Upload
biblioteca-campus-vii
View
6.938
Download
4
Embed Size (px)
DESCRIPTION
Pedagogia 2009
Citation preview
10
APRESENTAÇÃO
A cultura afro-brasileira tem sido reconhecida em virtude da relevância
entre outras coisas, de reconhecer as consequências psicológicas para a
criança negra dentro de um processo pedagógico que não reflete a sua face e
a sua cultura com processo educativo. Resultando em um complexo de
inferioridade na criança negra.
Realmente, nós afro-descentendes herdamos ritmos, alimentação, jeitos,
de ser, de viver e trabalhar dos negros africanos. A partir dessas questões se
mostra necessárias ações no sentido de valorização dessa cultura,
especialmente nas escolas.
A cultura afro-brasileira é uma realidade dentro da sala de aula,
necessita dessa compreensão transformadora exercida pelo professor no
sentido de posiciona-se diante desses alunos, garantindo-lhes através da
escola o direito não somente á educação, mas também se colocar como
agente que contribui para erradicar práticas discriminatórias.
O presente Trabalho de Conclusão de Curso está apresentado em
quatro capítulos, da seguinte forma:
No primeiro capitulo, abordamos o tema: A Inclusão da Cultura afro-
brasileira e africana no Currículo Escolar. Diante de alguns questionamentos,
surge a seguinte questão: como os professores da escola municipal Dr. José
Gonçalves, Trabalham a Historia da Cultura afro-brasileira e africana em sala
de aula. Tendo como objetivos, analisar, verificar e identificar suas concepções
e consequentemente a prática adotada.
No segundo capitulo, fazemos uma discussão mais aprofundada à luz de
alguns teóricos, elegendo-se como palavras-chave: Cultura afro-brasileira,
Escola e Professor; sendo apresentadas nas seguintes categorias: A
11
resistência negra no Brasil, O negro e sua inserção no processo escolar, A
escola e a cultura negra.
No terceiro capitulo, falamos sobre a metodologia e os instrumentos para
a realização da pesquisa, no qual optamos pela pesquisa qualitativa a mais
usada na érea educacional. E como instrumentos de coletas de dados, a
entrevista semi-estruturada, o questionário fechado e a analise documental.
No quarto capitulo, apresentamos os resultados da pesquisa, feita com
dez professores da referida escola, fazendo uma analise e interpretação dos
dados coletados. Por fim, a presente pesquisa traz as ultimas reflexões sobre
as categorias, encontrado nos dados que foram analisados e interpretados.
12
CAPÍTULO I
Cultura afro-brasileira e africana: e sua relação com a
educação
O Brasil é fruto de um longo processo histórico de interação entre
aspectos políticos e socioeconômicos. Segundo Ribeiro (1995) surgimos da
confluência, do entrechoque e do caldeamento do invasor português com
índios silvícolas e campineiros e com negros africanos, uns e outros aliciados
como escravos. Esse processo apresenta-se como uma construção cultural
brasileira altamente complexa, historicamente definida e redefinida
continuamente em termos nacionais, apresentando características próprias
regionais e locais. Coexistem aqui culturas singulares, ligadas a identidades de
origens de diferentes grupos étnicos e culturais. Ainda segundo Ribeiro (1993):
Nessa confluência, que se dão sob a regência dos portugueses, matrizes raciais dispares tradições culturais distintas, formações sociais defasadas se enfrentam e se fundem para dar lugar a um povo novo, novo porque é um novo modelo de estruturação societária, que inaugura uma forma singular de organização sócio-econômica, fundada num tipo renovado de escravismo e numa servidão continuada ao mercado mundial (p. 19).
Essa composição tem se caracterizado por plasticidade e
permeabilidade, incorporando em seu cotidiano a criação e recriação das
culturas de todos esses povos, sem diluí-las, ao mesmo tempo em que permite
seu entrelaçamento. Nesse entrelaçamento de influências recíprocas,
configura-se a identidade nacional, em sua complexidade.
Oliveira (2003, p.161) vem contribuir com essas discussões ao dizer que
“as diferenças fazem parte de um processo social e cultural, e que não são
simplesmente, mais um dado da natureza”.
Na relação do país consigo mesmo, potencializa-se a luta pela
unificação, mas é comum privilegiarem vários estereótipos, registrando
13
dificuldade para lidar com o preconceito e suas variadas manifestações. De
acordo com Moura (1988; p.30) “é uma ideologia arquitetada para esconder
uma realidade social altamente conflitante e discriminatória no nível de
relações interétinica”. O país evitou por muito tempo esse tema, sendo
marcado por “mitos” que vincula a imagem de um Brasil homogêneo, sem
diferenças, ou em outra hipótese, promotor de uma suposta “democracia
racial”.
Então, nos perguntamos: Que país seria o Brasil, sem o legado da
cultura africana? Certamente não o mesmo que é hoje. Falar da influência
cultural que os negros tiveram aqui é quase uma “piada” o que parece ter
havido, pelo menos em certas áreas do país, é quase tão somente uma
adaptação dos padrões de comportamento dos escravos ás novas condições
de vida a que foram submetidos. E, tão logo eles estabeleceram os demais
povos, é que se viram na contingência de observar e adotar inúmeras tradições
africanas.
Apesar da cultura brasileira ter sido fermentada em um caldeirão
multiético, convivem no Brasil de maneira tensa, a cultura e padrão estético
negro e africano e um padrão estético e cultural branco europeu. Porém, a
presença da cultura negra e o fato de 45% da população brasileira, ser
composta de negros, segundo o (IBGE, 2002), não sendo suficientes para
eliminar ideologias, desigualdades e estereótipos racistas. Sendo assim, ainda
persiste em nosso país um imaginário ético racial que privilegia a brancura e
valoriza as raízes européias, ignorando ou pouco valorizando as outras culturas
existentes, especialmente a cultura negra.
Passados mais de 120 anos da abolição da escravatura há, ainda hoje,
especialmente no campo da educação, uma mobilização muito forte, da
sociedade e de alguns setores do governo pela garantia dos direito da
população negra, historicamente alijada da escola.
Para Ribeiro (1993) o negro submetido a esse processo era primeiro
“desumanizado” ao ser tratado como coisas ou como bichos, e depois, re-
14
humanizados ao se converterem em “ladinos”, pelo aprendizado da língua do
Senhor.
No entender de Ribeiro (1999) subjacente à uniformidade cultural
brasileira, esconde-se uma profunda distancia social, gerada pelo tipo de
estratificação que o próprio processo de formação nacional produziu.
Aproximando essa discussão para o nosso foco de estudo, a cultura
afro-brasileira e africana relacionada com a educação, na escola muitas vezes,
há manifestações de racismo, discriminação em suas múltiplas faces, por parte
de professores, alunos, diretores, ainda que de maneira involuntária ou
inconsciente. Essas atitudes representam violação dos direitos, e trazem
consigo obstáculos ao processo educacional, pelo sofrimento e
constrangimento a que essas pessoas, principalmente os negros se vêem
submetidas.
