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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS VII - SENHOR DO BONFIM – BA PEDAGOGIA: DOCÊNCIA E GESTÃO NOS PROCESSOS EDUCATIVOS LITERATURA INFANTIL: MERO PASSATEMPO OU INSTRUMENTO DE APRENDIZAGEM ELICIENE TRINDADE DOS SANTOS SENHOR DO BONFIM - BA 2012

Monografia Eliciene Pedagogia 2012

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Pedagogia 2012

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Page 1: Monografia Eliciene Pedagogia 2012

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIADEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO

CAMPUS VII - SENHOR DO BONFIM – BAPEDAGOGIA: DOCÊNCIA E GESTÃO NOS PROCESSOS

EDUCATIVOS

LITERATURA INFANTIL: MERO PASSATEMPO OU INSTRUMENTO DE APRENDIZAGEM

ELICIENE TRINDADE DOS SANTOS

SENHOR DO BONFIM - BA2012

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIADEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO

CAMPUS VII - SENHOR DO BONFIM – BAPEDAGOGIA: DOCÊNCIA E GESTÃO NOS PROCESSOS

EDUCATIVOS

LITERATURA INFANTIL: MERO PASSATEMPO OU INSTRUMENTO DE APRENDIZAGEM

ELICIENE TRINDADE DOS SANTOS

Trabalho Monográfico apresentado à Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Educação, Campus VII como pré-requisito para a conclusão do Curso de Pedagogia: Docência e Gestão dos Processos Educativos.

Orientadora: Prof.ª Msc. Rita Braz Conceição Melo

SENHOR DO BONFIM - BA2012

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Page 3: Monografia Eliciene Pedagogia 2012

ELICIENE TRINDADE DOS SANTOS

LITERATURA INFANTIL: MERO PASSATEMPO OU INSTRUMENTO DE APRENDIZAGEM?

Aprovada em: ____/____/_____

__________________________________Orientadora

__________________________________Avaliador(a)

__________________________________Avaliador(a)

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Page 4: Monografia Eliciene Pedagogia 2012

Ser feliz é acreditar em Deus. É ser

resiliente diante dos problemas, é

acreditar em dias melhores, é ser autor

e não expectador da própria história. É

agradecer a Deus a cada manhã pelo

milagre da vida e por pessoas

maravilhosas que fazem parte de

nossas vidas. À minha mãe e amiga

Florentina Trindade dos Santos, meu

exemplo de coragem, luta e paciência,

aos demais familiares e a todos os

amigos que de certa forma

colaboraram pela conclusão deste

trabalho.

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Page 5: Monografia Eliciene Pedagogia 2012

AGRADECIMENTOS

À Universidade do Estado da Bahia – UNEB - Departamento de Educação -

Campus VII – Senhor do Bonfim – Ba, direção, funcionários e aos professores por

nos proporcionarem momentos de interação, aprendizado, contribuindo para o nosso

crescimento acadêmico.

À professora, orientadora, Rita Braz, pelo exemplo de profissionalismo,

empenho, amizade, e ensinamentos compartilhados durante o desenvolvimento

dessa pesquisa.

As professoras e direção do Centro Educacional Edneílda Marques pela

colaboração, e espaço cedido durante a elaboração deste trabalho.

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“A literatura infantil é, antes de tudo, literatura, ou melhor, é arte: fenômeno de criatividade que representa o mundo, o homem a vida, através da palavra. Funde os sonhos e a vida prática, o imaginário e o real, os ideais e sua possível/impossível realização”.

Nelly Novaes Coelho

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ABSTRACT

Recently, discussions involving the Children's Literature have been intensifying. Debates in academia and in other spaces, indicate the need to present it not only as a vehicle for expression of culture, or ideology, but as a mediator of the teaching-learning process. This monograph highlights the relevance of this research whose theme is: Children's Literature: Mero hobby or a learning tool? Aiming to investigate the contribution of literature and child in the education of children from Early Childhood Teacher Education Center Edneílda Marques. For realization of this research were made based on theoretical discussions Abromovich (1997), Aries (1978), Bettelhem (1980), Rabbit (2002, 2003), Kramer (2001), (1993), Sisto (2007), and others. This paper begins with a brief history of the Children's Literature, focuses on the importance of listening to stories and contact the child early in the book, outlining some strategies to develop the reading habit, and also highlights the literature as a way to open paths for student learning in this context this research is supported / based on a qualitative methodology, whose instruments of data collection were the questionnaire enclosed, open questionnaire participant observation as a locus with the school Educational Center and Professor Marques Edneílda subjects, five teachers early childhood education. Finally some conclusions, without the slightest pretension of exhausting discussions on the subject, a few comments aimed at the need to resize the training of teacher, influence agent continuing education proposal will revitalize the practice of including the Children's Literature as an educational tool.

Keywords: Children's Literature, Children, Early Childhood Education

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Page 8: Monografia Eliciene Pedagogia 2012

RESUMO

Recentemente, discussões envolvendo a Literatura Infantil vêm se intensificando. Debates no meio acadêmico e em outros espaços, sinalizam a necessidade de apresentá-la não só como veículo de manifestação de cultura, ou de ideologia, mas como elemento mediador do processo ensino-aprendizagem. Este trabalho monográfico evidencia a relevância desta pesquisa cuja temática é: Literatura Infantil: Mero passatempo ou um instrumento de aprendizagem? Tendo como objetivo investigar a contribuição da literatura-infantil na formação da criança da Educação Infantil do Centro Educacional Professora Edneílda Marques. Para efetivação desta pesquisa foram realizadas discussões teóricas fundamentadas em Abromovich (1997), Aries, (1978), Bettelhem (1980), Coelho (2002, 2003), Kramer (2001), (1993), Sisto (2007), e outros. O presente trabalho inicia com um breve histórico sobre a Literatura Infantil, enfoca a importância de ouvir histórias e do contato da criança desde cedo com o livro, esboçando algumas estratégias para desenvolver o hábito de leitura, além de evidenciar a literatura como forma de abrir caminhos para a aprendizagem dos alunos Nesse contexto esta investigação é sustentada/fundamentada numa metodologia de cunho qualitativo, cujos instrumentos de coleta de dados foram , o questionário fechado, questionário aberto observação participante tendo como lócus a escola Centro Educacional Professora Edneílda Marques e sujeitos, cinco professoras da educação infantil. Finalmente as considerações finais, sem a menor pretensão de esgotar as discussões sobre o tema, alguns comentários visando à necessidade de redimensionar a formação do pedagogo, influenciar agente da educação dando continuidade á proposta de revitalização da prática de incluir a Literatura Infantil como instrumento pedagógico.

Palavras-chave: Literatura Infantil, Criança, Educação Infantil.

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SUMÁRIOINTRODUÇÃO............................................................................................................10

CAPÍTULO I.................................................................................................................12

1. UMA VIAGEM AO MUNDO DA INFÂNCIA PARA COMPREENDER O

PROBLEMA.................................................................................................................12

CAPÍTULO II................................................................................................................15

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..............................................................................15

2.1 Educação Infantil: Reflexões......................................................................................152.2 Literatura Infantil: conceitos, origens e características...............................................16

2.2.1 A importância de ouvir e contar história..............................................................192.2.2 A formação de alunos leitores .......................................................................20

2.3 A relação criança X literatura ....................................................................................222.3.1 Os processos educativos na infância....................................................................25

CAPÍTULO III...............................................................................................................27

3. METODOLOGIA......................................................................................................27

3.1 Paradigma da pesquisa ..............................................................................................273.2 Sujeitos........................................................................................................................283.3 Lócus de pesquisa.......................................................................................................283.4 Instrumentos de coleta de dados.................................................................................29

3.4.1.2 Questionário fechado........................................................................................303.4.1.3 Questionário aberto...........................................................................................31

CAPÍTULO IV..............................................................................................................33

4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS.........................................................33

4.1 Perfil dos sujeitos .......................................................................................................334.1.2 Gênero .................................................................................................................344.1.3 Formação..............................................................................................................344.1.4 Rede de ensino em que atua.................................................................................354.1.5 Renda salarial ....................................................................................................36

4.2 Análise do questionário aberto....................................................................................364.2.1 A importância de trabalhar a literatura infantil na sala de aula............................364.2.2 Freqüência em que a literatura é trabalhada em sala de aula ..............................384.2.3 Quanto ao hábito de leitura do professor ............................................................394.2.4 Compreensão sobre a relação Literatura infantil X leitura .................................414.2.5 Sobre a reação que provoca nos alunos: .............................................................424.2.6 Finalidade atribuída à literatura infantil na sala de aula......................................44

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................47

REFERÊNCIAS.................................................................................................................. 49

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INTRODUÇÃO

Nos últimos anos a literatura infantil tem sido motivo de muita discussão.

Entendemos que quanto mais cedo oferecer à criança a oportunidade de estar

inserida num ambiente onde houver livros de literatura infantil, ela desenvolverá uma

visão de mundo que contribuirá no seu desenvolvimento. Oliveira (1996, p. 27)

afirma que:

A literatura infantil deveria estar presente na vida da criança como está o leite em sua mamadeira. Ambos contribuem para o seu desenvolvimento. Um para o desenvolvimento biológico e o outro, para o desenvolvimento psicológico, nas suas dimensões afetivas e intelectuais.

A literatura infantil é um fenômeno literário, um veículo de idéias, muitas

vezes utilizado dentro do contexto escolar. Ela possui um envolvimento aos valores

sociais e culturais. Isto justifica vários profissionais de diferentes vertentes do

conhecimento humano, tentar através da sua análise, encontrar subsídios para os

fenômenos de maturação para seu engajamento na sala de aula.

Literatura é arte e, como tal, as relações de aprendizagem e vivências que se estabelecem entre ela e o indivíduo, são fundamentais para que este alcance sua formação integral (sua consciência do eu + o outro + o mundo em harmonia dinâmica). (COELHO, 2003, p. 8-9).

A literatura infantil tem na sociedade uma tarefa de transformação,

desenvolvendo o papel de agente de formação, a partir do envolvimento do leitor

com o livro e nas atividades literárias desenvolvidas na escola. No entanto, ela dá

conta de situações voltada à cultura, de conhecimento do mundo e do ser.

