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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO MARIANA ALVES JAQUES PERFIL DOS TURISTAS E ESCOLHAS DO DESTINO E DO MEIO DE HOSPEDAGEM: UM ESTUDO DE CASO NA CIDADE DE OURO PRETO/MG OURO PRETO 2006

Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

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Page 1: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

MARIANA ALVES JAQUES

PERFIL DOS TURISTAS E ESCOLHAS DO DESTINO E

DO MEIO DE HOSPEDAGEM:

UM ESTUDO DE CASO NA CIDADE DE OURO PRETO/MG

OURO PRETO 2006

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MARIANA ALVES JAQUES

PERFIL DOS TURISTAS E ESCOLHAS DO DESTINO E

DO MEIO DE HOSPEDAGEM:

UM ESTUDO DE CASO NA CIDADE DE OURO PRETO/MG

Monografia apresentada ao Curso de Turismo da Universidade Federal de Ouro Preto como requisito à obtenção do título de Bacharel em Turismo.

Orientadora: Profª. MSc. Cláudia Antônia Alcântara Amaral

OURO PRETO 2006

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MARIANA ALVES JAQUES

O PERFIL DOS TURISTAS E A ESCOLHA DO MEIO DE HOSPEDAGEM:

UM ESTUDO DE CASO NA CIDADE DE OURO PRETO/MG

Monografia apresentada ao Curso de Turismo da Universidade Federal de Ouro Preto como requisito à obtenção do título de Bacharel em Turismo.

COMISSÃO EXAMINADORA:

________________________ Prof. Marcelo Viana Ramos Universidade Federal de Ouro Preto ________________________ Profa. Yara Mattos Universidade Federal de Ouro Preto _______________________________ Profa. Cláudia Antª Alcântara Amaral Universidade Federal de Ouro Preto

Ouro Preto, ____ de _______________de 2006.

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho a todos que resguardam os patrimônios material e imaterial e que visam o bem maior para

Ouro Preto e demais pólos turísticos.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à Cláudia, muito mais que orientadora, uma grande amiga, pela paciência, pelo estímulo e pela dedicação fundamentais para a realização desse trabalho.

Aos professores pelo aprendizado e o que é mais importante, por terem me guiado na busca de novos conhecimentos.

Aos professores da Escola de Nutrição pela amizade e pela minha primeira grande oportunidade de trabalhar no que amo.

Aos amigos Verônica, Matheus, Bárbara e a todos que participaram de uma maneira ou de outra das fases da minha vida.

Agradeço às centenas de pessoas que participaram e colaboraram com a pesquisa e de uma maneira muito especial, agradeço ao meu pai, Sávio, ao meu irmão, Tiago, e com carinho e doces lembranças, à minha mãe, Ângela (in memoriam), pelos preciosos ensinamentos.

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RESUMO

Muitos eventos fazem parte do calendário anual de festas de Ouro Preto, como o Carnaval e a Semana Santa. Além destes ocorrem ainda diversos eventos científicos e culturais na cidade. Este estudo objetivou avaliar o perfil dos turistas em relação à escolha da hospedagem nesses eventos em 2006. Foram aplicados questionários que abordavam: informações socioeconômicas, motivações para a visita à cidade e escolha de hospedagem. Pelos resultados verificou-se que, no carnaval, a maioria dos foliões era jovem e que buscavam blocos, carnaval de rua, “Espaço Folia” e festas nas repúblicas. Estas comercializaram a hospedagem com produtos e serviços e tornaram-se um serviço de apoio, local de descanso, atrativo e motivação para escolha do destino. A Semana Santa atraiu um público com idade acima de 30 anos e com renda familiar de média a elevada. Muitos turistas procuravam vivenciar a tradição religiosa e outros aproveitaram a data para visitar amigos e parentes. Nesta data, diferentemente do carnaval, as repúblicas não eram um atrativo e as mesmas não praticaram a comercialização do serviço de hospedagem. Já no evento científico, o público era predominantemente de jovens estudantes e as repúblicas ofereceram aos participantes baixo preço de hospedagem. Além disso, a companhia de jovens estudantes pode ter despertado o interesse dos participantes do evento a permanecerem nas repúblicas. Pelos resultados, sugere-se uma pesquisa que avalie os impactos positivos e negativos à Ouro Preto, em especial no carnaval, data que a cidade recebe o maior número de turistas, motivados não só pelos atrativos culturais e naturais, mas também pelas repúblicas estudantis. Palavras-chave: hospedagem, carnaval, Semana Santa, evento científico,

repúblicas.

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ABSTRACT

Some events are part of Ouro Preto’s annual calendar like the Carnival and the Saint Week. It still happens in the city a sort of scientific and cultural events. This study intended to evaluate the tourists profile in spite of the lodgment choice in the events of 2006. It had been applied questionnaires that explored economic-social information, motivation for visiting the city and the lodgment choice. Through the results it had been verified that, during the carnival, the majority of the visitors were young and were looking for the “blocos”, street carnival, “Espaço Folia” and “student republics” parties. These last one mentioned commercialized lodgment with some others products and services and became itselves a support, a place to relax and a motivating attractive that influenced the choice of the destiny. The Saint Week attracted a more than 30 years old public and with familiar income between medium and high. Most of the tourists wanted to see and live this religious tradition and some were enjoying visiting their families and their friends. During this week, despite of the carnival, the “student republics” were not an attraction and they did not commercialize the lodgment services. In the scientific event the public was mostly composed by young students and the “student republics” offered to them low prices for lodgment. So, the company of other students could have motivated the participants to lodge there. With the results it suggested a new research investigating the positive and negative impacts to the city, especially during the Carnival, when the city receives the biggest number of visitors, interested not only in the natural and cultural attractives but also in the “student republics”. Key-words: lodgment, Carnival, Saint Week, scientific events, student

republics.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Percentual da oferta de hospedagem nas repúblicas........................................ 21 Figura 2. Número de turistas em cada meio de hospedagem........................................... 25 Figura 3. Faixa etária dos turistas no carnaval de 2006.................................................... 27 Figura 4. Faixa etária dos turistas em cada meio de hospedagem................................... 28 Figura 5. Classificação ocupacional dos turistas em cada meio de hospedagem............ 29 Figura 6. Renda familiar dos turistas................................................................................. 30 Figura 7. Renda familiar dos turistas em cada meio de hospedagem............................... 30 Figura 8. Acompanhantes dos turistas nos diferentes meios de hospedagem................. 31 Figura 9. Preço da hospedagem para os quatro dias de carnaval.................................... 32 Figura 10. Motivações dos turistas em cada meio de hospedagem................................. 33 Figura 11. Participação dos turistas em carnavais anteriores........................................... 36 Figura 12. Participação dos turistas em carnavais anteriores nos diferentes meios de

hospedagem..................................................................................................... 37 Figura 13. Desejo de voltar nos próximos carnavais......................................................... 39 Figura 14. Motivo para não voltar em outros carnavais.................................................... 40 Figura 15. Percentual de turistas que utilizariam o mesmo meio de hospedagem nos

próximos carnavais.......................................................................................... 41 Figura 16. Motivo para o turista não utilizar o mesmo meio de hospedagem................... 43 Figura 17. Número de turistas em cada meio de hospedagem......................................... 46 Figura 18. Faixa etária dos turistas na Semana Santa de 2006....................................... 47 Figura 19. Faixa etária dos turistas em cada meio de hospedagem................................. 48 Figura 20. Classificação ocupacional dos turistas em cada meio de hospedagem.......... 49 Figura 21. Renda familiar dos turistas em cada meio de hospedagem............................ 50 Figura 22. Acompanhantes dos turistas em cada meio de hospedagem.......................... 50 Figura 23. Preço da diária nos meios de hospedagem..................................................... 51 Figura 24. Motivações dos turistas em cada meio de hospedagem................................. 52 Figura 25. Visitas anteriores a Semana Santa de 2006.................................................... 54 Figura 26. Visitas em datas anteriores a Semana Santa nos diferentes meios de

hospedagem..................................................................................................... 54 Figura 27. Desejo de visitar Ouro Preto em outra ocasião................................................ 56 Figura 28. Percentual de turistas que utilizariam o mesmo meio de hospedagem em

futuras visitas................................................................................................... 57 Figura 29. Número de turistas em cada meio de hospedagem......................................... 59 Figura 30. Faixa etária dos turistas participantes do evento científico.............................. 60 Figura 31. Faixa etária dos turistas em cada meio de hospedagem................................. 61 Figura 32. Classificação ocupacional dos participantes do evento................................... 62 Figura 33. Classificação ocupacional dos turistas em cada meio de hospedagem.......... 62 Figura 34. Renda familiar dos turistas em cada meio de hospedagem............................ 63 Figura 35. Acompanhantes dos turistas em cada meio de hospedagem.......................... 64 Figura 36. Preço da diária nos meios de hospedagem..................................................... 64 Figura 37. Motivações dos turistas em cada meio de hospedagem................................. 65 Figura 38. Visitas anteriores ao evento científico.............................................................. 66 Figura 39. Visitas em datas anteriores ao evento científico nos diferentes meios de

hospedagem..................................................................................................... 67 Figura 40. Desejo de visitar Ouro Preto em outra ocasião................................................ 68 Figura 41. Percentual de turistas que utilizariam o mesmo meio de hospedagem em

outras ocasiões................................................................................................ 69

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Meio de hospedagem utilizada em carnavais anteriores a 2006....... 38 Tabela 2. Meio de hospedagem utilizado em visitas anteriores à Semana

Santa de 2006..................................................................................... 55 Tabela 3. Meio de hospedagem utilizado em visitas anteriores ao evento

científico........................................................................... 67

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABIH ABNT

Associação Brasileira da Indústria de Hotéis Associação Brasileira de Normas Técnicas

BOH Boletim de Ocupação Hoteleira CAC CIPA

Centro de Assuntos Comunitários Comissões de Prevenção de Acidentes de Trabalho

CNTur DOU

Conselho Nacional de Turismo Diário Oficial da União

EMBRATUR Instituto Brasileiro de Turismo FNRH NBR

Ficha Nacional de Registro de Cadastro de Hóspedes Normas Brasileiras de Regulamentação

OMT Organização Mundial do Turismo PNUMA Programa das Nações Unidas e Meio Ambiente UFOP Universidade Federal de Ouro Preto UH Unidade Habitacional UNESCO Organizações das Nações Unidas para a Educação,

Ciência e Cultura

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LISTA DE APÊNDICES

Apêndice I. Questionário de oferta de hospedagem informal.................. 82 Apêndice II. Questionário de hospedagem – Carnaval............................ 83 Apêndice III. Questionário de hospedagem – Semana Santa................... 85 Apêndice IV. Questionário de hospedagem – Evento Científico............... 87

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LISTA DE ANEXOS

Anexo I. Deliberação normativa n° 429, de 23 de abril de 2002.............. 90 Anexo II. Decreto nº 84.910/80 ................................................................. 100

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 2

2. OBJETIVOS .............................................................................................. 16

2.1. OBJETIVO GERAL ................................................................................. 16 2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...................................................................... 16

3. METODOLOGIA ....................................................................................... 17

3.1. IDENTIFICAÇÃO DA DEMANDA ................................................................ 17 3.2. IDENTIFICAÇÃO DA OFERTA DE HOSPEDAGEM FORMAL ........................... 17 3.3. IDENTIFICAÇÃO DA OFERTA DE HOSPEDAGEM INFORMAL ........................ 17 3.4. IDENTIFICAÇÃO DO PERFIL DOS TURISTAS .............................................. 18

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................ 20

4.1. IDENTIFICAÇÃO DA DEMANDA ................................................................ 20 4.2. IDENTIFICAÇÃO DA OFERTA FORMAL ..................................................... 20 4.3. IDENTIFICAÇÃO DA OFERTA INFORMAL ................................................... 21 4.4. IDENTIFICAÇÃO DO PERFIL DOS TURISTAS .............................................. 24

4.4.1. Análise dos Dados Obtidos no Carnaval ................................ 24 4.4.1.1. Descrição do perfil do turista no carnaval ............................ 44

4.4.2. Análise dos Dados Obtidos na Semana Santa ....................... 46 4.4.2.1. Descrição do perfil do turista na Semana Santa .................. 58

4.4.3. Análise dos Dados Obtidos no Evento Científico .................. 59 4.4.3.1. Descrição do perfil do turista no evento científico ................ 70

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... 72

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 78

APÊNDICES .................................................................................................... 81

ANEXOS .......................................................................................................... 89

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1. INTRODUÇÃO

O turismo é uma força econômica das mais importantes do mundo e nele

ocorrem elementos de consumo, geram-se rendas, criam-se mercados nos

quais a oferta e a procura encontram-se. Os resultados do movimento

financeiro decorrentes do turismo são demasiadamente expressivos e

justificam que esta atividade será incluída na programação da política

econômica de todos os países, regiões e municípios (BARBOSA, 2005a)1.

Segundo DE LA TORRE (1997), o turismo é um fenômeno social que consiste

no deslocamento voluntário e temporário de pessoas que, fundamentalmente

por motivos de recreação, descanso, cultura ou saúde, saem do seu local de

residência habitual para outro, no qual não exercem nenhuma atividade

lucrativa nem remunerada, gerando múltiplas inter-relações de importância

social, econômica e cultural.

A Organização Mundial do Turismo (OMT) considera como turistas as pessoas

que viajam a lugares distintos do seu entorno habitual, permanecendo pelo

menos 24 horas ou um pernoite e no máximo um ano no local visitado, com fins

de lazer, negócios e outros (OMT, 2001).

1 http://www.ig.ufu.br/revista

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Ao analisar o turismo deve-se considerar dois aspectos importantes: o

interesse dos turistas - que procura regiões que oferecem atividades que

ocupem seu tempo livre e que atendam a seus interesses - e o interesse do

local que recebe os turistas – que visa atrair os turistas para ocupar o tempo

livre por meio das atrações que já possui ou que pode criar. O relacionamento

entre essas duas partes produz resultados que levam o local visitado ao

desenvolvimento econômico, à medida que a localidade se organiza e dinamiza

o setor turístico. É justamente nesse ponto que o turismo começa a produzir

seus resultados, como a circulação da moeda, o aumento do consumo de bens

e serviços, o aumento da oferta de empregos, a elevação do nível social da

população e ainda o aparecimento de empresas dedicadas ao setor como, por

exemplo, agências de viagens, hotéis, restaurantes, transportes, cinemas, etc.

(BARBOSA, 2005a)2.

Apesar dos impactos positivos gerados pela atividade turística, muitos conflitos

podem surgir como resultado desta convivência espacial do turismo com os

ambientes artificial e natural.

Segundo COOPER et al, 1998, as vantagens econômicas são, na maioria das

vezes, o principal incentivo para o desenvolvimento da atividade turística, já

que há uma injeção de demanda na economia receptora. Os turistas gastam

seu dinheiro em uma grande variedade de mercadorias e serviços, como

hospedagem, alimentos e bebida, transporte. Esses gastos afetam toda a

economia receptora, pois os estabelecimentos que recebem diretamente os

2 http://www.ig.ufu.br/revista

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gastos do turista também precisam adquirir mercadorias e serviços de outros

setores da economia local e esses fornecedores também precisarão de

mercadorias e serviços de outros setores. Assim o processo se desenvolve e a

renda caberá a residentes locais, na forma de ganhos, salários, distribuição de

lucro, aluguéis e juros. Entretanto, há também impactos econômicos negativos,

pois a produção de mercadorias e serviços turísticos pode envolver a migração

de mão-de-obra de áreas rurais para áreas urbanas, podendo trazer

implicações econômicas, já que requer o comprometimento de recursos e infra-

estrutura adicionais para a saúde, educação, e outros serviços públicos e,

muitas vezes, esses recursos são escassos (COOPER et al, 1998).

O ambiente seja ele natural ou artificial, é o elemento fundamental do produto

turístico e no momento que a atividade turística se desenvolve ele é

inevitavelmente modificado. Pelo lado positivo, os impactos ambientais

associados ao turismo incluem a preservação e a restauração de monumentos

antigos, locais e prédios históricos e a criação de parques que incentivam a

preservação da fauna, flora e de todo o ambiente natural. No lado negativo o

turismo pode ter impactos ambientais diretos na qualidade da água, do ar e nos

volumes de ruído, bem como a deterioração de vias para pedestres,

perturbação da vida selvagem, danos à vegetação, depósito de lixo

inadequado, pressão no tráfego, gerando engarrafamentos, problemas de

estacionamento e tráfego de veículos pesados em estradas principais, entre

outros (COOPER et al, 1998).

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O impacto sociocultural do turismo é manifestado através de uma gama

enorme de aspectos, desde as artes e o artesanato até o comportamento

fundamental de indivíduos e grupos coletivos. Os impactos podem ser

positivos, como em casos em que o turismo preserva ou mesmo ressuscita as

habilidades artesanais da população, ou aumenta o intercâmbio cultural entre

duas populações diferentes. Podem ser negativos também, como a

comercialização ou a degeneração das artes e do artesanato e a

comercialização de cerimônias e rituais da população anfitriã, ou quando

prejudicam o intercâmbio cultural, apresentando uma visão limitada e distorcida

de uma das populações (COOPER et al, 1998).

O fato de que a atividade turística tem um impacto nos aspectos sociais,

culturais e ambientais de uma destinação traz consigo implicações. Se esses

impactos estão com certeza relacionados ao volume de turistas, pode ser uma

atitude realista supor que há certos limites além dos quais turistas adicionais

não devem ser tolerados ou aceitos. Exceder esses limites provavelmente

afetará todas as facetas do desenvolvimento turístico. Exceder limites

econômicos pode resultar em má alocação de recursos e fatores de produção;

exceder limites físicos e ambientais poderá limitar o fluxo de turistas ao criar

problemas secundários, como riscos à saúde, ou prejudicar a atratividade da

destinação; exceder limites de fluxo de turistas poderá afetar os níveis de

satisfação e fazer com que eles procurem um produto melhor em outro lugar. É

preciso, portanto, avaliar a capacidade de carga, ou seja, o número máximo de

pessoas que podem utilizar o local sem uma alteração inaceitável no ambiente

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físico e sem um declínio inaceitável na qualidade das experiências dos

visitantes (COOPER et al, 1998).

O município de Ouro Preto vem assumindo nas últimas décadas uma

relevância turística no cenário regional, nacional e mundial, em função da sua

importância histórica e do rico acervo artístico e arquitetônico tombado. A

atratividade turística exercida pelo seu conjunto arquitetônico colonial, pelos

museus, igrejas, pelas expressões artísticas e pelas belezas naturais

circundantes, valorizadas pelo marketing publicitário por meio da divulgação e

exibição de suas imagens, paisagens e símbolos vendidos ao mercado

turístico, transformaram Ouro Preto em um dos principais destinos turísticos do

país (CIFELLI, 2005)3.

As paisagens pitorescas de Ouro Preto que se desvendam ao longo de cada

ladeira sinuosa são marcadas pela expressão do seu rico acervo arquitetônico

em que se destacam as características e disposições do casario colonial,

constituído por construções de dois a três pisos que acompanham a

declividade do terreno (CIFELLI, 2005)3.

Dentre as modalidades de turismo mais atuantes em Ouro Preto destacam-se o

turismo cultural, o turismo religioso, o turismo estudantil, envolvendo grupos de

estudantes do ensino fundamental, médio e superior, o turismo de eventos,

comércio e o excursionismo (CIFELLI, 2005)4.

3 http://www.unicamp.br/document/?code=vtls000375809

4 http://www.unicamp.br/document/?code=vtls000375809

Page 19: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

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Além dos atrativos naturais e histórico-culturais existentes em Ouro Preto, a

rede de serviços e estabelecimentos comerciais voltados prioritariamente para

o atendimento da demanda turística vem sofrendo uma considerável expansão

nos últimos anos, sendo cada vez mais exaltados pelos meios de divulgação

publicitária (CIFELLI, 2005) 3.

O aumento do rendimento econômico promovido pelo setor turístico em nível

nacional e internacional vem fazendo com que muitos empresários aproveitem

a potencialidade turística de Ouro Preto por meio de investimentos em

estabelecimentos mais requintados que atendam a uma clientela mais

selecionada. Dessa forma, proliferam os cafés, bares e restaurantes acoplados

aos hotéis mais caros e refinados da cidade, que, além dos pratos típicos da

culinária mineira, oferecem também menus internacionais acompanhados,

geralmente, por apresentações musicais e outras atrações noturnas (CIFELLI,

2005)4.

