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MINISTÉRIO DA SAÚDE
MONOGRAFIA DA ESPÉCIE Harpagophytum procumbens DC. ex
Meissn. (“GARRA-DO-DIABO”)
Organização: Ministério da Saúde e Anvisa
Fonte do Recurso: Ação 20K5 (DAF/ SCTIE/ MS)/2012
Brasília
2015
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Harpagophytum procumbens .................................................................................. 10
Figura 2 – Distribuição de Harpagophytum procumbens, Harpagophytum zeyheri e de suas
sub-espécies .............................................................................................................................. 11
Figura 3 – Estrutura das raízes escavadas de H. procumbens .................................................. 12
Figura 4 – Droga vegetal de H. procumbens em forma de leques (à esquerda) e discos (à
direita) ....................................................................................................................................... 13
Figura 5 – Cromatograma obtido por CCDAE da solução metanólica dos grânulos da
superfície da droga vegetal de H. procumbens ......................................................................... 14
Figura 6 – Ilustração das características microscópicas observadas no pó da droga vegetal de
H. procumbens .......................................................................................................................... 17
Figura 7 – Diferenciação morfológica entre H. procumbens e seu possível adulterante H.
zeyheri ....................................................................................................................................... 18
Figura 8 – Diferenciação macroscópica entre as raízes de H. procumbens e seus possíveis
adulterantes ............................................................................................................................... 19
Figura 9 – Cromatograma por CLAE a 278 nm dos harpagosídeos iridóides e outros
compostos de H. procumbens ................................................................................................... 34
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Condições cromatográficas utilizadas nos testes de identificação da droga vegetal
de H. procumbens por cromatografia em camada delgada (CCD). .......................................... 25
Quadro 2 – Estrutura química dos principais iridóides glicosilados descritos nas raízes da
espécie H. procumbens ............................................................................................................. 26
Quadro 3 – Condições cromatográficas utilizadas para análise qualitativa e/ou quantitativa da
droga vegetal de H. procumbens por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) .......... 30
Quadro 4 – Condições cromatográficas utilizadas para análise qualitativa e/ou quantitativa de
derivados e formas farmacêuticas de H. procumbens por cromatografia líquida de alta
eficiência (CLAE)..................................................................................................................... 35
Quadro 5 – Características de H. procumbens no anexo da RDC 10/2010 .............................. 40
Quadro 6 – Características de H. procumbens constante na IN 02/2014 ................................. 40
Quadro 7 – Estudos de toxicologia aguda in vivo da espécie H. procumbens ......................... 42
Quadro 8 – Estudos de toxicologia subcrônica in vivo da espécie H. procumbens .................. 45
Quadro 9 – Estudos de toxicologia subcrônica in vivo da espécie H. procumbens .................. 46
Quadro 10 – Estudos in vitro de atividade farmacológica pré-clínica da espécie H.
procumbens.. ............................................................................................................................. 65
Quadro 11 – Estudos in vivo de atividade farmacológica pré-clínica da espécie H.
procumbens. .............................................................................................................................. 84
Quadro 12 – Estudos ex vivo de atividade farmacológica pré-clínica da espécie H.
procumbens. .............................................................................................................................. 93
Quadro 13 – Estudos clínicos de Fase I realizados com H. procumbens. .............................. 100
Quadro 14 – Estudos clínicos de Fase II realizados com H. procumbens. ............................. 106
Quadro 15 – Estudos clínicos de Fase III realizados com H. procumbens. ........................... 109
Quadro 16 – Estudos clínicos de Fase IV realizados com H. procumbens. ........................... 111
Quadro 17 – Estudos observacionais realizados com H. procumbens. .................................. 116
Quadro 18 – Medicamentos fitoterápicos registrados na ANVISA com o nome do princípio
ativo Harpagophytum procumbens DC. ................................................................................. 125
Quadro 19 – Medicamentos fitoterápicos registrados na ANVISA com o nome do princípio
ativo Harpagophytum procumbens (Burch) DC. EX Meissn................................................. 125
Quadro 20 – Depósito de patente para a espécie H. procumbens no INPI ............................. 127
Quadro 21 – Principais depósitos de patente para a espécie H. procumbens no European
Patent Office ........................................................................................................................... 129
ABREVIATURAS
AAS Ácido acetilsalicílico
ADP Adenosina difosfato
AINE Anti-inflamatório não-esteoroidal
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
BCL Biculina
cDNA DNA complementar
CCD Cromatografia em Camada Delgada
CCDAE Cromatografia em Camada Delgada de Alta Eficiência
CHO Células de ovário de hamster chinês
CLAE Cromatografia Líquida de Alta Eficiência
CLAE-DAD Cromatografia Líquida de Alta Eficiência com Detector de Arranjo de
diodos
CLAE-IES-EM Cromatografia Líquida de Alta Eficiência Acoplada a Espectrometria de
Massas
CLAE-UV Cromatografia Líquida de Alta Eficiência com Detecção no Ultra-
violeta
CL-EM Cromatografia Líquida acoplada a Escpectrometria de Massas
Cmax Pico de concentração plasmática
COX-1 Ciclooxigenase-1
COX-2 Ciclooxigenase-2
DL50 Dose letal mediana
DMSO Dimetilsufóxido
DNA Ácido desoxirribonucleico
DPPH 2,2-difenil-1-picril-hidrazila
EA Eventos adversos
EC50 Concentração efetiva mediana
ERK Proteína quinase regulada por sinal extracelular
IC50 Concentração inibitória mediana
IG Infusão intragástrica
IL-1β Interleucina-1β
IL-6 Interleucina-6
IL-8 Interlecuina-8
iNOS Óxido nítrico sintetase indúzivel
INPI Insituto Nacional de Propriedade Intelectual
LPS Lipopolissacarídeo bacteriano
MBC Concentração mínima bactericida
MCF10A Células de câncer de mama 10A
MIC Concentração mínima inibitória
MPO Mieloperoxidase
mRNA RNA mensageiro
MTT 3-(4,5-dimetiltiazol-2il)-2,5-difenil brometo de tetrazolina
NF-κB Fator nuclear κB
NO Óxido nítrico
OMS Organização Mundial de Saúde
PCT Picrotoxina
PEG Polietilenoglicol
PGE2 Prostaglandina E2
PMA Forbol 12-miristato 13-acetato
PRP Plasma rico em plaquetas
PTZ Pentilenotetrazol
PXR Receptor pregnano X
r2 Coeficiente de determinação
Rf Fator de retenção
RMN Ressonância nuclear magnética
RT-PCR Reação em cadeia da polimerase em tempo real
t1/2 Tempo de meia-vida plasmática
t-BHP Tert-butil hidroperóxido
TGI Trato gastrointestinal
TLR-4 Receptor toll-like 4
TNF-α Fator de necrose tumoral α
TPA 12-O-tetradecanoilforbol-13-acetato
tR Tempo de retenção
TXA2 Tromboxano A2
UV Ultravioleta
VAS Escala analógica visual
V.O. Via oral
V.T. Via tópica
WOMAC Western Ontario and McMaster Universities Arthritis Index
5-LO 5-lipoxigenase
SUMÁRIO
1 IDENTIFICAÇÃO .................................................................................................................. 9
1.1 NOMENCLATURA BOTÂNICA ................................................................................... 9
1.2 SINONÍMIA BOTÂNICA ............................................................................................... 9
1.3 FAMÍLIA ......................................................................................................................... 9
1.4 FOTO DA PLANTA ...................................................................................................... 10
1.5 NOMENCLATURA POPULAR ................................................................................... 10
1.6 DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA ................................................................................. 10
1.7 OUTRAS ESPÉCIES CORRELATAS DO GÊNERO, NATIVAS OU EXÓTICAS
ADAPTADAS ...................................................................................................................... 11
2 INFORMAÇOES BOTÂNICAS ........................................................................................... 12
2.1 PARTE UTILIZADA / ÓRGÃO VEGETAL ................................................................ 12
2.2 DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA DA PARTE DA PLANTA UTILIZADA .............. 13
2.3 DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA DA PARTE DA PLANTA UTILIZADA ................ 14
2.4 INFORMAÇÕES SOBRE POSSÍVEIS ESPÉCIES VEGETAIS SIMILARES QUE
POSSAM SER UTILIZADAS COMO ADULTERANTES ............................................... 18
3 INFORMAÇÕES DE CONTROLE DE QUALIDADE ....................................................... 20
3.1 ESPÉCIE VEGETAL / DROGA VEGETAL ................................................................ 20
3.1.1 Caracteres organolépticos ........................................................................................ 20
3.1.2 Requisitos de pureza ................................................................................................ 20
3.1.2.1 Perfil de contaminantes comuns ....................................................................... 20
3.1.2.2 Microbiológico ................................................................................................. 21
3.1.2.3 Teor de umidade ............................................................................................... 21
3.1.2.4 Metal pesado ..................................................................................................... 21
3.1.2.5 Resíduos químicos ............................................................................................ 21
3.1.2.6 Cinzas ............................................................................................................... 21
3.1.3 Granulometria .......................................................................................................... 22
3.1.4 Prospecção fitoquímica............................................................................................ 23
3.1.5 Testes físico-químicos ............................................................................................. 23
3.1.6 Testes de identificação ............................................................................................ 23
3.1.7 Testes de quantificação ............................................................................................ 26
3.1.7.1 Componentes químicos e suas concentrações: descritos e majoritários, ativos
ou não ........................................................................................................................... 26
3.1.8 Outras informações úteis para o controle de qualidade ........................................... 31
3.2 DERIVADO VEGETAL ................................................................................................ 31
3.2.1 Descrição ................................................................................................................. 31
3.2.2 Método de obtenção................................................................................................. 31
3.2.3 Caracteres organolépticos ........................................................................................ 32
3.2.4 Requisitos de pureza ................................................................................................ 32
3.2.4.1 Perfil de contaminantes comuns ....................................................................... 32
3.2.4.2 Microbiológico ................................................................................................. 32
3.2.4.3 Teor de umidade ............................................................................................... 32
3.2.4.4 Metal pesado ..................................................................................................... 32
3.2.4.5 Resíduos químicos ............................................................................................ 32
3.2.5 Testes físico-químicos ............................................................................................. 33
3.2.6 Prospecção fitoquímica............................................................................................ 33
3.2.7 Testes de identificação ............................................................................................ 33
3.2.8 Testes de quantificação ............................................................................................ 36
3.2.8.1 Componentes químicos e suas concentrações: descritos e majoritários, ativos
ou não ........................................................................................................................... 36
3.3 PRODUTO FINAL ........................................................................................................ 37
3.3.1 Forma farmacêutica ................................................................................................. 37
3.3.2 Testes específicos por forma farmacêutica .............................................................. 37
3.3.3 Requisitos de pureza ................................................................................................ 37
3.3.4 Resíduos químicos ................................................................................................... 38
3.3.5 Prospecção fitoquímica............................................................................................ 38
3.3.6 Testes de identificação ............................................................................................ 38
3.3.7 Testes de quantificação ............................................................................................ 38
3.3.7.1 Componentes químicos e suas concentrações: descritos e majoritários, ativos
ou não ........................................................................................................................... 38
4 INFORMAÇÕES DE SEGURANÇA E EFICÁCIA ............................................................ 39
4.1 USOS POPULARES E/OU TRADICIONAIS .............................................................. 39
4.2 PRESENÇA EM NORMATIVAS SANITÁRIAS BRASILEIRAS ............................. 39
4.3 ESTUDOS NÃO-CLÍNICOS ......................................................................................... 41
4.3.1 Estudos toxicológicos .............................................................................................. 41
4.3.1.1 Toxicidade aguda .............................................................................................. 41
4.3.1.2 Toxicidade subcrônica ...................................................................................... 43
4.3.1.3 Toxicidade crônica ........................................................................................... 46
4.3.1.4 Genotoxicidade ................................................................................................. 47
4.3.1.5 Sensibilização dérmica ..................................................................................... 47
4.3.1.6 Irritação cutânea ............................................................................................... 47
4.3.1.7 Irritação ocular .................................................................................................. 47
4.3.1.8 Toxicidade reprodutiva ..................................................................................... 47
4.3.2 Estudos farmacológicos ........................................................................................... 48
4.3.2.1 Ensaios in vitro ................................................................................................. 48
4.3.2.2 Ensaios in vivo ................................................................................................. 69
4.3.2.2.1 Atividade anti-inflamatória e analgésica .................................................... 85
4.3.2.2.2 Outras atividades ......................................................................................... 87 4.3.2.3 Ensaios ex vivo ................................................................................................. 88
4.4 ESTUDOS CLÍNICOS ................................................................................................... 95 4.4.1 Fase I ....................................................................................................................... 99 4.4.2 Fase II .................................................................................................................... 102
4.4.3 Fase III ................................................................................................................... 107 4.4.4 Fase IV ................................................................................................................... 110 4.4.5 Estudos observacionais .......................................................................................... 111
4.5 RESUMO DAS AÇÕES E INDICAÇÕES POR DERIVADO DE DROGA
ESTUDADO ....................................................................................................................... 117
4.5.1 Vias de Administração .......................................................................................... 119 4.5.2 Dose Diária ............................................................................................................ 119
4.5.3 Posologia (Dose e Intervalo) ................................................................................. 119 4.5.4 Período de Utilização............................................................................................. 120 4.5.5 Contra Indicações .................................................................................................. 120 4.5.6 Grupos de Risco .................................................................................................... 121 4.5.7 Precauções de Uso ................................................................................................. 121 4.5.8 Efeitos Adversos Relatados ................................................................................... 121 4.5.9 Interações Medicamentosas ................................................................................... 122
4.5.9.1 Descritas ......................................................................................................... 122
4.5.9.2 Potenciais ........................................................................................................ 122 4.5.10 Informações de Superdosagem ............................................................................ 123
4.5.10.1 Descrição do quadro clínico ......................................................................... 123 4.5.10.2 Ações a serem tomadas................................................................................. 123
5 INFORMAÇÕES GERAIS ................................................................................................. 123
5.1 FORMAS FARMACÊUTICAS /FORMULAÇÕES DESCRITAS NA LITERATURA
............................................................................................................................................ 123 5.2 PRODUTOS REGISTRADOS NA ANVISA E OUTRAS AGÊNCIAS
REGULADORAS .............................................................................................................. 124 5.3 EMBALAGEM E ARMAZENAMENTO ................................................................... 126
5.4 ROTULAGEM ............................................................................................................. 126 5.5 MONOGRAFIAS EM COMPÊNDIOS OFICIAIS E NÃO OFICIAIS ...................... 126 5.6 PATENTES SOLICITADAS PARA A ESPÉCIE VEGETAL ................................... 127
5.7 DIVERSOS ................................................................................................................... 129 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 131
9
1 IDENTIFICAÇÃO
1.1 NOMENCLATURA BOTÂNICA
A nomenclatura botânica aceita para a espécie é Harpagophytum procumbens DC. e/ou
Harpagophytum procumbens DC. ex Meisn (1-5).
1.2 SINONÍMIA BOTÂNICA
Nas principais bases de dados de informações e nomenclatura botânica não foram
detectados sinônimos botânicos para a espécie (1, 5). Porém, a espécie H. procumbens é
composta de duas sub-espécies: Harpagophytum procumbens subsp. procumbens DC. Ex
Meisn e Harpagophytum procumbens subsp. transvaalense Ihlenf. & H. Hartmann (5-6).
1.3 FAMÍLIA
Pedaliaceae (1, 5).
10
1.4 FOTO DA PLANTA
Figura 1 – Harpagophytum procumbens A: aspecto geral da planta. B: detalhe do fruto, que é provido de
barbas semelhantes a garras, o que inclusive dá o nome popular da espécie (“garra-do-diabo”). Fonte: adaptado
da referência (7).
1.5 NOMENCLATURA POPULAR
No Brasil, a espécie H. procumbens é conhecida popularmente como “garra-do-diabo”
e/ou “unha-do-diabo”, nomes dados em função do aspecto ramoso e lenhoso do fruto, provido
de barbas semelhantes a garras (Figura 1) (8-9). A raíz da espécie é comumente
comercializada sob o nome farmacêutico de Harpagophyti radix (6).
1.6 DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
H. procumbens é uma planta herbácea perene originária do deserto de Kalahri, das
estepes da Namíbia, Botswana e África do Sul, não sendo, portanto, uma planta nativa do
11
Brasil. Além disso, não são encontrados relatos de ocorrência da espécie no Brasil (8, 10). A
espécie ocorre entre as latitutes 15 e 30º em Namibia, Botswana, África do Sul, Angola e, em
menor proporção, em Zambia, Zimbabwe e Mozambique (Figura 2) (6). A planta cresce
tipicamente em áreas de baixa precipitação anual (150-500 mm/ano) tais como solos arenos
vermelhos do Deserto de Kalahari. A abundância e a visibilidade da planta dependem
fortemente da precipitação. A espécie é mais abundante em áreas abertas e desgastadas, já que
não compete bem com gramíneas e tem uma distribuição agregada (6, 9).
Figura 2 – Distribuição de Harpagophytum procumbens, Harpagophytum zeyheri e de suas sub-espécies. 1 -
H. procumbens subsp. procumbens; 2 - H. procumbens subsp. transvaalense; 3 - H. zeyheri subsp. zeyheri; 4 - H.
zeyheri subsp. schijffii; 5 - H. zeyheri spp. sublobatum. Fonte: adaptado da referência (9).
1.7 OUTRAS ESPÉCIES CORRELATAS DO GÊNERO, NATIVAS OU EXÓTICAS
ADAPTADAS
“Garra-do-diabo” é um nome comum a duas espécies do gênero Harpagophytum:
Harpagophytum procumbens e Harpagophytum zeyheri (6). H. procumbens é composta de
duas subspécies: Harpagophytum procumbens subsp. procumbens DC. Ex Meisn e
Harpagophytum procumbens subsp. transvaalense Ihlenf. & H. Hartmann. H. zeyheri é
12
composta de três subspecies: Harpagophytum zeyheri Decne. subsp. zeyheri, Harpagophytum
zeyheri subsp. schijffii Ihlenf. & H. Hartm. e Harpagophytum zeyheri subsp. sublobatum
(Engl.) Ihlenf. & H. Hartm.
2 INFORMAÇOES BOTÂNICAS
2.1 PARTE UTILIZADA / ÓRGÃO VEGETAL
Apesar do nome popular da planta ser derivado da aparência dos frutos, as
propriedades medicinais são derivadas das raízes secundárias (6, 9, 11). As raízes são cortadas
em secções e subsequentemente secas antes de serem utilizadas terapeuticamente (8). O
farmacógeno da espécie H. procumbens é, mais especificamente, as raízes tuberosas
secundárias (Figura 3), secas e cortadas (3, 6, 8-9, 11-13). As raízes tuberosas secundárias de
H. procumbens contêm aproximadamente duas vezes maior quantidade de harpagosídeo que a
raiz primária (14).
Figura 3 – Estrutura das raízes escavadas de H. procumbens. Fonte: adaptado da referência (6).
13
2.2 DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA DA PARTE DA PLANTA UTILIZADA
As raízes primárias apresentam profundidade no solo de até 2 metros, juntamente com
as raízes secundárias, espalhando-se até 1,5 metros sobre todos os lados, o que favorece a
conservação de água (15). As raízes tuberosas secundárias são grossas, de 6 até 20 cm de
comprimento, com diâmetro de 6 cm e pesam até 500 g (16).
A droga vegetal consiste em fatias em formato de discos ou leques (Figura 4) com 2-4
cm e, por vezes, até 6 cm de diâmetro, com 2-5 mm de espessura, de coloração marrom
acinzentado a marrom escuro. As superfícies externas são mais escuras e apresentam rugas
longitudinais tortuosas. A superfície cortada, de coloração mais pálida, apresenta uma região
escura e feixes de xilema visivelmente alinhados radialmente. O cilindro central apresenta
estrias concêntricas. Visto sob uma lente, a superfície de corte apresenta grânulos de
coloração amarela a vermelho-amarrozada, longitudinalmente enrugados (3). Tais grânulos,
quando observados com o auxílio de um estereomicroscópio (x40), aparecem como uma
superfície brilhante de cor castanho-avermelhada ou com uma granulação fina amarelo-pálida
(17). Tais grânulos que podem ser retirados da superfície da droga vegetal são parcialmente
solúveis em metanol e a sua solução metanólica fornece um espectro de ultravioleta (UV)
com absorbância máxima em 280 nm (17). No cromatograma da solução metanólica obtido
por Cromatografia em Camada Delgada de Alta Eficiência (CCDAE) (Figura 5) em gel de
sílica 60, utilizando como fase móvel: acetato de etila: metanol: água (75:15:8, v/v/v), podem
ser observadas duas manchas, correspondentes ao harpagosídeo e harpagida (17).
Figura 4 – Droga vegetal de H. procumbens em forma de leques (à esquerda) e discos (à direita). Fonte:
adaptado da referência (17).
14
Figura 5 – Cromatograma obtido por CCDAE da solução metanólica dos grânulos da superfície da droga
vegetal de H. procumbens. 1 - Harpagosídeo, 2 - harpagida, 3 - solução metanólica de material granular
superficial de H. procumbens menos concentrado, 4 - solução metanólica de material granular superficial de H.
procumbens mais concentrado. Fonte: adaptado da referência (17).
Segundo a descrição constante na British Herbal Pharmacopoeia (1996) (18), as raízes
são cortadas transversalmente na forma de discos, alguns pedaços apresentam-se na forma de
leque, com até 6 cm de diâmetro e aproximadamente 0,5 mm de espessura. A coloração da
superfície externa varia de amarelo a marrom escuro, com estriações longitudinais. O xilema é
irradiado, concêntrico, de coloração cinza claro amorronzado, podendo apresentar cavidades.
Apresenta fratura curta, odor fraco e sabor fortemente amargo e adstringente. Visualizado sob
lentes, a superfície cortada apresenta grânulos de coloração de amarelo a marrom escuro (18).
Um estudo botânico e químico foi conduzido visando a obtenção de ferramentas de
diagnóstico padrão para a drogas vegetais de H. procumbens, no qual foram observados os
caracteres descritos a seguir. A droga vegetal é composta de raízes secundárias tuberizadas
cortadas e secas de H. procumbens. A coloração varia de cinza amarronzada a marrom. As
raízes consistem de pedaços cortados finos em forma de discos ou de leques. A superfície
externa, escura, é atravessada por rugas longitudinais tortuosas. O cilindro central apresenta
finas estriações concêntricas. Visto sob lentes, a superfície cortada apresenta grânulos de
coloração amarela a vermelho-amarronzada (19).
2.3 DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA DA PARTE DA PLANTA UTILIZADA
Algumas monografias são encontradas para a espécie H. procumbens descrevendo
suas características microscópicas.
15
Na monografia da Organização Mundial da Saúde (OMS) (2007) (3) é descrito que a
droga vegetal apresenta, microscopicamente, várias linhas de células de cortiça grandes, com
paredes finas frequentemente com conteúdos marrom-amarelados. O córtex parenquimático
apresenta esclereídos muito ocasionais, com conteúdo marrom-avermelhado e o xilema é
disposto em anéis concêntricos. Os vasos são reticularmente espessados, alguns com
perfurações arredondadas nas paredes terminais (traqueídeos). É descrita a abundante
presença de células parenquimáticas lignificadas associada com os vasos e na pequena medula
central (3). Descrição semelhante é encontrada na Farmacopeia Europeia (2000) (4).
Foi observado, por meio de exame microscópio, que a superfície mais pálida do corte
da droga vegetal apresenta, de fora para dentro, uma cortiça fina consistindo em células com
paredes ligeiramente suberificada; uma feloderme desenvolvida constituída de células
celulósicas de parede finas, um parênquima cortical pouco desenvolvido constituído de
células poliédricas com paredes finas de celulose, separadas por meatos. O feixe fibrovascular
é organizado em um anel contínuo constituído de estrutura secundária. O floema secundário
concluído por cones estreitos é separado por raios celulósicos plurisseriados. Uma zona
cambial escura consiste de pequenas células retangulares unidas, alinhadas em arquivos
radiais. O xilema secundário inclui parênquima celulósico, engrossado reticularmente ou
vasos ocos por vezes isolados e/ou agrupados por dois ou três e divididos em zonas
concêntricas. A medula é constituída por células com paredes finas celulósicas (19).
Também é indicada a análise microscópica do pó para a identificação botânica das
drogas vegetais de H. procumbens. Segundo a monografia da OMS (2007), o pó apresenta
coloração amarelo-acastanhada. Mediante o uso de solução de hidrato de cloral R, na análise
microscópica é possível observar a presença de fragmentos de parênquima cortical
constituídos de células grandes e de parede fina, algumas vezes contendo inclusões granulares
marrom-avermelhadas e gotículas amarelas isoladas. Também devem ser observados
fragmentos de vasos apresentando espessamento reticulado e vasos traqueais com parênquima
lignificado associado do cilindro central. Pequenas agulhas e cristais de oxalato de cálcio são
presentes no parênquima. Pode haver presença de esclereídeos retangulares ou poligonais com
conteúdo marrom-avermelhado escuro. O parênquima se torna verde quando tratado com uma
solução de fluoroglicinol em hidrato de cloral (3). Descrição semelhante é encontrada na
Farmacopeia Europeia (2000) (4).
De acordo com a British Herbal Pharmacopoeia (1996) (18), o pó da droga vegetal
apresenta coloração marrom clara, além dos caracteres microscópicos descritos a seguir.
16
Parênquima lignificado, associado com vasos reticularmente espessos, com algumas
perfurações arredondadas nas paredes finais. Parênquima de paredes finas e abundantes;
células de cortiça gigantes; fibras e esclereídos sem coloração; oxalato de cálcio ausente;
pouco ou nenhum amido. O tratamento do pó da droga vegetal com floroglucinol em ácido
clorídrico concentrado produz uma coloração verde escura (18).
Babili et al. (2012) (19) também analisaram microscopicamente o pó da droga vegetal,
que apresentava coloração amarelo-amarronzada, utilizando solução de hidrato de cloral R e
observaram as seguintes características (Figura 6), que podem ser utilizadas, segundo os
autores, como padrão para autenticação da droga:
Fragmentos de cortiça constituídos de células poliédricas de cor amarelo-
amarronzada, de paredes finas e regulares e que são sobrepostas;
Fragmentos constituídos de parênquima cortical com células ovoides, com
inclusões de paredes finas por vezes contendo material granular vermelho-amarronzado
(corado de laranja pelo reagente láctico) e gotículas amarelas isoladas;
Fragmentos de vasos com espessamentos reticulares, de traqueídeos associados
com parênquima lignificado, do cilindro central, agulhas e pequenos cristais de oxalato de
cálcio no parênquima;
Ausência de amido.
17
Figura 6 – Ilustração das características microscópicas observadas no pó da droga vegetal de H.
procumbens. A, B: fragmentos de camada de cortiça na vista superficial (A) e na secção transversal (B). C, D, E,
F: fragmentos de parênquima cortical, onde é possível observar gotículas amarelas em F. G, H, J, K: vasos com
reticulação ou espessamentos corridos. L: parênquima lignificado do cilindro central. M: parênquima contendo
prismas de oxalato de cálcio. N, P: esclereídeos poligonais retangulares. Fonte: adaptado da referência (19).
Detalhes sobre a camada e as células de cortiça, sobre o parênquima cortical, cilindro
vascular, vasos entre a reserva de parênquima, vasos formando uma área lenhosa contínua,
grânulos das células do estrato interior, dentre outros, podem ser observados por meio de
imagens obtidas por microscopia de varredura eletrônica (17).
18
2.4 INFORMAÇÕES SOBRE POSSÍVEIS ESPÉCIES VEGETAIS SIMILARES
QUE POSSAM SER UTILIZADAS COMO ADULTERANTES
H. zeyheri também é comercialmente aceita pela indústria farmacêutica. No entanto,
H. zeyheri não é a preferida pelo mercado uma vez que é sabido que essa espécie apresente
menor concentração dos componentes bioativos (iridóides) em compração com H.
procumbens (6, 9). Sendo assim, é frequente a sua incorporação como adulterante de H.
procumbens. De uma forma geral, o teor de H. zeyheri não é conhecido em matérias primas de
H. procumbens, porque geralmente não é identificado como tal nos dados de exportação,
sendo por isso considerado um adulterante.
A autenticação da droga vegetal é difícil, já que as raízes de H. zeyheri não podem ser
distinguidas das raízes de H. procumbens. Somente as flores (12) e frutos (20) dessas espécies
apresentam características morfológicas e anatômicas diferentes (Figura 7).
Figura 7 – Diferenciação morfológica entre H. procumbens e seu possível adulterante H. zeyheri. Raízes e
frutos de H. procumbens (A) e H. zeyheri (B). Fonte: adaptado da referência (20).
Embora a diferenciação botânica seja difícil, H. procumbens e H. zeyheri podem ser
diferenciadas por meio de uma caracterização química do extrato das raízes, por meio de
Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) (21-22). Baghdikian et al. (1997) (21)
observaram que o iridoide harpagosídeo é o principal composto dessa classe em ambas
espécies de Harpagophytum, enquanto que o iridoide 8-p-cumaril harpagida está presente
mais significativamente apenas na espécie H. zeyheri. Dessa forma, esses autores sugerem que
a razão entre o teor de harpagosídeo/8-p-cumaril harpagida possa ser um parâmetro utilizado
para diferenciar quimicamente ambas as espécies. Esses autores demonstram que nas
amostras das raízes de H. procumbens, a concentração de harpagosídeo variou de 1,22 a
19
2,40%, já nas raízes de H. zeyheri, o teor variou de 0,70 a 1,40%. A razão de harpagosídeo/8-
p-cumaril harpagida em amostras de H. zeyheri foi aproximadamente 1 e para a espécie H.
procumbens, a razão variou de 20 a 38, indicando a baixa concentração de 8-p-cumaril
harpagida nas raízes de H. procumbens. Adicionalmente, a análise de amostras comerciais
contendo extratos aquosos secos das raízes de H. procumbens demonstrou uma razão de
harpagosídeo/8-p-cumaril harpagida intermediária, uma vez que há a possibilidade das
preparações farmacêuticas conterem uma mistura de H. procumbens e H. zeyheri (21). Para a
análise cromatográfica, esses autores utilizaram coluna cromatográfica µBondapack C18 (300
x 3,9 mm, 10 µm) e eluição isocrática em metanol: água (57: 43, v/v). O fluxo foi de 1 mL/
min e a detecção realizada por meio de luz UV no comprimento de onda de 278 nm. Os
tempos de retenção (tR) para o harpagosídeo e o 8-p-cumaril harpagida obtidos nesse sistema
foram, respectivamente, 11 e 7 min (21). Eich; Schmidt; Betti (1998) (22), através de um
estudo fitoquímico por meio de CLAE de fase reversa, sugeriram que para a detecção de
adulterações de H. procumbens com H. zeyheri em matérias-primas vegetais, o valor de 8%
de 8-p-cumaril harpagida no teor total de iridoides poderia ser um valor limite máximo de
contaminação com H. zeyheri possível.
As raízes frescas de H. procumbens são também facilmente confundidas com as raízes
das espécies Acanthosicyos naudiniana (Curcutitaceae) e Ipomoea sp. (Convolvulaceae)
(Figura 8) (20).
Figura 8 – Diferenciação macroscópica entre as raízes de H. procumbens e seus possíveis adulterantes. A:
raiz de Acanthosicyos naudiniana. B: raiz de Ipomoea sp. C: raiz de H. procumbens. Fonte: adaptado de
http://harpago.co.za/Project/project.htm
20
3 INFORMAÇÕES DE CONTROLE DE QUALIDADE
3.1 ESPÉCIE VEGETAL / DROGA VEGETAL
3.1.1 Caracteres organolépticos
As raízes secas de H. procumbens apresentam coloração que pode variar de marrom-
acizentado a marrom escuro, possui sabor amargo e ausência de odor (3-4, 18-19).
3.1.2 Requisitos de pureza
3.1.2.1 Perfil de contaminantes comuns
Máximo de materiais estranhos: não mais que 2% (m/m) (3-4, 18).
Os elementos estranhos são constituídos, em sua totalidade ou em partes, por (4):
Partes estranhas: qualquer elemento de procedência da planta originária, mas que
não faz parte da droga vegetal (farmacógeno);
Materiais estranhos: qualquer elemento que não faz parte da planta de origem, de
procedência vegetal ou mineral.
