar os enormes desafios do mundo moderno.

Todo o elemento apresentado pela professora reafirma o significado atribuído

ao trabalho infantil, cuja Emenda da constituição nº 20 aborda ressaltando que é

aquele que prejudica a saúde da criança; interfere na freqüência escolar e não

permite tempo livre para o estudo fora da escola; rouba a infância e o lazer.

Significa o emprego de criança de forma genérica, especialmente em trabalho

que possa interferir na sua educação, pois as crianças que trabalhadoras acabam

Page 36: Monografia Anailma Pedagogia 2011

48

desenvolvendo atividades penosas, perigosas. Trabalhos que por sua natureza são

exercidos vê acabam comprometendo sua saúde, seu desenvolvimento físico.

4.3.3 2ª Trabalho Infantil como uma prática que trará dificuldades futuras

A segunda categoria que se apresentou na fala das professoras foi que o

trabalho infantil trará dificuldades futuras para ás crianças. Conseguimos identificar

de acordo com as seguintes falas:

P(3) “Acredito que o trabalho infantil quando exploratório, possa acarretar dificuldades futuras.P (4) “O trabalho infantil tira a infância do aluno, uma vez que ele fica impedido de brincar.”P (5) “O trabalho infantil rouba vida social da criança.”

As professoras são categóricas em fazerem seus depoimentos, onde deixam

claro que o trabalho precoce não é e nunca foi estágio necessário para a vida social.

Na história de cada criança trabalhadora a infância, que é o período de crescimento

em todos os sentidos fica perdida. As atividades próprias das diversas etapas de seu

desenvolvimento, na família, na escola e na sociedade, como um todo são

atropelados. Brincar, ter tempo para criar, tudo isso lhes é negado.

Com isso observamos a aproximação do significado que as professoras

atribuíram ao trabalho infantil ao que a OIT (Organização internacional do trabalho)

aborda é todo trabalho exercido por crianças e adolescentes, abaixo da idade

mínima permitida para o trabalho, prejudicando assim, seu desenvolvimento físico,

psíquico, moral e social.

4.3.4 3ª Trabalho infantil como uma prática que prejudica o desenvolvimento

intelectual

Na terceira categoria observamos muito claramente a associação que nossas

depoentes fazem relacionado ao significado de trabalho infantil:

Eis as falas das depoentes:

Page 37: Monografia Anailma Pedagogia 2011

49

P (2) “Trabalho Infantil é um atentado ao desenvolvimento físico, mental e intelectual das crianças, negando assim, seu direito de cidadão.”P (6) “Trabalho infantil prejudica o desenvolvimento intelectual da criança.”

A P (2) e P (6) nos relatam que o trabalho infantil é uma violação para que a

criança chegue ao estado de cidadania, se a educação a que lhes é necessária, é

obstruída pela condição de trabalhador infantil. Trouxemos também um relato feito

pela UNICEF (1997), onde frisa que o trabalho infantil é uma traição a todos os

direitos da criança como ser humano e uma ofensa a nossa civilização.

O discurso que a UNICEF (1997), nos mostra o quanto a infância de muitas

crianças estão sendo furtada seja, por uma educação a qual lhes é roubada. Nada

disso importa o que devemos fazer é trazer essas crianças a escola para que no

futuro elas tenham uma vida digna.

Partindo desse discurso sobre o que seja Trabalho Infantil é considerado que

seus efeitos sejam no desenvolvimento físico, psíquico e mental das crianças que

numa idade cronológica inferior a 15(quinze) anos, ao invés de brincar e estudar

estão trabalhando para ajudar no sustento da casa e muitas vezes, em situações

consideradas inadequadas e perigosas até para adultos, como por exemplo, nas

lavouras (OIT, 2001).

Apesar de todos esses elementos citados pela OIT(Organização Internacional

do Trabalho) fazerem parte do trabalho infantil, percebeu que a professora não

associa esse elemento a uma opressão que as crianças sofrem dos grupos

dominadores e que esse elemento vem a ser uma forma de explorar a mão de obra

infantil.