Este trabalho monográfico cujo tema é Literatura Infantil: Mero passatempo ou

instrumento de aprendizagem? Foi concretizado no decorrer do curso de Pedagogia

sendo fortalecido durante o componente curricular voltado ao tema que deu enfoque

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Page 11: Monografia Eliciene Pedagogia 2012

à pesquisa. Teve como objetivo investigar a importância da literatura infantil na

formação das crianças da Educação Infantil do Centro Educacional Professora

Edneílda Marques.

Assim o desenvolvimento deste trabalho está distribuído a partir de reflexões

que aqui se apresentam na seguinte ordem:

Capítulo I - Traz a problemática do tema proposto, discutindo sobre a

literatura infantil, partindo de sua trajetória ao longo dos tempos e traçando o

caminho necessário para evidenciar o nosso problema.

Capítulo II - Discute o referencial teórico abordando os conceitos-chave que

fundamentam a pesquisa, fazendo um panorama sobre a literatura infantil, suas

origens e características, enfocando os contos de fadas e seus personagens,

analisando a criança, a importância de ouvir história adentrando no processo

educativo na infância, tendo como palavras-chave: Literatura Infantil, Criança e

Educação Infantil.

Capítulo III - Traz reflexões metodológicas que nortearam a base que

fundamentou a pesquisa, explicitando todos os procedimentos desenvolvidos na

investigação. Procurando conhecer e interpretar a problemática apresentada, foi

utilizado como instrumento de coleta de dados: questionário fechado, questionário

aberto e observação participante.

Capítulo IV - Apresenta a análise dos dados, fazendo um paralelo com o

referencial teórico e a realidade investigada.

Por fim, as considerações conclusivas pontuando e refletindo descobertas

atribuídas ao percurso investigativo.

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CAPÍTULO I

1. UMA VIAGEM AO MUNDO DA INFÂNCIA PARA COMPREENDER O PROBLEMA

È notório as transformações ocorridas nesses últimos tempos na educação

brasileira, mudanças na legislação, na nomenclatura das modalidades educacionais,

nas concepções. Há uma necessidade de procurar alternativas educacionais que

transforme a aprendizagem num repertório eficiente e interessante. Neste contexto,

a literatura Infantil adentrou com a necessidade de ser descoberta pelos educadores

como uma alternativa e ferramenta metodológica prazerosa na construção do

conhecimento.

A partir do encontro do homem com os livros, ele enriquece sua visão de

mundo. Portanto, a literatura oportuniza um conhecimento não só cultural, mas

ideológico. Durante o século XVII, a época em que algumas mudanças ocorreram

na estrutura de sociedade, tanto no espaço artístico, como no aspecto social,

literatura constitui-se como gênero.

A literatura nasceu na antiga Grécia. Chamava-se poesia e existia apenas para divertir a nobreza. Os dois poemas mais importantes daquela época eram llíada e Odisséia, que contavam as origens da nação helênica, além de outras coisas referentes ao modelo político adotado na antiguidade que mostrava à população normas de comportamento. (ZILBERMAN, 1999, p.12).

Antigamente, as crianças viviam igualmente com os adultos, não havia

separação, ou seja, não tinha uma visão de infância, portanto não se escrevia para

crianças. Segundo Cunha (1993) a partir do século XVIII, ocorreu também uma

mudança quanto ao contexto infantil. As crianças então passaram a ser tratadas

diferencialmente dos adultos, recebendo, portanto, tratamento de acordo com a sua

faixa etária e faculdade mental. Desde então se começou a pensar e criar formas,

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Page 13: Monografia Eliciene Pedagogia 2012

modelos educacionais, métodos pedagógicos onde a literatura infantil surgiu com

características próprias. Surgiu então a literatura infantil:

O início da literatura infantil pode ser marcado com Perrault, entre os anos de 1628 e 1703, com os livros "Mãe Gansa", "O Barba Azul", "Cinderela", "A Gata Borralheira", "O Gato de Botas" e outros. Depois disso, apareceram os seguintes escritores: Andersen, Collodi, Irmãos Grimm, Lewis Carrol, Bush. No Brasil, a literatura infantil pode ser marcada com o livro de Andersen "O Patinho Feio", no século XX. Após surgiu Monteiro Lobato, com seus primeiros livros “Narizinho Arrebitados” e mais adiante, muitos outros que até hoje cativam milhares de crianças, despertando o gosto e o prazer de ler (CADEMARTORI, 1994, p. 79-80).

Aqui no Brasil, a história da literatura infantil tem passado há alguns anos, por

modificações, com linguagens e lustrações que devem ser apropriadas às crianças

que transmitem mensagens planejadas carregada por parte do autor. Segundo

Bettelhem (1980, p.27):

A literatura infantil é indicada para ajudar as crianças a encontrar um significado na vida, pois desenvolve o intelecto, harmoniza-se com suas ansiedades e torna claras suas emoções, são enriquecedores ajuda a auxiliar o raciocínio das pessoas.

Hoje sabemos que a literatura é um caminho que leva a criança a desenvolver

a imaginação, emoção, alegria e encantamento de forma significativa. Sua

participação na escola, lócus formal de acesso á iniciação de conhecimentos

especializados, onde a literatura pode ser inserida como instrumento metodológico

importante, pois permite às crianças resolverem seus problemas psicológicos de

modo simbólico adquirindo maturidade.

Literatura é arte, literatura é prazer... Que a escola encape esse lado. É precisar e isso inclui criticar... Se ler for mais uma lição de casa a gente bem sabe que é que dá... Cobrança nunca foi passaporte ou a aval pra vontade e descoberta ou pro crescimento de ninguém. (ABRAMOVICH 1995, p.148).

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Sabendo que a escola precisa ter como finalidade o desenvolvimento integral

da criança, levando em conta o seu aspecto físico, psicológico, intelectual e social,

Petry (1990) afirma que a literatura infantil é a expressão literária com valores e

características que se ajustam ao desenvolvimento intelectual, criativo e psicológico

da criança, ou seja, são obras que desenvolvem potencialidades. É necessário

explicitar que através da literatura a criança desenvolve sua capacidade de emoção,

admiração, compreensão do ser humano e do mundo, compreendendo os

problemas alheios e dos seus próprios.

A escola tem responsabilidade de fazer os momentos de leitura das

literaturas infantis a possibilidade de abrir novos e belos caminhos para uma

compreensão de mundo. É poder sorrir, gargalhar com as situações vividas pelos

personagens com idéia do conto ou com o jeito de escrever do autor, é um

momento de humor, de brincadeira, divertimento, entretanto, percebemos a

deficiência de muitas escolas ao utilizar a literatura como prática pedagógica.

Assim, buscando então, compreender a literatura infantil utilizada como

instrumento didático que poderá dar suporte ao professor na prática educativa, esta

pesquisa foi norteada pela seguinte questão: Qual a contribuição da literatura-

infantil na formação da criança da Educação Infantil? Sendo assim, objetivamos

investigar a contribuição da literatura-infantil na formação da criança da Educação

Infantil do Centro Educacional Professora Edneílda Marques.

Essas indagações que norteiam a pesquisa nos fazem perceber que este

trabalho monográfico é relevante, pois permite repensar conhecimentos

pedagógicos, que poderá contribuir para uma reflexão com os professores que

estejam articulando a literatura infantil como prática pedagógica no processo de

construção do conhecimento como também compreender a literatura infantil no

processo social do desenvolvimento psicológico, cognitivo e afetivo da criança.

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CAPÍTULO II

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Trataremos aqui do referencial teórico da pesquisa, que é de fundamental

importância nesta análise, para compreensão da problemática que nos propomos

investigar. Diante dessa perspectiva, estaremos aprofundando os conceitos que

nortearam nossa pesquisa.

Palavras-chave: Literatura-infantil, Criança, Educação Infantil.

2.1 Educação Infantil: Reflexões

A educação infantil é o ensino voltado às crianças é também o espaço em

que a mesma entra em contato propriamente dito com a literatura como instrumento

auxiliador no processo de aprendizagem, como reforça Aguiar (2001): “(...) devemos

admitir que o primeiro encontro da criança brasileira com a produção literária é

quase sempre na esfera escolar, por isso procuramos oferecer subsídios aos

educadores que atentam para singularidade desse produto cultural’’ (p.158).

Rousseau (1712-1772) teve muita colaboração com suas ideias que muito

influenciaram na educação infantil. Luzuriaga (1988) vem afirmar que através de

Rousseau a educação infantil obteve grande avanço, a criança começou a ser

tratada não mais como a miniatura do homem, mas como alguém que possui seu

próprio universo.

Procuram sempre o homem no menino, sem cuidar no que ele é antes de ser homem. Cumpre, pois estudar o menino. Não se conhece a infância;

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com as falsas idéias que se tem dela, quanto mais longe vão mais se extraviam. A infância tem maneiras de ver, pensar e sentir, que lhes são próprias. (ROUSSEAU APUD LUZURIAGA, 1988.p. 106).

Essa forma de ver a infância teve início nos modernistas e educadores que

viviam a frente da educação até o século XX. Houve interesses psicológicos e

preocupações morais em prol das crianças como seres destinados à escola. Sobre

esta temática Kramer (1992) informa:

Foi criada a primeira creche popular para filhos de operários: 1909, inaugurando o jardim de infância Campos Sales no Rio de Janeiro. Em 1919, o Departamento da Criança do Brasil de 1920 foi reconhecido como utilidade pública. (p. 49)

A Lei 9.394/96 inaugura um novo olhar quando nos diz no artigo 29: “a

educação básica infantil tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança

até seis anos de idade em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social”. Ai

percebe-se pela primeira vez, pelo menos legalmente, uma preocupação com a

criança enquanto cidadã construtora de conhecimento e ser que faz parte de um

contexto social.

2.2 Literatura Infantil: conceitos, origens e características

O título literatura infantil engloba modalidades bem variadas de textos: desde

os contos de fadas, fábulas, contos maravilhosos, lendas, histórias do cotidiano...

Até biografias romanceadas, romances históricos, literatura documental ou

informativa. Isto vem facilitar sua utilização nas mais variadas formas.