Diante dessa realidade, não podemos deixar de mencionar os grupos
ligados ao Movimento Negro, sempre lutando para conquistar seu espaço na
sociedade. Dessa luta resultaram muitas conquistas, entre as quais,
gradativamente conquistou-se uma legislação antidiscriminatória, culminando
com o estabelecimento, na Constituição Brasileira 1988, dá discriminação racial
como crime. E no campo da educação as mudanças ocasionadas com a LDB
Lei n° 9.394/96 pela Lei n° 10.369/2003, de autoria da deputada Ester Grossi,
promulgada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo a LDB (2003):
A Lei nº 10.639/2003 acrescentou à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) dois artigos: 26-A e 79-B. o primeiro estabelece o ensino sobre cultura e história afro-brasileiras e especifica que o ensino deve privilegiar o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional. O mesmo artigo ainda determina que tais conteúdos deve ser ministrados dentro do currículo escolar, em especial nas área de educação artística, literatura e histórias brasileiras. Já o artigo 79-B inclui no calendário escolar o dia nacional da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro (p. 63).
Assim, vem propondo a inclusão de todos e garantindo o direito de
aprender e desenvolver conhecimentos sem precisar negar sua identidade.
15
Tendo como objetivo demolir os estereótipos e preconceitos construídos
durante longo tempo. A aplicação e aperfeiçoamento da legislação são
decisivos, porém insuficientes.
Os direitos a demanda social existe há muito tempo, a urgência é
inevitável. Essa proposta considera do ponto de vista social, os movimentos
que a tanto lutam por essa valorização.
Nessa perspectiva, para reeducar as relações étnico-raciais no Brasil,
precisamos emergir as dores e os medos que tem sido gerado. E entender que
o sucesso de um tem o preço da marginalização e da desigualdade impostas a
outros. E, então decidir que sociedades querem construir daqui para frente.
A escola como parte dessa sociedade tem produzido a exclusão de
grupos que não correspondem aos padrões culturais dominantes. O negro
considerado muitas vezes como alguém inferior foi e ainda é alvo de forte
preconceito, observando no cotidiano dos indivíduos, nas relações sociais e
nos meios de comunicação. Como bem ressalta Cavalleiro (2000): o
preconceito sinaliza, suspeita, há intolerância e odeio irracional.
Abre-se a escola a possibilidade de empreender, em seu cotidiano, uma
reflexão que integra, de maneira ímpar, teoria e prática, reflexão e ação. Pois,
ainda hoje, a mesma, encontra-se marcada por práticas culturais arraigadas.
Na nossa compreensão o preconceito opera como um processo que
acarreta desvantagens para alguns grupos, em especial para o grupo negro
que, uma vez inserido na escola, dependendo da prática pedagógica adotada,
na maioria das vezes não é reconhecido, nem tão pouco sua cultura é
valorizada, resultando, em exclusão e fracasso escolar.
Desta forma, conscientizar-se ao silêncio do professor e da sua prática
sob o véu da naturalidade que só servem para silenciar também as diferentes
“vozes” incluindo os que fazem parte da cultura afro-brasileira. Nessa
16
perspectiva, notamos que os professores assim como a escola são autores
fundamentais nesse processo de valorização da cultura afro.
Mas, como lidar com essa diversidade na sala de aula? Como o
professor deve agir, levando em conta essas diferenças? Esses
questionamentos , assim como muitos outros presentes nessa relação, nos
remetem, nessa abordagem, para a necessidade de discutir com mais
profundidade, essa relação da cultura afro-brasileira e africana na escola. Tal
reconhecimento aponta a importância da escola instrumentaliza-se para
fornecer informações mais precisas para questões que vem sendo
indevidamente respondidas pelo senso comum, quando não ignoradas por um
silencioso constrangimento. Dayrell (1996) enfatiza que:
Discutir, compreender e pesquisar sobre a relação entre cultura, escola e diversidade étnica e cultural nos possibilita um olhar mais aguçado sobre a instituição escolar e a adoção de novas pratica pedagógica (p. 87).
Portanto, é fundamental debatermos mais, pois, atender a essa
necessidade implica, reduzir a defasagem entre o mundo vivido do professor e
o mundo vivido dos alunos, bem como promover efetivamente, a igualdade de
condições e oportunidades de escolarização considerando as diferenças
culturais como forma de inclusão.
Diante do exposto, e buscando nos aproximar do objeto da pesquisa,
reafirmamos aqui a seguinte questão: Como os professores da Escola
Municipal Dr. José Gonçalves trabalham a História da Cultura afro-brasileira e
africana na Escola?
Assim, essa pesquisa tem como objetivos:
1. Verificar, em que medida os professores da Escola Municipal Dr. Jose
Gonçalves trabalham a Historia da Cultura afro-brasileira e africana na Escola.
2. Analisar como a história da cultura afro-brasileira e africana está
sendo colocado no plano de trabalho e prática na sala de aula;
17
3. Identificar como os professores percebem a historia da cultura afro-
brasileira e africana, e suas concepções.
18
CAPÍTULO II
QUADRO CONCEITUAL
Objetivando aprofundar a reflexão sobre esse tema, de grande
importância para a Educação, especialmente, visando o debate sobre a
Inclusão da História da Cultura afro-brasileira e africana no Currículo Escolar,
vamos inicialmente refletir, sobre: A resistência negra no Brasil; O negro e sua
inserção no processo escolar; A escola e a cultura negra.
2.1. A resistência negra no Brasil
As culturas são produzidas pelos grupos sociais ao longo das suas
historias, na construção de suas formas de subsistência, na organização da
vida social e política, nas suas relações com o meio e com outros grupos, na
produção de conhecimentos, etc. A diferença entre culturas é fruto da
singularidade desses processos em cada grupo social. A desigualdade social é
uma diferença de outra natureza, é produzida na relação de dominação e
exploração socioeconômica e política. Segundo Dayrell (1996):
O importante papel da cultura na vida dos sujeitos tem sido apontado não somente pelos cientistas sociais, mas também pelos movimentos sociais. A partir da análise sobre a dimensão cultural, política e social, o movimento negro, os profissionais e pesquisadores comprometidos com a questão racial mostram-nos que não há como negar a necessidade de novas abordagens educacionais que contemplam o processo de luta e resistência do povo negro (p. 86).
Quando se propõe o conhecimento e valorização do negro no território
brasileiro não se pretende deixar de lado essa questão. Ao contrário,
principalmente no que se refere à discriminação, é impossível compreendê-la
sem recorrer ao contexto social em que acontece e a estrutura autoritária que
marca essa sociedade, pois as produções culturais “fora” de relações de poder,
19
são constituídas e marcadas por ele, envolvendo um permanente processo de
reformulação e resistência.
O Brasil não é uma sociedade regada por direitos, mas por privilégios.
Os privilégios, por sua vez, assentam-se em discriminações e preconceitos de
todos os tipos. Em outras palavras, dominação e exclusão interagem; a
discriminação é resultado desse complexo de relações. Nesse processo
crescente de exclusão, Candau (2000) ressalta:
Os mais afetados são os “outros”, os diferentes, os que não dominam os códigos da modernidade não tem acesso ao processo de globalização em suas diferentes dimensões, estão configurados por culturas que resistem a colocar no centro a competividade e o consumo como valores fundamentais da vida, pertencem a etnias historicamente subjugadas e silenciadas, questionam os estereótipos de gênero presentes nas nossas sociedades, lutam diariamente pela sobrevivência e pelos direitos humanos básicos que lhe são negados (p. 48).
Sendo assim, a história do negro no Brasil é uma historia de muita luta
e resistência em busca de seu espaço na sociedade. Dos exames até aqui
feitos sobre a situação das diferentes classes sociais no Brasil não podemos
deixar de consignar algumas linhas à peculiar situação do negro dentro dessa
sociedade. Na compreensão de Moreira (2001):
Essas diferenças de raça, classe social, gênero, linguagem, cultura (...), como muita freqüência justificado as discriminações e as perseguições sofridas por indivíduos ou grupos. Exemplificam-se com violências cometidas, em diferentes partes do mundo, contra comunidades negras, latinas e asiáticas, cujos sistemas de valores são rotulados como inferiores, primitivos e da moralidade que caracterizam a cultura Ocidental (p.4-5).