Nas respostas feitas pelas depoentes notamos que as declarações são

diversas ao que seja trabalho infantil, observamos que todas as professoras são

terminantemente contra o trabalho infantil, alegando que o mesmo além de

impossibilitar a criança de viver a infância, impede inclusive no seu desenvolvimento

intelectual.

4.3.5 4ª Trabalho infantil como causa do baixo rendimento escolar

Page 38: Monografia Anailma Pedagogia 2011

50

Quando questionamos sobre o rendimento escolar dos alunos que trabalham,

as entrevistadas foram categóricas ao responderem que:

Eis a fala das depoentes:

P(1) “Deficiente.”P (2) “Em geral eles têm baixo rendimento.”P (3) “Igual aos demais.”P (4) “Regular.”P (5) “Tem baixo rendimento.”P (6) “Mais ou menos.”

Nestas respostas observamos que o trabalho precoce interfere negativamente

na escolarização dessas crianças, provocando repetência e abandono da escola,

pois muitos dos que trabalham tem baixo aproveitamento devido ao cansaço.

A fala das professoras ainda nos remete ao relato feito pela OIT (2001), o

número e proporção de crianças trabalhadoras elevam-se substancialmente na faixa

etária dos 10 aos 14 anos. Apesar de a maioria estar matriculada, a diferença de

rendimento escolar entre os mais pobres e os considerados de classe baixa é muito

grande. Observe no gráfico abaixo, a porcentagem relacionada ao rendimento

escolar das crianças que trabalham:

Figura 7:Rendimento escolar dos alunos que trabalham

Page 39: Monografia Anailma Pedagogia 2011

51

Notem no gráfico acima o qual se evidenciou que 50% das entrevistadas, ou

seja, a P(1) diz: tem um aprendizado "deficiente" ou da P(2) e P(5) que corresponde

50%, diz que: "os alunos que trabalham tem um baixo rendimento". Apenas 17% ou

seja, a P(3), não vê discrepância no aproveitamento dos estudos do aluno que

trabalha.

4.3.6 5ª Trabalho infantil como interferência escolar:

Nessa quinta categoria questionamos sobre a interferência do trabalho infantil

no rendimento escolar as professoras,foram unânimes em responder que:

P(1) “Sim. Os alunos chegam na sala cansados e sem concentração.”P (2) “Sim. Pelo fato de perder a concentração de não estudar em casa e etc.”P (5) “Sim. E muito.”P (6) “Sim. Pelo fato de não terem tempo para estudar em casa.”

As respostas coletadas, nas falas das entrevistadas: P1, P2, P5 e P6

demonstram de forma clara que o trabalho infantil interfere de forma decisiva no

aprendizado das crianças, seja pelo cansaço ou pela falta de tampo para se dedicar

a escola.

Tanto nessa categoria como em alguns trechos das falas das professoras que

se apresentam na categoria anterior apresenta os discursos das mesmas

evidenciando o significado de trabalho infantil publicado pelo IBGE (Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística), o qual indica que um terço das crianças

brasileiras não chegam ao segundo grau, devido o impacto do trabalho sobre o

desempenho escolar dessas crianças. A descontinuada dos estudos é ocasionada

principalmente pela dificuldade de conciliação entre trabalho e escola, devido ao

cansaço falta de tempo e estímulo para estudar; resultando em repetência e evasão

escolar dentro do sistema educacional.

A P(3) e P(4) conforme depoimentos abaixo nos relatam que o trabalho

realizado pelos alunos não atrapalham na aprendizagem.

P (3) “Não. Até porque a maioria das atividades são feitas na sala de aula.”

Page 40: Monografia Anailma Pedagogia 2011

52

P (4) “Não, pois como são pequenos, eles saem com os pais poucas vezes.”

O discurso da professora P(4) demonstra um elemento novo em relação ao

trabalho infantil, uma vez que o mesmo não interfere no rendimento escolar, pois os

pequenos saem poucos com seus pais. A fala da professora vai de encontro ao

relato feito pelo ECA ( Estatuto da Criança e do Adolescente), quando ressalta que

é de extrema importância que a família deva colocar as crianças a salvo de toda

forma de exploração.