O homem responsável pelo surgimento da literatura Infantil ao sentir

necessidade de transmitir acontecimentos e ideias, utilizou na ficção uma

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Page 17: Monografia Eliciene Pedagogia 2012

oportunidade de divulgar a herança cultural, desenvolvida pela humanidade criando

um elo entre a Literatura e a oralidade.

É ouvindo histórias que se pode sentir (também) emoções importantes, como a tristeza, a raiva, a irritação, o bem-estar, o medo, a alegria, o pavor, a insegurança, a tranqüilidade, e tantas outras mais, e viver profundamente tudo o que as narrativas provocam em quem as ouve... (ABRAMOVICH, 1997, p. 17)

Assim, a partir da tradução oral surgiu então a literatura. Como podemos

observar suas fontes e origens se fundamentam no folclore, com lendas, mitos,

narrativas e exemplares. A partir da valorização social da criança essas narrativas

foram contadas, com o intuito formativo. Os textos de literatura Infantil fazem parte

do patrimônio cultural da humanidade. Além do valor histórico, abordam problemas

universais e do cotidiano, histórias conhecidas pelas crianças desde muito

pequenas, contadas pelos familiares.

Existem vários conceitos em relação à literatura, dentre eles, como foi

requerido por cunha de que “(...) Literatura Infantil são livros que tem a capacidade

de provocar emoção o prazer, o entretenimento, a fantasia, a identificação e o

interesse da criançada.” (APUD, ALVES, 2003, p.26).

Devido às mudanças que ocorreram ao longo da história, a literatura infantil

apresentou alterações. Nas sociedades primitivas as crianças aprendiam apenas o

que seus pais determinavam e passavam para elas: A menina mantinha a

semelhança da mãe enquanto o menino a semelhança do pai.

Na época clássica (Grécia e Roma) as crianças eram educadas com o intuito

de servir ao Estado ou a sociedade, geralmente o menino tornava-se guerreiro. Já

no período medieval, a literatura tem um crescimento reunindo lendas e contos

folclóricos. Entende-se que a criança possui um conhecimento antes mesmo de

iniciar a vida escolar, isto significa que ela não ingressa com uma “tabula rasa” ela é

dotada de saberes prévios, e em relação a Literatura Infantil não é diferente, pois a

mesma há muito tempo já existia e era contada pelos anciãos com o objetivo de

ensinar valores éticos e culturais.

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Page 18: Monografia Eliciene Pedagogia 2012

A Literatura Infantil antes mesmo da leitura e da escrita contribui no

desenvolvimento, a partir também nas cantigas de ninar e no ouvir histórias infantis.

Abramovich (1997, p.16 e 17) vem concordar que o primeiro contato de uma criança

com a Literatura ocorre “a partir da voz da mãe, do pai, dos avôs contando contos de

fadas, trechos da bíblia, histórias inventadas (tendo a criança como personagens),

livros atuais e curtinhos, poemas sonoros e outros mais”.

Cashdan (2000, p. 291), comenta que “a literatura infantil representam uma

janela especial que se abre para a vida emocional das crianças, e que o impacto que

estes têm sobre os adultos, vem da influencia que tiveram quando eram crianças”.

Podemos perceber que para ele, a literatura infantil é mais do que aventuras

mágicas que exercitam a imaginação. Segundo Coelho (2002):

As narrativas surgidas em diferentes regiões foram guardadas na memória do ser humano e contadas de um para outro, levado por peregrinos ou viajantes. Que foram encantando homens e crianças de todos os lugares do mundo ensinando o bem, repudiando o mal e valorizando o sonho a fantasia, o imaginário. Estes contos foram se transformando, de uma região para outra, de acordo com as mudanças de costumes, da vida dos lugares e dos ideais ambicionados pelos diferentes povos. (p.22)

A literatura Infantil abriu portas para o mundo, e para aqueles que esperam o

desenvolvimento das próprias crianças, onde a sociedade exige que a criança reflita

sobre a realidade construindo na busca da formação de opiniões e conceitos, que

questionem a situação em que se vive.

A Literatura Infantil amplia possibilidade para a criança perceber o mundo, bem

como no contato com as histórias, a criança constrói seu conhecimento através de

textos literários na sala de aula. Nesse caso, a literatura infantil torna-se uma forma

de aprendizado influenciadora na formação. Assim, a importância da literatura

infantil no contexto escolar enfoca seu grande papel no desenvolvimento da criança,

e a necessidade de envolvê-la na sala de aula, além da valorização desta forma

literária como caminho para a compreensão de mundo.

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Page 19: Monografia Eliciene Pedagogia 2012

2.2.1 A importância de ouvir e contar história

Quando as histórias são trabalhadas em sala de aula as crianças vão se

identificando com os personagens e passam todos os conflitos, alegrias, medos e

tristezas com aqueles que os vivem na história, passa então a se envolver de tal

forma e a viver e agir como se fossem um dos personagens.

A Literatura Infantil sempre foi um dos elementos mais importantes destinada

às crianças. Tratando de histórias que envolvem o imaginário, trazendo enredos com

elementos que estão envolvidos na realidade infantil, mostrando que as lutas e as

descobertas não acontecem da noite para o dia. Os personagens passam pelas

mais diversas provas e eles mesmos têm que realizá-las. Abramovich (1997):

Ao ler uma história a criança também desenvolve todo potencial critico. A partir daí ela pode pensar, duvidar, se perguntar, questionar... Pode se sentir inquieta, cutucada, querendo saber mais e melhor ou percebendo que se pode mudar de opinião. (p.143)

Deste modo, ao ouvir histórias, as crianças têm o enriquecimento emocional e

intelectual que deve ser percebido pelos professores, para que estes venham na

hora do conto explorar a criatividade e favorecer o desenvolvimento da sensibilidade

artística da criança. Contar histórias é uma prática muito antiga. Ocorreu quando o

homem começou a ter poder de fala, sentindo necessidade de contar suas

experiências.

Segundo Coelho (2002), as histórias foram transmitidas de geração para

geração, quando um dia alguém resolveu registrá-las escrevendo e assim garantir-

lhes sua perpetuação , sem depender da memória do ser humano.

É importante explicitar que contar histórias é extremamente importante e

benéfico para as crianças. Entendemos que a história narrada, por escrito ou

oralmente, nos permite um avanço em diversos níveis. Isto é, contar histórias para

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Page 20: Monografia Eliciene Pedagogia 2012

as crianças permite um desenvolvimento, no mínimo, nos planos psicológicos,

pedagógicos, históricos, social, cultural e estético.

Quando uma criança ouve uma história vivencia no plano psicológico as

ações problema, os conflitos das histórias. Essa vivência faz aumentar

consideravelmente o repertório de conhecimento da criança, sobre si e sobre o

mundo. E tudo isso ajuda formar e desenvolver a personalidade. Tahan (1961)

pontua:

A história grava-se indelevelmente, em nossas mentes e seus ensinamentos passam ao patrimônio moral de nossa vida. Ao depararmos com situações idênticas, somos levados a agir de acordo com as experiências que inconscientemente, já vimos na história. Por isso, nossos pais e professores bem orientados e inteligentes, empregam a história como meio eficaz de corrigir faltas, ensinar bons costumes, inspirar atitudes nobres e justas, enfim. Recorrem ao conto como o mais racional e o mais eficaz processo de formar caracteres, e a experiências tem provado de sobejo, o acerto do caminho seguido. (p.16)

Ao ouvir histórias infantis a criança poderá ter maior habilidade em resolver

seus conflitos emocionais, expressar seus sentimentos de angústia se identificando

com os personagens das histórias, organizando suas idéias nos mais diferentes

aspectos.

2.2.2 A formação de alunos leitores

Para utilizar a literatura infantil intencionando formar alunos leitores é

necessário que o próprio professor tenha um entendimento correto do que seja

literatura infantil, qual sua função, para que serve, e como ela pode contribuir na vida

de cada um de seus alunos.

Os resultados desse conhecimento, porém, não serão possíveis somente

com conhecimentos teóricos, são antes de qualquer coisa adquiridos pelo respeito

de que os alunos possuem opiniões diferentes, sentidos próprios, diferente do

professor e de cada texto que leem.

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Page 21: Monografia Eliciene Pedagogia 2012

Leitura-prazer, em se tratando de obra literária para crianças, é aquela capaz de provocar riso, emoção e empatia com a história, fazendo o leitor voltar mais vezes ao texto para sentir as mesmas emoções. É aquela leitura que permite ao leitor viajar no mundo do sonho, da fantasia e da imaginação e até propiciar a experiência do desgosto, uma vez que esta é também um envolvimento afetivo provocador de busca de superação (OLIVEIRA, 1996, p. 28).

Estimular a criança a ler literaturas infantis, apenas, não é o bastante para

formar o hábito da leitura, é importante despertá-la sobre os benefícios da leitura

para vida. Sendo uma fonte de prazer, é necessário conscientizá-la dos valores que

ela desperta, tornando a leitura mais interessante aos olhos da criança. É necessário

que a história prenda a atenção da criança desperte sua curiosidade, estimulando

sua imaginação. Ler literatura infantil é importante para a criança em vários

aspectos: intelectual, emocional, social ou ambiental, psicológico.

Assim podemos considerar a leitura como o meio bastante eficaz de

enriquecimento e desenvolvimento da personalidade, é um caminho para a vida e

para a sociedade. Como afirma Abromovich (1997): “Ah! Como é importante para a

formação de qualquer criança ouvir muitas histórias... Escutá-las é inicio de

aprendizagem, para ser leitor é um caminho absolutamente infinito de descoberta e

de compreensão de mundo”. (p.37)

Portanto, a literatura infantil pode desenvolver no aluno o hábito de ler, pois a

mesma propõe, descobertas e aventuras tornando a leitura muito mais prazerosa,

estimulando a imaginação e a fantasia do pequeno leitor. Neste contexto,

ressaltamos a importância do professor da Educação Infantil como mediador da

prática da leitura e formação de alunos leitores. De acordo com Fazenda (1991):

Educar ou participar do processo educacional de crianças pequenas requer além de um conhecimento técnico e metodológico diversificado (as situações nem sempre se repetem) uma compreensão teórica profunda dos prejuízos irreversíveis que uma má educação nessa idade produz. (p. 16).