Desde o início da escravidão, os negros Africanos, transformados em
escravos, começaram a organizar-se para sobreviver e garantir a permanência
de sua cultura, que a escravidão tentava destruir. Assim, Munaga (2001):
Uma receita de feijoada, vatapá ou de qualquer outro prato, contêm mais do que a combinação de ingredientes, são o retrato de busca de soluções para a manutenção da vida física, de lembranças dos sabores da terra de origem. Do mesmo modo, a capoeira, hoje um jogo cujo cultivo busca equilíbrio do corpo e do espírito, nasceu como instrumento combate, de defesa (p.23).
20
Apesar do sistema escravista, que durante muito tempo não permitiu
que os negros adquirissem consciência de sua situação social, fato que o
impedia de romper com o processo de alienação e opressão a que foram
submetidos, são muitos os registros das lutas de resistência. Foi a partir
dessas lutas que algumas medidas em favor dos negros foram implementadas,
segundo Gonçalves (1982):
Em 1850, com a proibição do tráfico de escravos, criou-se condição para o início de uma possível campanha abolicionista no país. Mas, dessa data até a abolição, foram 38 anos de conflitos sócio-político e econômicos acontecendo paulatinamente. Portanto, de maneira mais efetiva, foi a partir 1865 que alguns caminhos foram abertos para a evolução não só do movimento abolicionista, mas, também dá República, no Brasil (p. 97).
Nessa mesma linha, Gonçalves (1982):
Em 1871, foi promulgada a Lei Barão do Rio Branco, ou do Ventre Livre, que libertava os negros nascidos a partir de 28 de setembro, mais que os mantinha submissos ao Senhor até os 16 anos de idade (p. 98).
Dentro desse contexto, em 1879 é denunciada a Lei Barão do Rio
Branco como limitadora dos direitos do negro, eclodindo-se a campanha
abolicionista. Em sequência desses manifestos , no dia 13 de maio de 1888,
decretou-se a Lei Áurea abolindo a escravatura no país.
Tomando como parâmetro nesta abordagem o período pós-abolição,
feita na compreensão de alguns autores, entre os quais Basbaum (1976), para
atender aos reclamos das novas condições de trabalho e não aos interesses
dos próprios escravos, “passaram os negros recém-libertados a gozar
teoricamente das regalias do homem branco. Haviam se tornados cidadãos”.
Registros mostram, muitos grupos de resistência foram criados durante
o transcurso do regime escravista. Não podemos deixar de citar os
quilombolas, demonstrando um espírito de luta incomum e uma capacidade
organizacional surpreendente. A este respeito Moura (1988) diz:
21
Infestados as matas, fugindo para o seu recesso, perseguidos pelos capitães-do-mato ou membros da milícia (...), mas não foi apenas os quilombolas que se organizou. Mesmo aqueles que não chegavam à decisão extrema de fugir; também se reuniam, criavam grupos de resistência nas senzalas (p. 112).
Percebe-se que são inúmeras as formas em que o negro se defendeu do
mecanismo social, cultural e biologicamente excludente, tentando resguardar a
brutalidade da escravidão e, depois, ao seu processo de marginalização que se
seguiu a chamada Lei Áurea. Ainda segundo Moura (1988) escreve:
Esses grupos seriam representados por quilombos, clubes conspiratórios, candomblés, batuques, irmandades religiosas, festa de reis do Congo, caixas de alforrias, cantos, grupos de capoeira, finalmente, todos aqueles que foram organizados pelo negro escravo (p. 113).
Nesse cenário, surgiu um dos principais representantes da resistência
negra no Brasil, Zumbi, mas a historiografia procurou minimizar a sua
significação histórico-sociológica. Moura (1988; p. 160) “apresentando como
um valhacouto de bandidos, de bárbaros, fetichistas e criminosos”. Então, só
agora, os historiadores resgatam a sua figura. Zumbi foi líder do Quilombo dos
Palmares, comunidade livre formada por escravos. Sobre isso Moura (1988)
afirma:
Por ser Palmares uma república que seguiu a tradição africana, tinha uma estrutura de pensamento, comunicação grupal fundamentalmente oral. Na África a tradição oral é praticamente responsável pela transmissão da memória coletiva (p. 160).
Esse processo de dinâmica organizacional prolongou-se após a abolição
em decorrência do peneiramento social a que foram submetidos os negros
livres na sociedade branca. Para Moura (1988):
Superando essa visão alienada está surgindo uma produção que parece marcar um novo nível na perspectiva de se conhecer a contribuição do negro na formação do Brasil, contribuição que em parte surge das universidades e, de maneira significativa, dos grupos e entidades negras que se articulam dinamicamente em várias regiões do país (p. 188).
22
Portanto, vale ressaltar que os movimentos negros, nas últimas décadas
do século XX início do século XXI teve e tem papel preponderante nesse
resgate, Moura (1988; p. 56) “agora, já não é o escravo que luta contra o
Senhor, mas um segmento majoritário na sociedade o (afro-brasileiro)”,
mediante suas denúncias e reivindicações, o destaque da contribuição do
negro na formação do Brasil, o estudo da história e cultura africana, a fim de
mostrar a história não oficial.
2.2 A inserção do negro no processo escolar.
Os escritos nos mostram que até meados do século XIX, a educação não
seria uma opção para as crianças negras escravas, mas seria a transformação
em indivíduos produtores e extremamente úteis para inúmeras atividades
braçais, enquanto as crianças brancas e de elite eram instruídas por
professores particulares. A este respeito, Basbaum (1976) esclarece:
Não tinha os negros nem seus descendentes mestiços, nenhuma chance para traçar outros rumos de vida uma vez que não tinham profissão nem escola. Mesmo, entretanto, com o mínimo de educação, eram os negros eliminados dos serviços mais leves e que exigem esse mínimo de formação e treinamento. Por isso mesmo viam-se forçados a exercer os misteres mais humildes, brutais e mal pagos. Eram os trabalhadores braçais das ruas, da construção civil ou das fábricas (p. 180).
A única educação que as crianças negras tinham acesso era a educação
religiosa, a qual era obrigatória, pois com relação a escola pública, lhes era
proibido frequentá-la. Entretanto, muitas aprendiam a ler de forma
assistemática e nos quilombos, lugares para onde muitos negros fugiam como
forma de resistência. (NOVAIS, 1993). Munanga (1988) também fala sobre
esse acontecimento:
Privados da escola tradicional, proibida e combatida, para os filhos negros, a única possibilidade é o aprendizado do colonizador. Ora, a maior parte das crianças está nas ruas. E aquelas que têm a oportunidade de ser acolhida não se salva: a memória que lhe incucam não é a de seu povo, a história que lhe ensinam é outra (p. 23).
Ainda segundo Munanga (1988):
23
Quando pode fugir do analfabetismo, o negro aprende a língua do colonizador, porque a materna, considerada inferior não lhe permite interferir na vida social, nos guichês da administração, na burocracia, na magistratura, na tecnologia, etc. (p. 24).
A língua do colonizado não possui dignidade nenhuma no país e nos
concertos dos povos. Se o negro quiser obter uma colocação, conquistar um
lugar, existir na cidade e no mundo, deve primeiramente, dominar a língua
estrangeira, de seus Senhores.
