46
1 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA-UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS VII COLEGIADO DE PEDAGOGIA ERICA CAVALCANTE O SIGNIFICADO DO DESENHO NOS PROCESSOS DE APRENDIZAGEM E DE DESENVOLVIMENTO INFANTIS SENHOR DO BONFIM-BA 2012

Monografia Érica Pedagogia 2012

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Pedagogia 2012

Citation preview

Page 1: Monografia Érica Pedagogia 2012

1

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA-UNEB

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII

COLEGIADO DE PEDAGOGIA

ERICA CAVALCANTE

O SIGNIFICADO DO DESENHO NOS PROCESSOS DE

APRENDIZAGEM E DE DESENVOLVIMENTO INFANTIS

SENHOR DO BONFIM-BA

2012

Page 2: Monografia Érica Pedagogia 2012

2

ERICA CAVALCANTE

O SIGNIFICADO DO DESENHO NOS PROCESSOS DE

APRENDIZAGEM E DE DESENVOLVIMENTO INFANTIS

Monografia apresentada ao Departamento de

Educação-Campus VII, da Universidade do Estado da

Bahia, como parte dos requisitos para obtenção de

graduação no Curso de Licenciatura Plena em

Pedagogia.

Orientador: ProfºDrº Gilberto Lima dos Santos

SENHOR DO BONFIM-BA

2012

Page 3: Monografia Érica Pedagogia 2012

3

ERICA CAVALCANTE

Monografia apresentada ao Departamento de Educação-Campus VII,

da Universidade do Estado da Bahia, como parte dos requisitos para

obtenção de graduação no Curso de Licenciatura Plena em

Pedagogia

Aprovada em 17 de Agosto, de 2012.

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________________

Profº Drº Gilberto Lima dos Santos

Universidade do Estado da Bahia – UNEB

Orientador

_____________________________________________________

Prof _________________________________

Universidade do Estado da Bahia – UNEB

Examinadora (a)

_____________________________________________________

Prof____________________________

Universidade do Estado da Bahia – UNEB

Examinador (a)

Page 4: Monografia Érica Pedagogia 2012

4

A meus irmãos

Everton e Helder.

Page 5: Monografia Érica Pedagogia 2012

5

Primordialmente a Deus!

A meu marido, Alexandre, a quem tanto amo!

A meu Orientador Gilberto, pelo constante estímulo

e pela sua singular paciência!

E as minhas queridas parceiras de estágios, risos e

sorvetes: Magali, Michelle e Vanessa.

Muito Obrigada!

Page 6: Monografia Érica Pedagogia 2012

6

"Antes eu desenhava como Rafael,

mas precisei de toda uma existência

para aprender a desenhar como as

crianças”.

(Picasso)

Page 7: Monografia Érica Pedagogia 2012

7

RESUMO

Este estudo tem por tema o desenho Infantil e como objetivo uma analise da importância do desenho na aprendizagem da criança, bem como a sua possível contribuição ao desenvolvimento inicial da grafia infantil. Trata-se, portanto, de um estudo de cunho teórico que utilizou como método de pesquisa um levantamento bibliográfico. Suas bases são os estudiosos que abordam o fenômeno em foco, possibilitando entender e avaliar a sua importância. Alguns autores como Mèredieu (2006), Lowenfeld (1970), Luquet (1969), Vigotsky (2000), Widlöcher (1971), Pillar (1973) e Derdyck (1989) nos ajudaram a compreender o espaço do desenho no desenvolvimento infantil, as suas concepções e atribuições. E outros autores como Piaget (1973), Bessa (2010), Cagliari (1993), Ferrero (2011), Teberosky (2003), Grossi (1997) e Sinclair (1987) esboçaram em seus estudos a relação do desenho com o desenvolvimento cognitivo e social da criança e a sua real associação e contribuição para o desenvolvimento da escrita infantil. Todos os autores citados assinalaram as idéias e as características que norteiam o desenho infantil. Como resultado, encontramos o reconhecimento da importância do tema, citado e identificado por respeitáveis estudiosos que ressaltaram a seriedade e a contribuição do desenho para o desenvolvimento infantil, como meio de comunicação que ajuda a criança a expor sua imaginação e expressão, auxiliando o entendimento da natureza da escrita alfabética através do registro, facilitando assim o desenvolvimento da aprendizagem e a futura aquisição da escrita infantil.

Palavras-Chave: Desenho Infantil, Grafismo, Aprendizagem, Desenvolvimento.

Page 8: Monografia Érica Pedagogia 2012

8

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA FONTE PÁGINA

01 Imagem do livro: A didática do Nível pré-silábico 32

02 Imagem do livro: A didática do Nível pré-silábico 33

03 Imagem do livro: A didática do Nível Alfabético 35

04 Imagem do livro: A didática do Nível Alfabético 37

Page 9: Monografia Érica Pedagogia 2012

9

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

10

1. CAPITULO I 15

1.1. Delineamento Metodológico

15

1.1.2. Procedimento de Coleta de Dados 16

1.1.3. Procedimento de Análise de Dados 17

2. CAPITULO II 19

2.1. O Desenho 19

2.2. A importância do desenho para o conhecimento da criança 21

2.3. O desenho e sua percepção verbalizada 23

3. CAPITULO III 26

3.1. A relação entre o Desenho e a Escrita 26

3.2. Do desenho a Escrita Infantil 29

3.2.1. Nível Pré-silábico ou Nível I 30

3.2.2. Nível Intermediário I 34

3.2.3. Nível Silábico 34

3.2.4. Nível Intermediário II ou Silábico-Alfabético 36

3.2.5. Nível Alfabético 36

4. CAPITULO IV 39

4.1. Discussões 39

CONSIDERAÇÕES FINAIS 43

REFERÊNCIAS 44

Page 10: Monografia Érica Pedagogia 2012

10

INTRODUÇÃO

Desde a pré-história, de forma bem rudimentar, vários desenhos eram feitos nas

paredes das cavernas. Mesmo sem conhecer a escrita formal, os primórdios já

transmitiam suas informações através de uma representação cultural, onde cada

desenho era um símbolo de determinados objetos e/ou acontecimentos,

identificando as prováveis palavras de sua língua e iniciando, por sua vez, uma

primitiva comunicação.

A comunicação descreve acontecimentos e características. Hoje, uma das principais

representações da nossa comunicação é a escrita; um instrumento essencial para a

decodificação da língua, que veio se desenvolvendo quando a representação da

simbologia passou a ser reproduzida de uma forma gráfica. Os desenhos deram

inicio a uma linguagem informativa, que é caracterizada pela representação. É o

primeiro registro que uma criança faz em um papel, na sua forma de comunicação e

expressão, representando o seu modo de pensar e as suas sensações; são os seus

conhecimentos além de uma exata intenção. Neste sentido pode-se dizer que:

Seja no significado mágico que o desenho assumiu para o homem das cavernas, seja no desenvolvimento do desenho para a construção dos maquinários no início da era industrial, seja na função de comunicação que o desenho exerce na ilustração, na história em quadrinhos, o desenho reclama a sua autonomia e sua capacidade de abrangência como meio de comunicação, expressão e conhecimento (DERDYCK, 1989. p. 29).

Os traços e rabiscos da criança são a expressão do seu ‘’mundo’’, numa simples

imitação da maneira de como ela o interpreta no seu modelo particular. É um

espaço criado por uma linguagem transcrita, que é assinalado pela união da

imaginação e das coisas que a criança sente, vê e vivencia no seu dia a dia. Como

afirma Moreira (2008):

Page 11: Monografia Érica Pedagogia 2012

11

O que se pode perceber é que no ato de desenhar, pensamento e sentimento estão juntos. Pois também é possível constatar que as crianças, com algum comprometimento a nível intelectual, apresentam acentuado comprometimento no desenho (p.24).