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Page 22: Monografia Eliciene Pedagogia 2012

Apesar dos benefícios da literatura infantil, oferecer uma leitura a uma

criança, sem conhecer seu contexto poderá ser perigoso. É necessário conhecer o

livro (a leitura) que será dada à criança, lembrando que algumas histórias podem

passar a ela não só preconceitos como mentiras, ou seja, mensagens negativas,

perdendo assim, o lado pedagógico que está subtendido na leitura de um livro.

2.3 A relação criança X literatura

Criança, para a Lei 8.069/90 é, portanto, pessoa de até doze anos. É o ser

humano no período da infância é um individuo inocente. É um ser em seu

desenvolvimento, é a melhor fase vivenciada pelo homem.

Desde o nascimento até o inicio da adolescência, os pais são os principais

modelos da criança, com quem elas aprendem principalmente a partir da imitação. É

importante considerar suas capacidades afetivas, emocionais, sociais, cognitivas,

socioculturais e sua individualidade.

O conhecimento sobre infância cresceu ao longo do século XX, através do

historiador Áries, que analisou o surgimento da infância na sociedade, através de

sua publicação em 1970 sobre a história social da criança e da família. Segundo

Hem (2003):

De 1995, quando realizado o primeiro diagnóstico nacional da educação pré-escolar MEC, passando por 1979 - ano internacional da criança pela constituinte de 1990 e pela lei de diretrizes e bases de educação nacional de 1996 trata-se da conquista de uma visão das crianças enquanto cidadãos. (p.79).

A primeira constituição que faz menção à infância e seus direitos foi a de

1937. Seu texto dizia que o Estado deveria prover a criança sem recursos, assim a

infância passa a fazer parte das questões que envolvem toda a sociedade

dialogando com o saber psicopedagógico na busca de referências para construção

de um texto voltado a este leitor.

22

Page 23: Monografia Eliciene Pedagogia 2012

Até o século XVII, a infância não era entendida da maneira como percebemos hoje. As crianças eram tratadas como mini-adultos, trabalhavam e viviam juntos aos adultos, vestiam-se como adultos e praticavam de tudo: da vida social, política e religiosa da comunidade, não havia propriamente dito, “um mundo infantil’’, diferente e separado, ou uma visão especial sobre infância, não se escrevia para ela, pois não existia “infância’’. (ÁRIES 1978).

A criança tem muitas formas de pensar, de falar, de agir, de sonhar de

imaginar, de interagir, de criar, em fim, de expressar-se, o que as diferenciam do

mundo dos adultos. Elas têm uma forma diferente de interpretar e atribuir sentido à

realidade que as cercam, e por tanto, agir no mundo, e isso traz a possibilidade de

criar outros universos que podem inverter a estrutura prévia do contexto que estão

inseridos.

Mas a ideia sobre infância não foi sempre à mesma no contexto histórico, sua

concepção sofreu transformações, e as práticas passaram a perceber as

especialidades que distinguiam dos adultos. Segundo Áries (1979): “A aparição da

criança como categoria social se dá lentamente entre os séculos XII e XVIII’’ (p. 14)”.

Antes disso a criança não tinha tratamento diferenciado diante da família e da

sociedade, estava apenas ligada à vida do grupo como qualquer outro personagem.

Sarmento (2002) Levanta a seguinte afirmação:

A ideia da infância é uma ideia moderna (...) remetidas para o limbo das existências meramente potenciais, durante grande parte da Idade Média, as crianças foram consideradas como meros seres biológicos, sem estatuto social nem autonomia existencial, (...) daí que, paradoxalmente, apesar de ter sempre crianças, seres biológicos de geração jovem, nem sempre houve infância, de estatuto próprio (p, 10 e 11).

Surgiu então, um novo sentimento pelas crianças que precisava ser

escolarizada para atuação futura. As crianças então transcendem regras instituídas

pelos adultos e criam suas próprias regras de acordo com as relações que

estabelecem. Para fundamentar essas ideias, apontamos Ferreira (2002):

23

Page 24: Monografia Eliciene Pedagogia 2012

Ao significar que as crianças não se “limitam’’ a reproduzir o mundo dos “grandes’’ à sua escola, mas “pelo avesso’’, o reconstrói através de múltiplas e complexas interações com os pares, permite mostrá-las não só como autoras das suas próprias infâncias, mas também como atores sociais com interesses e modos de pensar, agir e sentir específicos e comuns, capazes de gerar relações e conteúdos de relação, sentido de segurança que estão na sua gênese como grupo social. Ou seja, com um modo de governo que lhes é próprio, com características distintas de outros seres sociais, como é o caso dos adultos, mas com quem nunca deixaram de desenvolver relações particulares (p.59).

As grandes aliadas dos adultos para descobrir o universo infantil são as

próprias crianças, que fazem de tudo para reafirmar seus mundos quando discordam

das imposições dos adultos, quando essas imposições às impedem de criar, cantar,

contar, refazer, transformar, gesticular, chorar, experimentar, olhar, descobrir,

imaginar, fantasiar, enfim, de se encantar. De acordo com Bettelheim:

Para dominar os problemas psicológicos do crescimento - superar decepções narcisistas, dilemas edípicos, rivalidades fraternas, ser capaz de abandonar dependências infantis: obter um sentimento de individualidade e de autovalorização e um sentido de obrigação moral a criança necessita entender o que está se passando dentro de seu eu inconsciente. Ela pode atingir essa compreensão, e com isto a habilidade de lidar com as coisas não através da compreensão racional da natureza e conteúdo de seu inconsciente, mas familiarizando-se com ele através de devaneios prolongados ruminando, reorganizando e fantasiando sobre elementos adequados da estória em resposta a pressões inconscientes. Com isto, a criança adequa o conteúdo inconsciente às fantasias conscientes, o que a capacita a lidar com este conteúdo (1980, p. 16).

Angotti (2006) afirma que a criança não pode mais ser conceituada como um

adulto em miniatura, como um bibelô com quem passamos parte do tempo e logo

em seguida providenciamos um lugar para guardá-la. É importante fazermos uma

reflexão sobre a forma como a sociedade sempre encarou a criança e nesse sentido

redimensionar os conceitos sobre a criança, pois de acordo com Moss (2002, p. 240)

a reconceitualização sobre a infância deve ser:

...a criança como um ator ativo, um construtor, na construção de seu próprio conhecimento e da cultura de seus companheiros... uma criança com sua própria inclinação e poder para aprender, investigar e desenvolver como ser humano em uma relação ativa com outras pessoas... uma criança que quer ter parte ativa no processo de criação do conhecimento, uma

24

Page 25: Monografia Eliciene Pedagogia 2012

criança que em interação com o mundo ao redor é também ativa na construção, na criação de si mesma, de sua personalidade e de seus talentos. Essa criança é vista como tendo “poder sobre seu próprio processo de aprendizagem” e tendo direito de interpretar o mundo. (Apud DARLBERG, 1997, p. 243).

É necessário levar em conta suas singularidades, respeitando-as e

valorizando-as como fator de enriquecimento pessoal e cultural. A criança tem

vontade própria e defende sempre seus gostos e vontades. Tem a capacidade de

analisar e observar as coisas que as cercam, em busca de imitá-las, recriando

ações, historia de modo argumentar seu mundo. Não é mais a criança que deve

adaptar-se ao mundo, mas este deve ser susceptível à compreensão da natureza e

da infância, de forma a atuar em seu processo de socialização.

2.3.1 Os processos educativos na infância

Segundo Alencar (2003), educar, mais do que nunca é acumular saber para

humanizá-lo, distribuí-lo e dar-lhe um sentido ético, isto é, solitário, cuidadoso, com

dignidade de ser humano do mundo.

O processo educativo é uma espécie de estrada; ás vezes sinuosa, às vezes

linear, o educador é um “eterno” equilibrista que , através do desfio de continuar

caminhando, constrói a sua historia e auxilia o educado a uma reflexão de vida.

Aprender a educar é processo que envolve a transmissão, a fixação e a

produção de saberes, memórias, sentido, significados, pratica e performances.

Freire (1997) afirma que: ”[...] forma e muito mais que puramente treinar o educando

no desempenho de destrezas.” (p.15) e depois mais adiante: ... Ensinar não é

transferir conhecimentos, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua

construção.

Já não é um mero ator ou agente do ensino; torna-se ele próprio projeto, o autor e projetor: projetos de vida e projetos educativos que se vão construindo, reconstruindo, com saber, arte e engenho, ao longo dos caminhos cujas trajetórias se vão criando também no ato e não mais na certeza antecipada pelo racionalismo cientifico. (FREIRE ,1997, p.15)

25

Page 26: Monografia Eliciene Pedagogia 2012

O processo educativo deve ter como finalidade o desenvolvimento integral da

criança, levando em conta vários aspectos como físico, psicológico, intelectual e

social, sendo necessário que os professores valorizem os interesses e vontades dos

alunos apresentando textos literários que desenvolvam a criatividade, afetividade e

solidariedade dos mesmos permitindo adquirir novos conhecimentos e buscando

novas perspectivas de vida.

O processo educativo é muito importante no desenvolvimento das

capacidades das crianças, tendo em vista que o professor tem em mão o papel de

propor ao aluno situações de aprendizagem para (re) construção do conhecimento,

nesse processo a criança pode perceber que seus conflitos e medos passam a ser

amenizados quando o professor a faz refletir sobre os mesmos. Isso pode fazer com

que suas relações sociais se tornem melhor e menos conflitantes.

É notório que o processo educativo além de contemplar a educação do

indivíduo, tem o poder de desenvolver o ser humano oferecendo a ele todo conteúdo

formal e científico que o indivíduo necessita para seu desenvolvimento intelectual e

para atuar na sociedade como cidadão consciente de seus direitos e deveres, capaz

de transformar a realidade em que vive, principalmente quando a literatura infantil

está inserida como prática pedagógica.