A escola é hoje, uma instituição que nasce na passagem do período
medieval para o período moderno, em nossa sociedade ocidental. Do seu
início, quando ainda ligado a igreja católica e ao seu trabalho de difusão do
cristianismo, passa para o controle do Estado, como instituição pública se
modificando muito pouco. Para Becker (1993):
A literatura voltada para o público infantil e juvenil surgiu no Brasil, nos fins do século XIX e inicio do século XX. Mas os personagens negros só aparecem no final da década de 1920 e início da década de 1930. As histórias, nessa época, mostravam as condições subalternas do personagem negro. Nessas narrativas, eles não possuem cultura (não sabiam ler nem escrever), apenas repetiam o que ouviam de outras pessoas por não possuírem conhecimento formal, erudito. (p. 28).
Não é, pois, sem motivos que o século XIX assiste a organização de
incipientes políticas sociais de Estado, dentre elas a da educação escolar,
tendo com eixos centrais o controle e a moralização das classes trabalhadoras
e das populações pobres em geral.
No final do século XIX e início do século XX, o sistema de Educação
pública primaria que se organizava, e segundo Arroyo (1995) tinha sem
duvida um direcionamento as camadas mais pobres e tinha como principal
justificativa a inclusão de amplos setores da população ao mercado de trabalho
capitalista que vinha se organizando no pais, naquele momento.
A inclusão das camadas pobres ao sistema de educação, entre elas o
negro, ao mesmo tempo em que criava as condições para o desenvolvimento
24
do capitalismo, buscava delinear comportamentos saudáveis e disciplinados,
visando à garantia da ordem social, em torno de uma hegemonia cultural que
só interessava a classe dominante. Pois, segundo Arroyo (1995):
Somente a partir da década de 50 que as lutas populares por educação lograram êxito na conquista da democratização do acesso das camadas populares à educação pública e a afirmação desta como direito fundamental (p.8)
O publico enquanto espaço plural, democrático, igual, enquanto
espaço de direitos, foi uma empreitada difícil contra a tradição dominante em
nossa cultura social e política. Como bem salienta Arroyo (1995; p. 8) “imperou
nesses espaços a tradição seletiva que sempre condicionou os direitos a
diferenças de origem, berço, de raça, gênero, classe e cultura”. O Negro
enquanto categoria social foi ainda mais afetado nesse processo.
2.3 A escola e a cultura negra
Freqüentemente, as escolas acabam repercutindo, sem qualquer
reflexão, as contradições que a habitam. A escola no Brasil, durante muito
tempo e até hoje, disseminou preconceitos de formas diversas. Conteúdos
indevidos e até errados, notadamente presentes em livros que têm sofrido
críticas fundamentadas, constituem assunto que merece constante atenção.
Também contribuía para essa disseminação de preconceitos certa mentalidade
que vinha privilegiar uma cultura dominante, apresentada como única aceitável
e correta, como também aquela que hierarquizava culturas entre si, como se
isso fosse possível, sem prejuízo da dignidade dos diferentes grupos culturais.
Para, Santomé (1995, apud SILVA):
São inúmeras as formas através das quais o racismo aflora no sistema educacional de forma consciente ou oculta. Assim nos livros didáticos de Ciências Sociais, História Geografia, Literatura, etc., especialmente através dos silêncios que são produzidos em relação aos direitos e características de comunidades e etnias e povos minoritários sem poder (p. 169).
Dessa forma, a escola muitas vezes silencia diante de situações que
fazem seus alunos alvo de descriminação, transformando-se facilmente em
25
espaço de consolidação de estigmas e de homogeneização. No entender de
Munanga (1988; p. 23) “os ancestrais africanos são substituídos por gauleses e
francos de cabelos loiros e olhos azuis”. Assim, não só a escola, mas também
o professor está sujeito a uma escolha inevitável, ainda que inconsciente,
quanto a ser agente privilegiado da expansão ou contração do preconceito e da
discriminação. Ao refletir sobre esse posicionamento da escola, Oliveira (2003)
afirma que:
Pensar a diferença é muito mais do que explicar que homens e mulheres, negros e brancos, distingue-se entre si, é antes entender que ao longo do processo histórico, as diferenças foram produzidas e usadas socialmente como critérios de classificação, seleção, inclusão e exclusão (p. 161).
Dessa forma, a história da África e do negro, resume-se apenas quando
se fala de escravidão, fortalecendo a figura do negro como alguém inferior,
subtraindo assim a identidade de origem do mesmo, que por sinal é muito rica.
Para Nascimento (1991):
O termo escravo reduz essa pessoa a um objeto possuído por outro, estes, sim os protagonistas da historia. Esse estereótipo define atualmente a imagem do negro apresentada na sala de aula de nossas escolas. Esse contingente majoritário da população brasileira parece que não existe nenhum outro contexto da vida social. O negro, nessa lógica, só merece ser mencionado e ilustrado apenas quando se fala de escravidão e da Lei Áurea (p. 02).
Ainda segundo Nascimento (1991) cada grupo social tem sua realidade,
isto é, sua crença, seus valores, sua particular filosofia de vida, isto significa
trazer para dentro da escola as diferenças tantos sociais como culturais e
explicitá-las, sendo afro-brasileira a grande maioria dos alunos na escola
pública. Para Dayrell (1996):
Um olhar mais atento nos mostrará que a escola esta impreguinada de uma complexidade de conflitos provenientes das diferentes referências de identidades construídas pelos sujeitos nas relações sociais e no processo cultural (p. 90).
É a ausência de referência positiva na vida da criança e da família, no
livro didático e nos demais espaços mencionados que esgarçam os fragmentos
de identidade da criança negra, que muitas vezes chega à fase adulta com total
26
rejeição a sua origem racial, trazendo-lhe prejuízo a sua vida cotidiana. Na
compreensão de Munanga (1988):
Através de uma literatura pseudocientífica produzida dentro da ideologia colonial, o negro instruído na escola do colonizador toma pouco conhecimento da inferioridade forjada pelo branco. Sua consciência entra em crise (p. 6).
Então, a atitude de baixa expectativa com relação a certas camadas da
população acaba por atingir, freqüentemente, porém, esse processo complexo
presente na vida brasileira é ignorado ou descaracterizado, particularmente em
processos da indústria de bens culturais. Também a escola, onde essa
diversidade está presente diretamente naqueles que constituem a comunidade
escolar, essa presença tem sido ignorada, silenciada ou minimizada. A este
respeito, Gadotti (1998) afirma:
A escola moderna, unificadora, não foi capaz de construir o universal a partir do particular. Impôs valores e conteúdos universais sem partir da prática social e cultural do aluno, sem levar em conta a sua identidade e sua diferença (p. 310).
Desta forma, as diferenças de informação resultam na desinformação
sobre um e no excesso sobre o outro, alimentando os preconceitos de que uma
civilização é mais importante que a outra.
São múltiplas as origens da omissão com relação à cultura negra no
espaço escolar. As referências são pontos claros no próprio passado. Se uma
pessoa acumula na sua memória as referências positiva do seu povo, é natural
que venha a tona o sentimento de pertencimento como reforço a sua
identidade racial. O contrário é fácil de acontecer se alimenta uma memória
pouco construída para sua humanidade. Pois, Cavalleiros (2000) diz:
Nesse caminhar, pouco valor é atribuído a presença da criança negra na escola, fator que pode levá-la a se reconhecer como participante de um grupo inferior e a entender, posteriormente, que o pertencimento a este grupo lhe é desfavorável (p. 208).
