62
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA-UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS VII COLEGIADO DE PEDAGOGIA CRISTINA FIGUEREDO DA SILVA LEITURA AÇÃO: A PRÁTICA DOS PROFESSORES NA FORMAÇÃO DO ALUNO LEITOR SENHOR DO BONFIM-BA 2012

Monografia Cristina Pedagogia 2012

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Pedagogia 2012

Citation preview

Page 1: Monografia Cristina Pedagogia 2012

1

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA-UNEB

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII

COLEGIADO DE PEDAGOGIA

CRISTINA FIGUEREDO DA SILVA

LEITURA AÇÃO: A PRÁTICA DOS PROFESSORES NA FORMAÇÃO

DO ALUNO LEITOR

SENHOR DO BONFIM-BA

2012

Page 2: Monografia Cristina Pedagogia 2012

2

CRISTINA FIGUEREDO DA SILVA

LEITURA AÇÃO: A PRÁTICA DOS PROFESSORES NA FORMAÇÃO

DO ALUNO LEITOR

Monografia apresentada ao Departamento de

Educação-Campus VII, da Universidade do

Estado da Bahia, como parte dos requisitos para

obtenção de graduação no Curso de

Licenciatura em Pedagogia: Docência e Gestão

dos Procedimentos Educativos.

Orientadora: Profª MsC. Rita de Cássia Braz

Conceição de Melo

SENHOR DO BONFIM-BA

2012

Page 3: Monografia Cristina Pedagogia 2012

3

CRISTINA FIGUEREDO DA SILVA

Monografia apresentada ao Departamento de Educação-Campus VII,

da Universidade do Estado da Bahia, como parte dos requisitos para

obtenção de graduação no Curso de Licenciatura em Pedagogia:

Docência e Gestão dos Procedimentos Educativos.

Aprovada em_______,de Agosto, de 2012.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________

Orientadora: Profª MsC. Rita de Cássia Braz Conceição de Melo

Universidade do Estado da Bahia –UNEB

Orientadora

_____________________________________________________

Prof _________________________________

Universidade do Estado da Bahia – UNEB

Examinador (a)

_____________________________________________________

Prof____________________________

Universidade do Estado da Bahia – UNEB

Examinador (a)

Page 4: Monografia Cristina Pedagogia 2012

4

A Deus, pela luz que ilumina a todos

nós e pelas bênçãos que têm feito em minha

vida.

A minha mãe Eva, meu irmão Virgílio

e minhas irmãs: Cremilda, Eliana e Eliene

pelo apoio, força e incentivo que me deram

durante todo o processo; família linda que é

base fundamental em minha vida.

Aos meus queridos sobrinhos: George

Emanuel, Sara e Vinícius, sempre juntos

presenciando minhas angústias, dúvidas e

sucessos, mas sempre me dando muita

alegria e carinho.

Page 5: Monografia Cristina Pedagogia 2012

5

À Universidade do Estado da Bahia (UNEB) – Campus VII pela oportunidade

de fazer parte desse espaço acadêmico, que tanto contribui para inquietar e

despertar para a construção de novos saberes.

Aos meus professores e professoras que fizeram parte dessa jornada, onde a

cada semestre contribuíram significativamente para a nossa aprendizagem. Em

especial ao professor Pascoal Eron e a professora Sandra Fabiana por despertar a

provocação no tema monográfico.

Aos colegas e amigas, pela convivência durante todo o curso, onde

acreditamos que juntos construímos aprendizagens que levaremos por toda a nossa

vida. Em especial às minhas companheiras inesquecíveis Andresa, Ariana, Daciane

e Silvana que tornaram mais suaves e coloridos todos esses anos.

A professora orientadora Rita de Cássia Braz Conceição Melo, pela paciência,

carinho, dedicação, apoio, cooperação na construção da pesquisa e pelas

intervenções que proporcionaram a construção de saberes relevantes a minha vida

acadêmica e profissional.

Page 6: Monografia Cristina Pedagogia 2012

6

“Ninguém aprende a gostar de leitura

apenas ouvindo falar de livros ou vendo-os

de longe, trancafiados numa prateleira, é

necessário que a criança pegue e manipule

o ingrediente “livro”, leia o que está escrito

dentro dele para sentir o gosto e para

verificar se essa atitude tem ou poderá ter

aplicação prática em seu contexto de vida.”

Ezequiel Theodoro da Silva

Page 7: Monografia Cristina Pedagogia 2012

7

RESUMO

O presente estudo com o título Leitura Ação: A prática dos professores na formação do aluno leitor, realizado na Escola Municipal de Andorinha do município de Andorinha, buscou identificar as práticas dos professores do Ensino Fundamental I da referida escola. Neste estudo buscamos referencial teórico em Abramovich (1997); Freire (2003); Lerner (2002); Martins (2004); Yunes (1995); PCNs (1997); Solé (1998); dentre outros, proporcionando uma discussão acerca deste estudo. Os procedimentos metodológicos utilizados foram de natureza qualitativa, utilizando o questionário fechado e aberto para obtenção do perfil dos sujeitos e para identificar as práticas dos professores frente a leitura em sala de aula. A partir da análise dos instrumentos de coleta de dados foi possível percebermos através das falas dos professores a importância de práticas de leitura dinâmicas e eficazes acrescidos a figura do professor leitor na formação do cidadão que gosta de ler. Perante fatos concretos concluímos que a escola ainda deixa lacunas no processo de formação de leitores. Palavras – Chave: Leitura; Práticas Leitoras; Ensino Fundamental; Professor e o contexto leitor.

Page 8: Monografia Cristina Pedagogia 2012

8

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO Nº DESCRIÇÃO PÁGINA

01 Faixa Etária 34

02 Gênero 35

03 Formação profissional 36

04 Experiência profissional no Ensino Fundamental I 38

05 Número de livros que lêem anualmente 39

06 O que costumam ler 40

07 Fonte de informação 42

08 Incentivos à leitura 43

09 Encantamento pela leitura 44

Page 9: Monografia Cristina Pedagogia 2012

9

LISTA DE ABREVIATURAS

SIGLA SIGNIFICADO

PCNS Parâmetros Curriculares Nacionais

LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

EJA Educação de Jovens e Adultos

Page 10: Monografia Cristina Pedagogia 2012

10

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 11

CAPITULO I 13

1. Problematizando a temática. 13

CAPITULO II 17

2. Fundamentação teórica 17

2.1. Leitura 17

2.2. Práticas leitoras 20

2.3. Ensino Fundamental 22

2.4. Professor e o contexto leitor 24

CAPITULO III 27

3. Procedimentos Metodológicos 27

3.1. Natureza da pesquisa qualitativa 27

3.2. O local da pesquisa 28

3.3. Sujeitos da pesquisa 29

3.4. Instrumento de coleta de dados 29

3.4.1 Questionário 30

CAPITULO IV 32

4. Análise dos dados e interpretação dos resultados 32 4.1. Perfil dos sujeitos 32

4.1.1. Faixa etária 32 4.1.2. Gênero 33 4.1.3. Formação profissional 34 4.1.4. Experiência profissional no Ensino Fundamental I 35

4.2. Práticas dos docentes enquanto leitores e incentivadores da leitura 36 4.2.1. Número de livros que lêem anualmente 37 4.2.2. O que costumam ler 38 4.2.3. Quanto a fonte de informação o que preferem 39 4.2.4. Incentivadores da leitura 40 4.2.5. Encantamento pela leitura 42

4.3. Análise e discussão das falas dos professores 42 4.3.1. O gosto do professor pela leitura 43 4.3.2. A concepção de leitura 44 4.3.3. Função da leitura 46 4.3.4. Processo de formação do leitor 47 4.3.5. Práticas de leitura: o dia a dia da sala de aula 48 4.3.5.1. Prática de leitura individual 49 4.3.5.2. Prática de leituras diversas 50 4.3.5.3. Prática de leitura silenciosa 51

CONSIDERAÇÕES FINAIS 54

REFERÊNCIAS 56

APÊNDICE 59

Page 11: Monografia Cristina Pedagogia 2012

11

INTRODUÇÃO

Diante do contexto nacional, nota-se que a leitura é de fundamental importância para

o indivíduo em sua inserção na sociedade letrada. Através da leitura o sujeito passa

a adquirir novos conhecimentos e informações essenciais para que possa interagir

como cidadão consciente na sociedade.

O objetivo do presente trabalho é identificar as práticas dos professores do Ensino

Fundamental I da Escola Municipal de Andorinha frente à leitura em sala de aula.

Esta identificação é relevante em uma sociedade que tem urgência em superar a

concepção reducionista de leitura, pois somente através do seu acesso é que os

indivíduos romperão com as barreiras que lhe distanciam da transformação social.

A escolha da temática, Leitura-Ação: A prática dos professores na formação do

aluno leitor está associada a nossa trajetória escolar por percebermos as lacunas

deixadas na formação do aluno leitor. Acrescenta-se a isso o percurso como

educadora ao observarmos alunos afirmarem não gostar de ler. Além das

discussões no processo de formação do curso de Pedagogia, acerca da temática.

Dessa forma, com intuito de identificar as práticas dos professores do Ensino

Fundamental I da Escola Municipal de Andorinha frente a leitura, elaboramos o

presente trabalho por meio de quatro capítulos a seguir relacionados:

No capítulo I, contextualizamos a questão da pesquisa, refletindo sobre a

importância da leitura na vida dos sujeitos ascenderem socialmente e se tornarem

cidadãos participativos e críticos.

No capítulo II, apresentamos a fundamentação teórica a partir da exploração dos

conceitos chaves, trazendo à tona discussões com alguns teóricos, proporcionando

uma visão ampla da questão de pesquisa.

Page 12: Monografia Cristina Pedagogia 2012

12

No capítulo III, abordamos os procedimentos metodológicos adotados para a

efetivação da pesquisa a partir de alguns teóricos, onde possibilitou evidenciar o

lócus, os sujeitos envolvidos e os instrumentos.

No capítulo IV, consta a análise e interpretação dos resultados, onde utilizamos o

questionário fechado para delinear o perfil dos sujeitos e o questionário aberto para

identificar as práticas dos professores do Ensino Fundamental I da Escola Municipal

de Andorinha frente a leitura.

Para finalizar, trazemos as considerações finais, onde ressaltamos a relevância de

práticas leitoras eficazes que visem à formação de leitores e cidadãos críticos,

conscientes e autônomos.

Page 13: Monografia Cristina Pedagogia 2012

13

CAPÍTULO I

1. PROBLEMATIZANDO A TEMÁTICA

A humanidade através de registros escritos descobre e aprende culturas, histórias e

hábitos diversificados, compreende a realidade, o sentido real das idéias, vivências e

sonhos.

Em vista disso, pode-se considerar a leitura como uma das mais importantes tarefas

que a escola tem que ensinar, porém vale ressaltar que para isso é necessário que o

professor tenha consciência desta necessidade, além de praticar com eficiência o

hábito da leitura, se tornando grandes entusiastas dos livros. Evangelista (1999)

afirma que:

(...) a leitura será mediadora das relações entre o aluno e o mundo e, a partir dela, ele poderá interferir na realidade e reconstruí-la. Dessa forma, a idéia de ferramenta, como objeto que permite agir sobre o mundo, é transportada para a leitura como instrumento, recurso para a expressão e, como tal, basta dominar seu código já que sua técnica é superada pela perspectiva da leitura como um modo de organizar e construir o conhecimento, estando a serviço, pois, da construção de um mundo de referências que dão sentido à existência humana. A atividade de leitura é posta como um ato político. (p. 121-122)

Assim vimos então, que a leitura é um mundo ou talvez seja ela o mundo, e

promover à criança a chave que abre as portas desse universo é permitir que ela se

torne um cidadão informado, autônomo, dono dos rumos de sua própria vida e,

principalmente desenvolver os comportamentos leitores e o gosto pela leitura.

Vale ressaltar que durante muito tempo, ler e ter acesso a livros eram características

exclusivas da nobreza. A leitura era privilégio de uma minoria que se tornava

detentora de grande importância e poder, pertencente à classe social mais elevada.