Os desenhos estão ligados a uma arte infantil, numa estrutura psicológica que

estimula a expressão e as emoções da criança, pois é o momento em que ela esta

aberta a se autodescobrir, através de simples ações como pensar, inventar, sentir e

imaginar. Lipman (1998) afirma que as crianças, assim como todo mundo, esperam

por uma vida carregada de experiências que sejam ricas e significativas. E é diante

disso, que podemos perceber a importância que a arte do desenho tem para a

integração da identidade infantil. Os autores Tiburi e Chuí (2010), ressaltam que o

desenho é uma arte que se encontra dentro da vida humana, pois o ser humano é

um animal que desenha, e no ato de desenhar, descobri que desenha. Logo, o

desenho é a ponderação e representação sobre si mesmo.

É Interessante observar, que esses aspectos que envolvem o desenho infantil estão

intimamente ligados ao desenvolvimento da criança, seja como veículo de

autoexpressão ou de incremento da capacidade representativa, como é salientado

por Lowenfeld (1977).

E assim como a brincadeira, ao desenhar, a criança também representa a sua

realidade, transformando-a de acordo com a sua vontade. Ela brinca de desenhar e

tem prazer com sua produção, sucumbindo uma atividade lúdica. Desta forma,

Moreira (2008), nos diz que a criança desenha brinquedos e brinca com os

desenhos. Assim sendo, alguns desenhos também refletem muita sensibilidade e

uma correlação com a personalidade da criança. As crianças que apresentam

dificuldade ou timidez com a comunicação verbal descobrem mais facilidade em

expressar-se através dos desenhos, ao invés das palavras.

O que não se pode perder de vista é a extraordinária contribuição e importância que

o desenho pode trazer para o desenvolvimento global da criança, e é através desse

Page 12: Monografia Érica Pedagogia 2012

12

envolvimento e transparência que a criança tem com seus desenhos que

acreditamos ser possível descobrir um caminho pedagógico que a leve a interagir

com as suas aquisições, num processo contínuo de desenvolvimento e

aprendizagem. Como salienta Piaget (1973):

Aprendizagem é o processo de apropriação da experiência acumulada historicamente, permitindo que cada indivíduo desenvolva capacidades e habilidades, adquirindo características humanas, desta maneira o mesmo é compreendido como sujeito ativo, tanto no processo de socialização como no de aprendizagem (p. 49).

O limiar dessa aprendizagem se dá nas séries iniciais, onde o conhecimento

acontece sobre várias situações, num processo integrado entre pensar, sentir, agir e

falar, onde a criança passa a expandir, gradativamente, as suas expressões e ideias

garantindo, assim, uma parte significativa do seu desenvolvimento. Sobre a

aprendizagem com desenhos, Os Parâmetros Curriculares Nacionais (2001), dizem:

A educação com desenhos deve considerar a complexidade de uma proposta educacional que leve em conta as possibilidades e os modos de os alunos transformarem seus conhecimentos em arte ou vice-versa; ou seja: o modo como aprendem, criam e se desenvolvem (p.49).

Logo, podemos caracterizar a aprendizagem como um dos principais aspectos para

a constituição da identidade do ser humano. Onde, nas séries iniciais, a

comunicação com o desenho pode contribuir para este desenvolvimento. Para Weil

(2000, p. 49), a função essencial do professor é ajudar a criança a desenvolver os

seus conhecimentos e a sua personalidade. Partindo deste pressuposto, a

experiência que a criança tem com o desenho infantil e a sua utilização pode ser

usada como uma poderosa arma para cunhar o desenvolvimento do seu

conhecimento. Para Pillar (1996), a criança, quando desenha, inter-relaciona seus

conhecimentos, sejam eles objetivos ou imaginários.

Page 13: Monografia Érica Pedagogia 2012

13

Convém enfatizar a importância do desenho infantil na pré-escola, fase inicial da

criança, visto que o desenho estabelece o espaço em que a expressão da criança

passa a ter liberdade, como uma forma de linguagem, comunicação e

desenvolvimento.

Discutir e avaliar sobre a importância que o desenho infantil proporciona no

desenvolvimento infantil não é uma tarefa fácil, considerando que a inspiração da

criança parte de um significado particular, numa integração entre sentir, pensar e

fazer, onde interpretações não apontam para uma singular direção.

A busca da importância da manifestação do desenho infantil no seu processo

educativo vai além do simples ensino escolar, visto que abarca o próprio

conhecimento humano. O desenho envolve diferentes operações que se

correlacionam com estímulos e aspectos que dão início a um processo gradativo de

desenvolvimento. E é na pré-escola que a criança deixa as garatujas por traços que

vão aprimorando o seu sistema de representação gráfica, num processo de

desenvolvimento. É uma característica que possibilita referenciar o desenho como

precursor da escrita, como é salientado por Vygotsky (1987).

O objetivo geral deste estudo é:

Analisar e caracterizar o significado do desenho nos processos de

aprendizagem e de desenvolvimento infantis, a partir dos diversos aportes

teóricos que o abordam.

Page 14: Monografia Érica Pedagogia 2012

14

E os Objetivos específicos são:

o Realizar uma leitura crítica das contribuições existentes na literatura

que tomam o desenho como representação inicial de comunicação da

criança.

o Caracterizar a compreensão do desenho infantil, relacionado à

aprendizagem, apresentada por diversos pesquisadores.

o Identificar como o desenho infantil pode contribuir e auxiliar na

aprendizagem infantil e no subseqüente desenvolvimento.

Page 15: Monografia Érica Pedagogia 2012

15

CAPITULO I

1.1 Delineamento Metodológico

O presente trabalho é um estudo de caráter teórico que visa considerar e situar,

através de uma visão crítica, o desenho infantil - fenômeno principal deste estudo.

Trata-se, portanto, de uma pesquisa bibliográfica, que assume como objetivo geral

caracterizar a importância dos desenhos no desenvolvimento infantil. Buscou-se

através da analise dos conteúdos do fenômeno deste estudo, obter, além da

organização de ideias, uma maior compreensão do desenho infantil no contexto da

aprendizagem e do desenvolvimento do grafismo infantil. Diante deste processo,

Severino (2000) nos diz que uma documentação temática se completa pela

documentação bibliográfica. „‟A documentação bibliográfica deve ser realizada

paulatinamente, à medida que o estudante toma contato com os livros ou com os

informes sobre os mesmos‟‟(p. 39).

O delineamento do método se fez necessário para que se pudesse entender e

organizar os conhecimentos, assim como desenvolver as considerações que foram

sucumbidas nesta pesquisa através de um caminho. ‘‟A pesquisa deve começar por

uma reflexão sobre determinadas informações, que se transformam em dado

imediato, e ir apanhando os diversos elementos deste universo sensível, suas varias

determinações e significações‟‟ (ECCOS, 2005).

Desta forma, considerando a característica descritiva deste estudo, tentamos buscar

os subsídios necessários para fundamentar o fenômeno. „‟Assim, o conhecimento

científico exige a utilização de métodos, processos e técnicas especiais para analise,

compreensão e intervenção da realidade‟‟ (TEIXEIRA, 2009, p. 85)

Page 16: Monografia Érica Pedagogia 2012

16

1.1.2 Procedimentos de coleta de dados

Para o desenvolvimento deste estudo foram, então, utilizados livros e revistas

cientificas como aporte teórico para entendermos a abordagem realizada por

diversos estudiosos do fenômeno. Alguns livros foram encontrados na biblioteca da

Universidade do Estado da Bahia, Campus VII; outros textos foram buscados em

bases de dados disponíveis na Internet, para subsidiar essa pesquisa de cunho

teórico. „‟A pesquisa é desenvolvida mediante o curso dos conhecimentos

disponíveis e a utilização cuidadosa de métodos, técnicas e outros procedimentos

científicos‟‟ (GIL, 1991, p.19). E para o levantamento destes foram utilizados os

seguintes descritores: Desenho; Desenvolvimento Infantil, Escrita infantil; Grafismo.