Nesse sentido, fica caracterizado o “pouco caso” com a cultura africana
27
em diversos segmentos da sociedade e, sobretudo na sala de aula, fazendo
com que os negros somente apareçam quando o tema é escravidão,
minimizando desta forma a relevância dos afro-descendentes e
consequentemente a contribuição dos mesmos na cultura brasileira.
28
CAPÍTULO III
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Tendo em vista as discussões a cerca da temática trabalhada nos
capítulos anteriores, optamos no processo de investigação que será utilizada
na produção dessa pesquisa, por uma abordagem de ordem analítica e
interpretativa, o que nos possibilitará identificar com mais clareza de que forma
o professor vem trabalhando a história da cultura afro-brasileira na escola.
3.1. Tipo de pesquisa
Com interesse de adentrar nesta realidade, consideramos a abordagem
qualitativa a mais adequada para o desenvolvimento dessa pesquisa, por
visualizar a realidade dinâmica e complexa no cotidiano dessa escola. Pois
segundo Ludke e André (1986) a pesquisa qualitativa apresenta algumas
características e através delas, eles passam a defini-la da seguinte maneira:
A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal instrumento (...). A pesquisa qualitativa supõe o contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo investigada, via de regra através do trabalho intensivo de campo (p.12).
Então, o que deve levar em conta é o fenômeno estudado e suas
conseqüências sem se distanciar do ambiente em que aconteceram, quais os
agentes, o que levou a ocorrer e o reconhecimento disso poderá levar a uma
visão mais abrangente acerca dessa complexidade. Segundo Bogdan e Biklen
(1982; p. 32) a pesquisa qualitativa envolve a obtenção de dados descritíveis
obtidos no contexto direto do pesquisador com a situação estudada, enfatiza
mais o processo de que o produto e se preocupa em retratar as perspectivas
dos participantes.
29
3.2 Lócus de pesquisa
O lócus escolhido para o desenvolvimento da pesquisa foi a Escola
Municipal Dr. José Gonçalves, localizada no acesso 14, s/n, no bairro Bonfim II,
na cidade de Senhor do Bonfim-Ba. Seu espaço físico é composto de oito salas
de aula, uma sala de vídeo, uma sala para professores, uma sala de recursos
para alunos especiais, uma sala de informática, uma secretaria, três banheiros,
uma cozinha, pátio para recreação, funcionando nos turnos: matutino,
vespertino e noturno. O corpo administrativo é composto por uma diretora,
duas vice-diretoras (matutino/noturno), duas secretarias (matutino/vespertino) e
uma coordenadora. O quadro de funcionários é composto por vinte
professores, sendo cinco do sexo masculino e quinze do sexo feminino, três
vigias, duas merendeiras e três serventes. A referida Atende alunos do Ensino
Fundamental I e II.
3.3 Sujeitos da pesquisa
Os sujeitos da pesquisa são os 10 professores, do Ensino Fundamenta l.
3.4 Instrumentos de coleta de dados
Os instrumentos de coleta de dados que será utilizado na produção
dessa pesquisa serão: a entrevista semi-estruturada, o questionário fechado e
análise documental, por fornecerem subsídios necessários à elaboração do
mesmo.
3.4.1 Entrevista semi-estruturada
Por ser uma das principais técnicas de trabalho em quase todos os tipos
de pesquisa a entrevista será utilizada por proporcionar uma relação de
proximidade entre o pesquisador e o entrevistado, tendo uma importância não
só nas áreas acadêmicas, mas também nos espaços sociais. Nesse sentido, a
30
compreensão de entrevista, segundo Macedo (2000) passa a ter profundidade,
pois trata de ser:
Um rico e pertinente recurso metodológico na expressão de sentidos e significados e na compreensão das realidades humanas, na medida em que a pesquisa naturalística e toma como premissa e remediável que o real é sempre resultante de uma conceituação; o mundo é aquilo que pode ser dito é um conjunto ordenado de tudo que tem nome, e as coisas existem através das denominações que lhe são emprestadas (p. 165).
Assim, a entrevista possibilita o aprofundamento de alguns pontos que já
foram indicados em outras situações para a construção do projeto, também
retifica alguns outros que não ficaram suficientemente claros. Dentro dessa
lógica Triviños (1992) diz:
Podemos entender por entrevista semi-estruturada, em geral, aquela que parte de certos questionamentos básicos apoiados em teorias e hipóteses, que interessam a pesquisa, e que, em seguida oferece grande campo de interrogativas, fruta de novas hipóteses que vão surgindo à medida que se recebem as respostas do informante (p. 146).
Ainda segundo Triviños (1992):
Dessa maneira, o informante, seguindo espontaneamente a linha do seu pensamento e de suas experiências dentro do foco principal colocado pelo investigador, começa a participar na elaboração do conteúdo da pesquisa (p. 146).
Então, ao utilizar esse instrumento, é necessário estar atento para que
os sujeitos sigam espontaneamente sua linha de raciocínio sem, no entanto,
fugir do foco principal. Portanto, uma entrevista bem feita pode permitir o
tratamento de assuntos de natureza estritamente pessoal e intimo, assim como
temas de natureza complexa e de escolhas nitidamente individuais.
3.4.2 Questionário fechado
Este instrumento de coleta de dados está fundamentado em
31
Triviños (1992, p. 137) ao afirmar que: “os questionários e entrevistas são
meios “neutros” que adquirem vida quando o pesquisador os ilumina com
determinada teoria”. Nesse sentido o questionário fechado associado às
observações livres podem e devem ser utilizados numa metodologia qualitativa,
pois, ainda segundo Triviños (1992):
As práticas em pesquisa qualitativa têm ensinado que, em geral o processo da entrevista e também do questionário dá melhores resultados quando se trabalha com pessoas que pertencem a grupos específicos, pelo fato de que as estratégias que cada um utiliza, estão condicionadas as representações que fazem durante o seu processo de aprendizagem já que esta se dá por singularidade em cada indivíduo, e depende da realidade de cada um (p. 146).
As discussões, falas, depoimentos e questionários são meios utilizados
para colher informações dos sujeitos pesquisados, em que possibilitará maior
entendimento das realidades dos mesmos. Como observa Triviños (1992,
p.137) “Sem dúvida alguma o questionário fechado, de emprego usual no
trabalho positivista, também o podemos utilizar na pesquisa qualitativa”.
A utilização deste instrumento se faz necessário para elaboração dessa
pesquisa, pois, desejaremos traçar o perfil dos professores assim obtendo
respostas mais rápidas e mais precisas, dando liberdade e autonomia aos
mesmos, pois como nos faz ver Barros (2000) O questionário fechado é aquele
que apresenta categorias ou alternativas de respostas fixas. Ele visa adquirir
informações que estejam relacionadas à idade, gênero, estado civil, renda
mensal, grau de instrução e etc. Para, Lakatos (1996, p.88) também da a sua
definição: “Questionário é um instrumento de coleta de dados constituído por
uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e
sem a presença dos entrevistados”.
3.4.3 Análise documental
Por ser uma fonte tão repleta de informações sobre a natureza do
contexto, não podemos ignorar quaisquer que sejam os outros métodos de
32
investigação escolhidos. Ludke e André (1986) conceituam bem esse
instrumento:
A análise documental é uma técnica valiosa de abordagem de dados qualitativos, que podem complementar as informações já conseguidas por outras técnicas, ou desvelar aspectos novos de um tema ou problema, dando ao pesquisador um aspecto mais completo possível do objeto de estudo (p. 36).