Método para determinação de materiais estranhos:
Pesar de 100 a 500 g da amostra, ou a quantidade mínima indicada na monografia, e
espalhar o material em uma supefície fina. Os materiais estranhos devem ser detectados por
uma inspeção a olho nú ou com a ajuda de uma lupa (x6). Separar os elementos estranhos,
pesar e calcular a porcentagem que representam (4, 18).
Na Farmacopeia Mexicana (2001) está preconizado o tamanho da amostra de 500 g.
Além disso, embora o método seja semelhante ao descrito anteriormente, está especificado
que além da análise a olho nú ou com o auxílio de uma lupa, pode-se utilizar um tamiz de
malha 250. O pó é considerado um aditivo mineral (23).
21
3.1.2.2 Microbiológico
Na monografia da OMS (2007) para a espécie H. procumbens (3) é preconizado que
os testes para microorganismos específicos e limites de contaminação microbiana sejam
realizados conforme descrito no “WHO Guidelines on Quality Control Methods for Medicinal
Plants” (24).
3.1.2.3 Teor de umidade
O teor de umidade (perda por dessecação) não deve ser superior a 12% (3-4). Segundo
a Farmacopeia Europeia (2000), a perda por dessecação deve ser determinada em 1,0 g de
amostra pulverizada, em estufa a 100-105ºC, sendo expresso em porcentagem m/m (4).
3.1.2.4 Metal pesado
Na monografia da OMS (2007) da espécie H. procumbens (3) é preconizado que sejam
seguidos o limite máximo permitido de metais pesados e a técnica descrita no “WHO
Guidelines on Quality Control Methods for Medicinal Plants” (24).
3.1.2.5 Resíduos químicos
Dado não encontrado na literatura pesquisada.
3.1.2.6 Cinzas
Com relação ao teor de cinzas totais, segundo a monografia da OMS (2007) e a
Farmacopeia Europeia (2000), o teor máximo preconizado é de 8% (3-4). Segundo a
Farmacopeia Espanhola (2005), o teor máximo permitido é de 7% (25). Já segundo a Britsh
Herbal Pharmacopoeia (1996), o valor máximo é de 22% (18). O método proposto para
quantificação de cinzas totais, que é comum a todas as monografias, é descrito a seguir.
22
Método para determinação de cinzas totais:
Aquecer a sílica ou cadinho de platina até encandecimento por 30 minutos, deixar
resfriar em um dessecador e pesar. Pesar 1 g da droga vegetal no cadinho. Secar a 100-105ºC
por 1 hora e em seguida incinerar até massa constante em uma mufla a 600 ± 25ºC e esfriar o
cadinho em um dessecador. Chamas não devem ser produzidas durante o experimento. Após o
término do processo, as cinzas contêm partículas pretas, então, acrescentar água quente, filtrar
em um filtro isento de cinzas e incinerar o resíduo e o filtro de papel. Juntar o filtrado com as
cinzas, secar cuidadosamente até secura e incinerar até peso constante.
Com relação ao teor de cinzas insolúveis em ácido clorídrico, segundo a British Herbal
Pharmacopoeia (1996) (18) e a monografia da OMS (2007) (3), o teor máximo preconizado é
5%. Já segundo a Farmacopeia Espanhola (2005) esse valor é de 2% (25).
Método para determinação de cinzas insolúveis em ácido clorídrico:
Ao resíduo obtido após a extração das cinzas totais, adicionar 15 mL de água e 10 mL
de ácido clorídrico R, cobrir com um vidro relógio, ferver a mistura por 10 minutos e esfriar.
Filtrar em um filtro isento de cinzas, lavar o resíduo obtido com água quente até a obtenção
do filtrado neutro, secar e incinerar, resfriar em dessecador e pesar. Repetir o processo até que
a diferença entre duas pesagens consecutivas não seja maior que 1 mg.
Na monografia de H. procumbens da OMS (2007) (3), está preconizado ainda a
realização de testes de determinação de extrativos solúveis em água, resíduos de pesticidas e
radioativos, segundo métodos gerais descritos para plantas medicinais (24).
3.1.3 Granulometria
Dado não encontrado na literatura pesquisada.
23
3.1.4 Prospecção fitoquímica
A droga vegetal apresenta em sua constituição os iridóides (compostos majoritários),
harpagoquinonas, aminoácidos, flavonoides, fitosterois, terpenoides e carboidratos (9, 14),
devendo ser feita a avaliação desses compostos.
3.1.5 Testes físico-químicos
Dado não encontrado na literatura pesquisada. Métodos gerais dispostos em
compêndios oficiais podem ser utilizados.
3.1.6 Testes de identificação
Teste A: Identificação macroscópica (3-4). Observar, a olho nu ou com
esteromicroscópico, a presença dos caracteres macroscópicos da droga vegetal, conforme
descrito anteriormente (item 2.2).
Teste B: Identificação microscópica do pó da droga vegetal (3-4). Reduzir a droga
vegetal a pó e analisar microscopicamente utilizando solução de hidrato de cloral R. Observar
a presença dos caracteres microscópicos da droga vegetal, conforme descrito anteriormente
(item 2.3).
Teste C: Acrescentar a 1,0 g do pó das raízes de H. procumbens 0,1 mL de solução de
floroglucionol, seguido por 0,1 mL de ácido clorídrico. A mistura produz uma coloração
verde escura (16, 18).
Teste D: Determinação de amido (4). Observar ao microscópio a droga vegetal
pulverizada, utilizando água. Acrescentar solução de iodo (SR). Não deve haver
desenvolvimento de coloração azul.
Teste E: Cromatografia em camada delgada (CCD). No Quadro 1 são apresentados os
sistemas cromatográficos para análise por CCD preconizados em compêndios oficiais e não
oficiais.
24
Solução problema Solução
padrão
Fase
estacionária
Fase móvel Detecção Resultados Referência
Aquecer em banho de
água a 60°C, durante 10
min, 1,0 g da amostra
pulverizada com 10 mL
de metanol. Filtrar e
reduzir o filtrado a cerca
de 2 mL, a pressão
reduzida e a
temperatura não
superior a 40°C
Dissolver 1 mg
de
harpagósideo
em 1 mL de
metanol
Gel de sílica
F254
Acetato de
etila: metanol:
água (77:15:8,
v/v/v)
I: Observar à luz UV em 254 nm;
II: Borrrifar o cromatograma com
solução de floroglucinol a 10 g/L
em etanol (96%) e, em seguida, com
ácido clorídrico R. Secar a placa a
80°C, durante 5- 10 min
I: A solução padrão deve apresentar uma
mancha com fluorescência em Rf
intermediário (Rf ≈ 0,5), que
corresponde ao harpagosídeo. A solução
problema deve apresentar além a banda
correspondente ao harpagosídeo, outras
bandas, principalmente com Rf superior
ao harpagosídeo.
II: A solução problema apresenta uma
mancha verde com Rf similar ao padrão
harpagosídeo. Com Rf superior e inferior
ao harpagosídeo, podem ser visualizadas
bandas de colorações amarela e castanha
(23, 25-26)
Aquecer 0,1 g da droga
vegetal em pó em um
banho de água com 10
mL de metanol e, em
seguida filtrar. Em
seguida, levar à secura 5
mL do filtrado e
ressuspender em 1 mL
de metanol
Disssolver 1
mg de
harpagosídeo
em 1 mL de
metanol
Gel de sílica
F254
Clorofórmio:
metanol
(90:30, v/v)
Borrifar o cromatograma com
dimetilaminobenzaldeído 1% em
ácido clorídrico 1 N e aquecer por
15 min a 105ºC
Uma banda de coloração cinza-azulada
referente ao composto harpagosídeo é
observada com Rf = 0,5
(16)
Deixar 0,5 g da droga
vegetal pulverizada em
contato com 5 mL de
metanol a 60ºC por 5
min ou a temperatura
ambiente, por 20 min,
sob agitação ocasional e
por fim filtrar
Dissolver 10
mg de ácido
cinâmico em 5
mL de metanol
Gel de sílica
60 F254
Acetato de
etila: metanol:
água (15:4:1,
v/v/v)
Após secar a placa com ar quente,
observar o cromatograma em UV
254 nm e então borrifar com uma
solução de vanilina (1%) em ácido
sulfúrico. Após, aquecer a placa a
80 ºC por 5 min, observar em UV
365 nm
Sob luz UV 254 nm, uma banda
referente ao ácido cinâmico com Rf =
0,48 corresponde a uma zona fraca na
solução problema. Abaixo dessa
mancha, são observadas 3 manchas, a
mais inferior corresponde ao composto
harpagosídeo (Rf = 0,35). Antes da
revelação, essa macha apresenta
fluorescência azul em UV 365 nm e
após a revelação, essa zona desenvolve
uma coloração violeta-avermelhado.
A segunda zona apresenta uma
coloração avermelhada de intensidade
fraca com Rf = 0,15, que pode ser
(12)
25
Solução problema Solução
padrão
Fase
estacionária
Fase móvel Detecção Resultados Referência
atribuída aos compostos harpagida e/ou
procumbídeo. Quando observado em
UV 365 nm, essa zona apresenta uma
fluorescência laranja avermelhada. Após
a revelação, a banda de ácido cinâmico
não se torna mais visível
1 g da droga vegetal
pulverizada é extraída
com 10 mL de metanol,
durante 15 min, sob
banho de água. O
extrato é filtrado e
evaporado até 1-1,5 mL
Não
especificado o
uso de padrão
Gel de sílica
60 F254
Acetato de
etila: metanol:
água (77:15:8,
v/v/v)
Borrifar a placa com anisaldeído
sulfúrico e secar a 100 ºC, durante
10 min
No
cromatograma
pode ser
observada uma
mancha violeta
principal com
Rf = 0,5,
correspondente
ao composto
harpagosídeo e
outras duas
manchas com
Rf entre 0,25-
0,45,
características
de harpargida
e/ou procumbídeo
(27)
Quadro 1 – Condições cromatográficas utilizadas nos testes de identificação da droga vegetal de H. procumbens por cromatografia em camada delgada (CCD).
26
Teste F: Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) para identificação e
quantificação de harpagosídeo (4). Segundo a monografia da OMS (2007) para a espécie (3),
o teor de harpagosídeo determinado por CLAE não deve ser menor que 1,2%. No item 3.1.7,
serão descritos maiores detalhes das condições cromatográficas da análise quantitativa por
CLAE.
3.1.7 Testes de quantificação
3.1.7.1 Componentes químicos e suas concentrações: descritos e majoritários, ativos
ou não
Vários estudos fitoquímicos tem revelado o isolamento de diversos constituintes de H.
procumbens, dos quais se destacam os iridoides e outras substâncias incluindo
harpagoquinonas, aminoácidos, flavonoides, fitosteróis e carboidratos (9). Dentre esses, os
iridóides glicosilados são tidos como majoritários nas raízes (28-29). No Quadro 2 estão
resumidos os principais constituintes químicos descritos nas raízes da espécie H. procumbens.
Composto Estrutura
Harpagosídeo
O
O
O
O GliH
OHOH
CH3
8-p-cumarilharpagida
O
O
O
O GliH
OHOH
CH3OH
Harpagida
OH
O
O GliH
OHOH
CH3 Procumbídeo
O
O GliH
OHOH
CH3
O
Quadro 2 – Estrutura química dos principais iridóides glicosilados descritos nas raízes da espécie H.
procumbens. Fonte: referência (9).
27
O primeiro iridóide glicosilado isolado de H. procumbens foi o harpagosídeo,
amplamente apontado como o constituinte ativo majoritário da espécie (9). Também foram
relatadas a presença de pequena quantidade de harpagida, 8-p-cumaril harpagida e
procumbídeo e seu éster 6’-p-cumaril (28-30), harpagogenina (31), harprocumbida A (6”-O-
α-D-galactopiranosil harpagosídeo) e harprocumbida B (6”-O-(cis-p-cumaril)-procumbídeo
(32). Outros componentes presentes são os derivados fenólicos glicosilados: acteosídeo
(verbascosídeo) e isoacteosídeo (33); 6-acetilacteosídeo e 2,6-diacetilacteosídeo (34);
triterpenos, principalmente o ácido oleanóico, ácido 3β-acetiloleanóico e ácido ursólico (35).
Adicionalmente, foi descrito, na década de 70, a presença dos monosacarídeos glicose,
galactose, frutose e mioinositol e dos oligosacarídeos sucrose, rafinose e estaquiose, sendo
este último o glicosídeo predominante nas raízes de H. procumbens (36). Outros constituintes
químicos descritos para as raízes de H. procumbens são flavonóides, dentre os quais se podem
citar canferol e luteolina, e a quinona harpagoquinona (37-38). Também foi descrito o
isolamento de um novo triterpenóide glicosilado (designado harprosídeo), de um novo
iridóide glicosilado (designado pagida) e de seis triterpenóides conhecidos (ácido 2α,3α-
dihydroxyurs-12:20(30)-dien-28-óico, ácido pigênico A, ácido corosólico, ácido euscáfico,
ácido pigênico B e ácido 2α,3α,24-trihydroxyurs-12,20(30)-dien-28-óico) isolados dos
tubérculos de H. procumbens (39).
Embora os constituintes polares tenham sido amplamente investigados, poucos estudos
têm sido conduzidos com frações apolares. Por meio de um fracionamento biomonitorado
para caracterização de compostos com ação antiplasmódica na fração éter de petróleo das
raízes de H. procumbens, foram obtidos dois compostos ativos, os diterpenos totarano e
abietano (40). Posteriormente, foi obtido a partir da fração éter de petróleo das raízes dois
novos diterpenos do tipo quinano, denominados 12,13-dihidroxiquina-8,11,13-trien-7-ona e
6,12,13-trihidroxiquina-5,8,11,13-tetraen-7-ona (41).
Como já mencionado, o iridióide glicosilado harpagosídeo (Quadro 2) constitui o
composto majoritário das raízes de H. procumbens e é considerado um marcador químico
para a espécie, enquanto que para a espécie H. zeyheri, o composto majoritário foi relatado
como sendo o 8-p-cumaril-harpagida (Quadro 2) (20-21, 30). Na Farmacopeia Europeia
(2000) (4) está especificado que um produto cotendo extrato das raízes de H. procumbens não
pode conter quantidade inferior a 1,3% de harpagosídeo, calculado em relação à droga vegetal
seca. Nas flores, galhos e nos frutos maduros não foi detectada a presença de harpagosídeo e
nas folhas foram encontrados apenas traços (14).
28
Como já mencionado no item 3.1.6, o uso de Cromatografia Líquida de Alta Eficiência
(CLAE) é preconizado para identificação e quantificação de harpagosídeo (4). Segundo dados
oficiais, o teor de harpagosídeo determinado por CLAE não deve ser menor que 1,2% (3-4,
25-26).
Além dos métodos descritos em compêndios oficiais, foram encontrados vários
trabalhos na literatura que descrevem a análise qualitativa e/ou quantitativa de H.
procumbens. No Quadro 3 estão apresentadas algumas condições cromatográficas por CLAE
para a espécie H. procumbens.
29
Composto Fase estacionária Fase móvel Fluxo Detecção Referência
Harpagosídeo (tR = 11 min), 8-p-cumaril harpagida
(tR=7 min)
μBondapack C18
(300 × 3,9 mm, 10
μm)
Eluição isocrática:
metanol: água (57:43, v/v)
1,0 mL/ min UV 278 nm
(21)
Sistema I:
Harpagosídeo (tR = 26 min), 8-p-cumaril harpagida (tR
= 21 min).
Sistema II:
Harpagosídeo (tR = 30 min), 8-p-cumaril harpagida (tR
= 25 min)
Supelcosil LC-18
(300 × 4,6 mm, 5
μm)
Sistema I:
A: metanol
B: água
Eluição gradiente:
15% A (0-10 min), 50% A
(11-35 min), 15% A (36-
50 min).
Sistema II:
A: acetonitrila
B: ácido fosfórico 0,5%
Eluição gradiente: 8% A
(0-5 min), 18% A (6-18
min), 27% A (19-33 min),
100% A (34-36), 89%A
(37-50 min).
1,0 mL/ min UV 278 nm (22)
Harpagosídeo (tR = 19,5 min), ácido cinâmico (tR =
22,7 min),
8-p-cumaril-harpagida (tR = 17,2 min), pagosídeo (tR =
18,6 min)
acteosídeo (tR = 15,5 min), isoacteosídeo, 6´-O-
acetilacteosídeo (tR = 18,2 min) e ácido caféico (tR =
12,5 min)
Lichrospher 100
RP18 (250 × 4
mm, 5μm)
A: acetonitrila
B: ácido trifluoracético
0,1%
Eluição gradiente: 10% A
(0 min), 50% A (1-20
min), 70% A (21-30 min),
100% A (31-35 min).
N.D. Harpagosídeo e ácido cinâmico:
UV 280 nm;
8-p-cumaril-harpagida e
pagosídeo: UV 312 nm;
acteosídeo, isoacteosídeo, 6´-O-
acetilacteosídeo e ácido caféico:
UV 330 nm.
(42)
Acteosídeo (tR = 9,2 min), isoacteosídeo (tR = 10,8
min), 8-p-(4-cumaril), harpagida (tR = 14,4 min), 6´-O-
acetilacteosídeo (tR = 16,6 min) e harpagosídeo (tR =
18,3 min) e, 2´,6´-di-O-acetilacteosídeo (tR = 22,4 min)
e 2`O-acetilacetosídeo (tR = 13,8 min)
Luna C18 (150 ×
4.6 mm, 3 μm).
Temperatura da
coluna = 40 ºC
A: água
B: acetonitrila
Eluição gradiente:
17% B (0 min), 42% B (1-
35 min), 90% B (36-37
min), 17% B (38-40 min)
0,8 mL/ min UV 230 e 280 nm.
(41)
Harpagosídeo (tR = 20 min)
LiChroCART
(250 mm × 4 mm,
5 μm)
A: água acidificada 3%
(ácido fosfórico, 85%)
B: acetonitrila
Eluição gradiente:
100% A (0-10 min), 20%
1,3 mL/ min
UV 280 nm (43)
30
Composto Fase estacionária Fase móvel Fluxo Detecção Referência
B (11-20 min), 100% B
(21-22 mim), 100 % B
(23-27 min), 100% A (28-
35 min), 100% A (36-40
min)
Quadro 3 – Condições cromatográficas utilizadas para análise qualitativa e/ou quantitativa da droga vegetal de H. procumbens por cromatografia líquida de alta
eficiência (CLAE). N.D.: não descrito.
/
31
Embora muitos autores considerem os iridóides glicosilados, especialmente o
composto harpagosídeo, como componentes ativos dos extratos das raízes de H. procumbens,
até o presente momento não se sabe quais são os reais compostos ativos, já que os resultados
são bastante controversos. Em alguns estudos (in vivo e in vitro) tem sido demonstrado que
esses compostos apresentam atividade anti-inflamatória (44-45), enquanto que em outros
trabalhos não apresentaram tal atividade (46-47).
3.1.8 Outras informações úteis para o controle de qualidade
Dado não encontrado na literatura pesquisada.
3.2 DERIVADO VEGETAL
3.2.1 Descrição
Segundo a literatura, no que diz respeito aos usos populares e aos estudos
farmacológicos pré-clínicos e clínicos, o principal derivado vegetal de H. procumbens
empregado é o extrato aquoso das raízes, que pode ser preparado por diferentes métodos de
extração (infusão, decocção etc.) conforme descrito nos diferentes estudos. O segundo
solvente extrator mais empregado é o etanol, em diferentes concentrações (extratos
hidroetanólicos).
Segundo a monografia de H. procumbens da OMS (2007) (3), as raízes secas da
espécie são utilizadas para preparação de decoctos e chás. Na RDC 10/2010, na qual a espécie
é incluída na lista de notificação de drogas vegetais, é preconizado como derivado da espécie
vegetal um extrato aquoso das raízes (13). Na IN 02/2014 é descrito uso do extrato aquoso ou
hidroetanólico (30% a 60%) das raízes tuberosas secundárias de H. procumbens e H. zeyheri
(11).
3.2.2 Método de obtenção
O extrato aquoso das raízes de H. procumbens pode ser obtido, conforme literatura,
por vários métodos diferentes de extração (infusão, decoção, etc.). Segundo a monografia de
H. procumbens da OMS (2007) (3), as raízes secas da espécie devem ser utilizadas para
32
preparação de decoctos e chás, porém maiores detalhes do modo de preparo não são
fornecidos. O método indicado na lista de notificação de drogas vegetais da RDC 10/2010 é a
infusão das raízes, na proporção de 1 g de raiz (1 colher de chá) em 150 mL de água (1 xícara
de chá) (13). Na IN 02/2014, é apresentado como derivado vegetal o extrato aquoso ou
hidroetanólico (30 a 60%) (11).
3.2.3 Caracteres organolépticos
Dado não encontrado na literatura pesquisada.
3.2.4 Requisitos de pureza
3.2.4.1 Perfil de contaminantes comuns
Dado não encontrado na literatura pesquisada.
3.2.4.2 Microbiológico
Dado não encontrado na literatura pesquisada.
3.2.4.3 Teor de umidade
Dado não encontrado na literatura pesquisada.
3.2.4.4 Metal pesado
Dado não encontrado na literatura pesquisada.
3.2.4.5 Resíduos químicos
Dado não encontrado na literatura pesquisada.
33
3.2.5 Testes físico-químicos
Dado não encontrado na literatura pesquisada.
3.2.6 Prospecção fitoquímica
Vários estudos fitoquímicos tem revelado o isolamento de diversos constituintes de H.
procumbens, dos quais se destacam os iridoides e outras substâncias incluindo
harpagoquinonas, aminoácidos, flavonoides, fitosteróis e carboidratos (9). Dentre esses, os
iridóides glicosilados são tidos como majoritários em extratos das raízes (28-29).
3.2.7 Testes de identificação
Lanhers et al. (1992) (48) apresentaram um método por CCD para a análise dos
iridóides glicosilados de um extrato aquoso das raízes de H. procumbens. A fase móvel
consistiu em acetato de etila: metanol: água (77:15:8, v/v/v) e a detecção foi feita com
vanilina sulfúrica. Com esse método, os autores visualizaram duas manchas vermelhas com
Rf=0,10 e 0,40, sendo a última correspondente ao harpagosídeo e três manchas amarelas com
Rfs=0,30; 0,45 e 0,5 (48).
Schmidt (2005) (49) propôs um método de análise por CLAE que pode ser aplicado
para o controle de qualidade de derivados de H. procumbens. O autor transferiu de uma
coluna de sílica C-18 convencional baseada em partícula para uma coluna de sílica
monolítica, um método existente para a determinação de harpagosídeos em H. procumbens.
Na condição A (Figura 9A) foi utilizada uma coluna em fase reversa e fluxo de 0,1 mL/ min e
na condição B (Figura 9B) foram utilizadas duas colunas monolíticas em série, o que
possibilitou aumentar o fluxo para 5,0 mL/ min. O tempo de análise reduziu de 30 (Figura
9A) para 5 minutos (Figura 9B), ou seja, houve uma redução de 85%, sem perda da resolução.
Embora o uso de duas colunas monolíticas possa representar um custo três vezes maior que o
de colunas tradicionais, os resultados obtidos demonstram que o uso de colunas monolíticas
pode ser uma alternativa em análises rotineiras de controle de qualidade de amostras
comerciais, a fim de reduzir o tempo das análises. As duas condições cromatográficas são
apresentadas em detalhes no Quadro 4.
34
Figura 9 – Cromatograma por CLAE a 278 nm dos harpagosídeos iridóides e outros compostos de H.
procumbens. A: coluna Hypersil ODS e fluxo de 0,8 mL/min. B: coluna Chromolith e fluxo = 5,0 mL/ min.
Fonte: adaptado da referência (49).
Anauate et al. (2010) (50) apresentaram no seu estudo um método cromatográfico por
CCD para a detecção de iridóides em um extrato etanólico de H. procumbens e suas frações
(50). A fase estacionária consistiu em gel de sílica 60 F254. A fase móvel empregada foi
clorofórmio: metanol (75:25, v/v). As placas foram analisadas sob luz UV a 254 nm e 366 nm
e reveladas com ácido sulfúrico 3%/ vanilina para coloração dos iridóides (50).
Karioti et al. (2011) (51) desenvolveram um método analítico por CLAE-DAD e
CLAE-IES-EM para a análise e estudo da estabilidade de tinturas de H. procumbens,
conforme descrito no Quadro 4. Os autores detectaram como constituintes característicos de
H. procumbens os glicosídeos iridóides acilados e álcoois feniletilicos. Os autores sugerem
que o método analítico desenvolvido pode ser empregado para o controle de qualidade de
tinturas a base de H. procumbens.
35
Compostos Fase estacionária Fase móvel Fluxo Detecção Referência
Harpagosídeo (tR = 19,2
min) e
ácido cinâmico metilester
(tR = 24,4 min)
Hypersil ODS (125 mm × 4 mm, 5 μm).
Temperatura da coluna = 30 ºC
A: ácido fosfórico em água
até pH=2
B: acetonitrila
Eluição gradiente: 1% B (0
min), 50% B (2-16),
eluição isocrática (17-18
min), 1% B (19-20 min)
0,8 mL/ min UV 278 nm (49)
Harpagosídeo (tR = 3,0
min) e
ácido cinâmico metilester
(tR = 2,1 min)
Chromolith Performance RP-18e (100
mm × 4,6 mm). Duas
colunas de 100 mm foram acopladas em
série. Temperatura da coluna= 30 ºC
A: ácido fosfórico em água
até pH=2
B: acetonitrila
Eluição gradiente: 1%B (0
min), 2% B (1-2 min),
seguido por uma eluição
isocrática por 1 min, 2% B
(3-4 min), 1% B (4-5 min)
5,0 mL/ min
UV 278 nm (49)
Glicosídeos iridóides
acilados (8-E-p-
cumarilharpagida,
pagosídeo e
harpagosídeo) e álcoois
feniletilicos
(verbascosídeo e
isoverbascosídeo)
Coluna pré-empacotada Luna RP-C18
(150 mm x 3 mm). Tamanho de partícula
de 5 mm (Phenomenex). Temperatura da
coluna = 26ºC.
A: ácido formico em água
até pH=3,2
B: acetonitrila
Eluição gradiente: 95% B
(0 min), 85% B (5 min),
76% B (8 min), 75% B (15
min), 73% B (19 min),
71% B (24 min), 50% B
(29 min).
0,4 mL/ min UV 280 nm
(harpagosídeo), 310
nm (8-E-p-
cumarilharpagida e
harpagida) e 330 nm
(verbascosídeo e
isoverbascosídeo)
(51)
Quadro 4 – Condições cromatográficas utilizadas para análise qualitativa e/ou quantitativa de derivados e formas farmacêuticas de H. procumbens por
cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE).
36
3.2.8 Testes de quantificação
3.2.8.1 Componentes químicos e suas concentrações: descritos e majoritários, ativos
ou não
Como já mencionado anteriormente, vários estudos fitoquímicos destacam os
iridoides, principalmente o harpagosídeo, como compostos majoritários nas raízes de H.
procumbens, podendo ser utilizado como marcador para o controle de qualidade da espécie
(28-29, 49).
Schmidt (2005) (49), ao compararem as duas condições cromatográficas descritas no
Quadro 4 (fase estacionária convencional e fase estacionária monolítica), observaram que os
dois métodos podem ser empregados tanto pra análise qualitativa como também para a análise
quantitativa de harpagosídeo em extratos de H. procumbens (49). No estudo, o autor
empregou uma amostra de extrato hidroalcoólico de H. procumbens preparado a partir das raízes
tuberosas secundárias secas usando etanol 60%. A amostra foi preparada solubilizando
exatamente 250 mg de extrato em 20 mL de metanol com o uso de banho ultrasônico por 20 min a
temperatura ambiente; 1 mL de solução padrão interna (130 mg de ácido cinâmico metiléster em
100 mL de metanol) foi adicionada e a mistura foi completada para o volume final de 25 mL (em
balão volumétrico) com metanol. Utilizando a coluna convencional (Figura 9A), observou-se um
teor médio de harpagosídeo de 2,006 mg de harpagosídeo/ 100 mg de extrato. Para a coluna mais
rápida (monolítica, Figura 9B), observou teor bastante semelhante (não foi observada diferença
estatisticamente significante entre os valores), de 2,017 mg de harpagosídeo/ 100 mg de extrato. O
autor então conclui que ambas as condições podem ser empregadas para o controle de qualidade
de derivados de H. procumbens (49).
Karioti et al. (2011) (51) quantificaram por CLAE-DAD compostos presente em uma
tintura comercial de H. procumbens, preparada conforme a Farmacopeia Européia (2000) (4). O
teor de cada composto, expresso em mg/ mL de intura, foi: 0,63 ± 0,01 de 8-E-p-cumaril-
harpagida; 0,32 ± 0,01 de pagosídeo; 2,12 ± 0,05 de harpagosídeo; 0,84 ± 0,02 de
verbascosídeo e 1,93 ± 0,03 de isoverbascosídeo. O teor de iridóides totais foi de 3,07 ± 0,02
e álcoois feniletilicos totais foi de 2,77 ± 0,02 mg/ mL de tintura. Também é interessante
destacar o estudo de estabilidade que foi realizado com esses compostos, no qual os autores
submeteram a tintura ao teste de termoestabilidade acelerada (40 ± 2ºC) por 196 dias: tanto os
iridóides totais quanto os alcoóis feniletílitos mantiveram-se relativamente estáveis, com
37
degradação estimada em menos de 10 e 20%, respectivamente, em um período de 6 meses
(51).
3.3 PRODUTO FINAL
3.3.1 Forma farmacêutica
Foram encontrados na literatura principalmente formulações indicadas para uso
interno, na forma de cápsulas e comprimidos e, menos freqüente, como tinturas.
Dos produtos registrados na ANVISA que contêm H. procumbens como componente
ativo, a maioria apresenta-se na forma farmacêutica de cápsulas, seguido por comprimidos e
uma apresentação na foma de tintura. Na Alemanha, são encontrados produtos a base de H.
procumbens na forma de cápsulas, comprimidos, tintura e pomada, dentre outros (16).
3.3.2 Testes específicos por forma farmacêutica
Teste de desintegração de comprimidos:
Comprimidos contendo o extrato WS1531 das raízes de H. procumbens foram
analisados em relação ao tempo de desintegração, segundo a monografia da Farmacopeia
Alemã (1996) (52). Os comprimidos desintegraram em 18 minutos. O extrato apresentou
elevada solubilidade em água. O coeficiente de distribuição octanol: água do extrato de H.
procumbens e do composto harpagosídeo foi igual a 4 (43). Além do teste de desintegração de
comprimidos, foi simulado o processo de absorção dos comprimidos do extrato WS1531,
contendo o equivalente a 16,5 mg de harpagosídeo. Os comprimidos apresentaram um tempo
de meia-vida igual a 13,5 minutos. O composto harpagosídeo permaneceu estável por 3 horas
no suco gástrico artificial e por um período de 6 horas no suco intestinal (43).
3.3.3 Requisitos de pureza
Dado não encontrado na literatura pesquisada.
38
3.3.4 Resíduos químicos
Dado não encontrado na literatura pesquisada.
3.3.5 Prospecção fitoquímica
Dado não encontrado na literatura pesquisada.
3.3.6 Testes de identificação
Os métodos cromatográficos (CLAE) propostos por Schmidt (2005) (49) (Quadro 4)
podem ser empregados, segundo o autor, para a análise qualitativa e/ou quantitativa de
harpagosídeo e outros iridóides relacionados em produtos farmacêuticos a base de H.
procumbens, especialmente comprimidos, que foram analisados no estudo (49).
3.3.7 Testes de quantificação
3.3.7.1 Componentes químicos e suas concentrações: descritos e majoritários, ativos
ou não
Como já mencionado anteriormente, o método cromatográfico por CLAE (49) pode
ser empregado também para a análise quantitativa em produtos farmacêuticos a base de H.
procumbens, especialmente comprimidos. No estudo, foi realizada a quantificação de
harpagosídeo em amostras de comprimidos comerciais. Para a análise, foram utilizadas
amostras pulverizadas contendo o equivalente a 215 mg de extrato, sendo o processo de
preparo idêntico ao utilizado para a análise do extrato (Seção 3.2.8.1). Utilizando a coluna
convencional (Figura 9A), observou-se um teor médio de harpagosídeo de 13,019 mg de
harpagosídeo/ comprimido. Para a coluna mais rápida (monolítica, Figura 9B), observou teor
bastante semelhante (não foi observada diferença estatisticamente significante entre os valores),
de 13,075 mg de harpagosídeo/ comprimido. O autor conclui que ambas as condições podem ser
empregadas para o controle de qualidade de formas farmacêuticas a base de H. procumbens (49).