Em relação à rede hoteleira, com exceção do hotel Nossa Senhora do Rosário,

da Pousada do Mondengo e, de certa forma, do Grande Hotel de Ouro Preto, a

maioria dos estabelecimentos caracteriza-se, predominantemente, por

pousadas de pequeno e médio porte, detentoras de preços e serviços

satisfatórios que atendem a uma clientela de classe média. Porém, nos últimos

5 anos foram inaugurados o Hotel Pousada Solar da Ópera, a Pousada

Clássica, ambas pertencentes ao mesmo proprietário e localizadas na mesma

rua, o Boroni Palace Hotel, o Hotel Pousada Arcanjo e a Pousada Sinhá

Olímpia. Pelo valor da diária destes estabelecimentos e pelas instalações

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oferecidas, pode-se afirmar que se destinam a um público de classe média alta

e alta (CIFELLI, 2005)5.

No ramo comercial, ampliam-se as lojas de souvenirs, ateliês e lojas de jóias e

pedras preciosas, geralmente localizadas nas ruas de maior fluxo de turistas,

onde o grau de refuncionalização patrimonial é cada vez maior (CIFELLI,

2005)5.

Todos estes serviços exercem um papel fundamental nos critérios de escolha

da viagem, já que o turista procura, acima de tudo, uma boa hospitalidade,

qualidade dos serviços, bom atendimento e opções variadas de lazer e

entretenimento.

SILVA apud LAGE & MILONE (2005)6 definiu equipamentos e serviços

turísticos, também denominados de “superestrutura”, como as principais

instalações de superfície, o conjunto de edificações, instalações e serviços

indispensáveis ao desenvolvimento da atividade turística. São constituídos

pelos meios de hospedagem, alimentação, entretenimento, agenciamento,

informações e outros serviços.

A percepção da qualidade tem relação direta com as expectativas do cliente,

independentemente de se tratar de produtos ou serviços. Portanto, em termos

gerais podemos compreender que um serviço de qualidade é aquele capaz de

atender as expectativas dos clientes. Para tanto, é necessário que a empresa

5 http://www.unicamp.br/document/?code=vtls000375809

6 http://www.cefetba.br/ensino/superior/adm_monografia.htm

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conheça bem as necessidades e os benefícios esperados e que divulguem os

seus serviços da forma mais verdadeira e clara possível (SILVA, 2005)7.

Ouro Preto, conhecida mundialmente como Patrimônio Mundial da

Humanidade, torna-se um maravilhoso cenário para eventos e festividades.

Alguns desses eventos são tradicionais no calendário de festas da cidade,

como o carnaval e as comemorações da Semana Santa, e além destes

ocorrem ainda diversos eventos científicos e culturais, os quais são bastante

promissores e têm sido realizados em Ouro Preto com bastante freqüência.

O carnaval é um período anual de festas profanas que tem suas origens na

Antiguidade e recuperadas pelo Cristianismo, que começa no dia de Reis

(Epifania) e acaba na Quarta-feira de Cinzas, às vésperas da Quaresma.

Durante o período do carnaval havia uma grande concentração de festejos

populares e cada cidade brincava a seu modo, de acordo com seus costumes.

O carnaval moderno, feito de desfiles e fantasias, é produto da sociedade

vitoriana do século XIX (WIKIPÉDIA, 2006)8. Em Ouro Preto, o carnaval é

comemorado com desfiles das escolas de samba e blocos carnavalescos da

comunidade, além dos blocos estudantis, organizados pelos estudantes da

Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). As ladeiras da cidade são

tomadas por foliões, principalmente na Rua Direita, Rua São José e Praça

Tiradentes. A Prefeitura Municipal de Ouro Preto montou em 2006 uma infra-

estrutura no estacionamento do Centro de Artes e Convenções da UFOP que

7 http://www.cefetba.br/ensino/superior/adm_monografia.htm

8 http://pt.wikipedia.org/wiki/Carnaval

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10

ganhou, no carnaval, o nome de “Espaço Folia” e ofereceu uma programação

de shows todas as noites (ASSESSORIA DE..., 2006)9.

A Semana Santa é, para os cristãos, a celebração do Mistério da Morte e

Ressurreição de Jesus Cristo. A comunidade ouro-pretana enfeita as ruas com

tapetes de tecelagem colorida e flores, representando a via sacra vivida por

Cristo. A programação conta com procissões, cerimônias religiosas e

representações litúrgicas (OLIVEIRA, 2006)10.

Os principais eventos científicos e culturais que ocorrem em Ouro Preto são

congressos, seminários, cursos, workshops, apresentações artísticas, festivais,

feiras e exposições. Muitos desses eventos são realizados no Centro de Artes

e Convenções da UFOP, um dos espaços mais apropriados para a realização

de eventos de médio e grande porte da cidade de Ouro Preto. O Centro de

Artes e Convenções possui diversas salas com capacidades variadas, um

teatro para 510 pessoas, um setor de convenções que recebe até 1100

pessoas, um setor de feiras, um pátio para eventos e estacionamento. O

espaço recebe de 80 a 120 eventos por ano, desde sua criação, em 2000

(NOTÍCIAS DO..., 2006)11. Segundo CIFELLI, 200512, dados levantados pelo

Centro de Artes e Convenções da UFOP constataram que, em 2001, foi

realizado um total de 34 eventos envolvendo aproximadamente 13 mil

participantes e 970 pessoas contratadas temporariamente. Em 2002, a

demanda praticamente triplicou, com a realização de 94 eventos, envolvendo a

9 http://www.ouropreto.com.br

10 http://www.ouropreto.com.br/noticias

11 http://www.ouropreto.com.br/noticias

12 http://www.unicamp.br/document/?code=vtls000375809

Page 23: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

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participação de 37.560 pessoas e 1.907 pessoas contratadas temporariamente.

A partir deste levantamento, torna-se evidente o grau de importância desse

empreendimento para a dinamização turística de Ouro Preto e da região.

Os meios de hospedagem correspondem ao principal elemento da oferta de

equipamentos do setor de turismo já que, segundo CAMPOS & GONÇALVES

(1988), viabilizam o turismo em qualquer uma de suas modalidades. O

Regulamento Geral dos Meios de Hospedagem do Instituto Brasileiro de

Turismo (BRASIL, 2002b)13 estabelece o conceito de empresa hoteleira, de

meios de hospedagem e os requisitos exigidos para operação e funcionamento

dos estabelecimentos além das condições para contratação dos serviços de

hospedagem. O Regulamento considera meio de hospedagem o

estabelecimento que seja licenciado pelas autoridades competentes para

prestar serviços de hospedagem e que seja administrado ou explorado

comercialmente por empresa hoteleira e que adote, no relacionamento com os

hóspedes, contrato de hospedagem, com as características definidas neste

Regulamento e nas demais legislações aplicáveis. Neste ínterim a Unidade

Habitacional (UH) foi definida como “o espaço, atingível a partir das principais

áreas de circulação comuns do estabelecimento, destinados à utilização pelo

hóspede, para seu bem-estar, higiene e repouso” (ANEXO I).

Em relação ao setor hoteleiro, há uma peculiaridade em Ouro Preto: além dos

meios de hospedagem formais – hotéis, pousadas, campings, albergue –, há

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http://institucional.turismo.gov.br/mintur/parser/ministerio/legislacao

Page 24: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

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um meio de hospedagem informal que é oferecido pelos estudantes da UFOP,

que apresentam suas casas como hospedagem para os turistas.

A Embratur, por meio da Deliberação Normativa 429/02 (BRASIL, 2002b)14,

definiu o conceito de hotel como o meio de hospedagem do tipo convencional e

mais comum localizado em perímetro urbano, edificado em vários pavimentos,

com partido arquitetônico vertical e sua infra-estrutura volta-se para serviços de

hospedagem e, dependendo da categoria, revela alguma infra-estrutura para

lazer e negócios; já pousada foi descrita como meio de hospedagem localizado

em locais turísticos normalmente fora do centro urbano, edificado

predominantemente, com partido arquitetônico horizontal e de aspectos

arquitetônicos e construtivos, instalações, equipamentos e serviços mais

simplificados, normalmente limitados ao necessário à hospedagem do turista

para aproveitamento do atrativo turístico junto ao qual o estabelecimento se

situa. Predominantemente construído em partido arquitetônico horizontal

destina-se preferencialmente a turistas em viagens de recreação e lazer e sua

infra-estrutura volta-se predominantemente para a hospedagem (LAURINDO,

2004)15.

O Decreto n.º 84.910/80 de 15 de julho de 1980 (BRASIL, 1980c)16, conceitua

acampamentos turísticos ou campings como as áreas especialmente

preparadas para a montagem de barracas e o estacionamento de reboques

habitáveis (trailers), ou equipamento similar, dispondo ainda de instalações,

14

http://institucional.turismo.gov.br/mintur/parser/ministerio/legislação 15

http://www.cse.ufsc.br/gecon/coord_mono/2004 16

http://institucional.turismo.gov.br/mintur/parser/ministerio/legislação

Page 25: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

13

equipamentos e serviços específicos para facilitar a permanência dos usuários

ao ar livre (ANEXO II).

A Federação Brasileira dos Albergues da Juventude define Albergue como um

meio de hospedagem econômico, que tem como objetivo favorecer viagens de

baixo custo, oferecendo padrões mínimos de qualidade (SILVA, 2005)17.

As repúblicas estudantis de Ouro Preto são mais conhecidas e reconhecidas

em relação à cidade do que a própria Universidade e fazem parte da tradição

de Ouro Preto, pois ao longo de mais de um século desenvolveram uma cultura

própria e mantiveram laços estreitos com ex-alunos e ex-residentes. Muitas

delas foram instaladas em prédios pertencentes à UFOP e absorveram parcela

significativa dos alunos em Ouro Preto e Mariana (REPÚBLICAS

ESTUDANTIS, 2006)18.

Segundo Machado (2003)19, Ouro Preto é a cidade brasileira com o maior

conjunto de repúblicas estudantis universitárias, com práticas culturais

centenárias e uma importante inserção na cidade. Desta forma, suas práticas

culturais são influenciadas pelo ambiente cultural da cidade, e da mesma

forma, influencia a vida social e cultural de Ouro Preto. Um primeiro aspecto a

ser considerado é o esforço na conservação das casas de “repúblicas” para se

enquadrar aos padrões gerais do patrimônio histórico e artístico da cidade, que

é reforçado pelo significado simbólico de Ouro Preto. Por outro ponto, as

17

http://www.cefetba.br/ensino/superior/adm_monografia.htm 18

http://www.ufop.br 19

http://www.sbsociologia.com.br/sbs_v01/xicongresso/sf00_qua03_09.shtml

Page 26: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

14

repúblicas criaram uma imagem em Ouro Preto quanto à boêmia e as grandes

festas.

O que diferencia estas repúblicas de Ouro Preto das existentes nas diferentes

regiões do Brasil, como também em outros lugares do mundo, tanto nas

cidades portuguesas de Coimbra e Lisboa, quanto em outras cidades da

Europa e dos Estados Unidos – que embora estejam de alguma forma

assemelhadas não possuem uma organicidade e um conjunto de tradições

articuladas no conjunto universitário – são: a) o caráter permanente, o que

significa que não há a sua dissolução quando os estudantes se formam; b) as

repúblicas já possuem muitas tradições levando-se em conta que muitas delas

já existem há mais de cinqüenta anos; c) o contato entre os seus alunos e ex-

alunos o ano inteiro, que intensifica-se sobretudo nas comemorações do

aniversário da Escola de Minas de Ouro Preto na chamada Festa do 12 de

outubro (MACHADO, 2003)20.

Por essas repúblicas serem administradas pelos moradores, a forma

encontrada por eles para arrecadar fundos para sua manutenção e

preservação foi a oferta de hospedagem aos turistas nos eventos que ocorrem

na cidade. E é no período do carnaval que as repúblicas absorvem maior

número de turistas, pois oferecem além da hospedagem, festas e blocos

carnavalescos.

20

http://www.sbsociologia.com.br/sbs_v01/xicongresso/sf00_qua03_09.shtml

Page 27: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

15

O fluxo turístico que vem à cidade principalmente no período do carnaval vem

sendo alvo de muitas críticas da sociedade local, incluindo os próprios

empresários do setor turístico, que afirmam que nessa época o turismo causa

mais efeitos nocivos do que vantagens econômicas à cidade, já que nesse

período o rendimento destinado ao turismo é, geralmente, muito baixo em

função dos gastos reduzidos efetuados na cidade por este tipo de público que,

em grande parte, nem sequer se utiliza dos equipamentos turísticos existentes

na cidade como hotéis, pousadas e restaurantes, pois ficam hospedados nas

repúblicas estudantis, em casas de amigos ou retornam no mesmo dia para a

cidade de origem. A hospedagem nas repúblicas, em especial, provoca uma

insatisfação entre os comerciantes da rede hoteleira, pois os comerciantes

vêem nas repúblicas uma concorrência e conforme regulamento descrito

anteriormente as repúblicas não são legalmente consideradas empresas

hoteleiras e, portanto não poderiam ser utilizadas para esse fim. Além disso,

muitos estabelecimentos comerciais como as lojas de jóias e pedras preciosas

fecham suas portas nestas datas, já que a porcentagem de compradores é

muito reduzida em detrimento do alto risco de roubos e depredações.

Justifica-se, portanto, uma pesquisa que visa identificar o perfil dos turistas que

se hospedam em cada tipo de hospedagem, abordando principalmente os

aspectos relacionados à renda e à motivação do turista nas escolhas do

destino e do meio hospedagem.

Page 28: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

16

2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

Avaliar o perfil dos turistas no carnaval, na Semana Santa e em um evento

científico em relação às escolhas do destino e do meio de hospedagem.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Identificar o número de turistas (demanda) que Ouro Preto recebe nos dias

dos eventos objetos da pesquisa;

Identificar o número total de meios de hospedagem e leitos na cidade de

Ouro Preto (oferta formal);

Identificar o número de repúblicas que oferecem hospedagem nos eventos

que ocorrem em Ouro Preto (oferta informal);

Identificar, nos três tipos eventos, o perfil socioeconômico e a motivação do

turista em relação à escolha do meio de hospedagem.

Page 29: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

17

3. METODOLOGIA

3.1. IDENTIFICAÇÃO DA DEMANDA

Para identificar o número de turistas que Ouro Preto recebeu durante o

carnaval e durante a Semana Santa de 2006 foi feita uma pesquisa em jornais

on line. O número de participantes do evento científico foi fornecido pela

organização do mesmo com base no número de inscrições.

3.2. IDENTIFICAÇÃO DA OFERTA DE HOSPEDAGEM FORMAL

Para identificar o número total de meios de hospedagem e leitos na cidade de

Ouro Preto foi feita uma pesquisa bibliográfica nos acervos da UFOP.

3.3. IDENTIFICAÇÃO DA OFERTA DE HOSPEDAGEM INFORMAL

Para identificar o número de repúblicas que oferecia hospedagem foi enviado

um questionário através de endereço eletrônico (e-mail) a todas elas

abordando informações a respeito do número de turistas que cada uma recebia

nos eventos como o carnaval, semana santa e eventos científicos. Foram

consideradas apenas as repúblicas cadastradas na UFOP e que possuíam

Page 30: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

18

endereço eletrônico. O cadastro foi realizado pelo Centro de Assuntos

Comunitários (CAC) e divulgado no site da universidade (APÊNDICE I).

3.4. IDENTIFICAÇÃO DO PERFIL DOS TURISTAS

Para identificar o perfil do turista foi utilizada a técnica de pesquisa denominada

Observação Direta Extensiva. A Observação Direta Extensiva pode ser

realizada por meio de formulários ou questionários. Estes podem ser definidos

como sendo uma lista formal, catálogo ou inventário destinado à coleta de

dados, resultante quer da observação, quer de interrogatório, cujo

preenchimento é feito pelo próprio investigador, à medida que faz as

observações ou recebe as respostas, ou pelo pesquisado, ou sob orientação

do primeiro (MARCONI & LAKATOS, 1996).

Esta técnica realizou-se por meio da aplicação de questionário bilíngüe com

questões abertas e de múltipla escolha que abordava informações

socioeconômicas e motivações para a visita à Ouro Preto e para a escolha dos

meios de hospedagem (APÊNDICES II, III, IV).

Dois eventos estudados, o carnaval e a Semana Santa, fazem parte do

calendário anual de festas da cidade e aconteceram entre os dias 24 e 28 de

fevereiro e de 9 a 16 de abril, respectivamente. O outro evento objeto da

pesquisa foi realizado no Centro de Artes e Convenções da UFOP, do dia 02 a

06 de Julho de 2006, foi escolhido de forma aleatória e se tratava de um evento

científico com o público alvo de estudantes e profissionais.

Page 31: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

19

Quanto à amostragem, esta se caracterizava como não probabilística

intencional, pois selecionava para a pesquisa apenas turistas maiores de 18

anos, hospedados na cidade de Ouro Preto. Por não conhecer previamente o

número total de turistas no carnaval e nas comemorações da Semana Santa

que visitaram a cidade não foi possível calcular de acordo com os

procedimentos rigidamente estatísticos o número da amostra.

Dessa forma, ficou definido que para o carnaval o número total da amostragem

seria de 379 e para a Semana Santa seria de 100. Nesses dois eventos, os

questionários foram aplicados em um restaurante no centro histórico da cidade,

nos dias 27 e 28 de fevereiro, no Carnaval, e nos dias 14 e 15 de abril, na

Semana Santa. A escolha do estabelecimento se pautou pela localização

central do mesmo.

No evento realizado no Centro de Artes e Convenções da UFOP o público total

era de 390 participantes e foram aplicados 86 questionários.

Page 32: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

20

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. IDENTIFICAÇÃO DA DEMANDA

Jornais on line como a Folha On Line de 22 de fevereiro de 2006 e O Tempo

de 26 de janeiro de 2006 trouxeram reportagens sobre o carnaval de Ouro

Preto. As manchetes “Axé chega a Ouro Preto, mas blocos dão o tom”

(PEIXOTO)21 e “Ouro Preto quer menos impacto no Carnaval” (BARBOSA,

2006b)22 noticiaram que a cidade receberia no carnaval de 2006 cerca 30 mil

foliões por dia. Na Semana Santa a cidade atraiu cerca de 25 mil pessoas por

dia, de acordo com o site de informações turísticas (RELIGIÕES E CRENÇAS,

2006)23. O evento científico estudado contou com a participação de 390

pessoas.

4.2. IDENTIFICAÇÃO DA OFERTA FORMAL

De acordo com CARVALHO et al, 2005, existiam 70 meios de hospedagem e

2820 leitos em Ouro Preto.

21

http://www.folha.uol.com.br/folha/cotidiano 22

http://www.otempo.com.br/cidades 23

http:// www.feriadao.com.br/cidade

Page 33: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

21

4.3. IDENTIFICAÇÃO DA OFERTA INFORMAL

O CAC da UFOP tinha 384 repúblicas estudantis cadastradas. Dessas, 60

eram federais, com a propriedade pertencente a UFOP, e 324 eram

particulares, casas alugadas e administradas pelos estudantes. O questionário

foi enviado para 163 repúblicas, 42,45% do total, e dessas apenas 39, ou seja,

23,39% responderam às perguntas. A Fig. 1 demonstra os resultados da

pesquisa com relação à oferta de hospedagem.

100%

0%

28%38%

18%8% 8%

100%

0%

67%

10% 5%18%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

sim

não

até

30

31 a

50

51 a

100

mais

de

100

não

respondeu

sim

não

até

30

31 a

50

51 a

100

não

respondeu

Ofereciam

hospedagem no

carnaval

Oferta máxima de hospedagem no carnaval Oferecia

hospedagem em

outras datas

Oferta máxima de hospedagem

em outras datas

Figura 1. Percentual da oferta de hospedagem nas repúblicas.

Percebe-se que todas as repúblicas ofereciam hospedagem aos turistas no

carnaval e em outras datas. No carnaval 28% ofereciam hospedagem para até

30 pessoas, 38% ofereciam para 31 a 50 pessoas, 18% para 51 a 100 pessoas

e 8% para mais de 100 pessoas. Em outras datas, 67% das repúblicas

ofereciam hospedagem para até 30 pessoas, 10% para 31 a 50 pessoas e 5%

para 21 a 100 pessoas.

Page 34: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

22

A pesquisa revelou que mesmo não sendo um meio de hospedagem formal os

estudantes comercializaram suas casas oferecendo hospedagem aos turistas.