Sendo assim, os documentos constituem uma fonte poderosa de onde
podem ser retiradas evidências que fundamentam afirmações e declarações do
pesquisador. Para Phillips (1974 apud LUDKE e ANDRÉ, 1986) são
considerados documentos “quaisquer materiais escritos que possam ser
usados como fonte de informação sobre comportamento humano”. Os
documentos utilizados foram o PPP (Projeto Político Pedagógico) e os planos
de curso dos professores da referida escola. Através desses documentos
obtivemos informações importantes, que deram suporte na interpretação e
analise dos dados obtidos.
33
CAPITULO IV
ANÁLISES E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS.
Esta pesquisa foi realizada com dez professores da Escola Dr. José
Gonçalves, utilizando para coleta de dados o questionário fechado, a entrevista
semi-estruturada e a análise documental (Projeto Político Pedagógico). E os
dados serão apresentados através da leitura e interpretação dos gráficos
4.1 Análise do questionário – Perfil socioeconômico dos docentes.
Os dados abaixo foram encontrados após análises dos questionários
com objetivo de traçar o perfil socioeconômico dos dez professores
entrevistados.
4.1.1 Quanto ao gênero
40%
60% Mas c ulino
F eminino
Gráfico 1 - Percentual referente ao gênero
Conforme o gráfico, verificamos que 60% dos professores dessa escola
são do sexo feminino, e os outros 40% são do sexo masculino. Percebemos
que nos espaços educacionais ainda predomina a presença do sexo feminino.
34
4.1.2 Quanto à faixa etária
10%
0%
70%
10%10%
20 a 25
25 a 30
30 a 35
35 a 40
mais de 40 anos
Gráfico 2 – Percentual referente à faixa etária
Ao analisarmos o gráfico acima, observamos que 70% dos entrevistados
estão entre 30 a 35 anos de idade, de 20 a 25 anos 10%, e de 35 a 40 10%, e
os com mais de 40 anos 10%. Não tendo nenhum professor na faixa de 25 a 30
anos de idade.
4.1.3 Formação profissional
30%
30%
10%
30%
Nível Médio
S uperior C ompleto
S uperior Inc ompleto
P ós -G raduação
Gráfico 3 – Percentual referente à formação profissional
A amostragem nos revela que 30% dos professores ainda tem nível
médio, 30% deles, possuem o nível superior completo, e 10% tem o superior
incompleto e 30% é pós-graduado.
35
4.1.4 Graduação em área específica
40%
0%
30%
30%
P edagogia
Área es pec ífic a
Outra graduaç ão
Não tem graduaç ão
Gráfico 4 – Percentual referente à graduação em área específica
Diante das observações, constatamos que 40% dos professores são
graduados em pedagogia, Já 30% deles tem graduação em uma área
específica, e os outros 30% não possuem nenhuma graduação.
4.1.5 Tempo de Atuação na Área Educacional
10%
30%
20%
20%
20%
0 a 6 A nos
6 a 10 anos
10 a 15 anos
15 a 20 anos
Mais de 20 anos
Gráfico 5 – Percentual referente ao tempo de atuação na área educacional
O gráfico nos revela que de 0 a 6 anos é de 10%, de 6 a 10 anos 20%,
de 10 a 15 anos é de 30%, de 15 a 20 anos 20% e mais de 20 anos 20%. O
36
tempo de atuação desses profissionais na área de educação é significativo,
pois já atuam a um bom tempo.
4.1.6 Participação dos pais nas reuniões da escola
70%
30%
S im
Não
Gráfico 6 – Percentual referente à participação dos pais nas reuniões da escola
Com relação à participação da família, na escola os dados afirmam que
70% dos pais participam das reuniões promovidas pela instituição e só 30%
não interagem com a mesma.
4.1.7 Quanto à religião
80%
0%
20%
C atólica
E vangélica
O utras
Gráfico 7 – Percentual referente à religião
Com relação a religião 80% dos entrevistados são Católicos, os
37
outros 20% são evangélicos, não tendo nenhum adepto a outras manifestações
religiosas.
4.1.8 Quanto à etnia
30%
10%
40%
20%
B ranc a
Negra
Índia
Outras
Gráfico 7 – Percentual referente à etnia
Ao se definirem, 30% dos entrevistados consideram-se de cor branca,
20% de cor negra, 10% pele avermelhada (índio) e 40% não se encaixam em
nenhuma das três, optando por outras.
4.2 ANÁLISES DAS ENTREVISTAS
4.2.1 – A importância da história da cultura afro-brasileira e
africana.
Contemplar a história e a cultura afro-brasileira e africana diz respeito ao
conhecimento e a valorização das características étnicas e culturais dos
diferentes grupos sociais que convivem no território nacional, as desigualdades
socioeconômicas e a crítica as relações sócio discriminatórias e excludentes
que permeiam a sociedade brasileira, oferecendo ao aluno a possibilidade de
38
reconhecer o Brasil como um país complexo, multifacetado e algumas vezes
paradoxal.
Considerar essa diversidade não significa negar a existência de
caracteres comuns nem a possibilidade de construirmos uma nação, ou mesmo
a existência de uma dimensão universal do ser humano. Quer dizer afirmação
cultural como traço fundamental na construção de uma identidade nacional que
se põe e repõe permanentemente, e o fato de que a humanidade de todos se
manifesta em formas concretas e diversas de ser humano.
Ao perguntar aos entrevistados se é importante trabalhar a história da
cultura afro-brasileira e africana, todos confirmam.
Eis as falas de alguns professores:
P. 1 – “Sim, por mostrar a importância dos negros africanos na formação da cultura brasileira”;
P. 3 – “Sim, porque os alunos passam a conhecer suas raízes e assim valorizar seu povo”;
P. 5 – “Sim, pois de acordo com pesquisas, o continente africano é berço da humanidade, não podemos e nem devemos ignorar a história daquele povo e a contribuição que deram na formação étnica e cultural do povo brasileiro”;
P. 9 – “Sim, para valorizar nossa etnia, nossa cultura e quebrar preconceitos”.
Ao analisarmos as falas dos professores, percebemos que todos
reconhecem essa necessidade em estar apresentando aos seus alunos a
história de seus antepassados, como forma de afirmação de suas identidades e
de se reconhecerem e de se identificarem como afro-descendentes. Oliveira
(2003) diz:
Encarar o desafio de formar professores que conheçam respeite e
39
desenvolva estratégias pedagógicas que considere a diversidade, significa dar um passo no repensar a função social e cultural da escola, sobretudo da educação básica (p. 161).
Entretanto, lá no questionário fechado só 20% afirmam ser de “cor
negra” e 30% não definem a sua “cor”, ou melhor, a sua etnia.
Gonçalves (1988) dá o seu parecer:
O total de cento e trinta e seis cores bem demonstra como o brasileiro foge da sua realidade étnica da sua identidade, procurando, através de simbolismos de fuga, situar-se o mais próximo possível do modelo tido como superior (p. 63).
A identidade e a consciência étnica são, assim, penosamente
escamoteadas pela grande maioria dos brasileiros a se auto-analisarem,
procurando sempre elementos de identificação com os símbolos étnicos da
camada branca.
Percebemos também, que os mesmos parecem ter um discurso
formado, pronto sobre a temática abordada, deixando subentendido que a sua
prática contradiz a teoria.
Diante dessas falas, fica evidente que “alguns” pregam para seus alunos
a importância de “ser negro” sem se reconhecer como afro-descendente.