39
4 INFORMAÇÕES DE SEGURANÇA E EFICÁCIA
4.1 USOS POPULARES E/OU TRADICIONAIS
Conforme revisado por Mncwangi et al. (2012) (9), raízes de H. procumbens são
utilizadas na medicina popular com várias finalidades terapêuticas, principalmente na forma
de infusos e decoctos. Além de uso comum para artrite e dor, outros usos medicinais são
frequentemente citados, como, por exemplo, dispepsia, febre, doenças sanguíneas, infecções
urinárias, dores pós-parto, dores de modo geral, úlceras e febre (3, 8-9). Quando consumido
diariamente, H. procumbens tem um efeito laxante sutil. Pequenas doses do extrato da planta
são usadas para aliviar cólicas menstruais, enquanto doses mais elevadas podem ajudar na
expulsão de placentas retidas. As raízes tuberosas secundárias secas são usadas diretamente
como curativos para feridas. Um infuso pode ser utilizado oralmente para reumatismo e para o
tratamento de doenças hepáticas, renais, pancreáticas e estomáquicas. Também há relatos de
uso externo na forma de pomada, utilizada como cicatrizante em feridas, lesões da pele e em
casos de queimadura (9, 15, 53).
4.2 PRESENÇA EM NORMATIVAS SANITÁRIAS BRASILEIRAS
A resolução RDC 10/2010, já revogada, incluía a espécie H. procumbens como
espécie passível de ser tratada como droga vegetal sujeita à notificação (Quadro 5). Com
informações semelhantes, a Instrução Normativa nº 02, de 13 de maio de 2014 (11) inclui H.
procumbens como produto tradicional fitoterápico de registro simplificado (Quadro 6).
40
Quadro 5 – Características de H. procumbens no anexo da RDC 10/2010.
Nomenclatura
botânica
Nome
popular
Parte
usada
Padronização/Marcador Derivado
vegetal
Alegação
de uso
Dose Diária Forma
farmacêutica
Via de
Administração
Restrição
de uso
Harpagophytum
procumbens
DC. ex Meissn.
e H. zeyheri
Decne
Garra do
diabo
Raízes
secundárias
Harpagosídeo ou
iridoides totais expressos
em harpagosídeos
Extrato
aquoso ou
hidroetanólico
(30% a 60%)
Alívio de
dores
articulares
moderadas
e dor
lombar
baixa aguda
30 a 100 mg
de
harpagosídeo
ou 45 a 150
mg de
iridoides
totais
expressos em
harpagosídeos
Comprimido
revestido
gastrorresistente
Oral Venda sem
prescrição
médica
Quadro 6 – Características de H. procumbens constante na IN 02/2014.
Nomenclatura
botânica
Nomenclatura
popular
Parte
utilizada
Forma de
utilização
Posologia e
modo de usar
Via Uso Alegações Contra-
indicações
Efeitos
adversos
Embalagem
Harpagophytum
procumbens
Garra-do-diabo Raíz Infusão: 1 g (1
colher de chá) em
150 mL (xíc. de
chá)
Utilizar 1 xíc.
2 a 3 vezes ao
dia
Oral Adulto Dores articulares
(artrite, artrose,
artralgia)
Não utilizar
em portadores
de úlceras
estomacais e
duodenais
_ _
41
4.3 ESTUDOS NÃO-CLÍNICOS
4.3.1 Estudos toxicológicos
Embora, há vários anos, seja utilizado popularmente, inclusive com uma série de
produtos fitoterápicos já comercializados mundialmente, existem relativamente poucos
estudos toxicológicos, sobretudo estudos de longa duração. Isso é importante de ser ressaltado
uma vez que existem alguns relatos populares de toxicidade para a espécie vegetal. No
entanto, dos poucos estudos existentes, o que se observa, em geral, é uma baixa toxicidade,
principalmente em se tratando da via oral. Estudos realizados com compostos isolados, por
outro lado, mostraram significativa toxicidade, o que será descutido em maiores detalhes
adiante.
4.3.1.1 Toxicidade aguda
No Quadro 7 são apresentados os estudos de toxicidade aguda de H. procumbens
relatados na literatura. As vias oral, intraperitoneal e intravenosa foram avaliadas, trazendo
como resultados praticamente uma ausência de toxicidade aguda, em todas as vias (p>0,05 em
relação aos respectivos controles). Esse é um achado interessante, sobretudo com relação à via
oral, que é preconizada pelo uso popular.
No entanto, como pode ser observado no Quadro 7, ainda são poucos os estudos
toxicológicos pré-clínicos existentes para a espécie. Portanto, não há evidências suficientes
sobre a toxicidade aguda da espécie, embora os dados já existentes apontem para uma
atoxicidade. Também cabe destacar que nenhum dos estudos foi realizado no Brasil, portanto,
não seguem a RE 90/2004 (“Guia para a realização de estudos de toxicidade pré-clínica de
fitoterápicos”) (54). Dentro desse contexto, são necessários mais estudos comprobatórios que
cumpram as atuais exigências da legislação brasileira para registro de fitoterápicos.
42
Extrato Modo de
preparo
Via Doses/ posologia Metodologia Animais Resultado observado Referência
H25 A1 = extrato
metanólico (3,7%
de harpagosídeo);
H25 A3 = extrato
butanólico
(19,5% de
harpagosídeo);
H25 A4 = extrato
aquoso (0,2% de
harpagosídeo);
H25 B1 (2,7% de
harpagosídeo);
H25 C3 (85% de
harpagosídeo);
harpagosídeo
isolado
N.D. V.O.
e IV
N.D. Avaliação da toxicidade em ratos N.D. Os extratos metanólico, butanólico
e aquoso não apresentaram sinais de
toxicidade quando administrados
V.O. ou IV, com DL50 > 4,64 e 1 g/
kg, respectivamente. O
harpagosídeo apresentou elevada
toxicidade pela via IV, com DL50
de 511 mg/ kg; DL50 > 4,64 g/ kg
por V.O.
(55)
Extrato aquoso Extração a
quente em
sistema
fechado
(aparelho do
tipo Soxhlet)
IP Determinação da DL50 e os sinais
de toxicidade em 24 h.
Camundongos
Balb C (Mus
domesticus)
O tratamento com H. procumbens
apresentou DL50 relativamente alta
(1250 ± 156 mg/ kg), sugerindo que
o extrato apresenta baixa ou
nenhuma toxicidade em
camundongos.
(56)
Cápsulas
contendo H.
procumbens
N.D. V.O. 81 mg/ kg (o que
é 15 vezes a dose
terapêutica em
humanos, dessa
formulação).
Avaliação de sinais de toxicidade
em um período de 7 dias após a
administração do extrato. Após o
período, os animais foram
sacrificados e os órgãos coletados
para análise histopatológica, bem
como o sangue coletado para
análises bioquímicas e
hematológicas.
Camundongos
machos e fêmeas
albinos Swiss, 6-7
semanas de vida,
20-25 g.
Nenhum sinal de toxicidade foi
observado.
(57)
Quadro 7 – Estudos de toxicologia aguda in vivo da espécie H. procumbens.V.O.: via oral; IP: via intraperitoneal; IV: via intravenosa; n: número de animais; N.D.:
não descrito.
43
4.3.1.2 Toxicidade subcrônica
Em relação à avaliação da toxicidade pré-clínica subcrônica, de forma semelhante à
toxicidade aguda, há falta de evidências, sendo encontrados apenas três estudos que avaliaram
a toxicidade subcrônica do extrato aquoso seco de H. procumbens, conforme demonstrado no
Quadro 8.
O primeiro estudo, realizado em 1983, mostrou que um produto comercial contendo
H. procumbens, por via oral, não apresentou toxicidade significativa quando utilizado durante
7 ou 21 dias (p>0,05 em relação ao grupo controle) (58). No segundo trabalho, os animais
utilizados no estudo apresentavam quadro de artrite reumatoide (59). Os resultados
bioquímicos obtidos demonstraram que o extrato não apresenta sinais de toxicidade, durante
os 14 dias de tratamento, uma vez que não houve alterações significativas nos níveis
sanguíneos de proteína C-reativa, cortisol e albumina (p>0,05 em relação ao grupo controle).
Além disso, os resultados histopalógicos demonstraram que há maior segurança de uso do
extrato de H. procumbens quando comparado à indometacina, o que é interessante uma vez
que o desenvolvimento de distúrbios no trato gastrointestinal (TGI), inclusive gastrite e
úlceras, é comumente associado ao uso de anti-inflamatórios não-esteroidais (AINEs) (59).
Porém, alguns problemas podem ser apontados no estudo: a via de administração
(intraperitoneal) não corresponde à real via indicada; pequena amostra de animais e o tempo
de duração do estudo.
No terceiro estudo, os autores observaram que o tratamento oral diário, durante 7 dias,
com um produto comercial a base de H. procumbens não ocasionou nenhum sinal de
toxicidade (p>0,05 em relação ao grupo controle) (57). É um resultado interessante, assim
como o do estudo de Whitehouse; Znamirowska Paul (1983) (58), porém existe a necessidade
de mais estudos para confirmar essa atoxicidade, bem como para que sigam as normas da
legislação brasileira para esse tipo de estudo.
44
Extrato Modo
de
preparo
Via Doses/
posologia
Metodologia Animais Resultado observado Referência
Produto
comercializado
contendo extrato
de H. procumbens
N.D. V.O. -7,5 g/ dia,
durante 21
dias.
-2g/ dia
durante 7
dias.
Determinação da DL50 em
camudongos
Camundongo
Swiss Webster,
machos e fêmeas
A DL50 foi maior que 13,5 g/ kg. Não
foram observadas alterações
hematológias e alterações patológicas
marcantes, após consumo de 7,5 g/ dia,
V.O., de H. procumbens por 21 dias e sutis efeitos hepáticos não puderam
ser demonstrados por meio do peso do
fígado ou dos níveis das proteínas
microssomais, no citocromo P450,
citocromo b5, nicotinamida adenina
dinucleotídeo fostato-citocromo c
redutase, etilmorfina- N-demetilase,
nitroredutase ou azoredutase, após 7
dias de tratamento oral com 2g/ kg de
H. procumbens.
(58)
Extrato aquoso
seco de H.
procumbens (Atos
Pharmaceutical
Co., Egito)
N.D. IP 800 mg/ kg, 3
vezes por
semana, em
dias
alternados,
por 14 dias.
Avaliação toxicológica foi realizada
em animais com artrite induzida por
adjuvante de Freund. O tratamento foi
realizado 14 dias após a indução da
artrite. Foram realizadas análises
bioquímicas no sangue coletado ao
final do experimento (proteína C-
reativa, albumina e cortisol) e
avaliação histopatológica da mucosa
gástrica e duodenal. Os resultados
foram comparados com a
indometacina (fármaco padrão), para
verificar se H. procumbens apresenta
os mesmos efeitos adversos dos
AINEs padrões.
Ratos albinos, de
ambos os sexos,
com 150-200 g
Avaliação bioquímica:
H. procumbens não alterou
significativamente os parâmetros
analisados: causou redução mínima dos
níveis sanguíneos da proteína C-reativa
e cortisol e elevação não significativa
de albumina sanguínea.
Histopalogia:
H. procumbens comparado com a
indometacina causou poucos efeitos
deletérios sobre a membrana do TGI.
- H. procumbens: gastrite superficial
(superfície da mucosa distorcida);
glândulas do lúmen da zona superficial
distorcidas; duodenite superficial
manisfestada pela perda de algumas
vilosidades e ulcerações da superfície
do epitélio, com células inflamatórias
no interior das vilosidades do duodeno.
- Indometacina: extensiva gastrite
(59)
45
Extrato Modo
de
preparo
Via Doses/
posologia
Metodologia Animais Resultado observado Referência
superficial, na forma de perda da
superfície do epitélio (ulceração) com
extensiva infiltração celular
inflamatória a base da úlcera e próximo
às glândulas gástricas; extensiva
duodenite superficial manifestada por
extensiva superfície do epitélio
desnudo e coberto por material
protéico; sub-mucosa apresentou
infiltrado inflamatório.
Cápsulas contendo
H. procumbens
N.D. V.O. 27 mg/ kg,
uma vez por
dia, durante 7
dias
Avaliação de sinais de toxicidade em
um período de 7dias após a primeira
administração do extrato. Após o
período, os animais foram sacrificados
e os órgãos coletados para análise
histopatológica, bem como o sangue
coletado para análises bioquímicas e
hematológicas.
Camundongos
machos e fêmeas
albinos Swiss, 6-7
semanas de vida,
20-25 g.
Nenhum sinal de toxicidade foi
observado.
(57)
Quadro 8 – Estudos de toxicologia subcrônica in vivo da espécie H. procumbens.
V.O.: via oral; IP: via intraperitoneal; n: número de animais; N.D.: não descrito.
46
4.3.1.3 Toxicidade crônica
Com relação aos estudos de toxicidade crônica, existem poucas evidências que
confirmem a segurança do uso a longo prazo de H. procumbens. Mesmo com os estudos
subcrônicos dando indícios de segurança, isso é importante de ser ressaltado uma vez que
existe indicação de uso contínuo da espécie. Deve-se levar em conta que só a partir de estudos
crônicos é possível prever potenciais efeitos mutagênicos ou carcinogênicos ou ainda
embriotoxicidade (60). Neste sentido, apenas um estudo de toxicidade crônica foi encontrado
(Quadro 9), no qual um produto comercial a base de H. procumbens, administrado em
camundongos por via oral, apresentou ausência de toxicidade significativa (57). O estudo
apresenta poucos detalhes metodológicos, dificultando sua análise crítica.
Extrato Modo
de
preparo
Via Doses/
posologia
Metodologia Animais Resultado
observado
Referência
Cápsulas
contendo H.
procumbens
N.D. V.O. 5,4 mg/
kg, uma
vez por
dia,
durante
90 dias
Avaliação de sinais
de toxicidade em
um período de 90
dias após a
primeira
administração do
extrato. Após o
período, os animais
foram sacrificados
e os órgãos
coletados para
análise
histopatológica,
bem como o
sangue coletado
para análises
bioquímicas e
hematológicas.
Camundongos
machos e
fêmeas albinos
Swiss, 6-7
semanas de
vida, 20-25 g.
Nenhum
sinal de
toxicidade
foi
observado.
(57)
Quadro 9 – Estudos de toxicologia subcrônica in vivo da espécie H. procumbens.
V.O.: via oral; N.D.: não descrito.
47
4.3.1.4 Genotoxicidade
Dado não encontrado na literatura pesquisada.
4.3.1.5 Sensibilização dérmica
Dado não encontrado na literatura pesquisada.
4.3.1.6 Irritação cutânea
Dado não encontrado na literatura pesquisada.
4.3.1.7 Irritação ocular
Dado não encontrado na literatura pesquisada.
A falta de estudos nesses três itens anteriores de avaliação dérmica pode ser justificada
pela escassa utilização tópica de H. procumbens. A RE 90 exige ensaios adicionais de
sensibilização dérmica, irritação cutânea e ocular apenas quando se trata de um fitoterápico de
uso tópico. Como para a espécie H. procumbens o uso como anti-inflamatório está indicado
por administração oral, esses tipos de estudo são, portanto, dispensáveis.
4.3.1.8 Toxicidade reprodutiva
Não foram encontrados estudos específicos nesta área. No entanto, foi encontrado
relato de que o extrato de H. procumbens apresentou atividade ocitotóxica em animais, por
isso seu uso não é recomendo durante a gravidez (38). Além disso, um estudo não-clínico ex
vivo mostrou que o extrato de H. procumbens apresenta atividade uterotônica e
espasmogênica, ao induzir a contratilidade de preparados musculares de tubas uterinas, o que
também pode ser relacionado ao uso popular da espécie como indutor e/ou acelerador de
trabalho de parto, bem como para a expulsão de placenta retida em mulheres grávidas (61).
48
Dessa forma, estudos de toxicidade reprodutiva se fazem necessários para confirmar e
garantir a segurança do uso da espécie. Sugere-se, portanto, atentar para o risco da utilização
desses extratos durante a gravidez, sobretudo, nas fases iniciais.
4.3.2 Estudos farmacológicos
Vários estudos farmacológicos, tantos clínicos quanto não-clínicos, são encontrados na
literatura para a espécie H. procumbens. Já é bastante difundida a sua eficácia em condições
inflamatórias, de modo que a grande maioria dos estudos está relacionada à atividade anti-
inflamatória e/ou analgésica.
A seguir, são descritos os principais estudos farmacológicos pré-clínicos encontrados
na literatura para espécie H. procumbens.
4.3.2.1 Ensaios in vitro
No Quadro 10 serão apresentados os ensaios farmacológicos pré-clínicos in vitro
realizados com a espécie H. procumbens.
49
Atividade Parte da
planta
Extrato e modo de
preparo
Concentração Metodologia Resultado observado Referência
Anticâncer N.D. Extrato metanólico 1, 5 e 10 µg/ mL Avaliação do efeito sobre a
expressão de COX-2
induzida por TPA em
células MCF10A, uma vez
que a expressão elevada
dessa enzima tem sido
implicada na patogênese e
progressão de
carcinogênese.
O extrato inibiu a expressão da
COX-2 nas células MCF10A.
(62)
Antiagregante
plaquetária
N.D. Extrato aquoso
(decocção) por 3 min. O
extrato obtido foi
clarificado por
centrifugação (2000 g)
por 10 min e liofilizado.
1 mg/ mL Agregação plaquetária em
PRP induzida pela adição de
10 µM de ADP.
Apresentou baixo percentual
de inibição da agregação
plaquetária (7,2±2,3%).
(63)
Anticolinesterásica Cultura de
raízes
transformadas
Extratos metanólicos
brutos da biomassa e das
raízes transformadas.
Também foram testadas
as frações enriquecidas
de feniletanóides, obtidas
de cada extrato bruto por
meio de uma coluna de
poliamida 6, sendo as
frações eluídas com
poções de água destilada
e metanol (25, 50, 75 e
100% de metanol). O
composto majoritário,
verbascosídeo, foi
isolado aplicando as
frações em colunas
Merck Lobar (RP-8 e
RP-18), e eluídas com
um gradiente de água/
metanol.
50-1000 µg/ mL Método de Ellman, usando
acetilcolina e butirilcolina
como substratos para avaliar
as atividades inibitórias de
aceticolinesterase e
butirilcolinesterase,
respectivamente.
As frações enriquecidas
apresentadas atividade
anticolinesterásica e
antibutirilcolinesterásicas
significativamente altas. O
verbascosídeo isolado também
foi ativo, porém um pouco
menos que a fração
enriquecida. Nenhum dos
extratos brutos apresentou
atividade. Esses resultados
sugerem que o enriquecimento
é essencial para a obtenção da
atividade, existindo inclusive
relatos de que o verbascosídeo,
assim como alguns outros
feniletanóides, apresentam
atividades neuroprotetoras, o
que pode justificar o resultado.
Os autores sugerem que essas
frações enriquecidas em
(64)
50
Atividade Parte da
planta
Extrato e modo de
preparo
Concentração Metodologia Resultado observado Referência
feniletanóides podem ser
atrativas para fins comerciais
tendo em vista sua atividade
farmacológica.
Antienzimática
(enzimas do
citocromo P450)
Raíz Extrato hidroalcoólico
(80% metanol): 2,5 g das
raízes foram extraídos
com 10 mL de solvente
(não especifica o
solvente utilizado), em
banho de ultrasom, por
30 min, a temperatura de
40ºC.
20, 100 e 500 µg/ mL Inibição sobre as enzimas
CYP, em um sistema
enzima/substratao, para sub-
tipos das enzimas CYP e
quantificação dos
metabólitos, por
CLAE, após extração
automatizada.
H. procumbens inibiu enzimas
do sistema CYP (1A2, 2C8,
2C9, 2D6, 3A4) com IC50 de
121 a 1044 µg/mL, enzimas
envolvidas na metabolização
de alguns fármacos.
(65)
Anti-inflamatória Raíz H. procumbens: extrato
aquoso (1:10, p/v),
preparado por extração
exaustiva em
multiestágios (85-95ºC)
por 20 h.
H. zeyheri (usado para
comparação): extrato
aquoso preparado por
maceração durante 8 h
(90ºC).
Também foram testadas
as frações (acetato de
etila e aquosa) e os
compostos isolados do
extrato de H.
procumbens*: 8-
cinamoil mioporosídeo,
8-feruloilharpagida, 8-p-
cumarilharpagida (0,4/
4,86%), pagosídeo (0,34/
0,75%), 6’-o-
acetilacteosídeo (0,9%/
N.D. Inibição da enzima elastase
neutrofílica
Extrato de H. procumbens
(IC50 = 540 μg/ mL) foi duas
vezes mais ativo que H.
zeyheri (IC50 = 1012 μg/ mL).
A fração acetato de etila (IC50
= 50 μg/ mL) apresentou maior
atividade que a fração residual
aquosa (IC50 = 638 μg/ mL).
Devido às quantidades obtidas
dos compostos isolados,
apenas 8 compostos foram
avaliados:
6´-O-acetilacteosídeo (IC50 =
47μg/mL) foi o composto mais
ativo, seguido por pagosídeo
(IC50 = 154 μg/ mL), 8-p-
cumarilharpagida (IC50 = 179
μg/ mL) e isoacteosídeo (IC50
= 179 μg/ mL); ácido caféico
presente apenas em traços
(IC50 = 86 μg/ mL); os
compostos harpagosídeo,
acteosídeo, ácido cinâmico
(42)
51
Atividade Parte da
planta
Extrato e modo de
preparo
Concentração Metodologia Resultado observado Referência
não detectado),
harpagosídeo (2,35/
1,35%), 8-
feruloilharpagida,
acteosídeo (0,68/
0,89%), isoacteosídeo
(2,0/ 3,95%) e os ácido
cinâmico (0,09/ 0,03%) e
caféico (0,005%/ traços).
*em parênteses, o teor do
composto nos extratos de
H. procumbens/ H.
zeyheri, respectivamente,
quantificados por CLAE.
apresentaram IC50>500 μg/
mL.
A maior atividade de 6´-O-
acetilacteosídeo comparada
com acteosídeo, pode estar
relacionada a lipossolubilidade
da molécula.
Anti-inflamatória Raíz Com exceção do extrato
3 (material fresco), os
demais extratos foram
preparados com raízes
secas e branqueadas).
Não há detalhes sobre o
modo de preparação dos
extratos.
-Extrato1: extrato aquoso
concentrado e
solubilizado em etanol; o
precipitado formado foi
removido e o extrato foi
seco.
-Extrato 2: similar ao 1.:
solubilizado em n-
butanol (saturado em
água); filtrado e extraído
com água (saturada com
n-butanol); fase n-
butanólica foi separada e
concentrada.
-Extrato 1: 0,1/ 0,25/ 0,3/
0,6 e 1 mg/ mL;
-Extrato 2: 0,1/ 0,2/ 0,3
mg/ mL.
Células mesangiais de ratos
estimuladas por IL-1β.
-Expressão de iNOS:
Northern blot e Western
blot;
-Determinação de NO:
Reação de Griess.
-Ensaio de transfecção e
gene repórter luciferase.
Extratos 1 e 2 (alta
concentração de harpagosídeo)
diminuiram os níveis de NO
em células mesengiais de ratos,
estimuladas por IL-1β pela
inibição da expressão de
mRNA de iNOS devido a
inibição da translocação de
NF-κB.
Os extratos de H. procumbens
com altas concentrações de
harpagosídeo são efetivos em
inibir a expressão de iNOS,
mas harpagosídeo na forma
isolada não apresentou
atividade.
Extrato 1 e 2: inibiram a
formação de nitrito em
concentrações superiores a 0,1
mg/ mL. O extrato 1
apresentou atividade similar ao
extrato 2, em concentração 2
(47)
52
Atividade Parte da
planta
Extrato e modo de
preparo
Concentração Metodologia Resultado observado Referência
-Extrato 3: preparado
com água.
-Extrato 4 e 5:
preparados com água
(60%) e etanol (60%),
respectivamente.
Também foi testado o
harpagosídeo isolado do
extrato aquoso.
Determinação da
concentração de
harpagosídeo nos
extratos (não
especificado método
utilizado):
-Extrato1: 8,9%;
-Extrato 2: 27%;
-Extrato 3: 1,8%;
-Extrato 4: 1,9%;
-Extrato 5: 2,0%.
vezes maior. Os extratos 1 e 2
também inibiram a expressão
de mRNA de iNOS e a nível
protéico. Para confirmar essa
ação, foi observado que os
extratos interferem na ativação
da transcrição de gene.
Extrato 3 e 4 em concentrações
até 1 mg/ mL não inibiram a
formação de nitrito e o extrato
5 apresentou toxicidade em
concentrações maiores que 0,1
mg/ mL. Harpagosídeo inibiu a
formação de nitrito (0,3 e 1
mg/ mL). Na concentração de
1 mg/ mL, a inibição foi de 80-
100%. No entanto, 0,09 mg/
mL de H. procumbens
(concentração de harpagosídeo
em 1 mg/ mL do extrato 1) não
inibiu a expressão de iNOS. Os
autores sugerem que
metabólitos do harpagosídeo
e/ou outros constituintes de H.
procumbens contribuem para a
atividade anti-inflamatória,
mas o extrato sem a presença
de harpagosídeo (1 mg/ mL)
também inibiu a formação de
nitrito e a expressão de iNOS
em torno de 50%. Quando o
extrato sem harpagosído foi
suplementado com 90 μg/ mL
de harpagosídeo apresentou
atividade similar ao extrato
bruto. Os extratos 1 e 2, o
53
Atividade Parte da
planta
Extrato e modo de
preparo
Concentração Metodologia Resultado observado Referência
extrato sem a presença de
harpagosídeo e harpagosídeo
isolado foram avaliados sobre
a translocação de NF-κB. Com
exceção do harpagosídeo, os
extratos inibiram parcialmente
a translocação de NF-κB para o
núcleo.
Anti-inflamatória N.D. Produto a base de H.
procumbens
comercializado no
Canadá
H. procumbens: 1, 10,
100, 1000, 10000 e
100000 μg/ mL; Controle
positivo: AAS: 50, 100,
250, 500, 750 e 1000 μg/
mL e indometacina:
0,05/0,10/0,25/0,50/0,75 e
1 μg/ mL
Inibição da enzima
prostaglandina sintase
O extrato de H. procumbens,
em doses até 10000 μg/mL,
não inibiu a atividade da
enzima prostaglandina sintase.
Por outro lado, AAS e
indometacina, causaram 50%
de inibição da enzima nas
concentrações de 0,316 e 437
μg/mL, respectivamente.
(58)
Anti-inflamatória N.D. Extrato hidroetanólico de
H. procumbens (etanol
60%) (Steiner
Harpagophytum
procumbens extract 69).
Foi determinado por
CLAE como 2,9% de
harpagosídeo, de acordo
com método proposto
pela Farmacopéia
Européia (suplemento
1999). Harpagida foi
isolado e identificado por
RMN e harpagosídeo foi
adquirido comerciamente
(Roth, Karlsruhe,
Alemanha).
Extrato: 1, 10, 100 e 1000
µg/ mL harpagosídeo e
harpagida: 0,01/0,1/1 e 10
µg/ mL; Controle positivo:
tepoxalina.
Monócitos humanos
incubados com as amostras
por 30 min e tratados com
LPS (10 ng/mL) por 24 h:
avaliação dos níveis de IL-
6, TNF-α, IL-1β e PGE2.
O tratamento com o extrato
SteiHap 69 inibiu a liberação
de TNF-α de monócitos
humanos de maneira dose
dependente. Na concentração
de 10 µg/mL inibiu 30% a
síntese de TNF-α e 1000
µg/mL causou inibição total
(IC50 ≈ 100 µg/mL).
Harpagosídeo e harpagida não
inibiram a síntese de TNF-α
(concentrações > 10 µg/mL). O
extrato também diminui os
níveis das citocinas IL-6 e IL-
1β e de PGE2 somente em
concentrações > 100 µg/mL.
(46)
Anti-inflamatória N.D. Extrato aquoso obtido
por extração a quente em
Extratos: 0,0001/ 0,005/
0,01/ 0,05/ 0,1/ 0,5 e 1
Em células de fibroblastos
de camundongos L929
-Viabilidade celular: H.
procumbens não apresentou
(66)
54
Atividade Parte da
planta
Extrato e modo de
preparo
Concentração Metodologia Resultado observado Referência
sistema aberto (decocção
a 80ºC durante 12 h).
mg/mL. Controle positivo:
ciclofilina
foram avaliados:
-viabilidade celular (ensaio
MTT)
-expressão de mRNA de
COX-1 e 2 e iNOS (RT-
PCR)
-Síntese de PGE2 e NO
citotoxicidade em linhagens de
células de fibroblastos L929.
-expressão de mRNA: o
tratamento com 1 mg/mL de H.
procumbens suprimiu a
expressão de mRNA de COX-
1 em células estimuladas com
5 μg/mL de LPS, por 24 h. A
expressão de mRNA de COX-
2 e iNOS foi
significativamente diminuída
quando as células foram
tratadas com 0,1 e 1,0 mg/mL
de H. procumbens.
-Síntese de PGE2 e NO: H.
procumbens suprimiu a síntese
de PGE2 e NO nas
concentrações de 0,1 e 1,0
mg/mL.
Os resultados sugerem que o
efeito anti-inflamatório e
analgésico de H. procumbens
está associado à supressão da
expressão de COX-2 e iNOS,
resultando na inibição da
síntese de PGE2.
Anti-inflamatória Raízes
tuberosas
secundárias
secas
Extrato metanólico
preparado por agitação a
temperatura ambiente
(procedimento repetido
duas vezes). A partir
desse extrato, foi isolado
o harpagosídeo.
0,1-200 µM Ensaio de transfecção e
luciferase de NF-κB; NO;
expressão de mRNA de
COX-2 e iNOS; expressão
de proteína e imunoblotting/
células RAW 264,7
(linhagem celular de
macrófagos de
camundongos) e HepG2
(linhagem celular de
Harpagosídeo reduziu a
liberação de NO em células
estimuladas por LPS de
maneira dose-dependente
(IC50 = 39,8 μM) e não afetou
a liberação de NO em células
não estimuladas. Para
comprovar se a inibição da
liberação de NO ocorre por
inibição da iNOS em afetar a
(45)
55
Atividade Parte da
planta
Extrato e modo de
preparo
Concentração Metodologia Resultado observado Referência
carcinoma humano
hepatocelular)
viabilidade celular foi avaliado
a citotoxicidade (>90%).
Harpagosídeo (200 μM) inibiu
a indução da expressão de
mRNA de COX-2 e iNOS e
proteínas em células
estimuladas, indicando que o
composto interfere na síntese
dessas proteínas a nível
transcripcional e translacional.
Anti-inflamatória N.D. Extrato hidroetanólico
(etanol 80%) (não
especifica o modo de
preparação do extrato).
As frações foram obtidas
por meio de partição
líquido-líquido (frações
heptano, acetato de etila,
butanol e residual
aquosa). Também foram
avaliados o
extrato WS1531 (extrato
patenteado) e uma fração
do extrato WS1531 sem
a presença de alguns
compostos.
Concentração de
harpagosídeo (não
informada metodologia):
Extrato hidroetanólico=
2,1%
Frações:
-Heptano=1,3%;
-Acetato de etila=
19,95%;
-Butanólica=19,5%;
N.D. Avaliação da biosíntese de
cisteinil-leucotrienos (via da
lipooxigenase) e
tromboxano em amostras de
sangue humano, induzidos
por cálcio ionofóro A23187.
A fração residual aquosa não
apresentou atividade; já o
extrato WS1531 apresentou um
efeito inibitório sobre a síntese
de eicosanoides maior que o
composto harpagosídeo na
forma isolada. Por outro lado,
uma fração do extrato
WS1531, sem a presença de
alguns compostos, causou um
aumento da biossíntese de
leucotrienos e tromboxano. As
frações acetato de etila e
butanólica causaram uma
significante inibição da
biossíntese de eicosanóides, na
qual a fração acetato de etila
apresentou maior atividade
sobre a síntese de leucotrienos
e a fração butanólica sobre a
síntese de tromboxano. Os
autores sugerem que a
atividade de H. procumbens
esteja relacionada ao conteúdo
de harpagosídeo, mas também
que outros compostos possam
(67)
56
Atividade Parte da
planta
Extrato e modo de
preparo
Concentração Metodologia Resultado observado Referência
-Residual aquosa=0%
Extrato WS1531=7,3%.