Como cita Silva (1986):

Page 14: Monografia Cristina Pedagogia 2012

14

Qualquer retrospectiva histórica voltada à análise da presença da leitura em nossa sociedade vai sempre redundar em aspectos de privilégios de classe e, portanto, em injustiça social. Quero dizer com isto que o acesso a leitura e aos livros nunca conseguiu se democratizar em nosso meio. (p. 11 e 12)

Sendo assim, percebe-se que ter acesso a leitura era um ponto determinante na

divisão da sociedade em classes que marginalizava a grande maioria que não podia

pagar por ela, pois, ter o poder do dinheiro era mesmo que ter saber. Como confirma

Cagliari (1999):

Antigamente, as classes privilegiadas tinham o poder do dinheiro e do saber; hoje, ainda possuem o poder do dinheiro, mas lutam terrivelmente para não perder mais do que já perderam do poder do saber, que lhes era exclusivo, procurando controlar o saber que tiveram que revelar ao povo. (p.11)

Dessa forma, é relevante saber que a educação durante muito tempo

desconsiderava a maioria da sociedade para privilegiar uma pequena parte, dando a

elite o poder e controle social sucessivo. Sob esta perspectiva é que muitos

pesquisadores tem se empenhado em mostrar a importância da leitura na vida dos

estudantes e de incluir cada vez mais o livro no dia - a - dia da sala de aula, pois a

leitura é de suma importância na formação do ser humano.

O pensamento de Demo (2006) vem reafirmar a leitura como instrumento de

libertação, ao ler melhor ou fazer sua leitura da realidade, crianças e jovens teriam

chance de enfrentar o mundo como indivíduos capazes de criar oportunidades, não

como meros objetos ultrapassados ao dispor das vontades dos dominadores e na

dependência de ferramentas que desconhecem, porque não “sabem ler”.

Hoje em dia, apesar dos velhos ranços, de práticas pedagógicas que não obtiveram

resultados, percebemos novas concepções sobre o uso social da leitura e que

apesar dos diversos desafios a serem enfrentados é possível à escola, como espaço

onde se dá a aprendizagem da leitura formar uma comunidade de leitores. Assim

Cagliari (1999) cita a tarefa primeira da escola:

A atividade fundamental desenvolvida pela escola para a formação dos alunos é a leitura. É muito mais importante saber ler do que saber escrever. O melhor que a escola pode oferecer aos alunos deve estar voltado para a leitura. Se um aluno não se sair muito bem nas outras atividades, mas for um bom leitor, penso que a escola cumpriu em grande parte sua tarefa. (p.148)

Page 15: Monografia Cristina Pedagogia 2012

15

Neste caso, o processo de aquisição e hábito da leitura abrange diversos aspectos,

e quanto mais o professor for consciente de que a leitura é o caminho para a

educação e aprender a ter prazer na leitura para que possa conduzir um processo

de formar leitores, muito mais chance terá esse profissional de formar cidadãos.

Para Lajolo (2002) o ato de ler é um processo de aprendizagem que se adquire com

as experiências cotidianas, não está condicionada ao ambiente escolar, ou seja,

muitas leituras não dependem do aprendizado formal, mas se processam na

interação destas experiências com o mundo. “Lê-se para entender o mundo, para

viver melhor. Em nossa cultura, quanto mais abrangente a concepção de mundo e

de vida, mais intensamente se lê, numa espiral quase sem fim que pode e deve

começar na escola, mas não pode (nem deve) encerrar-se nela” (p.7)

Bamberger (2005) traz a leitura como um direito de avançar “o direito de ler” significa

igualmente o de desenvolver as potencialidades intelectuais e espirituais, o de

aprender e progredir. (p.09). É necessário pontuar que, a leitura é uma habilidade

lingüística fundamental para o desenvolvimento da comunicação oral e escrita e

começa bem antes do aprendizado das letras. O contar de histórias desperta o gosto

pela leitura revela-se como um ponto fundamental no desenvolvimento do hábito de

leitura entre os alunos.

Em verdade, acreditamos que a qualidade do ensino passa pelo hábito da leitura,

pois a leitura frequente leva a uma melhor escrita, quanto mais se lê, mais domínio

se tem sobre o texto escrito, leva a um raciocínio mais apurado, a uma habilidade

expressiva aprimorada.

Para Rezende (1993) a leitura é um ato de abertura para o mundo. A cada mergulho

nas camadas simbólicas dos livros emerge-se vendo o universo interior e exterior

com mais claridade. (p.164). Em vista disto, é necessário repensar sobre o processo

de ensino - aprendizagem, como também, a prática docente acerca do tipo de

leitores que deseja formar, ter bem definido que tipo de leitura deseja trabalhar, pois

o ato de ler restrito à decodificação de símbolos, não é suficiente, ou ainda uma

concepção reducionista, de que ler é pronunciar em voz alta as letras que formam as

palavras. O ideal é uma leitura que proporcione ao leitor significado ao que leu, para

Page 16: Monografia Cristina Pedagogia 2012

16

que seu momento leitor seja composto por compreensão, interpretações e leitura do

mundo.

Como pontua Cagliari (1999) “A leitura é extensão da escola na vida das pessoas. A

maioria do que se deve aprender na vida terá de ser conseguido através da leitura

fora da escola”. (p. 148). Portanto, a escolha desta temática surgiu devido a

inquietações acerca da leitura, ao recordar o próprio caminho trilhado no decorrer

dos estudos, onde podemos afirmar não ter sido fácil e prazeroso, o ato de ler

representava sempre um momento de tensão. Assim, a escolha da temática surgiu

por considerar a leitura um entrave, um desafio. Diante destas abordagens surge a

seguinte questão: Quais as práticas dos professores do Ensino Fundamental I da

Escola Municipal de Andorinha frente à leitura em sala de aula?

Assim, temos como objetivo identificar as práticas dos professores do Ensino

Fundamental I da Escola Municipal de Andorinha frente à leitura em sala de aula.

A relevância social dessa pesquisa consiste, na contribuição que a mesma poderá

trazer no debate desta temática que vem sendo fonte de estudo para pesquisadores

(as).

Ao pesquisarmos sobre as práticas dos professores do Ensino Fundamental I da

Escola Municipal de Andorinha, acreditamos contribuir com o meio acadêmico para

uma maior reflexão em relação à educação, pois confiamos na importância de

práticas leitoras acrescidas a figura do professor leitor na formação de cidadãos

críticos, conscientes do seu papel na sociedade e no melhoramento da educação.

Page 17: Monografia Cristina Pedagogia 2012

17

CAPÍTULO II

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

É sabido que a leitura é uma das principais competências que a escola deve

proporcionar aos alunos e que ao longo dos anos sofreu consideráveis

modificações, principalmente, no que diz respeito a ler e ter acesso a livros. Sendo

assim é relevante pontuar que ela é de suma importância na construção do ensino -

aprendizagem e na formação do cidadão. Por isso o nosso objetivo é identificar as

práticas dos professores do Ensino Fundamental I da Escola Municipal de Andorinha

frente à leitura em sala de aula. Sendo que para uma melhor compreensão da

inquietação imposta trazemos os Conceitos-chave: Leitura, Práticas Leitoras,

Ensino Fundamental, Professor e o contexto leitor.

2.1 Leitura

No momento atual, muito tem se debatido a respeito do que é leitura, sobre o seu

verdadeiro papel e suas implicações na sociedade moderna. A leitura é um ato

imprescindível no ambiente escolar que anseia para seus educandos uma

aprendizagem com significado para vida. Dentro dessa perspectiva é relevante ter

definida a compreensão de leitura que pretendemos trabalhar, para que em sala de

aula as práticas leitoras abordem uma ação educativa eficaz, como fonte de

formação e transformação social.

Dessa forma, cabe frisar a necessidade de muita leitura na vida dos sujeitos, pois

proporciona a obtenção de diversas informações, contextos e áreas do

conhecimento, porque “ler é um processo desafiador, exige do leitor mais do que

apenas decodificação de signos, somente a necessidade, seja qual for ela, será

capaz de garantir a adesão do sujeito a esse mundo” (YUNES, 1995; p. 187).

Page 18: Monografia Cristina Pedagogia 2012

18

Por isso, é importante o reconhecimento do aluno enquanto sujeito leitor e do

professor enquanto modelo desse leitor, pois é notório o poder transformador da

leitura. Sendo assim é essencial que o professor compreenda a leitura como uma

prática fundamental a todas as áreas do currículo e principalmente na vida do ser

humano.

Sob esse ponto de vista Silva (1986) relata: “Estou plenamente convencido de que a

leitura é um instrumento para a libertação do povo brasileiro para o processo de

reconstrução de nossa sociedade” (p. 11). Assim então, é papel da instituição formal

responsável pela construção do conhecimento sistematizado, a escola, promover

práticas de leitura que despertem nos educandos o desejo de lutar por mudança e

justiça social, pois através da leitura adquirimos criticidade e autonomia para

reconstruir um mundo melhor. Feita essa colocação, Silva (1986) afirma:

É, pois, principalmente no âmbito da escola que as expressões “aprender a ler” e “ler para aprender” ganham o seu significado primeiro, apontando, inclusive, os efeitos que devem ser conseguidos pelo trabalho pedagógico na área de formação e preparo de leitores. Eu ate iria mais longe, afirmando que um dos objetivos básicos da escola é o de formar o leitor critico da cultura. (p.91)

Com essa reflexão, nota-se que é papel da escola desenvolver nos educandos o

hábito da leitura através da promoção de práticas leitoras que possibilitem uma visão

de mundo e ferramentas que proporcionem a inserção do indivíduo na sociedade

que é tão excludente e cruel.

Para Lerner (2002): “(...) ler é adentrar outros mundos possíveis. É questionar a

realidade para compreendê-la melhor, é distanciar-se do texto e assumir uma

postura crítica frente ao que de fato se diz ao que se quer dizer, é assumir a

cidadania no mundo da cultura escrita (p.1)”.

Partindo dessa premissa, a leitura precisa ter sentido para quem está lendo, não

sendo uma mera decodificação de símbolos. É necessário que a leitura vá além do

que se lê, possibilitando ao leitor fazer um intercâmbio com o que está escrito e as

suas vivências para que possa fazer uso das informações adquiridas.

Page 19: Monografia Cristina Pedagogia 2012

19

A leitura vai, portanto além do texto (seja ele qual for) e começa antes do contato com ele. O leitor assume um papel atuante, deixa de ser um mero decodificador ou receptor passivo. E o contexto geral em que ele atua, as pessoas com quem convivem passam a ter influência apreciável em seu desempenho na leitura. Isso por que o “dar sentido a um texto” implica sempre levar em conta a situação deste texto e de seu leitor (MARTINS, 2004; p. 32).

Nessa perspectiva, é perceptível a importância da aprendizagem da leitura na

integração do indivíduo no mundo. A leitura abre portas e novas perspectivas de

vida a partir do momento que o leitor consegue estabelecer uma relação entre o

texto e que está ao seu redor. O ato de ler possibilita-lhe posicionar-se criticamente

diante da sociedade e não mais se submeter ao poder dos dominantes.

Como bem diz Freire (2003) “A leitura do mundo precede a leitura da palavra” (p.11).

E justamente por compreendermos que a leitura de mundo antecede o ato de ler é

que acreditamos que as práticas de leitura possam explorar ao máximo esse período

que antecede a leitura, pois é nesse momento inicial onde ocorrem as atribuições de

sentido.

É relevante frisar uma compreensão de leitura revelada por Yunes (2002), quando

ressalta: “Ler é realizar a experiência de se pensar pensando o mundo” (p.25).

Através da leitura passamos a conhecer e fazer uma leitura da realidade, tornando-

os cidadãos capazes de transformar o mundo e não mais se submeter ao poder dos

dominantes.