Munanga (1988) salienta:
Aceitando-se, o negro afirma-se cultural, moral, física e psiquicamente. Ele se reivindica com paixão, a mesma que a fazia admirar o branco. Ele assumirá a cor negada e verá nela traços de beleza e feiúra como qualquer ser humano “normal” (p. 32-33).
Pois, considerar essa diversidade não significa negar a existência de
caracteres comuns, nem a possibilidade de construirmos uma nação, ou
mesmo a existência de uma dimensão universal do ser humano. Quer dizer
afirmar essa cultura como braço fundamental na construção de uma identidade
nacional que se põe e repõe permanentemente, e o fato de que a
40
humanidade de todos se manifesta em formas concretas e diversas do ser
humano.
Para Silva (2000):
A diferença pode ser construída negativamente – por pessoas que definidas “como outros” ou forasteiros. Por outro lado ela pode ser celebrada como fonte de pluralidade, heterogeneidade e hibridismo, sendo vista como enriquecedora (p. 50).
Embora, não cabe a educação, isoladamente resolver o problema da
discriminação em suas mais perversas manifestações, cabe-lhe atuar para
promover processos, conhecimentos e atitudes que cooperem na
transformação atual.
4.2.2 Trabalhar a cultura afro-brasileira e africana na escola
Trabalhar com a cultura afro-brasileira e africana comporta uma
ampliação de horizontes para o professor e para o aluno, uma abertura para a
consciência de que a realidade em que vivem é apenas parte de um mundo
complexo, fascinante e desafiador, no qual o elemento universal subjacente é
definidor das relações inter-sociais deve ser a “étnica”. Propicia, ainda, a
percepção de que essas características sócias culturais expressão de uma
pluralidade dinâmica par além das fronteiras do Brasil, a qual tem sido benéfica
e estimuladora na definição de valores universais.
Oferece também elementos para a compreensão de que respeitar e
valorizar as diferenças não significa aderir aos valores dos outros, mas sim,
respeitá-los como expressão da diversidade, respeito que é, em si devido a
todo ser humano, por sua dignidade intrínseca, sem qualquer descriminação.
Ao abordar se a história da cultura afro-brasileira e africana é trabalhada
de alguma forma na escola, responderam:
41
P. 2 – “Sim, através de trabalhos, pesquisas, apresentações culturais”;
P. 7 – “Não”;
P. 8 – “Sim, na disciplina cultura afro-brasileira”
Na fala de P. 2 a temática faz parte da sua prática educativa, porém
surge uma dúvida, se ele trabalha de forma interdisciplinar contemplando a
cultura afro-brasileira em todas as disciplinas, ou só é discutida em datas
comemorativas, em que a figura do negro apresenta como “escravo” nos livros
didáticos de história, ou ainda como afirma P. 8 sendo trabalhada só na matéria
específica.
No compreender de Munanga (2005):
Essa transformação fará de nós os verdadeiros educadores capazes de construir no processo de construção da democracia brasileira, que não poderá ser plenamente cumprida enquanto perdurar a destruição das individualidades históricas e culturais das populações que formam a matriz plural do povo e da sociedade brasileira (p. 17).
Já na fala de P. 7, percebemos uma contradição em seu discurso, pois o
mesmo reconhece a importância de se trabalhar à cultura afro-brasileira no
espaço escolar, porém nessa questão nega a sua aplicação.
Conforme afirma Becker (1993):
O professor, como eu disse é o condutor; orientador, ele deve ter conhecimento técnico; é ele quem direciona o processo em si de aprendizagem, e ele faz isso através de vários expedientes a começar pelo seu planejamento, no qual ele fixa objetos. Em função dos objetos é que ele vai selecionar os conteúdos dentro do temário geral programado de sua disciplina e depois na ação do dia a dia, de sala de aula, aula por aula, que exatamente onde entra os recursos e a técnica (p. 148-149).
Nessa perspectiva o professor precisa rever a sua prática educativa, já
que ele é o grande mediador da relação ativa do aluno, orientando-o e
42
ajudando-o no desenvolvimento das competências do pensar, para que
expresse seus pensamentos, desejos de modo que traga para as aulas sua
realidade de vida.
Ainda nesta categoria, perguntamos aos professores se a história da
cultura afro-brasileira e africana como disciplina faz parte do PPP (Projeto
Político Pedagógico) da escola?
Eis as falas:
P. 2 – “Através de trabalhos, pesquisas e apresentações culturais”;
P.3 – “Como apresentação cultural”.
Diante dessas respostas, percebemos que a História da Cultura afro-
brasileira e africana está presente no Projeto Político Pedagógico da escola,
ficando evidente que o planejamento da prática cotidiana é direcionado pelo
calendário.
Analisando o PPP (Projeto Político Pedagógico) da escola e o Plano de
Curso dos professores, esclarece o discurso dos mesmos, pois a história da
cultura afro-brasileira e africana não são trabalhadas de forma adequada
dentro do planejamento, em que a programação está organizada considerando
algumas datas comemorativas, festivais culturais, exposições de trabalhos
artísticos e feiras culturais.
O planejamento educativo deve ser assunto no cotidiano como um
processo de reflexão, pois mais do ser um papel preenchido, é atitude e
envolve todas as ações e situações do educador no cotidiano do seu trabalho
pedagógico.
4.2.3 As dificuldades enfrentadas
43
Sobre as dificuldades enfrentadas para promover o ensino da história e
da cultura afro-brasileira na escola.
Colhemos os seguintes discursos:
P. 5 – “Acredito que a dificuldade maior consiste na falta
de material específico para ministrar a disciplina”;
P. 6 – “A falta de fontes de pesquisa para os alunos”;
P. 8 – “O despreparo dos docentes e a falta de material
didático que favoreça a imagem do negro”.
Fica evidente nas falas dos professores, que no cotidiano escolar as
crianças não estabelecem contato com o material didático que apresente a
diversidade racial e, principalmente, mostre essa diversidade de modo positivo,
participativo e significativo. P. 8 acrescenta também o despreparo desses
professores para lidar com a temática.
Para Cavalleiro (2000):
Evidencia o fato de o sistema formal de educação ser desprovido de elementos propícios a identificação positiva de alunos negros com o sistema escolar. Os estudos demonstram a necessidade de uma ação pedagógica de combate ao racismo e aos seus desdobramentos. Estes podem estar ocorrendo no cotidiano escolar, provocando distorções de conteúdo curricular e veiculando estereótipos étnicos e dos livros didáticos e paradidáticos (p. 200).
Essa realidade confirma o desconhecimento, o despreparo e em
algumas situações, o desinteresse por parte dos profissionais da educação em
propiciar um cotidiano que respeite a diversidade ali presente e que
proporcione igual desenvolvimento para as crianças que nele sistematicamente
se apresenta.
44
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No decorrer dessa pesquisa, procuramos fazer uma reflexão sobre a
importância da Historia da Cultura afro-brasileira e africana na Escola. Numa
perspectiva de reconhecer e valorizar a participação do povo negro na
construção da cultura nacional.
O grande desafio da educação diante da cultura afro-brasileira e africana
é estabelecer conexões entre o que se aprende na escola e na vida social.
Mudar mentalidades, superar preconceitos e combater atitudes discriminatórias
são finalidades que envolvam valores de reconhecimento e respeito mútuo o
que é tarefa para uma sociedade como um todo e a escola têm um papel
crucial a desempenhar nesse processo.