Neste trabalho optou-se por autores e estudiosos que direcionaram seus estudos

para o desenvolvimento infantil, escrita infantil e desenhos, focando uma

circunscrição e discussão dos aspectos em que o desenho produzido por crianças

auxilie em sua aprendizagem e em seu desenvolvimento. As concepções e

conceitos básicos foram desenvolvidos tendo como referência os estudos dos

seguintes Autores Clássicos:

O Suíço Jean Piaget, que se dedicou ao estudo do desenvolvimento

intelectual, aos fatores sociais e aos métodos de aquisição do conhecimento

da criança, desde o seu nascimento.

Lev Semenovich Vygotsky, que estudou os meios que pudessem levar a

criança a desenvolver as suas habilidades cognitivas, seu desenvolvimento e

sua aprendizagem através de experiências que são cronologicamente

infantis.

Page 17: Monografia Érica Pedagogia 2012

17

Viktor Lowenfeld, que ressalta a importância da expressão artística da criança

para o seu desenvolvimento, creditando ao desenho a experiência necessária

para o desenvolvimento da capacidade intelectual infantil.

Georges-Henri Luquet, que estudou o desenvolvimento da comunicação

humana e procurou compreender no desenho da criança as suas intenções e

interpretações.

E as autoras Ana Cecília Oñativia, Esther Grossi e Emília Ferrero que

contribuíram através de seus estudos, para que pudéssemos entender a

relação do desenho com o limiar da escrita infantil, através das fases da

Alfabetização.

A despeito disso, foram necessárias e efetivamente utilizadas as contribuições de

alguns autores Contemporâneos, como: Bessa; Mèredieu; Pillar; Wallon; Cagliari;

Moreira; Derdyck; Reily; Sinclair, Widlöcher; Merlau-ponty; Paula e Mendonça,

dentre outros; para o desenvolvimento deste trabalho e para a compreensão do

fenômeno focado.

1.1.3 Procedimentos de Análise de dados

Através das leituras realizadas, as informações e os conceitos obtidos foram

organizados de acordo com itens ou categorias, distribuídas nos capítulos II e III,

para a melhor compreensão do fenômeno deste estudo, conforme segue:

Capitulo II

1. O desenho

1.2 A importância do desenho para o desenvolvimento da criança

Page 18: Monografia Érica Pedagogia 2012

18

1.3 O desenho e sua percepção verbalizada

Capitulo III

1. A relação entre o desenho e a escrita

1.2 Do desenho à escrita infantil

2. Nível pré-silábico ou Nível I

3. Nível intermediário I

4. Nível Silábico

5. Nível Intermediário II ou Silábico Alfabético

6. Nível Alfabético

Page 19: Monografia Érica Pedagogia 2012

19

CAPITULO II

2.1 O desenho

O desenvolvimento do desenho é processado pelas etapas em que a criança

apresenta seu jeito de se instituir no mundo. Para Piaget (1973), a criança

primeiramente conhece o objeto, até preponderar uma ação com relação a este

objeto, em contínuos movimentos de equilibração, o chamado período sensório-

motor; essa ação passa a ser suprida pela reprodução, numa forma de assimilação.

Essa assimilação é, ao mesmo momento, reprodutora e reconhecedora.

O desenho é como um fruto da interação da criança com determinado objeto; ela

estabelece seu conhecimento acerca do mesmo, não desenhando exatamente o que

se vê, mas o que a sua estrutura mental admite. Dessa forma o desenho não é o

resultado de uma relação direta com o objeto, mas a interpretação que a criança tem

sobre ele. Segundo Merleau-ponty, (1990, p.130):“O desenho é uma intima ligação

do psíquico e do moral. A interação de desenhar tal objeto não é senão o

prolongamento e a manifestação da sua representação mental; o objeto

representado é que, neste momento, ocupará no espírito do desenhador um lugar

exclusivo ou preponderante‟‟.

Em limiar, o desenho infantil é produzido de forma involuntária, a criança desenha

sem intencionalidade de fazer exata ou determinada imagem, pois ela sabe que

seus traços podem representar qualquer outro objeto. Piaget (1973) ratifica que no

estagio inicial do desenvolvimento gráfico a criança não apresenta uma fase de

simbolismo, ela repete traços pelo simples prazer que tem de brincar, de desenhar,

em atividades motoras adquiridas.

Page 20: Monografia Érica Pedagogia 2012

20

Diante desta fase em que as crianças começam a desenhar, Vygotsky (1988) diz:

As crianças pequenas comentam em voz alta sobre a cor do lápis que irão utilizar, os traços que irão fazer, o que pretendem desenhar – enfim, descrevem o processo que irão realizar. No entanto, elas dão nome aos desenhos somente depois de completá-los, pois têm necessidade de ver primeiro antes de decidir o que o desenho significa. Diferentemente, as crianças maiores, antes de desenhar, já conseguem planejar e nomear o que vão fazer (p. 61-62).

O desenho intencional só se inicia a partir do momento em que a criança já adota

alguns de seus traços e a estrutura de um objeto real. É na etapa do desenho

voluntário que a criança passa a ter a intenção de representar no seu desenho tudo

o que aspira. Luquet (1969), como um dos primeiros estudiosos a se interessar pelo

desenho, afirma que o quê e como a criança desenha estão no aspecto do sujeito da

ação. É a fase onde a ação é provida pela representação, e inicialmente se

prevalece à ação em relação aos objetos que são conhecidos pela criança. Similar

ao brincar, pois se caracteriza, primeiramente, pelo exercício da ação.

O desenho passa a ser cotado como tal a partir do reconhecimento da criança sobre

o traço que realizou. Sobre os traços reconhecidos pela criança, Piaget (1973)

ressalta que essa ação é uma fonte de conhecimento; quanto mais intensa é essa

ação da criança, maior é a sua apropriação. Fazendo uma analogia com a teoria de

Piaget, as autoras Paula e Mendonça (2009) dizem:

O conhecimento, portanto, procede da ação e, desta forma, toda ação que se generaliza por aplicação a novos objetos gera um esquema, uma espécie de conceito prático. O que constitui conhecimento não é apenas uma simples associação entre objetos, mas a assimilação dos objetos ao esquema do indivíduo. [...] A partir da assimilação dos objetos, a ação e o pensamento se acomodam a estes, reajustando-se (p. 93).

Page 21: Monografia Érica Pedagogia 2012

21

2.2. A importância do desenho para o conhecimento da criança

O limiar da vida de uma criança apresenta momentos decisivos para o seu

desenvolvimento, pois é durante este período que a criança desenvolve alguns

moldes de aprendizagem através de suas atitudes. Esse período de autoexpressão,

vem normalmente seguido das garatujas, uma fase entre os 2 e 4 anos, ato este que

contribui intensamente no seu desenvolvimento, pois é um dos meios em que a

aprendizagem infantil é estimulada. Lowenfeld (1970) nos diz que os primeiros

rabiscos têm um admirável facilitador no desenvolvimento infantil, pois é o inicio da

expressão que conduzirá a palavra escrita.

Os traços que uma criança faz num papel noticiam o que ela sente e pensa sobre as

coisas, e ela o faz de maneira prazerosa, brincando. Logo, é difícil idealizar uma

criança que não goste ou que jamais tenha desenhado; Sobre o desenho infantil,

Moreira (2008), afirma:

Toda criança desenha. Tendo um instrumento que deixe uma marca: a varinha na areia, a pedra na terra, o caco de tijolo no cimento, o carvão nos muros e calçadas, o lápis, o pincel com tinta no papel, a criança brincando vai deixando a sua marca. Desenhando, cria em torno de si um espaço de jogo, seguido de comentários e canções, mas sempre um espaço de criação. A criança desenha para brincar (p.15).

A criança, desde muito pequena, já começa a registrar seus primeiros traços num

papel, antes mesmo do seu ingresso na escola. “O desenho em si já se faz presente

em sua vida, através de desenhos infantis na televisão, desenhos de amigos,

irmãos, do pai ou da mãe, em livros para colorir e/ou nas mais variadas formas de

representação gráfica‟‟. O ambiente que as cerca foi constituído historicamente, para

a criança estabelecer os conceitos sobre o mundo ao seu redor, e ela precisa

interagir com esse mundo e suas representações‟‟ (PAULA; MENDONÇA, 2009, p.