Sobre este olhar Cagliari (1999) afirma: “A leitura é uma herança maior do que

qualquer diploma”. Ao pensar sobre o mundo de possibilidades e caminhos que

podemos trilhar a partir da leitura Abramovich (1997) nos diz: “Ser leitor é ter um

caminho absolutamente infinito de descobertas e compreensão de mundo”.

Convém lembrar que a leitura tem um poder conscientizador, que possibilita ao homem descobrir as suas representações do mundo. Consequentemente, este processo faz com que o homem, dialeticamente, direcione-se para determinados fatos e relações contidos na realidade circundante e tome distância desses, a fim de refletir sobre eles, questioná-los e transformá-los, quando necessário. (BETENCOURT, 2000, p.24)

Page 20: Monografia Cristina Pedagogia 2012

20

Sendo assim, a leitura proporciona ao homem o convívio com o seu semelhante,

promovendo uma interação com a sociedade em que vive e com o mundo. Para

Almeida (2005) “Ler é criar uma trama própria de relações, relações essas que vão

deferindo de indivíduo para indivíduo à medida que esses vão percebendo

possibilidades, preenchendo lacunas, tomando partido, interagindo, desafiando e

dando outros significados (p.143).

A partir desse olhar sobre a leitura estaremos formando cidadãos capazes de

questionar e lutar pelos seus direitos, podendo significar uma advertência para

determinados conceitos e valores da sociedade. Eis algumas afirmações que

consideramos relevantes para o objetivo de identificar as práticas dos professores

do Ensino Fundamental, etapa da escolarização que entendemos ser primordial para

despertarmos o gosto e o prazer pela leitura.

2.2 Práticas leitoras

Ao pensar em formação de leitores competentes, ressaltamos a leitura de diferentes

tipologias textuais, de modo a conduzir o indivíduo a variadas leituras de mundo.

Mediante isso, verificamos a necessidade de práticas leitoras eficazes, no sentido,

de despertar o interesse e a motivação no educando pelo hábito da leitura, sendo

este um meio de torná-lo um sujeito ativo, responsável pela sua aprendizagem e

capaz de modificar a realidade que o cerca.

Se o objetivo é formar cidadãos capazes de compreender os diferentes textos com os quais se defrontam, é preciso organizar o trabalho educativo para que experimentem e aprendam isso na escola. Principalmente quando os alunos não têm contato sistemático com bons materiais de leitura e com adultos leitores, quando não participam de práticas onde ler é indispensável, a escola deve oferecer materiais de qualidade, modelos de leitores proficientes e práticas de leitura eficazes. (BRASIL, 1997, p.55)

Assim sendo, faz-se necessário oferecer aos educandos uma amplitude de textos,

não se restringindo apenas ao uso do livro didático, pois somente com uma prática

leitora que valorize a diversidade textual formaremos bons leitores e não apenas

ensinaremos a ler. Com isso, evidenciamos a importância de desenvolvermos em

Page 21: Monografia Cristina Pedagogia 2012

21

sala de aula práticas leitoras que vão além da decodificação e do uso de cartilhas ou

livros, mas que as práticas de leitura desenvolvidas em sala de aula visem à

formação de um leitor eficiente e crítico.

É indispensável à presença do professor como parceiro no desenvolvimento dessa

habilidade. Como afirma Solé (1998):

Aprender a ler não é muito diferente de aprender outros procedimentos ou conceitos. Exige que a criança possa dar sentido àquilo que se pede que ela faça que disponha de instrumentos cognitivos para fazê-lo e que tenha ao seu alcance a ajuda insubstituível do seu professor, que pode transformar em um desafio apaixonante o que para muitos é um caminho duro e cheio de obstáculos. (p.65)

Desta forma, cabe ao professor como um modelo de adulto leitor e através de

práticas leitoras ativas, despertar e incentivar o gosto pela leitura, promovendo o

desenvolvimento efetivo do aluno leitor. Posto isso, fica mais visível o

reconhecimento da escola na formação de leitores, o que despertará possíveis

mudanças nas práticas em sala de aula, com o objetivo de impulsionar o desejo e o

gosto pela leitura. Como confirma Solé (1998) quando diz:

Um dos múltiplos desafios a ser enfrentado pela escola é o de fazer com que os alunos aprendam a ler corretamente. Isto é lógico, pois a aquisição da leitura é imprescindível para agir com autonomia nas sociedades letradas, e ela provoca uma desvantagem profunda nas pessoas que não conseguiram realizar essa aprendizagem. (p.32)

Sendo assim, percebe-se que as práticas leitoras desenvolvidas em sala de aula

interferem diretamente na formação de um leitor crítico, competente e proficiente.

Cumpre lembrar, ainda, a relevância do educando ser exposto a variadas

oportunidades de leitura, tornado-se assim, a prática da leitura algo muito prazeroso

que levará para fora do ambiente escolar.

Nesse sentido, entende-se que a leitura dos diversos gêneros textuais no espaço

escolar é primordial no processo de formação de leitores, com isso as práticas

leitoras dos professores deve proporcionar a diversidade de textos para seus alunos,

com objetivos que vão além da aquisição de habilidades mecânicas de

decodificação da escrita. Dentro desse pensamento Kleiman (2004) complementa:

Page 22: Monografia Cristina Pedagogia 2012

22

Se o aluno é capaz de decodificar a texto escrito, se ele é capaz de utilizar a informação sintática do texto na leitura, e se, ademais, ele já completou a aquisição da língua materna, as dificuldades que ele revela na compreensão do texto escrito são decorrentes de estratégias inadequadas de leitura. (p. 56)

É justamente essa reflexão que necessita ser feita pelos professores com relação ao

desenvolvimento de suas práticas leitoras em sala de aula, já que o sentido maior da

leitura é despertar no aluno a compreensão de mundo e a formação do cidadão.

2.3 Ensino Fundamental

O Ensino Fundamental é o início da Educação Básica Brasileira, iniciando aos 6

anos de idade conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB, Lei

9.394/96 que determina:

Art.32 O ensino fundamental obrigatório, com duração de nove anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos seis anos de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão, mediante: I. o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo; II. a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade; III. o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores: IV. o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social.

Dessa forma é visível que o Ensino Fundamental é uma preparação básica para

uma continuidade dos estudos, com finalidades de formar cidadãos críticos e cientes

do seu papel na sociedade, sendo sua gratuidade nas escolas públicas assegurada

por lei, favorecendo não só a criança a partir dos 6 anos de idade mas a todas as

pessoas que não tiveram acesso por algum motivo na idade própria.

É importante frisar que os objetivos determinados pela LDB infelizmente nem

sempre têm sido alcançados, muitas vezes, o fracasso no desenvolvimento do

hábito de ler inicia-se nos primeiros anos do Ensino Fundamental e

Page 23: Monografia Cristina Pedagogia 2012

23

consequentemente esse aluno chega às próximas séries levando o resultado dessa

experiência fracassada.

A partir desse pensamento, compreende-se a importância da leitura no cotidiano dos

educandos das séries iniciais do Ensino Fundamental, de modo que desde cedo

possa ampliar a visão de mundo e perceber que a leitura vai muito além da

decodificação de letras.

É preciso superar algumas concepções sobre o aprendizado inicial da leitura. A principal delas é a de que ler é simplesmente decodificar, converter letras em sons, sendo a compreensão conseqüência natural dessa ação. Por conta desta concepção equivocada a escola vem produzindo grande quantidade de “leitores” capazes de decodificar qualquer texto, mas com enormes dificuldades para compreender o que tentam ler. (BRASIL, 1997, p.55)

Desta forma, quão grande é a responsabilidade da escola e do professor do Ensino

Fundamental, despertar e encantar seus alunos por uma leitura que proporcione

uma compreensão particular da realidade. Assim sendo, faz-se necessário um

espaço aconchegante e acolhedor que traga prazer para quem frequenta.

Trata-se de incentivar a prática da leitura com meio de acesso ao saber e a cultura

letrada, pois a leitura é uma das aprendizagens fundamentais que a escola deve

proporcionar aos indivíduos. Como salienta Zilberman (1993) quando afirma que: “a

escola alcança seu justo sentido, no momento em que retorna à sua função original;

e se esta é de ensinar a ler, que o faça de maneira integral, para efetivar a revolução

duradoura no bojo da qual foi gerada” (p.22).

Nesse sentido, é papel da escola desenvolver nos educandos a compreensão

leitora, capaz de estabelecer uma conexão entre a leitura e a realidade em que está

inserido. Ressaltamos assim que um dos objetivos dos PCNs em relação ao aluno

que está inserido no Ensino Fundamental, é que ele seja capaz de “posicionar-se de

maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais, utilizando

o diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas” (p.69).

Page 24: Monografia Cristina Pedagogia 2012

24

Assim, a leitura é uma das prioridades no Ensino Fundamental, pois sua aquisição

proporciona ao indivíduo agir com autonomia na sociedade letrada. Como muito bem

diz Solé (1998) quando afirma que: “Um objetivo importante nesse período de

escolaridade é que as crianças aprendam progressivamente a utilizar a leitura com

fins de informação e aprendizagem.” (p.34)

Portanto, pode-se afirmar que, é papel da escola ao longo do Ensino Fundamental,

promover no aluno o gosto pela leitura e a descoberta de novas aprendizagens, para

avançar na escolaridade e se tornarem leitores proficientes.

2.4 Professor e o contexto leitor

O professor é um agente de grande importância para a construção do conhecimento

e na formação do cidadão reflexivo e crítico, pois ele é capaz de transformar,

desmistificar conceitos e mediar o conhecimento. Assim sendo, a compreensão do

professor frente à leitura em sala de aula contribui na mediação da prática

pedagógica, no processo de ensino aprendizagem e, principalmente, no incentivo e

motivação da prática leitora. Segundo Freire (1996):

O bom professor é que consegue, enquanto fala, trazer o aluno até a intimidade do movimento do seu pensamento, sua aula é assim um desafio e não uma cantiga de ninar. Seus alunos cansam, não dormem. Cansam por que acompanham as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas. (p.96)

Compreende-se o professor como um mediador do saber, um formador de opinião,

que socializa o conhecimento e intervêm para que os educandos possam interagir

em sala de aula, fazendo despertar inquietação e a compreensão. Nesse contexto

Gadotti (1991) contribui afirmando que: “o educador, o filósofo, o pedagogo, o

artista, o político tem e tiveram historicamente um papel eminentemente crítico. O

papel de inquietar, de incomodar, de perturbar (...). Portanto, sua tarefa é de quem

incomoda de quem ativa conflitos para sua superação” (p.16). Dessa forma

Menegolla (1989) acrescenta que:

Page 25: Monografia Cristina Pedagogia 2012

25

O professor é a pessoa que demonstra a grande habilidade de interpretar; ele não simplesmente repete, mas dá uma nova visão do fato. Faz interferências que não são evidentes, mas possíveis. Deduz aquilo que não aparece, mas que está escondido, procurando clarear, do escrito, escreve o não escrito; do falado, fala o não falado. Vê as coisas de forma diferente, em tudo descobre o novo. (p.25)

Para tanto, é de suma importância que o professor tenha consciência da relevância

de uma prática pedagógica criativa na inserção do ato de ler no dia a dia do

ambiente escolar, pois a leitura deve ser a base fundamental do ensinar-aprender.

Como bem diz Freire (1996): “Ensinar é um ato criador, um ato crítico e não

mecânico”. (p.81)

Para que a leitura tenha significado e venha a transformar a realidade é

indispensável que os educandos se interessem pelos livros, sendo assim, é

essencial a presença do professor leitor, que apenas não diga o mundo maravilhoso

que é a leitura, mas demonstrem prazer e encantamento em ler um livro. Dessa

forma, a sua prática pedagógica terá significado, será mais verdadeira e

consequentemente mais suave. Sacristán e Gomez (1998) declaram:

Sem compreender o que se faz, a prática pedagógica é mera reprodução de hábitos existentes, ou respostas que os docentes devem fornecer as demandas e ordens externas. Se algumas idéias, valores e projetos se tornam realidade na educação é porque os docentes os fazem seus de alguma maneira. (p.09)

Nesse sentido, as práticas de leitura precisam ser empolgantes e inovadoras, com

diversas estratégias de leitura, proporcionando ao educando curiosidade, novas

descobertas, conhecimentos e evidentemente o gosto e interesse pela leitura.