26

Page 27: Monografia Eliciene Pedagogia 2012

CAPÍTULO III

3. METODOLOGIA

A pesquisa é fruto de uma inquietação, dúvida, incerteza, decorrente da

busca do pesquisador em delimitar um problema, em descobrir algo. Segundo

Japiassu (1983): “nosso conhecimento nasce na dúvida e se alimenta das

incertezas”. (p.14). Em todo ato de pesquisa faz-se necessário contextualizar a

realidade na qual está inserida a população alvo da pesquisa, o que nos permitirá

uma visão mais abrangente da problemática e das relações múltiplas que se

estabelecem sobre determinada realidade.

Na perspectiva de Demo (1999), pesquisa significa: “(...) diálogo critico com a

realidade, culminando na elaboração própria e na capacidade de interação”. Em tese

a pesquisa é atitude do “aprender a aprender’’ e como tal faz parte de todo processo

educativo” (p. 128).

3.1 Paradigma da pesquisa

Utilizamos a abordagem de pesquisa qualitativa por ser o melhor caminho a

seguir nesse processo de descoberta, justificada pelo fato de que ela responde de

forma discreta a liberdade do pesquisando permitindo envolvimento ou inserção

pessoal, intelectual ou social e também por compreender que a mesma utiliza uma

abordagem sociológica para discutir tanto o comportamento, como valores,

expectativas e concepções.

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Page 28: Monografia Eliciene Pedagogia 2012

Este tipo de pesquisa permite o contato direto entre o pesquisador, o

ambiente e a situação investigada, através do trabalho de campo, proporcionando

um relacionamento mais longo e flexível entre o pesquisador e o objeto pesquisado,

criando um vínculo entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito.

Deslandes (1994) vem afirmar que:

A pesquisa qualitativa responde a questões particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com o nível de realidade que não pode ser universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes que correspondem ao espaço mais profundo das relações dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos a operacionalização de variáveis (p.21).

A pesquisa qualitativa é indutiva, descritiva, adota uma pesquisa global

sistêmica em suas tentativas de compreensão, pois nos garante representação de

dados, baseados em critérios de qualidade e não numérico do problema

investigado, e nessa pesquisa será importante, pois abre portas e caminhos para

que esta abordagem tenha um diagnóstico baseado em uma compreensão ampla

de como a literatura infantil proporciona o desenvolvimento das crianças na

educação infantil.

3.2 Sujeitos

Apesar de um quadro razoavelmente grande de professores oferecido pelo

lócus de pesquisa composto por 18 Professores, 04 auxiliares de professores, os

sujeitos envolvidos na investigação foram quatro professores. Esses foram

escolhidos porque lecionavam na educação infantil do Centro Educacional

Professora Edneilda Marquês, tendo em vista o objetivo: a contribuição da literatura-

infantil na formação da criança da Educação Infantil.

3.3 Lócus de pesquisa

28

Page 29: Monografia Eliciene Pedagogia 2012

O lócus tem fundamental importância para a pesquisa, pois leva o

pesquisador a refletir sobre o seu problema, interações e questionamentos dessa

experiência, abrindo espaço para a investigação. Diante disso Trivinos (1987) nos

diz que: “ambos os tipos de pesquisa possui base fenomenológica e fundamentos

materialistas e dialéticos, ressalta a importância do ambiente na configuração da

personalidade, problemas e situações de existência do sujeito’’(p.128).

Para realizar esta pesquisa tivemos como ponto de partida a escola de rede

privada de Senhor do Bonfim, Centro Educacional Edneilda Marques (Bem-Me-

Quer), situada na Rua Ceciliano de Carvalho, n° 46, Centro. A estrutura da escola é

composta de 13 salas de aulas, 02 pátios amplos, 01 quadra, 02 parques infantis,

biblioteca, 02 salas de Professores, 11 banheiros, 01 almoxarifado, 02 refeitórios,

01 auditório e 01 laboratório de informática. Este locus foi escolhido pela facilidade

de acesso ao local e aos sujeitos pesquisados.

3.4 Instrumentos de coleta de dados.

Procurando conhecer e interpretar a problemática apresentada, utilizamos

como instrumentos de coleta de dados observação participante, questionário

fechado e questionário aberto, para ter acesso às informações que possibilitaram o

alcance do nosso objetivo de pesquisa.

3.4.1 Questionário

O questionário é um instrumento de coleta de dados com questões a serem

respondidas por escrito. Este foi utilizado tendo em vista o propósito de enriquecer a

pesquisa nos dando possibilidades de identificar os significados que os sujeitos dão

a determinados fatores. A importância do questionário nesta pesquisa é que

favorece uma análise minuciosa, uma vez que, segue uma ordem de questões que

29

Page 30: Monografia Eliciene Pedagogia 2012

serão respondidas pelos sujeitos sem a presença do pesquisador. Segundo Marconi

e Lakatos (1996):

Questionário é um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador. Em geral, o pesquisador envia o questionário ao informante, pelo correio ou por um portador, depois de preenchido, o pesquisado, devolve-o do mesmo modo. (p.88)

O questionário permite indicar e ordenar as respostas mais adequadas,

buscando a coleta dos dados gerais dos sujeitos e sobre questões acerca do tema

indicado. Para a obtenção de dados concisos, o questionário pode contribuir como

um instrumento que obtém respostas rápidas e precisas, atingindo um maior número

de pessoas simultaneamente, o que proporcionou mais uniformidade na avaliação,

em virtude da natureza impessoal do instrumento.

Para Cervo e Bervian (1993) “o questionário refere-se a um meio de obter

respostas as questões por uma fórmula que o próprio informante preenche. [...]

possui a vantagem dos respondentes sentirem-se mais confiantes, dado o

anonimato, o que possibilita coletar informações e respostas mais reais”. (p. 159).

3.4.1.2 Questionário fechado

Um instrumento de abordagem qualitativa utilizado foi o “questionário

fechado, pois acreditamos ser uma técnica utilizada nas ciências sociais’’, (LUDKE,

1986). O mesmo enriquece as informações, traçando um perfil dos sujeitos da

pesquisa, permitindo conhecer a realidade dos sujeitos pesquisados.

Marconi e Lakatos (1996, p.88). Definem o questionário fechado como “... um

instrumento de coleta de dados, constituído por uma serie ordenada de perguntas,

que devem ser respondidas por escrito e sem a presença de entrevistados’’. E

completa Gressler (1989):

30

Page 31: Monografia Eliciene Pedagogia 2012

[...] Uma serie de perguntas organizadas com o objetivo de levantar dados para uma pesquisa, cujas respostas são formuladas pelo informante ou pesquisadas sem assistência direta ou orientação do investigador. Todas as questões do questionário são pré-elaboradas e as respostas são dadas por escrito (p.58).

A escolha, deste instrumento surgiu pela necessidade de buscar dados que

possibilitem chegar aos objetivos da pesquisa, traçar o perfil dos sujeitos

pesquisados de forma clara, objetiva e organizada.

3.4.1.3 Questionário aberto

O questionário aberto é um instrumento de coleta de dados constituído por

uma série ordenada de perguntas que devem ser respondidas por escrito e sem a

presença do investigador. Segundo Goldemberg (2000):

[...] os pesquisados se sentem mais livres para exprimir opiniões que temem ser desaprovados ou que podem colocá-los em dificuldades, menos pressões para uma resposta imediata, o pesquisado pode pensar com calma. (p. 87-88).

Para a obtenção de dados concisos, o questionário aberto pode contribuir

como um instrumento que obtém respostas rápidas e precisas, atingindo um maior

número de pessoas simultaneamente, o que proporcionou mais uniformidade na

avaliação .

3.4.2 - Observação participante

31

Page 32: Monografia Eliciene Pedagogia 2012

Nessa pesquisa de enfoque qualitativo, foi utilizada a observação

participante, com intuito de envolver os alunos na investigação. Como diz

Deslandes (1994): “Esse questionamento é que nos permite ultrapassar a simples

descoberta para assim a criatividade produzir conhecimentos’’ (p.52)”.

A utilização da observação participante na pesquisa é relevante, porque

valoriza a experiência, acompanha de perto o trabalho desenvolvido pelos sujeitos,

facilitando assim, um melhor direcionamento do trabalho. Sobre esse instrumento de

coleta de dados Cruz Neto (1994) pontua:

A técnica de observação participante se realiza através do contato direto do pesquisador com o fenômeno observado para obter informações sobre a realidade dos atores sociais em seu próprio contexto. O observador, enquanto parte do contexto de observação, estabelece uma relação face a face com os obstáculos. (p.29)

Através da observação podemos chegar mais perto dos sujeitos, a partir

dessa análise do espaço do professores e com a proximidade dos mesmos é que

podemos perceber a fundo o contato do sujeito com a questão que está sendo

pesquisada.

32

Page 33: Monografia Eliciene Pedagogia 2012

CAPÍTULO IV

4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS

Neste capítulo apresentaremos o resultado da pesquisa que teve como

objetivo identificar a contribuição da literatura-infantil na formação da criança da

Educação Infantil do Centro Educacional Professora Edneílda Marques. Para tanto,

ressaltamos que a análise e interpretação de dados tiveram como fonte: a

observação participante, questionário fechado e questionário aberto. O resultado

dessa pesquisa é fruto da análise da teoria e prática, sendo que todas estas

discussões referem-se a um grupo de quatro professoras, sujeitos dessa pesquisa.

Conforme Gil (1991): “Está é a última fase de um levantamento. Logicamente

coletados e analisados. Entretanto, é de toda conveniência durante o planejamento

definir-se a cerca da forma como serão apresentados os dados”. (p.103).

Os dados serão apresentados através de categorias conforme relevância dos

pontos identificados na pesquisa, sendo que primeiramente nos propomos a

explanar dados com o perfil dos sujeitos e em seguida a análise do questionário

aberto atrelado à observação participante.

4.1 Perfil dos sujeitos

Aqui serão apresentados os resultados traçando o perfil dos sujeitos da

pesquisa. Os dados que possibilitaram fazer esse levantamento foram obtidos

através do questionário fechado no qual os sujeitos foram submetidos contribuindo

de forma significativa com a nossa pesquisa.