4.3.7 6ª Trabalho infantil como resultado da estrutura econômica da família

As causas que fazem parte do trabalho infantil que foram citados pelas

professoras nos discursos anteriores, se fazem presente nessa sexta categoria, pois

quando questionadas sobre os motivos pelos quais as crianças trabalham, as

professoras foram unânimes em certificar que:

Observamos as falas.

P (1) “Para ajudar a família.”P (2) “Porque os pais têm dificuldades financeiras.”P (4) “Para ajudar a família.”P (6) “Para ajudar a família nas despesas.”

Como se evidencia na fala das professoras, que todas as crianças que

trabalham o fazem para auxiliar na renda familiar, e assim ajudar a suprir as

despesas da família.

A fala das professoras P(3) e P(5) ressaltam que as famílias das crianças

trabalhadoras possuem uma renda baixa, o que tem sido um fator determinante para

alguns pais levar as crianças ao trabalho muito cedo ajudando assim no orçamento

familiar.

P (3) “Para ajudar a renda familiar.” P(5) “Como os pais têm uma renda baixa eles ajudam no orçamento familiar.”

Page 41: Monografia Anailma Pedagogia 2011

53

Em consonância com estudos desenvolvidos pela OIT (Organização

Internacional do Trabalho), ressalta que: o trabalho infantil é aquele executado por

crianças menores de 15 anos, com o objetivo de promover seu sustento/ ou de sua

família - o relato das professoras evidencia que muitas famílias ainda encontram-se

à margem da concentração de renda, em precárias situações socioeconômicas.

Segundo dados do IBGE (1994), o índice de crianças e adolescentes que

trabalham é muito maior nas faixas de rendas mais pobres da população, dada a

necessidade e a situação de pobreza dos pais, que os obriga a trabalhar para

aumentar a renda familiar

Sob essa ótica, percebe-se que a criança que trabalha é um co-provedor da

família e essa difícil função que lhe é imputada por questões sociais e econômicas a

priva de usufruir á ludicidade da infância como também, minimiza a sua capacidade

de estudar e aprender.

4.3.8 7ª “O trabalho infantil como tema secundário no trabalho escolar”

Há de considerarmos que na sala de aula, há alunos de lugares e classes

sociais diferentes, o que requer do professor um olhar atento e diferenciado aos

temas e às inúmeras diferenças com as quais manejará no exercício da sua

atividade docente. Em presença disso, suscitamos a seguinte inquietação: Já houve

discussão em sala de aula sobre a temática Trabalho Infantil?Justifique.

P (1) “Sim. Busco falar sobre o tema através de textos.”P (2) “Apenas conversas, mas nada programado.”P (3) “Sim. Somente conversas.”P (5) “Sim. Conversas.”P(6) “Sim. Através de diálogos.”

Observa-se claramente nas falas das professoras que falta por parte delas a

busca através de pesquisa sobre o tema. Freire (1996), nos trás algumas reflexões

sobre o docente que tem consciência que é educador estendendo o limite de sua

carga horária tem a percepção que não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem

ensino e implica diretamente no compromisso consigo mesmo e com o outro,

promovendo uma pedagogia que dê aos educandos oportunidades para estimular a

Page 42: Monografia Anailma Pedagogia 2011

54

capacidade criadora e o costume de interrogar, investigar e deixá-los conscientes

que são sujeitos que fazem parte da história e como protagonistas dela podem

mudar seu rumo e ter autoridade para tomar decisões.

Ao compreender amplamente os desafios da educação, não se acomodando

a repetir e aplicar simplesmente os métodos e técnicas pré-estabelecidos pelo

sistema educacional, mas buscando significar sua pratica e transmitir esta

significação ao seu aluno, seja através de textos ou diálogos, acreditamos que o

docente contribuirá profundamente para a formação de cidadãos capazes de

interferir socialmente através da leitura e escrita.