Segundo BRASIL (2002b)24, por meio do Regulamento Geral dos Meios de

Hospedagem, o meio de hospedagem é o estabelecimento que satisfaça,

cumulativamente, às seguintes condições:

I. Quanto a posturas legais:

- seja licenciado pelas autoridades competentes para prestar serviços de

hospedagem, inclusive dos órgãos de proteção ambiental;

- seja administrado ou explorado comercialmente por empresa hoteleira e que

adote, no relacionamento com os hóspedes, contrato de hospedagem, com as

características definidas neste Regulamento e nas demais legislações

aplicáveis;

- ofereça alojamento temporário para hóspedes, mediante adoção de contrato,

tácito ou expresso, de hospedagem e cobrança de diária, pela ocupação da

UH;

II - Quanto a aspectos construtivos:

- possua edificações construídas ou expressamente adaptadas para a

atividade;

- possua áreas destinadas aos serviços de alojamento, portaria/recepção,

circulação, serviços de alimentação, lazer e uso comum, e outros serviços de

conveniência do hóspede ou usuário, separadas entre si e no caso de

edificações que atendam a outros fins, independentes das demais;

24

http://institucional.turismo.gov.br/mintur/parser/ministerio/legislacao

Page 35: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

23

- possua proteção sonora, conforme as normas da Associação Brasileira de

Normas Técnicas (ABNT) e legislações aplicáveis;

- possua serviços básicos de abastecimento de água que não prejudiquem a

comunidade local, bem como de energia elétrica, rede sanitária, tratamento de

efluentes e coleta de resíduos sólidos, com destinação adequada;

III - Quanto a equipamentos e instalações:

- instalações elétricas e hidráulicas de acordo com as normas da ABNT - e

legislação aplicável;

- instalações de emergência, para a iluminação de áreas comuns e para o

funcionamento de equipamentos indispensáveis à segurança dos hóspedes;

- instalações e equipamentos de segurança contra incêndio e pessoal treinado

a operá-lo, de acordo com as normas estabelecidas e pelo Corpo de

Bombeiros local;

- quarto de dormir da UH mobiliado, no mínimo, com cama, equipamentos para

a guarda de roupas e objetos pessoais, mesa-de-cabeceira e cadeira.

IV - Quanto a serviços e gestão:

- portaria/recepção apta a permitir a entrada, saída, registro e liquidação de

conta dos hóspedes, durante as 24 horas do dia;

- registro obrigatório do hóspede no momento de sua chegada ao

estabelecimento, por meio de preenchimento da Ficha Nacional de Registro de

Hóspedes (FNRH), aprovada pela EMBRATUR;

Page 36: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

24

- limpeza e arrumação diária da UH, fornecimento e troca de roupa de cama e

banho, bem como de artigos comuns de higiene pessoal, por conta do

estabelecimento;

- pessoal de serviço em quantidade e com a qualificação necessária ao perfeito

funcionamento do meio de hospedagem;

- pessoal mantido permanentemente uniformizado e/ou convenientemente

trajado, de acordo com as funções que exerçam;

- meios para pesquisar opiniões e reclamações dos hóspedes e solucioná-las;

- observância das demais normas e condições necessárias à segurança,

saúde/higiene e conservação/manutenção do meio de hospedagem, para

atendimento ao consumidor.

As repúblicas estudantis não obedecem a nenhuma dessas condições: não são

licenciadas, suas edificações não são construídas ou adaptadas para a

atividade, nos quartos possuem apenas colchões, não oferecem serviços de

limpeza dos quartos, não possuem equipamentos de segurança contra

incêndio ou instalações de emergência.

4.4. IDENTIFICAÇÃO DO PERFIL DOS TURISTAS

4.4.1. Análise dos Dados Obtidos no Carnaval

No carnaval de 2006 o número de turistas que se hospedou nos diferentes

meios de hospedagem estão demonstrados na Fig. 2.

Page 37: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

25

10%1%

1%

3%

26%

6%

42%

11%

República Hotel Pousada Albergue Camping Casa alugada Casa de amigos/parentes Outros

Figura 2. Número de turistas em cada meio de hospedagem.

Dos turistas entrevistados 42% utilizaram repúblicas estudantis como

hospedagem, 26% dos turistas se hospedaram em casa de amigos ou de

parentes e 3% alugou uma casa para a estada nos dias de carnaval. Apenas

23% dos turistas utilizaram os meios de hospedagem convencionais oferecidos

pela cidade: 11% nos hotéis, 10% nas pousadas, 1% nos campings e 1% nos

albergues.

Apesar do estudo visar apenas os turistas hospedados em Ouro Preto, 6% dos

entrevistados declararam que não estavam hospedados na cidade ou em

nenhum dos meios de hospedagem estudados. Pelo estudo percebe-se que

eram turistas que não pretendiam permanecer todos os dias no carnaval em

Ouro Preto, e por isso encontraram dificuldade em permanecer na cidade, já

que nesse período só havia oferta de hospedagem para todos os dias de festa.

Page 38: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

26

A pesquisa revelou que a maioria dos turistas utilizou, no carnaval de 2006, as

repúblicas estudantis da UFOP como meio de hospedagem.

O fluxo turístico que vem à cidade na época do carnaval recebe inúmeras

críticas de diversos segmentos da sociedade local. Os comerciantes da rede

hoteleira não aprovam a hospedagem nas repúblicas por acreditarem que

essas são concorrentes aos seus estabelecimentos. Moradores do centro

histórico reclamam das festas e do alto volume das músicas nos carros de som

e nas repúblicas. O caráter massivo destes empreendimentos que envolvem

shows, desfiles, festas e carros de sons espalhados pelas ladeiras do núcleo

urbano central, podem gerar efeitos danosos aos bens patrimoniais que podem

ter sua estrutura física prejudicada em função do excesso de pessoas, veículos

pesados e da alta potência sonora da aparelhagem de som instalada em vários

pontos da cidade. A falta de infra-estrutura e de equipamentos urbanos como

sanitários públicos, lixeiras, estacionamentos e outros equipamentos

comprometem o grau de conservação da cidade que durante este período se

torna suja e mal cheirosa, desagradando a população residente.

A faixa etária dos turistas que visitaram Ouro Preto no carnaval de 2006 estão

representados na Fig. 3.

Page 39: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

27

27%

27%

23%

15%

8%

18 a 21 anos 22 a 25 anos 26 a 30 anos 30 a 40 anos acima de 40 anos

Figura 3. Faixa etária dos turistas no carnaval de 2006.

No carnaval de 2006 54% dos turistas tinha idade variando entre 18 e 25 anos,

23% tinha entre 26 e 30 anos, 15% entre 30 e 40 anos e 8% tinha idade maior

que 40 anos. O estudo identificou um público predominantemente jovem.

O INSTITUTO AKATU (2000)25 em parceria com o Programa das Nações

Unidas e Meio Ambiente (PNUMA) e a Organização das Nações Unidas para a

Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) realizou a pesquisa “Os Jovens e o

Consumo Sustentável” e revelou que a segunda área que mais despertou

interesse entre os jovens estava ligada as atividades de prazer e fruição. Essas

atividades pareciam ser importantes para esses jovens em função do prazer

individual e imediato que eles podiam extrair delas, constituindo sua área de

interesse mais importante depois de “educação/carreira”.

Nas repúblicas estudantis a maioria dos turistas tinha faixa etária variando de

18 a 30 anos. Nos albergues, 67% tinham entre 22 e 25 anos e 33% tinha entre

25

www.akatu.org.br

Page 40: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

28

18 e 21 anos. Nas pousadas a maioria dos hóspedes, 87%, tinha acima 26

anos e apenas 13% tinha idade variando de 18 a 25 anos. Nos hotéis, 53% dos

hospedes tinham mais de 30 anos. Nos campings, 60% dos hóspedes tinha

entre 18 a 40 anos e 40% acima de 40 anos (Fig.4).

33% 33%

5%

17%

27%

0%

35%

67%

8%

17%

27%

10%

20%

26%

0%

43%

33%

15%12%

20%

5%

0%

24%

0%

21%

41%

20%

1% 0%

20%

33%

10%12%

24%

40%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

República Albergue Pousada Casa alugada Casa de

amigos/parentes

Hotel Camping

18 a 21 anos 22 a 25 anos 26 a 30 anos 31 a 40 anos acima de 40 anos

Figura 4. Faixa etária dos turistas em cada meio de hospedagem.

Percebe-se claramente que o público jovem se concentrou principalmente nas

repúblicas, tendo também maior representatividade no albergue. É inegável

que as festividades do carnaval atraiam um público mais jovem. As repúblicas,

durante o carnaval, ofereceram além da hospedagem, festas, bebidas

alcoólicas e não alcoólicas e os blocos carnavalescos, fortes atrativos para os

jovens foliões.

Para traçar o perfil dos turistas foi abordada a classificação ocupacional dos

turistas que se hospedaram nos diferentes tipos de hospedagem. Os

resultados podem ser visualizados na Fig. 5.

Page 41: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

29

49%

100%

8%

25%

44%39%

20%

51%

0%

92%

75%

56%61%

80%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Republica Albergue Pousada Casa alugada Casa de

amigos/parentes

Hotel Camping

Estudante Profissional

Figura 5. Classificação ocupacional dos turistas em cada meio de hospedagem.

Nas repúblicas, 49% dos turistas eram estudantes e 51% profissionais

enquanto nos albergues todos os turistas entrevistados eram estudantes. Já

entre os hóspedes das pousadas, 92% alegaram ser profissionais. A maioria

dos hóspedes dos hotéis, 61%, era profissional e nos campings, 20% dos

hóspedes eram estudantes.

Nas repúblicas não houve diferença expressiva em relação aos turistas serem

estudantes ou profissionais. Já nos hotéis e pousadas a diferença foi bem

evidente, tendo em sua maioria profissionais como hóspedes.

Na Fig. 6 pode ser visualizada a renda familiar dos turistas que visitaram a

cidade no carnaval de 2006.

Page 42: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

30

1%

2%

16%

26%

51%

4%

até 1 salário 1 a 2 salários 3 a 5 salários

6 a 10 salários acima de 10 salários não respondeu

Figura 6. Renda familiar dos turistas.

A renda familiar de 51% dos entrevistados era acima de 10 salários mínimos;

26% responderam que tinham renda entre 6 e 10 salários e 15% entre 3 e 5

salários. Apenas 2% disseram ter renda familiar inferior a 2 salários mínimos.

Na Fig. 7 podemos visualizar a renda familiar dos turistas separada por meio

de hospedagem.

2%0% 0% 0% 0% 0% 0%

2%0% 0% 0%

4%0% 0%

20%

100%

11%

0%

19%

0% 0%

30%

0%

30%

42%

19%22%

40%43%

0%

49%

58%

52%

78%

60%

3%0%

11%

0%

6%

0% 0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

República Albergue Pousada Casa alugada Casa de

amigos/parentes

Hotel Camping

até 1 salário 1 a 2 salários 3 a 5 salários 6 a 10 salários acima de 10 salários não respondeu

Figura 7. Renda familiar dos turistas em cada meio de hospedagem.

Page 43: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

31

Nos albergues todos os entrevistados alegaram ter renda familiar variando

entre 3 e 5 salários mínimos. Nos demais meios de hospedagem, a maioria dos

hóspedes afirmou ter renda familiar superior a 10 salários mínimos,

concentrados principalmente nos hotéis, casas alugadas e pousadas. Pelos

resultados demonstrados, nas repúblicas, albergues e casa de amigos há

maior absorção de hóspedes com renda inferior a 5 salários mínimos.

Os acompanhantes dos turistas que se hospedaram nos diferentes tipos de

hospedagem estão demonstrados na Fig. 8.

4%0%

14%

0%

10%

2%0%

87%

33%

51%

83%

56%

37%

0%5%

67%

24%

17%

27%

44%40%

4%0%

11%

0%

6%

17%

60%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

República Albergue Pousada Casa alugada Casa de

amigos/parentes

Hotel Camping

Sozinho Com amigos Com cônjuge/namorado Com família

Figura 8. Acompanhantes dos turistas nos diferentes meios de hospedagem.

Nas repúblicas, 87% dos entrevistados vieram à cidade na companhia de

amigos enquanto nos albergues 67% vieram com cônjuge ou namorado e 33%

com amigos. Já nas pousadas, 14% vieram sozinhos, 51% com amigos, 24%

com cônjuge ou namorado e 11% vieram acompanhados da família. Nos

hotéis, 17% vieram com a família, 37% com amigos, 44% com cônjuge ou

namorado.

Page 44: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

32

Nos campings, 60% dos hóspedes estavam com familiares e 40% estavam

com cônjuge ou namorado.

O estudo avaliou o preço da hospedagem nos quatro dias de carnaval. Os

resultados estão demonstrados na Fig. 9.

2%5%

34%

43%

14%

1% 0%0% 0% 0% 0%

100%

0% 0%0%

11%

24%22%

16%11%

16%

0% 0%

75%

25%

0% 0% 0%

57%

26%

6% 8%

1% 1% 0%0% 0%

24%

15%

5%

20%

37%

0%

100%

0% 0% 0% 0% 0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

nada até R$100,00 R$101,00 a

R$300,00

R$301,00 a

R$500,00

R$501,00 a

R$700,00

R$701,00 a

R$1000,00

acima de

R$1000,00

República Albergue Pousada Casa alugada Casa de amigos/parentes Hotel Camping

Figura 9. Preço da hospedagem para os quatro dias de carnaval.

Nas repúblicas, 34% pagaram entre R$ 101,00 a R$300,00 e 43% dos turistas

pagaram de R$301,00 a R$500,00. Todos os turistas hospedados nos

albergues pagaram de R$501,00 a R$700,00. Nas pousadas, 24% pagaram

entre R$101,00 e R$300,00 e 27% pagaram mais de R$700,00. Nos hotéis,

24% pagou entre R$101,00 e R$300,00 e 57% acima de R$700,00. Os

hóspedes dos campings pagaram pela hospedagem até R$100,00.

A maioria dos meios de hospedagem em oferta no período do carnaval tinha o

preço da hospedagem variando entre R$100,00 e R$700,00. Tanto as

repúblicas quanto as pousadas, os hotéis e os outros tipos de hospedagem

convencionais ofereceram hospedagem nessa faixa de preço.

Page 45: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

33

Embora o INSTITUTO AKATU (2000)26 tenha apontado que para a maioria dos

jovens a decisão de compra estava ligada sempre, em primeiro lugar, à

qualidade e, em segundo, ao preço, os resultados aqui estudados não

apontaram o preço como o maior fator para a decisão da escolha do meio de

hospedagem. Os resultados do questionamento a respeito da motivação para a

escolha do carnaval de Ouro Preto em 2006 estão descritos na Fig. 10.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

preço da estadia festa nas

repúblicas

carnaval de rua “Espaço Folia”

(show s)

atrativos naturais atrativos culturais blocos

carnavalescos

Outros (visita a

família/amigos)

Republica Albergue Pousada Casa alugada Casa de amigos/parentes Hotel Camping

Figura 10. Motivações dos turistas em cada meio de hospedagem.

As maiores motivações para a escolha do carnaval de Ouro Preto para os

hóspedes das repúblicas foram: festas nas repúblicas, carnaval de rua, blocos

carnavalescos, shows nos “Espaço Folia” e preço da estadia. Nos albergues,

os turistas foram motivados pelo carnaval de rua, pelos shows nos “Espaço

Folia” e pelos atrativos naturais. Os hóspedes das pousadas foram, em sua

maioria, motivados pelo carnaval de rua, pelos blocos carnavalescos e pelos

shows nos “Espaço Folia”. Os turistas que alugaram casas alegaram que

26

www.akatu.org.br

Page 46: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

34

blocos carnavalescos, carnaval de rua e shows nos “Espaço Folia” foram os

maiores motivadores. Os que se hospedaram em casa de amigos ou parentes

foram motivados pelo carnaval de rua, blocos carnavalescos, preço da estadia

(a maioria não teve custo de hospedagem) e festa nas repúblicas. Os

hóspedes dos hotéis tiveram como motivação shows nos “Espaço Folia”,

carnaval de rua e blocos carnavalescos, e os que estavam hospedados nos

campings foram motivados pelos atrativos naturais e culturais e pelo carnaval

de rua.

De um modo geral, os maiores motivadores para a escolha do carnaval de

Ouro Preto em 2006 foram, por ordem de preferência: blocos carnavalescos,

carnaval de rua, “Espaço Folia” e Festa nas repúblicas.

A manchete “Bloco em Ouro Preto terá limite de 2.000 participantes” de 22 de

fevereiro de 2006 da Folha On Line diz que além dos blocos carnavalescos

tradicionais, organizados pela comunidade ouropretana, há os blocos

organizados pelos estudantes da UFOP (BLOCO EM..., 2006)27. São 37 blocos

com permissão da prefeitura e a maioria oferece aos participantes um abadá –

camisa que libera a entrada na concentração – bandas e cerveja liberada. Após

a concentração os blocos, que tem participação de até 2 mil foliões, saem

pelas ruas de Ouro Preto. Alguns blocos têm participação de até 5 mil foliões.

O “Espaço Folia” teve sua infra-estrutura montada no estacionamento do

Centro de Artes e Convenções da UFOP e ofereceu shows de bandas baianas,

27

http://www.folha.uol.com.br/folha/cotidiano

Page 47: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

35

como Jammil e Uma Noites. Cerca de dez mil pessoas pagaram toda noite

para participar da folia ao som do ritmo baiano, traz a manchete “Axé chega a

Ouro Preto, mas blocos dão o tom” da Folha On Line de 22 de fevereiro de

2006 (PEIXOTO, 2006)28.

Nas repúblicas, festas com muita música e cerveja animaram os foliões e

ficaram lotadas durante todo o carnaval, assim como as ruas do centro

histórico, principalmente Rua Direita, Rua São José e Praça Tiradentes.

As motivações do turista, segundo BALANZÁ & NADAL (2003), podem ter

caráter físico e de diversão (relacionadas com o descanso), cultural

(relacionada com o desejo de conhecer outros países e culturas), social (que

permite ao turista visitar amigos e parentes e conhecer novas pessoas), de

mudança de atividade e de lugar geográfico (que permite ao turista sair da

rotina de trabalho e atividades diárias) e de status e prestígio (relativas às

necessidades do ego e do desenvolvimento pessoal). Ao serem percebidas

pelo turista estas motivações geram um impulso para conseguir respostas no

sentido de satisfazê-las e compram, portanto, os serviços e produtos

disponíveis no mercado e que melhor atendam às suas necessidades e

expectativas.

Os resultados da pesquisa sugerem, portanto, que aqueles que foram

motivados pelas festas nas repúblicas e pelos blocos carnavalescos

escolheram as repúblicas como meio de hospedagem.

28

http://www.folha.uol.com.br/folha/cotidiano

Page 48: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

36

As participações dos turistas em carnavais anteriores na cidade de Ouro Preto

estão demonstradas na Fig. 11.

42%

58%

sim não

Figura 11. Participação dos turistas em carnavais anteriores.

Pelos resultados percebe-se que 58% dos turistas entrevistados já vieram a

Ouro Preto em carnavais anteriores.

A Fig. 12 demonstra o número de visitas à cidade em outros carnavais.

Percebe-se que dos turistas hospedados nas repúblicas, 37% já vieram a Ouro

Preto em outros carnavais, enquanto nas pousadas, 38% dos turistas alegaram

já conhecer o carnaval de Ouro Preto. Nos hotéis, 44% já vieram em carnavais

anteriores e nos campings 20% dos hóspedes disseram já ter vindo em outros

carnavais.

Page 49: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

37

63%

100%

62%

50%46%

56%

80%

13%

0%

5%

17%

10%15%

20%

7%

0%

11%

17%

8%

2%0%

6%

0% 0% 0%

9% 7%

0%4%

0%

11%

0% 2%7%

0%

7%

0%

11%

17%

24%

12%

0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

República Albergue Pousada Casa alugada Casa de

amigos/parentes

Hotel Camping

não sim, 1 vez sim, 2 vezes sim, 3 vezes sim, 4 vezes sim, mais de 4 vezes

Figura 12. Participação dos turistas em carnavais anteriores nos diferentes meios de

hospedagem.

Pelos resultados das Figs. 11 e 12 supõem-se que esses turistas que

estiveram em Ouro Preto em carnavais anteriores tiveram suas expectativas

atendidas satisfatoriamente, pois caso contrário esses turistas não

disponibilizariam esforços físicos e recursos financeiros para visitar um destino

turístico que alguma vez lhe foi desagradável.

Para aqueles turistas que já participaram de outros carnavais em Ouro Preto,

foi questionado o meio de hospedagem utilizado. A Tab. 1 demonstra esses

dados. Dos turistas que estavam hospedados em repúblicas no carnaval de

2006, 95% também se hospedaram em repúblicas nos carnavais anteriores.

Dos hóspedes das pousadas, 79% se hospedaram em pousadas e 14%

alegaram ter se hospedado em hotéis em carnavais anteriores. Dos turistas

que alugaram casa, 50% relataram ter alugado casas em carnavais anteriores

e os outros 50% se hospedaram em pousadas, hotéis e campings.

Page 50: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

38

Tabela 1 – Meios de hospedagem utilizada em carnavais anteriores a 2006.