É essencial que os professores se ponham na condição de leitores, mostrando

intimidade com os livros, pois a presença do professor que convive com textos

aliado as práticas de leitura que tem por finalidade a participação crítica do

educando frente à realidade culminará em alunos leitores. Por isso mesmo Chalita

(1999) complementa:

Page 26: Monografia Cristina Pedagogia 2012

26

O professor só conseguirá fazer com que o aluno aprenda se ele continuar a aprender. A aprendizagem do aluno é indiscutivelmente, diretamente proporcional à capacidade de aprendizado dos professores. Essa mudança de paradigma faz com que o professor não seja o repassador de conhecimento, mas o orientador, aquele que zela pelo desenvolvimento das habilidades de seus alunos. Não se admite mais um professor mal formado ou que para de estudar. (p.165)

Sendo assim, o professor deve ser um eterno leitor, buscando em sua vida

profissional e em sua formação, a cautela de continuar sendo um amante e grande

entusiasta da leitura.

Esta opção demonstra que o professor independentemente da sua experiência

frustrada enquanto leitor reconhece a irrelevância e a inutilidade de práticas de

leitura centradas em palavras soltas e frases descontextualizadas.

No entanto, parece-me fundamental recordar a importância do professor fornecer a

diversidade de gêneros de textos para que o aluno perceba os diversos usos e

funções da leitura. Quanto a essa afirmação Antunes (2003) afirma que “compete ao

professor ajudar ao aluno a identificar os elementos típicos de cada gênero, desde

suas diferenças de organização de sequenciação até suas particularidades

propriamente linguísticas”. (p.118)

Assim, o professor através de práticas de leitura criativas e motivadoras oportunizará

diversas leituras que estarão além do espaço escolar, pois estará proporcionando a

integração do seu aluno com o meio social.

Page 27: Monografia Cristina Pedagogia 2012

27

CAPÍTULO III

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A pesquisa é um estudo minucioso, articulado de uma realidade que nos permite

desenvolver a capacidade de pensamento crítico e aperfeiçoamento do saber.

Pesquisa é o inquérito ou exame cuidadoso para descobrir novas informações ou

relações, ampliar e verificar o conhecimento existente. (GRESSLER, 1989). Dentro

dessa perspectiva, Santos (2003) pontua que a ciência pós-moderna sabe que

nenhuma forma de conhecimento é em si mesmo racional; só a configuração de

todas elas é racional, tentando desta forma dialogar com outras formas de

conhecimento, buscando reabilitar o senso comum por reconhecer nesta forma de

conhecimento algumas virtualidades para enriquecer a nossa relação com o mundo.

Pensando neste fazer ciência que valoriza a experiência para compreender o

comportamento humano é que esta pesquisa tem como objetivo identificar as

práticas dos professores do Ensino Fundamental I da Escola Municipal de Andorinha

frente a leitura em sala de aula. Com base nisso, iremos utilizar a pesquisa

qualitativa, seqüencialmente abordaremos lócus, sujeitos e instrumentos de coleta

de dados.

3.1. Natureza da pesquisa qualitativa

A pesquisa qualitativa é muito usada nas pesquisas educacionais nas últimas

décadas, e é caracterizada por buscar entender, a partir do contato direto com os

sujeitos do nosso estudo, nossas dúvidas e inquietações. Assim, optamos por essa

metodologia por entender que ela busca reunir procedimentos capazes de suprir os

limites da análise meramente quantitativa e por aproximar mais o entrevistado do

entrevistador. Como afirma Lüdke e André (1986):

Page 28: Monografia Cristina Pedagogia 2012

28

A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal instrumento. A pesquisa qualitativa supõe o contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo investigada, via de regra através do trabalho intenso de campo. (p. 11).

Nesse sentido, este tipo de pesquisa é relevante, pois permite a análise dos dados

de forma diferenciada, considerando o contexto do sujeito a ser pesquisado,

reconhecendo a complexidade das relações humanas e desvendando aspectos que

contribuem para entendermos a realidade educacional.

3.2. O local da pesquisa

O local da pesquisa propicia ao pesquisador uma vivência que traz interações entre

o pesquisador e o sujeito propiciando ao pesquisador uma abertura para investigar e

dialogar. Assim, o nosso lócus de pesquisa foi a Escola Municipal de Andorinha. O

município de Andorinha esta localizado no recôncavo baiano, distante 426 km da

Capital Salvador e 48 km de Senhor do Bonfim, pertence à região do Piemonte de

Diamantina. Limita-se ao norte com Senhor do Bonfim, ao sul com Itiuba, ao oeste

com Jaguarari, ao leste com Monte Santo e ao norte com Uauá. Segundo o IBGE

(2007) o município de Andorinha possui uma população 14.320 mil habitantes. A

emancipação política ocorreu no dia 13 de julho de 1989, desligando-se da condição

de distrito de Senhor do Bonfim.

A Escola Municipal de Andorinha fundada no ano de 1996, situada a Avenida João

Alves, s/n, na cidade de Andorinha, é uma instituição mantida pela Prefeitura,

composta no seu espaço físico por oito salas de aula, com diretoria, cantina,

secretaria, sala de professores, sala de coordenação, biblioteca, depósitos, pátio e

banheiros masculinos e femininos. A Escola Municipal de Andorinha funciona nos

três turnos e atende alunos de Ensino Fundamental I (matutino, vespertino) e a EJA

(Educação de Jovens e Adultos) no noturno.

Diante de toda estrutura da Escola Municipal de Andorinha, o objetivo maior é tornar

o ambiente escolar mais atrativo para os alunos e a comunidade, procurando

oferecer ao educando oportunidades para que os mesmos não percam sua auto-

Page 29: Monografia Cristina Pedagogia 2012

29

estima perante qualquer obstáculo a que venham surgir no decorrer do período das

aulas.

A referida instituição desenvolve um trabalho educativo no qual procura proporcionar

a inserção desses alunos que vem em busca de saberes e de novas perspectivas

que possam favorecer a melhoria de vida, pois muitos destes alunos passam por

situações de pobreza, outros enfrentam o trabalho árduo na zona rural e vem de

lugares longínquos arriscando suas vidas em transportes com péssimas condições

para transportá-los.

3.3. Sujeitos da pesquisa

Os sujeitos da pesquisa são fontes de informações para o pesquisador, pois através

de suas ações e discursos, é que o pesquisador tem respaldos para poder

pesquisar. Dessa forma Trivinos (1987) aborda: “Os sujeitos individualmente

poderão ser submetidos a várias entrevistas, não só com o intuito de obter o máximo

de informações, mas também para avaliar as variações das respostas em diferentes

momentos.” (p. 146).

Assim, com o intuito de identificar as práticas dos professores do Ensino

Fundamental I da Escola Municipal de Andorinha frente a leitura em sala de aula,

elegeu-se como sujeitos da pesquisa 10 professores que atuam na referida escola,

nos turnos matutino e vespertino. A escolha destes professores se tornou pertinente

porque se encaixam no perfil da questão a ser investigada, pois esses 10

professores são os únicos que lecionam na Escola Municipal de Andorinha no

Ensino Fundamental I. Dando dessa forma voz a todos os interessados que são

parte essencial e ponto chave de uma possível mudança, e contribuindo de forma

significativa para a concretização da pesquisa e o alcance dos objetivos.

3.4. Instrumento de coleta de dados

Page 30: Monografia Cristina Pedagogia 2012

30

Nessa pesquisa utilizamos instrumentos relevantes ao objeto em estudo, pois uma

pesquisa científica requer procedimentos sistemáticos e intensivos, com o objetivo

de descobrir e interpretar os fatos. (LÜDKE e ANDRÉ, 1986). No processo de

realização da pesquisa foi realizado questionário fechado e questionário aberto para

a coleta de dados que forneceram subsídios para alcançar o objetivo proposto.

3.4.1. Questionário

Com o intuito de obter informações para a conclusão da nossa pesquisa, optamos

pelo questionário, por entender que esse instrumento possibilita analisar com mais

exatidão o que se deseja. Segundo Rodrigues (2006) o questionário é um

instrumento de coleta de dados, constituído por uma lista de questões relacionadas

ao problema da pesquisa e deve ser aplicado a um número de pessoas.

Partindo desses pressupostos é que escolhemos o questionário fechado, contando

com questões norteadoras com o tema abordado. Ele irá enriquecer as informações,

traçando o perfil dos sujeitos da pesquisa, possibilitando assim um melhor

conhecimento da realidade dos mesmos.

Segundo Gressler (1989) um questionário deve ser simples, direto e rápido de

responder, devendo assegurar aos utilizadores que os dados recolhidos serão

preservados e não serão cedidos a terceiros. Para Andrade (1999): “perguntas

fechadas são aquelas que indicam três ou quatro opções de resposta ou se limitam

à resposta afirmativa ou negativa e já trazem espaços destinados à marcação da

escolha” (p.131).

Nesse sentido, o questionário fechado permite a coleta dos dados gerais dos

sujeitos envolvidos. Optamos também pelo questionário aberto, por entender que

este instrumento é a forma mais usada para coletar dados. Segundo Cervo (2007) o

questionário aberto permite obter respostas livres e possibilita recolher informações

mais ricas e variadas, embora sejam codificadas e analisadas com mais dificuldade.

Ainda sobre o questionário aberto Cervo (2007) acrescenta que:

Page 31: Monografia Cristina Pedagogia 2012

31

É necessário estabelecer, com critério, as questões mais importantes a serem propostas e que interessam a ser conhecidas, de acordo com os objetivos. Devem ser propostas perguntas que conduzam facilmente as respostas de forma a não insinuarem outras colocações. Se o questionário for respondido na ausência do investigador, deverá ser acompanhado de instruções minuciosas e específicas. (p. 53).

Também sobre o questionário aberto Andrade (1999) afirma que: “é o conjunto de

perguntas que o informante responde, sem necessidade de presença do

pesquisador”. (p.130-131). Dessa forma, o questionário aberto é de grande

relevância, pois permite avaliar melhor as atitudes para análise das questões

levantadas, possibilita a coleta de dados acerca do tema abordado e permite

alcançar o objetivo proposto.

A utilização de questões fechadas e abertas é pertinente porque permitem avaliar

melhor as atitudes dos sujeitos envolvidos, possibilitando que o pesquisador

estabeleça relações entre as respostas. Estes questionários são importantes para a

pesquisa proposta, pois proporcionam a coleta de dados gerais e as compreensões

dos sujeitos acerca do tema.

Page 32: Monografia Cristina Pedagogia 2012

32

CAPÍTULO IV

4. ANÁLISE DE DADOS E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

Diante da necessidade de identificar as práticas dos professores do Ensino

Fundamental I da Escola Municipal de Andorinha frente à leitura em sala de aula,

apresentamos a seguir os resultados da nossa investigação, obtidos a partir da

análise dos instrumentos de coleta de dados: questionário fechado e aberto. Vale

ressaltar que tal realidade nos foi proporcionada a partir dos professores que

lecionam na Escola Municipal de Andorinha, os quais nos possibilitaram os

resultados da pesquisa aqui apresentados.

4.1 Perfil dos sujeitos

Faremos neste momento exposição do perfil dos sujeitos através das informações

coletadas com o questionário fechado.

4.1.1 Faixa etária

Gráfico 1: Faixa etária

Fonte: Questionário Fechado aplicado aos sujeitos da pesquisa

Page 33: Monografia Cristina Pedagogia 2012

33

Podemos perceber que dos participantes da pesquisa 50% tem entre 30 e 35 anos,

40% tem entre 25 e 30 anos, 10% tem mais de 40 anos e que nenhum apresenta

entre 20 e 25 anos.