Fração do extrato
WS1531 sem a presença
de alguns
compostos=0,36%.
estar envolvidos.
Anti-inflamatória Tubérculos Extrato etanólico. 50 µg/mL Mecanismo de ação anti-
inflamatório investigado por
meio de Microarray (“gene
chips”). Células THP-1
foram incubadas com o
extrato por 1 h e depois
estimuladas com 0,1 µg de
LPS/ mL, sendo então
incubadas durante 18 h. O
mRNA isolado foi transcrito
para cDNA, marcado e, em
seguida, submetido ao
Microarray. Avaliou-se a
expressão dos genes
reponsáveis por doenças
inflamatórias ou doenças
reumáticas, em particular
alguns genes que são
regulados pela via TLR-4.
O extrato mostrou efeito
antiinflamatório através da
inibição da transcrição do NF-
kB, TNF-α, CCl2 e MMP9. Os
autores concluem que o
mecanismo de ação do extrato
não é por uma via anti-
inflamatória distinta, mas sim
pela moderada inibição de
vários alvos inflamatórios.
(68)
Anti-inflamatória N.D. Extrato etanólico 60%,
Bioforce AG
0-250 µg/ mL Avaliação do efeito da
ativação metabólica externa
(com fração microssomal S9
de fígado de ratos) do
extrato sobre a produção de
citocinas pró-inflamatórias
por células monocíticas
THP-1, in vitro. As células
foram estimuladas com 25
µg/mL de LPS.
O extrato inibiu de forma dose
dependente a secreção de TNF-
α, com IC50 de 98 μg/mL. A
secreção de IL-8 e IL-6 foi
moderadamente inibida em
cerca de 25% nas
concentrações de 50-100
μg/mL. O efeito inibitório
sobre a liberação de TNF-α em
células THP-1 foi aumentado
após a indução metabólica. Os
(69)
57
Atividade Parte da
planta
Extrato e modo de
preparo
Concentração Metodologia Resultado observado Referência
dados sugerem que o extrato
bruto tem propriedades
inibitórias frente citocinas pró-
inflamatórias e que a ativação
metabólica parece
desempenhar um papel
importante neste efeito.
Anti-inflamatória N.D. Extrato hidroalcoólico
bruto foi obtido apartir
da mistura de um pó
contendo 1,78% de
harpagosídeo (Pro-
formula, SP, Brasil) com
etanol 60%. O extrato
bruto foi fracionado por
cromatografia flash
sucessivamente
(monitorando o processo
por meio de CCD e
CLAE), resultando ao
final nas seguintes
frações para teste:
-Fração A: 88,8% de
harpagosídeo.
-Fração B: 56,1% de
harpagosídeo + pool de
iridóides.
-Fração C: 2,7% de
harpagosídeo + 85,1% de
ácido cinâmico livre.
30-300 µg/ mL Avaliação da influência do
extrato bruto e frações sobre
a atividade da COX-1,
COX-2 e produção de NO,
no ensaio de sangue total
estimulado por LPS. A
atividade COX-1 foi
quantificada pela
mensuração da produção de
TXA2, a atividade COX-2
pela produção de PGE2 e a
produção de NO avaliada
pela reação de Griess.
O extrato bruto não foi capaz
de inibir a COX-1 nem a COX-
2, enquanto que a fração
contendo o maior teor de
harpagosídeo (fração A) foi
capaz de inibir
indistintivamente COX-1 e
COX-2 (37,2 e 29,5%,
respectivamente) e inibir
bastante significativamente a
produção de NO (66%). Em
contraste, foi observado que a
fração contendo um pool de
iridóides (fração B) aumentou
a atividade COX-2 e não
alterou nem COX-1 nem a
produção de NO. A fração
contendo ácido cinâmico
(fração C) foi capaz de reduzir
apenas a produção de óxido
nítrico (67%). Com esses
resultados, os autores sugerem
que a fração enriquecida em
harpagosídeo é a principal
responsável pelo efeito de H.
procumbens na atividade
dessas enzimas, enquanto que
outros componentes poderiam
estar antagonizando ou
(50)
58
Atividade Parte da
planta
Extrato e modo de
preparo
Concentração Metodologia Resultado observado Referência
aumentando a síntese de
mediadores inflamatórios,
modulando assim a atividade
do extrato bruto.
Anti-inflamatória Raízes
secundárias
Extrato etanólico. Raízes
secundárias pulverizadas
(300 g) foram extraídas
com etanol 50% (3 L,
duas vezes) por 2 h sob
refluxo. O extrato
coletado foi concentrado
sob pressão reduzida
seguida de liofilização
(rendimento = 61,4%).
Harpagosídeo foi isolado
(rendimento de 0,4%) e
identificado por meio de
RMN.
Extrato bruto: 50-500 µg/
mL.
Harpagosídeo: 50-200 µM
Avaliação do efeito sobre a
expressão de das citocinas
inflamatórias IL-1β, IL-6 e
TNF-α em células de
macrófagos de
camundongos (células RAW
264,7) estimuladas por LPS.
O extrato bruto suprimiu, de
forma concentração-
dependente, a produção de
todas as citocinas avaliadas. O
harpagosídeo também
apresentou efeito significativo,
o que indica que esse composto
é um dos princípios ativos de
H. procumbens.
(70)
Anti-inflamatória Tubérculos Extrato etanólico. O pó
dos tubérculos secos (4
kg) foi extraído com
etanol 80% quente sob
refluxo (40 L x 5, por 3
h), seguido de remoção
do solvente a vácuo, para
o rendimento de 463 g de
extrato. O extrato seco
foi então suspenso em
água e extraíso
sucessivamente em
acetato de etila (3 L) e n-
butanol (3 L). Os
compostos 1
(haprosídeo) e 2 (pagida)
foram isolados da fração
n-butanol. Os compostos
ND Avaliação da inibição do
burst oxidativo em
neutrófilos estimulados com
PMA, por meio de análise
por quimioluminescência.
Os compostos 3, 7 e 8
apresentaram significativa
atividade inibitória contra o
burst oxidativo de neutrófilos
estimulados por PMA,
enquanto que os compostos 4,
5 e 6 apresentaram apenas
baixa atividade. A atividade
desses compostos não tem
relação com citotoxicidade,
uma vez que todos eles não
apresentaram citotoxicidade
significativa. Os compostos 1 e
2 não apresentaram efeito
detectável.
(39)
59
Atividade Parte da
planta
Extrato e modo de
preparo
Concentração Metodologia Resultado observado Referência
3 (2α,3α-dihydroxyurs-
12:20(30)-dien-28-oic
acid), 4 (ácido pigênico
A), 5 (ácido corosólico),
6 (ácido euscáfico), 7
(ácido pigênico B) e 8
(2α,3α,24-trihydroxyurs-
12,20(30)-dien-
28-oic acid) (todos são
terpenóides conhecidos)
foram isolados da fração
acetato de etila. A pureza
dos compostos foi
avaliada por CLAE e
RMN, como maior de
95%.
Anti-inflamatória Cultura de
raízes
transformadas
Extratos metanólicos.
Porções (50 g) de
suspensões celulares da
biomassa celular
liofilizada foram
individualmente
homogeneizadas com
areia do mar usando gral
e pistilo, depois extraído
por incubação em
metanol por 48 h. Os
extratos resultantes da
biomassa celular e das
raízes tranformadas
foram designados CME-
CB e CME-HR,
respectivamente, sendo
posteriormente filtrados
e secos por evaporação a
vácuo, resultando em
500 µg/ mL do extrato ou
250 µg/ mL dos
compostos isolados
Avaliação do efeito sobre a
liberação de citocinas (TNF-
α e IL-6) e NO e sobre a
expressão de COX-1 e
COX-2 em macrófagos
peritoneais murinos
estimulados por LPS. Além
disso, o extrato e os
compostos isolados foram
adicionados a soro humano
para investigar seus efeitos
na via clássica de ativação
do sistema complemento.
Os resultados indicam que os
extratos brutos e o
verbascosídeo puro (o
constituinte ativo majoritário)
apresentaram fortes
propriedades anti-
inflamatórias, comparáveis ou
mesmo maiores que as do
harpagosídeo (que é o principal
constituinte ativo presente nos
tubérculos intactos de H.
procumbens). Assim, os
autores sugerem o potencial
farmacológico das culturas
transformadas de H.
procumbens.
(71)
60
Atividade Parte da
planta
Extrato e modo de
preparo
Concentração Metodologia Resultado observado Referência
23,4 e 20,13 g de
resíduo, respectivamente.
Por meio de sucessivas
cromatografias em
coluna, os feniletanóides
glicosilados
verbascosídeo,
leucosceptosídeo A, β-
OH-verbascosídeo e
martinosídeo, foram
purificados e
estruturalmente
identificados por RMN e
CL-EM.
Anti-inflamatória N.D. H. procumbens seco foi
pulverizado e metanol
foi adicionado a uma
concentração final 100
mg de pó/ mL de
metanol. O material foi
vortexado por 5 min
seguido de agitação a
400 rpm por 5 min a
temperatura ambiente.
Em seguida, o material
foi centrifugado a 8000
rpm por 5 min e a fase
metanólica foi decantada
e concentrada a 35ºC sob
uma corrente suave de
nitrogênio, resultando
num extrato bruto
resinoso. Harpagosídeo e
harpagida foram
identificados no extrato
por meio de CCD.
Extrato bruto: 2 mg
Harpagosídeo: 0,2 mg e
0,006 mg.
Harpagida: 0,2 mg e 0,002
mg.
Inibição enzimática da
COX-2, utilizanodo ácido
aracdônico como substrato.
O extrato bruto demonstrou
direta inibição (68%) da
enzima COX-2 (IC50 = 0,1046
mg/mL). A IC50 do
harpagosídeo foi 104,1 mg/mL,
enquanto para a harpagida foi
0,1186 mg/mL. A
concentração de harpagosídeo
e harpagida equivalente à
encontrada no extrato (3 e 1%,
respectivamente) contribuiu
com 1,5 e 13% da inibição
apresentada pelo extrato bruto,
respectivamente. Os autores
sugerem que a inibição do
extrato seja devido a um
sinergismo de vários
componentes bioativos,
incluindo harpagida e
harpagosídeo.
(72)
61
Atividade Parte da
planta
Extrato e modo de
preparo
Concentração Metodologia Resultado observado Referência
Anti-inflamatória N.D. Comprimidos revestidos
(DEV4.4-5.0:1, Pascoe®-
Agil, 240 mg) contendo
extrato hidroalcoólico
obtido da extração
hidroalcoólica de Radix
Harpagophyti
procumbens. 2,9% de
harpagosídeo.
10-500 µg/ mL Avaliação do efeito sobre a
expressão e liberação de
citocinas pró-inflamatórias
(IL-6, IL-1β e TNF-α e
PGE2) em monócitos
humanos estimulados por
LPS e estudo das vias de
sinalização intracelular
envolvidas na inflamação.
Todas as citocinas analisadas
foram inibidas pelo extrato de
forma dose-dependente. Os
resultados do estudo das vias
de sinalização envolvidas
indicam que o extrato inibe a
indução da expressão de genes
pró-inflamatórios,
possivelmente bloqueando a
via AP-1.
(73)
Antimicrobiana N.D. Extrato seco de H.
procumbens (Finzelberg-
Andernach, Alemanha),
com teor de
harpagosídeo de 2,6%.
Também foi testado
harpagosídeo comercial
(Roth, Karlsruhe,
Alemanha)
H. procumbens: 100, 20,
10, 2, 1, 0,4 e 0,2 µg/ mL.
Harpagosídeo: 128, 64,
32, 16, 8, 4, 2 e 1 µg/ mL.
Avaliação da MIC e da
MBC contra 18 bactérias
aeróbicas, 9 anaeróbicas, 2
Candida e 1 Malassezia
furfur isolada
O extrato de H. procumbens
foi um dos extratos mais
eficientes dentre os testados
contra as bactéria aeróbicas e
contra Candida, inibindo o
crescimento de todas bactérias
aeróbicas testadas, além de C.
krusei. Por outro lado, o
extrato apresentou atividade
frente apenas duas bactérias
anaeróbicas: Fusobacterium
nucleatum e Porphyromonas
gingivalis. Já o composto
harpagosídeo, na forma
isolada, não apresentou
atividade.
(74)
Antioxidante Raíz Extrato aquoso das raízes
secas e branqueadas,
concentrado e
solubilizado em etanol; o
precipitado formado foi
removido e o extrato foi
seco. Teor de
harpagosídeo: 8,9%
(método de quantificação
não descrito). O
0,1-100 µg/ mL Quimioiluminescência pela
autooxidação de um
homogenato de lipídios do
cérebro de camundongos.
O extrato inibiu a autooxidação
de modo concentração-
dependente e o composto
harpagosídeo não apresentou
atividade.
(47)
62
Atividade Parte da
planta
Extrato e modo de
preparo
Concentração Metodologia Resultado observado Referência
harpagosídeo isolado
também foi testado.
Antioxidante Raíz tuberosa Extrato de H.
procumbens (Bioforce
AG, Suíça, teor não
menor que 1,2% de
harpagosídeo), tintura de
H. procumbens (Bioforce
UK Ltd) e harpagosídeo
isolado comercial.
1-1000 µg/ mL Ensaio DPPH; geração de
nitrato em células
(macrófagos RAW 264,7)
estimuladas por LPS;
geração de ânion superóxido
e atividade MPO em
neutrólilos humanos
estimulados por n-formil-
metionil-leucil-fenilalanina
e ácido araquidônico;
quantificação de neutrófilos
e vibalidade celular (azul de
tripano).
O extrato e a tintura inibiram a
formação de radicais DPPH de
maneira concentração-
dependente. Ambas
preparações foram inativas em
concentrações de 0,001 e 1
μg/mL. A máxima atividade
foi observada em 1000 μg/mL,
na qual extrato e tintura
apresentaram capacidade de
seqüestro de 91,75 ±1,4% e
89,95±2,80%, respectivamente.
Harpagosídeo apresentou
atividade antioxidante mínima,
na máxima concentração
testada (1000 μg/mL). Extrato
e tintura, em todas
concentraçõse, nos diferentes
tempos de tratamento,
diminuiram os níveis de nitrito,
com atividade máxima em
1000 μg/mL, exceto, o extrato
(300 μg/mL, 1 h de pré-
tratamento), que não
apresentou atividade. A
viabilidade celular foi > 93%.
Ambas preparações, em todas
concentrações, não
apresentaram atividade sobre a
geração de ânion superóxido
produzido por neutrófilos
estimulados; diminuiram os
níveis de mieloperoxidase em
todas as concentrações, exceto
(75)
63
Atividade Parte da
planta
Extrato e modo de
preparo
Concentração Metodologia Resultado observado Referência
a tintura (300 μg/mL) que não
apresentou atividade
e inibiu a atividade de MPO
nas concentrações de 500 e
1000 μg/mL.
Antioxidante Cultura de
raízes
transformadas
Extratos metanólicos
brutos da biomassa e das
raízes transformadas.
Também foram testadas
as frações enriquecidas
de feniletanóides, obtidas
de cada extrato bruto por
meio de uma coluna de
poliamida 6, sendo as
frações eluídas com
poções de água destilada
e metanol (25, 50, 75 e
100% de metanol). O
composto majoritário,
verbascosídeo, foi
isolado aplicando as
frações em colunas
Merck Lobar (RP-8 e
RP-18), e eluídas com
um gradiente de água/
metanol.
50-1000 µg/ mL Avaliação do potencial
redutor de ferro e atividade
quelante de íons ferro
Extratos brutos, frações e
composto isolado apresentaram
significativa ação redutora de
íons ferro, sendo o extrato
bruto o menos ativo, o que
indica que são os compostos
feniletanóides que são os
principais responsáveis pela
capacidade redutora do ferro.
Os extratos brutos
apresentaram forte capacidade
quelante de íons ferro,
enquanto que a fração
enriquecida e o verbascosídeo
não, o que sugere que outros
compostos presentes no extrato
bruto é que são responsáveis
por essa atividade.
(64)
Antiplasmódica Raízes Extrato éter de petróleo:
50 g das raízes secas e
moídas* foi colocado em
contato com 500 mL de
éter de petróleo e
deixado sob agitação por
24 h. Por meio de um
fracionamento
biomonitorado, foi
obtido dois diterpenos:
Atividade antiplasmódica:
100 a 0,2 µg/ mL
Controle positivo:
difosfato de cloroquina.
Citotoxicidade: 100 µg/
mL a 1 ng/ mL.
Controle positivo:
hidrocloridrato de
daunorubicina.
Efeito sobre a forma dos
Atividade antiplasmódica:
Cepa de P. falciparum
sensível (D10) e cepa
resistente (K1) a cloroquina.
Citotoxicidade: células
CHO e hepatoma humano
(HepG2): ensaio MTT para
avaliar a viabilidade celular.
Efeito sobre a
forma dos eritrócitos:
Por meio de uma triagem
inicial foi observado que
dentre os extratos aquoso,
metanólico e éter de petróleo
(EP), o último foi o único que
apresentou atividade
antiplasmódica (IC50 = 13,57
μg/ mL). A atividade de
extratos preparados a partir da
planta cultivada foi mais
(40)
64
Atividade Parte da
planta
Extrato e modo de
preparo
Concentração Metodologia Resultado observado Referência
(+)-8,11,13-totaratrieno-
12,13-diol (1) e (+)-
8,11,13-abietatieno-12-ol
(2).
*neste trabalho, foram
preparados extratos com
a espécie silvestre e com
a espécie cultivada.
eritrócitos: 100 a 0,2 µg/
mL (281-0,56 µM).
Controle positivo:
hidrocloridrato de
clorpromazina.
microscopia de contraste de
fase de luz.
signficante que da planta
silvestre e apresentou uma
IC50 que variou de 5,8 a 6,6
μg/ mL. Os compostos 1 e 2
apresentaram atividade
antiplasmódica contra as cepas
D10 e K1 e não apresentaram
resistência cruzada com a
cloroquina. O composto 1 foi
igualmente ativo frente as duas
cepas, já 2 foi levemente mais
ativo contra a cepa K1. O
extrato EP (IC50>100) e os
compostos 1 (IC50 = 51,45
(CHO) e 59,01 (HepG2)) e 2
(IC50= 51,69 (CHO) e 43,71
(HepG2)), apresentaram não
serem tóxicos para as células
de CHO e HepG2, nas
concentrações necessárias para
inibir o crescimento do
parasita. Os valores do índice
de seletividade demonstraram
que ambos compostos são em
média
66 vezes mais ativos contra P.
falciparum em comparação a
células mamárias, indicando
certa seletividade. Em relação
ao efeito sobre a forma dos
eritrócitos, 1 e 2 não alteram a
forma dos eritrócitos nas
concentrações necessárias para
inibir o parasita. Em
concentrações 100 vezes
maiores que os valores de
65
Atividade Parte da
planta
Extrato e modo de
preparo
Concentração Metodologia Resultado observado Referência
IC50, também se manteve a
forma discóide do eritrócito e
não foram observadas
alterações morfológicas. Além
disso, não foi observada lise de
eritrócitos em concentrações de
100 μg/ mL. Cabe destacar,
que o extrato EP preparado a
partir das partes aéreas e das
sementes foram desprovidos de
atividade.
Quadro 10 – Estudos in vitro de atividade farmacológica pré-clínica da espécie H. procumbens. N.D.: não descrito.
66
Assim como no uso popular, a principal parte da planta utilizada nos estudos
farmacológicos foram as raízes, não sendo encontrado nenhum estudo que avalie outra parte
da planta, exceto pelos estudos em que a parte da planta não é especificada, mas que, no
entanto, pode-se supor tratar-se das raízes, tendo-se em vista a grande hegemonia de estudos
com esse farmacógeno. Vários dos estudos levantandos mostram a avaliação da atividade
farmacológica tanto do extrato bruto quanto de compostos isolados, principalmente o
harpagosídeo, visando correlacionar a atividade biológica com os compostos isolados obtidos.
De forma geral, a maior parte dos trabalhos in vitro (assim como a maioria dos demais
estudos farmacológicos da planta), foi conduzida para avaliação de atividade anti-
inflamatória, devido ao seu largo emprego popular no tratamento, principalmente, de doenças
inflamatórias. Para os demais possíveis efeitos do extrato de H. procumbens foram
encontrados somente estudos preliminares. Nos estudos in vitro, os autores buscaram elucidar
o mecanismo de ação anti-inflamatório de diferentes extratos de H. procumbens, por meio da
avaliação da atividade dos compostos, considerados majoritórios na espécie, na forma isolada.
Whitehouse; Znamirowska; Paul (1983) (58) observaram que o extrato obtido a partir
de um produto comercial a base de “garra-do-diabo” não inibiu a atividade da enzima
prostaglandina sintase. Baghdikian et al. (1997) (21) avaliaram a atividade de vários
compostos isolados obtidos de uma fração mais ativa das raízes de H. procumbens, sobre a
elastase de neutrófilos humanos. O composto mais ativo foi 6´-O-acetilacteosídeo, seguido
por pagosídeo, 8-p-cumarilharpagida e isoacteosídeo, enquanto que o composto harpagosídeo
não apresentou atividade (21). Por outro lado, Fiebich et al. (2001) (46) observaram que o
extrato hidroetanólico (etanol 60%) das raízes de H. procumbens inibiu os níveis de TNF-α,
IL-6, IL-1 e PGE2, no entanto, os compostos harpagosídeo e harpagida não apresentaram
atividade. Em um estudo mais recente foi mostrado que um extrato etanólico padronizado de
H. procubens é capaz de inibir a produção de IL-1β, IL-6, PGE2 e TNF-α, e que o extrato
inibe a expressão de genes pró-inflamatórios possivelmente bloqueando a via AP-1 de
sinalização celular (73). Inaba et al. (2010) (70) também observaram que o extrato etanólico
das raízes secundárias de H. procumbens, bem como o harpagosídeo, foram capazes de
diminuir os níveis de TNF-α, IL-6, IL-1β em macrófagos de camundongos estimulados in
vitro com LPS. Jang et al. (2003) (66) também observaram que o extrato aquoso das raízes de
H. procumbens inibiu a expressão de mRNA de COX-1, mas de forma mais significativa
atuou sobre a expressão de COX-2 e iNOS e sobre a síntese de PGE2 e NO. Posteriormente,
foi apresentado que extratos com maior concentração de harpagosídeo apresentaram atividade
67
mais significativa sobre a inibição dos níveis de NO, devido a inibição da expressão de
mRNA de iNOS. No entanto, harpagosídeo na forma isolada não apresentou atividade sobre
os níveis de NO, mas inibiu a formação de nitrito (66). Cabe destacar, que um extrato
preparado sem a presença de harpagosídeo, também inibiu a formação de nitrito e inibiu em
torno de 50% a expressão de iNOS (47). Huang et al. (2006) (45), observaram que
harpagosídeo inibe os níveis de NO por meio da inibição da indução da expressão de iNOS e
COX-2. Loew et al. (2001) (67) buscaram correlacionar a atividade anti-inflamatória com o
teor de harpagosídeo e, por isso, obtiveram diferentes extratos que foram avaliados sobre a
biossíntese de cisteinil-leucotrienos e tromboxano. As frações acetato de etila e butanólica,
que contêm os maiores teores de harpagosídeo (em média 19%) apresentaram efeito
significativo sobre a síntese de leucotrienos e tromboxano, mas harpagosídeo, na forma
isolada, apresentou atividade significativamente menor que um extrato de H. procumbens, que
apresentava um teor de 7,3% de harpagosídeo. Por outro lado, a influência do extrato bruto e
de frações enriquecidas em harpagosídeo sobre a atividade das COX-1 e COX-2, bem como
sobre a produção de NO, no ensaio de sangue total estimulado com LPS, foi avaliado (50) e
observou-se que o extrato bruto não foi capaz de inibir a COX-1 (por não alterar a produção
de TXA2) nem a COX-2 (por não alterar a produção de PGE2), enquanto que a fração
contendo o maior teor de harpagosídeo foi capaz de inibir indistintivamente COX-1 e COX-2
(37,2 e 29,5%, respectivamente) e inibir significativamente (p<0,05 em relação ao controle) a
produção de NO (66%). Em contraste, foi observado que a fração contendo um pool de
iridóides aumentou a atividade COX-2 e não alterou nem COX-1 nem a produção de NO.
Uma fração contendo ácido cinâmico foi capaz de reduzir apenas a produção de óxido nítrico
(67%). Com esses resultados, os autores sugerem que a fração enriquecida em harpagosídeo é
a principal responsável pelo efeito de H. procumbens na atividade dessas enzimas, enquanto
que outros componentes poderiam estar antagonizando ou aumentando a síntese de
mediadores inflamatórios, modulando assim a atividade do extrato bruto (50).
Outro trabalho avaliou a atividade anti-inflamatória in vitro de um novo triterpenóide
glicosilado (designado harprosídeo), de um novo iridóide glicosilado (designado pagida) e de
seis triterpenóides conhecidos (ver Quadro 10) isolados dos tubérculos de H. procumbens
(39). A atividade anti-inflamatória in vitro foi avaliada pela inibição do burst oxidativo em
neutrófilos estimulados com PMA, por meio de análise por quimioluminescência. Os autores
observaram que o novo iridóide glicolisado foi inativo e que os triterpenóides apresentaram
atividade inibitória in vitro, alguns de forma mais significativa e outros de forma menos
68
intensa (39). Esse é um resultado interessante que forma um contraponto com relação a
grande maioria dos trabalhos, que geralmente associam a atividade anti-inflamatória de H.
procumbens somente aos iridóides glicosilados.
Assim, como pode ser observado, os estudos que avalariam a atividade anti-
inflamatória in vitro de preparações a base de H. procumbens e dos compostos isolados com o
intuito de elucidar o mecanimo de ação e caracterizar os compostos envolvidos são bastante
contraditórios. Não há uma padronização dos extratos (tipo de extrato e teor dos iridóides
glicosilados), que pode ser justificado pelo fato dos autores buscarem correlacionar a
atividade com a presença dos iridóides glicosilados. Portanto, pelos resultados apresentados
no Quadro 10, até o presente momento, não é possível concluir quais são os compostos ativos
presentes em extratos de H. procumbens. Adicionalmente, embora haja algumas evidências
que indicam que o extrato atue principamente pela via da enzima COX-2, também não é
possível concluir o mecanismo de ação de H. procumbens.
Dentre os estudos que avaliaram a atividade anti-inflamatória in vitro de preparações a
base de H. procumbens, foi encontrado apenas um trabalho que também avaliou a atividade
do extrato de H. zeyheri (42). Neste estudo, o extrato aquoso de H. procumbens apresentou ser
duas vezes mais ativo que o extrato aquoso de H. zeyheri sobre a atividade da enzima elastase.
No entanto, para a obtenção dos extratos foram utilizados modos de preparação diferentes, o
que impossibilita uma comparação justa da atividade anti-inflamatória entre as duas espécies.
Em relação à atividade antioxidante de extratos de H. procumbens foram encontrados
poucos estudos publicados. Em um dos trabalhos foi comparada a atividade antioxidante do
extrato (não especifica o tipo de extrato) com a tintura de H. procumbens. Ambas as
apresentações demonstraram atividade antioxidante em alguns parâmetros avaliados, já o
composto harpagosídeo apresentou atividade mínima na maior concentração avaliada (75).
Outro grupo de pesquisadores obteve resultados semelhantes: o extrato das raízes de H.
procumbens, contendo 8,9% de harpagosídeo inibiu a autooxidação, já o composto
harpagosídeo isolado não apresentou atividade (47).
Quanto à avaliação da atividade antiplasmódica, foi encontrado um único relato, que
avaliou três diferentes extratos (aquoso, metanólico e éter de petróleo) e somente o derivado
com caráter apolar (extrato éter de petróleo) apresentou resultados positivos, frente a uma
cepa sensível a P. falciparum. Diante da falta de evidências, não há justificativas para uso
desse derivado em casos de malária. De acordo com a busca realizada, este foi o único
69
trabalho que também avaliou extratos das partes aéreas e das sementes, encontrando, porém,
resultados negativos (40).
Cabe destacar o trabalho realizado por Unger; Frank (2004) (65), que avaliaram a
atividade do extrato hidroetanólico das raízes de H. procumbens sobre as enzimas do sistema
CYP, envolvidas com a metabolização de diversos fármacos. Foi observado que o extrato de
H. procumbens inibe diferentes sub-tipos das enzimas CYP. Na ausência de evidências, os
resultados obtidos, embora não sejam confirmatórios, sugerem a merecida atenção que se
deve ter com possíves interações medicamentosas, principalmente tratando-se do sistema
citocromo P450, envolvido com a metabolização de diversos fármacos.
Em relação às possíveis atividades como anticancer, antimicrobiana e inibidor da
agregação plaquetária, foram realizados estudos preliminares, que apenas indicam uma
possível ação do extrato de H. procumbens como antimicrobiano, frente a bactérias aeróbicas
e Candida (74) e como antitumoral, por meio da inibição da COX-2 induzida por TPA em
células epiteliais humanas de mama (62). Sobre a agregação plaquetária, o extrato apresentou
um baixo percentual de inibição (63).
4.3.2.2 Ensaios in vivo
No Quadro 11 estão apresentados os ensaios farmacológicos pré-clínicos in vivo
realizados com a espécie H. procumbens.
70
Atividade Parte da
planta
Extrato/ Modo de
preparo
Via Posologia Metodologia Animais,
n/grupo
Resultado
observado
Referência
Antiarrítmica Raízes Extrato metanólico
preparado por
agitação constante,
protegida da luz, a
baixa temperatura,
por 48 h. Relação
material vegetal:
solvente extrator:
1:10.
100 mg do extrato
metanólico seco=
8,5 mg de
harpagosídeo e
10,5 mg de
iridóides
glicosilados.
O harpagosídeo
isolado também foi
testado.
V.O. e IP 100, 200, 300 e
400 mg/ kg, 30
min antes da
indução da arritmia
Modelo de atividade
antiarrítmica em
ratos intactos,
através da indução
de arritmia por
aconitina ou cloreto
de cálcio ou
epinefrina
clorofórmio.
Ratos machos
Wistar
O extrato via IP
causou, após 30-45
min da
administração, uma
redução dose
dependente da
frequência cardíaca,
nas doses mais altas
(300 e 400 mg/ kg).
O efeito iniciou após
30 min e permaneceu
por 120 min. Por via
IP, o efeito de
bradicardia foi
significante após 15
min. Nas doses de
300 e 400 mg/ kg,
V.O. e 75 mg/ kg, IP,
foi observado uma
diminuição das ondas
P; o período de ondas
P foi moderadamente
aumentado, e
bradicardia associada
com ritmo juncional
foi observada. O
harpagosídeo
apresentou uma
atividade menor do
que o extrato
contendo
concentração
correspondente de
harpagosídeo. O
extrato demonstrou
uma ação protetora
(76)
71
Atividade Parte da
planta
Extrato/ Modo de
preparo
Via Posologia Metodologia Animais,
n/grupo
Resultado
observado
Referência
no que diz respeito as
arritmias induzidas
por aconitina e
principalmente
aquelas induzidas por
cloreto de cálcio e
epinefrina-
clorofórmio.
Anticancer e anti-
inflamatória
N.D. Extrato metanólico V.T. 60, 300 e 600 µg/
mL,
30 min antes da
aplicação de TPA.
Avaliação do efeito
sobre a expressão de
COX-2 induzida por
TPA na pele de
camundongos, uma
vez que expressão
elevada dessa
enzima tem sido
implicada na
patogênese e
progressão de
carcinogênese.
Camundongos
fêmeas ICR.
O extrato
inibiu a expressão de
COX-2 induzida por
TPA na pele de
camundongos.
(62)
Anticonvulsivante Raízes Extrato aquoso,
preparado por
agitação ocasional,
durante 48 h, a
temperatura
ambiente. A
extração foi
repetida duas vezes
com o mesmo
material vegetal, os
extratos obtidos
foram reunidos e
liofilizados.
IP 100, 200, 400 e
800 mg/kg, 20 min
antes da indução
das convulsões
Modelo de
convulsões
induzidas por PTZ
(90 mg/kg, i.p.),
PCT (10 mg/kg,
i.p.) eBCL (30
mg/kg, i.p.)