Os alunos precisam de uma melhor compreensão sobre o tema, sendo
necessárias estratégias de ensino mais adequado, ou melhor, um currículo
integrado que valorize o conhecimento contextual dos mesmos, por que
através dele que se vão construir relações de dominação a fatores ligados a
classe social, raça e gênero.
Passamos a discutir sobre o papel do professor no processo de inclusão
e atender a essa necessidade implica, a reduzir a defasagem entre o mundo
vivido do professor e o mundo vivido dos alunos, bem como promover
efetivamente a qualidade de condições de oportunidades de escolarização a
todos, considerando as diferentes formas de inclusão e não de exclusão.
A pesquisa foi desenvolvida no empenho de analisarmos
empreendermos as práticas educativas dos professores na referida escola. Foi
perceptível através dos relatos dos professores o reconhecimento e a
necessidade de incluir a temática com os seus alunos em sala de aula, para
fazer da iniciativa da lei uma realidade escolar, porém precisam conhecer mais
a fundo o tema abordado, para que esse trabalho se torne contínuo não o
limitando aos momentos específicos.
45
É importante atentar para o fato que tais percepções não aparecem
explicita na fala dos profissionais, mas através das análises dos discursos
evidencia uma frágil formação dos mesmos com a cultura afro-brasileira e
africana.
Em linhas gerais, os resultados obtidos no decorrer da pesquisa
mostraram-se essenciais para atingir os objetivos propostos nesse trabalho, na
medida em que os dados resultantes possibilitam uma contraposição entre os
discursos e práticas dos entrevistados.
Este trabalho de pesquisa trouxe para a nossa formação profissional
contribuições significativas, bem como o enriquecimento intelectual, ampliando
a nossa compreensão em relação à educação e mais especificamente a prática
educativa dos envolvidos nesse contexto sobre a história e a cultura afro-
brasileira e africana.
46
REFERÊNCIAS ARROYO, Miguel G. Escola Fronteira Avançada dos Direitos. Caxambu XVIII Reunião anual da ANPEd, setembro de 1995.
BASBAUM, Leôncio. História sincera da República. 4ª ed. São Paulo: Alfa-Ômega, 1976. BECKER, Fernando. Epistemologia do Professor – o cotidiano da escola. Petrópolis, Vozes; 1993. CAVALLEIRO, Eliane dos Santos. Discursos e práticas racistas na educação infantil: a produção da submissão social e do fracasso escolar. In: Programa Acorda Bahia – Educação, racismo e anti-racismo – Salvador: Novos Toques, n 4, 2000. DAYRELL, Juarez (org.). Múltiplos olhares sobre educação e cultura. Belo Horizonte: UFMG; 1996. GADOTTI, Moacir. Pedagogia da práxis; prefácio de Paulo Freire. 2 ed. São Paulo: Cortez; Instituto Paulo, 1998. GONÇALVES, Aguinaldo José. Cruz e Souza/Seleção de textos, notas, estudos biográficos, histórico e crítico e exercícios. São Paulo: Abril Educação, 1982.
LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei 10.639/2003. artigos: 26- A e 79-B, (MEC). LUDKE, M. E. D. A. MENGA. A pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU; 1986. MACEDO, Roberto Sidnei. A etnopesquisa crítica e multireferencial nas ciências humanas e na educação. Salvador: EDUFBA; 2000. MARCONI, Marina de A. & LAKATOS, Eva M. Técnicas de pesquisas: planejamento e educação de pesquisas, amostragens e técnicas de
47
pesquisa, elaboração, análises e interpretação de dados. Eva Maria Lakatos. 3ª ed. São Paulo: Atlas; 1996. MUNANGA, Kabengele. Negritude usos e sentidos. 2 ª Ed. Ática; 1988
MOURA, Clovis. Sociologia do Negro Brasileiro. São Paulo: Ática; 1988. NASCIMENTO, Abdias do. África na escola brasileira. Publicação do Gabinete Senador, Brasília; 1991. Referente ao primeiro fórum sobre Ensino da História das Civilizações na Escola Pública. NOVAIS, Fernanda A. A estrutura e dinâmica do antigo sistema colonial. São Paulo: Brasiliense; 1993. OLIVEIRA, S. A. Reformas educacionais na América Latina e os trabalhadores docentes. Belo Horizonte: Autêntica; 2003. RIBEIRO, Darcy. Os Brasileiros: Teoria do Brasil. 12ª Ed. Vozes: Petrópolis 1993
_____________. (Org.). O Povo Brasileiro. São Paulo: Cia das Letras,1995.
SILVA, Tomaz Tadeu da & MOREIRA, Antônio Flávio (org.). Territórios conquistados – O currículo e os novos mapas políticos e culturais. 3 ed. Petrópolis, RJ: Vozes; 1995.
____________________. (org.). Alienígenas na sala de aula. Petrópolis, RJ: Vozes; 1995. ____________________. (org.). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis, RJ: Vozes; 2000.
TRIVINOS, A. N. S. Introdução a pesquisa em ciências sociais: a pesquisa em educação. São Paulo, Atlas; 1992. BARROS, Aidil Jesus da S. & LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Fundamentos da Metodologia Científica: um guia para iniciação científica. 2 ed. Makron Books; 2000. CANDAU, Vera Maria. (org.). Linguagem, espaços e tempos no ensinar e aprender. RJ: DP & A. 2001.
48
APÊNDICES
49
APÊNDICE 1
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII
Senhores,
Os dados obtidos através deste questionamento serão utilizados apenas para o estudo em questão, não sendo revelados os nomes dos pesquisados.
Perfil sócio-econômico do professor
1. Sexo
[ ] Masculino [ ] Feminino
2. Idade
[ ] 20 a 25 anos [ ] 25 a 30 anos
[ ] 30 a 35 anos [ ] 35 a 40 anos
[ ] mais de 40 anos
3. Grau de formação.
[ ] Nível médio [ ] Nível superior completo [ ] Nível superior incompleto
4. Curso de Graduação ( Somente nos casos de nível superior):
[ ] Pedagogia [ ]Licenciatura em área específica [ ] Outra
Graduação
5. Tempo de atuação no magistério.
[ ] 0 a 5 anos [ ] 5 a 10 anos [ ] 10 a 15 anos
[ ] 15 a 20 anos [ ] mais de 20 anos
50
6. Há participação dos pais nas reuniões da escola?
[ ] Sim [ ] Não
7. Qual a sua religião?
[ ] Católica [ ] Evangélica [ ] Outras
8. Como você define sua etnia?
[ ] Branca [ ] Negra [ ] Índia [ ] Outras
51
APÊNDICE 2
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII
Senhores, Os dados obtidos através desta entrevista serão utilizados apenas para o estudo em questão, não sendo revelados os nomes dos pesquisados.
O discurso do professor
1. A história e a cultura afro-brasileira e africana são trabalhadas de
alguma forma nessa escola? Como?
2. A história e a cultura afro-brasileira e africana como disciplina faz parte
do projeto político pedagógico da escola?
3. Você acha que os professores dessa escola se preocupam em trabalhar
a história e a cultura afro-brasileira e africana em sala de aula? De que
forma?
4. Do seu ponto de vista a cultura afro-brasileira e africana na educação
escolar é importante? Por quê?
5. Você já trabalhou essa disciplina na escola ou trabalha? Como?
6. Você já participou de algum curso ou capacitação para trabalhar com a
disciplina cultura afro-brasileira e africana?
7. Para você, quais as dificuldades enfrentadas pela escola para promover
o ensino da história e da cultura afro-brasileira e africana em sala de
aula?