Hospedagem utilizada no carnaval

2006

Hospedagem utilizada em carnavais anteriores

República Pousada Casa

alugada

Casa de amigos/ parentes

Hotel Camping Albergue

República 95 0 0 3 0 2 0

Pousada 0 79 7 0 14 0 0

Casa alugada 0 17 5 0 17 16 0

Casa de amigos/parentes

2 4 0 90 4 0 0

Hotel 0 0 0 11 89 0 0

Camping 0 0 0 0 0 1 0

Comparando a escolha do meio de hospedagem em carnavais anteriores e no

carnaval de 2006 percebe-se que não há troca significativa de meio de

hospedagem. Significa, portanto, que as expectativas dos turistas quanto ao

meio de hospedagem foram atendidas nos carnavais anteriores, havendo então

a possibilidade de se tornarem fiéis ao meio de hospedagem utilizado. O ponto

mais importante para a fidelização da clientela, embora não a garanta, é

atender ou superar as expectativas do cliente. Mesmo que ele não se torne fiel,

o produto ou serviço pode fazer parte das opções num próximo momento de

compra. Para conseguir a fidelidade dos clientes FERREIRA apud BOGMANN

(2006)29, menciona que a empresa pode trabalhar basicamente em dois

sentidos: ter uma marca forte que crie lealdade dos consumidores e envolver

os clientes pelos serviços que oferece.

Foi questionado aos entrevistados se eles gostariam de voltar a Ouro Preto em

um próximo carnaval. Os resultados podem ser visualizados na Fig. 13.

29

http://teses.eps.ufsc.br/resumo

Page 51: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

39

89%

0%

76%83% 82%

68%

20%

7%

100%

24%17% 17%

22%

80%

4%0% 0% 0% 1%

10%

0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Republica Albergue Pousada Casa alugada Casa de

amigos/parentes

Hotel Camping

sim não não sabe

Figura 13. Desejo de voltar nos próximos carnavais.

Dos turistas hospedados nas repúblicas, 89% disseram que gostariam de voltar

em um próximo carnaval e 7% disseram que não voltariam. Todos os

entrevistados que estavam hospedados em albergue disseram que não

voltariam num outro carnaval. Dos que se hospedaram em pousadas, 76%

gostariam de voltar e 24% não voltariam num carnaval de Ouro Preto. Dos

turistas entrevistados que alugaram casa, 83% queriam voltar em outro

carnaval e 17% disseram que não voltariam. Dos que se hospedaram em

casas de amigos e parentes, 82% disseram que voltariam e 17% que não

voltariam. Nos hotéis, 68% disseram que voltariam e 22% não gostariam de

voltar em um próximo carnaval. Dos hóspedes dos campings, 20% gostariam

de voltar e 80% não voltariam.

Os motivos pelos quais os turistas não gostariam de voltar estão demonstrados

na Fig. 14.

Page 52: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

40

41%

55%

4%

Não gostou do carnaval Quer conhecer outros destinos Falta de segurança na cidade

Figura 14. Motivo para não voltar em outros carnavais.

Dos que não gostariam de voltar nos próximos carnavais, 55% disseram que

prefeririam conhecer outros destinos turísticos, 41% disseram que não

gostaram do carnaval da cidade e 4% disseram que faltou segurança no

carnaval de Ouro Preto.

Define-se como destino turístico, o local, a cidade, região ou país para onde se

movimentam os fluxos turísticos (BRASIL, 2005)30.

Aos que gostariam de voltar nos próximos carnavais de Ouro Preto foi

questionado se eles utilizariam o mesmo meio de hospedagem do carnaval de

2006 (Fig. 15).

30

http://www.turismo.al.gov.br/institucional/projetos-programas

Page 53: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

41

96%

86%80%

97% 100% 100%

4%

14%20%

3% 0% 0%0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Republica Pousada Casa alugada Casa de

amigos/parentes

Hotel Camping

sim não

Figura 15. Percentual de turistas que utilizariam o mesmo meio de hospedagem nos

próximos carnavais.

Dos que se hospedaram nas repúblicas 96% disseram que se hospedariam

também em repúblicas se voltassem em outros carnavais e 4% disseram que

não ficariam em repúblicas. Dos hóspedes das pousadas, 86% manteriam o

meio de hospedagem e 80% dos que alugaram casa, locariam novamente em

outro carnaval de Ouro Preto. Dos que se hospedaram em casas de amigos e

parentes, 97% se hospedariam nessas casas em outros carnavais. Todos os

entrevistados que se hospedaram em hotéis e campings disseram que

manteriam o meio de hospedagem se voltassem em outro carnaval da cidade.

A grande maioria, em todos os meios de hospedagem, manteria a escolha se

voltasse num próximo carnaval indicando que suas necessidades e

expectativas em relação a esse serviço foram satisfatórias.

Page 54: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

42

FERREIRA apud CASTELLI (2006)31 afirma que uma condição que se torna

determinante para o sucesso empresarial é o desempenho com qualidade dos

serviços hoteleiros, pois a concorrência vem se tornando cada vez maior, e o

cliente mais exigente.

As empresas precisam compreender como seus clientes percebem a qualidade

e que nível de qualidade os mesmos esperam. Devem tentar ao máximo

atender as expectativas do consumidor, e de forma mais eficiente que seus

concorrentes. Oferecer qualidade exige administração total e empenho dos

empregados, assim como sistemas de avaliação e recompensa contínuos com

relação aos melhores desempenhos (FERREIRA apud KOTLER &

ARMSTRONG, 2006)32.

Para COBRA (2001) a arma mais poderosa capaz de vencer a concorrência é

a qualidade dos produtos e serviços prestados, atraindo e retendo os clientes

por meio do valor percebido e a satisfação deles. Assim faz-se necessário

identificar os clientes a fim de saber o que eles necessitam e desejam,

podendo satisfazê-los de forma que eles fiquem encantados, deixando-os

chocados com a excelência do serviço, pois como afirma FERREIRA apud

KOTLER & ARMSTRONG (2006) 33“o cliente encantado cria um vínculo

emocional com o produto ou serviço, não apenas uma preferência racional, o

que cria nele um alto nível de lealdade”.

31

http://teses.eps.ufsc.br/resumo 32

http://teses.eps.ufsc.br/resumo 33

http://teses.eps.ufsc.br/resumo

Page 55: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

43

Para aqueles que não gostariam de manter o tipo hospedagem utilizado no

carnaval de 2006 foi questionado o motivo para a troca do meio de

hospedagem (Fig. 16).

83%

17%

100%

50% 50%

100%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Falta de conforto Muito barulho gostariam de conhecer

carnaval de república

outros motivos

República Pousada Casa alugada Casa de amigos/parentes

Figura 16. Motivo para o turista não utilizar o mesmo meio de hospedagem.

Dos entrevistados que se hospedaram em repúblicas, 83% não as utilizariam

como hospedagem em um próximo carnaval porque gostariam de mais

conforto e 17% acharam que havia muito barulho nas repúblicas. Dos que

hospedaram em pousada, todos disseram que não se hospedariam novamente

nelas porque gostariam de conhecer o carnaval de república. Pelo mesmo

motivo, 50% dos que alugaram casa mudariam a hospedagem, optando,

portanto, pela hospedagem nas repúblicas estudantis.

Esses resultados indicaram mais uma vez a importância de garantir a

satisfação das necessidades e expectativas do cliente. Para tanto, cada tipo de

hospedagem deve identificar quais são seus clientes e qual é seu público-alvo.

Page 56: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

44

É de extrema importância também que a realidade a ser encontrada pelo turista

corresponda plenamente às expectativas geradas. Dessa forma se evitará, por

exemplo, que os turistas que prezam conforto e silêncio se hospedem em

repúblicas.

4.4.1.1. Descrição do perfil do turista no carnaval

Os hóspedes das repúblicas, em sua maioria, tinham idade variando entre 18 e

30 anos, renda familiar acima de 6 salários mínimos, viajaram na companhia de

amigos e foram motivados principalmente pelas festas nas repúblicas, pelo

carnaval de rua, pelos blocos carnavalescos, pelos shows nos “Espaço Folia” e

pelo preço da estadia. Pagaram entre R$100,00 e R$500,00 pela hospedagem.

Os hóspedes dos albergues, em sua maioria, eram estudantes, tinham entre 18

e 25 anos, com renda familiar entre 3 e 5 salários mínimos, viajaram na

companhia do cônjuge ou namorado(a) e/ou amigos e foram motivados pelo

carnaval de rua, pelos shows nos “Espaço Folia” e pelos atrativos naturais.

Pagaram pela hospedagem entre R$500,00 e R$700,00.

Os hóspedes das pousadas eram, em sua maioria, profissionais, com mais de

26 anos e renda familiar superior a 10 salários mínimos. Viajaram

acompanhados dos cônjuges ou namorado(a), amigos ou família e foram

motivados pelo de rua, pelos blocos carnavalescos e pelos shows nos “Espaço

Folia”. Pagaram pela hospedagem entre R$100,00 e R$500,00.

Page 57: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

45

Os hóspedes dos hotéis eram, em sua maioria, profissionais, com mais de 30

anos e renda familiar superior a 10 salários mínimos. Viajaram acompanhados

dos cônjuges ou namorado(a), amigos ou família e foram motivados pelos

shows nos “Espaço Folia”, carnaval de rua e blocos carnavalescos. Pagaram

pela hospedagem mais de R$700,00.

Nos campings havia hóspedes de todas as idades, mas a maioria era

estudante. Tinham renda familiar acima de 6 salários mínimos e estavam

acompanhados da família ou cônjuge ou namorado(a). Pagaram pela

hospedagem até R$100,00.

O carnaval de Ouro Preto é responsável pela vinda maciça de turistas e

excursionistas que encaram tal festividade como o principal atrativo deixando o

patrimônio da cidade apenas como um simples cenário.

A popularidade das tradições e festa nas repúblicas faz com que elas

absorvam a maior parcela dos turistas no período do carnaval em Ouro Preto,

já que se tornam sinônimo de prazer, diversão e jovialidade. Estas

comercializam efetivamente a hospedagem e oferecem produtos e serviços aos

turistas – festas, blocos, camisetas – tornando-se não apenas um serviço de

apoio ou um local de descanso, mas sim um atrativo e uma motivação para

escolha do destino. Pelo estudo, os que esperavam ter na hospedagem o

conforto e a privacidade do quarto para descansar tenderam a escolher hotéis,

pousadas, albergues e campings, enquanto os que não se importaram com

conforto e o descanso e preferiram as festas optaram pela hospedagem nas

Page 58: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

46

repúblicas. Ao contrário do que argumentam os comerciantes da rede hoteleira,

no carnaval, as repúblicas não são necessariamente concorrentes dos hotéis e

pousadas já que o público alvo desses estabelecimentos é diferente do público

absorvido pelas repúblicas, ou seja, os turistas que escolheram as repúblicas

como hospedagem foram motivados principalmente por elas e provavelmente

não escolheriam outro meio de hospedagem ou mesmo não escolheriam Ouro

Preto como destino no carnaval caso essas tradicionais festas nas repúblicas

não existissem.

4.4.2. Análise dos Dados Obtidos na Semana Santa

Na Semana Santa o número de turistas que se hospedou nos diferentes meios

de hospedagem está demonstrado na Fig. 17.

18%

38%10%

12%

22%

hotel pousada república casa amigos outros

Figura 17. Número de turistas em cada meio de hospedagem.

Page 59: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

47

Ao contrário do que foi verificado no carnaval a maioria dos turistas utilizou

meios de hospedagem convencionais oferecidos pela cidade: 18% nos hotéis,

38% nas pousadas.

Apenas 10% dos entrevistados utilizaram repúblicas estudantis como meio de

hospedagem. Outros 12% dos turistas estavam hospedados em casa de

amigos ou de parentes.

Percebe-se que 22% dos turistas não estavam hospedados na cidade ou em

nenhum dos meios de hospedagem citados.

A Fig.18 demonstra a faixa etária dos turistas que visitaram Ouro Preto na

Semana Santa de 2006.

5%10%

18%

27%

40%

18 a 21 anos 22 a 25 anos 26 a 30 anos 30 a 40 anos acima de 40 anos

Figura 18. Faixa etária dos turistas na Semana Santa de 2006.

Page 60: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

48

Na Semana Santa apenas 15% dos entrevistados eram jovens: 5% entre 18 e

21 anos e 10% entre 22 e 25 anos. A maioria dos turistas tinha idade acima de

26 anos, sendo que 18% tinha entre 26 e 30 anos, 27% entre 30 e 40 anos e

40% tinha idade maior que 40 anos.

A pesquisa revelou que Ouro Preto não atrai, na Semana Santa, turistas

jovens. Supõe-se que, sendo uma festa tipicamente religiosa, a Semana Santa

tenha maior participação de um grupo de pessoas de idade adulta. A Semana

Santa de Tiradentes, cidade com características bem semelhantes a Ouro

Preto, tinha turistas de faixa etária variando entre 30 e 40 anos (CAMURÇA &

GIOVANNINI JÚNIOR, 2003). Esses resultados coadunam com os encontrados

no presente estudo.

Na Fig. 19. é possível visualizar a escolha dos diferentes meios de

hospedagem pelos turistas nas diferentes faixas etárias.

0%

40% 40%

0%

20%

5%

11%

16%

37%

32%

0% 0%

33%

17%

50%

11%

0% 0%

28%

61%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

18 a 21 anos 22 a 25 anos 26 a 30 anos 30 a 40 anos acima de 40 anos

República Pousada Casa de amigos/parentes Hotel

Figura 19. Faixa etária dos turistas em cada meio de hospedagem.

Page 61: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

49

A maioria dos turistas hospedados nas repúblicas tinha faixa etária variando de

22 a 30 anos, mas 20% deles tinha mais de 40 anos. Nas pousadas, 69% dos

hóspedes tinham acima 30 anos. Nos hotéis, 89% dos hóspedes possuíam

mais de 30 anos. Percebe-se claramente que o público jovem, minoria entre os

visitantes nessa festividade da Semana Santa, se concentrou principalmente

nas repúblicas estudantis.

A classificação ocupacional dos turistas que se hospedaram nos diferentes

meios de hospedagem está demonstrada na Fig. 20.

40%47%

0%

28%

60%53%

100%

72%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

República Pousada Casa de

amigos/parentes

Hotel

Estudante Profissional

Figura 20. Classificação ocupacional dos turistas em cada meio de hospedagem.

Nas repúblicas, 40% dos turistas eram estudantes e 60% profissionais. Nota-se

que 53% dos hóspedes das pousadas alegaram ser profissionais. Todos os

turistas que se hospedaram em casas de amigos e parentes eram

profissionais. A maioria dos hóspedes dos hotéis, 72%, era profissional.

Page 62: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

50

A renda familiar dos turistas que se hospedaram nos diferentes meios de

hospedagem está demonstrada na Fig. 21.

0% 0% 0%

50% 50%

0%0% 0%

16% 16%

63%

5%

0% 0%

17% 17%

67%

0%0% 0%

22%

33%

44%

0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

até 1 salário 1 a 2 salários 3 a 5 salários 6 a 10 salários acima de 10

salários

não respondeu

República Pousada Casa de amigos/parentes Hotel

Figura 21. Renda familiar dos turistas em cada meio de hospedagem.

A maioria dos hóspedes de todos os meios de hospedagem afirmou ter renda

familiar superior a 10 salários mínimos.

Os acompanhantes dos turistas que se hospedaram nos diferentes meios de

hospedagem estão demonstrados na Fig. 22.

10%

40%

10%

40%

0%

16%

42% 42%

0%

17%

33%

50%

0%

22%

56%

22%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

Veio sozinho Com amigos Com cônjuge/namorado Com família

República Pousada Casa de amigos/parentes Hotel

Figura 22. Acompanhantes dos turistas em cada meio de hospedagem.

Page 63: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

51

Nas repúblicas 40% dos entrevistados vieram à cidade na companhia de

amigos, outros 40% alegaram ter a companhia da família. Esse resultado

sugere que muitos desses hóspedes eram parentes dos moradores da

república. Nas pousadas, 16% vieram com amigos, 42% com cônjuge ou

namorado e 42% vieram acompanhados da família. Nos hotéis, 22% vieram

com a família, 22% com amigos, 56% com cônjuge ou namorado.

A variação do preço da hospedagem está demonstrada na Fig. 23.

50%

30%

20%

0% 0% 0% 0% 0%0% 0%

5%

11%

53%

11%

0%

21%

83%

17%

0% 0% 0% 0% 0% 0%0% 0% 0%

39%

22%

17% 17%

6%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

nada até R$20,00 R$21,00 a

R$50,00

R$51,00 a

R$80,00

R$81,00 a

R$100,00

R$101,00 a

R$150,00

R$151,00 a

R$200,00

acima de

R$200,00

Republica Pousada Casa de amigos/parentes Hotel

Figura 23. Preço da diária nos meios de hospedagem.

Nas repúblicas, 50% não pagaram pela hospedagem, e os outros 50%

pagaram até R$50,00 por dia pela hospedagem. Esse resultado confirma que a

hospedagem nas repúblicas foi oferecida a parentes dos moradores, sem que

houvesse comercialização da hospedagem. Nas pousadas, 64% pagaram até

R$100,00. Daqueles que se hospedaram em casas de amigos e parentes, 83%

não pagaram pela hospedagem. Nos hotéis, 39% pagaram entre R$51,00 e

Page 64: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

52

R$80,00, 22% pagaram entre R$81,00 e R$100,00, 17% pagaram entre

R$101,00 e R$150,00, 17% pagaram entre R$151,00 e R$200,00 e 6% acima

de R$200,00.

As motivações dos turistas para a escolha do destino estão demonstradas na

Fig. 24.

40% 40%

0%

60%

0%

70%

47%

0% 0%

32%

79%

0%

50%

0% 0%

17%

33%

92%

67%

0% 0% 0%

94%

0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

atividades da

semana santa

conhecer/visitar

repúblicas

preço da estadia atrativos naturais atrativos culturais visitar amigos/

parentes

República Pousada Casa de amigos/parentes Hotel

Figura 24. Motivações dos turistas em cada meio de hospedagem.

As maiores motivações para a escolha das comemorações da Semana Santa

em Ouro Preto para os hóspedes das repúblicas foram: visitar amigos e

parentes, atrativos naturais, participar das atividades da Semana Santa,

conhecer/visitar repúblicas. Os hóspedes das pousadas e dos hotéis foram, em

sua maioria, motivados pelos atrativos culturais e pelas atividades da Semana

Santa. Os que se hospedaram em casa de amigos ou parentes foram

motivados principalmente pela visita aos amigos e parentes e pelas

comemorações da Semana Santa.

Page 65: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

53

O Programa de Regionalização do Turismo do Ministério do Turismo, BRASIL,

(2005)34 define atrativos naturais como sendo os elementos da natureza que,

ao serem utilizados para fins turísticos, passam a atrair fluxos turísticos

(montanhas, rios, ilhas, praias, dunas, cavernas, cachoeiras, clima, flora,

fauna); e atrativos culturais como sendo os elementos da cultura que, ao serem

utilizados para fins turísticos, passam a atrair fluxos turísticos. São os bens e

valores culturais de natureza material e imaterial produzidos pelo homem e

apropriados pelo turismo, da pré-história à época atual, como testemunhos de

uma cultura (artesanato, gastronomia etc.);

Muitos dos entrevistados aproveitaram a data para visitar amigos e parentes.

Porém, de um modo geral, os turistas foram motivados pelas festividades da

Semana Santa. A religiosidade de Minas Gerais faz da Semana Santa uma das

épocas mais interessantes para visitar as cidades históricas. Em Ouro Preto,

Mariana, São João del Rei e Tiradentes a programação dos dias santos

oferece cerimônias que convidam à participação e reflexão. São missas,

procissões e encenações nas igrejas barrocas e ladeiras de pedra (CAMURÇA

& GIOVANNINI JÚNIOR, 2003).

As visitas anteriores à Ouro Preto estão demonstradas na Fig. 25.

34

http://www.turismo.al.gov.br/institucional/projetos-programas

Page 66: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

54

62%

38%

sim não

Figura 25. Visitas anteriores a Semana Santa de 2006.

Nota-se que 62% dos turistas entrevistados já vieram a Ouro Preto em datas

anteriores às festividades da Semana Santa.

A Fig. 26 demonstra o número de vindas à cidade em outras datas.

0%

20%

0%

30%

0%

50%47%

21%

5%

0%

5%

21%

0%

17%

8%

33%

0%

42%

67%

33%

0% 0% 0% 0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

não sim, 1 vez sim, 2 vezes sim, 3 vezes sim, 4 vezes sim, mais de 4

vezes

República Pousada Casa de amigos/parentes Hotel

Figura 26. Visitas em datas anteriores a Semana Santa nos diferentes meios de

hospedagem.

Page 67: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

55

Todos os turistas hospedados nas repúblicas e casas de amigos e parentes já

vieram a Ouro Preto em outras datas. Nas pousadas, 53% dos turistas

alegaram já conhecer Ouro Preto. Nos hotéis, 33% já estiveram na cidade

anteriormente.

Para aqueles turistas que já visitaram Ouro Preto em outras datas, foi

questionado o meio de hospedagem utilizado (Tab. 2).

Tabela 2 – Meio de hospedagem utilizado em visitas anteriores à Semana Santa de

2006.