68).

Page 22: Monografia Érica Pedagogia 2012

22

Sobre este “mundo’‟ comum à cultura infantil, Wallon e Lurcart (1979) nos dizem que

a importância dos desenhos está nos esquemas representacionais, que são

fornecidos principalmente pelo meio exterior, de maneira cultural, e produzidos a

partir dos desenhos aprendidos (vendo o desenho de outras crianças, desenhos

animados ou histórias em quadrinhos).

Piaget (1973) considera que o conhecimento da criança resulta na sua interação e

ação com o ambiente em que vive. Todo conhecimento é uma espécie de edificação

que vai sendo ordenado desde a infância, por meio de interações do sujeito com os

objetos que busca conhecer, sejam eles do mundo físico ou do mundo cultural.

Sobre os aspectos culturais, Vygotsky (1988) ressalta que é por meio desses

processos de interiorização que as crianças começam a controlar o ambiente e o

próprio comportamento. São esses aspectos que geram novas relações sociais que

compõem a estrutura para a formação do intelecto.

Bessa (2010, p. 69) beneficia-se dos estudos de Vygotsky (1988) para salientar que

a aprendizagem pode ser determinada, como o despertar de processos de

desenvolvimento no interior do sujeito, o que não ocorreria sem o seu contato com

um ambiente cultural. Diante disso: “(...) a criança que desenha presentifica

constantes movimentos de recriação e reinterpretações de informações, conceitos e

significados. Desenvolvendo seu conhecimento e aprendizagem a partir das

aquisições e experiências‟‟(BESSA apud VYGOTSKY,2010, p 71).

O desenho é como produto do que a criança vê e sente, e é utilizado por meio da

memória, o que garante a sua imaginação. Vygotsky (2000) afirma que o desenho,

assim como o brinquedo, participa deste aspecto em comum que é a função

simbólica, pois é a partir de então que se inicia o desenvolvimento da aprendizagem.

Page 23: Monografia Érica Pedagogia 2012

23

Sobre o desenvolvimento da aprendizagem, Lev Vygotsky enfatiza que a brincadeira

e os desenhos estão relacionados ao desenvolvimento da linguagem escrita.

“Brincar e desenhar devem ser estágios preparatórios ao desenvolvimento da

linguagem escrita. O desenho constitui uma passagem do gesto à imagem, o que

caracteriza a representação gráfica. O desenho é precedido pela garatuja, fase

inicial do grafismo‟‟ (VYGOTSKY, 2000. p. 134).

Sendo assim, o desenho é como a primeira escrita da criança. Para Piaget (1986) é

o limiar do caminho para que a criança evolua juntamente com seu desenho,

seguindo em caminho da escrita, que já então é compreendida, pela criança, como a

representação mais apropriada do que se pensa e se fala. Através desse

desenvolvimento a criança vai construindo suas interações por meio do seu

desenvolvimento motor, cognitivo e social; como é visto por Vygotsky (1988), que

ressalta que o desenvolvimento por meio do desenho começa quando a criança já

está habituada a falar; logo, o desenho é uma linguagem gráfica que vem depois da

linguagem verbal.

2.3 O desenho e sua percepção verbalizada

A linguagem falada é comumente usada como um meio de comunicação, nos

permitindo traduzir e expressar o que se sente e o que se sabe. Vigotsky (2000, p.

24), em estudo sobre a percepção e atenção no desenvolvimento infantil – A

formação social da mente – observou que a fala adota o desenho como uma

atividade prática e especifica, fazendo uma ligação entre as garatujas e o seu

significado. „‟O desenho é uma linguagem gráfica que surge tendo por base a

linguagem verbal (...) é possível presenciar a fala como um elo intermediário entre o

desenho e a ação da criança em produzi-lo‟‟.

Page 24: Monografia Érica Pedagogia 2012

24

E complementa: “O desenho começa quando a linguagem falada já alcançou grande

progresso e já se tornou habitual à criança (...) a fala predomina no geral e modela a

maior parte da vida interior, submetendo-se a suas leis. Isso inclui o desenho.

‟‟(VYGOTSKY, 1987. P. 24).

Para Wallon e Lurcart (1979), é factual que os desenhos passam a ser concebidos a

partir de reproduções aprendidas, como as palavras. A criança utiliza-se da fala para

que seu desenho seja identificado, inclusive ele próprio. Essa ação seguida da fala

está construída em um campo visual, assinalando o comportamento infantil.

“A fala da criança é tão importante quanto a ação para atingir um objeto, as crianças

não ficam simplesmente falando o que elas estão fazendo, sua fala e ação fazem

parte de uma mesma função psicológica‟‟ (VIGOTSKY, 2000. p. 34); A fala e a ação,

de formas coordenadas, formam uma linguagem, uma forma de comunicação da

criança; é a sua maneira ordenada que elas encontram para planejar uma ação. É

visível notar essa ordenação quando as crianças se aproveitam da fala para a

atuação do que estão desejando realizar.

Vygotsky (1988, p. 62-63) analisa que na fase em que as crianças pequenas

começam a desenhar elas comentam em voz alta sobre a cor do lápis que irão

utilizar; os traços que irão fazer, o que pretendem desenhar enfim, descrevem o

processo que irão realizar. No entanto, elas dão nome aos desenhos somente

depois de completá-los, pois têm necessidade de ver primeiro o desenho pronto

antes de decidir o que ele realmente significa. Diferentemente, as crianças maiores,

antes de desenhar, já conseguem esquematizar e nomear o que vão fazer antes

desse processo.

Vygotsky considera que a fala acompanha as ações das crianças pequenas, a fala

irá anteceder uma ação. Inicialmente a criança desenha e escuta os seus próprios

comentários. Sobre tal procedimento, Vygotsky (2000) diz:

Page 25: Monografia Érica Pedagogia 2012

25

Inicialmente a fala segue a ação, sendo provocada e dominada pela atividade. Posteriormente, entretanto, a fala se desloca para o inicio da atividade, surge uma nova relação entre palavra e ação. Neste instante a fala dirige, determina e domina o curso da ação; surge à função planejadora da fala, além da função já existente da linguagem, de refletir o mundo exterior. (p. 38).

A linguagem, como uma habilitação especialmente humana, capacita as crianças em

seu desenvolvimento. A percepção verbalizada da criança faz parte de um sistema

dinâmico do seu comportamento, comum no seu cotidiano e de imprescindível

importância no seu desenvolvimento intelectual. „‟A fala adquire uma função

sintetizadora, a qual, por sua vez, é instrumental para se atingirem formas mais

complexas da percepção cognitiva.‟‟. (VIGOTSKY, 2000, p. 40).

Vygotsky (1987, p. 47) afirma que o desenho infantil é tão natural quanto à fala.‘‟A

criança que fala tem, dessa forma, a capacidade de dirigir sua atenção de uma

maneira dinâmica‟‟E acrescenta: “(...) em todas as formas da criação literária, a arte

da palavra, do falar é mais típica da idade escolar. ‟‟.

Page 26: Monografia Érica Pedagogia 2012

26

CAPITULO III

3.1 A relação entre Desenho e a Escrita

Alguns dados históricos alegam que o desenho nasceu primeiro que a escrita. Para

Widlöcher (1971), a escrita, historicamente, nasceu de um encontro entre a coisa

desenhada e a palavra. O desenho e a escrita são meios de comunicação e

expressão, com simultâneos elementos comuns, dentre eles o desenvolvimento da

aprendizagem. „‟O desenho, todavia, possibilita uma leitura que ultrapassa a

linguagem individual de cada um, ao passo que a escrita é dependente da

linguagem‟‟ (REILY, 1990, p.66).

É sabido que o desenho é uma linguagem que a criança utiliza para representar o

que ela sabe e/ou sente. Sobre essa ‘’transcrição’’ em um papel, Moreira (2008)

afirma: „‟A criança desenha para registrar sua fala. Para escrever. O desenho é a

sua primeira escrita. Para deixar a sua marca, antes de aprender a escrever a

criança se serve do desenho‟‟(p. 20).