Camundongos
albinos Balb C
(Mus
domesticus)
machos. N =
10/grupo
O extrato (100-800
mg/kg), apresentou
proteção contra as
convulsões e
aumentou o tempo de
latência para o início
das convulsões
induzidas por PTZ e
PCT, similar aos
fármaco fentobarbital
e ao diazepam. Já no
modelo de
convulsões induzidas
por BCL, H.
procumbens protegeu
contra a ocorrência
(77)
72
Atividade Parte da
planta
Extrato/ Modo de
preparo
Via Posologia Metodologia Animais,
n/grupo
Resultado
observado
Referência
de convulsões, mas
somente nas doses
mais elevadas (200-
800 mg/kg),
aumentou o tempo de
latência para o início
das convulsões. Os
resultados obtidos
sugerem que H.
procumbens atue na
neurotransmissão
gabaérgica, mas
provavelmente não
nos sítios ativos do
ácido gama amino
butírico (GABA).
Antidiabética Raízes Extrato aquoso
preparado por
Soxhlet (extração
repetida duas vezes
em água, a
temperatura
ambiente, sob
agitação durante 24
h) e liofilizado.
IP 50-800 mg/ kg Avaliação da
glicemia antes, 1, 2,
4 e 8 h da
administração de
extrato em animais
normoglicêmicos e
em animais
hiperglicêmicos
(hiperglicemia
induzida por
estreptozotocina)
Ratos Wistar
adultos, n =
8/grupo
O extrato em todas as
doses produziu
significativa redução
dose-dependente da
glicemia de jejum de
ratos
normoglicêmicos e
hiperglicêmicos.
(56)
Anti-inflamatória
e antinociceptiva
Raízes Extrato aquoso
(2,7% de
harpagosídeo),
extrato metanólico
(3,7% de
harpagosídeo) e os
compostos isolados
harpagosídeo e
harpagogenina.
IV, IP e V.O. Edema de pata
induzido por
ovoalbumina:
Harpagosídeo: 2,
10 e 40 mg/ kg,
IV., 3 h antes da
indução do edema
e 100 mg/ kg, IV,
16 h antes da
Foram empregados
os modelos de
edema de pata
induzido por
ovoalbumina (2%,
0,1 mL), edema
induzido por
formalina (2%, 0,15
mL), artrite
Ratos Edema de pata
induzido por
ovoalbumina:
harpagosídeo (2,10 e
40 mg/kg, IV),
administrado 3 h
antes da indução da
inflamação ou 100
mg/kg, 16 h após a
(44)
73
Atividade Parte da
planta
Extrato/ Modo de
preparo
Via Posologia Metodologia Animais,
n/grupo
Resultado
observado
Referência
indução ou 20 mg/
kg, IP, 3 dias antes
da indução.
Edema de pata
induzido por
formalina:
Harpagosídeo: 10 e
20 mg/ kg, IP, 1 h
antes da aplicação
e 50 mg/ kg, IP,
tratamento por 8
dias.
Bolsa de
granuloma: H.
procumbens: 20
mg/ kg, IP;
Harpagosídeo: 20
mg/ kg, IP;
Harpagogenina: 20
mg/ kg, IP;
Tempo de
tratamento: 12
dias.
Artrite: H.
procumbens: 40
mg/ kg, IP. Tempo
de tratamento: 10
dias.
induzida por
formalina e bolsa de
granuloma induzida
por óleo de cróton
(0,5 mL, 0,5%).
indução do edema e
20 mg/kg, IP, 3 h
antes da indução do
edema não causaram
efeito anti-
edematogênico.
Edema de pata
induzido por
formalina:
Harpagosídeo (10 e
20 mg/kg, IP)
administrado 1 h
antes da indução do
edema, não efeito
antiedematogênico
significativo.
Harpagosídeo, na
dose de 50 mg/kg, IP,
por 8 dias, também
não apresentou
redução de edema.
Artrite induzida por
formalina: O extrato
aquoso (40 mg/kg)
apresentou efeito
similar a
fenilbutazona (20
mg/kg), seguindo 10
dias de
administração.
Teste de granuloma:
O extrato aqusoso e
metanólico, VO, na
dose de 20 e 200
mg/kg reduziram o
volume de exsudato
74
Atividade Parte da
planta
Extrato/ Modo de
preparo
Via Posologia Metodologia Animais,
n/grupo
Resultado
observado
Referência
em 14,29% e
69,05%,
respectivamente. Os
compostos
harpagosídeo (20
mg/kg),
harpagogenina (20
mg/kg) e a
fenilbutazona (40
mg/lg), após
administração IP por
12 dias, apresentaram
significante inibição
do exsudato (33,8%,
28,9% e 41,8%), do
peso do granuloma
(29,9%, 24,5% e
38,6%) e da
granulação de tecido
(19,2, 14,6 e 18%),
respectivamente.
Anti-inflamatória Raízes Extrato aquoso e
metanólico.
V.O. Tratamento 30 min
antes da indução da
inflamação
Modelo de
granuloma induzido
por carragenina.
Edema de pata
induzido por
carragenina.
Eritema induzido
por luz UV durante
120 segundos.
Ratos Os extratos aquoso e
metanólico, na dose
de 20 mg/kg,
inibiram o edema de
pata e a formação de
granuloma. O extrato
metanólico inibiu o
eritema induzido por
luz UV.
(55)
Anti-inflamatória N.D. N.D. V.O. Modelo de edema
de pata: 20, 200,
2000 e 6000
mg/kg.
Modelo de artrite:
2 g/kg/dia/ 7 dias
Edema de pata
induzido por
carragenina 1% e
artrite induzida por
adjuvante de
Freund.
Ratos machos
Sprague-
Dawley
O extrato não
diminuiu o
desenvolvimento do
edema de pata
induzido por
carragenina, nem
(58)
75
Atividade Parte da
planta
Extrato/ Modo de
preparo
Via Posologia Metodologia Animais,
n/grupo
Resultado
observado
Referência
apresentou atividade
anti-artrítica.
Anti-inflamatória
e antinociceptiva
Raízes Extrato aquoso. O
material vegetal foi
percolado a quente,
sendo o processo
repetido 4 vezes e
o extrato seco sob
pressão reduzida.
Relação material
vegetal: solvente
extrator: 750 kg:
1,5 L.
Teor de
harpagosídeo:
1,8%.
Caracterização por
CCD dos iridóides
glicosilados: Fase
móvel: acetato de
etila: metanol:
água (77:15:8,
v/v/v), detecção:
vanilina sulfúrica.
Duas manchas
vermelhas com Rf=
0,10 e 0,40, a
última
correspondente ao
harpagosídeo e três
manchas amarelas
(Rf= 0,30/ 0,45 e
0,50).
O harpagosídeo
isolado também foi
testado.
IP Extrato aquoso:
100, 200 e 400 mg
de raízes
secundárias
secas/kg.
Harpagosídeo: 5 e
10 mg/kg (dose
equivalente a 400 e
800 mg de raízes
secundárias
secas/kg,
respectivamente).
Atividade anti-
inflamatória:
modelo de edema de
pata induzido por
carragenina 1%.
Atividade
antinociceptiva:
modelo de
contorções
abdominais
induzidas por
estímulo químico.
Influência do
tratamento ácido
das amostras,
previamente à
avaliação da
atividade anti-
inflamatória
(condições físico-
químicas
semelhantes ao
estômago): 1g do
extrato de H.
procumbens e 0,02
g de harpagosídeo
foram colocados em
contato com 10 mL
de HCl (0,1 N,
pH=1), durante 3 h,
a 38ºC. Após, a
solução foi
neutralizada com
carbonato de sódio
Ratos machos
OFA.
O extrato apresentou
efeito anti-
inflamatório e anti-
nociceptivo
signficativo dose-
dependente, desde a
menor dose. O
harpagosídeo, porém,
não apresentou
atividade
significativa no
modelo de
inflamação,
apresentando apenas
atividade
antinociceptiva,
indicando a
participação do
composto nas
propriedades
analgésicas
periféricas.
Após o tratamento
ácido, o extrato
perdeu sua atividade,
o que os autores
sugerem indicar ser
necessário o uso de
formulações
galênicas que
protejam os
princípios ativos do
ácido liberado pelo
estômago.
(48)
76
Atividade Parte da
planta
Extrato/ Modo de
preparo
Via Posologia Metodologia Animais,
n/grupo
Resultado
observado
Referência
(pH=6-7), filtrada e
precipitada para
formar cloreto de
sódio. Em seguida,
o extrato (400
mg/kg) e o
harpagosídeo (5 e
10 mg/kg) foram
testado da mesma
forma já descrita
acima.
Anti-inflamatória Raízes
(coletas na
época da
floração)
Extrato liofilizado
sem ciclodextrina:
maceração em água
(1:10, p/v) sob
agitação, por 12 h,
a temperatura
ambiente; seguido
por mais 12 h a
35ºC e por fim
liofilizado.
Extrato liofilizado
com ciclodextrina:
raízes frescas
foram colocadas
em contato com
água (1:10,p/v),
sob agitação, por
24 h, a temperatura
de 37ºC e após, foi
realizado um
processo para
adição de
ciclodextrina.
Análise
quantitativa
IP, V.O. e
intraduodenal
Extrato sem
ciclodextrina: 100,
200 e 400 mg/ kg
IP, 30 min antes da
indução da
inflamação.
Extrato com
ciclodextrina: 200,
400, 800 e 1600
mg/ kg V.O. e via
intraduodenal, 60
min antes da
inflamação.
OBS.: a
ciclodextrina é um
excipiente capaz de
aumentar a
biodisponibilidade
do extrato pelas
vias oral e
indtraduodenal.
Modelo de edema
de pata induzido por
carragenina
Ratos machos
OFA
A administração IP
de H. procumbens
(100 mg/ kg) reduziu
36% do edema após 3
h da indução da
inflamação e
apresentou efeito
máximo na dose de
400 mg/ kg (67% de
inibição). O
tratamento V.O. com
H. procumbens não
inibiu a resposta
inflamatória. A
administração
intraduodenal de H.
procumbens (200 mg/
kg) foi capaz de
diminuir o edema
(43% de inibição), no
período de 6-9 h. O
efeito máximo
observado foi com a
dose de 400 mg/ kg
(60% de inibição). Os
(78)
77
Atividade Parte da
planta
Extrato/ Modo de
preparo
Via Posologia Metodologia Animais,
n/grupo
Resultado
observado
Referência
segundo a
Farmacopéia
Francesa:
análise
colorimétrica de
iridóides totais =
2,72% e o valor de
referência ≥ 2,40,
calculados em
relação ao
harpagosídeo;
Por CLAE, a
concentração de
harpagosídeo foi
de 0,44% e o valor
de referência =
0,84%.
resultados
demonstram que H.
procumbens perde o
efeito anti-
inflamatório quando
administrada
oralmente, o que
pode ser atribuído à
transição pelo
conteúdo ácido do
estômago.
Anti-inflamatória Raízes de
H.
procumbens
e H. zeyheri
Extratos aquosos
preparado por
infusão (1:10, p/v),
seguido de
maceração (40ºC)
por 12 h e após, os
extratos foram
liofilizados.
Análise por CLAE-
DAD de
H. procumbens
(média de
harpagosídeo):
2,20% (p/p). Razão
harpagosídeo/8-p-
cumarilharpagida:
35;
H. zeyheri (média
de harpagosídeo):
IP 400, 800 e 1200
mg/ kg, 30 min
antes da indução da
inflamação
Modelo de edema
de pata induzido por
carragenina
Ratos machos
OFA
- H. procumbens (400
mg/ kg), no perído de
3 e 4 h: 43 e 30% de
inibição de edema;
nas doses de 800 e
1200 mg/ Kg, a
inibição do edema
iniciou a partir da
primeira hora e
permaneceu por 5 h,
apresentando inibição
máxima, no período
de3 h: 53 e 64%,
respectivamente.
- H. zeyheri (800
mg/Kg): inibiu o
edema a partir da
primeira h e o efeito
permaneceu por 5 h,
(21)
78
Atividade Parte da
planta
Extrato/ Modo de
preparo
Via Posologia Metodologia Animais,
n/grupo
Resultado
observado
Referência
2,04% (p/p). Razão
harpagosídeo/8-p-
cumarilharpagida:
4.
com inibição máxima
no tempo de 3 h:
68%.
Anti-inflamatória Raízes Extrato preparado
pelo método de
turbólise (30 min),
com o uso de
solvente orgânico e
temperatura
controlada (não
descreve líquido
extrator nem
temperatura
utilizada). Análise
qualitatitava por
CLAE:
identificação de
harpagosídeo.
IP e V.O. 100, 200, 400 e
800 mg/ kg IP e
800 mg/ kg VO, 30
min antes da
indução da
inflamação.
Modelo de edema
de pata induzido por
carragenina (2 mg/
mL) em ratos
normais e em ratos
com adrenalectomia
bilateral* e
avaliação
hematológica
(contagem de
leucócitos 2 e 4 h
após o tratamento).
*modelo utilizado
para avaliar se
ocorre o
envolvimento de
corticosteróides
adrenais na resposta
inflamatória, já que
animais sujeitos a
situações de estresse
ou a substâncias
nocivas, apresentam
um aumento
plasmático de
corticosteróides
adrenais.
Ratos machos
Wistar, n=10-
12
animais/grupo
Edema em ratos
normais:
Tratamento IP:
redução no volume
do edema,
principalmente nas
doses mais elevadas
(400 e 800 mg/ kg).
Após 2 e 4 h do
tratamento, houve
uma redução do
número de
mononucleares.
Tratamento VO: não
apresentou atividade
em nenhuma dose
testada e não
provocou alteração
na contagem de
leucócitos.
Edema em ratos com
adrenalectomia
bilateral: as doses de
100, 200, 400 e 800
mg/ kg IP no período
de 4 h após a indução
da inflamação,
apresentaram um
percentual de
inibição da resposta
inflamatória de 88,
80, 70 e 60%,
(79)
79
Atividade Parte da
planta
Extrato/ Modo de
preparo
Via Posologia Metodologia Animais,
n/grupo
Resultado
observado
Referência
respectivamente. O
tratamento VO não
alterou a resposta
inflamatória. Os
resultados obtidos
com os animais
adrenalectomizados
não confirmam a
hipótese do
envolvimento de
corticosteróides
adrenais na resposta
inflamatória, uma vez
que esse grupo de
animais também
apresentou uma
significante redução
na intensidade da
resposta inflamatória.
Anti-inflamatória Raízes Extrato
hidroalcoólico
(60% de etanol),
preparado sob
agitação mecânica
(não informa
detalhes sobre o
modo de
preparação).
Harpagosídeo =
1,5%
(análise segundo
método da
Farmacopéia
Européia/ valor de
referência:
concentração de
N.D. Inflamação aguda:
25, 50 e 100 mg/
kg nos dias 5, 6, 7
e 8 após indução
da inflamação.
Inflamação
crônica: 100
mg/kg/dia, nos dias
24, 29, 34 e 40
após a indução da
inflamação.
Modelo de artrite
induzida por
adjuvante de Freund
Ratos machos
Wistar
O extrato inibiu o
volume do edema,
em todas as doses
testadas, tanto
durante o processo
agudo (6 dias após a
indução da
inflamação), como na
avaliação do processo
inflamatório crônico
(21 dias após a
indução da
inflamação),
indicando sua ação
anti-inflamatória e
analgésica periférica,
para o tratamento de
(80)
80
Atividade Parte da
planta
Extrato/ Modo de
preparo
Via Posologia Metodologia Animais,
n/grupo
Resultado
observado
Referência
harpagosídeo ≥
1,2%).
processos
inflamatórios.
Anti-inflamatória Raízes Extrato aquoso
preparado por
Soxhlet (extração
repetida duas vezes
em água, a
temperatura
ambiente, sob
agitação durante 24
h) e liofilizado.
IP 400 e 800 mg/ kg,
30 min antes da
indução da
inflamação
Modelo de edema
de pata induzido por
ovoalbumina (0,5
mL/ kg)
Ratos Wistar
adultos, n =
8/grupo
O extrato na dose de
800 mg/ kg
apresentou
apresentou
significante redução
da inflamação, de
forma sustentada e
relacionada ao tempo.
(56)
Anti-inflamatória N.D. Extrato aquoso IP Inflamação aguda:
800 mg/ kg (dose
única), 30 min
antes da indução da
inflamação
Inflamação crônica
(modelo de artrite):
800 mg/ kg, 3
vezes por semana,
em dias alternados,
durante duas
semanas, 14 dias
após a indução da
artrite.
Modelo de
granuloma: 800
mg/kg/dia, durante
7 dias, a partir da
implantação do
cotton pellet.
Inflamação aguda:
modelo de edema de
pata induzido por
carragenina.
Inflamação crônica:
modelo de artrite
induzida por
adjuvante de
Freund.
Modelo do
granuloma induzido
por cotton pellet.
Ratos albinos
de ambos os
sexos
(inflamação
aguda e
crônica) e
camundongos
albinos de
ambos os
sexos (modelo
de granuloma).
N=8/grupo.
O extrato apresentou
efeito anti-
inflamatório
significativo em
todos os modelos
utilizados.
(59)
Anti-inflamatória Raízes Extrato metanólico V.T. 200 e 400 µg em
200 µL de acetona
contendo 10% de
DMSO, 30 min
antes da indução da
Modelo de edema
de orelha induzido
por TPA e avaliação
da expressão de
COX-2 na pele de
Camundongos
fêmeas ICR
A administração
tópica inibiu a
expressão de COX-2
induzida por TPA, na
pele de
(81)
81
Atividade Parte da
planta
Extrato/ Modo de
preparo
Via Posologia Metodologia Animais,
n/grupo
Resultado
observado
Referência
inflamação camundongos
estimulada pelo
TPA e investigação
do mecanismo de
ação
camundongos,
enquanto a expressão
de
COX-1 permaneceu
praticamente
inalterada. Para
elucidar o mecanismo
molecular de inibição
de COX-2, foi
avaliado o efeito
sobre a fosforilação
da proteína quinase
regulada por sinal
extracelular (ERK),
mas o extrato
somente inibiu a
atividade catalítica de
ERK. Além disso, o
extrato não inibiu a
translocação da
subunidade p65 para
o núcleo e como
conseqüência inibiu a
ligação de NF-κB ao
DNA e a ativação dos
fatores de transcrição,
o ativador de
proteína-1 (AP-1) e
da proteína ligante do
elemento de resposta
ao AMPc (CREB).
Anti-inflamatória Raízes
secundárias
Extrato etanólico.
Raízes secundárias
pulverizadas (300
g) foram extraídas
com etanol 50% (3
V.O. 50 mg/ kg, uma
vez ao dia, durante
30 dias, a partir do
dia 0 (indução da
inflamação).
Modelo de artrite
em ratos induzida
por adjuvante
(Mycobacterium
butyricum 10 mg/
Ratas SD
fêmeas (160-
180 g). N =
10-11/ grupo.
A administração
sucessiva diária de H.
procumbens por via
oral apresentou um
efeito anti-
(70)
82
Atividade Parte da
planta
Extrato/ Modo de
preparo
Via Posologia Metodologia Animais,
n/grupo
Resultado
observado
Referência
L, duas vezes) por
2 h sob refluxo. O
extrato coletado foi
concentrado sob
pressão reduzida
seguida de
liofilização
(rendimento =
61,4%).
mL em Bayol F) inflamatório
significativo no
modelo de artrite
empregado.
Anti-nociceptiva Raízes Extrato aquoso
preparado por
Soxhlet (extração
repetida duas vezes
em água, a
temperatura
ambiente, sob
agitação durante 24
h) e liofilizado.
IP 25, 50, 100, 200,
400 e 800 mg/ kg,
30 min antes da
indução da
analgesia
Modelos de placa
quente e contorções
abdominais
(induzidas por ácido
acético)
Camudongos
BalbC adultos,
n=8/grupo
O extrato (50-800
mg/ kg) causou
significante efeito
analgésico em ambos
modelos,
apresentando maior
efetividade na dose
de 800 mg/ kg.
(56)
Anti-nociceptiva N.D. Extrato aquoso IP 400 mg/ kg, 30
min antes da
indução da
analgesia
Modelo de
contorções
abdominais
induzidas por fenil-
isoquinona
Camundongos
albinos de
ambos os
sexos.
N=8/grupo
O extrato apresentou
atividade
antinociceptiva
bastante significativa
(59)
Anti-nociceptiva Raízes Extrato aquoso
(2,7% de
harpagosídeo) e
metanólico (3,7%
de harpagosídeo).
V.O. 20 e 200 mg/ kg,
30 min antes da
indução da
inflamação
Modelo de
contorções
abdominais
Ratos Os extratos
apresentaram
somente um baixo
efeito
antinociceptivo.
(55)
Antinociceptiva Raízes de
H.
procumbens
e H. zeyheri
Extratos aquosos
preparado por
infusão (1:10, p/v),
seguido de
maceração (40ºC)
por 12 h e após, os
extratos foram
liofilizados.
IP 100, 400, 800 e
1200 mg/ kg, 30
min antes da
indução da
inflamação
Modelo de
contorções
abdominais e
alongamentos
induzidos por ácido
acético
Ratos machos
OFA
- H. procumbens: Na
dose de 400 mg/ kg,
inibiu 35% de
contorções
abdominais e
alongamentos e na
dose de 1200 mg/ kg:
62% de inibição.
(21)
83
Atividade Parte da
planta
Extrato/ Modo de
preparo
Via Posologia Metodologia Animais,
n/grupo
Resultado
observado
Referência
Análise por CLAE-
DAD de
H. procumbens
(média de
harpagosídeo):
2,20% (p/p). Razão
harpagosídeo/8-p-
cumarilharpagida:
35;
H. zeyheri (média
de harpagosídeo):
2,04% (p/p). Razão
harpagosídeo/8-p-
cumarilharpagida:
4.
- H. zeyheri: 400
mg/kg= 36%; 1200
mg/kg= 52%.
Não foi observada
diferença
significativa entre as
atividades analgésica
de H. procumbens e
H. zeyheri. Ambos os
extratos apresentaram
atividade similiar ao
AAS.
Antinociceptiva Raízes Extrato
hidroalcoólico
(60% de etanol),
preparado sob
agitação mecânica
(não informa
detalhes sobre o
modo de
preparação).
Harpagosídeo=
1,5%
(análise segundo
método da
Farmacopéia
Européia/ valor de
referência:
concentração de
harpagosídeo ≥
1,2%).
N.D. Tratamento agudo:
25, 50 e 100 mg/
kg nos dias 5, 6, 7
e 8 após indução
da analgesia.
Inflamação
crônica: 100
mg/kg/dia, nos dias
24, 29, 34 e 40
após a indução da
analgesia.
Modelo da placa
quente
Ratos machos
Wistar
O tratamento agudo e
crônico demonstrou
que nas 3 doses
testadas houve um
aumento do tempo de
latência para a
retirada da pata,
indicando um efeito
protetor contra a dor
induzida pelo
estímulo térmico.
Alguns resultados
observados, indicam
que a dose de 100
mg/ kg induz a uma
analgesia total.
(80)
Condroprotetora N.D. Extrato de
Harpagophytum
V.O. 150 mg de extrato
por dia com 0,1 mg
Modelo de
osteoartrite induzida
Coelhos
fêmeas
Através da coloração
de elastina, sugere-se
(82)
84
Atividade Parte da
planta
Extrato/ Modo de
preparo
Via Posologia Metodologia Animais,
n/grupo
Resultado
observado
Referência
(FB9195) contendo
14% de
harpagosídeo, deter
minado por CLAE.
de harpagosídeo
por grama de pellet
de alimentos
por transecção
unilateral do
ligamento cruzado
anterior.
Após 27 semanas, a
articulação do
fêmur foi removida
para a avaliação
histomorfométrica
possível regeneração
do tecido condróide e
aumento do número
de fibras elásticas de
colágeno da
cartilagem do quadril
no grupo de animais
tratados com o
extrato. Além disso,
foi observado um
aumento de 2 a 5
vezes de mRNA do
inibidor tissular de
metaloproteinase-2
(TIMP-2), indicando
que um dos possíveis
mecanismos desse
efeito condroprotetor
seja por meio do
TIMP-2.
Quadro 11 – Estudos in vivo de atividade farmacológica pré-clínica da espécie H. procumbens.
V.O.: via oral; V.T.: via tópica; IP: via intraperitoneal; IG: infusão intragástrica; IV: via intraveosa; n: número de animais; N.D.: não descrito.
85
Embora em alguns estudos não esteja claramente definida a parte da planta utilizada
para a preparação do extrato, sendo citato apenas a realização do estudo com extrato de H.
procumbens e/ou “garra-do-diabo”, supõe-se que todos os trabalhos tenham sido realizados
com extratos e/ou outras preparações farmacêuticas preparadas a partir das raízes, uma vez
que está bem estabelecido na literatura a utilização das raízes como farmacógeno. Não foi
encontrado nenhum estudo avaliando o extrato preparado a partir de outras partes (folhas,
sementes ou frutos) de H. procumbens. A grande maioria dos trabalhos cita que a preparação
do extrato foi realizada com as raízes secas e moídas, com exceção de um único trabalho (78),
no qual as raízes foram utilizadas a fresco. Dessa forma, é importante observar que está
preconizado o uso da droga vegetal seca.
Embora descrito em compêndios oficiais e farmacopeias a padronização de extratos a
base de H. procumbens, o modo de preparação dos extratos dos estudos não-clínicos in vivo
varia muito. A concentração mínima de harpagosídeo preconizada é não inferior a 1,2% (3),
no entanto muitos trabalhos não informam dados quantintativos, nem mesmo um perfil
químico do extrato avaliado.
Adicionalmente, é preconizada a utilização de extratos aquosos e/ou hidroetanólicos.
Embora a grande maioria dos trabalhos tenham avaliado esses tipos de extratos, alguns
trabalhos não informam o modo de preparação do extrato e o solvente utilizado. Além disso,
as metodologias utilizadas para a preparação dos extratos variam de um estudo para outro,
ocasionando a obtenção de extratos com diferentes teores de harpagosídeo.
4.3.2.2.1 Atividade anti-inflamatória e analgésica
A maioria dos estudos farmacológicos pré-clínicos in vivo relatados para a espécie H.
procumbens foram conduzidos para avaliação da atividade anti-inflamatória e analgésica,
utilizações alicerçadas na tradição popular. O primeiro relato de avaliação da atividade anti-
inflamatória de H. procumbens foi registrado no ano de 1958, na qual foi observado uma
diminuição do edema induzido por formalina, em ratos, com o tratamento com o extrato
aquoso, administrado via intragástrica, na dose de 20 mg/ kg (83).
Para a avaliação da atividade anti-inflamatória não-clínica in vivo foi utilizado, na
grande maioria dos estudos, o modelo de edema de pata induzido por diferentes agentes
flogísticos para avaliação da inflamação aguda e o modelo de artrite induzido por adjuvante
de Freund para avaliar a inflamação crônica.
86
Quanto à via de administração, a maioria dos trabalhos referentes à avaliação da
atividade anti-inflamatória e analgésica utilizou a via de administração intraperitoneal,
embora também sejam observados alguns trabalhos empregando as vias oral, intravenosa e
tópica. Cabe ressaltar que não foi demonstrada atividade anti-inflamatória via oral dos
extratos de H. procumbens. Alguns autores justificam a perda de atividade dos extratos a base
H. procumbens quando administrados por via oral pela possibilidade de ocorrência de
hidrólise ácida dos iridóides glicosilados no conteúdo gástrico do tratogastrointestinal. Dentro
deste contexto, Whitehouse; Znamirowska; Paul (1983) (58) avaliaram a atividade anti-
inflamatória de um extrato aquoso liofilizado das raízes de H. procumbens acrescido de
ciclodextrina, a fim de observar se o uso desse adjuvante aumentaria a biodisponibilidade do
extrato quando administrado via oral. No entanto, o extrato não apresentou atividade nas
doses de 200-1600 mg/ kg. Harpagosideo, após ser submetido a hidrólise ácida, foi avaliado
no modelo de edema de pata, via intraperitoneal e, o tratamento ácido não alterou a atividade
anti-inflamatória, mas extinguiu o efeito analgésico (48). Estes mesmos autores relatam que
na análise por CCD não houve alteração do perfil de iridóides glicosilados do extrato antes e
após o tratamento ácido. Recio et al. (1994) (84) observaram atividade anti-inflamatória do
composto harpagosídeo, quando administrado na dose de 100 mg/ kg, por via intragástrica, no
modelo de edema de pata induzido por carragenina e na dose de 20 mg/ kg, via tópica, no
modelo de edema de orelha induzido por ester de forbol. Assim, este estudo não fornece
evidências que comprovem a perda de atividade do extrato de H. procumbens, quando
administrado via oral, devido à hidrólise dos iridóides glicosilados. Dessa forma, a via de
administração é um fato curioso, já que a indicação de uso dos extratos de H. procumbens é
por via oral e que a maioria dos resultados obtidos em estudos pré-clínicos in vivo utilizam
outra via de administração.
Apenas um trabalho, de Baghdikian et al. (1997) (21), comparou o efeito do extrato
aquoso liofilizado das raízes de H. procumbens e H. zeyheri no modelo de edema de pata
induzido por carragenina, em ratos. H. procumbens apresentou maior efetividade na dose de
800 e 1200 mg/ kg, com 53 e 64% de inibição, respectivamente e H. zeyheri, na dose de 800
mg/ kg, apresentou 68% de inibição do edema. O efeito de ambos os extratos foi comparado
ao fármaco indometacina, que apresentou 58% de inibição do edema. Os autores observaram
que os extratos de H. procumbens e H. zeyheri apresentam atividade anti-inflamatória similar
e, portanto, que H. zeyheri também pode ser aceita como droga vegetal. Em algumas
farmacopeias (4, 26) a espécie H. zeyheri é aceita para a elaboração de preparações
87
farmacêuticas. Inclusive, na IN 02/2014, é indicado o uso das duas espécies em associação
(embora não esclareça quanto à proporção utilizada de H. zeyheri) (11). A espécie H. zeyheri
é considerada o principal adulterante de H. procumbens e há possibilidade de produtos
comercializados a base de H. procumbens conterem em sua formulação uma mistura de
ambas as espécies. Diante dos resultados, ainda não se justifica a aceitação de modo
indiscriminado de ambas as espécies, já que a grande totalidade dos estudos farmacológicos
foram realizados com a espécie H. procumbens e como descrito anteriormente as espécies
apresentam constituição química diferenciada (21). Estudos mais rigorosos devem ser
realizados para se ter controle sobre os extratos avaliados, ou seja, se foram preparados
apenas com H. procumbens ou se há a presença de H. zeyheri.
Adicionalmente aos estudos que avaliaram especificamente a atividade anti-
inflamatória e analgésica, foi demonstrado que o tratamento com o extrato de H. procumbens
contendo 14% de harpagosídeo, na forma de pellets, apresenta um efeito condroprotetor,
auxiliando na regeneração do tecido condróide e no aumento elástico e das fibras de colágeno
da cartilagem do quadril, sugerindo efeito em casos de osteoartrite (82).
4.3.2.2.2 Outras atividades
Em relação a outras atividades que não anti-inflamatória e/ou analgésica, torna-se
difícil a avaliação dos resultados obtidos, uma vez que foi relatado apenas um trabalho para
cada atividade, de uma forma geral, como apresentado no Quadro 11. Dessa forma, os
resultados obtidos, indicam uma possível atividade, sem evidências suficientes que justiquem
a sua utilização, mas que merecem atenção, a fim de encontrar novas indicações para esse
extrativo vegetal e confirmar possíveis interações medicamentosas reais de algumas classes de
medicamentos com produtos a base de H. procumbens.
Há relatos de efeitos cardiovasculares do extrato metanólico de H. procumbens,
especialmente como hipotensor e na forma de proteção contra arritmias cardíacas (76, 85).
Também é relatado um efeito anticonvulsivante, uma vez que o extrato aquoso das raízes
secundárias da espécie protegeu os animais contra convulsões e aumentou o tempo de latência
para o início das convulsões induzidas por pentilenotetrazol, picrotoxina e bicuculina (77).
Adicionalmente, o extrato aquoso de H. procumbens, na dose de 800 mg/ kg, intraperitoneal,
apresentou atividade hipoglicemiante comparável ao fármaco clorpropamida, reduzindo os
níveis de glicose sanguínea uma hora após a administração do extrato, mas apresentou efeito
88
máximo no período de 2-4 horas (56). O efeito anticancer do extrato metanólico de H.
procumbens foi avaliado por meio da expressão de COX-2 induzida por TPA, na pele de
camundongos, por aplicação tópica. Foi observado que o extrato inibiu a expressão da enzima
COX-2, que é frequentemente aumentada em tecidos tumorais (62).