Hospedagem

utilizada na Semana

Santa de 2006

Hospedagem utilizada em visitas anteriores (%)

República Pousada Casa

alugada

Casa de

amigos/

parentes

Hotel Camping Albergue

República 90 10 0 0 0 0 0

Pousada 0 80 0 20 0 0 0

Casa de

amigos/parentes 0 8 0 92 0 0 0

Hotel 0 0 0 0 100 0 0

Dos turistas que estavam hospedados em repúblicas na Semana Santa de

2006, 90% também se hospedaram em repúblicas nas visitas anteriores. Dos

hóspedes das pousadas, 80% se hospedaram em pousadas e 20% alegaram

ter se hospedaram em casa de amigos/parentes em outras visitas. Todos os

entrevistados que se hospedaram em hotéis na Semana Santa de 2006

também se hospedaram em hotéis nas visitas anteriores.

Page 68: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

56

A pesquisa indica que não há troca significativa de meio de hospedagem em

relação a visitas em datas anteriores.

Foi questionado aos entrevistados se eles gostariam de voltar a Ouro Preto em

outra ocasião. Os resultados estão demonstrados na Fig. 27.

100% 97% 100%

89%

0% 0% 0% 0%0% 3% 0%

11%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

República Pousada Casa de

amigos/parentes

Hotel

sim não não sabe

Figura 27. Desejo de visitar Ouro Preto em outra ocasião.

Dos turistas hospedados nas repúblicas, todos disseram que gostariam de

voltar a Ouro Preto em outra ocasião. Dos que se hospedaram em pousadas

97% gostariam de voltar e 3% não têm certeza se pretendem voltar a Ouro

Preto. Dos que se hospedaram em casas de amigos e parentes todos

responderam que gostariam de retornar à cidade. Nos hotéis, 89% disseram

que gostariam de voltar e 11% disseram não saber se voltam ou não à cidade.

Nenhum dos entrevistados afirmou categoricamente que não desejam voltar a

Ouro Preto.

Page 69: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

57

Aos que gostariam de voltar à cidade em outras datas foi questionado se eles

utilizariam o mesmo meio de hospedagem que usaram durante a Semana

Santa de 2006. A Fig. 28 representa os resultados obtidos.

100% 100% 100%

63%

0% 0% 0% 0%0% 0% 0%

37%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

República Pousada Casa de

amigos/parentes

Hotel

Sim Não Não sabe

Figura 28. Percentual de turistas que utilizariam o mesmo meio de hospedagem em

futuras visitas.

Dos que se hospedaram nas repúblicas, nas pousadas e em casa de

amigos/parentes todos disseram que manteriam o tipo de hospedagem em

outras visitas a Ouro Preto. Dos hóspedes dos hotéis 63% manteriam o meio

de hospedagem e 37% não souberam responder. Nenhum dos entrevistados

disse categoricamente que não utilizariam o mesmo tipo de hospedagem

utilizado na Semana Santa de 2006.

A fidelidade em relação ao tipo de hospedagem escolhido, se tratando de

repúblicas e casas de amigos/parentes pode ter relação com a motivação da

viagem - “visita a amigos/parentes”. De qualquer forma o resultado afirma que

as necessidades e expectativas em ralação à hospedagem foram atendidas

Page 70: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

58

satisfatoriamente já que nenhum entrevistado respondeu que não utilizaria

novamente o tipo de hospedagem utilizado nessa visita a Ouro Preto.

4.4.2.1. Descrição do perfil do turista na Semana Santa

Dos hóspedes das repúblicas, embora a diferença não seja muito expressiva, a

maioria era profissional. Tinham idade variando entre 22 e 30 anos, renda

familiar acima de 6 salários mínimos, viajaram na companhia de amigos e

família e foram motivados principalmente pela visita a amigos e parentes, pelos

atrativos naturais, pelas atividades da Semana Santa e para conhecer/visitar

repúblicas. Não pagaram pela hospedagem ou pagaram até R$50,00 reais a

diária.

Os hóspedes das pousadas eram profissionais, embora a diferença não seja

muito expressiva. Tinham mais de 30 anos e renda familiar superior a 10

salários mínimos. Viajaram acompanhados da família ou do cônjuge ou

namorado(a) e foram motivados pelos atrativos culturais e pelas atividades da

Semana Santa. Pagaram pela hospedagem até R$100,00 a diária.

Os hóspedes dos hotéis eram, em sua maioria, profissionais, com mais de 30

anos e renda familiar superior a 10 salários mínimos. Viajaram acompanhados

dos cônjuge ou namorado(a) e foram motivados pelos atrativos culturais e

pelas atividades da Semana Santa. Pagaram pela diária da hospedagem até

R$100,00.

Page 71: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

59

Muitos turistas vieram para participar da Semana Santa procurando vivenciar a

tradição religiosa nas procissões e cerimônias, e os meios de hospedagem

formais absorveram todo esse público. Na Semana Santa, diferentemente do

carnaval, a república não era um atrativo e nessa data as repúblicas não

praticaram efetivamente a comercialização do serviço de hospedagem. Os

resultados da pesquisa sugerem que nessa data as repúblicas receberam

parentes e amigos e não cobraram pela hospedagem.

4.4.3. Análise dos Dados Obtidos no Evento Científico

No evento científico realizado no Centro de Artes e Convenções da UFOP o

número de turistas que se hospedou nos diferentes meios de hospedagem está

demonstrado na Fig. 29.

23%

2%7%

2%66%

República Hotel Pousada Albergue Casa de amigos/parentes

Figura 29. Número de turistas em cada meio de hospedagem.

Page 72: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

60

A maioria dos turistas, 66%, utilizou repúblicas estudantis como meio de

hospedagem. Outros 7% dos turistas estavam hospedados em casa de amigos

ou de parentes.

Apenas 27% dos turistas utilizaram os meios de hospedagem formais

oferecidos pela cidade: 2% nos hotéis, 23% nas pousadas, 2% nos albergues.

A Fig. 30 demonstra a faixa etária dos turistas que visitaram em Ouro Preto

durante a participação do evento científico.

23%

42%

28%

5% 2%

18 a 21 anos 22 a 25 anos 26 a 30 anos 30 a 40 anos acima de 40 anos

Figura 30. Faixa etária dos turistas participantes do evento científico.

Dos entrevistados, 23% tinha entre 18 e 21 anos, 42% entre 22 e 25 anos, 28%

tinha ente 26 e 30 anos, 5% tinha idade variando entre 30 e 40 anos e apenas

2% tinha mais de 40 anos.

O evento estudado era científico de caráter educacional e tinha um público

predominantemente jovem.

Page 73: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

61

A faixa etária dos turistas que se hospedaram nos diferentes meios de

hospedagem está demonstrada na Fig. 31.

21%

0%

40%

0% 0%

50%

0%

20%

67%

0%

21%

100%

30%

33%

100%

4%

0%

10%

0% 0%

4%

0% 0% 0% 0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

República Albergue Pousada Casa de

amigos/parentes

Hotel

18 a 21 anos 22 a 25 anos 26 a 30 anos 30 a 40 anos acima de 40 anos

Figura 31. Faixa etária dos turistas em cada meio de hospedagem.

A maioria dos turistas hospedados nas repúblicas tinha faixa etária variando de

18 a 30 anos, apenas 8% tinham mais de 30 anos. Nos albergues, todos os

entrevistados tinham entre 26 e 30 anos. Nas pousadas, a maioria dos

hóspedes tinha idade variando de 18 a 25 anos. Já os que estavam

hospedados em casas de amigos e parentes 67% tinham entre 22 e 25 anos e

33% tinham entre 26 a 30 anos. Nos hotéis, todos os hóspedes tinham idade

entre 26 a 30 anos.

A Fig. 32 demonstra a classificação ocupacional dos participantes do evento.

Page 74: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

62

62%

38%

Estudante Profissional

Figura 32. Classificação ocupacional dos participantes do evento.

A maioria, 62%, dos participantes do evento científico era estudante.

A classificação ocupacional dos turistas em cada tipo de hospedaram está

demonstrada na Fig. 33.

70%

50%45%

67%

0%

30%

50%55%

33%

100%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

República Albergue Pousada Casa de amigos/parentes Hotel

Estudante Profissional

Figura 33. Classificação ocupacional dos turistas em cada meio de hospedagem.

Nas repúblicas, 70% dos turistas eram estudantes e 30% profissionais. Nos

albergues, metade dos hóspedes era estudantes. Percebe-se que 55% dos

Page 75: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

63

turistas das pousadas alegaram ser profissionais e 67% dos turistas que se

hospedaram nas casas de amigos e parentes eram estudantes. Todos os

hóspedes dos hotéis eram profissionais.

A renda familiar dos turistas que se hospedaram nos diferentes meios de

hospedagem está demonstrada na Fig. 34.

0% 0% 0% 0% 0%0% 0% 0% 0% 0%

39%

0%

40%

33%

0%

25%

100%

20%

33%

0%

25%

0%

30%33%

100%

11%

0%

10%

0% 0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

República Albergue Pousada Casa de

amigos/parentes

Hotel

até 1 salário 1 a 2 salários 3 a 5 salários 6 a 10 salários acima de 10 salários não respondeu

Figura 34. Renda familiar dos turistas em cada meio de hospedagem.

Nas repúblicas, 39% tinham renda familiar entre 3 e 5 salários mínimos, 29%

tinham renda entre 6 e 10 salários e também 29% tinham renda superior a 10

salários mínimos. Nos albergues, todos os entrevistados alegaram ter renda

familiar variando entre 6 e 10 salários mínimos. Nas pousadas, 40% tinham

renda entre 3 e 5 salários mínimos, 20% tinham renda entre 6 e 10 salários e

também 30% tinham renda superior a 10 salários mínimos Nos hotéis, todos

os hóspedes afirmaram ter renda familiar superior a 10 salários mínimos.

Os acompanhantes dos turistas que se hospedaram nos diferentes meios de

hospedagem estão demonstrados na Fig. 35.

Page 76: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

64

14%

0%

30%

0%

100%

82%

100%

50%

67%

0%4%

0%

20%

33%

0%0% 0% 0% 0% 0%0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Republica Albergue Pousada Casa de amigos/parentes Hotel

Veio sozinho Com amigos Com cônjuge/namorado Com família

Figura 35. Acompanhantes dos turistas em cada meio de hospedagem.

Nas repúblicas, 82% dos entrevistados vieram à cidade na companhia de

amigos. Nos albergues, 100% vieram com amigos. Nas pousadas, 30% vieram

sozinhos, 50% com amigos, 20% com cônjuge ou namorado. Nos hotéis todos

viajaram sozinhos. Daqueles que ficaram na casa de amigos/parentes, 67%

vieram com amigos.

O preço da diária da hospedagem está demonstrado na Fig. 36.

5%

29%

63%

4%0%0%

100%

0% 0% 0%0% 0%

20%

70%

10%

100%

0% 0% 0% 0%0% 0% 0% 0%

100%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

nada até R$50,00 R$51,00 a R$100,00 R$101,00 a

R$300,00

R$301,00 a

R$500,00

República Albergue Pousada Casa de amigos/parentes Hotel

Figura 36. Preço da diária nos meios de hospedagem.

Page 77: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

65

Nas repúblicas, 63% dos turistas pagaram de R$51,00 a R$100,00 por dia de

hospedagem. Todos os turistas hospedados nos albergues pagaram até

R$50,00. Nas pousadas, 20% pagaram até R$51,00 a R$100,00, 70%

pagaram entre R$101,00 e R$300,00, 10% pagaram de R$301,00 a R$500,00.

Todos que se hospedaram em casas de amigos e parentes não pagaram pela

hospedagem. Nos hotéis, todos pagaram entre R$301,00 e R$500,00.

As motivações dos turistas para a escolha do destino estão demonstradas na

Fig. 37.

95%

13%

88%

0%

20%

100%

0% 0% 0% 0%

85%

0% 0% 0%

5%

83%

0% 0% 0% 0%

100%

0% 0% 0% 0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

apenas para o evento conhecer/visitar

repúblicas estudantis

preço da estadia baixo atrativos naturais atrativos culturais

Republica Albergue Pousada Casa de amigos/parentes Hotel

Figura 37. Motivações dos turistas em cada meio de hospedagem.

A maior motivação para a visita a Ouro Preto para os hóspedes de todos os

meios de hospedagem foi a participação no evento. Dos hóspedes das

repúblicas, 88% acharam o preço da estadia baixo.

Page 78: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

66

Tendo novamente como referência a pesquisa “Os Jovens e o Consumo

Sustentável” que apontou que para a maioria dos jovens a decisão de compra

estava ligada sempre, em primeiro lugar, à qualidade e, em segundo, ao preço,

os resultados das Figs. 36 e 37 apontaram o preço como o fator para a decisão

da escolha do meio de hospedagem. O público do evento, jovens estudantes

tende à economia de recursos financeiros, desta forma as repúblicas

ofereceram aos mesmos o preço da estadia baixo. Além do atrativo do preço,

supõe-se que a companhia de outros jovens estudantes despertou interesse

dos participantes do evento permanecerem nas repúblicas.

As visitas anteriores à cidade de Ouro Preto estão demonstradas na Fig. 38.

58%

42%

sim não

Figura 38. Visitas anteriores ao evento científico.

Dos turistas entrevistados, 58% já vieram a Ouro Preto em datas anteriores.

A Fig. 39 demonstra o número de visitas à cidade em datas anteriores ao

evento científico.

Page 79: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

67

46%

100%

30%

0%

100%

18%

0%

10%

0% 0%

11%

0%

30%33%

0%

7%

0% 0%

33%

0%0% 0%

10%

0% 0%

18%

0%

20%

33%

0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

República Albergue Pousada Casa de amigos/parentes Hotel

não sim, 1 vez sim, 2 vezes sim, 3 vezes sim, 4 vezes sim, mais de 4 vezes

Figura 39. Visitas em datas anteriores ao evento científico nos diferentes meios de

hospedagem.

Dos turistas hospedados nas repúblicas 54% já vieram a Ouro Preto em outra

ocasião. Nas pousadas, 70% dos turistas alegaram já conhecer Ouro Preto.

Nos hotéis, todos os hóspedes alegaram não conhecer a cidade.

Aos turistas que já visitaram a cidade em outras datas, foi questionado o meio

de hospedagem utilizado (Tab. 3).

Tabela 3 – Meio de hospedagem utilizado em visitas anteriores ao evento científico

Hospedagem

utilizada durante a

participação do

evento científico

Hospedagem utilizada em visitas anteriores (%)

República Pousada Casa de

amigos/parentes Hotel Camping Albergue

Não se

hospedou

República 47 20 0 0 0 0 33

Pousada 29 43 0 0 0 0 28

Casa de

amigos/parentes 17 0 83 0 0 0 0

Page 80: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

68

Dos entrevistados, 47% que estavam hospedados em repúblicas no evento

científico, também se hospedaram em repúblicas nas visitas anteriores. Dos

hóspedes das pousadas, 43% se hospedaram em pousadas e 29% alegaram

ter se hospedado em repúblicas em outras visitas.

Foi questionado aos entrevistados se eles gostariam de voltar a Ouro Preto em

outra ocasião. Os resultados estão demonstrados na Fig. 40.

75%

100%

70%

33%

0%4%

0% 0% 0% 0%

21%

0%

30%

67%

100%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Republica Albergue Pousada Casa de

amigos/parentes

Hotel

sim não não sabe

Figura 40. Desejo de visitar Ouro Preto em outra ocasião.

Dos turistas hospedados nas repúblicas, 75% disseram que gostariam de voltar

a Ouro Preto em outra ocasião e 4% disseram que não voltariam. Todos os

entrevistados que se hospedaram em pousadas disseram que pretendiam

voltar à cidade. Dos que se hospedaram em pousadas, 70% gostariam de

voltar e 30% não tinham certeza se pretendiam voltar a Ouro Preto. Daqueles

que se hospedaram em casas de amigos e parentes 33% responderam que

gostariam de retornar a cidade e 67% não souberam responder. Nos hotéis

todos disseram que gostariam de voltar.

Page 81: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

69

Aos turistas que disseram que não gostariam de visitar novamente Ouro Preto

em outras datas foi perguntado o motivo para tal decisão. Todos disseram que

não há muitos atrativos na cidade e que por isso não há necessidade de nova

visita.

Aos que gostariam de voltar à cidade em outras ocasiões foi questionado se

eles utilizariam o mesmo meio de hospedagem que usaram durante a

participação do congresso científico. A Fig. 41 representa os resultados

obtidos.

48%

100%

57%

100%

29%

0% 0% 0%

23%

0%

43%

0%0%

10%

20%30%

40%

50%

60%

70%80%

90%

100%

República Albergue Pousada Casa de

amigos/parentes

sim não não sabe

Figura 41. Percentual de turistas que utilizariam o mesmo meio de hospedagem em

outras ocasiões.

Dos que se hospedaram nas repúblicas, 48% disseram que manteriam as

repúblicas como meio de hospedagem em outras visitas e 29% mudariam o

tipo de hospedagem. Nos albergues e em casa de amigos/parentes todos

disseram que manteriam o tipo de hospedagem em outras visitas a Ouro Preto.

Page 82: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

70

Dos hóspedes das pousadas 57% manteriam o meio de hospedagem e 43%

não souberam responder.

O desconforto na hospedagem escolhida foi o principal motivo para a mudança

do tipo de hospedagem para aqueles que voltariam em Ouro Preto em outra

ocasião e não ficaram satisfeitos com o serviço de hospedagem na ocasião do

evento.

4.4.3.1. Descrição do perfil do turista no evento científico

Os hóspedes das repúblicas eram estudantes, tinham idade variando entre 18

e 30 anos, renda familiar entre 3 e 5 salários mínimos, viajaram na companhia

de amigos. Vieram a Ouro Preto para a participação do evento e acharam o

preço da estadia baixo. Pagaram até R$100,00 pela diária da hospedagem.

Nos albergues havia tanto estudantes quanto profissionais. Tinham entre 26 e

30 anos, com renda familiar entre 6 e 10 salários mínimos, viajaram na

companhia amigos e vieram a Ouro Preto para a participação do evento.

Pagaram pela hospedagem até R$50,00 a diária.

Os hóspedes das pousadas eram, em sua maioria, profissionais, com idade

entre 18 e 25 anos e renda familiar entre 3 e 5 salários mínimos. Viajaram

acompanhados de amigos ou viajaram sozinhos. Vieram a Ouro Preto para a

participação do evento e acharam o preço da estadia baixo. Pagaram entre

R$101,00 e R$300,00 pela diária da hospedagem.

Page 83: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

71

Os hóspedes dos hotéis eram profissionais, com idade entre 26 e 30 anos e

renda familiar superior a 10 salários mínimos. Vieram sozinhos para a

participação do evento e pagaram pela hospedagem entre R$301,00 e

R$500,00 a diária.

No evento científico o público era predominantemente de jovens estudantes e

esse tipo de público, viajando com a principal motivação a participação do

evento, prioriza a economia de recursos financeiros. Nesse caso, as repúblicas

se tornaram concorrentes das hospedagens formais, pois ofereceram preço

baixos e portanto conseguiram absorver a maioria dos participantes do evento.

Page 84: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

72

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os atrativos culturais de Ouro Preto, com destaque para algumas de suas

igrejas, o casario colonial, os monumentos, museus, as obras de Aleijadinho e

sua paisagem circundante, têm sua imagem amplamente difundida pelos meios

de comunicação de massa que a tornam “conhecida” no Brasil e no mundo, por

influência também do título de Patrimônio Cultural da Humanidade.

Ouro Preto é famosa no período de carnaval pela animação das festas e dos

blocos carnavalescos e reuniu, em 2006, cerca de 30 mil pessoas por dia. O

carnaval atua como um atrativo diferencial, e é responsável pela incursão

maciça de turistas e excursionistas que, em grande parte, encaram tal

festividade como o principal atrativo, relegando os bens patrimoniais a um

segundo plano no qual atua como um simples cenário da festividade. Além das

festas e blocos, a cidade desperta interesse pelas suas belezas naturais e pelo

seu conjunto arquitetônico, atraindo pessoas de perfis e gostos variados.

Porém, a pesquisa revelou que em 2006 a maioria dos foliões era jovem, com

até 30 anos de idade, com renda familiar média a elevada e que buscava

durante o carnaval blocos, carnaval de rua, “Espaço Folia” e festa nas

repúblicas.

Geralmente, a escolha da hospedagem não se dá por si só, e é feita porque a

hospedagem apresenta um serviço de apoio para uma motivação maior que o

trouxe ao destino, ou seja, os turistas querem um local em que possam

Page 85: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

73

descansar e recuperar suas energias durante as viagens ou estadas em uma

destinação. Porém, em Ouro Preto, as repúblicas são famosas e tradicionais e

despertam interesse em muitos turistas, principalmente no carnaval, já que se

tornam sinônimo de prazer, diversão e jovialidade. Estas comercializam

efetivamente a hospedagem, oferecendo produtos e serviços aos turistas –

festas, blocos, camisetas – e tornam-se não apenas um serviço de apoio ou um

local de descanso, mas sim um atrativo e uma motivação para escolha do

destino. Pelo estudo, os que esperavam ter na hospedagem o conforto e a

privacidade do quarto para descansar tenderam a escolher hotéis, pousadas,

albergues e campings, enquanto os que não se importaram com conforto e o

descanso e preferiram as festas e optaram pela hospedagem nas repúblicas.