Conforme o gráfico acima, identificamos que o maior número de professores está

com idade entre 30 e 35 anos, o que nos revela o grau de maturidade e de

experiência de vida dos sujeitos pesquisados. Embora os professores recebam

baixos salários e pouco investimento na qualificação docente é perceptível o

aumento de professores jovens ingressarem na carreira docente, devido à educação

ser uma das maiores fontes de renda para o município de Andorinha e por

proporcionar aos indivíduos crescimento pessoal. Como bem nos diz Maria (2002):

“Acompanhando a valorização que se deu a figura do professor, assistido em sua

tarefa e estimulado a investir em seu próprio crescimento, consciente de que ser

culto é o único modo de ser livre” (p.121).

Dentro dessa discussão é importante frisar que muito ainda deve ser feito para que

os profissionais da educação, em especial a figura do professor, seja valorizada e

respeitada dentro da sociedade, não apenas em termos financeiros, mas

principalmente como sujeito capaz de transformar a sociedade.

4.1.2 Gênero

Gráfico 2: Gênero

Fonte: Questionário Fechado aplicado aos sujeitos da pesquisa

Page 34: Monografia Cristina Pedagogia 2012

34

Em relação ao gênero constatamos que 90% dos entrevistados são do sexo

feminino e apenas 10% do sexo masculino.

A natureza eminentemente feminina da ocupação do professor é evidente, o que nos

leva a refletir sobre a não continuidade dos estudos com relação aos indivíduos do

sexo masculino e o grande número de mulheres cursando licenciaturas. Aguiar

(1993) enfatiza que “o sexo masculino envolve-se em atividades agressivas de luta

pelo sucesso e pela sobrevivência, enquanto ao sexo feminino são atribuídas

atitudes mais passivas, voltadas para o trabalho doméstico, a educação dos filhos e

tarefas afins (p.21)”.

Nesse sentido, caberia perfeitamente as mulheres a função de professoras,

responsáveis pela formação de cidadãos capazes de enfrentar desafios e agir na

sociedade de forma autônoma, reflexiva e crítica.

4.1.3 Formação profissional

Quanto à formação profissional, constatamos que 41% tem Superior Incompleto,

26% tem Magistério, 18% tem Superior completo e 15% apresenta Pós – graduação.

Gráfico 3: Formação profissional

Fonte: Questionário Fechado aplicado aos sujeitos da pesquisa

Page 35: Monografia Cristina Pedagogia 2012

35

Constata-se ainda um número elevado de professores que tem apenas o magistério,

demonstrando que há certa fragilidade em relação a formação dos profissionais,

afetando o reconhecimento do professor enquanto modelo de leitor e que continua a

aprender. Diante de tais constatações vale recorrer a Silva (1996):

Faculdades de beira de estrada, cursos aligeirados, ausência ou precariedade de experiência prática em salas de aula, diluição do domínio da matéria etc., são índices que revelam a pobreza intelectual do professor. Igual a ninhadas de coelho, o país vê nascer faculdades de letras e pedagogia por todos os cantos, atendendo na forma de cursos vagos, em finais de semana. (p.60)

Nessa discussão é relevante pontuar que nunca é tarde para superar as deficiências

deixadas em nossas primeiras leituras, sempre é possível promover a evolução

pessoal e o progresso dos educandos no processo de formação de leitores.

Dessa forma torna-se indispensável citar a significativa presença dos professores

que estão buscando aperfeiçoamento em cursos superior, outros que já

conquistaram sua graduação e até mesmo os que através de muito esforço têm sua

pós-graduação. Com relação a essa procura do professor por aperfeiçoamento

Cunha (1994) salienta que “os estudos que colocam o professor histórica e

socialmente contextualizado, afirmando que seu desempenho e formação têm que

ver com suas condições e experiências de vida, pressupõem uma relação forte entre

o saber e os pressupostos da elaboração deste saber”. (p.29)

Assim sendo, o desenvolvimento de práticas de leitura no espaço da sala de aula

que visem à formação plena do cidadão teria base teórica sólida através da

construção dos saberes no processo de formação do professor.

4.1.4 Experiência profissional no Ensino Fundamental I

Quanto ao tempo de atuação dos sujeitos entrevistados com relação à experiência

no Ensino Fundamental I, obtivemos o seguinte gráfico:

Page 36: Monografia Cristina Pedagogia 2012

36

Gráfico 4: Experiência profissional no Ensino Fundamental I

Fonte: Questionário Fechado aplicado aos sujeitos da pesquisa

Percebe-se no gráfico que dos sujeitos entrevistados 50% tem de 5 a 10 anos; 30%

acima de 10 anos e 20% de 1 a 5 anos que lecionam no Ensino Fundamental I.

Visto isso, compreendemos que ser professor é uma tarefa árdua, pois exige desse

profissional, além da experiência, princípios relevantes para o desempenho de sua

função, formar cidadãos cientes do seu papel na sociedade.

O professor deve, por conseguinte, conjugar três princípios básicos na sua atuação diante dos alunos, a fim de garantir a eficiência dos métodos. Em primeiro lugar, precisa conhecer a sua classe em termos de expectativas, interesses, necessidades e aptidões. Em segundo, deve dominar suficientemente os fundamentos do método que elegeu com mais adequado aos propósitos de seu grupo de alunos. Finalmente, é necessário que tenha bem nítida a finalidade educacional que o move. Só assim a tarefa educativa poderá contribuir para a formação de leitores capazes de transformarem a sociedade. (AGUIAR, 1993, p.155)

Nessa compreensão queremos enfatizar que independentemente da experiência

como docente do Ensino Fundamental I sempre é o momento de buscarmos o

aperfeiçoamento de práticas de leitura para desempenharmos nosso papel como

educador, pois todos nós somos leitores em formação, uma vez que constantemente

estamos atribuindo sentido ao que está ao nosso redor.

4.2 Práticas dos docentes enquanto leitores e incentivadores da leitura

Page 37: Monografia Cristina Pedagogia 2012

37

Apresentação das práticas dos docentes enquanto leitores e incentivadores da

leitura através das informações coletadas com o questionário fechado.

4.2.1 Número de livros que leem anualmente

Com relação ao número de livros lidos durante o ano, constatamos que 71% dos

entrevistados leem entre três e cinco livros anualmente, 14% leem entre seis e oito

livros, outros 14% leem no máximo dois livros, 1% lê mais de oito livros e que

nenhum dos entrevistados leem apenas um livro por ano.

Gráfico 6: Número de livros que leem anualmente

Fonte: Questionário Fechado aplicado com os sujeitos da pesquisa

Tendo em vista a importância da vida de leitor do docente na formação de outros

leitores, percebe-se que a realidade demonstrada no gráfico ainda deixa lacunas

que estarão presentes no desenvolvimento de práticas leitoras em sala de aula.

Como afirma Betencourt (2000):

Uma outra questão que não pode ser esquecida diz respeito à figura do professor que não gosta de ler, por causa de lacunas na sua própria formação escolar. Em função disso, as metodologias utilizadas nas aulas de leitura com as crianças e os adolescentes acabam sendo a repetição do que ele conheceu como “aula de leitura”, pois não há conhecimento das teorias da leitura, nem a intenção de se formar leitores críticos e maduros. (p.25)

Page 38: Monografia Cristina Pedagogia 2012

38

Posto isso, fica evidente que é fundamental a figura do professor leitor, a

necessidade que esse profissional tem de continuar aperfeiçoando suas práticas

através de leituras constantes, já que é um dos principais agentes de

transformações sociais e entusiastas da leitura. Dessa forma, torna-se preocupante

o fato de que profissionais da educação responsáveis pela formação de leitores

capazes de interagir na sociedade, durante um ano leiam apenas entre três e cinco

livros e que 1%, número insignificante, leiam mais de oito livros, dentro dessa

realidade será um desafio formar o aluno leitor.

4.2.2 O que costumam ler

Gráfico 7: O que costumam ler

Fonte: Questionário Fechado aplicado com os sujeitos da pesquisa

Quanto às fontes de leitura utilizadas pelos professores da Escola Municipal de

Andorinha, percebemos que 70% leem mais livros didáticos, o que demonstra o

efetivo apego a este recurso no dia a dia da sala de aula; 20% leem romances e

10% leem livros de auto-ajuda

No entanto as práticas de leitura no processo de formação de leitores é muito mais

abrangente, vai além da padronização do livro didático, que não leva em conta as

diferenças indivíduos e sociais dos discentes. Conforme pontua Abaurre (1998):

Page 39: Monografia Cristina Pedagogia 2012

39

Se o objetivo do trabalho com a leitura de textos é a constituição de leitores com uma gama variada de habilidades de leitura, de leitores capazes de ler para informar; para estudar e entender o ponto de vista de um autor; para compará-lo com o de outros autores; para buscar e construir novos conhecimentos; para fruir, apreciar e refletir sobre o conteúdo, a estrutura textual ou os recursos de linguagem utilizados; para relacionar o texto lido com outros; para criticar aspectos do texto ou da realidade que retrata etc., o aluno deve ser exposto a textos reais (e não artificialmente construídos, para enfatizarem “um problema de ordem gramatical” ou “temático”). (p.10)

É esse entendimento e essa visão alargada da leitura que precisamos, e não o uso

do livro didático como um empecilho na formação de leitores. Pois como foi

abordado na fundamentação teórica, faz-se necessário que o professor em suas

práticas de leitura apresente ao aluno uma diversidade de gêneros textuais, porém o

que evidenciamos é que o professor enquanto leitor não faz uso dessa diversidade

de textos, dificuldade esta que vai se refletir em sua prática.

4.2.3 Quanto à fonte de informação o que preferem

Em relação à principal fonte de informação compreendemos que 50% preferem a

televisão, 30% internet, 20% revistas e que entre os entrevistados nenhum faz uso

do rádio, jornais e outros meios como fonte de informação. Comprovando que a

televisão é preferência de muitos indivíduos.

Gráfico 8: Quanto a fonte de informação o que preferem

Fonte: Questionário Fechado aplicado com os sujeitos da pesquisa

Page 40: Monografia Cristina Pedagogia 2012

40

Podemos então afirmar que a televisão é um veículo de significativa influência na

vida dos sujeitos, isso demonstra a necessidade de leitores críticos e capazes de

discernir os benefícios e malefícios oferecidos pela televisão, pois esta é

responsável pela transmissão de ideologias que afetam diretamente o modo de

pensar e agir da sociedade. Libâneo (2001) confirma esta questão quando afirma:

A mídia atua na modificação de estados mentais e afetivos das pessoas não apenas pela propaganda, mas também disseminando saberes e modos de agir nos campos econômico, político, moral, veiculando mensagens educativas, relacionadas com drogas, preservação ambiental, saúde, comportamentos sociais etc. (p.19)

Nessa perspectiva, torna-se indispensável à leitura na vida dos indivíduos, pois em uma sociedade onde os meios de comunicação interferem diretamente no pensar e agir das pessoas, é urgente a formação do aluno leitor, para que se tornem cidadãos críticos e participativos. Porém nos questionamos como chegaremos ao mérito de formar alunos leitores, se os próprios professores só utilizam a televisão como fonte de informação.

4.2.4 Incentivadores da leitura

Ao serem questionados sobre a frequência com que proporcionam atividades que

envolvam leitura na sala de aula os sujeitos se dividiram, 50% afirmam que

diariamente e 50% de uma a três vezes por semana.

Gráfico 9: Incentivadores da leitura

Fonte: Questionário Fechado aplicado com os sujeitos da pesquisa

Page 41: Monografia Cristina Pedagogia 2012

41

No entanto, o trabalho com a leitura deve ser diário, visto que através da leitura

encontramos respostas para os problemas da vida, conhecemos e nos

reconhecemos como parte integrante da realidade e do mundo. Como cita

Abramovich (1997):

Ler, para mim, sempre significou abrir todas as comportas pra entender o mundo através dos olhos dos autores e da vivência das personagens... Ler foi sempre maravilha, gostosura, necessidade primeira e básica, prazer insubstituível (...). E continua lindamente, sendo exatamente isso! (p.14)

Desse modo, percebemos que um dos requisitos básicos na formação do aluno

leitor é a presença de professores leitores, com uma bagagem teórica e

metodológica sólida, proporcionando entusiasmo e incentivo ao mundo maravilhoso

que é a leitura, embora a realidade nas escolas ainda deixe a desejar no seu papel

de incentivadores da leitura.