A busca pela temática se faz presente no depoimento da P(1), isso nos

mostra quanto os educandos se sentem gratificantes por participarem ativamente do

processo de ensino – aprendizagem, principalmente quando se refere as suas

vivências fora da sala de aula.

É notório nas declarações que as discussões sobre a temática é importante

para a escola e para o processo de ensino-aprendizagem ainda mais por ser a

realidade da maioria dos seus alunos. Essas crianças que crescem com as

dificuldades de uma classe oprimida, mas que também tem o direito de expressar

seu modo de viver.

A fala da (P(4)) mostra também outra realidade vivenciada pelos docentes, a

falta de material didático para que se possa fazer um bom trabalho.

P (4) “Não. Pois falta material didático nessa área.”

A resposta da professora P (4) é ratificada em Montessori (s/d) quando ela

afirma que o material didático é de grande importância na aprendizagem da criança,

pois desperta no aluno a concentração, o interesse de desenvolver sua inteligência.

Para Negrine (1994), o material didático tem diversas funções, como por

exemplo, fornecer aprendizagens ativas e construtivas; proporcionar o

estabelecimento de elos entre informações e conhecimento.

Page 43: Monografia Anailma Pedagogia 2011

55

Todavia a partir dos discursos das depoentes fica evidente que o trabalho

infantil acaba excluindo uma grande parte das crianças da escola, seja pelo fato de

não terem tempo para estudar em casa P (6), seja para ajudar na renda familiar

P(3), seja pelo cansaço e falta de concentração P (1), seja por falta de material

didático P(4). Nesse sentido, o professor deverá conhecer seus alunos e adaptar o

ensino às suas necessidades, incorporando a experiência do educando ao conteúdo

e estimulando sua participação no ouvir, no dialogar e no compreender. Para Arce

(2001), professor é aquele que ensina que deve possuir capacidade que supere a

improvisação, o amadorismo e a mediocridade.

4.3.9 8ª Trabalho exercido pelos alunos: a confirmação da problemática

Ao serem indagadas sobre se há alunos na turma que trabalham e quais as

principais atividades exercidas por eles as professoras responderam:

P (1) “Sim, Na feira livre e em casas de famílias.”P(2) “Sim. Na roça e na feira livre.”P (3) “Sim. Pegam carrego na feira livre ou ajudam os pais na roça.”P (4) “Sim. Vendem vassoura.”P (5) “Sim. Vendem vassoura nas portas.”P (6) “Sim. Na roça”

As professoras declaram que sim, que em suas turmas existem crianças que

trabalham e são muitas a atividades exercidas pelas crianças, com uma forte

predominância do comercio de vassouras e do trabalho em feiras livres, mas o

trabalho na roça esta muito presente, apesar de ser uma atividade que exige muito

da criança.

Nenhuma atividade produtiva pode ser exercida com idade abaixo de 14

anos. Patamar este definido no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e é

confirmado pela atual Constituição brasileira, que proíbe o trabalho de crianças,

salvo na condição de aprendiz, acima dos 12 anos, e desde que não seja

interrompido seu acesso á escola. Acima desse limite, a legislação permite apenas

atividades que não sejam consideradas insalubres, penosas ou que não

proporcionem perigos físicos.

Page 44: Monografia Anailma Pedagogia 2011

56

Tanto nessa categoria como em alguns trechos das falas das professoras que

se apresentam nas classes anteriores apresentam os discursos evidenciando o

significado de trabalho infantil publicado pela OIT (2001), onde diz: é preciso refinar

essa definição, considerando aspectos de tradições culturais em diferentes lugares

do mundo.

4.4 9ª Aluno trabalhador X Aluno não trabalhador

Quando questionadas se há diferença entre o perfil do aluno trabalhador para

o não trabalhador, neste item verificamos a fala das professoras e obtivemos os

seguintes depoimentos:

P (1) “Aluno trabalhador: falta bastante as aulas, tem desinteresse e cansaço. Aluno não trabalhador: falta menos,demonstra interesse e tem mais atenção.”P (2) “Sim. O aluno trabalhador é mais disperso e o aluno não trabalhador consegue se desenvolver mais.”