Como discutido anteriormente (item 4.3.2.1), os estudos in vitro são bastante
contraditórios com relação à caracterização dos compostos químicos envolvidos nas
atividades farmacológicas observadas em H. procumbens. No entanto, em alguns estudos in
vivo, se observou que o harpagosídeo é inativo ou apresenta baixa atividade quando
comparado ao extrato bruto de H. procumbens (44, 48, 76). Eichler; Koch (1970) (44)
mostraram que o harpagosídeo (2, 10 e 40 mg/ kg, i.v.) não foi capaz de inibir o edema de
pata induzido por ovoalbumina nem o edema de pata induzido por formalina (10 e 20 mg/ kg,
i.p.). Lanhers et al. (1992) (48) mostraram que o extrato bruto de H. procumbens (1,8% de
harpagosídeo) apresentou significativo efeito anti-inflamatório e antinociceptivo, enquanto
que o harpagosídeo, utilizado em doses equivalentes à sua concentração no extrato bruto,
apresentou apenas atividade antinociceptiva, indicando a participação desse composto apenas
nas propriedas analgésicas periféricas do extrato bruto de H. procumbens. Circosta et al.
(1984) (76) ao avaliar a atividade antiarrítmica de H. procumbens, utilizando o modelo de
atividade antiarrítmica em ratos intactos, por meio da indução de arritmia por aconitina,
cloreto de cálcio, epinefrina ou clorofórmio, observaram comportamento semelhante: o
harpagosídeo apresentou uma atividade significativamente menor do que o extrato bruto
contendo concentração correspondente de harpagosídeo (76). Esses são resultados relevantes
uma vez que o teor de harpagosídeo é frequentemente utilizado como marcador químico da
espécie, justamente por se acreditar que eles também seriam marcadores biológicos, ou seja,
responsáveis pelas atividades farmacológicas de H. procumbens. Dessa forma, ressalta-se aqui
a necessidade de mais estudos avaliando a atividade do harpagosídeo isolado para assim
terem-se mais evidências quanto à caracterização química dos compostos bioativos.
4.3.2.3 Ensaios ex vivo
No Quadro 12 serão apresentados os ensaios farmacológicos pré-clínicos ex vivo
realizados com a espécie H. procumbens.
89
Atividade Parte da
planta
Extrato e modo de preparo Concentração Metodologia Resultado observado Referência
Anti-
arrítmica
Raízes Extrato metanólico preparado por
agitação constante, protegida da
luz, a baixa temperatura, por 48 h.
Relação material vegetal: solvente
extrator: 1:10.
100 mg do extrato metanólico
seco= 8,5 mg de harpagosídeo e
10,5 mg de iridóides glicosilados.
O harpagosídeo e a harpagida
isolados também foram testados.
1 mg (=0,085 mg de
harpagosídeo) ou 2 mg
(=0,170 mg de
harpagosídeo) de extrato
brutofoi adicionado a
uma solução de
perfusão na cânula,
antes, durante e após a
adição do agente
arritmogênico.
Coração isolado de
coelhos perfusado na
circulação coronária:
método de Langendorff’s.
Foram utilizados como
agentes arritmogênicos
aconitina ou cloreto de
cálcio ou epinefrina-
clorofórmio.
Em coração de coelhos, o extrato
causou uma moderada diminuição
na freqüência cardíaca com um
concomitante efeito inotrópico
positivo moderado em baixas
doses, mas um marcante efeito
inotrópico negativo em altas doses.
O fluxo coronário diminuiu apenas
em altas doses. O efeito
cronotrópico negativo e inotrópico
positivo do harpagosídeo foi
comparativamente maior em
relação ao extrato, enquanto que
harpagida teve apenas um ligeiro
efeito cronotrópico negativo e um
considerável efeito inotrópico
negativo. O extrato demonstrou
uma ação protetora no que diz
respeito às arritmias induzidas por
aconitina e principalmente aquelas
induzidas por cloreto de cálcio e
epinefrina-clorofórmio.
(76)
Anti-
arrítmica
Raízes
comerciais
Extrato metanólico preparado por
agitação constante, protegida da
luz, a baixa temperatura, por 48
hs. Relação material vegetal:
solvente extrator: 1:10. 100 mg do
extrato metanólico seco= 8,5 mg
de harpagosídeo e 10,5 mg de
iridóides glicosilados.
Harpagosídeo puro também foi
testado.
1 mg (=0,085 mg de
harpagosídeo) e 2 mg
(=0,170) de extrato ou
0,085 mg e 0,0170 mg
de harpagosídeo isolado
foram adicionados a
uma solução de
perfusão na cânula,
antes, durante e após a
adição do agente
arritmogênico
Arritmias de reperfusão
induzidas no coração
perfusado isolado de ratos:
método de Langendorff’s
(perfusão isquêmica: fluxo
coronário-0,5 mL/ min,
pressão- 8 mmHg),
seguida por por reperfusão
em condições basais
(fluxo coronário- 8 mL/
min, pressão-50 mmHg).
O extrato e o harpagosídeo
apresentaram uma signficante e
dose-dependente ação protetora da
hipercinética da arritmia ventricular
induzida por reperfusão. Os
resultados sugerem que a inibição
da hipercinética ocorre por
penetração de cálcio nas células do
miocárdio, já que o extrato
apresentou efeito protetor sobre
arritmias induzidas por digitálicos,
associado a aparência de
automatismo, limitando seus efeitos
tóxicos. O efeito do extrato parece
(85)
90
Atividade Parte da
planta
Extrato e modo de preparo Concentração Metodologia Resultado observado Referência
atuar por um mecanismo análogo a
perfusão anóxica ou do verapamil,
devido à modificação do
metabolismo celular responsável
pelo fluxo iônico
Anti-
inflamatória
Raízes
tuberosas
Extrato etanólico, preparado a frio
(não especifica modo de
preparação do extrato). A análise
do extrato, por CLAE, permitiu a
identificação qualitativa dos
compostos: harpagosídeo,
harpagida, verbascosídeo, 8-O-p-
cumaril-harpagida.
1 mg/mL Atividade anti-
inflamatória em tecido
subcutâneo,
utilizando modelo
envolvendo pele (porco)
ex vivo. Foram
determinados os efeitos
dos extratos sobre COX-2,
PGE2 e sobre as enzimas
5-LO e iNOS.
Os resultados demonstraram que H.
procumbens atua na resposta anti-
inflamatória em tecidos profundos
(como em casos de artrite), através
de passagem transcutânea, uma vez
que inibiu a expressão de COX-2 e
um dos seus produtos, a
prostaglandina PGE2. No entanto,
não inibiu a 5-LO e a iNOS.
(86)
Anti-
inflamatória
Raízes
tubeoras
Extrato etanólico-75 g de material
vegetal em 250 mL de etanol (1:3,
p/v), sob agitação overnight, a
temperatura ambiente. Foi
identificada no extrato, por CLAE,
a presença de harpagosídeo (1),
harpagida (2), 8-cumarilharpagida
(3) e verbascosídeo (4).
ND Expressão de COX-2 na
pele de porco fresca
O extrato de H. procumbens, a
associação dos compostos contendo
(1), e os compostos (1), (3) e (4), na
forma isolada, assim como o
ibuprofeno, inibiram a expressão da
COX-2 < 50%. O composto mais
ativo foi (3). Por outro lado, o
composto (2) causou um aumento
de duas vezes sobre a expressão da
COX-2, quando comparado com o
extrato, atuando como
proinflamatório. Além disso, (1),
(3) e (4) foram mais ativos que o
extrato bruto. Os autores sugerem
que a presença de (2) no extrato
bruto promove o aumento da
expressão de COX-2.
(87)
Anti-
inflamatória
Tubérculos - Extrato bruto: 75 g do tubérculo
pulverizado dissolvido em 250 mL
de etanol e agitado overnight ao
abrigo da luz a temperatura
ND
Expressão de COX-2 (por
Western Blotting) em pele
estiparda de porco.
Houve uma correlação significativa
(r2=0,9496) entre a relação A/P e o
efeito anti-inflamatório
apresentado, de modo que as
(88)
91
Atividade Parte da
planta
Extrato e modo de preparo Concentração Metodologia Resultado observado Referência
ambiente. A solução foi então
filtrada e evaporada.
- Avaliação de sete produtos
comerciais a base de H.
procumbens:
A) comprimido, 600 mg, 100% de
extrato concentrado de “garra-do-
diabo” (Medic Herb, Marlow,
UK).
B) Cápsula, 200 mg, 100% de
extrato de “garra-do-diabo” (Boots
The Chemist, Nottingham, UK).
C) Cápsula, 400 mg, 80% de
“garra-do-diabo” (Viridian,
Daventry, UK).
D) Tintura, 333 mg/ mL, 1:3
extrato de “garra-do-diabo” em
álcool etílico 25% (Swiss Herbal
Remedies, Cardiff, UK).
E) Cápsula, 510 mg, 100% de
“garra-do-diabo” (Good ‘N
Natural for Holland and Barret
Retail Ltd, Nuneaton, UK).
F) Comprimido, 100% de extrato
de “garra-do-diabo” 5:1
padronizado, proporcionando o
mínimo de 2,5% de harpagosídeo
em cada 100 mg (Just Vitamins
Devil’s Claw, Coventry, UK).
No caso dos comprimidos, eles
foram pulverizados com almofariz
e pistilo e dissolvidos em água
deionizada. No caso das cápsulas,
o seu conteúdo interno foi liberado
e dissolvido em água. Todas as
soluções obtidas foram sonicadas
formulações contendo maior teor
de harpagida (componente pró-
inflamatório, resultando em menor
relação A/P) foram menos ativas.
Algumas das formulações não
apresentaram efeito anti-
inflamatório no modelo estudado.,
O efeito anti-inflamatório do
extrato bruto foisignificativo
(p<0,05), enquanto que as
formulações A e C não
apresentaram atividade e as
formulações B e E reduziram a
expressão de COX-2, porém não
houve significância estatística
(p>0,05). As formulações D e F
apresentaram efeito pró-
inflamatório significativo (p<0,05).
Assim, os autores concluem que os
pacientes, ao usarem diferentes
produtos do mercado, podem estar
sujeitos a obter diferentes respostas
terapêuticas e que a atual
farmacopeia, que preconiza o
controle de produtos a base de H.
procumbens em termos de teor
mínimo de harpagosídeo, estaria
inadequada, uma vez que o teor de
harpagida também influencia na
bioatividade. Assim, os autores
sugerem que o índice A/P seria um
melhor parâmetro para o controle
de qualidade de produtos contendo
H. procumbens do que apenas o
teor de harpagosídeo.
92
Atividade Parte da
planta
Extrato e modo de preparo Concentração Metodologia Resultado observado Referência
por 20 min e centrifugadas por 15
min e analisadas por CLAE para a
quantificação de harpagosídeo (1),
harpagida (2), verbascosídeo (3) e
8-O-p-cumarilharpagida (4). A
tintura foi analisada por CLAE
diretamente.
Para cada formulação e para o
extrato bruto, foram determinadas
as concentrações equivalentes à
dose diária recomendada pelo
fabricante, para cada um dos
compostos (1-4). O número total
de moles de glicosídeos anti-
inflamatórios (1, 3 e 4) foi somado
e dividido pelo total de harpagida
(2), que é pró-inflamatório,
obtendo-se as relações A/P
(componentes anti-inflamatórios/
pró-inflamatórios):
A) 1,39; B) 2,21; C) 1,16; D) 0,34;
E) 1,42; F) 0,2; Extrato bruto:
10,34.
Uterotônica Raízes
secundárias
Extrato aquoso preparado pela
maceração das raízes secas e
cortadas em água, duas vezes, a
temperatura ambiente, por 48 h,
com agitação ocasional. Os
extratos obtidos das duas
extrações foram combinados,
rotaevaporados (60 ± 1ºC) e
posteriormente liofilizados,
totalizando um rendimento de
3,56% de um pó marrom claro.
10-800 µg/ mL Avaliação do efeito sobre
secções longitudinais de
músculo das trombas
uterinas de ratas grávidas
ou não-grávidas.
O extrato, desde as menores
concentrações testadas, mostou
efeito contrátil significativo
(p<0,05 em relação ao controle) nas
preparações musculares uterinas,
tanto das ratas grávidas quanto das
não-grávidas. Os autores indicam
que o extrato apresenta efeitos
espasmogênico e uterotônico em
músculos uterinos de mamíferos.
Os autores sugerem que os
resultados podem justificar o uso
popular da espécie como indutor
(61)
93
Atividade Parte da
planta
Extrato e modo de preparo Concentração Metodologia Resultado observado Referência
e/ou acelador de trabalho de parto,
bem como para a expulsão de
placentas retidas em mulheres
grávidas.
Quadro 12 – Estudos ex vivo de atividade farmacológica pré-clínica da espécie H. procumbens.
N.D.: não descrito
94
Embora a principal indicação de uso de preparações a base de H. procumbens seja via
oral, também há relatos de uso popular externo, como cicatrizante em feridas, em casos de
lesões da pele e queimadura, na forma de pomada (15, 53). Em outros países já existem
preparações farmacêuticas de uso tópico a base de H. procumbens. Sendo assim, estudos que
avaliam a absorção tópica de produtos a base de H. procumbens merecem considerável
importância, já que poderiam auxiliar no tratamento de doenças inflamatórias de pele, com,
por exemplo, eczema e psoriasis, e a liberação transcutânea apresenta signficante valor em
condições inflamatórias, como no caso de artrite.
Nesse contexto, Abdelouahab; Heard (2008) (89)avaliaram a liberação transcutânea
dos compostos majoritários das raízes de H. procumbens, na pele extirpada de porcos, em
soluções preparadas a partir de quatro veículos: água deionisada, etanol 30% em água, PEG
400, PEG 400: etanol 30% (50:50). Foi observado que a maior permeação foi obtida com
soluções contendo o veículo etanol 30%. Todos os compostos, harpagosídeo, 8-p-cumaril
harpagida e verbascosídeo apresentaram perfis de profundidade de penetração, detacando-se o
composto harpagida, detectado em maiores concentrações na fase receptora (89). Porém, a
harpagida causou um aumento de duas vezes sobre a expressão da COX-2, quando comparado
com o extrato, atuando, portanto, como proinflamatório, conforme observado em outro estudo
realizado pelo mesmo grupo de pesquisa (87). Dessa forma, os autores discutem que tal
formulação que aumenta a permeação da harpagida não seria a mais indicada para formulação
para uso tópico (89).
Ainda com relação à atividade pró-inflamatória da harpagida, um estudo realizado por
Ouitas; Heard (2010) (88) mostrou que alguns produtos farmacêuticos comerciais, contendo
teor mais elevado de harpagida, mesmo contendo os valores preconizados de harpagosídeo,
não apresentaram atividade anti-inflamatória, ou apresentaram atividade pró-inflamatória, no
modelo ex vivo de expressão de COX-2 em peles estirpadas de porco. Os autores, por meio de
CLAE, quantificaram os teores de glicosídeos anti-inflamatórios (harpagosídeo,
verbascosídeo e 8-O-p-cumarilharpagida) e da harpagida (pró-inflamatória) e calcularam a
relação A/P (compostos anti-inflamatórios/ pró-inflamatórios) e observaram que o valor
obtido para 6 formulações comerciais se correlacionou (r2 = 0,9496) com o efeito anti-
inflamatório observado (inibição da COX-2), de modo que as formulações com menor relação
A/P (e portanto, maior teor de harpagida) não apresentaram efeito anti-inflamatório. Assim, os
autores concluem que os pacientes, ao usarem diferentes produtos do mercado, podem estar
sujeitos a obter diferentes respostas terapêuticas e que a atual farmacopeia, que preconiza o
95
controle de produtos a base de H. procumbens em termos de teor mínimo de harpagosídeo,
estaria inadequada, uma vez que o teor de harpagida também influencia na bioatividade.
Assim, os autores sugerem que o índice A/P seria um melhor parâmetro para o controle de
qualidade de produtos contendo H. procumbens do que apenas o teor de harpagosídeo (88).
Contraditoriamente, em outro trabalho, Ebrahim; Uebel (2011) (72) observaram que a
harpagida foi cerca de 900 vezes mais ativa que o harpagosídeo na inibição enzimática da
COX-2. A IC50 para a harpagida foi de 0,1186 mg/ mL, enquanto que para o harpagosídeo foi
de 104,1 mg/ mL (72).
Ouitas; Heard (2009) (86), ao avaliarem a atividade anti-inflamatória de H.
procumbens em tecido subcutâneo, utilizando modelo envolvendo pele de porco ex vivo,
demonstraram que H. procumbens atua na resposta anti-inflamatória em tecidos profundos
(como em casos de artrite), por meio de passagem transcutânea, uma vez que inibiu a
expressão de COX-2 e um de seus produtos, a prostaglandina PGE2.
4.4 ESTUDOS CLÍNICOS
Desde o ano de 1980 vários estudos clínicos vêm sendo realizados com H.
procumbens, nos quais foram avaliadas a segurança e eficácia do uso de derivados contendo a
espécie vegetal. De um modo geral, os ensaios clínicos foram conduzidos com pacientes que
apresentavam um dos quadros descritos a seguir: (a) osteoartrite ou artrite reumatóide nos joelhos
ou quadril; (b) dor lombar crônica não-específica e/ou (c) dores músculo-esqueléticas. Os estudos
foram realizados principalmente por grupos de pesquisadores da Europa, especialmente, da
Alemanha, onde produtos a base de H. procumbens são utilizados há cerca de cinqüenta anos para
os quadros clínicos descritos acima (16).
Os estudos apresentaram heterogeneidade em alguns parâmetros: delineamento do estudo,
dose utilizada no tratamento, tipos de extratos e monitoramento das condições clínicas, o que
dificultou em alguns casos uma avaliação comparativa e quantitativa dos resultados obtidos. Das
amostras analisadas nos ensaios clínicos, algumas foram mais homogêneas em relação a
parâmetros como: idade, altura, co-morbidades, tipo e duração da severidade, localização da dor
no corpo (e se havia ou não radiação da dor) e número de centros que participaram. A
homogeneidade pode aumentar a precisão e a confiança, referente às conclusões do estudo, mas
também pode limitar a generalização para outras populações com diferentes propriedades.
Quanto à parte da planta vegetal utilizada, quando é mencionado o uso da “garra-do-
diabo” está bem estabelecido na literaura o uso medicinal das raízes secundárias tuberosas como
96
droga vegetal. Quanto à via de administração, embora já existam produtos a base de H.
procumbens registrados em outros países na forma de pomada, em todos estudos clínicos a via de
administração avaliada foi oral, na forma de cápsulas, comprimidos e/ou comprimidos revestidos.
Em alguns compêndios internacionais (2, 90) é preconizado o uso diário de extrato das
raízes de H. procumbens ou equivalentes na dose de 1,5-3,0 g e 4,5 g, em casos dolorosos de
artrite. Nos estudos clínicos existentes para H. procumbens pode ser observado que a avaliação de
eficácia de derivados da espécie tem variado de 0,96 a 2,610 g/ dia, com exceção de Bélaiche
(1982) (91), que avaliou doses de 3,0 e 9,0 g/ dia. Em relação ao teor de harpagosídeo, foi
observada, de um modo geral, uma variação de 20 a 60 mg/ dia.
Em relação ao tipo de extrato, a ESCOP (1997) (2) descreve o uso tanto de extrato aquoso,
como hidroetanólico. Os primeiros estudos foram realizados, na grande maioria, com extratos
aquosos, já os estudos mais recentes avaliaram principalmente extratos hidroetanólicos. Embora
até o presente momento não se saiba quais são os compostos ativos presentes nos extratos das
raízes de H. procumbens, muitos autores consideram os iridóides glicosilados, especialmente o
composto harpagosídeo, como componentes ativos. Devido a isso, na ESCOP (1997) (2), assim
como em outros compêndios oficiais, está preconizado um teor de harpagosídeo não inferior a 1%
para o derivado apresentar atividade, quantidade equivalente a 100 mg de harpagosídeo. No
entanto, na grande totalidade dos trabalhos, o tratamento foi realizado com uma quantidade diária
de extrato equivalente a, no máximo, 60 mg de harpagosídeo. Apenas dois estudos (91-92)
avaliaram a efetividade de extratos de H. procumbens contendo de 90-270 mg (91) e 102 mg (92)
de harpagosídeo por dia. Não foi observado um maior percentual de melhora no grupo tratado
com dose de extrato equivalente a 270 mg de harpagosídeo, comparado ao grupo que recebeu 90
mg de harpagosídeo por dia (91). Ao comparar o efeito de dose diária total de 600 mg de extrato
aquoso das raízes de H. procumbens (equivalente a 51 mg de harpagosídeo), com grupo tratado
com dose de 1200 mg (equivalente a 102 mg de harpagosídeo), houve uma melhora mais
significativa no índice de Arhus, embora o grupo da dose de 1200 mg tenha apresentado um maior
número de pacientes livre de dor (92).
De um modo geral, as preparações contendo extrato das raízes de H. procumbens variam
consideravelmente entre os fabricantes, mas contêm extratos somente aquosos ou hidroetanólicos,
conforme preconizado em compêndios internacionais (2, 90). No entanto, a grande maioria dos
trabalhos não fornece detalhes do modo de preparação do extrato e do teor de harpagosídeo. Os
extratos hidroetanólicos, de um modo geral, apresentaram um teor de 60% de etanol. Além disso,
não há claras evidências de que uma formulação seja superior à outra, mas especificamente em
casos de alívio da dor lombar, a grande maioria dos trabalhos foi conduzida com extrato aquoso.
97
Como já descrito anteriormente, há algumas controvérsias sobre a correlação do efeito do
extrato de H. procumbens e o conteúdo dos iridóides glicosilados. Alguns autores sugerem que
esses compostos, obtidos após a hidrólise ácida, especialmente, a harpagogenina, são os
compostos ativos, considerando que alguns ensaios farmacológicos pré-clínicos in vivo sugerem
que o extrato de H. procumbens e o composto harpagosídeo podem ser parcialmente inativados
pelo meio ácido do estômago (78, 93). Dentro deste contexto, alguns laboratórios produzem
comprimidos revestidos para evitar uma possível degradação dos compostos durante a passagem
pelo estômago.
Embora exista um grande volume de ensaios clínicos com a espécie H. procumbens, os
resultados obtidos em muitos ensaios clínicos são questionáveis devido a falhas metodológicas.
Os primeiros ensaios clínicos conduzidos com H. procumbens, especialmente da década de 80 e
90, não fornecem informações sobre dose adequada e efeitos adversos e, embora muitos ensaios
comparem o tratamento de H. procumbens com fármacos utilizados na terapêutica em casos de
osteoartrite, artrite reumatóide e dor lombar, a ausência de randomização e cegamento pode ter
gerado viés nos resultados. Alguns estudos randomizados, duplo cego, controlados por placebo,
também apresentam algumas falhas como pobreza ou ausência de dados basais iniciais dos
pacientes (como, por exemplo, (94)), enquanto outros apresentam falta de transparência dos
dados. Por exemplo, Grahame; Robinson (1981) (95) avaliaram a eficácia do extrato aquoso de H.
procumbens (1230 mg/ dia), durante 6 semanas, mas não encontram benefícios com o uso de H.
procumbens. No entanto, o número reduzido da amostra (N= 13) e baixa dose (1230 mg/ dia), já
que os pacientes incluídos no estudo apresentavam estágio severo de reumatismo, podem ter
contribuído para o resultado obtido.
As evidências sobre as atividades anti-inflamatória e analgésica, principalmente em casos
de artrite e reumatismo a longo-prazo e/ou em doses elevadas, são escassas. A grande maioria dos
trabalhos foi conduzida por períodos curtos, de 4 a 8 semanas, enquanto que em longo prazo
foram encontrados apenas dois trabalhos. No entanto, por outro lado, produtos a base de H.
procumbens vem sendo utilizados na Alemanha por mais de cinqüenta anos, sem relatos de
toxicidade. Apenas um estudo (91), que avaliou a administração de uma dose elevada (9,0 g/ dia)
do extrato aquoso de H. procumbens, descreveu que não foram observados eventos adversos
sérios, sendo relatado principalmente desconfortos gastrointestinais moderados. De acordo com a
grande maioria dos trabalhos que avaliaram a tolerabilidade e segurança de derivados de H.
procumbens em curto prazo, os resultados demonstram uma boa tolerabilidade, com a ocorrência
de eventos adversos moderados, sendo principalmente distúrbios no TGI, como dispepsia e
diarréia (96-97). Dessa forma, o uso de H. procumbens parece estar associado com eventos
adversos menores, quando comparado aos AINES e os inibidores seletivos da COX-2. Os AINES
98
são utilizados na terapêutica de condições inflamatórias, como no caso de osteoartrite ou dores
músculo-esqueléticas, de um modo geral. No entanto, embora esses fármacos sejam considerados
efetivos na redução da dor, apresentam muitos efeitos adversos, sendo relacionados
principalmente a efeitos no TGI, incluindo dispepsia, náuseas, vômito, dor no abdômen, azia,
úlceras perfuradas e sangramentos. Já para os inibidores seletivos da COX-2, estudos têm
demonstrado elevado risco de eventos cardiovasculares, hepáticos e reações alérgicas, que
culminaram com a retirada de alguns desses fármacos do mercado, como o rofecoxibe e
valdecoxibe (98). Segundo a ESCOP (1997) (2), o período recomendado para o tratamento de
casos dolorosos de artrose é de no mínimo 2 a 3 meses. Em um trabalho de revisão, é
recomendado o tratamento por um período de no mínimo 4 semanas de administração diária para
o extrato apresentar efetividade (99).
Barnes; Ernst (1998) (100) demonstraram que no Reino Unido, dentre os médicos que
utilizam a fitoterapia como tratamento alternativo, os casos inflamatórios crônicos, como a artrite,
foram citados como os casos que mais requerem a fitoterapia como um recurso alternativo no
tratamento dessas condições. Especificamente em casos de artrite, a espécie mais citada foi H.
procumbens, a qual foi considerada pela experiência dos prescritores, em relação à segurança,
como excelente (100).
Em uma revisão sistemática sobre a eficácia de H. procumbens no tratamento da dor
lombar crônica, foi concluido que há fortes evidências que demonstram que o extrato aquoso de
H. procumbens, contendo 50 mg de harpagosído, diminui a dor de forma mais significativa que o
placebo, em tratamento a curto prazo, em pacientes com episódios agudos (101).
Em relação a outras indicações populares citadas na literatura, não há embasamento
científico suficiente que justifique o uso de extrato de H. procumbens para outros fins, que não
como anti-inflamatório e analgésico, em casos de osteoartrite, artrite reumatóide e dores músculo-
esqueléticas, especialmente dor lombar.
Em suma, de um modo geral, os estudos que investigaram os derivados obtidos com as
raízes de H. procumbens, embora não confirmem a melhor dose, fornecem fortes evidências sobre
a possível efetividade do tratamento com a espécie. No entanto, estudos devem ser desenvolvidos
para avaliar o uso contínuo por períodos longos de doses mais elevadas dos extratos, que
garantam a sua segurança e tolerabilidade (101-102).
99
4.4.1 Fase I
No Quadro 13 serão apresentados os ensaios farmacológicos clínicos de Fase I
realizados com a espécie H. procumbens.
100
Parte
da
planta
Extrato e modo de
preparo
Dose Metodologia Resultado observado Referência
Raízes N.D. Dose única de 150
mg
Estudo randomizado, duplo-
cego, dose única, crossover para
avaliar hipersensibilidade
imediata tipo I.
Controle: placebo. Controle
positivo: fexofenadina (60 mg).
N = 15 voluntários.
Após administração de dose única do extrato, não foi
observada alteração na resposta da histamina sobre a pele, não
houve inibição da formação de pápula e de mácula na pele.
Dessa forma, os autores sugerem que não há necessidade da
interrupção do uso de um produto contendo extrato de “garra-
do-diabo”, como componente ativo, previamente a um teste
para identificação de alérgenos. Os EA relatados pelos
pacientes foram principalmente no TGI: náusea, diarréia e
dispesia.
(103)
Raízes (1) Cápsula contendo
extrato de H.
procumbens (25%),
correspondente a 100 e
200 mg de
harpagosídeo.
(2) Cápsulas contendo
extrato de H.
procumbens HF 8858,
equivalente a 25% de
harpagosídeo.
(3) Comprimidos
revestidos de 200 mg do
extrato WS1531 (9% de
harpagosídeo)
Administração com
150 mL de água,
após uma noite
jejum.
- Estudo 1: 400 mg
de 1. Após 14 dias,
mais 600 mg e após
14 dias, 800 mg.
- Estudo 2: 600 mg
de 2.
- Estudo 3: 600,
1200 e 1800 mg de
3.
N = 10 volutnários.
- Estudo 1 = 1 voluntário
(estudo piloto).
- Estudo 2 = 6 voluntários.
- Estudo 3 = 3 voluntários.
Amostras de sangue foram
coletadas antes da administração
e nos tempos 0,5/ 1/ 1,5/ 2/ 2,5/
3/ 4/ 5/ 6/ 7/ 8/ 9/ 10/ 12 e 24 h.
Determinação de harpagosídeo
nas amostras de sangue por
CLAE-UV.
De acordo com os resutados obtidos, o composto harpagosídeo
é absorvido via oral e alcançou valores máximos (Cmax) em
amostras de sangue nos tempos de 1,3 a 2,5 h e foram
calculados como 15,4/16,4/8,2/32,2/27,8 e 50,1 ng/ mL,
correspondente as doses de 43,8/100/108/150/162 e 200 mg de
harpagosídeo, respectivamente. O t1/2 foi curto e variou entre
3,7-6,4 h. O clearance foi em torno de 15 L/ min. Os níveis de
harpagosídeo em amostras de sangue foram detectados
somente em doses maiores de 54 mg, sendo que as possíveis
causas que podem ser apontadas são o metabolismo de
primeira passagem ou baixa absorção oral. Os metabólitos
resultantes do metabolimos de primeira passagem ainda não
foram determinados.
(67)
Raízes Cápsulas de 500 mg
contendo 3% de
iridóides glicosilados.
H. procumbens
(Grupo H): 2 g,
durante 21 dias.
Grupo Placebo
(Grupo P).
Amostras de sangue foram
coletadas por punção venosa
antes e no final do tratamento
para avaliação da produção de
PGE2, TXB2, 6-ceto-PGF1α e
LTB4.
N = 34 voluntários sadios (N =
9, grupo P e N = 25, grupo H).
Nas condições de estudo, o extrato de H. procumbens não
alterou a biosssíntese de eicosanóides, tanto pela via da
ciclooxigenase, como pela via da lipooxigenase.
(104)
Quadro 13 – Estudos clínicos de Fase I realizados com H. procumbens.
N.D.: não descrito; EA: eventos adversos; N = número de voluntários.
101
Como pode ser observado no Quadro 13, são relativamente poucos os estudos clínicos
realizados em voluntários sadios. Os estudos detectados são relacionados a toxicidade ou à
farmacocinética de H. procumbens.
More; Napoli; Hagan (2003) (103) avaliaram a toxicidade aguda do extrato de H.
procumbens sobre a hipersensibilidade imediata do tipo I. Embora não tenham sido
observados sinais de toxicidade, a dose administrada foi extremamente baixa (150 mg).
Considerando a falta de estudo de toxicidade para uso contínuo e de clareza sobre as
interações medicamentosas, deve-se ter precaução, evitando o uso excessivo dessa planta.
Foram encontrados na literatura apenas três estudos que avaliaram o perfil
farmacocinético dos compostos presentes em medicamentos fitoterápicos a base de H.
procumbens, sendo apenas um deles realizados em humanos. Os resultados obtidos por Loew
et al. (2001) (67) demonstram que após a administração oral de extratos de H. procumbens, o
composto harpagosídeo é detectado no plasma sanguíneo, indicando que não ocorre hidrólise
ácida total deste composto pela passagem pelo estômago. No entanto, a metodologia utilizada
não está muito clara, quando se refere a forma de administração e o tempo de tratamento. Os
outros estudos do mesmo grupo mesmo de pesquisadores avaliaram a farmacocinética de
diferentes produtos comercializados a base de H. procumbens, com diferentes teores de
harpagosídeo, em cavalos (105-106). No entanto, considerando que a avaliação
farmacocinética é um dos pontos críticos para o desenvolvimento de medicamentos
fitoterápicos e um dos entraves para o desenvolvimento dessa área é a dificuldade no
desenvolvimento de métodos bioanalíticos confiáveis para a quantificação dos compostos
ativos presentes em extrativos de espécies vegetais, justifica-se a realização de um estudo para
avaliar o perfil farmacocinético em humanos, associado ao desenvolvimento e validação de
um método por CLAE sensível para determinar a presença dos iridóides glicosilados em
fluídos biológicos.