4.2.5 Encantamento pela leitura

Indagados sobre a nota que dariam para o envolvimento da sua turma nas

atividades que envolvem leitura notamos que 56% dos professores ficaram entre

quatro a seis e 44% entre sete a dez.

Gráfico 10: Encantamento pela leitura

Fonte: Questionário Fechado aplicado aos sujeitos da pesquisa

Page 42: Monografia Cristina Pedagogia 2012

42

Visto isso, percebemos que a escola ainda, não conseguiu fazer com que a leitura

se tornasse sinônimo de prazer e nem com que os alunos sentissem as diversas

emoções que o ato de ler nos proporciona.

Para tornar os alunos bons leitores - para desenvolver, muito mais do que a capacidade de ler, o gosto e o compromisso com a leitura -, a escola terá de mobilizá-los internamente, pois aprender a ler (e também ler par aprender) requer esforço. Precisará fazê-los achar que a leitura é algo interessante e desafiador, algo que, conquistado plenamente, dará autonomia e independência. Precisará torná-los confiantes, condição para poderem se desafiar a “aprender fazendo”. Uma prática de leitura que não desperte e cultive o desejo de ler não é uma prática pedagógica eficiente. (BRASIL, 1997, p.58)

Desse modo, formar leitores com intuito de promover seu desenvolvimento como ser

humano, requer condições favoráveis para a prática de leitura e propostas didáticas

voltadas para o objetivo de formar cidadãos que se integram na vida cotidiana.

Sendo assim, faz-se necessário que o professor reveja a sua postura enquanto

formador de leitores, buscando variadas maneiras de buscar informações, não

apenas através da televisão ou de leituras nos livros didáticos e em romances, pois

para desenvolver práticas de leitura visando à formação do aluno leitor é

indispensável que seja oferecido ao aluno diversos gêneros textuais.

A análise do questionário fechado foi fundamental, pois nos possibilitou conhecer o

perfil dos professores da Escola Municipal de Andorinha, além de nos proporcionar

analisar as práticas dos docentes enquanto leitores e incentivadores da leitura,

favorecendo uma melhor análise e interpretação dos dados no próximo instrumento.

4.3 Análise e discussão das falas dos professores

A partir da análise do questionário aberto realizado na Escola Municipal de

Andorinha conseguimos identificar as práticas dos professores frente à leitura em

sala de aula. Apresentamos os resultados do questionário em categorias aos

questionamentos norteadores do nosso estudo - Leitura Ação: A prática dos

professores na formação do aluno leitor.

Page 43: Monografia Cristina Pedagogia 2012

43

4.3.1 O gosto do professor pela leitura

É relevante tecer algumas análises sobre o gosto dos professores pela leitura, tendo

em vista a importância da presença da figura do professor leitor no incentivo e na

formação do aluno leitor. Questionados sobre se gostavam de ler a maioria dos

professores deixa claro que:

Sim, não diariamente por conta do tempo, de outras ocupações. (P1)

1

Sim, gosto. (P2) Adoro, todos os dias tenho que ler um romance só assim me sinto bem. (P3) Sim, pois a leitura é muito importante na vida das pessoas. (P4) Não gosto muito de ler, mas tenho procurado dedicar nos momentos de folga um pouco do meu tempo a leitura, pois sei o quanto é importante. (P5) Não gosto muito de ler, mas sei que é importante, portanto, tenho dedicado um pouco mais a leitura. (P6)

Nessa perspectiva, ao serem questionados sobre o gosto pela leitura, os

professores deixam claro a importância da leitura na vida dos indivíduos, como

podemos perceber nas falas de P4, P5 e P6, embora percebemos certas barreiras

que devem ser rompidas para que realmente o professor seja um leitor proficiente e

desperte o gosto pela leitura nos seus alunos, vale citar que um dos entraves que

distanciam o professor da prática de leitura é as diversas atribuições que lhe

compete, como afirma P1 em sua fala, que apesar de gostar de ler, falta-lhe tempo

devido suas outras ocupações. Dentro dessa perspectiva Kleiman (2004) pontua:

“para formar leitores devemos ter paixão pela leitura” (p.15).

É notório o reconhecimento dos professores ao valor da leitura na vida dos seus

alunos, em contrapartida este profissional deixa despercebida a figura do adulto que

1 Utilizou-se a letra “P” seguida de numerais cardinais para designar os professores

entrevistados.

Page 44: Monografia Cristina Pedagogia 2012

44

gosta de ler e que consegue organizar práticas de leitura eficazes que desenvolvam

o hábito da leitura. E nessa visão Aguiar (1993) dar sua contribuição dizendo que:

Os professores, apesar de visarem a formação do hábito da leitura e o desenvolvimento do espírito crítico, não oferecem atividades nem utilizam recursos que permitam a expansão dos conhecimentos, das habilidades intelectuais, a criatividade ou a tomada de posição, embora arrolem esses tópicos em seus critérios de aproveitamento escolar. O debate, a livre discussão e atividades que extrapolam o âmbito da sala de aula são esquecidos. As fórmulas mais carentes de criatividade e mais tradicionalmente empregadas, como aulas expositivas e exercícios escritos e orais de interpretação, são praticados pela maioria o que também promove a falta de incentivo e de motivação para a leitura dos alunos. (p.33)

Dessa forma evidencia-se que o processo de formar leitores e cidadãos

participativos na busca da transformação social é uma tarefa intensa, que exige

muito esforço e dedicação do professor e da escola, já que é o espaço formal de

construção de aprendizagens. Tendo em vista o gosto do professor pela leitura,

cabe citar e refletir sobre a fala de P3, que embora afirme que adora ler, só cita a

leitura de romances, nos levando a pensar sobre a sua prática em sala de aula

fundamentada em um único tipo de gênero textual.

Certamente, o gosto dos professores pela leitura influencia diretamente em suas

práticas em sala de aula, já que é de sua responsabilidade proporcionar aos alunos

uma variedade de gêneros textuais, visando à formação do cidadão. Nessa vertente,

faz-se necessário a presença do professor que além de compreender a importância

da leitura na vida dos indivíduos, seja ele um leitor. Se isso não ocorrer, valem as

palavras de Silva (1986): “os objetos da leitura, principalmente o livro, passam por

um processo de obscurecimento intencional”. (p.63)

4.3.2 A concepção de leitura

Ao investigar a concepção de leitura na perspectiva dos professores da Escola

Municipal de Andorinha, no sentido do desenvolvimento de práticas em sala de aula

que proporcionem a formação de leitores, evidenciamos que:

Page 45: Monografia Cristina Pedagogia 2012

45

É um ato que favorece a reflexão e o questionamento da realidade. (P1) É transcender o conhecimento, é sem dúvida se desprender do ciclo viçoso do sistema imposto educacional. (P2) É abrir as possibilidades enriquecedoras na vida, através de informações que nos levam a pensar que não podemos viver sem ela. (P3) É uma atividade muito rica que envolve conhecimentos, é um processo de descobertas, reflexões aprendizagens e informações. (P4) É algo indispensável na aprendizagem, leitura é norte e meios para mundos maravilhosos. (P5)

É inegável que ao serem indagados sobre a concepção de leitura todos os

professores deixam claro que a leitura como um meio, uma oportunidade do

indivíduo inserir-se na sociedade, conhecer seus direitos e deveres e ter

conhecimento para lutar e modificar a realidade. Neste aspecto Solé (1998)

esclarece:

A leitura nos aproxima da cultura, ou melhor de múltiplas culturas e, neste sentido, sempre é uma contribuição essencial para a cultura própria do leitor. Talvez pudéssemos dizer que na leitura ocorre um processo de aprendizagem não intencional, mesmo quando os objetivos do leitor possuem outras características, como no caso de ler por prazer. (p.46)

Essa capacidade que a leitura tem de alcançar vários objetivos na vida do ser

humano, nos faz refletir sobre o ensino da leitura como prioridade na escola, uma

vez que ensinando e despertando o gosto pela leitura, o aluno estará propício a

aprender e construir novos conhecimentos de forma autônoma. Aguiar (1993)

pontua que “quando o ato de ler se configura, preferencialmente, como atendimento

aos interesses do leitor, desencadeia o processo de identificação do sujeito com os

elementos da realidade representada, motivando o prazer da leitura”. (p. 26)

Em suma, podemos frisar que ter bem definida a concepção de leitura, desencadeia

em práticas de leitura eficazes no combate ao fracasso da escola quanto a formação

de leitores, tornando a leitura uma atividade prazerosa, que nada tem a ver com a

decifração de palavras que durante muito tempo foi chamada de leitura.

Page 46: Monografia Cristina Pedagogia 2012

46

4.3.3 Função da leitura

Nessa categoria buscamos considerar o ponto de vista dos professores com relação

a função da leitura na vida das pessoas. Diante disso questionou-se: No seu ponto

de vista para que serve a leitura?

A leitura serve para transformar o modo de ser e de ver o mundo e de interagir com o mesmo. (P1) A leitura serve para tornar um cidadão mais crítico, participativo e consciente de seus direitos e deveres. (P2) Para conhecer o mundo, participar dele em todos os seus aspectos e transformá-los de maneira satisfatória para seu desenvolvimento cognitivo e social. (P3) Para nos interarmos de tudo: informações do mundo, atualidades, conhecimentos etc. (P4) Serve para relacionar, envolver, informar e formar cidadãos com habilidades para atender as múltiplas necessidades do cotidiano. (P5) Serve para atuação do conhecimento de uma forma correta do cidadão utilizar para o bem comum. (P6)

É interessante perceber a unanimidade na fala dos professores, onde afirmam que a

leitura tem a função de proporcionar nos indivíduos o direito de opinião frente a

realidade, formando o cidadão que pensa e interage nas relações sociais na qual

está inserido. Aguiar (1993) acrescenta:

É através da linguagem que o homem se reconhece como humano, pois pode se comunicar com os outros homens e trocar experiências. Existe, porém, uma condição prévia para a manifestação da linguagem: é preciso haver um grupo humano, no qual o sujeito se confronte com o conjunto e se perceba como indivíduo. É, portanto, na convivência social que nascem as linguagens, conforme as necessidades de intercâmbio. (p.9)

Posto isto, compreendemos que os professores tem uma fundamentação teórica

sólida quando deixam evidenciar que compreendem a leitura como um instrumento

de libertação do homem, proporcionando uma maior reflexão sobre si mesmo e o

mundo ao seu redor, e tornando-se autor da sua própria história.

Page 47: Monografia Cristina Pedagogia 2012

47

Sendo assim, vale recorrer às palavras de Solé (1998) quando diz que: “é preciso

levar em conta que o propósito de ensinar as crianças a ler com diferentes objetivos

é que, com o tempo, elas mesmas sejam capazes de se colocar objetivos de leitura

que lhes interessam e que sejam adequados”. (p.100).

Diante disso, comprovamos a relevância da leitura no processo de formação do

cidadão através de práticas leitoras fundamentadas na função da leitura na vida das

pessoas. Nessa vertente nos questionamos sobre o desenvolvimento das práticas

leitoras no espaço escolar por professores que embora afirmem que reconhecem a

leitura como instrumentos de libertação do homem revelam que a leitura não está

presente no seu dia a dia.

4.3.4 Processo de formação do leitor

Sobre essa questão, procuramos identificar a experiência pessoal dos professores,

com relação à leitura em sua vida, por entendermos que embora os professores

estejam a cada dia buscando aperfeiçoamento em cursos de graduação e pós-

graduação, acabam trazendo para as suas práticas vestígios de sua experiência

pessoal, enquanto leitor. Por isso indagou-se: Em relação à prática de leitura, como

foi a sua experiência pessoal, desde a infância até os cursos de formação?