33

Page 34: Monografia Eliciene Pedagogia 2012

4.1.2 Gênero

Analisando os resultados do questionário fechado identificamos no tocante ao

gênero que os 100% dos sujeitos pertencem ao sexo feminino. Compreendemos

que a presença feminina é significativa, sobretudo, em se tratando do ensino na

educação infantil, onde historicamente foi sendo construída a idéia de que as

habilidades necessárias aos professores envolvem principalmente aspectos

relacionados ao cuidar e à maternidade. No entanto, conforme Kramer (1992) a

grande quantidade de mulheres na educação, vem de um processo histórico, onde

traz alguns traços que de certa forma desqualifica essa atividade, por caracterizá-la

uma ação apenas materna.

Segundo Kishimoto (2002):

Ao longo da constituição da Educação Infantil, o profissional enfrentou as contradições entre o feminino e o profissional. Princípios como a maternagem, que acompanhou a história da Educação Infantil desde seus primórdios, segundo o qual bastava ser mulher para assumir a educação da criança pequena, e a socialização apenas no âmbito doméstico, impediram a profissionalização da área. (p. 07).

A realidade do crescimento do espaço feminino também tem sido percebida

pela participação da mulher em diferentes áreas da sociedade que lhe conferem

direitos sociais, políticos e econômicos, assim como os indivíduos do sexo oposto.

Sendo assim acreditamos que é necessário haver uma política de desconstrução

dos paradigmas da maternidade que ainda persistem na educação infantil.

4.1.3 Formação

Uma das professoras possui graduação em pedagogia, três estão em

processo de conclusão do curso de licenciatura em letras. Acreditamos que esses

34

Page 35: Monografia Eliciene Pedagogia 2012

dados revelam que ao contrário de momentos anteriores, os profissionais que atuam

na educação infantil estão buscando qualificação, uma vez que, a própria LDB (Lei

das Diretrizes e Bases da Educação), faz essa exigência. De acordo com a

legislação vigente, os profissionais que desejam atuar em cargos de docência

precisam ser licenciados ou pós-graduados. Kramer (2005) traz:

Considera-se que o trabalho do profissional da educação infantil necessita de pouca qualificação e tem menor valor. A ideologia ai presente camufla as precárias condições de trabalho, esvazia o conteúdo profissional da carreira, desmobiliza os profissionais quanto às reivindicações salariais e não os leva a perceber o poder da profissão. (p. 125).

Salientamos que o processo de formação do professor exige a necessidade

de efetivar-se de maneira contínua, permitindo o constante exercício da reflexão

sobre a prática pedagógica, e a partir daí, novas ações visando à qualificação

permanente. Hoje, os docentes têm investido na sua carreira logo que o mercado de

trabalho exige profissionais qualificados, principalmente no que se refere à

educação, embora, a formação para o trabalho na educação infantil deva ser

necessário o curso de pedagogia.

4.1.4 Rede de ensino em que atua

Identificamos que 100% dos sujeitos da pesquisa trabalham em rede privada

mantidas com fins lucrativos. Conforme estabelecido na Lei de Diretrizes e Bases da

Educação (LDB), de 1996. A rede particular de ensino geralmente é mantida por

recursos próprios ou através de anuidades pagas pelos alunos.

Geralmente a primeira oportunidade de atuação dos professores no início de

carreira são as escolas privada e é importante enfatizar que seria necessário um

processo de seleção (concurso) para que estes tivessem a oportunidade em

instituições públicas.

35

Page 36: Monografia Eliciene Pedagogia 2012

.

4.1.5 Renda salarial

Conforme as informações obtidas 100% das professoras possuem uma renda

mensal de dois salários mínimos. Está na contra mão da realidade em que o piso

salarial deve ser o valor de R$ 1451,00 para 40 horas. A questão salarial, ainda é

um forte entrave na educação principalmente em escolas privadas de pequeno porte

em que o piso não é cumprido. Infelizmente o professor não possui uma

remuneração satisfatória, isso traz conseqüências desanimadoras, como a falta de

estímulo desses profissionais para atuarem com maior disposição e empenho no

desenvolvimento educacional.

Ao longo dos anos é claramente expresso na pauta das discussões e

reivindicações, o piso salarial do professor, como forma de assegurar uma

remuneração digna que estimule ao trabalho em sala de aula e melhoria da

qualidade de ensino e valorização docente.

4.2 Análise do questionário aberto

A partir deste momento estaremos apresentando o resultado do questionário

aberto, dialogando com a observação participante, que nos permitiu identificar as

contribuições da literatura infantil na formação da criança de educação infantil. Esse

é um momento salutar na pesquisa, pois interpretaremos os dados e faremos

comparações confrontando idéias presentes nos discursos dos professores, com os

teóricos que fundamentaram esta pesquisa.

4.2.1 A importância de trabalhar a literatura infantil na sala de aula

36

Page 37: Monografia Eliciene Pedagogia 2012

De acordo com os dados coletados, percebemos que 100% das professoras

compreendem a importância da literatura infantil na formação das crianças. Eis o

que afirmam:

Utilizo a literatura infantil na sala de aula há bastante tempo, assim, pude perceber sua importância, por exemplo, na contribuição do desenvolvimento e estímulo a leitura. O resultado realmente são os melhores (P11)

Não temos como negar o quanto a literatura é importante, não só para o desenvolvimento da aprendizagem como em todo processo cognitivo da criança.(P2)

Na verdade há pouco tempo, é que descobrir o quanto a literatura infantil é importante, quando utilizada na prática pedagógica, o conhecimento se torna mais prazeroso. (P3)

A literatura infantil são obras que desenvolve as potencialidades das crianças, por isso reconheço a sua importância. A literatura infantil desenvolve as potencialidades das crianças, por isso reconhecemos sua importância.

Ouvir histórias é importante para a formação de qualquer criança, é esse o

início da aprendizagem para se tornar um leitor. São nestes momentos, de contato

com a literatura, que as crianças suscitarão o imaginário, despertando sua

curiosidade, levantam questionamentos, idéias para solucionar os problemas dos

personagens, enfim vivem a história. Como afirma Abramovich (1995, p. 17): “É

ouvindo histórias que se podem sentir, também emoções importantes como raiva,

tristeza, irritação”...

Todos os sujeitos reconhecem teoricamente a importância de inserir nas

atividades da sala de aula a literatura infantil. Os autores que fundamentam a

pesquisa a exemplo de Abramovich (1997), Bettelheim (1980), Aguiar (2001), entre

outros, afirmam a importância da literatura infantil que podem desenvolver a

aprendizagem e o emocional da criança quando bem utilizada, tendo em vista a sua

alta empregabilidade.

A literatura infantil permite ao aluno viajar com a imaginação, desperta o

prazer na leitura, contribui no desenvolvimento, podendo ser usada como

1 Utilizaremos a consoante P maiúscula seguida de números arábicos crescentes para ocultar a identidade dos nossos sujeitos.

37

Page 38: Monografia Eliciene Pedagogia 2012

instrumento pedagógico. A sua prática pode desenvolver na criança entre outras

coisas a expressão das idéias, possibilitando assim, o seu desenvolvimento na

leitura. Como diz Pinto (1999):

A literatura Infantil tem um grande significado no desenvolvimento das crianças de diversas idades, onde se reflete situações emocionais, fantasias, curiosidades, e enriquecimentos do desenvolvimento perceptivo. Para ele as leituras de histórias influem em todos os aspectos da educação da criança, da afetividade: desperta a sensibilidade e o amor a leitura, na compreensão do texto; na inteligência, desenvolvendo a aprendizagem intelectual. (Apud RUFINO e GOMES, p.11)

Prieto (2001, p.87) acredita que todas as pessoas, que assim queiram, são

capazes de contar histórias: “Somos contadores na essência, estamos durante toda

a vida construindo histórias. A narrativa faz parte do dia-a-dia. Um olhar para dentro

pode ser o estopim dessa arte em cada um de nós”. E quando o professor é um bom

contador de histórias, as crianças ficam com um olhar fixo, mas sua mente voa no

mundo de imaginações.

Através da literatura Infantil o aluno desenvolve habilidades percebidas no

aumento do vocabulário, interpretação de texto, até mesmo a criatividade, facilitando

no processo de ensino aprendizagem também em outras disciplinas.

4.2.2 Freqüência em que a literatura é trabalhada em sala de aula

Analisamos que 80% das professoras trabalham apenas um dia com literatura

infantil e 20% dois dias na semana. Vejamos o que dizem:

Utilizo a literatura infantil apenas um dia, nas sextas feiras, è a proposta do projeto da escola, mesmo assim os resultados são bons. (P1)

A literatura infantil é sempre bem vinda, todos gostam muito, mas, separei um dia para trabalhar com os alunos. (P2)

Costumo utilizar uma vez na semana, porém ela pode ser utilizada de diversas formas com objetivos diferentes. (P3)

38

Page 39: Monografia Eliciene Pedagogia 2012

Utilizo duas vezes, gosto de começar e encerrar a semana com literatura. Eu sempre aproveito para desenvolver algumas atividades. (P4)

As respostas dos sujeitos nos levam a perceber que infelizmente a literatura

infantil não é tão utilizada nem valorizada pelos professores, se assim fosse seria

necessária sua utilização mais vezes durante as aulas. Mais uma vez, identificamos

um distanciamento entre a teoria, ou seja, o discurso e a prática.

Tal evidência demonstra uma contradição no discurso e prática das

professoras, já que na categoria anterior, afirmaram reconhecer a importância da

literatura infantil na formação da criança como um todo. “Nossa tradição cultural e

política sempre foi marcada por esta distância e, até mesmo pela oposição entre

aquilo que gostamos de colocar no papel e o que de fato fazemos na realidade.

(MACHADO, 2005, p. 27).

Assim, as professoras estarão descartando um instrumento que poderá

contribuir não só com o desenvolvimento da leitura como também outros benefícios

que a literatura infantil oportuniza a exemplo de encantamento, estímulo a

imaginação, socialização da criança etc. Cury (2008) afirma que contar histórias è

também “transformar a vida na brincadeira mais séria na sociedade”. Acrescentando

com os dizeres que “dentro de cada ser humano há um palhaço que quer respirar,

brincar e relaxar”. (p.96)

Entende-se que a criança precisa ser estimulada, e é nesse contexto que se

torna relevante para o desenvolvimento global da criança, um ambiente, onde haja

estímulos que facilitem a apropriação do conhecimento. Um ambiente sócio afetivo

tranqüilo e encorajador, livre de tensões e imposições, é fundamental para que o

aluno possa interagir de forma confiante com o meio, saciando sua curiosidade,

descobrindo coisas, inventando, construindo, enfim, seu conhecimento (FERREIRA,

1993).