P (3) “Alguns demonstram mais educação e maturidade.” P (5) “O aluno trabalhador é mais calmo.”

Como se evidencia na fala da P(1) o aluno trabalhador falta bastante às aulas

alem de demonstrar desinteresse e cansaço, enquanto o aluno não trabalhador falta

menos, demonstra interesse e tem mais atenção nas aulas.

Observando a fala da P (3) notamos outro aspecto relacionado ao trabalho

infantil quando ela cita que o aluno trabalhador demonstra mais educação,

percebemos que ainda existe em algumas pessoas o mito do trabalho como valor

ético e moral “formativo”, “escola de vida”, que torna o homem “mais digno”. Nunca

visto como deformador da infância, isso tudo só tem contribuído para o agravamento

do problema. Essa situação segundo Martins (1991), diminui a possibilidade de

obtenção de profissionalização, e que empurra esse contingente para as posições

ocupacionais mais desfavoráveis, onde o nível de remuneração é baixo.

A P(4) e P(6) conforme depoimentos abaixo nos relatam que os alunos

trabalhadores assimilam melhor os conteúdos matemáticos chegando à resolução

mais rápido que os alunos não trabalhadores.

Page 45: Monografia Anailma Pedagogia 2011

57

P(4) “O aluno que trabalha tem mais facilidade em entender matemática.”P (6) “O aluno que trabalha tem facilidade nas contas.”

A fala da P(3) que vai de encontro ao estudo desenvolvido pela OIT (2001),

que ressalta que: È preciso romper com o mito de que a criança que trabalha fica

mais esperta, aprende a lutar pela vida e tem mais condições de vencer

profissionalmente quando adulta. Essa ideologia não se aplica às crianças e não

passa de um mero discurso, visto que, trabalho infantil é necessidade vital para

alguns e forma eficaz de exploração para outros.

A fala da professora P (4) nos remete ao pensamento de Santos (2003) (apud

FERRETE 2006), que argumenta: As necessidades cotidianas fazem com que os

alunos desenvolvam uma inteligência essencialmente prática, que permita

reconhecer problemas, buscar e selecionar informações, tomar decisões e, portanto,

desenvolver uma ampla capacidade para lidar com atividade matemática. Quando

essa capacidade é potencializada pela escola a aprendizagem apresenta melhor

resultado.

Page 46: Monografia Anailma Pedagogia 2011

58

TECENDO AS CONSIDERAÇÕES

Entendemos que o trabalho infantil é uma das formas mais cruéis de se negar

o futuro do ser humano. Ao adentrar no mundo do trabalho a criança perde a

infância para ajudar no sustento da família, a criança para de estudar e perde a

possibilidade de se tornar um cidadão apto a enfrentar os enormes desafios do

mundo moderno.

Durante a realização da pesquisa, foi possível concluir que há um grande

número de alunos que estudam na escola do distrito de Igara e trabalham seja na

feira livre, na roça ou em a fazeres domésticos. Percebeu-se ainda que os pais dos

alunos necessitam da renda obtida nessa atividade.

Nesta perspectiva procuramos através desta pesquisa investigar quais os

significados que as professoras da Escola Municipal Herculano de Almeida Lima no

Distrito de Igara dão ao trabalho infantil e sua interferência na aprendizagem escolar

das crianças que trabalham.

Sobre os significados que elas dão ao trabalho infantil, os relatos emitidos

pelas depoentes foram diversos: atentado ao desenvolvimento físico; tira a infância

do aluno; rouba a vida social da criança, entre outros, pode-se notar que as

professoras estão conscientes dos motivos causados pelo trabalho infantil

resultando assim, com um quadro inconcebível de crianças mal preparadas no plano

físico, intelectual, psicológico e social para ocupar seu lugar no mundo de adultos

porque criança que trabalha não se prepara adequadamente para o futuro.