A escrita pode ser considerada como a representação da linguagem, assim como a

fala e o gesto, no caso das crianças é caracterizado na forma de desenhos. Todavia,

faz-se necessário a distinção entre „‟desenhar‟‟ e „‟escrever‟‟ sobre; Emília Ferrero

(2011), nos diz:

Ao desenhar se está no domínio do icônico¹; as formas dos grafismos importam porque reproduzem a forma dos objetos. Ao escrever se está fora do icônico: as formas do grafismo não reproduzem a forma dos objetos, nem sua ordenação espacial reproduz o contorno dos mesmos. Por isso, tanto a arbitrariedade das formas utilizadas como ordenação linear das mesmas são as primeiras características manifestadas da escrita pré-escolar‟‟(p. 22).

¹ Descrição gráfica de aspecto perceptível, ou com a aparência de algum elemento do conteúdo da mensagem.

Page 27: Monografia Érica Pedagogia 2012

27

No processo da construção da escrita, é possível ver uma notória relação entre o

limiar da escrita e o desenho infantil. Ferrero (2011) faz uma analogia entre a

construção da escrita e a pictografia: a forma de escrita mais antiga, onde eram

representados objetos através do desenho, portanto, pode-se dizer que a escrita

começa como uma forma de desenho. Diante disso, Ferrero apud Luria (1998), nos

diz:

Linhas e rabiscos são substituídos por figuras e imagens, e estas dão lugar a signos. Nesta sequencia de acontecimentos está todo o caminho do desenvolvimento da escrita, tanto na historia da civilização como no desenvolvimento da criança. (p. 154).

E mesmo sem ainda traçar exatos signos gráficos, os desenhos infantis são

marcados por suas espontâneas produções; talvez seja a forma mais natural da

criança compreender a natureza da escrita (seus rabiscos). Na fase pré-escolar, as

crianças „’escrevem’’ as palavras da maneira como imaginam que elas sejam. Emília

Ferrero considera que essa primeira escrita é um documento de grande estima, pois

cada uma delas tem as suas interpretações, que podem ser avaliadas. Diante disso,

pode-se dizer que:

Essas escritas infantis têm sido consideradas, displicentemente, como garatujas, „‟puro jogo‟‟, o resultado de fazer „‟como se‟‟ soubesse escrever. Aprender a lê-las – Isto é, a interpretá-las – é um longo aprendizado que requer uma atitude teórica definida. Se pensarmos que a criança aprende só quando submetida a um ensino sistemático, e que sua ignorância está garantida ate que receba tal tipo de ensino, nada poderemos enxergar. Mas se pensarmos que as crianças são seres que ignoram que devem pedir permissão para começar a aprender, talvez comecemos a aceitar que podem saber, embora não tenha sido dada a elas a autorização institucional para tanto‟‟ (FERRERO, 2011, p. 20).

Para a autora, a criança constrói a sua noção sobre a língua escrita na interação

com o objeto (o que ocorre com o desenho). E como vimos acima, esse processo

rumo à alfabetização é uma conquista que a criança comete, na abrangência desta

Page 28: Monografia Érica Pedagogia 2012

28

natureza da escrita, do seu princípio. Acerca de seus estudos sobre a prática da

alfabetização infantil, Ferrero (2011, p.55) nos diz: „‟Sabemos, desde Luquet, que

desenhar não é reproduzir o que se vê, mas sim o que se sabe. Se este princípio é

verdadeiro para o desenho, com mais razão o é para a escrita ‟‟.

E concordando com essa ideia de Ferrero, a autora Ana Teberosky (2003, p.15) diz

que é possível notar essa apropriação do desenho com a escrita quando se pede

para uma criança que escreva determinada história e ela irá responder desenhando

alguma coisa relacionada ao que ela conhece da história.

Sabemos que para escrever, de maneira tradicional, são necessários lápis e papel,

itens comuns no cotidiano da criança que desenha. Esses itens além de serem

instrumentos de um exercício agradável e prazeroso, trazem benfeitorias para a

comunicação da criança. Para Lowenfeld (1977), o desenho é um meio pelo qual a

criança vai desenvolver suas relações e pensamentos. O ato de desenhar é uma

experiência essencial para seu aprendizado.

Sobre o desenvolvimento da aprendizagem infantil através dos desenhos como pré-

estágios da escrita, Mèredieu (2006: 10) nos diz que “A escrita exerce uma

verdadeira fascinação sobre a criança, e isso bem antes de ela própria poder traçar

verdadeiros signos‟‟.

Page 29: Monografia Érica Pedagogia 2012

29

3.2. Do desenho à Escrita Infantil

Seguindo a teoria construtivista da psicogênese da alfabetização, de Emília Ferrero -

psicolinguística dedicada à alfabetização- é necessário respeitar o ritmo de cada

criança, não inibindo seu contato com o „‟lápis e papel‟‟. Segundo a mesma, esta

proposta estabelece progressivamente as estruturas da inteligência infantil, partindo

do ponto do limiar da construção da escrita, onde é indispensável um número prévio

de experiências para o alcance da alfabetização.

Sobre essas experiências, Luria (1988) nos diz que a história da escrita na criança

começa muito antes da primeira vez em que o professor põe um lápis em sua mão e

lhe mostra como desenvolver letras. Para Luria, a criança, ao entrar na escola, já

possui um tipo de escrita de brincadeira, que é uma cópia imitativa dos movimentos

da mão de um adulto ao escrever, sem ainda nenhum significado ativo.

Os autores Viktor Lowenfeld e Brittain (1977) afirmam que as experiências gráficas

se iniciam através das garatujas e rabiscos, por meio dos desenhos de simples

riscos, e que estas experiências são um estagio de caráter expressivo para o

desenvolvimento da criança. „‟O primeiro rabisco é um importante passo para seu

desenvolvimento, pois é o inicio da expressão que conduzirá não só ao desenho e à

pintura, mas também à palavra escrita‟‟ (p. 115).

Esse desenvolvimento é uma das principais características do desenho nessa fase.

É através dos desenhos, do domínio do lápis e da ‘intimidade’ com os traços e

rabiscos que a criança começará a analisar e desenvolver mais facilmente a escrita

alfabética. Sinclair (1987, p. 77) afirma que „‟(...) existe uma evolução da garatuja ao

desenho, como linha evolutiva direta e reta, mas a escrita com derivação particular‟‟.

Page 30: Monografia Érica Pedagogia 2012

30

E seguindo a mesma linha de pensamento de Sinclair, os autores Santos & Sanson

(2005), salientam a imensa contribuição que os estudos de Emília Ferrero (2011)

trouxeram para a alfabetização infantil, pois eles consideram, através de uma

consciência critica, um universo que envolva a criança num contexto de

aprendizagem.

Diante disto, podemos perceber que os desenhos, como estágios no processo de

alfabetização infantil, são o pontapé inicial para que a criança aproprie-se,

gradativamente, da língua escrita. Todavia, é importante perceber e respeitar o ritmo

de desenvolvimento de cada criança, onde cada momento é assinalado por

determinado nível de aprendizagem, que é caracterizado pelos procedimentos,

representações ou atributos. Alguns autores, como Emília Ferrero (1998), Grossi

(1997) e Pillar (1996), regeram parte de suas indagações nos processos de

alfabetização infantil definindo os cinco níveis na psicogênese da alfabetização: pré-

silábico, Intermediário I, silábico, Intermediário II ou silábico-alfabético e alfabético.

3.2.1. Nível pré-silábico ou Nível I

Esse nível é caracterizado pelas crianças que, realmente, escrevem com desenhos.

As letras, até então, não apresentam nenhum significado, pois ainda não

compreendem que elas estão co-relacionadas com o som da fala. Logo, as letras,

números, símbolos e desenhos não apresentam diferença para a criança. „‟ A

criança pensa que letras e números são a mesma coisa, pois são sinais gráficos

muito parecidos para ela‟‟ (PILLAR, 1996, p. 59).