O gostar de ler foi despertado pela minha mãe que comprava gibi e revista para minha irmã e eu, desde que aprendi a ler com 5 anos e até hoje continuo lendo e incentivando meus filhos e alunos para que leiam todos os dias. (P1) Foi no Ensino Fundamental que tive contato com os livros a partir daí que comecei a ler. (P2) Sempre gostei de ler. Lia tudo inclusive no tempo do Ensino Fundamental I e II, foi o período em que mais me relacionei que tive contato com uma boa leitura. (P3) Foi é muito ótima, pois comecei a ler muito cedo. (P4) Ótima, quando criança na minha casa todos gostavam de ler, eu recordo minha mãe lendo histórias (...) Minha paixão pela leitura acredito que despertou na minha infância no contato familiar, foi o que me ajudou no decorrer dos estudos. (P5)

Page 48: Monografia Cristina Pedagogia 2012

48

Notamos na argumentação de P1 e P5 que o processo de formação do leitor inicia-

se no aconchego do âmbito familiar e se processa em longo prazo com apoio e

incentivo da escola e dos professores. Vale reforçar que o espaço escolar deve

proporcionar a esses pequenos leitores em formação, leituras significativas que

despertem prazer e lembranças das primeiras leituras no espaço familiar. Dentro

deste ponto de vista Kleiman (2004) relata:

Devemos lembrar que, para a maioria, a leitura não é aquela atividade no aconchego do lar, no canto preferido, que nos permite nos isolarmos, sonhar, esquecer, entrar em outros mundos, e que tem suas primeiras associações nas estórias que a nossa mãe nos lia antes de dormir. Pelo contrário, para a maioria as primeiras lembranças dessa atividade são a cópia maçante, até a mão doer, de palavras da família do da, “Dói o dedo do Didu”; a procura cansativa, até os olhos arderem, das palavras com o dígrafo que deverá ser sublinhado naquele dia; a correria desesperada até o dono do bar que compra o jornal aos domingos, para a família achar as palavras com a letra J. Letras, sílabas, dígrafos, encontros consonantais, encontros vocálicos, “dificuldades” imaginadas e reais substituem o aconchego e o amor para essas crianças, entravando assim o caminho até o prazer. (p.16)

Nesse sentido, entendemos que o primeiro contato com a leitura, seja ela no contato

familiar ou na escola, como podemos evidenciar na fala de P2, deve proporcionar

impressões positivas sobre o mundo de possibilidades que é a leitura, caso contrário

o fracasso se instala na vida do aluno, e este se torna um não-leitor em formação.

Todo hábito entra na vida como um jogo que, por mobilizar emoções e inspirar prazer, exige repetição contínua e renovada. Por essas vias, chega-se, por certo, ao hábito da leitura literária, que permite a multiplicação do prazer, através da experiência sempre recomeçada de viver os sentidos do mundo em cada texto percorrido. (AGUIAR, 1993, p.27)

Dessa forma se evidencia a importância de despertar o gosto pela leitura, através de

práticas leitoras prazerosas, a partir de leituras que permitam a cada contato com o

texto uma nova experiência e desejo de continuar enxergando novas possibilidades

de transformação do seu meio social.

4.3.5 Práticas de leitura: o dia a dia da sala de aula

Com o objetivo de identificar as práticas dos professores do Ensino Fundamental I

da Escola Municipal de Andorinha frente a leitura em sala de aula, questionamos

Page 49: Monografia Cristina Pedagogia 2012

49

aos professores: Quais são as práticas de leitura utilizadas no dia a dia da sala de

aula?

A partir das falas dos professores conseguimos identificar as práticas de leitura que

estão presentes no dia a dia da sala de aula, onde apresentaremos em categorias.

4.3.5.1 Prática de leitura individual

Com relação às práticas de leitura desenvolvidas no dia a dia da sala de aula

deixam claro que:

Em sala de aula faço leitura individual, coletiva e roda de leitura. Vou a biblioteca com os alunos e ajudo a escolherem livros para a sua idade. (P1) Em sala de aula faço leitura individual, em grupo que ajuda o aluno a desenvolver a pronúncia de certas palavras, a pontuação entre outros. (P2)

Evidenciamos na fala de P1 que no dia a dia da sala de aula incentiva os alunos a

frequentarem a biblioteca, espaço propício ao desenvolvimento de futuros leitores,

além da apreensão de escolher livros que estejam de acordo com a idade dos

alunos. Sobre este ponto de vista Aguiar (1993) enfoca que “a idade do leitor

influencia seus interesses: a criança, o adolescente e o adulto têm preferência por

textos diferentes. Mesmo dentro de cada período da vida humana, esses interesses

modificam-se à medida que se dá o amadurecimento do indivíduo”. (p.19)

É interessante pontuar a fala de P2, pois deixa transparecer em sua afirmação, a

leitura como mera decodificação de palavras e como oportunidade de ensinar

gramática. Nessa vertente Antunes (2003) acrescenta:

Uma atividade de leitura centrada nas habilidades mecânicas de decodificação da escrita, sem dirigir, contudo, a aquisição de tais habilidades para a dimensão da interação verbal, quase sempre, nessas circunstâncias, não há leitura, porque não há “encontro” com ninguém do outro lado do texto. (p.27)

Com base nas afirmações de P1 e P2, constatamos que a prática de leitura

desenvolvida no espaço da sala de aula, principalmente, a leitura individual, que

Page 50: Monografia Cristina Pedagogia 2012

50

aparece nas duas falas, restringe-se, apenas, a decifração de palavras, através de

textos sem significado para a vida do aluno, dessa forma desassocia a principal

função da leitura, que é fazer com que os alunos desenvolvam habilidades de

integração e socialização na sociedade. É interessante pontuar, também, que essa

prática de leitura pode tornar o ato de ler uma obrigação, e é justamente aí que a

leitura perde o brilho e o processo de formação do aluno leitor começa a sucumbir.

4.3.5.2 Prática de leituras diversas

Tendo em vista a importância de práticas de leitura que abracem a diversidade de

possibilidades de adolescer o gosto dos alunos por leituras diversas, a fim de

contribuir para o desenvolvimento humano e transformar a sociedade, torna-se

relevante citar a fala de P3 e P4 com relação as suas práticas de leitura no dia a dia

da sala de aula:

Leitura de livros didáticos, livros infantis, produções textuais e revistas. (P3) Todos os dias meus alunos tem que ler, nem que seja uma frase, também utilizo livros, revistas, gibis, cada dia eles leem um texto diferente. (P4)

Queremos ressaltar na fala de P2 o uso do livro didático no dia a dia da sala de aula,

pois como abordamos na fundamentação teórica essa prática de leitura pode trazer

várias implicações para a formação do leitor. Segundo Kleiman (2004) “uma

consequência dessa atitude é a formação de um leitor passivo, que quando não

consegue construir o sentido do texto acomoda-se facilmente a essa situação”.

(p.19)

Apesar de um discurso amplo e bem fundamentado dos professores com relação à

concepção e a função da leitura na vida dos indivíduos, identificamos em suas falas

práticas de leitura que não permitem ao aluno desenvolver a capacidade de interagir

no mundo em que vivem. A utilização do livro didático ao invés de servir de elemento

que proporcione discussões, formação de idéias e tomada de posições frente aos

problemas sociais, simplesmente permitem ao aluno uma ação mecânica, pois

apresentam textos descontextualizados da realidade do aluno.

Page 51: Monografia Cristina Pedagogia 2012

51

Embora, é relevante pontuar que tanto na fala de P3 como na fala de P4, além do

livro didático utilizam livros infantis, revistas, gibis e afirmam trabalharem com

produções textuais, o que é verdadeiramente importante quando temos como

objetivo a formação do aluno leitor. Dentro dessa perspectiva Antunes (2003) afirma

que “fica evidente a pretensão quanto à diversidade de gêneros de textos que o

professor deve providenciar. É importante que o aluno, sistematicamente, seja

levado a perceber a multiplicidade de usos e de funções a que a língua se presta, na

variedade de situações em que acontece”. (p.118)

Sendo assim, cabe frisar a utilização de práticas de leitura voltadas para os

interesses e expectativas dos alunos, através de atividades significativas de leitura,

que proporcionem o desenvolvimento do senso crítico e a formação do cidadão que

se posiciona frente aos problemas e questões sociais. Vale ressaltar que as práticas

de leitura só terão sucesso se o professor for um eterno entusiasta e amante da

leitura.

4.3.5.3 Prática de leitura silenciosa

É evidente que a formação do aluno leitor está diretamente ligada as práticas dos

professores frente a leitura em sala de aula. Dessa forma analisaremos as falas de

P5 e P6:

Leitura silenciosa de textos diversos (narrativos, informativos etc) e interpretações orais e escritas. (P5) Roda de leitura, leitura silenciosa, leitura visual. (P6)

Notamos na fala de P5 e P6 a leitura silenciosa exemplificando algumas das

diferentes atividades que podemos fazer com a leitura, porém é relevante pontuar a

necessidade de selecionar textos para cada momento e objetivos que se deseja

alcançar, proporcionando, assim, uma leitura significativa. Com relação à leitura

silenciosa Solé (1998) enfatiza:

Os alunos não vão acreditar que ler – em silêncio, só para ler, sem ninguém lhes perguntar nada sobre o texto, nem solicitar nenhuma outra tarefa referente ao mesmo – tenha a mesma importância que trabalhar a leitura – ou qualquer outra coisa – se não virem o professor lendo ao mesmo tempo em que eles. É muito difícil que alguém que não sinta prazer com a leitura consiga transmiti-lo aos demais. (p.90)

Page 52: Monografia Cristina Pedagogia 2012

52

Assim, as práticas de leitura no dia a dia da sala de aula devem ser planejadas e

refletidas pelos professores, pois, sabemos que existem diversas situações de

leitura e umas são mais motivadoras do que outras, onde o aluno ler por prazer e a

para se libertar. Dessa forma é relevante citar Kleiman (2004) quando afirma:

As práticas desmotivadoras, perversas até, pelas consequências nefastas que trazem, provêm, basicamente, de concepções erradas sobre a natureza do texto e da leitura, e, portanto, da linguagem. Elas são práticas sustentadas por um entendimento limitado e incoerente do que seja ensinar português, entendimento este tradicionalmente legitimado tanto dentro como fora da escola. É dessa legitimidade que se deriva um dos aspectos mais nefastos das práticas limitadoras: elas são perpetuadas não só dentro da escola, o que seria de se esperar, mas também funcionam como o mecanismo mais poderoso para a exclusão fora da escola. (p.16)

Como se pode verificar, as práticas de leitura identificadas no dia a dia da sala de

aula, ainda, são muito empobrecedoras e está distante de formar o aluno leitor, pois

as práticas dos professores estão baseadas em atividades de decodificação, uma

vez que em nada interferem na visão de mundo do aluno. Outra questão que

interfere diretamente na formação do aluno leitor é o silêncio do professor quando

solicitado a falar sobre suas práticas, pois, muitos se mantiveram calados, o que nos

leva a concluir que a leitura é deixada a segundo plano no dia a dia da sala de aula,

ocasionando o fracasso da escola quanto à formação de leitores.

Identificamos na argumentação dos professores um distanciamento entre a teoria e

a prática, já que percebemos em suas falas práticas de leitura que valorizam a

decodificação de mensagens escritas e o ensino da gramática através de frases e

textos sem sentido. Contudo a leitura é bem mais abrangente, pois proporciona a

integração do indivíduo na sociedade permitindo-lhe posicionar-se de maneira crítica

diante da realidade. Dentro dessa perspectiva Zilberman (1993) afirma que “ler não

é, então, apenas decodificar palavras, mas converte-se num processo compreensivo

que deve chegar às idéias centrais, às inferências, à descoberta dos pormenores, às

conclusões” (p.26).