Tomou-se conhecimento, também, que as professoras têm noção do quanto o

trabalho infantil prejudica na aprendizagem dos alunos, e o quanto se faz necessário

terem material de apoio oferecido pelos órgãos públicos para que elas possam

Page 47: Monografia Anailma Pedagogia 2011

59

discutir junto às famílias dos alunos trabalhadores sobre a proibição dos mesmos no

que se refere ao trabalho infantil.

Em virtude disso constatamos que as crianças deixam de estudar para

aumentar a renda familiar, embora a constituição federal de 1988 estabeleça o

ensino obrigatório dos 7 aos 14 anos (Art. 208 ), assegurando ao menor a

freqüência à escolar.

Todavia, é preciso acreditar num mundo melhor para nossas crianças, onde

elas tenham  o direito de desfrutar a infância brincando de  adulto na brincadeira do

faz de conta;  brincando de comadre e compadre, de guizado, de roda, de esconde e

esconde e outras brincadeiras que as crianças que trabalham para ajudar nas

despesas da casa não têm mais tempo disponível para brincar por que estão

trabalhando para ajudar na renda familiar. 

O trabalho infantil, conforme o recorte dado por essa pesquisa nos levou à

confirmação de que estamos sumariamente diante de um grande problema social,

um obstáculo à educação por afastar as crianças da escola, obrigando-a a escolher

entre o trabalho e os estudos, uma vez que a necessidade de ajudar a família no

sustento da casa grita mais alto, colocando a educação em segundo e até em último

plano.

Independente da causa que leva o menor ao mercado de trabalho, seja pela

pobreza, pela miséria, entre outras causas, chega-se à conclusão de que para

solucionar esse mal que aflige toda a nação é elevar a qualidade da educação no

país, uma estratégia eficiente de forma a reduzir a exploração da mão-de-obra

infantil.

Assim, há necessidade imediata de mudanças, no intuito de construir

coletivamente, perspectivas de avaliação dessa realidade que afeta a vida das

crianças igarenses, buscando despertar em cada criança o seu verdadeiro papel na

sociedade. Assim, poderemos proporcionar às crianças trabalhadoras uma vida

digna, para que no futuro elas sejam adultas críticas e sociais aos demais cidadãos.

Para tal urge que os profissionais da educação (diretores, coordenadores e

professores) reavaliem criticamente o tema “trabalho Infantil” e ainda, que assumam

Page 48: Monografia Anailma Pedagogia 2011

60

um compromisso de trabalhar numa ação conjunta para que o sucesso na

erradicação do trabalho dos menores chegue ao fim.

Ainda nesse sentido este estudo serve como um sinalizador e estimulo para que

os educadores repensem sobre sua metodologia utilizada em sala de aula.

Sugere - se que sejam feitos estudos posteriores sobre a temática em questão

no sentido de tentar solucionar as dificuldades de aprendizagem dos alunos

trabalhadores.

Encerramos este estudo com a frase mais celebre “Criança não trabalha,

criança dá trabalho” (ARNALDO ANTUNES).

Page 49: Monografia Anailma Pedagogia 2011

61

REFERÊNCIAS

ABREU, Maria C. MASETO, M. T. O professor universitário em aula. São Paulo: MG Editores Associados, 1990.

ARCE, A. Compre um Kit neoliberal para a Educação Infantil e ganhe grátis os dez passos para se tornar um professor reflexivo. IN: Educação e Sociedade. (74): 251-283 – AB. 2001.

BARBOSA. J. C. Pesquisa em Educação matemática: a questão da cientificidade e dos métodos. Rio Claro: 2000

BARBOSA, Marinalva Vieira. A relação entre sentido e referência a partir do olhar de Frege: São Paulo: Unicamp. 2008: Disponível em: < http://. Primeiraversão.unir.br/sentido.htm > Acesso em 20 de novembro de 2010.

BARROS, Aidil Jesus da Silveira. Fundamentos da Metodologia. 2ª ed. Ampliada. São Paulo: Markon Books, 2000.