A Semana Santa de 2006 atraiu para Ouro Preto um público com idade acima

de 30 anos, que possuía uma renda familiar de média a elevada. Muitos

turistas vieram para participar da Semana Santa procurando vivenciar a

tradição religiosa nas procissões e cerimônias; outros aproveitaram a data para

visitar amigos e parentes. Na Semana Santa, diferentemente do carnaval, a

república não era um atrativo e nessa data as repúblicas não praticaram

efetivamente a comercialização do serviço de hospedagem. Os resultados da

pesquisa sugerem que nessa data as repúblicas receberam parentes e amigos

e não cobraram pela hospedagem.

O evento científico estudado tinha um público predominantemente de jovens

estudantes. Esse tipo de público, viajando para a participação de um evento,

priorizou a economia de recursos financeiros e as repúblicas ofereceram a

Page 86: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

74

esses turistas baixo preço da hospedagem. Além do atrativo do preço a

companhia de outros jovens estudantes podem tem despertado interesse dos

participantes do evento permanecerem nas repúblicas.

O que justificou a realização dessa pesquisa foi a insatisfação por parte dos

comerciantes da rede hoteleira em relação à hospedagem nas repúblicas

estudantis, principalmente no período do carnaval. Porém os resultados

revelaram que os turistas que escolheram as repúblicas como hospedagem

foram motivados principalmente por elas e provavelmente não escolheriam

outro meio de hospedagem ou mesmo não escolheriam Ouro Preto como

destino no carnaval caso não existissem essas tradicionais festas nas

repúblicas. Já no evento científico estudado, que tinha um público

predominantemente de jovens estudantes, as repúblicas se tornaram

concorrentes das hospedagens formais. Os turistas, nesse caso, tiveram como

motivação principal a participação do evento, e a hospedagem representou

apenas um serviço de apoio e as repúblicas ganharam a concorrência em

relação aos meios de hospedagem formais especialmente pelo fator preço.

Apesar de ter alcançado o objetivo proposto, definindo o perfil do turista que se

hospeda em cada meio de hospedagem disponível na cidade de Ouro Preto

em três eventos distintos, esse estudo não encerra a discussão sobre

hospedagem informal em repúblicas. Sugere-se, uma pesquisa que avalie os

impactos positivos e negativos que o turismo causa a Ouro Preto, em especial

no carnaval, pois é nessa data em que a cidade recebe o maior número de

turistas, atraídos não só pelos atrativos culturais e naturais, mas também pelas

Page 87: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

75

repúblicas estudantis. O fluxo turístico desse período de carnaval vem sendo

alvo de muitas críticas da sociedade ouropretana, incluindo os próprios

empresários do setor turístico, por causarem mais efeitos negativos que

vantagens econômicas à cidade, já que nesse período o visitante nem sequer

se utiliza dos equipamentos turísticos existentes na cidade como hotéis,

pousadas e restaurantes, pois ficam hospedados nas repúblicas estudantis, em

casas de amigos ou retornam no mesmo dia para a cidade de origem.

Durante essas festividades, Ouro Preto é “invadida” por milhares de pessoas,

congregando, principalmente, um público jovem composto por muitos

estudantes. A principal motivação da viagem para a maioria destas pessoas

consiste na participação das festividades que se espalham pelas ruas do centro

histórico e pelas repúblicas estudantis concentradas na área central e em

outros pontos da cidade. O patrimônio torna-se apenas um cenário para as

festividades.

O caráter massivo destes empreendimentos que envolvem shows, desfiles,

festas e carros de sons espalhados pelas ladeiras do núcleo urbano central,

podem gerar efeitos danosos aos bens patrimoniais que podem ter sua

estrutura física prejudicada em função do excesso de pessoas, veículos

pesados e da alta potência sonora da aparelhagem de som instalada em vários

pontos da cidade.

A falta de infra-estrutura e de equipamentos urbanos como sanitários públicos,

lixeiras, estacionamentos e outros equipamentos, podem comprometer o grau

Page 88: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

76

de conservação da cidade que durante este período se torna suja e mal

cheirosa, desagradando a população residente.

Dessa forma, a atividade turística em Ouro Preto demonstra-se ambivalente,

pois os benefícios trazidos pela atividade se equiparam ainda, segundo a

própria população local, aos malefícios, gerando um ônus ao patrimônio e à

comunidade que o poder público, mesmo continuando a promover

investimentos no setor, não consegue suprir. Diante desta realidade, sugere-se

uma pesquisa que identifique e analise tais impactos negativos.

A falta de dados oficiais e a carência de informações confiáveis, relacionadas

ao turismo, tais como a quantidade de pessoas que visitam a cidade, o perfil da

demanda, a taxa de ocupação anual da rede hoteleira e a própria participação

da atividade na economia local dificultam a apreensão da evolução do turismo

ao longo dos anos, bem como aumentam as dificuldades relacionadas ao

planejamento e à gestão da atividade pelo poder público e pela iniciativa

privada.

É preciso compreender se Ouro Preto suporta a média de 30 mil turistas por

dia no carnaval. Para isso, é necessária uma pesquisa que avalie os impactos

econômico, ambiental e sociocultural, além da capacidade de carga. Os

resultados dessa pesquisa somados ao perfil do turista são fundamentais para

a elaboração de um Plano para Desenvolvimento Turístico de Ouro Preto,

visando uma estratégia de desenvolvimento que seja minucioso e reflexivo

Page 89: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

77

sobre as questões econômicas, sociais e culturais da cidade, incrementando

ações futuras para o turismo com o propósito do desenvolvimento sustentável.

A sustentabilidade do turismo está ligada ao seu desenvolvimento de forma

equilibrada, elevando os impactos positivos, mas também considerando a

fragilidade do local, visando minimizar os impactos negativos.

Page 90: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

78

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSESSORIA DE IMPRENSA PREFEITURA MUNICIPAL DE OURO PRETO Carnaval de Ouro Preto mantêm tradição. Disponível em: http://www.ouropreto.com.br. Acesso em: abr. 2006. BALANZÁ, Isabel Milio; NADAL, Mônica Cabo. Marketing e Comercialização de Produtos Turísticos. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. 222 p. BARBOSA, Fábia F. O turismo como fator de desenvolvimento local e/ou regional. Caminhos da Geografia - Revista on line, Lavras, MG, v. 10, n. 14, 2005a. Disponível em: http://www.ig.ufu.br/caminhosdegeografia.html. Acesso em: fev. 2006. BARBOSA, LÍVIO. Ouro Preto quer menos impacto no Carnaval. O Tempo, Belo Horizonte, 26 jan. 2006b. Disponível em: http://www.otempo.com.br/cidades. Acesso em: 10 abr. 2006. BLOCO EM Ouro Preto terá limite de 2.000 participantes. Folha on line, Belo Horizonte, 22 fev. 2006. Disponível em: http://www.folha.uol.com.br/folha. Acesso em: 10 abr. 2006. BRASIL. Roteiros do Brasil – Programa de Regionalização do Turismo: roteirização turística – módulo 7. 2005a. 42 p. Disponível em: http://www.turismo.al.gov.br/institucional/projetos-programas. Acesso em: 12 set. 2006. BRASIL. Deliberação Normativa n° 429/02. Regulamento e Sistema Oficial de Classificação de Meios de Hospedagem. Instituto Brasileiro de Turismo. Brasília: Ministério do Esporte e Turismo, 2002b. Disponível em: http://institucional.turismo.gov.br/mintur/parser/ministerio/legislacao. Acesso: 09 nov. 2005. BRASIL. Deliberação Normativa nº 84.910/80. Regulamento dos Meios de Hospedagem do Instituto Brasileiro de Turismo. Instituto Brasileiro de Turismo. Brasília: Ministério do Turismo, 1980c. Disponível em: http://institucional.turismo.gov.br/mintur/parser/ministerio/legislacao. Acesso: 09 nov. 2005. CAMPOS, L. C. A. M.; GONÇALVES, M. H. B. Introdução ao turismo e a hotelaria. Rio de Janeiro: Ed. Senac Nacional, 1998. 112 p. CAMURÇA, Marcelo Ayres; GIOVANNINI JÚNIOR, Oswaldo. Religião, patrimônio histórico e turismo na Semana Santa em Tiradentes (MG). Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, v. 9, n. 20, p. 225-247, out. de 2003.

Page 91: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

79

CARVALHO, Camila A.; FLECHA, Ângela Cabral, DUARTE, A.C.F. Pesquisa e captação de eventos - uma forma de promoção local. Seminário de Iniciação Cientifica, 12, 2005, Ouro Preto/MG. Anais do SIC. Ouro Preto: UFOP, 2005. CIFELLI, Gabrielle. Turismo, patrimônio e novas territorialidades Ouro Preto/MG. 2005. 220 p. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas/SP. Disponível em: http://www.unicamp.br/document/?code=vtls000375809. Acesso em: 30/11/2006 COBRA, Marcos. Administração de Marketing. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1992. 808 p. COOPER, Chris; FLETCHER, John; WANHILL, Stephen; GILBERT, David; SHEPHERD, Rebecca. Turismo – Princípios e práticas. 2. ed. São Paulo: Bookman, 1998. 560 p. DE LA TORRE, OSCAR. El turismo, fenómeno social. 2. ed. México: Ed. Fondo de Cultura Econômica, 1997. FERREIRA, Rosalbo. Estratégias de orientação para o mercado em organização de serviço como forma de ganhar vantagem competitiva, 2006. 259 p. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção), Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. Disponível em: http://teses.eps.ufsc.br/resumo. Acesso em: 06 de out. 2006. INSTITUTO AKATU. Os Jovens e o Consumo Sustentável – construindo o próprio futuro?. 2000. 44 p. Disponível em: www.akatu.org.br. Acesso em: 12 set. 2006. LAURINDO, Carolina Pereira. Identificação do padrão de concorrência do setor hoteleiro da ilha de Santa Catarina. 2004. 97 p. Monografia (Graduação em Ciências Econômicas) Departamento de Ciências Econômicas, Universidade Federal de Santa Catarina, Santa Catarina. Disponível em: http://www.cse.ufsc.br/gecon/coord_mono/2004. Acesso em: 16 set. 2006. MACHADO, Otávio Luiz. Práticas Culturais e os Estudantes de Ouro Preto. Congresso Brasileiro de Sociologia, 11, 2003, Campinas/SP. Anais do XI Congresso Brasileiro de Sociologia. Campinas: Unicamp, 2003. Disponível em: http://www.sbsociologia.com.br/sbs_v01/xicongresso/sf00_qua03_09.shtml. Acesso em: 30/11/2006 MARCONI, M.A; LAKATOS, E.M. Técnicas de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1996. 289 p. NOTÍCIAS DO CENTRO DE ARTES E CONVENÇÕES DA UFOP. Disponível em: http://www.ouropreto.com.br/noticias. Acesso em: jun., 2006.

Page 92: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

80

OLIVEIRA, C. J. A. Semana Santa em Ouro Preto. Disponível em: http://www.ouropreto.com.br/noticias. Acesso em: mai, 2006. OMT - Organização Mundial do Turismo. Introdução ao Turismo. São Paulo: Ed. Roca, 2001. 372 p. PEIXOTO, Paulo. Axé chega a Ouro Preto, mas blocos dão o tom. Folha on line, Belo Horizonte, 22 fev. 2006. Disponível em: http://www.folha.uol.com.br/folha. Acesso em: 10 abr. 2006. REPÚBLICAS ESTUDANTIS. Ouro Preto, 2006. Disponível em: http://www.ufop.br. Acesso em: 10 abr. 2006. RELIGIÕES E CRENÇAS. Disponível em: http://www.feriadao.com.br. Acesso em: 25 mai. 2006. SILVA, Patrícia Garrido Nery da. O programa Bahia Qualitur sob a ótica da qualificação profissional e da gestão organizacional em meios de hospedagem de pequeno porte: um estudo de caso no Albergue das Laranjeiras. 2005. 62 p. Monografia (Graduação em Administração com Habilitação em Hotelaria) - CEFET, Salvador. Disponível em: http://www.cefetba.br/ensino/superior/adm_monografia.htm. Acesso em: 18 ago. 2006. WIKIPÉDIA. Carnaval. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Carnaval. Acesso em: mar. 2006.

Page 93: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

81

APÊNDICES

Page 94: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

82

APÊNDICE I – QUESTIONÁRIO DE OFERTA DE HOSPEDAGEM INFORMAL

QUESTIONÁRIO DE PESQUISA

Este questionário destina-se à pesquisa de monografia de Mariana Jaques, aluna do Curso de

Turismo da UFOP e suas informações serão utilizadas somente para este fim. Sua participação

é muito importante.

O questionário é dirigido aos moradores das repúblicas estudantis da UFOP.

1. A república hospeda turistas no carnaval?

( ) Sim, no máximo ____ pessoas.

( ) Não.

2. Hospeda em outras datas?

( ) Sim, no máximo ____ pessoas.

( ) Não.

Page 95: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

83

APÊNDICE II – QUESTIONÁRIO DE HOSPEDAGEM – CARNAVAL

QUESTIONÁRIO DE PESQUISA

Este questionário destina-se à pesquisa de monografia de Mariana Jaques, aluna do Curso de Turismo da UFOP e suas informações serão utilizadas somente para este fim. Sua participação é muito

importante. O questionário é dirigido àqueles que têm mais de 18 anos, não residentes na cidade de Ouro

Preto e que utilizam algum meio de hospedagem para estadia durante o Carnaval.

1. Faixa etária

18 a 21 anos 22 a 25 anos 26 a 30 anos 30 a 40 anos acima de 40 anos

2. Sexo

feminino masculino

3. Ocupação

estudante profissional

4. Renda Familiar

até 1 salário mínimo de 1 a 2 salários mínimos de 3 a 5 salários mínimos de 5 a 10 salários mínimos acima de 10 salários mínimos

5. Local de Hospedagem

hotel pousada camping república albergue casa de amigos/parentes Outros _____________________________

6. Se a república é o meio de hospedagem, quais itens abaixo foram oferecidos?

alimentação blocos carnavalescos festas Outros ________________________

7. O Sr(a) veio a Ouro Preto:

sozinho(a) com amigos com cônjuge/namorado(a) com família Outros _______

8. Qual o valor total da hospedagem para os dias de carnaval?

até R$100,00 de R$101,00 a R$300,00 de R$301,00 a R$500,00

de R$501,00 a R$700,00 de R$701,00 a R$1000,00 acima de R$1000,00

9. Quais atrativos motivaram sua vinda a cidade de Ouro Preto nos dias de Carnaval?

preço da estadia festa nas repúblicas carnaval de rua “Espaço Folia” (shows)

atrativos naturais (cachoeiras, serras, etc) atrativos culturais (museus, igrejas, etc)

blocos carnavalescos todos Outros:_______________________________________

10. O Sr(a) já participou do Carnaval em Ouro Preto?

não sim, 1 vez sim, 2 vezes sim, 3 vezes sim, 4 vezes mais de 4 vezes

11. Se sua resposta na pergunta anterior for SIM, qual o meio de hospedagem utilizado?

hotel pousada camping república

albergue casa de amigos/parentes Outros _____________________________

12. O Sr(a) gostaria de voltar a Ouro Preto no próximo carnaval?

Sim

Não. Por quê? ___________________________________________________________

Não sei.

13. Se sua resposta na pergunta anterior for SIM, o Sr(a) utilizaria o mesmo meio de hospedagem?

Sim

Não. Por quê? ___________________________________________________________

Não sei.

Page 96: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

84

RESEARCH QUESTIONNAIRE

This questionnaire is designated to a paper research of Mariana Jaques, a Tourism student of UFOP. These informations will be only used in this paper. Your help is really important.

The questionnaire will be applied only in +/= 18 years old, not residents in Ouro Preto and hotels or similar users.

1. Origin city ________________________________________

2. Age

18 a 21 22 a 25 26 a 30 30 a 40 more than 40

3. Sex

female male

4. Occupation

student professional

5. Familiar income

until 1 salary from 1 to 2 salaries from 3 to 5 salaries

from 5 to 10 salaries more than 10 salaries

6. Lodging

hotel inn camping student “republic”

hostel friends or relatives house Others______________________

7. If you marked “republic”, which items below were offered?

food carnival “blocos” parties Others______________________

8. You came to Ouro Preto:

alone with friends with spouse / boyfriend with family Others_____________

9. What was the total price for these carnival days?

until R$100,00 from R$101,00 to R$300,00 from R$301,00 to R$500,00

from R$501,00 to R$700,00 from R$701,00 to R$1000,00 more than R$1000,00

10. What kind(sort of) attractions has motivated you visiting Ouro Preto in carnival?

lodging price ”republic” parties street carnival ”Espaço Folia” (shows)

natural attractions culture attractions (museums, churches, etc)

carnival “blocos” Others________________________________________

11. Have you ever been in Ouro Preto for carnival?

no yes, once yes, twice yes, 3 times yes, 4 times more than 4

12. If you answer above were YES, which were the lodgment used ?

hotel inn camping student “republic”

hostel friends or relatives house Others______________________

13. Would you like to come back to Ouro Preto for the carnival?

yes no, Why?____________________________________________________

Don’t know

14. If your answer above were YES, would you use the same kind of lodging?

yes no, Why?_________________________________________________

Don’t know

Page 97: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

85

APÊNDICE III – QUESTIONÁRIO DE HOSPEDAGEM – SEMANA SANTA

QUESTIONÁRIO DE PESQUISA

Este questionário destina-se à pesquisa de monografia de Mariana Jaques, aluna do Curso de Turismo da UFOP e suas informações serão utilizadas somente para este fim. Sua participação é muito

importante. O questionário é dirigido àqueles que têm mais de 18 anos, não residentes na cidade de Ouro

Preto e que utilizam algum meio de hospedagem.

1. Faixa etária

18 a 21 anos 22 a 25 anos 26 a 30 anos 30 a 40 anos acima de 40 anos

2. Sexo

feminino masculino

3. Ocupação

estudante profissional

4. Renda Familiar

até 1 salário mínimo de 1 a 2 salários mínimos de 3 a 5 salários mínimos

de 5 a 10 salários mínimos acima de 10 salários mínimos

5. Local de Hospedagem

hotel pousada camping república

albergue casa de amigos/parentes Outros _________________________

6. O Sr(a) veio a Ouro Preto:

sozinho(a) com amigos com cônjuge/namorado(a) com família Outros ___

7. Qual o valor da diária da hospedagem?

até R$20,00 de R$21,00 a R$50,00 de R$51,00 a R$80,00 de R$81,00 a R$100,00

de R$101,00 a R$150,00 de R$151,00 a R$200,00 acima de R$200,00

8. Quantos dias o Sr(a) vai permanecer em Ouro Preto?

1 dia 2 dias 3 dias 4 dias mais de 4 dias

9. Quais atrativos motivaram sua vinda a cidade de Ouro Preto nos dias da Semana Santa?

apenas as atividades da Semana Santa preço da estadia baixo visitar amigos/parentes

repúblicas estudantis atrativos naturais (cachoeiras, serras, etc)

atrativos culturais (museus, igrejas, etc todos as respostas anteriores Outros:____________

10. O Sr(a) já visitou Ouro Preto?

não sim, 1 vez sim, 2 vezes sim, 3 vezes sim, 4 vezes mais de 4 vezes

11. Se sua resposta na pergunta anterior for SIM, qual o meio de hospedagem utilizado?

hotel pousada camping república

albergue casa de amigos/parentes Outros _________________________

12. O Sr(a) gostaria de voltar a Ouro Preto?

sim

Não. Por quê? __________________________________________________________________

Não sei.

13. Se sua resposta na pergunta anterior for SIM, o Sr(a) utilizaria o mesmo meio de hospedagem?

Sim

Não. Por quê? ___________________________________________________________

Não sei.

Page 98: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

86

RESEARCH QUESTIONNAIRE

This questionnaire is designated to a paper research of Mariana Jaques, a Tourism student of UFOP. These informations will be only used in this paper. Your help is really important.

The questionnaire will be applied only in +/= 18 years old, not residents in Ouro Preto and hotels or similar users.