4.2.3 Quanto ao hábito de leitura do professor

39

Page 40: Monografia Eliciene Pedagogia 2012

Quando questionadas sobre o hábito de ler, 100% dos sujeitos confirmaram

ter hábito de leitura nos diversos gêneros. É notória a idéia que os gêneros textuais

são fenômenos históricos relacionados à vida cultural e social. Resultado de trabalho

coletivo, os gêneros contribuem para ordenar e estabilizar as atividades comu-

nicativas do dia-a-dia. É notório que a leitura mesmo em diferentes gêneros é muito

importante no cotidiano de qualquer profissional, principalmente quando se refere ao

professor.

Não tenho muito tempo, mas entendo o quanto é importante um professor ser também um bom leitor, por isso costumo ler qualquer livro de gênero que eu possa ter acesso fácil como revistas, romances, etc. (P1)

Costumo ler sempre, como ser um bom professor sem ser um leitor? Mesmo sem muito tempo disponível não abro mão de ler biografias, Crônicas entre outros. (P2)

Na era da tecnologia da comunicação dificilmente uma pessoa poderá se excluir do contato com a leitura. Costumo ler gêneros variados: romances, biografias, inclusive, cartas eletrônicas (e-mails), bate-papos virtuais, confesso que as vezes o tempo e o cansaço não ajudam, mas, procuro me esforçar e sempre. (P3)

Chego às vezes ficar um tempo fazendo leitura apenas com livros acadêmicos por causa da necessidade, afinal sou também estudante falta de tempo, mas me considero uma leitora, porque sempre que posso, leio. (P4)

Percebemos algo em comum na fala dos sujeitos, quando todos afirmam a

falta de tempo para a leitura, provavelmente este é um dos principais fatores que

impedem as pessoas de priorizar um tempo especial para a leitura, mas não

podemos negar que é importante para os educadores porque através da leitura

adquirimos conhecimentos, testamos os nossos próprios valores e experiências com

as dos outros. A falta de tempo está relacionada, também, á carga horária de

trabalho dessas profissionais. “A leitura suscita a necessidade de familiariza-se com

o mundo, enriquecer as próprias idéias e têm experiências intelectuais, o resultado é

a formação de uma filosofia da vida, compreensão do mundo que nos rodeia”.

(BAMBERGUE. 2002. p. 32).

40

Page 41: Monografia Eliciene Pedagogia 2012

Os meios de comunicação tecnológicos como o rádio, a televisão, o jornal, a

revista, a internet, por possuir uma presença marcante e grande centralidade nas

atividades comunicativas, vão por sua vez propiciando e abrigando gêneros novos

bastante característicos. Daí surge formas discursivas novas, tais como editoriais,

artigos de fundo, notícias, telefonemas, telegramas, tele mensagens,

teleconferências, videoconferências, reportagens ao vivo, cartas eletrônicas (e-

mails), bate-papos virtuais, aulas virtuais e que acabam interferindo na formação das

pessoas. Tal interferência pode ser benéfica ou maléfica, a depender da forma como

essas ferramentas são utilizadas. Alegretti (1999, p. 19) afirma que:

“A tecnologia na Educação encontrará seu espaço, desde que haja uma mudança na atitude dos professores, que devem passar por um trabalho de autovalorização, enfatizando seu saber para que possam apropriar-se da tecnologia com o objetivo de otimizar o processo de aprendizagem.

Assim, o desenvolvimento da leitura pode ser alcançado nas trocas que,

enquanto leitor , ela realiza, se aperfeiçoando ao longo da vida, podendo mantê-la

engajada ao que se refere no pensar, agir e criar direcionada pela humanidade a

partir de textos escritos. È possível então, através da literatura, a criança

compreender a si mesmo e mundo à sua volta, Desenvolvendo seu senso crítico

sobre a realidade a qual está inserida.

4.2.4 Compreensão sobre a relação Literatura infantil X leitura

A partir dos resultados podemos analisar que 100% dos sujeitos

compreendem a Literatura Infantil como passaporte para leitura vista como

possibilitadora de relações intelectuais e interação das pessoas com o mundo.

Realmente o ato de ler é um exercício de indagação, de reflexão crítica, de

entendimento, de captação de símbolos e sinais, de mensagens, de conteúdo, de

informações...

A leitura realmente não só possibilita as relações intelectuais como os potencializa, permitindo a formação dos nossos próprios conceitos. (P.1)

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Page 42: Monografia Eliciene Pedagogia 2012

A leitura nos oportuniza fazer uma interação com o mundo e o conhecimento. (P.2)

O ato de ler possibilita um maior conhecimento de mundo desenvolvendo as relações intelectuais. (P.3)

A leitura é mais que o ato de decodificar, ela nos permite conhece a realidade, elementos e / ou fenômenos com os quais nos defrontamos. (p.4).

Ler é benéfico à saúde mental, pois é uma atividade neurológica. A atividade

da leitura faz reforçar as conexões entre os neurônios. Através da leitura ampliamos

nossa visão de mundo, conseguimos o domínio da palavra, trocamos idéia e

conhecimentos, sendo possível entender o mundo que nos cerca. Com o domínio da

palavra nós nos transformamos e, ao nos transformar construímos um mundo

melhor.

Vivemos num mundo letrado, e a leitura nos dá suporte e compreensão para

decifrar aquilo que está escrito e nos comunica ou informa sobre algo. Freire (1996)

vem afirmar: “A leitura de mundo procede à leitura da palavra e a leitura desta

implica a comunidade da leitura daquela (p. 28)”. Entendemos então que a literatura

abre possibilidades para novas descobertas e perceber o mundo bem como no

contato com as histórias a criança constrói um conhecimento a partir dos textos

literários. Neste caso a literatura infantil contribui na formação pessoal e social do

educando.

4.2.5 Sobre a reação que provoca nos alunos:

Podemos notar que 100% dos sujeitos afirmam que os alunos demonstram

muito interesse no momento em que a literatura-infantil é utilizada na sala de aula.

Meus alunos sempre demonstram muito interesse e costumam participar e intervir nas histórias. (P1)

Muito interesse. É uma das horas em que o silêncio é quase absoluto, embora as vezes surgem alguns questionamentos. (P2)

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Page 43: Monografia Eliciene Pedagogia 2012

A maioria dos alunos além de interesse, participam, demonstra encantamento, sensações que podemos notar observando cada rosto. (P3)

A verdade é que os alunos se mostram inteiramente interessados, participam e interferem. (P4)

Todos os sujeitos de pesquisa afirmaram que as crianças envolvem-se com

as histórias lidas ou contadas, são questionadoras e participam das atividades

propostas com entusiasmo, somente a minoria que talvez por timidez, não se

envolvem nos conteúdos trabalhados. Neste contexto é necessário que a professora

regente utilize uma linguagem acessível para faixa etária relacionada a criança.

A interferência da literatura quando incluída nas tarefas da escola pode

produzir questionamentos a respeito de levar o aluno a diversidade de texto,

estimulando reações de curiosidade, desempenho e satisfação relacionada à

literatura infantil. Sawulski (2002) observa que:

Faz-se necessário que o professor introduza na sua prática pedagógica a literatura infantil, que contribui para o crescimento e a identificação pessoal da criança, propiciando ao aluno a percepção de diferentes resoluções de problemas, despertando a criatividade, a autonomia, e a criticidade, que são elementos necessários na formação da criança em nossa sociedade atual (p.46)

Segundo Pires (2000) a literatura infantil toma-se, deste modo, imprescindível.

Os professores dos primeiros anos da escola devem trabalhar diariamente com

literatura, pois constitui material indispensável que aflora a criatividade das crianças

através de uma espécie de caleidoscópio de sentimentos e emoções que favorecem

a proliferação do gosto pela leitura, enquanto forma de lazer e diversão,

Entretanto, percebemos uma contradição nos sujeitos pesquisados, quando

afirmam compreender a importância da literatura e, no entanto, sua utilização se

resume no máximo duas vezes na semana quando, deveria utilizá-la quatro ou mais

vezes. Entendemos que estas professoras demonstram desconhecer a literatura

infantil como prática pedagógica, portanto pouco utiliza.

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Page 44: Monografia Eliciene Pedagogia 2012

A literatura infantil pode realmente estimular o imaginário em situações

diversas desenvolvendo novas perspectivas além de melhorar o conhecimento da

realidade. É notório que a literatura infantil desperta variadas emoções na criança,

conforme Coelho (2002.p.26), “a criança através da literatura infantil entra no texto e

viaja no mundo da fantasia e do questionamento assim a leitura além de poder ser

vista, pode ser vivida, sentida falada, ouvida e até contada”.

4.2.6 Finalidade atribuída à literatura infantil na sala de aula.

Podemos observar que 50% dos sujeitos fazem uso da literatura infantil como

instrumento de aprendizagem e 50% utilizam não só como instrumento

aprendizagem, mas também como entretenimento.

Utilizo como instrumento de aprendizagem e também como entretenimento. (P1).

Sem dúvidas nenhuma como Instrumento de aprendizagem. (P2)

Como instrumento de aprendizagem (P3)

Costumo utilizar a literatura infantil não só como instrumento de aprendizagem, mas como entretenimento também. (P4)

Buscamos em vários autores conceituados opiniões em relação à literatura

infantil. Na opinião Cunha (1983) a literatura infantil é estritamente lúdica,

assinalando não ser necessária sua pretensão a pedagogia. Segundo Meirelles

(2000), a literatura não é apenas um passatempo, a literatura é nutrição, que auxilia

na formação infantil. Coelho (2003) tem uma opinião mais conciliadora, como objeto

que provoca emoções, prazer ou diverte e, acima de tudo, modifica a consciência de

mundo de seu leitor, a literatura infantil é arte. Portanto, como instrumento

manipulado por uma intenção educativa, a literatura

É importante o professor saber aplicar os métodos pedagógicos. De que

adianta um professor adquirir vários meios didáticos, como métodos e técnicas, e

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Page 45: Monografia Eliciene Pedagogia 2012

não aplicá-los ou não ter competência suficiente para adequá-los ao nível de seus

alunos? Os meios didáticos são muito importantes, desde que o professor saiba usá-

los da melhor forma possível, atingindo as necessidades, interesses e dificuldades

dos alunos Cagneti (1995, p.23) afirma que “(...)” A literatura infantil é fonte

inesgotável de assuntos para melhor compreender a si e ao mundo”.