Moussard et al. (1992) (104) avaliaram o teor de eicosanoides no sangue de
voluntários tratados com H. procumbens. Contrariamente aos estudos pré-clínicos que
indicam que o extrato age possivelmente pela inibição das vias das cicloxigenases, os autores
observaram que o extrato, nas condições desse estudo, não alterou a biossíntese de
eicosanoides, tanto pela via da ciclooxigenase como pela via da lipooxigenase (104). No
entanto, é importante ressaltar que o extrato foi administrado em voluntários sadios, o que de
alguma forma poderia influenciar nos resultados obtidos. Dessa forma, mais estudos nesse
102
sentido devem ser realizados para se ter mais evidências acerca do mecanismo de ação do
extrato.
4.4.2 Fase II
No Quadro 14 serão apresentados os ensaios farmacológicos clínicos de Fase II
realizados com a espécie H. procumbens.
103
Parte
da
planta
Extrato e modo de preparo Dose diária Metodologia Resultado observado Referência
Raízes Extrato aquoso.
Produto comercial: Salus®
(comprimidos de 410 mg).
H. procumbens (grupo H):
1,23 g (< 30 mg de
harpagosídeo)
Controle: fenilbutazona (grupo
F): dia 1-4: 300 mg, dia 5-28:
200 mg. Tempo de tratamento:
28 dias.
Estudo randomizado controlado.
N = 50 pacientes com
osteoartrite nos joelhos e quadril
e/ou com artrite gotosa.
Ligeira melhora da dor espontânea no grupo H
(80%), comparado com o grupo F (72%). O
número de pacientes que apresentaram melhora
da mobilidade e da rigidez matinal foi 1 e 2
pacientes no grupo H e, 5 e 5, no grupo F,
respectivamente. Em relação à segurança,
foram reportados 4 EA no grupo F e nenhum
no grupo H.
(107)
Raízes Extrato hidroetanólico
(45:55, etanol: água)
contendo
1,5% de iridóides
glicosilados.
H. procumbens (grupo H): 2,4
g (< 20 mg de harpagosídeo.
Grupo Placebo (grupo P).
Cápsulas de 400 mg, duas
cápsulas, 3 vezes/dia. Tempo
de tratamento: 3 semanas.
Estudo randomizado, duplo-
cego, controlado por placebo.
N = 50 pacientes com artrose em
múltiplos locais.
Após 10 dias de tratamento, o grupo H
apresentou significante diminuição da dor
severa, quando comparado ao grupo P. No
entanto, a melhora foi mais signficativa no
grupo com dor moderada.
(108)
Raízes Produto comercializado:
Arkophytum® (cápsulas de
335 mg). Extrato contendo
3% de iridóides glicosilados.
H. procumbens (grupo H): 2,1
g/dia equivalente a 60 mg de
harpagosídeo
Grupo placebo (grupo P). 2
cápsulas de 335 mg / 3 vezes
dia
Tempo de tratamento: 8
semanas.
Estudo randomizado, duplo-
cego, controlado por placebo. N
= 89 pacientes com osteoartrite e
artrite reumatóide nos joelhos e
quadril.
Foi observada uma melhora da intensidade da
dor (escala de VAS - Escala Analógica Visual -
e distância dos dedos até o chão) e da
mobilidade em pacientes do grupo H, quando
comparado com o grupo P, avaliado nos dias 0,
30 e 60. Não foram observados EA em ambos
os grupos, nem alterações nos parâmetros
biológicos (incluindo hemograma).
(94)
Raízes Extrato aquoso. Produto
comercializado: Doloteffin®
(comprimidos revestidos de
400 mg). Proporção droga:
extrato (1,5-5:1). Foi
identificada por CLAE a
presença de harpagosídeo.
H. procumbens (grupo H)= 2,4
g, equivalente a 50 mg de
harpagosídeo.
2 comprimidos revestidos de
400 mg, 3 vezes por dia.
Grupo placebo (grupo P).
2 comprimidos revestidos/3
vezes/dia.
Tempo de tratamento: 4
Semanas.
Foi permitido o uso de
tramadol.
Estudo duplo-cego,
randomizado, controlado por
placebo.
N = 118 pacientes com dor
lombar crônica não-específica.
Grupo H: 54 (18 homens: 36
mulheres), com idade média de
55,7 anos. Grupo P: 55 (16
homens: 39 mulheres), com
idade média de 53 anos. Os
pacientes incluídos no estudo
sofriam, no mínimo, por seis
meses de dores lombares ou de
O estudo terminou com 109 pacientes (5
pacientes do grupo H e 4 do grupo P
abandoram o estudo). Um dos pacientes do
grupo H abandou o estudo porque apresentou
taquicardia. Ao final do estudo, 9 pacientes do
grupo H e um paciente do grupo P, não
apresentaram mais dor. Em relação ao índice de
Arhus, houve uma melhora de 20% no grupo H
em relação aos valores inicias e no grupo P,
uma melhora de 8%. O tratamento com o
extrato de H. procumbens apresentou eficácia
no tratamento agudo da dor lombar, em um
grande número de pacientes (livres de dor),
(109)
104
Parte
da
planta
Extrato e modo de preparo Dose diária Metodologia Resultado observado Referência
crises de dor aguda. comparado com o grupo P; redução do índice
de Arhus para dor lombar, particularmente em
pacientes sem radiação da dor para as pernas.
Não foram observadas alterações na pressão
arterial, na freqüência cardíaca e respiratória e
nos parâmetros bioquímicos e hematológicos,
durante o período do estudo, entre os dois
grupos.
Raízes Extrato aquoso WS 1531
(extrato não comercializado).
Comprimido de 200 mg = 17
mg de harpagosídeo.
Comprimido de 400 mg ≈ 34
mg.
-Grupo H600: 600 mg
equivalente a 51 mg de
Harpagosídeo.
3 comprimidos de 200 mg/dia.
-Grupo H1200: 1200 mg,
equivalente a 102 mg de
harpagosídeo.
3 comprimidos de 400 mg/ dia.
-Grupo placebo (grupo P):
lactose.
Durante o estudo foi permitido
o uso de tramadol (400 mg/
dia).
Tempo de tratamento: 4
semanas.
Estudo duplo-cego,
randomizado comparado com
placebo.
N = 197 pacientes com dor
lombar crônica não específica
(grupo P=66; grupo H600=65,
grupo H1200=66).
O estudo foi finalizado com 183 pacientes. Os
pacientes que não concluíram o estudo foram:
3-grupo P (2 apresentaram dor considerada
insuportável e 1 apresentou queixas
cardiovasculares), 8-grupo H600 (2
apresentaram infecção viral e sintomas
psicosomáticos e 1 teve um quadro de
mucorréia, reações de pele, falha na
administração do medicamento e dor
insuportável) e 3-grupo H1200 (1 com reações
alérgicas, outro não suportou a dor e um
paciente não compareceu aos exames finais).
Ao final do estudo, o número de pacientes
livres de dor, sem o uso de analgésicos, foram
3-grupo P; 6-grupo H600 e 10-grupo H1200
(P=0,0027). A maioria dos pacientes que
responderam ao tratamento sofriam de dor há
menos de 42 dias. Foi observado melhor efeito
em pacientes com dor severa e irradiada,
acompanhada de déficit neurológico. Por outro
lado, em relação ao índice de Arhus, embora
tenha apresentado benefícios aparentes, foi
observado melhores resultados no grupo H600
e em pacientes sem dor severa, radiação ou
déficit neurológico. Em relação a segurança,
um pequeno número de pacientes do grupo H
apresentaram distúrbios moderados no TGI.
(110)
105
Parte
da
planta
Extrato e modo de preparo Dose diária Metodologia Resultado observado Referência
Raízes Extrato hidroetanóilico
(60:40, etanol: água). Produto
comercializado: Flexiloges®
(comprimidos revestidos de
480 mg). Proporção droga:
extrato (4,4-5,0:1).
Flexiloges (grupo F): 960 mg
equivalente a 30 mg de
harpagosídeo. Controle
positivo: ibuprofeno 800 mg .
Como suplemento do
tratamento cada paciente
recebeu 800 mg de ibuprofeno
nas semanas 1-8 e 400 mg nas
semanas 9-16. Ao final de 4
semanas não foi mais
permitido o uso de analgésico.
Tempo de tratamento: 20
semanas.
Estudo duplo-cego, placebo
controlado. N = 46 pacientes
com osteorartrite e artrite
reumatóide nos joelhos e
quadril.
A eficácia foi determinada pelo número de
pacientes que responderam ao tratamento
(pacientes que utilizaram menos de 4000 mg de
ibuprofeno e apresentaram um aumento de 20%
na escala WOMAC nas semanas 17-20).
Significante redução da dor em pacientes do
grupo F, em associação com ibuprofeno (71%),
comparado com o tratamento com ibuprofeno
(41%). Quanto a segurança foi reportado
semelhança nos EA observados (8-grupo F e 7-
grupo P).
(111)
Raízes Extrato hidroetanólico
(60:40, etanol: água). Produto
comercializado: Rivoltan®
Proporção droga: extrato
(4,4-5,0:1).
Rivoltan (Grupo R): 960 mg,
equivalente a 30 mg de
harpagosídeo.
1 comprimido revestido de 480
mg, 2 vezes/dia, pela manhã e
a noite.
Grupo placebo (Grupo P).
Tempo de tratamento: 4
semanas.
Estudo randomizado, duplo-
cego,
controlado por placebo.
N = 63 pacientes com dor leve a
moderada, tensão muscular no
ombro, pescoço e região lombar.
Grupo R: 31 pacientes. Grupo P:
32 pacientes
12 pacientes não completaram o estudo. A
tolerabilidade foi considerada satisfatória, já
que 4 pacientes do grupo R e 2
pacientes do grupo P apresentaram EA
moderados. Após 4 semanas de tratamento,
46% dos pacientes do grupo R apresentaram
um quadro livre de dor, e o grupo P, apresentou
um percentual de 2%.
(112)
Raízes Extrato aquoso. Produto
comercializado: Doloteffin®
(comprimidos revestidos de
400 mg). Proporção droga:
extrato (1,5-5:1).
Conteúdo não menor que 1%.
Doloteffin (grupo D) = 2400
mg equivalente a 60 mg de
harpagosídeo. 2 comprimidos
de 400 mg, 3 vezes/dia + um
comprimido placebo/ dia.
Vioxx® (rofecoxibe) (grupo
V): 12,5 mg.
um comprimido de 12,5
mg/dia + 2 comprimidos
placebo/3 vezes por dia.
Tempo de tratamento: 6
semanas
Estudo randomizado, duplo-
cego, comparativo.
N = 88 pacientes com dor
lombar crônica não-específica
(grupo D = 44 pacientes, idade
média 61 anos, 10 homens;
grupo V = 44 pacientes, com
idade média de 62 anos e 14
homens). Foi permitido o uso de
400 mg/ dia de tramadol líquido
(2,5 mg/ mL).
79 pacientes completaram o estudo (43 do
grupo D e 36 do grupo V). Um paciente do
grupo D e 8 do grupo V abondonaram o estudo,
7 devido a EA (1 do grupo D e 6 do grupo V) e
1 por dor lombar excessiva.
O número de pacientes que responderam ao
tratamento ao final das 6 semanas foi de 17%
dos 88 pacientes (10 do grupo D e 5 do grupo
V). Comparando os resultados obtidos na
quarta e sexta semana com a primeira semana,
foi observado uma melhora de 20 a 50% dos
sintomas da dor, sem diferença entre os grupos
D e V.
(113)
106
Parte
da
planta
Extrato e modo de preparo Dose diária Metodologia Resultado observado Referência
28 pacientes (14 em cada grupo) relataram 39
EA, principalmente distúrbios no TGI (8 no
grupo D e 9 no grupo V).
Raízes Extrato aquoso. Produto
comercializado: Doloteffin®
(comprimidos revestidos de
400 mg). Proporção droga:
extrato (1,5-2,5:1). Conteúdo
não menor que 1%.
Doloteffin (grupo D): 2,4 g
equivalente a 60 mg de
harpagosídeo. Tempo de
tratamento: 54 semanas.
Estudo de seguimento pelo
perído de um ano, do estudo de
Chrubasik et al. (2003). 38
pacientes do ex-grupo
Doloteffin e 35 do ex-
grupoVioxx receberam
Doloteffin. N = 88 pacientes
com dor lombar crônica não-
específica (Grupo D-44 e grupo
R-44).
43 pacientes terminaram o estudo. 17 pacientes
relataram 21 EA: 5 no TGI, 3 aumentos dos
níveis de GGT, 6 problemas esqueléticos, 3
problemas de pele e 4 outros EA. A pressão
sanguínea não foi afetada. Ao final do
seguimento foi observado uma redução da dor
em percentual maior que 50%, alcançado
dentro de 3 meses e foi mantido por 9 meses,
com poucos EA (reações alérgicas e distúrbios
no TGI).
(114)
Quadro 14 – Estudos clínicos de Fase II realizados com H. procumbens.
N.D.: não descrito; EA: eventos adversos; N = número de voluntários.
107
4.4.3 Fase III
No Quadro 15 serão apresentados os ensaios farmacológicos clínicos de Fase III
realizados com a espécie H. procumbens.
108
Parte
da
planta
Extrato e modo de preparo Dose diária Metodologia Resultado observado Referência
Raízes Não informado o tipo do extrato.
Produto comercializado (cápsula de
435 mg) (extrato de H. procumbens
e/ou H. zeyheri). A concentração de
harpagosídeo e iridóides glicosilados
totais (harpagosídeo, harpagida, 8-p-
cumarilharpagida e procumbida) foi
determinada por CLAE.
8-p-cumarilharpagida: 5,9%
Cada comprimido contem 9,5 mg de
harpagosído e 14,5 mg de iridóides
glicosilados totais.
Grupo teste (grupo
H)= 2,61 g
equivalente a 57 mg
de harpagosídeo.
6 cápsulas de 435 mg
de extrato em pó de H.
procumbens + 2
cápsulas de
placebo/dia).
Grupo diacereína
(grupo D): 100 mg. 2
cápsulas de 50 mg + 6
cápsulas de
placebo/dia. Tempo
de tratamento: 16
semanas.
Estudo duplo-cego,
randomizado, comparativo e
multicêntrico.
Durante o tratamento, foi
permitido o uso de diclofenaco
ou paracetamol associado a
cafeína.
N = 122 pacientes com
osteoartrite e artrite
reumatóide nos joelhos e
quadril. Grupo H: 62
pacientes, com idade média de
62,25 anos e 42 mulheres.
Grupo D: 60 pacientes, com
idade média de 61 anos e 35
mulheres.
30 pacientes não completaram o estudo (12 do
grupo H e 18 do grupo D). Em relação à eficácia
do produto comercializado, não foi observada
diferença entre o grupo H (65,3%), comparado
ao grupo D (60%). Ambos os grupos reduziram
o índice de Lequesne, sem diferença entre os
grupos. Outro fato observado foi que, após o
período de tratamento, os pacientes do grupo H
diminuiram o uso AINES e fármacos antálgicos,
comparado com o grupo D. Em relação aos EA,
26 pacientes do grupo D e 16 pacientes do grupo
H reportaram um ou mais EA. O evento adverso
mais freqüente foi diarréia, com ocorrência de
8,1% e 26,7%, no grupo H e D, respectivamente.
Os autores concluem que o produto
comercializado apresenta eficácia similar a
diacereína e segurança superior a diacereína no
tratamento de osteoartrite e artrite reumatóide do
joelho ou quadril.
(115)
Raízes Não informado o tipo do extrato.
Produto comercializado (cápsula de
435 mg) (extrato de H. procumbens
e/ou H. zeyheri). A concentração de
harpagosídeo e iridóides glicosilados
totais (harpagosídeo, harpagida, 8-p-
cumarilharpagida e procumbida) foi
determinada por CLAE.
8-p-cumarilharpagida: 5,9%
Cada comprimido contem 9,5 mg de
harpagosído e 14,5 mg de iridóides
glicosilados totais.
Grupo teste (grupo H)
= 2,61 g equivalente a
57 mg de
harpagosídeo.
6 cápsulas de 435 mg/
dia.
Grupo diacereína
(grupo D) (ART50®)
= 100 mg. 2 cápsulas
de 50 mg/ dia.
Estudo randomizado, duplo-
cego, multicêntrico,
comparado com fármaco.
Durante o tratamento foi
permitido, quando necessário,
o uso de paracetamol
associado de cafeína e
diclofenaco (50 mg), em uma
dose diária não maior que 3
comprimidos.
N = 122 pacientes com
osteoartrite no joelho e/ou
quadril. Grupo H = 62
pacientes, com idade média de
62,25 anos (42 mulheres/ 18
homens); Grupo D = 60
92 pacientes concluíram o estudo (grupo H = 60
e grupo D = 42). Após 4 meses de tratamento foi
observado que ambos grupos H e D
apresentaram eficácia similar referente ao alívio
da dor. Os resultados foram confirmados
também por meio do índice de Lequesne e pelo
score na VAS. Os pacientes do grupo H, ao final
dos 120 dias de tratamento, diminuiram
significativamente o número de comprimidos de
diclofenaco e paracetamol-cafeína, comparado
ao grupo diacereína. Em relação à segurança, o
grupo H apresentou 13% de EA, já o grupo
diacereína, 23%. Os principais EA foram
distúrbios gastrointestinais, sendo diarréia o
evento adverso mais freqüente (grupo H = 8,1%
e grupo D = 26,7%). Grupo H apresentou maior
(116)
109
Parte
da
planta
Extrato e modo de preparo Dose diária Metodologia Resultado observado Referência
pacientes, com idade média de
61,08 anos (35 mulheres/ 25
homens).
efetividade no tratamento de osteartrite de
joelho ou quadril, quando comparado com o
grupo D e diminuiu significativamente o uso de
AINES e analgésicos.
Quadro 15 – Estudos clínicos de Fase III realizados com H. procumbens.
EA: eventos adversos; N = número de voluntários.
110
Alguns compêndios oficiais aceitam em produtos contendo Harpagophytum, além de
H. procumbens, a espécie H. zeyheri (25-26). Pela dificuldade de diferenciação da droga
vegetal, alguns produtos comercializados contendo extrato seco de H. procumbens podem
conter uma associação de ambas as espécies. Desta forma, embora todos os estudos clínicos
descrevam como objeto de estudo derivados a base de H. procumbens, por consulta à bula dos
produtos foi constatada a presença de H. procumbens e/ou H. zeyheri em alguns deles. Dentre
os ensaios os clínicos existentes para a espécie, cabe destacar o estudo de Chantre et al.
(2000) (115), um ensaio randomizado, duplo-cego, comparado com diacereína, por um
período de 16 semanas, pode ser considerado um dos ensaios que aprensentou maior rigor. Na
metodologia do estudo está claro como foi realizado o processo de randomização e o
cegamento do estudo e, além disso, foi conduzido em 30 centros, indicando a generalização
do estudo.
4.4.4 Fase IV
No Quadro 16 serão apresentados os ensaios farmacológicos clínicos de Fase IV
realizados com a espécie H. procumbens.
Parte
da
planta
Extrato e modo de
preparo
Dose diária Metodologia Resultado observado Referência
Raízes Extrato aquoso
Produto
comercializado.
Proporção droga:
extrato (2,5:1).
H.
procumbens:
1,8 g
equivalente a
30 mg de
harpagosídeo
(Grupo H).
Grupo placebo
(Grupo P).
Tempo de
tratamento: 6
semanas.
Estudo aberto, não
randomizado,
comparado com
tratamento
convencional (estudo
pós-
comercialização).
3 × 600 mg
(monoterapia), ou
associada com outra
terapia (N=51) ou
terapia convencional
(N=51, AINE,
exercícios físicos ou
injeção
paravertebral).
N= 102 pacientes
com dor lombar
crônica.
Foi observado uma
melhora no índice de
Arhus de 20%, em
ambos grupos. Entre a
semana 4 e 6 houve
uma melhora de mais
de 30%. O número de
pacientes livres de dor
após a semana 4 e 6
foram, 16 e 20 (grupo
H) e 12 e 23 (grupo P).
O grupo de pacientes
que recebeu apenas o
tratamento com o
extrato de H.
procumbens,
apresentou melhora
similar aos outros
grupos. Não foram
observados EA que
impedissem a
continuidade do estudo.
(117)
Raízes Extrato H. procumbens Estudo pós- Ao final do estudo, 6 (118)
111
Parte
da
planta
Extrato e modo de
preparo
Dose diária Metodologia Resultado observado Referência
hidroetanólico
(40:60, água:
etanol). Produto
comercializado:
comprimidos
revestidos de 300
mg. Proporção
droga: extrato (1,5-
2:1, v/v).
(grupo H): 2,5
g, contendo o
equivalente de
30 mg de
harpagosídeo.
2 comprimidos,
3 vezes por dia.
Tempo de
tratamento: 4
semanas.
comercialização.
Estudo piloto,
randomizado.
N = 100 pacientes
que sofriam de
vários tipos de dores
reumáticas.
pacientes no grupo H e
32 no grupo P,
apresentaram dor
moderada. Apenas um
paciente no grupo H
apresentou dor severa e
9 pacientes no grupo P.
Em relação aos EA,
houveram dois relatos
(grupo H=1 paciente
com diarréia, grupo P=
1 paciente com gastrite
leve).
Quadro 16 – Estudos clínicos de Fase IV realizados com H. procumbens.
EA: eventos adversos; N = número de voluntários.
4.4.5 Estudos observacionais
No Quadro 17 serão apresentados os ensaios farmacológicos clínicos observacionais
realizados com a espécie H. procumbens.
112
Parte
da
planta
Extrato e modo de preparo Dose diária Metodologia Resultado observado Referência
Raízes Extrato aquoso.
Produto
comercializado:comprimidos de 410
mg.
H. procumbens (grupo
H): 1,23 g (< 30 mg de
harpagosídeo). Tempo
de tratamento: 6
semanas.
Estudo aberto (observacional).
Foi permitido o uso de
corticosteróides, salicilatos,
indometacina e derivados do ácido
propiônico, dentro outros. N =13 (11
pacientes com artrite e 2 com
artropatia psoriática). Pacientes com
dores músculo esqueléticas.
Após 6 semanas de tratamento, 4 pacientes
relataram uma melhora, que não foi
considerada significativa, considerando o
grupo inteiro. Não foi observado aparente
benefício com o tratamento com H.
procumbens.
(95)
Raízes Extrato aquoso
(proporção droga: extrato, 3:1)
contendo 2,5% de iridóides
glicosilados
3 ou 9 g, dividido em 3
doses diárias (90 ou 270
mg de harpagosídeo).
Tempo de tratamento:
24 semanas.
Estudo aberto (observacional).
N = 630 pacientes com atrose nos
joelhos, quadril, coluna vertebral e
dedos.
Significante alívio da dor, variando de
14,9-56,2%, dos pacientes que receberam
3 g/dia de H. procumbens e 13,9-39,08%,
dos pacientes que receberam 9 g/dia. Não
foram relatados EA severos, somente
distúrbios no TGI moderados, quando
administrado em altas doses.
(91)
Raízes Produto comercializado.
Proporção droga: extrato, 2:1.
Extrato contendo 3% de iridóides
glicosilados.
H. procumbens: 2,46 g,
equivalente 60 mg de
harpagosídeo. Grupo
Placebo (grupo P).
Tempo de tratamento: 4
semanas
Estudo aberto (observacional).
N = 100 pacientes com artrite
reumatóide e osteoartrite.
Após 4 semanas de tratamento, os
pacientes com dor moderada foram 6 no
grupo H e 32 no grupo P. Um paciente
apresentou dor severa no grupo H e 9 no
grupo P. Foi observado uma significante
melhora dos sintomas da dor, da
mobilidade e na rigidez matinal. EA foram
relatados por 2 pacientes (grupo H- um
paciente com diarréia e grupo P- um
paciente com gastrite moderada).
(119)
Raízes Extrato hidroetanólico (60:40,
etanol: água). Produto
comercializado: comprimidos de
480 mg. Proporção droga: extrato
(4,4-5:1, v/v).
Problemas agudos e
crônicos na coluna
espinhal = 960 mg de H.
procumbens,
equivalente a < 30 mg
de harpagosídeo
+ duas vezes por semana
Osteroartrite= injeção.
Tempo de tratamento: 6
semanas.
Estudo observacional.
N = 99. Pacientes com distúrbios na
coluna espinhal agudos ou crônicos =
26; osteoartrite no joelho = 76.
68% dos pacientes apresentaram um
quadro livre de dor com significante
redução dos sintomas.
(120)
113
Parte
da
planta
Extrato e modo de preparo Dose diária Metodologia Resultado observado Referência
Raízes Extrato hidroetanólico (60:40,
etanol: água). Produto
comercializado: comprimidos
revestidosde 480 mg. Proporção
droga: extrato (4,4-5,0:1)
H. procumbens: 960 mg,
equivalente a 24 mg de
harpagosídeo.
Tempo de tratamento: 6
semanas.
Estudo observacional.
N = 1026 pacientes com distúrbios
degenerativos no sistema locomotor
(coluna espinhal e lombar, joelhos,
dedos e quadril).
83% dos pacientes utilizaram somente o
extrato de H. procumbens durante o
estudo; 6% utilizaram algum tipo de AINE
e 11%, terapias manuais. Além disso, 61%
dos pacientes apresentaram uma
diminuição da dor, aumentando a
mobilidade em 52,5%. A tolerabilidade foi
considerada boa ou muito boa por 96%
dos pacientes. Não foram reportados EA.
(121)
Raízes Extrato hidroetanóilico (60:40,
etanol: água). Produto
comercializado:
comprimidos revestidosde 480 mg.
Proporção droga:
extrato (4,4-5,0:1).
Grupo Rivoltan (grupo
R): 960 mg, quivalente a
< 30 mg de
harpagosídeo.
Comprimidos revestidos
de 480 mg, duas vezes
ao dia (manhã e noite)
Tempo de tratamento: 8
semanas.
Estudo observacional, multicêntrico.
N = 130 pacientes com dor lombar
crônica não radicular (68% mulheres
e 32% homens e idade média de 51
anos). Em 66,7% dos pacientes, a dor
estava centrada na coluna lombar;
26,5% com dor na espinha toráxica e
espinha lombar; em 3,4%, apenas na
espinha toráxica, e em 3,4% dos
pacientes, espinha cervical e espinha
lombar.
117 pacientes completaram o estudo (o
abandono deveu-se a retornos irregulares e
nenhuma melhora aparente). No grupo R
foi observada uma redução na escala do
índice de Arhus de 64%. Também na
análise da escala multidimensional da dor
(MPS), houve uma melhora de 10,7 para
4,7 em 114 pacientes analisados. A
mobilidade da coluna espinhal também
aumentou significativamente, na avaliação
da distância dos dedos ao chão (MPS) e
sinais de Schober´s. Em relação à
tolerância, a maioria dos pacientes não
utilizaou mais nenhum tipo de AINE. Não
foram observados EA graves, somente
dois casos relataram surtos de suor e
insônia e um caso relatou dispepsia no
TGI. O tratamento com Rivoltan em
pacientes com dor crônica nas costas não
radicular com sintomas, no mínimo por
um período anterior ao tratamento de 6
meses, apresentou efetividade, já que
73,5% de todos os pacientes tiveram um
alívio da dor de moderado para muito
bom.
(122)
Raízes Extrato hidroetanóilico (60:40, Grupo Flexiloges (grupo Estudo observacional. N = 583 2 pacientes abondaram o estudo. Foi (123)
114
Parte
da
planta
Extrato e modo de preparo Dose diária Metodologia Resultado observado Referência
etanol: água). Produto
comercializado: comprimidos
revestidos de 480 mg. Proporção
droga: extrato (4,4-5,0:1).
F): 960 mg, equivalente
a < 30 mg de
harpagosídeo. Tempo
de tratamento: 8
semanas.
pacientes com gonartrose e
coxartrose.
observado uma melhora na dor na escala
WOMAC de 52,5%, e na rigidez de
49,6%. A avaliação global dos pacientes
foi considerada 84,6%, muito boa ou boa e
61,4% dos pacientes interromperam todos
os medicamentos convencionais
utilizados. Em relação à segurança, 6
pacientes relataram EA, incluindo boca
seca, comichão e distúbios no TGI.
Raízes Extrato hidroetanólico (60:40,
etanol: água). Produto
comercializado: Comprimido
revestido de 480 mg. Proporção
droga: extrato (4,4-5,0:1).
H. procumbens: 960 mg,
equivalente a < 30 mg
de harpagosíeo.
Comprimido revestido
de 480 mg, duas vezes
por dia. Tempo de
tratamento: 8 semanas.
Estudo observacional multicêntrico.
N = 675 pacientes com osteoartrite,
espondilite e fibromialgia.
Foi observada uma melhora de 53% em
todos os sintomas e uma redução de 60%
do número de pacientes que utilizavam
AINES (N = 464) e 56% pacientes que
utilizavam corticosteróides (N = 50).
(124)
Raízes Extrato aquoso. Produto
comercializado: comprimidos
revestidos de 400 mg. Proporção
droga: extrato (1,5-5:1).
Conteúdo não menor que 1%.
Doloteffin (grupo D) =
2,4 g equivalente a 60
mg de harpagosídeo.
2 comprimidos de 400
mg, 3 vezes por dia.
Tempo de tratamento: 8
semanas.
Estudo observacional, multicêntrico
(pos-comercialização). Foi permitido
o uso concomitante de analgésicos.
N = 250, dividos em 3 grupos de
pacientes:
- Grupo 1: dor lombar não específica
(N = 104);
- Grupo 2: dor por osteorartrite no
joelho (N = 85);
- Grupo 3: dor no quadril (N = 61).
227 pacientes completaram o estudo: 15
pacientes do grupo 1, 6 do grupo 2 e 2 do
grupo 3 interromperam o estudo. 16 não
completaram o estudo pelos EA, 3
desistiram, 1 por intolerância a dor, 1 com
carcinona gástrico, 1 teve um prolapso e
um decidiu utilizar outro tratamento. Em
relação aos EA, dos 27 pacientes (10%)
que tiveram ocorrência de algum EA, 22
foram distúrbios no TGI e 2 tiveram
reações alérgicas de pele. Nos 3 grupos
avaliados houve uma melhora nas
variáveis da dor, de 50 a 70% dos
pacientes do grupo D. Os pacientes que
apresentaram maiores benefícios foram os
que apresentavam artrose no quadril,
seguido pelo pacientes com artrose no
joelho e menos benefícios foram
observados nos pacientes com dor lombar.
(125)
115
Parte
da
planta
Extrato e modo de preparo Dose diária Metodologia Resultado observado Referência
Raízes Extrato aquoso. Produto
comercializado: comprimidos
revestidos de 400 mg. Proporção
droga: extrato (1,5-2,5:1).
Conteúdo não menor que 1%.
Doloteffin (Grupo D):
2,4 g equivalente a 50
mg de harpagosídeo. 2
comprimidos de 400
mg, 3 vezes por dia +
uma cápsula placebo/
dia.
Vioxx® (rofecoxibe)
(grupo V): 12,5 mg. 1
cápsula de 12,5 mg/dia
+ 2 comprimidos
placebo/ 3 vezes por dia.
Tempo de tratamento:
12 semanas.
Estudo observacional. N = 75
pacientes com osteoartrite ou artrite
reumatóide no joelho ou quadril (24
homens e 51 mulheres, com idade
média de 64 anos). Foi permitido o
uso de 400 mg/dia de tramadol
líquido (2,5 mg/mL).
Após as 12 semanas de tratamento, houve
uma redução de 45,5% em relação à dor a
palpação, 35% de limitação de mobilidade,
25,4% de crepitação conjunta, 57,6% do
inchaço e 88% de vermelhidão. De um
modo geral foi observado uma melhora de
45,4% no grupo D. Pela análise de VAS,
houve uma melhora de 16,1%, após 4
semanas e 25,8%, após 12 semanas de
tratamento. No índice WOMAC houve
uma melhora na escala total de 22,9%. Os
pesquisadores consideraram que 50,66%
dos pacientes tiveram uma melhora muito
grande. A eficácia apresentou-se marcante
em 16% dos casos, moderada em 36% e
mínina em 33,33%. Não houve alterações
no tempo de sedimentação, proteína C-
reativa e concentração de ácido úrico. Em
relação à tolerância e segurança, o uso de
Doloteffin apresentou ser bem tolerável e
foram relatados EA por 4 pacientes
(5,3%), sendo principalmente distúrbios
no TGI: dispepsia, sensação de plenitude e
ataque de pânico.