1.Age

18 a 21 22 a 25 26 a 30 30 a 40 more than 40

2. Sex

female male

3.Occupation

student professional

4.Familiar income

until 1 salary from 1 to 2 salaries from 3 to 5 salaries

from 5 to 10 salaries more than 10 salaries

5.Lodging

hotel inn camping student “republic”

hostel friends or relatives house Others______________________

6.You came to Ouro Preto:

alone with friends with spouse / boyfriend with family Others_____________

7.How much did you pay by day for lodge?

até R$20,00 de R$21,00 a R$50,00 de R$51,00 a R$80,00 de R$81,00 a R$100,00

de R$101,00 a R$150,00 de R$151,00 a R$200,00 acima de R$200,00

8.What sort of attractions has motivated you visiting Ouro Preto in Saint week?

only the Saint Week activities “student republics” low price of lodgment

natural attractions culture attractions (museums, churches, etc) visiting relatives and friens

all these answers Others_______________________________________

9.Have you ever been in Ouro Preto before?

no yes, once yes, twice yes, 3 times yes, 4 times more than 4

10.If you answer above were YES, which were the lodgment used ?

hotel inn camping “student republic”

hostel friends or relatives house Others______________________

11.Would you like to come back to Ouro Preto?

yes no Why?____________________________________________________

don’t know

12.If your answer above were YES, would you use the same kind of lodging? yes no Why?____________________________________________________

Don’t know

Page 99: Monografia de mariana alves jaques no turismo da ufop em 2006

87

APÊNDICE IV – QUESTIONÁRIO DE HOSPEDAGEM – EVENTO

CIENTÍFICO

QUESTIONÁRIO DE PESQUISA

Este questionário destina-se à pesquisa de monografia de Mariana Jaques, aluna do Curso de Turismo da UFOP e suas informações serão utilizadas somente para este fim. Sua participação é muito

importante. O questionário é dirigido àqueles que têm mais de 18 anos, não residentes na cidade de Ouro

Preto e que utilizam algum meio de hospedagem.

1. Faixa etária

18 a 21 anos 22 a 25 anos 26 a 30 anos 30 a 40 anos acima de 40 anos

2. Sexo

feminino masculino

3. Ocupação

estudante profissional

4. Renda Familiar

até 1 salário mínimo de 1 a 2 salários mínimos de 3 a 5 salários mínimos

de 5 a 10 salários mínimos acima de 10 salários mínimos

5. Local de Hospedagem

hotel pousada camping república

albergue casa de amigos/parentes Outros _________________________

6. Se a república é o meio de hospedagem, quais itens abaixo foram oferecidos?

alimentação festas Outros ________________________

7. O Sr(a) veio a Ouro Preto:

sozinho(a) com amigos com cônjuge/namorado(a) com família Outros ___

8. Qual o valor da hospedagem para todos os dias do evento?

até R$50,00 de R$51,00 a R$100,00 de R$101,00 a R$300,00 de R$301,00 a R$500,00

de R$501,00 a R$700,00 de R$701,00 a R$1000,00 acima de R$1000,00

9. Quais atrativos motivaram sua vinda à cidade de Ouro Preto nos dias da Semana Santa?

apenas o evento que estou participando preço da estadia baixo visitar amigos/parentes

repúblicas estudantis atrativos naturais (cachoeiras, serras, etc)

atrativos culturais (museus, igrejas, etc todos as respostas anteriores Outros:____________

10. O Sr(a) já visitou Ouro Preto?

não sim, 1 vez sim, 2 vezes sim, 3 vezes sim, 4 vezes mais de 4 vezes

11. Se sua resposta na pergunta anterior for SIM, qual o meio de hospedagem utilizado?

hotel pousada camping república

albergue casa de amigos/parentes Outros _________________________

12. O Sr(a) gostaria de voltar a Ouro Preto?

sim

Não. Por quê? __________________________________________________________________

Não sei.

13. Se sua resposta na pergunta anterior for SIM, o Sr(a) utilizaria o mesmo meio de hospedagem?

Sim

Não. Por quê? ___________________________________________________________

Não sei.

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RESEARCH QUESTIONNAIRE

This questionnaire is designated to a paper research of Mariana Jaques, a Tourism student of UFOP. These informations will be only used in this paper. Your help is really important.

The questionnaire will be applied only in +/= 18 years old, not residents in Ouro Preto and hotels or similar users.

1.Age

18 a 21 22 a 25 26 a 30 30 a 40 more than 40

2. Sex

female male

3.Occupation

student professional

4.Family income

until 1 salary from 1 to 2 salaries from 3 to 5 salaries

from 5 to 10 salaries more than 10 salaries

5.Lodging

hotel inn camping student “republic”

hostel friends or relatives house Others______________________

6.If you marked “republic”, which items below were offered?

food parties Others______________________

7.You came to Ouro Preto:

alone with friends with spouse / boyfriend with family Others_____________

8.What was the total price for these event days?

until R$100,00 from R$101,00 to R$300,00 from R$301,00 to R$500,00

from R$501,00 to R$700,00 from R$701,00 to R$1000,00 more than R$1000,00

9.What sort of attractions has motivated you visiting Ouro Preto?

only the event activities “student republics” low price of lodgment

natural attractions culture attractions (museums, churches, etc) visiting relatives and friens

all these answers Others________________________________________

10.Have you ever been in Ouro Preto before?

no yes, once yes, twice yes, 3 times yes, 4 times more than 4

11.If you answer above were YES, which were the lodgment used ?

hotel inn camping “student republic”

hostel friends or relatives house Others______________________

12.Would you like to come back to Ouro Preto?

yes no Why?____________________________________________________

don’t know

13.If your answer above were YES, would you use the same kind of lodging? yes no Why?____________________________________________________

Don’t know

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ANEXOS

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ANEXO I – DELIBERAÇÃO NORMATIVA N° 429, DE 23 DE ABRIL DE 2002

A Diretoria da EMBRATUR - Instituto Brasileiro de Turismo, no uso de suas atribuições legais e estatutárias, considerando a competência atribuída a este Instituto, nos termos do artigo 4°, da Lei n° 6.505, de 13 de dezembro de 1977; do inciso X, do artigo 3° , da Lei 8.181, de 28 de março de 1991; e do Decreto n° 84.010, de 15 de julho de 1980, Considerando o Termo de Compromisso firmado em 11 de abril de 2001, entre o Ministério do Esporte e Turismo, por meio da EMBRATUR - Instituto Brasileiro de Turismo e a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis - ABIH Nacional, publicado no DOU, de 03 de julho de 2001, visando definir parâmetros para instituir um novo Sistema de Classificação dos Meios de Hospedagem; RESOLVE: Art. 1° - Aprovar os anexos Regulamento Geral dos Meios de Hospedagem e Regulamento do Sistema Oficial de Classificação dos Meios de Hospedagem, para os fins estabelecidos no artigo 4°, da Lei 6.505, de 13 de dezembro de 1977; no inciso X, do artigo 3°, da Lei 8.181, de 28 de mar;o de 1991; e no Decreto 84.910, de 15 de julho de 1980. Art. 2° - Os documentos mencionados no artigo anterior são o resultado da conclusão dos trabalhos realizados pelo Conselho Técnico Nacional Provisório, instituído pela Deliberação Normativa n° 428, de 29 de novembro de 2002, publicada no Diário Oficial da União, de 11 de janeiro de 2002. Art. 3° - Os Regulamentos ora instituídos modificam o Regulamento dos Meios de Hospedagem, o Manual de Avaliação e a Matriz de Classificação criados pela Deliberação Normativa n° 387, de 28 de janeiro de 1998, publicada no Diário Oficial da União n° 27, de 09/02/98, nos seguintes aspectos básicos: I - modifica o Regulamento Geral dos Meios de Hospedagem; II - altera integralmente o processo de classificação dos meios de hospedagem; III - procede alterações no Manual de Avaliação e na Matriz de Classificação dos Meios de Hospedagem IV - incorpora ao Regulamento Geral dos Meios de Hospedagem, como anexos I e II os impressos denominados, respectivamente, "Ficha Nacional de Registro de Hóspedes - FNRH" e "Boletim de Ocupação Hoteleira - BOH"; V - Incorpora, igualmente, no Regulamento do Sistema Oficial de Classificação dos Meios de Hospedagem os anexos III e IV, denominados Manual de Avaliação e Matriz de Classificação; VI - consolida disposições dispersas na legislação, concernente à atividade hoteleira.

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Art. 4° - Esta Deliberação Normativa entra em vigor na data de sua publicação no Diário Oficial da União, revogada a Deliberação Normativa n° 387, de 28 de janeiro de 1998, publicada no DOU de 09/02/1998. Luiz Otávio Caldeira Paiva Presidente Francisca Regina Magalhães Cavalcante Diretora de Economia e Fomento Marco Antônio de B. Lomanto Diretor de Marketing João Elias Cardoso Diretor de Administração e Finanças

REGULAMENTO GERAL DOS MEIOS DE HOSPEDAGEM

Regulamento Geral dos Meios de Hospedagem

Art. 1º - O presente Regulamento dispõe sobre os Meios de Hospedagem, estabelecendo: I - o conceito de empresa hoteleira, meio de hospedagem e as expressões usualmente consagradas no exercício da atividade; II - os requisitos exigidos para operação e funcionamento dos estabelecimentos; III - as condições para contratação dos serviços de hospedagem. Art. 2º - Considera-se empresa hoteleira a pessoa jurídica, constituída na forma de sociedade anônima ou sociedade por quotas de responsabilidade limitada, que explore ou administre meio de hospedagem e que tenha em seus objetivos sociais o exercício de atividade hoteleira, observado o Art. 4º do Decreto nº 84.910, de 15 de julho de 1980. Art. 3º - Considera-se meio de hospedagem o estabelecimento que satisfaça, cumulativamente, às seguintes condições: I - seja licenciado pelas autoridades competentes para prestar serviços de hospedagem; II - seja administrado ou explorado comercialmente por empresa hoteleira e que adote, no relacionamento com os hóspedes, contrato de hospedagem, com as características definidas neste Regulamento e nas demais legislações aplicáveis; Parágrafo único - Observadas as disposições do presente Regulamento, os meios de hospedagem oferecerão aos hóspedes, no mínimo:

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I - alojamento, para uso temporário do hóspede, em Unidades Habitacionais (UH) específicas a essa finalidade; II - serviços mínimos necessários ao hóspede, consistentes em: a) Portaria/recepção para atendimento e controle permanentes de entrada e saída; b) Guarda de bagagens e objetos de uso pessoal dos hóspedes, em local apropriado; c) Conservação, manutenção, arrumação e limpeza das áreas, instalações e equipamentos. III - padrões comuns estabelecidos no Art. 7º deste Regulamento. Art. 4º - Unidade Habitacional - UH é o espaço, atingível a partir das áreas principais de circulação comuns do estabelecimento, destinado à utilização pelo hóspede, para seu bem estar, higiene e repouso. Art. 5º - Quanto ao tipo, as UH dos meios de hospedagem são as seguintes: I – quarto – UH constituída, no mínimo, de quarto de dormir de uso exclusivo do hóspede, com local apropriado para guarda de roupas e objetos pessoais. II - apartamento - UH constituída, no mínimo, de quarto de dormir de uso exclusivo do hóspede, com local apropriado para guarda de roupas e objetos pessoais, servida por banheiro privativo; III - suíte - UH especial constituída de apartamento, conforme definido no inciso II, deste artigo, acrescido de sala de estar. § 1º - Poder-se-á admitir, especialmente para determinados tipos de meios de hospedagem a serem definidos pela EMBRATUR, Unidades Habitacionais distintas daquelas referidas neste artigo. § 2º - As UH poderão ser conjugadas e adaptadas para funcionamento como sala de estar e/ou quarto de dormir, sendo, entretanto, sempre consideradas, para efeito de avaliação, como duas ou mais UH distintas. Art. 6º - Entende-se por diária o preço de hospedagem correspondente à utilização da UH e dos serviços incluídos, observados os horários fixados para entrada (check-in) e saída (check-out). § 1º - O estabelecimento fixará o horário de vencimento da diária à sua conveniência ou de acordo com os costumes locais ou ainda conforme acordo direto com os clientes § 2º - Poderão ocorrer formas diferenciadas de cobrança de diária, conforme conveniência e acordo entre o meio de hospedagem e os hóspedes. § 3º - Quando não especificado o número de ocupantes da UH, a diária básica referir-se-á, sempre, à ocupação da UH por duas pessoas.

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Art. 7º - Os padrões comuns a todos os meios de hospedagem são os seguintes: I - Quanto a posturas legais: a) licenciamento pelas autoridades competentes para prestar serviços de hospedagem, inclusive dos órgãos de proteção ambiental; b) administração ou exploração comercial, por empresa hoteleira, conforme o Art. 2º deste Regulamento; c) oferta de alojamento temporário para hóspedes, mediante adoção de contrato, tácito ou expresso, de hospedagem e cobrança de diária, pela ocupação da UH; d) exigências da legislação trabalhista, especialmente no que se refere a vestiários, sanitários e local de refeições de funcionários e Comissões de Prevenção de Acidentes de Trabalho – CIPA. II - Quanto a aspectos construtivos: a) edificações construídas ou expressamente adaptadas para a atividade; b) áreas destinadas aos serviços de alojamento, portaria/recepção, circulação, serviços de alimentação, lazer e uso comum, e outros serviços de conveniência do hóspede ou usuário, separadas entre si e no caso de edificações que atendam a outros fins, independentes das demais; c) proteção sonora, conforme as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT - e legislação aplicáveis; d) salas e quartos de dormir das UH dispondo de aberturas para o exterior, para fins de iluminação e ventilação; e) todos os banheiros dispondo de ventilação natural, com abertura direta para o exterior, ou através de duto; f) serviços básicos de abastecimento de água que não prejudiquem a comunidade local, bem como de energia elétrica, rede sanitária, tratamento de efluentes e coleta de resíduos sólidos, com destinação adequada; g) facilidades construtivas, de instalações e de uso, para pessoas com necessidades especiais, de acordo com a NBR 9050 – 1994, em prédio com projeto de arquitetura aprovado pela Prefeitura Municipal, como meio de hospedagem, após 12 de agosto de 1987. Em caso de projetos anteriores, o meio de hospedagem deverá dispor de sistema especial de atendimento. III - Quanto a equipamentos e instalações: a) instalações elétricas e hidráulicas de acordo com as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT - e legislação aplicável; b) instalações de emergência, para a iluminação de áreas comuns e para o funcionamento de equipamentos indispensáveis à segurança dos hóspedes; c) elevador para passageiros e cargas, ou serviço, em prédio com quatro ou mais pavimentos, inclusive o térreo, ou conforme posturas municipais; d) instalações e equipamentos de segurança contra incêndio e pessoal treinado a operá-lo, de acordo com as normas estabelecidas e pelo Corpo de Bombeiros local;

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e) quarto de dormir da UH mobiliado, no mínimo, com cama, equipamentos para a guarda de roupas e objetos pessoais, mesa-de-cabeceira e cadeira. IV - Quanto a serviços e gestão: a) portaria/recepção apta a permitir a entrada, saída, registro e liquidação de conta dos hóspedes, durante as 24 horas do dia; b) registro obrigatório do hóspede no momento de sua chegada ao estabelecimento, por meio de preenchimento da Ficha Nacional de Registro de Hóspedes - FNRH, aprovada pela EMBRATUR; c) limpeza e arrumação diária da UH, fornecimento e troca de roupa de cama e banho, bem como de artigos comuns de higiene pessoal, por conta do estabelecimento; d) serviços telefônicos prestados aos hóspedes de acordo com os regulamentos internos dos estabelecimentos e as normas e procedimentos adotados pelas concessionárias dos serviços, ou pelo poder concedente; e) imunização permanente contra insetos e roedores; f) pessoal de serviço em quantidade e com a qualificação necessárias ao perfeito funcionamento do meio de hospedagem; g) pessoal mantido permanentemente uniformizado e/ou convenientemente trajado, de acordo com as funções que exerçam; h) meios para pesquisar opiniões e reclamações dos hóspedes e solucioná-las; i) observância das demais normas e condições necessárias à segurança, saúde/higiene e conservação/manutenção do meio de hospedagem, para atendimento ao consumidor. § 1º - Nas localidades não servidas ou precariamente servidas por redes de serviços públicos, a satisfação dos itens obrigatórios, cujo atendimento dependa da existência dessas redes, será apreciada, caso a caso, pela EMBRATUR. § 2º - Serão exigidas condições específicas de proteção, observadas as normas e padrões estabelecidos pelos órgãos governamentais competentes, para os meios de hospedagem localizados no interior ou nas proximidades de: a) unidades de conservação, ou protegidas pela legislação ambiental vigente; b) aeroportos, estações viárias, vias industriais, ou estabelecimentos que ofereçam problemas especiais de poluição ambiental e sonora. § 3º - As portas entre UH conjugáveis deverão dispor de sistema que somente possibilite sua abertura, quando por iniciativa mútua dos ocupantes de ambas as UH. § 4º - As condições dos locais de trabalho e de uso dos empregados, no estabelecimento, serão mantidas, no que se refere à segurança, higiene e medicina do trabalho, em estrita observância ao disposto na Consolidação das Leis de Trabalho, ou nos atos que a modifiquem. Art. 8º - Os contratos para reserva de acomodações e hospedagem deverão ser sempre consubstanciados por documentos escritos, constituídos de:

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I - no caso de reserva de acomodações: troca de correspondências (inclusive via fax e Internet) entre os responsáveis pelo meio de hospedagem, ou seus prepostos, e o hóspede, ou agente de turismo contratante; II - no caso do contrato de hospedagem propriamente dito pela entrega pelo estabelecimento, durante o registro do hóspede (check-in), de ficha Nacional de Registro de Hóspede - FNRH, em modelo aprovado pela EMBRATUR, para preenchimento, assinatura e devolução pelo hóspede; § 1º - Respeitadas as reservas confirmadas, o estabelecimento não poderá se negar a receber hóspedes, salvo por motivo justificável ou previsto na legislação em vigor. § 2º - Será vedada a utilização, em qualquer procedimento ou documento que consubstancie o contrato referido neste artigo, de condição ou cláusula abusiva a que se refere o artigo 51, da Lei nº 8.078, de 11/09/90 (Código de Defesa do Consumidor). § 3º - Para os fins deste artigo, todos os compromissos do meio de hospedagem e os em relação a seus hóspedes, bem como as obrigações destes deverão ser divulgados adequadamente. § 4º - As informações referidas no parágrafo anterior deverão estar à disposição, do hóspede, sempre que solicitado. § 5º - Os responsáveis pelos meios de hospedagem deverão garantir prioridade de ocupação a pessoas portadoras de deficiência, nas UH adaptadas para seu uso. Art. 9º- Os meios de hospedagem deverão fornecer mensalmente, ao Órgão Estadual de Turismo competente, da Unidade da Federação em que se localizarem, as seguintes informações: I - perfil dos hóspedes recebidos, distinguindo os estrangeiros dos nacionais; II - registro quantitativo de hóspedes, com taxas de ocupação e permanência médias e número de hóspedes por UH. Art. 10º - Para os fins do artigo anterior, os meios de hospedagem utilizarão, obrigatoriamente, as informações previstas nos impressos Ficha Nacional de Registro de Hóspedes - FNRH - e Boletim de Ocupação Hoteleira - BOH, constantes dos anexos I e II, deste Regulamento. § 1º - Às informações da Ficha Nacional de Registro de Hóspedes - FNRH - poderá ser acrescida alguma outra, de interesse do hoteleiro, desde que não prejudique o entendimento e o preenchimento do modelo de ficha oficial. § 2º - A FNRH poderá ser preenchida, individualmente, pelo hóspede, ou pelo próprio estabelecimento, devendo suas informações serem encaminhadas, juntamente com o BOH, até o dia 10 do mês seguinte ao de referência, por

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meios magnéticos, de acordo com o sistema oferecido pela EMBRATUR, ou através dos impressos utilizados. § 3º - As informações relativas a cada hóspede, constantes da FNRH, serão mantidas pelo período determinado pela autoridade policial competente em cada Estado, ou, na ausência desta determinação, por um período mínimo de 3 meses. Art. 11º - A FNRH e o BOH, após devidamente processados, informarão, respectivamente, o perfil dos hóspedes e as taxas de ocupação médias, que serão postos à disposição do mercado, sem identificação individualizada dos estabelecimentos, pelos Órgãos Estaduais de Turismo. Art. 12º - O meio de hospedagem deverá incluir nos impressos distribuídos, ou nos meios de divulgação utilizados, ainda que de forma sintética e resumida, todos os compromissos recíprocos entre o estabelecimento e o hóspede, especialmente em relação a: I - serviços incluídos no preço da diária; II - importâncias ou percentagens que possam ser debitadas à conta do hóspede, inclusive, quando aplicável, o adicional de serviço para distribuição aos empregados; III - locais e documentos onde estão relacionados os preços dos serviços não incluídos na diária, tais como estacionamento, lavanderia, telefonia, serviços de quarto e outros; IV - possibilidade da formulação de reclamações para a EMBRATUR, para o Órgão Estadual de Turismo e para o órgão local de Defesa do Consumidor, cujos telefones devem ser divulgados. Parágrafo único - Os Regulamentos Internos dos estabelecimentos deverão observar, fielmente, as disposições do Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8078/90). Art. 13º - Os meios de hospedagem devem manter, na portaria/recepção, à disposição de seus hóspedes e usuários, livro ou outro documento próprio para registro das impressões, elogios e reclamações sobre o estabelecimento, cuja consulta periódica deverá orientar a sistematização de ações preventivas e corretivas de controle e de melhoria de qualidade do empreendimento. Art. 14º - Todo e qualquer preço de serviço prestado e cobrado pelo meio de hospedagem deverá ser previamente divulgado e informado em impressos e outros meios de divulgação de fácil acesso ao hóspede. Art. 15º - Para os fins do artigo anterior, os meios de hospedagem afixarão: I - na portaria/recepção: a) nome do estabelecimento; b) relação dos preços aplicáveis às espécies e tipos de UH; c) horário do início e vencimento da diária;