A literatura infantil, utilizada de modo adequado, é um instrumento de suma

importância na construção do conhecimento do educando da educação infantil, não

só como instrumento de aprendizagem significativa, mas também como uma

atividade prazerosa. Ao ler uma história também é possível que a criança

desenvolva todo um potencial crítico. A partir daí a mesma pode pensar duvidar,

perguntar-se, questionar-se. Pode se sentir inquieta, cutucada, querendo saber mais

e melhor ou percebendo que pode mudar de opinião.

4.3 O que apareceu na observação

Durante o período de observação analisamos o comportamento das

professoras no momento literário, as quais utilizavam como recurso, gravuras,

fantoches entre outros criando objetos relacionados às histórias contadas. Havia

sempre uma maneira de explorar a história contada com perguntas em fichas e

respostas possibilitando momentos criativos de alegria, prazer, curiosidade espanto

e de muita satisfação. Estes sentimentos e sensações eram visíveis em cada rosto

das crianças ao ponto que algumas quando os pais chegavam antecipadamente

para levá-la para casa, pediam para ficar e esperar até o fim da história.

Lamentamos em saber que diante dessa realidade de encantamento e participação,

a literatura seja utilizada apenas uma ou duas vezes na semana.

As professoras faziam um trabalho com a literatura infantil em parceria com

os pais quando nas sextas-feiras, tem-se o hábito de convidar o pai ou a mãe de um

aluno para contar uma história para toda a turma sendo responsável também pelo

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Page 46: Monografia Eliciene Pedagogia 2012

lanche coletivo. Podemos perceber então neste momento que independente da

pessoa que contava a história, as crianças ficavam com o olhar fixo, mas sua mente

aparentemente voava no mar da imaginação, o encantamento despertava seu

interesse e envolvimento na história.

Em uma conversa com os pais percebemos que poucos investiam em livros

para seus filhos. Quando preguntamos se fazia parte da sua rotina contar histórias

para seus filhos a resposta foi negativa, muitos alegaram que o pouco tempo que

tinham não contribuía, ás vezes era com muito esforço que liam algumas literaturas

exigidas pela escola. Percebemos então que esses pais denotam de certa forma

uma visão superficial e ligeiramente desinteressada acerca da importância da

literatura infantil para a criança.

Entendemos que a literatura infantil é importante como prática pedagógica,

logo que é necessidade humana de comunicação tendo em vista que a criança

adquire uma nova dimensão, mais ampla e importante ao proporcionar à criança

oportunidades de um desenvolvimento emocional, social e indescritível.

Contribuem para formação das crianças criando uma ponte para o inconsciente, desenvolvendo-lhes internamente recursos para que, quando se depararem com situações difíceis e inevitáveis, estejam mais fortalecidas e preparadas. (BUSSATO, 2003, p.35).

Assim, faz-se cada vez mais necessário a revitalização da literatura infantil

levando em conta que ela torna a aprendizagem atraente e significativa, um recurso

didático simples, mas que proporciona benefícios significativos

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Page 47: Monografia Eliciene Pedagogia 2012

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As idéias aqui contidas são reflexões não acabadas, mas com

possibilidades, dentre muitas existentes, de se pensar nas produções da

literatura infantil e a contribuição que ela está trazendo para o processo de

desenvolvimento da prática pedagógica dentro das instituições de educação.

A pesquisa demostrou que os sujeitos pesquisados apesar de

afirmarem a importância da literatura infantil no desenvolvimento da criança e

na contribuição do processo de aprendizagem, revelaram utilizar a literatura

apenas um ou duas vezes na semana, entretanto percebemos uma fragilidade

em seus discursos, entendemos que se realmente houvesse esse

conhecimento a literatura infantil seria utilizada com mais frequência de até

quatro ou mais vezas na semana.

A partir desta situação, compreendemos que a literatura deva ser

utilizada em sala de aula de forma prazerosa desvinculada dos conteúdos

gramaticais estimulando o gosto pela leitura, a imaginação, desenvolvendo a

criatividade. Portanto, há necessidade de preparo dos docentes para realização

de atividades diversificadas e motivadoras; participação de professores nos

cursos de capacitação que proporcionem um conhecimento maior sobre a

literatura infantil.

A literatura infantil é um elemento riquíssimo, e, portanto não deve ser

deixado de lado pelos professores, nem utilizado sem planejamento prévio,

muito menos como pretexto para ensinar conteúdo. Ela é um amplo campo de

estudos que exige do professor conhecimentos para saber adequar os livros às

suas crianças, gerando um momento propício de prazer e estimulação para

leitura

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Page 48: Monografia Eliciene Pedagogia 2012

Após a pesquisa percebemos que a literatura infantil através de uma

cumplicidade entre o contador de História e o ouvinte é determinante na

formação do indivíduo, ajudando- o a crescer com a capacidade de resolver

conflitos, frustrações e superações pessoais; pois nesse intercâmbio entre o

real e o imaginário, é possível, promover o desenvolvimento de habilidades que

favorecem o aumento dos conhecimentos linguísticos e comunicativos das

crianças, que promovem cooperação, socialização e consequentemente,

humanizam não só o ato de aprender como os aprendentes.

As pessoas aprendem a ler antes de serem alfabetizadas, desde

pequenos, somos conduzidos a entender um mundo que se transmite por meio

de letras e imagens. O prazer da leitura, oriundo da acolhida positiva e da

receptividade da criança, coincide com um enriquecimento íntimo, já que a

imaginação dela recebe subsídios para a experiência do real, ainda quando

mediada pelo elemento de procedência fantástica.

Assim, uma nova visão de mundo poderá ser descortinada através da

fantasia que a literatura infantil nos traz o que é de grande valia no campo

educacional por significar abrir as cortinas do mundo do conhecimento através

de novas descobertas.

A Literatura Infantil sempre foi um dos elementos mais importantes

destinada às crianças. Tratando de histórias que envolvem o imaginário,

trazendo enredos com elementos que estão envolvidos na realidade infantil.

Mostrando que as lutas e as descobertas não acontecem da noite para o dia.

Os personagens passam pelas mais diversas provas e que eles mesmos têm

que realizá-las.

Tudo se tornaria mais claro para os alunos se essa compreensão do

mundo imaginário fosse passada para eles durante um período destinado

somente a isso. A escola contém inúmeros recursos a serem explorados pelos

professores e alunos, é necessário colocá-los em prática.

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Page 49: Monografia Eliciene Pedagogia 2012

Há quem pense que no mundo das tecnologias em que vivemos, quando

as informações, notícias, poderão ser trocados por emails, parece até que o

livro é coisa do passado, está esquecido, portanto a importância da literatura

infantil para uma pessoa que conhece o poder de uma história bem contada, a

satisfação de tocar e folhear a página de um livro e encontrar nele um mundo

cheio de encantamento, com certeza não há tecnologia que possa comparar.

Compreendemos então, que contar histórias não é apenas abrir um livro

e ler um monte de palavras ou mostrar várias figuras as crianças e sim

despertar sua curiosidade, estimular sua imaginação, desenvolver seu intelecto

e suas habilidades, porque enquanto diverte a criança, favorece o

desenvolvimento de sua personalidade

De acordo com as falas dos sujeitos pesquisados e os teóricos que

fundamentaram esta pesquisa percebemos que a literatura infantil pode dar

várias contribuições na formação da criança da educação Infantil. Entre elas

destacamos: A literatura infantil oferece momentos de brincadeiras, recreação,

divertimento, aumenta e enriquece o vocabulário, desperta o poder de

imaginação e fantasia da criança, distrai e descarrega tensões, estimula a

criatividade e pode desenvolver o processo cognitivo, o gosto pela leitura,

ajudando na interpretação de textos, facilitando a aprendizagem.

Diante de tais descobertas, trabalhar esta temática que tanto nos fascina

foi enriquecedor, pois possibilitou conhecer suas especificidades, levando a

uma reflexão sobre as grandes contribuições dadas pela Literatura Infantil à

construção da personalidade e da educação escolar das crianças.

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Page 50: Monografia Eliciene Pedagogia 2012

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Page 54: Monografia Eliciene Pedagogia 2012

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Page 55: Monografia Eliciene Pedagogia 2012

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIADEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO

CAMPUS VII - SENHOR DO BONFIM – BAPEDAGOGIA: DOCÊNCIA E GESTÃO NOS PROCESSOS

EDUCATIVOS

Caro professor,

Compreendemos que a literatura infantil contribui para o processo de ensino aprendizagem deportando a curiosidade, as emoções, a leitura, e etc. Conto com a sua colaboração porque através deste questionário estaremos mostrando sua percepção sobre o tema contribuindo assim para elaboração desta pesquisa. Questionário

O perfil dos sujeitos

Gênero

( ) feminino ( ) masculino

Formação acadêmica

( ) Superior incompleto

( ) superior completo ( ) Pós graduado

Rede de escola em que atua

( ) pública ( ) privada

Renda salarial

( ) um salário mínimo

( ) dois salários mínimos

( ) mais de dois salários mínimos

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Page 56: Monografia Eliciene Pedagogia 2012

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIADEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO

CAMPUS VII - SENHOR DO BONFIM – BAPEDAGOGIA: DOCÊNCIA E GESTÃO NOS PROCESSOS

EDUCATIVOS

Questionário aberto

1 - Qual a importância de trabalhar a literatura na sala de aula?

2. É frequente a leitura na sala de aula?

3. Você se considera um leitor?

4. Qual a sua compreensão sobre leitura?

5. Quantos dias na semana literatura é trabalhada na sala de aula?

6. Que reação provoca nos alunos os momentos de literatura infantil?

7. Os alunos demonstram interesse quando a literatura infantil está sendo utilizada?

8. Qual a finalidade em que a literatura é trabalhada?

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