(126)
Raízes Tintura de H. procumbens
(1,5-3:1, hidroetanólica, 60:40,
etanol: água). Produto
comercializado: A. Vogel Rheuma
Tabletten.
Grupo tintura de H.
procumbens (grupo H):
960 mg. Comprimido
revestido de 480 mg,
duas vezes por dia
(manhã e noite/ com
refeições). Tempo de
tratamento: 8 semanas
Estudo observacional. N = 259
(pacientes com distúrbios reumáticos
de um modo geral).
37 pacientes interromperam o tratamento,
11 por EA e 26 por outros motivos. Uma
melhora na dor, na rigidez e função, foram
obtidos em 207 pacientes. Um total de
60% dos pacientes reduziu ou parou de
utilizar outros medicamentos para alivío
da dor. Em relação aos parâmetros
sanguíneos não houve alterações e todos
parâmetros avaliados apresentaram valores
normais na primeira e última visita.
Nenhum EA sério foi reportado, e
(127)
116
Parte
da
planta
Extrato e modo de preparo Dose diária Metodologia Resultado observado Referência
apresentaram grau leve a moderado, sendo
relatados principalmente distúrbios no
TGI. Os sinais vitais, o hemograma e a
avaliação de enzimas hepáticas não
apresentaram alterações. A tintura foi bem
tolerada pelos pacientes e seu uso foi
considerado como “bom” para 194
pacientes e os pesquisadores também
observaram tolerabilidade, considerada
“boa”, para 196 pacientes.
Raízes N.D. 500 mg por dia, via oral Relato de caso de dois pacientes
portadores de linfoma folicular que
utilizaram “garra-do-diabo” sem
terapia citotóxica.
Os dois pacientes apresentaram regressão
significativa da massa cervical e dos nodos
retroperitoneais. No entanto, os autores
questionam se o efeito de regressão do
tumor foi devido ao tratamento ou se não
teria sido meramente espontânea, uma vez
que em uma série de casos, observou-se
que 16% dos pacientes, sem nenhum
tratamento com fitoterápicos ou inibidores
de COX-2, também obtiveram o mesmo
resultado. Dessa forma, os autores
sugerem que mais estudos envolvendo
inbidores de COX-2 sejam realizados.
(128)
Quadro 17 – Estudos observacionais realizados com H. procumbens.
EA: eventos adversos; N = número de voluntários.
117
Muitos estudos, conforme apresentados no Quadro 17, foram observacionais. Desta
forma, embora os pacientes tenham apresentado uma melhora clínica significativa com a
intervenção, nas variáveis em estudo, a ausência de comparação com placebo, impossibilita
concluir se realmente os derivados de H. procumbens são efetivos sobre as condições
avaliadas. Além disso, muitos desses estudos não utilizaram medidas específicas para
avaliação da dor e o tamanho da amostra foi reduzido.
4.5 RESUMO DAS AÇÕES E INDICAÇÕES POR DERIVADO DE DROGA
ESTUDADO
Doenças articulares degenerativas/Osteoartrite
Há um grande volume de evidências que sugerem que a espécie H. procumbens é
segura e eficaz no tratamento em curto prazo para alívio da dor em pacientes com doenças
articulares degenerativas ou osteoartrite. Os resultados demonstram que o extrato das raízes
de H. procumbens apresenta eficácia similar aos AINEs e que o tratamento com produtos a
base de H. procumbens possibilita a diminuição da dose e/ou a interrupação do uso desses
medicamentos. Entretanto, muitos dos ensaios clínicos apresentaram deficiências
metodológicas, além de alguns estudos terem sido conduzidos com uma amostra pequena de
pacientes. Dessa forma, cabe ressaltar a necessidade de comprovação da eficácia, do
desenvolvimento de estudos farmacocinéticos que auxiliariam no melhor entendimento do
mecanismo de ação dos compostos presentes no extrato de H. procumbens e, principalmente,
da avaliação da segurança em longo prazo (acima de 24 semanas). Quanto ao principal
derivado utilizado para o tratamento de doenças articulares degenerativas e/ou osteoartrite não
foi observado diferença de eficácia entre os extratos aquosos e hidroetánolicos (etanol 60%).
Dor Lombar
Existem vários ensaios clínicos controlados que suportam o uso de H. procumbens na
terapia da dor lombar. Entretanto, a maioria dos estudos foi conduzida em um tamanho
reduzido de amostra, alguns apresentaram problemas metodológicos, além de muitos terem
sido desenvolvidos pelo mesmo grupo de pesquisadores. Portanto, embora os resultados já
existentes sejam considerados fortes e promissoras evidências de efetividade do uso de H.
procumbens em casos de dor lombar, estudos bem delineados deveriam ser desenvolvidos,
118
antes de comprovar essa indicação. Quanto ao principal derivado utilizado para o tratamento
de dor lombar, de um modo geral, os estudos clínicos foram conduzidos com extrato aquoso.
Estimulante do apetite
Na literatura popular, há relatos do uso de H. procumbens como um estimulante do
apetite. Entretanto, na literatura consultada não foi encontrado nenhum estudo clínico que
avalia o uso de preparações à base de H. procumbens com essa indicação. Dessa forma, não
há evidências que confirmem a eficácia de H. procumbens como estimulante do apetite.
Digestivo tônico
Da mesma forma que para a indicação anterior, o uso de H. procumbens como
digestivo tônico é citado popularmente, principamente, para alívio de constipação, diarréia e
flatulência. Na monografia da OMS (2007) (3), está descrito que o chá obtido das raízes (não
especificado a dose), por um perído de vários dias, proporcionou uma melhora nos sintomas
de distúrbios da parte superior do intestino delgado, que foram acompanhadas de colerese e
distúrbios na bile. No entanto, não há embasamento científico que comprove a eficácia de H.
procumbens como digestivo tônico.
Indicação:
A Comissão E indica uso interno das raízes de H. procumbens como estimulador do
apetite, como colerético (devido ao seu amargor), como analgésico, anti-flogístico e
analgésico moderado (90). A European Scientific Cooperative on Phytotherapy indica o uso
interno das raízes de H. procumbens em casos dolorosos de artrose e tendinite e em casos de
dispesia e perda do apetite (2). Na British Herbal Pharmacopeia (1996) (18) está indicado o
uso das raízes de H. procumbens como anti-reumático. Alguns compêndios não oficiais
indicam o uso interno das raízes de preparações de H procumbens como anti-inflamatório,
analgésico (15, 38), anti-reumático (38, 129), como tônico amargo (15, 129) e em casos de
perda do apetite (129). Na IN 02/2014 (11), o comprimido revestido gastrorresistente a base
de H. procumbens e/ou H. zeyheri é indicado por via oral para o alívio de dores articulares
moderadas e dor lombar baixa aguda.
Nas bulas dos medicamentos comercializados na Europa, o uso dos medicamentos está
indicado em casos de dor nas articulações, doenças reumáticas, dor lombar e restrição de
119
movimentos e inchaço, devido a articulações afetadas, por osteorartrite e artrite reumatóide.
No sítio eletrônico da ANVISA, os medicamentos fitoterápicos registrados no Brasil a base de
extrato das raízes de H. procumbens (Quadros 18 e 19) estão classificados como anti-
inflamatórios.
Produtos a base de Harpagophytum sp. geralmente são registrados na Alemanha e
França como fitoterápicos, enquanto que em países como Reino Unido, Holanda, Estados
Unidos e no extremo oriente são registrados como suplementos alimentares (6).
4.5.1 Vias de Administração
Administração via oral (2, 11). Para uso externo, é indicado popularmente o seu uso na
forma de pomada (129). No entanto, não existem ainda evidências suficientes que comprovem
a eficácia de produtos tópicos a base de H. procumbens e, portanto, seu uso não está indicado
pela ESCOP (1997) (2) e Comission E (90).
4.5.2 Dose Diária
A ESCOP (1997) (2) preconiza dose diária total em casos de atrose e tendinite de 1,5-
3,0 g, na forma de decocção ou 1-3 g da droga ou equivalente extrato aquoso ou
hidroetanólico. Em casos de perda de apetite ou dispepsia, preconiza-se doses mais baixas, de
0,5 g, na forma de decocção ou preparações de equivalente amargor, ou ainda 3 mL de tintura
(1:10, 25% de etanol).
A Comission E preconiza para perda de apetite 1,5 g da droga ou preparações de
equivalente amargor, e para outras condições indica o uso de 4,5 g da droga ou preparações
equivalentes (90).
4.5.3 Posologia (Dose e Intervalo)
Alívio da dor em casos de artrose ou tendinite
Está preconizado o uso diário total de 1,5-3,0 g, na forma de decocto ou 1-3 g da droga
ou equivalente extrato aquoso ou hidroetanólico, que deve ser administrado em três doses
diárias (2).
120
Mills; Bone (2000) (15) descrevem o uso da “garra-do-diabo” como anti-reumático e
analgésico, na dose de até 6 g por dia. Essa quantidade corresponde a 6-12 mL por dia de um
extrato (1:2) ou 15-30 mL por dia de uma tintura (1:5). Comprimidos contendo extrato seco
(5:1), devem ser administrados de 600 a 1200 mg por dia (15).
Na IN 02/2014 é preconizada a dose de 30 a 100 mg de harpagosídeo ou 45 a 150 mg
de iridoides torais expressos em harpagosídeos (11).
Perda de apetite ou dispepsia
Em casos de perda de apetite ou dispepsia está preconizado o uso de doses baixas de
0,5 g/ dia, na forma de decocção ou preparações de equivalente amargor ou ainda, 3 mL/ dia
de tintura (1:10, 25% de etanol), administrados em três doses diárias (2).
4.5.4 Período de Utilização
O tratamento é recomendado por um período de, no mínimo, 2 a 3 meses em casos de
artrose. Caso os sintomas persistem, é recomendado procurar um médico (2). Na literatura
consultada foram encontrados somentes dois trabalhos que avaliaram a eficácia do tratamento
com H. procumbens em longo prazo (91, 114).
4.5.5 Contra Indicações
Não devem ser administrados medicamentos à base de H. procumbens em pacientes
com úlceras gástricas ou duodenais, ou que sejam suceptíveis a ocorrência (2, 129), uma vez
que pelo forte gosto amargo, H. procumbens estimula a produção de secreção do suco gástrico
(98). Por esse motivo, é indicado em casos de distúrbios digestivos, como tônico amargo,
somente em doses baixas (129). Além disso, seu uso é contraindicado em pacientes com casos
de pedras nos rins (90, 97).
Uma vez que em estudos pré-clínicos in vivo foi observado que o extrato das raízes de
H. procumbens apresenta atividade hipoglicemiante (56), efeitos cardiovasculares como anti-
hipertensivo e anti-arrítmico (76, 85) e atividade anticonvulsivante (77), o uso concomitante
de medicamentos à base de H. procumbens com fármacos hipoglicemiantes, anti-arrítmicos,
121
anti-hipertensivos e anticonvulsivantes devem ser evitados. Adicionalmente, é contra-
indicado uso concomitante com o fármaco varfarina (130-131).
Um estudo pré-clínico ex vivo mostrou que o extrato aquoso das raízes secundárias de
H. procumbens apresentou atividade uterotônica e espasmogênica, ao induzir a contratilidade
de preparados musculares de tubas uterinas de ratas grávidas e não-grávidas (61). Os autores
sugerem que esse efeito justifique o uso popular da espécie como indutor e/ou acelerador de
trabalho de parto, bem como para expulsão de placenta retida em mulheres grávidas (61).
Dessa forma, aliado à falta de dados sobre a segurança de H. procumbens durante a gravidez
ou lactação, seu uso deve ser evitado durante esses períodos.
4.5.6 Grupos de Risco
Pela falta de evidências não se recomenda o uso em mulheres grávidas e pacientes
com idade inferior a 18 anos (132).
4.5.7 Precauções de Uso
Dado não encontrado na literatura pesquisada.
4.5.8 Efeitos Adversos Relatados
A incidência de efeitos adversos associados com o uso de H. procumbens ocorre em
menos de 10% da população em estudo clínico, sendo que os principais efeitos adversos
incluem distúrbios moderados no TGI, sendo que diarréia foi o evento adverso mais relatado
pelos pacientes, seguido por náuseas, dispepsia, boca seca e flatulências, que podem ocorrer,
especialmente em altas doses (2, 98). Reações alérgicas de pele, embora menos freqüentes,
também foram relatadas por 2 pacientes, de uma amostra de 250 indivíduos (125) e por 2
pacientes, de um N = 88 (114), após 8 e 54 semanas, respectivamente.
122
4.5.9 Interações Medicamentosas
4.5.9.1 Descritas
Há poucos dados que confirmam interações entre medicamentos fitoterápicos à base
de H. procumbens e aqueles elaborados com substâncias isoladas. Segundo alguns
compêndios oficiais, não há relatos de interações medicamentosas para a espécie (2, 90).
Embora o mecanismo seja desconhecido, e em um estudo in vitro foi observado que o extrato
aquoso da “garra-do-diabo” não apresentou atividade significativa sobre a inibição da
agregação plaquertária (63), a falta de evidência somada à existência de um relato, justifica
evitar o uso do extrato de H. procumbens com fármacos anticoagulantes, como a varfarina,
pelo risco de aumento de sangramento (130). Adicionalmente, no estudo de Chrubasik et al.
(2005) (114), foi associado o uso concomitante de famotidina à ocorrência de uma reação
alérgica apresentada por um dos pacientes.
4.5.9.2 Potenciais
Resultados obtidos em estudos pré-clínicos in vivo demonstraram que o extrato de H.
procumbens diminui a concentração de glicose sanguínea (56) e reduz significativamente a
pressão arterial sanguínea e a freqüência cardíaca e apresenta efeito protetor contra arritmias
cardíacas (76, 85), indicando uma provável interação medicamentosa com fármacos
hipoglicemiantes, anti-hipertensivos e anti-arrítmicos. Dessa forma, deve-se ter precaução ao
utilizar produtos a base de H. procumbens em pacientes diabéticos que utilizam
medicamentos para diminuir os níveis de glicose (97); pacientes em uso de fármacos anti-
arrítmicos e anti-hipertensivos, já que pode ocasionar um efeito aditivo (98) e pacientes que
utilizam anticonvulsivantes (77).
Adicionalmente, uma triagem in vitro demonstrou que um produto contendo extrato de
H. procumbens inibiu algumas enzimas do citocromo P450 (65). Embora tenha apresentado
uma IC50 alta comparada com as demais plantas, merece atenção o uso de H. procumbens
com fármacos como os anti-hipertensivos, antidepressivos, estatinas e anti-epilépticos, que
são metabolizados pelas enzimas do citocromo P450 (133). Em um trabalho um pouco mais
recente, foi avaliada a inibição das enzimas CYP1A2, 2C9, 2C19, 2D6 e 3A4, a ativação do
receptor pregnano X (PXR) e a indução do CYP3A4 por dez produtos comerciais a base de H.
123
procumbens, bem como o harpagosídeo e a harpagida (134). Cinco das preparações inibiram
fracamente a CYP3A4 (IC50 = 124,2–327,6 mg/ mL) e cinco ativaram fracamente o PXR
(EC50 = 10,21–169,3 mg/ mL). Harpagosídeo e harpagida não inibiram CYP3A4. Com esses
resultados, os autores concluem que os preparados a base de H. procumbens são susceptíveis
a efeitos clinicamente relevantes na função CYP (134).
Outro trabalho, em culturas de células in vitro, avaliou o efeito de três preparados
comercialmente disponíveis de H. procumbens (nomeadas DC1, DC2 e DC3, contendo 2; 1,2
e 1%, respectivamente, de harpagosídeo) e do composto puro harpagosídeo sobre o
transportador multidroga ABCB1/ P-glicoproteína (135). Os autores observaram que H.
procumbens pode interagir com esse transportador e o efeito parece não está estritamente
relacionado ao teor de harpagosídeo, uma vez que o composto puro por si só não interagiu
com o transportador. Os autores indicam que a modulação da atividade e da expressão do
transportador ABCB1/ P-glicoproteína por H. procumbens levanta a possibilidade de
interações medicamentosas, o que deve ser explorado mais a fundo posteriormente (135).
4.5.10 Informações de Superdosagem
4.5.10.1 Descrição do quadro clínico
Nenhum efeito tóxico foi reportado (2, 15).
4.5.10.2 Ações a serem tomadas
Nenhum efeito tóxico foi reportado (2, 15).
5 INFORMAÇÕES GERAIS
5.1 FORMAS FARMACÊUTICAS /FORMULAÇÕES DESCRITAS NA
LITERATURA
Foram encontrados na literatura principalmente formulações indicadas para uso
interno, na forma de cápsulas e comprimidos e, menos freqüente, como tinturas. Alguns
estudos têm apontado que o efeito analgésico e anti-inflamatório de H. procumbens diminui
124
pela acidez do estômago e sugerem que o extrato, seria mais eficiente, quando administrado
em formulações com revestimento de proteção entérica.
Embora na literatura popular haja relatos de uso externo de H. procumbens, na forma
de pomadas, foi encontrado apenas um estudo que avaliou o uso tópico do extrato (81). Outro
trabalho mostrou o desenvolvimento e a avaliação físico-química de uma formulação tópica, a
base de polímeros de ácido acrílico (Carbopol Ultrez 10, Carbopol 980) contendo um extrato
padronizado de H. procumbens (maiores detalhes não foram obtidos, uma vez que o texto na
íntegra não se encontrava disponível) e cetoprofeno, visando um sinergismo quanto na
atividade anti-inflamatória e analgésica (136). Baseado nos testes físico-químicos e de
permeação in vitro, os autores sugerem que esta poderia ser uma formulação alternativa para
aplicação tópica visando atividade anti-inflamatória e analgésica (136).
Como apresentado nos Quadros 18 e 19, dos produtos registrados na ANVISA que
contêm H. procumbens como componente ativo, a maioria apresenta-se na forma
farmacêutica de cápsulas, seguida por comprimidos revestidos, uma apresentação na foma de
tintura e uma única apresentação na forma de comprimido efervescente.
Na Alemanha, são encontrados produtos a base de H. procumbens na forma de
cápsulas, comprimidos, tintura e pomada, dentre outros (16).
5.2 PRODUTOS REGISTRADOS NA ANVISA E OUTRAS AGÊNCIAS
REGULADORAS
Há oito fitoterápicos registrados na ANVISA (Quadro 18), com o nome científico
Harpagophytum procumbens DC., todos classificados como fitoterápicos simples, na
categoria dos anti-inflamatórios antireumáticos. Outros nove fitoterápicos (Quadro 19) estão
registrados contendo como princípio ativo Harpagophytum procumenbens (Burch.) DC. EX
Meissn, também todos classificados como fitoterápicos simples/anti-inflamatórios
antireumáticos. Os resultados foram encontrados por meio de busca no sítio eletrônico da
ANVISA, no dia 13 de março de 2015 (137). Informações adicionais sobre a padronização
dos extratos foram pesquisadas nos sites dos laboratórios fabricantes ou nas suas bulas.
125
Princípio
ativo
Concentração Padronização
Simples Comprimido revestido de 400
mg
Extrato seco 5%, que corresponde a 20 mg de harpagosídeo.
Simples Comprimido revestido 450
mg
Extrato seco padronizado em 4% de harpagosídeo. Cada
comprimido tem 18 mg de harpagosídeo.
Simples Comprimido revestido 166,66
mg
No site da empresa só foi encontrado o produto Bioflan 30, que
consiste em um comprimido revestido 250 mg equivalente a 30
mg de harpagosídeo, utilizando o mesmo número de registro para
o produto Bioflan contido no site da ANVISA
Simples Cápsula gelatinosa dura de
200 mg e comprimido
revestido de 200 mg
Extrato seco 5%. Cada comprimido contém 10 mg de iridóides
totais calculados como harpagosídeo.
Simples Cápsula gelatinosa dura de
500 mg
Extrato seco padronizado em 1,6% de harpagosídeo. Cada cápsula
contém 8 mg de harpagosídeo.
Simples Comprimido revestido de 480
mg e comprimido
efevervescente de 480 mg.
Não foram encontradas informações sobre o produto no site da
empresa e bula não localizada.
Simples Comprimido revestido
gastroresistentes de 300 mg
Extrato seco padronizado em 20% de harpagosídeo. Cada
comprimido contém 60 mg de harpagosídeo.
Simples Cápsula gelatinosa dura de
350 mg
Extrato seco padronizado em 1,6% de harpagosídeos.
Quadro 18 – Medicamentos fitoterápicos registrados na ANVISA com o nome do princípio ativo
Harpagophytum procumbens DC.
Princípio
ativo
Concentração Padronização
Simples Comprimido revestido de
200 mg
Extrato seco 5%, equivalente a 10 mg de iridóides totais expressos
em harpagosídeo.
Simples Cápsula gelatinosa dura de
350 mg
Laboratório não tem site e bula não localizada.
Simples Cápsula gelatinosa dura de
350 mg
Não foram encontradas informações sobre o produto no site da
empresa e bula não localizada.
Simples Tintura- 30 mL Não foram encontradas informações sobre o produto no site da
empresa e bula não localizada.
Simples Cápsula gelatinosa dura de
250 mg
Não foram encontradas informações sobre o produto no site da
empresa e bula não localizada.
Simples Cápsula gelatinosa dura de
350 mg
350 mg de extrato seco que corresponde a 5,6mg de
harpagosídeos e 10,5 mg de iridóides totais .
Simples Cápsula gelatinosa dura de
350 mg
Laboratório não tem site e bula não localizada.
Simples Cápsula gelatinosa dura de
350 mg
Site do laboratório em construção e bula não localizada.
Simples Cápsula gelatinosa dura de
400 mg
Produto não foi encontrado no site e bula não localizada.
Quadro 19 – Medicamentos fitoterápicos registrados na ANVISA com o nome do princípio ativo
Harpagophytum procumbens (Burch) DC. EX Meissn.
126
5.3 EMBALAGEM E ARMAZENAMENTO
Dado não encontrado na literatura pesquisada.
5.4 ROTULAGEM
Dado não encontrado na literatura pesquisada.
5.5 MONOGRAFIAS EM COMPÊNDIOS OFICIAIS E NÃO OFICIAIS
Harpagophytum procumbens consta nas seguintes monografias:
Oficiais
Farmacopeia Italiana, 1991;
Farmacopeia Britânica, 1996;
ESCOP, 1997;
Comission E, 1998;
Farmacopeia Mexicana, 2001;
Farmacopeia Portuguresa VII, 2002;
Farmacopeia Espanhola, 2005;
Farmacopeia Européia, 2005.
Não oficiais
FELTROW, C. W.; AVILA, J. R. Manual de Medicina Alternativa para o Profissional.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000, p. 348-350.
DER MARDEROSIAN, A.; BEUTLER, J. A. The Review of Natural Products. The
most complete source of natural product information (5th ed). St. Louis: Wolters
Kluwer, 2008, p. 414-415.
NEWALL, C. A. Herbal Medicines. A guide for health care professionals. London:
The Pharmaceutical Press, 1996.
127
GRUENWALD, J.; BRENDLER, T.; JAENICKE, C. Physicians` Desk Reference
(PDR) for Herbal Medicines (2 Ed). Montvalle: Medical Economics Company, 2000.
MILLS, S.; BONE, K. Principles and Practice of Phytotherapy. London: Harcourt
Publishers Ltd, 2000.
WAGNER, H.; BLADT, S. Plant Drugs Analysis. A Thin Layer Chromatography
Atlas. (2 Ed). Heidelberg: Springer, 1996, p. 88.
WICHTL, M. Herbal Drugs and Phytopharmaceuticals. A handbook for practice on a
scientific basis. Stuttgart: Medpharm Scientific Publishers, 2004.
TYLER, V. E. The honest herbal. New York: Pharmaceutical Products Press, 1993.
5.6 PATENTES SOLICITADAS PARA A ESPÉCIE VEGETAL
Foi encontrado no banco de dados do Instituto Nacional da Propriedade Industrial
(INPI), em pesquisa realizada no dia 13 de março de 2015, somente um depósito de patente
para a espécie H. procumbens, em associação com outras espécies, conforme descrito no
Quadro 20.
Data do depósito e
N° do pedido
Título Detalhes do invento
21/03/2005
PI0508750-3 A2
Fitocomposição,
composição
farmacêutica e
seu uso.
Fitocomposição para o tratamento de doenças articulares (artrite
reumatóide e osteoartrite), que compreende: 0,01 a 26% em peso de
Curcuma longa (cúrcuma); 30 a 80% em peso de um extrato de
Harpagophytum procumbens (garra do diabo); 0,01 a 25% em peso
de um extrato de Filipendula ulmaria (ulmaria); 7 a 35% em peso de
óleo de Oenothera biennis (onagra).
Quadro 20 – Depósito de patente para a espécie H. procumbens no INPI
No European Patent Office, em pesquisa realizada no dia 13 de março de 2015,
utilizando as palavras Harpagophytum e Devil’s Claw, foram encontrados cerca de 50
registros de patentes com o extrato de H. procumbens na forma isolada ou em associação. Os
principais inventos, que são relacionados aos usos medicinais de H. procumbens são
apresentados no Quadro 21.
128
Nº e data de
depósito da patente
Título da patente Informações adicionais
EP2845624 (A1)
11/03/2015
Extratos mucoadesivos de “garra
do diabo” e uso dos mesmos
Preparação de uma fração com somente traços de
iridóides, com presença de resinas e seu uso como
protetor de membranas mucosas ou como carreador
com propriedades mucoadesivas.
RO126915 (B1)
30/04/2014
Composição de um creme
corporal antireumático
Associação com diversas espécies vegetais,
incluindo 0,5% de pó da raíz de H. procumbens.
CN103638192 (A)
19/03/2014
Bebida medicinal antireumática
e preparação da mesma
Contém 12-18 partes de H. procumbens.
KR101152753 (B1)
18/06/2012
Composição farmacêutica para
prevenção e tratamento de
doença óssea metabólica
compreendendo Harpagophytum
Associação com diversas espécies vegetais,
incluindo H. procumbens.
EP2460518 (A1)
06/06/2012
Composição incluindo agentes
condroprotetores e vitaminas
Associação para diversos fins farmacêuticos,
incluindo antireumático e tratamento de artrite,
contendo, dentre outras espécies vegetais, 66,7 mg
de extrato das raízes de H. procumbens.
EP2397136 (A1)
21/12/2011
Composição anti-inflamatória A composição compreende H. procumbens e
harpagosídeo. A quantidade referida é confusa.
US2011262552 (A1)
27/10/2011
Composições compreendendo
extratos de plantas e o uso das
mesmas para tratar inflamação
Associação com diversas espécies vegetais,
incluindo H. procumbens.
US2007286899 (A1)
13/12/2007
Fitocomposição para o
tratamento de doenças
articulares
Associação com diversas espécies vegetais,
incluindo 30 a 80% em peso de um extrato de H.
procumbens.
WO2006114422
(A2)
02/11/2006
Uso do extrato das raízes da
“garra-do-diabo”
(Harpagophytum procumbens)
para o tratamento da
endometriose
13/11/2008
US2008279931 (A1)
Composição para o tratamento
da dor
Associação de glicosamina, garra-do-diabo e S-
adenosil metionina com um anti-inflamatório não
esteroidal.
21/12/2007
CA2550753 (A1)
Vitamina líquida e formulações
suplementares
Vitamina líquida (A) ou suplemento multi-
vitamínico (B), contendo sulfato de glicosamina. A=
extrato alcoólico das raízes de “garra-do-diabo”,
extrato alcoólico do extrato das folhas de unha de
gato, glicerina, ácido ascórbico, ácido cítrico,
benzoato de sódio e potássio, (B) formulação
contendo vitaminas A, B1, B2, B3, B5, B 6, B9,
B12, C, D3 e E, beta-caroteno, água, ácido cítrico,
xanthan gum, ácido ascórbico, sorbato de potássio e
benzoato de sódio
6/12/2006
US2008138406 (A1)
Composição para o tratamento
da dor em ossos e articulações
Associação de glicosamina, “garra-do-diabo” e S-
adenosil metionina.
DE10326556 (B3)
10/03/2005
Tratamento ou prevenção de
doenças renais, disfunções e/ou
danos, por exemplo, doenças
renais degenerativas e/ou
inflamatórias, usando extrato de
Harpagophytum ou
harpagosídeo.
-
KR20050013894 (A)
05/02/2005
Agente aliviador da dor
contendo extrato de
Harpagophytum procumbens,
-
129
Corydalis turschanovii Besser e
Atractylodes japonica Koidz
EP1371372 (A1)
17/12/2003
Uso de misturas de substâncias
ativas contendo tocoferois e
extratos de Harpagophytum
procumbens para a preparação
de um medicamento contra
artrite reumatoide.
-
DE10143146 (A1)
27/03/2003
Composição útil para tratamento
ou prevenção de osteoartrite,
especialmente em cavalos,
contendo extrato(s) de
Equisetum arvense, Symphytum
officinale e/ou Harpagophytum
procumbens.
-
KR20020084908 (A)
16/11/2002
Uso de compostos relacionados à
harpagida como agentes
profiláticos ou terapêuticos
contra osteoporose, artrite e
hérnia de disco e composição
farmacêutica contendo o
composto como ingrediente
ativo.
-
KR20020041709 (A)
03/06/2002
Preparação farmacêutica
contendo extratos de rizoma de
cibotii e Harpagophytum
procumbens DC. como
principais ingredientes.
Preparação útil para prevenção e tratamento de
osteoporose, artrite reumatoide e hérnia de disco.
25/12/2001
US6333056 (B1)
Formulações terapêuticas
baseada em ervas
Formulação de ervas para o tratamento de cavalos e
cachorros, para aliviar sintomas de osteoartrite e
compreende uma associação de “garra-do-diabo” e
“confrei”, além de “dente-de-leão”, “bardana” e
“urtiga”, que deve ser adicionada a ração do animal.
WO9852583 (A1)
26/11/1998
Composição natural para tratar
inflamação do osso ou das juntas
Associação de vitaminas, fármacos e extratos
vegetais, incluindo as raízes secundárias de H.
procumbens.
24/06/1996
ITRM940835 (A1)
Adesivo para liberação
controlada para absorção
transcutânea de um extrato
planta.
Camada adesiva, camada de água/extrato alcoólico
de “garra-do-diabo” e excipientes.
FR2605224 (A1)
22/04/1988
Composição medicinal baseada
em plantas para uso interno
Associação de plantas medicinais, incluindo H.
procumbens, para o tratamento de osteortrite em
animais ou humanos.
DE3316726 (A1)
08/11/1984
Mistura terapeuticamente ativa Associação de diversas vitaminas, fármacos e
extratos vegetais, incluindo H. procumbens, para o
tratamento de diversos tipos de artrite.
Quadro 21 – Principais depósitos de patente para a espécie H. procumbens no European Patent Office.
5.7 DIVERSOS
O nome do gênero “harpago” deriva do grego, que significa garra e/ou gancho de
embarque, aludem como se fossem pernas dos animais e o nome da espécie “procumbens”
130
deriva do latim “procumbere”, que significa descanso e faz referência ao comportamento da
planta, que cresce em direção do chão (138).
131
REFERÊNCIAS
1. IPNI. The International Plant Names Index. 2014 [26 jun. 2014]; Available from:
http://www.ipni.org/ipni/simplePlantNameSearch.do;jsessionid=BE8A14AE4BA5277018BC
1AAFE370672C?find_wholeName=Harpagophytum+procumbens&output_format=normal&
query_type=by_query&back_page=query_ipni.html.
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Fascicule 4. Exeter: European Scientific Cooperative on Pyhtotherapy (ESCOP); 1997.
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Handel, Gefährdung und Anbau. Phytotherapie. 2004;3:20-4.
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the ethnobotany, phytochemistry and biological activity of Harpagophytum procumbens.
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10. Anauate MCC. Efeito dos extratos de Harpagophytum procumbens (garra do diabo) e
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11. BRASIL. Instução Normativa nº 02 de 13 de maio de 2014. Publica a “Lista de
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fitoterápicos de registro simplificado”. Brasíia: Ministério da Saúde. Agência Nacional de
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132
12. Wichtl M. Herbal drugs and phytopharmaceuticals. A handbook for practice on a
scientific basis. 3rd ed. Stuttgart: Medpharm Scientific Publischers; 2004.
13. BRASIL. RDC 10 de 10 de março de 2010. Dispõe sobre a notificação de drogas
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