As Autoras Emília Ferrero e Ana Teberosky afirmam que a criança para, ler textos,

acredita que sejam necessários desenhos e figuras onde, através das ilustrações,

possa entender o que está ali. Nessa fase, de limiar da escrita, a criança desenha o

Page 31: Monografia Érica Pedagogia 2012

31

„‟nome‟‟ do objeto, ou sua hipótese, por exemplo: um desenho de uma flor e um

desenho de uma menina: Isso pode significar ser uma menina tão bonita como uma

flor, ou uma menina cheirando a flor...

A escrita, nessa fase, não é interpretável por outra pessoa, a não ser pela própria

criança, pois ela enleia o desenho com a escrita vista em seu repertório, não lhe

admitindo, ainda, conhecer o verdadeiro desígnio da escrita.

Para Grossi (1997), essas características linguísticas (letras, palavras, traços) não

são claramente definidas, são amalgamadas e por esta razão é necessário trabalhá-

las simultaneamente para que a criança, então, se familiarize com elas e comece a

esquematizar a sua distinção. As crianças que já apresentam essa distinção entre os

elementos começam a ter uma visão sincrética dos elementos que dirigem a

alfabetização. „‟Letras podem estar associadas a palavras inteiras, portanto,

representam um ente global, por exemplo, quando eles se referem á „minha letra‟,

isto é, à letra do seu nome. Por outro lado, uma página inteira de letras pode

corresponder a uma só palavra‟‟(p. 56). Grossi (1997), apresenta em seu livro

Didática da Alfabetização Ilustrações de desempenhos de crianças nas fases de

alfabetização.

Page 32: Monografia Érica Pedagogia 2012

32

Figura 1. Fonte: Claudiomiro, criança com 7 anos.

Claudiomiro, em seu desenho acima, „‟escreveu‟‟: gato, cavalo, borboleta, cão e gato

bebe leite, apenas com desenhos; esta é uma característica do Nível pré-silábico.

No mesmo Nível pré-silábico vemos, abaixo, o desempenho de Jaime, uma criança

de 6 anos e 8 meses, e Luiz Paulo, uma criança de 8 anos. Ambos apresentam em

sua „’escrita’’ desenhos figurativos, típicos dessa fase.

Page 33: Monografia Érica Pedagogia 2012

33

Figura 2. Fonte: Luiz Paulo, criança de 8 anos e Jaime, criança com 6 anos e 8meses.

Nessa fase a criança acredita que o nome dos objetos, os desenhos, são

proporcionais aos seus tamanhos reais, alheia a qualquer outra característica

(sonora ou realidade qualificada); é o que é chamado de „‟Realismo nominal‟‟,

expressão usada por Jean Piaget para denominar a concepção que a criança tem

em relação ao objeto.

Por exemplo, uma criança nessa fase acredita que a palavra ‘’pequeno’’ deve ser

menor que a palavra ‘’grande‟’. É possível notar essa característica nas ilustrações

Page 34: Monografia Érica Pedagogia 2012

34

acima, onde a ‘’palavra’’ borboleta desenhada pelas crianças Jaime e Claudiomiro é

visivelmente menor que a palavra cavalo.

3.2.2 Nível Intermediário I

Nesse nível a criança vai deixando gradativamente de utilizar os traços com aspecto

figurativo para utilizar sinais gráficos. Já consegue compreender que o desenho

difere da escrita convencional e consegue distinguir alguns traços de letras e de

números. “No nível intermediário I, a escrita começa a se desvincular das imagens e

os números podem se distinguir das letras, isto é, as concepções do nível-silábico

vão sendo questionadas á luz de ideias da vinculação da pronúncia com escrita‟‟

(GROSSI, 1997, p. 58).

É nessa fase que a criança esboça certa estabilidade na escrita, normalmente com

uma quantidade mínima de letras, em torno de três, pois ainda conserva o valor de

palavras com varias letras e diferentes umas das outras.

3.2.3 Nível Silábico

Nessa fase de nível silábico a criança já passa a estabelecer certa relação entre a

fala e a escrita, utilizando-se do grafismo e de outros símbolos. Suas

correspondências silábicas estão mais próximas da escrita convencional. ‘‟As letras

podem começar a adquirir valores sonoros (silábicos) relativamente estáveis, o que

a leva a estabelecer correspondência com o eixo qualitativo‟‟(FERRERO, 2011. p.

25). Uma das hipóteses deste terceiro nível é de que, para a criança, cada silaba

vai corresponder a uma letra, e uma letra corresponde a cada palavra. Neste

Sentido, pode-se dizer:

Page 35: Monografia Érica Pedagogia 2012

35

É muito comum ouvir as crianças dizendo que precisam escrever o número de letras que corresponde à quantidade de vezes que abriram a boca para falar. Isso confere uma sistemática à escrita da criança. Muitas vezes ela “conta” os pedaços sonoros antes de escrever. Outras vezes, principalmente no início dessa fase, a criança não prevê a quantidade de letras que deve colocar na palavra, mas ao ler, como sua leitura já é silábica, percebe que sobram elementos e decide apagá-los ou riscá-los. (OÑATIVIA, 2009, p. 30)

Diante disso, Grossi (1997, p. 19) diz „‟ (...) é importante assinalar que, neste nível

silábico, a leitura e escrita começam a ser vistas como duas ações com certo tipo de

interligação coerente‟‟. Na figura abaixo, veremos o desenho de Luis Gustavo, uma

criança no nível silábico, que esboçou em seu desenho sinais gráficos aparentados

com letras.

Figura 3. Fonte: Luis Gustavo, criança com 7 anos.

Page 36: Monografia Érica Pedagogia 2012

36

3.2.4 Nível Intermediário II ou Silábico-Alfabético

Esse nível depara um momento em que a criança apresenta um certo conflito que

poderá fazê-la regredir para o nível intermediário I, caso ela não „‟abandone‟‟ o nível

silábico. Pois o nível intermediário II se caracteriza pela superação da hipótese

silábica (de que cada silaba corresponde a uma letra). Emília Ferrero (1998)

acredita que o período silábico-Alfabético assinala a passagem entre os esquemas

prévios a ponto de serem abdicados, e os esquemas futuros em vias de serem

construídos. Sobre esta linha de pensamento, Grossi (1997, p. 60) complementa: „‟A

experiência desta instabilidade é difícil de ser vivida, tanto pelo aluno como pelo

professor. Mas somente ela permite a passagem para o nível alfabético‟‟.

Doravante a esta dificuldade, Cagliari (1993) diz que, para começar a escrever, a

criança não necessita estudar nem conhecer a gramática, pois já domina a Língua

Portuguesa na sua modalidade Oral. Passando do nível Intermediário II,a sua futura

e possível, dificuldade será unicamente ortográfica, por ainda estar entrando em

contato com o alfabeto.

3.2.5 Nível Alfabético

Nesse momento existe uma „‟desconstrução‟‟ necessária de alguns elementos que

compõem o sistema de escrita. Os desenhos e rabiscos que deram um pontapé

inicial na escrita infantil deverão ser separados de forma mais clara para a criança,

pois nesse nível não poderá mais haver o desenvolvimento desordenado dos traços.

Page 37: Monografia Érica Pedagogia 2012

37

É o momento da estruturação dos elementos que compõem o sistema de escrita, de

um estagio significativo; será nesse momento que a criança conhecerá com mais

clareza e definição as letras, e irá começar a „juntá-las‟ na constituição das silabas.

É nesse momento que a criança desvenda que a silaba não representa uma única

unidade, como então era imaginado. E como é visto no desenho abaixo, de uma

criança no nível alfabético, que já consegue escrever com letras bem definidas.

Figura 4. Fonte: Noberto, uma criança de 7 anos.