BOGDAN, R.; BIKLEN, S. Investigação qualitativa em educação: uma introduçãoà teoria e métodos. Porto: Porto Editora, 1998.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues.O que é educação- 40ª rump. -São Paulo: Brasiliense, 2001. (Coleção primeiros passos: 203).

BRASIL, Estatutoda Criança e do Adolescente.Lei n° 8069, de julho de 1990. /Secretaria Especial dos Direitos Humanos; Ministério da Educação, Assessoria de Comunicação Social - Brasília: MEC. ACS,2005.

BURKE Tomas Joseph. O professor revolucionário: da pré-escola à universidade. Petropolis, RJ: Vozes, 2003.

CANDAU, Vera Maria. Construir ecossistemas educativos. Reinventar a Escola. IN: CANDAU, Vera Maria. (Org.) Reinventar a Escola. 3ªed. Petrópolis, RJ: Vozes 2000. Cap.1.

CASTRO, M. G; Gênero e raça: desafios à escola. IN: SANTANA, M.O. (org.) Lei 10.639/03 – educação das relações étnico-raciais e para o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana na educação fundamental. Pasta de Texto da Professora e do Professor. Salvador: Prefeitura Municipal de Salvador, 2005.

Page 50: Monografia Anailma Pedagogia 2011

62

COSTA, Antonio Carlos Gomes da. Quem sou eu. 2001. Disponível emhttp://infoutil.org/ acesso 27/10/2010.

CRUZ, Ozelito Souza. Pesquisa trabalho e pobreza na cultura do sisal. 2007.

FERNANDES Francisco.Dicionário Brasileiro Globo - - Editora: Ed. globo - Ano: 1997.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mine Aurélio, século XXI. 5ª. Edicação. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2001.

FERRETE, R. Práticas etnomatemáticas no Liceu do Pacuri: a propósitos dos ornamentos geométricos da cerâmica. Disponível em FTP.ufrn.br/pub/biblioteca/ext/bdtd/RodrigoBF.pdfAcesso em: 06 de setembro 2011.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Edição especial. 36ª edição. Editora: Paz e Terra,1996

GADOTTI, Moacir. Escola Cidadã/Moacir Gadotti, 7ª Ed. – São Paulo: Cortez, 2001. – (Coleção Questões de Nossa Época; V 24).

GLESSLER, L. A. Pesquisa Educacional. 3ª edição. São Paulo: Loyola, 1989.

GOMES, Nilma Lino. Educação e Diversidade Cultural: Refletindo sobre as diferentes presenças na escola. 1999. Disponível em <www.mulheresnegras.org/nilma.html> acesso em 03 de setembro de 2011.

JAPIASSÚ, Hilton; MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 2ª. edição. São Paulo: Atlas, 1996.

LUDKE, Menga; ANDRE Marli E.D.A. A pesquisa em educação. Abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.

LAKATOS, Eva Mª. MARCONI, Marina de Andrade Técnicas de pesquisa 3. Ed . Revista e ampliada São Paulo: Atlas, 1996.

MARTINS, José de Souza. O massacre dos inocentes: a criança sem infância no Brasil. São Paulo: Hucitec. 1991.

MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOACIAL E ASSISTENCIA SOCIAL. Programa de Erradicação do Trabalho Infantil. PETI – Manual Operacional. Brasília, 1999.

MINHARRO, Erotilde Ribeiro dos Santos. A criança e o adolescente do direito do trabalho. São Paulo: LTr, 2003.

MONTESSORI, M. A criança. São Paulo: Nórdica, s/d.

NÉRICI, Imídeo Giuseppe. Lar, escola e educação. 4 ed. São Paulo, Atlas, 1977.

Page 51: Monografia Anailma Pedagogia 2011

63

OLIVEIRA, Marta kohle de et all. Wallon, Vygostky, Piaget. Teorias psicogenéticas em discurssão. São Paulo, 1985. Disponível em <http://www.ipea.gov.br.htm> Acesso em 25 de agosto de 2011.

ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. V.1: Combatendo o trabalho infantil: Guia para Educadores/IPEC. – Brasília: OIT, 2001, il.