Diante desses fatos podemos concluir que muito ainda tem por se fazer para a

escola conseguir formar uma sociedade de leitores, pois as práticas de leitura

desenvolvidas pelos professores em salas de aula apresentam uma visão

reducionista e limitada de leitura, evidenciando, assim, o grande entrave que precisa

Page 53: Monografia Cristina Pedagogia 2012

53

ser superado pela escola para fazer com que a leitura seja ação e transformação na

vida das pessoas, apesar dessas constatações, acreditamos no importante papel e

na força que o professor tem como mediador de conhecimentos e na formação do

aluno leitor.

Page 54: Monografia Cristina Pedagogia 2012

54

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo apresenta-nos dados sobre as práticas dos professores do Ensino

Fundamenta I da Escola Municipal de Andorinha frente a leitura em sala de aula.

Tendo como título, Leitura Ação: A prática dos professores na formação do aluno

leitor. A escolha por essa temática foi exatamente por acreditar no poder de

transformação da leitura na vida dos indivíduos.

A partir das informações coletadas podemos constatar que embora haja o

reconhecimento da leitura como oportunidade de integração e socialização do

indivíduo na sociedade, muito ainda tem pra ser feito pela escola no processo de

formação de leitores.

Notamos a partir da análise e interpretação dos dados coletados no questionário

contradição nas falas dos professores. Pois ao mesmo tempo em que afirmam

compreenderem a leitura como uma oportunidade de libertação dos indivíduos,

desenvolvem práticas de leitura que não proporcionam a formação do aluno leitor,

devido ao apego ao livro didático e atividades de leitura que visam, simplesmente,

ao ensino da gramática descontextualizada e a decodificação de palavras.

Percebemos que os professores possuem relevante experiência na carreira como

docente e uma significativa parte estão buscando aperfeiçoamento em cursos de

graduação, embora evidenciamos que a teoria encontrada no percurso dos cursos

necessita caminhar junto com a prática desenvolvida em sala de aula no processo

de ensino aprendizagem.

Tendo em vista o processo de formação de leitores como um caminho longo e

gradativo, que necessita do apoio e incentivo da família, como base para despertar o

gosto pela leitura e a escola, como um espaço de continuação e ampliação dessa

comunidade de leitores, percebemos o real valor da figura de um adulto leitor no

Page 55: Monografia Cristina Pedagogia 2012

55

incentivo de futuros leitores, que se não está no âmbito familiar é urgente a presença

do professor que fale de leitura com prazer e paixão.

É relevante frisar que mesmo o professor buscando aperfeiçoamento em cursos de

formação, infelizmente, ainda, deixa transparecer em suas práticas de leitura em

sala de aula, ranços que trazem do passado de sua formação escolar, enquanto

leitor.

Portanto, faz-se necessário que o professor como agente de mudanças e formador

de sujeitos ativos e participativos, desenvolva atividades de leitura diversificadas

com objetivos de leitura variados, a fim de proporcionar nos alunos a escolha de

seus próprios objetivos com relação à leitura.

Certamente, a utilização de práticas de leitura que objetivam a formação do cidadão

que lê, por entender que esse é o caminho da libertação dos indivíduos, far-se-á

mediante o reconhecimento do educador como agente de transformação social, em

contraposição o desenvolvimento de práticas de leitura no âmbito da sala de aula

estará alienando os indivíduos.

Diante de tais constatações, salientamos o caminho árduo da escola respaldado por

professores leitores que fazem uso de práticas de leitura que abranjam a diversidade

de gêneros textuais venham a promover nos alunos o reconhecimento do valor da

leitura em suas vidas. Dessa forma estaremos formando cidadãos críticos, capazes

de interagirem na sociedade como sujeitos ativos e participativos.

Por fim, acreditamos que este trabalho levantou uma experiência enriquecedora

para o meio acadêmico, e em especial, para a minha formação enquanto pedagoga,

pois possibilitou uma reflexão sobre a contribuição das práticas leitoras na formação

do aluno leitor. Com isso percebemos o quanto a leitura proporciona mudanças em

nosso pensar e agir sobre os problemas que afligem a nossa sociedade.

Page 56: Monografia Cristina Pedagogia 2012

56

REFERÊNCIAS

ABAURRE, Maria Bernadete. Avaliação de cartilhas e livros didáticos: perguntas a formular. Leitura: teoria & prática Campinas, 1998. ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil: gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, 1997. AGUIAR, Vera Teixeira de. Literatura: a formação do leitor: alternativas metodológicas. 2ª ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993. ALMEIDA, Geraldo Peçanha de. A produção de texto nas séries iniciais: desenvolvendo as competências da escrita. Rio de Janeiro: Wak, 2005. ANDRADE, Maria Margarida. Introdução a Metodologia do Trabalho Científico. 8ª ed. São Paulo: Atlas, 1999. ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro e interação. São Paulo: Parábola Editorial, 2003. BAMBERGER, Richard. Como incentivar o hábito da leitura. 7 ed. Ática, São Paulo, 2005. BETENCOURT, M. F. A. A leitura na vida do professor. Passo Fundo: Universidade de Passo Fundo, 2000. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa. Brasília, V 2, 1997, 144 p. BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da Educação – Lei 9.394/96. 10 º Edição. Rio de Janeiro; DP&A, 2006. CAGLIARI, Luís Carlos. Alfabetização sem o bá – bé – bi – bó – bu. São Paulo: Scipione, 1999. CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino; SILVA, Roberto. Metodologia científica. 6ª ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall. 2007. CHALITA, Gabriel. Educação: a solução está no afeto- São Paulo: Editora Gente, 1999. CUNHA, Maria Isabel da. O bom professor e sua prática. Campinas, São Paulo: Papirus, (1994). DEMO, Pedro. Leitores para sempre. Porto Alegre, Mediação, 2006.

Page 57: Monografia Cristina Pedagogia 2012

57

EVANGELISTA, Aracy Alves M. A escolarização da leitura literária: o jogo do livro infantil e juvenil. Belo Horizonte: Autêntica, 1999. FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 28ª ed. São Paulo: Cortez, 2003. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa. 29ª ed. São Paulo. Paz e Terra, 1996. GADOTTI, Moacir. Educação e poder: introdução à pedagogia do conflito. São Paulo: Cortez, 1991. GRESSLER, L. A. Pesquisa Educacional. 3ª ed. São Paulo: Loyola, 1989. KLEIMAN, Angela. Oficina de Leitura: Teoria e Prática. 10ª ed. Campinas, São Paulo: Pontes, 2004. LAJOLO, Mariza. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo. Ática, 2002. LERNER, Délia. Ler e escrever na Escola: O Real, o Possível e o Necessário. Porto Alegre: Artmed, 2002. LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos, para quê? 4ª ed. São Paulo, Cortez, 2001. LUDKE, Menga. ANDRÉ, Marli EBA. Pesquisa em Educação: Abordagem Qualitativa. São Paulo: EPU, 1986. MARIA, Luzia de. Leitura e colheita-livros, leitura e formação de leitores. São Paulo, Vozes-2002. MARTINS, Maria Helena. “O que é Leitura”. Coleção Primeiros Passos, São Paulo: Brasiliense, 2004. MENEGOLA, Maximiliano: E agora escola? 2ª ed. Petrópolis. RJ. Vozes.1989.

REZENDE. Vânia Maria. Literatura Infantil e Juvenil. Vivências de leitura e expressão criadora. Saraiva, 1993. RODRIGUES, Auro de Jesus. Metodologia Científica. São Paulo: Avercamp, 2006. SACRISTAN, Gimeno. GOMEZ, Angel I. Perez. Compreender e transformar o ensino. 4ª ed. Artmed,1998. SANTOS, Boaventura de Souza. Um discurso sobre as ciências. São Paulo: Cortez, 2003. SILVA, E. T. Magistério e mediocridade. 3. ed. São Paulo: Cortez, 1996.

Page 58: Monografia Cristina Pedagogia 2012

58

SILVA, Ezequiel Theodoro da. Leitura na escola e na biblioteca. Campinas: Papirus,1986. SOLÉ, Isabel. Estratégias de Leitura. 6ª ed. Porto Alegre: Artmed, 1998. TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo Silva. Introdução à Pesquisa em Ciências Sociais: A Pesquisa Qualitativa em Educação. São Paulo: Átalas, 1987. YUNES, Eliana (org.) Pensar a Leitura: complexidade, Rio de Janeiro: Edições Loyola, 2002. _______, Eliana. Pelo Avesso: A leitura e o leitor. Curitiba, Editora da UFPR, 1995. ZILBERMAN, Regina. Leitura em crise na escola: as alternativas do professor. 11ªed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993.

Page 59: Monografia Cristina Pedagogia 2012

59

APÊNDICE

Page 60: Monografia Cristina Pedagogia 2012

60

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS – VII

SENHOR DO BONFIM

Este questionário fechado e questionário aberto servem de subsídios para a análise de

dados do TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) de Pedagogia, os quais argumentarão

sobre os objetivos propostos dentro do tema-Leitura Ação: A prática dos professores na

formação do aluno leitor. A identificação dos sujeitos será mantida em absoluto sigilo, e

desde já agradecemos pela sua participação.

Questionário Fechado

Perfil socioeconômico dos docentes

1º) Faixa etária:

( ) 20-25 anos

( ) 25-30 anos

( ) 30-35 anos

( ) mais de 40 anos

2º) Gênero:

( ) Masculino ( ) Feminino

3º) Formação Profissional:

( ) Magistério

( ) Superior Incompleto

( ) Superior Completo

( ) Pós - graduada

Page 61: Monografia Cristina Pedagogia 2012

0

4º) Experiência profissional como docente:

( ) 1 a 5 anos ( ) 5 a 10 anos ( ) acima de 10 anos

5º) Experiência profissional no Ensino Fundamental I:

( ) 1 a 5 anos ( ) 5 a 10 anos ( ) acima de 10 anos

Perfil dos docentes enquanto leitores e incentivadores da leitura

6º) Quantos livros você lê durante o ano?

( ) Um livro ( ) No máximo dois livros ( ) Entre três e cinco livros

( ) Entre seis e oito livros ( ) Mais de oito livros

7º) Qual o tipo de livro que você mais lê?

( ) Livros didáticos ( ) Livros de auto-ajuda

( ) Romances ( ) Outros. Qual?_____________________

8º) Qual a sua principal fonte de informação ?

( ) Jornais ( ) TV ( ) Internet ( ) Revistas

( ) Rádio ( ) Outros. Qual?_____________________

9º) Com que frequência você proporciona atividades ou situações que envolvam

leitura na sala de aula ?

( ) Diariamente ( ) De 1 a 3 vezes por semana

( ) Outras. Quais?______________________

10º) Qual a nota que você daria para o envolvimento da sua turma nas atividades ou

situações que envolvam leitura?

( ) De 1 a 3 ( ) De 4 a 6 ( ) De 7 a 10

Page 62: Monografia Cristina Pedagogia 2012

1

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS – VII

SENHOR DO BONFIM

Este questionário fechado e questionário aberto servem de subsídios para a análise de

dados do TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) de Pedagogia, os quais

argumentarão sobre os objetivos propostos dentro do tema-Leitura Ação: A prática dos

professores na formação do aluno leitor. A identificação dos sujeitos será mantida em

absoluto sigilo, e desde já agradecemos pela sua participação.

Questionário aberto

1º) Você gosta de ler?

2º) Na sua opinião o que é ler?

3º) Qual a sua concepção de leitura?

4º) No seu ponto de vista para que serve a leitura?

5º) Em relação a prática de leitura, como foi a sua experiência pessoal, desde a

infância até os cursos de formação?

6º) No cotidiano escolar do Ensino Fundamental I qual o valor atribuído á

leitura?

7º) Tendo em vista o Ensino Fundamental I como uma preparação para uma

continuidade dos estudos, qual a finalidade da leitura nesse segmento da

educação?

8º) A prática pedagógica voltada para a leitura no Ensino Fundamental I é

satisfatória?

9º) Quais são as práticas de leitura utilizadas no dia a dia da sala de aula?

10º) Na sua opinião a leitura pode contribuir para o desenvolvimento social e

intelectual, bem como interferir no futuro dos discentes?