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d) os nomes, endereços e telefones da EMBRATUR, de seus órgãos delegados competentes, e de Defesa do Consumidor, aos quais os hóspedes poderão dirigir eventuais reclamações. e) a existência e quantidade de UH adaptadas para pessoas portadoras de necessidades especiais. II - Nas Unidades Habitacionais - UH: além das informações referidas no inciso anterior, mais as seguintes: a) a espécie e o número da UH; b) os preços vigentes em moeda nacional; c) os serviços incluídos na diária, especialmente, quando aplicáveis, os de alimentação; d) a data de início de vigência das tarifas; e) todos os preços vigentes dos serviços oferecidos pelo estabelecimento, tais como minirefrigerador, lavanderia, ligações telefônicas, serviço de quarto e outros, afixados junto ao local em que esses serviços são oferecidos; Parágrafo único – Havendo na mesma edificação, além das UH destinadas ao funcionamento normal do meio de hospedagem, outras para locação ou quaisquer finalidades diversas, o estabelecimento deverá expor em local de fácil visibilidade, na recepção, quantas e quais UH se destinam a cada finalidade. Art. 16º - Os preços serão livremente fixados e praticados por todos os meios de hospedagem, observada a legislação pertinente. Parágrafo único - Os preços serão sempre expressos em moeda nacional, admitindo-se, para fins promocionais, que os mesmos sejam divulgados no exterior em moeda estrangeira, observada a cotação correspondente prevista no câmbio oficial. Art. 17º - É expressamente vedada a utilização de qualquer espécie de artifício ou documento, por meio de hospedagem, com o intuito de induzir o consumidor sobre classificação inexistente, ou diversa daquela efetivamente atribuída ao estabelecimento. Parágrafo único - A adoção do procedimento referido neste artigo caracterizará a prática de propaganda enganosa mencionada na Lei nº 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor). Art. 18º - Os meios de hospedagem que dispuserem de UH e áreas acessíveis a pessoas portadoras de deficiência deverão colocar, junto a entrada principal do estabelecimento, da placa com o Símbolo Internacional de Acesso a essa faixa de clientela. Art. 19º - O serviço de portaria/recepção do meio de hospedagem — prioritário ao atendimento do consumidor — deverá dispor de pessoal qualificado e material promocional adequado a prestar as informações e atender as providências requisitadas pelos hóspedes.

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Parágrafo único - O disposto neste artigo não justificará, em qualquer hipótese, a intermediação de serviços que constituam prática de atos atentatórios aos bons costumes e à legislação em vigor. Art. 20º - O controle e fiscalização da EMBRATUR sobre os meios de hospedagem aplicar-se-ão, indistintamente, sobre os estabelecimentos classificados, ou não, pela EMBRATUR. Art. 21º – As vistorias de controle e fiscalização serão realizadas diretamente pela EMBRATUR, ou por intermédio dos Órgãos Governamentais a quem a autarquia delegar estas atribuições, com o objetivo de: I – Orientar os meios de hospedagem sobre as normas que regem sua atividade; II – Verificar, no caso dos meios de hospedagem não classificados pela EMBRATUR, se existem padrões adequados ao exercício da atividade e se está sendo exercida de acordo com as normas governamentais de defesa do consumidor e com os compromissos prometidos ou explicitados para com o público e os clientes; III – Apurar reclamações contra os meios de hospedagem ou indícios de infração por eles praticada. Art. 22º – É dever dos meios de hospedagem cumprir e honrar, permanentemente, os contratos ou compromissos divulgados, explicitados ou acordados com o consumidor, especialmente as reservas e preços de hospedagem previamente ajustados. Art. 23º - A EMBRATUR deverá providenciar instrumental específico para controle e fiscalização dos meios de hospedagem não classificados, com o fim de verificar: I – Se as posturas legais e os padrões de operação e funcionamento, previsto neste Regulamento, estão sendo fielmente observados pelos estabelecimentos; II – Se existem padrões mínimos de qualidade adequados ao funcionamento do estabelecimento, como meio de hospedagem; III – Se estão sendo atendidos os direitos do consumidor, previstos na legislação vigente. Parágrafo único - Nos casos dos incisos II e III, deste artigo, a EMBRATUR e os Órgãos Governamentais por ela delegados comunicarão os fatos às autoridades competentes para aplicação das penalidades correspondentes, inclusive de interdição do exercício da atividade, quando for o caso. Art. 24º - Os descumprimentos às disposições deste Regulamento, bem como das demais legislações aplicáveis, sujeitarão os meios de hospedagem às penalidades de advertência, pena pecuniária, suspensão ou cancelamento da classificação e/ou interdição do estabelecimento e fechamento da empresa, conforme o caso.

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Art. 25º - As disposições constantes deste Regulamento serão aplicadas, a todos os meios de hospedagem. Art. 26º - Os casos omissos e as interpretações de situações especiais de meios de hospedagem com condições atípicas serão decididas pela EMBRATUR. Art. 27º - O presente Regulamento entra em vigor na data da publicação desta Deliberação Normativa no Diário Oficial da União.

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ANEXO II – DECRETO Nº 84.910/80 DE 15 DE JULHO DE 1980

Decreto n.º. 84.910/80, 15 de julho de 1980 Ministério da Indústria e do Comércio - EMPRESA BRASILEIRA DE TURISMO

Regulamenta dispositivos da Lei nº 6.505, de 13 de dezembro de 1977 referentes aos Meios de Hospedagem de Turismo, Restaurantes de Turismo e Acampamentos Turísticos ("Campings ").

O Presidente da República usando das atribuições que lhe confere o artigo 81, inciso III da Constituição e tendo em vista o disposto na Lei nº 6.505, de 13 de dezembro de 1977,

DECRETA:

CAPÍTULO I - Da Finalidade

Art. 1º - O presente Decreto regulamenta, para os fins da Lei nº 6.505, de 13 de dezembro de 1977, as atividades exercidas pelas empresas ou entidades que explorem ou administrem Meios de Hospedagem de Turismo, Restaurantes de Turismo e Acampamentos Turísticos ("Campings").

Art. 2º - Atendidas as disposições do artigo 8º deste Decreto, consideram-se:

a) Meios de Hospedagem de Turismo - os empreendimentos ou estabelecimentos destinados a prestar serviços de hospedagem em aposentos mobiliados e equipados, alimentação e outros necessários aos usuários;

b) Restaurantes de Turismo - os estabelecimentos destinados a prestação de serviços de alimentação e que, por suas condições de localização ou tipicidade, possam ser considerados de interesse turístico;

c) Acampamentos Turísticos - as áreas especialmente preparadas para a montagem de barracas e o estacionamento de reboques habitáveis ("trailers"), ou equipamento similar, dispondo, ainda, de instalações, equipamentos e serviços específicos para facilitar a permanência dos usuários ao ar livre.

CAPÍTULO II - Do Registro

Art. 3º - Somente poderão explorar ou administrar Meios de Hospedagem de Turismo, Restaurantes de Turismo e Acampamentos Turísticos, no Pais, empresas ou entidades registradas na Empresa Brasileira de Turismo - EMBRATUR.

Parágrafo único - A abertura de filiais é igualmente condicionada a registro na EMBRATUR.

Art. 4º - O registro de que trata este Decreto é vedado a empresas ou entidades:

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I - que não possuam prévia autorização do Ministério da Fazenda na forma do disposto no artigo 7º da Lei nº 5.768, de 20 de dezembro de 1971, quando a ela sujeitas;

II - cujos objetivos sociais incluam a prestação de serviços incompatíveis com os objetivos da Política Nacional de Turismo;

III - cuja denominação social seja idêntica ou semelhante à de Órgão Oficial de Turismo.

Art. 5º - O registro das empresas ou entidades de que trata este Decreto esta condicionado à comprovação do atendimento dos seguintes requisitos:

I - habilitação legal para funcionar, concedida pelos órgãos competentes;

II - condições técnico-operacionais, decorrentes da existência de recursos humanos e materiais adequados aos serviços a serem prestados;

III - idoneidade financeira, comprovada pela realização do capital adequado e referências bancárias.

Art. 6º - Competirá ao Conselho Nacional de Turismo - CNTur, por proposta da EMBRATUR, estabelecer as condições e requisitos para registro de que trata este Capítulo.

Parágrafo único - As empresas ou entidades diretamente vinculadas a Órgãos Oficiais de Turismo e as entidades de direito público poderão ser submetidas a condições e requisitos específicos para seu registro.

CAPÍTULO III - Da Classificação dos Empreendimentos

Art. 7º - Competirá ao CNTur estabelecer, em regulamentos próprios relativos aos Meios de Hospedagem de Turismo, Restaurantes de Turismo e Acampamentos Turísticos:

I - as definições dos tipos e categorias em que serão classificados os empreendimentos ou estabelecimentos;

II - as atividades e serviços que os diferentes tipos e categorias de empreendimentos ou estabelecimentos prestarão, em caráter obrigatório, permissível ou exclusivo;

III - os padrões comuns e diferenciados de conforto, serviços e preços previstos para os tipos e categorias definidos;

IV - os requisitos exigidos para a manutenção dos padrões de classificação e para a operação e funcionamento dos empreendimentos ou estabelecimentos.

Art. 8º - Serão classificados como Meios de Hospedagem de Turismo, Restaurantes de Turismo e Acampamentos Turísticos, os empreendimentos ou estabelecimentos que, após avaliação pela EMBRATUR, se enquadrem nos tipos e categorias de conforto, serviços e preços, de acordo com os padrões definidos pelo CNTur, por proposta da EMBRATUR.

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Parágrafo único - Para os fins deste artigo estão sujeitos a avaliação pela EMBRATUR todos os meios de hospedagem, restaurantes e acampamentos existentes ou que venham a existir no País.

Art. 9º - A manutenção dos padrões de conforto, serviços e preços dos empreendimentos ou estabelecimentos classificados, será apurada pela EMBRATUR mediante vistorias periódicas.

Art. 10º - A EMBRATUR notificará os responsáveis pelos empreendimentos ou estabelecimentos, do tipo e categoria em que estes tiverem sido classificados, bem como da manutenção ou alteração da classificação, fornecendo cópias dos dados que a tiverem instruído.

§ 1º - Nas hipóteses deste artigo, os responsáveis poderão pedir à EMBRATUR, no prazo de 60 (sessenta) dias, contado do recebimento da notificação, que suspenda, provisoriamente, os efeitos da classificação, para a realização de obras ou melhorias que possibilitem enquadramento em melhor categoria.

§ 2º - Em igual prazo, contado a partir da data em que os responsáveis comunicarem à EMBRATUR a conclusão das obras e melhorias a que se refere o § 1º deste artigo, a EMBRATUR lhes notificará sua decisão.

CAPÍTULO IV - Dos Direitos e Obrigações

Art. 11 - São direitos das empresas ou entidades registradas na EMBRATUR, na forma deste Decreto:

I - o acesso aos incentivos, financiamentos ou outros benefícios, observada a legislação de fomento ao turismo;

II - a menção, em qualquer promoção ou divulgação oficial, inclusive nas campanhas promocionais cooperativas promovidas pela EMBRATUR, dos empreendimentos ou estabelecimentos classificados que explorem ou administrem;

III - a utilização da expressão "turismo" ou de qualquer outra que se refira a fins turísticos, nos estabelecimentos ou empreendimentos classificados que explorem ou administrem, assim como em qualquer promoção ou divulgacão.

§ 1º - São prerrogativas exclusivas das empresas ou entidades registradas na EMBRATUR, na forma deste Decreto:

a) a exploração ou administração, no País, de Meios de Hospedagem de Turismo, Restaurantes de Turismo ou Acampamentos Turísticos;

b) a utilização pelas empresas ou entidades responsáveis pela organização ou intermediação de serviços turísticos, dos empreendimentos ou estabelecimentos classificados que explorem ou administrem;

c) a utilização, de siglas, palavras, marcas ou expressões que se refiram à sua atividade e ao número de registro e classificação na EMBRATUR.

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§ 2º - Quando as características de determinadas regiões assim o exigirem ou em programas especiais de turismo social, religioso ou estudantil, a EMBRATUR poderá estabelecer exceção ao disposto na alínea "b" do parágrafo anterior.

Art. 12º - São obrigações das empresas ou entidades registradas na EMBRATUR, na forma deste Decreto:

I - cumprir os acordos e contratos de prestação de serviços turísticos ajustados com os usuários e outras empresas ou entidades, assim como executar os serviços oferecidos na qualidade, no preço e na forma em que forem mencionados em qualquer promoção ou divulgação realizada;

II - manter os padrões de conforto, serviços e preços previstos nas normas gerais de classificação para o tipo e categoria dos empreendimentos ou estabelecimentos que explorem ou administrem, bem como os demais requisitos exigidos neste Decreto e nos atos dele decorrentes;

III - mencionar e utilizar em qualquer forma de divulgação e promoção, o número de registro, os símbolos, expressões, classificação e demais formas de identificação determinadas pela EMBRATUR, para os empreendimentos ou estabelecimentos que explorem ou administrem;

IV - manter em sua sede, filiais e empreendimentos ou estabelecimentos, nos locais a serem determinados pela EMBRATUR, certificado de registro da empresa ou entidade e certificado de vistoria, placa de identificação e livro de reclamações;

V - garantir as pessoas credenciadas pela EMBRATUR, livre acesso às suas dependências e documentação inerente às suas atividades, para fins de avaliação, vistoria ou fiscalização;

VI - prestar informações e apresentar estatísticas, relatórios, balanços, demonstrações financeiras e outros documentos inerentes ao exercício de sua atividade e dos estabelecimentos que explorem ou administrem, no prazo e na forma determinados pela EMBRATUR;

VII - comunicar à EMBRATUR, previamente mudança de endereço e paralisação temporária ou definitiva da empresa ou entidade, de suas filiais e dos empreendimentos ou estabelecimentos que explorem ou administrem;

VIII - apresentar à EMBRATUR os instrumentos que alterem seus atos constitutivos ou sua administração, no prazo de 15 (quinze) dias após o arquivamento na Junta Comercial ou averbação no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, da sede e da filial, se for o caso;

IX - colocar em funcionamento no prazo de 90 ( noventa ) dias contado da conclusão das obras, os empreendimentos ou estabelecimentos novos cujos projetos tenham sido aprovados pela EMBRATUR ou outro órgão competente e enquadrados em qualquer dos tipos e categorias de classificação.

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Parágrafo único - A paralisação temporária a que se refere o inciso VII deste artigo, não poderá exceder o prazo de 12 (doze) meses, prorrogável a critério da EMBRATUR.

Art. 13º - As entidades ou empresas de que grata este Decreto são diretamente responsáveis perante seus usuários por quaisquer serviços que venham a prestar ou ajustar, mesmo aqueles executados por terceiros por elas selecionados ou contratados.

Parágrafo único - Excetuam-se do disposto neste artigo os terceiros cujas atividades e relações com usuários se encontrem regulamentadas em normas específicas baixadas pelo Poder Executivo ou em atos delas decorrentes.

CAPÍTULO V - Da Fiscalização

Art. 14º - Os poderes de fiscalização a que se refere o artigo 7º da Lei nº 6.505, de 13 de dezembro de 1977, serão exercidos sobre todas as empresas ou entidades que estejam sujeitas às disposições deste Decreto ou dos atos dele decorrentes, inclusive as que se utilizem de qualquer das prerrogativas a que alude o parágrafo primeiro do artigo 11 deste Decreto.

Art. 15º - A fiscalização terá por objetivos:

I - orientar as empresas ou entidades para o perfeito entendimento das normas que regem suas atividades;

II - verificar o cumprimento da legislação em vigor;

III - proteger os usuários de serviços turísticos, mediante apuração das reclamação que contenham a qualificação e a assinatura dos reclamantes;

IV - zelar pelo cumprimento de contratos, ajustes e acordos;

V - verificar a manutenção dos padrões de classificação dos empreendimentos e estabelecimentos.

Art. 16º - Será lavrado o competente auto, sempre que for verificada infração aos preceitos legais pertinentes ou o descumprimento das notificações expedidas pela EMBRATUR.

§ lº - Quando o infrator se negar a assinar o auto de infração, ou dificultar a fiscalização, o auto consignará o fato.

§ 2º - Será garantido aos autuados o conhecimento de todas as peças do processo e o direito de defesa escrita.

CAPÍTULO IV - Das Penalidades e dos Recursos

Art. 17º - A inobservância, pelo empreendimento ou estabelecimento classificado, dos padrões de conforto, serviços e preços de sua categoria impontará em:

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I - perda ou rebaixamento da classificação;

II - perda, no todo ou em parte, dos benefícios que houverem sido concedidos à empresa ou entidade exploradora ou administradora do estabelecimento ou empreendimento, em virtude da aprovação do respectivo projeto, ou de seu registro na EMBRATUR.

Parágrafo único - A perda dos benefícios ou estímulos a que se refere o parágrafo terceiro, do art. 18, do Decreto-lei nº 1.439, de 30 de dezembro de 1975, com a redação que lhe foi dada pelo art. 4º, da Lei nº 6.505, de 13 de dezembro de 1977, será aplicada, observado o disposto na legislação pertinente e de acordo com o que lhe dispuser o CNTur, nos seguintes casos:

I - rebaixamento da classificação do empreendimento ou estabelecimento;

II - perda total da classificação do empreendimento ou estabelecimento, em razão da inobservância dos requisitos exigidos para a categoria mínima existente.

Art. 18º - As penalidades a que se refere o artigo 5º, da Lei nº 6.505, de 13 de dezembro de 1977, serão aplicadas pela EMBRATUR, levando-se em conta os seguintes fatores:

I - a menor ou maior gravidade da infração;

II - as circunstâncias atenuantes ou agravantes.

§ lº - Para os efeitos do inciso I serão considerados circunstâncias de maior ou menor gravidade os prejuízos que a infração acarretar aos usuários e ao turismo nacional.

§ 2º - Constituirão circunstâncias agravantes a reincidência genérica ou específica e, se não configurarem por si mesmo outras infrações, a sonegação de informações e documentos e os obstáculos opostos à fiscalização.

Art. 19º - As pessoas físicas que infrinjam as disposições deste Decreto e dos atos dele decorrentes ou contribuam para a prática de ato punível ficam sujeitas à penalidade do inciso II, do artigo 5º, da Lei nº 6.5O5, de l3 de dezembro de 1977.

Art. 20º - Das decisões da EMBRATUR, caberá pedido de reconsideração no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data em que o interessado tomar ciência da decisão.

§ lº - Do indeferimento do pedido de reconsideração caberá recurso ao CNTur, com efeito suspensivo, no prazo de 15 (quinze) dias, contado da ciência da decisão.

§ 2º - Da aplicação de multa igual ou superior a 100 (cem) ORTNs haverá recurso "ex-officio" ao CNTur, com efeito suspensivo.

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CAPÍTULO VII - Disposições Finais

Art. 21º - Aprovadas as normas gerais de classificação pelo CNTur, a EMBRATUR estabelecerá o prazo e a forma nos quais as empresas ou entidades que explorem ou administrem quaisquer meios de hospedagens, restaurantes e acampamentos requererão a avaliação destes, para fins de enquadramento.

Art. 22º - O CNTur e a EMBRATUR no âmbito de suas respectivas competências baixarão os atos normativos complementares necessários a execução deste Decreto.

Art. 23º - Para os efeitos deste Decreto, observar-se-ão, no que concerne à Classificação dos Meios de Hospedagem de Turismo, as disposições do "Regulamento Geral de Classificação dos Meios de Hospedagem Brasileiros" baixado pela Resolução nº 1.118, de 23 de outubro de 1978, do CNTur, e dos atos que o modifiquem.

Art. 24º - O presente Decreto entrará em vigor na data de sua publicação, revogada as disposições em contrário.

Brasília, 15 de julho de 1980, 159º da Independência e 92º da República.

JOÃO FIGUEIREDO

Marcos José Marques

(Publicado no Diário Oficial da União de 16 de julho de 1980, Seção I, p. 14.165/7)