OUTEIRAL, José Ottoni. Adolescer: Estudos sobre Adolescência. Editora: Artes Médicas, Porto Alegre – RS, 1994.PRIORI, Mary Del Organizadora. História das crianças no Brasil/2 ed. São Paulo. Contexto, 2000.

RODRIGUES, Neidson. Da mistificação da escola à escola necessária. 11ª ed. São Paulo. Cortez, 2003.

SIGARDO, A. Pino. O conceito de mediação semiótica em Vygostky e seu papel na explicação do psiquismo humano. Cadernos Cedes, Ano 2000 (24): 38 – 50.

TACCA, M. C. V. R. Ensinar e aprender: análise de processos de significação na relação professor x aluno em contextos estruturados. Brasília, 2000, tese (doul) Universidade de Brasília.

TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 5ª Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.

TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo Silva. Introdução à pesquisa em ciências Sociais, a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.

UNICEF. Situação Mundial da Infância. Brasília: 1997.

VASCONCELLOS, Celso dos Santos. (In) Disciplina: Construção da disciplina consciente e interativa em sala de aula e na escola. São Paulo: Libertad, 2006.

ZANATTO, Maria de Lourdes Bara. Formação de professores: a contribuição da Análise do Comportamento. São Paulo: EDUC, 2000.

Page 52: Monografia Anailma Pedagogia 2011

64

APÊNDICE

Page 53: Monografia Anailma Pedagogia 2011

65

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEBDEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII

SENHOR DO BONFIM – BAPEDAGOGIA 2007.1

DISCENTE ANAILMA SANTOS DA COSTA SILVA

APÊNDICE

Caros professores esta entrevista faz parte de uma pesquisa monográfica TCC, do

curso de pedagogia da Universidade do Estado da Bahia – UNEB do Campus VII.

Por isso contamos com a sua disponibilidade e colaboração para realização da

nossa pesquisa. Lembramos que a sua identidade será mantida em sigilo na

apresentação dos resultados. Agradecemos antecipadamente a generosidade e

participação. Obrigada

Pesquisa sobre Trabalho infantil

Por: Anailma Santos da Costa SilvaOrientador: Ozelito Cruz

1º Bloco: Roteiro da Entrevista Identificação do (a) Entrevistado

1. Perfil socioeconômico dos entrevistados

1.1 Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

1.2 Faixa etária ( ) 20 a 25 ( ) 25 a 30 ( ) 30 a 35 ( ) 35 a 40

2. Nível de escolaridade:( ) 2º grau Magistério ( ) Superior completo( ) Superior incompleto

2.1 Se fez superior completo, qual o curso?

Page 54: Monografia Anailma Pedagogia 2011

66

3. Tempo de exercício na carreira docente:

( ) 0 a 1 ano ( ) 1 a 2 anos ( ) 2 a 5 anos

( ) 5 a 10 ( ) 10 a 15 ( ) 15 a 2

4. Carga horária( ) 20horas ( ) 40 horas ( ) 60horas

5. Renda familiar:

( ) 1 a 3 salários mínimo ( ) 3 a 5 salários mínimo ( ) 5 a 8 salários mínimo

Page 55: Monografia Anailma Pedagogia 2011

67

2º Bloco da Entrevista: Entrevista semi estruturada

1 – Para você qual o significado de Trabalho Infantil? Você vê como algo positivo ou negativo? Justifique.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

2 - Como está o rendimento escolar dos alunos que trabalham?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

3 – Em sua opinião o trabalho interfere no rendimento escolar das crianças que trabalham? Justifique.

4- Em sua opinião por que essas crianças trabalham?

5. Já houve discussões em sala de aula sobre esta temática? Seja com textos exemplos de exercícios etc.?_________________________________________________________________

________________________________________________________________

6 - Há alunos da sua turma que trabalham? Quais as principais atividades?

Page 56: Monografia Anailma Pedagogia 2011

68

7. Você indica alguma diferença no perfil do aluno trabalhador, para o não trabalhador?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________