Page 38: Monografia Érica Pedagogia 2012

38

Segundo Grossi (1997, p.62), é importante assinalar que a vivência deste nível

significa a etapa de vinculação de diversos elementos que antes estavam ou

amalgamados ou independentes. Esses elementos constituem agora o sistema de

escrita e leitura, no qual se relacionam mutuamente; “No entanto, desejamos

enfatizar que essas novas aprendizagens são posteriores a um fato fundamental,

qual seja o da estruturação primeira do sistema da escrita na cabeça do aluno,

vivido no nível alfabético da psicogênese da leitura e da escrita‟‟.

O desenvolvimento da criança acontece na escola e no âmbito em que vive; e

através de algumas leituras podemos conhecer diversos pontos que assinalam a

importância que o desenho infantil traz consigo, nesses dois momentos, no que se

refere à aprendizagem infantil. Para Vygotsky (1987, p. 134), o desenho é um meio

de expressão da criança e é considerado como uma linguagem indispensável para a

aquisição da linguagem escrita. „‟Desenhar e brincar deveriam ser estágios

preparatórios ao desenvolvimento da linguagem das crianças‟‟. Considerando que

por este motivo as crianças introduzidas neste meio assimilam com mais facilidade a

escrita alfabética. Diante deste pensamento, Moreira (2008), afirma que a suposta

perda do desenho é, visivelmente, a substituição de um código por outro, o que é

feito quando a criança entra na escola.

Page 39: Monografia Érica Pedagogia 2012

39

CAPITULO IV

4.1 Discussão

Através dos conteúdos sintetizados nos capítulos II e III deste trabalho foi efetuada

uma analogia dos autores estudados e de suas considerações sobre o fenômeno

deste estudo. O fim é situar o significado do desenho nos processos de

aprendizagem e desenvolvimento infantis. Num primeiro momento veremos o

desenho como uma produção da criança, gerada através de sua imaginação e

expressão. Moreira (2008); Lowenfeld (1970-1977), Pillar (1996) e Luquet (1969)

seguem essa linha de pensamento, incorporando ao desenho a representação e

interpretação do que a criança sabe, vê e vivencia no seu dia-a-dia. É o registro das

informações que cabem á criança, onde esta usa o desenho como um meio de

comunicação, meio que lhe é cultural, como é visto por Derdyck (1989), Paula e

Mendonça (2009) e Bessa (2010).

Num segundo momento, observaremos que desenho, também é acrescentado como

um fator de desenvolvimento da criança. O desenho é o reflexo da criatividade e

autonomia infantil, além de estimular o desenvolvimento social, cognitivo e motor,

itens que, segundo Jean Piaget (1973-1986), são característicos de um contínuo

processo de conhecimento e de aprendizagem da criança.

Diante das leituras feitas sobre o fenômeno objeto deste estudo, acreditamos que os

diversos autores que foram utilizados neste estudo concordam entre si no que diz

respeito ao desenho como estimulador do conhecimento e como um estágio do

desenvolvimento da futura escrita infantil. Diferem apenas pelos seus

aprofundamentos.

Para Jean Piaget (1973), o desenho infantil é uma manifestação semiótica ou

simbólica, pois o desenho é produzido – inicialmente- de forma involuntária, pelo bel

prazer da criança em rabiscar um papel, é uma brincadeira! Depois de algum tempo,

com um maior contato da criança com seu desenho é possível notar traços e

estruturas que são intencionais na representação do que ela conhece e deseja

registrar naquele momento, é a expressão da criança, do seu meio físico e social. O

autor Piaget acredita que de alguma forma a criança constrói conhecimentos, assim

como toda atividade lúdica que, nesse caso, é o desenho.

Page 40: Monografia Érica Pedagogia 2012

40

Seguindo essa linha de pensamento, Piaget (1986) e os estudiosos Lowenfeld

(1970) e Lev Vygotsky (1987-1988-2000) aderem, mais profundamente, à ideia do

desenvolvimento de traços e rabiscos como um facilitador e precursor da futura

escrita da criança, defendendo o desenho como o limiar do desenvolvimento gráfico,

numa espécie de ensaio preparatório.

Notamos que as ideias desses autores se assimilam em pontos comuns; eles partem

da ideia de que o desenho é como a escrita de palavras e frases, pois a criança

desenha o que pode ser visto, sentido e falado, assim como uma palavra escrita

num papel.

E, neste sentido, Vygotsky (1987) e Lowenfeld (1970) interpretam o desenvolvimento

e a produção do desenho através de um ponto de vista social, onde esse desenho é

a representação do que a criança sabe e/ou interpreta, é a manifestação da sua

autoexpressão, que leva ao desenvolvimento da capacidade criativa e intelectual da

criança.

Os autores Wallon e Lurcart (1979) e Reily (1990) acreditam que o desenho surge

através do que a criança já aprendeu, como a fala. Afirmam que essa linguagem

gráfica só nasce através da linguagem verbal. No esquema de que a escrita vem do

desenho que, por sua vez, depende da fala oral da criança.

Ana Angélica Moreira (2008), com seus estudos, irá nos expor que desenho, além

de prazeroso para a criança, é caracterizado como a sua primeira escrita, e assim

como Ana Teberosky (2003) acredita que existe uma disponibilidade do desenho

sobre a escrita, é o instrumento de comunicação que a criança utiliza, já que ela (a

criança) -ainda- não sabe escrever (escrita convencional), ela desenha! O desenho é

o registro de sua fala, é o meio que a criança tem para se comunicar com liberdade.

E em meio a suas análises, as autoras Moreira e Teberosky ainda acreditam ser

conveniente relacionar a ação da criança em desenhar no meio escolar, período da

alfabetização, pois o desenho e a escrita são espaços de linguagem, como também

é creditado por Emília Ferrero(2011).

Observamos que esses estudos apontam o desenho e a escrita como linguagem -

que mais se complementam do que diferem- pois é através dos rabiscos e traços

Page 41: Monografia Érica Pedagogia 2012

41

que a criança começa a produzir suas variadas representações gráficas, que vão se

apurando e evoluindo até atingir a escrita alfabética.

Desta forma, Luria (1988), Lowenfeld e Brittani (1977) e Sinclair (1987) direcionaram

seus pensamentos ao momento em que o desenho começa a ser um facilitador da

escrita infantil; logo, afirmam que a escrita da criança começa desde o momento em

que ela começa a desenhar seus primeiros traços, as garatujas. Ferrero (1998-

2011), Grossi (1997) e Oñatavia (2009) já direcionam seus estudos ligados ao

desenho infantil diretamente para o processo do desenvolvimento da aprendizagem

da criança na alfabetização e, assim como Mèredieu (2006), creditam ao desenho a

confiança e a compreensão que ela, a criança, precisa para entender a natureza da

escrita rumo à alfabetização.

Sobre este inicial desenvolvimento da aprendizagem da criança, Emília Ferrero

(2011), que foi aluna de Jean Piaget, começa assimilando o desenho infantil com a

pictografia, uma escrita antiga representada pelo uso de desenhos; ela então

associa o desenho como o limiar da construção da escrita e observa a maneira

como a criança atribui essa escrita. Porém, a ideia principal de Ferrero diferencia-se

da ideia de Luria e Vygotsky (1998), que assinalam a escrita como uma ‘’técnica

sociocultural’’. Luria caracteriza a escrita através de duas funções: a mnemônica e a

comunicativa, não observando as funções ou subsídios que a escrita pode ocasionar

a um sujeito em desenvolvimento, como é feito nos estudos de Ferrero.

Ferrero (2011), não atribui ao desenho, nem à inicial escrita, as funções que elas

assumem sobre um ser adulto, como assim foi feito pelo psicólogo Luria (1988).

Logo, Ferrero (1998: 155), não tenta antecipar nenhum processo de

desenvolvimento do desenho infantil para algum avanço da escrita convencional; ela

confia serem viáveis apenas circunstâncias que colaborem para esse

desenvolvimento. „‟Mal poderia nessa época tratar de acelerar um processo que,

ainda, se desconhece‟‟. E é através dessa ideia que é notório perceber o

aprofundamento de Ferrero sobre o desenho infantil com a escrita inicial da criança.

Ferrero acredita que o ingresso da criança na escola interage com os

conhecimentos e as concepções prévias que a criança leva consigo, contribuindo

para seu desenvolvimento em sistemas silábicos.

Emília Ferrero (1998-2011), juntamente com Teberosky (2003), Pillar (1996) e Grossi

(1997), representam em fases a gradativa evolução do desenho que leva a

aprendizagem da criança até chegar aos signos gráficos aprendidos na pré-escola.

Essas fases são subdivididas em cinco níveis na psicogênese da alfabetização:

Page 42: Monografia Érica Pedagogia 2012

42

Pré-silábico;

Intermediário I;

Silábico;

Intermediário II ou Silábico-alfabético;

Alfabético.

Page 43: Monografia Érica Pedagogia 2012

43

CONSIDERAÇÕES FINAIS

É sabido que o desenho é uma ação natural da criança, pois é uma forma criativa e

original que ela tem para expressar, seus sentimentos e conhecimento, inclusive

sobre si mesmo. O desenho nos consente descobrir dados sobre o temperamento e

o caráter da criança, assim como reconhecer as diferentes fases pelas quais ela

esta atravessando (Bédard; 1998). Com bases nas leituras realizadas, buscamos

identificar a contribuição do desenho infantil na aprendizagem e no desenvolvimento

da criança. Vimos que o desenho – a garatuja-mesmo surgindo de forma

espontânea, demonstra toda a autonomia e criatividade que há em uma criança.

Percebemos através da contribuição de vários autores que o desenho, além de ser

uma forma de expressão e comunicação da criança e, de contribuir para o seu

desenvolvimento, é uma espécie de estágio preparatório para a escrita alfabética. E

quando cultivado, contribui para que a criança aprenda a escrever, como é creditado

por Lev Vygotsky e Jean Piaget. Ao alcançar nossos objetivos, acreditamos ser

válido e estimulante estudar e conhecer os demais aspectos que envolvem o

desenho e o seu universo de significados e explorações.

Enquanto estudante de pedagogia acredita-se que, um estudo aprofundado do

desenho infantil irá ajudar o educador a compreender as várias etapas do desenho

produzido pela criança, assim como sua importância e benefícios no âmbito escolar,

se utilizado através de um caráter lúdico e educativo. Neste sentido vale ressaltar a

importância do educador no processo de desenvolvimento da criança, para que este

tenha como objetivo principal criar situações que promovam o conhecimento,

preservando a autenticidade e a liberdade de expressão infantil, sempre na busca de

uma aprendizagem significativa.

Page 44: Monografia Érica Pedagogia 2012

44

REFERÊNCIAS

A pesquisa na produção do conhecimento: Questões Metodológicas. Eccos

revista cientifica. Julho-dezembro. Vol7. nº 002 (UNINOVE), São Paulo, Brasil. 2005.

Disponível em: http://redalyc.uaemex.mx/pdf/715/71570202.pdf. Acesso:

30.05.2012

BÉDARD, Nicole. Como interpretar os desenhos das crianças. São Paulo: Editora

Isis Ltda. 1998.

BESSA, Valéria da Hora. Teorias da Aprendizagem. Curitiba: IESDE S.A, 2010.

CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização &Lingüística. 6º edição. São Paulo:

Scipione, 1993.

CASTORINA, José Antonio; FERRERO, Emilia; LERNER, Delia; OLIVEIRA, Marta

Kohl de. PIAGET-VYGOTSKY: novas contribuições para o debate. 5ª edição. Ed.

Ática: 1998.

DERDYCK, E. Formas de pensar o desenho: desenvolvimento do grafismo

infantil. São Paulo: Scipione, 1989.

FERRERO, Emília. Reflexões sobre alfabetização. 26 ed. São Paulo: Cortez,

2011. Volume 6.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa.3Ed. São Paulo: Atlas,

1991.

GROSSI, Esther Pillar. Didática da alfabetização: Didática do Nível Pré-silábico.

Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1997(p. 20 e 21).

GROSSI, Esther Pillar. Didática da alfabetização: Didática do Nível alfabético.

Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1997 (p. 22 e 24).

LIPMAN , Mathew. A filosofia vai à escola. 2ª ed. Summus, São Paulo, 1990.

LOWENFELD, V. Desenvolvimento da capacidade criadora. São Paulo:

MestraJou, 1970.

LOWENFELD, Viktor; BRITTAIN, W. Lambert. Desenvolvimento da capacidade

criadora. São Paulo, Editora Mestre Jou, 1977.

Page 45: Monografia Érica Pedagogia 2012

45

LUQUET, G. H. O desenho infantil. Porto, Ed; do Minho, 1969.

MEREDIEU, Florence. O desenho Infantil. 11ed. São Paulo: Editora Cultrix, 2006.

MERLEAU-PONTY,Maurice. Merleau-Ponty na Sorbone. Resumo de cursos

filosofia e linguagem.Campinas: Papirus, 1990.

MOREIRA, Ana Angélica Albano. O espaço do desenho: A educação do

educador. 12 ed. São Paulo: Edições Loyola, 2008.

OÑATIVIA, Ana Cecília. Alfabetização em três propostas: Da teoria à prática.

São Paulo: Ática, 2009.

PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS: ARTE / Ministério da educação.

Secretaria da educação básica. Volume 6; Brasília, 2001.

PAULA, Ercília Maria Angeli Teixeira de; MENDONÇA, Fernando Wolff. Psicologia

do Desenvolvimento. 3 ed. Curitiba :IESDE Brasil S.A, 2009.

PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança. 3ª edição ed. Guanabara

kooganS.A ; 1973.

PIAGET, Jean. O nascimento da inteligência na criança. Colecção: Plural, nº 10.

1971, Delachaux&Niestlé S.A I. a Ed: Outubro 1986.

PILLAR, A. D. P. Desenho e construção de conhecimento na criança. Porto

Alegre: Artes Médicas, 1996.

REILY, Lúcia H.Atividades de artes plásticas na escola: Hoje é meu dia, dona

aula de artes? São Paulo: Pioneira, 1990.

SANTOS, C.M.C dos & J.M de S. SANSON. Descobertas & Relações -

Alfabetização. Cibele Mendes Curto dos Santos e Josiane Maria de Souza Sanson.

2ª EDIÇÃO. São Paulo: Editora do Brasil. 2005.

SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico – 21ed.

Revisada e ampliada. São Paulo: Cortez, 2000.

SINCLAIR, Hermine. O desenvolvimento da escrita: avanços, problemas e

perspectiva, In: PALACIO, Margarita Gomes; FERRERO, Emília. Os processos de

leitura e escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.

TEBEROSKY, Ana. Aprendendo a escrever. Perspectivas psicológicas e

implicações educacionais. Editorial Horsori, Barcelona. 3ª edição, 2003.

Page 46: Monografia Érica Pedagogia 2012

46

TEIXEIRA, Elizabeth. As três metodologias: acadêmica, da ciência e da

pesquisa. 6ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.

TIBURI, Marcia; CHUÍ, Fernando. Dialogo/Desenho. Editora Senac, São Paulo,

2010.

VIGOTSKY, L. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos

superiores. São Paulo, Martins Fontes, 2000.

VIGOTSKY, L. S., LURIA, A. R. & LEONTIEV, A. N. Linguagem, Desenvolvimento

e Aprendizagem. São Paulo: cone. 1988.

VYGOTSKY, Lev. S. Imaginación y El arte em La infância. México: Hispanicas

(Editado em 1930) 1987.

VYGOTSKII; LURIA; LEONTIV.Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem.

São Paulo; Ícone Editora& Editora da USP. 1988.

WALLON, Henri; LURCART, L. El dibujo Del personaje por El niño. Em Xerox s/d.

Ensaio de psicologia comparada. Lisboa: Moraes Editores, 1979.

WEIL, Pierre, A criança, o lar e a escola. Editora Vozes_ 21ed. - Petrópolis, 2000.

WIDLÖCHER, Daniel, Interpretação dos desenhos infantis. Rio de Janeiro:

Vozes. 1971.